------------------------Fé e Obras FO 9 1 Prefácio FO 13 0 Capítulo 1 -- Ellen G. White esclarece as questões FO 25 0 Capítulo 2 -- A norma de verdadeira santificação FO 31 0 Capítulo 3 -- Cristo, justiça nossa FO 35 0 Capítulo 4 -- Ellen G. White elucida claramente vários aspectos FO 41 0 Capítulo 5 -- Fé e obras FO 45 0 Capítulo 6 -- Uma advertência contra a falsa santificação FO 49 0 Capítulo 7 -- Como saber se Deus está guiando FO 51 0 Capítulo 8 -- O povo que guarda os mandamentos de Deus FO 55 0 Capítulo 9 -- A qualidade de nossa fé FO 71 0 Capítulo 10 -- Relato de E. G. White acerca da reação ao sermão de Ottawa FO 75 0 Capítulo 11 -- Obediência e santificação FO 81 0 Capítulo 12 -- Apossando-se da justiça de Cristo FO 85 0 Capítulo 13 -- Fé e obras — de mãos dadas FO 89 0 Capítulo 14 -- A experiência da justiça pela fé em linhas gerais FO 93 0 Capítulo 15 -- Isto é justificação pela fé FO 95 0 Capítulo 16 -- Aceitos em Cristo FO 99 0 Capítulo 17 -- Conselho a um eminente pastor, sobre a apresentação da relação entre a fé e as obras FO 103 0 Capítulo 18 -- O homem pode ser tão puro em sua esfera como Deus na dEle FO 107 0 Capítulo 19 -- Opiniões e práticas devem harmonizar-se com a palavra de Deus ------------------------Prefácio FO 9 1 Com o contínuo interesse nas grandes verdades vitais da justiça pela fé, da justificação e da santificação, convirá atentar melhor para o que a mensageira do Senhor expôs sobre elas no decorrer dos anos. FO 9 2 Para apresentar este quadro de seus ensinos, dezoito leituras, a começar de 1881 e estendendo-se até 1902, são aqui reunidas pelos dirigentes do Patrimônio Literário de Ellen G. White em sequência cronológica não estruturada. Seus sermões e artigos delineiam coerentemente as verdades fundamentais da salvação, segundo são incorporadas na lei e no evangelho -- os na Review and Herald, para a Igreja, e os na revista Signs of the Times, apropriados, igualmente, para o mundo. Os diversos tópicos escolhidos são apresentados por uma declaração definitiva, arquivada como Manuscrito 36, 1890, redigida no período crítico que ocorreu após a Assembléia Geral de 1888, quando, segundo ela afirmou em outro lugar, as pessoas estavam em "grande perigo de adotar conceitos errôneos" sobre "a fé e as obras". Manuscrito 23, 1891. Em seu manuscrito de 1890, sem título, ela, em termos inequívocos, tomou uma atitude resoluta, esclarecendo as questões. FO 9 3 Embora Ellen G. White siga freqüentemente quase a mesma trajetória ao lidar em diversas ocasiões com verdades muito importantes, valiosos vislumbres são obtidos pela leitura de sermões, artigos e manuscritos em sua sequência natural. Cada um deles é uma apresentação equilibrada do assunto, mas amiúde com uma ênfase característica. Muitas das leituras aparecem em sua totalidade, ao passo que outras, para poupar espaço, foram abreviadas de modo a abranger somente a parte -- geralmente a parte principal -- relacionada com a fé e as obras. Os subtítulos e, nalguns casos, os títulos dos capítulos, foram acrescentados pelos compiladores. Não houve tentativa alguma para ser exaustivo. Seus livros e muitos outros sermões e artigos também tratam dessas verdades essenciais. Qualquer pessoa que examinar essas leituras notará claramente a importância do assunto para todo cristão. Também observará a posição coerente da pessoa guiada especialmente pelo Senhor na enunciação das verdades nos artigos que seguem. FO 10 1 O plano para a salvação da humanidade perdida se baseia na aceitação do homem, unicamente pela fé, da morte vicária de Cristo. Esta lição foi ensinada à porta do Éden, quando Adão e seus descendentes matavam o cordeiro sacrifical. Foi ensinada no deserto, quando Moisés levantou a serpente de bronze e as pessoas com a peçonha das serpentes venenosas em suas veias eram restauradas ao olharem com fé para o símbolo salvador. Foi ensinada pelos profetas e apóstolos. Reiteradas vezes nos é ensinado que a salvação é pela graça, mediante a fé; mas, ao mesmo tempo, somos levados a compreender o seguinte: FO 10 2 "Conquanto a verdadeira fé confie inteiramente em Cristo para a salvação, ela conduzirá a perfeita conformidade com a lei de Deus. A fé é manifestada pelas obras." -- The Review and Herald, 5 de Outubro de 1886. FO 10 3 Este realce equilibrado será visto nos materiais contidos neste livrete, de certo modo escolhidos a esmo. FO 10 4 Através dos séculos, a começar com Caim, o grande adversário tem-se oposto à generosa provisão de Deus induzindo os habitantes da Terra a aceitarem a asserção de que o homem, o qual se tornou pecador pela violação da lei de Deus, deve obter mérito e salvação por seus próprios atos, afligindo seu próprio corpo, sacrificando seus filhos a algum deus criado por suas próprias mãos, efetuando peregrinações a lugares considerados sagrados, fazendo penitências, pagando dinheiro aos cofres da igreja, ou procurando ele mesmo, por seus próprios e ingentes esforços, levar uma vida correta e virtuosa. FO 10 5 A singela experiência de aceitar a salvação pela fé parece ser demasiado fácil para muitos, e inúmeras pessoas que pretendem estar seguindo a Cristo adotam virtualmente o ponto de vista de que a salvação é em parte pela fé na morte de Cristo no Calvário, e em parte pelo esforço humano. FO 11 1 Quando os primeiros adventistas do sétimo dia viram os reclamos da imutável lei de Deus, tendências legalistas ameaçaram produzir fruto inútil, na experiência de muitos, e durante algum tempo chegaram mesmo a fazê-lo. Mas o consciencioso conhecimento da lei de Deus leva ao abandono do pecado e a uma vida santa e santificada. Este é o cenário para essas leituras sobre a fé e as obras -- sobre a lei e o evangelho. FO 11 2 Quase na metade das duas décadas representadas neste opúsculo, realizou-se a Assembléia da Associação Geral de 1888, em Mineápolis, Minessota, precedida por um congresso ministerial. Nessas reuniões deu-se ênfase às verdades básicas da justiça pela fé. Ellen G. White definiu-o como um avivamento de verdades que em grande parte haviam sido perdidas de vista. Na assembléia, ela mesma não fez apresentação alguma sobre o assunto. O teor de suas palestras era que os presentes mantivessem o coração aberto para receber a luz da Palavra de Deus exposta pelos Pastores E. J. Waggoner e A. T. Jones. A recepção dessa nova ênfase foi mista. Alguns dos ouvintes a aceitaram de bom grado e cabalmente, e outros assumiram uma posição neutra. Alguns a rejeitaram. Os relatos indicam claramente que muitos saíram dessa assembléia levando consigo uma nova e gloriosa experiência em Cristo Jesus. FO 11 3 Por meio de sermões pregados nas igrejas depois dessa assembléia, inclusive muitos de Ellen G. White, e por meio de artigos de sua pena, os adventistas, em geral, foram conduzidos a mais clara compreensão e aceitação da justiça pela fé. Muitos que a princípio rejeitaram o conceito apresentado em Mineápolis foram levados a aceitá-lo. FO 11 4 As verdades fundamentais envolvidas na doutrina da justiça pela fé são tão simples que não é necessário um livro exaustivo, de Ellen G. White, para expô-las. O assunto impregna muitos de seus livros, com excelentes ilustrações assomando aqui e ali. Ela publicou um opúsculo em 1893, intitulado "Justificados Pela Fé". Isto se encontra na seção de cinqüenta páginas de Mensagens Escolhidas, livro 1, intitulada "Cristo, Justiça Nossa". Recomendamos a leitura de toda a seção. FO 11 5 A experiência de habitar na calidez da aceitação da justiça de Cristo pode ser desfrutada hoje e perdida amanhã, por descuido ou presunção. É uma experiência pessoal de simples aceitação e confiança, e pode ser um tanto frágil. Pode ser obscurecida por meio de discussões sobre delicados pontos teológicos. Ellen G. White comentou: FO 12 1 "Muitos cometem o erro de procurar definir minuciosamente os delicados pontos de distinção entre a justificação e a santificação. Nas definições desses dois vocábulos eles introduzem frequentemente suas próprias idéias e especulações. Por que procurar ser mais minucioso do que a Inspiração na questão vital da justiça pela fé? Por que tentar deslindar todos os pormenores, como se a salvação da alma dependesse de terem todos exatamente a mesma compreensão que vós deste assunto? Nem todos podem ver as coisas do mesmo modo." -- Manuscrito 21, 1891; também no The S.D.A. Bible Commentary 6:1072. FO 12 2 Oxalá as diversas maneiras de encarar as verdades aqui apresentadas pela mensageira do Senhor mantenham o importantíssimo assunto da justiça pela fé claro, equilibrado e livre de complicações, é a esperança dos publicadores e dos Depositários do Patrimônio Literário de Ellen G. White, Washington, D.C., 7 de Dezembro de 1978. ------------------------Capítulo 1 -- Ellen G. White esclarece as questões FO 13 0 Manuscrito geral redigido em 1890, por ocasião dos congressos ministeriais em Battle Creek, arquivado como Manuscrito 36, 1890, e publicado na The Review and Herald, 24 de Fevereiro e 3 de Março de 1977. Esta importantíssima declaração elucidativa constitui uma introdução apropriada para as dezoito apresentações que vêm em seguida, dispostas em seqüência cronológica. FO 13 1 Disse o apóstolo Paulo: "Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus?... Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus." 1 Coríntios 6:9-11. A ausência de devoção, piedade e santificação do homem exterior provém de negar a Jesus Cristo, Justiça nossa. O amor de Deus precisa ser cultivado constantemente... FO 13 2 Enquanto uma classe de pessoas deturpa a doutrina da justificação pela fé e deixa de concordar com as condições estabelecidas na Palavra de Deus -- "Se me amais, guardareis os meus mandamentos" -- há um erro tão grande como este da parte dos que pretendem crer nos mandamentos de Deus e obedecer-lhes mas se colocam em oposição aos preciosos raios de luz -- novos para eles -- refletidos da cruz do Calvário. A primeira classe não vê as maravilhosas coisas na lei de Deus para todos os que são praticantes de Sua Palavra. Os outros entretêm-se com as insignificâncias e negligenciam as questões mais importantes, a misericórdia e o amor de Deus. FO 13 3 Muitos têm perdido muita coisa por não haverem aberto os olhos de seu entendimento para discernir as maravilhas da lei de Deus. Por um lado, os religiosos em geral divorciam a lei do evangelho, ao passo que nós, por outra parte, quase fizemos o mesmo de outro ponto de vista. Não expusemos às pessoas a justiça de Cristo e a ampla significação de Seu grande plano de redenção. Deixamos de lado a Cristo e Seu incomparável amor, introduzimos teorias e raciocínios, e pregamos sermões argumentativos. FO 14 1 Homens não convertidos têm ocupado o púlpito pregando. Seu coração nunca experimentou, por meio de viva, apegada e confiante fé, a agradável evidência do perdão de seus pecados. Como, então, podem eles pregar o amor, a simpatia, o perdão de Deus para todos os pecados? Como podem dizer: "Olhai, e vivei"? Olhando para a cruz do Calvário, sentireis o desejo de levar a cruz. O Redentor do mundo esteve suspenso na cruz do Calvário. Contemplai o Salvador do mundo, no qual habita corporalmente toda a plenitude da Divindade. Pode alguém olhar e contemplar o sacrifício do amado Filho de Deus, sem que seu coração seja sensibilizado e quebrantado, pronto a entregar-se a Deus de coração e alma? FO 14 2 Seja este ponto plenamente estabelecido em todas as mentes: Se aceitamos a Cristo como Redentor, precisamos aceitá-Lo como Soberano. Não podemos ter certeza e perfeita confiança em Cristo como nosso Salvador enquanto não O reconhecermos como nosso Rei e formos obedientes a Seus mandamentos. Assim evidenciamos nossa lealdade a Deus. Nossa fé tem, então, o timbre genuíno, pois é uma fé operante. Ela opera pelo amor. Dizei isto de vosso coração: "Senhor, creio que morreste para resgatar minha alma. Se deste tanto valor à alma que chegaste a dar Tua vida pela minha, mostrar-me-ei sensível. Entrego minha vida, com todas as suas possibilidades, em toda a minha fraqueza, aos Teus cuidados." FO 14 3 A vontade deve ser colocada em completa harmonia com a vontade de Deus. Quando isto é efetuado, não será repelido nenhum raio de luz que incide sobre o coração e sobre os recessos da mente. A alma não será obstruída pelo preconceito, chamando a luz trevas, e as trevas luz. A luz do Céu é bem recebida, como luz que inunda os recessos da alma. Isto é entoar melodias a Deus. Crença e descrença FO 14 4 Quanto cremos de coração? Chegai-vos a Deus e Ele Se chegará a vós outros. Isto significa estar muito com o Senhor em oração. Quando os que se educaram no ceticismo e acalentaram a descrença, entretecendo dúvidas em sua experiência, estão sob a convicção do Espírito de Deus, reconhecem ser seu dever pessoal confessar sua descrença. Abrem o coração para aceitar a luz que lhes foi enviada, e, pela fé, passam do pecado para a justiça, e da dúvida para a fé. Consagram-se a Deus sem reservas, para seguir Sua luz em lugar das faíscas que eles mesmos acenderam. Ao manterem sua consagração, verão crescente luz, e ela vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. FO 15 1 A descrença que é acalentada na alma tem um poder sedutor. As sementes da dúvida que eles estiveram semeando produzirão sua colheita, mas devem continuar a arrancar toda raiz de descrença. Quando são desarraigadas essas plantas nocivas, elas cessam de crescer por falta de nutrição em palavra e ação. A alma deve ter as preciosas plantas da fé e do amor introduzidas no solo do coração e entronizadas ali. Idéias confusas acerca da salvação FO 15 2 Não podemos compreender que a coisa mais dispendiosa no mundo é o pecado? Ele ocorre à custa da pureza de consciência, ao preço de perder o favor de Deus e dEle separar a alma, perdendo afinal o Céu. O pecado de entristecer o Santo Espírito de Deus e de andar em desacordo com Ele tem custado a muitos indivíduos a perda de sua alma. FO 15 3 Quem pode avaliar as responsabilidades da influência de todo instrumento humano a quem o Salvador adquiriu pelo sacrifício de Sua própria vida? Que cena se apresentará quando se assentar o tribunal e se abrirem os livros para atestar a salvação ou a perda de toda alma! Será necessário a infalível decisão dAquele que viveu na humanidade, amou a humanidade, deu a vida pela humanidade, para fazer a atribuição final das recompensas aos justos leais, e da punição aos desobedientes, aos desleais e injustos. Ao Filho de Deus é confiada a completa avaliação de toda ação e responsabilidade individuais. Para os que foram participantes dos pecados de outros homens e agiram contra a decisão de Deus, será uma cena terrivelmente solene. FO 15 4 Reiteradas vezes me tem sido apresentado o perigo de nutrir, como um povo, falsas idéias da justificação pela fé. Durante anos tem-me sido mostrado que Satanás trabalharia de maneira especial para confundir a mente quanto a esse ponto. Tem-se alongado sobre a lei de Deus e ela tem sido apresentada às congregações quase de modo tão destituído do conhecimento de Jesus Cristo e de Sua relação para com a lei como a oferta de Caim. Foi-me mostrado que muitos se conservam longe da fé devido às idéias embaralhadas e confusas acerca da salvação, e porque os pastores têm trabalhado de maneira errônea para alcançar os corações. O ponto que durante anos tem sido recomendado com insistência à minha mente é a justiça imputada de Cristo. Tenho estranhado que este assunto não se tenha tornado o tema de sermões em nossas igrejas em todas as partes do país, sendo que tão constantemente é realçado perante mim e eu o tenho tornado o assunto de quase todo sermão e palestra que hei proferido para o povo. FO 16 1 Ao examinar meus escritos de quinze e vinte anos atrás, [verifico] que eles apresentam a questão sob a mesma luz -- a saber, que os que ingressam na solene e sagrada obra do ministério devem primeiro receber um preparo nas lições sobre os ensinos de Cristo e dos apóstolos quanto aos vivos princípios da piedade prática. Devem ser instruídos a respeito do que constitui fervorosa e viva fé. Unicamente pela fé FO 16 2 Muitos jovens são enviados a trabalhar, embora não compreendam o plano da salvação e o que é verdadeira conversão; na realidade, precisam converter-se. Precisamos ser esclarecidos sobre este ponto, e os pastores têm de ser ensinados a alongar-se mais pormenorizadamente sobre os assuntos que explicam a verdadeira conversão. Todos os que são batizados devem tornar evidente que se converteram. Não há um ponto que necessite ser realçado com mais diligência, repetido com mais freqüência ou estabelecido com mais firmeza na mente de todos, do que a impossibilidade de o homem caído merecer alguma coisa por suas próprias e melhores boas obras. A salvação é unicamente pela fé em Jesus Cristo. FO 16 3 Quando é examinada essa questão, ficamos com o coração magoado ao ver quão triviais são as observações dos que deviam compreender o mistério da piedade. Eles falam tão irrefletidamente das verdadeiras idéias de nossos irmãos que professam crer na verdade e ensiná-la! Ficam muito aquém dos fatos reais, segundo me têm sido revelados. O inimigo confundiu sua mente de tal modo na névoa do mundanismo, e ela parece estar tão arraigada em seu entendimento, que se tornou uma parte de sua fé e de seu caráter. Só uma nova conversão pode transformá-los e levá-los a abandonar essas falsas idéias -- pois isso é exatamente o que elas são, segundo me foi revelado. Apegam-se a elas como quem está afogando se apega a um salva-vidas, para evitar que desanimem e naufraguem na fé. FO 17 1 Cristo me deu estas palavras a serem proferidas: "Se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus." Portanto, todos os que têm correta compreensão desse assunto devem deixar de lado seu espírito polêmico e buscar o Senhor de todo o coração. Então acharão a Cristo e poderão dar um caráter distinto a sua experiência religiosa. Devem manter este assunto -- a simplicidade da verdadeira piedade -- distintamente perante as pessoas em todo sermão. Isso impressionará o coração de todo ser faminto e sedento que almeja desfrutar a segurança de esperança, fé e perfeita confiança em Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. FO 17 2 Torne-se distinto e claro o assunto de que não é possível efetuar coisa alguma em nossa posição diante de Deus ou no dom de Deus para nós, por meio do mérito de seres criados. Se a fé e as obras adquirissem o dom da salvação para alguém, o Criador estaria em obrigação para com a criatura. Eis aqui uma oportunidade para a falsidade ser aceita como verdade. Se alguém pode merecer a salvação por alguma coisa que faça, encontra-se, então, na mesma posição que os católicos para fazer penitência por seus pecados. A salvação, nesse caso, consiste em parte numa dívida, que pode ser quitada com o pagamento. Se o homem não pode, por qualquer de suas boas obras, merecer a salvação, então ela tem de ser inteiramente pela graça, recebida pelo homem como pecador, porque ele aceita a Jesus e crê nEle. A salvação é inteiramente um dom gratuito. A justificação pela fé está fora de controvérsia. E toda essa discussão estará terminada logo que seja estabelecida a questão de que os méritos do homem caído, em suas boas obras, jamais poderão obter a vida eterna para ele. Inteiramente de graça FO 17 3 A luz que me foi dada por Deus coloca este importante assunto acima de qualquer dúvida em minha mente. A justificação é inteiramente de graça, não sendo obtida por nenhuma obra que o homem caído possa efetuar. Em linhas claras foi-me apresentado o assunto de que se o rico possui dinheiro e propriedades, e faz uma oferta dos mesmos ao Senhor, surgem falsas idéias para arruinar a oferta com o pensamento de que ele mereceu o favor de Deus, e de que o Senhor está sob a obrigação para com ele de considerá-lo com especial favor por causa dessa dádiva. FO 18 1 Tem havido mui pouca instrução, em linhas claras, sobre esse ponto. O Senhor emprestou ao homem, em custódia, os Seus próprios bens -- meios que Ele requer sejam devolvidos a Ele quando Sua providência o indicar e a edificação de Sua Causa o exigir. O Senhor deu o intelecto. Ele deu a saúde e a habilidade de obter lucros terrenos. Criou as coisas da Terra. Manifesta Seu poder divino para desenvolver todas as suas riquezas. Elas são os Seus frutos provenientes de Sua própria lavoura. Ele deu o Sol, as nuvens, as pancadas de chuva, para fazer com que a vegetação floresça. Como servos empregados por Deus, colhestes Seus frutos a fim de usar de maneira econômica o que vossas necessidades requeriam e deixar o restante à disposição de Deus. Podeis dizer com Davi: "Porque tudo vem de Ti, e das Tuas mãos To damos." 1 Crônicas 29:14. Assim a satisfação do mérito da criatura não pode consistir em restituir ao Senhor o que Lhe pertence, pois isso sempre foi Sua própria propriedade a ser usada como Ele determinar em Sua providência. Perdendo o favor de Deus FO 18 2 Pela rebelião e apostasia o homem perdeu o favor de Deus; não os seus direitos, pois ele só teria valor se fosse revestido do amado Filho de Deus. Este ponto precisa ser compreendido. Ele perdeu os privilégios que Deus, em Sua misericórdia, lhe concedera como dom gratuito, como tesouro em custódia, a ser usado para promover Sua Causa e Sua glória, e para favorecer os seres criados por Ele. No momento em que a obra das mãos de Deus recusou obedecer às leis do reino de Deus, nesse próprio instante ele se tornou desleal ao governo de Deus e se fez inteiramente indigno de todas as bênçãos com as quais Deus o havia favorecido. FO 18 3 Esta foi a posição da raça humana depois que o homem se divorciou de Deus pela transgressão. Então ele não tinha mais direito a uma inspiração de ar, a um raio da luz do Sol ou a uma partícula de alimento. E a razão de o homem não ter sido destruído era que Deus o amou de tal maneira que deu o Seu Filho amado para que sofresse a penalidade da transgressão dele. Cristo Se prontificou a tornar-Se o penhor e substituto do homem, para que este, por meio de graça sem igual, tivesse outra prova -- uma segunda oportunidade -- tendo a experiência de Adão e Eva como advertência para não transgredir a lei de Deus como eles o fizeram. E, visto que o homem desfruta as bênçãos de Deus na dádiva da luz do Sol e na dádiva do alimento, deve haver da parte do homem um respeito diante de Deus em grato reconhecimento de que todas as coisas provêm dEle. Tudo que Lhe é prestado como retribuição é somente o que Lhe pertence por ser o Doador. FO 19 1 O homem quebrou a lei de Deus, e, por intermédio do Redentor, foram feitas novas e recentes promessas numa base diferente. Todas as bênçãos precisam vir por meio de um Mediador. Agora todo membro da família humana está inteiramente entregue nas mãos de Cristo, e tudo que possuímos -- quer seja o dom de dinheiro, de casas, de terras, de faculdades de raciocínio, de força física, ou de talentos intelectuais -- nesta vida presente, e as bênçãos da vida futura, é colocado em nosso poder como tesouros de Deus a serem aplicados fielmente para benefício do homem. Todo dom é assinalado pela cruz e traz a imagem e a inscrição de Jesus Cristo. Todas as coisas provêm de Deus. Desde os menores benefícios até à maior bênção, tudo flui através do único Conduto -- uma mediação sobre-humana salpicada com o sangue cujo valor é inestimável porque era a vida de Deus em Seu Filho. FO 19 2 Ora, nenhuma pessoa pode dar alguma coisa a Deus que já não seja dEle. Tende isto em mente: "Tudo vem de Ti, e da Tua mão To damos." 1 Crônicas 29:14. Deve ser mantido diante do povo, aonde quer que formos, que não possuímos nada, nem podemos oferecer coisa alguma, em valor, em obra, em fé, que primeiro não tenhamos recebido de Deus e sobre que Ele não possa colocar a mão em qualquer tempo e dizer: Eles são Meus -- dons, bênçãos e talentos que Eu vos confiei, não para vos enriquecerdes, mas para sábio desenvolvimento em benefício do mundo. Tudo é de Deus FO 19 3 A criação pertence a Deus. Se abandonasse o homem, o Senhor poderia deter-lhe imediatamente a respiração. Tudo que ele é e tudo que ele possui pertence a Deus. O mundo inteiro é de Deus. As casas dos homens, suas aquisições pessoais, tudo que é valioso ou brilhante é a própria dotação de Deus. Tudo isto é Sua dádiva para ser devolvida a Deus para ajudar a cultivar o coração humano. As ofertas mais esplêndidas podem ser colocadas sobre o altar de Deus, e os homens enaltecerão, exaltarão e louvarão o doador por sua liberalidade. Em quê? "Tudo vem de Ti, e da Tua mão To damos." 1 Crônicas 29:14. Nenhuma obra do homem pode fazer com que mereça o amor perdoador de Deus, mas o amor de Deus, imbuindo a alma, o levará a efetuar as coisas que sempre foram requeridas por Deus e que o homem deve realizar com prazer. Ele só efetuou o que o dever sempre requereu dele. FO 20 1 Os anjos de Deus no Céu que nunca caíram fazem continuamente a Sua vontade. Em tudo que eles fazem no seu laborioso encargo de misericórdia para nosso mundo, amparando, guiando e guardando a obra das mãos de Deus através dos séculos -- tanto os justos como os injustos --, eles podem dizer verdadeiramente: "Tudo é Teu. Das Tuas mãos To damos." Oxalá o olhar humano pudesse ter vislumbres dos anjos! Oxalá a imaginação pudesse compreendê-los e demorar-se sobre o esplêndido e glorioso serviço dos anjos de Deus e dos conflitos em que se empenham em favor dos homens, para os proteger, guiar e conquistar, e para desviá-los das ciladas de Satanás. Quão diferente seria a conduta e o sentimento religioso! Mérito das criaturas FO 20 2 Poderão ser travadas discussões por seres humanos que defendem ardorosamente o mérito das criaturas e por todo homem que luta pela supremacia, mas eles simplesmente não sabem que durante todo esse tempo, em princípio e caráter, estão deturpando a verdade como ela é em Jesus. Encontram-se num nevoeiro de perplexidade. Necessitam do divino amor de Deus que é representado pelo ouro provado no fogo; necessitam das vestiduras brancas do puro caráter de Cristo; e necessitam também do colírio celestial, para que possam discernir com assombro a completa desvalia do mérito das criaturas para ganhar a recompensa da vida eterna. Pode haver fervorosa labuta e intensa afeição, elevada e nobre realização intelectual, amplitude de compreensão e a maior humilhação, que sejam depositadas aos pés de nosso Redentor; mas não há nisso nem um pouquinho mais do que a graça e o talento originalmente dados por Deus. Não deve ser dado nada menos do que ordena o dever, mas não se pode dar nada mais do que se recebeu a princípio; e tudo precisa ser colocado sobre o fogo da justiça de Cristo, a fim de que seja purificado de seu odor terreno, antes que ascenda numa nuvem de fragrante incenso ao grande Jeová e seja aceito como aroma suave. FO 21 1 Pergunto: Como posso apresentar este assunto assim como é? O Senhor Jesus comunica todo o poder, toda a graça, toda a penitência, toda a inclinação, todo o perdão dos pecados, ao apresentar Sua justiça para que o homem dela se apodere por meio de fé viva -- a qual também é o dom de Deus. Se juntássemos tudo que é bom e santo, nobre e belo no homem, e apresentássemos o resultado aos anjos de Deus, como se desempenhasse uma parte na salvação da alma humana ou na obtenção de mérito, a proposta seria rejeitada como traição. Encontrando-se na presença de seu Criador e contemplando a glória insuperável que envolve Sua Pessoa, eles consideram o Cordeiro de Deus dado desde a fundação do mundo a uma vida de humilhação, a ser rejeitado por homens pecaminosos, e a ser desprezado e crucificado. Quem pode avaliar a imensidão desse sacrifício! FO 21 2 Cristo Se fez pobre por amor de nós, para que pela Sua pobreza nos tornássemos ricos. E quaisquer obras que o homem pode prestar a Deus serão muito menos do que nada. Meus pedidos só se tornam aceitáveis por estarem baseados na justiça de Cristo. A idéia de fazer algo para merecer a graça do perdão é errônea do começo até o fim. "Senhor, não trago na mão valor algum; simplesmente me apego a Tua cruz." O que o homem não pode fazer FO 21 3 O homem não pode realizar proezas dignas de louvor que lhe dêem alguma glória. Os homens têm o hábito de glorificar os homens e de exaltá-los. Estremeço ao ver ou ouvir algo a esse respeito, pois me foram revelados não poucos casos em que a vida familiar e a obra no interior do coração desses próprios homens se acham repletas de egoísmo. Eles são corruptos, desprezíveis e vis; e nada que procede de todos seus feitos pode elevá-los diante de Deus, pois tudo que fazem constitui uma abominação à Sua vista. Não pode haver verdadeira conversão sem o abandono do pecado, e não é discernida a grave natureza do pecado. Com uma agudeza de percepção jamais atingida pela vista humana, anjos de Deus discernem que seres tolhidos por influências corruptoras, com a mente e mãos impuras, estão decidindo seu destino para a eternidade. No entanto, muitos têm pouca compreensão do que constitui pecado e qual é o remédio. FO 22 1 Ouvimos serem pregadas tantas coisas a respeito da conversão da pessoa que não são verdade. Os homens são ensinados a pensar que se alguém se arrepende, será perdoado, supondo que o arrependimento é o caminho e a porta para o Céu; que há no arrependimento certo valor garantido que compre o perdão para ele. Pode o homem arrepender-se por si mesmo? Não mais do que pode perdoar a si próprio. Lágrimas, suspiros, resoluções -- tudo isso constitui apenas o apropriado exercício das faculdades que Deus concede ao homem e o ato de afastar-se do pecado na regeneração de uma vida que é de Deus. Onde está o mérito do homem para ganhar sua salvação ou para colocar diante de Deus algo que seja valioso e excelente? Pode uma oferta de dinheiro, casas, terras, colocar-vos na lista do merecimento? Impossível! FO 22 2 Há o perigo de considerar que a justificação pela fé concede algum mérito à fé. Quando aceitamos a justiça de Cristo como um dom gratuito somos justificados gratuitamente por meio da redenção de Cristo. Que é fé? "O firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem." Hebreus 11:1. É uma aprovação do entendimento às palavras de Deus que leva o coração a uma voluntária consagração e serviço a Deus, o qual deu o entendimento, o qual sensibilizou o coração, o qual primeiro levou a mente a contemplar a Cristo na cruz do Calvário. Fé é entregar a Deus as faculdades intelectuais, submeter-Lhe a mente e a vontade e fazer de Cristo a única porta de entrada no reino dos Céus. FO 22 3 Quando os homens aprendem que não podem obter a justiça pelo mérito de suas próprias obras e olham com firme e inteira confiança para Jesus Cristo como sua única esperança, não haverá tanto do próprio eu e tão pouco de Jesus. Almas e corpos são maculados e poluídos pelo pecado, o coração é alienado de Deus, contudo muitos estão-se debatendo, em sua própria força finita, para conquistar a salvação por boas obras. Jesus, pensam eles, efetuará uma parte da salvação, e eles precisam fazer o resto. Necessitam ver pela fé a justiça de Cristo como sua única esperança para o tempo e para a eternidade. Deus trabalha, e o homem trabalha FO 23 1 Deus deu aos homens faculdades e aptidões. Deus trabalha e coopera com os dons que Ele comunicou ao homem, e este, sendo participante da natureza divina e fazendo a obra de Cristo, pode ser um vencedor e ganhar a vida eterna. O Senhor não tenciona realizar a obra que Ele concedeu ao homem poderes para efetuar. A parte do homem precisa ser realizada. Ele deve ser cooperador de Deus, unindo-se a Cristo, e aprendendo de Sua mansidão e de Sua humildade. Deus é o poder que domina sobre tudo. Ele concede os dons; o homem os recebe e age com o poder da graça de Cristo como instrumento vivo. FO 23 2 "Lavoura de Deus... sois vós." 1 Coríntios 3:9. O coração deve ser trabalhado, subjugado, arado, nivelado e semeado, para que produza sua colheita a Deus em boas obras. "Edifício de Deus sois vós." 1 Coríntios 3:9. Não podeis edificar-vos a vós mesmos. Há um Poder fora de vós mesmos que deve realizar a edificação da igreja, colocando tijolo sobre tijolo, sempre cooperando com as faculdades e aptidões por Deus concedidas ao homem. O Redentor deve encontrar um lar em Seu edifício. Deus trabalha, e o homem trabalha. Precisa haver contínua apropriação dos dons de Deus, para que haja a mesma distribuição espontânea desses dons. É uma contínua recepção e, depois, restituição. O Senhor determinou que a alma receba nutrição dEle, para que seja distribuída novamente na execução de Seus propósitos. A fim de que haja uma efusão, deve haver uma infusão da divindade na humanidade. "Habitarei e entre eles andarei." 2 Coríntios 6:16. FO 23 3 O templo da alma tem de ser sagrado, santo, puro e impoluto. Deve haver uma co-participação em que todo o poder é de Deus e toda a glória pertence a Ele. A responsabilidade recai sobre nós. Precisamos receber em pensamentos e em sentimentos, para dar em expressão. A lei da ação humana e divina torna o recebedor um cooperador de Deus. Ela conduz o homem onde ele, unido com a Divindade, pode efetuar as obras de Deus. A humanidade se põe em contato com a humanidade. O poder divino e a atuação humana combinados serão um êxito total, pois a justiça de Cristo cumpre tudo. Poder sobrenatural para obras sobrenaturais FO 23 4 A razão por que tantos não conseguem ser obreiros bem sucedidos é agirem como se Deus dependesse deles e terem de sugerir a Deus o que Ele deve fazer com eles, em vez de confiarem no Senhor. Põem de lado o poder sobrenatural e deixam de realizar a obra sobrenatural. Confiam em todo o tempo em suas próprias faculdades humanas e nas de seus irmãos. São tacanhos em si mesmos e sempre estão julgando segundo sua finita compreensão humana. Precisam de ajuda, pois não têm poder do alto. Deus nos dá o corpo, vigor cerebral, tempo e oportunidade para trabalhar. Requer-se que todos sejam utilizados ao máximo. Unindo a humanidade com a Divindade, podeis realizar uma obra tão duradoura como a eternidade. Quando os homens pensam que o Senhor cometeu um erro em seus casos individuais, e determinam seu próprio trabalho, depararão com o desapontamento. FO 24 1 "Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus." Efésios 2:8. Aqui há verdade que desdobrará o assunto à vossa mente, se não a vedardes aos raios de luz. A vida eterna é um dom infinito. Isto a coloca fora da possibilidade de ser ganha por nós mesmos, pois é infinita. Precisa ser forçosamente uma dádiva. E, como tal, tem de ser recebida pela fé, e oferecendo a Deus gratidão e louvor. Sólida fé não conduzirá ninguém ao fanatismo, nem a desempenhar o papel do servo indolente. É o fascinante poder de Satanás que leva os homens a olharem para si mesmos, em vez de olharem para Jesus. A justiça de Cristo deve ir à nossa frente para que a glória do Senhor seja a nossa retaguarda. Se fazemos a vontade de Deus podemos aceitar grandes bênçãos como generosa dádiva de Deus, mas não em virtude de algum mérito em nós; este é sem valor. Realizai a obra de Cristo, e honrareis a Deus e sereis mais do que vencedores por meio dAquele que nos amou e deu a vida por nós, para que tivéssemos vida e salvação em Jesus Cristo. ------------------------Capítulo 2 -- A norma da verdadeira santificação FO 25 0 Artigo na Review and Herald, 8 de Março de 1881. FO 25 1 "O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo." 1 Tessalonicenses 5:23. FO 25 2 A santificação é obtida unicamente em obediência à vontade de Deus. Muitos que estão deliberadamente espezinhando a lei de Jeová dizem ser possuidores de santidade de coração e santificação de vida. Mas não têm um conhecimento salvador de Deus ou de Sua lei. Encontram-se nas fileiras do grande rebelde. Ele está em guerra com a lei de Deus, a qual é o fundamento do governo divino no Céu e na Terra. Esses homens estão fazendo a mesma obra que seu mestre efetuou ao buscar tornar sem efeito a santa lei de Deus. Nenhum transgressor dos mandamentos pode ter permissão para entrar no Céu; pois aquele que era outrora um puro e exaltado querubim cobridor foi expulso de lá por rebelar-se contra o governo de Deus. FO 25 3 Para muitos, a santificação é apenas justiça-própria. E, no entanto, essas pessoas afirmam ousadamente que Jesus é seu Salvador e Santificador. Que ilusão! Será que o Filho de Deus santificará o transgressor da lei do Pai -- aquela lei que Cristo veio engrandecer e tornar gloriosa? Ele testifica: "Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai." João 15:10. Deus não abaixará Sua lei para acomodar-se ao imperfeito padrão humano; e o homem não pode satisfazer os reclamos dessa santa lei sem manifestar arrependimento para com Deus e fé para com o nosso Senhor Jesus Cristo. FO 25 4 "Se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo." 1 João 2:1. Mas Deus não dedicou Seu Filho a uma vida de sofrimento e ignomínia, e a uma morte vergonhosa, para livrar o homem da obediência à lei divina. Tão grande é o poder enganador de Satanás que muitos têm sido levados a considerar a expiação de Cristo como não tendo valor real. Cristo morreu porque não havia outra esperança para o transgressor. Este poderia procurar guardar a lei de Deus no futuro; mas a dívida que ele contraiu no passado continuava a existir, e a lei teria de condená-lo à morte. Cristo veio pagar para o pecador essa dívida que lhe era impossível pagar por si mesmo. Assim, por meio do sacrifício expiatório de Cristo, concedeu-se outra oportunidade ao homem pecaminoso. O engano de Satanás FO 26 1 O engano de Satanás é que a morte de Cristo introduziu a graça para tomar o lugar da lei. A morte de Jesus de maneira alguma modificou, anulou ou diminuiu a lei dos Dez Mandamentos. Essa preciosa graça oferecida aos homens por meio do sangue do Salvador estabelece a lei de Deus. Desde a queda do homem, o governo moral de Deus e Sua graça são inseparáveis. Andam de mãos dadas através de todas as dispensações. "A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram." Salmos 85:10. FO 26 2 Jesus, nosso Substituto, consentiu em sofrer pelo homem a penalidade da lei transgredida. Ele revestiu Sua divindade com a humanidade, tornando-Se assim o Filho do homem, o Salvador e Redentor. O próprio fato da morte do amado Filho de Deus para remir o homem revela a imutabilidade da lei divina. Quão facilmente, do ponto de vista do transgressor, Deus poderia ter abolido Sua lei, provendo assim um meio pelo qual o homem pudesse ser salvo e Cristo permanecesse no Céu! A doutrina que ensina a liberdade, pela graça, para transgredir a lei é uma ilusão fatal. Todo transgressor da lei de Deus é um pecador, e ninguém pode ser santificado enquanto vive em pecado conhecido. FO 26 3 A condescendência e a angústia do amado Filho de Deus não foram suportadas a fim de adquirir para o homem a liberdade de transgredir a lei do Pai e sentar-se ainda com Cristo no Seu trono. Isso ocorreu para que por Seus méritos e pela manifestação de arrependimento e fé o pecador mais culpado possa receber perdão e obter força para levar uma vida de obediência. O pecador não é salvo em seus pecados, mas de seus pecados. Que é pecado? FO 26 4 A pessoa precisa primeiro convencer-se do pecado antes que o pecador sinta o desejo de ir a Cristo. "O pecado é a transgressão da lei." 1 João 3:4. "Eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei." Romanos 7:7. Quando o mandamento impressionou a consciência de Saulo, reviveu o pecado, e ele morreu. Considerou-se condenado pela lei de Deus. O pecador só pode convencer-se de sua culpa quando compreende o que constitui pecado. É impossível que um indivíduo experimente a santificação bíblica enquanto mantém a idéia de que, se crê em Cristo, é indiferente se obedece à lei de Deus, ou se desobedece a ela. FO 27 1 Os que professam guardar a lei de Deus, mas condescendem com o pecado no coração, são condenados pela Testemunha Verdadeira. Afirmam ser abastados no conhecimento da verdade; não estão, porém, em harmonia com os seus sagrados princípios. A verdade não santifica sua vida. A Palavra de Deus declara que o pretenso observador dos mandamentos cuja vida contradiz sua fé, é cego, miserável, pobre e nu. FO 27 2 A lei de Deus é o espelho que apresenta um reflexo completo do homem como ele é, e lhe expõe a imagem correta. Alguns darão meia volta e esquecerão esse quadro, ao passo que outros empregarão nomes injuriosos contra a lei, como se isso curasse seus defeitos de caráter. Outros ainda que são condenados pela lei se arrependerão de suas transgressões e, pela fé nos méritos de Cristo, aperfeiçoarão o caráter cristão. Condenados pela luz rejeitada por eles FO 27 3 O mundo interior é culpado, à vista de Deus, de transgredir Sua lei. O fato de que a grande maioria continuará a transgredir, permanecendo assim em inimizade com Deus, não é razão suficiente para que ninguém se confesse culpado e se torne obediente. Para o observador superficial, as pessoas que são naturalmente amáveis, que são educadas e refinadas, talvez pareçam ser perfeitas na vida. "O homem vê o exterior, porém o Senhor olha para o coração" 1 Samuel 16:7. A menos que as vivificantes verdades da Palavra de Deus, quando apresentadas à consciência, sejam, recebidas inteligentemente e então cumpridas fielmente na vida, ninguém pode ver o reino dos Céus. Para alguns, essas verdades têm certo fascínio devido a sua novidade, mas não são aceitas como a Palavra de Deus. Os que não aceitam a luz quando esta lhes é apresentada, serão condenados por ela. FO 28 1 Em toda congregação na Terra há pessoas insatisfeitas, que têm fome e sede da salvação. De dia e de noite, o fardo de seu coração é: "Que devo fazer para que seja salvo?" Ouvem atentamente os sermões populares, esperando aprender como podem ser justificadas diante de Deus. Mas, com demasiada freqüência, ouvem apenas uma palestra agradável, uma declamação eloquente. Há corações tristes e decepcionados em toda reunião religiosa. O pastor diz a seus ouvintes que eles não podem guardar a lei de Deus. "Ela não é obrigatória ao homem em nosso tempo", declara ele. "Deveis crer em Cristo; Ele vos salvará; tão-somente crede." Assim ele lhes ensina a fazer do sentimento o seu critério, e não lhes dá uma fé inteligente. Esse pastor pode professar ser muito sincero, mas está procurando acalmar a consciência perturbada com uma falsa esperança. Veneno espiritual coberto por açúcar FO 28 2 Muitos são levados a pensar que se encontram no caminho para o Céu porque professam crer em Cristo, embora rejeitem a lei de Deus. Mas descobrirão finalmente que se achavam no caminho para a perdição, e não para o Céu. Veneno espiritual é coberto de uma camada de açúcar com a doutrina da santificação, e administrado às pessoas. Milhares o engolem avidamente, supondo que se tão-somente forem sinceros em sua crença, estarão seguros. Mas a sinceridade não transforma o erro em verdade. Uma pessoa pode ingerir veneno, pensando que é alimento; mas a sua sinceridade não a livrará dos efeitos dessa dose. FO 28 3 Deus nos deu Sua Palavra para que seja nosso guia. Cristo declarou: "Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de Mim testificam." João 5:39. Ele orou por Seus discípulos: "Santifica-os na verdade; a Tua Palavra é a verdade." João 17:17. Paulo diz: "Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas devia eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno." Atos 26:9. Essa crença não fez, porém, que a sua atitude fosse correta. Quando Paulo aceitou o evangelho de Jesus Cristo, tornou-se uma nova criatura. Ele foi transformado; a verdade incutida em sua alma deu-lhe tal fé e coragem como seguidor de Cristo que não podia ser perturbado pela oposição nem intimidado pelo sofrimento. FO 28 4 Os homens podem apresentar o pretexto que quiserem para sua rejeição da lei de Deus; mas nenhum pretexto será aceito no dia do juízo. Os que estão contendendo com Deus e tornando sua alma culpada mais audaz na transgressão muito em breve terão de haver-se com o Grande Legislador, a respeito da violação de Sua lei. FO 29 1 Aproxima-se o dia da vingança de Deus -- o dia do furor de Sua ira. Quem suportará o dia de Sua vinda? Os homens têm endurecido o coração contra o Espírito de Deus, mas as setas de Sua ira penetrarão onde as setas da convicção não puderam penetrar. Não demorará muito para que Deus Se levante a fim de entender-Se com o pecador. Irá o falso pastor proteger o transgressor naquele dia? Haverá alguma desculpa para aquele que acompanhou a multidão no caminho da desobediência? A popularidade ou o número farão com que alguém se torne inocente? Os descuidados e indiferentes devem considerar essas questões e resolvê-las por si mesmos. ------------------------Capítulo 3 -- Cristo, justiça nossa FO 31 0 Palestra matutina aos pastores na assembléia da Associação Geral realizada em Novembro de 1883, em Battle Creek, Michigan. Publicada em Gospel Workers, 411-415(1892), e Mensagens Escolhidas 1:350-354. FO 31 1 "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça." 1 João 1:9. FO 31 2 Deus requer que confessemos nossos pecados e perante Ele humilhemos o coração; devemos, porém, ao mesmo tempo ter confiança nEle como um terno Pai, que não abandona aqueles que nEle põem a confiança. Muitos dentre nós andam pela vista, e não pela fé. Cremos nas coisas que se vêem, mas não avaliamos as preciosas promessas que nos são dadas na Palavra de Deus; e, no entanto, não podemos desonrar a Deus mais decididamente do que mostrando que desconfiamos do que Ele diz e pomos em dúvida se o Senhor é sincero para conosco ou nos está enganando. FO 31 3 Deus não Se desanima conosco por causa de nossos pecados. Podemos cometer erros e ofender o Seu Espírito; mas quando nos arrependemos e vamos ter com Ele com o coração contrito, Ele não nos faz voltar. Há empecilhos a serem removidos. Têm-se acariciado sentimentos errados, e tem havido orgulho, presunção, impaciência e murmurações. Tudo isso nos separa de Deus. Os pecados devem ser confessados; tem de haver mais profunda obra de graça no coração. Os que se sentem fracos e desanimados podem tornar-se fortes varões de Deus e fazer nobre trabalho pelo Mestre. Devem, porém, trabalhar de um ponto de vista elevado; não devem ser influenciados por quaisquer motivos egoístas. Os méritos de Cristo, nossa única esperança FO 31 4 Temos de aprender na escola de Cristo. Coisa alguma senão a Sua justiça pode dar-nos direito a uma única das bênçãos do concerto da graça. Por muito tempo desejamos e procuramos obter essas bênçãos, mas não as recebemos porque temos acariciado a idéia de que poderíamos fazer alguma coisa para nos tornar dignos delas. Não temos olhado para fora de nós mesmos, crendo que Jesus é um Salvador vivo. Não devemos pensar que nossa própria graça e méritos nos salvem; a graça de Cristo é nossa única esperança de salvação. Por meio de Seu profeta promete o Senhor: "Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que Se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar." Isaías 55:7. Temos de crer na clara promessa, e não aceitar os sentimentos em lugar da fé. Quando confiarmos plenamente em Deus, quando nos apoiarmos nos méritos de Jesus como Salvador que perdoa os pecados, receberemos todo o auxílio que possamos desejar. FO 32 1 Olhamos para nós mesmos, como se tivéssemos poder para nos salvar; mas Jesus morreu por nós porque somos incapazes de isso fazer. NEle está nossa esperança, nossa justificação, nossa justiça. Não devemos ficar desanimados, temendo não termos um Salvador, ou que Ele não tenha pensamentos de misericórdia para conosco. Agora mesmo está Ele prosseguindo em Sua obra em nosso favor, convidando-nos para nos chegarmos a Ele em nosso desamparo, e sermos salvos. Desonramo-Lo por nossa incredulidade. É espantoso como tratamos o melhor de nossos amigos, quão pouca confiança depositamos nAquele que é capaz de nos salvar perfeitamente, e que nos deu toda prova de Seu grande amor. FO 32 2 Meus irmãos, porventura esperais que vosso mérito vos recomende ao favor de Deus, pensando que tendes de estar isentos de pecado antes de poder confiar em Seu poder para salvar? Se esta é a luta que se processa em vosso espírito, receio que não haveis de obter força, desanimando-vos afinal. "Olhai e vivei" FO 32 3 No deserto, quando o Senhor permitiu que serpentes venenosas picassem os rebeldes israelitas, Moisés foi instruído a levantar uma serpente ardente e ordenar a todos os feridos que olhassem para ela, a fim de viverem. Muitos, porém, não viram auxílio nesse remédio designado pelo Céu. Os mortos e moribundos rodeavam-nos por toda parte, e bem sabiam que sem o auxílio divino sua sorte estava selada; mas lamentavam seus ferimentos, suas dores e morte certa, até que se lhes esvaíssem as forças e os olhos se tornavam vidrados, quando podiam ter recebido cura instantânea. FO 33 1 "Como Moisés levantou a serpente no deserto", assim o Filho do homem foi "levantado; para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:14-15. Se sois conscientes de vossos pecados, não dediqueis todas as vossas faculdades a lamentá-los, mas olhai e vivei. Jesus é nosso único Salvador; e embora milhões de pessoas que carecem de cura rejeitem a misericórdia por Ele oferecida, ninguém que confie em Seus méritos será deixado a perecer. Conquanto reconheçamos nosso estado de desamparo sem Cristo, não nos devemos desanimar; devemos confiar num Salvador crucificado e ressurreto. Pobre alma, desanimada e ferida do pecado, olha e vive! Jesus empenhou Sua palavra; Ele salvará a todos os que se chegarem a Ele. FO 33 2 Vinde a Jesus, e tereis descanso e paz. Podeis ter agora mesmo essa bênção. Satanás sugere que sois desamparados, que não podeis abençoar-vos a vós mesmos. É verdade; sois desamparados. Mas exaltai a Jesus diante dele: "Tenho um Salvador ressurgido. NEle confio, e Ele nunca permitirá que eu seja confundido. Em Seu nome triunfarei. Ele é minha justiça e minha coroa de glória." Que ninguém aqui julgue que seu caso seja sem esperança; porque não é. Podeis ver que sois pecadores e estais arruinados; mas é justamente por esse motivo que precisais de um Salvador. Se tendes pecados a confessar, não percais tempo. Estes momentos são áureos. "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça." 1 João 1:9. Os que têm fome e sede de justiça serão fartos, pois Jesus o prometeu. Precioso Salvador! Seus braços estão abertos para receber-nos, e Seu grande coração de amor está à espera para nos abençoar. FO 33 3 Alguns parecem julgar que têm de estar sob prova, devendo demonstrar ao Senhor que estão reformados, antes de poder invocar Suas bênçãos. Mas estes podem reclamar a bênção agora mesmo. Precisam de Sua graça, do Espírito de Cristo, para serem ajudados em suas fraquezas, ou do contrário não podem formar um caráter cristão. Jesus fica feliz quando vamos a Ele tal qual estamos -- pecadores, desamparados, dependentes. Arrependimento, dom de Deus FO 34 1 O arrependimento, assim como o perdão, é dom de Deus por meio de Cristo. É pela influência do Espírito Santo que somos convencidos do pecado, e sentimos nossa necessidade de perdão. Ninguém, senão os contritos, é perdoado; mas é a graça de Deus que torna o coração penitente. Ele conhece todas as nossas fraquezas e enfermidades, e nos ajudará. FO 34 2 Alguns que, pelo arrependimento e confissão, se achegam a Deus, e mesmo crêem que seus pecados estão perdoados, deixam de reclamar, como deviam, as promessas de Deus. Não vêem que Jesus é um Salvador sempre presente; e não estão dispostos a confiar a Ele a guarda de sua alma, contando com Ele para o aperfeiçoamento da obra da graça começada em seu coração. Conquanto pensem que se estão entregando a Deus, têm ainda grande dose de presunção. Há pessoas conscienciosas que confiam parcialmente em Deus, e parcialmente em si mesmas. Não esperam em Deus, para ser guardadas por Seu poder, mas confiam na vigilância contra a tentação e no cumprimento de certos deveres, para serem por Ele aceitas. Não há vitórias nessa espécie de fé. Essas pessoas labutam sem propósito algum; têm a alma em contínua escravidão, e só encontrarão descanso quando depuserem seus fardos aos pés de Jesus. FO 34 3 Há necessidade de constante vigilância e de fervorosa e terna dedicação; isso, porém, virá naturalmente, se a alma é guardada pelo poder de Deus, mediante a fé. Nada podemos fazer, absolutamente nada, para nos recomendar ao favor divino. Não devemos absolutamente confiar em nós mesmos nem em nossas boas obras; mas quando, como seres erradios e pecadores, nos chegamos a Cristo, encontramos descanso em Seu amor. Deus aceitará a cada um dos que se chegam a Ele, confiando inteiramente nos méritos de um Salvador crucificado. Brota o amor no coração. Pode não haver êxtase de sentimentos, mas haverá uma duradoura e pacífica confiança. Todo peso se tornará leve; pois leve é o jugo imposto por Cristo. O dever torna-se um deleite, e um prazer o sacrifício. O caminho que antes parecia envolta em trevas, torna-se iluminada pelos raios do Sol da Justiça. Isso é andar na luz, como Cristo na luz está. ------------------------Capítulo 4 -- Ellen G. White elucida vários aspectos FO 35 0 Parte de um sermão pregado em Worcester, Massachusetts, em 31 de Julho de 1885, intitulado "A Verdadeira Norma de Justiça" e publicado na The Review and Herald, 25 de Agosto de 1885. FO 35 1 A pergunta a ser feita agora, é: Estão os professos seguidores de Cristo cumprindo as condições sob as quais é proferida a bênção? Estão eles se separando do mundo em espírito e prática? Como é difícil sair e separar-se de hábitos e costumes mundanos! Tenhamos, porém, bastante cuidado para que Satanás não nos seduza e engane por meio de falsas representações. Interesses eternos acham-se envolvidos aqui. As reivindicações de Deus devem vir em primeiro lugar; Suas exigências devem receber nossa principal atenção. FO 35 2 Todo filho do caído Adão deve, mediante a graça transformadora de Cristo, tornar-se obediente a todos os mandamentos de Deus. Muitos fecham os olhos aos mais claros ensinos de Sua Palavra porque a cruz se encontra diretamente no caminho. Se a erguerem, parecerão singulares aos olhos do mundo; e eles hesitam e duvidam, procurando algum pretexto para se esquivarem à cruz. Satanás sempre está pronto, e ele apresenta razões plausíveis por que não seria melhor obedecer exatamente ao que diz a Palavra de Deus. Assim, pessoas são enganadas fatalmente. Um engano bem-sucedido FO 35 3 Um dos mais bem sucedidos enganos de Satanás é induzir os homens a pretenderem estar santificados, ao mesmo tempo que estão vivendo em desobediência aos mandamentos de Deus. Esses são descritos por Jesus como os que hão de dizer: "Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome? E, em Teu nome, não expulsamos demônios? E, em Teu nome, não fizemos muitas maravilhas?" Mateus 7:22 FO 36 1 Sim, os que pretendem estar santificados têm muito que dizer a respeito de ser salvo pelo sangue de Jesus, mas a sua santificação não se dá por meio da verdade como ela é em Jesus. Conquanto pretendam crer nEle e aparentemente realizem obras maravilhosas em Seu nome, desprezam a lei de Seu Pai e atuam como instrumentos do grande adversário das almas para levar avante a obra que ele iniciou no Éden, a saber: apresentar desculpas plausíveis para não obedecer irrestritamente a Deus. Sua obra de levar os homens a desonrarem a Deus por desprezarem Sua lei será um dia desdobrada diante deles com seus verdadeiros resultados. FO 36 2 As condições da vida eterna são tão claras na Palavra de Deus que ninguém precisa errar, a não ser que escolha o erro em lugar da verdade porque sua alma não santificada ama mais as trevas do que a luz. FO 36 3 O intérprete da lei que se aproximou de Cristo com a pergunta: "Mestre, que farei para herdar a vida eterna?" tencionava enredar a Cristo, mas Jesus lançou o fardo de volta sobre ele. "Que está escrito na lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso e viverás." Lucas 10:25-28. Essas palavras se aplicam aos casos individuais de todos. Estamos dispostos a cumprir as condições? Obedeceremos a Deus e guardaremos Seus mandamentos? Seremos praticantes da Palavra, e não apenas ouvintes? A lei de Deus é tão imutável e inalterável como o Seu caráter. Tudo que os homens digam ou façam para anulá-la não altera as suas exigências, nem os isenta de sua obrigação de obedecer. FO 36 4 Necessitamos diariamente de iluminação divina; devemos orar como Davi: "Desvenda os meus olhos, para que veja as maravilhas da Tua lei." Salmos 119:18. Deus terá um povo sobre a Terra que vindicará Sua honra dando valor a todos os Seus mandamentos; e Seus mandamentos não são penosos, nem um jugo de servidão. Davi orou em seus dias: "Já é tempo de operares, ó Senhor, pois eles têm quebrantado a Tua lei." Salmos 119:126. FO 37 1 Nenhum de nós pode dar-se ao luxo de desonrar a Deus por viver na transgressão de Sua lei. Negligenciar a Bíblia e dedicar-nos à procura do tesouro terrestre é uma perda incalculável. Só a eternidade revelará o grande sacrifício feito por muitos para obter honras terrenas e vantagens mundanas, em detrimento da alma, em detrimento das riquezas eternas. Poderiam ter tido aquela vida que se compara com a vida de Deus; pois Jesus morreu para colocar as bênçãos e os tesouros do Céu ao seu alcance, para que não pudessem ser considerados pobres, infelizes e miseráveis na alta avaliação da eternidade. Ninguém entrará como transgressor dos mandamentos FO 37 2 Ninguém que tenha tido a luz da verdade entrará na cidade de Deus como transgressor dos mandamentos. Sua lei constitui o fundamento de Seu governo no Céu e na Terra. Se eles, intencionalmente, espezinharam e desprezaram Sua lei na Terra, não serão levados ao Céu para realizar a mesma obra ali; não haverá modificação do caráter quando Cristo vier. FO 37 3 A edificação do caráter deve prosseguir durante o tempo da graça. Dia a dia suas ações são registradas nos livros do Céu, e no grande dia de Deus eles serão recompensados segundo as suas obras. Então será visto quem receberá a bênção. "Bem-aventurados aqueles que guardam os Seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas." Apocalipse 22:14, Almeida Antiga, margem. FO 37 4 Os que atacam a lei de Deus estão guerreando contra o próprio Deus; e muitos que estão cheios de grande amargura contra o povo de Deus que guarda os mandamentos fazem o maior alarde de terem uma vida santa e sem pecado. Isto só pode ser explicado deste modo: eles não possuem um espelho a que possam olhar para descobrir por si mesmos a deformidade de seu caráter. Nem José, nem Daniel, e nenhum dos apóstolos afirmou estar sem pecado. Os homens que viveram mais perto de Deus, os homens que sacrificariam a própria vida de preferência a pecar intencionalmente contra Ele, os homens a quem Deus honrou com divina luz e poder, reconheceram que eram pecadores e indignos de Seus grandes favores. Sentiram sua debilidade, e, pesarosos por seus pecados, procuraram imitar o modelo Jesus Cristo. Apenas duas classes: obedientes e desobedientes FO 38 1 Há somente duas classes sobre a Terra: os obedientes filhos de Deus, e os desobedientes. Certa ocasião Cristo apresentou deste modo a obra do julgamento a Seus ouvintes: "Quando o Filho do homem vier em Sua glória, e todos os santos anjos, com Ele, então, Se assentará no trono da Sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dEle, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas. E porá as ovelhas à Sua direita, mas os bodes à esquerda. Então, dirá o Rei aos que estiverem à Sua direita: Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-Me de comer; tive sede, e destes-Me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-Me; estava nu, e vestistes-Me; adoeci, e visitastes-Me; estive na prisão, e fostes ver-Me. FO 38 2 "Então, os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando Te vimos com fome e Te demos de comer? Ou com sede e Te demos de beber? E, quando Te vimos estrangeiro e Te hospedamos? Ou nu e Te vestimos? E, quando Te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-Te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes." Mateus 25:31-40. FO 38 3 Assim Cristo identifica Seu interesse com o da humanidade sofredora. Toda atenção prestada a Seus filhos Ele a considera como sendo prestada a Sua própria Pessoa. Os que se dizem possuidores de santificação moderna ter-se-iam adiantado orgulhosamente, dizendo: "Senhor, Senhor! Tu não nos conheces? Porventura, não temos nós profetizado em Teu nome, e em Teu nome não expelimos demônios, e em Teu nome não fizemos muitos milagres?" Mateus 7:22. As pessoas aqui descritas, que fazem essas alegações pretensiosas, aparentemente entretecendo a Jesus em todos os seus atos, representam apropriadamente os que pretendem possuir santificação moderna, mas se acham em guerra com a lei de Deus. Cristo diz que eles praticam a iniqüidade porque são enganadores, trajando as vestes da justiça para ocultar a deformidade de seu caráter, a maldade interior de seu coração pecaminoso. FO 38 4 Satanás desceu nestes últimos dias para operar com todo engano de injustiça aos que perecem. Sua majestade satânica opera milagres à vista de falsos profetas, à vista de homens, afirmando que Ele é realmente o próprio Cristo. Satanás concede seu poder aos que o ajudam em seus enganos; portanto, os que pretendem ter o grande poder de Deus só podem ser discernidos pelo grande detector, a lei de Jeová. O Senhor nos diz que, se possível, eles enganariam os próprios eleitos. As vestes de ovelha parecem ser tão reais, tão genuínas, que o lobo só pode ser discernido quando nos dirigimos ao grande padrão moral de Deus e descobrimos ali que eles são transgressores da lei de Jeová. Agora, se já houve um tempo FO 39 1 Se já houve um tempo em que necessitamos de fé e iluminação espiritual, esse tempo é agora. Os que estão vigiando em oração e examinando diariamente as Escrituras com o ardente desejo de conhecer e fazer a vontade de Deus não serão desencaminhados por nenhum dos enganos de Satanás. Só eles discernirão o pretexto que homens astutos adotam para seduzir e enredar. Tanto tempo e atenção é dedicado ao mundo, ao vestuário e a comer e beber, que não sobra tempo para oração e para o estudo das Escrituras. FO 39 2 Precisamos da verdade em todos os pontos, e temos de buscá-la como a tesouros escondidos. Iguarias de fábulas nos são apresentadas em todos os lados, e os homens preferem crer no erro a crer na verdade, porque a aceitação desta última envolve uma cruz. O próprio eu precisa ser negado; o próprio eu precisa ser crucificado. Por isso Satanás lhes apresenta um caminho mais fácil, invalidando a lei de Deus. Quando Deus permite que o homem siga seu próprio caminho, esta é a hora mais sombria de sua vida. Pois deixar que um filho obstinado e desobediente faça o que bem entender e siga a inclinação de sua própria mente, acumulando sobre si as nuvens mais escuras do juízo de Deus, é algo terrível. FO 39 3 Satanás tem, porém, os seus agentes que são demasiado orgulhosos para arrepender-se e que se acham constantemente em atividade para derrubar a causa de Jeová e calcá-la aos pés. Que dia de tristeza e desespero quando eles depararem com sua obra acrescida de todo o seu fardo de resultados! Pessoas que poderiam ter sido salvas para Jesus Cristo se perderam por causa de seus ensinos e influência. FO 39 4 Cristo morreu por eles para que pudessem ter vida. Abriu diante deles o caminho por meio do qual pudessem, pelos Seus méritos, guardar a lei de Deus. Cristo diz: "Conheço as tuas obras -- eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar." Apocalipse 3:8. Quanto os homens se esforçam para fechar essa porta; mas não conseguem fazê-lo! Eis o testemunho de João: "E abriu-se no Céu o templo de Deus, e a arca do Seu concerto foi vista no Seu templo." Apocalipse 11:19. Sob o propiciatório, dentro da arca, estavam as duas tábuas de pedra, contendo a lei de Jeová. Os fiéis de Deus viram a luz procedente da lei que incidiu sobre eles, para que fosse dada ao mundo. E agora a intensa atividade de Satanás é fechar essa porta de luz; mas Jesus declara que ninguém pode fechá-la. Homens se desviarão da luz e irão denunciá-la e desprezá-la, mas ela ainda brilha em raios claros e distintos, para animar e abençoar a todos os que queiram vê-la. FO 40 1 Os filhos de Deus terão um difícil conflito com o adversário das almas, e este se tornará extremamente cruel ao nos aproximarmos de seu fim. Mas o Senhor ajudará os que defenderem Sua verdade. ------------------------Capítulo 5 -- Fé e obras FO 41 0 Palestra matutina proferida em Basel, Suíça, no dia 17 de Setembro de 1885. Publicada na revista The Signs of the Times, 16 de Junho de 1890. FO 41 1 "Sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que Se torna galardoador dos que O buscam." Hebreus 11:6. No mundo cristão há muitos que alegam que tudo quanto é necessário para a salvação é ter fé; as obras não são nada; a única coisa essencial é a fé. Mas a Palavra de Deus nos diz que a fé, se não tiver obras, por si só está morta. Muitos recusam obedecer aos mandamentos de Deus; dão, porém, muita importância à fé. Mas a fé precisa ter um fundamento. FO 41 2 Todas as promessas de Deus são feitas sob condições. Se fazemos Sua vontade, se andamos na verdade, então podemos pedir o que quisermos, e nos será feito. Enquanto procurarmos diligentemente ser obedientes, Deus ouvirá nossas petições; mas Ele não nos abençoará na desobediência. Se resolvemos desobedecer a Seus mandamentos, podemos exclamar: "Fé, fé, tão-somente tende fé!", e a segura Palavra de Deus dará a resposta: "A fé sem as obras é morta." Tiago 2:20. Semelhante fé será apenas como o bronze que soa e como o címbalo que retine. A fim de receber os benefícios da graça de Deus precisamos fazer a nossa parte; precisamos labutar fielmente e produzir frutos dignos do arrependimento. FO 41 3 Somos cooperadores de Deus. Não deveis sentar-vos indolentemente, aguardando uma grande ocasião para realizar importante obra para o Mestre. Não deveis negligenciar o dever que se acha diretamente em vosso caminho, mas deveis aproveitar as pequenas oportunidades que surgem ao vosso redor. ... Lutar, trabalhar e esforçar-se FO 42 1 Devemos fazer tudo que pudermos, de nossa parte, para combater o bom combate da fé. Devemos lutar, trabalhar, esforçar-nos e agonizar por entrar pela porta estreita. Sempre devemos pôr o Senhor diante de nós. Com mãos limpas, com coração puro, temos de procurar honrar a Deus em todos os nossos caminhos. Foi-nos provido auxílio nAquele que é poderoso para salvar. O espírito de verdade e luz nos vivificará e renovará por suas misteriosas atuações; pois todo o nosso progresso espiritual vem de Deus, e não de nós mesmos. O verdadeiro obreiro terá poder divino para ajudá-lo, mas o ocioso não será sustentado pelo Espírito de Deus. FO 42 2 Em certo sentido somos deixados na dependência de nossas próprias energias; devemos procurar diligentemente ser zelosos e arrepender-nos, limpar as mãos e purificar o coração de toda contaminação; devemos alcançar a norma mais elevada, crendo que Deus nos ajudará em nossos esforços. Precisamos buscar, se queremos achar, e buscar com fé; temos de bater, para que nos seja aberta a porta. A Bíblia ensina que tudo quanto se relaciona com nossa salvação depende de nossa própria conduta. Se perecermos, a responsabilidade recairá inteiramente sobre nós mesmos. Tendo sido feita a provisão e se aceitarmos as condições de Deus, podemos tomar posse da vida eterna. Temos de ir a Cristo com fé, temos de ser diligentes e confirmar a nossa vocação e eleição. FO 42 3 O perdão do pecado é prometido àquele que se arrepende e crê; a coroa da vida será a recompensa daquele que for fiel até o fim. Podemos crescer na graça aproveitando a graça que já temos. Devemos manter-nos incontaminados do mundo se quisermos ser achados irrepreensíveis no dia de Deus. A fé e as obras andam de mãos dadas; elas atuam harmoniosamente na obra de vencer. As obras sem fé são mortas, e a fé sem obras é inoperante. As obras nunca nos salvarão; é o mérito de Cristo que será eficaz em nosso favor. Mediante a fé nEle, Cristo tornará todos os nossos esforços imperfeitos aceitáveis a Deus. A fé que precisamos ter não é uma fé indolente; a fé que salva é aquela que opera pelo amor e purifica o ser. Quem quer levantar a Deus mãos santas, sem ira e sem rancor, andará inteligentemente no caminho dos mandamentos de Deus. FO 42 4 Para termos perdão de nossos pecados, precisamos ter primeiro uma compreensão do que é o pecado, a fim de que possamos arrepender-nos e produzir frutos dignos do arrependimento. Temos de ter um sólido fundamento para a nossa fé; ela deve estar baseada na Palavra de Deus, e seus resultados serão vistos na obediência à expressa vontade de Deus. Diz o apóstolo: "Sem a... [santidade] ninguém verá o Senhor." Hebreus 12:14. FO 43 1 A fé e as obras nos manterão bem-equilibrados e nos tornarão bem-sucedidos na obra de aperfeiçoar o caráter cristão. Jesus declara: "Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos Céus." Mateus 7:21. Falando do alimento temporal, disse o apóstolo: "Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto: que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também." 2 Tessalonicenses 3:10. A mesma regra se aplica a nossa nutrição espiritual; se alguém quer ter o pão da vida eterna, faça esforços para obtê-lo. FO 43 2 Estamos vivendo num importante e interessante período da história terrestre. Necessitamos de mais fé do que tivemos até agora; necessitamos de mais firme apego ao alto. Satanás está trabalhando com todo o poder para obter a vitória sobre nós, pois sabe que tem pouco tempo para trabalhar. Paulo desenvolvia sua salvação com temor e tremor; e não devemos temer que, sendo-nos deixada a promessa, suceda parecer que algum de nós tenha falhado e demonstremos ser indignos da vida eterna? Devemos vigiar em oração, fazendo desmedido esforço para entrar pela porta estreita. Jesus supre nossa deficiência FO 43 3 Não há desculpa para o pecado ou para a indolência. Jesus vai à frente e quer que sigamos os Seus passos. Ele sofreu, Ele Se sacrificou como nenhum de nós pode fazê-lo, para que pudesse colocar a salvação ao nosso alcance. Não precisamos ficar desalentados. Jesus veio a nosso mundo trazer poder divino ao homem, para que por meio de Sua graça possamos ser transformados à Sua semelhança. FO 43 4 Se está no coração obedecer a Deus, se são feitos esforços nesse sentido, Jesus aceita esta disposição e esforço como o melhor serviço do homem, e supre a deficiência com Seu próprio mérito divino. Ele não aceitará os que alegam ter fé nEle e no entanto são desleais ao mandamento de Seu Pai. Muito ouvimos acerca de fé, mas precisamos ouvir muito mais acerca de obras. Muitos estão a enganar a própria alma, vivendo uma religião fácil, acomodatícia, sem cruz. Mas diz Jesus: "Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-Me." Mateus 16:24. ------------------------Capítulo 6 -- Uma advertência contra a falsa santificação FO 45 0 De um relato da "Assembléia na Suécia", em meados de Junho de 1886. Publicado na The Review and Herald, 5 de Outubro de 1886. FO 45 1 Durante as reuniões em Orebro, fui impelida pelo Espírito do Senhor a apresentar Sua lei como a grande norma de justiça e a advertir nosso povo contra a falsa santificação moderna, que tem sua origem na adoração da vontade, e não na submissão à vontade de Deus. Este erro está rapidamente inundando o mundo, e, como testemunhas de Deus, seremos convidados a dar decidido testemunho contra ele. É um dos maiores enganos dos últimos dias e constituirá uma tentação para todos os que crêem na verdade presente. Aqueles cuja fé não está firmemente estabelecida sobre a Palavra de Deus serão enganados. E a parte mais triste de tudo isso é que bem poucos dos que são enganados por esse erro encontram novamente o caminho para a luz. FO 45 2 A Bíblia é a norma para provar as alegações de todos os que professam santificação. Jesus orou que Seus discípulos fossem santificados pela verdade, e Ele diz: "A Tua palavra é a verdade." (João 17:17); ao passo que o salmista declara: "A Tua lei é a verdade." Salmos 119:142. Todos aqueles a quem Deus está guiando manifestarão elevada consideração pelas Escrituras nas quais é ouvida Sua voz. A Bíblia ser-lhes-á "útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra". 2 Timóteo 3:16. "Por seus frutos os conhecereis." Mateus 7:16. FO 45 3 Não precisamos de outra evidência para formar juízo sobre a santificação de homens; se tiverem receio de não estar obedecendo a toda a vontade de Deus, se diligentemente prestam atenção a Sua voz, confiando em Sua sabedoria e fazendo de Sua Palavra o seu conselheiro, então, embora não façam alarde de bondade superior, podemos estar certos de que estão procurando alcançar a perfeição do caráter cristão. No entanto, se os que pretendem possuir santidade dão a entender que não precisam mais examinar as Escrituras, não devemos hesitar em declarar que sua santificação é falsa. Estão-se apoiando no seu próprio entendimento, em vez de submeter-se à vontade de Deus. O que Deus requer FO 46 1 Deus requer neste tempo exatamente o que Ele requereu do santo par no Éden -- perfeita obediência a Seus preceitos. Sua lei continua sendo a mesma em todos os séculos. A grande norma de justiça apresentada no Antigo Testamento não é rebaixada no Novo. A obra do evangelho não é atenuar as reivindicações da santa lei de Deus, mas elevar os homens até poderem guardar os seus preceitos. FO 46 2 A fé em Cristo que salva a alma não é o que muitos imaginam que ela é. "Crede, crede", é o seu brado; "tão-somente crede em Cristo, e sereis salvos. É tudo que tereis de fazer." Embora a fé verdadeira confie inteiramente em Cristo para a salvação, ela conduzirá a perfeita conformidade com a lei de Deus. A fé é manifestada pelas obras. E o apóstolo João declara: "Aquele que diz: Eu O conheço, e não guarda os Seus mandamentos, é mentiroso, e nEle não está a verdade." 1 João 2:4. FO 46 3 É perigoso confiar nos sentimentos ou impressões, pois são guias que não merecem confiança. A lei de Deus é a única norma correta de santidade. É por essa lei que deve ser julgado o caráter. Se quem anda em busca da salvação perguntasse: "Que farei para herdar a vida eterna?", os mestres modernos da santificação responderiam: "Crê somente que Jesus te salva." Quando, porém, essa pergunta foi feita a Cristo, Ele disse: "Que está escrito na lei? Como lês?" E quando o indagador respondeu: "Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração... e ao teu próximo como a ti mesmo", Jesus declarou: "Respondeste bem; faze isso, e viverás". Lucas 10:25-29. FO 46 4 A verdadeira santificação será evidenciada por conscienciosa consideração a todos os mandamentos de Deus, por esmerado desenvolvimento de todos os talentos, por conversação ponderada e revelando em todos os atos a mansidão de Cristo. Santificação que afasta da Bíblia FO 47 1 Estiveram presentes a essa reunião várias pessoas que se apegavam à teoria popular da santificação, e quando foram apresentadas as reivindicações da lei de Deus e se mostrou o verdadeiro caráter desse erro, um homem ficou tão ofendido que se levantou abruptamente e saiu da sala de reuniões. Mais tarde ouvi dizer que ele viera de Estocolmo para assistir à reunião. Em conversa com um de nossos pastores, afirmou ser sem pecado e disse que não tinha necessidade da Bíblia, pois o Senhor lhe comunicava diretamente o que devia fazer. Ele se achava muito além dos ensinos da Bíblia. Que se pode esperar dos que seguem sua própria imaginação em lugar da Palavra de Deus, se não que sejam enganados? Que impedirá o grande enganador de os levar cativos a sua vontade, se essas pessoas rejeitam o único detector do erro? FO 47 2 Esse homem representa uma classe de pessoas. A falsa santificação conduz diretamente para longe da Bíblia. A religião é reduzida a uma fábula. Sentimentos e impressões tornam-se o critério. Conquanto pretendam ser sem pecado e se gabem de sua justiça, os que alegam possuir santificação ensinam que os homens têm permissão para transgredir a lei de Deus e que os que obedecem a seus preceitos caíram da graça. A lei de Deus provoca a oposição e a ira dessas pessoas. Assim é revelado o seu caráter, pois "a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser". Romanos 8:7. FO 47 3 O verdadeiro seguidor de Cristo não fará arrogantes pretensões de santidade. É pela lei de Deus que o pecador se convence de seu erro. Ele vê sua própria pecaminosidade em contraste com a perfeita justiça imposta por ela, e isso o conduz a humildade e arrependimento. É reconciliado com Deus por meio do sangue de Cristo, e, continuando a andar com Ele, obterá mais clara compreensão da santidade do caráter de Deus e da natureza abarcante de Seus requisitos. Verá mais claramente os seus próprios defeitos e sentirá a necessidade de contínuo arrependimento e fé no sangue de Cristo. FO 47 4 Aquele que tem contínuo senso da presença de Cristo não pode condescender com a confiança em si mesmo nem com a justiça própria. Nenhum dos profetas ou apóstolos fez arrogantes proclamações de santidade. Quanto mais se aproximavam da perfeição de caráter, tanto menos se consideravam dignos e justos. Aqueles, porém, que possuem o menor senso da perfeição de Jesus, aqueles cujos olhos são menos voltados para Ele, são os que têm as maiores pretensões de perfeição. ------------------------Capítulo 7 -- Como saber se Deus está guiando FO 49 0 Parte de uma palestra matutina em Copenhague, Dinamarca, 21 de Julho de 1886, intitulada "Examinai as Escrituras". Publicada na The Review and Herald, 3 de Abril de 1888. FO 49 1 Deparareis, como eu, com pessoas que professam ser santificadas e santas. Ora, essa doutrina encerra uma influência sedutora. Elas vos relatarão maravilhosos exercícios mentais para mostrar-vos que o Senhor as está guiando e ensinando. Como, então, podeis saber se o Senhor as está guiando? Bem, há uma prova: "À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta Palavra, nunca verão a alva." Isaías 8:20. FO 49 2 Se é suscitada a hostilidade do coração humano quando é mencionado o Senhor, o grande Jeová, podeis saber que a pessoa não tem ligação com Deus. As pessoas podem alegar que têm grande fé em Jesus e que não se pode fazer coisa alguma que não seja efetuada por Cristo. Pois bem, quando Cristo despertar os mortos, dependerá inteiramente de vosso procedimento se tereis uma ressurreição para a vida eterna ou uma ressurreição para a condenação eterna. Assim, eles misturam todas estas verdades com o erro, e não podem dizer o que é verdade; e se forem convidados a sentar-se e examinar as Escrituras convosco, para ver o que diz o Senhor, eu nunca soube de um caso em que a resposta não fosse que eles não tinham necessidade de examinar as Escrituras, pois o Senhor lhes dizia o que deviam fazer. FO 49 3 A voz de Deus nos está falando por meio de Sua Palavra, e há muitas vozes que serão ouvidas por nós; mas Cristo afirmou que devemos acautelar-nos dos que dirão: "Eis aqui o Cristo! ou: Ei-Lo ali!" Marcos 13:21. Por consequência, como saberemos que eles não têm a verdade, a não ser que levemos tudo às Escrituras? Cristo recomendou que nos acautelemos dos falsos profetas que se nos apresentam em Seu nome, dizendo que eles são o Cristo. Ora, se adotásseis o ponto de vista de que não é importante compreenderdes as Escrituras por vós mesmos, estaríeis em perigo de ser desencaminhados por essas doutrinas. Cristo disse que haverá um grupo de pessoas que dirá no dia do juízo executivo: "Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome? E, em Teu nome, não expulsamos demônios? E, em Teu nome, não fizemos muitas maravilhas?" Mateus 7:22. Mas Cristo replicará: "Apartai-vos de Mim, os que praticais a iniquidade." Mateus 7:23. FO 50 1 Pois bem, precisamos compreender o que é o pecado -- a saber, que ele é a transgressão da lei de Deus. Essa é a única definição dada nas Escrituras. Vemos, portanto, que os que pretendem ser guiados por Deus, mas se afastam dEle e de Sua lei, não examinam as Escrituras. O Senhor, porém, guiará a Seu povo; pois Ele diz que Suas ovelhas O seguirão se ouvirem Sua voz, mas não seguirão o estranho. Portanto, compete-nos compreender profundamente as Escrituras. E não precisaremos indagar se os outros têm a verdade, pois isto será visto em seu caráter. Satanás operará milagres FO 50 2 Aproxima-se o tempo em que Satanás operará milagres bem à vossa vista, alegando ser o Cristo; e se os vossos pés não estiverem firmemente estabelecidos na verdade de Deus, sereis então desviados de vosso fundamento. A única segurança para vós está em buscar a verdade como a tesouros escondidos. Cavai em busca da verdade como o faríeis por tesouros na Terra, e apresentai a Palavra de Deus, a Bíblia, perante vosso Pai celestial, dizendo: "Ilumina-me; ensina-me o que é verdade." FO 50 3 E quando Seu Santo Espírito entrar em vosso coração, para inculcar a verdade em vossa alma, não a deixareis sair com facilidade. Tendes obtido tal experiência em examinar as Escrituras que todo ponto é estabelecido. E é importante que examineis as Escrituras continuamente. Deveis abastecer a mente com a Palavra de Deus; pois podeis ser separados e colocados onde não tereis o privilégio de reunir-vos com os filhos de Deus. Então precisareis dos tesouros da Palavra de Deus escondidos em vosso coração, e quando a oposição irromper ao vosso redor, tereis de levar tudo às Escrituras. ------------------------Capítulo 8 -- O povo que guarda os mandamentos de Deus FO 51 0 Parte de um sermão em South Lancaster, Massachusetts, 19 de Janeiro de 1889, intitulado "NEle Está a Luz". Publicado na The Review and Herald, 26 de Fevereiro de 1889. FO 51 1 Todo o céu tem olhado com profundo interesse para os que pretendem ser o povo que guarda os mandamentos de Deus. Eis aqui o povo que deveria ser capaz de reivindicar todas as ricas promessas de Deus; que deveria avançar de glória em glória e de força em força; que deveria estar em condições de trazer glória a Deus nas obras praticadas por eles. Jesus disse: "Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos Céus." Mateus 5:16. FO 51 2 Temos recebido a rica bênção de Deus, mas não devemos parar aqui. Devemos captar cada vez mais os raios divinos da luz do Céu. Devemos colocar-nos exatamente onde possamos receber a luz e refleti-la, em sua glória, sobre o caminho dos outros. Nunca houve um tempo em que poderíamos ter mais coragem e confiança na obra do que no tempo presente. Há muitos em nosso mundo que não guardam os mandamentos de Deus, nem pretendem fazê-lo, e que, no entanto, reivindicam todas as Suas bênçãos. Estão dispostos a aceitar Suas promessas e apossar-se delas sem atentar para as condições em que elas se baseiam. Não têm direito às bênçãos reivindicadas por eles. FO 51 3 Por que, porém, não deveriam os que guardam os Seus mandamentos apegar-se às promessas que foram dadas aos filhos de Deus? Podemos ver a justiça de Cristo na lei. Na cruz do Calvário "a misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram". Salmos 85:10. Essa é a fusão que deveria haver em nossa obra. FO 52 1 A verdade e a justiça devem ser apresentadas com o amor de Deus, da maneira como foi manifestado em Jesus. Que pureza será vista então! Que purificação de toda contaminação moral se mostrará necessária! Então, quando isto é efetuado, a obstinação da vontade que tem mantido tantos afastados da luz, ao contemplarem a preciosidade do Redentor, Sua misericórdia e piedade, desaparecerá completamente de sua alma. FO 52 2 Cada um de nós tem de cair sobre a Rocha e despedaçar-se. Haverá alguém que reterá sua obstinação? Haverá alguém que se apegará a sua justiça-própria? Haverá alguém que perderá de vista a preciosidade de Cristo? Há algum coração aqui que não será sensibilizado pelo amor de Jesus? Alguém reterá uma partícula de amor-próprio? FO 52 3 Precisamos chegar mais perto ainda de Deus... Por que nosso coração tem sido tão insensível ao amor de Deus? Por que temos feito tão mau julgamento de nosso Pai celestial? Pela luz que Deus me tem dado, sei que Satanás tem representado mal a nosso Deus de toda maneira possível. Ele tem lançado sua sombra infernal sobre o nosso caminho, para que não possamos discernir que o nosso Deus é um Deus de misericórdia, compaixão e verdade. É por isso que o ferro penetrou em nossa alma. FO 52 4 Então temos falado das trevas que o maligno lançou sobre nós, e temos lamentado a nossa condição; e, procedendo assim, só temos estendido a sombra sobre outras almas, e o que nos tem prejudicado também é prejudicial a eles. Ao proferirmos nossas palavras de descrença, outros têm sido envoltos em trevas e dúvida. FO 52 5 Não podemos dar-nos ao luxo de realizar essa obra. Colocamos assim nosso bondoso Pai celestial sob uma falsa luz. Tudo isso deve ser mudado. Devemos captar os raios da verdade divina e deixar que nossa luz incida sobre o escuro caminho dos outros. A luz do Céu brilha para os que querem seguir a Cristo, a luz do mundo. Ele diz: "Quem Me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida." João 8:12. FO 52 6 Que espécie de recomendação estais dando ao mundo, da religião de Cristo, se andais descontentes, queixosos e cheios de tristeza? Os que guardam os mandamentos de Deus devem tornar manifesto que a verdade está santificando a alma, refinando e purificando os pensamentos, e elevando o caráter e a vida. Cristo morreu para que a imagem moral de Deus pudesse ser restaurada em nossa alma e refletida para os que se acham ao nosso redor. FO 53 1 Precisamos beber cada vez mais da fonte da vida. Espero que nenhuma pessoa se satisfaça sem esmerada preparação para a eternidade, e deste tempo em diante seja visto, tanto por preceito como por exemplo, que sois representantes de Cristo. Podeis dar um vivo testemunho: "Ouvi o que o Senhor tem feito por minha alma." O Senhor está disposto a comunicar bênçãos maiores ainda. FO 53 2 Ele permitiu que toda a Sua bondade passasse diante de Moisés; proclamou-lhe o Seu caráter como sendo um Deus cheio de misericórdia, longânimo e clemente -- perdoando a iniqüidade, a transgressão e o pecado. Moisés devia representar esse caráter ao povo de Israel, e nós devemos fazer a mesma coisa. FO 53 3 Temos de sair e proclamar a bondade de Deus, tornando evidente Seu verdadeiro caráter perante as pessoas. Devemos refletir Sua glória. Fizemos isto no passado? Temos revelado o caráter de nosso Senhor por preceito e exemplo? Não temos tomado parte na obra do inimigo das almas, representando mal a nosso Pai celestial? Não temos julgado a nossos irmãos, criticando suas palavras e ações? Nesse caso o amor de Deus não tem sido entronizado em nossa alma. Façamos uma modificação definida. ------------------------Capítulo 9 -- A qualidade de nossa fé FO 55 0 Sermão pregado por Ellen G. White em Ottawa, Kansas, no sábado 11 de Maio de 1889, poucos meses após a assembléia de Mineápolis, constituindo sua apresentação simples e prática do assunto. Arquivado como Manuscrito 1, 1889. FO 55 1 Texto: João 3:1-16 (lido pela pregadora). FO 55 2 Se não houvesse nada mais, em todas as Escrituras, que apontasse claramente o caminho para o Céu, nós o teríamos aqui nestas palavras. Elas nos dizem que é conversão. Declaram-nos que temos de fazer para ser salvos. E, meus amigos, desejo dizer-vos que isso atinge diretamente a raiz da obra superficial no mundo religioso. Opõe-se diretamente à idéia de que podemos tornar-nos filhos de Deus sem alguma modificação especial. É efetuada em nós uma nítida mudança se a verdade de Deus encontrou guarida em nosso coração, pois ela exerce uma influência santificadora sobre a vida e sobre o caráter. Quando vemos os frutos da justiça naqueles que pretendem possuir uma verdade avançada, como é o nosso caso, haverá um procedimento que testifica que temos aprendido de Cristo. FO 55 3 Quando Cristo, a Esperança de Israel, foi suspenso na cruz e levantado segundo Ele dissera a Nicodemos, a esperança dos discípulos morreu com Jesus. Eles não podiam explicar a questão. Não conseguiam compreender tudo que Cristo de antemão lhes dissera a esse respeito. FO 55 4 No entanto, após a ressurreição, suas esperanças e fé reviveram, e saíram proclamando a Cristo e Este crucificado. Contaram como o Senhor da vida e glória foi agarrado e crucificado por mãos perversas, mas ressuscitou dentre os mortos. E assim, com grande ousadia, eles proferiam as palavras de vida que causavam muita admiração ao povo. FO 55 5 Os fariseus e os que ouviram os discípulos proclamar audazmente que Jesus era o Messias, deduziram que eles haviam estado com Jesus e dEle aprendido. Eles falavam exatamente como Jesus falava. Isso assentou na mente daqueles que estes haviam aprendido de Jesus. Que tem acontecido com os Seus discípulos em todas as épocas do mundo? Ora, eles têm aprendido de Jesus; têm estado em Sua escola; têm sido Seus alunos e têm aprendido as lições de Cristo no tocante à viva ligação da alma com Deus. Essa fé viva é essencial à nossa salvação, para que nos apeguemos aos méritos do sangue do Salvador crucificado e ressurreto, a Cristo, justiça nossa. FO 56 1 Parece haver-se acumulado uma atmosfera sombria em torno da alma do homem, cerceando a mente. Quase é impossível romper essa atmosfera de dúvida e descrença. Quase é impossível despertar os interesses vitais do homem para que ele compreenda o que deve fazer para ser salvo. A simplicidade de ser salvo FO 56 2 Quem se apegar à justiça de Cristo não deve esperar um só momento que ele mesmo possa apagar seus próprios pecados. Não deve esperar até que tenha produzido um arrependimento conveniente, antes que possa apegar-se à justiça de Cristo. Não compreendemos o assunto da salvação. Ele é tão simples como o ABC. Mas não o compreendemos. FO 56 3 Pois bem, como é que um homem se arrepende? É algo dele mesmo? Não; porque o coração natural está em inimizade com Deus. Então, como pode o coração natural mover-se ao arrependimento, se não tem poder para fazê-lo? Que leva o homem ao arrependimento? É Jesus Cristo. Como Ele conduz o homem ao arrependimento? Há milhares de maneiras pelas quais Ele pode efetuá-lo. FO 56 4 O Deus do Céu está atuando sobre mentes humanas em todo o tempo. É feito um convite na Palavra de Deus, e não somente ali, mas também por todos os que crêem em Jesus Cristo e estão revelando a Cristo em seu caráter. Talvez não preguem um só sermão; talvez não se aproximem diretamente de uma pessoa nem lhe falem de sua condição de impenitência; no entanto, ao entrar em contato com algum dos discípulos de Jesus Cristo, essa pessoa vê que há neles alguma coisa que ela não possui. Os fariseus viram que havia algo nos discípulos que eles não podiam interpretar. Viram algo maravilhoso, e reconheceram que os discípulos tinham ouvido a Jesus e aprendido Suas lições. FO 57 1 Há impressões que estão sendo causadas em todo o tempo. Há uma atmosfera que circunda a alma humana, e essa atmosfera é celestial ou infernal. Só há duas linhas distintas. Ou estamos do lado da questão que é de Cristo, ou do lado do inimigo. E se estamos continuamente extraindo raios da gloriosa luz divina, anjos de Deus se encontram ao nosso redor, e há uma atmosfera que circunda a alma humana. Nossa própria atitude, nossas próprias palavras dão testemunho de genuína conversão a todos os que estão dentro da esfera de nossa influência. "O Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve diga: Vem! E quem tem sede venha." Apocalipse 22:17. FO 57 2 Agora que somos ramos da Videira que vive, seremos nutridos com a seiva que flui da Videira. Ela flui em todo o tempo para cada ramo, e todo ramo dará fruto para a glória de Deus. "Nisto é glorificado Meu Pai, em que deis muito fruto." João 15:8. Qual é, portanto, a vossa condição? Deve ser uma condição de fé viva. Não há como deduzir logicamente FO 57 3 "Quero" diz alguém "resolver logicamente essa questão." Bem, resolvei-a logicamente, se puderdes. "O vento sopra onde quer, ouves a sua voz", mas não podeis explicá-lo. E também não podeis explicar as coisas de Deus no coração humano. Não podeis explicar essa fé que se apega inteiramente aos méritos do sangue de um Salvador crucificado e ressurreto para introduzir a justiça de Cristo em vossa vida. Vestidos com a justiça de Cristo, e não com vossa própria justiça, não confiareis naquilo que podeis ou quereis fazer. Não sabeis que sem Cristo nada podeis fazer? "Sem Mim" diz Ele "nada podeis fazer." João 15:5. FO 57 4 Quando vos assentais à vossa mesa, o alimento que comeis é uma expressão do amor de Cristo. E o que se ouve da verdade das palavras de Deus do púlpito é uma mensagem que é enviada para proclamar-nos as palavras da vida. FO 57 5 Quem dentre vós tem reunido todas as dúvidas e questões que poderia reunir e amontoar contra essa justiça de Cristo? Quem tem feito isso? De que lado vos encontrais? FO 57 6 Tendes aceito um ponto após o outro das preciosas verdades, à medida que têm sido apresentados? Ou tendes pensado que seguis vossas próprias idéias e opiniões, lendo e julgando a Palavra de Deus por vossas opiniões e teorias? Ou levareis vossas idéias e teorias à Palavra de Deus e deixareis que os oráculos vivos vos revelem onde se encontram as deficiências e os defeitos de vossas idéias e teorias? Não podemos adotar a posição de que julgaremos a Palavra de Deus porque críamos assim e assim. "À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva." Isaías 8:20. FO 58 1 Se já houve um povo que necessitasse de luz, são os que estão vivendo nos dias finais da história terrestre. Precisamos saber o que diz a Escritura. Precisamos achegar-nos aos vivos oráculos de Deus. Precisamos daquela fé viva que se apega ao braço do Poder infinito, e precisamos confiar de todo o nosso ser em Jesus Cristo, justiça nossa. E podemos fazê-lo. Sim, nós o fazemos proveitosamente para o bem de nossa própria alma. FO 58 2 Podeis estar unidos à videira que vive. Cada membro de todo o vosso ser pode estar unido a essa Videira, e a seiva e nutrição provenientes da Videira nutrirão o ramo que está na Videira, até que sejais um com Cristo assim como Ele era um com o Pai. Deste modo ser-vos-ão transmitidas as Suas bênçãos. Mas, irmãos, não temos tido fé. Há bastante tempo temos desonrado a Deus com a descrença. A fé do paralítico FO 58 3 Reporto-me ao paralítico, o qual não usara seus membros por muitos anos. Ei-lo ali! Os sacerdotes, os maiorais e os escribas examinaram o seu caso e declararam que era desesperador. Disseram-lhe que ele se achava nessa condição devido a seu próprio pecado, e que não havia esperança para ele. Mas recebeu a informação de que havia um homem chamado Jesus, o qual realizava prodígios. Ele estava curando os doentes, e até ressuscitava os mortos. "Mas como poderei ir ter com Ele?" perguntou o homem. FO 58 4 "Nós o levaremos a Jesus", responderam os seus amigos; "bem à Sua presença; ouvimos dizer que Ele chegou a tal e tal lugar." FO 58 5 E assim eles pegaram o homem desesperançado e o levaram aonde sabiam que Jesus estava. Mas a multidão circundava tão de perto o edifício em que Jesus Se achava, que eles nem sequer teriam a oportunidade de chegar até à porta. Que iriam fazer? O paralítico sugeriu que abrissem o eirado, tirando os ladrilhos, e o descessem por essa abertura. FO 59 1 E assim ele manifestou sua fervorosa fé. Eles o fizeram, e o homem foi posto bem na frente de Jesus, onde Este pudesse olhar para ele. E Jesus, vendo-o, compadeceu-Se dele e disse: "Filho, os teus pecados estão perdoados." Marcos 2:5. Bem, que alegria foi essa! Jesus sabia exatamente o que necessitava essa alma enferma de pecado. Sabia que esse homem fora afligido por sua própria consciência, e disse portanto: "Os teus pecados estão perdoados." Que alívio lhes adveio à mente! Que esperança lhe encheu o coração! FO 59 2 Então os sentimentos se exacerbaram no coração dos fariseus: "Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?" Marcos 2:7. FO 59 3 A seguir, disse-lhes Jesus: "Para que saibais que o Filho do homem tem sobre a Terra poder de perdoar pecados (disse ao paralítico): Eu te digo: Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa." Lucas 5:24. O quê? Erguer o leito com os braços paralisados! O quê? Colocar-se em pé com as pernas entrevadas! O que ele fez? Ora, ele fez simplesmente o que lhe foi ordenado. Efetuou o que o Senhor lhe mandou fazer. O poder da vontade foi aplicado para mover suas pernas e braços paralisados, e eles reagiram, embora não houvessem reagido por longo tempo. Essa manifestação revelou às pessoas que havia Alguém no meio deles que não somente podia perdoar pecados, mas também curar os doentes. FO 59 4 No entanto, essa poderosa evidência concedida aos fariseus não os converteu. Os homens podem encerrar-se de tal maneira em descrença, dúvida e infidelidade, que a ressurreição dos mortos não os convenceria. Devido a sua descrença, eles estariam na mesma posição de incredulidade, não convencidos nem convertidos. Mas todos os que têm coração para aceitar a verdade e ouvidos para ouvir, glorificam a Deus. Eles exclamam: "Anteriormente nunca o havíamos visto deste modo!" A reação do paralítico FO 59 5 Ali estava o paralítico, e, falando Cristo com ele, esse indivíduo contou-Lhe a lamentável história de como, assim que ele descia à água para ser curado, alguma outra pessoa entrava antes dele. Cristo perguntou-lhe: "Queres ser curado?" João 5:6. Que pergunta! Era por isso que ele estava ali, mas Cristo queria suscitar a expressão do desejo de ser curado no coração desse homem. E quando Cristo ordenou que ele se levantasse, tomasse o seu leito e andasse, o homem fez exatamente o que Cristo determinou. Ele não disse: "Ora essa! Estou aqui há trinta anos, e não dei um só passo durante esse tempo." Não se deteve para argumentar, mas fez exatamente o que lhe foi ordenado. Tomou o seu leito e saiu andando, e ficou curado desse momento em diante. FO 60 1 É dessa fé que necessitamos. Se, porém, vos detiverdes a explicar tudo e a deslindar logicamente todo ponto, morrereis em vossos pecados, pois nunca ficareis satisfeitos. A serpente de bronze FO 60 2 Eis aqui outro caso que Cristo apresentou a Nicodemos -- a serpente que foi levantada no deserto -- declarando: "Assim importa que o Filho do homem seja levantado." João 3:14. E se Ele for levantado, atrairá todos os homens a Si mesmo, "para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:15. Pois bem, olhai simplesmente para essa serpente de bronze. Os filhos de Israel não perceberam que Deus os estivera guardando por Seus anjos enviados para ser seu auxílio e sua proteção. O povo não havia sido destruído pelas serpentes em suas longas viagens pelo deserto. Tinha sido um povo ingrato. FO 60 3 Somos exatamente assim. Não percebemos os milhares de perigos de que nosso Pai celestial nos tem livrado. Não percebemos a grande bênção que Ele nos tem concedido dando-nos alimento e vestuário, e preservando nossa vida enviando os anjos da guarda para cuidar de nós. Cada dia devemos ser agradecidos por isso. Cumpre-nos avivar a gratidão em nosso coração e chegar-nos diariamente a Deus com uma oferta de gratidão. Todos os dias devemos reunir-nos em volta do altar da família e louvá-Lo por Seu vigilante cuidado de nós. Os filhos de Israel perderam de vista que Deus os estava protegendo dos animais peçonhentos. Quando, porém, Ele retirou Sua mão, foram afligidos pelas picadas deles. FO 60 4 Que aconteceu então? Ora, Cristo mesmo ordenou que Moisés erguesse uma haste, fizesse uma serpente de bronze e a colocasse nessa haste, levantando-a à vista dos israelitas, para que todo aquele que olhasse para ela pudesse viver. Eles não tinham que fazer uma grande obra. Deviam olhar porque Deus dissera que o fizessem. FO 61 1 Suponhamos, porém, que eles se detivessem a deduzi-lo logicamente e dissessem: "Ora essa, não pode ser que sejamos curados olhando para essa serpente de bronze! Nela não há vida!" Mas o olhar de fé curou-os precisamente como Deus lhes dissera que seria o caso. Os que olharam viveram. Os que se detiveram a argumentar e a explicá-lo, morreram. FO 61 2 Que devemos fazer? Olhar e viver. "E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado." João 3:14. Por que razão? Para que os que O contemplarem não pereçam, mas tenham a vida eterna. João 3:16. FO 61 3 Que espécie de fé é essa? É crer simplesmente, ou é uma fé de aceitação? Há muitos aqui que têm essa espécie de fé. Credes que Jesus era o Filho de Deus; tendes, porém, uma fé pessoal no tocante a vossa própria salvação? Credes que Jesus é vosso Salvador? Que Ele morreu na cruz do Calvário para vos resgatar? Que Ele vos oferece o dom da vida eterna se credes nEle? Justiça pela fé FO 61 4 E que é crer? É aceitar plenamente que Jesus Cristo morreu como nosso sacrifício; que Ele Se tornou maldição por nós, tomou nossos pecados sobre Si e imputou-nos Sua própria justiça. Por isso reivindicamos essa justiça de Cristo, cremos nela, e ela é nossa justiça. Ele é nosso Salvador. Ele nos salva porque disse que o faria. Ocupar-nos-emos em fazer todas as explanações sobre como Ele pode salvar-nos? Possuímos a virtude em nós mesmos que nos torne melhores e nos purifique das manchas e máculas do pecado, habilitando-nos então a aproximar-nos de Deus? Simplesmente não podemos fazer isso. FO 61 5 Não sabeis que quando o jovem se aproximou de Cristo e Lhe perguntou que devia fazer para alcançar a vida eterna, Cristo recomendou-lhe que guardasse os mandamentos? Disse ele: "Tudo isso tenho observado." Ora, o Senhor desejava inculcar bem essa lição. "Que me falta ainda? Sou perfeitamente íntegro." Mateus 19:20, Versão Inglesa. Não viu que havia alguma coisa com ele que o impedia de alcançar a vida eterna. "Tudo isso tenho observado", disse ele. Então Cristo toca no ponto sensível de seu coração, declarando: "Vem, segue-Me, e terás vida." FO 62 1 Que fez o jovem? Retirou-se muito pesaroso, por ser dono de muitas propriedades. FO 62 2 Pois bem, ele não havia absolutamente guardado os mandamentos. Devia ter aceito a Jesus Cristo como seu Salvador e se apoderado de Sua justiça. Então, tendo a justiça de Cristo, poderia guardar a lei de Deus. O jovem príncipe não podia pisotear essa lei. Precisava respeitá-la; precisava amá-la. Então Cristo combinaria o poder divino com os esforços humanos. FO 62 3 Cristo tomou sobre Si a humanidade, por nós. Cobriu Sua divindade, e a divindade e a humanidade foram combinadas. Ele mostrou que era possível observar aquela lei que Satanás declarou não se poder observar. Cristo assumiu a forma humana para estar aqui em nosso mundo e mostrar que Satanás havia mentido. Tomou sobre Si a natureza humana para demonstrar que, com a divindade e a humanidade combinadas, o homem podia guardar a lei de Jeová. Separai a humanidade da divindade, e podereis procurar desenvolver vossa própria justiça desde agora até que Cristo venha, e isso não passará de um fracasso. FO 62 4 Por meio de fé viva, por meio de fervorosa oração a Deus e confiando nos méritos de Jesus, somos revestidos de Sua justiça e somos salvos. "Oh! sim -- dizem alguns -- somos salvos não fazendo nada. De fato, estou salvo. Não preciso guardar a lei de Deus. Sou salvo pela justiça de Jesus Cristo." Cristo veio ao nosso mundo para reconduzir todos os homens à lealdade a Deus. Adotar a posição de que podemos transgredir a lei de Deus, pois Cristo cumpriu tudo isso, é uma posição de morte, porque seremos realmente tão transgressores como qualquer pessoa. FO 62 5 Que é então? É ouvir e ver que com a justiça de Cristo que possuís pela fé, justiça provida por Seus esforços e por Seu poder divino, podeis guardar os mandamentos de Deus. Não salvos na indolência FO 62 6 Precisamos dessa fé. Porém, será o homem salvo na indolência? Poderá ser salvo não fazendo nada? Nunca, jamais! Ele deve ser cooperador de Jesus Cristo. Não pode salvar-se a si mesmo. "Somos cooperadores de Deus." 1 Coríntios 3:9. E como é isso? Todo o Céu está labutando para elevar a raça humana da degradação do pecado. Todo o Céu está aberto aos habitantes da Terra. Os anjos de Deus são enviados para ministrar em favor dos que hão de herdar a salvação. "Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo Sua boa vontade." Filipenses 2:13. FO 63 1 E é dessa fé operante que necessitais. Como ela opera? Ela opera pelo amor. Que amor? Ora, o amor que procede da cruz do Calvário. Essa cruz está estabelecida entre a Terra e o Céu, e a salvação é obtida ao olhar para ela. O Pai aceitou-a, e os anjos acercaram-se dessa cruz, e o próprio Deus inclinou-Se em aceitação do sacrifício. Ela satisfaz a reivindicação do Céu, e o homem pode ser salvo por Jesus Cristo, se tão-somente tivermos fé nEle. O homem é reconciliado com Deus, e Deus com o homem, mediante o sacrifício completo, perfeito e total. FO 63 2 Pois bem, irmãos, precisamos de fé; precisamos educar a alma na fé; precisamos que todo passo seja um passo de fé; precisamos de fé nesse sacrifício que foi efetuado por nós. "A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram." Salmos 85:10. Ora, quando vemos um raio de luz precisamos apoderar-nos dele. O diabo trabalha contra isso em todo o tempo. É a fé que opera pelo amor que é demonstrada por Jesus Cristo na cruz do Calvário. É o amor que Ele tem tido por minha alma. Cristo morreu por mim. Adquiriu-me a um preço infinito, e expiou tudo que Lhe é repulsivo. Preciso cooperar com Ele. Preciso tomar sobre mim o Seu jugo. Preciso levar o jugo de Cristo. Preciso erguer os Seus fardos. Preciso ensinar a outros como podem elevar-se do estado pecaminoso em que eu me encontrava e apossar-se, com fé viva, da justiça que há em Cristo Jesus. Essa é a única maneira pela qual o pecador pode ser salvo. Não podeis salvar-vos a vós mesmos FO 63 3 Ora, podeis apegar-vos a vossa justiça e pensar que procurastes fazer o que é correto, e que, afinal de contas, sereis salvos por fazer isso. Não podeis ver que é Cristo quem efetua tudo isso. "Tenho de arrepender-me primeiro" dizem alguns. "Tenho de ir até certo ponto, por mim mesmo, sem Cristo, e então Ele vem ao meu encontro e me aceita." FO 63 4 Não podeis ter um pensamento sem Cristo. Não podeis ter a propensão de ir a Ele se Cristo não puser em movimento certas influências e não imprimir Seu Espírito na mente humana. E se há alguém sobre a face da Terra que tenha alguma inclinação para Deus, isto se dá em virtude das muitas influências que atuam sobre sua mente e seu coração. Essas influências requerem lealdade a Deus e apreço pela grandiosa obra que Deus realizou por nós. FO 64 1 Nunca digamos, portanto, que podemos arrepender-nos por nós mesmos, e então Cristo perdoará. Não mesmo! É o favor de Deus que perdoa. É o favor de Deus que nos conduz ao arrependimento, pelo Seu poder. Portanto, é tudo de Jesus Cristo, tudo dEle, e só tendes de dar glória a Deus. Por que não sois mais sensíveis quando vos congregais em vossas reuniões? Por que não sentis a vivificante influência do Espírito de Deus quando vos é apresentado o amor de Jesus e Sua salvação? É porque não vedes que Cristo é o primeiro, o último e o melhor, bem como o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o próprio Autor e Consumador de nossa fé. Não compreendeis isto, e permaneceis, portanto, em vossos pecados. Por que isso? É porque Satanás está lutando e batalhando aqui pelas almas dos homens. Ele lança sua sombra infernal em cheio sobre o nosso caminho, e tudo que podeis ver é o inimigo e seu poder. FO 64 2 Desviai o olhar de seu poder para Aquele que é poderoso para salvar totalmente. Por que vossa fé não avança através da sombra até onde Cristo está? Ele levou cativo o cativeiro, e concedeu dons aos homens. Ensinar-vos-á que Satanás reivindica toda pessoa que não se une com Ele como Sua propriedade. O principal do grande conflito FO 64 3 Satanás é o autor da morte. Que fez Cristo depois que Ele colocou a Satanás sob o domínio da morte? As últimas palavras de Cristo ao expirar na cruz foram: "Está consumado." João 19:30. O diabo viu que se excedera a si próprio. Ao morrer, Cristo consumou a morte de Satanás e trouxe à luz a imortalidade. FO 64 4 E que fez Cristo depois de ressurgir por ocasião da ressurreição? Ele apossou-Se de Seu poder e empunhou o Seu cetro. Abriu as sepulturas e trouxe para fora a multidão de cativos, testificando a todos em nosso mundo e no Universo que Ele tinha poder sobre a morte e que resgatou os cativos da morte. FO 64 5 Nem todos os que creram em Jesus foram trazidos à vida nessa ocasião. Foi apenas um exemplo do que se dará, para que saibamos que a morte e a sepultura não hão de reter os cativos, porque Cristo os levou para o Céu. E quando vier outra vez, com poder e grande glória, Ele abrirá as sepulturas. A prisão será aberta, e os mortos ressurgirão para uma gloriosa imortalidade. FO 65 1 Eis aí os troféus que Cristo levou para o alto junto com Ele e apresentou ao Universo celestial e aos mundos que Deus criou. Qualquer afeição que acaso eles tivessem por Lúcifer, que era o querubim cobridor, foi então destruída. Deus lhe deu a oportunidade de revelar seu caráter. Se não houvesse feito isso, poderia haver os que considerariam válida a acusação que ele lançara contra Deus, de que Ele não lhe dera uma oportunidade razoável. FO 65 2 O Príncipe da vida e o príncipe das trevas estavam em conflito. O Príncipe da vida prevaleceu, mas a um preço infinito. Seu triunfo é nossa salvação. Ele é nosso Substituto e Penhor, e o que Ele diz ao que vencer indica se o homem tem de fazer algo, ou não. Como? "Ao que vencer, lhe concederei que se assente comigo no Meu trono, assim como Eu venci e Me assentei com Meu Pai no Seu trono." Apocalipse 3:21. A parte do vencedor FO 65 3 Nosso Salvador não teve de vencer algo? Ele não manteve a batalha com o príncipe das trevas até ser um vencedor em todos os pontos? Então Ele deixou a obra diretamente nas mãos de Seus seguidores. Temos algo a fazer. Não nos cabe a parte dos vencedores, de elaborar e ganhar a vitória? Não temos de prosseguir passo a passo em conhecer ao Senhor até que saibamos que Suas saídas são preparadas como a alva? Sua luz irromperá até que cheguemos à luz mais intensa. Vós o compreendereis, e prosseguireis e captareis mais intensa luz dos oráculos de Deus quando o suplicardes ao Deus do Céu. FO 65 4 Jacó foi enredado. Ele esbulhou seu irmão do seu direito de primogenitura. Quando lutou com Cristo, seus pecados se apresentaram diante dele. E o Anjo lutou com ele e disse: "Deixa-me ir", e Jacó respondeu: "Não te deixarei ir, se me não abençoares." Gênesis 32:26. FO 65 5 Fareis isso? Lutareis com Deus nesta reunião até que saibais que Ele Se revela a vós? Há pecados que afligem vossa alma; vossos pecados vos angustiam. Direis: "Agora, Senhor, o perdão tem de ser consignado ao lado de meu nome", e lutareis e pleiteareis com Deus, apegando-vos à justiça de Cristo, dizendo: "Ele tem de salvar; creio nEle; aceito o que Ele afirma"? Pois bem, irmãos, que faremos? FO 66 1 Jacó alcançou a vitória, e seu nome foi mudado aquele dia. Isso sucedeu quando ele prevaleceu com Deus. Sou tão agradecida porque Deus providenciou um meio pelo qual podemos ter salvação completa e abundante! Não precisamos olhar para as sombras que Satanás lança em nosso caminho. Ele quer obliterar-nos o Céu e a Jesus, bem como a luz e o poder do Céu, e continuamos a falar do poder de Satanás. Mas não precisamos falar sobre isso. Isaías apresenta-o desta maneira: "Porque um Menino nos nasceu, um Filho se nos deu; o governo está sobre os Seus ombros; e o Seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz." Isaías 9:6. Não significa isto que eu e meu Pai somos um? FO 66 2 Deus nos ajude, irmãos, a despertar e a dar-nos pressa em fazer agora tanto quanto foi feito pelo paralítico; a fazer tanto quanto foi efetuado pelo homem decrépito e pelo homem com o braço paralisado. Eles fizeram exatamente o que lhes foi ordenado. Deus nos ajude a crer no Filho de Deus e que Ele pode salvar-nos totalmente, e teremos a vida eterna. FO 66 3 Muitos de vós procedeis, porém, como se não houvesse suficiente animação em vossa alma para atender à verdade. Alguns de vós procedeis como se pensásseis que Jesus Se acha encerrado no sepulcro novo de José. Ele não está ali: ressurgiu dentre os mortos, e temos hoje um Salvador vivo que está fazendo intercessão por nós. FO 66 4 Falai então de Seu amor, falai de Seu poder, louvai-O. Se tendes uma voz para dizer algo, falai de Deus, falai do Céu, falai da vida eterna. Sei de pessoas que em seus lares falavam tão alto que seus vizinhos podiam ouvi-los, mas se levantavam nas reuniões e murmuravam algumas palavras que não podiam ser ouvidas. Precisais mostrar que tendes aprendido na escola de Cristo e que estais progredindo. "Com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação." Romanos 10:10. Quantos crêem nas verdades que ouvistes hoje? Quereis que decorram alguns meses antes que reconheçais que nelas há luz? Quereis deter-vos para deduzir tudo isso logicamente? Morrereis antes desse tempo. Crer na Declaração de Deus FO 67 1 Crede-o porque é a verdade, porque Deus o declara, e apegai-vos ao sangue meritório de um Salvador crucificado e ressurreto. Ele é vossa única esperança, Ele é vossa justiça, vosso Substituto e Penhor, vosso tudo em tudo. Quando compreendeis isso, só Lhe podeis trazer uma oferta de louvor. Se, porém, não estais dispostos a ir a Cristo e reconhecer que Ele faz tudo isso, se achais que tendes primeiro de dar alguns passos e ir até certo ponto para que Deus venha ao vosso encontro, isso é exatamente como a oferta de Caim. Ele não conhecia a Jesus, e não sabia que o sangue de Jesus podia purificar seus pecados e tornar sua oferta aceitável a Deus. Há mais de um Caim, com ofertas maculadas e sacrifícios poluídos, e sem o sangue de Jesus. Deveis chegar-vos a Jesus Cristo em todo passo. Com o sangue de Jesus e Seu poder purificador, fazei vossas petições a Deus e orai a Ele com fervor, estudando a Bíblia como nunca antes. FO 67 2 A pergunta é: "Que é a verdade?" Não é quantos anos eu o tenho crido que o torna verdade. Deveis levar vosso credo à Bíblia e deixar que a luz da Bíblia defina vosso credo e revele suas deficiências e onde está a dificuldade. A Bíblia deve ser vossa norma, os vivos oráculos de Jeová devem ser vosso guia. Deveis cavar a verdade como a tesouros escondidos. Deveis descobrir onde está o tesouro, e então arar toda polegada desse terreno a fim de obter as pedras preciosas. Deveis explorar as minas da verdade em busca de novas gemas, de novos diamantes, e haveis de encontrá-los. FO 67 3 Sabeis como é com o poder papal. As pessoas não têm o direito de interpretar as Escrituras por si mesmas. Precisam de que alguma outra pessoa interprete as Escrituras para elas. Não tendes uma mente? Não tendes a faculdade do raciocínio? Deus não concedeu discernimento ao povo comum, assim como aos sacerdotes e maiorais? Quando Cristo, o Senhor da vida e glória, veio ao nosso mundo, se eles O tivessem conhecido, jamais O teriam crucificado. Deus recomendou que examinassem as Escrituras: "Porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de Mim." João 5:39. FO 68 1 Deus nos ajude a ser estudantes da Bíblia. Até que possais ver a razão para isso por vós mesmos e um "assim diz o Senhor" nas Escrituras, não espereis que homem algum interprete a Bíblia para vós. E quando podeis ver isto, vós o conheceis por vós mesmos, e sabeis que é a verdade de Deus. Direis: "Eu o li eu o vi e meu próprio coração se apega a isso, e é a verdade que Deus proferiu para mim de Sua Palavra." Pois bem, é isso o que devemos ser -- cristãos individuais. Precisamos ter uma experiência individual e pessoal. Precisamos converter-nos, como era o caso dos judeus. Se vedes uma pequena luz, não deveis recuar e dizer: "Esperarei até que meus irmãos a tenham visto." Se o fizerdes, continuareis nas trevas. FO 68 2 Deus nos ajude a ter conhecimento da verdade, e se tendes visto a verdade de Deus, dirigi-vos diretamente para a luz e deixai os obstáculos para trás de vós. Não façais da carne o vosso amparo; mas tende uma viva experiência por vós mesmos, e então vosso semblante brilhará com a glória de Deus. Tendes andado com Ele, e Ele vos tem sustido. Tendes lutado e pleiteado com Ele, e Ele tem permitido que Sua luz incida sobre vós. Falar de fé, viver e agir pela fé FO 68 3 Ora, irmãos, vós vos tendes educado tanto em dúvidas e suspeitas que tendes de educar vossa alma no âmbito da fé. Tendes de falar de fé, tendes de viver pela fé, tendes de agir pela fé, para que tenhais um aumento de fé. Exercendo essa fé viva, tornar-vos-eis vigorosos homens e mulheres em Cristo Jesus. Permita Deus que esta reunião que estamos realizando seja uma reunião na qual nasça para vós o Sol da Justiça e brilhe em vosso coração com seus raios mais claros, fazendo de todos vós luzeiros no mundo. FO 68 4 Podeis ser precisamente o que Cristo disse que Seus discípulos devem ser -- "a luz do mundo". Mateus 5:14. Deveis difundir essa luz, esperança e fé aos outros. Não deveis ir gemendo pelo vosso caminho em Seu serviço, como se Ele fosse um feitor severo, pondo fardos sobre vós que não podeis levar. Este não é o caso. Ele quer que sejais cheios de alegria, cheios da bênção de Deus, para compreender a largura e o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Deus, que excede o entendimento. Quando é mencionado o Seu nome Ele quer que ele fira a nota tônica, e haverá uma resposta em vosso coração. Então podereis render ações de graça, e glória, e honra e louvor Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro. FO 69 1 Deveis aprender a entoar esse cântico aqui; e quando fordes transformados num momento, num abrir e fechar de olhos, sabereis exatamente como executar o cântico de triunfo com os anjos celestiais e com os santos redimidos. Faremos com que as abóbadas celestes vibrem de louvor e glória. Pois bem, deixai que as abóbadas vibrem aqui. Permiti que este lugar suscite louvor em vosso coração. Enquanto estais sobre este terreno olhai para as majestosas árvores, para a relva verdejante e aveludada, e permiti que seja avivado o louvor em vosso coração. Louvai a Deus por termos o privilégio de estar neste mundo, tão belo como ele é. Estamos indo para um lugar melhor. A Terra será purificada, dissolvida e formada sem pecado. FO 69 2 Não temos tudo para que nosso pensamento esteja nas coisas celestiais? Não temos tudo para erguer-nos diretamente deste mundanismo e sensualidade, desta conversa frívola e destituída de senso, destes gracejos e zombarias, destes relatos falsos, mexerico e ruins suspeitas? Eliminai tudo isso! É uma desonra para a igreja! Debilita e enfraquece a igreja. FO 69 3 Nossa conversação deve ser santa. Como Deus é santo em Sua esfera, sejamos santos em nossa esfera. Exultemos no precioso Salvador, o qual morreu para resgatar-nos, e reflitamos a glória de volta a Deus. Unamo-nos com o céu em nossos louvores aqui e com os cânticos dos anjos celestiais na cidade de nosso Deus. ------------------------Capítulo 10 -- Relato de E. G. White acerca da reação ao sermão de Ottawa FO 71 0 Relato da reunião geral em Ottawa, Kansas, publicado na The Review and Herald, 23 de Julho de 1889 e em Mensagens Escolhidas 1:355-358. FO 71 1 Na reunião de Kansas foi minha oração no sentido de que fosse quebrantado o poder do inimigo, e de que o povo, que estivera em trevas, abrisse coração e mente à mensagem que Deus lhe enviasse, a fim de que vissem a verdade, nova para muitos espíritos, como verdade antiga em novos moldes. O entendimento do povo de Deus tem sido entenebrecido, pois Satanás tem representado erradamente o caráter de Deus. Nosso bom e gracioso Senhor tem sido apresentado perante o povo revestido dos atributos de Satanás, e homens e mulheres que têm estado à procura da verdade, por tanto tempo têm olhado a Deus através de um falso prisma, que é difícil espancar de seus olhos a nuvem que obscurece a Sua glória. Muitos têm vivido numa atmosfera de dúvida, e parece quase impossível lançarem mão da esperança que no evangelho de Cristo lhes é apresentada. ... FO 71 2 No sábado [11 de maio] foram apresentadas verdades que eram novas para a maioria da congregação. Coisas novas e velhas foram tiradas da casa do tesouro da Palavra de Deus. Foram reveladas verdades que o povo quase não conseguia compreender e alcançar. Brilhou sobre a Palavra de Deus, em relação à lei e ao evangelho, e em relação a ser Cristo nossa justiça, uma luz que às almas famintas da verdade se figurava preciosa demais para ser recebida. FO 71 3 Mas as reuniões do sábado não foram em vão. No domingo de manhã houve positiva evidência de que o Espírito de Deus estava operando grandes mudanças no estado moral e espiritual dos que ali estavam reunidos. Manifestou-se uma entrega de espírito e coração a Deus, e preciosos testemunhos foram dados pelos que por muito tempo tinham estado em trevas. Um irmão falou da luta que experimentara antes de poder receber as boas-novas de que Cristo é nossa justiça. A luta foi árdua, mas o Senhor operava com ele, e teve o espírito mudado, e renovadas as forças. O Senhor apresentou perante ele a verdade com clareza, revelando o fato de que Cristo, unicamente, é a fonte de toda esperança e salvação. "NEle estava a vida, e a vida era a luz dos homens." "E o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a Sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade." João 1:14. FO 72 1 Um de nossos jovens irmãos participantes disse que fruíra mais da bênção e do amor de Deus durante aquela reunião do que em toda sua vida anterior. Outro afirmou que as provas, perplexidades e conflitos mentais que sofrera foram de natureza tal que se vira tentado a desistir de tudo. Julgara não haver mais esperança para ele, a menos que obtivesse mais da graça de Cristo; mas, por influência das reuniões, experimentara uma mudança de coração, e obtivera melhor conhecimento da salvação pela fé em Cristo. Viu que era privilégio seu ser justificado pela fé; tinha paz com Deus, e com lágrimas confessou que alívio e bênção lhe viera à alma. Em cada reunião, muitos testemunhos eram dados falando de paz, conforto e alegria que se haviam encontrado ao receber a luz. FO 72 2 Agradecemos ao Senhor, de todo o coração, termos preciosa luz para apresentar ao povo, e regozijamo-nos por ter, para este tempo, uma mensagem que é verdade presente. As novas de que Cristo é nossa justiça têm trazido alívio para muitas, muitas pessoas, e Deus diz ao Seu povo: "Avante!" A mensagem à igreja de Laodicéia é aplicável à nossa condição. Quão claramente é pintada a situação dos que julgam ter toda a verdade, que se orgulham no conhecimento da Palavra de Deus, ao passo que seu poder santificador não foi sentido em sua vida! Falta em seu coração o fervor do amor de Deus, mas é este mesmo fervor de amor que torna o povo de Deus a luz do mundo. A mensagem laodiceana FO 72 3 Diz a Testemunha Verdadeira, de uma igreja fria, sem vida e sem Cristo: "Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio, ou quente! Assim, porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da Minha boca." Apocalipse 3:15, 16. Notai as palavras seguintes: "Pois dizes: Estou rico e abastado, e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu." Apocalipse 3:17. Aqui está representado um povo que se orgulha na posse de conhecimento e vantagens espirituais. Não corresponderam, porém, às imerecidas bênçãos que Deus lhes tem concedido. Têm estado possuídos de rebelião, ingratidão e esquecimento de Deus, e todavia Ele os tem tratado como um pai amoroso e perdoador trata um filho ingrato e corrompido. Resistiram à Sua graça, abusaram de Seus privilégios, desprezaram Suas oportunidades, e têm-se satisfeito com descansar contentes, em lamentável ingratidão, vazio formalismo e hipócrita insinceridade. Com farisaico orgulho têm-se gloriado até que deles foi dito: "Dizes: Estou rico e abastado, e não preciso de coisa alguma." Apocalipse 3:17. FO 73 1 Porventura não enviou o Senhor Jesus mensagem após mensagem de repreensão, de advertência, de súplica a esses satisfeitos consigo mesmos? Não têm sido desprezados e rejeitados os Seus conselhos? Não têm sido os mensageiros por Ele enviados tratados com desprezo, e suas palavras recebidas como fábulas ociosas? Cristo vê aquilo que o homem não vê. Ele vê os pecados que, se não houver arrependimento, esgotarão a paciência de um Deus longânimo. Cristo não pode defender os nomes dos que estão satisfeitos em sua presunção. Não pode intervir em favor de um povo que não sente necessidade de Seu auxílio, que alega saber e possuir tudo. FO 73 2 O grande Redentor representa-Se como um mercador celeste, carregado de riquezas, indo de casa em casa, apresentando Seus inapreciáveis bens, e dizendo: "Aconselho-te que de Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso e arrepende-te. Eis que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a Minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo." Apocalipse 3:18-20. FO 73 3 Consideremos a nossa condição perante Deus; levemos a sério o conselho da Testemunha Verdadeira. Que ninguém de nós se possua de preconceito, como fizeram os judeus, de modo que a luz não penetre em nosso coração. Que não seja necessário Cristo dizer de nós o que disse deles: "E não quereis vir a Mim para terdes vida." João 5:40. FO 74 1 Em todas as reuniões, desde a Assembléia Geral, pessoas têm ansiosamente aceito a preciosa mensagem da justiça de Cristo. Damos graças a Deus por existirem pessoas que reconhecem estar em necessidade de algo que não possuem: o ouro da fé e amor, as vestes brancas da justiça de Cristo, o colírio do discernimento espiritual. Se possuirdes estes dons preciosos, o templo da alma humana não será qual uma capela profanada. Irmãos e irmãs, convido-vos, em nome de Jesus Cristo de Nazaré, a trabalhar onde Deus trabalha. Agora é o dia de graciosa oportunidade e privilégio. Mensagens Escolhidas 1:355-358. ------------------------Capítulo 11 -- Obediência e santificação FO 75 0 Artigo em The Signs of the Times, 19 de Maio de 1890. FO 75 1 "E andai em amor, como também Cristo vos amou e Se entregou a Si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave." Efésios 5:2. Em toda a plenitude de Sua divindade, em toda a glória de Sua imaculada humanidade, Cristo Se entregou a Si mesmo por nós, como sacrifício completo e amplo, e todo aquele que vai ter com Ele deve aceitá-Lo como se fosse o único indivíduo pelo qual foi pago o preço. Assim como em Adão todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo; pois os obedientes serão ressuscitados para a imortalidade, e os transgressores ressurgirão dentre os mortos para sofrer a morte, a penalidade da lei que eles violaram. FO 75 2 Obediência à lei de Deus é santificação. Há muitos que têm idéias erradas a respeito dessa obra na vida, mas Jesus orou que Seus discípulos fossem santificados pela verdade, e acrescentou: "A Tua Palavra é a verdade." João 17:17. A santificação não é uma obra instantânea, mas progressiva, assim como a obediência é contínua. Enquanto Satanás nos importunar com suas tentações, a batalha pela vitória sobre o próprio eu terá de ser travada reiteradas vezes; mas pela obediência, a verdade santificará a alma. Os que são leais à verdade irão, pelos méritos de Cristo, vencer toda debilidade de caráter que tem feito com que sejam moldados por toda e multiforme circunstância da vida. Engano e cilada de Satanás FO 75 3 Muitos têm adotado o conceito de que não podem pecar porque estão santificados, mas isto é uma enganosa cilada do maligno. Há constante perigo de cair em pecado, pois Cristo nos admoestou a vigiar e orar para que não entremos em tentação. Se estivermos cientes da debilidade do próprio eu, não seremos presunçosos nem indiferentes ao perigo, mas sentiremos a necessidade de recorrer à Fonte de nossa força: Jesus, Justiça nossa. Iremos em arrependimento e contrição, com pungente senso de nossa própria fraqueza finita, e aprenderemos que precisamos apropriar-nos diariamente dos méritos do sangue de Cristo, a fim de que nos tornemos vasos preparados para uso do Mestre. FO 76 1 Confiando assim em Deus, não seremos achados a pelejar contra a verdade, mas sempre seremos habilitados a colocar-nos ao lado do que é direito. Devemos apegar-nos ao ensino da Bíblia e não seguir os costumes e tradições do mundo, as palavras e os atos de homens. FO 76 2 Quando surgem erros e são ensinados como verdade bíblica, os que têm ligação com Cristo não confiarão no que diz o pastor, mas, à semelhança dos nobres bereanos, examinarão as Escrituras todos os dias para ver se essas coisas são de fato assim. Quando eles descobrem qual é a recomendação do Senhor, colocam-se ao lado da verdade. Ouvem a voz do verdadeiro Pastor dizendo: "Este é o caminho; andai nele." Isaías 30:21. Assim sereis ensinados a fazer da Bíblia o vosso conselheiro, e não ouvireis nem seguireis a voz do estranho. Duas lições FO 76 3 Para que a pessoa seja purificada e enobrecida, e habilitada para as cortes celestiais, há duas lições a serem aprendidas -- abnegação e domínio-próprio. Alguns aprendem essas importantes lições com mais facilidade do que outros, porque são adestrados pela simples disciplina que o Senhor lhes aplica com brandura e amor. Outros requerem a morosa disciplina do sofrimento, para que o fogo purificador possa livrar-lhes o coração do orgulho e da confiança em si mesmo, da paixão terrena e do egoísmo, a fim de que apareça o verdadeiro ouro do caráter e eles se tornem vitoriosos pela graça de Cristo. FO 76 4 O amor de Deus fortalecerá a alma, e em virtude dos méritos do sangue de Cristo podemos permanecer ilesos no meio do fogo da tentação e prova. Mas nenhuma outra ajuda poderá ser útil para salvar, senão Cristo, Justiça nossa, o qual se nos tornou sabedoria, santificação e redenção. FO 77 1 Verdadeira santificação não é nada mais nem menos do que amar a Deus de todo o coração e andar irrepreensivelmente em Seus mandamentos e preceitos. Santificação não é uma emoção, mas um princípio de origem celestial que coloca todas as paixões e desejos sob o domínio do Espírito de Deus; e essa obra é efetuada por meio de nosso Senhor e Salvador. FO 77 2 A falsa santificação não glorifica a Deus, mas leva os que dizem possuí-la a exaltar e glorificar a si mesmos. Tudo que surge em nossa experiência, quer de alegria ou de tristeza, que não reflete a Cristo nem aponta para Ele como seu autor, dando-Lhe glória e deixando o próprio eu fora de vista, não constitui verdadeira experiência cristã. FO 77 3 Quando a graça de Cristo é implantada na alma pelo Espírito Santo, seu possuidor tornar-se-á humilde de espírito e buscará a companhia daqueles cuja conversação é sobre as coisas celestiais. Então o Espírito tomará as coisas de Cristo e no-las revelará, e glorificará, não o recebedor, e, sim, o Doador. Se, portanto, tiverdes no coração a sagrada paz de Cristo, vossos lábios estarão cheios de louvor e ações de graça a Deus. Vossas orações, o desempenho de vosso dever, vossa benevolência, vossa abnegação, não serão o assunto de vosso pensamento ou conversação, mas engrandecereis Aquele que Se entregou a Si mesmo por vós quando ainda éreis pecadores. Direis: "Eu me entrego a Jesus. Achei Aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas." Enaltecendo-O, tereis uma preciosa bênção, e todo o louvor e glória pelo que é efetuado por vosso intermédio será restituído a Deus. Não turbulento nem indomável FO 77 4 A paz de Cristo não é um elemento turbulento nem indomável manifestado em altas vozes e exercícios corporais. A paz de Cristo é uma paz inteligente, e não faz com que os que a possuem se caracterizem pelo fanatismo e extravagância. Não é um impulso casual, mas procede de Deus. FO 77 5 Quando o Salvador comunica Sua paz à alma, o coração estará em perfeita harmonia com a Palavra de Deus, pois o Espírito e a Palavra estão de acordo. O Senhor honra Sua palavra em todas as Suas relações com os homens. Ela é Sua própria vontade, Sua própria voz, que é revelada aos homens, e Ele não tem outra vontade, nem outra verdade, à parte de Sua Palavra, para revelar a Seus filhos. Se tendes uma maravilhosa experiência que não está em harmonia com as explícitas instruções da Palavra de Deus, bem podeis pô-la em dúvida, pois sua origem não é do alto. A paz de Cristo advém do conhecimento de Jesus a quem a Bíblia revela. FO 78 1 Se a felicidade é extraída de fontes exteriores, e não da Fonte Divina, será tão variável como as multiformes circunstâncias podem torná-la; mas a paz de Cristo é uma paz constante e duradoura. Ela não depende de qualquer circunstância na vida, da quantidade de bens materiais, nem do número de amigos terrenos. Cristo é a fonte de águas vivas, e a paz e a felicidade extraídas dEle nunca se esgotarão, pois Ele é a origem da vida. Os que confiam nEle podem dizer: "Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Pelo que não temeremos, ainda que a Terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza. ... Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo." Salmos 46:1-4. FO 78 2 Temos motivo para incessante gratidão a Deus porque Cristo, por Sua perfeita obediência, reconquistou o paraíso que Adão perdeu pela desobediência. Adão pecou, e os filhos de Adão partilham de sua culpa e suas conseqüências; mas Jesus assumiu a culpa de Adão, e todos os filhos de Adão que correrem para Cristo, o segundo Adão, podem livrar-se da penalidade da transgressão. Jesus recuperou o Céu para o homem suportando a prova a que Adão deixou de resistir; pois Ele obedeceu perfeitamente à lei, e todos os que têm correta compreensão do plano da redenção verão que não podem estar salvos enquanto continuam na transgressão dos santos preceitos de Deus. Precisam cessar de transgredir a lei e apegar-se às promessas de Deus que se acham à nossa disposição por meio dos méritos de Cristo. Não confiar em pessoas FO 78 3 Nossa fé não deve apoiar-se na habilidade dos homens, e, sim, no poder de Deus. Há perigo em confiar em homens, mesmo que tenham sido usados como instrumentos de Deus para realizar grande e boa obra. Cristo deve ser nossa força e nosso refúgio. Os melhores homens podem cair de sua firmeza, e o melhor da religião, quando corrompido, é o que há de mais perigoso em sua influência sobre as mentes. A religião pura e viva se encontra na obediência a toda palavra que procede da boca de Deus. A justiça exalta as nações, e sua ausência degrada e arruína o homem. "Crede, tão-somente crede!" FO 79 1 Dos púlpitos modernos são proferidas as palavras: "Crede, tão-somente crede! Tende fé em Cristo; nada tendes que ver com a velha lei; tão-somente confiai em Cristo." Quão diferente é isso das palavras do apóstolo, o qual declara que a fé sem as obras é morta! Diz ele: "Sede cumpridores da Palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos." Tiago 1:22. Precisamos ter aquela fé que opera pelo amor e purifica a alma. Muitos procuram substituir a retidão de vida por uma fé superficial, pensando obter deste modo a salvação. FO 79 2 O Senhor requer neste tempo o mesmo que Ele requereu de Adão no Éden -- perfeita obediência à lei de Deus. Precisamos ter justiça sem um defeito, sem uma mancha. Deus deu o Seu Filho para morrer pelo mundo, mas Ele não morreu para revogar a lei que era santa e justa e boa. O sacrifício de Cristo no Calvário é um argumento irrefutável que mostra a imutabilidade da lei. Sua penalidade foi sentida pelo Filho de Deus em favor do homem culpado, para que por Seus méritos o pecador pudesse obter a virtude de Seu caráter imaculado pela fé em Seu nome. FO 79 3 Proporcionou-se ao pecador uma segunda oportunidade para guardar a lei de Deus na força de seu divino Redentor. A cruz do Calvário condena para sempre a idéia que Satanás colocou diante do mundo cristão, a saber: que a morte de Cristo aboliu não somente o sistema típico de sacrifícios e cerimônias, mas também a imutável lei de Deus, o fundamento de Seu trono, a transcrição de Seu caráter. FO 79 4 Por meio de todo artifício possível, Satanás tem procurado invalidar o sacrifício do Filho de Deus, tornar inútil Sua expiação e Sua missão um fracasso. Ele tem afirmado que a morte de Cristo tornou desnecessária a obediência à lei e possibilitou que o pecador caísse nas boas graças de um Deus santo sem abandonar o seu pecado. Ele tem declarado que a norma do Antigo Testamento foi rebaixada no evangelho e que os homens podem ir a Cristo, não para serem salvos de seus pecados, mas em seus pecados. FO 80 1 Quando, porém, João contemplou a Jesus, disse qual era Sua missão, declarando: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." João 1:29. A toda alma penitente, a mensagem é: "Vinde, então, e argüi-Me, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã." Isaías 1:18. ------------------------Capítulo 12 -- Apossando-se da justiça de Cristo FO 81 0 Artigo geral: A Debilidade Espiritual é Inescusável, na The Review and Herald, 1 de Julho de 1890. Parte em Mensagens Escolhidas 1:363, 364. FO 81 1 Os que confiam inteiramente na justiça de Cristo, olhando para Ele com viva fé, conhecem o Espírito de Cristo e são conhecidos por Cristo. Fé simples habilita o crente a realmente considerar-se morto para o pecado, mas vivo para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor. Somos salvos pela graça, mediante a fé; e isto não vem de nós, é dom de Deus. Caso procurássemos desdobrar essas preciosas promessas aos sábios do mundo, eles zombariam de nós; pois "o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente". 1 Coríntios 2:14. FO 81 2 Quando Jesus estava prestes a ascender ao alto, disse a Seus discípulos: "E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê, nem O conhece; mas vós O conheceis, porque habita convosco e estará em vós." João 14:16, 17. Disse também: "Aquele que tem os Meus mandamentos e os guarda, este é o que Me ama; e aquele que Me ama será amado de Meu Pai, e Eu o amarei e Me manifestarei a ele." João 14:21. FO 81 3 Há muitos que encontram satisfação em identificar-se com falsas doutrinas, para que não haja perturbação ou diferença entre eles e o mundo; mas os filhos de Deus devem dar testemunho da verdade, não somente pela pena e pela voz, mas também pelo espírito e caráter. Nosso Salvador declara que o mundo não pode receber o Espírito da verdade. Eles não conseguem discernir a verdade, pois não discernem a Cristo, o Autor da verdade. Discípulos mornos, adeptos de coração frio que não se acham imbuídos do Espírito de Cristo, não são capazes de discernir a preciosidade de Sua justiça; mas procuram estabelecer sua própria justiça. FO 82 1 O mundo busca as coisas do mundo -- negócios, honra mundana, ostentação, satisfação egoísta. Cristo procura romper esse fascínio que mantém os homens afastados dEle. Procura chamar a atenção dos homens para o mundo por vir, que Satanás tem conseguido ofuscar com sua própria sombra. Cristo coloca o mundo eterno dentro do alcance da visão das pessoas, apresenta-lhes suas atrações, declara-lhes que preparará mansões para eles e que virá outra vez e os receberá para Si mesmo. O desígnio de Satanás é encher a mente de tal maneira com descomedido amor de coisas sensuais que o amor de Deus e o anseio pelo Céu sejam expelidos do coração... Chamados para ser mordomos fiéis FO 82 2 Deus solicita que aqueles a quem Ele confiou os Seus bens se portem como mordomos fiéis. O Senhor quer que todas as coisas de interesse temporal ocupem um lugar secundário no coração e nos pensamentos; mas Satanás quer que as coisas da Terra ocupem o primeiro lugar em nossa vida. O Senhor quer que aprovemos aquilo que é excelente. Ele nos mostra o conflito em que precisamos empenhar-nos, e revela o caráter e o plano da redenção. Expõe diante de vós os perigos que tereis de enfrentar, a abnegação que será requerida, e recomenda que avalieis o preço, assegurando-vos que se vos empenhardes zelosamente no conflito, o poder divino unir-se-á ao esforço humano. FO 82 3 A batalha cristã não é uma luta travada contra a carne e o sangue, mas contra principados, contra potestades, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. O cristão tem de contender com poderes sobrenaturais, mas não deve ser deixado a empenhar-se sozinho no conflito. O Salvador é o capitão de sua salvação e com Ele o homem pode ser mais do que vencedor. FO 82 4 O Redentor do mundo não queria que o homem ficasse em ignorância dos ardis de Satanás. A grande confederação do mal é alistada contra os que querem vencer; mas Cristo deseja que olhemos para as coisas que não se vêem, para os exércitos do Céu que se acampam ao redor dos que amam a Deus, a fim de livrá-los. Os anjos do Céu estão interessados em favor do homem. O poder da Onipotência está à disposição dos que confiam em Deus. O Pai aceita a justiça de Cristo em favor de Seus seguidores, e eles são circundados de luz e santidade que Satanás não pode atravessar. A voz do Capitão de nossa salvação fala a Seus seguidores, dizendo: "'Tende bom ânimo; Eu venci o mundo.' Sou vossa defesa; prossegui para a vitória." A cruz do calvário FO 83 1 Por meio de Cristo provê-se ao homem tanto a restauração como a reconciliação. O abismo produzido pelo pecado foi transposto pela cruz do Calvário. Foi pago por Jesus um resgate pleno e completo, em virtude do qual o pecador é perdoado e mantida a justiça da lei. Todos os que crêem que Cristo é o sacrifício expiador podem chegar a Ele e receber o perdão dos pecados; pois pelos méritos de Cristo, franqueou-se a comunicação entre Deus e o homem. Deus pode aceitar-me como filho Seu, e eu posso reclamá-Lo como meu Pai amoroso e nEle me regozijar. FO 83 2 Temos de polarizar nossas esperanças quanto ao Céu tão-somente em Cristo, porque Ele é nosso Substituto e Penhor. Nós transgredimos a lei de Deus, e pelas obras da lei nenhuma carne será justificada. Os melhores esforços que o homem, em suas próprias forças, pode fazer, não têm valor para satisfazer a santa e justa lei que ele transgrediu; mas pela fé em Cristo pode ele alegar a justiça do Filho de Deus como toda-suficiente. Cristo, em Sua natureza humana, satisfez as exigências da lei. Suportou a maldição da lei pelo pecador, por ele fez expiação, para que todo aquele que nEle cresse não perecesse mas tivesse vida eterna. A fé genuína apropria-se da justiça de Cristo, e o pecador é feito vencedor com Cristo; pois ele se faz participante da natureza divina, e assim se combinam divindade e humanidade. FO 83 3 Quem procura alcançar o Céu por suas próprias obras, guardando a lei, tenta uma impossibilidade. Não pode o homem salvar-se sem a obediência, mas suas obras não devem provir de si mesmo; Cristo deve operar nele o querer e o efetuar, segundo Sua boa vontade. Se o homem pudesse salvar-se por suas obras, teria ele algo em si mesmo, pelo qual se alegrar. O esforço que o homem faz em suas próprias forças para obter a salvação, é representado pela oferta de Caim. Tudo que o homem pode fazer sem Cristo é poluído pelo egoísmo e pecado; mas aquilo que é operado pela fé é aceitável a Deus. Quando procuramos alcançar o Céu pelos méritos de Cristo, a alma faz progresso. Olhando para Jesus, autor e consumador de nossa fé, podemos prosseguir de força em força, de vitória em vitória; pois por meio de Cristo a graça de Deus operou nossa salvação completa. Mensagens Escolhidas 1:363-364. ------------------------Capítulo 13 -- Fé e obras -- de mãos dadas FO 85 0 Artigo em The Signs of the Times, 21 de Julho de 1890, intitulado: Que Farei Para Herdar a Vida Eterna? FO 85 1 Jesus morreu para salvar o Seu povo dos pecados deles, e redenção em Cristo significa cessar a transgressão da lei de Deus e estar livre de todo pecado; nenhum coração que é incitado pela inimizade contra a lei de Deus está em harmonia com Cristo, o qual sofreu no Calvário para vindicar e exaltar a lei diante do Universo. FO 85 2 Os que fazem ousadas pretensões de santidade demonstram com isso que eles não vêem a si mesmos à luz da lei; não são iluminados espiritualmente e não sentem aversão a toda espécie de egoísmo e orgulho. De seus lábios manchados pelo pecado saem as expressões contraditórias: "Sou santo, sou sem pecado. Jesus me ensina que se eu guardar a lei, cairei da graça. A lei é um jugo de servidão." Diz o Senhor: "Bem-aventurados aqueles que guardam os Seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas." Devemos estudar diligentemente a Palavra de Deus para que cheguemos a decisões corretas e procedamos de acordo com elas; pois então obedeceremos à Palavra e estaremos em harmonia com a santa lei de Deus. Não somos salvos pela lei, nem na desobediência FO 85 3 Conquanto tenhamos de estar em harmonia com a lei de Deus, não somos salvos pelas obras da lei; contudo, não podemos ser salvos sem obediência. A lei é a norma pela qual é avaliada o caráter. Mas não podemos absolutamente guardar os mandamentos de Deus sem a graça regeneradora de Cristo. Só Jesus pode purificar-nos de todo pecado. Ele não nos salva pela lei, nem nos salvará na desobediência à lei. FO 86 1 Nosso amor a Cristo será proporcional à profundeza de nossa convicção do pecado, e pela lei vem o conhecimento do pecado. No entanto, ao vermos a nós mesmos, desviemos o olhar para Jesus, que a Si mesmo Se deu por nós para que pudesse remir-nos de toda iniqüidade. Pela fé apoderai-vos dos méritos de Cristo, e será aplicado o sangue que purifica a alma. Quão mais claramente discernirmos os males e os perigos a que temos estado expostos, tanto mais gratos seremos pela libertação por meio de Cristo. O evangelho de Cristo não dá licença aos homens para transgredirem a lei, pois foi pela transgressão que se abriram sobre o nosso mundo as comportas da aflição. FO 86 2 Hoje o pecado é a mesma coisa maligna que era no tempo de Adão. O evangelho não promete o favor de Deus para alguém que, com impenitência, viola Sua lei. A depravação do coração humano, a culpa da transgressão, a ruína do pecado, são todas manifestadas pela cruz em que Cristo proveu um meio de escape para nós. Uma doutrina cheia de engano FO 86 3 Justiça-própria é o perigo desta época; ela separa a alma de Cristo. Os que confiam em sua própria justiça não podem compreender como a salvação advém por meio de Cristo. Chamam o pecado de justiça, e a justiça de pecado. Não têm noção do mal da transgressão, nem compreensão do terror da lei; pois não respeitam o padrão moral de Deus. A razão de haver tantas conversões não genuínas nestes dias é que há tão pouco apreço da lei de Deus. Em lugar do padrão de justiça de Deus, os homens criaram um padrão de sua própria escolha para avaliar o caráter. Eles vêem como em espelho, obscuramente, e apresentam falsas idéias de santificação ao povo, incentivando assim o egoísmo, o orgulho e a justiça-própria. A doutrina da santificação defendida por muitos está cheia de engano, pois é lisonjeira ao coração natural; mas a coisa mais afável que pode ser pregada ao pecador é a verdade dos reclamos obrigatórios da lei de Deus. A fé e as obras precisam andar de mãos dadas; pois a fé sem as obras, por si só está morta. A prova da doutrina FO 87 1 O profeta declara uma verdade pela qual podemos provar toda doutrina. Diz ele: "À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva." Isaías 8:20. Embora haja abundante erro no mundo, não há razão para que os homens permaneçam no engano. A verdade é clara, e quando ela é contrastada com o erro, seu caráter pode ser discernido. Todos os súditos da graça de Deus podem compreender o que é requerido deles. Pela fé podemos submeter nossa vida à norma da justiça, porque podemos apropriar-nos da justiça de Cristo. FO 87 2 Na Palavra de Deus o sincero pesquisador da verdade encontrará a regra da genuína santificação. Diz o apóstolo: "Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. ... Porquanto, o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o Seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne, para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós." Romanos 8:1, 3-9. ------------------------Capítulo 14 -- A experiência da justiça pela fé FO 89 0 Parte do artigo na The Review and Herald, 4 de Novembro de 1890, intitulado: Cristo, o Caminho da Vida. Publicado em Mensagens Escolhidas 1:365-358. FO 89 1 "Veio Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho do reino de Deus e dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho." Marcos 1:14, 15. FO 89 2 O arrependimento associa-se à fé, e o evangelho insta em que é necessário para a salvação. Paulo pregou o arrependimento. Diz ele: "Nada, que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e pelas casas, testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo." Atos 20:20-21. Sem arrependimento não há salvação. Nenhum pecador impenitente pode crer com o coração para a justiça. Romanos 10:10. O arrependimento é por Paulo descrito como uma piedosa tristeza pelo pecado, a qual "opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende". 2 Coríntios 7:10. Este arrependimento não tem em si coisa alguma da natureza do mérito, mas prepara o coração para a aceitação de Cristo como único Salvador, única esperança do pecador perdido. FO 89 3 Ao considerar o pecador a lei, sua culpa se lhe torna clara, e lhe impressiona a consciência, e ele é condenado. Seu único conforto e esperança encontra-os em olhar à cruz do Calvário. Ao aventurar-se a crer nas promessas, tomando a Deus em Sua palavra, vêm-lhe à alma alívio e paz. Clama: "Senhor, Tu prometeste salvar a todos que se achegam a Ti em nome de Teu Filho. Sou uma pessoa perdida, desajudada e sem esperança. Senhor, salva-me, ou pereço!" Sua fé se apodera de Cristo, e ele é justificado diante de Deus. FO 89 4 Mas, embora Deus possa ser justo e ao mesmo tempo justificar o pecador, pelos méritos de Cristo, homem algum pode cobrir sua alma com as vestes da justiça de Cristo, enquanto comete pecados conhecidos, ou negligencia conhecidos deveres. Deus requer a completa entrega do coração, antes que possa ocorrer a justificação; e para que o homem conserve essa justificação, tem de haver obediência contínua, mediante ativa e viva fé que opera por amor e purifica a alma. FO 90 1 Tiago escreve acerca de Abraão e diz: "Porventura o nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus. Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé." Tiago 2:21-24. A fim de que o homem seja justificado pela fé, esta tem de chegar ao ponto em que controle as afeições e impulsos do coração; e é pela obediência que a própria fé se aperfeiçoa. Fé, condição da promessa FO 90 2 Sem a graça de Cristo acha-se o pecador em estado desesperador; coisa alguma pode ser feita em seu favor; mas pela graça divina é comunicado ao homem poder sobrenatural, que opera em seu espírito, coração e caráter. É pela comunicação da graça de Cristo que se discerne o pecado em sua natureza odiosa, sendo afinal expulso do templo da alma. É pela graça que somos levados em comunhão com Cristo, para com Ele sermos associados na obra da salvação. A fé é a condição sob a qual Deus houve por bem prometer perdão aos pecadores; não que exista na fé qualquer virtude pela qual se mereça a salvação, mas porque a fé pode prevalecer-se dos méritos de Cristo, o remédio provido para o pecado. A fé pode apresentar a perfeita obediência de Cristo em lugar da transgressão e rebeldia do pecador. Quando o pecador crê que Cristo é seu Salvador pessoal, então, de acordo com as Suas promessas infalíveis, Deus lhe perdoa o pecado e o justifica livremente. A pessoa arrependida reconhece que sua justificação vem porque Cristo, como seu Substituto e Penhor, morreu por ele, e é sua expiação e justiça. FO 91 3 "Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Ora àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas àquele que não pratica, mas crê nAquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça." Romanos 4:3-5. Justiça é obediência à lei. A lei requer justiça, e esta o pecador deve à lei; mas é ele incapaz de a apresentar. A única maneira em que pode alcançar a justiça é pela fé. Pela fé pode ele apresentar a Deus os méritos de Cristo, e o Senhor lança a obediência de Seu Filho a crédito do pecador. A justiça de Cristo é aceita em lugar do fracasso do homem, e Deus recebe, perdoa, justifica a pessoa arrependida e crente, trata-a como se fosse justa, e ama-a tal qual ama Seu Filho. Assim é que a fé é imputada como justiça; e a pessoa perdoada avança de graça em graça, de uma luz para luz maior. Pode dizer, alegremente: "Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a Sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente Ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela Sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna." Tito 3:5-7. FO 91 1 Mais: Está escrito: "Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; a saber: aos que crêem no Seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus." João 1:12, 13. Disse Jesus: "Aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." João 3:3. "Aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus." Verso 5. Não é baixa a norma que nos é dada, pois devemos tornar-nos filhos de Deus. Devemos ser salvos como indivíduos; e no dia da prova seremos capazes de discernir entre aquele que serve a Deus e o que não O serve. Somos salvos como crentes individuais no Senhor Jesus Cristo. FO 91 2 Muitos estão a perder o caminho certo, por pensarem que têm de alçar-se ao Céu; que têm de fazer algo para merecer o favor de Deus. Procuram tornar-se melhores por seus próprios esforços, desajudados. Isso jamais conseguirão realizar. Cristo abriu caminho morrendo como nosso sacrifício, vivendo como nosso exemplo, tornando-Se nosso grande Sumo Sacerdote. Diz Ele: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida." João 14:6. Se por qualquer esforço nosso pudéssemos subir um único degrau na escada, as palavras de Cristo não seriam verdadeiras. Mas quando aceitamos a Cristo, as boas obras aparecerão, como frutífera prova de que nos achamos no caminho da vida, que Cristo é nosso caminho, e que estamos palmilhando a vereda certa, que conduz ao Céu. Ele se torna nossa justiça FO 92 1 Cristo olha ao espírito com que fazemos as coisas, e quando nos vê levando nossa carga com fé, Sua santidade perfeita faz expiação por nossas faltas. Quando fazemos o melhor possível, Ele Se torna nossa justiça. Requer todo raio de luz que Deus nos envia, o tornar-nos a luz do mundo. (Carta 33, 1889.) Mensagens Escolhidas 1:365-368. ------------------------Capítulo 15 -- Isto é justificação pela fé FO 93 0 Parte do Manuscrito 21, 1891, escrito em 27 de Fevereiro de 1891. Publicado no The S.D.A. Bible Commentary 6:1070, 1071. FO 93 1 Quando o pecador penitente, contrito diante de Deus, discerne a expiação de Cristo em seu favor e aceita essa expiação como sua única esperança nesta vida e na vida futura, seus pecados são perdoados. Isso é justificação pela fé. Toda pessoa crente deve submeter sua vontade inteiramente à vontade de Deus e manter-se num estado de arrependimento e contrição, exercendo fé nos méritos expiadores do Redentor e avançando de força em força, e de glória em glória. FO 93 2 Perdão e justificação são uma só e a mesma coisa. Pela fé, o crente passa da posição de rebelde, de filho do pecado e de Satanás, para a posição de súdito leal de Cristo Jesus, não por causa de alguma bondade inerente, mas porque Cristo o recebe como Seu filho, por adoção. O pecador obtém o perdão de seus pecados, porque esses pecados são carregados por seu Substituto e Penhor. O Senhor fala a Seu Pai celestial, dizendo: "Este é Meu filho. Eu o absolvo da condenação da morte, dando-lhe Minha apólice de seguro de vida -- a vida eterna -- porque tomei o seu lugar e sofri por seus pecados. Ele é mesmo Meu filho amado." Assim o homem, perdoado, e revestido das belas vestes da justiça de Cristo, se encontra irrepreensível diante de Deus. FO 93 3 O pecador pode errar, mas ele não é rejeitado sem misericórdia. Sua única esperança, porém, é arrependimento para com Deus e fé no Senhor Jesus Cristo. A prerrogativa do Pai é perdoar nossas transgressões e pecados, porque Cristo tomou sobre Si a nossa culpa e nos absolveu, imputando-nos Sua própria justiça. Seu sacrifício satisfaz plenamente as reivindicações da justiça. FO 94 1 Justificação é o contrário de condenação. A infinita misericórdia de Deus é manifestada para os que são completamente indignos. Ele perdoa as transgressões e os pecados por amor de Jesus, o qual Se tornou a propiciação pelos nossos pecados. Pela fé em Cristo, o transgressor culpado é conduzido ao favor de Deus e à forte esperança da vida eterna. ------------------------Capítulo 16 -- Aceitos em Cristo FO 95 0 Artigo em The Signs of the Times, 4 de Julho de 1892. FO 95 1 "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:16. Esta mensagem é para o mundo, pois "todo o que" significa que toda e qualquer pessoa que cumpre a condição pode partilhar a bênção. Todos os que olham para Jesus, crendo nEle como seu Salvador pessoal, não perecerão, mas terão a "vida eterna". Foram tomadas todas as providências para que tenhamos a recompensa eterna. FO 95 2 Cristo é nosso Sacrifício, nosso Substituto, nosso Penhor, nosso Intercessor divino; Ele Se nos tornou justiça, santificação e redenção. "Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo Céu, para agora comparecer, por nós, perante a face de Deus." Hebreus 9:24. FO 95 3 A intercessão de Cristo em nosso favor consiste em apresentar Seus méritos divinos, oferecendo-Se a Si mesmo ao Pai como nosso Substituto e Penhor; pois Ele ascendeu ao alto para fazer expiação por nossas transgressões. "Se... alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo." 1 João 2:1-2. "Nisto consiste o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou, e enviou o Seu Filho como propiciação pelos nossos pecados." 1 João 4:10. "Por isso também pode salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles." Hebreus 7:25. FO 95 4 Diante dessas passagens, é evidente que não é a vontade de Deus que sejais receosos e aflijais vossa alma com medo de que Deus não vos aceite porque sois pecaminosos e indignos. "Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós." Tiago 4:8. Apresentai vosso caso diante dEle, implorando os méritos do sangue derramado por vós na cruz do Calvário. Satanás vos acusará de ser grandes pecadores, e precisais admitir isso, mas podeis dizer: "Sei que sou um pecador, e é por esta razão que necessito de um Salvador. Jesus veio ao mundo para salvar pecadores. 'O sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.' 1 João 1:7. 'Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.' 1 João 1:9. Não tenho nenhum mérito ou virtude pelo qual eu possa reivindicar a salvação, mas apresento diante de Deus o sangue todo-expiador do imaculado Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Esta é a minha única reivindicação. O nome de Jesus me dá acesso ao Pai. Seu ouvido, Seu coração, está aberto a minha mais débil súplica, e Ele supre minhas mais profundas necessidades." Isto é justificação FO 96 1 É a justiça de Cristo que torna o pecador penitente aceitável a Deus e opera sua justificação. Por mais pecaminosa que tenha sido sua vida, se ele crê em Jesus como seu Salvador pessoal, permanece diante de Deus nas imaculadas vestes da justiça imputada de Cristo. FO 96 2 O pecador tão recentemente morto em delitos e pecados é vivificado pela fé em Cristo. Ele vê pela fé que Jesus é seu Salvador e está vivo para todo o sempre, podendo "salvar totalmente [todos] os que por Ele se chegam a Deus." Hebreus 7:25. Na expiação realizada para ele, o crente vê tal largura, comprimento, altura e profundidade de eficiência -- ele vê tal inteireza de salvação, adquirida a um preço tão infinito, que sua alma se enche de louvor e gratidão. Contempla, como por espelho, a glória do Senhor e é transformado na Sua própria imagem, como pelo Espírito do Senhor. Vê o manto da justiça de Cristo, tecido no tear do Céu, talhado por sua obediência e imputado à pessoa arrependida pela fé em seu nome. FO 96 3 Quando o pecador tem uma visão dos incomparáveis encantos de Jesus, o pecado deixa de ser atraente para ele; pois contempla Aquele que é o mais distinguido entre dez mil e totalmente desejável. Compreende por experiência pessoal o poder do evangelho, cuja vastidão de desígnio só é igualada por sua preciosidade de propósito. FO 97 1 Temos um Salvador que vive. Ele não está no sepulcro novo de José; ressuscitou dentre os mortos e ascendeu ao alto como Substituto e Penhor de toda pessoa crente. "Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo." Romanos 5:1. O pecador é justificado pelos méritos de Jesus, e isto é o reconhecimento de Deus da perfeição do resgate pago pelo homem. Que Cristo foi obediente até à morte na cruz é uma garantia da aceitação do pecador penitente, pelo Pai. Permitiremos, então, que nós mesmos tenhamos uma experiência vacilante, de duvidar e crer, de crer e duvidar? Jesus é a garantia de nossa aceitação por Deus. Alcançamos favor perante Deus, não em virtude de algum mérito em nós mesmos, mas devido a nossa fé no "Senhor, Justiça Nossa". FO 97 2 Jesus está em pé no Santo dos Santos, para comparecer agora na presença de Deus por nós. Ali, Ele não cessa de apresentar Seu povo, momento após momento, perfeito nEle. No entanto, por sermos assim representados perante o Pai, não devemos imaginar que podemos abusar de Sua misericórdia, tornando-nos descuidados, indiferentes e comodistas. Cristo não é o ministro do pecado. Somos perfeitos nEle, aceitos no Amado, unicamente se permanecemos nEle pela fé. FO 97 3 Nunca podemos alcançar a perfeição por nossas próprias boas obras. A pessoa que vê a Jesus pela fé, rejeita sua própria justiça. Encara a si mesma como incompleta, seu arrependimento como insuficiente, sua mais forte fé como sendo apenas debilidade, seu mais custoso sacrifício como escasso, e se prostra com humildade aos pés da cruz. Mas uma voz lhe fala dos oráculos da Palavra de Deus. Com estupefação ela ouve a mensagem: "NEle estais aperfeiçoados." Agora tudo está em paz nessa pessoa. Não precisa mais esforçar-se para encontrar algum merecimento em si mesma, alguma ação meritória pela qual alcance o favor de Deus. Uma verdade difícil de ser aceita FO 97 4 Contemplando o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, ela encontra a paz de Cristo; pois o perdão é aposto a seu nome, e ela aceita a Palavra de Deus: "NEle estais aperfeiçoados." Colossences 2:10. Quão difícil é para a humanidade, por muito tempo acostumada a acalentar a dúvida, aceitar essa grandiosa verdade! Todavia, que paz ela traz à pessoa, e que vitalidade! Olhando para nós mesmos em busca de justiça, para encontrar a aceitação diante de Deus, olhamos para o lugar errado, "porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus". Romanos 3:23. Devemos olhar para Jesus, porque "todos nós com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na Sua própria imagem". 2 Coríntios 3:18. Deveis encontrar vossa inteireza contemplando o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. FO 98 1 Postando-se diante da transgredida lei de Deus, o pecador não pode purificar-se a si mesmo; mas, crendo em Cristo, ele é o objeto de Seu amor infinito e revestido de Sua justiça imaculada. Jesus orou pelos que crêem em Cristo: "Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade. A fim de que todos sejam um; e como és Tu, ó Pai, em Mim e Eu em Ti, também sejam eles em Nós; para que o mundo creia que Tu Me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que Me tens dado, para que sejam um, como Nós o somos." João 17:17, 21-22. "Pai justo, o mundo não Te conheceu; Eu, porém, Te conheci, e também estes compreenderam que Tu Me enviaste. Eu lhes fiz conhecer o Teu nome, e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que Me amaste esteja neles e Eu neles esteja." João 17:25-26. FO 98 2 Quem pode compreender a natureza dessa justiça que restaura o pecador crente, apresentando-o a Deus sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante? Temos a empenhada palavra de Deus de que Cristo Se nos tornou justiça, santificação e redenção. Permita Deus que confiemos em Sua palavra com implícita confiança e desfrutemos Sua mais copiosa bênção. "Porque o próprio Pai vos ama, visto que Me tendes amado e tendes crido que Eu vim da parte de Deus." João 16:27. ------------------------Capítulo 17 -- Conselho a um eminente pastor, sobre a apresentação da relação entre a fé e as obras FO 99 0 Parte de uma carta a A. T. Jones, 9 de Abril de 1893, Carta 44, 1893. Publicada em Mensagens Escolhidas 1:377-379. FO 99 1 Estava eu assistindo a uma reunião, estando presente vasta congregação. Em meu sonho estáveis apresentando o assunto da fé, e da imputada justiça de Cristo pela fé. Repetíeis várias vezes que as obras de nada valiam, que não havia condições. O assunto foi apresentado de maneira que, sei, os espíritos seriam confundidos, não recebendo a correta impressão quanto à fé e as obras, e resolvi escrever-vos. Afirmais esta questão com vigor exagerado. Há condições para recebermos justificação e santificação, e a justiça de Cristo. Sei o que quereis dizer, mas deixais uma impressão errada nos espíritos. Conquanto as boas obras não salvem pessoa alguma, é impossível que uma única pessoa se salve sem as boas obras. Deus nos salva sob uma condição: que peçamos, se queremos receber; busquemos, se queremos encontrar; e batamos se queremos que a porta se nos abra. FO 99 2 Cristo Se oferece, para salvar totalmente os que se chegam a Ele. Convida a todos para irem ter com Ele. "O que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora." João 6:37. Na realidade considerais esses assuntos como eu, entretanto lhes dais um torneio que leva confusão aos espíritos. E depois de terdes expresso radicalmente vossos pensamentos acerca das obras, quando vos são feitas perguntas sobre esse mesmo assunto, ele em vosso próprio espírito não está muito claro, e não podeis definir a outros espíritos os princípios corretos, e vós mesmos sois incapaz de fazer vossas afirmações harmonizarem com os vossos princípios e vossa fé. FO 99 3 O jovem dirigiu-se a Jesus com a pergunta: "Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?" Marcos 10:17. E Cristo lhe disse: "Por que Me chamas bom? Ninguém é bom senão Um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos." Mateus 19:17. Disse-Lhe o jovem: "Quais?" Jesus citou vários, e o jovem Lhe disse: "Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?" Mateus 19:20. Disse-lhe Jesus: "Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres, e terás um tesouro no Céu; depois vem, e segue-Me." Mateus 19:21. Aí estão as condições, e a Bíblia está repleta de condições. "Tendo, porém, o jovem ouvido esta palavra, retirou-se triste, por ser dono de muitas propriedades." Mateus 19:22. Aspectos importantes FO 100 1 Então, quando dizeis que não há condições, e fazeis algumas declarações muito amplas, sobrecarregais as mentes, e alguns não vêem coerência em vossas expressões. Não podem ver como harmonizar essas expressões com as claras afirmações da Palavra de Deus. Notai esses pontos, por favor. Essas fortes afirmações acerca das obras não tornam nossa posição mais fortalecida. As expressões enfraquecem nossa posição, pois muitos vos considerarão extremista, e perderão as ricas lições que tendes para eles, justamente sobre os assuntos que precisam conhecer. ... Meu irmão, é difícil à mente compreender esse ponto, e não confundais mente alguma com idéias que não se harmonizem com a Palavra. Considerai, por favor, que sob os ensinos de Cristo muitos dos discípulos eram lamentavelmente ignorantes; mas quando o Espírito Santo, que Jesus prometeu, veio sobre eles e fez do vacilante Pedro o campeão da fé, que transformação em seu caráter! Mas, não coloqueis nem mesmo um seixo, para a pessoa fraca na fé, nele tropeçar, por meio de apresentações ou expressões exageradas. Sede sempre coerente, calmo, profundo e firme. Não vades a nenhum extremo em coisa alguma, mas mantende os pés sobre rocha sólida. Ó precioso, precioso Salvador! "Aquele que tem os Meus mandamentos e os guarda esse é o que Me ama; e aquele que Me ama será amado de Meu Pai, e Eu o amarei, e Me manifestarei a ele." João 14:21. FO 100 2 Esta é a verdadeira prova -- o fazer as obras de Cristo. E é a evidência do amor do agente humano a Jesus, e aquele que faz a Sua vontade dá ao mundo a prova prática do fruto que ele manifesta em obediência, em pureza e em santidade do caráter. ... FO 101 1 Ó meu irmão, andai cuidadosamente com Deus. Mas lembrai-vos de que há alguns cujos olhos vos fitam com muita atenção, na expectativa de que ultrapasseis o limite, e tropeceis e caiais. Mas se com humildade vos conservardes junto a Jesus, tudo estará bem... FO 101 2 Na escola de Cristo não há lugar onde nos diplomemos. Devemos trabalhar segundo o plano da adição, e o Senhor operará segundo o plano da multiplicação. É pela constante diligência que, pela graça de Cristo, viveremos segundo o plano da adição, fazendo firme nossa vocação e eleição... "Porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum. Pois, desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo." 2 Pedro 1:10, 11. (Carta 44, 1893.) Mensagens Escolhidas 1:377-379. ------------------------Capítulo 18 -- O homem pode ser tão puro em sua esfera como Deus na dEle FO 103 0 Parte do artigo: A si Mesmo se Purifica, em The Signs of the Times, 20 de Junho de 1895. FO 103 1 "Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-Lo como Ele é." 1 João 3:2. A herança do povo de Deus é discernida por meio da fé na Palavra de Deus. "A vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste." João 17:3. FO 103 2 Pela fé os filhos de Deus obtêm um conhecimento de Cristo e acalentam a esperança de Seu aparecimento para julgar o mundo com justiça, até que se torne uma gloriosa expectativa; pois então O verão como Ele é, e se tornarão semelhantes a Ele, e sempre estarão com o Senhor. Os santos que dormem serão então chamados para fora de suas sepulturas, para uma gloriosa imortalidade. Quando chegar o dia do livramento, então vereis outra vez a diferença entre o que serve a Deus e o que não O serve. Quando Cristo vier, será para ser admirado por todos os que crêem, e os reinos deste mundo tornar-se-ão os reinos de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. FO 103 3 Os que estão aguardando a revelação de Cristo nas nuvens do céu com poder e grande glória, como Rei dos reis e Senhor dos senhores, procurarão representá-Lo perante o mundo na vida e no caráter. "E a si mesmo se purifica todo o que nEle tem esta esperança, assim como Ele é puro." 1 João 3:3. Odiarão o pecado e a iniquidade, assim como Cristo odiou o pecado. Guardarão os mandamentos de Deus, como Cristo guardou os mandamentos de Seu Pai. Compreenderão que não basta aquiescer nas doutrinas da verdade, mas a verdade tem de ser aplicada ao coração e praticada na vida, a fim de que os seguidores de Cristo possam ser um com ele e os homens sejam tão puros em sua esfera como Deus na dEle. Não só ouvintes, mas praticantes FO 104 1 Tem havido homens em todas as gerações que têm afirmado ser filhos de Deus, pagando o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas levando uma vida iníqua, por negligenciarem os preceitos mais importantes da lei -- a misericórdia, a justiça e o amor de Deus. FO 104 2 Há muitos hoje em dia que se encontram num engano similar; pois, embora tenham uma aparência de grande santidade, não são praticantes da Palavra de Deus. Que se pode fazer para abrir os olhos dessas pessoas que se iludiram a si mesmas, se não apresentar-lhes um exemplo de verdadeira piedade, não sendo nós mesmos somente ouvintes, mas também praticantes dos mandamentos do Senhor, refletindo assim a luz da pureza de caráter sobre o seu caminho? Não como as pessoas mundanas FO 104 3 Os filhos de Deus não serão semelhantes às pessoas mundanas; pois a verdade recebida no coração será o meio de purificar a alma e de transformar o caráter, tornando seu recebedor da mesma mentalidade que Deus. A menos que alguém se torne da mesma mentalidade que Deus, ainda se encontra em sua depravação natural. FO 104 4 Se Cristo estiver no coração, Ele aparecerá no lar, na oficina, no mercado, na igreja. O poder da verdade será percebido por elevar e enobrecer a mente, por sensibilizar e subjugar o coração, pondo a pessoa toda em harmonia com Deus. Quem é transformado pela verdade lançará luz sobre o mundo. Quem tem a esperança de Cristo dentro de si purificar-se-á assim como Ele é puro. A esperança do aparecimento de Cristo é uma grande esperança, uma esperança de longo alcance. É a esperança de ver o Rei em Sua formosura e de tornar-se semelhante a Ele. FO 104 5 Quando Cristo vier, a Terra tremerá diante dEle, os céus se recolherão como um pergaminho que se enrola, e todos os montes e ilhas serão movidos dos seus lugares. "Virá o nosso Deus e não se calará; adiante dEle um fogo irá consumindo, e haverá grande tormenta ao redor dEle. Do alto, chamará os céus e a Terra, para julgar o Seu povo. Congregai os Meus santos, aqueles que fizeram comigo um concerto com sacrifícios. E os céus anunciarão a Sua justiça, pois Deus mesmo é o Juiz." Salmos 50:3-6. Em vista do grande dia de Deus, podemos ver que nossa única segurança se encontrará em afastar-nos de todo pecado e iniquidade. Os que continuarem no pecado estarão entre os condenados e os que perecem. O fim dos transgressores FO 105 1 João viu o fim dos que escolhem o caminho da transgressão: "Os reis da Terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo servo, e todo livre se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos do rosto dAquele que está assentado sobre o trono e da ira do Cordeiro, porque é vindo o grande dia da Sua ira; e quem poderá subsistir?" Apocalipse 6:15-17. FO 105 2 Terrível condenação está reservada ao pecador, e, portanto, é necessário que saibamos o que é pecado, para que possamos livrar-nos de seu poder. João diz: "Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei." 1 João 3:4. Temos aqui a verdadeira definição do pecado; ele "é a transgressão da lei". Quantas vezes o pecador é incentivado a abandonar os seus pecados e a ir a Jesus; será, porém, que o mensageiro que quis conduzi-lo a Cristo indicou claramente o caminho? Apontou ele claramente para o fato de que "o pecado é a transgressão da lei" e que o pecador precisa arrepender-se e abandonar a transgressão dos mandamentos de Deus? ... FO 105 3 Deus não podia alterar um jota ou um til de Sua santa lei para alcançar o homem em sua condição decaída; pois isso redundaria em descrédito da sabedoria de Deus em fazer uma lei pela qual governasse o Céu e a Terra. Mas Deus podia dar Seu Filho unigênito para tornar-Se o Substituto e Penhor do homem, para sofrer a penalidade merecida pelo transgressor e para comunicar Sua perfeita justiça à pessoa arrependida. Cristo tornou-Se o sacrifício sem pecado por uma raça culpada, fazendo dos homens prisioneiros de esperança, para que pelo arrependimento para com Deus por haverem transgredido Sua santa lei, e pela fé em Cristo como seu Substituto, Penhor e Justiça, pudessem ser reconduzidos à lealdade a Deus e à obediência a Sua santa lei. A justiça de Cristo possibilita a obediência FO 106 1 Ao pecador era impossível observar a lei de Deus, a qual é santa, justa e boa; mas essa impossibilidade foi removida pela comunicação da justiça de Cristo à pessoa arrependida e crente. A vida e a morte de Cristo em favor do homem pecaminoso tinham por finalidade restaurar o pecador à aprovação de Deus, comunicando-lhe a justiça que satisfizesse as reivindicações da lei e encontrasse aceitação da parte do Pai. FO 106 2 Sempre foi, porém, o propósito de Satanás invalidar a lei de Deus e deturpar o verdadeiro significado do plano da salvação. Consequentemente, ele originou a falsidade de que o sacrifício de Cristo na cruz do Calvário tinha por finalidade livrar os homens da obrigação de guardar os mandamentos de Deus. Ele tem impingido ao mundo o engano de que Deus aboliu Sua constituição, lançou fora Seu padrão moral e invalidou Sua santa e perfeita lei. Caso houvesse feito isso, quão terrível teria sido o custo para o Céu! Em vez de proclamar a abolição da lei, a cruz do Calvário proclama retumbantemente o seu caráter imutável e eterno. Se a lei pudesse ser abolida e mantido o governo do Céu e da Terra e dos incontáveis mundos de Deus, Cristo não precisava ter morrido. A morte de Cristo destinava-se a resolver para sempre a questão da validade da lei de Jeová. Tendo sofrido toda a penalidade por um mundo culpado, Jesus tornou-Se o Mediador entre Deus e o homem, para restaurar a pessoa arrependida ao favor de Deus, concedendo-lhe graça para guardar a lei do Altíssimo. Cristo não veio destruir a lei ou os profetas, mas cumpri-los ao pé da letra. A expiação do Calvário vindicou a lei de Deus como santa, justa e verdadeira, não somente diante do mundo caído, mas também diante do Céu e perante os mundos que não caíram. Cristo veio engrandecer a lei e torná-la honrosa. ------------------------Capítulo 19 -- Opiniões e práticas em harmonia com a palavra de Deus FO 107 0 Selecionado de um artigo na The Review and Herald, 25 de Março de 1902. FO 107 1 Há muitos que alegam ter sido santificados para Deus, e, no entanto, quando lhes é apresentada a grande norma de justiça, ficam muito inflamados e manifestam um espírito que prova não saberem nada do que significa ser santificado. Não têm o espírito de Cristo; pois os que verdadeiramente são santificados reverenciarão e obedecerão à Palavra de Deus, tão logo lhes seja aberta, expressando o forte desejo de conhecer o que é verdade em todo ponto de doutrina. Um sentimento exultante não é evidência de santificação. A afirmação: "Estou salvo, estou salvo" não prova que a pessoa está salva ou santificada. FO 107 2 A muitos que se acham grandemente empolgados é dito que eles estão santificados, quando não têm uma idéia sensata do que significa esse vocábulo; pois não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus. Acreditam estar em conformidade com a vontade de Deus porque se sentem felizes; mas, quando são provados, quando a Palavra de Deus é aplicada a sua experiência, fecham os ouvidos para não ouvir a verdade, dizendo: "Estou santificado", e isso põe fim à controvérsia. Não querem dar-se ao trabalho de examinar as Escrituras para saber que é verdade e provar que estão terrivelmente iludidos. Santificação é muito mais do que êxtase de sentimentos. FO 107 3 Emoção não é santificação. Inteira conformidade com a vontade de nosso Pai que está no Céu é tão-somente o que constitui santificação, e a vontade de Deus é expressa em Sua santa lei. A observância de todos os mandamentos de Deus é santificação. Demonstrar que sois filhos obedientes à Palavra de Deus é santificação. A Palavra de Deus deve ser nosso guia, e não as opiniões ou idéias de homens. Os que desejam ser verdadeiramente santificados examinem a Palavra de Deus com paciência, com oração e com humilde contrição de alma. Lembrem-se de que Jesus orou: "Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade." João 17:17. Vivendo de toda palavra de Deus FO 108 1 Cristianismo é simplesmente viver de toda palavra que procede da boca de Deus. Devemos crer e viver em Cristo, o qual é o caminho, a verdade e a vida. Temos fé em Deus quando cremos em Sua Palavra; confiamos em Deus e Lhe obedecemos quando guardamos os Seus mandamentos; e amamos a Deus quando amamos Sua lei. FO 108 2 Crer numa mentira não porá nenhum de nós no caminho de ser santificado. Se todos os pastores do mundo nos dissessem que estávamos seguros em desobedecer mesmo que fosse a um só preceito da santa norma de justiça, não seriam diminuídas as nossas obrigações nem atenuada a nossa culpa se rejeitássemos um claro "Faça" ou "Não Faça". Não devemos pensar que pelo fato de nossos pais terem procedido de certa maneira e morrido felizes, podemos andar em suas pegadas e ser aceitos ao prestar o mesmo serviço e realizar as mesmas obras que eles realizaram. FO 108 3 Temos mais luz do que eles tiveram em seu tempo; e se queremos ser aceitos por Deus, precisamos ser tão fiéis em obedecer à luz e segui-la como eles foram em aceitar a luz que Deus lhes enviou e obedecer a ela. Devemos aceitar e aproveitar a luz que incide sobre o nosso caminho com tanta fidelidade como eles aceitaram e aproveitaram a luz que incidiu sobre o seu caminho, em sua geração. Seremos julgados de acordo com a luz que brilha no templo da alma em nossos dias; e, se seguirmos a luz, seremos homens e mulheres livres em Cristo Jesus.