------------------------Obreiros Evangélicos OE 7 1 Prefácio OE 13 1 Capítulo 1 -- Da Parte de Cristo OE 20 1 Capítulo 2 -- A Santidade da Obra OE 24 1 Capítulo 3 -- O Campo é o Mundo OE 30 1 Capítulo 4 -- A Responsabilidade do Ministro OE 36 1 Capítulo 5 -- A Perspectiva OE 41 1 Capítulo 6 -- Cristo, Nosso Exemplo OE 48 1 Capítulo 7 -- Cristo Como Mestre OE 51 1 Capítulo 8 -- Uma Lição para Nosso Tempo OE 58 1 Capítulo 9 -- Paulo, o Apóstolo dos Gentios OE 63 1 Capítulo 10 -- Jovens no Ministério OE 67 1 Capítulo 11 -- A Juventude Portadora de Responsabilidades OE 73 1 Capítulo 12 -- Educação para a Obra Missionária OE 81 1 Capítulo 13 -- Jovens Como Missionários OE 86 1 Capítulo 14 -- Os Obreiros e a Educação da Voz OE 92 1 Capítulo 15 -- Estudas para te Mostrares Aprovados OE 96 1 Capítulo 16 -- A Colportagem Como Educação Para o Ministério OE 98 1 Capítulo 17 -- O Estudo da Bíblia É Necessário à Eficiência OE 101 1 Capítulo 18 -- Ministros Jovens Trabalhando com ministros mais Idosos OE 104 1 Capítulo 19 -- O Ministro Jovem OE 111 1 Capítulo 20 -- Consagração OE 117 1 Capítulo 21 -- Tato OE 121 1 Capítulo 22 -- A Graça da Cortesia OE 124 1 Capítulo 23 -- A Conduta Conveniente OE 129 1 Capítulo 24 -- As Relações Sociais OE 133 1 Capítulo 25 -- Decisão e Prontidão OE 136 1 Capítulo 26 -- Recolhendo os Frutos OE 140 1 Capítulo 27 -- Requisitos Essenciais ao Serviço OE 147 1 Capítulo 28 -- Pregues a Palavra OE 153 1 Capítulo 29 -- Partindo o Pão da Vida Para as Almas OE 156 1 Capítulo 30 -- Pregar a Cristo OE 161 1 Capítulo 31 -- A Justiça Pela Fé OE 163 1 Capítulo 32 -- Conselhos a Um Evangelista OE 165 1 Capítulo 33 -- Sugestões Práticas OE 172 1 Capítulo 34 -- O Cuidado com as Maneiras e o Vestuário OE 175 1 Capítulo 35 -- A Oração Pública OE 181 1 Capítulo 36 -- O Bom Pastor OE 185 1 Capítulo 37 -- O Ministério Pessoal OE 190 1 Capítulo 38 -- A Obra do Pastor OE 192 1 Capítulo 39 -- Estudos Blíblicos à Famílias OE 194 1 Capítulo 40 -- O Valor do Esforço Individual OE 196 1 Capítulo 41 -- Divisão de Trabalho OE 200 1 Capítulo 42 -- A Igreja É Um Sagrado Depósito OE 201 1 Capítulo 43 -- A Esposa do Ministro OE 204 1 Capítulo 44 -- O Ministro no Lar OE 207 1 Capítulo 45 -- Apascenta os Meus Cordeiros OE 213 1 Capítulo 46 -- Oração Pelos Doentes OE 222 1 Capítulo 47 -- Ensinar o Povo a Ser Liberal OE 224 1 Capítulo 48 -- O Sustento do Evangelho OE 229 1 Capítulo 49 -- A Influencia do Regime Sobre a Saúde OE 231 1 Capítulo 50 -- Os Ministros Devem ensinar a Reforma de Saúde OE 233 1 Capítulo 51 -- A Maneira de Apresentar os Princípios da Reforma de Saúde OE 234 1 Capítulo 52 -- O Ministro e o Trabalho Manual OE 239 1 Capítulo 53 -- Nosso Dever de Conservar a Saúde OE 243 1 Capítulo 54 -- O Perigo do Ecesso de Trabalho OE 249 1 Capítulo 55 -- O Estudo da Bíblia OE 254 1 Capítulo 56 -- A Oração Particular OE 259 1 Capítulo 57 -- A Fé OE 264 1 Capítulo 58 -- Ânimo OE 269 1 Capítulo 59 -- Como Deus Educa Seus Obreiros OE 271 1 Capítulo 60 -- Consagrai Tempo a Conversar com Deus OE 273 1 Capítulo 61 -- Nossa Maior Necessidade OE 275 1 Capítulo 62 -- O Exame de si Mesmo OE 277 1 Capítulo 63 -- O Aperfeiçõamento Pessoal OE 284 1 Capítulo 64 -- O Espírito Santo OE 290 1 Capítulo 65 -- Desenvolvimento e Serviço OE 297 1 Capítulo 66 -- O Perigo de Rejeitar a Luz OE 305 1 Capítulo 67 -- Uma Advertência Contra Falsos Ensinos OE 311 1 Capítulo 68 -- A Sã Doutrina OE 316 1 Capítulo 69 -- Fanatismo OE 318 1 Capítulo 70 -- A Confiança em Si Mesmo OE 324 1 Capítulo 71 -- Palavras de Advertencia OE 330 1 Capítulo 72 -- Deus Não Faz Acepção de Pessoas OE 337 1 Capítulo 73 -- Retraimento OE 339 1 Capítulo 74 -- Os Ministros e os negócios Comenciais OE 345 1 Capítulo 75 -- O trabalho nas cidades OE 354 1 Capítulo 76 -- Conselhos Concernentes à Obra na Cidade OE 360 1 Capítulo 77 -- A Obra Médico-Missionária nas Cidasdes OE 364 1 Capítulo 78 -- A Escola Missionária da Cidade OE 367 1 Capítulo 79 -- Exatidão OE 372 1 Capítulo 80 -- Fazer Face a Oposição OE 377 1 Capítulo 81 -- Não se Deve Buscar Discussões OE 381 1 Capítulo 82 -- Métodos Deficientes OE 384 1 Capítulo 83 -- A Obra da Temperança OE 389 1 Capítulo 84 -- A Liberdade Religiosa OE 391 1 Capítulo 85 -- Nossa Atitude Quanto à Política OE 397 1 Capítulo 86 -- A Obra em Favor dos Judeus OE 400 1 Capítulo 87 -- A Impotancia das Reuniões Campais OE 407 1 Capítulo 88 -- Menos Pregar, Mais Ensinar OE 409 1 Capítulo 89 -- Sementeira e Colheita OE 413 1 Capítulo 90 -- Presidentes de Associação OE 422 1 Capítulo 91 -- Os Ministros e os Negócios OE 426 1 Capítulo 92 -- O Cuidado Pelos Obreiros OE 431 1 Capítulo 93 -- Casas de Culto OE 437 1 Capítulo 94 -- Exame Para o Ministério OE 441 1 Capítulo 95 -- Ordenação OE 446 1 Capítulo 96 -- Reuniões de Negócios OE 449 1 Capítulo 97 -- A Justa Remuneração Para os Ministros OE 454 1 Capítulo 98 -- Uma Sábia Distribuição de Meios OE 458 1 Capítulo 99 -- Economia em Trabalho Missionário OE 464 1 Capítulo 100 -- As Regiões Distantes OE 473 1 Capítulo 101 -- Em Contato Com os Outros OE 481 1 Capítulo 102 -- Dons Diversos OE 483 1 Capítulo 103 -- Unidade na Diversidade OE 486 1 Capítulo 104 -- O Espírito de Independência OE 491 1 Capítulo 105 -- Considerações para os que estão Lutando com Dificuldades OE 496 1 Capítulo 106 -- Consideremo-nos Uns aos Outros OE 498 1 Capítulo 107 -- Disciplina na Igreja OE 505 1 Capítulo 108 -- Poder Para o Serviço OE 512 1 Capítulo 109 -- A Recompensa do Serviço ------------------------Prefácio OE 7 1 A primeira edição de Gospel Workers publicou-se em inglês em 1892. Tornou-se um muito apreciado manual de conselho e instruções aos ministros e a todos os demais obreiros missionários ligados a este movimento. OE 7 2 Após a publicação da primeira edição, a sempre ativa pena da autora produziu escritos de vital interesse ao nosso povo. O trabalho deste livro foi completado depois de haver a autora terminado sua ativa obra vitalícia como escritora e oradora. Representa, portanto, uma compilação de todos os seus escritos. E o fruto sazonado da vida de uma pessoa a quem Deus abençoou grandemente como Sua "mensageira", para glória de Seu nome e edificação deste movimento, desde o princípio. Será, pois, também entre nós, do Brasil, muito apreciado o valor desta obra. OE 7 3 E nossa oração fervorosa que o Espírito Santo, que inspirou estas mensagens de conselho, possa estar presente para gravar estas instruções no coração de todos os seus leitores. Editores. ------------------------Capítulo 1 -- Da parte de Cristo OE 13 1 Em todos os períodos da história terrestre, Deus tem tido Seus homens da oportunidade, aos quais disse: "Vós sois as Minhas testemunhas." Tem havido em todos os séculos, homens devotos, que reuniram os raios de luz à medida que estes luziam em sua vereda, e que falavam ao povo as palavras de Deus. Enoque, Noé, Moisés, Daniel, e a longa lista de patriarcas e profetas -- foram ministros da justiça. Não eram infalíveis; eram homens fracos, sujeitos a errar; mas Deus operou por seu intermédio ao entregarem-se eles para o Seu serviço. OE 13 2 Desde Sua ascensão, Cristo, a grande Cabeça da igreja, tem levado avante Sua obra no mundo mediante embaixadores escolhidos, por meio dos quais fala aos filhos dos homens, e ministra-lhes às necessidades. A posição dos que foram chamados por Deus para trabalhar por palavra e doutrina em favor do levantamento de Sua igreja, é de extrema responsabilidade. Cumpre-lhes rogar, a homens e mulheres, da parte de Cristo, que se reconciliem com Deus; e eles só podem cumprir sua missão ao receberem sabedoria e poder de cima. OE 13 3 Os ministros de Deus são simbolizados pelas sete estrelas que Aquele que é o primeiro e o derradeiro tem sob Seu especial cuidado e proteção. As suaves influências que devem abundar na igreja, acham-se ligadas a esses ministros de Deus, aos quais cabe representar o amor de Cristo. As estrelas do céu acham-se sob a direção de Deus. Ele as enche de luz. Guia e dirige-lhes os movimentos. Se o não fizesse, essas estrelas viriam a ser estrelas caídas. O mesmo quanto a Seus ministros. Eles não são senão instrumentos em Suas mãos, e todo o bem que realizam é feito mediante o Seu poder. OE 14 1 É para a honra de Cristo que Ele torna Seus ministros, mediante a operação de Seu Espírito, uma bênção maior para a igreja, do que o são as estrelas para o mundo. O Salvador tem de ser a eficiência deles. Se olham para Ele como Ele o fazia para Seu Pai, hão de fazer Suas obras. Ao dependerem de Deus, Ele lhes dará Sua luz para que a reflitam para o mundo. Atalaias espirituais OE 14 2 Os ministros de Cristo são os guardas espirituais do povo confiado ao seu cuidado. Sua obra tem sido comparada a dos atalaias. Nos tempos antigos colocavam-se muitas vezes sentinelas nos muros das cidades, onde, de posições vantajosas, podiam observar importantes pontos a ser guardados, e dar aviso da aproximação do inimigo. De sua fidelidade dependia a segurança de todos os que se achavam dentro dessas cidades. A determinados intervalos cumpria-lhes chamarem-se uns aos outros, a fim de se certificarem de que todos estavam despertos, e de que nenhum mal sucedera a qualquer deles. O grito de animação ou de advertência era passado de um para outro, todos repetindo o chamado até que este houvesse rodeado a cidade. OE 14 3 O Senhor declara a todos os ministros: "A ti pois, ó filho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de Israel; tu pois ouvirás a palavra da Minha boca, e lha anunciarás da Minha parte. Se Eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não falares, para desviar o ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniqüidade, mas o seu sangue Eu o demandarei da tua mão. Mas, quando tu tiveres falado para desviar o ímpio do seu caminho,... tu livraste a tua alma." Ezequiel 33:7-9. OE 15 1 Estas palavras do profeta declaram a solene responsabilidade que repousa sobre os que são designados como guardas da igreja, despenseiros dos mistérios de Deus. Eles devem ocupar a posição de atalaias nos muros de Sião, para fazer soar o alarme à aproximação do inimigo. Se, por qualquer razão, seus sentidos espirituais ficam tão entorpecidos que são incapazes de discernir o perigo, e devido à sua falta em não dar a advertência o povo perece, Deus requererá de suas mãos o sangue dos que se perdem. OE 15 2 Têm os atalaias sobre os muros de Sião o privilégio de viver tão perto de Deus, e ser tão susceptíveis às impressões de Seu Espírito, que Ele possa operar por meio deles, para avisar os pecadores do perigo que correm, indicando-lhes o lugar de segurança. Escolhidos por Deus, selados com o sangue da consagração, eles devem salvar homens e mulheres da destruição iminente. Cumpre-lhes advertir fielmente seus semelhantes do infalível resultado da transgressão, bem como fielmente salvaguardar os interesses da igreja. Em tempo algum podem eles afrouxar a vigilância. Sua obra requer o exercício de todas as faculdades de seu ser. Sua voz se deve erguer qual sonido de trombeta, nunca fazendo soar uma nota vacilante e incerta. Eles não devem trabalhar por causa do salário, mas por não poderem fazer de outra maneira, visto compreenderem que há um ai sobre eles se deixarem de pregar o evangelho. Fidelidade no serviço OE 16 1 O ministro, como coobreiro de Cristo, terá profundo sentimento da santidade de sua obra, e da lida e sacrifício exigidos para realizá-la com êxito. Não considera sua própria comodidade nem conveniência. É esquecido de si mesmo. Em sua procura da ovelha perdida, não pensa em que está cansado, com frio e fome. Tem em vista um só objetivo -- a salvação da perdida. OE 16 2 Aquele que serve sob a ensangüentada bandeira de Emanuel, tem de fazer muitas vezes coisas que requerem esforço heróico e paciente perseverança. Mas o soldado da cruz permanece sem recuos na frente da batalha. Ao ativar o inimigo o ataque contra ele, volve à Fortaleza em busca de socorro; e ao apresentar ao Senhor as promessas de Sua Palavra, é fortalecido para os deveres do momento. Ele compreende sua necessidade de forças de cima. As vitórias que alcança, não o levam a exaltar-se, mas induzem-no a apoiar-se cada vez mais firmemente nAquele que é poderoso. Confiando nesse poder, é habilitado a apresentar a mensagem de salvação tão eficazmente, que tange nos outros espíritos uma corda correspondente. OE 16 3 O Senhor manda que Seus ministros apresentem a palavra da vida; que preguem, não "filosofias e vãs subtilezas", nem a "falsamente chamada ciência", mas o evangelho, "o poder de Deus para salvação". Colossences 2:8; 1 Timóteo 6:20; Romanos 1:16. "Conjuro-te pois", escreveu Paulo a Timóteo, "diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na Sua vinda e no Seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme às suas próprias concupiscências, e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério." 2 Timóteo 4:1-5. Nessa incumbência, cada ministro tem um esboço de sua obra -- uma obra que ele só pode fazer mediante o cumprimento da promessa de Jesus aos discípulos: "Eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos." Mateus 28:20. OE 17 1 Os ministros do evangelho, mensageiros de Deus a seus semelhantes, nunca devem perder de vista sua missão e responsabilidades. Se perdem sua ligação com o Céu, estão em maior perigo do que os outros, e podem exercer maior influência para o mal. Satanás os espreita continuamente, esperando que se desenvolva qualquer fraqueza mediante a qual possa atacá-los com êxito. E como triunfa quando é bem-sucedido! pois um embaixador de Cristo, inadvertido, permite ao grande adversário apoderar-se de muitas almas. OE 17 2 O verdadeiro ministro não fará coisa alguma que venha a amesquinhar seu sagrado ofício. Será circunspecto em seu comportamento, e prudente em toda a sua maneira de agir. Trabalhará como Cristo trabalhava; procederá como procedeu Cristo. Empregará todas as suas faculdades em levar as boas novas da salvação aos que as não conhecem. Uma fome intensa da justiça de Cristo lhe encherá o coração. Sentindo sua necessidade, buscará fervorosamente o poder que lhe tem de sobrevir para que possa apresentar de maneira simples, verdadeira e humilde a verdade tal como é em Jesus. Exemplos de firmeza humana OE 18 1 Os servos de Deus não recebem honra do mundo nem são reconhecidos por ele. Estêvão foi apedrejado por pregar a Cristo, e Este crucificado. Paulo foi aprisionado, espancado, apedrejado, e afinal condenado à morte por ser fiel mensageiro de Deus aos gentios. O apóstolo João foi banido para a Ilha de Patmos, "por causa da palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo". Apocalipse 1:9. Esses exemplos de firmeza humana na força do poder divino, são para o mundo um testemunho da fidelidade das promessas de Deus, de Sua permanente presença e mantenedora graça. OE 18 2 Nenhuma esperança de gloriosa imortalidade ilumina o futuro dos inimigos de Deus. O grande general conquista nações, abate os exércitos de metade do mundo; morre, entretanto, decepcionado e no exílio. O filósofo que percorre com o pensamento o Universo, seguindo por toda parte as manifestações do poder de Deus e deleitando-se em sua harmonia, deixa muitas vezes de contemplar nessas maravilhas a Mão que as formou a todas. "O homem que está em honra e não tem entendimento, é semelhante aos animais que perecem." Salmos 49:20. Mas os heróis da fé de Deus são herdeiros de uma herança de maior valor do que qualquer riqueza terrestre -- uma herança que satisfará os anelos da alma. Podem ser desconhecidos e não reconhecidos pelo mundo, mas nos registros do Céu eles se acham inscritos como cidadãos celestiais, e possuirão exaltada grandeza, peso eterno de glória. OE 18 3 A maior obra, o mais nobre esforço em que se possam homens empenhar, é encaminhar pecadores ao Cordeiro de Deus. Ministros fiéis são colaboradores do Senhor na realização de Seus desígnios. Deus lhes diz: Ide, ensinai e pregai a Cristo. Instruí e educai a todos os que não Lhe conhecem a graça, a bondade e a misericórdia. Ensinai ao povo. "Como pois invocarão Aquele em quem não creram? e como crerão nAquele de quem não ouviram? e como ouvirão se não há quem pregue?" Romanos 10:14. OE 19 1 "Quão suaves são sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!" "Clamai cantando, exultai juntamente, desertos de Jerusalém; porque o Senhor consolou o Seu povo, remiu a Jerusalém. O Senhor desnudou o Seu santo braço perante os olhos de todas as nações; e todos os confins da Terra verão a salvação do nosso Deus." Isaías 52:7, 9, 10. OE 19 2 Obreiros de Cristo nunca devem pensar, muito menos falar em fracasso em sua obra. O Senhor Jesus é nossa eficiência em todas as coisas; Seu Espírito tem de ser nossa inspiração; e ao nos colocarmos em Suas mãos, para ser veículos de luz, nossos meios de fazer bem nunca se esgotarão. Poderemos haurir de Sua plenitude, e receber daquela graça que desconhece limites. ------------------------Capítulo 2 -- A santidade da obra OE 20 1 O ministro ocupa em face do povo, o lugar de porta-voz de Deus, e tem de representar o Senhor em pensamento, palavra e ação. Quando Moisés foi escolhido como mensageiro do concerto, a ordem que se lhe deu, foi: "Sê tu pelo povo diante de Deus." Êxodo 18:19. Hoje em dia, o Senhor escolhe homens como outrora a Moisés, para serem mensageiros Seus, e sério é o ai que pesa sobre aquele que desonra sua santa vocação, ou rebaixa a norma que lhe é estabelecida na vida e na obra do Filho de Deus. OE 20 2 O castigo que sobreveio a Nadabe e Abiú, filhos de Arão, mostra como Deus considera os ministros que fazem o que desonra seu sagrado mister. Esses homens estavam consagrados ao sacerdócio, mas não haviam aprendido a se reger a si mesmos. Hábitos de condescendência, por muito tempo acariciados, haviam conseguido sobre eles um domínio que nem a responsabilidade de seu cargo teve o poder de vencer. OE 20 3 À hora do culto, enquanto as orações e louvores do povo ascendiam para Deus, Nadabe e Abiú, meio embriagados, tomaram cada um seu incensário, e nele queimaram o perfumoso incenso. Mas transgrediram o mandamento de Deus por usar "fogo estranho" em lugar do fogo sagrado que o próprio Deus havia acendido, e que Ele ordenara servisse para esse desígnio. Por esse pecado, saiu do Senhor um fogo, e devorou-os à vista do povo. "E disse Moisés a Arão: Isto é o que o Senhor falou, dizendo: Serei santificado naqueles que se cheguem a Mim, e serei glorificado diante de todo o povo." Levítico 10:1-7. A comissão de Isaías OE 21 1 Quando o Senhor estava para mandar Isaías com uma mensagem para Seu povo, permitiu primeiramente ao profeta que olhasse para dentro do santo dos santos, no santuário. Repentinamente a porta e o véu interior do templo pareceram erguer-se ou ser retirados e foi-lhe permitido contemplar o interior, o santo dos santos, onde nem mesmo os pés do profeta poderiam entrar. Então surgiu perante ele a visão de Jeová sentado sobre um trono alto e sublime, e o séquito de Sua glória enchia o templo. Em redor do trono havia serafins, como guardas em torno do grande Rei, e refletiam a glória que os circundava. Ao ressoarem seus cânticos de louvor, em acentos de profunda adoração, os umbrais da porta tremiam, como se abalados por um terremoto. Com lábios nunca poluídos pelo pecado, esses anjos derramavam os louvores de Deus. "Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos", exclamavam eles; "toda a Terra está cheia da Sua glória." Isaías 6:1-8. OE 21 2 Os serafins ao redor do trono acham-se tão cheios de solene reverência ao contemplar a glória de Deus, que nem por um instante se olham a si mesmos com admiração. Seu louvor é para o Senhor dos Exércitos. Ao contemplarem o futuro, quando toda a Terra será cheia de Sua glória, o triunfante cântico ecoa de um a outro em melodioso acento: "Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos Exércitos." Acham-se plenamente satisfeitos de glorificar a Deus; permanecendo em Sua presença, sob Seu sorriso de aprovação, nada mais desejam. Em trazer Sua imagem, obedecer às Suas ordens, adorá-Lo, eis realizada sua mais elevada ambição. OE 21 3 Ao escutar o profeta, a glória, o poder e a majestade do Senhor foram revelados aos seus olhos; e à luz dessa revelação seu próprio aviltamento interior apareceu com assustadora clareza. Suas próprias palavras lhe pareciam vis. Em profunda humilhação, clamou: "Ai de mim, que vou perecendo! por que eu sou um homem de lábios impuros, ... e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos." OE 22 1 A humilhação de Isaías era genuína. Quando o contraste entre a humanidade e o caráter divino se lhe tornou patente, ele se sentiu inteiramente ineficiente e indigno. Como poderia ele transmitir ao povo os santos reclamos de Jeová? OE 22 2 "Mas um dos serafins voou para mim", escreve ele, "trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; e com ela tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e purificado o teu pecado." OE 22 3 Então Isaías ouviu a voz do Senhor, dizendo: "A quem enviarei, e quem há de ir por Nós?" e, fortalecido pela idéia do toque divino, ele respondeu: "Eis-me aqui, envia-me a mim." OE 22 4 Ao olharem os ministros de Deus, pela fé, para dentro do santo dos santos, e verem as obras de nosso grande Sumo Sacerdote no santuário celeste, eles compreendem que são homens de lábios impuros, homens cujos lábios falaram muitas vezes vaidade. Bem podem desesperar ao compararem a própria indignidade com a perfeição de Cristo. De coração contrito, sentindo-se inteiramente indignos e inabilitados para sua grande obra, exclamam: "Vou perecendo!" Mas se, como Isaías, humilham o coração perante Deus, a obra feita em favor do profeta será realizada em seu benefício. Seus lábios serão tocados com uma brasa viva tirada do altar, e perderão de vista o próprio eu, num sentimento da grandeza e poder de Deus, e de Sua prontidão em ajudá-los. Compreenderão a santidade da obra que lhes é confiada, e serão levados a aborrecer tudo que os fizesse desonrar Aquele que os enviou com Sua mensagem. OE 23 1 A brasa viva é um símbolo de purificação, e representa também a potência dos esforços dos verdadeiros servos de Deus. Àqueles que fazem uma tão completa consagração que o Senhor possa tocar-lhes os lábios, é dito: Vai para a seara. Eu cooperarei contigo. OE 23 2 O ministro que houver recebido esse preparo será no mundo uma força para o bem. Suas palavras serão justas, puras e verdadeiras, repassadas de simpatia e amor; suas ações serão justas, um auxílio e uma bênção para os fracos. Cristo lhe será, sem cessar, presente, regendo-lhe o pensamento, a palavra e a ação. Ele se comprometeu a vencer o orgulho, a cobiça, o egoísmo. Ao procurar satisfazer esse compromisso, adquire força espiritual. Mediante diária comunhão com Deus, torna-se forte no conhecimento das Escrituras. Anda na companhia do Pai e do Filho; e à medida que obedece continuamente à vontade divina, torna-se dia a dia mais habilitado para proferir palavras que conduzam almas errantes ao rebanho de Cristo. ------------------------Capítulo 3 -- O campo é o mundo OE 24 1 "E Jesus, andando junto ao Mar da Galiléia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores; e disse-lhes: Vinde após Mim, e Eu vos farei pescadores de homens. Então eles, deixando logo as redes, seguiram-nO. E, adiantando-Se dali, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com seu pai Zebedeu, consertando as redes; e chamou-os; eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-nO." Mateus 4:18-22. OE 24 2 A obediência pronta, implícita desses homens, sem promessas de remuneração, parece notável; mas as palavras de Cristo eram um convite que encerrava um poder impelente. Cristo faria desses humildes pescadores, ligados com Ele, o meio de tirar homens do serviço de Satanás, levando-os ao serviço de Deus. Nessa obra eles se tornariam Suas testemunhas, levando ao mundo Sua verdade sem mistura de tradições e sofismas de homens. Mediante a prática de Suas virtudes, o andar e trabalhar com Ele, haviam de se qualificar para serem pescadores de homens. OE 24 3 Assim foram os primeiros discípulos designados para a obra do ministério evangélico. Durante três anos, trabalharam junto ao Salvador, e, por Seus ensinos, obras e exemplo, prepararam-se para levar avante a obra que Ele começara. Pela simplicidade da fé, pelo serviço puro, humilde, os discípulos foram ensinados a assumir responsabilidades na causa de Deus. OE 25 1 Há, na experiência dos apóstolos, lições que nos convém aprender. Esses homens eram como o aço em sua fidelidade ao princípio. Eram homens incapazes de falhar, ou de desanimar-se. Eram cheios de reverência e zelo para com Deus, de nobres desígnios e aspirações. Eram por natureza tão fracos e impotentes como qualquer dos que se acham agora empenhados na obra, mas punham no Senhor toda a sua confiança. Eram ricos, mas sua riqueza consistia na cultura da mente e da alma, e isso pode conseguir todo aquele que colocar a Deus como primeiro, e último, e melhor em tudo. Longamente labutaram para aprender as lições que lhes foram ministradas na escola de Cristo, e não labutaram em vão. Ligaram-se com o mais forte dos poderes, e ansiavam sempre uma compreensão mais profunda, elevada e ampla das realidades eternas, a fim de poderem com êxito apresentar ao mundo necessitado os tesouros da verdade. OE 25 2 Obreiros dessa qualidade são hoje necessários, homens que se consagrem sem reservas à obra de apresentar o reino de Deus a um mundo que jaz em pecado. O mundo necessita de homens que pensem, homens de princípios, que estejam continuamente crescendo em compreensão e discernimento. Há grande necessidade de homens capazes de se servirem da imprensa com o melhor proveito, para que à verdade sejam dadas asas que a levem depressa a toda nação, e língua e povo. O evangelho a todos os países OE 25 3 Por toda parte a luz da verdade deve brilhar, para que os corações possam despertar e converter-se. Em todos os países deve ser proclamado o evangelho. Os servos de Deus devem trabalhar em lugares vizinhos e distantes, alargando as porções cultivadas da vinha, e indo às regiões além. Devem trabalhar enquanto dura o dia; pois vem a noite, na qual nenhum homem pode trabalhar. Aos pecadores deve-se apontar um Salvador erguido numa cruz, fazendo-se ouvir por muitas vozes o convite: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." João 1:29. Devem-se organizar igrejas, e elaborar planos para que a obra seja feita pelos membros das igrejas recém-organizadas. Ao saírem os obreiros cheios de zelo e do amor de Deus, as igrejas em sua própria terra serão reavivadas, pois o êxito dos obreiros será considerado, por todos os membros da igreja, como objeto de profundo interesse pessoal. OE 26 1 Necessitam-se homens e mulheres fervorosos, abnegados, que se dirijam a Deus e, com forte clamor e lágrimas, intercedam pelas almas que se acham à beira da ruína. Não pode haver colheita sem semeadura, nem resultados sem esforços. Abraão foi chamado para sair de sua terra, mensageiro de luz para os gentios. E, sem questionar, obedeceu. "E saiu, sem saber para onde ia." Hebreus 11:8. Assim atualmente os servos de Deus devem ir aonde Ele os chama, confiantes em que Ele os guiará e lhes dará êxito em sua obra. OE 26 2 A terrível condição do mundo pareceria indicar que a morte de Cristo fosse quase vã, e que Satanás tivesse triunfado. A grande maioria dos habitantes da Terra se têm aliado com o inimigo. Mas não temos sido enganados. Não obstante a aparente vitória de Satanás, Cristo está levando avante Sua obra no santuário celeste e na Terra. A palavra de Deus delineia a impiedade e a corrupção que haveria nos últimos dias. Ao vermos o cumprimento da profecia, nossa fé na vitória final do reino de Cristo se deve robustecer; e devemos sair com redobrado ânimo, para fazer a obra que nos é designada. OE 27 1 A solene e sagrada mensagem de advertência precisa ser proclamada nos campos mais difíceis, e nas cidades mais pecaminosas, em todos os lugares onde a luz da grande tríplice mensagem não tem ainda raiado. Cada pessoa deve ouvir o último convite para as bodas do Cordeiro. De vila a vila, de cidade a cidade, de país a país tem de ser proclamada a mensagem da verdade presente, não com exibições exteriores, mas no poder do Espírito. À medida que, na simplicidade do evangelho, forem expostos os divinos princípios que por palavra e exemplo nosso Salvador veio apresentar neste mundo, o poder da mensagem se fará sentir. Neste tempo, tem de se apoderar de todo obreiro uma nova vida, provinda da Fonte de toda a vida. Oh! quão pouco compreendemos a grandeza de nossa missão! Necessitamos de uma fé sincera e decidida, de ânimo inabalável. Nosso tempo de labor é breve, e temos de trabalhar com zelo incansável. OE 27 2 "O campo é o mundo." Mateus 13:38. Compreendemos melhor o que essa declaração abrange do que o fizeram os apóstolos que receberam a comissão de pregar o evangelho. O mundo todo é um vasto campo missionário, e nós, que temos conhecido há longo tempo a mensagem evangélica, deveríamos ser animados do pensamento de que lugares outrora de tão difícil acesso são agora facilmente penetrados. Países até agora fechados ao evangelho estão abrindo as portas, e suplicando que se lhes explique a Palavra de Deus. Reis e príncipes estão abrindo portas longamente cerradas, convidando os arautos da cruz para entrar. A seara é na verdade grande. Somente a eternidade há de revelar os resultados dos bem dirigidos esforços agora feitos. A Providência está indo adiante de nós, e o Infinito Poder está colaborando com os esforços humanos. Cegos, na verdade, devem ser os olhos que não vêem a operação do Senhor, e surdos os ouvidos que não ouvem o chamado do verdadeiro Pastor a Suas ovelhas. OE 28 1 Cristo anseia por estender o Seu domínio a todo espírito humano. Anela imprimir Sua imagem e caráter em toda alma. Quando Ele estava na Terra, ansiava por simpatia e cooperação, para que Seu reino se pudesse estender e abranger o mundo inteiro. Esta Terra é a possessão por Ele comprada, e Ele quer que os homens sejam livres e puros e santos. "Pelo gozo que Lhe estava proposto suportou a cruz, desprezando a afronta." Hebreus 12:2. Sua peregrinação na Terra foi alegrada pelo pensamento de que nem todo o Seu trabalho seria vão, mas haveria de reconquistar o homem à lealdade para com Deus. E há ainda triunfos a serem alcançados mediante o sangue derramado pelo mundo, os quais trarão eterna glória a Deus e ao Cordeiro. Os gentios Lhe serão dados como herança, e as extremidades da Terra como Sua possessão. "O trabalho de Sua alma Ele verá, e ficará satisfeito." Isaías 53:11. OE 28 2 "Levanta-te, resplandece, porque já vem a tua luz, e a glória do Senhor vai nascendo sobre ti. Porque eis que as trevas cobriram a Terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor virá surgindo, e a Sua glória se verá sobre ti. E as nações caminharão à tua luz, e os reis ao resplendor que te nasceu. Levanta em redor os teus olhos, e vê; todos estes já se ajuntaram, e vêm a ti; teus filhos virão de longe, e tuas filhas se criarão a teu lado. Então o verás, e serás iluminado, e o teu coração estremecerá e se alargará; porque a abundância do mar se tornará a ti." "Porque, como a terra produz os seus renovos, e como o horto faz brotar o que nele se semeia, assim o Senhor Jeová fará brotar a justiça e o louvor para todas as nações." Isaías 60:1-5; 61:11. OE 29 1 A comissão dada aos discípulos também nos é dada a nós. Hoje, como então, um Salvador crucificado e ressuscitado deve ser exaltado perante os que se acham sem Deus e sem esperança no mundo. O Senhor pede pastores, mestres e evangelistas. De porta a porta têm Seus servos que proclamar a mensagem de salvação. A toda nação, tribo, língua e povo as novas de perdão por Cristo devem ser levadas. Não de maneira fraca e sem vida se há de pregar a mensagem, mas com clareza, decisão e veemência. Centenas estão esperando a advertência para escapar e salvar a vida. O mundo necessita de ver nos cristãos uma evidência do poder do cristianismo. Não somente em poucos lugares, mas em todo o mundo são necessárias mensagens de misericórdia. OE 29 2 Aquele que contempla o incomparável amor do Salvador, será elevado em pensamento, purificado no coração e transformado no caráter. Ele irá a servir de luz ao mundo, e refletir em certo grau esse misterioso amor. Quanto mais contemplarmos a cruz de Cristo, tanto mais adotaremos a linguagem do apóstolo, quando disse: "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de Cristo." Gálatas 6:14. ------------------------Capítulo 4 -- A responsabilidade do ministro OE 30 1 "Conjuro-te pois", escreveu Paulo a Timóteo, "diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na Sua vinda e no Seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina." 2 Timóteo 4:1, 2. OE 30 2 Esta solene incumbência a uma pessoa tão zelosa e fiel como era Timóteo, é um forte testemunho da importância e responsabilidade da obra do ministro evangélico. Intimando Timóteo ao tribunal de Deus, Paulo pede-lhe que pregue a palavra, não os dizeres e costumes dos homens; que esteja pronto para testemunhar a favor de Deus em qualquer oportunidade que se apresente -- perante grandes congregações, e nos círculos privados, pelo caminho e junto à lareira, a amigos e inimigos, quer em segurança quer exposto a agruras e perigos, vitupérios e preconceitos. OE 30 3 Temendo que a disposição mansa, condescendente de Timóteo o pudesse levar a fugir a uma parte essencial de sua obra, Paulo exortou-o a ser fiel na reprovação do pecado, e mesmo em repreender vivamente os que eram culpados de pecados graves. Todavia ele tinha de fazer isso "com toda a longanimidade e doutrina". Devia revelar a paciência e o amor de Cristo, explicando e reforçando suas reprovações pelas verdades da Palavra. OE 30 4 Aborrecer e reprovar o pecado, e ao mesmo tempo mostrar piedade e ternura para com o pecador, eis uma coisa difícil de se realizar. Quanto mais fervorosos são nossos próprios esforços para atingir a santidade do coração e da vida, tanto mais aguda a nossa percepção do pecado e mais decidida a nossa desaprovação ao mesmo. Precisamos de nos guardar contra uma indevida severidade para com o que procede mal; mas ao mesmo tempo necessitamos de cuidar em não perder de vista a inexcedível culpabilidade do pecado. Há necessidade de manifestar paciência cristã e amor para com o que erra, mas há também perigo em mostrar tanta tolerância para com seu erro, que ele se considere como não merecendo a reprovação, e a rejeite por descabida e injusta. Responsabilidade por almas OE 31 1 Os ministros de Deus devem chegar a um íntimo companheirismo com Cristo, e seguir Seu exemplo em todas as coisas -- em pureza de vida, abnegação, benevolência, diligência, perseverança. Ganhar almas para o reino de Deus precisa ser sua primeira preocupação. Com tristeza pelo pecado, e paciente amor, devem trabalhar como Cristo o fazia, desenvolvendo decidido e pertinaz esforço. OE 31 2 João Welch, ministro do evangelho, sentia tão grande responsabilidade pelas almas, que muitas vezes se erguia de noite para dirigir a Deus súplicas pela salvação delas. Em certa ocasião, a esposa insistiu com ele para que cuidasse de sua saúde, e não se arriscasse a expor-se assim. Sua resposta, foi: "Ó mulher, eu tenho de responder por três mil almas, e não sei como se encontram." OE 31 3 Em certa vila da Nova Inglaterra, estava-se cavando um poço. Quando o trabalho estava quase pronto, estando um homem ainda no fundo do mesmo, houve um desmoronamento, e ele ficou enterrado. Instantaneamente foi dado o alarme, e mecânicos, fazendeiros, comerciantes, advogados, correram ansiosamente para salvá-lo. Cordas, escadas e pás foram trazidas por mãos zelosas e cheias de boa vontade. "Salvai-o, ó salvai-o!" clamavam. OE 32 1 Os homens trabalharam com desesperada energia, até que o suor lhes corria em gotas pela fronte, e os braços tremiam do esforço. Afinal, foi enfiado um tubo para baixo, pelo qual eles gritaram para o homem, a fim de saber se estava vivo ainda. Veio a resposta: "Vivo, mas apressem-se. É terrível aqui." Com uma exclamação de alegria, renovaram os esforços, e por fim o homem foi alcançado e salvo, e a alegria que subiu aos ares parecia penetrar o próprio Céu. "Ele está salvo!" ecoava por todas as ruas da cidade. OE 32 2 Seria isso zelo e interesse demasiados, demasiado entusiasmo para salvar um homem? Certamente não era; mas, que é a perda da vida temporal em comparação com a da alma? Se a ameaça de perda de uma existência desperta no coração humano sentimento tão intenso, não deveria a perda de uma alma suscitar solicitude mais profunda em homens que professam compreender o perigo daqueles que se acham separados de Cristo? Não mostrarão os servos de Deus tão grande zelo em trabalhar pela salvação de almas como foi manifestado pela vida daquele homem soterrado no poço? Com fome do pão da vida OE 32 3 Uma piedosa mulher fez uma vez esta observação: "Oh, quem nos dera ouvir o evangelho puro como ele costumava ser pregado do púlpito! Nosso ministro é um bom homem, mas não compreende as necessidades espirituais do povo. Ele reveste a cruz do Calvário de belas flores, que ocultam toda a vergonha, escondem todo o vitupério. Minha alma tem fome do pão da vida. Quão refrigerante seria para centenas de pobres almas como a minha, ouvir qualquer coisa simples, clara, escriturística, que nos nutrisse o coração!" OE 33 1 Há necessidade de homens de fé, que não somente preguem, mas ajudem ao povo. Homens que andem diariamente com Deus, que tenham viva ligação com o Céu, cujas palavras tenham o poder de levar convicção aos corações. Não para fazer exibição de talentos e inteligência, devem os ministros trabalhar; mas para que a verdade abra caminho para as almas como uma seta do Todo-poderoso. OE 33 2 Depois de haver pregado um sermão bíblico que levou profunda convicção a um de seus ouvintes, um ministro foi abordado com a pergunta: OE 33 3 -- Crê o senhor realmente aquilo que pregou? OE 33 4 -- Certamente -- foi a resposta. OE 33 5 -- Mas é isso realmente assim? -- indagou o ansioso inquiridor. OE 33 6 -- Certamente -- disse o ministro, enquanto apanhava a Bíblia. OE 33 7 Então o homem prorrompeu: OE 33 8 -- Oh! se isso é verdade, que havemos nós de fazer? OE 33 9 "Que havemos nós de fazer?" pensou o ministro -- "nós"? Que queria dizer o homem? A pergunta, porém, abriu-lhe caminho para a alma. Saiu dali para suplicar a Deus que lhe dissesse o que haveria de fazer. E, ao orar, sobreveio-lhe, com força avassaladora, o pensamento de que tinha as solenes realidades da eternidade para apresentar ao mundo em agonia. Durante três semanas esteve vago o seu lugar no púlpito. Ele estava buscando uma resposta à pergunta: "Que havemos nós de fazer?" OE 33 10 O ministro voltou ao seu mister com uma unção vinda de Deus. Compreendera que suas pregações passadas pouca impressão haviam feito nos ouvintes. Agora sentia sobre si a terrível responsabilidade pelas almas. Ao chegar ao púlpito, não estava só. Havia uma grande obra para ser feita, mas ele sabia que Deus não lhe faltaria. Exaltava perante seus ouvintes o Salvador e Seu amor incomparável. Houve uma revelação do Filho de Deus, e começou um reavivamento que se estendeu pelas igrejas dos distritos vizinhos. A urgência da obra de Cristo OE 34 1 Se nossos ministros compreendessem quão cedo os habitantes do mundo hão de se apresentar perante o tribunal de Deus, haveriam de trabalhar mais fervorosamente para conduzir homens e mulheres a Cristo. Em breve há de vir a todos a última prova. Apenas por um pouco mais será ouvida a voz da misericórdia; apenas por um pouco mais se poderá ouvir o gracioso convite: "Se alguém tem sede, venha a Mim e beba." João 7:37. Deus envia o convite evangélico ao povo de toda parte. Que os mensageiros que Ele manda operem tão harmonicamente, tão incansavelmente, que todos venham a reconhecer que eles estiveram com Jesus, e dEle aprenderam. OE 34 2 A respeito de Arão, o sumo sacerdote de Israel, acha-se escrito: "Levará os nomes dos filhos de Israel no peitoral do juízo sobre o seu coração, quando entrar no santuário, para memória diante do Senhor continuamente." Êxodo 28:29. Que bela e expressiva figura é esta do imutável amor de Cristo por Sua igreja! Nosso grande Sumo Sacerdote, do qual Arão era o tipo, traz Seu povo sobre o coração. E não deveriam Seus ministros terrestres partilhar de Seu amor, simpatia e solicitude? OE 34 3 Somente o poder divino tocará o coração do pecador, levando-o, penitente, a Cristo. Nenhum grande reformador ou mestre -- Lutero, Melanchton, Wesley ou Whitefield -- poderia, de si mesmo, haver conquistado acesso a corações, ou ter conseguido os resultados alcançados por esses homens. Mas Deus falava por meio deles. Os homens sentiam a influência de um poder superior, e involuntariamente a ele se rendiam. Hoje em dia, aqueles que esquecem o próprio eu e se apóiam em Deus quanto ao êxito na obra de salvar almas, terão a cooperação divina, e seus esforços produzirão gloriosa salvação de almas. OE 35 1 Sinto-me constrangida a dizer que o trabalho de muitos de nossos ministros carece de poder. Deus está esperando para lhes outorgar Sua graça, mas eles vão passando dia após dia, possuindo apenas fé fria, nominal, apresentando a teoria da verdade, mas fazendo-o sem aquela força vital que provém da comunhão com o Céu, e faz com que as palavras proferidas encontrem lugar no coração dos homens. Estão meio adormecidos, enquanto ao redor almas estão perecendo em trevas e erro. OE 35 2 Ministros de Deus, com o coração ardente de amor a Cristo e aos vossos semelhantes, buscai despertar os que se acham mortos em ofensas e pecados. Que vossos mais ferventes rogos e advertências lhes penetrem a consciência. Que vossas fervorosas orações lhes enterneçam o coração, levando-os em arrependimento ao Salvador. Vós sois embaixadores de Cristo para proclamar Sua mensagem de salvação. Lembrai que a falta de consagração e sabedoria de vossa parte poderá fazer pender a balança para uma alma, levando-a à morte eterna. Não vos podeis permitir descuido nem indiferença. Precisais de poder, e este, Deus está disposto a vos conceder sem restrições. Requer Ele, apenas, coração humilde e contrito, pronto a crer e receber Suas promessas. Tendes apenas que usar os meios que Deus vos pôs ao alcance, e obtereis a bênção. ------------------------Capítulo 5 -- A perspectiva OE 36 1 Estamos nos aproximando do fim da história terrestre. Temos diante de nós uma grande obra -- a obra finalizadora de dar ao mundo pecador a última mensagem de advertência. Há homens que serão tirados do arado, da vinha, de vários outros ramos de trabalho, e enviados pelo Senhor a dar ao mundo esta mensagem. OE 36 2 O mundo encontra-se desconjuntado. Ao olharmos o quadro geral, a perspectiva parece desalentadora. Mas Cristo acena com preciosas promessas a todos os homens e mulheres que nos causam desencorajamento. Vê neles qualidades que os habilitarão a ocupar um lugar em Sua vinha. Se eles continuarem como aprendizes, por meio de Sua providência, Ele os tornará homens e mulheres capacitados a fazerem uma obra que não está fora de suas possibilidades; através da comunicação do Espírito Santo, dar-lhes-á poder de expressão. OE 36 3 Muitos campos áridos, não trabalhados, devem ser atingidos por iniciadores. A brilhante perspectiva do Campo mundial, como Jesus o viu, inspirará confiança em muitos obreiros que se começarem em humildade, e puserem o coração na obra, serão considerados como os homens indicados para o tempo e lugar. Cristo vê todas as misérias e desespero do mundo, a visão do qual deprimiria alguns dos nossos obreiros de grande capacidade com um sentimento de desânimo tão grande que eles não saberiam nem mesmo como começar a obra de guiar homens e mulheres ao primeiro lance da escada. Seus métodos formalistas são de pouco valor. Eles se colocariam sobre os lances mais baixos da escada, dizendo: "Subi onde estamos." Mas as pobres almas não saberiam onde colocar os pés. OE 37 1 O coração de Cristo é confortado pela visão daqueles que são pobres no mais lato sentido do termo; confortado por Sua visão daqueles que são maltratados, mas que são mansos; alegrado pelos aparentemente insatisfeitos e famintos pela justiça, pela incapacidade de muitos para começarem. Ele saúda por assim dizer o mesmo estado de coisas que desanimaria a muitos ministros. Ele corrige o nosso devotamento errôneo, dando o encargo da obra dos pobres e necessitados nos ásperos recantos da Terra, a homens e mulheres que possuem coração que pode sentir com os ignorantes e extraviados. OE 37 2 O Senhor ensina a esses obreiros como encontrar aqueles a quem Ele deseja auxiliar. Eles serão encorajados ao verem as portas se lhes abrirem, ao penetrarem em lugares nos quais poderão fazer trabalho médico-missionário. Tendo pouca confiança própria, dão a Deus toda a glória. Suas mãos podem ser rústicas e inexperientes, mas o coração é suscetível à piedade; eles estão possuídos de um ardente desejo de fazer alguma coisa que possa aliviar o infortúnio tão intenso; e Cristo está ao seu lado para ajudá-los. Ele opera por meio daqueles que descobrem misericórdia na miséria, ganho na perda de todas as coisas. Quando a Luz do mundo passa, os privilégios aparecem em todas as adversidades, ordem na confusão, o sucesso e a sabedoria de Deus naquilo que parecia ser uma falha. OE 37 3 Meus irmãos e irmãs, aproximai-vos do povo em vosso ministério. Animai aqueles que estão abatidos. Considerai as calamidades como bênçãos disfarçadas, os infortúnios como mercês. Agi de maneira que desperteis confiança em lugar de desespero. OE 38 1 O povo comum deve ocupar seus lugares como obreiros. Compartilhando as dores de seus semelhantes da mesma maneira que o Salvador participou das da humanidade, vê-Lo-ão, pela fé, trabalhando juntamente com eles. OE 38 2 "O grande dia do Senhor está perto, está perto, e se apressa muito a voz do dia do Senhor; amargamente clamará ali o homem poderoso." Sofonias 1:14. Eu desejo bradar a todo obreiro: Avançai em fé humilde, e o Senhor será convosco. Mas velai em oração. Esta é a ciência de vosso labor. O poder é de Deus. Trabalhai sentindo vossa dependência dEle, lembrando-vos de que sois Seus coobreiros. Ele é vosso Ajudador. Vossa força dEle vem. Ele será vossa sabedoria, vossa justiça, vossa santificação, vossa redenção. Tomai o jugo de Cristo, aprendendo diariamente dEle a mansidão e a humildade. Ele será vosso conforto, vosso descanso. -- Testimonies, 270-272. OE 38 3 O Salvador conhece as profundezas da miséria e desespero do mundo, sabe por que meio produzir alívio. Vê por toda parte almas em trevas, opressas de pecado, angústia e sofrimento. Mas vê-lhes, também, as possibilidades. Vê a altura a que poderão atingir. Se bem que os seres humanos tenham abusado das mercês, malbaratado os talentos e perdido a dignidade da varonilidade à semelhança de Deus, o Criador deve ser glorificado na sua redenção. OE 38 4 Cristo regozijou-Se em que poderia fazer por Seus seguidores mais do que eles poderiam pedir ou pensar. Sabia que a verdade, armada com a onipotência do Espírito Santo, haveria de vencer no conflito com o mal; e que a bandeira ensangüentada flutuaria triunfante sobre Seus seguidores. Sabia que a vida de Seus confiantes discípulos seria como a Sua -- uma série de ininterruptas vitórias, não reconhecidas aqui como tais, mas assim consideradas no grande porvir. OE 39 1 "Tenho-vos dito isto", disse Ele, "para que em Mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo." João 16:33. Cristo não fracassou, nem ficou nunca desanimado; e Seus seguidores têm de manifestar fé igualmente perseverante. Cumpre-lhes viver como Ele viveu, e trabalhar como Ele trabalhou, porque dependem dEle como o grande Obreiro-chefe. OE 39 2 Coragem, energia e perseverança devem eles possuir. Embora lhes obstruam o caminho aparentes impossibilidades, devem avançar mediante Sua graça. Em lugar de deplorar as dificuldades, são chamados a elas sobreporem-se. Não se devem desesperar por coisa alguma, mas ter esperanças de tudo. Com a áurea cadeia de Seu incomparável amor, Cristo os ligou ao trono de Deus. É Seu desígnio que seja deles a mais elevada influência do Universo, emanando da Fonte de todo o poder. Eles terão poder para resistir ao mal, poder que nem a terra, nem a morte, nem o inferno pode dominar; poder que os habilitará a vencer assim como Cristo venceu. ------------------------Capítulo 6 -- Cristo, nosso exemplo OE 41 1 Nosso Senhor Jesus Cristo veio a este mundo como o infatigável servo das necessidades do homem. "Tomou sobre Si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças" (Mateus 8:17), a fim de poder ajudar a todas as necessidades humanas. Veio para remover o fardo de moléstias, misérias e pecados. Era sua missão restaurar inteiramente os homens; veio trazer-lhes saúde, paz e perfeição de caráter. OE 41 2 Várias eram as circunstâncias e necessidades dos que Lhe suplicavam o auxílio, e nenhum dos que a Ele se chegavam saía desatendido. DEle emanava uma corrente de poder restaurador, ficando os homens física, mental e moralmente sãos. OE 41 3 A obra do Salvador não estava restrita a qualquer tempo ou lugar. Sua compaixão desconhecia limites. Em tão larga escala realizara Sua obra de curar e ensinar; que não havia na Palestina edifício vasto bastante para comportar as multidões que se Lhe aglomeravam em torno. Nas verdes encostas da Galiléia, nas estradas, à beira-mar, nas sinagogas e em todo lugar a que os doentes Lhe podiam ser levados, aí se encontrava Seu hospital. Em cada cidade, cada vila por que passava, punha as mãos sobre os doentes, e os curava. Onde quer que houvesse corações prontos a receber-Lhe a mensagem, Ele os confortava com a certeza do amor de Seu Pai celestial. Todo o dia ajudava os que a Ele vinham; à tardinha atendia aos que tinham que labutar durante o dia pelo sustento da família. OE 42 1 Jesus carregava o terrível peso de responsabilidade da salvação dos homens. Sabia que, a menos que houvesse da parte da raça humana, decidida mudança de princípios e desígnios, tudo estaria perdido. Esse era o fardo de Sua alma, e ninguém podia avaliar o peso que sobre Ele repousava. Através da infância, juventude e varonilidade, andou sozinho. Todavia, estar-se em Sua presença, era um Céu. Dia a dia enfrentava provas e tentações; dia a dia era posto em contato com o mal, e testemunhava o poder do mesmo sobre aqueles a quem buscava abençoar e salvar. Não obstante, não vacilava nem ficava desanimado. OE 42 2 Em todas as coisas punha Seus desejos em estrita obediência à Sua missão. Glorificava Sua vida por torná-la em tudo submissa à vontade de Seu Pai. Quando, na Sua juventude, Sua mãe, ao encontrá-Lo na escola dos rabis, disse: "Filho, por que fizeste assim para conosco?" Ele respondeu -- e Sua resposta é a nota tônica de Sua obra vitalícia -- "Por que é que Me procuráveis? Não sabeis que Me convém tratar dos negócios de Meu Pai?" Lucas 2:48, 49. OE 42 3 Sua vida foi de constante abnegação. Não possuía lar neste mundo, a não ser o que a bondade dos amigos Lhe preparava como peregrino. Veio viver em nosso favor a vida do mais pobre, e andar e trabalhar entre os necessitados e sofredores. Entrava e saía, não reconhecido nem honrado, diante do povo por quem tanto fizera. OE 43 1 Era sempre paciente e animoso, e os aflitos O saudavam como a um mensageiro de vida e paz. Via as necessidades de homens e mulheres, crianças e jovens, e a todos dirigia o convite: "Vinde a Mim." OE 43 2 Durante Seu ministério Jesus dedicou mais tempo a curar os enfermos do que a pregar. Seus milagres testificavam da veracidade de Suas palavras, de que não veio a destruir, mas a salvar. Aonde quer que fosse, as novas de Sua misericórdia O precediam. Por onde havia passado, os que haviam sido alvo de Sua compaixão se regozijavam na saúde, e experimentavam as forças recém-adquiridas. Multidões ajuntavam-se em torno deles para ouvir de seus lábios as obras que o Senhor realizara. Sua voz havia sido o primeiro som ouvido por muitos, Seu nome o primeiro proferido, Seu rosto o primeiro que contemplaram. Por que não haveriam de amar a Jesus e proclamar-Lhe o louvor? Ao passar por vilas e cidades, era como uma corrente vivificadora, difundindo vida e alegria. ... OE 43 3 O Salvador tornava cada ato de cura uma ocasião para implantar princípios divinos na mente e na alma. Esse era o desígnio de Sua obra. Comunicava bênçãos terrestres, para que pudesse inclinar o coração dos homens ao recebimento do evangelho da Sua graça. OE 43 4 Cristo poderia ter ocupado o mais elevado lugar entre os mestres da nação judaica, mas preferiu levar o evangelho aos pobres. Ia de lugar a lugar, para que os que se achavam nos caminhos e atalhos pudessem ouvir as palavras da verdade. Na praia, nas encostas das montanhas, nas ruas da cidade, nas sinagogas, Sua voz se fazia ouvir explicando as Escrituras. Muitas vezes ensinava no pátio anterior do templo, a fim de os gentios Lhe poderem ouvir as palavras. OE 44 1 Tão dessemelhantes eram os ensinos de Cristo das explicações escriturísticas feitas pelos escribas e fariseus, que prendiam a atenção do povo. Os rabis apegavam-se à tradição, às teorias e especulações humanas. Muitas vezes o que os homens haviam ensinado e escrito acerca das Escrituras, era posto em lugar delas próprias. O tema dos ensinos de Cristo era a Palavra de Deus. Ele respondia aos inquiridores com um positivo: "Está escrito", "Que diz a Escritura?" "Como lês?" Em todas as oportunidades, em se despertando em amigo ou adversário qualquer interesse, Ele apresentava a Palavra. Proclamava a mensagem evangélica de maneira clara e poderosa. Suas palavras derramavam abundante luz sobre os ensinos dos patriarcas e profetas, e as Escrituras chegavam aos homens como uma nova revelação. Nunca dantes haviam Seus ouvintes percebido na Palavra de Deus tal profundeza de sentido. A simplicidade dos ensinos de Cristo OE 44 2 Um evangelista como Cristo, não houve jamais. Ele era a Majestade do Céu, mas humilhou-Se para tomar nossa natureza, a fim de chegar até ao homem na condição em que se achava. A todos, ricos e pobres, livres e servos, Cristo, o Mensageiro do concerto, trouxe as boas novas de salvação. Sua fama como o grande Operador de curas espalhou-se por toda a Palestina. Os enfermos iam para os lugares por onde Ele devia passar, a fim de para Ele poderem apelar em busca de auxílio. Para aí iam também muitas criaturas ansiosas de Lhe ouvir as palavras e receber o toque de Sua mão. Assim ia de cidade em cidade, de vila a vila, pregando o evangelho e curando os enfermos -- o Rei da glória na humilde veste humana. OE 45 1 Assistia às grandes festas anuais da nação, e falava das coisas celestes às multidões absortas nas cerimônias exteriores, trazendo a eternidade ao alcance de sua visão. Dos celeiros da sabedoria tirava tesouros para todos. Falava-lhes em linguagem tão simples, que não podiam deixar de entender. Por métodos inteiramente Seus, ajudava a todos quantos se achavam em aflição e dor. Com graça terna e cortês, ajudava a alma enferma de pecado, levando-lhe saúde e vigor. OE 45 2 Príncipe dos mestres, buscava acesso ao povo por meio de suas mais familiares relações. Apresentava a verdade de maneira que daí em diante ela estaria sempre entretecida no espírito de Seus ouvintes com suas mais sagradas recordações e afetos. Ensinava-os de maneira que os fazia sentir quão perfeita era Sua identificação com os interesses e a felicidade deles. Suas instruções eram tão diretas, tão adequadas Suas ilustrações, Suas palavras tão cheias de simpatia e animação, que os ouvintes ficavam encantados. A simplicidade e sinceridade com que Se dirigia aos necessitados santificavam cada palavra. A ricos e pobres igualmente OE 45 3 Que vida atarefada levou Ele! Dia a dia podia ser visto entrando nas humildes habitações da miséria e da dor, dirigindo palavras de esperança aos abatidos, e de paz aos aflitos. Cheio de graça, sensível e clemente, andava erguendo os desfalecidos e confortando os tristes. Aonde quer que fosse, levava bênçãos. OE 45 4 Ao passo que ajudava os pobres, Jesus estudava também os meios de atingir os ricos. Procurava travar relações com o rico e culto fariseu, o nobre judeu e a autoridade romana. Aceitava-lhes os convites, assistia às suas festas, tornava-Se familiar com os interesses e ocupações deles, a fim de obter acesso ao seu coração, e revelar-lhes as imperecíveis riquezas. OE 46 1 Cristo veio a este mundo para mostrar que, mediante o recebimento de poder do alto, o homem pode levar vida imaculada. Com incansável paciência e assistência compassiva, ia ao encontro dos homens nas suas necessidades. Pelo suave contato da graça, bania da alma o desassossego e a dúvida, transformando a inimizade em amor, e a incredulidade em confiança. ... OE 46 2 Cristo não conhecia distinção de nacionalidade, posição ou credo. Os escribas e fariseus desejavam fazer dos dons celestes um privilégio local e nacional, e excluir o resto da família de Deus no mundo. Mas Cristo veio derribar todo muro de separação. Veio mostrar que Seu dom de misericórdia e amor é tão ilimitado como o ar, a luz ou a chuva que refrigera a Terra. OE 46 3 A vida de Cristo estabeleceu uma religião em que não há castas, a religião em que judeus e gentios, livres e servos são ligados numa fraternidade comum, iguais perante Deus. Nenhuma questão política Lhe influenciava a maneira de agir. Não fazia diferença alguma entre vizinhos e estranhos, amigos e inimigos. O que tocava Seu coração era uma alma sedenta pelas águas da vida. OE 46 4 Não passava nenhum ser humano por alto como indigno, mas procurava aplicar a toda alma o remédio capaz de sarar. Em qualquer companhia em que Se encontrasse, apresentava uma lição adequada ao tempo e às circunstâncias. Cada negligência ou insulto da parte de alguém para com seu semelhante, servia apenas para O fazer mais consciente da necessidade que tinham de Sua simpatia divino-humana. Procurava inspirar esperança aos mais rudes e menos promissores, prometendo-lhes a certeza de que haveriam de tornar-se irrepreensíveis e inocentes, alcançando um caráter que manifestaria serem filhos de Deus. OE 47 1 Muitas vezes Jesus encontrava pessoas que haviam caído no poder de Satanás, e que não tinham forças para romper os laços. A essas criaturas, desanimadas, doentes, tentadas, caídas costumava dirigir palavras da mais terna piedade, palavras adequadas, e que podiam ser compreendidas. Outros se Lhe deparavam que estavam empenhados numa luta renhida com o adversário das almas. A esses Ele animava a perseverar, assegurando-lhes que haviam de triunfar, pois anjos de Deus se achavam a seu lado e lhes dariam a vitória. OE 47 2 À mesa dos publicanos Ele Se sentava como hóspede de honra, mostrando por Sua simpatia e benevolência social que reconhecia a dignidade humana; e os homens anelavam tornar-se dignos de Sua confiança. Sobre seu coração sedento, as palavras dEle caíam como bendito poder, vivificante. Novos impulsos eram despertados, e abria-se, para esses párias da sociedade, a possibilidade de vida nova. OE 47 3 Conquanto fosse judeu, Jesus Se associava sem reserva com os samaritanos, deitando assim por terra os costumes farisaicos de Sua nação. A despeito de seus preconceitos, Ele aceitou a hospitalidade desse povo desprezado. Dormia com eles sob seu teto, comia à mesa deles -- compartilhando da comida preparada e servida por suas mãos -- ensinava em suas ruas, e tratava-os com a maior bondade e cortesia. E ao passo que lhes atraía o coração pelos laços de humana simpatia, Sua divina graça levava-lhes a salvação que os judeus rejeitavam. -- A Ciência do Bom Viver, 17-26. ------------------------Capítulo 7 -- Cristo como mestre OE 48 1 O Redentor do mundo andou fazendo o bem. Quando perante o povo, dirigindo-lhes as palavras da eterna verdade, com que ansiedade observava as mutações da fisionomia de Seus ouvintes! As que exprimiam profundo interesse e prazer enquanto escutavam Suas palavras, davam-Lhe grande regozijo. E quando a verdade, exposta com clareza, tocava em algum pecado ou ídolo acariciado, observava a mudança do rosto, o olhar frio, duro, proibitivo, que indicava haver essa verdade sido mal recebida. Jesus sabia que a positiva reprovação do pecado era exatamente o que Seus ouvintes necessitavam; e a luz que Ele derramava nas sombrias câmaras de seu espírito teria sido a maior bênção para eles, caso a houvessem aceitado. OE 48 2 A obra de Cristo era expor, de maneira simples, de modo a serem bem compreendidas, verdades que, uma vez obedecidas, trariam paz e felicidade à alma. Ele podia ver para além da superfície, e ver os pecados acariciados que estavam arruinando a vida e o caráter e alienando almas de Deus. Apontava esses pecados, para que todos os pudessem ver em seu verdadeiro aspecto, afastando-os de si. Em alguns, cujo exterior parecia o mais endurecido, distinguia Jesus traços animadores. Sabia que haviam de atender à luz, que se tornariam verdadeiros seguidores Seus. OE 48 3 Ao penetrarem as setas da verdade no coração de Seus ouvintes, abrindo brecha através das barreiras do egoísmo, e produzindo humilhação, arrependimento, e afinal verdadeira gratidão, o coração do Salvador enchia-se de alegria. Quando corria os olhos sobre a multidão de ouvintes que O rodeavam, reconhecendo entre eles os mesmos rostos que vira em ocasiões anteriores, Sua fisionomia revelava o regozijo de ver ali prometedores súditos de Seu reino. OE 49 1 Os mensageiros de Cristo, os que Ele envia em Seu lugar, hão de ter os mesmos sentimentos, o mesmo sincero interesse. E os que são tentados a pensar que seus trabalhos não são apreciados, e se inclinam a desanimar, devem lembrar que Jesus tinha de tratar com corações tão duros como os que eles encontram, sendo Sua experiência mais probante do que a que eles possam ter tido, ou jamais venham a ter. Ensinava o povo com paciente amor. Sua profunda e perscrutadora sabedoria conhecia as necessidades de cada alma dentre Seus ouvintes; e ao vê-los recusar a mensagem de paz e amor que lhes viera trazer, o coração se Lhe angustiava até ao íntimo. OE 49 2 O Redentor do mundo não veio com exibições exteriores, nem com manifestações de sabedoria humana. Os homens não podiam ver, sob a aparência de humanidade, a glória do Filho de Deus. Ele foi "desprezado, e rejeitado pelos homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos". Era aos olhos deles "como raiz de uma terra seca", sem "parecer nem formosura" (Isaías 53:2, 3) para que O desejassem. Mas Ele declarou: "O Espírito do Senhor Jeová está sobre Mim; porque o Senhor Me ungiu para pregar boas novas aos mansos; enviou-Me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos." Isaías 61:1. OE 49 3 Cristo chegava ao povo na posição em que este se achava. Apresentava a simples verdade perante seu espírito, na linguagem mais poderosa e singela. O pobre humilde, o mais ignorante, podia compreender, mediante a fé nEle, as mais exaltadas verdades. Ninguém precisava consultar os instruídos doutores quanto ao sentido do que Ele dizia. Não embaraçava o ignorante com misteriosos raciocínios, nem usava palavras fora do comum ou eruditas, de que não tivessem conhecimento. O maior Mestre que o mundo já conheceu, foi o mais definido, simples e prático em Suas instruções. OE 50 1 "Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo o homem que vem ao mundo." João 1:9. O mundo tem tido seus grandes ensinadores, homens de intelecto gigantesco e maravilhoso espírito de investigação, homens cujas idéias têm estimulado a pensar, e aberto aos olhos dos outros vasto campo de conhecimentos; e esses homens têm sido honrados como guias e benfeitores de sua raça. Existe, entretanto, Alguém que ocupa lugar superior ao deles. "A todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus." "Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai Esse O fez conhecer." João 1:12, 18. OE 50 2 Podemos traçar a linhagem dos grandes mestres do mundo até onde chegam os registros humanos; mas a Lua existia antes deles. Como a Lua e as estrelas do sistema solar brilham pelo reflexo da luz do Sol, assim o que têm de verdadeiro os ensinos dos grandes pensadores terrestres é um reflexo dos raios do Sol da Justiça. Cada jóia de pensamento, cada lampejo de inteligência, provém da Luz do mundo. ------------------------Capítulo 8 -- Uma lição para nosso tempo OE 51 1 A experiência de Enoque e João Batista representa o que deve ser a nossa. Devemos estudar muito mais do que fazemos, a vida desses homens -- daquele que foi trasladado para o Céu sem provar a morte; e daquele que, antes do primeiro advento de Cristo, foi chamado a preparar o caminho do Senhor, a endireitar as Suas veredas. A experiência de Enoque OE 51 2 A respeito de Enoque está escrito que viveu sessenta e cinco anos, e gerou um filho; depois disso andou com Deus por trezentos anos. Durante aqueles primeiros anos Enoque havia amado e temido a Deus e guardara Seus mandamentos. Após o nascimento do primeiro filho, atingiu uma experiência mais elevada; foi atraído a uma comunhão mais íntima com Deus. Ao ver o amor do filho para com o pai, sua confiança simples na proteção dele; ao sentir a profunda e compassiva ternura de seu próprio coração para com aquele primogênito, aprendeu uma preciosa lição quanto ao maravilhoso amor de Deus para com o homem na dádiva de Seu Filho, e a confiança que os filhos de Deus devem pôr em seu Pai celestial. O infinito, insondável amor de Deus mediante Cristo, tornou-se dia e noite o objeto de suas meditações. Com todo o fervor de alma, procurava revelar esse amor ao povo no meio do qual vivia. OE 51 3 O andar de Enoque com Deus não era em transe ou em visão, mas em todos os deveres da vida diária. Não se tornou eremita, isolando-se inteiramente do mundo; pois tinha no mundo uma obra a fazer para Deus. Na família e em suas relações com os homens, como esposo e pai, amigo e cidadão, era o resoluto e inabalável servo do Senhor. OE 52 1 Em meio de uma vida de ativo labor, Enoque mantinha firmemente sua comunhão com Deus. Quanto maiores e mais prementes eram seus labores, mais constantes e fervorosas as suas orações. Ele perseverava em excluir-se a certos períodos, de toda sociedade. Depois de permanecer por certo tempo entre o povo, trabalhando para o beneficiar por meio de instruções e exemplos, costumava retirar-se, a fim de passar um período em solidão, com fome e sede daquele conhecimento divino que só Deus pode transmitir. OE 52 2 Comungando assim com Deus, Enoque chegou a refletir mais e mais a imagem divina. Seu semblante irradiava santa luz; a mesma que brilhava no rosto de Jesus Cristo. Ao sair dessa divina comunhão, os próprios ímpios contemplavam com respeito o cunho celeste estampado em sua fisionomia. OE 52 3 Sua fé tornava-se mais forte, mais ardente o seu amor com o decorrer dos séculos. A oração era-lhe como a respiração da alma. Vivia na atmosfera do Céu. OE 52 4 Ao serem-lhe reveladas as cenas do futuro, Enoque tornou-se um pregador da justiça, levando a mensagem de Deus a todos os que quisessem ouvir as palavras de advertência. Na terra para onde Caim procurara fugir da presença divina, o profeta de Deus tornou conhecidas as maravilhosas cenas que haviam passado perante sua visão. "Eis que é vindo o Senhor", declarou ele, "com milhares de Seus santos; para fazer juízo contra todos e condenar dentre todos os ímpios, por todas as suas obras de impiedade, que impiamente cometeram." Judas 14, 15. OE 53 1 O poder de Deus, que operava em Seu servo, era sentido pelos que o escutavam. Alguns davam ouvidos às advertências, e renunciavam a seus pecados; mas as multidões zombavam da solene mensagem. Os servos de Deus devem apresentar ao mundo dos últimos dias mensagem idêntica, que também será pela maioria recebida com incredulidade e motejos. OE 53 2 À medida que se passavam os anos, mais e mais volumosa se tornava a onda dos crimes, mais e mais sombria as nuvens do juízo divino. Todavia Enoque, a testemunha da fé, perseverava em seu caminho, advertindo, suplicando e ensinando, esforçando-se para rechaçar a maré do crime e deter os raios da vingança. OE 53 3 Os homens daquela geração zombavam da loucura daquele que não buscava juntar ouro nem prata, nem adquirir possessões aqui. Mas o coração de Enoque estava nos tesouros eternos. Ele contemplava a cidade celestial. Vira o Rei em Sua glória no meio de Sião. Quanto maior era a iniqüidade dominante, tanto mais fervoroso seu anelo pelo lar de Deus. Conquanto ainda na Terra, habitava pela fé no reino da luz. OE 53 4 "Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus." Mateus 5:8. Por trezentos anos Enoque buscava a pureza do coração, a fim de poder estar em harmonia com o Céu. Por três séculos andara com Deus. Dia a dia ansiara uma união mais íntima; mais e mais estreita se tornara a comunhão, até que Deus o tomou para Si. Ele se achava no limiar do mundo eterno, mediando apenas um passo entre ele e a Terra abençoada; e agora, a porta abriu-se, o andar com Deus, por tanto tempo prosseguido na Terra, continuou, e ele passou pelas portas da santa cidade -- o primeiro dentre os homens a aí penetrar. OE 54 1 "Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte, ... visto como antes de sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus." Hebreus 11:5. OE 54 2 A tal comunhão o Senhor nos está convidando. Como a de Enoque, assim deve ser a santidade de caráter daqueles que serão resgatados dentre os homens por ocasião da segunda vinda do Senhor. A experiência de João Batista OE 54 3 João Batista, em sua vida no deserto, foi ensinado por Deus. Estudou as revelações de Deus na Natureza. Sob a guia do divino Espírito, estudou os rolos dos profetas. Dia e noite Cristo era seu estudo, sua meditação, até que espírito, alma e coração ficaram cheios da gloriosa visão. OE 54 4 Ele contemplou o Rei em Sua beleza, e perdeu de vista o próprio eu. Viu a majestade da santidade, e reconheceu a própria ineficiência e indignidade. Era a mensagem de Deus que ele devia proclamar. Era no poder de Deus e em Sua justiça que se devia manter firme. Estava disposto a ir como mensageiro do Céu, inabalável ante as coisas humanas, pois contemplara o Divino. Podia manter-se destemido perante os monarcas terrestres, porque se prostrara tremente diante do Rei dos reis. OE 54 5 João não anunciava sua mensagem com elaborados argumentos ou engenhosas teorias. Assustadora e severa, e todavia cheia de esperança, era sua voz ouvida do deserto: "Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos Céus." Mateus 3:2. Com novo e estranho poder movia o povo. Toda a nação foi abalada. Multidões acorriam ao deserto. OE 55 1 Camponeses e pescadores iletrados dos distritos vizinhos; soldados romanos dos quartéis de Herodes; comandantes, de espada à cinta, dispostos a aniquilar qualquer coisa que cheirasse a rebelião; os avaros cobradores de impostos, de suas coletorias; e do Sinédrio, os sacerdotes em seus filactérios -- todos escutavam como presos de fascinação; e todos, mesmo o fariseu e o saduceu, o frio e impassível zombador, saíam calando seu motejo, e sentindo o coração penetrado do sentimento de seus pecados. Herodes em seu palácio ouviu a mensagem, e o orgulhoso príncipe, endurecido pelo pecado, tremeu ante o convite ao arrependimento. OE 55 2 Neste século, exatamente antes da segunda vinda de Cristo nas nuvens do Céu, tem de ser feita uma obra idêntica à de João. Deus pede homens que preparem um povo para subsistir no grande dia do Senhor. A mensagem que precedeu o ministério público de Cristo, foi: Arrependei-vos, publicanos e pecadores; arrependei-vos fariseus e saduceus; "arrependei-vos, porque é chegado o reino dos Céus". Como um povo que acredita na próxima segunda vinda de Cristo, temos uma mensagem a apresentar -- "Prepara-te, ... para te encontrares com o teu Deus". Amós 4:12. OE 55 3 Nossa mensagem precisa ser tão direta como o foi a de João. Ele repreendia reis por sua iniqüidade. Não obstante sua vida estar em perigo, não hesitava em declarar a Palavra de Deus. E nossa obra neste tempo tem de ser feita com igual fidelidade. OE 55 4 A fim de dar uma mensagem tal como a de João, devemos possuir vida espiritual semelhante à sua. A mesma obra deve ser efetuada em nós. Devemos contemplar a Deus e, em assim fazendo, perder de vista o próprio eu. OE 55 5 João tinha por natureza as faltas e fraquezas comuns à humanidade; mas o toque do divino amor o transformara. Quando, após o início do ministério de Cristo, os discípulos de João chegaram a ele com a queixa de que todos iam em seguimento do novo Mestre, João mostrou quão claramente compreendia suas relações para com o Messias, e quão alegremente recebia Aquele para quem preparara o caminho. OE 56 1 "O homem não pode receber coisa alguma", disse, "se lhe não for dada do Céu. Vós mesmos me sois testemunhas de que disse: Eu não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dEle. Aquele que tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que lhe assiste e o ouve, alegra-se muito com a voz do esposo. Assim pois já este meu gozo está cumprido. É necessário que Ele cresça e eu diminua." João 3:27-30. OE 56 2 Olhando com fé ao Redentor, João elevara-se ao ponto da abnegação. Não buscava atrair a si os homens, mas erguer-lhes o pensamento cada vez mais alto, até que pudessem repousar no Cordeiro de Deus. Ele próprio não passara de uma voz, um clamor no deserto. Agora aceitava com alegria o silêncio e a obscuridade, a fim de que os olhos de todos se pudessem volver para a Luz da vida. OE 56 3 Os que são fiéis à sua vocação de mensageiros de Deus, não buscarão honras para si mesmos. O amor próprio será absorvido pelo amor a Cristo. Reconhecerão que sua obra é proclamar, como João Batista: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." João 1:29. OE 56 4 A alma do profeta, esvaziada do próprio eu, foi cheia da luz do Divino. Em palavras que eram quase as mesmas do próprio Cristo, deu testemunho da glória do Salvador. "Aquele que vem de cima", disse ele, "é sobre todos; aquele que vem da Terra é da Terra e fala da Terra. Aquele que vem do Céu é sobre todos." "Porque Aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus." João 3:31, 34. OE 57 1 Todos os seguidores de Cristo devem participar dessa Sua glória. O Salvador podia dizer: "Não busco a Minha vontade, mas a vontade do Pai que Me enviou." João 5:30. E João declarou: "Não Lhe dá Deus o Espírito por medida." O mesmo se dá com os discípulos de Cristo. Só podemos receber da luz do Céu à medida que estamos dispostos a nos esvaziar do próprio eu. Só podemos discernir o caráter de Deus, e aceitar Cristo pela fé, na proporção em que consentimos em sujeitar cada pensamento à obediência de Cristo. E a todos quantos assim fazem, o Espírito Santo é dado sem medida. Em Cristo "habita corporalmente toda a plenitude da divindade. E estais perfeitos nEle". Colossences 2:9, 10. OE 57 2 A vida de João não foi passada na ociosidade, em ascética tristeza, ou isolamento egoísta. De quanto em quando saía a misturar-se com os homens; e era sempre um observador interessado do que se passava no mundo. De seu sossegado retiro, observava o desdobrar dos acontecimentos. Com a visão iluminada pelo Espírito divino, estudava o caráter dos homens, a fim de poder compreender a maneira de chegar-lhes ao coração com a mensagem do Céu. Sentia sobre si a responsabilidade de sua missão. Na solidão, por meio de meditações e orações, procurava preparar a alma para a tarefa de sua vida. ------------------------Capítulo 9 -- Paulo, o apóstolo dos gentios OE 58 1 Entre aqueles que foram chamados para pregar o evangelho de Cristo, destaca-se o apóstolo Paulo, exemplo, a todo ministro, de lealdade, devoção e infatigável esforço. Suas experiências e instruções concernentes à santidade da obra do ministro, são uma fonte de auxílio e inspiração aos que estão empenhados no ministério evangélico. OE 58 2 Antes de sua conversão, Paulo era acérrimo perseguidor dos seguidores de Cristo. Mas, à porta de Damasco, uma voz lhe falou, sua alma foi iluminada por uma luz celeste, e na revelação que aí lhe foi dada do Crucificado, viu alguma coisa que lhe mudou o inteiro curso da vida. Daí em diante colocava acima de tudo o amor ao Senhor da glória, a quem havia tão incansavelmente perseguido na pessoa de Seus santos. Fora-lhe confiado o tornar conhecido "o mistério" que "desde tempos eternos esteve oculto". Romanos 16:25. "Este é para Mim um vaso escolhido", declarou o Anjo que apareceu a Ananias, "para levar o Meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel." Atos dos Apóstolos 9:15. OE 58 3 E durante seu longo período de serviço, Paulo nunca vacilou em sua aliança com seu Salvador. "Não julgo que o haja alcançado"; escreveu ele aos filipenses, "mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus." Filipenses 3:13, 14. OE 58 4 A vida de Paulo foi de atividades várias e intensas. De cidade a cidade, de um país a outro, viajava, contando a história da cruz, ganhando conversos ao evangelho, e estabelecendo igrejas. Por essas igrejas tinha ele constante cuidado, e escreveu às mesmas várias cartas de instruções. Por vezes trabalhava no seu ofício a fim de ganhar o pão cotidiano. Mas em toda a atarefada atividade de sua vida, nunca perdeu de vista o grande desígnio -- prosseguir para o alvo de sua alta vocação. OE 59 1 Paulo levava consigo a atmosfera do Céu. Todos os que se aproximavam dele experimentavam a influência de sua união com Cristo. O fato de sua própria vida exemplificar a verdade que ele proclamava, dava um poder convincente a suas pregações. Nisto está o poder da verdade. A não estudada, inconsciente influência de urna vida santa é o mais convincente sermão que se pode pregar em favor do cristianismo. O argumento, mesmo quando irrefutável, pode não provocar senão oposição; mas um exemplo piedoso possui um poder a que é impossível resistir inteiramente. OE 59 2 O coração do apóstolo ardia em amor aos pecadores, e ele punha todas as suas energias na obra de ganhar almas. Não existiu jamais um obreiro mais abnegado e perseverante. As bênçãos que recebia, eram por ele prezadas como outras tantas vantagens a serem usadas para beneficiar outros. Não perdia oportunidade de falar do Salvador, nem de auxiliar os que se achavam em aflições. Onde quer que pudesse achar um ouvinte, buscava impedir o mal e enveredar os pés de homens e mulheres para o caminho da justiça. OE 59 3 Paulo nunca esqueceu a responsabilidade que sobre ele repousava como ministro de Cristo; ou que se almas se perdessem devido à infidelidade de sua parte, Deus o consideraria como responsável. "Portanto no dia de hoje", declarou ele, "vos protesto que estou limpo do sangue de todos." Atos dos Apóstolos 20:26. "Da qual eu estou feito ministro", disse ele da mensagem evangélica, "segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a Palavra de Deus; o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos Seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória; a quem anunciamos, admoestando a todo homem, e ensinando a todo homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo homem perfeito em Jesus Cristo; e para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que obra em mim poderosamente." Colossences 1:25-29. OE 60 1 Essas palavras apresentam ao obreiro de Cristo uma elevada norma a atingir, todavia podem alcançá-la todos os que, colocando-se sob o domínio do grande Mestre, aprendem diariamente na escola de Cristo. O poder à disposição de Deus é ilimitado; e o ministro que em sua grande necessidade priva com o Senhor, pode estar certo de que receberá aquilo que será para seus ouvintes um cheiro de vida para vida. OE 60 2 Os escritos de Paulo mostram que o ministro do evangelho deve ser um exemplo das verdades que ensina, "não dando... escândalo em coisa alguma, para que o ministério não seja censurado". 2 Coríntios 6:3. A Tito, escreveu ele: "Exorta semelhantemente aos mancebos a que sejam moderados. Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós." Tito 2:6-8. OE 60 3 Ele nos deixou de sua própria obra uma descrição em sua carta aos crentes coríntios: "Como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo: na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo verdadeiros; como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo, e eis que vivemos; como castigados, e não mortos; como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, e possuindo tudo." 2 Coríntios 6:4-10. OE 61 1 O coração de Paulo achava-se repleto de um profundo e permanente sentimento de sua responsabilidade; e ele trabalhava em comunhão com Aquele que é a fonte da justiça, da misericórdia e da verdade. Apegava-se à cruz de Cristo como sua garantia única de êxito. O amor do Salvador era o constante motivo que o sustinha nos conflitos com o próprio eu e na luta contra o mal, quando, no serviço de Cristo, avançava contra a inimizade do mundo e a oposição dos inimigos. OE 61 2 O que a igreja necessita nestes dias de perigo, é de um exército de obreiros que, como Paulo, se hajam educado para a utilidade, que tenham experiência profunda nas coisas de Deus, e se achem possuídos de sinceridade e zelo. Necessitam-se homens santificados, dotados de espírito de sacrifício; homens animosos e leais; homens em cujo coração Cristo esteja formado, "a esperança da glória" (Colossences 1:27) e, com lábios tocados por fogo sagrado, preguem a palavra. A causa de Deus enfraquece por falta de obreiros assim, e erros fatais, como um veneno mortífero, mancham a moral e esterilizam as esperanças de grande parte da raça humana. OE 61 3 Os fiéis e cansados porta-estandartes estão oferecendo a vida por amor da verdade, e quem se apresentará para lhes tomar o lugar? Aceitarão nossos jovens, das mãos de seus pais o santo legado? Estão-se eles preparando para preencher as lacunas ocasionadas pela morte dos fiéis? Será aceita a incumbência do apóstolo, ouvida a chamada ao cumprimento do dever por entre os incitamentos ao egoísmo e à ambição que acenam à mocidade? ------------------------Capítulo 10 -- Jovens no ministério OE 63 1 O ministério evangélico não deve sofrer menosprezo. Empreendimento algum deve ser dirigido de maneira a fazer com que o ministério da Palavra seja olhado como coisa de menor importância. Não é assim. Os que amesquinham o ministério estão menosprezando a Cristo. A mais elevada de todas as obras é o ministério, em seus vários ramos, e deve ser mantido sempre presente no espírito dos jovens que não há obra mais abençoada por Deus do que a do ministro evangélico. OE 63 2 Que os nossos moços não sejam dissuadidos de entrar no ministério. Há perigo de que, mediante brilhantes representações, alguns sejam desviados da vereda que Deus os convida a trilhar. Alguns têm sido animados a tomar um curso de estudos no ramo médico, quando deveriam estar-se preparando para entrar no ministério. O Senhor pede mais ministros para trabalharem em Sua vinha. Foram ditas as palavras: "Fortalecei os postos avançados; mantende fiéis sentinelas em tocas as partes do mundo." Deus vos chama, jovens. Ele pede exércitos inteiros de moços dotados de coração generoso e largueza de vistas, e que se achem possuídos de profundo amor a Cristo e à verdade. OE 63 3 A medida da capacidade ou do saber, é de muito menos conseqüência do que o espírito com que vos empenhais na obra. Não é de grandes nem doutos que o ministério necessita; não é de eloqüentes oradores. Deus pede homens que se entreguem a Ele para serem possuídos por Seu Espírito. A causa de Cristo e da humanidade requer homens santificados, dotados de espírito de sacrifício, que possam sair para fora do arraial, levando o Seu vitupério. Que sejam fortes, valentes, aptos para toda boa obra, e façam com Deus um concerto com sacrifício. OE 64 1 O ministério não é lugar para preguiçosos. Os servos de Deus têm de ser bem provados para seu ministério. Não serão indolentes, mas, como expositores de Sua palavra, desenvolverão a máxima energia para serem fiéis. Nunca devem deixar de aprender. Devem manter viva a própria alma quanto à santidade da obra e às grandes responsabilidades de sua vocação, a fim de que, em tempo algum e em nenhum lugar apresentem a Deus um sacrifício defeituoso, uma obra que não lhes tenha custado estudo ou oração. OE 64 2 O Senhor necessita de homens de vida espiritual intensa. Cada obreiro pode receber uma dotação de forças do alto, e avançar com esperança e fé na estrada em que Deus o convida a andar. A Palavra de Deus permanece no jovem obreiro consagrado. Ele é pronto, zeloso, poderoso, tendo no conselho de Deus fonte infalível de provisão. OE 64 3 Deus chamou este povo para dar ao mundo a mensagem da próxima vinda de Cristo. Devemos fazer aos homens o último convite para o banquete do evangelho, o derradeiro convite para a ceia das bodas do Cordeiro. Milhares de lugares que não têm ouvido o convite devem ainda recebê-lo. Muitos que ainda não proclamaram a mensagem hão de fazê-lo ainda. Apelo novamente para nossos moços: Não vos chamou Deus para fazer soar esta mensagem? OE 65 1 Quantos de nossos jovens entrarão para o serviço do Senhor, não para serem servidos, mas para servirem? Houve, no passado, pessoas que fixavam o espírito sobre alma após alma, dizendo: "Senhor, ajuda-nos a salvar esta alma." Agora, no entanto, tais exemplos são raros. Quantos procedem como se avaliassem o perigo dos pecadores? Quantos tomam aqueles que sabem achar-se em perigo, apresentando-os a Deus em oração, e suplicando-Lhe que os salve? OE 65 2 O apóstolo Paulo podia dizer da igreja primitiva: "E glorificavam a Deus a respeito de mim." Gálatas 1:24. Não nos esforçaremos por viver de modo a que se possam dizer de nós as mesmas palavras? O Senhor há de prover meios e modos para os que O buscam de todo o coração. Ele deseja que reconheçamos a divina superintendência manifestada em preparar campos de labor, e o caminho para que esses campos sejam ocupados com êxito. OE 65 3 Que pastores e evangelistas dediquem mais períodos a fervorosa oração com os que são convencidos pela verdade. Lembrai-vos de que Cristo está sempre convosco. O Senhor tem de prontidão as mais preciosas manifestações de Sua graça para fortalecer e animar o obreiro humilde e sincero. Depois, fazei refletir sobre outros a luz que Deus tem feito brilhar sobre vós. Aqueles que assim fazem, trazem ao Senhor a mais preciosa oferta. O coração dos que levam as boas novas de salvação arde com o espírito de louvor. ... OE 65 4 O número de obreiros no ministério não deve ser diminuído, mas grandemente aumentado. No lugar onde há agora um pastor, vinte devem ser acrescentados; e se o Espírito de Deus os reger, esses vinte hão de apresentar a mensagem de tal maneira, que acrescerão outros vinte. OE 66 1 A dignidade e cargo de Cristo consistem em impor as condições que Lhe aprouverem. Seus seguidores devem tornar-se uma força cada vez maior na proclamação da verdade, à medida que se aproximarem da perfeição da fé, e do amor para com seus irmãos. Deus tem provido divino auxílio para todas as emergências às quais nossos recursos humanos não podem fazer face. Ele concede Seu Espírito Santo para valer em todo apuro, fortalecer nossa esperança e certeza, para iluminar nosso espírito e purificar nosso coração. Sua intenção é que nos sejam proporcionados suficientes recursos para o desenvolvimento de Seus planos. Peço-vos que busqueis conselho de Deus. Buscai-O de todo o coração, e "fazei tudo quanto Ele vos disser". João 2:5. -- Testimonies for the Church 6:414, 415. OE 66 2 Com tal exército de obreiros como o que poderia fornecer a nossa juventude devidamente preparada, quão depressa a mensagem de um Salvador crucificado, ressuscitado e prestes a voltar poderia ser levada ao mundo todo! Quão depressa poderia vir o fim -- o fim do sofrimento, tristeza e pecado! Quão depressa, em lugar desta possessão aqui, com sua mancha de pecado e dor, poderiam nossos filhos receber sua herança onde "os justos herdarão a Terra e habitarão nela para sempre"; onde "morador nenhum dirá: enfermo estou", e "nunca mais se ouvirá nela voz de choro"! Salmos 37:29; Isaías 33:24; 65:19. -- Educação, 271. ------------------------Capítulo 11 -- A juventude portadora de responsabilidades OE 67 1 "Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a Palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o maligno." 1 João 2:14 (revista e atualizada). OE 67 2 Para que a obra possa avançar em todos os ramos, Deus pede vigor, zelo e coragem juvenis. Ele escolheu a mocidade para ajudar no progresso de Sua causa. Planejar com clareza de espírito e executar com mãos valorosas, exige energias novas e sãs. Os jovens, homens e mulheres, são convidados a consagrar a Deus a força de sua juventude, a fim de que, pelo exercício de suas faculdades, mediante vivacidade de pensamento e vigor de ação, possam glorificá-Lo, e levar salvação a seus semelhantes. OE 67 3 Em vista de sua alta vocação, os jovens dentre nós não devem buscar divertimento ou viver para a satisfação egoísta. A salvação de almas tem de ser o motivo que os estimule à ação. Na força que Deus proporciona, têm de elevar-se acima de todo hábito aviltante e que escraviza. Cumpre-lhes ponderar bem a vereda de seus pés, lembrando-se de que, segundo a direção que tomarem, outros seguirão. OE 67 4 Ninguém vive para si; todos exercem influência para o bem ou para o mal. Por isso o apóstolo exorta os moços a serem prudentes. Como podem ser diferentes, ao lembrarem que têm de ser coobreiros de Cristo, participantes de Sua abnegação e sacrifício, de Sua paciência e delicada benevolência? OE 67 5 Aos jovens de hoje, do mesmo modo que a Timóteo, são dirigidas as palavras: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade." "Foge também dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, a caridade, e a paz." "Sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza." 2 Timóteo 2:15, 22; 1 Timóteo 4:12. OE 68 1 Os portadores de responsabilidades entre nós estão sucumbindo pela morte. Muitos dos que se têm destacado em levar avante as reformas instituídas por nós como um povo, acham-se agora para além do meridiano da vida, e declinam em vigor físico e mental. Com o mais profundo interesse se pode fazer a pergunta: Quem preencherá o lugar deles? A quem se podem confiar os interesses vitais da igreja, quando os atuais porta-estandartes tombarem? Não podemos deixar de volver-nos ansiosamente para a juventude de hoje, como os que têm de assumir esses cargos e sobre quem têm de recair as responsabilidades. Esses devem tomar a obra onde os outros a deixarem, e sua conduta determinará se há de predominar a moralidade, a religião e a piedade vital, ou se a imoralidade e a infidelidade hão de corromper e crestar tudo que é valioso. OE 68 2 Aos mais velhos cumpre, por preceito e por exemplo, educar a mocidade, atender aos direitos que a sociedade e seu Criador sobre eles têm. Graves responsabilidades têm de ser postas sobre esses jovens. A questão é: Serão eles capazes de se governar a si mesmos, e avançar na pureza da varonilidade que Deus lhes deu, aborrecendo tudo que cheira a impiedade? OE 68 3 Nunca dantes esteve tanta coisa em jogo; nunca houve resultados tão importantes dependendo de uma geração como os que repousam sobre os que aparecem agora no cenário da ação. Nem por um momento deve a juventude pensar que pode ocupar de maneira aceitável qualquer posição de confiança, sem possuir bom caráter. Seria o mesmo que esperarem eles colher uvas dos abrolhos, ou figos dos espinheiros. OE 69 1 Um bom caráter tem de ser edificado tijolo a tijolo. Os característicos que hão de habilitar os jovens a trabalhar com êxito na causa de Deus, podem ser obtidos pelo diligente exercício de suas faculdades, aproveitando toda vantagem que a providência lhes proporciona, e pondo-se em contato com a Fonte de toda a sabedoria. Não se devem satisfazer com uma baixa norma. O caráter de José e Daniel são bons modelos a seguir, e na vida do Salvador têm eles um modelo perfeito. OE 69 2 A todos é dada a oportunidade de desenvolver o caráter. Todos podem ocupar o lugar que lhes é designado no grande plano de Deus O Senhor aceitou Samuel já desde a infância, porque seu coração era puro. Ele foi dado a Deus, oferta consagrada, e o Senhor fez dele um veículo de luz. Se a juventude de hoje se consagrar como o fez Samuel, o Senhor a aceitará e a empregará em Sua obra. E ser-lhes-á dado dizerem a respeito de sua vida, juntamente com o salmista: "Ensinaste-me, ó Deus, desde a minha mocidade; e até aqui tenho anunciado as Tuas maravilhas." Salmos 71:17. A necessidade de preparar obreiros OE 69 3 Em breve tem a mocidade de tomar as responsabilidades que estão agora sobre os obreiros mais velhos. Temos perdido tempo negligenciando proporcionar aos moços uma educação sólida e prática. A causa de Deus está continuamente progredindo, e devemos obedecer à ordem: Avançai! Necessitam-se homens e mulheres jovens que não sejam governados por circunstâncias, que andem com Deus, que orem muito e envidem fervorosos esforços para adquirir toda a luz que possam. OE 70 1 O obreiro de Deus deve desenvolver no mais alto grau as faculdades mentais e morais com que a natureza, o cultivo e a graça de Deus o dotaram; mas seu êxito será proporcional ao grau de consagração e abnegação com que o serviço for feito, de preferência aos dotes naturais ou adquiridos. Fervoroso e constante esforço para adquirir habilitações é coisa necessária; mas a menos que Deus coopere com a humanidade, nada de bom se pode realizar. A graça divina, eis o grande elemento do poder salvador; sem ela, todo o esforço humano é inútil. OE 70 2 Sempre que o Senhor tem uma obra para ser feita, Ele chama, não somente os oficiais dirigentes, mas todos os obreiros. Ele está atualmente pedindo jovens de ambos os sexos, que sejam fortes e ativos de mente e de corpo. Deseja que tragam para o conflito contra os principados e potestades e as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais, as forças frescas e sãs de seu cérebro e corpo. Mas eles precisam receber o necessário preparo. Estão-se esforçando por ter entrada na obra alguns jovens, que não têm para ela nenhuma aptidão. Não compreendem que precisam ser ensinados antes de poderem ensinar. Apontam para homens que, com pouco preparo, têm trabalhado com certo êxito. Mas, se esses foram bem-sucedidos, foi porque puseram na obra alma e coração. E quão mais eficientes haviam de ser seus labores, se tivessem recebido primeiramente o devido preparo! OE 70 3 A causa de Deus necessita de homens eficientes. A educação e o preparo são considerados essenciais para a vida de negócios; quanto mais essencial é o inteiro preparo para a obra de apresentar ao mundo a última mensagem de misericórdia. Esse não pode ser adquirido meramente por se sentar e ouvir pregações. Nossos jovens devem, em nossas escolas, ter responsabilidades para com o serviço de Deus. Devem ser inteiramente exercitados por mestres de experiência. Devem fazer o melhor emprego possível de seu tempo no estudo, e pôr em prática os conhecimentos adquiridos. Estudo e trabalho árduos são exigidos para tornar um ministro bem-sucedido, ou dar a um obreiro êxito em qualquer ramo da causa de Deus. Coisa alguma senão constante cultivo há de desenvolver o valor dos dotes que Deus outorgou para sábio aperfeiçoamento. OE 71 1 Grande dano é causado aos nossos jovens com o permitir-se-lhes que preguem quando não tem suficiente conhecimento das Escrituras para apresentarem nossa fé inteligentemente. Alguns que entram no campo são noviços nas Escrituras. Também a outros respeitos são incompetentes e ineficientes. Não podem ler a Bíblia sem hesitação, pronunciam mal as palavras, misturando-as de maneira que a Palavra de Deus é prejudicada. Os que não sabem ler corretamente devem aprender a fazê-lo, e tornar-se aptos para ensinar, antes de tentar pôr-se perante o público. OE 71 2 Os professores em nossas escolas são obrigados a aplicar-se acuradamente aos estudos, a fim de se prepararem para instruir a outros. Esses mestres não são aceitos antes de haverem passado por um exame rigoroso, e suas aptidões para ensinar sido provadas por juízes competentes. Não menos cautela se deve ter no exame de ministros; os que estão para entrar na sagrada obra de ensinar a verdade bíblica ao mundo, devem ser cuidadosamente examinados por homens fiéis e experientes. OE 72 1 O ensino em nossas escolas não deve ser como em outros colégios e seminários. Não deve ser de qualidade inferior; o conhecimento essencial para preparar um povo a fim de subsistir no grande dia de Deus, tem de tornar-se o tema todo-importante. Os estudantes devem habilitar-se para servir a Deus, não somente nesta vida, mas também na futura. O Senhor requer que nossas escolas habilitem estudantes para o reino a que se destinam. Assim estarão eles preparados para se unir à santa e feliz harmonia dos remidos. ... OE 72 2 Que os que foram exercitados para o serviço, tomem agora prontamente seu lugar na obra do Senhor. Necessitam-se homens que trabalhem de casa em casa. O Senhor requer que se façam decididos esforços nos lugares em que o povo nada sabe das verdades bíblicas. Cantar, orar e ler a Bíblia nas casas do povo, é coisa necessária. Nossos dias são exatamente o tempo em que se deve obedecer à comissão: "Ensinando-as a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado." Mateus 28:20. Os que fazem essa obra devem ser versados nas Escrituras. "Está escrito", deve ser sua arma de defesa. Deus nos tem dado luz sobre Sua Palavra, a fim de que a comuniquemos a nossos semelhantes. A verdade proferida por Cristo há de tocar corações. Um "Assim diz o Senhor" cairá nos ouvidos com poder, e ver-se-ão frutos onde quer que seja feito um serviço sincero. -- Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, 535-540. ------------------------Capítulo 12 -- Educação para a obra missionária OE 73 1 "Nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus." 1 Coríntios 3:9. OE 73 2 O trabalho do obreiro cristão não é coisa leve nem sem importância. Ele tem uma alta vocação, a qual tem de modelar e dar cor a toda a sua vida futura. Aquele que se dedica a uma obra tão sagrada, deve empenhar todas as energias em sua realização. Deve pôr alto o alvo; ele não conseguirá nunca uma norma superior à que se propuser atingir. Não pode difundir luz, a menos que a tenha primeiramente recebido ele próprio. Tem de ser aluno, antes de possuir conhecimentos e experiência bastantes para se tornar mestre, capaz de abrir as Escrituras aos que se acham em trevas. Se Deus tem chamado homens para serem cooperadores Seus, é também certo que os convidou para se prepararem o melhor possível para apresentar devidamente as sagradas e enobrecedoras verdades de Sua Palavra. OE 73 3 Aqueles que desejam dedicar-se à obra de Deus, devem receber para a mesma, educação e prática, a fim de que nela se possam empregar inteligentemente. Eles não devem julgar que possam subir imediatamente aos mais elevados degraus da escada; os que querem ter bom êxito precisam começar pelo primeiro degrau, subindo-os um a um. São-lhes assegurados privilégios e oportunidades de aperfeiçoamento, e eles devem fazer todo esforço ao seu alcance a fim de aprender a fazer a obra de Deus de maneira aceitável. OE 74 1 Onde quer que nossos pastores trabalhem, seja na Europa ou na América, devem procurar estimular a mocidade a preparar-se para fazer serviço ativo no grande campo de batalha de Deus. Todos os que professam ser servos de Cristo, têm uma obra a fazer para Ele. A própria palavra "servo" traz a idéia de salário, trabalho e responsabilidade. A todos confiou Deus faculdades para serem empregadas em Seu serviço. Ele deu a cada um sua obra, e requer que toda faculdade seja desenvolvida para Sua glória. O exercício de soldados OE 74 2 Exatamente em frente de nossa tipografia em Basiléia, na Suíça, há um grande parque de muitos hectares, reservados pelo governo para exercícios militares. Aí, dia a dia, em certas épocas do ano, vemos os soldados se exercitando. São treinados em todos os deveres do exército de modo que, em caso de guerra, se achem prontos para a chamada do governo para se empenharem em serviço efetivo. OE 74 3 Certo dia foi trazida para o campo uma bela tenda. Seguiu-se então o exercício em armá-la e desarmá-la. Foram dadas instruções quanto a fazê-lo na devida ordem, tendo cada homem sua tarefa específica. Por várias vezes foi a tenda erguida e desarmada. OE 74 4 Outro grupo trouxe para o campo vários pequenos canhões, e os oficiais deram lições quanto a removê-los prontamente de um lugar para outro, levar à parte a carreta do canhão, preparar este para o uso, e colocar novamente de modo rápido as rodas dianteiras, a fim de tê-lo pronto à ordem de mover-se num momento. OE 74 5 Trouxeram-se ambulâncias para o campo, e o corpo de saúde recebeu instruções quanto ao cuidado dos feridos. Deitaram-se homens sobre macas, e ligaram-lhes a cabeça e os membros como os dos soldados nos campos de batalha. Depois eram postos na ambulância e levados do campo. OE 75 1 Durante horas os soldados são exercitados em se desembaraçar de suas mochilas, e colocá-las de novo rapidamente em si. É-lhes ensinado a ensarilhar armas e tomá-las com rapidez. São exercitados em fazer um ataque contra o inimigo, e treinados em todas as espécies de manobras. OE 75 2 Assim continuam os exercícios preparatórios de homens para todas as emergências. E deveriam aqueles que lutam pelo Príncipe Emanuel ser menos zelosos e diligentes em se preparar para o combate espiritual? Os que se empenham nesta grande obra, devem tomar parte no treino necessário. Precisam aprender a obedecer, antes de estar aptos para mandar. Recursos para o preparo OE 75 3 Deve haver decidido aproveitamento quanto à obra preparatória especial. Em todas as nossas associações deve haver planos bem delineados quanto a instruir e exercitar os que desejam dedicar-se à obra de Deus. Nossas missões nas cidades [estas missões são centros de trabalho estabelecidos nas grandes cidades, em favor dos decaídos e indigentes] oferecem favoráveis oportunidades para que se eduquem quanto ao trabalho missionário; estas, porém, não bastam. Deve haver, em conexão com nossas escolas, os melhores recursos que se possam proporcionar para o preparo de obreiros, quer para os campos nacionais, quer estrangeiros. Deve haver também em nossas igrejas maiores, escolas missionárias especiais para jovens de ambos os sexos, a fim de os habilitar a se tornarem obreiros de Deus. E nossos pastores devem cuidar muito mais em auxiliar e educar jovens obreiros. OE 76 1 Quando se faz esforço para introduzir a verdade num lugar importante, nossos pastores devem dar atenção especial às instruções e preparo daqueles que vão cooperar com eles. Necessitam-se colportores e pessoas capazes de dar estudos bíblicos em casas de família, de maneira que, enquanto o pastor vai trabalhando no que respeita à palavra e à doutrina, estes também possam estar atraindo outros para a verdade. OE 76 2 Nossos pastores que têm ido para lugares importantes para realizar reuniões em tendas, têm cometido muitas vezes erro sério ao dedicar todo o tempo para pregar. Deveria haver menos sermões, e mais ensino -- ensinar o povo e os jovens a trabalhar com êxito. Os pastores devem tornar-se eficientes em ensinar outros a como estudar a Bíblia, e em exercitar a mente e as maneiras dos que se desejam tornar obreiros na causa de Deus. E devem estar prontos a aconselhar e instruir os novos na fé, que aparentemente possuam capacidade para o trabalho do Mestre. ... OE 76 3 Todos os que desejem ser obreiros eficientes devem dedicar muito tempo à oração. A comunicação entre Deus e a alma tem de manter-se livre, a fim de os obreiros poderem reconhecer a voz de seu Comandante. A Bíblia deve ser diligentemente estudada. A verdade de Deus, como ouro, não se acha sempre à superfície; pode ser obtida unicamente mediante atenta meditação e estudo. Este estudo, não somente enriquecerá o espírito com os mais valiosos conhecimentos, como fortalecerá e ampliará a capacidade mental, proporcionando real apreciação das coisas eternas. Sejam os divinos preceitos introduzidos na vida diária; seja a vida modelada segundo a grande norma de Deus quanto à justiça, e todo o caráter será fortalecido e enobrecido. OE 77 1 Quem está buscando habilitar-se para a sagrada obra de Deus, deve cuidar em não se colocar no terreno do inimigo, mas procurar de preferência a companhia dos que o auxiliarão a obter conhecimento divino. Deus permitiu que João, o discípulo amado, fosse exilado em Patmos, onde se achava separado do bulício e da luta do mundo, segregado de toda influência exterior, e até da obra que amava. Então o Senhor podia comungar com ele, apresentando-lhe as cenas finais da história terrestre. João Batista fez sua morada no deserto, para aí receber de Deus a mensagem que devia apresentar -- uma mensagem que iria preparar o caminho para Aquele que havia de vir. OE 77 2 Devemos, na medida do razoável, esquivar-nos a toda influência tendente a distrair-nos a mente da obra de Deus. E especialmente os que são novos na fé e experiência, devem estar atentos para que, confiantes em si mesmos, não se coloquem no caminho da tentação. OE 77 3 Os que lançam mão do serviço devidamente, experimentarão a necessidade de ter Jesus consigo a cada passo, e sentirão que o cultivo do espírito e das maneiras é um dever para consigo mesmos, e exigido por Deus -- dever que é essencial ao êxito da obra. Presunção OE 77 4 Alguns dos que pensam tornar-se obreiros missionários, julgam-se, talvez, tão adiantados, que não necessitam desse exercício particular; os que assim pensam, entretanto, são exatamente os que se acham em maior necessidade de um preparo completo. Quando souberem muito mais quanto à verdade e à importância da obra, reconhecerão sua ignorância e ineficiência. Ao examinarem intimamente o próprio coração, ver-se-ão em tal contraste com o puro caráter de Cristo, que hão de exclamar: "Para essas coisas quem é idôneo?" Então, em profunda humildade, lutarão diariamente para se pôr em íntima ligação com Cristo. Enquanto vencem as inclinações egoístas do coração natural, dirigem seus passos na vereda em que Cristo vai à frente. "A exposição das Tuas palavras dá luz; dá entendimento aos símplices." Salmos 119:130. Mas os que põem grande estima na própria habilidade e conhecimentos, acham-se tão cheios de importância, que não há oportunidade para que a Palavra de Deus neles penetre, instruindo-os e esclarecendo-os. OE 78 1 Muitos se julgam aptos para uma obra acerca da qual bem pouco conhecem; e se começam a trabalhar confiantes em si mesmos, deixam de receber o conhecimento que precisam obter na escola de Cristo. Estes se acham condenados a lutar com muitas dificuldades, para as quais estão inteiramente desprevenidos. Faltar-lhes-á sempre a experiência e a sabedoria até reconhecerem sua grande ineficiência. OE 78 2 Muito se tem perdido para a causa devido ao trabalho imperfeito de homens, dotados de aptidões, mas que não receberam o devido preparo. Empenharam-se numa obra de cujo manejo não entendiam, e em resultado, pouco chegaram a realizar. Não fizeram a décima parte do que poderiam ter produzido, houvessem eles recebido a necessária disciplina ao princípio. Apoderaram-se de algumas idéias, procuraram assenhorear-se de alguns discursos, e aí findou seu progresso. Sentiram-se aptos para ensinar, quando mal se haviam tornado senhores do a b c no conhecimento da verdade. Têm estado desde então a tropeçar, não correspondendo ao que devem a si mesmos, nem à obra. Não parecem ter bastante interesse para despertar as energias adormecidas, ou ativar as faculdades de modo a se tornarem obreiros eficientes. Não se deram a trabalhos para delinear planos completos e bem combinados, e sua obra apresenta deficiência por toda parte. OE 79 1 Alguns desistiram, possuídos de desânimo, dedicando-se a outra profissão. Houvessem eles colocado, paciente e humildemente, os pés nos primeiros degraus da escada, e depois, com perseverante energia, subindo degrau a degrau, desenvolvendo diligentemente os privilégios e oportunidades ao seu alcance, ter-se-iam tornado obreiros úteis, aprovados para o ministério, e de quem o Mestre Se não haveria de envergonhar. OE 79 2 Se os que se propõem a trabalhar pela salvação das almas, se estribam em sua própria, finita sabedoria, hão de certamente fracassar. Se alimentarem de si mesmos conceito humilde, confiando inteiramente nas promessas de Deus, Ele nunca lhes faltará. "Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-O em todos os teus caminhos, e Ele endireitará as tuas veredas." Provérbios 3:5, 6. Temos o privilégio de ser dirigidos por um sábio Conselheiro. OE 79 3 Deus pode tornar homens humildes, poderosos em Seu serviço. Aqueles que atendem obedientemente ao chamado do dever, desenvolvendo o mais possível suas aptidões, podem estar certos de receber divina assistência. Os anjos virão como mensageiros de luz para ajudar os que fazem o possível de sua parte, e depois confiam em que Deus coopere com seus esforços. OE 79 4 Todos os que têm decidido tornar-se obreiros de Deus, devem ter gravado no espírito o fato de que precisam dar provas de ser homens convertidos. Um jovem que não possua caráter são, virtuoso, não honrará a verdade. Todo obreiro deve ser limpo de coração; em sua boca não se deve achar engano. Deve ter em mente que, para ser bem-sucedido, tem de ter Cristo a seu lado, e que toda prática pecaminosa, embora oculta, se acha aberta aos olhos dAquele com quem temos de tratar. OE 80 1 O pecado manchou a imagem divina no homem. Por meio de Cristo ela pode ser restaurada, mas é apenas mediante sincera oração e a conquista do próprio eu que nos podemos tornar participantes da natureza divina. ... OE 80 2 Os verdadeiros obreiros na vinha do Senhor serão homens de oração, fé e abnegação -- homens que mantêm em sujeição os apetites e paixões naturais. Esses hão de dar em sua vida demonstrações do poder da verdade que apresentam aos outros; e seus labores não serão sem resultado. OE 80 3 O obreiro deve estar preparado para pôr em exercício as mais altas energias mentais e morais com as quais a Natureza, o cultivo e a graça de Deus o tenham dotado; mas seu êxito será proporcional ao grau de consagração e sacrifício no qual é feita a obra, e não aos dotes naturais ou adquiridos. São necessários os mais fervorosos e contínuos esforços por adquirir habilitações para a utilidade; mas a menos que Deus opere com os esforços humanos, coisa alguma se poderá realizar. Disse Cristo: "Sem Mim, nada podeis fazer." A graça divina é o grande elemento do poder salvador; sem ela todos os esforços humanos são de nenhum valor. -- Testemunhos Seletos 2:228. ------------------------Capítulo 13 -- Jovens como missionários OE 81 1 Os jovens que desejam entrar no campo como pastores ou colportores, devem primeiro obter razoável grau de preparo mental, bem como ser especialmente exercitados para sua carreira. Os que não foram educados, exercitados, polidos, não se acham preparados para entrar num campo onde as poderosas influências do talento e da educação combatem as verdades da Palavra de Deus. Tampouco podem enfrentar com êxito as estranhas formas de erros religiosos e filosóficos associados, cuja exposição requer conhecimento de verdades científicas, bem como escriturísticas. OE 81 2 Especialmente os que têm em vista o ministério, devem sentir a importância do método escriturístico do preparo ministerial. Devem entrar de coração na obra, e, enquanto estudam na escola, devem aprender do grande Mestre a mansidão e a humildade de Cristo. Um Deus que guarda o concerto prometeu que, em resposta à oração, derramará Seu Espírito sobre esses discípulos da escola de Cristo, a fim de que se tornem ministros da justiça. OE 81 3 Árduo é o trabalho por fazer-se para desalojar da mente o erro e a falsa doutrina, para que a verdade e a religião bíblicas possam achar lugar no coração. Foi como um meio ordenado por Deus para educar jovens de ambos os sexos para os vários ramos da obra missionária, que se estabeleceram colégios entre nós. Não é o desígnio de Deus que eles enviem apenas uns poucos, mas muitos obreiros. Satanás, porém, decidido a impedir esse desígnio, tem-se apoderado exatamente daqueles a quem o Senhor havia de habilitar para lugares de utilidade em Sua obra. Muitos há que haveriam de trabalhar, se incitados a entrar no serviço, e que salvariam a própria alma mediante esse trabalho. A igreja deve sentir sua grande responsabilidade quanto a encerrar a luz da verdade, e restringir a graça de Deus dentro de seu estreito âmbito, quando dinheiro e influência deveriam ser liberalmente empregados para enviar pessoas competentes às Missões. OE 82 1 Centenas de jovens deviam ter-se preparado para desempenhar um papel na obra de espalhar a semente da verdade junto a todas as águas. Queremos homens que impulsionem os triunfos da cruz; homens que perseverem sob o desânimo e as privações; que possuam o zelo e a fé indispensáveis no campo missionário. ... Línguas estrangeiras OE 82 2 Há entre nós pessoas que, sem a fadiga e demora da aprendizagem de outro idioma, se poderiam habilitar para proclamar a verdade a outras nações. Na igreja primitiva, os missionários eram miraculosamente dotados do conhecimento de outras línguas, nas quais eram chamados a pregar as insondáveis riquezas de Cristo. E se Deus estava pronto a ajudar assim Seus servos naquele tempo, podemos nós duvidar de que Sua bênção repousará sobre nossos esforços para habilitar os que possuem conhecimento natural de línguas estrangeiras, e, com o devido incentivo, haveriam de apresentar a seus próprios conterrâneos a mensagem da verdade? Poderíamos ter tido mais obreiros em campos missionários estrangeiros, houvessem os que penetraram nesses campos se aproveitado de todos os talentos ao seu alcance. ... OE 82 3 Em certos casos talvez seja necessário que jovens aprendam línguas estrangeiras. Isso podem eles fazer com maior sucesso mediante o convívio com o povo, e ao mesmo tempo, dedicando parte de cada dia ao estudo da língua. Isso se deveria fazer apenas como um necessário passo preparatório para educar os que se encontram nos campos missionários, e que, com o devido preparo, se podem tornar obreiros. É essencial que se estimulem ao serviço aqueles que se podem dirigir na língua materna ao povo de outras nações. OE 83 1 Grande empreendimento é para um homem de meia-idade aprender uma nova língua; e com todos os seus esforços, será quase impossível que a fale tão pronta e corretamente que se torne obreiro eficiente. Não podemos privar nossas missões nacionais da influência dos pastores de meia-idade ou idosos, para os enviar a campos distantes a fim de se empenharem numa obra para que não estão habilitados, e à qual nunca se adaptarão por mais que se esforcem. Os homens assim enviados deixam vagas que os obreiros inexperientes não podem preencher. Jovens necessários em lugares difíceis OE 83 2 A igreja talvez indague se a jovens podem ser confiadas as sérias responsabilidades envolvidas no estabelecimento e direção de uma missão estrangeira. Respondo: Deus designou que fossem preparados em nossos colégios e mediante a associação no trabalho com homens experientes, de maneira que estejam preparados para ocupar lugares de utilidade nesta causa. OE 83 3 Cumpre-nos mostrar confiança em nossos jovens. Devem eles ser pioneiros em todo empreendimento que exija fadiga e sacrifício, ao passo que os sobrecarregados servos de Cristo devem ser prezados como conselheiros, para animar e abençoar os que têm de desferir os mais pesados golpes em favor de Deus. A providência colocou esses pais cheios de experiência em posições probantes, de responsabilidade, quando mais moços, não tendo ainda suas faculdades físicas nem intelectuais atingido desenvolvimento completo. A magnitude do encargo que lhes era confiado despertou-lhes as energias, seu ativo labor na obra ajudou-lhes o desenvolvimento físico e mental. OE 84 1 Há necessidade de moços. Deus os chama para os campos missionários. Achando-se relativamente livres de cuidados e responsabilidades, estão em condições mais favoráveis para se empenharem na obra, do que os que têm de prover o sustento e educação de grande família. Demais, os moços se podem mais facilmente adaptar a sociedades e climas novos, sendo mais aptos a suportar incômodos e fadigas. Com tato e perseverança, podem pôr-se em contato com o povo. OE 84 2 As forças são produzidas pelo exercício. Todos os que se servem das aptidões que Deus lhes deu, terão crescentes habilidades para consagrar ao serviço dEle. Os que nada fazem, na causa de Deus, deixarão de crescer em graça e no conhecimento da verdade. O homem que se deitasse, recusando servir-se dos membros, perderia em breve a faculdade de utilizá-los. Assim o cristão que não exercita as aptidões concedidas por Deus, não somente deixa de crescer em Cristo, mas perde as forças que já possuía; torna-se um paralítico espiritual. OE 84 3 Quem com amor a Deus e ao próximo, se esforça por ajudar outros, é que se torna firme, forte, estável na verdade. O verdadeiro cristão trabalha para Deus, não por impulso, mas por princípio; não um dia ou um mês, mas toda a vida. ... OE 84 4 O Mestre pede obreiros evangélicos. Quem responderá? Nem todos os que entram para o exército chegam a ser generais, capitães, sargentos ou mesmo cabos. Nem todos têm o cuidado e a responsabilidade de dirigentes. Há duros trabalhos de outras espécies para serem feitos. Uns devem cavar trincheiras e construir fortificações; outros, ocupar o lugar de sentinelas, e outros, ainda, levar mensagens. Conquanto haja poucos oficiais, são necessários muitos soldados para formar as linhas e fileiras do exército; todavia o êxito depende da fidelidade de cada soldado. A covardia ou a traição de um só homem pode produzir a derrota do exército inteiro. ... OE 85 1 Aquele que designou "a cada um a sua obra" (Marcos 13:34), segundo suas aptidões, jamais deixará ficar sem recompensa o fiel cumprimento de um dever. Cada ato de lealdade e de fé será coroado de testemunhos especiais do favor e aprovação de Deus. A todo obreiro é feita a promessa: "Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará sem dúvida com alegria, trazendo consigo seus molhos." Salmos 126:6. -- Testimonies for the Church 5:390-395. OE 85 2 Muitos jovens de hoje, que crescem como Daniel em seu lar judaico, estudando a palavra e as obras de Deus, e aprendendo as lições do serviço fiel, ainda se levantarão nas assembléias legislativas, nas cortes de justiça, ou nos paços reais, como testemunhas do Rei dos reis. Multidões serão chamadas para um serviço mais amplo. O mundo inteiro está-se abrindo para o evangelho. A Etiópia está estendendo as mãos para Deus. Do Japão, China e Índia, das terras ainda obscuras de nosso próprio continente, de toda parte de nosso mundo, vem o clamor de corações feridos em seu anelo de conhecimento do Deus de amor. -- Educação, 262. ------------------------Capítulo 14 -- Os obreiros e a educação da voz OE 86 1 Em todo o nosso trabalho ministerial, dever-se-ia dar mais atenção ao cultivo da voz. Podemos ter conhecimentos, mas a menos que saibamos servir-nos corretamente da voz, nossa obra será um fracasso. Se não soubermos revestir nossas idéias com a linguagem apropriada, de que nos aproveitará a educação? O saber de pouco proveito nos será, a menos que cultivemos o talento da palavra; ele será, entretanto, maravilhoso poder, quando unido à capacidade de proferir palavras sábias e edificantes, e proferi-las de maneira a cativar a atenção. OE 86 2 Os estudantes que desejam tornar-se obreiros na causa de Deus, devem ser exercitados em falar clara e incisivamente, do contrário serão prejudicados em metade da influência que poderiam exercer para bem. A habilidade de falar com simplicidade e clareza, em acentos sonoros, é inapreciável em qualquer ramo da obra. Essa qualidade é indispensável nos que desejam tornar-se pastores, evangelistas, obreiros bíblicos, ou colportores. Os que pretendem ingressar em qualquer desses ramos de trabalho, devem aprender a usar a voz de maneira tal que, ao falarem ao povo acerca da verdade, se produza uma decidida impressão para bem. A verdade não deve sofrer detrimento por ser enunciada de maneira imperfeita. OE 86 3 O colportor capaz de falar clara e distintamente sobre o livro que deseja vender, verá ser isso de grande utilidade em sua obra. Poderá ter oportunidade de ler um capítulo do livro e, mediante a melodia de sua voz e a ênfase que sabe dar às palavras, será capaz de fazer a cena descrita surgir perante a imaginação do ouvinte tão distintamente como se ele em realidade a visse. OE 87 1 Aquele que dá estudos bíblicos na congregação ou a famílias, deve ser capaz de ler com voz branda e harmoniosa cadência, de modo a se tornar aprazível aos ouvintes. OE 87 2 Os ministros do evangelho devem saber falar com vigor e expressão, tornando as palavras da vida eterna tão expressivas e impressivas, que os ouvintes não possam deixar de lhes sentir a força. Sinto-me penalizada ao ouvir a imperfeita enunciação de muitos de nossos pastores. Tais pastores roubam a Deus a glória que poderia receber se eles se houvessem exercitado em falar a palavra com poder. Corrigir os defeitos OE 87 3 Homem algum deverá julgar-se habilitado a entrar para o ministério, enquanto não houver, mediante perseverantes esforços, corrigido todos os defeitos de sua enunciação. Se ele tentar falar ao povo sem conhecer a maneira de usar o talento da palavra, metade de sua influência ficará perdida, pois pequena será sua capacidade de prender a atenção de um auditório. OE 87 4 Seja qual for sua vocação, cada pessoa deve aprender a servir-se da palavra, de maneira que, havendo qualquer coisa que não esteja bem, ela não venha a falar em tom que desperte os piores sentimentos do coração. Demasiadas vezes o que fala e o que ouve falam áspera e bruscamente. Palavras incisivas, autoritárias, proferidas em tom duro e cortante, têm separado amigos e resultado em perda de almas. ... OE 87 5 Nas reuniões sociais, faz-se mister uma enunciação clara e distinta, a fim de que todos possam ouvir os testemunhos dados e tirem deles benefícios. Quando, nas reuniões sociais, o povo de Deus relata suas experiências, são removidas dificuldades e proporcionado auxílio. Mas muitas vezes os testemunhos são expressos mal e indistintamente, e é impossível compreender perfeitamente o que foi dito. E assim se perde muitas vezes a bênção. OE 88 1 Os que oram e falam pronunciem bem as palavras e falem com clareza, em tons distintos. Quando feita no devido modo, a oração é uma força para o bem. É uma das maneiras empregadas pelo Senhor para comunicar ao povo os preciosos tesouros da verdade. Ela não se torna, porém, o que devia, por causa da imperfeição com que é proferida. Satanás regozija-se quando as orações feitas a Deus são quase inaudíveis. OE 88 2 Que o povo de Deus aprenda a falar e a orar de maneira a representar devidamente as grandes verdades que possuem. Os testemunhos dados e as orações feitas sejam claros e distintos. Assim Deus será glorificado. Que cada um faça o máximo possível com o talento da palavra. OE 88 3 Deus pede um ministério mais elevado e perfeito. Ele é desonrado pela imperfeita enunciação da pessoa que, mediante laborioso esforço, poder-se-ia tornar um aceitável porta-voz Seu. A verdade é muitas vezes prejudicada pelo veículo que a transmite. OE 88 4 O Senhor roga a todos quantos se acham ligados com o Seu serviço, que dêem atenção ao cultivo da voz, a fim de poderem enunciar de maneira aceitável as grandes e solenes verdades que lhes tem confiado. Que ninguém prejudique a verdade devido a uma locução imperfeita. Não pensem os que têm negligenciado o cultivo do talento da palavra, que se acham qualificados para pastores; pois falta-lhes obter a faculdade de comunicar as idéias. Enunciação distinta OE 88 5 Quando falardes, fazei com que cada palavra seja pronunciada em cheio, com clareza, cada sentença distinta, de princípio a fim. Muitos há que, ao se aproximarem do fim da sentença, abaixam o tom da voz, falando tão indistintamente, que a força do pensamento fica anulada. As palavras que valem de algum modo a pena ser proferidas, merecem ser ditas em voz clara e distinta, com acento e expressão. Nunca, no entanto, procureis palavras que dêem a impressão de serdes eruditos. Quanto maior for vossa simplicidade, mais bem compreendidas serão vossas palavras. OE 89 1 Jovens, de ambos os sexos: Pôs Deus em vosso coração o desejo de servi-Lo? Então, por todos os meios, cultivai a voz o máximo que vos seja possível, de maneira que possais tornar clara a verdade para os outros. Não formeis o hábito de orar tão indistintamente e em voz tão baixa, que se faça mister um intérprete para vossas orações. Orai com simplicidade, mas clara e distintamente. Deixar a voz baixar tanto que não possa ser ouvida, não é indício de humildade. OE 89 2 Eu desejaria dizer aos que pretendem entrar no serviço de Deus como pastores: "Esforçai-vos resolutamente por adquirir locução perfeita. Pedi a Deus que vos ajude a conseguir esse elevado objetivo. Quando fizerdes oração na igreja, lembrai-vos de que vos estais dirigindo a Deus, e Ele deseja faleis de maneira que todos quantos se acharem presentes possam ouvir e juntar às vossas as suas súplicas. Uma prece proferida tão apressadamente que as palavras são confundidas, não honra a Deus, nem beneficia os ouvintes. Que os pastores e todos os que fazem oração pública aprendam a fazê-lo de maneira que Deus seja glorificado, e os ouvintes abençoados. Falem devagar e com clareza, e em tom alto bastante para serem ouvidos por todos, de modo que o povo se possa unir ao dizer o Amém. -- Testimonies for the Church 6:380-383. OE 90 1 Alguns de nossos mais talentosos pastores estão causando grande dano a si mesmos por sua maneira defeituosa de falar. Ao passo que ensinam ao povo seu dever de obedecer à lei moral de Deus, não devem ser achados a violar as leis do Senhor com respeito à saúde e à vida. Os pastores devem manter-se eretos, falar devagar, com firmeza e distintamente, inspirando profundamente o ar a cada sentença, e emitindo as palavras com o auxílio dos músculos abdominais. Se observarem esta regra simples, atendendo às leis da saúde em outros sentidos, poderão conservar a vida e a utilidade por muito mais tempo que o podem fazer os homens em qualquer outra profissão. O peito tornar-se-á mais amplo, e... o orador raramente fica rouco, mesmo falando continuamente. Em vez de ficarem enfraquecidos, os ministros podem, mediante cuidado, vencer qualquer tendência para o definhamento. OE 90 2 A menos que os pastores se eduquem, de maneira a falarem em harmonia com a lei física, hão de sacrificar a vida, e muitos lamentarão a perda "desses mártires da causa da verdade"; quando o caso é que, condescendendo com hábitos errôneos, eles se prejudicaram a si próprios e à verdade que representavam, e roubaram a Deus e ao mundo do serviço que poderiam haver prestado. Seria do agrado de Deus que vivessem, mas eles se suicidaram pouco a pouco. OE 90 3 A maneira em que a verdade é apresentada tem freqüentemente muito que ver com o ser ela aceita ou rejeitada. Todos os que trabalham na grande causa da reforma devem estudar a fim de se tornarem obreiros eficientes, para que possam realizar a maior soma possível de bem, e não subtrair da força da verdade por suas deficiências. OE 91 1 Os pastores e mestres devem disciplinar-se para uma pronúncia clara e distinta, fazendo soar perfeitamente cada palavra. Os que falam rapidamente da garganta, misturando as palavras entre si, e elevando a voz a um diapasão fora do natural, dentro em pouco enrouquecem, e as palavras proferidas perdem metade da força que teriam se proferidas devagar, com clareza, e não tão alto. A simpatia dos ouvintes se desperta em favor do orador; pois sentem que ele se está violentando, e receia que a qualquer momento fique impossibilitado de prosseguir. Não é nenhuma demonstração de que um homem possui zelo de Deus o subir ele a um frenesi de excitação e gestos. "O exercício corporal", diz o apóstolo, "para pouco aproveita." 1 Timóteo 4:8. OE 91 2 O Salvador do mundo quer que Seus colaboradores O representem; e quanto mais de perto um homem andar com Deus, tanto mais impecável será sua maneira de dirigir a outros, sua conduta, atitude e gestos. Maneiras vulgares, sem polidez, nunca se viram em nosso modelo, Jesus Cristo. Ele era um representante do Céu, e Seus seguidores devem ser como Ele. OE 91 3 Alguns raciocinam que o Senhor há de habilitar a pessoa, mediante Seu Santo Espírito, para falar segundo a Sua vontade; Ele, porém, não Se propõe fazer a obra que deu aos homens. Deu-nos capacidade de raciocínio, e oportunidades para educar o espírito e as maneiras. E depois de havermos feito tudo que nos seja possível em nosso próprio benefício, empregando da melhor maneira as vantagens que se acham ao nosso alcance, então podemos volver-nos para Deus em fervorosa oração, para que faça por meio de Seu Espírito aquilo que nós mesmos não podemos conseguir. -- Testimonies for the Church 4:404, 405. ------------------------Capítulo 15 -- "Estuda para te mostrares... aprovado" OE 92 1 A causa de Deus necessita de homens eficientes; homens preparados para fazerem o serviço de mestres e pregadores. Homens de pouco preparo escolar têm trabalhado com certa medida de êxito; teriam conseguido, porém, maior sucesso ainda e sido obreiros mais eficientes, se houvessem recebido já desde o princípio disciplina mental. OE 92 2 A Timóteo, ministro jovem, escreveu o apóstolo Paulo: "Estuda para te mostrares a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade." 2 Timóteo 2:15. A obra de ganhar almas para Cristo, exige cuidadoso preparo. Não se deve entrar para o serviço do Senhor, sem a necessária instrução, e esperar o maior êxito. Os mecânicos, os advogados, os comerciantes, os homens de todas as atividades e profissões, são educados para o ramo de atividade que esperam seguir. É seu propósito tornarem-se o mais eficientes possível. Dirigi-vos à modista ou costureira, e ela vos dirá quanto tempo lidou até se tornar senhora de seu ofício. O arquiteto vos dirá quanto tempo levou para compreender a maneira de planejar uma construção elegante e cômoda. E o mesmo se dá com todas as carreiras a que os homens se dediquem. OE 92 3 Deveriam os servos de Cristo mostrar menos diligência em preparar-se para uma obra infinitamente mais importante? Deveriam ser ignorantes dos meios e modos a se empregarem para ganhar almas? Requer conhecimento da natureza humana, acurado estudo, meditação, e fervorosa oração saber como aproximar-se de homens e mulheres para tratar dos grandes temas que dizem respeito a seu bem-estar eterno. OE 93 1 Não poucos dentre os que têm sido chamados para cooperar com o Mestre, têm deixado de aprender seu mister. Têm desonrado o Redentor entrando na Sua obra sem o necessário preparo. Alguns há que, enfadados com o falso verniz a que o mundo chama refinamento, têm passado ao extremo oposto, tão nocivo quanto o primeiro. Recusam-se a receber o polimento e refinamento que Cristo deseja Seus filhos possuam. O ministro deve lembrar que é educador, e se nas maneiras e linguagem se mostra vulgar e sem polidez, os que possuem menos conhecimentos e experiência seguirão a mesma trilha. Conhecimento superficial OE 93 2 Um jovem ministro nunca deve ficar satisfeito com um conhecimento superficial da verdade, pois não sabe onde se lhe exigirá que testemunhe em favor de Deus. Muitos terão de comparecer perante reis e doutos da Terra, a fim de responderem por sua fé. Aqueles que possuem compreensão apenas superficial da verdade, não têm sido obreiros que não têm do que envergonhar-se. Ficarão confundidos, e não serão capazes de explicar claramente as Escrituras. OE 93 3 Fato lamentável é que o progresso da causa seja prejudicado pela falta de obreiros instruídos. Muitos carecem de requisitos morais e intelectuais. Eles não exercitam a mente, não cavam em busca dos tesouros ocultos. Visto que apenas tocam a superfície, adquirem unicamente o conhecimento que à superfície se encontra. OE 93 4 Pensam os homens que hão de ser capazes de, sob a pressão das circunstâncias galgar a posições importantes, quando têm negligenciado o preparar-se e disciplinar-se para a obra? Imaginarão que podem ser instrumentos polidos nas mãos de Deus para a salvação das almas, se não têm aproveitado as oportunidades que lhes foram oferecidas a fim de se habilitar para a obra? A causa de Deus pede homens completos, capazes de compreender, planejar, construir e organizar. E os que apreciam as probabilidades e possibilidades da obra para este tempo, buscarão, mediante estudo acurado, obter todo o conhecimento que lhes seja possível da Palavra, para ajudar as almas necessitadas, enfermas de pecado. OE 94 1 Um ministro nunca deve julgar que já aprendeu bastante, podendo agora afrouxar os esforços. Sua educação deve continuar por toda a vida, cada dia ele deve estar aprendendo, e pondo em prática os conhecimentos adquiridos. OE 94 2 Que os que se estão preparando para o ministério não esqueçam nunca que o preparo do coração é, de todo, o mais importante. Soma alguma de cultura intelectual ou preparo teológico o pode substituir. Os brilhantes raios do Sol da Justiça têm de brilhar no coração do obreiro, purificando-lhe a vida, antes de a luz vinda do trono de Deus poder, por intermédio deles, brilhar para os que se acham em trevas. OE 94 3 Durante a noite passaram perante mim muitas cenas, e tornaram-se claros muitos pontos relativos à obra que temos a fazer para nosso Mestre, o Senhor Jesus cristo. Alguém, cheio de autoridade, proferiu as palavras, e procurarei repetir em palavras finitas as instruções dadas relativamente à obra a ser feita. Disse o Mensageiro celestial: OE 94 4 O ministério está-se enfraquecendo devido a estarem assumindo a responsabilidade de pregar homens que não receberam o necessário preparo para essa obra. Muitos têm cometido um erro em receber credenciais. Eles terão de empreender uma obra para a qual se achem mais aptos do que a pregação da palavra. Estão sendo pagos do dízimo, mas seus esforços são fracos, e não devem continuar a ser pagos desse fundo. Em muitas maneiras o ministério está perdendo seu caráter sagrado. OE 95 1 Os que são chamados ao ministério da palavra devem ser obreiros leais, abnegados. Deus pede homens que compreendam que devem desenvolver esforço fervoroso, homens que ponham em seu trabalho reflexão, zelo, prudência, capacidade, e os atributos do caráter de Cristo. A salvação de almas é obra vasta, e requer o emprego de todo talento, todo dom da graça. Aqueles que nela se empenham devem constantemente crescer em eficiência. Devem possuir desejo fervoroso de robustecer suas faculdades, sabendo que elas se enfraquecerão sem uma provisão sempre crescente de graça. Cumpre-lhes buscar atingir em sua obra maiores e sempre maiores resultados. Quando nossos obreiros assim fizerem, ver-se-ão os frutos. Ganhar-se-ão muitas almas para a verdade. OE 95 2 Mais elevado do que o sumo pensamento humano pode atingir, é o ideal de Deus para com Seus filhos. A santidade, ou seja, a semelhança com Deus, é o alvo a ser atingido. À frente do estudante existe aberta a senda de um contínuo progresso. Ele tem um objetivo a realizar, uma norma a alcançar, os quais incluem tudo que é bom, puro e nobre. Ele progredirá tão depressa, e tanto, quanto for possível em cada ramo de verdadeiro conhecimento. -- Educação, 18. ------------------------Capítulo 16 -- A colportagem como educação para o ministério OE 96 1 Um dos melhores modos de um jovem poder se habilitar para o ministério, é entrar para o campo da colportagem. Que ele entre em vilas e cidades, colportando com os livros que encerram a mensagem para este tempo. Nesta obra encontrarão oportunidade de falar as palavras da vida, e as sementes da verdade que semeiam hão de brotar para produzir frutos. Pondo-se em contato com o povo e apresentando-lhe nossas publicações, hão de adquirir uma experiência que não poderiam alcançar pregando. OE 96 2 Quando jovens entram para o campo da colportagem cheios de intenso desejo de salvar seus semelhantes, segar-se-á para o Senhor uma messe, em resultado de seus esforços. Que saiam, pois, como missionários para proclamar a verdade presente, orando constantemente por progressiva luz, e pela guia do Espírito, a fim de que saibam dirigir a seu tempo palavras aos cansados. Que aproveitem toda oportunidade para praticar atos de bondade, lembrando-se de que estão em missão do Senhor. OE 96 3 Todos quantos desejam uma oportunidade para o verdadeiro ministério, e entregam-se sem reservas a Deus, encontrarão na obra da colportagem ocasião de falar sobre muitas coisas pertinentes à vida futura e imortal. A experiência assim adquirida será do maior valor para os que se estão habilitando para o ministério. OE 96 4 A companhia do Espírito Santo de Deus é que prepara obreiros, tanto homens como mulheres, para se tornarem pastores do rebanho de Deus. À medida que animarem o pensamento de que Cristo é seu companheiro, sentirão por entre todas as suas probantes experiências um santo respeito, uma sagrada alegria. Aprenderão a orar enquanto trabalham. Serão exercitados na paciência, na bondade, afabilidade e espírito de serviço. Exercitarão a verdadeira cortesia cristã, tendo presente que Cristo, seu companheiro, não pode aprovar palavras e sentimentos ásperos, desagradáveis. Suas palavras serão purificadas. A faculdade de falar será considerada um talento precioso, a eles emprestado para a realização de uma obra elevada e santa. OE 97 1 O agente humano aprenderá a representar o divino Companheiro com quem se acha ligado. A esse invisível e santo Ser, mostrará respeito e reverência, pois está levando sobre si o Seu jugo, e aprendendo Seus caminhos puros e santos. Os que tiverem fé nesse divino Auxiliador, se hão de desenvolver. Serão dotados de poder para revestir de sagrada beleza a mensagem da verdade. -- Testemunhos Seletos 2:541. OE 97 2 Prossegui, jovens, em conhecer ao Senhor, e sabereis que "como a alva será a Sua saída". Oséias 6:3. Procurai desenvolver-vos continuamente. Esforçai-vos fervorosamente por manter estreitas relações com o Redentor. Vivei em Cristo pela fé. Fazei a obra que Ele fazia. Vivei para salvação das almas por quem Ele deu Sua vida. Buscai ajudar por todos os meios aqueles com quem chegardes em contato. ... Conversai com vosso Irmão mais velho, o qual completará vossa educação, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali. Uma íntima ligação com Aquele que Se ofereceu a Si mesmo em sacrifício para salvar um mundo a perecer, tornar-vos-á obreiros aceitáveis. -- Testimonies for the Church 6:416. ------------------------Capítulo 17 -- O estudo da Bíblia é necessário à eficiência OE 98 1 Os jovens que desejam dedicar-se ao ministério, ou que já o fizeram, devem familiarizar-se com todos os pontos da história profética, e todas as lições dadas por Cristo. A mente ganha em vigor, amplitude e penetração pelo emprego ativo. Tem de trabalhar, ou enfraquecerá. É preciso exercitá-la em pensar, pensar habitualmente, ou perderá em grande medida a capacidade de fazê-lo. Que o ministro jovem lute com os difíceis problemas que se encontram na Palavra de Deus, e seu intelecto todo despertará. À medida que estuda diligentemente as grandes verdades que se acham nas Escrituras, será habilitado a pregar sermões que encerrem uma mensagem direta, definida, que ajudará os ouvintes a escolherem o caminho certo. OE 98 2 O ministro que se arrisca a ensinar a verdade possuindo apenas leves noções da Palavra de Deus, ofende o Espírito Santo. Mas aquele que principia com pequeno conhecimento, e diz o que sabe, buscando ao mesmo tempo mais conhecimentos, tornar-se-á apto para uma obra maior. Quanto mais luz adquirir para sua própria alma, maior iluminação celeste será capaz de comunicar aos outros. OE 98 3 Não há necessidade de fraqueza no ministério. A mensagem da verdade que apresentamos é todo-poderosa. Mas muitos ministros não aplicam o cérebro à tarefa de estudar as coisas profundas de Deus. Se esses quiserem poder em seu serviço, obtendo experiência que os habilite a ajudar a outros, precisarão vencer seus hábitos indolentes no tocante a pensar. Ponham os ministros o coração inteiro na tarefa de pesquisar as Escrituras, e advir-lhes-á novo poder. Um elemento divino une-se ao esforço humano quando a alma se alça em busca de Deus; e o coração compassivo pode dizer: "Ó minha alma, espera somente em Deus, porque dEle vem a minha esperança." Salmos 62:5. OE 99 1 Os ministros que quiserem ser obreiros eficientes quanto à salvação das almas, têm de ser estudantes da Bíblia, e homens de oração. É pecado negligenciar o estudo da Palavra, ao mesmo tempo que se tenta ensiná-la a outros. Os que sentem o valor das almas, compreendem que há demasiado em jogo, para que ousem ser negligentes em buscar progredir no conhecimento divino, e refugiam-se na fortaleza da verdade, onde podem obter sabedoria, conhecimentos, e forças para fazer as obras de Deus. Não descansarão sem uma unção do alto. OE 99 2 Quando o obreiro faz da Palavra de Deus um companheiro constante, adquire crescente habilidade para o serviço. Avançando continuamente no conhecimento, torna-se cada vez mais apto para representar a Cristo. É fortalecido na fé, e pode apresentar aos incrédulos uma prova da plenitude da graça e do amor que há em Cristo. Sua mente é um tesouro, de onde pode tirar para suprir as necessidades de outros. Pela operação do Espírito Santo, a verdade é-lhe gravada na mente, e aqueles a quem a comunica, e pelos quais tem de dar contas um dia, são grandemente abençoados. Aquele que dessa maneira obtém o preparo para o ministério, faz jus à recompensa prometida aos que encaminham a muitos para a justiça. OE 99 3 A leitura de obras sobre a nossa fé, dos argumentos da pena de outros, é um excelente e importante auxílio; mas isso não proporcionará à mente o maior vigor. A Bíblia é o melhor livro do mundo para comunicar cultura intelectual. Seu estudo ativa a mente, robustece a memória e aguça o intelecto mais do que o estudo de quantas matérias abrange a filosofia humana. Os grandes temas que ela apresenta, a digna simplicidade com que esses temas são tratados, a luz derramada sobre os grandes problemas da vida, comunicam força e vigor ao entendimento. OE 100 1 No grande conflito que se acha perante nós, quem quiser manter-se fiel a Cristo, tem de se aprofundar para além das opiniões e doutrinas dos homens. Minha mensagem aos ministros, jovens e velhos, é esta: Mantende ciosamente vossas horas de oração, de estudo da Bíblia, de exame de vós mesmos. Separai uma parte de cada dia para o estudo das Escrituras e a comunhão com Deus. Assim obtereis força espiritual, e crescereis no favor de Deus. Ele somente vos pode dar nobres aspirações; Ele, unicamente, é capaz de modelar o caráter segundo a semelhança divina. Aproximai-vos dEle em fervorosa oração, e Ele vos encherá o coração de elevados e santos propósitos, e de profundos e sinceros desejos de pureza e serenidade de pensamento. OE 100 2 O verdadeiro conhecimento da Bíblia só se pode obter pelo auxílio daquele Espírito pelo qual a Palavra foi dada. E a fim de obter esse conhecimento, devemos viver por ele. A tudo que a Palavra de Deus ordena, devemos obedecer. Tudo que promete, podemos reclamar. A vida que recomenda, é a que pelo seu poder, podemos viver. Unicamente quando a Bíblia é tida em tal consideração, poderá ela ser estudada eficientemente. -- Educação, 188. ------------------------Capítulo 18 -- Ministros jovens trabalhando com ministros mais idosos OE 101 1 A fim de adquirir o preparo para o ministério, os jovens devem estar ligados aos ministros mais idosos. Os que obtiveram experiência no serviço ativo, devem levar consigo para as searas, obreiros jovens e inexperientes, ensinando-os a trabalhar com êxito para a conversão de almas. Bondosa e afetuosamente esses obreiros mais velhos devem ajudar os mais novos a prepararem-se para a obra à qual o Senhor os pode chamar. E os moços que se estão preparando devem respeitar os conselhos de seus instrutores, honrando-lhes a devoção, e lembrando que seus anos de labor lhes têm dado sabedoria. OE 101 2 Sábios são os conselhos dados por Pedro aos oficiais de igreja e Associações, nas seguintes palavras: "Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória. Semelhantemente vós, mancebos, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros, e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes." 1 Pedro 5:2-5. OE 101 3 Que os obreiros mais idosos sejam educadores, mantendo-se a si mesmos sob a disciplina de Deus. Que os jovens sintam ser um privilégio estudar sob a direção de obreiros mais velhos, e tomem toda a responsabilidade compatível com sua mocidade e experiência. Assim educava Elias a mocidade de Israel nas escolas dos profetas; e os moços hoje em dia devem ter idêntico preparo. Não é possível indicar em todos os particulares a parte que a juventude deve desempenhar; mas cumpre que seja fielmente instruída pelos obreiros mais velhos, e ensinada a olhar sempre para Aquele que é o autor e consumador de nossa fé. OE 102 1 O apóstolo Paulo viu a importância de exercitar obreiros mais moços. Depois de fazer uma viagem missionária, ele e Barnabé tornaram a passar pelos mesmos lugares, e visitaram as igrejas que haviam organizado, escolhendo homens que podiam unir com eles próprios, a fim de os preparar para a obra de proclamar o evangelho. OE 102 2 Paulo tornou parte de sua obra o educar moços para o ministério evangélico. Levava-os consigo em suas viagens missionárias, e assim adquiriram uma experiência que os habilitou mais tarde a ocupar posições de responsabilidade. Deles separado, conservou-se em contato com sua obra, e suas cartas a Timóteo e a Tito são uma demonstração de quão profundo era seu desejo de que fossem bem-sucedidos. "O que... ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros." 2 Timóteo 2:2. OE 102 3 Esse aspecto da obra de Paulo ensina aos ministros de hoje importante lição. Os obreiros experientes fazem nobre serviço quando, em lugar de procurar levar sozinhos toda a responsabilidade, preparam os mais moços, colocando-lhes encargos sobre os ombros. É desejo de Deus que os que têm conseguido experiência em Sua causa, exercitem os jovens para Seu serviço. OE 102 4 O obreiro mais moço não se deve imbuir tanto das idéias e opiniões daquele sob cuja direção for colocado, que perca sua individualidade. Não deve imergir sua identidade na daquele que o está instruindo, de maneira que não se atreva a usar o próprio discernimento, mas faça o que for mandado, a despeito de seu próprio critério do que é direito ou errado. É seu privilégio aprender por si mesmo com o grande Mestre. Se a pessoa com quem estiver trabalhando seguir um caminho que não se achar em harmonia com um "Assim diz o Senhor", não busque ele qualquer grupinho, mas dirija-se aos superiores em posição, e exponha o caso, exprimindo-lhes francamente suas idéias. Por esse modo o discípulo se pode tornar uma bênção para o que o instrui. Ele se deve desempenhar fielmente de seu dever. Deus não o terá por inocente se tiver conivência com um procedimento incorreto, exerça embora o que assim procede uma grande influência, ou sejam grandes suas responsabilidades. OE 103 1 Os moços serão solicitados a unirem-se a antigos porta-estandartes para que sejam fortalecidos e ensinados por esses fiéis, que já atravessaram tantos conflitos, e aos quais mediante o testemunho de Seu Espírito, Deus tem tantas vezes falado, indicando o caminho certo, e condenando o errado. Quando surgem perigos que provam a fé do povo de Deus, esses pioneiros devem contar outra vez as experiências do passado, quando, exatamente em crises como essas, a verdade foi posta em dúvida, e sentimentos estranhos, não provindos de Deus, foram introduzidos. Hoje Satanás está procurando oportunidades de derribar os marcos da verdade -- os monumentos que foram erguidos ao longo do caminho; e necessitamos da experiência dos velhos obreiros que edificaram sua casa sobre a sólida rocha, os quais, por infâmia e por boa fama se mantiveram leais à verdade. ------------------------Capítulo 19 -- O ministro jovem OE 104 1 Os moços devem entrar no ministério como coobreiros de Jesus, partilhando de Sua vida de abnegação e sacrifício, publicando as palavras do Mestre: "E por eles Me santifico a Mim mesmo, para que também eles sejam santificados." João 17:19. Se se entregarem a Deus, Ele Se servirá deles para auxiliar a executar Seu plano para a salvação de almas. Que o jovem que entrou no ministério encare de frente seu chamado, e decida consagrar à obra tempo, forças e influência, bem ciente das condições sob que serve o Redentor. OE 104 2 Os porta-estandartes estão sucumbindo, e os jovens devem preparar-se para tomar os lugares vagos, para que a mensagem possa ser ainda proclamada. A luta ativa tem de ser estendida. Aos que possuem mocidade e forças cumpre ir aos lugares entenebrecidos da Terra, a chamar ao arrependimento almas moribundas. Devem, porém, primeiramente, limpar de toda a impureza o templo da alma, e entronizar a Cristo no coração. "Tem cuidado" OE 104 3 Dirigem-se a todo jovem que entrar para o ministério as palavras de Paulo a Timóteo: "Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina." 1 Timóteo 4:16. O "ti mesmo" vem em primeiro lugar. Dai-vos primeiramente ao Senhor para a purificação e santificação. Um exemplo piedoso falará mais em favor da verdade do que a maior eloqüência, desacompanhada de uma vida bem ordenada. Espevitai a lâmpada da alma, e enchei-a do óleo do Espírito. Buscai em Cristo aquela graça, aquela clareza de entendimento que vos habilitarão a fazer uma obra bem-sucedida. Aprendei dEle o que significa trabalhar por aqueles por quem Ele deu a vida. OE 105 1 "Tem cuidado" primeiro de ti mesmo, e depois da doutrina. Não permitais que vosso coração seja endurecido pelo pecado. Examinai rigorosamente vossas maneiras e hábitos. Comparai-os com a Palavra de Deus, e depois tirai de vossa vida todo hábito ou condescendência reprováveis. Ajoelhai-vos diante de Deus, e insisti com Ele para que vos dê compreensão da Sua palavra. Estai certos de conhecer os verdadeiros princípios da verdade; e depois, ao enfrentardes oponentes, não o fareis em vossas próprias forças. Um anjo de Deus se achará a vosso lado, para vos ajudar a responder a qualquer pergunta que vos seja dirigida. Cumpre-vos ficar dia a dia, por assim dizer, encerrados com Jesus; e então vossas palavras e exemplos exercerão influência poderosa para o bem. Não há desculpa para a ignorância OE 105 2 Alguns dos que entram para o ministério não sentem a responsabilidade da obra. Têm falsa idéia dos requisitos de um ministro. Pensam que se requer pouco acurado estudo das ciências ou da Palavra de Deus, para obter habilitações para o ministério. Alguns que estão ensinando a verdade presente são tão deficientes no conhecimento da Bíblia, que lhes é difícil citar corretamente um texto de memória. Confundindo-se assim, desastradamente, como fazem, estão pecando contra Deus. Torcem as Escrituras, e fazem a Bíblia dizer coisas que nela não se acham escritas. OE 105 3 Alguns pensam que a instrução e o conhecimento perfeito das Escrituras sejam de pouca monta, uma vez que o homem possua o Espírito. Mas Deus nunca manda Seu Espírito para sancionar a ignorância. Ele Se pode compadecer dos que se acham impossibilitados de instruir-se, e abençoá-los, e assim faz; condescende por vezes em aperfeiçoar o Seu poder na fraqueza deles. Mas é o dever dessas pessoas estudarem Sua Palavra. Falta de conhecimentos científicos não é escusa para negligenciar-se o estudo da Bíblia; pois as palavras da inspiração são tão claras que o iletrado as pode compreender. Retribuição de hospitalidade OE 106 1 Os ministros jovens devem-se tornar úteis onde quer que estejam. Quando em visita ao povo em seus lares, não devem ficar ociosos, sem fazer nenhum esforço para ajudar aqueles de cuja hospitalidade estão participando. As obrigações são mútuas; se o ministro participa da hospitalidade de seus amigos, é seu dever corresponder à sua bondade mediante cuidado e consideração em sua conduta para com eles. O hospedeiro pode ser homem cheio de cuidados e trabalho árduo. Mostrando a disposição de não cuidar somente de si, mas de prestar auxílio oportuno aos outros, o ministro pode encontrar muitas vezes acesso ao coração, e abrir caminho para a aceitação da verdade. OE 106 2 O amor da comodidade e, posso dizer, a preguiça física, incapacita um homem para o ministério. Os que se estão preparando para entrar no ministério, devem exercitar-se em fazer árduo serviço físico; serão então mais capazes de apurar o pensamento. OE 106 3 Que o jovem estabeleça bem definidas demarcações, pelas quais seja regido em emergências. Quando sobrevém uma crise que exige bem desenvolvidas forças físicas, e mente clara, vigorosa e prática; quando há trabalho difícil para ser feito, onde se deve empregar toda a energia; quando surgem perplexidades que só podem ser enfrentadas com sabedoria do alto -- então, os moços que hajam aprendido a vencer as dificuldades por meio de perseverante labor, podem responder ao chamado por obreiros. A necessidade de firmeza OE 107 1 Há, na carta de Paulo a Timóteo, muitas lições a serem aprendidas. O velho apóstolo insistia com o obreiro moço quanto à necessidade de firmeza na fé. "Por esse motivo te lembro", escreveu ele, "que despertes o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas mãos. Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação. Portanto não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro Seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus." OE 107 2 Paulo rogava a Timóteo que se lembrasse de que fora chamado "com uma santa vocação" para proclamar o poder dAquele que trouxera "à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho; para o que", declarou, "fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios. Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia". 2 Timóteo 1:6-12. OE 107 3 Onde quer que estivesse -- fosse diante dos sisudos fariseus, ou das autoridades romanas; fosse diante da furiosa plebe de Listra ou dos condenados pecadores do calabouço da Macedônia; fosse arrazoando com os marinheiros tomados de pânico, do navio prestes a naufragar, ou estando sozinho diante de Nero, para pleitear por sua vida -- ele nunca se envergonhou da causa que defendia. O grande propósito de sua vida cristã fora servir Aquele cujo nome outrora o enchera de desprezo, e desse propósito nenhuma oposição ou perseguição fora capaz de afastá-lo. Sua fé, fortalecida pelo esforço e purificada pelo sacrifício, o sustinha e fortalecia. OE 108 1 "Tu, pois, meu filho", continua Paulo, "fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros. Sofre pois, comigo, as aflições como bom soldado de Jesus Cristo." 2 Timóteo 2:1-3. OE 108 2 O verdadeiro ministro de Deus não se esquiva a trabalhos ou responsabilidades. Da Fonte que nunca decepciona aos que sinceramente buscam o poder divino, tira ele fortaleza que o capacita a enfrentar e vencer a tentação, e a executar as tarefas que Deus sobre ele coloca. A natureza da graça que recebe, amplia sua capacidade para conhecer a Deus e a Seu Filho. Sua alma se expande num desejo anelante de fazer para o Mestre trabalho aceitável. E enquanto avança na vereda cristã, torna-se forte "na graça que há em Cristo Jesus". Esta graça dá-lhe o poder de ser fiel testemunha das coisas que ouviu. Ele não despreza ou negligencia o conhecimento que recebeu de Deus, mas transmite esse conhecimento a homens fiéis, os quais por sua vez ensinam a outros. OE 108 3 Nesta sua última carta a Timóteo, Paulo expôs perante o obreiro mais jovem um alto ideal, apontando os deveres que sobre ele impendiam como ministro de Cristo. "Procura", escreve o apóstolo, "apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade." "Foge também dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, a caridade, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor. E rejeita as questões loucas, e sem instrução, sabendo que produzem contendas. E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade." 2 Timóteo 2:15, 22-25. -- Atos dos Apóstolos, 499-502. ------------------------Capítulo 20 -- Consagração OE 111 1 Para que um homem seja ministro de êxito, é essencial alguma coisa mais que o mero conhecimento adquirido em livros. O que labuta por almas, necessita de consagração, integridade, inteligência, operosidade, energia e tato. Possuindo esses requisitos, homem algum pode ser inferior; ao contrário, possuirá dominadora influência para o bem. OE 111 2 Cristo sujeitava Seus desejos e vontades a uma estrita obediência à Sua missão -- a missão que trazia o distintivo celeste. Tudo Ele fazia em subordinação à obra por cujo cumprimento viera a este mundo. Quando, em Sua mocidade, Sua mãe O achou na escola dos rabinos, e Lhe disse: "Filho, por que fizeste assim para conosco? Eis que Teu pai e eu ansiosos Te procurávamos", respondeu -- e Sua resposta é a nota predominante da obra de Sua vida -- "Por que é que Me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de Meu Pai?" Lucas 2:48, 49. OE 111 3 A mesma devoção, consagração igual e igual submissão às exigências da Palavra de Deus que se manifestavam em Cristo, devem ver-se em Seus servos. Ele deixou Seu lar de segurança e paz, deixou a glória que tinha com o Pai antes que o mundo existisse, deixou Sua posição sobre o trono do Universo, e foi, como homem tentado e sofredor, em solidão, semear em lágrimas, regar com Seu sangue a semente da vida para um mundo perdido. OE 112 1 Assim devem Seus servos sair a semear. Quando chamado para tornar-se semeador da semente da verdade, foi dito a Abraão: "Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que Eu te mostrarei." Gênesis 12:1. "E saiu sem saber para onde ia" (Hebreus 11:8), como portador da luz de Deus, para conservar vivo o Seu nome na Terra. Abandonou seu país, lar, parentes, e todas as aprazíveis relações de sua vida terrestre, para tornar-se peregrino e estrangeiro. OE 112 2 Assim ao apóstolo Paulo, orando no templo em Jerusalém, veio a mensagem: "Vai porque hei de enviar-te aos gentios de longe." Atos dos Apóstolos 22:21. Da mesma maneira, os que são chamados a se unirem com Cristo, devem deixar tudo a fim de O seguirem. Velhas relações devem ser desfeitas, planos de vida postos à margem, renunciadas as esperanças terrestres. Em fadigas e lágrimas, em solidão e sacrifícios, deve a semente ser lançada. OE 112 3 Aqueles que consagram a Deus corpo, alma e espírito, receberão contínua provisão de forças físicas, mentais e espirituais. Os inexauríveis depósitos celestes acham-se a sua disposição. Cristo lhes concede o fôlego de Seu próprio Espírito, a vida de Sua própria vida. O Espírito Santo desenvolve a máxima energia para operar no espírito e no coração. A graça de Deus dilata e multiplica-lhes as faculdades, e toda perfeição da natureza divina lhes vem em auxílio na obra de salvar almas. Mediante a cooperação com Cristo, tornam-se perfeitos nEle, e, em sua fraqueza humana, são habilitados a praticar as obras da onipotência. OE 113 1 O Redentor não aceitará um serviço dividido. O obreiro de Deus precisa aprender diariamente o que significa a entrega de si mesmo. Tem que estudar a Palavra de Deus, apreendendo-lhe o sentido e obedecendo aos seus preceitos. Assim pode ele atingir à norma da excelência cristã. Dia a dia Deus com ele colabora, aperfeiçoando o caráter que deve subsistir no tempo da prova final. E dia a dia o crente está operando perante os homens e os anjos uma sublime experiência, mostrando o que pode o evangelho fazer pelos decaídos seres humanos. OE 113 2 Quando Cristo chamou os discípulos para O seguirem, não lhes ofereceu nenhumas lisonjeiras perspectivas nesta vida. Não lhes prometeu lucros, ou honras terrestres, nem eles estipularam de qualquer modo o que deveriam receber. Achando-se Mateus assentado na alfândega, o Salvador lhe disse: "Segue-Me. E ele, levantando-se, O seguiu." Mateus 9:9. Mateus não esperou, antes de prestar qualquer serviço, para ajustar determinado salário, equivalente à importância que recebia em seu emprego anterior. Sem discutir, sem hesitar, seguiu a Jesus. Bastava-lhe o estar com o Salvador, o poder ouvir-Lhe as palavras e unir-se a Ele em Sua obra. OE 113 3 O mesmo se dera com os discípulos anteriormente chamados. Quando Jesus pediu a Pedro e a seus companheiros que O seguissem, eles deixaram imediatamente o bote e as redes. Alguns desses discípulos tinham amigos que dependiam deles quanto à subsistência; mas, ao receberem o convite do Salvador, não hesitaram, perguntando: De que vou viver e sustentar minha família? Atenderam ao chamado; e quando, posteriormente, Jesus lhes perguntou: "Quando vos mandei sem bolsa, alforje, ou alparcas, faltou-vos porventura alguma coisa?" puderam responder: "Nada." Lucas 22:35. OE 114 1 Hoje em dia o Salvador nos chama para Sua obra, como o fez a Mateus, João e Pedro. Se nosso coração é tocado por Seu amor, a questão da recompensa não nos ocupará no espírito o primeiro lugar. Regozijar-nos-emos em ser cooperadores de Cristo, e não temeremos confiar em Seu cuidado. Se fazemos de Deus a nossa força, teremos clara compreensão do dever, aspirações altruístas; nossa vida será influenciada por um nobre desígnio, que nos colocará acima de motivos sórdidos. OE 114 2 Muitos de quem o Senhor Se poderia servir, não darão ouvidos nem obedecerão à Sua voz acima de todas as outras. Parentes e amigos, velhos hábitos e ligações têm sobre eles tão poderosa influência, que Deus não lhes pode comunicar senão poucas instruções, poucos conhecimentos de Seus desígnios. O Senhor faria por Seus servos muito mais, se eles Lhe fossem inteiramente consagrados, colocando Seu serviço acima dos laços de parentesco, e todas as outras relações terrenas. A necessidade de mais profunda consagração OE 114 3 O tempo requer maior eficiência e mais profunda consagração. Eu clamo a Deus: Desperta e envia mensageiros cheios do sentimento de sua responsabilidade, homens em cujo coração a idolatria do próprio eu, que jaz no fundo de todo pecado, tenha sido crucificada; que estejam dispostos a consagrar-se sem reservas ao serviço de Deus; cuja alma se ache desperta quanto à santidade da obra e à responsabilidade de sua vocação; que estejam resolvidos a não trazer a Deus um sacrifício imperfeito, que não lhes custe esforço nem oração. OE 115 1 O Duque de Wellington achava-se presente uma vez a uma reunião em que um grupo de cristãos discutiam a possibilidade de êxito do esforço missionário entre os pagãos. Apelaram para o duque, dissesse ele se julgava que tais esforços seriam capazes de ter um sucesso correspondente ao que custavam. O velho soldado respondeu: OE 115 2 -- Cavalheiros, quais são vossas ordens de marcha? O êxito não é o que deveis discutir. Se leio corretamente vossas ordens, elas rezam assim: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura." Cavalheiros, obedecei a vossas ordens de marcha. OE 115 3 Meus irmãos, o Senhor está para vir, e precisamos pôr toda energia na realização da obra que se acha diante de nós. Apelo para vós, a fim de que vos dediqueis inteiramente à obra. Cristo deu Seu tempo, alma e forças ao trabalho para benefício e bênção da humanidade. Dias inteiros consagrava-os ao labor, e noites inteiras passava-as em oração, a fim de Se fortalecer para enfrentar o inimigo, e ajudar os que a Ele iam em busca de alívio. Como seguimos o curso de uma corrente de águas vivas, pela linha verdejante que produz, assim se pode ver a Cristo nos atos de misericórdia que Lhe assinalaram a trilha, passo a passo. Onde quer que Ele fosse, a saúde ali surgia, e seguia-se a felicidade por onde havia passado. Com tanta simplicidade apresentava as palavras da vida, que uma criança as podia compreender. Os moços apanhavam-Lhe o espírito de serviço, e buscavam imitar Suas agradáveis maneiras, auxiliando os que disso precisavam. O cego e o surdo se regozijavam em Sua presença. Suas palavras aos ignorantes e pecadores abriam-lhes uma fonte de vida. Abundante e continuamente dispensava suas bênçãos; eram as entesouradas riquezas da eternidade, concedidas em Cristo, o dom do Pai ao homem. OE 116 1 Os obreiros de Deus devem sentir tanto que não se pertencem a si mesmos, como se o próprio sinal e selo de identificação estivessem colocados sobre suas pessoas. Têm de ser espargidos com o sangue do sacrifício de Cristo, e com espírito de inteira consagração devem resolver que, pela graça de Cristo, serão um sacrifício vivo. Mas quão poucos dentre nós consideram a salvação de pecadores segundo ela é vista pelo universo celeste -- como um plano ideado desde a eternidade na mente de Deus! Quão poucos dentre nós têm o coração ligado com o Redentor nesta solene, encerradora obra! Mal existe uma décima parte da compaixão que deve haver pelas almas por salvar. Tantos há a serem advertidos, e todavia quão poucos há que se compadeçam juntamente com Deus o suficiente para ser alguma coisa ou nada ser, contanto que vejam almas salvas para Cristo! OE 116 2 Quando Elias estava prestes a deixar Eliseu, disse-lhe: "Pede-me o que queres que te faça, antes que seja tomado de ti. E disse Eliseu: Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim." 2 Reis 2:9. Eliseu não pediu honras terrestre, um lugar entre os grandes homens da Terra. O que suplicou foi uma grande porção do espírito dado àquele a quem o Senhor estava a ponto de honrar com a trasladação. Sentia que nenhuma outra coisa o poderia habilitar para a obra que lhe seria exigida. OE 116 3 Ministros do evangelho, se essa pergunta vos houvesse sido dirigida, que haveríeis de responder? Qual é o maior desejo de vosso coração, ao vos empenhardes no serviço de Deus? ------------------------Capítulo 21 -- Tato OE 117 1 Grande tato e sabedoria são necessários no trabalho de ganhar almas. O Salvador nunca suprimiu a verdade, mas disse-a sempre com amor. Em Suas relações com outros, exercia o máximo tato, e era sempre bondoso e cheio de cuidado. Nunca foi rude, nunca proferiu desnecessariamente uma palavra severa, não ocasionou jamais uma dor desnecessária a uma alma sensível. Não censurava a fraqueza humana. Denunciava destemidamente a hipocrisia, a incredulidade, e a iniqüidade, mas havia lágrimas em Sua voz ao proferir Suas esmagadoras repreensões. Nunca tornava a verdade cruel, porém manifestava profunda ternura pela humanidade. OE 117 2 Toda alma era preciosa aos Seus olhos. Conduzia-Se com divina dignidade; inclinava-Se, todavia, com a mais terna compaixão e respeito para todo membro da família de Deus. Via em todos, almas a quem tinha a missão de salvar. A discrição de Paulo OE 117 3 O ministro não deve julgar que toda a verdade tem que ser apresentada aos incrédulos em toda e qualquer ocasião. Ele deve estudar com cuidado quando convém falar, o que dizer, e o que deixar de mencionar. Isso não é usar de engano; é trabalhar como Paulo fazia. "Porque, sendo livre para com todos", escreveu ele aos coríntios, "fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais. E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivera debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivera sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns." 1 Coríntios 9:19-22. OE 118 1 Paulo não se aproximava dos judeus de maneira a despertar-lhes os preconceitos. Não lhes dizia, a princípio, que deviam crer em Jesus de Nazaré; mas insistia nas profecias que falavam de Cristo, Sua missão e obra. Levava seus ouvintes passo a passo, mostrando-lhes a importância de honrar a lei de Deus. Dava a devida honra à lei cerimonial, mostrando que fora Cristo que instituíra a ordem judaica e o serviço sacrifical. Levava-os, então, até ao primeiro advento do Redentor, e mostrava que, na vida e morte de Cristo, se havia cumprido tudo como estava especificado nesse serviço sacrifical. OE 118 2 Dos gentios, Paulo se aproximava exaltando a Cristo, e apresentando os obrigatórios reclamos da lei. Mostrava como a luz refletida pela cruz do Calvário dava significação e glória a toda a ordem judaica. OE 118 3 Assim variava o apóstolo sua maneira de trabalhar, adaptando sua mensagem às circunstâncias em que se achava. Depois de paciente labor, tinha grande medida de êxito; entretanto, muitos havia que não se convenciam. Alguns há, hoje, que não se convencerão seja qual for o método de apresentar a verdade; e o obreiro de Deus deve estudar cuidadosamente métodos melhores, a fim de não despertar preconceitos nem combatividade. Eis onde alguns têm fracassado. Seguindo suas inclinações naturais, têm fechado portas pelas quais, com outra maneira de agir, poderiam ter encontrado acesso a corações e, por intermédio desses, a outros ainda. OE 119 1 Os obreiros de Deus devem ser homens de múltiplas facetas; isto é, devem possuir largueza de caráter. Não devem ser homens apegados a uma só idéia, estereotipados em sua maneira de agir, incapazes de ver que sua defesa da verdade deve variar segundo a espécie de pessoas entre as quais trabalham, e as circunstâncias que se lhes deparam. OE 119 2 Delicada é a obra que se apresenta ao ministro quando o enfrentam o afastamento, a inimizade encarniçada e a oposição. Ele necessita, mais que os outros, daquela sabedoria que é "primeiramente, pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia". Tiago 3:17. Como o orvalho e os chuveiros silenciosos caem suavemente sobre as ressequidas plantas, assim devem cair-lhe as palavras brandamente ao proclamar a verdade. Cumpre-lhe ganhar almas, não repeli-las. Deve estudar a fim de ser hábil, onde não há regras para fazer face à situação. OE 119 3 Muitas almas têm sido desviadas para urna direção errada, e assim perdidas para a causa de Deus, devido à falta de habilidade e sabedoria da parte do obreiro. O tato e o critério centuplicam a utilidade do obreiro. Se profere as palavras convenientes no tempo oportuno, e manifesta o devido espírito, isso terá no coração daquele que ele está procurando ajudar, uma influência capaz de o comover. Em campos novos OE 119 4 Ao trabalhardes em campo novo, não penseis ser vosso dever declarar imediatamente ao povo: Somos adventistas do sétimo dia; cremos que o dia de repouso é o sábado; acreditamos que a alma não é imortal. Isso haveria de levantar enorme barreira entre vós e aqueles a quem desejais alcançar. Falai-lhes, em se vos oferecendo oportunidade, de pontos de doutrina sobre as quais estais em harmonia. Insisti sobre a necessidade da piedade prática. Tornai-lhes patente que sois cristãos, desejando paz, e que amais sua alma. Vejam eles que sois conscienciosos. Assim lhes granjeareis a confiança; e haverá tempo suficiente para as doutrinas. Seja o coração conquistado, o solo preparado, e depois semeai a semente, apresentando em amor a verdade como é em Cristo. OE 120 1 Deus ajudará indubitavelmente os que O buscam em procura de sabedoria. Não devemos esperar até que nos venham as oportunidades; nós as devemos buscar, e estar sempre prontos para dar a razão da esperança que há em nós. Se o obreiro mantém o coração alçado em oração, Deus o ajudará a dizer a palavra oportuna a seu tempo. OE 120 2 Ao buscarmos corrigir ou reformar outros, devemos cuidar de nossas palavras. Elas serão um cheiro de vida para vida, ou de morte para morte. Ao repreender ou aconselhar, muitos se permitem linguagem áspera, severa, palavras não adaptadas a curar a alma ferida. Por essas mal-avisadas expressões o espírito se irrita, sendo muitas vezes a pessoa em erro incitada à rebelião. OE 120 3 Todos quantos desejam advogar os princípios da verdade, necessitam receber o celeste óleo do amor. Sob todas as circunstâncias a reprovação deve ser feita com amor. Então, nossas palavras hão de corrigir, não exasperar. Cristo, por meio de Seu Santo Espírito, suprirá a força e o poder. Esta é Sua obra. ------------------------Capítulo 22 -- A graça da cortesia OE 121 1 Os que trabalham para Cristo devem ser retos e fidedignos, firmes como uma rocha aos princípios, e ao mesmo tempo, bondosos e corteses. A cortesia é uma das graças do Espírito. Lidar com o espírito humano é a maior obra já confiada ao homem; e quem deseja encontrar acesso aos corações precisa ouvir a recomendação: "Sede... misericordiosos e afáveis." 1 Pedro 3:8. O amor fará aquilo que o argumento deixar de realizar. Mas a petulância de um momento, uma só resposta áspera, uma falta de polidez cristã em qualquer pequenina questão, pode dar em resultado a perda de amigos, bem como de influência. OE 121 2 O que Cristo era na Terra, o obreiro cristão se deve esforçar por ser. Ele é nosso exemplo, não somente em Sua imaculada pureza, como na paciência, amenidade e disposição cativante. Sua vida é uma ilustração da verdadeira cortesia. Tinha sempre um olhar bondoso e uma palavra de conforto para o necessitado e o oprimido. Sua presença levava aos lares uma atmosfera mais pura. Sua vida era qual fermento operando entre os elementos da sociedade. Puro e incontaminado, andava entre os inconsiderados, os rudes, os descorteses; entre injustos publicanos, ímpios samaritanos, soldados pagãos, rústicos camponeses e a multidão mista. Proferia aqui e ali uma palavra de simpatia. Ao ver homens fatigados e compelidos a carregar pesados fardos, compartilhava dos mesmos, e repetia-lhes a lição que aprendera da Natureza, do amor e da bondade de Deus. Procurava inspirar a esperança aos mais rudes e menos prometedores, dando-lhes a certeza de que podiam atingir caráter que lhes manifestaria a filiação divina. OE 122 1 A religião de Cristo abranda quanto há de duro e rude num temperamento, e suaviza tudo que é áspero e escabroso nas maneiras. Torna as palavras brandas, e atraente a conduta. Aprendamos de Cristo a maneira de harmonizar o alto sentimento de pureza e integridade com a disposição feliz. O cristão bondoso, cortês, é o mais poderoso argumento que se pode apresentar em favor do cristianismo. OE 122 2 As palavras bondosas são como o orvalho e brandos chuveiros para a alma. Diz a Escritura a respeito de Cristo, que nos Seus lábios se derramou a graça, para que soubesse "dizer a seu tempo uma boa palavra ao que está cansado". Isaías 50:4. E o Senhor nos pede: "A vossa palavra seja sempre agradável", "para que dê graça aos que a ouvem". Colossences 4:6; Efésios 4:29. OE 122 3 Alguns daqueles com quem entrais em contato, podem ser rudes e descorteses; mas nem por isso, mostreis de vossa parte menos cortesia. Aquele que deseja manter o respeito próprio, deve ter cautela de não ferir desnecessariamente o dos outros. Essa regra deve ser sagradamente observada para com o mais néscio, o mais imprudente. O que Deus pretende fazer com essas pessoas aparentemente não prometedoras, vós não sabeis. Ele já tem aceito pessoas que não davam mais esperanças nem eram mais atrativas, para fazer uma grande obra para Ele. Seu Espírito, movendo-Se sobre o coração, tem despertado cada faculdade para uma ação vigorosa. O Senhor viu nessas pedras brutas, sem polimento, um material precioso, que haveria de suportar a prova da tempestade, do calor e da pressão. Deus não vê como os homens. Não julga pelas aparências, mas esquadrinha o coração, e julga com justiça. OE 123 1 O Senhor requer que reconheçamos os direitos de todos os homens. Os direitos sociais dos homens, e seus direitos como cristãos, devem ser tomados em consideração. Todos têm de ser tratados fina e delicadamente, como filhos e filhas de Deus. OE 123 2 O cristianismo tornará o homem cavalheiro. Cristo era cortês, mesmo com Seus perseguidores; e Seus verdadeiros seguidores manifestarão o mesmo espírito. Vede Paulo, quando levado perante governadores. Seu discurso perante Agripa é uma ilustração da verdadeira cortesia, bem como de persuasiva eloqüência. O evangelho não estimula a polidez formal que circula no mundo, mas a cortesia que parte de real bondade do coração. OE 123 3 A mais cuidadosa atenção às exteriores conveniências da vida, não basta para evitar toda a irritabilidade, severidade de juízo e linguagem imprópria. A verdadeira fineza não se revelará nunca enquanto o próprio eu for considerado o objeto supremo. Importa que o amor habite no coração. Um perfeito cristão encontra seus motivos de ação no profundo e sincero amor ao seu Mestre. Das raízes de sua afeição a Cristo, brota o abnegado interesse por seus irmãos. O amor comunica a seu possuidor, graça, critério e modéstia na conduta. Ilumina o semblante e rege a voz; afina e eleva o ser inteiro. ------------------------Capítulo 23 -- A conduta conveniente OE 124 1 Àqueles que lidam com as coisas sagradas, dirige-se a solene recomendação: "Purificai-vos, os que levais os vasos do Senhor." Isaías 52:11. De todos os homens, devem ser os mais circunspectos em palavras e ações, os que têm sido honrados pelo Senhor, aqueles a quem tem sido confiado um serviço especial para realizarem. Devem ser homens de devoção, que, mediante obras de justiça e palavras puras, verdadeiras, possam erguer o semelhante a um nível mais elevado; homens que não sejam abalados por qualquer passageira tentação; homens firmes e fervorosos em seus desígnios, cujo mais alto objetivo é ganhar almas para Cristo. OE 124 2 As tentações especiais de Satanás são dirigidas contra o ministério. Ele sabe que os ministros são apenas entes humanos, não possuindo em si mesmos graça nem santidade; que os tesouros do evangelho foram colocados em vasos de barro, os quais só o poder divino pode tornar vasos para honra. Sabe que Deus tem ordenado que os ministros sejam um meio poderoso para a salvação de almas, e que eles só poderão ser bem-sucedidos em sua obra à medida que permitem que o Pai eterno lhes domine a vida. Procura, portanto, com toda a sua habilidade, induzi-los a pecar, sabendo que seu cargo torna o pecado neles mais excessivamente maligno; pois, pecando, tornam-se eles próprios ministros do mal. OE 124 3 Aqueles que Deus chamou ao ministério devem dar provas de ser aptos para ministrar no púlpito sagrado. O Senhor ordenou: "Sede vós... santos em toda a vossa maneira de viver." 1 Pedro 1:15. "Sê o exemplo dos fiéis", escreve Paulo. "Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem." 1 Timóteo 4:12, 16. "Já está próximo o fim de todas as coisas; portanto sede sóbrios e vigiai em oração." 1 Pedro 4:7. OE 125 1 A questão da pureza e da discrição na conduta é uma das que deve merecer nossa atenção. Devemo-nos guardar dos pecados desta época degenerada. Não desçam os embaixadores de Cristo a frívolas conversações, a familiaridades com mulheres, sejam elas casadas ou solteiras. Mantenham-se no lugar que lhes convém, com a devida dignidade; entretanto, podem ser ao mesmo tempo sociáveis, bondosos e corteses para com todos. Devem estar acima de tudo que tenha ares de vulgaridade e familiaridade. Isso é terreno proibido, no qual não é seguro pisar. Toda palavra, toda ação, deve tender a elevar, refinar, enobrecer. Há pecado na inconsideração relativamente a essas coisas. OE 125 2 Paulo insistia com Timóteo para que meditasse sobre tudo que é puro e excelente, a fim de que seu proveito fosse manifesto a todos. O mesmo conselho é grandemente necessitado pelos homens deste século. Insisto com nossos obreiros quanto à necessidade da pureza em todo pensamento e ato. Temos uma responsabilidade individual para com Deus, uma obra pessoal, que nenhum outro pode fazer por nós. É lutar por tornar o mundo melhor. Conquanto devamos cultivar a sociabilidade, não o façamos meramente por diversão, mas com mais elevado desígnio. OE 125 3 Acaso não se passa em torno de nós o bastante para nos demonstrar a necessidade dessa precaução? Vêem-se por toda parte naufrágios humanos, altares de família derribados, lares arruinados. Há estranho abandono dos princípios, a norma da moral se encontra rebaixada, e a Terra está-se tornando rapidamente uma Sodoma. Crescem velozmente as práticas que trouxeram o juízo de Deus sobre o mundo antediluviano e que fez com que Sodoma fosse destruída pelo fogo. Estamo-nos aproximando do fim, quando a Terra será purificada pelo fogo. OE 126 1 Que aqueles em cujas mãos Deus colocou a luz da verdade se apartem de toda iniqüidade. Andem nos caminhos da retidão, dominando toda paixão e hábito que de qualquer modo possam vir a arruinar a obra de Deus, ou lançar uma mancha sobre sua santidade. É a obra do ministro resistir às tentações que se acham em seu caminho, erguer-se acima das corrupções que arrastam a mente a baixo nível. Mediante vigilância e oração, ele pode guardar por tal forma seus pontos mais fracos, que eles se tornarão os mais fortes. Mediante a graça de Cristo, os homens podem adquirir estrutura moral, força de vontade, e estabilidade de desígnio. Há poder nessa graça para os habilitar a sobrepor-se às sedutoras e empolgantes tentações de Satanás, e a tornarem-se cristãos leais e devotados. Os ministros devem dar exemplo digno OE 126 2 Os ministros devem dar aos jovens exemplo digno, que corresponda à sua santa vocação. Devem ajudá-los a ser francos, e todavia modestos e dignos em todas as suas relações. Eles estão semeando dia a dia uma semente que dará fruto. Devem afastar toda vulgaridade, toda frivolidade, lembrando-se sempre de que são educadores; quer queiram ou não, suas palavras e atos são para aqueles com quem estiverem em contato, um cheiro de vida ou de morte. OE 126 3 É de disciplina de espírito, pureza de coração e mente que se necessita. A pureza moral depende de pensar e agir corretamente. Os maus pensamentos destroem a alma, ao passo que o devido império dos pensamentos prepara a mente para trabalhar de modo harmônico para o Mestre. Todo pensamento deve ser posto em sujeição à obediência de Cristo. OE 127 1 Os ensinadores da verdade devem ser homens sábios, muito cuidadosos de suas palavras e ações. Precisam ser homens que distribuam a seu tempo o alimento ao rebanho de Deus; homens que não dêem a mínima sanção a baixas normas de vida; homens dotados daquela fé que opera por amor, e purifica a alma de todo pensamento e desejo carnal. Obreiros dessa qualidade não rastejam em mundanas vaidades; não jazem cativos de criaturas humanas, ou das tentações de Satanás. Eles se devem portar como homens, e ser fortes. Devem volver o rosto para o Sol da Justiça, erguendo-se acima de tudo quanto é baixo, a uma atmosfera isenta de contaminação espiritual e moral. OE 127 2 Aquele que vive segundo os princípios da religião bíblica, não será encontrado falto de força moral. Sob a enobrecedora influência do Espírito Santo, os gostos e inclinações tornam-se puros e santos. Nada há que exerça tão grande domínio sobre as afeições, que alcance tão cabalmente aos mais profundos motivos de ação, que exerça tão poderosa influência sobre a vida, e imprima tão grande firmeza e estabilidade ao caráter, como a religião de Cristo. Ela conduz seu possuidor sempre para cima, inspirando-lhe nobres desígnios, ensinando-lhe a conduta conveniente, e comunicando uma adequada dignidade a toda ação. OE 127 3 Por que meios há de um mancebo reprimir suas más inclinações, e desenvolver o que é nobre e bom em seu caráter? Escute ele as palavras: "Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus." 1 Coríntios 10:31. Eis aí um princípio que tem de servir de base a todo motivo, pensamento e ato. As paixões contrárias à piedade devem ser crucificadas. Elas exigirão condescendência, mas Deus implantou no coração elevados e santos objetivos e desejos, e estes não precisam ser aviltados. É unicamente quando nos recusamos a submeter ao controle da razão e da consciência, que somos arrastados para baixo. Paulo declarou: "Posso todas as coisas nAquele que me fortalece." Filipenses 4:13. OE 128 1 Se vos achegais a Jesus, e buscais adornar vossa profissão com uma vida bem ordenada e uma conduta piedosa, vossos pés serão preservados de se desgarrar por veredas proibidas. Se tão-somente velardes, continuamente em oração, se fizerdes tudo como se vos achásseis na imediata presença de Deus, sereis guardados de cair em tentação, e podereis esperar conservar-vos puros, irrepreensíveis e incontaminados até ao fim. Se mantiverdes o princípio de vossa confiança firme até ao fim, vossos caminhos serão estabelecidos em Deus e, o que a graça começou, a glória há de coroar no reino de nosso Deus. Os frutos do Espírito são amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança; contra estas coisas não há lei. Se Cristo habita em nós, haveremos de crucificar a carne com suas paixões e concupiscências. ------------------------Capítulo 24 -- As relações sociais OE 129 1 A utilidade do ministro jovem, casado ou solteiro, é muitas vezes anulada pela amizade que lhe manifestam as jovens. Essas mulheres não imaginam que outros olhos as observam, e que sua maneira de agir pode tender a prejudicar a influência do ministro a quem elas dão tanta atenção. Se atendessem estritamente às leis da discrição, seria muito melhor para elas, e para o ministro. Sua falta nesse sentido, coloca o ministro em posição desagradável, e faz com que outros o julguem injustamente. OE 129 2 Mas a responsabilidade dessa questão pesa sobre os próprios ministros. Cumpre-lhes manifestar desgosto por tais atenções; e, se tomarem a atitude que Deus quer, não continuarão a ser perturbados. Eles devem evitar toda aparência do mal; e quando as mulheres moças são muito sociáveis, é dever do ministro dar-lhes a conhecer que isso não agrada. Deve repelir a ousadia, mesmo que o julguem rude, a fim de salvar da censura a causa. As jovens que se houverem convertido à verdade, e a Deus, darão ouvidos à reprovação, e se regenerarão. OE 129 3 Gracejos, piadas e conversas profanas pertencem ao mundo. Os cristãos que possuem a paz de Deus no coração, serão alegres e felizes, sem condescender com a frivolidade. Enquanto velam em oração, hão de possuir uma serenidade e uma paz que os eleve acima de todas as superfluidades. OE 130 1 O mistério da piedade, desvendado ao espírito do ministro de Cristo, erguê-lo-á acima dos divertimentos terrenos e sensuais. Será participante da natureza divina, havendo escapado à corrupção que pela concupiscência, há no mundo. A comunhão estabelecida entre Deus e sua alma, torná-lo-á frutífero no conhecimento da vontade de Deus, e abrirá diante dele tesouros de assuntos práticos, que pode apresentar ao povo, os quais não despertarão frivolidade, nem a sombra de um sorriso, mas infundirão solenidade aos pensamentos, tocarão o coração, e despertarão as sensibilidades morais para os sagrados direitos que Deus tem sobre as afeições e a vida. Os que trabalham na palavra e doutrina, devem ser homens de Deus, de coração e vida puros. -- Testimonies for the Church 3:241. OE 130 2 Estão surgindo jovens para entrar na obra de Deus, alguns dos quais mal têm qualquer senso da santidade e responsabilidade dessa obra. Pouca experiência têm no exercício da fé, na sincera fome de alma pelo Espírito de Deus, a qual sempre traz frutos. Alguns homens de boas aptidões, os quais poderiam ocupar posições importantes, não sabem de que espírito são. Vão vivendo numa maneira jovial, tão naturalmente como as águas correm morro abaixo. Falam tolices, brincam com as jovens, ao mesmo tempo que estão ouvindo quase diariamente as verdades mais solenes e mais de molde a comover a alma. Esses homens têm uma religião mental, mas o coração não está santificado pelas verdades que ouvem. Esses nunca podem conduzir outros à Fonte das águas vivas, enquanto delas não beberem eles próprios. OE 131 1 Não é tempo agora para a leviandade, vaidade e frivolidade. Presto encerrar-se-ão as cenas da história terrestre. Precisam mudar-se as mentes abandonadas ao sabor dos pensamentos. Diz o apóstolo Pedro: "Cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo; como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância; mas, como é santo Aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; porquanto escrito está: Sede santos, porque Eu sou santo." 1 Pedro 1:13-16. OE 131 2 Os pensamentos irrefreados precisam ser reunidos e concentrados em Deus. Os próprios pensamentos devem estar em sujeição à vontade de Deus. Não se devem fazer nem esperar elogios; pois isto tem a tendência de fomentar a confiança própria em vez de promover a humildade; de corromper em lugar de purificar. Os homens realmente habilitados, e que sentem ter uma parte a desempenhar em relação com a obra de Deus, sentir-se-ão premidos sob o senso da santidade da obra, tal como um carro sob os molhos. Agora, eis o tempo de fazer os mais fervorosos esforços para vencer os sentimentos naturais do coração carnal. -- Testemunhos Seletos 1:399, 400. OE 131 3 Quando um ministro que apresenta a solene mensagem de advertência ao mundo, recebe as hospitaleiras gentilezas de amigos e irmãos, negligencia os deveres de pastor do rebanho, e é descuidoso em seu exemplo e conduta, entretendo com os jovens fúteis conversações, gracejos e pilhérias, e relatando anedotas humorísticas para despertar o riso, ele é indigno de ser ministro do evangelho, e necessita converter-se antes de lhe ser confiado o cuidado das ovelhas e cordeiros. Os ministros que são negligentes quanto aos deveres que competem a um fiel pastor, dão provas de que não se encontram santificados pelas verdades que apresentam a outros, e não devem ser mantidos como obreiros na vinha do Senhor, enquanto não tiverem elevado sentimento da santidade da obra do ministro. -- Testimonies for the Church 3:233. OE 132 1 O ministro de Cristo deve ser homem de oração, homem de piedade; alegre, mas nunca vulgar e rude, gracejador ou frívolo. O espírito de frivolidade pode-se harmonizar com a profissão de palhaço e ator, mas se acha inteiramente abaixo da dignidade do homem que é escolhido para interpor-se entre os vivos e os mortos, e ser um porta-voz de Deus. OE 132 2 O mistério da piedade, desvendado à mente do ministro de Cristo, elevá-lo-á acima dos gozos terrestres e sensuais. Ele será participante da natureza divina, havendo escapado da corrupção que, pela concupiscência, há no mundo. A comunicação estabelecida entre Deus e a sua alma torná-lo-á fecundo no conhecimento da vontade de Deus, e desvendar-lhe-á tesouros de assuntos práticos que poderá apresentar ao povo, os quais não produzirão leviandades nem suscitarão sorrisos, mas solenizarão a mente, tocarão as cordas do coração, e despertarão o senso moral para os sagrados reclamos que Deus tem pelos sentimentos e a vida. Os que trabalham pregando e doutrinando devem ser homens de Deus, puros de coração e vida. ------------------------Capítulo 25 -- Decisão e prontidão OE 133 1 São necessários homens independentes, fervorosamente esforçados, não homens maleáveis como argila. Os que querem seu trabalho ao alcance das mãos, que pretendem determinada quantidade de serviço e salário fixo, e desejam experimentar um trabalho adequado sem o incômodo da adaptação ou treino, não são os homens que Deus chama para trabalhar em Sua causa. O homem, que, se a necessidade requer, não saiba adaptar suas aptidões a quase qualquer lugar, não é homem para o tempo atual. Os homens que Deus deseja ligar a Sua causa não são frouxos e sem fibra, sem músculos ou força moral de caráter.... OE 133 2 Homens há que se lisonjeiam de que poderiam fazer algo de grande e bom, se tão-somente as circunstâncias fossem outras, ao passo que não fazem uso das faculdades que já têm, trabalhando nos encargos que a providência lhes proveu. O homem pode criar suas circunstâncias, mas as circunstâncias nunca devem criar o homem. O homem deve aproveitar as circunstâncias como instrumentos seus para seu trabalho. Deve ele dominar as circunstâncias, mas jamais permitir que as circunstâncias o dominem. A independência individual e o poder individual são as qualidades agora necessárias. O caráter individual não precisa ser sacrificado, mas deve ser ajustado, cultivado, enobrecido.... OE 133 3 A causa de Deus requer homens de golpe de vista, e capazes de agir pronta e energicamente no momento oportuno. Se esperais para medir cada dificuldade e pesar cada perplexidade que encontrardes, bem pouco haveis de realizar. Encontrareis dificuldades e obstáculos a cada passo, e deveis, com propósito firme, decidir vencê-los, ou do contrário sereis por eles vencidos. OE 133 4 Vezes há em que vários meios e fins, métodos diversos de operação quanto à obra de Deus equivalem-se mais ou menos em nosso espírito; é exatamente então que se faz mister o melhor critério. E se alguma coisa se faz para esse fim, deve ser feita no momento oportuno. A mais leve inclinação do peso na balança deve ser notada, decidindo imediatamente a questão. Muita delonga fatiga os anjos. É mesmo mais desculpável tomar uma decisão errada, às vezes, do que ficar sempre a vacilar, hesitando ora para uma, ora para outra direção. Maior perplexidade e mal resultam de hesitar e duvidar assim, do que de agir às vezes muito apressadamente. OE 134 1 Tem-me sido mostrado que as mais assinaladas vitórias e as mais terríveis derrotas se têm decidido em minutos. Deus requer ação pronta. Demoras, dúvidas, hesitações e indecisão dão muitas vezes toda vantagem ao inimigo.... OE 134 2 O fazer as coisas em tempo pode ser um bom argumento em favor da verdade. Perdem-se freqüentemente vitórias devido a tardanças. Haverá crises nesta causa. A ação pronta e decisiva no momento oportuno conquistará gloriosos triunfos, ao passo que dilações e negligências darão em resultado grandes fracassos e positiva desonra para Deus. Movimentos rápidos no momento crítico, desarmam muitas vezes o inimigo, o qual fica decepcionado e vencido, pois esperara dispor de tempo para delinear planos e operar mediante artifícios.... OE 134 3 A maior prontidão é positivamente necessária na hora do perigo. Cada plano pode estar bem assentado para dar resultados certos, e todavia uma demora bem pequena é capaz de fazer com que as coisas assumam aspecto inteiramente diverso, e os grandes objetivos que poderiam ter sido alcançados perdem-se por falta de golpe de vista rápido e de decisão pronta. OE 135 1 Muito se pode fazer no sentido de exercitar a mente para vencer a indolência. Há ocasiões em que se tornam necessárias cautela e grande deliberação; a precipitação seria loucura. Mas mesmo nesses casos, muito se tem perdido por demasiada hesitação. Exige-se até certo ponto, cautela; mas a hesitação e a prudência em determinadas ocasiões, têm sido mais desastrosas do que teria sido um fracasso devido à precipitação. -- Testimonies for the Church 3:496-498. OE 135 2 Alguns há que, durante algum tempo, são bem-sucedidos na luta contra seus desejos egoístas quanto a prazeres e comodidade. São sinceros e fervorosos, mas fatigam-se do esforço prolongado, da morte diária, do incessante incômodo. A indolência parece convidativa; repulsiva a morte do próprio eu; e cerram os sonolentos olhos, e caem no poder da tentação, em lugar de resistir-lhe. OE 135 3 As orientações exaradas na Palavra de Deus, não deixam margem para transigências com o mal. O Filho de Deus manifestou-Se a fim de atrair todos os homens a Si. Ele não veio para embalar o mundo e fazê-lo dormir, mas para indicar o caminho estreito em que devem caminhar todos os que hajam de alcançar finalmente as portas da cidade de Deus. Seus filhos devem seguir o caminho aberto por Ele; seja qual for o sacrifício da comodidade ou da satisfação egoísta, seja qual for o preço em trabalho e sofrimento, devem eles manter batalha constante contra o próprio eu. ------------------------Capítulo 26 -- Recolhendo os frutos -- Um sonho OE 136 1 Num sonho que me foi dado em 29 de Setembro de 1886, eu andava com um grande grupo que estava a procura de amoras silvestres. Havia muitos homens e mulheres moços nesse grupo, os quais deviam ajudar a apanhar as frutas. Parecia como se estivéssemos numa cidade, pois havia muito pouco espaço vazio; mas, ao redor da cidade, havia campos, belos arvoredos e pomares cultivados. Ia adiante um grande carro carregado de provisões para nós. OE 136 2 Em breve o carro parou, o grupo dispersou-se em todas as direções à procura de frutas. Tudo em torno do carro eram arbustos, altos e baixos, apresentando belas e preciosas frutas; mas o grupo dirigia as vistas para muito longe, em procura delas. Pus-me a apanhar as frutas ali por perto, mas com muito cuidado, com receio de tirar também as verdes, que se achavam tão misturadas com as maduras, que eu só podia colher uma ou duas em cada cacho. OE 136 3 Algumas das maiores frutas tinham caído, e estavam meio comidas pelos bichos e insetos. "Oh!", pensei, "se este campo houvesse sido penetrado antes, toda essa preciosa fruta poderia ter sido salva! Mas é demasiado tarde agora. Entretanto, apanharei estas do chão, e verei se há algumas boas entre elas. Mesmo que toda a fruta esteja estragada, posso pelo menos mostrar aos irmãos o que eles poderiam ter encontrado, se não se houvessem atrasado tanto." OE 136 4 Nesse momento dois ou três grupos vieram caminhando para o lugar em que me achava. Estavam gracejando, e pareciam muito ocupados com a companhia uns dos outros. Ao ver-me, disseram: "Temos procurado por toda parte, e não pudemos encontrar frutas." Olharam com espanto para a quantidade que eu tinha. Eu disse: "Há mais ainda para serem apanhadas nesses arbustos." Começaram a colhê-las, mas logo pararam, dizendo: "Não é justo que apanhemos aqui; a senhora encontrou este lugar e a fruta é sua." Repliquei, porém: "Isso não importa. Apanhem onde encontrarem alguma. Este é o campo de Deus, e estas são Suas frutas; tendes o privilégio de apanhá-las." OE 137 1 Mas dentro em pouco pareceu-me estar novamente só. De quando em quando ouvia conversas e risos no carro. Perguntei aos que aí se achavam: "Que estão fazendo?" Responderam: "Não pudemos encontrar nada, e como estivéssemos cansados e com fome, pensamos em vir para o carro e fazer um lanche. Depois de havermos descansado um pouco, haveremos de sair outra vez." OE 137 2 "Mas", disse eu, "vocês não trouxeram ainda nada. Estão comendo todas as nossas provisões, sem nos dar nada. Não posso comer agora; há muita fruta para apanhar. Vocês não a encontraram porque não procuraram atentamente. Não está do lado de fora dos arbustos; é preciso procurá-la. Na verdade não a poderão apanhar a mãos-cheias; olhando, porém, com cuidado entre as verdes, hão de encontrar frutas excelentes." OE 137 3 Dentro em pouco meu baldezinho estava cheio delas, e levei-as para o carro. Eu disse: "Esta é a melhor fruta que já apanhei, e colhi-a aqui, por perto, ao passo que vocês se fatigaram procurando-a inutilmente a distância." OE 137 4 Então todos vieram ver minhas frutas. Disseram: "Essas são frutas de arbustos altos, durinhas e boas. Não pensávamos que se pudesse achar alguma coisa nos arbustos altos, de maneira que procuramos nos pés baixos apenas, e só encontramos algumas delas." OE 138 1 Então eu disse: "Guardarão essas frutas e depois irão comigo procurar mais nos arbustos altos?" Mas eles não se tinham preparado para acondicionar as frutas. Havia pratos e sacos em abundância, mas haviam sido usados para guardar comida. Fiquei cansada de esperar, e afinal indaguei: "Não vieram apanhar frutas? Então como não estão preparados para acondicioná-las?" OE 138 2 Um respondeu: "Irmã White, não esperávamos realmente encontrar frutas num lugar onde havia tantas casas, e tantas pessoas passando; mas como a senhora parecia tão ansiosa de as colher, decidimos vir junto. Pensamos em trazer bastante para comer, e gozar o recreio, caso não as apanhássemos." OE 138 3 Respondi: "Não posso compreender essa espécie de trabalho. Voltarei para os arbustos imediatamente. O dia já vai adiantado, em breve a noite chegará, quando não poderemos apanhar nenhuma fruta." Alguns foram comigo, mas outros permaneceram próximo do carro, para comer. OE 138 4 Num lugar reuniram-se um pequeno grupo, e ocupavam-se em falar acerca de alguma coisa na qual pareciam muito interessados. Aproximei-me, e vi que uma criancinha que se achava nos braços de uma mulher, havia-lhes atraído a atenção. Eu disse: "Vocês não têm senão pouco tempo, e fariam melhor em trabalhar enquanto podem." OE 138 5 A atenção de muitos foi atraída por um casal de jovens que estavam apostando corrida para o carro. Aí chegando, estavam tão cansados, que tiveram de sentar-se e descansar. Outros se haviam atirado também à relva em busca de repouso. OE 138 6 Assim passou o dia, e bem pouco se havia feito. Afinal eu disse: "Irmãos, vocês chamam a isso uma expedição mal-sucedida. Se essa é a maneira por que trabalham, não admiro sua falta de êxito. Seu sucesso ou fracasso, depende da maneira em que lançam mão da obra. Há frutas aqui; pois eu as encontrei. Alguns de vocês andaram procurando nos pés baixos, em vão; outros encontraram algumas; mas os arbustos grandes foram passados por alto, simplesmente porque não esperavam achar frutas aí. Vêem que as frutas que eu apanhei são grandes e maduras. Dentro em pouco outras amadurecerão, e podemos tornar a percorrer esses arbustos. Foi essa a maneira em que fui ensinada a apanhar frutas. Se vocês houvessem procurado perto do carro, teriam encontrado da mesma maneira que eu. OE 139 1 "A lição que vocês deram hoje aos que estão aprendendo a fazer essa espécie de serviço, será seguida por eles. O Senhor tem colocado esses arbustos frutíferos mesmo no meio desses lugares densamente povoados, e espera que os encontrem. Mas vocês têm estado todos muito ocupados em comer e divertir-se. Não vieram ao campo com a sincera decisão de encontrar frutas. OE 139 2 "Devem, daqui em diante, trabalhar com mais zelo e fervor, e com objetivo inteiramente diverso, ou seus trabalhos nunca serão bem-sucedidos. Trabalhando na devida maneira, ensinarão aos obreiros mais jovens que coisas como comer e divertir-se são de menor importância. Foi difícil trazer o carro de provisões para o terreno, mas vocês pensaram mais nelas, do que nas frutas que deviam levar para casa em resultado de seus labores. Devem ser diligentes, primeiro para apanhar as frutas que estão mais próximas de vocês, e depois procurar as que se encontram mais afastadas; em seguida poderão voltar e trabalhar perto outra vez, e assim serão bem-sucedidos." ------------------------Capítulo 27 -- Requisitos essenciais ao serviço Simpatia OE 140 1 Deus deseja unir Seus obreiros por uma simpatia comum, uma pura afeição. É a atmosfera de amor cristão que circunda a alma do crente, que o torna um cheiro de vida para a vida, e habilita Deus a abençoar-lhe os esforços. O cristianismo não cria muros de separação entre o homem e seus semelhantes, mas liga as criaturas humanas com Deus e umas com as outras. OE 140 2 Notai quão terno e piedoso é o Senhor em Seu trato com Suas criaturas. Ele ama o filho transviado, e suplica-lhe que volte. O braço do Pai enlaça o filho arrependido; Suas vestes cobrem-lhe os andrajos; coloca-se-lhe no dedo o anel, como penhor de sua realeza. E todavia quantos não há que olham para o pródigo, não somente com indiferença, mas desdenhosamente! Como o fariseu, dizem: "Deus, graças Te dou porque não sou como os demais homens." Lucas 18:11. Como, porém, pensais, olhará Deus aqueles que, ao passo que pretendem ser coobreiros de Cristo, enquanto uma alma está sustendo uma luta contra a enchente da tentação, ficam à parte, como o irmão mais velho da parábola, obstinados, caprichosos e egoístas? OE 140 3 Quão pouco nos ligamos com Cristo em simpatia naquilo que devia ser o mais forte laço de união entre nós e Ele -- a compaixão para com as almas depravadas, culpadas, sofredoras, mortas em ofensas e pecados! A desumanidade do homem para com o homem, eis nosso maior pecado. Muitos pensam que estão representando a justiça de Deus, ao passo que deixam inteiramente de Lhe representar a ternura e o grande amor. Muitas vezes aqueles a quem eles tratam com severidade e rispidez, se acham sob o jugo da tentação. Satanás está lutando com essas almas, e palavras ásperas, destituídas de simpatia, desanimam-nas, fazendo-as cair presa do poder do tentador.... OE 141 1 Necessitamos mais da simpatia natural de Cristo; não somente simpatia pelos que se nos apresentam irrepreensíveis, mas pelas pobres almas sofredoras, em luta, que são muitas vezes achadas em falta, pecando e se arrependendo, sendo tentadas e vencidas de desânimo. Devemos dirigir-nos a nossos semelhantes tocados -- como nosso misericordioso Sumo Sacerdote -- pelo sentimento de suas enfermidades. -- A Ciência do Bom Viver, 163, 164. Integridade OE 141 2 Necessitam-se neste tempo homens de coragem provada e firme integridade, homens que não temam erguer a voz na defesa do direito. Desejo dizer a todo obreiro: Que a integridade caracterize cada ato em todos os vossos deveres oficiais. Todos os dízimos, todo o dinheiro que vos é confiado para qualquer fim especial, deve ser prontamente posto no lugar devido. O dinheiro dado para a causa de Deus, não deve ser aplicado em uso pessoal, com a idéia de que pode ser restituído mais tarde. Isto é proibido pelo Senhor. É uma tentação daquele que produz o mal e o mal somente. O ministro que recebe fundos para o tesouro do Senhor, deve passar ao doador um recibo do mesmo, com a data. Então, sem esperar ser tentado por aperto financeiro a se servir desses meios, deposite-os em lugar de onde os possa tirar prontamente quando forem solicitados. União com Cristo OE 142 1 Uma ligação vital com o Sumo Pastor, há de fazer do subpastor um representante vivo de Cristo, uma verdadeira luz para o mundo. É necessária a compreensão de todos os pontos de nossa fé, mas de importância ainda maior, é que o ministro seja santificado mediante a verdade que apresenta. OE 142 2 O obreiro que conhece a significação da união com Cristo, tem um sempre crescente desejo e aptidão de apreender o sentido do serviço feito para Deus. Seu conhecimento amplia-se; pois crescer em graça quer dizer possuir crescente capacidade de compreender as Escrituras. Esse é na verdade coobreiro de Deus. Compreende que não é senão um instrumento, e que deve ser passivo nas mãos do Mestre. Sobrevêm-lhe provações; pois a menos que seja assim provado, nunca poderá reconhecer sua falta de sabedoria e experiência. Mas, se buscar ao Senhor com humildade e confiança, todas as provas contribuirão para seu bem. Talvez pareça fracassar por vezes, mas esse aparente fracasso pode ser o instrumento de Deus para o fazer avançar realmente, e pode importar num melhor conhecimento de si mesmo e numa confiança mais firme no Céu. Ele pode ainda cometer erros, mas aprenderá a não os repetir. Torna-se mais forte para resistir ao mal, e outros colhem benefícios de seu exemplo. Humildade OE 142 3 O ministro de Deus deve possuir, em alto grau, a humildade. Os que possuem mais profunda experiência nas coisas de Deus, são os que mais se afastam do orgulho e da presunção. Como tenham elevada concepção da glória de Deus, sentem que lhes é demasiado honroso ocupar o mais humilde lugar em Seu serviço. OE 143 1 Quando Moisés desceu do monte depois de quarenta dias passados em comunhão com Deus, não sabia que seu rosto resplandecia com um brilho que atemorizava os que o viam. OE 143 2 Paulo possuía uma bem humilde opinião de seus progressos na vida cristã. Fala de si mesmo como do principal dos pecadores. E diz ainda: "Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito." Filipenses 3:12. E todavia Paulo fora altamente honrado pelo Senhor. OE 143 3 Nosso Salvador declarou que João Batista era o maior dos profetas; no entanto, quando interrogado se era o Cristo, João declarou ser indigno sequer de desatar as alparcas de seu Senhor. Quando os discípulos dele se aproximaram com a queixa de que todos os homens se estavam voltando para o novo Mestre, João lhes recordou que ele próprio não passava de precursor dAquele que havia de vir. OE 143 4 Obreiros com tal espírito são hoje necessários. Os presunçosos, satisfeitos consigo mesmos, podem bem ser poupados à obra de Deus. Nosso Senhor pede obreiros que, sentindo a própria necessidade do sangue expiador de Cristo, entrem em Sua obra, não com jactância ou suficiência própria, mas com inteira certeza de fé, compreendendo que hão de necessitar sempre do auxílio de Cristo a fim de saber lidar com o espírito dos homens. Fervor OE 143 5 Há necessidade de um fervor maior. O tempo está passando rapidamente, e necessitam-se homens dispostos a trabalhar como Cristo o fazia. Não é bastante viver uma vida sossegada, cheia de oração. O meditar somente não satisfará a necessidade do mundo. Religião não deve ser em nossa vida uma influência subjetiva. Temos de ser cristãos bem alerta, enérgicos e ardorosos, cheios do desejo de comunicar aos outros a verdade. OE 144 1 O povo precisa ouvir as novas da salvação mediante a fé em Cristo, e, por meio de fervorosos e fiéis esforços a mensagem lhes deve ser comunicada. Temos de anelar almas, por elas orar e trabalhar. Veementes apelos devem ser feitos, fervorosas orações dirigidas. Nossas súplicas fracas e sem vida, precisam transformar-se em petições de intenso fervor. Coerência OE 144 2 O caráter de muitos que professam piedade, é imperfeito e unilateral. Isso mostra que, como discípulos na escola de Cristo, têm aprendido muito imperfeitamente as lições. Alguns que aprenderam a imitar a Cristo na mansidão, não Lhe apresentam a diligência no fazer bem. Outros são ativos e zelosos, mas são jactanciosos; nunca aprenderam a humildade. Outros ainda deixam a Cristo fora de seu trabalho. Podem ser agradáveis de maneiras; podem mostrar simpatia para com seus semelhantes; mas não têm o coração concentrado no Salvador, nem aprenderam a linguagem do Céu. Não oram como Cristo orava, não dão o valor que Ele dava às almas; não aprenderam a suportar fadiga em seus esforços pelas almas. Alguns, conhecendo pouco do poder transformador da graça, tornam-se egoístas, críticos, ásperos. Outros são plásticos e condescendentes, pendendo ora para um lado ora para outro, para agradar seus semelhantes. OE 144 3 Não importa quão zelosamente seja advogada a verdade, se a vida diária não testemunhar de seu poder santificador, as palavras faladas de nada aproveitarão. Uma conduta incoerente endurece o coração e estreita o espírito do obreiro, colocando também pedras de tropeço no caminho daqueles por quem ele trabalha. A vida diária OE 145 1 O ministro deve achar-se livre de toda desnecessária perplexidade temporal, a fim de se poder entregar inteiramente a sua santa vocação. Cumpre-lhe orar muito, e sujeitar-se sob a disciplina de Deus, para que sua vida revele os frutos do verdadeiro domínio de si mesmo. Sua linguagem precisa ser correta; nada de frases de gíria, nem de palavras vulgares devem-lhe sair dos lábios. Seu vestuário deve estar em harmonia com o caráter da obra que está fazendo. Esforcem-se os ministros e professores por atingir a norma estabelecida nas Escrituras. Não se esqueçam das pequeninas coisas que são muitas vezes consideradas sem importância. A negligência das coisas pequenas leva muitas vezes ao descuido das responsabilidades maiores. OE 145 2 Os obreiros da vinha do Senhor têm o exemplo do bem em todos os séculos para os animar. Têm também o amor de Deus, o ministério dos anjos, a simpatia de Jesus e a esperança de atrair almas para o bem: "Os entendidos, pois, resplandecerão como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão com as estrelas sempre e eternamente." Daniel 12:3. As Relações Sociais OE 146 1 Testimonies for the Church 3:228, 238, 241. Requisitos Essenciais ao Serviço OE 146 2 Testimonies for the Church 7:50. Testimonies for the Church 9:30-32, 222. Simpatia OE 146 3 A Ciência do Bom Viver, 156-158. Parábolas de Jesus, 385-388. Atos dos Apóstolos, 516. Integridade OE 146 4 Testimonies for the Church 2:518, 519. Testimonies for the Church 4:353. União com Cristo OE 146 5 Testimonies for the Church 6:467. O Desejado de Todas as Nações, 666-680. Humildade OE 146 6 Testimonies for the Church 3:287. Testimonies for the Church 4:340. Testimonies for the Church 7:17. O Desejado de Todas as Nações, 135, 246, 432, 442. Parábolas de Jesus, 158-163, 363, 364, 402, 404. Zelo OE 146 7 Testimonies for the Church 4:396. Testimonies for the Church 6:14-22, 417-420, 479-482. Testimonies for the Church 7:9-33. Testimonies for the Church 8:9-23. Parábolas de Jesus, 390-404. A Vida Diária OE 146 8 Testimonies for the Church 2:75. Testimonies for the Church 9:21. ------------------------Capítulo 28 -- "Pregues a palavra" OE 147 1 "Conjuro-te pois diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na Sua vinda e no Seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina." 2 Timóteo 4:1, 2. OE 147 2 Nessas incisivas e fortes palavras, torna-se patente o dever do ministro de Cristo. Ele tem de pregar a "palavra", não as opiniões e tradições dos homens, não fábulas aprazíveis ou histórias sensacionais, para mover a imaginação e excitar as emoções. Não deve exaltar-se, mas, como na presença de Deus, colocar-se perante o mundo a perecer, e pregar a palavra. Não deve haver nenhuma leviandade, nenhuma frivolidade, nenhuma interpretação fantasiosa; o ministro deve falar com sinceridade e profunda seriedade, como uma voz vinda de Deus a expor as Sagradas Escrituras. Cumpre-lhe oferecer aos ouvintes aquilo que é de maior interesse para seu bem presente e eterno. OE 147 3 Irmãos meus que ministrais, ao vos achardes perante o povo, falai do que é essencial, o que instrui. Ensinai as grandes verdades práticas que devem ser introduzidas na vida. Ensinai o poder salvador de Jesus, "em quem temos a redenção... a saber, a remissão dos pecados". Colossences 1:14. Esforçai-vos por fazer com que vossos ouvintes compreendam o poder da verdade. OE 148 1 Os ministros devem apresentar a firme palavra da profecia como o fundamento da fé dos adventistas do sétimo dia. As profecias de Daniel e Apocalipse devem ser cuidadosamente estudadas e, em ligação com elas, as palavras: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." João 1:29. OE 148 2 O capítulo vinte e quatro de Mateus é-me apresentado repetidamente como devendo ser exposto à atenção de todos. Vivemos atualmente no tempo em que as predições deste capítulo se estão cumprindo. Expliquem nossos ministros e mestres essas profecias àqueles que estão instruindo. Deixem fora de seus discursos assuntos de menor importância, e apresentem as verdades que hão de decidir o destino das almas. OE 148 3 O tempo em que vivemos pede vigilância contínua, e os ministros de Deus devem apresentar a luz sobre a questão do sábado. Devem advertir os habitantes do mundo quanto a estar Cristo para vir em breve, com poder e grande glória. A última mensagem de advertência ao mundo tem de levar homens a ver a importância que o Senhor dá à Sua lei. Tão claramente deve a mensagem ser apresentada, que nenhum transgressor, ouvindo-a, seja desculpável em deixar de discernir a importância de obedecer aos mandamentos de Deus. OE 148 4 Fui instruída a dizer: Reuni das Escrituras as provas de que Deus santificou o sétimo dia, e leiam-se essas provas perante a congregação, mostre-se aos que não têm ouvido a verdade, que todos quantos se desviam de um claro "Assim diz o Senhor", têm de sofrer os resultados de seu procedimento. Em todos os séculos o sábado tem sido a prova de lealdade a Deus. "Entre Mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre", declara o Senhor. Êxodo 31:17. Excessiva diplomacia nas coisas sagradas OE 149 1 O evangelho sofre agora oposição de todos os lados. A confederação do mal nunca esteve tão forte como atualmente. Os espíritos do mal se estão combinando com agentes humanos para combater os mandamentos de Deus. A tradição e a mentira são exaltados acima das Escrituras; a razão e a ciência acima da revelação; o talento humano acima dos ensinos do Espírito; formas e cerimônias acima do poder vital da piedade. Pecados ofensivos têm separado o povo de Deus. A infidelidade se está rapidamente tornando moda. "Não queremos que Este reine sobre nós", é a linguagem de milhares. Os ministros de Deus devem erguer a voz como uma trombeta, e mostrar ao povo as suas transgressões. Os sermões suaves tão freqüentemente pregados, não fazem impressão duradoura. Os homens não são tocados até ao fundo do coração, porque as claras e penetrantes verdades da Palavra de Deus não lhes são ditas. OE 149 2 Muitos dos que professam crer na verdade, diriam, caso exprimissem seus sentimentos reais: "Que necessidade há de se falar tão positivamente?" Bem poderiam então perguntar: "Por que necessitava João Batista de dizer aos fariseus: 'Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura?' Mateus 3:7. Que necessidade tinha ele de provocar a ira de Herodias, dizendo a Herodes que lhe era ilícito viver com a mulher de seu irmão? Perdeu a vida, por falar assim positivamente. Por que não poderia ter agido de maneira a não incorrer na cólera de Herodias?" OE 150 1 Assim têm os homens raciocinado, até que a excessiva diplomacia tomou o lugar da fidelidade. Permite-se ao pecado passar sem repreensão. Quando se há de ouvir mais uma vez na igreja a voz da repreensão fiel: "Tu és este homem"? 2 Samuel 12:7. Não fossem tão raras essas palavras, e veríamos mais do poder de Deus. Os mensageiros do Senhor não se devem queixar de que seus esforços sejam infrutíferos, enquanto não se arrependerem de seu amor pela aprovação, seu desejo de agradar aos homens, o qual os leva a suprimir a verdade, e a clamar: Paz, quando Deus não falou paz. OE 150 2 Oxalá todo ministro de Deus compreendesse a santidade de sua obra e de sua vocação. Como mensageiros divinamente indicados, os ministros se acham em posição de terrível responsabilidade. Cumpre-lhes trabalhar, da parte de Cristo, como despenseiros dos mistérios do Céu, animando os obedientes e advertindo os desobedientes. A norma mundana não deve influir em sua conduta. Eles não se devem apartar jamais da vereda em que Jesus lhes pediu que andassem. Cumpre-lhes avançar em fé, lembrando-se de que estão rodeados de uma nuvem de testemunhas. Não devem falar suas próprias palavras, mas as que Aquele que é maior que os potentados da Terra lhes pediu que falassem. Sua mensagem tem de ser: "Assim diz o Senhor." OE 150 3 Deus pede homens que, como Natã, Elias e João, apresentem destemidamente Sua mensagem, a despeito das conseqüências; que falem a verdade, embora isso importe no sacrifício de tudo quanto possuam. Como setas agudas OE 150 4 As palavras de Cristo eram como setas agudas, que iam ao alvo, e feriam o coração de Seus ouvintes. Todas as vezes que Se dirigia ao povo, fosse grande ou pequeno Seu auditório, Suas palavras exerciam sobre alguém efeito salvador. Nenhuma mensagem que caísse de Seus lábios se perdia. Cada palavra que proferia revelava nova responsabilidade aos que O ouviam. E hoje em dia, os ministros que estão anunciando em sinceridade a última mensagem de misericórdia ao mundo, dependendo de Deus quanto a forças, não precisam recear que seus esforços sejam vãos. Embora olho algum possa ver o caminho da seta da verdade, quem pode dizer que ela não atingiu o alvo, e penetrou no coração dos que a ouviram? Se bem que nenhum ouvido humano haja percebido o grito da alma ferida, todavia a verdade abriu silenciosamente caminho para o coração. Deus falou à alma; e, no dia do ajuste final de contas, Seus fiéis ministros achar-se-ão com os troféus da graça remidora, para dar honra a Cristo. OE 151 1 Ninguém pode dizer o que se perde por tentar pregar sem a unção do Espírito Santo. Há, em todas as congregações, pessoas que se acham hesitantes, quase decididas a se pôr inteiramente do lado de Deus. Estão-se tomando decisões; demasiadas vezes, porém, o ministro não possui o espírito e poder da mensagem, e não se faz nenhum apelo direto aos que estão oscilando na balança. OE 151 2 Nesta época de trevas morais, é preciso alguma coisa mais do que secas teorias para mover as almas. Os ministros devem manter ligação viva com Deus. Devem pregar como quem crê naquilo que diz. Verdades vivas, caindo dos lábios do homem de Deus, farão com que os pecadores tremam, e os convictos exclamem: O Senhor é meu Deus; estou resolvido a colocar-me inteiramente do lado do Senhor. OE 151 3 O mensageiro de Deus nunca deve deixar de esforçar-se por obter mais luz e poder. Ele deve lidar sempre, orar sempre, sempre esperar, por entre desânimos e trevas, decidido a adquirir um perfeito conhecimento das Escrituras, e a não ficar atrás em dom algum. Enquanto houver uma alma a receber benefício, ele deve avançar sempre com renovada coragem a cada esforço. Enquanto for verdade que Jesus disse: "Não te deixarei, nem te desampararei" (Hebreus 13:5), e a coroa da justiça for oferecida ao vencedor, enquanto nosso Advogado interceder em favor do pecador, os ministros de Cristo devem trabalhar com esperançosa e infatigável energia, e perseverante fé. OE 152 1 Os homens que assumem a responsabilidade de apresentar ao povo a palavra provinda da boca de Deus, tornam-se responsáveis pela influência que exercem em seus ouvintes. Se são verdadeiros homens de Deus, saberão que o objetivo de pregar não é entreter. Não é meramente fornecer informações, nem convencer o intelecto. OE 152 2 A pregação da palavra deve apelar para a inteligência, e comunicar conhecimento, mas cumpre-lhe fazer mais que isso. A palavra do ministro, para ser eficaz, tem de atingir o coração dos ouvintes. Não deve introduzir histórias divertidas na pregação. Cumpre-lhes esforçar-se por compreender a grande necessidade e anelo da alma. Ao achar-se perante sua congregação, lembre-se de que há entre os ouvintes pessoas em luta com a dúvida, quase em desespero, quase sem esperança; pessoas que, constantemente assediadas pela tentação, estão combatendo um duro combate contra o adversário das almas. Peça ele ao Salvador que lhe dê palavras que sirvam para fortalecer essas almas para o conflito contra o mal. ------------------------Capítulo 29 -- Partindo o pão da vida para as almas OE 153 1 Muitos daqueles por quem nossos ministros trabalham são ignorantes das verdades da Bíblia e das exigências de Deus, e as mais simples lições quanto à piedade prática, são para eles uma nova revelação. Esses precisam saber o que é a verdade, e, ao trabalhar em favor deles, o ministro não deve considerar assuntos que sirvam simplesmente para agradar a imaginação ou satisfazer a curiosidade. Parta ele, ao contrário, o pão da vida para essas almas famintas. Ele nunca deve pregar um sermão que não ajude os ouvintes a ver mais claramente o que têm de fazer para salvar-se. OE 153 2 As exigências imediatas, as provas presentes -- são coisas para as quais homens e mulheres necessitam de auxílio no momento. O ministro pode elevar-se às nuvens mediante poéticas descrições e imaginosas apresentações, as quais agradam aos sentidos e alimentam a imaginação, mas não tocam à experiência da vida, as necessidades diárias. Talvez ele pense que, mediante sua imaginosa eloqüência, alimentou o rebanho de Deus; seus ouvintes poderão pensar que nunca dantes viram a verdade assim revestida de tão bela linguagem. Acompanhai, porém, da causa para o efeito, o êxtase dos sentimentos produzidos por essas fantasiosas imagens, e vereis que, se bem que talvez tenham sido apresentadas algumas verdades, esses sermões não fortalecem os ouvintes para as diárias batalhas da vida. OE 153 3 Aquele que faz da eloqüência o mais elevado objetivo em suas pregações, faz com que o povo esqueça a verdade que se acha de mistura com sua oratória. Em havendo passado a emoção, verificar-se-á que a Palavra de Deus não se firmou na mente, nem lucraram os ouvintes em entendimento. Podem falar acerca da eloquência do ministro em termos cheios de admiração, mas não foram em nada levados mais perto da decisão. Falam do sermão como o fariam de uma peça de teatro, e do ministro como o fariam de um ator. Eles poderão voltar a escutar tais discursos, mas dali sairão sem haver recebido impressão nem alimento. OE 154 1 Não é de discursos floreados que se necessita, nem de uma torrente de palavras destituídas de significação. Nossos ministros devem falar de maneira que ajudem o povo a apreender a verdade vital. Meus irmãos, não vos alceis a alturas em que o povo comum não vos possa seguir, e onde, pudessem eles acompanhar-vos, não seriam beneficiados nem receberiam bênçãos. Ensinai as simples lições dadas por Cristo. Contai a história de Sua vida de abnegação e sacrifício, Sua humilhação e morte, ressurreição e ascensão, Sua intercessão pelos pecados nas cortes do Alto. Há, em todas as congregações, almas sobre quem o Espírito do Senhor Se está movendo; ajudai-as a compreender o que é a verdade; reparti com elas o pão da vida; chamai sua atenção para as questões vitais. OE 154 2 Há muitas vozes advogando o erro; que a vossa defenda a verdade. Apresentai assuntos que sejam como verdes pastos para as ovelhas do rebanho de Deus. Não leveis vossos ouvintes a regiões agrestes, onde se não encontrarão mais próximos da fonte da água viva do que o estavam antes de vos ouvir. Apresentai a verdade como é em Jesus, tornando claras as exigências da lei e do evangelho. Apresentai a Cristo, o caminho, a verdade e a vida, e falai de Seu poder de salvar a todos quantos a Ele se chegam. O Capitão de nossa salvação está intercedendo por Seu povo, não como um suplicante que quer mover a compaixão do Pai, mas como um vencedor, que reclama os troféus da Sua vitória. Ele é capaz de salvar perfeitamente a todos quantos por intermédio dEle se aproximam de Deus. Tornai bem claro este fato. OE 155 1 A menos que os ministros sejam cautelosos, hão de ocultar a verdade sob ornamentos humanos. Não pense nenhum ministro que pode converter almas com sermões eloqüentes. Os que ensinam a outros devem suplicar a Deus que lhes comunique Seu Espírito, e os habilite a exaltar a Cristo como a única esperança do pecador. Linguagens floreadas, contos agradáveis, ou anedotas impróprias, não convencem o pecador. Os homens ouvem tais palavras, como o fariam a uma canção aprazível. A mensagem que o pecador deve ouvir, é: "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:16. A recepção do evangelho não depende de testemunhos eruditos, de discursos eloqüentes, ou de argumentos profundos, mas de sua simplicidade, e de sua adaptação aos que se acham famintos do pão da vida. OE 155 2 A eficiência do Espírito Santo é que torna eficaz o ministério da palavra. Quando Cristo fala por intermédio do ministro, o Espírito Santo prepara o coração dos ouvintes para receber a palavra. O Espírito Santo não é um servo, mas um poder que rege. Ele faz com que a verdade resplandeça no espírito, e fala através de todo discurso em que o ministro se entrega à operação divina. É o Espírito que envolve a alma numa santa atmosfera, e fala ao impenitente mediante palavras de advertência, indicando-lhe Aquele que tira o pecado do mundo. ------------------------Capítulo 30 -- Pregar a Cristo OE 156 1 Muitas observações têm sido feitas ao fato de, em seus discursos, nossos oradores haverem salientado mais a lei, e não a Cristo. Essa afirmação não é estritamente verídica; mas, não haverá para ela alguma razão? Não têm acaso ocupado o púlpito homens que não possuem experiência genuína nas coisas de Deus, homens que não receberam a justiça de Cristo? Muitos de nossos ministros têm apenas feito sermões, apresentando os assuntos por meio de argumentos, e mencionando pouco o poder salvador do Redentor. Seu testemunho era destituído do sangue salvador de Cristo. Sua oferta assemelhava-se à de Caim. Traziam ao Senhor os frutos da terra, os quais eram, em si mesmos, aceitáveis aos olhos de Deus. Muito bom era, na verdade, o fruto; mas, a virtude da oferta -- o sangue do Cordeiro morto, representando o sangue de Cristo -- isso faltava. O mesmo acontece com sermões destituídos de Cristo. Os homens não são por eles aguilhoados até ao coração; não são levados a indagar: Que devo fazer para me salvar? OE 156 2 De todos os professos cristãos, devem os adventistas do sétimo dia ser os primeiros a exaltar a Cristo perante o mundo. A proclamação da terceira mensagem angélica pede a apresentação da verdade do sábado. Esta verdade, juntamente com outras incluídas na mensagem, tem de ser proclamada; mas o grande centro de atração, Cristo Jesus, não deve ser deixado à parte. Na cruz de Cristo é que a misericórdia e a verdade se encontram, e a justiça e a paz se beijam. O pecador deve ser levado a olhar ao Calvário; com a fé singela de uma criancinha, deve confiar nos méritos do Salvador aceitando Sua justiça, confiando em Sua misericórdia. O amor de Deus OE 157 1 Mediante o amor de Deus os tesouros da graça de Cristo foram abertos perante a igreja e o mundo. "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:16. Que maravilhoso, insondável amor, que levou Cristo a morrer por nós, sendo nós ainda pecadores! E que prejuízo sofre a alma que, compreendendo os fortes reclamos da lei, deixa de reconhecer que, onde abundou o pecado, superabundou a graça de Cristo! OE 157 2 Quando a lei é apresentada como deve ser, revela o amor de Deus. Não admira, porém, que os corações não sejam abrandados mesmo pela verdade, quando ela é apresentada de maneira fria e sem vida; não admira que a fé vacile ante as promessas de Deus, quando os ministros e obreiros deixam de apresentar a Jesus em Sua relação para com a lei. OE 157 3 Alguns obreiros na causa de Deus têm sido demasiado prontos a atirar acusações contra o pecador; o amor do Pai em dar Seu Filho para morrer pela humanidade, tem sido conservado em segundo plano. Torne o ensinador da verdade conhecido do pecador o que Deus em verdade é -- um Pai que espera em compassivo amor, receber o pródigo, não lhe lançando acusações iradas, mas preparando um banquete para festejar-lhe a volta. Oh! se aprendêssemos todos a maneira do Senhor no conquistar almas! OE 157 4 Deus quer desviar a mente da convicção da lógica para uma convicção mais profunda, elevada, pura e gloriosa. Muitas vezes a lógica humana tem quase extinguido a luz que Deus quer fazer brilhar em claros raios, para convencer os homens de que o Senhor da Natureza é digno de todo o louvor e glória, porque é o Criador de todas as coisas. OE 158 1 Alguns ministros erram em tornar seus sermões inteiramente argumentativos. Pessoas há que escutam a teoria da verdade, e são impressionadas com as provas apresentadas; então, se Cristo é apresentado como Salvador do mundo, a semente lançada pode brotar e dar frutos para a glória de Deus. Mas freqüentemente a cruz do Calvário não é apresentada perante o povo. Alguns talvez estejam escutando o último sermão que lhes será dado ouvir, e perdida a oportunidade áurea, está perdida para sempre. Se, juntamente com a teoria da verdade, Cristo e Seu amor redentor houvessem sido proclamados, esses poderiam ter sido atraídos para o Seu lado. O caminho para Cristo OE 158 2 Há mais pessoas do que pensamos ansiando por encontrar o caminho para Cristo. Os que pregam a última mensagem de misericórdia, devem ter em mente que Cristo tem de ser exaltado como o refúgio do pecador. Alguns ministros pensam não ser necessário pregar arrependimento e fé; julgam que seus ouvintes se acham relacionados com o evangelho, e que devem ser apresentados assuntos de natureza diferente, a fim de lhes prender a atenção. Muitas pessoas, no entanto, são lamentavelmente ignorantes quanto ao plano da salvação; precisam mais de instrução quanto a esse tema todo-importante, do que sobre qualquer outro. OE 158 3 São essenciais discursos teóricos, para que o povo veja a cadeia da verdade, elo após elo, ligando num todo perfeito; mas nunca se deve pregar um sermão sem apresentar como a base do evangelho a Cristo, e Ele crucificado. Os ministros alcançariam mais corações, se salientassem mais a piedade prática. Freqüentemente, quando se fazem séries de conferências para apresentar a verdade em novos campos, os discursos feitos são grandemente teóricos. O povo é agitado pelo que ouve. Muitos vêem a força da verdade, e ficam ansiosos de pôr os pés num firme fundamento. É então, muito especialmente, o momento de insistir com a consciência quanto à, religião de Cristo. Se se permite que as reuniões terminem sem esse trabalho prático, há grande prejuízo. OE 159 1 Às vezes homens e mulheres sem estarem convertidos, se decidem em favor da verdade devido ao peso das provas apresentadas. A obra do ministro não está completa enquanto ele não fizer sentir a seus ouvintes a necessidade de uma transformação de coração. Em cada discurso devem ser dirigidos ao povo fervorosos apelos para abandonar seus pecados e volver-se a Cristo. Os pecados populares e as condescendências de nossa época devem ser condenados, e ordenada a piedade prática. Sentindo de coração a importância das palavras que profere, o verdadeiro ministro não pode reprimir o interesse espiritual que sente por aqueles por quem trabalha. OE 159 2 Oh! quem me dera servir-me de linguagem suficientemente vigorosa para causar a impressão que desejo sobre meus companheiros de obra no evangelho! Meus irmãos, estais lidando com as palavras da vida; estais tratando com espíritos capazes do máximo desenvolvimento. Cristo crucificado, Cristo ressurgido, Cristo assunto aos Céus, Cristo vindo outra vez, deve abrandar, alegrar e encher o espírito do ministro, por tal forma, que ele apresente estas verdades ao povo em amor, e profundo zelo. O ministro desaparecerá então, e Jesus será revelado. OE 160 1 Exaltai a Jesus, vós que ensinais o povo, exaltai-O nos sermões, em cânticos, em oração. Que todas as vossas forças convirjam para dirigir ao "Cordeiro de Deus" almas confusas, transviadas, perdidas. Erguei-O, ao ressuscitado Salvador, e dizei a todos quantos ouvem: Vinde Àquele que "vos amou, e Se entregou a Si mesmo por nós". Efésios 5:2. Seja a ciência da salvação o tema central de todo sermão, de todo hino. Seja ela manifestada em toda súplica. Não introduzais em vossas pregações coisa alguma que seja um suplemento a Cristo, a sabedoria e o poder de Deus. Mantende perante o povo a palavra da vida, apresentando Jesus como a esperança do arrependido e a fortaleza de todo crente. Revelai o caminho da paz à alma turbada e acabrunhada, e manifestai a graça e suficiência do Salvador. OE 160 2 Existe apenas uma estrada que conduz das trevas acima, para a luz, até chegar ao trono de Deus -- a estrada da fé. Esta estrada não é escura nem incerta; não é o caminho de mentes finitas, nem uma vereda de feitura humana, na qual se exige tributo de todos os viandantes. A entrada para ela não se pode obter mediante obras de penitência. OE 160 3 O caminho provido por Deus é tão completo, tão perfeito, que o homem não pode, mediante obra alguma que faça, acrescentar à sua perfeição. É largo bastante para receber o mais endurecido pecador, se deveras se arrepende, e todavia demasiado estreito para que nela encontre lugar o pecado. Esta é a vereda destinada a ser seguida pelos remidos do Senhor. ------------------------Capítulo 31 -- A justiça pela fé OE 161 1 O pensamento de que a justiça de Cristo nos é imputada, não por algum mérito de nossa parte, mas como um dom gratuito de Deus, é um precioso pensamento. O inimigo de Deus e do homem não quer que esta verdade seja claramente apresentada; pois sabe que, se o povo a aceitar plenamente, está despedaçado o seu poder. Se ele pode dominar a mente de maneira que a dúvida e a incredulidade e as trevas constituam a experiência dos que professam ser filhos de Deus, ele os pode vencer com a tentação. OE 161 2 Aquela fé simples, que toma a Deus em Sua palavra, deve ser estimulada. O povo de Deus deve ter aquela fé que lança mão do poder divino; "porque pela graça sois salvos por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus". Efésios 2:8. Os que crêem que Deus, por amor de Cristo, lhes perdoou os pecados, não devem, pela tentação, deixar de prosseguir em combater o bom combate da fé. Sua fé deve-se tornar mais forte, até que sua vida cristã bem como suas palavras, declarem: "O sangue de Jesus Cristo... nos purifica de todo o pecado." 1 João 1:7. OE 161 3 Se queremos ter o espírito e poder da terceira mensagem angélica, temos de apresentar a lei e o evangelho juntos, pois eles andam de mãos dadas. À medida que um poder de baixo está incitando os filhos da desobediência para anular a lei de Deus, e pisar a verdade de que Cristo é nossa justiça, um poder de cima está operando no coração dos leais, para exaltarem a lei, e erguerem a Jesus como Salvador completo. A menos que se introduza poder divino na experiência do povo de Deus, e teorias e idéias falsas lhes empolguem a mente, Cristo e Sua justiça ficarão fora da vida espiritual de muitos, e sua fé será impotente e sem vida. OE 162 1 Os ministros precisam apresentar a Cristo em Sua plenitude, tanto nas igrejas, como em novos campos a fim de que os ouvintes possuam fé inteligente. O povo deve estar instruído de que Cristo lhes é salvação e justiça. É o estudado desígnio de Satanás impedir as almas de crer em Cristo como sua única esperança; pois o sangue de Cristo, que purifica de todo pecado, só é eficaz em favor daqueles que acreditam em Seus méritos, e o apresentam perante o Pai, como fez Abel em sua oferta. OE 162 2 A oferta de Caim foi uma ofensa a Deus, por ser uma oferta destituída de Cristo. O tema de nossa mensagem não é somente os mandamentos de Deus, mas a fé de Jesus. Uma brilhante luz fulge em nossa estrada hoje, e induz a maior fé em Jesus. Devemos receber cada raio de luz, e nele andar, a fim de que se não torne nossa condenação no juízo. Nossos deveres e obrigações se tornam mais importantes ao obtermos visão mais nítida da verdade. A luz manifesta e condena os erros que se ocultavam nas trevas; e, ao chegar a luz, a vida e o caráter dos homens devem mudar correspondentemente, para com ela se harmonizarem. Pecados que eram outrora cometidos por ignorância, devido à cegueira do espírito, já não podem continuar a merecer condescendência sem que se incorra em culpa. À medida que se concede maior luz, os homens se devem reformar, elevar e refinar por ela, ou ficarão mais perversos e obstinados do que antes de ela lhes vir. ------------------------Capítulo 32 -- Conselhos a um evangelista OE 163 1 Caro irmão: ... Tenho, da parte do Senhor, esta mensagem para vós: Sede bondoso no falar, brando na ação. Guardai-vos cuidadosamente, pois sois inclinado a ser severo e autoritário, e a dizer coisas ásperas. O Senhor vos fala, dizendo: Vigiai e orai para que não entreis em tentação. Expressões ásperas ofendem ao Senhor; palavras imprudentes causam dano. É-me ordenado dizer-vos: Sede brando na linguagem; vigiai bem vossas palavras; não permitais que se introduza a dureza em vossa maneira de falar ou nos vossos gestos. Ponde em tudo quanto fizerdes a fragrância da semelhança de Cristo. Não permitais que traços naturais de caráter desfigurem e estraguem vossa obra. Cumpre-vos ajudar e fortalecer os tentados. Não deixeis aparecer o próprio eu em palavras impetuosas. Cristo deu a vida pelo rebanho, e por todos por quem trabalhais. Não consintais que nenhuma palavra vossa faça uma alma pender para a direção errada. No ministério de Cristo é preciso que se revele um caráter semelhante ao de Cristo. OE 163 2 Expressões ásperas, despóticas, não se harmonizam com a sagrada obra que Cristo deu a Seus ministros. Quando a experiência diária é olhar a Jesus e dEle aprender, haveis de revelar caráter são e harmônico. Abrandai vossas manifestações, e não vos permitais proferir palavras condenatórias. Aprendei do grande Mestre. As expressões de bondade e simpatia farão bem como um remédio, e curarão almas em desespero. O conhecimento da Palavra de Deus, introduzido na vida prática, terá uma força saneadora e suavizante. A aspereza no falar nunca há de produzir bênçãos para vós, nem a nenhuma outra alma. OE 164 1 Meu irmão, deveis representar a mansidão, a paciência e a bondade de Cristo. Em vossos discursos perante o público, sejam as vossas manifestações de conformidade com as dEle. "Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente, pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos." Tiago 3:17. Vigiai e orai, e vencei a aspereza que em vós por vezes irrompe. Mediante a graça de Cristo operando em vós, vossas palavras se podem santificar. Se vossos irmãos não procedem exatamente como pensais que deveriam fazer, não vos dirijais a eles asperamente. O Senhor tem sido ofendido por vezes com vossas expressões severas. OE 164 2 Vossa vontade deve ser submissa à vontade do Senhor. Necessitais do auxílio do Senhor Jesus. Saiam unicamente de vossos lábios palavras limpas, puras e santificadas; pois, como ministro do evangelho, vosso espírito e exemplo será imitado por outros. Sede bondoso e terno para com as crianças em todas as ocasiões. ... OE 164 3 Haveis de atingir o ideal de Deus, se resolverdes não permitir que o eu se introduza em vossa obra. Saber que vos estais esforçando em espírito e obras para ser semelhante a Cristo, vos dará força, conforto e coragem. É-vos dado o privilégio de vos tornardes manso e humilde de coração; então os anjos de Deus hão de cooperar convosco em vossos esforços de reavivamento. Cristo morreu para que Sua vida pudesse ser vivida em vós, e em todos quantos O tornam seu exemplo. Na força de vosso Redentor, podeis revelar o caráter de Cristo e trabalhar com sabedoria e poder para fazer das veredas tortas veredas retas. Los Angeles, Calif. 22 de Agosto de 1908. ------------------------Capítulo 33 -- Sugestões práticas OE 165 1 Discursos Formais -- Alguns pastores organizam todas as minúcias com tanta exatidão, no preparo de seus discursos, que não deixam margem alguma ao Senhor para lhes dirigir a mente. Cada ponto é fixado, estereotipado, por assim dizer, e eles parecem incapazes de se afastar do plano estabelecido. Isso é um erro grave e, se seguido, fará com que os pastores fiquem estreitos de espírito, e os deixará tão destituídos de vida espiritual e energia, como os montes de Gilboa de orvalho e chuva. OE 165 2 Quando um ministro sente que não pode variar a maneira habitual de um discurso, o efeito é pouco mais do que o de um sermão lido. Discursos sem vida, formais, pouco encerram do poder vitalizante do Espírito Santo; e o hábito de pregar assim há de com efeito destruir a utilidade de um ministro, bem como sua capacidade. OE 165 3 Deus quer que Seus obreiros nEle confiem inteiramente. Devem escutar, para ouvir o que diz o Senhor, perguntando: Qual é a Tua palavra para o povo? Seu coração deve estar aberto, de maneira que Deus lhes possa impressionar o espírito, e então estarão habilitados a comunicar ao povo a verdade que acabam de receber do Céu. O Espírito Santo lhes dará idéias de molde a satisfazer às necessidades dos presentes. OE 165 4 Reverência -- Tenho ouvido alguns ministros falarem acerca da vida e ensinos de Cristo de maneira comum, como se estivessem relatando incidentes da vida de algum grande homem do mundo. Efetivamente, não é raro que ministros falem de Cristo como se fora um homem como eles próprios. Quando ouço esse sagrado tema tratado de modo tal, sinto inexprimível desgosto; pois sei que se bem que esses homens sejam mestres da verdade, nunca tiveram uma exaltada visão de Cristo; nunca estiveram familiarizados com Ele. Não possuem aquela elevação de pensamentos que lhes facultaria uma clara concepção do caráter do Redentor do mundo. OE 166 1 Os que possuem a devida visão do caráter e obra de Cristo, não confiarão nos próprios méritos, nem serão presunçosos. A fraqueza e ineficácia de seus esforços, em comparação com os do Filho de Deus, conservá-los-ão humildes, sem confiar no próprio eu, levando-os a contar com Cristo quanto a forças para realizar sua obra. Fixar os olhos sempre em Cristo e em Seus méritos, inteiramente suficientes, aumenta a fé, aviva a faculdade do discernimento espiritual, avigora o desejo de se assemelhar a Ele, e traz à oração um fervor que a torna eficaz. OE 166 2 Anedotas Inoportunas -- Os pastores não se devem habituar a relatar anedotas inoportunas em conexão com seus sermões; pois isso redunda em detrimento da força da verdade presente. A narração de anedotas ou incidentes que produzem hilaridade, ou um pensamento frívolo no espírito dos ouvintes, é severamente censurável. A verdade deve ser revestida de linguagem casta e digna; e as ilustrações empregadas precisam ser do mesmo caráter. OE 166 3 Como Vencer a Falta de Atenção -- Muitas vezes o ministro é forçado a pregar numa sala apinhada, onde o calor é excessivo. Os ouvintes se tornam sonolentos, os sentidos adormecidos, e é-lhes quase impossível apreender as verdades apresentadas. OE 167 1 Se, em lugar de lhes pregar, o orador tentasse ensiná-los, falar-lhes em tom de palestra, e dirigir-lhes perguntas, sua mente seria ativada, e seriam capazes de compreender mais claramente as palavras proferidas. OE 167 2 Congregações Pequenas -- Não desanimeis quando houver apenas poucas pessoas presentes para ouvir a pregação. Mesmo que tenhais apenas duas ou três pessoas, quem sabe se não haverá uma com quem o Espírito do Senhor está lutando? O Senhor vos poderá dar uma mensagem para essa alma, e ela, se convertida, talvez seja o instrumento para chegar a outros. Sem que o saibais, os resultados de vosso labor poderão ser mil vezes multiplicados. OE 167 3 Não olheis aos assentos vazios, deixando vossa fé e coragem desfalecerem. Pensai, porém, no que Deus está fazendo para levar Sua verdade ao mundo. Lembrai-vos de que estais cooperando com agentes divinos -- agentes que não falham nunca. Falai com tanto fervor, com tanta fé e interesse, como se houvesse milhares presentes para escutar vossa voz. OE 167 4 Certo ministro foi a sua igreja, para pregar, numa manhã chuvosa, e viu que tinha por auditório um único homem. Não queria, no entanto, decepcionar esse ouvinte, e pregou para ele com zelo e interesse. Em resultado, o homem se converteu, e tornou-se missionário, e mediante seus esforços milhares ouviram as boas novas de salvação. OE 167 5 Sermões Curtos -- Que a mensagem para este tempo não seja apresentada em discursos longos e elaborados, mas em palestras breves e incisivas, isto é, que vão diretamente ao ponto. Sermões prolongados fatigam a resistência do orador e a paciência dos ouvintes. Se o pregador é daqueles que sentem a importância de sua mensagem, precisa ser especialmente cuidadoso para que não sobrecarregue suas energias físicas, e dê ao povo mais do que pode reter. OE 168 1 Não penseis, depois de haverdes apresentado uma vez um assunto, que vossos ouvintes vão conservar na memória tudo quanto apresentastes. Há perigo em passar muito rapidamente de um a outro ponto. Dai lições curtas, em linguagem clara e simples, e repeti-as muitas vezes. Os sermões curtos serão muito mais lembrados do que os longos. Aqueles que falam devem lembrar que os assuntos que estão apresentando talvez sejam novos para alguns dos ouvintes; portanto, os pontos principais devem ser repassados uma e outra vez. OE 168 2 Sem Rodeios -- Muitos oradores perdem o tempo e as energias em longos preliminares e desculpas. Alguns gastam cerca de meia hora em apresentar escusas; assim se perde o tempo e, quando chegam ao assunto e procuram firmar os pontos da verdade no espírito dos ouvintes, estes se acham fatigados e não lhes podem sentir a força. OE 168 3 Em lugar de se escusar por ter de se dirigir ao povo, o ministro deve começar como quem sabe que está apresentando uma mensagem de Deus. Cumpre-lhe tornar tão distintos os pontos essenciais da verdade, como os marcos miliários, de maneira que o povo os não deixe de ver. OE 168 4 O tempo é freqüentemente desperdiçado em explicar pontos que na verdade não são importantes, e seriam aceitos sem a apresentação de provas. Os pontos vitais, porém, devem ser tornados tão claros e impressivos quanto o permitam a linguagem e as provas. OE 169 1 Concentração -- Alguns têm cultivado o hábito de demasiada concentração. A faculdade de fixar a mente num assunto com exclusão de todos os demais, é boa até certo ponto, mas os que põem todo o vigor da mente em determinado sentido, são muitas vezes deficientes em outros pontos. Na conversação, essas pessoas se tornam fastidiosas, e fatigam o ouvinte. Seu estilo, quando escrevem, carece de plasticidade. Ao falarem em público, o assunto que têm em mente lhes absorve a atenção, e são arrastados a aprofundar-se mais e mais no mesmo. Parecem descobrir conhecimento e clareza à medida que se interessam e absorvem, mas poucos há que sejam capazes de os seguir. OE 169 2 Há perigo de que esses homens plantem tão profundo a semente da verdade que, a tenra haste nunca venha a atingir a superfície. Mesmo as verdades mais essenciais, as que são por si mesmas claras e patentes, podem-se achar tão cobertas de palavras que se tornem obscuras e indistintas. OE 169 3 Simplicidade -- O argumento é bom, oportunamente; mas pode-se conseguir muito mais mediante a simples explanação da Palavra de Deus. As lições de Cristo eram tão claramente ilustradas, que os mais ignorantes lhes podiam apanhar facilmente o sentido. Jesus não usava palavras difíceis em Seus discursos; servia-se de linguagem simples, adequada ao espírito do povo comum. Não ia, no assunto que expunha, mais longe do que eles O poderiam acompanhar. OE 170 1 Os ministros devem apresentar a verdade de maneira clara e singela. Há, entre seus ouvintes, muitos que precisam de uma positiva explanação dos passos exigidos na conversão. As grandes massas do povo são mais ignorantes a esse respeito do que se supõe. Entre os formados das escolas superiores, os eloqüentes oradores, hábeis estadistas e homens em elevadas posições de confiança, muitos há que dedicaram suas faculdades a outros assuntos, e negligenciaram as coisas de maior importância. Quando homens tais fazem parte de uma congregação, o orador muitas vezes põe em jogo todas as suas faculdades para produzir um discurso intelectual, e deixa de revelar a Cristo. Não mostra que o pecado é a transgressão da lei. Não torna patente o plano da salvação. Aquilo que teria tocado o coração dos ouvintes, seria apontar-lhes Cristo morrendo para pôr a redenção ao seu alcance. OE 170 2 Reavivamentos -- Quando o Senhor opera mediante instrumentos humanos, quando os homens são movidos com poder do alto, Satanás leva seus agentes a exclamar: "Fanatismo!" e a advertir o povo a não ir a extremos. Cuidem todos quanto a soltar esse brado; pois, conquanto haja moedas falsas, isso não diminui o valor da que é genuína. Porque há reavivamentos e conversões espúrios, não se segue daí que todos os reavivamentos devam ser tidos em suspeita. Não mostremos o desprezo que os fariseus manifestavam quando disseram: "Este homem recebe pecadores." Lucas 15:2. OE 170 3 Há na vida de Cristo o bastante para nos ensinar a não zombar de Sua obra na conversão de almas. As manifestações da graça renovadora de Deus em homens pecadores, fazem com que os anjos se regozijem, mas muitas vezes essa obra, por meio da incredulidade, tem sido qualificada de fanatismo, e o mensageiro por meio de quem Deus operou tem sido julgado como possuidor de um zelo não segundo a sabedoria. OE 171 1 Cultos aos Sábados -- Aquele que é designado para dirigir cultos aos sábados, deve estudar a maneira de interessar os ouvintes nas verdades da Palavra. Não convém que faça sempre tão longos discursos que não haja oportunidade para os presentes confessarem a Cristo. O sermão deve ser, freqüentemente breve, a fim de o povo exprimir seu reconhecimento para com Deus. Ofertas de gratidão glorificam o nome do Senhor. Em cada assembléia dos santos, anjos de Deus escutam o louvor rendido a Jeová em testemunhos, canto e oração. OE 171 2 A reunião de oração e testemunhos, deve ser um período de especial auxílio e animação. Todos devem sentir que é um privilégio tomar parte nela. Que todos os que confessam a Cristo tenham alguma coisa para dizer na reunião de testemunhos. Estes devem ser curtos, e de molde a servir de auxílio aos outros. Não há nada que mate tão completamente o espírito de devoção, como seja uma pessoa levar vinte ou trinta minutos num testemunho. Isso significa morte para a espiritualidade da reunião. ------------------------Capítulo 34 -- O cuidado com as maneiras e o vestuário OE 172 1 O ministro deve lembrar que sua atitude no púlpito, sua maneira de falar, seu vestuário, produzem nos ouvintes impressão favorável ou desfavorável. Cumpre-lhe cultivar a cortesia e a fineza de maneiras, conduzindo-se com a suave dignidade própria de sua alta vocação. Sua conduta deve caracterizar-se por um quê de solenidade e piedosa autoridade, aliado à mansidão. Vulgaridade e rudeza não são toleráveis no trato comum da vida, e muito menos deverão ser permitidas na obra do ministério. A atitude do ministro deve estar em harmonia com as santas verdades que ele proclama. Suas palavras devem ser, a todos os respeitos, cuidadas e bem escolhidas. OE 172 2 Os ministros não têm de modo algum permissão de se conduzir no púlpito como os atores, assumindo atitudes e expressões com fins de mero efeito. Eles não são atores, mas mestres da verdade. Gestos menos dignos, impetuosos, não emprestam nenhum vigor à verdade exposta; ao contrário, desagradam a homens e mulheres que julgam calmamente e vêem as coisas no seu verdadeiro aspecto. OE 172 3 O ministro que aprendeu de Cristo estará sempre consciente de ser um mensageiro de Deus, comissionado por Ele para realizar uma obra cuja influência deve perdurar por toda a eternidade. Não lhe deve absolutamente entrar nas cogitações o chamar sobre si a atenção, sobre seu saber ou capacidade. Seu inteiro objetivo deve ser levar pecadores ao arrependimento, indicando-lhes, tanto por preceito como por exemplo, o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. Cumpre-lhe falar como alguém que tem a consciência de se achar revestido de poder e autoridade de Deus. Seus discursos devem possuir uma sinceridade, um fervor, um poder de persuasão, que leve os pecadores a se refugiarem em Cristo. OE 173 1 O cuidado no vestuário é digno de consideração. O ministro deve trajar-se de maneira condigna com sua posição. Alguns têm falhado a esse respeito. Em alguns casos, não somente tem havido falta de gosto e boa combinação no vestuário, mas este tem sido desalinhado e sujo. OE 173 2 O Deus do Céu, cujo braço move o mundo, que nos dá vida e nos sustém com saúde, é honrado ou desonrado pelo vestuário dos que oficiam em honra Sua. Ele deu a Moisés instruções especiais relativamente a tudo que dizia respeito ao serviço do tabernáculo, e especificou a vestimenta que deviam usar os que haviam de ministrar perante Ele. "Farás vestidos santos a Arão teu irmão, para glória e ornamento" (Êxodo 28:2), foi a direção dada a Moisés. Tudo que dizia respeito ao vestuário e conduta dos sacerdotes devia ser de molde a impressionar o espectador com um sentimento da santidade de Deus, de Seu culto, e da pureza exigida dos que entravam à Sua presença. OE 173 3 Aos sacerdotes não era permitido entrar no santuário com os sapatos nos pés; pois as partículas de pó a eles aderidas profanariam o lugar santo. Tinham de deixar os sapatos no pátio, antes de entrar no santuário, e também lavar as mãos e pés antes de ministrar no tabernáculo, ou no altar de oferta queimada. Assim era constantemente ensinada a lição de que toda mancha precisa ser removida dos que se chegam à presença de Deus. OE 174 1 A influência do ministro negligente em seu vestuário, é desagradável a Deus, e a impressão causada nos que o ouvem é de que ele não considera a obra em que se acha empenhado mais sagrada do que o trabalho comum. E não somente isso, mas, em lugar de lhes mostrar a importância do traje apropriado e de bom gosto, ele lhes dá um exemplo de relaxamento e desasseio, que alguns não tardam em seguir. OE 174 2 Deus espera que Seus ministros, em maneiras e vestuário, representem devidamente os princípios da verdade e a santidade de seu ofício. Cumpre-lhes estabelecer um exemplo que auxilie homens e mulheres a atingirem norma elevada. OE 174 3 Os homens têm o poder de extinguir o Espírito de Deus; é-lhes deixada a faculdade de escolher. É-lhes permitida liberdade de ação. Podem ser obedientes mediante o nome e a grande de nosso Redentor, ou desobedientes, e sofrer as conseqüências. OE 174 4 O homem é responsável quanto a receber ou rejeitar a verdade sagrada e eterna. O Espírito de Deus está continuamente convencendo, e almas estão decidindo pró ou contra a verdade. Quão importante, pois, que todos os atos da vida sejam tais que deles não se necessite arrepender, especialmente entre os embaixadores de Cristo, que estão agindo em Seu lugar! ------------------------Capítulo 35 -- A oração pública OE 175 1 A oração feita em público deve ser breve, e ir diretamente ao ponto. Deus não requer que tornemos fastidioso o período do culto, mediante longas petições. Cristo não impõe a Seus discípulos fatigantes cerimônias e longas orações. "Quando orares", disse Ele, "não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens." Mateus 6:5. OE 175 2 Os fariseus tinham horas estabelecidas para oração; e quando, como acontecia muitas vezes, eles se achavam fora na hora marcada, paravam, onde quer que estivessem -- talvez na rua ou na praça, entre a turba movimentada dos homens -- e aí, em alta voz, recitavam suas orações formais. Tal culto, prestado apenas para glorificação própria, provocou franca censura de Jesus. Todavia Ele não desacoroçoava a oração pública; pois Ele próprio orava com os discípulos e com a multidão. Mas queria incutir em Seus discípulos o pensamento de que suas orações públicas deviam ser breves. OE 175 3 Alguns minutos são o bastante para qualquer oração pública, em geral. Pode haver casos em que as súplicas sejam de modo especial ditadas pelo Espírito de Deus. A alma suplicante fica angustiada, e geme em busca de Deus. O espírito luta, como fez Jacó, e não ficará sossegado sem a manifestação especial do poder de Deus. Em tais ocasiões pode ser justo que a petição se prolongue mais. OE 175 4 Há muitas orações enfadonhas, que parecem mais uma preleção feita ao Senhor, do que o apresentar-Lhe um pedido. Seria melhor se os que assim procedem se limitassem à prece ensinada por Cristo a Seus discípulos. Orações longas são fatigantes para os que as escutam, e não preparam o povo para escutar as instruções que se devem seguir. OE 176 1 É muitas vezes devido à negligência da oração particular, que em público elas são longas e fastidiosas. Não ponham os ministros em suas petições uma semana de negligenciados deveres, esperando expiar essa falta e tranqüilizar a consciência. Tais orações dão freqüentemente em resultado o enfraquecer a espiritualidade de outros. OE 176 2 Antes de subir ao púlpito, o ministro deve buscar a Deus em seu aposento, e pôr-se em íntima comunhão com Ele. Aí pode ele erguer para Deus a alma sedenta, e ser refrigerado com o orvalho da graça. Então, tendo sobre si a unção do Espírito Santo, fazendo-lhe sentir o cuidado das almas, ele não despedirá uma congregação sem lhe haver apresentado a Jesus Cristo, o único refúgio do pecador. Sentindo que talvez nunca mais se encontre com esses ouvintes, dirigir-lhes-á apelos que lhes hão de tocar o coração. E o Mestre, que conhece o coração dos homens, lhe dará expressões, ajudando-o a proferir as palavras que convêm no momento oportuno, e com poder. Reverência na oração OE 176 3 Alguns consideram ser sinal de humildade orar a Deus de maneira comum, como se estivessem falando com um ser humano. Eles profanam Seu nome misturando desnecessária e irreverentemente em suas orações as palavras -- "Deus, todo-poderoso" -- tremendas e sagradas palavras, que nunca deveriam passar pelos lábios senão em tom submisso, e com sentimento de respeito. OE 177 1 A linguagem floreada é inadequada à oração, seja a petição feita no púlpito, no círculo da família, ou em particular. Especialmente o que ora em público deve servir-se de linguagem simples, para que os outros possam entender o que diz, e unir-se à petição. OE 177 2 É a oração de fé, que vem do coração, que é ouvida no Céu, e atendida na Terra. Deus compreende as necessidades humanas. Sabe o que desejamos antes de Lho pedirmos. Ele vê o conflito da alma com a dúvida e a tentação. Observa a sinceridade do suplicante. Aceita a humilhação da alma e sua aflição. "Mas eis para quem olharei", declara Ele, "para o pobre e abatido de espírito, e que treme da Minha palavra." Isaías 66:2. OE 177 3 Temos o privilégio de orar com confiança, ditando o Espírito nossas petições. Devemos declarar com simplicidade nossas necessidades ao Senhor, e reclamar Sua promessa com tal fé, que os que se acham na congregação conheçam que temos aprendido a prevalecer com o Senhor em oração. Serão animados a crer que a presença do Senhor se acha na reunião, e hão de abrir o coração para receber-Lhe as bênçãos. Sua fé em nossa sinceridade aumentará, e ouvirão atentamente as instruções dadas. OE 177 4 Nossas orações devem ser repassadas de ternura e amor. Ao nos afligirmos por uma compreensão mais profunda e vasta do amor do Salvador, clamaremos a Deus por mais sabedoria. Se jamais houve necessidade de orações e sermões que comovessem a alma, ela existe agora. Acha-se às portas o fim de todas as coisas. Oh! se pudéssemos, como devemos, ver a necessidade de buscar ao Senhor de todo o coração! Então O haveríamos de achar. OE 178 1 Que Deus ensine Seu povo a orar. Aprendam os mestres em nossas escolas, e os ministros em nossas igrejas, diariamente, na escola de Cristo. Então eles hão de orar fervorosamente, e seus pedidos serão ouvidos e satisfeitos. Então a Palavra será proclamada com poder. Nossa atitude em oração OE 178 2 Tanto no culto público, como no particular, temos o privilégio de curvar os joelhos perante o Senhor ao fazer-Lhe nossas petições. Jesus, nosso exemplo, "pondo-Se de joelhos, orava". Lucas 22:41. Acerca de Seus discípulos acha-se registrado que também se punham de joelhos e oravam. Atos dos Apóstolos 9:40; 20:36; 21:5. Paulo declarou: "... Me ponho de joelhos perante o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo." Efésios 3:14. Ao confessar perante Deus os pecados de Israel, Esdras ajoelhou-se. Esdras 9:5. Daniel "três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante de seu Deus". Daniel 6:10. OE 178 3 A verdadeira reverência para com Deus é inspirada por um sentimento de Sua infinita grandeza, e de Sua presença. Com esse sentimento do Invisível, todo coração deve ser profundamente impressionado. A hora e o lugar da oração são sagrados, porque Deus Se encontra ali, e, ao manifestar-se reverência em atitude e maneiras, o sentimento que inspira essa reverência se tornará mais profundo. "Santo e tremendo é o Seu nome" (Salmos 111:9), declara o salmista. Ao proferirem esse nome, os anjos velam o rosto. Com que reverência, pois, devemos nós, caídos e pecadores, tomá-lo nos lábios! OE 178 4 Bom seria, para velhos e moços, ponderarem as palavras da Escritura que mostram como o lugar assinalado pela presença especial de Deus deve ser considerado. "Tira os teus sapatos de teus pés", ordenou Ele junto à sarça ardente, "porque o lugar em que tu estás é terra santa". Êxodo 3:5. Jacó, depois de contemplar a visão dos anjos, exclamou: "O Senhor está neste lugar e eu não o sabia. ... Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos Céus." Gênesis 28:16, 17. OE 179 1 "O Senhor está no Seu santo templo; cale-se diante dEle toda a Terra." Habacuque 2:20. OE 179 2 Não se exigem orações verbosas, com caráter de sermão, e que são fora de lugar em público. Uma oração breve, feita com fervor e fé, abrandará o coração dos ouvintes; mas durante as orações longas, eles esperam impacientemente, como se desejassem que cada palavra fosse o final da mesma. Houvesse o ministro que faz tal oração lutado com Deus no seu aposento, até sentir que sua fé podia ater-se à promessa: "Pedi, e dar-se-vos-á", e ele havia de ter chegado diretamente ao ponto em sua oração pública, pedindo com fervor e fé graça para si mesmo e seus ouvintes. ------------------------Capítulo 36 -- O bom pastor OE 181 1 Cristo, o grande exemplo de todos os ministros, compara-Se a um pastor. "Eu sou o bom Pastor", declara Ele; "o bom Pastor dá a Sua vida pelas ovelhas." "Eu sou o bom Pastor, e conheço as Minhas ovelhas, e das Minhas sou conhecido. Assim como o Pai Me conhece a Mim, também Eu conheço o Pai, e dou a Minha vida pelas ovelhas." João 10:11, 14, 15. OE 181 2 Assim como um pastor terrestre conhece as suas ovelhas, também o divino Pastor conhece o Seu rebanho espalhado por todo o mundo. "Vós, pois, ó ovelhas Minhas, ovelhas do Meu pasto: homens sois, mas Eu sou o vosso Deus, diz o Senhor Jeová." Ezequiel 34:31. OE 181 3 Na parábola da ovelha perdida, o pastor sai em procura de uma ovelha -- o mínimo que se pode numerar. Descobrindo que falta uma de suas ovelhas, não olha descuidosamente sobre o rebanho que se acha a salvo, no abrigo, dizendo: Tenho noventa e nove, e me será muito penoso ir em procura da extraviada. Que ela volte, e então lhe abrirei a porta do redil, e deixá-la-ei entrar. Não; assim que a ovelha se desgarra, o pastor enche-se de pesar e ansiedade. Deixando as noventa e nove no aprisco, sai em busca da extraviada. Seja embora a noite escura e tempestuosa, perigosos e incertos os caminhos, a busca longa e fastidiosa, ele não vacila enquanto a perdida não é encontrada. OE 182 1 Com que sentimento de alívio escuta ele ao longe seu primeiro e débil balido! Seguindo o som, sobe às mais íngremes alturas; chega mesmo à borda do precipício, com risco da própria vida. Assim busca ele, enquanto o balido, cada vez mais débil, lhe mostra que sua ovelhinha está prestes a morrer. OE 182 2 E ao achar a perdida, acaso lhe manda ele que o siga? Ameaça-a, porventura, ou a espanca, ou a vai tangendo adiante de si, pensando nos incômodos e ansiedades que por ela sofreu? Não; põe aos ombros a exausta ovelha e, cheio de feliz reconhecimento porque sua busca não foi em vão, volve ao redil. Sua gratidão exprime-se em hinos de regozijo. E, "chegando a casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida". OE 182 3 Assim, quando o pecador perdido é encontrado pelo Bom Pastor, o Céu e a Terra se unem em regozijo e ações de graças. Pois "haverá alegria no Céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento". Lucas 15:6, 7. OE 182 4 O grande Pastor tem subpastores, aos quais delega o cuidado das ovelhas e cordeiros. A primeira obra que Cristo confiou a Pedro, ao restabelecê-lo no ministério, foi o apascentar os cordeiros. João 21:15. Era esta uma obra em que Pedro tivera pouca experiência. Exigiria grande cuidado e ternura, muita paciência e perseverança. Essa obra o convidava a ministrar às crianças e jovens, e aos novos na fé, a ensinar aos ignorantes, a abrir-lhes as Escrituras, e a educá-los para a utilidade no serviço de Cristo. Até então, Pedro não fora apto para isso, ou mesmo para compreender sua importância. OE 183 1 A pergunta feita por Cristo a Pedro, era significativa. Mencionou apenas uma condição para o discipulado e o serviço. "Amas-Me"? disse Ele. Eis o requisito essencial. Embora Pedro possuísse todos os outros, sem o amor de Cristo não poderia ser um fiel pastor do rebanho do Senhor. Conhecimentos, benevolência, eloquência, gratidão e zelo, são todos auxiliares na boa obra; mas, sem o amor de Cristo no coração, a obra do ministro cristão se demonstrará um fracasso. OE 183 2 A lição que Cristo lhe ensinou junto ao Mar da Galiléia, Pedro levou consigo por toda a vida. Escrevendo às igrejas, guiado pelo Espírito Santo, disse: OE 183 3 "Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória." 1 Pedro 5:1-4. OE 183 4 A ovelha que se desgarrou do redil é a mais impotente de todas as criaturas. Ela deve ser procurada; pois não pode encontrar o caminho para voltar. Assim acontece com a alma que tem vagueado longe de Deus; acha-se tão impotente como a ovelha perdida; e, a não ser que o amor divino a venha salvar, não poderá nunca encontrar o caminho para Deus. Portanto, com que compaixão, com que sentimento, com que persistência deve o subpastor buscar almas perdidas! Quão voluntariamente deveria ele abnegar-se, sofrer fadigas e privações! OE 184 1 Há necessidade de pastores que, sob a direção do Sumo Pastor, busquem os perdidos e extraviados. Isto significa suportar desconforto físico e sacrificar a comodidade. Significa uma terna solicitude pelos que erram, uma compaixão e paciência divinas. Significa ouvir com simpatia relatos de erros, de degradações, de desespero e miséria. OE 184 2 O verdadeiro pastor tem o espírito de esquecimento de si mesmo. Perde de vista o próprio eu, a fim de poder praticar as obras de Deus. Mediante a pregação da palavra e o ministério pessoal nos lares do povo, aprende a conhecer-lhes as necessidades, as dores, as provações: e, cooperando com Aquele que sabe, por excelência, levar cuidados sobre Si, partilha de suas aflições, conforta-os nos infortúnios, alivia-lhes a fome d'alma, e conquista-lhes o coração para Deus. Nesta obra o ministro é assistido pelos anjos celestes, e ele próprio é instruído e iluminado na verdade que torna sábio para a salvação. OE 184 3 Em nossa obra o esforço individual conseguirá muito mais do que se possa calcular. É pela falta disso que almas estão perecendo. Uma alma é de valor infinito; seu preço é revelado pelo Calvário. Uma alma ganha para Cristo será o instrumento em atrair outras, e haverá um resultado sempre crescente de bênçãos e salvação. ------------------------Capítulo 37 -- O ministério pessoal OE 185 1 Há na obra de muitos ministros demasiados sermões, e bem pouco do verdadeiro trabalho de coração para coração. Há necessidade de mais trabalho individual pelas almas. Em simpatia cristã, o ministro se deve aproximar individual e intimamente dos homens, buscando despertar-lhes o interesse nas grandes coisas concernentes à vida eterna. Seu coração poderá ser tão duro como as batidas estradas e, aparentemente, talvez seja um esforço inútil apresentar-lhes o Salvador; mas, ao passo que a lógica pode falhar em demovê-los, os argumentos serem impotentes para os convencer, o amor de Cristo, revelado no ministério pessoal, pode abrandar o coração empedernido, de maneira que a semente da verdade venha a criar raízes. OE 185 2 O ministério significa muito mais do que fazer sermões; importa em fervoroso trabalho pessoal. A igreja na Terra compõe-se de homens e mulheres errantes que necessitam de paciente, esforçado labor, para que se exercitem e disciplinem em trabalhar de maneira aceitável nesta vida e, na futura, sejam coroados de glória e imortalidade. Necessitam-se pastores -- pastores fiéis -- que não lisonjeiem o povo de Deus, nem o tratem asperamente, mas que o alimentem com o pão da vida -- homens que sintam diariamente em sua própria vida o poder transformador do Espírito Santo, e que nutram forte e abnegado amor àqueles com quem trabalham. OE 185 3 É uma obra que requer tato, a que se oferece ao subpastor quando tem de enfrentar afastamento, amargura, inveja e ciúme na igreja; e ser-lhe-á preciso trabalhar no espírito de Cristo a fim de estabelecer a ordem. São necessárias fiéis advertências, repreensões ao pecado, reparações de agravos, tanto pela obra do ministro no púlpito, como pelo seu trabalho pessoal. O coração transviado pode objetar à mensagem, e o servo de Deus ser mal julgado e criticado. Lembre-se ele então de que "a sabedoria que do alto vem é, primeiramente, pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia. Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz". Tiago 3:17, 18. OE 186 1 A obra do ministro evangélico é "demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus". Efésios 3:9. Se uma pessoa que entra para esta obra escolhe a parte que exige menos sacrifício, contentando-se com pregar, e deixando a obra do ministério pessoal para ser feita por alguma outra pessoa, seus serviços não serão aceitáveis diante de Deus. Almas por quem Cristo morreu estão perecendo à míngua de bem dirigido trabalho pessoal; e errou sua vocação aquele que, havendo entrado para o ministério, não está disposto a fazer a obra pessoal que o cuidado do rebanho exige. OE 186 2 O ministro deve instar a tempo e fora de tempo, estar pronto a aproveitar toda oportunidade para fazer avançar a obra de Deus. "Instar a tempo" é estar alerta quanto aos privilégios da casa e hora de culto, e às ocasiões em que os homens estão conversando sobre religião. E "fora de tempo" é estar pronto, quando no lar, no campo, de viagem ou nos negócios, a encaminhar habilmente o espírito dos homens aos grandes temas das Escrituras, fazendo-os sentir com espírito brando e fervoroso, as reivindicações de Deus. Muitas, muitas dessas oportunidades se deixam escapar desaproveitadas, porque os homens estão persuadidos de que é fora de tempo. Mas, quem sabe qual será o resultado de um sábio apelo dirigido à consciência? Está escrito: "Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará: se esta, se aquela, ou se ambas igualmente serão boas." Eclesiastes 11:6. Aquele que está semeando a semente da verdade pode andar com o coração cheio de cuidados e por vezes, seus esforços podem parecer infrutíferos. Mas, se é fiel, há de ver os frutos de seu labor; pois Deus declara: "Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará sem dúvida com alegria, trazendo consigo os seus molhos." Salmos 126:6. Visitas às famílias OE 187 1 Havendo o ministro apresentado a mensagem evangélica do púlpito, sua obra está apenas iniciada. Resta-lhe fazer o trabalho pessoal. Cumpre-lhe visitar o povo em casa, conversando e orando com eles em fervor e humildade. Há famílias que nunca serão postas em contato com as verdades da Palavra de Deus, a menos que os mordomos de Sua graça lhes penetrem no lar, e lhes indiquem o caminho mais elevado. O coração dos que fazem essa obra, porém, deve palpitar em uníssono com o coração de Cristo. OE 187 2 Muito se acha compreendido na ordem: "Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a Minha casa se encha." Lucas 14:23. Ensinem os ministros a verdade às famílias, aproximando-se mais intimamente daqueles em favor de quem trabalham; e, ao cooperarem assim com Deus, Ele os revestirá de poder espiritual. Cristo os guiará em sua obra, dando-lhes palavras que penetrarão profundamente no coração dos ouvintes. OE 188 1 Todo ministro tem o privilégio de poder dizer com Paulo: "Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus." "Nada, que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e pelas casas,... a conversão a Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo." Atos dos Apóstolos 20:27, 20, 21. OE 188 2 Nosso Salvador ia de casa em casa, curando os enfermos, confortando os tristes, consolando os aflitos, e dirigindo palavras de paz aos abatidos. Ele tomava as criancinhas nos braços, e as abençoava e dirigia palavras de esperança e conforto às mães cansadas. Com infatigável ternura e suavidade Se aproximava de todas as formas de infortúnio e aflição humanos. Não em Seu próprio proveito, mas no dos outros. Ele trabalhava. Era o servo de todos. Sua comida e bebida era levar esperança e forças a todos com quem chegava em contato. E, ouvindo homens e mulheres as verdades que Lhe caíam dos lábios, tão diversas das tradições e dogmas ensinados pelos rabis, brotava-lhes no coração a esperança. Havia em Seus ensinos uma sinceridade que fazia com que Suas palavras fossem direto ao alvo, com um poder convincente. OE 188 3 Desejo dizer a meus irmãos do ministério: Aproximai-vos do povo onde ele se acha, mediante o trabalho pessoal. Relacionai-vos com ele. Esta é uma obra que se não pode fazer por procuração. Dinheiro emprestado ou dado, não a pode realizar. Sermões, do púlpito, não a podem efetuar. Ensinar as Escrituras às famílias -- eis a obra do evangelista; e esta obra deve estar unida à de pregar. Sendo omitida, a pregação será, em grande parte, um fracasso. OE 188 4 Os que estão à procura da verdade precisam que as palavras lhes sejam dirigidas oportunamente; pois Satanás lhes está falando por suas tentações. Se encontrais repulsa ao tentar ajudar almas, não vos importeis. Se vossa obra parece produzir poucos resultados; não fiqueis desanimados. Perseverai em trabalhar; sede discretos; compreendei quando convém falar, e quando guardar silêncio; velai pelas almas como quem por elas devem dar contas; e vigiai os artifícios de Satanás, para que não sejais desviados do dever. Não permitais que as dificuldades vos abatam ou intimidem. Com fé vigorosa, com ousadia de propósito, enfrentai e vencei essas dificuldades. Semeai a semente com fé, e liberalmente. OE 189 1 Muito depende da maneira em que vos aproximais daqueles a quem fazeis visita. Podeis pegar de tal maneira na mão de uma pessoa ao saudá-la, que lhe conquisteis a confiança imediatamente, ou de modo tão frio que ela pense que não tendes por ela interesse algum. OE 189 2 Não deveríamos agir como se fosse condescendência nos aproximarmos do pobre. Eles são à vista de Deus, tão preciosos como nós, e devemos proceder em harmonia com esse pensamento. Nosso vestuário deve ser simples, de maneira que, ao visitarmos os pobres, eles não fiquem embaraçados pelo contraste entre nossa aparência e a sua. As alegrias que chegam aos pobres são bem limitadas, muitas vezes; e por que não haveria de o obreiro de Deus levar-lhes ao lar raios de luz? Precisamos possuir a terna simpatia de Jesus; então haveremos de abrir caminho aos corações. ------------------------Capítulo 38 -- A obra do pastor OE 190 1 O verdadeiro pastor terá interesse em tudo quanto diz respeito ao bem-estar do rebanho, alimentando-o, guiando-o e defendendo-o. Conduzir-se-á com grande prudência, e manifestará terna consideração por todos, especialmente pelos tentados, aflitos e desanimados. "Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a Sua vida em resgate de muitos." Mateus 20:28. "Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou." João 13:16. Cristo "aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens". Filipenses 2:7. "Mas nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos. Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação. Porque também Cristo não agradou a Si mesmo, mas, como está escrito: Sobre Mim caíram as injúrias dos que Te injuriavam." Romanos 15:1-3. OE 190 2 Muitos obreiros fracassam em sua obra, porque não se põem em contato íntimo com aqueles que mais necessitam de seu auxílio. Com a Bíblia na mão, deveriam buscar, da maneira mais delicada, conhecer as objeções que há na mente dos que estão começando a indagar: "Que é a verdade?" Cuidadosa e suavemente ele os deveria conduzir e educar, como discípulos numa escola. Muitos têm de desaprender teorias que de há muito acreditaram ser a verdade. Ao se convencerem de que se achavam em erro quanto a assuntos escriturísticos, são lançados em perplexidades e dúvidas. Eles necessitam da mais terna simpatia e do mais judicioso auxílio; devem ser instruídos com cuidado, e necessitam que se ore por eles e com eles, que os vigiem e os protejam com bondosa solicitude. OE 191 1 É grande privilégio ser colaborador de Cristo na salvação de almas. Com paciente e abnegado esforço, procurava o Salvador chegar aos homens em seu estado decaído, resgatando-os das conseqüências do pecado. Seus discípulos, que são os mestres de Sua palavra, devem imitar acuradamente o grande Modelo. OE 191 2 Nos campos novos, há necessidade de muita oração e prudente trabalho. Querem-se homens que não somente possam pregar sermões, mas tenham conhecimento experimental do mistério da piedade, e sejam capazes de satisfazer às necessidades urgentes do povo -- que avaliem a importância de sua posição como servos de Jesus, e tomem satisfeitos a cruz que Ele lhes ensinou a levar. OE 191 3 É altamente importante que o pastor se associe muito com seu povo, ficando assim familiarizado com os vários aspectos da natureza humana. Ele deve estudar as operações da mente, a fim de adaptar seus ensinos à inteligência dos ouvintes. Aprenderá assim aquela grande caridade que habita unicamente nos que se dão a um atento estudo da natureza e necessidades dos homens. ------------------------Capítulo 39 -- Estudos bíblicos a famílias OE 192 1 O plano de se darem estudos bíblicos foi uma idéia de origem celeste. Muitos há, tanto homens como mulheres, que se podem empenhar nesse ramo de obra missionária. Podem-se assim desenvolver obreiros que se tornem poderosos homens de Deus. Por este meio a Palavra de Deus tem sido proporcionada a milhares; e os obreiros são postos em contato pessoal com o povo de todas as línguas e nações. A Bíblia é introduzida nas famílias, e suas sagradas verdades encontram guarida na consciência. Os homens são solicitados a ler, examinar e julgar por si mesmos, e devem sentir a responsabilidade de receber ou rejeitar a iluminação divina. Deus não há de permitir que essa preciosa obra em Seu favor fique sem recompensa. Coroará de êxito todo esforço humilde feito em Seu nome. OE 192 2 Em todo campo novo, deve-se exercitar perseverança e paciência. Não fiqueis desanimados com os começos pequenos. Muitas vezes o mais humilde trabalho é que produz os maiores resultados. Quanto mais direta for nossa obra pelos nossos semelhantes, maior bem conseguirá. A influência pessoal é uma força. O espírito daqueles com quem nos achamos intimamente ligados é impressionado mediante influências invisíveis. Uma pessoa não pode falar a uma multidão, e movê-la como o faria se estivesse em mais íntimas relações com os que a compõem. Jesus deixou o Céu e veio ao nosso mundo para salvar almas. Vós vos deveis aproximar daqueles em favor de quem trabalhais, não somente para que vos ouçam a voz, mas vos apertem a mão, conheçam os vossos princípios, sintam vossa simpatia. OE 193 1 Meus irmãos do ministério, não penseis que o único trabalho que podeis fazer, a única maneira por que podeis operar em benefício de almas, seja fazer discursos. A melhor obra que podeis fazer, é ensinar, educar. Onde quer que se vos depare uma oportunidade de assim fazer, sentai-vos com alguma família, e deixai que vos façam perguntas. Respondei-lhes então pacientemente, humildemente. Continuai esta obra juntamente com vossos esforços em público. Pregai menos, e educai mais, mediante estudos bíblicos, e orações feitas nas famílias e pequenos grupos. OE 193 2 A todos quantos estão trabalhando com Cristo, desejo dizer: Sempre que vos for possível ter acesso ao povo em seu lar, aproveitai a oportunidade. Tomai a Bíblia, e exponde-lhes as grandes verdades da mesma. Vosso êxito não dependerá tanto de vosso saber e consecuções, como de vossa habilidade em chegar ao coração das pessoas. Sendo sociáveis e aproximando-vos bem do povo, podereis mudar-lhes a direção dos pensamentos muito mais facilmente do que pelos mais bem feitos discursos. A apresentação de Cristo em família, no lar e em pequenas reuniões em casas particulares, é muitas vezes mais bem-sucedida em atrair almas para Jesus, do que sermões feitos ao ar livre, às multidões em movimento, ou mesmo em salões e igrejas. OE 193 3 Todos quantos se empenham nesse trabalho pessoal, devem ser tão cuidadosos de não agir mecanicamente, como os próprios ministros que pregam a palavra. Devem aprender continuamente. Possuir zelo consciencioso em adquirir as mais elevadas qualidades, em tornar-se homens eficientes nas Escrituras. Devem cultivar hábitos de atividade mental, entregando-se especialmente à oração, e ao estudo diligente das Escrituras. ------------------------Capítulo 40 -- O valor do esforço individual OE 194 1 Os que mais êxito têm tido em atrair almas, foram homens e mulheres que se não orgulhavam de suas habilidades, mas, em humildade e fé, buscaram ajudar os que estavam ao redor de si. Jesus fez esta mesma obra. Punha-Se em contato com aqueles a quem desejava atrair. Quantas vezes, tendo ao redor poucos reunidos, dava Suas lições, e um a um os transeuntes paravam para escutá-Lo, até que havia uma grande multidão a ouvir maravilhada e respeitosa as palavras do Mestre enviado do Céu! A mulher de Samaria OE 194 2 Cristo não esperava que se reunissem congregações. Algumas das mais importantes verdades que proferiu, foram dirigidas a indivíduos. Escutai-Lhe as admiráveis palavras à mulher de Samaria. Achava-Se sentado, ao poço de Jacó, quando a mulher foi tirar água. Para surpresa dela, pediu-lhe um favor. "Dá-Me de beber", disse. Ele queria um pouco de água fresca, e desejava ao mesmo tempo achar o caminho para lhe poder dar da água da vida. OE 194 3 "Como, sendo Tu judeu", disse-Lhe a mulher, "me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos)." OE 194 4 Jesus respondeu: "Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz -- Dá-Me de beber, tu Lhe pedirias, e Ele te daria água viva. ... Qualquer que beber desta água tornará a ter sede; mas aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna." OE 195 1 Quanto interesse manifestou Cristo por essa mulher! Quão fervorosas e eloqüentes foram Suas palavras! Elas tocaram o coração da ouvinte e, esquecendo por que viera ao poço, dirigiu-se à cidade e disse aos amigos: "Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; porventura não é este o Cristo?" João 4:7-30. OE 195 2 Muitos deixaram suas ocupações para irem ter com o Estranho, junto ao poço de Jacó. Eles O assediaram de perguntas, e receberam ansiosamente Suas explicações de muitas coisas que haviam sido obscuras para sua compreensão. Eram como pessoas que seguissem um súbito raio de luz, até encontrarem o dia. OE 195 3 O resultado da obra de Jesus, enquanto Se sentou, fatigado e com fome, junto ao poço, foi vasto nas bênçãos. Aquela única alma a quem buscou ajudar, tornou-se um instrumento para alcançar outros, e levá-los ao Salvador. Este tem sido sempre o meio por que a obra de Deus tem progredido na Terra. Fazei brilhar a vossa luz, e outras luzes surgirão. OE 195 4 Os servos de Deus devem ser homens do momento, prontos para o serviço a qualquer hora. Meus irmãos, deparar-se-vos-ão hora a hora oportunidades de servir a Deus. Estas vêm e vão constantemente. Estai sempre apercebidos para tirar delas o máximo ao vosso alcance. A ocasião de dirigir ao ouvido de alguma alma necessitada a palavra de vida, talvez nunca mais se repita; portanto, não ouse ninguém dizer: "Peço-Te que me hajas por escusado." Não percais nenhuma oportunidade de tornar conhecidas a outros as insondáveis riquezas de Cristo; pois uma oportunidade uma vez negligenciada poder passar de nosso alcance para sempre. ------------------------Capítulo 41 -- Divisão de trabalho OE 196 1 Um sério obstáculo ao êxito da verdade, e de que talvez não se suspeite, encontra-se em nossas próprias igrejas. Ao ser feito um esforço para se apresentar nossa fé aos incrédulos, os membros da igreja ficam muitas vezes para trás, como se não fossem parte interessada e deixam todo o peso sobre os ministros. Por esta razão o trabalho de nossos ministros mais capazes tem por vezes sido de pouco resultado. Podem pregar os melhores sermões, a mensagem pode ser exatamente aquela de que o povo necessita, e todavia não se atraírem almas como molhos que se apresentem a Cristo. OE 196 2 Ao trabalhar em lugares onde já se encontram alguns na fé, o ministro deve não tanto buscar a princípio, converter os incrédulos, como exercitar os membros da igreja para prestarem cooperação proveitosa. Trabalhe com eles individualmente, tentando despertá-los para buscarem eles próprios experiência mais profunda, e trabalharem por outros. Quando estiverem preparados para apoiar o ministro mediante orações e serviços, maior êxito há de lhe acompanhar os esforços. OE 196 3 Nada de perdurável pode ser realizado pelas igrejas em vários lugares, a menos que despertem para sentir que sobre elas pesa uma responsabilidade. Cada membro do corpo deve sentir que a salvação de sua própria alma depende de seu esforço individual. Não se podem salvar almas sem diligência. O ministro não pode salvar o povo. Ele pode ser um veículo pelo qual Deus comunique luz a Seu povo; mas depois de a luz haver sido transmitida, fica com o povo o apoderar-se da mesma e, por sua vez, fazê-la brilhar para outros. -- Testimonies for the Church 2:121. O preparo de auxiliares na igreja OE 197 1 O ministro não deve sentir ser seu dever fazer todas as pregações e todos os trabalhos e todas as orações; cabe-lhe preparar auxiliares, em todas as igrejas. Que pessoas diferentes se revezem na direção das reuniões, e em dar estudos bíblicos; assim fazendo, estarão empregando os talentos que Deus lhes deu, e, ao mesmo tempo, recebendo o preparo para serem obreiros. OE 197 2 "Em alguns respeitos, o pastor ocupa posição idêntica à do mestre de um grupo de operários, ou de um capitão de navio. Deles se espera que vejam que os homens sobre quem se acham colocados façam a obra que lhes é designada, pronta e corretamente, e só em caso de emergência precisam executar os detalhes. OE 197 3 "O proprietário de um grande moinho encontrou uma vez seu superintendente a fazer qualquer simples reparo numa roda, ao passo que para ali, parados a olhar ociosamente, achavam-se meia dúzia de operários desse ramo. Havendo-se informado do fato, a fim de estar certo de que não faria injustiça, chamou o mestre ao seu escritório e entregou-lhe sua demissão, pagando-lhe integralmente. Surpreendido, o homem pediu explicação. Esta foi dada nas seguintes palavras: 'Empreguei-o para manter seis homens ocupados. Achei os seis ociosos, e o senhor fazendo o trabalho de um apenas. O seu trabalho poderia ter sido feito por qualquer dos seis. Não posso pagar o ordenado de sete, para o senhor ensinar os seis a serem vadios.' OE 198 1 "Este incidente pode ser aplicável a uns casos, e a outros não. Mas muitos pastores falham em conseguir, ou em não tentar, que todos os membros da igreja se empenhem ativamente nos vários ramos da obra. Se os pastores dessem mais atenção a pôr e manter seu rebanho ativamente ocupado na obra, haveriam de realizar mais benefícios, ter mais tempo para estudar e fazer visitas missionárias, e também evitar muitas causas de atrito." OE 198 2 Alguns, devido à inexperiência, cometerão erros, mas deve-lhes ser bondosamente mostrada a maneira de fazer melhor o seu trabalho. Assim o pastor pode educar homens e mulheres para se desempenharem de responsabilidades na boa obra que tanto está sofrendo por falta de obreiros. Necessitamos de homens capazes de tomar responsabilidades; e a melhor maneira por que podem adquirir a experiência de que necessitam, é dedicar-se de espírito e coração ao trabalho. Salvo mediante o esforço em favor de outrem OE 198 3 A igreja que trabalha, é igreja que progride. Os membros encontram estímulo e tônico em ajudar a outros. Li a história de um homem que, viajando num dia de inverno através de grandes montes de neve, ficou entorpecido pelo frio, o qual ia quase imperceptivelmente congelando-lhe as forças vitais. Estava enregelado, quase a morrer, e prestes a abandonar a luta pela vida, quando ouviu os gemidos de um companheiro de viagem, também a perecer de frio. Despertou-se-lhe a compaixão, e decidiu salvá-lo. Friccionando os membros enregelados do infeliz homem, conseguiu, depois de consideráveis esforços, pô-lo de pé. Como o coitado não se pudesse suster, conduziu-o compassivamente nos braços através dos mesmos montões que supusera nunca poder transpor sozinho. OE 199 1 Havendo conduzido o companheiro de viagem a lugar seguro, penetrou-lhe de súbito no espírito a verdade de que, salvando seu semelhante, salvara-se a si mesmo. Seus fervorosos esforços para ajudar a outro, estimularam-lhe o sangue prestes a congelar nas veias, comunicando saudável calor aos membros. OE 199 2 Essa lição de que, em auxiliar os outros nós mesmos somos ajudados, deve ser acentuada continuamente por preceito e exemplo perante nossos crentes jovens, a fim de que possam conseguir os melhores resultados em sua experiência cristã. Que as pessoas desanimadas, dispostas a pensar que o caminho da vida eterna é difícil e probante, se dediquem a ajudar os outros. Esses esforços, aliados à oração em busca de luz divina, hão de fazer com que o próprio coração palpite à vivificante influência da graça de Deus, e suas afeições se inflamem de mais divino fervor. Toda a sua vida cristã se tornará mais real, mais zelosa, mais rica de oração. OE 199 3 Lembremo-nos de que somos peregrinos e estrangeiros nesta Terra, buscando a Terra melhor, sim, a que é do Céu. Aqueles que se uniram com o Senhor no concerto do serviço, acham-se sob obrigação de cooperar com Ele na obra de salvar almas. OE 199 4 Que os membros da igreja cumpram fielmente durante a semana a sua parte, e narrem ao sábado suas experiências. A reunião será então como alimento a seu tempo, trazendo a todos os presentes nova vida e vigor. Quando o povo de Deus vir a grande necessidade de trabalhar como Cristo fazia pela conversão de pecadores, os testemunhos dados por eles nos cultos de sábado serão cheios de poder. Com alegria testificarão quanto ao valor da experiência que têm adquirido em trabalhar por outros. ------------------------Capítulo 42 -- A igreja é um sagrado depósito OE 200 1 Ao ascender, Cristo deixou a igreja e todos os seus interesses, como sagrado depósito aos Seus seguidores. E a obra da igreja não deve ser deixada ao ministro unicamente, ou a alguns poucos dirigentes. Todo membro deve sentir que entrou num solene concerto com o Senhor, quanto a trabalhar da melhor maneira pelos interesses de Sua causa, em todos os tempos, e sob todas as circunstâncias. Cada um deve ter uma parte a desempenhar, algum encargo sobre si. Se todos os membros da igreja sentissem responsabilidade individual, maior progresso seria feito nas coisas espirituais. O solene peso da responsabilidade que sobre eles repousava, haveria de os induzir a buscar a Deus muitas vezes, demandando força e graça. OE 200 2 O verdadeiro caráter da igreja não se mede pela sua elevada profissão de fé, nem pelos nomes que se acham registrados em seus livros, mas pelo que ela está realmente fazendo pelo Mestre, pelo número de seus obreiros perseverantes e fiéis. O esforço pessoal, desinteressado, há de realizar mais pela causa de Cristo, do que pode ser operado por sermões ou credos. OE 200 3 Ensinem os ministros aos membros da igreja que, a fim de crescer em espiritualidade, devem levar o fardo que o Senhor sobre eles pôs -- o encargo de conduzir almas à verdade. Aqueles que não estão fazendo face a suas responsabilidades devem ser visitados, orando-se e trabalhando-se com eles. Não leveis o povo a descansar em vós como ministros; ensinai-lhes antes que devem usar seus talentos em comunicar a verdade aos que os rodeiam. Trabalhando assim, hão de ter a cooperação dos anjos celestes, e obterão uma experiência que lhes acrescentará a fé, tornando-os firmes em Deus. ------------------------Capítulo 43 -- A esposa do ministro OE 201 1 Antigamente a esposa do ministro sofria necessidades e perseguições. Quando o marido padecia prisões e, por vezes, morte, aquelas nobres e abnegadas mulheres sofriam com ele, e sua recompensa será igual à que há de ser concedida ao marido. As Sras. Boardman e Judson padeceram pela verdade -- sofreram com seus companheiros. Em todo o sentido da palavra, sacrificaram pátria e amigos, a fim de os ajudar na obra de iluminar aqueles que se achavam assentados em trevas; de lhes revelar os mistérios ocultos da Palavra de Deus. Sua vida achava-se em constante perigo. Salvar almas era seu grande objetivo, e por ele sofriam de bom grado... OE 201 2 Se a esposa do ministro o acompanha em viagens, não deve ir apenas para seu próprio prazer, para visitar e ser servida, mas para com ele trabalhar. Deve ter os mesmos interesses que ele em fazer bem. Convém que tenha boa vontade de acompanhar o marido, caso os cuidados da casa a não impeçam, e deve ajudá-lo em seus esforços para salvar almas. Com mansidão e humildade, mas todavia com confiança em si mesma, deve exercer no espírito dos que a rodeiam uma influência orientadora, desempenhando seu papel e levando sua cruz e encargos na reunião, em torno do altar de família e na conversação no círculo familiar. O povo assim o espera, e se essa expectativa se não realiza, mais da metade da influência do marido é destruída. OE 201 3 A esposa do ministro pode fazer muito, se quiser. Se for dotada de espírito de sacrifício, e tiver amor às almas, poderá fazer com ele outro tanto de bem. Uma irmã obreira na causa da verdade pode compreender e tratar, especialmente entre as irmãs, de certos casos que se acham fora do alcance do ministro. OE 202 1 Repousa sobre a esposa do ministro uma responsabilidade a que ela não deve, nem pode levianamente eximir-se. Deus há de requerer dela, com juros, o talento que lhe foi emprestado. Cumpre-lhe trabalhar fiel e zelosamente, em conjunto com o marido, para salvar almas. Nunca deve insistir com seus próprios desejos, nem manifestar falta de interesse no trabalho do esposo, nem entregar-se a sentimentos de saudade e descontentamento. Todos esses sentimentos naturais devem ser vencidos. É preciso que tenha na vida um desígnio, o qual deve ser levado a efeito sem vacilação. Que fazer se isto se acha em conflito com os sentimentos, prazeres e gostos naturais? Estes devem ser pronta e animosamente sacrificados, a fim de fazer bem e salvar almas. OE 202 2 A esposa do ministro deve viver uma vida devota e de oração. Mas algumas gostariam de uma religião em que não há cruzes, e que não exige abnegação e esforço de sua parte. Em lugar de se manterem nobremente por si mesmas, repousando em Deus quanto a forças, e fazendo face a suas responsabilidades individuais, elas levam a maior parte do tempo dependendo de outros, deles derivando sua vida espiritual. Se tão-somente se apoiassem confiantemente, com confiança infantil, em Deus, e concentrassem em Jesus suas afeições, recebendo sua vida de Cristo, a videira viva, que soma de bem não poderiam elas realizar, que auxílio poderiam ser a outros, que apoio para seus maridos! E que recompensa não seria a sua afinal! Bem está, serva boa e fiel -- havia de lhes soar qual música dulcíssima aos ouvidos. As palavras: "Entra no gozo de teu Senhor", pagar-lhes-iam mil vezes todos os sofrimentos e provações suportados para salvar preciosas almas. -- Testimonies for the Church 1:451-453. OE 203 1 Se homens casados vão trabalhar, deixando a esposa a cuidar dos filhos em casa, a esposa e mãe está plenamente fazendo uma obra tão grande e importante quanto a do marido e pai. Enquanto um se encontra no campo missionário, a outra é uma missionária no lar, sendo seus cuidados e ansiedades e encargos freqüentemente muito maiores que os do esposo e pai. A obra da mãe é solene e importante -- moldar o espírito e o caráter dos filhos, prepará-los para serem úteis aqui, e habilitá-los para a vida futura e imortal. OE 203 2 O marido, em pleno campo missionário, pode receber a honra dos homens, ao passo que a lidadora do lar talvez não receba nenhum louvor terrestre por seus labores; mas, em ela trabalhando o melhor possível pelos interesses de sua família, buscando moldar-lhes o caráter segundo o Modelo divino, o anjo relator escreve-lhe o nome como o de um dos maiores missionários do mundo. OE 203 3 A mulher do missionário pode-lhe ser grande auxílio em buscar tornar-lhe mais leves as responsabilidades, se mantém sua própria alma no amor de Deus. Ela pode ensinar a Palavra aos filhos. Pode dirigir sua casa com economia e prudência. Em união com o marido, pode educar os filhos em hábitos de economia, ensinando-lhes a restringir suas necessidades. ------------------------Capítulo 44 -- O ministro no lar OE 204 1 É o desígnio de Deus que, em sua vida doméstica, o mestre da Bíblia seja um exemplo das verdades que ensina. O que um homem é, exerce maior influência do que o que diz. A piedade na vida diária dará força ao testemunho público. A paciência, a coerência e o amor impressionarão os corações que os sermões não conseguem alcançar. OE 204 2 Os deveres do pastor jazem em torno dele, próximos e distantes; mas seu primeiro dever é para seus filhos. Ele não se deve absorver tanto com os deveres exteriores que negligencie as instruções que necessitam seus filhos. Talvez considere os deveres do lar como de menor importância; em realidade, porém, esses deveres se encontram na própria base do bem-estar dos indivíduos e da sociedade. A felicidade de homens e mulheres, e o êxito da igreja, dependem, em grande parte, da influência doméstica. Interesses eternos se acham envolvidos no devido desempenho dos deveres diários da vida. O mundo não precisa tanto de grandes espíritos, como de homens bons, que sejam uma bênção na própria família. OE 204 3 Coisa alguma pode desculpar o pastor de negligenciar o círculo interior, pelo mais amplo círculo externo. O bem-estar espiritual de sua família, vem em primeiro lugar. No dia do final ajuste de contas, Deus há de perguntar que fez ele para atrair para Cristo aqueles que tomou a responsabilidade de trazer ao mundo. O grande bem, feito a outros, não pode cancelar o débito que ele tem para com Deus, quanto a cuidar dos próprios filhos. OE 204 4 Deve haver na família do pastor uma unidade que pregue um sermão eficaz sobre a piedade prática. Ao passo que o pastor e a esposa cumpram fielmente seu dever no lar, restringindo, corrigindo, admoestando, aconselhando, guiando, estão-se tornando mais habilitados para trabalhar na igreja, e multiplicando meios de cumprir a obra de Deus fora do lar. Os membros da família tornam-se membros da família do Céu, e são uma força para o bem, exercendo influência de vasto alcance. OE 205 1 Por outro lado, o ministro que permite que os filhos cresçam indisciplinados e desobedientes, verificará que sua influência no púlpito é anulada pela conduta desagradável dos filhos. Aquele que não pode reger os membros de sua própria família, não é apto para servir devidamente a igreja de Deus, ou guardá-la de lutas e dissensões. Cortesia no lar OE 205 2 Há perigo de que se deixe de atender às pequeninas coisas da vida. Não deve haver negligência, por parte do pastor, em dirigir palavras bondosas e animadoras no círculo familiar. Irmão pastor, acaso manifestais, no âmbito familiar, rudeza, falta de bondade e polidez? Se assim agis, não importa quão alta seja a profissão de fé que fazeis, estais violando os mandamentos. Não importa quão fervorosamente pregueis a outros, se deixais de mostrar o amor de Cristo em vossa vida doméstica, está faltando muito para atingirdes a norma que vos é proposta. Não penseis que o homem que sai do púlpito sagrado para condescender com observações ásperas e sarcásticas, ou com pilhérias e motejos, é representante de Cristo. O amor de Deus não se encontra nele. Seu coração acha-se cheio de amor-próprio, convencimento, e ele torna notório que não possui verdadeira estima pelas coisas sagradas. Cristo não está com ele, e ele não anda possuído da solene mensagem de verdade para este tempo. OE 206 1 Os filhos dos pastores são, em certos casos, os mais negligenciados do mundo, pela razão de que os pais não estão com eles senão por pouco tempo, e ficam na liberdade de escolher suas ocupações e entretenimentos. Se todos os filhos de um pastor são meninos, não os deve deixar inteiramente ao cuidado da mãe. Seria demasiado pesado o encargo para ela. Ele se deve constituir o companheiro e amigo dos filhos. Deve esforçar-se para guardá-los de más companhias, e ver que se ocupem em obras úteis. Talvez seja difícil à mãe exercer o domínio de si mesma. Se o marido o compreende, deve tomar sobre si a maior parte da responsabilidade, fazendo tudo que lhe seja possível para guiar seus filhos a Deus. OE 206 2 Lembre-se a mulher do pastor que tem filhos, de que na própria casa ela tem um campo missionário onde deve trabalhar com energia infatigável e zelo inquebrantável, sabendo que os resultados de sua obra perdurarão por toda a eternidade. Não é a alma de seus filhos de tanto valor como a dos pagãos? Cuide, pois, deles com amorável solicitude. Cabe-lhe a responsabilidade de mostrar ao mundo o poder e a excelência da religião no lar. Ela deve ser regida por princípios, não por impulsos, e operar com a consciência de que Deus é seu ajudador. Não deve permitir que coisa alguma a distraia de sua missão. OE 206 3 É de infinito valor a influência de uma mãe intimamente ligada a Cristo. Seu ministério de amor faz do lar uma Betel. Cristo com ela coopera, transformando a água comum da vida no vinho do Céu. Os filhos crescerão para lhe ser uma bênção e uma honra nesta vida e na que há de vir. ------------------------Capítulo 45 -- "Apascenta os meus cordeiros" OE 207 1 O encargo dado a Pedro por Cristo exatamente antes de Sua ascensão, foi: "Apascenta os Meus cordeiros" (João 21:15); e este encargo é dado a todo pastor. Quando Cristo disse a Seus discípulos: "Deixai vir os meninos a Mim, e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus" (Marcos 10:14), falava aos discípulos de todos os séculos. OE 207 2 Muito se tem perdido para a causa da verdade por falta de atenção às necessidades espirituais dos jovens. Os ministros do evangelho devem travar amistosas relações com a mocidade de sua congregação. Muitos são relutantes neste ponto, mas sua negligência é pecado aos olhos de Deus. Há entre nós muitos rapazes e moças não ignorantes quanto a nossa fé, mas cujo coração nunca foi tocado pelo poder da divina graça. Como podemos nós, que professamos ser servos de Deus, passar dia após dia, semana após semana, indiferentes a sua condição? Se eles devessem morrer em seus pecados, sem ser advertidos, seu sangue seria requerido das mãos do atalaia que deixou de lhes dar aviso. OE 207 3 Por que não haveria de o trabalho feito pelos jovens que se acham em nossos limites ser considerado obra missionária da mais elevada espécie? Ela exige o mais delicado tato, a mais detida consideração, as mais fervorosas orações pela sabedoria celeste. A juventude é o objeto dos ataques especiais de Satanás; mas a bondade, a cortesia e a simpatia que emanam de um coração cheio do amor de Jesus, conquistar-lhes-ão a confiança, e salvá-los-ão de muitos laços do inimigo. OE 208 1 A mocidade necessita mais do que uma atenção casual, mais do que uma ocasional palavra de animação. Precisa de uma obra acurada, cuidadosa, secundada pela oração. Unicamente a pessoa cujo coração se acha cheio de amor e simpatia, será capaz de conquistar esses jovens aparentemente descuidosos e indiferentes. Nem todos podem ser auxiliados da mesma maneira. Deus trata com cada um segundo o seu temperamento e caráter, e nós devemos com Ele cooperar. Muitas vezes aqueles que passamos por alto indiferentemente, por julgarmos pelas aparências, possuem as melhores aptidões para serem obreiros, e corresponderão a todos os esforços feitos em seu favor. Deve-se dar mais consideração ao problema da maneira pela qual convém tratar os jovens, e mais fervorosa oração pela sabedoria necessária para lidar com o espírito humano. Pregação às crianças OE 208 2 Repita-se às crianças em todas as ocasiões oportunas, a história do amor de Jesus. Deixe-se em cada sermão um lugarzinho para benefício delas. O servo de Cristo pode fazer desses pequeninos, amigos duradouros. Não perca ele, portanto, oportunidade de os ajudar a se tornarem mais inteligentes no conhecimento das Escrituras. Isso contribuirá mais do que avaliamos para impedir o caminho aos ardis de Satanás. Se as crianças cedo se familiarizam com as verdades da Palavra de Deus, erguer-se-á uma barreira contra a impiedade, e elas serão habilitadas a enfrentar o inimigo com as palavras: "Está escrito." OE 208 3 Os que dão instruções à infância e à mocidade, devem evitar observações enfadonhas. Falar com brevidade, indo direto ao ponto, terá uma feliz influência. Se há muita coisa para dizer, substituí pela frequência aquilo de que a brevidade os privou. Algumas observações interessantes, feitas de quando em quando, serão mais eficazes do que comunicar todas as instruções de uma só vez. Longos discursos fatigam a mente dos jovens. Falar demasiado levá-los-á mesmo a aborrecer as instruções espirituais, da mesma maneira que o comer em excesso sobrecarrega o estômago e diminui o apetite, conduzindo ao enjôo da comida. Nossas instruções à igreja, e especialmente à juventude, devem ser dadas, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali. As crianças devem ser atraídas para o Céu, não asperamente, mas com muita brandura. Penetrar nos sentimentos da mocidade OE 209 1 Devemos procurar penetrar nos sentimentos da mocidade, compartilhando de suas alegrias e tristezas, lutas e vitórias. Jesus não permaneceu no Céu, afastado dos aflitos e pecadores; Ele baixou a este mundo, a fim de Se familiarizar com a fraqueza, o sofrimento e as tentações da humanidade caída. Baixou até a nossa condição, a fim de nos poder elevar. Em nossa obra em prol dos jovens, devemos chegar até eles, se os queremos auxiliar. Quando jovens discípulos são vencidos pela tentação, não os tratem os mais velhos em experiência com aspereza, nem olhem com indiferença os seus esforços. Lembrai-vos de que vós mesmos tendes manifestado muitas vezes pouca força para resistir ao poder do tentador. Sede tão pacientes com esses cordeiros do rebanho, como desejaríeis que os outros fossem para convosco. Deus nos tem constituído de maneira que mesmo os mais fortes, necessitam de simpatia. Quanto mais, então, a necessitam as crianças! Um só olhar de compaixão acalmará e dará forças à criança tentada e provada. OE 209 2 Jesus pede a todo extraviado: "Dá-Me, filho Meu, o teu coração." Provérbios 23:26. "Voltai, ó filhos rebeldes, Eu curarei as vossas rebeliões." Jeremias 3:22. A mocidade não pode ser verdadeiramente feliz sem o amor de Jesus. Com piedosa ternura Ele está esperando ouvir a confissão dos extraviados, e aceitar-lhes o arrependimento. Espera qualquer retribuição em reconhecimento da parte deles, como a mãe o sorriso de gratidão de seu amado filhinho. O grande Deus nos ensina a chamar-Lhe Pai. Ele deseja que compreendamos quão ansiosa e ternamente Seu coração se compadece de nós em todas as nossas provas e tentações. "Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor Se compadece daqueles que O temem." Salmos 103:13. Mais depressa a mãe se esqueceria de seu filho, do que Deus de uma alma que nEle confia. A juventude deve fazer sua parte na obra da igreja OE 210 1 Havendo a juventude entregado o coração a Deus, não cessa ainda nossa responsabilidade em seu favor. É preciso que eles se interessem na obra do Senhor, e sejam levados a ver que Ele espera que façam alguma coisa para que Sua causa avance. Não basta mostrar quanto se precisa fazer, e insistir com a mocidade para tomar parte. É mister ensinar-lhes a maneira de trabalhar para o Mestre. Exercitá-los, discipliná-los, adestrá-los nos melhores métodos de atrair almas para Cristo. Ensinai-os a experimentar, quieta e despretensiosamente, auxiliar seus jovens companheiros. Disponham-se sistematicamente vários ramos de trabalho missionário, nos quais eles possam tomar parte, e dêem-se-lhes instruções e auxílio. Assim aprenderão a trabalhar para Deus. OE 210 2 Não imagineis que vos seja possível despertar o interesse dos jovens indo à reunião missionária e pregando longo sermão. Planejai meios pelos quais se possa despertar um vivo interesse. Cada semana os jovens devem levar seus relatórios, contando o que têm tentado fazer pelo Salvador, e o êxito obtido. Se as reuniões missionárias fossem uma ocasião para apresentar esses relatórios, não se tornariam desinteressantes, monótonas, enfadonhas. Seriam cheias de atrativos, e não haveria falta de assistência. OE 211 1 O talento juvenil, bem organizado e bem educado, é necessário em nossas igrejas. Os jovens farão alguma coisa com suas transbordantes energias. A menos que essas energias sejam dirigidas por condutos certos, serão pelos jovens usadas de maneira que ferirá sua própria espiritualidade e se demonstrará um mal àqueles com quem se associam. OE 211 2 Esteja o coração do que instrui ligado ao dos que se acham sob seu cuidado. Lembre-se de que eles têm muitas tentações a enfrentar. Mal imaginamos os traços objetáveis de caráter transmitidos a eles como herança, e quantas vezes lhes sobrevêm tentações que são o resultado dessa herança. OE 211 3 O protetor cuidado que o subpastor há de ter para com os cordeiros do rebanho é bem ilustrado por uma gravura que eu vi, representando o Bom Pastor. Este está guiando, à frente, enquanto o rebanho O segue imediatamente atrás. Em Seus braços Ele conduz um impotente cordeirinho, ao passo que a mãe deste caminha ao Seu lado, confiantemente. Da obra de Cristo, disse Isaías: "Entre os Seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no Seu regaço." Isaías 40:11. Os cordeirinhos necessitam mais do que alimento diário. Precisam de proteção, e de ser continuamente guardados com terno cuidado. Se um se desgarra, deve ser procurado. A imagem é bela, representa bem o amorável serviço que o subpastor do rebanho de Cristo deve fazer por aqueles que se acham sob sua proteção e cuidado. OE 212 1 Irmãos do ministério, abri vossas portas aos rapazes que se acham expostos à tentação. Aproximai-vos deles mediante o esforço pessoal. O mal os convida de todo lado. Buscai interessá-los naquilo que os auxilie a viverem uma vida mais elevada. Não vos mantenhais afastados deles. Trazei-os para junto de vossa mesa, nos serões da noite; convidai-os a se unirem convosco em torno do altar de família. Lembremo-nos das reivindicações de Deus quanto a nós, para que tornemos a vereda do Céu luminosa e atrativa. OE 212 2 Devemos educar os jovens em ajudar a juventude; e ao buscarem fazer esta obra, obterão uma experiência que os habilitará a tornarem-se consagrados obreiros em mais ampla esfera. Milhares de corações podem ser alcançados pela maneira mais simples e humilde. Os mais intelectuais, aqueles que são considerados e louvados como os homens e mulheres mais bem dotados do mundo, são muitas vezes refrigerados pelas palavras simples e emanadas do coração de uma pessoa que ama a Deus. ... Mas a expressão verdadeira, sincera, de um filho ou filha de Deus, emitida com natural simplicidade, abrirá a porta a corações por muito tempo cerrados. -- Testemunhos Seletos 2:402. OE 212 3 Desde a infância, Timóteo conhecia as Escrituras; e esse conhecimento lhe foi uma salvaguarda contra as más influências que o rodeavam e a tentação de preferir o prazer e a satisfação própria ao dever. Todos os nossos filhos necessitam dessa salvaguarda; e deve constituir parte da obra dos pais e dos embaixadores de Cristo, o ver que as crianças sejam convenientemente instruídas na Palavra de Deus. -- Testemunhos Seletos 1:258. ------------------------Capítulo 46 -- Oração pelos doentes OE 213 1 A própria essência do evangelho é restauração, e o Salvador quer que Seus servos convidem o enfermo, o desanimado e o aflito a apoderar-se de Sua força. Os servos de Deus são os canais de Sua graça, e Ele deseja, por intermédio deles, exercer Seu poder de curar. É a obra deles apresentar o doente e o sofredor a Cristo nos braços da fé. Devem viver tão chegados a Ele, e tão patentemente revelar em sua vida a operação de Sua verdade, que Ele os possa fazer instrumentos de bênçãos aos necessitados de cura física e espiritual. OE 213 2 É nosso privilégio orar com os doentes, ajudá-los a apoderar-se do escudo da fé. Anjos de Deus se acham bem perto daqueles que assim ministram à sofredora humanidade. O consagrado embaixador de Cristo que, quando solicitado a abeirar-se de um enfermo, busca firmar sua atenção sobre as realidades divinas, está realizando uma obra que há de perdurar através da eternidade. E, ao aproximar-se dos doentes com o conforto de uma esperança obtida mediante a fé em Cristo e a aceitação das divinas promessas, sua própria experiência se enriquece cada vez mais de força espiritual. OE 213 3 Tendo a consciência despertada, muita alma turbada, sofrendo de moléstias físicas em resultado de contínuas transgressões, exclama: "Senhor, tem misericórdia de mim, pecador; faze-me Teu filho"! É então que o ministro, forte na fé, deve estar pronto a dizer ao sofredor que há esperança para o penitente; que em Jesus, todo aquele que anseia auxílio e aceitação pode encontrar livramento e paz. Aquele que, em mansidão e amor, assim leva o evangelho à alma aflita, tão necessitada de sua mensagem de esperança, é um porta-voz dAquele que Se deu a Si mesmo pela humanidade. Ao proferir ele palavras eficazes, adequadas, e ao orar por uma pessoa que jaz no leito de dor, Jesus faz a petição. Deus fala por lábios humanos. O coração é tocado. A humanidade é posta em contato com a divindade. OE 214 1 O ministro deve compreender por experiência, que o poder calmante da graça de Cristo traz saúde e paz, e plenitude de alegria. Deve conhecer a Cristo como Aquele que convidou os cansados e oprimidos a virem a Ele e encontrar descanso. Não esqueça nunca que a amorável presença do Salvador circunda constantemente todo agente humano ordenado por Deus para a comunicação de bênçãos espirituais. A lembrança disto lhe dará vitalidade à fé, e fervor às petições. OE 214 2 Então ele pode comunicar o poder vitalizante da verdade de Deus aos que apelam para ele em busca de auxílio. Pode falar das obras de cura operadas por Cristo, e dirigir a mente do enfermo para Ele, como o grande Médico, que é luz e vida, bem como conforto e paz. Pode-lhes dizer que não precisam desesperar, que o Salvador os ama e que, se a Ele se entregarem, possuirão o Seu amor, Sua graça e Seu poder mantenedor. Insista com eles para que descansem nas promessas de Deus, sabendo que Aquele que deu essas promessas é nosso melhor e mais fiel Amigo. Enquanto ele se esforça por encaminhar o espírito para as coisas celestiais, verificará que o pensamento da terna simpatia dAquele que sabe a exata maneira de aplicar o bálsamo curador, dará ao doente uma sensação de descanso e sossego. OE 215 1 O divino Médico acha-Se presente na câmara do enfermo; ouve toda palavra das orações que Lhe são dirigidas na simplicidade de uma fé genuína. Seus discípulos hoje têm de orar pelos doentes, da mesma maneira que o faziam os de outrora. E haverá restabelecimentos; pois "a oração da fé salvará o doente". Tiago 5:15. OE 215 2 Temos na Palavra de Deus instruções relativas à oração especial pelo restabelecimento de um doente. Mas tal oração é um ato soleníssimo, e não o devemos realizar sem atenta consideração. Em muitos casos de oração pela cura de um doente, o que se chama fé não é nada mais que presunção. OE 215 3 Muitas pessoas chamam sobre si a doença pela condescendência consigo mesmas. Não têm vivido segundo as leis naturais, ou os princípios da estrita pureza. Outros têm desconsiderado as leis da saúde em seus hábitos no comer e beber, vestir ou trabalhar. Freqüentemente é alguma forma de vício a causa do enfraquecimento mental ou físico. Obtivessem essas pessoas a bênção da saúde, e muitas delas continuariam a seguir o mesmo rumo de descuidosa transgressão das leis naturais e espirituais de Deus, raciocinando que, se Ele as cura em resposta à oração, elas se acham em liberdade de prosseguir em práticas nocivas, condescendendo sem restrições com apetites pervertidos. Se Deus operasse um milagre para restaurar à saúde essas pessoas, estaria animando o pecado. OE 215 4 É trabalho perdido ensinar o povo a volver-se para Deus como Aquele que lhes cura as enfermidades, a menos que sejam também ensinados a renunciar aos hábitos nocivos. Para que recebam Sua bênção em resposta à oração, devem cessar de fazer o mal e aprender a fazer o bem. Seu ambiente deve ser higiênico, corretos os seus hábitos de vida. Devem viver em harmonia com a lei de Deus, tanto a natural, como a espiritual. A confissão dos pecados OE 216 1 Deve-se tornar claro aos que desejam orações por seu restabelecimento, que a violação da lei de Deus, quer natural quer espiritual, é pecado, e que a fim de receber Suas bênçãos, ele deve ser confessado e abandonado. OE 216 2 A Escritura nos ordena: "Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros para que sareis." Tiago 5:16. Ao que solicita orações, sejam apresentados pensamentos como este: "Nós não podemos ler o coração, nem conhecer os segredos de vossa vida. Estes são conhecidos unicamente por vós mesmos e por Deus. Se vos arrependeis de vossos pecados, é o vosso dever fazer confissão deles." OE 216 3 O pecado de natureza particular deve ser confessado a Cristo, o único mediador entre Deus e o homem. Pois "se alguém pecar temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo". 1 João 2:1. Todo pecado é uma ofensa a Deus, e Lhe deve ser confessado por intermédio de Cristo. Todo pecado público, deve ser do mesmo modo publicamente confessado. A ofensa feita a um semelhante, deve ser ajustada com a pessoa ofendida. Se alguém que deseja recuperar a saúde, se acha culpado de maledicência, se semeou a discórdia no lar, na vizinhança ou na igreja, suscitando separação e dissensão, se por qualquer má prática, induziu outros a pecar, essas coisas devem ser confessadas diante de Deus e perante os ofendidos. "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar, e nos purificar de toda a injustiça." 1 João 1:9. OE 217 1 Havendo os erros sido endireitados, podemos apresentar as necessidades do enfermo ao Senhor com fé tranqüila, como Seu Espírito nos indicar. Ele conhece cada indivíduo por nome, e cuida de cada um como se não houvesse na Terra nenhum outro por quem houvesse dado Seu bem-amado Filho. Por ser o amor de Deus tão grande e inalterável, o doente deve ser estimulado a confiar nEle e ficar animoso. Estar ansioso quanto a si mesmo tende a causar fraqueza e doença. Se eles se erguerem acima da depressão e da tristeza, será melhor sua perspectiva de restabelecimento; pois "os olhos do Senhor estão sobre os que esperam na Sua misericórdia". Salmos 33:18. Submissão à vontade de Deus OE 217 2 Ao orar pelos doentes, cumpre lembrar que "não sabemos o que havemos de pedir como convém". Romanos 8:26. Não sabemos se a bênção que desejamos será para o bem ou não. Portanto, nossas orações devem incluir este pensamento: "Senhor, Tu conheces todo segredo da alma. Estás familiarizado com estas pessoas. Jesus, seu Advogado, deu a vida por elas. Seu amor por elas é maior do que é possível ser o nosso. Se, portanto, for para Tua glória e o bem dos aflitos, pedimos, em nome de Jesus, que sejam restituídos à saúde. Se não for da Tua vontade que se restaurem, rogamos-Te que a Tua graça os conforte e a Tua presença os sustenha em seus sofrimentos." OE 218 1 Deus conhece o fim desde o princípio. Conhece de perto o coração de todos os homens. Lê todo segredo da alma. Sabe se aqueles por quem se fazem as orações haviam ou não de resistir às provações que lhes sobreviriam, houvessem eles de viver. Sabe se sua vida seria uma bênção ou uma maldição para si mesmos e para o mundo. Esta é uma razão pela qual, ao mesmo tempo que apresentamos nossas petições com fervor, devemos dizer: "Todavia não se faça a minha vontade mas a Tua." Lucas 22:42. Jesus acrescentou estas palavras de submissão à sabedoria e vontade de Deus, quando, no jardim de Getsêmani, rogava: "Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice." Mateus 26:39. Se elas eram apropriadas para Ele, o Filho de Deus, quanto mais adequadas são nos lábios dos finitos e errantes mortais! OE 218 2 A atitude coerente é expor nossos desejos a nosso todo-sábio Pai celeste e então, em perfeita segurança, tudo a Ele confiar. Sabemos que Deus nos ouve se pedimos em harmonia com a Sua vontade. Mas insistir em nossas petições sem um espírito submisso, não é correto; nossas orações devem tomar a forma, não de uma ordem, mas de uma intercessão. OE 218 3 Casos há em que o Senhor opera decididamente por Seu divino poder na restauração da saúde. Mas nem todos os doentes são sarados. Muitos são postos a dormir em Jesus. João, na ilha de Patmos, foi mandado escrever: "Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos e as suas obras os sigam." Apocalipse 14:13. Vemos por aí que, se as pessoas não forem restituídas à saúde, não devem ser por isso, consideradas como faltas de fé. OE 219 1 Todos nós desejamos respostas imediatas e diretas às nossas orações, e somos tentados a ficar desanimados quando a resposta é retardada ou vem por uma maneira que não esperávamos. Mas Deus é demasiado sábio e bom para atender nossas petições sempre justamente ao tempo e pela maneira que desejamos. Ele fará mais e melhor por nós do que realizar sempre os nossos desejos. E como podemos confiar em Sua sabedoria e Seu amor, não devemos pedir que nos conceda a nossa vontade, mas buscar identificar-nos com Seu desígnio, e cumpri-lo. Nossos desejos e interesses devem-se fundir com Sua vontade. OE 219 2 Estas experiências que provam a fé são para nosso bem. Por elas se manifesta se nossa fé é verdadeira e sincera, repousando unicamente na palavra de Deus, ou se depende de circunstâncias, sendo incerta e instável. A fé é revigorada pelo exercício. Devemos permitir que a paciência tenha sua obra perfeita, lembrando-nos de que há preciosas promessas nas Escrituras para aqueles que esperam no Senhor. OE 219 3 Nem todos compreendem esses princípios. Muitos dos que buscam as restauradoras mercês do Senhor, pensam que devem ter uma resposta direta e imediata a suas orações, ou se não sua fé é falha. Por esta razão os que estão enfraquecidos pela moléstia precisam ser sabiamente aconselhados, para que procedam prudentemente. Eles não devem desatender ao seu dever para com os amigos que lhes sobreviverem, nem negligenciar o emprego dos agentes naturais. OE 219 4 Há muitas vezes perigo de erro nisto. Crendo que hão de ser curados em resposta à oração, alguns temem fazer qualquer coisa que pudesse indicar falta de fé. Mas não devem negligenciar o pôr em ordem os seus negócios como desejariam se esperassem ser tirados pela morte. Nem também temer proferir palavras de animação ou de conselho que gostariam de dirigir aos seus amados na hora da partida. Agentes medicinais; exemplos bíblicos OE 220 1 Os que buscam a cura pela oração, não devem negligenciar o emprego de remédios ao seu alcance. Não é uma negação da fé usar os remédios que Deus proveu para aliviar a dor e ajudar a natureza em sua obra de restauração. Não é nenhuma negação da fé cooperar com Deus, e colocar-se nas condições mais favoráveis para o restabelecimento. Deus pôs em nosso poder o obter conhecimento das leis da vida. Este conhecimento foi colocado ao nosso alcance para ser empregado. Devemos usar todo recurso para restauração da saúde, aproveitando-nos de todas as vantagens possíveis, agindo em harmonia com as leis naturais. Tendo orado pelo restabelecimento do doente, podemos trabalhar com muito maior energia ainda, agradecendo a Deus o termos o privilégio de cooperar com Ele, e pedindo-Lhe a bênção sobre os meios por Ele próprio fornecidos. OE 220 2 Temos a sanção da Palavra de Deus quanto ao uso de remédios. Ezequias, rei de Israel, estava doente, e um profeta de Deus levou-lhe a mensagem de que haveria de morrer. Ele clamou ao Senhor, e Este ouviu a Seu servo, e mandou-lhe dizer que lhe seriam acrescentados quinze anos de vida. Ora, uma palavra de Deus haveria curado instantaneamente a Ezequias; mas foram dadas indicações especiais: OE 221 1 "Tomem uma pasta de figos, e a ponham como emplastro sobre a chaga; e sarará." Isaías 38:21. OE 221 2 Certa ocasião Cristo ungiu os olhos de um cego com terra, e mandou-lhe: "Vai, lava-te no tanque de Siloé.... Foi pois, e lavou-se e voltou vendo." João 9:7. A cura poderia ser operada unicamente pelo poder do grande Médico; todavia, Cristo fez uso de simples agentes da Natureza. Conquanto Ele não favorecesse as medicações de drogas, sancionou o emprego de remédios simples e naturais. OE 221 3 Ao termos orado pela restauração de um enfermo, seja qual for o desenlace do caso, não percamos a fé em Deus. Se formos chamados a sofrer a perda, aceitemos o amargo cálice, lembrando-nos de que é a mão de um Pai que no-lo chega aos lábios. Mas sendo a saúde restituída, não se deveria esquecer que o objeto da misericordiosa cura se acha sob renovada obrigação para com o Criador. Quando os dez leprosos foram purificados, apenas um voltou em busca de Jesus para dar-Lhe glória. Que nenhum de nós seja como os inconsiderados nove, cujo coração ficou insensível diante da misericórdia de Deus. "Toda boa dádiva e todo dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação." Tiago 1:17. -- A Ciência do Bom Viver, 227-233. ------------------------Capítulo 47 -- Ensinar o povo a ser liberal OE 222 1 Nunca deve o obreiro que organiza pequenos grupos aqui e ali, dar aos recém-convertidos à fé, a impressão de que Deus não exige que eles trabalhem sistematicamente em auxiliar na manutenção da causa, seja por seus trabalhos pessoais, seja por meio de seus recursos. Freqüentemente os que recebem a verdade se acham entre os pobres do mundo; não devem, porém, fazer disso uma desculpa para negligenciar os deveres que sobre eles recaem em vista da preciosa luz que receberam. Não devem permitir que a pobreza os impeça de depositar um tesouro no Céu. As bênçãos ao alcance do rico, acham-se também ao seu alcance. Se são fiéis no emprego do pouco que possuem, seu tesouro no Céu aumentará segundo sua fidelidade. É o motivo pelo qual trabalham, não a quantidade feita, que torna sua oferta valiosa à vista do Céu. OE 222 2 Todos devem ser ensinados a fazer pelo Mestre o que lhes estiver ao alcance; a devolver-Lhe segundo a prosperidade que lhes tem dado. Ele reclama como Sua a décima parte de suas rendas, sejam elas grandes ou pequenas; e aqueles que a retêm cometem roubo para com Ele, e não podem esperar que Sua mão lhes dê prosperidade. Ainda que a igreja seja composta, na maioria, de irmãos pobres, o assunto da liberalidade sistemática deve ser plenamente exposto, e o plano adotado de coração. Deus é capaz de cumprir Suas promessas. Seus recursos são infinitos, e Ele os emprega todos em cumprir Seus desígnios. E quando Ele vê um fiel cumprimento do dever na devolução do dízimo, muitas vezes, em Sua sábia providência, proporciona meios pelos quais este seja aumentado. Aquele que segue o plano de Deus no pouco que lhe foi dado, receberá a mesma recompensa que aquele que oferta de sua abundância. OE 223 1 O mesmo se verifica relativamente aos que empregam alegremente seus talentos de aptidões na causa de Deus, ao passo que os que deixam de desenvolver o que lhes foi dado incorrerão na mesma perda que lhes adviria se esse pouco houvesse sido muito. Foi o homem que possuía apenas um talento, mas que o escondeu na terra, que recebeu a condenação do Senhor. OE 223 2 O plano de Deus no sistema do dízimo é belo em sua simplicidade e igualdade. Todos dele podem lançar mão com fé e ânimo, pois é divino em sua origem. Nele se reúne simplicidade e utilidade, e não é preciso profundeza de saber para o entender e executar. Todos podem sentir que está ao seu alcance tomar parte no levar avante a preciosa obra de salvação. Todo homem, mulher e jovem se pode tornar tesoureiro para o Senhor, e ser um agente para satisfazer às exigências feitas ao tesouro. ... OE 223 3 Grandes objetivos são realizados por esse sistema. Se todos o aceitassem, cada um se tornaria vigilante e fiel tesoureiro de Deus; e não haveria falta de meios com que levar avante a grande obra de proclamar a última mensagem de advertência ao mundo. -- Testimonies for the Church 3:388, 389. ------------------------Capítulo 48 -- O sustento do evangelho OE 224 1 O Senhor fez com que a proclamação do evangelho dependesse do trabalho e dádivas voluntárias de todo o Seu povo. Aquele que proclama a mensagem de misericórdia aos homens caídos, tem outra obra a fazer -- apresentar ao povo o dever que lhes cabe de sustentar a obra de Deus com seus recursos. Precisa ensinar-lhes que uma parte de suas rendas pertence a Deus, e deve-se dedicar, religiosamente, à Sua obra. Esta lição cumpre-lhe apresentar tanto por preceito, como por exemplo; deve cuidar em que, pelo próprio exemplo, não enfraqueça a força de seu ensino. OE 224 2 Aquilo que, de acordo com as Escrituras, foi posto à parte, como pertencendo ao Senhor, constitui a renda do evangelho, e não mais nos pertence. Não é nada menos que sacrilégio, um homem lançar mão do tesouro do Senhor a fim de se servir a si, ou a outros, em seus negócios temporais. Alguns são culpados de haver retirado do altar do Senhor aquilo que Lhe foi especialmente consagrado. Todos devem considerar esse assunto sob seu verdadeiro aspecto. Ninguém, vendo-se em situação precária, tire dinheiro consagrado a fins religiosos, empregando-o para seu próprio proveito, e acalmando a consciência com o dizer que o restituirá futuramente. Prefira cortar as despesas segundo as rendas que tem, restringir as necessidades e viver de acordo com os meios, a usar o dinheiro do Senhor para fins seculares. O emprego do dízimo OE 224 3 Deus deu orientação especial quanto ao emprego do dízimo. Ele não quer que Sua obra seja entravada por falta de meios. Para que não haja uma obra acidental, nem engano, Ele tornou bem claro o nosso dever sobre esses pontos. A porção que Deus reservou para Si, não deve ser desviada para nenhum outro desígnio que não aquele por Ele especificado. Ninguém se sinta na liberdade de reter o dízimo, para empregá-lo segundo seu próprio juízo. Não devem servir-se dele numa emergência, nem usá-lo segundo lhes pareça justo, mesmo no que possam considerar como obra do Senhor. OE 225 1 O pastor deve por preceito e exemplo, ensinar o povo a considerar o dízimo como sagrado. Não deve pensar que o pode reter e aplicar conforme o seu próprio juízo, por ser pastor. Não lhe pertence. Ele, pastor, não tem a liberdade de separar para si o que pense pertencer-lhe. Não deve apoiar qualquer plano para desviar de seu legítimo emprego os dízimos e ofertas dedicados a Deus. Eles devem ser postos em Seu tesouro, e mantidos sagrados para o serviço dEle, de acordo com o que designou. OE 225 2 Deus deseja que todos os Seus mordomos sejam exatos no seguir os planos divinos. Eles não devem alterar os mesmos para praticar alguns atos de caridade, ou dar algum donativo ou oferta quando e como eles, os agentes humanos, acharem oportuno. É um lamentável método da parte dos homens, procurarem melhorar os planos de Deus, inventando expedientes, tirando uma média de seus bons impulsos, contrapondo-os às reivindicações divinas. Deus requer de todos que ponham sua influência do lado de Seu próprio plano. Ele o tornou conhecido; e todos quantos quiserem cooperar com Ele, têm de levar avante este plano, em vez de ousar tentar melhorá-lo. OE 226 1 O Senhor instruiu a Moisés quanto a Israel: "Tu pois ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de oliveiras, batido para o candeeiro; para fazer arder as lâmpadas continuamente." Êxodo 27:20. Isso devia ser uma oferta contínua, para que a casa de Deus fosse devidamente provida do que era necessário para Seu serviço. Seu povo de hoje precisa lembrar que a casa de culto é propriedade do Senhor, e que deve ser escrupulosamente cuidada. Mas o fundo para essa obra não deve provir do dízimo. OE 226 2 Uma mensagem muito clara, definida, me foi dada para nosso povo. É-me ordenado dizer-lhes que estão cometendo um erro em aplicar os dízimos a vários fins, os quais, embora bons em si mesmos, não são aquilo em que o Senhor disse que o dízimo deve ser aplicado. Os que assim o empregam, estão-se afastando do plano de Deus. Ele os julgará por essas coisas. OE 226 3 Um raciocina que o dízimo pode ser aplicado para fins escolares. Outros argumentam ainda que os colportores devem ser sustentados com o dízimo. Comete-se grande erro quando se retira o dízimo do fim em que deve ser empregado -- o sustento dos ministros. Deveria haver hoje no campo uma centena de obreiros bem habilitados, onde existe unicamente um. Uma obrigação solene OE 226 4 O dízimo é sagrado, reservado por Deus para Si mesmo. Tem de ser trazido ao Seu tesouro, para ser empregado em manter os obreiros evangélicos em seu labor. Durante longo tempo o Senhor tem sido roubado, porque há pessoas que não compreendem ser o dízimo a porção que Deus Se reserva. Alguns se têm sentido mal-satisfeitos, e dito: "Não devolverei mais o dízimo; pois não confio na maneira por que as coisas são dirigidas na sede da obra." Roubareis, porém, a Deus, por pensardes que a direção da obra não é correta? Apresentai vossa queixa franca e abertamente, no devido espírito, e às pessoas competentes. Solicitai em vossas petições que se ajustem as coisas e ponham em ordem; mas não vos retireis da obra de Deus, nem vos demonstreis infiéis porque outros não estejam fazendo o que é correto. OE 227 1 Lede atentamente o terceiro capítulo de Malaquias, e vede o que diz o Senhor a respeito do dízimo. Se nossas igrejas tomarem sua posição baseadas na Palavra do Senhor, e forem fiéis na devolução do dízimo ao Seu tesouro, mais obreiros serão animados a entrar para a obra ministerial. Mais homens se dedicariam ao ministério, não estivessem eles informados da escassez do tesouro. Devia haver abundante provisão no tesouro do Senhor, e haveria, se corações e mãos egoístas não houvessem retido os dízimos, ou empregado os mesmos para sustentar outros ramos de trabalho. OE 227 2 Os reservados recursos de Deus não devem ser usados a esmo. O dízimo pertence ao Senhor, e todos aqueles que tocam nele serão punidos com a perda de seu tesouro celestial, a menos que se arrependam. Que a obra não continue mais a ser impedida porque o dízimo foi desviado para vários fins diversos daquele para que o Senhor disse que ele devia ir. Devem-se estabelecer provisões para esses outros ramos da obra. Eles devem ser mantidos, mas não do dízimo. Deus não mudou; o dízimo tem de ser ainda empregado para a manutenção do ministério. A abertura de novos campos requer mais eficiência ministerial do que possuímos agora, e é preciso haver meios no tesouro. OE 228 1 Os que saem como pastores, têm uma solene responsabilidade pesando sobre eles, a qual é estranhamente negligenciada. Alguns gostam de pregar, mas não dedicam trabalho pessoal às igrejas. Há grande necessidade de instruções relativamente a obrigações e deveres para com Deus, especialmente no que respeita à devolução honesta do dízimo. Nossos pastores sentir-se-iam grandemente entristecidos se não fossem prontamente pagos por seu trabalho; mas, consideram eles que deve haver alimento no tesouro de Deus, com que se sustentem os obreiros? Se eles deixam de fazer todo o seu dever em educar o povo a ser fiel no devolver a Deus o que Lhe pertence, haverá falta de meios no tesouro para levar avante a obra do Senhor. OE 228 2 O superintendente do rebanho de Deus, deve-se desempenhar fielmente de seu dever. Se, porque isso lhe é desagradável, ele toma a atitude de deixar que qualquer outro o faça, não é um obreiro fiel. Leia ele as palavras do Senhor em Malaquias, acusando o povo de roubo para com Ele ao reterem os dízimos. O poderoso Deus declara: "Com maldição sois amaldiçoados." Malaquias 3:9. Quando aquele que ministra por palavra e doutrina, vê o povo seguindo um caminho que trará sobre si essa maldição, como pode negligenciar seu dever de dar instruções e advertências? Todo membro de igreja deve ser ensinado a ser fiel em devolver um dízimo honesto. -- Testimonies for the Church 9:246-251. ------------------------Capítulo 49 -- A influência do regime sobre a saúde OE 229 1 Aqueles sobre quem impendem importantes responsabilidades, e sobretudo os que são guardas dos interesses espirituais, devem ser homens de viva sensibilidade e rápida percepção. Mais que os outros, devem eles ser temperantes no comer. Alimentos muito condimentados e sofisticados não deveriam ter lugar em sua mesa. OE 229 2 Todos os dias homens que ocupam posição de responsabilidade têm de tomar decisões das quais dependem resultados de grande importância. É-lhes preciso com freqüência pensar rapidamente, e isto só pode ser feito com êxito pelos que observam estrita temperança. A mente se revigora sob o correto tratamento das faculdades físicas e mentais. Se a tensão não é demasiada, sobrevém renovado vigor a cada esforço. Mas com freqüência a obra dos que têm importantes planos a considerar e sérias decisões a tomar é afetada para mal em conseqüência de um regime impróprio. Um estômago perturbado produz um estado mental incerto e perturbado. Causa muitas vezes irritabilidade, aspereza ou injustiça. Muito plano que haveria sido uma bênção para o mundo tem sido posto à margem; muitas medidas injustas, opressivas e mesmo cruéis têm sido executadas em resultado de estados enfermos, resultantes de hábitos errôneos no comer. OE 229 3 Eis uma sugestão para todos quantos têm trabalho sedentário ou especialmente mental; experimentem-no os que tiverem suficiente força moral e domínio próprio: Comei em cada refeição apenas duas ou três espécies de alimento simples, não ingerindo mais do que o necessário para satisfazer a fome. Fazei exercício ativo todos os dias, e vede se não experimentais benefício. -- A Ciência do Bom Viver, 309, 310. OE 230 1 Alguns ministros não são bastante cuidadosos em seus hábitos de alimentação. Ingerem grandes quantidades de alimento, e muita variedade numa refeição. Alguns só são reformadores de nome. Não têm regras pelas quais regulem seu regime, mas condescendem em comer frutas e nozes entre as refeições, pondo pesada carga sobre os órgãos digestivos. OE 230 2 Devido a imprudências no comer, os sentidos de alguns parecem paralisados, e eles são indolentes e sonolentos. Esses pastores de rosto pálido, que sofrem em resultado da condescendência egoísta com o apetite não são recomendação para a reforma de saúde. OE 230 3 Quando a pessoa sofre por excesso de trabalho, seria melhor privar-se de vez em quando de uma refeição, e dar assim à natureza ocasião de se recuperar. Nossos obreiros poderiam, por seu exemplo; fazer mais em favor da reforma de saúde, do que pregando-a. Quando amigos bem-intencionados lhes fazem preparativos elaborados, são fortemente tentados a desprezar o princípio; mas, recusando as delicadas iguarias, os substanciosos temperos, o chá e o café, eles se demonstram verdadeiros praticantes da reforma de saúde. OE 230 4 A condescendência com o apetite obscurece e entorpece a mente, embota as santas emoções da alma. As faculdades mentais e morais de alguns de nossos pastores são enfraquecidas pela alimentação imprópria e a falta de exercício físico. Os que desejam grandes quantidades de alimento não devem condescender com o apetite, mas exercer a abnegação, e reter a bênção de músculos ativos e cérebro desoprimido. Comer em excesso entorpece todo o ser mediante o desvio das energias de outros órgãos para fazer o trabalho do estômago. ------------------------Capítulo 50 -- Os ministros devem ensinar a reforma de saúde OE 231 1 Nossos ministros se devem tornar entendidos quanto à reforma de saúde. ... Eles devem compreender as leis que regem a vida física, e sua ação sobre a saúde da mente e da alma. Milhares e milhares pouco sabem quanto ao maravilhoso corpo que Deus lhes deu, ou do cuidado que ele deve receber; consideram de mais importância o estudar assuntos de muito menos conseqüência. Os ministros têm aí uma obra a fazer. Quando eles se colocarem a esse respeito na devida posição, muito será conseguido. Devem obedecer às leis da vida em sua maneira de viver e em sua casa, praticando os sãos princípios, e vivendo saudavelmente. Então estarão habilitados a falar acertadamente a esse respeito, levando o povo cada vez mais acima na obra da reforma. Vivendo eles próprios na luz, podem apresentar uma mensagem de grande valor aos que se acham em necessidade desses mesmos testemunhos. OE 231 2 Há preciosas bênçãos e ricas experiências a serem alcançadas se os ministros unirem a apresentação da questão da saúde com todos os seus trabalhos nas igrejas. O povo precisa receber a luz sobre a reforma de saúde. Essa obra tem sido negligenciada, e muitos estão prestes a perecer, por necessitarem da luz que devem e precisam ter para que abandonem as condescendências egoístas. OE 231 3 Os presidentes de nossas associações devem compreender que é bem tempo de eles tomarem a devida posição neste assunto. Ministros e professores devem transmitir aos outros a luz que têm recebido. Sua obra é necessária em toda linha. Deus os ajudará; Ele fortalecerá Seus servos para que fiquem firmes, e não sejam abalados na verdade e justiça para se acomodar à satisfação egoísta. ... OE 232 1 A luz que o Senhor deu em Sua Palavra a esse respeito, é clara, e os homens serão experimentados e provados de muitas maneiras, a ver se eles a seguirão. Toda igreja, toda família, precisa ser instruída relativamente à temperança cristã. Todos devem saber comer e beber de maneira a conservar a saúde. Achamo-nos entre as cenas finais da história deste mundo; e deve haver uma ação harmônica entre as fileiras dos observadores do sábado. Os que se conservam afastados da grande obra de instruir o povo sobre essa questão, não seguem o caminho por onde o Grande Médico está guiando. ... OE 232 2 O evangelho e a obra médico-missionária têm de avançar juntos. O evangelho precisa estar ligado aos princípios da verdadeira reforma de saúde. O cristianismo tem de ser introduzido na vida prática. Uma obra reformatória fervorosa, completa, precisa ser feita. A verdadeira religião bíblica é uma emanação do amor de Deus pelo homem caído. O povo de Deus deve avançar em linha reta, para impressionar o coração dos que estão buscando a verdade, que desejam fazer sua parte retamente nesta época intensamente séria. Cumpre-nos apresentar os princípios da reforma de saúde ao povo, envidando tudo quanto está ao nosso alcance para fazer com que homens e mulheres vejam a necessidade desses princípios e os ponham em prática. -- Testimonies for the Church 6:376-379. ------------------------Capítulo 51 -- A maneira de apresentar os princípios da reforma de saúde OE 233 1 O Senhor deseja que nossos pastores, médicos e membros de igreja sejam cautelosos em não insistir com os que são ignorantes quanto à nossa fé para fazerem repentinas mudanças no regime, levando assim os homens a uma prova antecipada. Mantende os princípios da reforma de saúde, e deixai que o Senhor guie os sinceros de coração. Eles ouvirão, e acreditarão. Nem o Senhor requer que Seus mensageiros apresentem as belas verdades do viver saudável de maneira que prejudiquem os espíritos. Ninguém ponha pedras de tropeço diante dos pés dos que estão andando nas escuras veredas da ignorância. Mesmo em elogiar uma coisa boa, não sejais demasiado entusiastas, a fim de que não desvieis do caminho os ouvintes. Apresentai os princípios da temperança em sua maneira mais atrativa. OE 233 2 Não devemos agir presunçosamente. Os obreiros que entram em campo novo, para estabelecer igrejas, não devem criar dificuldades tentando salientar a questão do regime. Devem ser cuidadosos em não apertar demasiado com a questão, pois se poderia assim pôr impedimento no caminho de outros. Não deveis tanger o povo; conduzi-o. OE 233 3 Onde quer que a verdade for levada, dever-se-iam dar instruções quanto à maneira de preparar comida saudável. Deus deseja que em todos os lugares o povo seja ensinado por mestres hábeis, a utilizar sabiamente os produtos que eles podem cultivar ou obter facilmente na região em que vivem. Tanto os pobres como os que se acham em melhores circunstâncias, podem ser ensinados a viver saudavelmente. ------------------------Capítulo 52 -- O ministro e o trabalho manual OE 234 1 Ao mesmo tempo que Paulo tinha cuidado em apresentar aos seus conversos os positivos ensinos da Escritura com relação à devida manutenção da obra de Deus, e se bem que reclamasse para si, como ministro do evangelho, "o poder de deixar de trabalhar" (1 Coríntios 9:6) em empregos seculares como meio de vida, todavia em várias ocasiões, durante seu ministério nos grandes centros de civilização, ele trabalhou num ofício para obter sua própria subsistência. ... OE 234 2 É em Tessalônica que primeiro ouvimos a respeito de Paulo trabalhar com as próprias mãos num meio de vida, enquanto pregava a Palavra. Escrevendo à igreja dos crentes aí, ele lhes lembrava que podia ser-lhes pesado, e acrescenta: "Bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus." 1 Tessalonicenses 2:6, 9. E outra vez, em sua segunda epístola aos mesmos, declarou que ele e seus companheiros de trabalho, enquanto com eles, não haviam comido "de graça" "o pão de homem algum". Noite e dia trabalhando, escreveu ele, "para não sermos pesados a nenhum de vós. Não porque não tivéssemos autoridade, mas para vos dar em nós mesmo exemplo, para nos imitardes". 2 Tessalonicenses 3:8, 9.... OE 234 3 Quando Paulo visitou Corinto, encontrou-se entre gente que suspeitava dos intuitos dos estrangeiros. Os gregos no litoral eram espertos negociantes. Por tanto tempo se haviam exercitado em sagazes práticas comerciais, que haviam chegado a considerar o ganho como piedade, e que fazer dinheiro, fosse por meios lícitos ou não, era coisa recomendável. Paulo se achava familiarizado com seus característicos, e não lhes queria dar ocasião de dizer que ele pregava o evangelho a fim de se enriquecer. Ele podia, com razão, haver solicitado sustento de seus ouvintes coríntios; mas estava disposto a renunciar a esse direito, a fim de que sua utilidade e êxito como ministro não fossem prejudicados por suas injustas suspeitas de que ele pregava o evangelho por interesse. Ele procurava afastar qualquer ocasião de dar lugar a um mau juízo, a fim de não prejudicar a influência da mensagem. OE 235 1 Pouco depois de sua chegada a Corinto, Paulo encontrou "um certo judeu por nome Áquila, natural do Ponto, que havia pouco tinha vindo da Itália, e Priscila, sua mulher". Estes eram "do mesmo ofício" que ele. Banidos pelo decreto de Cláudio, que ordenava que todos os judeus saíssem de Roma, Áquila e Priscila tinham vindo para Corinto, onde estabeleceram um negócio, como fazedores de tendas. Paulo fez indagações a respeito deles, e sabendo que eram tementes a Deus, e estavam buscando evitar as contaminadoras influências de que se viam rodeados "ficou com eles, e trabalhava. ... E todos os sábados disputava na sinagoga, e convencia a judeus e gregos." Atos dos Apóstolos 18:2-4. ... OE 235 2 Durante o longo período de seu ministério em Éfeso, onde ele desenvolveu por três anos ativa obra evangelística, através daquela região, Paulo trabalhava novamente em seu ofício. Em Éfeso, como em Corinto, o apóstolo foi alegrado pela presença de Áquila e Priscila, que o haviam acompanhado em seu regresso à Ásia, ao fim de sua segunda viagem missionária. OE 235 3 Alguns havia que objetavam ao fato de Paulo lidar com suas mãos, dizendo ser incompatível com a obra de um ministro do evangelho. Por que havia de Paulo, ministro da mais elevada categoria, assim ligar o trabalho mecânico com a pregação do evangelho? Não era o obreiro digno de seu salário? Por que havia de gastar em fazer tendas o tempo que, segundo todas as aparências, podia ser mais bem empregado? OE 236 1 Mas Paulo não reputava perdido o tempo assim empregado. Enquanto ele trabalhava com Áquila, mantinham-se em contato com o grande Mestre, não perdendo oportunidade de testemunhar em favor do Salvador, e de auxiliar os que disso necessitavam. Seu espírito esforçava-se sempre em busca de conhecimento espiritual. Dava a seus companheiros de trabalho instruções quanto às coisas espirituais, e dava ao mesmo tempo um exemplo de atividade e de esmero. Ele era um operário ligeiro e hábil, diligente no negócio, fervoroso "no espírito, servindo ao Senhor". Romanos 12:11. Enquanto trabalhava em seu ofício, o apóstolo estava em contato com uma classe de pessoas que, de outro modo, não teria podido atingir. Ele mostrava aos seus cooperadores que a habilidade nas artes comuns é dom de Deus, o qual provê, tanto o dom, como a sabedoria para o empregar devidamente. Ensinava que mesmo nos labores diários, Deus deve ser honrado. Suas mãos calosas em nada diminuíam a força de seus comoventes apelos como ministro cristão. ... OE 236 2 Se os ministros acham que estão sofrendo durezas e privações na causa de Cristo, vão, em imaginação, à oficina onde Paulo trabalhava. Tenham eles em mente que, ao mesmo tempo que esse escolhido homem de Deus está dando forma à lona, está trabalhando pelo pão a que faz jus por seus serviços como apóstolo. OE 236 3 O trabalho é uma bênção, não maldição. O espírito de indolência destrói a piedade e ofende o Espírito de Deus. Uma poça de água estagnada é prejudicial, mas uma corrente pura espalha saúde e alegria pela terra. Paulo sabia que os que negligenciam o trabalho físico em breve ficam enfraquecidos. Desejava ensinar aos jovens ministros que, trabalhando por suas mãos, pondo em exercício músculos e tendões, estes ficariam fortes para suportar as fadigas e privações que os aguardavam no campo evangélico. E ele compreendia que seus ensinos careciam de vigor e força, caso não mantivesse todas as partes do organismo devidamente exercitadas. ... OE 237 1 Nem todos quantos sentem que foram chamados a pregar, devem ser animados a atirar-se e a sua família, imediatamente sobre a igreja para receber contínuo sustento financeiro. Há perigo de que alguns, de limitada experiência, sejam estragados por lisonjas, e por imprudente animação a esperar inteiro sustento sem que haja de sua parte qualquer esforço sério. Os meios dedicados à dilatação da obra de Deus não devem ser consumidos por homens que desejam pregar apenas para receber o sustento, satisfazendo assim uma ambição egoísta quanto a uma vida cômoda. OE 237 2 Jovens que desejam exercitar seus talentos na obra do ministério, encontrarão uma lição proveitosa no exemplo de Paulo em Tessalônica, Corinto, Éfeso e outros lugares. Conquanto orador eloqüente, e escolhido por Deus para fazer uma obra especial, ele nunca se colocou acima do trabalho, nem se cansou nunca de se sacrificar pela causa que amava. "Até esta presente hora sofremos fome, e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa. E nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos; somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e sofremos." 1 Coríntios 4:11, 12. OE 238 1 Sendo um dos maiores mestres da humanidade, Paulo animosamente cumpria os mais humildes, bem como os mais elevados deveres. Quando, em seu serviço para o Mestre, as circunstâncias o pareciam exigir, de boa vontade trabalhava em seu ofício. Entretanto, estava sempre pronto a pôr de lado seu trabalho secular a fim de enfrentar a oposição dos inimigos do evangelho, ou aproveitar uma oportunidade de atrair almas para Jesus. Seu zelo e indústria são uma censura à indolência e ao desejo de comodidade. -- Atos dos Apóstolos, 346-355. OE 238 2 A falta de alguns ministros nossos quanto a exercitar todos os órgãos do corpo proporcionadamente, faz com que alguns desses órgãos fiquem cansados, enquanto outros se acham fracos por inação. Se se permitir o uso apenas de um órgão ou conjunto de músculos, esses ficarão esgotados, e grandemente debilitados. OE 238 3 Cada faculdade da mente e cada músculo tem sua função distinta, e todos devem ser igualmente exercitados, a fim de se desenvolverem devidamente, e conservarem saudável vigor. Cada órgão tem sua obra a fazer no organismo vivo. Cada roda do maquinismo tem de ser uma roda viva, ativa, trabalhadora. Todas as faculdades dependem umas das outras, e todas precisam de exercício para se desenvolver devidamente. -- Testimonies for the Church 3:310. ------------------------Capítulo 53 -- Nosso dever de conservar a saúde OE 239 1 Sinto-me penalizada ao ver tantos pastores fracos, tantos em leitos de enfermidade, tantos encerrando prematuramente sua história terrestre -- homens que têm suportado o peso de responsabilidades na causa de Deus, e cujo coração estava inteiro em sua obra. A convicção de que teriam de parar com seu labor na obra que amavam, era-lhes muito mais dolorosa que os sofrimentos ocasionados pela doença, ou mesmo o pensamento da morte em si mesma. OE 239 2 Nosso Pai celestial não aflige nem entristece de bom grado aos filhos dos homens. Não é o autor da doença e da morte; Ele é a fonte da vida. Deseja que os homens vivam; e deseja que sejam obedientes às leis da vida e da saúde, para que vivam. OE 239 3 Os que aceitam a verdade presente, e são santificados por meio dela, têm um intenso desejo de representá-la em sua vida e caráter. Sentem na alma um profundo anseio de que os outros vejam a luz e nela se regozijem. Ao sair o fiel atalaia, levando a preciosa semente, semeando junto a todas as águas, chorando e orando, a responsabilidade do trabalho é-lhe bem preocupante para a mente e o coração. Ele não pode suportar continuamente a tensão, tendo a alma abalada até ao íntimo, sem se esgotar prematuramente. Em cada discurso são necessárias energia e eficiência. E, de tempos a tempos é necessário que se tire do tesouro da Palavra de Deus uma nova provisão de coisas novas e velhas. Isso comunicará vida e poder aos ouvintes. Deus não quer que fiqueis tão exaustos que vossos esforços não tenham frescura ou vida. OE 240 1 Os que se empenham em constante labor mental, quer no estudo quer pregando, precisam de repouso e variação. O estudante fervoroso está constantemente forçando o cérebro, enquanto muitas vezes negligencia o exercício físico, e em resultado, as faculdades físicas são enfraquecidas e o esforço mental é restrito. Assim o estudante deixa de realizar a própria obra que ele poderia ter feito se tivesse trabalhado prudentemente. OE 240 2 Se trabalhassem inteligentemente, dando tanto ao corpo como à mente a devida quantidade de exercício, os pastores não sucumbiriam tão prontamente à moléstia. Se todos os nossos obreiros se achassem localizados de maneira que pudessem passar algumas horas, diariamente, em trabalho ao ar livre, e se sentissem na liberdade de o fazer, isso lhes seria uma bênção; seriam capazes de se desempenhar com mais êxito dos deveres de seu ofício. Se eles não têm lazer para afrouxar a tensão completamente, poderiam fazer planos e orar enquanto trabalham com as mãos, e voltariam à sua ocupação refrigerados no corpo e no espírito. OE 240 3 Alguns de nossos ministros acham que precisam realizar cada dia qualquer trabalho que possam relatar para a associação. E, em resultado de o buscar fazer, seus esforços são muitas vezes débeis e ineficientes. Eles devem ter períodos de repouso, de inteira liberdade de trabalho intenso. Esses períodos, porém, não podem tomar o lugar do exercício físico diário. OE 240 4 Irmãos, quando dedicais tempo a cultivar vosso jardim, adquirindo por essa forma o exercício necessário para manter o organismo em bom funcionamento, estais fazendo a obra de Deus tanto, como ao dirigir reuniões. Deus é nosso Pai; ama-nos, e não exige que nenhum de Seus servos trate mal a seu corpo. OE 241 1 Outra causa de má saúde e ineficiência no trabalho, é a má digestão. É impossível ao cérebro trabalhar da melhor maneira quando os órgãos digestivos são maltratados. Muitos comem apressadamente de várias espécies de comida, as quais estabelecem um conflito no estômago, confundindo assim o cérebro. O emprego de alimentos nocivos, e o comer em excesso, mesmo do que é saudável, devem ser igualmente evitados. OE 241 2 Muitos comem a toda hora, a despeito das leis da saúde. Depois, a mente fica obscurecida. Como podem os homens ser honrados com a iluminação divina, quando são tão descuidados em seus hábitos, tão desatenciosos para com a luz que Deus tem dado com relação a estas coisas? OE 241 3 Irmãos, não é tempo de vos converterdes quanto a essas condescendências egoístas? "Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha dalguma maneira a ficar reprovado." 1 Coríntios 9:24-27. Regime insuficiente OE 241 4 Não penseis, entretanto, que seja vosso dever viver com um regime insuficiente. Aprendei por vós mesmos o que vos convém comer, que espécie de alimento melhor nutre o corpo, e depois segui o ditame da razão e da consciência. Na hora das refeições deixai de parte preocupações e cuidados. Não estejais apressados, mas comei lenta e alegremente, com o coração cheio de reconhecimento para com Deus por todas as Suas bênçãos. E não vos ocupeis em trabalho mental imediatamente depois de uma refeição. Fazei um exercício moderado, e dai ao estômago um pouco de tempo para começar seu trabalho. OE 242 1 Essas coisas não são questão de pequena importância. Devemos dar-lhes atenção, se queremos dar aos vários ramos da obra vigor saudável e o devido tono. O caráter e a eficiência da obra dependem grandemente das condições físicas dos obreiros. Muitas reuniões de comissões e outras, realizadas para fins de conselho, têm tomado infeliz direção, devido ao estado dispéptico dos que nelas tomavam parte. E muito sermão tem recebido um tom sombrio em virtude de má digestão do pastor. OE 242 2 A saúde é uma bênção inestimável, e mais intimamente relacionada com a consciência e a religião, do que muitos imaginam. Afeta grandemente a capacidade de uma pessoa. Todo pastor deve sentir que, se quer ser um guarda fiel do rebanho, deve manter todas as suas faculdades em condições de prestar o melhor serviço possível. OE 242 3 Nossos obreiros devem empregar seus conhecimentos das leis da vida e da saúde. Lede os melhores autores sobre o assunto, e obedecei religiosamente o que vossa razão vos mostrar que é a verdade. OE 242 4 O Senhor me tem revelado que muitos, muitos serão salvos de degenerescência física, mental e moral por meio da influência prática da reforma de saúde. Far-se-ão conferências sobre a saúde; multiplicar-se-ão as publicações. Os princípios da reforma de saúde serão recebidos com agrado, e muitos... se adiantarão passo a passo para receber as verdades especiais para este tempo. -- Testimonies for the Church 6:378, 379. ------------------------Capítulo 54 -- O perigo do excesso de trabalho OE 243 1 Quando os apóstolos voltaram de sua primeira viagem missionária, a ordem que o Salvador lhes deu, foi: "Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco." Marcos 6:31. Eles haviam trabalhado com dedicação total pelo povo, e isso lhes exaurira as forças físicas e mentais. Era seu dever repousar. OE 243 2 As compassivas palavras de Cristo se dirigem a Seus obreiros hoje em dia, da mesma maneira que aos discípulos. "Vinde vós, aqui à parte,... e repousai um pouco", diz Ele aos que se acham fatigados e exaustos. Não é sábio estar sempre sob a tensão do trabalho ou excitação, mesmo no ministrar às necessidades espirituais dos homens; pois assim a piedade pessoal é negligenciada, e a resistência mental, física e espiritual, é sobrecarregada. Exige-se abnegação dos servos de Cristo, e são precisos sacrifícios; mas Deus quer que todos estudem as leis da saúde, e usem a razão quando em Seu trabalho, a fim de que a vida que Ele deu seja conservada. OE 243 3 Conquanto Jesus pudesse operar milagres, e houvesse dotado Seus discípulos com o mesmo poder, mandou que Seus cansados discípulos fossem ao campo e descansassem. Quando Ele disse que a seara era grande e poucos os obreiros, não insistiu com os discípulos quanto à necessidade de trabalhar incessantemente, mas disse: "Rogai pois ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a Sua seara." Mateus 9:38. Deus tem designado a cada homem a sua obra, segundo a sua capacidade; e não quer que alguns fiquem sobrecarregados de responsabilidades, enquanto outros não tenham encargos, nem fadiga de alma. OE 244 1 Os servos de Cristo não devem tratar sua saúde com indiferença. Ninguém trabalhe a ponto de exaustão, incapacitando-se assim para futuros esforços. Não tenteis amontoar num dia o trabalho de dois. Afinal, verificar-se-á que os que trabalham cuidadosa e sabiamente, terão realizado tanto como os que expõem de tal modo sua resistência física e mental, que não possuem mais reservas de onde tirar no momento necessário. OE 244 2 A obra de Deus é mundial; ela requer cada jota e til de capacidade e força que possuamos. Há perigo de que Seus obreiros abusem de sua resistência, ao verem que o campo está branco para a ceifa; mas o Senhor não requer isto. Havendo Seus servos feito o melhor que podem, devem dizer: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros; mas Deus "conhece a nossa estrutura; lembra-Se de que somos pó". Salmos 103:14. OE 244 3 Reina por toda parte a intemperança no comer e beber, no trabalho e em quase tudo. Os que exercem grande tensão para realizar uma determinada porção em certo espaço de tempo, e continuam a trabalhar quando sua razão lhes diz que devem descansar, nunca saem ganhando. Estão despendendo forças, de que hão de necessitar em tempos futuros. Quando a energia que eles gastam tão descuidosamente é reclamada, falham à míngua dela. A resistência física desapareceu, e o poder mental acha-se inutilizado. Chegou-lhes o tempo da necessidade, e seus recursos se acham exaustos. OE 244 4 Cada dia traz as suas responsabilidades e deveres, mas os deveres de amanhã não devem ser acumulados nas horas de hoje. Deus é misericordioso, cheio de compaixão, razoável em Seus requisitos. Ele não nos pede que sigamos uma maneira de proceder que dará em resultado a perda de nossa saúde física, ou o enfraquecimento das faculdades mentais. Ele não quer que trabalhemos sob pressão ou tensão até ficarmos exaustos, com prostração nervosa. OE 245 1 Há necessidade de que os escolhidos obreiros de Deus escutem a ordem de sair à parte e descansar um pouco. Muitas vidas valiosas se têm sacrificado devido ao desrespeito a esse mandamento. Pessoas há, que poderiam estar conosco hoje, ajudando a levar avante a causa, tanto na pátria, como em terras estrangeiras, houvessem elas compreendido antes de ser tarde demais que necessitavam de repouso. Esses obreiros viram que o campo era demasiado vasto, e a necessidade de obreiros grande, e pensaram que deviam avançar, custasse o que custasse. Quando a natureza soltava um protesto, não lhe davam atenção, mas faziam o duplo do trabalho que deveriam ter feito; e Deus os levou à sepultura para descansar até que a última trombeta soe, chamando os justos à imortalidade. OE 245 2 Quando um obreiro tem estado sob grande pressão de cuidado e ansiedade, achando-se esgotado no corpo e na mente, deve afastar-se e descansar um pouco, não para satisfação egoísta, mas para que esteja melhor preparado para os deveres futuros. Temos um inimigo vigilante, que se acha sempre em nossas pegadas, pronto a se aproveitar de qualquer fraqueza que possa auxiliá-lo em tornar suas tentações eficazes. Quando a mente está esgotada e o corpo enfraquecido, ele intensifica sobre a alma suas mais cruéis tentações. Economize o obreiro suas forças e, quando fatigado pela lida, vá à parte, e comungue com Jesus. OE 246 1 Não me refiro aos que são constitucionalmente cansados, que pensam que estão carregando fardos mais pesados que qualquer outro. Os que não trabalham, não têm necessidade de repouso. Existem pessoas que se poupam, e que ficam muito longe de levar seu quinhão de responsabilidades. Podem falar de grandes e esmagadores fardos, mas não sabem o que significa suportá-los. Sua obra não apresenta senão mesquinhos resultados. OE 246 2 Foi aos que se achavam esgotados em Seu serviço, não aos que estavam continuamente se poupando, que Cristo dirigiu Suas amáveis palavras. E hoje em dia, é aos esquecidos de si mesmos, aos que trabalham até onde lhes é possível, que se afligem por não poder fazer mais, e que, em seu zelo, vão além de suas forças, que o Salvador diz: "Vinde vós, aqui parte,... e repousai um pouco." OE 246 3 Em todos quantos se acham sob a direção de Deus, deve-se ver uma vida que não se harmonize com o mundo, seus costumes ou práticas; e todos têm de ter experiência pessoal na obtenção do conhecimento da vontade divina.... Ele nos manda: "Aquietai-vos, e sabei que Eu sou Deus." Salmos 46:10. Somente assim se pode encontrar o verdadeiro descanso. E é essa a preparação eficaz para todo trabalho que se faz para Deus. Por entre a turba apressada e a tensão das febris atividades da vida, a alma que assim se refrigera será circundada por uma atmosfera de luz e paz. A vida exalará fragrância, e há de revelar um divino poder que atinge o coração dos homens. -- O Desejado de Todas as Nações, 363. ------------------------Capítulo 55 -- O estudo da Bíblia OE 249 1 Os pastores que quiserem trabalhar com eficácia pela salvação de almas, devem ser tanto estudantes da Bíblia, como homens de oração. É pecado da parte dos que tentam ensinar a Palavra a outros, negligenciarem eles próprios o seu estudo. São poderosas as verdades com que eles lidam? então devem lidar com elas habilmente. Suas idéias devem ser clara e vigorosamente apresentadas. De todos os homens sobre a face da Terra, devem ser os que proclamam a mensagem para este tempo os que mais compreendam a Bíblia, e estejam inteiramente familiarizados com as provas de sua fé. Uma pessoa que não possui o conhecimento da Palavra da vida, não tem o direito de procurar instruir outros no caminho do Céu. OE 249 2 A Bíblia é nossa regra de fé e doutrina. Não há coisa alguma mais de molde a comunicar vigor à mente e robustecer o intelecto, do que o estudo da Palavra de Deus. Nenhum outro livro é tão poderoso para elevar os pensamentos ou fortalecer as faculdades, como as vastas verdades da Bíblia. Se a Palavra de Deus fosse estudada como deveria, os homens possuiriam uma amplitude mental, uma nobreza de caráter, uma estabilidade de propósito que raramente se vêem neste tempo. OE 249 3 Milhares de homens que ministram do púlpito carecem das qualidades essenciais de espírito e caráter, porque não se aplicam ao estudo das Escrituras. Contentam-se com um conhecimento superficial das verdades da Palavra de Deus, e preferem prosseguir perdendo por todos os modos, a rebuscar diligentemente os tesouros ocultos. OE 250 1 Declara o salmista: "Escondi a Tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra Ti." Salmos 119:11. E Paulo escreveu a Timóteo: "Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra." 2 Timóteo 3:16, 17. OE 250 2 A vida de Deus, que dá vida ao mundo, acha-se em Sua Palavra. Foi pela Sua Palavra que Jesus curava as enfermidades e expulsava demônios. Por Sua Palavra acalmou o mar e ressuscitou os mortos; e o povo dava testemunho de que Sua Palavra tinha autoridade. Ele falava a Palavra de Deus como a tinha falado para todos os escritores do Velho Testamento. Toda a Bíblia é uma manifestação de Cristo. É nossa única fonte de poder. OE 250 3 Essa Palavra não reprime a atividade. Abre caminhos para ela, diante do consciencioso indagador. Não deixa os homens em incerteza, sem um objetivo, mas põe-lhes em frente o mais elevado de todos -- atrair almas a Cristo. Põe-lhes na mão uma lâmpada que aclara o caminho do Céu. Fala de insondáveis riquezas, tesouros de inestimável valor. OE 250 4 A Palavra de Deus é a norma do caráter. Ao dar-nos esta Palavra, pôs-nos Deus de posse de toda verdade essencial à salvação. Milhares têm tirado água dessas fontes de vida; todavia não diminui sua provisão. Milhares têm colocado ao Senhor diante de si e, mediante a contemplação, têm sido transformados à mesma imagem. Mas esses indagadores não esgotaram esses grandes e santos temas. Outros milhares se podem empenhar na obra de pesquisar os mistérios da salvação. OE 251 1 Ao estudar o obreiro a vida de Cristo, e ao meditar no caráter de Sua missão, cada nova busca revelará algo mais profundamente interessante do que já foi desvendado. O assunto é inexaurível. O estudo da encarnação de Cristo, de Seu sacrifício expiatório e obra mediadora, ocupará a mente do diligente estudante enquanto o tempo durar; e contemplando o Céu com seus inumeráveis anos, exclamará: "Grande é o mistério da piedade!" 1 Timóteo 3:16. OE 251 2 Falamos acerca da primeira mensagem angélica, e da segunda mensagem angélica, e pensamos que compreendemos alguma coisa da mensagem do terceiro anjo. Mas enquanto nos contentarmos com um conhecimento limitado, não estaremos habilitados a obter mais claras visões da verdade. Aquele que prega a palavra da vida precisa dedicar tempo ao estudo da Bíblia, e ao exame do próprio coração. Negligenciando isto, não saberá como ministrar às almas necessitadas. O diligente e humilde estudante, buscando com fervorosa oração e estudo a verdade segundo ela é em Jesus, será muito seguramente recompensado. Ele busca auxílio, não nas idéias de escritores humanos, mas na Fonte da sabedoria e conhecimento; e, sob a guia de seres santos, obtém um claro conhecimento da verdade. OE 251 3 Não é pela força ou poder do instrumento humano que a verdade há de se imprimir na mente, "mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos". Zacarias 4:6. Não é o temperamento ou a eloqüência do que prega a Palavra que torna a sua obra bem-sucedida. Paulo pode plantar e Apolo regar, mas Deus dá o crescimento. É a familiarização do ministro com a Palavra de Deus, e sua submissão à vontade divina, que dá êxito aos seus esforços. OE 252 1 O coração que recebe a Palavra de Deus não é como um charco que se evapora, nem como uma cisterna rota que perde seu tesouro. É como a corrente da montanha, alimentada por infalíveis fontes, cujas águas frescas, saltam de rocha em rocha, espargindo-se, refrigerando o cansado, o sedento, o oprimido. OE 252 2 A familiarização com as verdades da Escritura dará ao mestre da verdade habilitações que o tornem um representante de Cristo. O espírito do ensino do Salvador dará força a sua instrução e súplicas, e as fará ir direto ao ponto. Seu testemunho não será estreito e sem vida; não pregará sempre os mesmos sermões; pois sua mente será aberta à constante iluminação do Espírito Santo. OE 252 3 "Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue", disse Cristo, "tem a vida eterna." "Assim como o Pai que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, assim, quem de Mim se alimenta, também viverá por Mim." "O espírito é o que vivifica,...; as palavras que Eu vos disse são espírito e vida." João 6:54, 57, 63. OE 252 4 Quando os servos de Deus conhecerem realmente o sentido dessas palavras, encontrar-se-ão no ministério os elementos da vida eterna. Cessarão os sermões fracos, sem vida. As verdades fundamentais do evangelho serão apresentadas numa nova luz. Haverá uma sã percepção da verdade, uma clareza e vigor que todos hão de discernir. Os que têm o privilégio de se achar sob tal ministério, se são suscetíveis à influência do Espírito Santo, hão de sentir o poder revigorante de uma nova vida. O fogo do amor de Deus será ateado em seu interior. Suas faculdades serão avivadas para discernir a beleza e a majestade da verdade. OE 253 1 O ministro que faz da Palavra de Deus sua constante companheira, há de apresentar continuamente verdades de nova beleza. O Espírito de Cristo virá sobre ele, e Deus operará por seu intermédio para ajudar a outros. O Espírito Santo lhe encherá a mente e o coração de esperança e ânimo, e imagens bíblicas, e tudo isso será comunicado aos que se encontram sob sua instrução. OE 253 2 Temos na Bíblia o infalível conselho de Deus. Seus ensinos, postos em prática, habilitarão os homens para qualquer posição de dever. É a voz de Deus falando cada dia à alma.... A obra do Espírito Santo é iluminar o obscurecido entendimento, abrandar o coração egoísta, empedernido, vencer o rebelde transgressor, e salvá-lo das influências corruptoras do mundo. A oração de Cristo por Seus discípulos foi: "Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade." A espada do Espírito, que é a Palavra de Deus, penetra o coração do pecador, cortando-o em pedaços. Quando a teoria da verdade é repetida sem que sua sagrada influência seja sentida na alma do que fala, não tem nenhuma força sobre os ouvintes, mas é rejeitada como erro, tornando-se o próprio orador responsável pela perda de almas. -- Testimonies for the Church 4:441. ------------------------Capítulo 56 -- A oração particular OE 254 1 A oração de família, e em público, tem o seu lugar; mas é a comunhão particular com Deus que sustém a vida da alma. Foi no monte, com Deus, que Moisés contemplou o modelo daquela maravilhosa construção que devia ser o lugar permanente de Sua glória. É com Deus no monte -- o lugar particular de comunhão -- que havemos de contemplar Seu glorioso ideal para a humanidade. Assim seremos habilitados a moldar a construção de nosso caráter de tal maneira, que se possa cumprir em nós a promessa: "Neles habitarei, e entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus e eles serão o Meu povo." 2 Coríntios 6:16. OE 254 2 Enquanto empenhados em nosso trabalho diário, devemos erguer a alma ao Céu em oração. Essas silenciosas petições ascendem como incenso perante o trono da graça; e o inimigo é confundido. O cristão cujo coração é assim firmado em Deus, não pode ser vencido. Nenhuma arte maligna pode destruir-lhe a paz. Todas as promessas da Palavra de Deus, todo o poder da graça divina, todos os recursos de Jeová, estão empenhados em garantir-lhe o livramento. Foi assim que Enoque andou com Deus. E Deus era com ele, um socorro bem presente em todas as ocasiões de necessidade. OE 254 3 Os ministros de Cristo devem velar em oração. Eles podem ir com ousadia ao trono da graça, levantando mãos santas, sem ira nem contenda. Podem, com fé, suplicar do Pai celestial sabedoria e graça, a fim de que possam saber trabalhar e lidar com o espírito das pessoas. OE 254 4 A oração é a respiração da alma. É o segredo do poder espiritual. Nenhum outro meio de graça a pode substituir, e a saúde da alma ser conservada. A oração põe a alma em imediato contato com a Fonte da vida, e fortalece os nervos e músculos da vida religiosa. Negligenciai o exercício da oração, ou a ela vos dediqueis de quando em quando, com intermitências, segundo pareça conveniente, e perdereis vossa firmeza em Deus. As faculdades espirituais perdem sua vitalidade, a experiência religiosa carece de saúde e vigor. OE 255 1 É unicamente no altar de Deus que podemos acender nossos círios com fogo divino. É unicamente a luz divina que revelará a pequenez, a incompetência das habilidades humanas, e dará uma clara visão da perfeição e pureza de Cristo. É somente ao contemplarmos Jesus que desejamos ser-Lhe semelhantes, somente ao vermos Sua justiça, que temos fome e sede de a possuir; e é só ao pedirmos em oração fervorosa, que Deus nos assegurará o desejo de nosso coração. OE 255 2 Os mensageiros de Deus devem demorar-se longamente com Ele, se querem ter êxito em sua obra. Conta-se a história de uma velha senhora de Lancashire, que escutava as razões que os vizinhos apresentavam para o sucesso de seu ministro. Falavam de seus dotes, de seu estilo na linguagem, de suas maneiras. "Não", lhes disse a velha senhora, "eu lhes direi o que é. Vosso homem está muito unido com o Todo-poderoso." OE 255 3 Quando os homens forem tão devotos como Elias, e possuírem a fé que ele tinha, Deus Se revelará como o fez então. Quando os homens lutarem com o Senhor como Jacó, ver-se-ão novamente os resultados que se viram então. De Deus virá poder em resposta à oração da fé. OE 255 4 Como a vida de Jesus foi de contínua confiança, sustida por contínua comunhão, em Seu serviço para o Céu, Ele não falhou nem vacilou. Diariamente assediado pela tentação, tendo a constante oposição dos guias do povo, Cristo sabia que devia fortalecer Sua humanidade mediante a oração. Para que fosse uma bênção aos homens, precisava comungar com Deus, dEle obtendo energia, perseverança e firmeza. OE 256 1 O Salvador amava a solidão das montanhas para aí comungar com Seu Pai. Durante o dia trabalhava ativamente para salvar homens da destruição. Curava o enfermo, confortava o triste, ressuscitava o morto, e levava esperança e ânimo ao abatido. Terminado o trabalho do dia ia noite após noite, para fora da confusão da cidade, e curvava-Se em oração ao Pai. Freqüentemente alongava-Se em Suas súplicas por toda noite; mas voltava desses períodos de comunhão revigorado e refrigerado, escudado para o dever e a provação. OE 256 2 São os ministros de Cristo tentados e cruelmente esbofeteados por Satanás? Assim também o foi Aquele que não conhecia pecado. Na hora da aflição, Ele Se voltava para Seu Pai. Sendo Ele próprio a fonte de bênçãos e força, podia curar os doentes e levantar os mortos; podia dar ordens à tempestade, e ela Lhe obedecia; todavia orava, muitas vezes com grande clamor e lágrimas. Ele orava por Seus discípulos, e por Si mesmo, identificando-Se assim com as criaturas humanas. Era um poderoso suplicante. Como Príncipe da vida, tinha poder com Deus, e prevalecia. OE 256 3 Os ministros que forem verdadeiros representantes de Cristo, serão homens de oração. Com um fervor e fé a que se não pode negar, hão de lutar com Deus para que os fortaleça e fortifique para o serviço, e lhes santifique os lábios com um toque da brasa viva, a fim de que saibam falar Suas palavras ao povo. OE 257 1 A oração é o abrir do coração a Deus como a um amigo. Os olhos da fé hão de distinguir a Deus bem próximo, e o suplicante poderá obter preciosa prova do Seu divino amor e cuidado por ele. A oração feita por Natanael saiu de um coração sincero e foi ouvida e atendida pelo Mestre. O Senhor lê o coração de todos, e "a oração dos retos é o Seu contentamento". Provérbios 15:8. Ele não será tardio para ouvir os que Lhe abrem o coração, não exaltando o próprio eu, mas sentindo sinceramente sua fraqueza e indignidade. OE 257 2 Há necessidade de oração, sincera, fervorosa e angustiosa oração, como a que fez Davi quando exclamou: "Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por Ti, ó Deus." "Eis que tenho desejado os Teus preceitos; vivifica-me por Tua justiça." "Tenho desejado a Tua salvação." "A minha alma está anelante e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo." Salmos 42:1; 119:40, 174; 84:2. OE 257 3 Os que mais eficazmente ensinam e pregam, são os que humildemente esperam em Deus, e aguardam ansiosamente Sua guia e graça. Vigiar, orar e trabalhar -- eis a divisa do cristão. A vida de um verdadeiro cristão, é de oração constante. Ele sabe que a luz e as forças de hoje, não bastam para as provas e conflitos de amanhã. Satanás está continuamente mudando suas tentações. Cada dia seremos colocados em circunstâncias diversas; e, nas novas cenas que nos esperam, ver-nos-emos rodeados de novos perigos, e constantemente assaltados por novas e inesperadas tentações. É unicamente mediante a resistência e a graça obtidas do Céu que podemos esperar fazer frente às tentações, e cumprir os deveres que se acham diante de nós. OE 258 1 Coisa maravilhosa é podermos orar com eficácia; indignos e faltosos mortais possuírem o poder de apresentar a Deus os seus pedidos! Que mais alto poder pode o homem desejar do que este -- estar ligado ao infinito Deus? O homem fraco e pecador tem o privilégio de falar a seu Criador. Podemos proferir palavras que cheguem ao trono do Monarca do Universo. Podemos falar com Jesus ao caminhar, e Ele diz: Acho-Me à tua mão direita. Salmos 16:8. OE 258 2 Podemos ter comunhão com Deus em nosso coração; andar na companhia de Cristo. Quando empenhados em nossos trabalhos diários, podemos exalar o desejo de nosso coração, de maneira inaudível aos ouvidos humanos; mas essas palavras não amortecerão em silêncio, nem serão perdidas. Coisa alguma pode sufocar o desejo da alma. Ele se ergue acima do burburinho das ruas, acima do barulho das máquinas. É a Deus que estamos falando, e nossa oração é ouvida. OE 258 3 Pedi, portanto; pedi, e recebereis. Pedi humildade, sabedoria, ânimo, maior proporção de fé. A toda oração sincera há de vir a resposta. Talvez não venha exatamente como desejais, ou ao tempo em que a esperais; mas virá pela maneira e na ocasião em que melhor há de satisfazer à vossa necessidade. Às orações que em solidão dirigis, em cansaço, em provação, Deus responde, nem sempre segundo a vossa expectativa, mas sempre para o vosso bem. ------------------------Capítulo 57 -- A fé OE 259 1 As maiores vitórias obtidas em favor da causa de Deus, não são o resultado de elaborados argumentos, amplos recursos, vasta influência, ou abundância de meios; elas são alcançadas na câmara de audiência com Deus, quando, com sincera e angustiosa fé, os homens se apegam ao forte braço do poder. OE 259 2 A verdadeira fé, a oração verdadeira, quão fortes são! São como dois braços por meio dos quais o suplicante humano se apodera do poder do infinito Amor. Fé é confiança em Deus -- acreditar que Ele nos ama e sabe o que é melhor para nós. Assim, em lugar de nossos próprios caminhos, ela nos leva a preferir os Seus. Em vez de nossa ignorância, aceita Sua sabedoria; em lugar de nossa fraqueza, Sua força; em lugar de nossa pecaminosidade, sua justiça. Nossa vida, nós mesmos, pertence-lhe já; a fé reconhece-lhe o direito de propriedade, e aceita as bênçãos do mesmo. A verdade, a retidão, a pureza, são indicadas como segredos do sucesso da vida. É a fé que nos leva à posse delas. Todo bom impulso ou aspiração é dom de Deus; a fé recebe dEle a vida que, unicamente, pode produzir o verdadeiro crescimento e eficiência. OE 259 3 "E esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé." 1 João 5:4. É a fé que nos habilita a ver para além do presente, com seus fardos e cuidados, ao grande porvir em que tudo quanto nos traz agora perplexidade, será esclarecido. A fé vê Cristo posto como nosso Mediador, à destra de Deus. A fé contempla as mansões que Cristo foi preparar para aqueles que O amam. A fé vê as vestes e a coroa preparadas para o vencedor, e escuta o cântico dos remidos. OE 260 1 A fé perfeita, a entrega do próprio eu a Deus, a singela confiança em Sua palavra empenhada, deve constituir uma parte da experiência de todo ministro. Apenas quando possui essa experiência, pode um ministro tornar claro o assunto da fé ao duvidoso e falto de confiança. OE 260 2 Fé não é sentimento. "A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem." Hebreus 11:1. A verdadeira fé não se acha de maneira alguma aliada à presunção. Somente aquele que tem a verdadeira fé, está seguro contra a presunção, pois esta é a falsa fé de Satanás. OE 260 3 A fé reclama as promessas de Deus, e produz frutos de obediência. A presunção também reclama as promessas, mas delas se serve, como fez Satanás, para desculpar a transgressão. A fé teria levado nossos primeiros pais a confiar no amor de Deus, e a obedecer aos Seus mandamentos. A presunção os induziu a transgredir Sua lei, acreditando que Seu grande amor os haveria de salvar das conseqüências do pecado. Não é fé o que reclama o favor do Céu sem cumprir as condições sob as quais é assegurada a misericórdia. A fé genuína tem seu fundamento nas promessas e medidas das Escrituras. OE 260 4 Falar acidentalmente de religião, orar sem fome de alma e fé viva, de nada aproveita. Uma fé nominal em Cristo, que O aceita apenas como Salvador do mundo, não poderá nunca trazer cura à alma. A fé que é para salvação não é uma simples aquiescência intelectual com a verdade. O que espera por inteiro conhecimento para que possa exercer a fé, não pode receber bênção de Deus. OE 261 1 Não é bastante crer a respeito de Cristo; precisamos crer nEle. A única fé que nos beneficiará, é a que O abraça como um Salvador pessoal; a que aplica a nós mesmos os Seus méritos. Muitos consideram a fé como uma opinião. Mas a fé salvadora é uma transação, mediante a qual, os que recebem Cristo se ligam em concerto com Deus. A fé genuína é vida. Uma fé viva quer dizer aumento de vigor, uma firme confiança, por meio da qual a alma se torna uma potência vitoriosa. Incredulidade e dúvida OE 261 2 A fé toma a Deus em Sua palavra, não buscando compreender a significação das probantes experiências que sobrevêm. Muitos há, porém, que possuem pouca fé. Estão continuamente temendo, e tomando emprestadas aflições. Estão dia a dia cercados de provas de amor de Deus, gozam cada dia as bondades de Sua providência; mas passam por alto essas bênçãos. E as dificuldades que encontram, em lugar de os conduzir para Deus, dEle os separam, porque despertam desassossegos e queixumes. OE 261 3 Fazem eles bem em ser assim incrédulos? Jesus é seu amigo. Todo o Céu se acha empenhado em seu bem-estar, e seu temor e queixas ofendem o Espírito Santo. Não é porque vejamos ou sintamos que Deus nos ouve, que devemos crer. Devemos confiar em Suas promessas. Quando chegamos a Ele com fé, devemos crer que toda petição penetra no coração de Cristo. Quando temos pedido Sua bênção, devemos crer que a receberemos, e agradecer-Lhe porque a temos. Entreguemo-nos então aos nossos deveres, certos de que a bênção virá quando mais dela necessitarmos. Quando houvermos aprendido a fazer assim, saberemos que nossas orações são atendidas. Deus fará por nós "muito mais abundantemente", "segundo as riquezas da Sua glória", e "a operação da força do Seu poder". Efésios 3:20, 16; 1:19. OE 262 1 Muitas vezes a vida cristã é assediada de perigos, e o dever parece difícil de se cumprir. A imaginação pinta uma iminente ruína diante de nós, e atrás, servidão e morte. Todavia a voz de Deus nos diz claramente: Avante! Obedeçamos à ordem, mesmo que nossos olhos não possam penetrar as trevas. Os obstáculos que nos impedem o progresso jamais desaparecerão diante de um espírito vacilante, duvidoso. Aqueles que adiam a obediência para quando desaparecerem as incertezas, e não houver mais riscos de fracasso ou derrota, nunca virão a obedecer. A fé olha para lá das dificuldades, e lança mão do invisível, da própria Onipotência; portanto não pode ser iludida. Ter fé é apoderar-se da mão de Cristo em todas as emergências. OE 262 2 O obreiro de Deus precisa de uma fé robusta. As aparências podem ser adversas; mas na hora mais sombria, a luz fulgura além. As forças daqueles que, com fé, amam e servem a Deus, serão renovadas dia a dia. O entendimento do infinito é posto ao seu serviço, a fim de que, cumprindo Seus desígnios, eles não errem. Conservem esses obreiros o princípio de sua confiança firme até ao fim, lembrando que a luz da verdade de Deus tem de brilhar nas trevas que envolvem o mundo. OE 262 3 Não deve haver desânimo em relação com o serviço de Deus. A fé do obreiro consagrado deve suportar qualquer prova que lhe sobrevenha. Deus é capaz, e está desejoso de outorgar a Seus servos toda a força de que eles necessitam, e a sabedoria que suas várias necessidades exigirem. Ele fará mais do que cumprir a mais alta expectativa dos que nEle põem a confiança. OE 263 1 Jesus não nos chama a segui-Lo, para depois nos abandonar. Se consagrarmos a vida a Seu serviço, nunca seremos colocados numa situação para a qual o Senhor não haja tomado providências. Seja qual for nossa situação, temos um Guia para dirigir o caminho; sejam quais forem as perplexidades, temos um infalível Conselheiro; qualquer que seja a dor, a privação ou a solidão, temos um Amigo que sente conosco. Se, em nossa ignorância, damos passos errados, Cristo não nos deixa. Sua voz, clara e distinta, faz-se ouvir, dizendo: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida." João 14:6. "Porque Ele livrará ao necessitado quando clamar, como também ao aflito e ao que não tem quem o ajude." Salmos 72:12. OE 263 2 "Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em Ti; porque ele confia em Ti." Isaías 26:3. O braço da Onipotência está estendido para nos levar avante, e sempre avante. Avançai, diz o Senhor; Eu vos enviarei auxílio. É para glória de Meu nome que pedis; e haveis de receber. Os que estão espreitando a ver vossa derrota, hão de ver ainda Minha palavra triunfar gloriosamente. "Tudo o que pedirdes na oração, crendo, o recebereis." Mateus 21:22. OE 263 3 Deus nunca deixa o mundo sem homens capazes de discernir entre o bem e o mal, a justiça e a injustiça. Ele tem homens designados para se porem à frente da batalha nos tempos de emergência. ------------------------Capítulo 58 -- Ânimo OE 264 1 Os servos de Deus não devem ficar facilmente desanimados por dificuldades ou oposições. Os que proclamam a mensagem do terceiro anjo devem ficar animosamente em seu posto, a despeito de detrações e mentiras, combatendo o bom combate da fé, e resistindo ao inimigo com a arma que Cristo empregou: "Está escrito." Na grande crise por que terão em breve de passar, os servos de Deus terão de enfrentar a mesma dureza de coração, a mesma resolução cruel, o mesmo ódio tenaz enfrentado por Cristo e os apóstolos. OE 264 2 Todos quantos naquele dia mau quiserem servir a Deus segundo os ditames de sua consciência, necessitarão de coragem, firmeza, e conhecimento de Deus e de Sua Palavra; pois os que são fiéis a Deus hão de ser perseguidos, seus motivos impugnados, seus melhores esforços mal-interpretados, e seus nomes rejeitados como um mal. OE 264 3 Satanás há de operar com seu poder enganador, para influenciar o coração e obscurecer o entendimento, a fim de fazer com que o mal pareça bem, e o bem, mal. Quanto mais forte e pura for a fé do povo de Deus, e mais firme sua resolução de obedecer-Lhe, tanto mais cruelmente há de Satanás se esforçar por incitar contra eles a fúria dos que, ao passo que pretendem ser justos, pisam a lei de Deus. Serão precisos a mais firme confiança, o mais heróico propósito para se apegar firmemente à fé uma vez entregue aos santos. OE 264 4 Os mensageiros da cruz se devem armar de vigilância e oração, e avançar com fé e coragem, operando sempre no nome de Jesus. Devem ter confiança em seu Guia; pois tempos tumultuosos se acham diante de nós. Os juízos de Deus se acham espalhados na Terra. As calamidades se seguem umas às outras em rápida sucessão. Em breve Deus Se erguerá de Seu lugar para sacudir terrivelmente a Terra, e punir os ímpios por sua iniqüidade. Então Ele Se levantará em favor de Seu povo, e lhes dará Seu protetor cuidado. Envolvê-los-á nos braços eternos, para os escudar de todo mal. Ânimo do Senhor OE 265 1 Havendo passado o tempo, em 1844, uma porção de irmãos e irmãs se achavam juntos numa reunião. Todos estavam muito tristes, pois a decepção fora dolorosa. Eis que entra um homem, exclamando: "Ânimo no Senhor, irmãos; ânimo no Senhor!" Isso ele repetiu uma e várias vezes, até que todos os rostos se iluminaram, e todas as vozes se ergueram em louvor a Deus. OE 265 2 Hoje eu digo a todo obreiro do Mestre: "Ânimo no Senhor!" Sempre, desde 1844, tenho estado a proclamar a verdade presente, e atualmente essa verdade me é mais cara do que nunca. OE 265 3 Alguns olham sempre ao lado objetável e desanimador, e portanto, deles se apodera o desânimo. Esquecem que o universo celeste espera por torná-los instrumentos de bênção para o mundo; e que o Senhor Jesus é um tesouro inesgotável, do qual as criaturas humanas podem tirar força e coragem. Não há necessidade de desânimo e apreensão. Nunca virá o tempo em que a sombra de Satanás não se atravesse em nosso caminho. Assim procura o inimigo ocultar a luz que irradia do Sol da Justiça. Nossa fé, porém, deve penetrar essa sombra. OE 266 1 Deus pede obreiros animosos, que se recusem a desanimar e abater por instrumentalidades contrárias. O Senhor nos está guiando, e podemos marchar avante corajosamente, seguros de que Ele há de estar conosco, como esteve nos anos passados, quando trabalhávamos em fraqueza, mas sob o poder do Espírito Santo. OE 266 2 Anjos serviram a Cristo, mas a presença dos mesmos não tornou Sua vida fácil e isenta de tentações. Ele "como nós em tudo foi tentado, mas sem pecado". Hebreus 4:15. Se os ministros, enquanto ocupados na obra que o Mestre lhes designou, têm provas, perplexidades e tentações, deveriam desanimar? Deveriam rejeitar sua confiança, porque seus labores nem sempre trazem os resultados que eles tanto desejam ver? Os verdadeiros obreiros não desanimarão em vista da obra que jaz perante eles, por mais árdua que seja. Recuar diante da fadiga, queixar-se sob a tribulação, faz o servo de Deus fraco e ineficiente. OE 266 3 Ao verem os que se acham na frente da batalha, que o fogo de Satanás se dirige especialmente contra eles, compreenderão sua necessidade de forças vindas de Deus, e trabalharão nessas forças. As vitórias que obtêm, não os exaltam, mas fazem-nos firmar-se mais seguramente no Poderoso. Profunda e fervorosa gratidão para com Deus lhes brotará do coração, e terão prazer nas tribulações que lhes sobrevierem sob o ataque do inimigo. Um período de confiança e privilégio OE 267 1 O tempo presente é um período de solene privilégio e sagrada confiança. Se os servos de Deus guardarem fielmente o depósito que lhes é confiado, grande será sua recompensa, quando o Mestre disser: "Dá contas da tua mordomia." Lucas 16:2. A ativa lida, a obra desinteressada, o esforço paciente e perseverante, serão abundantemente galardoados. Jesus dirá: "Já vos não chamarei servos,... mas tenho-vos chamado amigos." João 15:15. A aprovação do Mestre não é dada por causa da grandeza da obra realizada, mas em virtude da fidelidade em tudo quanto foi feito. Não é o resultado que atingimos, mas os motivos por que procedemos, que têm valor para com Deus. Ele preza a bondade e a fidelidade acima de tudo mais. OE 267 2 Suplico aos arautos do evangelho de Cristo que nunca fiquem desanimados, nunca olhem o mais endurecido pecador como estando além do alcance da graça de Deus. Aquele que, aparentemente, é caso perdido, pode aceitar a verdade com amor. Aquele que muda o coração dos homens como se mudam os rios, pode trazer a Cristo a alma mais egoísta e endurecida pelo pecado. É alguma coisa demasiado difícil para Deus? "A palavra que sair da Minha boca", declara Ele, "não voltará para Mim vazia, antes fará o que Me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei." Isaías 55:11. OE 267 3 Os que se estão esforçando por estabelecer a obra em novo território, encontrar-se-ão muitas vezes em grande necessidade de melhores instalações. Seu trabalho parecerá ser obstado por falta das mesmas; não percam, entretanto, a fé e o ânimo. Muitas vezes são forçados a ir ao extremo dos recursos de que dispõem. Por vezes talvez pareça como se não pudessem avançar mais. Mas, se oram e trabalham com fé, Deus há de atender-lhes as petições, enviando-lhes meios para o avançamento da obra. Erguer-se-ão dificuldades; eles cogitarão como hão de fazer o que precisa ser feito. Por vezes o futuro parecerá muito sombrio. Apresentem, porém, os obreiros a Deus as promessas que Ele fez, e dêem-Lhe graças pelo que tem feito. Então o caminho se há de abrir diante deles, e serão fortalecidos para o dever do momento. OE 268 1 Poucos consideram o significado das palavras de Lucas, quando diz que Paulo, vendo seus irmãos "deu graças a Deus e tomou ânimo". Atos dos Apóstolos 28:15. No meio do simpatizante e lacrimoso grupo de crentes, os quais não se envergonhavam de suas cadeias, o apóstolo louvou a Deus em voz alta. A nuvem de tristeza que lhe estava sobre o espírito se dissipara. Sua vida cristã tinha sido uma sucessão de sofrimentos, desapontamentos e provações, mas neste momento ele se sentia abundantemente recompensado. Com passos mais firmes e o coração repleto de gozo, ele continuou seu caminho. Não podia queixar-se do passado nem temer o futuro. Cadeias e aflições o esperavam, disto ele sabia; mas sabia também que lhe coubera libertar almas de um cativeiro infinitamente mais terrível, e se rejubilava em seus sofrimentos por amor de Cristo. -- Atos dos Apóstolos, 449. ------------------------Capítulo 59 -- Como Deus educa seus obreiros OE 269 1 Deus disciplina Seus obreiros, a fim de que eles se possam preparar para preencher os lugares que lhes são designados. Deseja habilitá-los para fazer serviço mais aceitável. Há pessoas que desejam ter autoridade, e que necessitam da santificação proveniente da submissão. Deus opera uma mudança em sua vida. Talvez lhes ponha diante deveres que eles por si não haveriam de preferir. Se estiverem dispostos a deixar-se guiar por Ele, dar-lhes-á graça e força para cumprir esses deveres num espírito de submissão e auxílio. Assim se habilitam a ocupar lugares em que suas disciplinadas aptidões serão de grande utilidade. OE 269 2 Alguns, Deus educa mediante decepções e aparentes fracassos. É Seu desígnio que eles aprendam a dominar as dificuldades. Inspira-lhes resolução de tornar cada aparente fracasso um sucesso. Muitas vezes os homens oram e derramam lágrimas por causa das perplexidades e obstáculos que os enfrentam. Mas, se eles mantiverem o princípio de sua confiança firme até ao fim, Deus lhes abrirá o caminho. O êxito virá, ao lutarem contra dificuldades que parecem invencíveis, e, com esse êxito, lhes sobrevirá a maior alegria. OE 269 3 Uma vida monótona não favorece o desenvolvimento espiritual. Alguns só podem atingir a mais alta norma de espiritualidade mediante uma mudança na ordem regular das coisas. Quando, em Sua providência, Deus vê que é essencial que sobrevenham mudanças, para a edificação do caráter, perturba a tranqüila corrente da vida. Ele vê que um obreiro necessita de estar mais intimamente ligado com Ele; e, para efetuar isso, separa-o de amigos e conhecidos. Quando Ele estava preparando Elias para a trasladação, fazia-o mudar de um lugar para outro, a fim de que o profeta não se estabelecesse comodamente, e deixasse assim de adquirir força espiritual. E era o desígnio de Deus que a influência de Elias fosse uma força para ajudar a muitas almas a adquirir uma experiência mais larga e proveitosa. OE 270 1 Muitos há que não se sentem satisfeitos para servir ao Senhor animosamente no lugar que lhes foi designado por Ele, ou fazer sem murmurar a obra que lhes pôs nas mãos. É justo ficar malsatisfeitos com a maneira em que cumprimos o dever, mas não devemos estar descontentes com o dever em si mesmo, por preferirmos fazer outra coisa. Em Sua providência, Deus põe diante das criaturas humanas serviço que será qual remédio para seu espírito doente. Assim Ele busca levá-los a pôr de lado a preferência egoísta que, se satisfeita, os tornaria incapazes para a obra que tem para eles. Se aceitam e realizam esse serviço, sua mente será curada. Se o recusam, serão deixados a lutar consigo mesmos e com outros. OE 270 2 Os que não têm permissão de descansar em sossego, mas têm de estar em contínuas mudanças, armando a tenda hoje num lugar e amanhã noutro, lembrem-se de que o Senhor os está guiando, e que este é Seu modo de os auxiliar em formar um caráter perfeito. Em todas as mudanças que lhes são exigidas, Deus deve ser reconhecido como seu companheiro, guia e proteção. ------------------------Capítulo 60 -- Consagrai tempo a conversar com Deus OE 271 1 Têm-me sido dadas instruções especiais quanto a nossos ministros. Não é a vontade de Deus que eles busquem ser ricos. Não se devem meter em empresas mundanas; pois isso os incapacita para dedicar suas melhores energias às coisas espirituais. Mas devem receber o suficiente para manter-se a si mesmos e a sua família. Não devem ter sobre si tantas responsabilidades que não possam dar a devida atenção à igreja na própria família; pois é seu especial dever educar os próprios filhos para o Senhor. OE 271 2 É grande erro manter um ministro constantemente ocupado em negócios, viajando de um lugar para outro, e ficando até tarde da noite a assistir a reuniões de mesas e comissões. Isso o fatiga e deixa-o sem ânimo. Os ministros devem ter tempo para descansar, para obter da Palavra de Deus o rico alimento do pão da vida. Devem ter tempo para tomar refrigerantes sorvos de consolação da corrente de água viva. OE 271 3 Lembrem-se os ministros e professores de que Deus os reputa responsáveis quanto a ocupar seu cargo da melhor maneira que lhes seja possível, e pôr em sua obra o melhor de suas energias. Não devem tomar deveres que estejam em conflito com a obra que Deus lhes deu. OE 271 4 Quando ministros e professores, premidos pelo peso de responsabilidades financeiras, sobem ao púlpito ou entram na sala de aula com o cérebro fatigado e os nervos sobrecarregados, que se pode esperar senão que se use aquele fogo comum, em lugar do fogo sagrado ateado por Deus? Os tensos e impotentes esforços decepcionam os ouvintes, e prejudicam ao que fala. Ele não teve tempo para buscar ao Senhor, não teve tempo para pedir com fé a unção do Espírito Santo. ... OE 272 1 Recebi instruções para dizer a meus coobreiros: Se quereis ter os ricos tesouros do Céu, precisais manter íntima comunhão com Deus. A menos que o façais, vossa alma será tão destituída do Espírito Santo como os montes de Gilboa do orvalho e da chuva. Quando correis de uma coisa para outra, quando tendes tanto que fazer que não vos é possível dedicar algum tempo a conversar com Deus, como podereis esperar poder em vossa obra? OE 272 2 A razão por que tantos de nossos ministros pregam sermões fracos, sem vida, é deixarem que uma porção de coisas de natureza mundana lhes ocupe o tempo e atenção. A não ser que haja contínuo crescimento na graça, faltar-nos-ão as palavras apropriadas à ocasião. Comungai com o vosso próprio coração, e depois, comungai com Deus. A menos que assim façais, vossos esforços serão infrutíferos, devido à não santificada pressa, e à confusão. OE 272 3 Ministros e professores, que vossa obra recenda a preciosa graça espiritual. Não a torneis comum, misturando-a com coisas profanas. Caminhai para a frente, e para cima. Purificai-vos "de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus". 2 Coríntios 7:1. OE 272 4 Precisamos de nos converter diariamente. Nossas orações devem ser mais fervorosas; serão então mais eficazes. Cada vez mais forte deve ser nossa confiança de que o Espírito de Deus há de estar conosco, tornando-nos puros e santos, tão retos e fragrantes como o cedro do Líbano. -- Testimonies for the Church 7:250-252. ------------------------Capítulo 61 -- Nossa maior necessidade OE 273 1 "Ser-Me-eis testemunhas." Atos dos Apóstolos 1:8. Estas palavras de Jesus não perderam nada de sua força. Nosso Salvador pede fiéis testemunhas nestes dias de formalismo religioso; mas quão poucos mesmo entre os professos embaixadores de Cristo, se acham prontos a dar um fiel testemunho pessoal em favor de seu Mestre! Muitos podem dizer o que têm feito os grandes e bons homens das gerações passadas, o que ousaram, o que sofreram e gozaram. Tornam-se eloqüentes ao salientar o poder do evangelho que habilitou outros a se regozijarem em suas aflições probantes, e a se manterem firmes diante de cruéis tentações. Mas, conquanto tão fervorosos em apresentar outros cristãos como testemunhas de Jesus, eles próprios não parecem possuir uma experiência nova, atual, para relatar. OE 273 2 Ministros de Cristo, que tendes vós a contar quanto a vós mesmos? Que conflito de alma experimentastes vós, que se tornou em bem para vós, para outros, e para a glória de Deus? Vós, que professais estar proclamando a última e solene mensagem de misericórdia ao mundo, qual é vossa experiência no conhecimento da verdade, e quais têm sido seus efeitos sobre o vosso próprio coração? Acaso vosso caráter testifica em favor de Cristo? Podeis vós falar da influência da verdade como é em Jesus, a qual refina, enobrece e santifica? Que tendes vós visto, que tendes vós conhecido, do poder de Cristo? Esta é a espécie de testemunho que o Senhor pede, e por cuja falta as igrejas estão sofrendo. OE 274 1 Sem uma fé viva em Cristo como um Salvador pessoal, é impossível fazer sentir vossa fé a um mundo cético. Se quereis arrebatar pecadores da impetuosa corrente, vossos próprios pés não se devem achar em lugar escorregadio. OE 274 2 Precisamos constantemente de nova revelação de Cristo, uma experiência diária que esteja em harmonia com os Seus ensinos. Altas e santas consecuções se acham ao nosso alcance. Um progresso contínuo em conhecimento e virtude, eis o desígnio de Deus a nosso respeito. Sua lei é o eco de Sua própria voz, a todos fazendo o convite: "Subi mais alto; sede santos, mais santos ainda." Podemos avançar cada dia na perfeição do caráter cristão. OE 274 3 Os que se acham ocupados no serviço do Mestre, necessitam uma experiência muito mais elevada, profunda e vasta do que muitos já pensaram em obter. Muitos dos que já são membros da grande família de Deus, pouco sabem do que significa contemplar Sua glória, e ser transformados de glória em glória. Muitos possuem uma crepuscular percepção da excelência de Cristo, e o coração lhes freme de alegria. Anseiam por uma compreensão mais plena e profunda do amor do Salvador. Nutram eles todo desejo da alma em busca de Deus. OE 274 4 O Espírito Santo opera nos que querem ser trabalhados, molda os que querem ser moldados, talha os que querem ser talhados. Cultivai os pensamentos espirituais e as santas comunhões. (Não tendes visto senão os primeiros raios do alvorecer de Sua glória.) À medida que prosseguirdes em conhecer ao Senhor, sabereis que "a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito". Provérbios 4:18. ------------------------Capítulo 62 -- O exame de si mesmo OE 275 1 Há muita coisa na conduta dos ministros que eles podem melhorar. Muitos vêem e sentem sua falta, todavia parecem ignorar a influência que exercem. Estão conscientes de suas ações ao praticá-las, mas permitem que se lhes escapem da memória, e assim, não se corrigem. OE 275 2 Tornem os ministros as ações de cada dia assunto de acurada reflexão e deliberado exame, com o fim de conhecerem melhor os próprios hábitos de vida. Mediante a íntima perscrutação de cada circunstância da vida diária, haveriam de conhecer melhor os próprios motivos e os princípios que os regem. Essa revisão diária de nossos atos, a ver onde a consciência aprova ou condena, é necessária a todos quantos desejam atingir a perfeição no caráter cristão. Muitos atos que passam por boas obras, mesmo atos de generosidade, quando intimamente examinados, verificar-se-á haverem sido suscitados por motivos errôneos. OE 275 3 Muitos recebem aplausos por virtudes que não possuem. O Perscrutador dos corações pesa os motivos, e muitas vezes ações altamente louvadas por homens são por Ele registradas como partindo de egoísmo e baixa hipocrisia. Cada ato de nossa vida, seja excelente e digno de louvor ou merecedor de censura, é julgado pelo Perscrutador dos corações segundo os motivos que o determinaram. OE 275 4 Muitos negligenciam contemplar-se no espelho que revela os defeitos do caráter; por isso existem deformidade e pecados, e são aparentes aos outros, se não compreendidos pelos que se acham em falta. O aborrecível pecado do egoísmo existe em alto grau, mesmo em alguns que professam ser devotados à causa de Deus. Se eles comparassem seu caráter com os requisitos dEle, especialmente com a grande norma, a santa lei de Deus, verificariam, sendo investigadores sinceros e honestos, que estão terrivelmente em falta. Mas muitos não estão dispostos a olhar bastante longe e profundo bastante para verem a depravação do próprio coração. Acham-se em falta em muitos, muitos respeitos, e todavia permanecem em voluntária ignorância de sua culpa. OE 276 1 Aquele que compreende bem o próprio caráter, que conhece de perto o pecado que mais facilmente o assalta, e as tentações mais capazes de o vencer, não se deve expor desnecessariamente, e convidar a tentação, colocando-se em terreno inimigo. Se o dever o chama a um lugar onde as circunstâncias não são muito favoráveis, ele terá especial auxílio de Deus, e assim poderá ir plenamente escudado para um combate com o inimigo. OE 276 2 O conhecer-se a si mesmo salvará a muitos de cair em graves tentações, e evitará muitas inglórias derrotas. Para nos conhecermos bem a nós mesmos, é essencial investigarmos fielmente os motivos e princípios de nossa conduta, comparando nossas ações com a norma de dever revelada na Palavra de Deus. ------------------------Capítulo 63 -- O aperfeiçoamento individual OE 277 1 Os ministros idosos e experientes devem sentir que é seu dever, como servos assalariados de Deus, avançar, progredindo dia a dia, tornando-se continuamente mais eficientes em seu trabalho, e arranjando constantemente assuntos novos para apresentar ao povo. Cada esforço para expor o evangelho, deve ser melhor que o precedente. Cada ano cumpre-lhes desenvolver uma piedade mais profunda, um espírito mais compassivo, maior espiritualidade, e um conhecimento mais completo da verdade bíblica. Quanto maior sua idade e experiência, mais próximos devem eles ser capazes de chegar do coração das pessoas, possuindo um mais perfeito conhecimento delas. -- Testimonies for the Church 4:270. OE 277 2 Deus não emprega homens preguiçosos em Sua causa; Ele quer obreiros atenciosos, bondosos, afetivos e diligentes. O esforço ativo fará bem a nossos pregadores. A indolência é prova de perversão. Cada faculdade da mente, cada osso do corpo, cada músculo dos membros, mostra que Deus designou nossas faculdades para serem usadas, e não para permanecerem inativas. ... Homens que, desnecessariamente, empregam as horas do dia para dormir, não têm o senso do valor dos preciosos e áureos momentos. ... OE 277 3 As pessoas que não adquiriram hábitos de estrita operosidade e economia de tempo, devem ter regras estabelecidas para as estimular à regularidade e à presteza. George Washington foi habilitado a realizar grande quantidade de negócios, porque era exato em conservar a ordem e a regularidade. Cada papel tinha sua data e seu lugar, e tempo algum era perdido em procurar o que não estava no lugar designado. OE 278 1 Os homens de Deus precisam ser diligentes no estudo, esforçados na aquisição de conhecimentos, nunca desperdiçando uma hora. Mediante esforços perseverantes, podem atingir quase qualquer grau de eminência como cristãos, como homens de poder e influência. Muitos, porém, nunca alcançarão uma posição superior no púlpito ou nos negócios, devido a sua instabilidade de propósito,... e à frouxidão dos hábitos contraídos na mocidade. ... Em tudo que empreendam, ver-se-á descuidosa desatenção. OE 278 2 Um súbito esforço aqui e ali, não é suficiente para efetuar uma transformação nesses amantes da comodidade e indolência; isso é obra que exige paciente perseverança no fazer o que é correto. Homens de negócios só podem ter êxito real, se tiverem horas regulares para levantar-se, orar, comer e deitar-se. Se a ordem e a regularidade são essenciais nas atividades mundanas, quanto mais na obra de Deus! OE 278 3 As brilhantes horas de manhã são por muitos desperdiçadas na cama. Estas preciosas horas, uma vez perdidas, passam para nunca mais voltar; são perdidas para o tempo e a eternidade. Uma Hora apenas perdida cada dia, e que desperdício de tempo durante um ano! Pense nisso o dorminhoco, e detenha-se a considerar como há de dar a Deus conta das oportunidades perdidas. Aproveitamento dos momentos vagos OE 278 4 Os ministros devem dedicar tempo à leitura, ao estudo, a meditar e orar. Devem enriquecer o espírito com conhecimentos úteis, aprendendo de cor porções das Escrituras, traçando o cumprimento das profecias, e aprendendo as lições que Cristo deu a Seus discípulos. Levai um livro convosco para ler enquanto viajais de ônibus, ou esperais na estação da estrada de ferro. Empregai todo momento vago em fazer alguma coisa. Assim fechar-se-á, a milhares de tentações, uma porta eficaz. ... OE 279 1 Muitos têm fracassado, fracassado de maneira notável, onde poderiam haver tido um sucesso. Não sentiram a responsabilidade da obra; têm levado as coisas tão comodamente, como se tivessem um milênio em que trabalhar pela salvação das almas. ... A causa de Deus não tem tanta necessidade de pregadores, como de obreiros diligentes e perseverantes, para o Mestre. Só Deus pode medir a capacidade da mente humana. Não era Seu desígnio que o homem permanecesse na ignorância, mas que se aproveitasse de todas as vantagens de um intelecto esclarecido e culto. OE 279 2 Todos devem sentir que sobre si repousa a obrigação de atingir as alturas da grandeza intelectual. Conquanto ninguém deva ficar ensoberbecido pelos conhecimentos que haja adquirido, é o privilégio de todos gozar a satisfação de saber que, com cada passo adiante, torna-se mais capazes de honrar e glorificar a Deus. Eles podem haurir de uma fonte inesgotável, a Fonte de toda sabedoria e conhecimento. OE 279 3 Havendo entrado na escola de Cristo, o estudante está preparado a se empenhar na perseguição do saber, sem experimentar a vertigem das alturas que está galgando. Ao prosseguir de verdade em verdade, obtendo uma visão mais clara e luminosa das maravilhosas leis da ciência e da Natureza, enleva-se ante as surpreendentes manifestações do amor de Deus para com o homem. Vê, com olhar inteligente, a perfeição, o conhecimento e a sabedoria de Deus estendendo-se para além, até ao infinito. À medida que sua mente se amplia e expande, puras correntes de luz se lhe projetam na alma. Quanto mais bebe da fonte do conhecimento, tanto mais pura e feliz sua contemplação da infinitude de Deus, e maior seu anseio de sabedoria suficiente para compreender as coisas profundas do Senhor. A necessidade de cultura mental OE 280 1 Cultura mental é o que, como povo, precisamos, e temos de ter para satisfazer as exigências do tempo. Pobreza, origem humilde e ambiente desfavorável não precisam impedir o cultivo da mente. As faculdades mentais têm de ser mantidas sob o controle da vontade, não se permitindo que a mente vagueie ou fique distraída por uma variedade de assuntos ao mesmo tempo, sem se aprofundar em nenhum. OE 280 2 Dificuldades são encontradas em todos os estudos; nunca, porém, pareis por causa de desânimo. Investigai, estudai e orai; enfrentai varonil e vigorosamente cada dificuldade; chamai em socorro o poder da vontade e a graça da paciência, e então cavai mais diligentemente, até que a gema da verdade se mostre a sua frente, límpida e linda, tanto mais preciosa por causa das dificuldades envolvidas em sua busca. OE 280 3 Não fiqueis, então, a demorar-vos sempre nesse único ponto, nele concentrando todas as energias, para ele chamando insistentemente a atenção dos outros, mas tomai outro assunto, examinando-o atentamente. Assim, mistério após mistério se desdobrará a vossa compreensão. Por esse procedimento, duas valiosas vitórias serão ganhas. Não só tereis assegurado úteis conhecimentos, mas o exercício da mente aumentou a força e poder mentais. A chave encontrada para descobrir um mistério, pode trazer a lume outras preciosas gemas de conhecimento ainda velado. OE 281 1 Muitos de nossos ministros só podem apresentar ao povo alguns discursos doutrinários. O mesmo esforço e aplicação que os familiarizou com esses pontos, os habilitaria a adquirir conhecimento de outros. As profecias e outros assuntos doutrinários, devem ser plenamente compreendidos por todos os ministros. Mas alguns que têm estado a pregar durante anos, ficam satisfeitos de se limitar a uns poucos assuntos, sendo demasiadamente indolentes para investigar as Escrituras com diligência e oração, a fim de se tornarem gigantes na compreensão das doutrinas bíblicas, e das lições práticas de Cristo. OE 281 2 A mente de todos deve ser enriquecida com o conhecimento das verdades da Palavra de Deus, a fim de que possam achar-se preparados, em qualquer momento que lhes seja requerido, a apresentar do tesouro coisas novas e velhas. Há espíritos que têm sido prejudicados e tornados raquíticos por falta de zelo e de esforço diligente e árduo. Chegou o tempo em que Deus diz: Avançai, e cultivai as aptidões que vos dei. OE 281 3 No mundo pululam erros e fábulas. Novidades, em forma de dramas sensacionais, estão continuamente surgindo para absorver a mente; e abundam absurdas teorias, as quais destroem o progresso moral e espiritual. A causa de Deus necessita de homens de intelecto, homens que pensem, homens bem versados nas Escrituras, para enfrentar a avolumante onda de oposição. Não devemos sancionar a arrogância, a estreiteza de espírito e as incoerências, embora se deitem sobre elas as vestes de professa piedade. Os que possuem no coração o poder santificador da verdade, hão de exercer uma influência persuasiva. Sabendo que os defensores do erro não podem criar nem destruir a verdade, eles se podem manter calmos e delicados. ... OE 282 1 Muitos há, mesmo entre nossos pregadores, que querem subir no mundo sem esforço. Têm ambição de fazer qualquer grande obra de utilidade, enquanto passam por alto os pequeninos deveres diários que os tornariam úteis, e ministros segundo a ordem de Cristo. Desejam fazer a obra que outros estão fazendo, mas não têm gosto pela disciplina necessária a habilitá-los para ela. Este ansioso desejo, tanto de homens, como de mulheres, por fazer qualquer coisa que se acha muito além de suas aptidões atuais, está fazendo com que eles tenham verdadeiros fracassos no princípio. Recusam-se com indignação a subir a escada, desejando elevar-se por um processo menos laborioso. -- Testimonies for the Church 4:411-417. OE 282 2 Fico surpresa que, com os exemplos que temos diante de nós do que o homem pode ser, e do que lhe é possível realizar, não sejamos estimulados a maiores esforços para imitar as boas obras dos justos. Nem todos poderão ocupar posição de destaque; todavia todos são capazes de preencher cargos de utilidade e confiança e, por sua perseverante fidelidade, fazer muito maior bem do que supõem pode realizar. -- Idem, 399. OE 282 3 O valor de homens e mulheres não deve ser estimado pela classe de trabalho que fazem. É determinado por Aquele que pagou o preço de todas as almas. Em caridade, simplicidade e integridade, todos quantos possuem Cristo formado no interior, a esperança da glória, devem ser coobreiros de Deus. Eles são lavoura de Deus, edifício de Deus. OE 282 4 O coração em que habita o amor de Cristo, manifestará constantemente mais e mais refinamento; pois a fonte da vida é amor para com Deus e o homem. Cristo é cristianismo. É glória a Deus nas alturas, e paz na Terra, boa vontade para os homens. É o cumprimento do desígnio de Deus. OE 283 1 O verdadeiro crescimento cristão tende a subir até à completa estatura de homens e mulheres em Cristo. A verdadeira cultura, o refinamento real de idéias e maneiras, é melhor atingido aprendendo lições na escola de Cristo, do que pelos esforços mais penosos e árduos para observar formas e regras, quando o coração não se acha sob a disciplina do Espírito de Deus. OE 283 2 O seguidor de Cristo deve-se aperfeiçoar constantemente em maneiras, hábitos, espírito e trabalho. Isso se opera conservando o olhar, não somente nas consecuções exteriores e superficiais, mas em Jesus. Opera-se uma transformação na mente, no espírito e no caráter. O cristão é educado na escola de Cristo, para nutrir as graças de Seu Espírito em toda a mansidão e humildade. Está-se habilitando para a sociedade dos anjos celestiais. OE 283 3 O homem cuja mente é iluminada pela Palavra de Deus, há de sentir, mais que qualquer outra pessoa na Terra, que deve ser mais diligente no exame da Bíblia, no estudo das ciências; pois sua esperança e vocação são maiores que qualquer outra. Quanto mais intimamente um homem se achar ligado com a Fonte de todo o conhecimento e sabedoria, tanto mais ele pode ser auxiliado intelectual e espiritualmente. O conhecimento de Deus é a educação essencial; e todo verdadeiro obreiro dedicará seu constante estudo para obtenção desse conhecimento. -- Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, 510. ------------------------Capítulo 64 -- O Espírito Santo OE 284 1 "Mas, quando vier aquele Espírito de verdade", "convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo." João 16:13, 8. OE 284 2 A pregação da palavra não é de nenhuma utilidade sem o auxílio do Espírito Santo; pois esse Espírito é o único mestre eficaz da verdade divina. Unicamente quando a verdade é acompanhada ao coração pelo Espírito Santo, avivará a consciência ou transformará a vida. Um ministro pode ser capaz de apresentar a letra da Palavra de Deus; pode-se achar familiarizado com todos os seus mandamentos e promessas; mas sua sementeira do evangelho não terá êxito a menos que a semente seja despertada para a vida pelo orvalho do Céu. Sem a cooperação do Espírito de Deus, nenhum grau de educação, nenhuma vantagem, por maior que seja, pode tornar uma pessoa um canal de luz. Antes de ser escrito o primeiro livro do Novo Testamento, antes de se haver pregado um sermão após a ascensão de Cristo, o Espírito Santo veio sobre os discípulos em oração. Então, o testemunho dos seus inimigos, foi: "Enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina." Atos dos Apóstolos 5:28. As promessas de Deus sujeitas a condições OE 284 3 Deus prometeu o dom do Espírito Santo a Sua igreja, e a promessa pertence-nos a nós, tanto como aos primeiros discípulos. Mas, como todas as outras promessas, é dada sob condições. Há muitos que professam crer, e reclamam as promessas do Senhor; falam acerca de Cristo e do Espírito Santo; todavia não recebem nenhum benefício, porque não submetem a alma à guia e controle das instrumentalidades divinas. OE 285 1 Nós não podemos servir-nos do Espírito Santo; Ele é que nos há de usar a nós. Mediante o Espírito, Deus opera em Seu povo "tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade". Filipenses 2:13. Mas muitos não se querem submeter a ser guiados. Querem dirigir-se a si mesmos. Eis porque não recebem o dom celestial. Apenas àqueles que esperam humildemente em Deus, que estão atentos à Sua guia e graça, é o Espírito concedido. Esta prometida bênção, reclamada pela fé, traz consigo todas as demais bênçãos. Ela é concedida segundo as riquezas da graça de Cristo, e Ele está ponto a suprir cada alma, de acordo com sua capacidade de receber. OE 285 2 A comunicação do Espírito é a transmissão da vida de Cristo. Apenas aqueles que são assim ensinados por Deus, os que possuem a operação interior do Espírito, em cuja vida se manifesta a vida de Cristo, podem apresentar-se como verdadeiros representantes do Salvador. O Espírito Santo como educador OE 285 3 Deus toma os homens tais quais são e educa-os para o Seu serviço, se eles se entregarem a Ele. O Espírito de Deus, recebido na alma, aviva todas as suas faculdades. Sob o guia do Espírito Santo, a mente que sem reserva se dedica a Deus, desenvolve-se harmoniosamente, e é fortalecida para compreender e cumprir as reivindicações de Deus. O caráter fraco, vacilante, transforma-se em outro, forte e inabalável. A dedicação contínua, estabelece tão íntimo relacionamento entre Jesus e Seus discípulos, que o cristão assimila o caráter de seu Senhor. Tem visão mais clara, mais ampla. Seu discernimento é mais agudo, seu julgamento mais equilibrado. Tão avivado é ele pelo poder vitalizante do Sol da Justiça, que é habilitado a produzir muito fruto, para glória de Deus. OE 286 1 Cristo prometeu que o Espírito Santo habitaria naqueles que lutam pela vitória sobre o pecado, para demonstrar o poder da força divina, dotando o instrumento humano de poder sobrenatural, e instruindo o ignorante nos mistérios do reino de Deus. De que proveito nos seria que o Filho unigênito de Deus sofresse as tentações do astuto inimigo, e morresse, o Justo pelo culpado, se o Espírito não houvesse sido dado como um agente constante, sempre em operação, e regenerador, para tornar eficaz em cada caso individual, o que fora efetuado pelo Redentor do mundo? OE 286 2 O Espírito Santo habilitou os discípulos a exaltar unicamente ao Senhor, e guiou a pena dos historiadores sagrados, para que o registro das palavras e ações de Cristo pudesse ser transmitido ao mundo. Hoje em dia, esse Espírito está em contínua operação, buscando atrair a atenção dos homens ao grande sacrifício feito na cruz do Calvário, para desvendar ao mundo o amor de Deus pelo homem, e abrir à alma convicta as promessas das Escrituras. OE 286 3 É o Espírito que faz com que resplandeçam nas mentes entenebrecidas os brilhantes raios do Sol da Justiça; que faz com que o coração dos homens arda dentro deles com a despertada compreensão das verdades eternas; isso apresenta ao espírito a grande norma da justiça, e convence do pecado; isso inspira fé nAquele que, unicamente, pode salvar do pecado; isso opera a transformação do caráter, retirando a afeição dos homens das coisas temporais e perecíveis, e fixando-as na herança eterna. O Espírito recreia, refina e santifica os seres humanos, preparando-os para se tornarem membros da família real, filhos do celeste Rei. O efeito do recebimento do Espírito OE 287 1 Quando uma pessoa está inteiramente vazia do próprio eu, quando todo falso deus é expulso da alma, o vazio é preenchido com a comunicação do Espírito de Cristo. Essa pessoa possui a fé que purifica a alma de contaminação. Está de conformidade com o Espírito, e pensa nas coisas do Espírito. Não confia em si mesma. Cristo é tudo em todos. Recebe com mansidão a verdade que vai sendo continuamente revelada, e rende a Deus toda a glória, dizendo: "Deus no-las revelou pelo Seu Espírito." "Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus." 1 Coríntios 2:10, 12. OE 287 2 O Espírito que revela, também opera na pessoa os frutos da justiça. Cristo está nela, "uma fonte de água que salte para a vida eterna". João 4:14. É um ramo da Videira Verdadeira, e produz ricos cachos de fruto para a glória de Deus. Qual é o caráter do fruto produzido? -- O fruto do Espírito é "amor", não ódio; "alegria", não descontentamento e queixumes; "paz", não irritação, ansiedade, e engendradas provações. É "longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança". Gálatas 5:22, 23. OE 288 1 Os que possuem esse Espírito são sinceros coobreiros de Deus; os seres celestiais cooperam com eles, e vão cheios do espírito da verdade que levam. Falam palavras de sólido juízo, e do tesouro do coração tiram coisas puras, sagradas, segundo o exemplo de Cristo. OE 288 2 A mensagem que temos de apresentar não é de molde a nos sentirmos acanhados em declará-la. Seus defensores não devem procurar encobri-la, esconder-lhe a origem e o desígnio. Como pessoas que fizeram votos solenes a Deus, e foram comissionadas como mensageiros de Cristo, despenseiros dos mistérios da graça, achamo-nos sob a obrigação de declarar fielmente o inteiro conselho de Deus. OE 288 3 Não devemos tornar menos salientes as verdades especiais que nos separaram do mundo, e nos têm tornado o que somos; pois se acham plenas de interesses eternos. Deus nos concedeu luz relativamente às coisas que estão tendo lugar atualmente, e pela pena e de viva voz, temos de proclamar a mensagem ao mundo. Mas é vida de Cristo na alma, é o ativo princípio do amor comunicado pelo Espírito Santo, unicamente, que tornarão nossas palavras frutíferas. O amor de Cristo é a força e o poder de toda mensagem de Deus saída em qualquer tempo de lábios humanos. Aproximamo-nos do fim OE 288 4 Dia após dia se passa para a eternidade, levando-nos mais próximos do fim do tempo da graça. Devemos, como nunca dantes, orar para o Espírito Santo nos ser mais abundantemente concedido, e devemos esperar que Sua santificadora influência venha sobre os obreiros, a fim de que aqueles por quem trabalham saibam que eles estiveram com Jesus, e dEle aprenderam. OE 289 1 Necessitamos de uma visão espiritual, a fim de ver os desígnios do perigo, e, como atalaias fiéis, proclamar o perigo. Precisamos de poder do alto, para compreender, tanto quanto possível à mente humana, os grandes temas do cristianismo, e seus princípios de longo alcance. OE 289 2 Os que se acham sob a influência do Espírito de Deus, não serão fanáticos, mas calmos e firmes, isentos de extravagância em idéias, palavras e ações. Por entre a confusão de doutrinas enganadoras, o Espírito de Deus será um guia e um escudo aos que não têm resistido às evidências da verdade, silenciando todas as outras vozes além da que vem dAquele que é a verdade. OE 289 3 Estamos vivendo nos últimos dias, quando o erro de caráter mais enganador é aceito e crido, ao passo que a verdade é rejeitada. O Senhor reputará responsáveis tanto os ministros como o povo, pela luz que sobre eles brilha. Ele nos chama a trabalhar diligentemente em ajuntar as jóias da verdade, colocando-as no escrínio do evangelho. Em toda a sua divina beleza devem elas resplandecer nas trevas morais do mundo. Isso não pode ser realizado senão com o auxílio do Espírito Santo, mas com Ele podemos fazer todas as coisas. Quando somos dotados do Espírito Santo, apoderamo-nos, pela fé, do poder infinito. Nada se perde daquilo que vem de Deus. O Salvador do mundo envia Suas mensagens à alma, para que a treva do erro se possa dissipar. A obra do Espírito é imensamente grande. É dessa fonte que sobrevêm poder e eficiência ao obreiro de Deus. ------------------------Capítulo 65 -- Desenvolvimento e serviço OE 290 1 A vida cristã é mais importante do que muitos crêem. Não consiste somente em delicadeza, paciência, doçura e bondade. São essenciais estas graças; mas há também necessidade de coragem, força, energia e perseverança. O caminho que Cristo nos traça é estreito e exige abnegação. Para nele entrar, e passar pelas dificuldades e desânimos, requerem-se homens fortes. OE 290 2 Precisam-se homens de fibra, homens que não estejam à espera de ver seu caminho aplanado e removidos todos os obstáculos; homens que alentem com um zelo novo os desfalecidos esforços dos trabalhadores desanimados, e cujo coração esteja inflamado de amor cristão e cujas mãos sejam fortes para a obra do Senhor. OE 290 3 Alguns dos que se entregam ao serviço missionário são fracos, sem energia, sem entusiasmo e facilmente desanimáveis. Falta-lhes a iniciativa. Não têm aqueles positivos traços de caráter que dão a força para fazer alguma coisa -- o espírito e energia que iluminam o entusiasmo. Aqueles que desejam o sucesso devem ser corajosos e otimistas. Devem cultivar não só as virtudes passivas mas as ativas. Respondendo com doçura, para afastar a cólera, devem possuir a coragem de herói para resistir ao mal. Com a caridade que tudo suporta, carecem de força de caráter para que sua influência exerça um poder positivo. OE 290 4 Algumas pessoas não têm firmeza de caráter. Seus planos e objetivos não têm forma definida, nem consistência. São de muito pouca utilidade prática no mundo. Esta fraqueza, indecisão e ineficácia deve ser vencida. Há no verdadeiro caráter cristão uma indomabilidade que não pode ser adaptada nem submetida por circunstâncias adversas. Devemos ter fibra moral, uma integridade que não ceda à lisonja, nem à corrupção, nem às ameaças. OE 291 1 Deus deseja que aproveitemos todas as oportunidades de assegurar uma preparação para sua obra. Espera que lhe submetamos todas as nossas energias, e conservemos o coração atento à Sua santidade e responsabilidades terríveis. OE 291 2 Muitos dos que são classificados para fazer um trabalho excelente obtêm pouco porque pouco empreendem. Muitos atravessam a vida como se não tivessem nenhum grande objetivo, nenhum ideal a atingir. Uma das razões por que tal sucede é avaliarem-se abaixo de seu valor real. Cristo pagou um infinito preço por nós, e deseja que nos mantenhamos à altura do preço que Lhe custamos. OE 291 3 Não vos contenteis em atingir ideal baixo. Não somos o que poderíamos ser e o que Deus quer que sejamos. Deus nos concedeu faculdades de raciocínio, não para que fiquem inativas ou sejam pervertidas por ocupações terrenas e sórdidas, mas para que sejam desenvolvidas ao máximo, refinadas, santificadas, enobrecidas e empregadas no avanço dos interesses de Seu reino. ... OE 291 4 Lembrai-vos de que em qualquer posição em que servirdes estais revelando motivos, desenvolvendo o caráter. Seja qual for vosso trabalho, fazei-o com exatidão, com diligência; vencei a inclinação de procurar uma ocupação fácil. OE 291 5 O mesmo espírito e princípios que animam o trabalho de cada dia, manifestar-se-ão através de toda a vida. Os que desejam apenas uma quantidade determinada de trabalho e um salário fixo, e que procuram encontrar uma atividade exatamente adaptada às suas aptidões, sem a necessidade de se preocupar em adquirir novos conhecimentos e em aperfeiçoar-se, não são os que Deus chama a trabalhar em Sua causa. Os que procuram dar o menos possível de suas forças físicas, espirituais e morais não são os trabalhadores sobre quem derramará abundantes bênçãos. Seu exemplo é contagioso. O interesse próprio é seu móvel supremo. Os que necessitam ser vigiados e trabalham apenas quando cada dever lhes é especificado não pertencem ao número dos que serão chamados bons e fiéis. Precisam-se obreiros que manifestem energia, integridade, diligência, e que estejam prontos a colaborar no que seja necessário que façam. OE 292 1 Muitos se tornam inúteis fugindo a responsabilidades com receio de insucesso. Deixam assim de adquirir a educação que provém das lições da experiência, e que a leitura ou estudo e quaisquer outras vantagens ganhas não lhes podem dar. OE 292 2 O homem pode moldar as circunstâncias, mas não deve permitir que as circunstâncias o moldem a ele. Devemos aproveitá-las como instrumentos de trabalho; sujeitá-las, mas não deixar que elas nos sujeitem. OE 292 3 Os homens de energia são aqueles que sofreram oposição, escárnio e obstáculos. Pondo suas energias em ação, os obstáculos que encontram constituem para eles positivas bênçãos. Ganham confiança em si mesmos. Os conflitos e perplexidades provocam o exercício da confiança em Deus, e aquela firmeza que desenvolve a força. O motivo no serviço OE 292 4 Cristo não fez um serviço limitado. Não mediu o trabalho por horas. Seu tempo, coração, alma e força foram dados ao trabalho para o bem da humanidade. Os dias, passava-os em trabalho fatigante; longas noites, transcorria-as prostrado em oração, pedindo graça e paciência para poder fazer um trabalho mais amplo. Com fortes gemidos e lágrimas dirigia Suas petições ao Céu, para que fosse fortalecida a Sua natureza humana, a fim de poder estar preparado para lutar contra o inimigo e fortalecido para cumprir a missão de melhorar a humanidade. Cristo disse aos Seus obreiros: "Dei-vos o exemplo, para que como Eu vos fiz, façais vós também." João 13:15. OE 293 1 "O amor de Cristo nos constrange", dizia Paulo. 2 Coríntios 5:14. Tal era a norma que dirigia a sua conduta. Se alguma vez seu ardor no caminho do dever enfraquecia por momentos, um olhar para a cruz lhe fazia cingir de novo os lombos do entendimento e o impelia no caminho da abnegação. Nos trabalhos pelos irmãos, contava com a manifestação de infinito amor do sacrifício de Cristo, com o seu poder de subjugar e convencer os corações. OE 293 2 Quão vibrante e tocante é o apelo: "Já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós Se fez pobre, para que pela Sua pobreza enriquecêsseis." 2 Coríntios 8:9. Sabeis a altura de que Ele desceu, a profundeza de humilhação a que Se sujeitou; Seus pés palmilharam a senda do sacrifício, e não se apartaram dela até que deu Sua vida. Para Ele não houve descanso entre o trono do Céu e a cruz. Seu amor pelo homem levou-O a aceitar todas as indignidades e a suportar todos os abusos. OE 293 3 Paulo admoesta-nos: "Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros." Filipenses 2:2. Pede-nos que possuamos o sentimento "que houve em Cristo Jesus; que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas aniquilou-Se a Si mesmo tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-Se a Si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz."... OE 294 1 Todo o que aceita a Cristo como seu Salvador pessoal ansiará pelo privilégio de servir a Deus. Contemplando o que o Céu fez por ele, seu coração enche-se de amor sem limites e de rendida gratidão. Está ansioso por manifestar seu reconhecimento, consagrando suas faculdades ao serviço de Deus. Suspira por mostrar amor a Cristo e aos Seus remidos. Ambiciona trabalhos, dificuldades, sacrifícios. OE 294 2 O verdadeiro obreiro na causa de Deus fará o melhor, pois que assim fazendo pode glorificar seu Mestre. Procederá retamente a fim de respeitar as reivindicações de Deus. Esforçar-se-á por melhorar todas as suas faculdades. Cumprirá cada dever com os olhos em Deus. Seu único desejo será que Cristo possa receber homenagem e perfeito serviço. OE 294 3 Há um quadro representando um boi parado entre uma charrua e um altar, com a seguinte inscrição: "Pronto para um ou para outro", pronto para o trabalho do campo ou para ser oferecido sobre o altar do sacrifício. Tal é a posição do verdadeiro filho de Deus -- pronto para ir aonde o dever o chama, negar a si mesmo, sacrificar-se pela causa do Redentor. -- A Ciência do Bom Viver, 497-502. ------------------------Capítulo 66 -- O perigo de rejeitar a luz OE 297 1 É desígnio de Deus que, mesmo nesta vida, a verdade seja sempre desvendada a Seu povo. Há unicamente um modo em que esse conhecimento pode ser obtido. Só podemos alcançar a compreensão da Palavra de Deus, mediante a iluminação do Espírito por quem foi dada a Palavra. "'Ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus." 1 Coríntios 2:11, 10. E a promessa do Salvador a Seus discípulos, foi: "Quando vier aquele Espírito de verdade, Ele vos guiará em toda a verdade. ... Porque há de receber do que é Meu, e vo-lo há de anunciar." João 16:13, 14. ... OE 297 2 Pedro exorta os irmãos: "Crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo." 2 Pedro 3:18. Sempre que o povo de Deus estiver crescendo em graça, obterá constantemente compreensão mais clara de Sua Palavra. Há de distinguir mais luz e beleza em suas sagradas verdades. Isto se tem verificado na história da igreja em todos os séculos, e assim continuará até ao fim. Mas à medida que a verdadeira vida espiritual declina, tem sido sempre a tendência cessar o crente de avançar no conhecimento da verdade. Os homens ficam satisfeitos com a luz já recebida da Palavra de Deus, e desistem de qualquer posterior investigação das Escrituras. Tornam-se conservadores, e procuram evitar novo exame. OE 298 1 O fato de não haver controvérsias ou agitações entre o povo de Deus, não deveria ser olhado como prova concludente de que eles estão mantendo com firmeza a sã doutrina. Há razão para temer que não estejam discernindo claramente entre a verdade e o erro. Quando não surgem novas questões em resultado de investigação das Escrituras, quando não aparecem divergências de opinião que instiguem os homens a examinar a Bíblia por si mesmos, para se certificarem de que possuem a verdade, haverá muitos agora, como antigamente, que se apegarão às tradições, cultuando nem sabem o quê. OE 298 2 Tem-me sido mostrado que muitos dos que professam a verdade presente, não sabem o que crêem. Não compreendem as provas de sua fé. Não apreciam devidamente a obra para este tempo. Quando chegar o tempo de angústia, e ao examinarem a posição em que se encontram, homens que agora pregam a outros, verificarão que há muitas coisas para as quais não podem dar uma razão satisfatória. Até que fossem assim provados, desconheciam sua grande ignorância. OE 298 3 E há muitos na igreja que contam por certo que compreendem aquilo em que crêem, mas que até surgir uma discussão, ignoram sua fraqueza. Quando separados dos da mesma fé, e forçados a estar sozinhos e expor por si mesmos sua crença, ficarão surpreendidos de ver quão confusas são suas idéias do que têm aceito como verdade. É certo que tem havido entre nós um afastamento do Deus vivo, e um voltar-se para os homens, pondo a sabedoria humana em lugar da divina. OE 299 1 Deus despertará Seu povo; se outros meios falharem, introduzir-se-ão entre eles heresias, as quais os hão de peneirar, separando a palha do trigo. O Senhor chama todos os que crêem em Sua Palavra, para que despertem do sono. Tem vindo uma preciosa luz, apropriada aos nossos dias. É a verdade bíblica, mostrando os perigos que se acham mesmo impendentes sobre nós. Essa luz nos deve levar ao estudo diligente das Escrituras, e a um mais atento exame crítico das posições que mantemos. OE 299 2 É vontade de Deus que todos os fundamentos e posições da verdade, sejam acurada e perseverantemente investigados, com oração e jejum. Os crentes não devem ficar em suposições e mal definidas idéias do que constitui a verdade. Sua fé deve estar firmemente estabelecida sobre a Palavra de Deus, de maneira que, quando o tempo de prova chegar, e eles forem levados perante os concílios para responder por sua fé, sejam capazes de, com mansidão e temor, dar a razão para a esperança que neles há. OE 299 3 Agitai, agitai, agitai! Os assuntos que apresentamos ao mundo devem ser para nós uma realidade viva. É importante que, ao defender as doutrinas que consideramos artigos fundamentais da fé, nunca nos permitamos o emprego de argumentos que não sejam inteiramente retos. Eles podem fazer calar um adversário, mas não honram a verdade. Devemos apresentar argumentos legítimos, que, não somente façam silenciar os oponentes, mas que suportem a mais acurada e perscrutadora investigação. OE 299 4 Quanto aos que se preparam para debates, há grande perigo de que não lidem, com lisura em relação à Palavra de Deus. Ao enfrentar um adversário, deve ser nosso mais sincero esforço apresentar os assuntos de maneira tal, que despertemos a convicção em seu espírito, em de vez de procurar meramente inspirar confiança ao crente. OE 300 1 Seja qual for o grande adiantamento intelectual do homem, não pense ele, nem por um momento, que não há necessidade de inteira e contínua indagação das Escrituras em busca de maior luz. Como um povo, somos convidados individualmente ao estudo da profecia. Devemos observar atentamente, a fim de distinguir qualquer raio de luz que Deus nos apresente. Devemos apanhar os primeiros clarões da verdade; e, mediante estudo secundado de oração, poder-se-á obter mais intensa luz, a qual poderá ser apresentada aos outros. OE 300 2 Quando o povo de Deus está à vontade, satisfeito com a luz que já possui, podemos estar certos de que Ele os não favorecerá. É Sua vontade que marchem sempre avante, recebendo a avultada e sempre crescente luz que para eles brilha. A atitude atual da igreja não agrada a Deus. Tem-se introduzido uma confiança que os tem levado a não sentir nenhuma necessidade de mais verdade e maior luz. Vivemos numa época em que Satanás opera à direita e à esquerda, em nossa frente e por trás de nós; e todavia, como um povo, estamos dormindo. Deus deseja que se faça ouvir uma voz despertando Seu povo para a ação. -- Testemunhos Seletos 2:308-312. A prova de Nova Luz OE 300 3 Nossos irmãos devem estar prontos a investigar, com sinceridade, todo ponto controvertido. Se um irmão está ensinando um erro, os que se acham em posição de responsabilidade devem sabê-lo; e se está ensinando a verdade, devem colocar-se ao lado dele. Todos devemos saber o que se está ensinando entre nós; pois se é verdade, precisamos dela. Todos nos achamos em obrigação para com Deus, quanto a conhecer o que Ele nos envia. Ele nos deu orientações por onde provar toda doutrina -- "À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não têm iluminação". Isaías 8:20 (TT). Se a luz apresentada concorda com este texto, não nos compete rejeitá-la pelo fato de não concordar com nossas idéias. OE 301 1 Ninguém disse que havemos de encontrar perfeição nas investigações de qualquer homem; isso, porém, eu sei, que nossas igrejas estão perecendo por falta de ensino sobre o assunto da justiça pela fé em Cristo, e verdades semelhantes. OE 301 2 Não importa por meio de quem seja a luz enviada, devemos abrir o coração para recebê-la com a mansidão de Cristo. Mas muitos não fazem isso. Quando se apresenta um assunto controvertido, despejam pergunta em cima de pergunta, sem admitir um ponto bem fundamentado. Oh! Possamos nós agir como homens que querem luz! Dê-nos Deus Seu Espírito Santo dia a dia, e faça resplandecer sobre nós a luz de Seu rosto, para que sejamos alunos na escola de Cristo. OE 301 3 Quando é apresentada uma doutrina que nos não satisfaz o espírito, devemos dirigir-nos à Palavra de Deus, buscar o Senhor em oração, e não dar lugar ao inimigo para vir com suspeitas e preconceitos. Nunca devemos permitir que se manifeste o espírito que indispôs os sacerdotes e principais contra o Redentor do mundo. Eles se queixavam de que Ele perturbava o povo, e desejavam que os deixasse em paz, pois causava perplexidade e dissensões. Deus nos envia luz para ver de que espírito somos. Não nos devemos iludir a nós mesmos. OE 302 1 Em 1844, quando se apresentava à nossa atenção qualquer coisa que não compreendíamos, ajoelhávamo-nos e pedíamos a Deus que nos ajudasse a assumir a devida atitude: e depois éramos habilitados a chegar à justa compreensão, e a ter todos a mesma opinião. Não houve dissensão, nem inimizade, nem ruins suspeitas, nem mau juízo contra os irmãos. Se tão-somente soubéssemos o mal do espírito de intolerância, quão cuidadosamente dele haveríamos de fugir! OE 302 2 Temos de estar firmados na fé segundo a luz da verdade que nos foi dada em nossa primeira experiência. Naquele tempo, erro após erro procurava forçar entrada entre nós; ministros e doutores introduziam novas doutrinas. Nós investigávamos as Escrituras com muita oração, e o Espírito Santo nos trazia ao espírito a verdade. Por vezes noites inteiras eram consagradas à pesquisa das Escrituras, a pedir fervorosamente a Deus Sua guia. Juntavam-se para esse fim grupos de homens e mulheres pios. O poder de Deus vinha sobre mim, e eu era habilitada a definir claramente o que era verdade ou erro. OE 302 3 Ao serem assim estabelecidos os pontos de nossa fé, nossos pés se colocavam sobre um firme fundamento. Aceitávamos a verdade ponto por ponto, sob a demonstração do Espírito Santo. Eu era arrebatada em visão, e eram-me feitas explanações. Foram-me dadas ilustrações de coisas celestiais, e do santuário, de modo que fomos colocados em posição onde a luz sobre nós resplandecia em raios claros e distintos. OE 303 1 Eu sei que a questão do santuário se firma em justiça e verdade, tal como a temos mantido por tantos anos. O inimigo é que desvia os espíritos para atalhos ao lado. Ele folga quando os que conhecem a verdade se absorvem em coligir textos escriturísticos para amontoar em torno de teorias errôneas, sem fundamento na verdade. As passagens bíblicas assim usadas, são mal-aplicadas; não foram dadas para corroborar o erro, mas para robustecer a verdade. OE 303 2 Precisamos aprender que os outros têm os mesmos direitos que nós. Quando um irmão recebe nova luz sobre as Escrituras, deve expor francamente sua atitude, e todo ministro deve pesquisar nas Escrituras com espírito sincero, para ver se os pontos apresentados podem ser corroborados pela Palavra Inspirada. "Ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dá arrependimento para conhecerem a verdade." 2 Timóteo 2:24, 25. OE 303 3 Toda alma precisa olhar para Deus em contrição e humildade, para que Ele guie, dirija e abençoe. Não devemos confiar aos outros a investigação das Escrituras para nós. Alguns de nossos irmãos dirigentes têm-se freqüentemente colocado em posição errônea; e se Deus mandasse uma mensagem e esperasse por esses irmãos mais idosos para abrir caminho ao progresso da mesma, ela nunca chegaria ao povo. Esses irmãos hão de achar-se nessa atitude até que se tornem participantes da natureza divina em grau maior do que nunca. OE 304 1 Há tristeza no Céu por motivo da cegueira espiritual de muitos de nossos irmãos. Nossos ministros mais jovens, que ocupam posições de menos importância, têm de fazer decididos esforços para chegar à luz, penetrar mais e mais profundamente na mina da verdade. OE 304 2 A repreensão do Senhor estará sobre os que impeçam o caminho, para que não chegue ao povo mais clara luz. Uma grande obra tem de ser feita, e Deus vê que nossos dirigentes necessitam de maior luz, a fim de se unirem aos mensageiros que Ele envia para realizarem a obra que Ele intenta que se faça. O Senhor tem suscitado os mensageiros, e dotado-os de Seu Espírito, e tem dito: "Clama em alta voz, não te detenhas, levanta a tua voz como a trombeta e anuncia ao Meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó os seus pecados." Isaías 58:1. Ninguém corra o risco de interpor-se entre o povo e a mensagem do Céu. Essa mensagem há de chegar ao povo; e se não houvesse nenhuma voz entre os homens para a anunciar, as próprias pedras clamariam. OE 304 3 Eu suplico a todo ministro que busque o Senhor, ponha de lado o orgulho e a luta pela supremacia, e humilhe o coração diante de Deus. A frieza de coração, a incredulidade dos que deveriam ter fé é que mantêm fracas as igrejas. ------------------------Capítulo 67 -- Uma advertência contra falsos ensinos OE 305 1 Necessitamos, em nossos dias, na casa de Deus, de homens de mente espiritual, firmes nos princípios, e que possuam compreensão clara da verdade. Tenho sido instruída de que não são doutrinas novas e fantasiosas, nem suposições humanas o de que o povo necessita, mas do testemunho de homens que conhecem e praticam a verdade, homens que entendem a ordem dada a Timóteo e a ela obedeçam: "Conjuro-te... que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina." 2 Timóteo 4:2. OE 305 2 Meus irmãos, andai firmemente, decididamente, tendo os pés calçados na preparação do evangelho da paz. Podeis estar certos de que a religião pura e incontaminada, não é uma religião sensacional. Deus não colocou sobre ninguém a responsabilidade de estimular o apetite por doutrinas e teorias especulativas. Conservai essas coisas fora de vossos ensinos. Não permitais que se introduzam em vossa experiência. Não deixeis que a obra de vossa vida seja por elas manchada. OE 305 3 Encontra-se uma advertência contra falsos ensinos na carta de Paulo aos colossenses. O apóstolo declara que o coração dos crentes deve estar "unido em caridade, e enriquecido da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus -- Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência". OE 305 4 "E digo isto", continua ele, "para que ninguém vos engane com palavras persuasivas. ... Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nEle, arraigados e sobreedificados nEle, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, abundando em ação de graças. Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs subtilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo; porque nEle habita corporalmente toda a plenitude da divindade; e estais perfeitos nEle, que é a cabeça de todo o principado e potestade." Colossences 2:2-10. OE 306 1 Fui instruída a dizer a nosso povo: Sigamos a Cristo. Não esqueçais que Ele tem de ser nosso modelo em tudo. Podemos com segurança rejeitar as idéias que não se encontram em Seus ensinos. Apelo para nossos ministros para que se certifiquem de que seus pés se acham colocados sobre a plataforma da verdade eterna. Acautelai-vos quanto a seguir vosso impulso, chamando-o de Espírito Santo. Alguns se acham em perigo de o fazer. A Palavra de Deus nos convida a ser sãos na fé, capazes de dar a todos os que perguntarem, uma razão da esperança que há em nós. Desviar o espírito do dever presente OE 306 2 O inimigo está procurando desviar o espírito de nossos irmãos e irmãs da obra de preparar um povo para subsistir nestes últimos dias. Seus sofismas destinam-se a afastar a mente dos perigos e deveres do momento. Eles consideram coisa de pouco valor a luz que Cristo trouxe do Céu a fim de dar a João para Seu povo. Ensinam que as cenas que se acham mesmo adiante de nós, não são suficientemente importantes para merecer especial atenção. Tornam de nenhum efeito a verdade de origem divina, e roubam o povo de Deus de sua passada experiência, dando-lhe em lugar disso, uma falsa ciência. "Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele." Jeremias 6:16. OE 307 1 Que ninguém busque derribar os fundamentos de nossa fé -- os fundamentos que, mediante estudo da Palavra feito com oração, e por meio da revelação, foram postos no princípio de nossa obra. Sobre esses fundamentos temos estado a construir por mais de cinqüenta anos. Podem homens supor que têm encontrado um caminho novo, que podem pôr um fundamento mais sólido do que o que foi posto; mas isso é grande engano. "Ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto." 1 Coríntios 3:11. No passado, muitos empreenderam erguer uma nova fé, estabelecer novos princípios; mas por quanto tempo permaneceu o edifício deles? Dentro em pouco ruiu; pois não se achava fundado sobre a Rocha. OE 307 2 Não tiveram os primeiros discípulos que enfrentar os ditos dos homens? não tiveram que ouvir falsas teorias, e depois, havendo feito tudo, ficar firmes, dizendo: "Ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto"? Assim devemos nós manter o princípio de nossa confiança firme até ao fim. OE 307 3 Palavras poderosas têm sido enviadas por Deus e por Cristo a este povo, tirando-o fora do mundo, passo a passo, para a luz clara da presente verdade. Com os lábios tocados pelo fogo sagrado, os servos de Deus têm proclamado a mensagem. A palavra divina tem posto seu selo na autenticidade da verdade proclamada. Uma renovação do reto testemunho OE 307 4 O Senhor pede uma renovação do reto testemunho dado em anos passados. Pede uma renovação da vida espiritual. As energias espirituais de Seu povo têm estado por muito tempo entorpecidas, mas deve haver uma ressurreição da morte aparente. Mediante oração e confissão de pecado, devemos abrir o caminho do Rei. Ao fazermos isso, o poder do Espírito nos sobrevirá. Necessitamos da energia pentecostal. Esta virá; pois o Senhor tem prometido enviar Seu Espírito como o poder que tudo vence. OE 308 1 Acham-se diante de nós tempos perigosos. Todos quantos têm conhecimento da verdade devem despertar, e colocar-se de corpo, espírito e alma sob a disciplina de Deus. O inimigo está em nosso encalço. Precisamos estar totalmente alerta, apercebidos contra ele. É mister que nos revistamos de toda a armadura de Deus. Devemos seguir as orientações dadas por meio do Espírito de Profecia. Precisamos amar e obedecer à verdade para este tempo. Isso nos guardará de aceitar poderosos enganos. Deus nos tem falado mediante Sua Palavra. Tem-nos falado por meio dos testemunhos para a igreja, e dos livros que têm auxiliado a tornar claro nosso dever presente e a posição que devemos agora ocupar. As advertências que têm sido dadas, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, devem ser atendidas. Se o não fazemos, que desculpa podemos apresentar? OE 308 2 Conjuro a todos quanto estão trabalhando para Deus, a não aceitarem o falso pelo verdadeiro. Não permitais que o raciocínio humano seja colocado onde se deve achar a verdade santificadora. Cristo espera atear fé e amor no coração de Seu povo. Que errôneas teorias não tenham acolhida entre o povo que deve estar firme sobre a plataforma da verdade eterna. Deus nos pede que nos mantenhamos firmes aos princípios fundamentais que se baseiam em indiscutível autoridade. A palavra de Deus é nossa salvaguarda OE 309 1 Nossa divisa tem de ser: "À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não têm iluminação." Isaías 8:20 (TT). Temos uma Bíblia cheia da mais preciosa verdade. Ela contém o alfa e o ômega do conhecimento. A Escritura, dada por inspiração de Deus, é "proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra". 2 Timóteo 3:16, 17. Tomai a Bíblia como vosso livro de estudo. Todos podem compreender suas instruções. OE 309 2 Cristo roga a Seu povo que creia e ponha em prática Sua Palavra. Os que recebem e assimilam esta Palavra, introduzindo-a em cada ação que praticam, em cada atributo de caráter, tornar-se-ão fortes no poder de Deus. Ver-se-á que a sua fé é de origem celeste. Não vaguearão por veredas estranhas. Sua mente não se encaminhará para uma religião de sentimentalismo e excitação. Eles subsistirão diante dos anjos e dos homens como possuidores de caráter cristão coerente. OE 309 3 No áureo turíbulo da verdade, como se apresenta nos ensinos de Cristo, temos aquilo que há de convencer e converter almas. Proclamai, na simplicidade de Cristo, as verdades que Ele veio a este mundo para anunciar, e o poder de vossa mensagem se fará sentir por si mesmo. Não defendais teorias ou provas que Cristo nunca mencionou, e que não têm fundamento na Bíblia. Possuímos grandes e solenes verdades para o povo. "Está escrito", eis a prova que precisa penetrar toda alma. OE 310 1 Dirijamo-nos à Palavra de Deus em busca de guia. Procuremos um "Assim diz o Senhor". Temos tido bastante de métodos humanos. A mente educada apenas na ciência mundana, deixará de compreender as coisas de Deus; mas a mesma mente, convertida e santificada, verá o poder divino na Palavra. Unicamente a mente e o coração purificados pela santificação do Espírito podem discernir as coisas celestiais. OE 310 2 Irmãos, em nome do Senhor eu vos rogo que desperteis para vosso dever. Submetei vosso coração ao poder do Espírito Santo, e ele tornar-se-á suscetível aos ensinos da Palavra. Então sereis aptos a discernir as coisas profundas de Deus. OE 310 3 Possa o Senhor levar o Seu povo a sentir a profunda operação de Seu Espírito! Que Ele os desperte para verem o perigo e prepararem-se para o que está a sobrevir à Terra! OE 310 4 Não devemos, nem por um momento, pensar que não haja mais luz, mais verdade, para nos ser transmitida. Achamo-nos em perigo de tornar-nos negligentes, por nossa indiferença, perdendo o poder santificador da verdade, e tranqüilizando-nos com o pensamento: "Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta." Apocalipse 3:17. Conquanto nos devamos manter firmes às verdades que já recebemos, não devemos olhar com suspeita qualquer nova luz que Deus envie. ------------------------Capítulo 68 -- A sã doutrina OE 311 1 "Virá tempo", escreveu Paulo a Timóteo, "em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério." 2 Timóteo 4:3-5. OE 311 2 "A sã doutrina" é a verdade bíblica -- verdade que promoverá piedade e devoção, confirmando o povo de Deus na fé. Sã doutrina significa muito para o que a recebe; e quer dizer muito, também, para o mestre, o ministro da justiça; pois onde quer que o evangelho seja pregado, todo obreiro, seja qual for seu ramo de serviço, ou é fiel, ou infiel à sua responsabilidade como mensageiro do Senhor. OE 311 3 Paulo escreveu outra vez: "Palavra fiel é esta: que, se morrermos com Ele, também com Ele viveremos; se sofrermos, também com Ele reinaremos; se O negarmos, também Ele nos negará; se formos infiéis, Ele permanece fiel: não pode negar-Se a Si mesmo. Traze estas coisas à memória, ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes." 2 Timóteo 2:11-14. OE 311 4 Alguns que, nos tempos de Paulo, ouviam a verdade, levantavam questões que não eram de importância vital, apresentando as idéias e opiniões dos homens, e buscando desviar a mente do mestre das grandes verdades do evangelho, para discussões de doutrinas não essenciais, e solução de disputas sem importância. Paulo sabia que o obreiro de Deus deve ser bastante sábio para descobrir o desígnio do inimigo, e recusar-se a ser desviado. A conversão de almas deve ser a preocupação de seu trabalho; deve pregar a Palavra de Deus, mas evitar disputas. OE 312 1 "Procura apresentar-te a Deus aprovado", escreveu ele, "como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade." 2 Timóteo 2:15, 16. OE 312 2 Os ministros de Cristo hoje em dia acham-se no mesmo perigo. Satanás está operando continuamente para desviar-lhes a mente para direções errôneas, de maneira que a verdade perca sua força sobre o coração. E a menos que os ministros e o povo observem a verdade e sejam santificados por ela, permitirão que questões que não têm importância vital lhes ocupem a mente. Isso levará a sofismas e disputas; pois inúmeros pontos de discórdia se hão de erguer. OE 312 3 Homens de capacidade têm dedicado uma existência de estudo e oração à investigação das Escrituras, e todavia há muitas porções da Bíblia que não têm sido plenamente exploradas. Algumas passagens da Escritura nunca serão perfeitamente compreendidas até que, na vida futura, Cristo as explique. Há mistérios a serem esclarecidos, declarações que a mente humana não pode harmonizar. E o inimigo buscará levantar argumentos sobre esses pontos, que seria melhor não serem discutidos. OE 312 4 Um obreiro devoto, espiritual, evitará suscitar pequenas diferenças de teorias, e devotará suas energias à proclamação das grandes verdades probantes a serem dadas ao mundo. Ele indicará ao povo a obra da redenção, os mandamentos de Deus, a próxima vinda de Cristo; e verificar-se-á que nesses assuntos há suficiente matéria para reflexão. OE 313 1 Em tempos passados foram-me apresentadas, para meu juízo, muitas teorias não essenciais, fantasiosas. Alguns defendem a teoria de que os crentes devam orar com os olhos abertos. Outros ensinam que, como se exigia dos que ministravam outrora no ofício sagrado que, ao entrar no santuário, tirassem as sandálias e lavassem os pés, os crentes hoje devam tirar os sapatos ao entrar na casa de culto. Ainda outros se referem ao sexto mandamento, e declaram que mesmo os insetos que atormentam as criaturas humanas não devem ser mortos. E alguns expuseram a teoria de que os remidos não hão de ter cabelos grisalhos -- como se isso fosse assunto de alguma importância. OE 313 2 Estou instruída a dizer que essas teorias são o produto de espíritos ignorantes dos primeiros princípios do evangelho. Mediante as mesmas, esforça-se o inimigo por eclipsar as grandes verdades para este tempo. OE 313 3 Aqueles que, em suas pregações, passam por alto as grandes verdades da Palavra de Deus, para falar de assuntos de pouca monta, não estão pregando o evangelho, mas tratando de ociosos sofismas. Não percam nossos ministros tempo em discutir tais assuntos. Os que tiverem qualquer pergunta quanto ao que devem ensinar, quanto aos pontos em que devem insistir, volvam-se aos discursos do grande Mestre, e sigam-Lhe a direção do pensamento. Os assuntos que Jesus considerava como essenciais, são aqueles que devemos salientar hoje em dia. Devemos incitar nossos ouvintes a considerar detidamente os assuntos de importância eterna. OE 314 1 Quando uma vez certo irmão se chegou a mim com a mensagem de que o mundo era chato, fui instruída a apresentar a comissão que Cristo deu aos discípulos: "Ide, ensinai todas as nações, ... e eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos." Mateus 28:19, 20. Quanto a assuntos assim como a teoria de o mundo ser chato, Deus diz a toda alma: "Que te importa a ti? segue-Me Tu. Tenho-vos dado vossa comissão. Insisti sobre as grandes verdades probantes para este tempo, não sobre assuntos que não têm relação com nossa obra." OE 314 2 Os obreiros de Deus não devem gastar tempo especulando quanto às condições que hão de reinar na Nova Terra. É presunção ocupar-se com suposições e teorias relativamente a assuntos que o Senhor não revelou. Ele tem tomado todas as providências para nossa felicidade na vida futura, e não nos compete especular quanto a Seus planos a nosso respeito. Nem devemos calcular as condições da vida futura pelas desta vida. OE 314 3 A meus irmãos do ministério, quero dizer: Pregai a Palavra. Não tragais para o fundamento madeira, feno ou palha -- vossas próprias suposições e especulações, que não podem beneficiar a ninguém. Assuntos de importância vital são revelados na Palavra de Deus, e esses são merecedores de nossa mais profunda meditação. Mas não devemos investigar assuntos sobre os quais Deus silenciou. OE 314 4 Quando se erguem questões sobre as quais nos achamos incertos, perguntemos: Que diz a Escritura? E, se ela guarda silêncio quanto a tal assunto não se torne ele objeto de discussão. Que os que desejam novidade a busquem naquela novidade de vida que provém do novo nascimento. Purifiquem eles a alma pela obediência da verdade, e procedam em harmonia com as instruções que Cristo deu. OE 315 1 A única pergunta feita no juízo, será: "Foram eles obedientes aos Meus Mandamentos?" Disputas e contendas insignificantes sobre questões sem importância, não têm parte no grande plano de Deus. Os que ensinam a verdade devem ser homens de espírito firme, que não levarão seus ouvintes a um campo de cardos, por assim dizer, deixando-os aí. OE 315 2 O sacrifício de Cristo como expiação pelo pecado, é a grande verdade em torno da qual se agrupam as outras. A fim de ser devidamente compreendida e apreciada, toda verdade da Palavra de Deus, de Gênesis a Apocalipse, precisa ser estudada à luz que dimana da cruz do Calvário. Apresento perante vós o grande, magno monumento de misericórdia e regeneração, salvação e redenção -- o Filho de Deus erguido na cruz. Isto tem de ser o fundamento de todo discurso feito por nossos ministros. OE 315 3 Necessitam-se em nossos dias, homens capazes de compreender as necessidades do povo, e a elas ministrar. O fiel ministro de Cristo vigia em todos os postos avançados, para advertir, reprovar, aconselhar, suplicar e animar seus semelhantes, cooperando com o Espírito de Deus, que nele opera poderosamente, a fim de que possa apresentar todo homem perfeito em Cristo. Um homem assim é reconhecido no Céu como ministro, trilhando as pegadas de seu grande Exemplo. -- Testimonies for the Church 4:416. ------------------------Capítulo 69 -- Fanatismo OE 316 1 À medida que o fim se aproxima, o inimigo há de trabalhar com todas as suas forças para introduzir entre nós o fanatismo. Ele se regozijaria em ver adventistas do sétimo dia indo a tais extremos que fossem considerados pelo mundo como um bando de fanáticos. Contra esse perigo é-me ordenado advertir ministros e membros leigos. Nossa obra é ensinar homens e mulheres a edificar sobre uma base verdadeira, a firmar os pés num claro "Assim diz o Senhor". OE 316 2 Em 1844 tivemos de enfrentar fanatismo por todos os lados, mas sempre veio a mim a palavra: "Uma grande onda de excitação é um dano para a obra. Conservai os pés nas pegadas de Cristo." Sob grande excitação, faz-se uma estranha obra. Há pessoas que aproveitam a oportunidade para introduzir estranhas e fantasiosas doutrinas. Assim se fecha a porta à proclamação da sã doutrina. OE 316 3 Os que fazem a obra do Senhor nas cidades, precisam cerrar e aferrolhar as portas contra excitação e fanatismo. Os ministros não devem publicar notícias de reuniões numa fraseologia que produza alarme. Quando o Senhor estiver pronto para maior acusação das cidades ímpias, Ele o fará saber a Seu povo. Mas isso será depois de essas cidades terem tido oportunidade de ouvir e receber a palavra que é para a vida eterna. OE 316 4 Nossa obra agora é esclarecer os espíritos quanto às verdades escriturísticas. Portas se acham abertas para a entrada da verdade, e devemos aproveitar-nos de toda oportunidade para entrarmos em contato com as almas. Devemos expor a verdade, como Cristo fez, por muitos modos, mediante ilustrações e parábolas; mas devemos mostrar-nos contrários a qualquer coisa de natureza fanática. OE 317 1 O povo deve ser ensinado a investigar a Palavra de Deus por si mesmo. Os pastores e mestres precisam indicar-lhes a poderosa fortaleza para a qual os justos podem correr e estar a salvo. Os que estão lidando com as grandes, sublimes verdades da Palavra, precisam mostrar sempre um espírito profundo, sincero, fervoroso, mas calmo e cheio de bom senso, para que se cale a boca dos adversários. OE 317 2 Os que são atentos estudantes da Palavra, seguindo a Cristo com humildade de alma, não irão a extremos. O Salvador nunca foi a extremos, nunca perdeu o domínio de Si mesmo, nunca violou as leis do bom gosto. Sabia quando convinha falar, e quando guardar silêncio. Estava sempre na posse de Si mesmo. Nunca errou no ajuizar os homens ou a verdade. Nunca foi enganado pelas aparências. Nunca levantou uma pergunta que não fosse perfeitamente apropriada, nunca deu uma resposta que não fosse bem apropriada ao caso. Fez calar os cavilosos sacerdotes, penetrando para além da superfície, e atingindo o coração, fazendo a luz no espírito e despertando a consciência. OE 317 3 Os que seguem o exemplo de Cristo não serão extremistas. Cultivarão a calma e a posse de si mesmos. A paz que se manifestava na vida de Cristo se patenteará na deles. ------------------------Capítulo 70 -- A confiança em si mesmo OE 318 1 Os moços que têm tido apenas alguns anos de imperfeita experiência na causa da verdade presente... devem manifestar certa delicadeza em tomar posições contrárias aos juízos e opiniões daqueles cuja vida tem sido entretecida com a causa de Deus, e que têm tido parte ativa nesta obra por muitos anos. Deus não escolhe para dirigir em Sua sagrada e importante obra, homens de imaturo discernimento e grande confiança em si mesmos. Os que não passaram pelos sofrimentos, provas, oposição e privações que foram suportados para trazer a obra a sua atual condição de prosperidade, devem cultivar modéstia e humildade. Cumpre-lhes cuidar de não se exaltarem, para que não sejam vencidos. Eles serão responsáveis pela clara luz da verdade que sobre eles brilha. OE 318 2 Vi que Deus Se desagrada da disposição de algumas pessoas para murmurar contra aqueles que combateram os mais renhidos combates por eles, e que suportaram tanto no começo da mensagem, quando a obra era árdua. Deus considera os obreiros experientes -- que mourejaram sob o peso de opressivas responsabilidades, quando não havia senão poucos para ajudar a fazer face às mesmas; e Ele tem um zeloso cuidado por aqueles que se têm demonstrado fiéis. Desagradam-Lhe os que estão prontos a criticar e a reprovar os servos de Deus que encaneceram na edificação da causa da verdade presente. Vossas censuras e murmurações, jovens, hão de por certo erguer-se contra vós no dia de Deus. A humildade nos ministros jovens OE 319 1 Enquanto Deus não houver colocado sobre vós sérias responsabilidades, não saiais de vosso lugar, apoiando-vos em vosso próprio e independente raciocínio, e assumindo responsabilidades para as quais não vos achais habilitados. Necessitais cultivar a vigilância e a humildade, e ser diligentes na oração. Quanto mais perto viverdes de Deus, tanto mais discernireis vossas fraquezas e perigos. Uma visão prática da lei de Deus, uma clara compreensão da expiação de Cristo, dar-vos-ão o conhecimento de vós mesmos, e mostrar-vos-ão onde falhais no aperfeiçoar um caráter cristão. ... OE 319 2 Negligenciais, até certo ponto, a necessidade de ter sempre convosco uma influência divina. Isto é positivamente necessário ao fazer o serviço de Deus. Se o negligenciais, e ides adiante, confiando em vós mesmos, bastando-vos a vós mesmos, sereis abandonados a cometer verdadeiros erros. Necessitais constantemente de nutrir humildade de espírito, e o sentimento de dependência. Aquele que sente sua própria fraqueza, olhará para mais alto, e experimentará a necessidade de constante força de cima. A graça de Deus o levará a alimentar um espírito de contínua gratidão. Aquele que melhor conhece a própria fraqueza, saberá que é a incomparável graça de Deus apenas que triunfa sobre a rebelião do coração. OE 319 3 Precisais de vos familiarizar tanto com os pontos fracos, como com os fortes, de vosso caráter, a fim de que estejais sempre em guarda para não vos meterdes em empreendimentos e assumirdes responsabilidades para as quais Deus nunca vos designou. Nunca deveis comparar vossas ações e medir vossa vida por qualquer norma humana, mas segundo a regra de dever revelada na Bíblia. ... OE 320 1 Dependeis demasiado de vosso ambiente. Se tendes uma grande congregação, vos envaideceis, e desejais falar-lhe. Mas por vezes o auditório diminui, vosso espírito se abate, e pouco é o ânimo que vos resta para trabalhar. Certamente falta alguma coisa. Vossa segurança em Deus não é bastante firme. ... OE 320 2 Cristo buscou os homens onde quer que os pudesse encontrar -- nas vias públicas, em casas particulares, nas sinagogas, à beira-mar. Lidava o dia inteiro, pregando às multidões, e curando os doentes que Lhe eram trazidos; e freqüentemente, ao despedir o povo para que voltasse à casa a fim de repousar e dormir, passava Ele a noite inteira em oração, para sair e continuar os labores pela manhã. ... OE 320 3 Necessitais pôr vossa alma em mais íntima comunhão com Deus, mediante fervorosa oração misturada com fé viva. Toda oração feita com fé, eleva o suplicante acima das dúvidas desanimadoras, e das paixões humanas. A oração dá força para renovar a luta com os poderes das trevas, sofrer pacientemente as provações e suportar durezas como bons soldados de Cristo. OE 321 4 Enquanto vos aconselhais com vossas dúvidas e temores, ou tentais solver todas as coisas que não podeis ver claramente enquanto não tendes fé, vossas perplexidades só hão de crescer e aprofundar-se. Se chegais a Deus, sentindo-vos sem amparo, e dependentes, como realmente sois e em humilde e confiante oração tornais as vossas necessidades conhecidas Àquele cujo saber é infinito, que vê tudo na criação e que governa tudo por Sua vontade e palavra, Ele pode e há de atender a vosso clamor, e fará com que a luz brilhe em vosso coração e em torno de vós; pois mediante a sincera oração vossa alma é posta em comunicação com a mente do Infinito. Talvez não tenhais, na ocasião, nenhuma prova notável de que a face de vosso Redentor se inclina sobre vós em compaixão e amor, mas assim é realmente. Talvez não sintais de maneira palpável o Seu toque, mas Sua mão se acha sobre vós com amor e piedosa ternura. ... OE 321 1 Necessitais de contínua vigilância, para que Satanás vos não iluda por suas subtilezas, corrompa o vosso espírito, e vos induza a incoerência e densas trevas. Vossa vigilância deve-se caracterizar por um espírito de humilde dependência de Deus. Ela não deve ser exercida com um espírito orgulhoso e confiante em si mesmo, mas com um sentimento profundo de vossa própria fraqueza, e uma confiança infantil nas promessas de Deus. Dias de conflito e angústia de alma OE 321 2 É agora uma fácil e aprazível tarefa o pregar a mensagem do terceiro anjo, em comparação com o que era ao início da mesma, quando o número de membros era pequeno, e éramos considerados como fanáticos. Os que tinham a responsabilidade da obra nos primeiros tempos da mensagem, souberam o que era conflito, aflição e angústia de alma. Dia e noite sobre eles repousava pesadamente o fardo. Não pensavam em descanso ou comodidade, mesmo quando a isso eram premidos pelo sofrimento e a doença. A brevidade do tempo exigia atividade, e os obreiros eram poucos. OE 321 3 Freqüentemente, quando levados a condições angustiosas, a noite inteira era passada em oração fervorosa, angustiada, com lágrimas, em busca do auxílio de Deus e de luz que esclarecesse Sua Palavra. Quando essa luz vinha, e as trevas se dissipavam, que alegria e grata felicidade repousavam sobre os ansiosos e diligentes investigadores! Nosso reconhecimento para com Deus era tão completo, quanto havia sido nosso fervoroso e sedento clamor em busca de luz. Algumas noites não podíamos dormir, porque tínhamos o coração a transbordar de amor e gratidão para com Deus. OE 322 1 Os que agora saem a pregar a verdade, têm tudo facilitado, ao alcance da mão. Não podem experimentar as privações que os obreiros da verdade presente suportaram antes deles. A verdade foi descoberta elo após elo, até formar uma clara e bem concatenada cadeia. Para trazer à luz a verdade em tanta clareza e harmonia foi necessário cuidadosa investigação. A mais acerba e decidida oposição levou os servos de Deus a buscar o Senhor e a Bíblia. Preciosa lhes era na verdade a luz que provinha de Deus. ... OE 322 2 Na vitória final, Deus não terá lugar para as pessoas que, no tempo do perigo, quando as energias, a coragem e a influência de todos são necessárias para atacar o inimigo, não se podem encontrar em parte alguma. Os que se colocam como soldados fiéis, para batalhar contra o erro e vindicar o direito, lutando contra os principados e as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais, receberão, cada um, o louvor do Mestre: "Bem está, bom e fiel servo... entra no gozo do teu Senhor." Mateus 25:23. -- Testimonies for the Church 3:320-327. OE 322 3 Aquele que perde de vista sua inteira dependência de Deus, tem de por certo cair. Contendemos com os que são mais fortes que nós. Satanás e suas hostes estão continuamente nos assediando com tentações, e é-nos impossível resistir-lhes em nossa própria força e sabedoria. Daí, sempre que permitimos que nosso coração seja desviado de Deus, sempre que condescendemos com a exaltação própria, com a confiança em nós mesmos, é certo sermos vencidos. OE 323 1 O mundo não conhecerá nunca a obra íntima que tem lugar entre a alma e Deus, nem a interior amargura de espírito, o desgosto consigo mesmo, e o constante esforço para dominar o próprio eu; mas muitos do mundo poderão apreciar os resultados desses esforços. OE 323 2 Os que possuem a mais profunda experiência nas coisas de Deus, são os que mais longe estão do orgulho e da presunção. É quando os homens têm a mais exaltada concepção da glória e da excelência de Cristo, que o eu se humilha, e eles sentem que lhes é demasiado honroso o mais humilde lugar em Seu serviço. OE 323 3 O Senhor quer que subamos ao monte, a estarmos mais diretamente em Sua presença. Estamos chegando a uma crise que, mais que qualquer outra de tempos anteriores, desde o princípio do mundo, exigirá a inteira consagração de todo aquele que tem nomeado o nome de Cristo. OE 323 4 Queira Deus tornar Seus servos sábios, pela iluminação divina, a fim de que não se vejam os traços humanos em qualquer dos grandes e importantes empreendimentos que se acham diante de nós. ------------------------Capítulo 71 -- Palavras de advertência OE 324 1 Disse Cristo aos discípulos: "Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto sede prudentes como as serpentes e símplices como as pombas." Mateus 10:16. OE 324 2 Os ataques de Satanás contra os advogados da verdade se tornarão cada vez mais implacáveis e resolutos, até ao próprio fim do tempo. Como nos dias de Cristo os principais sacerdotes e príncipes instigavam contra Ele o povo, assim hoje os guias religiosos excitarão oposição e preconceito contra a verdade para este tempo. O povo será levado a atos de violência e oposição nos quais nunca teriam pensado se não tivessem sido imbuídos da animosidade de professos cristãos contra a verdade. Como enfrentar duros ataques OE 324 3 Que procedimento devem seguir os advogados da verdade? Possuem eles a imutável, eterna Palavra de Deus, e devem revelar o fato de que possuem a verdade tal como é em Jesus. Suas palavras não devem ser ásperas e incisivas. Em sua apresentação da verdade devem manifestar o amor, e a mansidão, e a amabilidade de Cristo. Que a verdade por si mesma produza a incisão; a Palavra de Deus é aguda espada de dois gumes, e abrirá caminho até ao coração. Os que sabem que possuem a verdade não devem, pelo emprego de expressões ásperas e severas, dar a Satanás ocasiões de interpretar falsamente sua intenção. OE 324 4 Como um povo, devemos portar-nos como Se portou o Redentor do mundo. Quando em controvérsia com Satanás acerca do corpo de Moisés, Cristo não ousou apresentar contra ele uma acusação injuriosa. Judas 9. Recebera provocações bastantes para isso fazer, e Satanás ficou desapontado por não ter podido despertar em Cristo um espírito de vingança. Satanás estava pronto para interpretar mal qualquer coisa feita por Jesus; e o Salvador não lhe dava ocasião, nem ao menos a sombra de uma desculpa. Não Se desviava do caminho reto da verdade que Se havia traçado, para seguir os extravios, e perversões, e rodeios, e prevaricações de Satanás. OE 325 1 Lemos na profecia de Zacarias que, quando Satanás com toda a sua sinagoga se ergueu para resistir às orações de Josué, o sumo sacerdote, e para resistir a Cristo, que estava prestes a mostrar decidido apoio a Josué, "Jeová disse a Satanás: Que Jeová te repreenda, ó Satanás; sim, repreenda-te Jeová que escolheu a Jerusalém; acaso não é este um tição tirado do fogo?" Zacarias 3:2 (TB). OE 325 2 O procedimento de Cristo mesmo ao tratar com o adversário das almas, deve ser-nos um exemplo para que, em todas as nossas relações com os outros, nunca façamos contra ninguém uma acusação injuriosa; muito menos devemos empregar aspereza ou severidade para com os que podem estar tão ansiosos como nós por saber o caminho reto. Tolerância com os outros OE 325 3 Os que foram educados na verdade por preceito e exemplo, devem ter grande tolerância com os outros, que não tiveram conhecimento das Escrituras senão através das interpretações dadas por ministros e membros da igreja, e que têm recebido tradições e fábulas como verdade bíblica. Ficam surpreendidos ao ser-lhes apresentada a verdade; é para eles uma nova revelação, e não suportam que lhes seja apresentada logo no princípio toda a verdade, em seu caráter mais admirável. Tudo lhes é novo e estranho, e totalmente diferente daquilo que ouviram de seus ministros; e são propensos a crer no que os ministros lhes disseram -- que os adventistas do sétimo dia são ateus e que não acreditam na Bíblia. Que a verdade lhes seja apresentada tal como é em Jesus, regra sobre regra, mandamento sobre mandamento, um pouco aqui, um pouco ali. Não obstruir o caminho OE 326 1 Que aqueles que escrevem em nossas revistas não dirijam rudes ataques e alusões que por certo hão de causar dano, e que obstruirão o caminho e nos impedirão de fazer a obra que devemos fazer a fim de alcançar todas as classes, inclusive os católicos. É nossa obra falar a verdade em amor, e não misturar com a verdade os elementos não santificados do coração natural, e falar coisas que se assemelhem ao mesmo espírito possuído por nossos inimigos. Todas as ásperas acusações recairão sobre nós em medida dupla, quando o poder estiver nas mãos dos que o podem exercer para nosso dano. OE 326 2 Muitas e muitas vezes me foi dada a mensagem de que não devemos, a menos que isso seja positivamente necessário para vindicar a verdade, dizer, especialmente em relação a pessoas, uma palavra nem publicar uma sentença que possa instigar nossos inimigos contra nós, e despertar suas paixões até à incandescência. Nossa obra logo será impedida, e logo virá sobre nós o tempo de angústia, tal como nunca houve, e do qual pouca idéia temos. OE 326 3 O Senhor quer que Seus obreiros representem a Ele, o grande Obreiro Missionário. O manifestar precipitação sempre traz dano. A conduta adequada, essencial à vida cristã tem de ser aprendida diariamente na escola de Cristo. Aquele que é descuidado e precipitado em proferir palavras ou em escrevê-las para publicação a ser espalhada pelo mundo, emitindo expressões que nunca mais poderão ser retiradas, está-se desqualificando para receber o legado da sagrada obra que recai neste tempo sobre os seguidores de Cristo. Os que costumam fazer severos ataques, estão formando hábitos que pela repetição se irão fortalecendo, e dos quais terão de arrepender-se. Devemos examinar cuidadosamente nossas maneiras e nosso espírito, e ver de que modo estamos fazendo a obra que nos foi dada por Deus, a qual envolve o destino de almas. A mais elevada das obrigações repousa sobre nós. OE 327 1 Satanás está pronto, ardendo em zelo por inspirar toda a confederação de agentes satânicos, a fim de que os possa levar a unir-se a homens maus e trazer sobre os crentes na verdade, rápido e severo sofrimento. Cada palavra imprudente que seja pronunciada por nossos irmãos, será entesourada pelo príncipe das trevas. Eu desejaria perguntar: Como ousam finitos seres humanos proferir palavras descuidadas e ousadas que hão de incitar os poderes do inferno contra os santos de Deus, quando Miguel, o arcanjo, não ousou pronunciar contra Satanás juízo blasfemo, mas disse: "O Senhor te repreenda"? Judas 9. OE 327 2 Ser-nos-á impossível evitar dificuldades e sofrimento. Disse Jesus: "Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!" Mateus 18:7. Mas pelo motivo de ter de vir o escândalo, devemos ser cuidadosos em não incitar o temperamento natural dos que não amam a verdade, por palavras imprudentes e pela manifestação de um espírito indelicado. OE 328 1 A preciosa verdade tem de ser apresentada em sua força original. Os enganosos erros que se acham espalhados por toda parte e que estão levando cativo o mundo, devem ser desvendados. Está sendo feito todo esforço possível por enlaçar almas com raciocínios sutis, por volvê-las da verdade para fábulas e prepará-las para serem seduzidas por fortes enganos. Mas enquanto essas almas enganadas se volvem da verdade para o erro, não lhes faleis uma palavra de censura. Procurai mostrar a essas pobres, iludidas almas o seu perigo, e revelar-lhes quão ofensivo para Jesus Cristo é seu modo de proceder; mas seja tudo feito em compassiva ternura. Pela devida maneira de trabalho algumas das almas enredadas por Satanás podem ser reavidas de seu poder. Mas não as censureis nem condeneis. Ridicularizar a posição mantida pelos que estão em erro, não lhes abrirá os olhos cegos, nem os atrairá para a verdade. OE 328 2 Quando os homens perdem de vista o exemplo de Cristo e não Lhe imitam a maneira de ensinar, tornam-se presunçosos e saem ao encontro de Satanás com as próprias armas dele. O inimigo bem sabe como dirigir suas armas contra os que as empregam. Jesus só falou palavras de pura verdade e justiça. OE 328 3 Se já houve um povo que devesse andar em humildade diante de Deus, esse povo é Sua igreja, Seus escolhidos nesta geração. Todos nós precisamos deplorar o embotamento de nossas faculdades intelectuais, a falta de apreciação de nossos privilégios e oportunidades. Nada temos de que nos pudéssemos orgulhar. Ofendemos ao Senhor Jesus Cristo por nossa rudeza, por nossas acusações não cristãs. Precisamos tornar-nos perfeitos nEle. OE 328 4 É verdade que nos é ordenado: "Clama em alta voz, não te detenhas, levanta a tua voz como a trombeta e anuncia ao Meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó os seus pecados." Isaías 58:1. Esta mensagem tem de ser dada, mas conquanto tenha de ser dada, devemos ter cuidado em não acusar, apertar e condenar os que não possuem a luz que nós possuímos. Não devemos sair de nosso caminho para fazer duras acusações aos católicos. Entre eles existem muitos que são conscienciosíssimos cristãos, que andam em toda a luz que sobre eles brilha, e Deus operará em seu favor. Os que têm tido grandes privilégios e oportunidades, e que não têm aproveitado suas faculdades físicas, mentais e morais, mas antes vivido para agradar-se a si mesmos e se têm recusado a desempenhar-se da sua responsabilidade, esses estão em maior perigo e em maior condenação diante de Deus, do que os que se acham em erro no que respeita à doutrina, mas que não obstante procuram viver para fazer bem aos outros. OE 329 1 Não censureis outros; não os condeneis. Se permitirmos que considerações egoístas, raciocínio falso e falsas desculpas nos levem a um perverso estado de espírito e coração, de maneira que não saibamos os caminhos e a vontade de Deus, seremos muito mais culpados do que o pecador declarado. Precisamos ser muito cautelosos para não condenar os que, diante de Deus, são menos culpados do que nós mesmos. -- Testimonies for the Church 9:239-244. ------------------------Capítulo 72 -- Deus não faz acepção de pessoas OE 330 1 A religião de Cristo eleva o que a recebe a um plano mais alto de pensamento e ação, ao mesmo tempo que apresenta toda a família humana como sendo, semelhantemente, objeto do amor de Deus, sendo comprados pelo sacrifício de Seu Filho. Vêm encontrar-se aos pés de Jesus, o rico e o pobre, o letrado e o ignorante, sem nenhuma idéia de casta ou preeminência mundana. Todas as distinções terrestres desaparecem ao contemplarmos Aquele a quem nossos pecados traspassaram. A abnegação, a condescendência, a infinita compaixão dAquele que era tão exaltado no Céu, faz envergonhar o orgulho humano, a presunção e as castas sociais. A religião pura e imaculada manifesta seus celestiais princípios, levando à unidade todos quantos são santificados pela verdade. Todos se unem como almas compradas por sangue, igualmente dependentes dAquele que os redimiu para Deus. Talentos OE 330 2 O Senhor emprestou aos homens talentos para desenvolver. Aqueles a quem Ele dotou com recursos, devem levar seus talentos de meios ao Mestre. Homens e mulheres de influência, devem usar aquilo que Deus lhes deu. Aqueles a quem Ele dotou de sabedoria, cumpre trazerem à cruz de Cristo este dom, para ser usado para Sua glória. OE 330 3 E os pobres têm seus talentos, os quais talvez sejam maiores do que qualquer dos mencionados. Pode ser simplicidade de caráter, humildade, virtude provada, confiança em Deus. Mediante paciente labor, mediante inteira dependência de Deus, estão mostrando Jesus, o Redentor, àqueles com quem estão em contato. Têm um coração cheio de simpatia para com o pobre, um lar para o necessitado e o oprimido, e dão um testemunho claro e decidido quanto ao que Jesus é para eles. Buscam glória, honra e imortalidade, e sua recompensa será a vida eterna. A fraternidade humana OE 331 1 São precisas, na fraternidade humana, todas as espécies de talentos para formar um todo perfeito; e a igreja de Cristo é composta de homens e mulheres de talentos vários, e de todas as categorias e classes. Nunca foi desígnio de Deus que o orgulho humano houvesse de desfazer aquilo que foi ordenado por Sua própria sabedoria -- a combinação de toda sorte de espíritos, de todos os vários talentos que compõem um todo completo. Não deve haver depreciação de parte alguma da grande obra de Deus, sejam os instrumentos elevados ou humildes. Todos têm sua parte na difusão da luz, em proporções diversas. OE 331 2 Não deve haver monopólio do que, em certa medida, pertence a todos, altos e baixos, ricos e pobres, instruídos e ignorantes. Nem um raio de luz deve ser desapreciado, nem impedido, nem um clarão não reconhecido, ou mesmo aceito com relutância. Façam todos sua parte pela verdade e a justiça. Os interesses das diferentes classes da sociedade, acham-se indissoluvelmente unidos. Estamos todos entretecidos na grande teia da humanidade, e não podemos, sem prejuízo, retirar nossas simpatias uns dos outros. É impossível manter-se na igreja uma saudável influência, quando não existe este interesse e simpatia comuns. Exclusivismo OE 332 1 Para Deus não existem castas. Ele desconhece qualquer coisa dessa espécie. Toda alma é valiosa aos Seus olhos. Trabalhar pela salvação das almas é um emprego subidamente honroso. Não importa qual seja a forma de nosso trabalho, ou entre que classe, seja, se é alta, se é baixa. À vista de Deus, essas distinções não lhe afetarão o real valor. A alma sincera, fervorosa, contrita, embora ignorante, é preciosa aos olhos do Senhor. Ele coloca Seu selo sobre os homens, julgando-os, não pela categoria que ocupam nem por sua riqueza, ou pela grandeza intelectual, mas por sua unidade com Cristo. O ignorante, o pária, o escravo, que haja aproveitado o melhor possível suas oportunidades e privilégios, se tem acariciado a luz que lhe foi dada por Deus, tem feito tudo quanto se exige. O mundo talvez lhe chame ignorante, mas Deus o considera sábio e bom, e assim o nome dele se acha registrado nos livros celestes. Deus o habilitará para O honrar, não somente no Céu, mas na Terra. OE 332 2 A censura divina se acha sobre os que recusam a companhia daqueles que têm o nome escrito no livro da vida do Cordeiro, simplesmente porque eles não são ricos, instruídos ou honrados neste mundo. Cristo, o Senhor da glória, está satisfeito com os que são mansos e humildes de coração, por mais humilde que seja sua profissão, seja qual for sua classe ou grau de inteligência. O preparo para o serviço OE 332 3 Quantos obreiros úteis e honrados na causa de Deus têm recebido preparo entre os humildes deveres das mais modestas posições da vida! Moisés foi candidato ao governo do Egito, mas Deus não o pôde tirar da corte do rei para fazer a obra que lhe era designada. Somente depois de ele haver sido por quarenta anos um fiel pastor, foi enviado como libertador de seu povo. Gideão foi tirado da eira, para ser o instrumento nas mãos de Deus, para livrar os exércitos de Israel. Eliseu foi convidado a deixar o arado, e atender ao mandado do Senhor. Amós era agricultor, lavrador do solo, quando Deus lhe deu uma mensagem a proclamar. OE 333 1 Todos quantos se tornam coobreiros de Cristo, terão a executar grande quantidade de trabalho penoso, desagradável, e suas lições devem ser sabiamente escolhidas, e adaptadas a suas peculiaridades de caráter, e à obra que eles têm de realizar. Cuidado no preparo dos jovens OE 333 2 O Senhor me tem mostrado, por muitas maneiras e em várias ocasiões, quão cuidadosamente devemos lidar com os jovens -- que é mister o mais fino discernimento para tratar com o espírito humano. Todos quantos têm de lidar com a educação e preparo da mocidade, precisam viver muito achegados ao grande Mestre, para adquirir Seu espírito e maneira de operar. Devem-lhes ser dadas lições que afetem seu caráter e a obra de sua vida. OE 333 3 Deve-lhes ser ensinado que o evangelho de Cristo não tolera nenhum espírito de casta, que ele não dá lugar a juízos descorteses de outros, o que tende diretamente à exaltação própria. A religião de Cristo nunca degrada o que a recebe, nem o torna vulgar e rude; nem o torna maldoso, em pensar ou sentir, para com aqueles por quem Cristo morreu. OE 333 4 Há perigo de dar demasiada importância a questões de etiqueta, e muito tempo à educação quanto a assuntos de maneiras e formas, que nunca poderão ser de muita utilidade para muitos jovens. Alguns se acham em perigo de fazer do exterior o todo-importante, de pôr excessiva estima no valor de meras convenções. Os resultados não fazem jus ao emprego de tempo e atenção dispensados a esses assuntos. Alguns que são ensinados a dar muito cuidado a essas coisas, pouco respeito ou simpatia manifestam por qualquer coisa, por mais excelente, se deixa de lhes satisfazer a norma das convenções. OE 334 1 Tudo quanto incite a crítica menos generosa, a disposição para notar e expor todo defeito ou erro, é mau. Isso fomenta desconfiança e suspeita, as quais são contrárias ao caráter de Cristo, e prejudiciais ao espírito que nelas se exercita. Os que se empenham nessa obra, apartam-se gradualmente do espírito do cristianismo. OE 334 2 A educação essencial, perdurável, é a que desenvolve as mais nobres qualidades, que anima o espírito de geral benevolência, levando a mocidade a não pensar mal de ninguém, para que não ajuízem mal dos motivos, nem interpretem falsamente as palavras e ações. O tempo empregado nessa espécie de instrução produzirá frutos para a vida eterna. O exemplo de Cristo é uma repreensão ao exclusivismo OE 334 3 Em todos os séculos, desde que Cristo esteve entre os homens, tem havido algumas pessoas que preferem isolar-se dos outros, manifestando um desejo farisaico de preeminência. Separando-se do mundo, não têm vivido de maneira a beneficiar seus semelhantes. OE 334 4 Não há, na vida de Cristo nenhum exemplo que justifique essa beatice de justiça própria. Seu caráter era comunicativo e beneficente. Não há uma ordem monástica na Terra, da qual Ele não houvesse de ser excluído, por estar fora das regras prescritas. Em todas as denominações religiosas, e em quase todas as igrejas, podem-se encontrar pessoas fanáticas, que O teriam censurado por Suas liberais misericórdias. Haveriam de encontrar motivo de crítica no fato de Ele comer com publicanos e pecadores; tê-Lo-iam acusado de Se conformar com o mundo por assistir a uma festa de casamento, e censurá-Lo-iam impiedosamente por permitir que os amigos fizessem uma ceia em Sua honra e na de Seus discípulos. OE 335 1 Mas nessas mesmas ocasiões, tanto por Seus ensinos como por Sua conduta generosa, Ele Se estava entronizando no coração daqueles a quem honrava com Sua presença. Dava-lhes uma oportunidade de se relacionarem com Ele, e de observarem o assinalado contraste entre Sua vida e ensinos e os dos fariseus. OE 335 2 Aqueles a quem Deus confiou Sua verdade, devem possuir o mesmo espírito benfazejo manifestado por Cristo. Devem adotar os mesmos largos planos de ação. Devem ter um espírito bom e generoso para com os pobres, reconhecendo, num sentido especial, que são os mordomos de Deus. Devem considerar tudo quanto têm -- a propriedade, as faculdades da mente, as energias espirituais -- como não lhes pertencendo, mas sendo-lhes emprestado apenas para o avançamento da causa de Cristo na Terra. Como Cristo, não se devem esquivar ao convívio de seus semelhantes, mas procurá-lo com o desígnio de comunicar a outros os benefícios celestiais que têm recebido de Deus. OE 335 3 Não sejais exclusivistas. Não busqueis apenas um pequeno grupo em cuja companhia vos comprazeis, deixando que os outros vivam para seu lado. Supondes ver fraqueza num, e falta de senso em outro; não vos afasteis deles, associando-vos unicamente com aqueles que julgais quase perfeitos. OE 336 1 As próprias almas que desprezais necessitam de vosso amor e simpatia. Não deixeis uma alma fraca a lutar sozinha, combater contra as paixões do próprio coração, sem vosso auxílio e orações, mas considerai-vos a vós mesmos, para que não sejais também tentados. Se assim fizerdes, Deus não vos abandonará a vossas próprias fraquezas. Podeis ter pecados maiores a Seus olhos do que os daqueles a quem condenais. Não vos ponhais de parte, dizendo: "Sou mais santo do que tu." OE 336 2 Cristo deitou Seu divino braço em torno da raça humana. Trouxe aos homens Seu divino poder, para animar a pobre alma, enferma de pecado, desanimada, a esforçar-se em busca de uma vida mais elevada. Oh! nós necessitamos mais do espírito de Cristo, e muito menos do próprio eu! Precisamos diariamente do poder convertedor de Deus em nosso coração. Necessitamos do espírito enternecedor de Cristo, que vença e abrande nossa alma. O único caminho que têm a seguir os que se julgam sãos, é cair sobre a Rocha, e despedaçar-se. Cristo vos pode transformar à Sua semelhança, se a Ele vos submeterdes. OE 336 3 Se seguirmos as pegadas de Cristo, havemos de nos aproximar daqueles que necessitam de nossos serviços. Havemos de explicar-lhes a Bíblia, apresentar-lhes as exigências da lei de Deus, ler as promessas aos hesitantes, despertar os descuidosos, fortalecer os fracos. ------------------------Capítulo 73 -- Retraimento OE 337 1 O ler e escrever incessante de muitos ministros, incapacita-os para a obra pastoral. Consomem tempo valioso em estudo abstrato, tempo que podia ser empregado em auxiliar o necessitado no momento oportuno. Alguns ministros têm-se entregado à obra de escrever durante um período de decidido interesse religioso, e por vezes esses escritos não tinham nenhuma ligação especial com a obra que tinham em mão. Em tais ocasiões é dever do ministro empregar todas as suas energias em levar avante o interesse do momento. Seu espírito deve estar claro, e concentrado sobre o único objetivo de salvar almas. Estivessem seus pensamentos preocupados com outros assuntos, e seriam perdidos para a causa muitos que poderiam ter sido salvos por uma oportuna instrução. OE 337 2 Quando lhes sobrevém a tentação de se isolarem, entregando-se a ler e escrever em ocasiões em que outros deveres lhes reclamam atenção imediata, os ministros devem renunciar ao próprio eu, e dedicar-se ao trabalho que está diante deles. Isso é sem dúvida uma das mais probantes experiências que se podem oferecer a um espírito estudioso. OE 337 3 Os deveres de um pastor são muitas vezes vergonhosamente negligenciados, porque o ministro não tem resistência para sacrificar suas inclinações pessoais para o isolamento e o estudo. O pastor deve fazer visitas de casa em casa entre o seu rebanho, ensinando, conversando e orando com cada família, e velando pelo bem-estar de suas almas. Os que têm manifestado desejo de se relacionar com os princípios de nossa fé, não devem ser negligenciados, mas completamente instruídos na verdade. OE 338 1 Certos ministros, que têm sido convidados por chefes de família a visitarem sua casa, têm passado as poucas horas de sua visita isolados num aposento desocupado, satisfazendo sua inclinação de ler e escrever. A família que os hospedava não tirou nenhum benefício de sua estada ali. Os ministros aceitaram-lhes a hospitalidade oferecida, sem lhes dar o equivalente no trabalho de que tanto necessitavam. OE 338 2 O povo é facilmente atingido por meio do círculo social. Mas muitos ministros têm aversão à tarefa de fazer visitas; não cultivaram qualidades sociais, não adquiriram aquele espírito comunicativo que encontra acesso ao coração do povo. OE 338 3 Os que se excluem do povo, não podem, de modo nenhum, auxiliá-los. Um hábil médico precisa compreender a natureza das várias doenças, e deve possuir um conhecimento perfeito da estrutura humana. Deve ser pronto a atender os doentes. Sabe que as demoras são perigosas. Quando sua mão experiente segura o pulso do paciente, e ele observa cuidadosamente as particulares indicações da moléstia, seus conhecimentos prévios o habilitam a determinar a natureza da mesma, e o tratamento necessário para lhe deter a marcha. OE 338 4 Como o médico trata de doenças físicas, assim o pastor ministra à alma doente do pecado. E sua obra é tanto mais importante do que a do médico, quanto a vida eterna é de maior valor que a existência temporal. O pastor depara com infinita variedade de temperamentos, e é dever seu ficar conhecendo os membros das famílias que assistem a seus ensinos, a fim de determinar que meios melhor os influenciarão no rumo certo. ------------------------Capítulo 74 -- Os ministros e os negócios comerciais OE 339 1 Não podem os ministros fazer um trabalho aceitável para Deus, e ao mesmo tempo levar o fardo de grandes empreendimentos de negócios pessoais. Tal divisão de interesse diminui-lhes a percepção espiritual. A mente e o coração são ocupados com coisas terrenas, e o serviço de Cristo toma o segundo lugar. Procuram ajustar sua obra para Deus pelas circunstâncias, em vez de ajustar as circunstâncias aos reclamos de Deus. OE 339 2 As energias do ministro são todas necessárias para o seu alto chamado. Suas melhores faculdades pertencem a Deus. Não deve ele envolver-se em especulações, ou em qualquer outro negócio que o desvie de sua grande obra. "Ninguém que milita", escreveu Paulo, "se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar aquele que o alistou para a guerra." 2 Timóteo 2:4. Assim deu o apóstolo ênfase à necessidade do ministro se consagrar sem reservas ao serviço do Mestre. OE 339 3 O ministro que está integralmente consagrado a Deus recusa empenhar-se em negócios que poderiam impedi-lo de se dar inteiramente ao sagrado mister. Não procura riquezas ou honra terrestres; seu único propósito é falar a outros a respeito do Salvador que Se deu a Si mesmo para levar aos seres humanos as riquezas da vida eterna. Seu supremo desejo não é acumular tesouros neste mundo, mas chamar a atenção dos indiferentes e desleais para as realidades eternas. Ele pode ser convidado a empenhar-se em empresas que prometam grandes lucros mundanos, mas a tais tentações ele responde: "Que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?" Marcos 8:36. OE 340 1 Satanás apresentou este engodo a Cristo, sabendo que se Ele o aceitasse, o mundo jamais seria redimido. E sob diferentes disfarces ele apresenta a mesma tentação aos ministros de Deus hoje, sabendo que os que forem enganados por ela serão infiéis ao seu legado. OE 340 2 Não é vontade de Deus que Seus ministros procurem enriquecer. Com respeito a isto escreveu Paulo a Timóteo: "O amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão." Pelo exemplo, bem como por preceito, o embaixador de Cristo deve mandar "aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna". 1 Timóteo 6:10, 11, 17-19. OE 340 3 Os ministros não podem ter os encargos da obra, estando ao mesmo tempo ocupados com fazendas ou outras empresas comerciais, tendo o coração em seu tesouro terrestre. Seu discernimento espiritual é obscurecido. Eles não podem apreciar as necessidades da obra de Deus, e portanto, não podem desenvolver bem dirigidos esforços para lhe ir ao encontro das emergências e levar avante seus interesses. A falta de uma plena consagração à obra por parte do ministro, é logo sentida em todo o campo onde ele trabalha. Se sua própria norma é baixa, ele não pode levar outros a aceitar uma mais elevada. Especulações com terras e minas OE 341 1 O Senhor não pode glorificar Seu nome por intermédio de ministros que procuram servir a Deus e a Mamom. Não devemos incitar homens a empregar recursos em empresas minerais, ou em terrenos em cidades, apresentando o incentivo de que o dinheiro empregado duplicará dentro de pouco tempo. Nossa mensagem para este tempo, é: "Vendei o que tendes, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não se envelheçam; tesouro nos Céus, que nunca acabe, aonde não chega ladrão, e a traça não rói. Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração." Lucas 12:33, 34. OE 341 2 Justamente antes de os israelitas entrarem na terra de Canaã, Satanás procurou seduzi-los e levá-los à idolatria, pensando conseguir sua ruína. Ele opera pelos mesmos processos hoje em dia. Há moços, os quais Deus aceitaria como coobreiros Seus, mas que se têm absorvido em comprar e vender terrenos, e vendido seu interesse na verdade presente pela perspectiva de proveito mundano. OE 341 3 Muitos há que se mantêm afastados do serviço de Deus, porque desejam lucros mundanos; e Satanás se serve deles para desviar outros. O tentador chega aos homens, como o fez com Jesus, apresentando-lhes a glória deste mundo; e quando suas tentativas são coroadas de certa medida de êxito, tornam-se ávidos de ganhar mais, perdem o amor à verdade, e sua espiritualidade perece. A herança imortal, o amor de Jesus, são eclipsados aos seus olhos pelas transitórias perspectivas deste mundo. OE 342 1 Raramente o povo se eleva acima do ministro que o dirige. Havendo nele um espírito amante do mundo, isso exerce uma tremenda influência sobre os outros. O povo faz das deficiências dele uma desculpa para cobrir seu próprio espírito mundano. Sossegam a consciência, pensando que podem ter liberdade de amar as coisas desta vida, e ser indiferentes às espirituais, porquanto os ministros são assim. Enganam sua própria alma, e permanecem amigos do mundo, o que o apóstolo declara ser "inimizade contra Deus". Romanos 8:7. Os ministros devem ser exemplos para o rebanho. Devem manifestar um inextinguível amor pelas almas, e à causa a mesma devoção que desejam ver no povo. -- Testimonies for the Church 2:645, 646. OE 342 2 Aproximamo-nos do fim do tempo. Necessitamos, não somente ensinar a verdade presente do púlpito, mas de vivê-la fora dele. Examinai detidamente o fundamento de vossa esperança de salvação. Não podeis, enquanto vos achais na posição de um arauto da verdade, de um atalaia nos muros de Sião, ter os vossos interesses entrelaçados com negócios de minas ou de imóveis, e fazer ao mesmo tempo eficazmente a sagrada obra confiada a vossas mãos. Quando se acham em jogo almas humanas, quando se encontram envolvidas coisas eternas, o interesse não pode, sem perigo, dividir-se. -- Testimonies for the Church 5:530. ------------------------Capítulo 75 -- O trabalho nas cidades OE 345 1 Conjuntamente com a proclamação da mensagem em cidades grandes, há muitas espécies de trabalho a ser efetuado por obreiros de vários dons. Uns devem trabalhar de um modo, outros de outro. O Senhor deseja que as cidades sejam trabalhadas mediante os esforços unidos de obreiros de diferentes habilidades. Todos devem buscar em Jesus a direção, não confiando na sabedoria dos homens, a fim de que não se extraviem. Como cooperadores de Deus devem procurar estar em harmonia uns com os outros. Deve haver freqüentes concílios e fervorosa, sincera cooperação. Contudo, todos devem buscar em Jesus sabedoria, não dependendo só da direção de homens. OE 345 2 O Senhor deu a alguns ministros a habilidade de reunir e conservar grandes congregações. Isto exige o exercício de tato e habilidade. Nas cidades de hoje, onde existem tantas coisas destinadas a atrair e agradar, o povo não pode se interessar por esforços medíocres. Os ministros designados por Deus hão de achar necessário envidar esforços extraordinários para atrair a atenção das multidões. E quando conseguem reunir grande número de pessoas, têm de apresentar mensagens de caráter tão fora da ordem comum que o povo fique desperto e advertido. Têm de fazer uso de todos os meios que possam ser planejados para fazer com que a verdade sobressaia clara e distintamente. A probante mensagem para este tempo deve ser apresentada tão clara e decididamente que comova os ouvintes, e os leve ao desejo de estudar as Escrituras. OE 346 1 Os que fazem a obra do Senhor nas cidades têm de envidar esforço calmo, perseverante e devotado, em favor da educação do povo. Conquanto devam trabalhar fervorosamente para interessar os ouvintes e conservar esse interesse, têm de ao mesmo tempo precaver-se contra qualquer coisa que se aproxime do sensacionalismo. Nesta época de extravagância e ostentação, em que os homens julgam necessário fazer aparato para conseguir êxito, os escolhidos mensageiros de Deus devem mostrar o erro de gastar meios desnecessariamente, para causar efeito. Ao trabalharem com simplicidade, humildade e gentil dignidade, evitando tudo que seja de natureza teatral, sua obra fará duradoura impressão para bem. OE 346 2 Há necessidade, é certo, de despender dinheiro, judiciosamente, em anunciar as reuniões, e em levar a cabo a obra sobre bases sólidas. Contudo, ver-se-á que a força de cada obreiro reside, não nessas manifestações exteriores, mas na tranqüila confiança em Deus, na oração fervorosa a Ele, pedindo auxílio, e na obediência à Sua Palavra. Muito mais oração, muito maior semelhança com Cristo, muito mais conformidade com a vontade de Deus, devem ser introduzidas na obra do Senhor. Demonstrações exteriores e extravagante dispêndio de meios não realizarão a obra que há por fazer. OE 346 3 A obra de Deus deve ser levada avante com poder. Precisamos do batismo do Espírito Santo. Precisamos compreender que Deus acrescentará às fileiras de Seu povo homens de habilidade e influência que hão de desempenhar sua parte em advertir o mundo. Nem todos no mundo são iníquos e pecaminosos. Deus tem muitos milhares que não dobraram os joelhos a Baal. Há nas igrejas caídas homens e mulheres tementes a Deus. Se assim não fosse, não seríamos incumbidos de proclamar a mensagem: "Caiu, caiu a grande Babilônia. ... Sai dela, povo Meu." Apocalipse 18:2, 4. Muitos dos sinceros de coração estão suspirando por um sopro de vida do Céu. Eles reconhecerão o evangelho quando lhes for apresentado na beleza e simplicidade com que é apresentado na Palavra de Deus. Ensinando os princípios da reforma de saúde OE 347 1 Como um povo, foi-nos dada a obra de tornar conhecidos os princípios da reforma de saúde. Alguns há que pensam que a questão do regime alimentar não seja de importância suficiente para ser incluída em seu trabalho evangélico. Mas esses cometem um grande erro. A Palavra de Deus declara: "Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus." 1 Coríntios 10:31. O assunto da temperança, em todas as suas modalidades, tem lugar importante na obra da salvação. OE 347 2 Em conexão com nossas missões de cidade deveria haver cômodos apropriados, em que aqueles nos quais se despertou interesse possam reunir-se para ser instruídos. Esta obra necessária não deve ser efetuada de modo tão pobre que se faça impressão desfavorável sobre o espírito do povo. Tudo que é feito deve dar testemunho favorável em prol do Autor da verdade, e deve de modo apropriado representar a santidade e importância das verdades da terceira mensagem angélica. ... OE 348 1 A obra da reforma de saúde é o meio empregado pelo Senhor para diminuir o sofrimento de nosso mundo, e para purificar Sua igreja. Ensinai ao povo que eles podem desempenhar o papel da mão ajudadora de Deus, mediante sua cooperação com o Obreiro-Mestre na restauração da saúde física e espiritual. Esta obra traz o selo divino, e há de abrir portas para a entrada de outras verdades preciosas. Há lugar para trabalharem todos quantos efetuarem esta obra inteligentemente. OE 348 2 Conservai na frente a obra da reforma de saúde -- é a mensagem que sou instruída a apresentar. Mostrai tão claramente o seu valor que se venha a sentir uma vasta necessidade dela. A abstinência de todo alimento e bebida prejudiciais é o fruto da verdadeira religião. Aquele que é perfeitamente convertido abandonará todo hábito e apetite prejudiciais. Pela abstinência total vencerá ele o desejo das condescendências que destroem a saúde. ... Trabalhai pelas classes abastadas OE 348 3 Devem os servos de Cristo trabalhar fielmente pelos ricos de nossas cidades, assim como pelos pobres e humildes. Há muitos homens abastados que são suscetíveis às influências e impressões da mensagem evangélica, e que, quando a Bíblia, e ela unicamente, lhes é apresentada como expositor da fé e prática cristãs, serão pelo Espírito de Deus levados a abrir portas para o avançamento do evangelho. Revelarão uma fé viva na Palavra de Deus, e usarão os meios que lhes foram confiados para preparar o caminho do Senhor, para endireitar no ermo vereda a nosso Deus. OE 349 1 Durante anos temos andado preocupados com a pergunta: Como poderemos reunir fundos suficientes para a manutenção das missões que o Senhor tem aberto perante nós? Lemos as ordens positivas do evangelho; e as missões, tanto nos campos nacionais como nos estrangeiros, apresentam suas necessidades. As indicações, ou antes, as positivas revelações da Providência, incitam-nos a fazer rapidamente a obra que espera ser feita. OE 349 2 O Senhor deseja que homens possuidores de dinheiro sejam convertidos e sirvam de Sua mão auxiliadora para alcançar outros. Ele deseja que os que podem ajudar na obra da reforma e restauração vejam a preciosa luz da verdade e sejam transformados no caráter, e levados a empregar em Seu serviço o capital que lhes foi confiado. Ele deseja que empreguem os meios que lhes emprestou, em fazer bem, em abrir o caminho para o evangelho ser pregado a todas as classes perto e longe. OE 349 3 Não há de ser o Céu apreciado pelos homens sábios do mundo? -- Oh, sim! Ali encontrarão eles descanso e paz e repouso de todas as futilidades, toda a ambição, todo o egoísmo. Instai com eles para que busquem a paz e felicidade e gozo que Cristo anela conceder-lhes. Instai com eles para que atentem para a obtenção do mais rico dom que pode ser conferido ao homem mortal -- as vestes da justiça de Cristo. Cristo oferece-lhes uma vida comparável com a vida de Deus, e um peso eterno de glória mui excelente. Se aceitarem a Cristo terão a mais elevada honra, honra que o mundo não pode dar nem tomar. Verão que na observância dos mandamentos de Deus há grande galardão. OE 350 1 O compassivo Redentor ordena aos Seus servos que dêem a ricos e a pobres o convite para a ceia. Ide para os caminhos e valados, e por vossos esforços perseverantes e resolutos, compeli-os a entrar. Que os ministros do evangelho se apoderem desses homens abastados do mundo, e os tragam ao banquete da verdade que Cristo lhes preparou. Aquele que por eles deu a preciosa vida, diz: "Trazei-os e fazei-os sentar à Minha mesa, e Eu os servirei." OE 350 2 Ministros de Cristo, relacionai-vos com essa classe. Não os passeis por alto, como casos sem esperança. Trabalhai com toda a persuasão possível, e como fruto de vossos fiéis esforços vereis no reino do Céu pessoas que serão coroadas como vencedores, para cantar o triunfante hino do conquistador. "Comigo andarão de branco", diz o Primeiro e o Último; "porquanto são dignas disso." Apocalipse 3:4. OE 350 3 Muitíssimo pouco esforço se tem feito em favor de homens que se acham em lugares de responsabilidade no mundo. Muitos deles possuem superiores habilitações; têm meios e influência. Estes são preciosos dons, que o Senhor lhes confiou a fim de serem aumentados e usados para o bem de outros. OE 350 4 Procurai salvar homens abastados. Rogai-lhes que restituam ao Senhor os tesouros que Ele lhes confiou em depósito, para que em Nova Iorque e outras grandes cidades possam ser estabelecidos centros de influência dos quais a verdade bíblica em sua simplicidade irradie para o povo. Persuadi homens a acumularem seus tesouros ao lado do trono de Deus, devolvendo ao Senhor sua fazenda, habilitando Seus obreiros a fazer o bem e promover Sua glória. Planos para aumentar o número de obreiros OE 351 1 A força de um exército mede-se especialmente pela eficiência dos homens que lhe compõem as fileiras. Um general capaz instrui seus oficiais a exercitarem todos os soldados para o serviço ativo. Procura desenvolver o mais alto grau de eficiência da parte de todos. Se ele devesse depender apenas dos oficiais, nunca poderia esperar dirigir com êxito uma campanha. Ele conta com os serviços leais e infatigáveis de cada homem em seu exército. A responsabilidade repousa em grande parte sobre aqueles que compõem as fileiras. OE 351 2 E assim se dá no exército do Príncipe Emanuel. Nosso General, que jamais perdeu uma batalha, espera de cada um que se alistou sob Seu estandarte, serviço fiel e voluntário. No conflito final que agora se trava entre as forças do bem e as hostes do mal, espera Ele que todos, tanto membros leigos como ministros, tomem parte. Todos os que se alistaram como soldados Seus, devem prestar fiel serviço como homens bem dispostos, com um vivo reconhecimento da responsabilidade que sobre eles repousa individualmente. OE 351 3 Aqueles a cujo cargo se encontram os interesses espirituais da igreja devem formular planos e meios pelos quais se dê a todos os seus membros alguma oportunidade de fazer uma parte na obra de Deus. Nem sempre foi isto feito em tempos passados. Não foram bem definidos nem executados os planos para empregar os talentos de cada um em serviço ativo. Poucos há que avaliem devidamente quanto se tem perdido por causa disto. OE 351 4 Os dirigentes da causa de Deus, como sábios generais, devem delinear planos para fazer movimentos de avanço ao longo de toda a linha. Em seus planos devem dar estudo especial à obra que pode ser feita pelos membros leigos em favor de seus amigos e vizinhos. A obra de Deus na Terra nunca poderá ser terminada a não ser que os homens e as mulheres que constituem a igreja concorram ao trabalho e unam os seus esforços aos dos ministros e oficiais da igreja. ... Centro de turismo e de comércio OE 352 1 Nestes dias de muito viajar, as oportunidades para entrar em contato com homens e mulheres de todas as classes, e de muitas nacionalidades, são muito maiores do que nos dias de Israel. As rotas comerciais têm-se multiplicado mil vezes. Deus tem preparado maravilhosamente o caminho. A agência da imprensa, com seus múltiplos recursos, está ao nosso dispor. Bíblias e publicações em muitas línguas, expondo a verdade para este tempo, estão à nossa disposição, e podem ser levadas rapidamente para todas as partes do mundo. OE 352 2 Cristãos que vivem nos grandes centros de comércio têm oportunidades especiais. Crentes dessas cidades podem trabalhar a favor de Deus na vizinhança de seus lares. OE 352 3 Nas mundialmente afamadas termas balneares, praias e centros de comércio turístico, onde fervilham muitos milhares de pessoas em busca de saúde e prazer, devem achar-se estacionados ministros e colportores capazes de cativar a atenção das multidões. Estejam esses obreiros alerta à sua oportunidade de apresentar a mensagem para este tempo, e realizem reuniões quando tiverem ocasião. Sejam ligeiros em aproveitar as oportunidades de falar ao povo. Acompanhados do poder do Espírito Santo, apresentem-se ao povo com a mensagem dada por João Batista: "Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos Céus." Mateus 3:2. OE 353 1 A Palavra de Deus deve ser apresentada com clareza e poder, para que os que têm ouvidos para ouvir, ouçam a verdade. Assim o evangelho da verdade presente será posto no caminho dos que o não conhecem, e será aceito por não poucos, e por eles levado a seus lares em todas as partes do mundo. OE 353 2 Devemos dar a última advertência de Deus aos homens, e qual não deveria ser nosso fervor em estudar a Bíblia, e nosso zelo em espalhar a luz! Que cada alma que recebeu a iluminação divina procure comunicá-la. Que os obreiros vão de casa em casa, abrindo a Bíblia ao povo, disseminando nossa literatura, falando a outros da luz que lhes trouxe bênção a sua própria alma. Distribua-se judiciosamente literatura nos trens, na rua, nos grandes navios que singram o oceano, e pelo correio. ... OE 353 3 Sou instruída a chamar a atenção de nossos ministros para as cidades por trabalhar, e a instar com eles a fim de que, por todos os meios possíveis, abram o caminho para a apresentação da verdade. Em algumas das cidades onde a mensagem da segunda vinda do Senhor foi primeiro proclamada, somos obrigados a começar o trabalho como se fosse um campo novo. Por quanto tempo ainda serão passados por alto esses campos estéreis, essas cidades não trabalhadas? Sem demora, deve o lançamento da semente começar em muitos, muitos lugares. -- Testimonies for the Church 9:109-123. ------------------------Capítulo 76 -- Conselhos concernentes à obra nas cidades OE 354 1 Há uma vasta obra a ser feita em proclamar a verdade para este tempo aos que se acham mortos em ofensas e pecados. As mensagens mais surpreendentes serão proclamadas por homens designados por Deus, mensagens capazes de advertir o povo, para o despertar. E conquanto alguns sejam irritados pela advertência, e levados a resistir à luz e à evidência, devemos ver daí que estamos apresentando a mensagem de prova para este tempo. OE 354 2 Serão comunicadas mensagens fora da ordem comum. Os juízos de Deus se acham na Terra. Ao mesmo tempo que se precisam estabelecer missões nas cidades, onde colportores, obreiros bíblicos e missionários-médicos práticos sejam preparados para entrar em contato com certas classes, precisamos ter também, em nossas cidades, evangelistas consagrados, por cujo intermédio se tem de apresentar uma mensagem, tão decididamente, que sacudamos os ouvintes. ... OE 354 3 Tem chegado o tempo de se fazerem decididos esforços nos lugares em que a verdade ainda não foi proclamada. Como se há de fazer a obra do Senhor? Em todo lugar em que se penetre, é mister lançar uma base sólida para trabalho permanente. Os métodos do Senhor têm de ser seguidos. Não vos deveis intimidar com aparências exteriores, por mais desanimadoras que pareçam. Cumpre-vos levar avante a obra, como o Senhor disse que devia ser feito. Pregai a Palavra, e o Senhor, por meio de Seu Espírito Santo, há de enviar a convicção ao espírito dos ouvintes. O relatório é: "E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiam." Marcos 16:20. OE 355 1 Muitos obreiros devem desempenhar sua parte fazendo trabalho de casa em casa e dando estudos bíblicos às famílias. Manifestarão seu crescimento na graça mediante a submissão à vontade de Cristo. Assim adquirirão uma rica experiência. À medida que, com fé, eles recebem a Palavra de Cristo, nela crêem e lhe obedecem, a eficiência do Espírito Santo se revelará em sua obra. Haverá uma intensidade de esforço diligente. Será alimentada uma fé que opera por amor, e purifica a alma. Ver-se-ão na vida os frutos do Espírito. ... OE 355 2 Há necessidade de toda instrução que nossas missões podem proporcionar. Continuai vossa obra no poder do mesmo Espírito que a dirigiu em seu estabelecimento. Mediante a exposição das Escrituras, da oração, do exercício da fé, educai o povo no caminho do Senhor; e edificar-se-á uma igreja fundada sobre a rocha que é Jesus Cristo. ... OE 355 3 Levai avante vossa obra em humildade. Nunca vos eleveis acima da simplicidade do evangelho de Cristo. Não na arte da ostentação, mas em erguer a Cristo, o Redentor que perdoa pecados, haveis de alcançar êxito em atrair almas. Ao trabalhardes para Deus em humildade de coração, Ele Se há de manifestar a vós. Processos teatrais OE 355 4 Mediante o emprego de cartazes, símbolos e ilustrações de várias espécies, o ministro pode fazer a verdade destacar-se clara e distintamente. Isso é um auxílio, e está em harmonia com a Palavra de Deus. Mas quando o obreiro torna seu trabalho tão dispendioso que os outros não podem tirar do tesouro meios suficientes para manter-se no campo, ele não está trabalhando de acordo com o plano de Deus. OE 356 1 A obra nas grandes cidades deve ser feita segundo a ordem de Cristo, não segundo os métodos teatrais. Não é uma realização teatral que glorifica a Deus, mas a apresentação da verdade no amor de Cristo. Preliminares OE 356 2 Não despojeis a verdade de sua dignidade e força impressiva mediante preliminares que são mais segundo os moldes do mundo, do que segundo os celestiais. Compreendam vossos ouvintes que realizais reuniões, não para lhes agradar os sentidos com a música ou outras quaisquer coisas, mas para pregar a verdade em toda a sua solenidade, para que ela chegue até eles como uma advertência, despertando-os de seu letárgico sono de satisfação própria. É a verdade nua que, à semelhança de uma aguda espada de dois gumes, corta de ambos os lados. É isso que há de despertar os que se acham mortos em ofensas e pecados. OE 356 3 Aquele que deu a própria vida para salvar homens e mulheres da idolatria e da condescendência própria, deixou um exemplo a ser seguido por todos quantos empreendem a obra de apresentar o evangelho a outros. Têm sido dadas aos servos de Deus, neste século, as mais solenes verdades a proclamar, e suas ações, métodos e planos devem corresponder à importância de sua mensagem. Se estais apresentando a palavra segundo a maneira de Cristo, vosso auditório será mais profundamente impressionado com as verdades que ensinais. Sobrevir-lhe-á a convicção de que essa é a palavra do Deus vivo. Formalidade no culto OE 357 1 Os mensageiros de Deus não devem seguir, em seus esforços para atrair o povo, os métodos do mundo. Nas reuniões que se realizam eles não devem confiar em cantores do mundo e exibições teatrais para despertar o interesse. Como se há de esperar daqueles que não têm nenhum interesse na Palavra de Deus, que nunca leram Sua Palavra com o sincero desejo de compreender-lhe as verdades, que cantem com espírito e entendimento? Como pode seu coração achar-se em harmonia com as palavras do sagrado hino? Como pode o coro celeste tomar parte numa música apenas formal? OE 357 2 Não nos é possível acentuar demais os males de um culto formal, mas não há palavras capazes de descrever devidamente as profundas bênçãos do culto genuíno. Quando os seres humanos cantam com o espírito e o entendimento, os músicos celestiais apanham a harmonia, e unem-se ao cântico de ações de graças. Aquele que nos concedeu todos os dons que nos habilitam a ser coobreiros de Deus, espera que Seus servos cultivem sua voz, de modo que possam falar e cantar de maneira compreensível a todos. Não é o cantar forte que é necessário, mas a entonação clara, a pronúncia correta, e a perfeita enunciação. Que todos dediquem tempo para cultivar a voz, de maneira que o louvor de Deus seja entoado em tons claros e brandos, não com asperezas, que ofendam ao ouvido. A faculdade de cantar é um dom de Deus: seja ela usada para Sua glória. OE 357 3 Escolha-se um grupo de pessoas para tomar parte no serviço de canto. E seja este acompanhado por instrumentos de música habilmente tocados. Não nos devemos opor ao uso de instrumentos musicais em nossa obra. Esta parte do serviço deve ser cuidadosamente dirigida; pois é o louvor de Deus em cântico. Nem sempre o canto deve ser feito por apenas alguns. Permita-se o quanto possível que toda a congregação dele participe. ... Apegar-se à afirmativa OE 358 1 Muitas vezes, ao procurardes apresentar a verdade, despertar-se-á oposição; mas, se tentardes enfrentá-la com argumentos, haveis unicamente de multiplicá-la, o que não podeis permitir. Apegai-vos à afirmativa. Anjos de Deus vos observam, e sabem como impressionar aqueles cuja oposição vos recusais a enfrentar com argumentos. Não insistais nos pontos negativos das questões que surgem, mas reuni em vossa mente verdades afirmativas, aí fixando-as mediante muito estudo, fervorosa oração, e consagração do coração. Mantende a lâmpada espevitada e ardendo, e deixai que raios brilhantes se difundam, para que os homens, vendo vossas boas obras, sejam levados a glorificar vosso Pai que está no Céu. OE 358 2 Se Cristo não Se houvesse apegado à afirmativa no deserto da tentação, teria perdido tudo quanto desejava conquistar. O método de Cristo é o melhor para enfrentar nossos oponentes. Fortalecemos seus argumentos, quando repetimos o que eles dizem. Apegai-vos sempre à afirmativa. Talvez o próprio homem que se vos está opondo levará vossas palavras para casa e se converta à sensata verdade que lhe penetrou o entendimento. OE 358 3 Tenho dito muitas vezes aos nossos irmãos: Vossos adversários farão acerca de vossa obra falsas declarações. Não repitais essas declarações, mas atende-vos a vossas asserções da verdade viva; e anjos de Deus hão de abrir o caminho adiante de vós. Temos uma grande obra a levar avante, e devemos fazê-lo de maneira criteriosa. Não nos excitemos nunca, nem demos lugar a que se levantem maus sentimentos. Cristo não fazia assim, e Ele é nosso exemplo em tudo. Necessitamos, para a obra que nos foi confiada, de muito mais sabedoria celeste, santificada e humilde, e muito menos do próprio eu. Devemos apoiar-nos firmemente ao poder divino. OE 359 1 Aqueles que se têm apartado da fé virão a nossas congregações para distrair nossa atenção da obra que Deus deseja que se faça. Não vos podeis permitir desviar os ouvidos da verdade para as fábulas. Não vos detenhais para procurar converter aquele que está proferindo palavras de reprovação contra vossa obra, mas deixai que se patenteie que sois inspirados pelo Espírito de Jesus Cristo; e anjos de Deus vos porão nos lábios palavras que toquem o coração de vossos oponentes. Se esses homens persistirem em sua atitude, aqueles, na congregação, que são dotados de um espírito sensato, compreenderão que vossa norma é a mais elevada. Falai de modo a mostrar que Jesus Cristo está falando por vosso intermédio. -- Testimonies for the Church 9:137-149. OE 359 2 Há pessoas que têm um dom especial para cantar, e há ocasiões em que uma mensagem especial é apresentada por uma pessoa cantando sozinha, ou por várias, unidas num cântico. Mas o canto raramente deve ser feito por poucos. O cantar bem é um dom que exerce influência, e Deus deseja que todos o cultivem e empreguem para glória do Seu nome. -- Testimonies for the Church 7:115, 116. ------------------------Capítulo 77 -- A obra médico-missionária nas cidades OE 360 1 A obra evangélica médico-missionária deve ser levada avante com muita prudência e perfeição. A obra sagrada e solene de salvar almas, tem de avançar de maneira modesta, contudo elevada. Onde se acham os obreiros? Homens e mulheres inteiramente convertidos, de discernimento e penetrante visão, eis os que devem servir de diretores. Para empregar pessoas para essa obra especial, é mister usar de discernimento -- devem ser pessoas que amem a Deus e andem diante dEle em toda humildade; pessoas que venham a ser instrumentos eficazes na mão de Deus para consecução do objetivo que Ele tem em vista -- o erguimento e salvação dos seres humanos. OE 360 2 Os evangelistas médico-missionários estarão habilitados a fazer uma excelente obra como pioneiros. A obra do pastor deve unir-se inteiramente com a do evangelista médico-missionário. O médico cristão deve considerar sua obra como sendo tão exaltada como a do ministério. Repousa sobre ele uma dupla responsabilidade; pois nele se reúnem tanto as qualidades do médico, como as do ministro evangélico. Sua obra é sublime, sagrada e muito necessária. OE 360 3 O médico e o pastor devem compreender que se acham empenhados na mesma obra. Devem trabalhar em perfeita harmonia. Cumpre-lhes aconselharem-se juntamente. Por meio de sua união hão de dar testemunho de que Deus enviou Seu Filho unigênito ao mundo para salvar a todos os que nEle crerem como Salvador pessoal. OE 361 1 Os médicos cuja habilidade profissional se acha acima da dos doutores comuns, devem-se dedicar ao serviço de Deus nas grandes cidades. Devem procurar atingir as classes mais elevadas. ... Médicos-missionários que trabalham em ramos evangélicos, estão fazendo uma obra de tão alta espécie, como seus coobreiros do ministério. Os esforços desenvolvidos por esses obreiros não se devem limitar às classes mais pobres. As classes mais altas têm sido estranhamente negligenciadas. Nas esferas mais elevadas da sociedade encontram-se muitos que hão de corresponder à verdade, porque ela é coerente, porque apresenta o selo do elevado caráter do evangelho. Não poucos de entre os homens de capacidade assim conquistados para a verdade, hão de entrar com energia para obra do Senhor. OE 361 2 O Senhor pede aos que se acham em posições de confiança, aqueles a quem Ele tem confiado Seus preciosos dons, que empreguem os talentos de inteligência e de meios em Seu serviço. Nossos obreiros devem apresentar a esses homens uma clara exposição de nosso plano de trabalho, dizendo-lhes o que necessitamos para auxiliar o pobre e o necessitado, e para estabelecer esta obra sobre uma base firme. Alguns desses serão impressionados pelo Espírito Santo para empregar os recursos do Senhor de maneira a fazer progredir Sua causa. Eles cumprirão Seus desígnios ajudando a criar centros de influência nas grandes cidades. Obreiros interessados serão levados a oferecer-se para vários ramos de trabalho missionário. A obra de saúde OE 361 3 Estabelecer-se-ão restaurantes vegetarianos. Mas, com que cuidado deve ser feita essa obra! Cada restaurante vegetariano deve ser uma escola. Os obreiros com ele relacionados devem estudar constantemente e fazer experiências, a fim de aperfeiçoarem o preparo de alimentos saudáveis. OE 362 1 Nas cidades, é conveniente que essa obra de instrução seja desenvolvida em muito maior escala do que nos lugares pequenos. Mas, em todo lugar onde há uma igreja, devem ser dadas instruções quanto ao preparo de alimentos simples, saudáveis, para uso dos que desejam viver segundo os princípios de saúde. E os membros da igreja devem comunicar ao povo da vizinhança a luz que recebem acerca desse assunto. ... OE 362 2 Devem-se estabelecer escolas culinárias em muitos lugares. Esta obra pode começar humildemente, mas, à medida que inteligentes cozinheiros fizerem o mais que puderem para esclarecer a outros, o Senhor lhes dará habilidade e entendimento. A ordem do Senhor, é: "Não os impeçais; pois Me revelarei a eles como seu Instrutor." Deus cooperará com os que efetuam Seus planos, ensinando ao povo a fazer uma reforma em seu regime, mediante o preparo de alimento saudável e não dispendioso. Assim os pobres serão animados a adotar os princípios da reforma de saúde. E ser-lhes-á dado auxílio em se tornarem industriosos e confiarem em si mesmos. OE 362 3 Foi-me mostrado que homens e mulheres de capacidade estavam sendo ensinados por Deus a preparar alimentos saudáveis e apetecíveis, de maneira apropriada. Muitos deles eram moços, e também os havia de idade madura. Fui instruída a animar o estabelecimento de escolas culinárias em todos os lugares em que se está fazendo obra médico-missionária. Deve-se pôr diante do povo todo estímulo para levá-lo a adotar a reforma. Fazei brilhar sobre eles o máximo possível de luz. Ensinai-os a aperfeiçoar o quanto possível o preparo do alimento, estimulando-os a comunicar a outros aquilo que aprendem. ... OE 363 1 Da narração do milagre do Senhor, provendo vinho para as bodas, bem como do fato de alimentar a multidão, podemos aprender uma lição da mais alta importância. A produção de alimentos saudáveis em fábricas para isso destinadas é um dos instrumentos do Senhor para satisfazer a uma necessidade. O celeste Provedor de todo alimento não deixará Seu povo na ignorância quanto ao preparo das melhores comidas para todos os tempos e ocasiões. -- Conselhos Sobre Saúde, 549. OE 363 2 Unicamente os métodos de Cristo trarão verdadeiro êxito no aproximar-se do povo. O Salvador misturava-Se com os homens como uma pessoa que lhes desejava o bem. Manifestava simpatia por eles, ministrava-lhes às necessidades e granjeava-lhes a confiança. Ordenava então: "Segue-Me." OE 363 3 É necessário pôr-se em íntimo contato com o povo mediante esforço pessoal. Se se empregasse menos tempo a pregar sermões, e mais fosse dedicado a serviço pessoal, maiores seriam os resultados que se veriam. Os pobres devem ser socorridos, cuidados os doentes, os aflitos e os que sofreram perdas confortados, instruídos os ignorantes e os inexperientes aconselhados. Cumpre-nos chorar com os que choram, e alegrar-nos com os que se alegram. Aliado ao poder de persuasão, ao poder da oração e ao poder do amor de Deus, esta obra não há de, não pode ficar sem frutos. -- A Ciência do Bom Viver, 143, 144. ------------------------Capítulo 78 -- A escola missionária da cidade OE 364 1 De importância igual às conferências públicas é o trabalho de casa em casa nos lares do povo. Nas cidades grandes há certas classes que não podem ser alcançadas pelas reuniões públicas. Essas têm de ser procuradas como o pastor procura suas ovelhas perdidas. Esforço diligente e pessoal tem de ser envidado em seu favor. Quando é negligenciado o trabalho pessoal, perdem-se muitas preciosas oportunidades, as quais, se fossem aproveitadas, fariam avançar a obra decididamente. OE 364 2 Em resultado da apresentação da verdade em congregações grandes, desperta-se um espírito de indagação, e é especialmente importante que esse interesse seja seguido por trabalho pessoal. Os que desejam investigar a verdade, precisam ser ensinados a estudar diligentemente a Palavra de Deus. Alguém terá de ajudá-los a edificar sobre um fundamento firme. Neste tempo crítico de sua experiência religiosa, quão importante é que obreiros bíblicos, sabiamente dirigidos, venham ao seu auxílio, e lhes abram ao entendimento o tesouro da Palavra de Deus! OE 364 3 Um trabalho bem equilibrado, melhor pode ser levado a efeito quando se acha em funcionamento uma escola para preparo de obreiros bíblicos. Enquanto se estão realizando reuniões públicas, deveria haver, ligados à escola ou missão de cidade [estas missões de cidade são centros de trabalho estabelecidos nas grandes cidades, em favor dos decaídos e indigentes] experientes obreiros de profunda compreensão espiritual, que possam dar instruções diárias aos obreiros bíblicos, e que possam também unir-se de todo o coração às conferências públicas que se realizam. E à medida que homens e mulheres se convertam à verdade, os que estão na chefia da missão citadina deveriam com muita oração mostrar a esses novos conversos como experimentar o poder da verdade em seu coração. Tal missão, sendo sabiamente dirigida, será uma luz brilhando num lugar escuro. OE 365 1 As missões são essenciais, como fundamento do trabalho missionário em nossas cidades; não seja, porém, nunca esquecido, que seus dirigentes têm de ser vigilantes em todos os pontos, para que tudo seja feito para a honra de Deus. Os moços e moças têm de receber, nessas missões, um preparo que os habilite a trabalhar para o Mestre. Mas, se eles não possuírem firmeza de caráter e espírito de consagração, todo esforço para os tornar aptos para a obra será um fracasso. Sem que possuam uma alta intuição do que é conveniente, da sobriedade, da santidade da verdade e do exaltado caráter da obra, eles não podem ser bem-sucedidos. O mesmo se dá quanto aos obreiros mais velhos. A menos que sejam santificados pela verdade, não podem dar aos que se acham sob sua direção uma educação que os eleve, enobreça e refine. OE 365 2 Nossas missões devem ser mantidas livres de todas as práticas errôneas, de toda vulgaridade, todo desleixo. Tudo que com elas se relaciona se deve achar acima de censura. Todos os que têm nelas alguma parte a desempenhar, devem ser um exemplo para os crentes. É necessário que se empreguem muitos momentos em oração particular, em comunhão com Deus. Somente assim se podem alcançar vitórias. Todos os arranjos da missão devem ser de molde a proteger a alma contra a tentação. Toda paixão profana deve ser mantida sob o domínio da razão santificada, mediante a graça abundantemente concedida por Deus. OE 365 3 Quando um homem que é reputado como digno de ocupar uma posição de confiança em uma de nossas instituições ou numa missão trai essa confiança, e se entrega nas mãos de Satanás como instrumento de injustiça, para semear as sementes do mal, ele é um traidor da pior espécie. De um espírito assim infeccionado e poluído, recebe muitas vezes a mocidade os impuros pensamentos que conduzem a uma vida de vergonha e contaminação. OE 366 1 Os homens e mulheres que se acham à testa de uma missão, necessitam de íntima ligação com Deus, a fim de se conservarem puros, e saberem dirigir criteriosamente a mocidade, de modo que os pensamentos de todos sejam impolutos e sãos. Sejam as lições dadas de caráter elevado, enobrecedor, para que a mente se encha de pensamentos puros e semelhantes aos de Cristo. "Qualquer que nEle tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro." 1 João 3:3. Como Deus é puro em Sua esfera, assim o homem deve ser na sua. E será puro, se Cristo, a esperança da glória, habitar no interior; pois ele imitará a vida de Cristo e refletirá Seu caráter. OE 366 2 Quando se estabelece uma missão numa cidade, nosso povo deve tomar nela interesse, mostrando o mesmo de maneira prática, palpável. Os obreiros da missão trabalham arduamente, sacrificando-se, e não recebem grandes salários. Não pense o nosso povo que a direção de missões na cidade é uma tarefa simples, ou lucrativa. Muitas vezes elas são levadas avante sem recursos aparentes, por homens e mulheres que, dia a dia, suplicam a Deus que lhes envie meios com que levar avante a obra. ------------------------Capítulo 79 -- Exatidão OE 367 1 Solene responsabilidade repousa sobre os ministros de Cristo quanto a fazerem sua obra com exatidão. Cumpre-lhes guiar os jovens discípulos sábia e judiciosamente, passo a passo, para a frente e para cima, até que lhes hajam sido apresentados todos os pontos essenciais. Coisa alguma deve ser retida. Mas não se devem dar todos os pontos da verdade nas primeiras reuniões. Gradual e cautelosamente, tendo o próprio coração possuído do Espírito de Deus, deve o mestre proporcionar a seus ouvintes alimento a seu tempo. OE 367 2 Os ministros não devem sentir que sua obra está completa, enquanto os que aceitaram a teoria da verdade não compreenderem realmente a influência de seu poder santificador, e se acharem deveras convertidos. Quando a Palavra de Deus, como uma aguda espada de dois gumes, penetra o coração e desperta a consciência, muitos pensam que isto é bastante; o trabalho, porém, apenas começou. Fizeram-se boas impressões, mas a menos que elas sejam aprofundadas mediante esforços cuidadosos, corroborados pela oração, Satanás as anulará. Não fiquem os obreiros satisfeitos com o que foi conseguido. O arado da verdade deve sulcar mais fundo, o que certamente acontecerá, se forem feitos esforços completos para dirigir os pensamentos e estabelecer as convicções dos que estão estudando a verdade. OE 367 3 Muitas vezes o trabalho é deixado incompleto, e em muitos desses casos, não produz resultado. Por vezes, depois de um grupo de pessoas haver aceitado a verdade, o ministro pensa que deve seguir imediatamente para novo campo; e às vezes, sem a devida investigação recebe autorização para partir. Isso é um erro; deve terminar o trabalho começado, pois, deixando-o incompleto, faz-se mais mal do que bem. Campo algum é tão pouco prometedor como aquele que foi cultivado o suficiente para dar ao joio um mais luxuriante desenvolvimento. Por esse método muitas almas têm sido abandonadas a serem esbofeteadas por Satanás e à oposição de membros de outras igrejas que rejeitaram a verdade; e muitos são impelidos até a um ponto onde nunca mais poderão ser alcançados. É melhor que o ministro não se meta na obra, a não ser que ele possa completar inteiramente o trabalho. OE 368 1 Deve-se gravar em todo recém-converso a verdade de que todo conhecimento permanente só se pode obter mediante diligente labor e estudo perseverante. Em regra, os que se convertem à verdade que pregamos não foram anteriormente diligentes estudantes das Escrituras; pois nas igrejas populares há pouco estudo real da Palavra de Deus. O povo espera que os ministros investiguem as Escrituras por eles, e expliquem o que ensinam. OE 368 2 Muitos aceitam a verdade sem cavar fundo para entender seus princípios básicos; e, ao ser ela atacada, esquecem os argumentos e provas que as fundamentam. Foram levados a crer na verdade, mas não foram instruídos plenamente quanto ao que ela seja, ou guiados ponto por ponto no conhecimento de Cristo. Muitas vezes sua piedade degenera numa forma e, quando já não se fazem sentir os apelos que primeiramente os despertaram, tornam-se espiritualmente mortos. A menos que aqueles que recebem a verdade sejam inteiramente convertidos, a não ser que haja uma mudança radical na vida e no caráter, a não ser que a alma se ache firmada na Rocha eterna, eles não subsistirão à prova. Depois que o ministro parte, e desaparece a novidade, a verdade perde o poder de sedução, e eles não exercem uma influência mais santificadora do que anteriormente. OE 369 1 A obra de Deus não deve ser malfeita ou realizada relaxadamente. Quando um ministro entra num campo, deve trabalhá-lo completamente. Ele não deve ficar satisfeito com seu êxito, enquanto não puder, mediante diligente labor e a bênção do Céu, apresentar ao Senhor conversos que possuam um genuíno sentimento de sua responsabilidade, e que farão a obra que lhes é designada. Se Ele instruiu devidamente os que se acham sob seu cuidado, ao partir para outros campos de trabalho, a obra não se desfará; estará tão firmemente estabelecida, que ficará segura. OE 369 2 O ministro não é sancionado em limitar sua obra ao púlpito, deixando os ouvintes sem seu auxílio pessoal. Ele deve procurar entender a natureza das dificuldades que há no espírito das pessoas. Deve conversar e orar com os que se acham interessados, dando-lhes sábia instrução, a fim de que possa apresentar "todo o homem perfeito em Jesus Cristo". Colossences 1:28. Seu ensino da Bíblia deve possuir uma positividade e força que levem convicção à consciência. O povo conhece tão pouco da Bíblia, que se devem dar lições práticas, definidas, quanto à natureza do pecado, e ao seu remédio. OE 369 3 O obreiro nunca deve deixar parte do trabalho por fazer, porque esta lhe não agrade, pensando que o ministro que vier depois a fará por ele. Quando assim acontece, se vem um segundo ministro, e apresenta as exigências de Deus quanto a Seu povo, alguns voltam atrás, dizendo: "O ministro que nos trouxe a verdade, não mencionou essas coisas." E se escandalizam com a palavra. Alguns recusam aceitar o sistema do dízimo; afastam-se, e não se unem mais com os que crêem na verdade e a amam. Quando outros pontos lhes são expostos, dizem: "Não nos foi ensinado assim", e hesitam em avançar. Quanto melhor teria sido se o primeiro mensageiro da verdade houvesse educado fiel e cabalmente esses conversos quanto a todos os assuntos essenciais, mesmo que poucos se houvessem unido à igreja pelo seu trabalho. Deus ficaria mais satisfeito com seis pessoas inteiramente convertidas à verdade, do que com sessenta fazendo profissão de fé, mas não estando de fato convertidas. OE 370 1 É parte da obra do ministro ensinar os que aceitam a verdade mediante seus esforços, a trazerem os dízimos ao tesouro, como testemunho de que reconhecem sua dependência de Deus. Os recém-conversos devem ser plenamente esclarecidos com relação ao seu dever de devolver ao Senhor o que Lhe pertence. O mandamento de pagar o dízimo é tão claro, que não há sombra de desculpa para desatendê-lo. Aquele que negligencia dar instruções a esse respeito, deixa por fazer uma parte importantíssima de sua obra. OE 370 2 Os ministros devem procurar também impressionar o povo com respeito à importância de tomarem outras responsabilidades em relação à obra de Deus. Ninguém é isento da obra de liberalidade. Deve-se ensinar ao povo que cada departamento da causa de Deus lhes deve merecer o apoio e atrair o interesse. O grande campo missionário acha-se aberto diante de nós, e esse assunto deve ser agitado, agitado, uma e outra vez. Deve-se fazer o povo compreender que não serão os ouvintes, mas os obradores da Palavra, os que hão de alcançar a vida eterna. E é mister que se lhes ensine também que os que se tornam participantes da graça de Cristo, não somente devem partilhar seus recursos para o avançamento da verdade, mas cumpre-lhes entregar-se também, sem reservas, a Deus. OE 371 1 Alguns ministros são facilmente distraídos de sua obra. Ficam desanimados, ou são afastados pelos laços de família, e deixam um interesse crescente extinguir-se por falta de atenção. Mal se pode calcular o prejuízo sofrido pela causa por essa forma. Quando se realiza uma série de reuniões para proclamar a verdade, o ministro encarregado das mesmas deve sentir-se responsável quanto a levar esse trabalho fielmente avante. Se seus esforços parecem não dar resultado, ele deve, com oração fervorosa, descobrir se esses esforços são o que deviam ser. Cumpre-lhe humilhar sua alma perante Deus, num exame interior e, pela fé, ater-se às promessas divinas, continuando humildemente seus esforços, até sentir-se satisfeito de haver cumprido fielmente seu dever, e feito tudo ao seu alcance para obter o desejado resultado. OE 371 2 Deus não aceita o mais esplêndido serviço, a não ser que o próprio eu haja sido colocado sobre o altar em sacrifício vivo, a consumir-se. A raiz deve ser santa, do contrário não pode haver fruto são, saudável, o qual, somente, pode ser aceito por Deus. ... Enquanto as ambições mundanas, os mundanos projetos e os mais altos planos e desígnio dos homens hão de perecer como a erva, "os entendidos" "resplandecerão, como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas sempre e eternamente". Daniel 12:3. -- Testimonies for the Church 7:248, 249. ------------------------Capítulo 80 -- Fazer face à oposição OE 372 1 Nossos ministros e professores têm de representar o amor de Deus para com o mundo caído. Que a palavra da verdade seja proferida com o coração abrandado pela ternura. Os que se acham em erro sejam tratados com a benignidade de Cristo. Se aqueles por quem trabalhais não apanham imediatamente a verdade, não censureis, não critiqueis nem condeneis. Lembrai-vos de que tendes de representar a Cristo em Sua mansidão, benignidade e amor. OE 372 2 Devemos esperar incredulidade e oposição. A verdade tem tido sempre de lutar com esses elementos. Mas, embora tenhais de fazer face à mais intensa oposição, não acuseis vossos adversários. Eles podem pensar, como fez Paulo, que estão prestando um serviço a Deus; e com tais pessoas devemos manifestar paciência, mansidão e longanimidade. OE 372 3 Não sintamos que temos duras provas a sofrer, sérias lutas a suportar na apresentação de uma verdade impopular. Pensai em Jesus e no que Ele sofreu por vós, e calai-vos. Mesmo quando maltratados e falsamente acusados, não vos queixeis; não profirais palavras de murmuração; não deis lugar em vosso espírito a pensamentos de censura ou descontentamento. Prossegui em linha reta, "tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem". 1 Pedro 2:12. ... OE 372 4 Deveis conduzir-vos com mansidão para com os que se acham em erro; pois não vos encontráveis vós mesmos, havia pouco, cegos em vossos pecados? E não devíeis, em face da paciência de Cristo para convosco, ser brandos e pacientes para com os outros? Deus nos tem dado muitas advertências para manifestarmos grande bondade para com os que se nos opõem, não seja que influenciemos uma alma em direção errônea. OE 373 1 Nossa vida tem de estar escondida com Cristo em Deus. Precisamos conhecer a Cristo individualmente. Só então poderemos representá-Lo devidamente perante o mundo. Fazei ascender constantemente a prece: "Senhor, ensina-me a agir sempre como Jesus o faria em meu lugar." Onde quer que estejamos, devemos fazer brilhar a nossa luz para glória de Deus em boas obras. Este é o grande, importante interesse de nossa vida. Sabedoria em condenar o erro OE 373 2 O Senhor deseja que Seu povo siga outros métodos que não os que levam a condenar o erro, mesmo que a condenação seja justa. Ele quer que façamos alguma coisa mais do que atirar a nossos adversários, acusações que só servem para mais os afastar da verdade. A obra que Cristo veio fazer em nosso mundo, não foi erguer barreiras, nem lançar constantemente em rosto ao povo o fato de que se acham em erro. Aquele que espera esclarecer um povo iludido, deve-se aproximar dele, e por ele trabalhar com amor. Essa pessoa deve tornar-se um centro de santa influência. OE 373 3 Na defesa da verdade, devem-se tratar os mais acerbos adversários com respeito e deferência. Alguns não hão de corresponder aos nossos esforços, mas menosprezarão o convite do evangelho. Outros, mesmo os que supomos haverem passado dos limites da misericórdia de Deus, serão ganhos para Cristo. A última obra no conflito, talvez seja a iluminação dos que não rejeitaram a luz e a evidência, mas que se têm encontrado em densas trevas, e, em ignorância, têm trabalhado contra a verdade. Portanto, tratai a todo homem como sendo sincero. Não pronuncieis uma palavra, nem pratiqueis uma ação que venha a confirmar alguém na incredulidade. OE 374 1 Se alguém procurar arrastar os obreiros para discussões ou debates sobre política ou outras questões, não deis atenção, seja à persuasão, seja ao desafio. Levai avante a obra de Deus com firmeza e vigor, mas, na mansidão de Cristo, e tão sossegadamente quanto possível. Nenhuma jactância humana se faça ouvir. Não se faça notar nenhum indício de presunção. Seja manifesto que Deus nos chamou para lidar com sagradas verdades; pregai a palavra, sede diligentes, sinceros, fervorosos. OE 374 2 A influência de vosso ensino seria dez vezes maior, se tivésseis cuidado com as vossas palavras. As palavras que deviam ser um cheiro de vida para vida, podem, em virtude do espírito que as acompanha, tornar-se um cheiro de morte para morte. E, lembrai-vos de que, se por vosso espírito ou vossas palavras, cerrais a porta a uma alma que seja, essa alma vos há de enfrentar no juízo. OE 374 3 Quando vos referis aos Testemunhos, não julgueis ser vosso dever fazê-lo de maneira autoritária. Ao lê-los, assegurai-vos de não introduzir aí expressões vossas; pois isso tornaria impossível aos ouvintes distinguir entre a palavra do Senhor a eles dirigida, e as vossas. Tende cautela em não tornar ofensiva a palavra do Senhor. OE 374 4 Almejamos ver reformas; e porque não vemos aquilo que desejamos, permitimos muitas vezes que um mau espírito deite gotas de fel em nosso cálice, e assim outros sejam amargurados. Em razão de nossas mal-avisadas palavras, seu espírito se irrita, e são levados à rebelião. OE 375 1 Todo sermão que pregais, todo artigo que escreveis, pode ser inteiramente verdadeiro; uma gota de fel que aí se encontre, porém, será veneno para o ouvinte ou o leitor. Por causa dessa gota de veneno, alguém irá rejeitar toda as vossas boas e aceitáveis palavras. Outro acolhe o veneno; pois gosta de palavras assim duras. Segue o vosso exemplo, e fala da mesma maneira em que falais. E assim se multiplica o mal. OE 375 2 Aqueles que apresentam os eternos princípios da verdade, necessitam do santo óleo transvazado dos ramos das duas oliveiras para o coração. Esse óleo emanará em palavras que transformarão, sem exasperar. A verdade deve ser dita com amor. Então, o Senhor Jesus, por Seu Espírito, proporcionará a força e o poder. Essa é a Sua obra. -- Testimonies for the Church 6:120-123. Como lidar com as objeções OE 375 3 O tempo e as energias podem ser mais bem empregados do que em deter-se longamente com os argumentos capciosos de nossos adversários, que manejam a difamação e a falsidade. Enquanto se perde tempo precioso em seguir as voltas e desvios de oponentes desleais, o povo cujo espírito se acha aberto à convicção vai perecendo por falta de conhecimento. Uma série de absurdas questiúnculas, de diabólica invenção, apresenta-se ao espírito, ao passo que o povo clama por alimento -- por alimento a seu tempo. OE 375 4 Isso faz com que os que têm exercitado a mente em guerrear a verdade fabriquem argumentos. E não é sábio de nossa parte aceitá-las de suas mãos, e passá-las a milhares que nunca nelas haveriam de pensar, caso as não houvéssemos publicado. OE 376 1 Nosso plano de ensino, deve ser o de Cristo. Ele era claro e simples, atacando diretamente a raiz da questão, e o espírito de todos era atingido. Não é o melhor método ser tão explícito, e dizer sobre um ponto tudo quanto se pode dizer, quando alguns argumentos abrangerão o assunto, sendo suficientes, para todos os fins práticos, para convencer e reduzir a silêncio o adversário. OE 376 2 Podereis hoje remover todos os pontos de apoio, tapando a boca dos contraditores de maneira que nada mais possam dizer, e amanhã eles percorrerão o mesmo terreno outra vez. Assim acontecerá sempre e sempre, porque eles não amam a verdade, e não virão para a luz, para que as trevas e os erros não sejam deles afastados. OE 376 3 O ministério de Cristo durou apenas três anos, mas uma grande obra foi feita nesse breve período. Nestes últimos dias, há uma obra vasta a ser feita dentro de pouco tempo. Enquanto muitos se estão preparando para fazer qualquer coisa, almas hão de perecer por falta de luz e conhecimento. OE 376 4 Se homens empenhados em apresentar e defender a verdade bíblica empreendem investigar e mostrar a falácia e incoerência dos homens que, insinceramente, transformam a verdade de Deus em mentira, Satanás há de levantar adversários suficientes para lhes manter a pena constantemente ocupada, enquanto outros ramos da obra terão de sofrer. Devemos possuir mais do espírito daqueles homens que estavam reedificando os muros de Jerusalém. Estamos fazendo uma grande obra, e não podemos descer. Se Satanás for capaz de manter homens ocupados em responder às objeções dos oponentes, impedindo-os assim, de realizar a mais importante obra para o tempo atual, seu objetivo será atingido. ------------------------Capítulo 81 -- Não se devem buscar discussões OE 377 1 Os jovens ministros devem evitar discussões, pois essas não acrescentam a espiritualidade, nem a humildade de espírito. Em alguns casos, talvez seja necessário enfrentar um orgulhoso fanfarrão contra a verdade de Deus, num debate franco; geralmente, porém, essas discussões, sejam orais, sejam escritas, dão em resultado mais dano do que bem. Depois de uma discussão, repousa sobre o ministro uma responsabilidade maior quanto a manter o interesse. Ele deve achar-se em guarda com a reação que é suscetível de ocorrer após uma excitação religiosa, e não ceder ao desânimo. ... OE 377 2 Em geral, o efeito das discussões sobre nossos ministros é torná-los presunçosos, elevados em sua própria estima. Isso não é tudo. Os que gostam de debates não são aptos para servir como pastores do rebanho. Exercitaram a mente em enfrentar adversários, em dizer sarcasmos; e não podem descer até aos corações doridos e necessitados de conforto. ... OE 377 3 Na apresentação de uma verdade impopular, o que importa em pesada cruz, os pregadores devem ter cuidado de que cada palavra seja segundo a vontade de Deus. Suas palavras nunca devem ser cortantes. Devem apresentar a verdade com humildade, com o mais profundo amor pelas almas, e um sincero desejo quanto à salvação delas, deixando que a verdade penetre. -- Testimonies for the Church 3:213-218. OE 377 4 Nem sempre se podem evitar discussões.... As pessoas que gostam de ver adversários em combate, talvez clamem por elas. Outros, que têm o desejo de ouvir as provas de ambos os lados, podem incitar discussões com os mais sinceros motivos; mas sempre que elas forem evitáveis, evitem-se. Elas fortalecem, em regra, a combatividade, e enfraquecem aquele amor puro e aquela sagrada simpatia que sempre se devem achar no coração dos cristãos, muito embora divirjam de opinião. OE 378 1 Nesta época em que vivemos, o solicitarem-se discussões não é prova real de sincero desejo da parte do povo de investigar a verdade, mas provém do amor da novidade e da excitação que em geral acompanha as discussões. Raramente Deus é glorificado ou a verdade impulsionada nesses debates. A verdade é demasiado solene, demasiado importante em seus resultados, para que seja coisa de pouca monta, o ser ela recebida ou rejeitada. Discutir a verdade por amor de mostrar aos adversários a habilidade dos combatentes, é sempre lamentável método; pois isso bem pouco realiza quanto ao avançamento da verdade. OE 378 2 Os oponentes da verdade mostrarão habilidade em apresentar falsamente a posição dos defensores da mesma.... Em regra, eles escarnecem da verdade sagrada, apresentando-a ao público em um tão falso aspecto, que espíritos obscurecidos pelo erro e poluídos pelo pecado, não discernem os motivos e propósitos desses maquinadores em assim encobrir e falsificar importantes verdades. Em virtude dos homens que nelas se empenham, poucas são as discussões que se podem realizar sobre base sã. Dão-se freqüentemente agudos golpes, permitem-se ataques pessoais, e muitas vezes ambas as partes descem ao sarcasmo e ao humorismo. O amor das almas perde-se em face de um desejo maior -- o da supremacia. Profundo e amargo preconceito, eis tantas vezes o resultado.... OE 379 1 Muitos procuram as trevas de preferência à luz, porque suas ações são más. Muitos há, porém, que se a verdade lhes houvesse sido apresentada de maneira diversa, sob outras circunstâncias, dando-lhes uma favorável oportunidade de pesar os argumentos por si mesmos, e comparar texto com texto, teriam ficado encantados com sua clareza, e se apegado a ela. OE 379 2 Tem sido muito imprudente da parte de nossos ministros publicarem ao mundo os astutos sofismas do erro, arranjados por homens mal-intencionados para encobrir e anular os efeitos da solene e santa verdade de Jeová. Esses homens astutos, que armam ciladas para enganar os incautos, dedicam suas energias intelectuais a perverter a Palavra de Deus. Os inexperientes e incautos são iludidos, para ruína sua. Tem sido um grande erro publicar todos os argumentos com que os oponentes combatem a verdade de Deus; pois assim fazendo, espíritos de todas as classes são providos de argumentos em que muitos deles nunca haviam pensado. Alguém terá de prestar contas por essa direção falta de sabedoria. OE 379 3 Os argumentos contra a sagrada verdade, sutis em sua influência, afetam a espíritos que não estão bem informados quanto à força da mesma. A sensibilidade moral da coletividade em geral, acha-se embotada pela familiaridade com o pecado. O egoísmo, a desonestidade e os vários pecados que predominam nesta época degenerada, têm adormecido os sentidos para as coisas eternas, de maneira que não discernem a verdade de Deus. Ao dar publicidade aos errôneos argumentos de nossos adversários, a verdade e o erro são postos ao mesmo nível, no espírito do povo, ao passo que, se pudessem ter diante de si a verdade em sua clareza, com tempo suficiente para verem e avaliarem sua santidade e importância, ficariam convencidos dos fortes argumentos em seu favor, e estariam então preparados para enfrentar os argumentos sobre que seus oponentes insistem. OE 380 1 Os que estão buscando conhecer a verdade e compreender a vontade de Deus, que são fiéis à luz, e zelosos no cumprimento de seus deveres diários, hão de certamente conhecer a doutrina; pois serão guiados em toda a verdade. -- Testimonies for the Church 3:424-427. OE 380 2 Sempre que for necessário para o avançamento da causa da verdade e para a glória de Deus, que se enfrente um adversário, quão cautelosamente, e com que humildade deverão eles [os advogados da verdade] entrar no conflito! Com exame interior, confissão de pecado e sincera oração, e muitas vezes jejuando por algum tempo, devem eles suplicar que Deus lhes dê especial auxílio, concedendo à Sua salvadora e preciosa verdade uma vitória gloriosa, para que o erro se possa mostrar em sua verdadeira deformidade, e seus defensores sejam completamente derrotados.... OE 380 3 Nunca deveis entrar num debate em que tanto se acha em jogo, fiando-vos em vossa habilidade no manejo de poderosos argumentos. Se não é razoavelmente possível evitá-lo, tomai parte na polêmica, mas fazei-o com firme confiança em Deus, e em espírito de humildade, no espírito de Jesus, que vos pediu que aprendêsseis dEle, que é manso e humilde de coração. -- Testimonies for the Church 1:624-626. ------------------------Capítulo 82 -- Métodos deficientes OE 381 1 Há muitos homens de espírito bom, inteligentes relativamente às Escrituras, cuja utilidade é grandemente prejudicada por seus métodos deficientes de trabalho. Alguns dos que se empenham na obra de salvar almas, deixam de obter os melhores resultados, porque não executam cabalmente a obra que iniciaram com muito entusiasmo. Outros se apegam tenazmente a idéias preconcebidas, dando-lhes preeminência, deixando por isso de conformar seus ensinos com as necessidades reais do povo. Muitos não compreendem a necessidade de se adaptarem às circunstâncias, e ir ao encontro do povo. Não se identificam com aqueles a quem desejam auxiliar em atingir a norma bíblica do cristianismo. Alguns deixam de ter êxito, porque confiam unicamente no poder do argumento, e não clamam sinceramente a Deus em busca de Sua sabedoria para dirigi-los, e de Sua graça para lhes santificar os esforços. OE 381 2 Os ministros devem ter cuidado em não exigir demasiado dos que se encontram ainda às apalpadelas nas trevas do erro. Devem fazer bem o seu trabalho, confiando em que Deus comunicará aos espíritos investigadores a misteriosa e vivificante influência do Seu Santo Espírito, sabendo que, sem isso, seus labores são infrutíferos. Cumpre-lhes ser pacientes e sábios no lidar com o espírito das pessoas, lembrando-se de quão múltiplas são as circunstâncias que têm desenvolvido tais traços de caráter nos indivíduos. Devem-se guardar estritamente, também para que o eu não tome a supremacia, e Jesus seja deixado à margem da questão. OE 382 1 Alguns ministros deixam de ter êxito, porque não consagram inteiramente seu interesse à obra, quando muito depende de um esforço persistente e bem dirigido. Não são verdadeiros obreiros; não prosseguem em sua obra fora do púlpito. Eles faltam ao dever de ir de casa em casa, e trabalhar sabiamente no círculo da família. Necessitam de cultivar aquela rara cortesia cristã que os tornaria bondosos e cheios de consideração para com as almas ao seu cuidado, trabalhando por elas em verdadeira sinceridade e fé, ensinando-lhes o caminho da vida. OE 382 2 Há no ministério homens que obtêm aparente êxito dominando os espíritos por meio de influência humana. Eles jogam à vontade com as emoções, fazendo os ouvintes chorar, e dentro de alguns minutos rir. Com um trabalho desta espécie, muitos são, por impulso, levados a professar a Cristo, e supõe-se haver um maravilhoso reavivamento; mas, ao sobrevir a prova, o trabalho não perdura. Os sentimentos são excitados, e muitos são levados com a onda que parece dirigir-se para o Céu; mas, na forte corrente da tentação, volvem atrás, como um galho flutuante. O obreiro se engana a si mesmo, e extravia seus ouvintes. OE 382 3 Os ministros se devem acautelar para não impedir os desígnios de Deus com planos próprios. Muitos se acham em perigo de amesquinhar a obra de Deus, e limitá-la a certas localidades, e não cultivar especial interesse pela causa em todos os seus vários departamentos. OE 383 1 Alguns há, que concentram a mente sobre um assunto, com exclusão de outros que podem ser de igual importância. São homens de uma única idéia. Toda a energia de seu ser se concentra sobre o assunto em que a mente é exercitada no momento. Esse tema favorito é a sua preocupação, seja pensando, seja a palestrar. Todas as outras considerações se perdem de vista. Toda a prova que se relaciona com aquele assunto, é ansiosamente apreendida, sendo considerada por tanto tempo, que as mentes se fatigam em segui-la. OE 383 2 Alguns ministros cometem o erro de pensar que o sucesso depende de arrastar uma grande congregação pelo aparato exterior, anunciando depois a mensagem da verdade em estilo teatral. Isso, porém, é empregar fogo comum, em lugar de fogo sagrado ateado por Deus. O Senhor não é glorificado por essa maneira de trabalhar. Não por meio de notícias sensacionais e dispendiosas exibições, há de Sua obra ser levada a cabo, mas seguindo os métodos de Cristo. "Não por força nem por violência, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos." Zacarias 4:6. É a verdade nua que, qual espada aguda de dois gumes, corta de ambos os lados, despertando para a vida espiritual os que se acham mortos em ofensas e pecados. Os homens hão de reconhecer o evangelho, quando este lhes for apresentado em harmonia com os desígnios de Deus. ------------------------Capítulo 83 -- A obra da temperança OE 384 1 De todos quantos se pretendem contar entre os amigos da temperança, os adventistas do sétimo dia devem-se achar na primeira linha. Por muitos anos tem brilhado em nossa estrada uma torrente de luz quanto aos princípios da verdadeira reforma, e somos responsáveis diante de Deus por fazer essa luz resplandecer para os outros. Anos atrás considerávamos a difusão dos princípios de temperança como um de nossos mais importantes deveres. Assim deve ser hoje em dia. Nossas escolas e sanatórios têm de revelar o poder da graça de Cristo para transformar o ser todo -- corpo, alma e espírito. Nossos sanatórios e outras instituições educativas, devem ser centros de luz e bênção na causa de toda verdadeira reforma. OE 384 2 Devemos, nestes dias, manifestar decidido interesse na obra da União de Temperança das Mulheres Cristãs. Ninguém que professe ter um lugar na obra de Deus, deve perder o interesse no grande assunto dessa organização de temperança. Seria uma boa coisa se pudéssemos, em nossas reuniões gerais, convidar os membros da U.T.M.C. para tomar parte em nossos exercícios religiosos. Isso os ajudaria a se familiarizar com as razões de nossa fé, e abrir o caminho para nós nos unirmos com eles na obra em favor da temperança. Se assim fizermos, havemos de ver que a questão da temperança tem maior significação do que muitos de nós temos suposto. OE 384 3 As obreiras da U.T.M.C. se acham, a alguns respeitos, muito mais adiantadas que nossos dirigentes. O Senhor tem naquela organização almas preciosas, que nos podem ser de grande auxílio em nossos esforços para levar avante o movimento da temperança. E a educação que nosso povo tem tido na verdade bíblica, e no conhecimento das exigências da lei de Jeová, há de habilitar nossas irmãs a comunicar a essas nobres defensoras da temperança aquilo que, espiritualmente, lhes fará bem. Assim se estabelecerá união e simpatia, onde, no passado, existiu por vezes preconceito e desinteligência. Tenho-me surpreendido ao ver a indiferença de alguns de nossos dirigentes para com essa organização. Não podemos fazer uma obra melhor do que unir nossos esforços, tanto quanto nos seja possível fazê-lo sem transigências, com as obreiras da U.T.M.C. OE 385 1 Temos a fazer, no sentido da temperança, uma obra que vai além de falar em público. Precisamos apresentar nossos princípios em folhetos e em nossas revistas. Cumpre-nos empregar todos os meios possíveis para despertar nosso povo para o cumprimento de seu dever de se pôr em contato com os que não conhecem a verdade. O êxito que temos tido na obra missionária, tem sido inteiramente proporcional à abnegação, ao sacrifício dos esforços que temos feito. Só o Senhor sabe quanto poderíamos ter realizado se, como um povo, nos tivéssemos humilhado perante Ele, e proclamado a verdade da temperança de maneira clara e positiva.... Um bom emprego dos dons da providência OE 385 2 Nosso Criador tem outorgado liberalmente ao homem Suas mercês. Fossem todos esses dons da Providência empregados sábia e moderadamente, e a pobreza, a enfermidade e a aflição seriam quase banidas da Terra. Mas ai! vemos por toda parte as bênçãos de Deus transformadas em maldição pela impiedade dos homens. OE 386 1 Não há classe culpada de maior perversão e abuso de Seus preciosos dons, do que os que empregam os produtos do solo na fabricação de bebidas intoxicantes. Os nutritivos cereais, os frutos saudáveis e deliciosos, são convertidos em beberagens que pervertem os sentidos e enlouquecem o cérebro. Em resultado do uso desses venenos, milhares de famílias se acham privadas dos confortos, e mesmo das necessidades da vida, multiplicam-se os atos de violência e de crime, e a moléstia e a morte levam apressadamente milhares e milhares de vítimas para a sepultura, em conseqüência da embriaguez. OE 386 2 Essa obra de destruição é levada avante, sob a proteção das leis da Terra! Por um miserável lucro, os homens têm permissão de fornecer a seus semelhantes as poções que os vão privar de tudo quanto torna esta vida desejável, e de toda esperança quanto à vida por vir. Nem o legislador nem o negociante de bebidas intoxicantes ignoram o resultado de sua obra. Nos bares dos hotéis, nos lugares em que se bebe cerveja, nos salões de jogo, o escravo do apetite despende seus recursos naquilo que destrói a razão, a saúde, a felicidade. O vendedor de bebidas enche o cofre com o dinheiro que devia proporcionar alimento e roupa à família do pobre ébrio. OE 386 3 Esta é a pior espécie de roubo. Todavia homens que ocupam altas posições na sociedade e na igreja prestam seu apoio às leis que isso permitem! ... Assim se corrompe a sociedade, enchem-se os hospícios e as prisões de indigentes e criminosos, e preparam-se vítimas às forcas. O mal não finda com o ébrio e sua infeliz família. Acresce-se a carga de impostos, a moral da juventude periclita, acha-se em risco a propriedade e mesmo a vida de cada membro da sociedade. Mas o quadro nunca poderá ser apresentado bastante vividamente; fica sempre aquém da realidade. Nenhuma pena humana pode descrever plenamente os horrores da intemperança.... A causa da paralisia moral OE 387 1 Como podem homens e mulheres cristãos tolerar esse mal?... Há uma causa para a paralisia moral da sociedade. Nossas leis apóiam um mal que lhes está minando a própria base. Muitos lamentam o mal que sabem existir, mas se consideram livres de qualquer responsabilidade no assunto. Isso não pode ser. Todo indivíduo exerce uma influência na sociedade. Em nossa terra favorecida, todo eleitor tem de certo modo voz em decidir que espécie de leis hão de reger a nação. Não deviam sua influência e voto ser postos do lado da temperança e da virtude?... OE 387 2 Podemos apelar para os amigos da temperança, a fim de que promovam a união para o conflito, e para procurar impedir a onda do mal que está desmoralizando o mundo; mas de que valem todos os nossos esforços, enquanto os negociantes de bebidas alcoólicas forem apoiados por lei? Deverá a maldição da intemperança permanecer para sempre como uma mancha sobre nossa terra? Há de ela assolar todos os anos, qual fogo devorador, milhares de lares felizes? OE 387 3 Falamos nos resultados, trememos em face deles, e cogitamos no que poderemos fazer com esses terríveis resultados, ao passo que, muitas vezes, toleramos, e até sancionamos a causa dos mesmos. Os defensores da temperança deixam de cumprir todo o seu dever, a menos que exerçam sua influência, pela palavra e pelo exemplo -- palavra, pena e voto -- em favor da proibição e abstinência total. É escusado pensar que Deus opere um milagre para efetuar essa reforma, afastando assim a necessidade de esforço de nossa parte. Nós mesmos precisamos de agarrar-nos com esse gigante inimigo, tendo como divisa: Não transigir, nem cessar nossos esforços até que a vitória seja alcançada.... OE 388 1 Que se pode fazer para deter a avolumante onda do mal? Façam-se e imponham-se rigorosamente leis proibindo a venda e o uso de bebidas alcoólicas. Façam-se todos os esforços para estimular os ébrios a voltarem à temperança e à virtude. Mais do que isto, porém, é necessário para banir de nossa terra a maldição da embriaguez. Extinga-se o apetite pelas bebidas intoxicantes, e está então findo o seu uso, e comércio. Esta obra compete em grande parte aos pais. Dêem eles, por uma estrita temperança pessoal, o devido cunho de caráter a seus filhos, educando-os então, no temor de Deus, em hábitos de renúncia e domínio de si mesmos. A mocidade assim exercitada, terá fibra moral para resistir à tentação, e para reger o apetite e a paixão. Ficarão inabaláveis diante da loucura e extravagância que estão corrompendo a sociedade. OE 388 2 A prosperidade de uma nação depende da virtude e inteligência de seus cidadãos. Para garantir essas bênçãos, são indispensáveis hábitos de estrita temperança. A história dos reinos antigos acha-se repleta de lições de advertências para nós. O luxo, a condescendência consigo mesmo e as extravagâncias preparavam o caminho para sua queda. Resta ver se nossa própria república se deixará advertir por seu exemplo, evitando a sorte deles. -- The Review and Herald, 8 de Novembro de 1881. ------------------------Capítulo 84 -- A liberdade religiosa OE 389 1 O princípio pelo qual os discípulos se mantiveram tão destemidamente quando, em resposta à ordem de não falarem mais no nome de Jesus, declararam: "Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus" (Atos dos Apóstolos 4:19), é o mesmo que os adeptos do evangelho se esforçaram por manter nos dias da Reforma. Quando, em 1529, os príncipes alemães se reuniram na Dieta de Espira, estava diante deles o decreto do imperador, restringindo a liberdade religiosa, e proibindo toda posterior disseminação das doutrinas reformadas. Dir-se-ia que a esperança do mundo estava prestes a ser esmagada. Aceitariam os príncipes o decreto? Haveria de ser vedada às multidões ainda em trevas, a luz do evangelho? Achavam-se em jogo decisões importantes para o mundo. Os que haviam aceito a fé reformada reuniram-se, sendo sua unânime decisão: "Rejeitemos este decreto. Em questões de consciência, a maioria não influi." -- D'Aubigné: História da Reforma, livro 13, cap. 5. OE 389 2 Este princípio, temos de manter firmemente em nossos dias. A bandeira da verdade e da liberdade religiosa desfraldada pelos fundadores da igreja evangélica e pelas testemunhas de Deus durante os séculos decorridos desde então, foi, neste último conflito, confiada a nossas mãos. A responsabilidade deste grande dom repousa com aqueles a quem Deus abençoou com o conhecimento de Sua Palavra. Temos de receber essa Palavra como autoridade suprema. Cumpre-nos reconhecer o governo humano como uma instituição designada por Deus, e ensinar obediência ao mesmo como um dever sagrado, dentro de sua legítima esfera. Mas, quando suas exigências se chocam com as reivindicações de Deus, temos que obedecer a Deus de preferência aos homens. A Palavra de Deus precisa ser reconhecida como estando acima de toda a legislação humana. Um "Assim diz o Senhor", não deve ser posto à margem por um "Assim diz a igreja", ou um "Assim diz o Estado". A coroa de Cristo tem de ser erguida acima dos diademas de potentados terrestres. OE 390 1 Não se nos exige que desafiemos as autoridades. Nossas palavras, quer faladas quer escritas, devem ser cuidadosamente consideradas, para que não sejamos tidos na conta de proferir coisas que nos façam parecer contrários à lei e à ordem. Não devemos dizer nem fazer coisa alguma que nos venha desnecessariamente impedir o caminho. Temos de avançar em nome de Cristo, defendendo as verdades que nos foram confiadas. Se somos proibidos pelos homens de fazer essa obra, podemos então dizer como os apóstolos: "Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus; porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido." Atos dos Apóstolos 4:19, 20. -- Atos dos Apóstolos, 68, 69. OE 390 2 A pena de Lutero era uma força, e seus escritos, disseminados largamente, agitaram o mundo. Os mesmos instrumentos se acham à nossa disposição, com recursos cem vezes maiores. Bíblias e publicações em muitas línguas, apresentando a verdade para este tempo, acham-se ao nosso alcance, e podem ser rapidamente levadas a todo o mundo. Cumpre-nos dar a última advertência de Deus aos homens; e qual deveria ser nossa diligência no estudo da Bíblia, e nosso zelo em difundir a luz! -- Testimonies for the Church 6:403. ------------------------Capítulo 85 -- Nossa atitude quanto à política OE 391 1 Aos Mestres e Diretores de Nossas Escolas: Aqueles a cujo cargo se acham nossas instituições e escolas, devem-se acautelar diligentemente, não seja que, por suas palavras e sentimentos, levem os alunos por caminhos falsos. Os que ensinam a Bíblia em nossas igrejas e escolas, não se acham na liberdade de se unir aos que manifestam seus preconceitos a favor ou contra homens e medidas políticos, pois assim fazendo, incitam o espírito dos outros, levando cada um a defender suas idéias favoritas. Existem, entre os que professam crer na verdade presente, alguns que serão assim incitados a exprimir seus sentimentos e suas preferências políticas, de maneira que se introduzirá na igreja a divisão. OE 391 2 O Senhor quer que Seu povo enterre as questões políticas. Sobre esses assuntos, o silêncio é eloqüência. Cristo convida Seus seguidores a chegarem à unidade nos puros princípios evangélicos que são positivamente revelados na Palavra de Deus. Não podemos, com segurança, votar por partidos políticos; pois não sabemos em quem votamos. Não podemos, com segurança, tomar parte em nenhum plano político. Não podemos trabalhar para agradar a homens que irão empregar sua influência para reprimir a liberdade religiosa, e pôr em execução medidas opressivas para levar ou compelir seus semelhantes a observar o domingo como sábado. O primeiro dia da semana não é um dia para ser reverenciado. É um sábado espúrio, e os membros da família do Senhor não podem ter parte com os homens que o exaltam, e violam a lei de Deus, pisando Seu sábado. O povo de Deus não deve votar para colocar tais homens em cargos oficiais; pois assim fazendo, são participantes nos pecados que eles cometem enquanto investidos desses cargos. OE 392 1 Não devemos transigir com os princípios, para ceder às opiniões e preconceitos que talvez animássemos antes de nos unir com o povo observador dos mandamentos de Deus. Temo-nos alistado no exército do Senhor, e não nos cabe combater do lado do inimigo, mas do lado de Cristo, onde podemos ser um todo unido, em sentimento, ação, espírito e comunhão. Os que são deveras cristãos são ramos da Videira verdadeira, e darão o mesmo fruto que ela. Agirão em harmonia, em comunhão cristã. Não usarão distintivos políticos, mas os de Cristo. OE 392 2 Que devemos então fazer? -- Deixai os assuntos políticos em paz. "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?" 2 Coríntios 6:14, 15. Que pode haver de comum entre esses partidos? Não pode haver sociedade, nem comunhão. OE 392 3 A palavra "sociedade" importa em participação, parceria. Deus emprega as mais vigorosas imagens para mostrar que não deve haver união entre partidos mundanos e aqueles que estão buscando a justiça de Cristo. Que comunhão pode haver entre a luz e as trevas, a verdade e a injustiça? -- Nenhuma, absolutamente. A luz representa a justiça; as trevas, a injustiça. Os cristãos saíram das trevas para a luz. Eles se revestiram de Cristo, e usam a divisa da verdade e obediência. São regidos pelos princípios elevados e santos que Cristo exemplificou em Sua vida.... OE 393 1 Os mestres, na igreja ou na escola, que se distinguem por seu zelo na política, devem ser destituídos sem demora de seu trabalho e suas responsabilidades; pois o Senhor não cooperará com eles. O dízimo não deve ser empregado para pagar ninguém para discursar sobre questões políticas. Todo mestre, ministro ou dirigente em nossas fileiras, que é agitado pelo desejo de ventilar suas opiniões sobre questões políticas, deve-se converter pela crença na verdade, ou renunciar à sua obra. Sua influência deve ser a de um coobreiro de Deus no conquistar almas para Cristo, ou devem ser-lhe cassadas as credenciais. Se ele não muda, há de ser nocivo, apenas nocivo.... OE 393 2 "Apartai-vos" OE 393 3 Rogo aos meus irmãos designados para educar, que mudem sua maneira de agir. É um engano de vossa parte o ligar vossos interesses com qualquer partido político, dar o vosso voto com eles ou por eles. Os que ocupam o lugar de educadores, de ministros, de colaboradores de Deus em qualquer sentido, não têm batalhas a travar no mundo político. Sua cidadania se acha nos Céus. Deus pede-lhes que permaneça como um povo separado e peculiar. Ele não quer que haja cismas no corpo de crentes. Seu povo tem de possuir os elementos de reconciliação. OE 393 4 É porventura sua obra fazer inimigos no mundo político? -- Não, não. Eles têm de permanecer como súditos do reino de Cristo, levando a bandeira em que se acha inscrito: "Os mandamentos de Deus, e a fé de Jesus." Têm de ter a responsabilidade de uma obra especial, de uma especial mensagem. Temos uma responsabilidade individual, e isso tem de ser revelado em presença do universo celeste, dos anjos e dos homens. Deus não nos pede que ampliemos nossa influência misturando-nos com a sociedade, ligando-nos com os homens em questões políticas, mas ficando como partes individuais de Seu grande todo, tendo Cristo como nossa cabeça. Cristo é nosso Príncipe, e, como súditos Seus, cumpre-nos realizar a obra que nos foi designada por Deus.... OE 394 1 Talvez se pergunte: Não devemos ter ligação alguma com o mundo? A palavra do Senhor tem de ser nosso guia. Qualquer ligação com os infiéis e incrédulos, que nos viesse identificar com eles, é proibida pela Palavra. Temos de sair do meio deles, e ser separados. Em caso algum devemos unir-nos a eles em seus planos de trabalho. Mas não devemos viver isoladamente. Cumpre-nos fazer aos mundanos todo o bem que nos seja possível. OE 394 2 Cristo nos deu um exemplo disto. Quando convidado a comer com publicanos e pecadores, não Se recusava; pois de nenhum outro modo, senão misturando-Se com eles, poderia chegar a essa classe. Mas, em toda ocasião... puxava temas de conversação que lhes apresentavam ao espírito os interesses eternos. E Ele nos ordena: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem o vosso Pai, que está nos Céus." Mateus 5:16. OE 394 3 Quanto à questão da temperança, assumi, sem vacilação, vossa atitude. Sede firmes como a rocha. Não participeis dos pecados dos outros.... OE 395 1 Há uma grande vinha a ser cultivada; mas, conquanto os cristãos tenham de trabalhar entre os incrédulos, não se devem parecer com os mundanos. Não devem gastar seu tempo a falar de política e agir em favor dela; pois assim fazendo, dão oportunidade ao inimigo de penetrar e causar desinteligências e discórdias. Aqueles, dentre os ministros, que desejam ser políticos, devem perder suas credenciais; pois essa obra Deus não deu a elevados nem a humildes dentre Seu povo. OE 395 2 Deus pede a todos quantos ministram em palavra e doutrina, que dêem à trombeta um sonido certo. Todos quantos receberam a Cristo, ministros e membros leigos, devem levantar-se e resplandecer; pois grandes perigos se acham iminentes sobre nós. Satanás está agitando os poderes da Terra. Tudo neste mundo se acha em confusão. Deus pede a Seu povo que mantenha acima de tudo a bandeira que apresenta a mensagem do terceiro anjo.... OE 395 3 Os filhos de Deus têm de se separar da política, de toda aliança com os incrédulos. Não devem ligar seus interesses aos do mundo. "Provai vossa aliança comigo", diz Ele, "permanecendo como Minha herança escolhida, como um povo zeloso de boas obras." Não tomeis parte em lutas políticas. Separai-vos do mundo, refreai-vos quanto a introduzir na igreja ou escola idéias que hão de levar a contendas e perturbações. As dissensões são o veneno moral introduzido no organismo pelos seres humanos egoístas. Deus quer que Seus servos tenham clara percepção, verdadeira e nobre dignidade, para que sua influência manifeste o poder da verdade. OE 395 4 A vida cristã não deve ser vivida a esmo ou depender de emoções. A verdadeira influência cristã, exercida para a realização da obra designada por Deus, é um precioso instrumento, e não se deve unir com política, ou ligar em aliança com incrédulos. Deus tem de ser o centro de atração. Toda mente em que o Espírito Santo opera, satisfar-se-á com Ele. -- Carta 95, 16 de Junho de 1889. OE 396 1 "Nenhum de nós vive para si." Romanos 14:7. Lembrem os que são tentados a imiscuir-se com a política, que todo passo que eles dão tem sua influência sobre outros. Quando ministros, ou outros que ocupem posição de responsabilidade, fazem observações a respeito desses assuntos, não podem recolher os pensamentos que plantaram em outros espíritos. Sob as tentações de Satanás, puseram em operação uma corrente de circunstâncias conducentes a resultados que eles mal sonham. Um ato, uma palavra, um pensamento atirado à mente do grande ajuntamento humano, caso leve a sanção celestial, dará uma colheita de preciosos frutos; mas, se é inspirado por Satanás, fará brotar a raiz de amargura com que muitos serão contaminados. Portanto, os despenseiros da graça de Deus, em todo ramo de serviço, estejam alerta quanto a não misturar o comum com o sagrado. OE 396 2 Por mais de uma vez Cristo foi solicitado a decidir questões políticas e jurídicas; mas recusava-Se a interferir em assuntos temporais.... Ele ocupava no mundo o lugar de Cabeça do grande reino espiritual para cujo estabelecimento aqui viera -- o reino da justiça. Seus ensinos tornaram claros os princípios enobrecedores, santificadores que regem Seu reino. Mostrou que a justiça, misericórdia e amor são as forças dominantes no reino de Jeová. -- Testimonies for the Church 9:218. ------------------------Capítulo 86 -- A obra em favor dos judeus OE 397 1 Ao tempo em que Jerusalém foi destruída e o templo posto em ruínas, muitos milhares de judeus foram vendidos para servir como escravos em terras pagãs. Como náufragos numa praia deserta, foram espalhados entre as nações. Por mil e oitocentos anos têm os judeus vagueado de terra em terra através do mundo, e em nenhum lugar tem-se-lhes dado o privilégio de recuperarem o antigo prestígio como nação. Malsinados, odiados, perseguidos, de século em século sua herança tem sido de sofrimento. OE 397 2 Muito embora a tremenda sentença pronunciada sobre os judeus como nação ao tempo da rejeição de Jesus de Nazaré, por parte deles, tem havido de século em século muitos judeus nobres, homens e mulheres, tementes a Deus, os quais têm sofrido em silêncio. Deus tem confortado seus corações em aflição, e tem contemplado com piedade sua terrível situação. Tem ouvido as agonizantes orações dos que de todo o coração O têm buscado para uma justa compreensão de Sua Palavra. Alguns têm aprendido a ver no humilde Nazareno a quem seus antepassados rejeitaram e crucificaram, o verdadeiro Messias de Israel. Ao alcançar sua mente o significado das familiares profecias há muito obscurecidas pela tradição e errada interpretação, seu coração se tem enchido de gratidão a Deus pelo dom inaudito que Ele outorga a todo ser humano que escolhe aceitar a Cristo como um Salvador pessoal. OE 397 3 É a esta classe que Isaías se refere em sua profecia: "O remanescente é que será salvo." Ver Isaías 10:20-22. Desde os dias de Saulo até o presente, Deus pelo Seu Espírito Santo tem estado a chamar tanto a judeus como a gentios. "Deus não faz acepção de pessoas", declarou Paulo. O apóstolo considerava-se a si mesmo devedor "tanto a gregos como a bárbaros", bem como a judeus; mas jamais perdeu ele de vista as decididas vantagens que os judeus haviam possuído sobre outros, "primeiramente", porque "as palavras de Deus lhe foram confiadas". "O evangelho", declarou, "é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé." É deste evangelho de Cristo, igualmente eficaz a judeus e gentios, que Paulo em sua epístola aos romanos declara não se envergonhar. OE 398 1 Quando este evangelho for apresentado em sua plenitude aos judeus, muitos aceitarão a Cristo como o Messias. Entre os ministros cristãos há poucos que se sentem chamados a trabalhar pelo povo judeu; mas aos que têm sido passados por alto, bem como a todos os outros, deve chegar a mensagem de misericórdia e esperança em Cristo. OE 398 2 Na proclamação final do evangelho, quando deve ser feito um trabalho especial pelas classes de pessoas até aqui negligenciadas, Deus espera que Seus mensageiros tomem interesse especial pelo povo judeu, o qual eles encontram em todas as partes da Terra. Ao serem as Escrituras do Velho Testamento amalgamadas com o Novo numa explanação do eterno propósito de Jeová, isto será para muitos judeus como o raiar de uma nova criação, a ressurreição da alma. Ao verem o Cristo da dispensação evangélica retratado nas páginas das Escrituras do Velho Testamento, e perceberem quão claramente o Novo Testamento explica o Velho, suas adormecidas faculdades despertarão e eles reconhecerão a Cristo como o Salvador do mundo. Muitos receberão a Cristo pela fé como seu Redentor. Em relação a eles se cumprirão as palavras: "Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no Seu nome." João 1:12. OE 399 1 Há entre os judeus alguns que, como Saulo de Tarso, são poderosos nas Escrituras, e esses proclamarão com maravilhoso poder a imutabilidade da lei de Deus. O Deus de Israel fará que isto suceda em nossos dias. Seu braço não está encolhido para que não possa salvar. Ao trabalharem Seus servos em fé pelos que de muito têm sido negligenciados e desprezados, Sua salvação será revelada. OE 399 2 "Assim diz o Senhor, que remiu a Abraão, acerca da casa de Jacó: Jacó não será agora envergonhado, nem agora se descorará a sua face. Mas quando vir a Seus filhos, a obra das Minhas mãos, no meio dele, santificarão o Meu nome, e santificarão ao Santo de Jacó, e temerão ao Deus de Israel. E os errados de espírito virão a ter entendimento, e os murmuradores aprenderão doutrina." Isaías 29:22-24. -- Atos dos Apóstolos, 379-382. ------------------------Capítulo 87 -- A importância das reuniões campais OE 400 1 A reunião campal é um dos mais importantes instrumentos em nossa obra. É um dos métodos mais eficazes para chamar a atenção do povo, e alcançar todas as classes com o convite evangélico.... OE 400 2 Se nossas reuniões campais forem dirigidas como devem ser, serão realmente uma luz no mundo. Elas devem ser realizadas nas grandes cidades e vilas onde a mensagem da verdade não foi proclamada. E devem continuar por duas ou três semanas. Talvez seja às vezes aconselhável realizar uma reunião campal por várias ocasiões no mesmo local; mas em regra, o lugar de reuniões deve ser mudado de ano para ano. Em vez de se efetuarem enormes reuniões em outras localidades, haverá mais benefício em ter reuniões menores em muitos lugares. Assim a obra se estenderá continuamente para novos campos.... OE 400 3 Tem-se cometido um erro em realizar reuniões campais em sítios fora de mão, e em continuar a fazê-las no mesmo lugar durante anos. Assim se tem feito para poupar despesas e trabalho; mas a economia deve ser feita noutros sentidos. Especialmente em novos campos, a falta de meios torna às vezes difícil fazer face às despesas de uma reunião campal. Deve-se exercer cuidadosa economia, delineando-se planos não dispendiosos; pois assim muito se pode poupar. Não se prejudique a obra, porém. Este método de apresentar a verdade ao povo provém de nosso Deus. Quando se tem de trabalhar em benefício de almas, e levar a verdade aos que a desconhecem, a obra não deve ser prejudicada para poupar despesas.... Atrair assistência OE 401 1 Uma ocasião, enquanto nós estávamos preparando para realizar uma reunião campal próximo de uma grande cidade onde pouco era conhecido nosso povo, pareceu-me, uma noite, achar-me numa reunião realizada a fim de se consultar quanto à obra a ser feita antes da referida reunião. Foi proposto que se fizessem grandes esforços, e se incorresse em grandes despesas para distribuir notícias em jornais. Estavam-se tomando providências para a execução desse plano, quando Alguém que é sábio em conselhos, disse: OE 401 2 "Armai vossas tendas, começai vossas reuniões e depois anunciai; e efetuar-se-á mais. A verdade falada pelo pregador vivo terá maior influência do que quando anunciada nos jornais. Mas ambos os métodos unidos terão ainda mais força. OE 401 3 "Não é o melhor plano seguir uma determinada maneira de trabalho ano após ano. Mudai a ordem das coisas. Quando proporcionais tempo e oportunidade, Satanás se prepara para reunir suas forças, e trabalhará para destruir toda alma que seja possível. OE 401 4 "Não desperteis oposições antes de o povo ter oportunidade para ouvir a verdade, e saber a que estão fazendo oposição. Reservai vossos meios para fazer uma vigorosa obra depois da reunião, de preferência a fazê-la antes. Se for possível conseguir um prelo que funcione durante a reunião, imprimindo folhetos, notícias e jornais para serem distribuídos, isso terá considerável influência." OE 401 5 Em algumas de nossas reuniões campais, grandes grupos de obreiros se têm organizado para sair pela cidade e seus subúrbios distribuindo literatura, e convidando o povo para as reuniões. Por esse meio conseguiram-se centenas de pessoas como assistência regular durante a última metade das reuniões; pessoas que, de outro modo, mal teriam pensado a respeito delas. Precisamos empregar todo meio razoável de levar a luz ao povo. ... OE 402 1 Os que se têm interessado têm de enfrentar os sofismas e falsas apresentações dos ministros populares, e não sabem responder a essas coisas. A verdade apresentada pelo pregador vivo deve ser publicada na maneira mais condensada possível, e amplamente disseminada. Na medida do possível, publiquem-se nos jornais os importantes discursos proferidos em nossas reuniões campais. Assim, a verdade que foi apresentada a um limitado número, achará acesso a muitos espíritos. E em casos em que tenha havido desfiguração da verdade, o povo terá uma oportunidade de saber exatamente o que o ministro disse.... Negócios OE 402 2 Nossas reuniões campais devem, o quanto possível, ser dedicadas a interesses espirituais. Não se devem tornar ocasião para efetuar reuniões de comissões. Reúnem-se obreiros de todas as partes do campo, e parece uma ocasião favorável para considerar assuntos de negócios relacionados com os vários ramos da obra, e para o preparo de obreiros nos vários ramos também. OE 402 3 Todos esses interesses são importantes, mas quando são considerados numa reunião campal, pouca é a oportunidade que resta para tratar das relações práticas da verdade para com a alma. Os ministros são distraídos de sua obra de edificar os filhos de Deus na santíssima fé, e a reunião campal não preenche o fim a que se designava. OE 402 4 Muitas reuniões se dirigem em que a maior parte do povo não tem interesse; e se pudessem assistir a todas, retirar-se-iam cansados, em lugar de ter recebido refrigério e benefício. Muitos ficam decepcionados por falhar sua esperança de receber auxílio da reunião campal. Os que vieram em busca de luz e de forças, regressam à casa pouco mais habilitados a trabalhar na família e na igreja, do que o estavam antes de assistirem às reuniões. OE 403 1 Os assuntos administrativos devem ser tratados pelos que são especialmente designados para isso. E, o quanto possível, devem ser apresentados ao povo em outras ocasiões, e não nas reuniões campais. Instruções relativamente à colportagem, à obra da Escola Sabatina e às minúcias do trabalho missionário e com folhetos, devem ser dadas nas igrejas locais, ou em reuniões especialmente designadas. O mesmo quanto às classes culinárias. Se bem que estas sejam boas em seu devido lugar, não devem ocupar o tempo de nossas reuniões campais. OE 403 2 Os presidentes de associações e os ministros devem-se dedicar aos interesses espirituais do povo, devendo assim ser dispensados do trabalho material ligado às reuniões. Cumpre aos ministros estar preparados para servir como mestres e dirigentes na obra do acampamento, quando necessário; mas não se deviam extenuar. Devem-se sentir refrigerados, e numa agradável disposição de espírito; pois isso é essencial para melhor proveito da reunião. Devem ser capazes de proferir palavras de animação e deixar cair sementes de verdade espiritual no solo dos corações sinceros. ... O preparo dos jovens obreiros OE 403 3 Os que se estão preparando para qualquer ramo da obra, devem aproveitar toda oportunidade de trabalhar na reunião campal. Onde quer que se realizem essas reuniões, os moços que receberam preparo em assuntos médicos devem sentir que é seu dever desempenhar sua parte. Devem ser animados a não somente agir em sentido médico, mas também falar sobre os pontos da verdade presente, dando a razão de sermos adventistas do sétimo dia. Esses moços, uma vez que lhes seja facultada a oportunidade de trabalhar com ministros mais idosos, terão muito proveito e bênçãos.... OE 404 1 Quando devidamente dirigidas, as reuniões campais são uma escola em que pastores, anciãos, e diáconos podem aprender a fazer trabalho mais perfeito para o Mestre. Elas devem ser uma escola onde os membros da igreja, velhos e moços, tenham ocasião de aprender mais perfeitamente o caminho do Senhor, onde os crentes possam receber um preparo que os auxilie a ajudar os outros.... OE 404 2 Uma noite, antes de uma importante reunião, pareceu-me, enquanto dormia, achar-me em reunião com os irmãos, escutando a Alguém que falava com autoridade. Disse Ele: OE 404 3 "Assistirão a esta reunião muitas almas sinceramente ignorantes das verdades que hão de ser apresentadas. Elas ouvirão, e ficarão interessadas, porque Cristo as está atraindo; a consciência lhes diz que o que ouvem é verdade, pois tem a Bíblia por base. É mister o máximo cuidado ao tratar com essas almas. OE 404 4 "Ofereçam-se-lhes porções da mensagem que elas sejam capazes de apreender e assimilar. Conquanto possam parecer estranhas e surpreendentes, muitos hão de reconhecer com alegria que se projeta sobre a Palavra de Deus uma nova luz; ao passo que, se novas verdades fossem apresentadas em tão grande quantidade que eles não pudessem compreendê-las, alguns se afastariam para nunca mais voltar. Alguns, no esforço de contar a outros, desfigurariam o que tinham ouvido. Outros, haviam de torcer de tal maneira as Escrituras, que deixariam outros espíritos confusos. OE 405 1 "Aqueles que estudarem os métodos de ensino de Cristo, e se educarem em Lhe seguir o trilho hão de atrair grande número de pessoas, mantendo sua atenção, como Cristo fazia outrora. Em cada reunião, Satanás se achará no acampamento, a fim de lançar sua sombra infernal entre o homem e Deus, para interceptar cada raio de luz que possa brilhar na alma. Mas, quando a verdade em seu caráter prático é insistentemente apresentada ao povo porque o amais, almas se convencerão, porque o Espírito Santo de Deus há de impressionar os corações. OE 405 2 "Revesti-vos de humildade: orai para que anjos de Deus vos estejam estreitamente unidos para impressionar a mente do povo; pois não sois vós que dirigis o Espírito Santo, mas Ele deve dirigir-vos a vós. É o Espírito Santo que torna a verdade impressiva. Mantende a verdade prática sempre perante o povo." OE 405 3 Não salienteis os aspectos da verdade que são uma condenação dos costumes e práticas do povo enquanto eles não tiverem ocasião de saber que acreditamos em Cristo, em Sua divindade e preexistência. Insistamos no testemunho do Redentor do mundo. Ele diz: "Eu, Jesus, enviei o Meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas." Apocalipse 22:16. ... OE 405 4 Sempre que for possível, todo discurso importante deve ser seguido de um estudo bíblico. Então, os pontos apresentados podem ser aplicados, podem-se fazer perguntas, e inculcarem-se idéias justas. Deve-se consagrar mais tempo a educar pacientemente o povo, dando-lhe oportunidade de exprimir-se por si mesmo. É de instrução que os homens necessitam, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra. OE 406 1 Também se devem realizar reuniões especiais para os que se estão interessando nas verdades apresentadas, e necessitam de instruções. O povo deve ser convidado a essas reuniões, e todos, tanto crentes como não, devem ter ensejo de fazer perguntas sobre pontos que não sejam plenamente entendidos. Dai a todos oportunidade de falar de suas perplexidades, pois hão de tê-las. Fazei com que o povo veja que em todos os sermões e estudos bíblicos, se apresenta um claro "Assim diz o Senhor" para a fé e as doutrinas que defendemos. OE 406 2 Este era o método de ensino de Cristo. Ao falar ao povo, este O interrogava quanto ao sentido de Suas palavras. Aos que estavam buscando humildemente a luz, Ele estava sempre pronto a dar explicações das mesmas. Mas Cristo não animava a crítica nem a astúcia, e nós não o devemos fazer. Quando as pessoas procuram provocar uma discussão acerca de pontos controversos de doutrina, dizei-lhes que a reunião não se destina a isso. Quando respondeis a uma pergunta, buscai certificar-vos de que os ouvintes vejam e reconheçam que ela está respondida. Não deixeis cair uma pergunta, dizendo que a façam de outra vez. Apalpai vosso caminho passo a passo, e vede quanto obtivestes. -- Testimonies for the Church 6:31-69. ------------------------Capítulo 88 -- Menos pregar, mais ensinar OE 407 1 Não se deve exigir, em nossas reuniões campais, que um ou dois obreiros dirijam todas as pregações e ensinos no terreno bíblico. Efetuar-se-á, por vezes, mais benefício, dividindo a grande congregação em grupos. Assim pode o educador em matéria bíblica chegar em mais estreito contato com o povo, do que numa grande assembléia. OE 407 2 Há muito mais pregação do que devia haver, em nossas reuniões campais. Isso impõe aos ministros um pesado encargo e, conseqüentemente, fica negligenciado muito do que merece atenção. Muitas pequeninas coisas que abrem a porta a males sérios, passam despercebidas. O ministro é prejudicado em sua resistência física, e privado do tempo de que necessita para meditação e oração, a fim de manter sua própria alma no amor de Deus. E quando se amontoam tantos discursos, um após outro, o povo não tem tempo de assimilar o que ouve. A mente fica-lhes confusa, e os serviços se lhes tornam enfadonhos e fatigantes. OE 407 3 Deve haver menos pregação e mais ensino. Há pessoas que desejam uma luz mais definida do que a que recebe ouvindo os sermões. Alguns requerem mais tempo do que outros para compreender os pontos apresentados. Se se pudesse esclarecer um pouco mais a verdade apresentada, vê-la-iam e dela se haveriam de apoderar; ela seria como um prego firmado em lugar seguro. OE 407 4 Foi-me mostrado que nossas reuniões campais hão de crescer em interesse e êxito. Ao aproximarmo-nos do fim, tenho visto que deve haver, nessas reuniões menos pregação, e mais estudos bíblicos. Haverá por todo o acampamento pequenos grupos, de Bíblia na mão, e várias pessoas dirigindo um estudo escriturístico de maneira franca, em forma de conversação. OE 408 1 Era este o método por que Cristo ensinava Seus discípulos. Quando as grandes multidões se apinhavam em torno do Salvador, Ele costumava dar instruções aos discípulos e às massas. Então, depois do discurso, os discípulos misturavam-se com o povo, repetindo-lhes o que Cristo dissera. Muitas vezes os ouvintes haviam aplicado mal as palavras de Cristo, e os discípulos lhes diziam o que declaravam as Escrituras, e o que Cristo havia ensinado que elas diziam. -- Testimonies for the Church 6:87, 88. OE 408 2 O grande Mestre punha Seus ouvintes em contato com a Natureza, a fim de ouvirem a voz que fala em todas as coisas criadas; e quando o coração deles se enternecia e o espírito se achava numa disposição de receptividade, Ele os ajudava a interpretar os ensinos espirituais das cenas sobre que pousava seu olhar. As parábolas por meio de que gostava de ensinar lições da verdade, mostram quão aberto se achava Seu espírito às influências da Natureza, e como Ele Se deleitava em tirar os ensinos espirituais do ambiente da vida diária. As aves do céu, os lírios do campo, o semeador e a semente , o pastor e as ovelhas -- tais eram as coisas com que Cristo ilustrava a verdade imortal. Ele tirava também ilustrações dos acontecimentos da vida, fatos da experiência familiar aos ouvintes -- o fermento, o tesouro escondido, a pérola, a rede de pescar, a moeda perdida, o filho pródigo, a casa na rocha, e na areia. Em Suas lições havia qualquer coisa que interessava todos os espíritos, que falava a todo coração. -- Educação, 102. ------------------------Capítulo 89 -- Sementeira e colheita OE 409 1 "Um é o que semeia, e outro o que ceifa." João 4:37. O Salvador proferiu essas palavras visando à ordenação e envio dos Seus discípulos. Jesus estivera a semear através da Judéia a semente da verdade. Havia, clara e distintamente, delineado o plano da salvação; pois a verdade nunca esmorecia em Seus lábios. A obra terrestre do grande Mestre, devia concluir-se dentro em pouco. Os discípulos tinham de seguir, ceifando onde Ele havia semeado, para que ambos, o Semeador e os ceifeiros, se pudessem juntamente regozijar. OE 409 2 Deus necessita hoje em dia, em Seu grande campo de colheita, de semeadores e de ceifeiros. Lembrem-se os que saem para a obra, uns a semear e outros a ceifar, de que nunca devem tomar para si mesmos a honra do êxito de seu trabalho. Os instrumentos designados por Deus têm estado antes deles, preparando o caminho para a sementeira e a colheita da seara. "Eu os enviei a ceifar onde vós não trabalhastes", disse Cristo; "outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho." João 4:38. OE 409 3 "E o que ceifa recebe galardão, e ajunta fruto para a vida eterna; para que, assim o que semeia como o que ceifa, ambos se regozijem." João 4:36. Lede cuidadosamente essas palavras. Estudai-lhes a significação; pois elas esboçam o plano de Deus. Os que semeiam a semente, apresentando perante grandes e pequenos ajuntamentos a probante verdade para este tempo, à custa de muito trabalho, talvez nem sempre ceifem. Muitas vezes os obreiros do Senhor sofrem acerba oposição, e sua obra é impedida. Eles fazem o mais que lhes é possível; com esforço diligente e penoso, semeiam a boa semente. Mas o elemento de oposição se torna cada vez mais feroz. Alguns dos ouvintes podem estar convencidos da verdade, mas se intimidam diante da oposição manifestada, e não têm a coragem de reconhecer suas convicções. OE 410 1 A vida dos obreiros talvez corra perigo da parte dos que são manejados por Satanás. Cabe-lhes então o privilégio de seguir o exemplo de seu Mestre, retirando-se para outro lugar. "Não acabareis de percorrer as cidades de Israel", disse Cristo, "sem que venha o Filho do homem." Mateus 10:23. Passem os obreiros da verdade a outro campo. Aí poderá haver uma oportunidade mais favorável para o trabalho, e talvez semeiem com êxito a semente da verdade, segando a messe. A notícia desse êxito chegará ao lugar onde o trabalho foi aparentemente mal-sucedido, e o próximo mensageiro da verdade que ali for, receberá melhor acolhimento. OE 410 2 A semente semeada entre provas e desânimo mostrará possuir vida e vitalidade. A adversidade, a aflição, a perda de propriedade, as mudanças da providência de Deus, evocarão de maneira viva as palavras proferidas anos antes pelo fiel servo de Deus. A semente lançada brota e dá frutos. OE 410 3 Deus tem necessidade de homens e mulheres sábios que trabalhem diligentemente para realizar a obra que lhes foi confiada. Ele os empregará como instrumentos na conversão de almas. Uns semearão, e outros hão de segar a colheita do que foi semeado. Faça cada um o que lhe for possível para desenvolver seus talentos, para que Deus Se sirva dele, seja como semeador, seja como ceifeiro. ------------------------Capítulo 90 -- Presidentes de associação OE 413 1 O Senhor tem sido servido de apresentar-me muitas coisas com relação ao chamado a ao trabalho de nossos ministros, especialmente os que foram designados para presidentes de associação. Grande cuidado deve ser exercido na escolha de homens para essas posições de confiança. Deve haver fervorosa oração em busca de iluminação divina. OE 413 2 Os que são assim indicados para superintendentes do rebanho, devem ser homens de boa reputação; homens que dêem provas de possuir, não somente conhecimento das Escrituras, mas experiência na fé, na paciência, para que, em mansidão, possam instruir os que se opõem à verdade. Devem ser homens íntegros, não neófitos, mas inteligentes estudantes da Palavra, aptos para ensinar a outros também, tirando do tesouro coisas novas e velhas; homens que, em caráter, palavras, conduta, sejam uma honra à causa de Cristo, ensinando a verdade, vivendo a verdade, crescendo até à estatura perfeita em Cristo Jesus. Isso importa no desenvolvimento e fortalecimento de cada faculdade mediante o exercício da mesma, para que os obreiros se tornem aptos a suportar maiores responsabilidades, à medida que a obra aumenta. OE 414 1 O Senhor Jesus ligou Judas e Pedro a Si mesmo, não porque eles fossem defeituosos de caráter, mas a despeito de seus defeitos. Queria dar-lhes uma oportunidade de aprender na escola dEle, a mansidão e humildade de coração, a fim de que se tornassem coobreiros Seus. E, caso eles aproveitassem essas oportunidades, tivessem boa vontade de aprender, fossem prontos a reconhecer suas deficiências e, à luz de um exemplo puro, se tornassem tudo quanto Cristo desejava que eles fossem, seriam então uma maior bênção à igreja. OE 414 2 Assim lida o Senhor Jesus ainda com os homens. Alguns que são imperfeitos em caráter se acham ligados a interesses solenes, sagrados; e, quando escolhidos para uma obra especial, não devem pensar que sua própria sabedoria lhes seja suficiente, que não precisam ser aconselhados, reprovados e instruídos. Irmãos, se pensardes desta maneira, separar-vos-eis da Fonte de vossa força, e estareis em perigo. Podereis ser abandonados a vossa própria suposta suficiência, para fazer como fez Judas -- trair vosso Senhor.... Esperar conselhos dos homens OE 414 3 Algumas de nossas associações são fracas em experiência cristã, porque seus dirigentes -- e o povo lhes tem seguido o exemplo -- têm buscado a aprovação dos homens, com muito maior ansiedade do que a de Deus. Têm esperado mais auxílio e conselho de homens, do que de Deus. Têm depositado seus cuidados sobre homens, e aceitado sabedoria humana em casos e ocasiões em que deviam haver esperado em Deus. E muitas vezes aqueles de quem eles buscavam conselhos, necessitavam, por sua vez, de ser auxiliados; pois sua alma não estava reta para com Deus. Os presidentes de nossas associações se têm enfraquecido e tornado ineficientes por tornar a carne o seu braço. Confiança na sabedoria do homem não facilita o crescimento na graça e no conhecimento de Cristo. OE 415 1 Irmãos, quando surgirem perplexidades em vossa associação, quando se tiverem emergências a enfrentar, não permitais que essas nuvens sombrias se introduzam na Associação Geral, se vos for possível evitá-lo. O presidente da Associação Geral não deve ser sobrecarregado com os negócios das associações locais, como tem acontecido até agora. Se vós, com vossos coobreiros, não podeis solver as perturbações e dificuldades que aparecem em vossa associação, como pensais que um homem o possa fazer com as questões que surgem em todas as associações? Por que havíeis de despejar todas as vossas perplexidades e desânimos no espírito e coração sobrecarregado do presidente da Associação Geral? Ele não pode compreender a situação tão bem como vós que vos achais no terreno das mesmas. Se vos esquivais a responsabilidades e cruzes, e a suportar cuidados, dura reflexão e fervoroso orar, e esperais no presidente da Associação Geral para fazer vosso trabalho e ajudar-vos a sair de vossas dificuldades, não podeis ver que lançais sobre ele cargas que lhe porão em perigo a vida? Não tendes um cérebro e habilidade, como ele? Não deveis negligenciar qualquer parte da obra pelo fato de ela exigir diligente e cruciante esforço. OE 415 2 Repito: Não lanceis vossas cargas sobre o presidente da Associação Geral. Não espereis que ele endireite as vossas falhas, e complete vossa obra. Resolvei fazer face a vossas próprias responsabilidades por meio de Cristo, que vos fortalece. OE 415 3 Se o presidente da Associação Geral andar nos conselhos de Deus, não animará seus irmãos a esperarem que ele lhes indique seus deveres, mas dirigi-los-á para a única Fonte que não se acha contaminada com os erros humanos. Recusar-se-á a servir de cérebro e consciência para os outros.... OE 416 1 Aquele que é objeto dessa indevida confiança, acha-se exposto a fortes tentações. Satanás, se possível, induzi-lo-á a confiar em si mesmo, para que os defeitos humanos venham a manchar a obra. Ele se achará em perigo de animar os irmãos a confiar nele, e sentirem que tudo quanto pertence ao movimento da causa deve ser levado a seu conhecimento. Assim a obra terá um cunho humano em lugar do divino. OE 416 2 Mas se todos aprenderem a confiar em Deus por si mesmos, muitos perigos que assaltam o que se encontra à testa da obra serão evitados. Se ele erra, se permite que influência humana domine em sua maneira de julgar, se cede à tentação, pode ser corrigido e auxiliado por seus irmãos. E os que aprendem a se dirigir a Deus por si mesmos, em busca de auxílio e conselho, estão aprendendo lições que lhes serão do mais alto valor. OE 416 3 Se os oficiais de uma associação quiserem desempenhar-se com êxito das responsabilidades que lhes são confiadas, devem orar, devem crer, devem confiar em que Deus Se sirva deles como instrumentos para manter as igrejas da associação em bom funcionamento. Esta é a sua parte a cultivar na vinha. Precisa haver muito mais responsabilidade pessoal, precisa-se considerar e planejar muito mais, pôr muito mais vigor mental no trabalho feito para o Mestre. Isso ampliaria a capacidade da mente, e daria mais aguda percepção quanto ao que fazer, e à maneira pela qual o executar. OE 417 1 Irmãos, tereis de lutar com dificuldades, de ter encargos, de dar conselhos, de planejar e executar, buscando continuamente o auxílio de Deus. Orai e trabalhai, trabalhai e orai; como discípulos na escola de Cristo, aprendei de Jesus. OE 417 2 O Senhor nos deu a promessa: "Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada." Tiago 1:5. É o plano de Deus, que os que têm responsabilidades se reúnam muitas vezes para se aconselharem entre si, e orarem pedindo aquela sabedoria que somente Ele pode comunicar. Falai menos; muito tempo precioso é perdido em conversas que não trazem luz. Reúnam-se os irmãos com jejum e oração em busca da sabedoria que Deus prometeu fornecer liberalmente. Levai ao conhecimento de Deus as vossas dificuldades. Dizei-Lhe, como Moisés: "Eu não posso guiar a este povo, a não ser que a Tua presença vá comigo." E então, pedi ainda: "Rogo-Te que me mostres a Tua glória." Êxodo 33:18. Que é essa glória? -- O caráter de Deus. Foi isso que Ele proclamou a Moisés. OE 417 3 Em fé viva, una-se a alma com Deus. Profira a língua o Seu louvor. Quando vos reunis, dirigi reverentemente o espírito à contemplação das realidades eternas. Assim estareis ensinando uns aos outros a ter mentes espirituais. Quando vossa vontade se achar em harmonia com a divina, estareis em harmonia uns com os outros; tereis Cristo ao vosso lado como conselheiro. OE 417 4 Enoque andava com Deus. O mesmo pode fazer todo obreiro de Cristo. Podeis dizer com o salmista: "Tenho posto o Senhor continuamente diante de mim: por isso que Ele está à minha mão direita, nunca vacilarei." Salmos 16:8. Enquanto sentis não possuir vós mesmos nenhuma suficiência, vossa suficiência estará em Jesus. Se esperais que todo o vosso conselho e sabedoria venham dos homens, mortais e finitos como vós, haveis de receber unicamente auxílio humano. Se vos dirigis a Deus em busca de auxílio e sabedoria, Ele nunca vos deixará decepcionados em vossa fé. OE 418 1 Os presidentes das associações locais têm o mesmo Deus que o presidente da Associação Geral, e devem-se dirigir por si mesmos à Fonte da sabedoria, em lugar de confiar em um homem, que tem de obter seu esclarecimento da mesma fonte. OE 418 2 Pode-se arrazoar que o Senhor dá especial sabedoria àqueles a quem são confiadas importantes responsabilidades. Na verdade, se eles andarem humildemente perante Ele, dar-lhes-á auxílio para sua obra; e dar-vos-á para a vossa, se o buscardes no mesmo espírito. Se o Senhor, em Sua providência, houver colocado importantes responsabilidades sobre vós, habilitar-vos-á para fazer face a essas responsabilidades, se O procurardes com fé a fim de obter forças para isso. Quando nEle puserdes vossa confiança, e confiardes em Seus conselhos, Ele não vos abandonará a vosso juízo finito, para formar planos imperfeitos e ter decididos fracassos. Não façais de homem algum vosso confessor OE 418 3 Todos necessitam de experiência prática em confiar em Deus por si mesmos. Nenhum homem se torne vosso confessor; abri a Deus o coração; dizei-Lhe todo o segredo da alma. Levai-Lhe vossas dificuldades, pequenas ou grandes, e Ele vos há de mostrar um caminho para sair de todas elas. Somente Ele pode saber dar-vos exatamente o auxílio de que necessitais. OE 419 1 E, quando após um período probante, vos advém ajuda, quando o Espírito de Deus Se acha manifestamente operando em vosso favor, que preciosa experiência adquiris! Estais obtendo fé e amor, o ouro que a Testemunha Verdadeira vos aconselha a comprar dEle. Estais aprendendo a vos dirigir a Deus em todas as vossas aflições; e, à medida que aprendeis essas preciosas lições de fé, haveis de ensinar as mesmas a outros. Assim estareis levando o povo continuamente para um mais elevado nível de experiência. OE 419 2 O presidente de uma associação local, por sua maneira de lidar, educa os ministros que se acham sob sua jurisdição, e igualmente o pode fazer quanto às igrejas, de tal maneira, que não será necessário chamar do campo os ministros da associação para ajustar as dificuldades e dissensões que haja na igreja. Se os oficiais da associação, como servos fiéis, cumprirem os deveres que lhes são indicados pelo Céu, não se deixará o trabalho em nossas associações ficar emaranhado em perplexidades, como tem acontecido até agora. E ao trabalhar assim, os obreiros se tornarão homens sólidos, de responsabilidade, que não fracassarão, nem ficarão desanimados num lugar difícil. OE 419 3 Existe Alguém que é poderoso para salvar inteiramente a todos quantos a Ele se chegam. Não é ampla e plena a promessa: "Vinde a Mim todos os que andais em trabalho, e vos achais carregados, e Eu vos aliviarei"? Mateus 11:28 (TB). Por que somos nós tão indispostos a nos chegar diretamente à Fonte de nossa força? Não nos temos afastado do Senhor a esse respeito? Não deveriam nossos ministros e presidentes de associações aprender de onde lhes vem auxílio?... Mudança de obreiros OE 419 4 É-me perguntado se não é um erro remover o presidente de uma associação local para um novo campo, quando muitas das pessoas que se acham sob sua direção, se mostram contrárias a deixá-lo ir. OE 420 1 O Senhor foi servido de me conceder luz a esse respeito. Foi-me mostrado que se não devem reter ministros no mesmo distrito ano após ano, nem o mesmo homem deve por muito tempo presidir sobre uma associação. Uma permuta de dons é conveniente ao bem de nossas associações e igrejas. OE 420 2 Às vezes os ministros se têm sentido indispostos a mudar de campo de trabalho; mas, se entendessem todas as razões para se fazerem mudanças, não haviam de puxar para trás. Alguns têm pedido para ficar mais um ano no mesmo campo, e muitas vezes o pedido tem sido tomado em consideração. Eles alegavam ter planos para executar uma obra mais ampla do que anteriormente. Ao fim do ano, porém, o estado de coisas era pior. Se um ministro tem sido infiel em sua obra, não é provável que emende isso por ficar. As igrejas se habituam à direção desse homem, e pensam que devem olhar para ele em lugar de olharem para Deus. Suas idéias e planos têm uma força dominante na associação. OE 420 3 O povo talvez veja que ele erra em seu critério, e por isso são induzidos a ter em pouca estima o ministério. Se olhassem a Deus, e confiassem na sabedoria celestial, estariam obtendo uma experiência do mais alto valor, e seriam capazes de, por si mesmos, suprir, pelo menos a muitos respeitos, o que falta ao superintendente do rebanho. Mas muitas vezes as coisas são deixadas correr à vontade, sendo o presidente tido como responsável pelas condições das igrejas da associação, ao passo que os membros das mesmas se deixam ficar indiferentes, mornos, nada fazendo para pôr as coisas em ordem. OE 421 1 Talvez o presidente não sinta a necessidade de se santificar a si mesmo, para que os outros se santifiquem. Talvez seja um atalaia infiel, pregando para agradar ao povo. Muitos são fortes em certos traços de caráter, ao passo que noutros são fracos e deficientes. Conseqüentemente, revela-se falta de eficiência em alguns ramos da obra. Continuasse o mesmo homem como presidente de uma associação ano após ano, e seus defeitos se reproduziriam nas igrejas a seu cargo. Mas um obreiro pode ser forte nos pontos em que seu irmão é fraco, e assim, permutando os campos de trabalho, um pode, até certo ponto, suprir as deficiências do outro. OE 421 2 Se todos fossem plenamente consagrados a Deus, essas assinaladas imperfeições de caráter não existiriam; mas uma vez que os obreiros não satisfazem a norma divina, uma vez que misturam o eu com toda a sua obra, o melhor, tanto para eles como para as igrejas, é fazer freqüentes mudanças. E, por outro lado, se um obreiro é espiritualmente forte, é pela graça de Cristo, uma bênção às igrejas, e seus trabalhos são necessários em várias associações. OE 421 3 Encontramo-nos em tempos de particular perigo da parte de inimigos externos e internos, e Deus vos quer alertar para tudo quanto se relaciona com vossa obra especial. Não necessitais buscar fazer coisa alguma sem o especial auxílio de vosso Pai celestial. Ele espera que O invoqueis, para que possa dizer: "Eis-Me aqui." Se O buscardes, Ele diz que há de ser achado por vós; Sua força, Sua graça e Sua justiça serão outorgadas ao humilde e contrito que O busca de todo o coração. ------------------------Capítulo 91 -- Os ministros e os negócios OE 422 1 Foram-me dadas instruções quanto à importância de nossos ministros se manterem livres das responsabilidades que devem, em grande medida, pesar sobre os homens de negócios. Encontrava-me uma noite, em visão, numa reunião de vários de nossos irmãos que têm o encargo da obra. Eles se achavam profundamente perplexos relativamente a questões financeiras, e se consultavam acerca da maneira pela qual a obra poderia ser dirigida com mais êxito. Pensavam alguns que o número dos obreiros devia ser limitado, conseguindo-se apesar disso todos os resultados essenciais. Um dos irmãos, que ocupava uma posição de responsabilidade, estava expondo seus planos e declarando o que ele desejava ver executado. Vários outros apresentaram pontos a considerar. Então ergueu-Se Alguém de dignidade e autoridade, e passou a expor princípios para nossa orientação. A vários ministros, disse Aquele que falava: OE 422 2 "Vossa obra não é o manejo de questões financeiras. Não é sábio de vossa parte o empreendê-lo. Deus tem encargos para vós, mas se dirigis ramos de trabalho para os quais não sois aptos, vossos esforços em apresentar a Palavra serão mal-sucedidos. Isso vos trará um desânimo que vos tornará incapazes para a verdadeira obra que deveríeis executar -- uma obra que exige cuidadoso discernimento, e juízo são e desinteressado." OE 422 3 Os que se acham empregados para escrever e falar a Palavra, devem assistir a menos reuniões de comissões. Devem confiar muitas questões de menor importância a homens de aptidões financeiras, evitando assim o manterem-se numa contínua tensão que lhes roube à mente o vigor natural. Devem dar muito mais atenção à conservação da saúde física; pois o vigor mental depende grandemente do físico. Os devidos períodos de sono e repouso, e abundância de exercício corporal, são essenciais à saúde física assim como à mental. Roubar à natureza suas horas de repouso e restauração, por permitir-se a um homem fazer o trabalho de quatro, ou de três, ou mesmo de dois, dará em resultado perda irreparável. Preparo no ramo comercial OE 423 1 Os que julgam que as aptidões de um homem para certo cargo o habilitam para ocupar várias outras posições, são capazes de cometer erros ao fazer planos para o avançamento da obra. São suscetíveis de colocar sobre uma pessoa os cuidados e encargos que se deviam dividir entre várias. OE 423 2 A experiência é de grande valor. O Senhor deseja ver relacionados com Sua obra homens inteligentes, aptos para vários cargos de confiança em nossas associações e instituições. Necessitam-se especialmente consagrados homens de negócios, homens que ponham em toda a transação comercial os princípios da verdade. Os que têm a seu cargo questões de finanças, não devem assumir outras responsabilidades, às quais sejam incapazes de fazer face; tampouco deve a gerência da parte comercial ser confiada a homens incompetentes. Os que têm a seu cargo a obra, têm errado por vezes, permitindo a indicação de homens destituídos de tato e habilidade para gerirem importantes interesses financeiros. OE 423 3 Homens prometedores no ramo comercial devem desenvolver e aperfeiçoar seus talentos mediante um estudo completo, e prática. Devem ser estimulados a colocar-se num lugar em que, como alunos, possam adquirir rapidamente o conhecimento dos corretos princípios e métodos comerciais. Nenhum homem de negócios atualmente ligado à causa necessita de servir como aprendiz. Se há em qualquer ramo de trabalho, homens que devam aproveitar suas oportunidades para tornar-se sábios e eficientes, esses são os que estão empregando sua capacidade na obra de estabelecer o reino de Deus em nosso mundo. Dado o fato de vivermos tão próximos do encerramento da história deste mundo, deve haver maior exatidão no trabalho, mais vigilante expectativa, mais vigiar, orar e trabalhar. O instrumento humano deve-se esforçar por alcançar a perfeição, a fim de ser um cristão ideal, completo em Cristo Jesus. São essenciais princípios corretos OE 424 1 Os que trabalham nos ramos comerciais devem tomar toda precaução contra o errar devido a princípios ou métodos errôneos. Seu relatório deve ser como o de Daniel na corte de Babilônia. Quando todas as suas transações comerciais eram submetidas ao mais rigoroso exame, não se podia encontrar nem uma falta. O registro de sua vida comercial, embora incompleto, contém lições dignas de consideração. Revela que um homem de negócios não é necessariamente um homem de planos dolosos, um astuto. Pode ser um homem instruído por Deus a cada passo. Ao mesmo tempo que era primeiro-ministro do rei de Babilônia, Daniel era profeta de Deus, recebendo a luz por inspiração celestial. Sua vida é exemplo do que cada homem de negócios cristão pode ser. ... OE 424 2 A causa de Deus encontra-se, neste tempo, em necessidade de homens e mulheres possuidores de raras qualidades e boas aptidões administrativas; homens e mulheres que investiguem paciente e inteiramente as necessidades da obra nos vários campos; que sejam dotados de grande capacidade de trabalho; que possuam coração fervoroso e bondoso, cabeça refletida, bom senso, juízo imparcial; que sejam santificados pelo Espírito de Deus, e possam dizer destemidamente Não, ou Sim, ou Amém, aos planos propostos; que tenham fortes convicções, entendimento claro, e coração puro e compassivo; que ponham em prática as palavras: "Todos vós sois irmãos" (Mateus 23:8); que se esforcem por erguer e restaurar a humanidade caída. -- Testimonies for the Church 7:246-249. OE 425 1 Não poucos são os ministros que estão negligenciando o próprio trabalho para cuja realização foram designados. Por que são aqueles que foram destinados para o ministério colocados em comissões e mesas? Por que são solicitados a assistir a tantas reuniões de negócios, muitas vezes a grandes distâncias de seu campo de trabalho? Por que não são as questões comerciais postas nas mãos dos homens de negócios? Os ministros não foram separados para fazer essa obra. As finanças da causa devem ser manejadas por homens hábeis; mas aqueles foram separados para outro ramo de trabalho. ... OE 425 2 Os ministros não devem ser chamados para aqui e para ali para assistir a reuniões de mesas a fim de decidir questões de negócios comuns. Muitos de nossos ministros têm feito essa obra no passado, mas não é aquela em que o Senhor deseja que eles se empenhem. Demasiados encargos financeiros têm sido postos sobre eles. Quando procuram desempenhar-se dos mesmos, negligenciam o cumprimento da comissão evangélica. Deus considera isso como uma desonra ao Seu nome. -- Testimonies for the Church 7:254, 255. ------------------------Capítulo 92 -- O cuidado pelos obreiros OE 426 1 Deve-se tomar alguma providência quanto ao cuidado para com os ministros e outros fiéis servos de Deus, que, devido a se exporem ou a trabalharem em excesso em Sua causa, adoeceram e necessitam de repouso e restauração, ou que, devido à idade e à perda de saúde não são mais capazes de levar encargos e suportar o calor do dia. Os ministros são muitas vezes designados para um campo de trabalho que eles sabem que lhes será prejudicial à saúde; mas, não querendo recuar diante de lugares probantes, arriscam-se, esperando ser um auxílio e uma bênção para o povo. Depois de algum tempo verificam que sua saúde decai. Experimenta-se uma mudança de clima e de trabalho, sem produzir benefício; e então, que hão de eles fazer? OE 426 2 Esses fiéis obreiros de Deus que, por amor de Cristo renunciaram às perspectivas oferecidas pelo mundo, preferindo a pobreza aos prazeres ou fortuna; que, esquecidos de si mesmos, trabalharam ativamente para atrair almas a Cristo; que deram liberalmente para fazer avançar vários empreendimentos na causa de Deus, tombando na batalha, fatigados e doentes, e sem meios de subsistência, não devem ser deixados a lutar na pobreza e no sofrimento, ou sentir-se como pobres. Ao sobrevir-lhes doença ou enfermidade, não se deixem nossos obreiros sentir-se sobrecarregados com a ansiosa interrogação: "Que será de minha esposa, de meus filhos, agora que não posso mais trabalhar e suprir-lhes as necessidades?" É simplesmente justo que se tomem providências para satisfazer às necessidades desses obreiros fiéis, e dos que deles dependem. OE 427 1 Provê-se generosamente a manutenção dos veteranos que combateram por sua pátria. Esses homens apresentam as cicatrizes e enfermidades que os acompanham por toda a vida, revelando os perigosos conflitos em que se empenharam, suas marchas forçadas, as intempéries a que se expuseram, seus sofrimentos nas prisões. Todas essas provas de sua lealdade e sacrifício, dão-lhes um justo direito para com a nação que ajudaram a salvar -- direito que é reconhecido e honrado. Que providências, entretanto, têm tomado os adventistas do sétimo dia a respeito dos soldados de Cristo? OE 427 2 Nosso povo não tem sentido como deve, a necessidade disso, e daí ter sido essa questão negligenciada. As igrejas não se têm preocupado, e embora a luz da Palavra de Deus lhes haja iluminado o caminho, têm negligenciado esse mui sagrado dever. Essa negligência quanto a Seus fiéis servos tem desagradado sobremodo ao Senhor. Nosso povo deve ser tão pronto a auxiliar essas pessoas quando em circunstâncias adversas, como o foi para aceitar seus recursos e serviços enquanto elas se achavam com saúde. OE 427 3 Deus colocou sobre nós a obrigação de dar especial atenção aos pobres de entre nós. Mas esses ministros e obreiros não devem ser classificados entre os pobres. Eles constituíram para si mesmos, no Céu, um tesouro que não falta. Serviram a associação em suas necessidades, e agora a associação os deve servir a eles. OE 427 4 Quando se nos apresentam casos dessa espécie, não os devemos passar por alto, indo a outra coisa. Não devemos dizer: "Aquentai-vos, e fartai-vos" (Tiago 2:16), sem tomarmos ativas providências para lhes suprir as necessidades. Isso se tem feito no passado, e assim os adventistas têm, em certos casos, desonrado sua profissão de fé, e dado ao mundo ocasião de censurar a causa de Deus. OE 428 1 É agora o dever do povo de Deus afastar de si esse opróbrio, provendo a esses servos do Senhor lares confortáveis, com alguns poucos hectares de terra, nos quais possam cultivar seus produtos e sentir que não dependem da caridade dos irmãos. Com que prazer e tranqüilidade haviam de esses fatigados obreiros contemplar esse pequenino lar sossegado, onde seus justos direitos ao descanso fossem reconhecidos!... Nossos sanatórios como refúgio para os obreiros OE 428 2 Muitas vezes esses ministros necessitam de especial cuidado e tratamento. Nossos sanatórios devem ser um refúgio para eles, e para todos os nossos esgotados obreiros necessitados de repouso. Devem-se prover quartos onde eles possam desfrutar uma mudança e descanso, sem a contínua ansiedade das despesas a satisfazer. Quando os discípulos estavam cansados do trabalho, Cristo lhes disse: "Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco." Marcos 6:31. Ele quer que se tomem medidas, de modo que Seus servos hoje tenham oportunidade de repouso e restabelecimento das energias. Nossos sanatórios se devem abrir aos nossos operosos ministros, que fizeram tudo a seu alcance para garantir fundos para a edificação e sustento dessas instituições; e, em qualquer tempo em que eles se encontrem na necessidade das vantagens aí oferecidas, devem fazer com que eles se sintam como em casa. OE 428 3 Esses obreiros não deviam, em tempo algum, ter de pagar preços elevados pela pensão e tratamento, nem ser considerados como mendigos, ou levados de qualquer modo a se sentir como tais por aqueles cuja hospitalidade recebem. Manifestar liberalidade no uso dos recursos que Deus proveu para Seus gastos e extenuados servos, é, aos Seus olhos, genuíno trabalho missionário. Os obreiros de Deus acham-se ligados a Ele, e quando são recebidos, convém lembrar que se recebe a Cristo na pessoa de Seus mensageiros. Assim Ele o requer, e é desonrado e Se desagrada quando eles são tratados indiferentemente, com mesquinhez ou egoísmo. A bênção de Deus não acompanha um tratamento dessa espécie dado a qualquer de Seus escolhidos. OE 429 1 Entre a irmandade médica nem sempre tem havido certa agudeza de percepção para discernir essas coisas. Alguns não as têm considerado como deviam. Que o Senhor santifique a percepção dos que têm a direção de nossas instituições, a fim de que saibam quem deve ter verdadeira simpatia e cuidado. O ramo da causa pelo qual esses cansados obreiros trabalham, deve mostrar apreço por seus labores, auxiliando-os no tempo de necessidade, partilhando assim largamente com o sanatório nas despesas. Alguns obreiros se acham em posição que lhes permite pôr de parte um pouco do salário; e assim devem fazer, se possível, a fim de enfrentar a uma emergência; todavia, mesmo esses devem ser recebidos como uma bênção para o sanatório. OE 429 2 Mas a maior parte de nossos obreiros têm muitas e grandes obrigações a satisfazer. Todas as vezes que se necessita de dinheiro, eles são solicitados a ajudar, a abrir o caminho, para que a influência de seu exemplo possa estimular os outros a serem liberais, e a causa de Deus progrida. Eles sentem tão intenso desejo de implantar o estandarte em novos campos, que muitos tomam mesmo dinheiro emprestado para ajudar em vários empreendimentos. Não deram de má vontade, mas sentiram que era um privilégio trabalhar pelo avançamento da verdade. Atendendo assim aos pedidos de meios, ficaram muitas vezes com bem pouco excedente. OE 430 1 O Senhor tem mantido um relatório exato de sua liberalidade para com a causa. Sabe a boa obra que eles têm feito, obra de que os obreiros mais jovens não possuem a concepção. Ele tem sido conhecedor de todas as privações e renúncias da parte desses obreiros. Tem registrado todas as circunstâncias desses casos. Tudo se acha escrito nos livros. Esses obreiros são um espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens; e são uma lição prática para provar a sinceridade de nossos princípios religiosos. O Senhor quer que nosso povo compreenda que os pioneiros nesta obra merecem tudo quanto nossas instituições puderem fazer por eles. Deus nos pede compreender que aqueles que envelheceram ao Seu serviço merecem nosso amor, nossa honra, nosso profundo respeito. Um fundo para obreiros OE 430 2 Deve-se instituir um fundo para os obreiros que não podem mais trabalhar. Não podemos estar livres de culpa diante de Deus, a menos que façamos todo esforço que é justo a esse respeito, e isso sem demora. Existem entre nós alguns que não vêem a necessidade desse movimento; sua oposição, porém, não deve ter nenhuma influência sobre nós. Os que propõem em seu coração ser justos e fazer o que é justo, devem agir firmemente e para diante, para realização de uma boa obra; obra que o Senhor requer que se faça. -- Testimonies for the Church 7:290-294. ------------------------Capítulo 93 -- Casas de culto OE 431 1 Em se despertando qualquer interesse numa vila ou cidade, esse interesse deve ser secundado. Os lugares devem ser completamente trabalhados, até que se erga uma humilde casa de culto como sinal, como monumento do sábado de Deus, como uma luz entre as trevas morais. Esses monumentos devem aparecer em muitos lugares, como testemunhos da verdade. Em Sua misericórdia, Deus providenciou para que os mensageiros do evangelho vão a todos os países, línguas e povos, até que o estandarte da verdade seja estabelecido em todas as partes do mundo habitado. OE 431 2 Onde quer que surja um grupo de crentes, deve-se construir uma casa de culto. Não deixem os obreiros o lugar sem fazer isso. OE 431 3 Em muitos lugares onde se tem pregado a verdade, os que a têm aceitado não dispõem de muitos recursos, e pouco podem fazer quanto a garantir certas vantagens que recomendem a obra. Muitas vezes isso torna difícil o estender a mesma. À medida que as pessoas ficam interessadas na verdade, os ministros de outras igrejas lhes dizem -- e essas palavras são ecoadas pelos membros das ditas igrejas: "Esse povo não tem igreja, e não tendes lugar de culto. Sois um grupinho, pobre e ignorante. Em breve os ministros irão embora, e o interesse há de desaparecer. Então haveis de abandonar essas novas idéias que tendes recebido." Acaso supomos que isso não traz uma forte tentação aos que vêem as razões de nossa fé, e são convencidos pelo Espírito de Deus quanto à verdade presente? OE 432 1 Repete-se muitas vezes que, de um pequeno começo se pode desenvolver um grande interesse. Se manifestarmos em promover os interesses do reino de nosso Redentor, sabedoria, santificado discernimento e hábil direção, havemos de fazer tudo ao nosso alcance para dar ao povo a certeza da estabilidade de nossa obra. Erigir-se-ão humildes santuários, onde os que aceitam a verdade encontram um lugar em que adorar a Deus de acordo com os ditames de sua consciência. OE 432 2 Sempre que seja possível, ao serem dedicadas a Deus, encontrem-se as igrejas livres de dívidas. Quando se edifica uma igreja, ergam-se os membros da mesma e edifiquem. Sob a direção de um ministro que seja guiado pelos conselhos de seus companheiros de ministério, trabalhem os recém-conversos com suas próprias mãos, dizendo: "Precisamos de uma casa de reuniões, e é mister que a possuamos." Deus pede a Seu povo que faça animosos e unidos esforços em Sua causa. Faça-se assim, e em breve se ouvirão vozes de ações de graças: "Que coisas Deus tem feito!" OE 432 3 Existem, entretanto, casos em que uma jovem igreja não é capaz de arcar imediatamente com todo o peso de ereção de uma casa de culto. Em casos tais, ajudem-na os irmãos de outras igrejas. Em alguns casos será preferível tomar algum dinheiro emprestado, a deixar de construir. Se alguém tem dinheiro e, depois de dar o que lhe é possível, emprestar, seja sem juros, seja a um juro módico, seria justo empregar o dinheiro até que seja possível satisfazer o compromisso. Mas, repito, sendo possível, os edifícios de igrejas devem ser dedicados livres de débito. OE 432 4 Em nossas igrejas, os assentos não devem ser alugados. Os ricos não devem ser honrados acima dos pobres. Não se façam distinções. "Todos vós sois irmãos." Mateus 23:8. OE 433 1 Não devemos fazer ostentação em nenhuma de nossas igrejas, pois isso não haveria de dar impulso à obra. Nossa economia deve dar testemunho de nossos princípios. Devemos empregar métodos de trabalho que não sejam transitórios. Tudo deve ser feito com solidez. ... OE 433 2 Foi-me apresentado o modo frouxo de certas igrejas quanto a manter-se em dívidas e nelas andar. Em alguns casos, encontra-se um contínuo compromisso sobre a casa de Deus. Há um juro contínuo a ser pago. Isso não deve ser, nem é necessário que assim seja. Se se manifesta pelo Mestre aquela sabedoria, e tato, e zelo que Deus requer, efetuar-se-á uma mudança nessas coisas. As dívidas serão liquidadas. Deus pede as ofertas dos que podem dar, e mesmo os membros mais pobres podem fazer sua pequena parte. A abnegação habilitará todos a fazerem qualquer coisa. Tanto velhos como moços, pais como filhos, têm de mostrar sua fé por suas obras. Que os membros da igreja sejam vigorosamente impressionados quanto à necessidade de desempenhar cada um sua parte. Faça cada um o mais que lhe for possível. Quando há vontade de fazer, Deus abre o caminho. Não é Seu desígnio que Sua obra seja entravada por dívidas. OE 433 3 Deus pede sacrifício individual. Isso não trará somente prosperidade financeira, mas também espiritual. A abnegação e o sacrifício próprio hão de operar maravilhas no avançamento espiritual da igreja. ... OE 433 4 A pergunta que cada cristão tem de dirigir a si mesmo como prova, é: "Tenho eu, no mais íntimo de minha alma, um supremo amor por Cristo? Amo eu Seu tabernáculo? Não será o Senhor honrado por eu tornar Sua sagrada instituição minha consideração primeira? É meu amor por Deus e meu Redentor, bastante forte para me levar a renunciar o próprio eu? Quando tentado para me entregar a prazer ou diversão egoísta hei de eu dizer: Não, não gastarei coisa alguma para meu próprio prazer, enquanto a casa de Deus se achar sobrecarregada de dívidas?" OE 434 1 Nosso Redentor reclama muito mais do que Lhe damos. O próprio eu interpõe seus desejos de ser o primeiro; mas o Senhor exige o coração inteiro, a inteira afeição. Ele não entrará aí em segundo lugar. E não deve Cristo possuir nossa primeira e mais elevada consideração? Não exigirá Ele essa prova de nosso respeito e lealdade? Essas coisas se acham no fundo da própria vida de nosso coração, no círculo familiar e na igreja. Se o coração, a alma, as energias, a vida são consagrados inteiramente a Deus, se as afeições Lhe são inteiramente dedicadas, haveremos de torná-Lo supremo em todo o nosso serviço. Quando nos acharmos em harmonia com Deus, a idéia de Sua honra e glória sobrepujará a tudo mais. Pessoa alguma é a Ele preferida em nossas dádivas e ofertas. Temos a consciência do que significa ser sócios de Cristo na sagrada firma. OE 434 2 A casa onde Deus Se encontra com Seu povo será querida e sagrada a qualquer de Seus filhos leais. Não se permitirá que ela seja embaraçada com dívidas. Consentir em tal coisa, afigurar-se-ia quase o mesmo que negardes a vossa fé. Estareis prontos a fazer um grande sacrifício pessoal, contanto que possais ter uma casa livre de compromissos, onde Deus Se encontre com Seu povo e o abençoe. OE 434 3 Toda dívida de nossas casas de culto pode ser paga, se os membros da igreja tomarem sábias medidas, desenvolvendo ativos e zelosos esforços para cancelar a dívida. E em todos os casos em que se salde uma dívida, seja realizada uma reunião de ação de graças, a qual será como uma nova consagração a Deus, de Sua casa. -- Testimonies for the Church 6:100-104. OE 435 1 A necessidade de uma casa de reuniões, no lugar em que há um grupo de crentes recém-organizado, foi-me apresentada numa vista panorâmica. Vi operários construindo humildes casas de culto. Aqueles que se haviam pouco antes convertido à fé, estavam auxiliando com mãos voluntárias, e os que possuíam recursos ajudavam com seus meios. No pavimento inferior da igreja, acima do solo, estava preparada uma escola para as crianças, e para aí era enviada uma professora. Não havia grande número na escola, mas era um feliz começo. Ouvi os cânticos das crianças e dos pais: "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela." "Louvai ao Senhor. Ó, minha alma, louva ao Senhor. Louvarei ao Senhor durante a minha vida; cantarei louvores ao meu Deus enquanto viver." Salmos 127:1; 146:1, 2. OE 435 2 O estabelecimento de igrejas, a edificação de casas de reuniões e edifícios escolares, estendia-se de cidade a cidade, e o dízimo crescia para ajudar a levar avante a obra. Construíam-se edifícios não somente num lugar, mas em muitos, e o Senhor estava operando para aumentar Suas forças. OE 435 3 Nessa obra todas as classes hão de ser atingidas. Quando o Espírito Santo operar entre nós, almas que não se acham preparadas para o aparecimento de Jesus hão de ser convencidas. Vêm às nossas reuniões, e são convertidos muitos que, durante anos não assistiram a reuniões em igreja alguma. A simplicidade da verdade lhes toca o coração. Os adoradores do fumo sacrificam seu ídolo, e os bebedores de bebidas alcoólicas, fazem o mesmo. Eles não o poderiam fazer, se não se apoderassem pela fé, das promessas de Deus, quanto ao perdão de seus pecados. OE 436 1 A verdade, segundo se encontra na Palavra, chega a elevados e humildes, ricos e pobres; aqueles que recebem a mensagem tornam-se coobreiros nossos e de Deus, e ergue-se uma força poderosa para trabalhar harmonicamente. Esta é nossa obra. Não deve ser negligenciada no trabalho de nenhuma de nossas reuniões campais. É parte de toda missão evangélica. Em vez de empregar todo talento no trabalho em favor dos mais humildes párias, devemos buscar, em toda parte, suscitar um grupo de crentes que se unam conosco em elevar a norma da verdade, e trabalhar pelos ricos. Então, ao estarem as igrejas estabelecidas, haverá um acréscimo de auxiliares para trabalhar pelos deserdados da sorte e os párias. -- General Conference Bulletin, Março de 1899. OE 436 2 Muitas pessoas que não pertencem a nossa fé, estão anelando o próprio auxílio que os cristãos têm o dever de dar. Caso o povo de Deus mostrasse genuíno interesse em seu próximo, muitos seriam alcançados pelas verdades especiais para este tempo. Coisa alguma dará, ou jamais poderá dar reputação à obra, como ajudar o povo indo ao seu encontro onde se acham. -- Testemunhos Seletos 2:518. ------------------------Capítulo 94 -- Exame para o ministério OE 437 1 Não devem ser animados a ir para o campo como ministros, homens que não dêem inequívocas provas de haverem sido chamados por Deus. O Senhor não confia o cuidado de Seu rebanho a indivíduos não habilitados. Os que Deus chama, devem ser homens de profunda experiência, experimentados e provados, homens de um são discernimento, homens que ousem reprovar o pecado num espírito de mansidão, e que compreendam a maneira de alimentar o rebanho. Deus conhece os corações e sabe a quem escolher. -- Testimonies for the Church 1:209. OE 437 2 Pouco se tem feito quanto a examinar ministros; e por essa mesma razão as igrejas têm recebido os serviços de homens não convertidos, ineficientes, que têm acalentado o povo para adormecer, em lugar de o despertar para zelo e atividade maiores na causa de Deus. Há ministros que vêm ao culto de oração, e dizem sempre, sempre as mesmas velhas orações sem vida; pregam os mesmos discursos secos de semana a semana, de mês a mês. Não têm nada de novo e inspirador a apresentar a sua congregação, e isso é uma demonstração de que não são participantes da natureza divina. Cristo não está habitando no coração pela fé. OE 437 3 Os que professam guardar e ensinar a santa lei de Deus, e todavia estão continuamente a transgredi-la, são pedras de tropeço tanto aos pecadores como aos crentes na verdade. A maneira frouxa, negligente em que eles consideram a lei de Jeová e o dom de Seu Filho, é um insulto a Deus. A única maneira por que podemos corrigir esse espalhado erro, é examinar atentamente todo aquele que se quer tornar um ensinador da Palavra. Aqueles sobre quem repousa essa responsabilidade, devem-se informar de sua história desde a época em que professou crer na verdade. Sua experiência cristã e seu conhecimento das Escrituras, a maneira por que observa a verdade presente, tudo deve ser compreendido. Ninguém deve ser aceito como obreiro na causa de Deus, enquanto não tornar manifesto que possui uma experiência real e viva nas coisas de Deus. OE 438 1 Aqueles que se acham a ponto de entrar para ensinar a verdade bíblica ao mundo, devem ser cuidadosamente examinados por pessoas fiéis e experientes. Depois de terem alguma experiência, há ainda outro trabalho a ser feito quanto a eles: devem ser apresentados ao Senhor em fervorosa oração, a fim de que Ele indique, por Seu Santo Espírito, se são aceitos aos Seus olhos. Diz o apóstolo: "A ninguém imponhas precipitadamente as mãos." 1 Timóteo 5:22. Nos dias dos apóstolos, os ministros de Deus não ousavam confiar em seu próprio juízo quanto à escolha ou aceitação de homens para tomar a solene e sagrada posição de porta-voz de Deus. Eles escolhiam os homens segundo o seu juízo, e depois os punham perante o Senhor, a ver se Ele os aceitaria como representantes Seus. Nada menos do que isso se deve fazer agora. OE 438 2 Encontramos em muitos lugares homens que foram postos à pressa em cargos de responsabilidade como anciãos de igrejas, quando não se acham habilitados para ocupar tal posição. Não têm o devido domínio de si mesmos. Não exercem boa influência. A igreja se acha continuamente em perturbação em conseqüência do caráter defeituoso dos dirigentes. As mãos foram muito precipitadamente impostas sobre esses homens. OE 439 1 Os ministros de Deus devem ser homens de boa reputação, capazes de dirigir com prudência o interesse por eles despertado. Achamo-nos em grande necessidade de homens competentes, que tragam honra e não ignomínia à causa que representam. OE 439 2 Os ministros devem ser examinados especialmente a ver se possuem uma clara compreensão da verdade para este tempo, de modo a poderem apresentar um bem concatenado discurso sobre as profecias ou sobre assuntos práticos. Se eles não podem apresentar com clareza assuntos bíblicos, precisam ouvir e aprender ainda. A fim de serem mestres da verdade bíblica, devem investigar as Escrituras com zelo e oração, familiarizando-se com elas. Tudo isso deve ser considerado cuidadosamente e com oração, antes de se mandarem homens para o campo de trabalho. -- Testimonies for the Church 4:406, 407. OE 439 3 Em Timóteo, Paulo viu alguém que apreciava a santidade da obra de um ministro; que não se atemorizava ante a perspectiva de sofrimento e perseguição; que estava pronto a ser ensinado. Todavia o apóstolo não se arriscou a tomar a responsabilidade de exercitar Timóteo, jovem não provado, para o ministério evangélico, sem primeiro certificar-se plenamente quanto a seu caráter e vida passada. OE 440 1 O pai de Timóteo era grego, e sua mãe judia. Desde criança ele conhecia as Escrituras. A piedade que ele presenciara em sua vida doméstica era sã e sensata. A confiança de sua mãe e de sua avó nos sagrados oráculos, lembravam-lhe continuamente as bênçãos que há em fazer a vontade de Deus. A Palavra de Deus era a regra pela qual essas duas piedosas mulheres haviam guiado Timóteo. O poder espiritual das lições que delas recebera conservou-o puro na linguagem, e incontaminado pelas más influências de que se achava rodeado. Assim a instrução recebida através do lar havia cooperado com Deus em prepará-lo para assumir responsabilidades. OE 440 2 Paulo viu que Timóteo era fiel, firme e leal, e escolheu-o como companheiro de trabalho e de viagem. Os que haviam ensinado Timóteo na infância foram recompensados com vê-lo, ao filho de seu cuidado, ligado em íntima associação com o grande apóstolo. ... OE 440 3 Paulo amava a Timóteo, seu "verdadeiro filho na fé". 1 Timóteo 1:2. O grande apóstolo muitas vezes puxava pelo discípulo mais moço, interrogando-o acerca da história escriturística; e enquanto viajavam de um lugar para outro, ensinava-lhe cuidadosamente a maneira de trabalhar com êxito. Tanto Paulo como Silas, em todas as suas relações com Timóteo, procuravam aprofundar a impressão que já se fizera em seu espírito quanto à natureza sagrada e séria da obra do ministro evangélico. -- Atos dos Apóstolos, 203, 204. OE 440 4 Em sua obra, Timóteo buscava de Paulo constantemente conselho e instrução. Não agia por impulso, mas consideradamente e com calma reflexão, indagando a cada passo: É este o caminho do Senhor? -- Atos dos Apóstolos, 205. ------------------------Capítulo 95 -- Ordenação OE 441 1 "E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão, chamado Níger, e Lúcio cireneu, e Manaém, ... e Saulo. E servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-Me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado." Atos dos Apóstolos 13:1, 2. Antes de serem enviados como missionários ao mundo pagão, esses apóstolos foram solenemente consagrados a Deus com jejum e oração e a imposição das mãos. Assim foram eles autorizados pela igreja não somente para ensinar a verdade, mas para realizar o rito do batismo e organizar igrejas, achando-se investidos de plena autoridade eclesiástica. OE 441 2 A igreja cristã estava a esse tempo entrando numa fase importante. A obra de proclamar a mensagem evangélica entre os gentios devia agora prosseguir com vigor; e, em resultado, a igreja se havia de fortalecer por uma grande colheita de almas. Os apóstolos que tinham sido designados para dirigir essa obra, estariam expostos a suspeitas, preconceitos e ciúmes. Seus ensinos a respeito da demolição da "parede de separação que estava no meio" (Efésios 2:14), a qual por tanto tempo separara o mundo judaico do gentílico, haviam naturalmente de acarretar-lhes a acusação de heresia; e sua autoridade como ministros do evangelho seria posta em dúvida por muitos judeus zelosos e crentes. OE 441 3 Deus previu as dificuldades que Seus servos seriam chamados a enfrentar; e para que sua obra estivesse acima de acusação, instruiu a igreja, mediante revelação, a separá-los publicamente para a obra do ministério. Sua ordenação era um reconhecimento público de sua divina designação para levar aos gentios as boas novas do evangelho. OE 442 1 Tanto Paulo como Barnabé já haviam recebido sua comissão do próprio Deus, e a cerimônia da imposição das mãos não ajuntou à mesma nenhuma graça ou virtual qualificação. Era uma forma reconhecida de designação para um cargo específico bem como da autoridade da pessoa no mesmo. Por ela o selo da igreja era colocado sobre a obra de Deus. OE 442 2 Essa forma era significativa para os judeus. Quando um pai judeu abençoava os filhos, punha-lhes reverentemente as mãos sobre a cabeça. Quando um animal era votado ao sacrifício, a mão daquele que se achava revestido da autoridade sacerdotal colocava-se sobre a cabeça da vítima. E quando os ministros da igreja de crentes de Antioquia puseram as mãos sobre Paulo e Barnabé, pediam, por esse gesto, que Deus concedesse Sua bênção aos escolhidos apóstolos, em sua consagração à obra específica a que haviam sido designados. OE 442 3 Em época posterior, o rito da ordenação mediante a imposição das mãos sofreu muito abuso; ligava-se a esse ato uma insustentável importância, como se sobreviesse de vez um poder aos que recebiam essa ordenação, poder que os habilitasse imediatamente por toda e qualquer obra ministerial. Mas, na separação desses dois apóstolos, não há registro a indicar que fosse qualquer virtude comunicada pelo simples ato da imposição das mãos. Há unicamente o singelo relatório de sua ordenação, e da influência que ela teve em sua obra futura. OE 443 1 As circunstâncias ligadas à separação de Paulo e Barnabé pelo Espírito Santo, para um definido ramo de serviço, mostram claramente que Deus opera mediante designados instrumentos em Sua igreja organizada. Anos atrás, quando o propósito divino a respeito de Paulo foi primeiramente revelado ao mesmo, pelo próprio Salvador, Paulo foi imediatamente depois posto em contato com os membros da recém-organizada igreja de Damasco. Demais, essa igreja não foi por mais tempo deixada na ignorância quanto à experiência pessoal do fariseu convertido. E agora, que a divina comissão então dada devia ser mais plenamente levada a efeito, o Espírito Santo, dando novamente testemunho a respeito de Paulo como um vaso escolhido para levar o evangelho aos gentios, impôs à igreja a obra de ordená-lo e a seu companheiro de trabalho. E enquanto os dirigentes da igreja de Antioquia estavam servindo ao "Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-Me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado". OE 443 2 Deus fez de Sua igreja na Terra um conduto de luz, e, por intermédio dela comunica Seus desígnios e Sua vontade. Ele não dá a um de Seus servos uma experiência independente da experiência da própria igreja, ou a ela contrária. Nem dá a um homem um conhecimento de Sua vontade para toda a igreja enquanto esta -- o corpo de Cristo -- é deixada em trevas. Em Sua providência, Ele coloca Seus servos em íntima relação com a igreja, a fim de que tenham menos confiança em si mesmos, e mais em outros a quem Ele está guiando para levarem avante Sua obra. OE 443 3 Tem havido sempre na igreja os que estão constantemente inclinados à independência individual. Parecem incapazes de compreender que a independência de espírito é suscetível de levar o instrumento humano a ter demasiada confiança em si mesmo, e em seu próprio discernimento, de preferência a respeitar o conselho e estimar altamente a maneira de julgar de seus irmãos, especialmente os que se acham nos cargos designados por Deus para guia de Seu povo. Deus investiu Sua igreja de especial autoridade e poder, por cuja desconsideração e desprezo ninguém se pode justificar; pois aquele que assim procede, despreza a voz de Deus. OE 444 1 Os que são inclinados a considerar como supremo seu critério individual, acham-se em grave perigo. É o estudado esforço de Satanás separar a esses dos que são condutos de luz, e por cujo intermédio Deus tem operado para edificar e estender Sua obra na Terra. Negligenciar ou desprezar aqueles que Deus designou para arcar com as responsabilidades da direção ligadas ao progresso da verdade, é rejeitar o meio ordenado por Ele para auxílio, animação e fortalecimento de Seu povo. Passar qualquer obreiro na causa do Senhor por alto a esses, e pensar que a luz não lhe deve vir por nenhum outro instrumento, mas diretamente de Deus, é assumir uma atitude em que está sujeito a ser iludido pelo inimigo, e vencido. Em Sua sabedoria, o Senhor tem designado que, mediante a íntima relação mantida por todos os crentes, cristão esteja unido a cristão, igreja a igreja. Assim estará o instrumento humano habilitado a cooperar com o divino. Todo agente estará subordinado ao Espírito Santo, e todos os crentes unidos num esforço organizado e bem dirigido para dar ao mundo as alegres novas da graça de Deus. OE 445 1 Paulo considerava a ocasião de sua ordenação formal, como assinalando o início de uma nova e importante época na obra de sua vida. É desse tempo que ele faz datar, depois, o começo de seu apostolado na igreja cristã. -- Atos dos Apóstolos, 160-165. OE 445 2 Foi na ordenação dos doze que se deram os primeiros passos na organização da igreja, que depois da partida de Cristo devia levar avante Sua obra na Terra. A respeito dessa ordenação, diz o relato: "E subiu ao monte, e chamou para Si os que Ele quis; e vieram a Ele. E nomeou doze para que estivessem com Ele e os mandasse a pregar." Marcos 3:13, 14. ... OE 445 3 Com alegria e júbilo, Deus e os anjos contemplavam esta cena. O Pai sabia que por intermédio desses homens haveria de brilhar a luz do Céu, que as palavras por eles ditas ao testemunharem de Seu Filho, haveriam de ecoar de geração em geração, até ao fim dos séculos. OE 445 4 Os discípulos deviam sair como testemunhas de Cristo para anunciar ao mundo o que dEle tinham visto e ouvido. Seu cargo era o mais importante dos cargos a que já haviam sido chamados seres humanos, apenas inferior ao do próprio Cristo. Eles deviam ser obreiros de Deus na salvação dos homens. Como no Velho Testamento os doze patriarcas ocupavam o lugar de representantes de Israel, assim os doze apóstolos representam a igreja evangélica. -- Atos dos Apóstolos, 18, 19. ------------------------Capítulo 96 -- Reuniões de negócios OE 446 1 Em todas as nossas reuniões de negócios, bem como nas religiosas e sociais, queremos ter Jesus ao nosso lado como guia e conselheiro. Não se tenderá à leviandade onde se reconhecer a presença do Salvador. O próprio eu não se fará saliente. Haverá um reconhecimento da importância da obra que se tem de fazer. Um desejo de que os planos a serem feitos sejam dirigidos por Aquele que é poderoso em conselho. OE 446 2 Se acaso fossem abertos os nossos olhos, veríamos anjos do Céu em nossas assembléias. Se nos fosse dado compreender isto, não haveria desejo de apegar-nos às nossas opiniões sobre pontos sem importância, o que tantas vezes retarda o andamento das reuniões e da obra. Se se fizessem mais orações verdadeiras, se mais consideração solene fosse dada a assuntos de valor, mudar-se-ia o tom de nossas reuniões de negócios, tornando-se mais elevado. Todos sentiriam que a assembléia se convocou para delinear planos para o avançamento da obra, e que o objetivo desta é unicamente salvar almas. OE 446 3 Tudo quanto fazemos e dizemos é transferido para os livros do Céu. Não sejamos culpados de fazer descer a obra de Deus ao nível das transações de negócios comuns. Nossa norma deve ser alta; nosso espírito, elevado. OE 446 4 Há sempre alguns que, quando seus irmãos estão empurrando para diante, pensam ser seu dever puxar para trás. Fazem objeções a tudo que é proposto, e combatem todo plano que não partiu deles próprios. Há ali ocasião para as pessoas desenvolverem uma indevida confiança em si mesmas. Nunca aprenderam na escola de Cristo a preciosa e todo-importante lição de se tornar manso e humilde. Não há nada mais difícil para os que são dotados de vontade forte, do que desistir de suas idéias, e submeter-se ao juízo dos outros. É-lhes duro tornar-se suscetíveis de ensino, brandos e cordatos. OE 447 1 É importante, em nossas reuniões de negócios não se perder precioso tempo em debater pontos de pouca importância. O hábito da crítica mesquinha não deve ser alimentado, pois deixa os espíritos perplexos e confundidos, e envolve em mistério as coisas mais claras e simples. Se existir entre os irmãos aquele amor, que os leva a estimar os outros acima de si mesmos, cederão suas próprias idéias e desejos ante os dos outros. É nosso dever estudar, a cada dia e a cada hora a maneira em que podemos atender à oração de Cristo, de que Seus discípulos sejam um, assim como Ele e o Pai são um. Preciosas são as lições que se podem aprender por manter diante de nós a oração de nosso Salvador, e fazer a nossa parte para cumprir Seu desejo. OE 447 2 Na parte de negócios que se ligam à obra de Deus, e no manejo das coisas sagradas, nunca seremos demasiado cuidadosos no guardar-nos contra o espírito de irreverência; nunca, nem por um instante, deve a Palavra de Deus ser empregada de maneira fraudulenta, para levar adiante um ponto que estamos ansiosos de ver triunfar. A honra, a integridade e a verdade precisam ser guardadas, custe o que custar ao próprio eu. Todo nosso pensamento, palavra e ação deve ser submetido à vontade de Cristo. OE 448 1 A leviandade é descabida em reuniões em que a solene obra e Palavra de Deus são consideradas. Pediu-se em oração que Cristo presidisse à reunião, e comunicasse Sua sabedoria, Sua graça e justiça. Será coerente tomar uma direção que ofenderá a Seu Espírito, e será contrária a Sua obra? OE 448 2 Conservemos em mente que Jesus Se acha em nosso meio. Então a assembléia será penetrada, da parte do Espírito de Deus, por uma influência que eleva e controla. Manifestar-se-á aquela sabedoria "do alto", que é "primeiramente pura, depois pacífica, ... cheia de misericórdia e de bons frutos" (Tiago 3:17), a qual não pode errar. Em todos os planos e decisões deve haver aquela caridade que "não busca os seus interesses"; que "não suspeita mal"; que "não folga com a injustiça, mas folga com a verdade"; que "tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta". 1 Coríntios 13:5-7. OE 448 3 Que cada um dos que se assentam em concílios e reuniões de comissões escreva no coração as palavras: Estou trabalhando para o tempo e a eternidade; eu sou responsável perante Deus pelos motivos que me levam à ação. Seja esta a sua divisa. Seja sua a oração do salmista: "Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios. Não inclines o meu coração para o mal." Salmos 141:3, 4. -- Testemunhos Seletos 3:198. ------------------------Capítulo 97 -- A justa remuneração para os ministros OE 449 1 Aqueles que se acham empenhados no ministério devem receber nesta vida uma justa remuneração por seu labor. Dedicam todo o seu tempo, pensamento e esforço ao serviço do Mestre; e não está nos desígnios de Deus que o salário que se lhes paga seja insuficiente para suprir as necessidades da família. O ministro que faz sua parte segundo sua capacidade, deve receber aquilo a que faz jus. OE 449 2 Os homens que decidem quanto cada obreiro há de receber, devem esforçar-se sinceramente para corresponder à idéia de Deus em suas decisões. Alguns dos que têm servido em comissões de ajuste de salário têm faltado em discernimento e critério. Por vezes a comissão tem sido composta de homens que não possuíam real compreensão da situação dos obreiros, e que têm repetidamente levado verdadeira opressão e penúria a certas famílias, devido a suas errôneas decisões. Sua administração tem dado lugar ao inimigo para tentar e desanimar os obreiros e, em alguns casos, os tem posto fora da obra. OE 449 3 Deve-se mostrar escrupuloso cuidado no ajustar os salários dos obreiros. Os que são escolhidos para tomar parte nas comissões de salários, devem possuir uma clara percepção, estar familiarizados com o trabalho que estão fazendo. Devem ser "homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza". Êxodo 18:21. OE 449 4 O ministro deve ter certa margem para agir, pois fazem-se muitas solicitações a seus recursos financeiros. Encontra freqüentemente em seu trabalho, pessoas tão pobres, que pouco têm para comer e vestir, e não possuem as necessárias acomodações para dormir. Ele precisa socorrer os que são verdadeiramente necessitados, saciar-lhes a fome e cobrir-lhes a nudez. Também se espera dele que se ponha à frente dos bons empreendimentos, ajude a construir igrejas, e a fazer avançar a causa de Deus em outras terras. OE 450 1 O missionário escolhido por Deus não pode ter residência fixa, mas tem de levar a família de um lugar para outro, muitas vezes de um para outro país. A natureza de seu trabalho assim o exige. Essas freqüentes mudanças, porém, obrigam-no a sérias despesas. Depois, também, para exercer uma boa influência, sua esposa e filhos e ele próprio, devem dar um bom exemplo quanto a vestir-se com decência e correção. Sua aparência pessoal, sua residência e os arredores da mesma -- tudo deve falar em favor da verdade que defendem. Eles devem parecer sempre animados e bem dispostos, a fim de levarem raios de sol aos que necessitam de auxílio. Esses obreiros são muitas vezes obrigados a hospedar os irmãos, e ao mesmo tempo que isso lhes é um prazer, é também uma despesa adicional. OE 450 2 É uma terrível injustiça uma comissão de salários decepcionar um digno ministro que se acha em necessidade de cada moeda que tem sido levado a esperar. O Senhor declara: "Porque Eu, o Senhor, amo o juízo; aborreço o que foi roubado, oferecido em holocausto." Isaías 61:8 (TT). Ele quer que Seu povo manifeste um espírito liberal em todo o seu trato com seus companheiros. O princípio que serve de base a Sua ordem ao antigo Israel: "Não atarás a boca ao boi, quando trilhar" (1 Coríntios 9:9; ver Deuteronômio 25:4), é um princípio que nunca deve ser posto de lado por alguém que tenha de tratar da remuneração dos que se dedicaram ao avançamento da causa de Deus no mundo, e que empregam suas forças em elevar o espírito dos homens da contemplação das coisas terrestres à das celestiais. Deus ama a esses obreiros, e quer que os homens lhes respeitem os direitos. OE 451 1 O sistema de oito horas não encontra lugar no programa do ministro de Deus. Ele deve-se manter de prontidão a qualquer hora. Deve conservar sua vida e energia; pois se é apático e indolente, não pode exercer uma influência salvadora. Se ocupa uma posição de responsabilidade, deve estar preparado para assistir a reuniões de comissão e concílios, passando horas num trabalho cansativo para o cérebro e os nervos, fazendo planos para o avançamento da causa. Essa espécie de trabalho é um pesado encargo para a mente e o corpo. OE 451 2 O ministro que tem uma devida apreciação do serviço, considera-se como servo de Deus pronto a atender a qualquer momento. Quando, com Isaías, ouve a voz do Senhor, dizendo: "A quem enviarei, e quem há de ir por nós?" ele responde: "Eis-me aqui, envia-me a mim." Isaías 6:8. Não pode dizer: Eu me pertenço; farei o que me aprouver com o meu tempo. Ninguém que consagrou a vida à obra de Deus como Seu ministro, vive para si próprio. Sua obra é seguir a Cristo, ser um agente voluntário e um coobreiro do Mestre, recebendo dia a dia Seu Espírito, e agindo como o Salvador fazia, sem vacilar nem ficar desanimado. É escolhido de Deus como fiel instrumento para promover a obra missionária em todas as terras, e cumpre-lhe ponderar bem a vereda que trilha. OE 451 3 Aqueles que nunca suportaram o encargo de tal obra, e que pensam terem os escolhidos e fiéis ministros de Deus uma tarefa fácil, devem ter em mente que as sentinelas de Deus se devem achar constantemente no posto do dever. Seu trabalho não se mede por horas. Ao serem verificados os seus salários, se, por palavra ou por pena, homens egoístas lhes limitam indevidamente os salários, comete-se assim um grande erro. OE 452 1 Os que têm sobre si cargos administrativos em ligação com a causa de Deus, podem-se permitir ser justos e leais; podem-se permitir tratar as coisas segundo os justos princípios. Quando, em tempos de crise financeira, se pensa que os salários devam ser reduzidos, seja publicada uma circular expondo a verdadeira situação, e então indague-se dos empregados da associação se, nessas circunstâncias, eles poderiam passar com menos para o seu sustento. Todos os arranjos feitos com aqueles que se acham ao serviço de Deus, devem ser considerados como uma sagrada transação entre o homem e seu semelhante. Os homens não têm o direito de tratar os obreiros como se fossem objetos inanimados, sem voz ou expressão própria. A esposa do ministro OE 452 2 O ministro é pago por seu trabalho e isso é justo. E se o Senhor dá à esposa da mesma maneira que ao marido, o encargo da obra, e ela dedica seu tempo e energias a visitar as famílias e expor-lhes as Escrituras, embora não lhe hajam sido impostas as mãos da ordenação, ela está realizando uma obra que pertence ao ramo do ministério. Deveria então seu trabalho ser reputado por nada? OE 452 3 Têm-se feito por vezes injustiça a mulheres que trabalham tão dedicadamente como seus maridos, e que são reconhecidas por Deus como necessárias à obra do ministério. O plano de pagar os obreiros homens, e não pagar a suas esposas, as quais partilham de seus labores, não é segundo o mandamento de Deus, e, caso seja seguido em nossas associações, é capaz de desanimar a nossas irmãs de se habilitarem para a obra em que se devem empenhar. Deus é um Deus de justiça, e se os ministros recebem pagamento por seu labor, as esposas, que se consagram à obra com o mesmo desinteresse, devem ser pagas além do ordenado que os maridos recebem, mesmo que elas não o solicitem. OE 453 1 Os adventistas do sétimo dia não devem, de forma alguma, amesquinhar a obra da mulher. Se esta entrega seu serviço doméstico nas mãos de uma auxiliar fiel e prudente, e deixa seus filhos em boa guarda ao passo que ela se ocupa na obra, a associação deve ter a sabedoria de compreender a justiça de remunerá-la. OE 453 2 O Senhor tem uma obra para as mulheres, da mesma maneira que para os homens. Elas podem efetuar uma boa obra para Deus, caso aprendam primeiro na escola de Cristo a preciosa e todo importante lição da mansidão. Importa que não somente usem o nome de Cristo mas que Lhe possuam o Espírito. Importa que andem como Ele andou purificando a alma de tudo quanto contamine. Então serão de benefício aos outros, apresentando-lhes a completa suficiência de Jesus. -- Testemunhos Seletos 2:404. ------------------------Capítulo 98 -- Uma sábia distribuição de meios OE 454 1 Os membros devem contribuir alegremente para a manutenção do ministério. Devem exercer abnegação e economia, a fim de não ficar atrás em nenhum valioso dom. Somos peregrinos e estrangeiros, procurando uma pátria melhor, e toda alma deve fazer com Deus um concerto com sacrifício. O tempo de salvar almas é breve, e tudo quanto não seja necessário para prover necessidades positivas, deve ser levado como oferta de gratidão a Deus. OE 454 2 E é dever dos que trabalham na palavra e na doutrina manifestar um justo espírito de sacrifício. Repousa sobre aqueles que recebem os liberais donativos da igreja, e administram os meios no tesouro de Deus, uma solene responsabilidade. Cumpre-lhes estudar cuidadosamente as providências do Senhor, a fim de discernir onde existe a maior necessidade. Eles têm de ser colaboradores de Cristo no estabelecer Seu reino na Terra, em harmonia com a oração do Salvador: "Venha o Teu reino, seja feita a Tua vontade, assim na Terra como no Céu." Mateus 6:10. OE 454 3 Deve-se considerar a obra em todo o mundo. Novos campos têm de ser penetrados. Lembrem-se nossos irmãos de que se exigem muitos meios e muito trabalho árduo para levar a obra avante em novos campos. OE 454 4 Ao fazer planos para a causa em campos estrangeiros, há a considerar as dificuldades a serem encontradas, devendo-se prestar aos obreiros um voluntário apoio. Aqueles que se encontram à testa dos negócios na sede da causa, têm de examinar detidamente as necessidades dos vários campos; pois eles são os mordomos de Deus, destinados a estender a verdade, a todas as partes do mundo. Eles são inescusáveis, se permanecem em ignorância com respeito às necessidades da obra. Cumpre-lhes conhecer as vantagens e dificuldades de cada campo e depois, com um espírito de interesse altruísta, têm de trabalhar para o avançamento da causa como um todo. OE 455 1 Quando aqueles que têm de destinar às necessidades da obra do Senhor os meios de Seu tesouro, houverem procurado obter uma justa compreensão das condições, deverão aproximar-se do propiciatório pedindo uma clara intuição e sabedoria celestial, a fim de que vejam as necessidades dos países longínquos, bem como dos que lhes ficam mais próximos. Eles nunca hão de buscar o Senhor em vão. Ao pedirem-Lhe que os ajude a fazer avançar a obra nas regiões distantes, hão de receber graça do alto. OE 455 2 Manifeste-se uma desinteressada igualdade no tratar com o corpo de obreiros na pátria e no estrangeiro. Devemos compreender mais e mais que os meios trazidos ao tesouro do Senhor nos dízimos e ofertas de nosso povo, devem ser empregados para a manutenção da obra, não somente na pátria, mas nos campos estrangeiros. Os que residem em lugares onde a obra se acha há muito estabelecida, devem limitar suas supostas necessidades, de maneira que a obra em novos campos possa ir avante. Há, nas instituições já há muito estabelecidas, o desejo de obter cada vez mais vantagens. Mas o Senhor declara que não deve ser assim. O dinheiro de Seu tesouro tem de ser empregado em estabelecer a obra em todo o mundo. OE 455 3 Os lugares da vinha do Senhor em que pouco ou nada se tem feito, pedem àqueles em que já se acham estabelecidas instituições, que compreendam a situação. Que os homens dos campos que, segundo a indicação de Deus, já têm sido em grande parte trabalhados, e onde a causa se acha solidamente estabelecida, restrinjam sua ambição de estender-se. Não pensem nas grandes coisas que desejariam fazer, continuando a aumentar suas comodidades, ao passo que outras partes da vinha ficam desprovidas. É ambição egoísta que leva os homens a exigirem mais para um campo já possuidor de amplos recursos, ao passo que campos missionários se encontram em necessidade. OE 456 1 Se o Senhor favorece mais a obra em certos países do que em outros, é para que seja revelado um espírito de verdadeira liberalidade, um desejo de ajudar aos que necessitam grandemente de auxílio para obter uma posição estável, e dar reputação à obra. O Senhor não faz acepção de pessoas nem de lugares. Sua obra é um grande todo. Sua verdade tem de ser proclamada a toda nação, tribo, língua e povo; e, à medida que novos campos são penetrados e o povo aceita a verdade, precisam-se edificar casas de culto e edifícios escolares, bem como se devem suprir outros recursos. É mister que haja prelos em operação em muitas partes do mundo. OE 456 2 A obra do Senhor em novos territórios tem de ser levada avante, a uma feliz realização. Os planos de Deus têm de ser seguidos, e não as inclinações dos que quereriam reunir na região sobre que superintendem, todas as vantagens possíveis, ao passo que se esquecem de que outras partes da vinha do Senhor se acham inteiramente destituídas dessas vantagens. OE 456 3 Em algumas associações tem-se considerado louvável o economizarem-se meios, e apresentar um grande excesso no tesouro. Deus, porém, não tem sido honrado com isso. Teria sido preferível que o dinheiro assim depositado houvesse sido sabiamente empregado em manter obreiros diligentes e capazes em campos necessitados. OE 457 1 Em seus esforços para economizar, nossos irmãos devem cuidar em não restringir o emprego dos meios onde o mesmo, feito com sabedoria, é necessário. Para o estabelecimento de escolas e sanatórios, deve-se adquirir terreno suficiente para seguir o plano que o Senhor delineou quanto a essas instituições. Devem-se tomar providências para cultura de frutas e verduras e, sempre que possível, convém comprar terras bastantes para impedir que outros edifiquem, próximo da instituição, edifícios de caráter objetável. OE 457 2 Por vezes, quando uma obra chegou a certo grau de desenvolvimento, e aqueles que trabalharam ativamente em benefício dela pediram, com necessidade, mais auxílio, seu pedido foi rejeitado, não lhes sendo proporcionadas as vantagens que teriam tornado sua obra eficaz. Isso lhes levou desânimo ao coração, prejudicando a causa de Deus. Os que têm tido receio de empreender a obra nas cidades grandes, pelo fato de que isso importa em trabalho ativo e no emprego de meios, precisam entender a magnitude do dom que o Senhor fez ao dar Seu Filho para salvar o mundo. Nossas cidades podem ser trabalhadas, se os homens confiarem em Deus, e trabalharem ativa e abnegadamente. ------------------------Capítulo 99 -- Economia em trabalho missionário OE 458 1 Os obreiros de Deus devem trabalhar com inteligência, economia e humildade. Há pessoas que empreendem muito, e assim fazendo, pouco realizam. Nossos esforços devem ser mais concentrados. Cada golpe deve produzir efeito. O espírito deve estar ativo para discernir os melhores meios e modos de alcançar o povo que se acha próximo de nós. No esforço de fazer uma obra distante, deixamos muitas vezes passar oportunidades ao nosso alcance. Desta forma se perdem meios e tempo em ambos os lugares. OE 458 2 Nossos obreiros missionários devem aprender a economizar. O maior reservatório, embora seja alimentado por fontes abundantes e vivas, deixará de satisfazer às necessidades, se houver brechas por onde vaze o conteúdo. Não se deve permitir que um único homem decida se certo campo justifica grandes esforços. Se os obreiros num campo dirigem a obra de maneira que incorra em grandes despesas, estão impedindo o caminho de modo que outros campos -- os quais talvez melhor justificassem o desembolso -- não podem ser penetrados. OE 458 3 Nossos obreiros mais moços devem satisfazer-se de abrir caminho entre o povo lentamente, com segurança, sob os conselhos dos que têm tido mais experiência. As idéias de muitos são demasiado elevadas. Uma maneira mais humilde de trabalhar haveria de dar bons resultados. É animador ver os jovens entrarem no campo missionário, pondo todo o ardor e zelo na obra; mas não se lhes deve permitir que dirijam sozinhos, e mantenham a causa de Deus onerada de dívidas. Todos se devem esforçar, mediante sábia direção e ativo labor, por arranjar o bastante para pagar as próprias despesas. Eles devem trabalhar para fazer com que a causa se mantenha a si mesma, e ensinar o povo a depender de si. OE 459 1 Nossos ministros não se devem sentir em liberdade de pagar grandes somas por salas para reuniões, quando não tomam a responsabilidade de cuidar pessoalmente do interesse despertado. Os resultados são demasiado incertos para justificar o emprego de meios tão rapidamente. Se igrejas e salas se abrem a qualquer obreiro, e há o desejo de ouvir, eles devem aproveitar o ensejo, e fazer o mais que possam; mas não é sábio que um único indivíduo se lance presumidamente ao trabalho, como se fosse dotado de um grande talento, como se fosse um Moody ou um Sankey, e faça um pródigo desembolso de meios. OE 459 2 Ao enviar missionários para os países estrangeiros, devemos escolher aqueles que sabem economizar, que não têm grande família, e que, compreendendo a brevidade do tempo e a grandeza da obra a ser realizada, se mantenham o quanto possível, livres de qualquer coisa que lhes possa distrair o espírito da grande obra. A esposa, colocando-se ao lado do marido, pode realizar tanto quanto ele, se for dedicada, e livre para fazê-lo. Precisamos de missionários que o sejam em todo o sentido da palavra, que ponham de lado considerações egoístas, dando à causa de Deus o primeiro lugar; e que, trabalhando com vistas unicamente em Sua glória, se mantenham como servos prontos para todo instante, dispostos a ir onde Ele lhes peça, e a trabalhar em qualquer posição para dilatar o conhecimento da verdade. Necessita-se, na causa, de homens que tenham esposas que amem e temam a Deus, e que possam ajudar os maridos na obra, nos campos missionários. OE 459 3 Nossos obreiros precisam aprender primeiro a economia, não somente em seus esforços para levar avante a causa da verdade, mas também em suas despesas domésticas. Devem colocar a família de maneira que dela possam cuidar com o mínimo possível de despesas. Não nos são, em nossa obra, oferecidos donativos e legados como acontece com outras denominações; e aqueles que se não educaram quanto a viver dentro dos limites de seus recursos, terão certamente de fazê-lo ou, do contrário, empregar-se de outra maneira. Hábitos de condescendência egoísta, ou falta de tato e habilidade da parte da esposa e mãe, podem ser uma causa constante de escassez de fundos; e todavia essa mãe talvez julgue estar fazendo o melhor que pode, pois nunca foi ensinada a restringir suas necessidades e de seus filhos, e nunca adquiriu habilidade e tato nos negócios domésticos. Daí, uma família pode requerer para sua manutenção duas vezes tanto quanto bastaria para outra do mesmo tamanho. OE 460 1 Todos devem aprender a tomar notas de suas despesas. Alguns o negligenciam como não sendo coisa essencial; é um erro, porém. Todas as despesas devem ser anotadas com exatidão. Eis uma coisa que muitos de nossos obreiros terão de aprender. OE 460 2 O Senhor não está satisfeito com a atual falta de ordem e exatidão entre os que trabalham na Sua obra. Mesmo nas reuniões de negócios da associação, poder-se-ia economizar muito tempo e evitar muitos erros, mediante um pouco mais de estudo e pontualidade. Tudo quanto tenha qualquer relação com a obra de Deus deve ser tão perfeito quanto seja possível ao cérebro e às mãos humanos. OE 460 3 Como coobreiros de Deus, deveis aproximar-vos uns dos outros. Devem-se dar lições de amor, confiança e respeito mútuos, tanto no púlpito, como fora dele. Deveis viver segundo ensinais. Lembrai-vos de que os recém-convertidos olham ao vosso exemplo. OE 461 1 Alguns daqueles para quem trabalhais, desejarão que o trabalho se faça segundo seus métodos, pensando que são os melhores; mas, se possuís o espírito e a mansidão de Cristo, se mostrais respeito e amor uns pelos outros, Deus vos habilitará a aperfeiçoar esse trabalho de modo a ser-Lhe agradável. Trabalhai por vossa própria alma, até à rendição do próprio eu, até que Cristo reconheça em vós Sua própria imagem. Essa será a lição mais de molde a impressionar aqueles a quem educais. OE 461 2 Nos campos estrangeiros, especialmente, a obra não pode ser realizada senão mediante planos bem delineados. Conquanto vos devais esforçar para trabalhar em harmonia com as instituições dos que se acham à testa da obra, muitas circunstâncias imprevistas surgirão, para as quais eles não tomaram providências. É preciso que os que se encontram no campo de batalha se aventurem a alguma coisa, corram certos riscos. Haverá crises que exigem uma ação pronta. OE 461 3 Ao iniciarem-se missões em terras estrangeiras, é de especial importância que se comece a obra como deve ser. Os obreiros devem cuidar em não restringi-la devido a planos acanhados. Se bem que o estado do tesouro exija economia, há perigo de que a mesma seja exercida de maneira que redunde em prejuízo, em vez de lucro. Assim tem na verdade acontecido em algumas de nossas missões, onde nossos obreiros têm aplicado a suas faculdades quase inteiramente a fazer planos para agir dentro do mínimo possível de despesas. Com uma direção diversa, muito mais se poderia haver conseguido; e, afinal, menos teriam sido os recursos diminuídos ao tesouro. OE 462 1 Nosso progresso tem sido mais lento em campos novos, devido a não serem populares perante o mundo as verdades especiais que apresentamos. A observância do sábado do sétimo dia é uma pesada cruz para todos quantos aceitam a verdade. Muitos que podem ver que nossas doutrinas são apoiadas nas Escrituras, esquivam-se a aceitá-las, porque não desejam tornar-se singulares, ou porque, pela obediência à verdade, seriam privados de seu meio de vida. Por isso, é preciso muita sabedoria em estudar a maneira de apresentar a verdade ao povo. OE 462 2 Em alguns lugares, a obra deve começar pequenina, e avançar lentamente. Isso é tudo quanto os obreiros podem fazer. Em muitos casos, porém, poder-se-ia fazer, com bons resultados, um mais amplo e decidido esforço ao início. A obra na Inglaterra poderia estar muito mais adiantada atualmente, se nossos irmãos não houvessem procurado, ao começo, trabalhar com tanta economia. Se houvessem alugado boas salas, levando avante o trabalho como quem possui grandes verdades, as quais hão de necessariamente triunfar, teriam obtido êxito maior. Deus quer que a obra seja começada de modo que as primeiras impressões dadas sejam, o quanto possível, as melhores. OE 462 3 Cuidai em manter o elevado caráter da obra missionária. Que todos quantos se acham ligados a nossas missões, tanto homens como mulheres, perguntem constantemente: "Que sou eu? e que devo ser e fazer?" Lembrem-se todos de que não podem dar a outros aquilo que eles próprios não possuem; portanto não se devem satisfazer com suas maneiras e hábitos naturais, sem procurar mudar para melhor. Diz Paulo: "Prossigo para o alvo". Filipenses 3:14. Deve haver contínua reforma, incessante progresso, se queremos aperfeiçoar um caráter harmônico. OE 463 1 O Senhor quer homens que vejam a obra em sua grandeza, e compreendam os princípios que têm sido com ela entretecidos desde seu começo. Ele não quer que uma ordem mundana de coisas se introduza para moldar a obra em linhas totalmente diferentes daquelas que Ele traçou a Seu povo. A obra precisa ter o cunho de seu Originador. -- Testimonies for the Church 7:209. OE 463 2 Ao estabelecer a obra em novos lugares, economizai em tudo que for possível. Apanhai as migalhas; que nada se perca. A obra de salvar almas deve ser levada avante segundo a maneira por que Cristo a traçou. Ele declara: "Se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-Me." Mateus 16:24. É unicamente pela obediência a esta palavra que podemos ser Seus discípulos. Estamo-nos aproximando do fim da história deste mundo, e os vários ramos da obra de Deus devem ser desenvolvidos com muito mais sacrifício próprio do que até agora se tem manifestado. -- Testimonies for the Church 7:239, 240. ------------------------Capítulo 100 -- As regiões distantes OE 464 1 A Igreja de Cristo foi organizada com fins missionários. A obra missionária cristã fornece à igreja um firme fundamento, o qual tem este selo: "O Senhor conhece os que são Seus." 2 Timóteo 2:19. Por ela os membros são possuídos de zelo para renunciar-se a si mesmos, desenvolver abnegados esforços para enviar a verdade às regiões distantes. Isso tem uma salutar influência sobre os incrédulos; pois ao trabalharem os obreiros sob a direção divina, os mundanos são levados a ver a grandeza dos recursos que Deus tem preparado para aqueles que O servem. Achamo-nos sob a mais solene obrigação de proporcionar nas missões cristãs um exemplo dos princípios do reino de Deus. A igreja tem de trabalhar ativamente, como um corpo organizado, para dilatar a influência da cruz de Cristo. OE 464 2 Deus está chamando homens dispostos a deixar tudo para se tornarem missionários Seus. E o chamado será atendido. Em todas as épocas, desde o advento de Cristo, a comissão evangélica tem compelido homens e mulheres a ir aos confins da Terra para levar as boas novas de salvação aos que se acham em trevas. Comovidos pelo amor de Cristo e a necessidade dos perdidos, os homens têm deixado os confortos da pátria e a sociedade dos amigos, mesmo de esposa e filhos, para ir a terras estrangeiras, em meio a idólatras e selvagens, a proclamar a mensagem de misericórdia. Muitos têm perdido a vida na tentativa, mas muitos têm sido suscitados para levar avante a obra. Assim tem progredido, passo a passo, a causa de Cristo, e a semente semeada em tristeza tem produzido uma abundante colheita. Dilatou-se o conhecimento de Deus, e a bandeira da cruz foi firmada em terras pagãs. OE 465 1 Nada há mais precioso aos olhos de Deus do que Seus ministros, que vão aos lugares assolados da Terra para semear a verdade, aguardando a ceifa. Ninguém, senão Cristo, pode apreciar a solicitude de Seus servos, ao buscarem os perdidos. Ele lhes comunica Seu Espírito e, por seus esforços, almas são levadas a desviarem-se do pecado para a justiça. OE 465 2 O ministro deve empenhar ao máximo as suas faculdades, para a conversão de um pecador que seja. A alma criada por Deus e redimida por Cristo é de grande valor, em virtude das possibilidades que tem diante de si, das vantagens espirituais que lhe foram asseguradas, das aptidões que ela pode possuir, se vitalizada pela Palavra de Deus, e da imortalidade que pode alcançar mediante a esperança apresentada no evangelho. E se Cristo deixou as noventa e nove a fim de procurar e salvar uma ovelha perdida, podemos nós ser justificados de fazer menos que isso? Não é a negligência de trabalhar como Cristo fez, de sacrificar-se como Ele Se sacrificou, uma traição à sagrada verdade? OE 465 3 Sinto intensamente as necessidades dos países estrangeiros, segundo me têm sido apresentadas. Em todas as partes do mundo estão anjos de Deus abrindo portas até há pouco cerradas à mensagem da verdade. Da Índia, da África, da China e muitos outros lugares, ouve-se o grito: "Passa e ajuda-nos." OE 465 4 Mostrar um espírito liberal, abnegado para com o êxito das missões estrangeiras, é um meio seguro de fazer avançar a obra missionária na pátria; pois a prosperidade da obra nacional depende grandemente, abaixo de Deus, da influência reflexa da obra evangélica feita nos países afastados. É trabalhando para prover às necessidades de outros, que pomos nossa alma em contato com a Fonte de todo o poder. O Senhor tem observado todos os aspectos do zelo missionário manifestado por Seu povo em favor dos campos estrangeiros. É Seu desígnio que, em todo lar, em toda igreja, e em todos os centros da obra, se manifeste um espírito de liberalidade no enviar auxílio aos campos estrangeiros, onde os obreiros estão lutando contra grandes desvantagens para comunicar a luz da verdade aos que se acham assentados em trevas. OE 466 1 Aquilo que é dado para iniciar a obra num campo, redunda em avigoramento da mesma em outros lugares. Ao sentirem-se os obreiros desembaraçados de dificuldades financeiras, podem estender seus esforços; e à medida que o povo é trazido para a verdade e se estabelecem igrejas, haverá acréscimo de força, financeiramente. À medida que essas igrejas se tornam fortes, são capazes, não somente de levar avante a obra dentro de seus próprios limites, como de enviar auxílio a outros campos. As igrejas nacionais devem ajudar OE 466 2 Os membros de nossas igrejas no campo nacional devem ter no coração a preocupação da obra nas regiões distantes. Um negociante americano, cristão sincero, observou em conversação com um companheiro de trabalho, que ele próprio trabalhava para Cristo vinte e quatro horas por dia. "Em todas as minhas relações comerciais", disse ele, "procuro representar meu Mestre. Em tendo oportunidade, busco atrair outros para Ele. Trabalho todo o dia para Cristo. E à noite, enquanto durmo, tenho um homem trabalhando para Ele na China." OE 466 3 Por que não haveriam de os membros de uma igreja, ou de várias pequenas igrejas, unir-se para manter um missionário em campos estrangeiros? Se eles forem abnegados, poderão fazê-lo. Meus irmãos e minhas irmãs, não quereis ajudar nesta grande obra? Rogo-vos que façais alguma coisa para Cristo, e o façais agora. Por meio do mestre que o vosso dinheiro mantiver num campo estrangeiro, podem-se salvar almas que brilhem como estrelas na coroa do Redentor. Embora seja pequena a vossa oferta, não hesiteis em trazê-la ao Senhor. Se for dada com um coração cheio de amor pelo Salvador, a mais pequenina oferta torna-se uma dádiva inapreciável, a qual Deus aprova e abençoa. OE 467 1 Quando Jesus disse da viúva: "lançou mais do que todos" (Lucas 21:3), Suas palavras eram reais, não somente quanto aos motives da doadora, como também aos resultados da oferta. As "duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante" (Marcos 12:42), têm levado ao tesouro de Deus uma soma de dinheiro muito maior do que as contribuições dos ricos judeus. Como uma corrente pequenina ao princípio, mas que se amplia e aprofunda à medida que corre para o oceano, a influência daquela ofertazinha se tem dilatado e tornado mais profunda com o fluir através dos séculos. O exemplo de abnegação dado pela viúva pobre tem agido e reagido sobre milhares de corações em todas as terras e em todos os séculos. Ele tem levado ao tesouro do Senhor dádivas de elevados e humildes, de ricos e pobres. Tem ajudado a manter missões, a estabelecer hospitais, a alimentar os famintos e a pregar o evangelho aos pobres. Multidões têm sido beneficiadas por seu ato de desprendimento. E da mesma maneira toda dádiva feita, todo ato praticado com um sincero desejo de que sirva para a glória de Deus, acha-se vinculado aos desígnios da Onipotência. Homem algum pode avaliar seus resultados para o bem. Métodos de trabalho em campos estrangeiros OE 468 1 Logo que se entre em um novo campo, deve ter início o trabalho educativo, devendo-se ministrar a instrução mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali. Não é o pregar o mais importante; é o trabalho feito de casa em casa, raciocinando sobre a Palavra, explicando-a. São os obreiros que seguem os métodos de Cristo, que hão de conquistar almas para sua recompensa. As mesmas verdades devem ser repetidas aqui e ali, dependendo o obreiro inteiramente de Deus. E que preciosas experiências obtém o mestre ao instruir os que se acham em trevas! Também ele é um aluno, e enquanto explica as Escrituras a outros, o Espírito Santo está operando em seu espírito e coração, dando-lhe o pão da vida para as almas famintas. OE 468 2 O obreiro em campos estrangeiros entrará em contato com todas as classes de pessoas e todas as variedades de espíritos, e verificará serem necessários diversos métodos de trabalho a fim de ir ao encontro das necessidades do povo. A consciência de sua própria ineficiência o impelirá para Deus e a Bíblia em busca de luz, força e conhecimento. OE 468 3 Nem sempre conseguimos os mesmos resultados mediante os mesmos métodos e modos. O missionário precisa usar de discernimento e raciocínio. A experiência indicará a maneira mais sábia a seguir segundo as circunstâncias do momento. Dá-se muitas vezes que os costumes e clima de um país dão lugar a certo estado de coisas que seriam intoleráveis em outra parte. É mister que se operem mudanças para melhor, mas convém não serem demasiado abruptas. OE 468 4 Não se permita que surjam discussões sobre ninharias. O espírito de amor e a graça de Cristo hão de unir coração a coração, caso os homens abram as janelas da alma em direção do Céu, cerrando-as para a Terra. Muitas dificuldades se conciliariam, e muita controvérsia que traz o bolor do tempo se aquietaria, se fossem empregados melhores métodos. O grande, elevado princípio: "Paz na Terra, boa vontade para com os homens" será muito mais bem praticado quando os que acreditam em Cristo forem na verdade coobreiros de Deus. Auxílio do céu OE 469 1 O obreiro em campo estrangeiro deve trazer no coração a paz e o amor que vêm do Céu; pois nisso se encontra sua única salvaguarda. Por entre perplexidades e provações, desânimos e sofrimentos, com a dedicação de um mártir e a coragem de um herói, ele se deve apoiar firmemente à Mão que nunca desampara, dizendo: "Não falharei, nem me desanimarei." Ele tem de ser um diligente estudante da Bíblia, e pôr-se muitas vezes em oração. Se, antes de falar com outros, buscar auxílio de cima, pode estar certo de que os anjos do Céu estarão com ele. Por vezes anelará a simpatia humana, mas poderá encontrar conforto e coragem em sua solicitude, por meio da comunhão com Deus. Anime-se ele com as palavras do Salvador: "Eis que estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos." Mateus 28:20. Ele receberá desse divino Companheiro instruções quanto à ciência de salvar almas. OE 469 2 Necessitam-se no campo missionário energia e espírito de sacrifício. Deus pede homens que promovam os triunfos da cruz; homens que perseverem sob desânimos e privações; homens que possuam o zelo, a resolução e a fé indispensáveis no campo missionário. Mediante perseverante lida e uma firme confiança no Deus de Israel, homens resolutos e animosos realizarão maravilhas. Não há quase limites ao que se pode executar, caso os trabalhos feitos sejam regidos por um esclarecido raciocínio, e apoiados por um diligente esforço. OE 470 1 Regozijemo-nos por haver sido feita nos campos estrangeiros uma obra que mereça a aprovação de Deus. Ergamos a voz em louvor e ações de graças pelos resultados da obra lá fora. E nosso General, que não erra nunca, diz-nos ainda: "Avançai; entrai em novo território; içai o estandarte em toda terra. 'Levanta-te, resplandece, porque já vem a tua luz, e a glória do Senhor vai nascendo sobre ti.'" Isaías 60:1. OE 470 2 É chegado o tempo em que, por intermédio dos mensageiros de Deus, o rolo do livro se abrirá ao mundo. A verdade contida na primeira, segunda e terceira mensagens angélicas, tem de ir a toda nação, tribo, língua e povo; ela deve iluminar as trevas de todo continente, e estender-se às ilhas do mar. Não deve haver dilação nessa obra. OE 470 3 Nossa divisa deve ser: Para a frente, sempre para a frente! Anjos do Céu irão adiante de nós, a preparar-nos o caminho. Nosso cuidado pelas regiões distantes nunca poderá ser deposto enquanto a Terra inteira não for iluminada com a glória do Senhor. ------------------------Capítulo 101 -- Em contato com os outros OE 473 1 Todas as relações sociais exigem o exercício do domínio próprio, tolerância e simpatia. Diferimos tanto uns dos outros em disposições, hábitos e educação, que variam entre si nossas maneiras de ver as coisas. Julgamos diferentemente. Nossa compreensão da verdade, nossas idéias em relação à conduta de vida, não são idênticas sob todos os pontos de vista. Não há duas pessoas cuja experiência seja igual em cada particular. As provas de uma não são as provas de outra. Os deveres que para uma se apresentam como leves, são para outra mais difíceis e inquietantes. OE 473 2 Tão fraca, ignorante e sujeita ao erro é a natureza humana, que todos devemos ser cautelosos na maneira de julgar o próximo. Pouco sabemos da influência de nossos atos sobre a experiência dos outros. O que fazemos ou dizemos pode parecer-nos de pouca importância, quando, se nossos olhos se abrissem, veríamos que daí resultam as mais importantes conseqüências para o bem ou para o mal. Consideração pelos que têm responsabilidades OE 473 3 Muitas pessoas têm desempenhado tão poucas responsabilidades, seu coração tem experimentado tão pouco as angústias reais, sentindo tão pouca perplexidade e preocupação em auxiliar o próximo, que não podem compreender o trabalho de quem tem verdadeiras responsabilidades. São tão incapazes de apreciar seus trabalhos, como a criança de compreender os cuidados e fadigas do preocupado pai. A criança admira-se dos temores e perplexidades do pai: parecem-lhe inúteis. Mas quando os anos de experiência forem acrescentados à sua vida, quando tiver de carregar as próprias responsabilidades, olhará de novo para a vida do pai, e compreenderá então o que outrora lhe era incompreensível. A amarga experiência deu-lhe o conhecimento. OE 474 1 A obra de muitas pessoas que têm responsabilidades não é compreendida, não são apreciados seus trabalhos, enquanto a morte não os abate. Quando outros retomam as funções que eles exerciam, e enfrentam as dificuldades que eles encontraram, compreendem quanto a sua fé e coragem foram provadas. Muitas vezes perdem de vista, então, os erros que estavam tão prontos a censurar. A experiência ensina-lhes a simpatia. É Deus quem permite que os homens sejam colocados em posições de responsabilidade. Quando erram, tem poder para os corrigir, ou para os retirar do cargo que exercem. Devemos acautelar-nos para não tomar em nossas mãos o direito de julgar, que pertence a Deus. ... OE 474 2 Ordena-nos o Salvador: "Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós." Mateus 7:1, 2. Lembrai-vos de que cedo o relato da vossa vida passará em revista diante de Deus. Lembrai-vos de que Ele disse: "És inescusável quando julgas, ó homem, ... pois tu, que julgas, fazes o mesmo." Romanos 2:1. Paciência quando ofendido OE 475 1 Não podemos permitir que nosso espírito se irrite por algum mal real ou suposto que nos tenha sido feito. O inimigo que mais carecemos temer é o próprio eu. Nenhuma forma de vício tem efeito mais funesto sobre o caráter do que a paixão humana quando não está sob o domínio do Espírito Santo. Nenhuma vitória que possamos ganhar será tão preciosa como a vitória sobre nós mesmos. OE 475 2 Não permitamos que nossa suscetibilidade seja facilmente ferida. Devemos viver, não para vigiar sobre nossa suscetibilidade ou reputação, mas para salvar almas. Quando estamos interessados na salvação das almas, deixamos de pensar nas pequenas diferenças que possam levantar-se entre uns e outros na associação mútua. De qualquer sorte que os outros pensem de nós ou conosco procedam, nunca será necessário que perturbemos nossa comunhão com Cristo, nossa companhia com o Espírito. "Que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas se, fazendo bem, sois afligidos, e o sofreis, isso é agradável a Deus." 1 Pedro 2:20. OE 475 3 Não vos vingueis. Quanto puderdes, removei toda a causa de mal-entendido. Evitai a aparência do mal. Fazei o que estiver em vosso poder, sem comprometer os princípios, para conciliar o próximo. "Se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa aí defronte do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem e apresenta a tua oferta." Mateus 5:23, 24. OE 475 4 Se vos forem dirigidas palavras impacientes, nunca respondais no mesmo tom. Lembrai-vos de que "a resposta branda desvia o furor". Provérbios 15:1. Há um poder maravilhoso no silêncio. As palavras ditas em réplica a alguém encolerizado por vezes servem apenas para o exasperar. Mas se a cólera encontra o silêncio, e um espírito amável e paciente, em breve se esvai. OE 476 1 Sob uma tempestade de palavras ferinas e acusadoras, conservai apoiado o espírito na Palavra de Deus. Que o espírito e o coração sejam repletos das promessas divinas. Se sois maltratados ou acusados injustamente, em vez de responder com cólera, repeti a vós mesmos as preciosas promessas: OE 476 2 "Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem." Romanos 12:21. OE 476 3 "Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nEle e Ele tudo fará. E fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu juízo como o meio-dia." Salmos 37:5, 6. OE 476 4 "Nada há coberto que não haja de ser descoberto; nem oculto que não haja de ser sabido." Lucas 12:2. OE 476 5 "Fizeste com que os homens cavalgassem sobre as nossas cabeças; passamos pelo fogo e pela água; mas trouxeste-nos a um lugar de abundância." Salmos 66:12. OE 476 6 Somos inclinados a procurar junto de nossos semelhantes simpatia e ânimo, em vez de os procurar em Jesus. Em Sua misericórdia e fidelidade, Deus permite muitas vezes que falhem aqueles em quem depositamos confiança, a fim de que possamos compreender quanto é insensato confiar nos homens e apoiar-nos na carne. Confiemos inteira, humilde e desinteressadamente em Deus. Ele conhece as tristezas que nos consomem no mais profundo do ser e que não podemos exprimir. Quando tudo nos parece escuro e inexplicável, lembremo-nos das palavras de Cristo: "O que Eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois." João 13:7. OE 477 1 Estudai a história de José e de Daniel. O Senhor não impediu as maquinações dos homens que procuravam fazer-lhes mal; mas conduziu todos os planos para o bem de Seus servos, que no meio de provas e lutas mantiveram sua fé e lealdade. OE 477 2 Enquanto estivermos no mundo, encontraremos influências adversas. Haverá provocações para ser provada a nossa têmpera; e é enfrentando-as com espírito reto que as virtudes cristãs são desenvolvidas. Se Cristo habitar em nós, seremos pacientes, bondosos e tolerantes, alegres no meio das contrariedades e irritações. Dia após dia, e ano após ano, vencer-nos-emos a nós próprios e cresceremos num nobre heroísmo. Tal é a tarefa que sobre nós impende; mas não pode ser cumprida sem o auxílio de Jesus, firme decisão, um alvo bem determinado, contínua vigilância e oração incessante. Cada um tem suas lutas pessoais a travar. Nem o próprio Deus pode tornar nosso caráter nobre e nossa vida útil, se não colaborarmos com Ele. Quem renuncia à luta perde a força e a alegria da vitória. OE 477 3 Não precisamos guardar nosso próprio registro das provas e dificuldades, dos desgostos e tristezas. Todas estas coisas estão escritas nos livros, e o Céu tomará o cuidado delas. Enquanto relembramos as coisas desagradáveis, passam da memória muitas que são gratas à reflexão, como a misericordiosa bondade de Deus que nos rodeia a cada instante e o amor, de que os anjos se maravilham, com que deu Seu Filho para morrer por nós. Se como obreiros de Cristo sentis que tendes maiores cuidados e provas que os outros, lembrai-vos de que há para vós uma paz desconhecida dos que evitam estes fardos. Há conforto e alegria no serviço de Cristo. Mostremos ao mundo que não há insucesso na vida com Deus. OE 478 1 Se vos não sentis satisfeitos e alegres, não faleis dos vossos sentimentos. Não anuvieis a vida dos outros. Uma religião fria e sombria, jamais atrairá almas para Cristo. Afasta-as dEle, para as redes que Satanás lança aos pés dos transviados. Em vez de pensar em vosso desânimo, pensai na força de que podeis dispor em nome de Cristo. Que vossa imaginação se fixe nas coisas invisíveis. Que os pensamentos se dirijam para as evidências do grande amor de Deus por vós. A fé pode sofrer a prova, vencer a tentação, suportar o insucesso. Jesus vive como nosso advogado. Tudo o que nos assegura a Sua mediação nos pertence. OE 478 2 Não pensais que Cristo aprecia quem vive inteiramente para Ele? Não pensais que visita os que, como o amado João no exílio, estão em lugares difíceis e penosos? Deus não permite que um de Seus devotados obreiros seja abandonado, a lutar sozinho contra forças superiores, e que seja vencido. Preserva, como jóia preciosa, todo aquele cuja vida está escondida com Cristo nEle. De cada um destes diz: "Eu ... te farei como um anel de selar; porque te escolhi." Ageu 2:23. OE 478 3 Falai pois das promessas; falai do desejo que Jesus tem de abençoar. Ele não nos esquece nem um só instante. Quando, apesar das circunstâncias desagradáveis, repousamos confiadamente no Seu amor e mantemos nossa comunhão com Ele, o sentimento da Sua presença inspirará uma alegria profunda e tranqüila. De Si disse Cristo: "Nada faço por Mim mesmo; mas falo como o Pai Me ensinou. E Aquele que Me enviou está comigo; o Pai não Me tem deixado só porque Eu faço sempre o que Lhe agrada." João 8:28, 29. ... OE 479 1 Cultivai o hábito de falar bem do próximo. Detende-vos sobre as boas qualidades daqueles com quem estais associados, e olhai o menos possível para seus erros e fraquezas. Quando sois tentados a queixar-vos do que alguém disse ou fez, louvai alguma coisa na vida ou caráter dessa pessoa. Cultivai a gratidão. Louvai a Deus pelo Seu admirável amor em dar a Cristo para morrer por nós. Nada lucramos em pensar em nossas mágoas. Deus convida-nos a meditar na Sua misericórdia e no Seu amor incomparável, a fim de que sejamos inspirados com o louvor. OE 479 2 Os trabalhadores ativos não têm tempo de se ocupar com as faltas do próximo. As faltas e fraquezas dos outros não fornecem alimento para a vossa vida. A maledicência é uma dupla maldição, que recai mais pesadamente sobre quem fala do que sobre quem ouve. Quem espalha as sementes da dissensão e discórdia, colhe em sua própria alma os frutos mortais. O próprio ato de olhar para o mal nos outros desenvolve o mal em quem olha. Detendo-nos sobre as faltas do próximo, somos transformados na sua imagem. Mas contemplando Jesus, falando do Seu amor e da perfeição de Seu caráter, imprimimos em nós as Suas feições. Contemplando o alto ideal que Ele colocou diante de nós, subiremos a uma atmosfera santa e pura, que é a própria presença de Deus. Quando aí permanecemos, sairá de nós uma luz que irradia sobre todos os que estiverem em contato conosco. OE 479 3 Em vez de criticar e condenar o próximo, dizei: "Devo trabalhar para minha própria salvação. Se coopero com Aquele que deseja salvar a minha alma, devo vigiar-me cuidadosamente, afastar de minha vida tudo o que é mau, vencer todo o defeito, tornar-me nova criatura em Cristo. Por isso, em lugar de enfraquecer os que lutam contra o mal, fortalecê-los-ei com palavras animadoras." Somos demasiado indiferentes para com os outros. Esquecemos muitas vezes que nossos companheiros de trabalho têm necessidade de força e animação. Tende o cuidado de lhes assegurar vosso interesse e simpatia. Ajudai-os pela oração e fazei-lhes saber que orais por eles. -- A Ciência do Bom Viver, 485-493. OE 480 1 Todos os que professam ser filhos de Deus deviam ter na mente que, como missionários, serão postos em contato com todas as classes de espíritos. Há os corteses e os rudes, os humildes e os altivos, os religiosos e os céticos, os instruídos e os ignorantes, os ricos e os pobres. Estes diferentes espíritos não podem ser tratados da mesma maneira; todos porém carecem de bondade e simpatia. Pelo mútuo contato nosso espírito deve tornar-se delicado e refinado. Dependemos uns dos outros, e estamos intimamente unidos pelos laços da fraternidade humana.... OE 480 2 É pelas relações sociais que a religião cristã entra em contato com o mundo. Cada homem ou mulher que recebeu a iluminação divina deve derramar luz na senda tenebrosa dos que não conhecem o melhor caminho. A influência social, santificada pelo Espírito de Cristo, deve desenvolver-se na condução de almas para o Salvador. Cristo não deve ser escondido no coração como um tesouro cobiçado, sagrado e doce, fruído exclusivamente pelo possuidor. Devemos ter Cristo em nós como uma fonte de água, que corre para a vida eterna, refrescando a todos os que entram em contato conosco. -- A Ciência do Bom Viver, 495, 496. ------------------------Capítulo 102 -- Dons diversos OE 481 1 O Senhor não distribui a homem algum um território especial em que ele só deva trabalhar. Isso é contrário a Seus planos. Seu desígnio é que, em todo lugar em que a verdade for anunciada, haja em ligação com a mesma espíritos e dons diversos, de modo a exercer em sua influência sobre o trabalho. Homem algum possui sabedoria suficiente para cuidar de um interesse sem auxiliares, nem ninguém se deve considerar competente para fazê-lo. O fato de uma pessoa ser dotada de aptidão num sentido, não é prova de que seu discernimento seja perfeito em todos os outros assuntos, e que não seja necessário unir à sua a sabedoria de outro espírito. OE 481 2 Aqueles que trabalham juntos, devem buscar perfeita harmonia. Todavia ninguém deve pensar que não lhe é possível trabalhar com pessoas que não vejam as coisas exatamente como ele, e que não sigam, em seus trabalhos, os mesmos planos. Se todos manifestarem um espírito humilde, suscetível ao ensino, podem-se evitar atritos. Deus tem posto na igreja vários dons. Estes são preciosos, em seu devido lugar, e a todos é dado ter uma parte na obra de preparar um povo para a próxima vinda de Cristo. OE 481 3 Nossos ministros que ocupam lugares de responsabilidade, são homens aceitos por Deus. Sua origem, sua posição anterior, se andaram atrás do arado, se usaram os instrumentos do carpinteiro ou desfrutaram as vantagens de um colégio, não importa; se Deus os aceitou, acautelem-se todos quanto a lançar sobre eles a mais leve crítica. Não faleis nunca desdenhosamente de algum homem; pois ele pode ser grande aos olhos do Senhor, ao passo que aqueles que se sentem grandes talvez sejam pouco estimados por Deus devido à perversidade de seu coração. ... OE 482 1 Nem um momento de nosso precioso tempo deve ser dedicado a fazer com que outros se conformem com nossas idéias e opiniões pessoais. Deus quer educar os homens empregados como colaboradores nesta grande obra, no mais alto exercício da fé, e no desenvolvimento de um caráter harmônico. OE 482 2 Os homens têm dons vários, e uns são mais aptos para o ramo da obra do que para outro. Aquilo que um pode ser incapaz de realizar, seu colega de ministério pode estar apto a fazer. A obra de cada um é importante, em sua posição. A cabeça de um homem não deve reger a de outro. Se alguém se ergue, julgando que não deve ser influenciado por ninguém, que possui discernimento e capacidade para compreender todo ramo da obra, esse homem decairá da graça de Deus. -- Testimonies for the Church 4:608, 609. OE 482 3 É a fidelidade, a lealdade para com Deus, o serviço de amor, que obtêm a aprovação divina. Todo impulso do Espírito Santo que leva os homens à bondade e a Deus, é anotado nos livros do Céu, e no dia de Deus serão louvados os obreiros pelos quais operou. OE 482 4 Entrarão no gozo do Senhor quando virem no reino aqueles que foram redimidos por sua instrumentalidade. E terão o privilégio de participar de Sua obra lá, porque se habilitaram pela participação na mesma aqui. O que seremos no Céu, é o reflexo do que somos agora no caráter e no serviço sagrado. -- Parábolas de Jesus, 361. ------------------------Capítulo 103 -- Unidade na diversidade OE 483 1 Deus tem maneiras várias de operar, e possui obreiros diversos, aos quais confia diferentes dons. Um obreiro pode ser bom orador, outro bom escritor, outro ainda pode possuir o dom da oração sincera, fervorosa, outro o de cantar, e ainda outro a capacidade de expor com clareza a Palavra de Deus. E cada um desses dons se deve tornar uma força em favor de Deus, pois Ele opera por meio do obreiro. A um dá o Senhor a palavra da sabedoria, a outro conhecimentos, a outro fé; todos, porém, devem trabalhar sob a mesma direção, isto é, tendo a Cristo como Cabeça. A diversidade de dons conduz à diversidade de operação; "mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos". 1 Coríntios 12:6. OE 483 2 O Senhor deseja que Seus escolhidos servos aprendam a se unir num esforço harmônico. Talvez pareça a alguns que o contraste entre seus dons e os de seus coobreiros é demasiado grande para permitir que se unam em esforço assim harmônico; mas, ao lembrarem que há variedade de espíritos a serem atingidos, e que alguns rejeitarão a verdade apresentada por um obreiro, abrindo o coração à verdade de Deus ante o modo diferente de outro, eles hão de esforçar-se esperançosamente por trabalhar juntos, em união. Seus talentos, conquanto diversos, podem-se achar todos sob a direção do mesmo Espírito. Em toda palavra e ação, manifestar-se-ão bondade e amor; e ao ocupar cada obreiro fielmente o lugar que lhe é designado, a oração de Cristo em favor da unidade de Seus seguidores será atendida, e o mundo conhecerá que esses são Seus discípulos. OE 484 1 Os obreiros de Deus devem unir-se uns aos outros com amorável simpatia e confiança. Aquele que diz ou faz qualquer coisa que tenda a separar os membros da igreja de Cristo, está anulando os desígnios de Deus. Disputas e dissensões na igreja, o nutrir suspeitas e incredulidade, são desonrosos para Cristo. Deus deseja que Seus servos cultivem afeição cristã uns pelos outros. A verdadeira religião liga os corações, não somente com Cristo, mas uns aos outros, na mais terna união. Quando soubermos o que significa estar assim unidos com Cristo, e com nossos irmãos, uma fragrante, benéfica influência acompanhará nossas obras aonde quer que formos. OE 484 2 Os obreiros nas cidades grandes devem-se desempenhar de suas várias partes, fazendo todo esforço para produzir os melhores resultados. Cumpre-lhes falar com fé e agir de maneira a impressionar o povo. Não devem limitar a obra a suas idéias particulares. Tem-se feito muito isso entre nós, como um povo, e tem servido para afastar o êxito da obra. ... OE 484 3 Nenhuma criatura humana deve ligar outras a si, como se as devesse dominar, dizendo-lhes que façam isso, proibindo-lhes que façam aquilo, comandando, ditando, agindo como um oficial para com uma companhia de soldados. Assim procediam os sacerdotes e príncipes no tempo de Cristo, mas não é correto. Depois que a verdade houver impressionado o coração, e homens e mulheres tiverem aceito seus ensinos, devem ser tratados como propriedade de Cristo, e não do homem. Em ligando o espírito das pessoas a vós, estais levando o mesmo a desprender-se da Fonte de sua sabedoria e suficiência. Eles devem confiar inteiramente em Deus; somente assim podem crescer em graça. OE 485 1 Por maior que seja a pretensão de um homem quanto à sabedoria e conhecimentos, a menos que seja ensinado pelo Espírito Santo, é profundamente ignorante das coisas espirituais. Precisa compreender o perigo em que se encontra, bem como sua ineficiência, e confiar completamente nAquele que é o único capaz de guardar as almas que a Ele se entregam, capaz de lhes comunicar o Seu Espírito e enchê-las de desinteressado amor para com os outros, habilitando-as assim a dar testemunho de que Deus enviou ao mundo Seu Filho para salvar os pecadores. Os que estão verdadeiramente convertidos, hão de avançar juntos, em unidade cristã. Não haja divisão na igreja de Deus, nada de imprudente autoridade sobre os que aceitam a verdade. Em tudo que se faça e diga, deve aparecer a mansidão de Cristo. OE 485 2 Cristo é o fundamento de toda igreja verdadeira. Temos Sua inalterável promessa de que Sua presença e proteção serão dadas a Seus fiéis, aos que andam em Seu conselho. Cristo tem de ser o primeiro, até ao fim. Ele é a fonte da vida e da força, da justiça e santidade. E Ele é tudo isso para aqueles que tomam o Seu jugo e aprendem dEle a ser mansos e humildes. OE 485 3 O dever e gozo de todo serviço é exaltar a Cristo perante o povo. Este é o fim de todo trabalho verdadeiro. Fazei com que Cristo apareça; escondei nEle o próprio eu. Isto é sacrifício que tem valor. -- Testimonies for the Church 9:144-147. ------------------------Capítulo 104 -- O espírito de independência OE 486 1 Antes de partir para a Austrália, e desde que cheguei a este país, tenho sido instruída que há uma grande obra a ser feita na América. Os que estavam na obra a princípio, estão desaparecendo. Apenas uns poucos dos pioneiros da causa permanecem agora entre nós. Muitos dos pesados encargos antigamente assumidos por homens de longa experiência, estão agora recaindo sobre homens mais jovens. OE 486 2 Esta transferência de responsabilidades para obreiros cuja experiência é mais ou menos limitada, acha-se acompanhada de alguns perigos contra os quais precisamos precaver-nos. O mundo está cheio de lutas pela supremacia. O espírito de afastamento de companheiros na obra, o espírito de desorganização, está no próprio ar que respiramos. Por alguns, todos os esforços por estabelecer ordem são considerados perigosos -- como uma restrição da liberdade individual, devendo, pois, ser temidos como sistema papal. Estas almas iludidas consideram virtude jactar-se de sua liberdade em pensar e agir independentemente. Declaram que não aceitam a opinião de homem algum; que não são responsáveis para com homem nenhum. Fui instruída de que Satanás se esforça especialmente para levar homens a julgar que Deus Se agrada de que escolham seu próprio modo de proceder, independentemente do conselho de seus irmãos. OE 486 3 Aí reside um grave perigo para a prosperidade de nossa obra. Precisamos agir discretamente, ajuizadamente, em harmonia com o juízo de conselheiros tementes a Deus; pois nesse procedimento, só, está nossa segurança e força. De outro modo Deus não pode operar conosco e por meio de nós e em nosso favor. OE 487 1 Oh, como Satanás se regozijaria se alcançasse êxito em seus esforços de penetrar no meio deste povo, e desorganizar a obra num tempo em que a organização integral é essencial, e constitui a maior força para evitar os levantes espúrios, e refutar pretensões não abonadas pela Palavra de Deus! Precisamos manter as linhas uniformemente, para que não haja quebra do sistema de organização e ordem, que se ergueu por meio de sábio, cuidadoso labor. Não se deve dar autonomia a elementos desordeiros que desejem controlar a obra neste tempo. OE 487 2 Alguns têm apresentado a idéia de que, ao aproximarmo-nos do fim do tempo, cada filho de Deus agirá independentemente de qualquer organização religiosa. Mas fui instruída pelo Senhor de que nesta obra não há isso de cada qual ser independente. As estrelas do céu estão todas sujeitas a leis, cada uma influenciando a outra a fazer a vontade de Deus, prestando obediência comum à lei que lhes dirige a ação. E, para que a obra do Senhor possa avançar sadia e solidamente, Seu povo deve unir-se. OE 487 3 Os movimentos esporádicos, agitados, de alguns que pretendem ser cristãos, são bem representados pelo trabalho de cavalos fortes, mas não adestrados. Quando um puxa para a frente, outro puxa para trás, e à voz de seu guia, um se precipita para diante, e o outro fica imóvel. Se os homens não agirem em harmonia na grande e importante obra para este tempo, haverá confusão. Não é bom sinal recusarem-se os homens a unir-se a seus irmãos, e preferirem agir sozinhos. Falem os obreiros confidencialmente com os irmãos que estão dispostos a apontar cada desvio dos princípios verdadeiros. OE 488 1 Se os homens tomarem o jugo de Cristo, não poderão puxar cada um para o seu lado; puxarão com Cristo. OE 488 2 Alguns obreiros puxam com toda a força que Deus lhes deu, mas não aprenderam ainda que não devem puxar sozinhos. Em vez de isolar-se, puxem eles em harmonia com seus coobreiros. A menos que isso façam, sua atividade se processará fora de tempo e em direção errada. Trabalharão muitas vezes contra aquilo que Deus deseja ver feito, e assim sua obra é mais do que inútil. OE 488 3 Por outro lado, os guias dentre o povo de Deus devem precaver-se contra o perigo de condenar os métodos de obreiros que são pelo Senhor levados a fazer uma obra especial que só poucos estão habilitados para desempenhar. Sejam os irmãos que estão em cargos de responsabilidade, cuidadosos em criticar maneiras de proceder que não estejam em perfeita harmonia com seus métodos de trabalho. Não suponham jamais que cada plano deva refletir a sua própria personalidade. Não temam confiar nos métodos de outrem, pois recusando confiar num coobreiro que, com humildade e zelo consagrado está fazendo uma obra especial, na maneira por Deus designada, eles estão retardando o avanço da causa do Senhor. OE 488 4 Deus pode servir-Se, e servir-Se-á dos que não tiverem instrução esmerada nas escolas dos homens. Duvidar de Seu poder para fazer isso, é manifesta incredulidade; é limitar o poder onipotente dAquele para quem nada é impossível. Quem dera houvesse menos dessa cautela indesejável, desconfiante! Ela deixa tantas forças da igreja sem serem usadas; fecha o caminho, de modo que o Espírito Santo não Se possa utilizar de homens; mantém em ociosidade os que estão dispostos e ansiosos para trabalhar segundo a maneira de Cristo; desencoraja de entrarem na obra a muitos que se tornariam coobreiros eficientes de Deus, se se lhes desse uma oportunidade razoável. OE 489 1 Para o profeta, a roda dentro de uma roda, a aparência de criaturas viventes com elas relacionadas, tudo se afigurava complicado e inexplicável. Mas a mão da infinita Sabedoria é vista entre as rodas, e ordem perfeita é o resultado da obra das mesmas. Cada roda, dirigida pela mão de Deus, opera em harmonia perfeita com cada uma das demais rodas. Foi-me mostrado que instrumentos humanos são propensos a buscar demasiado autoridade, procurando dirigir eles mesmos a obra. Excluem de seus métodos e planos o Senhor Deus, o poderoso Obreiro, e não Lhe confiam tudo relativamente ao avanço da obra. Ninguém deve por um momento imaginar que é capaz de dirigir as coisas que pertencem ao grande EU SOU. Deus em Sua providência está preparando um caminho de maneira que a obra possa ser feita por agentes humanos. Fique, pois, cada qual em seu posto de dever, para desempenhar sua parte para este tempo, e saiba que Deus é seu instrutor. A associação geral OE 489 2 Fui muitas vezes instruída pelo Senhor de que o juízo de homem algum deve estar sujeito ao juízo de outro homem qualquer. Nunca deve a mente de um homem ou a de uns poucos homens ser considerada suficiente em sabedoria e autoridade para controlar a obra, e dizer quais os planos que devam ser seguidos. Mas quando numa Assembléia Geral, é exercido o juízo dos irmãos reunidos de todas as partes do campo, independência e juízo particulares não devem obstinadamente ser mantidos, mas renunciados. Nunca deve um obreiro considerar virtude a persistente conservação de sua atitude de independência, contrariamente à decisão do corpo geral. OE 490 1 Por vezes, quando um pequeno grupo de homens, aos quais se acha confiada a direção geral da obra tem procurado, em nome da Associação Geral, exercer planos imprudentes e restringir a obra de Deus, tenho dito que eu não poderia por mais tempo considerar a voz da Associação Geral, representada por esses poucos homens, como a voz de Deus. Mas isto não é dizer que as decisões de uma Associação Geral composta de uma assembléia de homens representativos e devidamente designados, de todas as partes do campo, não deva ser respeitada. Deus ordenou que os representantes de Sua igreja de todas as partes da Terra, quando reunidos numa Associação Geral, tenham autoridade. O erro que alguns estão em perigo de cometer, é dar à opinião e ao juízo de um homem, ou de um pequeno grupo de homens, a plena medida de autoridade e influência de que Deus revestiu Sua igreja, no juízo e voz da Associação Geral reunida para fazer planos pela prosperidade e avançamento de Sua obra. OE 490 2 Quando este poder, que Deus colocou na igreja, é entregue inteiramente a um só homem, e ele é revestido da autoridade de servir de critério para outros espíritos, acha-se então mudada a verdadeira ordem da Bíblia. Os esforços de Satanás sobre o espírito de tal homem seriam os mais sutis, e por vezes quase dominantes; pois o inimigo teria a esperança de, por meio de seu espírito, poder influenciar muitos outros. Demos à mais altamente organizada autoridade na igreja aquilo que somos propensos a dar a um só homem ou a um pequeno grupo de homens. -- Testemunhos Seletos 3:405-409. ------------------------Capítulo 105 -- Considerações para os que estão lutando com dificuldades OE 491 1 Durante anos, tem-se manifestado falta de sabedoria no tratar com homens que empreendem e levam avante a obra do Senhor em lugares difíceis. Muitas vezes esses homens trabalham muito acima de suas forças. Dispõem de poucos recursos para o andamento da obra, e são obrigados a sacrificar-se em benefício da mesma. Trabalham por modestos salários, e observam a mais estrita economia. Dirigem apelos ao povo a fim de obter meios, e dão por sua parte o exemplo de liberalidade. Rendem a Deus o louvor pelo que se realiza, compreendendo que Ele é o autor e consumador da sua fé, e que é mediante Seu poder que eles são habilitados a progredir. OE 491 2 Por vezes, depois de haverem esses obreiros suportado o cuidado e o calor do dia, e mediante pacientes e perseverantes esforços, terem estabelecido uma escola ou um sanatório, ou dado qualquer outro passo para o desenvolvimento da obra, seus irmãos decidem que um outro poderia cuidar disso melhor, devendo, portanto, tomar conta do trabalho que eles estavam fazendo. Em alguns casos, essa decisão é tomada sem a devida consideração e honra para os que estiveram a parte desagradável do trabalho, que labutaram, oraram e lutaram, pondo em seus esforços todas as suas forças e energias. OE 491 3 Deus não Se agrada dessa maneira de lidar com Seus obreiros. Ele pede a Seu povo que apóie as mãos dos que edificam a obra em lugares novos e difíceis, dirigindo-lhes palavras de animação. OE 492 1 Em seu ardor, em seu zelo pelo avançamento da causa, esses obreiros podem cometer erros. Podem, em seu desejo de obter meios para a manutenção de empreendimentos necessários, envolver-se em projetos que não serão os mais benéficos para a obra. Vendo o Senhor que esses planos os distrairiam daquilo que deseja que façam, permite que lhes sobrevenham decepções, destruindo-lhes as esperanças. O dinheiro é sacrificado, e isso ocasiona grande desgosto para aqueles que esperavam ansiosamente adquirir meios para o sustento da causa. OE 492 2 Enquanto os obreiros estavam pondo em tensão cada nervo a fim de levantar fundos para ajudá-los numa emergência, alguns de seus irmãos ficavam de parte criticando e suspeitando mal, dando má interpretação aos motivos dos sobrecarregados obreiros, e tornando-lhes mais difícil a tarefa. Cegos pelo egoísmo, esses críticos não percebiam sentirem-se seus irmãos suficientemente aflitos sem a censura de homens que não haviam suportado sérios encargos e responsabilidades. A decepção é uma provação grande, mas o amor cristão pode transformar a derrota em vitória. Os reveses ensinarão a cautela. Aprendemos por meio das coisas que sofremos. Assim adquirimos experiência. OE 492 3 Manifeste-se sabedoria e cuidado ao tratar com obreiros que, embora hajam cometido erros, revelaram um interesse sincero e abnegado na obra. Digam-lhes os irmãos: "Não faremos a coisa pior, colocando outro em vosso lugar, sem dar-vos oportunidade de reparar vosso erro, e colocar-vos vantajosamente, livres da carga de uma crítica injusta." Dai-lhes tempo de se ajustarem, de vencerem as dificuldades que os rodeiam, e de se colocarem perante os anjos e os homens como obreiros dignos. Eles cometeram erros, mas, teriam aqueles que deles duvidaram e os criticaram, procedido melhor? Aos fariseus acusadores, Cristo disse: "Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela." João 8:7. OE 493 1 Há pessoas precipitadas em seu desejo de reformar o que lhes parece não estar direito. Pensam que deviam ser escolhidas para ocupar o lugar dos que cometeram erros. Desvalorizam o que foi feito por esses obreiros sob as críticas dos que os vigiavam. Dizem, por suas ações: "Posso fazer grandes coisas. Sou capaz de levar a obra avante com êxito." Tenho instruções para dizer aos que julgam que sabem tão bem evitar os erros: "Não julgueis, para que não sejais julgados." Mateus 7:1. Talvez possais evitar o erro em certos pontos, mas em outros, estais sujeitos a cometer sérios desatinos, bem difíceis de remediar, e que trariam confusão à obra. Esses erros seriam mais prejudiciais do que os que foram cometidos por vossos irmãos. OE 493 2 As instruções que me foram dadas são que os homens que lançam as bases de uma obra, e que, a despeito de preconceitos, vão abrindo seu caminho, não devem ser deixados mal para que outros lhes ocupem o lugar. Há zelosos obreiros que, a despeito da crítica de alguns de seus irmãos, têm marchado avante na obra que Deus disse devia ser feita. Fossem eles então removidos da posição de responsabilidade que ocupam, e dar-se-ia uma impressão injusta a respeito deles, e desfavorável para a obra, porque as mudanças operadas seriam consideradas como a confirmação das injustas críticas feitas, e dos preconceitos existentes. É o desejo do Senhor que não se dê nenhum passo que seja uma injustiça para com aqueles que têm trabalhado longa e ativamente para edificar a obra que lhes foi dada. OE 494 1 Fazem-se muitas mudanças que melhor seria nunca tivessem lugar. Muitas vezes, quando certos obreiros ficam descontentes, em vez de serem animados a permanecer ali e tornar sua obra bem-sucedida, são enviados a outro lugar. Mas eles levam consigo os mesmos traços de caráter que lhes têm estragado a obra. Manifestarão o mesmo espírito diferente do de Cristo; pois não aprenderam a lição do serviço paciente e humilde. OE 494 2 Pleiteio uma ordem diversa de coisas. Precisamos fazer mudanças nos grupos de obreiros em nossas associações e instituições. Devem-se procurar homens eficientes e consagrados, os quais se devem animar a unir-se, na qualidade de auxiliares e colaboradores, aos que suportam responsabilidades. Haja uma harmônica união entre os novos e os velhos, no espírito de amor fraternal. Não se façam, porém, mudanças abruptas de direção, de maneira a causar desânimo aos que têm trabalhado diligentemente e com êxito para levar a obra a certo grau de progresso. Deus não sancionará qualquer coisa que se faça de modo a desanimar Seus fiéis servos. Sejam seguidos os princípios de justiça por aqueles cujo dever é assegurar às nossas casas editoras, aos nossos sanatórios e escolas a mais eficiente direção. OE 494 3 Deus pede obreiros. A causa necessita de homens que se fizeram a si mesmos, os quais, colocando-se nas mãos do Senhor como discípulos humildes, se tenham demonstrado coobreiros dEle. Esses são os homens de que se necessita na obra do ministério e das escolas. Que os que têm mostrado ser homens, avancem e façam o que lhes for possível no serviço do Mestre. Que entrem nas fileiras de obreiros e, mediante esforço paciente e contínuo, demonstrem seu valor. É na água, e não na terra que aprendemos a nadar. Preencham eles com fidelidade o lugar a que são chamados, a fim de se habilitarem a suportar responsabilidades ainda maiores. Deus dá a todos oportunidade de se aperfeiçoar em Seu serviço. ... OE 495 1 Deus dotou alguns de Seus servos com talentos especiais, e ninguém é autorizado a rebaixar a excelência dos mesmos. Ninguém, no entanto, deve servir-se de seus talentos para exaltar-se a si mesmo. Não se considerem como havendo sido mais favorecidos do que seus semelhantes, nem se exaltem sobre outros obreiros sinceros e diligentes. O Senhor olha para o coração. Aquele que é mais dedicado ao serviço de Deus, mais altamente estimado é pelo universo celeste. OE 495 2 O Céu está observando para ver como os que ocupam posições de influência se desempenham de sua mordomia. O que se exige deles, nesse caráter de mordomos, é proporcional à influência que exercem. Em seu trato para com os homens, eles devem ser como pais -- justos, brandos, verdadeiros. Devem assemelhar-se a Cristo no caráter, unindo-se com os irmãos pelos mais estreitos laços de unidade e comunhão. -- Testimonies for the Church 7:277-282. ------------------------Capítulo 106 -- "Consideremo-nos uns aos outros" OE 496 1 Encontrareis muitas vezes almas que se acham sob o peso da tentação. Não sabeis quão severamente Satanás pode estar lutando com elas. Cuidai para que não desanimeis essas almas, dando assim vantagem ao tentador. OE 496 2 Quando quer que vejais ou ouçais alguma coisa que deva ser corrigida, buscai do Senhor sabedoria e graça, para que, procurando ser fiéis, não sejais severos. É sempre humilhante para uma pessoa, ver seus erros apontados. Não torneis essa experiência mais amarga por meio de censuras desnecessárias. A crítica descortês traz desânimo, tornando a vida destituída da luz do Sol e infeliz. OE 496 3 Meus irmãos, prevalecei pelo amor mais do que pela severidade. Quando uma pessoa em falta se torna consciente de seu erro, tende cuidado em não lhe destruir o respeito próprio. Não procureis machucar e ferir, mas antes ligar a ferida, curar. OE 496 4 Nenhum ser humano possui sensibilidades tão agudas ou natureza tão refinada como nosso Salvador. E que paciência manifesta Ele para conosco! Ano após ano suporta nossa fraqueza e ignorância, nossa ingratidão e impenitência. Apesar de todos os nossos desvios, nossa dureza de coração, nossa negligência de Suas santas palavras, Sua mão acha-se ainda estendida. E Ele ordena "que vos ameis uns aos outros; como Eu vos amei a vós". João 13:34. OE 496 5 Irmãos, considerai-vos missionários, não entre pagãos, mas entre vossos coobreiros. Requer grande quantidade de tempo e trabalho convencer uma alma acerca das verdades especiais para este tempo. E quando almas são levadas do pecado para a justiça, há alegria na presença dos anjos. Julgais vós que os espíritos ministradores que vigiam sobre essas almas se agradam de ver com que indiferença são tratadas por muitos que se declaram cristãos? Dominam as preferências do homem. Manifesta-se parcialidade. Favorece-se a um, enquanto outro é tratado rudemente. OE 497 1 Os anjos olham com reverência e assombro para a missão de Cristo ao mundo. Maravilham-se do amor que O levou a dar-Se em sacrifício pelos pecados dos homens. Mas quão levianamente consideram os seres humanos a alma comprada por Seu sangue! OE 497 2 Não precisamos começar por esforçar-nos a amar-nos uns aos outros. O amor de Cristo no coração é o de que se precisa. Quando o próprio eu é submergido em Cristo, o amor verdadeiro salta espontâneo. OE 497 3 Na paciente benignidade havemos de vencer. É a paciência no serviço que traz descanso à alma. É por meio dos humildes, diligentes, fiéis trabalhadores que é promovido o bem-estar de Israel. Uma palavra de amor e encorajamento fará mais para subjugar o temperamento precipitado e a disposição voluntariosa do que todas as críticas e censuras que pudésseis amontoar sobre a pessoa em erro. OE 497 4 A mensagem do Mestre tem de ser declarada no espírito do Mestre. Nossa única segurança está em conservar nossos pensamentos e impulsos sob o controle do grande Ensinador. Anjos de Deus darão a todo fiel obreiro uma rica experiência ao fazerem isso. A graça da humildade moldará nossas palavras em expressões de ternura semelhante à de Cristo. -- Testimonies for the Church 7:265, 266. ------------------------Capítulo 107 -- Disciplina da igreja OE 498 1 Tratando com membros que praticam faltas, o povo de Deus deve seguir estritamente as instruções dadas por Jesus no décimo oitavo capítulo de Mateus. Mateus 18:15-18. OE 498 2 Entes humanos são a propriedade de Cristo, resgatados por um preço infinito, e Lhe estão vinculados pelo amor que Ele e o Pai têm manifestado. Quão cuidadosos devemos por isso ser em nosso trato recíproco! O homem não tem direito de suspeitar mal do seu semelhante. Os membros de igreja não têm direito de seguir seus próprios impulsos e inclinações no trato com irmãos que têm cometido faltas. Não devem nem mesmo manifestar qualquer preconceito em relação a eles, porque assim fazendo implantam no espírito de outros o fermento do mal. Relatos desfavoráveis a algum irmão ou irmã são transmitidos entre os irmãos de um para outro e praticam-se erros e injustiças pelo único fato de se não estar disposto a obedecer às instruções do Salvador. OE 498 3 "Se teu irmão pecar contra ti", disse Jesus, "vai, e repreende-o entre ti e ele só." Mateus 18:15. Não relates a outros o caso de teu irmão. Confia-se o caso a uma pessoa, a outra e mais outra; e o mal continua crescendo até que toda a igreja vem a sofrer. Resolve o caso "entre ti e ele só". É este o plano de Deus. OE 498 4 "Não saias depressa a litigar, para que depois ao fim não saibas o que fazer, podendo-te confundir o teu próximo. Pleiteia o teu pleito com o teu próximo, e não descubras o segredo de outro." Provérbios 25:8, 9. Não toleres pecado no teu irmão; mas também não o exponhas ao opróbrio, aumentando assim a dificuldade, de sorte a parecer a repreensão uma vingança. Corrige-o do modo proposto na Palavra de Deus. OE 499 1 Não permitas que teu ressentimento redunde em maldade. Não consintas que a ferida supure abrindo-se em termos impertinentes, que venham a deixar uma nódoa no espírito dos que te ouvem. Não admitas que persistam no teu espírito e no seu, pensamentos amargos. Vai ter com teu irmão e em humildade e sinceridade resolve com ele o problema. OE 499 2 Seja qual for a natureza da ofensa, ela não impede que se adote o mesmo plano divino para redimir mal-entendidos e ofensas pessoais. Falar a sós e no espírito de Cristo com a pessoa que praticou a falta, bastará às vezes para remover as dificuldades. Vai ter com a pessoa que cometeu a ofensa e com um coração cheio do amor e da simpatia de Cristo procura entender-te com ela. Arrazoa com ela com calma e mansidão. Não te exprimas em termos violentos. Fala-lhe num tom que apele para o bom senso. Lembra-te das palavras: "Aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados." Tiago 5:20. OE 499 3 Levai a vossos irmãos o remédio que sare o mal-estar da desavença. Fazei quanto em vós cabe para levantá-lo. Por amor da paz e da unidade da igreja, considerai um privilégio senão um dever o fazer isto. Se ele vos ouvir, tê-lo-eis ganho como amigo. OE 499 4 Todo o Céu toma interesse na entrevista que se efetua entre o ofendido e o ofensor. Se este aceita a repreensão ministrada no amor de Cristo, reconhecendo a sua falta e pedindo perdão a Deus e a seu irmão, a luz celestial inundará sua alma. A controvérsia estará terminada; a amizade e confiança são restauradas. O óleo da caridade faz cessar a dor provocada pela injustiça; e o Espírito de Deus une coração a coração e há música no Céu, pela união assim efetuada. OE 500 1 Quando as pessoas deste modo harmonizadas e de novo unificadas na comunhão cristã fizerem então orações a Deus, comprometendo-se a proceder retamente, a fazer misericórdia e andar em humildade diante dEle, receberão grandes bênçãos. Se tiverem feito injustiças a outros, prosseguirão na sua obra de arrependimento, de confissão e de restituição, inteiramente dispostas a praticar mutuamente o bem. Este é o cumprimento da lei de Cristo. OE 500 2 "Se te não ouvir, porém, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada." Mateus 18:16. Toma contigo a irmãos espirituais, e fala com o que estiver em erro acerca de sua falta. É possível que ceda ao apelo desses irmãos. Vendo que há acordo no assunto, talvez se persuada. OE 500 3 "E, se os não escutar", que se deverá fazer então? Deverão alguns poucos numa reunião de comissão tomar a responsabilidade de excluir o irmão? "Se os não escutar", continua dizendo Jesus, "dize-o à igreja." Deixai que a igreja decida o caso de seus membros. OE 500 4 "Se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano." Verso 17. Se ele não escutar a igreja, se recusar os esforços enviados para reconquistá-lo, é a igreja que deve tomar a si a responsabilidade de excluí-lo da sua comunhão. Seu nome deverá então ser riscado do livro. OE 501 1 Nenhum oficial de igreja deve aconselhar, nenhuma comissão recomendar, e nenhuma igreja votar que o nome de alguém que haja cometido falta seja eliminado dos livros da igreja, até que as instruções de Cristo a tal respeito tenham sido escrupulosamente cumpridas. Se essas instruções tiverem sido observadas, a igreja está livre diante de Deus. A injustiça tem então de aparecer como é e ser removida, para que não prolifere. O bem-estar e a pureza da igreja devem ser salvaguardados para que possa estar sem mancha diante de Deus, revestida da justiça de Cristo. OE 501 2 Quando a alma que errou se arrepende e se submete à disciplina de Cristo, cumpre dar-lhe outra oportunidade. E mesmo que se não arrependa e venha a ficar colocada fora da igreja, os servos de Deus têm o dever de tentar esforços com ela, buscando induzi-la ao arrependimento. Se se render à influência do Espírito de Deus, dando evidência do seu arrependimento, confessando e renunciando ao pecado, por mais grave que tenha sido, deve merecer o perdão e ser de novo recebida na igreja. Aos seus irmãos compete encaminhá-la pela vereda da justiça, e tratá-la como desejariam ser tratados em seu lugar, olhando por si mesmos para que não sejam do mesmo modo tentados. OE 501 3 "Em verdade vos digo", continua Jesus, "que tudo que ligardes na Terra será ligado no Céu, e tudo que desligardes na Terra será desligado no Céu." Mateus 18:18. OE 501 4 Esta palavra de Cristo conserva a sua autoridade em todos os tempos. À igreja foi conferido o poder de agir em lugar de Cristo. Ela é a instrumentalidade de Deus para a conservação da ordem e da disciplina entre o Seu povo. A ela o Senhor delegou poderes para dirimir todas as questões concernentes à sua prosperidade, pureza e ordem. Sobre ela impôs a responsabilidade de excluir de sua comunhão aos que são indignos dela, que pela sua conduta anticristã acarretam desonra à causa da verdade. Tudo quanto a igreja fizer de acordo com as orientações dadas na Palavra de Deus será sancionado no Céu. A remissão dos pecados OE 502 1 "Aqueles a quem perdoardes os pecados", disse-lhes Cristo, "são perdoados; e aqueles a quem os retiverdes lhes são retidos." João 20:23. Cristo não dá aqui permissão, para qualquer homem julgar a outros. No sermão do monte, proíbe fazê-lo. É a prerrogativa de Deus. Sobre a igreja em sua qualidade de corpo organizado, porém, Ele coloca uma responsabilidade para com os membros individuais. A igreja tem o dever, para com os que caem em pecado, de advertir, instruir e, se possível, restaurar. "Que... redarguas, repreendas, exortes", diz o Senhor, "com toda a longanimidade e doutrina." 2 Timóteo 4:2. OE 502 2 Lidai fielmente com os que fazem mal. Adverti toda alma que se acha em perigo. Não deixeis que ninguém se engane a si mesmo. Chamai o pecado pelo seu verdadeiro nome. Declarai o que Deus disse com relação à mentira, à transgressão do sábado, ao roubo, à idolatria e a todos os outros males. "Os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus." Gálatas 5:21. Se eles persistirem no pecado, o juízo que havíeis declarado segundo a Palavra de Deus é sobre eles proferido no Céu. Preferindo pecar, renunciam a Cristo; a igreja deve mostrar que não sanciona seus atos, do contrário ela própria desonra ao Senhor. Deve dizer a respeito do pecado o mesmo que declara o Senhor. Deve tratar com ele segundo as instruções divinas, e sua ação é ratificada no Céu. Aquele que desdenha a autoridade da igreja, despreza a do próprio Cristo. OE 503 1 Há, porém, na questão, um aspecto mais positivo. "Aqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados." Seja, acima de tudo, conservado este pensamento. No trabalho em prol dos que se acham em erro, dirigi todo olhar para Cristo. Tenham os pastores terno cuidado pelo rebanho do pastoreio do Senhor. Falem ao extraviado da perdoadora misericórdia do Salvador. Animem o pecador a arrepender-se e a crer nAquele que pode perdoar. Declarem, sobre a autoridade da Palavra de Deus: "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça." 1 João 1:9. Todos quantos se arrependem têm a afirmação: "Tornará a apiedar-Se de nós; subjugará as nossas iniqüidades, e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar." Miquéias 7:19. OE 503 2 Seja o arrependimento do pecador aceito pela igreja com coração agradecido. Conduza-se o arrependido da treva da incredulidade para a luz da fé e da justiça. Coloque-se sua trêmula mão na amorável mão de Jesus. Tal remissão é ratificada no Céu. -- O Desejado de Todas as Nações, 805, 806. ------------------------Capítulo 108 -- Poder para o serviço OE 505 1 O que a igreja necessita nestes dias de perigo é de um exército de obreiros que, como Paulo, se tenham educado para utilidade, que tenham uma profunda experiência nas coisas de Deus, e que sejam cheios de fervor e zelo. Necessita-se de homens santificados e abnegados; homens que não se esquivem a provas e responsabilidades; homens que sejam corajosos e verdadeiros; homens em cujo coração Cristo está formado "a esperança da glória", e que com lábios tocados com santo fogo "preguem a Palavra". Por falta de tais obreiros a causa de Deus definha, e erros fatais, como mortal veneno, pervertem a moral e minam as esperanças de grande parte da raça humana. -- Atos dos Apóstolos, 507. OE 505 2 Os que são homens aos olhos de Deus, e como tais se acham registrados nos livros do Céu, são os que, como Daniel, cultivam toda faculdade de maneira a representar do melhor modo o reino de Deus perante um mundo que jaz na impiedade. É essencial o processo no conhecimento; pois, sendo empregado na causa de Deus, o conhecimento é uma força para o bem. O mundo necessita de homens que pensem, homens de princípios, que cresçam constantemente na compreensão e no discernimento. A imprensa se acha em necessidade de homens que a utilizem da maneira mais proveitosa, para que à verdade sejam dadas asas que a levem rapidamente a toda nação, e língua e povo. OE 506 1 "Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar", ordena-nos Cristo, "para que a Minha casa se encha." Lucas 14:23. Em obediência a esta palavra, devemos ir aos inconversos que se acham perto de nós, e aos que estão distantes. Os "publicanos e as meretrizes" devem ouvir o convite do Salvador. Por meio da bondade e da longanimidade de Seus mensageiros, o convite se torna um poder compulsor para erguer os que se acham imersos nas maiores profundezas do pecado. OE 506 2 Os motivos cristãos exigem que trabalhemos com um firme desígnio, um infatigável interesse e crescente insistência, por essas almas a quem Satanás está procurando destruir. Coisa alguma nos deve esfriar a fervorosa, anelante energia pela salvação dos perdidos. OE 506 3 Notai como através de toda a Palavra de Deus se manifesta o espírito de insistência, de implorar a homens e mulheres que se cheguem a Cristo. Devemo-nos apoderar de toda oportunidade, tanto em particular como em público, apresentando todo argumento, insistindo com razões de peso infinito para atrair homens ao Salvador. Com todas as nossas forças nos cumpre insistir com eles para que olhem a Jesus, e aceitem Sua vida de abnegação e sacrifício. Devemos mostrar que esperamos que eles dêem alegria ao coração de Cristo, usando todos os Seus dons para honra de Seu nome. -- A Ciência do Bom Viver, 164, 165. OE 506 4 Não é a duração do tempo que labutamos, mas a voluntariedade e fidelidade em nosso trabalho que o torna aceitável a Deus. É requerida uma renúncia completa do próprio eu em todo o nosso serviço. O menor dever feito com sinceridade e desinteresse é mais agradável a Deus que a maior obra quando manchada pelo egoísmo. Ele olha para ver quanto nutrimos do espírito de Cristo, e quanto nosso trabalho revela da semelhança de Cristo. Considera mais o amor e a fidelidade com que trabalhamos do que a quantidade que fazemos. OE 507 1 Somente quando o egoísmo estiver morto, banida a contenda pela supremacia, o coração repleto de gratidão e o amor houver tornado fragrante a vida -- somente então, Cristo nos está habitando na alma e somos reconhecidos como coobreiros de Deus. -- Parábolas de Jesus, 402. OE 507 2 De todos os povos da Terra, deviam ser os reformadores os mais abnegados, os mais bondosos, os mais corteses. Dever-se-ia ver em seus atos a verdadeira bondade dos atos desinteressados. O obreiro que manifesta falta de cortesia, que mostra impaciência ante a ignorância dos outros ou por se acharem extraviados, que fala bruscamente ou procede sem reflexão, pode cerrar a porta de corações por tal maneira que nunca mais lhes seja dado conquistá-los. OE 507 3 Como o orvalho e a chuva branda caem nas ressequidas plantas, assim deixa cair suavemente as palavras quando procurais desviar os homens de seus erros. O plano de Deus é conquistar primeiro o coração. Devemos falar a verdade com amor, confiando nEle quanto ao poder para a reforma da vida. O Espírito Santo aplicará ao coração a palavra proferida com amor. OE 507 4 Somos naturalmente egocêntricos e opiniosos. Mas, ao aprendermos as lições que Cristo nos deseja ensinar, tornamo-nos participantes de Sua natureza, daí em diante, vivemos a Sua vida. O maravilhoso exemplo de Cristo, a incomparável ternura com que compreendia os sentimentos dos outros, chorando com os que choravam e Se regozijando com os que se regozijavam, deve exercer profunda influência sobre o caráter de todos quantos O seguem em sinceridade. Mediante palavras e atos bondosos, procurarão facilitar o trilho aos pés cansados. -- A Ciência do Bom Viver, 157, 158. OE 508 1 A mais elevada obra da educação não é comunicar conhecimentos, meramente, mas aquela vitalizante energia recebida mediante o contato de espírito com espírito, de alma com alma. Somente vida gera vida. Que privilégio, pois, foi o deles, por três anos em contato com aquela divina vida de onde tem provindo todo impulso doador de vida que tem abençoado o mundo! João, o discípulo amado, mais que todos os seus companheiros, entregou-se ao influxo daquela assombrosa existência. Diz ele: "A vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada." "Todos nós recebemos também da Sua plenitude, e graça por graça." 1 João 1:2; João 1:16. OE 508 2 Não havia, nos apóstolos de nosso Senhor, coisa alguma que lhes trouxesse glória. Era evidente que o êxito de seus labores se devia unicamente a Deus. A vida desses homens, o caráter que desenvolveram, e a poderosa obra por Deus operada por intermédio deles, são testemunhos do que fará por todos quantos forem dóceis e obedientes. -- O Desejado de Todas as Nações, 250. OE 508 3 Diante da honra vai a humildade. Para ocupar um elevado cargo diante dos homens, o Céu escolhe o obreiro que, como João Batista, assume posição humilde diante de Deus. O mais infantil dos discípulos é o mais eficiente no trabalho para Deus. Os seres celestes podem cooperar com aquele que busca, não se exaltar a si mesmo, mas salvar almas. Aquele que mais profundamente sente sua necessidade de auxílio divino, há de pedi-lo; e o Espírito Santo lhe dará vislumbres de Jesus que lhe fortalecerão e elevarão a alma. Da comunhão com Cristo sairá ele para trabalhar pelos que estão perecendo em seus pecados. Está ungido para sua missão; e é bem-sucedido onde muitos instruídos e intelectualmente sábios fracassariam. -- O Desejado de Todas as Nações, 436. OE 509 1 Aquele que convida os homens ao arrependimento, deve comungar com Deus em oração. É mister que se apegue ao Poderoso, dizendo: "Não Te deixarei ir, se me não abençoares. Dá-me poder para conquistar almas para Cristo." OE 509 2 Diz o apóstolo Paulo: "Quando estou fraco então sou forte." 2 Coríntios 12:10. Quando temos a compreensão de nossa fraqueza, aprendemos a confiar num poder que nos não é inerente. Coisa alguma pode exercer sobre o coração tão poderoso domínio, como o permanente sentimento de nossa responsabilidade para com Deus. Coisa alguma atinge tão plenamente aos mais íntimos motivos de conduta, como o sentimento do amor perdoador de Cristo. Temos de pôr-nos em contato com Deus, então seremos possuídos de Seu Espírito Santo, que nos habilita a pôr-nos em contato com nossos semelhantes. OE 509 3 Regozijai-vos, pois, de que, por meio de Cristo, vos tenhais ligado a Deus, vos tenhais tornado membros da família celestial. Enquanto pondes os olhos para além de vós mesmos, haveis de experimentar contínuo sentimento da fraqueza da humanidade. Quanto menos acariciardes o próprio eu, tanto mais distinta e ampla se tornará vossa compreensão da excelência de vosso Salvador. Quanto mais intimamente vos relacionardes com a fonte da luz e do poder, tanto mais abundante a luz que sobre vós incidirá, e maior o poder com que haveis de trabalhar para Deus. Regozijai-vos de ser um com Deus, um com Cristo, e um com toda a família do Céu. -- O Desejado de Todas as Nações, 493. OE 510 1 Nada é mais necessário em nossos trabalhos do que os resultados práticos da comunhão com Deus. Devemos mostrar, em nossa vida diária, que temos paz e descanso no Senhor. Esta paz no coração resplandecerá na fisionomia. Imprimirá à voz uma força persuasiva. A comunhão com Deus refletir-se-á no caráter e na vida. Os homens reconhecerão em nós, como nos primeiros discípulos, que estivemos com Jesus. Eis o que dá ao obreiro um poder que nada mais será capaz de lhe comunicar. Jamais devemos permitir ser privados de tal poder. OE 510 2 Carecemos de viver uma dupla vida -- vida de pensamento e de ação, de silenciosa prece e infatigável trabalho. A energia recebida pela comunhão com Deus, unida ao ardente esforço de educar o espírito em hábitos ponderados e cautelosos, preparam para os deveres de cada dia, e conservam o espírito em paz em todas as circunstâncias, ainda as mais adversas. -- A Ciência do Bom Viver, 512. OE 510 3 Há para o consagrado obreiro uma maravilhosa consolação em saber que mesmo Cristo, durante Sua vida na Terra, buscava diariamente Seu Pai em procura de nova provisão da necessária graça; e saía dessa comunhão com Deus para fortalecer e abençoar a outros. OE 511 1 Vede o Filho de Deus curvado em oração a Seu Pai! Conquanto seja o Filho de Deus, robustece Sua fé por meio da prece, e mediante a comunhão com o Céu traz a Si mesmo força para resistir ao mal e ministrar às necessidades dos homens. Como o irmão mais velho de nossa raça, conhece as necessidades dos que, cercados de enfermidades e vivendo num mundo de pecado e tentação, desejam contudo servi-Lo. Ele sabe que os mensageiros que acha por bem enviar são homens fracos e falíveis; mas a todos quantos se dedicam inteiramente ao Seu serviço, promete o divino auxílio. Seu próprio exemplo é uma garantia de que a diligente e perseverante súplica a Deus em fé -- fé que leva a uma inteira confiança nEle e completa consagração a Sua obra -- será eficaz em trazer aos homens o auxílio do Espírito Santo na batalha contra o pecado. OE 511 2 Todo obreiro que segue o exemplo de Cristo, estará apto a receber e empregar o poder que Deus prometeu a Sua igreja para a maturação da seara da Terra. Manhã após manhã, ao se ajoelharem os arautos do evangelho perante o Senhor, renovando-Lhe seus votos de consagração, Ele lhes concederá a presença de Seu Espírito, com Seu poder vivificante e santificador. Ao saírem para seus deveres diários, têm eles a certeza de que a invisível atuação do Espírito Santo os habilita a serem "cooperadores de Deus". 1 Coríntios 3:9. -- Atos dos Apóstolos, 56. ------------------------Capítulo 109 -- A recompensa do serviço OE 512 1 "Quando deres um jantar, ou uma ceia", disse Cristo, "não chames os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes nem vizinhos ricos, para que não suceda que eles também te tornem a convidar, e te seja isso recompensado. Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos, e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos." Lucas 14:12-14. OE 512 2 Cristo pinta nessas palavras um contraste entre as práticas interesseiras do mundo e o desprendido ministério de que Ele deu o exemplo em Sua vida. Ele não oferece por esse ministério nenhuma recompensa de lucro ou reconhecimento mundano. "Recompensado te será", diz Ele, "na ressurreição dos justos." Então se tornarão manifestos os resultados de todas as vidas, e cada um ceifará aquilo que semeou. OE 512 3 Este pensamento deve ser para todo obreiro de Deus um estímulo e animação. Nossa obra para Deus parece muitas vezes nesta vida quase infrutífera. Nossos esforços para fazer o bem talvez sejam diligentes e perseverantes, e todavia é possível que nos não seja dado ver-lhes os resultados. Talvez o esforço se nos afigure perdido. Mas o Salvador assegura-nos que nossa obra se acha registrada no Céu, e que a recompensa não pode faltar. Diz o apóstolo Paulo, escrevendo inspirado pelo Espírito Santo: "Não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido." Gálatas 6:9. E lemos nas palavras do salmista: "Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará sem dúvida com alegria, trazendo consigo os seus molhos." Salmos 126:6. OE 513 1 Conquanto a grande recompensa final seja dada na vinda de Cristo, o serviço feito de coração para Deus proporciona mesmo nesta vida uma recompensa. Obstáculos, oposição e amargo e desolador desânimo, o obreiro tem de enfrentar. Talvez ele não veja o fruto de seu labor. A despeito de tudo isso, porém, encontra em seu trabalho uma bendita recompensa. Todos quantos se entregam a Deus num serviço desinteressado pela humanidade, estão cooperando com o Senhor da glória. Este pensamento adoça toda fadiga, retempera a vontade, revigora o espírito para qualquer coisa que possa sobrevir. Trabalhando com coração abnegado, enobrecidos com o ser participantes dos sofrimentos de Cristo, partilhando de Sua compaixão, eles contribuem para avolumar a onda de Seu gozo, e trazem honra e louvor a Seu exaltado nome. Na companhia de Deus, de Cristo e dos santos anjos, são circundados de celeste atmosfera, atmosfera que traz saúde ao corpo, vigor ao intelecto e alegria à alma. OE 513 2 Todos quantos consagram corpo, alma e espírito ao serviço de Deus, hão de receber continuamente uma nova provisão de energia física, mental e espiritual. Os inexauríveis abastecimentos celestiais se acham a sua disposição. Cristo lhes dá o bafejo de Seu próprio espírito, a vida de Sua vida. O Espírito Santo põe Suas mais elevadas energias a operar no coração e na mente. OE 513 3 "Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará." "Então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e Ele dirá: Eis-Me aqui." "A tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares secos, e fortificará os teus ossos; e serás como um jardim regado, e como um manancial cujas águas nunca faltam." Isaías 58:8-11. OE 514 1 Muitas são as promessas de Deus aos que ministram a Seus aflitos. Ele diz: "Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o Senhor o livrará no dia do mal. O Senhor o livrará e o conservará em vida; será abençoado na Terra, e Tu não o entregarás à vontade de seus inimigos. O Senhor o sustentará no leito da enfermidade; Tu renovas a sua cama na doença." "Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na Terra, e verdadeiramente serás alimentado." Salmos 41:1-3; 37:3. "Honra ao Senhor com a tua fazenda, e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão os teus celeiros abundantemente, e transbordarão de mosto os teus lagares." "Alguns há que espalham, e ainda se lhes acrescenta mais; e outros que retêm mais do que é justo, mas é para sua perda." "Ao Senhor empresta o que se compadece do pobre, e Ele lhe pagará o seu benefício." "A alma generosa engordará, e o que regar também será regado." Provérbios 3:9, 10; 11:24; 19:17; 11:25. OE 514 2 Conquanto muito do fruto de seus labores não apareça nesta vida, os obreiros de Deus têm, da parte dEle a firme promessa do êxito final. Como Redentor do mundo, Cristo tinha constantemente de enfrentar um aparente fracasso. Parecia realizar pouco da obra que anelava fazer em erguer e salvar. Instrumentos satânicos operavam de contínuo para Lhe obstruir o caminho. Mas não desanimava. Ele via sempre diante de Si o resultado de Sua missão. Sabia que a verdade havia de afinal triunfar, no conflito contra o mal, e disse a Seus discípulos: "Tenho-vos dito isto, para que em Mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo." João 16:33. A vida dos discípulos de Cristo tem de ser como a dEle, uma série de ininterruptas vitórias -- que aqui não parecem vitórias, mas que serão reconhecidas como tais no grande porvir. OE 515 1 Aqueles que trabalham para o bem dos outros, fazem-no em união com os anjos celestiais. Têm sua constante companhia, seu incessante ministério. Anjos de luz e poder se acham sempre perto para proteger, confortar, sarar, instruir, inspirar. A eles pertence a mais elevada educação, a mais verdadeira cultura, o mais exaltado serviço ao alcance de seres humanos neste mundo. OE 515 2 Muitas vezes nosso misericordioso Pai anima a Seus filhos e lhes fortalece a fé, permitindo que vejam aqui provas do poder de Sua graça sobre o coração e a vida daqueles por quem trabalham. "Porque os Meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os Meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como os céus são mais altos do que a Terra, assim são os Meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os Meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos. Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não torna, mas rega a terra, e a faz produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a palavra que sair da Minha boca: ela não voltará para Mim vazia, antes fará o que Me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei. Porque com alegria saireis, e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros exclamarão de prazer perante a vossa face, e todas as árvores do campo baterão as palmas. Em lugar do espinheiro crescerá a faia, e em lugar da sarça crescerá a murta: o que será para o Senhor por nome, por sinal eterno, que nunca se apagará." Isaías 55:8-13. OE 516 1 Na transformação do caráter, na renúncia das paixões, no desenvolvimento das doces graças do Espírito Santo, vemos o cumprimento da promessa: "Em lugar do espinheiro crescerá a faia, e em lugar da sarça crescerá a murta." Vemos que o deserto da vida "exultará e florescerá como a rosa". Isaías 35:1. OE 516 2 Cristo Se deleita em tomar material de que, aparentemente, não há esperança -- aqueles que Satanás tem degradado, e por cujo intermédio tem operado -- e torná-los objeto de Sua graça. Ele Se regozija em libertá-los dos sofrimentos e da ira que há de cair sobre os desobedientes. Ele faz de Seus filhos instrumentos na realização desta obra, em cujo êxito, mesmo nesta vida, encontram preciosa recompensa. OE 516 3 Que é isso, porém, comparado com a alegria que hão de experimentar no grande dia da revelação final? "Agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conhecemos em parte, mas então conheceremos como também somos conhecidos." 1 Coríntios 13:12. OE 516 4 A recompensa dos obreiros de Cristo, é entrar em Seu gozo. Aquele gozo, que o próprio Cristo antecipava com ansioso desejo, é apresentado em Sua petição ao Pai: "Aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver, também eles estejam comigo." João 17:24. OE 517 1 Os anjos estavam esperando para dar as boas-vindas a Jesus, ao ascender Ele depois da ressurreição. As hostes celestiais anelavam por saudar outra vez seu amado General, que lhes era devolvido da prisão da morte. Rodearam-nO ansiosamente, ao penetrar Ele pelas portas celestiais. Mas acenou-lhes para que recuassem. Seu coração estava com o solitário e pesaroso grupo de discípulos que deixara sobre o Olivete. Com Seus filhos em luta aqui na Terra, os quais têm ainda a ferir a batalha contra o destruidor, acha-se também Seu coração. "Pai", diz Ele, "aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver, também eles estejam comigo." OE 517 2 Os remidos de Cristo são Suas jóias, Seu precioso e particular tesouro. "Como as pedras de uma coroa eles serão" -- "as riquezas da glória da Sua herança nos santos." Zacarias 9:16; Efésios 1:18. "O trabalho de Sua alma, Ele verá" neles, "e ficará satisfeito." Isaías 53:11. OE 517 3 E não se hão de Seus obreiros regozijar quando, por sua vez, contemplam o fruto de seus labores? O apóstolo Paulo, escrevendo aos conversos tessalonicenses, diz: "Porque, qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória? Porventura não sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em Sua vinda? Na verdade vós sois a nossa glória e gozo." 1 Tessalonicenses 2:19, 20. E exorta os irmãos filipenses a ser "irrepreensíveis e sinceros", a resplandecer "como astros no mundo; retendo a palavra da vida, para que no dia de Cristo possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão." Filipenses 2:15, 16. OE 517 4 Todo impulso do Espírito Santo levando homens à bondade e a Deus, é registrado nos livros do Céu, e no dia de Deus todo aquele que se entregou como instrumento à operação do Espírito Santo, poderá ver o que foi produzido por sua vida. ... OE 518 1 Maravilhosa será a revelação, ao ser manifestado o terreno da santa influência, com seus preciosos resultados. Qual não há de ser a gratidão das almas que nos encontrem nas cortes celestiais, ao compreenderem o interesse cheio de simpatia e amor tomado em sua salvação! Todo louvor, honra e glória serão dados a Deus e ao Cordeiro pela nossa redenção; mas não diminuirá a glória de Deus o exprimir reconhecimento para com o instrumento por Ele empregado na salvação de almas prestes a perecer. OE 518 2 Os remidos hão de encontrar e reconhecer aqueles cuja atenção encaminharam ao excelso Salvador. Que ditosas conversas hão de eles ter com essas almas! "Eu era pecador", dir-se-á, "sem Deus e sem esperança no mundo; e tu te aproximaste de mim, e atraíste minha atenção para o precioso Salvador, como minha única esperança. E eu cri nEle. Arrependi-me de meus pecados, e foi-me dado assentar juntamente com Seus santos nos lugares celestiais em Cristo Jesus." Outros dirão: "Eu era pagão, em terras pagãs. Tu deixaste teu lar confortável e vieste ajudar-me a encontrar Jesus, e a crer nEle como único Deus verdadeiro. Destruí meu ídolos e adorei a Deus, e agora vejo-O face a face. Estou salvo, eternamente salvo, para ver perpetuamente Aquele a quem amo. Então eu O via apenas com os olhos da fé, mas agora vejo-O tal como Ele é. É-me dado agora exprimir Àquele que me amou, e me lavou dos pecados em Seu próprio sangue, minha gratidão por Sua redentora misericórdia." OE 518 3 Outros exprimirão seu reconhecimento aos que alimentaram o faminto e vestiram o nu. "Quando o desespero acorrentava minha alma à descrença, o Senhor te enviou a mim", dizem eles, "para dizer-me palavras de esperança e conforto. Trouxeste-me alimento para as necessidades físicas, e abriste-me a Palavra de Deus, despertando-me para minhas necessidades espirituais. Trataste-me como irmão. Tiveste compaixão de mim. Simpatizaste comigo em minhas dores, e restauraste-me a alma quebrantada e ferida, de maneira que me foi possível agarrar a mão de Cristo, estendida para me salvar. Em minha ignorância, ensinaste-me pacientemente que eu tinha no Céu um Pai que de mim cuidava. Leste-me as preciosas promessas da Palavra de Deus. Inspiraste-me fé em que Ele me havia de salvar. Meu coração foi abrandado, rendido, despedaçado, ao contemplar eu o sacrifício que Cristo fizera por mim. Tive fome do pão da vida, e a verdade foi preciosa à minha alma. Aqui estou, salvo, eternamente salvo, para viver eternamente em Sua presença, e louvar Aquele que deu a vida por mim." OE 519 1 Que regozijo há de haver quando esses remidos se encontrarem com os que se preocuparam em seu favor, e os saudarem! E os que viveram, não para se agradar a si mesmos, mas para ser uma bênção para os desafortunados que tão poucas bênçãos desfrutam -- como lhes há de palpitar satisfeito o coração! Eles compreenderão a promessa: "Serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos." Lucas 14:14. OE 519 2 "Então te deleitarás no Senhor, e te farei cavalgar sobre as alturas da Terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do Senhor o disse." Isaías 58:14. -- Testimonies for the Church 6:305-312.