------------------------Testemunhos para a Igreja, 1 T1 2 1 Prefácio para a quarta edição T1 5 1 Breve histórico do volume um T1 9 1 Capítulo 1 -- Minha Infância T1 14 1 Capítulo 2 -- Minha conversão T1 21 1 Capítulo 3 -- Sentimentos de desespero T1 35 1 Capítulo 4 -- Deixando a igreja Metodista T1 44 1 Capítulo 5 -- Oposição de irmãos formalistas T1 48 2 Capítulo 6 -- A experiência do advento T1 58 3 Capítulo 7 -- Minha primeira visão T1 62 1 Capítulo 8 -- Chamado para viajar T1 67 2 Capítulo 9 -- Visão da nova terra T1 71 2 Capítulo 10 -- Recusando a advertência T1 75 1 Capítulo 11 -- Casamento e trabalhos posteriores T1 87 1 Capítulo 12 -- Publicando e viajando T1 97 2 Capítulo 13 -- Mudança para Michigan T1 105 3 Capítulo 14 -- A morte de meu marido T1 113 2 Capítulo 15 -- Guardador dos irmãos T1 116 1 Capítulo 16 -- Tempo de início do Sábado T1 116 2 Capítulo 17 -- Opositores da verdade T1 118 2 Capítulo 18 -- Responsabilidade paterna T1 120 1 Capítulo 19 -- Fé em Deus T1 122 1 Capítulo 20 -- O grupo do Messenger T1 123 2 Capítulo 21 -- Preparo para encontrar o Senhor T1 127 2 Capítulo 22 -- Os dois caminhos T1 131 1 Capítulo 23 -- Conformidade com o mundo T1 137 1 Capítulo 24 -- Esposas de pastores T1 141 1 Capítulo 25 -- Zelo e arrependimento T1 146 3 Capítulo 26 -- O leste e o oeste T1 154 2 Capítulo 27 -- Jovens observadores do sábado T1 164 1 Capítulo 28 -- Provações na igreja T1 168 1 Capítulo 29 -- Tenham cuidado T1 170 4 Capítulo 30 -- O jovem rico T1 178 2 Capítulo 31 -- O privilégio e dever da igreja T1 179 3 Capítulo 32 -- A sacudidura T1 185 1 Capítulo 33 -- A igreja de Laodicéia T1 196 1 Capítulo 34 -- Casas de culto T1 197 1 Capítulo 35 -- Lições tiradas das parábolas T1 200 1 Capítulo 36 -- Fiadores de incrédulos T1 201 1 Capítulo 37 -- Prestar juramento T1 204 1 Capítulo 38 -- Erros no regime alimentar T1 210 1 Capítulo 39 -- Negligência censurada T1 216 2 Capítulo 40 -- Deveres para com os filhos T1 220 1 Capítulo 41 -- Doação sistemática T1 223 1 Capítulo 42 -- Nosso nome denominacional T1 224 3 Capítulo 43 -- Os Pobres T1 225 1 Capítulo 44 -- Especulações T1 227 1 Capítulo 45 -- Um mordomo infiel T1 228 3 Capítulo 46 -- Fanatismo em Wisconsin T1 233 1 Capítulo 47 -- Reprovações Escondidas T1 234 2 Capítulo 48 -- A Causa em Ohio T1 240 1 Capítulo 49 -- Inteira Consagração T1 244 1 Capítulo 50 -- Experiência Pessoal T1 250 1 Capítulo 51 -- A Causa no Oeste T1 251 2 Capítulo 52 -- Uma Pergunta Respondida T1 253 2 Capítulo 53 -- O Norte e o Sul T1 260 1 Capítulo 54 -- A Grande Angústia Vindoura T1 264 1 Capítulo 55 -- Escravidão e Guerra T1 268 3 Capítulo 56 -- Tempos Perigosos T1 270 3 Capítulo 57 -- Organização T1 272 1 Capítulo 58 -- Dever Para Com os Pobres T1 274 3 Capítulo 59 -- O Poder do Exemplo T1 287 2 Capítulo 60 -- Consagração T1 290 1 Capítulo 61 -- Filosofias e Vãs Sutilezas T1 303 2 Capítulo 62 -- Religião na Familia T1 311 1 Capítulo 63 -- Ciumes e Criticas T1 323 1 Capítulo 64 -- Unidade de Fé T1 326 1 Capítulo 65 -- Norte do Wisconsin T1 341 1 Capítulo 66 -- O poder de Satanás T1 347 1 Capítulo 67 -- As duas coroas T1 353 3 Capítulo 68 -- O futuro T1 355 2 Capítulo 69 -- A rebelião T1 368 2 Capítulo 70 -- Perigos e deveres dos pastores T1 382 1 Capítulo 71 -- Uso errôneo das visões T1 384 1 Capítulo 72 -- Pais e filhos T1 389 1 Capítulo 73 -- O trabalho no leste T1 390 2 Capítulo 74 -- Perigos dos jovens T1 405 2 Capítulo 75 -- Andar na luz T1 409 1 Capítulo 76 -- A causa no leste T1 422 2 Capítulo 77 -- A oração de Davi T1 424 1 Capítulo 78 -- Extremos no vestuário T1 426 1 Capítulo 79 -- Mensagens ao pastor Hull T1 438 1 Capítulo 80 -- Pastores não Consagrados T1 449 2 Capítulo 81 -- A Esposa do pastor T1 455 1 Capítulo 82 -- Direitos de Patente T1 456 1 Capítulo 83 -- A Reforma do Vestuário T1 466 1 Capítulo 84 -- Nossos pastores T1 485 2 Capítulo 85 -- A Reforma de Saúde T1 496 2 Capítulo 86 -- Mensagens Aos Jovens T1 514 1 Capítulo 87 -- Recreação Para Os Cristãos T1 521 1 Capítulo 88 -- O Traje da Reforma T1 526 1 Capítulo 89 -- Suspeitas Sobre Battle Creek T1 528 1 Capítulo 90 -- Transferindo responsabilidades T1 531 2 Capítulo 91 -- A devida observância do sábado T1 533 2 Capítulo 92 -- Sentimentos políticos T1 534 2 Capítulo 93 -- Avareza T1 536 1 Capítulo 94 -- O engano das riquezas T1 543 1 Capítulo 95 -- Obediência à verdade T1 549 2 Capítulo 96 -- Seguro de vida T1 551 1 Capítulo 97 -- Fazendo circular as publicações T1 552 2 Capítulo 98 -- O reformador da saúde T1 553 1 Capítulo 99 -- O instituto de saúde T1 564 1 Capítulo 100 -- Saúde e religião T1 567 1 Capítulo 101 -- Trabalho e divertimentos T1 569 2 Capítulo 102 -- Introdução T1 570 2 Capítulo 103 -- Resumo de experiências T1 585 1 Capítulo 104 -- Obreiros do Escritório de Publicações T1 592 4 Capítulo 105 -- Conflitos e Vitória T1 610 3 Capítulo 106 -- Resposta da igreja de Battle Creek T1 612 3 Capítulo 107 -- Magoar e ferir T1 621 1 Capítulo 108 -- O Perigo da Alta confiança T1 628 2 Capítulo 109 -- Não Se Enganem T1 630 2 Capítulo 110 -- Publicando Testemunhos Pessoais T1 633 1 Capítulo 111 -- O Instituto de Saúde T1 643 3 Capítulo 112 -- Resumos de Experiências T1 645 1 Capítulo 113 -- Pastores Ordem e Organização T1 653 1 Capítulo 114 -- Trabalhos Adicionais T1 666 3 Capítulo 115 -- Ana More T1 680 2 Capítulo 116 -- Cozinha Saudável T1 687 2 Capítulo 117 -- Livros e Folhetos T1 690 1 Capítulo 118 -- O Lema do Cristão T1 694 2 Capítulo 119 -- Simpatia no Lar T1 707 1 Capítulo 120 -- A Posição do Marido T1 713 1 Apêndice ------------------------Prefácio para a quarta edição T1 2 1 As muitas impressões que se fizeram necessárias para uma circulação cada vez maior dos Testemunhos Para a Igreja desgastaram as chapas tipográficas. Para satisfazer a demanda destes volumes tão fundamentais à prosperidade da igreja, foi necessário recompor os tipos. Esta impressão e as posteriores serão reproduzidas com as novas chapas. T1 2 2 A paginação desta quarta edição conforma-se à das edições anteriores, já em uso há tantos anos. O leitor apreciará o Índice Escriturístico e o Índice Geral ampliados que aparecem em cada um dos volumes. Estes foram ampliados para harmonizar-se com o Index to the Writings of Mrs. Ellen G. White. T1 2 3 Muitos anos se passaram desde que estas mensagens foram escritas. Sendo que o conhecimento das circunstâncias e problemas geralmente auxilia na melhor compreensão das mensagens à igreja, o leitor notará que em cada volume há um breve histórico acerca do espaço de tempo que cada volume abrange. Algumas notas de apêndice também serão de utilidade para o leitor que pode não estar familiarizado com as circunstâncias que exigiram o conselho do Senhor. Estas declarações foram preparadas pelos Depositários dos Escritos de Ellen G. White T1 2 4 As mensagens desta nova edição são reproduzidas sem mudanças ou correção de texto, exceto por pequenos ajustes necessários para conformar a nova edição às atuais regras de ortografia, gramática e pontuação. Não houve eliminações nem acréscimos. T1 2 5 Que os conselhos dos testemunhos que têm abençoado, orientado e guardado a igreja possam continuar seu serviço apontado por Deus nesta nova edição é o sincero desejo dos editores e dos Depositários dos Escritos de Ellen G. White, Washington, D.C., 1 de Maio de 1947. ------------------------Breve histórico do volume um T1 5 1 Os nove volumes de Testemunhos Para a Igreja, que totalizam 4.738 páginas de texto, consistem de artigos e cartas escritas por Ellen G. White, contendo instruções para a Igreja Adventista do Sétimo Dia, pertinentes à sua prosperidade. Um panfleto de dezesseis páginas, impresso em Dezembro de 1855, marcou o início da série de tais conselhos que de tempos em tempos aparecia em panfletos e livros numerados consecutivamente. Estas mensagens naturalmente tratavam de problemas da época. Na maioria dos casos, porém, hoje nos confrontamos com os mesmos problemas, perigos e oportunidades que a igreja enfrentou em seus primeiros anos. T1 5 2 Os mais primitivos Testemunhos numerados foram publicados apenas sete anos após as memoráveis "Conferências Sobre o Sábado" de 1848, quando os adventistas que criam nas verdades recentemente reavivadas do sábado e do santuário lançaram os fundamentos das distintivas doutrinas sustentadas pela denominação dos Adventistas do Sétimo Dia. Durante esses poucos anos a obra avançara de modo notável. No início havia apenas três ou quatro pregadores, ou "mensageiros" como eles se chamavam, todos eles dependentes do que ganhavam com o trabalho braçal e das ofertas voluntárias dos poucos fiéis, os quais também eram pobres em bens deste mundo. Este começo ficou limitado quase que totalmente aos Estados da Nova Inglaterra, Estados Unidos. T1 5 3 Por volta de 1855, o ano do lançamento do primeiro panfleto dos Testemunhos, havia cerca de duas dezenas de pregadores das mensagens do sábado e do advento. O número de fiéis havia crescido de pouco mais de cem para bem mais de dois mil. T1 5 4 A obra de publicações, iniciada pelo Pastor White no verão de 1849 em Middletown, Connecticut, havia sido conduzida em vários lugares sob circunstâncias adversas. Em 1855 ela foi estabelecida em prédio próprio em Battle Creek, Michigan, Estados Unidos. T1 5 5 O espaço de tempo abrangido pelos primeiros catorze Testemunhos agora contidos no volume I, foi de treze anos. Mencionaremos algumas das experiências e progressos incluídos nestas mensagens ocorridos durante o período de 1855 a 1868. T1 6 1 A primeira deserção, a apostasia e oposição de alguns dos ex-irmãos de ministério, conhecida como o grupo do Messenger por causa da sua publicação, o Messenger of Truth [Mensageiro da Verdade], trouxe tristeza e perplexidade. Os primeiros conselhos falam deste movimento e predizem seu rápido fim em confusão. T1 6 2 Movimentos fanáticos, que tencionavam atrair pessoas conscienciosas por causa das infundadas esperanças da "santificação", apareceram em vários lugares, especialmente em alguns Estados do Leste e em Wisconsin. Em certos casos estes ensinos foram acompanhados de manifestações do suposto "dom de línguas". Instrução clara, porém, foi dada à igreja, o que salvou a obra de tais enganos do inimigo. T1 6 3 O lapso de tempo e o aparente atraso do segundo advento, mais a adesão à igreja de muitos que não participaram do movimento de 1844, com sua profunda consagração espiritual, resultou na perda daquele primeiro amor. Essa foi uma época de especulações lucrativas de terrenos e propriedades rurais quando os Estados do Oeste estavam sendo abertos aos colonizadores, entre eles um grande número de fiéis dos populosos Estados do Leste. Os mais fervorosos apelos e advertências foram feitos acerca do predominante perigo de conformidade com o mundo, convocando a igreja para mais sincera consagração. T1 6 4 Na última parte do ano 1856 chamou-se a atenção para a mensagem à "Laodicéia" em Apocalipse 3. Antigamente entendia-se que este conselho se aplicava aos crentes no advento que não haviam seguido a crescente luz da mensagem do terceiro anjo e que se haviam organizado numa outra igreja, que se opunha hostilmente à verdade do sábado. Agora viram a si mesmos como "mornos" e necessitando dar ouvidos ao conselho da Testemunha Verdadeira. Durante dois anos ou mais os cristãos foram fortemente agitados por essa mensagem, esperando que ela os conduzisse diretamente ao alto clamor do terceiro anjo. As severas mensagens dos Testemunhos a respeito deste movimento podem ser melhor compreendidas com o conhecimento destes fatos. T1 6 5 Foi uma época de discussões e debates. Muitos de nossos pastores foram desafiados a discutir o sábado e outras verdades e alguns até se tornavam agressivos em tais debates. Isto exigiu conselho divino. Um de nossos pastores preeminentes, Moses Hull, envolveu-se em debates com os espiritualistas, primeiro a desafio deles, e mais tarde por si mesmo. Como resultado desta ousada decisão, ele foi arrastado para dentro do labirinto do espiritualismo. Foi então que a irmã White publicou suas "Mensagens ao Pastor Hull", tornando públicas as cartas que ela lhe havia escrito durante anos anteriores e que, se atendidas, teriam salvado do naufrágio a fé daquele irmão. T1 7 1 Naqueles anos foram tomadas decisões para a organização da igreja. Contra isto, alguns que tinham passado pela experiência da mensagem do segundo anjo temiam que a organização da igreja fosse símbolo de "Babilônia". Os problemas da organização conforme foram enfrentados e discutidos entre os irmãos são apresentados em muitas das mensagens dadas à igreja através de Ellen White. Quando em 1860 a obra de publicações foi organizada, e quando, depois de muita discussão e algumas contestações, o nome de Adventista do Sétimo Dia foi adotado, foi mostrado que a decisão e o nome em si estavam em harmonia com a vontade divina. T1 7 2 Imediatamente após os passos finais na ordem da igreja marcados pela organização da Associação Geral em Maio de 1863, ocorreu a memorável visão em Otsego, no mês de Junho, quando foi dada a Ellen White uma idéia dos princípios daquilo que foi denominado "reforma de saúde", com uma revelação da relação existente entre obediência às leis de saúde e a obtenção do caráter necessário para preparar os membros da igreja para trasladação. Intimamente associado a isto estava a reforma do vestuário. Dois anos mais tarde, foi recebido o conselho de que "devíamos ter uma casa de saúde própria", o que resultou no estabelecimento do Instituto da Reforma de Saúde, para o qual e a respeito do qual muito conselho foi dado. À medida que a luz foi seguida, esta instituição cresceu até que se tornou uma das melhores do seu tipo no mundo. Durante o período de tempo abrangido por este volume, os princípios que governavam a instituição e que a levaram a alcançar êxito foram claramente definidos. Os problemas da Guerra Civil dos Estados Unidos foram também enfrentados nesta época, e os adventistas do sétimo dia sentiram então a necessidade de definir seu relacionamento com o governo civil em tempo de guerra. T1 7 3 A importância do lar na edificação do caráter cristão, e a responsabilidade dos pais, foi salientada, e muitas solenes mensagens direcionadas especialmente aos jovens foram destacadas nestas páginas. T1 7 4 Além de questões específicas que estavam intimamente ligadas ao movimento da época, houve muitos conselhos e advertências de natureza generalizada sobre a disciplina na igreja e o preparo para a trasladação. Este foi um período muito importante no desenvolvimento da igreja remanescente, e os conselhos dos Testemunhos exerceram grande influência em seu estabelecimento. Os Depositários dos Escritos de Ellen G. White, Traços biográficos. ------------------------Capítulo 1 -- Minha infância T1 9 1 Nasci em Gorham, Estado do Maine, em 26 de Novembro de 1827. Meus pais, Roberto e Eunice Harmon, residiram por muitos anos nesse Estado. Já em sua infância tornaram-se membros fervorosos e dedicados da Igreja Metodista Episcopal. Destacaram-se naquela igreja e trabalharam durante um período de quarenta anos, pela conversão de pecadores e em prol da causa de Deus. Durante esse tempo tiveram a alegria de ver seus filhos, em número de oito, convertidos e reunidos no aprisco de Cristo. A firme crença no segundo advento, porém, levou toda a família a separar-se da igreja metodista em 1843. T1 9 2 Sendo eu ainda criança, meus pais se mudaram de Gorham para Portland, Maine. Aí, com nove anos de idade, sofri um acidente que me afetaria a vida inteira. Em companhia de minha irmã gêmea e de uma de nossas colegas, eu atravessava uma praça da cidade, quando uma menina de treze anos aproximadamente, zangando-se por qualquer futilidade, começou a perseguir-nos, ameaçando bater-nos. Nossos pais haviam nos ensinado a nunca brigar com ninguém, mas a fugir para casa imediatamente toda vez que corrêssemos o risco de ser maltratados ou feridos. Estávamos fazendo exatamente isto, a toda pressa, mas a garota nos seguia com igual rapidez, tendo na mão uma pedra. Em dado momento, virei a cabeça para ver a que distância se achava ela, e, ao fazê-lo, a menina atirou a pedra que me atingiu o nariz. Fiquei aturdida com o golpe e caí ao chão, desmaiada. T1 10 1 Quando recuperei os sentidos, achava-me na loja de um comerciante; minhas roupas estavam encharcadas com o sangue que me jorrava do nariz e escorria para o chão. Um desconhecido amável ofereceu-se para levar-me para casa em sua carruagem. Mas eu, desconhecendo meu estado de fraqueza, disse-lhe que preferia ir a pé para não sujar-lhe a carruagem com sangue. Os presentes não se aperceberam de que meu ferimento fosse tão sério e deixaram-me ir. Mas, depois de andar apenas alguns metros, senti-me fraca e atordoada. Minha irmã gêmea e colega carregaram-me para casa. T1 10 2 Não tenho lembrança de coisa alguma ocorrida durante algum tempo após o acidente. Minha mãe disse que eu nada notava. Permaneci em estado de torpor durante três semanas. Ninguém, além dela, julgava possível que eu me restabelecesse; mas, por qualquer motivo, ela pressentia que eu havia de viver. Uma bondosa vizinha, que muito se interessara em meu caso, achou que eu estava morrendo. Ela queria comprar-me um vestido para meu sepultamento, mas minha mãe lhe disse: "Ainda não", pois algo lhe dizia que eu não morreria. T1 10 3 Ao recobrar o uso de minhas faculdades, parecia-me que estivera a dormir. Não lembrava o acidente, e ignorava a causa de minha enfermidade. Quando recobrei um pouco de força, minha curiosidade foi atraída ao ouvir casualmente aqueles que me visitavam dizer: "Que pena!" "Eu não a conhecia", etc. Pedi um espelho, e ao olhar-me nele fiquei chocada com a mudança ocorrida com minha aparência. Cada traço de meu rosto parecia mudado. Os ossos de meu nariz haviam-se fraturado, causando essa desfiguração. T1 10 4 O pensamento de ser forçada a carregar essa desgraça pela vida toda era insuportável. Não podia ver nenhuma felicidade em minha existência. Não queria mais viver, porém, tinha medo de morrer porque não me achava preparada. Os amigos que nos visitavam olhavam-me com piedade e aconselharam meu pai a processar o pai da menina que, como eles diziam, havia-me arruinado. Contudo, minha mãe, que era pela paz, disse que se essa atitude trouxesse de volta minha saúde e aparência, então alguma coisa seria ganha, mas, como isso era impossível, o melhor era não fazer inimigos por seguir tal conselho. T1 11 1 Os médicos achavam que um fio de prata poderia ser colocado em meu nariz para restaurar-lhe a forma. Isso teria sido muito doloroso e eles temeram que tal providência não fosse de muita utilidade, porque eu havia perdido muito sangue e passado por tal estado de choque, que minha recuperação era duvidosa. Mesmo que sobrevivesse, eles criam que eu não poderia viver por muito tempo. Fiquei reduzida quase a um esqueleto. T1 11 2 Comecei, nessa ocasião, a orar ao Senhor, a fim de preparar-me para a morte. Quando amigos cristãos visitavam a família, perguntavam à minha mãe se ela me havia falado a respeito de morrer. Entreouvi isso, o que me agitou. Desejei tornar-me cristã, e orei fervorosamente pelo perdão de meus pecados. Senti a paz de espírito que disso provinha, e amava a todos, sentindo-me desejosa de que todos estivessem com seus pecados perdoados e amassem a Jesus como eu o fazia. T1 11 3 Lembro-me bem de uma noite de inverno, quando a neve cobria o chão, que os céus foram iluminados e tinham um aspecto avermelhado e ameaçador, e pareciam abrir-se e fechar-se, enquanto a neve assemelhava-se a sangue. Nossos vizinhos ficaram muito atemorizados. Mamãe tirou-me da cama e tomando-me em seus braços levou-me até a janela. Fiquei feliz. Pensei que Jesus estava voltando; eu ansiava vê-Lo. Meu coração estava transbordante e bati palmas de alegria; pensei que meus sofrimentos haviam terminado. Mas fiquei desapontada. Aquele aspecto singular desapareceu dos céus e na manhã seguinte o Sol surgiu como de costume. T1 11 4 Eu recobrava forças muito vagarosamente. Quando pude tomar parte nos brinquedos com minhas amiguinhas, fui obrigada a aprender a amarga lição de que nossa aparência pessoal muitas vezes estabelece diferença no tratamento que recebemos. Por ocasião do acidente, meu pai estava na Geórgia. Ao chegar em casa, abraçou meu irmão e minhas irmãs e perguntou por mim. Recuei timidamente, enquanto minha mãe me apontava, mas meu próprio pai não me reconheceu. Foi-lhe muito difícil acreditar que eu era sua pequena Ellen, a quem ele deixara poucos meses antes como uma feliz e saudável criança. Isso feriu profundamente meus sentimentos, mas tentei parecer animada, embora com o coração despedaçado. T1 12 1 Inúmeras vezes na infância pude sentir profundamente meu infortúnio. A mágoa que sentia era forte e trazia-me grande infelicidade. Freqüentemente, com o orgulho ferido, mortificada e abatida de espírito, buscava um lugar solitário e tristemente pensava nos sofrimentos que cada dia estava destinada a suportar. T1 12 2 O consolo das lágrimas me era negado. Não podia chorar imediatamente, como minha irmã gêmea. Embora meu coração se achasse pesado e dolorido, como se tivesse sido despedaçado, eu não podia derramar uma só lágrima. Eu sentia que seria grande alívio lamentar minhas tristezas. Algumas vezes, a bondosa simpatia dos amigos bania-me o desânimo e removia, por um tempo, o peso que me oprimia o coração. Quão vãos e insignificantes me pareciam os prazeres terrenos. Quão mutável a amizade de meus jovens amigos. Não obstante, esses coleguinhas de escola não eram diferentes da maioria dos adultos. Um rosto bonito, um vestido elegante, os atrai; mas permita-se que a desgraça os atinja, e a frágil amizade esfria ou se rompe. Mas quando busquei a meu Salvador, Ele me confortou. Busquei fervorosamente ao Senhor na minha angústia, e recebi consolação. Senti-me segura de que Jesus também me amava. T1 12 3 Minha saúde parecia irremediavelmente prejudicada. Durante dois anos, não pude respirar pelo nariz, e pouco pude freqüentar a escola. Parecia-me impossível estudar e reter na memória o que aprendia. A mesma menina que fora a causa de minha infelicidade, foi por nossa professora nomeada monitora, e competia-lhe ajudar-me na escrita e em outras matérias. Ela se mostrava sempre sinceramente entristecida pelo grande mal que me causara, embora eu tivesse cuidado em não lhe lembrar isso. Era meiga e paciente comigo. Mostrava-se triste e pensativa quando me via lutando com sérias desvantagens para instruir-me. T1 13 1 Meu sistema nervoso estava abalado, e minhas mãos tremiam tanto que pouco progresso fiz na escrita, e não pude conseguir mais do que simples cópias com má caligrafia. Esforçando-me por concentrar-me nos estudos, as letras da página pareciam embaralhar-se, grandes gotas de suor afloravam-me ao rosto, e eu me atordoava e desfalecia. Tinha uma tosse rebelde, e meu organismo todo parecia debilitado. Minhas professoras aconselharam-me a abandonar a escola, e não retomar os estudos antes de minha saúde melhorar. Foi a mais forte luta de minha juventude, ceder à fraqueza e decidir que deveria abandonar os estudos e renunciar a toda esperança de instruir-me. T1 13 2 Três anos mais tarde, enfrentei mais dificuldades ao querer estudar novamente. Quando tentei prosseguir nos estudos, a saúde declinou rapidamente, e parecia que se permanecesse na escola, seria às custas da própria vida. Não mais pude ir à escola. Eu tinha doze anos de idade. T1 13 3 A ambição de instruir-me era muito grande, e quando pensava em minhas frustradas esperanças e que eu era uma inválida para toda a vida, fiquei inconformada com minha sorte e, às vezes, murmurava contra a providência de Deus por assim afligir-me. Se tivesse aberto o coração à minha mãe, ela poderia ter-me instruído, consolado e animado; porém, ocultei meus turbados sentimentos da família e dos amigos, temendo que não me pudessem compreender. Desapareceu a feliz confiança no amor de meu Salvador que eu fruíra durante minha enfermidade. Minha perspectiva de alegria terrena fora frustrada e o Céu me parecia fechado. ------------------------Capítulo 2 -- Minha conversão T1 14 1 Em Março de 1840, Guilherme Miller visitou Portland, Maine, e fez uma série de pregações sobre a segunda vinda de Cristo, que produziram grande sensação. A Igreja Cristã da rua Casco, onde foram realizadas, esteve repleta dia e noite. As reuniões não foram acompanhadas de uma agitação tola, mas profunda solenidade se apoderava do espírito dos ouvintes. Não somente na cidade se manifestou grande interesse, pois pessoas do campo afluíam dia após dia, trazendo cestas com seu lanche, e permanecendo desde a manhã até ao final da reunião da noite. T1 14 2 Em companhia de minhas amigas, assisti a essas reuniões e ouvi o alarmante anúncio da volta de Cristo para 1843, apenas um poucos anos no futuro. O Sr. Miller apresentou as profecias com uma precisão que convencia o coração dos ouvintes. Detinha-se a tratar dos períodos proféticos, e apresentava muitas provas para confirmar seu ponto de vista. Seus apelos e advertências, solenes e poderosos, feitos àqueles que não se achavam preparados, deixavam assustada a multidão. T1 14 3 Efetuaram-se reuniões especiais em que os pecadores podiam ter oportunidade de buscar a seu Salvador e preparar-se para os terríveis acontecimentos que breve ocorreriam. Terror e convicção espalharam-se por toda a cidade. Realizavam-se reuniões de oração, e havia um despertamento geral entre as várias denominações; pois todos sentiam, uns mais e outros menos, a influência do ensino da próxima vinda de Cristo. T1 14 4 Quando os pecadores foram convidados a ir à frente, para o lugar daqueles que desejavam auxílio cristão especial, centenas atenderam ao apelo. E eu me coloquei entre os que buscavam aquele auxílio. Pensava, porém, que jamais me poderia tornar digna de ser chamada filha de Deus. A falta de confiança própria e a convicção de que seria impossível fazer com que alguém compreendesse meus sentimentos, impediam-me de buscar conselho e auxílio de minhas amigas cristãs. Assim, vagueava desnecessariamente em trevas e desespero, enquanto elas, sem conhecer o meu íntimo, ignoravam completamente o meu estado. T1 15 1 Certa noite, meu irmão Roberto e eu estávamos voltando para casa, após um encontro onde havíamos ouvido a mais impressionante palestra sobre o vindouro reino de Cristo, seguida de um fervoroso e solene apelo dirigido a cristãos e pecadores, rogando-lhes que se preparassem para o Juízo e a vinda do Senhor. Meu coração agitou-se pelo que ouvi. E tão profunda foi minha convicção, que temi não ser poupada pelo Senhor. T1 15 2 Estas palavras ressoavam-me aos ouvidos: "O grande dia do Senhor está perto"! Sofonias 1:14. "Quem subsistirá, quando Ele aparecer?" Malaquias 3:2. A linguagem do meu coração era: "Poupa-me, ó Senhor, através da noite! Não me leves em meus pecados; tem piedade de mim; salva-me." Pela primeira vez, tentei explicar meus sentimentos a meu irmão Roberto, que era dois anos mais velho do que eu. Disse-lhe que não me atrevia a repousar ou dormir até que soubesse que Deus havia perdoado meus pecados. T1 15 3 Meu irmão não respondeu de pronto, mas o motivo de seu silêncio me era muito claro. Ele chorava em simpatia por meu sofrimento. Isso me animou a confiar nele ainda mais, a confessar-lhe que ansiei pela morte naqueles dias quando a vida me parecia um fardo demasiado pesado para eu levar. Mas agora, o pensamento de que eu poderia morrer em estado pecaminoso e perder-me eternamente, encheu-me de terror. Perguntei-lhe se ele achava que Deus pouparia minha vida por aquela noite, se eu a passasse angustiando-me em oração. Ele respondeu: "Penso que Ele o fará, se você buscá-Lo com fé e eu orarei por você e por mim. Ellen, nunca devemos esquecer as palavras que ouvimos esta noite." T1 16 1 Chegando em casa, passei a maior parte das longas horas da noite em oração e lágrimas. Uma das razões que me levou a esconder meus sentimentos dos amigos, foi o temor de ouvir palavras de desencorajamento. Minha esperança era tão pequena e minha fé tão fraca, que temi que se alguém soubesse de minha condição, eu imergiria em desespero. Entretanto, eu ansiava por alguém que me dissesse o que fazer para ser salva; que passos dar para encontrar meu Salvador e entregar-me inteiramente ao Senhor. Achei que ser cristão era algo muito elevado e que isso requeria esforço especial de minha parte. T1 16 2 Minha mente permaneceu nessa condição durante meses. Eu costumava assistir às reuniões na igreja metodista com meus pais, mas, desde que me interessara no breve aparecimento de Cristo, passei a ir aos encontros da rua Casco. No verão seguinte, meus pais foram à reunião campal metodista, em Buxton, Maine, levando-me com eles. Eu estava plenamente resolvida a buscar fervorosamente ao Senhor ali, e alcançar, se possível, o perdão de meus pecados. Havia grande anelo em meu coração pela esperança cristã e a paz que vem pela fé. T1 16 3 Muito me animei ouvindo um sermão sobre as palavras: "Irei ter com o rei, ... e, perecendo, pereço." Ester 4:16. Em suas considerações, o orador referiu-se àqueles que vagavam entre a esperança e o temor, anelando serem salvos de seus pecados e receberem o amor remidor de Cristo, e, no entanto, pela timidez e receio de fracasso, se conservavam em dúvida e escravidão. Aconselhava a tais pessoas que se entregassem a Deus, e sem mais demora confiassem em Sua misericórdia. Encontrariam um Salvador compassivo, pronto para lhes apresentar o cetro da misericórdia, assim como Assuero ofereceu a Ester o sinal de seu favor. Tudo que se exigia do pecador, trêmulo ante a presença de seu Senhor, era que estendesse a mão da fé e tocasse o cetro de Sua graça. Aquele toque asseguraria perdão e paz. T1 16 4 Aqueles que esperavam tornar-se mais dignos do favor divino antes de se arriscarem a alcançar as promessas de Deus, estavam cometendo um erro fatal. Somente Jesus purifica do pecado; apenas Ele pode perdoar nossas transgressões. Ele assumiu o compromisso de ouvir as petições e deferir as orações dos que pela fé a Ele recorrem. Muitos têm uma idéia vaga de que devem fazer algum esforço extraordinário a fim de alcançar o favor de Deus. Toda confiança própria, porém, é vã. É unicamente ligando-se a Jesus pela fé, que o pecador se torna filho de Deus, cheio de esperança e crença. Essas palavras me consolaram, e deram-me uma visão do que devia fazer para ser salva. T1 17 1 Passei então a ver mais claramente meu caminho, e as trevas começaram a dissipar-se. Fervorosamente busquei o perdão de meus pecados, e esforcei-me para entregar-me inteiramente ao Senhor. Meu espírito, porém, debatia-se muitas vezes em grande angústia, pois eu não experimentava o êxtase espiritual que considerava deveria ser a prova de minha aceitação da parte de Deus, e não ousava crer que, sem isso, estivesse convertida. Quanto necessitava eu de instrução no tocante à simplicidade da fé! T1 17 2 Enquanto permanecia curvada junto ao altar da oração em companhia de outros que buscavam ao Senhor, toda a linguagem do meu coração era: "Auxilia-me, Jesus; salva-me, eu pereço! Não cessarei de rogar enquanto minha oração não for ouvida e perdoados os meus pecados." Como nunca antes, sentia minha condição necessitada e desamparada. Enquanto me achava de joelhos em oração, meu fardo deixou-me, e meu coração se aliviou. A princípio me sobreveio um sentimento de susto e procurei retomar o meu fardo de angústias. Julgava não ter o direito de sentir-me alegre e feliz. Mas Jesus parecia estar perto de mim; sentia-me capaz de achegar-me a Ele com todos os meus pesares, infelicidade e provações, assim como o faziam os necessitados em busca de consolo, quando Ele esteve na Terra. Eu tinha no coração a certeza de que Ele compreendia minhas provações e comigo simpatizava. Nunca poderei esquecer essa segurança preciosa da compassiva ternura de Jesus para com alguém tão indigno de Sua atenção. Naquele curto período de tempo em que fiquei prostrada entre os que oravam, aprendi mais do que nunca acerca do caráter divino de Cristo. T1 18 1 Uma das mães em Israel aproximou-se de mim e disse: "Querida filha, você achou a Jesus?" Eu estava para responder "Sim", quando ela exclamou: "Verdadeiramente você O achou; Sua paz está com você, eu a vejo em seu semblante!" Repetidas vezes, disse comigo mesma: "Pode isso ser religião? Não estarei enganada?" Parecia-me demasiado pretender um privilégio excessivamente exaltado. Se bem que tímida demais para confessá-lo abertamente, eu sentia que o Salvador me abençoara e perdoara meus pecados. T1 18 2 Logo depois, encerrou-se a reunião, e partimos para casa. Eu tinha a mente repleta dos sermões, exortações e orações que ouvíramos. Tudo na Natureza parecia mudado. Durante as reuniões, nuvens e chuva haviam prevalecido na maior parte do tempo, e meus sentimentos estavam em harmonia com o tempo. Agora, o Sol resplandecia brilhante e luminoso, e inundava a Terra de luz e calor. As árvores e a relva eram de um verde mais vivo; o céu, de um azul mais profundo. A Terra parecia sorrir com a paz de Deus. Igualmente, os raios do Sol da Justiça haviam penetrado as nuvens e trevas do meu espírito, e afugentando a tristeza. T1 18 3 Parecia-me que todos deveriam estar em paz com Deus, e animados por Seu Espírito. Todas as coisas sobre as quais meu olhar repousava, parecia terem passado por uma mudança. As árvores eram mais bonitas, e os pássaros cantavam com mais suavidade do que nunca; com seus cânticos pareciam estar louvando o Criador. Eu não tinha desejo nem de falar, por temer que essa felicidade pudesse dissipar-se e eu perdesse a preciosa evidência do amor de Jesus por mim. T1 18 4 Enquanto nos aproximávamos de nossa casa, em Portland, passamos por uns homens que trabalhavam na estrada. Eles conversavam sobre assuntos comuns, mas meus ouvidos estavam surdos a tudo, exceto ao louvor de Deus, e suas palavras chegaram a mim como profundos agradecimentos e alegres hosanas. Volvendo-me para minha mãe, perguntei-lhe: "Por que esses homens estão todos louvando a Deus, sendo que não estiveram na reunião campal?" Eu não compreendia ainda por que sugiram lágrimas nos olhos de mamãe. Um terno sorriso aflorou-lhe na face enquanto ouvia minhas simples palavras, que a relembraram de uma experiência semelhante em sua vida. T1 19 1 Mamãe gostava muito de flores e tinha imenso prazer em cultivá-las, e assim tornar o lar mais agradável e atrativo a seus filhos. Mas nosso jardim nunca me pareceu tão encantador como naquele dia. Reconhecia uma expressão de amor de Jesus em cada arbusto, botão e flor. Essas belas coisas pareciam falar, em muda linguagem, do amor de Deus. T1 19 2 Havia uma bela flor rosada no jardim, conhecida como rosa de Sarom. Lembro de ter-me aproximado dela e tocado reverentemente suas delicadas pétalas; que pareciam sagradas aos meus olhos. Meu coração se encheu de ternura e amor por essas belas criações de Deus. Eu podia ver divina perfeição nas flores que enfeitavam a terra. Deus cuidava delas e as tinha sob Seus olhos que tudo vêem. Fora Ele quem as fizera e eis que eram boas. T1 19 3 "Ah", pensei, "se Ele tanto ama e cuida das flores, as quais ornou de beleza, quão mais ternamente guardará os filhos formados à Sua imagem." Eu repetia suavemente para mim mesma: "Sou uma filha de Deus; Seu amoroso cuidado me cerca. Serei obediente e de modo nenhum Lhe desagradarei, mas louvarei sempre Seu querido nome e amor por mim." T1 19 4 Minha vida aparecia-me sob uma luz diferente. A aflição que me obscurecera a infância, dir-se-ia ter intervindo misericordiosamente em meu favor, para minha felicidade, desviando-me o coração do mundo e de seus prazeres, que não satisfazem, inclinando-o para as atrações duradouras do Céu. T1 19 5 Logo depois de nossa volta da reunião campal, eu, juntamente com vários outros, fiz profissão de fé na igreja. Preocupava-me bastante o assunto do batismo. Jovem como era, não podia ver senão uma única maneira de batismo autorizada nas Escrituras, e essa era a imersão. Algumas de minhas irmãs metodistas procuraram em vão convencer-me de que a aspersão era batismo bíblico. O pastor metodista consentia em batizar os candidatos por imersão, se eles conscienciosamente preferissem aquele método, embora insinuasse que a aspersão fosse igualmente aceitável a Deus. T1 20 1 Finalmente, foi marcado o tempo em que receberíamos essa solene ordenança. Foi num dia de muito vento que nós, em número de doze, fomos ao mar para sermos batizados. As ondas encapelavam-se e batiam contra a praia; mas, tendo eu tomado essa pesada cruz, minha paz era semelhante a um rio. Quando saí da água, sentia-me quase sem forças, pois o poder do Senhor repousava sobre mim. Senti que dali em diante não era deste mundo, mas erguia-me daquele túmulo líquido, para uma novidade de vida. T1 20 2 No mesmo dia à tarde, fui recebida na igreja com todas as prerrogativas de membro. Uma jovem que se achava ao meu lado também era candidata à admissão na igreja. Minha mente encontrava-se feliz e em paz, até que notei anéis de ouro cintilando nos dedos daquela irmã, e grandes e vistosos brincos em suas orelhas. Então, observei que seu chapéu estava enfeitado com flores artificiais e decorado com custosas fitas, dispostas em laços e tufos. Minha alegria se dissipou diante dessa mostra de vaidade em alguém que professava ser seguidora do manso e humilde Jesus. T1 20 3 Eu esperava que o pastor dirigisse alguma discreta reprovação ou conselho a essa irmã, mas parece que ele estava desatento a seus vistosos adornos, e nenhuma repreensão foi feita. Ambas recebemos a destra da comunhão da igreja. A mão decorada com jóias foi apertada pelo representante de Cristo e nossos nomes foram registrados no livro da igreja. T1 20 4 Essa situação causou-me muita perplexidade e aflição quando me lembrava das palavras do apóstolo: "Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras." 1 Timóteo 2:9, 10. Esse ensino da Escritura pareceu ser abertamente desrespeitado por aqueles a quem eu via como consagrados cristãos e que eram mais experientes do que eu. Se fosse realmente pecaminoso, como eu supunha, imitar o vestuário extravagante dos mundanos, certamente esses cristãos compreenderiam isso e se conformariam aos padrões bíblicos. Propus-me, porém, seguir as convicções do dever. Eu sentia que era contrário ao espírito do evangelho dispensar tempo e dinheiro dados por Deus para a ornamentação pessoal; que a humildade e a abnegação seriam mais adequadas àqueles cujos pecados custaram o infinito sacrifício do Filho de Deus. ------------------------Capítulo 3 -- Sentimentos de desespero T1 21 1 Em Junho de 1842, o Sr. Miller fez a sua segunda série de conferências em Portland. Considerei grande privilégio haver assistido a essas conferências, pois eu caíra em desânimo e não me sentia preparada para encontrar-me com meu Salvador. Essa segunda série criou na cidade muito mais agitação do que a primeira. Com poucas exceções, as várias denominações fecharam as portas de suas igrejas ao Sr. Miller. Muitos pregadores, nos vários púlpitos, procuravam expor os pretensos erros fanáticos do conferencista; mas multidões de ouvintes ansiosos assistiam a suas reuniões, e, por falta de lugar, muitos ficavam sem poder entrar. T1 21 2 A congregação ficava silenciosa e atenta, contrariamente ao seu hábito. O estilo de pregar do Sr. Miller não era floreado nem retórico. Ele apresentava fatos claros e surpreendentes que arrancavam os ouvintes de sua despreocupada indiferença. No decorrer da pregação, confirmava suas declarações e teorias com provas das Escrituras. Acompanhava suas palavras um poder convincente que parecia assinalá-las como a linguagem da verdade. T1 21 3 Ele era cortês e simpático. Quando todos os assentos na casa estavam ocupados, e a plataforma e lugares em redor do púlpito pareciam literalmente cheios, eu o via sair do púlpito, descer à nave e tomar pela mão algum idoso ou idosa e achar-lhes um assento, voltando então e reatando o fio do seu discurso. Era, na verdade, justamente chamado "Pai Miller"; pois exercia cuidado vigilante sobre os que estavam sob o seu ministério. Era afetuoso em seu modo de agir, dotado de disposição jovial e coração terno. T1 22 1 Como orador era interessante, e suas exortações tanto a cristãos professos como aos impenitentes eram apropriadas e poderosas. Algumas vezes, uma solenidade tão assinalada, a ponto de ser comovente, apoderava-se de suas reuniões. Muitos se rendiam à convicção do Espírito de Deus. Homens de cabelos grisalhos e senhoras idosas procuravam com passos trêmulos o lugar dos que desejavam auxílio espiritual especial; aqueles que se achavam na força da idade madura, os jovens e crianças, eram profundamente abalados. Gemidos e vozes de choro e de louvor misturavam-se no período da oração. T1 22 2 Cri nas solenes palavras proferidas pelo servo de Deus, e doía-me o coração quando eram combatidas ou delas se zombava. Eu assistia freqüentemente às reuniões e cria que Jesus devia logo vir nas nuvens do céu; o que me preocupava, porém, era estar ponta para O encontrar. Eu pensava constantemente no assunto da santidade do coração. Acima de todas as coisas anelava obter essa grande bênção, e crer que eu era inteiramente aceita por Deus. T1 22 3 Ouvi muito a respeito da santificação entre os metodistas. Vi muitas pessoas perderem sua força física sob a influência de forte agitação mental, e ouvi falar que isso era positiva evidência de santificação. Mas, não pude compreender o que era necessário para ser plenamente consagrada a Deus. Meus amigos cristãos diziam-me: "Creia em Jesus agora! Creia que Ele a aceita agora." Tentei fazer como me disseram, mas descobri ser impossível acreditar que eu recebera a bênção, a qual, eu julgava, deveria eletrizar todo o meu ser. Admirei-me de minha própria dureza de coração, ao ser incapaz de experimentar a exaltação de espírito que outros haviam manifestado. Parecia-me que eu era diferente deles, e para sempre impedida de fruir a perfeita alegria da santidade de coração. T1 23 1 Minhas idéias a respeito da justificação e santificação eram confusas. Esses dois estados foram-me apresentados como sendo separados e distintos um do outro. Não pude compreender a diferença ou o significado dos termos, e todas as explicações dos pregadores aumentavam minhas dificuldades. Era incapaz de reivindicar a bênção para mim mesma e desejava saber se isso devia ser achado apenas entre os metodistas; e se, ao assistir às reuniões adventistas eu não estava me separando do que eu mais desejava, o santificador Espírito de Deus. T1 23 2 Observei ainda que alguns que se diziam santificados, manifestavam um espírito amargurado quando o assunto da breve volta de Jesus era apresentado. Isso não me parecia uma manifestação da santidade que professavam. Eu não compreendia por que os pastores, do púlpito, se opunham à doutrina da proximidade da segunda vinda de Cristo. Uma reforma se seguira a essa pregação, e muitos dos mais dedicados pastores e leigos haviam-na recebido como verdade. Eu tinha a impressão de que os que amavam sinceramente a Jesus deviam estar prontos para aceitar as boas novas de Seu retorno e rejubilar-se com sua proximidade. T1 23 3 Senti que apenas poderia reivindicar aquilo que eles chamavam de justificação. Li nas Escrituras que sem a santificação nenhum homem poderia ver a Deus. Nesse caso, havia alguma elevada consecução que eu deveria alcançar antes de estar segura da vida eterna. Estudei o assunto diligentemente, pois cria que Cristo estava prestes a vir e eu temia que Ele me achasse despreparada para encontrá-Lo. Palavras de condenação ressoavam dia e noite em meus ouvidos, e meu constante clamor a Deus era: "Que é necessário que eu faça para me salvar?" Atos dos Apóstolos 16:30. T1 23 4 Em minha mente, a justiça de Deus eclipsava Sua misericórdia e amor. Eu havia sido ensinada a crer num inferno continuamente a arder, e o aterrorizante pensamento que estava sempre diante de mim era que meus pecados eram tão grandes para serem perdoados, e que eu estava perdida para sempre. As assustadoras descrições que eu ouvira sobre os perdidos, marcaram-me profundamente. No púlpito, os pastores pintavam quadros vívidos da condição dos perdidos. Eles ensinavam que Deus não Se propôs salvar a ninguém, senão os santificados. Os olhos de Deus estavam sempre sobre nós; cada pecado era registrado e receberia sua justa punição. O próprio Deus mantinha os livros com a exatidão de Sua infinita sabedoria, e cada pecado que cometemos era fielmente anotado contra nós. T1 24 1 Satanás era representado como ávido por apoderar-se das presas e lançá-las na mais profunda angústia, exultando sobre seus sofrimentos nos horrores de um inferno eternamente a queimar, onde, depois de torturá-las por milhares e milhares de anos, vagas ardentes levariam à superfície contorcidas vítimas, que gritariam: "Até quando, Senhor, até quando?" Então, a resposta trovejaria no abismo: "Por toda a eternidade!" Novamente, as ondas fundidas engolfariam os perdidos, lançando-os nas profundidades do tormentoso mar de fogo. T1 24 2 Enquanto ouvia essas terríveis descrições, minha imaginação foi tão afetada que comecei a transpirar, e me foi difícil conter um grito de angústia, pois parecia-me já estar sentindo os tormentos da perdição. Nesse momento, o pastor começou a falar sobre a incerteza da vida. Num momento podemos estar aqui, e no inferno, no próximo; ou, num instante, sobre a Terra e noutro, no Céu. Escolheremos o lago de fogo e a companhia de demônios, ou, as alegrias do Céu com os anjos como nossos companheiros? Ouviremos vozes de lamento e a maldição dos perdidos por toda a eternidade, ou cantaremos louvores a Jesus diante do trono? T1 24 3 Nosso Pai celestial foi-me apresentado como um tirano que Se deleitava nas agonias dos condenados, e não como o terno e compassivo Amigo dos pecadores; que ama Suas criaturas com amor que ultrapassa todo entendimento, e que deseja vê-los salvos em Seu reino. T1 25 1 Meus sentimentos estavam muito abalados. Eu receava causar dor a qualquer criatura vivente. Quando via animais maltratados, meu coração se condoía. Talvez minhas simpatias fossem mais facilmente despertadas pelo sofrimento, porque eu mesma havia sido vítima de impensada crueldade, que resultou num dano que obscureceu minha infância. Mas quando tomou posse de minha mente o pensamento de que Deus tinha prazer em torturar Suas criaturas, que haviam sido formadas à Sua imagem, uma cortina de trevas pareceu separar-me dEle. Quando pensava que o Criador do Universo lançaria os ímpios no inferno, para queimarem nas infindáveis eras eternas, meu coração curvou-se atemorizado e perdi a esperança de que tão cruel e tirânico ser consentiria em salvar-me da condenação do pecado. T1 25 2 Pensava eu que o destino do pecador condenado seria o mesmo para mim -- sofrer eternamente nas chamas do inferno, enquanto Deus existisse. Essa impressão aprofundou-se em minha mente, a tal ponto que temi perder a razão. Eu observava os mudos animais com inveja, porque eles não tinham alma a ser punida após a morte. Muitas vezes tive o desejo de nunca ter nascido. T1 25 3 Escuridão total desceu sobre mim e pareceu-me não haver um caminho para fora dessas sombras. Pudesse a verdade, como agora a conheço, ser-me apresentada então, e muitas perplexidades e tristezas ter-me-iam sido poupadas. Se o amor de Deus houvesse sido mostrado mais demoradamente e menos Sua severa justiça, a beleza e a glória do caráter divino haveriam de inspirar-me com profundo e ardoroso amor por meu Criador. T1 25 4 Tenho pensado que muitos internados em asilos de loucos foram para ali levados por experiências semelhantes a minha própria. Sua consciência foi abalada por um senso de pecado, e sua tremente fé não ousava suplicar de Deus o prometido perdão. Ouviam as descrições do inferno ortodoxo até que parecia coagular o próprio sangue das veias, e imprimir com fogo uma impressão nas placas da memória. Andando ou dormindo, o terrível quadro estava sempre presente, até que a realidade se perdeu na imaginação, e eles só viam a rodeá-los as chamas de fabuloso inferno, e só ouviam os gritos dos condenados. A razão foi destronada, e o cérebro se encheu de confusa fantasia de um sonho terrível. Os que ensinam a teoria de um inferno perene fariam bem em cuidar com mais atenção de sua autoridade para manter crença tão cruel. T1 26 1 Até então, eu nunca orara em público, e tinha apenas falado algumas tímidas palavras na reunião de oração. Tive a impressão de que deveria buscar a Deus em oração, em nossas pequenas reuniões sociais. Isso não ousava fazer, receosa de me atrapalhar e não poder exprimir meus pensamentos. Impressionou-me, porém, tão fortemente o senso do dever que, quando tentei orar em particular, parecia que estava a gracejar com Deus, porque deixara de obedecer à Sua vontade. Venceu-me o desespero, e por três longas semanas nenhum raio de luz penetrou a escuridão que me rodeava. T1 26 2 Intensos eram os meus sofrimentos mentais. Algumas vezes, durante a noite toda, eu não ousava cerrar os olhos, mas esperava até que minha irmã gêmea dormisse profundamente; deixava então silenciosamente o leito e me ajoelhava no soalho, orando em silêncio, com uma agonia intensa que se não pode descrever. Os horrores de um inferno a arder eternamente estavam sempre diante de mim. Sabia que era impossível viver por muito tempo nesse estado, e não ousava morrer e enfrentar a terrível sorte do pecador. Com que inveja eu olhava àqueles que reconheciam a sua aceitação por parte de Deus! Quão preciosa parecia para meu coração agoniado a esperança cristã! T1 26 3 Freqüentemente, eu ficava prostrada em oração quase a noite toda, gemendo e tremendo, com angústia inexprimível e desespero indescritível. "Senhor, tem misericórdia!" era meu clamor, e semelhante ao pobre publicano eu não ousava levantar os olhos para o céu, mas curvava a fronte para o soalho. Fiquei muito magra e fraca, e não obstante ocultei meu sofrimento e desespero. T1 27 1 Enquanto me achava nesse estado de desânimo, tive um sonho que me produziu profunda impressão. Sonhei que via um templo em que muitas pessoas estavam se reunindo. Apenas os que se refugiassem naquele templo seriam salvos quando terminasse o tempo; todos os que ficassem fora estariam para sempre perdidos. A multidão que se achava fora e prosseguia com seus vários interesses, caçoava e ridicularizava os que estavam entrando no templo, e dizia-lhes que esse meio de segurança era um sagaz engano e que, de fato não havia perigo algum para se evitar. Chegaram a lançar mãos de alguns para impedir-lhes a entrada. T1 27 2 Receosa de ser escarnecida, achei melhor esperar até que a multidão se dispersasse ou até que eu pudesse entrar sem ser observada por eles. Mas o número aumentava em vez de diminuir e, receando ficar muito atrasada, saí apressadamente de casa e atravessei a multidão. Na minha ansiedade por atingir o templo, não notava a multidão que me cercava nem com ela me ocupava. Entrando no edifício, vi que o vasto templo era apoiado por uma imensa coluna, e a ela se achava amarrado um cordeiro todo ferido e ensangüentado. Nós que nos achávamos presentes parecíamos saber que esse cordeiro fora lacerado e ferido por nossa causa. Todos os que entravam no templo deveriam ir diante dele e confessar seus pecados. T1 27 3 Exatamente diante do cordeiro estavam assentos elevados, sobre os quais se sentava um grupo de pessoas que parecia muito feliz. A luz celeste parecia resplandecer-lhes no rosto, e louvavam a Deus e entoavam alegres cânticos de ação de graças que se assemelhavam à música dos anjos. Esses eram os que se haviam apresentado diante do Cordeiro, confessado seus pecados, recebido perdão, e agora, em alegre expectativa, aguardavam algum acontecimento feliz. T1 27 4 Mesmo depois que entrei no edifício, sobreveio-me um receio e uma sensação de vergonha de que eu devesse humilhar-me diante daquele povo. Mas eu parecia ser compelida a ir para a frente, e vagarosamente caminhei em redor da coluna a fim de defrontar-me com o cordeiro, quando uma trombeta soou, o templo foi abalado, brados de triunfo se levantaram dos santos reunidos, e um intenso brilho iluminou o edifício, então tudo passou a ser trevas intensas. Toda aquela gente feliz desaparecera com o brilho, e fui deixada só no silencioso terror da noite. Despertei em agonia de espírito, e não pude convencer-me de que estivera a sonhar. Parecia-me que minha sorte estava fixada; e que o Espírito do Senhor me havia abandonado para não mais voltar. T1 28 1 Logo depois disso, tive outro sonho. Parecia-me estar sentada em desespero aterrador, com as mãos no rosto, refletindo assim: Se Jesus estivesse na Terra, eu iria a Ele, e me lançaria a Seus pés, e Lhe contaria todos os meus sofrimentos. Ele não Se desviaria de mim; teria misericórdia, e eu O amaria e serviria sempre. Exatamente nesse momento se abriu a porta, e entrou uma pessoa de porte e semblante belos. Olhou para mim compassivamente e disse: "Você deseja ver a Jesus? Ele está aqui e você pode vê-Lo se desejar. Tome tudo que possui e siga-me." T1 28 2 Ouvi isso com indizível alegria, e alegremente ajuntei todas as minhas pequenas posses, e toda bugiganga que como tesouro eu guardava, e segui a meu guia. Ele me conduziu a uma escada íngreme e aparentemente frágil. Começando a subir os degraus, aconselhou-me a conservar o olhar fixo para cima a fim de que não me atordoasse e caísse. Muitos outros que estavam fazendo essa íngreme ascensão caíam antes de alcançar o topo. T1 28 3 Finalmente atingimos o último degrau e paramos diante de uma porta. Ali, meu guia me informou que eu devia deixar todas as coisas que trouxera. Alegremente, eu as depus. Então, ele abriu a porta e me mandou entrar. Em um instante, achei-me diante de Jesus. Não havia dúvida quanto àquele belo semblante; aquela expressão de benevolência e majestade não poderia pertencer a nenhum outro. Quando Seu olhar pousou sobre mim, vi logo que Ele estava familiarizado com todas as circunstâncias de minha vida e todos os meus íntimos pensamentos e sentimentos. T1 28 4 Procurei fugir de Seu olhar, sentindo-me incapaz de suportá-lo por ser tão penetrante. Ele, porém, Se aproximou com um sorriso, e, pondo a mão sobre minha cabeça, disse: "Não tema." O som de Sua doce voz agitou-me o coração com uma felicidade que nunca experimentara antes. Eu estava alegre demais para poder proferir uma palavra, e, vencida pela emoção, caí prostrada a Seus pés. Enquanto ali jazia inerte, cenas de beleza e glória passaram diante de mim, e parecia-me ter alcançado a segurança e paz do Céu. Finalmente, recuperei as forças e levantei-me. O olhar amorável de Jesus ainda estava sobre mim, e Seu sorriso enchia o meu coração de alegria. Sua presença despertou em mim santa reverência e amor inexprimível. T1 29 1 Meu guia abriu então a porta, e ambos saímos. Mandou que eu tomasse de novo todas as coisas que havia deixado fora. Isso feito, entregou-me um fio verde muito bem enovelado. Ele me disse que o colocasse perto do coração e, quando quisesse ver a Jesus, o tirasse do seio e o estirasse inteiramente. Preveniu-me de que o não deixasse ficar enrolado durante muito tempo, para que não se embaraçasse e fosse difícil desemaranhar. Coloquei o fio junto ao coração e, cheia de alegria, desci a estreita escada, louvando ao Senhor, e dizendo a todos com quem encontrei, onde poderiam achar Jesus. Este sonho deu-me esperança. O fio verde representava ao meu espírito a fé; e a beleza e simplicidade de confiar em Deus começaram a raiar em meu coração. T1 29 2 Agora, confiava todas as minhas tristezas e perplexidades a minha mãe. Ela me manifestava muita ternura e me animava, sugerindo-me que fosse aconselhar-me com o Pastor Stockman, que então pregava, em Portland, a doutrina do advento. Eu tinha grande confiança nele, pois era um dedicado servo de Cristo. Ouvindo minha história, pôs afetuosamente a mão sobre minha cabeça, dizendo com lágrimas nos olhos: "Ellen, você é tão criança! Sua experiência é muitíssimo singular, numa idade tenra como a sua. Jesus deve estar preparando você para algum trabalho especial." T1 29 3 Disse-me então que, mesmo que eu fosse uma pessoa de idade madura, e me achasse assim perseguida pela dúvida e desespero, ele me diria saber existir esperança para mim, mediante o amor de Jesus. A própria agonia de espírito que eu sofrera era uma prova evidente de que o Espírito do Senhor estava contendendo comigo. Disse que quando o pecador se torna endurecido no mal, não compreende a enormidade de sua transgressão, mas lisonjeia-se de que age corretamente e sem nenhum perigo. O Espírito do Senhor deixa-o, e ele se torna descuidado e indiferente, ou despreocupadamente arrogante. Aquele bom homem falou-me acerca do amor de Deus a Seus filhos errantes; disse que em vez de Se alegrar em sua destruição, Ele almeja atraí-los a Si com fé e confiança singela. Ele se demorou a falar no grande amor de Cristo e no plano da redenção. T1 30 1 O Pastor Stockman falou-me da infelicidade que eu tivera, e disse que na verdade era uma aflição atroz; mas pediu-me que cresse que a mão de um Pai amante não fora retirada de sobre mim; que na vida futura, ao dissipar-se a névoa que ora me obscurecia o espírito, eu iria discernir a sabedoria da Providência que me parecia tão cruel e misteriosa. Jesus disse a um de Seus discípulos: "O que Eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás depois." João 13:7. No grande futuro, não mais veremos obscuramente, como por meio de um espelho, mas havemos de conhecer os mistérios do divino amor. T1 30 2 "Vai em paz, Ellen", disse ele; "volte para a sua casa confiante em Jesus, pois Ele não retirará Seu amor de todo aquele que O busca verdadeiramente." Então orou fervorosamente por mim, e parecia-me que Deus certamente ouviria a oração de Seu santo, mesmo que minhas humildes petições não fossem atendidas. Saí de sua presença confortada e animada. T1 30 3 Durante os poucos minutos que passei recebendo instrução do Pastor Stockman, obtive mais conhecimento sobre o assunto do amor de Deus e de Sua compassiva ternura, do que de todos os sermões e exortações que já ouvira. Voltei para casa e de novo me pus perante o Senhor, prometendo fazer tudo que Ele pudesse exigir de mim, se tão-somente o sorriso de Jesus me animasse o coração. Foi-me apresentado o mesmo dever que antes me perturbara o espírito -- tomar a minha cruz entre o povo de Deus congregado. A oportunidade não tardou; naquela noite, houve uma reunião de oração à qual assisti. T1 31 1 Quando todos se ajoelharam para orar, prostrei-me com eles, trêmula. Depois de algumas pessoas haverem orado, alcei a voz em oração, antes que disso me apercebesse. Naquele instante, as promessas de Deus pareceram-me semelhantes a tantas pérolas preciosíssimas que deveriam ser recebidas apenas pelos que as pedissem. Enquanto orava, o peso e agonia de coração que havia tanto tempo eu suportava, deixaram-me, e a bênção do Senhor desceu sobre mim, semelhante a suave orvalho. Louvei a Deus de todo o meu coração. Tudo parecia excluído de mim, exceto Jesus e Sua glória, e perdi consciência do que se passava em redor. T1 31 2 O Espírito de Deus pousou sobre mim com tal poder que não pude ir para casa aquela noite. Quando voltei para casa, no dia seguinte, grande mudança ocorrera em meu espírito. Dificilmente parecia ser eu a mesma pessoa que deixara a casa de meu pai na noite anterior. Esta passagem estava continuamente em meu pensamento: "O Senhor é meu pastor; nada me faltará." Salmos 23:1. Meu coração transbordava de felicidade, enquanto eu suavemente repetia essas palavras. T1 31 3 Minhas opiniões acerca do Pai estavam mudadas. Considerava-O agora um Pai bondoso e terno, ao invés de tirano severo que forçasse os homens a uma obediência cega. Meu coração deixava-se levar a Ele em amor profundo e fervoroso. A obediência à Sua vontade me parecia um prazer; era para mim uma alegria estar ao Seu serviço. Nenhuma sombra nublava a luz que me revelava a perfeita vontade de Deus. Experimentei a segurança de um Salvador que em mim habitava, e compreendi a verdade do que Cristo dissera: "Quem Me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida." João 8:12. T1 31 4 Minha paz e felicidade estavam em tão assinalado contraste com minha tristeza e angústia anteriores que parecia como se eu houvesse sido libertada do inferno e transportada ao Céu. Podia até louvar a Deus pela desgraça que fora a provação de minha vida, pois se tornara o meio de fixar meus pensamentos na eternidade. De natureza orgulhosa e ambiciosa, eu poderia não ter-me inclinado a entregar o coração a Jesus, se não fosse a cruel aflição que me separara, de certa maneira, das glórias e vaidades do mundo. T1 32 1 Durante seis meses, nenhuma sombra me nublou o espírito, tampouco negligenciei um dever sequer que conhecesse. Todo o meu esforço visava a fazer a vontade de Deus e conservar Jesus e o Céu continuamente em vista. Estava surpresa e extasiada com as claras perspectivas que agora a mim se apresentavam do sacrifício expiatório e da obra de Cristo. Não mais tentei explicar minhas aflições de espírito; basta dizer que "as coisas velhas já passaram; ... tudo se fez novo". 2 Coríntios 5:17. Não havia uma nuvem para empanar minha perfeita ventura. Eu aspirava contar a história do amor de Jesus, mas não sentia disposição para entreter conversação habitual com qualquer pessoa. Meu coração estava tão cheio de amor a Deus e daquela "paz... que excede todo o entendimento" (Filipenses 4:7) que eu me comprazia em meditar e orar. T1 32 2 Na noite seguinte àquela em que recebi tão grande bênção, assisti à reunião adventista. Quando chegou a hora para os seguidores de Cristo falarem a favor dEle, não pude ficar em silêncio, mas levantei-me e relatei a minha experiência. Nenhum pensamento me viera à mente quanto ao que deveria dizer; mas a singela história do amor de Jesus para comigo caiu-me dos lábios com perfeita liberdade, e meu coração estava tão feliz por ter-se libertado de seu cativeiro de negro desespero, que perdi de vista o povo em redor de mim e parecia-me estar sozinha com Deus. Não encontrei dificuldade em expressar minha paz e felicidade, a não ser nas lágrimas de gratidão que me embargavam a voz quando falei do prodigioso amor que Jesus havia demonstrado para comigo. T1 32 3 O Pastor Stockman estava presente. Ele me vira recentemente em profundo desespero e, ao constatar agora a notável mudança que se realizara em minha aparência e sentimentos, emocionou-se. Ele chorou em voz alta, alegrando-se comigo e louvando a Deus por essa prova de Sua terna misericórdia e amorável bondade. T1 33 1 Não muito tempo depois de receber esta grande bênção, assisti a uma assembléia da Igreja Cristã, que o Pastor Brown dirigia. Fui convidada a relatar minha experiência, e não somente senti grande liberdade de expressão, mas também felicidade em contar minha singela história do amor de Jesus e da alegria de ser aceita por Deus. Enquanto eu falava com coração submisso e olhos lacrimosos, parecia ter a mente atraída para o Céu em ações de graças. O poder sensibilizador do Senhor apossou-se do povo congregado. Muitos choravam e outros louvavam a Deus. T1 33 2 Os pecadores foram convidados a levantar-se para que se fizessem orações em seu favor, e muitos atenderam. Meu coração estava tão grato a Deus pela bênção que me concedera, que almejava que outros participassem dessa alegria santa. Interessei-me profundamente por aqueles que poderiam estar sofrendo sob a convicção do desagrado do Senhor e do fardo do pecado. Enquanto relatava minha experiência, pressenti que ninguém poderia resistir à evidência do amor perdoador de Deus que em mim realizara uma mudança tão maravilhosa. A realidade da verdadeira conversão parecia-me tão evidente que eu desejava ajudar minhas jovens amigas a virem para a luz, aproveitando cada oportunidade para exercer minha influência nesse sentido. T1 33 3 Providenciei reuniões com minhas jovens amigas, algumas das quais eram consideravelmente mais velhas do que eu; e outras, em menor número, casadas. Várias delas eram frívolas e desatenciosas; minha experiência soava-lhes aos ouvidos como uma história ociosa e não davam crédito às minhas exortações. Decidi, porém, que meus esforços não cessariam sem que essas queridas pessoas, por quem eu tinha tão grande interesse, se entregassem a Deus. Despendi várias noites em oração fervorosa por aquelas pessoas que eu buscara e reunira com o propósito de com elas trabalhar e orar. T1 33 4 Algumas delas se haviam reunido conosco pela curiosidade de ouvir o que eu tinha para dizer; outras me julgavam fora de mim, por eu ser tão persistente em meus esforços, especialmente quando não manifestavam interesse algum. Mas em cada uma das nossas pequenas reuniões, continuei a exortar e a orar em prol de cada uma separadamente até que todas se entregaram a Jesus, reconhecendo os méritos de Seu amor perdoador. Todas se converteram a Deus. T1 34 1 Noite após noite, em meus sonhos, eu parecia estar trabalhando pela salvação de seres humanos. Em tais ocasiões, eram-me apresentados ao espírito casos especiais; estes eu procurava mais tarde, orando com as pessoas envolvidas. Com exceção de uma, todas essas pessoas se entregaram ao Senhor. Alguns dos nossos irmãos mais formalistas temiam que eu fosse demasiado zelosa pela conversão das pessoas. Mas o tempo parecia-me tão curto que eu cria devessem todos, que possuíssem a esperança de uma bem-aventurada imortalidade e aguardassem a próxima vinda de Cristo, trabalhar sem cessar por aqueles que ainda estavam em pecados e se encontravam à beira de terrível ruína. T1 34 2 Conquanto fosse muito jovem, o plano da salvação era-me tão claro, e minha experiência pessoal tão assinalada que, considerando a questão, compreendi ser meu dever continuar meus esforços pela salvação de vidas preciosas, orar e confessar a Cristo em toda oportunidade. Todo o meu ser foi consagrado ao serviço de meu Mestre. Tomei a determinação de, acontecesse o que acontecesse, agradar a Deus e viver como alguém que esperava o Salvador voltar e recompensar os fiéis. Sentia-me semelhante a uma criancinha que se dirigisse a Deus como a seu pai, perguntando-Lhe o que queria que fizesse. Então, como me fosse explicado o meu dever, em cumpri-lo eu sentia a maior das felicidades. Provações peculiares algumas vezes me assediavam. Os mais experimentados do que eu, esforçavam-se por deter-me e diminuir o ardor de minha fé; mas, com sorrisos de Jesus a iluminar minha vida, e o amor de Deus no coração, prossegui em meu caminho com alegria. T1 34 3 Sempre que me recordo da experiência de minha infância, meu irmão, o confidente de minhas esperanças e temores, o sincero simpatizante de minha vida cristã, vêm-me à lembrança numa torrente de ternas memórias. Ele foi um daqueles a quem o pecado apresentou poucas tentações. Naturalmente consagrado, ele nunca procurou a amizade dos jovens e dissolutos, mas preferiu antes a companhia de cristãos, cuja conversação o instruísse nos caminhos da vida. Sua conduta prudente estava bem além do comportamento dos de sua idade; ele era gentil e pacífico, e sua mente estava quase que constantemente voltada para as coisas religiosas. Aqueles que o conheceram o apontavam como modelo à juventude, um exemplo vivo da graça e beleza do verdadeiro cristianismo. ------------------------Capítulo 4 -- Deixando a igreja metodista T1 35 1 A família de meu pai, de quando em quando, freqüentava a igreja metodista, e também as reuniões para estudos, realizadas em casas particulares. Uma noite, meu irmão Roberto e eu fomos à reunião de estudos. O pastor, que a devia presidir, estava presente. Ao chegar a vez de meu irmão dar testemunho, ele falou com grande humildade, se bem que com clareza, acerca da necessidade de um completo preparo para encontrar nosso Salvador, quando vier nas nuvens do céu com poder e grande glória. Enquanto meu irmão falava, uma luz celeste enrubesceu-lhe o rosto, usualmente pálido. Pareceu ser levado em espírito acima do ambiente em que se achava, e falou como se estivesse na presença de Jesus. Quando fui convidada para falar, levantei-me, com o espírito livre, com o coração cheio de amor e paz. Contei a história do meu grande sofrimento sob a convicção do pecado, e como finalmente recebera a bênção que havia tanto procurava -- completa conformidade com a vontade de Deus -- e exprimi minha alegria nas boas-novas da breve vinda de meu Redentor para levar Seus filhos ao lar. T1 35 2 Em minha simplicidade, eu esperava que meus irmãos e irmãs metodistas compreendessem meus sentimentos e se alegrassem comigo. Mas, fiquei desapontada. Muitas irmãs suspiravam e moviam suas cadeiras ruidosamente, voltando-me as costas. Eu não podia imaginar nada que houvesse dito para ofendê-las; e falei com brevidade, sentindo o frio ambiente de sua desaprovação. Quando acabei de falar, o pastor B perguntou-me se não seria mais agradável viver uma longa vida de utilidade, fazendo bem aos outros, do que vir Jesus imediatamente e destruir os pobres pecadores. Repliquei que anelava a vinda de Jesus. Então o pecado teria fim e desfrutaríamos para sempre a santificação, sem que houvesse o diabo para nos tentar e transviar. T1 36 1 Então ele perguntou se eu não desejaria antes morrer pacificamente em meu leito, do que passar pela dor de ser transformada, ainda viva, da mortalidade para a imortalidade. Respondi-lhe que desejava que Jesus viesse e levasse Seus filhos; que eu estava disposta a viver ou morrer conforme Deus desejasse e que suportaria com facilidade a dor que dura um só momento, um abrir e fechar de olhos. Que eu desejava que as rodas do tempo girassem velozmente e trouxessem o bem-vindo dia, quando corpos vis serão mudados e modelados segundo o corpo glorioso de Cristo. Também falei que quanto mais próxima do Senhor eu vivia, mais ardentemente ansiava por Seu aparecimento. A essa altura, muitos dos presentes pareciam estar muito incomodados. T1 36 2 Ao dirigir-se à classe, o pastor que conduzia o encontro expressou grande regozijo por estar à espera do milênio temporal, quando "a Terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar". Isaías 11:9. Ele ansiava contemplar esse glorioso período. Depois de encerrada a reunião, percebi que era tratada com visível frieza por aqueles que anteriormente tinham sido benévolos e amáveis comigo. Meu irmão e eu voltamos para casa, sentindo-nos tristes por ser tão mal compreendidos pelos nossos irmãos, e pelo assunto da breve volta de Jesus despertar-lhes tão severa oposição. Nós, porém, estávamos agradecidos porque podíamos discernir a preciosa luz e regozijarmo-nos em aguardar a vinda do Senhor. T1 36 3 Não muito tempo depois disso, de novo assistimos à reunião de estudos. Queríamos uma oportunidade para falar do precioso amor de Deus que nos animava o coração. Eu, especialmente, desejava falar da bondade e misericórdia do Senhor para comigo. Realizara-se em mim uma tão grande mudança que parecia ser meu dever aproveitar toda oportunidade para testificar do amor de meu Salvador. T1 37 1 Ao chegar a minha vez de falar, relatei as evidências que provavam que eu fruía o amor de Jesus e olhava para a frente com alegre expectação de logo encontrar o meu Redentor. A crença de que a vinda de Cristo estava próxima me havia estimulado a mente a buscar mais fervorosamente a santificação do Espírito de Deus. Neste ponto, o dirigente da classe interrompeu-me, dizendo: "Você recebeu a santificação pelo Metodismo, pelo Metodismo, irmã, não por uma teoria errônea." Fui compelida a confessar a verdade de que não era pelo Metodismo que meu coração havia recebido nova bênção, mas pelas verdades estimuladoras relativas ao aparecimento pessoal de Jesus. Por meio delas eu encontrara paz, alegria e perfeito amor. Assim terminou o meu testemunho, o último que eu daria na reunião de estudos com meus irmãos metodistas. T1 37 2 Roberto então falou com mansidão, conforme era o seu modo, mas de maneira clara e tocante que alguns choraram e ficaram muito comovidos; outros, porém, tossiam em sinal de desagrado e pareciam muito constrangidos. Depois de sairmos da classe, falamos de novo sobre a nossa fé, e maravilhamo-nos de que nossos irmãos e irmãs cristãos, de tal maneira não pudessem suportar que se lhes falasse uma palavra referente à vinda do nosso Salvador. Nós pensávamos que se eles amassem a Jesus como deveriam, não seria incômodo ouvir sobre Seu segundo advento; pelo contrário, haveriam de saudá-Lo com alegria. T1 37 3 Convencemo-nos de que não mais devíamos freqüentar a reunião da classe. A esperança do glorioso aparecimento de Cristo nos enchia o coração, e disso falaríamos quando nos levantássemos para dar testemunho. Isto parecia acender a ira dos presentes contra as duas humildes crianças que ousavam, a despeito da oposição, falar da fé que lhes enchia o coração de paz e felicidade. Era evidente que não podíamos ter liberdade na reunião de estudos, pois nosso testemunho provocava ao final da reunião, escárnio e sarcasmo de irmãos e irmãs a quem tínhamos respeitado e estimado. T1 38 1 Nessa época, os adventistas mantinham reuniões no Beethoven Hall. Meu pai e toda a nossa família as freqüentavam com regularidade. Pensava-se que o segundo advento ocorreria em 1843. O tempo parecia tão curto para salvar pecadores, que eu resolvi fazer tudo o que estivesse ao meu alcance a fim de levar os pecadores à luz da verdade. Porém, parecia impossível a alguém tão jovem, e de saúde frágil, fazer muito nessa grande obra. T1 38 2 Eu tinha duas irmãs em casa: Sara, que era vários anos mais velha do que eu, e minha irmã gêmea Elizabeth. Trocamos idéias e decidimos ganhar o dinheiro que pudéssemos para empregar na compra de livros e folhetos para distribuição gratuita. Isso era o melhor que podíamos fazer, e alegremente fizemos esse pouco. Eu ganhava apenas vinte e cinco centavos por dia, mas meu vestuário era simples; nada era gasto em ornamentos desnecessários, pois a ostentação vã me parecia pecaminosa. Assim é que sempre tinha em depósito um pequeno fundo com que comprar livros convenientes. Estes eram colocados nas mãos de pessoas experientes a fim de os espalharem. T1 38 3 Cada folha destes impressos parecia preciosa aos meus olhos; pois era um mensageiro de luz ao mundo, ordenando às pessoas que se preparassem para o grande evento que estava às portas. Dia após dia eu me sentava em minha cama, apoiada por travesseiros, executando minha tarefa com dedos trêmulos. Quão cuidadosamente eu punha de lado as preciosas moedinhas de prata ganhas, que seriam gastas em literatura com o objetivo de iluminar os que estavam em trevas. Nenhuma tentação de gastar meus rendimentos em satisfação pessoal me assediava. A salvação de seres humanos era a responsabilidade que me preocupava, e meu coração doía por aqueles que se gabavam de estar vivendo em segurança, enquanto a mensagem de advertência estava sendo dada ao mundo. T1 39 1 Certo dia eu ouvi uma conversa entre mamãe e minha irmã, a respeito de uma palestra que haviam ouvido recentemente, sobre o fato de que a alma não possuía imortalidade natural. Alguns textos comprobatórios citados pelo pastor foram repetidos. Lembro-me de alguns que muito me impressionaram: "A alma que pecar, essa morrerá." Ezequiel 18:4. "Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma." Eclesiastes 9:5. "A qual, a seu tempo, mostrará o bem-aventurado e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores; Aquele que tem, Ele só, a imortalidade." 1 Timóteo 6:15, 16. Dará "a vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção [imortalidade]." Romanos 2:7. "Por que", disse mamãe, após citar as passagens precedentes, "deveriam eles buscar por algo que já possuem?" Eu ouvia essas novas idéias com intenso e aflitivo interesse. Quando a sós com minha mãe, perguntei-lhe se ela realmente cria que a alma não era imortal. Ela respondeu que receava havermos estado em erro nesse assunto, bem como em outros. T1 39 2 "Mas, mamãe", volvi , "a senhora realmente crê que a alma repousa na sepultura até a ressurreição? Pensa que o cristão, quando morre, não vai imediatamente para o Céu, nem o pecador para o inferno?" T1 39 3 Ela respondeu: "A Bíblia não nos dá provas de que haja um inferno eternamente a queimar. Se houvesse tal lugar, ele deveria ser mencionado no Livro Sagrado." T1 39 4 "Ora, mamãe", exclamei espantada, "esta é uma estranha maneira de a senhora falar! Se a senhora crê nessa estranha teoria, não deixe ninguém ter conhecimento disso, pois temo que os pecadores se sentiriam seguros com essa crença e nunca desejariam buscar ao Senhor." T1 39 5 "Se essa é uma sólida verdade da Bíblia", replicou, "em lugar de impedir a salvação dos pecadores, será um meio de conquistá-los para Cristo. Se o amor de Deus não constranger o rebelde, os terrores de um inferno eterno não o levarão ao arrependimento. Além disso, não parece um modo apropriado ganhar pessoas para Jesus, apelando a uma das mais baixas faculdades da mente, o medo abjeto. O amor de Jesus atrai; ele subjugará o coração mais endurecido." T1 40 1 Não foi senão depois de alguns meses após essa conversa, que ouvi algo a respeito do assunto. Mas durante esse tempo, pensei muito sobre o tema. Quando ouvi uma pregação sobre ele, cri que devia ser verdade. Dessa ocasião em diante, a luz sobre o sono da morte raiou em minha mente, o mistério que envolvia a ressurreição desapareceu, e o próprio grande evento assumiu nova e sublime importância. Minha mente fora muito perturbada pelos esforços em reconciliar a imediata recompensa ou punição dos mortos, com os indubitáveis fatos da ressurreição e do juízo. Se após a morte a alma entrava na bem-aventurança ou na desgraça perpétua, onde cabia a necessidade da ressurreição do pobre e corruptível corpo? T1 40 2 Mas essa nova e bela crença ensinou-me a razão por que os escritores inspirados se demoraram tanto sobre a ressurreição do corpo. Foi porque o ser inteiro estava dormindo na sepultura. Eu podia agora perceber claramente o erro de nossa posição anterior sobre o tema. A confusão e inutilidade de um juízo final, após as pessoas terem sido julgadas uma vez e decidida sua sorte, tornaram-se-me muito claras agora. Vi que a esperança dos enlutados estava em olhar adiante, ao glorioso dia quando o Doador da vida romper os grilhões da sepultura e os justos mortos ressurgirem, abandonando seu cárcere para serem revestidos da gloriosa vida imortal. T1 40 3 Toda a nossa família ficou interessada na doutrina da breve volta do Senhor. Por muito tempo meu pai havia sido considerado um dos pilares da igreja metodista que freqüentava, e todos os nossos familiares haviam sido seus membros ativos. Mas não fizemos segredo de nossa nova crença, embora não tentássemos impô-la a outros, nem manifestássemos qualquer sentimento de hostilidade para com nossa igreja. O pastor metodista, porém, fez-nos uma visita especial, e aproveitou a ocasião para informar que nossa fé e o metodismo não poderiam harmonizar-se. Ele não quis saber das razões de nossa crença nem fez qualquer referência à Bíblia, de forma a convencer-nos de nosso erro, mas declarou que nós havíamos adotado uma nova e estranha crença, a qual a igreja metodista não podia aceitar. T1 41 1 Meu pai replicou dizendo que ele estava enganado em chamá-la nova e estranha doutrina, pois Cristo mesmo, em Seus ensinos aos discípulos, havia pregado o segundo advento. Ele disse: "Na casa de Meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, Eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, se Eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo, para que, onde Eu estiver estejais vós também." João 14:2, 3. Quando ascendeu ao Céu diante dos olhos atônitos dos discípulos e uma nuvem O ocultou, estando Seus fiéis seguidores com os olhos fitos no Senhor que desaparecia, "eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de branco os quais lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no Céu, há de vir assim como para o céu O vistes ir." Atos dos Apóstolos 1:10, 11. T1 41 2 "E", disse papai, entusiasmando-se com o assunto, "o inspirado apóstolo Paulo escreveu uma carta para encorajar seus irmãos tessalonicenses, dizendo: 'E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando Se manifestar o Senhor Jesus desde o Céu, com os anjos do Seu poder, como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do Seu poder, quando vier para ser glorificado nos Seus santos e para Se fazer admirável, naquele Dia, em todos os que crêem (porquanto nosso testemunho foi crido entre vós).' 'Porque o mesmo Senhor descerá do Céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras.' 2 Tessalonicenses 1:7-10; 1 Tessalonicenses 4:16-18. T1 42 1 "Essa é a mais alta autoridade para nossa fé. Jesus e Seus apóstolos trataram longamente do tema do segundo advento com alegria e triunfo, e os santos anjos proclamaram que Cristo, que subiu ao Céu, virá novamente. Esta é a nossa ofensa: Crer na palavra de Jesus e de Seus discípulos. Tal doutrina é antiga e não traz nenhum traço de heresia." T1 42 2 O pastor não tentou apresentar um simples texto que nos provaria estarmos em erro, mas desculpou-se sob pretexto de falta de tempo. Ele aconselhou que nos retirássemos discretamente da igreja e evitássemos dar publicidade ao fato. Estávamos conscientes de que outros irmãos se encontravam em situação similar pela mesma causa, e não desejávamos dar a entender que estávamos envergonhados de reconhecer nossa fé, ou incapazes de sustentá-la pelas Escrituras. Assim, meus pais insistiram que eles fossem informados das razões de nossa saída. T1 42 3 A única resposta a essa colocação foi uma evasiva declaração de que estávamos andando de modo contrário às normas da igreja, e o melhor caminho seria retirar-nos voluntariamente para evitar um processo regular de exclusão. Respondemos que preferíamos um processo regular e exigíamos saber de qual pecado nos acusavam, pois estávamos conscientes de que não havia nenhum erro em esperar e amar o aparecimento do Salvador. T1 42 4 Não muito tempo depois, fomos notificados para estar presentes na reunião a ser realizada na sacristia da igreja. Havia poucos presentes. A influência de papai e sua família era tal, que os oponentes não desejavam apresentar nosso caso diante de um grande número de membros. A única acusação feita foi que estávamos contrariando as normas da igreja. Como resposta à nossa pergunta de quais regras havíamos infringido, foi declarado após um instante de hesitação, que assistíramos a outras reuniões e negligenciáramos reunir-nos regularmente em nossa congregação. Declaramos que parte da família havia estado no campo por algum tempo, e que ninguém que ficou na cidade se ausentara das reuniões da igreja mais do que umas poucas semanas, e que foram moralmente compelidos a permanecer distantes porque o testemunho que davam encontrou acentuada desaprovação. Lembramos também que certas pessoas que não haviam assistido às reuniões por um ano, eram ainda mantidos como membros regulares. T1 43 1 Foi-nos perguntado se queríamos confessar que havíamos nos afastado das normas e que nos comprometíamos a respeitá-las no futuro. Respondemos que não nos atrevíamos a negar nossa fé ou a sagrada verdade de Deus; que não podíamos renunciar a esperança da breve volta de nosso Redentor; que, apesar de a terem chamado de heresia, nós continuaríamos a adorar ao Senhor. Meu pai recebeu, durante sua defesa, a bênção de Deus e todos deixamos a sacristia com o espírito livre, felizes com a percepção de termos agido corretamente e com o aprovador sorriso de Jesus. T1 43 2 No domingo seguinte, ao início do ágape*, o pastor que presidia a reunião leu nossos nomes, sete ao todo, como desligados da igreja. Ele declarou que não estávamos sendo cortados por qualquer erro ou conduta imoral, pois possuíamos caráter impoluto e invejável reputação, mas que éramos culpados de andar em oposição às normas da Igreja Metodista. Declarou que a porta estava agora aberta e que todos os que eram culpados de semelhante rompimento de normas, deveriam ser tratados da mesma maneira. T1 43 3 Havia na igreja muitos que aguardavam o aparecimento do Salvador, e essa ameaça fora feita com o propósito de amedrontá-los e submetê-los. Em alguns casos, essa política trouxe os resultados esperados, e o favor de Deus foi trocado por um lugar na igreja. Muitos criam, mas não ousavam confessar sua fé, com medo de que fossem expulsos da sinagoga. Mas outros a deixaram logo após e juntaram-se àqueles que estavam buscando ao Salvador. T1 43 4 Nesse tempo, as palavras do profeta foram inestimavelmente preciosas: "Vossos irmãos, que vos aborrecem e que para longe vos lançam por amor do Meu nome, dizem: O Senhor seja glorificado, para que vejamos a vossa alegria! Mas eles serão confundidos." Isaías 66:5. ------------------------Capítulo 5 -- Oposição de irmãos formalistas T1 44 1 Por seis meses, nenhuma nuvem se interpôs entre mim e meu Salvador. Onde quer que se apresentasse uma oportunidade, eu dava meu testemunho e era grandemente abençoada. Por vezes, o Espírito do Senhor vinha sobre mim com tal poder, que minhas forças diminuíam. Para alguns que haviam saído das igrejas tradicionais, isso era um teste, e faziam observações que muito me afligiam. Muitos não podiam acreditar que alguém pudesse ser tão plena do Espírito Santo, enquanto separada de todas as suas forças. Minha posição era extremamente penosa. Comecei a ponderar comigo mesma se não seria justificável deixar de testemunhar durante as reuniões e reprimir meus sentimentos, quando houvesse tal oposição no coração de alguns que eram mais avançados do que eu em idade e experiência. T1 44 2 Adotei, por um tempo, a estratégia do silêncio, tentando convencer-me de que omitir meu testemunho não impediria de viver fielmente minha religião. Muitas vezes fui fortemente impressionada de que era meu dever falar nas reuniões, mas deixei de assim fazer e senti que havia ofendido o Espírito de Deus. Afastei-me das reuniões algumas vezes, porque essas eram freqüentadas por aqueles a quem meu testemunho aborrecia. Contive-me para não ofender meus irmãos e permiti assim que o temor do homem rompesse a constante comunhão com Deus, que havia trazido bênção ao meu coração durante tantos meses. T1 44 3 Havíamos estabelecido diversos lugares na cidade para acomodar aqueles que desejavam assistir às reuniões de oração. A família que mais fortemente se opusera a mim, assistiu a uma dessas reuniões. Nessa ocasião, enquanto a congregação se achava em oração, o Espírito do Senhor Se fez presente à reunião, e um dos membros dessa família ficou prostrado como morto. Seus parentes choravam, friccionavam-lhe as mãos e procuravam reanimá-lo. Por fim, ele recuperou parcialmente as forças para louvar a Deus, abrandar seus temores e aclamar em triunfo a notável evidência do poder de Deus sobre si. O jovem não pôde voltar para casa naquela noite. T1 45 1 A família creu ser essa uma manifestação do Espírito de Deus, mas não se convenceu que foi o mesmo poder que repousara sobre mim, separando-me das forças e enchendo meu coração de paz e amor por Jesus. Eles atestaram que minha sinceridade e total honestidade não poderia ser posta em dúvida, mas consideravam que eu enganava a mim mesma, em tomar pelo poder de Deus o que era apenas resultado de esgotamento nervoso. T1 45 2 Minha mente estava em grande perplexidade em conseqüência dessa oposição, e como o tempo da reunião se aproximava, fiquei em dúvida se era bom para mim assistir ou não. Alguns dias antes, fui acometida de grande aflição por causa dos sentimentos manifestados contra mim. Finalmente decidi ficar em casa e assim estar a salvo das críticas dos irmãos. Ao tentar orar, repeti estas palavras várias vezes: "Senhor, que queres que [eu] faça?" Atos dos Apóstolos 9:6. A resposta que senti em meu coração parecia ordenar-me que tivesse confiança em meu Pai celestial e esperasse pacientemente o conhecimento de Sua vontade. Entreguei-me ao Senhor em singela certeza, como a de uma criança, lembrando que Ele havia prometido àqueles que O seguissem que jamais andariam em escuridão. T1 45 3 Um senso de dever impeliu-me a ir à reunião. Fui com a plena segurança de que tudo correria bem. Enquanto estávamos curvados diante do Senhor, meu coração se dilatou em oração e se encheu com a paz que só Cristo pode proporcionar. Eu me regozijava no amor do Salvador e minhas forças desapareceram. Com fé semelhante a de uma criança eu apenas pude dizer: "O Céu é meu lar e Cristo é o meu Redentor." T1 46 1 Alguém da família antes mencionada que era contra as manifestações do poder divino sobre mim, nessa ocasião afirmou crer estar eu sob incitamento, e achava ser meu dever dominá-lo. Mas, pensava ele, em lugar de fazer isso eu estava incentivando essas emoções como evidência do favor divino. Suas dúvidas e oposição não me afetavam mais, pois eu parecia estar escudada pelo Senhor e erguida acima de todas as influências exteriores. Ele, porém, mal acabara de falar quando um homem forte, um consagrado e humilde cristão, foi prostrado por terra pelo poder de Deus, diante de seus olhos, e a sala encheu-se com a presença do Espírito Santo. T1 46 2 Depois de ele se recuperar, eu estava muito feliz por dar meu testemunho em favor de Cristo e falar de Seu amor por mim. Confessei a falta de fé nas promessas de Deus e meu erro em impedir as orientações do Espírito por medo dos homens, e reconheci que, apesar de minhas dúvidas, Ele havia me concedido provas surpreendentes de Seu amor e graça sustentadora. O irmão que se havia oposto a mim ergueu-se, e em lágrimas confessou que seus sentimentos a meu respeito haviam sido equivocados. Humildemente pediu-me perdão e disse: "Irmã Ellen, nunca mais porei sequer uma palha em seu caminho. Deus mostrou-me a frieza e obstinação de meu coração, que foram subvertidas pela demonstração de Seu poder. Eu estava muito errado." T1 46 3 Então, voltando-se para o povo, disse: "Quando a irmã Ellen me pareceu tão feliz, pensei: Por que eu não me sinto assim? Por que o irmão R não recebe tais evidências? pois sempre achei que ele era um devoto cristão, todavia, tal poder não repousou sobre ele. Ergui uma oração silenciosa para que, se fosse pela influência do Espírito de Deus, o irmão R tivesse essa experiência ainda naquela noite. T1 46 4 Quase no mesmo momento que esse desejo brotou no meu coração, o irmão R caiu prostrado por terra mediante o poder divino, clamando: "'Que o Senhor opere!' Jeremias 21:2. Meu coração está convencido de que tenho estado lutando contra o Espírito Santo, mas não mais desejo desgostá-Lo por minha obstinada incredulidade. Bem-vinda, luz! Bem-vindo, Jesus! Eu estava apostatado e endurecido, sentindo-me ofendido se alguém louvava a Deus e manifestava transbordante alegria em Seu amor; mas agora meus sentimentos mudaram, minha oposição acabou, Jesus abriu-me os olhos e ainda posso erguer-Lhe louvores. Eu dissera coisas amargas e cortantes sobre a irmã Ellen, pelas quais ainda me entristeço. Peço-lhe perdão e a todos os que se acham aqui presentes." T1 47 1 O irmão R deu, então, seu testemunho. Seu rosto estava iluminado com a glória do Céu, enquanto louvava ao Senhor pelas maravilhas que Ele realizara naquela noite. Disse ele: "Este lugar é terrivelmente solene por causa da presença do Altíssimo. Irmã Ellen, no futuro você terá nossa ajuda e encorajadora simpatia, em lugar da cruel oposição que lhe tem sido feita. Temos sido cegos às manifestações do Santo Espírito de Deus." T1 47 2 Todos os opositores foram levados a ver seu erro e a confessar que a obra era realmente do Senhor. Na reunião de oração que aconteceu logo em seguida, o irmão que havia confessado estar errado em sua oposição, experimentou o poder de Deus de tal maneira, que seu rosto brilhou com a luz celestial e ele caiu desamparado ao chão. Quando recobrou as forças, novamente reconheceu que havia ignorantemente lutado contra o Espírito do Senhor, nutrindo sentimentos antagônicos a meu respeito. Em um novo encontro de oração, outro membro da mesma família passou por experiência semelhante e deu o mesmo testemunho. Poucas semanas mais tarde, enquanto a grande família do irmão P estava reunida em oração, em sua casa, o Espírito de Deus moveu-Se através da sala e prostrou os curvados suplicantes. Meu pai chegou logo em seguida e os encontrou todos, pais e filhos, submetidos ao poder do Senhor. T1 48 1 A fria formalidade começou a se dissolver ante a poderosa influência do Altíssimo. Todos os que se haviam oposto a mim confessaram que haviam ofendido o Espírito Santo, e uniram-se comigo em simpatia e amor pelo Salvador. Meu coração estava jubiloso porque a misericórdia divina suavizara-me o caminho, e recompensara tão generosamente minha fé e confiança. Unidade e paz agora moravam entre nosso povo que aguardava a vinda do Senhor. ------------------------Capítulo 6 -- A experiência do advento T1 48 2 Com vigilância e tremor aproximávamo-nos do tempo* em que se esperava aparecesse o nosso Salvador. Com solene fervor, buscávamos, como um povo, purificar nossa vida a fim de estar prontos para O encontrar em Sua volta. Apesar da oposição de pastores e igrejas, o Beethoven Hall, na cidade de Portland, estava lotado todas as noites, especialmente aos domingos. O Pastor Stockman era um homem de profunda piedade. Não desfrutava de boa saúde, mas quando se punha perante o povo, parecia elevar-se acima de sua enfermidade física e sua face se iluminava com a percepção de estar ensinando a sagrada verdade de Deus. T1 48 3 Havia um solene e penetrante poder em suas palavras, que atingia muitos corações. Ele, às vezes, expressava um fervente desejo de viver até que pudesse saudar o Salvador vindo nas nuvens do céu. Sob seu ministério, o Espírito de Deus convencera a muitos pecadores e os levara ao aprisco de Cristo. Ainda se realizavam reuniões em casas particulares em diferentes partes da cidade, com os melhores resultados. Os crentes* animavam-se a trabalhar por seus amigos e parentes, e dia a dia multiplicavam-se as conversões. T1 49 1 Todas as classes acorriam às reuniões do Beethoven Hall. Ricos e pobres, grandes e humildes, pastores e leigos, estavam todos por vários motivos, ansiosos por ouvir a doutrina do segundo advento. Muitos vinham e, não encontrando lugar nem para ficarem de pé, voltavam desapontados. A ordem seguida nas reuniões era simples. Fazia-se usualmente uma breve e incisiva palestra, concedendo-se em seguida liberdade para exortações gerais. Havia, em regra, o maior silêncio possível a uma tão grande multidão. O Senhor continha o espírito de oposição enquanto Seus servos expunham as razões de sua fé. Algumas vezes o instrumento era fraco, mas o Espírito de Deus dava peso e poder à Sua verdade. Sentia-se a presença dos santos anjos na reunião, e várias pessoas eram acrescentadas diariamente ao pequeno núcleo de crentes. T1 49 2 Uma ocasião, enquanto o Pastor Stockman estava pregando, o Pastor Brown, pastor batista cristão, estava assentado à plataforma, escutando o sermão com intenso interesse. Ficou profundamente comovido e subitamente seu rosto empalideceu como o de um morto; vacilou na cadeira, e o Pastor Stockman tomou-o nos braços precisamente quando ia caindo ao chão, e o deitou no sofá atrás do estrado, onde ficou sem forças até o sermão terminar. T1 49 3 Levantou-se então, com o rosto ainda pálido, mas resplendente com a luz do Sol da Justiça, e deu um testemunho muito impressionante. Parecia receber santa unção do alto. Ele tinha por costume falar vagarosamente, de maneira fervorosa, sem qualquer agitação. Nessa ocasião, suas palavras solenes e comedidas traziam consigo um novo poder, enquanto advertia os pecadores e seus irmãos pastores a porem de lado a incredulidade, o preconceito e a fria formalidade e, semelhantemente aos nobres bereanos, pesquisarem os Sagrados Escritos, comparando escritura com escritura, para apurar se essas coisas eram ou não verdadeiras. Ele rogava aos pastores presentes que não se sentissem ofendidos pela maneira direta e penetrante pela qual o Pastor Stockman apresentava o solene assunto, que dizia respeito a todos. T1 50 1 Disse ele: "Desejamos alcançar o povo; queremos que os pecadores sejam convencidos e verdadeiramente se arrependam, antes que lhes seja muito tarde para serem salvos, a fim de que não se cumpram neles a lamentação: 'Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos.' Jeremias 8:20. Irmãos pastores dizem que nossas setas os atingiram. Farão eles a gentileza de se pôr de lado e permitir que atinjamos o coração dos pecadores? Se eles fizeram a si mesmos alvos de nossas advertências, não têm razão para protestarem contra os ferimentos que receberam. Ponham-se à margem, irmãos, e vocês não serão atingidos." T1 50 2 Relatou sua experiência com tal simplicidade e candura, que muitos dos que antes haviam tido preconceito foram tocados até chorar. Sentia-se a influência do Espírito Santo em suas palavras, e via-se em seu rosto. Com santa exaltação, declarou ousadamente que havia tomado a Palavra de Deus como sua conselheira; que se lhe haviam dissipado as dúvidas e fortalecido a fé. Com fervor convidou seus irmãos os pastores, os membros da igreja, os pecadores e incrédulos para examinarem a Bíblia por si mesmos, e insistiu que não deixassem ninguém afastá-los do propósito de descobrir a verdade. T1 50 3 O Pastor Brown, nem na ocasião e nem depois, rompeu sua ligação com a Igreja Batista Cristã, e foi tido em grande consideração por seu povo. Ao terminar ele de falar, os que desejavam as orações do povo de Deus foram convidados a se levantar. Centenas atenderam ao convite. O Espírito Santo repousava sobre a reunião. O Céu e a Terra pareciam aproximar-se. A reunião durou até avançada hora da noite. O poder do Senhor foi sentido sobre jovens, adultos e idosos. T1 50 4 Enquanto voltávamos para nossas casas por diversos caminhos, uma voz louvando a Deus chegou até nós; e como que em resposta, outras vozes aqui e acolá aclamavam: "Glória a Deus; 'o Senhor reina'"! Salmos 96:10. Os homens iam para seus lares com louvores nos lábios e o alegre som ressoava pelo tranqüilo ar noturno. Ninguém que assistiu a essas reuniões pôde se esquecer daquelas cenas de profundo interesse. T1 51 1 Aqueles que sinceramente amam a Jesus podem apreciar os sentimentos dos que aguardavam com intenso anelo a vinda de seu Salvador. O ponto culminante estava próximo do cumprimento. O tempo em que esperávamos encontrá-Lo estava muito próximo. Aproximávamo-nos dessa hora com calma solenidade. Os verdadeiros crentes permaneciam em doce comunhão com Deus -- um penhor da paz que lhes estava garantida no brilhante futuro. Ninguém que experimentou essa esperança e fé poderá jamais esquecer aquelas preciosas horas de espera. T1 51 2 Os negócios seculares foram, pela maioria, postos de lado por algumas semanas. Cuidadosamente examinávamos cada pensamento e emoção de nosso coração, como se estivéssemos em nosso leito de morte e em poucas hora fôssemos fechar os olhos para sempre. Ninguém preparara "vestes de ascensão" para o grande evento; sentíamos a necessidade de evidência interior de que estávamos preparados para encontrar a Cristo, e nossas vestes brancas eram a pureza de coração, caráter limpo do pecado pelo sangue expiatório de nosso Salvador. T1 51 3 Mas o tempo de expectação passou. Esse foi o primeiro grande teste sobre aqueles que criam e esperavam que Jesus viesse nas nuvens do Céu. O desapontamento do expectante povo de Deus foi enorme. Os escarnecedores estavam triunfantes e conquistaram os fracos e covardes para suas fileiras. Alguns que pareciam possuir verdadeira fé pareciam ter sido persuadidos apenas pelo medo. Agora sua coragem retornara com o passar do tempo e se uniram audaciosamente aos zombadores, declarando que nunca foram enganados realmente pela doutrina de Miller, que era um louco fanático. Outros, naturalmente submissos ou vacilantes, abandonaram secretamente a causa. Eu pensava: Se Cristo tivesse realmente vindo, em que se tornariam aqueles fracos e mutáveis? Eles professavam amar e aguardar a vinda de Jesus, mas quando Ele não veio, pareciam muito aliviados e retornaram ao estado de descuido e desrespeito à verdadeira religião. T1 52 1 Estávamos perplexos e desapontados, todavia, não renunciamos à nossa fé. Muitos ainda se apegavam à esperança de que Jesus não retardasse por muito mais tempo a Sua vinda; a palavra do Senhor era certa, não poderia falhar. Sentimos que havíamos cumprido com nosso dever, que havíamos vivido de acordo com nossa preciosa fé. Ficamos decepcionados, mas não desanimados. Os sinais dos tempos indicavam que o fim de todas as coisas estava próximo; e que precisávamos vigiar e nos mantermos em prontidão para a vinda do Senhor em qualquer tempo. Devíamos aguardar com esperança e confiança, não negligenciando as reuniões para instrução, encorajamento e conforto, para que nossa luz pudesse brilhar em meio à escuridão do mundo. T1 52 2 O cálculo do tempo era tão simples e claro que mesmo uma criança podia entendê-lo. Desde a data do decreto do rei da Pérsia, encontrado em Esdras 7, que havia sido baixado em 457 a.C., os 2.300 anos de Daniel 8:14 deviam terminar em 1843. Dessa maneira, havíamos olhado para o fim desse ano como o tempo da vinda do Senhor. Ficamos tristemente desapontados quando o tempo se passou e o Salvador não veio. T1 52 3 Não foi percebido, de início, que se o decreto não entrou em vigor no princípio de 457 a.C., os 2.300 anos não se completariam no fim de 1843. Apurou-se que o decreto foi promulgado quase no final de 457 a.C., e portanto, o período profético deveria alcançar o outono de 1844. Por conseguinte, a visão do tempo não tardou, embora assim parecesse. Apoiamo-nos na linguagem do profeta: "Porque a visão ainda é para o tempo determinado, e até o fim falará, e não mentirá; se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará." Habacuque 2:3. T1 52 4 Deus provou Seu povo na passagem do tempo em 1843. O erro cometido na contagem dos períodos proféticos não foi descoberto de uma vez, mesmo por homens cultos que se opunham aos pontos de vista daqueles que aguardavam a vinda de Cristo. Os eruditos declararam que o Sr. Miller estava correto em seu cálculo de tempo, embora o questionassem com respeito ao evento que ocorreria no fim desse período. Mas eles e o expectante povo de Deus incorreram em erro comum na questão de tempo. T1 53 1 Nós críamos plenamente que Deus, em Sua sabedoria, determinou que Seu povo enfrentasse tal desapontamento, o qual foi bem planejado para revelar o coração e o caráter dos que haviam professado esperar e rejubilar-se na vinda do Senhor. Aqueles que aceitaram a mensagem do primeiro anjo (ver Apocalipse 14:6, 7) por temor do juízo divino, e não por causa de amarem a verdade e desejarem uma herança celestial, agora surgiam em sua verdadeira condição. Esses estavam entre os primeiros a ridicularizar os desapontados, que sinceramente desejavam e amavam o aparecimento de Jesus. T1 53 2 Os que passaram pela decepção não foram deixados em trevas; pois, ao pesquisarem o período profético com fervorosa oração, o erro foi descoberto e o traçado da pena profética através do tempo de tardança visto claramente. Em meio à jubilosa expectativa da vinda de Cristo, a aparente demora da visão não havia sido levada em conta, tornando-se uma triste surpresa. Não obstante, essa aflição era necessária para desenvolver e fortalecer os crentes sinceros. T1 53 3 Nossas esperanças estavam agora centralizadas na vinda do Senhor para 1844. Esse também era o tempo para a mensagem do segundo anjo que, voando pelo meio do Céu, dizia em grande voz: "Caiu! caiu Babilônia, aquela grande cidade!" Apocalipse 14:8. Essa mensagem foi primeiramente proclamada pelos servos de Deus no verão de 1844. Como resultado, muitos abandonaram as igrejas caídas. Em ligação com essa mensagem, foi dado o clamor da meia-noite*: "Aí vem o esposo! Saí-lhe ao encontro!" Mateus 25:6. Em toda parte do país, raiou a luz no tocante a essa mensagem e o clamor despertou a milhares. Foi de cidade a cidade, de aldeia a aldeia, às mais afastadas regiões do país. Atingiu os cultos e talentosos, bem como os obscuros e humildes. T1 54 1 Esse foi o ano mais feliz de minha vida. Meu coração transbordava de alegre expectativa; mas sentia grande dó e ansiedade pelos que se achavam desanimados e não tinham esperança em Jesus. Unimo-nos, como um só povo, em fervorosa oração para alcançar uma verdadeira experiência e inequívoca prova de nossa aceitação da parte de Deus. T1 54 2 Necessitávamos de grande paciência, pois os escarnecedores eram muitos. Éramos freqüentemente abordados com irônicas referências ao nosso desapontamento anterior. "Vocês ainda não subiram? Quando esperam subir?" e outras zombarias semelhantes eram muitas vezes lançadas sobre nós por nossos conhecidos mundanos, e mesmo por alguns professos cristãos que aceitavam a Bíblia, mas falharam em aprender suas grandes e importantes verdades. Seus olhos cegados nada pareciam ver senão um vago e distante significado na solene advertência: "Porquanto [Deus] tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo" (Atos dos Apóstolos 17:31), e na certeza de que os santos serão arrebatados para se encontrarem com o Senhor nos ares. T1 54 3 As igrejas ortodoxas usaram de todos os meios para impedir que se propagasse a crença na breve vinda de Cristo. Nas suas reuniões não se dava liberdade àqueles que costumavam mencionar sua esperança na breve vinda de Jesus. Os que professavam amar a Jesus escarnecedoramente rejeitavam as boas novas de que Aquele que diziam ser o seu melhor Amigo, devesse logo visitá-los. Estavam agitados e enraivecidos contra os que proclamavam as novas de Sua vinda e se regozijavam de muito breve contemplá-Lo em glória. T1 54 4 Cada momento me parecia ser da máxima importância. Eu pressentia que estávamos trabalhando para a eternidade, e que os descuidosos e indiferentes se achavam no maior perigo. Nada me obscurecia a fé, e eu me apegava às preciosas promessas de Jesus. Ele dissera a Seus discípulos: "Pedi, e recebereis." João 16:24. Eu cria firmemente que todo pedido de acordo com a vontade de Deus certamente me seria concedido. Prostrei-me humildemente aos pés de Jesus, com o coração em harmonia com a Sua vontade. T1 55 1 Muitas vezes visitava famílias e empenhava-me em fervorosa oração com aqueles que estavam oprimidos por temores e desânimo. Minha fé era tão forte que nunca duvidava, um momento que fosse, de que Deus atendesse as minhas orações. Sem uma única exceção, fruíamos a bênção e paz de Jesus em resposta às nossas humildes petições, e luz e alegria animavam o coração dos desesperados. T1 55 2 Com diligente exame de consciência e humildes confissões, chegamos devotadamente ao tempo da expectação. Todas as manhãs sentíamos que nosso primeiro trabalho era assegurar-nos de que nossa vida estava reta diante de Deus. Aumentava o nosso interesse de uns para com os outros; orávamos muito, juntos, e uns pelos outros. Congregávamo-nos nos pomares e bosques para ter comunhão com Deus e dirigir-Lhe nossas petições, sentindo nós mais completamente Sua presença quando rodeados por Suas obras naturais. As alegrias da salvação nos eram mais necessárias do que a comida e a bebida. Se nuvens nos obscureciam o espírito, não ousávamos repousar ou dormir antes que fossem varridas pela certeza de que éramos aceitos pelo Senhor. T1 55 3 Minha saúde não estava bem; meus pulmões haviam sido seriamente afetados e minha voz falhava. O Espírito de Deus freqüentemente repousava sobre mim com grande poder, e meu frágil organismo dificilmente podia suportar a glória que inundava meu coração. Parecia que eu respirava a atmosfera do Céu e jubilava ante a perspectiva de mui brevemente encontrar-me com meu Redentor e viver para sempre à luz de Sua face. T1 55 4 O povo expectante de Deus aproximava-se da hora em que ternamente esperava que suas alegrias se completassem na vinda do Salvador. Mas de novo passou o tempo, sem qualquer demonstração do advento de Jesus. Era difícil assumirmos os cuidados da vida que julgáramos para sempre deixados de lado. Foi amargo o desapontamento que atingiu o pequeno rebanho, cuja fé tinha sido tão forte, e tão elevada a esperança. Estávamos, porém, surpresos de que nos sentíssemos tão livres no Senhor, e tão fortemente fôssemos amparados por Sua força e graça. T1 56 1 A experiência do ano anterior, contudo, repetira-se em maior proporção. Grande número de pessoas renunciara a sua fé. Alguns que tinham sido muito confiantes, ficaram tão profundamente feridos em seu orgulho, que queriam como que fugir do mundo. Como Jonas, queixavam-se de Deus, e preferiam a morte à vida. Os que haviam baseado sua fé na evidência de outros, e não na Palavra de Deus, estavam de novo prontos para mudar de opinião. Os hipócritas que haviam pretendido iludir ao Senhor e a si mesmos com seu falso arrependimento e devoção, agora se sentiam aliviados do perigo iminente e abertamente se opunham à causa que haviam, há pouco, professado amar. T1 56 2 Os fracos e os ímpios uniram-se em declarar que não podia haver mais temores e expectativas agora. O tempo havia passado, o Senhor não viera, e o mundo permaneceria o mesmo por milhares de anos. O segundo grande teste revelara a massa de inúteis detritos que haviam sido arrastados pela poderosa corrente da fé adventista, e permanecido por algum tempo entre os verdadeiros crentes e sinceros obreiros. T1 56 3 Ficamos desapontados, mas não desanimados. Resolvemos submeter-nos pacientemente ao processo de purificação que Deus julgava necessário para nós, e aguardar com paciente esperança que o Salvador remisse Seus filhos provados e fiéis. T1 57 4 Estávamos firmes na crença de que a pregação do tempo definido era de Deus. Foi isso que levou os homens a examinar a Bíblia diligentemente, descobrindo verdades que antes não haviam percebido. Jonas foi mandado por Deus para proclamar nas ruas de Nínive que dentro de quarenta dias a cidade seria subvertida; Deus, porém, aceitou a humilhação dos ninivitas, e lhes prolongou o período de graça. Contudo, a mensagem que Jonas levara, foi enviada por Deus. Nínive foi provada de acordo com Sua vontade. O mundo olhava para a nossa esperança como uma ilusão, e nosso desapontamento como o seu conseqüente fracasso. T1 57 1 As palavras do Salvador na parábola do servo negligente aplicam-se mui eficazmente àqueles que ridicularizam a iminente vinda do Filho do homem: "Porém, se aquele mal servo disser consigo: Meu senhor tarde virá, e começar a espancar os seus conservos, e a comer, e a beber com os bêbados, virá o senhor daquele servo num dia em que o não espera e à hora em que ele não sabe, e separá-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas." Mateus 24:48-51. T1 57 2 Encontrávamos em todos os lugares os escarnecedores sobre os quais falou Pedro, dizendo que viriam nos últimos dias, andando segundo suas próprias paixões e dizendo: "Onde está a promessa da Sua vinda? Porque desde que os pais dormiram todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação." 2 Pedro 3:4. Mas aqueles que tinham esperado a vinda do Senhor não estavam sem consolação. Haviam obtido valioso conhecimento da pesquisa da Palavra. O plano da salvação estava mais claro em sua compreensão. Cada dia descobriam novas belezas nas páginas sagradas, e uma maravilhosa harmonia através delas todas, um texto explicando outro e não havendo nenhuma palavra empregada em vão. T1 57 3 Nosso desapontamento não foi tão grande como o dos discípulos. Quando o Filho do homem cavalgava triunfantemente para Jerusalém, esperavam que Ele fosse coroado Rei. O povo se ajuntava de toda a região em redor, e exclamava: "Hosana ao Filho de Davi!" Mateus 21:9. E quando os sacerdotes e anciãos pediram a Jesus que silenciasse a multidão, Ele declarou que, se eles se calassem, as próprias pedras clamariam, pois a profecia deveria cumprir-se. Não obstante, dentro de poucos dias esses mesmos discípulos viram seu amado Mestre, que acreditavam iria reinar no trono de Davi, estendido na torturante cruz, por sobre os fariseus zombadores e sarcásticos. Suas elevadas esperanças foram frustradas, e as trevas da morte os cercaram. T1 58 1 Cristo, porém, estava sendo fiel às Suas promessas. Doce foi a consolação que proporcionou a Seu povo, e rica a recompensa dos verdadeiros e fiéis. T1 58 2 O Sr. Miller e os que com ele se achavam supuseram que a purificação do santuário, de que fala (Daniel 8:14), significava a purificação da Terra pelo fogo antes de se tornar a habitação dos santos. Isso deveria ocorrer por ocasião do segundo advento de Cristo; portanto, esperávamos aquele acontecimento no fim dos 2.300 dias, ou anos. Depois de nosso desapontamento, porém, as Escrituras foram cuidadosamente pesquisadas, com oração e fervor; e após um período de indecisão derramou-se luz em nossas trevas; a dúvida e a incerteza foram varridas. Em vez de a profecia de Daniel 8:14 referir-se à purificação da Terra, era então claro que se referia ao trabalho de nosso Sumo Sacerdote a encerrar-se nos Céus, à conclusão da obra expiatória, e ao preparo do povo para suportar o dia de Sua vinda. ------------------------Capítulo 7 -- Minha primeira visão T1 58 3 Não muito tempo depois da passagem do tempo em 1844, foi-me concedida a primeira visão. Estava em Portland, em visita a uma querida irmã em Cristo, cujo coração estava enlaçado ao meu. Cinco de nós, todas mulheres, estávamos ajoelhadas silenciosamente no culto familiar. Enquanto estávamos orando, o poder de Deus me sobreveio como nunca o havia sentido antes. Parecia estar cercada de luz, e achar-me subindo mais e mais alto da Terra. Voltei-me para ver o povo do advento no mundo, mas não o pude achar, quando uma voz me disse: "Olha novamente, e olha um pouco mais para cima." Com isso, olhei mais para o alto, e vi um caminho reto e estreito, levantado em um lugar elevado do mundo. O povo do advento estava nesse caminho, a viajar para a cidade. Tinham uma luz brilhante colocada por trás deles no começo do caminho, a qual um anjo me disse ser o clamor da meia-noite. Essa luz brilhava em toda a extensão do caminho, e proporcionava claridade para seus pés, para que não tropeçassem. Se conservavam o olhar fixo em Jesus, que Se achava precisamente diante deles, guiando-os para a cidade, estavam seguros. Mas logo alguns ficaram cansados, e disseram que a cidade estava muito longe e esperavam ter entrado nela antes. Então Jesus os animava, levantando Seu glorioso braço direito; e de Seu braço saía uma luz que incidia sobre o povo do advento, e eles clamavam: "Aleluia!" Outros temerariamente negavam a existência da luz atrás deles e diziam que não fora Deus quem os guiara tão longe. A luz atrás deles desaparecia, deixando-lhes os pés em densas trevas; de modo que tropeçavam e, perdendo de vista o sinal e a Jesus, caíam do caminho para baixo, no mundo tenebroso e ímpio. T1 59 1 Logo ouvimos a voz de Deus semelhante a muitas águas, a qual nos anunciou o dia e a hora da vinda de Jesus. Os santos vivos, em número de 144.000, reconheceram e entenderam a voz, ao passo que os ímpios julgaram fosse um trovão ou terremoto. Ao declarar Deus o tempo, verteu sobre nós o Espírito Santo, e nosso rosto brilhou com o esplendor da glória de Deus, como aconteceu com Moisés, na descida do Monte Sinai. T1 59 2 Os 144.000 estavam todos selados e perfeitamente unidos. Em sua testa estava escrito: "Deus, Nova Jerusalém", e tinham uma estrela gloriosa que continha o novo nome de Jesus. Por causa de nosso estado feliz e santo, os ímpios enraiveceram-se e arremeteram violentamente para lançar mão de nós, a fim de lançar-nos à prisão; mas quando estendemos a mão em nome do Senhor, eles caíram indefesos ao chão. Foi então que a sinagoga de Satanás conheceu que Deus nos havia amado a nós, que lavávamos os pés uns aos outros e saudávamos os irmãos com ósculo santo; e adoraram a nossos pés. T1 60 1 Logo nossos olhares foram dirigidos ao Oriente, pois aparecera uma nuvenzinha aproximadamente do tamanho da metade da mão de um homem, a qual todos soubemos ser o sinal do Filho do homem. Todos em silêncio solene olhávamos a nuvem que se aproximava e tornava mais e mais clara e esplendente, até converter-se numa grande nuvem branca. A parte inferior tinha aparência de fogo; o arco-íris estava sobre a nuvem, enquanto em redor dela se achavam dez milhares de anjos, entoando um cântico agradabilíssimo; e sobre ela estava sentado o Filho do homem. Os cabelos, brancos e anelados, caíam-Lhe sobre os ombros; e sobre a cabeça tinha muitas coroas. Os pés tinham a aparência de fogo; em Sua destra trazia uma foice aguda e na mão esquerda, uma trombeta de prata. Seus olhos eram como chamas de fogo, que profundamente penetravam Seus filhos. Então todos os rostos empalideceram; e o daqueles a quem Deus havia rejeitado se tornaram negros. Todos exclamamos então: "Quem poderá estar em pé? Estão as minhas vestes sem mancha?" Então os anjos cessaram de cantar, e houve algum tempo de terrível silêncio, quando Jesus falou: "Aqueles que têm mãos limpas e coração puro serão capazes de estar em pé; Minha graça vos basta." Com isso nosso rosto se iluminou e encheu de alegria o coração. E os anjos tocaram mais fortemente e tornaram a cantar, enquanto a nuvem mais se aproximava da Terra. Então a trombeta de prata de Jesus soou, ao descer Ele sobre a nuvem, envolto em labaredas de fogo. Olhou para as sepulturas dos santos que dormiam, ergueu então os olhos e mãos ao céu, e exclamou: Despertem! Despertem! Despertem! Vocês que habitam no pó, e levantem. Isaías 26:19. Houve um forte terremoto. As sepulturas se abriram, e os mortos saíram revestidos de imortalidade. Os 144.000 clamaram "Aleluia!", quando reconheceram os amigos que deles tinham sido separados pela morte, e no mesmo instante fomos transformados e "arrebatados juntamente com eles... a encontrar o Senhor nos ares". 1 Tessalonicenses 4:17. T1 60 2 Todos nós entramos juntos na nuvem, e estivemos sete dias ascendendo para o mar de vidro, aonde Jesus trouxe as coroas, e com Sua própria destra as colocou sobre nossa cabeça. Deu-nos harpas de ouro e palmas de vitória. Ali, sobre o mar de vidro, os 144.000 ficaram em quadrado perfeito. Alguns deles tinham coroas muito brilhantes; outros, não tanto. Algumas coroas pareciam repletas de estrelas, ao passo que outras tinham poucas. Todos estavam perfeitamente satisfeitos com sua coroa. E todos estavam vestidos com um glorioso manto branco, dos ombros aos pés. Havia anjos de todos os lados em redor de nós quando caminhávamos sobre o mar de vidro rumo à porta da cidade. Jesus levantou o potente e glorioso braço, segurou o portal de pérolas, fê-lo girar sobre seus luzentes gonzos e nos disse: "Vocês lavaram suas vestes em Meu sangue, permaneceram firmes pela Minha verdade; entrem." Todos entramos e sentíamos ter perfeito direito à cidade. T1 61 1 Ali vimos a árvore da vida e o trono de Deus. Do trono provinha um rio puro de água, e de cada lado do rio estava a árvore da vida. De um lado do rio havia um tronco da árvore, e do outro lado outro, ambos de ouro puro e transparente. A princípio pensei que via duas árvores. Olhei outra vez e vi que elas se uniam em cima numa só árvore. Assim estava a árvore da vida em ambos os lados do rio da vida. Seus ramos curvavam-se até o lugar em que nos achávamos, e seu fruto era esplêndido; tinha o aspecto de ouro, de mistura com prata. T1 61 2 Todos nós fomos debaixo da árvore, e sentamo-nos para contemplar a glória daquele lugar, quando os irmãos Fitch e Stockman, que tinham pregado o evangelho do reino, e a quem Deus depusera na sepultura para os salvar, se achegaram e nos perguntaram o que acontecera enquanto eles haviam dormido. Tentamos lembrar nossas maiores provações, mas pareciam tão pequenas em comparação com o "peso eterno de glória mui excelente" (2 Coríntios 4:17) que nos rodeava, que nada pudemos dizer-lhes, e todos exclamamos -- "Aleluia! muito fácil é adquirir o Céu!" -- e tocamos nossas harpas de ouro e fizemos com que as arcadas do Céu reboassem. ------------------------Capítulo 8 -- Chamado para viajar T1 62 1 Relatei essa visão aos crentes em Portland, os quais tinham plena confiança de que ela procedia de Deus. O Espírito do Senhor acompanhou o testemunho e uma solene sensação de eternidade repousou sobre nós. Uma indizível reverência tomou conta de mim porque eu, tão jovem e fraca, havia sido escolhida como instrumento pelo qual Deus enviaria luz a Seu povo. Enquanto sob o poder do Senhor, eu estava plena de alegria, parecendo estar cercada por santos anjos na gloriosa corte celestial, onde tudo é paz e alegria. Foi uma triste e amarga mudança ao despertar para as realidades da vida mortal. T1 62 2 Em minha segunda visão, cerca de uma semana depois da primeira, o Senhor me apresentou uma perspectiva das provas por que eu iria passar, e disse-me que eu deveria ir relatar a outros o que Ele me havia revelado. Foi-me mostrado que meus trabalhos encontrariam grande oposição, e meu coração seria ferido pela angústia; mas a graça de Deus seria suficiente para amparar-me em tudo. Fiquei imensamente perturbada com o assunto dessa visão, pois ela indicava o meu dever de ir entre o povo e apresentar a verdade. T1 62 3 Eu tinha a saúde tão debilitada que constantemente me encontrava em sofrimento físico, e pelas aparências, não tinha senão pouco tempo de vida. Eu tinha, então, apenas dezessete anos de idade, era pequena e franzina, não acostumada à sociedade, e naturalmente tão tímida e reservada que era penoso para mim enfrentar estranhos. Durante vários dias e até tarde da noite, orei para que este encargo fosse removido de mim e posto sobre alguém mais capaz de o suportar. Não se me alterou, porém, a consciência do dever, e soavam-se continuamente aos ouvidos as palavras do anjo: "Torne conhecido a outros o que lhe revelei." T1 63 1 Não me conformava em ter de sair pelo mundo e receava enfrentar seus escárnio e oposição. Eu tinha pouco autoconfiança. Até então, quando o Espírito de Deus comigo instava a respeito do meu dever, eu me dominava, esquecendo todo receio e timidez, pelo pensamento do amor de Jesus e da obra maravilhosa que Ele por mim fizera. A constante certeza de estar cumprindo meu dever e obedecendo à vontade do Senhor, dava-me uma confiança que me surpreendia. Nessas ocasiões eu me sentia disposta a fazer ou sofrer qualquer coisa, para ajudar outros a terem a luz e a paz de Jesus. T1 63 2 Parecia-me, porém, impossível realizar esse trabalho que me era apresentado. Achava que, se tentasse, seria fracasso certo. As provações que o acompanhariam me aparentavam ser mais do que poderia suportar. Como podia eu, ainda tão jovem, sair de um lugar para outro, para explicar ao povo as santas verdades de Deus? Meu coração estremecia de terror àquele pensamento. Meu irmão Roberto, apenas dois anos mais velho do que eu, não podia acompanhar-me, pois era de saúde frágil, e sua timidez maior do que a minha; nada o podia induzir a dar semelhante passo. Meu pai tinha a família para sustentar e não poderia abandonar suas ocupações; mas repetidas vezes me afirmava que se Deus me havia chamado para trabalhar noutros lugares, não deixaria de abrir o caminho para mim. Mas essas palavras de animação pouco conforto traziam ao meu desalentado coração; o caminho diante de mim parecia obstruído com dificuldades que eu era incapaz de superar. T1 63 3 Eu desejava a morte como livramento das responsabilidades que sobre mim convergiam. Finalmente a doce paz que havia tanto tempo eu sentia, deixou-me, e o desespero novamente me oprimia o coração. Todas as minhas orações pareciam inúteis e minha fé se fora. Palavras de conforto, reprovação ou animação eram iguais para mim, pois ninguém parecia compreender-me, exceto Deus, e Ele me desamparara. O grupo de crentes de Portland ignorava a preocupação de espírito que me prostrara nesse estado de desânimo; mas sabiam que por qualquer razão eu estava abatida e, considerando a maneira misericordiosa como o Senhor Se manifestara a mim, opinavam que esse meu desalento era pecaminoso. T1 64 1 Eu temia que Deus havia retirado de mim, para sempre, o Seu favor. Enquanto pensava sobre a luz que havia anteriormente iluminado meu coração, ela me pareceu duplamente mais preciosa em contraste com a escuridão que agora me envolvia. Realizavam-se reuniões em casa de meu pai, mas tão grande era a minha angústia de espírito, que a elas não assisti por algum tempo. Meu fardo tornava-se mais e mais pesado, até que minha agonia de espírito parecia ser superior às minhas forças. T1 64 2 Finalmente fui induzida a comparecer a uma das reuniões em minha própria casa. A igreja fez de meu caso um assunto especial de oração. O irmão Pearson que se opusera às manifestações do poder de Deus sobre mim nas minhas primeiras experiências, orava agora fervorosamente por mim e me aconselhava a submeter-me à vontade do Senhor. Como um pai carinhoso procurava animar-me e consolar-me, convidando-me a crer que não fora esquecida pelo Amigo dos pecadores. T1 64 3 Eu me sentia demasiadamente fraca e desanimada para fazer por mim mesma qualquer esforço especial; mas meu coração se unia às petições de meus amigos. Agora eu pouco me incomodava com a oposição do mundo, e sentia-me disposta a fazer qualquer sacrifício, se tão-somente pudesse reaver o favor de Deus. Enquanto se fazia oração por mim, dissiparam-se as densas trevas que me haviam rodeado, e uma súbita luz veio sobre mim. Faltaram minhas forças. Pareceu-me estar na presença dos anjos. Um destes seres santos, de novo repetiu as palavras: "Torne conhecido a outros o que lhe revelei." T1 64 4 Oprimia-me o grande receio de que, se eu obedecesse ao chamado do dever e fosse declarar-me favorecida do Altíssimo com visões e revelações para o povo, pudesse entregar-me à exaltação pecaminosa, e elevar-me acima da posição que me cumpria ocupar, bem como trazer sobre mim o desagrado de Deus e perder a própria alma. Eu sabia de casos tais, e meu coração recuava ante a severa prova. T1 65 1 Supliquei então que, se eu devesse ir relatar o que o Senhor me mostrara, fosse preservada de exaltação. Disse o anjo: "Suas orações são ouvidas e serão atendidas. Se esse mal que você receia a ameaçar, a mão de Deus estará estendida para salvá-la; por meio de aflições Ele a trará a Si, e preservará sua humildade. Apresente a mensagem fielmente; resista até ao fim, e você comerá do fruto da árvore da vida e beberá da água da vida." T1 65 2 Depois de readquirir consciência das coisas terrestres, entreguei-me ao Senhor, pronta para cumprir Sua ordem, fosse qual fosse. Providencialmente, o Senhor abriu o caminho para eu ir com meu cunhado visitar minhas irmãs em Poland, quarenta e cinco quilômetros distante de casa. Enquanto estava ali, tive oportunidade de dar meu testemunho. T1 65 3 Por três meses eu tivera a garganta e os pulmões tão doentes que apenas podia falar pouco, e isso mesmo em tom baixo e rouco. Nessa ocasião levantava-me em reunião e começava a falar como em cochicho. Continuava assim por uns cinco minutos, quando aquele estado de sensibilidade e obstrução passava, minha voz ficava clara e forte, e eu falava com toda a facilidade e liberdade por quase duas horas. Terminada a minha mensagem, enfraquecia-se-me a voz até que de novo me achasse perante o povo, quando a mesma singular restauração se repetia. Eu sentia uma constante certeza de que estava fazendo a vontade de Deus, e via assinalados resultados acompanhando meus esforços. T1 65 4 Providencialmente o caminho abriu-se para eu ir à parte oriental do Estado do Maine. O irmão Guilherme Jordan, acompanhado de sua irmã, devia ir a negócios a Orrington, e foi-me solicitado ir com eles. Como eu prometera ao Senhor andar no caminho que Ele abrisse diante de mim, não ousei recusar. Em Orrington encontrei o Pastor Tiago White. Ele era conhecido de meus amigos, e estava empenhado no trabalho da salvação de seres humanos. T1 65 5 O Espírito de Deus assistiu a mensagem que eu transmitia; os corações se tornavam jubilosos na verdade e os desesperançados eram consolados e animados a renovar sua fé. Em Garland, um grande número de pessoas procedentes de diversos lugares veio ouvir a mensagem. Mas meu coração estava abatido. Eu recebera uma carta de mamãe pedindo que retornasse para casa, pois estavam circulando boatos a meu respeito. Esse foi um golpe inesperado. Meu nome sempre havia estado livre da sombra de censura, e minha reputação me era muito cara. Também me afligi porque mamãe estava sofrendo por mim. Ela era muito dedicada aos filhos e extremamente sensível com respeito a eles. Se tivesse havido oportunidade, eu teria voltado para casa imediatamente, mas isso era impossível. T1 66 1 Minha tristeza era tão grande que me senti muito deprimida para falar naquela noite. Meus amigos insistiam comigo para que confiasse no Senhor; e finalmente, os irmãos empenharam-se em oração por mim. A bênção do Senhor logo veio sobre mim e pude dar meu testemunho com grande liberdade. Parecia que um anjo se colocara a meu lado para fortalecer-me. Brados de glória e vitória ecoaram naquela casa e a presença de Jesus foi ali sentida. T1 66 2 Em meu trabalho, fui chamada a opor-me à conduta de alguns, os quais, por seu fanatismo, estavam trazendo vergonha sobre a causa de Deus. Esses fanáticos pareciam pensar que a religião consistia em grande agitação e barulho. Falavam de um modo que irritava os descrentes e os compelia a odiá-los e às doutrinas que ensinavam, então, regozijavam-se por estarem sofrendo perseguição. Os incrédulos não podiam ver nenhuma coerência em suas atitudes. Os irmãos de alguns lugares foram impedidos de reunir-se para os cultos. O inocente sofria com o culpado. Tive de suportar tristeza e aflição por muito tempo. Parecia-me cruel que a causa de Cristo devesse ser prejudicada pelo procedimento desses homens insensatos. Eles não apenas estavam arruinando o próprio coração, como também pondo sobre a causa um estigma que não seria facilmente removido. Satanás apreciava que assim fosse. Era-lhe conveniente ver a verdade manipulada por homens não santificados; vê-la mesclada com o erro e então lançada ao pó. Ele via com triunfo o estado confuso e disperso dos filhos de Deus. T1 67 1 Um desses fanáticos trabalhou com certo sucesso para incitar meus amigos e familiares contra mim. Porque eu havia fielmente referido o que me fora mostrado com respeito à sua atitude não cristã, ele fez circular falsidades para destruir minha influência e justificar-se. Minha sorte parecia-me dura. O desânimo abateu-se pesadamente sobre mim. A condição do povo de Deus enchia-me de angústia, e tanto que, por duas semanas, fiquei prostrada e enferma. Meus amigos pensavam que eu não sobreviveria, mas os irmãos e irmãs que se solidarizaram comigo nessa aflição reuniram-se para orar por mim. Percebi de pronto que orações eficazes e fervorosas eram feitas em meu favor. A oração prevaleceu. O poder do forte inimigo foi subjugado e eu libertada. Imediatamente fui tomada em visão. Vi que se eu sentisse que a influência humana afetasse meu testemunho, não importava onde pudesse estar, apenas deveria clamar a Deus e um anjo seria enviado em meu auxílio. Eu já possuía um anjo da guarda a me assistir continuamente, mas, quando necessário, o Senhor enviaria outro para erguer-me acima do poder de toda influência terrena. ------------------------Capítulo 9 -- Visão da nova terra* T1 67 2 Com Jesus a nossa frente, descemos todos da cidade para a Terra, sobre uma grande e íngreme montanha que, incapaz de suportar a Jesus sobre si, partiu-se em duas, formando uma grande planície. Olhamos então para cima e vimos a grande cidade, com doze fundamentos, e doze portas, três de cada lado, e um anjo em cada porta. Todos exclamamos: "A cidade, a grande cidade, vem, vem de Deus descendo do Céu", e ela veio e se pôs no lugar em que nos achávamos. Pusemo-nos então a observar as coisas gloriosas fora da cidade. Vi ali casas belíssimas, que tinham a aparência de prata, apoiadas por quatro colunas entremeadas de pérolas preciosas, muito agradáveis à vista. Destinavam-se à habitação dos santos. Em cada uma havia uma prateleira de ouro. Vi muitos dos santos entrarem nas casas, tirarem sua coroa resplandecente, e pô-la na prateleira, saindo então para o campo ao lado das casas, para lidar com a terra. Não como temos de fazer com a terra aqui. Absolutamente. Uma gloriosa luz lhes resplandecia em redor da cabeça, e estavam continuamente louvando a Deus. T1 68 1 Vi outro campo repleto de todas as espécies de flores, e, quando as apanhei, exclamei: "Elas nunca murcharão." Em seguida vi um campo de relva alta, cujo belíssimo aspecto causava admiração; era uma vegetação viva, e tinha reflexos de prata e ouro quando magnificamente se agitava para glória do Rei Jesus. Entramos então num campo cheio de todas as espécies de animais: leão, cordeiro, leopardo, lobo. Todos em perfeita união. Passamos pelo meio deles, e pacificamente nos acompanharam. Dali entramos num bosque, não como os escuros bosques que aqui temos; não, absolutamente; mas claro e por toda parte glorioso. Os ramos das árvores agitavam-se de um lado para outro lado, e todos exclamamos: "Moraremos com segurança na solidão, e dormiremos nos bosques." Atravessamos os bosques, pois estávamos a caminho do Monte Sião. T1 68 2 No trajeto, encontramos uma multidão que também contemplava as belezas do lugar. Notei a cor vermelha na borda de suas vestes, o brilho das coroas e a alvura puríssima dos vestes. Quando os saudamos, perguntei a Jesus quem eram eles. Disse que eram mártires que, por Sua causa, haviam sido mortos. Com eles estava uma inumerável multidão de crianças que tinham também uma orla vermelha em suas vestes. O Monte Sião estava exatamente diante de nós, e sobre o monte um belo templo, em cujo redor havia sete outras montanhas, sobre as quais cresciam rosas e lírios. E vi as crianças subirem ou, se o preferiam, fazer uso de suas pequenas asas e voar ao cimo das montanhas e apanhar flores que nunca murcharão. Para embelezar o lugar, havia em redor do templo todas as espécies de árvores: o buxo, o pinheiro, o cipreste, a oliveira, o mirto, a romãzeira e a figueira curvada ao peso de seus figos maduros. Elas embelezavam aquele local. E quando estávamos para entrar no templo, Jesus levantou Sua bela voz e disse: "Somente os 144.000 entram neste lugar", e nós exclamamos: "Aleluia!" T1 69 1 Esse templo era apoiado por sete colunas, todas de ouro transparente, engastadas de pérolas belíssimas. As maravilhosas coisas que ali vi, não as posso descrever. Oh, se me fosse dado falar a língua de Canaã, poderia então contar um pouco das glórias do mundo melhor. Vi lá mesas de pedra, em que estavam gravados com letras de ouro os nomes dos 144.000. T1 69 2 Depois de contemplar a beleza do templo, saímos, e Jesus nos deixou e foi à cidade. Logo Lhe ouvimos de novo a delicada voz, dizendo: "Venham, povo Meu; vocês vieram de grande tribulação, e fizeram Minha vontade; vocês sofreram por Mim; venham à ceia, pois Eu Me cingirei e os servirei." Nós exclamamos: "Aleluia! Glória!" e entramos na cidade. E vi uma mesa de pura prata; tinha muitos quilômetros de comprimento, contudo nossos olhares podiam alcançá-la toda. Vi o fruto da árvore da vida, o maná, amêndoas, figos, romãs, uvas e muitas outras espécies de frutas. Pedi a Jesus que me deixasse comer do fruto. Disse Ele: "Agora não. Os que comem do fruto deste lugar, não mais voltam à Terra. Mas, dentro em pouco, se você for fiel, não somente comerá do fruto da árvore da vida mas beberá também da água da fonte." E disse: "Você deve novamente voltar à Terra, e relatar a outros o que lhe revelei." Então um anjo me trouxe mansamente a este mundo escuro. Algumas vezes pensei que não poderia ficar aqui por mais tempo; todas as coisas da Terra pareciam tão sombrias. Sentia-me tão só aqui, pois havia visto uma terra melhor. "Ah! Quem me dera asas como de pomba! Voaria, e estaria em descanso." Salmos 55:6. T1 70 1 O irmão Hyde, que estava presente durante essa visão, compôs os versos seguintes, os quais foram publicados em periódicos religiosos e em muitos hinários. Aqueles que os publicaram, leram e cantaram nem imaginaram que eles tiveram origem na visão de uma moça perseguida por seu humilde testemunho. T1 70 2 Ouvimos de uma terra santa e luminosa. Ouvimos e nosso coração se alegrou; Pois somos um grupo de solitários peregrinos, Cansados, alquebrados e tristes. Disseram-nos que peregrinos têm abrigo ali, Já não mais estarão sem lar; Sabemos que essa boa terra é formosa E nela corre o puro rio da vida. T1 70 3 Dizem que verdes campos ali balouçam, Que as pragas não são conhecidas, Os desertos selvagens florescem formosos, E crescem as rosas de Sarom. Amáveis pássaros cantam nos caramanchões, Suas melodias são jubilosas e doces; E seus gorjeios irrompem sempre novos, Saudados por harpejos angelicais. T1 70 4 Ouvimos de palmeiras, mantos e coroas, E da argêntea multidão de branco vestida; Da bela cidade dos portais de pérola, Toda radiante de luz. Ouvimos os anjos e os santos, Com suas harpas de ouro. Como cantam! Do monte e da frutífera árvore da vida. De suas folhas que curam. T1 70 5 O Rei desse país é justo, Ele é a alegria e a luz desse lugar. Em Sua beleza O veremos ali, E nos aqueceremos sob a luz de Seu sorriso. T1 71 1 Estaremos ali, estaremos ali dentro em breve, Unidos aos puros e abençoados. Teremos a palma, as vestes e a coroa, E para sempre repousaremos. ------------------------Capítulo 10 -- Recusando a advertência T1 71 2 Por volta dessa época, fui submetida a uma severa provação. Se o Espírito de Deus repousava sobre alguém na reunião, e esse glorificava a Deus, louvando-O, alguns levantavam o brado de mesmerismo; se o Senhor era servido dar-lhe uma visão na reunião, alguns diziam que era efeito da agitação e do mesmerismo. Aflita e desanimada, eu ia muitas vezes sozinha a um lugar solitário para derramar o coração diante dAquele que convida os cansados e oprimidos para irem a Ele e encontrarem descanso. Enquanto minha fé requeria as promessas, Jesus parecia muito próximo. A suave luz do Céu brilhava em meu redor; parecia-me estar enlaçada pelos braços de meu Salvador e, ali, era arrebatada em visão. Mas quando relatava o que Deus me revelara, a mim sozinha, onde nenhuma influência terrestre podia afetar-me, ficava aflita e espantada ao ouvir alguns insinuarem que os que viviam mais perto de Deus estavam mais sujeitos de ser enganados por Satanás. T1 71 3 De acordo com esse ensino, nossa única segurança contra o engano seria permanecer distantes de Deus, em estado de apostasia. Oh, pensava eu, como se chegou a esta situação? A ponto de aqueles que honestamente buscam ao Senhor somente para reivindicar Suas promessas e suplicar por salvação, serem acusados de estar sob a nociva influência do mesmerismo? Pediremos pão ao nosso generoso Pai celeste, para recebermos uma pedra ou um escorpião? Essas coisas feriam meu espírito e oprimiam-me o coração com atroz angústia, próxima ao desespero. Alguns quiseram fazer-me crer que não havia Espírito Santo, e que todas as atuações que os santos homens de Deus haviam experimentado, eram apenas o efeito do mesmerismo ou do engano de Satanás. T1 72 1 Alguns haviam adotado opiniões extremistas acerca de certos textos das Escrituras, abstendo-se completamente do trabalho, e rejeitando todos aqueles que não queriam aceitar suas idéias sobre estes e outros pontos considerados deveres religiosos. Deus revelou-me em visão esses erros, e enviou-me para instruir Seus filhos errantes; mais muitos deles rejeitaram inteiramente a mensagem e acusavam de conformar-me com o mundo. De outro lado, os adventistas nominais acusavam-me de fanatismo, e eu era falsamente apresentada como a dirigente do fanatismo, para cuja repressão eu trabalhava constantemente. T1 72 2 Diferentes ocasiões foram marcadas para a vinda do Senhor, e insistia-se a tal respeito com os irmãos. O Senhor, porém, mostrou-me que elas passariam, pois o tempo de angústia deveria ocorrer antes da vinda de Cristo; e que cada vez que se marcasse uma data, e esta passasse, isto enfraqueceria a fé do povo de Deus. Por esse motivo eu era acusada de ser o mau servo que dizia: "O meu Senhor tarde virá." Mateus 24:48. T1 72 3 Essas declarações referentes ao tempo determinado haviam sido publicadas trinta anos antes, e os livros que as continham haviam circulado por toda parte, entretanto, alguns pastores diziam estar bem familiarizados comigo, dizendo que eu havia fixado datas após datas para a volta do Senhor e todas passaram, portanto, minhas visões eram falsas. Indubitavelmente, muitos receberam essas mentirosas declarações como sendo verdade, mas ninguém que me conhecesse ou a meu trabalho podia, em sinceridade, fazer tais afirmações. Este é o testemunho que sempre dei, desde a passagem do tempo em 1844: "Datas serão fixadas, uma após outra, por diferentes pessoas e todas passarão; e a influência dessa marcação de tempo tenderá a destruir a fé do povo de Deus." Se eu houvesse contemplado em visão um tempo definido e dado meu testemunho sobre ele, não poderia ter escrito e publicado, por causa desse mesmo testemunho, que todos os tempos que fossem determinados passariam, pois o tempo de angústia virá antes da vinda de Cristo. Certamente, nos últimos trinta anos, isto é, desde a publicação dessa declaração, nunca me inclinei a apontar um tempo para a volta de Cristo, e assim colocar-me sob a mesma condenação daqueles a quem tenho reprovado. Até 1845 eu não tive nenhuma visão, ou seja após a passagem do tempo de expectativa em 1844. Então me foi mostrado o que eu devia declarar. T1 73 1 E não se cumpriu esse testemunho em cada detalhe? Os adventistas do primeiro dia têm marcado data após data, e, não obstante os repetidos fracassos, eles se munem de coragem para marcar novas datas. Deus não os tem guiado a esse respeito. Muitos deles rejeitaram o verdadeiro tempo profético e ignoraram o cumprimento da profecia, porque não sucedeu o evento previsto em 1844. Eles se voltaram contra a verdade e o inimigo tem exercido seu poder em lançar sobre eles poderosos enganos, para que creiam na mentira. A grande prova sobre o tempo aconteceu em 1843 e 1844; e todos os que marcaram data desde então, têm-se enganado a si mesmos e a outros. T1 73 2 Até minha primeira visão, eu não podia escrever. Minha mão tremente era incapaz de segurar firmemente a pena. Enquanto em visão, um anjo ordenava que a escrevesse. Eu obedecia e escrevia prontamente. Meus nervos eram fortalecidos e minha mão tornava-se firme. T1 73 3 Era muito penoso para mim, relatar aos que erravam o que, concernente a eles, me havia sido mostrado. Causava-me grande angústia ver outros perturbados ou entristecidos. E, sendo obrigada a declarar as mensagens, queria muitas vezes abrandá-las e fazê-las parecer tão favoráveis às pessoas quanto eu podia, e então ficava a sós e chorava em agonia de espírito. Eu olhava àqueles que pareciam ter apenas si mesmos para cuidar, e achava que, se estivesse em sua situação, não murmuraria. Era penoso descrever os testemunhos claros e incisivos a mim apresentados por Deus. Ansiosamente aguardava o resultado; e, se as pessoas reprovadas se rebelavam contra a reprovação, e mais tarde se opunham à verdade, eu me perguntava: Terei eu apresentado a mensagem exatamente como devia? Não haveria algum meio de os salvar? E então me oprimia o coração uma angústia tal que muitas vezes achava que a morte seria um bem-vindo mensageiro e a sepultura um suave lugar de descanso. T1 74 1 Não compreendia o perigo e pecado de tal procedimento, até que em visão fui levada à presença de Jesus. Ele me olhou com o semblante carregado, e desviou o rosto de mim. Não é possível descrever o terror e a agonia que então senti. Prostrei-me sobre o rosto diante dEle, mas não tinha ânimo para proferir uma palavra. Oh, quanto eu desejava ocultar-me e esconder-me daquela terrível expressão sombria! Pude compreender então até certo ponto quais serão os sentimentos dos perdidos, quando clamarem às montanhas e às rochas: "Caí sobre nós, e escondei-nos da face dAquele que está assentado no trono, e da ira do Cordeiro." Apocalipse 6:16. T1 74 2 Imediatamente um anjo me mandou levantar, e o quadro que meus olhos viram dificilmente poderá ser descrito. Diante de mim havia uma multidão de cabelos desgrenhados e vestes despedaçadas, e cujo rosto era a própria expressão do desespero e terror. Achegaram-se a mim, e roçaram suas vestes nas minhas. Quando olhei às minhas vestes, vi que estavam manchadas de sangue. De novo caí como morta aos pés do meu anjo assistente. Não podia alegar uma desculpa, e desejava estar fora daquele santo lugar. O anjo me pôs de pé, e disse: "Este não é o seu estado agora; mas esta cena lhe foi apresentada para que você saiba qual será sua situação, se negligenciar declarar a outros o que o Senhor lhe revelou. Mas se for fiel até o fim, você comerá da árvore da vida, e beberá da água da vida. Você terá de sofrer muito, mas a graça de Deus lhe basta." Então me senti disposta a fazer tudo que o Senhor exigisse de mim a fim de obter Sua aprovação, e não contemplar Sua terrível expressão de desagrado. ------------------------Capítulo 11 -- Casamento e trabalhos posteriores T1 75 1 Em 30 de Agosto de 1846 uni-me em casamento com o Pastor Tiago White. O Pastor White adquirira profunda experiência no movimento do advento, e seus trabalhos na proclamação da verdade tinham sido abençoados por Deus. Nossos corações uniram-se na grande obra e, juntos, viajamos e trabalhamos pela salvação de seres humanos. T1 75 2 Principiamos nossas atividades sem dinheiro, com poucos amigos e a saúde enfraquecida. Meu marido herdara uma constituição física vigorosa, mas sua saúde havia sido seriamente prejudicada por extrema dedicação ao estudo na escola, e às pregações. Eu tivera problemas de saúde desde a infância, como já relatei. Nessa condição, sem recursos, podendo contar com poucos simpatizantes de nosso trabalho, sem revistas e livros, iniciamos nossa obra. Não possuíamos casas de culto naquele tempo. E a idéia de usar uma tenda ainda não nos havia ocorrido. A maior parte de nossas reuniões era realizada em casas particulares. Nossas congregações eram pequenas. Raramente alguém vinha a nossas reuniões, excetuando-se os adventistas, a menos que fossem atraídos pela curiosidade de ouvir uma mulher falar. T1 75 3 No início, progredi muito lentamente no trabalho de falar em público. Se estivesse confiante, isso me vinha pelo Espírito Santo. Se falasse com liberdade e poder, era por concessão divina. Nossas reuniões eram geralmente realizadas de maneira tal que ambos tomávamos parte. Meu marido fazia um sermão doutrinário, então eu o seguia com uma exortação de certa extensão, buscando penetrar os sentimentos da congregação. Assim, meu marido semeava a semente da verdade, eu regava e Deus dava o crescimento. T1 75 4 No outono de 1846, começamos a observar o sábado bíblico, a ensiná-lo e defendê-lo. Minha atenção para o sábado foi primeiramente chamada enquanto eu estava em visita a New Bedford, Massachusetts, no início desse mesmo ano. Ali conheci o Pastor José Bates. Ele havia a princípio abraçado a fé do advento, e era trabalhador ativo na Causa. O Pastor Bates guardava o sábado, e salientava a sua importância. Eu não compreendia sua importância, e achava que ele errava em ocupar-se com o quarto mandamento mais do que com os outros nove. O Senhor, porém, me deu uma visão do santuário celestial, em que o templo de Deus foi aberto no Céu, e foi-me mostrada a arca de Deus coberta com o propiciatório. Em cada extremidade da arca havia um anjo com as asas estendidas sobre o propiciatório e a face voltada para ele. Isso, informou-me o meu anjo assistente, representava todo o exército celestial olhando com reverente temor para a lei divina, que foi escrita com o dedo de Deus. Jesus levantou a cobertura da arca, e contemplei as tábuas de pedra em que os Dez Mandamentos estavam escritos. Fiquei atemorizada quando vi o quarto mandamento bem no centro dos dez preceitos, com uma suave auréola de luz rodeando-o. Disse o anjo: "É o único dos dez que define o Deus vivo que criou os céus e a terra e todas as coisas que neles há." Quando foram postos os fundamentos da Terra, também foi posto o fundamento do sábado. T1 76 1 Foi-me mostrado que se o verdadeiro sábado houvesse sido guardado, jamais teria havido um incrédulo ou ateu. A observância do sábado teria preservado da idolatria o mundo. O quarto mandamento tem sido pisado a pés; por isso, somos chamados para reparar a brecha na lei de Deus e defender o sábado profanado. O homem do pecado, que se exalta acima de Deus, e pensou mudar os tempos e a lei, efetuou a mudança do sábado, do sétimo para o primeiro dia da semana. Fazendo isso, criou uma brecha na lei de Deus. Precisamente antes do grande dia de Deus, é enviada uma mensagem para exortar o povo a voltar à obediência à lei de Deus, quebrantada pelo anticristo. Por preceito e exemplo devemos chamar a atenção para a brecha feita na lei. Foi mostrado que o terceiro anjo, que proclama os mandamentos e a fé de Jesus (Apocalipse 14:9-14), representa o povo que recebe essa mensagem, e ergue a voz de advertência ao mundo para que guarde os mandamentos de Deus e a Sua lei como a menina dos olhos; e em resposta a esta advertência muitos abraçariam o sábado do Senhor. T1 77 1 Quando recebemos a luz sobre o quarto mandamento, já havia cerca de vinte e cinco adventistas no Maine que observavam o sábado; mas divergiam tanto sobre outros pontos de doutrina, e estavam tão espalhados que sua influência era muito pequena. Houve mais ou menos o mesmo número e em condições similares, em outras partes da Nova Inglaterra. Parecia ser nosso dever visitá-los com mais freqüência em seus lares, e fortalecê-los no Senhor e em Sua verdade, e, como estivessem muito dispersos, era-nos necessário permanecer na estrada a maior parte do tempo. Por falta de recursos, tomávamos os transportes particulares mais baratos, e viajávamos em vagões de segunda classe ou no convés inferior dos navios. Por causa de minha condição debilitada, procurava viajar por meios de transportes particulares mais cômodos. Quando em vagões de segunda classe, éramos geralmente envolvidos pela fumaça dos cigarros, cujo efeito me fazia desmaiar com freqüência. Quando em navios, no convés inferior, sofríamos os mesmos efeitos do fumo, além do praguejar e da conversação vulgar da tripulação e dos viajantes de camada social inferior. À noite, dormíamos sobre assoalhos duros, caixotes de mantimentos ou sacos de cereais, com malas de viagem como travesseiros, e sobretudos e xales como cobertas. Quando sofrendo os rigores do inverno, andávamos pelo convés para manter-nos aquecidos. Quando sob o calor do verão, íamos ao convés superior para usufruir do fresco ar noturno. Tudo isso me era muito cansativo, especialmente quando viajava com uma criança nos braços. Esse modo de vida não era, de forma alguma, de nossa escolha. Deus chamou-nos em nossa pobreza e conduziu-nos através da fornalha da aflição, para dar-nos uma experiência que nos seria de grande valor, e para que fôssemos um exemplo àqueles que posteriormente se uniriam a nós no trabalho. T1 78 1 Nosso Mestre foi um homem de dores; estava familiarizado com o sofrimento. E aqueles que sofrem com Ele, também com Ele reinarão. Quando o Senhor apareceu a Saulo, por ocasião de sua conversão, não procurou mostrar-lhe as boas coisas que poderia desfrutar, mas quanto importava sofrer pelo Seu nome. Sofrimento tem sido a porção do povo de Deus desde os dias do mártir Abel. Os patriarcas sofreram por serem verdadeiros a Deus e obedientes aos Seus mandamentos. O grande Líder da igreja sofreu por nossa causa; Seus primeiros apóstolos e a igreja primitiva sofreram; milhões de mártires padeceram; os reformadores também. E por que deveríamos nós, que temos a bendita esperança da imortalidade, a se consumar na breve volta de Cristo, recuarmos de uma vida de sofrimento? Fosse possível alcançar a árvore da vida no meio do Paraíso de Deus sem sofrimento, não fruiríamos com tanto gosto a rica recompensa pela qual não houvéssemos sofrido. Fugiríamos da glória; ficaríamos envergonhados na presença daqueles que combateram o bom combate, correram a carreira com paciência e lançaram mão da vida eterna. Mas, ninguém estará ali se, como Moisés, não escolher sofrer aflição com o povo de Deus. O profeta João viu uma multidão de redimidos, e um ancião perguntou quem eram. A imediata resposta foi: "Estes são os que vieram de grande tribulação, lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro." Apocalipse 7:14. T1 78 2 Quando começamos a apresentar a luz sobre a questão do sábado, não tínhamos uma idéia bem definida da mensagem do terceiro anjo de Apocalipse 14:9-12. O peso de nosso testemunho enquanto nos achávamos perante o povo era que o grande movimento da volta de Cristo era procedente de Deus; que a primeira e a segunda mensagens haviam sido pregadas e que a terceira devia ser proclamada. Vimos que a terceira mensagem se encerrava com estas palavras: "Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus." Apocalipse 14:12. E percebemos com a mesma clareza de agora, que essas palavras proféticas sugeriam a reforma do sábado; mas o que a adoração da besta mencionada na mensagem, ou sobre o que seriam a imagem e o sinal da besta, não tínhamos posição definida. T1 79 1 Por Seu Santo Espírito, Deus verteu luz sobre Seus servos, e o assunto foi-lhes pouco a pouco aberto à mente. Sua pesquisa exigiu muito estudo e ansiosa atenção, ponto por ponto. Por meio de cuidados, ansiedade e incessante empenho o trabalho progrediu, até as grandes verdades de nossa mensagem, num claro, completo e consolidado todo, serem transmitidas ao mundo. T1 79 2 Já tive a oportunidade de mencionar sobre como conheci o Pastor Bates. Descobri ser ele um verdadeiro cavalheiro cristão, polido e bondoso. Tratou-me com tanta ternura como se eu fosse sua própria filha. A primeira vez que me ouviu falar, demonstrou profundo interesse. Depois que parei de falar, levantou-se e disse: "Sou como o duvidoso Tomé. Não creio em visões. Se, porém, pudesse crer que o testemunho que a irmã deu esta noite é, realmente, a voz de Deus para nós, seria o mais feliz dos homens. Meu coração está profundamente comovido. Creio que a oradora é sincera, mas não consigo entender como lhe foram mostradas as coisas maravilhosas que ela nos relatou." T1 79 3 Poucos meses após meu casamento, assisti com meu esposo a uma assembléia em Topsham, Maine, na qual o Pastor Bates estava presente. Ele não cria então inteiramente que minhas visões provinham de Deus. Aquela reunião foi uma ocasião de muito interesse. O Espírito de Deus repousou sobre mim; tive uma visão da glória de Deus e, pela primeira vez, me foram mostrados outros planetas. Depois que voltei da visão, relatei o que vira. O Pastor Bates perguntou então se eu havia estudado astronomia. Disse-lhe que não tinha lembrança de já haver contemplado um livro de astronomia. Volveu ele, então: "Isto é do Senhor." Eu nunca o vira tão espontâneo e feliz. Seu rosto resplandeceu com a luz do Céu, e ele exortou a igreja com poder. T1 80 1 Da reunião voltei com meu marido a Gorham, onde então moravam meus pais. Caí muito doente, e sofri extremamente. Meus pais, marido e irmãs uniram-se em oração por mim, mas continuei a sofrer por três semanas. Freqüentemente desfalecia como morta, mas em resposta à oração me reanimava. Minha angústia era tão grande que eu rogava àqueles que me rodeavam que não orassem por mim, pois pensava que suas orações me estivessem prolongando os sofrimentos. Nossos vizinhos, já sem esperanças, abandonaram-me para morrer. Durante algum tempo, aprouve ao Senhor nos provar a fé. Por fim, quando meus amigos se reuniram para orar por mim, um irmão que estava presente e parecia muito sobrecarregado, e com o poder de Deus repousando sobre ele, levantou-se, atravessou o quarto, pôs as mãos sobre minha cabeça, dizendo: "Irmã Ellen, Jesus Cristo lhe dá saúde", e caiu para trás, prostrado pelo poder de Deus. Acreditei que aquilo era de Deus, e a dor deixou-me. Meu coração encheu-se de gratidão e paz. A linguagem de meu coração era: "Não há auxílio para nós senão em Deus. Podemos estar em paz unicamente quando descansamos nEle e esperamos Sua salvação." T1 80 2 No dia seguinte houve uma forte tempestade, e nenhum de nossos vizinhos pôde vir à nossa casa. Levantei-me e fui até a sala de estar; e como alguns viram abertas as janelas de meu quarto, acharam que eu havia morrido. Eles não sabiam que o Grande Médico esteve graciosamente em casa, repreendeu a enfermidade e me curou. No dia seguinte, viajamos sessenta quilômetros até Topsham. Os vizinhos perguntaram a papai a que horas seria o funeral. Meu pai perguntou: "Que funeral"? "O de sua filha", foi a resposta. Meu pai replicou: "Ela foi curada pela oração da fé e está a caminho de Topsham." T1 80 3 Poucas semanas depois, em viagem para Boston, embarcamos num navio em Portland. Uma violenta tempestade desabou sobre o navio e ficamos em grande perigo. A embarcação era terrivelmente sacudida e as ondas se chocavam contra as janelas das cabinas. Havia grande temor nos camarotes das senhoras. Muitas confessavam seus pecados e clamavam a Deus por misericórdia. Algumas pediam à Virgem Maria que as guardasse, enquanto outras faziam solenes votos a Deus, prometendo que se alcançassem a terra dedicariam a vida a Seu serviço. Tudo era terror e confusão. Enquanto o barco se agitava, uma senhora perguntou-me: "Você não está aterrorizada? Suponho que não chegaremos à terra." Disse-lhe que fizera de Cristo meu refúgio; e, se meu trabalho estava concluído, eu poderia jazer tanto no fundo do oceano quanto em qualquer outro lugar; se meu trabalho, porém, não estava terminado, todas as águas do oceano não poderiam afogar-me. Minha confiança estava em Deus. Se fosse para Sua glória, Ele nos faria aportar em segurança. T1 81 1 Nesse instante pude avaliar a esperança do cristão. A cena diante de mim trouxe-me vividamente ao espírito o dia da ira do Senhor, quando a tempestade de Sua ira se abater sobre o pobre pecador. Haverá então amargas lágrimas e clamores, confissão de pecados, súplicas por misericórdia, mas será tarde demais. "Porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a Minha mão, e não houve quem desse atenção; antes, rejeitastes todo o Meu conselho e não quisestes a Minha repreensão; também Eu Me rirei na vossa perdição e zombarei, vindo o vosso temor." Provérbios 1:24-26. T1 81 2 Pela misericórdia de Deus, todos desembarcamos sãos e salvos. Alguns dos passageiros, porém, que haviam demonstrado tanto pavor durante a tormenta, agora nem a mencionavam, a não ser para fazer troça de seus temores. Uma senhora que solenemente prometera tornar-se cristã, caso fosse preservada, exclamou zombeteiramente ao deixar o barco: "Glória a Deus! Estou feliz por pisar novamente em terra firme." Pedi-lhe que voltasse algumas horas no tempo e se lembrasse de seus votos a Deus. Ela, porém, evitou-me com um sorriso sarcástico. T1 81 3 Veio-me claramente à memória a questão do arrependimento de última hora. Alguns vivem para servirem a si mesmos e a Satanás, e então, quando lhes sobrevêm doenças ou enfrentam terríveis incertezas, demonstram alguma tristeza pelo pecado, e talvez digam que estão preparados para morrer. Seus amigos são persuadidos a crer que eles se converteram genuinamente, estando portanto qualificados para o Céu. Mas, se eles se recuperassem, continuariam a ser tão rebeldes como antes. Lembrei-me de Provérbios: "Vindo como assolação o vosso temor, e vindo a vossa perdição como tormenta, sobrevindo-vos aperto e angústia. Então a Mim clamarão, mas Eu não responderei; de madrugada Me buscarão, mas não Me acharão." Provérbios 1:27, 28. T1 82 1 Em Gorham, Maine, em 26 de Agosto de 1847, nasceu nosso filho mais velho, Henrique Nichols White. Em Outubro, o irmão e irmã Howland, de Topsham, amavelmente nos ofereceram uma parte de sua casa, que alegremente aceitamos e demos início às ocupações domésticas com mobília emprestada. Éramos pobres, e passamos por tempos apertados. Tínhamos resolvido não depender de ninguém, mas sustentar-nos a nós mesmos, e ter algo com que auxiliar outros. Mas não prosperávamos. Meu marido trabalhava muito arduamente transportando pedra na estrada de ferro, mas não ganhava o que lhe era devido por seu esforço. O irmão e irmã Howland liberalmente dividiam conosco sempre que podiam; mas eles também se encontravam em circunstâncias prementes. Criam amplamente na primeira e segunda mensagens, e haviam generosamente concedido de seus recursos para fazer avançar a obra, até que ficaram a depender de seu trabalho cotidiano. T1 82 2 Meu marido deixou de transportar pedra, e com seu machado foi à mata para rachar lenha. Com uma dor contínua no lado, trabalhava desde a madrugada até ao escurecer para ganhar cerca de cinqüenta centavos de dólar por dia. A dor severa o impedia de dormir à noite. Nós nos esforçávamos por conservar bom ânimo, e confiar no Senhor. Eu não murmurava. Pela manhã sentia-me grata a Deus por nos haver guardado mais uma noite, e à noite sentia-me agradecida por ter-nos guardado mais um dia. Certo dia em que se haviam acabado as nossas provisões, meu marido foi ao seu patrão para obter dinheiro ou provisões. Era um dia tempestuoso, e ele andou quase cinco quilômetros sob a chuva, tanto na ida quanto na volta. Trouxe para casa às costas um saco de provisões amarrado em várias porções, havendo desta maneira atravessado a aldeia de Brunswick, onde muitas vezes ele realizara conferências. Ao entrar ele em casa, muito cansado, meu coração desfaleceu dentro de mim. Minha primeira impressão foi que Deus nos havia abandonado. Disse ao meu marido: "Chegamos a este ponto? Deixou-nos o Senhor?" Não pude conter as lágrimas, e chorei amargamente durante horas, até que desmaiei. Fez-se oração em meu favor. Logo senti a influência animadora do Espírito de Deus, e lamentei que tivesse sucumbido ao desânimo. Desejamos seguir a Cristo e ser semelhantes a Ele; mas algumas vezes desfalecemos sob provações, e ficamos distantes dEle. Os sofrimentos e as provações aproximam-nos de Jesus. A fornalha consome a escória e dá brilho ao ouro. T1 83 1 Foi-me mostrado nessa ocasião que o Senhor estivera a provar-nos para o nosso bem, e para preparar-nos a fim de trabalhar pelos outros; que Ele nos estivera agitando o ninho para que não acontecesse ficarmos ali muito bem acomodados. Nossa obra consistia em trabalhar pelas pessoas; se prosperássemos materialmente, o lar se tornaria tão agradável que não teríamos desejo de o deixar. Deus permitiu que nos sobreviessem provações a fim de que estas nos preparassem para as lutas ainda maiores que encontraríamos em nossas viagens. Logo recebemos cartas dos irmãos de vários Estados, convidando-nos para visitá-los; não tínhamos, porém, meios para sair de nosso Estado. Nossa resposta foi que o caminho não estava aberto diante de nós. Eu achava que me seria impossível viajar com nosso filhinho. Não desejávamos depender de ninguém, e tínhamos o cuidado de viver dentro de nossos recursos. Estávamos resolvidos a sofrer, de preferência a contrair dívidas. Eu só usava cerca de meio litro de leite para mim e meu filho, cada dia. Certa manhã, antes de sair para o trabalho, meu marido deixou-me nove centavos para comprar leite durante três dias. Foi-me difícil decidir se devia comprar leite para mim e o bebê ou um casaquinho para ele. Desisti da idéia do leite e comprei o tecido para fazer um casaquinho que cobrisse os bracinhos nus de meu filho. T1 84 1 O pequenino Henrique logo caiu muito doente, e piorou tão depressa que ficamos bastante apreensivos. Estava em estado de torpor, com a respiração rápida e pesada. Demos-lhe remédios, mas sem resultados. Chamamos uma pessoa com prática de doença, a qual disse que seu restabelecimento era duvidoso. Tínhamos orado por ele, mas não houve mudança. Havíamos feito da criança uma desculpa para não viajar e trabalhar pelo bem de outros, e receávamos que o Senhor estivesse para tirá-lo de nós. De novo fomos perante o Senhor, orando para que tivesse compaixão de nós e poupasse a vida da criança, e comprometendo-nos solenemente a sair confiando em Deus, para onde quer que Ele nos mandasse. T1 84 2 Nossas orações eram fervorosas e aflitas. Reclamávamos pela fé as promessas de Deus, e cremos que Ele ouviu os nossos clamores. A luz do Céu rompeu as nuvens e resplandeceu sobre nós. Nossas orações foram misericordiosamente ouvidas. Desde aquela hora a criança começou a restabelecer-se. T1 84 3 Estando nós em Topsham, recebemos uma carta do irmão Chamberlain, de Connecticut, insistindo conosco para assistirmos a uma assembléia naquele Estado, em Abril de 1848. Decidimos que iríamos, se pudéssemos conseguir os meios. Meu marido ajustou contas com seu patrão, verificando que tinha dez dólares a receber. Com cinco desses comprei roupa, de que estávamos muito necessitados, e então remendei o casaco de meu marido, remendando mesmo os remendos, a tal ponto que era difícil dizer qual era o pano original das mangas. Tínhamos de resto cinco dólares, com que faríamos a viagem até Dorchester, Massachusetts. Nossa mala continha quase tudo que possuíamos na Terra; sentíamos, porém, paz de espírito e consciência limpa, e apreciávamos isso mais do que os confortos terrestres. Em Dorchester, fomos visitar o irmão Nichols e, ao sairmos dali, a irmã Nichols entregou a meu marido cinco dólares, com que custeamos nossa passagem para Middletown, Connecticut. Éramos estranhos naquela cidade, pois nunca tínhamos visto qualquer irmão de Connecticut. De nosso dinheiro não restavam senão cinqüenta centavos de dólar. Meu marido não se atreveu a gastá-los numa corrida de carruagem, de modo que pôs a nossa mala sobre uma pilha alta de tábuas em um terreno próximo em que se guardavam madeiras, e fomos a pé à procura de alguém que tivesse a mesma crença que nós. Logo encontramos o irmão Chamberlain, que nos recebeu em sua casa. T1 85 1 A reunião teve lugar em Rocky Hill, e realizou-se num aposento grande e inacabado da casa do irmão Belden. Os irmãos foram chegando até completarmos cinqüenta ouvintes, mas nem todos estavam plenamente fortalecidos na verdade. Nosso encontro foi interessante. O irmão Bates apresentou os mandamentos de Deus sob uma luz muito clara, e sua importância foi enfatizada através de poderosos testemunhos. A palavra teve como resultado firmar os que já haviam aceito a verdade, e despertar os que ainda não se haviam decidido. T1 85 2 Fomos convidados a visitar os irmãos no Estado de Nova Iorque no próximo verão. Os crentes eram pobres e não podiam prometer muito para custear nossas despesas. Não tínhamos meios com que viajar. A saúde de meu marido era precária, mas apresentou-se-lhe a oportunidade para trabalhar no corte de feno, e decidiu aceitar o trabalho. Pareceu-nos então que deveríamos viver pela fé. Quando nos levantávamos pela manhã, prostrávamo-nos ao lado da cama, e rogávamos a Deus que nos desse forças para trabalhar durante o dia, e não ficávamos satisfeitos a menos que tivéssemos certeza de que o Senhor ouvira nossas orações. Meu marido saía então para manejar a foice, não em sua própria força, mas na força do Senhor. À noite, quando voltava para casa, novamente rogávamos a Deus forças com que ganhar recursos a fim de disseminar a verdade. Éramos freqüentemente abençoados. Numa carta enviada ao irmão Howland, datada de Julho de 1848, meu marido escreveu: "Deus me concede forças para trabalhar arduamente o dia todo. Louvado seja o Seu nome! Espero ganhar alguns dólares para usá-los em Sua obra. Temos padecido com o trabalho e sofrido fadiga, dor, fome, frio e calor, enquanto nos esforçamos pelo bem de nossos irmãos e irmãs. Estamos prontos a sofrer mais, se assim a vontade de Deus dispuser. Regozijo-me porque o bem-estar, o prazer e os confortos desta vida já foram oferecidos em sacrifício no altar da fé e da esperança. Se nossa felicidade consiste em tornar os outros felizes, então somos realmente felizes. O verdadeiro discípulo não viverá para satisfazer o eu, mas para Cristo e para o bem dos Seus pequeninos. Ele está pronto a sacrificar sua comodidade, prazer, conforto, conveniência, vontade e desejos egoístas, pela causa de Cristo, ou nunca reinará com Ele em Seu trono." T1 86 1 Os recursos conseguidos no campo de feno foram suficientes para suprir nossas necessidades imediatas, e cobrir nossas despesas de ida e de volta à região ocidental de Nova Iorque. T1 86 2 Nossa primeira reunião em Nova Iorque teve lugar em Volney, no celeiro de um irmão. Cerca de 35 pessoas estavam presentes -- todos os que, naquele Estado, tinham condições de vir. Desses, contudo, dificilmente haveria dois que estivessem de acordo entre si. Alguns nutriam e defendiam erros graves, cada qual justificando arduamente seus próprios pontos de vista, e declarando estarem eles de acordo com a Bíblia. T1 86 3 Essas estranhas diferenças de opinião traziam-me grande peso ao coração, pois me parecia que Deus estava sendo desonrado; e desmaiei sob aquele fardo. Alguns recearam que eu estivesse morrendo, mas o Senhor ouviu as orações de Seus servos e restabeleceu-me. A luz do Céu repousou sobre mim e logo perdi a noção das coisas terrestres. Meu anjo assistente apresentou diante de mim alguns dos erros dos presentes, e também a verdade em contraste com seus erros. Essas opiniões contraditórias que eles diziam estar de acordo com a Bíblia, estavam tão-somente de acordo com seu modo pessoal de interpretar a Bíblia. Eles deviam submeter seus erros e unir-se em torno da terceira mensagem angélica. Nosso encontro encerrou-se triunfalmente. A verdade obteve a vitória. Os irmãos abandonaram seus erros e se uniram sob a terceira mensagem angélica. Deus os abençoou grandemente e aumentou seu número. T1 86 4 De Volney fomos a Port Gibson para assistir a uma reunião realizada no celeiro do irmão Edson. Havia entre os presentes aqueles que amavam a verdade, mas estavam ouvindo e acalentando erros. O Senhor atuou poderosamente em nosso favor antes do encerramento daquele encontro. Novamente me foi revelada em visão a importância dos irmãos do oeste de Nova Iorque porem de lado suas diferenças e se unirem sob a verdade bíblica. T1 86 5 Voltamos para Middletown, onde havíamos deixado nosso filho durante a viagem para o Oeste. Agora era-nos apresentado um doloroso dever. Pelo bem das pessoas, sentimos que precisávamos sacrificar a convivência com nosso pequeno Henrique, para poder entregar-nos sem reservas ao trabalho. Minha saúde era debilitada e ele certamente ocuparia grande parte do meu tempo. Essa foi uma prova dificílima, mas não ousei permitir que meu filho se interpusesse no caminho do dever. Eu cria que o Senhor poupara sua vida quando esteve gravemente enfermo e que, se eu consentisse que ele me estorvasse no cumprimento de meu dever, Deus o tiraria de mim. Sozinha diante do Senhor, com os mais penosos sentimentos e muitas lágrimas, fiz o sacrifício e entreguei meu único filho, então com cerca de um ano de idade, para que outra lhe manifestasse os sentimentos maternos e agisse como sua mãe. Nós o deixamos com a família do irmão Howland, em quem depositávamos extrema confiança. Eles estavam dispostos a assumir essa responsabilidade, a fim de deixar-nos tão livres quanto possível para trabalhar na causa de Deus. Sabíamos que podiam cuidar melhor de Henrique do que nós poderíamos enquanto em viagem, e que era para seu bem-estar ter um lar permanente e uma boa disciplina. Foi-me penoso partir sem meu filho. Seu rostinho triste no dia em que o deixei, estava dia e noite diante de mim, contudo, na força do Senhor, consegui retirá-lo de minha mente e procurar fazer o bem a outros. A família Howland cuidou de Henrique durante cinco anos. ------------------------Capítulo 12 -- Publicando e viajando T1 87 1 Em Junho de 1849, abriu-se-nos o caminho para instalarmos temporariamente nosso lar em Rocky Hill, Connecticut. Ali nasceu, em 28 de Julho, nosso segundo filho, Tiago Edson. T1 87 2 Enquanto morávamos nesse lugar, meu esposo ficou profundamente convencido de que chegara o tempo de ele escrever e publicar a verdade presente. Decidindo-se a fazer isso, sentiu-se grandemente animado e abençoado. De novo, porém, iria ficar em dúvida e perplexidade, visto estar sem dinheiro. Havia irmãos que tinham meios; mas estes preferiram guardá-los. Finalmente desistiu, desanimado; e decidiu-se a procurar um campo de feno para contratar a colheita. Quando ele saiu de casa, senti afligir-me um grande peso, e desmaiei. Fizeram-se orações por mim, e Deus me abençoou, arrebatando-me em visão. Vi que o Senhor abençoara e fortalecera meu esposo para trabalhar no campo um ano antes; que ele fizera emprego correto dos recursos ganhos ali; e teria cem vezes mais nesta vida e, se fosse fiel, uma preciosa recompensa no reino de Deus; mas que o Senhor não lhe daria agora forças para trabalhar no campo, pois Ele lhe destinava outro trabalho; que ele deveria andar pela fé, e escrever e publicar a verdade presente. Imediatamente começou a escrever, e quando chegava a alguma passagem difícil, uníamo-nos em oração a Deus, rogando a compreensão do verdadeiro sentido de Sua palavra. T1 88 1 Cerca da mesma época, ele começou a publicar um pequeno folheto intitulado The Present Truth (A Verdade Presente). O escritório de publicações ficava em Middletown, cerca de treze quilômetros distante de Rocky Hill, e ele andava essa distância, ida e volta, embora manquejasse. Quando ele trouxe o primeiro número da gráfica, nós nos ajoelhamos ao redor dos periódicos, pedindo ao Senhor, com coração humilde e muitas lágrimas, que abençoasse os débeis esforços de Seu servo. Então endereçou os periódicos àqueles que ele supunha iriam lê-los, e levou-os ao correio em uma maleta. Cada edição era levada de Middletown para Rocky Hill, e sempre antes de prepará-los para o correio os expúnhamos diante do Senhor e com fervorosas orações e lágrimas, rogávamos Sua bênção sobre os silenciosos mensageiros. Logo chegavam cartas com meios para publicar o periódico, e as boas novas de muitas pessoas aceitando a verdade. T1 88 2 Com o início desta obra de publicação, não cessamos nossos esforços de pregar a verdade, mas viajamos de um lugar para outro, proclamando as doutrinas que nos haviam trazido tão grande luz e alegria, animando os crentes, corrigindo erros e pondo as coisas em ordem na igreja. No intuito de levar avante o empreendimento das publicações, e ao mesmo tempo continuar nossa atividade nas várias partes do campo, o periódico, de tempos a tempos, era transferido de um lugar para outro. T1 89 1 Em 1850, o periódico foi publicado em Paris, Maine. Ali foi aumentado o formato e seu nome mudado para: Advent Review and Sabbath Herald (Revista do Advento e Arauto do Sábado). Os amigos da causa eram poucos e pobres em bens deste mundo e fomos ainda obrigados a lutar com a pobreza e grande desânimo. Trabalho excessivo, cuidados, ansiedades, falta de alimento próprio e nutriente, exposição ao frio em nossas longas viagens de inverno, tudo isso foi demais para meu marido, e ele cedeu ao peso desse fardo. Ficou tão fraco que dificilmente podia andar para a gráfica. Nossa fé foi provada ao extremo. Tínhamos voluntariamente suportado privações, trabalhos, sofrimentos; mas, não obstante nossos intuitos eram mal interpretados, e éramos olhados com desconfiança e inveja. Poucos daqueles por cujo bem havíamos sofrido, pareciam apreciar nossos esforços. Estávamos por demais perturbados para poder dormir ou repousar. As horas em que deveríamos ser refeitos pelo sono eram freqüentemente empregadas em responder a longa correspondência motivada pela inveja. Muitas horas, enquanto outros dormiam, passamos em prantos angustiosos e lamentações perante o Senhor. Finalmente disse meu marido: "Minha esposa, não vale a pena tentar lutar por mais tempo. Essas coisas estão me oprimindo demasiadamente, e logo me levarão ao túmulo. Não posso prosseguir. Escrevi uma nota para o periódico, em que declaro que não o publicarei mais." Quando ele saiu da sala para levar a nota à gráfica, eu desmaiei. Ele voltou e orou por mim. Sua oração foi atendida e fiquei aliviada. T1 89 2 Na manhã seguinte, durante o culto doméstico, caí em visão e fui instruída a respeito do assunto. Vi que meu marido não devia abandonar o periódico, pois Satanás estava experimentando impeli-lo a dar exatamente esse passo, e estava atuando por meio de seus agentes para tal fim. Foi-me mostrado que deveríamos continuar a publicar, e o Senhor nos ampararia. Que aqueles que eram culpados de lançar sobre nós tais acusações, deveriam ver o alcance de sua cruel atitude e confessar sua injustiça, ou o desagrado de Deus estaria sobre eles; que não era simplesmente contra nós que eles haviam falado e agido, mas contra Aquele que nos havia chamado para ocupar o lugar que Ele desejava; e que todas as suas suspeitas, ciúmes e secreta influência estavam fielmente registradas no Céu, as quais não seriam riscadas até que cada um visse a extensão de sua errônea conduta e a corrigisse. T1 90 1 O segundo volume da Review foi publicado em Saratoga Springs, Nova Iorque. Em Abril de 1852, mudamo-nos para Rochester, Nova Iorque. A cada passo éramos obrigados a avançar pela fé. Sentíamo-nos tolhidos pela pobreza, e compelidos a exercer a mais rígida economia e abnegação. Farei um breve resumo de uma carta à família do irmão Howland, datada de 16 de Abril de 1852. "Acabamos de estabelecer-nos em Rochester. Alugamos uma casa velha por cento e setenta e cinco dólares por ano. Temos o prelo na casa. Se não fosse isso, teríamos de pagar cinqüenta dólares anualmente por uma sala para a redação. Haveríeis de rir se nos vísseis e a nossa mobília. Compramos duas velhas armações de cama por vinte e cinco centavos de dólar cada. Meu marido trouxe para casa seis cadeiras velhas, dentre as quais não se acham duas iguais, pagando pelas mesmas um dólar. Logo presenteou-me com mais quatro cadeiras velhas sem assento, que lhe custaram sessenta e dois centavos de dólar. A armação era forte e fiz para elas assentos de lona. Manteiga é coisa tão cara que não a compramos, tampouco podemos nos abastecer de batatas. Usamos molho em lugar de manteiga, e nabos em vez de batatas. Nossas primeiras refeições foram tomadas numa tábua colocada sobre duas barricas vazias, de farinha. Estamos dispostos a suportar privações para que a obra de Deus possa avançar. Cremos que a mão do Senhor esteve sobre nós ao virmos para este lugar. Há um vasto campo para o trabalho, e os obreiros são poucos. Sábado passado, nossa reunião foi excelente. O Senhor nos confortou com Sua presença." T1 91 1 De tempos em tempos fazíamos conferências em diferentes partes do campo. Meu marido pregava, vendia livros e trabalhava para ampliar a circulação do periódico. Viajávamos em transporte particular e ao meio-dia parávamos ao lado da estrada para alimentar nosso cavalo e almoçar. Então, apanhando papel e lápis, meu marido escrevia artigos para a Review e a Instructor, sobre a tampa de nossa caixa de alimentos ou a copa de seu chapéu. O Senhor abençoou grandemente nossos trabalhos e a verdade atingiu a muitos corações. T1 91 2 No verão de 1853, fizemos nossa primeira viagem ao Estado de Michigan. Após a publicação de nossos apontamentos, meu marido ficou doente com febre. Unimo-nos em oração por ele, mas, embora tenha melhorado, ainda permanecia muito fraco. Estávamos em grande perplexidade. Deveríamos ser afastados do trabalho por enfermidades físicas? Seria permitido a Satanás exercer seu poder sobre nós e atentar contra nossa utilidade e vida, enquanto permanecêssemos neste mundo? Sabíamos que Deus podia limitar o poder de Satanás. Ele podia permitir que fôssemos provados na fornalha, mas nos traria dela purificados e melhor preparados para Seu trabalho. T1 91 3 A sós derramei meu coração em súplica diante de Deus, para que Ele repreendesse a doença e fortalecesse meu marido, de modo que pudesse suportar a viagem. O caso era urgente e minha fé apoderou-se firmemente das promessas de Deus. Obtive então a evidência de que, se prosseguíssemos viagem para Michigan, o anjo de Deus iria conosco. Quando relatei a meu marido o que se passara em minha mente, ele disse ter tido as mesmas impressões. Decidimos prosseguir, confiando no Senhor. A cada quilômetro que viajávamos ele se sentia mais fortalecido. O Senhor o susteve. E enquanto ele pregava, eu tive certeza de que os anjos de Deus estavam a seu lado sustendo-o nesse trabalho. T1 92 1 Nessa viagem, a mente de meu marido esteve muito concentrada no assunto do espiritualismo, e logo após nosso retorno, dedicou-se a escrever um livro intitulado Signs of the Times (Sinais dos Tempos). Ele ainda estava fraco e pouco podia dormir, mas o Senhor era o seu amparo. Quando seu espírito se encontrava em estado de confusão e sofrimento, curvávamo-nos diante de Deus, e em nossa angústia a Ele clamávamos. Ele ouvia nossas orações fervorosas e muitas vezes abençoou a meu marido de modo que, com o espírito reanimado, prosseguia com o trabalho. Muitas vezes durante o dia íamos assim perante o Senhor em fervorosa oração. Aquele livro, ele não o escreveu em sua própria força. T1 92 2 No inverno e na primavera, eu sofria muito por causa de uma enfermidade cardíaca. Era-me difícil respirar enquanto deitada, e não podia dormir a menos que ficasse numa posição quase sentada. Minha respiração freqüentemente interrompia-se e eu desmaiava. Eu apresentava sobre a pálpebra de meu olho esquerdo, um tumor que parecia ser câncer. Esse tumor foi aumentando gradualmente durante mais de um ano, até tornar-se muito doloroso e afetar-me a visão. Quando lendo ou escrevendo, eu me via obrigada a por uma venda nesse olho. Temi que ele fosse consumido por um câncer. Lembrei-me dos dias e noites despendidos em ler provas tipográficas, que tinham forçado minha vista, e pensei: Se eu perder meu olho e minha vida, eles terão sido sacrificados pela causa de Deus. T1 92 3 Por esse tempo, um famoso médico que dava consultas gratuitas visitou Rochester, e eu decidi visitá-lo para que examinasse meu olho. Ele achou que o tumor era realmente um câncer. Mas, após tomar minha pulsação ele disse: "Você está muito doente e morrerá de apoplexia antes que o tumor se rompa. A senhora se encontra sob perigosa condição em virtude da doença cardíaca." Isso não me surpreendeu, pois estava ciente que sem um imediato alívio, deveria baixar à sepultura. Duas mulheres que também se consultaram, estavam sofrendo da mesma enfermidade. O médico disse que eu estava em mais perigosa condição do que qualquer uma delas, e que dentro de no máximo três semanas seria atacada de paralisia. Perguntei-lhe se ele achava que um tratamento poderia curar-me. Ele não me deu muita esperança. Usei os remédios que me prescreveu, mas sem qualquer resultado positivo. T1 93 1 Depois de quase três semanas, desmaiei e cai ao chão, permanecendo inconsciente por cerca de trinta e seis horas. Eu estava temerosa de não sobreviver, mas, em resposta às orações, reanimei-me. Uma semana mais tarde, sofri paralisia de meu lado esquerdo. Tinha uma estranha sensação de frio e entorpecimento em minha mente e dores fortes nas têmporas. Minha língua parecia pesada e amortecida; eu não podia falar claramente. O braço e todo o lado esquerdo estavam paralisados. Pensei estar morrendo e minha grande ansiedade era ter evidência, em meus sofrimentos, de que o Senhor me amava. Durante meses sofri dores contínuas no peito, e meu espírito ficava constantemente deprimido. Tentava servir a Deus, por princípio e sem emoções, mas agora ansiava pela salvação divina e em obter Sua bênção, apesar dos meus sofrimentos físicos. T1 93 2 Os irmãos e irmãs uniram-se em oração especial a meu favor. Meu anseio foi atendido; recebi a bênção de Deus e a certeza de que Ele me amava. A dor, porém, continuava e eu me sentia mais fraca a cada hora. Novamente os irmãos se reuniram para apresentar meu caso ao Senhor. Eu estava tão debilitada que não podia orar em voz audível. Minha aparência parecia abalar a fé dos que me cercavam. Então as promessas de Deus foram dispostas perante mim como nunca eu havia contemplado antes. Parecia-me que Satanás estava empenhado em arrancar-me do convívio de meu marido e filhos e lançar-me no túmulo, e estas perguntas me sobrevieram à mente: Pode você crer nas claras promessas de Deus? Pode você andar pela fé, a despeito das aparências? Minha fé reviveu. Sussurrei aos ouvidos de meu marido: "Eu creio que serei curada." Ele me respondeu: "Eu gostaria de crer assim também." Recolhi-me aquela noite sem nenhum alívio, mas repousando com firme confiança nas promessas de Deus. Não pude dormir, mas continuei minha silenciosa oração. Pouco antes do amanhecer adormeci. T1 94 1 Pela manhã, levantei-me completamente livre de dores. O peso sobre o coração se foi e eu estava muito feliz. Oh, que mudança! Eu tinha a impressão de que um anjo celestial me tocara enquanto eu dormia. Enchi-me de gratidão. O louvor a Deus estava em meus lábios. Despertei meu marido e contei-lhe a maravilhosa obra que o Senhor fizera em mim. A princípio ele não compreendeu muito bem o que lhe disse, mas quando me levantei, vesti-me e andei pela casa, ele pôde louvar a Deus juntamente comigo. Meu olho afetado estava livre de dor. Em poucos dias o tumor desapareceu e minha visão foi totalmente restaurada. A obra fora completa. T1 94 2 Voltei ao médico e, tão logo sentiu minha pulsação, disse: "Senhora, houve uma total mudança em seu organismo, porém, aquelas mulheres que me haviam consultado da última vez que a senhora esteve aqui, morreram. Declarei-lhe que não fora o medicamento prescrito que me curara, pois eu não o tomara. Após eu ter saído da sala de consulta, o médico disse a uma amiga minha: "O caso dela é um mistério. Eu não posso entendê-lo." T1 94 3 Logo visitamos novamente Michigan, e eu suportei longas e cansativas viagens em estradas atravancadas de toras e através de brejos lamacentos; minhas forças não declinaram. Sentimos que o Senhor desejava que visitássemos Wisconsin e providenciou para que tomássemos o trem em Jackson, às dez horas da noite. T1 94 4 Enquanto nos preparávamos para tomar o trem, sentimos sobre nós certa solenidade e resolvemos unir-nos em oração. Ao nos confiarmos a Deus, não pudemos refrear as lágrimas. Fomos à estação ferroviária com sentimentos de profunda solenidade. Embarcamos e fomos a um vagão no qual havia assentos com espaldares altos, esperando poder dormir um pouco aquela noite. O vagão estava lotado e passamos ao seguinte. Ali pudemos assentar-nos. Eu tenho por costume, quando viajo à noite, dispensar minha touca, mas não o fiz desta vez, porém, apanhei minha mala de viagem como que esperando por alguma coisa. Ambos conversamos sobre nossos sentimentos singulares. T1 95 1 O trem estava a uns cinco quilômetros de Jackson, quando seu movimento tornou-se violento, dando solavancos para trás e para diante, até que parou. Abri a janela e vi um vagão com uma das extremidades erguidas. Ouvi gemidos agonizantes e havia grande confusão. A locomotiva havia sido lançada fora dos trilhos. Mas o vagão em que nos encontrávamos permaneceu sobre a linha e afastado cerca de três metros e meio dos demais. O vagão de bagagens não foi muito danificado e nosso grande baú de livros ficou intacto. O vagão da segunda classe foi esmagado e os pedaços, juntamente com os passageiros, foram lançados em ambos os lados dos trilhos. Aquele vagão no qual tentamos conseguir assentos ficou muito danificado, e uma de suas extremidades transformou-se num montão de ruínas. O engate não se rompera, mas o vagão em que estávamos foi desprendido daquele em que estava ligado, como se um anjo o houvesse separado. Quatro pessoas morreram ou ficaram mortalmente feridas, e muitas se feriram gravemente. Sentimos que Deus enviou um anjo para preservar-nos a vida. T1 95 2 Voltamos para Jackson e no dia seguinte tomamos o trem para Wisconsin. Nossa visita àquele Estado foi uma bênção de Deus. Pessoas se converteram como resultado de nossos esforços. O Senhor me deu forças para suportar a tediosa viagem. T1 95 3 Em 29 de Agosto de 1854, outra responsabilidade foi acrescentada à nossa família com o nascimento de Guilherme. Por essa ocasião recebemos o primeiro número de um falso periódico intitulado The Messenger of Truth (O Mensageiro da Verdade). Aqueles que nos caluniavam por meio dessa publicação, tinham sido reprovados por suas faltas e erros. Não quiseram suportar a reprovação e, a princípio de maneira secreta e depois mais abertamente, empregavam sua influência contra nós. Podíamos suportar isso, mas alguns desses que haviam permanecido conosco, foram influenciados por essas pessoas ímpias. Alguns em quem havíamos confiado e que reconheciam nossos trabalhos como abençoados por Deus de maneira assinalada, retiraram-nos sua simpatia e a deram aos que lhes eram relativamente estranhos. T1 96 1 O Senhor me havia mostrado o caráter e o desfecho daquele grupo; que Seu desagrado estava com os que se achavam ligados àquele periódico, e contra eles Sua mão; e, conquanto parecessem prosperar por algum tempo e algumas pessoas honestas fossem iludidas, a verdade, contudo, haveria de triunfar finalmente, e toda pessoa sincera romperia com o engano que a havia retido, retirando-se da influência daqueles homens ímpios; deveriam cair, visto que a mão de Deus estava contra eles. T1 96 2 Novamente a saúde de meu marido declinou. Ele estava com tosse e inflamação pulmonar, e seu sistema nervoso combalido. Suas ansiosas preocupações, as responsabilidades que assumira em Rochester, o trabalho no Escritório, doenças e mortes na família, a falta de simpatia daqueles que haviam partilhado seus esforços, juntamente com as viagens e pregações, foram demasiado para suas forças. Ele parecia estar sendo rapidamente consumido por uma tuberculose que o levaria à sepultura. Essa foi uma ocasião de aflição e trevas. Esparsos raios de luz ocasionalmente rompiam as densas nuvens, proporcionando-nos um pouco de esperança; outras vezes, caíamos em desespero. Às vezes parecia que Deus nos havia abandonado. T1 96 3 O grupo do Messenger criava toda espécie de falsidades a nosso respeito. Estas palavras do salmista vieram de maneira poderosa à minha mente: "Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniqüidade. Porque cedo serão ceifados como a erva e murcharão como a verdura." Salmos 37:1, 2. Alguns dos redatores desse periódico se alegravam com a doença de meu marido, dizendo que Deus tomaria conta dele, e o removeria do caminho. Quando Tiago leu isso durante sua enfermidade, sua fé reviveu e ele exclamou: "'Não morrerei, mas viverei, e contarei as obras do Senhor' (Salmos 118:17), e poderei ainda pregar no funeral deles." T1 97 1 Negras nuvens pareciam suspensas sobre nós. Homens maus professando piedade e sob o comando de Satanás apressaram-se em forjar falsidades e a unir suas forças contra nós. Se a causa de Deus fosse só nossa, poderíamos ter tremido, mas ela estava nas mãos dAquele que disse: "Ninguém as arrebatará das Minhas mãos." João 10:28. Sabíamos que Jesus vivia e reinava. Podíamos dizer diante do Senhor: "A causa é Tua e Tu sabes que isso não foi de nossa própria escolha, mas sob Tua ordem fizemos a parte que nos cabia." ------------------------Capítulo 13 -- Mudança para Michigan T1 97 2 Em 1855, os irmãos em Michigan abriram o caminho para que a obra de publicações fosse removida para Battle Creek. Naquele tempo, meu marido estava devendo de dois a três mil dólares; e tudo que ele tinha, além de um pequeno lote de livros, eram contas devedoras de livros, algumas das quais duvidosas. A causa havia aparentemente chegado a um impasse, os pedidos de publicações eram poucos e reduzidos, e Tiago temia morrer endividado. Os irmãos, em Michigan, ajudaram-nos a adquirir um terreno e construir uma casa. O contrato foi feito em meu nome, de modo que pudesse dispor da propriedade após a morte de meu marido. T1 97 3 Dias de tristeza foram aqueles. Eu olhava para meus três filhos que, como receava, logo deviam ficar órfãos; e dominavam-me pensamentos como estes: Meu marido morrerá de excesso de trabalho na causa da verdade presente; e quem compreenderá o que sofreu? Quem sabe dos encargos que durante anos ele suportou, os extremos cuidados que lhe oprimiam o ânimo e arruinaram a saúde, trazendo-lhe morte prematura, deixando a família sem recursos e sob a dependência de outros? A mim mesma fiz muitas vezes esta pergunta: Deus não cuida dessas coisas? Ele não as nota? Fiquei consolada por saber que há Alguém que julga retamente, e que cada sacrifício, cada ato de abnegação, e cada transe angustioso sofrido por Sua causa, é fielmente registrado no Céu, e terá o seu galardão. O dia do Senhor declarará e trará à luz coisas que ainda não são manifestas. T1 98 1 Foi-me revelado que era desígnio de Deus reerguer gradualmente meu marido; que deveríamos exercer uma forte fé, pois em cada esforço deveríamos ser esmurrados terrivelmente por Satanás; que não devíamos olhar às aparências, mas crer. Três vezes ao dia, recorríamos a Deus, e nos entregávamos à oração fervorosa pelo restabelecimento de sua saúde. Com freqüência um de nós era prostrado pelo poder de Deus. O Senhor graciosamente ouviu nossas ferventes orações e meu marido começou a recuperar-se. Por muitos meses nossas orações por saúde ascenderam ao Céu, três vezes por dia, para fazer a vontade de Deus. Esses períodos de oração eram muito preciosos. Éramos levados a uma sagrada proximidade com Deus e doce comunhão com Ele. Não posso externar melhor meus sentimentos desse tempo do que como os expressei nos seguintes textos de uma carta que escrevi à irmã Howland: T1 98 2 "Sinto-me muito grata porque agora posso ter meus filhos sob meus cuidados, e educá-los no caminho reto. Durante semanas tenho sentido fome e sede de salvação, e temos desfrutado quase ininterrupta comunhão com Deus. Por que ficarmos longe da Fonte, quando podemos chegar e beber? Por que morrermos à míngua de pão, quando há um armazém cheio? É nutritivo e grátis. Ó minha alma, coma regaladamente, e beba diariamente das alegrias celestes! Não poderei conter minha paz. O louvor de Deus está em meu coração e nos lábios. Podemos regozijar-nos na plenitude do amor de nosso Salvador. Podemos regalar-nos em Sua excelente glória. Meu coração testifica isso. Dissipou-se de mim a tristeza por essa preciosa luz, e nunca poderei esquecê-lo. Senhor, ajuda-me a conservar esta experiência viva na lembrança. Despertem, energias todas de meu coração! Despertem e adorem seu Redentor em virtude do Seu maravilhoso amor! T1 99 1 "As pessoas que nos circundam precisam ser despertas e salvas, ou perecerão. Não temos nem um minuto a perder. Todos exercemos uma influência que fala em favor da verdade ou contra ela. Desejo levar comigo as inconfundíveis evidências de que sou uma discípula de Cristo. Queremos algo além da religião do sábado. Necessitamos dos princípios vivos e de sentir diariamente nossa responsabilidade individual. Isso é evitado por muitos e seu resultado é descuido, indiferença, falta de vigilância e espiritualidade. Onde está a espiritualidade da igreja? Somos homens e mulheres cheios de fé e do Espírito Santo? Minha oração é: 'Purifica Tua igreja, ó Deus.' Por meses fruí plena liberdade e estou determinada a ordenar minha conversação e corrigir todos os meus caminhos diante do Senhor. T1 99 2 "Nossos inimigos podem triunfar. Podem falar palavras amargas, e sua língua forjar calúnia, engano e falsidade; contudo não seremos abalados. Sabemos em quem temos crido. Não temos corrido em vão nem trabalhado inutilmente. Aproxima-se um dia de ajuste de contas, em que todos serão julgados segundo o que houverem feito no corpo. É verdade que o mundo é tenebroso. A oposição pode tornar-se forte. O néscio e o escarnecedor podem tornar-se ousados em sua iniqüidade. Entretanto, nada disso nos moverá o ânimo, mas nos apoiaremos no braço do Todo-poderoso, em busca de forças. T1 99 3 "Deus está peneirando Seu povo. Ele terá uma igreja pura e santa. Não podemos ler o coração do homem. Mas o Senhor providenciou meios para manter Sua igreja pura. Têm surgido pessoas corrompidas que não poderiam viver com o povo de Deus. Elas desprezaram a reprovação e não gostavam de ser corrigidas. Tiveram oportunidade de reconhecer que sua conduta era injusta Tiveram tempo para arrepender-se de seus erros, mas o eu lhes era muito caro para morrer. Elas o acariciaram e fortaleceram, e se separaram do fiel povo de Deus, a quem Ele está purificando para Si mesmo. Todos temos razões para agradecer a Deus por ter Ele aberto um caminho para salvar a igreja. A ira de Deus cairá sobre nós se esses corruptos pretensiosos permanecerem em nosso meio. T1 100 1 "Cada pessoa sincera que for enganada por esses descontentes, receberá a verdadeira luz a respeito deles; cada anjo do Céu há de visitá-la e iluminar sua mente. Nada temos a temer a esse respeito. Quanto mais próximos do Juízo, todos manifestarão seu verdadeiro caráter, e se tornará claro a que partido pertencem. O peneiramento está em curso. Não venhamos a dizer: 'Detém Tua mão, ó Deus.' A igreja precisa ser purificada e isso acontecerá. Deus reina. Que Seu povo O louve. Não tenho sequer o mais leve pensamento de esmorecer. Tenciono ser justa e agir justamente. O Juízo está para ser iniciado e os livros abertos; seremos julgados de acordo com nossas obras. Todas as falsidades que possam lançar contra mim não me fazem qualquer mal nem bem, a não ser levar-me mais perto de meu Redentor." T1 100 2 O Senhor começou a "virar nosso cativeiro" (Jó 42:10) desde o tempo em que nos mudamos para Battle Creek. Encontramos amigos em Michigan, que simpatizavam conosco, e estavam dispostos a participar de nossos encargos e suprir nossas necessidades. Velhos e experimentados amigos no centro do Estado de Nova Iorque e na Nova Inglaterra, especialmente em Vermont, simpatizavam conosco em nossas aflições, e estavam prontos a ajudar-nos em tempos angustiosos. Na Assembléia de Battle Creek, em Novembro de 1856, Deus atuou em nosso favor. A mente de Seus servos foi dirigida à questão dos dons da igreja. Se o desagrado divino esteve sobre Seu povo por causa dos dons que haviam sido negligenciados e menosprezados, havia agora uma feliz perspectiva de que Seu sorriso aprovador novamente estaria sobre nós. Que Ele graciosamente restauraria os dons que permaneceriam na igreja para animar o coração desfalecido, e advertir e corrigir os errantes. Nova vida foi dada à causa e o sucesso seguia o trabalho de nossos pregadores. T1 101 3 Foram recebidos pedidos de literatura, e esta mostrou-se ser exatamente o que a causa exigia. O Messenger of Truth logo sucumbiu, e dispersaram-se os espíritos discordantes que por meio dele falavam. Meu marido pôde pagar todas as suas dívidas. A sua tosse cessou, bem como a dor e a sensibilidade dos pulmões e garganta, e ele gradualmente recuperou a saúde, de maneira que podia pregar três vezes aos sábados e aos domingos, com facilidade. Essa maravilhosa obra na restauração de sua saúde, proveio de Deus, e a Ele pertence toda a glória. T1 101 1 Quando meu marido ficou muito fraco, antes de nossa mudança de Rochester, desejou ver-se livre da responsabilidade da obra de publicações. Ele propunha que a igreja ficasse responsável pelo trabalho, e constituísse uma comissão de publicações; e que ninguém ligado ao Escritório obtivesse qualquer benefício financeiro disso, além dos salários recebidos por seu trabalho. T1 101 2 Embora o assunto fosse repetidamente apresentado a sua consideração, nossos irmãos não tomaram nenhuma atitude a respeito até 1861. Até essa época meu marido tinha sido o proprietário legal da casa publicadora e o único administrador da instituição. Ele usufruía a confiança dos amigos ativos da causa, que lhe confiavam a seu cuidado os recursos que eles doavam de tempos em tempos para desenvolver os empreendimentos editoriais, conforme a necessidade da causa em crescimento. Mas, embora a declaração de que a casa publicadora era virtualmente propriedade da igreja, fosse repetidamente publicada na Review, e como meu esposo era o único proprietário legal, nossos inimigos procuraram tirar vantagem da situação sob pretexto de especulação, e fizeram tudo o que lhes estava ao alcance para prejudicá-lo e retardar o progresso da obra. Sob essas circunstâncias ele apresentou o assunto de organização, o que resultou na incorporação da Sociedade de Publicações dos Adventistas do Sétimo Dia, de acordo com as leis de Michigan, na primavera de 1861. T1 101 3 Conquanto os cuidados que assumimos com relação à obra de publicações e outros ramos da causa nos enchessem de perplexidades, o que mais me pesava era o sacrifício a que fui chamada a fazer pela obra: deixar meus filhos ao cuidado de outros. T1 102 1 Henrique ficara cinco anos distante de nós, e Edson havia recebido muito pouco de nossos cuidados. Durante anos nossa família foi muito grande e nosso lar como um hotel, e ficávamos distantes de casa. Eu sentia profunda ansiedade por meus filhos, para que fossem protegidos dos maus hábitos. Ficava freqüentemente aflita enquanto pensava no contraste entre minha situação e a de outros que não tinham nenhuma preocupação e cuidados; que podiam estar sempre com seus filhos, aconselhá-los e instruí-los, e que despendiam seu tempo quase que exclusivamente com as famílias. Perguntei, então: "Requererá Deus tanto de nós e deixará outros sem responsabilidades? Isso é igualdade? Devemos ser assim tão solícitos em cuidar dos outros, e ter tão pouco tempo para dedicar a nossos filhos? Muitas noites, enquanto outros dormiam, eram por mim despendidas em amargo pranto. T1 102 2 Eu pretendia idear um plano que favorecesse meus filhos, mas surgiam objeções que me impediam de realizá-lo. Eu, lamentavelmente, era muito sensível às faltas de meus filhos, e cada erro que cometiam afligia-me e afetava minha saúde. Queria que algumas mães se colocassem, por um pouco de tempo, na situação que eu estava vivendo já por anos, para que pudessem avaliar as bênçãos que fruíam, e tivessem condição de se solidarizar comigo em minhas privações. Nós orávamos, trabalhávamos por nossos filhos e os controlávamos. Não negligenciávamos a vara, mas antes de usá-la nos empenhávamos em convencê-los a verem suas faltas e orávamos com eles. Procurávamos fazê-los compreender que o desagrado de Deus estaria sobre nós se desculpássemos seus pecados. Nossos esforços, em seu benefício, foram abençoados. Seu grande prazer era agradar-nos. Eles não estavam livres de faltas, mas críamos que seriam ovelhas do redil de Cristo. T1 102 3 Em 1860, a morte se deteve sobre nossa casa, e rompeu o mais jovem ramo da árvore de nossa família. O pequeno Herbert, nascido em 20 de Setembro de 1860, morreu em 14 de Dezembro do mesmo ano. Quando aquele tenro ramo se quebrou, nosso coração sangrou, e ninguém mais podia compreender-nos senão aqueles que depuseram seus pequeninos na sepultura. T1 103 1 Mas, oh, quando nosso nobre Henrique morreu*, com dezesseis anos de idade; quando nosso doce cantor desceu ao túmulo, e não mais ouvimos seus cânticos matutinos, nosso lar ficou vazio. Meu marido, eu e meus dois filhos restantes, sentimos de modo muito agudo o golpe. Mas Deus confortou-nos em nosso luto, e com fé e ânimo retomamos a obra que Ele nos havia dado, com a esperança de reencontrar nossos filhos, então tragados pela morte, em um mundo onde a doença e a morte não existirão. T1 103 2 Em Agosto de 1865, meu marido foi acometido de paralisia. Esse foi um duro golpe não apenas para mim e meus filhos, mas para a causa de Deus. As igrejas foram impedidas dos trabalhos de meu marido e dos meus. Satanás triunfou quando viu a obra de Deus assim obstruída. Mas, graças a Deus porque Ele não permitiu que fôssemos destruídos! Após ficarmos afastados do trabalho ativo por quinze meses, ousamos uma vez mais reiniciar o trabalho nas igrejas. T1 103 3 Havendo-me convencido de que meu marido não se recuperaria de sua prolongada doença enquanto permanecesse inativo, e de que havia chegado o tempo de sair e dar meu testemunho ao povo, decidi fazer uma viagem pela região Norte de Michigan, com meu marido, em sua condição de extrema debilidade, e no mais rigoroso frio do inverno. Requeria não pequeno grau de coragem moral e fé em Deus tomar essa decisão de arriscar tanto; mas eu sabia que eu tinha uma obra a fazer, e me parecia que Satanás estava determinado a conservar-me afastada dela. Eu havia esperado intensamente que nosso cativeiro fosse mudado, e temia que vidas preciosas pudessem perder-se pela demora. Permanecer mais tempo distanciada do campo de trabalho era para mim pior do que a morte, e deveríamos pôr-nos em ação para não perecer. Assim, em 19 de Dezembro de 1866, deixamos Battle Creek sob uma tempestade de neve, rumo a Wright, Michigan. Meu marido suportou a viagem de 145 quilômetros muito melhor do que eu esperava, e pareceu-me mais saudável ao chegarmos ao destino do que quando deixamos Battle Creek. T1 104 1 Ali iniciamos nossos primeiros trabalhos efetivos após sua enfermidade. Ele começou a trabalhar como nos primeiros tempos, embora sofrendo muita fraqueza. Ele pregava por trinta ou quarenta minutos no sábado pela manhã e no primeiro dia da semana, enquanto eu ocupava o restante do tempo e falava às tardes, por cerca de uma hora e meia. Éramos ouvidos com muita atenção. Vi que meu marido estava ficando mais forte, mais lúcido e mais claro em suas exposições. E quando, numa ocasião, ele falou cerca de uma hora com clareza e poder, com a responsabilidade da obra sobre ele como antes de sua doença, meus sentimentos de gratidão estavam além da expressão. Ergui-me em meio à congregação e por aproximadamente meia hora tentei externá-los em meio às lágrimas. A congregação ficou profundamente comovida. Senti que isso era o alvorecer de melhores dias para nós. T1 104 2 A mão de Deus em sua restauração era mais do que evidente. Provavelmente ninguém que tenha sofrido semelhante queda se recuperou. Entretanto, o severo ataque de paralisia que lhe afetara a mente com gravidade foi removido pela generosa mão divina, e novas forças foram-lhe concedidas tanto físicas quanto mentais. T1 104 3 Durante os anos que se seguiram à recuperação de meu marido, o Senhor abriu perante nós um vasto campo de trabalho. Embora, no início, eu subisse timidamente à plataforma para falar, entretanto, a providência de Deus abriu-me caminho e eu tinha confiança para apresentar-me confiantemente perante grandes auditórios. Juntos assistimos às reuniões campais e outros grandes encontros, desde o Maine até Dakota, do Michigan ao Texas e Califórnia. T1 105 1 O trabalho que se iniciara em fraqueza e obscuridade continuou a crescer e fortalecer-se. As casas publicadoras em Michigan e na Califórnia, e as missões na Inglaterra, Noruega e Suíça, testemunhavam seu crescimento. Em substituição à edição de nosso primeiro periódico transportada para o escritório numa maleta, cerca de cento e quarenta mil exemplares de nossos vários periódicos eram agora enviados mensalmente dos escritórios de publicações. A mão de Deus havia estado com Sua obra para prosperá-la e edificá-la. T1 105 2 Posteriormente, minha vida esteve envolvida em vários empreendimentos que surgiram entre nós, e com os quais meu trabalho havia estado intimamente ligado. Para o desenvolvimento dessas instituições, meu marido e eu trabalhamos com a pena e a voz. Falar, mesmo que brevemente, sobre a experiência desse ativos e ocupados anos, excederia os objetivos deste livro. Os esforços do inimigo para atrapalhar a obra e destruir os obreiros não cessaram, mas Deus cuidou de Seus servos e trabalho. ------------------------Capítulo 14 -- A morte de meu marido T1 105 3 Apesar dos trabalhos, cuidados e responsabilidades com os quais a vida de meu marido sempre esteve sobrecarregada, o sexagésimo ano encontrou-o mental e fisicamente ativo e vigoroso. Por três vezes sofreu ataques de paralisia, no entanto, pela bênção de Deus, por uma forte constituição física e pela estrita obediência às leis de saúde, foi capaz de superá-los. Novamente viajou, pregou e escreveu com seus costumeiros zelo e energia. Lado a lado trabalhamos na causa de Cristo por trinta e seis anos, e esperávamos permanecer juntos para testemunhar o glorioso final. Mas tal não era a vontade de Deus. O protetor eleito em minha juventude, o companheiro de minha vida, aquele que partilhara de meus trabalhos e aflições, foi-me arrebatado, e fiquei sozinha para concluir minha obra e ferir as batalhas. T1 106 1 Passamos juntos a primavera e o início do verão de 1881 em nosso lar, em Battle Creek. Meu marido esperava ordenar seus negócios para podermos viajar à costa do Pacífico e dedicar-nos ao preparo de literatura. Ele achou que havíamos cometido um erro ao permitir que as aparentes necessidades da causa e os apelos de nossos irmãos nos constrangessem ao trabalho ativo da pregação, quando deveríamos estar escrevendo. Ele desejava apresentar mais plenamente o glorioso assunto da redenção. Desde há muito eu pensara no preparo de livros importantes. Ambos achávamos que enquanto nossas energias mentais estivessem intactas, deveríamos empreender esses trabalhos, pois esse era um dever que nos impusemos e à causa de Deus, de repousarmos do calor da batalha e transmitir ao nosso povo a preciosa luz da verdade que Deus nos revelara. T1 106 2 Algumas semanas antes da morte de meu marido, insisti com ele sobre a importância de procurar um campo de trabalho onde pudéssemos ser aliviados das responsabilidades a nós impostas em Battle Creek. Em resposta, ele falou sobre vários assuntos que exigiam atenção antes que pudéssemos dedicar-nos a esse novo objetivo, deveres esses que alguém precisava cumprir. Então, com profunda emoção, perguntou: "Onde estão os homens para fazerem esta obra?" "Onde estão aqueles que mostrarão um abnegado interesse em nossas instituições, e que permanecerão pelo direito, não afetados por qualquer influência com as quais venham a entrar em contato?" T1 106 3 Com lágrimas externou sua ansiedade por nossas instituições em Battle Creek. Disse: "Minha vida tem sido empregada em erigi-las. Para mim, deixá-las é morrer. Elas são como meus filhos e não posso separar meus interesses dos delas. Essas instituições são instrumentos do Senhor para realizarem um trabalho específico. Satanás procura impedir e subverter cada um dos meios que o Senhor está usando para a salvação dos homens. Se o grande adversário puder moldá-las de acordo com os padrões mundanos, terá alcançado seu objetivo. É minha grande preocupação ter o homem certo no lugar certo. Se aqueles que estão em posição de responsabilidade são fracos em poder moral e vacilantes em princípios, inclinados ao mundo, acharão certamente a quem conduzir. Más influências não podem prevalecer. Eu desejaria antes morrer do que viver para ver essas instituições mal administradas ou desviadas do propósito para o qual foram criadas. T1 107 1 "Em meus laços com essa causa, estive por muito mais tempo intimamente ligado à obra de publicações. Por três vezes fui vitimado por paralisia em razão de minha dedicação a esse ramo da causa. Agora que Deus renovou minhas energias físicas e mentais, sinto que posso servir à Sua causa como nunca antes fui capaz de fazê-lo. Quero ver a obra de publicações prosperar. Ela está entrelaçada à minha própria existência. Se eu me esquecer dos interesses dessa obra, que minha mão direita se esqueça de sua mobilidade." T1 107 2 Nós havíamos agendado assistir a uma reunião em uma tenda, em Charlotte, nos dias 23 e 24 de Julho, respectivamente sábado e domingo. Como eu estivesse com a saúde prejudicada, decidimos viajar em transporte particular. De caminho, meu marido parecia animado, todavia, um solene sentimento transparecia em sua face. Ele repetidamente louvava a Deus pelas misericórdias e bênçãos recebidas e livremente expressava seus sentimentos quanto ao passado e ao futuro: "O Senhor é bom e digno de ser louvado. Ele é socorro bem presente em tempos de necessidade. O futuro parece nebuloso e incerto, mas o Senhor não permitiu que nos afligíssemos sobre essas coisas. Quando surgir a dificuldade, Ele nos dará graça para suportá-la. O que o Senhor tem sido para nós e tudo quanto fez por nós, devem fazer-nos tão agradecidos que jamais deveríamos murmurar ou lamentar. Nossos trabalhos, aflições e sacrifícios nunca serão plenamente apreciados por todos. Vejo que perdi minha paz mental e a bênção de Deus por permitir ser perturbado por essas coisas. T1 108 1 "Era-me difícil aceitar que meus motivos fossem mal-interpretados, e que meus melhores esforços para ajudar, encorajar, e fortalecer meus irmãos fossem freqüentemente voltados contra mim. Mas eu devia ter-me lembrado de Jesus e Suas decepções. Seu coração se afligia porque Ele não era apreciado por aqueles a quem viera abençoar. Eu tinha de deter-me mais sobre a misericórdia e a benignidade de Deus, louvando mais e lamentando menos a ingratidão de meus irmãos. Se eu houvesse deixado todas as minhas perplexidades com o Senhor, pensando menos no que outros diziam e faziam contra mim., teria mais paz e alegria. Desde agora buscarei primeiro guardar-me de ofender quer por palavras ou atos, e então ajudar meus irmãos a tornarem retos os caminhos para seus pés. Não me deterei para lamentar qualquer coisa que me fizerem de mal. Esperei mais dos homens do que deveria. Amo a Deus e a Sua obra, e também a meus irmãos." T1 108 2 Enquanto viajávamos, nem me passava pela cabeça que essa seria a última viagem que faríamos juntos. O tempo mudou repentinamente, de calor sufocante para frio intenso. Meu marido apanhou um resfriado, mas como sua saúde era boa então, não houve dano permanente. Ele trabalhava nas reuniões de Charlotte, apresentando a verdade com grande clareza e poder. Falava do prazer que sentia ao se dirigir a pessoas que manifestavam tão profundo interesse nos assuntos que lhe eram muito caros. "O Senhor me tem refrigerado o coração", ele disse, "enquanto estou partindo o pão da vida para os outros. Em todo o Michigan o povo está clamando ansiosamente por ajuda. Quanto almejo confortar, animar e fortalecê-los com as preciosas verdades próprias para este tempo!" T1 108 3 Em nossa volta para casa, meu marido reclamou de uma leve indisposição, todavia, dedicou-se ao seu trabalho, como de costume. Cada manhã visitávamos um bosque próximo e ali nos uníamos em oração. Estávamos ansiosos por conhecer nosso dever. Continuamente recebíamos cartas procedentes de vários lugares, convidando-nos a assistir às reuniões campais. Apesar da determinação de nos dedicarmos ao trabalho de escrever, era difícil recusar o encontro com nossos irmãos nessas importantes assembléias. Fervorosamente suplicávamos por sabedoria para saber qual o melhor caminho a seguir. T1 109 1 No sábado pela manhã, como fazíamos, fomos ao bosque, e meu marido por três vezes orou de maneira muito intensa. Ele parecia relutante em interromper seus rogos a Deus por guia especial e bênção. Suas orações foram ouvidas. Paz e luz encheram nosso coração. Ele orou ao Senhor, dizendo: "Agora, entrego tudo a Jesus. Sinto uma doce e celestial paz, uma certeza de que o Senhor nos mostrará nosso dever, pois desejamos fazer-Lhe a vontade." Ele me acompanhou ao tabernáculo e iniciou o culto com cântico e oração. Foi a última vez que ele esteve comigo no púlpito. T1 109 2 Na segunda-feira seguinte ele apanhou um forte resfriado, e no outro dia fui também acometida. Fomos ao hospital para tratamento. Na sexta-feira, eu estava melhor. O médico então me informou que meu marido estava se sentindo sonolento e que isto denotava perigo. Imediatamente dirigi-me ao seu aposento, e tão logo contemplei seu rosto, compreendi que meu marido estava morrendo. Tentei despertá-lo. Ele compreendia tudo que lhe era dito e respondia apenas às perguntas que pediam um sim ou um não como resposta. Parecia incapaz de falar mais do que isso. Quando lhe disse que achava estar ele à beira da morte, não manifestou nenhuma surpresa. Perguntei se Jesus lhe era precioso. Ele respondeu: "Sim, oh sim!" "Você ainda deseja viver?", perguntei-lhe. Respondeu-me: "Não." T1 109 3 Então nos ajoelhamos ao lado de sua cama e orei por ele. Uma expressão de paz iluminou-lhe a face. Eu lhe disse: "Jesus ama você. Os braços eternos o envolvem." Ele respondeu: "Sim, sim." T1 109 4 O irmão Smith e outros irmãos então oraram prostrados ao redor de sua cama e se retiraram depois para passar grande parte daquela noite em oração. Meu marido disse não estar sentindo nenhuma dor; mas ele estava definhando rapidamente. O Dr. Kellogg e seus auxiliares fizeram tudo o que estava ao seu alcance para livrá-lo da morte. Ele reanimou-se lentamente, mas continuava muito fraco. T1 110 1 Na manhã seguinte, ele parecia haver melhorado um pouco, mas ao meio-dia teve uma queda de temperatura, que o deixou inconsciente. Às 17h, num sábado, 6 de Agosto de 1881, ele expirou mansamente, sem reações ou gemidos. T1 110 2 O choque da morte de meu marido, tão súbito quanto inesperado, abateu-se sobre mim com peso esmagador. Em minha debilitada condição física, reuni forças para estar a seu lado até o final, mas quando vi seus olhos fechados pela morte, meu combalido organismo cedeu e fiquei completamente prostrada. Por algum tempo pareci estar entre a vida e a morte. A chama vital bruxuleava tão fracamente, que o mais leve sopro podia apagá-la. À noite, minha pulsação estava fraca e a respiração cada vez mais débil parecia prestes a parar. Somente a bênção de Deus e o incessante cuidado e vigilância do médico e seus assistentes preservaram minha vida. T1 110 3 Embora ainda não me houvesse erguido do leito após a morte de meu marido, pude ir ao Tabernáculo, no sábado, para assistir ao seu funeral. No encerramento do sermão, senti ser meu dever testificar sobre o valor da esperança do cristão na hora de sofrimento e luto. Quando me levantei, recebi forças e falei durante cerca de dez minutos, exaltando a misericórdia e o amor de Deus, na presença da congregação. Ao final do culto, acompanhei o corpo de meu marido até o cemitério de Oak Hill, onde ele desceu ao descanso até a manhã da ressurreição. T1 110 4 Minhas forças físicas estavam esgotadas pelo duro golpe que recebera, mas o poder da divina graça susteve-me durante o profundo pesar. Quando vi meu marido dar o último suspiro, senti então que Jesus me era mais precioso do que em qualquer outro momento de minha vida. Quando fiquei ao lado de meu primogênito e lhe fechei os olhos na morte, pude dizer: "O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor." Jó 1:21. Percebi, então, que tinha um consolador em Jesus. Quando meu filho caçula foi tomado de meus braços e não mais pude ver sua cabecinha no travesseiro, ao meu lado, também disse: "O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor." Jó 1:21. E quando me foi tomado aquele cujas profundas afeições eu fruíra e com quem havia trabalhado por trinta e seis anos, pude colocar as mãos sobre seus olhos e dizer: "Confio meu tesouro a Ti até a manhã da ressurreição." T1 111 1 Ao vê-lo morrer e nossos muitos amigos simpatizando comigo, pensei: "Que contraste com a morte de Jesus, quando Ele inclinou a cabeça sobre a cruz! Que contraste! Na hora de Sua agonia, os zombadores escarneciam dEle e O ridicularizavam. Mas Ele morreu e passou pela sepultura para iluminá-la, e aliviá-la, a fim de podermos ter a alegria e esperança mesmo em face da morte; e podermos dizer ao depormos nossos amigos ao descanso em Jesus: Nós os encontraremos novamente. T1 111 2 Por vezes penso que meu marido não deveria ter morrido. Mas estas palavras estão gravadas em minha mente: "Aquietai-vos e sabei que Eu Sou Deus." Salmos 46:10. Sinto profundamente minha perda, mas não ouso abandonar-me a uma dor desnecessária. Ela não traria de volta meu esposo. Não sou tão egoísta para desejar, se possível fosse, trazê-lo de volta de seu pacífico sono e envolvê-lo novamente nas batalhas da vida. Como um cansado guerreiro, ele se deitou para dormir. Olho para sua sepultura com alegria. O melhor modo de meus filhos e eu honrarmos sua memória é retomar seu trabalho onde ele o deixou, e na força de Jesus levá-lo adiante até sua conclusão. Queremos ser gratos pelos anos de utilidade que lhe foram proporcionados e, por sua causa e por causa de Cristo, desejamos aprender por meio de sua morte uma lição que jamais esqueceremos. Desejamos que esses momentos de luto nos tornem mais bondosos e gentis, mais pacientes e solícitos com os vivos. T1 111 3 Retomo a obra de minha vida sozinha, com plena confiança de que meu Redentor estará comigo. Temos apenas pouco tempo para lutar nesta guerra, então Cristo virá e as cenas do conflito chegarão a seu final. Assim, nossos últimos esforços serão feitos para trabalhar com Cristo e fazer avançar Seu reino. Alguns que estão na frente da batalha resistindo bravamente às incursões do mal, caem em seu posto do dever; os vivos olham com tristeza aos heróis que se foram, mas não há tempo para interromper o trabalho. Eles precisam cerrar fileiras; apanhar a bandeira das mãos daqueles que tombaram na morte, e com renovada energia defender a verdade e a honra de Cristo. Como nunca antes, é necessário resistir ao pecado e aos poderes das trevas. O tempo exige atividade enérgica e determinada por parte daqueles que crêem na verdade presente. Se o tempo parecer longo à espera da vinda de nosso Libertador; se curvados pela aflição e alquebrados pelo trabalho exaustivo, nos sentirmos impacientes aguardando honrosa libertação, lembremo-nos -- e que essa lembrança impeça toda murmuração -- que fomos deixados na Terra para enfrentar conflitos e tormentas, para aperfeiçoar o caráter cristão, para conhecermos melhor a Deus nosso Pai, e a Cristo nosso Irmão mais velho, e trabalhar pelo Mestre ganhando muitas pessoas para Ele. "Os sábios, pois, resplandecerão como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam à justiça refulgirão como as estrelas, sempre e eternamente." Daniel 12:3. ------------------------Capítulo 15 -- Guardador dos irmãos T1 113 2 Em 20 de Novembro de 1885, enquanto me achava em oração, o Espírito do Senhor veio súbita e poderosamente sobre mim, e fui arrebatada em visão. T1 113 3 Vi que o Espírito do Senhor tem estado a extinguir-Se na igreja. Os servos de Deus têm confiado demasiado na força do argumento, e não têm mantido em Deus aquela firme confiança que deveriam ter. Vi que a mera discussão sobre a verdade não levará as pessoas a decidir colocar-se ao lado dos remanescentes; pois a verdade é impopular. Os servos de Deus devem ter a verdade no coração. Disse o anjo: "Eles a devem receber com o calor da glória, levá-la no próprio seio, e derramá-la com calor e zelo de coração para os que a ouvem." Uns poucos, que são conscienciosos, estão prontos a decidir segundo o peso da evidência; mas é impossível mover a muitos por meio de uma simples teoria da verdade. A verdade precisa ser acompanhada de poder, um testemunho vivo a impulsioná-los. T1 113 4 Vi que o inimigo está ocupado em destruir vidas humanas. A exaltação tem penetrado nas fileiras; importa que haja mais humildade. Há demasiada condescendência com a independência de espírito entre os mensageiros. Isto tem que ser posto de lado, e cumpre que os servos de Deus se unam mais uns aos outros. Tem havido muito do espírito que indaga: "Sou eu guardador do meu irmão?" Gênesis 4:9. Disse o anjo: "Sim, você é a guardadora de seu irmão. Deve ter por seu irmão vigilante cuidado, estar interessada em seu bem-estar, e nutrir para com ele um bondoso e amorável espírito. Avancem juntos, avancem juntos." É desígnio de Deus que os homens tenham o coração aberto e sincero, sem presunção, manso e humilde, com simplicidade. Esse é o princípio do Céu; assim o ordenou Deus. Mas o homem, frágil e pobre, buscou algo diferente -- seguir seu caminho, e atender cuidadosamente a seu interesse. T1 114 1 Indaguei do anjo por que a simplicidade fora excluída da igreja, e nela haviam penetrado o orgulho e a exaltação. Vi que esta foi a razão de quase havermos sido entregues à mão do inimigo. Disse o anjo: "Olhe e veja que predomina este sentimento: 'Sou eu guardador do meu irmão?'" Gênesis 4:9. E outra vez ele disse: "Você é a guardadora do seu irmão. Sua profissão, sua fé, exige que você negue a você mesma e sacrifique a Deus, ou será indigna da vida eterna; pois por alto preço foi ela comprada, isto é, pela angústia, os sofrimentos e o sangue do amado Filho de Deus." T1 114 2 Vi que muitos, em vários lugares, no leste e no oeste, estavam ajuntando sítio a sítio, e terra a terra, e casa a casa, fazendo da causa de Deus uma desculpa, dizendo que assim fazem para que possam ajudar a causa. Algemam-se a si mesmos de maneira que não podem ser senão de pouco benefício à causa. Alguns compram um pedaço de terra, e trabalham com todas as suas forças para pagá-lo. Seu tempo é tão ocupado, pouco é o que dele podem reservar para oração, e servir a Deus, e dele obter forças a fim de vencer suas tentações. Acham-se endividados, e quando a causa necessita de seu auxílio, não a podem ajudar; pois devem livrar-se primeiro da dívida. Mas tão depressa se vêem livres de uma dívida, estão mais longe de ajudar a causa do que antes: pois novamente se envolvem num acréscimo de sua propriedade. Lisonjeiam-se a si mesmos de que esta orientação é correta, de que empregarão o proveito na causa, quando na realidade estão é ajuntando tesouros aqui. Amam a verdade em palavras, mas não por obra. Mas amam a causa apenas tanto quanto suas obras o demonstram. Amam mais o mundo, e menos a causa de Deus; a atração do terrestre se fortalece, enquanto a do Céu enfraquece. O coração deles está com seu tesouro. Por seu exemplo dizem aos que os rodeiam que pretendem demorar-se aqui, que a Terra é a sua pátria. Disse o anjo: "Você é a guardadora do seu irmão." T1 115 1 Muitos se têm envolvido em despesas desnecessárias, unicamente para satisfazer os sentimentos, o gosto e os olhos, quando a causa precisava dos próprios recursos que eles usavam, e quando alguns dos servos de Deus andavam mal trajados, e tinham o seu trabalho entravado por falta de recursos. Disse o anjo: "Em breve passará o seu tempo de ação. Suas obras mostram que o próprio eu é seu ídolo, e a ele sacrificam." O próprio eu precisa ser satisfeito em primeiro lugar; seu sentimento é: "Sou eu guardador do meu irmão?" Gênesis 4:9. Muitos têm recebido advertência após advertência, mas não deram ouvidos. O eu é o objeto principal, e diante dele tudo se deve curvar. T1 115 2 Vi que a igreja tem quase perdido o espírito de abnegação e sacrifício; fazem do eu e do interesse próprio a primeira coisa, e então fazem pela obra o que julgam que podem e o que não podem fazer. Tal sacrifício, vi, é defeituoso, e não aceitável por Deus. Todos devem estar interessados em fazer o máximo para levar avante a causa. Vi que os que não têm propriedade mas possuem forças físicas, são perante Deus responsáveis por elas. Devem ser diligentes no trabalho e de espírito fervoroso; não devem deixar que os que têm posses façam todo o sacrifício. Vi que eles podem sacrificar, e que é seu dever fazê-lo, da mesma maneira que os que possuem propriedades. Muitas vezes, porém, os que não possuem bens não compreendem que se podem negar a si mesmos de muitas maneiras, podem gastar menos consigo mesmos e satisfazer menos seus gostos e apetites, e encontrar muito em que poupar para a causa, ajuntando assim tesouros no Céu. Vi que há amabilidade e beleza na verdade; mas tire-se o poder de Deus, e ela ficará impotente. ------------------------Capítulo 16 -- Tempo de início do Sábado* T1 116 1 Vi que isto era mesmo assim: "... Duma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso sábado." Levítico 23:32. Disse o anjo: "Tomem a Palavra de Deus, leiam-na, compreendam-na e vocês não errarão. Estudem-na cuidadosamente e ali descobrirão o que é tarde e quando começa." Perguntei-lhe se o desagrado de Deus esteve sobre Seu povo por iniciarem o sábado como haviam feito. Fui dirigida ao primeiro sábado observado pelos adventistas e acompanhei o povo de Deus até nossos dias, mas nada constatei que pudesse trazer sobre eles o desagrado divino. Indaguei por que as coisas haviam ocorrido dessa maneira e por que precisávamos mudar agora o tempo de início do sábado. Disse o anjo: "Vocês entenderão, mas não ainda, não ainda." E disse mais: "Se houvesse luz a respeito e essa luz fosse rejeitada, então haveria condenação e o desagrado divino, mas, antes que a luz venha não há pecado, pois não existe luz rejeitada." Vi que alguns achavam que o Senhor havia mostrado iniciar-se o sábado pontualmente às seis horas da tarde, quando, na verdade, eu apenas vira que ele começava à "tarde" e eles deduziram que "tarde" significava às seis horas. Vi que os servos de Deus precisavam unir-se e consolidar-se. ------------------------Capítulo 17 -- Opositores da verdade* T1 116 2 Foi-me mostrado o caso de Stephenson e Hall, de Wisconsin. Vi que, enquanto estávamos naquele Estado, em Julho de 1854, eles estavam convencidos de que as visões eram de procedência divina; mas depois de as examinarem e compararem com as posturas do movimento da Era Vindoura*, e por que as visões não se harmonizavam com os pontos de vista aceitos por essa instituição, abandonaram-nas. Enquanto viajavam pelo Leste, na última primavera, agiram de maneira errada e astuciosa. Estando equivocados com relação à Era Vindoura, achavam-se prontos a tomar qualquer atitude que visasse prejudicar a Review. Os amigos de nossa revista precisavam estar atentos e fazer o que estivesse ao seu alcance para salvar os filhos de Deus do engano. Esses homens haviam-se unido a pessoas corrompidas e mentirosas, e não lhes faltou evidências de que elas eram assim. Conquanto professando simpatia e apoio a meu marido, eles (especialmente Stephenson) o atacavam pelas costas como traiçoeiras víboras. Enquanto lhe diziam palavras suaves, incitavam o povo de Wisconsin contra a Review e seus dirigentes. Stephenson foi extremamente ativo nesse trabalho. Seu objetivo era fazer com que a Review publicasse o ensino da Era Vindoura, caso contrário, destruiria sua influência. Enquanto meu marido tinha um coração aberto e confiante, buscando por todas as maneiras remover-lhes os ciúmes, franqueando-lhes os negócios do Escritório e tentando ajudá-los, eles observavam tudo com malícia e inveja. Disse o anjo, enquanto eu os observava: "Pensa você, frágil homem, que pode impedir a obra de Deus? Um toque de Seu dedo pode lançá-lo por terra. Ele o tolerará apenas por um pouco mais." T1 117 1 Minha atenção foi chamada para o surgimento da doutrina do advento e mesmo antes disso. Vi que não havia termo de comparação com o engano, a deturpação e a falsidade praticada pelos partidários do Messenger, que na verdade era uma associação de corações corrompidos sob capa de religião. Algumas pessoas sinceras haviam sido influenciadas por eles, achando que deviam ter pelo menos alguma razão para suas afirmações, e julgando-os incapazes de proferir tão evidentes falsidades. Vi ainda que essa gente sincera haveria de ter evidências acerca da verdade sobre essas questões. A igreja de Deus deveria mover-se diretamente avante, como se aquela gente má não existisse no mundo. T1 117 2 Foi-me mostrado que devem ser feitos esforços decididos para mostrar os erros àqueles que não são verdadeiros cristãos, e que se eles não se reformarem, serão separados dos preciosos e santos; que Deus pode ter um povo puro e perfeito no qual deleitar-Se. Não O desonrem os homens mesclando ou unindo o puro com o impuro. T1 118 1 Vi alguns vindo do Leste para o Oeste. Esses não haviam deixado seu lugar e vindo para o Oeste para se enriquecerem, mas para ganhar pessoas para a verdade. Disse o anjo: "Que suas obras revelem que não é para sua honra ou para ajuntar tesouros na Terra que eles se mudaram, mas para empunhar e exaltar a bandeira da verdade." Observei que esses eram como homens que esperam seu Senhor. Disse o anjo: "Sejam exemplos vivos para os que vivem no Oeste. Que suas obras revelem que vocês são o povo peculiar de Deus e que têm uma obra especial a fazer: Dar a última mensagem de graça ao mundo. Que suas obras mostrem àqueles que os cercam, que este mundo não é seu lar." Vi que aqueles que criaram dificuldades para si mesmos deveriam romper os laços do inimigo e libertar-se. Não ajuntem tesouros na Terra, mas demonstrem através da vida que estão entesourando no Céu. Se Deus realmente os chamou para o Oeste, Ele tem um trabalho, um exaltado trabalho, para vocês fazerem. Que a fé e o conhecimento experimental de vocês auxiliem os que não obtiveram ainda uma viva experiência. Não permitam que a atenção seja atraída para esta pobre e escura parte do mundo, mas para o alto, para Deus, a glória e o Céu. Que nenhum cuidado e perplexidade das fazendas daqui lhes absorva a mente, mas que vocês possam concentrar-se na herança de Abraão. Possuímos uma herança imortal. Retirem as afeições da Terra e coloquem-nas nas coisas celestiais. ------------------------Capítulo 18 -- Responsabilidade paterna T1 118 2 Vi que grande responsabilidade repousa sobre os pais. Eles não devem ser dirigidos pelos filhos, mas dirigi-los a eles. Foi-me apresentado Abraão. Ele foi fiel em sua casa. Ordenou sua casa depois dele, e isto foi lembrado por Deus. T1 119 1 Foi-me então mostrado o caso de Eli. Ele não restringiu seus filhos, e eles se tornaram ímpios e vis, e por sua impiedade, desviaram a Israel. Havendo Deus dado a conhecer a Samuel os pecados deles, e a severa maldição que se devia seguir porque Eli não os reprimiu, disse que seus pecados jamais seriam expiados com sacrifício nem oferta. Ao contar-lhe Samuel o que o Senhor lhe mostrara, Eli submeteu-se, dizendo: "É o Senhor; faça o que bem parecer aos Seus olhos." 1 Samuel 3:18. Seguiu-se em breve a maldição de Deus. Aqueles ímpios sacerdotes foram mortos, e mortos foram também trinta mil dentre Israel, e a arca de Deus foi tomada pelos inimigos. E ao ouvir Eli que a arca de Deus fora tomada, caiu para trás e morreu. Todo esse mal veio em resultado da negligência de Eli em restringir seus filhos. Vi que se Deus foi tão exigente em observar essas coisas antigamente, não o será menos nestes últimos dias. T1 119 2 Os pais devem governar os filhos, corrigir-lhes as paixões e subjugá-las, do contrário Deus seguramente destruirá os filhos no dia de Sua ardente ira, e os pais que não controlaram os filhos não ficarão sem culpa. Especialmente os servos de Deus devem governar a própria família, mantendo-a em boa sujeição. Vi que eles não estão habilitados para julgar ou decidir os negócios da igreja, a menos que possam governar bem a própria casa. Devem ter primeiro ordem em casa, e então seu juízo e influência terão peso na igreja. T1 119 3 Vi que a razão por que as visões não têm sido mais freqüentes nos últimos tempos, é que não têm sido apreciadas pela igreja. A igreja quase perdeu sua espiritualidade e fé, e as reprovações e advertências não têm exercido sobre eles senão um pequeno efeito. Muitos dos que têm professado ter fé nelas, não as têm atendido. T1 119 4 Alguns têm tomado rumo imprudente; ao falarem de sua fé aos incrédulos, e ser-lhes pedida a prova da mesma, têm lido uma visão, em lugar de se voltarem para a Bíblia em busca de prova. Vi que esse proceder era incoerente, e suscitava nos incrédulos preconceitos contra a verdade. As visões não podem ter peso para os que nunca as viram, e nada sabem do espírito das mesmas. Não devemos a elas nos referir, em tais casos. ------------------------Capítulo 19 -- Fé em Deus T1 120 1 Quando em Battle Creek, Michigan, em 5 de Maio de 1855, vi que havia grande falta de fé por parte dos servos de Deus, bem como da igreja. Ficavam muito facilmente desanimados, eram demasiado inclinados a duvidar de Deus, muito dispostos a crer que tinham uma dura sorte e que Deus os abandonara. Vi que isto era cruel. Deus os amara a ponto de dar Seu bem-amado Filho para morrer por eles, e todo o Céu estava interessado na sua salvação; todavia, depois de tudo quanto por eles fora feito, era-lhes difícil crer e confiar em tão bondoso e benigno Pai. Ele disse que está mais disposto a dar o Espírito Santo àqueles que Lho pedirem, do que os pais terrestres o estão para dar boas dádivas a seus filhos. Vi que os servos de Deus e a igreja desanimavam muito facilmente. Quando pediam ao Pai do Céu coisas que julgavam necessitar, e estas não vinham imediatamente, a fé lhes vacilava, fugia-lhes o ânimo, e deles se apoderava um sentimento de queixa. Isso, vi, desagradava a Deus. T1 120 2 Todo santo que se aproximar de Deus com coração verdadeiro, dirigindo-Lhe com fé suas sinceras petições, verá suas orações atendidas. Sua fé não deve largar as promessas de Deus, caso vocês não vejam ou sintam a imediata resposta a suas orações. Não temam confiar em Deus. Descansem em Sua firme promessa: "Pedi e recebereis." João 16:24. Deus é demasiado sábio para errar, e demasiado bom para negar qualquer coisa boa a Seus santos, que andam na retidão. O homem é falível, e embora suas orações sejam dirigidas ao alto por um coração sincero, nem sempre pede aquilo que lhe convém, ou que seja para a glória de Deus. Assim sendo, nosso sábio e bom Pai ouve nossas orações e, por vezes, responderá imediatamente; dá-nos, porém, aquilo que é para nosso máximo bem e Sua glória. Deus nos dá bênçãos; caso nos fosse possível penetrar Seus planos, veríamos claramente que Ele sabe o que é melhor para nós, e que nossas orações são atendidas. Não nos é concedida coisa alguma que seja prejudicial, mas a bênção de que necessitamos, em lugar daquilo que pedimos e que não nos faria bem, mas mal. T1 121 1 Vi que, se não recebermos resposta imediata a nossas orações, devemos apegar-nos firmemente a nossa fé, não permitindo que penetre a desconfiança, pois isto nos separará de Deus. Se nossa fé vacilar, nada receberemos dEle. Forte deve ser a confiança que temos em Deus; e quando mais dela necessitarmos, a bênção, qual chuveiro, cairá sobre nós. T1 121 2 Quando os servos de Deus oram por Seu Espírito e Sua bênção, estes vêm por vezes imediatamente; mas nem sempre é concedida então. Em tais ocasiões, não desfaleçam. Apegue-se sua fé com firmeza à promessa de que ela virá. Esteja sua confiança plenamente em Deus, e muitas vezes essa bênção virá quando mais dela necessitarem, e receberão inesperadamente auxílio de Deus ao estarem apresentando a verdade a incrédulos, e vocês serão habilitados a falar a palavra com clareza e poder. T1 121 3 Isto me foi representado como crianças que pedem um favor a seus pais terrestres, que os amam. Pedem alguma coisa que os pais sabem que lhes fará mal; dão-lhes então aquilo que será para seu bem, em lugar daquilo que desejavam. Vi que toda oração elevada ao Céu com fé, por um coração sincero, será ouvida por Deus, e aquele que dirige a petição terá a bênção quando mais dela necessitar, e excedendo ela muitas vezes a suas expectativas. Não se perderá nem uma oração feita por um santo fiel se feita com fé, por um coração sincero. ------------------------Capítulo 20 -- O grupo do Messenger* T1 122 1 Quando em Oswego, Nova Iorque, em Junho de 1855, foi-me mostrado que o povo de Deus tem criado obstáculos para si. Há Acãs no arraial. A obra de Deus tem progredido pouco, e muitos de Seus servos ficam desanimados porque a verdade não produz maiores resultados em Nova Iorque. Não são acrescentados novos membros à igreja. O grupo do Messenger surgiu e fomos obrigados a suportar alguns por causa de suas línguas mentirosas e falsidades, entretanto, suportamos tudo pacientemente. Agora que nos deixaram, não mais prejudicarão a causa de Deus tanto quanto poderiam fazê-lo por sua influência, se houvessem permanecido conosco. T1 122 2 A desaprovação divina é atraída sobre a igreja por causa de indivíduos corrompidos que ali estão. Esses desejam ser os primeiros, quando nem Deus nem seus irmãos os colocaram nessa posição. Egoísmo e exaltação própria têm lhes assinalado a vida. Abre-se agora um espaço aonde eles podem ir e encontrar pastagens com os de sua própria espécie. Deveríamos louvar a Deus porque, em Sua misericórdia, livrou a igreja desses indivíduos. Ele permite que essas pessoas sigam os próprios caminhos e se fartem dos frutos dos próprios atos. Entusiasmo e simpatia os movem agora e enganarão a alguns, mas cada pessoa honesta será esclarecida sobre a verdadeira condição dessa sociedade, e ficará com o povo especial de Deus, firmando-se na verdade, seguindo a humilde senda e sendo protegida contra a influência daqueles que abandonaram a Deus preferindo os próprios caminhos. Esses ceifarão o que semearam. Vi que Deus lhes havia dado oportunidade de se corrigirem, e os havia esclarecido sobre o amor que dedicavam ao próprio eu e outros pecados, mas não O atenderam. Não quiseram converter-se e Ele, misericordiosamente, livrou a igreja desses indivíduos. A verdade surtirá efeito se os servos de Deus e a igreja se consagrarem a Ele e à Sua causa. T1 123 1 Vi que o povo de Deus precisa erguer-se e cingir a armadura. Cristo está voltando e a grande obra da última mensagem de misericórdia é de muita importância para que a deixemos e nos ocupemos em responder a falsidades, deturpações e difamações que o grupo do Messenger criou e espalhou. Devemos firmar-nos na verdade, a verdade presente. Estamos "fazendo uma grande obra e não" podemos "descer". Neemias 6:3. Satanás está por trás de tudo isso, buscando desviar nossa mente da verdade presente e da volta de Jesus. Disse o anjo: "Jesus sabe de tudo isso." Dentro em pouco chegará para eles o dia do ajuste de contas. Todos serão julgados de acordo com o que fizerem no corpo. A língua mentirosa será detida. Provérbios 12:19. Os pecadores de Sião estarão atemorizados; o medo surpreenderá os hipócritas. ------------------------Capítulo 21 -- Preparo para encontrar o Senhor T1 123 2 Vi que não devemos retardar a vinda do Senhor. Disse o anjo: "Preparem-se, preparem-se para o que há de vir sobre a Terra. Correspondam suas obras à fé que vocês professam." Vi que a mente deve estar firme em Deus, e que nossa influência deve testemunhar de Deus e Sua verdade. Não podemos honrar o Senhor quando somos descuidosos e indiferentes. Não O podemos glorificar quando estamos desalentados. Cumpre-nos ser sinceros para assegurar a salvação do próprio ser, e para salvar a outros. Devemos dar a isto toda a importância, e tudo mais deve vir em segundo lugar. T1 123 3 Vi a beleza do Céu. Ouvi os anjos cantarem seus cânticos arrebatadores, rendendo louvor, honra e glória a Jesus. Pude então avaliar alguma coisa do assombroso amor do Filho de Deus. Ele abandonou toda a glória, toda a honra que tinha no Céu, e tão interessado estava em nossa salvação, que suportou paciente e mansamente toda a indignidade e desprezo que o homem sobre Ele pôde amontoar. Foi ferido, machucado, moído; foi estendido na cruz do Calvário, e sofreu a mais angustiosa das mortes, para que da morte nos salvasse; para que fôssemos lavados em Seu sangue, e ressuscitados para viver com Ele nas mansões que está preparando para nós, e pudéssemos desfrutar a luz e a glória do Céu, ouvir os anjos cantarem, e com eles cantarmos também. T1 124 1 Vi que todo o Céu está interessado em nossa salvação; e seremos nós indiferentes? Seremos descuidosos, como se fosse coisa de pouca importância o sermos salvos ou perdidos? Menosprezaremos o sacrifício feito por nós? Alguns assim têm feito. Têm brincado com a misericórdia que lhes é oferecida, e o desagrado de Deus está sobre eles. O Espírito de Deus não será para sempre ofendido. Retirar-Se-á, caso seja ofendido por um pouco mais de tempo. Depois de ter sido feito tudo quanto Deus podia fazer para salvar os homens, caso eles mostrem por sua vida que menosprezam a oferecida misericórdia de Jesus, a morte será o quinhão deles e elevado o preço a ser pago. Será uma terrível morte; pois terão de sofrer a angústia sentida por Cristo, na cruz, a fim de adquirir para eles a redenção que recusaram. E compreenderão aí o que perderam -- a vida eterna, a herança imortal. O grande sacrifício feito para salvar vidas humanas, mostra-nos o valor delas. Uma vez perdida a preciosa vida, está perdida para sempre. T1 124 2 Vi um anjo com balanças na mão, pesando os pensamentos e interesses do povo de Deus, especialmente dos jovens. Num prato estavam os pensamentos e interesses que tendiam para o Céu; no outro achavam-se os que se inclinavam para a Terra. E nessa balança era lançada toda leitura de romances, pensamentos acerca do vestuário e exibição, vaidade, orgulho, etc. Oh! que momento solene! Os anjos de Deus em pé com balanças, pesando os pensamentos de Seus professos filhos -- aqueles que pretendem estar mortos para o mundo e vivos para Deus! O prato cheio dos pensamentos da Terra, vaidade e orgulho, desceu rapidamente, e não obstante peso após peso rolou do prato. O que continha os pensamentos e interesses que se voltavam para o Céu subiu ligeiro enquanto o outro descia e, oh! quão leve estava ele! Posso relatar isso pelo que vi, mas nunca poderei dar a impressão solene e vívida gravada em minha mente, ao ver o anjo com a balança pesando os pensamentos e interesse do povo de Deus. Disse o anjo: "Podem esses entrar no Céu? Não, não, nunca. Diga-lhes que a esperança que agora possuem é vã, e a menos que se arrependam depressa e obtenham a salvação, hão de perecer." T1 125 1 Uma forma de piedade não salvará ninguém. Todos devem possuir profunda e viva experiência. Unicamente isto os salvará no tempo de angústia. Então será provada de que espécie é sua obra; e se ela for ouro, prata e pedras preciosas, eles serão ocultos no Seu pavilhão. Mas, se sua obra for madeira, feno ou palha, coisa alguma os poderá proteger do furor da ira de Jeová. T1 125 2 Dos jovens, bem como dos de mais idade, será exigida uma razão da esperança que têm. Mas a mente destinada por Deus para coisas melhores, formada para servi-Lo perfeitamente, tem-se fixado em coisas insensatas, em vez de nos interesses eternos. A mente que é deixada a vaguear aqui e ali está tão apta a compreender a verdade, a prova escriturística da observância do sábado e o verdadeiro fundamento da esperança cristã, como a estudar a aparência, as maneiras, o vestuário, etc. E os que dão rédea solta à mente para divertir-se com histórias tolas e contos ociosos, alimentam a imaginação, mas o brilho da Palavra de Deus lhes fica eclipsado. A mente é diretamente desviada de Deus. É destruído o interesse em Sua preciosa Palavra. T1 125 3 Foi-nos dado um livro para nos guiar os pés através dos perigos deste mundo escuro, rumo ao Céu. Diz-nos como podemos escapar da ira de Deus, e conta-nos também os sofrimentos de Cristo por nós, o grande sacrifício feito a fim de sermos salvos e desfrutarmos para sempre a presença de Deus. E se alguém estiver em falta afinal, tendo ouvido a verdade como tem ouvido nesta nação esclarecida, será sua própria culpa; será indesculpável. A Palavra de Deus diz-nos como nos podemos tornar cristãos perfeitos, e escapar às sete últimas pragas. Mas eles não tiveram nenhum interesse em verificar isto. Outras coisas lhes distraíam a mente, acariciaram ídolos, e a santa Palavra de Deus foi negligenciada e desprezada. Por professos cristãos Deus foi considerado de pouca importância, e quando Sua santa Palavra os julgar no último dia, serão encontrados em falta. Essa Palavra que eles negligenciaram por tolos livros de histórias, lhes servirá de prova para a existência. Ela é a norma; seus motivos, palavras e obras, e a maneira por que empregam o tempo, serão todos comparados com a Palavra de Deus escrita; e se estiverem em falta então, seus casos estarão decididos para sempre. T1 126 1 Vi que muitos se comparam entre eles mesmos, e comparam sua vida com a de outros. Não deve ser assim. Ninguém, senão Cristo, nos é dado como exemplo. Ele é nosso verdadeiro modelo, e todos devem esforçar-se por imitá-Lo. Ou somos coobreiros de Cristo, ou coobreiros do inimigo. Ou ajuntamos com Cristo, ou espalhamos. Ou somos cristãos decididos, de todo o coração, ou nada somos. Diz Cristo: "Tomara que foras frio ou quente! Assim, porque és morno e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da Minha boca." Apocalipse 3:15, 16. T1 126 2 Vi que muitos mal sabem ainda o que seja abnegação ou sacrifício, ou o que seja sofrer por amor da verdade. Mas ninguém entrará no Céu sem fazer algum sacrifício. Cumpre cultivar o espírito de abnegação e sacrifício. Alguns não se sacrificaram a si mesmos, a seu corpo, sobre o altar de Deus. Condescendem com o temperamento caprichoso, impulsivo, satisfazem os próprios apetites e cuidam dos próprios interesses egoístas, sem consideração para com a causa de Deus. Os que estiverem dispostos a fazer qualquer sacrifício pela vida eterna, tê-la-ão; e vale a pena que soframos por sua causa, que por ela crucifiquemos o próprio eu, e sacrifiquemos todo ídolo. O excelente peso eterno de glória absorve tudo, e eclipsa todo prazer terreno. ------------------------Capítulo 22 -- Os dois caminhos T1 127 2 Na assembléia de Battle Creek (Michigan), em 27 de Maio de 1856, foram-me em visão mostradas algumas coisas que dizem respeito à igreja em geral. Foram-me mostradas a glória e a majestade de Deus. Disse o anjo: "Ele é terrível em Sua majestade, contudo vocês não O compreendem; terrível em Sua ira, e no entanto O ofendem diariamente. 'Porfiai por entrar pela porta estreita' (Lucas 13:24); 'porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.'" Mateus 7:13, 14. Estes caminhos são distintos, separados, em direções opostas. Um leva à vida eterna, o outro à morte eterna. Vi a distinção entre esses caminhos, e também a diferença entre as multidões que neles viajam. Os caminhos são opostos; um é largo e suave; o outro, estreito e acidentado. Semelhantemente as duas multidões que os percorrem são opostas no caráter, na vida, no vestuário e na conversa. T1 127 3 Os que viajam pelo caminho estreito conversam a respeito da alegria e felicidade que terão no fim da viagem. Seu rosto muitas vezes está triste, e, todavia, brilha freqüentemente com piedosa e santa alegria. Não se vestem como a multidão do caminho largo, nem falam ou procedem como eles. Um modelo lhes foi dado. "Um Homem de dores, e experimentado nos trabalhos" (Isaías 53:3) lhes abriu aquele caminho e o palmilhou. Seus seguidores vêem-Lhe os rastos, e ficam consolados e animados. Ele o percorreu em segurança; assim também poderão fazer os da multidão, se seguirem Suas pegadas. T1 128 1 Na estrada larga todos estão preocupados com sua pessoa, suas vestes, seus prazeres. Dão-se livremente ao riso e à zombaria e não pensam no termo da viagem nem na destruição certa, no fim do caminho. Cada dia se aproximam mais de sua destruição; contudo loucamente se lançam, mais e mais depressa. Oh, como me pareceu terrível isso! T1 128 2 Vi, percorrendo a estrada larga, muitos que tinham sobre si escritas estas palavras: "Morto para o mundo. Próximo está o fim de todas as coisas. Estejam vocês também preparados." Pareciam precisamente iguais a todas aquelas pessoas frívolas que em redor se achavam, com a diferença única de uma sombra de tristeza que lhes notei no rosto. Sua conversa era perfeitamente igual à daqueles que, divertidos e inconscientes, se encontravam em redor; mas de quando em quando mostravam com grande satisfação as letras sobre suas vestes, convidando outros a tê-las sobre si. Estavam no caminho largo, e no entanto professavam pertencer ao número dos que viajavam no caminho estreito. Os que em redor deles estavam, diziam: "Não há distinção entre nós. Somos iguais; vestimos, falamos e procedemos semelhantemente." T1 128 3 Foi-me então dirigida a atenção para os anos de 1843 e 1844. Havia naquela ocasião um espírito de consagração que hoje não existe. Que aconteceu com o povo que professa ser o povo peculiar de Deus? Vi a conformidade com o mundo, a indisposição de sofrer em prol da verdade. Vi grande falta de submissão à vontade de Deus. Foi-me chamada a atenção para os filhos de Israel, depois que saíram do Egito. Deus misericordiosamente os chamou dentre os egípcios para que pudessem adorá-Lo sem impedimento nem restrição. Atuou em prol deles, no caminho, por meio de milagres; provou-os e experimentou-os pondo-os em situações angustiosas. Depois do maravilhoso trato de Deus com eles, e seu livramento muitas vezes, murmuravam quando por Ele provados ou experimentados. Suas expressões eram: "Quem dera houvéssemos morrido pela mão do Senhor na terra do Egito!" Êxodo 16:3. Cobiçavam os porros e as cebolas de lá. T1 129 1 Vi que muitos que professam crer na verdade para estes últimos dias, acham estranho que os filhos de Israel murmurassem enquanto viajavam; que depois do maravilhoso trato de Deus com eles, fossem tão ingratos que esquecessem o que por eles fizera. Disse o anjo: "Vocês têm feito pior do que eles." Vi que Deus deu a Seus servos a verdade tão clara, tão compreensível, que é impossível negá-la. Onde quer que estejam, têm certa a vitória. Seus inimigos não poderão fugir à convincente verdade. A luz foi derramada com tanta clareza que os servos de Deus podem levantar-se em qualquer parte e fazer com que a verdade, clara e harmoniosa, ganhe a vitória. Esta grande bênção não tem sido apreciada nem compreendida. Se surge alguma provação, alguns começam a olhar para trás, e pensam que passam por um tempo difícil. Alguns dos professos servos de Deus não sabem o que sejam provações purificadoras. Algumas vezes suscitam eles próprios as provações, imaginam-nas, e desanimam tão facilmente, tão prontamente se magoam, e ressentem-se tão depressa, que fazem mal a si próprios, ofendem a outros e prejudicam a causa de Deus. Satanás faz parecer grandes as suas provações, e incute-lhes no espírito pensamentos que, a serem satisfeitos, lhes destruirão a influência e utilidade. T1 129 2 Alguns se têm sentido tentados a retirar-se da obra, a fim de trabalhar por conta própria. Vi que se a mão de Deus fosse retirada deles, e ficassem sujeitos à enfermidade e à morte, saberiam então o que são dificuldades. Coisa terrível é murmurar contra Deus. Eles não têm em mente que o caminho que trilham é áspero, cheio de abnegação, e de crucifixão do próprio eu, e não deveriam esperar que tudo corresse tão suavemente como se estivessem andando no caminho largo. T1 129 3 Vi que alguns dos servos de Deus, mesmo pastores, desanimam tão facilmente, tão prontamente se magoa o seu eu, que se julgam menosprezados e ofendidos quando não acontece tal coisa. Acham ruim a sua sorte. Tais pessoas não compreendem como se sentiriam se Deus as desamparasse, e passassem por angústia de coração. Achariam então sua sorte dez vezes pior do que antes, quando se achavam empregadas na obra de Deus, sofrendo provações e privações, mas tendo a aprovação do Senhor. Alguns dos que trabalham na causa de Deus não sabem quando têm um tempo suave. Sofreram tão poucas privações, tão pouco sabem de necessidades, trabalho exaustivo ou contrariedades que, passando bem e sendo favorecidos por Deus, e quase inteiramente livres de angústias de espírito não reconhecem as provações e as acham grandes. Vi que, a menos que tais pessoas tenham espírito de abnegação, e estejam dispostas a trabalhar alegremente, não poupando a si mesmas, Deus as dispensará. Ele não as reconhecerá como Seus servos abnegados, mas suscitará quem trabalhe, não indolentemente, mas com fervor, e reconheça quando desfrutam de bem-estar. Os servos de Deus deveriam sentir responsabilidade pelo trabalho em prol das pessoas, e chorar entre o alpendre e o altar, clamando: "Poupa a Teu povo, ó Senhor!" Joel 2:17. T1 130 1 Alguns dos servos de Deus consagraram a vida à causa de Deus, até ao ponto de terem a saúde enfraquecida e ficarem quase consumidos pelo trabalho mental, cuidados incessantes, fadigas e privações. Outros não sentiram essa responsabilidade, ou não a quiseram assumir. Entretanto, justamente esses, por nunca terem experimentado dificuldades, acham que passam por um tempo difícil. Nunca foram batizados no quinhão do sofrimento, e nunca o serão enquanto manifestarem tanta fraqueza e tão pouca força, e amarem tanto a comodidade. Segundo o que Deus me mostrou, é preciso haver, entre os pastores, uma sacudidura, a fim de serem eliminados os negligentes, preguiçosos e comodistas, e permanecer um grupo fiel, puro e abnegado, que não busque seu bem-estar pessoal, mas administre fielmente na palavra e na doutrina, dispondo-se a sofrer e suportar todas as coisas por amor de Cristo, e salvar aqueles por quem Ele morreu. Sintam esses servos o "ai" que sobre eles pesa se não pregarem o evangelho, isto será o bastante; mas nem todos o sentem. ------------------------Capítulo 23 -- Conformidade com o mundo T1 131 1 Foi-me mostrada a conformidade de alguns professos observadores do sábado para com o mundo. Oh! vi que era uma desgraça à sua profissão, uma desgraça à causa de Deus. Desmentem sua profissão. Julgam que não são como o mundo, mas dele tanto se aproximam no vestuário, na conversação ou nos atos, que não há diferença. Vi-os adornando seu pobre corpo mortal, que há de ser tocado em qualquer momento pelo dedo de Deus e prostrado sobre o leito de dor. Oh! então, ao aproximar-se seu último momento, mortal angústia lhes oprime o corpo, e a grande pergunta será: "Estou preparado para morrer, comparecer diante de Deus no juízo, e subsistir na grande revista?" Perguntem-lhes então como se sentem quanto ao adorno do corpo, e se têm alguma idéia do que é estar preparado para comparecer perante Deus, e lhes dirão que se somente pudessem voltar a viver de novo o passado, corrigiriam a vida, evitariam as loucuras do mundo, sua vaidade e orgulho; e adornariam o corpo com roupas modestas, dando assim um exemplo aos que os rodeiam. Viveriam para a glória de Deus. T1 131 2 Por que é tão difícil viver uma vida abnegada, humilde? Porque os professos cristãos não estão mortos para o mundo. É fácil viver depois de estarmos mortos. Mas há muitos que desejam os porros e as cebolas do Egito. Inclinam-se a vestir e proceder o mais semelhante ao mundo possível, e todavia querem ir para o Céu. Esses sobem por outro caminho. Não entram pela porta estreita e pelo apertado caminho. T1 131 3 Foi-me mostrado o grupo presente à assembléia. Disse o anjo: "Alguns se tornarão alimento para os vermes,* outros, sujeitos às sete últimas pragas; alguns viverão e estarão sobre a Terra para serem trasladados na vinda de Jesus" T1 132 1 Que solenes palavras essas ditas pelo anjo! Perguntei-lhe por que tão poucos estavam interessados em seu bem-estar eterno e em se prepararem para a morte. Disse ele: "A Terra os atrai; seus tesouros lhes parecem valiosos." Eles encontram nessas coisas motivação suficiente para lhes ocupar a mente e o tempo que devia ser dedicado ao preparo para o Céu. Satanás está sempre pronto a imergi-los mais e mais profundamente nas dificuldades. Tão logo uma perplexidade lhes desocupam a mente, o inimigo incute-lhes o profano desejo por mais coisas terrenas; e assim o tempo passa, e quando é muito tarde, eles vêem que nada conseguiram de proveitoso. Agarraram-se às sombras e perderam a vida eterna. Esses não têm desculpas. T1 132 2 Muitos se vestem em conformidade com o mundo, a fim de terem influência. Cometem, porém, nisto, um erro lamentável e fatal. Se quiserem exercer verdadeira e salvadora influência, vivam segundo sua profissão de fé, mostrem essa fé pelas obras de justiça, e tornem grande a distinção entre os cristãos e o mundo. Vi que as palavras, o vestuário e as ações devem falar em favor de Deus. Então, difundir-se-á por todos uma santa influência, e todos conhecerão, vendo-os, que estiveram com Jesus. Os incrédulos verão que a verdade que professamos tem uma santa influência, e que a fé na vinda de Cristo afeta o caráter do homem ou da mulher. Se alguém deseja que sua influência fale em favor da verdade, viva segundo esta, imitando assim o humilde Exemplo. T1 132 3 Vi que Deus aborrece o orgulho, e que "todos os soberbos e todos os que cometem impiedade serão como palha; e o dia que está para vir os abrasará". Malaquias 4:1. Vi que a terceira mensagem angélica deve ainda atuar como fermento no coração de muitos que professam nela crer, expurgando-os do orgulho, do egoísmo, da cobiça e amor do mundo. T1 133 1 Jesus está para vir; encontrará Ele um povo em harmonia com o mundo? e reconhecê-los-á Ele como Seu povo, que purificou para Si? Oh! não. Ninguém senão os puros e santos há de Ele reconhecer como Seus. Os que foram purificados e branqueados por meio do sofrimento, e se mantiveram separados, imaculados do mundo, receberá como Seus. T1 133 2 Ao ver eu o terrível fato de se achar o povo de Deus em conformidade com o mundo, não havendo distinção, exceto no nome entre muitos dos professos discípulos do manso e humilde Jesus, e os incrédulos, profunda foi a angústia de meu coração. Vi que Jesus era ferido e exposto a uma franca vergonha. Disse o anjo, ao ver, com tristeza, o professo povo de Deus amando o mundo, participando de seu espírito e seguindo-lhe as modas: "Desliguem-se! Desliguem-se! para que Ele não lhes dê sua parte com os hipócritas e os incrédulos do lado de fora da cidade. Sua profissão de fé só lhes causará maior angústia, e será maior o seu castigo, porque vocês souberam Sua vontade e a não fizeram." T1 133 3 Os que professam crer na terceira mensagem angélica, ofendem muitas vezes a causa de Deus pela leviandade, os gracejos, a frivolidade. Vi que esse mal se estendia por todas as nossas fileiras. Vi que devia haver humilhação diante do Senhor. O Israel de Deus devia rasgar o coração e não as vestes. A simplicidade infantil é raramente vista; pensa-se mais na aprovação dos homens do que no desagrado de Deus. Disse o anjo: "Ponham em ordem o coração, para que Deus não os visite em juízo, e seja cortado o frágil fio da vida, e venham a jazer na sepultura desamparados, despreparados para o juízo. Ou, se não fizerem no túmulo o seu leito, a menos que façam paz com Deus, e se desliguem do mundo, seu coração se tornará mais e mais endurecido, e descansarão num falso esteio, numa suposta preparação, e virão a descobrir seu engano demasiado tarde para conseguir uma bem fundada esperança." T1 134 1 Vi que alguns professos guardadores do sábado despendem horas, as quais são mais que desperdiçadas, apreciando esta ou aquela moda e adornando seu pobre corpo mortal. Enquanto vocês se assemelham ao mundo e procuram embelezar-se ao máximo, lembrem-se de que o mesmo corpo pode, em poucos dias, tornar-se alimento para os vermes. E enquanto vocês o adornam segundo seu gosto, para agradar aos olhos, estão morrendo espiritualmente. Deus odeia o orgulho ímpio e fútil, e olha para vocês como a sepulcros caiados, cheios de corrupção e impurezas. T1 134 2 Mães dão o exemplo de orgulho a seus filhos, e assim fazendo, lançam semente que crescerá e dará fruto. A colheita será abundante e certa. Aquilo que se semeia, será colhido. Não haverá falhas nessa ceifa. Pais, vi que para vocês é mais fácil dar aos filhos uma lição de orgulho do que de humildade. Satanás e seus anjos postam-se ao seu lado para tornar eficaz um ato ou uma palavra que proferirem, encorajando os filhos a se vestirem e, em seu orgulho, se misturarem com uma sociedade não santificada. Ó pais, vocês plantam em seu íntimo um espinho que lhes produzirá angústia. Quando tentarem desfazer a triste lição que ensinaram aos filhos, descobrirão o mal que produziram. É impossível vocês fazerem isso. Vocês podem negar aos filhos as coisas que lhes agradem o orgulho, contudo, ele ainda vive no coração, ansiando por ser satisfeito. Nada pode consumir esse orgulho, senão o Espírito de Deus. Quando Ele lhes penetrar o coração, agirá como fermento e extirpará dali o mal. T1 134 3 Vi que jovens e adultos negligenciam a Bíblia. Não fazem desse livro seu estudo e regra de vida como devem. Os jovens são especialmente culpados dessa negligência. A maioria deles está preparada e dispõe de todo o tempo para ler qualquer outro livro. Mas a Palavra que aponta para a vida, vida eterna, não é esquadrinhada e estudada diariamente. Esse importante e precioso livro, se mal estudado, os julgará no último dia. Histórias ociosas têm sido lidas atentamente, enquanto a Bíblia é desprezada. Virá o dia, um dia de nuvens e densas trevas, quando todos quererão estar totalmente supridos das claras e simples verdades da Palavra de Deus, para poderem mansa e decididamente dar a razão de sua esperança. 1 Pedro 3:15. Vi que a razão dessa esperança devia fortalecer-lhes o caráter para o feroz conflito. Sem isso, acham-se carentes e não podem possuir firmeza e decisão. T1 135 1 Os pais deveriam queimar os contos ociosos diários e as novelas tão logo cheguem a suas casas. Isso seria uma bênção para os filhos. Estimular a leitura desses livros é como praticar feitiçaria. Eles confundem e envenenam a mente. Pais, vi que, a menos que despertem para os interesses eternos de seus filhos, eles certamente se perderão por sua negligência. E a possibilidade de pais infiéis serem salvos é muito pequena. Os pais devem ser exemplos e exercer santa influência em sua família. Deveriam trajar vestes que primem pela modéstia, diferentes das do mundo que os cerca. Ao mesmo tempo em que valorizam os interesses eternos dos filhos, deveriam censurar-lhes o orgulho, reprovando-o fielmente ao invés de encorajá-lo, quer por atos quer por palavras. Oh, que orgulho me foi mostrado existir no professo povo de Deus! Esse foi crescendo a cada ano, até que agora é impossível distinguir os professos adventistas guardadores do sábado do mundo ao seu redor. Vi que esse orgulho precisa ser extirpado de nossas famílias. T1 135 2 Muito dinheiro tem sido gasto em fitas, rendas para toucas, golas* e outros artigos desnecessários para adornar o corpo, enquanto Jesus, o Rei da glória, que deu Sua vida para nos redimir, usou uma coroa de espinhos. Essa foi a maneira com que adornaram a sagrada fronte de nosso Mestre. Ele foi "um homem de dores e que sabe o que é padecer". "Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele e, pelas Suas pisaduras fomos sarados." Isaías 53:3, 5. Mas, aqueles que professam ter sido lavados no sangue de Jesus, por eles derramado, vestem-se com ostentação e enfeitam seu pobre corpo mortal e ainda ousam dizer que são seguidores do santo, abnegado e humilde Modelo. Oh, que todos pudessem ver como Deus observa essa questão e a revelou a mim! Ao contemplá-la, foi-me muito difícil de suportar e de resistir à angústia de coração que experimentei. Disse o anjo: "O povo de Deus é peculiar. Ele o está purificando para Si mesmo." Vi que a aparência exterior é indicativa do coração. Quando o exterior é enfeitado com laços, golas e artigos supérfluos, isso mostra claramente que o amor por todas essas coisas está no coração. A menos que tais pessoas sejam purificadas de sua corrupção, nunca verão a Deus; pois somente "os limpos de coração. ... verão a Deus". Mateus 5:8. T1 136 1 Vi que o machado precisa ser posto à raiz da árvore. Esse tipo de orgulho não deveria ser tolerado na igreja. São essas coisas que separam Deus de Seu povo e interceptam-lhes o acesso à arca. Israel tem estado inconsciente ao orgulho, à moda e à conformidade com o mundo que existe em meio ao arraial. A cada mês seu orgulho, egoísmo, cobiça e amor ao mundo progridem. Quando seu coração for alcançado pela verdade, haverá morte para o mundo, e os laços, rendas, e golas serão postos de lado; se estiverem mortos, a zombaria, o sarcasmo, e o escárnio dos descrentes não os perturbarão. Sentirão ansioso desejo, como seu Mestre, de se manterem separados do mundo. Não imitarão seu orgulho, modas ou costumes. O mais nobre objetivo estará sempre diante deles: glorificar a Deus, e ganhar a herança imortal. Essa perspectiva absorverá tudo quanto for de natureza terrena. Deus terá um povo separado e diferente do mundo. Se alguém sentir o desejo de imitar as modas do mundo e não subjugá-lo de imediato, Deus prontamente deixará de reconhecê-lo como filho. Esse é filho do mundo e das trevas. Ele anseia pelas cebolas e porros do Egito, isto é, deseja ser o mais possível semelhante ao mundo. Agindo assim, aqueles que professam estar revestidos de Cristo, na verdade esquivam-se dEle e mostram que são alheios à graça e estranhos ao manso e humilde Jesus. Se houvessem se familiarizado com Ele, andariam dignamente ao seu lado. ------------------------Capítulo 24 -- Esposas de pastores T1 137 1 Vi as esposas dos pastores. Algumas delas não são de nenhum auxílio para os maridos, e todavia professam a terceira mensagem angélica. Pensam mais em atender os próprios desejos e prazeres do que à vontade de Deus, e em como podem suster erguidas as mãos do esposo mediante suas fiéis orações e sua cuidadosa maneira de viver. Vi que algumas delas assumem uma conduta tão voluntariosa e egoísta, que Satanás as torna instrumentos seus, e trabalha por meio delas a fim de destruir a influência e utilidade dos maridos. Sentem-se na liberdade de queixar-se e murmurar caso sejam levadas a qualquer situação precária. Esquecem-se dos sofrimentos dos antigos cristãos por amor da verdade, e pensam que devem ter seus desejos satisfeitos e seguir a própria vontade. Esquecem o sofrimento de Jesus, seu Mestre. Esquecem o Homem de dores, experimentado nos trabalhos -- Aquele que não tinha onde reclinar a cabeça. Não se importam de lembrar aquela santa fronte, ferida por uma coroa de espinhos. Esquecem-nO a Ele que, levando a própria cruz ao Calvário, desfaleceu ao peso dela. Não estava sobre Ele apenas o peso da cruz de madeira, mas o pesado fardo dos pecados do mundo. Esquecem os cravos cruéis enterrados nas tenras mãos e pés, e Seu angustioso brado ao expirar: "Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?" Mateus 27:46; Marcos 15:34. Depois de todo esse sofrimento suportado por elas, sentem forte indisposição de sofrer por amor de Cristo. T1 138 1 Essas pessoas, vi, estão enganando a si mesmas. Não têm parte nem sorte na causa. Possuem a verdade mas a verdade não as possui. Quando a verdade, a solene e importante verdade delas se apoderar, há de morrer o próprio eu; então a linguagem não será: "Eu irei para lá; não ficarei aqui"; mas a sincera indagação será: "Onde quer o Senhor que eu esteja? Onde O glorificarei melhor, e onde serão mais benéficos os nossos esforços conjugados?" Sua vontade será absorvida na vontade de Deus. O espírito obstinado e a falta de consagração manifestados por algumas esposas de pastores, atravessar-se-á no caminho dos pecadores; o sangue de seres humanos estará em suas vestes. Alguns dos pastores têm dado vigoroso testemunho com relação ao dever e aos erros da igreja; mas isso não tem o efeito visado; pois suas companheiras precisavam de todo o incisivo testemunho dado, e a reprovação recaía sobre elas com grande peso. Eles deixaram que as companheiras os afetassem, e puxassem para baixo, incutindo-lhes no espírito preconceitos, e ficam perdidas a sua utilidade e influência; sentem-se desanimados e abatidos, e não compreendem a verdadeira origem do mal. Este se encontra bem perto, no lar. T1 138 2 Essas irmãs se acham intimamente relacionadas com a obra de Deus, se Ele chamou os maridos para pregarem a verdade presente. Estes servos, caso sejam realmente chamados por Deus, sentirão a importância da verdade. Encontram-se entre os vivos e os mortos, e devem zelar pelas pessoas como quem delas deva dar contas. Solene é sua vocação, e suas companheiras podem ser-lhes uma grande bênção ou uma grande maldição. Elas os podem animar quando desalentados, confortar quando deprimidos, e estimulá-los a olhar para cima e a confiar plenamente em Deus quando lhes desfalece a fé. Ou podem tomar rumo contrário, olhar ao lado sombrio, pensar que lhes cabe um tempo de provas, sem exercitar nenhuma fé em Deus, falar de suas provações e incredulidade aos companheiros, condescender com o espírito de queixa e murmuração, e serem-lhes um peso morto, e mesmo uma maldição. T1 139 1 Vi que a esposa do pastor deve ajudar o marido em seus esforços, e ser exata e cuidadosa quanto à influência que exerce; pois é observada, e espera-se mais dela do que das outras. Seu vestuário deve ser um exemplo. Sua vida e conversação também devem ser exemplares, recendendo um cheiro de vida e não de morte. Vi que deve assumir atitude humilde, mansa, e todavia exaltada, não se dando a conversações que não tendam a dirigir a mente para o Céu. A grande questão deve ser: "Como posso salvar a mim mesmo, e ser instrumento para salvar a outros?" Vi que neste assunto, não é aceitável a Deus uma obra de coração dividido. Ele quer todo o coração e todo o interesse, ou nada. A influência da esposa, ou fala decidida, inequivocamente em favor da verdade, ou contra ela. Ou ela ajunta com Jesus, ou espalha. Mateus 12:30. A esposa não santificada é a maior maldição que um pastor possa ter. Os servos de Deus que têm sido e são ainda bastante infelizes para terem em casa essa má influência, devem redobrar as orações e vigilância, assumir atitude firme e decidida, e não permitir que essas trevas os empurrem para baixo. Devem apegar-se mais a Deus, ser firmes e resolutos, governar bem a própria casa, e viver de maneira a receber a aprovação de Deus e o vigilante cuidado dos anjos. Mas se cederem aos desejos das não santificadas companheiras, estará sobre sua habitação o desagrado de Deus. A arca de Deus não pode permanecer na casa, pois eles condescendem com seus erros e os apóiam. T1 140 1 Nosso Deus é um Deus zeloso. Terrível coisa é brincar com Ele. No passado, Acã cobiçou uma barra de ouro e uma capa babilônica, e as escondeu, e todo o Israel sofreu; foram repelidos pelos inimigos. E quando Josué indagou a causa, o Senhor disse: "Levanta-te, santifica o povo, e dize: Santificai-vos para amanhã, porque assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Anátema há no meio de ti, Israel; diante dos teus inimigos não poderás suster-te, até que tires o anátema do meio de vós." Josué 7:13. Acã pecara, e Deus o destruiu a ele e a toda a sua família, com tudo quanto possuíam, e tirou a maldição de Israel. T1 140 2 Vi que o Israel de Deus deve erguer-se, e renovar suas forças em Deus mediante a renovação e observância de seu concerto com Ele. A cobiça, o egoísmo, o amor do dinheiro e o amor do mundo, permeiam todas as fileiras dos observadores do sábado. Estes males estão destruindo o espírito de sacrifício entre o povo de Deus. Os que têm no coração essa cobiça, dela não se apercebem. Ela se apoderou deles imperceptivelmente, e a menos que seja desarraigada, sua destruição será tão certa quanto a de Acã. Muitos têm tirado o sacrifício de sobre o altar de Deus. Amam o mundo, o ganho e o lucro mundanos, e caso não haja neles inteira mudança, perecerão com o mundo. Deus lhes tem confiado meios; estes não lhes pertencem, mas o Senhor os fez mordomos Seus. E por isto eles chamam seus a esses recursos, e os acumulam. Mas oh! quão depressa, ao ser removida a mão de Deus, tudo é arrebatado em um momento! É preciso haver sacrifício para Deus, a negação do próprio eu por amor da verdade. Oh! como é frágil o homem! como é débil o seu braço! Vi que em breve será abatida a altivez humana, humilhado o seu orgulho! Reis e nobres, ricos e pobres, curvar-se-ão igualmente, e as consumidoras pragas de Deus cairão sobre eles. ------------------------Capítulo 25 -- Zelo e arrependimento T1 141 1 Prezados Irmãos e Irmãs: T1 141 2 O Senhor mostrou-me em visão algumas coisas concernentes à igreja em seu atual estado de mornidão, as quais lhes passo a relatar. A igreja me foi apresentada em visão. Disse o anjo à igreja: "Jesus lhe diz: 'Sê zeloso e arrepende-te'." Apocalipse 3:19. Esta obra, vi, deve ser empreendida com sinceridade. Há alguma coisa de que arrepender-se. O espírito mundano, o egoísmo e a cobiça têm estado a corroer a espiritualidade e a vida do povo de Deus. T1 141 3 O perigo do povo de Deus durante alguns anos passados, tem sido o amor do mundo. Disto têm brotado os pecados do egoísmo e da cobiça. Quanto mais tiram deste mundo, tanto mais aí colocam suas afeições; e ainda se esforçam por obter mais. Disse o anjo: "É mais fácil entrar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus." Lucas 18:25. Muitos, porém, que professam crer que estamos dando as últimas notas de advertência ao mundo, estão lutando com todas as energias para se colocarem em posição em que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que eles entrarem no reino do Céu. T1 141 4 Esses tesouros terrestres são bênçãos quando devidamente empregados. Os que os possuem devem compreender que os mesmos lhes são emprestados por Deus, e empregar alegremente seus recursos para o progresso de Sua causa. Não perderão aqui seu galardão. Serão benignamente considerados pelos anjos de Deus, ao mesmo tempo que ajuntarão um tesouro no Céu. T1 142 1 Vi que Satanás observa o temperamento peculiar, egoísta, cobiçoso de alguns que professam a verdade, e tentá-los-á pondo-os no caminho da prosperidade, oferecendo-lhes as riquezas deste mundo. Ele sabe que, se não vencerem seu temperamento natural, hão de tropeçar e cair pelo amor de Mamom, pela adoração de seu ídolo. O objetivo de Satanás é muitas vezes conseguido. O forte amor do mundo vence, absorve o amor da verdade. Os reinos do mundo são-lhes oferecidos, e eles se apoderam ansiosamente de seus tesouros, e pensam que estão sendo maravilhosamente prosperados. Satanás triunfa porque seu plano teve êxito. Abandonam o amor de Deus pelo amor do mundo. T1 142 2 Vi que os que são assim prosperados, poderão impedir o desígnio de Satanás, caso vençam sua cobiça egoísta mediante o pôr todas as suas posses no altar de Deus. E onde virem que são necessários meios para levar avante a obra da verdade e para ajudar a viúva, o órfão e o aflito, devem dar alegremente, entesourando assim no Céu. T1 142 3 Dêem ouvidos ao conselho da Testemunha Verdadeira. Comprem ouro provado no fogo, para serem ricos; vestidos brancos para que possam vestir-se; e colírio para que possam ver. Apocalipse 3:18. Façam algum esforço. Esses preciosos tesouros não cairão sobre nós sem esforço de nossa parte. Cumpre-nos comprar -- ser zelosos e arrepender-nos de nosso estado de mornidão. É preciso estarmos despertos para ver nossos erros, esquadrinhar nossos pecados, e arrepender-nos zelosamente deles. T1 142 4 Vi que os irmãos que possuem bens têm uma obra a fazer para se desligarem desses tesouros terrestres, e vencerem seu amor do mundo. Muitos deles amam este mundo, amam seu tesouro, mas não estão dispostos a reconhecer isto. Cumpre-lhes ser zelosos e arrependerem-se de sua cobiça egoísta, a fim de que o amor da verdade absorva tudo o mais. Vi que muitos dos que têm riquezas deixarão de comprar ouro, vestidos brancos e colírio. Seu zelo não possui intensidade e ardor proporcionais ao valor do objeto que buscam obter. T1 143 1 Vi esses homens enquanto se esforçavam pelos bens terrestres; que zelo manifestavam, que diligência, que energia para obter um tesouro terreno que em breve passará! Que frios cálculos faziam eles! Planejam e labutam desde cedo até tarde, e sacrificam a comodidade e o conforto pelo tesouro terrestre. Um zelo correspondente, de sua parte, para alcançarem o ouro, as vestes brancas e o colírio, levá-los-á à posse desses desejáveis tesouros, e à vida, vida eterna no reino de Deus. Vi que, se alguém necessita de colírio, são os que possuem bens deste mundo. Muitos deles estão cegos para a própria condição, cegos para o seu firme apego a este mundo. Oh! que eles possam ver! "Eis que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a Minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo." Apocalipse 3:20. Vi que muitos têm tanto lixo acumulado à porta do coração, que não a podem abrir. Alguns têm desinteligências a remover entre eles e os irmãos. Outros têm mau temperamento, ambição egoísta para afastar antes de poderem abrir a porta. Outros rolaram o mundo para a porta do coração, e isso também a impede de ser aberta. Todo esse entulho deve ser removido, e então poderão abrir a porta e dar aí as boas-vindas ao Salvador. T1 143 2 Oh! quão preciosa esta promessa, ao ser-me mostrada em visão! "Entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo." Apocalipse 3:20. Oh! o amor, o assombroso amor de Deus! Depois de toda a nossa mornidão e pecado, Ele diz: "Volte para Mim, e Eu voltarei para você, e sararei todas as suas apostasias." Isto foi repetido pelo anjo várias vezes. "Volte para Mim, e Eu voltarei para você, e sararei todas as suas apostasias." T1 144 1 Alguns, vi eu, voltariam de boa vontade. Outros não permitirão que esta mensagem à igreja de Laodicéia tenha peso para com eles. Hão de deslizar caminho adiante, da mesma maneira por que antes o faziam, e serão vomitados da boca do Senhor. Unicamente os que se arrependem zelosamente hão de alcançar o favor de Deus. T1 144 2 "Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no Meu trono; assim como Eu venci, e Me assentei com Meu Pai no Seu trono." Apocalipse 3:21. Podemos vencer. Sim, plena e inteiramente. Jesus morreu a fim de prover-nos um caminho de escape, de modo a podermos vencer todo mau temperamento, todo pecado, toda tentação, e, por fim, sentar-nos com Ele. T1 144 3 Temos o privilégio de ter fé e salvação. O poder de Deus não diminuiu. Seu poder, vi, seria concedido agora tão abundantemente como outrora. É a igreja de Deus que tem perdido a fé para reivindicar, a energia para lutar como fez Jacó, clamando: "Não Te deixarei ir, se me não abençoares." Gênesis 32:26. A fé que persevera está a perecer. Ela deve ser reavivada no coração do povo de Deus. Precisamos suplicar Sua bênção. A fé, fé viva, leva sempre para cima -- para Deus e a glória; a incredulidade, para baixo -- para as trevas e a morte. T1 144 4 Vi que a mente de alguns na igreja não tem andado no devido rumo. Tem havido alguns temperamentos peculiares, que desenvolvem idéias próprias pelas quais julgam os irmãos. E se alguém não estava exatamente em harmonia com eles, havia imediatamente perturbação no acampamento. Alguns têm coado um mosquito, e engolido um camelo. Mateus 23:24. T1 144 5 Essas idéias têm sido nutridas e com elas alguns têm condescendido, por longo tempo. Apegam-se a qualquer palha, por assim dizer. E quando não há dificuldades reais na igreja, fabricam-se provações. A mente da igreja e os servos do Senhor são desviados de Deus, da verdade e do Céu, para se fixarem nas trevas. Satanás se deleita em que estas coisas prossigam; isto é uma festa para ele. Não são, porém, estas tribulações, que hão de purificar a igreja, e, no fim, aumentar a resistência do povo de Deus. T1 145 1 Vi que alguns estão definhando espiritualmente. Têm vivido por algum tempo a observar se seus irmãos andam retamente -- espreitando toda falta, para então os meter em dificuldades. E enquanto isto fazem, a mente não está em Deus, nem no Céu ou na verdade; mas simplesmente onde Satanás quer que esteja -- nos outros. Seu coração é negligenciado; raramente essas pessoas vêem ou sentem as próprias faltas, pois têm tido bastante que fazer em vigiar as faltas dos demais, sem sequer olhar para si mesmos, ou examinar o próprio coração. O vestido, o chapéu ou o avental lhes prendem a atenção. Precisam falar a este e àquele, e isto basta para os ocupar por semanas. Vi que toda a religião de alguns pobres corações, consiste em observar a roupa e os atos dos outros, e em os criticar. A menos que se reformem, não haverá no Céu lugar para elas, pois achariam defeitos no próprio Senhor. T1 145 2 Disse o anjo: "É uma obra individual o ser íntegro para com Deus." A obra é entre Deus e nós mesmos. Mas quando as pessoas têm tanto cuidado com as faltas dos outros, não cuidam de si mesmas. Essas pessoas imaginativas, críticas, muitas vezes se curariam desse hábito, se se dirigissem diretamente à pessoa que pensam estar errada. Isto seria tão desagradável, que abandonariam suas idéias, de preferência a ir ter com elas. Mas é mais fácil deixar a língua trabalhar livremente acerca deste e daquele, quando o acusado não está presente. T1 145 3 Pensam alguns que não é direito procurar observar ordem no culto de Deus. Vi, porém, que não é perigoso observar ordem na igreja do Senhor. Tenho visto que a confusão Lhe desagrada, e que deve haver ordem no orar e também no cantar. Não devemos chegar à casa de Deus para orar por nossa família, a menos que um profundo sentimento a isto nos induza, enquanto o Espírito de Deus as está convencendo. Em geral, o lugar apropriado para orar por nossa família é o altar da família. Quando os objetos de nossas orações se acham distantes, o aposento particular é o lugar apropriado para instar com Deus em favor deles. Quando na casa de Deus, devemos orar por uma bênção presente, e esperar que Ele nos ouça e atenda às petições. Essas reuniões serão vivas e interessantes. T1 146 1 Vi que todos devem cantar com o Espírito e também com entendimento. 1 Coríntios 14:15. Deus não Se agrada de barulho e desarmonia. O certo Lhe é sempre mais aprazível que o errado. E quanto mais perto puder chegar o povo de Deus do canto correto, harmonioso, tanto mais será Ele glorificado, a igreja beneficiada e os incrédulos impressionados favoravelmente. T1 146 2 Foi-me mostrada a ordem, a perfeita ordem do Céu, e senti-me arrebatada ao escutar a música perfeita que ali há. Depois de sair da visão, o canto aqui me soou muito áspero e dissonante. Vi grupos de anjos que se achavam dispostos em quadrado, tendo cada um uma harpa de ouro. Na extremidade inferior dela havia um dispositivo para virar, fixar a harpa, ou mudar os tons. Seus dedos não corriam pelas cordas descuidosamente, mas faziam vibrar diferentes cordas para produzir diferentes acordes. Há um anjo que dirige sempre, o qual toca primeiro a harpa a fim de dar o tom, depois todos se ajuntam na majestosa e perfeita música do Céu. Ela é indescritível. É melodia celestial, divina, enquanto cada semblante reflete a imagem de Jesus, irradiando glória indizível. ------------------------Capítulo 26 -- O leste e o oeste T1 146 3 Prezados irmãos: T1 146 4 O Senhor mostrou-me em visão algumas coisas com respeito às regiões do Leste e do Oeste, as quais senti ser meu dever apresentar-lhes. Vi que Deus abriu o caminho para a disseminação da verdade presente nos Estados do Oeste. Muito mais poder é exigido para persuadir o povo do Leste do que do Oeste, e atualmente, muito pouco tem sido realizado no Leste. Devemos agora concentrar esforços especiais nos lugares mais promissores. T1 147 1 As pessoas do Leste ouviram a proclamação da segunda vinda de Cristo e tiveram mostras do poder de Deus, mas caíram num estado de indiferença e falsa segurança, onde é quase impossível presentemente alcançá-los. Depois de se empregarem extraordinários esforços e os melhores talentos nesses Estados, quase nada foi conseguido. T1 147 2 Vi que o povo do Oeste era mais fácil de ser persuadido do que o do Leste. Esses não haviam tido a luz da verdade anteriormente e, portanto, não a rejeitaram. O coração deles é mais impressionável e sensível à verdade e ao Espírito de Deus. O coração de muitos no Oeste encontra-se já preparado para receber avidamente a verdade; e quando os servos de Deus saírem para trabalhar pela salvação de vidas preciosas, elas os encorajarão em seu árduo trabalho. Enquanto o povo está ansioso por ouvir e muitos abraçam a verdade, os dons que Deus conferiu a Seus servos são postos em ação e fortalecidos. Eles constatam que seus esforços foram bem-sucedidos. T1 147 3 Vi que, com o mesmo esforço, se realizou dez vezes mais no Oeste do que no Leste, e que o caminho está aberto para sucessos ainda maiores. Tenho visto que muito pode ser feito presentemente no Wisconsin, e mais ainda em Illinois. E que precisam ser feitos esforços para espalhar a verdade em Minnesota e Iowa. Ela surtirá efeito em muitos lugares ali. Um imenso campo de trabalho foi-me mostrado em visão, o qual ainda não havia sido penetrado. Mas não há suficiente e desprendido auxílio para alcançar metade das localidades onde já se acha preparado para ouvir a verdade, e muitos aptos a recebê-la. T1 147 4 Novos campos de trabalho precisam ser visitados. Muitos terão de ir à guerra com seus próprios recursos; penetrar os campos com a expectativa de terem de custear as próprias despesas. Conforme me foi mostrado, vi que há uma excelente oportunidade para os mordomos do Senhor desempenharem-se de sua obrigação, financiando aqueles que pregam a verdade nessas localidades. Seria para eles um grande privilégio devolver a Deus o que Lhe pertence. Assim fazendo, estarão cumprindo um dever escriturístico e se libertando de parte de suas posses terrenas, as quais são um fardo para os que as têm em abundância. Isso também aumentará seu tesouro no Céu. T1 148 1 A tenda do Leste, eu vi, não devia ser transportada tantas vezes dentro da mesma área. Se necessário for, aqueles que a acompanham devem ir para a batalha por conta própria. Montem a tenda onde a verdade não foi apresentada, e a provejam de obreiros. T1 148 2 Foi-me revelado ser um erro trabalhar sempre nos mesmos lugares, ano após ano, e com os mesmos talentos. Se possível, deveriam ser chamados obreiros com talentos mais satisfatórios. Seria melhor e mais producente se houvesse menos reuniões nas tendas e um grupo mais forte, com diferentes dons para o trabalho. Então haveria mais longa permanência onde o interesse houvesse sido despertado. Tem havido muita pressa para desarmar a tenda. Alguns começam a ser favoravelmente impressionados e, por conseguinte, é necessário que esforços perseverantes sejam feitos até que sua mente seja convencida e eles se comprometam com a verdade. Em muitos lugares onde a tenda tem sido armada, os pastores ali permanecem até que o preconceito se dissipe e alguns ouçam a mensagem com a mente isenta de preconceitos. Mas, justamente nessa altura, a tenda é desmontada e mandada para outro lugar. Os ciclos se repetem, gastam-se tempo e dinheiro, e os servos de Deus constatam pouco resultado nos trabalhos da tenda. Poucos são levados ao conhecimento da verdade, e os servos de Deus, tendo visto pouquíssimo fruto para animá-los e estimulá-los, e desafiar seus dons latentes, sofrem prejuízo em vez de obterem força, espiritualidade e poder. T1 148 3 Vi que devem ser feitos esforços especiais no Oeste, através das tendas; pois os anjos de Deus estão preparando a mente das pessoas para a recepção da verdade. Eis aí a razão por que Deus influenciou alguns adventistas a se mudarem do Leste para o Oeste. Seus dons podem produzir muito mais no Oeste do que no Leste. O peso do trabalho encontra-se no Oeste, e é da maior importância que os servos de Deus se desloquem de acordo com Sua oportuna providência. T1 149 1 Vi que quando a verdade crescer em poder, então a providência divina abrirá e preparará o caminho para o Leste, a fim de que o trabalho seja muito mais frutífero do que o seria agora. Deus enviará alguns de Seus servos com poder para visitar lugares onde pouco ou nada agora pode ser feito. Alguns que são agora indiferentes, serão despertados e levantar-se-ão e se apegarão à verdade.* T1 149 2 Vi que Deus advertiu aqueles que se mudaram do Leste para o Oeste. Mostrou-lhes seu dever, que não devia ser a obtenção de riquezas, mas fazer o bem às pessoas, viver a fé e falar aos que os cercam que este mundo não é o seu lar. T1 149 3 Essa advertência teria sido suficiente se fosse atendida, mas muitos não consideraram o que Deus havia mostrado. Agiram precipitadamente e se tornaram como bêbados com o espírito do mundo. "Olhem para trás", disse o anjo, "e considerem tudo quanto Deus mostrou a respeito daqueles que estão se mudando do Leste para o Oeste." Vocês obedeceram? Vi que agiram contrariamente ao que Deus ensinou, comprando muito e, em lugar das obras testemunharem aos outros que vocês estão buscando uma pátria melhor, elas claramente confessaram que seu lar e tesouro se encontram aqui. As obras de vocês negam sua fé. T1 149 4 E isso não é tudo. O amor que deveria existir entre irmãos está em falta. "Sou eu o guardador de meu irmão?" (Gênesis 4:9) é o que se tem dito. Um espírito egoísta e cobiçoso é abrigado no coração dos irmãos. Em vez de olharem pelos interesses dos irmãos, manifestam em seu relacionamento um espírito estreito e egoísta, ao qual Deus despreza. Aqueles que fazem tão alta confissão de sua fé e se têm na conta de povo peculiar de Deus, dizendo por sua profissão que são zelosos de boas obras, devem ser nobres e generosos e manifestar sempre boa disposição em favorecer a seus irmãos em lugar de a si mesmos, e conferir-lhes a melhor oportunidade. Generosidade atrai generosidade. Egoísmo chama egoísmo. T1 150 1 Vi que durante o verão passado, o espírito que prevaleceu foi a ganância de agarrar o mais possível deste mundo. Os mandamentos de Deus não foram guardados. Com a mente servimos à lei de Deus; mas a mente de muitos tem estado a servir ao mundo. Enquanto a mente de todos se ocupava com as coisas da Terra, servindo-se a si mesmos, eles não podiam servir à lei de Deus. O sábado não tem sido observado. Alguns têm prolongado o trabalho dos seis dias até o sétimo. Uma hora, ou mesmo mais, tem sido subtraída do começo e do encerramento do sábado. T1 150 2 Alguns dos guardadores do sábado que dizem ao mundo estarem esperando pela vinda de Cristo, e que crêem que temos a última mensagem de graça, e dão vazão a seus sentimentos naturais, negociando e comercializando, têm-se tornado um provérbio na boca dos descrentes por sua sagacidade e perspicácia, sempre levando a melhor nas negociações. Assim, seria melhor sofrer pequenas perdas e exercer maior influência no mundo, e influência mais feliz entre os irmãos, mostrando que o mundo não é seu deus. T1 150 3 Vi que os irmãos devem interessar-se uns pelos outros. Especialmente devem aqueles que são abençoados com saúde ter bondosa consideração e cuidado pelos doentes, procurando beneficiá-los. Devem lembrar-se da lição do bom samaritano ensinada por Jesus. T1 150 4 Disse o Senhor: "Que vos ameis uns aos outros, assim como Eu vos amei." João 15:12. Quanto? Seu amor não pode ser descrito. Ele deixou a glória que tinha junto ao Pai antes que o mundo existisse. "Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e, pelas Suas pisaduras, fomos sarados." Isaías 53:5. Pacientemente Ele suportou toda indignidade e todo escárnio. Contemplem Sua agonia no jardim enquanto orava para que o cálice pudesse ser retirado! Contemplem Seus sofrimentos no Calvário! Tudo isso pelo homem culpado e perdido. E Jesus disse: "Que vos ameis uns aos outros, assim como Eu vos amei." João 13:34; 15:12. Quanto? O suficiente para dar a vida por um irmão. Mas como chegar a isso se o eu precisa ser atendido e a Palavra de Deus negligenciada? O mundo é seu deus. Eles o servem, o amam, e o amor de Deus é renunciado. Se vocês amam o mundo, o amor do Pai não está em vocês. 1 João 2:15. T1 151 1 A Palavra de Deus tem sido desprezada. Nela estão as advertências ao povo de Deus, as quais apontam para os perigos que correm. Mas eles têm se envolvido com tantos cuidados e perplexidades, que dificilmente se permitem tempo para orar. Tem havido mera e oca forma de piedade, sem o poder. Jesus orava, e, oh, quão ferventes eram Suas orações. E, todavia, Ele era o amado Filho de Deus! T1 151 2 Se Jesus manifestou tanto zelo, tanto esforço e agonia, quanto mais necessários são esses aos que Ele chamou como herdeiros da salvação, dependentes de Deus para obter toda força, e para ter sua alma movida para lutar com Deus e dizer: "Não Te deixarei ir, se me não abençoares." Gênesis 32:26. Mas, vi que os corações ficaram sobrecarregados com os cuidados da vida e que Deus e Sua Palavra foram desprezados. T1 151 3 Vi ser "que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino". Mateus 19:24. "Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde ladrões não minam, nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração." Mateus 6:19-21. T1 152 1 Vi que quando a verdade é apresentada, deve ser em poder e no Espírito. Que o povo seja levado à decisão. Mostrem-lhes a importância da verdade -- ela é vida ou morte. Com zelo apropriado, resgatem as pessoas do fogo. Mas, oh, que nociva influência tem sido exercida por homens que professam estar esperando por seu Senhor, porém, possuem extensas e atrativas terras. As fazendas têm pregado mais alto, sim, muito mais alto do que as palavras podem fazê-lo, de que este mundo é seu lar. O dia mau tem sido protelado. "Paz e segurança" reinam. 1 Tessalonicenses 5:3. Oh, debilitante e corroedora influência! Deus odeia tal inclinação mundana. "Cortem-nos, cortem-nos", foram as palavras do anjo. T1 152 2 Revelou-se-me que todos deveriam ter em vista a glória de Deus. Aqueles que têm posses estão sempre prontos a se desculparem por conta de esposa e filhos. Mas vi que com Deus não se brinca. Quando Ele fala, quer ser obedecido. Se a esposa ou filhos permanecem como tropeços no caminho, eles devem lhes dizer como Jesus a Pedro: "Para trás de Mim, Satanás." Mateus 16:23. Por que vocês me tentam a reter de Deus o que com justiça a Ele pertence, e arruinar a própria vida? Mantenham o olhar fixo na glória de Deus. T1 152 3 Vi que muitos precisam aprender o que é ser um cristão -- não apenas nominalmente, mas tendo "a mente de Cristo" (1 Coríntios 2:16), submetendo-se à vontade de Deus em todas as coisas. Especialmente devem os jovens, que não conhecem o que são privações ou dificuldades, que possuem uma vontade inamovível e não a submetem à glória de Deus, empreender uma grande obra. Avançam muito bem até ser sua vontade contrariada, então, perdem o controle. Eles não têm diante de si a vontade de Deus. Não estudam como melhor glorificar ao Senhor ou cooperar com o avanço de Sua causa, ou ainda, fazer o bem aos outros. Mas o eu, sempre o eu; como pode ele ser satisfeito? Tal religião não vale uma palha. Aqueles que a possuem serão pesados na balança e achados em falta. Daniel 5:27. T1 152 4 O verdadeiro cristão ansiará esperar e vigiar pelos ensinos de Deus e a guia do Seu Espírito. Mas para muitos, a religião é simplesmente uma forma. Falta-lhes a verdadeira piedade. Muitos ousam dizer: Farei isto ou aquilo, ou, não farei isso, mas o temor de ofender a Deus raramente lhes passa pela cabeça. Segundo pude ver, os que se encaixam nessa descrição não poderão entrar no Céu como estão. Podem até gabar-se de que serão salvos, mas Deus não tem prazer neles. Hebreus 10:38. A vida deles não Lhe agradam e suas orações são-Lhe uma ofensa. T1 153 1 Cristo novamente apela a cada um deles: "Sê, pois, zeloso e arrepende-te." Apocalipse 3:19. Bondosa e fielmente Ele os aconselha a comprarem ouro, vestes brancas e colírio. Eles podem escolher entre ser zelosos e participar abundantemente da salvação ou serem expelidos da boca do Senhor como repugnantes. Deus não os tolerará para sempre. Ele é terno e piedoso, contudo, há de ser esta a última vez que ofenderão Seu Espírito. A dulcíssima e misericordiosa voz não mais será ouvida. Suas últimas e preciosas notas extinguir-se-ão para sempre, e esses serão deixados a seguir os próprios caminhos e se fartarem com suas obras. T1 153 2 Vi que aqueles que professam estar aguardando a vinda do Senhor não deveriam ter um espírito estreito e mesquinho. Alguns dos que foram chamados a pregar a verdade e vigiar pelas pessoas como os que têm de dar conta delas, têm despendido muito do precioso tempo para economizar um pouquinho, quando seu tempo valia bem mais do o que conseguiram obter. Isso aborreceu a Deus. É certo economizar, mas alguns se têm empenhado, de modo mesquinho, em acumular tesouros que haverão de devorar sua carne como fogo, a menos que eles, como fiéis mordomos, administrem corretamente os bens de seu Senhor. ------------------------Capítulo 27 -- Jovens observadores do Sábado T1 154 2 Em 22 de Agosto de 1857, estando eu na casa de oração em Monterey, Michigan, foi-me mostrado que muitos ainda não ouviram a voz de Jesus, e a salvadora mensagem ainda não lhes tomou posse do coração, efetuando uma reforma na vida. Muitos dos jovens não têm o espírito de Jesus. O amor de Deus não lhes está no coração, portanto toda tentação natural tem a vitória, em vez de terem-na o Espírito de Deus e a salvação. T1 154 3 Os que possuem realmente a religião de Jesus, não se envergonharão da cruz nem temerão carregá-la perante os que têm mais experiência do que eles. Caso almejem fervorosamente ser corretos, desejarão todo auxílio que possam obter dos cristãos de mais idade. De boa vontade serão por eles ajudados; os corações que se acham aquecidos pelo amor de Deus, não serão entravados por bagatelas na carreira cristã. Falarão daquilo que o espírito de Deus atua no interior. Cantarão isto, orarão sobre isto. É a falta de religião, a falta de vida santa que torna os jovens tardios. Sua vida os condena. Sabem que não vivem como os cristãos devem viver, por isto não têm confiança em Deus, nem na igreja. T1 154 4 O motivo de se sentirem os jovens mais em liberdade quando os de mais idade estão ausentes, é que eles se acham com os de seu grupo. Cada um pensa que é tão bom quanto o outro. Todos deixam de atingir o alvo, mas se medem uns pelos outros, e uns aos outros se comparam, e negligenciam o único modelo perfeito e verdadeiro. Jesus é o modelo genuíno. Sua vida de sacrifício, eis nosso exemplo. T1 155 1 Vi quão pouco era tido em conta o Modelo, quão pouco exaltado diante deles. Quão pouco sofrem os jovens, ou se negam a si mesmos, por sua religião! Sacrificar-se, é coisa de que mal se pensa entre eles. Deixam inteiramente de imitar o Modelo neste sentido. Vi que a linguagem de sua vida é: O eu precisa ser satisfeito; é preciso condescender com o orgulho. Esquecem o "Homem de dores, e experimentado nos trabalhos". Isaías 53:3. Os sofrimentos de Jesus no Getsêmani, as grandes gotas de sangue no jardim, a coroa entretecida de espinhos que Lhe feriram a fronte santa, não os comovem. Ficaram entorpecidos. Suas sensibilidades estão embotadas, e perderam todo o senso do grande sacrifício por eles feito. Podem sentar-se e escutar a história da cruz, ouvir como os cravos cruéis foram pregados nas mãos e pés do Filho de Deus, sem que isto lhes mova as profundezas do ser. T1 155 2 Disse o anjo: "Fossem esses introduzidos na cidade de Deus, e fosse-lhes dito que toda a sua suntuosa beleza e esplendor lhes pertencia para a desfrutarem para sempre, e eles não teriam nenhuma compreensão do alto preço por que essa herança lhes fora adquirida. Jamais avaliariam as incomparáveis profundezas do amor do Salvador. Não beberam do cálice, nem foram batizados com o batismo. O Céu manchar-se-ia se tais pessoas houvessem de morar ali. Unicamente os que partilharam dos sofrimentos do Filho de Deus, 'vieram de grande tribulação, e lavaram suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro' (Apocalipse 7:14), podem desfrutar da indescritível glória e insuperável beleza do Céu." T1 155 3 A falta desta necessária preparação excluirá a maior parte dos jovens professos; pois não trabalharão com suficiente diligência e zelo para alcançar aquele "repouso" que ainda resta "para o povo de Deus". Hebreus 4:9. Não confessarão sinceramente seus pecados, para que sejam perdoados e apagados. Dentro de pouco tempo esses pecados serão revelados em toda a sua enormidade. Os olhos de Deus não repousam. Ele conhece todo pecado oculto aos olhos mortais. Os culpados sabem exatamente quais os pecados a confessar para que seu coração seja purificado diante de Deus. Jesus está-lhes concedendo agora oportunidade de confessar, de se arrependerem em profunda humildade, e purificarem a vida pela obediência e o viver a verdade. Agora é o tempo de se endireitarem os erros e os pecados serem confessados, ou eles aparecerão diante do pecador no dia da ira de Deus. T1 156 1 Os pais têm geralmente confiança demasiada nos filhos; pois muitas vezes, quando estão confiantes, eles se acham em encoberta iniqüidade. Pais, vigiem seus filhos com muito cuidado. Exortem, reprovem, aconselhem-nos ao se levantarem, e quando estiverem sentados; quando saírem, e quando entrarem; "regra sobre regra, mandamento sobre mandamento, um pouco aqui, um pouco ali". Isaías 28:10. Sujeitem seus filhos enquanto são pequenos. Isto é tristemente negligenciado por muitos pais. Não tomam posição tão firme e decidida como devem com relação aos filhos. Deixam que sejam semelhantes ao mundo, amem o vestuário e associem-se aos que aborrecem a verdade, e cuja influência é venenosa. Assim, fazendo, estimulam nos filhos disposição mundana. T1 156 2 Vi que deve haver sempre, da parte dos pais cristãos, o princípio de estarem unidos no governo dos filhos. Existe a este respeito uma culpa da parte de alguns pais -- a falta de união. Essa falta se encontra por vezes no pai, mas mais freqüentemente na mãe. A mãe afetuosa amima os filhos e com eles condescende. O trabalho do pai muitas vezes o afasta de casa e do convívio dos filhos. A influência da mãe é que atua. Seu exemplo contribui muito para formar o caráter das crianças. T1 156 3 Algumas mães afetuosas toleram nos filhos erros que não deveriam ser suportados nem por um momento. Os malfeitos deles são muitas vezes ocultos ao pai. Artigos de vestuário ou qualquer outra concessão é feita pela mãe, com entendimento de que o pai nada deva saber a esse respeito; pois ele reprovaria tais coisas. T1 157 1 Aí é ensinada eficazmente aos filhos uma lição de engano. Depois, se o pai descobre esses erros, são apresentadas desculpas, e a verdade é dita só pela metade. A mãe não é franca. Não considera como deve que o pai tem nos filhos o mesmo interesse que ela, e não deve ser mantido na ignorância dos erros ou tentações que precisam ser corrigidos neles enquanto jovens. Têm-se encoberto coisas. Os filhos conhecem a falta de união entre os pais, e isto tem seu efeito. E cedo começam a enganar, encobrir, dizer à mãe e ao pai de maneira diferente, do que na verdade as coisas são. O exagero torna-se hábito, e chegam a ser ditas grossas mentiras quase sem que a consciência se sinta acusada ou repreendida. T1 157 2 Esses erros começaram com a mãe ao esconder as coisas do pai, o qual deve ter igual interesse no caráter que os filhos estão formando. O pai devia ter sido consultado francamente. Tudo deveria ter-lhe sido exposto. O procedimento oposto, porém, tomado para ocultar os erros dos filhos, anima a disposição de enganar, a falta de veracidade e honestidade. T1 157 3 A única esperança desses filhos, professem eles a religião ou não, é converterem-se cabalmente. Todo o seu caráter deve ser mudado. Irrefletida mãe, sabe você, enquanto ensina seus filhos, que toda a vida religiosa deles é influenciada pelos ensinos que recebem na primeira idade? Submeta-os enquanto jovens; ensine-lhes a sujeitarem-se a você, e tanto mais rapidamente aprenderão a obedecer aos preceitos de Deus. Estimule neles disposição verdadeira e sincera. Nunca lhes dê ocasião de duvidarem de sua sinceridade e estrita veracidade. T1 157 4 Vi que os jovens professam ter mas não desfrutam o poder salvador de Deus. Falta-lhes religião, falta-lhes salvação. E oh! as ociosas e inaproveitáveis palavras que proferem! Há um fiel e terrível registro a seu respeito, e os mortais serão julgados segundo os atos praticados no corpo. Jovens amigos, seus atos e palavras ociosas estão escritos no Livro. Sua conversação não tem sido sobre as coisas eternas, mas sobre isto, e aquilo -- conversas comuns, mundanas, em que se não devem os cristãos empenhar. Tudo está escrito no Livro. T1 158 1 Vi que, se não houver inteira mudança na juventude, inteira conversão, podem eles perder a esperança do Céu. Do que me tem sido mostrado, não mais da metade dos jovens que professam a religião e a verdade, são verdadeiramente convertidos. Se houvessem se convertido, produziriam frutos para a glória de Deus. Muitos confiam numa suposta esperança, sem base real. A fonte não está purificada, portanto as correntes que dela procedem não são puras. Limpem a fonte, e puras serão as águas. Se reto for o coração, corretas hão de ser suas palavras, seu vestuário, suas ações. Falta a verdadeira piedade. Eu não desonraria meu Mestre a ponto de admitir que seja cristã a pessoa descuidosa, frívola, que não ora. Não; o cristão alcança a vitória sobre os pecados que o espreitam, sobre suas paixões. Há remédio para o coração enfermo de pecado. Esse remédio está em Jesus. Precioso Salvador! Sua graça é suficiente para o mais fraco dos seres; e o mais forte precisa também possuir Sua graça, do contrário perecerá. T1 158 2 Vi como essa graça pode ser obtida. Vão ao seu quarto e, ali a sós, roguem a Deus: "Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto." Salmos 51:10. Sejam fervorosos, sejam sinceros. "A oração" fervente "pode muito em seus efeitos". Tiago 5:16. À semelhança de Jacó, lutem em oração. Angustiem-se. Jesus, no jardim, suou grandes gotas de sangue; vocês devem fazer um esforço. Não deixem seu aposento enquanto não se sentirem fortes em Deus; então, vigiem, e enquanto vigiarem e orarem ser-lhes-á possível manter em sujeição esses maus assaltos, e a graça de Deus pode e há de aparecer em vocês. T1 158 3 Longe de mim que eu cesse de os admoestar. Jovens amigos, busquem ao Senhor de todo o coração. Vão com zelo, e quando sentirem sinceramente que sem o auxílio de Deus perecerão, quando anelarem por Ele "como o cervo brama pelas correntes das águas" (Salmos 42:1), então o Senhor presto os fortalecerá. Então a paz de vocês excederá "todo o entendimento". Filipenses 4:7. Se esperam salvação, precisam orar. Dediquem tempo. Não sejam apressados nem descuidosos em suas orações. Roguem a Deus que em vocês efetue completa reforma, que os frutos do Seu Espírito habitem em vocês, e brilhem como luzes no mundo. Não sejam obstáculo nem maldição para a causa de Deus; podem ser um auxílio, uma bênção. Diz-lhes Satanás que não é possível desfrutar plena e abundante salvação? Não acreditem. T1 159 1 Vi que é privilégio de todo cristão fruir as profundas atuações do Espírito de Deus. Uma doce paz celestial penetrará a mente, e dar-lhes-á prazer meditar em Deus e no Céu. Deleitar-se-ão nas gloriosas promessas de Sua Palavra. Mas saibam primeiro que vocês deram início à conduta cristã. Saibam que deram os primeiros passos no caminho da vida eterna. Não se enganem. Temo, ou antes, sei que muitos dentre vocês ignoram o que seja religião. Têm experimentado certa agitação, alguma emoção, mas nunca viram o pecado em sua enormidade. Jamais sentiram sua arruinada condição, desviando-se de seus maus caminhos com amarga dor. Nunca morreram para o mundo. São ainda amantes de seus prazeres; apreciam entreter-se em conversa sobre assuntos mundanos. Ao ser, porém, apresentada a verdade de Deus, nada têm a dizer. Por que assim silenciosos?! Por que tão tagarelas sobre coisas mundanas, e tão mudos sobre o assunto que mais os deve interessar -- um assunto que lhes deve ocupar inteiramente o coração? A verdade de Deus não habita em vocês. T1 159 2 Vi que muitos professam ser justos em sua profissão de fé, enquanto interiormente há corrupção. Não se enganem, professos crentes de coração falso. Deus "olha para o coração". "Do que há em abundância no coração, disso fala a boca." 1 Samuel 16:7; Mateus 12:34. Vi que o mundo está no coração desses, mas a religião de Jesus não está aí. Se os professos cristãos amam mais a Jesus que ao mundo, gostarão de falar nEle, o seu melhor amigo, em quem se concentram suas mais altas afeições. Ele veio em auxílio deles quando sentiram sua condição de perdidos prestes a perecer. Quando cansados e carregados de pecado, volveram-se para Ele. Jesus lhes removeu o fardo da culpa e do pecado, tirou-lhes a dor e o pranto, e mudou todo o rumo de suas afeições. As coisas que outrora amavam, agora aborrecem; e as que aborreciam, amam agora. T1 160 1 Processou-se acaso em vocês esta grande mudança? Não se enganem. Ou eu nunca proferiria o nome de Cristo, ou Lhe daria todo o meu coração, meu inteiro afeto. Devemos experimentar a mais profunda gratidão por Jesus aceitar essa oferenda. Ele requer tudo. Quando somos levados a render-nos a Suas solicitações, e a renunciar a tudo, então, e só então, lançar-nos-á Ele em torno os braços de misericórdia. Mas que damos nós quando tudo entregamos? O coração poluído do pecado para que Jesus o purifique, limpe por Sua misericórdia, salve-o da morte por Seu incomparável amor. E todavia eu vi que alguns achavam difícil entregar tudo. Envergonho-me de o ouvir, envergonho-me de o escrever. T1 160 2 Vocês falam em abnegação? Que deu Cristo por nós? Quando julgam ser demais que Cristo exija tudo, dirijam-se ao Calvário, e chorem ali por esse pensamento. Contemplem as mãos e os pés de seu Libertador, dilacerados pelos cravos cruéis, a fim de vocês serem lavados do pecado por Seu sangue! T1 160 3 Os que experimentam o amor de Deus, esse amor que compele, não perguntam quão pouco se pode dar para alcançar a recompensa celeste; não pedem a mais baixa norma, antes aspiram à perfeita conformidade com a vontade de seu Redentor. Com desejo ardente entregam tudo, e manifestam zelo proporcional ao valor do objeto que buscam. Qual é esse objeto? A imortalidade, a vida eterna. T1 160 4 Meus jovens amigos, muitos dentre vocês estão lamentavelmente iludidos. Têm se satisfeito com alguma coisa inferior à religião pura e incontaminada. Quero despertá-los. Os anjos de Deus estão procurando despertar vocês. Oh! que as importantes verdades da Palavra de Deus os despertem para o senso do perigo que correm, levando-os a cabal exame de si mesmos! Seu coração é ainda carnal. Não é sujeito "à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser". Romanos 8:7. Esse coração carnal deve mudar, para vocês verem tal beleza na santidade, que anelem por ela assim "como o cervo brama pelas correntes das águas". Salmos 42:1. Então amarão a Deus e amarão a Sua lei. Então o jugo de Cristo será suave e o Seu fardo leve. Mateus 11:30. Conquanto tenham provações, estas devidamente suportadas, tornam simplesmente o caminho mais precioso. A herança imortal destina-se ao cristão abnegado. T1 161 1 Vi que o cristão não deve dar valor demasiado ao entusiasmo dos seus sentimentos, nem depender muito disso. Esses sentimentos nem sempre são guias seguros. Todo cristão deve cuidar de servir a Deus, movido por princípios; não ser regido por sentimentos. Assim fazendo, exercitar-se-á a fé, e se desenvolverá. Foi-me mostrado que se o cristão viver vida humilde, abnegada, o resultado será paz e alegria no Senhor. Mas a felicidade máxima será experimentada mediante o fazer bem aos outros, em tornar outros felizes. Tal felicidade será perdurável. T1 161 2 Muitos jovens não têm princípio fixo para servir a Deus. Não exercem fé. Sucumbem sob qualquer nuvem. Não têm força de resistência. Não crescem na graça. Parece guardarem os mandamentos de Deus. Fazem de quando em quando uma oração formal, e são chamados cristãos. Os pais acham-se tão ansiosos a respeito deles, que aceitam qualquer coisa que lhes pareça favorável, e não trabalham com eles, não ensinam que a mente carnal deve morrer. Animam-nos a virem, e desempenharem uma parte; deixam, porém, de levá-los a esquadrinharem o próprio coração com diligência, a examinarem-se a si mesmos, e avaliarem o preço do que constitui ser cristão. O resultado é que os jovens professam ser cristãos, sem provar suficientemente os próprios motivos. T1 162 1 Diz a Testemunha Verdadeira: "Oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da Minha boca." Apocalipse 3:15, 16. Satanás quer que vocês sejam cristãos nominais, pois assim poderão melhor servir aos seus desígnios. Se têm uma forma de piedade e não a piedade verdadeira, ele os pode usar para seduzir outros ao mesmo caminho, isto é, a se iludirem a si mesmos. Algumas pobres vidas olharão para vocês em vez de porem os olhos na norma bíblica, e não chegarão mais alto. São tão bons quanto vocês, e ficam satisfeitos. T1 162 2 Insiste-se muitas vezes com os jovens para cumprirem deveres, para falar ou orar nas reuniões; insiste-se para morrerem para o orgulho. São instigados a cada passo. Tal religião de nada vale. Transforme-se o coração carnal, e não lhes será tão enfadonha tarefa servir a Deus, ó vocês, professos de coração frio! Todo aquele amor do vestuário e orgulho da aparência desaparecerão. O tempo que passam diante do espelho arranjando os cabelos a fim de agradar à vista, deve ser empregado em oração, a fazer exame interior. Não haverá, no coração santificado, lugar para o adorno exterior; antes haverá diligente e ansiosa busca do adorno interior, as graças cristãs -- os frutos do Espírito de Deus. T1 162 3 Diz o apóstolo: "O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura de vestidos; mas o homem encoberto no coração; no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus." 1 Pedro 3:3, 4. T1 162 4 Subjuguem a mente carnal, reformem a vida, e a pobre estrutura mortal não será tão idolatrada. Caso o coração seja reformado, isto se demonstrará na aparência exterior. Se Cristo for em nós a "esperança da glória" (Colossences 1:27), nEle descobriremos tão incomparáveis atrativos, que o coração ficará enamorado. Apegar-se-á a Ele, preferirá amá-Lo, e, cheio de admiração por Ele, esquecerá o próprio eu. Jesus será magnificado e adorado, e o eu rebaixado e humilhado. A confissão religiosa, sem esse profundo amor, porém, é mera conversa, árida formalidade e enfadonha tarefa. Muitos dentre vocês talvez conservem na cabeça um pouco de religião, uma religião exterior, ao passo que o coração não está purificado. Deus olha para o coração; "todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos dAquele com quem temos de tratar". Hebreus 4:13. Ficará Ele satisfeito com coisa alguma que não a verdade no interior? Toda alma verdadeiramente convertida apresentará os inequívocos traços de estar subjugada a mente carnal. T1 163 1 Falo claramente. Não creio que isto desanime um verdadeiro cristão; e não quero que nenhum de vocês chegue ao tempo de angústia sem uma bem-fundada esperança em seu Redentor. Decidam conhecer o pior aspecto de seu caso. Certifiquem-se se têm uma herança no alto. Tratem sinceramente com o próprio coração. Lembrem-se de que Jesus apresentará a Seu Pai uma igreja sem mácula, nem ruga ou coisa semelhante. T1 163 2 Como hão de saber que estão aceitos por Deus? Estudem com oração Sua Palavra. Não a deixem de lado por nenhum outro livro. Este Livro convence do pecado. Revela plenamente o caminho da salvação. Apresenta alta e gloriosa recompensa. Revela-lhes um Salvador completo e ensina-lhes que unicamente mediante Sua ilimitada misericórdia podem esperar a salvação. T1 163 3 Não negligenciem a oração particular, pois é a essência da religião. Com sincera e fervorosa oração, roguem pureza de coração. Supliquem tão ardente e fervorosamente, como o fariam por sua existência mortal, caso ela estivesse em jogo. Permaneçam perante Deus até que inexprimíveis anseios sejam em vocês gerados quanto à sua salvação, e seja obtida a doce certeza do perdão dos pecados. T1 163 4 A esperança da vida eterna não deve ser recebida sobre frágeis fundamentos. É um assunto que deve ser assentado entre Deus e a própria pessoa -- assentado para a eternidade. Uma suposta esperança, e nada mais, demonstrar-se-á a sua ruína. Uma vez que têm de subsistir ou cair pela Palavra de Deus, a essa Palavra é que devem olhar em busca de testemunho em seu caso. Aí podem ver o que lhes é exigido para se tornarem cristãos. Não deponham sua armadura, nem abandonem o campo de batalha enquanto não obtiverem a vitória, triunfantes em seu Redentor. ------------------------Capítulo 28 -- Provações na igreja T1 164 1 A visão que passo a descrever me foi dada em Ulysses, Pensilvânia, em 6 de Julho de 1857. Ela se refere à situação existente em _____ e em outras localidades de Nova Iorque. T1 164 2 Têm havido tantas provações com os irmãos nas igrejas do Estado de Nova Iorque, com as quais Deus nada tem a ver. A igreja perdeu sua força e os membros não sabem como recuperá-la. O amor de uns pelos outros desapareceu e um espírito acusador e descobridor de faltas tem prevalecido. Tem sido considerada uma virtude descobrir tudo o que os outros pareçam ter de errado e torná-lo pior do que em realidade o é. As "entranhas de misericórdia" (Colossences 3:12) que se comovem em amor e piedade para com os irmãos, não existem. A religião de alguns tem consistido em achar faltas, procurando com cuidado tudo o que tenha a aparência de erro, até que os nobres sentimentos do coração se definhem. A mente precisa ser treinada a demorar-se nas coisas eternas, no Céu e em seus tesouros e glórias, e a usufruir doce e santa satisfação nas verdades da Bíblia. Deve ter prazer em apropriar-se das preciosas promessas registradas na Palavra de Deus e delas extrair conforto; a erguer-se acima das trivialidades para as coisas de "peso eterno". 2 Coríntios 4:17. T1 164 3 Mas oh, quão diversamente tem sido a mente empregada, envolvendo-se com ninharias! As reuniões da igreja, como têm sido realizadas, são uma real maldição a muitos em Nova Iorque. Essas provações pré-fabricadas têm propiciado total liberdade a todo mal imaginável. São alimentados ciúmes. O ódio é estimulado, mas eles não o percebem. Uma errônea idéia tem se fixado na mente de alguns: reprovar sem amor, impingir aos outros seus conceitos acerca do que é direito, e não poupar a ninguém, mas abatê-los com peso esmagador. T1 165 1 Vi que muitos em Nova Iorque têm tido tanto cuidado com seus irmãos, para mantê-los no caminho reto, que negligenciam o próprio coração. Ficam tão temerosos de que seus irmãos não sejam zelosos e se arrependam, que se esquecem de que têm erros que precisam ser corrigidos. Com coração não santificado, tentam corrigir seus irmãos. O único meio de os irmãos e irmãs de Nova Iorque poderem erguer-se, é cada um cuidar da própria vida e pôr seu coração em ordem. Se há pecado patente num irmão, não o conte a outrem, mas com amor pela vida desse irmão, um coração pleno de compaixão e "entranhas de misericórdia", exponha-lhe o erro e deixe o assunto entre ele e o Senhor. Assim você cumpriu o seu dever. Não lhe compete julgar. T1 165 2 Tem sido considerado com certa indiferença o fato de controlar, condenar e manter um irmão sob reprovação. Tem havido "zelo de Deus, mas não com entendimento". Romanos 10:2. Se cada um puser sua vida em ordem, quando houver encontro dos irmãos seu testemunho será claro, procedente de um coração íntegro, e aqueles que não crêem na verdade serão impressionados. A manifestação do Espírito de Deus os convencerá de que vocês são filhos de Deus. O amor de uns pelos outros será patente a todos, convencerá e exercerá influência. T1 165 3 Vi que a igreja de Nova Iorque pode ressurgir. Lancem-se à obra individualmente, sejam zelosos e se arrependam; e, depois de corrigirem todos os erros conhecidos, então creiam que Deus os aceita. Que não se lamentem, mas tomem a Deus em Sua Palavra. Que O busquem diligentemente e creiam que Ele os recebe. Uma parte da obra é crer. "Porque fiel é O que prometeu." Hebreus 10:23. Exerçam fé. T1 165 4 Os irmãos de Nova Iorque, bem como os de outros lugares, podem erguer-se e beber da fonte de salvação de Deus. Podem agir de modo sensato, e cada um ter experiência individual na mensagem da Testemunha Fiel aos laodiceanos. A igreja sente que está caída, mas não sabe como levantar-se. As intenções de alguns podem ser muito boas e talvez eles as confessem; vi, contudo, que são observados com suspeita, e considerados ofensores por uma palavra, até que não tenham mais liberdade nem salvação. Eles não se atrevem a externar os mais simples sentimentos do coração porque são vigiados. É do agrado de Deus que Seu povo O tema e que tenham confiança uns nos outros. T1 166 1 Vi que muitos tiram vantagem do que Deus mostrou com respeito aos pecados e erros dos outros. Tiram conclusões extremadas do que me foi mostrado em visão, e usam-nas de tal maneira a enfraquecer a fé de muitos naquilo que Deus tem mostrado, e também desanimam a igreja. Um irmão deveria tratar o outro com terna compaixão. Lidar delicadamente com seus sentimentos. A obra de tratar com os erros dos outros é uma tarefa dificílima e muito importante. Com a mais profunda humildade deveria um irmão fazer isso, considerando as próprias fraquezas, temendo ser ele mesmo tentado. T1 166 2 Contemplei o grande sacrifício que Jesus fez para redimir o homem. Ele não considerou Sua vida tão preciosa que não pudesse sacrificá-la. Disse Cristo: "Que vos ameis uns aos outros, assim como Eu vos amei." João 15:12. Quando um irmão erra, você sente que poderia dar sua vida para salvá-lo? Se esse é o seu sentimento, então você pode aproximar-se dele e tocar-lhe o coração; você é exatamente a pessoa indicada para visitá-lo. Mas é fato lamentável que muitos que professam ser irmãos, não estão dispostos a sacrificar nenhuma de suas opiniões ou julgamento, para salvar um irmão. Há muito pouco amor de uns pelos outros. Manifesta-se um espírito egoísta. T1 166 3 A igreja está desanimada. Eles tem amado o mundo, suas fazendas, rebanhos, etc. Agora Jesus os convida a se libertarem e ajuntarem tesouros no Céu; a comprarem ouro, vestes brancas e colírio. Esses são preciosos tesouros, pois darão ao possuidor entrada no reino de Deus. T1 167 1 O povo de Deus precisa agir com sensatez. Não deveriam ficar satisfeitos até que cada pecado conhecido seja confessado; então é seu privilégio e dever crer que Jesus os aceita. Não devem esperar que outros dissipem as trevas e obtenham para eles a vitória. Essa satisfação dura apenas até o encerramento das reuniões. Mas Deus deve ser servido por princípio e não por sentimentos. De manhã e à noite, ganhem a vitória nas próprias famílias. Que nenhum trabalho diário os afastem disso. Tomem tempo para orar, e quando estiverem orando, creiam que Deus os ouve. Misturem suas orações com fé. Nem sempre vocês obterão resposta imediata, mas é aí que a fé deve prevalecer. Vocês são provados para ver se confiarão em Deus, e se possuem fé viva e inabalável. "Fiel é o que vos chama, o qual também o fará." 1 Tessalonicenses 5:24. Andem pela estreita prancha da fé. Confiem em todas as promessas do Senhor. Confiem em Deus quando em meio às trevas. Esse é o tempo de exercer fé. Mas vocês permitem que os sentimentos os governem. Olham para os merecimentos próprios quando não se sentem confortados pelo Espírito de Deus, e se desesperam porque não os possuem. Não confiam o suficiente em Jesus, o precioso Jesus. Não fazem com que Seus méritos sejam absolutos. O melhor que vocês podem fazer não merecem o favor de Deus. São os méritos de Cristo que os salvarão, Seu sangue é que os purificará. Mas vocês têm algo por fazer. Devem fazer o que lhes for possível de sua parte. Sejam zelosos e arrependam-se; então creiam. T1 167 2 Não confundam fé com sentimentos. Eles são diferentes entre si. Cabe-nos exercitar fé. Creiam, creiam. Que a fé de vocês se apodere das bênçãos e elas lhes pertencerão. Os sentimentos nada têm a ver com a fé. Quando a fé atrai a bênção ao coração e vocês nela se regozijam, isso já não é mais fé, mas sentimento. T1 167 3 O povo de Deus em Nova Iorque precisa erguer-se resolutamente, sair das trevas e deixar sua luz brilhar. Eles estão impedindo a obra de Deus. Precisam permitir que a mensagem do terceiro anjo lhes atue no coração. Irmãos, Deus é desonrado por suas orações longas e desprovidas de fé. Não se concentrem na indignidade do próprio eu, e exaltem a Jesus. Falem de fé, de luz e do Céu, e vocês terão fé, luz, amor, paz e alegria no Espírito Santo. ------------------------Capítulo 29 -- Tenham cuidado! T1 168 1 Este testemunho foi dirigido a dois irmãos em _____; mas, como é aplicável a muitos, é dado para benefício da igreja. T1 168 2 Caros irmãos: Na visão a mim dada em sua casa, foi-me mostrada alguma coisa que diz respeito a ambos. O anjo os apontou e repetiu estas palavras: "E olhai por vós, para que não aconteça que o vosso coração se carregue de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia." Lucas 21:34. T1 168 3 Vi que ambos têm um grande conflito diante de si; vocês estarão em constante combate para manter este mundo fora do coração, pois o amam. A grande preocupação é como amar a Jesus e Seu serviço mais do que o mundo. Se vocês amam mais ao mundo, suas obras o testificarão. Se amam mais a Jesus e Seu serviço, as ações também o demonstrarão. Vi que vocês estão sendo observados por muitos mundanos. Muitos ficariam felizes com sua queda e outros com seu progresso. Satanás e seus anjos lhes apresentarão a glória dos reinos deste mundo. Se vocês o adorarem ou aos tesouros terrenos, ele os mostrará sob a mais atraente luz, a fim de conduzi-los a amarem e adorarem essas coisas. T1 168 4 Seus anjos da guarda e Jesus estão procurando desviar-lhes o olhar das fazendas, rebanhos e tesouros terrestres para o reino do Céu, para uma herança imortal, as riquezas eternas no reino da glória. Disse o anjo: "Vocês precisam morrer para este mundo." "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele." 1 João 2:15. T1 169 1 Vi que se as riquezas foram adquiridas segundo a providência divina, não há nenhum pecado em possuí-las; e se não se apresentam oportunidades de uso dos meios para fazer avançar a causa de Deus, não há pecado em ainda conservá-los. Mas, se as oportunidades se fazem presentes, convocando os irmãos a usarem sua propriedade para a glória de Deus e o avanço de Sua causa, e eles as retêm, então ser-lhes-á causa de tropeço. No dia da tribulação, seus tesouros acumulados serão uma afronta para eles. Então todas as oportunidades para usarem seus meios para a glória de Deus estarão no passado, e em angústia de espírito os "lançarão às toupeiras e aos morcegos". Isaías 2:20. Seu ouro e prata não poderão salvá-los naquele dia. Cair-lhes-á sobre a cabeça com peso esmagador a responsabilidade de dar conta de sua mordomia, sobre o que fizeram com o dinheiro de seu Senhor. O amor a si mesmos os fez crer que tudo era deles e que podiam retê-lo. Mas então sentirão, amargamente sentirão, e compreenderão que seus meios lhes foram apenas emprestados pelo Senhor para serem liberalmente empregados no avanço de Sua causa. Suas riquezas os enganaram. Sentiram-se pobres e viveram para si mesmos, e no final descobrirão que o que poderiam ter usado na causa de Deus, tornou-se-lhes agora em terrível fardo. T1 169 2 Disse o anjo de Deus: "Deponham tudo sobre o altar, como sacrifício vivo e consumidor. Atem-no com cordas se não puderem mantê-lo ali. Entreguem-se à oração. Vivam junto ao altar. Fortaleçam seus propósitos pelas promessas de Deus." "Vendei o que tendes, e daí esmolas, e fazei para vós bolsas que não se envelheçam, tesouro nos Céus que nunca acabem, aonde não chega ladrão, e a traça não rói." Lucas 12:33. "Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no Céu." Mateus 6:19, 20. T1 170 1 Vi que se Deus lhes tivesse dado riquezas acima dos mais modestos e pobres, isso os humilharia e colocaria sob grandes obrigações. Onde muito é dado, mesmo que sejam recursos materiais, muito será exigido. De acordo com esse princípio, vocês devem possuir disposição nobre e generosa. Procurem por oportunidades de fazer o bem com o que dispõem. "Ajuntai tesouros no Céu." Mateus 6:20. T1 170 2 Foi-me mostrado que o mínimo que era requerido dos cristãos do passado era possuir um espírito de liberalidade, e consagrar ao Senhor uma parte de sua renda. Cada cristão verdadeiro considerava isso um privilégio, mas alguns que o eram apenas de nome, tinham-no como obrigação. A graça e o amor de Deus nunca realizou neles a boa obra. Se assim fosse, eles alegremente fariam progredir a causa de seu Redentor. Mas dos cristãos que estão vivendo nos últimos dias, e que estão esperando por seu Senhor, é requerido fazer muito mais do que isso. Deus deles requer sacrifício. T1 170 3 Disse o anjo: "Jesus deixou um brilhante rasto para vocês seguirem. Andem exatamente em Suas pegadas. Participem de Sua vida de abnegação e sacrifício próprio, e herdem com Ele a coroa de glória." ------------------------Capítulo 30 -- O jovem rico T1 170 4 Em Monterey, Michigan, no dia 8 de Outubro de 1857, foi-me mostrado em visão que a condição de muitos observadores do sábado era semelhante à do jovem rico que veio a Jesus para saber o que deveria fazer para herdar a vida eterna. T1 170 5 "Eis que, aproximando-se dEle um jovem, disse-Lhe: Bom Mestre, que bem farei, para conseguir a vida eterna? E Ele disse-lhe: Por que Me chamas bom? Não há bom, se não um só que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos. Disse-Lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo. Disse-Lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda? Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no Céu; e vem e segue-Me. E o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades. T1 171 1 "Disse, então, Jesus aos Seus discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos Céus. E outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. Os Seus discípulos, ouvindo isso, admiraram-se muito, dizendo: Quem poderá, pois, salvar-se? E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível." Mateus 19:16-26. T1 171 2 Jesus citou cinco dos seis últimos mandamentos ao jovem rico, e também o segundo grande mandamento, no qual os seis se apóiam. O jovem achava que os havia guardado a todos. Jesus não mencionou os primeiros quatro, contendo nosso dever para com Deus. Em resposta à pergunta do jovem, "o que me falta ainda?", Jesus disse: "Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no Céu." T1 171 3 Ele estava em falta. Falhara em guardar os primeiros quatro mandamentos e também os últimos seis. Não amara o próximo como a si mesmo. Disse Jesus: "Dá-o aos pobres." O Senhor tocara em suas posses. "Vende tudo o que tens, dá aos pobres." Nessa referência direta, Cristo identificou o ídolo do jovem. O amor pelas riquezas reinava supremo; portanto, era-lhe impossível amar a Deus "de todo o coração, de todo o entendimento, e de toda a alma". Marcos 12:33. E esse amor supremo às riquezas cegara-lhe os olhos para as necessidades do próximo. Ele não amava o próximo como a si mesmo, por conseguinte, fracassara em observar os seis últimos mandamentos. O coração estava posto nos tesouros. Fora tragado pelas posses terrenas. O jovem amava mais seus bens do que a Deus, mais do que o tesouro celeste. Ele ouviu da boca de Jesus as condições. Se houvesse vendido tudo e dado aos pobres, teria um tesouro no Céu. Essa seria uma prova do quanto ele considerava a vida eterna mais do que as riquezas. Desejava ele tomar posse da esperança da vida eterna? Estaria disposto a empenhar-se para remover o obstáculo que o impedia de ter um tesouro no Céu? Oh, não, "retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades". T1 172 1 Foram-me apontadas estas palavras: "É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus." Mateus 19:24. Disse Cristo: "Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível." Mateus 19:26. Perguntou um anjo: "Permitirá Deus que os ricos retenham suas riquezas e ainda entrem no reino de Deus?" Outro anjo respondeu: "Não. Nunca!" T1 172 2 Vi que é plano de Deus que essas riquezas sejam usadas corretamente, empregadas para abençoar os necessitados e fazer progredir a causa de Deus. Se os homens amam mais as riquezas do que ao próximo, mais do que a Deus e às verdades de Sua Palavra; se seu coração está nas riquezas, não podem ter a vida eterna. Eles prefeririam antes abrir mão da verdade do que vender os bens e dar aos pobres. Nisso são eles testados para apurar-se o quanto amam a Deus, o quanto amam a verdade; e, como o jovem rico da Bíblia, muitos se retiram tristes porque não podem ter riquezas e também um tesouro no Céu. Não têm condições de possuir a ambos e arriscam-se à perda da vida eterna por bens terrenos. T1 172 3 "É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus." Mateus 19:24. "A Deus todo é possível." Mateus 19:26. A verdade, estabelecida no coração pelo Espírito de Deus, excluirá o amor pelas riquezas. O amor de Jesus e das riquezas não podem habitar no mesmo coração. O amor de Deus suplantará tanto o amor pelas riquezas que seu possuidor se libertará das mesmas e transferirá as afeições a Deus. Por meio do amor é ele então levado a atender às necessidades da causa de Deus. É seu grande prazer administrar de maneira correta os bens divinos. O amor a Deus e ao próximo predomina, e ele considera tudo o que tem não como seu. Fielmente cumpre seu dever como mordomo de Deus. Então pode observar os grandes mandamentos da lei: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento." Mateus 22:37. "Amarás o teu próximo como a ti mesmo." Mateus 22:39. Desse modo é possível a um rico entrar no reino de Deus. "E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por causa do Meu nome, receberá cem vezes tanto e herdará a vida eterna. Porém muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos, primeiros." Mateus 19:29, 30. T1 173 1 Eis a recompensa daqueles que se sacrificam por Deus. Receberão cem vezes mais nesta vida, e herdarão a vida eterna. "Porém muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos, primeiros." Mateus 19:30. Foram-me mostrados aqueles que recebem a verdade mas não a vivem. Eles se apegam às suas posses e não estão dispostos a dar uma parte para o avanço da causa de Deus. Não possuem fé para se aventurarem e confiarem em Deus. Seu amor pelo mundo absorve-lhes a fé. Deus reivindica uma parte de seus recursos, mas eles não atendem. Arrazoam que trabalharam duro para conseguir o que têm, e não podem emprestar ao Senhor, pois podem vir a necessitar. Oh, "homens de pequena fé"! Mateus 8:26. O Deus que cuidou de Elias no tempo de fome, não passará por alto a nenhum de Seus abnegados filhos. Aquele que conta os cabelos de sua cabeça (Lucas 12:7; Mateus 10:30) cuidará deles, e nos dias de fome serão satisfeitos. Enquanto os ímpios estão perecendo ao redor por necessidade de pão, o pão e a água dos justos serão certos. Isaías 33:16. Aqueles que ainda se apegam aos seus tesouros terrenos e não dispõem fielmente daquilo que lhes foi emprestado por Deus, perderão o tesouro celestial; perderão a vida eterna. T1 174 1 Deus, em Sua providência, moveu o coração de alguns que possuem riquezas e os converteu à verdade, para que possam manter Sua obra em progresso. E se aqueles que são ricos não fizerem isso, se eles não cumprirem o propósito divino, Ele os ignorará e chamará outros para lhes tomarem o lugar e cumprirem o sagrado propósito; com suas posses alegremente distribuídas, atenderão às necessidades da causa do Senhor. Nisso eles serão os primeiros. Deus terá em Sua causa aqueles que farão isso. T1 174 2 Ele poderia perfeitamente mandar meios do Céu para promover Seu trabalho, mas isso está fora de Suas cogitações. Ele ordenou que os homens sejam Seus instrumentos; que, como um grande sacrifício foi feito para redimi-los, eles façam sua parte na obra de salvação, sacrificando-se uns pelos outros e mostrando o quanto prezam o sacrifício feito em favor deles. T1 174 3 Fui dirigida ao texto bíblico: "Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai por vossas misérias que sobre vós hão de vir. As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas da traça. O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós e comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias." Tiago 5:1-3. T1 174 4 Vi que essas temíveis palavras se aplicam particularmente aos ricos que professam crer na verdade presente. O Senhor os chama para usarem os meios que lhes confiou e fazerem avançar Sua causa. As oportunidades lhes são apresentadas, mas eles fecham os olhos às necessidades da causa, e apegam-se fortemente ao tesouro terreno. Seu amor pelo mundo é maior do que o amor pela verdade, pelo semelhante e por Deus. Ele lhes requer os bens, mas egoísta e cobiçosamente eles os retêm do Senhor. Dão apenas um pouco ocasionalmente para acalmar a consciência mas não vencem o amor pelo mundo. Não se sacrificam por Deus. O Senhor chamou outros que prezam a vida eterna, que sentem e compreendem algo do valor de um ser humano, os quais livremente disporão de seus meios para fazerem progredir a causa de Deus. O trabalho está-se encerrando, e logo os meios dos que se apegaram às suas riquezas, suas grandes fazendas, rebanhos, etc., não serão mais necessários. Vi que o Senhor Se voltará contra eles em ira e repetirá estas palavras: "Vão agora, ricos." Ele clamou, mas vocês não ouviram. O amor deste mundo sufocou-Lhe a voz. Agora Ele não tem mais nenhuma utilidade para vocês e os deixa ir, declarando: "Vão agora, ricos." T1 175 1 Oh, vi que era terrível coisa ser abandonado pelo Senhor -- horrível coisa era apegar-se aos perecíveis tesouros deste mundo, quando Ele disse que se nós vendermos e dermos esmolas, ajuntaremos um tesouro no Céu. Foi-me mostrado que quando a obra estiver em conclusão e a verdade avançando com poder, esses ricos trarão seus meios e os depositarão aos pés dos servos de Deus, pedindo-lhes para aceitá-los. A resposta dos servos de Deus será: "Vão agora, ricos. Seus meios não são necessários. Vocês os retiveram quando eles poderiam fazer o bem no progresso da obra de Deus. Os necessitados sofreram; eles não foram abençoados por seus meios. Deus não aceitará suas riquezas agora. Vão agora, ricos." T1 175 2 Então fui dirigida a estas palavras: "Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras e que por vós foi diminuído clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos." Tiago 5:4. Vi que Deus não está em todas as riquezas que são obtidas. Satanás freqüentemente tem muito mais a ver com a aquisição de propriedades do que Deus. Muitas delas são obtidas pela opressão dos assalariados. Os ricos cobiçosos obtêm suas riquezas pela opressão aos trabalhadores e tirando vantagens dos indivíduos onde puderem, acrescentando assim ao tesouro os bens que consumirão sua carne como fogo. T1 176 1 Alguns não têm seguido conduta estritamente honesta, honrosa. Esses devem tomar um rumo muito diferente, trabalhando firmemente para remir "o tempo". Efésios 5:16. Muitos observadores do sábado se acham em falta nesse ponto. Aproveitam-se até de seus irmãos pobres, e os que têm abundância exigem mais que o real valor das coisas, mais do que por elas pagariam, ao passo que esses irmãos se acham endividados e aflitos por falta de meios. Deus sabe de todas essas coisas. Todo ato egoísta, toda extorsão cobiçosa, trará sua recompensa. T1 176 2 Vi que é cruel e injusto não ter consideração pela situação de um irmão. Se está aflito ou pobre, fazendo todavia tudo quanto lhe é possível, deve-se fazer-lhe uma concessão, e mesmo não se lhe deve exigir o valor total das coisas que compre dos ricos; antes estes devem ter para com ele sentimentos de misericórdia. Deus aprovará tais atos de bondade, e os que os praticam não perderão sua recompensa. Haverá, porém, um terrível registro contra muitos observadores do sábado por atos mesquinhos e gananciosos. T1 176 3 Fui dirigida ao tempo em que não havia senão poucos que escutavam e abraçavam a verdade. Eles não possuíam muito dos bens deste mundo. As necessidades da Causa eram divididas entre bem poucos. Então foi necessário que alguns vendessem suas casas e terras, e procurassem um lugar mais barato para lhes servir de abrigo, ou de lar, enquanto seus recursos eram franca e generosamente emprestados ao Senhor para publicar a verdade, e para de outro modo ajudar o avanço da causa de Deus. Ao contemplar esses abnegados, vi que haviam sofrido privações para benefício da Causa. Vi um anjo postado ao seu lado, apontando-lhes o Céu, e dizendo: "Vocês têm bolsas no Céu! Têm no Céu bolsas que não envelhecem! Resistam até ao fim, e grande será o seu galardão." T1 176 4 Deus tem estado a tocar muitos corações. A verdade por que alguns tanto se sacrificaram, a fim de apresentá-la a outros, triunfou, e multidões a ela se apegaram. Em Sua providência, Deus tem tocado o coração dos que têm meios, trazendo-os para a verdade, para que, à medida que Sua obra aumenta, sejam satisfeitas as necessidades da Causa. Muitos recursos têm sido trazidos às fileiras dos observadores do sábado, e vi que atualmente Deus não pede as casas que Seu povo tem para morar, a menos que troque casas de muito preço por outras mais baratas. Mas se aqueles que possuem abundância não Lhe derem ouvidos, não se separarem do mundo e dispuserem de parte de sua propriedade e terras, nem se sacrificarem por Deus, Ele os passará por alto, e chamará aqueles que estão dispostos a fazer qualquer coisa para Jesus, até a venderem sua morada a fim de atender às necessidades da Causa. Deus terá ofertas voluntárias. Os que as fazem devem considerar um privilégio fazê-lo. T1 177 1 Alguns dão daquilo que lhes sobra e não lhes faz falta. Não se privam de alguma coisa em favor da causa de Cristo. Têm tudo o que o coração pode desejar. Dão liberalmente e com boa disposição. Deus observa cuidadosamente suas atitudes e motivos e os analisa. Eles não perderão sua recompensa. Vocês que não têm condições de dar tão liberalmente, não precisam desculpar-se por não poderem fazer como os outros. Façam aquilo que lhes estiver ao alcance. Privem-se de algum artigo que possam dispensar e sacrifiquem-se pela causa de Deus. Como a viúva, ponham no cofre as duas moedinhas. Vocês estarão certamente dando mais do que todos os que ofertam de sua abundância, e saberão o quão gratificante é negar-se a si mesmo e dar aos necessitados; sacrificar-se pela verdade e ajuntar tesouros no Céu. T1 177 2 Foi-me mostrado que os jovens, especialmente aqueles que fazem profissão da verdade, têm uma lição de abnegação a aprender. Se fizerem mais sacrifícios pela verdade, eles a estimarão mais intensamente. Ela transformaria o coração e purificar-lhes-ia a vida e eles a considerariam mais cara e sagrada. T1 178 1 Os jovens não levam os fardos da causa de Deus, nem sentem qualquer responsabilidade a seu respeito. Deus, porventura, os liberou de seus deveres? Oh, não; eles mesmos o fizeram por conta própria. Desobrigaram-se e os outros ficaram sobrecarregados. Não compreenderam que não são de si mesmos. Suas energias e tempo não lhes pertencem. Foram comprados por bom preço. Um sacrifício inestimável foi feito por eles e, a menos que possuam espírito de abnegação e sacrifício, nunca terão posse à herança imortal. ------------------------Capítulo 31 -- O privilégio e dever da igreja T1 178 2 Este testemunho refere-se à igreja de Battle Creek, mas descreve a condição e privilégios dos irmãos e irmãs que vivem em toda parte: T1 178 3 Vi que uma espessa nuvem os envolvia e que uns poucos raios de luz da parte de Jesus penetravam a nuvem. Olhei para ver aqueles que recebiam a luz, e vi indivíduos orando fervorosamente pela vitória. Haviam-se empenhado em servir a Deus. Sua fé perseverante foi galardoada. A luz do Céu foi derramada sobre eles, mas a nuvem escura sobre a igreja em geral era compacta. O povo estava indolente e entorpecido. Minha agonia de coração era grande. Perguntei ao anjo se aquela escuridão era necessária. Disse-me ele: "Veja." Então vi que a igreja se estava erguendo e pleiteando ferventemente com Deus; então, raios de luz começaram a penetrar as trevas e a nuvem foi dissipada. A pura luz celestial incidiu sobre eles, e com santa confiança sua atenção foi atraída para cima. Disse o anjo: "Esse é privilégio e dever deles." T1 178 4 Satanás desceu com grande poder, sabendo que tem pouco tempo. Seus anjos estão ocupados, e grande parte do povo de Deus permite ser embalada e posta a dormir. A nuvem novamente apareceu e pairou sobre a igreja. Vi que apenas mediante sincero esforço e perseverante oração esse encanto seria quebrado. T1 179 1 As alarmantes verdades da Palavra de Deus haviam despertado parcialmente o povo. De vez em quando faziam débeis esforços para vencer, mas logo se cansavam e voltavam ao mesmo estado de mornidão. Vi que não possuíam perseverança e firme determinação. Que os que buscam a salvação possuam a mesma energia e determinação que teriam se almejassem um tesouro terreno, e o objetivo será alcançado. Vi que a igreja tanto pode beber de uma taça plena como ter em sua mão ou boca um copo vazio. T1 179 2 Não é plano de Deus ter alguns obreiros sobrecarregados e outros aliviados. Alguns sentem o peso da responsabilidade da causa, e a necessidade de agir para que possam ajuntar com Cristo e não espalhar. Outros vivem livres de qualquer responsabilidade, agindo como se não tivessem influência alguma. Esses espalham. Deus não é parcial. Todos os que são feitos participantes de Sua salvação, que esperam partilhar das glórias do reino futuro, precisam ajuntar com Cristo. Cada um precisa conscientizar-se de que é responsável por si mesmo e pela influência que exerce sobre outros. Se se mantiverem em seu caminho cristão, Jesus será para eles "a esperança da glória" (Colossences 1:27), e apreciarão louvá-Lo para que possam ser refrigerados. A causa de seu Mestre lhes será muito cara. Será sua preocupação fazer avançar essa causa e honrá-la mediante uma vida santa. Disse o anjo: "De cada talento Deus requererá juros." Cada cristão deve avançar "de força em força" (Salmos 84:7) e empregar todas as suas energias na causa de Deus. ------------------------Capítulo 32 -- A sacudidura T1 179 3 Em 20 de Novembro de 1857 foi-me mostrado o povo de Deus, e vi-o fortemente sacudido. Alguns, com viva fé e agonizantes brados, pleiteavam com Deus. Tinham o semblante pálido e assinalado por profunda ansiedade, expressiva de suas lutas internas. Firmeza e grande fervor se exprimiam em seu semblante, enquanto grossas gotas de suor lhes caíam da fronte. De quando em quando seu rosto resplandecia com o sinal da aprovação de Deus, e de novo sobre eles pousava aquele olhar solene, fervoroso e ansioso.* T1 180 1 Anjos maus se aglomeravam em torno deles, circundando-os de trevas, para lhes afastar da vista a Jesus, a fim de que seus olhos fossem atraídos para as trevas que os cercavam, e eles desconfiassem de Deus e contra Ele murmurassem. Sua única segurança estava em manterem os olhos fitos no alto. Anjos de Deus eram encarregados da guarda de Seu povo, e quando a atmosfera intoxicada, da parte dos anjos maus, era impelida em volta daquelas pessoas ansiosas, os anjos sobre eles agitavam continuamente as asas, para afugentar as densas trevas. T1 180 2 Vi que alguns não participavam dessa obra de súplica intensa. Pareciam indiferentes e descuidosos. Não resistiam às trevas que os rodeavam, e os envolviam qual densa nuvem. Os anjos de Deus deixaram-nos, e vi-os apressar-se em auxílio dos que lutavam com todas as energias para resistir aos anjos maus, procurando ajudar-se a si mesmos invocando perseverantemente a Deus. Mas os anjos abandonaram os que não se esforçavam por ajudar-se a si mesmos, e perdi-os de vista. Enquanto os que oravam prosseguiram em seus clamores fervorosos, um raio de luz, provindo de Jesus, sobre eles incidia de quando em quando, a fim de os encorajar, e iluminar-lhes o semblante. T1 181 1 Perguntei qual o sentido da sacudidura que eu acabava de presenciar e foi-me mostrado que fora causada pelo positivo testemunho motivado pelo conselho da Testemunha fiel, aos laodiceanos. Esse testemunho terá o seu efeito sobre o coração do que o recebe, levando-o a exaltar a norma e declarar a positiva verdade. Alguns não suportarão esse claro testemunho. Opor-se-lhe-ão e isto causará uma sacudidura entre os filhos de Deus. T1 181 2 O testemunho da Testemunha fiel não foi atendido nem pela metade. O solene testemunho do qual depende o destino da igreja foi subestimado, se não rejeitado por completo. Esse testemunho tem que realizar arrependimento profundo, e todos os que de fato o receberem, obedecer-lhe-ão e serão purificados. T1 181 3 Disse o anjo: "Escute!" Logo ouvi uma voz que soava como muitos instrumentos de música, todos em acordes perfeitos, suaves e harmoniosos. Ultrapassava a qualquer música que eu já ouvira. Parecia plena de misericórdia, compaixão, e regozijo santo e enobrecedor. Atravessou-me todo o ser. Disse o anjo: "Olhe!" Minha atenção foi então dirigida para o grupo que eu vira, e que fora fortemente abalado. Foram-me mostrados os que eu antes vira a chorar e orar em agonia de espírito. O grupo de anjos da guarda em volta deles fora duplicado e achavam-se revestidos de uma armadura, da cabeça aos pés. Moviam-se em rigorosa ordem, firmes como um batalhão de soldados. Seu semblante exprimia o árduo conflito que haviam suportado, a difícil luta que atravessaram. Contudo sua fisionomia, assinalada por severa angústia íntima, resplandecia agora com a luz e glória do Céu. Haviam alcançado a vitória, e esta lhes trazia a mais profunda gratidão, e santo e nobre regozijo. T1 182 1 Diminuíra o número das pessoas que compunham esse grupo. Alguns, pela sacudidura, foram lançados fora, ficando à beira do caminho.* Os descuidosos e indiferentes, que não se uniam aos que haviam prezado a vitória e salvação o bastante para a suplicar com insistência, não a alcançaram, sendo deixados atrás, em trevas. Seu número, porém foi imediatamente preenchido por outros que aceitavam a verdade e cerravam fileiras. Ainda os anjos maus se lhes aglomeravam em torno, mas sobre eles não tinham poder.** T1 182 2 Ouvi os que se achavam revestidos da armadura proclamarem a verdade com grande poder. Isso surtiu efeito. Vi os que haviam estado presos -- algumas esposas haviam estado presas aos maridos, e alguns filhos aos pais. Os sinceros que haviam sido detidos ou impedidos de ouvirem a verdade agora dela se apoderavam ansiosamente. Desaparecera todo temor que tinham dos parentes. Para eles, unicamente a verdade era exaltada. Era-lhes mais querida e preciosa do que a vida. Tinham dela estado famintos e sedentos. Perguntei pela causa dessa grande mudança. Um anjo respondeu: "É a chuva serôdia, o 'refrigério pela presença do Senhor' (Atos dos Apóstolos 3:19), o alto clamor do terceiro anjo." T1 183 1 Grande poder acompanhava esses escolhidos. Disse o anjo: "Olhe!" Foi-me chamada a atenção para os ímpios, ou incrédulos. Estavam todos agitados. O zelo e poder do povo de Deus os haviam despertado e enraivecido. Confusão, confusão mostrava-se por toda parte. Vi que eram tomadas medidas contra esse grupo, que possuía o poder e a luz de Deus. Trevas adensavam-se-lhes em torno, e no entanto ali se achavam, aprovados de Deus e nEle confiantes. Vi-os perplexos. A seguir, ouvi-os clamarem fervorosamente ao Senhor. Através do dia e da noite seu clamor não cessava.* Ouvi as palavras: "Tua vontade, ó Deus, seja feita! Se for para a glória do Teu nome, abre um caminho de escape para o Teu povo! Livra-nos dos ímpios que nos rodeiam! Eles nos destinaram à morte; Teu braço, porém, pode efetuar a salvação." Essas são as palavras de que me recordo. Todos pareciam ter intuição profunda de sua indignidade e manifestavam inteira submissão à vontade de Deus. Entretanto, como Jacó, cada qual, sem uma única exceção, suplicava fervorosamente e pleiteava o livramento. T1 183 2 Logo depois de haverem começado seu fervoroso clamor, os anjos, compassivos, desejavam acudir em seu livramento. Mas um anjo alto e majestoso não lho permitiu. Disse ele: "A vontade de Deus não se cumpriu ainda. Eles devem beber a taça. Devem ser batizados com o batismo." T1 184 1 Logo ouvi a voz de Deus, que abalou Céus e Terra.* Houve grande terremoto. Edifícios ruíram por todos os lados. Ouvi então um triunfante brado de vitória, alto, harmonioso e claro. Contemplei aquele grupo que, pouco tempo antes, estivera em aflição e cativeiro. Seu cativeiro fora mudado. Jó 42:10. Uma luz resplandecente brilhava sobre eles. Como pareceram formosos então! Haviam desaparecido toda fadiga e sinais de ansiedade; saúde e beleza viam-se em todos os semblantes. Seus inimigos, os gentios que os cercavam, caíram por terra, como mortos. Não suportavam a luz que brilhava sobre os santos, libertos. Essa luz e resplendor sobre eles permaneceu até que Jesus foi visto nas nuvens do céu, e o grupo de fiéis e provados foram transformados "num momento, num abrir e fechar de olhos" (1 Coríntios 15:52), de glória em glória. Abriram-se os sepulcros e revestidos de imortalidade, surgiram os santos, bradando: "Vitória sobre a morte e a sepultura!" e em companhia dos santos vivos foram arrebatados, para encontrar seu Senhor nos ares, enquanto belos e harmoniosos brados de glória e vitória procediam de todos os lábios imortais. ------------------------Capítulo 33 -- A igreja de Laodicéia T1 185 1 Queridos irmãos e irmãs: T1 185 2 O Senhor visitou-me novamente com grande misericórdia. Fiquei muito aflita durante uns meses. A doença tem me premido pesadamente. Faz anos me afligem o edema e doença do coração, que têm tido a tendência de deprimir meu humor e abater minha fé e animação. A mensagem à Laodicéia não foi recebida pelo povo de Deus em zeloso arrependimento, conforme eu esperava ver, e minha perplexidade foi muito grande. A doença parecia evoluir e eu pensei que morreria. Eu não desejava mais viver e, portanto, não era capaz de apegar-me à fé e orar por minha recuperação. Freqüentemente, quando eu me retirava para o descanso noturno, percebia que poderia morrer antes do amanhecer. Nesse estado, desmaiei à meia-noite. Os irmãos Andrews e Loughborough vieram visitar-me e fervorosas súplicas foram dirigidas a Deus em meu favor. O abatimento e a grande opressão que sentia foram retirados de sobre meu dolorido coração, e fui tomada em visão. Vi, então, as coisas que passo a apresentar. T1 185 3 Vi que Satanás havia tentado levar-me ao desânimo e desespero, fazer-me desejar mais a morte do que a vida. Foi-me mostrado que não era da vontade de Deus que eu parasse de trabalhar e descesse à sepultura, porquanto os inimigos de nossa fé triunfariam e o coração dos filhos de Deus ficaria abatido. Vi que constantemente padeceria angústia de espírito e sofreria muito, todavia, eu tinha a promessa de que os que me estavam ao redor haveriam de animar-me e ajudar-me; que minha coragem e forças não falhariam conquanto ferozmente atacada pelo diabo. T1 186 1 Foi-me mostrado que o testemunho aos laodiceanos se aplica ao povo de Deus no tempo presente, e a razão por que não realizou uma obra muito maior é a dureza de coração. Mas Deus deu à mensagem tempo para realizar sua obra. O coração precisa ser purificado dos pecados que por tanto tempo excluem a Jesus. Essa terrível mensagem fará sua obra. Quando foi primeiramente apresentada, conduziu a um íntimo exame do coração. Os pecados foram confessados e em todos os lugares o povo de Deus foi sacudido. Quase todos creram que essa mensagem concluiria o alto clamor do terceiro anjo. Mas como o povo não viu a poderosa obra concluída em um curto espaço de tempo, muitos perderam o efeito da mensagem. Vi que essa mensagem não poderia cumprir seu propósito em uns poucos meses. Ela estava destinada a despertar o povo de Deus, a denunciar-lhes a apostasia e levá-los a um zeloso arrependimento, a fim de que muitos pudessem ser favorecidos com a presença de Jesus e estarem preparados para o alto clamor do terceiro anjo. Como esta mensagem atingiu o coração, levou o povo à profunda humilhação diante de Deus. Os anjos foram enviados em todas as direções a fim de preparar os descrentes para receberem a verdade. A causa de Deus começou a crescer e Seu povo estava ciente de sua posição. Se o conselho da Testemunha Verdadeira houvesse sido totalmente atendido, Deus teria atuado através de Seu povo com grande poder. Entretanto, os esforços feitos desde que a mensagem começou a ser dada, foram abençoados por Deus e muitas pessoas foram conduzidas do erro e trevas à alegria da verdade. T1 186 2 Deus provará Seu povo. Jesus lida com eles pacientemente, e não os vomita da boca em um momento. Disse o anjo: "Deus está pesando o Seu povo." Se a mensagem houvesse tido a breve duração que muitos de nós supunham, não teria havido tempo para desenvolver o caráter. Muitos agiam segundo os sentimentos, não por princípios e pela fé, e esta solene e terrível mensagem os sacudiu. Atuou sobre seus sentimentos, e despertou-lhes os temores, mas não realizou a obra que Deus designara que fizesse. Deus lê o coração. Para que Seu povo não se engane quanto a si mesmo, Ele lhes dá tempo para que passe a emoção, e então os prova para ver se obedecem ao conselho da Testemunha Verdadeira. T1 187 1 Deus conduz avante Seu povo, passo a passo. Leva-os a diferentes pontos, destinados a manifestar o que está no coração. Alguns resistem em um ponto, mas caem no seguinte. A cada ponto mais adiante, o coração é experimentado e provado um pouco mais de perto. Se o professo povo de Deus verifica estar o coração contrário a esta incisiva obra, isto os deve convencer de que têm alguma coisa a fazer a fim de vencer, uma vez que não queiram ser vomitados da boca do Senhor. Disse o anjo: "Deus atuará mais e mais rigorosamente a fim de experimentar e provar cada um entre Seu povo. Alguns são prontos em receber um ponto; mas quando Deus os leva a outro ponto difícil, recuam diante dele e ficam para trás, pois acham que isto golpeia diretamente algum ídolo acariciado. Aí têm eles oportunidade de ver o que, em seu coração, está excluindo a Jesus. Prezam alguma coisa mais que a verdade, e o coração não está preparado para receber a Jesus. Os indivíduos são experimentados e provados por um espaço de tempo a ver se sacrificarão seus ídolos e darão ouvidos ao conselho da Testemunha Verdadeira. Caso alguém não seja purificado pela obediência à verdade, e vença o egoísmo, o orgulho e as más paixões, os anjos de Deus têm a recomendação: "Estão entregues a seus ídolos; deixem-nos" (Oséias 4:17), e eles passarão adiante à sua obra, deixando esses com seus pecaminosos traços não subjugados, ao comando dos anjos maus. Os que satisfazem em todos os pontos e resistem a toda prova, e vencem, seja qual for o preço, atenderam ao conselho da Testemunha Verdadeira, e receberão a chuva serôdia, estando assim aptos para a trasladação. T1 188 1 Deus prova Seu povo neste mundo. Este é o lugar de preparação para aparecermos diante dEle. Aqui, neste mundo, nos últimos dias, as pessoas revelarão que poder lhes afeta o coração e lhes controla as ações. Se for o poder da verdade divina, ele conduzirá às boas obras. Elevará o recebedor e o tornará nobre e generoso, como seu divino Senhor. Mas se os anjos maus tomam conta do coração, isso será revelado de várias maneiras. O fruto será: egoísmo, cobiça, orgulho e más paixões. T1 188 2 "Enganoso é coração, mais do que todas as coisas, e perverso." Jeremias 17:9. Os que professam religião não estão dispostos a se examinarem intimamente para ver se permanecem na fé. É um temível fato que muitos estão se apoiando sobre falsas esperanças. Alguns se apóiam numa velha experiência que tiveram anos atrás, mas quando chega o tempo de provar o coração, quando todos precisam ter uma experiência diária, eles não têm nada que dizer a respeito. Pensam que uma mera profissão da verdade os salvará. Quando eles vencerem os pecados que Deus odeia, Jesus entrará e ceará com eles e eles com Ele. Apocalipse 3:20. Obterão divina força de Cristo então e crescerão nEle, sendo capazes de dizer, em santo triunfo: "Graças a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo." 1 Coríntios 15:57. Seria mais aceitável ao Senhor se os mornos professos de religião nunca houvessem feito menção de Seu nome. Eles são um contínuo peso àqueles que desejam ser fiéis seguidores de Jesus. São uma pedra de tropeço aos descrentes, e os anjos maus exultam sobre eles e zombam dos anjos de Deus por causa de seu tortuoso caminho. Esses são uma maldição para a causa na pátria e no estrangeiro. Acercam-se de Deus "com seus lábios, mas o coração está longe" dEle. Mateus 15:8. T1 188 3 Foi-me mostrado que o povo de Deus não deve imitar as modas do mundo. Alguns têm feito isso e estão rapidamente perdendo seu caráter santo, peculiar, que deveria distingui-los como povo de Deus. Foi-me apontado o antigo povo de Deus e pude comparar seu vestuário com a moda destes últimos dias. Que diferença! Que mudança! As mulheres de outrora não eram tão ousadas como as de hoje. Quando em público, elas cobriam o rosto com um véu. Nestes últimos dias, as modas são imodestas e indecentes. Acham-se registradas na profecia e foram primeiramente introduzidas por uma classe sobre a qual Satanás tem inteiro controle, "os quais, havendo perdido todo o sentimento [sem qualquer convicção do Espírito de Deus], se entregaram à dissolução, para, com avidez, cometerem toda impureza". Efésios 4:19. Se o professo povo de Deus não se houvesse afastado tanto dEle, haveria agora marcante diferença entre seu vestuário e o do mundo. As toucas pequenas, expondo a face e a cabeça, mostram falta de modéstia. As saias-balão são vergonhosas. Os habitantes da Terra estão se tornando mais e mais corrompidos e a linha de distinção entre eles e o Israel de Deus precisa ser mais clara, ou a maldição que cairá sobre os mundanos os atingirá também. T1 189 1 Minha atenção foi chamada para as seguintes passagens escriturísticas. Disse o anjo: "Elas são 'para instruir' (2 Timóteo 3:16) o povo de Deus." "Do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras." 1 Timóteo 2:9, 10. "O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura de vestes, mas o homem encoberto no coração, no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus. Porque assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus." 1 Pedro 3:3-5. T1 189 2 Jovens e idosos, Deus os está provando agora. Vocês estão decidindo seu destino eterno. Seu orgulho e amor às modas do mundo, sua conversação vazia e insensata, seu egoísmo, estão todos postos na balança, e o peso do mal está temerariamente contra vocês. Vocês são pobres, miseráveis, cegos e nus. Enquanto o mal está crescendo e lançando profundas raízes, a boa semente lançada no coração é sufocada, e logo a palavra dirigida contra a casa de Eli será repetida pelos anjos celestiais com respeito a vocês: "Nunca jamais será expiada a iniqüidade da casa de Eli nem com sacrifício nem com oferta de manjares." 1 Samuel 3:14. Vi que muitos que estavam se gabando de serem bons cristãos, não tinham nem mesmo um simples raio de luz da parte de Jesus. Eles não sabem o que é ser renovado pela graça de Deus. Não possuem nenhuma experiência real nas coisas de Deus. Vi que o Senhor estava afiando Sua espada no Céu para abatê-los. Oxalá todo morno professo adventista compreenda a obra de purificação que Deus está prestes a efetuar entre o povo que professa pertencer-Lhe! Prezados amigos, não se iludam quanto a sua condição. Não podem enganar a Deus. Diz a Testemunha Verdadeira: "Eu sei as tuas obras." Apocalipse 2:2; 3:15. O terceiro anjo está, passo a passo, guiando um povo cada vez mais para cima. A cada passo eles serão provados. T1 190 1 O plano de doação sistemática* agrada a Deus. Foram-me apontados os dias dos apóstolos, e vi que Deus introduzira Seu plano pela descida do Espírito Santo e que, pelo dom de profecia, aconselharia Seu povo com respeito ao método de doação. Todos tomavam parte dessa obra de repartir as coisas temporais com aqueles que lhes ministravam as coisas espirituais. Também foram ensinados de que as viúvas e os órfãos lhes requeriam a caridade. A religião pura e imaculada é definida: "Visitar os órfãos e as viúvas e guardar-se da corrupção do mundo." Tiago 1:27. Vi que isso não era meramente simpatizar com eles em sua aflição através de palavras confortadoras; mas ajudá-los, se necessário, com nossos meios. Rapazes e moças a quem Deus tem dado saúde podem receber grandes bênçãos ao ajudarem as viúvas e os órfãos em suas tribulações. Vi que Deus exige dos jovens maior sacrifício pelo bem dos outros. Ele exige deles mais do que estão dispostos a dar. Se se mantiverem incontaminados do mundo, se abandonarem as modas e reservarem aquilo que os amantes dos prazeres despendem em artigos inúteis para atender ao orgulho, e dá-lo aos aflitos, e sustentarem a causa, eles terão a aprovação dAquele que disse: "Eu conheço as tuas obras." Apocalipse 2:19. T1 191 1 Há ordem no Céu, e Deus Se agrada com os esforços de Seu povo no sentido de agirem com método e ordem em Sua obra sobre a Terra. Vi que deveria haver ordem na igreja de Deus, e que é necessário método para transmitirem com sucesso a grande mensagem de misericórdia ao mundo. Deus está conduzindo Seu povo no plano de doação sistemática, e esse é um dos muitos pontos nos quais o Senhor está educando esse povo. Ponto este que contrariará a alguns. Será para eles como o arrancar do braço ou do olho direito. Para outros, porém, será um grande auxílio. Para as pessoas nobres e generosas os reclamos parecem muito pequenos, e elas não estão contentes por darem tão pouco. Alguns possuem grandes bens e se eles os pouparem para fins caritativos, tal oferta lhes parecerá uma soma enorme. O coração egoísta apega-se firmemente a uma pequena oferta como se fosse grande, e faz com que a ínfima quantia pareça enorme. T1 191 2 Minha atenção foi dirigida aos tempos iniciais desta obra. Naquele tempo, alguns que amavam a verdade podiam com propriedade falar de sacrifícios. Davam muito para a causa de Deus, a fim de que a verdade fosse levada a outros. Ajuntavam com antecedência tesouros no Céu. Irmãos, vocês que receberam a verdade em período posterior e que possuem grandes bens, Deus os chamou para o campo, não simplesmente para que possam desfrutar da verdade, mas para que, com seus meios, auxiliem no avanço desta grande obra. E se vocês têm interesse nesta obra, nela se aventurarão, investirão algo para que outros possam ser salvos por seus esforços, e receberão a recompensa final. Grandes sacrifícios foram feitos e muitas privações suportadas para colocar a verdade sob clara luz perante vocês. Agora Deus os chama para que, por sua vez, façam grandes esforços e sacrifícios visando pôr a verdade diante daqueles que estão em trevas. Deus exige isso. Vocês que professam crer na verdade, deixem que as obras testifiquem desse fato. A menos que a fé atue, é morta. Nada senão uma viva fé os salvará das pavorosas cenas que se acham justamente diante de vocês. T1 192 1 Vi que é tempo de os que possuem grandes posses começarem a trabalhar com firmeza. É tempo de eles fazerem uma poupança, de acordo com a prosperidade que o Senhor lhes deu e dá. Nos dias dos apóstolos foram feitos planos para que alguns não ficassem isentos e outros sobrecarregados. Disposições foram aplicadas para que todos repartissem eqüitativamente as cargas da igreja de Deus, de acordo com suas variadas capacidades. Disse o anjo: "O machado" deve ser "posto à raiz das árvores." Mateus 3:10. Aqueles que, como Judas, põem o coração nos tesouros terrenos, lamentar-se-ão como ele o fez. Seu coração cobiçou o custoso ungüento derramado sobre Jesus, mas ele procurou ocultar o egoísmo sob uma piedosa e conscienciosa preocupação pelos pobres: "Por que não se vendeu este ungüento por trezentos dinheiros, e não se deu aos pobres?" João 12:5. Ele desejou, na verdade, ter o perfume em suas mãos, afinal, este não deveria ter sido desperdiçado com o Salvador. Queria utilizá-lo em proveito próprio, vendê-lo e ficar com o dinheiro. Ele valorizava seu Senhor o suficiente para vendê-Lo aos ímpios por umas poucas peças de prata. Como Judas fez dos pobres um pretexto para seu egoísmo, assim, professos cristãos cujo coração é cobiçoso, procurarão ocultar seu egoísmo sob uma consciência fingida. Oh, eles temem que, adotando a doação sistemática estamos nos tornando como as igrejas nominais! "Não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita." Mateus 6:3. Parecem possuir o consciencioso desejo de seguir exatamente a Bíblia, como eles a entendem acerca desse assunto, mas negligenciam completamente a clara admoestação de Cristo: "Vendei o que tendes, e dai esmolas." Lucas 12:33. T1 193 1 "Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles." Mateus 6:1. Alguns supõem que esse texto ensina que devem fazer mistério de suas obras de caridade. E realizam muito pouco, desculpando-se, porque não sabem exatamente como dar. Mas, Jesus explicou isso aos discípulos: "Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão." Mateus 6:2. Eles davam para serem vistos pelos homens como nobres e generosos. Recebiam o louvor dos homens, e Jesus ensinou Seus discípulos que essa era a única recompensa que teriam. Acontece com muitos que a mão esquerda não sabe o que a direita faz, pois a direita nada realiza que deva ser notado pela esquerda. Essa lição de Jesus aos discípulos tinha o objetivo de repreender aqueles que desejavam receber a glória dos homens. Davam esses suas esmolas em lugares de reunião pública e, antes disso, uma proclamação pública era feita anunciando sua generosidade diante do povo. Muitos davam grandes somas meramente para ter seu nome exaltado pelos homens. Os meios dados dessa maneira eram freqüentemente extorquidos de outros, pela opressão aos assalariados e aos pobres. T1 193 2 Foi-me mostrado que esse verso não se aplica àqueles que têm a causa de Deus no coração, e usam humildemente seus meios para fazê-la avançar. Minha atenção foi chamada para estes textos: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos Céus." Mateus 5:16. "Por seus frutos os conhecereis." Mateus 7:16, 20. Vi que esse testemunho das Escrituras é harmônico quando corretamente compreendido. As boas obras dos filhos de Deus são a mais efetiva pregação que os descrentes podem ouvir. Eles, os incrédulos, pensam que deve haver um forte motivo atuando no cristão para ele negar-se a si mesmo e usar seus bens na tentativa de salvar os semelhantes. Esse espírito é diferente daquele do mundo. Tais frutos testificam que seus possuidores são cristãos genuínos. Parece que estão constantemente rumando para cima, para um tesouro imperecível. T1 194 1 O doador deveria ter um desígnio apropriado em cada dádiva e oferta, não para sustentar alguém na inatividade, nem para ser visto pelos homens ou obter fama, mas para glorificar a Deus na divulgação de Sua causa. Alguns fazem grandes doações à obra de Deus, enquanto seu irmão, que é pobre, pode estar sofrendo ao seu lado, e eles nada estão fazendo para lhe aliviar o sofrimento. Pequenos atos de bondade feitos em favor de seu irmão, de modo discreto, uniriam os corações e seria notados no Céu. Vi que, em seus preços e salários, o rico deveria fazer diferença em favor dos aflitos, das viúvas e dos pobres dignos entre eles. Mas com freqüência se dá o caso de o rico tirar vantagem do pobre, obtendo todo benefício possível e exigindo pelos favores concedidos até o último centavo. Isso tudo está registrado no Céu. "Eu conheço as tuas obras." Apocalipse 2:19. T1 194 2 Hoje, o pecado predominante na igreja é a cobiça. Deus Se desagrada com Seu povo por seu egoísmo. Seus servos têm dispensado tempo e energias para levar-lhes a palavra da vida, mas muitos têm demonstrado por seus atos que a consideram de pouco valor. Se podem ajudar o servo de Deus de um jeito ou de outro, algumas vezes o fazem; freqüentemente, porém, deixam que se vá sem fazer quase nada por ele. Se empregam um operário diarista, precisam pagar-lhe o salário devido. Contudo, não procedem assim com o servo do Senhor. Ele trabalha por eles em palavra e doutrina; suporta pesadas cargas do trabalho sobre si; pacientemente lhes mostra pela Palavra de Deus os perigosos erros que prejudicam o ser humano. Destaca a necessidade de arrancar sem demora as ervas daninhas que sufocam a boa semente; retira do tesouro da Palavra coisas velhas e novas para alimentar o rebanho. Todos reconhecem terem sido beneficiados; mas a venenosa planta da cobiça está tão arraigada que eles permitem ao servo de Deus ir embora sem prover-lhe as coisas temporais. Prezam seu exaustivo trabalho tanto quanto seus atos o demonstram. Diz a Testemunha Verdadeira: "Eu conheço as tuas obras." Apocalipse 2:19. T1 195 1 Vi que os servos de Deus não estão colocados além do alcance das tentações de Satanás. Com freqüência são eles terrivelmente assediados pelo inimigo e têm uma árdua batalha a ferir. Se pudessem ser liberados de sua comissão, alegremente trabalhariam com as próprias mãos. Seu trabalho é requerido por seus irmãos; mas quando eles o vêem considerado tão levianamente, ficam deprimidos. É verdade que eles olham para sua recompensa final e isso os sustém, mas suas famílias precisam de alimento e roupas. Seu tempo pertence à igreja de Deus e, portanto, não está à sua disposição. Eles sacrificam o convívio com suas famílias para beneficiar a outros, e ainda alguns beneficiários de seu trabalho pastoral são indiferentes às suas necessidades. Vi que é uma injustiça deixá-los seguir o caminho e frustrá-los. Eles pensam estar aprovados por Deus, quando Ele despreza seu egoísmo. Esses egoístas não apenas serão chamados a dar contas a Deus pelo uso que fizeram do dinheiro do Senhor, mas toda depressão e mágoas que causaram aos escolhidos servos de Deus e que debilitaram seus esforços, serão debitados na conta desses mordomos infiéis. T1 195 2 A Testemunha Verdadeira declara: "Eu conheço as tuas obras." Apocalipse 2:19. O coração cobiçoso e egoísta, será provado. Alguns não estão dispostos a dedicar a Deus uma pequena parte das rendas de seu tesouro terreno. Esses recuariam horrorizados se você lhes falasse do capital. O que têm eles sacrificado por Deus? Nada. Professam crer que Jesus está voltando, mas suas obras negam-lhes a fé. Cada indivíduo viverá pela fé que possui. Professo de coração falso, Jesus conhece as suas obras. Ele odeia suas ofertas mesquinhas e seus sacrifícios defeituosos. ------------------------Capítulo 34 -- Casas de culto T1 196 1 Vi que muitos a quem Deus confiou recursos, sentem-se na liberdade de usá-los à vontade para o próprio bem-estar, arranjando lares aprazíveis aqui; quando, porém, constroem uma casa para o culto do grande Deus que habita na eternidade, não podem permitir que Ele use os meios que lhes emprestou. Não se esforça cada um por exceder o outro em manifestar sua gratidão a Deus pela verdade, fazendo tudo quanto pode para preparar um apropriado lugar de culto; antes alguns procuram fazer simplesmente o mínimo possível; e acham que são nada mais que perdidos os recursos que empregam em preparar um lugar em que o Altíssimo os visite. Tal oferta é defeituosa, e não é aceitável a Deus. Vi que seria muito mais aprazível a Deus se Seu povo mostrasse tanto entendimento em preparar-Lhe uma casa, quanto usa em suas próprias habitações. T1 196 2 Fora ordenado que os sacrifícios e ofertas dos filhos de Israel fossem sem mancha e sem defeito, o melhor do rebanho; e cada um dentre o povo era solicitado a partilhar dessa obra. A obra de Deus para este tempo será extensa. Se vocês constróem uma casa para o Senhor, não O ofendam nem se limitem com o fazer ofertas defeituosas. Dêem o melhor para uma casa construída para Deus. Seja o melhor que possuam; mostrem interesse em torná-la apropriada e confortável. Alguns pensam que isto não tem importância, visto que o tempo é curto. Façam então o mesmo em suas residências e em todos os seus arranjos mundanos. T1 196 3 Vi que Deus podia levar avante Sua obra sem qualquer auxílio humano; isto, porém, não é o Seu plano. O mundo atual destina-se a ser um cenário de provação para o homem. Ele está aqui a fim de formar um caráter que o acompanhe para o mundo eterno. O bem e o mal são colocados diante dele, e seu futuro estado depende da escolha que fizer. Cristo veio para mudar-lhe o rumo dos pensamentos e afeições. Seu coração deve ser tirado do tesouro terreno e colocado no celeste. Por sua abnegação, Deus pode ser glorificado. Em favor do homem foi feito o grande sacrifício, e agora ele será provado a ver se seguirá o exemplo de Jesus, e fará sacrifício por seus semelhantes. Satanás e seus anjos acham-se coligados contra o povo de Deus; mas Jesus está procurando purificar esse povo para Si. Requer que Lhe leve a obra avante. Deus colocou nas mãos de Seu povo neste mundo, o suficiente para promover o andamento de Sua obra sem embaraço, e é intenção Sua que os meios que lhes foram confiados sejam empregados cuidadosamente. "Vendei o que tendes e dai esmolas" (Lucas 12:33), é uma parte da sagrada Palavra de Deus. Os servos de Deus devem erguer-se, clamar em alta voz, e não poupar: "Anuncia ao Meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó os seus pecados." Isaías 58:1. A obra de Deus deve tornar-se mais ampla, e se Seu povo seguir o conselho que Ele lhe dá, não haverá em suas mãos muitos recursos para serem consumidos na destruição final. Todos terão depositado seus tesouros onde a traça e a ferrugem não consomem; e o coração não terá uma ligação a prendê-lo à Terra. ------------------------Capítulo 35 -- Lições tiradas das parábolas T1 197 1 Foi-me mostrado que a parábola dos talentos não tem sido plenamente compreendida. Esta importante lição foi dada aos discípulos para benefício dos cristãos que viveriam nos últimos dias. E estes talentos não representam meramente a capacidade de pregar e instruir pela Palavra de Deus. A parábola aplica-se aos recursos temporais que Deus confiou a Seu povo. Aqueles a quem foram dados os cinco e os dois talentos, negociaram e duplicaram aquilo que lhes fora dado em depósito. Deus exige que os que possuem bens aqui, ponham seu dinheiro em giro para Ele -- ponham-no na causa para espalhar a verdade. E se a verdade habita no coração do recebedor, ele também, com seus recursos, ajudará a enviá-la a outros; e por meio de seus esforços, sua influência e seus meios, outras pessoas abraçarão a verdade, e começarão por sua vez a trabalhar para Deus. Vi que alguns dentre os que professam ser Seu povo, são como o homem que escondeu o talento na terra. Impedem que seus bens sejam de proveito na causa do Senhor. Pretendem que os mesmos lhes pertencem, e que eles têm o direito de fazer o que lhes aprouver com o que é seu; e não se salvam pessoas mediante cuidadosos esforços de sua parte, com o dinheiro de seu Senhor. Os anjos fazem um fiel relatório da obra de todo homem, e ao ser feito juízo sobre a casa de Deus, registra-se a sentença de cada um junto a seu nome, e o anjo é comissionado a não poupar os servos infiéis, mas a derribá-los no tempo da matança. E o que lhes fora confiado em depósito lhes é tirado. Seu tesouro terrestre é então dissipado, e perderam tudo. E as coroas que poderiam haver usado caso tivessem sido fiéis, serão colocadas na fronte dos que foram salvos pelos servos fiéis, cujos recursos estiveram constantemente em giro para Deus. E cada um que foi salvo por intermédio deles, acrescenta estrelas a sua coroa de glória, aumentando-lhes a recompensa eterna. T1 198 1 Foi-me mostrado também que a parábola do mordomo infiel nos deve ensinar uma lição. "Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos." Lucas 16:9. Caso empreguemos nossos bens para glória de Deus aqui, depositamos um tesouro no Céu; e quando todas as posses terrenas tiverem desaparecido, o mordomo fiel tem como amigos a Jesus e os anjos, para recebê-lo no lar, nas eternas moradas. T1 198 2 "Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito." Lucas 16:10. Aquele que é fiel em suas posses terrestres, que são o mínimo, fazendo cuidadoso emprego daquilo que Deus lhes emprestou aqui, será fiel a sua profissão de fé. "Quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito." Lucas 16:10. Aquele que retém de Deus aquilo que Ele lhe emprestou, será infiel a todos os respeitos nas coisas de Deus. "Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?" Lucas 16:11. Se nos demonstramos infiéis no uso do que Deus nos empresta aqui, Ele nunca nos dará a herança imortal. "E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?" Lucas 16:12. Jesus nos comprou a redenção. Esta nos pertence; somos, porém, colocados aqui em prova, a ver se nos demonstramos dignos da vida eterna. Deus nos prova confiando-nos bens terrenos. Se somos fiéis em dar abundantemente daquilo que Ele nos emprestou, para levar avante Sua causa, o Senhor nos pode confiar a herança imortal. "Não podeis servir a Deus e a Mamom." Lucas 16:13; Mateus 6:24. "Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele." 1 João 2:15. T1 199 1 Deus Se desgosta com a maneira negligente, frouxa em que muitos dos que professam ser Seu povo dirigem seus negócios mundanos. Parecem ter perdido todo o senso de que a propriedade que estão usando pertence a Deus, e Lhe devem prestar contas de sua mordomia. Alguns têm os negócios seculares em total confusão. Satanás observa tudo isto, e dá o golpe no momento oportuno, tirando, por seu mau uso, muitos recursos das fileiras dos observadores do sábado. E esses meios vão para as fileiras dele. Alguns, já idosos, não querem tomar quaisquer providências quanto a seus negócios seculares e, inesperadamente, adoecem e morrem. Os filhos, que não têm interesse na verdade, tomam a propriedade. Satanás manobrou da maneira que lhe convinha. "Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras? E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?" Lucas 16:11, 12. T1 199 2 Foi-me mostrado o terrível fato de que Satanás e seus anjos têm tido mais que ver com o uso da propriedade do povo que professa ser de Deus, do que o próprio Senhor. Os mordomos dos últimos dias são imprudentes. Permitem que Satanás lhes controle as questões de negócios, e leve para as próprias fileiras aquilo que pertence à causa de Deus, e nela deveria estar. Deus observa vocês, mordomos infiéis; Ele os chamará a contas. Vi que os mordomos de Deus podem, mediante fiel e cuidadosa administração, manter seus negócios neste mundo ordenados, exatos e corretos. E é especialmente privilégio e dever dos idosos, dos fracos e dos que não têm filhos, colocarem os recursos de que dispõem onde eles possam ser empregados na causa de Deus, caso eles sejam subitamente tirados. Mas vi que Satanás e seus anjos exultam ante o êxito que obtêm nesse assunto. E os que devem ser sábios herdeiros da salvação quase deixam voluntariamente o dinheiro de seu Senhor escapar-lhes das mãos para as fileiras do inimigo. Por esta maneira, fortalecem o reino de Satanás, e parecem sentir-se muito sossegados a esse respeito! ------------------------Capítulo 36 -- Fiadores de incrédulos T1 200 1 Vi que Deus estava desgostoso com Seu povo por se tornarem fiadores de incrédulos. Minha atenção foi dirigida para estes textos: "Não estejas entre os que dão as mãos, e entre os que ficam por fiadores de dívidas." Provérbios 22:26. "De certo sofrerá severamente aquele que fica por fiador do estranho, mas o que aborrece a fiança estará seguro." Provérbios 11:15. Mordomos infiéis! Empenham aquilo que pertence a outro -- seu Pai celeste -- e Satanás está a postos para ajudar seus filhos a arrebatá-lo de suas mãos. Os observadores do sábado não devem ser sócios dos incrédulos. O povo de Deus confia demasiado nas palavras dos estranhos, e buscam-lhes o conselho, quando não o devem fazer. O inimigo os torna agentes seus, e por intermédio deles trabalha para desconcertar os filhos de Deus, e os prejudicar. T1 200 2 Alguns não têm tato para gerir sabiamente assuntos mundanos. Faltam-lhes as necessárias habilitações, e Satanás deles se aproveita. Quando assim é, essas pessoas não devem ignorar sua deficiência. Devem ser suficientemente humildes para, antes de executarem seus planos, aconselharem-se com seus irmãos, em cujo discernimento podem confiar. Fui encaminhada para este texto: "Levai as cargas uns dos outros." Gálatas 6:2. Alguns não são humildes bastante para deixar que os que possuem discernimento raciocinem por eles, enquanto não levarem a efeito os próprios projetos, e se virem envolvidos em dificuldades. Vêem então a necessidade do conselho e do juízo de seus irmãos; mas quão mais pesado é então o fardo do que a princípio! Os irmãos não devem descer a juízo, caso seja possível evitá-lo; pois dão assim grande vantagem ao inimigo para os enredar e desconcertar. Seria melhor entrar em entendimento, mesmo com prejuízo. ------------------------Capítulo 37 -- Prestar juramento T1 201 1 Vi que alguns dos filhos de Deus têm cometido um erro no que respeita a prestar juramento, e Satanás se tem aproveitado disto para os oprimir, e deles tirar o dinheiro de seu Senhor. Vi que as palavras de nosso Senhor: "de maneira nenhuma jureis", não se referem ao juramento judicial. "Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disto é de procedência maligna." Mateus 5:34, 37. Isto se refere a conversações comuns. Alguns exageram em sua linguagem. Outros juram pela própria vida; outros, pela sua cabeça -- tão certo como eles viverem; tão certo como terem cabeça. Uns tomam o Céu e a Terra como testemunhas de que tais coisas são assim. Outros ainda esperam que Deus lhes tire a existência se o que estão dizendo não é verdade. É contra esta espécie de juramento comum que Jesus adverte Seus discípulos. T1 201 2 Temos homens que são colocados sobre nós como governadores, e leis para nos regerem. Não fosse por essas leis, e as condições do mundo seriam piores do que são agora. Algumas dessas leis são boas, outras más. Estas têm aumentado, e seremos ainda levados a situações apertadas. Mas Deus susterá o Seu povo para ser firme e viver à altura dos princípios de Sua Palavra. Quando as leis dos homens se chocam com a Palavra e a lei de Deus, cumpre-nos obedecer a estas, sejam quais forem as conseqüências. À lei de nossa terra que exige entregarmos um escravo a seu senhor, não devemos obedecer; e cumpre-nos sofrer as conseqüências de violar essa lei. O escravo não é propriedade de homem algum. Deus é seu legítimo senhor, e o homem não tem nenhum direito de tomar a obra de Deus em suas mãos, e pretender que é propriedade sua. T1 202 1 Vi que o Senhor tem ainda que ver com as leis do país. Enquanto Jesus está no santuário, o refreador Espírito de Deus é sentido por governantes e pelo povo. Mas Satanás domina em grande parte a massa do mundo, e não fossem as leis do pais, experimentaríamos muito sofrimento. Foi-me mostrado que, quando é realmente necessário, e eles são chamados a testemunharem de modo legal, não é violação da Palavra de Deus que Seus filhos tomem solenemente a Deus para testemunhar de que o que dizem é verdade, e coisa alguma senão a verdade. T1 202 2 O homem é tão corrupto que são feitas leis para lhe lançarem a responsabilidade sobre a própria cabeça. Alguns homens não temem mentir aos seus semelhantes; mas foram ensinados -- e o refreador Espírito de Deus os impressionou -- no sentido de ser coisa terrível mentir a Deus. O caso de Ananias e Safira, sua esposa, é-nos dado como exemplo. A questão é levada do homem para Deus, de maneira que se alguém der falso testemunho, não o faz para o homem, mas para o grande Deus, que lê o coração e conhece em todos os casos a exata verdade. Nossas leis consideram grave crime o juramento falso. Deus muitas vezes fez cair juízos sobre o que jura falsamente, e ainda quando o juramento estava em seus lábios, o anjo destruidor o abateu. Isso se destinava a aterrorizar os malfeitores. T1 202 3 Vi que, se existe na Terra alguém que possa coerentemente testemunhar sob juramento, esse é o cristão. Ele vive à luz do semblante de Deus. Ele se fortalece em Sua força. E quando questões de importância têm de ser resolvidas por lei, ninguém pode apelar para Deus com tanta justiça como o cristão. Ordenou-me o anjo que notasse que o próprio Deus jura por Si mesmo. Gênesis 22:16; Hebreus 6:13, 17. Jurou Ele a Abraão (Gênesis 26:3), a Isaque (Salmos 105:9; Jeremias 11:5), e a Davi (Salmos 132:11; Atos dos Apóstolos 2:30). Deus requeria dos filhos de Israel um juramento entre homem e homem. Êxodo 22:10, 11. Jesus submeteu-Se ao juramento na hora de Seu julgamento. Disse-Lhe o sumo sacerdote: "Conjuro-Te pelo Deus vivo que nos digas se Tu és o Cristo, o Filho de Deus." Jesus respondeu: "Tu o disseste." Mateus 26:63, 64. Se Jesus, em Seus ensinos aos discípulos, Se referisse ao juramento judicial, Ele teria reprovado o sumo sacerdote, e ali mesmo reforçado os Seus ensinos, para o bem de Seus seguidores que se achavam presentes. Satanás tem-se agradado com o fato de alguns considerarem o juramento sob um prisma falso, pois isso lhe tem dado oportunidade de oprimi-los e tirar-lhes o dinheiro de seu Senhor. Os mordomos de Deus devem ser mais sábios, elaborar seus planos e preparar-se para resistir às armadilhas de Satanás; pois ele fará maiores esforços que nunca. T1 203 1 Vi que alguns têm preconceitos contra nossos governantes e contra as leis; mas se não fossem as leis, este mundo estaria em condição terrível. Deus refreia nossos governantes; pois o coração de todos está em Suas mãos. Estabelecem-se limites para além dos quais não podem ir. Muitos dos governantes pertencem ao número dos dirigidos por Satanás; mas vi que Deus tem os Seus agentes, mesmo entre os governantes. E alguns deles se converterão ainda à verdade. Estão agora desempenhando a parte que Deus deseja que desempenhem. Quando Satanás atua por meio de seus agentes, fazem-se propostas que, se executadas, impediriam a obra de Deus e produziriam grande mal. Os anjos bons atuam nesses agentes de Deus para que se oponham a essas propostas com razões fortes, às quais não podem resistir os agentes de Satanás. Uns poucos dos agentes de Deus terão poder para abater grande massa de males. Assim a obra prosseguirá até que a terceira mensagem tenha realizado sua obra, e por ocasião do alto clamor do terceiro anjo, esses agentes terão oportunidade de receber a verdade, e alguns deles se converterão, e atravessarão com os santos o tempo de angústia. Quando Jesus deixar o Santíssimo, Seu Espírito refreador será retirado dos governantes e do povo. Serão deixados ao controle dos anjos maus. Então serão feitas, por conselho e orientação de Satanás, leis que, se não fosse muito breve o tempo, nenhuma carne se salvaria. ------------------------Capítulo 38 -- Erros no regime alimentar T1 204 1 Caros irmão e irmã A: T1 204 2 O Senhor houve por bem, em Sua bondade, dar-me uma visão neste lugar; e entre as diversas coisas mostradas estavam algumas que lhes dizem respeito. Vi que algo não estava bem com vocês. O inimigo buscava sua destruição, esforçando-se para influenciar outros através de vocês. Vi que ambos assumiram uma exaltada posição que nunca lhes foi designada, e que se consideram muito adiante do povo de Deus. Eu os vi olhando para Battle Creek com ciúmes e suspeita. Pretendiam pôr as mãos ali e amoldar ações e comportamentos ao que consideram certo. Vocês reparam em pequenas coisas que não podem compreender e com as quais nada têm a ver, e que de modo nenhum lhes dizem respeito. Deus confiou Sua obra em Battle Creek a servos escolhidos. A responsabilidade pela obra está sobre eles. Os anjos de Deus são comissionados para supervisionar a obra e se ela não funciona do modo certo, aqueles que estão na liderança serão corrigidos e as coisas transcorrerão segundo a ordem divina, sem interferência deste ou daquele indivíduo. T1 204 3 Vi que Deus deseja que vocês voltem sua atenção para si mesmos. Examinem os próprios motivos. Os irmãos estão enganados com respeito a si mesmos. Têm uma aparência humilde e isso exerce influência sobre outros, levando-os a pensar que vocês estão muito avançados na vida cristã, mas quando suas opiniões particulares são tocadas, o eu se ergue imediatamente e vocês manifestam um espírito voluntarioso, inflexível. Essa é uma segura evidência de que os irmãos não possuem a verdadeira humildade. T1 205 1 Vi que vocês têm noções equivocadas sobre o afligir o corpo, e se privam de alimentos nutritivos. Tal atitude leva alguns da igreja a concluir que Deus certamente está com vocês, ou não se negariam a si mesmos praticando tais sacrifícios. Vi, porém, que nenhuma dessas coisas os tornará mais santos. Os ímpios fazem tudo isso, mas nada recebem como recompensa. Um espírito quebrantado e contrito é de grande valor à vista de Deus. Vi que suas concepções a respeito dessas coisas eram equivocadas, e que vocês estavam examinando a igreja, observando pequenas coisas, quando sua atenção deveria ser posta sobre assuntos de interesse da própria vida. Deus não pôs a responsabilidade de Seu rebanho sobre vocês. Os irmãos supõem que a igreja está em último plano porque não vê as coisas através de sua ótica particular, e não segue a mesma conduta rígida que vocês acham ser correta. Vi que os irmãos estão enganados com relação ao próprio dever e o dever dos outros. Alguns têm ido a extremos com respeito ao regime alimentar. Assumem uma posição inflexível e a mantêm até sua saúde ser abalada; a enfermidade se instala no organismo e o templo de Deus é debilitado. T1 205 2 Foi-nos recordada nossa experiência em Rochester, Nova Iorque. Vi que quando vivíamos ali, não ingeríamos alimentos nutritivos como deveríamos, e a doença quase nos levou à sepultura. Vi que, como Deus dá "aos Seus amados o sono" (Salmos 127:2), estava disposto a garantir-lhes alimentos apropriados para dar forças. O motivo que nos impelia era legítimo. Foi mediante a economia de meios que o periódico pôde ser mantido. Éramos pobres. Vi que a falta, então, estava na igreja. Aqueles que possuíam meios eram cobiçosos e egoístas. Se houvessem feito sua parte, a responsabilidade que estava sobre nossos ombros teria sido aliviada, mas como alguns não assumiram o que lhes competia, ficamos sobrecarregados e outros aliviados. Vi que Deus não requer que ninguém siga uma conduta de tão estrita economia, que chegue a ponto de enfraquecer ou prejudicar o templo de Deus. Há deveres e exigências em Sua Palavra para humilhar a igreja e induzi-los a afligir o próprio coração, e não há nenhuma necessidade de produzir cruzes e forjar deveres para afligir o corpo e gerar humildade. Tudo isso está em desacordo com a Palavra de Deus. T1 206 1 O tempo de angústia está precisamente diante de nós, e então premente necessidade requererá que o povo de Deus negue o próprio eu e coma meramente o suficiente para manter a vida, mas Deus nos preparará para esse tempo. Nessa terrível ocasião, nossa necessidade será a oportunidade de Deus para comunicar Seu poder fortalecedor e amparar seu povo. Mas agora Deus exige que trabalhem com as próprias mãos, naquilo que é bom, e poupem à medida que Ele os prosperar, fazendo sua parte em sustentar a causa da verdade. Esse é um dever imposto sobre todos os que não foram especialmente chamados para trabalhar em palavra e doutrina. Devem dedicar seu tempo a proclamar o caminho da vida e da salvação a outros. T1 206 2 Aqueles que fazem trabalho manual precisam nutrir-se de modo a se empenhar nesse tipo de serviço. Os que trabalham em palavra e doutrina devem alimentar-se convenientemente, pois Satanás e seus anjos maus estão guerreando contra eles para debilitá-los. Quando lhes for possível, devem descansar a mente e corpo por causa do estressante trabalho, e ingerir alimentos nutritivos que aumentem sua energia, pois serão obrigados a utilizar toda a força que puderem. Vi que Deus de modo algum é glorificado quando alguém de Seu povo produz um tempo de angústia para si mesmo. Há um tempo de angústia justamente diante do povo de Deus, e Ele o preparará para esse horrendo conflito. T1 206 3 Vi que suas idéias sobre a carne de porco* não seriam prejudiciais se vocês as retivessem para si mesmos, mas, em seu julgamento e opinião, os irmãos têm feito dessa questão uma prova, e seus atos têm demonstrado o que vocês crêem sobre isso. Se Deus achar por bem que Seu povo se abstenha da carne de porco, Ele os convencerá a respeito. Ele está tão disposto a mostrar o dever a Seus filhos sinceros, como também a indivíduos sobre quem o Senhor não confiou as responsabilidades de Sua obra. Se for dever da igreja abster-se da carne de porco, Deus o revelará a mais do que duas ou três pessoas. Ele ensinará à igreja o seu dever. T1 207 1 Deus está guiando Seu povo, não uns poucos e separados indivíduos aqui e acolá, um crendo de uma forma e outro diversamente. Os anjos de Deus estão fazendo a obra que lhes foi designada. O terceiro anjo está conduzindo e purificando um povo, o qual se moverá em união com ele. Alguns vão adiante dos anjos que estão dirigindo o povo, mas acabam tendo de rever cada passo e timidamente não seguir mais rápido do que os anjos dirigem. Vi que os anjos de Deus não levariam Seu povo mais depressa do que pudesse compreender e agir segundo as importantes verdades que lhe são comunicadas. Mas alguns espíritos inquietos não fazem mais do que a metade de seu trabalho. À medida que o anjo os conduz, anseiam por algo novo e apressam-se sem a divina guia, causando assim confusão e discórdia nas fileiras. Eles não falam nem agem em harmonia com a igreja. Vi que vocês têm que adotar, sem demora, uma atitude em que estejam dispostos a ser conduzidos em vez de pretenderem guiar, ou Satanás se aproveitará e os guiará a seu modo, segundo seu conselho. Alguns olham para as idéias fixas dos irmãos e as consideram prova de humildade. Eles estão enganados. Vocês estão fazendo uma obra da qual haverão de arrepender-se. T1 207 2 Irmão A, você é naturalmente mesquinho e cobiçoso. Você dizima o endro e o cominho, mas negligencia aquilo que é de maior valor. Quando o jovem rico veio a Jesus e perguntou o que deveria fazer para herdar a vida eterna, Cristo lhe disse para guardar os mandamentos. Ele declarou que havia feito isso. Jesus disse: "Falta-te uma coisa: vai, e vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no Céu." Marcos 10:21. Aconteceu que ele se retirou triste porque era dono de muitos bens. Vi que você mantém idéias equivocadas. Deus exige que Seu povo faça economia, mas alguns têm levado esse dever a extremos. Gostaria que o irmão pudesse ver a situação como de fato ela é. O verdadeiro espírito de sacrifício, que é aceitável a Deus, você não possui. Olha para os outros e os observa com atenção; se eles não seguem a mesma rígida conduta que você, o irmão nada faz por eles. Vocês estão definhando sob a nociva influência dos próprios erros. São fanáticos e acham que estão sendo dirigidos pelo Espírito de Deus. Enganam-se! Os irmãos não podem tolerar um testemunho claro e incisivo. Gostariam, na verdade, de receber um testemunho de aprovação, mas quando alguém lhes reprova os erros, quão depressa o eu se insurge. Vocês não são humildes e necessitam fazer uma obra por si mesmos. ... Tais atitudes, tal espírito, vi, eram fruto de seus erros e o resultado de pôr os próprios juízos e opiniões como regra para os outros e contra aqueles a quem Deus chamou. Os irmãos ultrapassaram os limites. T1 208 1 Vi que vocês pensavam que este ou aquele foram chamados a trabalhar no campo, quando, na verdade, nada conheciam do assunto. Vocês não podem ler o coração. Se houvessem bebido a largos goles da verdade da mensagem do terceiro anjo, não se sentiriam tão à vontade para dizer quem foi ou não chamado por Deus. O fato de alguém poder orar e falar bem, não é nenhuma evidência de que Deus o chamou. Cada um têm sua influência, e que essa fale em favor de Deus; mas a questão de dever este ou aquele dedicar seu tempo ao trabalho pelas pessoas é de profunda importância, e ninguém senão Deus pode decidir quem se alistará nessa solene missão. Havia homens bons nos tempos apostólicos, homens que podiam orar com poder e falar com autoridade; todavia, os apóstolos, que haviam recebido poder sobre os espíritos imundos e podiam curar enfermidades, não ousaram, fundados na própria sabedoria, designar alguém para o santo trabalho de ser porta-voz de Deus. Eles esperavam inequívocas evidências da manifestação do Espírito Santo. Vi que Deus incumbiu Seus escolhidos pastores do dever de decidir quem está apto para o santo trabalho; e em união com a igreja e sob as claras indicações do Espírito Santo, indicarem quem é ou não habilitado. Vi que se fosse deixado que uns poucos indivíduos, aqui e acolá, decidissem quem estaria capacitado para essa grande obra, haveria confusão e perturbação. T1 209 1 Deus tem repetidamente mostrado que não devem ser animados a ir para o campo como pastores, homens que não dêem inequívocas provas de haverem sido chamados por Deus. O Senhor não confia o cuidado de Seu rebanho a indivíduos não habilitados. Os que Deus chama, devem ser homens de profunda experiência, experimentados e provados, homens de um são discernimento, homens que ousem reprovar o pecado num espírito de mansidão, e que compreendam a maneira de alimentar o rebanho. Deus conhece os corações e sabe a quem escolher. O irmão e a irmã A podem dar seu parecer sobre esse assunto e estarem completamente errados. Seu julgamento é imperfeito e pode não acrescentar nada ao assunto. Vi que vocês estavam se afastando da igreja, e se continuarem assim, Deus permitirá que prossigam e enfrentem as conseqüências de seguir o próprio caminho. T1 209 2 Agora Deus os convida a se corrigirem, a pesar os motivos e andar em harmonia com Seu povo. Mannsville, Nova Iorque, 21 de Outubro de 1858. ------------------------Capítulo 39 -- Negligência censurada* T1 210 1 Caros irmãos e irmãs: T1 210 2 O Senhor novamente me visitou em misericórdia, num tempo de consternação e grande aflição. Em 23 de Dezembro de 1860, fui tomada em visão e vi os erros de certas pessoas os quais estavam afetando a causa. Não me atrevo a ocultar da igreja esse testemunho para poupar os sentimentos de indivíduos. T1 210 3 Foi-me mostrado o baixo nível do povo de Deus; que o Senhor não Se apartara deles mas que eles se afastaram de Deus e se tornaram mornos. Possuem esses a teoria da verdade, mas lhes falta seu poder salvador. À medida que nos aproximamos do fim do tempo, Satanás desce com grande poder, sabendo que tem pouco tempo. Seu poder é especialmente exercido sobre o remanescente. Ele pelejará contra eles e buscará dividi-los e espalhá-los, a fim de os enfraquecer e poder vencê-los mais facilmente. O povo de Deus precisa agir conscientemente e unir seus esforços. Deveriam ter a mesma intenção e o mesmo bom senso; então seus esforços não serão dispersados, mas falarão convincentemente em favor da causa da verdade presente. É necessário que a ordem seja observada, e que haja união em manter essa ordem, ou Satanás obterá vantagem. T1 210 4 Vi que o inimigo trabalharia de todos os modos possíveis para desencorajar, perturbar e confundir o povo de Deus, e que eles devem agir com discernimento, preparando-se para os ataques de Satanás. Assuntos que dizem respeito à igreja não devem ser deixados pendentes. Precisam ser tomadas providências com o objetivo de garantir o patrimônio da igreja para a causa de Deus, a fim de que o trabalho não seja impedido em seu progresso e que os meios que as pessoas desejarem dedicar à causa do Senhor não sejam desviados para as fileiras do inimigo. Vi que o povo de Deus deve agir sabiamente, e nada deixar por fazer para colocar os negócios da igreja em perfeita ordem. Então, depois de fazer tudo o que lhes estiver ao alcance, devem confiar no Senhor para que dirija essas coisas por eles, de maneira que Satanás não obtenha nenhuma vantagem sobre o povo remanescente de Deus. Agora é o tempo para Satanás agir. Um futuro tormentoso está diante de nós; e a igreja deve ser despertada para fazer um movimento de avanço, para que possa permanecer firme contra seus planos. É tempo de fazer-se alguma coisa. Deus não Se agrada quando Seu povo deixa os assuntos da igreja sem solução e permitem que o inimigo tenha toda vantagem e controle os negócios como melhor lhe pareça. T1 211 1 Foi me mostrada a errônea posição tomada pelo irmão B na Review a respeito de organização, e a perturbadora influência por ele exercida. Ele não considerou ponderadamente o assunto. Seus artigos foram perfeitamente dispostos a exercer influência dispersante, conduzir as mentes a conclusões erradas e encorajar a muitos em suas negligentes idéias sobre como tratar dos assuntos referentes à causa de Deus. Aqueles que não sentem a responsabilidade desta causa sobre si, também não percebem a necessidade de fazer algo para estabelecer ordem na igreja. Os que têm levado o fardo por tanto tempo olham para o futuro e pesam os assuntos. Eles estão convencidos de que são necessárias providências para colocar os negócios da igreja numa posição mais segura, onde Satanás não consiga levar vantagem. Os artigos do irmão B motivaram os que temem a organização a olhar com suspeita as sugestões dos irmãos que, por especial providência divina, lidam com os assuntos importantes da igreja. Quando ele viu que sua posição não era aceita, falhou em reconhecer francamente seu erro e não agiu para eliminar a má impressão que fez. T1 212 1 Vi que, em assuntos temporais, o irmão B era muito acomodado e negligente. Falta-lhe energia, e considera virtude deixar com o Senhor aquilo que o Senhor o incumbira de fazer. Somente em casos de grande emergência é que o Senhor intervém a nosso favor. Temos um trabalho a fazer, encargos e responsabilidades a assumir, e assim fazendo, obtemos experiência. O irmão B manifesta em assuntos espirituais a mesma disposição que revela em seus negócios temporais. Há falta de zelo e determinação em fazer uma obra completa. Todos devem agir com muito mais prudência e sabedoria com respeito às coisas de Deus, do que o fazem com relação às coisas temporais a fim de obter riquezas terrenas. T1 212 2 Mas conquanto o povo de Deus seja justificado em proteger o patrimônio da igreja de maneira legal, devem ser cuidadosos em manter seu peculiar e santo caráter. Vi que pessoas não consagradas tirariam proveito da posição que a igreja tomou recentemente, e ultrapassariam os limites, levando a questão a extremos e prejudicando a causa de Deus. Alguns agirão sem sabedoria ou discernimento, envolvendo-se em processos judiciais que podiam ser evitados, misturando-se com o mundo, participando de seu espírito e influenciando outros a seguirem seu exemplo. O professo cristão que age inadvertidamente provoca muitos danos à causa da verdade presente. A menos que o bem e o direito sejam cuidadosamente nutridos, eles enfraquecem enquanto o mal lança profundas raízes muito mais rapidamente, e floresce. T1 212 3 Foi-me apresentado, e vi que em todo movimento importante, em toda decisão feita ou conquista alcançada pelo povo de Deus, surgem alguns que levam a coisa ao extremo, e agem de maneira extravagante, o que desagrada aos incrédulos, aflige o povo de Deus e traz desonra sobre a causa de Deus. O povo a quem Deus está conduzindo nestes últimos dias, será afligido por essas coisas. Mas muito mal será evitado se os ministros de Cristo forem de um só pensamento, unidos em seus esforços e planos de ação. Se estiverem ligados entre si, sustentando-se uns aos outros e reprovando fielmente o mal, logo o impedirão. Mas Satanás tem exercido grande controle sobre esses assuntos. Membros da igreja e pregadores mostram simpatia aos descontentes reprovados por seus erros, resultando em divisão de sentimentos. Quem ousou assumir o desagradável dever de enfrentar o erro com fidelidade, foi afligido e magoado, e não conta com a simpatia de seus irmãos pregadores. Fica assim desanimado de assumir essas penosas obrigações, depõe a cruz e omite o testemunho apontado. Seu coração fica encerrado em trevas e a igreja sofre por falta do verdadeiro testemunho que Deus designou ser dado a Seu povo. Quando suprimido o fiel testemunho, o objetivo de Satanás é alcançado. Aqueles que tão prontamente simpatizam com o mal consideram isso uma virtude; mas não percebem que estão exercendo uma influência desagregadora, e colaborando com os planos de Satanás. T1 213 1 Vi que muitas vidas têm sido destruídas pelos irmãos quando deles recebem simpatia de forma imprudente, quando sua única esperança seria permitir que vissem e compreendessem a plena extensão de seus erros. Mas como ansiosamente aceitam o apoio desses irmãos imprudentes, entendem que foram injustiçados; e se tentam voltar atrás, fazem-no com desânimo. Discordam do assunto para satisfazer seus sentimentos naturais, lançam a culpa sobre quem os está censurando e encerram a questão. Não a examinam a fundo para resolvê-la e caem novamente no mesmo erro, porque não se humilham diante de Deus, permitindo-Lhe moldá-los. Esses falsos simpatizantes têm trabalhado em oposição direta à intenção de Cristo e dos anjos ministradores. T1 213 2 Os ministros de Cristo deveriam levantar-se e envolver-se na obra de Deus com todas as suas energias. Os servos de Deus ficam sem desculpa quando evitam o testemunho designado. Eles deveriam reprovar o erro e não tolerar pecado num irmão. Devo aqui apresentar alguns trechos de uma carta dirigida ao irmão C: T1 214 1 "Foi-me mostrado algo a seu respeito. Vi que o importante e vivo testemunho foi repelido na igreja. Você não estava de acordo com essa mensagem específica. Evitou posicionar-se efetivamente contra o mal e juntou-se àqueles que foram tentados a agir da mesma forma. Os dissidentes obtiveram sua simpatia. Isso o tornou um homem fraco. Você não aderiu ao cortante testemunho individual dado. T1 214 2 "Os servos de Deus não serão justificados se evitarem o testemunho designado. Eles devem reprovar o mal e não permitir nenhum pecado num irmão. Você estendeu os braços para proteger as pessoas da censura que elas mereciam, e a da correção que o Senhor pretendeu enviar-lhes. Se essas pessoas não se converterem, a falta será posta não na conta delas, mas na sua. Em vez de vigiar sobre os perigos que as ameaçam e adverti-las a respeito, você exerceu influência contra aqueles que buscaram seguir as convicções do dever, reprovando e advertindo os errantes. T1 214 3 "Estes são tempos perigosos para a igreja de Deus, e a grande ameaça agora é o auto-engano. Indivíduos que professam crer na verdade são cegos a seus próprios perigos e erros. Eles alcançam o padrão de piedade fixado por seus amigos e por eles mesmos; são apoiados por seus irmãos e estão satisfeitos, enquanto fracassam em atingir a norma do evangelho estabelecida por nosso divino Senhor. Se eles atenderem à iniqüidade no seu coração, o Senhor não os ouvirá. Salmos 66:18. Muitos não apenas a abrigam no coração, mas a colocam em prática na vida; todavia, em muitos casos, os malfeitores não recebem nenhuma repreensão. T1 214 4 "Foi-me chamada a atenção para _____. Seus sentimentos estavam errados nesse ponto. Você deveria ter estado lado a lado com o Pastor D e ter feito uma obra direta, reprovando erros individuais. A responsabilidade que o irmão transferiu ao Pastor D, deveria assumi-la você mesmo; por sua falta de coragem moral acobertou o erro e influenciou a outros. A boa obra que Deus designou fosse feita por determinados indivíduos não foi cumprida, e Satanás os envaideceu. Se você tivesse permanecido no conselho de Deus naquele momento, teria sido exercida uma boa influência em favor da causa de Deus. O Espírito do Senhor foi ofendido. Essa falta de união desencorajou aqueles sobre quem Deus pôs a responsabilidade de reprovar. T1 215 1 Foi-me revelado que você errou em dar apoio a E. A atitude tomada com respeito a ele anulou sua influência e prejudicou grandemente a causa de Deus. É impossível para o irmão E associar-se à igreja de Deus. Ele se colocou onde não pode ser ajudado pela igreja, nem ter com ela nenhuma comunhão ou vínculo. Ele se uniu ao povo por causa da luz e da verdade, mas escolheu obstinadamente o próprio caminho e recusou ouvir a reprovação. Seguiu as inclinações do coração corrompido, violou a santa lei de Deus e desgraçou a causa da verdade presente. Se ele arrepender-se sinceramente, a igreja não deve interferir em seu caso. Se for para o Céu, deverá ir sozinho, sem a comunhão da igreja. Uma permanente censura da parte de Deus e da igreja deve estar sobre ele, para que o padrão de moralidade não seja rebaixado ao pó. O Senhor está descontente com sua conduta a esse respeito. T1 215 2 "O irmão prejudicou a causa de Deus; seu procedimento voluntarioso feriu o coração do povo de Deus. Sua influência estimula um estado de frouxidão na igreja. Você deveria aceitar o testemunho vivo que lhe foi enviado. Afaste-se da obra de Deus e não se interponha entre Deus e Seu povo. O irmão tem resistido por muito tempo ao testemunho direto, e se levantado contra a severa reprovação que Deus envia contra os erros de indivíduos. Deus está corrigindo, provando e purificando Seu povo. Fique fora do caminho para que Sua obra não seja impedida. Ele não aceitará um testemunho abrandado. Os pastores têm de clamar em voz alta, sem atenuantes. O Senhor deu ao irmão um testemunho poderoso, designado a fortalecer a igreja e despertar os incrédulos. Mas você precisa corrigir-se naquilo em que está em falta, ou seu testemunho será débil e sua influência causará dano à causa de Deus. As pessoas o olham como um exemplo. Não os engane. Procure corrigir os erros em seu lar e na igreja." T1 216 1 Foi me mostrado que o Senhor está enviando um testemunho vivo e direto, que desenvolverá o caráter e purificará a igreja. Mas conquanto nos ordenem que nos separemos do mundo, não é necessário que sejamos ásperos e severos e nos rebaixemos a expressões comuns, tornando nossas observações tão rudes quanto possíveis. A verdade é designada a elevar o receptor, refinar-lhe o gosto e santificar seu discernimento. Precisa haver um esforço incansável e ininterrupto para imitar a sociedade a que logo esperamos nos unir; isto é, à companhia de anjos que nunca pecaram. O caráter precisa ser santo, os modos graciosos, as palavras sem malícia. Assim deveríamos seguir passo por passo até estarmos preparados para a trasladação. ------------------------Capítulo 40 -- Deveres para com os filhos T1 216 2 Foi-me mostrado que os pais em geral não têm seguido a devida conduta para com seus filhos. Não os têm restringido como deviam, mas permitido que condescendam com o orgulho, e sigam as próprias inclinações. Antigamente a autoridade paterna era considerada; então os filhos se achavam em sujeição aos pais, e temiam-nos e os reverenciavam; nestes últimos dias, porém, a ordem está invertida. Alguns pais estão sujeitos aos filhos. Temem contrariar a vontade deles, e portanto cedem. Mas enquanto os filhos se encontrarem sob o teto paterno, dependendo dos pais, devem estar subordinados ao seu domínio. Os pais devem agir com decisão, exigindo que seus pontos de vista do direito sejam seguidos. T1 217 1 Eli poderia ter restringido seus ímpios filhos, mas temia-lhes o desagrado. Tolerou que prosseguissem em sua rebelião, até que se tornaram uma maldição para Israel. Exige-se dos pais que reprimam seus filhos. A salvação dos filhos depende em muito da conduta seguida pelos pais. Em seu amor e afeição equivocados pelos filhos, muitos pais condescendem com eles para dano seu, nutrem-lhes o orgulho, e põem sobre eles enfeites e adornos que os tornam vãos, e os levam a julgar que a veste faz a senhora ou o cavalheiro. Um rápido conhecimento, porém, convence os que com eles se associam, de que a aparência exterior não basta para ocultar a deformidade de um coração destituído das graças cristãs, mas cheio de amor-próprio, altivez e paixões não controladas. Os que amam a mansidão, a humildade e a virtude, devem fugir de tal convívio, ainda que sejam filhos de observadores do sábado. Sua companhia é venenosa; sua influência conduz à morte. Os pais não avaliam a destruidora influência da semente que estão semeando. Ela brotará e dará frutos que farão com que os filhos desprezem a autoridade dos pais. T1 217 2 Mesmo depois que têm idade, exige-se dos filhos o respeito para com seus pais, e que cuidem de prover-lhes conforto. Devem dar ouvidos aos conselhos dos piedosos pais, não achando que, por terem mais alguns anos, já não têm mais dever para com eles. Há um mandamento acompanhado de promessa para os que honram a seu pai e sua mãe. Nestes últimos dias os filhos se fazem notar tanto por sua desobediência e desrespeito, que Deus os tem observado especialmente, e isto constitui um sinal da proximidade do fim. É um indício de que Satanás tem completo domínio sobre a mente dos jovens. Por parte de muitos, já não há respeito para com a idade. É considerado demasiado fora de moda respeitar as pessoas idosas; isto remonta aos dias de Abraão. Diz Deus: "Porque Eu o tenho conhecido, que ele há de ordenar a seus filhos e a sua casa depois dele." Gênesis 18:19. T1 218 1 Antigamente os filhos não tinham permissão de casar-se sem o consentimento dos pais. Estes escolhiam para os filhos. Era considerado crime um filho contratar casamento pela própria responsabilidade. O assunto era primeiramente exposto aos pais, e eles consideravam se a pessoa que devia ser posta em estreitas relações com eles era digna, e se as partes estavam em condições de sustentar uma família. Era por eles considerado da maior importância que eles, adoradores do verdadeiro Deus, não se casassem num povo idólatra, não fossem suas famílias levadas a desviar-se de Deus. Mesmo depois de os filhos estarem casados, achavam-se na mais solene obrigação para com seus pais. Seu discernimento não era então considerado suficiente sem o conselho dos pais, e era-lhes exigido respeitar e obedecer aos desejos deles, a menos que estes se achassem em contradição com os preceitos de Deus. T1 218 2 Fui novamente levada a considerar a condição dos jovens nestes últimos dias. Os filhos não são controlados. Pais, vocês devem começar sua primeira lição de disciplina quando seus filhos são criancinhas de colo. Ensinem-lhes a submeter sua vontade à de vocês. Isto se pode fazer mantendo a justiça e a firmeza. Os pais devem ter inteiro domínio sobre si mesmos, e com brandura mas com firmeza, dobrar a vontade da criança até que ela nada espere senão ceder aos desejos deles. T1 218 3 Os pais não começam a tempo. A primeira manifestação de mau temperamento não é reprimida, e os filhos crescem obstinados, o que aumenta à medida que eles crescem, e se arraiga à proporção que eles se fortalecem. Certos filhos, ao terem mais idade, julgam ser coisa natural que façam a própria vontade, e que os pais se submetam aos seus desejos. Esperam que os pais os sirvam. Impacientam-se com as restrições, e quando têm idade suficiente para serem úteis aos pais, não assumem as responsabilidades que devem. Foram eximidos de responsabilidades, e crescem inúteis em casa e lá fora. Não têm capacidade de resistência. Os pais suportaram as responsabilidades, e toleraram que eles crescessem na ociosidade, sem hábitos de ordem, de laboriosidade ou de economia. Não lhes foram ensinados hábitos de abnegação, mas foram mimados e favorecidos, satisfeitos seus apetites, e crescem com uma saúde débil. Suas maneiras e comportamento não são agradáveis. Sentem-se infelizes, e tornam infelizes os que os rodeiam. E enquanto os filhos são ainda crianças, enquanto necessitam ser disciplinados, é-lhes permitido saírem com outros e misturarem-se com os da mesma idade, e uns exercem uma influência corruptora sobre outros. T1 219 1 A maldição de Deus pesará sobre os pais infiéis. Eles não somente estão plantando espinhos que os hão de ferir aqui, mas encontrarão a própria infidelidade quando se assentar o Juízo. Muitos filhos se erguerão no juízo e condenarão os pais por não os haverem reprimido, e os acusarão de serem destruídos. A falsa compaixão e o amor cego dos pais, faz com que eles desculpem as faltas dos filhos, passando-as sem correção, e os filhos se perdem em conseqüência disto, e o seu sangue recairá sobre os pais infiéis. T1 219 2 Os filhos que são assim criados sem disciplina, têm tudo a aprender quando professam ser seguidores de Cristo. Toda a sua vida religiosa é afetada pela criação que tiveram na infância. Aparece o mesmo espírito obstinado; a mesma falta de abnegação, a mesma impaciência sob as reprovações, o mesmo amor-próprio e indisposição de buscar conselhos dos outros, ou de ser influenciado por juízo alheio, a mesma indolência, fuga das ocupações, falta de sentimento de responsabilidade. Tudo isto se vê em suas relações para com a igreja. É possível essas pessoas vencerem; mas quão dura é a batalha! Quão severo o conflito! Quão difícil é passar pelo curso da inteira disciplina que lhes é necessária para alcançarem a elevação do caráter cristão! Se, porém, eles vencerem afinal, é-lhes permitido ver, antes de serem trasladados, quão perto chegaram eles do precipício da destruição eterna, devido à falta de rigoroso preparo na juventude, à falta de aprenderem a submissão na infância. ------------------------Capítulo 41 -- Doação sistemática T1 220 1 Minha atenção foi chamada para o antigo Israel. Deus deles requeria, fossem ricos ou pobres, um sacrifício conforme à prosperidade concedida. Os pobres não estavam isentos porque não possuíam as riquezas de seus irmãos mais abastados. Eram-lhes requeridas economia e abnegação. E se alguém fosse tão pobre que não pudesse trazer uma oferta ao Senhor; se a doença ou o infortúnio o houvesse impedido da capacidade de doação, aqueles que eram ricos deveriam ajudá-los a dar uma pequena oferta, para que não comparecessem perante o Senhor de mãos vazias. Essa combinação preservava o interesse mútuo. T1 220 2 Alguns não se têm erguido e unido no plano da doação sistemática, desculpando-se de não estarem livres de dívidas. Alegam que primeiro a ninguém devem ficar devendo coisa alguma. Romanos 13:8. Mas o fato de terem dívidas não os isenta. Vi que devem dar "a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus". Mateus 22:21. Alguns são conscienciosos quanto a não dever "coisa alguma" (Romanos 13:8) a ninguém, e pensam que Deus nada pode exigir deles enquanto todas as suas dívidas não estiverem pagas. Aí é que eles se enganam. Deixam de dar a Deus o que Lhe pertence. Devem todos levar ao Senhor uma oferta agradável. Os que têm dívidas devem retirar a quantia que devem do que possuem, e dar uma parte proporcional do restante. T1 220 3 Algumas pessoas se sentem sob sagrado dever para com os filhos. A cada um devem dar sua parte, mas se acham incapazes de conseguir meios para auxiliar à causa de Deus. Dão a desculpa de que têm um dever para com os filhos. Pode isso ser certo, mas seu primeiro dever é para com Deus. Dêem a César aquilo que é de César e a Deus o que é de Deus. Não roubem a Deus pela retenção de dízimos e ofertas. O primeiro e sagrado dever é devolver a Deus a proporção devida. Não permitam que alguém introduza suas exigências, levando-os a roubar a Deus. Não permitam que seus filhos roubem suas ofertas do altar de Deus, usando-as para proveito próprio. T1 221 1 Vi que, antigamente, a cobiça de alguns os levou a reter a devida parcela. Eles faziam oferendas limitadas. Tal ato foi registrado no Céu, e eles foram amaldiçoados em suas colheitas e rebanhos na mesma proporção do que haviam retido. Alguns tiveram seus lares visitados pela aflição. Deus não aceita uma oferta defeituosa. Ela deve ser sem mancha, o melhor dos rebanhos e dos frutos de seus campos. Se quiserem ter a bênção do Senhor sobre suas famílias e posses, a oferta terá de ser voluntária. T1 221 2 O caso de Ananias e Safira foi-me apresentado para ilustrar a atitude daqueles que consideram sua propriedade abaixo do valor. Eles pretendiam fazer uma doação voluntária de suas posses ao Senhor. Pedro disse: "Dize-me, vendestes por tanto aquela herdade?" A resposta foi: "Sim, por tanto." Atos dos Apóstolos 5:8. Alguns, nesta época degenerada, não consideram essa uma mentira. Mas o Senhor assim a julgou. Eles haviam vendido a propriedade por tanto, e muito mais. Haviam declarado consagrar tudo a Deus. Diante dEle tinham dissimulado, e a retribuição não tardou. T1 221 3 Vi que corações serão testados e provados pelas disposições da doação sistemática. É um teste vivo, constante. Elas levam o indivíduo a entender o próprio coração e provar se a verdade ou o amor ao mundo predomina em sua vida. Eis aí um teste aos de índole egoísta e cobiçosa. Eles calculam a menos o valor de suas propriedades. Aqui eles dissimulam. Disse o anjo: "Maldito aquele que fizer a obra do Senhor fraudulentamente!" Jeremias 48:10. Os anjos estão observando o desenvolvimento do caráter, e os atos de tais pessoas são levados ao Céu por mensageiros divinos. Alguns serão visitados por Deus em razão dessas coisas e sua prosperidade decairá até o valor que calcularam. "Alguns há que espalham e ainda se lhes acrescenta mais; e outros, que retêm mais do que é justo, mas é para sua perda. A alma generosa engordará, e o que regar também será regado." Provérbios 11:24, 25. T1 222 1 O interesse nesse trabalho é requerido de todos. Os que usam fumo, chá e café devem colocar esses ídolos de lado, e depositar-lhes o custo na tesouraria do Senhor. Alguns nunca fizeram um sacrifício pela causa de Deus, e estão entorpecidos quanto ao que Deus requer deles. Alguns dos mais pobres terão grande luta de negar a si mesmos o uso desses estimulantes. Esse sacrifício individual não é requerido porque a causa de Deus esteja sofrendo por falta de meios. Mas cada coração será testado e todo caráter desenvolvido. Esse é um princípio que deve nortear as ações do povo de Deus. O princípio vivo deve ser introduzido na vida. T1 222 2 "Roubará o homem a Deus? Todavia, vós Me roubais e dizeis: Em que Te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas. Com maldição sois amaldiçoados, porque Me roubais a Mim, vós, toda a nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na Minha casa, e depois fazei prova de Mim, diz o Senhor dos Exércitos, se Eu não vos abrir as janelas do Céu e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança. E por causa de vós repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; e a vide no campo não vos será estéril, diz o Senhor dos Exércitos." Malaquias 3:8-11. Vi que esse texto tem sido mal aplicado nas orações e sermões das reuniões. A profecia tem uma aplicação especial para os últimos dias, e ensina ao povo de Deus seu dever de ofertar espontânea e proporcionalmente de seus recursos ao Senhor. ------------------------Capítulo 42 -- Nosso nome denominacional T1 223 1 Foi-me mostrado o modo por que o povo remanescente de Deus obteve seu nome. Duas classes de pessoas me foram apresentadas. Uma abrangia as grandes corporações de cristãos professos. Esses transgrediam a lei divina, inclinando-se diante de uma instituição papal. Observavam o primeiro dia da semana em vez do sábado do Senhor. A outra classe, posto que pequena em número, tributava obediência ao grande Legislador. Esses guardavam o quarto mandamento. Os aspectos peculiares e destacados de sua fé são a observância do sétimo dia e a expectativa da volta de Cristo nas nuvens do céu. T1 223 2 O conflito que se estabelece é entre as reivindicações de Deus e as exigências da besta. O primeiro dia da semana, que é uma instituição papal, e contradiz diretamente o quarto mandamento, deverá ainda ser convertido em pedra de toque pela segunda besta. Então será proclamada a tremenda advertência da parte de Deus, anunciando o castigo que aguarda os que adoram a besta e sua imagem. Estes beberão do vinho da ira de Deus, não misturado no cálice da Sua ira. T1 223 3 Não podemos adotar outro nome melhor do que esse, que concorda com a nossa doutrina, exprime a nossa fé e nos caracteriza como povo peculiar. O nome Adventista do Sétimo Dia é uma contínua acusação ao mundo protestante. É aqui que está a linha divisória entre os que adoram a Deus e os que adoram a besta e recebem seu sinal. O grande conflito é entre os mandamentos de Deus e as exigências da besta. É porque os santos guardam todos os mandamentos de Deus, que o dragão lhes move guerra. Se rebaixassem seu padrão e cedessem nas particularidades de sua fé, o dragão estaria satisfeito; mas suscitam sua ira por ousarem exaltar o padrão e levantar o estandarte de oposição ao mundo protestante que reverencia uma instituição do papado. T1 224 1 O nome Adventista do Sétimo Dia exibe o verdadeiro caráter de nossa fé e será próprio para persuadir aos espíritos indagadores. Como uma flecha da aljava do Senhor, fere os transgressores da lei divina, induzindo ao arrependimento e à fé no Senhor Jesus Cristo. T1 224 2 Foi-me mostrado que quase todos os fanáticos, que surgem, no desejo de ocultar seus verdadeiros sentimentos a fim de iludir outros, afirmam pertencer à "Igreja de Deus". Esse nome havia, por isso, de despertar imediatamente suspeitas, porque é usado para ocultar os erros mais absurdos. É demasiadamente vago para designar o povo remanescente de Deus. Além disso, daria lugar à suspeita de que temos uma fé que desejamos ocultar. ------------------------Capítulo 43 -- Os pobres T1 224 3 Alguns que são pobres em bens deste mundo julgam-se aptos a aplicar o testemunho direto àqueles que possuem propriedades. Mas eles não compreendem que também têm uma obra a fazer. Deus deles requer um sacrifício. Ele os chama para sacrificarem seus ídolos. Deveriam abandonar o uso de danosos estimulantes como fumo, chá e café. Se forem submetidos a situações difíceis, enquanto se esforçam em fazer o melhor que podem, será um prazer a seus irmãos abastados ajudá-los a saírem das dificuldades. T1 224 4 Muitos carecem de controle e economia. Não pesam bem as questões nem agem com cautela. Não deveriam confiar em seu pobre juízo, mas tomar conselhos com seus irmãos de maior experiência. Mas esses faltosos na questão da economia e bom senso, freqüentemente não estão dispostos a buscar aconselhamento. Geralmente pensam que sabem como agir nos negócios temporais e não se acham inclinados a seguir recomendações. Erram e sofrem as conseqüências. Seus irmãos ficam aflitos por vê-los sofrer e os auxiliam nas dificuldades. Sua conduta desavisada afeta a igreja, pois impede que os meios cheguem ao tesouro de Deus, os quais deviam ser usados para o progresso da causa da verdade presente. Se esses irmãos pobres adotarem uma postura mais humilde e se dispuserem a ser orientados e aconselhados por seus irmãos, quando enfrentarem circunstâncias adversas, os irmãos sentirão ser seu dever livrá-los alegremente das dificuldades. Mas se escolherem seus caminhos e confiarem no discernimento próprio, serão deixados a encarar as plenas conseqüências de sua conduta insensata, aprendendo sob dura experiência, que "na multidão de conselheiros, há segurança". Provérbios 11:14. O povo de Deus deve sujeitar-se "uns aos outros". Efésios 5:21. Aconselharem-se uns com os outros, para que a necessidade de um seja suprida pela suficiência de outro. Vi que os mordomos do Senhor não têm a obrigação de ajudar aqueles que persistem em usar fumo, chá e café. ------------------------Capítulo 44 -- Especulações T1 225 1 Vi que alguns se têm negado a ajudar a causa de Deus por terem dívidas. Tivessem eles examinado cuidadosamente o próprio coração, e teriam descoberto que a verdadeira razão de não levarem a Deus oferta voluntária era o egoísmo. Alguns sempre continuarão devendo. Devido à sua cobiça, a mão prosperadora do Senhor não estará com eles, para lhes abençoar os empreendimentos. Amam mais a este mundo do que a verdade. Não estão sendo habilitados e preparados para o reino de Deus. T1 225 2 Se pelo país passa uma nova patente, homens que professam crer na verdade acham um meio de conseguir recursos para investir no empreendimento. Deus está familiarizado com cada coração. Todo motivo egoísta Lhe é conhecido, e Ele permite que se levantem circunstâncias para provar o coração do Seu povo professo, para os experimentar e desenvolver o caráter. Em alguns casos, o Senhor permitirá que os homens prossigam, e sofram completo fracasso. Sua mão está contra eles, para lhes desfazer as esperanças e espalhar o que possuem. Os que realmente se interessam pela causa de Deus, e estão dispostos a aventurar algo para o seu avanço, verificarão ser isso um investimento garantido e seguro. Alguns terão cem vezes tanto nesta vida, e no mundo vindouro, a vida eterna. Mas nem todos receberão cem vezes mais nesta vida, porque não o podem suportar. Se lhes fosse confiado muito, tornar-se-iam mordomos insensatos. O Senhor o retém para o bem deles; mas o seu tesouro no Céu estará seguro. Quanto melhor é um investimento como esse! T1 226 1 O desejo que alguns de nossos irmãos têm de ganhar recursos depressa, leva-os a se empenhar em um novo empreendimento e a investir meios, mas, freqüentemente, sua esperança de fazer dinheiro não se realiza. Enterram aquilo que poderiam ter empregado na causa de Deus. Há uma obsessão nesses novos empreendimentos. E, não obstante terem essas coisas sido executadas tantas vezes e terem diante de si o exemplo de outros que fizeram investimentos e se defrontaram com completo fracasso, ainda assim muitos são tardios em aprender. Satanás engoda-os e os embriaga com lucros antecipados. Quando suas esperanças se desfazem, sofrem muito desânimo em conseqüência de suas insensatas aventuras. Se se perde dinheiro, a pessoa considera isso um infortúnio para si -- como se fosse perda sua. Mas deve ela lembrar-se que é com os meios alheios que está lidando, que é apenas mordomo, e que Deus Se desagrada do uso insensato dos meios que poderiam ter sido usados para levar avante a causa da verdade presente. No dia do Juízo, deve o mordomo infiel dar contas de sua mordomia. ------------------------Capítulo 45 -- Um mordomo infiel T1 227 1 Mostrou-se-me que o Espírito de Deus tem tido cada vez menos influência sobre F, a ponto de ele não ter mais forças para vencer. O eu e os interesses próprios são proeminentes em sua vida. Orgulho, vontade inflexível, insubmissa e a indisposição de confessar e corrigir seus erros, produziram a incômoda posição em que se encontra. A causa vê-se prejudicada por sua conduta imprudente. T1 227 2 Ele tem sido tão exigente que estimula na igreja um espírito descobridor de faltas. É severo onde não precisa ser e procura dominar aqueles sobre quem tem autoridade. Suas orações e exortações fizeram com que os irmãos pensassem que ele era um cristão zeloso, o que os preparou para serem afetados por sua conduta irresponsável. É caprichoso e suas excentricidades têm exercido influência negativa sobre muitos. Alguns se enfraqueceram enquanto tentando imitar seu exemplo. Vi que ele havia causado à obra de Deus mais dano do que benefício. T1 227 3 Houvesse atendido as instruções de Deus e se corrigido, teria alcançado a vitória sobre seus fortes hábitos e fraquezas. Vi, porém, que ele tinha permitido que tais hábitos o dominassem por longo tempo que o poderoso inimigo o aprisionara. Suas ações não foram corretas. Sua desonestidade chegou a tal ponto que retirou da tesouraria meios a que não tinha direito, usando-os em proveito pessoal. Ele achou que tinha melhor discernimento de dispor dos meios do que seus irmãos. Quando os recursos chegavam às suas mãos para serem direcionados às pessoas apontadas pelo doador, ele agia por impulso tomando a liberdade de aplicá-los como bem lhe parecesse, não respeitando a vontade do doador e ainda usando parte em benefício próprio. Deus reprova tais coisas. A conduta desonesta tem ganhado terreno em sua vida. Ele se tem considerado como mordomo do Senhor e aplicado os meios, mesmo de outros, como melhor entende. Cada homem deve ser seu mordomo próprio. T1 228 1 Ele recusou o conselho e as recomendações de seus irmãos, seguiu a própria vontade e rejeitou todos os meios que pudessem corrigi-lo. Quando reprovado, as pessoas ou suas maneiras não conseguiram persuadi-lo, e assim o caminho para a reforma ficou obstruído. O Senhor não tem aceitado seus serviços há algum tempo. Ele tem trabalhado muito mais pelos próprios interesses do que pelos da causa. T1 228 2 Quando chega pela primeira vez a um lugar, suas orações e exortações produzem efeito, e os irmãos acham que ele é um perfeito cristão. Por ser considerado um pastor, recebe muitos favores. Mas, quando os irmãos se tornam mais familiarizados com ele, quão desapontados ficam ao testemunhar-lhe o egoísmo, a irritabilidade, a aspereza e excentricidades. Quase todos os dias são descobertas novas coisas a seu respeito. Sua mente está quase que constantemente preocupada em maquinar algo que lhe traga benefício. Então ele dispõe as coisas de tal modo que lhe produzam vantagens, e de novo o consegue. Sua determinação e planejamento tiveram uma influência debilitante e nociva sobre a causa de Deus. Seu procedimento é calculado para fragmentar e tem causado problemas em quase todos os lugares. Que exemplo para o rebanho! Ele tem sido muito egoísta em seu trato, e tirado vantagem daqueles com quem tem negociado. Deus não Se agradou do que ele fez. Uma árvore boa é conhecida por seus frutos! ------------------------Capítulo 46 -- Fanatismo em Wisconsin T1 228 3 Vi que, no último outono, o Senhor dirigiu especialmente meu marido para ir ao Oeste em vez do Leste, como ele havia decidido no início. Em Wisconsin havia um mal a ser corrigido. O trabalho de Satanás estava surtindo efeito e destruiria vidas se não fosse corrigido. O Senhor achou melhor escolher alguém que tivera experiência passada com o fanatismo, e testemunhado a atuação do poder de Satanás. Aqueles que receberam esse instrumento de Deus foram corrigidos, e vidas foram salvas da armadilha que Satanás lhes tinha preparado. T1 229 1 Foi-me mostrado que esse artifício de Satanás não teria resultados tão imediatos em Wisconsin, se a mente e o coração do povo de Deus houvessem estado unidos entre si e a obra. O espírito de ciúmes e suspeita ainda existia na mente de alguns. A semente semeada pelo grupo do Messenger não foi completamente desenraizada. E conquanto professando receber a mensagem do terceiro anjo, seus sentimentos e preconceitos anteriores não foram abandonados. Sua fé foi adulterada e eles preparados para o engano de Satanás. Os que partilharam do espírito do Messenger devem fazer uma obra honesta e lançar fora toda partícula que dele restar, recebendo o espírito da mensagem do terceiro anjo, ou ele os apartará como leprosos, facilitando seu afastamento de seus irmãos que crêem na verdade presente. Ser-lhes-á fácil pensar que podem seguir sozinhos para o Céu, como um grupo independente; mas fácil de serem apanhados na armadilha de Satanás, que está muito pouco disposto a abandonar sua influência em Wisconsin. Ele tem outros enganos preparados para aqueles que não estão unidos à igreja. T1 229 2 Vi que as pessoas envolvidas pelas trevas e enganos, e a quem Satanás não só tinha controlado a mente, mas o corpo, teriam de assumir um lugar mais humilde na igreja de Deus. O Senhor não confiará o cuidado de Seu rebanho a pastores insensatos que erram e lhe dão veneno em vez de alimento saudável. Deus terá homens cuidando do rebanho, que podem alimentá-lo com forragem limpa, totalmente peneirada. Oh, que mácula, que reprovação, esses movimentos fanáticos têm trazido sobre a causa de Deus! E aqueles que aderiram tão rapidamente a esse espírito fanático tenebroso, apesar das claras evidências de que procedia de Satanás, não são confiáveis e seu julgamento não deve ser considerado de qualquer peso. Deus enviou seus servos ao irmão e à irmã G. Eles menosprezaram a correção e escolheram o próprio caminho. O irmão G era ciumento e teimoso, e suas futuras atitudes precisam ser marcadas por grande humildade, pois ele se demonstrou não merecedor da confiança do povo de Deus. Seu coração não é reto para com Deus, e nem tem sido durante um longo tempo. T1 230 1 Vi que o objetivo de Satanás tem sido mergulhar as pessoas do Wisconsin em aberto fanatismo. Ele lhes domina a mente e os leva a agir sob o engano que aceitaram. Quando a satânica meta era atingida, e eles haviam percorrido todo o caminho que Satanás lhes determinara, ele fazia com que reconhecessem aquele erro, e os empurrava para o extremo oposto -- negar os dons e atuações do Espírito de Deus. Satanás tirou vantagem da falta de união do irmão e da irmã G com a igreja. Eles queriam tomar um rumo independente e conduzir, em vez de serem conduzidos. O irmão G tinha uma disposição ciumenta, a qual, juntamente com sua independência, o manteve do lado oposto, pois com esse espírito ele não poderia ser um verdadeiro companheiro de lutas de seus irmãos do ministério. A irmã G também é ciumenta e determinada. Falta-lhe experiência, sanidade de fé e união com o corpo de crentes. Seu coração se revoltou contra os dons da igreja. Havia falta de mansidão e humildade em seus artigos enviados à Review para publicação. T1 230 2 Tudo parecia preparado para o trabalho de Satanás. Ele convenceu muitos a porem de lado a razão e o discernimento e serem governados por impressões. O Senhor requer que Seu povo empregue a razão, e não a ponha de lado por impressões. Sua obra será compreensível a todos os Seus filhos. Seus ensinos serão de molde a se recomendarem ao entendimento das pessoas estudiosas. São designados a elevar a mente. O poder de Deus não é manifestado em toda ocasião. A necessidade do homem é a oportunidade de Deus. T1 230 3 Foram-me mostrados grupos em confusão, movidos por espírito equivocado, todos fazendo ruidosas orações, alguns clamando de um jeito, outros de outro; e era impossível dizer o que era som de flauta ou de harpa. "Deus não é Deus de confusão, senão de paz." 1 Coríntios 14:33. Satanás penetrou neles e controlou as coisas como bem quis. A razão e a saúde foram sacrificadas no altar desse engano. T1 231 1 Deus não quer que seu povo imite os profetas de Baal, afligindo o corpo, gritando e clamando, em desvairadas atitudes e sem nenhuma consideração para com a ordem, até se lhes esgotarem as forças. Religião não consiste em ruidosas manifestações; contudo, quando o coração está cheio do Espírito do Senhor, glorifica a Deus com suave e sincero louvor. Há os que professam ter grande fé em Deus, e ter dons especiais, e especiais respostas à oração, embora faltassem as evidências. Eles tomavam erradamente presunção, por fé. A oração da fé nunca se perde; mas dizer que será sempre atendida do próprio modo, e concedida a coisa particular que esperávamos, isso é presunção. T1 231 2 Quando os servos de Deus visitaram _____ e _____, o engano foi descoberto e a obra foi comprovada como falsa. Mas o espírito fanático mostrava-se obstinado e não se renderia à luz concedida. Oh, se os que estavam em erro se houvessem submetido à correção pelos servos de Deus a quem Ele enviara! O Senhor queria que reconhecessem ter sido movidos por um espírito equivocado. Então teria havido virtude na confissão de seus erros, e eles seriam preservados de posteriormente seguir os planos de Satanás, e não teriam progredido nesse pavoroso engano. Mas não se logrou convencê-los. O irmão G teve luz suficiente para assumir posição contra o fanatismo, mas não cedeu ao peso das evidências. Recusou render-se à luz trazida pelos servos de Deus, porque os considerava com suspeita e os viu com ciúmes. T1 232 1 Eu vi que quanto maior a rejeição da luz por parte dos indivíduos, maior será o poder do engano e das trevas que os envolverão. A rejeição da verdade torna os homens cativos, sujeitos ao engano de Satanás. Após as reuniões de _____ e _____, as vítimas desse engano mergulharam em escuridão maior ainda, trazendo sobre a causa de Deus uma mácula que não seria prontamente apagada. Terrível responsabilidade repousa sobre o irmão G. Enquanto professava ser um pastor permitiu que o devorador penetrasse o rebanho, e ficou apenas a observar enquanto as ovelhas eram dilaceradas e devoradas. O desagrado divino está sobre ele. Ele não vigiou pelas vidas como quem tem de prestar contas. T1 232 2 Vi que Deus não lhe estava abençoando os trabalhos desde há algum tempo. A mão do Senhor não estava com ele para edificação da igreja e a conversão de pessoas à verdade. Seu coração não é reto para com Deus. G não está possuído pelo espírito da mensagem do terceiro anjo. Ele se isolou do convívio e da simpatia do povo de Deus, antes do surgimento desse engano, e essa é a razão de ele ter permanecido em tal escuridão. Deus não permite que seus fiéis e consagrados servos sejam deixados em trevas, quanto ao caráter de um tal espírito fanático, que não ergue a sua voz para admoestar o povo. Quando os servos de Deus trouxeram a luz e ergueram a voz contra esse engano, o irmão G não reconheceu a voz do Verdadeiro Pastor falando por meio deles; seu ciúme e obstinação o levaram a considerá-la como a voz de um estranho. Os pastores do rebanho, acima de todos os outros, deveriam reconhecer a voz do Sumo Pastor. Deus quer que Seu povo seja santo e poderoso. Quando o espírito de santidade e perfeito amor transbordam do coração, atuando naqueles que professam o nome de Cristo, será como um fogo refinador que consumirá a escória e espancará a escuridão. Qualquer que partilha do espírito de Satanás, assumirá atitude de defesa e rapidamente promoverá a própria destruição. Mas a verdade triunfará. ------------------------Capítulo 47 -- Reprovações escondidas T1 233 1 A conduta de H e I foi-me revelada. Embora censurados, eles não corrigiram seus erros. O povo de Deus, especialmente no Estado de Nova Iorque, foi atingido por seu errôneo procedimento. Sua influência foi prejudicial à causa de Deus. Esses irmãos me têm sido apresentados em visão, nos últimos dez anos, e seus erros revelados. Tenho-lhes escrito a respeito dessas coisas. Mas eles cuidaram em esconder dos irmãos o fato de terem sido reprovados, temendo que isso pudesse destruir-lhes a influência. Aqueles que foram atingidos por suas ações errôneas teriam sido beneficiados com as repreensões a eles dirigidas. Eu teria colocado essas mensagens nas mãos de irmãos cuidadosos na igreja, se isso fosse necessário, para que todos pudessem receber a instrução que o Senhor achou por bem dar a Seu povo. Quando, porém, relatei a esses irmãos as mensagens que me foram dadas a seu respeito, eles me censuraram impiedosamente. Isto me causou tamanho sofrimento mental, que fui levada a guardar segredo do que o Senhor me havia revelado com respeito aos erros de indivíduos. T1 233 2 Foi o orgulho de coração que conduziu esses irmãos a manifestarem tanto medo de que outros soubessem que eles haviam sido corrigidos. Se houvessem humildemente confessado seus erros para a igreja, teriam representado a fé que professavam nas visões, e a igreja teria sido fortalecida para receber a correção e confessar suas faltas. Esses ensinadores permaneceram no caminho do rebanho. Deram-lhe um exemplo errado, e a igreja olhou para eles, e quando reprovada, perguntou: "Por que esses pastores não foram censurados, quando nós estamos seguindo seus ensinos?" Assim, abriu-se uma porta para Satanás tentá-los sobre a veracidade das visões. T1 233 3 Os irmãos foram enganados e prejudicados. Eles acreditaram que estávamos de acordo com esses ensinadores e seguiram suas instruções, quando estavam completamente errados. Escrevi a esses pastores em angústia de espírito, porque vira que a causa de Deus estava sendo atingida por seu comportamento imprudente. Quão ansiosamente esperei pelo resultado dessas mensagens. Mas eles as colocaram de lado, e não permitiram que os irmãos soubessem qualquer coisa sobre elas, não podendo assim ser beneficiados pelas instruções que o Senhor achou por bem conceder-lhes. T1 234 1 Meu trabalho tem sido muito desanimador, ao ver que aquilo que Deus designara não fora alcançado. Freqüentemente tenho perguntado em angústia: De que vale todo o meu trabalho? Esses irmãos assumiram esta posição: Cremos nas visões, mas a irmã White, ao escrevê-las, expressa-se em suas próprias palavras, e creremos na parte que julgamos seja de Deus, e não nos interessa a outra. Assim prosseguiram sem corrigirem sua vida. Professam crer nas visões, mas agem contrariamente a elas. Seu exemplo e influência levantaram dúvidas na mente de outros. Seria melhor para a causa da verdade presente se eles se opusessem aos dons. Então o povo não seria enganado e não teria tropeçado nesses guias cegos. Esperamos e oramos a fim de que se corrigissem e exercessem uma boa influência sobre o rebanho, mas nossa esperança se dissipou, e não ousaremos mais sacrificar nossa paz. Prejudicamos a igreja de Deus por não termos falado nisso antes. ------------------------Capítulo 48 -- A causa em Ohio T1 234 2 Desde nossa visita a Ohio, na primavera de 1858, H tem feito o que pode para opor-se a nós, e onde ele acha que pode influenciar as pessoas, faz circular boatos no intento de despertar errôneos sentimentos. Quando dessa visitação, foi-me dada uma mensagem com respeito a ele e sua família. Esse testemunho foi-lhe entregue, mas poucas pessoas sabiam que eu o havia dado. Rebelou-se contra a mensagem e, a exemplo de outros que haviam sido reprovados, achou que alguém me havia instigado o pensamento contra sua família, quando, na verdade, a visão salientava as faltas deles que eu vira repetidas vezes durante dez anos. Disse ele que cria em visões, mas que eu fora influenciada por outros ao escrever-lhes. T1 235 1 Que conclusão! O Senhor tem uma obra especial para alguém de reconhecidos dons realizar, mas tolera que a mensagem enviada sofra adulteração antes de chegar ao destinatário! De que servem as visões se as pessoas as consideram sob essa luz? Dão-lhes interpretação própria e se sentem na liberdade de rejeitar a parte delas que não se harmoniza com seus sentimentos. H sabe que cada palavra da visão dada a seu respeito em Ohio estava correta. E quando não mais pôde manter a mensagem oculta da igreja, (pois isso lhe foi exigido e leu-a na Assembléia de _____, no outono passado), reconhecendo-a como integralmente verdadeira. Manteve, porém, uma guerra cega contra aquilo mesmo que reconheceu estar correto. T1 235 2 Ele não governou bem a própria casa, e nos últimos dez anos foi reprovado por isso. O desagrado de Deus tem estado sobre ele por não controlar os filhos. Esses se tornaram corruptos e um provérbio de vergonha, exercendo nociva influência onde vivem. Cada vez que eles me são apresentados sou conduzida ao passado, até Eli, e lembrada da maldade de seus filhos incrédulos e do conseqüente juízo de Deus sobre eles. Foi-me mostrado que a família de H tem desagradado aos descrentes, e trazido desonra sobre a causa da verdade presente. A mensagem a mim dada na primavera de 1858, em Ohio, especialmente na cidade de _____, não foi recebida por muitos. Ela atingiu o íntimo, e os corações que não foram profundamente impregnados com o espírito da verdade se rebelaram contra ela. T1 236 1 Os pastores que trabalharam naquele Estado não exerceram uma influência correta. As sugestões e insinuações feitas contra o irmão e a irmã White e os dirigentes da obra em Battle Creek, tiveram pronta recepção no coração de muitos, especialmente dos ingênuos e críticos. Satanás sabe fazer seus ataques. Ele trabalha na mente das pessoas para despertar ciúmes e descontentamento com relação aos dirigentes da obra. Os dons são logo questionados, atribui-se-lhes pequeno valor e a instrução dada mediante a visão é desconsiderada. T1 236 2 Pastores que têm trabalhado em Ohio fizeram sua parte em causar descontentamento. H resolveu agir de modo sorrateiro e disseminar um espírito de descontentamento, escutando boatos, reunindo-os, e dizendo virtualmente: "Denunciai, e o denunciaremos." Jeremias 20:10. Ele trabalhou de maneira desleal, espalhando boatos com respeito ao nosso vestuário e influência em Ohio, e fomentou a idéia de que o irmão Tiago White andava especulando. Ele não quis a mais leve união conosco. Alimentou amargos sentimentos para conosco. E por quê? Simplesmente porque eu lhe relatei o que o Senhor havia me mostrado com relação à sua família e à maneira frouxa de educá-la, e que atraíra o desagrado divino. Ele ficou enciumado com a parte que desempenhamos na causa da verdade presente. T1 236 3 Os irmãos de Ohio foram levados a olhar com desconfiança e suspeita os que estão encarregados da obra em Battle Creek, e a discordarem das posições tomadas por eles. O irmão J sustentou firmemente sua posição sem levar em conta a congregação. Ele imagina que os males procedem da sede geral e que deve combatê-los. Ele dispôs-se para a batalha quando não havia nenhuma luta a ser travada. Preparou-se firmemente para resistir algo que nunca surgiu. Muitos irmãos de Ohio partilharam do mesmo sentimento, colocando-se em oposição a algo que nunca apareceu. Sua guerra tem sido insensata. Eles estiveram prontos a clamar: "Babilônia", até se tornarem eles mesmos uma completa Babilônia. T1 237 1 Pastores tornaram-se obstáculos no caminho da obra de Deus em Ohio. Devem ficar fora do caminho, para que Deus possa alcançar Seu povo. Eles se colocam entre Deus e Seu povo, desviando Seus propósitos. O irmão J exerceu tal influência em Ohio, que é preciso trabalhar muito para desfazê-la. Vi que houve aqueles, nesse Estado, que assumiriam a posição certa se lhes fossem dadas instruções corretas. Estiveram dispostos a sustentar a causa da verdade presente, mas viram tão pouca realização que ficaram desanimados. Suas mãos estão fracas e precisam ser sustentadas. Vi que a causa de Deus não será levada adiante com ofertas mirradas. Deus não as aceita. Esse assunto deve ser deixado totalmente a critério das pessoas. Elas não devem trazer simplesmente uma oferta anual, mas também apresentar voluntariamente ofertas semanais e mensais ao Senhor. Essa obra lhes compete, pois é para elas uma prova viva semanal e mensal. O sistema de dízimos, vi, desenvolveria o caráter e manifestaria o verdadeiro estado do coração. Se esse assunto for apresentado aos irmãos de Ohio em seu verdadeiro sentido, e se permitir que eles se decidam por si mesmos, verão sabedoria e ordem no sistema. T1 237 2 Os pastores não devem ser severos ao aproximar-se de alguém, forçando-o a dar ofertas. Se a pessoa não dá justamente quanto se pensa que deveria, eles não devem censurá-la e marginalizá-la. Devem ser pacientes e tolerantes como os anjos e trabalhar em união com Jesus. Cristo e os anjos estão observando o desenvolvimento do caráter e pesando o valor moral. O Senhor lida pacientemente com Seu povo errante. A verdade penetrará mais e mais profundamente no coração e abaterá um ídolo após outro, até que Deus reine supremo no coração de Seu consagrado povo. Vi que o povo de Deus deve trazer-Lhe uma oferta voluntária e que a responsabilidade deve estar totalmente sobre o indivíduo, quer ele dê muito ou pouco. Isso será registrado fielmente. Que o povo de Deus tome tempo para desenvolver o caráter. T1 238 1 Os pastores devem apresentar penetrante testemunho. As verdades vivas de Sua Palavra devem estar no coração. E quando as pessoas em Ohio têm um objetivo digno, aqueles cujo coração está ligado em simpatia à obra, liberalmente darão de seus meios para o progresso da causa de Deus. O Senhor está testando e provando Seu povo. Se alguém não põe o coração na obra e falha em trazer suas ofertas a Deus, Ele o visitará. Se eles continuam agarrados a sua cobiça, Ele os separará de Seu povo. Vi que precisa haver um sistema que envolva a todos. Rapazes e moças fortes e saudáveis não se têm preocupado muito com a obra. Eles são responsáveis diante de Deus por seu vigor, e devem trazer-Lhe ofertas voluntárias. Se não fizerem isso, Sua mão prosperadora será removida deles. T1 238 2 Vi que o especial favor de Deus não esteve com o trabalho em Ohio para prosperá-lo. Há um motivo. Deve haver, por parte dos pregadores e do povo, um exame íntimo, um fiel exame de coração, para achar o motivo de tão grande ausência do Espírito de Deus. Seus sacrifícios e ofertas quase deixaram de fluir. Por que as verdades da Palavra de Deus não aquecem o coração e conduzem à abnegação e sacrifício? Que os pastores procurem descobrir que espécie de influência têm exercido. O irmão J demonstra um espírito independente, o qual Deus não aprova. Sua influência não tem falado em favor da união do povo de Deus ou do progresso da causa. T1 238 3 Vi que aqueles que tiveram senão pequena experiência na causa da verdade presente, não são os que devem dirigir a obra. Esses devem manifestar sensibilidade ao tomar posições que entrarão em atrito com o parecer e opinião daqueles que testemunharam o surgimento da causa da verdade presente, cuja vida está ligada ao seu progresso. Deus não escolherá homens de pouca experiência para conduzir sua obra. Ele não optará por aqueles que não tiveram nenhuma experiência em suportar sofrimentos, tentações, oposição e privação para colocar esse trabalho no patamar que ele agora ocupa. Comparado com o que era antes, agora é fácil pregar a mensagem do terceiro anjo. Os que agora se empenham nesse trabalho e ensinam a verdade a outros, têm tudo nas mãos. Eles não podem experimentar tais privações como obreiros da verdade presente suportaram antes deles. A verdade lhes é apresentada. Os argumentos estão todos preparados. Quão cuidadosos devem ser em não se exaltar, com receio de serem derribados. Devem ter muito cuidado ao murmurarem contra aqueles que tanto sofreram no início da obra. T1 239 1 Esses experimentados obreiros, que labutaram debaixo do fardo quando esse era pesado e havia poucos para ajudar a suportá-lo, são apreciados por Deus. Tenham cuidado sobre como lhes chamam a atenção ou murmuram contra eles; pois isso seguramente será posto em sua conta, e a próspera mão de Deus não estará com vocês. Alguns irmãos que têm menos experiência, que ainda não sentiram nenhuma responsabilidade e fizeram pouco ou nada para o progresso da causa da verdade presente, e que não têm nenhum conhecimento do assunto de Battle Creek, são os primeiros a acharem faltas na administração da obra. E aqueles que não observam ordem nas coisas temporais e no governo de suas casas, são os que se opõem ao método que trará ordem à igreja de Deus. Eles não mostram nenhum bom senso em assuntos seculares e são contrários a qualquer coisa semelhante na igreja. Tais pessoas não devem ter voz ativa em assuntos da igreja.. Sua influência não deve ter o menor peso sobre outros. ------------------------Capítulo 49 -- Inteira consagração T1 240 1 Prezados irmãos K: T1 240 2 Em minha última visão foram-me mostradas algumas coisas relativamente a sua família. O Senhor tem a seu respeito pensamentos de misericórdia, e não os abandonará, a menos que O abandonem. L e M acham-se em um estado de mornidão. Eles devem despertar e fazer esforços pela salvação, ou perderão a vida eterna. Devem sentir uma responsabilidade individual, e obter experiência por si mesmos. Necessitam que o Espírito Santo atue em seu coração, levando-os a amar e escolher a companhia do povo de Deus de preferência a qualquer outra, e a se separarem dos que não têm amor pelas coisas espirituais. Jesus requer um sacrifício completo, uma inteira consagração. L e M, vocês não têm compreendido que Deus exige de vocês afeições não divididas. Têm feito uma santa profissão de fé, todavia têm descido ao baixo nível dos professos comuns. Vocês apreciam a companhia dos jovens que não têm nenhuma consideração pelas sagradas verdades que vocês professam. Têm-se assemelhado a seus companheiros, e se têm satisfeito com uma religião que os torne agradáveis a todos, sem incorrer na censura de ninguém. T1 240 3 Cristo exige tudo. Caso Ele exigisse menos, Seu sacrifício teria sido demasiado precioso, demasiado grande para nos levar a tal nível. Nossa santa fé clama por separação. Não nos devemos conformar com o mundo, nem com professos crentes mortos, sem coração. "Transformai-vos pela renovação do vosso entendimento." Romanos 12:2. Este é o caminho da renúncia. E quando pensarem que ele é demasiado estreito, que há demasiada abnegação neste caminho estreito; quando disserem: Quão duro é renunciar a tudo, dirijam a si mesmos a pergunta: Que renunciou Cristo por mim? Isto ofusca tudo quanto possamos chamar de abnegação. Contemplem-nO no jardim, suando grandes gotas de sangue. Um solitário anjo é enviado do Céu para fortalecer o Filho de Deus. Sigam-nO à sala do julgamento, enquanto é ridicularizado, escarnecido e insultado por aquela turba enfurecida. Contemplem-nO vestido com o velho manto real de púrpura. Ouçam os gracejos vulgares e a zombaria cruel. Vejam-nos a colocarem naquela nobre fronte a coroa de espinhos, batendo-Lhe depois com a cana, fazendo com que os espinhos se Lhe enterrem nas fontes, e o sangue a correr daquela fronte santa. Ouçam aquela turba assassina clamando ansiosamente pelo sangue do Filho de Deus. Ele é entregue em suas mãos, e conduzem dali o nobre Sofredor, pálido, fraco, desfalecido, ao lugar de Sua crucifixão. É estendido no madeiro, e os cravos são-Lhe enterrados nas tenras mãos e pés. Contemplem-nO pendurado na cruz durante aquelas horríveis horas de agonia, a ponto de os anjos cobrirem o rosto para ocultá-lo da horrorosa cena, e o Sol esconder sua luz, recusando-se a contemplá-la. Pensem nessas coisas, e então perguntem: É o caminho demasiado estreito? Não, não. T1 241 1 Em uma vida dividida, indiferente, vocês encontrarão dúvidas e obscuridade. Não poderão fruir as consolações da religião, nem a paz que o mundo oferece. Não se assentem na cadeira de descanso de Satanás, do pouco-fazer, mas ergam-se, e mirem à elevada norma que é privilégio seu atingir. Bendito é o privilégio de renunciar a tudo por Cristo. Não olhem a vida de outros nem os imitem, sem se elevar mais acima. Vocês só têm um único Modelo verdadeiro, infalível. Só é seguro seguir a Jesus. Decidam que, se outros procedem segundo o princípio da indolência espiritual, vocês os deixarão, e marcharão adiante, rumo a um elevado caráter cristão. Formem um caráter para o Céu. Não durmam em seu posto. Lidem fiel e sinceramente com a própria vida. T1 241 2 Vocês estão condescendendo com um mal que ameaça destruir-lhes a espiritualidade. Isto eclipsará toda a beleza e interesse das páginas sagradas. Este mal é o amor dos romances, contos e outras leituras que não exercem influência para o bem na mente que, de qualquer maneira, se acha consagrada ao serviço de Deus. Isso produz uma estimulação falsa e má, deturpa a imaginação, incapacita a mente para a utilidade e para qualquer exercício espiritual. Separa a mente da oração e do amor das coisas espirituais. A leitura que derrame luz sobre o volume sagrado e lhes estimule o desejo de estudá-lo e a diligência em fazê-lo, não é perigosa, antes benéfica. Vocês me foram apresentados com os olhos desviados do Sagrado Livro, e atentamente fixos em livros incitantes, que são morte para a religião. Quanto mais freqüentemente e com mais diligência vocês examinarem atentamente as Escrituras, tanto mais belas parecerão, e menos gosto hão de ter pelas leituras levianas. O estudo diário da Bíblia exercerá santificadora influência sobre o espírito. Vocês respirarão uma atmosfera celeste. Unam este precioso volume ao coração. Ele se lhes demonstrará amigo e guia na perplexidade. T1 242 1 Vocês têm tido objetivos na vida, e com quanta firmeza e perseverança trabalharam para alcançá-los! Calcularam e planejaram até que se realizassem suas expectativas. Há diante de vocês agora um objetivo digno de esforço infatigável de toda uma existência. É a salvação de seu ser -- a vida eterna. E isto requer abnegação, sacrifício e profundo estudo. Vocês podem ser purificados e enobrecidos. Falta-lhes a salvadora influência do Espírito de Deus. Vocês se misturam com seus companheiros, e se esquecem que levam o nome de Cristo. Procedem e vestem-se como eles. T1 242 2 Irmã K, vi que você tem uma obra a fazer. Precisa morrer para o orgulho, e pôr todo o seu interesse na verdade. Seu interesse eterno depende da conduta que tomar agora. Caso queira obter a vida eterna, precisa viver para ela, e negar-se a si mesma. Saia do mundo, e separe-se. Sua vida deve ser assinalada pela sobriedade, a vigilância e a oração. Os anjos observam o desenvolvimento do caráter e pesam o valor moral. Todas as nossas palavras e atos passam em revista diante de Deus. É um tempo terrível, solene. A esperança da vida eterna não deve ser colocada sobre frágeis fundamentos; ela deve ser assentada entre Deus e você. Alguns confiam no juízo e na experiência de outros, em vez de se darem ao trabalho de um profundo exame do próprio coração, e passam meses e anos, sem um testemunho do Espírito de Deus, ou uma prova de Sua aceitação. Enganam-se a si mesmos. Têm uma suposta esperança, mas carecem das qualidades essenciais a um cristão. Primeiro, deve haver uma obra cabal no coração, depois as maneiras tomarão aquele elevado e nobre caráter que assinala os verdadeiros seguidores de Cristo. Exige esforço e valor moral o viver nossa fé. T1 243 1 O povo de Deus é peculiar. Seu espírito não se pode misturar com o espírito e a influência do mundo. Você não deseja usar o nome de cristã, e todavia ser indigna dele. Não deseja encontrar-se com Cristo tendo meramente uma profissão de fé. Não deseja estar enganada em questão de tanta importância. Examine plenamente a base de sua esperança. Lide sinceramente com sua vida. Uma suposta esperança jamais a salvará. Acaso já calculou o preço? Temo que não. Decida agora se há de seguir a Cristo custe o que custar. Não pode fazer isto e ainda desfrutar a companhia dos que não dão atenção às coisas divinas. Seu espírito e o deles não se podem misturar mais do que o fariam o azeite e água. T1 243 2 Grande coisa é ser filho de Deus, e co-herdeiro de Cristo. Caso seja este seu privilégio, conhecerá a participação das aflições de Cristo. Deus olha ao coração. Vi que você deve buscá-Lo diligentemente, e elevar sua norma de piedade a mais alto nível, do contrário deixará por certo de alcançar a vida eterna. Talvez pergunte: "Viu a irmã White isto?" Sim; e procurei expô-lo diante de você, e dar-lhe as impressões que me foram transmitidas. Que o Senhor a ajude a dar ouvidos. T1 243 3 Prezados irmãos, zelem por seus filhos com muito cuidado. O espírito e a influência do mundo estão destruindo neles todo o desejo de serem genuínos cristãos. Que a sua influência seja no sentido de os desviar dos jovens companheiros que não têm nenhum interesse nas coisas divinas. Eles precisam fazer um sacrifício, se quiserem alcançar o Céu. ------------------------Capítulo 50 -- Experiência pessoal T1 244 1 No dia 20 de Setembro de 1860, meu quarto filho, John Herbert White, nasceu. Quando ele estava com três semanas, meu marido sentiu ser seu dever viajar. Ficou decidido em assembléia que o irmão Loughborough iria para o Oeste e Tiago para o Leste. Uns poucos dias antes de viajarem, meu marido ficou muito deprimido. Pensou que devesse desistir da viagem, mas temia fazê-lo. Sentiu que tinha algo a fazer, mas estava sob pesadas nuvens. Não podia descansar ou dormir. Sua mente estava em contínua agitação. Ele contou aos irmãos Loughborough e Cornell o que estava acontecendo, e ajoelhou-se juntamente com eles para pedir conselho ao Senhor. Então as nuvens se dissiparam e clara luz brilhou. Meu marido sentiu que o Espírito do Senhor o dirigia para o oeste e o irmão Loughborough ao leste. Depois disso, eles viram seu dever de modo mais claro e buscaram cumpri-lo. T1 244 2 Na ausência de meu marido, nós orávamos para que o Senhor o sustentasse e fortalecesse, e obtivemos a certeza de que Deus estaria com ele. Cerca de uma semana antes, enquanto ele estava visitando a cidade de Mauston, no Wisconsin, recebemos cartas da irmã G para publicação, pretendendo serem visões que o Senhor lhe havia dado. Enquanto líamos esse material, sentimo-nos entristecidos, pois sabíamos que essas visões não vinham da fonte legítima. E como meu marido nada sabia do que encontraria em Mauston, tememos que não estivesse preparado para encarar o fanatismo e que isso teria efeitos prejudiciais sobre sua mente. Já havíamos passado por muitas situações semelhantes em nossa experiência inicial, e sofrido muito por causa de gente descontrolada e irredutível, que temíamos entrar em contato com eles. Pedi à igreja de Battle Creek que orasse em favor de meu marido, e no altar de nossa família buscamos fervorosamente ao Senhor em favor dele. Com contrição de espírito e muitas lágrimas, buscamos firmar nossa débil fé nas promessas de Deus. Tivemos evidência de que nossas orações foram ouvidas e que Ele estaria com meu marido, dando-lhe sabedoria e conselhos. T1 245 1 Enquanto procurava na Bíblia um versículo para que Willie o decorasse e repetisse na Escola Sabatina, um verso chamou-me a atenção: "O Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia, e conhece os que confiam nEle." Naum 1:7. Chorei por causa dessas palavras, pois me pareceram tão apropriadas! Toda a minha preocupação era por meu marido e pela igreja no Wisconsin. Meu marido percebeu a bênção de Deus enquanto esteve ali. O Senhor era para ele uma fortaleza em tempos de tribulação e o susteve por Seu Espírito, enquanto ele dava um decidido testemunho contra o desenfreado fanatismo naquele local. T1 245 2 Enquanto em Mackford, Wisconsin, meu marido escreveu-me uma carta na qual declarava: "Temo que as coisas não estejam bem em casa. Tenho tido algumas impressões a respeito do bebê." Enquanto orando pela família, ele teve o pressentimento de que nosso filho estava muito doente. O bebê parecia estar diante dele com o rosto e a cabeça terrivelmente inchados. Quando recebi a carta, a criança estava tão bem como sempre; mas na manhã seguinte, ficou muito doente. Era um caso grave de erisipela que atacou o rosto e a cabeça. Quando meu marido chegou na casa do irmão Wick, próximo a Round Grove, no Illinois, recebeu um telegrama informando da doença da criança. Após lê-lo, ele declarou aos presentes não estar surpreso com as notícias, pois o Senhor o havia preparado para isso lhe mostrando que a cabeça e o rosto do bebê seriam muito atingidos. T1 245 3 Meu querido bebê sofreu muito. Por vinte e quatro dias e noites vigiamos sobre ele, usando todos os meios que podíamos para sua recuperação, e ferventemente apresentando seu caso ao Senhor. Por vezes eu não podia controlar minhas emoções ao ver-lhe os sofrimentos. Muito do meu tempo era gasto em lágrimas e humildes súplicas a Deus. Mas nosso Pai celeste achou melhor tirar nosso ente querido. T1 246 1 No dia 14 de Dezembro, ele ficou pior e eu fui chamada. Ao ouvir sua respiração ofegante e sentir seu fraco pulso, percebi que ele morreria. A mão gélida da morte já estava sobre ele. Aquela foi uma angustiosa hora para mim. Observávamos sua respiração débil e penosa até que ela cessou, e me senti grata porque seus sofrimentos haviam acabado. Enquanto meu bebê estava morrendo, eu não conseguia chorar. Meu coração doía como se estivesse rompido, mas eu não podia derramar uma lágrima. Desmaiei no funeral. Ficamos desapontados por não termos o irmão Loughborough para oficiar a cerimônia fúnebre, e meu marido falou na ocasião para as pessoas que lotavam a casa. Então acompanhamos nosso filho até o cemitério de Oak Hill, para que ali descansasse até que o Doador da Vida venha e quebre as cadeias do sepulcro e o chame para a vida imortal. T1 246 2 Após voltarmos do funeral, meu lar parecia vazio. Sentia-me rendida à vontade de Deus, mas desalentada e triste. Não podíamos erguer-nos para superar o desânimo do verão passado. Da situação do povo de Deus não sabíamos o que esperar. Satanás havia obtido o controle da mente de alguns que estavam intimamente ligados conosco na obra, mesmo de uns que se familiarizaram com nossa missão e viram o fruto de nossos trabalhos, e que não apenas haviam testemunhado a freqüente manifestação do poder de Deus, mas sentido sua influência sobre o próprio corpo. O que poderíamos esperar para o futuro? Enquanto meu filho vivia, eu pensava compreender meu dever. Estreitava meu filho ao coração e me alegrava de que, pelo menos por um inverno, estava livre de grandes responsabilidades, pois não seria meu dever viajar no inverno com meu bebê. Mas quando ele me foi tomado, fiquei novamente em grande perplexidade. T1 246 3 A condição da causa de Deus e do povo nos esmagava. Nossa felicidade sempre dependeu do estado da causa de Deus. Quando Seu povo está em próspera condição, sentimo-nos alegres, mas quando em apostasia e discórdia entre si, nada pode tornar-nos felizes. Nossos interesses e vida têm estado ligados ao surgimento e progresso da mensagem do terceiro anjo. Estamos ligados a ela, e quando ela não prospera, experimentamos grande sofrimento mental. T1 247 1 Por essa época, meu marido, ao rever o passado, começou a perder a confiança em quase todos. Muitos daqueles com quem havia tentado ser amigável, haviam agido como inimigos, e alguns a quem ajudara com sua influência e escassos recursos, estavam continuamente tentando caluniá-lo e afligi-lo. Certo sábado pela manhã, enquanto se dirigia à igreja, um tremendo senso de injustiça apoderou-se dele, a ponto de afastar-se e chorar alto, enquanto a congregação o aguardava. T1 247 2 Desde o início de nossos trabalhos, fomos chamados a dar um testemunho direto e claro, a reprovar erros e não omitir nada de ninguém. Mas sempre tem havido aqueles que se opõem aos nossos testemunhos, e continuam a dizer palavras agradáveis, rebocando com argamassa fraca, e destruindo a influência de nossos trabalhos. O Senhor nos guiaria ao enfrentarmos a oposição, e os indivíduos então se colocariam entre nós e o povo, para tornar nosso testemunho de nenhum efeito. Muitas visões foram dadas quanto ao fato de que não nos devemos esquivar de declarar o conselho do Senhor, mas assumir a posição de despertar o povo de Deus, porquanto está adormecido em seus pecados. Mas poucos têm simpatizado conosco e com aqueles que foram reprovados. Essas coisas nos afligiram e sentíamos não ter nenhum testemunho para dar à igreja. Não sabíamos em quem confiar. Quando todas essas coisas nos oprimiram, nossa esperança morreu. Recolhíamo-nos para descansar por volta de meia-noite, mas eu não podia dormir. Havia em meu coração uma tremenda dor, para a qual não achava alívio. Desmaiei várias vezes. T1 247 3 Meu marido chamou os irmãos Amadon, Kellogg e C. Smith. Suas orações fervorosas foram ouvidas, veio-me alívio e fui tomada em visão. Foi-me mostrado que tínhamos uma obra a fazer, que precisávamos dar nosso testemunho de maneira direta e enérgica. Foram-me mostrados indivíduos que tinham evitado o testemunho direto. Vi a influência de seus ensinos sobre o povo de Deus. T1 248 1 A condição do povo em _____ também me foi revelada. Possuem a teoria da verdade, mas não estão santificados por ela. Vi que quando os mensageiros penetram um novo campo, seu trabalho é mais que perdido, a menos que dêem um testemunho claro e direto. Eles devem manter distinção entre a igreja de Cristo, e os pretensos cristãos inativos. Havia uma falha a esse respeito em _____. O Pastor N estava temeroso de ofender, receoso de que as peculiaridades de nossa fé pudessem aparecer; o padrão foi rebaixado para satisfazer o povo. Deveria ser-lhe mostrado que possuímos verdades de importância vital, e que seu interesse eterno dependia de sua decisão. Para serem santificados pela verdade, seus ídolos teriam de ser abandonados, os pecados confessados e frutos dignos de arrependimento. T1 248 2 Os que se ocupam da solene obra de levar a terceira mensagem angélica, precisam agir com decisão, e destemidamente pregar a verdade no Espírito e poder de Deus, deixando-a atuar. Eles devem elevar o padrão da verdade e persuadir o povo a viver à altura dele. Muito freqüentemente ele tem sido rebaixado para ajustar-se às pessoas em sua condição de trevas e pecado. O testemunho direto é que as fará decidir. Um testemunho brando não tem esse poder. O povo tem o privilégio de ouvir esse tipo de ensino dos púlpitos populares; mas os servos de Deus, a quem Ele confiou uma solene e temível mensagem que deve preparar o povo para a vinda de Cristo, precisam dar um testemunho claro e direto. Nossa verdade é muito mais solene do que a dos professos nominais, "assim como os céus são mais altos do que a Terra". Isaías 55:9. T1 249 1 O povo encontra-se adormecido em seus pecados e precisa ser alertado antes que possa sacudir de si essa indiferença. Seus pastores têm pregado coisas suaves; mas os servos de Deus que possuem verdades sagradas e vitais, devem clamar em alta voz e nada reter, para que a verdade possa rasgar as vestes da falsa segurança e achar seu caminho para o coração. O testemunho direto que deveria ter sido dado às pessoas em _____, foi evitado pelos pastores; a semente da verdade "caiu entre espinhos" (Lucas 8:14) e ficou sufocada. As fraquezas malignas floresceram em alguns, e as graças divinas morreram. T1 249 2 Os servos de Deus têm de apresentar um testemunho direto, que penetre o coração natural e revele o caráter. Os irmãos N e O reprimiram completamente os servos Deus enquanto se achavam em _____. Tal pregação como houve ali jamais fará o trabalho que Deus lhe designou. Os pastores das igrejas nominais usam de muita bajulação, e ocultam as penetrantes verdades que repreendem o pecado. T1 249 3 A menos que as pessoas abracem a mensagem corretamente e seu coração esteja preparado para recebê-la, fariam melhor deixando-a em paz. O Senhor me revelou que a igreja de _____ precisa obter experiência, mas que isso lhe seria mais difícil agora, do que se houvesse aceitado o testemunho direto a ela dado, quando a princípio descobriu que estava em erro. Então os espinhos teriam sido mais facilmente arrancados. No entanto, vi que havia homens de valor moral em _____, alguns que ainda serão testados pela verdade presente. Se a igreja despertar e converter-se, o Senhor Se volverá para eles e lhe dará Seu Espírito. Então sua influência falará em favor da verdade. ------------------------Capítulo 51 -- A causa no oeste T1 250 1 Vi que os homens dignos que abraçaram a verdade no Oeste, ainda serão os pilares da causa. Quando puserem seus negócios temporais sob condições em que possam usar parte dos meios, terão feito sua parte em sustentar a causa. Vi também que alguns estavam dispostos a receber a verdade a eles trazida graças à liberalidade dos irmãos do Leste, sem que lhes custasse nada. Os irmãos do Oeste devem despertar e assumir as despesas de seus Estados. Deus requer isso de suas mãos e eles devem sentir ser um privilégio fazerem assim. O Senhor os provará para ver se retirarão suas afeições do mundo e aperfeiçoarão a fé através das obras. T1 250 2 Vi que a mão de Deus está estendida para recolher pessoas no Oeste. Ele tem trazido homens que podem ensinar a verdade a outros, cujo dever será levar a mensagem a novos campos. Vi que se os homens que se mudaram do Leste para o Oeste, e suportaram as dificuldades de adaptação a novas regiões, receberem a verdade presente compreensivamente, manifestarão perseverança e firme decisão com respeito à verdade, de modo semelhante àquela demonstrada no garantir posses temporais, e se ocuparão alegremente da missão de fazer avançar a verdade. Se falta esse zelo, a verdade ainda não exerceu sua salvadora e santificadora influência sobre eles. T1 250 3 Foi-me mostrada uma reunião em _____. O irmão P sentia responsabilidade pela causa, mas R nutria espírito de oposição. Seu testemunho não estava em harmonia com a obra de Deus, e produziu tristeza e dificuldade nos que estavam trabalhando para o seu avanço. Mas, teria sido melhor para a causa se os irmãos o houvessem suportado por um tempo mais longo e tolerado a confusão que ele causou. Vi que o irmão P não agiu sabiamente em seu caso. Ele concedeu vantagem a R e aos inimigos de nossa fé. O irmão P deveria ter esperado até que o caráter religioso de R se desenvolvesse mais completamente. Ele logo se teria unido ao povo remanescente de Deus ou se separado dele. Mas R obteve a simpatia por causa de sua idade. Ele tinha participado do espírito do grupo do Messenger, e toda a sua conduta foi obscurecida por isso. Sua esposa tem um espírito amargo e irritável, e tem sido muito ativa em espalhar boatos. Ela desempenha, junto a seu marido, o mesmo papel de Jezabel com Acabe, incitando-o a lutar contra os servos de Deus que sustentam o testemunho direto. T1 251 1 Pela influência deles, o Leste pôs-se decididamente contra o espírito da verdade, contra aqueles que devotaram a vida ao trabalho de fazê-la progredir. Há uma classe, no Leste, que professa crer na verdade, mas que nutre sentimentos secretos de insatisfação contra os que levam as cargas desse trabalho. Seus verdadeiros sentimentos não aparecem até que surja uma influência oposta ao trabalho de Deus, então eles manifestam seu verdadeiro caráter. Esses prontamente recebem, apreciam e fazem circular boatos sem qualquer fundamento de verdade, para destruir a influência dos que estão empenhados neste trabalho. Todos os que desejarem abandonar a congregação, terão oportunidade. Algo surgirá para provar a todos. O grande tempo do peneiramento está justamente diante de nós. Os ciumentos e os descobridores de faltas, que praticam o mal serão sacudidos para fora. Eles odeiam a reprovação e menosprezam a correção. Aqueles que amam o espírito da mensagem do terceiro anjo, não podem ter nenhuma união com o espírito de R e de sua esposa. ------------------------Capítulo 52 -- Uma pergunta respondida T1 251 2 A pergunta freqüentemente formulada pelos que estão sob a influência de meus inimigos é: "Está a irmã White ficando orgulhosa? Ouvi que ela usou uma touca cheia de laços e fitas." Espero não estar ficando orgulhosa. Minha maneira de vestir tem sido a mesma por muitos anos. Sou contrária ao uso de saias-balão, e usos desnecessários de laços e fitas. Usei uma touca de veludo por dois anos, sem mudança de cordões, exceto para lavá-los com sabão e água. Coloquei o mesmo veludo numa armação nova e a estou usando novamente neste inverno. Creio que os guardadores do sábado devem vestir-se modestamente e com economia. Quem quiser falar, falará, embora não lhe demos nenhuma ocasião. Não espero satisfazer cada gosto com respeito ao vestuário, mas acredito que é meu dever usar roupa durável, vestir-me de maneira decente e ordenada, e seguir meu próprio gosto desde que ele não discorde da Palavra de Deus. ------------------------Capítulo 53 -- O norte e o sul T1 253 2 No dia 4 de Janeiro de 1862, foram-me mostradas algumas coisas com respeito à nossa nação. Minha atenção foi chamada para a rebelião sulista. O Sul tinha se preparado para um conflito feroz, enquanto o Norte estava inconsciente de suas verdadeiras intenções. Antes de iniciar-se o governo do Presidente Lincoln, o Sul estava em grande vantagem. O governo anterior planejou e administrou em benefício do Sul, para roubar do Norte seus materiais bélicos. Eles tinham dois objetivos em vista: 1. Estavam pretendendo fazer uma rebelião, e precisavam preparar-se para isso. 2. Quando se rebelassem, o Norte estaria completamente despreparado. Assim ganhariam tempo, e por suas violentas ameaças e conduta implacável, pensavam que podiam intimidar o Norte que seria forçado a render-se, e deixá-los fazer tudo a seu modo. T1 254 3 O Norte não conseguiu perceber o ódio amargo e terrível do Sul, e estava desprevenido contra sua furtiva conspiração. O Norte havia-se gabado de seu poder e ridicularizou a idéia de o Sul deixar a União. Eles consideraram essa intenção como ameaças de uma criança voluntariosa e obstinada, pensando que o Sul reconsiderasse a questão e perdesse a disposição de deixar a União; que voltasse com humildes desculpas à fidelidade anterior. O Norte não tinha idéia do poder do sistema escravista. É isso, e isso tão-somente, que se encontra nos fundamentos da guerra. O Sul tem extorquido cada vez mais. Eles consideram perfeitamente legal se envolverem em tráfico humano, em negociar os escravos e a vida dos homens. Ficam aborrecidos e exasperados se não podem reivindicar todo o território que desejam. Eles demoliriam as fronteiras e levariam seus escravos a qualquer ponto que desejassem, amaldiçoando o solo com o trabalho escravo. A linguagem do Sul tem sido autoritária, e o Norte não tomou as medidas necessárias para fazê-lo silenciar. T1 254 1 A rebelião foi preparada tão cuidadosa e sorrateiramente, que muitos, que no princípio ficaram horrorizados com o pensamento de rebelião, foram influenciados pelos rebeldes a olharem-na como justa e correta. Milhares se uniram à Confederação Sulista, o que não aconteceria se houvessem sido tomadas medidas acertadas pelo governo no período inicial da rebelião, mesmo que estivessem então despreparados para a guerra. O Norte tem se preparado desde então para o conflito, mas a rebelião aumenta continuamente, e não há agora melhor perspectiva de reprimi-la do que há vários meses atrás. Milhares perderam a vida e muitos voltaram para casa mutilados e incapacitados para a vida, com a saúde abalada e as perspectivas terrenas para sempre destruídas. E quão pouco ganharam! Milhares foram induzidos a alistar-se com a idéia de que essa guerra era para eliminar a escravidão. Agora, porém, vêem que foram enganados e que o objetivo desta guerra não é abolir a escravidão, mas preservá-la exatamente como é. T1 254 2 Os que se aventuraram a deixar suas casas e sacrificar a vida para banir a escravidão, estão insatisfeitos. Eles não vêem nenhum resultado positivo nesta guerra, senão a preservação da União, e para isso milhares de vidas foram sacrificados e desolados os lares. Grande número de pessoas definhou e expirou em hospitais; outros foram levados prisioneiros pelos rebeldes, um destino mais temível do que a morte. Em vista de tudo isso, perguntam: Se tivermos sucesso em reprimir essa rebelião, o que se ganhará? Eles podem apenas responder abatidos: Nada! Aquilo que causou a rebelião não foi eliminado. O sistema escravista, que arruinou nossa nação, permanece vivo e incita outra rebelião. Os sentimentos de milhares de nossos soldados são dolorosos. Eles sofreram as maiores privações, as quais suportariam de boa vontade, mas descobriram que foram enganados e estão deprimidos. Nossos governantes estão perplexos; seu coração paralisado de medo. Eles temem proclamar liberdade para os escravos dos rebeldes, pois assim fazendo irritarão aquela área do Sul que não se uniu à rebelião, mas em cujo território é forte o sentimento escravista. Estão também receosos da influência de eminentes homens que estão em postos de responsabilidade e sustentam uma postura antiescravista. Receiam os efeitos de uma audaciosa e decidida decisão, porque isso atiçaria como uma chama o forte desejo de milhares de eliminar a causa dessa terrível rebelião, deixando "livres os oprimidos e" despedaçando "todo jugo". Isaías 58:6. T1 255 1 Muitos dos que estão em postos de comando, que ocupam cargos de responsabilidade, têm pouca consciência ou nobreza de caráter; eles podem exercer sua autoridade, até mesmo para a destruição dos que lhe estão sob as ordens. Isso é ignorado. Estes comandantes podem abusar do poder a eles dado, e fazer com que seus subordinados ocupem posições perigosas, onde estariam expostos a encontros fatais com os rebeldes, sem a menor esperança de vencê-los. Assim podem desfazer-se de homens corajosos, a exemplo do que Davi fez com Urias. 2 Samuel 11:14, 15. T1 255 2 Para se livrarem da forte influência antiescravista de homens valorosos, estes foram sacrificados. Alguns deles, de quem o Norte muito necessita nestes tempos críticos, e cujos serviços seriam do mais alto valor, não mais existem. Foram temerariamente sacrificados. As perspectivas de nosso país são desanimadoras, pois há aqueles que estão em postos de responsabilidade e que são rebeldes de coração. Há oficiais no comando que nutrem simpatia pelos rebeldes. Se bem que desejosos de preservar a União, desprezam os que são contrários à escravidão. Muitos dos que compõem os exércitos também partilham desses sentimentos; são tão opostos uns aos outros, que nenhuma união verdadeira existe em muitos regimentos. T1 256 1 Do modo como essa guerra me foi mostrada, parecia a mais incerta e estranha jamais ocorrida. Grande parte dos voluntários alistados criam plenamente que o resultado da guerra seria a abolição da escravatura. Outros se alistaram pretendendo manter a escravatura como está, mas dominar a rebelião e preservar a União. E então, para tornar a questão ainda mais desconcertante e duvidosa, alguns oficiais no comando são escravistas convictos, e manifestam simpatia pela causa do Sul, contudo, opõem-se a um governo independente. Parece impossível conduzir a guerra com sucesso, pois muitos de nossas próprias fileiras estão trabalhando continuamente em favor do Sul, e nossos soldados têm sido repelidos e impiedosamente mortos, por conta da administração desses partidários da escravidão. Alguns de nossos representantes no Congresso também trabalham para favorecer o Sul. Nesse estado de coisas, são emitidas proclamações para jejuns nacionais, a fim de orarem para que Deus conduza essa guerra a um final rápido e favorável. Fui dirigida a Isaías 58:5-7: "Seria este o jejum que Eu escolheria: que o homem um dia aflija a sua alma, que incline a sua cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco grosseiro e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aprazível ao Senhor? Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo, e que deixes livres os quebrantados, e que despedaces todo jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto e recolhas em casa os pobres desterrados? E, vendo-o nu, o cubras e não te escondas daquele que é da tua carne?" T1 257 1 Vi que esses jejuns nacionais eram um insulto a Jeová. Ele não aceita tal jejum. O anjo relator escreve com respeito a eles: "Eis que, para contendas e debates, jejuais e para dardes punhadas impiamente." Isaías 58:4. Foi-me mostrado como nossos principais dirigentes trataram os pobres escravos que vieram a eles em busca de proteção. Os anjos registraram esse fato. Em vez de quebrar-lhes o jugo e deixarem livres os oprimidos, esses homens tornaram-lhes o jugo mais torturante do que quando a serviço dos seus tirânicos senhores. O amor pela liberdade levou esses pobres escravos a deixarem seus senhores e arriscarem a vida para obter a liberdade. Eles nunca se aventurariam a deixar seus amos e se exporem às dificuldades e horrores de uma possível recaptura, se não tivessem forte apego à liberdade, assim como acontece conosco. Os fugitivos escravos suportaram sofrimentos indizíveis e perigos para obter sua liberdade, e sua última esperança, com o amor pela liberdade ardendo no peito, solicitaram proteção de nosso governo. Sua confiança, porém, foi tratada com extremo desprezo. Muitos deles foram cruelmente tratados porque cometeram o crime de buscar a liberdade. Grandes homens, professando ter coração bondoso, viram os escravos quase desnudos e famintos, e os maltrataram mandando-os de volta aos cruéis senhores e à escravidão sem esperança, para sofrerem impiedoso tratamento por ousarem buscar a sua liberdade. Alguns desses infelizes foram lançados em insalubres masmorras, sem que ninguém se importasse se iriam viver ou morrer. Impediam-nos da liberdade e do ar livre que o Céu nunca lhes negou, deixando-os sofrer por falta de alimento e vestes. Devido a tudo isso é proclamado um jejum nacional! Oh, que insulto a Jeová! O Senhor disse pela boca de Isaías 58:2: "Todavia, Me procuram cada dia, tomam prazer em saber os Meus caminhos; como povo que pratica a justiça e não deixa o direito do seu Deus." T1 258 1 Os escravos que escaparam ouviram seus senhores dizer que os homens do Norte queriam ficar com eles para maltratá-los cruelmente; que os abolicionistas os tratariam pior do que eles os trataram enquanto eram escravos. Toda sorte de histórias terríveis foram repetidas aos seus ouvidos, para fazê-los detestar o Norte. Eles tinham idéias confusas acerca do que os nortistas sentiam por suas queixas, mas que fariam esforços para ajudá-los. Essa foi a única luz que raiou sobre sua angustiante e sombria escravidão. O modo como esses pobres escravos foram tratados fê-los crer que seus senhores lhes haviam dito a verdade. E ainda é proclamado um jejum nacional! Disse o Senhor: "Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo, e que deixes livres os quebrantados, e que despedaces todo jugo?" Isaías 58:6. Quando nosso país observar o jejum que Deus escolheu, então Ele aceitará suas orações, até com relação à guerra; mas agora elas não entram em Seus ouvidos. Deus Se afasta deles; sente-Se ofendido. É por fazerem assim, desfazendo as ataduras da servidão e quebrando todo jugo, que alguns são criticados e removidos de seus cargos, e sua vida lesada por aqueles que "para contendas e debates" jejuam e para darem "punhadas impiamente". Isaías 58:4. T1 258 2 Foi-me mostrado que se o objetivo dessa guerra tivesse sido eliminar a escravidão, se o Norte o desejasse, a Inglaterra se disporia a ajudar. Mas a Inglaterra bem sabe das intenções existentes no governo; e que a guerra não é para acabar com a escravidão, mas somente preservar a União, o que não é de seu interesse. Nosso governo tem sido muito orgulhoso e independente. O povo deste país exaltou-se até o céu e olhou para baixo, aos governos monárquicos, e jactou-se de sua liberdade, enquanto que a escravidão, que era mil vezes pior do que a tirania exercida pelas monarquias, foi tolerada e alimentada.. Nesta terra de luz se aprecia um sistema que permite que uma parte da família humana escravize outra, rebaixando milhões de seres humanos ao nível dos animais. Esse pecado não é encontrado mesmo em terras pagãs. T1 259 1 Disse o anjo: "Ouçam, ó Céus, o clamor dos oprimidos, e recompensem duplamente os opressores por seus feitos." Esta nação ainda será humilhada até o pó. A Inglaterra está estudando se é melhor tirar proveito da presente condição do país, guerreando contra ele. Examina a questão e sonda outras nações. Teme que, se ela iniciar uma guerra no Exterior, enfraquecer-se-ia e outras nações poderiam tirar proveito da situação. Outros países estão fazendo preparativos silenciosos, todavia diligentes, para a luta armada e esperando que a Inglaterra combata os Estados Unidos, para então terem a oportunidade de vingar-se da exploração e injustiças de que foram vítimas no passado. Uma parte dos países sujeitos à rainha, está esperando por uma chance favorável para quebrar seu jugo; mas se a Inglaterra pensar que isso valerá a pena, não vacilará um momento para aumentar as chances de exercer o poder e humilhar nosso país. Quando a Inglaterra declarar guerra, todas as nações terão interesses próprios a atender, haverá guerra e confusão totais. A Inglaterra está familiarizada com a diversidade de sentimentos havidos por aqueles que estão buscando acabar com a rebelião. Ela bem sabe das perplexas condições de nosso governo e olha com expectativa ao prosseguimento da guerra, para a movimentação lenta e ineficiente de nossos exércitos e as nocivas despesas acarretadas ao país. A fraqueza de nosso governo está patente às outras nações, e elas concluem que isso se deve ao regime não-monárquico de governo, e ficam admiradas com seu sistema político, umas olhando-nos com certa piedade, outras com desprezo, a nós, a quem eles consideravam a nação mais poderosa do planeta. Se o país tivesse permanecido unido, seria forte, mas dividido, tem de desmoronar-se. ------------------------Capítulo 54 -- A grande angústia vindoura T1 260 1 Vi na Terra maior aflição do que nunca testemunhamos. Ouvi gemidos e gritos de aflição, e vi grandes grupos em diligente batalha. Ouvi o troar do canhão, o retinir das armas, a luta corpo-a-corpo, e os gemidos e orações dos moribundos. O campo estava coberto de feridos e cadáveres. Vi famílias desoladas, em desespero, e opressiva necessidade em muitas habitações. Mesmo agora, muitas famílias estão sofrendo privações, mas isto aumentará. O rosto de muitos estava abatido, pálido e desfigurado pela fome. T1 260 2 Vi que o povo de Deus deve estar estreitamente unido pelos laços da comunhão e do amor cristãos. Unicamente Deus pode ser nosso escudo e fortaleza nesse tempo de calamidades nacionais. O povo de Deus deve despertar. Suas oportunidades de disseminar a verdade devem ser melhor aproveitadas, pois não durarão muito. Foram-me mostradas aflições e perplexidade e fome na Terra. Satanás está agora procurando manter o povo de Deus em um estado de inatividade, para os impedir de desempenhar sua parte na propagação da verdade, a fim de que sejam afinal pesados na balança e encontrados em falta. T1 260 3 O povo de Deus deve acatar a advertência e discernir os sinais dos tempos. Os sinais da vinda de Cristo são demasiado claros para deles se duvidar; e em vista destas coisas, todo aquele que professa a verdade deve ser um pregador vivo. Deus chama a todos, tanto os pregadores como o povo, para que despertem. Todo o Céu está alerta. As cenas da história terrestre estão em rápido desfecho. Achamo-nos entre os perigos dos últimos dias. Maiores perigos se encontram diante de nós, e ainda não estamos despertos. Esta falta de atividade e fervor na causa de Deus, é terrível. Este mortal torpor vem de Satanás. Ele controla a mente dos não consagrados observadores do sábado, levando-os a terem inveja uns dos outros, a criticar, a serem reprovadores. É sua obra especial dividir os corações, para que a influência, a força e o trabalho dos servos de Deus se mantenham entre não consagrados observadores do sábado, e seu precioso tempo seja ocupado em ajustar pequenas desinteligências, quando devia ser empregado em proclamar a verdade aos incrédulos. T1 261 1 Foi-me mostrado o povo de Deus esperando que ocorresse alguma mudança -- que um compulsivo poder deles se apoderasse. Mas ficarão decepcionados, pois estão em erro. Precisam agir; precisam lançar por si mesmos mãos ao trabalho, e clamar fervorosamente a Deus por um genuíno conhecimento de si próprios. As cenas que estão passando diante de nós, são de magnitude suficiente a fazer-nos despertar, levando insistentemente a verdade ao coração de todos os que quiserem escutar. A seara da Terra está quase madura. T1 261 2 Foi-me mostrado quão importante é que sejam retos os pastores que se empenham nesta obra de responsabilidade solene, que é proclamar a terceira mensagem angélica. O Senhor não está limitado por causa de meios ou instrumentos com que realizar Sua obra. Ele pode falar em qualquer tempo, por intermédio de quem Lhe aprouver, e Sua palavra é poderosa, e cumprirá aquilo para que foi enviada. Mas se a verdade não tiver santificado, tornado puros e limpos as mãos e o coração daquele que ministra nas coisas santas, ele é capaz de falar segundo a própria e imperfeita experiência; e quando ele fala de si mesmo, segundo as decisões do próprio juízo não santificado, o conselho que dele procede então não é de Deus, mas dele próprio. Como o que é chamado por Deus é chamado para ser santo, assim aquele que é aprovado e separado dentre os homens deve dar testemunho de sua santa vocação, e mostrar por suas palavras e conduta que é fiel Àquele que o chamou. T1 261 3 Terríveis ais aguardam os que pregam a verdade, mas não são por ela santificados, e também os que consentem em receber e manter os não santificados para lhes ministrar por palavra e doutrina. Sinto-me alarmada pelo povo de Deus, o qual professa crer em solene e importante verdade; pois sei que muitos deles não se acham convertidos nem santificados por ela. Os homens podem ouvir e reconhecer toda a verdade, sem todavia conhecer coisa alguma do poder da piedade. Nem todos os que pregam a verdade, serão salvos por ela. Disse o anjo: "Purificai-vos, os que levais os vasos do Senhor." Isaías 52:11. T1 262 1 É chegado o tempo em que os que escolhem ao Senhor como sua presente e futura porção, devem confiar unicamente nEle. Todos quantos professam piedade devem possuir uma experiência individual. O anjo relator está fazendo um registro fiel das palavras e atos do povo de Deus. Os anjos estão observando o desenvolvimento do caráter, e pesando o valor moral. Os que professam crer na verdade devem ser, eles mesmos, justos, e exercer toda a sua influência para esclarecer e ganhar outros para a verdade. Suas palavras e obras são o meio através do qual são transmitidos ao mundo os puros princípios da verdade e da santidade. Eles são o sal da Terra, e a sua luz. Vi que olhando rumo ao Céu, veremos luz e paz; olhando, porém, ao mundo, verificaremos que todo o refúgio nos há de faltar em breve, e todo o bem brevemente passará. Não há para nós socorro senão em Deus; neste estado de confusão da Terra, só nos é possível estar serenos, fortes, ou seguros, no poder de uma fé viva; nem podemos estar em paz, a não ser que descansemos em Deus e esperemos em Sua salvação. Incide sobre nós maior luz do que brilhou sobre nossos pais. Não podemos ser aceitos ou honrados por Deus prestando o mesmo serviço, ou fazendo as mesmas obras que nossos pais. A fim de ser aceitos e abençoados por Deus como eles foram, cumpre-nos imitar sua fidelidade e seu zelo, aperfeiçoar nossa luz como eles fizeram à sua e fazer como eles teriam feito caso vivessem em nossos dias. Cumpre-nos viver segundo a luz que brilha sobre nós, do contrário, essa luz tornar-se-á em trevas. Deus requer de nós que manifestemos ao mundo, no caráter e nas obras a medida do espírito de união e unidade proporcional às sagradas verdades que professamos, e ao espírito das profecias que se estão cumprindo nestes últimos dias. A verdade que atingiu nosso entendimento e a luz que nos incidiu sobre a mente nos julgará e condenará, caso dela nos desviemos e recusemos ser por ela guiados. T1 263 1 Que direi a fim de despertar o povo remanescente de Deus? Foi-me mostrado que estão diante de nós terríveis cenas; Satanás e seus anjos estão reunindo todas as suas forças para oprimir o povo de Deus. Sabe que, se eles dormirem um pouco mais, está seguro quanto a eles, pois é certa sua destruição. Advirto a todos os que professam o nome de Cristo a que se examinem rigorosamente, e façam plena e cabal confissão de todos os seus erros, a fim de que os mesmos vão antecipadamente a juízo, e o anjo relator possa escrever ao lado de seus nomes o perdão. Meu irmão, minha irmã, caso estes preciosos momentos de misericórdia não sejam aproveitados, vocês serão deixados sem desculpa. Se não fizerem especial esforço para despertar, se não manifestarem zelo em arrepender-se, esses áureos momentos em breve passarão, e vocês serão pesados na balança e achados em falta. Então de nada hão de aproveitar seus brados de angústia. Aí se aplicarão as palavras do Senhor: "Mas, porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a Minha mão, e não houve quem desse atenção; antes rejeitastes todo o Meu conselho, e não quisestes a Minha repreensão; também Eu Me rirei na vossa perdição, e zombarei, vindo o vosso temor. Vindo como assolação o vosso temor, e vindo a vossa perdição como tormenta, sobrevindo-vos aperto e angústia, então a Mim clamarão, mas Eu não responderei; de madrugada Me buscarão, mas não Me acharão. Porquanto aborreceram o conhecimento; e não preferiram o temor do Senhor; não quiseram o Meu conselho, e desprezaram toda a Minha repreensão. Portanto comerão do fruto do seu caminho, e fartar-se-ão dos seus próprios conselhos. Porque o desvio dos simples os matará, e a prosperidade dos loucos os destruirá. Mas o que Me der ouvidos habitará seguramente, e estará descansado do temor do mal." Provérbios 1:24-33. ------------------------Capítulo 55 -- Escravidão e guerra T1 264 1 Deus está punindo esta nação pelo hediondo crime da escravidão. Ele tem o destino da nação em Suas mãos. Punirá o Sul pelo pecado da escravidão, e o Norte por tolerar tão longamente sua influência arrogante e extensa. T1 264 2 Na reunião em Roosevelt, Nova Iorque, no dia 3 de Agosto de 1861, quando os irmãos e irmãs estavam reunidos no dia estabelecido para jejum, humilhação e oração, o Espírito do Senhor repousou sobre mim e fui tomada em visão. Mostrou-se-me o pecado da escravidão, que tem sido de há muito uma maldição ao país. A lei contra fugas de escravos foi preparada para extinguir no coração de cada homem, os nobres sentimentos de simpatia pelos sofredores e oprimidos escravos. Isso está em direta oposição aos ensinos de Cristo. A punição divina está agora sobre o Norte, porque eles têm tolerado os avanços do poder escravista. O pecado dos escravistas do Norte é muito grande. Eles têm fortalecido o Sul em seu pecado, sancionando a extensão da escravatura e feito muito para levar o país até sua presente e angustiosa condição. T1 264 3 Foi-me mostrado que muitos não compreendem a extensão do mal que tem vindo sobre nós. Eles se têm gabado de que os problemas nacionais logo serão resolvidos e a confusão e a guerra findarão. Contudo, todos ficarão convencidos de que o assunto é mais grave do que pensam. Muitos esperavam que o Norte aplicasse um golpe e desse fim ao conflito. T1 264 4 Vi o antigo Israel enquanto escravo no Egito. O Senhor atuou através de Moisés e Arão para livrá-lo. Os milagres foram realizados diante de Faraó, para convencê-lo de que aqueles homens tinham sido especialmente enviados por Deus para fazê-lo deixar sair Israel. Mas o coração de Faraó estava endurecido contra os mensageiros de Deus, e questionou os milagres por eles realizados. Então os egípcios experimentaram os juízos de Deus. Eles foram visitados com pragas e, enquanto sofriam sob seus efeitos, Faraó concordava em deixar Israel ir. Mas tão logo o sofrimento era aliviado, seu coração obstinava-se. Os conselheiros da corte e os homens poderosos também resistiam a Deus e se esforçavam em explicar as pragas como o resultado de causas naturais. Cada visitação de Deus era mais severa do que a precedente, todavia, eles não libertaram os filhos de Israel, até que o anjo do Senhor matou os primogênitos dos egípcios. Desde o rei sobre o trono até o mais humilde, todos estavam se lamentando e chorando. Então Faraó ordenou que Israel fosse. Mas após os egípcios terem sepultado seus mortos, ele se arrependeu de ter permitido a saída de Israel. Seus conselheiros e homens poderosos tentaram achar justificativa para seu luto. Não admitiam que a visitação ou julgamento provinha de Deus e, portanto, perseguiram os filhos de Israel. T1 265 1 Quando os israelitas viram o exército egípcio em perseguição, com cavalos e carros e equipados para a guerra, o coração deles desfaleceu. O Mar Vermelho adiante e o exército egípcio atrás. Não podiam divisar um meio de escape. Um grito de triunfo irrompeu dentre os egípcios ao encontrarem Israel completamente em seu poder. Os israelitas estavam muito aterrorizados. Mas o Senhor mandou que Moisés ordenasse o avanço de Israel, erguesse seu cajado e estendesse a mão sobre o mar, dividindo-o. Ele assim o fez e eis que o mar se dividiu e os filhos de Israel passaram em seco. Faraó havia por tanto tempo resistido a Deus e endurecido o coração contra Suas poderosas e maravilhosas obras, que em sua cegueira avançou pelo caminho miraculosamente preparado por Deus para Seu povo. Novamente foi ordenado que Moisés estendesse a mão sobre o mar "e o mar retomou a sua força" (Êxodo 14:27), e as águas cobriram o exército egípcio, afogando-o. T1 266 1 Essa cena me foi apresentada para ilustrar o amor egoísta da escravatura, e as desesperadas medidas que o Sul adotaria para conservá-la, e ainda a terrível extensão a que chegariam, antes que se rendessem. O sistema escravista tem degradado e humilhado seres humanos ao nível dos animais, e a maioria dos senhores de escravos os considera como tais. A consciência desses senhores tornou-se cauterizada e endurecida, como a de Faraó; e se compelidos a libertar seus escravos, farão com que esses sintam tanto quanto possível seu poder opressor. Parece-me uma impossibilidade que a escravidão possa ser eliminada. Somente Deus pode arrancar o escravo das mãos de seus violentos e implacáveis opressores. Todo abuso e crueldade exercidos contra os escravos são com justiça atribuídos aos mantenedores desse sistema, quer sejam do Sul quer do Norte. T1 266 2 O Norte e o Sul me foram mostrados. O Norte tem estado enganado com respeito ao Sul. Os sulistas estão melhor preparados para a guerra do que parecem. A maioria de seus homens são habilidosos no uso dos armamentos, alguns deles soldados experimentados nas batalhas, outros, habituados a esportes. Eles superam o Norte neste ponto, mas não possuem, como regra geral, a bravura e a resistência dos homens do Norte. T1 266 3 Tive uma visão da trágica batalha de Manassas, na Virgínia. Foi a mais sangrenta e angustiante cena. O exército do Sul tinha tudo a seu favor e estava preparado para o terrível combate. O exército do Norte estava se movendo com triunfo, em nada duvidando de sua vitória. Muitos estavam descuidados e marchavam adiante orgulhosamente, como se a vitória já fosse sua. Quando se aproximavam do campo de batalha, muitos estavam quase desmaiando de cansaço e necessitando de imediato repouso. Eles não esperavam um combate tão feroz. Foram para a peleja e lutaram brava e intensamente. Havia mortos e moribundos de ambas as partes. Norte e Sul sofreram severamente. Os sulistas sentiram o ardor da batalha e fizeram um pequeno recuo. Os homens do Norte investiram sobre o inimigo, embora as baixas fossem grandes. Subitamente, um anjo desceu e agitou a mão. Instantaneamente houve confusão nas fileiras. Parecia aos nortistas que suas tropas estavam batendo em retirada, quando, na realidade, não era assim; começaram, então, uma precipitada fuga. Isto me pareceu maravilhoso. T1 267 1 Foi então revelado que Deus tinha esta nação em Suas mãos, e não desejava que as vitórias fossem obtidas mais rapidamente do que Ele permitisse, e não consentiria que os nortistas sofressem mais baixas que o necessário, conforme Sua sabedoria determinasse, para puni-los por seus pecados. Houvesse o exército do Norte, nesse tempo, se esforçado além de sua desfalecente e debilitada condição, o tremendo esforço e a destruição que os esperavam, teria proporcionado grande triunfo ao Sul. Deus não permitiria isso, e enviou um anjo para interferir. O súbito recuo das forças do Norte tem sido um mistério a todos. Eles não sabem que a mão de Deus se fez presente. T1 267 2 A destruição do exército sulista foi tão grande que eles não tiveram do que se gabar. A visão dos mortos, moribundos e feridos, deu-lhes pouca coragem para exultar. Essa destruição, acontecida quando eles tinham toda vantagem sobre o Norte, causou-lhes grande perplexidade. Eles sabiam que se o Norte tivesse chances iguais às deles, a vitória certamente seria do Norte. Sua única esperança era ocupar posições de difícil acesso, e então lançar ataques destruidores de todos os lados. T1 267 3 O Sul fortaleceu-se muito desde o começo da rebelião. Se medidas efetivas houvessem sido tomadas pelo Norte, a rebelião teria sido rapidamente esmagada. Mas essa, que era pequena a princípio, cresceu em força e número até tornar-se poderosa. Outras nações estão observando atentamente os Estados Unidos, com que propósito, eu não fui informada, e estão fazendo grandes preparativos para algum acontecimento. Há agora entre nossos dirigentes grande perplexidade e ansiedade. Escravocratas e traidores acham-se em seu meio, e enquanto se declaram favoráveis à União, exercem influência na tomada de decisões, algumas das quais em prol do Sul. T1 268 1 Foram-me mostrados os habitantes da Terra na maior confusão. Guerra, derramamento de sangue, privações, necessidades, fome e pestilência estavam por toda parte. À medida que estas coisas iam envolvendo o povo de Deus, eles começaram a unir-se, e a pôr de lado suas pequenas dificuldades. A dignidade própria não mais os controlava; profunda humildade tomou o seu lugar. O sofrimento, a perplexidade e a privação fizeram com que a razão fosse de novo entronizada, e os homens violentos e irrazoáveis se tornassem sãos, e agissem com discrição e sabedoria. T1 268 2 Minha atenção foi então desviada da cena. Parecia haver um pequeno tempo de paz. Mais uma vez os habitantes da Terra me foram apresentados; e novamente tudo se achava na maior confusão. Lutas, guerras e derramamento de sangue juntamente com fome e peste imperavam por toda parte. Outras nações se achavam empenhadas nesta luta e confusão. A guerra ocasionou a fome. A miséria e o derramamento de sangue deram lugar à pestilência. E então o coração dos homens desmaiou de terror, "na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo". Lucas 21:26. ------------------------Capítulo 56 -- Tempos perigosos T1 268 3 O mundo incrédulo logo terá algo para pensar além de vestuário e aparência; e quando sua mente for tirada dessas coisas pela angústia e perplexidade, não terão para onde se voltar. Eles não são "prisioneiros de esperança" (Zacarias 9:12 e), portanto, não se voltam para a Fortaleza. Seu coração definhará pela queixa e temor. Não fizeram de Deus seu refúgio, e Ele não lhes será o consolador, mas Se rirá de sua calamidade e zombará quando o temor lhes sobrevier. Provérbios 1:26. Menosprezaram e pisotearam as verdades da Palavra de Deus. Condescenderam com vestuário extravagante e gastaram a vida em divertimentos e prazeres. "Semearam ventos e segarão tormentas." Oséias 8:7. No tempo de angústia e perplexidade das nações, haverá muitos que não se entregaram inteiramente às influências corruptoras do mundo e ao serviço de Satanás, os quais se humilharão perante Deus, e a Ele se volverão de todo o coração, e serão aceitos e perdoados. T1 269 1 Aqueles entre os observadores do sábado que têm estado indispostos a fazer algum sacrifício, mas se renderam à influência do mundo, serão testados e provados. Os perigos dos últimos dias estão sobre nós, e sobre os jovens uma tentação a qual não esperam. Eles enfrentarão a mais aflitiva perplexidade. A genuinidade de sua fé será provada. Professam estar aguardando a vinda do Filho do homem, todavia, alguns deles têm sido um infeliz exemplo aos descrentes. Não estão dispostos a abandonar o mundo, mas com eles se unem. Têm participado de piqueniques e outras reuniões de prazer, lisonjeando-se de que estão envolvidos com divertimentos inocentes. Foi-me revelado que são justamente tais transigências que os têm separado de Deus, e os tornado filhos do mundo. Deus não considera o amante de prazeres como Seu seguidor. Ele não nos deu tal exemplo. Somente aqueles que se negam a si mesmos e vivem com sobriedade, humildade e santidade, são os verdadeiros seguidores de Jesus. E esses não podem envolver-se em frívola e vazia conversação com os amantes do mundo. T1 269 2 O dia da terrível angústia está diante de nós. Revelou-se-me que os testemunhos diretos devem ser dados, e que aqueles que vão em auxílio do Senhor receberão Sua bênção. Mas os observadores do sábado têm uma obra a fazer. Foi-me mostrado que as saias-balão são uma abominação, e a influência de todo observador do sábado deve ser uma repreensão a esta moda ridícula, que têm sido uma mostra de iniqüidade e que surgiu de uma casa de má fama em Paris. Foram-me mostradas mulheres que menosprezarão a instrução, mesmo que ela venha do Céu. Inventarão alguma desculpa para evitar o testemunho direto, e em desafio de toda a luz dada usarão saias-balão porque é moda, correndo o risco das conseqüências. T1 270 1 Foi-me apresentada a profecia de Isaías 3 como se aplicando a estes últimos dias; e suas reprovações são feitas às filhas de Sião que só pensam em aparência e exibição. Leia o verso 25: "Teus varões cairão à espada, e teus valentes, na peleja." Isaías 3:25. Vi que essa escritura será estritamente cumprida. Rapazes e moças professando ser cristãos, todavia sem nenhuma experiência cristã e não tendo suportado nenhum fardo e nem sentindo qualquer responsabilidade individual, serão provados. Eles serão humilhados e almejarão uma experiência nas coisas de Deus que não obtiveram antes. T1 270 2 "A guerra ergue o elmo à sua testa; Ó Deus, protege Teu povo agora." ------------------------Capítulo 57 -- Organização T1 270 3 Dia 3 de Agosto de 1861. Foi-me exposto que alguns temiam que nossas igrejas se tornassem Babilônia caso se organizasse; mas aqueles no centro do Estado de Nova Iorque têm sido uma babilônia perfeita, uma confusão. A menos que as igrejas sejam tão organizadas que possam impor a ordem, nada têm por que esperar; serão desfeitas em fragmentos. Ensinos anteriores nutriram os elementos de desunião. Alimenta-se mais o espírito de espionar e acusar do que o de edificar. Se os ministros de Deus assumissem, unidos, sua posição, e se com firmeza mantivessem sua decisão, haveria uma influência unificadora entre o rebanho de Deus. Os obstáculos separatistas seriam feitos em pedaços. Os corações se uniriam como gotas de água. Então, haveria poder e força nas fileiras dos observadores do sábado, que excederiam a tudo quanto temos testemunhado. T1 271 1 O coração dos servos de Deus fica entristecido quando vão de igreja em igreja e encontram oposição de outros irmãos do ministério. Há aqueles que estão prontos a se opor a todo avanço que o povo de Deus dá. Os que ousam arriscar-se são afligidos pela falta de ação unida por parte dos coobreiros. Estamos vivendo num tempo solene. Satanás e anjos maus estão trabalhando com muito poder e com o mundo a seu lado para ajudá-los. E os professos observadores do sábado, que alegam crer na solene e importante verdade, unem suas forças aos poderes das trevas para perturbar e destruir o que Deus quer edificar. A influência de tais pessoas é registrada como daqueles que retardam o avanço da reforma entre o povo de Deus. T1 271 2 A agitação do assunto da organização revelou grande falta de coragem moral por parte dos pastores que proclamam a verdade presente. Alguns que se convenceram de que a organização era correta, não se têm erguido corajosamente para defendê-la. Permitiram que apenas uns poucos entendessem que eram favoráveis a ela. Seria isso tudo o que Deus exigiu deles? Não; Ele ficou descontente com seu silêncio covarde e falta de ação. Temeram as críticas e a oposição. Observaram os irmãos em geral para ver-lhes as reações, antes de se pronunciarem corajosamente por aquilo que acreditavam ser correto. O povo esperou pela voz de seus pastores favoritos, e como não ouvisse nenhum apoio à organização, achou que ela era errada. T1 271 3 Assim, a influência de alguns dos pastores foi contra a organização, enquanto diziam estar a seu favor. Eles recearam perder sua influência. Mas alguém deve mudar, assumir a responsabilidade e pôr em jogo sua influência. E como a pessoa que fez isso era habituada a censurar e culpar, tem agora que suportar a mesma situação. Seus coobreiros que deveriam colocar-se a seu lado e levar uma parte do fardo, estão olhando para ver como ele se sai ferindo a batalha sozinho. Mas Deus anota sua angústia, lágrimas, desânimo e desespero, quando sua mente é exigida quase além dos limites de resistência. Quando ele está prestes a desfalecer, o Senhor o ergue e lhe indica o repouso do cansado, a recompensa do fiel, e põe-lhe novamente sobre os ombros a pesada carga. Vi que todos serão recompensados de acordo com suas obras. Os que se isentam de responsabilidades sofrerão perda, no final. O tempo de os pastores se unirem é quando a batalha prossegue acirrada. ------------------------Capítulo 58 -- Dever para com os pobres T1 272 1 São com freqüência feitas perguntas com respeito a nosso dever para com os pobres que abraçam a terceira mensagem angélica; e nós mesmos temos por muito tempo estado ansiosos de saber como lidar prudentemente no caso de famílias pobres que abraçam o sábado. A 3 de Agosto de 1861, porém, enquanto nos achávamos em Roosevelt, Nova Iorque, foram-me mostradas algumas coisas com relação aos pobres. T1 272 2 Deus não exige que nossos irmãos tomem a seu cargo toda família pobre que abraça a mensagem. Caso o fizessem, os pastores teriam de deixar de entrar em novos campos, pois os fundos ficariam esgotados. Muitos são pobres devido a sua própria falta de diligência e economia; eles não sabem manejar devidamente os recursos. Se fossem ajudados, isto lhes seria prejudicial. Alguns serão sempre pobres. Caso lhes fossem proporcionadas as melhores vantagens, isto não os ajudaria. Eles não calculam bem, e gastariam todos os meios que pudessem obter, fossem muitos ou poucos. Alguns nada sabem do que seja renúncia e economia para se manterem livres de dívidas, e juntarem um pouco para uma ocasião de necessidade. Se a igreja devesse ajudar tais pessoas em vez de deixá-las contar com os próprios recursos, isto afinal as prejudicaria; pois olham à igreja, e esperam receber auxílio dela, e não exercem abnegação e economia quando estão bem providas. E se não receberem auxílio de cada vez, Satanás as tenta e ficam suspeitosas, e cheias de escrúpulos por seus irmãos, temendo que eles deixem de fazer tudo quanto é seu dever para com elas. O erro está nelas próprias. Acham-se enganadas. Não são os pobres do Senhor. T1 273 1 As instruções dadas na Palavra de Deus quanto a ajudar os pobres, não dizem respeito a esses casos, mas aos infortunados e aflitos. Em Sua providência, Deus tem pessoas aflitas a fim de provar a outros. As viúvas e os inválidos estão na igreja para se demonstrarem uma bênção para ela. Fazem parte dos meios escolhidos por Deus para desenvolver o verdadeiro caráter dos professos seguidores de Cristo, e pôr em exercício os preciosos traços de caráter manifestados por nosso compassivo Redentor. T1 273 2 Muitos que mal podem viver enquanto solteiros, decidem casar-se e constituir família, quando sabem que nada têm com que a sustentar. E pior ainda, não têm governo de família. Todo o seu procedimento na família é assinalado por seus hábitos frouxos, negligentes. Pouco é o domínio que exercem sobre si mesmos, são violentos, impacientes e irritadiços. Quando essas pessoas abraçam a mensagem, sentem-se com direito à assistência de seus irmãos mais abastados; e se sua expectativa não é satisfeita, queixam-se da igreja, e acusam os irmãos de não viverem segundo a fé. Quais devem ser os sofredores nesse caso? Deve a causa de Deus ser saqueada e esgotado o tesouro em muitos lugares, para cuidar dessas grandes famílias pobres? Não. Os pais é que devem sofrer. Em geral eles não sofrerão mais necessidade depois de abraçarem o sábado, do que sofriam antes. T1 274 1 Há entre os pobres um mal que, a menos que o vençam, se demonstrará por certo sua ruína. Eles abraçaram a verdade com seus hábitos vulgares, rudes, não cultivados, e leva tempo até que vejam e compreendam sua vulgaridade, e que ela não está em harmonia com o caráter de Cristo. Olham para outros que são mais bem ordenados e mais polidos, como sendo orgulhosos, e vocês podem ouvi-los dizer: "A verdade nos rebaixa todos ao mesmo nível." É, porém, completo engano pensar que a verdade rebaixa a quem a recebe. Ela o eleva, apura-lhe o gosto, santifica-lhe o discernimento e, caso seja vivida, vai continuamente habilitando-o para a sociedade dos santos anjos na cidade de Deus. A verdade destina-se a elevar-nos todos a um nível. T1 274 2 Os mais capazes devem sempre desempenhar uma nobre e generosa parte em seu trato com os irmãos mais pobres, e dar-lhes também bons conselhos, e deixá-los então combater o combate da vida. Foi-me mostrado, porém, que repousa sobre a igreja um soleníssimo dever de cuidar especialmente das viúvas pobres, dos órfãos e dos inválidos. ------------------------Capítulo 59 -- O poder do exemplo T1 274 3 Na carta de Paulo a Tito, lemos: "Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo, o qual Se deu a Si mesmo por nós, para nos remir de toda iniqüidade e purificar para Si um povo Seu, especial, zeloso de boas obras." Tito 2:13, 14. Essa grande obra deve ser feita apenas por aqueles que estão dispostos a ser purificados, a se tornarem peculiares e manifestarem zelo nas boas obras. Quantos evitam esse processo purificador! Não estão dispostos a viverem a verdade e parecerem diferentes aos olhos do mundo. É essa mescla com o mundo que destrói nossa espiritualidade, pureza e zelo. O poder de Satanás é constantemente exercido para entorpecer as sensibilidades do povo de Deus, a fim de que a consciência não seja sensível ao erro, e os sinais distintivos entre eles e o mundo sejam eliminados. T1 275 1 Tenho freqüentemente recebido cartas com perguntas acerca do vestuário, e alguns não têm compreendido corretamente o que escrevo. Uma classe que me tem sido apresentada como imitando as modas do mundo, tem sido muito vagarosa e a última a ser afetada ou reformada. Outra classe a quem falta gosto e ordem no vestir, tem tirado vantagem do que escrevi e ido ao extremo oposto. Considerando-se livres do orgulho, observam aqueles que se trajam com bom gosto e ordem como sendo orgulhosos. A esquisitice e o descuido no vestuário têm sido considerados por alguns especial virtude. Alguns tomam um rumo que lhes destrói a influência para com os descrentes. Desagradam aqueles a quem podiam beneficiar. T1 275 2 Conquanto as visões tenham reprovado o orgulho e a imitação das modas do mundo, também têm censurado aqueles que são descuidosos acerca de sua aparência e faltos de asseio pessoal e no vestuário. Tem-me sido especialmente apresentado que aqueles que professam a verdade presente devem ter particular cuidado em aparecer perante Deus, no sábado, de maneira a demonstrar que respeitamos o Criador, que santificou e honrou de maneira especial esse dia. Todos os que consideram o sábado devem ser limpos, asseados e ordeiros no vestir, pois devem aparecer diante de um Deus zeloso, que Se ofende com a sujeira e a desordem e que assinala cada mostra de desrespeito. Alguns têm achado errado usar qualquer coisa sobre a cabeça senão uma touca para proteger do sol. Esses vão a grandes extremos. Não pode ser classificado como orgulho o uso de uma touca de bom gosto, de palha lisa ou de seda. Nossa fé, se colocada em prática, nos conduzirá a sermos modestos no vestir e zelosos de boas obras, para podermos ser distinguidos como peculiares. Mas quando perdemos o gosto pela ordem e asseio no vestir, virtualmente deixamos a verdade, pois ela nunca degrada, mas eleva. Os descrentes observam os observadores do sábado como desprezíveis, e quando as pessoas são negligentes em seu vestuário, ásperos e rudes em suas maneiras, sua influência fortalece os incrédulos em suas conclusões. T1 276 1 Aqueles que professam ser cristãos em meio aos perigos dos últimos dias, e não imitam o humilde e abnegado Modelo, colocam-se nas fileiras do inimigo. Ele os considera como seus súditos e eles servem a seus propósitos como qualquer um de seus vassalos; porque têm nome de que vivem mas estão mortos. Apocalipse 3:1. Outros os tomam como exemplo e, por segui-los, perdem o Céu, quando, não houvessem eles professado ser cristãos, seu exemplo teria sido evitado. Esses não-consagrados professos estão inconscientes do peso de sua influência. Tornam a luta muito mais severa para aqueles que são o povo exclusivo de Deus. Paulo, faz referência ao povo que está aguardando o aparecimento de Cristo. Ele diz: "Fala disto, e exorta, e repreende com toda a autoridade. Ninguém te despreze." Tito 2:15. T1 276 2 Quando damos um testemunho contra o orgulho e a adoção de modas mundanas, enfrentamos desculpas e auto-justificativas. Alguns insistem no exemplo de outros. Tal irmã usa saias-balão; se é errado para mim usá-las, também o é para ela. Os filhos seguem o exemplo de outras crianças, cujos pais são adventistas. O irmão A é um diácono da igreja. Suas filhas usam saias-balão. Por que não posso usá-las, e elas podem? Aqueles que por seu exemplo fornecem aos não-consagrados, argumentos contra os que querem ser peculiares, estão sendo pedras de tropeço no caminho dos fracos. Esses darão contas a Deus por seu exemplo. Sou freqüentemente interrogada: "O que a senhora pensa sobre as saias-balão?" Respondo que já lhes mostrei a luz que me foi dada a esse respeito. Deus me revelou que as saias-balão são uma vergonha, e que não deveríamos dar a menor aprovação a uma moda levada a tamanho ridículo. T1 277 3 Surpreendo-me ao ouvir que "a irmã White diz que não é errado usar saias-balão pequenas". Ninguém me ouviu dizer isso. Após ter visto o que me foi mostrado a respeito das saias-balão, nada me induziria a dar o mais leve encorajamento a quem quer que seja para usá-las. Saias pesadas e saias-balão são igualmente desnecessárias. Aquele que nos criou nunca pretendeu que fôssemos deformadas pelas saias-balão ou qualquer coisa parecida. Mas o povo de Deus tem por tanto tempo sido conduzido pelas invencionices e modas do mundo, que não está disposto a agir independentemente delas. Quando estudo as Escrituras, fico alarmada por causa do Israel de Deus nestes últimos dias. São exortados a fugir da idolatria. Receio que estejam entorpecidos, e tão conformados com o mundo que seria difícil discernir entre o que serve a Deus e o que O não serve. Está aumentando a distância entre Cristo e Seu povo, e diminuindo entre eles e o mundo. Os sinais distintivos entre o professo povo de Cristo e o mundo quase que desapareceram. Como o Israel de outrora, seguem as abominações das nações que os cercam. T1 277 1 Pelo que me tem sido mostrado, as saias-balão são uma abominação. São indecentes; e o povo de Deus erra quando as aprova e adota, mesmo no mínimo que seja. Aqueles que professam ser o povo peculiar e escolhido de Deus devem excluir as saias-balão, e seu ato deve ser uma viva repreensão aos que as usam. Alguns podem alegar sua utilidade. Eu já viajei muito e vi grande inconveniência ao observar-lhe o uso. Muitos alegam necessidade, sob desculpa de saúde, de usá-las no inverno, quando na verdade há maior dano nelas do que nas saias acolchoadas. Quando viajo em carruagens e trens, tenho freqüentemente sido levada a exclamar: "Ó, modéstia, onde está o teu pudor!" Tenho visto muitas mulheres em vagões lotados. E quando tentam avançar, as saias-balão têm de ser erguidas e posicionadas de uma forma indecente. A exposição das formas é dez vezes maior naquelas que usam saias-balão, do que naquelas que não as usam. Se não fosse pela moda, aquelas que tão imodestamente se expõem não seriam vaiadas. Mas a modéstia e a decência precisam ser sacrificadas à deusa da moda. Que o Senhor livre Seu povo desse repugnante pecado! Deus não terá piedade daqueles que são escravos da moda. Supor, porém, que há uma pequena conveniência no uso de saias-balão, prova que elas devem ser usadas? Mude-se a moda e a conveniência não mais será mencionada. É dever de cada filho de Deus perguntar: "Em que estou me separando do mundo?" Suportemos as pequenas desvantagens e estaremos do lado certo. Que cruzes o povo de Deus carrega? Ele se mistura com o mundo, participa de seu espírito, veste-se, fala e age como ele. T1 278 1 Leia os seguintes versos: "Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras." 1 Timóteo 2:9, 10. E também: "O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura de vestes, mas o homem encoberto no coração, no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus. Porque assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus e estavam sujeitas a seu próprio marido." 1 Pedro 3:3-5. T1 278 2 Grande é o poder do exemplo. A irmã A aventura-se a usar pequenas saias-balão. A irmã B pensa: Não é mais prejudicial para mim do que para a irmã A, usar saias-balão. Então ela usa uma saia um pouco maior. A irmã C imita o exemplo das irmãs A e B, e usa saias-balão um pouco maiores do que A e B, mas todas alegam que suas saias-balão são pequenas. T1 278 3 Os pais que pretendem ensinar seus filhos sobre os males de seguir as modas mundanas, têm uma dura batalha pela frente. Eles ouvem: "Por que, mamãe, as irmãs A, B e C usam saias-balão; se isso é errado para mim, também o é para elas." O que podem os pais dizer? Devem dar um exemplo correto aos filhos, e embora o exemplo dos professos seguidores de Cristo levem os filhos a pensar que seus pais são muito cautelosos e severos em suas restrições, todavia Deus abençoará os esforços desses pais conscienciosos. Se os pais não tomarem uma decidida e firme posição, seus filhos serão levados pela corrente, pois Satanás e seus anjos estão agindo sobre a mente deles, e o exemplo de professos não-consagrados torna muito mais trabalhosa a obra de convencê-los. Mas, com fé em Deus e fervorosa oração, os pais crentes devem trilhar a dura senda do dever. O caminho da cruz é para frente, e para o alto. E quando nele avançamos, buscando as coisas que são de cima, devemos deixar mais e mais a distância as coisas que pertencem à Terra. Enquanto o mundo e os professos não-convertidos marcham para baixo e para a morte, aqueles que escalam o monte têm de fazer esforços ou serão lançados abaixo com eles. T1 279 1 Os filhos que pertencem a este mundo são chamados filhos das trevas. Foram cegados pelo deus deste século e são guiados segundo o espírito do príncipe das trevas e não podem apreciar as coisas celestiais. Os filhos da luz têm suas afeições postas nas coisas do alto e deixam para trás as coisas deste mundo. Eles obedecem à ordem: "Saí dos meio deles, apartai-vos." E então a promessa condicional: "... e Eu vos receberei." 2 Coríntios 6:17. Desde o princípio, Cristo escolheu Seu povo do mundo e ordenou-lhe que fossem separados, não tendo nenhuma comunicação "com as obras infrutuosas das trevas". Efésios 5:11. Se amam a Deus e guardam Seus mandamentos, conservar-se-ão distantes das amizades e dos prazeres do mundo. Não há "concórdia entre Cristo e Belial". 2 Coríntios 6:15. T1 279 2 O profeta Esdras e outros fiéis servos da igreja judaica ficaram alarmados quando os príncipes vieram até eles, dizendo: "O povo de Israel, e os sacerdotes, e os levitas não se têm separado dos povos destas terras, seguindo as [suas] abominações" "E, depois de tudo o que nos tem sucedido por causa das nossas más obras e da nossa grande culpa, ainda assim Tu, ó nosso Deus, estorvaste que fôssemos destruídos, por causa da nossa iniqüidade, e ainda nos deste livramento como este, tornaremos, pois, agora a violar os Teus mandamentos e a aparentar-nos com os povos destas abominações? Não Te indignarias Tu, assim, contra nós até de todo nos consumires, até que não ficasse resto nem quem escapasse? Ah! Senhor, Deus de Israel, justo és, pois ficamos escapos, como hoje se vê; eis que estamos diante de Ti no nosso delito, porque ninguém há que possa estar na Tua presença por causa disso." Esdras 9:1, 13-15. T1 280 1 "Também todos os chefes dos sacerdotes e o povo aumentavam de mais em mais as transgressões, segundo todas as abominações dos gentios; e contaminaram a casa do Senhor, que Ele tinha santificado em Jerusalém. E o Senhor, Deus de seus pais, lhes enviou a Sua palavra pelos Seus mensageiros, madrugando e enviando-lhos, porque Se compadeceu do Seu povo e da Sua habitação. Porém zombaram dos mensageiros de Deus, e desprezaram as palavras, e escarneceram dos Seus profetas, até que o furor do Senhor subiu tanto, contra o Seu povo, que mais nenhum remédio houve. 2 Crônicas 36:14-16. T1 280 2 "Porém, vós guardareis os Meus estatutos, e os Meus juízos, e nenhuma dessas abominações fareis nem o natural, nem o estrangeiro que peregrina entre vós; porque todas estas abominações fizeram os homens desta terra, que nela estavam antes de vós; e a terra foi contaminada." Levítico 18:26, 27. T1 280 3 "Com deuses estranhos O provocaram a zelos; com abominações O irritaram. Sacrifícios ofereceram aos diabos, não a Deus; aos deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, dos quais não se estremeceram seus pais. Esqueceste da Rocha que te gerou; e em esquecimento puseste o Deus que te formou. O que vendo o Senhor, os desprezou, provocado à ira contra seus filhos e suas filhas; e disse: Esconderei o Meu rosto deles, e verei qual será o seu fim; porque são geração de perversidade, filhos em quem não há lealdade. A zelos Me provocaram com aquilo que não é Deus; com as suas vaidades Me provocaram à ira; portanto, Eu os provocarei a zelos com os que não são povo; com louca nação os despertarei à ira. Porque um fogo se acendeu na Minha ira, e arderá até ao mais profundo do inferno, e consumirá a terra com a sua novidade, e abrasará os fundamentos dos montes." Deuteronômio 32:16-22. T1 281 1 Lemos aqui as advertências que Deus deu ao antigo Israel. Não era da vontade divina que eles vagueassem por tanto tempo no deserto. Ele os teria levado rapidamente à terra prometida, houvessem eles se submetido e apreciado serem conduzidos pelo Senhor. Mas, porque muitas vezes O ofenderam no deserto, Ele jurou em Sua ira que eles não entrariam em Seu descanso (Hebreus 3:11), salvo duas pessoas que o seguiram plenamente. Deus requeria que o povo confiasse somente nEle. Ele não tencionava que eles recebessem auxílio de quem não O servia. T1 281 2 Por favor, leia o seguinte: "Ouvindo, pois, os adversários de Judá e Benjamim que os que tornaram do cativeiro edificavam o templo ao Senhor, Deus de Israel, chegaram-se a Zorobabel e aos chefes dos pais e disseram-lhes: Deixai-nos edificar convosco, porque, como vós, buscaremos a vosso Deus; como também já Lhe sacrificamos desde os dias de Esar-Hadom, rei da Assíria, que nos mandou vir para aqui. Porém Zorobabel, e Jesua, e os outros chefes dos pais de Israel lhes disseram: Não convém que vós e nós edifiquemos casa a nosso Deus; mas nós, sós, a edificaremos ao Senhor, Deus de Israel, como nos ordenou o rei Ciro, rei da Pérsia. Todavia, o povo da terra debilitava as mãos do povo de Judá e inquietava-os no edificar. E alugaram contra eles conselheiros para frustrarem o seu plano." Esdras 4:1-5. T1 282 1 Leia ainda: "Então, apregoei ali um jejum junto ao rio Aava, para nos humilharmos diante da face de nosso Deus, para Lhe pedirmos caminho direito para nós, e para nossos filhos, e para toda a nossa fazenda. Porque me envergonhei de pedir ao rei exército e cavaleiros para nos defenderem do inimigo no caminho, porquanto tínhamos falado ao rei, dizendo: A mão do nosso Deus é sobre todos os que O buscam para o bem, mas a Sua força e a Sua ira, sobre todos os que O deixam. Nós, pois, jejuamos e pedimos isso ao nosso Deus, e moveu-Se pelas nossas orações." Esdras 8:21-23. T1 282 2 O profeta e os líderes não viam o povo da terra como adoradores do verdadeiro Deus, e embora esses professassem amizade e desejassem ajudá-los, eles não ousaram unir-se com eles em nada que se referisse à adoração. Quando subiram a Jerusalém, para edificar o templo de Deus e restaurar Seu culto, eles não pediriam ajuda do rei para que os assistisse no caminho, mas com jejum e oração buscaram auxílio do Senhor. Eles criam que Deus defenderia e faria prosperar Seus servos em seus esforços para servi-Lo. O Criador de todas as coisas não necessita de ajuda dos inimigos para estabelecer Seu culto. Ele não pede sacrifícios de impiedade, nem aceita ofertas daqueles que têm outros deuses diante dEle. T1 282 3 Muitas vezes ouvimos a observação: "Vocês são muito exclusivistas." Como um povo, deveríamos fazer qualquer sacrifício para salvar as pessoas ou conduzi-las à verdade. Mas, não ousamos nos unir a elas, amar as coisas que elas amam e ter amizade com o mundo, pois estaríamos em inimizade contra Deus. T1 282 4 Pela leitura dos seguintes textos, veremos como Deus considerava o antigo Israel: T1 282 5 "Porque o Senhor escolheu para Si a Jacó e a Israel, para Seu tesouro peculiar." Salmos 135:4. T1 282 6 "Porque és povo santo ao Senhor, teu Deus, e o Senhor te escolheu de todos os povos que há sobre a face da Terra, para Lhe seres o Seu povo próprio." Deuteronômio 14:2. T1 283 1 "Porque povo santo és ao Senhor, teu Deus; o Senhor, teu Deus, te escolheu, para que Lhe fosses o Seu povo próprio, de todos os povos que sobre a Terra há. O Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos." Deuteronômio 7:6, 7. T1 283 2 "Como, pois, se saberá agora que tenho achado graça aos Teus olhos, eu e o Teu povo? Acaso, não é por andares Tu conosco, e separados seremos, eu e o Teu povo, de todo o povo que há sobre a face da Terra?" Êxodo 33:16. T1 283 3 Com que freqüência o antigo Israel se rebelava, e quão repetidamente eram eles visitados com juízos, e milhares morriam porque não atendiam às ordens do Deus que os havia escolhido! O Israel de Deus, nestes últimos dias, está em constante perigo de misturar-se com o mundo e perder todos os indícios de povo escolhido de Deus. Leia novamente. Tito 2:13-15. Fomos chamados para estes últimos dias, quando Deus está purificando para Si um povo peculiar. Provocá-Lo-emos como fez o antigo Israel? Atrairemos Sua ira sobre nós por abandoná-Lo e nos misturarmos com o mundo, seguindo as abominações das nações ao nosso redor? O Senhor escolheu para Si aquele que é piedoso; essa consagração a Deus e a separação do mundo é clara e positivamente ordenada em ambos os Testamentos. Há um muro de separação que o Senhor mesmo estabeleceu entre as coisas do mundo e as coisas que Ele escolheu do mundo e santificou para Si. A vocação e o caráter dos povo de Deus são peculiares, suas perspectivas são peculiares, e essas peculiaridades os distinguem de todos os outros povos. Todo o povo de Deus na Terra é um corpo, desde o princípio até o fim do tempo. Ele tem uma Cabeça que dirige e governa o corpo. A mesma imposição feita ao antigo Israel, pesa agora sobre o povo de Deus -- serem separados do mundo. O grande Líder da igreja não mudou. A experiência dos cristãos nestes dias é muito semelhante às viagens do antigo Israel. Por favor leia I Coríntios 10, especialmente os versos 6 até 15: T1 284 1 "E essas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber e levantou-se para folgar. ... E não tentemos a Cristo, como alguns deles também tentaram e pereceram pelas serpentes. E não murmureis, como também alguns deles murmuraram e pereceram pelo destruidor. Ora, tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos. Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia. Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis; antes, com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar. Portanto, meus amados, fugi da idolatria. Falo como a entendidos; julgai vós mesmos o que digo." 1 Coríntios 10:6-15. T1 284 2 "Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, ao ponto de sermos chamados filhos de Deus. Por essa razão o mundo não nos conhece, porquanto não O conheceu a Ele mesmo." 1 João 3:1. T1 284 3 "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre." 1 João 2:15-17. T1 284 4 "Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro." 2 Pedro 2:20. T1 285 1 "Não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus." Tiago 4:4. T1 285 2 "A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo." Tiago 1:27. T1 285 3 "Ensinando-nos que renunciando a impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século, sóbria, justa e piamente." Tito 2:12. T1 285 4 "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." Romanos 12:2. T1 285 5 "Dei-lhes a Tua Palavra, e o mundo os odiou porque não são do mundo assim como Eu não Sou do mundo." "Não peço que os tires do mundo, mas, que os livres do mal." "Santifica-os na verdade; a Tua Palavra é a verdade." João 17:14, 15, 17. T1 285 6 "Bem-aventurados sereis quando os homens vos aborrecerem, e quando vos separarem, e vos injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como mal, por causa do Filho do homem. Folgai nesse dia, exultai, porque é grande o vosso galardão no Céu, pois assim faziam os seus pais aos profetas." Lucas 6:22, 23. T1 285 7 "Não Me escolhestes vós a Mim, mas Eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto em Meu nome pedirdes ao Pai Ele vos conceda. Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros. Se o mundo vos aborrece, sabei que, primeiro do que a vós, Me aborreceu a Mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas, porque não sois do mundo, antes Eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos aborrece." João 15:16-19. T1 285 8 "Filhinhos, sois de Deus e já os tendes vencido, porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo. Do mundo são; por isso, falam do mundo, e o mundo os ouve." 1 João 4:4, 5. T1 286 1 "Mas qualquer que guarda a Sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nEle. Aquele que diz que está nEle também deve andar como Ele andou." 1 João 2:5, 6. T1 286 2 "Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz." 1 Pedro 2:9. T1 286 3 Quando lemos a Palavra de Deus, quão claro está que Seu povo deve ser peculiar e distinto do mundo incrédulo que o cerca. Nossa posição é interessante e temível. Vivendo nos últimos dias, quão importante é que imitemos o exemplo de Cristo, e andemos como Ele andou. "Se alguém quer vir após Mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-Me." Mateus 16:24. As opiniões e sabedoria dos homens não nos devem guiar ou governar. Elas sempre nos afastam da cruz. Os servos de Cristo não devem ter seu lar nem tesouros aqui. Que todos pudessem compreender que é apenas por que o Senhor reina, que nos é permitido habitar em paz e segurança entre nossos inimigos. Não é privilégio nosso reivindicar favores especiais do mundo. Devemos consentir em sermos pobres e desprezados entre os homens, até que o conflito termine e obtenhamos a vitória. Os membros do corpo de Cristo são chamados para saírem, separarem-se das amizades e espírito do mundo; sua força e poder consistem em serem escolhidos e aceitos por Deus. T1 286 4 O Filho de Deus é o herdeiro de todas as coisas, e o domínio e a glória dos reinos deste mundo Lhe foram prometidos. Quando, porém, Ele veio a este mundo, chegou sem riquezas ou esplendor. O mundo não compreendeu Sua união com o Pai; a excelência e glória de Seu divino caráter estavam ocultos deles. Ele foi, portanto, desprezado e rejeitado pelos homens e "nós O reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido". Isaías 53:4. O que Cristo foi neste mundo, assim devem ser os Seus seguidores. Eles são os filhos de Deus e co-herdeiros com Cristo; e o reino e o domínio lhes pertencem. O mundo não compreende seu caráter e santa vocação; eles não percebem sua adoção na família de Deus. Sua união e amizade com o Pai e o Filho não é manifesta, e enquanto o mundo contempla sua humilhação e vergonha, não se manifesta o que eles são, ou serão. São estrangeiros. O mundo não os conhece, nem aprecia seus motivos. T1 287 1 O mundo está maduro para sua destruição. Deus não tolerará os pecadores por muito mais tempo. Eles devem beber até os resíduos da taça de Sua ira, não misturada com misericórdia. Os que haverão de ser "herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo" (Romanos 8:17) na herança imortal, serão peculiares. Sim, tão peculiares que Deus porá uma marca sobre eles como Seus, totalmente Seus. Vocês pensam que Deus receberá, honrará e reconhecerá um povo tão misturado com o mundo que apenas difere dele no nome? Leia novamente Tito 2:13-15. Logo será conhecido quem está ao lado do Senhor e quem não se envergonhará de Jesus. Aqueles que não têm coragem moral para conscienciosamente assumir sua posição diante dos incrédulos, deixando as modas do mundo e imitando a abnegada vida de Cristo, envergonham-se dEle e não apreciam Seu exemplo. ------------------------Capítulo 60 -- Consagração T1 287 2 O povo de Deus será testado e provado. Uma íntima e minuciosa obra precisa ser efetuada entre os observadores do sábado. Como o antigo Israel, quão rapidamente nos esquecemos de Deus e de Suas maravilhosas obras, e nos rebelamos contra Ele. Alguns olham para o mundo, e desejam seguir-lhe as modas, e participar de seus prazeres, assim como os filhos de Israel olhavam para o Egito e cobiçavam as boas coisas que haviam desfrutado lá, as quais Deus achou por bem recusar-lhes para prová-los e assim testar-lhes a fidelidade. Ele desejava ver se Seu povo valorizaria Seu culto, e a liberdade que tão miraculosamente lhes dera, muito mais preciosa do que os privilégios que usufruíram no Egito, enquanto em servidão a um povo tirânico e idólatra. T1 288 1 Todos os verdadeiros seguidores de Jesus terão sacrifícios a fazer. Deus os provará, e testará a genuinidade de sua fé. Foi-me revelado que os verdadeiros seguidores de Jesus rejeitarão piqueniques, doações,* shows e outras reuniões de prazer. Eles não podem encontrar Jesus nesses lugares e nenhuma influência que os atraia para as coisas celestiais e aumente seu crescimento na graça. A Palavra de Deus, se obedecida, faz-nos sair de todas essas coisas e separar-nos. As coisas do mundo são procuradas e consideradas dignas de ser admiradas e desfrutadas por todos aqueles que não são devotados amantes da cruz e adoradores do Cristo crucificado. T1 288 2 Há palha entre nós; eis por que somos tão fracos. Alguns estão constantemente inclinando-se ao mundo. Suas perspectivas e sentimentos se harmonizam mais com o espírito do mundo do que com o dos abnegados seguidores de Cristo. É-lhes perfeitamente natural preferir a companhia daqueles cujo espírito mais se harmoniza com o seu. E esses tais têm exercido tremenda influência sobre o povo de Deus. Participam com eles, são mencionados entre eles, e também são assunto na boca dos incrédulos e dos fracos e não-consagrados da igreja. Essas pessoas de espírito dobre sempre farão objeções aos testemunhos apropriados e diretos que reprovam erros individuais. Neste tempo de purificação, essas pessoas ou serão completamente convertidas e santificadas pela obediência à verdade ou ficarão com o mundo ao qual pertencem, para receberem a recompensa juntamente com ele. "Por seus frutos os conhecereis." Mateus 7:16, 20. Todos os seguidores de Cristo darão frutos para Sua glória. Sua vida testifica que boa obra foi efetuada pelo Espírito de Deus, e seu fruto é para santidade. Sua vida é elevada e pura. Os que não produzem fruto, não têm experiência nas coisas de Deus. Não estão ligados à Videira. Leia: "Estai em Mim, e Eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em Mim. Eu sou a videira, vós, as varas; quem está em Mim, e Eu nele, este dá muito fruto, porque sem Mim nada podereis fazer." João 15:4, 5. T1 289 1 Se desejarmos ser adoradores espirituais de Jesus Cristo, precisamos sacrificar cada ídolo, e obedecer integralmente aos primeiros quatro mandamentos. "E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento." Mateus 22:37, 38. Os primeiros quatro mandamentos não nos permitem separar as afeições de Deus. Nada que afaste ou divida nosso supremo deleite nEle. O que quer que afaste nossas afeições e elimine da mente o supremo amor por Deus, assume a forma de um ídolo. Nosso coração carnal apega-se aos nossos ídolos e busca levá-los junto, mas não poderemos avançar até que nos descartemos deles, pois eles nos separam de Deus. O grande Líder da igreja escolheu do mundo Seu povo, e exige que sejam separados. É Seu desígnio que o espírito de Seus mandamentos os atraia para Si, e os separe do mundo. Amar a Deus e guardar os Seus mandamentos é afastar-se do amor aos prazeres e amizade do mundo. Não há "concórdia... entre Cristo e Belial". 2 Coríntios 6:15. O povo de Deus pode confiar seguramente nEle, e sem temor trilhar o caminho da obediência. ------------------------Capítulo 61 -- "Filosofias e vãs sutilezas" T1 290 1 Foi-me mostrado que temos de ser guardados de todos os lados e perseverantemente resistir às insinuações e astúcias de Satanás. Ele se "transfigura em anjo de luz" (2 Coríntios 11:14) e está enganando milhares, levando-os cativos. A vantagem que ele aproveita da ciência da mente humana é tremenda. Aqui, qual serpente, ele imperceptivelmente se introduz para corromper a obra de Deus. Os milagres e obras de Cristo ele quer fazer aparecer como resultado da habilidade e poder humanos. Se fizesse um aberto e ousado ataque ao cristianismo, isto poria os cristãos em apuros e angústia aos pés de seu Redentor, e o forte e poderoso libertador poria em fuga o ousado adversário. Ele, portanto, transforma-se em anjo de luz e atua sobre a mente, para afastar do único caminho seguro e justo. As ciências da frenologia, psicologia e mesmerismo são os condutos pelos quais ele chega mais diretamente a esta geração e atua com esse poder que deve caracterizar seus esforços próximo do fim do tempo de graça. T1 290 2 Leia: "E, então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da Sua boca e aniquilará pelo esplendor da Sua vinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira, e com todo engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E, por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira, para que sejam julgados todos os que não creram a verdade; antes, tiveram prazer na iniqüidade." 2 Tessalonicenses 2:8-12. T1 290 3 Satanás tem passado despercebido através dessas ciências e envenenado a mente de milhares, conduzindo-os à infidelidade. Ele fica satisfeito com a difusão dessas ciências. É um plano que ele mesmo ideou, porque através delas pode ganhar acesso à mente e influenciá-la como bem lhe apraz. Enquanto se acredita que a mente de um pode influenciar tão maravilhosamente a de outro, Satanás prontamente se insinua e atua de todas as maneiras. E enquanto aqueles que se dedicam a essas ciências, enaltecendo-as até os céus por causa das grandes e boas obras que se afirma realizar através delas, eles estão acariciando e glorificando ao próprio Satanás, que atua "com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça". 2 Tessalonicenses 2:9, 10. Disse o anjo: "Assinale sua influência. O conflito entre Cristo e Satanás ainda não terminou." A penetração de Satanás por meio dessas ciências, é toda orientada por sua satânica majestade, e destruirá na mente de milhares a verdadeira fé em Cristo como o Messias, o Filho de Deus. T1 291 1 Minha atenção foi dirigida ao poder de Deus manifestado através de Moisés, quando o Senhor o enviou perante Faraó. Satanás compreendia o trabalho de Moisés e ficou de sobreaviso. Ele sabia que Moisés era o escolhido de Deus para romper o jugo de escravidão dos filhos de Israel, e que nessa missão ele prefigurava o primeiro advento de Cristo para subverter o poder de Satanás sobre a família humana e libertar aqueles que estavam cativos de seu poder. Satanás sabia que quando Cristo aparecesse, efetuaria poderosas obras e milagres, e que o mundo saberia que o Pai O enviara. Ele tremeu por causa de Seu poder. Consultou seus anjos sobre como realizar a obra que deve atender a um duplo propósito: 1. Anular a influência da obra executada por Deus através de Seu servo Moisés, agindo através de seus representantes e assim contrafazer a verdadeira obra de Deus; 2. Exercer uma influência através dos magos que ultrapassasse todas as eras e destruísse na mente de muitos a verdadeira fé nos poderosos milagres e obras feitas por Cristo, quando Ele viesse a este mundo. Ele sabia que seu reino sofreria, pois o poder que exerce sobre a humanidade seria sujeito a Cristo. Não foi por meio de influência ou poder humanos de Moisés que se produziram os milagres realizados diante de Faraó. Foi o poder de Deus. Aqueles sinais e maravilhas foram feitos através de Moisés, para convencer a Faraó que o grande "Eu Sou" (Êxodo 3:14) o enviara para ordenar que o rei do Egito deixasse Israel ir para poder servi-Lo. T1 292 1 Faraó chamou os magos da corte para efetuarem seus encantamentos. Eles também fizeram sinais e maravilhas, pois Satanás veio-lhes em auxílio e agiu por meio deles. Entretanto, mesmo assim a ação de Deus se mostrou superior ao poder de Satanás, pois os magos não puderam realizar todos os milagres que Deus efetuara mediante Moisés. Apenas lhes foi possível produzir uns poucos deles. As varas dos magos transformaram-se em serpentes*, mas a de Arão tragou-as todas. Após os magos tentarem produzir piolhos e não conseguirem, foram compelidos pelo poder de Deus a reconhecer diante de Faraó dizendo: "Isto é o dedo de Deus." Êxodo 8:19. Satanás agiu através dos magos de maneira calculada a endurecer o coração do tirânico Faraó contra as miraculosas manifestações do poder divino. Satanás pensava em abalar a fé de Moisés e Arão na origem divina de sua missão, fazendo com que seus agentes, os magos, prevalecessem. Ele não queria que o povo de Israel fosse libertado da servidão egípcia e servisse a Deus. Os magos fracassaram em produzir piolhos e não mais puderam imitar a Moisés e Arão. Deus não permitiria que Satanás fosse mais além, e os magos não puderam livrar-se das pragas. "De maneira que os magos não podiam parar diante de Moisés, por causa da sarna; porque havia sarna nos magos e em todos os egípcios." Êxodo 9:11. T1 292 2 O controlador poder de Deus eliminou o meio através do qual Satanás atuava, e ocasionou que os próprios a quem Satanás tinha usado tão maravilhosamente sentissem Sua ira. Foram dadas evidências suficientes para que Faraó cresse, se assim o desejasse. Moisés agiu pelo poder de Deus. Os magos atuaram não somente por sua ciência, mas pelo poder de seu deus, o diabo, que engenhosamente levava avante seu enganoso trabalho de contrafazer a obra de Deus. T1 293 1 Quanto mais nos aproximamos do fim dos tempos, mais a mente humana será afetada pelos enganos de Satanás. Ele conduz os enganados mortais a considerarem a obra e os milagres de Cristo sob princípios gerais. Satanás sempre tem ambicionado contrafazer a obra de Cristo, e estabelecer seu poder e direitos. Geralmente ele não faz isso de modo aberto, ousado. É artificioso e sabe que o modo mais eficaz de fazer seu trabalho é ir ao pobre e decaído homem em forma de um anjo de luz. Ele foi a Cristo no deserto com a forma de um belo jovem, mais semelhante a um rei do que a um anjo caído, com as Escrituras em seus lábios. Disse ele: "Está escrito!" Mateus 4:4. Nosso sofrido Salvador enfrentou-o com as Escrituras, dizendo: "Está escrito!" Satanás tentou obter vantagem da sofrida e debilitada condição de Cristo, que havia tomado sobre Si a natureza humana. T1 293 2 Continuem lendo: "Novamente, O transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-Lhe todos os reinos do mundo e a glória deles. E disse-Lhe: Tudo isto Te darei se, prostrado, me adorares. Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele servirás. Então, o diabo O deixou; e, eis que chegaram os anjos e O serviram." Mateus 4:8-11. T1 293 3 Aqui Satanás mostrou o mundo a Cristo sob a mais atrativa luz e disse-Lhe que Ele não necessitava suportar tanto sofrimento para conquistar os reinos da Terra. Satanás cederia todos os seus direitos se Cristo apenas o adorasse. A insatisfação de Satanás começou no Céu, porque ele não podia ser o primeiro e o mais exaltado no comando, igual a Deus, colocado acima de Cristo. Daí rebelou-se e perdeu sua posição. Ele e seus simpatizantes foram lançados fora do Céu. No deserto esperou ele obter vantagem da sofrida e debilitada condição de Cristo, e conseguir a homenagem que não lograra no Céu. Mas Jesus, mesmo sob desfalecente e debilitada condição, não cederia à tentação de Satanás nem por um só momento, mas mostrar-lhe-ia Sua superioridade e exerceria autoridade para ordenar a Satanás: "Vai-te, Satanás!" (Mateus 4:10) -- ou, afasta-te, de Mim. Satanás ficou frustrado. Então ele estudou como poderia alcançar seus objetivos e receber da humanidade a honra que lhe fora recusada no Céu, e por Jesus na Terra. Fosse ele bem-sucedido em tentar a Cristo, o plano da salvação teria fracassado e o maligno alcançaria sucesso em trazer sobre a humanidade a miséria e a desesperança. Mas onde ele fracassou ao tentar a Cristo, tem bom êxito com o homem. T1 294 1 Se Satanás pudesse confundir e enganar os homens e levá-los a pensar que há um inerente poder em si mesmos para realizar grandes e boas obras, deixariam de confiar em Deus para fazer aquilo que eles imaginavam poder fazer por si mesmos. Não reconhecem um poder superior. Não dão a Deus a glória que Ele reivindica e que Lhe é devida por Sua exaltada e excelente majestade. O inimigo alcança assim seus objetivos e exulta que homens decaídos presunçosamente exaltem a si mesmos, assim como ele se exaltou no Céu e foi expulso de lá. Ele sabe que se o homem gloriar-se de si mesmo, sua ruína é tão certa quanto a dele. T1 294 2 Satanás fracassou em suas tentações a Cristo no deserto. O plano da salvação foi cumprido. Um preço infinito foi pago pela redenção do homem. Agora Satanás busca desarraigar o fundamento da esperança cristã e atrair a mente dos homens para um rumo onde eles não possam ser beneficiados ou salvos pelo grande sacrifício oferecido. Ele conduz os homens caídos através de "todo engano da injustiça" (2 Tessalonicenses 2:10), levando-os a crer que podem salvar-se sem a expiação; que eles não precisam depender de um Salvador crucificado e ressurreto; que os próprios méritos humanos os recomendará ao favor de Deus. E então ele destrói a confiança do homem na Bíblia, sabendo que, se tiver êxito nisso, e conseguir destruir a fé no instrumento que revela o seu caráter, estará seguro. Ele coloca na mente humana o engano de que não há um demônio pessoal, e os que crêem nisso não fazem nenhum esforço para resistir e lutar contra o que eles sabem não existir. Assim, pobres e cegos mortais finalmente adotam a máxima: "O que quer que seja, é certo." Eles não reconhecem nenhuma regra para medir sua conduta. T1 295 1 Satanás leva muitos a crer que orar a Deus é inútil; apenas uma formalidade. Ele bem sabe quão necessárias são a meditação e a oração para manter os seguidores de Cristo prontos a resistir às suas artimanhas e enganos. Por seus artifícios procura desviar a mente desses importantes exercícios espirituais, para que a pessoa não se apóie no Todo-poderoso e obtenha força para resistir a seus ataques. Foram-me mostradas as fervorosas e eficazes orações do antigo povo de Deus. "Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós" (Tiago 5:17), e orou fervorosamente. Daniel orava a Deus três vezes por dia. Satanás fica enfurecido ao som de uma fervente oração, pois ele sabe que sofrerá danos. Daniel foi exaltado acima dos "príncipes e presidentes, porque nele havia um espírito excelente". Daniel 6:3. Os anjos caídos temiam que sua influência debilitasse o controle que exerciam sobre os dirigentes do reino, pois Daniel pertencia ao alto comando. A multidão acusadora de anjos maus instigou os presidentes e príncipes a sentir ciúmes e inveja de Daniel, e passaram a observá-lo de perto a ver se encontravam alguma oportunidade de denunciá-lo ao rei. Mas, fracassaram. Então esses agentes de Satanás procuraram fazer de sua fé em Deus um motivo para destruí-lo. Anjos maus inventaram um plano para eles, e esses agentes prontamente o levaram a efeito. T1 295 2 O rei não estava sabendo da sutil artimanha preparada contra Daniel. Tendo pleno conhecimento do decreto real, Daniel ainda se ajoelhou diante de Deus, com as "janelas abertas". Daniel 6:10. Ele considerava a súplica a Deus de tão grande importância que preferiria sacrificar a vida do que abandoná-la. Por causa de suas orações a Deus, foi lançado na cova dos leões. Os anjos maus haviam conseguido seus objetivos. Mas Daniel continua a orar, mesmo na cova dos leões. Estava ele com medo de ser devorado? Se esquecera dele o Senhor? Oh, não! Jesus, o poderoso Comandante dos exércitos celestiais, enviou Seu anjo para fechar a boca daqueles famintos leões, para que não fizessem dano àquele homem de oração. Tudo agora era paz naquela terrível cova. O rei testemunhou a preservação de Daniel e o cumulou de honras. Satanás e seus anjos foram derrotados e ficaram enraivecidos. Os agentes que ele havia empregado foram sentenciados à morte da mesma horrível maneira pela qual intentavam destruir Daniel. T1 296 1 A oração da fé é a grande força do cristão, e com toda a certeza prevalecerá contra Satanás. Por isso é que ele insinua que não temos necessidade de orar. O nome de Jesus, nosso Advogado, ele detesta; e quando sinceramente vamos ter com Ele em busca de auxílio, os exércitos de Satanás se alarmam. O negligenciarmos o exercício da oração serve bem ao seu propósito, pois então seus prodígios de mentira são acolhidos mais depressa. Aquilo que ele deixou de conseguir ao tentar a Cristo, ele consegue pondo diante dos homens suas enganosas tentações. Às vezes ele vem na forma de um amável jovem ou sob bela aparência. Realiza curas e é adorado pelos enganados mortais como um benfeitor da humanidade. Frenologia e mesmerismo são por demais exaltados. Eles são bons em seu devido lugar, mas Satanás deles se utiliza como os mais poderosos instrumentos para enganar e destruir seres humanos. Suas artimanhas e enganos são recebidos como provenientes do Céu, e a fé na Revelação, a Bíblia, é destruída na mente de milhares. Satanás recebe a adoração dos homens que seguem sua satânica majestade. Milhares estão conversando com ele e recebendo as instruções desse deus demoníaco, e agindo de acordo com suas instruções. O mundo, que se julga muito beneficiado pela frenologia e o magnetismo animal, nunca foi tão corrompido. Satanás usa essas coisas para destruir a virtude e lançar os fundamentos do espiritualismo. T1 297 1 Minha atenção foi dirigida a este texto, como se aplicando especialmente ao espiritualismo moderno: "Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo." Colossences 2:8. Milhares, foi-me mostrado, têm-se arruinado mediante a filosofia da frenologia e do magnetismo animal, sendo impelidos à infidelidade. Caso a mente comece a soltar-se neste sentido, é quase certo ela perder o seu equilíbrio e ser controlada por um demônio. "Vãs sutilezas" enchem a mente dos pobres mortais. Pensam que há em si mesmos tal poder para realizarem grandes obras, que não sentem nenhuma necessidade de um poder superior. Seus princípios e sua fé são "segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo". Colossences 2:8. Jesus não lhes ensinou tal filosofia. Coisa alguma dessa espécie se pode encontrar em Seus ensinos. Ele não encaminhou a mente dos pobres mortais para si mesmos, a um poder possuído por eles próprios. Estava sempre a dirigir-lhes o espírito para Deus, o Criador do Universo, como fonte de sua força e sabedoria. Especial advertência é feita no versículo 18: "Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, metendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão." Colossences 2:18. T1 297 2 Os mestres do espiritualismo aproximam-se de maneira agradável e fascinante para os iludirem, e caso lhes dêem ouvidos às fábulas, vocês serão seduzidos pelo inimigo da justiça, e perderão por certo sua recompensa. Uma vez que a fascinadora influência do arquienganador chegue a vencê-los, vocês estão envenenados, e sua mortífera influência adultera e destrói a sua fé em Cristo como o Filho de Deus, e vocês deixam de confiar nos méritos de Seu sangue. Os que são enganados por esta filosofia, são iludidos quanto a sua recompensa, por meio dos enganos de Satanás. Confiam nos próprios méritos, exercem voluntária humildade, estão mesmo dispostos a fazer sacrifícios e rebaixam-se, e subordinam a mente à crença do supremo absurdo, recebendo as mais absurdas idéias por intermédio daqueles que acreditam ser seus queridos mortos. De tal forma lhes cegou Satanás os olhos e lhes perverteu o discernimento, que não percebem o mal; e seguem as instruções supondo serem de seus amados mortos, agora feitos anjos em uma esfera superior. T1 298 1 Satanás escolheu uma ilusão que é seguramente muito fascinante, ilusão talhada para apoderar-se da simpatia dos que depositaram no sepulcro entes queridos. Anjos maus tomam a forma dessas pessoas queridas, relatam incidentes relacionados com sua vida, fazem coisas que seus amigos costumavam fazer quando vivos. Por esta maneira, enganam e levam os parentes do falecido a crer que seus queridos mortos são anjos que estão ao seu redor, e com eles se comunicam. Estes são por eles considerados com certa idolatria, e o que eles disserem tem sobre eles maior influência do que a Palavra de Deus. Estes anjos maus que se fazem passar por amigos mortos, ou rejeitam inteiramente a Palavra de Deus como contos ociosos, ou, se lhes convém mais aos desígnios, procuram os pontos vitais que testificam de Cristo e apontam o caminho para o Céu, e mudam as positivas declarações da Palavra de Deus a fim de se ajustarem a sua própria natureza corrupta e arruinarem os seres humanos. Com a devida atenção para com a Palavra de Deus, todos se podem convencer, se quiserem, desta ilusão destruidora do ser. A Palavra de Deus declara em termos positivos que "os mortos não sabem coisa nenhuma". "Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tão pouco eles têm jamais recompensa, mas a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Até o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma neste século, em coisa alguma do que se faz debaixo do Sol." Eclesiastes 9:5, 6. T1 299 2 Iludidos mortais adoram os anjos maus, acreditando que eles são os espíritos de seus queridos mortos. A Palavra de Deus declara expressamente que os mortos não têm mais parte em coisa alguma do que se faz debaixo do Sol. Os espiritualistas dizem que os mortos sabem tudo que se faz debaixo do Sol; que eles se comunicam com seus amigos na Terra, dão valiosas informações, e realizam maravilhas. "Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio." Salmos 115:17. Transformado em anjo de luz, Satanás atua com todo o engano da injustiça. Aquele que pôde tomar o Filho de Deus -- feito um pouco menor do que os anjos -- e colocá-Lo no pináculo do templo, e levá-Lo a uma elevadíssima montanha para apresentar diante dEle os reinos deste mundo, é capaz de exercer seu poder sobre a família humana, grandemente inferior ao Filho de Deus em força e sabedoria, mesmo depois de Se haver Ele revestido da natureza do homem. T1 299 1 Nesta época degenerada, Satanás mantém controle sobre os que se afastam do direito e se arriscam em seu território. Sobre esses ele exerce seu domínio de maneira alarmante. Foi-me chamada a atenção para estas palavras: "Metendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão." Colossences 2:18. Alguns, foi me mostrado, satisfazem sua curiosidade, e metem-se com o diabo. Não têm realmente fé no espiritualismo, e recuariam horrorizados à idéia de serem médiuns. Aventuram-se, todavia, e colocam-se em posição em que Satanás pode exercer poder sobre eles. Estes não pretendem aprofundar-se nessa obra; mas não sabem o que estão fazendo. Estão-se aventurando no terreno do diabo, e tentam-no a controlá-los. Esse poderoso destruidor os considera sua legítima presa, e sobre eles exerce domínio, e isto contra a vontade deles. Quando se querem governar, não podem. Subordinam a mente a Satanás, e ele não cede seus direitos, mas mantém-nos cativos. Coisa alguma pode libertar o coração enredado, senão o poder de Deus, em resposta às fervorosas orações de Seus fiéis seguidores. T1 300 1 A única segurança agora, é procurar como a tesouro escondido a verdade, tal como se acha revelada na Palavra de Deus. Os assuntos do sábado, da natureza do homem, e do testemunho de Jesus, eis as grandes e importantes verdades a serem compreendidas; estas se demonstrarão qual âncora para firmar o povo de Deus nestes tempos perigosos. A massa da humanidade, porém, despreza as verdades da Palavra de Deus, e prefere as fábulas. "Porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira." 2 Tessalonicenses 2:10, 11. T1 300 2 Os mais licenciosos e corruptos são altamente lisonjeados por esses espíritos satânicos, que eles crêem ser o espírito de seus queridos mortos, e estão vaidosamente inchados em sua compreensão carnal. "E não ligado à Cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus" (Colossences 2:19), eles negam Aquele que ministra força ao corpo, para que todo membro vá crescer com o aumento concedido por Deus. T1 300 3 Vã filosofia. Os membros do corpo são regidos pela cabeça. Os espiritualistas põem de lado a Cabeça, e crêem que todos os membros do corpo devem agir por si mesmos, e que leis fixas os levarão a um estado progressivo de perfeição sem uma cabeça. "Eu sou a videira verdadeira, e Meu Pai é o lavrador. Toda a vara em Mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto." "Estai em Mim, e Eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em Mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em Mim, e Eu nele, esse dá muito fruto; porque sem Mim nada podeis fazer. Se alguém não estiver em Mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem." João 15:1, 2, 4-6. T1 301 1 Cristo é a fonte de nossa força. Ele é a videira, nós as varas. Devemos receber nutrição da Videira viva. Desprovidos da força e nutrição dessa Videira, somos como membros do corpo sem a cabeça, e encontramo-nos justamente na posição em que Satanás nos deseja ver, a fim de poder controlar-nos segundo lhe aprouver. Ele atua "com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira". 2 Tessalonicenses 2:10, 11. O espiritualismo é uma mentira. Baseia-se na grande mentira original: "Certamente não morrereis." Gênesis 3:4. Milhares de pessoas separam-se da Cabeça, e o resultado é que os membros agem sem a Cabeça, Jesus, e outro lhes dirige o corpo. São controlados por Satanás. T1 301 2 Foi-me mostrado que Satanás não pode controlar a mente, a menos que ela seja submetida a sua orientação. Os que se afastam do direito acham-se agora em sério risco. Separam-se de Deus e do vigilante cuidado de Seus anjos, e Satanás, sempre alerta para destruir vidas, começa a apresentar-lhes seus enganos. Essas pessoas estão em extremo perigo; e se elas vêem isto e procuram resistir aos poderes das trevas e libertar-se dos laços do inimigo, não é coisa fácil consegui-lo. Aventuraram-se a entrar no terreno de Satanás, e ele as reivindica. Não hesitará em empenhar todas as suas energias, e chama em seu auxílio todos os seus exércitos malignos a fim de arrebatar um único ser humano que seja, das mãos de Cristo. Os que têm tentado o diabo a tentá-los, terão de fazer desesperados esforços para se libertarem de seu poder. Quando, porém, começam a trabalhar por si mesmos, então os anjos de Deus, a quem eles ofenderam, virão em seu socorro. Satanás e seus anjos não querem perder a presa. Contendem e batalham com os santos anjos, e feroz é a luta. Mas, se os que erraram continuam a suplicar e, em profunda humildade, confessam seus erros, anjos magníficos em poder prevalecerão e os arrebatarão do poder dos anjos maus. T1 302 1 Ao ser erguida a cortina, e ser-me mostrada a corrupção desta época, meu coração se abateu, meu espírito quase desfaleceu dentro de mim. Vi que os habitantes da Terra estavam enchendo a medida da taça da iniqüidade. A ira de Deus está acesa, e não mais se acalmará até que os pecadores sejam destruídos da Terra. Satanás é o inimigo pessoal de Cristo. É o originador e líder de todas as espécies de rebelião no Céu e na Terra. Sua ira aumenta; não lhe avaliamos o poder. Caso nos fossem abertos os olhos para ver os anjos maus em atuação junto dos que se sentem à vontade e se consideram seguros, não nos sentiríamos tão em segurança. Os anjos maus estão em nosso encalço a cada momento. Da parte dos homens ímpios esperamos prontidão para agir segundo as sugestões de Satanás; mas, quando temos o espírito desapercebido contra seus invisíveis agentes, eles ocupam novo território, e realizam maravilhas e milagres a nossa vista. Estamos nós preparados para resistir-lhes pela Palavra de Deus, a única arma com que podemos ser bem-sucedidos? T1 302 2 Alguns serão tentados a aceitar essas maravilhas como sendo de Deus. Enfermos serão curados à nossa vista. Milagres se efetuarão aos nossos olhos. Estamos nós apercebidos para a prova que nos aguarda quando as mentirosas maravilhas de Satanás forem mais amplamente exibidas? Não serão muitas pessoas enredadas e arrebatadas? Separando-se dos positivos preceitos e mandamentos de Deus, e dando ouvido às fábulas, o espírito de muitos se está preparando para receber esses prodígios de mentira. Cumpre buscarmos todos armar-nos para o combate em que nos havemos de em breve empenhar. A fé na Palavra de Deus, o estudo apoiado pela oração e posto em prática, será nossa proteção contra o poder de Satanás, levando-nos à vitória pelo sangue de Cristo. ------------------------Capítulo 62 -- A religião na família T1 303 2 Foi-me mostrada a posição elevada e de responsabilidade que o povo de Deus deve ocupar. Eles são o sal da Terra e a luz do mundo, e devem andar assim como Cristo andou. Hão de passar por grande tribulação. O presente é um tempo de luta e prova. Diz nosso Salvador: "Ao quem vencer lhe concederei que se assente comigo no Meu trono; assim como Eu venci, e Me assentei com Meu Pai no Seu trono." Apocalipse 3:21. A recompensa não é dada a todos quantos professam ser seguidores de Cristo, mas aos que vencerem assim como Ele venceu. Devemos estudar a vida de Cristo, e aprender o que seja confessá-Lo diante do mundo. T1 303 3 Se devemos confessar a Cristo, precisamos tê-Lo para confessar. Ninguém pode confessar verdadeiramente a Cristo a menos que nele estejam a mente e o espírito de Cristo. Se uma forma de piedade ou certo conhecimento da verdade fossem sempre confessar a Cristo, poderíamos dizer: Largo é o caminho que conduz à vida, e muitos há que o encontram. Precisamos compreender o que seja confessar a Cristo, e em que O negamos. É possível confessar a Cristo com os lábios, todavia negá-Lo com as obras. Os frutos do Espírito manifestados na vida, são uma confissão dEle. Se abandonamos tudo por Cristo, nossa vida será humilde, nossa conversação de caráter celeste, irrepreensível nossa conduta. A poderosa e purificadora influência da verdade no coração, e o caráter de Cristo exemplificado na vida, são uma confissão de nossa fé nEle. Se as palavras da vida eterna se acham semeadas em nosso coração, os frutos são justiça e paz. Podemos negar a Cristo em nossa vida pela condescendência com o comodismo e o amor-próprio, por gracejos e zombarias, e por buscar as honras mundanas. Podemos negá-Lo por nossa aparência exterior, pela conformidade com o mundo, por um ar orgulhoso ou vestes custosas. Unicamente por meio de constante vigilância e perseverante e quase contínua oração, poderemos manifestar em nossa vida o caráter de Cristo ou a santificadora influência da verdade. Muitos afugentam a Cristo de sua família por meio de um espírito impaciente e apaixonado. Estes têm alguma coisa a vencer nesse sentido. T1 304 1 Foi-me apresentada a condição de fraqueza atual da família humana. Cada geração se tem vindo enfraquecendo mais, e a humanidade é afligida por toda forma de enfermidade. Milhares de pobres mortais de corpo deformado, doentio, nervos em frangalhos e mente sombria, vão arrastando uma existência miserável. Cresce o poder de Satanás sobre a família humana. Não viesse em breve o Senhor e destruísse o seu poder, e não tardaria que a Terra estivesse despovoada. T1 304 2 Foi-me mostrado que o poder de Satanás é exercitado especialmente sobre o povo de Deus. Foram-me apresentados muitos em uma condição duvidosa, desesperadora. As enfermidades do corpo afetam a mente. Nossos passos são seguidos por um inimigo astuto e poderoso, o qual emprega sua força e habilidade em procurar desviar-nos do caminho reto. E demasiadas vezes acontece que o povo de Deus não está em guarda, ignorando-lhe portanto os ardis. Ele atua por meios que melhor o ocultem à vista, conseguindo muitas vezes seu objetivo. T1 304 3 Irmãos têm empregado recursos em direitos de patentes* e outros empreendimentos, e têm induzido a se interessarem outras pessoas que não podiam resistir à perplexidade e ao cuidado de tais negócios. Sua mente ansiosa, sobrecarregada, afetou seriamente o corpo, já combalido, e elas se entregaram ao desânimo, chegando ao desespero. Perdem toda a confiança em si mesmas, e pensam que Deus as desamparou, não ousando crer que lhes faça misericórdia. Estes pobres seres serão abandonados ao domínio de Satanás. Encontrarão caminho para sair das trevas, e novamente firmarão a trêmula fé nas promessas de Deus; Ele as livrará, e transformará a dor e o pranto em paz e alegria. Essas pessoas, porém, foi-me mostrado precisam aprender pelo que sofrem, a deixar em paz os direitos de patentes e essas várias empresas. Não devem permitir tampouco que seus irmãos com lisonjas as atraiam para tais empreendimentos; pois o que antecipam não se realizará, e depois serão lançadas no campo de batalha do inimigo, desarmadas para a luta. Os meios que devem ser postos no tesouro de Deus para levar avante Sua causa, são mais que perdidos ao serem empregados em alguns desses empreendimentos modernos. Se pessoas que professam a verdade se sentem livres para se empenharem nesses direitos de patente e nessas invenções, e capazes de fazê-lo, não devem andar pelo meio de seus irmãos, deles fazendo seu campo de atuação, antes procurem os incrédulos. Que o seu nome e sua profissão de fé adventista não seduzam os irmãos que desejam consagrar a Deus os recursos de que dispõem. Vão de preferência ao mundo, e que empregue seus meios aquela classe que não se importa com o avanço da causa do Senhor. T1 305 1 Foi-me mostrada a necessidade de abrir as portas de nossa casa e coração ao Senhor. Quando começarmos a trabalhar fervorosamente por nós mesmos e nossa família, então teremos auxílio de Deus. Foi-me mostrado que simplesmente observar o sábado e orar pela manhã e à noite, não são positivas provas de sermos cristãos. Estas formas exteriores podem ser todas estritamente observadas, e ainda faltar a verdadeira piedade. "O qual Se deu a Si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para Si um povo Seu especial, zeloso de boas obras." Tito 2:14. Todos os que professam ser seguidores de Cristo, devem dominar o próprio espírito, não se permitindo falar impaciente, irritadamente. O marido e pai deve conter aquela palavra impaciente que está prestes a deixar escapar; ponderar o efeito de suas palavras, para que não deixem tristeza e mancha. T1 306 1 As enfermidades e doenças afetam especialmente as mulheres. A felicidade da família depende muito da esposa e mãe. Se ela é fraca e nervosa, e é deixada com sobrecarga de trabalho, a mente fica deprimida, pois sofre com a fadiga do corpo; e depois ela encontra muito freqüentemente a fria reserva do marido. Se tudo não corre tão bem como ele possa desejar, censura a esposa e mãe. Vive quase alheio a seus cuidados e cargas, e nem sempre sabe como simpatizar com ela. Não compreende que está cooperando com o grande inimigo em seu trabalho de destruir. Pela fé em Deus ele deve erguer um estandarte contra Satanás; mas parece cego aos próprios interesses e aos da esposa. Trata-a com indiferença. Ele não sabe o que está fazendo. Está trabalhando exatamente contra a própria felicidade, e destruindo a felicidade de sua família. A esposa fica desalentada e abatida. Desaparecem a esperança e satisfação. Ela prossegue maquinalmente em sua rotina diária, porque vê que o trabalho precisa ser feito. Sua falta de alegria e bom ânimo faz-se sentir no círculo da família. Há muitas dessas míseras famílias nas fileiras dos observadores do sábado. Os anjos levam ao Céu a vergonhosa notícia, e o anjo relator faz o registro de tudo isso. T1 306 2 O marido deve manifestar grande interesse em sua família. Em especial, deve ser muito delicado para com os sentimentos de uma esposa débil. Ele pode cerrar a porta a muita doença. Palavras bondosas, alegres, animadoras, demonstrar-se-ão mais eficazes do que os melhores remédios. Elas darão ânimo ao coração do desalentado e abatido, e a felicidade e a luz solar introduzidas na família por meio de atos de bondade e de palavras animadoras, recompensarão multiplicadamente o esforço feito. O marido deve lembrar que muito da responsabilidade de educar as crianças recai sobre a mãe; que ela tem muito que ver com o moldar-lhes o espírito. Isto deve chamar à atividade da parte dele os mais delicados sentimentos, fazendo-o aliviar cuidadosamente os fardos a sua esposa. Ele deve animá-la a descansar em sua ampla afeição, e encaminhar-lhe a mente ao Céu, onde há força e paz, e um repouso final para o cansado. Não deve voltar para casa com o semblante carregado, mas trazer com sua presença luz solar à família, e estimular a esposa a olhar para cima e confiar em Deus. Podem, unidos, rogar as promessas divinas, e atrair sobre a família Suas ricas bênçãos. As descortesias, queixas e zangas, excluem Jesus da habitação. Vi que os anjos de Deus fugirão de uma casa onde há palavras desagradáveis, irritação e contenda. T1 307 1 Foi-me mostrado também que muitas vezes há grande falta da parte da esposa. Ela não exerce grandes esforços para reger o próprio espírito e tornar o lar feliz. Há muitas vezes, de sua parte, irritação e desnecessárias queixas. O marido chega em casa, do trabalho, fatigado e perplexo, e encontra um rosto carrancudo em lugar de palavras alegres e animadoras. Ele é apenas humano, e seu afeto retrai-se da esposa; perde o amor do lar, sua estrada fica obscurecida e destruído seu ânimo. Perde o respeito de si mesmo e aquela dignidade que Deus dele requer. "O marido é a cabeça" da família, "como também Cristo é a cabeça da igreja" (Efésios 5:23); e qualquer conduta seguida pela esposa no sentido de diminuir-lhe a influência e fazê-lo descer daquela posição de dignidade e responsabilidade, é desagradável a Deus. É dever da esposa ceder seus desejos e sua vontade ao marido. Ambos devem estar dispostos a ceder, mas a Palavra de Deus dá preferência ao juízo do esposo. E não desmerecerá a dignidade da mulher ceder àquele a quem ela escolheu como seu conselheiro e protetor. O marido deve manter sua posição na família com toda a mansidão, todavia com decisão. Algumas mulheres têm perguntado: Devo eu estar em guarda e sentir continuamente uma restrição sobre mim? Foi-me mostrado que temos diante de nós uma grande obra quanto a esquadrinhar o próprio coração e vigiar-nos com cioso cuidado. Cumpre-nos saber onde faltamos, e então guardar-nos naquele ponto. Precisamos ter perfeito domínio sobre nosso espírito. "Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo." Tiago 3:2. A luz que incide sobre nosso caminho, a verdade que se recomenda à nossa consciência, condenará e destruirá a vida, ou santificá-la-á e transformá-la-á. Vivemos demasiado perto do fim do tempo da graça, para nos satisfazermos com uma obra superficial. A mesma graça que até aqui temos considerado suficiente, não nos susterá agora. Nossa fé deve crescer, e temos de tornar-nos mais semelhantes a Cristo na conduta e na disposição, a fim de suportar, e resistir com êxito às tentações de Satanás. A graça de Deus é suficiente para todo seguidor de Cristo. T1 308 1 Sinceros e perseverantes devem ser nossos esforços para resistir aos ataques de Satanás. Ele emprega sua força e habilidade em buscar desviar-nos do caminho reto. Observa nossa saída e nossa entrada, a fim de achar oportunidade de ferir-nos ou levar-nos à destruição. Trabalha mais eficazmente nas trevas, prejudicando os que são ignorantes de seus ardis. Não teria êxito caso seus métodos de ataque fossem bem compreendidos. Os instrumentos empregados por ele para efetuar seus desígnios e disparar seus dardos inflamados, são muitas vezes os membros de nossa própria família. T1 308 2 Os que amamos falarão ou agirão talvez inadvertidamente, o que nos poderá ferir muito fundo. Não era sua intenção fazer isto, mas Satanás amplia-lhes as palavras e atos, disparando assim um dardo de sua aljava para ferir-nos. Retesamo-nos para resistir àquele que julgamos nos ter ofendido e, assim fazendo, estimulamos as tentações do inimigo. Em vez de orar a Deus pedindo força para resistir a Satanás, permitimos que nossa felicidade seja prejudicada com o tentar colocar-nos na defesa do que chamamos "nossos direitos". Concedemos assim dupla vantagem ao adversário. Agimos em harmonia com nossos sentimentos ofendidos, e Satanás serve-se de nós como instrumentos para ferir e afligir aqueles que não nos pretendiam ofender. As exigências do marido podem às vezes parecer irrazoáveis à esposa quando, se ela calma e candidamente considerasse melhor o assunto, no melhor aspecto possível para ele, veria que ceder a própria vontade, e submeter-se ao juízo dele, mesmo que isto esteja em oposição aos seus sentimentos, poupá-los-ia ambos a desgostos, e lhes traria grande vitória sobre as tentações de Satanás. T1 309 1 Vi que o inimigo contenderá, ou pela utilidade ou pela vida dos piedosos, e procurará perturbar-lhes a paz enquanto viverem neste mundo. Seu poder, porém, é limitado. Talvez ele faça com que o forno seja aquecido, mas Jesus e os anjos protegerão o cristão confiante, para que nada seja consumido senão a escória. O fogo aceso por Satanás não pode ter poder para destruir ou prejudicar o metal verdadeiro. É importante cerrar todas as portas possíveis contra a entrada de Satanás. É o privilégio de toda família viver de tal maneira que Satanás não se aproveite de coisa alguma que façam ou digam para destruir um ao outro. Todo membro da família deve ter em mente que todos têm de fazer tanto quanto lhes for possível para resistir a nosso astuto inimigo, e com fervente oração e inabalável fé, cada um deve apoiar-se nos méritos do sangue de Cristo, e reivindicar-Lhe o poder salvador. T1 309 2 Os poderes das trevas se adensam em torno da mente e excluem Jesus ao nosso olhar, e por vezes só nos é possível, em espanto e aflição, esperar até que as nuvens passem. São terríveis, por vezes, esses períodos. Parece falhar a esperança, e de nós se apoderar o desespero. Nessas horas tremendas, precisamos aprender a confiar, a depender unicamente dos méritos da expiação, e em toda a nossa impotente indignidade, lançar-nos sobre os méritos do Salvador crucificado e ressurgido. Nunca pereceremos enquanto assim fizermos -- nunca! Quando resplandece a luz em nosso caminho, não é grande coisa ser forte no poder da graça. Mas esperar pacientemente com esperança quando nos achamos rodeados de nuvens, e tudo parece escuro, requer fé e submissão que fazem com que nossa vontade seja absorvida pela vontade de Deus. Ficamos muito facilmente desanimados, e clamamos ansiosamente para que seja removida de nós a provação, quando devemos é pedir paciência para resistir e graça para vencer. T1 310 1 "Sem fé é impossível agradar" a Deus. Hebreus 11:6. Podemos ter a salvação de Deus em nossa família, mas devemos crer neste sentido, viver neste sentido e ter constante, inabalável fé e confiança em Deus. Cumpre submetermos um temperamento impulsivo, e dominar nossas palavras; e a esse respeito conseguiremos grandes vitórias. A menos que controlemos nossas palavras e nosso temperamento, somos escravos de Satanás. Achamo-nos sujeitos a ele. Ele nos leva cativos. Todas as palavras de contestação, palavras desagradáveis, impacientes, irritadas, são uma oferta feita a sua satânica majestade. E é uma dispendiosa oferta, mais dispendiosa do que qualquer sacrifício que possamos fazer a Deus; pois ela destrói a paz e a felicidade de famílias inteiras, destrói a saúde, e finalmente é a causa de perder-se uma vida eterna de felicidade. A restrição que a Palavra de Deus nos impõe, é para nosso próprio bem. Essa restrição aumenta a felicidade de nossa família e de todos os que nos rodeiam. Apura-nos o gosto, santifica-nos o discernimento e traz paz de espírito e, no fim, a vida eterna. Sob essa santa restrição, cresceremos em graça e humildade, e tornar-se-á mais fácil falar retamente. O temperamento natural, apaixonado, será mantido em sujeição. A presença constante do Salvador em nosso íntimo nos fortalecerá a cada hora. Anjos ministradores demorar-se-ão em nossa morada, e levarão alegremente para o Céu as novas de nosso progresso na vida divina, e o anjo relator fará um registro animador e feliz. ------------------------Capítulo 63 -- Ciúmes e críticas T1 311 1 Irmão G: T1 311 2 Em _____ você me fez algumas perguntas sobre as quais pensei muito. Da conversa que tive com o irmão, fiquei convencida de que você não compreende a parte que deve desempenhar na causa de Deus, nem o prejuízo que lhe causou. Aquilo que foi me mostrado recentemente com relação ao irmão surgiu de modo muito vívido perante mim, e procurei compará-lo com o que me havia sido mostrado no Testemunho n 6, e não posso ver a menor desculpa para sua conduta. Antes de você participar do movimento fanático em Wisconsin, e exercer sua influência sobre ele, você não era reto para com Deus. T1 311 3 Irmão G, se você tivesse seguido honestamente a luz, nunca teria se comportado como o fez. Você tem obstinada e tenazmente seguido a própria conduta, e confiou em seu julgamento, recusando-se a ser orientado. O Senhor enviou-lhe auxílio, mas você se recusou a aceitá-lo. O que mais o Céu poderia ter feito por você? Quando pensou que outros eram mais benquistos que você, sentiu-se insatisfeito e irritado, e tornou-se distante e mal-humorado como uma criança mimada. Desejou ser altamente estimado, mas tomou atitudes que o levaram a decair na consideração daqueles por cuja aprovação ansiava. T1 311 4 Antes de seu procedimento fanático, você teve ciúmes daqueles que estavam em Battle Creek, e fez alusões que levantaram suspeitas. Teve ciúmes de meu marido e de mim, e fez errôneas suposições. Inveja e suspeita atuaram juntas. Sob aparência de honradez, o irmão sugeriu dúvidas com respeito às ações dos que estão arcando com a responsabilidade do trabalho em Battle Creek, e insinuou dúvidas com relação a assuntos dos quais era completamente ignorante e, portanto, incapaz de julgar retamente. O peso dos assuntos não foi posto sobre você. Foi-me mostrado que Deus jamais escolheria uma pessoa com mente como a sua, dando-lhe responsabilidades pesadas e chamando-a para ocupar posições de maior responsabilidade; pois seu auto-conceito seria tão grande, que seria desastroso para ela como para o povo de Deus. Se você se tivesse estimado em menos, não teria tanto ciúme e suspeita. T1 312 1 Irmão G, se você houvesse estado plenamente unido à igreja e em simpatia com aqueles a quem Deus julgou capazes de estar à testa da obra; houvesse aceito os dons que o Senhor concedeu à igreja e a eles se submetido; houvesse se estabelecido em todos os pontos da verdade presente, e estreitado laços com os experientes irmãos da obra, você e os seus ficariam seguros e livres desse engano. Teria uma âncora que o firmaria. Mas o irmão assumiu uma posição indefinida, temendo satisfazer os propósitos daqueles cujo coração se achava posto na obra e causa de Deus. O Senhor requer que você permaneça firme e decidido na plataforma com seus irmãos. Deus e os santos anjos ficaram descontentes com sua conduta, e não mais tolerariam sua loucura. Você foi deixado a seguir o próprio juízo, o qual tinha em tão alta estima, até que permitisse ser ensinado sem sentimentos de ciúmes, obstinação, sem murmurações e censuras a outros, e aprender desses que sentiram a responsabilidade e o peso da causa de Deus. Você adotou uma posição original ao buscar conduzir-se independentemente da organização, onde seria aprovado e enaltecido. Vi, então, que Deus permitiu você manifestar e seguir aquela sabedoria que julgava superior a dos outros, e foi assim deixado ao sabor de seu cego juízo para tomar parte no mais irrazoável, tolo, e desenfreado fanatismo que já amaldiçoou Wisconsin. T1 312 2 Ainda me foi mostrado que você não percebeu a influência de sua conduta passada sobre a causa, e sua presente posição e dever com respeito a esse fanatismo. Em vez de trabalhar com todas as forças para libertar-se e frustrar a influência que você anteriormente exerceu, desculpou-se e censurou aqueles que lhe foram enviados por Deus; foi pronto a sugerir e mesmo ordenar um plano mediante o qual o Senhor poderia interromper sua conduta através de Seus servos, de maneira diversa daquela que procuravam. Seu julgamento foi pervertido pelo poder de Satanás, e enquanto envolvido pelas trevas, foi incompetente para avaliar o melhor procedimento a ser adotado com relação a você. Se o irmão soubesse que conduta os servos de Deus estavam adotando para ajudá-lo, entenderia o suficiente para sair da situação por si mesmo. Deus lhe deu a oportunidade de escolher, de ser ensinado e instruído por Seus servos ou ir em frente, mantendo seu comportamento voluntarioso e mergulhando em desconcertante fanatismo. T1 313 1 O irmão escolheu seu caminho, e agora deve apenas culpar-se a si mesmo. Você professa ser um vigia sobre os muros de Sião, um pastor do rebanho, contudo, viu a pobre ovelha ferida e desgarrada e não deu nenhuma advertência. "Filho do homem, Eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; e tu da Minha boca ouvirás a palavra e os avisarás da Minha parte. Quando Eu disser ao ímpio: Certamente morrerás; não o avisando tu, não falando para avisar o ímpio acerca do seu caminho ímpio, para salvar a sua vida, aquele ímpio morrerá na sua maldade, mas o seu sangue da tua mão o requererei. Mas, se avisares o ímpio, e ele não se converter da sua impiedade e do seu caminho ímpio, ele morrerá na sua maldade, mas tu livraste a tua alma." "Mas, avisando tu o justo, para que o justo não peque, e ele não pecar, certamente viverá, porque foi avisado; e tu livraste a tua alma." Ezequiel 3:17-19, 21. T1 313 2 O pecado dos que se tornaram fanáticos no Wisconsin, repousa mais pesadamente sobre você, irmão G, do que sobre qualquer outro. Você foi um vigia infiel. Não discerniu o mal porque você era desleal. Deus enviou Seus fiéis vigias, os quais permaneceram na luz e discerniram o mal a fim de adverti-lo e ao rebanho erradio. Se você tivesse ouvido a advertência, uma grande quantidade de mal teria sido evitada. Sua influência teria sido mantida. Você teria de estar fora do caminho para que o testemunho dos servos de Deus pudesse atingir o descuidado rebanho. Os errantes não ouviriam a voz de Deus através de Seus servos escolhidos. Eles endureceram o espírito contra a advertência dos vigias que lhes foram enviados e se fortaleceram no rumo desarrazoado e enganoso. O pastor não quis ouvir; ficou ofendido porque o fanatismo foi tratado tão decididamente. Não percebeu o perigo; não viu nenhuma urgência no assunto. Ele teve luz suficiente para decidir, mas era muito voluntarioso e muito suspeitoso dos servos de Deus para submeter-se ao seu testemunho. T1 314 1 O irmão G quis esperar até que o fanatismo evoluísse, do jeito que Satanás desejava, e mostrasse seus terríveis resultados. Não havia manifestações razoáveis, sensatas para caracterizar aquele trabalho como sendo de Deus. Os servos do Senhor desincumbiram-se de sua missão, livrando suas vestes do sangue das pessoas e mantiveram-se limpos da perniciosa influência, enquanto você suporta o terrível peso do pecado desse deplorável fanatismo. Você o lamentou profundamente, todavia não percebe os próprios erros com relação a ele. Você censura e culpa a fraca e errante ovelha por desgarrar-se. Para que serve um vigia, a menos que detecte o mal e dê a advertência? Para que serve um pastor senão para vigiar sobre cada perigo que ameaça a ovelha de ferir-se e ser destruída por lobos? Que desculpa o pastor apresentaria para o desvio do rebanho de suas verdadeiras pastagens, e pelas ovelhas feridas, dispersas e devoradas pelos lobos? Como seria aceita a desculpa de um pastor, de que as ovelhas o fizeram desviar-se? Elas deixaram o verdadeiro pasto e o conduziram para fora do caminho? Tal argumento seria contado negativamente contra a capacidade de vigilância daquele pastor. Ele não seria mais confiável como um fiel pastor que cuida de ovelhas e as traz de volta quando se desviam do reto caminho. T1 315 1 O descrédito que a obra sofreu por causa da irmã A, também repousa pesadamente sobre o irmão. Você repetiu muitas das ações e experiências dela. Ela era fraca, contudo podia, em certa medida, ocupar seu lugar na família e manter unidos os filhos; mas, por um breve tempo, esteve distante de sua casa, antes de sofrer a perda da razão. O estado de apostasia dos professos observadores do sábado em _____, levou-o a influenciar a irmã A a deixar a família que necessitava de seus cuidados e ir para _____ a fim de prestar auxílio aos observadores do sábado de lá. Um doentio incitamento marcou sua conduta. Alguns indivíduos inexperientes foram enganados. A mente fraca da irmã A ficou sobrecarregada e a doença tomou conta do cérebro. A causa de Deus foi profundamente afetada e desonrada por causa disso. O irmão A foi prejudicado e deve agora sofrer vívida angústia e ver seus filhos serem dispersos. Aqueles cuja influência conduziu a essas tristes conseqüências têm um dever a cumprir em aliviar o irmão A e, por um reconhecimento pleno e fiel da pecaminosidade da conduta seguida e dos danos causados, tentar corrigir o mal tanto quanto possível. T1 315 2 Houvesse você atendido ao conselho de Deus, reconhecendo os dons do Seu Espírito como ocupando seu devido lugar na igreja; houvesse, em ligação e princípio com a Review, estabelecido sobre as sólidas verdades aplicáveis a este tempo; houvesse alimentado o povo de Deus no devido tempo, sua influência em _____ e arredores teria sido muito diferente. Você teria um testemunho direto a dar, em harmonia com aqueles que estão à testa dessa grande obra. Erros individuais teriam sido reprovados. Um trabalho fiel teria sido feito com os observadores do sábado naquele lugar, e eles não teriam ficado atrás de outras igrejas. Mas eles têm quase tudo a aprender. Você deveria ter dado um testemunho direto, impressionando-os com a necessidade de sacrifício e de fazerem sua parte em encarar as responsabilidades da causa. Você deveria tê-los esclarecido sobre a doação sistemática, levando-os a tomarem parte no avanço da causa da verdade. Sua posição duvidosa e o abandono de certos assuntos em _____ teve uma péssima influência ali. A oposição que você experimentou e sobre a qual falou abertamente com relação à organização e o progresso do povo de Deus, deu frutos que podem ser vistos em muitos lugares do Norte do Wisconsin. T1 316 1 Se você tivesse sido um obreiro ativo e íntegro, alerta às oportunidades da providência de Deus, o fruto agora manifesto seria de caráter inteiramente diverso. As pessoas se decidiriam a favor ou contra os mandamentos de Deus e outras verdades relacionadas à mensagem do terceiro anjo. Elas não estariam esperando nas fronteiras de Sião pesando aqueles que estivessem certos. Mas você não demonstrou fidelidade. Não fez um trabalho direto e completo. Não estimulou na igreja, através de uma direta aplicação da verdade, a necessidade de cada um pôr em prática harmoniosamente de acordo com sua profissão de fé. Muitos não estão dispostos a fazer algo para a divulgação da verdade, enquanto apenas apreciam ouvi-la. Eles amam a causa por palavra e profissão, mas não "por obra e em verdade". 1 João 3:18. T1 316 2 Sua posição levou muitos em _____ e arredores, a pensar depreciativamente com respeito à Review, mais do que o teriam feito de outro modo, e eles pouco apreciaram as verdades nela encontradas. A Review não pôde assim exercer influência sobre eles como o Senhor pretendia. E cada qual seguia o próprio caminho, e "fazia o que parecia direito aos seus olhos" (Juízes 17:6); conseqüentemente todos se distanciaram do conhecimento, e a menos que seja realizada uma obra completa de sua parte, serão pesados "na balança" e achados "em falta". Daniel 5:27. T1 317 1 Revelou-se-me que você busca lançar o resultado de seus erros sobre outros, mas como um vigia Deus o considera responsável. Você precisa fazer as mais humildes confissões em _____, _____, _____, e outros lugares onde sua influência se mostrou em oposição à dos servos de Deus. O irmão e a irmã B foram grandemente prejudicados por este fanatismo. Eles foram prejudicados tanto material como espiritualmente, e quase arruinados por este engano satânico. Irmão G, você foi muito longe na prática desse deplorável fanatismo; seu corpo, bem como a mente foram afetados, e agora você busca lançar a culpa sobre os outros. O irmão não tem consciência exata de sua posição e conduta passadas. Você se sente livre para expor aquilo que outros fizeram e aquilo que você não fez; porém, tem deixado de confessar o que fez. T1 317 2 Sua influência em _____ foi prejudicial. O irmão opôs-se à organização e pregou contra ela de um modo impreciso, não tão ousadamente como alguns poderiam ter feito, mas até onde se atreveu a ir. Desse modo você muitas vezes satisfez seus sentimentos invejosos e criou desconfiança e incerteza na mente de muitos, quando, caso houvesse se apresentado abertamente, teria sido bem compreendido e causaria apenas pequeno dano. Quando assaltado por sentimentos contrários à fé da igreja, não os percebeu, mas mistificou sua posição e fez parecer que seus irmãos o compreendiam mal, quando na verdade sabia o tempo todo que a acusação era legítima. Do jeito que se encontra agora, a igreja não pode depender de você. Quando manifestar os frutos de uma reforma total e der evidência de que está convertido, superando seus ciúmes, Deus então confiará Seu rebanho aos cuidados do irmão. Mas até que proceda a uma completa restituição, exerceria melhor influência estando em casa e não sendo vagaroso "no cuidado". Romanos 12:11. T1 317 3 Por seu posicionamento descomprometido e conduta fanática, você causou mais mal à causa de Deus no Wisconsin do que o bem realizado durante toda a sua vida. Nossa fé tem sido odiosa aos descrentes. Uma ferida, uma incurável ferida foi produzida na causa de Deus, todavia muitos, inclusive o irmão, parecem espantados de que tanto tenha sido falado e feito acerca desse fanatismo. Uma maligna semente cria raízes, cresce e dá frutos em abundante colheita. O mal floresce sem necessitar de cultivo, enquanto que a boa semente precisa ser regada, cuidadosamente cuidada e continuamente nutrida, ou a preciosa planta morrerá. Satanás, anjos maus e os ímpios estão tentando arrancá-la e destruí-la, e se requer grande vigilância e o mais constante cuidado o mantê-la viva e florescente. Já a semente do mal não pode ser facilmente extirpada. Ela se espalha e se desenvolve em todas as direções para aniquilar a preciosa semente, e se deixada a progredir, crescerá forte e impedirá que os raios do sol cheguem à boa planta, debilitando-a e matando-a. T1 318 1 Conhecemos os efeitos de sua influência em _____. A divisão existente não teria ocorrido se você procedesse corretamente e recebesse a palavra do Senhor através de Seus servos. Mas o irmão não o fez. Os servos de Deus tiveram de lidar de maneira franca com sua conduta errônea. Se tivessem se colocado em terreno firme e sido muito mais severos ao tratar da conduta do irmão, Deus os teria aprovado. Teria sido melhor se você tivesse estado ausente de _____, pois cada vez que os servos de Deus combatiam o fanatismo, o irmão G era reprovado, e você se retraía sentindo-se ofendido, desprezado, etc. Você prosseguiu em sua cega ação entre as diferentes famílias em _____, buscando simpatia e criando sentimentos antagônicos contra os irmãos C, D e E. Você se sentiu ofendido e menosprezado. Falou e agiu precipitadamente, criando assim ciúmes e desconfiança em muitos com respeito aos servos de Deus, a quem Ele lhe enviou especialmente. Suas atitudes destruíram a força do seu testemunho em algumas mentes; outros, porém, ficaram gratos pela luz. A armadilha de Satanás foi desarmada e eles escaparam. Outros se mostraram inflexíveis e se decidiram contra o testemunho dado, provocando divisão na igreja. Você tem a responsabilidade de tudo isso. Tivemos que trabalhar pela igreja em _____, com angústia de espírito para desfazer a influência negativa e impressões que o irmão produziu. Você tem um trabalho a fazer ali. T1 319 1 Vi que alguns se tornaram muito zelosos por você, achando que não foi tratado com justiça por seus irmãos do ministério. Esses deveriam manter-se de lado e ser honestos em confessar seus erros, deixando que você assuma a culpa das próprias faltas. Deus deseja que elas permaneçam até você removê-las por meio de arrependimento e confissão sincera. Esses que têm manifestado simpatia desvirtuada por você não podem ajudá-lo. Que eles manifestem zelo, arrependendo-se das próprias apostasias e deixando-o estar em pé por si mesmo. Você saiu completamente fora do caminho, e a menos que faça uma obra completa, confesse seus pecados sem censurar seus irmãos, e esteja disposto a ser instruído, não poderá ter nenhuma parte com o povo de Deus. T1 319 2 Você se tem mantido à distância daqueles sobre quem Deus pôs o pesado fardo de Sua obra. Enquanto meu marido assumia as responsabilidades do trabalho de três homens, você o magoou com observações e insinuações, e ainda influenciou outros a pôr mais fardos sobre os ombros dele. Você precisa compreender isso. Você não teve nenhum fardo especial sobre si, mas teve tempo para a reflexão e o estudo, o descanso e o sono, enquanto meu marido foi obrigado a trabalhar dia após dia, e freqüentemente à noite. Algumas vezes, quando ele se deitava para descansar, não podia dormir, mas só chorava e suspirava pela causa da verdade, e pela injustiça de seus irmãos para com ele, cuja vida e interesses foram todos dedicados à causa. T1 320 1 Ele tinha a seu cargo os cuidados e responsabilidades administrativas do escritório, do periódico e muita preocupação com as igrejas em vários Estados. Além disso, alguns de seus irmãos de ministério contribuíram para causar-lhe perplexidade e aflição por sua conduta insensata. Você e alguns outros têm considerado o irmão White como alguém de caráter empresarial, sem muito sentido religioso. Vocês não o conhecem. Satanás enganou a muitos com respeito a ele. Deus achou por bem encarregá-lo de Seu trabalho, e o escolheu para iniciar diferentes empreendimentos. Ele escolheu alguém que é sensível e pode simpatizar com o desafortunado; que é consciencioso e, contudo, independente; que não passará por alto o pecado, mas será pronto em ver e sentir o erro, reprovando-o e não lhe dando lugar, mesmo que tenha que permanecer sozinho em conseqüência de sua postura. Eis por que ele sofre tão profundamente. Seus irmãos geralmente não sabem nada sobre suas preocupações e alguns nem se importam com isso, mas por seu comportamento imprudente e desonesto, acrescentam-lhe cuidados e perplexidades. O Céu registra essas coisas. Homens que não têm nenhum fardo ou responsabilidade sobre si, que podem desfrutar horas de lazer sem nada em particular para fazer, que podem refletir, estudar e aprimorar a mente, são capazes de demonstrar grande moderação. Eles nada vêem que os constranja a manifestar especial zelo, e estão prontos a gastar horas em conversa particular. Alguns consideram tais pessoas como os melhores e mais santos homens sobre a Terra. Mas "o Senhor não vê como vê o homem, ... o Senhor olha para o coração". 1 Samuel 16:7. Os que assumem essa fácil postura, serão recompensados "segundo as suas obras". Mateus 16:27. T1 320 2 A posição ocupada por meu marido não é nada invejável. Requer a mais estrita atenção, cuidados e esforço mental. Exige são discernimento e sabedoria, abnegação, total dedicação e uma firme determinação de levar a termo os assuntos. Para essa importante posição, Deus terá um homem que se arrisque, se firme pelo direito, quaisquer que sejam as conseqüências; que enfrente obstáculos e não vacile, embora sua vida esteja em jogo. T1 321 1 O peso e a responsabilidade dessa obra demandam grande cuidado, causam noites de insônia e exigem sincera, fervente e angustiante oração a Deus. O Senhor tem levado meu marido a assumir uma posição de responsabilidade após outra. A censura por parte dos irmãos oprime-lhe o coração com angústia, contudo, ele não deve vacilar no trabalho. Companheiros de trabalho que têm "aparência de piedade" (2 Timóteo 3:5) opõem-se a todo avanço que Deus o estimula a fazer, e seu precioso tempo deve ser ocupado em viajar de um lugar para o outro, trabalhando sob angústia mental entre as igrejas para desfazer o que esses professos irmãos têm feito. Pobres mortais! Eles confundem as coisas; não têm verdadeiro senso do que é ser cristão. Os que foram impelidos a dar um claro e direto testemunho no temor de Deus para reprovar o erro, para trabalhar com todas as suas forças para edificar o povo de Deus, e estabelecê-lo em pontos importantes da verdade presente, têm muito freqüentemente recebido censuras em lugar de simpatia e auxílio, enquanto os que, como você, assumiram uma posição neutra, são considerados dedicados e possuidores de um espírito moderado. Deus não os considera assim. O precursor do primeiro advento de Cristo era um homem de fala franca. Ele reprovava o pecado e chamava as coisas pelo devido nome. Ele pôs o machado à raiz da árvore. Dirigiu-se a uma classe de professos convertidos que vinham até ele, no Jordão, para serem batizados, dizendo: "Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento. ... E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não dá bom fruto é cortada e lançada no fogo." Lucas 3:7-9. T1 321 2 Neste tempo terrível, justamente antes de Cristo vir pela segunda vez, os fiéis pregadores de Deus terão de dar um testemunho mais direto que o de João Batista. Um trabalho de alta responsabilidade acha-se diante deles, e aqueles que falam palavras suaves, Deus não reconhecerá como Seus pastores. Um terrível ai repousa sobre eles. T1 322 1 Esse estranho fanatismo no Wisconsin desenvolveu-se sobre uma falsa teoria de santidade advogada pelo irmão K, uma santidade não dependente da mensagem do terceiro anjo, e à margem da verdade presente. A irmã G ouviu dele essa falsa teoria, aceitando-a e zelosamente ensinando a outros. Isso quase destruiu seu amor pelas importantes verdades sagradas para este tempo, as quais, se ela as tivesse amado e obedecido, ter-lhe-iam provido uma âncora para firmá-la sobre o verdadeiro fundamento. Ela, porém, com muitos outros, fez dessa teoria de santidade ou consagração a coisa mais importante e as relevantes verdades da Palavra de Deus lhe foram de pequena importância, "se tão-somente o coração fosse reto". E as pobres pessoas foram deixadas sem uma âncora, para serem levadas a esmo por sentimentos, e Satanás veio, controlou mentes e produziu impressões e sentimentos que lhe fossem convenientes. Foram menosprezados a razão e o discernimento, e a causa de Deus cruelmente difamada. T1 322 2 O fanatismo no qual se envolveu deve levar você e outros a examinarem antes de decidir com respeito a essa aparência de consagração. Aparência não é evidência segura do caráter cristão. Você e outros estão temerosos de receberem um pouco mais de censura do que deviam, e observam diligentemente os aparentes erros e falhas nos outros, ou sua negligência, e se sentem ofendidos. Você também é muito exigente. Você esteve errado e enganou-se a si mesmo. Se outros o interpretaram mal em algumas coisas, isto é o que se poderia esperar considerando-se as circunstâncias. O irmão deve, com profunda tristeza e humilhação, lamentar sua triste fuga do direito, a qual deu ocasião para uma variedade de sentimentos, opiniões e expressões a seu respeito; e se em algum aspecto você não os considera corretos, deve deixá-los de lado, e não condenar os outros. O irmão precisa confessar suas faltas sem censurar a quem quer que seja, e deixar de queixar que seus irmãos o negligenciaram. Eles lhe deram mais atenção do que merecia, levando em conta a posição que você, por anos, ocupou. Se você pudesse ver essas coisas como Deus as vê, abandonaria as queixas que faz e se humilharia debaixo da mão de Deus. "Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros. Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniqüidade e idolatria." 1 Samuel 15:22, 23. ------------------------Capítulo 64 -- Unidade de fé T1 323 1 Os crentes professos de _____ e arredores não avançam com a obra nem praticam as verdades que professam. Uma nociva influência está sendo exercida sobre a causa no Norte do Wisconsin. Se todos tivessem tido com a Review a ligação que Deus lhes designara, seriam beneficiados e instruídos pelas verdades nela defendidas. Haveriam de ter uma fé correta, de assumir firme posição sobre a verdade aplicável para este tempo e teriam sido preservados desse fanatismo. As sensibilidades de muitos foram embotadas. Uma falsa exaltação destruiu-lhes o discernimento e a visão espiritual. É-lhes de suma importância agora agir com entendimento, para que o objetivo de Satanás de destruir os que tem enganado, não seja alcançado. T1 323 2 Quando os que têm testemunhado e experimentado falsos cultos, se convencem de seu engano, então Satanás se aproveita desses erros, e os põe constantemente diante deles de modo a atemorizá-los quanto a quaisquer cultos, e dessa maneira busca destruir-lhes a fé na verdadeira piedade. Porque foram uma vez enganados, temem fazer qualquer esforço por meio de fervorosa e sincera oração a Deus em busca de auxílio especial e vitória. Essas pessoas não devem deixar Satanás alcançar seu objetivo, e atirá-las ao frio formalismo e incredulidade. Precisam lembrar que o fundamento de Deus fica firme. "Seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso." Romanos 3:4. Sua única segurança é colocar os pés sobre a firme plataforma, para ver e entender a terceira mensagem angélica, prezar, amar e obedecer à verdade. T1 324 1 Cristo está conduzindo Seu povo, levando-os à unidade de fé para que possam ser um, como Ele é com o Pai. Diferenças de opinião devem ser evitadas, para que todos possam se unir num só corpo e ser um em mente e discernimento. "Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa e que não haja entre vós dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentido e em um mesmo parecer." 1 Coríntios 1:10. "Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que concordes, a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo." Romanos 15:5, 6. "Completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa." Filipenses 2:2. T1 324 2 Todo o povo de Deus deveria estar interessado em Sua causa. Tem havido uma falta de interesse entre os irmãos no Wisconsin. Há também falta de energia. Alguns pensam que não há pecado em desperdiçar tempo, enquanto outros que amam a preciosa causa da verdade, poupam tempo, e na força divina dedicam-se ao trabalho árduo para que suas famílias possam desfrutar de conforto e cuidado, e tenham algo mais para investir na causa, a fim de que possam fazer sua parte em manter a obra de Deus avançando e entesourando no Céu. Um não deve ser aliviado e outros sobrecarregados. Deus requer que aqueles que têm saúde e energia façam o que lhes estiver ao alcance, e usem suas energias para Sua glória, pois não pertencem a si mesmos. Esses são responsáveis perante Deus pelo uso que fazem do tempo e das forças que lhes são concedidos pelo Céu. T1 325 3 O dever de auxiliar no progresso da verdade não repousa apenas sobre os ricos. Todos têm uma parte a desempenhar. O homem que emprega seu tempo e energias em acumular riquezas é responsável pelo uso que faz de suas propriedades. Se alguém possui saúde e energia, que é seu capital, precisa fazer correto uso delas. Se despende horas em ociosidade e desnecessárias visitas e conversas, é relapso nos negócios, o que a Palavra de Deus proíbe. Esses têm uma trabalho a fazer para prover suas famílias e pôr de parte meios, para fins caritativos, conforme Deus os prosperar. 1 Coríntios 16:2. T1 325 1 Não fomos postos neste mundo meramente para cuidar de nós mesmos, mas nos é requerido que ajudemos na grande obra da salvação, imitando assim a abnegação, o sacrifício próprio e a vida de utilidade de Cristo. Aqueles que amam as facilidades mais do que a verdade de Deus, não estarão ansiosos em usar seu tempo e energias sabiamente, para que possam desempenhar uma parte na divulgação da verdade. Muitos jovens do Wisconsin não sentiram responsabilidade pela causa, nem necessidade de fazer algum sacrifício para promovê-la. Eles nunca obterão vigor até mudarem sua conduta e fazerem esforços especiais pela verdade, a fim de serem salvos. Alguns negam-se a si mesmos, demonstram interesse e trabalham dobrado, por causa de seus incansáveis esforços para manter a causa que amam. Fazem da causa de Deus uma parte de si mesmos. Se ela sofre, eles sofrem com ela; quando ela prospera, ficam felizes. T1 325 2 "Honra ao Senhor com a tua fazenda e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão os teus celeiros abundantemente, e transbordarão de mosto os teus lagares." Provérbios 3:9, 10. Os que são indolentes podem tranqüilizar-se com o pensamento de que Deus nada pede deles, porque não prosperam. Isso não lhes poderá servir de desculpa, pois se houvessem diligentemente empregado seu tempo; se não houvessem sido lentos nos negócios, teriam progredido. Se tivessem de modo resoluto separado algo para depositar no tesouro de Deus, caminhos seriam abertos perante eles, e teriam tido alguma coisa a dedicar à causa de Deus, depositando assim nos tesouros celestiais. ------------------------Capítulo 65 -- Norte do Wisconsin T1 326 1 Enquanto em Roosevelt, Nova Iorque, em 3 de Agosto de 1861, diversas igrejas e famílias me foram apresentadas em visão. Diferentes influências e seus resultados desanimadores também me foram mostrados. Satanás tem usado como seus agentes indivíduos que professam crer em parte da verdade presente, enquanto combatem outra parte. Dessa maneira ele pode obter mais sucesso do que com aqueles que estão movendo guerra total à nossa fé. Sua artificiosa estratégia de promover o erro através de crentes parciais na verdade tem enganado a muitos, e perturbado e desagregado sua fé. Essa é a causa das divisões no Norte do Wisconsin. Alguns recebem uma parte da mensagem e rejeitam outra. Uns aceitam o sábado e rejeitam a terceira mensagem angélica, todavia, porque aceitaram o sábado, reivindicam a companhia daqueles que crêem em toda a verdade presente. Então trabalham para atrair outros à mesma escuridão em que se encontram. Não são responsáveis e mantêm uma fé independente. É-lhes permitido exercer influência, quando nenhum espaço lhes deveria ser concedido, não obstante suas pretensões de honestidade. T1 326 2 Pessoas sinceras verão a cadeia direta da verdade presente. Perceberão suas harmoniosas conexões, elo após elo, unindo-se num grande todo e nela se firmarão. A verdade presente não é difícil de ser compreendida, e o povo a quem Deus está conduzindo estará unido sobre essa ampla e firme plataforma. Ele não utilizará indivíduos de fé, opiniões e pareceres diferentes, para espalhar e dividir. O Céu e os santos anjos estão trabalhando para unir, para conduzir à unidade de fé, em um só corpo. Satanás se opõe a isso e está determinado a dispersar e dividir e produzir os mais variados sentimentos, para que a oração de Cristo não seja respondida: "Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua palavra, hão de crer em Mim; para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu, em Ti; que também eles sejam um em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste." João 17:20, 21. Jesus determinou que a fé de Seu povo seja uma. Se uma pessoa sai pregando uma coisa, e outra uma coisa diferente, como pode alguém crer que sua palavra seja uma só? Haverá diferença de opiniões. T1 327 1 Vi que se o povo de Deus no Wisconsin quisesse prosperar, precisaria assumir decidida posição com respeito a essas coisas, e assim anular a influência daqueles que produzem perturbação e divisão, ensinando pontos de vista contrários à comunidade. Esses tais são como estrelas errantes. Parecem emitir alguma luz; professam levar consigo alguma verdade e assim enganam os inexperientes. Satanás os dota com seu espírito, mas Deus não está com eles; Seu Espírito não habita neles. Jesus orou para que Seus discípulos pudessem ser um, como Ele é um com o Pai, "para que o mundo creia que Tu Me enviaste". João 17:21. A unidade do povo remanescente de Deus produz no mundo poderosa convicção de que eles possuem a verdade e que são o povo peculiar, escolhido por Deus. Essa unidade desconcerta o inimigo, por isso ele está determinado a fazer com que ela não exista. A verdade presente, crida no coração e exemplificada na vida, torna o povo de Deus unido e lhe concede poderosa influência. T1 327 2 Houvessem os professos observadores do sábado do Wisconsin buscado diligentemente a união e trabalhado em conexão com a oração de Cristo, para serem um como Ele é um com o Pai, a obra de Satanás teria sido derrotada. Se todos procurassem unir-se ao corpo, o fanatismo que trouxe tamanho descrédito à causa da verdade presente no Norte do Wisconsin, não teria se levantado, pois esse é o resultado de apartar-se do corpo e de buscar ter uma fé original e independente, sem consideração para com a fé desse corpo. T1 327 3 Na última visão que me foi dada em Battle Creek, vi que uma atitude insensata estava tendo lugar em _____, com respeito às visões, quando por ocasião da organização da igreja ali. Havia alguns em _____ que eram filhos de Deus, mas duvidavam das visões. Outros havia que não lhes faziam nenhuma oposição, contudo não ousavam assumir atitude definida a seu respeito. Alguns eram céticos e tinham suficientes motivos para isso. As falsas visões e práticas fanáticas, bem como as conseqüências desastrosas que delas decorreram, exerceram sobre a causa em Wisconsin uma influência capaz de tornar as pessoas desconfiadas de tudo que se apresentasse com o nome de visões. Todas essas coisas devem ser tomadas em consideração, procedendo-se com sabedoria. Não se deve atribular nem forçar os que nunca tenham visto um indivíduo receber visões, e não possuem um conhecimento pessoal da sua influência. Essas pessoas não devem ser separadas dos benefícios e privilégios de membros da igreja, se no demais a sua vida cristã se prova correta, e tenham um bom caráter cristão. T1 328 1 Alguns, conforme me foi mostrado, receberiam as visões publicadas, julgando a árvore pelos seus frutos. Outros são como o duvidoso Tomé; não podem crer nos Testemunhos publicados, nem convencer-se deles pelo testemunho de outros, precisando ver e tirar a prova por si mesmos. Estes não devem por isso ser postos de lado, cumprindo tratá-los com paciência e amor fraternal até que tomem posição e tenham opinião definida contra ou a favor deles. Se, porém, começarem a combater as visões de que não têm conhecimento; se levarem a sua oposição ao ponto de opor-se àquilo de que não têm experiência, e se sentirem ofendidos quando aqueles que crêem que essas visões são de Deus falarem delas nas reuniões, e se confortarem com a instrução dada através delas, a igreja pode saber que eles não estão certos. O povo de Deus não deve curvar-se servilmente ou submeter-se a esses descontentes, e abrir mão de sua liberdade. Deus pôs os dons na igreja para que ela possa ser beneficiada por eles. E quando professos crentes na verdade se opõem aos dons e lutam contra as visões, pessoas ficam em perigo e é então tempo de trabalhar em favor delas, para que os fracos não sejam desviados por sua influência. T1 329 1 Tem sido muito difícil para os servos de Deus trabalhar em _____, pois ali há uma classe de pessoas cheias de justiça própria, tagarelas e insubordinadas, que se têm posto no caminho da obra de Deus. Se aceitas na igreja, haveriam de fazê-la em pedaços. Eles não se sujeitariam à congregação, e nunca estariam satisfeitas, a menos que as rédeas de governo da igreja estivessem em suas mãos. T1 329 2 O irmão G buscou agir com grande cautela. Ele sabia que a classe que se opunha às visões estava errada; que eles não eram crentes genuínos na verdade e, portanto, para livrar-se desses obstáculos, ele se propôs a não receber na igreja ninguém que não cresse na mensagem do terceiro anjo e nas visões. Essa medida afastou preciosas pessoas que não estavam contra as visões. Elas não ousavam unir-se à igreja, temendo comprometer-se com o que não compreendiam nem criam plenamente. E houve os que se aproximaram prontos a prejudicar essas pessoas conscienciosas, pondo diante delas os assuntos sob o pior aspecto possível. Alguns se sentiram magoados e ofendidos por causa da condição de membros, e desde a organização, seus sentimentos de insatisfação aumentaram muito. Fortes preconceitos os controlavam. T1 329 3 Foi-me mostrado o caso da irmã H. Ela me foi apresentada em ligação com uma irmã que fortemente se indispusera contra mim, meu marido e as visões. Esta indisposição a conduziu a aceitar e apreciar cada mentirosa informação a nosso respeito e às visões, passando-a à irmã H. Ela demonstrara amarga disposição contra mim, embora nem me conhecesse pessoalmente. Não estava familiarizada com meus trabalhos e nutria contra mim os piores sentimentos preconceituosos, influenciando a irmã H. As duas se uniram em suas amargas observações e conversas. A pessoa que me foi mostrada como em ligação com a irmã H, era determinada, de temperamento sangüíneo e com alto conceito sobre si mesma. Ela achava que suas opiniões estavam corretas e que outros deviam aceitar-lhe a palavra, quando apenas obscurecia o conselho por suas palavras, e manifestava o espírito das forças do dragão, para combater aqueles que estão unidos sob "os mandamentos de Deus e... o testemunho de Jesus". Apocalipse 12:17. T1 330 1 Desde que a irmã H esteve em _____, desprezou as visões e espalhou boatos como se fossem verdade. Ela não resiste a nenhuma influência que tenda a prejudicar-me. Não sabia que as visões procediam de Deus e não tinha nenhum relacionamento com o humilde instrumento, todavia, uniu-se a pessoas não-consagradas em _____ para exercer uma forte influência contra mim. Elas se têm fortalecido mutuamente por apreciar e espalhar falsas histórias provenientes de diversas fontes, nutrindo assim seu preconceito. Não há nenhum vínculo entre seu espírito e o espírito das mensagens que o Senhor vê por bem dar para benefício de Seu humilde povo. O sentimento que há no coração delas não se harmoniza com a luz dada por Deus. T1 330 2 Muitas pobres pessoas não sabem o que estão fazendo. Elas unem sua influência às forças de Satanás e o ajudam em sua obra. Manifestam grande zelo e diligência em sua cega oposição, como se estivessem verdadeiramente prestando um serviço a Deus ao lutar contra as visões. Todos os que desejam, podem familiarizar-se com os frutos dessas visões. Por dezessete anos o Senhor permitiu que sobrevivessem e se fortalecessem contra a oposição das forças satânicas, e a influência de agentes humanos que auxiliam Satanás em sua obra. T1 330 3 Foram-me mostradas outras mulheres em _____, que estavam em guerra contra a verdade. Uma delas me foi apresentada como aceitando uns poucos pontos da verdade, mas então abandonando o povo remanescente de Deus. Ela se achava superior e pensava que sabia tudo. Era sábia segundo sua própria opinião, e me foi mostrada como olhando constantemente para o passado e referindo-se a uma antiga experiência, por que havia recebido anteriormente um pouco de luz; engrandeceu-se e julgou que tinha luz e conhecimento suficientes para instruir toda a igreja. Sua fé era dispersa e desconexa. Muitas de suas idéias sobre a verdade estão equivocadas, no entanto, ela é egoísta e justa aos próprios olhos. É pronta a instruir, mas não a ser instruída. Despreza a instrução e rejeita os ensinos de Deus mediante Seus servos. Eu a vi apontando para sua justiça, sua devoção e sua vida de oração. Como os fariseus, enumera suas boas obras. "Ó Deus, graças Te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo." Lucas 18:11, 12. A oração do fariseu não foi considerada, mas o pobre publicano, que podia apenas dizer: "Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!", despertou compaixão no Senhor. Lucas 18:13. Sua oração foi aceita, enquanto que a do jactancioso fariseu rejeitada. "Porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado." Lucas 18:14. T1 331 1 "Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta (e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu), aconselho-te que de Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças, e vestes brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os olhos com colírio, para que vejas." Apocalipse 3:17, 18. T1 331 2 A pessoa cujo rosto reconheci quando a vi, era conhecida como Sra. I. Vi que sua vida não se destacava pela humildade que deveria caracterizar os seguidores de Cristo. Quando pobres mortais, apesar de sua alta profissão de fé, tornam-se justos aos próprios olhos, então Jesus permite que se enganem a si mesmos. Vi que essa mulher influenciou a outros e alguns se uniram a ela para expor as visões ao ridículo. Esses irão responder a Deus por isso, pois cada palavra de menosprezo contra a luz que Deus achou conveniente comunicar pelo modo que Ele próprio escolheu, é registrada. T1 332 1 Foi me mostrada ainda outra mulher que não se uniu ao povo a quem Deus está dirigindo. O espírito da verdade não habita em seu coração e ela tem feito a obra que agrada ao inimigo de todo bem, para distrair e confundir as mentes. (Reconheci essa mulher no último dia de reunião, a qual ela deixou antes do encerramento.) Ela é uma grande faladora e está sempre pronta a ouvir e contar alguma coisa nova, demorando-se sobre o que ela entende ser erros dos outros, e declarando que suas más conjecturas são discernimento. Ela atribui luz à escuridão e a escuridão chama luz e, por qualquer pretexto, faz longas orações. Aprecia ser aprovada e considerada justa; assim, engana alguns. Tenciona ensinar a outros e pensa que Deus a instrui de modo especial, preterindo os demais. Mas a verdade não acha lugar em seu coração. T1 332 2 Foram-me mostradas algumas outras unindo sua influência com essa mulher que mencionei, e juntas fazem o que podem para afastar e causar confusão à comunidade. Sua influência traz descrédito sobre a causa de Deus. Jesus e os santos anjos estão edificando e unindo o povo de Deus numa só fé, para que possam todos ter o mesmo sentimento e o mesmo parecer. E enquanto estão sendo consolidados em unidade de fé, e de comum acordo sobre as solenes e importantes verdades para este tempo, Satanás atua para opor-se a seu avanço. Jesus trabalha mediante Seus instrumentos para juntar e unir. Satanás age através de seus agentes para espalhar e dividir. "Porque eis que darei ordem e sacudirei a casa de Israel entre todas as nações, assim como se sacode grão no crivo, sem que caia na terra um só grão." Amós 9:9. T1 332 3 Deus está agora experimentando e provando o Seu povo. O caráter está sendo aperfeiçoado. Os anjos estão pesando o valor moral, e mantendo fiel relatório de todos os atos dos filhos dos homens. Entre o povo professo de Deus há corações corruptos; serão, porém, experimentados e provados. Aquele Deus que lê o coração de todos, "trará à luz as coisas ocultas das trevas" (1 Coríntios 4:5) onde muitas vezes menos se suspeita, para que aquelas pedras de tropeço que têm prejudicado o progresso da verdade sejam removidas, e Deus tenha um povo puro e santo para declarar Seus estatutos e juízos. T1 333 1 O Capitão de nossa salvação leva, passo a passo, Seu povo adiante, purificando-o e habilitando-o para a trasladação, e deixando na retaguarda os que estão dispostos a separar-se do corpo, que não querem ser guiados, e se satisfazem com a própria justiça. "Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!" Mateus 6:23. O espírito humano não pode ser enganado por maior ilusão do que a que induz os homens a condescenderem com um espírito de confiança em si mesmos para crerem que são justos e se acham na luz, quando se estão afastando do povo de Deus, e a luz que afagam são trevas. T1 333 2 O grupo de _____ que se tem afastado do corpo, possui um espírito amargo e endurecido contra aqueles a quem Deus está usando como instrumentos, para manter Seu povo unido sobre a única e verdadeira plataforma. Seu espírito se opõe à obra de Deus e sua influência tem trazido vergonha sobre a causa do Senhor, e feito com que nossa fé seja odiada pelos descrentes. Satanás exulta com isso. Aqueles que estão na igreja tentando servir a Deus podem, por algum tempo, sentir-se molestados com os que estão entre eles mas não são retos, os quais me foram mostrados como sendo farisaicos, justos aos próprios olhos. Mas se eles forem pacientes e andarem humildemente perante Deus, orando diligentemente por Seu poder e Espírito, certamente avançarão; e aqueles que são fracos na fé serão deixados para trás. T1 333 3 O irmão J me foi apresentado e vi que sua conduta não estava agradando a Deus. Ele é instável e foi confundido pela Era Vindoura. Como não há a menor harmonia entre a teoria da Era Vindoura e a mensagem do terceiro anjo, ele perdeu seu amor pela verdade e a fé na mensagem; sentiu-se irritado porque muito havia sido dito com respeito a ela. O terceiro anjo está proclamando a mais solene mensagem aos habitantes da Terra. Estará o povo escolhido de Deus indiferente a ela e não unirá sua voz para proclamar essa solene advertência? O irmão J está enganado e enganando outros. Seu assunto tem sido consagração, quando seu coração não é reto. Sua mente está dividida. Ele não possui nenhuma âncora para firmá-lo e tem estado flutuando sem uma firme fé. A maior parte de seu tempo é ocupada em referir a um e outro histórias e boatos destinados a distrair e desestabilizar as mentes. Ele tem tido muito a dizer com respeito a mim e meu marido e contra as visões. Assumiu a posição: "Denunciai, e o denunciaremos!" Jeremias 20:10. Deus não o enviou em tal missão. Ele não sabe a quem tem estado a servir. Satanás o usa para trazer confusão às mentes. A pequena influência que possui tem sido utilizada para criar preconceito contra a mensagem do terceiro anjo. Mediante falsidades, ele apresenta as visões sob luz equivocada e pessoas fracas que não estão estabelecidas em toda a verdade presente são alimentadas por essas coisas, em lugar da forragem limpa, cabalmente peneirada. Ele está enganado com relação à santificação. A menos que mude seu comportamento e esteja disposto a ser instruído, e aprecie a luz que lhe foi dada, será deixado por Deus a seguir o próprio rumo e julgamento imperfeito até que naufrague na fé e, por sua conduta insensata sirva de advertência àqueles que preferem agir independentemente da congregação. Deus abrirá os olhos das pessoas sinceras para que compreendam a terrível obra daqueles que espalham e dividem. Ele assinalará aqueles que causam divisões, para que cada pessoa sincera possa escapar da armadilha de Satanás. T1 334 1 O irmão J recebeu do Pastor K, uma falsa teoria de santificação, a qual se acha fora da terceira mensagem angélica, e onde quer que for recebida destrói o amor da mensagem. Foi-me mostrado que o Pastor K se encontrava em terreno perigoso. Ele não está em união com o terceiro anjo. Ele fruiu uma vez a bênção de Deus, mas agora não a tem, pois não apreciou nem alimentou a luz da verdade que lhe brilhou no caminho. Ele trouxe consigo uma teoria metodista de santificação, e apresenta-a, dando-lhe a maior importância. E as sagradas verdades próprias para este tempo são por ele tidas em pouca consideração. Ele tem seguido a própria luz, e ficado mais e mais em trevas, e se afastado mais e mais da verdade, até que ela não tenha sobre ele senão pequena influência. Satanás lhe tem dominado a mente, e ele tem ocasionado grande dano à causa da verdade no Norte do Wisconsin. T1 335 1 Foi essa teoria de santificação que a irmã G recebeu do Pastor K, e procurou seguir, que a levou àquele terrível fanatismo. O Pastor K tem desencaminhado e confundido muitas pessoas com essa teoria da santificação. Todos os que a abraçam perdem em grande parte o interesse e o amor pela terceira mensagem angélica. Esse ponto de vista da santificação é uma teoria atraente. Ela encobre as faltas de pobres seres em trevas, no erro e no orgulho. Dá-lhes aparência de serem bons cristãos, e de possuírem santidade, quando têm o coração corrupto. É uma teoria de paz e segurança, que não traz o mal à luz, nem reprova e repreende o erro. Ela cura "a ferida da filha do Meu povo levianamente, dizendo: Paz, paz; quando não há paz." Jeremias 6:14; 8:11. Homens e mulheres de coração corrupto, lançam em volta de si as vestes da santificação, e são considerados como exemplo do rebanho, quando são agentes de Satanás por ele empregados para seduzir e enganar as pessoas sinceras para um atalho de modo a não sentirem a força e importância das solenes verdades proclamadas pelo terceiro anjo. T1 335 2 O Pastor K tem sido olhado como um exemplo, ao passo que tem sido um dano à causa de Deus. Sua vida não tem sido irrepreensível. Seus caminhos não têm estado em harmonia com a santa lei de Deus, ou com a imaculada vida de Cristo. Sua natureza corrupta não está subjugada; e todavia ele insiste muito na santificação, e assim engana a muitos. Fui encaminhada a seus trabalhos passados. Ele tem deixado de trazer pessoas para a verdade, e de estabelecê-las na terceira mensagem angélica. Apresenta como coisa de primeira importância uma teoria da santificação, ao passo que faz de pouco valor o veículo pelo qual nos vêm as bênçãos de Deus. "Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade." João 17:17. A verdade presente, que é o veículo, não é considerada, antes pisada a pés. Os homens podem clamar: Santidade! santidade! santificação! santificação! consagração! consagração! e todavia não saberem mais por experiência daquilo em que falam, do que o pecador com suas propensões corruptas. Deus há de em breve rasgar essas vestes caiadas de professa santificação, que alguns de mente carnal têm lançado sobre si para ocultar a deformidade do coração. T1 336 1 É mantido um fiel relatório dos atos dos filhos dos homens. Coisa alguma pode ser escondida aos olhos daquele que é alto e santo. Alguns tomam um rumo diretamente em oposição à lei de Deus, e depois, para encobrir seu pecaminoso caminho, professam ser consagrados a Deus. Esta profissão de santidade não se manifesta em sua vida diária. Não tem a tendência de elevar-lhes a mente, e levá-los a se absterem "de toda a aparência do mal". 1 Tessalonicenses 5:22. "Somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens." 1 Coríntios 4:9. Nossa fé é blasfemada em conseqüência do torcido caminho dos que têm mente carnal. Eles professam parte da verdade, o que lhes dá influência, ao passo que não têm união com os que crêem e estão unidos em toda a verdade. Qual tem sido a influência do Pastor K? Quais têm sido os frutos de seus trabalhos? Quantos se têm convertido e estabelecido na verdade presente? Quantos ele tem trazido à unidade de fé? Ele não está ajuntando com Cristo. Sua influência é no sentido de espalhar. Mateus 12:30. Há falhas em sua pregação e falta a seus conversos aquilo que se provará uma rocha e defesa no dia da ira de Deus. Seus sermões são sem sal, insípidos. Ele não apresenta pessoas completamente convertidas à verdade, separando-as do mundo e unindo-as ao povo exclusivo de Deus. Seus conversos não possuem nenhuma âncora para firmá-los, e eles vagueiam aqui e acolá, até que muitos deles ficam desnorteados e se perdem no mundo. T1 337 1 O Pastor K não sabe de que espírito é. Ele está unindo sua influência com as forças do dragão, para se opor aos "que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo". Apocalipse 12:17. Ele enfrenta uma guerra terrível. Até onde o sábado está envolvido, ele ocupa a mesma posição como os batistas do sétimo dia. Separe o sábado das mensagens e ele perde sua força, mas quando conectado à mensagem do terceiro anjo, um poder o acompanha para convencer os incrédulos e infiéis, e apresentá-los com vigor para permanecerem, viverem, crescerem e florescerem no Senhor. É tempo de o povo de Deus no Wisconsin encontrar seu lugar. "Quem se porá ao Meu [do Senhor] lado?" (Salmos 94:16), deveria ser proclamado pelos fiéis e experientes em todo lugar. Deus requer que eles saiam e se desprendam das várias influências que os separariam um do outro e da grande plataforma da verdade, para a qual Deus está levando Seu povo. T1 337 2 Foi-me mostrado o caso do Sr. L. Ele tem muito a dizer sobre santificação, mas está enganado consigo mesmo, e outros estão enganados com ele. Sua santificação pode durar enquanto ele está na reunião, mas não suporta a prova. A santidade bíblica purifica a vida; mas o coração de L não está puro. O mal existe ali, e manifesta-se na vida, e os inimigos de nossa fé têm tido ocasião de censurar os observadores do sábado. Julgam a árvore pelos frutos. T1 337 3 "Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a Palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade." 2 Coríntios 4:2. T1 338 1 Muitos andam diretamente em oposição ao texto acima mencionado. Andam com astúcia, e falsificam a Palavra de Deus. Não exemplificam em sua vida a verdade. Exercitam-se especialmente sobre a santificação, todavia lançam para trás das costas a Palavra divina. Oram sobre santificação, cantam sobre santificação e clamam por santificação. Homens de coração corrupto tomam um ar de inocência, e professam ser consagrados; isto, porém, não é prova de serem retos. Seus atos os desmentem. Têm a consciência cauterizada, mas está para vir o dia da visitação divina, e manifestar-se-á a obra de todo homem, de que qualidade é. E todo homem receberá "segundo a sua obra". Apocalipse 22:12. T1 338 2 Disse o anjo ao apontar para L: "Que tens tu que recitar os Meus estatutos, e que tomar o Meu concerto na tua boca, pois aborreces a correção, e lanças as Minhas palavras para detrás de ti? Quando vês o ladrão, consentes com ele, e tens a tua parte com adúlteros. Soltas a tua boca para o mal, e a tua língua compõe o engano." Salmos 50:16-19. Deus espalhará e sacudirá para fora essas influências divisoras, e libertará Seu povo, caso os que professam a verdade venham "em socorro do Senhor". Juízes 5:23. T1 338 3 Não há santificação bíblica para os que lançam para trás de si parte da verdade. Há na Palavra de Deus suficiente luz, de modo que ninguém precisa errar. A verdade é bastante elevada para causar admiração aos maiores intelectuais, e é todavia simples bastante para ser compreendida pelo mais humilde e mais fraco dos filhos de Deus, e para dar-lhe instrução. Os que não vêem a beleza da verdade, que não dão nenhuma importância à mensagem do terceiro anjo, serão indesculpáveis; pois a verdade é clara. T1 338 4 "Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus." 2 Coríntios 4:3, 4. T1 339 1 "Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade." "E por eles Me santifico a Mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade." João 17:17, 19. T1 339 2 "Purificando as vossas almas na obediência à verdade, para caridade fraternal, não fingida; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro." 1 Pedro 1:22. T1 339 3 "Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus." 2 Coríntios 7:1. T1 339 4 "De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também operai a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade. Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo." Filipenses 2:12-15. T1 339 5 "Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado." João 15:3. T1 339 6 "Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a Si mesmo Se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a Si mesma igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível." Efésios 5:25-27. T1 339 7 Aí está a santificação bíblica. Não é apenas uma simples exibição ou obra exterior. É a santificação recebida por intermédio da verdade. É a verdade recebida no coração, e praticamente vivida. T1 339 8 Como homem, Jesus era perfeito, e todavia cresceu em graça. "E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens." Lucas 2:52. Mesmo o mais perfeito cristão pode crescer continuamente no conhecimento e no amor de Deus. T1 340 1 "Pelo que, amados, aguardando estas coisas, procurai que dEle sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz." "Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A Ele seja dada glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém." 2 Pedro 3:14, 18. T1 340 2 A santificação não é obra de um momento, uma hora, ou um dia. É um contínuo crescimento na graça. Não sabemos em um dia quão forte será nossa luta no dia seguinte. Satanás vive e está ativo, e precisamos cada dia clamar fervorosamente a Deus por auxílio e força para resistir-lhe. Enquanto Satanás reinar, teremos de subjugar o próprio eu, teremos assaltos a vencer, e não há lugar de parada, nenhum ponto a que possamos chegar e dizer que o atingimos plenamente. T1 340 3 "Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus." Filipenses 3:12. T1 340 4 A vida cristã é uma constante marcha avante. Jesus Se coloca como refinador e purificador de Seu povo; e quando Sua imagem estiver perfeitamente refletida neles, eles estarão perfeitos e santos, e preparados para a trasladação. Exige-se do cristão uma obra perfeita. Somos exortados a purificar-nos "de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus". 2 Coríntios 7:1. Aí vemos onde está a grande obra. Há um trabalho contínuo para o cristão. Toda vara da videira-mãe tem de tirar dela vida e força, a fim de dar fruto. João 15:4. ------------------------Capítulo 66 -- O poder de Satanás T1 341 1 O homem caído é legítimo cativo de Satanás. A missão de Cristo foi libertá-lo do poder de Seu grande adversário. O homem é naturalmente inclinado a seguir as sugestões de Satanás, e não pode resistir com êxito a tão terrível inimigo, a menos que Cristo, o poderoso vencedor, nele habite, guiando-lhe os desejos, e dando-lhe resistência. Unicamente Deus é capaz de limitar o poder do maligno. Este anda de um lado para outro na Terra, e anda por ela acima e abaixo. Não está desapercebido nem por um instante, temendo perder uma oportunidade de destruir pessoas. Importante é que o povo de Deus compreenda isto, a fim de escapar-lhe aos ardis. Satanás está preparando seus enganos, para que, na última campanha contra o povo de Deus, eles não compreendam que é ele. "E não é maravilha, porque o próprio Satanás, se transfigura em anjo de luz." 2 Coríntios 11:14. Enquanto algumas pessoas iludidas advogam a idéia de que ele não existe, ele as está levando cativas, e atuando grandemente por meio delas. Melhor que o povo de Deus, sabe Satanás o poder que esse povo pode ter sobre ele, quando fazem de Cristo a sua força. Quando eles rogam humildemente ao poderoso Vencedor que os auxilie, o mais fraco dos crentes na verdade, repousando firmemente em Cristo, pode com êxito repelir a Satanás e todo o seu exército. Ele é demasiado astuto para apresentar-se aberta e ousadamente com suas tentações; pois então as entorpecidas energias do cristão despertar-se-iam, e ele havia de apoiar-se no forte e poderoso Libertador. Aproxima-se, porém, despercebidamente, e atua de maneira disfarçada por meio dos filhos da desobediência que professam piedade. T1 341 2 Satanás irá até aonde dão suas forças para molestar, tentar e desencaminhar o povo de Deus. Aquele que ousou enfrentar, tentar e ridicularizar nosso Senhor, e teve poder para tomá-Lo nos braços e levá-Lo ao pináculo do templo, e ao cimo de uma montanha elevadíssima, exercitará extraordinariamente seu poder sobre a atual geração, incomparavelmente inferior em sabedoria a seu Senhor, e quase inteiramente ignorante da sutileza e força de Satanás. Ele afetará de maneira extraordinária o corpo dos que são naturalmente inclinados a fazer-lhe a vontade. Satanás exulta com o fato de ser considerado como uma ficção. Quando fazem pouco, e o representam por qualquer ilustração infantil, ou como um animal, isto lhe convém. Julgam-no tão inferior, que a mente dos homens se acha de todo desapercebida para seus planos, sabiamente delineados, e quase sempre ele é bem-sucedido. Caso seu poder e sutileza fossem compreendidos, muitos estariam preparados para resistir-lhe de maneira eficaz. T1 342 1 Todos devem compreender que Satanás foi uma vez um anjo exaltado. Sua rebelião excluiu-o do Céu, mas não lhe destruiu as faculdades nem o tornou um animal. Desde sua queda, tem voltado a poderosa força de que dispõe contra o governo do Céu. Tem crescido em sagacidade, e tem aprendido a maneira mais eficaz de aproximar-se, com suas tentações, dos filhos dos homens. T1 342 2 Satanás tem dado origem a fábulas para por meio delas enganar. Ele começou no Céu a combater contra a base do governo de Deus, e desde que caiu tem levado avante sua rebelião contra a lei de Deus, e levado a massa dos professos cristãos a pisar o quarto mandamento, que põe em foco o Deus vivo. Deitou por terra o sábado original do decálogo, substituindo-o por um dos dias de trabalho. T1 342 3 A grande mentira original dita por ele a Eva no Éden: "Certamente não morrereis" (Gênesis 3:4), foi o primeiro sermão pregado sobre a imortalidade da alma. Aquele sermão foi coroado de êxito, seguindo-se-lhe terríveis resultados. Ele tem levado a mente de muitos a receber esse sermão como sendo a verdade, e pastores pregam isto, cantam isto e sobre isto oram. T1 342 4 O não haver um diabo literal, e haver graça depois da volta de Cristo, estão-se tornando rapidamente fábulas populares. As Escrituras declaram positivamente que o destino de cada pessoa está para sempre determinado por ocasião da vinda do Senhor. "Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda. E, eis que cedo venho, e o Meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra." Apocalipse 22:11, 12. T1 343 1 Satanás tem-se aproveitado dessas fábulas populares para ocultar-se. Ele se achega aos pobres, iludidos mortais, mediante o espiritualismo, que não põe limites às pessoas de mente carnal e, se colocado em prática, separa famílias, cria invejas e ódios, dando livre curso às mais degradantes inclinações. O mundo não conhece ainda senão pouca coisa da corruptora influência do espiritualismo. Ergueu-se a cortina, e foi-me revelado muito de sua horrível obra. Foram-me mostradas pessoas que tiveram experiência no espiritualismo, e que a ele renunciaram depois, e que tremem ao considerar quão perto estiveram da completa ruína. Haviam perdido o domínio de si mesmas, e Satanás as levava a fazer aquilo que elas detestavam. Mas mesmo essas pessoas não fazem senão uma pálida idéia do que seja o espiritualismo. Pastores, inspirados por Satanás, podem apresentar eloqüentemente esse horroroso monstro, ocultar-lhe a deformidade, e fazê-lo parecer belo aos olhos de muitos. Mas ele vem tão direto de sua satânica majestade, que reivindica o direito de controlar a todos quantos têm que ver com ele, porquanto se aventuraram a penetrar em terreno proibido, e perderam a proteção de seu Criador. T1 343 2 Algumas pobres pessoas que foram fascinadas com as eloqüentes palavras dos ensinadores do espiritualismo, e submeteram-se-lhe à influência, descobrem posteriormente seu caráter mortífero, e querem renunciar a ele e fugir-lhe, mas não conseguem. Satanás as segura por seu poder, e não as quer deixar libertarem-se. Sabe que são indubitavelmente suas enquanto as tem sob controle especial, mas que, se uma vez se libertarem de seu poder, nunca mais as poderá levar outra vez a crer no espiritualismo e a se colocarem tão diretamente sob seu domínio. O único meio de essas pobres pessoas se livrarem de Satanás, é discernirem entre a pura verdade bíblica, e as fábulas. Ao reconhecerem elas os reclamos da verdade, colocam-se na posição em que podem ser ajudadas. Elas devem rogar aos que têm experiência religiosa, e que possuem fé nas promessas de Deus, que pleiteiem com o poderoso Libertador em seu benefício. Será um combate difícil. Satanás reforçará os anjos maus que têm mantido essas pessoas em sujeição; mas se os santos de Deus, com profunda humildade, jejuarem e orarem, suas orações prevalecerão. Jesus comissionará santos anjos para resistirem a Satanás, e ele será repelido, e desfeito o seu poder sobre aquelas vítimas. "E disse-lhes: Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum." Marcos 9:29. T1 344 1 O ministério popular não pode resistir com êxito ao espiritualismo. Nada possuem com que proteger seus rebanhos dessa fatal influência. Muito dos tristes resultados do espiritualismo pesará sobre os pastores desta época; pois têm pisado a verdade a pés, e preferido em seu lugar as fábulas. O sermão pregado por Satanás a Eva sobre a imortalidade da alma -- "Certamente não morrereis" (Gênesis 3:4) -- têm eles reiterado do púlpito; e o povo o recebe como pura verdade bíblica. É o fundamento do espiritualismo. Em parte alguma ensina a Palavra de Deus ser a alma do homem imortal. A imortalidade é atributo unicamente de Deus. "Aquele que tem, Ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver: ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém." 1 Timóteo 6:16. T1 344 2 A Palavra de Deus, devidamente compreendida e aplicada, é uma salvaguarda contra o espiritualismo. Um inferno ardendo eternamente, pregado do púlpito e conservado diante do povo, é uma injustiça ao benévolo caráter de Deus. Isto O apresenta como o maior tirano do Universo. Este espalhado dogma tem encaminhado milhares ao universalismo, à infidelidade e ao ateísmo. A Palavra de Deus é clara. É uma perfeita cadeia de verdades, e demonstrar-se-á uma âncora para os que estão dispostos a aceitá-la, ainda que tenham de sacrificar suas acariciadas fábulas. Ela os salvará dos terríveis enganos destes tempos perigosos. Satanás tem dirigido a mente dos pastores de várias igrejas de modo a se apegarem tenazmente a seus erros populares, da mesma maneira que induziu os judeus em sua cegueira, a apegarem-se a seus sacrifícios, e a crucificarem a Cristo. A rejeição da luz e da verdade deixa os homens cativos, sujeitos ao engano do inimigo. Quanto maior a luz que eles rejeitarem, tanto maior o poder do engano e as trevas que deles se hão de apoderar. T1 345 1 Foi-me mostrado que o verdadeiro povo de Deus é o sal da Terra e a luz do mundo. Mateus 5:13, 14. Deles requer Deus contínuo progresso no conhecimento da verdade, e no caminho da santidade. Então eles compreenderão a intromissão de Satanás, e no poder de Jesus, hão de resistir-lhe. Satanás chamará em sua ajuda legiões de seus anjos, para opor-se ao progresso de uma pessoa que seja, e, se possível, arrebatá-la da mão de Cristo. T1 345 2 Vi anjos maus contendendo por pessoas, e anjos de Deus a resistirem-lhes. Difícil foi a luta. Os anjos maus estavam corrompendo a atmosfera com sua influencia venenosa, e amontoando-se em torno dessas pessoas a fim de adormecer-lhes as sensibilidades. Santos anjos observavam ansiosamente e aguardavam para repelir o exército satânico. Não cabe, porém, aos anjos santos, o controlar a mente dos homens contra a sua vontade. Caso eles cedam ao inimigo, e não façam esforços para resistir-lhe, então os anjos de Deus pouco mais podem fazer do que restringir o exército de Satanás, para que não destrua, até que seja dada mais luz aos que estão em perigo, a fim de os mover a despertarem a volver-se para o Céu em busca de socorro. Jesus não comissionará os santos anjos a livrarem os que não fazem nenhum esforço para se ajudarem a si mesmos. T1 345 3 Se Satanás vê que está em perigo de perder uma pessoa, ele se ativa ao máximo para conservá-la. E quando o indivíduo é despertado para o perigo em que se encontra, e aflita e fervorosamente, busca forças em Jesus, o inimigo teme perder um cativo, e chama um reforço de seus anjos a fim de encurralarem a pobre pessoa, formando um muro de trevas em torno dela, de modo que a luz do Céu não chegue até onde ela está. Se, porém, a pessoa em perigo persevera, e em sua impotência se lança sobre os méritos do sangue de Cristo, nosso Salvador escuta a fervorosa oração da fé, e envia reforço daqueles anjos magníficos em poder, a fim de a libertar. Satanás não suporta que se apele para seu poderoso rival, pois teme e treme diante de Sua força e majestade. Ao som da fervorosa oração todo o exército de Satanás treme. Ele continua a chamar legiões de anjos maus para conseguir seu fim. E quando os anjos todo-poderosos, revestidos com a armadura celeste, chegam em auxílio da fraca e perseguida pessoa, o inimigo e seus anjos recuam, sabendo muito bem que sua batalha está perdida. Os voluntários súditos de Satanás são fiéis, ativos e unidos no mesmo objetivo. E se bem que eles se odeiem e guerreiem uns aos outros, aproveitam toda oportunidade para promover o interesse comum. Mas o grande Comandante do Céu e da Terra limitou o poder de Satanás. T1 346 1 Minha experiência tem sido singular, e por anos tenho sofrido peculiares provações de espírito. A condição do povo de Deus, e minha ligação com a Sua obra, têm-me trazido muitas vezes um peso de tristeza e desânimo inexprimíveis. Durante anos tenho considerado a sepultura como um aprazível lugar de descanso. Em minha última visão, indaguei do anjo que me assistia, por que eu era deixada a sofrer tal perplexidade de espírito, e era com tanta freqüência lançada no campo de batalha de Satanás. Roguei que, se eu devia estar tão estreitamente ligada à causa da verdade, fosse livrada dessas rigorosas provas. Há força e poder nos anjos de Deus, e supliquei que fosse protegida. T1 346 2 Então me foi apresentada nossa vida anterior e foi-me mostrado que Satanás procurara por várias maneiras destruir nossa utilidade. Muitas vezes fizera ele planos para tirar-nos da obra de Deus; aproximara-se em modos vários e por meio de instrumentos diversos para realizar seus fins. Mas, pelo ministério dos santos anjos fora derrotado. Vi que em nossas viagens de um lugar para outro, ele colocara freqüentemente seus anjos maus em nosso caminho a fim de provocar acidentes que nos tirassem a vida; mas anjos santos foram enviados ao local para nos livrar. Vários acidentes puseram em grande risco a vida de meu marido e a minha, e fomos maravilhosamente protegidos. Vi que tínhamos sido objetos especiais dos ataques do inimigo, devido ao nosso interesse pela obra de Deus, e nossa ligação com ela. Ao ver o grande cuidado que Deus tem a cada momento com aqueles que O temem e amam, foi-me inspirada confiança nEle, e senti-me reprovada por minha falta de fé. ------------------------Capítulo 67 -- As duas coroas T1 347 1 Em visão que me foi concedida em Battle Creek (Michigan), a 25 de Outubro de 1861, foi-me mostrada esta Terra, escura e triste. Disse o anjo: "Olha atentamente!" Então me foi mostrado o povo sobre a Terra. Alguns estavam rodeados de anjos de Deus, outros se achavam em completas trevas, cercados de anjos maus. Vi um braço estendido do Céu, segurando um cetro de ouro. Na extremidade superior do cetro havia uma coroa, cravejada de brilhantes. Cada brilhante emitia luz cintilante, clara e bela. Inscritas na coroa havia estas palavras: "Todos os que me conquistam são felizes, e terão vida eterna." T1 347 2 Embaixo desta coroa havia outro cetro, e sobre ele também outra coroa, em cujo centro havia jóias, ouro e prata, refletindo alguma luz. A inscrição sobre a coroa era: "Tesouros terrestres. A riqueza é um poder. Todos os que me conquistam têm honra e fama." Vi uma vasta multidão que lutava para alcançar essa coroa. Faziam grande rumor. Alguns, em sua avidez, pareciam desprovidos da razão. Empurravam-se uns aos outros, deixando para trás os mais fracos, pisando sobre os que, na pressa, caíam. Muitos avidamente se apoderavam dos tesouros que estavam na coroa, e os seguravam firmemente. A cabeça de alguns era branca como a prata, e seu rosto estava enrugado pelos cuidados e ansiedade. Não tomavam em consideração os próprios parentes, ossos de seus ossos e carne de sua carne; mas, enquanto para eles eram lançados olhares súplices, mais firmemente seguravam seus tesouros, como se estivessem receosos de que num momento de descuido perdessem um pouco, ou fossem induzidos a reparti-los com eles. Seus olhares ávidos muitas vezes se fixavam na coroa terrestre, e contavam e recontavam seus tesouros. Vultos que exprimiam necessidade e miséria, apareciam naquela multidão, olhavam cobiçosos os tesouros, e voltavam sem esperanças, visto que os mais fortes sobrepujavam e afastavam os mais fracos. Contudo não podiam assim desistir; mas, com uma multidão de deformados, enfermos e idosos, procuravam avançar para a coroa terrestre. Alguns morriam ao tentar alcançá-la; outros sucumbiam precisamente no ato de se apoderarem dela. Muitos morriam apenas se haviam dela apossado. Cadáveres se espalhavam pelo solo; todavia a multidão avançava, pisando os que estavam caídos e o cadáver de seus companheiros. Cada um que atingia a coroa, adquiria parte nela, e era ruidosamente aplaudido pela multidão interessada que se achava em redor. T1 348 1 Uma grande multidão de anjos maus estava ocupadíssima. Satanás estava no meio deles, e todos olhavam com a maior satisfação para a multidão que lutava pela coroa. Ele parecia lançar um encanto particular sobre os que avidamente a buscavam. Muitos que procuravam essa coroa terrestre eram cristãos professos. Alguns pareciam ter alguma luz. Olhavam interessados para a coroa celestial, e pareciam muitas vezes encantar-se com sua beleza, contudo não tinham o verdadeiro senso de seu valor e glória. Enquanto frouxamente estendiam uma das mãos à coroa celeste, a outra a estendiam avidamente à terrestre, decididos a possuí-la; e na sua diligência ansiosa por obter a terrestre, perdiam de vista a celeste. Ficavam em trevas, e mesmo assim andavam às apalpadelas, com ansiedade, buscando conseguir a coroa terrestre. Alguns se desgostavam da multidão que a procurava tão veementemente; pareciam ter intuição de seu perigo, e dele se desviavam, e diligentemente buscavam a coroa celestial. O rosto desses logo mudava de escuro para claro, de triste para prazenteiro e cheio de santa alegria. T1 349 1 Vi então um grupo comprimindo-se por entre a multidão, tendo os olhos atentamente fixos na coroa celestial. Enquanto com esforço procuravam caminho por entre a multidão desordenada, anjos os ajudavam, abrindo caminho para que avançassem. Aproximando-se eles da coroa celestial, a luz que dela emanava resplandecia sobre eles, e em redor deles, afugentava as trevas, e tornava-se mais clara e brilhante, até que eles pareciam transformar-se e assemelhar-se aos anjos. Não se detinham em olhar à coroa terrestre. Os que se estavam empenhando na conquista da coroa terrestre, escarneciam deles, e atiravam-lhes pelas costas bolas pretas. Estas não lhes faziam mal contanto que seus olhos se mantivessem fixos na coroa celestial; aqueles, porém, que volviam a atenção para as bolas pretas, eram por elas manchados. Foi-me apresentado o seguinte texto: T1 349 2 "Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas! Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom." Mateus 6:19-24. T1 350 1 Então o que eu vira me foi explicado como segue: A multidão que tão avidamente se esforçava por alcançar a coroa terrestre, eram os que amam os tesouros deste mundo e se deixam enganar e lisonjear por suas efêmeras atrações. Alguns vi que, embora professem ser seguidores de Jesus, têm tanta ambição de obter os tesouros terrestres, que perdem o amor ao Céu, agem como o mundo e por Deus são considerados mundanos. Professam buscar uma coroa imortal, um tesouro nos Céus; mas seu interesse e principal empenho é adquirir tesouros terrestres. Aqueles que têm seus tesouros neste mundo, e amam suas riquezas, não podem amar a Jesus. Poderão supor que são justos e, ainda que com garras de avarento se apeguem a suas posses, não poderão ser levados a enxergar isto ou compreender que amam o dinheiro mais do que a causa da verdade ou o tesouro celeste. T1 350 2 "Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!" Mateus 6:23. Houve um momento na experiência de tais pessoas, em que a luz que lhes fora dada não foi mantida, e se tornou em trevas. Disse o anjo: "Vocês não podem amar e adorar os tesouros da Terra, e ter as verdadeiras riquezas." Quando aquele jovem foi ter com Jesus e Lhe disse: "Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?" Mateus 19:16. Jesus lhe ofereceu esta escolha: Desfazer-se de suas posses e ter a vida eterna, ou reter aquelas e perder esta. Suas riquezas lhe eram de maior valor do que o tesouro celeste. A condição de desfazer-se de seus tesouros e dá-los aos pobres a fim de se tornar seguidor de Cristo e ter a vida eterna, esfriou-lhe o desejo, e ele se retirou, triste. T1 350 3 Aqueles que me foram apresentados como estando ansiosos pela coroa terrestre, são os que recorrerão a todos os meios para adquirir propriedades. Tornam-se doidos neste sentido. Todos os seus pensamentos e energias se dirigem para a aquisição de riquezas terrestres. Pisam os direitos de outrem, oprimem os pobres e os trabalhadores em seu salário. Se podem ter vantagem sobre os que são mais pobres e menos sagazes, e assim agir de maneira a aumentar suas riquezas, não hesitarão um momento em oprimi-los, e mesmo vê-los levados a mendicância. T1 351 1 Os homens cuja cabeça embranquecida pela idade, e de rosto enrugado pelos cuidados, e que no entanto avidamente agarravam os tesouros de dentro da coroa, eram homens idosos que poucos anos tinham diante de si. Contudo eram inflexíveis na defesa de seus tesouros terrestres. Quanto mais se aproximavam do túmulo, tanto mais ansiosos ficavam em apegar-se a eles. Os próprios parentes não eram beneficiados. Consentiam que os membros da própria família trabalhassem além de suas forças para economizar um pouco de dinheiro. Não o empregavam para o bem de outros, nem para o próprio bem. Bastava-lhes saber que o possuíam. Ao ser-lhes apresentado o dever de diminuir as necessidades dos pobres e de sustentar a causa de Deus, ficavam desgostosos. Alegremente aceitariam o dom da vida eterna, mas não queriam que lhes custasse coisa alguma. As condições são muito penosas. Mas Abraão, para tal fim não recusou o seu único filho. Em obediência a Deus, sacrificaria esse filho da promessa, mais facilmente do que muitos sacrificariam algumas de suas posses terrestres. T1 351 2 Era doloroso ver-se aqueles que deveriam estar a amadurecer para a glória e habilitar-se diariamente para a imortalidade, aplicando todas as suas forças na retenção de tesouros terrestres. Vi que esses tais não podiam dar valor ao tesouro celestial. Seu apego intenso às coisas terrenas, levam-nos a mostrar, pelas suas obras, que não estimam a herança celestial o bastante para por ela fazer qualquer sacrifício. O "jovem rico" manifestou vontade de guardar os mandamentos, contudo nosso Senhor lhe disse faltar alguma coisa. Mateus 19:20, 22. Desejava a vida eterna, mas amava mais as suas posses. Muitos se enganam a si mesmos. Não buscam a verdade como se fosse um tesouro escondido. Não tiram o melhor partido possível de suas faculdades. Sua mente, que poderia ter sido iluminada com a luz do Céu, fica perplexa e perturbada. "Os cuidados deste mundo, e os enganos das riquezas e as ambições de outras coisas, entrando, sufocam a palavra, e fica infrutífera." Marcos 4:19. "Tais pessoas", disse o anjo, "estão sem desculpa." Vi a luz apagando-se para elas. Não desejavam compreender as solenes e importantes verdades para este tempo, e achavam que estavam bem sem as compreender. Foi-se-lhes a sua luz, e ficaram às apalpadelas, em trevas. T1 352 1 A multidão dos deformados e enfermos que se comprimia para alcançar a coroa terrestre, são aqueles cujos interesses e tesouros estão neste mundo. Conquanto de todos os modos sofram desapontamentos, não colocarão suas afeições no Céu, nem assegurarão para si naquele lugar um tesouro e um lar. Fracassam na busca das coisas terrestres, e no entanto perdem as celestiais enquanto pelejam por aquelas. Apesar do desapontamento, vida infeliz e morte daqueles que puseram todo o seu empenho na obtenção de riquezas terrestres, outros seguem o mesmo caminho. Atiram-se doidamente, sem tomar em consideração o fim miserável daqueles cujo exemplo estão seguindo. T1 352 2 Os que alcançaram a coroa e nela obtiveram parte, tendo por isso sido aplaudidos, são aqueles que conseguem o que constitui o único objetivo de sua vida: riquezas. Recebem a honra que o mundo confere aos que são ricos. Têm influência no mundo. Satanás e seus anjos maus estão satisfeitos. Sabem que esses são certamente deles, e que enquanto viverem em rebelião contra Deus, são poderosos agentes de Satanás. T1 352 3 Os que se desgostaram com a multidão que clamava pela coroa terrestre, são aqueles que notaram a vida e o fim de todos os que se esforçam por conseguir riquezas terrestres. Vêem que esses tais nunca estão satisfeitos, e que são infelizes; assustam-se e se separam daquela classe infeliz, e procuram as riquezas verdadeiras e duráveis. T1 353 1 Aqueles que lutam por passar através da multidão a fim de obter a coroa celeste, auxiliados pelos santos anjos, foi-me mostrado serem o fiel povo de Deus. Os anjos os conduzem, e eles são inspirados com zelo a fim de se esforçarem para prosseguir na aquisição do tesouro celeste. T1 353 2 As bolas pretas que eram atiradas às costas dos santos, eram as falsidades difamatórias postas em circulação contra o povo de Deus, por aqueles que amam e praticam a mentira. Devemos ter o máximo cuidado em viver vida irrepreensível, e abster-nos de toda a aparência do mal; e então é nosso dever avançar destemidamente, sem dar atenção às falsidades degradantes dos ímpios. Enquanto os justos mantiverem os olhares fixos no incalculável tesouro celeste, tornar-se-ão mais e mais semelhantes a Cristo, e assim serão transformados e dispostos para a trasladação. ------------------------Capítulo 68 -- O futuro T1 353 3 Na transfiguração, Jesus foi glorificado pelo Pai. Ouvimo-Lo dizer: "Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é glorificado nEle." João 13:31. Assim, antes de ser traído, e crucificado, foi fortalecido para os últimos e terríveis sofrimentos. Ao se aproximarem os membros do corpo de Cristo do período de sua luta final, o "tempo de angústia para Jacó" (Jeremias 30:7), crescerão em Cristo, e partilharão grandemente de Seu espírito. À medida que a terceira mensagem se avoluma e se torna alto clamor, e que a obra final é acompanhada de grande poder e glória, o fiel povo de Deus participa dessa glória. É a chuva serôdia que os vivifica e fortalece para passar pelo tempo de angústia. Seu rosto brilhará com a glória daquela luz que acompanha a mensagem do terceiro anjo. T1 353 4 Vi que Deus preservara Seu povo, de maneira maravilhosa, durante o tempo de angústia. Como Jesus derramou Seu coração em agonia, no jardim, eles hão de fervorosamente clamar e angustiar-se dia e noite, pedindo libertação. Sairá o decreto para que eles rejeitem o sábado do quarto mandamento e honrem o primeiro dia, ou morram; eles não cederão, porém, para pisar a pés o sábado do Senhor e honrar uma instituição do papado. O exército de Satanás e homens ímpios os rodearão, e exultarão sobre eles, pois parecerá não haver escape para eles. Em meio, porém, de sua orgia e triunfo, ouve-se ribombo após ribombo dos mais estrondosos trovões. Os céus se enegrecem, sendo iluminados apenas pela brilhante luz e a terrível glória do céu ao fazer Deus soar Sua voz desde Sua santa habitação. T1 354 1 Abalam-se os fundamentos da Terra; os edifícios vacilam e caem com terrível fragor. O mar ferve como uma caldeira, e a Terra toda se acha em horrível comoção. Vira-se o cativeiro dos justos e, em suaves e solenes murmúrios, dizem uns aos outros: "Somos libertados. É a voz de Deus." Com solene respeito escutam eles as palavras da voz. Os ímpios ouvem, mas não entendem as palavras da voz de Deus. Temem e tremem, ao passo que os santos se regozijam. Satanás e seus anjos e os ímpios, que há pouco se regozijavam de que o povo de Deus se encontrasse no poder deles, para os destruírem da Terra, testemunham a glória conferida aos que honraram a santa lei de Deus. Contemplam o rosto dos justos iluminado e refletindo a imagem de Jesus. Os que estavam tão ansiosos de destruir os santos não podem resistir à glória que se manifesta sobre os libertados, e caem por terra como mortos. Satanás e os anjos maus, fogem da presença dos santos glorificados. Desaparece para sempre seu poder de os molestar. ------------------------Capítulo 69 -- A rebelião* T1 355 2 O terrível estado de nossa nação [Estados Unidos] clama por profunda humildade por parte do povo de Deus. A importantíssima pergunta que deveria agora ocupar a mente de cada um é: "Estou preparado para o dia do Senhor? Posso suportar a penosa prova que está diante de mim?" T1 355 3 Vi que Deus está purificando e provando Seu povo. Ele os refinará como ouro, até que a escória seja consumida e Sua imagem neles refletida. Muitos não têm o espírito de renúncia própria e aquela disposição para suportar dificuldades e sofrer por causa da verdade, como Deus requer. Sua vontade não foi subjugada e eles não se consagraram plenamente ao Senhor, não buscando prazer maior do que fazer Sua vontade. Pastores e povo têm falta de espiritualidade e da verdadeira piedade. Tudo o que puder ser sacudido, sê-lo-á. O povo de Deus será levado às mais difíceis situações e todos precisam ser estabelecidos, arraigados e solidificados na verdade, ou seus pés certamente resvalarão. Quando Deus conforta e alimenta o espírito com Sua inspiradora presença, ele pode suportar dificuldades, embora o caminho possa ser escuro e espinhoso. Pois a escuridão em breve passará e a verdadeira luz brilhará para sempre. Foram apontados os textos de Isaías 58; 59:1-15 e Jeremias 14:10-12, como uma descrição do presente estado de nossa nação. O povo deste país abandonou a Deus e se esqueceu dEle. Escolheram outros deuses e seguiram seus caminhos corrompidos, até que o Senhor os deixou. Os habitantes da Terra transgrediram a Lei de Deus e violaram Seu concerto eterno. T1 356 1 Foi-me revelada a agitação causada entre nosso povo pelo artigo da Review, intitulado "A Nação". Alguns o entendiam de um modo, outros de maneira diversa. As claras colocações foram distorcidas e forçadas a declarar aquilo que o autor não pretendia. Ele comunicou a melhor luz que até então já comunicara. Era necessário que alguma coisa fosse dita. A atenção de muitos se voltou para os observadores do sábado, porque eles não manifestavam maior interesse na guerra e não se alistaram como voluntários. Em alguns lugares eles eram considerados como simpatizantes dos confederados. Veio o tempo em que nossos verdadeiros sentimentos com relação à escravatura e a Confederação deviam ser conhecidos. Havia necessidade de agir com sabedoria para desfazer as suspeitas levantadas contra os guardadores do sábado. Devíamos agir com grande cautela. "Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens." Romanos 12:18. Devemos atender a essa admoestação e não sacrificar nenhum princípio de nossa fé. Satanás e seu exército estão em guerra contra os observadores dos mandamentos e agirão para colocá-los em situações difíceis. Os crentes não deverão, por falta de discrição, envolver-se nelas. T1 356 2 Foi-me revelado que alguns agiram de modo bastante indiscreto com relação ao artigo mencionado. Ele não estava, sob todos os pontos de vista, de acordo com suas opiniões, e em vez de calmamente pesarem o assunto e analisá-lo sob todos os seus ângulos, perturbaram-se, agitaram-se, e alguns apanharam a caneta e tiraram conclusões apressadas que não suportariam um exame. Alguns foram incoerentes e irrazoáveis. Fizeram o que Satanás sempre quis, isto é, agiram segundo os próprios sentimentos rebeldes. T1 356 3 Em Iowa eles levaram as coisas muito longe e se entremeteram com o fanatismo. Tomaram falso zelo e fanatismo por consciência. Em vez de serem guiados pela razão e julgamento sadios, permitiram que seus sentimentos assumissem o controle. Estavam prontos a se tornarem mártires por sua fé. Porventura todo esse sentimentalismo os conduziu a Deus? A maior humildade diante dEle? Levou-os a confiar em Seu poder para livrá-los de situações difíceis nas quais poderiam ser colocados? Oh, não! Em vez de fazerem suas petições ao Deus do Céu, e confiando somente em Seu poder, apelaram para a legislação e foram rejeitados. Revelaram sua fraqueza e expuseram sua falta de fé. Tudo isso só serviu para pôr essa classe peculiar, os guardadores do sábado, sob observação especial e expô-los a situações difíceis por aqueles que não nutrem nenhuma simpatia por eles. T1 357 1 Alguns têm sido prontos em descobrir faltas e contestar qualquer sugestão feita. Mas poucos têm tido sabedoria neste tempo difícil para pensar de modo isento de preconceito e imparcialmente dizer o que precisa ser feito. Vi que aqueles que têm se adiantado em falar tão decididamente sobre a recusa em obedecer a um recrutamento, não sabem do que estão falando. Houvessem eles realmente sido convocados e, recusando-se a obedecer, fossem ameaçados com encarceramento, tortura ou morte, eles recuariam, descobrindo então não estarem preparados para tal emergência. Não suportariam a prova de sua fé. Aquilo que pensavam ser fé, apenas se mostraria ser fanática presunção. T1 357 2 Os que estariam melhor preparados para sacrificar a própria vida se esta lhes fosse exigida, em vez de colocar-se numa posição em que não pudessem obedecer a Deus, teriam pouco a dizer. Não fariam qualquer alarde, mas se compenetrariam profundamente e meditariam muito, e suas ferventes orações subiriam ao Céu rogando sabedoria para agir e graça para resistir. Aqueles que, no temor de Deus, sentem não poder conscienciosamente empenhar-se nessa guerra, estarão muito calmos e, quando interrogados, declararão ao pesquisador somente o que for necessário, e então deixarão claro que não nutrem qualquer simpatia pela Confederação. T1 358 1 Há poucos nas fileiras dos observadores do sábado que simpatizam com os escravistas. Quando aceitaram a verdade, não deixaram para trás de si todos os erros que deveriam. Esses necessitam um gole mais profundo da purificadora fonte da verdade. Alguns trouxeram consigo velhos preconceitos políticos, os quais não estão em harmonia com os princípios da verdade. Eles defendem que o escravo é propriedade do dono e não deveria ser tomado dele. Classificam esses escravos como gado e dizem que é ser injusto com o proprietário privá-lo de seus escravos, assim como tomar-lhe o gado. Foi-me mostrado que não importava quanto o proprietário havia pago pela carne e a vida dos homens; Deus não lhe deu nenhum documento sobre seres humanos e ele não têm qualquer direito de tomá-los como sua propriedade. Cristo morreu por toda a família humana, sejam brancos ou negros. Deus fez o homem como agente moral livre, quer brancos quer negros. A instituição da escravatura põe fim a tudo isso e permite exercer sobre seu semelhante um poder que Deus nunca lhe conferiu, e que pertence somente ao Senhor. O senhor de escravos tem-se atrevido a assumir a responsabilidade que pertence a Deus com respeito a seu escravo, dessa maneira será ele responsável por pecados, ignorância e vícios do escravo. Ele será chamado a dar contas pelo poder que exerce sobre o escravo. A raça negra é propriedade divina. O Criador tão-somente é seu Senhor; e aqueles que se atrevem a acorrentar o corpo e o intelecto do escravo, para mantê-lo em degradação como os animais, sofrerão retribuição. A ira de Deus está contida, mas ela será despertada e derramada sem mistura de misericórdia. T1 358 2 Alguns têm sido muito indiscretos ao manifestar suas convicções escravistas, convicções essas não procedentes do Céu, mas de Satanás. Esses espíritos inquietos falam e agem de modo a atrair reprovação sobre a causa de Deus. Transcreverei em seguida o teor de uma carta escrita ao irmão A, do Condado de Oswego, Nova Iorque: T1 359 1 "Foram-me reveladas algumas coisas a seu respeito. Vi que você se engana sobre si mesmo. O irmão deu ocasião aos inimigos de nossa fé para blasfemarem e censurarem os observadores do sábado. Por seu comportamento indiscreto, você cerrou os ouvidos de alguns que poderiam ouvir a verdade. Vi que deveríamos ser 'prudentes como as serpentes e símplices como as pombas'. Mateus 10:16. Mas você não manifesta nem a prudência da serpente nem a inocência da pomba. T1 359 2 "Satanás é o líder máximo da rebelião. Deus está punindo o Norte porque eles têm por tanto tempo tolerado a existência do amaldiçoado pecado da escravidão, pois à vista do Céu é um pecado da mais tétrica espécie. Deus não está com o Sul e Ele os castigará terrivelmente no final. Satanás é o instigador de toda a rebelião. Eu vi que você, irmão A, permitiu que seus princípios políticos destruíssem sua capacidade de julgar seu amor pela verdade. Eles estão devorando a verdadeira piedade em seu coração. Você nunca olhou a escravidão sob a verdadeira luz, e suas concepções sobre esse assunto o impeliram para o lado da Confederação, a qual foi incitada por Satanás e suas forças. Suas opiniões sobre escravidão não podem harmonizar-se com as verdades sagradas e importantes para este tempo. Você tem de submeter seus pontos de vista ou abrir mão da verdade. Ambos não podem ser apreciados pelo mesmo coração, porque estão em guerra entre si. T1 359 3 "Satanás o tem incitado. Ele não lhe deu descanso até que você expressasse suas preferências ao lado dos poderes das trevas, fortalecendo assim as mãos dos ímpios a quem Deus amaldiçoou. Você hipotecou sua influência ao lado errado, com esses cujo modo de vida é semear espinhos e plantar miséria para os outros. Eu o vi empregar sua influência em favor de um grupo degradado -- um grupo dos desprotegidos de Deus; e os anjos de Deus retiraram-se de você entristecidos. Vi que você estava totalmente enganado. Se tivesse seguido a luz que Deus lhe enviara; se tivesse atendido às instruções de seus irmãos; se tivesse escutado seu conselho, teria sido resguardado e poupado de censura a preciosa causa. Mas, apesar de toda a luz enviada, você deu publicidade a seus sentimentos. A menos que você desfaça o que realizou, será dever do povo de Deus retirar publicamente sua simpatia e companheirismo do irmão para poupar impressão duvidosa com respeito a nós como um povo. Precisamos tornar conhecido que não aceitamos pessoas tais em nosso meio, e que não compactuamos com elas na igreja. T1 360 1 "Você dissipou a santificadora influência da verdade. Perdeu sua ligação com o exército celestial. O irmão se aliou ao primeiro grande rebelde e a ira de Deus recai sobre você, pois Sua sagrada causa sofre vergonha e a verdade é desacreditada perante os descrentes. Você ofendeu o povo de Deus e desprezou o conselho de Seus embaixadores sobre a Terra, os quais trabalham em parceria com Ele e estão rogando da parte de Cristo que as pessoas se reconciliem com Deus. T1 360 2 "Foi-me mostrado que, como um povo, todo o cuidado que tomarmos é pouco com relação à influência que exercemos; precisamos vigiar cada palavra. Quando, por palavras ou atos, nos colocamos em território inimigo, afastamos os santos anjos e estimulamos e atraímos multidões de anjos maus ao nosso redor. Você agiu assim, irmão A, e por sua conduta vulnerável e premeditada fez com que os descrentes observassem os observadores do sábado com suspeita. Estas palavras me foram apresentadas como se referindo aos servos de Deus: 'Quem vos ouve a vós a Mim Me ouve; e quem vos rejeita a vós a Mim Me rejeita; e quem a Mim Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou.' Lucas 10:16. Que Deus o ajude, meu iludido irmão, para que você possa conhecer-se como realmente é, e reatar seus laços com a congregação." T1 360 3 Nosso "reino não é deste mundo". João 18:36. Estamos aguardando nosso Senhor voltar do Céu à Terra para submeter toda autoridade e poder e estabelecer Seu reino eterno. Os poderes terrenos serão abalados. Não podemos e não devemos esperar união entre as nações da Terra. Nossa posição na imagem de Nabucodonosor é representada pelos dedos do pé, num Estado dividido e feitos de um material fragmentário, que não se une. A profecia nos mostra que o grande dia de Deus está às portas e se apressa grandemente. T1 361 1 Vi que o nosso dever em cada caso é obedecer às leis de nossa pátria, a menos que se oponham às que Deus proferiu com voz audível do Monte Sinai, e depois, com o próprio dedo, gravou em pedra. "Porei as Minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e Eu lhes serei por Deus, e eles Me serão por povo." Hebreus 8:10. Quem tem a lei de Deus escrita no coração, obedecerá mais a Deus do que aos homens, e preferirá desobedecer a todos os homens a desviar-se um mínimo que seja dos mandamentos de Deus. O povo de Deus, ensinado pela inspiração da verdade, e guiado por uma consciência pura a viver segundo toda Palavra de Deus, terá a Sua lei, escrita no coração, como única autoridade que reconhece ou consente em obedecer. Supremas são a sabedoria e a autoridade da lei divina. T1 361 2 Revelou-se-me que o povo de Deus, que é Seu tesouro particular, não pode envolver-se nessa desconcertante guerra, pois ela se opõe a todos os princípios de sua fé. No exército eles não podem obedecer à verdade e ao mesmo tempo atender às ordens de seus oficiais. Haveria uma contínua violação de consciência. Os homens mundanos são governados por princípios mundanos e não podem apreciar quaisquer outros. A política secular e a opinião pública encerram um princípio de ação que os governa e conduz à prática de uma forma de boas obras. Mas o povo de Deus não pode ser governado por esses motivos. As palavras e ordens divinas, escritas na mente, são espírito e vida. Há nelas um poder para submeter e motivar a obediência. Os dez preceitos de Jeová são o fundamento de todas as leis justas e boas. Aqueles que amam os mandamentos de Deus conformar-se-ão com toda boa lei da Terra. Mas se as exigências dos governantes são tais que conflitem com as leis de Deus, a única questão a ser assentada é: Obedeceremos a Deus ou ao homem? Em conseqüência da longa, contínua e progressiva rebelião contra a constituição e leis supremas, um sombrio manto de trevas e morte cobre a Terra. A Terra geme sob a carga de culpa acumulada e em todos os lugares os agonizantes mortais são compelidos a experimentar a desgraça inclusa no salário da injustiça. Foi-me mostrado que os homens têm cumprido os propósitos de Satanás pela malícia e o engano, e uma terrível calamidade aconteceu recentemente. Pode-se verdadeiramente dizer: "Pelo que o juízo se tornou atrás, e a justiça se pôs longe, porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, e a eqüidade não pode entrar", "e quem se desvia do mal arrisca-se a ser despojado". Isaías 59:14, 15. Em alguns dos Estados livres, o padrão de moralidade está declinando mais e mais. Homens com apetites depravados e vida corrupta têm agora a oportunidade de triunfar. Eles escolheram como seus governantes aqueles cujos princípios são baixos, que não reprimem o mal e os apetites corrompidos dos homens, mas os deixam ter pleno controle. Se os que escolhem tornar-se como os animais, bebendo veneno líquido, forem os únicos sofredores; se sozinhos colherem os frutos dos próprios atos, então o mal não será tão grande. Mas muitos, muitos mesmo, devem passar por intenso sofrimento em conseqüência dos pecados de outros. Esposas e filhos, embora inocentes, devem esgotar a amarga taça até as escórias. T1 362 1 Sem a graça de Deus, os homens amam praticar o mal. Eles andam na escuridão e não têm o poder do domínio próprio. Dão rédeas soltas às suas paixões e apetites, até perderem as mais finas sensibilidades e darem lugar às paixões animais. Tais homens necessitam sentir um poder controlador mais elevado que os constranja a obedecer. Se os governantes não exercem o poder para aterrorizar o malfeitor, esse descerá ao nível dos animais. A Terra está se tornando mais e mais corrompida. T1 363 1 Muitos foram cegados e grandemente enganados na última eleição, e seu voto foi usado para dar autoridade a homens que toleram o mal; homens que testemunhariam impassíveis um dilúvio de infortúnios e miséria, e cujos princípios são corruptos, que são simpatizantes do Sul e preservariam a escravatura nos moldes em que está. T1 363 2 Em posições de confiança nos exércitos do Norte estão homens que são rebeldes de coração, que não estimam a vida de um soldado mais do que a de um cão. Eles podem vê-los esfarrapados, mutilados e moribundos aos milhares, sem se impressionarem. Os oficiais do exército sulista estão constantemente recebendo informações com respeito aos planos do exército da União. Chegaram aos oficiais do Norte informações sobre os movimentos e a aproximação dos rebeldes, as quais foram desrespeitadas e desprezadas, porque o informante era negro. E por terem negligenciado preparar-se para o ataque, as forças da União foram surpreendidas e quase dizimadas, e o que é pior, muitos dos pobres soldados foram aprisionados e sofreram torturas piores do que a morte. T1 363 3 Se houvesse união no exército do Norte, essa rebelião logo seria subvertida. Os rebeldes sabem que têm muitos simpatizantes em todo o exército do Norte. As páginas da História estão se tornando mais e mais escuras. Homens leais que não têm qualquer simpatia pela rebelião, com a escravatura que a causa, foram enganados. Sua influência tem ajudado a colocar no poder homens a cujos princípios eles se opunham. T1 363 4 Tudo está se preparando para o grande dia de Deus. O tempo durará um pouco mais até que os habitantes da Terra tenham enchido a medida de sua iniqüidade, e então a ira de Deus, que por tanto tempo tem estado dormitando, se despertará, e esta terra de luz beberá da taça de Sua ira sem mistura. O devastador poder de Deus está sobre a Terra para despedaçar e destruir. Os habitantes da Terra estão destinados à espada, à fome e à pestilência. T1 363 5 Muitos homens em posição de autoridade, generais e oficiais agem em conformidade com as instruções dadas pelos espíritos. Os espíritos de demônios apresentando-se como guerreiros já falecidos e habilidosos generais, comunicam-se com os homens em autoridade e controlam muitos de seus movimentos. Um general recebe orientações desses espíritos para ordenar movimentos especiais e se envaidece com a esperança de sucesso. Outro recebe orientações que diferem totalmente daquelas dadas ao primeiro. Algumas vezes os que seguem as orientações dadas, obtêm uma vitória, porém, conhecem derrotas com mais freqüência. T1 364 1 Os espíritos algumas vezes passam a esses dirigentes militares um relato antecipado dos eventos a ocorrer nas batalhas nas quais estão prestes a se envolver, e daqueles que cairão nos campos de combate. Ocasionalmente, acontece justamente como esses espíritos predisseram, e isso fortalece a confiança dos que crêem nessas manifestações espiritistas. E novamente se descobre que não foram dadas informações corretas, mas os espíritos enganadores dão algum esclarecimento, o qual é aceito. O engano sobre a mente é tão grande que muitos não conseguem perceber os espíritos mentirosos que os estão conduzindo para a destruição certa. T1 364 2 O grande general rebelde, Satanás, está familiarizado com as atuações desta guerra e orienta seus anjos para assumir a forma de generais mortos, imitar seus modos e exibir seus traços peculiares de caráter. E os líderes militares realmente acreditam que os espíritos de seus amigos e de guerreiros mortos, os pais da Guerra Revolucionária, os estão guiando. Se eles não estivessem sob o mais poderoso e fascinante engano, começariam a pensar que os guerreiros no Céu (?) não manifestam bom e bem-sucedido generalato, ou se esqueceram de suas afamadas habilidades terrenas. T1 364 3 Em vez dos principais dirigentes desta guerra confiarem no Deus de Israel, e levarem seus exércitos a confiar no Único que pode livrá-los de seus inimigos, a maioria busca o príncipe dos demônios e nele confia. Deuteronômio 32:16-22. Disse o anjo: "Como pode Deus prosperar tais pessoas? Se elas O contemplassem e nEle confiassem; se tão-somente se achegassem onde Ele as pudesse ajudar, consoante Sua própria glória, Deus prontamente faria isso." T1 365 1 Vi que Deus não daria completamente o exército do Norte nas mãos dos rebeldes, para ser totalmente destruído por seus inimigos. Foi-me chamada a atenção para o seguinte texto: "Eu disse que por todos os cantos os espalharia; faria cessar a sua memória dentre os homens, se eu não receara a ira do inimigo, para que os seus adversários o não estranhem e para que não digam: A nossa mão está alta; o Senhor não fez tudo isso. Porque são gente falta de conselhos, e neles não há entendimento. Tomara eles fossem sábios, que isso entendessem e atentassem para o seu fim! Como pode ser que um só perseguisse mil, e dois fizessem fugir dez mil, se a sua Rocha os não vendera, e o Senhor os não entregara?" Deuteronômio 32:26-30. T1 365 2 Há generais no exército que são totalmente dedicados e buscam fazer tudo para deter essa terrível rebelião e guerra desnaturada. Mas a maioria dos oficiais e homens de comando acalentam seu propósito egoísta. Cada um está procurando obter vitória para seu quartel, e muitos soldados verdadeiros e sinceros estão se tornando medrosos e desanimados. Nobremente desempenhariam sua parte quando em luta com o inimigo, mas o tratamento que têm recebido de seus próprios oficiais é desumano. Entre os soldados há homens sensíveis e independentes de espírito. Eles nunca foram acostumados a estar em contato com tão degradada classe de homens como a guerra reuniu, a ser tratados com tirania e abuso, como se fossem animais. É-lhes muito difícil suportar tudo isso. Muitos oficiais têm paixões animalescas, e quando postos em autoridade acham boa oportunidade de agir segundo sua natureza brutal. Tiranizam seus subordinados assim como os senhores do Sul oprimem os escravos. Essas coisas tornarão difícil o recrutamento para o exército. T1 366 1 Em alguns casos, quando os generais estavam envolvidos nos mais terríveis conflitos, onde seus homens caíam como chuva, um reforço de contingente no tempo certo lhes teria dado a vitória. Mas outros generais não se preocuparam nada pelas vidas perdidas, e em lugar de ajudar aqueles que estavam empenhados em combate, embora seus interesses fossem comuns, retiveram a ajuda necessária temendo que o general aliado recebesse a honra de ser bem-sucedido ao repelir o inimigo. Por causa da inveja e ciúmes eles exultaram em ver o inimigo ganhar a vitória e pôr em fuga os homens da União. Os sulistas possuem um espírito infernal nessa rebelião, mas os homens do Norte não são inocentes. Muitos deles são ciumentos e temem que outros obtenham honras, e sejam exaltados acima deles. Oh, quantos milhares de vidas foram sacrificados por conta disso! Os de outras nações que lutaram na guerra tinham um só interesse. Com um zelo desinteressado eles atacaram para conquistar ou morrer. Os líderes revolucionários agiram de modo unido e com zelo, assim ganharam sua independência. Mas os homens agora agem como demônios em vez de seres humanos. T1 366 2 Satanás, através de seus anjos, comunicou-se com oficiais que eram homens frios e calculistas quando agindo por si mesmos, e eles abriram mão do próprio discernimento, e foram conduzidos por esses espíritos enganadores a lugares muito difíceis, onde foram repelidos com terrível morticínio. Agradou a sua satânica majestade ver morte e carnificina na Terra. Ele gosta de ver os pobres soldados ceifados como grama. Vi que os rebeldes estiveram freqüentemente em posições onde poderiam ter sido subjugados sem muito esforço, mas as comunicações dos espíritos orientavam os generais do Norte e cegaram-lhes os olhos, até que os rebeldes ficaram fora de seu alcance. Alguns generais prefeririam permitir que os rebeldes escapassem sem atacá-los. Eles pensam mais na querida instituição da escravidão do que na prosperidade do país. Estas são algumas das razões do prolongamento da guerra. T1 367 1 As informações enviadas por nossos generais a Washington com relação ao movimento de nossos exércitos, poderiam ser quase como telegrafar diretamente às forças rebeldes. Há simpatizantes rebeldes justamente entre as autoridades de União. Essa guerra é diferente de qualquer outra. A grande falta de unidade de sentimento e ação, faz com que ela pareça sombria e desanimadora. Muitos dos soldados foram deixados em reclusão e caíram em um impressionante estado de degradação. Como pode Deus avançar com tal exército corrupto? Como pode Ele, de acordo com Sua honra, derrotar seus inimigos e conduzi-los à vitória? Há discórdia e disputa por honras, enquanto os pobres soldados estão morrendo aos milhares nos campos de batalha, por ferimentos, abandono e dificuldades. T1 367 2 Esta guerra é o mais estranho e ao mesmo tempo o mais horrível e deprimente conflito. Outras nações estão olhando desgostosas tanto as atuações dos exércitos do Norte como do Sul. Elas observam os esforços determinados para prolongar a guerra, com imenso sacrifício de vidas e dinheiro, ao mesmo tempo em que nada é realmente ganho. Parece-lhes ser uma competição para ver quem mata mais homens. Elas estão indignadas. T1 367 3 Vi que a rebelião tem estado a aumentar continuamente e que nunca foi mais determinada do que no momento presente. Muitos professos homens da União que se acham em posições importantes, são desleais. Seu único objetivo é lutar para preservá-la do jeito que está, e com ela a escravidão. Eles de bom grado sujeitariam o escravo à sua vida de mortificante servidão, se tivessem oportunidade. Esses tais possuem fortes laços de simpatia com o Sul. O sangue tem sido derramado como água e por nada. Em toda cidade e aldeia há lamentações. Esposas lamentam por seus maridos, mães pelos filhos, e irmãs por seus irmãos. Mas, apesar de todo esse sofrimento, elas não se voltam para Deus. T1 368 1 Vi que o Sul e o Norte estavam sendo punidos. Foi-me referido, com respeito ao Sul: "Minha é a vingança e a recompensa, ao tempo em que resvalar o seu pé; porque o dia da sua ruína está próximo, e as coisas que lhes hão de suceder se apressam a chegar. Porque o Senhor fará justiça ao Seu povo e Se arrependerá pelos Seus servos, quando vir que o seu poder se foi e não há fechado nem desamparado. Então, dirá: Onde estão os seus deuses, a rocha em quem confiavam"? Deuteronômio 32:35-37. ------------------------Capítulo 70 -- Perigos e deveres dos pastores T1 368 2 Foi-me mostrado que agora pode ser realizado mais pelo trabalho em lugares onde pouco foi promovido, do que em campos inteiramente novos, a menos que o campo novo seja muito bom. Uns poucos, em diferentes cidades, que crêem realmente na verdade, exercerão influência e suscitarão pesquisa com respeito à sua fé. Se sua vida for exemplar, a luz brilhará e promoverá uma ação unificadora. Vi, ainda, lugares onde a verdade não foi proclamada, os quais logo devem ser visitados. Mas o grande trabalho a ser realizado agora é levar o povo de Deus a envolver-se na obra, e exercer uma santa influência. Eles devem desempenhar o papel de operários. Com sabedoria, cautela e amor, devem trabalhar pela salvação de vizinhos e amigos. Há também um manifesto sentimento de distância. A cruz não foi tomada e sustentada como deveria ser. Todos devem sentir que são guardiães de seu irmão; que estão sob alto grau de responsabilidade pelos seres que os cercam. Os irmãos erram quando deixam todo o trabalho para os pastores. "A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros." Mateus 9:37. Os que têm boa reputação e cuja vida está de acordo com sua fé, podem ser obreiros. Podem conversar com outros, persuadindo-os sobre a importância da verdade. Não devem esperar pelos pastores e negligenciar um claro dever que Deus deixou que executassem. T1 369 1 Alguns de nossos pastores sentem pouca disposição para arcar com o fardo do trabalho de Deus, e trabalhar com aquela desinteressada benevolência que caracterizou a vida de nosso divino Senhor. As igrejas, como regra geral, estão mais adiantadas que alguns pastores. Elas tiveram fé nos testemunhos que Deus houve por bem dar e agiram segundo eles, enquanto alguns pregadores ficaram bem para trás. Esses professam crer nos testemunhos dados, e alguns agem muito mal fazendo deles uma regra férrea para os que não tiveram nenhuma experiência anterior com relação às mensagens, mas fracassam em atendê-los eles mesmos. Eles repetem testemunhos que são completamente desconsiderados. Sua conduta não é coerente. T1 369 2 O povo de Deus geralmente tem interesse unido na propagação da verdade. Alegremente dão liberal apoio àqueles que trabalham em palavra e doutrina. Vi que é dever dos que têm a responsabilidade de distribuir meios, ver que os recursos da igreja não sejam dissipados. Alguns desses irmãos liberais têm trabalhado durante anos com os nervos em frangalhos e o organismo enfraquecido, resultantes de trabalho excessivo para obter posses terrenas, e agora quando dão uma porção do que lhes custou muito, é dever daqueles que trabalham na palavra e na doutrina manifestar zelo e abnegação, pelo menos iguais aos demonstrados por esses irmãos. T1 369 3 Os servos de Deus devem ser livres. Eles devem saber em quem confiam. Há poder em Cristo e em Sua salvação para torná-los homens livres; e a menos que sejam livres nEle, não podem edificar Sua igreja e ganhar almas. Enviará Deus um homem para salvar pessoas da armadilha de Satanás, quando seus pés estão emaranhados na rede? Os servos de Deus não devem ser vacilantes. Se seus pés estão resvalando, como podem dizer aos de coração temeroso: "Sejam fortes"? Deus quer Seus servos sustentando as "mãos fracas" e fortalecendo os "joelhos trementes". Isaías 35:3. Os que não estão preparados para fazer isso, deveriam primeiro trabalhar por si mesmos e orar até ser dotados do poder do alto. T1 370 1 Deus não está satisfeito com a falta de abnegação vista em alguns de Seus servos. Eles não sentem o peso do trabalho sobre si mesmos. Parecem estar dominados por um estupor mortal. Os anjos de Deus ficam pasmados e envergonhados com essa falta de abnegação e perseverança. Enquanto o Autor de nossa salvação estava trabalhando e sofrendo por nós, negava-Se a Si mesmo, e toda a Sua vida foi uma continuada cena de labuta e privação. Ele poderia ter passado os Seus dias na Terra em tranqüilidade e fartura, e usufruir os prazeres desta vida, mas não considerou a própria conveniência. Viveu para fazer o bem aos outros. Sofreu para poupar sofrimento aos outros. Resistiu até o fim e consumou a obra que Lhe fora confiada. Tudo isso para nos salvar da ruína. Pode ser agora que nós, indignos objetos de tão grande amor, busquemos nesta vida uma posição melhor do que a que foi dada a nosso Senhor? Cada momento de nossa vida temos sido participantes das bênçãos de Seu grande amor, e por essa mesma razão não podemos perceber completamente a profundidade da ignorância e da miséria das quais fomos resgatados. Podemos olhar Aquele a quem nossos pecados traspassaram e não estarmos dispostos a beber com Ele o amargo cálice da humilhação e do sofrimento? Podemos olhar a Cristo crucificado e querer entrar em Seu reino de qualquer outro modo senão através de muita tribulação? T1 370 2 Nem todos os pregadores se entregam ao trabalho de Deus como lhes é exigido. Alguns sentem que a sorte do pregador é dura, porque são obrigados a ficar separados de suas famílias. Eles se esquecem que antes era muito mais difícil de trabalhar do que agora. Não havia senão poucos amigos da causa. Eles se esquecem daqueles sobre quem Deus pôs no passado a responsabilidade da obra. Havia então apenas alguns que recebiam a verdade como resultado de muito trabalho. Os escolhidos servos de Deus choravam e oravam para obter uma clara compreensão da verdade, e sofreram privações e exerceram muita abnegação para levá-la aos outros. Passo a passo prosseguiram conforme a providência de Deus os conduzia. Não levaram em conta a própria conveniência nem se furtaram a sofrimentos. Através desses homens Deus preparou o caminho e tornou a verdade clara à compreensão de toda mente sincera. Tudo foi posto nas mãos dos pastores que abraçaram a verdade desde então, todavia, alguns deles não sentiram a responsabilidade do trabalho. Eles procuraram uma sorte mais fácil, uma posição menos abnegada. Esta Terra não é o lugar de repouso dos cristãos, e muito menos dos escolhidos pastores de Deus. Eles se esquecem de que Cristo deixou Suas riquezas e glória no Céu e veio à Terra para morrer, e que Ele nos ordenou amarmo-nos "uns aos outros, assim como" Ele nos amou. João 15:12. Esquecem-se daqueles "dos quais o mundo não era digno", que "andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados". Hebreus 11:38, 37. T1 371 1 Foram-me mostrados os valdenses e o que eles sofreram por causa de sua religião. Eles estudavam conscienciosamente a Palavra de Deus e viviam segundo a luz que possuíam. Foram perseguidos e expulsos de seus lares; suas posses, obtidas mediante duro trabalho, foram-lhes confiscadas e suas casas queimadas. Fugiram para as montanhas e ali enfrentaram terríveis sofrimentos. Suportaram fome, fadiga, frio e nudez. A única veste que muitos puderam obter era a pele de animais. E, todavia, os dispersos e desabrigados se reuniam para unir as vozes em cânticos de louvor a Deus, porque eram tidos por dignos de sofrer pelo nome de Cristo. Eles se encorajavam e animavam uns aos outros e eram mesmo gratos por seu miserável abrigo. Muitos de seus filhos ficaram doentes e morreram de frio e fome, contudo, os pais nem por um só momento pensaram em renunciar sua fé. Eles prezavam o amor e o favor de Deus acima de todas as facilidades e riquezas terrenas. Receberam consolação de Deus e com alegre esperança olhavam para a recompensa futura. T1 372 1 Foi-me também mostrado Martinho Lutero, a quem Deus chamou para uma obra especial. Quão precioso lhe era o conhecimento da verdade revelada na Palavra de Deus! Sua mente estava faminta por algo seguro sobre o qual edificar sua esperança de que Deus seria seu Pai e o Céu seu lar. A nova e preciosa luz que raiou sobre ele da Palavra do Senhor foi-lhe de inestimável valor, e pensou que se saísse e a propagasse, poderia convencer o mundo. Ele enfrentou a ira da igreja decaída e fortaleceu aqueles que com ele se deleitavam nas ricas verdades contidas na Palavra de Deus. Lutero foi um instrumento escolhido por Deus para arrancar os trajes hipócritas da igreja papal e expor sua corrupção. Ele ergueu sua voz zelosamente e pelo poder do Espírito Santo clamou contra os pecados dos líderes. Foram emitidos decretos condenando-o à morte onde quer que pudesse ser encontrado. Parecia ter sido deixado à mercê de um povo supersticioso e obediente ao líder da igreja romana. Entretanto, ele não considerava sua vida por preciosa. Lutero sabia que não estava seguro em nenhum lugar, mas não temeu. A luz que vira e na qual se deleitara era-lhe vida, e de maior valor do que todos os tesouros da Terra. Ele bem sabia que riquezas terrenas falhariam, mas as ricas verdades abertas à sua compreensão e atuando no coração subsistiriam e, se obedecidas, o conduziriam à imortalidade. T1 372 2 Quando intimado a comparecer em Augsburgo para responder por sua fé, atendeu. Aquele homem solitário que havia despertado a ira dos sacerdotes e do povo foi citado perante aqueles que fizeram o mundo tremer -- um manso cordeiro cercado de leões famintos. No entanto, por causa de Cristo e da verdade, ele permaneceu intrépido, e com santa eloqüência que somente a verdade pode inspirar, apresentou as razões de sua fé. Seus inimigos tentaram por vários meios silenciar o destemido advogado da verdade. Inicialmente o elogiaram e fizeram-lhe a promessa de que seria exaltado e honrado. Mas vida e honras eram para ele de pouco valor se conseguidas em troca do sacrifício da verdade. Mais brilhante e clara a Palavra de Deus luziu em sua compreensão, dando-lhe mais vívido senso dos erros, corrupções e hipocrisia do papado. Seus inimigos procuraram então intimidá-lo e fazer com que renunciasse a fé, mas ele intrepidamente permaneceu em defesa da verdade. Lutero estava pronto a morrer por sua fé se Deus assim o requeresse, mas ceder, nunca! Deus preservou sua vida. Enviou anjos para acompanhá-lo e frustrar a ira e os propósitos de seus inimigos, e conduzi-lo ileso através do tormentoso conflito. T1 373 1 O ânimo calmo e nobre de Lutero humilhou seus inimigos e aplicou o mais terrível golpe ao papado. Os grandes e orgulhosos homens do poder criam que o sangue do monge alemão expiaria os danos feitos à sua causa. Seus planos foram apresentados, mas um poder mais alto do que eles cuidava de Lutero. Sua obra ainda não estava terminada. Os amigos de Lutero apressaram sua saída de Augsburgo. Ele deixou a cidade à noite, desarmado, sem botas nem esporas e montado num cavalo sem rédeas. Em grande cansaço prosseguiu sua jornada até estar entre amigos. T1 373 2 Novamente acendeu-se a ira do papado e eles resolveram selar a boca do destemido defensor da verdade. Convocaram-no a Worms, totalmente determinados a fazê-lo responder por sua loucura. Lutero estava com a saúde debilitada, mas não se desculpou. Bem sabia dos perigos que correria. Sabia que seus poderosos inimigos adotariam qualquer medida para silenciá-lo. Estavam sedentos por seu sangue, assim como os judeus clamavam pelo sangue de Cristo. Ele, porém, confiava no Deus que preservara os três hebreus na fornalha ardente. Sua ansiedade e cuidados não eram por si mesmo. Não buscava a própria comodidade, mas a grande preocupação era que a verdade tão preciosa para ele, não fosse exposta aos insultos dos ímpios. Estava pronto a morrer antes que permitir que seus inimigos triunfassem. Quando entrou em Worms, milhares de pessoas o cercaram e o seguiram. Imperadores e outras eminentes autoridades não foram acompanhados por tão grande séquito. O entusiasmo era intenso e alguém naquela multidão, com voz penetrante e lamentosa, entoou um canto fúnebre para advertir Lutero do que o aguardava. Mas o reformador havia calculado o custo e estava pronto a selar seu testemunho com o próprio sangue, se Deus assim o quisesse. T1 374 1 Lutero estava para responder por sua fé perante a mais imponente assembléia, e esperava em Deus para fortalecê-lo. Por algum tempo sua coragem e fé foram provadas. Perigos sob todas as formas impendiam sobre ele. Entristeceu-se. Nuvens se acumulavam ao seu redor e o ocultavam da face divina. Ele ansiava ir adiante com confiante certeza de que Deus estaria a seu lado. Não ficaria satisfeito a menos que estivesse escondido em Deus. Com entrecortados clamores dirigiu sua angustiante oração ao Céu. Seu espírito às vezes parecia fraquejar quando imaginava os inimigos se multiplicando contra ele. Tremia diante do perigo iminente. Vi que Deus em Sua sábia providência o preparara dessa maneira para que ele não se esquecesse dAquele em quem havia confiado, e que não se lançasse presunçosamente ao perigo. Deus o estava preparando como Seu instrumento para a grande obra que lhe aguardava. T1 374 2 A oração de Lutero foi ouvida. Sua coragem e fé voltaram quando enfrentou seus inimigos. Manso como um cordeiro permaneceu ele, cercado pelos grandes homens da Terra, os quais, como lobos famintos, fixaram os olhos sobre ele esperando intimidá-lo com seu poder e grandeza. Mas ele recebera forças de Deus e não temeu. Suas palavras foram ditas com tal dignidade e poder que seus inimigos nada podiam fazer contra ele. Deus estava falando através de Lutero, e reunira imperadores e homens supostamente sábios para que pudesse reduzir publicamente a nada a sua sabedoria, e para que todos testemunhassem a força e a firmeza de um fraco mortal que se apoiara em Deus, sua eterna Rocha. T1 375 1 A postura calma de Lutero estava em impressionante contraste com a paixão e a ira manifestadas por aqueles que eram tidos por grandes homens. Eles não podiam obrigá-lo a retratar-se. Em nobre simplicidade e calma firmeza ele permaneceu como uma rocha. A oposição dos inimigos, sua ira e ameaças, como uma poderosa onda, encapelaram-se contra ele, e se desfizeram inofensivas a seus pés. Ele permaneceu inamovível. Os inimigos estavam humilhados porque seu poder, que haviam feito tremer reis e nobres, pudesse ser desprezado por um homem humilde, e desejavam fazê-lo conhecer sua ira pela tortura até à morte. Mas Alguém que é mais poderoso do que todos os potentados da Terra cuidava de Sua destemida testemunha. Deus tinha um trabalho para Lutero. Ainda deveria ele sofrer pela verdade. Ele devia vê-la prosseguir através de sangrentas perseguições. Devia vê-la vestida em pano de saco e difamada por fanáticos. Ele precisava viver para justificá-la e ser seu defensor quando as forças poderosas da Terra buscassem erradicá-la. Ele precisava viver para ver seu triunfo e extirpar os erros e superstições do papado. Lutero obteve em Worms uma vitória que abalou o papado. As novas se espalharam por outros reinos e nações. Isso foi um golpe eficaz em favor da Reforma. T1 375 2 Os pastores que estão pregando a verdade presente foram-me mostrados em contraste com os principais líderes da Reforma. A vida dedicada e zelosa de Lutero foi especialmente confrontada com a vida de alguns de nossos pregadores. Ele provou seu eterno amor pela verdade por sua coragem, firmeza e abnegação. Suportou aflições e sacrifícios, e muitas vezes sofreu profunda angústia de alma, enquanto em defesa da verdade, mas não murmurou. Foi caçado como um animal selvagem, mas suportou tudo alegremente por amor a Cristo. T1 375 3 A última mensagem de misericórdia foi confiada aos humildes e fiéis servos deste tempo. Deus tem guiado aqueles que não fogem das responsabilidades e os incumbe de deveres, e tem, através deles, apresentado a Seu povo um plano de doação sistemática no qual todos podem empenhar-se e trabalhar harmoniosamente. Esse sistema foi posto em prática e funcionou admiravelmente. Ele sustenta liberalmente os pregadores e a causa. Assim que os pregadores cessaram sua oposição e deixaram de levantar obstáculos, o povo respondeu ao chamado e apoiou o sistema. Tudo se tornou fácil e conveniente para os pregadores, a fim de que pudessem trabalhar livres de todo empecilho. Nosso povo aderiu com tal vontade e interesse que não encontramos em nenhuma outra classe. Deus Se desgosta com pregadores que se lamentam e deixam de empregar todas as suas energias nessa obra importantíssima. São indesculpáveis, e alguns estão enganados pensando que se sacrificam muito, que estão enfrentando tempos difíceis, quando em realidade nada sabem sobre sofrimento, abnegação ou necessidade. Podem por vezes sentir-se cansados, e assim estariam se dependessem de trabalho manual para seu sustento. T1 376 1 Alguns pensam que seria mais fácil trabalhar com as próprias mãos e freqüentemente manifestam seu desejo de fazê-lo. Eles não sabem, porém, do que estão falando. Enganam-se a si mesmos. Uns têm famílias grandes a sustentar e lhes falta capacidade de administração. Eles não compreendem que são devedores à causa de Deus por seus lares e tudo quanto possuem. Não compreendem também quanto custa viver. Houvessem se dedicado a trabalhos manuais, não estariam livres da ansiedade e do cansaço. Enquanto trabalhando pelo sustento de suas famílias, não poderiam estar assentados diante de suas lareiras. São poucas as horas que um trabalhador cuja família dependa dele para sustento, pode despender com os seus em casa. Alguns pastores não amam o trabalho diligente, e abrigam descontentamento muito irrazoável. Deus registra cada pensamento queixoso, cada palavra e sentimento. O Céu é insultado por tal demonstração de fraqueza e falta de devoção à causa de Deus. T1 377 1 Alguns deram ouvidos ao tentador e manifestaram incredulidade, prejudicando a causa. Satanás tem reivindicações sobre eles, porque não escaparam de sua armadilha. Eles se conduziram como crianças que estavam totalmente alheias às astúcias do tentador. Eles têm experiência suficiente e deveriam ter percebido as manobras do inimigo. Ele lhes sugeriu dúvidas à mente, e em lugar de repeli-las de vez, eles arrazoaram e parlamentaram com o arquienganador e ouviram seus motivos, como que encantados pela velha serpente. Alguns textos que não lhes eram perfeitamente claros à mente, foram suficientes para sacudir toda a estrutura da verdade e obscurecer os fatos mais simples da Palavra de Deus. Estes homens são pecadores mortais. Eles não possuem perfeita sabedoria e conhecimento em toda a Escritura. Algumas passagens estão além do alcance da mente humana, até o tempo em que Deus, em Sua sabedoria, achar conveniente revelá-las. Satanás tem conduzido alguns por um caminho que termina em certa infidelidade. Esses permitem que a própria incredulidade obscureça a cadeia harmoniosa e gloriosa da verdade, e agem como se fosse de sua alçada resolver cada passagem difícil da Escritura, e se nossa fé não os capacita a fazer isso, ela é imperfeita. T1 377 2 Vi que aqueles que possuem um perverso coração de incredulidade duvidarão, e pensarão ser nobreza e virtude duvidar da Palavra de Deus. Os que pensam ser virtude enganar com astúcia, terão bastante oportunidade de descrer da inspiração e das verdades da Palavra de Deus. Deus não compele ninguém a crer. Eles podem escolher confiar nas evidências que Ele Se dignou dar, ou duvidar, fingir e perecer. T1 377 3 Foi-me mostrado que esses que estão turbados por dúvidas e infidelidade não devem sair para trabalhar por outros. Que aquilo que está na mente tende a externar-se, e que eles não percebem o efeito de uma insinuação ou de uma pequena dúvida expressa. Satanás faz dela uma seta farpada. Ela age como veneno lento e antes que a vítima esteja consciente de seus perigos, afeta todo o organismo, destrói a boa constituição e finalmente produz a morte. Assim é também com o veneno da dúvida e da incredulidade sobre os fatos da Escritura. Alguém que tem influência expõe a outros o que Satanás lhe sugeriu, isto é, que um texto contradiga outro, e assim, de maneira capciosa, como se tivesse descoberto algum mistério maravilhoso que tinha sido ocultado dos crentes e santos de todas as épocas, ele lança as trevas da meia-noite sobre outras mentes. Eles perdem o prazer que uma vez tiveram na verdade, e se tornam infiéis. Tudo isso é obra de umas poucas palavras, que pareciam possuir um poder oculto porque achavam-se envoltas em mistério. T1 378 1 Esse é o trabalho de um demônio astuto. Os que são molestados por dúvidas e têm dificuldades que não sabem resolver, não devem lançar outras mentes débeis na mesma perplexidade. Alguns têm insinuado sua incredulidade ou nela falado, e prosseguido, mal imaginando os efeitos produzidos. Em alguns casos as sementes da incredulidade tiveram efeito imediato, ao passo que em outros ficaram enterradas por bastante tempo, até a pessoa seguir um procedimento errado, dando lugar ao inimigo, e a luz de Deus foi dela retirada, caindo ela sob as poderosas tentações de Satanás. Então as sementes da infidelidade, lançadas há tanto tempo, germinam. Satanás as alimenta, e elas produzem fruto. Qualquer coisa provinda de pastores, que deveriam estar na luz, tem uma poderosa influência. E se não andaram na clara luz de Deus, Satanás os tem usado como agentes seus, por eles lançando seus dardos inflamados a espíritos não preparados para resistir àquilo que proveio de seus pastores. T1 378 2 Vi que pastores, bem como o povo, têm diante de si uma luta para resistir a Satanás. O professo ministro de Cristo está em temerária posição quando servindo aos propósitos do tentador, por ouvir seus cochichos e permitir que a mente seja levada cativa e os pensamentos guiados pelo inimigo. O mais grave pecado do pastor à vista de Deus é dar vazão à sua incredulidade e desviar outras mentes para a escuridão, aceitando que Satanás o leve a cumprir um duplo propósito ao tentá-lo. Ele perturba a mente daquele cuja conduta atraiu suas tentações e o leva então a confundir a mente de muitos. T1 379 1 É tempo de os vigias sobre os muros de Sião entenderem a responsabilidade e a santidade de sua missão. Eles devem sentir que um ai repousa sobre eles se não fizerem o trabalho que Deus lhes confiou. Se forem infiéis, estão arriscando a segurança do rebanho de Deus, a causa da verdade, e expondo-a ao ridículo de nossos inimigos. Oh, que obra é essa! Ela certamente terá sua recompensa. Alguns pastores, bem como o povo, precisam converter-se. Eles precisam ser despedaçados e feitos novos. Seu trabalho nas igrejas é mais que perdido e, em sua presente fraqueza e vacilante condição, estariam agradando mais a Deus se cessassem seus esforços para ajudar a outros, e trabalhassem com as próprias mãos até estarem convertidos. Então poderiam fortalecer seus irmãos. T1 379 2 Os pastores precisam despertar. Eles professam ser generais no exército do grande Rei, mas ao mesmo tempo são simpatizantes do grande líder rebelde e suas forças. Alguns expuseram a causa de Deus, e as verdades sagradas de Sua Palavra às acusações das forças rebeldes. Eles removeram uma parte de sua armadura, e Satanás disparou suas setas envenenadas. Eles fortaleceram as mãos dos líderes rebeldes e se debilitaram, compelindo Satanás e seu clã infernal a erguer a cabeça em triunfo e exultar pela vitória que lhes deram. Oh, que falta de sabedoria! Que cegueira! Que generalato tolo, revelar os pontos mais fracos aos inimigos extremamente fatais! Quão diferente foi a conduta seguida por Lutero! Ele estava disposto a sacrificar a própria vida, se fosse necessário, mas a verdade, nunca. Suas palavras foram: "Cuidemos que o evangelho não seja exposto aos insultos dos ímpios, e que vertamos nosso sangue em sua defesa, de preferência a permitir que eles triunfem. Quem pode dizer se minha vida ou minha morte contribuirão para a salvação de meus irmãos?" T1 380 1 Deus não depende de qualquer homem para o avanço de Sua causa. Ele está chamando e qualificando homens para levar a mensagem ao mundo. Ele pode aperfeiçoar Sua força na fraqueza dos homens. O poder é de Deus. Desenvoltura, eloqüência, grandes talentos, não converterão uma só pessoa. Os esforços do púlpito podem despertar as mentes, os claros argumentos podem ser convincentes, mas Deus dá o crescimento. Homens piedosos, fiéis e santos, que vivem cada dia aquilo que pregam, exercerão uma influência salvadora. Um sermão poderoso feito do púlpito pode atingir a mente, mas um pouco de imprudência da parte do pastor fora do púlpito, a falta de seriedade e de verdadeira piedade na conversação, neutralizarão sua influência e desfarão as boas impressões feitas por ele. Os conversos serão seus; em muitos casos eles buscarão não subir mais alto do que o pregador. Não haverá neles uma obra completa no coração. Não são convertidos a Deus. A obra é superficial e sua influência será danosa àqueles que realmente estão buscando o Senhor. T1 380 2 O sucesso de um pastor depende muito de seu comportamento fora do púlpito. Quando ele termina de pregar e desce do púlpito, seu trabalho não está terminado; está apenas se iniciando. Ele deve pôr em prática o que pregou. Não deve agir imprudentemente, mas pôr uma guarda sobre si mesmo, a fim de nada fazer e dizer que dê vantagens ao inimigo e traga vergonha para a causa de Cristo. Todo o cuidado dos pastores é pouco, especialmente quando diante dos jovens. Eles não devem usar nenhuma palavra leviana, gracejos ou piadas, mas lembrar-se de que estão em lugar de Cristo, e que devem ilustrar pelo exemplo a vida de Cristo. "Porque nós somos cooperadores de Deus." 1 Coríntios 3:9. "E nós, cooperando também com Ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão." 2 Coríntios 6:1. T1 381 1 Foi-me mostrado que a utilidade de jovens pastores, casados ou solteiros, é destruída freqüentemente pela simpatia a eles demonstrada pelas jovens. Não percebem que outros olhos as observam e que seu comportamento tende a prejudicar a influência do pastor a quem dão tanta atenção. Se considerassem estritamente as regras do decoro, seria muito melhor para elas e seu pastor. Isso o coloca em posição desagradável, e leva os outros a vê-lo sob uma ótica errada. Vi ainda que a responsabilidade do assunto repousa sobre os próprios pastores. Devem mostrar desagrado por essas coisas, e se adotarem a postura que Deus deseja, não serão perturbados por muito tempo. Devem abster-se "de toda aparência do mal" (1 Tessalonicenses 5:22), e quando as moças forem muito sociáveis, é seu dever deixar-lhes claro que isso não lhes é agradável. Eles têm que repelir esse entusiasmo, mesmo que sejam considerados rudes. Essas coisas precisam ser reprovadas, de forma a poupar a causa de Deus de descrédito. Mulheres jovens que se converteram à verdade e a Deus, atenderão à repreensão e mudarão de atitude. T1 381 2 Os pastores devem acompanhar seus trabalhos públicos com esforços particulares, e trabalhar pessoalmente pelas pessoas sempre que houver uma oportunidade, conversando ao redor da lareira e apelar às pessoas que busquem as coisas que podem trazer-lhes paz. Nosso trabalho aqui deve logo findar, e "cada um receberá o seu galardão, segundo o seu trabalho". 1 Coríntios 3:8. Foi-me mostrada a recompensa dos santos, a herança imortal, e vi que aqueles que tinham suportado tudo pela causa da verdade não pensarão ter tido tempos difíceis, mas considerarão o Céu como muito fácil de ser ganho. ------------------------Capítulo 71 -- Uso errôneo das visões T1 382 1 Revelou-se-me que alguns, especialmente em Iowa, fazem das visões uma regra pela qual medem tudo, e adotam uma postura que meu marido e eu nunca adotamos. Alguns não estão familiarizados comigo e meus trabalhos, e são céticos sobre qualquer coisa que tenha o nome de visão. Tudo isso é natural e pode ser superado apenas pela experiência. Se as pessoas não estiverem bem estabelecidas com relação às visões, não devem ser pressionadas. A atitude a ser tomada com relação a elas está delineada no oitavo volume dos Testemunhos, p. 328, 329; espero que todos leiam o que ali se acha registrado. Os pastores devem ter compaixão de "alguns que estão duvidosos; e salvai alguns, arrebatando-os do fogo". Judas 22, 23. Os pastores devem ter sabedoria para dar a cada um o seu alimento e saber diferenciar entre as pessoas, conforme seu caso requeira. Em Iowa, a conduta de alguns que não estão familiarizados comigo, não foi cuidadosa e consistente. Os que não estavam habituados às visões têm sido tratados do mesmo modo que os que tiveram muita luz e experiências com respeito a elas. De alguns foi requerido que apoiassem as visões, quando não poderiam fazê-lo de sã consciência; assim, muitas pessoas sinceras foram levadas a assumir posicionamento contrário às visões e à congregação, o que nunca teria acontecido se a questão houvesse sido tratada com discrição e misericórdia. T1 382 2 Alguns de nossos irmãos têm tido larga experiência na verdade e por anos estado familiarizados comigo e o fruto das visões. Eles comprovaram a veracidade dos testemunhos e declararam sua crença neles. Sentiram a poderosa influência do Espírito de Deus sobre si ao testemunhar a legitimidade das visões. Se esses tais, quando reprovados, se insurgirem contra elas e trabalharem secretamente para prejudicar sua influência, devem ser tratados exemplarmente, pois sua atitude pode pôr em perigo os inexperientes. T1 383 1 Pastores da verdade presente, ao mesmo tempo que são portadores de um testemunho direto e reprovadores de males individuais, buscando banir os ídolos do acampamento de Israel, devem manifestar tolerância. Devem pregar a verdade em sua solenidade e importância, e se ela achar seu caminho ao coração, fará pelo receptor o que nada mais pode realizar. Mas se a verdade falada sob manifestação do Espírito, não elimina os ídolos, nenhum proveito haverá em denunciar e atacar o indivíduo. Pode parecer que alguns estejam apegados a seus ídolos. Vi, contudo, que devemos ser muito relutantes em abandonar esses pobres seres enganados. Devemos ter sempre em mente que todos somos pecadores mortais, e que Cristo manifesta muita compaixão por nossas fraquezas, e nos ama embora erremos. Se Deus nos tratasse como fazemos freqüentemente uns com os outros, seríamos consumidos. Enquanto os pastores pregam a clara e cortante verdade, devem permitir que a própria verdade corte e desbaste, e não fazê-lo eles mesmos. Devem pôr o machado, as verdades da Palavra de Deus, à raiz da árvore (Lucas 3:9), e deixar que elas concluam sua obra. Dêem o testemunho de maneira direta, como se encontra na Palavra de Deus, com o coração cheio da cálida e vivificante influência de Seu Espírito, com toda a ternura e anelo pelas pessoas, e a obra entre o povo de Deus será eficaz. A razão por que há tão pouco do Espírito de Deus, é que os pastores aprendem a trabalhar sem Ele. Falta-lhes a graça de Deus; falta-lhes paciência e tolerância; falta um espírito de consagração e sacrifício; e essa é a única razão por que alguns estão duvidando das evidências da Palavra de Deus. A dificuldade não está na Palavra de Deus, mas neles próprios. Falta-lhes a graça divina; devoção, piedade pessoal e santidade. Isso os faz instáveis e os lança freqüentemente no campo de batalha de Satanás. Vi, porém, que conquanto homens vigorosos possam ter defendido a verdade; conquanto possam parecer piedosos; quando começam a manifestar incredulidade com respeito a alguns textos escriturísticos, dizendo que esses criam dúvidas quanto à inspiração da Bíblia, deveríamos temê-los, pois Deus está a uma grande distância deles. ------------------------Capítulo 72 -- Pais e filhos T1 384 1 Foi-me mostrado que, enquanto os pais tementes a Deus restringem seus filhos, devem estudar-lhes a disposição e temperamento, e procurar satisfazer-lhes as necessidades. Alguns pais atendem cuidadosamente às necessidades temporais dos filhos; tratam-nos fiel e bondosamente na enfermidade, e pensam então haver cumprido seu dever. Nisto se enganam. Sua obra apenas começou. Importa cuidarem das necessidades do espírito. Requer-se habilidade para aplicar os remédios apropriados para curar uma mente magoada. As crianças têm provações tão difíceis de suportar, tão penosas em sua natureza, como as pessoas de mais idade. Os próprios pais não se sentem sempre da mesma maneira. Seu espírito se acha muitas vezes perplexo. Agem movidos por pontos de vista e sentimentos errados. Satanás os esbofeteia, e cedem-lhe às tentações. Falam irritados, e de maneira a despertar a ira dos filhos, e são às vezes exigentes e impacientes. As pobres crianças partilham do mesmo espírito, e os pais não se acham preparados para as ajudar, pois foram a causa do mal. Por vezes tudo parece dar errado. Há irritação ao redor, e todos passam momentos deploráveis e infelizes. Os pais lançam a culpa sobre os pobres filhos, e julgam-nos muito desobedientes e indisciplinados, as piores crianças do mundo, quando a causa da perturbação se encontra neles próprios. T1 384 2 Alguns pais suscitam muita tempestade por sua falta de domínio próprio. Em lugar de pedirem bondosamente aos filhos para fazerem isto ou aquilo, ordenam em tom de repreensão, tendo ao mesmo tempo nos lábios uma censura ou reprovação que as crianças não mereceram. Pais, essa conduta seguida para com seus filhos destrói-lhes a felicidade e a ambição. Fazem o que vocês ordenam, não por amor, mas porque não ousam proceder diversamente. Não têm o coração no que fazem. É um trabalho servil, em vez de um prazer, e isto os leva a esquecer-se de seguir suas orientações, o que lhes aumenta a irritação, e se torna ainda pior para as crianças. Repetem-se as censuras, sua má conduta é exibida diante delas em vivas cores, até que delas se apodera o desânimo, e não se incomodam se agradam ou não. Tomam-se de um espírito de "não me importo", e procuram fora de casa, fora dos pais, o prazer e satisfação que aí não encontram. Misturam-se com companheiros de rua, e ficam em breve tão corrompidos como os piores. T1 385 1 Sobre quem recai este grande pecado? Caso o lar houvesse sido tornado atrativo, se os pais houvessem manifestado afeição pelos filhos, procurando bondosamente ocupação para eles, e instruindo-os com amor na obediência a seus desejos, haveriam tocado uma corda sensível no coração deles, e teriam sido prontamente obedecidos por pés, mãos e coração voluntários. Controlando-se a si mesmos e falando bondosamente, e louvando as crianças quando se esforçam por fazer o que é direito, os pais podem estimular esses esforços, tornar as crianças muito felizes, e lançar sobre o círculo de família um encanto que afugentará toda sombra escura, aí introduzindo alegres raios de sol. T1 385 2 Os pais desculpam às vezes sua errônea conduta por não se sentirem bem. Sentem-se nervosos, e acham que não podem ser pacientes e calmos e falar de maneira agradável. Assim se enganam eles a si próprios, e agradam a Satanás, que exulta em que a graça de Deus não seja por eles considerada suficiente para vencer as fraquezas naturais. Eles podem e devem dominar-se sempre. Deus deles requer isto. Devem compreender que, quando cedem à impaciência e à irritação, fazem outros sofrer. Os que os rodeiam são afetados pelo espírito que manifestam, e se eles, por sua vez, procedem com o mesmo espírito, o mal aumenta, e tudo dá errado. T1 386 1 Pais, quando se sentirem irritados, vocês não devem cometer um pecado tão grande como o de envenenar toda a família com essa perigosa irritabilidade. Em tais ocasiões, ponham uma dupla guarda sobre vocês mesmos, e resolvam no coração não ofender com os lábios; que só proferirão palavras agradáveis, animadoras. Digam a vocês mesmos: "Não arruinarei a felicidade de meus filhos com uma palavra irritada." Controlando-se assim, vocês se tornarão mais fortes. Seu sistema nervoso não será tão sensitivo. Vocês serão fortalecidos pelos princípios do direito. A consciência de estarem se desempenhando fielmente de seu dever os fortalecerá. Os anjos de Deus aprovarão seus esforços, e os ajudarão. Quando se sentem impacientes, vocês pensam demasiadas vezes serem os filhos os culpados, e os censuram quando não o merecem. De outras vezes eles podem fazer exatamente as mesmas coisas, e tudo lhes parece suportável e justo. As crianças conhecem, e notam, e sentem essas irregularidades, e elas não são sempre as mesmas. Às vezes acham-se de algum modo preparadas para enfrentar as disposições mutáveis, e de outras estão nervosas e irritáveis, e não podem suportar censuras. Seu espírito se insurge contra isto. Os pais querem que se faça toda concessão ao seu estado mental, e todavia não vêem necessidade de fazer a mesma concessão a seus pobres filhos. Desculpam em si mesmos aquilo que, visto nas crianças que não têm os mesmos anos de experiência e disciplina, haviam de censurar grandemente. Alguns pais são de temperamento nervoso, e quando fatigados com trabalho ou opressos por cuidados, não mantêm um calmo estado de espírito, mas manifestam aos que mais caros lhes devem ser na Terra, uma irritação e falta de paciência que desagrada a Deus, e traz uma nuvem sobre a família. As crianças em suas perturbações, devem muitas vezes ser acalmadas com terna simpatia. A mútua bondade e paciência tornará o lar um paraíso, e atrairá os santos anjos ao círculo familiar. T1 387 1 A mãe pode e deve fazer muito no sentido de controlar os nervos e o espírito, quando deprimida; mesmo quando doente, ela pode, uma vez que se eduque, ser amável e alegre, e pode suportar mais ruído do que pensara outrora ser possível. Não deve fazer os filhos sofrerem as enfermidades dela e nublar-lhes a tenra e sensível mente com suas depressões de espírito, fazendo-os achar que a casa é um túmulo, e o quarto da mãe o lugar mais triste do mundo. A mente e os nervos adquirem vigor e resistência pelo exercício da vontade. A força de vontade demonstrar-se-á em muitos casos poderoso calmante para os nervos. T1 387 2 Não se mostrem aos seus filhos de rosto triste. Se eles cedem à tentação, e depois reconhecem seu erro e se arrependem, perdoem-lhes tão francamente como vocês esperam ser perdoados por seu Pai do Céu. Instruam-nos bondosamente, e os liguem ao coração. É um tempo crítico para as crianças. Influências serão exercidas sobre elas a fim de aliená-las de vocês, e cumpre-lhes contrabalançá-las. Ensinem-lhes a fazerem de vocês seus confidentes. Segredem-lhes elas ao ouvido suas provas e alegrias. Animando isto, poupá-las-ão a muitos laços preparados por Satanás para seus inexperientes pés. Não tratem seus filhos apenas com severidade, esquecendo a própria infância de vocês, e que eles não passam de crianças. Não esperem que sejam perfeitos, nem busquem torná-los de repente homens e mulheres em seus atos. Assim fazendo, fecharão a porta de acesso que, de outro modo, a eles vocês poderiam ter, e os impelirão a abrir outra porta às influências prejudiciais, a que outros lhes envenenem a mente juvenil antes que vocês despertem para o perigo que correm. T1 387 3 Satanás e seu exército estão fazendo os mais poderosos esforços para manejar a mente das crianças, e estas devem ser tratadas com imparcialidade, ternura e amor cristãos. Isto lhes dará uma forte influência sobre elas, e sentirão que podem depor ilimitada confiança em vocês. Lancem em torno de seus filhos os encantos do lar e do convívio de vocês. Se assim fizerem, eles não terão tanto desejo do convívio de companheiros jovens. Satanás trabalha por meio destes, levando-os a influenciar e corromper a mente uns dos outros. É o meio mais eficaz por que ele pode trabalhar. Os jovens têm poderosa influência uns sobre os outros. Sua conversa nem sempre é escolhida e elevada. Transmitem-se aos ouvidos más informações, as quais, a não serem decididamente combatidas, encontram guarida no coração, tomam raízes, e brotam e dão fruto, corrompendo os bons costumes. Devido ao mal que há agora no mundo, e à restrição que é necessário impor aos filhos, os pais devem ter duplo cuidado de os ligar ao próprio coração, fazendo-os ver que vocês desejam torná-los felizes. T1 388 1 Os pais não se devem esquecer dos anos de sua infância, de quanto anelavam simpatia e amor, e como se sentiam infelizes quando censurados e repreendidos com irritação. Devem ser novamente jovens em seus sentimentos, e levar a mente a compreender as necessidades das crianças. Mas com firmeza, misturada com amor, devem exigir obediência dos filhos. A palavra dos pais deve ser imediatamente obedecida. T1 388 2 Anjos de Deus estão observando as crianças com o mais profundo interesse, a ver o caráter que desenvolvem. Se Cristo lidasse conosco como nós muitas vezes fazemos uns com os outros e com nossos filhos, tropeçaríamos e cairíamos devido ao completo desânimo. Vi que Jesus conhece nossas fraquezas e partilhou, Ele próprio, de nossa experiência em todas as coisas, mas sem pecado; portanto, Ele preparou-nos um caminho adequado a nossa força e capacidade e, como Jacó, tem caminhado devagar e segundo o passo das crianças e sua capacidade de resistência, a fim de nos entreter pelo conforto de Sua companhia, e ser-nos guia perpétuo. Ele não despreza, nem negligencia ou deixa para trás, as crianças do rebanho. Não nos pediu que marchássemos avante e as deixássemos atrás. Não tem caminhado tão depressa que nos deixasse para trás com os pequenos. Oh, não! mas tem aplainado a estrada da vida, mesmo para as crianças. E requer-se dos pais, em Seu nome, que as conduzam ao longo do caminho estreito. Deus nos designou um caminho apropriado à resistência e capacidade das crianças. ------------------------Capítulo 73 -- O trabalho no leste T1 389 1 Foi-me revelado que chegou o tempo para um trabalho mais eficaz no Leste. Sente-se a necessidade de organização e ordem ali. Os pastores agora não serão mais obrigados a trabalhar sob circunstâncias desanimadoras como antes. O anjo da misericórdia está pairando sobre o Leste. Disse o anjo: "Fortaleçam as coisas que permanecem. Proclamem a mensagem àqueles que não a ouviram." Há alguns no Leste que estarão em perigo de ir a extremos quando o Senhor reavivar Sua obra entre eles. Esses devem lembrar-se de que o Senhor transferiu Sua obra para o Oeste para humilhá-los e subjugar o espírito independente e rebelde que neles havia, e conduzi-los a prezar mais os esforços de Seus servos fiéis. ------------------------Capítulo 74 -- Perigos dos jovens T1 390 2 A 6 de Junho de 1863 foram-me mostrados alguns dos perigos dos jovens. Satanás está controlando a mente da juventude, e dirigindo-lhes os inexperientes pés por sendas extraviadas. Eles ignoram-lhe os ardis, e nesses tempos perigosos, os pais devem estar alerta, trabalhando com perseverança e diligência para impedir a primeira aproximação do inimigo. Eles devem instruir os filhos quando saem e quando entram, quando se levantam e quando se sentam, dando "preceito e mais preceito; regra sobre regra ... um pouco aqui, um pouco ali". Isaías 28:10. T1 390 3 A obra da mãe começa com a criança. Ela deve dominar a vontade e o temperamento da criança, levando-a à sujeição, ensinando-a a obedecer. À medida que a criança vai crescendo, não deve ela afrouxar a mão. Toda mãe deve tomar tempo para raciocinar com seus filhos, para corrigir-lhes os erros, e ensinar-lhes pacientemente o caminho direito. Os pais cristãos devem saber que estão instruindo e preparando os filhos para se tornarem filhos de Deus. Toda a vida religiosa das crianças é influenciada pelas instruções dadas, e o caráter formado na infância. Caso a vontade não seja então submetida e levada a ceder à vontade dos pais, difícil será a tarefa de aprender a lição nos anos posteriores. Que luta difícil, que conflito, sujeitar aquela vontade que nunca foi subordinada, ao que Deus requer! Os pais que negligenciam esta importante obra, cometem grande erro, e pecam contra as pobres crianças, e contra Deus. T1 391 1 As crianças que vivem sob estrita disciplina sentir-se-ão por vezes, descontentes. Ficarão impacientes sob a restrição, e quererão fazer a própria vontade, e ir e vir como lhes aprouver. Especialmente da idade dos dez anos aos dezoito, acharão que não há nenhum mal em ir a piqueniques e a outras reuniões de jovens; todavia seus experientes pais podem ver perigo. Conhecem o temperamento de seus filhos, e sabem a influência dessas coisas sobre a mente deles e, pelo interesse que têm em sua salvação, afastam-nos desses divertimentos provocantes. Quando esses filhos decidem por si mesmos deixar os prazeres do mundo, e tornarem-se discípulos de Cristo, que peso é tirado do coração dos pais cuidadosos e fiéis! Ainda assim, sua obra não deve cessar. Os filhos não devem ser deixados na liberdade de seguir a própria conduta, e resolverem sempre por si mesmos. Eles apenas começaram a luta contra o pecado, o orgulho, a paixão, a inveja, o ciúme, o ódio e todos os males do coração natural. E os pais precisam vigiar e aconselhar os filhos, e resolver por eles, e mostrar-lhes que, se não prestarem voluntária e satisfeita obediência a seus pais, não podem obedecer voluntariamente a Deus, sendo-lhes impossível ser cristãos. T1 391 2 Os pais devem animar os filhos a confiar neles, e desabafar com eles o coração quando têm desgostos e em suas pequenas contrariedades e provas diárias. Assim podem os pais aprender a compadecer-se dos filhos, e podem orar com eles e por eles, para que Deus os proteja e guie. Devem encaminhá-los a seu infalível Amigo e Conselheiro, o qual será tocado pelo sentimento das fraquezas deles, pois "em tudo foi tentado" como nós somos, "mas sem pecado". Hebreus 4:15. T1 391 3 Satanás tenta os filhos a serem reservados com os pais, e a buscar como confidentes seus jovens e inexperientes companheiros; aqueles que os não podem ajudar, antes lhes dão maus conselhos. Moças e rapazes juntam-se, conversam, riem, gracejam, e afastam a Cristo do próprio coração e os anjos de sua presença, em virtude de sua tola tagarelice. Inúteis conversas sobre os atos de outros, sobre este rapaz e aquela moça, fazem definhar os pensamentos e sentimentos nobres e devocionais, e expelem do coração os desejos bons e santos, deixando-o frio e destituído de verdadeiro amor para com Deus e a Sua verdade. T1 392 1 Os filhos seriam poupados a muitos males, fossem eles mais familiares com seus pais. Estes devem estimular neles a disposição de ser abertos e francos com eles, a lhes levarem suas dificuldades, e quando se acharem perplexos quanto ao rumo certo a tomar, a exporem a questão diante de seus pais, tal como eles a vêem, pedindo-lhes conselho. Quem é tão capaz de ver e indicar o perigo que eles correm, como os pais piedosos? Quem pode, como eles, compreender o temperamento particular dos próprios filhos? A mãe que observou toda disposição de espírito desde a infância, estando assim familiarizada com a natural inclinação, está mais bem preparada para aconselhar seus filhos. Quem pode dizer tão bem quais os traços de caráter a combater e restringir, como a mãe, ajudada pelo pai? T1 392 2 Os filhos cristãos preferem o amor e aprovação de seus pais tementes a Deus, a toda bênção terrena. Amarão e honrarão a seus pais. Deve constituir um dos principais cuidados de sua vida saber como hão de tornar seus pais felizes. Nesta época rebelde, os filhos que não receberam a devida instrução e disciplina, têm bem pouca compreensão de sua obrigação para com os pais. Dá-se muitas vezes que, quanto mais os pais fazem por eles, tanto mais ingratos são, e menos os respeitam. As crianças que foram mimadas e servidas, esperam sempre isto; e caso sua expectativa não se realize, ficam decepcionadas e perdem o ânimo. Essa mesma disposição se manifestará através de toda a sua vida; serão incapazes, dependendo do auxílio de outros, esperando que outros os favoreçam, e lhes façam concessões. E caso encontrem oposição, mesmo depois de atingirem a idade adulta, julgam-se maltratados; e assim atravessam penosamente o caminho pelo mundo, mal sendo capazes de levar as próprias cargas, murmurando e irritando-se freqüentemente porque tudo não vai à medida de seus desejos. T1 393 1 Pais imprudentes estão ensinando a seus filhos lições que se lhes demonstrarão nocivas, e plantando ao mesmo tempo espinhos para os próprios pés. Julgam que, mediante o satisfazer aos desejos dos filhos, e deixá-los seguir as próprias inclinações, podem granjear-lhes o amor. Que erro! As crianças assim mimadas crescem sem restrições aos seus desejos, insubmissas na disposição, egoístas, exigentes e autoritárias, uma maldição para si mesmas e para os que as cercam. Em grande parte, os pais têm nas mãos a futura felicidade de seus filhos. Repousa sobre eles a importante obra de formar o caráter dos mesmos. Os ensinos ministrados na infância os acompanharão através da vida. Os pais semeiam as sementes que brotarão e darão frutos, seja para bem, seja para mal. Eles podem habilitar seus filhos e filhas para a felicidade ou para a miséria. T1 393 2 As crianças devem ser ensinadas desde muito cedo a serem úteis, a servirem a si mesmas e aos outros. Muitas filhas nestes tempos, podem sem remorso ver sua mãe labutando, cozinhando, lavando ou passando, enquanto elas se sentam na sala de visitas e lêem histórias, fazem tricô, crochê ou bordados. Têm o coração tão insensível como uma pedra. Mas onde se origina esse mal? Quais são os que têm a principal culpa nesse ponto, em geral? Os pobres e enganados pais. Passam por alto o futuro de seus filhos, e em seu errôneo afeto, deixam-nos sentar-se ociosamente, ou fazer o que é de pouca importância, que não exige exercício mental ou dos músculos, e depois desculpam as indolentes filhas por serem fracas. Que as tornou fracas? Em muitos casos, foi a errônea conduta dos pais. A devida quantidade de exercício em torno da casa, melhoraria tanto a mente como o corpo. Mas os filhos são desprovidos disto devido às falsas idéias, até que ficam avessos ao trabalho. Isto é desagradável, e não se harmoniza com as idéias que eles nutrem sobre gentileza. Julga-se impróprio de uma dama e mesmo vulgar, lavar louça, passar ou estar a um tanque de lavar roupa. Tal é o ensino da moda que se ministra aos filhos nesta época infeliz. T1 394 1 O povo de Deus deve ser governado por princípios mais elevados que os mundanos, que procuram pautar toda a sua conduta segundo a moda. Os pais tementes a Deus devem preparar os filhos para uma vida de utilidade. Não devem permitir que seus princípios de governo sejam manchados com as extravagantes idéias dominantes neste século, de que se devem acomodar às modas, e ser regidos pelas opiniões dos mundanos. Não devem permitir que os filhos escolham os próprios companheiros. Ensinem-lhes que vocês devem escolher para eles. Preparem-nos para assumir responsabilidades enquanto jovens. Se seus filhos forem desabituados ao trabalho, cansar-se-ão depressa. Queixar-se-ão de dor no lado, dor nas costas, cansaço dos membros; e vocês correm o risco de, por dó, fazer vocês mesmos o trabalho, do que deixá-los sofrerem um pouco. Que seja a princípio bem leve a responsabilidade a pesar sobre as crianças, e depois, dia a dia, aumentar, até que possam fazer a devida porção de trabalho sem se cansar. A inatividade é a maior causa de dor no lado e dor na costas entre as crianças. T1 394 2 Há uma classe de jovens senhoras, nesta época, que são simplesmente criaturas inúteis, que servem apenas para respirar, comer, vestir, e dizer tolices enquanto seguram nas mãos uma peça de bordado ou um crochê. Poucas jovens, porém, mostram real discernimento e bom senso. Vivem uma vida de borboletas, sem objetivo especial. Quando esta classe de companheiras mundanas se ajuntam, quase que vocês só podem ouvir algumas tolas observações sobre vestidos, ou qualquer assunto frívolo, e depois riem das próprias observações, que consideram muito inteligentes. Isto é freqüentemente feito em presença de pessoas de mais idade, que não podem deixar de entristecer-se por tal falta de respeito para com sua idade. Essas jovens parecem haver perdido todo o senso de modéstia e boas maneiras. O modo, porém, por que foram ensinadas as leva a julgar isto o cúmulo da gentileza. T1 395 1 Esse espírito é como uma doença contagiosa. O povo de Deus deve escolher o convívio de seus filhos, e ensinar-lhes a evitar a companhia desses mundanos fúteis. As mães devem levar consigo as filhas para a cozinha, e ensiná-las pacientemente. Sua constituição ficará melhor por fazer esse trabalho; seus músculos adquirirão vigor e resistência, e serão mais saudáveis suas meditações, e mais elevadas, quando chegar o fim do dia. Talvez se achem fatigadas, mas quão doce é o repouso depois de uma justa medida de trabalho! O sono, o suave restaurador da natureza, revigora o corpo fatigado, e prepara-o para os deveres do dia seguinte. Não dêem a entender a seus filhos que não importa se eles trabalham ou não. Ensinem-lhes que seu auxílio é necessário, seu tempo é valioso, e que vocês contam com seus serviços. T1 395 2 Foi-me mostrado que muito pecado é resultado da preguiça. Mãos e mentes ativas não acham tempo para dar ouvidos a toda tentação sugerida pelo inimigo; as mãos e os cérebros ociosos, porém, estão sempre em condições de ser controlados por Satanás. Quando não devidamente ocupada, a mente demora-se em coisas impróprias. Os pais devem ensinar a seus filhos que a ociosidade é pecado. Foi me mostrado este texto: "Eis que esta foi a maldade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão, e abundância de ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca esforçou a mão do pobre e do necessitado." Ezequiel 16:49. T1 395 3 Os filhos devem sentir-se em dívida para com os pais, que lhes têm protegido na infância e cuidado deles nas enfermidades. Devem compreender que os pais têm sofrido muita ansiedade por causa deles. Especialmente têm os pais conscienciosos e piedosos sentido profundo interesse em que seus filhos sigam a conduta devida. Ao verem faltas neles, quão opresso lhes fica o coração! Pudessem os filhos que têm ocasionado esses desgostos ver o efeito de sua conduta, e haveriam de sensibilizar-se. Caso vissem as lágrimas de sua mãe e lhe ouvissem as orações a Deus em seu favor, se lhes fosse dado escutar-lhes os reprimidos e entrecortados suspiros, o coração lhes doeria, e confessariam prontamente suas faltas e pediriam perdão. Uma obra há a ser feita por idosos e jovens. Cumpre aos pais habilitarem-se melhor para se desempenhar de sua missão para com os seus filhos. Alguns pais não compreendem os filhos, e não se relacionam verdadeiramente com eles. Existe com freqüência grande separação entre aqueles e estes. Caso penetrassem os pais mais plenamente no sentimento dos filhos e verificassem o que lhes está no coração, isto exerceria sobre eles uma influência benéfica. T1 396 1 Cumpre aos pais lidarem fielmente com os seres a eles confiados. Não devem animar nos filhos o orgulho, o desperdício ou o amor da ostentação. Não lhes devem ensinar nem consentir que aprendam pequenas travessuras que parecem divertidas nos pequeninos, mas que terão de desaparecer e pelas quais terão de ser corrigidos quando forem mais velhos. Os hábitos primeiramente formados não são esquecidos facilmente. Pais, vocês devem começar a disciplinar o espírito de seus filhos enquanto bem novos, visando que venham a ser cristãos. Seja todo o seu esforço para sua salvação. Procedam como se eles fossem confiados aos seus cuidados a fim de serem preparados, qual jóias preciosas, para brilharem no reino de Deus. Acautelem-se, não os embalem para adormecerem à beira do abismo da destruição, com a errônea idéia de que não têm idade suficiente para serem responsáveis, para se arrependerem de seus pecados e professarem a Cristo. T1 396 2 Minha mente foi dirigida às muitas preciosas promessas registradas para aqueles que cedo buscam ao Salvador. "Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos, dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento." Eclesiastes 12:1. "Eu amo aos que Me amam, e os que de madrugada Me buscam Me acharão." Provérbios 8:17. O grande Pastor de Israel está a dizer ainda: "Deixai vir a Mim os meninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus." Lucas 18:16. Ensinem a seus filhos que a juventude é o melhor tempo de buscar ao Senhor. Nessa fase os fardos da vida não pesam sobre eles, e sua mente jovem não é perturbada pelos cuidados; enquanto são tão livres, devem consagrar o melhor de sua energia a Deus. T1 397 1 Vivemos em uma época infeliz para as crianças. Forte corrente está impelindo para baixo, para a perdição, e é necessário mais que a experiência da meninice e sua força para avançar contra esta corrente, sem ser por ela derribado. Os jovens parecem em geral ser cativos de Satanás, e ele e seus anjos os estão conduzindo a uma destruição certa. Satanás e seus anjos estão guerreando contra o governo de Deus, e a todos os que sentem o desejo de entregar-Lhe o coração e Lhe obedecerem aos mandamentos, o inimigo procurará desconcertar, e vencer com suas tentações, a fim de se desanimarem e abandonarem a luta. T1 397 2 Pais, ajudem a seus filhos. Despertem da indiferença de que se acham possuídos. Vigiem continuamente para cortar a corrente e sacudir o peso do mal que Satanás está impelindo sobre seus filhos. As crianças não podem fazer isto por si mesmas, mas os pais podem conseguir muito. Mediante fervorosa oração e viva fé, obter-se-ão grandes vitórias. Alguns pais não têm compreendido as responsabilidades que repousam sobre eles, e têm negligenciado a educação religiosa de seus filhos. Os primeiros pensamentos do cristão pela manhã, devem ser para Deus. Os trabalhos seculares e os interesses próprios devem vir em segundo lugar. Os filhos devem ser ensinados a respeitar e reverenciar a hora de oração. Antes de sair de casa para o trabalho, toda a família deve ser reunida, e o pai ou a mãe na ausência dele, deve rogar fervorosamente a Deus que os guarde durante o dia. Vão com humildade, coração cheio de ternura, e com o senso das tentações e perigos que se acham diante de vocês e de seus filhos; pela fé, atem-nos ao altar, suplicando para eles o cuidado do Senhor. Anjos ministradores hão de guardar as crianças assim consagradas a Deus. É o dever dos pais cristãos, de manhã e à tarde, pela fervente oração e fé perseverante, porem um muro em torno de seus filhos. Cumpre-lhes instruí-los pacientemente -- bondosa e infatigavelmente ensinem-lhes a viver de maneira a agradar a Deus. T1 398 1 A impaciência nos pais desperta impaciência nos filhos. A paixão manifestada pelos pais, cria paixões nos filhos, suscitando-lhes os males da própria natureza. Alguns pais corrigem os filhos severamente, num espírito de impaciência, e muitas vezes de paixão. Tais correções não produzem bons resultados. Procurando corrigir um mal, geram outro. O constante censurar e açoitar endurece as crianças e as afasta dos pais. Primeiro devem os pais aprender a se dominarem, depois poderão ser mais bem-sucedidos em controlar os próprios filhos. Toda vez que eles perdem o domínio de si mesmos, e falam e agem impacientemente, pecam contra Deus. Devem antes raciocinar com os filhos, apontar-lhes claramente seus erros, mostrar-lhes seu pecado, e impressioná-los com o pensamento de que não somente pecaram contra seus pais, mas contra o Senhor. Tendo o próprio coração submisso e cheio de piedade e dor por seus filhos errantes, orem com eles antes de corrigi-los. Então a disciplina não os levará a lhes aborrecerem. Hão de amá-los. Verão que não os castigam por haverem contrariado vocês, ou porque desejam descarregar sobre eles seu desagrado; mas por um sentimento de dever, para seu bem, para não serem deixados a crescer no pecado. T1 398 2 Alguns pais têm deixado de dar aos filhos educação religiosa, e também negligenciado sua instrução escolar. Nem uma nem outra devia ter sido esquecida. A mente das crianças é ativa, e, caso não seja empregada em trabalho físico, ou ocupada no estudo, estará exposta às más influências. É pecado os pais permitirem que seus filhos cresçam na ignorância. Devem fornecer-lhes livros bons e interessantes, e ensiná-los a trabalhar, a terem horas de labor físico, e horas para dedicarem ao estudo e à leitura. Os pais devem buscar elevar a mente de suas crianças, e desenvolver-lhes as faculdades mentais. A mente deixada a si mesma, inculta, é geralmente baixa, sensual e corrupta. Satanás aproveita sua oportunidade, e educa as mentes ociosas. T1 399 1 Pais, o anjo relator escreve toda palavra impaciente, irritada que vocês dirigem a seus filhos. Todo fracasso de sua parte em ministrar-lhes o devido ensino, e mostrar-lhes a excessiva malignidade do pecado, e o resultado final de uma conduta pecaminosa, é registrada contra seu nome. Toda palavra descuidada proferida diante deles, negligentemente ou em gracejo, toda palavra que não seja pura e elevada, o anjo relator assinala como uma mancha em seu caráter cristão. Todos os seus atos são registrados, sejam eles bons ou maus. T1 399 2 Os pais não podem ser bem-sucedidos no governo dos filhos enquanto não houverem primeiro aperfeiçoado o domínio de si mesmos. Precisam primeiro aprender a subjugarem-se a si, a dominarem as próprias palavras, e até a expressão da fisionomia. Não devem permitir que as inflexões de sua voz sejam perturbadas ou agitadas pela exaltação e a paixão. Poderão assim exercer decidida influência sobre os filhos. As crianças talvez desejem fazer o que é direito, talvez se proponham no coração a ser obedientes e bondosas para com seus pais ou responsáveis; mas necessitam da parte deles auxílio e animação. Farão boas resoluções, mas a menos que seus princípios sejam fortalecidos pela religião, e sua vida influenciada pela renovadora graça de Deus, deixarão de atingir o alvo. T1 399 3 Cumpre aos pais redobrarem de esforços pela salvação dos filhos. Devem instruí-los fielmente, não permitindo que obtenham como melhor puderem a própria educação. Não se deve permitir que os jovens aprendam o bem e o mal, indiscriminadamente, com a idéia de que um dia, no futuro, o bem predominará, e o mal perderá sua influência. O mal aumentará mais depressa do que o bem. É possível que o mal que eles aprenderam seja desarraigado depois de muitos anos; mas quem se arriscará a isto? O tempo é breve. É mais fácil e muito mais seguro semear sementes puras e boas no coração de seus filhos, do que arrancar mais tarde as ervas ruins. É dever dos pais vigiar para que influências ambientais não tenham efeito daninho sobre os filhos. É seu dever escolher os companheiros para eles, e não permitir que eles mesmos os escolham. Quem cuidará disto, se os pais não o fizerem? Poderão outros ter por seus filhos o interesse que vocês mesmos devem ter? Podem eles ter aquele constante cuidado e profundo amor nutrido pelos pais? T1 400 1 Os filhos dos observadores do sábado talvez se tornem impacientes com a restrição, e julguem os pais muito estritos; é possível até que se levantem maus sentimentos em seu coração, e que eles nutram idéias de descontentamento, fiquem ressentidos contra os que estão trabalhando pelo seu bem presente, futuro e eterno. Se, porém, a vida lhes for poupada por alguns anos, hão de bendizer os pais por aquele estrito cuidado e fiel vigilância sobre eles nos anos de sua inexperiência. Os pais devem expor e simplificar o plano da salvação a seus filhos, de modo que o tenro espírito dos mesmos o possa apreender. As crianças de oito, dez, ou doze anos, já têm idade suficiente para serem dirigidas ao tema da religião individual. Não ensinem seus filhos com referência a um tempo futuro em que eles terão idade bastante para se arrependerem e crerem na verdade. Caso sejam devidamente instruídas, crianças bem novas podem ter idéias corretas quanto a seu estado de pecadores, e ao caminho da salvação por meio de Cristo. Os pastores são em geral bastante indiferentes para com a salvação das crianças, e não se dirigem a elas tão pessoalmente como devem. Passam desaproveitadas, com freqüência, áureas oportunidades de impressionar a mente delas. T1 400 2 A má influência em torno de nossos filhos é quase avassaladora; ela lhes está corrompendo a mente e arrastando-os à perdição. O espírito da juventude é naturalmente inclinado à leviandade; e nos verdes anos, antes de o caráter estar formado e o discernimento amadurecido, manifestam freqüentemente preferência por companheiros que exercerão nociva influência sobre eles. Alguns se afeiçoam a pessoas de outro sexo, contrariamente aos desejos e rogos dos pais, e transgridem o quinto mandamento com o desonrá-los assim. É dever dos pais vigiarem o sair e o entrar de seus filhos. Devem estimulá-los e apresentar-lhes incentivos que os atraiam ao lar, e que os façam ver o interesse que os pais neles têm. Os líderes de família devem tornar o lar aprazível e alegre. T1 401 1 Pais e mães, falem bondosamente a seus filhos, lembrem-se de como vocês são sensíveis, e do efeito que as censuras têm sobre vocês; reflitam e reconheçam que eles são como vocês. O que vocês não podem suportar, não lancem sobre eles. Se não lhes é possível sofrer censura e acusação, tampouco podem suas crianças, mais fracas do que vocês, suportar tanto. Sejam sempre suas palavras aprazíveis, alegres, como raios de sol em sua família. Os frutos do domínio próprio, da solicitude e do esforço serão centuplicados. Os pais não têm direito de lançar uma nuvem sombria sobre a felicidade de seus filhos mediante críticas ou censuras severas por quaisquer pequeninos erros. Erros e pecados concretos devem ser apresentados tão pecaminosos como na verdade são, seguindo-se uma firme, resoluta orientação a fim de impedir sua reincidência. As crianças precisam ser impressionadas com o senso de seus erros, todavia não se deve deixá-las em um desesperançado estado de espírito, mas com certa medida de ânimo para que possam melhorar e conquistar sua confiança e aprovação. T1 401 2 Alguns pais se enganam em dar a seus filhos demasiada liberdade. Têm por vezes tanta confiança neles, que não lhes vêem as faltas. É errado permitir às crianças, com certa despesa, fazerem visitas a distância, sem estarem acompanhadas dos pais ou de um responsável. Isto tem um mau efeito sobre elas. Chegam a pensar que são muito importantes, e que lhes pertencem certos privilégios; caso estes lhes não sejam concedidos, acham que estão sendo tratadas injustamente. Referem-se a crianças que vão para lá e para cá, e têm muitas regalias, ao passo que elas as têm tão poucas. T1 402 1 E a mãe, receando que os filhos a julguem injusta, satisfaz-lhes os desejos, o que se demonstra afinal grandemente nocivo para eles. Visitantes jovens, não tendo sobre si os olhos vigilantes dos pais para verem e corrigirem-lhes as faltas, recebem muitas vezes impressões que levará meses para apagar. Minha atenção foi dirigida a casos de pais que tinham filhos bons e obedientes, os quais, tendo a maior confiança em certas famílias, confiaram em deixar seus filhos irem a certa distância para visitar esses amigos. Desse tempo em diante, houve inteira mudança na conduta e caráter de seus filhos. Antes estavam contentes e felizes em casa, e não tinham grande desejo de andar muito na companhia de outros jovens. Ao voltarem para os pais, a restrição parecia injustiça, e o lar se lhes assemelhava uma prisão. Tais gestos imprudentes dos pais decidem o caráter de seus filhos. T1 402 2 Por essas visitas, algumas crianças formam amizades que no fim se demonstram sua ruína. Pais, conservem, se puderem, seus filhos com vocês, e vigiem-nos com a mais profunda solicitude. Quando os deixam fazer visitas distantes de vocês, eles julgam ter idade suficiente para cuidarem de si mesmos, e decidirem por si. Assim deixados a si mesmos, os jovens têm muitas vezes conversas sobre assuntos que os não refinam e elevam, nem lhes aumentam o amor pelas coisas religiosas. Quanto mais têm permissão de fazer visitas, tanto maior será seu desejo de ir, e menos atraente lhes parecerá o lar. T1 402 3 Filhos, Deus achou por bem confiá-los aos cuidados de seus pais, para que os instruam e disciplinem, desempenhando assim sua parte na formação do caráter de vocês para o Céu. Cumpre, porém, a vocês o decidir se formarão um bom caráter cristão, mediante o aproveitar da melhor maneira as vantagens que lhes têm sido dadas por pais piedosos, fiéis, dados à oração. Não obstante toda a ansiedade e fidelidade dos pais em favor dos filhos, sozinhos eles não os podem salvar. Resta aos filhos uma obra a fazer. Cada filho tem um caso individual a atender. Pais crentes, uma obra de responsabilidade está diante de vocês, o de guiar os passos de seus filhos, mesmo em sua experiência religiosa. Quando amarem verdadeiramente a Deus, eles os bendirão e reverenciarão pelo cuidado que manifestaram por eles, e por sua fidelidade em restringir-lhes os desejos e sujeitar-lhes a vontade. T1 403 1 A influência dominante no mundo, é consentir que os jovens sigam a inclinação natural de seu espírito. E quando são muito desenfreados na juventude, os pais dizem que hão de endireitar depois de algum tempo, e quando estiverem com dezesseis ou dezoito anos, raciocinarão por si, e deixarão seus maus hábitos, tornando-se afinal homens e mulheres úteis. Que engano! Permitem por anos que um inimigo semeie o jardim do coração, admitem que os errôneos princípios se desenvolvam e assim, em muitos casos, todo o labor empregado posteriormente naquele solo, nada aproveitará. Satanás é um astucioso e perseverante operário, um inimigo mortal. Quando quer que uma palavra inadvertida for dita para prejuízo da juventude, seja em lisonja, seja para fazê-los considerar com menos aversão a algum pecado, Satanás aproveita-se disto, e nutre a má semente, para que ela deite raiz e dê colheita abundante. Alguns pais têm permitido que os filhos formem maus hábitos, cujos vestígios poderão ser vistos através de toda a vida. Pesa sobre os pais esse pecado. Esses filhos podem professar cristianismo, todavia, sem uma obra especial da graça em seu coração, e uma completa reforma na vida, seus hábitos passados se manifestarão em toda a sua existência e ostentarão justamente o caráter que os pais permitiram que eles formassem. T1 403 2 A norma da piedade é tão baixa entre os professos cristãos em geral, que os que desejam seguir a Cristo em sinceridade, acham essa tarefa muito mais trabalhosa e difícil do que de outro modo lhes seria. A influência dos professos cristãos mundanos é prejudicial aos jovens. A massa dos cristãos professos tem removido a linha divisória entre os cristãos e o mundo, e ao passo que professam viver para Cristo, estão vivendo para o mundo. Sua fé não tem senão uma pequena influência em restringir-lhes os prazeres; conquanto professem ser filhos da luz, andam em trevas, e são filhos da noite e das trevas. Os que andam nas trevas não podem amar a Deus e desejar sinceramente glorificá-Lo. Não se acham iluminados para discernir a excelência das coisas celestiais, e portanto não as podem amar. Professam ser cristãos porque isto é honroso, e não há para os seus ombros uma cruz. Seus motivos são freqüentemente egoístas. Alguns desses professos cristãos podem entrar na sala de baile, e participar de todos os divertimentos que ela oferece. Outros não chegam a esse ponto, mas sentem-se na liberdade de participar de reuniões de prazer, piqueniques, quermesses e espetáculos. E o mais atento dos olhos não poderia discernir nesses professos cristãos um sinal de cristianismo. Uma pessoa não distinguiria em seu aspecto qualquer diferença entre eles e o maior dos incrédulos. O professo cristão, o dissoluto, o franco escarnecedor da religião e o declarado profano, misturam-se todos como um só. E Deus os considera como um só no espírito e na prática. T1 404 1 Uma profissão de cristianismo sem a fé e as obras correspondentes, de nada aproveitará. Homem algum pode servir a dois senhores. Os filhos do maligno são servos de seu senhor; de quem se fazem servos para lhe obedecer, desses são servos (Romanos 6:16), e não podem ser servos de Deus enquanto não renunciarem ao diabo e a todas as suas obras. Não pode ser inofensivo para os servos do celeste Rei, o empenharem-se nos prazeres e diversões em que se empenham os servos de Satanás, embora eles repitam muitas vezes que tais diversões são inocentes. Deus tem revelado santas e sagradas verdades para separar Seu povo dos ímpios e purificá-los para Si. Os adventistas do sétimo dia devem viver sua fé. Os que obedecem aos Dez Mandamentos, vêem o estado do mundo e as coisas religiosas de um ponto de vista inteiramente diferente de como os vêem os professos cristãos que são amantes dos prazeres, que se esquivam à cruz e vivem na transgressão do quarto mandamento. No atual estado de coisas na sociedade, não é fácil tarefa os pais refrearem os filhos, e ensiná-los segundo a regra bíblica do direito. Os religiosos professos têm se afastado tanto da Palavra de Deus, que quando Seu povo volta para Sua sagrada Palavra, e quer educar os filhos segundo os preceitos dela e, como Abraão outrora, ordenar sua casa depois deles (Gênesis 18:19), as pobres crianças com tais influências ao seu redor julgam seus pais desnecessariamente restritos e por demais cuidadosos quanto a seus companheiros. Desejam naturalmente seguir o exemplo dos professos cristãos mundanos e amantes dos prazeres. T1 405 1 Nestes dias mal se conhecem a perseguição e o descrédito por amor de Cristo. Bem pouco é o sacrifício e a abnegação necessária para alguém se revestir de uma forma de piedade, ter o nome no livro da igreja; viver, porém, de tal maneira que nossos caminhos sejam agradáveis a Deus, e nossos nomes registrados no livro da vida, exigirá vigilância e oração, abnegação e sacrifício de nossa parte. Os professos cristãos não são de modo algum exemplo para a juventude, a não ser quando eles seguem a Cristo. As ações justas são inequívocos frutos da verdadeira piedade. O Juiz de toda a Terra dará a cada um segundo as suas obras. As crianças que seguem a Cristo têm diante de si uma batalha a travar; têm uma cruz diária a levar no sair do mundo, e serem separadas, e em imitarem a vida de Cristo. ------------------------Capítulo 75 -- Andar na luz T1 405 2 Foi-me mostrado que o povo de Deus demora demasiado sob nuvens. Não é vontade dEle que eles vivam em incredulidade. Jesus é luz, "e não há nEle treva nenhuma". 1 João 1:5. Seus filhos são "filhos da luz". 1 Tessalonicenses 5:5. São renovados à Sua imagem, e chamados "das trevas para a Sua maravilhosa luz". 1 Pedro 2:9. Ele é "a luz do mundo", e assim é quem O segue. "Não andará em trevas, mas terá a luz da vida". João 8:12. Quanto mais rigorosamente se esforçar o povo de Deus para imitar a Cristo, tanto mais perseverantemente serão eles perseguidos pelo inimigo; sua proximidade de Cristo, porém, fortalece-os para resistir aos esforços de seu astuto inimigo para os alienar de Cristo. T1 406 1 Foi-me mostrado que há demasiado comparar-nos uns aos outros, tomando por exemplo mortais falíveis, quando temos um seguro e infalível Modelo. Não nos devemos medir pelo mundo, nem pelas opiniões dos homens, nem pelo que nós éramos antes de abraçarmos a verdade. Nossa fé e posição no mundo, porém, tais como são agora, devem ser comparados com o que poderiam ter sido, caso nossa conduta tivesse sido sempre para a frente e para cima, desde que professamos ser seguidores de Cristo. Esta é a única comparação digna de confiança que se pode fazer. Em qualquer outra haverá engano. Se o caráter moral e o estado espiritual do povo de Deus não correspondem às bênçãos, privilégios e luz a eles concedidos, são pesados na balança, e os anjos fazem o registro: EM FALTA. T1 406 2 Quanto a alguns, parece que lhes é oculto seu verdadeiro estado. Eles vêem a verdade, mas não lhe percebem a importância, ou suas reivindicações. Ouvem a verdade, mas não a compreendem plenamente, porque não harmonizam com ela sua vida, não sendo portanto santificados pela obediência à mesma. Eles, porém, descansam tão desinteressados e satisfeitos como se a nuvem de dia e a coluna de fogo à noite fossem adiante deles, sinal do favor de Deus. Professam conhecer a Deus, "mas negam-nO com as obras". Tito 1:16. Contam-se como Seu povo escolhido e peculiar, todavia Sua presença e poder de "salvar perfeitamente" (Hebreus 7:25) raro se manifestam entre eles. "Quão grandes" são as "trevas" (Mateus 6:23) dessas pessoas! no entanto elas não o sabem. A luz resplandece, elas, porém, não a compreendem. Não há mais forte ilusão a enganar os seres humanos, do que a que os faz crer que são justos, e que Deus aceita Suas obras, quando estão pecando contra Ele. Tomam a forma da piedade pelo espírito e poder da mesma. Julgam-se ricos, e que de nada têm falta, quando são pobres, miseráveis, cegos e nus, carecidos de tudo. Apocalipse 3:17. T1 407 1 Alguns há que professam ser seguidores de Cristo, e todavia não fazem nenhum esforço no sentido espiritual. Em todos os empreendimentos mundanos, desenvolvem esforços e manifestam ambição de conseguir seu objetivo, e realizar o desejado fim; no empreendimento da vida eterna, no entanto, em que tudo está em jogo e sua felicidade eterna depende de seu triunfo, procedem com tanta indiferença como se não fossem agentes morais, como se outro estivesse jogando a partida da vida por eles, e eles não tivessem nada a fazer senão aguardar os resultados. Oh, que loucura! que demência! Se todos manifestarem pela vida eterna tão-somente aquele grau de ambição, zelo e diligência que mostram em seus empreendimentos mundanos, serão vitoriosos. Todos, eu vi, têm de obter por si mesmos uma experiência; cada um tem de desempenhar bem e fielmente sua parte na partida da vida. Satanás vigia sua oportunidade de apoderar-se das preciosas graças, quando estamos desapercebidos, e teremos um difícil conflito com as forças das trevas para conservar essas graças ou readquirir uma graça celeste caso, por falta de vigilância, venhamos a perdê-la. T1 407 2 Foi-me mostrado, porém, que é privilégio dos cristãos alcançar de Deus força para conservar todo precioso dom. A oração fervente e eficaz será considerada no Céu. Quando os servos de Cristo tomam o escudo da fé como sua defesa, e a espada do Espírito para combater, há perigo no acampamento do adversário, e deve ser feita alguma coisa. A perseguição e a injúria apenas esperam que os que se acham dotados de poder do alto as chamem à ação. Quando a verdade em sua simplicidade e força prevalecer entre os crentes, e for posta contra o espírito do mundo, evidenciar-se-á que não há "concórdia" "entre Cristo e Belial". 2 Coríntios 6:15. Os discípulos de Cristo devem ser exemplos vivos da vida e espírito de seu Senhor. T1 408 1 Jovens e idosos têm diante de si um conflito, uma guerra. Não devem dormir nem por um momento. Um perigoso inimigo está constantemente alerta para os desencaminhar e vencer. Os crentes na verdade presente devem ser tão vigilantes como seu adversário, e manifestar sabedoria em resistir a Satanás. Farão eles isto? Perseverarão eles nesta peleja? Serão cuidadosos de afastar-se de toda iniqüidade? Cristo é negado de muitas maneiras. Podemos negá-Lo por falar em contrário da verdade, por falar mal dos outros, por conversas e gracejos tolos, ou por palavras ociosas. Nestas coisas manifestamos bem pouco tato ou sabedoria. Tornamo-nos fracos; são débeis nossos esforços para resistir a nosso grande inimigo, e somos vencidos. "Do que há em abundância no coração, disso fala a boca" (Mateus 12:34), e devido à falta de vigilância confessamos que Cristo não está em nós. Os que hesitam em consagrar-se sem reservas a Deus, fazem uma fraca obra no seguir a Cristo. Seguem-nO a tão grande distância que a metade do tempo não sabem se estão seguindo Suas pegadas, ou as do grande inimigo. Por que somos tão tardios em renunciar a nossos interesses nas coisas deste mundo, e tomar a Cristo como nossa única porção? Por que havemos nós de desejar conservar a amizade dos inimigos do Senhor, e seguir-lhes os costumes, e ser guiados por suas opiniões? Cumpre haver inteira entrega a Deus, entrega sem reservas, abandono e afastamento do amor do mundo e das coisas terrenas, ou não podemos ser discípulos de Cristo. T1 408 2 A vida e espírito de Cristo é a única norma de excelência e perfeição; e nossa única conduta segura é seguir-Lhe o exemplo. Se assim fizermos, Ele nos guiará por Seu conselho, recebendo-nos depois em glória. Precisamos esforçar-nos diligentemente, e estar dispostos a sofrer muito, a fim de seguir as pisadas de nosso Redentor. Deus está pronto a trabalhar por nós, a dar de Seu abundante Espírito, caso por isto nos esforcemos, vivamos para isto, e nisto creiamos; e então podemos andar na luz como Ele na luz está. Podemos nutrir-nos de Seu amor, e beber de Sua farta plenitude. ------------------------Capítulo 76 -- A causa no leste T1 409 1 O fanatismo que grassou no Leste, há alguns anos, produziu desoladores efeitos. Vi que Deus provou Seu povo sobre o tempo em 1844, mas que nenhum prazo estipulado desde então trouxe assinalados sinais de Sua mão. O Senhor não testou Seu povo sobre qualquer tempo em particular desde 1844. Estivemos e ainda estamos em paciente tempo de espera. Criou-se muita excitação em torno do tempo por volta de 1854, e muitos entenderam que esse movimento procedia de Deus, por ter tido grande extensão e alguns terem sido aparentemente convertidos por ele. Entretanto, tais conclusões não são consistentes. Muito do que foi pregado em relação ao tempo em 1854 era razoável e justo. Muita gente sincera aceitou a verdade e o erro juntamente, e sacrificou muito do que possuía para fazer avançar o erro. Após terem eles sofrido desapontamento, abandonaram tanto a verdade quanto o erro, achando-se agora em tal posição que torna difícil à verdade alcançá-los. Alguns dos que passaram pelo desapontamento viram as evidências da verdade presente, e tendo abraçado a mensagem do terceiro anjo estão agora lutando para pô-la em prática em sua vida. Mas onde há um que foi beneficiado por aceitar o movimento de 1854, há dez que foram prejudicados; muitos desses estão em situação que não serão mais persuadidos pela verdade, embora essa lhes seja apresentada com muita clareza. T1 409 2 A proclamação do tempo em 1854 foi acompanhada por um espírito que não procedia de Deus. Havia disposição ruidosa, áspera, desleixada e irritável. As manifestações ruidosas eram consideradas por muitos como essencial à verdadeira religião, e havia a tendência de baixar o nível em tudo . Muitos viam isso como humildade, mas ao serem seus pontos de vista contestados irritavam-se prontamente, manifestando espírito altivo e acusando aqueles que não concordavam com eles, de orgulho e resistência à verdade e ao poder de Deus. T1 410 1 Os santos anjos ficaram desgostosos e entristecidos pela maneira irreverente com que muitos tomam o nome de Deus, o grande Jeová. Os anjos mencionam esse sagrado nome com profunda reverência, sempre velando o rosto quando o pronunciam. O nome de Cristo é tão sagrado para eles, que o proferem com grande reverência. Quão oposto, no entanto, o espírito e a influência que prevaleceram no movimento de 1854. Alguns que ainda se acham sob a mesma influência, falam de Deus como se referissem a um cavalo ou qualquer outra coisa comum. Em suas orações usavam as palavras "Deus todo-poderoso" de maneira muito vulgar e irreverente. Aqueles que assim procedem não têm senso algum do exaltado caráter de Deus, de Cristo ou das coisas celestes. T1 410 2 Foi-me mostrado que quando Deus enviava antigamente Seus anjos para ministrar ou comunicar-se com indivíduos, e essas pessoas descobriam que haviam visto e falado com um anjo, ficavam extasiadas e temerosas a ponto de achar que iam morrer. Tinham idéias tão elevadas sobre a terrível majestade e poder de Deus, que achavam que seriam destruídas por terem estado em íntima ligação com alguém proveniente da direta e santa presença de Deus. Fui encaminhada a Juízes: "Então, conheceu Manoá que era o Anjo do Senhor. E disse Manoá à sua mulher: Certamente morreremos, porquanto temos visto Deus." Juízes 13:21, 22. "Então, viu Gideão que era o Anjo do Senhor; e disse Gideão: Ah! Senhor Jeová, que eu vi o Anjo do Senhor face a face. Porém o Senhor lhe disse: Paz seja contigo; não temas, não morrerás." Juízes 6:22, 23. "E sucedeu que, estando Josué ao pé de Jericó, levantou os seus olhos, e olhou; e eis que se pôs em pé diante dele um homem que tinha na mão uma espada nua; e chegou-se Josué a ele e disse-lhe: És tu dos nossos ou dos nossos inimigos? E disse ele: Não, mas venho agora como Príncipe do exército do Senhor. Então, Josué se prostrou sobre o seu rosto na terra, e o adorou, e disse-lhe: Que diz meu Senhor ao seu servo? Então, disse o Príncipe do exército do Senhor a Josué: Descalça os sapatos de teus pés, porque o lugar em que estás é santo. E fez Josué assim." Josué 5:13-15. Se os anjos eram assim temidos e honrados porque vinham da presença de Deus, com que maior reverência deveria o próprio Deus ser considerado. T1 411 1 Muitos que se converteram mediante a influência do movimento de 1854, necessitam converter-se novamente. Agora é preciso dez vezes mais trabalho para corrigir o erro e as idéias equivocadas que receberam de seus mestres e levá-los a receber a verdade isenta de erros, a qual era necessária para pô-los no centro da mensagem do terceiro anjo. Essa classe precisa desaprender antes de poder ser novamente ensinada, senão as daninhas ervas do erro cresceriam exuberantemente e sufocariam as preciosas sementes da verdade. O erro deve ser primeiramente extirpado, então o solo estará preparado para que a boa semente possa germinar e produzir fruto para a glória de Deus. T1 411 2 O único remédio para o Leste é completa disciplina e organização. O espírito de fanatismo tem dominado certa classe de observadores do sábado ali [no Leste dos Estados Unidos]; eles não têm bebido senão levemente da fonte da verdade, e não estão familiarizados com o espírito da mensagem do terceiro anjo. Coisa alguma se pode fazer por essa classe enquanto seus pontos de vista fanáticos não forem corrigidos. Alguns que participaram do movimento de 1854, trouxeram consigo errôneos pontos de vista tais como a não-ressurreição dos ímpios e a era vindoura. Eles estão buscando unir esses pontos de vista e sua experiência passada com a mensagem do terceiro anjo. Não podem fazer isso; não há concórdia entre Cristo e Belial. A não-ressurreição dos ímpios e suas opiniões pessoais sobre a era vindoura são erros grosseiros que Satanás introduziu nas heresias dos últimos dias para servir a seu propósito de arruinar vidas. Esses erros não se harmonizam com a mensagem de origem celestial. T1 412 1 Algumas dessas pessoas têm formas de culto a que chamam dons, e dizem que o Senhor os pôs na igreja. Têm uma algaravia sem sentido a que chamam língua desconhecida, desconhecida não só ao homem, mas ao Senhor e a todo o Céu. Tais dons são manufaturados por homens e mulheres ajudados pelo grande enganador. O fanatismo, a exaltação, o falso falar línguas e os cultos ruidosos, têm sido considerados dons postos na igreja por Deus. Alguns têm sido iludidos a esse respeito. Os frutos de tudo isso não têm sido bons. "Pelos seus frutos os conhecereis." Mateus 7:20. O fanatismo e o ruído têm sido considerados evidências especiais de fé. Algumas pessoas não se satisfazem com uma reunião, a menos que experimentem momentos de poder e de alegria. Esforçam-se por isso, e chegam a uma confusão dos sentimentos. A influência dessas reuniões, porém, não é benéfica. Ao passar o feliz entusiasmo de sentimento, essas pessoas imergem mais fundo que antes da reunião, pois sua satisfação não proveio da devida fonte. As mais proveitosas reuniões para o crescimento espiritual, são as que se caracterizam pela solenidade e o profundo exame do coração, cada um procurando conhecer-se a si mesmo e, com sinceridade e profunda humildade, buscando aprender de Cristo. T1 412 2 O irmão Lunt, de Portland, Maine, sofreu muito. Ele cria que o espírito prevalecente nas reuniões não estava em harmonia com a mensagem do terceiro anjo. Ele tivera experiência com o fanatismo que causara desolação no Leste, e isso o levou a olhar com suspeita a tudo o que se assemelhasse a fanatismo. As experiências passadas foram-lhe advertências e ele achava que devia afastar-se e falar claramente com aqueles que mostravam algum grau de fanatismo, pois sentia que eles e a causa de Deus estavam em perigo. Esse irmão tem considerado as coisas sob um ponto de vista acertado. T1 413 1 Há muitos espíritos desassossegados que não se submeterão à disciplina, ao sistema e à ordem. Julgam que sua liberdade seria restringida, caso tivessem de pôr de parte o juízo próprio e submeterem-se ao das pessoas de mais experiência. Não haverá progresso na obra de Deus, a menos que haja disposição para se submeterem à ordem, e expelirem de suas reuniões o espírito negligente e desordenado de fanatismo. As impressões e os sentimentos não são seguras provas de que uma pessoa esteja sendo dirigida pelo Senhor. Se não estivermos apercebidos, Satanás dará sentimentos e impressões. Estes não são guias seguros. Todos se devem familiarizar plenamente com as provas de nossa fé, e a grande preocupação deve ser adornarem sua profissão de fé, e produzirem frutos para glória de Deus. Ninguém deve adotar uma conduta que o leve a se tornar aborrecível aos que não são membros da igreja. Devemos ser castos, modestos e elevados na conversação, bem como irrepreensíveis na vida. Um espírito frívolo, gracejador, negligente, deve ser censurado. Não é nenhum indício de ter a graça de Deus no coração, uma pessoa falar e orar eloqüentemente nas reuniões, e depois entregar-se a uma descuidosa e rude maneira de falar e agir, quando lá fora. Tais pessoas são mesquinhos representantes de nossa fé; são um obstáculo para a causa de Deus. T1 413 2 Há estranha mistura de idéias entre os professos observadores do sábado em _____. Alguns não se acham em harmonia com o corpo da igreja, e conquanto continuem a ocupar a posição que têm agora, serão sujeitos às tentações de Satanás, e afetados pelo fanatismo e o espírito do erro. Alguns nutrem idéias fantasiosas, que lhes cegam os olhos para pontos importantes e vitais da verdade, levando-os a colocarem suas próprias e fantasiosas deduções no mesmo nível que a verdade vital. A aparência dessas pessoas, e o espírito que as acompanha, faz o sábado que elas professam muito objetável aos não-adventistas sensatos. Seria muito melhor para o progresso e êxito da terceira mensagem angélica, se essas pessoas deixassem a verdade. T1 414 1 De acordo com a luz que o Senhor me concedeu, haverá ainda um grande grupo que surgirá no Leste para obedecer coerentemente a verdade. Aqueles que seguem o rumo equivocado que escolheram, serão deixados a abraçar erros que finalmente os levarão à ruína. Eles, porém, serão pedras de tropeço por algum tempo para aqueles que deviam receber a verdade. Os pastores que trabalham na palavra e na doutrina, devem ser obreiros competentes, e apresentarem a verdade em sua pureza, todavia com simplicidade. Devem alimentar o rebanho com forragem limpa, cabalmente joeirada. Há estrelas errantes que professam ser pastores enviados por Deus, os quais andam pregando o sábado de lugar em lugar, mas que têm a verdade misturada com o erro, e estão lançando ao povo a massa de seus discordantes pontos de vista. Satanás os empurrou para dentro a fim de causar desagrado aos inteligentes e cuidadosos que não são membros. Alguns desses têm muito a dizer sobre os dons, e são muitas vezes especialmente agitados. Entregam-se a sentimentos violentos e desordenados e produzem sons ininteligíveis, a que chamam o dom de línguas, e certa classe parece encantada com essas estranhas manifestações. Reina entre essa classe um espírito estranho, que destruiria e passaria por cima de quem quer que os reprovasse. O Espírito de Deus não está nessa obra e não acompanha a tais obreiros. Eles têm outro espírito. Esses pregadores, porém, têm êxito entre certa classe. Isto, porém, aumenta grandemente o trabalho dos servos a quem Deus enviou, os quais se acham habilitados a apresentar perante o povo o sábado e os dons em seu devido aspecto, e cuja influência e exemplo são dignos de imitação. T1 414 2 A verdade deve ser apresentada de maneira a torná-la atrativa ao espírito inteligente. Não somos bem compreendidos como um povo, mas olhados como pobres, fracos de espírito, baixos e degradados. Quão importante é, pois, para todos os que ensinam e todos os que crêem na verdade, ser tão afetados por sua santificadora influência, que a vida coerente, elevada que vivem, mostre aos não-membros que eles se têm enganado com esse povo! Quão importante que a causa da verdade seja despojada de tudo que seja exaltação falsa e fanática, que a verdade se erga sobre os próprios méritos, revelando sua pureza e seu exaltado caráter naturais! T1 415 1 Vi que é de alta importância que os pregadores da verdade sejam refinados em suas maneiras, que fujam às esquisitices e excentricidades, e apresentem a verdade em sua pureza e clareza. Minha atenção foi dirigida a Tito 1:9: "Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes." Em seguida, Paulo fala de uma classe que professa conhecer a Deus, mas que O nega nas obras, sendo "reprovados para toda a boa obra". Tito 1:16. E então ele exorta Tito: "Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina. Os velhos sejam sóbrios, graves, prudentes, sãos na fé, na caridade, e na paciência. ... Exorta semelhantemente os mancebos a que sejam moderados. Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós." Tito 2:1-8. Essas instruções acham-se escritas para benefício de todos aqueles a quem Deus chamou para pregar a Palavra, e também para benefício de Seu povo que dá ouvidos à Palavra. T1 415 2 A verdade de Deus jamais degradará, antes elevará ao que a recebe, apura-lhe o gosto, santifica-lhe o juízo, e aperfeiçoa-o para a companhia dos puros e santos anjos no reino de Deus. Alguns há a quem a verdade encontra vulgares, rudes, esquisitos, jactanciosos, prontos a aproveitar-se de seus semelhantes para se beneficiarem a si mesmos; erram por muitas maneiras, e todavia, quando a verdade é crida de coração por eles, efetuará inteira mudança em sua vida. Começarão imediatamente a obra de reforma. A pura influência da verdade elevará o homem todo. Em suas relações de negócio com os semelhantes, terá o temor de Deus diante de si e amará a seu próximo como a si mesmo, tratando como quereria ser tratado. Sua conversação será verdadeira, pura e de caráter tão elevado, que os descrentes não poderão se aproveitar dela, ou com justiça falar mal dele, nem ficar aborrecidos com suas maneiras descorteses e sua linguagem imprópria. Ele introduzirá a santificadora influência da verdade em sua família, e fará resplandecer de tal maneira diante deles sua luz que, vendo suas boas obras, possam glorificar a Deus. Em todas as situações da vida, há de exemplificar a vida de Cristo. T1 416 1 A lei de Deus não se satisfaz com coisa alguma que não seja a perfeição, a perfeita e inteira obediência a todos os seus reclamos. O chegar a meio caminho de suas reivindicações, e não prestar perfeita e completa obediência, de nada aproveitará. Os mundanos e infiéis admiram a coerência, e sempre se convenceram poderosamente de que Deus estava com Seu povo quando as obras desse povo correspondiam à fé que professavam. "Por seus frutos os conhecereis." Mateus 7:20. Toda árvore é conhecida por seus frutos. Nossas palavras e ações são os frutos que apresentamos. Há muitos que ouvem os ensinos de Cristo, mas não os praticam. Fazem profissão de fé, mas seus frutos são de molde a desgostar aos que não são membros. São jactanciosos, e oram e falam orgulhosamente, exaltando-se a si mesmos, contando suas boas ações e, como os fariseus, agradecendo por assim dizer a Deus porque não são como os outros homens. No entanto esses mesmos são fraudulentos, aproveitam-se de outros nos negócios. Não dão bons frutos. Suas palavras e atos são injustos, e ainda parecem cegos à própria condição destituída e miserável. T1 416 2 Foi-me mostrado que o texto seguinte é aplicável aos que se acham em tal ilusão: "Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos Céus. Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome? e em Teu nome não expulsamos demônios? e em Teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniqüidade." Mateus 7:21-23. T1 417 1 Aí está a maior ilusão que pode afetar o espírito humano; essas pessoas crêem que são justas, quando estão erradas. Julgam estar fazendo uma grande obra em sua vida religiosa, mas afinal Jesus arranca sua cobertura de justiça própria, e apresenta vividamente diante deles o verdadeiro quadro de sua própria condição, em todos os seus erros e deformidades de caráter religioso. São achados em falta quando é para sempre demasiado tarde para suprir-lhes as carências. Deus providenciou meios para corrigir o errante; todavia, se os que erram preferem seguir o próprio juízo, e desprezam os meios ordenados por Ele para os corrigir e uni-los na verdade, serão levados à posição descrita pelas palavras de nosso Senhor, acima citadas. T1 417 2 Deus está conduzindo um povo e preparando-o para apresentar-se como um, unido, para falar as mesmas coisas, e assim cumprir a oração de Cristo por Seus discípulos. "E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em Mim; para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu em Ti; que também eles sejam um em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste." João 17:20, 21. T1 417 3 Erguem-se continuamente pequenos grupos que crêem que Deus está unicamente com os poucos, os dispersos, e sua influência é destruir e espalhar o que os servos de Deus constróem. Espíritos desassossegados, que desejam ver e crer constantemente alguma coisa nova, surgem de contínuo, uns aqui, outros ali, fazendo todos uma obra especial para o inimigo, e todavia pretendendo possuir a verdade. Eles ficam separados do povo a quem Deus está conduzindo e fazendo prosperar, e por meio de quem há de realizar Sua grande obra. Esses estão continuamente exprimindo seus temores de que o corpo de observadores do sábado se esteja tornando como o mundo; mas dificilmente há dois deles cujos pontos de vista se harmonizem. Acham-se dispersos e confundidos, e todavia se enganam a si mesmos a ponto de pensar que Deus está especialmente com eles. Alguns desses professam possuir os dons entre eles; mas são levados, mediante a influência e os ensinos desses dons, a pôr em dúvida aqueles a quem Deus confiou o especial encargo de Sua obra, e a tirar uma classe de pessoas do corpo da igreja. O povo que, segundo a Palavra de Deus, está se esforçando ao máximo para ser um, os que são estabelecidos na mensagem do terceiro anjo, são olhados com suspeita, pelo fato de estarem estendendo sua obra, e reunindo pessoas à verdade. São considerados mundanos, porque exercem influência sobre o mundo, e seus atos testificam de que eles estão esperando que Deus faça ainda uma obra grande e especial na Terra -- conduzir um povo e prepará-lo para o aparecimento de Cristo. T1 418 1 Essa classe não sabe realmente o que crê, ou as razões de sua crença. Eles estão sempre aprendendo, e nunca são capazes de chegar ao conhecimento da verdade. Surge um homem com idéias extravagantes, errôneas e pretende que Deus o enviou com nova e gloriosa luz e todos devem crer no que ele apresenta. Alguns que não têm fé estabelecida, que não se acham subordinados ao corpo de crentes, mas andam flutuando daqui para ali sem âncora que os firme, recebem aquele vento de doutrina. Sua luz resplandece de molde a fazer o mundo afastar-se dele, desgostoso, e aborrecê-lo. Então ele se coloca de maneira blasfema ao lado de Cristo, e alega que o mundo o aborrece pela mesma razão por que aborreceu a Cristo. Levanta-se outro, dizendo ser guiado por Deus, e advoga a heresia da não-ressurreição dos ímpios, a qual é uma das grandes obras-primas de erro satânico. Outro nutre errôneos pontos de vista com relação à era vindoura. Outro insiste zelosamente no traje americano. Todos querem plena liberdade religiosa, e cada um age independentemente dos outros, e pretendem todavia que Deus esteja atuando especialmente entre eles. T1 418 2 Alguns se regozijam e exultam em possuir os dons que os outros não têm. Que Deus guarde Seu povo de tais dons. Que fazem esses dons em benefício deles? São eles, mediante o exercício desses dons, levados à unidade da fé? E convencem os descrentes de que Deus está em verdade com eles? Quando esses dissidentes, sustentando suas várias idéias, se reúnem e há considerável agitação, e língua desconhecida, fazem sua luz brilhar de tal modo, que os descrentes dizem: Esta gente não está em seu juízo; são levados por um falso reavivamento, e conhecemos que não possuem a verdade. Esses tais colocam-se diretamente no caminho dos pecadores; sua influência é eficaz em impedir outros de aceitar o sábado. Essas pessoas serão recompensadas segundo suas obras. Prouvera a Deus que eles se reformassem ou abandonassem o sábado! Assim não se atravessariam no caminho dos descrentes. T1 419 1 Deus tem guiado homens que labutaram por anos, que têm estado prontos a fazer qualquer sacrifício, têm sofrido privações e suportado provas para apresentar a verdade ao mundo, e por sua vida coerente, remover o descrédito que os fanáticos têm trazido sobre a causa de Deus. Têm encontrado oposição em toda maneira. Têm labutado noite e dia na pesquisa das evidências de nossa fé, de modo a poderem fazer aparecer a verdade em toda a sua clareza, em forma organizada, a fim de poder resistir à oposição. O incessante trabalho e as provações mentais ligadas a esta grande obra, consumiram mais de um organismo, envelhecendo prematuramente muitas pessoas. Elas não se esgotaram em vão. Deus observou suas ferventes e angustiosas orações, feitas por entre lágrimas, a fim de poderem alcançar luz e verdade, e que esta pudesse brilhar em sua clareza perante os outros. Ele marcou os abnegados esforços que eles fizeram, e recompensá-los-á em harmonia com suas obras. T1 419 2 Por outro lado, aqueles que não labutaram para trazer à luz essas preciosas verdades, apareceram e receberam alguns pontos, como a verdade do sábado, pontos todos preparados, ao alcance de sua mão, e depois, toda a gratidão por eles manifestada pelo que nada lhes custou, mas custou tanto a outros, é levantarem-se como Coré, Datã e Abirã, e infamarem aqueles sobre quem Deus colocou a responsabilidade de Sua obra. Diziam: "Demais é já, pois que toda a congregação é santa, todos eles são santos, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos elevais sobre a congregação do Senhor?" Números 16:3. Eles são estranhos à gratidão. Possuem um espírito determinado, que não cede à razão, e que os levará avante à própria ruína. T1 420 1 Deus tem abençoado Seu povo, que prosseguiu adiante, seguindo o caminho providencialmente aberto por Ele. O Senhor trouxe um povo, saído de todas as classes, para a grande plataforma da verdade. Infiéis têm-se convencido de que Deus estava com Seu povo, e têm humilhado o coração para obedecer à verdade. A obra de Deus avança decididamente. Não obstante, porém, todas as provas de que Deus tem estado a guiar o corpo de crentes, há e continuará a haver pessoas que professem o sábado agindo independentemente do corpo, e crendo e procedendo segundo lhes aprouver. Suas idéias são confusas. Sua condição dispersa é um permanente testemunho de que Deus não está com eles. O sábado e seus erros são postos pelo mundo no mesmo plano, e juntamente rejeitados. Deus está irado com os que seguem uma conduta de molde a fazer com que o mundo os odeie. Se um cristão é odiado por causa de suas boas obras e por seguir a Cristo, terá uma recompensa; mas se ele é aborrecido por não seguir orientação de molde a ser amado; aborrecido por causa de suas maneiras incultas e porque faz da verdade motivo de questões com os vizinhos, e vive de maneira a tornar o sábado o mais desagradável possível para eles, esse cristão é uma pedra de tropeço para os pecadores, um obstáculo para a verdade sagrada. A menos que ele se arrependa, "melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse lançado ao mar". Lucas 17:12. T1 420 2 Nenhuma ocasião deve ser dada aos descrentes para criticar nossa fé. Somos considerados esquisitos e diferentes, e não devemos seguir um procedimento que leve os descrentes a assim nos julgarem, mais do que nossa fé requer que sejamos. T1 421 1 Alguns que crêem na verdade podem pensar que seria mais saudável para as irmãs adotarem o traje americano, contudo, se esse traje prejudicar nossa influência sobre os descrentes, de modo que nosso acesso a eles seja impedido, não deveríamos adotá-lo de jeito algum, ainda que sofrêssemos muito em conseqüência. Alguns, porém, se enganam ao pensar que há muitos benefícios nesse vestuário. Embora se demonstre um beneficio para alguns, é prejudicial a outros.* Vi que a ordem divina tem sido invertida e Suas instruções específicas desatendidas por aqueles que adotam o traje americano. Minha atenção foi chamada para: "Não haverá trajo de homem na mulher, e não vestirá o homem veste de mulher; porque qualquer que faz isto abominação é ao Senhor, teu Deus." Deuteronômio 22:5. Deus não deseja que Seu povo adote o assim chamado vestuário da reforma. Ele é um traje imodesto, totalmente inadequado às humildes seguidoras de Cristo. T1 421 2 Há tendência crescente de fazer com que as mulheres usem vestuário tanto quanto possível semelhante ao do outro sexo, confeccionando suas roupas com talhe similar às dos homens, o que Deus considera ser abominação. Deus, porém, declara que isso é abominação. "Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia." 1 Timóteo 2:9. T1 421 3 Aqueles que se sentem chamados a se unir ao movimento em favor dos direitos da mulher e do vestuário reformado, podem igualmente romper toda conexão com a mensagem do terceiro anjo. O espírito que assiste a um não pode estar em harmonia com o outro. As Escrituras são claras sobre as relações e direitos de homens e mulheres. Os espiritualistas adotaram até certo ponto esse peculiar modo de vestir. Os adventistas do sétimo dia, que crêem na restauração dos dons, são freqüentemente estigmatizados como espiritualistas. Se adotarem esse traje, sua influência estará morta. As pessoas os colocariam no mesmo nível dos espiritualistas, recusando-se a lhes dar ouvidos. T1 422 1 A suposta reforma do vestuário é acompanhada de um espírito frívolo e audacioso. A modéstia e o recato parecem ter-se afastado de muitos que adotam esse estilo de vestuário. Foi-me mostrado que Deus requer que adotemos uma conduta coerente e explicável. Se as irmãs adotarem o traje americano, anularão a própria influência e a de seus maridos. Tornar-se-ão alvo de escárnio e ridículo. Nosso Salvador diz: "Vós sois a luz do mundo." Mateus 5:14. "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos Céus." Mateus 5:16. Há uma grande obra a fazer no mundo e Deus quer evitemos uma conduta que diminua ou destrua nossa influência sobre o mundo. ------------------------Capítulo 77 -- A oração de Davi T1 422 2 Foi-me mostrado Davi rogando ao Senhor que o não abandonasse quando fosse idoso, e o que foi que lhe inspirou essa fervorosa oração. Ele viu que a maioria das pessoas idosas que o rodeavam não eram felizes, e que os traços lamentáveis de caráter aumentavam especialmente com a idade. Se as pessoas eram naturalmente mesquinhas e cobiçosas, isto se acentuava desagradavelmente em sua velhice. Se eram ciumentas, irritáveis e impacientes, tornavam-se mais ainda quando idosas. T1 422 3 Davi afligia-se ao ver que reis e nobres que pareciam ter o temor de Deus diante de si enquanto se achavam no vigor da varonilidade, tornavam-se ciumentos de seus melhores amigos e parentes, quando se tornavam mais idosos. Receavam continuamente que houvesse motivos egoístas nas manifestações de interesse dos amigos para com eles. Davam ouvidos às sugestões e conselhos enganosos de estranhos com relação àqueles em quem deviam confiar. Seus não refreados ciúmes inflamavam-se por vezes, porque nem todos concordavam com seu juízo falível. Terrível era sua cobiça. Pensavam muitas vezes que os próprios filhos e parentes desejavam que eles morressem a fim de tomar-lhes o lugar e possuir-lhes as riquezas, e receber as homenagens que lhes haviam sido prestadas. E alguns eram de tal modo controlados pelos ciúmes e sentimentos de cobiça, que destruíam os próprios filhos. T1 423 1 Davi observava que, se bem que a vida de alguns houvesse sido justa enquanto se achavam no vigor dos anos, eles pareceram perder o domínio de si mesmos ao sobrevir-lhes a velhice. Satanás penetrou-lhes no espírito e os dirigiu, tornando-os desassossegados e descontentes. Viu Davi que muitos dos idosos pareciam abandonados por Deus, e se expunham ao ridículo e ao insulto por parte de seus inimigos. Davi sentia-se profundamente abalado; ficou aflito ao pensar nos anos futuros, quando estivesse idoso. Temia que Deus o deixasse, e que ele fosse tão infeliz como outros idosos cuja conduta ele observara, e exposto à desonra dos inimigos do Senhor. O coração opresso por isto, ele orou fervorosamente: "Não me rejeites no tempo da velhice; não me desampares, quando se for acabando a minha força." "Ensinaste-me, ó Deus, desde a minha mocidade; e até aqui tenho anunciado as Tuas maravilhas. Agora também, quando estou velho e de cabelos brancos, não me desampares, ó Deus, até que tenha anunciado a Tua força a esta geração, e o Teu poder a todos os vindouros." Salmos 71:9, 17, 18. Davi sentia a necessidade de guardar-se contra os males que acompanham a velhice. T1 423 2 Dá-se freqüentemente que os idosos não estão dispostos a compreender e reconhecer que sua força mental está falhando. Abreviam os próprios dias com o tomarem sobre si cuidados que pertencem a seus filhos. Satanás joga muitas vezes com a imaginação deles, e leva-os a sentirem contínua ansiedade com relação aos bens que possuem. Isto é seu ídolo, e amontoam com avareza. Privam-se muitas vezes dos confortos da vida, e trabalham além de suas forças, de preferência a empregar os meios que têm. Colocam-se assim em constante carência, por temor de que, em algum tempo futuro, venham a sofrer falta. Todos esses temores são originados por Satanás. Ele estimula os órgãos que levam aos temores servis e aos ciúmes que corrompem a nobreza do intelecto e destroem os pensamentos e sentimentos elevados. Essas pessoas são insensatas no que respeita ao dinheiro. Caso tomassem a atitude que Deus deseja que mantenham, seus últimos dias seriam os melhores e mais felizes. Os que têm filhos em cuja honestidade e cuidadoso governo têm motivos para confiar, devem permitir que eles os tornem felizes. A menos que façam isto, Satanás se aproveitará de sua falta de resistência mental, e manejará com eles. Devem pôr de lado a ansiedade e as preocupações, ocupar o tempo da maneira mais satisfatória possível, e amadurecerem para o Céu. ------------------------Capítulo 78 -- Extremos no vestuário T1 424 1 Cremos não estar de conformidade com a nossa fé vestir-se de acordo com o traje americano, usar saias-balão, ou ir ao extremo de vestir compridos vestidos que varrem as calçadas e ruas. Caso as mulheres usassem seus vestidos deixando um espaço de uma ou duas polegadas entre a sujeira das ruas, seus vestidos seriam mais modestos, e poderiam ser conservados limpos muito mais facilmente e durante mais tempo. Esses vestidos estariam de conformidade com a nossa fé. Tenho recebido diversas cartas de irmãs perguntando minha opinião a respeito de usar saias de alça. Essas perguntas foram respondidas em uma carta que enviei a uma irmã em Wisconsin. Transcreverei esta carta para o benefício de outras pessoas. T1 424 2 "Como um povo, não cremos que nosso dever de sair do mundo seja estarmos fora da moda. Se temos um tipo de vestuário de bom gosto, natural, modesto e confortável, e jovens descrentes escolhem vestir-se como o fazemos, devemos mudar essa maneira de vestir-nos a fim de ser diferentes do mundo? Não, não devemos ser excêntricos ou singulares em nosso vestuário para diferir do mundo, temendo que nos desprezem por assim fazermos. Os cristãos são a luz do mundo e o sal da Terra. Seu vestuário deve ser simples e modesto, sua conversação pura e celestial, intocável o seu comportamento. T1 425 1 "Como nos vestiremos? Se alguém usasse pesadas saias acolchoadas antes da introdução das saias-balão, apenas para mostrar-se, e não para conforto, pecaria contra si mesmo prejudicando sua saúde, a qual lhe cumpre preservar. Se alguém as usar agora apenas para imitar as saias-balão, comete pecado; pois está procurando imitar uma moda vergonhosa. Saias presas com alças foram usadas antes que se introduzissem as saias-balão. Tenho usado uma saia leve de alças desde que eu tinha catorze anos de idade, não para exibir-me, mas pelo conforto e decência. Pelo fato de terem sido introduzidas as saias-balão não deixarei por elas a minha saia de alças. Devo eu pô-la de lado agora porque a moda das saias-balão é introduzida? Não; isso seria levar o assunto a extremo. T1 425 2 "Cumpre-me ter sempre em mente que devo ser um exemplo, e portanto não devo correr atrás desta ou daquela moda, mas seguir uma conduta uniforme e independente e não ser induzida a extremos com relação ao vestuário. Pôr de lado minha saia de alças que foi sempre modesta e confortável, e pôr-me em uma fina saia de algodão, e dessa maneira parecer ridícula em outro extremo, seria um erro, pois assim eu não seria um exemplo correto, mas poria um argumento na boca das que usam saia-balão. Para se justificarem por usar saias-balão elas poderiam apontar-me como alguém que não as usa, e dizer que não se desonrariam daquela maneira. Ao irmos a tal extremo, destruiríamos toda influência que de outro modo poderíamos ter exercido, e levaríamos as que usam saias-balão a justificarem sua conduta. Devemos vestir-nos modestamente, sem a mínima consideração para com a moda da saia-balão. T1 425 3 "Existe uma posição intermediária nestas coisas. Oh! possamos todos encontrar sabiamente essa posição e conservá-la! Que todos examinemos nosso coração e neste tempo solene, arrependamo-nos dos nossos pecados e nos humilhemos diante de Deus. A obra está entre Deus e o próprio coração. É uma obra individual, e todos têm muito o que fazer sem ser criticar o vestuário, os atos e os motivos de seus irmãos e irmãs. "Buscai ao Senhor, vós todos os mansos da Terra, que pondes por obra o Seu juízo; buscai a justiça, buscai a mansidão; porventura sereis escondidos no dia da ira do Senhor." Sofonias 2:3. Eis nossa obra. Não é aos pecadores que se dirige esta mensagem, mas a todos os mansos da Terra, que põem por obra o Seu juízo, ou que guardam os Seus mandamentos. Há trabalho para todos, e se todos obedecerem veremos uma suave união nas fileiras dos guardadores do sábado." ------------------------Capítulo 79 -- Mensagens ao pastor Hull* T1 426 1 Em 5 de Novembro de 1862, vi a condição do irmão Hull. Ele se encontrava em estado alarmante. Sua falta de consagração e piedade vital o expôs às tentações de Satanás. Ele se tem amparado em suas próprias forças, em lugar de apoiar-se no forte braço do Senhor. O potente braço divino foi-lhe parcialmente removido. T1 426 2 Foi-me mostrado que a mais alarmante característica do caso do irmão Hull, é o fato de estar ele dormitando ante o perigo. Não se preocupa, mas se sente perfeitamente seguro e em paz, enquanto Satanás e seus anjos exultam com sua conquista. Quando em conflito, o irmão Hull tinha a mente controlada; houve então uma colisão de espíritos. Agora que parou de lutar, cessou o conflito. Sua mente está despreocupada e Satanás o deixou em paz. Oh, conforme me foi mostrado, quão perigosa era sua posição! Seu caso é quase sem esperança, porque ele não faz nenhum esforço para resistir a Satanás e livrar-se de sua terrível armadilha. T1 427 1 O irmão Hull foi tratado com fidelidade. Achava estar muito restringido, sem liberdade de ação. Enquanto o poder da verdade o influenciava com toda a sua força, sentia-se relativamente seguro. Mas, desfeitos a força e o poder da verdade sobre a mente, não há restrições; as propensões naturais tomam a dianteira e já não há detença. Ele se cansou da luta e por algum tempo desejou agir com mais liberdade, mas sentiu-se ofendido com a reprovação de seus irmãos. Ele me foi apresentado como estando à beira de terrível precipício, pronto para saltar. Se fizer isso, será seu fim; seu destino eterno estará selado para sempre. Ele está trabalhando e tomando decisões para a eternidade. A obra de Deus não depende do irmão Hull. Se ele abandonar as fileiras dos que levam a bandeira ensangüentada do Príncipe Emanuel, e se unir àqueles que empunham a bandeira negra, será para sua própria perda e eterna destruição. T1 427 2 Vi que os que desejam, encontrarão bastante oportunidade para duvidar da inspiração e veracidade da Palavra de Deus. Deus não obriga ninguém a crer. Podem escolher confiar nas evidências que Ele houve por bem dar, ou podem duvidar e perecer. Isso é vida ou morte para você, irmão Hull. Vi uma nuvem de anjos maus o envolvendo. O irmão estava perfeitamente à vontade entre eles. Satanás tem-lhe contado uma agradável história sobre um meio mais fácil, de preferência a estar lutando permanentemente com espíritos contrários. Mas, se você preferir esse meio, descobrirá no final que terá de pagar um tributo pesado e terrível. T1 428 1 Vi que o irmão se sentia forte. Julgava ter argumentos que não podiam ser contestados. Você não se apoiava na força do Senhor. Com muita freqüência você penetrava o terreno de Satanás para enfrentar um opositor. Não esperou até saber se a causa de Deus e a verdade requeriam discussão, mas envolveu-se com os oponentes. Com um pouquinho de cautela você teria verificado que a verdade não progrediria, nem haveria benefício à causa de Deus. Tempo precioso foi assim desperdiçado. T1 428 2 Satanás foi testemunha do pesado golpe que o irmão Hull vibrou contra o espiritualismo em Battle Creek. Os espiritualistas perceberam-lhe o caráter e convenceram-se de que não seria vão fazer decidido esforço para arruinar aquele que tanto prejudicara sua causa. Ao discutir com os espiritualistas, você não enfrenta meramente a homens e seus argumentos, mas a Satanás e seus anjos. Nunca deveria um só homem ir debater com um espiritualista. Se a causa de Deus realmente demandar que confrontemos Satanás e seu exército representado por um médium espírita, se for preciso correr o risco de se envolver em tal discussão, então deverão ir várias pessoas juntas para que, com oração e fé, façam recuar as forças das trevas, e o pregador possa ser escudado por anjos magníficos em poder. T1 428 3 Irmão Hull, você me foi mostrado como estando sob uma enfeitiçante influência, que se provará fatal a menos que esse fascínio seja quebrado. Você parlamentou e arrazoou com Satanás, demorando-se em terreno proibido. O irmão exercitou a mente com coisas transcendentes demais e acariciou dúvidas e incredulidade. Atraiu anjos maus e afastou os puros e santos anjos de Deus. Se você tivesse resistido firmemente às sugestões de Satanás e buscado com determinação forças de Deus, teria rompido cada grilhão e afastado o inimigo espiritual, acercando-se de Deus e triunfando em Seu nome. Vi que foi presunção de sua parte enfrentar um espiritualista, quando você mesmo estava envolvido e confundido por nuvens de incredulidade. Você saiu à batalha contra Satanás e suas forças, sem armadura, e foi seriamente ferido. Mas está insensível ao ferimento. Receio muito que nem os trovões e relâmpagos do Sinai consigam dissuadi-lo. Você está comodamente estirado na espreguiçadeira de Satanás e não vê a terrível condição em que se encontra, nem faz qualquer esforço para se livrar. Se o irmão não despertar nem se libertar da armadilha do diabo, haverá de perecer. Os irmãos e irmãs querem salvá-lo, mas vi que não podiam fazê-lo. Você tem alguma coisa a fazer; precisa empregar diligentes esforços ou estará perdido. Vi que aqueles que se encontram sob a enfeitiçante influência do espiritualismo, não têm consciência dessa sua condição. O irmão está hipnotizado e encantado, contudo, não o percebe; assim, não faz o mínimo esforço para achegar-se à luz. T1 429 1 Vi que estamos agora no tempo da sacudidura. Satanás está atuando com todo o seu poder para arrebatar pessoas da mão de Cristo e compeli-las a pisar o Filho de Deus. Um anjo repetiu lenta e enfaticamente estas palavras: "De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?" Hebreus 10:29. O caráter está em desenvolvimento. Anjos de Deus estão pesando o valor moral. Deus está testando e provando Seu povo. Estas palavras me foram apresentadas pelo anjo: "Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo. Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado. Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim." Hebreus 3:12-14. Deus não Se agrada quando alguém de Seu povo que tenha conhecido o poder da Sua graça fala de dúvidas, tornando-se assim um canal para Satanás transmitir a outras mentes as suas tentações. Se a semente da descrença e do mal não for prontamente desarraigada, Satanás a nutrirá até que floresça e se torne forte. A boa semente semeada precisa ser nutrida, regada e cuidada com carinho, porque toda nociva influência é exercida para impedir-lhe o crescimento e aniquilá-la. T1 430 1 Os esforços de Satanás são agora mais poderosos do que nunca, pois ele sabe que seu tempo para enganar é curto. Irmão Hull, vi que você se prejudicou muito ao expor suas fraquezas e declarar suas dúvidas àqueles que são agentes satânicos. O irmão foi enganado por palavras suaves e conversas capciosas, e se expôs afoitamente aos ataques de Satanás. Como pôde ferir-se assim e atrair descrédito à Palavra de Deus? Você entrou precipitadamente no campo de batalha de Satanás e não admira que sua mente se tenha tornado tão rude e insensível. Através de seus agentes, Satanás já havia envenenado a atmosfera a seu redor; os anjos maus já haviam passado informações a seus representantes terrenos sobre a conduta a ser adotada a seu respeito. E este é quem Deus chamou para estar entre os vivos e os mortos. Este é um dos vigias postados sobre os muros de Sião para dizer ao povo as horas da noite. Uma pesada responsabilidade repousa sobre o irmão. Se você cair, não cairá sozinho, pois Satanás o utilizará como seu agente para levar pessoas à perdição. T1 430 2 Vi que os anjos de Deus o olhavam tristes. Haviam deixado o seu lado e, afastando-se pesarosos, enquanto Satanás e seus anjos, contentes riam de você. Se você mesmo tivesse lutado com as suas dúvidas, e não tivesse encorajado o diabo a tentá-lo a dar expressão a seu ceticismo e ter prazer em demorar nessa fala, não teria atraído os anjos caídos para junto de você em tão grande número. Você, porém, preferiu expressar suas trevas; preferiu demorar-se nisso; e quanto mais demoradamente falar, mais e mais sombrio se torna. Está excluindo de você mesmo todo lampejo da luz celeste, e está se formando um grande abismo entre você e os únicos que o podem ajudar. Se continuar da maneira em que começou, a miséria e a desgraça o esperam. A mão de Deus o prenderá de um modo que não lhe agradará. Sua ira não dormitará. Mas agora Ele o convida. Agora, justamente agora, Ele lhe pede que volte para Ele, sem demora, e Ele graciosamente perdoará e curará todas as suas apostasias. Deus está a guiar avante um povo que é peculiar. Ele os limpará e purificará, habilitando-os para a trasladação. Tudo o que é carnal será separado dos peculiares tesouros de Deus, até que se tornem como ouro purificado sete vezes. T1 431 1 Vi que a situação dos irmãos A e B era cruel, pois estavam servindo aos propósitos de Satanás ao aceitarem que ele os conduzisse pelos caminhos da incredulidade. Seu maior pecado era falar abertamente sobre essas sombrias dúvidas e tenebrosa incredulidade, atraindo outras mentes para a escuridão. T1 431 2 O povo de Deus será peneirado assim como o trigo é sacudido na peneira, até que toda a palha seja separada dos puros grãos. Devemos olhar a Cristo como exemplo e imitar o humilde Modelo. Você não aceita a disciplina de que necessita e não pratica a abnegação que Cristo requer daqueles que são verdadeiramente herdeiros da salvação. Aqueles que estão empenhados na obra de salvar pessoas são coobreiros de Cristo. Sua obra foi de desprendida benevolência e constante abnegação. Aqueles que apreciam o infinito sacrifício feito por eles, para que pudessem tornar-se participantes de sua celestial graça, farão, por seu turno, sacrifícios e se negarão a si próprios para auxiliar na grande obra de trazer outros ao conhecimento da verdade. O interesse próprio será posto de lado, os desejos egoístas e a comodidade própria não serão empecilhos à obra de salvar pessoas. Os pastores de Deus estão trabalhando em lugar de Cristo; são Seus embaixadores. Não devem consultar o próprio conforto, bem-estar, prazer, desejos ou conveniência. Cumpre-lhes sofrer por Cristo, ser com Ele crucificados e regozijar-se de poderem, no sentido lato da palavra, participar dos sofrimentos de Cristo. T1 432 1 Vi que os pastores que trabalham na pregação e na doutrinação têm diante de si uma grande obra. Pesada responsabilidade repousa sobre eles. Em seu trabalho, eles não se acercam o suficiente dos corações. Sua obra é demasiado genérica e muitas vezes dispersiva. Sua obra deve concentrar-se naqueles por quem estão trabalhando. Quando pregam do púlpito apenas começaram o trabalho. Devem então viver sua pregação, guardando-se sempre para não se tornarem uma reprovação à causa de Deus. Precisam tomar como exemplo a vida de Cristo. "Porque nós somos cooperadores de Deus." 1 Coríntios 3:9. "E nós, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão." 2 Coríntios 6:1. A obra do pastor não está concluída ao retirar-se ele do púlpito. Não deve desfazer-se da responsabilidade e ocupar a mente com leitura ou escrita, a menos que isso seja realmente necessário. Deve ele acompanhar seus cultos públicos com esforços particulares, trabalhando pessoalmente pelas pessoas onde quer que uma oportunidade se apresente, conversando junto à lareira, em lugar de Cristo instando com as pessoas para que se reconciliem com Deus. Nossa obra aqui está prestes a terminar "mas cada um receberá o seu galardão, segundo o seu trabalho". 1 Coríntios 3:8. T1 432 2 Foi-me mostrada a recompensa dos santos, a herança imortal. Vi também o quanto o povo de Deus tem sofrido por causa da verdade, e que consideram o Céu muito fácil de alcançar. Reconhecem que os sofrimentos do tempo presente não são para se comparar com a glória que lhes será revelada. O povo de Deus, nestes últimos dias, será provado. Em breve ocorrerá a prova final, e então receberão o dom da vida eterna. T1 432 3 Irmão Hull, você sofreu humilhação por causa da verdade. Experimentou o poder da verdade e de uma vida sem fim. Teve o testemunho do Espírito de Deus de que Lhe pertencia e por Ele era aceito. Vi que se você usar novamente a armadura e permanecer em seu posto, resistindo ao diabo e ferindo varonilmente as batalhas do Senhor, será vitorioso e brevemente haverá de depor sua armadura e cingir a coroa do conquistador. Oh, não é essa herança suficientemente preciosa? Não custou ela preço incomensurável -- a agonia e o sangue do Filho de Deus? Rogo-lhe, em nome do Senhor, que desperte. Desfaça o temível engano que Satanás lançou sobre você. Tome posse da vida eterna. Resista ao diabo. Anjos maus o cercam, sussurrando em seus ouvidos, visitando-o com sonhos enganosos, e você os ouve com deleite. Oh, por amor a Cristo, por amor a si mesmo, aparte-se dessa terrível influência antes de ofender definitivamente o Espírito de Deus. T1 433 1 No sábado, dia 6 de Junho de 1863, foram-me mostradas algumas coisas com relação à obra de Deus e à disseminação da verdade. Pregadores e povo têm uma fé mirrada, pouca devoção e mínima piedade genuína. O povo imita o pregador; assim, o pastor tem grande influência sobre ele. Irmão Hull, Deus deseja que você se chegue mais a Ele, para que possa apoderar-se de Sua força e por viva fé reivindicar Sua salvação e ser um homem forte. Se você fosse um homem piedoso e devotado, tanto no púlpito quanto fora dele, uma poderosa influência auxiliaria suas pregações. O irmão não procedeu a um exame íntimo do próprio coração. Você lê muitas obras para tornar suas pregações perfeitas, adequadas e agradáveis, mas negligencia o estudo maior e mais necessário: o estudo de você mesmo. Um completo conhecimento de você mesmo, a meditação e a oração têm sido coisas secundárias. Seu sucesso como pastor depende de guardar o próprio coração. Você receberá mais força despendendo uma hora por dia em meditação e em lamentar as próprias falhas e depravação do coração, e em suplicar o amor perdoador de Deus e a certeza dos pecados perdoados, do que gastando muitas horas e dias estudando os mais talentosos autores, e familiarizando-se com cada objeção à nossa fé e com as mais poderosas evidências em seu favor. T1 434 1 A razão por que nossos pregadores realizam tão pouco é que eles não andam com Deus. O Senhor está a um dia de viagem na frente da maioria deles. Quanto mais intimamente você vigiar o próprio coração, tanto mais atento e protegido estará, a fim de não desonrar a verdade por palavras ou atos e dar ocasião a que a língua dos maldizentes persiga a você e à verdade, e pessoas se percam por negligência de exame introspectivo, de esquadrinhamento do coração e da piedade vital. O comportamento santo do ministro de Cristo deve ser uma censura aos cristãos professos e frívolos. Os raios da verdade e santidade brilhando de sua conversação séria e celestial, convencerão a outros e os guiarão à verdade. Aqueles que o cercam serão compelidos a dizer: "Deus está verdadeiramente com este homem." É a negligência e a frouxidão dos professos ministros de Cristo que confere tão pouca influência. Há muitos professos, mas poucos homens de oração. Se nossos pregadores fossem homens mais dedicados à oração secreta, que pregassem na prática no seio de suas famílias, que governassem sua casa com dignidade e seriedade, sua luz sem dúvida brilharia sobre os que os cercam. T1 434 2 Foi-me mostrado, irmão Hull, que se você se dedicar a Deus, mantendo comunhão com Ele, meditando muito, exercendo vigilância sobre suas fraquezas, pranteando e lamentando diante do Senhor em profunda humildade e apoiando-se nEle, você estará envolvido com a mais proveitosa ocupação que jamais exerceu. Estará bebendo da fonte viva, e dando então de beber aos outros da mesma fonte que o reviveu e fortaleceu. T1 434 3 Querido irmão, a menos que haja uma mudança em seu caráter cristão, você não obterá a vida eterna, pois o nosso diligente inimigo porá armadilhas para seus pés. Se você não estiver próximo a Deus, cairá em seu alçapão. Você é inquieto e preocupado. Estudar é sua prioridade, mas algumas vezes você falha no objetivo. Quando deveria estudar o próprio coração, está empenhado em ler livros. Quando deveria aproximar-se de Cristo mediante a fé, você fica estudando. Vi que todo o seu estudo será inútil, a menos que você examine a si mesmo. Você não está familiarizado consigo mesmo, e sua mente pouco se demora em Deus. Você é muito autoconfiante e não se dá conta de que o eu tem de morrer, se o irmão quiser ser bem-sucedido ministro de Cristo. Falta-lhe sobriedade e prudência fora do púlpito. Essas coisas se contrapõem à sua pregação. T1 435 1 Quando seu caso me foi apresentado pela primeira vez em visão, vi que havia uma falta em você. Sua mente não é elevada. Quando no púlpito, o irmão trata das mais sagradas, santas e elevadas verdades de maneira competente, mas quando envolvido com os mais solenes temas, muitas vezes insere algo cômico para produzir risos, e isto destrói a força de toda a pregação. Você lida com verdades solenes com naturalidade, mas não as pratica. E esta é a razão por que está faltando o endosso do Céu. Muitos que o ouvem com prazer, falarão do ardente sermão, do hábil pregador, mas não estarão mais impressionados com a necessidade de obedecer à verdade do que ouvi-la. Eles continuam a transgredir a lei de Deus como antes. Foi o pastor que os agradou e não as verdades expressas. Você está tão distante de Deus que Seu poder não pode firmar a verdade em seu lar. Você deveria praticar a religião no lar, pois isso exerceria influência para elevar sua esposa e a família toda. Quando em casa, o irmão põe de lado toda restrição e age como um garoto. O peso da verdade e a responsabilidade da obra não repousam sobre você. Você não seleciona as palavras nem se ocupa com o exemplo que deve dar. T1 435 2 Sua única segurança reside em examinar a si mesmo, suas fraquezas e faltas. Não deixe de vigiar-se. Observe-se mais rigorosamente quando no lar. Observe-se quando distante do lar. Você negligencia deveres particulares, põe de lado sua armadura e permite-se adotar um espírito descuidado que afasta os anjos de você mesmo e de sua família. Não se omita em perscrutar o próprio coração no lar. Não dispense todas as suas afeições a sua família. Preserve os melhores afetos de seu coração para Jesus, que o redimiu por Seu sangue. Estando em casa, prepare-se o tempo todo para os negócios externos de seu Mestre. Se assim fizer, estará trajando a armadura a cada momento. O desejo mais elevado de seu coração será glorificar a Deus, cumprir Sua vontade na Terra. Você terá suave confiança e segurança nEle. Não se sentirá tão inquieto, mas terá um constante motivo para meditação, devoção e santidade. Minha atenção foi dirigida para o texto: "Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado." 1 Coríntios 9:27. O irmão tem uma obra a fazer em conhecer a si mesmo. Não se encante com os comentários que irmãos tolos e ignorantes possam fazer com respeito a suas realizações. Se elogiam sua pregação, não permita que isso o ensoberbeça. Se a bênção de Deus acompanhar seu trabalho, os frutos serão vistos. Sua pregação não somente agradará, mas conquistará almas. T1 436 1 Irmão Hull, você precisa guardar-se de todos os lados. Vi que o que quer que divida as afeições ou afaste do coração o supremo amor a Deus, ou impede que se tenha total segurança e confiança nEle, apropria-se do caráter e assume a forma de um ídolo. Foi-me mostrado o primeiro e grande mandamento: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento." Mateus 22:37. Não é permitida qualquer coisa que separe de Deus nossas afeições. Nada deve afastar dEle nosso supremo amor e deleite. Sua vontade, desejos, planos, aspirações e prazeres devem estar em inteira sujeição. Você tem algo a aprender para exaltar ao Senhor Deus em seu coração, em suas conversas e em todos os seus atos. Então Jesus pode ensiná-lo e auxiliá-lo quando você lançar sua rede do lado direito do barco, para trazê-la rompendo de peixes à praia. Mas sem o auxílio de Cristo para lançar sua rede, você pode levar semanas, meses e anos sem obter muito fruto em seu trabalho. T1 437 1 Vi que o irmão seria tentado a sentir que seus irmãos desejam bitolá-lo; que querem impor-lhe muitas restrições. Mas eles desejam apenas que você viva de acordo com as instruções da Palavra de Deus. Deus deseja conduzi-lo a esse ponto e Seus anjos estão observando-o com a mais profunda solicitude. Você precisa conformar sua vida à Palavra de Deus para que possa ser abençoado e fortalecido por Ele, ou cairá no caminho; e depois de pregar aos outros, você mesmo será reprovado. Mas o irmão pode tornar-se um vencedor e conquistar a vida eterna. Você está se recuperando das armadilhas de Satanás, mas ele está preparando outras ciladas. Deus o ajudará e fortalecerá, se o irmão O buscar diligentemente. Examine-se, porém, a si mesmo. Teste cada motivo e não seja sua meta pregar brilhantes sermões para exibir Moisés Hull, mas busque revelar a Cristo. Torne mais clara a verdade aos ouvintes, para que mesmo as mentes mais limitadas possam compreendê-la. Que suas pregações sejam claras, objetivas e solenes. Leve o povo à decisão. Faça com que sintam a força vital da verdade. Se alguns lhe disserem palavras lisonjeiras, chame-lhes severamente a atenção. Diga-lhes que Satanás tem estado a perturbá-lo por muito tempo com isso, e que eles não precisam auxiliá-lo nesse trabalho. T1 437 2 Quando entre irmãs, seja reservado. Não importa se elas pensarem ser isso falta de cortesia. Se as irmãs, sejam casadas ou solteiras, demonstrarem qualquer familiaridade, afaste-as. Seja firme e decidido para que entendam que você não encoraja tal fraqueza. Quando perante os jovens, e em todo o tempo, seja sério e ponderado. Vi que se o irmão Loughborough e você fizerem de Deus sua força, realizariam um bom trabalho em favor de Seu pobre povo, pois dois juntos podem ser um exército. Aproximem-se mais um do outro, orem juntos e separadamente, e tenham liberdade um com o outro. Irmão Hull, você deve confiar no julgamento do irmão Loughborough e ouvir seus conselhos e advertências. ------------------------Capítulo 80 -- Pastores não consagrados T1 438 1 Pastores que pregam a terceira mensagem deveriam trabalhar porque sentem que Deus pôs sobre eles o fardo da obra. Nossos pastores serão poupados de necessidades se exercerem alguma economia. Se falharem, porém, sofrerão privações, qualquer que seja a posição em que forem colocados. Dê-se-lhes a chance mais favorável e eles gastarão tudo o que recebem. Isso aconteceu com o Pastor Hull. Ele precisa de um fundo quase inesgotável para gastar de modo que fique satisfeito. T1 438 2 Aqueles que não administram sabiamente assuntos temporais, geralmente falham nas coisas espirituais. Fracassam em edificar a igreja. Eles podem possuir talentos naturais e serem tidos como hábeis pregadores, todavia, ainda lhes falta valor moral. Eles podem atrair grandes congregações e criar considerável entusiasmo, mas se buscam frutos de seu trabalho, verifica-se que a colheita é pequena, se qualquer fruto ainda puder ser encontrado. Tais homens freqüentemente se envaidecem por causa de seu trabalho e perdem o amor pela simplicidade do evangelho. Não são santificados pelas verdades que pregam. Foi o que aconteceu com o Pastor Hull. Faltou-lhe aquela graça que alicerça a mente, eleva e enobrece o caráter do homem. É bom para o coração ser firmado na graça. Essa é a nossa firmeza. T1 438 3 Em lugares onde o Pastor Hull realizou uma série de conferências, as pessoas gostaram de suas expressões espirituosas e estilo peculiar de pregação, contudo, poucas aceitaram a verdade como resultado de seus trabalhos. Mesmo dessas, uma grande proporção logo renunciou à fé. Muitos ficaram desapontados com os pequenos resultados de seu trabalho. Foi-me mostrada a razão. Estavam faltando humildade, simplicidade, pureza e santidade de vida. Ele pensava que seus esforços eram indispensáveis, e que a obra não existiria se estivesse fora dela. Mas, se ele pudesse saber da ansiedade que os verdadeiros obreiros da causa, os quais tentaram ajudá-lo, sofreram por causa dele, não teria em tão alta conta seus próprios esforços. Sua conduta era uma contínua carga à causa, a qual teria prosperado mais sem a sua influência. A ansiedade de seus irmãos para salvá-lo da queda, levou-os a fazer muito por ele com relação aos recursos. Eles estavam satisfeitos com seu talento oratório e alguns foram até indiscretos em enaltecê-lo, mostrando decidida preferência por ele em detrimento de outros pregadores, cuja influência diria mais em prol da divulgação da causa. Isso o prejudicou. Ele não teve humildade suficiente ou o bastante da graça de Deus para estar acima da lisonja de seus irmãos. Que Deus ajude esses a perceberem seu erro e a jamais se tornarem novamente culpados de prejudicar um jovem pastor mediante lisonja. T1 439 1 Todos os que desejam afastar-se do povo remanescente de Deus para seguir seu corrompido coração, lançam-se de boa vontade nas mãos de Satanás, e devem ser livres para fazê-lo. Há outros entre nós que estão em perigo. Eles têm uma elevada opinião sobre as próprias habilidades, enquanto sua influência, em muitos respeitos, tem sido apenas um pouco melhor do que a do Pastor Hull. A menos que se reformem completamente, a causa ficará melhor sem eles. Pastores não consagrados prejudicam a causa, e são pesada carga a seus irmãos. Eles precisam de alguém que os sigam para corrigir seus erros, endireitar as coisas e fortalecer aqueles que foram debilitados e prejudicados por sua influência. Eles têm ciúmes dos que assumem as responsabilidades da obra -- dos que sacrificariam mesmo a própria vida se necessário, para o progresso da causa da verdade. Eles acham que seus irmãos não têm motivos mais elevados do que eles. É prejudicial e um desperdício de meios fazer tanto por pastores que estão assim sujeitos às tentações de Satanás. Isso lhes concede influência e os coloca onde podem ferir profundamente seus irmãos e a causa de Deus. T1 440 1 Foi-me revelado que as dúvidas que expressam com respeito à veracidade de nossa posição e a inspiração da Palavra de Deus, não são causadas como muitos supõem. Essas dificuldades não estão com a Bíblia ou as evidências de nossa fé, mas em seu coração. Os reclamos da Palavra de Deus são muito restritos para sua natureza não santificada. "Por isso o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar." Romanos 8:7. Se os sentimentos do coração natural não são contidos e trazidos em sujeição à santificadora influência da graça de Deus mediante a fé, os pensamentos não serão puros e santos. As condições de salvação da Palavra de Deus são razoáveis, claras e positivas, não sendo nada menos que perfeita conformidade com a vontade divina e pureza de coração e vida. Devemos crucificar o eu com suas concupiscências. Precisamos purificar-nos "de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus". 2 Coríntios 7:1. T1 440 2 Em quase todos os casos onde os indivíduos se tornam duvidosos com respeito à inspiração da Palavra de Deus, isso se deve a sua vida não consagrada que essa mesma Palavra condena. Eles não aceitam suas reprovações e ameaças, porque elas atingem diretamente sua conduta errônea. Eles não possuem nenhum respeito por aqueles que se esforçam por convertê-los e restringi-los. Dificuldades e dúvidas que desconcertam o coração maldoso, serão solucionadas para os que praticam os puros princípios da verdade. T1 440 3 Muitos possuem talentos que poderiam ser empregados na realização de muito bem, se santificados e usados na causa de Cristo; ou muito dano se empregados a serviço da incredulidade e de Satanás. A satisfação do próprio eu com suas concupiscências perverterá os talentos e os tornará uma maldição em vez de bênção. Satanás, o arquienganador, possui talentos maravilhosos. Ele foi, uma vez, um anjo exaltado, próximo a Cristo. Ele caiu por exaltar-se a si mesmo e levantou uma rebelião no Céu, levando muitos em sua queda. Então seus talentos e habilidades foram empregados contra o governo de Deus, para induzir a todos os que pudesse controlar a desprezarem a autoridade do Céu. Os que ficam encantados com a majestade satânica, podem escolher imitar esse general caído e afinal partilhar seu destino. T1 441 1 Pureza de vida concede refinamento, o qual conduzirá aqueles que o possuem a se afastar mais e mais da maldade e condescendência com o pecado. Eles não serão afastados da verdade ou deixados a duvidar da inspiração da Palavra de Deus. Pelo contrário, ocupar-se-ão do estudo diário da Palavra Sagrada com interesse sempre crescente, e as evidências do cristianismo e da inspiração farão impressão em sua mente e vida. Aqueles que amam o pecado desviar-se-ão da Bíblia, apreciarão duvidar dela e se tornarão indiferentes aos seus princípios. Eles aceitarão e defenderão falsas teorias. Esses atribuirão os pecados do homem às circunstâncias; e quando ele comete algum grande pecado, eles o tornam objeto de piedade em vez de considerá-lo como um criminoso a ser castigado. Essa disposição sempre acomodará o coração depravado, que com o correr do tempo desenvolverá os princípios da natureza decaída. Por um processo geral, os homens abolem de uma vez o pecado para evitar a desagradável necessidade de empenho e reforma individual. Para se livrarem da obrigação de esforçar-se, muitos estão prontos a declarar sem importância todo o trabalho e esforço de sua vida enquanto seguindo os princípios sagrados da Palavra de Deus. A necessidade filosófica do Pastor Hull tem sua fortaleza nas corrupções do coração. Deus está convocando os homens para trabalhar nos campos de colheita; se forem humildes, dedicados e piedosos, receberão as coroas que esses pastores perderam, os quais, no que respeita à fé, estão reprovados. T1 441 2 Em 5 de Novembro de 1862, foi-me mostrado que alguns homens enganam-se acerca de seu chamado. Pensam que se um homem não pode trabalhar com as próprias mãos, ou se ele não possui um caráter empresarial, deve tornar-se um pastor. Muitos cometem aqui um grande erro. Um homem que não tem nenhum tato empresarial pode tornar-se um pastor, mas lhe faltarão as qualificações que todo pastor precisa possuir para agir sabiamente na igreja e edificar a causa. Mas quando um pastor é bom no púlpito, e, como o Pastor Hull, falha na administração, nunca deveria sair só. Outro deveria ir junto para suprir-lhe as faltas e administrar por ele. E embora isso possa ser-lhe humilhante, ele deveria dar atenção ao julgamento e conselho desse companheiro, como um homem cego segue àquele que tem visão. Fazendo assim, evitará muitos perigos que se lhe provariam fatais fosse ele deixado só. T1 442 1 A prosperidade da causa de Deus depende muito dos pastores que trabalham no campo do evangelho. Aqueles que ensinam a verdade devem ser consagrados, abnegados e piedosos, que conheçam bem seu ofício e prossigam fazendo o bem, porque sabem que Deus os chamou para esse trabalho. Homens que sintam o valor das pessoas e suportem cargas e assumam responsabilidades. Um obreiro completo é conhecido pela perfeição de seu trabalho. T1 442 2 Há apenas uns poucos pregadores entre nós. E porque a causa de Deus parecia necessitar a ajuda de tanto auxílio, alguns foram levados a pensar que quase qualquer um que deseje ser pastor deve ser aceito. Certas pessoas acham que pela razão de uns poderem orar e exortar com certo grau de liberdade nas reuniões, acham-se qualificados para ser obreiros. E antes de serem testados, ou mesmo mostrarem algum bom fruto de seus trabalhos, foram encorajados homens a quem Deus não enviou, e que foram animados e lisonjeados por alguns irmãos de experiência deficiente. Mas seu trabalho exibe o próprio caráter do obreiro. Eles espalham e confundem; não ajuntam ou edificam. É verdade que uns poucos podem aceitar a verdade como resultado de seus trabalhos, mas esses geralmente não progridem mais do que aqueles que lhes ensinaram a verdade. A mesma carência que marca sua conduta é vista em seus conversos. T1 442 3 O sucesso desta causa não depende de termos um maior número de pastores. É, contudo, da maior importância que aqueles que trabalham ligados à causa de Deus sejam homens que realmente sintam a responsabilidade e a santidade da obra para a qual foram chamados. Uns poucos piedosos e abnegados homens, que se consideram pequenos aos próprios olhos, podem realizar maior volume de bem do que um grande número de homens desqualificados para a obra, contudo autoconfiantes e vangloriosos de seus talentos. Vários desses no campo, os quais deveriam ficar em casa, tornam necessário que constantemente os fiéis pastores despendam tempo em corrigir sua nociva influência. A utilidade futura de jovens pregadores depende muito da maneira com que iniciam seu trabalho. Irmãos que têm a causa de Deus no coração ficam tão ansiosos por ver o progresso da verdade, que se acham em perigo de fazer muito por pastores que ainda não foram testados, ajudando-os liberalmente com recursos e concessão de autoridade. Aqueles que adentram o campo evangélico devem ser deixados a obter por si mesmos a própria reputação, mesmo se sob lutas e privações. Deveriam primeiro dar prova cabal de seu ministério. T1 443 1 Irmãos experientes deveriam ser precavidos, e em lugar de esperar que esses jovens pregadores os auxiliem e conduzam, deveriam sentir a responsabilidade de encarregar-se deles, instruindo-os, aconselhando-os e orientado-os, demonstrando paternal cuidado por eles. Os pregadores jovens deveriam ter método, firme propósito e disposição para o trabalho, para não atraírem problemas de modo algum. Não devem ir de lugar em lugar mostrando alguns pontos de nossa fé que podem despertar preconceito, e deixando pela metade a apresentação da verdade presente. Esses jovens que pensam ter uma obrigação a cumprir na obra, não devem assumir a responsabilidade de ensinar a verdade sem antes se submeterem à influência de alguns pregadores experientes, que são sistemáticos em seu trabalho. Devem aprender destes, como os alunos de uma escola aprendem de seu professor. Não devem ir de um lugar para outro sem um objetivo definido ou planos amadurecidos para levar avante seu trabalho. T1 444 1 Alguns que têm pouca experiência e estão menos qualificados para ensinar a verdade, são os últimos a pedir conselho e orientação a seus irmãos mais experientes. Eles assumem o ministério e se colocam no mesmo nível com aqueles de maior experiência, e não se satisfazem a menos que possam dirigir, pensando que por serem pastores tudo sabem. A tais pregadores certamente falta um verdadeiro conhecimento de si mesmos. Não possuem a necessária modéstia e têm um conceito muito elevado a respeito das próprias habilidades. Pastores experientes, que compreendem a solenidade do trabalho e o peso da causa sobre si, são zelosos. Eles consideram um privilégio aconselharem-se com seus irmãos e não ficam ofendidos se são sugeridas melhorias em seus planos de trabalho ou na maneira de pregar. T1 444 2 Os pastores vindos de outras denominações para abraçar a terceira mensagem angélica, desejam freqüentemente ensinar quando deveriam ser aprendizes. Alguns precisam desaprender grande parte de sua instrução anterior, antes que possam compreender amplamente os princípios da verdade presente. Há pastores que prejudicam a causa de Deus por saírem a trabalhar em lugar de outros pastores, quando há muito trabalho a ser feito em prepará-los para sua obra, assim como gostariam de fazer pelos descrentes. Se estão desqualificados para o trabalho, requerer-se-ão os préstimos de dois ou três fiéis pastores para acompanhá-los e corrigir sua nociva influência. Seria menos dispendioso para a causa de Deus dar um bom apoio a esses pastores e deixá-los em casa, prevenindo assim prejuízos no campo. T1 444 3 Os pregadores são vistos por alguns como especialmente inspirados, como sendo apenas instrumentos através dos quais o Senhor fala. Se os que são idosos, experientes, vêem falhas num pastor e sugerem melhorias em suas maneiras, no tom de sua voz, em seus gestos, ele às vezes se sente melindrado, e raciocina que Deus o chamou assim como é, que o poder era de Deus e não de si mesmo e que o Senhor deve fazer o trabalho por ele, para que possa pregar não de acordo com a sabedoria humana, etc. É erro pensar que um homem não pode pregar, a menos que atinja um alto grau de entusiasmo. Homens que dependem assim de sentimentos, podem ser usados em exortar, quando se sentem inclinados a isso, mas nunca serão bons obreiros, portadores de pesadas responsabilidades. Quando a obra progride com dificuldade e tudo assume um aspecto desencorajador, aqueles que dependem dos sentimentos não se acham preparados para levar sua parte das cargas. Em tempos de desencorajamento e escuridão, quão importante é termos homens de temperamento calmo, que não dependem das circunstâncias, mas que confiam em Deus e trabalham tanto em trevas como na luz. Homens que servem a Deus por princípio, embora sua fé seja severamente provada, serão vistos como se apoiando firmemente no infalível braço de Jeová. T1 445 1 Jovens pregadores e homens que já foram pastores, cujas maneiras têm sido ásperas e desagradáveis, e cuja conversação não têm sido modesta e virtuosa, não estão capacitados a empenhar-se nesse trabalho, até que dêem evidência de inteira reforma. Uma palavra dita inadvertidamente pode causar mais dano, do que uma série de reuniões por eles realizada, faria de bem. Eles lançam o estandarte da verdade no pó diante da comunidade, o qual deveria ser sempre exaltado. Seus conversos geralmente não se erguem acima do padrão posto pelos pastores. Homens que estão entre os vivos e os mortos, deveriam ser pelo direito. O pastor não pode baixar a guarda nem por um só momento. Ele está trabalhando para erguer outros à plataforma da verdade. Que ele mostre aos homens o que a verdade fez por ele. Deve conscientizar-se do mal dessas descuidadas, ásperas e vulgares expressões, e livrar-se de tudo quanto se lhes assemelhe. A menos que faça isso, seus conversos o tomarão por padrão. E quando fiéis pastores o substituírem e trabalharem com esses conversos para corrigir-lhes os erros, eles se desculparão fazendo referências ao pastor que os instruíra. Se você condenar a conduta dele, eles lhe perguntarão: Por que você apóia e emprega sua influência em favor de homens como esse, enviando-os a pregar aos pecadores, quando eles mesmos são pecadores? T1 446 1 A obra na qual estamos empenhados é um trabalho responsável e elevado. Aqueles que pregam e ensinam a doutrina deveriam eles mesmos ser modelo de boas obras, exemplo em santidade, asseio e ordem. A aparência do servo de Deus dentro e fora do púlpito, deve ser a de um pregador vivo. Ele pode realizar muito mais por seu piedoso exemplo do que meramente pregando do púlpito, enquanto sua influência fora dele não for digna de imitação. Os que trabalham nessa causa estão levando ao mundo a mais elevada verdade jamais dada a mortais. T1 446 2 Homens escolhidos por Deus para trabalhar nessa causa, darão prova de sua elevada vocação e considerarão como seu mais alto dever crescer e aprimorar-se até se tornarem hábeis obreiros. Então, enquanto manifestam determinação em melhorar os talentos que Deus lhes confiou, deveriam ser ajudados cuidadosamente. Porém, o encorajamento a eles dado não deveria recender a bajulação, pois o próprio Satanás fará sua parte nesse trabalho. Homens que julgam ter o dever de pregar, não devem ser sustentados quando se lançam de uma vez, a si e suas famílias, a expensas dos irmãos. Eles não devem ser autorizados a estar sob esse esquema até que apresentem frutos de seu trabalho. Há agora o perigo de prejudicar os jovens pregadores e aqueles que possuem pouca experiência, pela lisonja e pelo alívio das responsabilidades da vida. Quando não estão pregando, deveriam estar fazendo o possível para prover o próprio sustento. Essa é a melhor maneira de testar a legitimidade de sua vocação para pregar. Se desejam pregar apenas para serem mantidos como pastores, e a igreja adotar uma conduta cuidadosa, eles logo perderão o interesse e trocarão a pregação por um negócio mais rentável. Paulo, o mais eloqüente dos pregadores, milagrosamente convertido a Deus para fazer uma obra especial não se isentava do trabalho. Ele diz: "Até esta presente hora, sofremos fome e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, e nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos; somos injuriados e bendizemos; somos perseguidos e sofremos." 1 Coríntios 4:11, 12. "Nem, de graça, comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós." 2 Tessalonicenses 3:8. T1 447 1 Foi-me mostrado que muitos não estimam corretamente as pessoas talentosas que estão entre eles. Alguns irmãos não compreendem que o pregador talentoso é o melhor para o progresso da causa da verdade. Pensam apenas na momentânea satisfação de seus sentimentos. Sem cuidadosa reflexão, mostrarão preferência por um pregador que manifesta zelo apreciável em suas pregações, e conta anedotas que agradam ao ouvido e estimulam a mente por um momento, mas não deixam impressão duradoura. Ao mesmo tempo, têm em baixa estima um pregador que se preparou com oração para poder apresentar diante do povo os argumentos de nossa crença, de maneira calma e forma encadeada. Seu trabalho não é apreciado e ele é freqüentemente tratado com indiferença. T1 447 2 Um homem pode pregar animadamente e agradar ao ouvido, mas não apresentar nenhuma idéia nova ou pensamentos inteligentes. As impressões recebidas de tais pregações não permanecem por muito mais tempo do que enquanto a voz do pregador é ouvida. Quando são procurados frutos desse trabalho, bem pouco pode ser encontrado. Esses dons fugazes não são benéficos e eficazes no progresso da causa da verdade, como um dom confiável a ser exercido em lugares difíceis e trabalhosos. Na obra de ensinar a verdade é necessário que importantes pontos de nossa fé sejam bem apoiados com evidências escriturísticas. Afirmações podem fazer silenciar um descrente, mas não o convencem. Os crentes não são os únicos para cujo benefício os obreiros são enviados ao campo. A salvação de seres humanos é o grande objetivo. T1 448 1 Alguns irmãos erram a esse respeito. Eles pensavam que o irmão C era o homem certo para o trabalho em Vermont, e que ele podia fazer naquele Estado mais do que qualquer outro pastor. Esses irmãos não vêem o assunto por um correto ponto de vista. O irmão C pode falar de maneira a atrair o interesse da congregação, e se isso é tudo que é necessário para tornar um pregador bem-sucedido, então os irmãos e irmãs deveriam estar certos em sua avaliação a respeito dele. Mas ele não é um obreiro completo nem confiável. Quando, nos momentos difíceis, a igreja o necessita, não pode contar com ele. Ele não tem experiência, discernimento e critério para ser de algum benefício à igreja em dificuldades. Não é cuidadoso em assuntos temporais e, embora tenha uma família pequena, tem necessitado de certa assistência. A mesma falha se manifesta nas coisas espirituais. Se houvesse se adotado uma conduta correta a seu respeito quando iniciou o trabalho de pregação, ele poderia ser agora de alguma utilidade na causa. Seus irmãos o prejudicaram ao fazer muito por ele e deixá-lo com poucas responsabilidades na vida, até que o levaram a pensar que seu trabalho era de grande valor. Ele desejava que os irmãos em Vermont assumissem suas responsabilidades, enquanto ficava livre de cuidados. O irmão C não tem praticado uma quantidade adequada de exercícios físicos para dar tono e força a seus músculos e trazer-lhe benefícios à saúde. T1 448 2 Ele não é capaz de estabelecer igrejas. Quando experimentar um ai "se não anunciar o evangelho" (1 Coríntios 9:16), como os abnegados pregadores do passado experimentaram, então, como eles, trabalhará com as próprias mãos durante uma parte do tempo para conseguir meios de sustentar a família, a fim de não ser pesado à igreja. Aí ele sairá não meramente para pregar, mas para salvar pessoas. Esforços feitos com esse espírito realizarão alguma coisa. O irmão C se tem em alta conta. Julga-se no mesmo nível dos outros pregadores em Vermont e acha que deveria figurar na mesma classe deles, e ser consultado quanto aos negócios da igreja. Na verdade, ele nada fez por merecer tal reputação nem provou ser de valor. Que sacrifícios fez ou que dedicação manifestou pela igreja? Que perigos e sofrimentos suportou para que os irmãos o tenham como um obreiro digno de confiança, cuja influência seja positiva onde quer que vá? Até que possua um espírito inteiramente diferente e aja sob princípios de abnegação, seria melhor abandonar a idéia de pregar. T1 449 1 Os irmãos de Vermont têm passado por alto o valor moral de homens como os irmãos Bordeau, Pierce e Stone, os quais possuem larga experiência e cuja influência tem sido de molde a obter a confiança da comunidade. Sua vida industriosa e coerente fá-los diariamente pregadores vivos, e sua obra tem diminuído grandemente os preconceitos, estabelecido e consolidado igrejas. Contudo, os irmãos não apreciaram o trabalho desses homens, embora se tenham mostrado simpáticos com aqueles que não foram ainda provados e experimentados, e que podem apresentar apenas pequenos resultados em seu trabalho. ------------------------Capítulo 81 -- A esposa do pastor T1 449 2 Em 5 de Junho de 1863, foi-me mostrado que Satanás está sempre trabalhando para desalentar e desencaminhar os pastores que Deus escolheu para pregar a verdade. O modo mais eficaz por ele empregado é mediante influências domésticas, através de companheiras não consagradas. Quando consegue controlar-lhes a mente, pode por seu intermédio, obter acesso ao marido que está trabalhando através da pregação e da doutrina para salvar seres humanos. Minha atenção foi chamada para as advertências que Deus repetidamente tem enviado, e para os deveres da esposa de um pastor. Essas admoestações, porém, não têm tido influência duradoura. Os testemunhos dados não tiveram efeito senão por um breve tempo. A luz foi apenas atendida em parte. Obediência e devoção a Deus foram esquecidas, e muitas desrespeitam a sagrada obrigação que sobre elas pesa, de aproveitar a luz e os privilégios concedidos e andar como filhas da luz. Se o véu fosse afastado e todas pudessem ver justamente como seu caso é observado pelo Céu, haveria um despertamento e cada uma, com temor, perguntaria: Que devo fazer para ser salva? T1 450 1 A esposa do pastor que não é consagrada a Deus, é de nenhuma ajuda ao marido. Enquanto ele enfatiza a necessidade de levar a cruz e insiste sobre a importância da abnegação, o exemplo diário de sua esposa freqüentemente contradiz sua pregação, anulando-lhe a força. Desse modo, ela se torna um grande obstáculo e com freqüência o afasta de seus deveres e de Deus. Ela não compreende que pecado está cometendo! Em lugar de buscar ser útil, procurando com verdadeiro amor pelas pessoas ajudá-las em suas necessidades, exime-se da tarefa preferindo levar uma vida sem utilidade. Não é constrangida pelo poder do amor de Cristo e por princípios santos e altruístas. Não escolhe fazer a vontade divina, tornando-se coobreira de seu marido, dos anjos e de Deus. Quando a esposa do pastor o acompanha em sua missão de salvar pessoas, e se mostra descontente, comete grande pecado e prejudica-lhe o trabalho. Contudo, em lugar de participar de coração no trabalho do marido, buscando cada oportunidade para unir seus interesses e préstimos aos dele, freqüentemente estuda como pode tornar as coisas mais fáceis ou agradáveis para si mesma. Se as coisas não forem agradáveis como ela desejaria -- e nem sempre serão -- não deve ela condescender com sentimentos nostálgicos. Não deve, por não se agradar da situação ou por suas queixas, importunar o marido e tornar a tarefa dele mais difícil. Talvez por seu descontentamento o remova do lugar onde ele poderia fazer o bem. Não deve desviar a atenção do marido do trabalho de salvação de almas, para simpatizar com suas inquietações e satisfazer-lhe os sentimentos caprichosos. Se ela se esquecesse de si mesma e trabalhasse para prestar ajuda a outros; se orasse com as pobres pessoas e a elas falasse; se agisse como se a salvação delas fosse mais importante do que qualquer outro interesse, não teria tempo para ser nostálgica. Sentiria, dia após dia, uma doce satisfação como galardão de seu trabalho desprendido. Não posso chamar isso de sacrifício, porque muitas esposas de pastores não sabem o que é sacrificar ou sofrer pela causa da verdade. T1 451 1 Antigamente a esposa do pastor sofria necessidades e perseguições. Quando o marido padecia prisões e, por vezes, morte, aquelas nobres e abnegadas mulheres sofriam com ele, e sua recompensa será igual à que há de ser concedida ao marido. As Sras. Boardman e Judson padeceram pela verdade -- sofreram com seus companheiros. Em todo o sentido da palavra, sacrificaram pátria e amigos, a fim de ajudar os companheiros na obra de iluminar aqueles que se achavam assentados em trevas; de lhes revelar os mistérios ocultos da Palavra de Deus. Sua vida achava-se em constante perigo. Salvar pessoas era seu grande objetivo, e por ele sofriam de bom grado. T1 451 2 Foi-me apresentada a vida de Cristo. Quando Sua abnegação e Seu sacrifício são comparados com as provas e sofrimentos das esposas de alguns pastores, isso faz com que tudo o que possam elas chamar de sacrifício seja reduzido à insignificância. Se a esposa do pastor profere palavras de descontentamento e desânimo, a influência que exercerá sobre o marido é desencorajadora e tende a debilitá-lo no trabalho, especialmente se seu sucesso depender das influências que o rodeiam. Deve o ministro de Deus, nesses casos, ficar combalido ou retirado do campo de trabalho para atender aos sentimentos da esposa, surgidos da indisposição de render-se à inclinação do dever? A esposa deve harmonizar seus desejos e interesses ao dever, abrindo mão de seus sentimentos egoístas por amor a Cristo e à verdade. Satanás tem exercido muito controle sobre o trabalho dos pastores, através da influência de companheiras egoístas e amantes da comodidade. T1 452 1 Se a esposa do pastor o acompanha em viagens, não deve ir apenas para seu prazer, para visitar e ser servida, mas para com ele trabalhar. Deve ter os mesmos interesses que ele em fazer o bem. Convém que tenha boa vontade de acompanhar o marido, caso os cuidados da casa não a impeçam, e deve ajudá-lo em seus esforços para salvar almas. Com mansidão e humildade, mas todavia com nobre confiança em si mesma, deve exercer no espírito dos que a rodeiam uma influência orientadora, desempenhando seu papel e levando sua cruz e encargos na reunião, em torno do altar de família e na conversação no círculo familiar. O povo assim o espera, e tem o direito de esperar. Se essa expectativa não se realiza, mais da metade da influência do marido é destruída. A esposa do pastor pode fazer muito, se quiser. Se for dotada de espírito de abnegação, e tiver amor às pessoas, poderá fazer com o marido quase outro tanto de bem. T1 452 2 Uma irmã obreira na causa da verdade pode compreender e tratar, especialmente entre as irmãs, de certos casos que se acham fora do alcance do pastor. Repousa sobre a esposa do pastor uma responsabilidade a que ela não deve, nem pode levianamente eximir-se. Deus há de requerer dela, com juros, o talento que lhe foi emprestado. Cumpre-lhe trabalhar fiel e zelosamente, em conjunto com o marido, para salvar almas. Nunca deve insistir com seus próprios desejos, nem manifestar falta de interesse no trabalho do esposo, nem entregar-se a nostalgia e descontentamento. Todos esses sentimentos naturais devem ser vencidos. É preciso que tenha na vida um desígnio, o qual deve ser levado a efeito sem vacilação. Que fazer se isto se acha em conflito com os sentimentos, prazeres e gostos naturais? Estes devem ser pronta e resolutamente sacrificados, a fim de fazer o bem e salvar almas. T1 452 3 A esposa do pastor deve viver uma vida devota e de oração. Mas algumas gostariam de desfrutar uma religião em que não haja cruzes, nem exija abnegação e esforço de sua parte. Em lugar de se manterem nobremente por si mesmas, apoiando-se em Deus para obter a forças, e fazendo face a suas responsabilidades individuais, elas dependem de outros a maior parte do tempo, deles derivando sua vida espiritual. Se tão-somente se apoiassem plenamente em Deus, com confiança infantil, e concentrassem em Jesus suas afeições, recebendo sua vida de Cristo, a videira viva, que soma de bem não poderiam elas realizar, que auxílio poderiam ser a outros, que apoio para seus maridos! E que recompensa não seria a sua afinal! Bem está, serva boa e fiel -- havia de lhes soar qual música dulcíssima aos ouvidos. As palavras: "Entra no gozo do teu Senhor" (Mateus 25:21, 23), pagar-lhes-iam mil vezes todos os sofrimentos e provações suportados para salvar vidas preciosas. T1 453 1 Aqueles que não aprimoram o talento que Deus lhes deu, não alcançarão a vida eterna. Os que não têm senão pequena utilidade no mundo, serão recompensados de acordo com suas obras. Quando tudo corre às mil maravilhas, eles são levados pela maré, mas quando precisam remar determinada e incansavelmente, enfrentando ventos e correntes, parecem não ter suficiente força de caráter. Não encaram as dificuldades do trabalho, mas depõem os remos e permitem que a força das águas os leve corrente abaixo. Assim ficam até que alguns assumam suas responsabilidades e tarefas, e trabalhem diligente e energicamente para empurrá-los contra a maré. Toda vez que cedem à indolência, perdem força e inclinam-se menos ao trabalho na causa de Deus. Apenas o guerreiro fiel alcançará a glória eterna. T1 453 2 A esposa de pastor deve exercer sempre uma influência benéfica sobre a mente daqueles com quem se associa. Ela pode ser uma ajuda ou um empecilho. Ajunta com Cristo ou espalha. Está faltando um abnegado espírito missionário entre as esposas de nossos pastores. O eu vem em primeiro lugar e Cristo em segundo, talvez em terceiro. Um pastor nunca deveria levar a esposa consigo, a menos que soubesse que ela lhe possa ser uma ajuda espiritual; que porte as cargas junto com ele, e resista e sofra fazendo o bem e beneficiando as pessoas por amor a Cristo. As que acompanham o marido devem ir para trabalhar em união com ele. Não devem esperar ver-se livres de dificuldades e desapontamentos, nem pensar muito em alegres emoções. O que têm os sentimentos a ver com o dever? T1 454 1 Foi-me referido o caso de Abraão. Deus lhe disse: "Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que Eu te direi." Gênesis 22:2. E Abraão obedeceu a Deus. Não consultou os próprios sentimentos, mas com nobre fé e confiança em Deus preparou-se para sua jornada. Com o coração despedaçado pela angústia, olhou para a orgulhosa e amorosa mãe, e contemplando com profunda afeição o amado filho da promessa, partiu com ele. Abraão sofreu, todavia não permitiu que sua vontade se insurgisse contra a vontade divina. O dever, o duro dever, o impelia. Não ousou consultar seus sentimentos ou ceder a eles por um só momento. Seu único filho caminhava ao lado do pai determinado, sofredor e amoroso, conversando animadamente, pronunciando repetida vezes com afeição o nome do pai, e num dado momento perguntou: "Onde está o sacrifício?" Oh! que prova para o fiel pai! Os anjos contemplavam maravilhados aquela cena. O fiel servo de Deus amarrou o filho amado e o deitou sobre a lenha. O cutelo estava erguido, quando o anjo clamou: "Abraão, Abraão!... Não estendas a tua mão sobre o moço"! Gênesis 22:11, 12. T1 454 2 Vi que não é de pequena importância ser cristão. Professar o nome de cristão não é tão significativo, mas viver como cristão é algo grande e sagrado. Temos agora pouco tempo para assegurar a coroa imortal, ter um registro de boas ações e deveres cumpridos inscritos no Céu. Cada árvore é julgada por seus frutos. Cada um será julgado por suas obras e não por profissão de fé. Não será perguntado: Quanto você professou? Mas: Que frutos produziu? Se a árvore for má, o fruto é mau. Se a árvore for boa, não pode produzir mau fruto. ------------------------Capítulo 82 -- Direitos de patente T1 455 1 Muitos de nossos irmãos se envolvem em novos empreendimentos que parecem atraentes, mas em pouco tempo ficam desapontados e sem os recursos que deveriam ter sido usados para o sustento da família e desenvolvimento da causa da verdade presente. Então, vêm remorso, desgosto e auto-reprovação. Alguns, de consciência mais sensível, põem de lado sua confiança e perdem sua alegria espiritual e, como conseqüência de aflição mental prejudicam a saúde. T1 455 2 Aqueles que crêem na verdade devem praticar economia, usar alimentos simples e integrais, sempre fazendo uma regra de vida manter-se dentro de seus recursos. Os irmãos não deveriam empenhar-se em novos empreendimentos sem consultar os de mais experiência, bons administradores tanto das coisas materiais como das espirituais. Assim fazendo, serão poupados de muita perplexidade. T1 455 3 Seria melhor que os irmãos se contentassem com uma pequena renda e a empregassem prudentemente, do que arriscar-se a melhorar sua condição e sofrer contínuas perdas por isso. Alguns guardadores do sábado que se envolveram na venda de direitos de patente, viajaram com os irmãos para evitar despesas e os convenceram a investir seus meios em direitos de patente. Esses tais não serão inocentados diante de Deus até que indenizem as perdas que fizeram os irmãos sofrer. ------------------------Capítulo 83 -- A reforma do vestuário* T1 456 1 Caros irmãos e irmãs: T1 456 2 O motivo de eu chamar-lhes novamente a atenção para o assunto do vestuário é que alguns parecem não compreender o que escrevi anteriormente. Alguns que não estão dispostos a crer no que escrevi, estão fazendo esforços para confundir nossas igrejas sobre esse importante assunto. Muitas cartas me foram enviadas relatando dificuldades, as quais ainda não tive tempo de responder. Agora, respondendo às muitas questões, registro as seguintes afirmações esperando esclarecer definitivamente o problema no que se refere ao meu testemunho. T1 456 3 Alguns afirmam que o que escrevi no Testemunho Para a Igreja n 10, não concorda com as declarações feitas em meu trabalho intitulado How to Live. Elas foram escritas a partir da mesma visão, conseqüentemente, não são duas visões, uma contradizendo a outra, como alguns supõem. Se houver alguma diferença, é simplesmente na forma de expressão. No Testemunho Para a Igreja n 10, declarei o seguinte: T1 456 4 "Não se deve dar aos descrentes nenhuma ocasião de desonrar nossa fé. Somos considerados estranhos e singulares, e não devemos adotar uma conduta que leve os descrentes a pensar que o somos mais do que nossa fé requer que sejamos. Alguns que acreditam na verdade podem pensar que seria mais saudável para as irmãs adotarem o traje americano; todavia, se esse estilo de vestido prejudicar nossa influência entre os descrentes, de maneira que não nos seja possível ter tão fácil acesso a eles, não devemos de modo algum adotá-lo, ainda que soframos muito em conseqüência. Mas algumas pessoas estão enganadas em pensar que há tanto benefício nesse traje. Se bem que talvez se demonstre um benefício para algumas pessoas, é um dano para outras. T1 457 1 "Vi que a ordem de Deus foi invertida e Suas orientações especiais menosprezadas por aqueles que adotam o traje americano. Minha atenção foi chamada para o seguinte verso: 'Não haverá trajo de homem na mulher, e não vestirá o homem veste de mulher; porque qualquer que faz isto abominação é ao Senhor, teu Deus.' Deuteronômio 22:5. Deus não deseja que Seu povo adote essa pretensa reforma de vestuário. Trata-se de um vestuário ousado, completamente inadequado às modestas e humildes seguidoras de Cristo. T1 457 2 "Há uma crescente tendência de as mulheres usarem vestuário e adotarem aparência mais semelhantes aos do sexo oposto e escolherem seus trajes bem parecidos com os dos homens. Mas Deus declara que isso é abominação. 'Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia.' 1 Timóteo 2:9. T1 457 3 "Os que se sentem convocados a unir-se ao movimento em prol dos direitos da mulher e da suposta reforma do vestuário, podiam romper toda ligação com a mensagem do terceiro anjo. O espírito que acompanha um movimento não pode estar em harmonia com outro. As Escrituras são claras a respeito dos procedimentos e direitos de homens e mulheres. Os espiritualistas adotaram totalmente esse singular modo de trajar-se. Os adventistas do sétimo dia, que crêem na restauração dos dons, são muitas vezes tidos como espiritualistas. Adotem esse tipo de vestuário e sua influência se perderá. As pessoas os colocariam no mesmo nível dos espiritualistas, recusando-se a ouvi-los. T1 457 4 "A assim chamada reforma do vestuário porta um espírito de leviandade e ousadia que se ajusta perfeitamente ao vestuário adotado. Modéstia e recato parecem desviar-se daqueles que adotam esse estilo de vestir. Foi-me mostrado que Deus requer que tenhamos uma conduta coerente e sensata. Adotem as irmãs o traje americano, e destruirão a própria influência e a de seus maridos. Tornar-se-iam um provérbio e uma zombaria. Nosso Salvador diz: 'Vós sois a luz do mundo.' 'Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos Céus.' Mateus 5:14, 16. Há uma grande obra para fazermos no mundo, e Deus não quer que adotemos uma conduta de molde a diminuir ou destruir nossa influência para com o mundo." T1 458 1 Esse testemunho me foi dado como reprovação para as irmãs que se sentem inclinadas a adotar um estilo de vestuário criado para os homens. Mas, ao mesmo tempo, foram-me mostrados os males de um estilo comum para as vestes femininas. Para corrigi-los, foi dado este testemunho encontrado em Testemunho Para a Igreja n 10: T1 458 2 "Cremos não estar de conformidade com a nossa fé vestir-se de acordo com o traje americano, usar saias-balão, ou ir ao extremo de vestir compridos vestidos que varrem as calçadas e ruas. Caso as mulheres usassem seus vestidos deixando um espaço de uma ou duas polegadas entre a sujeira das ruas, seus vestidos seriam mais modestos, e poderiam ser conservados limpos muito mais facilmente e durante mais tempo. Esses vestidos estariam de conformidade com a nossa fé." T1 458 3 Eis um trecho do que eu disse em outra parte sobre o assunto: T1 458 4 "As mulheres cristãs não se devem dar a trabalhos para se tornarem objeto de ridículo por vestir diferentemente do mundo. Mas, se seguindo suas convicções de dever a respeito do vestir modesta e saudavelmente, elas se acham fora da moda, não devem mudar de vestuário a fim de ser semelhantes ao mundo; porém manifestar nobre independência e coragem moral para ser corretas, ainda que o mundo inteiro delas difira. Caso o mundo introduza um modo de vestir decente, conveniente e saudável, que esteja em harmonia com a Bíblia, não muda nossa relação para com Deus ou para com o mundo ou adotar tal estilo de vestuário. As mulheres cristãs devem seguir a Cristo e fazer seus vestidos em conformidade com a Palavra de Deus. Devem evitar os extremos. Devem elas adotar humildemente uma conduta reta, apegando-se ao direito por ser direito, sem se preocupar com aplausos ou censuras. T1 459 1 "As mulheres devem agasalhar seus membros visando maior saúde e conforto. Seus pés e pernas devem estar protegidos -- assim como os dos homens. O comprimento dos trajes da moda é objetável por diversas razões: T1 459 2 1. É extravagante e desnecessário ter o vestido tão longo, varrendo a sujeira das calçadas e ruas. T1 459 3 2. Um vestido assim longo absorve o orvalho da grama e a lama das ruas, tornando-se assim uma falta de asseio. T1 459 4 3. Assim enlameado, o vestido entra em contato com tornozelos sensíveis, os quais não estando protegidos de modo conveniente, esfriam-se rapidamente arriscando a saúde e a vida. Eis aí uma das maiores causas da produção de catarro e inchações escrofulosas. T1 459 5 4. O comprimento exagerado é um peso adicional aos quadris e intestinos. T1 459 6 5. Embaraça o andar e às vezes atrapalha o movimento de outras pessoas. T1 459 7 "Existe ainda outro estilo de vestido adotado pela classe de supostas reformadoras do vestuário. Imitam o máximo possível o sexo oposto. Usam bonés, calças, coletes, paletós e botas, sendo estas últimas as partes mais destacadas no traje. Os que adotam e defendem essa moda, levam a pretensa reforma do vestuário a extremos muito objetáveis. Confusão é o resultado. Algumas das que adotam esse traje podem até estar certas em seus pontos de vista gerais sobre a questão de saúde, mas poderiam contribuir para promover maior bem, se não levassem a questão do vestuário a tais extremos. T1 459 8 "Nesse estilo de vestuário a ordem de Deus foi radicalmente invertida e desatendidas Suas instruções especiais. 'Não haverá trajo de homem na mulher, e não vestirá o homem veste de mulher; porque qualquer que faz isto abominação é ao Senhor, teu Deus.' Deuteronômio 22:5. Deus proíbe que Seu povo adote essa moda. Não é um traje decente, e também inadequado para mulheres modestas e humildes, que professam ser seguidoras de Cristo. As proibições de Deus são consideradas com leviandade por todas quantas defendem a abolição da diferença de vestuário entre homens e mulheres. A posição extremada de algumas reformadoras do vestuário sobre esse assunto lhes enfraquece a influência. T1 460 1 "Deus determinou que houvesse clara distinção entre trajes masculinos e femininos, e considerou o assunto de suficiente importância para dar explícitas instruções a esse respeito, pois se o mesmo traje for usado por ambos os sexos, causaria confusão e grande aumento de crime. Se o apóstolo Paulo estivesse vivo e contemplasse as mulheres que professam piedade usando esse tipo de vestuário, pronunciaria a repreensão: 'Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras.' 1 Timóteo 2:9, 10. A maioria dos professos cristãos, desrespeitam totalmente os ensinos dos apóstolos, usando ouro, pérolas e vestidos custosos. T1 460 2 "O leal povo de Deus é a luz do mundo e o sal da Terra, e devem ter sempre em mente que sua influência tem valor. Se trocarem um vestido comprido demais por outro curto demais, destruirão grande parte de sua influência. Os descrentes, a quem é seu dever beneficiar e procurar conduzir ao Cordeiro de Deus, ficariam desgostosos com isso. Muitos melhoramentos podem ser feitos no vestuário feminino com relação à saúde, sem que sejam procedidas mudanças tão grandes que ofendam os observadores. T1 460 3 "A forma do corpo não deveria ser comprimida, no mínimo que fosse, com espartilhos e cintas. O vestido deve ser totalmente confortável, para que os pulmões e o coração possam desempenhar ação saudável. O vestido deve atingir um pouco abaixo da parte alta da bota, mas curto o suficiente para não varrer a sujeita das ruas e calçadas, sem precisar erguê-lo com a mão. Um vestido ainda mais curto do que esse seria apropriado, conveniente e saudável para as mulheres quando nas lides domésticas, especialmente para as que são obrigadas a executar trabalho ao ar livre. Com esse modelo de vestido, uma saia leve ou duas, no máximo, abotoadas na cintura ou presas por alças, é tudo o que é necessário. Os quadris não foram feitos para suportar grandes pesos. As saias pesadas que algumas mulheres usam, forçam os quadris para baixo e têm sido causa de várias doenças difíceis de ser curadas. As sofredoras parecem ignorar a razão de seus padecimentos e continuam a violar as leis de seu ser, comprimindo a cintura e usando saias pesadas, até que se tornam inválidas por toda a vida. Quando lhes é apontado o erro, muitas exclamam prontamente: 'Ora, pois, tal tipo de vestido seria fora de moda!' E se for assim? Eu desejaria que fôssemos antiquadas a respeito de muitas coisas. Se tivéssemos a antiga força que caracterizou as antigas mulheres das gerações passadas, seria bem melhor. Não falo desavisadamente quando digo que o modo como as mulheres se vestem, junto com sua condescendência com o apetite, são a maior causa de sua presente fraqueza e mórbida condição. Existe apenas uma entre mil que protege seus membros como deveria. Qualquer que seja o comprimento do vestido, as mulheres devem agasalhar os membros tão completamente como os homens. Isso pode ser feito usando-se calças forradas, franzidas por cordões presos ao redor dos tornozelos, ou calças largas que se afinam na parte inferior. Devem elas ser suficientemente compridas para atingir o nível dos calçados. As pernas e tornozelos são assim protegidos contra as correntes de ar. Se os pé e membros forem mantidos confortáveis com agasalhos quentes, a circulação será uniforme e o sangue se manterá puro e saudável, sem sofrer esfriamento ou bloqueios em sua passagem natural através do sistema circulatório. T1 462 1 A principal dificuldade na mente de muitos é o comprimento do vestido. Alguns insistem em que a expressão "o cano da bota" faz referência ao alto das botas usadas pelos homens, que alcançam quase até os joelhos. Se fosse costume das mulheres usar tais botas, então essas pessoas não teriam responsabilidade em entender o assunto dessa maneira. Mas as mulheres geralmente não usam tais botas. Elas, portanto, não têm o direito de entender como pretendem o que escrevi. T1 462 2 Para mostrar o que eu quis dizer e que há harmonia em meus testemunhos sobre o assunto, apresento aqui um trecho de meus manuscritos redigidos há cerca de dois anos: T1 462 3 "Desde que foi impresso em meu livro How to Live um artigo sobre vestuário, têm havido alguns que estão interpretando mal a idéia que eu quis comunicar. Eles têm levado a extremos o significado do que eu quis dizer com respeito ao comprimento do vestido, e evidentemente acharam difícil a questão. Com seus pontos de vista distorcidos sobre o assunto, discutiram a questão do encurtamento do vestido, até que sua visão espiritual tornou-se tão confusa que só podem ver os homens "como árvores que andam". Marcos 8:24. Pensavam ter achado contradições entre meu artigo sobre vestuário, recentemente publicado em How to Live, e o artigo sobre o mesmo assunto editado no Testemunho Para Igreja n 10. Devo afirmar que sou a melhor juíza das coisas que me foram apresentadas em visão, e ninguém precisa temer que eu contradiga meu próprio testemunho, ou não tenha percebido alguma contradição real nas visões que me foram dadas. T1 462 4 "Em meu artigo sobre vestuário em How to Live procurei apresentar um estilo saudável, conveniente, econômico, modesto e apropriado para uso das mulheres cristãs, se assim o escolherem. Tentei, talvez imperfeitamente, descrever tal vestido: 'O vestido deve ficar levemente abaixo do cano da bota, curto o suficiente para não roçar a sujeira das calçadas e ruas, sem ser preciso levantá-lo com a mão.' Alguns contestam que pela expressão 'cano da bota', eu me referi às botas masculinas. Mas por 'cano da bota' intentei dizer botas ou polainas comumente usadas pelas mulheres. Houvesse eu imaginado que seria mal-entendida, teria escrito mais claramente. Se as mulheres tivessem o hábito de usar botas de cano alto como os homens, eu poderia ver desculpa suficiente para essa interpretação errônea. Penso, porém, que o texto é bastante claro, e que ninguém precisa ficar em dúvida. Por favor, leiam outra vez. 'O vestido deve ficar pouco abaixo do cano da bota.' Agora, notem as qualificações: 'Deve, entretanto, ser suficientemente curto para não roçar a sujeira das calçadas e ruas, sem ser preciso levantá-lo com a mão. Um vestido ainda mais curto do que esse seria próprio, conveniente e saudável para as mulheres quando em suas lides domésticas, especialmente para as que são obrigadas a executar algum trabalho ao ar livre.' T1 463 1 "Não posso encontrar desculpa razoável para as pessoas entenderem mal e perverterem o que eu quis dizer. Ao falar do comprimento do vestido, se eu quisesse me referir às botas de cano alto que chegam quase até os joelhos, por que teria acrescentado 'conquanto deva ser suficientemente curto para não roçar a sujeira das calçadas e ruas, sem ser preciso levantá-lo com a mão'? Se quisesse referir-me a botas de cano alto, o vestido seria logicamente curto para não roçar a sujeira da rua sem ser erguido, e suficientemente curto para todas as atividades. Circulam informações de que a 'irmã White usa o traje americano', e que esse estilo de vestimenta é geralmente usado pelas irmãs de Battle Creek. Lembrei-me agora de um provérbio que diz: 'Uma mentira dá volta ao mundo enquanto a verdade põe as botas.' Uma irmã me disse muito seriamente que temia que o traje americano estivesse para ser adotado pelas irmãs guardadoras do sábado, e que se essa moda se tornasse uma imposição, ela não a aceitaria, pois jamais concordaria em usar tal vestido. T1 464 1 "Com relação ao uso de vestido curto, gostaria de dizer que tenho apenas um, que não é senão um dedo mais curto do que os vestidos que normalmente uso. Visto-o ocasionalmente. Eu me levantava cedo no inverno, e pondo meu vestido curto, que não necessitava ser erguido com a mão para não se arrastar na neve, fazia vigorosas caminhadas de dois a três quilômetros antes do desjejum. Usei-o várias vezes para ir ao Escritório, quando era obrigada a andar pela neve pouco densa, úmida e barrenta. Quatro ou cinco irmãs da igreja de Battle Creek fizeram para si vestidos curtos para usar quando empenhadas em lavar roupa ou na limpeza da casa. Um vestido assim nunca é usado quando saímos pelas ruas de Battle Creek nem nas reuniões. Minhas visões pretendiam corrigir a moda atual -- os vestidos longos demais que se arrastam pelo chão, bem como os vestidos curtos demais que chegam à altura dos joelhos e que são usados por certos grupos. Foi-me mostrado que devemos evitar ambos os extremos. Usando o vestido até a altura do cano da bota da mulher, mais ou menos, evitaremos os males do vestido extremamente longo, e escaparemos aos males e notoriedade do vestido extremamente curto. T1 464 2 "Gostaria de aconselhar aquelas que fazem para si mesmas vestidos curtos para o trabalho caseiro, a mostrarem bom gosto e simplicidade. Que sejam vestidos de bom caimento. Mesmo que destinados às lides domésticas, devem ser convenientes e ter talhe segundo um modelo. Irmãs, quando trajando vestidos para o trabalho do lar, não usem aqueles que as faria parecer um espantalho para afastar os pássaros-pretos do milharal. É mais agradável a seus maridos e filhos, do que a visitantes e estranhos, vê-las em traje adequado. Algumas esposas e mães parecem pensar que não tem importância sua aparência no trabalho caseiro, quando são vistas apenas por sua família. Mas são muito cuidadosas em se vestir com elegância para os olhos dos outros. Não devem o amor e a estima do marido e dos filhos serem mais prezados do que a simpatia de estranhos e amigos comuns? A felicidade do marido e dos filhos deveria ser de mais valor para a esposa e mãe do que a de todos os outros. As irmãs não devem, em tempo algum, usar roupas extravagantes, mas trajar-se sempre asseada, modesta e saudavelmente, conforme seu trabalho o permitir." O traje aqui descrito, cremos, é digno do nome de vestido curto reformado. Está sendo adotado no Instituto Ocidental da Reforma de Saúde, por algumas das irmãs de Battle Creek, e também em outros lugares onde o assunto é devidamente exposto ao povo. Em total oposição a esse sóbrio vestido, acha-se o chamado traje americano, parecendo mais com os trajes masculinos. Consiste de colete, calças e uma peça semelhante a um casaco, que vai até a metade da coxa. Oponho-me a esse tipo de vestimenta, pois me foi mostrado como estando em desacordo com a Palavra de Deus, enquanto que recomendo o outro como modesto, confortável, conveniente e saudável. T1 465 1 Outra razão pela qual chamo novamente a atenção para o assunto do vestuário, é que uma entre vinte irmãs que professam crer nos Testemunhos, deu o primeiro passo na reforma do vestuário. Poderá ser dito que a irmã White usa em público vestidos mais longos do que ela recomenda aos outros. A isso respondo: Quando visito um lugar para falar ao povo onde o assunto é inédito e existe preconceito, penso ser melhor tomar cuidado e não cerrar os ouvidos do povo usando um vestido que lhes causaria desagrado. Mas depois de expor-lhes o assunto e explicar-lhes completamente minha posição, apresento-me perante eles com o vestido reformado, que bem ilustra meus ensinamentos. T1 465 2 Quanto ao uso de saias-balão, a reforma do vestuário está inteiramente à frente delas. Não pode adotá-las. É na realidade muito tarde para falar sobre o uso de saias-balão, sejam grandes ou pequenas. Minha posição a esse respeito é justamente a que sempre foi, e espero não ser responsabilizada pelo que outros possam dizer sobre o assunto, ou pela conduta adotada por aquelas que as usam. Faço objeções contra a distorção que fazem de minhas conversas particulares sobre o assunto, e peço que seja observado como minha assentada posição aquilo que escrevi e publiquei a respeito. ------------------------Capítulo 84 -- Nossos pastores T1 466 1 Na visão que recebi em Rochester, Nova Iorque, em 25 de Dezembro de 1865, foi-me mostrado que está perante nós a mais solene obra. Sua importância e magnitude não são compreendidas. Quando notei manifesta indiferença em toda parte, fiquei alarmada por pastores e povo. Parecia haver paralisia sobre a causa da verdade presente. A obra de Deus parecia estagnada. Pastores e povo acham-se despreparados para o tempo em que estão vivendo, e quase todos os que professam crer na verdade presente são incapazes de compreender a obra de preparação para esse tempo. Em seu presente estado de ambição mundana, com sua falta de consagração a Deus e devoção a si mesmo, acham-se completamente sem condições de receber a chuva serôdia e, tendo feito tudo, permanecer contra a ira de Satanás, que por suas falsidades quer fazê-los naufragar na fé, prendendo-os a um agradável engano. Acham estar totalmente certos, quando estão totalmente errados. T1 466 2 Pastores e povo devem progredir mais na obra de reforma. Deveriam iniciá-la sem demora para corrigir seus errôneos hábitos de comer, beber, vestir e trabalhar. Vi que um grande número de pastores não está desperto para esse importante assunto. Não estão todos onde Deus gostaria que estivessem. O resultado é que alguns só podem mostrar pouco fruto em seu trabalho. Os pastores deveriam ser exemplos ao rebanho de Deus. Não estão, porém, a salvo das tentações de Satanás. É precisamente a eles que Satanás busca enganar. Se for bem-sucedido em iludir um pastor, fazendo-o sentir falsa segurança e desviando-lhe a mente da obra, ou ainda o enganando quanto à sua verdadeira condição diante de Deus, terá feito muito. T1 467 1 Vi que a causa de Deus não está progredindo como pode e deve. Os pastores falham em empenhar-se no trabalho com aquela energia, devoção e firme perseverança que a importância da obra demanda. Eles têm um adversário vigilante a enfrentar, e cuja diligência e perseverança são incansáveis. Os fracos esforços de pastores e povo não têm termo de comparação com os de seu adversário, o diabo. De um lado acham-se os pastores que lutam pelo direito e contam com a ajuda de Deus e dos santos anjos. Eles devem ser fortes e valorosos, totalmente consagrados à causa em que estão envolvidos, sem qualquer interesse pessoal. Não devem estar enredados com as coisas desta vida, para que possam agradar a Deus que os convocou como soldados. T1 467 2 Do outro lado estão Satanás e seus anjos, com todos os seus agentes na Terra, que empenham todos os esforços e usam todos os artifícios para fazer avançar o erro e o pecado, camuflando-lhes a malignidade e deformidade com roupagem agradável. Ao egoísmo, à hipocrisia e a cada tipo de engano Satanás reveste com trajes de aparente verdade e justiça, e exulta com seu sucesso sobre pastores e povo que se gabam de conhecer-lhe as astúcias. Quanto maior a distância que mantêm de Cristo, seu grande Líder, menos se assemelham a Ele no caráter, e mais se parecem com os servos do grande adversário na vida e no caráter, e fazem-no mais seguro de possuí-los afinal. Embora professem ser servos de Cristo, são escravos do pecado. Alguns pastores se preocupam demasiadamente com o salário que recebem. Trabalham por dinheiro e perdem de vista a santidade e a importância da obra. T1 467 3 Alguns se tornam frouxos e negligentes em seu trabalho. Transpõem o terreno, mas são fracos e malsucedidos em seus esforços. Seu coração não está posto na obra. A teoria da verdade é clara. Muitos deles não se empenham em buscar essa verdade por diligente estudo e ardente oração, e nada sabem de sua preciosidade e valor quando compelidos a sustentar sua posição contra a oposição inimiga. Não sentem necessidade de manter inteira consagração à obra. Seus interesses estão divididos entre eles e a obra. T1 468 1 Vi que antes de a obra de Deus poder fazer algum progresso definido, é necessário que os pastores sejam convertidos. Quando experimentarem a conversão , darão menor importância aos salários e maior valor à importante, solene e sagrada obra que receberam da mão de Deus para cumprir, a qual Ele exige seja feita fiel e esmeradamente, como aqueles que hão de prestar-Lhe estrita conta. Um fiel registro de todas as suas ações é feito diariamente pelos anjos relatores. Todos os seus atos, mesmo as intenções e propósitos do coração acham-se fielmente revelados. Nada está oculto aos olhos oniscientes dAquele com quem temos de tratar. Os que despenderam todas as suas energias na causa de Deus e que se arriscaram e investiram algo, sentirão que a obra de Deus é parte deles, e não trabalharão meramente por salário. Não serão espectadores buscando agradar-se, mas consagrarão a vida e todos os seus interesses a essa sagrada obra. T1 468 2 Em seus trabalhos públicos com as igrejas, alguns correm o perigo de cometer erros por não serem escrupulosos. É de seu interesse e do interesse da causa que se analisem interiormente, testando seus motivos. Que se certifiquem estar livres de egoísmo. Devem estar vigilantes para não suceder que, pregando a outros as solenes verdades, não pautem sua vida pelas mesmas, permitindo que Satanás substitua por outra coisa a profunda dedicação que devem ter à obra de Deus. Eles precisam ser exatos consigo mesmos e com a causa de Deus, temendo trabalhar por salário e perder de vista o importante e exaltado caráter da obra. Não devem permitir que o eu governe em lugar de Jesus, e precisam ser cuidadosos para não dizer aos pecadores de Sião que tudo vai bem, quando Deus pronunciou maldição contra eles. T1 469 1 Os pastores precisam despertar e manifestar vida, zelo e dedicação àquilo ao qual por tanto tempo negligenciaram, porque falharam em andar com Deus. A causa de Deus não progrediu em muitos lugares. É necessária uma obra feita de todo o coração. O povo está sobrecarregado "de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida". Lucas 21:34. Estão profundamente envolvidos com um espírito de empreendimentos mundanos. Ambicionam lucrar. Espiritualidade e consagração são artigos raros. O espírito prevalecente é trabalhar, acumular e aumentar o que antes já possuíam. Qual será o fim dessas coisas, é minha preocupação. T1 469 2 As reuniões da Associação não têm produzido nenhum bem permanente. Aqueles que assistem aos encontros levam consigo um espírito comercial. Pastores e povo levam freqüentemente suas mercadorias a esses grandes ajuntamentos, e as verdades proferidas do púlpito não impressionam o coração. A espada do Espírito, a Palavra de Deus, deixa de cumprir sua tarefa. Cai inofensivamente nos ouvidos dos presentes. A exaltada obra de Deus é associada estreitamente às coisas comuns. T1 469 3 Os pastores precisam converter-se antes de poderem fortalecer seus irmãos. Não devem pregar a si mesmos, mas a Cristo e Sua justiça. É necessária uma reforma entre o povo, mas essa deve começar seu trabalho purificador pelos pastores. Eles são os vigias sobre os muros de Sião, para fazer soar uma nota de advertência aos descuidados e imprudentes, e também retratar o destino dos hipócritas de Sião. Parece-me que alguns pastores se esqueceram de que Satanás continua vivo, perseverante, diligente e astuto como sempre, e que ainda procura afastar as pessoas do caminho da justiça. T1 469 4 Uma importante parte da obra pastoral é apresentar fielmente ao povo a ligação existente entre a reforma de saúde, em conexão com a mensagem do terceiro anjo como parte integrante da mesma obra. Não fiquem os pastores sem adotá-la em sua vida. Insistam a seu respeito com aqueles que professam crer na verdade. T1 470 1 Os pastores não devem ter nenhum outro interesse em separado da grande obra de levar pessoas à verdade. Suas energias são todas requeridas no trabalho divino. Não devem empenhar-se em negociar, mascatear ou outro negócio qualquer à parte dessa grande obra. A solene incumbência dada a Timóteo repousa com igual peso sobre eles, impondo-lhes as mais solenes obrigações e as mais pesadas responsabilidades. "Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na Sua vinda e no Seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina." "Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério." 2 Timóteo 4:1, 2, 5. T1 470 2 Errôneos hábitos de vida reduzem nossas sensibilidades físicas e mentais, e todo o vigor que podemos adquirir por um correto modo de vida, colocando-nos na melhor relação com a saúde e a vida, deve ser dedicado totalmente à obra que o Senhor nos apontou. Não podemos dispor de nossas poucas e combalidas energias para servir às mesas, ou misturar comércio com o trabalho que Deus nos designou. Cada faculdade do corpo e da mente é agora necessária. A obra de Deus assim exige, e nenhum negócio em separado pode ser executado à parte dessa grande obra, sem despendermos tempo e energias mental e física, reduzindo o vigor e a força de nosso trabalho na causa de Deus. Os pastores que fazem assim não dispõem de muito tempo para meditação e oração, e carecem daquela força e clareza de mente que precisariam ter para entender os casos daqueles que necessitam de ajuda, e estar preparados para instar "a tempo e fora de tempo". 2 Timóteo 4:2. Uma palavra dita de modo apropriado e no devido tempo, pode salvar pobres, errantes, duvidosos e abatidos seres humanos. Paulo exorta a Timóteo: "Medita estas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos." 1 Timóteo 4:15. T1 471 1 Na comissão de Cristo a Seus discípulos, Ele diz: "Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na Terra será ligado no Céu, e tudo o que desligardes na Terra será desligado no Céu." Mateus 18:18. Se essa é a tremenda responsabilidade da obra dos ministros de Deus, quão importante é que se dediquem plenamente a ela, e velem pelas "almas, como aqueles que hão de dar conta delas". Hebreus 13:17. Deveria algum interesse egoísta ou não condizente ser aqui introduzido e apartar o coração da obra? Alguns pastores ficam muito tempo em casa, esgotam-se no sábado e então voltam e consomem suas forças na lavoura ou no atendimento de assuntos do lar. Trabalham para si mesmos durante a semana e então consomem o restante de suas abatidas energias no trabalho de Deus. Mas o Senhor não aceita esses débeis esforços. Eles ficam sem nenhuma energia mental ou física sobressalente. No melhor dos casos, seus esforços são muito fracos. Mas depois de se haverem absorvido e embaraçado o tempo todo com os cuidados e perplexidades desta vida durante a semana, acham-se inteiramente inabilitados para a nobre, sagrada e importante obra de Deus. O destino das pessoas repousa sobre a linha de conduta que seguem e as decisões que fazem. Quão importante é que sejam temperantes não somente no comer, mas em todas as coisas, inclusive no trabalho, para que suas plenas energias sejam dedicadas ao seu sagrado chamado. T1 471 2 Um tremendo erro tem sido cometido por aqueles que professam a verdade presente, ao misturarem atividades comerciais durante as séries de reuniões, fazendo com que a mente das pessoas se distraia do verdadeiro objetivo das mesmas. Se Cristo estivesse agora na Terra, mandaria embora esses mascates e ambulantes, quer fossem pastores ou povo, com um azorrague de pequenas cordas como fez antigamente, quando entrou no templo e "expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. E disse-lhes: Está escrito: A Minha casa será chamada casa de oração. Mas vós a tendes convertido em covil de ladrões". Mateus 21:12, 13. Esses negociantes poderiam ter se justificado dizendo que os artigos que vendiam eram para as ofertas sacrificais. Mas seu objetivo era ganhar dinheiro, obter meios e acumulá-los. T1 472 1 Foi-me mostrado que se as faculdades morais e intelectuais não estivessem entenebrecidas por errôneos hábitos de vida, pastores e povo seriam mais prontos em discernir os maus resultados da mistura do sagrado com o profano. Os pastores fazem os mais solenes sermões do púlpito e então introduzem o comércio e fazem o papel de vendedores na própria casa de Deus. Assim, desviam a mente dos ouvintes das impressões recebidas e destroem o fruto de seu trabalho. Se suas sensibilidades não estivessem embotadas, teriam discernimento suficiente para saber que estavam rebaixando as coisas sagradas ao nível das comuns. A responsabilidade pela venda de nossas publicações não deve repousar sobre os pastores que trabalham pregando e ensinando. Seu tempo e energia precisam ser reservados para que possam empregá-los nas séries de reuniões e não em vender nossos livros, os quais podem ser apropriadamente apresentados ao público por aqueles que não têm a responsabilidade de pregar a Palavra. Ao penetrar novos campos, é necessário que o pastor leve consigo nossas publicações para oferecer ao povo. Pode também ocorrer em certas circunstâncias que seja preciso vender livros e negociar pelo escritório de publicações. Mas tal trabalho deveria ser evitado quando puder ser feito por outros. T1 472 2 Os pastores têm tudo quanto precisam para pregar a Palavra. Após pregar a verdade presente ao povo, devem manter humilde dignidade como pregadores da exaltada verdade e seus representantes. Eles têm de descansar após terem feito duros esforços. Mesmo a venda de livros sobre a verdade presente é uma ansiedade, uma carga para a mente e T1 473 1 fadiga para o corpo. Há um importante trabalho para aqueles que ainda possuem uma reserva de energia e podem assumir maior carga sem sofrer danos; e ao apresentarem a verdade ao povo, isso é apenas o início. Então vem a pregação exemplar, o cuidado atento, a busca do bem dos outros, a conversação, as visitas de casa em casa, procurando perceber as condições e o estado espiritual daqueles que ouvem suas pregações; exortando este, reprovando aquele, admoestando outro, confortando o aflito, o sofredor e o desesperançado. A mente precisa estar tão livre de fadiga quanto possível, para que possam ser como combatentes sempre prontos para a ação, "a tempo e fora de tempo". 2 Timóteo 4:2. Devem eles obedecer à ordem de Paulo a Timóteo: "Medita estas coisas, ocupa-te nelas." 1 Timóteo 4:15. T1 473 2 A responsabilidade do trabalho é bem leve sobre alguns. Entendem que depois de cumprir sua obra no púlpito, o trabalho está feito. Para esses, fazer visitas é um peso, uma carga conversar. As pessoas que estão realmente desejosas de obter os benefícios que há para elas, que desejam ouvir e aprender para que possam ver claramente as coisas, não são favorecidas nem correspondidas. Esses pastores se desculpam porque estão cansados, todavia, consomem suas preciosas energias e gastam o tempo em trabalhos que outros poderiam fazer tão bem quanto eles. Precisam conservar o vigor físico e moral para que, como fiéis obreiros de Deus, possam dar plenas provas de seu ministério. T1 473 3 Em todos os lugares importantes deve haver um depósito de publicações. E alguém que aprecia realmente a verdade, deve interessar-se em fazer chegar esses livros às mãos de todos quantos os queiram ler. "A seara é realmente grande, mas poucos são os ceifeiros." Mateus 9:37. E esses poucos e experimentados obreiros no campo têm o dever de trabalhar na palavra e no ensino. Surgirão homens afirmando que Deus lhes deu a responsabilidade de ensinar a verdade a outros. Eles devem ser testados e provados. T1 474 1 Não se deve aliviá-los de todos os cuidados nem elevá-los de uma vez a posições de responsabilidade; se precisarem, devem ser animados a dar plenas provas de seu ministério. Não é o melhor caminho para eles interferir no trabalho de outros homens. Que trabalhem em ligação com alguém de experiência e discernimento, e essa pessoa logo verá se são capazes de exercer uma influência salvadora. Os pregadores jovens que nunca enfrentaram trabalho cansativo e nem sentiram o esgotamento de suas forças físicas e mentais, não devem ser estimulados a esperar por manutenção independente de seu trabalho físico. Isso os prejudicaria e acabaria se tornando uma tentação para seduzir homens a se alistarem na obra, sem nada compreenderem de seus encargos ou da responsabilidade que pesa sobre os escolhidos ministros de Deus. Tais indivíduos se achariam competentes para ensinar outros, quando eles mesmos pouco aprenderam dos princípios essenciais. T1 474 2 Muitos que professam a verdade não estão sendo santificados por ela, nem dotados de sabedoria; não são guiados nem ensinados por Deus. O povo de Deus, geralmente, tem mentalidade mundana e apartou-se da singeleza do evangelho. Esta é a causa da grande falta de discernimento espiritual em seu procedimento para com os pastores. Se um pastor prega com liberdade, alguns o elogiam em sua própria presença. Em vez de prestarem atenção nas verdades que ele proferiu e delas tirar proveito, mostrando assim não ser ouvintes esquecidos, mas "cumpridores da palavra" (Tiago 1:22), eles o exaltam, referindo-se ao que ele fez. Demoram-se nas virtudes de um pobre instrumento e se esquecem de Cristo, que Se utilizou do instrumento. Desde a queda de Satanás, que uma vez foi um glorioso e exaltado anjo, os pastores têm caído por causa da exaltação. Insensatos observadores do sábado têm agradado muito ao diabo ao louvar seus pastores. Estão eles cientes de que estão colaborando com Satanás nesse trabalho? Ficariam alarmados se compreendessem o que estão fazendo. Estão cegos. Foram cegados e não permanecem no conselho de Deus. Ergo minha voz de advertência contra louvar ou lisonjear os pastores. Vejo o mal, o terrível mal dessa atitude. Nunca, nunca falem palavras de louvor aos pastores diante deles. Exaltem a Deus. Respeitem um pastor fiel, reconheçam suas responsabilidades e busquem aliviá-las se possível, mas não os elogiem, porque Satanás está vigilante para fazer ele mesmo essa espécie de trabalho. T1 475 1 Os pastores não devem lisonjear nem fazer diferença de pessoas. Sempre tem havido, e ainda há, grande perigo de errarem nesse aspecto, dando preferência aos ricos ou lisonjeando-os com atenções especiais, se não por palavras. Existe o perigo de serem "aduladores dos outros por motivos interesseiros". Judas 16. Assim fazendo, põem em perigo seus interesses eternos. Pode o pastor ser o amigo íntimo de algum homem abastado, e pode este ser muito liberal para com ele; isso agrada ao pastor, que por sua vez não economiza louvores à beneficência de seu doador. Seu nome pode ser exaltado ao aparecer na imprensa, no entanto pode esse liberal doador ser completamente indigno do crédito que lhe é dado. Sua liberalidade não proveio de um profundo e vivo princípio de fazer o bem com seus recursos, para o avanço da causa de Deus porque a apreciava, mas por algum motivo egoísta, o desejo de ser julgado liberal. Pode ter dado por impulso, e sua liberalidade não ter princípios profundos. Pode ser que tenha sido movido ao ouvir comovente mensagem, que, no momento, lhe afrouxou os cordéis da bolsa; mas, apesar de tudo, sua liberalidade não tem motivo mais profundo. Dá por espasmos; sua bolsa se abre espasmodicamente e com a mesma certeza espasmodicamente se fecha. Não merece elogio, pois é, em todo o sentido da palavra, um homem mesquinho; e, a não ser que se converta completamente, bolsa e tudo, ouvirá a fulminante denúncia: "Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai por vossas misérias, que sobre vós hão de vir. As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas da traça." Tiago 5:1, 2. Esses acordarão, finalmente, de um horrível engano próprio. Os que lhes louvavam a espasmódica liberalidade, ajudaram Satanás a enganá-los, fazendo-os pensar que eram muito liberais, que se sacrificavam muito, quando nem conheciam os fundamentais princípios da liberalidade ou do sacrifício próprio. T1 476 1 Alguns homens e mulheres se enganam achando que não consideram as coisas desse mundo como de muito valor, e que prezam a verdade e seu progresso mais do que todo o ganho mundano. Muitos despertarão, afinal, para descobrir que foram enganados. Podem uma vez ter apreciado a verdade e, em comparação com ela, os tesouros terrestres ter-lhes parecido sem valor. Mas, após algum tempo, como seu tesouro terreno aumentou, tornaram-se menos consagrados. Embora tenham o suficiente para manter-se confortavelmente, todavia, todos os seus atos demonstram que não estão de forma alguma satisfeitos. Suas obras testificam de que seu coração está preso ao tesouro terrestre. Ganhar, ganhar é a sua política. Todos os membros da família participam de seu trabalho com essa finalidade. Dedicam pouco tempo à devoção e à oração. Trabalham desde cedo até tarde. Mulheres enfermas e crianças debilitadas apegam-se à sua mórbida ambição, esgotando a vitalidade e as forças que possuem para comprar um artigo, lucrar um pouco e fazer um pouco mais de dinheiro. Lisonjeiam-se de que assim fazendo podem ajudar a causa de Deus. Terrível engano! Satanás observa e ri, pois sabe que estão trocando a mente e o corpo pelo desejo de lucro. Estão continuamente apresentando desculpas incoerentes por se venderem em troca do ganho. Estão cegados pelo deus deste mundo. Cristo comprou-os com Seu sangue, mas eles roubam a Cristo e a Deus, e se arruínam tornando-se quase inúteis à sociedade. T1 476 2 Empregam bem pouco tempo ao desenvolvimento da mente e às alegrias sociais ou domésticas. Eles são de pouca utilidade para quem quer que seja. A vida deles é um terrível erro. Aqueles que abusam assim de si mesmos, acham que trabalhar infatigavelmente é algo digno de apreciação. Estão-se destruindo por seu presunçoso labor. T1 477 1 Estão arruinando o templo de Deus pela contínua violação das leis de seu ser através do excesso de trabalho e pensam ser isso uma virtude. Quando Deus lhes pedir contas; quando deles exigir com juros os talentos que lhes confiou, o que poderão dizer? Que desculpas apresentarão? Se fossem ímpios que nada soubessem do Deus vivo, e em seu cego zelo idólatra se lançassem sob o carro de Jagarnate*, seus casos seriam mais toleráveis. Mas eles têm a luz e receberam advertência sobre advertência para preservar nas mais saudáveis condições possíveis o corpo, o qual Deus chama de Seu templo, para poderem glorificá-Lo no corpo e espírito, os quais pertencem a Deus. Desprezam os ensinos de Cristo: "Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração." Mateus 6:19-21. Eles permitem que os cuidados do mundo os enlacem. "Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína." 1 Timóteo 6:9. Adoram seus tesouros terrenos como os ignorantes pagãos fazem com seus ídolos. T1 477 2 Muitos se lisonjeiam com a idéia de que seu desejo de ganhar é para ajudar a causa de Deus. Alguns prometem que quando ganharem tal importância, farão muito bem com ela e contribuirão para o avanço da causa da verdade presente. Mas quando realizam suas expectativas, não estão mais prontos do que antes para ajudar a causa. Novamente garantem que após comprarem aquela sonhada casa ou terreno, e pagarem por eles, então negociarão com os meios para fazer avançar a causa de Deus. Contudo, uma vez que o desejo do seu coração é alcançado, mostram menos disposição do que nos dias de sua pobreza, para auxiliar no progresso da obra divina. "E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera." Mateus 13:22. O engano das riquezas os conduz, passo a passo, até perderem todo o amor pela verdade e ainda a se gabarem de nela crer. Amam "o mundo" e "o que no mundo há", mas "o amor de" Deus ou da verdade não está neles. 1 João 2:15. T1 478 1 A fim de ganharem um pouco de dinheiro, muitos organizam deliberadamente seus assuntos comerciais de tal maneira que estes trazem fatalmente uma grande parcela de trabalho árduo sobre aqueles que trabalham fora de casa, bem como sobre seus familiares no lar. Ossos, músculos e cérebro são sobrecarregados ao máximo. Está perante eles uma grande quantidade de trabalho para ser feito, e o argumento é que devem executar precisamente tudo quanto puderem, pois do contrário haverá prejuízo; alguma coisa será desperdiçada. Tudo deve ser poupado, sejam quais forem os resultados. Que têm os tais lucrado? Talvez tenham sido capazes de conservar o capital e aumentá-lo. Mas, por outro lado, que não perderam eles! Sua reserva de saúde, que é inestimável tanto para o pobre quanto para o rico, foi invariavelmente diminuída. A mãe e os filhos fizeram constantes saques em sua reserva de saúde e energia, imaginando que tão extravagante dispêndio jamais esgotasse seu capital, até serem finalmente surpreendidos ao descobrirem que sua vitalidade se esgotou. Eles nada deixaram para sacar em caso de emergência. Os encantos e as alegrias da vida são amargurados pelos torturantes sofrimentos e as noites insones. Tanto o vigor físico como o mental desapareceram. O marido e pai que, no interesse do ganho, tornou imprudente o arranjo dos seus negócios, talvez com o pleno consentimento da esposa e mãe, pode, como resultado, perder a mãe e um ou mais dos filhos. A saúde e a vida foram sacrificadas pelo amor ao dinheiro. "Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores." 1 Timóteo 6:10. T1 478 2 Há uma grande obra a ser feita pelos observadores do sábado. Seus olhos precisam ser abertos para que possam ver sua real condição, serem zelosos e arrepender-se, ou perderão a vida eterna. O espírito mundano tomou posse deles e estão cativos dos poderes das trevas. Eles não ouvem a exortação do apóstolo Paulo: "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." Romanos 12:2. Predomina em muitos um espírito mundano, cobiçoso e egoísta. Aqueles que o possuem estão cuidando dos próprios interesses. O rico egoísta não se interessa nas coisas de seus semelhantes, a menos que possa obter vantagem para si. A nobreza e a semelhança com Deus são sacrificadas por interesses egoístas. "O amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males." 1 Timóteo 6:10. Ele cega a visão e impede que as pessoas discirnam suas obrigações para com Deus e os semelhantes. T1 479 1 Alguns se orgulham de ser liberais porque, às vezes, fazem donativos espontâneos aos pastores e para o progresso da verdade. Na realidade, esses supostos generosos acham-se envolvidos em seus negócios, sempre prontos a enganar. Possuem em abundância os bens deste mundo e isso depõe sobre eles grandes responsabilidades como mordomos de Deus. Ao tratar, porém, com o pobre trabalhador, seu irmão, são estritos até o último centavo. A parte do pobre numa negociação é a sua própria herança. Em lugar de favorecer seu irmão pobre, o rico exigente procura obter todas as vantagens e aumentar sua já tão grande riqueza, com o infortúnio alheio. Ele se orgulha de sua astúcia, mas, com sua riqueza, está acumulando para a própria perdição e pondo uma pedra de tropeço no caminho de seu irmão. Por sua mesquinhez e frio calculismo está arruinando a capacidade de beneficiar seu irmão mediante positiva influência religiosa. Tudo isso permanece na memória daquele irmão pobre, e as orações mais ferventes e testemunhos aparentemente zelosos procedentes dos lábios do irmão rico, somente produzirão queixas e desgostos. O pobre o vê como um hipócrita; brota-se "uma raiz de amargura" (Hebreus 12:15) por meio da qual muitos são afetados. O pobre não pode esquecer as vantagens dele obtidas, nem como foi posto em dificuldades porque estava disposto a assumir responsabilidades, enquanto que o irmão rico sempre dava prontas desculpas para não colocar seus ombros sob as cargas. O pobre, porém, pode estar tão imbuído do espírito de Cristo que perdoe os abusos de seu irmão rico. T1 480 1 Benevolência verdadeira, nobre e desinteressada é extremamente rara entre os ricos. Em sua ambição por riquezas, negligenciam os clamores da humanidade. Não podem ver ou sentir as dores e desagradáveis situações de seus irmãos pobres, que, talvez, tenham trabalhado tanto quando eles mesmos. Dizem como Caim: "Sou eu guardador do meu irmão?" Gênesis 4:9. "Trabalhei duro pelo que tenho e devo conservá-lo." Em vez de orar: "Ajuda-me a sentir as aflições de meu irmão", sua constante preocupação é esquecer que eles têm aflições e reivindicações sobre sua simpatia e liberalidade. T1 480 2 Muitos ricos observadores do sábado são culpados de desprezar os pobres. Pensam eles que Deus ignora seus atos mesquinhos? Pudessem ser abertos os seus olhos e veriam um anjo seguindo-os aonde quer que vão, fazendo um fiel registro de todos os seus atos em casa e nos negócios. A Testemunha Fiel e Verdadeira está em seu caminho declarando: "Eu sei as tuas obras!" Apocalipse 2:2; 3:15. Quando vi esse espírito de defraudação, de engano, de mesquinhez entre aqueles que professam ser guardadores do sábado, chorei com espírito angustiado. Esse grande mal, essa terrível maldição, recai sobre alguns do Israel de Deus nestes últimos dias, tornando-os detestáveis mesmo aos descrentes de espírito nobre. Este é o povo que professamente está esperando a vinda do Senhor. T1 480 3 Há uma classe de irmãos pobres que não estão livres da tentação. Eles são maus administradores, não possuem bom senso. Desejam obter meios sem passar pelo demorado processo de trabalho diligente. Alguns têm tanta pressa de melhorar sua situação, que se envolvem em vários empreendimentos sem consultar homens de bom senso e experiência. Suas expectativas raramente se concretizam. Em lugar de ganhar, perdem, e então surge a tentação e a disposição de invejar os ricos. Eles realmente desejam ser beneficiados pela riqueza de seus irmãos, e quando não o são, afligem-se. Mas esses não são merecedores de ajuda especial. Eles sabem que seus esforços foram dispersivos. Mostram-se inconstantes nos negócios e cheios de ansiedade e cuidados que apresentam apenas pequeno retorno. Esses tais deveriam ouvir o conselho dos irmãos mais experientes. Freqüentemente, porém, são os últimos a buscar conselho. Pensam que possuem discernimento superior e não necessitam ser ensinados. T1 481 1 Não raro são eles os iludidos pelos espertos e astutos mascates dos direitos de patente, cujo sucesso depende da arte do engano. Deveriam aprender a não lhes dar confiança. Mas os irmãos são crédulos com relação às próprias coisas que deveriam suspeitar e evitar. Não têm presente a instrução de Paulo a Timóteo: "Mas é grande ganho a piedade com contentamento." "Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes." 1 Timóteo 6:6, 8. Que os pobres não pensem que os ricos são os únicos cobiçosos. Enquanto o rico se apega ao que tem com avidez e busca obter ainda mais, o pobre está em grande perigo de cobiçar a riqueza do rico. Há realmente muito poucos em nossa terra de abundância, que de fato sejam tão pobres que necessitem de ajuda. Caso seguissem uma conduta correta, poderiam em quase toda situação pôr-se acima das necessidades. Meu apelo aos ricos é: Tratem com liberalidade os irmãos pobres e usem seus meios para fazer avançar a causa de Deus. Que os pobres dignos, aqueles que foram vítimas de infortúnio e doença, mereçam seus cuidados e ajuda especial. "E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis." 1 Pedro 3:8. T1 482 1 Homens e mulheres que professam piedade e esperam ser trasladados ao Céu sem ver a morte, eu os advirto a ser menos ávidos por ganho, menos cobiçosos. Readquiram a varonilidade, a nobre feminilidade de procedência celestial, por nobres e desinteressados atos de benevolência. Desprezem de coração seu anterior espírito mesquinho e recobrem a verdadeira nobreza de caráter. Daquilo que Deus me mostrou, a menos que vocês zelosamente se arrependam, Cristo os vomitará de Sua boca. Os adventistas guardadores do sábado professam ser seguidores de Cristo, mas as obras de muitos deles renegam sua profissão. "Por seus frutos os conhecereis." Mateus 7:16. "Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos Céus." Mateus 7:21. T1 482 2 Apelo a todos os que professam crer na verdade, que considerem o caráter e a vida do Filho de Deus. Ele é nosso exemplo. Sua vida foi marcada por desinteressada benevolência. Ele sempre Se condoía das aflições humanas; sempre fazia o bem. Não houve um só ato egoísta em toda a Sua vida. Seu amor pela humanidade caída, Seu desejo de salvá-la, eram tão grandes que suportou sobre Si a ira de Seu Pai e consentiu em sofrer a penalidade da transgressão que mergulhou o homem culpado na degradação. Ele sofreu os pecados do homem em Seu corpo. "Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nEle, fôssemos feitos justiça de Deus." 2 Coríntios 5:21. T1 482 3 A verdadeira generosidade é freqüentemente destruída pela prosperidade e as riquezas. Homens e mulheres em adversidade ou miséria algumas vezes demonstrarão grande amor pela verdade, e especial interesse pela prosperidade da causa de Deus e a salvação de seus semelhantes, e dirão o que fariam se apenas tivessem os recursos. Deus freqüentemente os prova. Ele os prospera além de suas expectativas. Mas seu coração é enganoso. Suas boas intenções e promessas são semelhantes à areia movediça. Quanto mais têm, mais desejam. Quando mais prosperam, mais ávidos se tornam pelo ganho. Alguns deles, que em sua pobreza foram benevolentes, tornam-se avarentos e extorsivos. O dinheiro tornou-se seu deus. Agradam-se do poder que o dinheiro lhes confere e a honra que recebem por causa dele. Disse o anjo: "Note como eles procedem na prova. Observe o desenvolvimento do caráter sob a influência das riquezas." Alguns estavam oprimindo os pobres necessitados e obtendo seus préstimos por valores baixíssimos. Eram altivos; o dinheiro era-lhes o poder. Vi que os olhos de Deus estavam sobre eles. Eles estavam enganados. "E eis que cedo venho, e o Meu galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra." Apocalipse 22:12. T1 483 1 Alguns dos que são ricos não negam apoio aos pastores. Mantêm sua doação sistemática com exatidão e se orgulham de sua pontualidade e generosidade; pensam que aí se encerra seu dever. Assim deve ser, mas seu dever não termina nesse ponto. Deus tem sobre eles reclamos que não compreendem. A sociedade tem reclamos sobre eles; seus semelhantes tem reclamos sobre eles. Cada membro de sua família têm reclamos sobre eles. Todos eles precisam ser atendidos; nem um deles pode ser passado por alto ou negligenciado. Alguns homens dão suporte aos pastores com muita satisfação, como se isso os habilitasse ao Céu. Outros pensam nada precisar fazer para ajudar a causa de Deus, a menos que tenham constante aumento de seus recursos. Acham que não podem, em hipótese alguma, tocar no capital. Se nosso Salvador dissesse a eles as mesmas palavras que disse ao jovem rico: "Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no Céu; e vem e segue-Me" (Mateus 19:21), muitos se retirariam tristes, escolhendo, como aquele, correr o risco de reter seus ídolos, as riquezas, antes que desfazer-se delas e assegurar um tesouro no Céu. Aquele príncipe alegava guardar todos os mandamentos de Deus desde a sua juventude e, confiante em sua fidelidade e justiça, e pensando ser já perfeito, perguntou: "Que me falta ainda?" Mateus 19:20. Jesus imediatamente fez estremecer seu senso de segurança ao referir-se a seus ídolos, as posses. Ele tinha outros deuses diante do Senhor que lhe eram de mais valor do que a vida eterna. Faltava-lhe o supremo amor a Deus. Assim ocorre com aqueles que professam crer na verdade. Eles pensam que são perfeitos; pensam estar isentos de faltas, quando na verdade estão longe da perfeição e entronizando ídolos que os manterão fora do Céu. T1 484 1 Muitos se compadecem dos escravos sulistas porque são forçados a trabalhar, quando existe escravidão no próprio lar. Mães e filhos são obrigados a trabalhar desde a manhã até à noite. Eles não têm recreação. Uma ininterrupta jornada de trabalho é-lhes imposta. Eles professam ser seguidores de Cristo, mas onde está o tempo para meditar e orar, alimentando o intelecto, para que a mente, com a qual servimos a Deus, não seja impedida em seu crescimento? Deus requer que cada pessoa use os talentos que lhe deu para Sua glória, e pelo aprimoramento desses, ganhar outros. Deus nos impõe a obrigação de beneficiar nosso semelhante. Nossa obra nesse mundo para o bem de outros não estará concluída até que Jesus diga no Céu: "Está feito!" Apocalipse 16:17. "Quem é injusto faça injustiça ainda; e quem está sujo suje-se ainda; e quem é justo faça justiça ainda; e quem é santo seja santificado ainda." Apocalipse 22:11. T1 484 2 Muitos parecem não ter o verdadeiro senso de sua responsabilidade perante Deus. É-lhes requerido entrar pela porta estreita, porque muitos "procurarão entrar, e não poderão". Mateus 7:13. O Céu requer que tentem persuadir outros a também lutar por entrar pela porta estreita. A obra de trabalhar diligentemente não apenas para salvar a si mesmo como também a outros, está diante de jovens e idosos. Ninguém que raciocina deixa de exercer influência. Por sua indiferença em usar essa influência eles impedem as pessoas de entrar pela porta estreita, ou por seus fervorosos, perseverantes e incansáveis esforços, de persuadi-las da necessidade de lutar para entrar por ali. Ninguém desfruta neutralidade por nada fazer para animar outros ou impedi-los de entrar. Disse Cristo: "Quem comigo não ajunta espalha." Lucas 11:23. Ouçam jovens e idosos, ou vocês estão fazendo a obra de Cristo, salvando pessoas, ou a de Satanás, levando-as à perdição. "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos Céus." Mateus 5:16. T1 485 1 Os jovens podem exercer poderosa influência se renunciarem ao orgulho e egoísmo e se dedicarem a Deus; via de regra, porém, não levam cargas de outros. Estas terão eles mesmos de carregá-las. É chegado o tempo em que Deus requer uma mudança a esse respeito. Ele convida jovens e idosos a ser zelosos e arrepender-se. Se continuarem em seu estado de mornidão, vomitá-los-á da boca. Diz a Testemunha Fiel: "Eu conheço as tuas obras." Apocalipse 2:19. Jovem, rapaz ou moça, suas obras são conhecidas, quer sejam boas, quer más. Vocês são ricos em boas obras? Jesus Se aproxima de vocês como conselheiro: "Aconselho-te que de Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças, e vestes brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os olhos com colírio, para que vejas." Apocalipse 3:18. ------------------------Capítulo 85 -- A reforma de saúde T1 485 2 Na visão que me foi dada em Rochester, Nova Iorque, em 25 de Dezembro de 1865, foi-me mostrado que nosso povo, os observadores do sábado, têm sido negligentes em agir sob a luz que Deus lhes deu com respeito à reforma de saúde; que ainda há uma grande obra diante de nós. Que, como um povo, temos estado atrás em seguir o caminho aberto por Deus. T1 486 1 Foi-me mostrado que se penetrou muito pouco na reforma de saúde até agora. Enquanto alguns examinam profundamente, e exercem sua fé na obra, outros permanecem indiferentes e mal deram o primeiro passo na reforma. Parece haver neles um sentimento de descrença, e quando esta reforma restringe o apetite concupiscente, muitos retrocedem. Têm outros deuses diante do Senhor. Seu paladar, seu apetite, é seu deus, e quando o machado é posto à raiz da árvore, e os que têm condescendido com o apetite pervertido a expensas da saúde são feridos, seu pecado apontado, mostrados os seus ídolos, eles não querem convencer-se; e embora a voz de Deus lhes fale diretamente para abandonarem esses hábitos destruidores da saúde, alguns querem ainda apegar-se às coisas prejudiciais de que gostam. Parecem entregues a seus ídolos, e Deus logo dirá aos Seus anjos: "Deixai-os." Mateus 15:14. T1 486 2 Foi-me mostrado, que a reforma de saúde faz parte da mensagem do terceiro anjo, e está tão intimamente ligada a ela como o braço e a mão estão ao corpo. Vi que, como um povo, devemos realizar um movimento de vanguarda nesta grande obra. Os pastores e o povo devem agir em harmonia. O povo de Deus não está preparado para o alto clamor do terceiro anjo. Têm a fazer por si mesmos uma obra que não devem deixar que Deus faça por eles. Deixou Ele esta obra para que eles a fizessem. É uma obra individual; um não a pode fazer por outro. "Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus." 2 Coríntios 7:1. A glutonaria é o pecado prevalecente nesta época. O apetite concupiscente tem tornado homens e mulheres escravos, obscurecido seu intelecto e embotado suas sensibilidades morais a tal ponto que as sagradas e exaltadas verdades da Palavra de Deus não são apreciadas. As mais baixas propensões governam homens e mulheres. T1 486 3 A fim de estar preparado para a trasladação, o povo de Deus precisa conhecer a si mesmo. Devem ter compreensão de seu organismo para que possam ser capazes de exclamar com o salmista: "Eu Te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado." Salmos 139:14. Devem ter o apetite sob o controle das faculdades morais e intelectuais. O corpo deve ser servo da mente e não a mente serva do corpo. T1 487 1 Foi-me mostrado que há uma grande obra diante de nós, muito maior do que temos idéia, se quisermos garantir nossa saúde colocando-nos em correta relação com a vida. O Dr. A tem feito uma grande e boa obra no tratamento de doenças e em esclarecer àqueles que têm levado sua vida em completa ignorância com relação a comer, beber e trabalhar para conservação da saúde. Deus, em Sua misericórdia, deu a Seu povo luz através de um humilde instrumento, visando curar doenças. Para isso precisam negar seu apetite depravado e praticar temperança em todas as coisas. Deu-lhes grande luz a incidir sobre seu caminho. Deverão aqueles que estão "aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo, o qual Se deu a Si mesmo por nós, para nos remir de toda iniqüidade e purificar para Si um povo Seu especial, zeloso de boas obras" (Tito 2:13, 14), estar atrás dos outros que não têm fé na breve volta de nosso Salvador? O povo que Deus está purificando para Si mesmo, para ser trasladado ao Céu sem ver a morte, não deveria estar para trás em boas obras. Em seus esforços para purificar a si mesmos de toda imundícia da carne e espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus, não devem ser passados para trás por qualquer outra classe, assim como sua profissão de fé é mais elevada que a dos outros. T1 487 2 Alguns têm escarnecido da obra da reforma e dito que ela é de todo desnecessária; que é um incitamento para desviar as mentes da verdade presente. Dizem ainda que esse assunto estava sendo levado a extremos. Esses não sabem do que estão falando. Enquanto homens e mulheres que professam piedade estão enfermos desde os pés à cabeça; enquanto suas energias físicas, mentais e morais estão debilitadas pela condescendência com o apetite depravado e excesso de trabalho, como podem pesar as evidências da verdade e compreender os reclamos divinos? Se suas faculdades morais e intelectuais estão obscurecidas, eles não podem apreciar o valor da expiação ou o exaltado caráter da obra de Deus, nem deleitar-se no estudo de Sua Palavra. Como pode um dispéptico nervoso estar sempre preparado "para responder com mansidão e temor a qualquer que" lhe "pedir a razão da esperança que há" nele? 1 Pedro 3:15. Quão prontamente poderia alguém confuso e agitado ser levado por sua doentia imaginação a olhar assuntos de um modo geral sob luz equivocada, e pela falta daquela mansidão e tranqüilidade que caracterizou a vida de Cristo, causar desonra à verdade enquanto contendendo com homens irrazoáveis? Abordando certos assuntos de um alto ponto de vista religioso, precisamos ser completos reformadores a fim de nos tornarmos semelhantes a Cristo. T1 488 1 Vi que nosso Pai celestial outorgou-nos grande bênção na reforma de saúde, para que possamos obedecer aos reclamos que Ele estabeleceu e glorificá-Lo em nosso corpo e espírito os quais Lhe pertencem, e finalmente apresentar-nos sem mácula ante o trono de Deus. Nossa fé exige um elevado padrão e passos avançados. Enquanto muitos questionam a conduta seguida por outros reformadores de saúde, eles mesmos, como homens razoáveis, deveriam fazer alguma coisa. A humanidade está em deplorável condição, sofrendo doenças as mais variadas. Muitos apresentam doenças hereditárias e sofrem muito por causa dos errôneos hábitos de seus pais. Ainda seguem o mesmo caminho com respeito a si mesmos e a seus filhos. São ignorantes com respeito a si mesmos. Estão doentes e não descobrem que seus próprios hábitos errados estão lhes causando imenso sofrimento. T1 488 2 Há poucos que estão dispostos a compreender o quanto seus hábitos dietéticos têm a ver com sua saúde, caráter, utilidade neste mundo e destino eterno. Vi que é dever de todos os que recebem a luz do Céu e compreenderam o benefício de segui-la, manifestar grande interesse por aqueles que ainda estão sofrendo por falta de conhecimento. Os guardadores do sábado que estão aguardando o breve retorno de seu Salvador, deveriam ser os últimos a manifestar falta de interesse nessa grande obra de reforma. Homens e mulheres precisam ser instruídos; pastores e povo devem sentir que o peso da responsabilidade da obra incide sobre eles para agitar o assunto e apresentá-lo perante outros. T1 489 1 Vi que devemos providenciar um lar para os aflitos e aqueles que desejam aprender a cuidar de seu corpo, visando prevenir doenças. Não devemos ser indiferentes compelindo os que estão doentes e desejosos de viver a verdade a ir buscar as populares instituições hidroterápicas para recuperação da saúde, onde não há simpatia por nossa fé. Se recobram a saúde, isso pode ser às expensas de sua fé. Os que sofrem muito pelas enfermidades estão fracos mental e moralmente. Quando compreendem os benefícios originários da correta aplicação da água, do uso adequado do ar e de um regime alimentar próprio, são levados a crer que os médicos que souberam tratá-los com tanto sucesso, não podem estar em falta com sua fé religiosa; que como eles estão empenhados na grande e boa obra de beneficiar a sofredora humanidade, devem estar quase ou totalmente certos. Assim nosso povo está em perigo de ser enganado em seus esforços por recuperar a saúde nesses estabelecimentos. T1 489 2 Vi novamente que aqueles que estão fortalecidos pelos princípios religiosos e decididos a obedecer os reclamos de Deus, não podem receber das instituições populares de saúde os mesmos benefícios que os observadores de outro dia de guarda. Os guardadores do sábado são singulares em sua fé. Guardar todos os mandamentos de Deus como Ele requer, de forma a ser reconhecido e aprovado por Ele, é excessivamente difícil numa instituição hidroterápica popular. Devem eles levar consigo, em todo o tempo, o crivo do evangelho e peneirar tudo quanto ouvem, para que possam escolher o bem e recusar o mal. T1 490 1 A clínica hidroterápica de _____ tem sido a melhor instituição nos Estados Unidos. Seus dirigentes estão fazendo um bom trabalho no que diz respeito ao tratamento das doenças. Não podemos, porém, confiar em seus princípios religiosos. Enquanto professam ser cristãos, recomendam aos pacientes jogar cartas, dançar e assistir a teatro, atividades essas que tendem ao mal ou, para dizer o mínimo, têm a aparência do mal e são diretamente contrários aos ensinos de Cristo e Seus apóstolos. Os conscienciosos observadores do sábado que visitam essas instituições com o propósito de recuperar a saúde, não podem receber os benefícios que desejam se não se mantiverem constantemente em guarda para não comprometer sua fé, desonrar a causa de seu Redentor e escravizar o próprio ser. T1 490 2 Vi que os guardadores do sábado devem abrir um caminho para que aqueles de fé igualmente preciosa sejam beneficiados sem precisar despender meios em instituições onde sua fé e princípios religiosos corram perigo, e não encontrem simpatia ou harmonia em questões espirituais. Deus, em Sua providência, dirigiu o Dr. B a _____, para que pudesse obter uma experiência que de nenhum outro modo conseguiria, pois tinha um trabalho designado para ele na reforma de saúde. Como médico ele vinha, por anos, obtendo conhecimento do organismo humano e Deus agora intentava que ele aprendesse, por preceito e prática, como aplicar as bênçãos que Ele pôs ao alcance do homem. O Senhor quer prepará-lo para beneficiar os doentes e instruir aqueles que não sabem como preservar o vigor e a saúde que possuem, e como prevenir doenças pelo sábio uso dos remédios celestes -- água pura, ar e regime alimentar. T1 491 1 Foi-me mostrado que o Dr. B era um homem estritamente consciencioso e cauteloso, um homem amado por Deus. Tem ele passado por muitas tribulações que agiram a seu favor, embora quando sob tensão das provas, não pudesse ver como seria beneficiado por elas. O Dr. B é um homem que não se exaltará enquanto crer e seguir nos caminhos da verdade. Não é um homem arbitrário, dominador. É muito receoso de valer-se daquela dignidade que sua posição lhe permitiria. Ele aprecia aconselhar-se com outros e é de fácil relacionamento. Seu grande risco é a disposição de assumir responsabilidades e cargas que não deveria. Ele vê e sente o que precisa ser feito e corre o perigo de trabalhar demais. É extremamente sensível e solidário e se condói de todos os seus pacientes. Se lhe for permitido, assumirá responsabilidades tão pesadas que poderão esmagá-lo. T1 491 2 Homens e mulheres de influência deveriam apoiar o Dr. B com suas orações, simpatia, sincera cooperação, encorajamento, palavras de esperança e conselho. Ele apreciará tudo isso. Sua posição não é invejável. Quando ele assume tão grandes responsabilidades, não é por escolha própria nem para obter o seu sustento, pois pode fazê-lo de um modo muito mais fácil e evitar cuidados, ansiedades e perplexidades que tal posição traz sempre consigo. Unicamente o dever o moverá. E uma vez convicto do caminho do dever, segui-lo-á e permanecerá em seu posto sejam quais forem as conseqüências. Ele deve ter a simpatia e a cooperação daqueles que têm influência, a quem Deus quer que lhe estejam ao lado e o apóiem em seu difícil trabalho. T1 491 3 O Dr. B podia, no que diz respeito às oportunidades que este mundo oferece, estar muito melhor agora do que na posição que presentemente ocupa. Foi-me revelado que essa posição seria muito difícil. Muitos sem experiência não têm a menor idéia da magnitude do empreendimento e gostariam que as coisas caminhassem de acordo com suas idéias. Alguns se admiram por que os pobres não podem vir e ser tratados gratuitamente e são tentados a pensar que a instituição é eminentemente de fins lucrativos. Gostariam de ter algo a dizer e descobrir tantas faltas e falhas, a deixarem que as coisas caminhem naturalmente. Foi-me mostrado que alguns consideram uma virtude ser ciumentos, teimar e opor-se. Orgulham-se em não aceitar as coisas como acontecem. À semelhança de Tomé, vangloriam-se de sua incredulidade. Mas o que Jesus recomendou ao descrente Tomé? Embora lhe dando a evidência que ele pretendia ter antes de crer, Jesus lhe disse: "Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram." João 20:29. T1 492 1 Foi-me mostrado que não há falta de recursos entre os adventistas observadores do sábado. Seu maior perigo, atualmente, é o acúmulo de propriedades. Alguns, constantemente, estão amontoando seus cuidados e esforços; estão sobrecarregados. E o resultado é que Deus e as necessidades de Sua causa quase são por eles esquecidos; estão espiritualmente mortos. Deles se requer que façam um sacrifício a Deus, uma oferta. O sacrifício não aumenta, mas diminui e consome. Esse, foi-me mostrado, é um empreendimento digno de o povo de Deus empenhar-se e no qual podem investir meios para Sua glória e progresso da causa. Muitos dos meios, entre nosso povo, estão se demonstrando somente um mal para aqueles que a eles se apegam. T1 492 2 Nosso povo deve ter uma instituição própria e sob seu controle, para benefício dos doentes e sofredores entre nós, os quais desejam saúde e vigor para poderem glorificar a Deus em seu corpo e espírito, os quais Lhe pertencem. Se tal instituição for corretamente dirigida, haverá meios de divulgar nossos pontos de vista a muitos que dificilmente seriam alcançados pelos métodos comuns de pregar a verdade. Quando os descrentes freqüentam uma instituição dedicada ao tratamento bem-sucedido de doenças e dirigido por médicos observadores do sábado, são postos sob direta influência da verdade. Tornando-se relacionados com nosso povo e nossa fé, seu preconceito será superado e eles favoravelmente impressionados. Colocando-se assim sob a influência da verdade alguns não apenas obterão alívio para suas enfermidades físicas, mas encontrarão cura para seu coração perturbado pelo pecado. T1 493 1 Quando melhoram sob cuidadoso tratamento, os doentes passam a confiar naqueles que foram instrumentos na restauração de sua saúde. Seu coração se enche de gratidão e a boa semente da verdade encontrará terreno ali. Em alguns casos será nutrida, crescerá e dará fruto para a glória de Deus. Essas preciosas pessoas salvas serão de maior valor do que todos os meios necessários para estabelecer tal instituição. Alguns não têm suficiente coragem moral para ceder às próprias convicções. Podem estar convencidos de que os observadores do sábado têm a verdade, mas o mundo e parentes descrentes impedem-nos de recebê-la. Não concebem sacrificar tudo por Cristo. Entretanto, alguns sairão com o preconceito removido e se postarão como defensores da fé dos adventistas do sétimo dia. Muitos dos que recobraram a saúde ou foram grandemente beneficiados por sua permanência na instituição, serão condutos para a apresentação de nossa fé em novos lugares. Erguerão o estandarte da verdade onde antes teria sido impossível obter acesso, caso não houvessem sido desfeitas as idéias preconcebidas por sua permanência entre nosso povo, com o objetivo de obter saúde. T1 493 2 Outros sofrerão provações ao retornar à sua casa. Elas, porém, não os desanimarão ou impedirão seus esforços de fazer um bom trabalho. Satanás e seus agentes farão tudo o que puderem para estorvar, perturbar e oprimir os que corajosamente se empenham na obra de propagação dessa reforma. T1 494 1 Há um liberal suprimento de meios entre nosso povo e se todos sentirem a importância da obra, esse grande empreendimento poderá ser levado avante sem maiores problemas. Todos deveriam sentir um especial interesse em apoiá-lo, especialmente aqueles que têm meios para investir. Um edifício adequado deve ser erguido para a recepção de doentes, para que possam, pelo apropriado uso de meios e bênçãos de Deus, ser aliviados de suas enfermidades e aprender como cuidar de si mesmos, prevenindo assim doenças. T1 494 2 Muitos que professam a verdade estão se tornando mesquinhos e cobiçosos. Necessitam tomar consciência sobre si mesmos. Têm eles seu tesouro na Terra e o coração está posto nele. A maior parte de seus tesouros está neste mundo e muito pouco no Céu. Por conseguinte, suas afeições estão colocadas nas posses terrenas em lugar da herança celestial. Há agora uma boa oportunidade de usar seus meios em benefício da humanidade sofredora e também para o progresso da verdade. Esse empreendimento nunca deveria ser deixado a lutar com a pobreza. Esses mordomos a quem Deus confiou meios devem agora trabalhar e usar seus recursos para a glória do Senhor. Os que cobiçosamente retêm os meios verão que isso se provará uma maldição antes que bênção. T1 494 3 Aqueles a quem Deus confiou recursos deveriam prover um fundo a ser usado para benefício dos doentes pobres e necessitados, que não são capazes de arcar com as despesas de tratamento na instituição. Há os que são pobres preciosos e merecedores de apoio, cuja influência têm sido benéfica à causa de Deus. Deveria ser levantados fundos com o expresso propósito de fornecer tratamento a esses, enquanto a igreja que freqüentam decide se são dignos de ajuda. A menos que aqueles que têm abundância dêem com essa finalidade, sem esperar retorno, os pobres serão incapazes de usufruir os benefícios dos tratamentos na instituição, onde tantos recursos são requeridos para que o trabalho seja feito. Em sua fase inicial, tal instituição não deveria enfrentar lutas por causa da constante exigência de meios sem a obtenção de lucros. ------------------------Capítulo 86 -- Mensagens aos jovens T1 496 2 Os jovens guardadores do sábado são inclinados à busca de prazeres. Vi que não há nem um em vinte que saiba o que é religião experimental. Eles estão constantemente procurando algo para satisfazer seu desejo por novidades e divertimento. A menos que sejam conscientizados e suas sensibilidades despertadas, a fim de que possam dizer do fundo do coração: "Tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor" (Filipenses 3:8), não serão dignos dEle e deixarão de alcançar a vida eterna. Os jovens geralmente estão sob terrível engano, e ainda professam piedade. Sua vida não consagrada é uma afronta ao nome de Cristo, e seu exemplo um laço para os outros. Eles são um tropeço aos pecadores, pois em quase todos os aspectos não são melhores do que os descrentes. Possuem a Palavra de Deus, mas desprezam suas advertências, admoestações, reprovações e correções, bem como suas promessas e estímulos ao obediente e fiel. As promessas de Deus são todas dadas sob condição de humilde obediência. Um só modelo é dado aos jovens, mas como a vida deles se compara com a vida de Cristo? Sinto-me alarmada ao testemunhar por toda a parte a frivolidade de jovens, rapazes e moças, que professam crer na verdade. Parece que Deus não está em suas cogitações. Têm a mente cheia de tolices. Sua conversa não passa de um falar vazio, frívolo. Têm ouvido agudo para a música, e Satanás sabe que órgãos estimular para animar, cativar e encantar a mente, de modo que Cristo não seja desejado. Falta o anseio espiritual do coração, em busca de conhecimento divino e de crescimento na graça. T1 497 1 Foi-me mostrado que a juventude precisa pôr-se em numa plataforma mais elevada e fazer da Palavra de Deus sua guia e conselheira. Responsabilidades solenes repousam sobre os jovens, às quais eles mal atentam. A introdução da música em seus lares, em lugar de estimular à santidade e espiritualidade, tem sido um meio de afastar a mente deles da verdade. Canções frívolas e partituras de músicas populares de sucesso parecem estar de acordo com seu gosto. Instrumentos musicais têm tomado o tempo que deveria ser empregado em oração. A música, quando bem utilizada, é uma grande bênção, mas quando mal-usada, uma terrível maldição. Ela agita, mas não confere aquela força e coragem que o cristão pode encontrar unicamente no trono da graça, enquanto humildemente torna conhecidas suas necessidades e com fortes clamores e lágrimas roga por forças do Céu para ser robustecido contra as poderosas tentações do maligno. Satanás lidera os jovens cativos. Oh, que posso eu dizer para levá-los a romper com esse poder fascinador! Satanás é um habilidoso sedutor, atraindo-os à perdição. Ouçam eles as instruções do inspirado Livro de Deus. Vi que Satanás tem cegado a mente dos jovens para que não compreendam as verdades da Palavra de Deus. Sua sensibilidade está de tal forma embotada que não consideram o conselho do apóstolo: T1 497 2 "Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra." Efésios 6:1-3. "Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor." Colossences 3:20. Filhos que desonram e desobedecem aos pais, e não levam em conta seus conselhos e instruções, não podem ter parte na Terra feita nova. A Terra purificada não será lugar para o filho ou filha rebelde, desobediente, ingrato. A menos que aprendam obediência e submissão aqui, jamais a aprenderão; a paz dos redimidos não será mareada por filhos desobedientes, indisciplinados, insubmissos. Nenhum transgressor do mandamento pode herdar o reino do Céu. Por favor, pode a juventude ler o quinto mandamento da lei proclamada por Jeová no Sinai, gravada com Seu dedo sobre tábuas de pedra? "Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá." Êxodo 20:12. T1 498 1 Fui encaminhada a muitas passagens da Escritura as quais mostram claramente aos jovens a vontade de Deus concernente a eles. Esses claros ensinos deverão eles enfrentar no Juízo. No entanto, não há nem mesmo um rapaz ou uma moça em vinte dos que professam a verdade, que atenda a esses ensinos bíblicos. A juventude não lê suficientemente a Palavra de Deus para conhecer-lhe as reivindicações a seu respeito. Essas verdades os julgarão no grande dia de Deus, quando jovens e idosos forem recompensados segundo suas obras. T1 498 2 João diz: "Jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno. Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre." 1 João 2:14-17. T1 498 3 Essa exortação aos rapazes também é extensiva às moças. Sua juventude não os isenta das responsabilidades que pesam sobre eles. Eles são fortes e não abatidos pelos cuidados e o peso dos anos; suas afeições são ardentes e se as retirarem do mundo e colocarem em Cristo e no Céu, fazendo a vontade de Deus, terão esperança de uma vida melhor e mais duradoura, e permanecerão para sempre, sendo coroados com glória, honra, imortalidade, vida eterna. Se a juventude viver para satisfazer "a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida" (1 João 2:16), estão buscando as coisas do mundo, agradando a seu grande adversário e separando-se do Pai. Quando essas coisas passarem, suas esperanças serão dissipadas e suas expectativas perecerão. Separados de Deus, arrepender-se-ão amargamente da loucura de servir aos próprios prazeres, condescender com os próprios desejos e, por uns poucos e frívolos divertimentos, vender uma vida de felicidade que poderiam usufruir para sempre. T1 499 1 "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há" (1 João 2:15), disse o inspirado apóstolo. Então ele acrescenta a advertência: "Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele." 1 João 2:15. É um fato alarmante como o amor do mundo predomina na mente dos jovens. Eles decididamente amam o mundo e as coisas que no mundo há, e por essa razão o amor de Deus não encontra guarida em seu coração. Acham prazer no mundo e nas coisas do mundo e são estranhos ao Pai e às graças de Seu Espírito. Deus é desonrado pela frivolidade e a moda, o modo fútil e o riso que caracterizam em geral a vida da juventude. Paulo exorta os jovens à sobriedade: "Exorta semelhantemente os jovens a que sejam moderados. Em tudo, te dá por exemplo de boas obras; na doutrina, mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós." Tito 2:6-8. T1 499 2 Rogo à juventude que, por causa de sua vida, atenda a exortação do inspirado apóstolo. Todas essas bondosas instruções, advertências e reprovações serão um cheiro de vida para a vida ou de morte para a morte. Muitos jovens são descuidados em sua conversação. Preferem esquecer-se de que pelas suas palavras serão justificados ou condenados. Todos deveriam atender às palavras de nosso Salvador: "O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más. Mas Eu vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do Juízo. Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado." Mateus 12:35-37. Quão pouca atenção é dada mesmo às instruções do Mestre celestial. Muitos não estudam a Palavra de Deus ou não atendem a suas solenes verdades, e essas claras verdades se levantarão no julgamento e os condenarão. T1 500 1 Palavras e atos testemunham claramente do que há no coração. Se vaidade, orgulho, amor ao eu e ao vestuário enchem o coração, a conversação será sobre modas, vestuário, aparência, mas não sobre Cristo ou o reino do Céu. Se há inveja no coração, ela se manifestará em palavras e atos. Aqueles que se medem pelos outros, que fazem o que os outros fazem, que não se propõem a altas consecuções desculpando-se por causa das faltas e erros de outros, estão se nutrindo de cascas, e permanecerão anões espirituais enquanto agradam a Satanás pela condescendência com sentimentos ímpios. Alguns se demoram sobre o que comerão ou beberão e com que se vestirão. Esses pensamentos fluem da abundância do que há no coração, como se as coisas temporais fossem o grande objetivo da vida, seu mais alto propósito. Essas pessoas se esquecem das palavras de Cristo: "Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a Sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas." Mateus 6:33. T1 500 2 Os jovens têm o coração cheio de amor por si mesmos. Isto se manifesta em seu desejo de ver o próprio rosto reproduzido pelo artista; e não ficam satisfeitos com ser uma vez fotografados, mas pousam repetidamente para serem fotografados, esperando que o último retrato exceda a todos os esforços anteriores, parecendo na verdade mais bonito do que o original. O dinheiro de seu Senhor é assim esbanjado, e que se lucra com isto? Simplesmente pobres sombras sobre papel. As horas que deveriam ser dedicadas à oração são ocupadas com seu pobre ser; preciosas horas de experiência são assim desperdiçadas. T1 501 1 Satanás se agrada em que a atenção dos jovens seja atraída por qualquer coisa que distraia sua mente de Deus, de forma que o enganador possa suplantá-los e, como estejam despreparados para seus ataques, sejam apanhados na armadilha. Eles não estão cientes de que o grande Artista celestial tem conhecimento de cada ação, palavra e comportamento, e que até mesmo os pensamentos e intenções do coração estão fielmente delineados diante dEle. Cada defeito em seu caráter moral permanece patenteado aos olhos dos anjos, e eles terão de defrontar um quadro fiel de todas as suas deformidades na execução do Juízo. Aquelas vãs e frívolas palavras estão todas escritas no livro. Aqueles enganosos atos, cujos motivos estavam ocultos aos olhos humanos, mas discernidos pelo olho onisciente de Jeová, estão todos registrados em caracteres vivos. Cada ato egoísta está exposto. T1 501 2 Os jovens geralmente se conduzem como se as preciosas horas da graça, enquanto a miséria se estende, fossem um grande feriado e eles tivessem sido postos no mundo meramente para entretenimento próprio, para fruir uma contínua sucessão de incitamento. Satanás tem feito esforços especiais para induzi-los a buscar a felicidade em diversões mundanas, e justificar-se procurando mostrar que esses divertimentos são inofensivos, inocentes, e mesmo importantes para a conservação da saúde. Médicos há que têm dado a impressão de que a espiritualidade e devoção a Deus são prejudiciais à saúde. Isto agrada ao adversário dos seres humanos. Há pessoas de imaginação doentia, que não representam de modo devido a religião de Cristo; elas não possuem a religião pura da Bíblia. Alguns se flagelam através de toda a vida, por causa de seus pecados; tudo que podem ver é um Deus de justiça, ofendido. Deixam de ver a Cristo e Seu poder remidor nos méritos de Seu sangue. Esses não têm fé. Esta classe se compões geralmente de pessoas que não têm a mente bem equilibrada. Por causa da doença que lhes foi transmitida pelos pais e uma errônea educação na juventude, eles contraíram hábitos errôneos que lhes prejudicam a constituição e o cérebro, fazendo que os órgãos morais adoeçam, tornando-lhes impossível pensar e agir racionalmente em todos os pontos. Não têm mente bem equilibrada. Piedade e justiça não destroem a saúde, mas, ao contrário, são saúde para o corpo e força para o coração. Pedro diz: "Porque quem quer amar a vida e ver os dias bons... aparte-se do mal e faça o bem; busque a paz e siga-a. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os Seus ouvidos, atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem males." 1 Pedro 3:10-12. "Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis". 1 Pedro 3:14. T1 502 1 A consciência de estar procedendo bem é o melhor remédio para corpos e mentes enfermos. A bênção especial de Deus repousando sobre o recebedor, é saúde e força. A pessoa cuja mente esteja calma e satisfeita em Deus, está no caminho para a saúde. Ter consciência de que os olhos do Senhor estão sobre nós e Seus ouvidos abertos a nossas orações é de fato uma satisfação. Saber que temos um amigo que nunca falha, ao qual podemos confiar todos os segredos do coração é um privilégio que jamais as palavras podem expressar. Aqueles cujas faculdades morais estão obscurecidas pela doença não são os que representam exatamente a vida cristã ou a beleza da santidade. Eles estão freqüentemente sob o fogo do fanatismo, a água da fria indiferença ou imperturbável melancolia. As palavras de Cristo são de maior valor do que as opiniões de todos os médicos do Universo. "Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a Sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas." Mateus 6:33. Eis o primeiro grande objetivo: o reino do Céu, a justiça de Cristo. Outros objetivos devem ficar num plano secundário a esse. T1 502 2 Satanás apresentará a senda da santidade como difícil, enquanto que as sendas do prazer mundano estão cobertas de flores. Em cores falsas e sedutoras o tentador mostrará a vocês o mundo e seus prazeres. A vaidade é um dos mais fortes traços de nossa natureza decaída, e ele sabe que pode apelar a ela com sucesso. Ele os lisonjeará através de seus agentes. Vocês podem receber elogios que alimentarão sua vaidade e cultivarão o orgulho e o amor-próprio. Pensarão vocês que com tais vantagens e atrações é realmente uma pena apartar-se do mundo, separar-se, tornar-se cristãos, abandonar seus companheiros e estar como mortos a seus louvores ou censuras. Satanás diz-lhes que com as vantagens que possuem, podem usufruir os prazeres do mundo em alto grau. Mas, considerem que os prazeres terrenos terão fim e que colherão o que semearem. São os atrativos pessoais, as habilidades ou talentos de tanto valor que não possam ser dedicados o Deus, o Criador; a Ele, que cuida de vocês o tempo todo? São suas qualificações tão preciosas para devotá-las a Deus? T1 503 1 Os jovens insistem que precisam de algo para estimular e distrair a mente. Vi que há satisfação na atividade, uma satisfação em viver com utilidade. Alguns argumentam que necessitam ter alguma coisa em que interessar-se quando não estão trabalhando, alguma ocupação mental ou divertimento que a mente possa ter para alívio e refrigério entre os cuidados e cansativo labor. É necessária, em verdade, a esperança do cristão. A religião provará ser um conforto para o crente, um guia seguro à Fonte de verdadeira felicidade. Os jovens devem estudar a Palavra de Deus e dar-se à meditação e oração. Então descobrirão que seus momentos de lazer não podem ser melhor empregados. Jovens amigos, vocês deveriam tomar tempo para examinar-se, a ver se estão no amor de Deus. "Procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição". 2 Pedro 1:10. Depende da própria conduta se vocês proverão para si mesmos uma vida melhor. T1 503 2 "Os seus [da sabedoria] caminhos são caminhos de delícias, e todas as suas veredas, paz." Provérbios 3:17. A futura habitação dos justos, sua eterna recompensa, eis enobrecedores temas para a contemplação dos jovens. Atentem para o maravilhoso plano da salvação, o grande sacrifício feito pelo Rei da glória a fim de serem elevados pelos méritos de Seu sangue, sendo afinal exaltados pela obediência ao trono de Cristo. Este assunto deve ocupar a mais nobre contemplação do espírito. Ser levado às boas graças de Deus -- que privilégio! Comungar com Ele -- o que mais pode elevar-nos, refinar-nos e exaltar-nos acima dos frívolos prazeres da Terra? Ter nossa corrompida natureza renovada pela graça, nossos apetites concupiscentes e propensões animalescas em sujeição; permanecer com nobre independência moral, conquistando vitórias diárias, dará paz de consciência que apenas pode provir de ações corretas. T1 504 1 Jovens amigos, vi que com uma ocupação e entretenimento dessa natureza, vocês poderiam ser felizes. O motivo, porém, de se sentirem desassossegados, é não buscarem a única Fonte verdadeira de felicidade. Vocês estão sempre procurando fora de Cristo a alegria que unicamente nEle se encontra. NEle as esperanças não sofrem decepção. A oração... oh! como é negligenciado este precioso privilégio! A leitura da Palavra de Deus prepara o espírito para a oração. Uma das maiores razões por que vocês têm tão pouca disposição de chegar mais perto de Deus mediante a oração, é se haverem incapacitado para essa sagrada obra por meio da leitura de histórias fascinantes, as quais têm estimulado a imaginação e despertado profanas paixões. A Palavra de Deus se torna desagradável, a hora de oração é esquecida. A oração é a força do cristão. Quando isolado, não se encontra só; sente a presença daquele que disse: "Eis que Eu estou convosco todos os dias." Mateus 28:20. T1 504 2 Os jovens precisam exatamente aquilo que lhes falta, isto é, religião. Coisa alguma pode tomar o lugar dela. A mera profissão nada é. Nomes são registrados nos livros da igreja, mas não no livro da vida. Vi que não existe um entre vinte jovens que saiba o que seja a religião experimental. Servem-se a si mesmos, e todavia professam ser servos de Cristo; a menos, porém, que se quebre o encanto que os domina, hão de em breve compreender que a porção do transgressor é a parte que lhes cabe a eles. Quanto à abnegação ou sacrifício por amor da verdade, acharam um caminho mais fácil que isto. No que respeita ao fervoroso suplicar com lágrimas e grande clamor a Deus por Sua perdoadora graça, e por forças do alto para resistir às tentações de Satanás, têm julgado desnecessário ser tão fervorosos e cheios de zelo; podem bem passar sem isto. Cristo, o Rei da glória, freqüentemente ia sozinho para as montanhas e os lugares desertos para derramar Seu coração em petições ao Pai; o homem pecador, no entanto, em quem não há nenhuma resistência, julga poder viver sem tanta oração. T1 505 1 Cristo é nosso Modelo; Sua vida, um exemplo de boas obras. Ele foi um homem de dores e familiarizado com a tristeza. Chorou sobre Jerusalém porque o povo não quis ser salvo pela aceitação da redenção que Ele lhes oferecia. Não foram a Ele para que pudessem ter vida. Comparem sua conduta com a do Mestre, que fez tão grande sacrifício para que vocês pudessem ser salvos. Não era incomum Ele passar a noite inteira na terra úmida em oração angustiante. Vocês estão buscando a própria satisfação. Ouçam a conversação frívola e vã; o riso, os gracejos, as pilhérias. É isso imitar o Modelo? Escutem ainda. É Jesus mencionado? É a verdade tema de conversação? Estão os que conversam gloriando-se na cruz de Cristo? O assunto desse rapaz ou daquela moça é essa moda, aquele chapéu, aquele vestido, ou as diversões que estão planejando. Que prazer! São os anjos atraídos e chamados a protegê-los contra as trevas em que Satanás está procurando envolvê-los? Oh, não! Eles se afastam com tristeza. Vejo lágrimas em sua face. Pode ser que os anjos de Deus chorem? Assim é. T1 505 2 As coisas eternas têm pouco peso para a juventude. Os anjos de Deus estão em lágrimas enquanto escrevem no livro as palavras e atos dos professos cristãos. Voam anjos em torno de uma habitação além. Jovens estão ali reunidos; ouvem-se sons de música vocal e instrumental. Cristãos acham-se reunidos nessa casa; mas que é que vocês ouvem? Uma canção, uma frívola cantiga, própria para o salão de baile. Vejam, os puros anjos recolhem para si a luz, e os que se acham naquela habitação são envolvidos pelas trevas. Os anjos afastam-se da cena. Têm a tristeza no semblante. Vejam como choram! Isso vi eu repetidamente pelas fileiras dos observadores do sábado, e especialmente em _____. A música tem ocupado as horas que deviam ser devotadas à oração. A música é o ídolo adorado por muitos professos cristãos observadores do sábado. Satanás não faz objeções à música, uma vez que a possa tornar um canal de acesso à mente dos jovens. Tudo quanto desviar de Deus a mente, e ocupar o tempo que devia ser devotado a Seu serviço, serve aos propósitos do inimigo. Ele atua através dos meios que mais forte influência exerçam para manter o maior número possível numa aprazível absorção, enquanto se acham paralisados por seu poder. Quando empregada para fins bons, a música é uma bênção; mas é muitas vezes usada como um dos mais atrativos instrumentos de Satanás para enredar pessoas. Quando mal empregada, leva os não consagrados ao orgulho, à vaidade, à insensatez. Quando se lhe permite tomar o lugar da devoção e da prece, é uma terrível maldição. Jovens reúnem-se para cantar e, se bem que cristãos professos, desonram freqüentemente a Deus e sua fé por frívolas conversas e a escolha que fazem da música. A música sacra não está em harmonia com seus gostos. Minha atenção foi dirigida aos positivos ensinos da Palavra de Deus, que haviam sido passados por alto. No Juízo todas essas palavras da Inspiração hão de condenar os que lhes não deram ouvidos. T1 506 1 O apóstolo Paulo exorta Timóteo "segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo": "Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda. Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras." 1 Timóteo 1:1; 2:8-10. T1 507 1 Pedro escreve à igreja: "Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo, como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância; mas, como é santo Aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque Eu sou santo." 1 Pedro 1:13-16. T1 507 2 O inspirado apóstolo Paulo dirige-se a Tito para lhe dar instruções especiais concernentes à igreja de Cristo, para que "sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador". Tito 2:10. Ele diz: "Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo, o qual Se deu a Si mesmo por nós, para nos remir de toda iniqüidade e purificar para Si um povo Seu especial, zeloso de boas obras." Tito 2:12-14. T1 507 3 Pedro exorta as igrejas: "Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar." 1 Pedro 5:8. "E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto, sede sóbrios e vigiai em oração." 1 Pedro 4:7. Novamente diz ele: "Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós, tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam do vosso bom procedimento em Cristo, porque melhor é que padeçais fazendo o bem (se a vontade de Deus assim o quer) do que fazendo o mal." 1 Pedro 3:15-17. T1 507 4 Estão os jovens em posição onde podem, com mansidão e temor, dar uma resposta a cada homem que pedir a razão da sua esperança? Vi que os jovens falham grandemente na compreensão de nossa posição. Terríveis cenas estão justamente diante deles, um tempo de provação que testará o valor do caráter. Então aqueles que têm a verdade no coração se desenvolverão. Aqueles que evitaram a cruz, negligenciaram a Palavra da vida e prestaram adoração ao próprio eu, serão achados em falta. Estão sendo enganados por Satanás e muito tarde descobrirão que cometeram um erro terrível. Os prazeres que sempre procuraram provar-se-ão amargos no final. Disse o anjo: "Sacrifiquem tudo a Deus. O eu precisa morrer. Os desejos e as propensões naturais do coração não santificado precisam ser subjugados." Corram para a negligenciada Bíblia; as palavras da inspiração estão falando a vocês; não as passem por alto. Vocês se defrontarão novamente com cada uma delas para dar conta se foram praticantes da Palavra, moldando a vida de acordo com os santos ensinos da Palavra de Deus. Requer-se santidade de coração e de vida. Todos os que tomaram o nome de Cristo e se alistaram a Seu serviço, devem ser bons soldados da cruz. Devem mostrar que estão mortos para o mundo, e que sua vida está escondida com Cristo em Deus. T1 508 1 Paulo escreveu a seus irmãos de Colossos: "Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da Terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, então, também vós vos manifestareis com Ele em glória." Colossences 3:1- 4. "E, sobre tudo isto, revesti-vos de caridade, que é o vínculo da perfeição. E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos. A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração. E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus Pai." Colossences 3:14-17. T1 509 1 Aos efésios ele escreveu: "Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus. Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor. E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo." Efésios 5:15-20. T1 509 2 Deus é glorificado por hinos de louvor provindos de um coração puro e pleno de amor e devoção a Ele. Quando crentes consagrados se reúnem, sua conversação não será sobre as imperfeições dos outros nem trará vestígios de murmuração e queixumes. Caridade, ou amor, o vínculo da perfeição, os circundará. O amor a Deus e a seus irmãos flui naturalmente em palavras de afeição, simpatia e estima por seus irmãos. A paz de Deus reina no coração deles. Suas palavras não são fúteis, vazias e frívolas, mas para o conforto e edificação de uns para com os outros. Se os cristãos obedecerem às instruções a eles dadas por Cristo e Seus apóstolos inspirados, haverão de ornamentar a religião da Bíblia, e se pouparão de severas provas e muitas perplexidades, as quais atribuem às aflições que sofreram por crerem numa verdade impopular. Isto é um deplorável erro. Muitas de suas provações são produzidas por eles mesmos, por se desviarem da Palavra de Deus. Sujeitam-se ao mundo, colocam-se no campo de batalha do inimigo e tentam o diabo a tentá-los. Aqueles que se apegam estritamente às admoestações e instruções da Palavra de Deus, procurando em oração conhecer Sua justa vontade, não serão suscetíveis às injustiças sofridas diariamente. A gratidão que sentem e a paz de Deus reinante no íntimo, produz-lhes melodia ao Senhor no coração, e por suas palavras expressam o débito de amor e gratidão ao querido Salvador, que tanto os amou que morreu para que pudessem ter vida. Ninguém em cujo coração Jesus habite O desonrará diante dos homens, produzindo ao mesmo tempo num instrumento musical distorções que desviem de Deus e do Céu a mente, pondo-a sobre coisas volúveis e fúteis. T1 510 1 O que quer que façam os jovens mediante palavras ou ações, façam-no em nome de Jesus, dando graças a Deus, o Pai, por Ele. Vi que poucos jovens compreendem o que é ser cristãos, ser semelhantes a Cristo. Precisam aprender as verdades da Palavra de Deus antes de poderem conformar sua vida com o Modelo. Não há um jovem entre vinte que experimentou em sua vida aquela separação do mundo que o Senhor exige de todos os que se tornam membros de Sua família, filhos do Rei celestial. "Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso." 2 Coríntios 6:17, 18. T1 510 2 Que promessa é feita aqui sob condição de obediência! Estão vocês dispostos a libertar-se de amigos e parentes ao decidirem obedecer às elevadas verdades da Palavra de Deus? Tenham bom ânimo, Deus fez provisão para vocês. Seus braços estão abertos para recebê-los. Saiam do meio deles e separem-se; não toquem "nada imundo" (2 Coríntios 6:17), e Ele os receberá. Ele promete ser um Pai para vocês. Oh, que parentesco esse! Mais elevado e santo do que qualquer laço terrestre. Se fizerem o sacrifício, se for preciso deixar pai, mãe, irmãs, irmãos, esposa e filhos por amor a Cristo, vocês não ficarão sem amigos. Deus os adotará em Sua família; vocês se tornarão membros da casa real, filhos e filhas do Rei que governa no Céu dos céus. Podem vocês desejar posição maior do que a que é aqui prometida? Isso não é suficiente? Disse o anjo: "O que Deus poderia fazer pelos filhos dos homens que Ele já não o tenha feito? Se tal amor, tais excelsas promessas não forem apreciadas, podia Ele inventar algo mais alto, mais rico e sublime? Tudo o que Deus poderia fazer pela salvação do homem foi feito, todavia, o coração dos filhos dos homens se endureceu. Por causa da diversidade das bênçãos com as quais Deus os cercou, eles as recebem como coisas comuns e se esquecem de seu misericordioso Benfeitor." T1 511 1 Vi que Satanás é um inimigo vigilante, atento ao seu desígnio de dirigir a juventude num modo de proceder inteiramente contrário ao que Deus aprovaria. Ele bem sabe não haver outra classe que, como os rapazes e moças consagrados a Deus, possa fazer tanto bem. A juventude, quando reta, pode exercer poderosa influência. Pregadores ou leigos de idade avançada não podem ter, sobre a juventude, metade da influência que os jovens consagrados têm sobre seus companheiros. Estes deveriam sentir a responsabilidade que sobre eles pesa para tudo fazer por salvar seus mortais semelhantes, mesmo com o sacrifício de seus prazeres e desejos naturais. Tempo e mesmo meios, se tanto for preciso, devem ser consagrados a Deus. Todos os que professam piedade devem sentir o perigo dos que estão sem Cristo. Breve terminará seu tempo de graça. Os que poderiam ter exercido influência para salvar pessoas, se houvessem seguido o conselho de Deus, e no entanto não cumpriram seu dever por egoísmo, indolência ou por se envergonharem da cruz de Cristo, não só se perderão, mas terão sobre suas vestes o sangue dos pobres pecadores. Essas pessoas terão de dar contas do bem que poderiam ter feito se houvessem sido consagradas a Deus, porém não o fizeram por causa de sua infidelidade. Os que provaram as doçuras do amor remidor não repousarão, nem poderão fazê-lo, sem que todos com quem mantêm relações tenham entrado em contato com o plano da salvação. Os jovens devem perguntar: "'Senhor, que queres que faça?' Atos dos Apóstolos 9:6. Como posso honrar e glorificar Teu nome sobre a Terra?" Pessoas perecem em torno de nós, e que responsabilidade de ganhar pessoas para Cristo pesa sobre a juventude! Os que freqüentam escola poderiam exercer influência em favor do Salvador; mas quem menciona o nome de Cristo? e quem é visto insistindo com terna solicitude com seus companheiros, para que abandonem os caminhos do pecado e escolham a caminho da santidade? T1 512 1 Foi-me mostrado que essa é a conduta que os jovens crentes devem adotar, mas não o fazem; está mais em harmonia com seus sentimentos unirem-se aos pecadores no divertimento e no prazer. Os jovens têm uma vasta esfera de utilidade, mas não a vêem. Oh! se eles exercessem agora suas faculdades mentais em procurar meios de se aproximar dos pecadores prestes a perecer, a fim de lhes tornar conhecida a caminho da santidade, e, mediante oração e súplica, vir a conquistar ao menos uma pessoa para Cristo! Que nobre empreendimento! Alguém para louvar a Deus por toda a eternidade! Alguém para fruir a felicidade e a vida eterna! Uma pedra preciosa em sua coroa para brilhar qual estrela para todo o sempre! Porém, mesmo mais que uma pessoas pode ser levada a se desviar do erro para a verdade, do pecado para a santidade. Diz o Senhor por meio do profeta: "E os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas, sempre e eternamente." Daniel 12:3. Então os que se empenham com Cristo e os anjos na obra de salvar pessoas a perecer, são ricamente recompensados no reino do Céu. T1 512 2 Vi que muitos se salvariam, caso os jovens estivessem no lugar em que se deveriam achar, consagrados a Deus e à verdade; mas em geral assumem uma posição em que se lhes deve dedicar contínuo labor, do contrário eles próprios se tornarão do mundo. São uma constante fonte de ansiedade e aflição. Lágrimas são vertidas por sua causa, e são arrancadas do coração dos pais angustiosas súplicas em seu favor. Eles, todavia, prosseguem, descuidosos da dor produzida por seu procedimento. Cravam espinhos no peito dos que dariam a vida para os salvar, e fazer com que se tornassem aquilo que Deus designou que fossem, por meio dos méritos do sangue de Cristo. T1 512 3 Embora a juventude esteja exercitando suas habilidades para executar essa ou aquela bela peça de arte, não percebem que Deus deles requer que empreguem os talentos num objetivo superior; que ornem sua profissão de fé e busquem salvar pessoas por quem Cristo morreu. Uma única pessoas salva é de maior valor do que mundos. Ouro e riquezas terrenas não são para se comparar com a salvação de uma única pessoa. T1 513 1 Rapazes e moças, eu vi que Deus tem uma obra para vocês fazerem; tomem a sua cruz e sigam a Cristo, ou serão indignos dEle. Enquanto permanecem em descuidosa indiferença, como podem dizer qual seja a vontade de Deus a seu respeito? e como esperam ser salvos, a não ser que, como servos fiéis, façam a vontade de seu Senhor? Os que hão de possuir a vida eterna terão todos agido corretamente. O Rei da glória exaltá-los-á a Sua direita, enquanto lhes diz: "Bem está, servo bom e fiel." Mateus 25:21. Como poderão dizer quantas pessoas seria possível salvar da ruína se, em vez de atentar para seu prazer, estivessem buscando a obra que podem fazer na vinha do Mestre? Quantas pessoas essas reuniões de conversação e música têm podido salvar? Se vocês não podem apontar uma pessoa assim conquistada, mudem, oh! mudem sua conduta. Comecem a orar por pessoas, acheguem-se a Cristo, bem próximo a Seu lado ensangüentado. Seja sua vida adornada por um espírito manso e quieto, e ascendam a Ele suas fervorosas, contritas e humildes petições em busca de sabedoria a fim de terem êxito em salvar, não somente a si mesmo, mas a outros. Orem mais do que cantem. Não têm vocês mais necessidade de oração do que de cânticos? Rapazes e moças, Deus os chama a trabalhar, trabalhar para Ele. Efetuem inteira mudança em sua conduta. Vocês podem realizar uma obra que os que ministram em palavra e doutrina não podem fazer. É-lhes possível alcançar uma classe a quem ao pastor não é dado influenciar. ------------------------Capítulo 87 -- Recreação para os cristãos T1 514 1 Foi-me mostrado que os observadores do sábado, como um povo, trabalham demasiado e arduamente sem se permitirem mudanças ou períodos de repouso. A recreação é necessária aos que se acham ocupados em labor físico, e mais ainda, essencial àqueles cujo trabalho é especialmente mental. Não é essencial a nossa salvação, nem para a glória de Deus, manter o espírito em contínuo e excessivo labor, mesmo sobre temas religiosos. Há distrações, como a dança, o jogo de cartas, xadrez, damas, etc., que não podemos aprovar porquanto o Céu as condena. Estas diversões abrem a porta a grandes males. Não são benéficas em sua tendência, antes exercem efeito excitante, produzindo em alguns espíritos uma paixão por aquelas diversões que conduzem ao jogo e à dissipação. Todos esses divertimentos devem ser condenados pelos cristãos, e seu lugar ser substituído por qualquer coisa perfeitamente inofensiva. T1 514 2 Vi que não se devem passar nossos feriados a exemplo do mundo, mas não devemos passá-los por alto, pois isso traria descontentamento aos nossos filhos. Nestes dias em que há perigo de serem expostos às más influências e corrompidos pelos prazeres e atrações do mundo, estudem os pais o meio de proporcionar-lhes alguma coisa que substitua entretenimentos mais perigosos. Dêem a entender a seus filhos que vocês têm em vista seu bem-estar e felicidade. T1 514 3 Unam-se várias famílias que residem numa cidade ou vila, e deixem as ocupações que as cansaram física e mentalmente, e façam uma excursão ao campo, às margens de um belo lago, ou a um bonito bosque, onde seja lindo o cenário da Natureza. Devem prover-se de alimento simples e saudável, das melhores frutas e cereais, pondo a mesa à sombra de alguma árvore ou sob a abóbada celeste. A viagem, o exercício e o panorama despertarão o apetite e poderão desfrutar de uma refeição que causaria inveja aos próprios reis. T1 515 1 Nessas ocasiões, pais e filhos devem sentir-se livres dos cuidados, do trabalho e de toda preocupação. Os pais devem sentir-se pequenos com seus filhos, tornando-lhes tudo tão agradável quanto possível. Seja o dia todo uma contínua recreação. O exercício ao ar livre, para aqueles cujo trabalho é dentro de casa e sedentário, beneficiar-lhes-á a saúde. Todos os que podem, devem sentir o dever de seguir este procedimento. Nada se perderá; mas ganhar-se-á muito. Voltarão às suas ocupações com nova vida e novo ânimo para empreender de novo sua tarefa com mais zelo, e estarão melhor preparados para resistir à enfermidade. T1 515 2 Vi que poucos compreendem o trabalho constante e cansativo daqueles que têm sobre si a responsabilidade das tarefas no Escritório. Eles estão confinados atrás das portas, dia após dia e semana após semana, enquanto que uma carga pesada sobre suas energias mentais está certamente minando seu organismo e reduzindo sua expectativa de vida. Esses irmãos estão em perigo de prostrar-se repentinamente. Não são imortais, e sem uma mudança, eles se desgastarão e estarão incapacitados para o trabalho. T1 515 3 Os irmãos A, B e C são possuidores de dons preciosos. Não podemos aceitar que arruínem a saúde por excessivo confinamento e trabalho incessante. Onde poderíamos encontrar homens com sua experiência para ocupar-lhes o lugar? Dois deles trabalham no Escritório há catorze anos, diligente, consciente e abnegadamente prestando serviços para o progresso da causa de Deus. Raramente têm eles qualquer alteração em sua rotina, exceto quando atacados por febres ou enfermidades. Eles precisam alterar com freqüência seu ritmo, dedicando um dia inteiro à recreação com suas famílias, que estão quase que inteiramente separadas de sua presença. Nem todos podem deixar o trabalho ao mesmo tempo, mas devem ordenar suas ocupações para que um ou dois possam sair, deixando outros em seu lugar; e esses, por sua vez, ter a mesma oportunidade depois. T1 515 4 Vi que os irmãos A, B e C devem considerar como dever religioso cuidar da saúde e vitalidade que Deus lhes deu. O Senhor não requer que se tornem mártires por Sua causa. Não terão nenhuma recompensa por tal sacrifício, pois Deus quer que vivam. Eles podem servir à causa da verdade presente muito melhor vivos do que mortos. Se algum desses irmão for repentinamente prostrado pela doença, ninguém deve achar que isso foi um castigo do Senhor. Seria apenas o seguro resultado da transgressão das leis da Natureza. Deveriam eles atentar às advertências dadas, e não continuar a violar e sofrer pesadas conseqüências. T1 516 1 Vi que esses irmãos podem beneficiar a causa de Deus assistindo, tanto quanto possível, às reuniões de assembléia realizadas longe de seu lugar de trabalho. O trabalho que lhes foi dado é importante, e eles necessitam nervos e mente saudáveis, mas não é possível que sua mente seja aliviada e revigorada como Deus gostaria, enquanto confinados incessantemente no Escritório. Foi-me mostrado que será benéfico à obra em geral e aos que estão na administração da obra em Battle Creek, conhecerem seus irmãos de fora, associando-se com eles nas assembléias. Isso dará aos irmãos distantes maior confiança naqueles que têm sobre os ombros as responsabilidades da obra, e aliviará a tensão mental dos dirigentes, tornando-os melhor relacionados com o progresso da obra e as necessidades da causa. Isso fortalecerá sua esperança, renovará a fé e aumentará sua coragem. O tempo assim empregado não será perdido e proporcionará melhores vantagens. Esses irmãos têm qualidades que os tornam, em mais elevado grau, capazes de desfrutar a vida social. Devem hospedar-se nos lares de seus irmãos de outras localidades, beneficiando e sendo beneficiados pelo intercâmbio de idéias e pontos de vista. T1 516 2 Apelo especialmente ao irmão C para mudar o rumo de sua vida. Ele não pode exercitar-se como outros do Escritório. A atividade interna e sedentária o está preparando para um repentino colapso. Ele não pode continuar fazendo o que sempre fez. Deve passar mais tempo ao ar livre, com períodos de trabalho leve de natureza especial, ou algum exercício agradável de caráter recreativo. Um confinamento tal como o que ele se impôs abalaria o organismo do animal mais forte. Isso é cruel, pernicioso, um pecado contra si mesmo, contra o qual ergo minha voz em advertência. Irmão C, a maior parte de seu tempo deve ser gasta ao ar livre, cavalgando ou em outro exercício agradável, ou você morrerá, deixando sua esposa viúva e seus filhos órfãos, todos os que o amam. O irmão C está qualificado para instruir outros através da exposição da Palavra. Ele pode servir à causa de Deus e beneficiar-se, participando das grandes reuniões dos observadores do sábado e dando testemunho para a edificação daqueles que têm o privilégio de ouvi-lo. Essa mudança o manteria mais tempo ao ar livre. Sua circulação sangüínea é lenta, por necessidade do revigorante ar do céu. Ele tem desempenhado muito bem sua parte no trabalho do Escritório, mas ainda tem necessidade da eletrizante influência do ar puro e da luz solar, para tornar seu trabalho ainda mais espiritual e estimulante. T1 517 1 Em 5 de Junho de 1863, foi-me mostrado que meu marido devia conservar sua vitalidade e saúde, pois Deus ainda tinha uma grande tarefa para nós. Obtivéramos boa experiência desde o início da obra através de Sua providência, e assim nosso trabalho seria de grande importância para Sua causa. Vi que o constante e excessivo trabalho de meu marido estava consumindo suas reservas, as quais Deus desejava que ele preservasse, e que se ele continuasse a sobrecarregar suas capacidades físicas e mentais como estava fazendo, as esgotaria para o futuro e gastaria o capital. Destruir-se-ia prematuramente e a causa de Deus seria desprovida de seu trabalho. A maior parte de seu tempo ele dispensava ao trabalho que outros poderiam fazer no Escritório, ou envolvido em transações comerciais que devia evitar. Deus desejava que nós dois reservássemos nossas energias para serem especialmente usadas quando precisássemos realizar o trabalho que outros não pudessem fazer, e para o qual Ele nos designou, preservando-nos a vida e dando-nos valiosa experiência. Desse modo, poderíamos ser um benefício para Seu povo. T1 518 1 Não tornei isso público porque fora uma mensagem dada especialmente a nós. Se a admoestação houvesse sido plenamente atendida, a aflição pela qual meu marido passou teria sido evitada. A obra de Deus era urgente e parecia não permitir nenhum descanso ou afastamento. Meu marido era compelido a um constante e cansativo trabalho. A ansiedade por seus irmãos sujeitos ao serviço militar e também a rebelião em Iowa, manteve sua mente em contínua tensão e suas energias físicas se esgotaram totalmente. Em vez de ficarem mais leves, os fardos se tornaram mais pesados, e as preocupações, em lugar de diminuir, triplicaram. Mas, certamente havia um meio de escape, ou Deus não teria dado a advertência que deu, e não permitiria que meu marido sucumbisse sob esse pesado tributo. Vi que se ele não houvesse sido especialmente sustido por Deus, teria suas forças físicas e mentais prostradas antes do que ocorreu. T1 518 2 Quando Deus diz uma coisa, Ele quer dizer isso mesmo. Quando Ele adverte, é bom dar-Lhe ouvidos. A razão por que agora falo publicamente é que a mesma advertência feita a meu marido tem sido dada a outros que estão ligados ao Escritório. Vi que, a menos que mudem de conduta, estão sob o mesmo risco de ser atingidos como foi meu marido. Não desejo que outros sofram o que ele padeceu. Mas o que mais deve ser temido é que eles estariam perdidos por um tempo para a causa e o trabalho de Deus, quando o auxílio e a influência de todos eles são muito necessários. T1 518 3 Os que estão vinculados ao Escritório não podem suportar o volume de cuidados e trabalho que meu marido enfrentou por anos. Eles não possuem a mesma compleição e resistência de meu esposo. Eles podem não suportar as perplexidades e o trabalho constante e cansativo que ele, por vinte anos, agüentou. Não posso suportar o pensamento de que alguém no Escritório sacrifique sua saúde e energias mediante excessivo trabalho, de modo a comprometer prematuramente sua utilidade e ficar incapacitado para o trabalho na vinha do Senhor. Não são apenas os apanhadores dos frutos os trabalhadores essenciais. Todos quantos auxiliam cavando em volta das plantas, regando, podando e erguendo os ramos caídos da videira, dirigindo as gavinhas para se fixarem nas treliças, o seguro suporte, são obreiros que não podem ser dispensados. T1 519 1 Os irmãos, do Escritório, acham que não podem deixar o trabalho por uns dias para uma mudança de ares, para recreação, mas isso é um erro. Podem e devem fazê-lo. Mesmo que não se tenha podido fazer muito, seria melhor deixar o trabalho por uns poucos dias do que prostrar-se pela doença e afastar-se da obra de Deus por meses ou, talvez, para sempre. T1 519 2 Meu marido pensava que não era certo despender tempo em reuniões sociais. Não se dispunha a descansar. Achava que o trabalho no Escritório seria prejudicado. Mas depois que lhe sobreveio o golpe, causando-lhe prostração física e mental, seu serviço foi executado sem ele. Vi que os irmãos envolvidos em trabalhos de responsabilidade no Escritório, devem trabalhar sob um esquema diferente, e fazer seus planos para alterar a rotina. Se for necessária mais ajuda, obtenham-na, e que sejam aliviados aqueles que estão constantemente confinados e sujeitos à tensão mental. Eles devem assistir às convocações das assembléias. Precisam desfazer-se dos cuidados, partilhar da hospitalidade dos irmãos, desfrutar sua companhia e as bênçãos das reuniões. Assim receberão idéias novas e suas esgotadas energias despertarão para uma nova vida. Voltarão ao trabalho melhor qualificados para desempenhar sua parte, com maior compreensão das necessidades da causa. T1 520 1 Irmãos de outras partes, vocês estão dormindo a respeito desse assunto? Deverão espantar-se pela queda de outro dos obreiros de Deus a quem amam? Estes homens são propriedade da igreja. Suportariam vê-los sucumbir sob as cargas? Apelo que pensem de maneira diferente. Peço a Deus que a amarga experiência que tivemos nunca seja permitida a qualquer dos irmãos do Escritório. Recomendo especialmente que cuidem do irmão C. Deverá ele morrer por falta de ar, do vitalizante ar do céu? O procedimento que ele segue lhe está encurtando a vida. Por encerrar-se entre quatro paredes, seu sangue se tornou infetado e de circulação lenta; o fígado foi afetado e a atividade cardíaca é inadequada. A menos que ele mude, a Natureza tomará o trabalho em suas próprias mãos. Ela tentará livrar o organismo expelindo as impurezas do sangue. Convocará todas as forças vitais a atuar, e todo o corpo será afetado. Tudo isso pode redundar em paralisia ou apoplexia. Mesmo que supere a crise, a perda de tempo será grande e as probabilidades de recuperação muito pequenas. Se o irmão C não se conscientizar, aconselho que vocês que têm interesse na causa da verdade presente, tomem-no, assim como foi feito com Lutero por seus amigos, e o levem para bem longe do trabalho. T1 520 2 Depois de escrever o texto acima, tive conhecimento de que a maior parte de Thoughts on the Revelation (Reflexões Sobre o Apocalipse) foi escrita à noite, após o trabalho diário do autor. Esse também foi o caminho seguido por meu esposo. Protesto contra tal suicídio. Os irmãos que mencionei e que estão confinados no Escritório, serviriam melhor à causa de Deus assistindo às reuniões e usufruindo períodos de recreação. Assim conservariam suas faculdades físicas e mentais nas melhores condições para dedicá-las à causa. Não se deve permitir que se sintam incapacitados por não receberem salário. Seus pagamentos devem continuar sendo pagos e eles liberados. Estão fazendo uma grande obra. ------------------------Capítulo 88 -- O traje da reforma T1 521 1 Em resposta às cartas de muitas irmãs que faziam perguntas com respeito ao comprimento apropriado do vestido da reforma do vestuário, devo dizer que em nossa parte do Estado de Michigan, adotamos o comprimento uniforme de aproximadamente 23 centímetros acima do chão. Aproveito esta oportunidade para responder a essas perguntas, a fim de poupar o tempo requerido para atender às muitas cartas. Eu deveria ter falado antes, mas esperei até ver algo definido sobre esse ponto no Health Reformer (Reformador da Saúde). Recomendo enfaticamente que haja uniformidade no comprimento do vestido. Diria que aproximadamente 23 centímetros estão de acordo com minhas visões sobre o assunto. T1 521 2 Quando viajo de um lugar para outro, observo que o traje da reforma do vestuário não é corretamente representado, e sou levada a concluir que algo mais definido precisa ser dito para que possa haver uniformidade a esse respeito. Esse estilo de vestuário é impopular, e por essa razão simplicidade e bom gosto precisam ser exercidos por aquelas que o adotam. Já falei sobre esse ponto, mas algumas não seguiram os conselhos dados. Deveria haver uniformidade quanto à questão do comprimento do vestido da reforma entre os observadores do sábado. Aquelas que se tornam singulares por adotá-lo, não deveriam pensar sequer por um momento que é desnecessário mostrar ordem, bom gosto e simplicidade. Antes de adotar o vestido da reforma, nossas irmãs precisam adquirir modelos de calças e bata para usar com ele. É um grande prejuízo para a reforma do vestuário que pessoas apresentem à comunidade um estilo que necessita de reforma em cada particular, antes que possam representar devidamente o traje da reforma. Esperem, irmãs, até poderem usar o vestido certo. T1 521 3 Em alguns lugares há grande oposição ao vestido curto. Mas quando vejo alguns modelos usados pelas irmãs, não me espanto de que o povo esteja escandalizado, condenando o traje. Onde o vestido é apresentado como deveria ser, todas as pessoas sinceras são constrangidas a admitir que ele é modesto e conveniente. Tenho visto em algumas de nossas igrejas todos os tipos de vestidos da reforma, todavia, nenhum atende à descrição que me foi apresentada. Alguns vestidos aparecem com calças brancas de musselina, mangas brancas, enfeites de musselina negra e uma bata sem mangas, do mesmo tecido do vestido. Algumas têm um vestido de morim com calças cortadas segundo seus próprios moldes e não segundo o "modelo", sem goma ou entretela para lhes dar forma, e bem apertado nos membros. Certamente esses vestidos nada têm de bom gosto ou simplicidade. Eles não se recomendam a pessoas sensíveis e de bom discernimento. Em todos os sentidos da palavra, é um vestido deformado. T1 522 1 As irmãs cujos maridos se têm oposto ao uso do vestido mais curto, têm solicitado meu conselho. Aconselho-as a esperar. Não considero a questão do vestuário de tão vital importância quanto o sábado. Com respeito ao sábado, não pode haver nenhuma hesitação. Mas a oposição que muitos sofreriam se adotassem a reforma do vestuário, seria mais prejudicial à saúde do que os eventuais benefícios que o vestido poderia trazer. Muitas dessas irmãs me têm dito: "Meu marido aprecia seu modelo de vestido. Ele diz que não encontra defeito algum nele." Isso me tem levado a pensar sobre a necessidade de nossas irmãs representarem corretamente a reforma do vestuário, manifestando asseio, ordem e uniformidade no vestir. Tenho modelos preparados para levar comigo nas viagens, prontos para entregar às nossas irmãs com quem nos encontraremos, ou para enviar via correio a todas as que os pedirem. Nosso endereço será publicado na Review. T1 522 2 Aquelas que adotam o vestido mais curto deveriam demonstrar bom gosto na seleção de cores. Quem não puder comprar um vestido novo deve fazer o melhor que estiver ao seu alcance para mostrar bom gosto e singeleza ao reformar velhos vestidos, tornando-os como novos. Elas devem ser cuidadosas em ter as calças e o vestido do mesmo tecido e cor para não parecer extravagantes. Velhos vestidos podem ser talhados segundo o modelo correto e ajustados com bom gosto, parecendo novos. Solicito a vocês, irmãs, não confeccionem modelos segundo suas próprias idéias. Conquanto haja modelos corretos e de bom gosto, há também os impróprios e de mau gosto. T1 523 1 Esse vestido não precisa de armações e espero que ele nunca seja arruinado por elas. Nossas irmãs não necessitam de muitos saiotes para armar o vestido. É muito mais conveniente um caimento natural com um ou dois saiotes leves. O damasco de lã é um excelente tecido para saias externas; ele mantém sua firmeza e é durável. Se alguma outra coisa for usada com as saias, que seja moderada. Os acolchoados são desnecessários. Contudo, freqüentemente eu os vejo sendo usados, e algumas vezes indo um pouco abaixo do vestido, dando assim uma aparência imodesta e descuidada. Saiotes brancos usados com vestidos escuros, não tornam o vestido curto. Sejam cuidadosas, minhas irmãs, em manter seus saiotes limpos, simples e delicados. Confeccionem-nos de bom tecido e, em todos os modelos, uns oito centímetros mais curtos do que o vestido. Se for usado algo para armar a saia, que seja pequeno e distando cerca de 23 a 45cm da parte inferior do vestido ou saia externa. Se um cordel ou algo semelhante for colocado diretamente ao redor da barra da saia, ele simplesmente inflará essa parte, fazendo com que o vestido apareça inconveniente quando a usuária estiver sentada ou inclinada. T1 523 2 Ninguém precisa temer que eu faça da reforma do vestuário meu principal assunto enquanto viajamos de lugar em lugar. Aqueles que me ouviram falar sobre esse assunto agirão segundo a luz que lhes foi dada. Cumpri meu dever; dei meu testemunho. Os que me ouviram e leram o que escrevi devem agora assumir a responsabilidade de receber ou rejeitar a luz dada. Se se aventurarem em ser ouvintes esquecidos e que não "fazem a obra" (2 Reis 22:5), assumirão os próprios riscos e serão responsáveis diante de Deus pela conduta que seguirem. Estou livre de responsabilidade. Não devo obrigar ninguém nem condenar. Essa não é a obra que me foi confiada. Deus conhece Seus filhos humildes, obedientes e dispostos, e os recompensará de acordo com o fiel cumprimento da Sua vontade. Para muitos, a reforma do vestuário é muito simples e humilhante para ser adotada. Eles não podem erguer a cruz. Deus atua por meios simples para separar e distinguir Seus filhos do mundo, mas alguns estão tão afastados da simplicidade da obra e métodos de Deus, que estão acima dela e não nela. T1 524 1 Minha atenção foi chamada para o seguinte texto bíblico: "Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes que nos cantos das suas vestes façam borlas pelas suas gerações; e as borlas em cada canto presas por um cordão de azul. E as borlas vos serão para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor, e os cumprais; o não seguirdes os desejos do vosso coração, nem dos vossos olhos, após os quais andais adulterando. Para que vos lembreis de todos os Meus mandamentos, e os cumprais, e santos sereis a vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para vos ser por Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus." Números 15:38-41. Deus ordena expressamente um simplíssimo adorno de vestuário para os filhos de Israel, com o propósito de distingui-los das nações idólatras que os cercavam. Quando eles olhassem para essa peculiaridade de suas vestes, lembrar-se-iam de que eram o povo que guardava os mandamentos de Deus, e que Ele havia atuado de maneira miraculosa para livrá-los do cativeiro egípcio, a fim de que O servissem e Lhe fossem um povo santo. Eles não deviam atender aos próprios desejos ou imitar as nações idólatras, mas permanecer como um povo distinto, separado e que todos os que os olhassem pudessem dizer: Eis aqueles que Deus tirou da terra do Egito e que guardam a lei dos Dez Mandamentos. Um israelita deveria ser reconhecido tão logo fosse visto, pois Deus, através de meios simples, os distinguia como Seus. T1 524 2 A ordem dada por Deus aos filhos de Israel para colocarem uma fita azul em suas vestes, não deveria ter nenhuma influência direta sobre sua saúde. Apenas enquanto Deus os abençoasse e a fita mantivesse em sua memória as elevadas reivindicações de Jeová, seriam guardados de misturar-se com outras nações, participando de suas festas licenciosas e comendo carne de porco e ricos alimentos prejudiciais à saúde. Deus deseja agora que Seu povo adote o vestuário da reforma, não apenas para distingui-los do mundo como Seu povo peculiar, mas porque uma reforma no vestuário é essencial à sua saúde física e mental. O povo de Deus tem, em grande medida, perdido seus traços distintivos, gradualmente se modelando segundo o mundo e mesclando-se com ele, até que em muitos respeitos se torna semelhante a ele. Isso desagrada a Deus. Ele os dirige, assim como conduziu os filhos de Israel do passado, a saírem do mundo e abandonarem suas práticas idólatras, não seguindo o próprio coração (pois que esse não é santificado) ou sua visão, que os têm conduzido para longe de Deus e os unido ao mundo. T1 525 1 Algo deve ser feito para diminuir o envolvimento do povo de Deus com o mundo. O traje da reforma é simples e saudável, todavia, há uma cruz nele. Agradeço a Deus pela cruz e alegremente curvo-me para erguê-la. Temo-nos unido tanto ao mundo que perdemos de vista a cruz e não desejamos sofrer por amor a Cristo. T1 525 2 Não precisamos inventar uma cruz, mas se Deus no-la apresenta, deveríamos alegremente tomá-la. Ao aceitar a cruz, somos distinguidos do mundo, que não nos ama e ainda ridiculariza nossa peculiaridade. Cristo foi odiado porque Ele não era do mundo. Podem Seus seguidores esperar melhor sorte que seu Mestre? Se não sofremos censura ou desdém do mundo podemos ficar alarmados, pois é nossa conformidade com o mundo que nos torna tão semelhantes a ele, que não desperta seus ciúmes ou sua malícia. Não há confronto de caráter. O mundo despreza a cruz. "Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus." 1 Coríntios 1:18. "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu, para o mundo." Gálatas 6:14.* ------------------------Capítulo 89 -- Suspeitas sobre Battle Creek T1 526 1 Em 1865, vi que alguns, movidos por sentimentos de inveja, sentiam-se em liberdade de falar levianamente da igreja de Battle Creek. Alguns olham com suspeita tudo o que ali acontece e ficam felizes se descobrem algo que supõem trará descrédito à igreja e lhes dará vantagem. Deus não Se agrada com tal espírito e conduta. De que fonte nossas igrejas de outros lugares obtêm luz e conhecimento da verdade? Isso tem provindo dos meios que Deus ordenou, cujo centro está em Battle Creek. Quem tem os fardos da obra? São aqueles que trabalham zelosamente em Battle Creek. Encargos e pesadas preocupações estão sobre aqueles que permanecem na frente de acirrada batalha. Perplexidades e tensão mental afligem a todos os que estão envolvidos em tomar decisões altamente importantes, em ligação com a obra de Deus. Nossos irmãos distantes que não têm sobre si esse fardo, deveriam sentir-se gratos e louvar a Deus por serem assim favorecidos, e os últimos a serem descobridores de faltas, ciumentos e invejosos, dizendo: "Denunciai, e o denunciaremos!" Jeremias 20:10. T1 526 2 A igreja de Battle Creek tem sustentado as cargas das Associações, as quais têm imposto pesados tributos sobre quase todos. Em conseqüência do trabalho extra, muitos têm ficado debilitados por vários meses. Eles têm suportado as responsabilidades prazerosamente, mas sentem-se tristes e desanimados pela insensível indiferença de alguns e o cruel ciúme de outros, após esses retornarem às várias igrejas de onde procedem. Irrefletidamente são feitos comentários, de modo intencional por uns e descuidoso por outros, concernentes aos que têm responsabilidades ali e aos que estão à testa da obra. Deus tem registrado todas essas conversas, o ciúme e a inveja que as motiva. É mantido um fiel registro. Muitos agradecem a Deus pela verdade e então torcem palavras, questionam e acham defeitos naqueles a quem o Céu ordenou torná-los o que são, ou o que deveriam ser. Deus ficaria muito mais satisfeito se eles agissem como Arão e Hur, sustentando as mãos daqueles que arcam com grandes e pesadas cargas da obra de Deus. Murmuradores e lamentadores deveriam permanecer em casa, onde estarão livres da tentação; onde não podem alimentar seus ciúmes, ruins suspeitas e críticas. Sua presença nas reuniões é um verdadeiro fardo. "São nuvens sem água." Judas 12. T1 527 1 Os que se sentem em liberdade de criticar e censurar aqueles a quem Deus escolheu para desempenhar um importante papel nessa última e grande obra, fariam melhor se se convertessem e obtivessem a mente de Cristo. Lembrem-se eles dos filhos de Israel que eram tão prontos em achar faltas em Moisés, a quem Deus designou para dirigir Seu povo a Canaã, e murmurar contra o próprio Deus. Todos esses murmuradores caíram no deserto. É fácil rebelar-se; fácil opor-se antes de considerar as questões racional e calmamente, e verificar se há realmente algo a combater. Os filhos de Israel são um exemplo para nós, "para quem os fins dos tempos são chegados". 1 Coríntios 10:11. T1 527 2 Muitos têm facilidade de questionar e achar falhas com respeito aos assuntos em Battle Creek, mais do que dizer o que deveria ser feito. Alguns até se aventuram a assumir essa responsabilidade, mas logo descobrem que são inexperientes e lançam o trabalho por terra. Se esses faladores e críticos fossem eles mesmos portadores de fardos, e orassem pelos obreiros, seriam abençoados e abençoariam a outros por seu piedoso exemplo, vida e influência santas. É simples para muitos falar mais do que orar. Faltam-lhes espiritualidade e santidade, e sua influência é um dano à causa de Deus. Em lugar de sentir que a obra em Battle Creek é seu trabalho e que eles têm interesse em seu progresso, ficam de lado como meros espectadores, questionando e descobrindo falhas. Aqueles que assim procedem são os mesmos que não têm experiência nessa obra e pouco sofreram pela causa da verdade. ------------------------Capítulo 90 -- Transferindo responsabilidades T1 528 1 Os irmãos observadores do sábado que passam a responsabilidade de sua mordomia para as mãos das esposas, enquanto eles mesmos estão em condições de assumi-la, são insensatos, e ao transferi-la desagradam a Deus. A mordomia do marido não pode ser transferida para a esposa. No entanto acontece às vezes tal coisa, com grande prejuízo para ambos. Às vezes o marido crente tem transferido sua propriedade para a companheira descrente, esperando assim satisfazê-la, desarmar-lhe a oposição, e finalmente induzi-la a crer na verdade. Mas isso não é nada mais do que uma tentativa de comprar a paz, ou subornar a esposa para crer na verdade. Os meios que Deus emprestou para levar avante Sua causa transfere o marido para alguém que nenhuma simpatia tem para com a verdade; que contas tal mordomo prestará quando o grande Mestre exigir o que é Seu com os juros? T1 528 2 Pais crentes têm, freqüentemente, transferido sua propriedade para filhos descrentes, tirando assim toda a possibilidade de darem a Deus o que Lhe pertence. Ao assim fazerem, eximem-se da responsabilidade que Deus sobre eles colocou e põem nas fileiras do inimigo meios que Deus lhes confiou para Lhe serem devolvidos e empregados em Sua causa quando deles o requerer. Não é plano de Deus que os pais que estão em condições de dirigir seus próprios negócios entreguem o controle de sua propriedade, mesmo a filhos que sejam da mesma fé. Raramente possuem eles a dedicação à causa de Deus que deveriam ter, e não têm passado pela escola da adversidade e da aflição, de modo a terem a mais elevada consideração pelo tesouro eterno e menos estima aos tesouros terrenos. Os meios colocados nas mãos de tais pessoas se tornam o maior dos males. É para eles uma tentação dedicar sua afeição ao que é terreno, confiar na propriedade, e achar que eles pouco mais necessitam além disso. Ao ficarem de posse dos meios que não adquiriram com seus próprios esforços, dificilmente os usam sabiamente. T1 529 1 O marido que transfere sua propriedade para a esposa, abre para ela uma larga porta de tentação, quer seja ela crente ou descrente. Se é crente, e de natureza mesquinha, inclinada ao egoísmo e a adquirir, a luta será muito maior para ela ao ter de manejar a mordomia do marido e a sua própria. Para poder ser salva, deve vencer todos esses maus traços que lhe são peculiares e imitar o caráter do seu divino Senhor, buscando a oportunidade de fazer bem aos outros e amando os outros como Cristo nos amou. Deve cultivar o precioso dom do amor que nosso Salvador possuía em tão grande escala. Sua vida era caracterizada por nobre e desinteressada benevolência. Toda ela não teve a mancha de um único ato egoísta. T1 529 2 Sejam quais forem os motivos do marido, pôs ele uma terrível pedra de tropeço no caminho da esposa, a lhe embaraçar a obra de vencer. E se a transferência for feita para os filhos, podem seguir-se os mesmos maus resultados. Deus lê seus motivos. Se ele for egoísta e tiver feito a transferência para encobrir sua cobiça e se justificar de fazer qualquer coisa para o avanço da causa, seguir-se-á certamente a maldição do Céu. Deus lê os propósitos e intenções do coração, e prova os motivos dos filhos dos homens. Pode ser que Seu assinalado e visível desagrado não se manifeste como no caso de Ananias e Safira, contudo, no fim, o castigo não será de modo algum mais leve do que o que lhes foi infligido. Procurando enganar os homens, estavam mentindo a Deus. "A alma que pecar, essa morrerá." Ezequiel 18:4. T1 530 1 Esses não suportarão o Juízo melhor do que o homem que recebeu um talento e o escondeu na terra. Quando chamado a prestar contas, acusou a Deus de injustiça: "Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu." Mateus 25:24. Disse Deus: "Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez. ... Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes." Mateus 25:28, 30. Esse homem estava temeroso de que seu senhor fosse beneficiado com a melhoria de seu talento. T1 530 2 Vi que há muitos que envolveram seus talentos num lenço e os enterraram. Eles parecem pensar que cada centavo investido na causa de Deus está perdido, sem chance de recuperação. Para os que assim pensam, assim realmente acontece. Eles não receberão qualquer recompensa. Contribuem com relutância apenas porque se sentem obrigados a fazer algo. "Deus ama ao que dá com alegria." 2 Coríntios 9:7. Os que se gabam de poderem transferir sua responsabilidade sobre a esposa ou os filhos, estão sendo enganados pelo inimigo. A transferência de propriedade não lhes diminuirá a responsabilidade. Eles são responsáveis pelos meios que os Céus puseram sob os seus cuidados, e de modo algum se podem eximir de sua responsabilidade, enquanto delas não se desobrigarem por haverem devolvido a Deus o que Ele lhes confiou. T1 530 3 O amor do mundo separa de Deus. "Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele." 1 João 2:15. É impossível alguém discernir a verdade enquanto o mundo possui suas afeições. O mundo se interpõe entre eles e Deus, obscurecendo a visão e amortecendo as sensibilidades de tal maneira que é impossível discernir as coisas sagradas. Deus lhes apela: "Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração. Senti as vossas misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo, em tristeza." Tiago 4:8, 9. Aqueles que têm manchado suas mãos com a sujeira do mundo, devem purificar-se de sua imundícia. Aqueles que pensam poder servir ao mundo e ainda amar a Deus têm a mente dividida. Não podem servir "a Deus e a Mamom". Mateus 6:24. São homens de duplo ânimo, amando o mundo e perdendo todo o senso de suas obrigações para com Deus, e ainda professando ser seguidores de Cristo. Não são nem uma coisa nem outra. Perderão ambos os mundos, a menos que limpem as mãos e purifiquem o coração pela obediência aos puros princípios da verdade. "Aquele que diz que está nele também deve andar como ele andou." 1 João 2:6. "Nisto é perfeita a caridade para conosco, para que no dia do Juízo tenhamos confiança; porque, qual Ele é, somos nós também neste mundo." 1 João 4:17. "Pelas quais Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo." 2 Pedro 1:4. T1 531 1 A concupiscência do mundo está destruindo a verdadeira piedade. O amor ao mundo e às coisas que há no mundo está causando separação do Pai. A paixão pelo lucro mundano está aumentando entre os que professam estar aguardando o breve aparecimento de nosso Salvador. A concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida estão controlando até mesmo professos cristãos. Esses estão buscando as coisas do mundo com gananciosa cobiça, e muitos trocarão a vida eterna por lucro não santificado. ------------------------Capítulo 91 -- A devida observância do Sábado T1 531 2 Foi-me mostrado em 25 de Dezembro de 1865, que tem havido muita negligência com relação à observância do sábado. Não tem havido prontidão para cumprir os deveres seculares durante os seis dias de trabalho dados por Deus ao homem, nem cuidado de não infringir uma hora do santo e sagrado tempo que Ele reservou para Si mesmo. Não há ocupação humana que deva ser considerada de tanta importância que faça transgredir o quarto mandamento do Senhor. Há casos em que Cristo deu permissão de trabalhar mesmo no sábado para salvar a vida de homens e animais. Mas se violamos a letra do quarto mandamento para nosso próprio benefício, do ponto de vista de dinheiro, tornamo-nos transgressores do sábado, e culpados de transgressão de todos os mandamentos; pois se pecamos em um ponto, somos culpados de todos. Se a fim de salvar a propriedade quebramos o expresso mandamento do Senhor, onde está o ponto de parada? Onde estabeleceremos os limites? Transgridamos em uma pequena coisa, e consideremos isso como não sendo um pecado particular de nossa parte, e a consciência se torna endurecida, embotadas as sensibilidades, até que iremos ainda mais adiante, e faremos uma porção de serviço, e ainda nos lisonjearemos de ser observadores do sábado quando, segundo a norma de Cristo, estamos violando cada um dos santos preceitos de Deus. Há uma falta da parte dos observadores do sábado nesse sentido, mas Deus é muito exato, e todos os que julgam estar poupando um pouco de tempo, ou se beneficiando a si mesmos, por uma pequena infração do tempo do Senhor, cedo ou tarde terão prejuízo. Ele não os pode abençoar como seria Seu prazer fazê-lo, pois Seu nome é desonrado por eles, Seus preceitos considerados de pouca importância. A maldição de Deus repousará sobre eles, e perderão dez ou vinte vezes mais do que lucram. "Roubará o homem a Deus? Todavia, vós Me roubais ... vós, toda a nação." Malaquias 3:8, 9. T1 532 1 Deus deu ao homem seis dias em que trabalhar para si mesmo, mas reservou um dia em que Ele deve ser especialmente honrado. Deve ser glorificado, respeitada Sua autoridade. E todavia o homem rouba a Deus tirando um pouco do tempo que o Criador reservou para Si. Deus reservou o sétimo dia como um período de repouso para o homem, para o bem do homem, assim como para Sua própria glória. Ele viu que as necessidades do homem exigiam um dia de repouso da labuta e do cuidado, que sua saúde e vida seriam postas em perigo, sem um período de repouso do trabalho e da ansiedade dos seis dias. T1 533 1 O sábado foi feito para benefício do homem; e transgredir conscientemente o santo mandamento que proíbe o trabalho no sétimo dia é um crime à vista do Céu, o qual era sob a lei mosaica de tanta importância, que exigia a morte do ofensor. Isto, porém, não era tudo quanto o faltoso devia sofrer, pois Deus não levaria para o Céu um transgressor de Sua lei. Ele devia sofrer a segunda morte, a plena e última pena para o transgressor da lei de Deus. ------------------------Capítulo 92 -- Sentimentos políticos T1 533 2 Em Rochester, Nova Iorque, em 25 de Dezembro de 1865, foram-me mostradas muitas coisas relativas ao povo de Deus e sua obra para estes últimos dias. Vi que muitos professos observadores do sábado não alcançarão a vida eterna. Eles não conseguem extrair lições da conduta seguida pelos filhos de Israel e caem em alguns dos mesmos males. Se persistirem em seus pecados, arruinar-se-ão como os israelitas e nunca entrarão na Canaã celestial. "Ora, tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos." 1 Coríntios 10:11. T1 533 3 Vi que muitos cairiam deste lado do reino. Deus está testando e provando Seu povo, e muitos não suportarão o exame de caráter, a avaliação divina. Muitos terão de empreender uma rigorosa ação para vencer seus traços peculiares de caráter, e apresentar-se sem mancha ou ruga ou coisas tais, irrepreensíveis diante de Deus e dos homens. Muitos professos observadores do sábado não serão de especial benefício para a causa de Deus ou a igreja, sem uma completa reforma de sua parte. Muitos guardadores do sábado não são justos diante de Deus em seus pontos de vista políticos. Não estão em harmonia com a Palavra de Deus, ou em união com o corpo de crentes observadores do sábado. Suas perspectivas não estão de acordo com os princípios de nossa fé. Luz suficiente foi dada para corrigir a todos os que desejam ser corrigidos. Todos os que ainda mantêm sentimentos políticos que não estão em harmonia com o espírito da verdade, vivem na violação dos princípios do Céu. Enquanto assim permanecerem, não podem possuir o espírito de liberdade e santidade. T1 534 1 Seus princípios e posições em assuntos políticos são um tremendo impedimento a seu progresso espiritual. Esses lhes são uma constante armadilha e uma censura à fé. Os que conservam esses princípios serão levados justamente onde o inimigo terá prazer em aprisioná-los, onde serão por fim separados dos cristãos guardadores do sábado. Esses irmãos não podem receber a aprovação de Deus enquanto lhes faltar simpatia para com os oprimidos negros, e estiverem em discrepância com os puros princípios republicanos de nosso governo. Deus não nutre maior simpatia com a rebelião na Terra do que o fez com a revolta no Céu, quando o grande rebelde questionou os fundamentos do governo divino, e foi lançado fora com todos os que simpatizavam com ele em sua rebelião. ------------------------Capítulo 93 -- Avareza T1 534 2 Numa visão que me foi dada em Rochester, Nova Iorque, em 25 de Dezembro de 1865, foi-me revelado que a questão da cobrança de juros deve ser considerada pelos guardadores do sábado. Os ricos não têm o direito de cobrar juros de seus irmãos pobres, mas podem fazê-lo dos descrentes. "Quando teu irmão empobrecer, e as suas forças decaírem, então, sustentá-lo-ás. ... Não tomarás dele usura nem ganho; mas do teu Deus terás temor, para que teu irmão viva contigo. Não lhe darás teu dinheiro com usura, nem darás o teu manjar por interesse." Levítico 25:35-37. "A teu irmão não emprestarás à usura; nem à usura de dinheiro, nem à usura de comida, nem à usura de qualquer coisa que se empreste à usura. Ao estranho emprestarás à usura; porém a teu irmão não emprestarás à usura, para que o Senhor, teu Deus, te abençoe em tudo que puseres a tua mão, na terra, a qual passas a possuir." Deuteronômio 23:19, 20. T1 535 1 Deus fica descontente com os guardadores do sábado por seu espírito avarento. Seu desejo de obter lucro é tão grande que eles tiram vantagem dos pobres e desafortunados irmãos em sua aflição, para aumentar os seus já abundantes meios, enquanto esses pobres irmãos têm sofrido por carência desses mesmos recursos. "Sou eu guardador do meu irmão?" (Gênesis 4:9), é a linguagem de seu coração. T1 535 2 Poucos anos atrás alguns dos irmãos mais pobres estavam em perigo de perder-se por causa de errôneas impressões. Em toda parte Satanás os tentava a observar os ricos. Esses irmãos esperavam ser favorecidos, quando era seu dever depender das próprias forças. Houvessem sido beneficiados, seria a pior coisa que lhes poderia acontecer. Em meio às fileiras dos observadores do sábado Satanás buscava arruinar os de classe pobre com suas tentações. Alguns, a quem faltava discernimento e sabedoria, seguiram a própria conduta indispostos a tomar conselho ou a segui-lo. Esses tais tinham de sofrer como resultado de sua imprudência. Pretendiam ainda ser auxiliados por seus irmãos de posses. Essas coisas precisam ser corrigidas. Os pobres não compreendiam as responsabilidades que pesam sobre os ricos, nem a perplexidade e cuidados que enfrentam por causa de suas riquezas. Tudo o que podiam entender era que esses tinham recursos para ser usados, enquanto eles mesmos eram desprovidos dos mesmos. Os ricos observavam todos os pobres sob a mesma luz, quando há uma classe deles que estão fazendo o melhor que podem para glorificar a Deus, fazer o bem e viver a verdade. Essas pessoas têm dignidade sólida. Seu discernimento é bom, seu espírito precioso à vista de Deus e o volume de bem que praticam com seu modo despretensioso é dez vezes maior do que aquele feito pelos ricos, embora estes dêem grandes somas em algumas ocasiões. O rico falha em ver e compreender a necessidade de fazer o bem, de ser rico em boas obras, pronto para repartir, disposto a comunicar. ------------------------Capítulo 94 -- O engano das riquezas T1 536 1 Alguns dos que professam crer na verdade têm pouco discernimento e não podem apreciar a dignidade moral. Pessoas que se gabam de sua fidelidade à causa e falam como se soubessem de tudo, não são humildes de coração. Eles têm dinheiro e propriedades e isso é suficiente para lhes dar influência sobre alguns, mas não os ergue nem um jota no favor de Deus. O dinheiro tem poder e exerce poderosa influência. Excelência de caráter e valor moral são freqüentemente passados por alto, se possuídos por um homem pobre. Que interesse tem Deus pelo dinheiro e pela propriedade? O gado sobre milhares de montanhas é Seu. Salmos 50:10. O mundo e tudo que nele há são Seus. Os moradores da Terra "são para Ele como gafanhotos". Isaías 40:22. Homens e propriedades são semelhantes "ao pó miúdo das balanças". Isaías 40:l5. "Deus não faz acepção de pessoas." Atos dos Apóstolos 10:34. T1 536 2 Homens de posses olham muitas vezes para sua riqueza e dizem: "Por minha capacidade adquiri para mim essa riqueza." Mas quem lhes deu poder para adquirir riquezas? Deus concedeu-lhes a habilidade que possuem, mas em vez de dar-Lhe glória, eles a tomam para si mesmos. O Senhor os provará e experimentará e lançará sua glória ao pó. Ele suprimirá suas forças e espalhará seus bens. Em vez de bênção, eles lhes serão uma maldição. Um ato de injustiça ou opressão, um desvio do reto proceder, não seria mais tolerado num homem de posses do que naquele que nada possui. Todas as riquezas que o mais rico dos homens possa ter não é de valor suficiente para cobrir o menor pecado diante de Deus; elas não serão aceitas como resgate da transgressão. Unicamente arrependimento, verdadeira humildade, coração contrito e espírito abatido serão aceitos por Deus. Ninguém pode ter verdadeira humildade diante de Deus a menos que seja demonstrada diante de outros. Nada menos que arrependimento, confissão e abandono do pecado são aceitáveis a Deus. T1 537 1 Muitos ricos conseguiram sua fortuna através de negócios opressivos, obtendo vantagens sobre seus semelhantes mais pobres ou seus irmãos. Eles se vangloriam de sua perspicácia nas negociações. A maldição de Deus, porém, repousa sobre cada centavo assim obtido, bem como sobre seus lucros. Pude ver, quando essas coisas me foram mostradas, a força das palavras de nosso Salvador: "E outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus." Mateus 19:24. Aqueles que têm competência para adquirir riquezas precisam estar em constante vigilância, do contrário utilizarão essa habilidade para o mal e não manterão estrita honestidade. Assim muitos caem em tentação e astúcia, recebendo mais do que é justo por uma coisa, e sacrificando os princípios nobres, generosos e benevolentes de sua varonilidade por ganho sórdido. T1 537 2 Foi-me mostrado que muitos dos professos observadores do sábado amam tanto o mundo e as coisas que nele há, que se corromperam por seu espírito e influência; o divino desapareceu de seu caráter, e o satânico infiltrou-se, transformando-os para servir aos propósitos de Satanás e ser instrumentos de injustiça. Então, em contraste com esses homens, foram-me mostrados os pobres honestos e trabalhadores, que sempre estão prontos a ajudar a quem precisa; que preferem ser explorados por seus irmãos ricos, do que manifestar o espírito ganancioso que aqueles manifestam. Esses homens têm em alta estima uma consciência limpa e justa, mesmo nas pequenas coisas, e as valorizam mais do que as riquezas. Estão sempre tão prontos a ajudar as pessoas, sempre dispostos a fazer todo bem que estiver a seu alcance, que não acumulam riquezas. Suas posses terrenas não aumentam. Se há uma causa que exija recursos ou trabalho, são os primeiros a interessar-se em responder ao chamado, e freqüentemente vão além de sua capacidade real, negando-se a si mesmos algum bem necessário para realizar seus propósitos caritativos. T1 538 1 Como eles não podem orgulhar-se muito de tesouros terrenos, são olhados como deficientes em habilidade, discernimento e sabedoria. Podem não ser considerados como tendo valor especial, e sua influência pode não ser apreciada pelos homens. Mas como Deus vê esses sábios homens pobres? Como preciosos à Sua vista, e embora seus tesouros terrestres não se acumulem, estão ajuntando um incorruptível tesouro nos Céus. Por assim fazer, manifestam uma sabedoria muito superior à daqueles professos cristãos que se julgam sábios, previdentes e realizadores, assim como o divino é superior ao terreno, carnal e satânico. Deus considera o valor moral. Um caráter cristão não maculado pela avareza, calmo, manso e humilde é à Sua vista "mais precioso do que o ouro puro e mais raro do que o ouro fino de Ofir". Isaías 13:12. T1 538 2 Os ricos serão provados com mais rigor do que nunca. Se eles passarem pela prova e vencerem os defeitos de seu caráter, e como fiéis mordomos de Cristo devolverem ao Senhor as coisas que Lhe pertencem, ser-lhes-á dito: "Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor." Mateus 25:21, 23. T1 538 3 Minha atenção foi chamada para a parábola do servo infiel. "E Eu vos digo: granjeai amigos com as riquezas da injustiça, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos. Quem é fiel no mínimo também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo também é injusto no muito. Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras? E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?" Lucas 16:9-12. T1 539 1 Se os homens fracassarem em submeter a Deus aquilo que Ele lhes confiou para Sua glória e O roubarem, malograrão completamente. Ele lhes emprestou meios que devem empregar, não perdendo nenhuma oportunidade de fazer o bem, e entesourando constantemente nos Céus. Mas, se como o homem que tinha um só talento, o esconderem, temendo que Deus queira receber aquilo que o talento pode render, não apenas perderão o lucro com que finalmente seria beneficiado o fiel mordomo, como também o capital que Deus lhes deu para negociar. Porque roubaram a Deus, não depositaram um tesouro no Céu e perderam também o tesouro terrestre. Não têm habitação na Terra nem Amigo no Céu para recebê-los nas eternas moradas dos justos. T1 539 2 Cristo declara: "Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom." Mateus 6:24. Vocês também não podem servir a Deus e às riquezas. "E os fariseus, que eram avarentos, ouviam todas essas coisas e zombavam dEle." Lucas 16:14. Atentem para as palavras de Cristo a eles dirigidas: "Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece o vosso coração, porque o que entre os homens é elevado [que são as riquezas adquiridas pela opressão, pelo engano, fraude, astúcia ou qualquer outra maneira desonesta] perante Deus é abominação." Lucas 16:15. Então Cristo apresenta dois indivíduos -- o homem rico que se "vestia... de púrpura e linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente" (Lucas 16:19), e Lázaro, que estava em terrível pobreza causando repugnância à vista, e mendigava as poucas migalhas que o rico desprezava. Nosso Salvador faz uma avaliação dos dois. Embora Lázaro estivesse em tão deplorável e miserável condição, possuía verdadeira fé, verdadeira dignidade moral, o que Deus considera de tão grande valor que colocou esse pobre e desprezado sofredor na mais elevada posição, enquanto que o honrado e rico amante da comodidade e dos tesouros terrenos foi lançado fora da presença de Deus e imerso em miséria e aflição indescritíveis. Deus não valorizou as riquezas desse homem porque ele não possuía verdadeira dignidade moral. Seu caráter era sem valor. Sua fortuna não o recomendava a Deus, nem exercia qualquer influência a seu favor. T1 540 1 Através dessa parábola Cristo desejava ensinar a Seus discípulos a não julgar ou avaliar os homens por suas riquezas ou pelas honras que recebem de outros. Assim agiam os fariseus que, conquanto possuíssem riquezas e honras mundanas, eram sem valor perante o Senhor. E mais do que isso: eram desprezados e rejeitados por Ele, lançados fora de Sua vista como desagradáveis porque não possuíam nenhuma integridade moral ou dignidade. Eram corruptos, pecaminosos e abomináveis à Sua vista. O pobre, desprezado por seus semelhantes mortais e odioso a seus olhos, era de mais valor perante o Senhor porque possuía integridade moral e dignidade, estando assim qualificado para ser introduzido na sociedade dos puros e santos anjos, e ser herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo. T1 540 2 Na ordem de Paulo a Timóteo, ele o adverte sobre uma classe que não concorda com as sãs palavras e faz errônea avaliação das riquezas. Ele diz: "Se alguém ensina alguma outra doutrina e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, contendas de homens corruptos de entendimento e desprovidos da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho. Aparta-te dos tais. Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas e segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão. Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas." 1 Timóteo 6:3-12. "Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas desfrutarmos; que façam o bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente e sejam comunicáveis; que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna." 1 Timóteo 6:17-19. T1 541 1 Em sua carta a Timóteo, Paulo queria impressionar-lhe a mente com a necessidade de passar tais instruções aos ricos, para livrá-los do engano que tão facilmente os acomete, e preveni-los quanto a pensar que são melhores que os pobres; que por causa da capacidade de acumular fortuna eles se considerem superiores em sabedoria e discernimento. Em resumo, que a piedade é lucro. Eis aí um terrível engano. Quão poucos ouvem a advertência que Paulo transmitiu a Timóteo para que esse passasse aos ricos. Quantos alardeiam que sua propensão para acumular riquezas é piedade. Paulo declara: "Mas é grande ganho a piedade com contentamento." 1 Timóteo 6:6. Embora os ricos possam dedicar toda a sua vida ao propósito de juntar riquezas, todavia, eles nada trouxeram ao mundo e nada levarão dele. Eles morrem e deixam o que lhes custou tanto trabalho obter. Eles arriscam tudo, até seus interesses eternos, para conseguir propriedades, e perderão ambos os mundos. T1 541 2 Paulo mostra os riscos que os homens correm para tornar-se ricos. Mas muitos estão determinados a ser ricos. Isto é seu propósito e em sua determinação as coisas eternas são marginalizadas. Foram cegados por Satanás e acreditam que seu desejo pelo ganho é visando a bons propósitos. Eles deformam a própria consciência, enganam a si mesmos e estão constantemente cobiçando as riquezas. Desviam-se da fé e atraem sobre si muitos males. Sacrificam os nobres e elevados princípios, trocando sua fé pelas riquezas. Se não se desapontarem com seus objetivos, ficarão frustrados com a felicidade que as supostas riquezas trariam. Estão embaraçados e sobrecarregados de cuidados. Fizeram-se escravos de sua própria avareza e levaram sua família à mesma escravidão. O lucro que obtiveram foi "muitas tristezas". "Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos." 1 Timóteo 6:17. Os homens não devem acumular riquezas e delas não extrair nenhum bem, privando-se dos confortos da vida e tornando-se virtualmente escravos com o objetivo de aumentar e reter seu tesouro terreno. T1 542 1 O apóstolo Paulo mostra o único e legítimo uso das riquezas e diz a Timóteo para exortar os ricos a "que façam" o "bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro [referindo-se ao fim do tempo], para que possam alcançar a vida eterna". 1 Timóteo 6:18, 19. Os ensinos de Paulo se harmonizam perfeitamente com as palavras de Cristo: "Granjeai amigos com as riquezas da injustiça, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos." Lucas 16:9. "Mas é grande ganho a piedade com contentamento." 1 Timóteo 6:6. Eis aqui o verdadeiro segredo da felicidade e a prosperidade real da mente e do corpo. ------------------------Capítulo 95 -- Obediência à verdade T1 543 1 Caro irmão D: T1 543 2 Lembro-me de seu rosto entre muitos outros que me foram mostrados em visão na cidade de Rochester, Nova Iorque, em 25 de Dezembro de 1865. Vi que o irmão se pusera em segundo plano. Está convencido de que temos a verdade, mas ainda não experimentou sua santificadora influência. Não tem seguido de perto as pegadas de nosso Redentor, e portanto, não está preparado para andar como Ele andou. Enquanto você ouve as palavras da verdade, convence-se de que elas são corretas e não se contradizem. De pronto, porém, seu coração não santificado diz: "'Duro é este discurso; quem o pode ouvir?' João 6:60. Você faria melhor em desistir de seus esforços para acompanhar o povo de Deus, pois novas, estranhas e difíceis coisas estarão continuamente surgindo. Você terá de parar algum dia, e pode até parar agora mesmo. É melhor do que seguir adiante." T1 543 3 Você não pode concordar em professar a verdade e não vivê-la, pois sempre admirou uma vida condizente com a profissão de fé. Foi-me mostrado um livro no qual estavam escritos seu nome e os de muitos outros. Ao lado do seu nome havia um borrão negro. Você estava olhando para ele e dizendo: "Ele nunca será eliminado." Jesus levantou a mão ferida sobre ele e disse: "Somente Meu sangue pode apagá-lo. Se você quiser daqui para diante escolher o caminho da humilde obediência e confiar somente nos méritos do Meu sangue para cobrir suas transgressões passadas, 'Eu ... sou o que apaga as tuas transgressões ... e dos teus pecados Me não lembro.' Isaías 43:25. Mas se você escolher o caminho dos transgressores, deve ceifar a recompensa do transgressor. 'O salário do pecado é a morte.'" Romanos 6:23. T1 543 4 Vi anjos maus cercando o irmão e buscando desviar sua mente de Cristo, fazendo com que você olhasse para o Senhor como um Deus de justiça, e perdesse de vista o amor, a compaixão e a misericórdia do Salvador crucificado, que "pode salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus". Hebreus 7:25. Disse o anjo: "Se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo." 1 João 2:1. T1 544 1 Quando o irmão se acha sob a pressão de ansiedade mental; quando dá ouvidos às sugestões de Satanás, murmura e se queixa, um anjo ministrador é comissionado para levar-lhe o auxílio que necessita e envergonhar a linguagem de sua mente incrédula. Você desconfia do Senhor e de Seu poder para salvar perfeitamente. Desonra a Deus por essa cruel descrença e causa a si mesmo muito sofrimento desnecessário. Vi anjos celestes cercarem protetoramente o irmão. Eles afastavam os anjos maus, olhavam com piedade e tristeza para você e, apontando o Céu à coroa imortal, declaravam: "Aquele que quiser vencer precisa lutar." T1 544 2 Embora estivesse sob dúvidas e perplexidade, não se atreveu a romper inteiramente a conexão que havia entre você e o povo que guarda os mandamentos de Deus . Não renunciou, porém, a tudo por causa da verdade. Não rendeu o ser, nem a própria vontade. Você teme depor a si mesmo e tudo quanto tem sobre o altar de Deus, com receio de que seja exigida a devolução de alguma parte do que lhe foi concedido. Os anjos celestiais estão familiarizados com nossas palavras e ações e mesmo com os pensamentos e intenções do coração. Você, caro irmão, teme que a verdade lhe custe muito, mas isso é uma das sugestões de Satanás. Se ela exigisse tudo quanto você possui, ainda assim não custaria muito. O valor recebido, se corretamente estimado, é um eterno peso de glória. Quão pouco nos é requerido! Quão pequeno o sacrifício que fazemos em comparação com o que nosso divino Senhor fez por nós! E ainda o irmão manifesta espírito murmurador por causa do preço da vida eterna! Você, bem como outros de seus irmãos em _____, têm tido severos conflitos com o grande adversário do ser humano. Muitas vezes o irmão esteve próximo de ceder às lutas, mas a influência de sua esposa e filha mais velha prevaleceram. Esses membros de sua família obedeceriam à verdade de todo o coração, se pudessem contar com sua influência para sustê-los. T1 545 1 Suas filhas o olham como um exemplo, pois pensam que o pai deve estar correto. A salvação delas depende muito da conduta que você adotar. Se o irmão deixar de lutar pela vida eterna, exercerá uma poderosa influência para levar seus filhos consigo. Prostrará o espírito de sua fiel esposa, esmagará suas esperanças e reduzirá seu apego à vida. No Juízo, como poderá você enfrentar essas testemunhas levadas à ruína por sua infidelidade? T1 545 2 Vi que você cedeu muitas vezes às sugestões de Satanás para não mais se esforçar em viver a verdade, pois o tentador lhe dizia que você fracassaria em seus melhores esforços e que com todas as suas fraquezas e falhas era-lhe impossível manter uma vida consagrada. Foi-me mostrado que sua esposa e filha mais velha têm sido seus anjos bons, que se afligem por você e procuram animá-lo a resistir o quanto possível às poderosas sugestões de Satanás. E em seu amor por elas o irmão foi estimulado a tentar novamente fixar sua trêmula fé nas promessas de Deus. Satanás está esperando para arruiná-lo, para que possa alegrar-se com sua queda. Aqueles que estão pisoteando a lei de Deus estão sendo apoiados pelo irmão em sua rebelião. É impossível que você se torne forte até tomar uma decidida posição pela verdade. T1 545 3 A doação sistemática lhe parece desnecessária. Você passa por alto o fato de que ela se originou em Deus, cuja sabedoria é infalível. Esse plano foi ordenado para evitar confusões, eliminar a cobiça, avareza, egoísmo e idolatria. Esse sistema foi implantado para tornar a carga mais leve, embora pese devidamente sobre todos. A salvação do homem custou um altíssimo preço, a própria vida do Senhor da glória, que Ele espontaneamente deu para erguer o homem da degradação e torná-lo herdeiro do mundo. Deus ordenou que o homem ajude seu semelhante na grande obra da redenção. Aquele que se exime disso, que não está disposto a negar a si mesmo para que outros possam tornar-se participantes com ele das bênçãos celestes, mostra-se indigno da vida eterna e do tesouro celestial que custou tão imenso sacrifício. Deus não quer senão oferta voluntária; não quer sacrifícios compulsórios. Aqueles que estão inteiramente convertidos e que apreciam a obra de Deus, darão alegremente o pouco que lhes é requerido, considerando-se privilegiados em ofertar. T1 546 1 Disse o anjo: "Que vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma." 1 Pedro 2:11. Você tem vacilado na reforma de saúde. Parece-lhe ser ela um apêndice desnecessário à verdade. Não é assim; ela é uma parte da verdade. Eis diante de você uma obra que se lhe tornará cada vez mais chegada e será mais difícil do que qualquer coisa que se lhe tenha imposto até agora. Enquanto você hesita e resiste, deixando de apoderar-se da bênção que é seu privilégio receber, você sofre perda. Você está tropeçando na bênção que o Céu lhe concedeu para tornar seu progresso menos difícil. Satanás apresenta-lhe a questão sob a mais objetável luz, para que você combata aquilo que lhe seria de grande benefício à saúde física e espiritual. De todos os homens, você é um dos que seriam mais beneficiados pela reforma de saúde. A verdade sobre cada ponto da reforma será de grande benefício quando recebida em cada um de seus pontos. Você é um homem a quem um regime alimentar simples traria grandes vantagens. O irmão esteve em perigo de ser acometido repentinamente por uma paralisia, onde teria metade de seu corpo inutilizado. A negação do apetite é sua salvação, contudo, você a vê como uma grande privação. T1 546 2 A razão por que a juventude de nossos dias não é mais inclinada à religião prende-se à sua educação deficiente. Não é verdadeiro amor aos filhos aquele que lhes permite ser condescendentes com as paixões, ou desobedientes às regras paternas sem ser punidos. "Para onde se dirigem os galhos, a árvore se inclina." A mãe sempre deveria ter a cooperação do pai em seus esforços para lançar o fundamento de um bom caráter cristão nos filhos. Um pai amoroso não fechará os olhos para as faltas dos filhos, por não ser agradável aplicar correção. Vocês dois precisam despertar e com firmeza, não de maneira áspera, mas com propósito determinado, fazer com que seus filhos saibam que têm o dever de obedecer aos pais. T1 547 1 O pai não deve ser como criança, movido meramente por impulso. Ele está ligado à sua família por laços sagrados. Cada membro da família se centraliza no pai. O significado de seu título -- marido [em inglês husband, do original house-band ou vínculo da casa] é a verdadeira definição de marido. Ele é o legislador, ilustrando por seu exemplo as virtudes austeras, energia, integridade, honestidade e utilidade prática. O pai é em certo sentido o sacerdote do lar, oferecendo sobre o altar de Deus os sacrifícios matutinos e vespertinos, enquanto que a esposa e os filhos se unem a ele em oração e louvor. Nesse lar Jesus se demorará e através de Sua estimulante influência despertará jubilosas exclamações dos pais, as quais serão ouvidas em meio às mais exaltadas cenas, dizendo: "Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor." Isaías 8:18. Salvos, salvos, eternamente salvos! Livres da corrupção que há no mundo pela concupiscência, e mediante os méritos de Cristo tornados herdeiros da imortalidade. Vi que poucos pais compreendem sua responsabilidade. Eles não aprenderam a controlar-se. Até que essa lição seja aprendida, farão eles um trabalho deficiente no governo dos filhos. Perfeito autocontrole cativará a família. Quando isso é conseguido, grande vitória é alcançada. Então podem ensinar aos filhos o domínio próprio. T1 547 2 Meu coração anseia pela igreja de _____, pois ali há uma obra a ser feita. É desígnio divino ter um povo naquele lugar. Há ali condições para formar-se uma boa igreja. Há, porém, uma extensa obra a ser feita para remover as rústicas arestas e preparar o povo para trabalhar ordenadamente, a fim de que todos possam atuar em união e puxem do mesmo lado da corda. Até agora a situação tem sido esta: quando um ou dois sentem a necessidade de erguer-se e permanecer unidos e firmes na elevada plataforma da verdade, outros nada fazem para acompanhar. Satanás desperta neles um espírito de rebeldia para desestimular aqueles que querem avançar. Eles recuam quando constrangidos a assumir a obra. Um espírito de resistência é manifestado por alguns, e quando deveriam ajudar se erguem em oposição. Alguns não se submeterão à plaina de Deus. Quando ela passa sobre eles e a superfície irregular é alterada, eles se queixam desse trabalho severo e estrito. Querem fugir da oficina de Deus para que seus defeitos permaneçam imperturbados. Parecem estar dormindo, inconscientes de sua condição. Sua única esperança, porém, é estar onde suas deficiências de caráter podem ser detectadas e corrigidas. T1 548 1 Alguns condescendem com um apetite lascivo que combate "contra a alma" (1 Pedro 2:11) e é um constante empecilho a seu progresso espiritual. Sua consciência constantemente os acusa e se verdades diretas são pronunciadas, sentem-se ofendidos. Condenam a si mesmos e acham que os assuntos abordados foram propositadamente escolhidos para tocar em seu caso. Sentem-se ofendidos e prejudicados, e retiram-se das assembléias dos santos. Desistem de reunir-se para que sua consciência não seja perturbada. Logo perdem o interesse pelas reuniões e seu amor pela verdade. A menos que sejam inteiramente transformados, recuarão e tomarão posição ao lado da forças rebeldes que estão arregimentadas sob a bandeira preta de Satanás. Se crucificarem as "concupiscências carnais que combatem contra a alma" (1 Pedro 2:11), estarão fora do caminho onde as flechas da verdade passarão sem feri-los. Mas enquanto condescenderem com apetites lascivos e acariciarem seus ídolos, serão alvo das setas da verdade. Quando a verdade é proferida, acaba por feri-los. Alguns pensam que não podem reformar-se, que a saúde seria sacrificada se abandonassem o chá, o fumo e alimentos cárneos. Isso é sugestão de Satanás. São esses nocivos estimulantes que estão certamente destruindo o organismo e preparando-o para doenças agudas, debilitando o delicado mecanismo da Natureza e abalando suas fortificações erigidas contra as enfermidades e decadência prematura. T1 549 1 Os que promovem uma mudança e abandonam esses estimulantes artificiais, sentirão sua abstinência e por algum tempo sofrerão consideravelmente sem eles, assim como o bêbado que fica desprovido de sua bebida. Tirem-lhe o álcool e ele sofrerá terrivelmente. Mas se persistir, logo vencerá a desagradável falta. A Natureza virá em seu socorro e com ele permanecerá até que as falsas colunas sejam substituídas. Alguns têm entorpecido tanto as finas sensibilidades da Natureza, que pode requerer algum tempo para ela se recuperar do abuso a que foi submetida por meio dos pecaminosos hábitos do homem, pela condescendência com o apetite depravado, o qual deprimiu e enfraqueceu suas forças. Dê-se à Natureza uma oportunidade e ela se recobrará e novamente desempenhará sua parte nobremente. O uso de estimulantes artificiais é nocivo à saúde e tem ação entorpecedora sobre a mente, tornando-a incapaz de apreciar as coisas eternas. Aqueles que adoram esses ídolos não podem valorizar corretamente a salvação que Cristo efetuou por eles através de uma vida de abnegação, contínuo sofrimento e vergonha, para finalmente render Sua imaculada vida a fim de salvar da morte o homem moribundo. ------------------------Capítulo 96 -- Seguro de vida T1 549 2 Foi-me mostrado que os adventistas observadores do sábado não devem meter-se em seguros de vida. Isto é um comércio com o mundo, que o Senhor não aprova. Os que se empenham nisso se estão unindo ao mundo, ao passo que Deus chama Seu povo a sair dentre eles, e a ser separado. Disse o anjo: "Cristo os comprou pelo sacrifício de Sua vida. Quê! 'não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus'. 1 Coríntios 6:19, 20. 'Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é nossa vida, Se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória.'" Colossences 3:3, 4. Eis o único seguro de vida sancionado pelo Céu. T1 550 1 O seguro de vida é um método mundano que leva nossos irmãos a nele se meterem a fim de se apartarem da simplicidade e pureza do evangelho. Todo afastamento assim enfraquecerá nossa fé e diminuirá nossa espiritualidade. Disse o anjo: "Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz." 1 Pedro 2:9. Como um povo, somos do Senhor em sentido especial. Cristo nos comprou. Anjos magníficos em poder nos rodeiam. Nem um passarinho cai ao solo sem o conhecimento de nosso Pai celestial. Mesmo os cabelos de nossa cabeça estão contados. Deus tomou providências em favor de Seu povo. Tem por eles especial cuidado, e eles não devem desconfiar de Sua providência, metendo-se em um plano juntamente com o mundo. T1 550 2 É desígnio de Deus que conservemos em singeleza e santidade nosso caráter peculiar, como um povo. Os que se ligam a esse método mundano, depositam meios que pertencem a Deus, que Ele lhes confiou para que empreguem em Sua causa, para promover a divulgação de Sua obra. Poucos, porém, obterão quaisquer lucros do seguro de vida, e sem a bênção de Deus mesmo esses se demonstrarão prejuízo em vez de benefício. Aqueles a quem Deus fez mordomos Seus, não têm direito de colocar nas fileiras do inimigo os recursos que Ele lhes confiou para usar em sua causa. T1 550 3 Satanás está constantemente apresentando engodos ao povo escolhido de Deus, a fim de desviar-lhes o espírito da solene obra de preparo para as cenas futuras, precisamente diante de nós. Ele é, em todo o sentido da palavra, um enganador, um hábil encantador. Reveste seus planos e ardis de coberturas de luz tomadas emprestadas do Céu. Tentou Eva a comer do fruto proibido, fazendo-a crer que isto seria para ela grandemente vantajoso. Satanás leva seus agentes a introduzirem várias invenções e patentes, e outros empreendimentos, para que os adventistas guardadores do sábado que estão ansiosos de enriquecer, caiam em tentação, fiquem enredados, e se traspassem a si mesmos com muitas dores. Ele está inteiramente alerta, atarefadamente empenhado em levar o mundo cativo e, mediante a ação dos mundanos, mantém continuamente alguma aprazível armadilha para atrair os descuidados que professam crer na verdade, a se unirem com os mundanos. A concupiscência dos olhos, o desejo de excitação e de agradáveis entretenimentos, é uma tentação e laço para o povo de Deus. Satanás tem muitas redes finamente tecidas, perigosas, com aparência de inocentes, mas com as quais se prepara habilmente para absorver o povo de Deus. Há aprazíveis espetáculos, diversões, palestras sobre frenologia, e uma infindável variedade de empreendimentos que surgem de contínuo, e são calculados a levar o povo de Deus a amar "o mundo" e as coisas "que nele há". 1 João 2:15. Mediante esta união com o mundo, a fé se enfraquece, e os meios que deviam ser empregados na causa da verdade presente, são transferidos para as fileiras do inimigo. Por meio desses diferentes veículos, está Satanás drenando habilmente a bolsa do povo de Deus, e assim pesa sobre eles o desagrado do Senhor. ------------------------Capítulo 97 -- Fazendo circular as publicações T1 551 1 Foi-me mostrado que não estávamos cumprindo nosso dever quanto à distribuição gratuita de pequenas publicações. Existem muitas pessoas sinceras que poderiam ser levadas a abraçar a verdade unicamente por esse meio. Deve haver em cada exemplar desses pequenos folhetos uma propaganda de nossas publicações e o lugar onde podem ser adquiridas. A mesma medida deveria ser tomada nas edições de maior porte, na Review, no Instructor e Reformer (Revista Adventista, no Instrutor e Reformador). T1 552 1 Estes pequenos folhetos, de quatro, oito ou dezesseis páginas, podem ser fornecidos por uma bagatela, mediante um fundo feito pelas ofertas daqueles que têm verdadeiro interesse pela causa. Quando vocês escrevem a um amigo, podem incluir um ou mais deles, sem aumento de porte. Ao encontrarem nos trens, no navio, ou na estação, pessoas que pareçam dispostas a ouvir, passem-lhes um folheto. Esses folhetos não deveriam ser distribuídos indiscriminadamente como folhas de outono, mas entregues àqueles que provavelmente os apreciariam. Assim nossas obras e a Sociedade de Publicações serão divulgadas de uma maneira que resultará em grande bem. ------------------------Capítulo 98 -- O reformador da saúde T1 552 2 O povo está perecendo por falta de conhecimento. Diz o apóstolo: "Acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude, a ciência." 2 Pedro 1:5. Após receber a fé evangélica, nossa primeira tarefa é buscar acrescentar virtuosos e puros princípios, e assim purificar a mente e o coração preparando-os para a recepção do verdadeiro conhecimento. Doenças de quase todos os tipos estão acometendo o povo, todavia, eles parecem dispostos a permanecer na ignorância dos meios de cura e dos caminhos a seguir para prevenir enfermidades. T1 552 3 Com o estabelecimento do Instituto de Saúde, foi desígnio de Deus não apenas divulgar o conhecimento para os poucos que o visitassem, mas que muitos fossem instruídos a fazer tratamentos nos próprios lares. O Reformador da Saúde é o meio através do qual raios de luz devem brilhar sobre o povo. Ele deve ser a melhor publicação sobre saúde de nosso país. Precisa ser adaptado às necessidades do povo comum, pronto para responder a questões próprias, explicar plenamente os princípios elementares das leis da vida e ensinar como obedecer-lhes e preservar a saúde. O grande objetivo a ter-se em vista com a publicação desse periódico é sua utilidade para o sofredor povo de Deus. O povo comum, especialmente os muito pobres para ser atendidos pelo Instituto, devem ser alcançados e instruídos pelo Reformador da Saúde. ------------------------Capítulo 99 -- O instituto de saúde T1 553 1 Numa visão a mim dada em 25 de Dezembro de 1865, notei que a reforma de saúde é um grande empreendimento, intimamente ligado à verdade presente, e que os adventistas do sétimo dia deveriam ter um estabelecimento para doentes, onde pudessem ser tratados de suas doenças e também aprender a cuidar de si mesmos e prevenir doenças. Vi que nosso povo não deve ficar indiferente a esse assunto e deixar que os ricos entre nós vão às populares instituições hidroterápicas para recuperar a saúde, e onde poderiam encontrar oposição, em vez de simpatia para com seus pontos de vista religiosos. Os que estão enfraquecidos por causa da doença, sofrem não apenas por necessidade de força física, mas também de energia mental e moral. E os conscienciosos observadores do sábado, não podem receber tanto benefício onde sentem que precisam estar constantemente em guarda para não comprometer a fé e desonrar sua religião. Isso não aconteceria numa instituição onde os médicos e dirigentes estão em consonância com as verdades ligadas à terceira mensagem angélica. T1 553 2 Quando as pessoas que têm suportado intenso sofrimento são aliviadas por um método inteligente de tratamento, consistindo em banhos, dieta saudável, apropriados períodos de descanso e exercício, e os benéficos efeitos do ar puro, são levados a concluir que aqueles que os tratam com tanto sucesso são corretos em assuntos religiosos, ou, pelo menos, não podem estar longe da verdade. Assim, se nosso povo for deixado a procurar aquelas instituições cujos médicos são corrompidos em termos de fé religiosa, estão em perigo de ser enredados. Vi (em 1865) que a instituição em _____ , era a melhor dos Estados Unidos. No que se refere ao tratamento de doentes, eles têm feito uma grande e boa obra, mas fazem com que seus pacientes dancem e joguem cartas; recomendam freqüência ao teatro e a lugares de diversão mundana, que estão em direta oposição aos ensinos de Cristo e dos apóstolos. T1 554 1 Os que trabalham no Instituto de Saúde, agora situado em Battle Creek, devem conscientizar-se de que fazem parte de uma importante e solene obra, e de modo algum devem seguir a conduta dos médicos da instituição de _____, em matéria de assuntos religiosos e recreação. Contudo, vi que haveria perigo de imitá-los em muitas coisas e perder de vista o exaltado caráter desta grande obra. Aqueles que estão ligados a esse grande empreendimento não devem cessar de olhar seu trabalho a partir da elevada perspectiva religiosa e rebaixar os exaltados princípios da verdade presente para imitar em teoria e prática aquelas instituições onde os doentes são tratados apenas visando a recuperação da saúde. A especial bênção de Deus não será concedida à nossa instituição, mais do que o seria sobre aquelas em que corruptas teorias são ensinadas e praticadas. T1 554 2 Vi que uma grande e extensa obra não poderia ser realizada a curto prazo, como se fosse coisa fácil encontrar médicos a quem Deus possa aprovar, e que trabalhem harmoniosa, desinteressada e zelosamente em favor da humanidade sofredora. Deve sempre ser mantido em destaque que o grande objetivo a ser alcançado por esse meio não é apenas a saúde, mas perfeição e santidade, as quais não podem ser conseguidas com corpo e mente doentes. E essa meta não será atingida com base em uma filosofia mundana. Deus suscitará homens e os capacitará a empenharem-se na obra, não apenas como médicos do corpo, mas da mente enferma pelo pecado, como pais espirituais para os jovens e inexperientes. T1 554 3 Foi-me mostrado que a posição do Dr. E com respeito ao entretenimento estava equivocada, e que seus pontos de vista sobre exercícios físicos também não eram corretos. O entretenimento que ele recomenda impede a recuperação da saúde em muitos casos, muito mais do que traz benefícios. Ele tem proibido decididamente o trabalho físico para os doentes, e seus ensinos se têm provado um grande prejuízo para eles. Exercícios mentais como jogar cartas, xadrez e damas, agitam, fatigam a mente e impedem a recuperação, enquanto que a luz solar e um agradável trabalho físico ocupar-lhes-ia o tempo, melhoraria a circulação, aliviaria e restauraria a mente e traria comprovados benefícios à saúde. Mas, retirar do inválido esse trabalho, e torná-lo inquieto, sujeito a uma imaginação doentia, levá-lo-á a ver seu caso como muito pior do que realmente é, propendendo-o à imbecilidade. T1 555 1 De tempos em tempos, e durante anos, tem-me sido mostrado que o doente deveria ser ensinado que é errado suspender todo trabalho físico para recuperar a saúde. Desse jeito, ele se torna inativo, o sangue circula lentamente e se torna cada vez mais impuro. Quando o paciente está sob risco de imaginar seu caso pior do que ele em verdade é, a indolência produzirá os mais desastrosos resultados. Trabalho bem dosado dá ao inválido a idéia de que ele não está totalmente incapacitado e que é, afinal, de alguma utilidade. Isso lhe dará satisfação, coragem e vigor, que nenhuma fútil diversão mental pode conceder. T1 555 2 A idéia de que aqueles que abusaram de suas forças físicas e mentais, ou que arruinaram mente e corpo, devem suspender todas as atividades para reaver a saúde, é um grande erro. Em muito poucos casos o repouso absoluto por um curto período pode ser necessário, mas eles são bem raros. Na maioria dos casos a mudança seria muito grande. Aqueles que abalaram sua saúde por intenso trabalho mental, deveriam repousar a mente. Mas dizer-lhes que é errado e mesmo perigoso exercitar as faculdades mentais até certo grau, levá-los-ia a considerar seu caso como pior do que é. Eles se tornam ainda mais nervosos e um grande problema e importunação para aqueles que deles cuidam. Em seu estado mental a recuperação se torna muito duvidosa. T1 556 1 Aqueles que se têm debilitado por esforço físico devem ter menos trabalho, e que esse seja leve e agradável. Privá-los, porém, de todo trabalho e exercício seria nocivo. A vontade acompanha o trabalho manual, e os que estão acostumados a trabalhar sentiriam que foram como máquinas acionadas pelos médicos e enfermeiros, e a imaginação se tornaria doentia. A inatividade é a maior maldição que lhes poderia sobrevir. Suas energias se tornam tão entorpecidas que lhes seria impossível resistir à doença e à debilidade e recobrar a saúde. T1 556 2 O Dr. E tem cometido um grande erro com respeito a exercícios e entretenimento, e outro ainda maior com relação à experiência e agitação religiosas. A religião da Bíblia não é prejudicial à saúde do corpo nem da mente. A elevadora influência do Espírito de Deus é o melhor remédio para o doente. O Céu é todo saúde e quanto mais as influências celestiais são sentidas, mais segura a restauração do crente enfermo. Os pontos de vista do Dr. E, tidos como avançados, têm-nos atingido em certo grau, como um povo. A saúde dos reformadores que guardam o sábado precisa estar livre de todos esses equívocos. A verdadeira e real reforma nos aproximará de Deus e do Céu, nos levará mais próximos de Cristo e aumentará nosso conhecimento das coisas espirituais, aprofundando-nos na santidade da experiência cristã. T1 556 3 É verdade que há mentes desequilibradas que se impõem jejuns que as Escrituras não ensinam, e orações e privação de repouso e sono que Deus nunca exigiu. Eles não são prosperados e apoiados em seus atos voluntários de justiça. Possuem uma religião que não procede de Cristo, mas é farisaica e criada por si mesmos. Confiam em suas boas obras para a salvação, esperando vãmente alcançar o Céu por suas obras meritórias, em lugar de apoiar-se, como todo pecador deve fazer, nos méritos de um Salvador crucificado, ressurreto e exaltado. É praticamente certo que se tornem doentes. Mas Cristo e a verdadeira piedade são saúde para o corpo e força para a mente. T1 557 1 Façam os doentes alguma coisa, em vez de ocupar a mente com alguma simples brincadeira, que os rebaixa em sua estima própria, levando-os a pensar que sua vida seja inútil. Conservem alerta a força da vontade, pois a vontade despertada e devidamente dirigida é poderoso calmante dos nervos. Os doentes são muito mais felizes se trabalharem, e sua restauração se efetua com mais facilidade. T1 557 2 Vi que a maior maldição sobrevinda a meu esposo e à irmã S, foi as instruções que receberam em _____, para que ficassem inativos a fim de recuperar-se. A imaginação de ambos foi afetada e sua falta de ação resultou em pensamentos e sentimentos de que seria perigoso à saúde e à vida exercitar-se, especialmente se lhes trouxesse fadiga. A maquinaria viva, tão raramente posta em movimento, perdeu sua elasticidade e força, de forma que quando se exercitava, as juntas se tornavam rígidas e os músculos debilitados. Cada movimento requeria grande esforço e produzia dor. Não obstante, esse cansaço lhes teria sido uma bênção se houvessem, a despeito dos sentimentos e dos desagradáveis sintomas, perseverado em resistir à inclinação de manter-se inativos. T1 557 3 Vi que seria muito melhor para a irmã F ficar com sua família, e assumir responsabilidades que lhe cabem. Assim despertaria suas dormentes energias. Foi-me mostrado que a fragmentação dessa querida família em _____ foi desfavorável à educação e treinamento dos filhos. Para o próprio bem, essas crianças deveriam ser ensinadas a assumir responsabilidades no trabalho caseiro e sentir que algumas obrigações recaem sobre elas. A mãe, empenhada na educação e preparo dos filhos, ocupa-se justamente da obra que lhe foi designada pelo Senhor, e por cuja causa Ele ouve misericordiosamente as orações feitas em favor de seu restabelecimento. Conquanto deva evitar trabalho cansativo, precisa acima de tudo esquivar-se de uma vida de inatividade. T1 558 1 Quando a visão me foi dada em Rochester, Nova Iorque, observei que seria muito melhor para esses pais e filhos organizar a família por si mesmos. Os filhos deveriam cumprir sua parte no trabalho da família, obtendo assim uma valiosa educação que não seria alcançada de outra maneira. A vida em _____ ou em qualquer outro lugar, cercada por copeiros e ajudantes, é o maior prejuízo a mães e filhos. Jesus convida a irmã F a achar descanso nEle, e deixar que sua mente receba um saudável tono ao demorar-se nas coisas celestiais, buscando diligentemente criar seu pequeno rebanho no cuidado e admoestação do Senhor. Deste modo pode auxiliar melhor o marido, aliviando-o da sensação de que ela precisa ser o objeto de tanta atenção, cuidado e simpatia. T1 558 2 Quanto às acomodações do Instituto de Saúde de Battle Creek, foi-me mostrado, como antes já declarara, que deveríamos ter uma instituição que fosse pequena de início, sendo criteriosamente aumentada quando bons médicos e auxiliares pudessem ser chamados, os meios angariados, e as necessidades dos doentes atendidas. Tudo deveria ser administrado em estrita harmonia com os princípios do espírito singelo da terceira mensagem angélica. Quando vi os cálculos precipitados feitos por aqueles que tinham a direção da obra, fiquei alarmada e, em muitas conversas particulares e cartas, aconselhei que esses irmãos agissem com cautela. A razão que apresentei foi que sem a especial bênção de Deus, há muitas maneiras de impedir esse empreendimento, pelo menos por um tempo, cada uma delas trazendo prejuízo à instituição e danos à causa do Senhor. Se os médicos não puderem, por doença, morte ou qualquer outro impedimento, preencher seus lugares, o trabalho sofrerá demora até que outros os substituam. Ou se faltarem recursos quando os grandes edifícios estiverem em construção e a obra parar, o capital seria perdido e o desânimo geral se abateria sobre todos. Poderia ainda ocorrer falta de pacientes para ocupar as atuais acomodações e conseqüente falta de meios para enfrentar as despesas. Com os esforços de cada departamento, exercidos de maneira correta e cuidadosa mais a bênção de Deus, a instituição se provará um grande sucesso, enquanto que um único fracasso em qualquer rumo, cedo ou tarde provocaria grande prejuízo. Não deveria ser esquecido que das muitas instituições de saúde fundadas nos Estados Unidos nos últimos vinte e cinco anos, poucas ainda se mantêm atualmente em visível funcionamento. T1 559 1 Tenho apelado publicamente a nossos irmãos em favor de uma instituição a ser estabelecida entre nós, e conversado nos mais elevados termos com o Dr. E, como o homem que obteve, mercê da providência divina, uma experiência para desempenhar sua parte como médico. Tudo isso eu disse com a autorização que Deus me concedeu. Se necessário, repetirei tudo sem hesitar. Não tenho qualquer desejo de suprimir uma sentença que tenha escrito ou dito. A obra é de Deus e deve prosseguir firmemente, todavia, de modo cauteloso. T1 559 2 A reforma de saúde está intimamente ligada à obra da mensagem do terceiro anjo, mas não é a mensagem em si. Nossos pregadores deveriam ensinar a reforma de saúde, entretanto, sem fazer dela o tema principal na ordem das mensagens. Seu lugar está posto entre os assuntos que apresentam a obra preparatória para enfrentar os eventos mostrados pela mensagem, entre os quais ela é proeminente. Deveríamos assumir cada reforma com entusiasmo, mas evitando dar a impressão de que somos vacilantes e fanáticos. Nosso povo deveria prover os meios para atender às necessidades do Instituto de Saúde, o qual está em franco crescimento, tanto quanto seja capaz, sem dar menos para atender às outras necessidades da causa. Que a reforma de saúde e o Instituto progridam assim como sucedeu com outros empreendimentos dignos, levando em conta nossa débil força no passado e nossa grande capacidade de fazer muito num curto período de tempo. Que o Instituto de Saúde cresça, a exemplo do que aconteceu com outros empreendimentos entre nós, com a rapidez e segurança possíveis, sem afetar outros ramos da grande obra que são de igual ou maior importância para este tempo. Seria errado um irmão dispor de grande parte de seu patrimônio para aplicar no Instituto, quer seja muito ou pouco, e não poder contribuir com outros setores da obra. Também não fazer nada seria outro erro grave. Com tantos apelos comoventes feitos ao nosso povo para direcionar meios ao Instituto, dever-se-ia tomar cuidado para não subtrair recursos de outros ramos da obra. Especialmente deveriam os pobres mas liberais ter sido avisados. Alguns pobres com família, sem casa própria, e sem condições de tratar-se no Instituto, investiram entre um quinto e um terço de todos os seus recursos no Instituto. Isso está errado. Alguns irmãos e irmãs têm vários títulos, quando não deveriam ter sequer um, e por um curto período, freqüentar o Instituto com as despesas pagas totalmente ou em parte, sacadas dos fundos de assistência social. Não vejo sabedoria em fazer grandes projeções para o futuro e deixar sofrer aqueles que necessitam agora de auxílio. Irmãos, não vão mais depressa do que a clara providência de Deus abrir o caminho. T1 560 1 A reforma de saúde é um ramo da especial obra de Deus em benefício de Seu povo. Vi que em uma instituição nossa, o maior perigo seria o de seus dirigentes se afastarem do espírito da verdade presente e da simplicidade que sempre deve caracterizar os discípulos de Cristo. Foi-me dada uma advertência contra o rebaixamento do padrão da verdade em tal instituição, a fim de obter o favor dos descrentes, e assim assegurar seu patrocínio. O grande objetivo de receber descrentes na instituição é levá-los a aceitar a verdade. Se o padrão for baixado, eles terão a impressão de que a verdade é de pouca importância, e assumirão uma postura muito mais resistente do que antes. T1 560 2 O pior mal resultante de tal atitude é sua influência sobre os pacientes crentes, pobres e aflitos, que afetaria a causa em geral. Esses irmãos foram ensinados a confiar na oração da fé, e o espírito de muitos se abate porque sua oração não é agora plenamente respondida. Vi que o motivo por que Deus não ouvia mais plenamente as orações de Seus servos pelos doentes entre nós, era que Ele não podia ser glorificado nisto enquanto eles estivessem violando as leis da saúde. E vi também ser Seu desígnio que a reforma de saúde e o Instituto de Saúde preparem o caminho para que a oração da fé possa ser plenamente atendida. A fé e as boas obras devem andar de mãos dadas no aliviar os aflitos que há entre nós, e em prepará-los para glorificar a Deus aqui e serem salvos na vinda de Cristo. Não permita Deus que esses sofredores fiquem decepcionados e ofendidos por verificarem que os dirigentes do Instituto trabalham apenas segundo o ponto de vista mundano, em vez de aliarem à prática da reforma de saúde, ao tratá-los, as virtudes e bênçãos de pais e mães em Israel. T1 561 1 Ninguém tenha a idéia de que o Instituto é um lugar a que se deva ir para ser restabelecido pela oração da fé. Ali é um lugar em que se deve ser aliviado das doenças mediante tratamento e corretos hábitos de vida, e aprender a evitar as enfermidades. Mas se há debaixo do céu um lugar em que, mais que em outros, sejam feitas por homens e mulheres devotos e de fé, orações de molde a acalmar, repletas de espírito compassivo, esse lugar deve ser um instituto dessa natureza. Os que tratam os doentes devem agir em sua importante obra, com forte confiança em Deus de que Suas bênçãos acompanhem os meios por Ele graciosamente providos, e para os quais em misericórdia nos chamou a atenção como um povo, isto é, o ar puro, o asseio, o saudável regime alimentar, os devidos períodos de trabalho e de repouso, e o emprego da água. Eles não deveriam ter qualquer interesse fora deste importante e solene trabalho. Cuidar adequadamente dos interesses físicos e espirituais do aflito povo de Deus, que tem posto quase que ilimitada confiança neles, e com grande custo para si mesmos submetem-se aos seus cuidados, requererá atenção total. Ninguém possui tanta capacidade ou habilidades que seja capaz de evitar que a obra seja imperfeita, mesmo após ter feito seu melhor. T1 562 1 Aqueles a quem foi comissionado cuidar dos interesses físicos, e em grande parte também dos interesses espirituais do aflito povo de Deus, devem tomar cuidado para que de nenhuma forma se insinuem políticas mundanas, interesses pessoais ou desejo de envolver-se numa obra ampla e popular, atraindo sobre si mesmos e sobre esse ramo da obra, o desagrado de Deus. Eles não devem depender exclusivamente de suas capacidades. Se a bênção, em vez do desprazer de Deus, repousar sobre a instituição, anjos assistirão os pacientes, auxiliares e médicos na obra de restauração, para que no final a glória seja dada a Deus e não a fracos mortais de curta visão. Esses homens podem adotar uma conduta secular e, envaidecendo-se-lhes o coração, dizer: "O meu poder e a força de minhas mãos fizeram isso." Deus permitirá que trabalhem sob grandes desvantagens em relação a outras instituições, em conhecimento, experiência e facilidades. Não poderão sequer realizar metade do que fazem as outras instituições. T1 562 2 Vi a benéfica influência do trabalho ao ar livre sobre os pacientes com vitalidade debilitada e circulação anormal, especialmente em mulheres que induziram essa condição por excessivo confinamento em casa. Seu sangue tornou-se impuro por falta de ar fresco e exercício. Em vez de entretenimentos que as mantêm em ambientes fechados, devem ser providenciados atrativos ao ar livre. Vi que o Instituto deve ter amplos jardins adornado com flores, vegetais e frutas. Ali as pessoas debilitadas encontrarão trabalho apropriado a seu sexo e condições, e em horários adequados. Esses terrenos devem estar sob os cuidados de um jardineiro experiente para cuidá-los de maneira ordenada e com bom gosto. T1 562 3 A relação que mantenho com essa obra exige que eu expresse francamente meus pontos de vista. Falo livremente e escolho esse meio para falar a todos os interessados. O que apareceu publicado no Testemunho n 11 concernente ao Instituto de Saúde não deveria ter sido impresso até que eu tivesse condições de passar a limpo tudo quanto vira a respeito. Eu nada pretendia dizer sobre o assunto no n 11, e enviei todos os manuscritos destinados a esse testemunho do Condado de Ottawa, onde estava a serviço do Escritório em Battle Creek, declarando que desejava apressar a publicação dessa pequena obra porque era muito necessária, e tão rápido quanto possível, eu iria escrever o n 12, no qual pretendia falar abertamente sobre o Instituto. Os irmãos de Battle Creek que estavam especialmente interessados no Instituto, sabiam que eu fora instruída a dizer que nosso povo deveria contribuir com meios para estabelecer tal instituição. Por essa razão, eles me escreveram dizendo que a influência de meu testemunho com relação ao Instituto foi necessária para que imediatamente os irmãos fossem mobilizados acerca da questão, e que a publicação do n 11 seria adiada até que eu pudesse escrever. T1 563 1 Isso me foi uma grande provação, pois eu sabia que não podia passar a limpo tudo o que havia visto, pois estava falando ao povo de seis a oito vezes por semana, fazendo visitas de casa em casa, e escrevendo centenas de páginas de testemunhos pessoais e cartas particulares. Essa quantidade de trabalho, com desnecessárias cargas e aflições sobre mim, não me permitiam fazer qualquer tipo de trabalho. Minha saúde era precária e meus sofrimentos mentais estavam além de descrição. Sob tais circunstâncias, cedi aos pedidos de outros e escrevi o que aparece em o n. 11 com relação ao Instituto de Saúde, sendo-me assim impossível relatar tudo quanto observara em visão. Nisso eu errei. Eu devia ter o direito de reconhecer meu próprio dever melhor do que outros o podem reconhecer por mim, especialmente a respeito de assuntos que o Senhor me revelou. Algumas pessoas me censurarão por falar como agora faço. Outros me criticarão por não ter falado antes. A disposição manifestada para apressar o assunto do instituto foi uma das mais severas provas que já suportei. Se todos os que usaram meu testemunho para conclamar os irmãos houvessem igualmente se mobilizado, eu ficaria mais satisfeita. Se eu postergasse um pouco mais a revelação de minhas visões e sentimentos, seria criticada por aqueles que achavam que eu deveria ter falado antes, e por outros que criam não dever eu dar qualquer advertência. Para o bem daqueles que dirigem a obra, para o bem da causa e dos irmãos e para prevenir-me de grandes aflições, tenho falado com franqueza. ------------------------Capítulo 100 -- Saúde e religião* T1 564 1 Deus deseja uma instituição de saúde estabelecida, cuja influência esteja intimamente ligada com a obra de preparar mortais para a imortalidade. Que não rebaixe os princípios religiosos de jovens e idosos, e que não recupere a saúde do corpo em detrimento do crescimento espiritual. O grande objetivo dessa instituição deveria ser melhorar a saúde do corpo para que os pacientes possam apreciar mais claramente as coisas eternas. Se esse objetivo não estiver sempre em mente, e não forem feitos esforços para esse fim, haverá maldição em lugar de bênção. A espiritualidade será tida como secundária e a saúde do corpo e a recreação postas em primeiro lugar. T1 564 2 Vi que o alto padrão não deveria de modo algum ser rebaixado para se obter o patrocínio de descrentes. Se esses optarem pelo instituto e seus dirigentes ocuparem a exaltada posição espiritual que Deus lhes designou, manifestar-se-á um poder que lhes penetrará o coração. Com Deus e os anjos a seu lado, o povo que Lhe observa os mandamentos será prosperado. Essa instituição não deve ser estabelecida com fins lucrativos, mas para propiciar ao povo de Deus tal condição física e mental que lhes permita apreciar corretamente as coisas da eternidade e avaliar devidamente a redenção adquirida a altíssimo custo pelos sofrimentos de nosso Salvador. Ela não é lugar para diversão ou recreação. Os que não podem viver sem grande agitação e diversão serão inúteis à sociedade. Ninguém será beneficiado por seu estilo de vida. Tanto faz estarem no mundo como fora dele. T1 565 1 Vi que o conceito de que a espiritualidade é prejudicial à saúde, o qual o Dr. E procurou introduzir na mente de outros, nada é senão engano diabólico. Satanás encontrou seu caminho para o Éden e fez Eva crer que necessitava de alguma coisa mais do que daquilo que Deus dera para sua felicidade; que o fruto proibido teria uma influência estimuladora sobre seu corpo e mente e a exaltaria até ser igual a Deus em conhecimento. Contudo, o conhecimento e o benefício que ela pensava conseguir, demonstrou-se-lhe uma terrível maldição. T1 565 2 Há pessoas de imaginação doentia, para quem a religião é um tirano, governando-as com vara de ferro. Essas pessoas estão continuamente lamentando sua depravação, e gemendo por um suposto mal. Não há amor em seu coração; têm sempre um semblante carregado. Ficam frias ao inocente riso da juventude ou de quem quer que seja. Consideram toda recreação ou diversão pecado, e pensam que a mente deve estar constantemente trabalhando no mesmo grau de severa tensão. Isto é um extremo. Outras acham que a mente deve estar de contínuo em tensão para inventar entretenimentos e diversões a fim de obter saúde. Aprendem a depender da estimulação, e ficam desassossegadas quando sem isso. Tais pessoas não são verdadeiros cristãos. Vão ao outro extremo. Os verdadeiros princípios do cristianismo abrem a todos uma fonte de felicidade, cuja altura e profundidade, comprimento e largura são incomensuráveis. É Cristo em nós, "uma fonte de água a jorrar para a vida eterna". João 4:14. Fonte contínua da qual o cristão pode beber à vontade, sem nunca a esgotar. T1 566 1 O que traz doença ao corpo e à mente de quase todos, são os sentimentos de descontentamento, e as murmurações de quem está malsatisfeito. Não têm a Deus, não têm aquela esperança que é "como âncora da alma segura e firme e que penetra até ao interior do véu". Hebreus 6:19. Todos os que possuem essa esperança hão de purificar-se a si mesmos assim como Ele é puro. Estes se acham livres de desassossegados anseios, murmurações e descontentamento; não estão continuamente esperando o mal e aninhando emprestadas aflições. Vemos, porém, muitos que estão passando antecipadamente por um tempo de angústia; a ansiedade estampa-se em cada feição; parecem não encontrar consolo, e apresentam um aspecto de contínuo temor na expectativa de algum terrível mal. T1 566 2 Essas pessoas desonram a Deus, e desacreditam a religião de Cristo. Não possuem verdadeiro amor para com Deus, nem por seus companheiros e filhos. Suas afeições tornaram-se doentias. Vãos divertimentos, porém, jamais hão de corrigir a mente dos que são assim. Para serem felizes, eles necessitam a influência transformadora do Espírito de Deus. Precisam ser beneficiados pela mediação de Cristo, a fim de tornar a consolação mais real, divina e substancial. "Porque quem quer amar a vida e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano; aparte-se do mal e faça o bem; busque a paz e siga-a. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os Seus ouvidos, atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem males." 1 Pedro 3:10-12. Os que têm um conhecimento experimental desse texto são verdadeiramente felizes. Consideram eles a aprovação do Céu de mais valor do que qualquer divertimento terreno; Cristo neles a "esperança da glória" (Colossences 1:27) será saúde para o corpo e força para a mente. T1 566 3 A simplicidade do evangelho está desaparecendo rapidamente dos professos guardadores do sábado. Pergunto-me uma centena de vezes por dia: "Como pode Deus prosperar-nos?" Há tão pouca oração. De fato, a oração é quase obsoleta. Poucos estão dispostos a tomar a cruz de Cristo, que suportou a vergonhosa cruz por nós. Entendo que as coisas no Instituto não estão caminhando como Deus quer. Temo que Ele retire da instituição a luz de Seu rosto. Foi-me mostrado que os médicos e auxiliares devem ser da mais alta ordem -- pessoas que tenham um conhecimento experimental da verdade, que imponham respeito, e em cuja palavra se possa confiar. Devem ser pessoas que não possuam imaginação doentia, que tenham perfeito domínio próprio, que não sejam caprichosas ou inconstantes, que sejam destituídas de ciúmes e de ruins suspeitas; pessoas que tenham um poder de vontade que não se renda a pequenas indisposições, que sejam livres de preconceito, que não pensem mal, que reflitam e ajam calma e atenciosamente, tendo sempre em vista a glória de Deus e o bem dos outros. Jamais deve alguém ser exaltado a uma posição de responsabilidade simplesmente pelo fato de desejá-la. Devem-se escolher unicamente aqueles que estão qualificados para a posição. Os que devem assumir responsabilidades precisam ser primeiro provados e dar evidência de que são isentos de inveja, de que não tomam antipatia a esta ou aquela pessoa, enquanto têm alguns amigos favoritos e não fazem nenhum caso de outros. Praza a Deus que todos possam agir de maneira correta nessa instituição. ------------------------Capítulo 101 -- Trabalho e divertimentos T1 567 1 Caro irmão F: T1 567 2 Tenho pensado demoradamente em um ou dois pontos. Quando compreendo onde me encontro ao escrever-lhe cartas, noite após noite, em meu sono, penso já ser tempo de expressar-lhe minhas convicções do dever. Quando me foi mostrado que o Dr. E errava em alguns pontos com respeito às instruções dadas a seus pacientes, vi que você assimilou suas idéias em muitos pontos, mas que viria o tempo em que o irmão olharia a questão sob um prisma correto. Estes se referem a trabalho e divertimentos. Foi-me mostrado que se demonstraria de maior benefício à maioria dos pacientes, permitir trabalho leve, e mesmo insistir nisso com eles, do que instar que ficassem inativos e ociosos. Se o poder da vontade for conservado ativo em despertar as faculdades dormentes, isso será o maior auxílio para a restauração da saúde. Removam todo o trabalho desses que por toda a vida foram sobrecarregados, e em nove casos dentre dez a mudança será um dano. Isso se provou no caso de meu esposo. Foi-me mostrado que o exercício físico ao ar livre é muito preferível a fazê-lo dentro de casa; mas se isso não se conseguir, uma atividade leve, dentro de casa, ocuparia e distrairia a mente e a impediria de demorar o pensamento em sintomas e pequenas indisposições, e também preveniria a doença no lar. T1 568 1 Vi que esse programa de ociosidade havia sido uma grande maldição para sua esposa e para meu marido. Deus deu um trabalho ao primeiro casal no Éden, porque Ele sabia que seriam mais felizes quando ocupados. Pelo que me foi mostrado, esse programa de ociosidade é uma maldição para a mente e o corpo. Trabalho leve não estimulará ou sobrecarregará a mente ou as energias, mais do que qualquer divertimento.* Os doentes freqüentemente acham, quando concentrados em seus pobres sentimentos, que são completamente incapazes de fazer qualquer coisa. Se despertassem sua vontade e se esforçassem por fazer algum trabalho físico cada dia, seriam mais felizes e se recuperariam mais rapidamente. Escreverei mais amplamente sobre o assunto daqui por diante. T1 568 2 Li recentemente num jornal de Rochester, que o jogo de cartas não é mais praticado como recreação na instituição em _____. E. G. W., nota para a primeira edição. ------------------------Capítulo 102 -- Introdução T1 569 2 Sinto novamente ser meu dever falar ao povo do Senhor com muita clareza. É-me humilhante apontar os erros e a rebelião daqueles que estão familiarizados conosco e com nossa obra. Faço isso para corrigir declarações errôneas que têm circulado com respeito a mim e a meu marido, destinadas a prejudicar a causa, e também como advertência a outros. Se apenas nós sofrêssemos eu me calaria, mas quando a causa está em perigo de descrédito e infortúnio, devo falar. Hipócritas orgulhosos triunfarão sobre nossos irmãos porque estes são suficientemente humildes para confessar seus pecados. Deus ama Seu povo que guarda os Seus mandamentos e os reprova, não porque são os piores, mas porque eles são o melhor povo do mundo. "Eu repreendo e castigo a todos quantos amo" (Apocalipse 3:19), diz Jesus. T1 569 3 Gostaria de chamar em especial a atenção para os extraordinários sonhos relatados neste pequeno trabalho, todos ilustrando harmônica e distintamente as mesmas coisas. Grande número de sonhos origina-se das coisas comuns da vida, com as quais o Espírito de Deus nada tem a ver. Há também falsos sonhos, bem como falsas visões que são inspiradas por Satanás. Mas os sonhos provenientes do Senhor estão classificados na Palavra de Deus com visões, e são tão verdadeiramente frutos do espírito de profecia como as visões. Tais sonhos, levando-se em conta as pessoas que os têm e as circunstâncias sob as quais foram dados, contêm suas próprias provas de genuinidade. T1 570 1 Possa a bênção de Deus repousar sobre esta pequena publicação. ------------------------Capítulo 103 -- Resumo de experiências T1 570 2 De 19 de Dezembro de 1866 a 20 de Outubro de 1867. T1 570 3 Estando plenamente convencida de que meu marido jamais se recuperaria de sua longa enfermidade enquanto permanecesse inativo, e que era chegado o tempo de sair e dar meu testemunho ao povo, decidi, contrariamente ao que pensavam os irmãos da igreja de Battle Creek, onde freqüentávamos na época, empreender uma viagem pelo Norte de Michigan, com meu marido em extremo estado de fraqueza e sob o mais severo frio de inverno. Requereu não pouca coragem moral e fé em Deus tomar a decisão de arriscar tanto, especialmente estando sozinha e tendo contra mim o parecer da igreja e dos irmãos dirigentes da obra em Battle Creek. T1 570 4 Mas eu sabia que tinha uma obra a fazer e parecia que Satanás estava determinado a manter-me afastada dela. Eu havia esperado muito tempo para que nosso cativeiro fosse mudado, e temia que vidas preciosas se perdessem se eu permanecesse distante do trabalho. Ficar longe do campo de trabalho era para mim pior do que a morte, mas se saíssemos poderíamos morrer. Assim, no dia 19 de Dezembro de 1866, deixamos Battle Creek sob uma tempestade de neve, com destino a Wright, no Condado de Ottawa, Michigan. Meu marido resistiu a longa e severa viagem de quase 150 quilômetros muito melhor do que eu esperava, e parecia estar muito bem quando chegamos à casa do irmão Root. Fomos bondosamente recebidos por sua querida família e cuidados tão carinhosamente, como os pais cristãos fazem com seus filhos doentes. T1 570 5 Encontramos a igreja local em más condições. As sementes da desunião e do descontentamento de uns para com os outros haviam sido plantadas na maior parte de seus membros, e um espírito mundano estava tomando posse deles. Não obstante sua condição, eles não tiveram muita oportunidade de receber os cuidados de nossos pregadores, e estavam famintos por alimento espiritual. Ali começamos nossos primeiros trabalhos desde o início da doença de meu marido. Ali ele deu início aos trabalhos como nos bons tempos, embora sob muita fraqueza. Tiago falava entre trinta e quarenta minutos nas manhãs de sábado e de domingo, e eu preenchia o restante do tempo, falando cerca de uma hora e meia nas tardes de cada dia. Éramos ouvidos com grande atenção. Percebi que meu marido estava ficando mais forte, mais claro e mais envolvido com seus assuntos. Certa vez, quando ele falou cerca de uma hora com clareza e poder, com o fardo do trabalho sobre si como no passado, meus sentimentos de gratidão estavam além do que eu podia expressar. Ergui-me na congregação e por quase meia hora tentei com lágrimas exteriorizá-los. A congregação ficou muito emocionada. Senti que essa era a aurora de melhores dias para nós. T1 571 1 Permanecemos ali por seis semanas. Tive a oportunidade de falar-lhes por vinte e cinco vezes, e meu marido doze vezes. Enquanto nossos trabalhos progrediam nessa igreja, casos individuais iam-me sendo revelados e comecei a escrever testemunhos para eles, chegando a cerca de cem páginas. Começamos a trabalhar com essas pessoas, à medida que vinham à casa do irmão Root, onde estávamos hospedados. Visitávamos alguns em seus lares. Atendíamos a outros nas próprias reuniões da igreja. Descobri que meu marido era de grande ajuda nesse trabalho. Sua longa experiência nesse tipo de trabalho, adquirida no passado enquanto trabalhávamos juntos, o havia qualificado para isso. E agora que o retomava, parecia manifestar toda aquela clareza de pensamento, são discernimento e fidelidade ao tratar com os errantes, como nos primeiros tempos. De fato, nenhum dos dois pastores que estavam conosco podiam prestar-me tal assistência. T1 571 2 Uma grande e boa obra foi feita em favor dessas queridas pessoas. Erros foram aberta e plenamente confessados, a união foi restaurada e a bênção de Deus repousou sobre o trabalho. Meu marido trabalhou para elevar a doação sistemática da igreja a níveis que poderiam ser adotados por todas as nossas igrejas. Seus esforços resultaram em crescimento de cerca de trezentos dólares no montante anual trazido à tesouraria daquela igreja. Aqueles que haviam estado em perplexidade em relação a alguns de meus testemunhos, principalmente na questão da reforma do vestuário, tornaram-se plenamente convencidos ao ouvir a explicação do assunto. As reformas de saúde e do vestuário foram adotadas, e uma grande oferta foi levantada em favor do Instituto de Saúde. T1 572 1 Penso ser meu dever declarar que quando essa obra estava em franco progresso, infelizmente um irmão rico do Estado de Nova Iorque visitou Wright, após visitar Battle Creek, sendo ali informado que havíamos iniciado o trabalho em desatendimento ao conselho e opinião da igreja e daqueles que dirigiam a obra em Battle Creek. Ele resolveu apresentar meu marido ante aqueles por quem havíamos trabalhado tanto, como parcialmente insano e seu testemunho, conseqüentemente, de nenhum valor. Sua influência na questão, como me foi declarada pelo irmão Root, o ancião da igreja, atrasou o trabalho em pelo menos duas semanas. Estou contando esse fato para mostrar que pessoas não consagradas podem, em seu estado de insensibilidade e cegueira, lançar em apenas uma hora uma influência que obrigaria os cansados servos do Senhor a gastar semanas para desfazer. Estávamos trabalhando pelos ricos, e Satanás viu que esse irmão abastado era justamente o homem que ele precisava. Possa o Senhor conduzi-lo aonde possa ver, e em humildade de coração confessar seu pecado. Com duas semanas a mais de trabalho e com a bênção do Senhor, fomos capazes de remover sua nefasta influência e dar ao querido povo plenas provas de que Deus nos havia enviado. Como resultado de nosso trabalho, sete pessoas foram logo batizadas pelo irmão Waggoner, e mais dois em Julho, por meu marido, na época de nossa segunda visita àquela igreja. T1 573 1 Aquele irmão de Nova Iorque retornou com sua esposa e filha a Battle Creek, num estado de espírito incapaz de dar um relatório exato do bom trabalho feito em Wright, ou serenar os ânimos na igreja de Battle Creek. Enquanto os fatos vinham à tona, pareceu que ele prejudicava a igreja e a igreja o prejudicava, em sua mútua satisfação de ir de casa em casa e provocar os mais desfavoráveis comentários acerca de nossa conduta, tornando-a tema de conversação. À medida que essa cruel obra prosseguia, tive o seguinte sonho: T1 573 2 Eu estava visitando Battle Creek em companhia de uma pessoa de maneiras refinadas e comportamento digno. Em meu sonho eu circulava ao redor das casas de nossos irmãos. Quando estávamos para entrar, ouvimos vozes. O nome de meu marido era freqüentemente mencionado. Eu estava aflita e atônita em ouvir aqueles que haviam professado ser nossos melhores amigos, relatar cenas e incidentes que haviam ocorrido durante a grave doença de meu marido, quando suas forças físicas e mentais ficaram muito abaladas. Afligi-me ouvindo a voz do professo irmão de Nova Iorque antes mencionado, referindo-se com determinação e exagerado enfoque, a incidentes sobre os quais aqueles de Battle Creek nada sabiam, enquanto nossos amigos de Battle Creek, por sua vez, apresentavam o que sabiam. Meu ânimo desfaleceu, e em meu sonho, quando estava prestes a cair, a mão de meu acompanhante me amparou e ele disse: "Ouça, você precisa saber disso, mesmo que seja duro de suportar." T1 573 3 Nas várias casas das quais nos aproximávamos, o tema das conversas era o mesmo. Isto era sua verdade presente. Eu disse: "Oh, eu não sabia disso! Ignorava que existissem tais sentimentos no coração daqueles a quem tínhamos como amigos nos tempos de prosperidade, e nossos amigos íntimos quando em sofrimento, aflição e adversidade. Gostaria de nunca ter sabido dessas coisas! Nós os tínhamos como os melhores e mais leais amigos. T1 574 1 A pessoa que estava comigo repetiu estas palavras: "Se eles apenas conversassem tão prontamente e com tanto empenho e zelo sobre seu Redentor, demorando-se sobre Seus incomparáveis encantos, Sua desinteressada benevolência, Seu gracioso perdão, Sua piedosa ternura para com o sofredor, Seu inexprimível amor e longanimidade, quanto mais preciosos seriam os frutos." T1 574 2 Eu então disse: "Sinto-me ofendida. Meu marido não se tem poupado para salvar almas. Ele suportou cargas que o esmagaram; ficou prostrado, alquebrado física e mentalmente, e agora, reúnem palavras e atos para usá-los a fim de destruir sua influência, mesmo após Deus ter posto Sua mão e erguê-lo para que sua voz pudesse novamente ser ouvida. Isso é cruel e injusto." T1 574 3 Meu acompanhante disse: "A conversação onde Cristo e as características de Sua vida são temas prevalecentes, traz refrigério ao espírito e seu fruto será para a santidade e a vida eterna." Então citou estas palavras: "Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai." Filipenses 4:8. Essas palavras me impressionaram tanto que falei sobre elas no sábado seguinte. T1 574 4 Meu trabalho em Wright foi muito cansativo. Eu tinha muita preocupação com meu marido durante o dia, e algumas vezes à noite. Dava-lhe banhos e fazia-o caminhar, e duas vezes por dia, quer fizesse frio, chovesse ou estivesse ensolarado, saía com ele. Eu escrevia enquanto ele ditava seus artigos para a Review, e também redigia muitas cartas em acréscimo às muitas páginas de testemunhos pessoais e a maior parte do n. 11, além de visitar e falar com freqüência claramente e por tanto tempo quanto me fosse possível. O irmão e a irmã Root mostravam simpatia para com minhas provações e trabalhos, e vigiavam com terno cuidado para suprir todas as nossas necessidades. Nossas freqüentes orações eram para que o Senhor os abençoasse no cesto e na amassadeira (Deuteronômio 28:5), na saúde bem como em graça e força espiritual. Senti que uma bênção especial viria sobre eles. Apesar de a doença ter desde então atingido seu lar, soube pelo irmão Root que eles agora tinham muito melhor saúde que antes. Falou-me também que em termos de prosperidade temporal, seus campos de trigo haviam produzido 950 litros por acre (cerca de 4.000m2), algumas glebas produziram até 1.400, enquanto que a média conseguida por seus vizinhos foi de apenas 387 litros por acre. T1 575 1 No dia 29 de Janeiro de 1867, deixamos Wright e fomos até Greenville, no Condado de Montcalm, a uma distância de aproximadamente 64 quilômetros. Era o dia mais frio do inverno e estávamos felizes por encontrar abrigo do frio e da tormenta na casa do irmão Maynard. Sua família recebeu-nos muito bem em sua casa e no coração. Ficamos naquela redondeza durante seis semanas, trabalhando nas igrejas de Greenville e Orleans, e fazendo do hospitaleiro lar do irmão Maynard nosso quartel-general. T1 575 2 O Senhor concedeu-me liberdade para falar ao povo. Em cada esforço feito eu percebia Seu poder sustentador. E como estava plenamente convencida de que eu tinha um testemunho para o povo, o qual podia transmitir-lhes em ligação com o trabalho de meu marido, minha fé foi fortalecida no sentido de que ele ainda teria a saúde restabelecida para trabalhar na causa de Deus. Seus esforços foram bem recebidos pelo povo, e ele me foi de grande ajuda no trabalho. Sem ele eu poderia fazer muito pouco, mas com sua ajuda e na força de Deus, era capaz de realizar a tarefa que me fora designada. O Senhor o sustinha em cada esforço que fazia. Quando ele se arriscou, confiando em Deus, e sem considerar sua fraqueza, foi recuperando as forças e melhorando a cada esforço feito. Quando percebi que meu marido estava reavendo seu vigor físico e mental, minha gratidão foi imensa, em vista da perspectiva de que eu poderia ficar livre para empenhar-me de novo e mais diligentemente na obra de Deus, ficando ao lado de meu marido, trabalhando em união pelo povo de Deus. Antes de ficar doente, a posição que ele ocupava no Escritório o confinava ali a maior parte do tempo. E como eu não podia viajar sem ele, ficava em casa durante muito tempo. Senti que Deus desejava agora seu progresso enquanto trabalhava na palavra e no ensino, e se dedicava mais especialmente à pregação. Outros poderiam fazer o trabalho no Escritório, e nós estávamos convictos de que ele nunca mais ficaria confinado, mas sim livre para viajar comigo, para que ambos pudéssemos dar o solene testemunho que Deus nos havia dado para transmitir a Seu povo remanescente. T1 576 1 Eu sentia a má condição do povo de Deus, e cada dia estava mais ciente de que havia chegado aos limites de minhas forças. Enquanto em Wright, havíamos enviado meu manuscrito de número 11 ao Escritório de publicações. A cada momento livre, quando fora dos reuniões, eu procurava aprimorar o texto do número 12. Minhas energias físicas e mentais haviam sido severamente sobrecarregadas enquanto trabalhava na igreja de Wright. Eu achava que precisava descansar, mas não via oportunidade para isso. Eu falava ao povo várias vezes por semana e escrevia muitas páginas de testemunhos pessoais. O peso das almas estava sobre mim e as responsabilidades que sentia eram tão grandes que não tinha senão poucas horas para dormir cada noite. T1 576 2 Enquanto assim ocupada em falar e escrever, recebi de Battle Creek cartas de caráter desanimador. Ao lê-las senti uma inexprimível depressão de espírito, chegando a uma agonia mental, que por breve período como que paralisou minhas energias vitais. Por três noites não dormi quase nada. Meus pensamentos estavam perturbados, perplexos. Ocultei o mais que pude os meus sentimentos, de meu esposo e da família envolvida, com a qual nos achávamos. Ninguém sabia de minha labuta ou fardo mental, ao unir-me com a família no culto matinal e vespertino, procurando depor meu fardo sobre o grande Portador de Fardos. Mas minhas petições provinham de um coração tomado de angústia, e minhas orações eram interrompidas e desconexas, por motivo da incontrolável ansiedade. O sangue precipitou-se-me para o cérebro, levando-me freqüentemente a cambalear e quase cair. Tive hemorragia nasal muitas vezes, especialmente depois de fazer um esforço para escrever. Fui obrigada a pôr de lado minha escrita, mas não podia livrar-me do fardo da ansiedade e da responsabilidade que pesavam sobre mim. Achei que tinha testemunhos a dar para os outros, os quais era incapaz de apresentar. T1 577 1 Recebi ainda outra carta informando-me de que era melhor protelar a publicação do número 11, até que eu pudesse escrever o que me havia sido mostrado com relação ao Instituto de Saúde, porque seus dirigentes estavam sofrendo por falta de recursos e necessitavam da influência de meu testemunho para mobilizar os irmãos. Copiei uma parte do que me havia sido mostrado sobre o Instituto, mas não pude completar o trabalho por causa da pressão sangüínea no cérebro. Se eu soubesse que o número 12 teria a publicação adiada, de modo algum enviaria aquela porção do assunto contida no número 11. Eu supunha que após descansar alguns dias, poderia reassumir minha tarefa de escrever. Mas para minha grande dor, descobri que a condição de minha mente me tornava impossível escrever. A idéia de escrever testemunhos pessoais ou gerais foi abandonada e eu fiquei muito angustiada por não poder prepará-los. T1 577 2 Nessa situação decidi que deveríamos retornar a Battle Creek, e lá permanecer enquanto as estradas estivessem enlameadas e em péssimas condições, e que ali eu poderia completar o número 12. Meu marido estava muito ansioso para rever seus irmãos em Battle Creek e falar-lhes, alegrando-se com eles pela obra que o Senhor havia feito por ele. Reuni meus escritos e iniciamos nossa jornada. No caminho tivemos duas reuniões em Orange, com evidências de que a igreja havia sido beneficiada e animada. Fomos revigorados pelo Espírito do Senhor. Naquela noite sonhei que estava em Battle Creek, olhando para fora através da janelinha da porta. Então vi um grupo que marchava rumo a casa, de dois em dois. Eles pareciam inflexíveis e determinados. Eu os conhecia bem e voltei-me para abrir a porta da sala de visitas para recebê-los, mas pensei em olhar novamente. A cena mudara. O grupo agora parecia uma procissão católica. Um trazia em sua mão uma cruz e outro uma cana. Quando se aproximaram, aquele que carregava a cana fez um círculo ao redor da casa, dizendo três vezes: "Esta casa está interditada. Os bens devem ser confiscados. Eles falaram contra nossa santa ordem." O terror veio sobre mim e corri pela casa, saindo pela porta dos fundos, achando-me em seguida no meio do grupo, entre alguns que eu conhecia muito bem, mas não ousei dizer-lhes uma só palavra por medo de ser traída. Tentei procurar um lugar retirado onde pudesse chorar e orar sem encontrar ira e olhos inquisidores para onde quer que eu me voltasse. Eu repetia com freqüência: "Se eu pudesse apenas compreender o que está acontecendo! Se eles me falassem o que eu havia dito ou o que havia feito!" T1 578 1 Eu chorava e orava muito quando vi nossos bens confiscados. Tentei ver um pouco de simpatia ou piedade por mim no rosto daqueles que me cercavam e observar a fisionomia de muitos a quem eu julgava poder me dirigir para obter conforto, caso eles não temessem ser observados pelos outros. Fiz uma tentativa de escapar da multidão, mas vendo que estava sendo vigiada, ocultei minhas intenções. Comecei a chorar em alta voz e dizer: "Se eles apenas me dissessem o que fiz ou o que disse!" Meu marido, que estava dormindo em uma cama no mesmo quarto, ouviu-me chorar alto e despertou-me. Meu travesseiro estava úmido pelas lágrimas. Entrei em depressão. T1 578 2 O irmão e a irmã Howe nos acompanharam até West Windsor, onde fomos recebidos e saudados pelo irmão e a irmã Carman. No sábado e no domingo nos encontramos com os irmãos e irmãs das igrejas da vizinhança, e tive liberdade em transmitir-lhes meu testemunho. O revigorante Espírito do Senhor repousou sobre aqueles que sentiam especial interesse na obra de Deus. Nosso encontro foi muito bom e quase todos deram testemunho de que foram fortalecidos e grandemente animados. T1 579 1 Em poucos dias nos encontrávamos novamente em Battle Creek, após uma ausência de quase três meses. No sábado, 16 de Março, meu marido pregou na igreja um sermão sobre a santificação, que foi taquigrafado pelo editor da Review e publicado no vol. 29, n 18. Ele também falou com clareza à tarde, e na manhã do domingo. Dei meu testemunho com liberdade incomum. No sábado, dia 23, falei na igreja de Newton e trabalhei com a igreja de Convis no sábado e domingo seguintes. Pretendíamos retornar ao Norte e viajamos uns quarenta quilômetros. Mas fomos obrigados a voltar por causa da situação das estradas. Meu marido ficou terrivelmente desapontado pela fria recepção que encontrou em Battle Creek . Eu também fiquei aborrecida. Decidimos que não daríamos nosso testemunho a essa igreja até que desse melhor evidência de que desejavam nossos serviços, e que finalizaríamos nossos trabalhos em Convis e Monterey até que as estradas melhorassem. Nos dois sábados seguintes, estivemos em Convis e verificamos ter realizado ali um bom trabalho, cujos bons frutos podem agora ser vistos. T1 579 2 Voltei para casa em Battle Creek como uma criança cansada e que necessitava de confortadoras palavras e encorajamento. Foi-me penoso declarar ali que fomos recebidos com muita frieza por nossos irmãos, de quem, três meses antes, havíamos partido em perfeita união, salvo quanto à questão de havermos deixado nosso lar. Na primeira noite passada em Battle Creek, sonhei que havia estado trabalhando duramente e viajado com o propósito de assistir a um grande encontro. Eu estava muito cansada. As irmãs estavam arrumando meu cabelo e ajustando meu vestido. Dormi. Quando despertei, fiquei atônita e indignada ao descobrir que minhas vestes havia sido retiradas e me haviam trajado com trapos velhos, pedaços de acolchoados atados e costurados juntos. Eu disse: "O que vocês me fizeram? Quem fez esse trabalho vergonhoso de remover meu traje e substituí-lo com andrajos de mendigo?" Retirei os trapos e lancei-os de mim. Fiquei aflita e com angústia clamei: "Devolvam o traje que usei durante vinte e três anos e que nunca me trouxe vergonha por um instante sequer. A menos que vocês me devolvam minhas vestes, apelarei ao povo que contribuirá e me restituirá meu traje que usei por vinte e três anos." T1 580 1 Vi o cumprimento desse sonho. Em Battle Creek encontramos relatórios que estavam circulando para nos difamar, mas que na verdade não tinham qualquer fundamento. Haviam sido escritas cartas por alguns que se internaram no Instituto de Saúde e por outros que viviam em Battle Creek, às igrejas em Michigan e outros Estados, expressando temores, dúvidas e fazendo insinuações a nosso respeito. Eu estava muito angustiada quando ouvi uma acusação de um obreiro, companheiro nosso a quem eu respeitava, de que se falava em cada localidade coisas que eu havia dito contra a igreja de Battle Creek. Eu estava tão aflita que não sabia o que dizer. Enfrentamos um forte espírito acusador. Quando nos convencemos plenamente dos sentimentos existentes, ficamos abalados. Estávamos tão desapontados e aflitos que falei a dois de nossos irmãos dirigentes que não mais me sentia em casa; que encontramos desconfiança e positiva frieza em lugar de boas-vindas e encorajamento, e que eu tinha aprendido que essa era a conduta seguida para com aqueles que haviam sido abatidos pelo excesso de dedicação à obra de Deus. Disse mais: Que estávamos pensando em nos mudar de Battle Creek e ir para um lugar mais retirado. T1 580 2 Com espírito oprimido além dos limites, fiquei em casa, temendo ir a qualquer lugar entre os membros da igreja por medo de ficar magoada. Finalmente, como ninguém fizera um esforço para aliviar meus sofrimentos, senti que era meu dever chamar alguns irmãos e irmãs de experiência e enfrentar os relatos que estavam circulando a nosso respeito. Oprimida, desanimada e angustiada, enfrentei as acusações feitas contra mim, expondo detalhadamente minha viagem ao Leste e as penosas circunstâncias sob as quais fora feita. T1 581 1 Apelei aos presentes que julgassem se minha ligação com a obra e a causa de Deus ter-me-ia levado a falar levianamente da igreja de Battle Creek, da qual eu não tinha a mais leve mágoa. Não era meu interesse na causa e obra de Deus tão grande quanto o deles? Toda a minha vida e experiência estavam ligados a ela. Eu não tinha interesses separados da obra. Havia investido tudo nessa causa e considerado que nenhum sacrifício seria muito grande para mim para fazer avançá-la. Eu não permitira nem mesmo que a afeição às minhas queridas crianças me afastassem do cumprimento do dever que Deus requeria em Sua causa. O amor maternal palpitava tão fortemente em meu coração como no de qualquer outra mãe. Eu, porém, havia-me separado de meus filhos ainda lactentes e permitido que outra lhes servisse de mãe. Eu dera provas de inequívoco interesse e devoção à causa de Deus. Mostrei por minhas obras o quão cara ela me era. Será que alguém havia dado provas mais fortes do que eu? Foram eles zelosos na causa da verdade? Eu mais ainda. Foram eles dedicados a ela. Eu poderia provar maior dedicação do que qualquer pessoa envolvida no trabalho de Deus. Sofreram eles por causa da verdade? Eu muito mais. Não considerei a minha vida por preciosa. Não busquei evitar censura, sofrimento e durezas. Quando os amigos e parentes se desesperavam por causa de minha vida, porque a doença me atacava, era levada nos braços de meu marido aos barcos ou vagões de trens. Certa vez, após viajar até à meia-noite, achamo-nos sem recursos na cidade de Boston. Em duas ou três ocasiões andamos onze quilômetros pela fé. Viajávamos tanto quanto minhas forças permitiam. Então nos ajoelhávamos e orávamos por forças para prosseguir. Recebíamos vigor e éramos capazes de trabalhar diligentemente pelo bem das pessoas. Não permitíamos que nenhum obstáculo nos detivesse de cumprir o dever ou nos separasse da obra. T1 582 1 A disposição manifestada nesse encontro aborreceu-me muito. Voltei para casa com um peso no coração, pois os que estavam presentes não fizeram qualquer esforço para confortar-me, reconhecendo que eu fora caluniada e que suas suspeitas e acusações contra mim eram injustas. Não puderam condenar-me, mas também não fizeram qualquer esforço para absolver-me. T1 582 2 Por quinze meses meu marido permanecera tão fraco que não podia sequer carregar seu relógio ou carteira, ou conduzir sua parelha de animais quando em viagem. Mas neste ano ele já porta seu relógio e carteira, esta vazia em conseqüência de nossas grandes despesas, e pode conduzir os animais. Durante sua doença, ele se recusou diversas vezes a aceitar dinheiro de seus irmãos, no valor de aproximadamente mil dólares, dizendo-lhes que quando tivesse necessidade ele lhes comunicaria. Meu marido achava ser seu dever, antes de ficar dependente, vender aquilo que podíamos dispensar. Ele tinha poucas coisas no Escritório e dispersas entre os irmãos de Battle Creek. Coisas de pouco valor, que ele ajuntou e vendeu. Desfizemo-nos de alguns móveis no valor de aproximadamente cento e cinqüenta dólares. Meu marido tentou vender nosso sofá para uma sala de reuniões, fixando seu valor em dez dólares, mas não conseguiu. Por esse tempo, nossa única e valiosa vaca morreu. Pela primeira vez meu marido sentiu que poderia aceitar ajuda, e escreveu um bilhete a um irmão, dizendo que se a igreja quisesse dar alguma ajuda para compensar a perda da vaca, poderia fazê-lo. Além de nada ter sido feito sobre isso, ainda acusaram meu marido de ser incompetente em termos de dinheiro. Os irmãos conheciam-no suficientemente bem para saber que ele nunca pediria ajuda, a menos que extrema necessidade o obrigasse. E agora que ele o havia feito, julgaram acerca dos sentimentos dele e meus, e ninguém deu atenção ao assunto senão para afligir-nos em nossa necessidade e profunda aflição. T1 583 1 Nesse encontro, meu marido humildemente confessou que errara em muitas coisas dessa natureza, que ele nunca teria feito e não desejaria fazer senão por medo de seus irmãos e sempre movido pelo desejo de agir corretamente e em união com a igreja. Isso permitiu que seus acusadores evidentemente o desprezassem. Fomos humilhados até o pó, e angustiados além do que podemos exprimir. Nesse estado de coisas partimos para Monterey a fim de atender a um compromisso. Durante a viagem, sofri terrível angústia de espírito. Tentava explicar a mim mesma por que razão nossos irmãos não haviam compreendido nosso trabalho. Eu estava certa de que quando os encontrássemos eles nos entenderiam; que o Espírito de Deus que neles estava era o mesmo em nós, Seus humildes servos, e que haveria harmonia em emoções e sentimentos. Em vez disso, éramos olhados com suspeita e desconfiança, sendo causa de tremenda perplexidade para mim. Enquanto eu estava pensando, uma parte da visão recebida em Rochester, em 25 de Dezembro de 1865, veio como um relâmpago em minha mente. Imediatamente fiz referência disso a meu marido. T1 583 2 Foi-me mostrado um grupo de árvores, próximas umas das outras, formando um círculo. Subindo nessas árvores havia uma videira que as cobria até o topo e nelas se apoiava, formando um caramanchão. Em seguida vi as árvores oscilando para cá e para lá, como que movidas por um fortíssimo vento. Um ramo da videira após outro era sacudido até que a videira se desprendeu das árvores, exceto por umas poucas gavinhas que permaneceram agarradas aos ramos inferiores. Veio então uma pessoa e soltou as gavinhas remanescentes, lançando-as por terra. T1 583 3 A aflição e angústia mental que senti ao ver a vinha lançada ao solo foram indescritíveis. Muitos passavam e olhavam condoídos para ela. Eu esperava ansiosamente por uma mão amiga para erguê-la. Mas nenhuma ajuda foi oferecida. Perguntei por que ninguém ergueu a videira. Nesse momento, vi um anjo dirigindo-se até a aparentemente abandonada videira. Ele colocou seus braços debaixo da videira, ergueu-a e aprumou-a, dizendo: "Eleve-se ao céu e que suas gavinhas se apóiem em Deus. O apoio humano lhe foi retirado. Você pode firmar-se na força divina e nela florescer, sem depender dele. Ampare-se unicamente em Deus e você nunca o fará em vão, nem será sacudida daí." Senti um indescritível alívio, uma alegria transbordante quando vi que a vinha desprezada teve quem cuidasse dela. Voltei-me para o anjo e perguntei o que essas coisas significavam. Disse-me ele: "Você é a videira. Sentirá tudo isso e então, quando as coisas acontecerem, compreenderá plenamente a figura da videira. Deus será para você "socorro bem presente na angústia". Salmos 46:1. Desse tempo em diante fiquei plenamente convicta de meu dever e nunca me senti tão livre para dar meu testemunho às pessoas. Se eu já senti o braço do Senhor a me suster, foi naquela reunião. Meu marido também foi claro e livre em sua pregação, e o testemunho de todos era: Tivemos uma excelente reunião. T1 584 1 Após voltarmos de Monterey, achei ser meu dever convocar uma outra reunião, porquanto meus irmãos não fizeram caso de meus sentimentos. Decidi ir adiante na força de Deus e novamente expressar o que sentia, e defender-me das suspeitas e boatos que circulavam em prejuízo nosso. Dei meu testemunho e declarei coisas que me haviam sido mostradas com respeito à vida passada de alguns dos presentes, advertindo-os de seus perigos e reprovando seus erros e conduta. Disse que eu havia estado nas mais desagradáveis situações. Quando famílias e indivíduos me eram mostrados em visão, dava-se freqüentemente o caso de me serem mostradas coisas particulares a seu respeito, reprovando pecados secretos. Por muitos meses trabalhei com alguns em relação a erros dos quais os outros nada sabiam. Quando meus irmãos viam essas pessoas tristes e as ouviam expressar dúvidas a respeito de sua aceitação por Deus, e também sentimentos de desânimo, acusavam-me, como se eu fosse culpada por suas dificuldades. Os que me censuravam nada sabiam do que estavam falando. Protestei contra esses que se punham como inquisidores, julgando minha conduta. Tem sido um trabalho desagradável para mim reprovar pecados particulares. Se eu, para evitar suspeitas e ciúmes, desse amplas explicações para meus atos e tornasse público o que deveria ser mantido em privacidade, pecaria contra Deus e procederia mal para com as pessoas. Devo manter para mim mesma as reprovações individuais aos erros das pessoas. Que julguem como bem entenderem, mas eu nunca trairei a confiança em mim depositada pelos errantes e penitentes, ou revelarei a outros aquilo que somente deve ser apresentado aos culpados. Eu disse aos presentes que eles me deixassem em paz para agir no temor de Deus. Deixei a reunião livre de meu pesado fardo. ------------------------Capítulo 104 -- Obreiros do escritório de publicações T1 585 1 Darei aqui dois testemunhos, um dos quais escrito em Março de 1867 e dirigido a todos os que trabalham no Escritório da Review. O outro, dirigido aos jovens que ali trabalham. Sinto dizer que todos os que foram admoestados desatenderam, uns mais outros menos, aos testemunhos. Agora devo revelar que eles adotaram uma conduta contrária àquela apontada nas mensagens. Eis a primeira: T1 585 2 Enquanto em Rochester, Nova Iorque, no dia 25 de Dezembro de 1865, foram-me mostradas coisas referentes àqueles que trabalham no Escritório de Publicações, e também com respeito aos pastores a quem Deus chamou para trabalhar na pregação e no ensino. Nenhum deles devia envolver-se em comércio e negócios. Eles foram chamados para uma sagrada e excelsa obra e ser-lhes-ia impossível trabalhar com justiça para a obra e ainda gerir seus negócios. Os que estão empenhados no trabalho do Escritório, não deveriam ter interesses separados. Quando dão ao trabalho a atenção e o cuidado que ele demanda, fazem tudo o que lhes está alcance e não deveriam ser sobrecarregados. Se o comerciar, que não tem qualquer ligação com a obra de Deus, lhes absorve a mente e o tempo, o trabalho não pode ser feito de maneira integral e esmerada. Na melhor das hipóteses, aqueles que lá trabalham não possuem energia física e mental para despender. Todos estão, em maior ou menor grau, debilitados. Uma causa tal, um tal sagrado trabalho em que estão empenhados, exige muito das faculdades mentais. Eles não deveriam trabalhar mecanicamente, mas santificar-se para o serviço e agir como se a causa fosse uma parte deles próprios, como se houvessem investido alguma coisa nessa grande e solene obra. A menos que tomem interesse nessa questão, seus esforços não serão aceitáveis a Deus. T1 586 1 Satanás é muito astuto, diligente e ativo. Seu poder especial é exercido sobre aqueles que estão envolvidos na obra de pregação ou publicação da verdade presente. Todos aqueles que têm vínculos com esse trabalho necessitam vestir a armadura completa, pois são alvos especiais dos ataques de Satanás. Vi que há perigo de se tornarem desatentos e assim permitir que Satanás consiga entrar e imperceptivelmente desviar-lhes a mente da grande obra. Aqueles que preenchem cargos de responsabilidade no Escritório estão em perigo de ter a obra em menor conta, e perder a humildade e a simplicidade que sempre caracterizou esse trabalho. T1 586 2 Satanás tem como objetivo especial atingir um dos administradores da obra, o qual possui grande experiência quanto ao surgimento e progresso da verdade presente. Ele quer tirá-lo do caminho para poder afetar as mentes inexperientes e que não estão completamente consagradas à obra. O Senhor decidiu restaurar a saúde a meu marido, depois de outros se terem familiarizado com as responsabilidades que ele tinha, e sentiram um pouco do cansaço delas decorrente. Ao mesmo tempo, esses nunca empenharam totalmente suas energias físicas e mentais no trabalho, arriscando-se como Tiago se arriscou. Nunca teriam de fazer o que ele fez, pois não permaneceriam em seus postos se houvessem de passar pela vigésima parte do que ele passou. T1 587 1 Satanás pretende insinuar-se nesse Escritório, e a menos que haja esforço unido e total vigilância, ele alcançará seu objetivo. Alguns se elevarão acima da simplicidade da obra e sentirão que são capazes, quando sua força é completa fraqueza. Deus será glorificado nessa grande obra. Se eles não alimentarem uma profunda e constante humildade e firme confiança em Deus, confiarão em si mesmos, entregar-se-ão à auto-suficiência, e um ou mais deles provará o amargo cálice da aflição. À medida que a obra cresce, há grande necessidade de total confiança em Deus e dependência do Poder superior. Também de completo interesse e devoção ao trabalho. Interesses egoístas precisam ser postos de lado. Deve haver mais oração, mais meditação, pois essas são prioritariamente necessárias ao sucesso e prosperidade da obra. Um espírito mercantilista não deve ser tolerado em nenhum dos que trabalham no Escritório. Se for permitido, a obra será negligenciada e arruinada. As coisas comuns serão postas no nível das coisas sagradas. Há grande perigo de que os que estão ligados a essa obra trabalhem meramente por seus salários. Não manifestam nenhum interesse especial pela obra; seu coração não está nela e não possuem nenhum senso especial de seu sagrado e exaltado caráter. Há grande risco de que os que dirigem a obra se tornem presunçosos, exaltados, e prejudiquem a causa, marcando-a com impressões humanas em lugar das divinas. Satanás é muito atento e perseverante, mas Jesus vive e todos os que O tornam sua justiça e defesa, serão particularmente sustidos. T1 588 1 Foi-me mostrado que os irmãos A, B e C estavam em perigo de prejudicar sua saúde por ficar grande parte de seu tempo em salas quentes e abafadas. Esses irmãos precisam de mais exercício físico. Seu trabalho é sedentário e na maior parte do tempo eles respiram um ar impuro e aquecido. A falta de exercício produz circulação lenta e eles se arriscam a abalar permanentemente a saúde por desatendimento às leis de seu ser. Se violarem essas leis, padecerão a segura penalidade que de alguma forma meu marido sofreu. Não serão mais preservados do que ele o foi. Nenhum deles é capaz de suportar mesmo uma pequena parcela da sobrecarga física e mental que ele suportou. T1 588 2 Esses irmãos fizeram o trabalho enfrentando as mais cruentas batalhas, as mais dolorosas provas, para levar a causa da verdade até seu estado presente. Uma grande e solene obra, porém, está diante de nós e ela exige sua dedicação, e também do irmão D, que se acha sob perigo de presunção. Deus o provará e ele precisa estar cingido com a verdade e vestido com a armadura da justiça, ou cairá nas mãos do inimigo. Todos esses irmãos necessitam aderir mais estrita e perseverantemente a um regime alimentar simples e saudável, pois todos se acham em perigo de congestão cerebral, e paralisia para um ou mais, ou todos eles, se continuarem vivendo descuidosa ou imprudentemente. T1 588 3 Vi que Deus havia selecionado o irmão B para essa grande e exaltada obra. Ele teria cuidados e encargos, todavia, todos esses seriam mais facilmente suportados com verdadeira devoção e consagração à obra. Irmão B, você precisa de profundos goles da fonte da salvação e santificação. Sua vontade não está totalmente rendida à vontade de Deus. Você acha que não pode agir diferentemente. O irmão, porém, tem falhado em andar na prazenteira luz porque não pode ver que Cristo Jesus o precede no caminho. Ocupando o cargo que ocupa, você tem em tudo ferido a si próprio e influenciado outros. Se você andar contrariamente com Deus, Ele andará contrariamente com você. Levítico 26:27, 28. Deus deseja utilizá-lo, mas o irmão precisa morrer para o próprio eu e sacrificar seu orgulho. É desígnio do Senhor usá-lo em Sua causa se o irmão atender à Sua providência, santificar-se e purificar-se "de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus". 2 Coríntios 7:1. T1 589 1 O que se segue é o segundo testemunho, escrito em Maio de 1867 e endereçado aos jovens que trabalhavam no Escritório: T1 589 2 Caros amigos jovens que estão empregados no Escritório de Publicações de Battle Creek. Estou muito preocupada com vocês. Tem-me sido repetidamente mostrado que todos os que estão ligados à obra de Deus na publicação da verdade, para ser espalhada por todas as partes do campo, devem ser cristãos, não apenas no nome, "mas por obra e em verdade". 1 João 3:18. Seu objetivo não deve ser meramente trabalhar por salários, mas todos empenhados nesta grande e solene obra devem sentir que seu interesse está no trabalho e que o mesmo é uma parte deles. Suas motivações e influência ao ligar-se com a grande e solene obra precisam suportar o teste do Juízo. A ninguém deveria ser permitido trabalhar no Escritório de Publicações, caso seja egoísta e orgulhoso. T1 589 3 Foi-me mostrado que leviandades, tolices, gracejos e risos não deveriam ser permitidos entre os obreiros do Escritório. Os que se empenham na solene obra de preparar a verdade para ir a cada parte do campo, devem compreender que seu comportamento tem influência. Se são descuidosos, gracejadores, contadores de piadas e folgazões, enquanto lêem e preparam as solenes verdades para publicação, revelam que seu coração não está no trabalho nem santificado pela verdade. Não discernem as coisas sagradas, mas lidam com a verdade que prova o caráter, verdade que é de origem celestial, como narrativa comum, uma história, que simplesmente é lida e logo esquecida. T1 590 1 Enquanto em Rochester, vi que tínhamos tudo a temer com relação ao Escritório do ponto de vista da saúde, e que ninguém a ele ligado compreendia a necessidade de uma ventilação adequada. Suas salas eram superaquecidas e o ambiente envenenado por impurezas resultantes de exalações pulmonares e outras causas. É impossível que a mente deles tenha saudável condição para ser corretamente impressionada pelas puras e santas verdades com as quais têm de lidar, a menos que dêem o devido valor ao puro vitalizante ar do céu. T1 590 2 Foi-me mostrado que caso os que se acham tão intimamente ligados à verdade revelada não derem em sua vida evidência especial de que estão se tornando melhores pela verdade que é mantida constantemente perante eles; se sua vida não testifica do fato que amam a verdade e seus sagrados reclamos mais e mais ferventemente, estão se tornando mais endurecidos e serão cada vez menos afetados pela verdade e trabalho de Deus, até que se achem destituídos das emoções do Espírito de Deus, mortos para a impressão das verdades celestes. Não discernirão as coisas eternas, mas antes serão postas num baixo nível, com as coisas comuns. Vi que esse era o caso de alguns que estão trabalhando no Escritório de Publicações e todos, em maior ou menor grau, têm sido remissos a esse respeito. T1 590 3 Vi que a obra da presente verdade deve atrair o interesse de todos. A publicação da verdade é um plano ordenado por Deus, como meio de advertir, confortar, reprovar, exortar ou convencer a todos cuja atenção o mensageiro silencioso e mudo vier a ser apresentado. Anjos de Deus têm sua parte a desempenhar no preparar corações para serem santificados pelas verdades publicadas, a fim de que possam preparar-se para as solenes cenas que se acham perante eles. Ninguém naquele Escritório está capacitado para a importante obra de administrar cuidadosamente assuntos ligados à publicação da verdade. Os anjos precisam estar-lhes próximos para guiá-los, aconselhá-los e contê-los, ou se manifestará a sabedoria e estultícia dos agentes humanos. T1 591 1 Vi que anjos estavam freqüentemente no Escritório, nos salões de dobragem e impressão. Pude ouvir o riso, os gracejos e a conversa ociosa e tola. Mais uma vez vi a vaidade, o orgulho e egoísmo. Os anjos pareciam tristes e se retiravam magoados. As palavras que ouvi, as mostras de vaidade, orgulho e egoísmo produziram-me suspiros de angústia, enquanto os anjos saíam da sala desgostosos. Disse um anjo: "Os mensageiros celestes vieram para abençoar, para que a verdade levada pelos pregadores silenciosos pudesse ter um santo poder para cumprir sua missão, mas os que estavam empenhados nessa obra estavam tão distantes de Deus, possuíam tão pouco do divino e se achavam tão conformados com o espírito mundano que os poderes das trevas os controlavam, insensibilizando-os às impressões divinas." Ao mesmo tempo, esses jovens estavam enganados e pensavam que eram ricos e cheios de bens, de nada tendo falta, e não sabiam que era pobres e miseráveis, cegos e nus. Apocalipse 3:17. Os que lidam com a preciosa verdade como se fosse areia, não sabem quantas vezes sua insensível indiferença para com as coisas eternas, sua vaidade, amor-próprio, orgulho, gracejos e tagarelice insensata, afastaram os mensageiros do Céu do Escritório. T1 591 2 Em comportamento, palavras e atos, todos no Escritório devem ser reservados, modestos, humildes e desinteressados como seu Modelo, Jesus, o querido Salvador. Deveriam buscar a Deus e obter justiça. Esse não é lugar para brincadeiras, visitação, ociosidade, risos ou palavras inúteis. Todos devem sentir que estão fazendo uma obra para seu Mestre. As verdades que lêem e preparam para enviar ao povo, são convites de misericórdia, reprovação, ameaças, advertências ou animação. Elas estão cumprindo seu papel como um cheiro de vida para a vida ou de morte para a morte. 2 Coríntios 2:16. Se forem rejeitadas, o Juízo decidirá o assunto. A oração de todos ali deve ser: "Ó Deus, torna essas verdades que são de vital importância, claras à compreensão das mentes mais humildes! Que os anjos acompanhem esses pregadores silenciosos e abençoem sua influência para que pessoas sejam salvas por esse humilde instrumento!" T1 592 1 O coração deve arder em fervente oração enquanto as mãos estão ocupadas. Satanás não terá liberdade para agir e a pessoa, em lugar de ser estimulada à vaidade, será constantemente refrigerada como jardim regado. Os anjos se deleitarão em estar perto de tais obreiros, pois sua presença será continuamente encorajada por eles. Um poder assistirá as verdades publicadas. Divinos raios de luz provindos do santuário celestial acompanharão as preciosas verdades, assim, os que as lerem serão refrigerados e fortalecidos, e os que se opõem à verdade serão convencidos e compelidos a dizer: "Essas coisas, de fato, são assim e não podem ser contestadas." T1 592 2 Todos devem sentir que o Escritório é um lugar santo, um lugar tão sagrado como a casa de Deus. Mas o Senhor tem sido desonrado pela frivolidade e leviandade acariciadas por alguns que estão ligados à obra. Vi que estrangeiros freqüentemente saíam do Escritório desapontados. Eles o haviam associado com tudo o que é sagrado; mas quando viram os jovens, ou outros ligados ao Escritório, possuindo tão pouca seriedade, descuidados em palavras e atos, questionavam se realmente esta era a obra de Deus que preparava um povo para ser trasladado para o Céu. T1 592 3 Possa Deus abençoar a todos quantos este testemunho se refere. ------------------------Capítulo 105 -- Conflitos e vitória T1 592 4 Voltamos para o Norte, e de passagem tivemos um ótimo encontro em West Windsor. Depois de havermos chegado em casa, tivemos reuniões em Fairplains e Orleans, e também demos alguma atenção ao assunto da construção, ao cultivo de nosso jardim e a plantação de uvas, amoras-pretas, framboesas e morangos. Depois, em companhia de uma boa delegação, voltamos para Associação Geral em Battle Creek. T1 593 1 Passamos o primeiro sábado em Orleans, onde observamos jejum. Foi um dia muito solene para nós. Buscamos humilhar-nos perante Deus, e com o coração contrito e muito pranto, todos rogamos ferventemente que o Senhor nos abençoasse e fortalecesse para cumprir Sua vontade na Associação. Tínhamos fé e esperança de que nosso cativeiro fosse desfeito naquela reunião. T1 593 2 Quando chegamos a Battle Creek descobrimos que nossos prévios esforços não haviam surtido o efeito que esperávamos. Ainda existiam boatos e suspeita. Meu coração se encheu de intensa angústia. Chorei alto por algumas horas, incapaz de conter minha dor. Conversando com um amigo que eu conhecia havia vinte e dois anos, ele me disse que os boatos que ouvira falavam que Tiago e eu éramos esbanjadores de recursos. Perguntei-lhe onde havíamos sido extravagantes. Ele mencionou a compra de uma custosa cadeira. Referi-lhe então as circunstâncias. Meu marido estava muito magro e lhe era muito cansativo e mesmo doloroso sentar-se por muito tempo numa cadeira de balanço comum. Por essa razão ele se deitava numa cama ou sofá a maior parte do tempo. Eu sabia que essa não era a melhor maneira de ele readquirir o vigor, por isso pedi-lhe que ficasse mais tempo assentado. Mas a cadeira era uma dificuldade. T1 593 3 Em minha ida para o Leste para atender a meu pai moribundo, deixei meu marido em Brookfield, Nova Iorque, e enquanto em Utica, procurei uma cadeira de molas estofada. Os lojistas não tinham nenhuma peça pelo preço que eu desejava pagar, que era cerca de quinze dólares, mas ofereceram-me uma excelente cadeira, com rodinhas em vez de osciladores, de trinta por dezessete dólares. Eu sabia que essa era uma cadeira que atenderia ao que queríamos. Mas o irmão que me acompanhava insistiu que eu esperasse e mandasse fazer uma cadeira, o que custaria uns três dólares a menos. A cadeira oferecida por dezessete dólares valia o preço pedido, mas cedi à sua opinião e esperei até que a cadeira mais barata fosse confeccionada. Paguei-a eu mesma e levei-a para meu marido. Foi em Wisconsin e Iowa que ouvi o boato sobre nossa extravagância em comprar essa cadeira. Mas quem pode condenar-me? Se tivesse de fazer isso de novo, eu o faria, com uma exceção: confiaria mais em meu julgamento próprio e compraria uma cadeira que custasse alguns dólares a mais e fosse duas vezes melhor do que aquela que adquiri. Satanás por vezes influência pessoas para destruir todos os sentimentos de misericórdia e compaixão. O coração parece tornar-se de ferro, e tanto o humano quanto o divino desaparecem. T1 594 1 Chegaram até a mim boatos de que uma irmã havia declarado em Memphis e Lapeer, que a igreja de Battle Creek não tinha a menor confiança nos testemunhos da irmã White. Foi perguntado se isso se referia ao testemunho escrito. A resposta foi: "Não, não se refere às visões publicadas mas aos testemunhos dados nas reuniões da igreja, porque sua vida os contradiz." Mais uma vez pedi uma entrevista com alguns irmãos e irmãs experientes, incluindo as pessoas que haviam feito circular os boatos. Pedi-lhes que me mostrassem onde minha vida não estava de acordo com os meus ensinamentos. Se minha vida havia sido tão incompatível para produzir a declaração de que a igreja de Battle Creek não tinha confiança em meu testemunho, não seria difícil apresentar provas de meu comportamento não-cristão. Nada puderam apresentar em justificativa às declarações feitas, e confessaram seu erro de circular os boatos, admitindo que suas suspeitas e ciúmes não tinham fundamento. Perdoei de coração àqueles que nos feriram e disse-lhes que tudo o que eu pedia era que desfizessem a influência que haviam exercido contra nós. Assim eu ficaria satisfeita. Eles prometeram fazer isso, mas não cumpriram. T1 595 1 Muitos outros rumores contra nós, todos igualmente falsos ou exagerados, foram livremente espalhados pelas diversas famílias, por ocasião da Assembléia, e a maioria nos olhava, especialmente a meu marido, com suspeita. Algumas pessoas de influência manifestaram disposição de nos esmagar. Como estávamos passando por necessidades e meu marido tentou vender nossa propriedade, acharam que ele estava errado. Ele havia declarado que sua boa vontade em permitir que os irmãos compensassem a perda de nossa vaca, fora considerada um pecado hediondo. Supondo que nossa propriedade em Battle Creek fosse boa para ser vendida, compramos um terreno em Greenville e começamos a construir. Mas não conseguimos vender a propriedade de Battle Creek, e em nossa difícil situação meu marido escreveu a diversos irmãos pedindo dinheiro emprestado. Foi condenado, por essa razão, como alguém ávido por dinheiro. E do pastor mais ativo nesta obra ouviram-se as palavras: "Não queremos que o irmão E compre o imóvel do irmão White, pois precisamos desse dinheiro para o Instituto de Saúde." Que podíamos fazer? Para onde quer que nos voltássemos, éramos acusados. T1 595 2 Sessenta e cinco horas antes de meu marido sofrer uma crise, ele ficou até a meia-noite numa igreja pedindo trezentos dólares para terminar de pagar por ela. Para dar força a seu apelo, encabeçou a lista de subscrição com dez dólares em seu nome e mais dez no meu. Antes da meia-noite a quantia estava praticamente completa. O ancião daquela igreja era um velho amigo, e em nossa extrema necessidade e desamparada condição, meu marido escreveu-lhe dizendo que estávamos em necessidade e se aquela igreja desejasse devolver os vinte dólares, nós os aceitaríamos. Por ocasião da Assembléia esse irmão nos exortou, fazendo do assunto um grave erro. Antes de visitar-nos em casa, ele fora contaminado de alguma forma pela influência geral. Lamentamos profundamente essas coisas, e se não houvéssemos sido sustidos pelo Senhor, não teríamos conseguido apresentar nosso testemunho na Assembléia com tamanho desembaraço. T1 596 1 Antes de regressarmos da Assembléia, os irmãos Andrews, Pierce e Bourdeau fizeram uma sessão especial de oração em nossa casa, na qual fomos grandemente abençoados, especialmente meu marido. Isso lhe deu coragem para voltar ao nosso novo lar. Então começaram dolorosos sofrimentos com os dentes, e nossos trabalhos noticiados na Review. Ele deixou de pregar apenas por uma semana por causa da falta de dentes, mas trabalhou em Orange e Wright, com a igreja em casa, em Greenbush e Bushnell, pregando e batizando como antes. T1 596 2 Depois de retornar da Assembléia, sobrevieram-me grandes incertezas em relação à prosperidade da causa de Deus. Eu tinha dúvidas sobre coisas que, seis meses antes, não me ocorriam à mente. Via o povo de Deus assimilando o espírito mundano, imitando-lhe as modas e abandonando a simplicidade de nossa fé. Parecia que a igreja de Battle Creek estava apostatando, e que era impossível despertar suas sensibilidades. Os testemunhos que Deus me dera tinham pequena influência, e em Battle Creek eram mais desconsiderados do que em qualquer outra parte do campo. Eu tremia pela causa de Deus. Sabia que o Senhor não havia abandonado Seu povo, mas que seus pecados e iniqüidades os haviam separado de Deus. Battle Creek é o grande coração da obra. Cada pulsação é sentida pelos membros do corpo espalhados por todo o campo. Se esse grande coração estiver com saúde, a circulação vital será sentida através de todo o corpo de observadores do sábado. Se o coração estiver debilitado, a mórbida condição de cada ramo da obra evidenciará o fato. T1 596 3 Meu interesse está nessa obra. Minha vida acha-se unida a ela. Quando Sião prospera, sou feliz; se ela enfraquece, fico triste, desesperançada, desanimada. Vi que o povo de Deus estava numa condição assustadora, e que Seu favor estava sendo retirado deles. Eu pensava nesse quadro dia e noite e suplicava em amarga angústia: "Ó Senhor, e não entregues a Tua herança ao opróbrio; ... porque diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?" Joel 2:17. Eu sentia que fora desligada de todos os líderes da obra, ficando virtualmente sozinha. Não me atrevia a confiar em ninguém. À noite, despertava meu marido para dizer-lhe: "Receio tornar-me infiel." Depois clamava ao Senhor para que me salvasse por Seu poderoso braço. Não podia ver quem houvesse atendido aos meus testemunhos e sustinha a idéia de que talvez meu trabalho na obra já tivesse terminado. Tínhamos compromisso em Bushnell, mas disse a meu marido que não poderia ir. Pouco depois ele voltou do correio trazendo a carta do irmão Matteson, que relatava o seguinte sonho: T1 597 1 "Prezado irmão White, que a bênção de Deus seja com você, e possam estas linhas encontrá-lo prosperando sempre e melhorando em saúde e força espiritual. Sou muito grato ao Senhor pela bondade que tem usado para com o irmão e espero que ainda possa desfrutar perfeita saúde e liberdade na proclamação da última mensagem. T1 597 2 "Tive um sonho excepcional com você e a irmã White, e sinto-me no dever de relatá-lo tanto quanto me recordo. Sonhei que estava relatando o sonho à irmã White, bem como sua interpretação, que também me foi dada no sonho. Quando acordei, alguma coisa me impeliu a registrá-lo em todos os seus pormenores para não esquecê-los; mas deixei de fazê-lo em parte porque estava cansado e em parte porque achava tratar-se simplesmente de um sonho. Mas, considerando que nunca sonhara com vocês antes, que esse sonho era de fácil compreensão e tão intimamente relacionado com vocês, que cheguei à conclusão que deveria contá-lo. O que passo a referir é tudo aquilo de que posso me lembrar: T1 597 3 "Estava eu numa casa ampla onde havia um púlpito semelhante àqueles que usamos em nossas igrejas. Sobre ele havia muitas lâmpadas acesas. Essas lâmpadas necessitavam de constante suprimento de óleo, e muitos de nós estávamos empenhados em transportar o óleo e supri-las. O irmão White e sua esposa estavam muito ocupados, e notei que a irmã White despejava mais óleo do que os demais. Então o Pastor White saiu pela porta que dava acesso a um armazém, onde havia muitos barris de óleo. Ele abriu a porta e entrou. A irmã White o seguiu. Precisamente nesse instante, um grupo de homens que os acompanhava, trazendo uma substância negra parecida com fuligem, lançaram-na sobre o irmão e a irmã White, cobrindo-os completamente. Fiquei preocupado e procurei ansiosamente ver como tudo aquilo terminaria. Podia ver o casal White trabalhando duramente para livrar-se da fuligem, e após muita luta, saíram tão limpos como antes, e tanto os homens maus quanto a fuligem desapareceram. Em seguida, o irmão e a irmã White novamente se empenharam mais fervorosamente do que nunca a suprir as lâmpadas com óleo, mas a irmã White ainda o precedia. T1 598 1 "Sonhei que esta era a interpretação: As lâmpadas representavam o povo remanescente. O óleo era a verdade e o amor celestial, dos quais o povo de Deus precisa de constante suprimento. As pessoas envolvidas no abastecimento das lâmpadas eram os servos de Deus trabalhando na colheita. Quem eram os maus indivíduos, eu particularmente não pude determinar, mas eram homens controlados pelo diabo, que exerciam más influências especialmente contra o irmão White e sua esposa. Estes sofreram grande angústia por algum tempo, mas foram por fim livrados pela graça de Deus e esforços próprios determinados. Finalmente, o poder de Deus repousou sobre eles e tiveram importante parte na proclamação da última mensagem de misericórdia. Mas a irmã White possuía mais rico suprimento que os demais em sabedoria celestial e amor. T1 598 2 "Esse sonho fortaleceu mais minha confiança de que o Senhor que iniciou a obra de restauração em vocês, a terminará, e que os irmãos mais uma vez desfrutarão o Espírito de Deus como nos tempos passados e até mais profusamente. Não se esqueçam de que a humildade é a porta que conduz aos ricos suprimentos da graça de Deus. Que o Senhor o abençoe, a sua esposa e os filhos, e nos permita encontrar-nos no reino celestial. Nos laços do amor cristão, John Matteson, Oakland, Wisconsin, 15 de Julho de 1867. T1 599 1 Esse sonho trouxe-me alento. Eu tinha confiança no irmão Matteson. Antes de vê-lo pessoalmente, seu caso foi-me mostrado em visão, em contraste com o de F, de Wisconsin. F era inteiramente indigno de portar o nome de cristão, quanto mais de ser um mensageiro, mas o irmão Matteson, foi-me mostrado como alguém humilde e que, se mantivesse sua consagração, estaria qualificado para levar pessoas ao Cordeiro do Deus. O irmão Matteson não tinha conhecimento de minhas tribulações de espírito. Nunca trocáramos uma linha e o sonho, vindo oportunamente e por meio desse irmão, pareceu-me como a mão de Deus estendida para socorrer-me. T1 599 2 Estávamos ansiosos por estar construindo com dinheiro emprestado, o que nos causava incertezas. Atendíamos a nossos compromissos e trabalhávamos diligentemente durante a estação mais quente. Por falta de meios, íamos ao campo juntos, capinando, cortando e limpando feno. Enquanto meu marido, com suas mãos enfraquecidas, lançava-me o feno, eu tomava meu forcado e o amontoava. Pegando um pincel, pintei grande parte do interior de nossa casa. Por causa disso tudo, estávamos muito cansados. Repentinamente, perdi as forças e nada mais pude fazer. Desmaiei durante várias manhãs, e meu marido teve de assistir, sem mim, às reuniões no bosque de Greenbush. T1 599 3 Nossa velha e dura carruagem quase nos matou e a nossa parelha de animais. As longas viagens, os trabalhos nas reuniões, os cuidados e labutas domésticos, foram demais para nós e eu temia haver chegado ao fim de meu trabalho. Meu marido tentou animar-me e insistiu para que retomássemos nossos compromissos em Orange, Greenbush e Ithaca. Finalmente resolvi sair de viagem, se não piorasse. Viajei dezesseis quilômetros ajoelhada na carruagem sobre uma almofada, recostando minha cabeça sobre outra almofada no colo de meu marido. Ele dirigia a carruagem e me amparava. Na manhã seguinte eu estava um pouco melhor e resolvi prosseguir. Deus nos ajudou a falar com poder ao povo de Orange, e um grande trabalho foi feito em favor dos que haviam abandonado a fé e dos pecadores. Em Greenbush tive liberdade e forças. Em Ithaca, o Senhor ajudou-nos a falar a uma grande congregação, a qual jamais tínhamos visto antes. T1 600 1 Em nossa ausência, os irmãos King, Fargo e Maynard acharam que, por amor a nós mesmos e a nossos animais, deveríamos ter uma carruagem mais leve e confortável. Assim que, ao retornarmos, levaram meu marido até Ionia e compraram a carruagem que ainda temos. Isso era exatamente o que necessitávamos e que nos pouparia muito cansaço nas viagens durante o verão. T1 600 2 Nesse tempo recebemos insistentes pedidos para assistirmos às assembléias no Oeste. Enquanto líamos esses comoventes apelos, choramos sobre eles. Meu marido me disse: "Ellen, não podemos assistir a essas reuniões. Na melhor das hipóteses, eu mal poderia cuidar de mim mesmo numa viagem como essa, e se você desmaiasse, o que eu faria? Mas, Ellen, precisamos ir." Enquanto ele falava, lágrimas embargavam-lhe a voz. Por minha vez, ao pensar sobre nossa débil condição, no estado da causa no Oeste e na necessidade que os irmãos tinham de nossos préstimos, eu disse: "Tiago, não podemos assistir a essas reuniões no Oeste, entretanto, precisamos ir." A essa altura, muitos dos fiéis irmãos, vendo nossa condição, ofereceram-se para ir conosco. Isso foi o bastante para decidir a questão. Partimos de Greenville em nossa nova carruagem, no dia 29 de Agosto, a fim de assistir à reunião geral em Wright. Quatro equipes nos acompanhavam. A viagem foi confortável e bastante agradável, em companhia de prestativos irmãos. O encontro foi vitorioso. T1 600 3 Nos dias 7 e 8 de Setembro tivemos preciosas sessões em Monterey, com os irmãos do Condado de Allegan. Lá encontramos o irmão Loughborough, que começou a perceber os erros existentes em Battle Creek e lamentava a parte que havia desempenhado com respeito a eles, os quais haviam prejudicado a causa e nos imposto cargas cruéis. A pedido nosso, ele nos acompanhou até Battle Creek. Mas antes de deixarmos Monterey, referiu-nos o seguinte sonho: T1 600 4 "Quando o casal White veio a Monterey, no dia 7 de Setembro, pediram-me que os acompanhasse até Battle Creek. Hesitei em ir, pensando ser meu dever atender aos interesses da causa em Monterey e, como lhes disse na ocasião, também achava haver pouca oposição a eles em Battle Creek. Depois de orar sobre o assunto por vários dias, fui dormir certa noite rogando que o Senhor me desse luz sobre a questão. T1 601 1 "Sonhei que, juntamente com outros membros da igreja de Battle Creek, estávamos em um trem de passageiros. Os vagões eram baixos e eu mal podia ficar em pé em seu interior. Eram mal ventilados e exalavam um odor, como se por meses não houvessem sido arejados. A via férrea sobre que passavam era muito irregular e os vagões estremeciam fortemente, fazendo com que, algumas vezes nossa bagagem caísse e alguns passageiros fossem lançados para fora. Tínhamos de ficar parando para reembarcar nossos passageiros e bagagem, ou consertar os trilhos. Parecia-nos que depois de trabalhar por algum tempo, fazíamos pouco ou nenhum progresso. Éramos realmente um grupo de passageiros melancólicos. T1 601 2 "Imediatamente chegamos a uma plataforma giratória, grande o suficiente para caber todo o trem. O irmão e a irmã White estavam ali de pé, e enquanto eu descia do trem, disseram: 'Tudo está errado neste trem. É preciso mudar de rumo.' Ambos se apoderaram das manivelas que moviam o maquinismo que girava a plataforma e puxaram-nas com toda a força. Nunca pessoas trabalharam tão arduamente manobrando um vagão, como eles nas manivelas da plataforma. Fiquei parado observando até que vi o trem começar a girar. Foi quando exclamei: 'Ele se move!' e corri para ajudá-los. Estávamos tão absortos em realizar o trabalho de girar o plataforma, que prestei pouquíssima atenção ao trem. T1 601 3 "Havendo concluído a tarefa, erguemos os olhos, e eis que o trem inteiro se havia transformado. Em lugar dos vagões baixos e mal ventilados em que havíamos viajado, havia carros espaçosos, altos e bem arejados, com janelas amplas e claras, todos decorados e arrumados da maneira mais esplêndida, e de maior bom gosto do que qualquer palácio ou carro-dormitório que eu jamais vira. Os trilhos eram nivelados, suaves e firmes. O trem estava lotado de passageiros cujos semblantes eram alegres e felizes, porém apresentando expressões de convicção e solenidade. Todos pareciam exprimir grande satisfação pela mudança que ocorrera e pela maior segurança na bem-sucedida transformação do trem. O casal White estava no trem e seu rosto brilhava com santa alegria. Quando o trem partiu, fiquei tão cheio de alegria, que despertei com a impressão de que o sonho se referia à igreja de Battle Creek e aos assuntos pertinentes à causa ali. Ficou perfeitamente claro em minha mente o dever de ir a Battle Creek e prestar meus serviços a obra nesse lugar. Agora estou feliz de ter estado aqui para ver a bênção do Senhor acompanhando os árduos trabalhos do irmão e da irmã White para pôr as coisas em ordem. J. N. Loughborough. T1 602 1 Antes de deixarmos Monterey, o irmão Loughborough contou-me outro sonho que teve por ocasião da morte de sua esposa. Esse sonho também me foi motivo de animação. T1 602 2 "'O profeta que teve um sonho, que conte o sonho.' Jeremias 23:28. T1 602 3 "Uma noite, após refletir nas aflições de Tiago e Ellen White, em sua relação com a obra da mensagem do terceiro anjo, na minha própria omissão em apoiá-los nas suas atribulações; e após confessar meus erros ao Senhor e implorar Sua bênção sobre eles, deitei-me para descansar. T1 602 4 "No sonho, eu me achava em minha cidade natal, na encosta de uma extensa colina. Eu falava com muito fervor, dizendo: 'Oh, que eu possa encontrar a fonte curadora!' Então um jovem belo e bem vestido se aproximou e disse amavelmente: 'Eu o levarei à fonte.' Ele foi à frente e eu tentei segui-lo. Subimos a encosta da colina, passando com muita dificuldade por três lugares úmidos e pantanosos, através dos quais fluíam pequenas correntes de água lamacenta. Não havia meio de cruzá-las, a não ser por seus vaus. Feito isso, chegamos a um terreno sólido e bom, onde havia uma saliência e também uma grande fonte de água puríssima e borbulhante. Um grande tonel fora posto ali, o qual era muito semelhante a uma tina de imersão do Instituto de Saúde de Battle Creek. Uma tubulação ligava a fonte a uma das extremidades da tina, e a água estava transbordando pela outra. O Sol brilhava refletindo seus raios na água. T1 603 1 "Enquanto nos aproximávamos da fonte, o jovem nada disse; apenas olhava para mim e sorria com expressão de satisfação. Então fez um sinal com a mão rumo à fonte, como que a perguntar-lhe: Você pensa que é uma fonte que cura tudo? Uma multidão, com o casal White à frente, veio à nascente pelo lado oposto em que estávamos. Eles pareciam alegres e bem dispostos, todavia, santa solenidade parecia estampada em seu semblante. T1 603 2 "O irmão White havia melhorado muito de saúde e estava animado e feliz, embora parecesse cansado como se tivesse caminhado longa distância. A irmã White tinha em sua mão um grande copo, o qual mergulhava na fonte, bebia sua água e passava-a para os demais. O irmão White falava ao grupo, dizendo-lhe: 'Agora vocês poderão ver os efeitos desta água.' Então ele a bebeu e instantaneamente se sentiu revigorado. Assim fizeram todos os outros. Sua aparência mostrava vigor e força. Enquanto o irmão White falava e tomava novos goles de água, colocava suas mãos nas bordas da tina e mergulhava três vezes. Cada vez que emergia estava mais forte do que antes, e mantinha-se falando o tempo todo, exortando os demais a vir e banharem-se na 'fonte', como ele a chamava, e beber de sua corrente sanadora. Sua voz, bem como a da irmã White, pareciam melodiosas. Alegrei-me porque havia descoberto a fonte. A irmã White dirigiu-se a mim ofertando-me um copo de água para beber, mas eu estava tão feliz que acordei antes de tomá-la. T1 604 1 "Que o Senhor me conceda beber a largos goles dessa água, pois creio que ela não é outra senão aquela de que Cristo falou que jorraria 'para a vida eterna'. João 4:14. J. N. Loughborough, Monterey, Michigan, 8 de Setembro de 1867. T1 604 2 Nos dias 14 e 15 de Setembro tivemos proveitosas reuniões em Battle Creek. Ali meu marido falou com liberdade para reprovar corajosamente alguns pecados daqueles que ocupavam altos cargos na causa, e pela primeira vez em vinte meses, assistiu a reuniões vespertinas e pregou à noite. Uma boa obra se iniciou e a igreja, conforme matéria publicada na Review, garantiu-nos apoio caso quiséssemos prosseguir trabalhando com eles em nosso retorno do Oeste. T1 604 3 Em companhia do casal Maynard e dos irmãos Smith e Olmstead, assistimos as grandes reuniões do Oeste, cujos principais sucessos foram amplamente divulgados pela Review. Enquanto assistíamos às reuniões em Wisconsin, fiquei muito debilitada. Eu trabalhara além de minhas forças em Battle Creek e quase desmaiei durante a viagem de trem. Por quatro semanas sofri muito com problemas pulmonares, e foi com dificuldade que falei ao povo. No sábado à noite, aplicaram-me uma fomentação na garganta e pulmões, mas o envoltório da cabeça foi esquecido, e o problema pulmonar transferiu-se para o cérebro. Quando me levantei pela manhã, senti uma estranha sensação no cérebro. As vozes pareciam vibrar e tudo parecia oscilar diante de mim. Ao tentar andar, cambaleei e quase caí ao chão. Tomei meu desjejum esperando ficar aliviada, mas o problema apenas aumentou. Fiquei pior e não conseguia sequer assentar-me. T1 604 4 Meu marido voltou para casa depois da reunião da manhã, dizendo que havia me indicado para falar na parte da tarde. Parecia-me impossível comparecer diante do público. Quando meu marido perguntou sobre qual assunto eu falaria, não pude formar uma só sentença em minha cabeça. Mas eu pensava: "Se o Senhor quiser que eu fale, Ele certamente há de dar-me forças. Aventurar-me-ei pela fé, e se falhar, é o máximo que me pode acontecer." Fui cambaleando até a tenda, com a mente muito confusa, mas disse aos irmãos pregadores que estavam na plataforma, que se me apoiassem com suas orações, eu falaria. Pus-me diante do povo com fé e em cerca de cinco minutos, minha cabeça e pulmões se descongestionaram, e falei sem a menor dificuldade por mais de uma hora a mil e quinhentos ouvintes ansiosos. Quando terminei, um senso da bondade e misericórdia de Deus repousou sobre mim, e não pude deixar de levantar-me novamente e falar a respeito de minha enfermidade e de como a bênção de Deus me sustentou enquanto eu falava. Desde aquele encontro, meus pulmões melhoraram muito, bem como minha saúde. T1 605 1 Enfrentamos, no Oeste boatos contra meu marido, os quais eram pouco menos que difamação. Esses boatos, que eram prevalecentes nas épocas de Assembléia Geral, foram levados a todas as partes do campo. Apresento um deles apenas como exemplo: Disseram que meu marido era tão louco por dinheiro, que se empenhara em vender garrafas velhas. Mas, os fatos são estes: quando estávamos para nos mudar, perguntei a meu marido o que faríamos com grande quantidade de garrafas velhas que tínhamos. Disse ele: "Vamos jogá-las fora." Justamente naquele momento, nosso filho Willie entrou e se ofereceu para lavá-las e vendê-las. Disse-lhe para fazer isso e que ficasse com o que conseguisse obter por elas. Quando meu marido foi ao correio, levou Willie e as garrafas na carruagem. T1 605 2 Ele não podia fazer menos por seu leal filhinho. Willie vendeu as garrafas e ficou com o dinheiro. A caminho do correio, meu marido deu carona a um irmão que trabalhava na Review. Tiveram uma conversa agradável pelo caminho à cidade. Porque vira então Willie descer da carruagem e perguntar ao pai sobre o valor das garrafas, e também por acompanhar a conversa que o farmacêutico teve com meu marido sobre o que tanto interessava a Willie, este irmão, sem dizer uma palavra a meu marido, começou imediatamente a espalhar que o irmão White tinha ido à cidade para vender garrafas velhas e portanto, devia estar louco. A primeira vez que ouvimos sobre esse assunto das garrafas foi em Iowa, cinco meses depois. T1 606 1 Essas coisas foram ocultas de nós, de modo que não pudéssemos dar nossa versão dos fatos, mas foram divulgadas como que pelas asas do vento por nossos professos amigos. Ficamos surpresos ao descobrir, por informação e pelas confissões de quase todos os membros dessa igreja, que a maioria dos boatos foram aceitos por quase todos, e que esses professos cristãos nutriam sentimentos de censura, amargura e crueldade contra nós, particularmente contra meu debilitado marido que lutava por vida e liberdade. Alguns manifestaram espírito ímpio e esmagador e o têm descrito como rico, contudo ávido por dinheiro. T1 606 2 Ao voltar de Battle Creek, meu marido convocou um conselho de irmãos para reunir-se com a igreja, a fim de examinar esse assunto e desfazer os boatos. Muitos irmãos vieram de diferentes partes do Estado, e meu marido destemidamente intimou todos a que dissessem o que tinham contra ele, a fim de que pudesse refutar abertamente as acusações e dar-lhes um fim. Os erros que ele havia anteriormente declarado na Review, voltou a confessá-los em reuniões públicas e encontros particulares, e também deu explicação a muitos assuntos nos quais se baseavam muitos dos boatos e tolas acusações, convencendo a todos da falsidade dessas acusações. T1 606 3 Enquanto considerava questões referentes ao valor real de nossa propriedade, descobrimos para sua grande surpresa e de todos os presentes, que ela era estimada em mil e quinhentos dólares, não incluindo os cavalos, a carruagem, algumas edições de livros e diagramas cuja venda, no ano anterior, conforme declarara o secretário, não havia sido igual aos juros do dinheiro que ele devia à Sociedade de Publicações. Esses livros e diagramas não podiam ser tidos por nós como de muito valor em nossa presente condição. T1 607 1 Quando estava com boa saúde, meu marido não tinha tempo para registros das contas, e durante sua doença, seus negócios ficavam nas mãos de outros. Levantou-se a questão: o que aconteceu com sua propriedade? Foi ela lesada? Houve erros em seus cálculos? Teria ele, na condição incerta de seus assuntos, dado a este ou àquele bons objetos, não se dando conta de sua real capacidade de dar e não sabendo o quanto deu? T1 607 2 Como positivo efeito de exame, a confiança naqueles que tinham a seu cargo a contabilidade de nossos assuntos manteve-se inabalável, e não temos nenhuma razão para concluir que nossos limitados meios pudessem ser atribuídos a erros contábeis. Portanto, ao examinar cuidadosamente os assuntos financeiros de meu marido durante dez anos, e sua maneira liberal de distribuir recursos para ajudar a obra em todos os seus ramos, a melhor e a mais bondosa conclusão é de que nossa propriedade foi usada na causa da verdade presente. Meu marido não manteve anotações de nossas contas, e o que ele deu está registrado apenas em nossa memória e nos recibos da Review. O fato de possuirmos tão pouco surge num momento em que meu marido foi descrito como rico e ávido por mais, e nos alegra porque é a melhor refutação das falsas acusações que ameaçavam nossa influência e reputação. T1 607 3 Podemos ficar sem nossa propriedade e ainda assim nos regozijaremos em Deus, se ela for empregada na divulgação de Sua causa. Temos alegremente despendido o melhor de nossa vida e forças, e quase chegamos ao ponto de esgotamento na obra, sofrendo enfermidades próprias da velhice prematura, mas ainda assim nos alegramos. Sentimos profundamente, porém, quando professos irmãos atacam nosso caráter e influência dizendo que somos mundanos, ricos e ávidos por mais. Permitam-nos desfrutar do caráter e da influência que temos conquistado a tão elevado preço, nos últimos vinte anos, mesmo com pobreza, pouca saúde e esta vida mortal, e nos regozijaremos e daremos prazerosamente à causa o pouco que ainda nos resta. T1 608 1 A verificação foi completa e como resultado ficamos livres das acusações que nos foram dirigidas, restaurando os sentimentos de perfeita união. Foram feitas confissões sinceras e contritas da cruel conduta adotada para conosco, e a bênção de Deus repousou sobre todos. Muitos apostatados voltaram à igreja, pecadores se converteram, e quarenta e quatro pessoas foram batizadas. Meu marido batizou dezesseis; e os irmãos Andrews e Loughborough, vinte e oito. Embora cansados, estávamos muito animados. Meu marido e eu temos levado as cargas da obra, que têm sido penosas e desgastantes. Como conseguimos, em nosso estado de fraqueza, passar pelo exame com quase todos contra nós, suportando os compromissos com pregações, exortações e tardias reuniões noturnas, e ao mesmo tempo preparar estes testemunhos, com meu marido me auxiliando, copiando-os, preparando-os para a impressão e lendo as provas, somente Deus sabe! No entanto, conseguimos passar por tudo isso e esperamos que Deus nos sustenha em nossos futuros trabalhos. T1 608 2 Acreditamos que muitos dos sonhos já referidos foram dados para ilustrar as tribulações procedentes dos erros existentes em Battle Creek, bem como nossa luta em defender-nos das desumanas acusações e, com a bênção de Deus, pôr as coisas em seus devidos lugares. Se este ponto de vista dos sonhos estiver certo, não poderemos esperar, de outras partes ainda não cumpridas, que tenhamos um futuro mais favorável que o passado? T1 608 3 Ao concluir esta exposição, gostaria de dizer que estamos vivendo em tempos muito solenes. Na última visão a mim dada, foi-me mostrado o alarmante fato de que apenas pequena porção dos que agora professam a verdade, serão santificados e salvos por ela. Muitos haverão de se pôr acima da simplicidade da obra. Conformar-se-ão com o mundo, adotando ídolos e tornando-se espiritualmente mortos. Os humildes e abnegados seguidores de Jesus buscarão a perfeição, deixando para trás os indiferentes e amantes do mundo. T1 609 1 Foi-me apontado o antigo Israel. Apenas dois dos adultos, dentre o vasto exército que deixou o Egito, entraram em Canaã. Seus cadáveres ficaram espalhados no deserto por causa de suas transgressões. O Israel moderno está em maior perigo de esquecer-se de Deus e ser levado à idolatria do que o antigo povo de Deus. Adoram-se muitos ídolos, mesmo entre os professos observadores do sábado. Deus advertiu Seu antigo povo a guardar-se da idolatria, pois se se desviassem do Deus vivo, Sua maldição recairia sobre eles, enquanto que se O amassem "de todo o coração, e de toda a alma, e de todas as forças" (Marcos 12:33), Ele abençoaria abundantemente o seu cesto e a sua amassadeira e removeria do meio deles toda enfermidade. T1 609 2 A bênção ou a maldição estão agora diante do povo de Deus -- a bênção se saírem do mundo, se se apartarem dele e andarem nos caminhos da humilde obediência; a maldição, se se unirem aos idólatras e desprezarem os altos reclamos do Céu. Os pecados e iniqüidades do rebelde Israel foram registrados e se apresentam diante de nós como advertência, mostrando-nos que se imitarmos seu exemplo transgressor e nos afastarmos de Deus, certamente cairemos como eles. "Ora, tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos." 1 Coríntios 10:11. ------------------------Capítulo 106 -- Resposta da igreja de Battle Creek T1 610 3 Achamos ser um privilégio e um dever responder às declarações da irmã White. Temos sido favorecidos por estar familiarizados, desde há muito, com os trabalhos desses servos do Senhor [Tiago e Ellen White]. T1 610 4 Sabemos alguma coisa de seus sacrifícios feitos no passado e testemunhado a bênção de Deus que tem acompanhado seu testemunho fiel, franco e penetrante. Já há muito estamos convictos de que os ensinos do Espírito Santo nessas visões foram indispensáveis ao bem-estar do povo que se está preparando para a trasladação ao reino de Deus. De nenhuma outra maneira podem os pecados secretos ser reprovados e os homens vis que se introduzem "com dissimulação" (Judas 4) no rebanho de Deus ser desmascarados e malogrados os seus maus desígnios. A longa experiência nos ensina que esse dom é de inestimável valor para o povo de Deus. Cremos também que Deus chamou o irmão White para dar um testemunho claro ao reprovar erros patentes, e que nesse trabalho ele deveria ter o apoio daqueles que verdadeiramente temem a Deus. T1 610 1 Aprendemos também por penosa experiência que, quando esses testemunhos silenciam, ou suas advertências consideradas superficialmente, frieza, apostasia, espírito mundano e espiritual escuridão toma posse da igreja. Não queremos dar glória ao homem, mas seríamos desleais ao senso de nosso dever se não falássemos, em linguagem forte e destacada, de nossos pontos de vista sobre a importância desses testemunhos. A temível apostasia daqueles que os menosprezam, que os desdenham, tem proporcionado muitas lamentáveis provas da perigosa conduta de desprezar o Espírito de graça. T1 610 2 Temos sido testemunhas da grande aflição pela qual passou os irmãos White, durante a grave e temível doença do irmão White. A mão de Deus em sua restauração é mais que evidente. Provavelmente nenhum outro sobre quem se abateu tal revés jamais se recuperou. Contudo, o gravíssimo ataque de paralisia afetou-lhe seriamente o cérebro, mas a boa mão divina repousou sobre ele concedendo-lhe novas forças físicas e mentais. T1 610 3 Acreditamos que a atitude da irmã White ao levar consigo o marido doente em sua excursão pelo Norte, no último mês de Dezembro, foi inspirada pelo Espírito de Deus e que nós, ao nos opormos a tal conduta, não agimos segundo o conselho do Senhor. Faltou-nos sabedoria celestial nesse assunto e assim nos desviamos do caminho reto. Reconhecemos que nos faltou então aquela profunda compaixão cristã requerida por tão grande aflição e que fomos muito vagarosos em ver a mão de Deus na recuperação do irmão White. Seus esforços e sofrimentos a nosso favor lhe davam o direito a nossa mais calorosa simpatia e apoio. Fomos, porém, cegados por Satanás no que respeita a nossa própria condição espiritual. T1 611 1 Um espírito de preconceito referente a meios se apoderou de nós durante o inverno passado, fazendo-nos suspeitar que o irmão White estivesse pedindo recursos de que não necessitava. Agora apuramos que justamente naquela ocasião ele realmente os necessitava, e que estávamos errados em não nos cientificarmos do caso como deveríamos. Reconhecemos que esse sentimento era infundado e cruel, embora causado por má compreensão dos fatos. T1 611 2 Aceitamos, com profunda tristeza de coração, a reprovação transmitida a nós através deste testemunho, e pedimos que assim como nos desviamos da retidão por causa da falta de discernimento espiritual, possamos receber o perdão de Deus e de Seu povo. T1 611 3 Os trabalhos do irmão e da irmã White conosco, poucos dias atrás, foram assistidos pela assinalada bênção de Deus. Não só foram feitas profundas e sinceras confissões de apostasia e pecados, mas solenes votos de arrependimento e retorno a Deus as acompanharam. O Espírito do Senhor pôs Seu selo sobre essa obra, de tal maneira que dela não podemos duvidar. Muitos jovens foram trazidos a Cristo, e quase todas as pessoas ligadas a esta igreja receberam bênçãos celestiais. T1 611 4 Que os irmãos de outros lugares possam compreender que nosso coração está ligado em simpatia ao casal White, que cremos que eles foram chamados por Deus para um trabalho de alta responsabilidade no qual estão empenhados, e que nos comprometemos a apoiá-los nesse trabalho. T1 612 1 Em nome da igreja, J. N. Andrews, J. N. Loughborough, Joseph Bates, D. T. Bourdeau, A. S. Hutchins, John Byington, A Comissão. T1 612 2 No dia 21 de Outubro, numa segunda-feira à noite, o precedente relatório foi unanimemente aprovado. Uriah Smith, G. W. Amadon, Pastores. ------------------------Capítulo 107 -- "Magoar e ferir" T1 612 3 Esta expressão é freqüentemente empregada para representar as maneiras e palavras de pessoas que reprovam aqueles que estão ou supostamente estejam em erro. É aplicada com propriedade aos que não têm o dever de reprovar seus irmãos, e todavia estão prontos para assumir esse trabalho de maneira precipitada e impiedosa. É indevidamente atribuída àqueles que estão sob o dever especial de reprovar os erros na Igreja. Essas pessoas têm responsabilidade e se sentem compelidas, por amor às preciosas almas, a lidar fielmente com o problema. T1 612 4 De tempos em tempos, durante vinte anos, foi-me mostrado que o Senhor qualificara meu marido para a obra de tratar fielmente com os errantes, que pusera sobre ele essa responsabilidade. Se ele deixasse de cumprir esse dever, incorreria no desagrado de Deus. Jamais considerei seu julgamento infalível, nem inspiradas as suas palavras, mas sempre cri que ele estava melhor qualificado para esse trabalho do que qualquer outro de nossos pregadores, por causa de sua longa experiência e porque eu havia visto que ele fora especialmente chamado e capacitado para essa tarefa. Também, em muitos casos onde as pessoas se insurgiram contra suas repreensões, foi-me mostrado que ele estava certo em seu julgamento e maneira de reprovar. T1 613 1 Nestes últimos vinte anos, aqueles que têm sido reprovados, juntamente com seus simpatizantes, têm manifestado um espírito acusador contra meu marido, o qual lhe trouxe abatimento maior do quaisquer outras das cruéis cargas que lhe foram injustamente impostas. E quando ele cedeu sob esses fardos, muitos daqueles que haviam sido reprovados, regozijaram-se. E a partir da equivocada idéia de uma visão que tive a seu respeito, em 25 de Dezembro de 1865, acharam que o Senhor o estava castigando por "magoar e ferir". Tudo isto está errado. Eu não vi tal coisa. A fim de que meus irmãos saibam o que realmente vi com relação a meu marido, relato a seguir o que escrevi e lhe entreguei no dia posterior à visão: T1 613 2 Em 25 de Dezembro de 1865, foi-me mostrado em visão o caso do servo do Senhor, meu marido, o Pastor Tiago White. Vi que o Senhor aceitou sua humilhação, e a aflição de espírito diante dEle, e sua confissão de falta de consagração a Deus e arrependimento das faltas e erros de conduta que lhe causaram tanta tristeza e abatimento mental durante sua prolongada enfermidade. T1 613 3 Foi-me revelado que seu maior erro no passado foi ter manifestado espírito implacável para com aqueles irmãos que prejudicaram sua influência na causa de Deus e, por seu errôneo procedimento, lhe ocasionaram extremo sofrimento mental. Ele não foi tão piedoso e compassivo como nosso Pai celestial o é com Seus errantes, pecadores e arrependidos filhos. Quando aqueles que lhe causaram grandes sofrimentos reconheceram seus erros franca e honestamente, ele podia perdoá-los, e perdoou, tornando a aceitá-los como irmãos. Mas, embora o erro tenha sido desfeito diante de Deus, algumas vezes ele ainda se lembrava do problema passado, sofrendo muito e se entristecendo. O fato dele ter sofrido muito no passado, o que, em sua opinião, poderia ter sido evitado, fez com que condescendesse com um espírito murmurador contra seus irmãos e contra o Senhor. Dessa maneira, demorou-se sobre o passado e reviveu aflições que deveriam estar no esquecimento, em lugar de amargar-lhe a vida com lembranças inúteis. Ele nem sempre compreendeu a piedade e o amor que deveria ter exercitado para com aqueles que foram tão infelizes em ceder às tentações de Satanás. Eles, sim, eram os verdadeiros sofredores e perdedores e não ele, enquanto permanecer inabalável, possuindo o Espírito de Cristo. Quando essas pessoas começaram a reconhecer seus erros, empenharam-se em dura batalha para pôr-se sob a luz, através de humilde confissão. Tinham que combater contra Satanás e vencer o próprio orgulho. Precisaram da ajuda daqueles que estavam na luz para livrá-los de sua cega e desalentadora condição, para obter esperança e vencer a Satanás. T1 614 1 Vi que meu marido foi muito rigoroso com os que estavam em erro e lhe causaram dano. Condescendeu com sentimentos de insatisfação que não produziram nenhum benefício aos errantes, e ainda o tornaram infeliz, roubando-lhe a paz de Deus, a qual o estimularia a dar graças em tudo. O Senhor permitiu que ele ficasse desanimado com respeito aos próprios erros e falhas, quase ao ponto do desespero, não porque seus pecados fossem de grande magnitude, mas para que aprendesse por experiência o quão penoso e torturante seria estar sem o perdão de Deus, e compreender o que diz a Escritura: "Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas." Mateus 6:15. Vi que se Deus fosse tão exigente como nós o somos e nos tratasse como tratamos uns aos outros, seríamos lançados num estado de total desespero. T1 614 2 Foi-me mostrado que Deus permitiu que nos sobreviesse essa aflição para ensinar-nos o que de outro modo não aprenderíamos em tão curto espaço de tempo. Foi de Sua vontade que fôssemos a _____, pois nossa experiência não teria sido completa sem isso. Ele queria que víssemos e compreendêssemos mais plenamente que é impossível para os que obedecem à verdade e guardam Seus mandamentos, viver à altura de suas convicções do dever e unir-se aos líderes de _____. No que diz respeito ao serviço de Deus, os princípios deles não se misturam como o óleo à água. Apenas os que possuem puros princípios e maior independência moral, que pensam e agem por si mesmos, tendo o temor de Deus diante de si e confiança nEle, podem estar seguros durante todo o tempo em _____. Os que não estão qualificados não devem ser aconselhados a ir àquela instituição, pois sua mente ficaria confusa com as palavras agradáveis de seus diretores e envenenada por seus satânicos enganos. T1 615 1 Sua influência e ensinos com respeito ao serviço de Deus e à vida religiosa estão em direta oposição aos ensinos de nosso Salvador e Seus discípulos. Por preceito e exemplo, baixam o padrão da piedade e dizem que não precisam sentir tristeza por seus pecados ou separar-se do mundo para ser seguidores de Cristo, mas podem misturar-se com o mundo e participar de seus prazeres. Esses líderes não estimulam seus simpatizantes a imitar a vida de Cristo em Sua sobriedade, piedade e dependência de Deus. Pessoas conscienciosas e firmes em sua confiança em Deus não podem receber ali metade do benefício, como lhes seria possível se tivessem confiança nos princípios religiosos dos líderes daquela instituição. Elas são forçadas a se opor à maioria de seus ensinos, tanto quanto com seus princípios religiosos, examinando tudo quanto ouvem, temendo ser enganados e dar a Satanás vantagem sobre eles. T1 615 2 Vi que, no que diz respeito a doenças e seus tratamentos, _____ é a melhor instituição dos Estados Unidos. Os líderes, porém, são somente homens e seu julgamento nem sempre é correto. O médico-chefe quer fazer com que seus pacientes creiam que seu critério é perfeito como o de Deus. Entretanto, ele comete equívocos com freqüência. Exalta-se como Deus e deixa de exaltar ao Senhor como se dEle não dependesse. Aqueles que não têm crença nem confiança em Deus nem podem ver beleza na santidade e na vida de abnegação, podem receber mais benefício em _____ do que em qualquer outra instituição de saúde dos Estados Unidos. O grande segredo do êxito desta clínica é o controle que os administradores exercem sobre a mente dos pacientes. T1 616 1 Vi que meu marido e eu não podíamos receber ali tão grande benefício quanto aqueles que possuem diferente experiência e fé. Disse o anjo: "Não é desígnio de Deus que a mente de Seu servo, a quem escolheu para um especial propósito, para um obra especial, seja controlada por qualquer mortal, porquanto essa prerrogativa é só dEle." Anjos de Deus nos guardaram enquanto estivemos em _____. Eles nos circundavam, sustendo-nos a todo instante. Mas chegou o tempo em que já não podíamos beneficiar nem ser beneficiados. Então a nuvem luminosa que havia ali repousado sobre nós se afastou e só pudemos encontrar descanso retirando-nos dali e indo para Rochester, em meio a nossos irmãos, onde a nuvem de luz se detivera. T1 616 2 Vi que Deus desejava que fôssemos a _____ por várias razões. Nossa posição enquanto ali estivemos, as fervorosas orações que oferecemos, nossa clara confiança em Deus, a satisfação, coragem, esperança e fé que Ele nos inspirou em meio às aflições, exerceram influência e foram um testemunho para todos de que o cristão tem uma fonte de força e felicidade, a que os amantes dos prazeres são estranhos. Deus nos concedeu um lugar no coração de todas as pessoas influentes de _____, e no futuro, quando os pacientes voltarem a seus lares, nossos trabalhos ainda chamarão mais uma vez sua atenção. E quando formos atacados, alguns, pelo menos, serão nossos defensores. Ao ir novamente para _____, o Senhor queria nos favorecer mediante uma experiência que não poderíamos obter em Battle Creek, cercados por irmãos e irmãs que nutrem simpatia por nós. Precisávamos estar separados deles a fim de não buscarmos seu apoio, mas dependermos somente do Senhor. Quase que inteiramente separados do povo de Deus, ficamos desprovidos de todo auxílio terreno e levados a olhar somente para Deus. Assim obtivemos uma experiência impossível de ser conseguida se não tivéssemos ido a _____. T1 617 1 Quando a coragem e esperança de meu marido começaram a vacilar, nós não pudemos proporcionar qualquer benefício às pessoas do lugar e também não podíamos ser favorecidos por experiência adicional. Foi da vontade de Deus que meu marido não permanecesse ali despojado de suas forças, mas que em seu estado de fraqueza estivesse entre seus irmãos que poderiam apoiá-lo em suas aflições. Enquanto afastados do povo de Deus e em nossas aflições, tivemos a oportunidade de refletir e recapitular cuidadosamente nossa vida, detectando nossos erros e falhas, humilhando-nos diante do Senhor e buscando Sua face mediante confissão, humildade e constante oração fervorosa. Enquanto envolvidos em ativo trabalho, levando as cargas de outros e premidos por muitos cuidados, era-nos impossível achar tempo para meditar e recapitular cuidadosamente o passado, aprendendo lições que Deus achava necessárias a nós. Foi-me então revelado que Deus não glorificaria Seu nome respondendo às súplicas de Seu povo, e restaurando a saúde de meu marido em resposta às suas orações, enquanto estivéssemos em _____. Isso seria como ligar Seu poder às forças das trevas. Houvesse Ele Se agradado em manifestar Seu poder na restauração de meu marido, os médicos teriam tomado para si a glória que somente Lhe pertencia. T1 617 2 Disse o anjo: "Deus será glorificado no restabelecimento de Seu servo. Ele ouviu as orações de Seus servos. Seus braços estão sustentando Seu aflito servo. Deus tem o caso em Suas mãos, e ele, embora aflito, deve desfazer-se de seus temores, ansiedade, dúvidas e descrença, e calmamente confiar no grande e misericordioso Deus, que tem piedade, ama e cuida dele. Ele terá conflitos com o inimigo, mas será sempre confortado com a lembrança de que Alguém mais forte que o adversário cuida dele e que não necessita temer. Pela fé deve ele apoiar-se nas evidências que Deus Se agradou em conceder-lhe, e gloriosamente triunfará no Senhor." T1 618 1 Vi que o Senhor nos estava proporcionando uma experiência que seria de grande valor no futuro, com relação a Sua obra. Estamos vivendo num tempo solene entre as cenas finais da história da Terra, e o povo de Deus não está desperto. Devem eles despertar e fazer maior progresso na reforma de seus hábitos de vida, alimentação, vestuário, trabalho e repouso. Em tudo isso devem glorificar a Deus, estar preparados para dar combate ao nosso grande inimigo e desfrutar as preciosas vitórias reservadas por Deus para os que exercem a temperança em todas as coisas, enquanto se empenham por alcançar uma coroa incorruptível. T1 618 2 Vi que Deus estava preparando meu marido para uma solene e sagrada obra de reforma que Ele desejava fosse feita entre Seu povo. É importante que os pastores recebam instruções com respeito a um viver temperante. Devem eles mostrar a relação existente entre comer, trabalhar, descansar e vestir-se e a saúde. Todos os que crêem na verdade para estes últimos dias, têm algo a fazer nesse aspecto. Isso lhes diz respeito e o Senhor requer que eles se ergam e se interessem nessa reforma. Ele não ficará satisfeito com sua conduta, se mostrarem indiferença nessa questão. T1 618 3 Os abusos com o estômago pela satisfação do apetite são a razão da maioria dos problemas da igreja. Aqueles que comem e trabalham imoderada e irracionalmente, falam e agem irracionalmente. Um homem intemperante não pode ser paciente. Não é preciso ingerir álcool para ser intemperante. O pecado do comer imoderadamente, em grandes quantidades e com muita freqüência alimentos requintados e não saudáveis, destrói a salutar ação dos órgãos digestivos, afetando o cérebro, pervertendo o juízo, impedindo um racional, calmo e saudável pensamento e ação. E essa é uma produtiva fonte de males na igreja. Portanto, para que o povo de Deus Lhe seja aceitável, glorificando-O em seu corpo e espírito que Lhe pertencem, precisam, com interesse e zelo, negar a satisfação do apetite e exercitar temperança em todas as coisas. Então poderão compreender a verdade em toda a sua beleza e clareza e levá-la a cabo em sua vida, por um cuidadoso, sábio e reto proceder, não dando aos inimigos de Deus ocasião para envergonhar a causa da verdade. Deus requer que todos os que crêem na verdade façam esforços especiais e perseverantes para pôr-se na melhor condição possível de saúde, pois uma solene e importante obra está perante nós. Saúde de corpo e mente é requerida para essa obra. Ela é essencial à experiência religiosa, ao avanço da vida cristã e ao progresso em santidade, assim como a mão ou o pé são necessários ao corpo. Deus requer que Seu povo se purifique de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor do Senhor. Todos os que são indiferentes e se eximem desse dever, esperando que o Senhor faça por eles aquilo que Ele pretende que façam, serão achados em falta quando os mansos da Terra, que têm exercido Seus juízos, forem "escondidos no dia da ira do Senhor". Sofonias 2:3. T1 619 1 Foi-me mostrado que, se o povo de Deus não fizer esforços, de sua parte, mas esperar apenas que sobre eles venha o refrigério, para deles remover os defeitos e corrigir os erros; se nisso confiarem para serem purificados da imundícia da carne e do espírito, e preparados para tomar parte no alto clamor do terceiro anjo, serão achados em falta. O refrigério ou poder de Deus só atingirá os que se houverem para ele preparado, fazendo o trabalho que Deus ordena, isto é, purificando-se "de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus." 2 Coríntios 7:1. T1 619 2 Foi-me mostrado que em alguns respeitos o caso de meu marido é semelhante àqueles que estavam esperando por refrigério. Se ele esperasse pela cura divina para sentir-se são, antes de fazer esforços de acordo com sua fé, dizendo: "Quando o Senhor me curar, crerei e farei isto ou aquilo", não haveria nenhuma mudança, pois o cumprimento das promessas de Deus ocorre apenas para aqueles que crêem e agem de acordo com sua fé. Vi que ele deveria crer na Palavra de Deus e reivindicar suas promessas, pois elas nunca, nunca falharão. Que deveria andar pela fé, apoiando-se nas evidências que Deus Se agradou em dar-lhe, e tanto quanto possível esforçar-se para ser um homem são. Disse o anjo: "Deus o susterá. Sua fé precisa ser aperfeiçoada pelas obras, pois 'a fé sem as obras é morta'. Tiago 2:20. Uma fé viva é sempre manifestada pelas obras." T1 620 1 Vi que meu marido era inclinado a evitar fazer esforços em harmonia com sua fé. Temor e ansiedade a respeito de seu problema tornaram-no tímido. Ele leva em conta as aparências e mal-estares do corpo. Disse o anjo: "Sentimento não é fé. Fé é simplesmente tomar a Deus em Sua Palavra." Vi que em nome e na força de Deus meu marido deve resistir à doença e, por sua força de vontade, erguer-se acima de seus pobres sentimentos. Deve declarar sua liberdade em nome e no poder do Deus de Israel. Ele precisa parar de pensar e falar sobre si mesmo. Deve ser alegre e feliz. T1 620 2 *** T1 620 3 Vi, no dia 25 de Dezembro de 1865, como muitas vezes antes, que o Pastor F tem freqüentemente errado e causado muitos problemas por sua atitude precipitada e insensível para com aqueles que supõe estar em falta. Vi com freqüência, que seu trabalho se desenvolve em novos campos e que ele deve, ao apresentar a verdade presente a um grupo de pessoas, deixar o trabalho de discipliná-las a outros, pois seu modo de tratar proveniente de um espírito impetuoso, sua falta de paciência e bom senso, desqualificam-no para essa obra. Reproduzirei em seguida o testemunho que dei ao irmão F, escrito em 26 de Dezembro de 1865, para mostrar o que vi em seu caso, também pela aplicação geral da maior parte desse testemunho e ainda porque ele não deu qualquer resposta, mas apenas declarou aos outros que o Senhor, nessa visão, reprovou meu marido por "magoar e ferir". Gostaria de declarar que outro objetivo ao dar este testemunho é fazer com que nossos irmãos compreendam plenamente a obra do irmão F em novos campos, e que não ponham tropeços em seu caminho, fazendo-o abandonar o trabalho e insistindo para que trabalhe aqui e acolá entre as igrejas, ou se estabeleça neste ou naquele lugar. ------------------------Capítulo 108 -- O perigo da autoconfiança T1 621 1 Irmão F: T1 621 2 Em 25 de Dezembro de 1865 foi-me mostrado que iniciara no Maine uma boa obra. Foi-me mostrado especialmente o campo de trabalho onde foi despertado como fruto de seus trabalhos e do irmão Andrews, um grupo de pessoas que manifestou interesse e amor à verdade levantando uma casa de adoração. Há ainda grande obra a ser feita. A maioria se converteu à teoria da verdade. Poucos decidiram pelo peso da evidência. Viram beleza na coerente cadeia da verdade, que tudo unia num todo perfeito e harmonioso. Amaram os princípios da verdade, embora não lhe compreendessem a influência santificadora. Essas pessoas estão expostas aos perigos dos últimos dias. Satanás preparou enganos e armadilhas aos inexperientes. Ele está trabalhando mediante seus agentes, e mesmo através de pastores que desprezam a verdade e pisoteiam a lei de Deus, ensinando a todos os seus ouvintes a fazer o mesmo. T1 621 3 Esse grupo que recebeu uma verdade impopular apenas pode estar seguro fazendo de Deus sua confiança e sendo santificado pela verdade que professa. Eles deram um importante passo e agora precisam de uma experiência religiosa que os torne filhos e filhas do Altíssimo Deus e herdeiros da herança imortal para eles adquirida por Seu amado Filho. Aqueles que foram instrumentos para apresentar-lhes a verdade não devem suspender o trabalho neste importante período, mas ainda insistir em seus esforços até que essas pessoas sejam reunidas no aprisco de Cristo. Deve-se-lhes dar instruções suficientes para que por si mesmas obtenham inteligente evidência de que a verdade lhes é salvação. T1 622 1 Vi que Deus realizaria uma obra ainda maior no Maine, se todos quantos trabalham na causa se consagrarem a Ele, não confiando em sua própria força, mas no "Forte de Israel". Isaías 1:24. Você e o irmão Andrews têm trabalhado duro sem o descanso necessário à preservação da saúde. Você deve trabalhar com cautela e observar períodos de descanso. Assim procedendo, reterá seu vigor físico e mental e tornará seu trabalho muito mais eficiente. Irmão F, você é homem nervoso e age muito por impulso. A depressão mental influencia muito em seu trabalho. Certas ocasiões você sente necessidade de liberdade e pensa que é porque outros estejam em trevas ou em erro, ou que existe algo que você não sabe bem o que é, e faz uma campanha em algum lugar e contra alguém, e isto pode fazer grande mal. Se, quando nesse estado de desassossego e nervosismo, você aquietasse e repousasse, calmamente esperando em Deus e indagasse se o mal não está em você mesmo, deixaria de ferir o próprio coração e a preciosa causa de Deus. T1 622 2 Vi que o irmão F estava em perigo de exaltar-se se fosse capaz de, em suas pregações, mexer com os sentimentos da congregação. Ele freqüentemente pensa ser o mais talentoso pregador. Aqui é que ele se engana. Embora possa ser o pregador mais aceito, todavia falha em fazer maior bem. O pregador que pode arrebatar os sentimentos em alto grau, não dá com isso evidência de que é o mais útil. T1 623 1 Quando o irmão F é humilde e faz de Deus a sua confiança, pode realizar muito bem. Anjos vêm em seu auxílio e ele é abençoado com perspicácia e liberdade. Mas, após algum tempo de sucesso, ele muitas vezes se exalta achando que é alguma coisa, quando na verdade é apenas um instrumento nas mãos de Deus. Após esses períodos, os anjos de Deus o deixam entregue à sua fraqueza. Então, embora ele mesmo seja o único culpado, freqüentemente acusa os irmãos e o povo pelas trevas e fraqueza que sente. Enquanto nesse infeliz estado mental, muitas vezes oprime este e aquele e, mesmo quando não fez nem metade do trabalho, acha que deve ir embora e iniciar um trabalho em outro lugar. T1 623 2 Vi que o irmão F estava em perigo de sair à batalha confiando em si mesmo e descobrir que não possui forças para combater. Enquanto confiou em Deus foi muitas vezes bem-sucedido nos combates com os opositores de nossa fé. Mas algumas vezes se sentiu orgulhoso da vitória da verdade sobre o erro que Deus lhe dera e tomou para si mesmo a glória do triunfo. O eu foi exaltado a seus olhos. T1 623 3 Foi-me mostrado que em seus dois últimos debates, ele não demonstrou um espírito conveniente. Antes do primeiro, ele se exaltou com os elogios de homens que não amam a verdade. Enquanto ouvia e participava de um debate entre duas pessoas que não eram de nossa fé, exaltou-se e achou-se capaz de enfrentar qualquer um. Justamente quando se sentia tão confiante, foi desprovido de sua força. Deus não Se agradou de seu menosprezo ao conselho do irmão Andrews. Sua autoconfiança quase esteve próxima de tornar o debate um completo fracasso. A menos que haja positivo fruto nesses debates, eles são sempre danosos. Nunca se deve agir imprudentemente, mas que cada movimento seja feito com cuidado, muita sabedoria, pois há muito mais coisas pendentes do que numa guerra nacional. Satanás e seu exército estão ativos nesses debates entre a verdade e o erro, e se os advogados da verdade não forem à guerra na força divina, Satanás sempre os superará. T1 624 1 No segundo debate houve muita coisa em jogo. Contudo, o irmão F falhou novamente. Ao envolver-se no debate, não reconheceu sua fraqueza nem, com humildade e simplicidade, apoiou-se na força de Deus. Mas tornou a envaidecer-se. Seus sucessos passados o exaltaram. Achou que as vitórias que obtivera foram devidas à sua habilidade em usar os poderosos argumentos fornecidos pela Palavra de Deus. T1 624 2 Foi-me mostrado que os defensores da verdade não devem procurar debates. Sempre que for necessário para a propagação da causa da verdade e para a glória de Deus, que se enfrente um adversário, quão cautelosamente, e com que humildade deverão eles entrar no conflito! Com exame interior, confissão de pecado e sincera oração, e muitas vezes jejuando por algum tempo, devem eles suplicar que Deus lhes dê especial auxílio, concedendo à Sua salvadora e preciosa verdade uma vitória gloriosa, para que se possa mostrar o erro em sua verdadeira deformidade, e seus defensores sejam completamente derrotados. Os que se empenham pela verdade e contra seus oponentes, devem compreender que não enfrentam meros homens, mas que estão contendendo com Satanás e seus anjos, os quais se acham determinados em que o erro e as trevas sejam conservados, e a verdade oculta por eles. Como o erro está mais de acordo com o coração natural, é aceito como verdade. Os comodistas amam o erro e as trevas, e não estão dispostos a ser reformados pela verdade. Não querem vir para a luz para que suas obras não sejam reprovadas. T1 624 3 Se os que permanecem em defesa da verdade confiarem tão-somente no peso dos argumentos, demonstrando apenas fraca confiança em Deus e assim enfrentarem seus oponentes, nada será obtido em favor da verdade, mas haverá decidida perda. A menos que ocorra patente vitória em favor da verdade, a situação será pior do que antes do conflito. Aqueles que poderiam inicialmente ter tido convicções da verdade, acalmam sua mente e decidem em favor do erro, porque em seu estado de trevas não percebem a superioridade da verdade. Esses dois últimos debates fizeram muito pouco pelo progresso da causa de Deus, e teria sido melhor se não houvessem ocorrido. O irmão F não se envolveu neles com espírito de humildade e firme confiança em Deus. O inimigo o envaideceu e ele ficou possuído de um sentimento de auto-suficiência e confiança, impróprio a um humilde servo de Cristo. Ele vestiu sua própria armadura e não a de Deus. T1 625 1 Pastor F, Deus providenciou que estivesse com o irmão um obreiro de grande experiência, o mais capacitado do campo. Alguém experimentado e conhecedor dos ardis de Satanás e que passara pela mais intensa angústia mental. Foi-lhe permitido, na onisciente providência de Deus, sentir o calor da refinadora fornalha e ali aprender que todo refúgio, a não ser o de Deus, falharia, e que todo arrimo em que se amparasse se mostraria uma cana quebrada. O irmão deveria ter compreendido que o Pastor Andrews tinha tanto interesse nos debates quanto você, e atendido, em humildade, o seu conselho e se beneficiado de suas instruções. Mas Satanás tinha o objetivo de ganhar para anular o propósito de Deus, e apossando-se de sua mente, opôs-se à obra do Senhor. Você se precipitou à batalha confiando nas próprias forças e os anjos permitiram que seguisse avante. Mas Deus, em misericórdia para com Sua causa, não permitiu que os inimigos da verdade obtivessem decidida vitória, e em resposta às ferventes e angustiosas orações de Seu servo, enviou anjos para livrá-lo. Em vez de completa derrota, houve vitória parcial, para que os inimigos da verdade não exultassem sobre os crentes. Mas nada foi ganho por esse esforço, quando poderia ter havido um glorioso triunfo da verdade sobre o erro. Ao lado do irmão estavam dois dos mais hábeis defensores da verdade. Assim haveria três homens, com a força da verdade, para permanecer contra um só indivíduo que buscava encobrir a verdade com o erro. Em Deus você poderia ter sido como uma multidão, se houvesse entrado no debate de maneira correta. Sua auto-suficiência quase levou tudo ao fracasso. T1 626 1 Você nunca deve entrar num debate em que tanto se acha em jogo, fiando-se em sua habilidade no uso de poderosos argumentos. Se não é razoavelmente possível evitá-lo, tome parte no debate, mas faça-o com firme confiança em Deus, e em espírito de humildade, no espírito de Jesus, que lhe pediu que aprendesse dEle, que é "manso e humilde de coração". Mateus 11:29. E então, a fim de glorificar a Deus e exemplificar o caráter de Cristo, você jamais deve tirar proveito ilegítimo de seus oponentes. Ponha de lado o sarcasmo e o jogo de palavras. Lembre-se de que você está em combate contra Satanás e seus anjos, bem como contra os homens. Aquele que venceu a Satanás no Céu, que sobrepujou o adversário caído expulsando-o do Céu, e que morreu para redimir o homem caído de seu poder, quando diante da sepultura de Moisés, disputando a respeito de seu corpo, não ousou pronunciar juízo contra o diabo, mas disse: "O Senhor te repreenda." Judas 9. T1 626 2 Em seus dois últimos debates, o irmão desprezou o conselho e não deu ouvidos ao servo de Deus, cuja vida era totalmente consagrada à obra. Deus, em Sua providência, proveu-lhe um conselheiro cujos talentos e influência davam-lhe direito ao respeito e confiança de sua parte, e de nenhum modo haveria prejuízo para a dignidade do irmão ser guiado por seu experiente discernimento. Os anjos de Deus notaram a auto-suficiência do irmão e com pesar se afastaram. O Senhor não podia com segurança exercer poder em seu favor, pois você teria reivindicado a glória para si mesmo, e seus trabalhos futuros seriam de pequeno valor. Vi, irmão F, que você, em seus trabalhos, não deve apoiar-se no próprio julgamento, que tão freqüentemente o tem feito desviar-se. O irmão deve submeter-se à apreciação dos de maior experiência. Não seja cioso da própria dignidade, sentindo-se tão auto-suficiente que não possa tomar conselhos e orientações com colegas obreiros de experiência. T1 627 1 Sua esposa não lhe tem sido um auxílio especial, mas um estorvo. Houvesse ela ouvido e aceito os testemunhos que lhe foram enviados há mais de dois anos, seria agora, com você, uma competente ajudadora no evangelho. Mas não acatou as mensagens nem agiu de acordo com elas. Tivesse feito isso, sua conduta teria sido inteiramente diferente. Ela não é consagrada a Deus. Gosta da comodidade, evita responsabilidades e desconhece o que é abnegação. Condescende com a indolência e seu exemplo não é digno de imitação, mas um insulto à causa de Deus. Às vezes exerce forte influência sobre você, especialmente quando se sente infeliz ou melancólica. Ela também exerce influência sobre você nas questões da igreja. Forma sua opinião sobre este irmão ou aquela irmã, demonstrando antipatia ou forte simpatia, ao passo que muitas vezes tem sido o caso de ela abrigar no coração justamente aqueles que têm sido fonte de muitos problemas para a igreja. Seu estado de não-consagração a leva a sentir forte ligação com aqueles que lhe manifestam grande confiança e amor, enquanto vidas preciosas a quem Deus ama são friamente marginalizadas, porque não manifestam entusiásticas expressões de amizade para com ela e você, irmão F. O amor dessas pessoas, todavia, é verdadeiro e mais altamente apreciável do que o daqueles que professam consideração para com vocês. A opinião que sua esposa forma tem grande influência sobre sua mente. Muitas vezes o irmão acha que sua esposa está certa e o pensamento dela é o seu, e você age de acordo com ela nos assuntos da igreja. T1 627 2 Você precisa exemplificar a vida de Cristo, pois solenes responsabilidades repousam sobre o irmão. Sua esposa é responsável perante Deus pela conduta que ela segue. Se for um embaraço para você, há de dar contas a Deus. Algumas vezes ela cai em si, humilha-se diante do Senhor e se torna uma ajuda real, mas logo recua e mergulha no mesmo estado de inatividade, evitando responsabilidades e se recusando a trabalhar mental e fisicamente. Seu estado de saúde seria muito melhor se ela fosse mais ativa, se se empenhasse mais alegremente e de coração em trabalho físico e mental. Ela não tem falta de capacidade, mas falta-lhe disposição para agir e não persevera em cultivar o gosto pela atividade. Deus nada pode fazer por ela em sua presente condição. Sua esposa precisa fazer alguma coisa para despertar-se e dedicar a Deus suas energias físicas e mentais. Deus requer isso dela, e no dia de Deus será tida como serva inútil, a menos que haja uma completa reforma de sua parte e viva à altura da luz recebida. Enquanto isso não acontecer, não deve de forma alguma juntar-se ao marido em seus trabalhos. T1 628 1 Deus abençoará e susterá o irmão F se ele for avante em humildade, apoiando-se no bom senso de seus experientes companheiros de trabalho. ------------------------Capítulo 109 -- Não se enganem T1 628 2 É obra de Satanás enganar o povo de Deus e desviá-lo da conduta correta. Não deixará de utilizar todos os meios; atacá-los-á no ponto onde estiverem menos prevenidos. Daí a importância de fortalecer cada ponto. A igreja de Battle Creek não queria voltar-se contra nós. Ela é uma igreja boa. Mas há muita coisa em jogo em Battle Creek, e Satanás concentrará toda a sua artilharia contra a igreja se, assim procedendo, puder impedir-lhe a obra. Simpatizamos profundamente com a igreja em seu presente estado de humilhação, e dizemos: Que não haja um sentimento triunfalista em nenhum coração. Deus há de reparar todos os erros de Seu amado povo e, a apesar de tudo, os tornará o poderoso baluarte de Sua verdade, se andarem humildemente, vigiando e guardando cada ponto contra os ataques de Satanás. Esse povo é mantido continuamente sob fogo inimigo. Nenhuma outra igreja provavelmente resistiria tão bem. Portanto, olhem com piedosos olhos para seus irmãos de Battle Creek, e peçam a Deus para ajudá-los a ficar firmes. T1 629 1 Quando meu marido ficou inativo e fui obrigada a permanecer em casa por causa disso, Satanás ficou satisfeito e não instigou ninguém a lançar sobre nós tribulações como as mencionadas nas páginas anteriores. Mas quando retornamos, em 19 de Dezembro de 1866, ele viu que havia a perspectiva de realizarmos alguma coisa na causa de Cristo, contra sua causa, e que alguns de seus enganos sobre o rebanho de Deus seriam revelados. Percebeu que devia fazer algo para impedir-nos. E não havia outra maneira mais eficaz de fazer isso do que incitar nossos velhos amigos de Battle Creek a retirar de nós sua simpatia e lançar cargas sobre nós. O adversário extraiu vantagem de cada circunstância desfavorável e controlou as coisas com poder. T1 629 2 Mas graças a Deus que ele não pôde deter-nos nem esmagar-nos. Somos gratos ao Senhor por ainda estarmos vivos e por ter Ele novamente abençoado graciosamente Seu errante, mas agora arrependido e convertido povo. Irmãos, amemos mais o povo de Deus e oremos por ele, agora que Senhor manifesta Seu grande amor por Ele. ------------------------Capítulo 110 -- Publicando testemunhos pessoais T1 630 2 No testemunho n 13 apresentei breve esboço de nossos trabalhos e lutas, desde 19 de Dezembro de 1866 a 21 de Outubro de 1867. Nestas páginas relatarei as experiências menos traumáticas dos últimos cinco meses. T1 630 3 Durante esse período escrevi muitos testemunhos pessoais. E para muitas pessoas que encontrei em nosso campo de trabalho durante os últimos cinco meses, tive testemunhos ainda por escrever quando tiver tempo e energia. Mas qual é o meu dever perante essas pessoas, com relação a esses testemunhos pessoais, tem-me sido um assunto de não pouca ansiedade. Com algumas exceções, enviei-os às pessoas a que se destinavam, deixando que reagissem como achassem melhor. Vários foram os resultados: T1 630 4 1. Alguns receberam com gratidão os testemunhos e reagiram a eles favoravelmente, recebendo seus benefícios. Queriam que seus irmãos vissem esses testemunhos, e livre e plenamente confessassem suas faltas. T1 630 5 2. Outros reconheceram que os testemunhos a eles dados eram verdadeiros, mas depois de lê-los, puseram-nos de lado para guardar silêncio, enquanto não realizavam senão pequena mudança de vida. Esses testemunhos se referiam mais ou menos às igrejas a que pertenciam essas pessoas, as quais também poderiam ter sido beneficiadas por eles. Mas tudo se perdeu em conseqüência desses testemunhos terem sido mantidos em segredo. T1 631 1 3. Outros ainda se rebelaram contra os testemunhos. Alguns desses reagiram com espírito crítico. Outros manifestaram amargura, zanga e ira e, em retribuição a meu trabalho e lutas para escrever-lhes os testemunhos, voltaram-se contra nós para prejudicar-nos o mais que pudessem; enquanto outros ocuparam muito do meu tempo em entrevistas pessoais para derramar em meus ouvidos e em meu ferido coração suas queixas, murmurações e justificativas próprias, talvez apelando para a própria compaixão com pranto e perdendo de vista suas faltas e pecados. A influência dessas coisas foi terrível para mim e me têm causado muita perturbação. Os que têm seguido a conduta dessas pessoas não-consagradas e ingratas custam-me muito sofrimento e esgotam dez vezes mais minha coragem e saúde, do que todo o esforço de escrever os testemunhos. T1 631 2 Sofri tudo isso sem que meus irmãos e irmãs tomassem conhecimento do assunto. Eles não fazem idéia exata do volume de cansativo trabalho que fui obrigada a realizar, nem das obrigações e sofrimentos injustamente lançados sobre mim. Dei mensagens pessoais a alguns indivíduos em vários números de meus testemunhos e, em alguns casos, as pessoas ficaram ofendidas porque não publiquei todas essas mensagens. Por causa de seu volume, isso seria praticamente impossível e também impróprio, partindo-se do fato de que alguns deles se referem a pecados que não precisam nem devem ser tornados públicos. T1 631 3 Mas finalmente decidi que muitos desses testemunhos pessoais deviam ser publicados, porquanto contêm instruções e reprovações que se aplicam mais ou menos a centenas ou milhares de outros indivíduos em semelhantes condições. Eles precisam da luz que Deus achou conveniente enviar-lhes em razão de seus casos. É um erro impedir que essas pessoas os recebam, por enviá-los a uma única pessoa ou a um só lugar, onde ficam ocultos como "a candeia" que "se coloca debaixo do alqueire". Mateus 5:15. Minhas convicções de dever sobre essa questão foram muito fortalecidas pelo seguinte sonho: T1 632 1 Foi-me apresentado um bosque de ciprestes. Muitos estavam trabalhando entre eles, inclusive eu. Fui incumbida de inspecionar rigorosamente as árvores para ver se estavam florescendo. Observei que algumas estavam ficando curvadas e deformadas pela ação do vento, e necessitavam ser apoiadas por estacas. Cuidadosamente eu procurava remover os detritos das árvores debilitadas e que estavam morrendo, para apurar a causa de sua condição. Encontrei vermes nas raízes de algumas. Outras não haviam sido regadas devidamente e estavam morrendo de sequidão. As raízes de outras se tinham entrelaçado para seu dano. Meu trabalho era explicar aos trabalhadores as diferentes razões por que essas árvores não prosperavam. Isto era necessário pelo fato de as árvores em outros terrenos poderem ser afetadas como essas tinham sido, e devia ser conhecida a causa de não florescerem e como deviam ser cultivadas e tratadas. T1 632 2 Neste testemunho, falo livremente do caso da irmã Ana More, não por desejar entristecer a igreja de Battle Creek, mas pelo senso do dever. Eu amo a igreja a despeito de suas faltas. Desconheço uma outra igreja que em atos de benevolência e deveres em geral se desempenhe tão bem. Apresento os alarmantes fatos neste caso para despertar nosso povo em toda parte para o senso de seu dever. Nem um entre vinte daqueles que têm boa reputação como adventistas do sétimo dia, está vivendo de acordo com os abnegados princípios da Palavra de Deus. Que seus inimigos, destituídos dos princípios elementares da doutrina de Cristo, não tomem vantagem do fato de serem eles reprovados. Isso é evidência de que são filhos do Senhor. "Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois, então, bastardos e não filhos." Hebreus 12:8. Então, que esses filhos ilegítimos não se vangloriem sobre os filhos e filhas legítimos do Altíssimo. ------------------------Capítulo 111 -- O instituto de saúde T1 633 1 Nos números anteriores dos Testemunhos Para a Igreja falei da importância de os adventistas do sétimo dia estabelecerem uma instituição para benefício de doentes, especialmente aqueles dentre nós. Falei das possibilidades financeiras de nosso povo para fazer isso, e insisti que tendo em vista a importância desse ramo da grande obra de preparação para encontrar-se com o Senhor com alegria de coração, nosso povo deve sentir-se convocado, de acordo com sua capacidade, a investir parte de seus meios em tal instituição. Conforme se me apresentaram, também chamei a atenção para alguns dos perigos aos quais médicos, administradores e outros estariam expostos, na realização de tal empreendimento. Assim esperei que esses riscos fossem evitados. Nisso, todavia, nutri esperança por algum tempo, apenas para sofrer decepção e mágoa. T1 633 2 Eu havia tomado grande interesse na reforma de saúde e tinha grandes esperanças pela prosperidade do Instituto de Saúde. Sentia, como nenhum outro, a responsabilidade de falar a meus irmãos e irmãs, em nome do Senhor, sobre essa instituição e sobre seu dever de fornecer os meios necessários. Observei o progresso dessa obra com intenso interesse e ansiedade. Quando vi os que os administradores e dirigentes estavam se expondo aos perigos que me foram mostrados e sobre os quais eu os advertira publicamente e através de conversas particulares e cartas, terrível fardo caiu sobre mim. O que eu vira como um lugar onde nossos doentes sofredores podiam ser ajudados, era um centro onde sacrifício, hospitalidade, fé e piedade seriam princípios predominantes. Mas quando se fizeram inadequados apelos solicitando grandes somas de dinheiro, com a declaração de que esses fundos proporcionariam grande retorno; quando os irmãos que ocupavam posições na instituição pareciam desejosos de receber maiores salários do que aqueles que ocupavam postos igualmente importantes na grande causa da verdade e reforma, e estavam satisfeitos com seu salário; quando descobri, com pesar, que para tornar a instituição popular aos que não eram de nossa fé e granjear patrocínio, um espírito de condescendência estava rapidamente ganhando terreno no Instituto, manifestado no uso de formas de tratamento tais como "senhor", "senhorita" e "senhora", em lugar de "irmão" e "irmã", e em permitir ali diversões populares nas quais todos pudessem participar como se fosse divertimento relativamente inocente; quando vi essas coisas, disse: Isso não é o que me foi mostrado como uma instituição para enfermos, os quais deveriam compartilhar a assinalada bênção divina. Isso é outra coisa. T1 634 1 Faziam-se, porém, cálculos para a construção de mais edifícios e requeria-se mais investimentos. Do jeito que as coisas estavam sendo dirigidas no Instituto, achei, de modo geral, que ele estava sendo uma maldição. Embora alguns fossem beneficiados em termos de saúde, a influência sobre a igreja de Battle Creek e os irmãos e irmãs que visitavam essa clínica era tão negativa, que excedia todo o bem que fora feito. Essa influência estava atingindo igrejas deste e de outros Estados, sendo terrivelmente destrutiva à fé em Deus e à verdade presente. Vários irmãos que vieram a Battle Creek, cristãos humildes, consagrados e confiantes, foram embora quase como infiéis. A influência geral dessas coisas criava preconceitos contra a reforma de saúde em muitos de nossos melhores, mais dedicados e humildes irmãos e destruía a fé nos meus Testemunhos e na verdade presente. T1 634 2 Foi esse estado de coisas referentes à reforma de saúde e ao Instituto de Saúde, juntamente com outras situações, que tornaram meu dever falar como o fiz no Testemunho n 13. Eu bem sabia que ele produziria uma reação e preocupação em muitas mentes. Também sabia que precisava haver uma reação mais cedo ou mais tarde e, para o bem do Instituto e da causa de modo geral, quanto mais cedo melhor. Se as coisas tivessem tomado um rumo errado, para prejuízo de vidas preciosas e da causa em geral, quanto mais cedo fosse isso notado e corretamente tratado, melhor. Quanto maior o afastamento, pior a ruína, maior a reação e o desânimo geral. A obra mal administrada precisa sofrer uma auditoria. É necessário haver tempo para reparar erros e reiniciar no rumo certo. T1 635 1 A boa obra realizada pela igreja de Battle Creek no último outono, a completa reforma e retorno a Deus por parte de médicos, auxiliares e dirigentes do Instituto de Saúde; a harmonia geral de nossos irmãos em todas as partes do campo acerca do grande objetivo dessa instituição e a maneira como deve ser dirigida, à qual se somou a diversificada experiência de mais de um ano, não apenas no rumo errado mas também no certo; todas essas coisas me dão mais confiança de que a reforma de saúde e o Instituto de Saúde demonstrar-se-ão maior sucesso do que eu esperava. Continuo nutrindo esperança de ver o Instituto de Saúde de Battle Creek prosperando e sendo em todos os aspectos a clínica que me foi mostrada. Levará, porém, tempo para corrigir cabalmente e superar os erros do passado. Com a bênção de Deus isso pode e será feito. T1 635 2 Os líderes dessa obra têm solicitado recursos de nosso povo sob o pretexto de que a reforma de saúde é parte da grande obra ligada à mensagem do terceiro anjo. Nesse ponto estão certos. Ela é um ramo da grande, caritativa, liberal, abnegada e benevolente obra de Deus. Então, por que esses irmãos dizem: "Os recursos do Instituto de Saúde darão grande retorno", "a instituição é um bom investimento", "aplicação rentável"? Por que não falam tão bem da Sociedade de Publicações que paga alta porcentagem? Se esses são dois ramos da mesma grande e final obra de preparação para a vinda do Filho do homem, por que não? Ou por que não fazer de ambos alvo de liberalidade? Que a pena e a voz que apelaram aos amigos da causa em favor de fundos para publicação não se omitam a tais incentivos. Por que, pois, não expor aos ricos e cobiçosos observadores do sábado o fato de que eles podem fazer grande bem investindo seus meios no Instituto de Saúde, e ao mesmo tempo reter o capital e também receber grande retorno pelo simples emprego dele? Os irmãos foram solicitados a fazer contribuições para a Sociedade de Publicações, e nobre e alegremente sacrificaram ao Senhor, seguindo o exemplo daquele que fez o apelo, e a bênção de Deus repousou sobre esse ramo da grande obra. Mas é de se temer que o desagrado divino se manifeste contra a forma como foram levantados os fundos para o Instituto, e que a Sua bênção não acompanhe totalmente aquela instituição enquanto esse erro não for corrigido. Em meu apelo aos irmãos em favor de tal instituição, no Testemunho n 11, página 492, eu disse: T1 636 1 "Foi-me mostrado que não há falta de recursos entre os adventistas observadores do sábado. Seu maior perigo, atualmente, é o acúmulo de propriedades. Alguns, constantemente, estão amontoando seus cuidados e esforços; estão sobrecarregados. E o resultado é que Deus e as necessidades de Sua causa quase são por eles esquecidos; estão espiritualmente mortos. Deles se requer que façam um sacrifício a Deus, uma oferta. O sacrifício não aumenta, mas diminui e se consome." T1 636 2 Minha opinião sobre esse assunto de meios é que devia haver um sacrifício a Deus. Nunca pensei diferente. Mas se os acionistas precisam conservar o capital e obter determinados dividendos, onde está o decréscimo ou o sacrifício que se consome? Quais são os perigos dos guardadores do sábado que estão acumulando bens depreciáveis pelo presente plano de aquisição de ações do Instituto? Seus perigos apenas aumentam. E eis uma desculpa adicional para sua cobiça. Ao investirem em ações do Instituto, tido como um negócio de compra e venda como em qualquer outro bem, não fazem sacrifício. Sendo-lhes prometido grande lucro como incentivo, o espírito de lucro e não de sacrifício os leva a investir muito nas ações do Instituto, de modo que não dispõem senão de pouco ou quase nada para dar a outros ramos da obra ainda mais importantes. Deus requer que essas pessoas mesquinhas, cobiçosas e mundanas se sacrifiquem pela humanidade sofredora. Ele as exorta a reduzirem suas posses mundanas por causa dos aflitos que crêem em Jesus e na verdade presente. Elas devem ter uma oportunidade de agir com plena consciência das decisões do Juízo Final, como descritas nas seguintes ardorosas palavras do Rei dos reis: "Então, dirá o Rei aos que estiverem à Sua direita: Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-Me de comer; tive sede, e destes-Me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-Me; estava nu, e vestistes-Me; adoeci, e visitastes-Me; estive na prisão, e fostes ver-Me. Então, os justos Lhe responderão, dizendo: Senhor, quando Te vimos com fome e Te demos de comer? Ou com sede e Te demos de beber? E, quando Te vimos estrangeiro e Te hospedamos? Ou nu e Te vestimos? E, quando Te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-Te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes." Mateus 25:34-40. T1 637 1 "Então, dirá também aos que estiverem à Sua esquerda: Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; porque tive fome, e não Me destes de comer; tive sede, e não Me destes de beber; sendo estrangeiro, não Me recolhestes; estando nu, não Me vestistes; e estando enfermo e na prisão, não Me visitastes. Então, eles também Lhe responderão, dizendo: Senhor, quando Te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão e não Te servimos? Então, lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a Mim. E irão estes para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna." Mateus 25:41-46. T1 638 1 Novamente, na página 494 do Testemunho n 11, eu disse: "Há um liberal suprimento de meios entre nosso povo e se todos sentirem a importância da obra, esse grande empreendimento poderá ser levado avante sem maiores problemas. Todos deveriam sentir um especial interesse em apoiá-lo, especialmente aqueles que têm meios para investir. Um edifício adequado deve ser erguido para a recepção de doentes, para que possam, pelo apropriado uso de meios e bênçãos de Deus, ser aliviados de suas enfermidades e aprender como cuidar de si mesmos, prevenindo assim doenças. T1 638 2 "Muitos que professam a verdade estão se tornando mesquinhos e cobiçosos. Necessitam tomar consciência sobre si mesmos. Têm eles seu tesouro na Terra e o coração está posto nele. A maior parte de seus tesouros está neste mundo e muito pouco no Céu. Por conseguinte, suas afeições estão colocadas nas posses terrenas em lugar da herança celestial. Há agora uma boa oportunidade de usar seus meios em benefício da humanidade sofredora e também para o progresso da verdade. Esse empreendimento nunca deveria ser deixado a lutar com a pobreza. Esses mordomos a quem Deus confiou meios devem agora trabalhar e usar seus recursos para a glória do Senhor. Os que cobiçosamente retêm os meios verão que isso se provará uma maldição antes que bênção." T1 638 3 Naquilo que me foi mostrado e naquilo que disse, não recebi outra idéia nem desejei transmitir outro pensamento que não seja o do levantamento de recursos para este setor da obra, que devia ser uma questão de liberalidade, a mesma que se adota na sustentação de outros ramos da grande obra. Embora a mudança do plano atual para outro que tenha a plena aprovação do Senhor, possa ser acompanhada de dificuldades e requeira tempo e muito trabalho, penso que possa ser realizada com pequena perda das ações já adquiridas. Isso trará em resultado um sensível aumento do capital doado, para ser investido de maneira apropriada no alívio da humanidade sofredora. T1 639 1 Muitos que adquiriram ações não foram capazes de doá-las. Algumas dessas pessoas estão sofrendo pelo dinheiro que investiram em ações. Ao viajar de Estado a Estado, encontro pessoas aflitas à beira da sepultura, que devem passar algum tempo no Instituto, mas não podem devido à falta de meios que foram investidos nas ações dessa entidade. Elas não deveriam ter investido ali um dólar sequer. Mencionarei apenas um caso em Vermont. No início de 1850, um irmão tornou-se observador do sábado, e desde aquela data passou a contribuir liberalmente para os muitos empreendimentos da obra, até ficar com suas posses reduzidas. Quando, porém, veio o apelo urgente e inoportuno por parte do Instituto, ele adquiriu ações no montante de cem dólares. Na reunião em _____, ele apresentou o caso de sua esposa, que se achava muito debilitada e necessitava de assistência urgente. Ele expôs sua situação e disse que se pudesse resgatar os cem dólares aplicados naquela instituição, teria condições de enviar a esposa para tratamento. Caso contrário, não poderia enviá-la. Dissemos-lhe que jamais deveria ter investido um dólar sequer no Instituto; que havia algo de errado naquele assunto a respeito do qual não podíamos ajudá-lo. Isso pôs fim à questão. Não hesitei em dizer que aquela irmã tinha o direito ser tratada gratuitamente no Instituto, umas poucas semanas pelo menos. Seu marido mal podia pagar a passagem de ida e volta para Battle Creek. T1 639 2 Os amigos da bondade, da verdade e da santidade devem agir com referência ao Instituto, de acordo com o plano de sacrifício e liberalidade. Tenho quinhentos dólares em ações do Instituto as quais desejo doar, e se meu marido tiver sucesso com seu livro, ele doará mais quinhentos dólares. Aqueles que estiverem de acordo com esse plano, entrem em contato conosco em Greenville, Condado de Montcalm, Michigan, declarando a quantia que desejam doar ou investir em ações da Sociedade de Publicações. Quando isso for feito, que as doações entrem conforme as necessidade; quer o dinheiro seja muito ou pouco, que venha. Que os meios sejam investidos cuidadosamente. Que sejam cobrados dos pacientes preços os mais razoáveis. Que os irmãos contribuam para cobertura parcial das despesas de nossos doentes pobres e dignos. Que os debilitados sejam conduzidos ao ar livre, se puderem, para cultivar os belos campos de propriedade do Instituto. Que não façam isso com a estreita idéia de receber remuneração, mas com o pensamento generoso de que a despesa feita na aquisição desses terrenos foi um ato de benevolência em seu favor. Que esse trabalho seja parte de sua terapia, tanto quanto a utilização de banhos. Que a benevolência, a caridade, a bondade, o sacrifício pelo bem-estar alheio, sejam a idéia dominante entre os médicos, administradores, auxiliares e pacientes, e em entre todos os amigos de Jesus, de longe e de perto, em vez de salários, bons investimentos, negócio compensador e ações de boa rentabilidade. Que o amor a Cristo e às pessoas, a simpatia pela humanidade sofredora, governem tudo quanto dissermos e fizermos com relação ao Instituto de Saúde. T1 640 1 Por que deveria o médico cristão -- que crê, espera, aguarda, antecipa e anseia pela vinda e reino de Cristo, quando doença e morte não mais terão poder sobre os santos -- esperar maior pagamento por seus serviços do que o editor ou o pastor cristão? Ele pode dizer que seu trabalho é mais cansativo. Isso é passível de provas. Que ele trabalhe tanto quanto possa suportar sem violar as leis de vida que ensina a seus pacientes. Não há boas razões para ele trabalhar em excesso e receber por isso um salário superior ao do pastor e do editor. Que todos quantos desempenham sua parte no Instituto recebam o pagamento por seus serviços, agindo sobre o mesmo princípio liberal. Não se deve aceitar no Instituto a permanência de um obreiro que trabalha simplesmente por seu salário. Há gente competente que, por amor a Cristo, Sua causa e Seus discípulos sofredores, ocupará fiel, alegremente e com espírito de sacrifício, posições nesse Instituto. Os que não têm este espírito devem retirar-se e dar lugar aos que o possuem. T1 641 1 Tanto quanto sou capaz de analisar, metade dos enfermos de nosso povo, que deve passar semanas ou meses no Instituto, não pode pagar as despesas totais de viagem e internação ali. Deve a pobreza excluir esses amigos de nosso Senhor das bênçãos que Ele tão profusamente proveu? Devem eles ser deixados a lutar contra o duplo fardo de doença e pobreza? Os doentes ricos, que têm todos os confortos e comodidades da vida, e têm condições de pagar pelo árduo trabalho, poderão, com cuidado e repouso, obtendo informações e fazendo tratamento em casa, desfrutar de satisfatório estado de saúde sem ir ao Instituto. Mas que podem fazer nossos irmãos e irmãs pobres e doentes para recobrar a saúde? É possível que possam fazer algo, mas a pobreza os obriga a trabalhar além do que são realmente capazes. Eles não dispõem de todos os confortos da vida. Conveniências como acomodações, mobiliário, meios para banhos e arranjos para boa ventilação, eles não possuem. Talvez o único cômodo da casa esteja ocupado por um fogão, tanto no inverno como no verão. E pode ser que todos os livros que têm em casa, excetuando-se a Bíblia, caibam entre o polegar e o indicador. Eles não têm dinheiro para comprar livros para que possam ler e aprender como viver. Esses queridos irmãos são justamente os que necessitam de ajuda. Muitos deles são cristãos humildes. Eles podem ter falhas e algumas delas ser tão antigas que se tornam a causa de sua presente pobreza e miséria. Podem, porém, estar vivendo à altura de seu dever, muito mais do que nós que temos meios para melhorar nossa condição e a de outros. Eles devem ser pacientemente ensinados e ajudados de bom grado. T1 641 2 Mas eles precisam estar dispostos e ansiosos por ser ensinados. Precisam nutrir um espírito de gratidão a Deus e a seus irmãos pela ajuda que recebem. Tais pessoas geralmente não têm a menor idéia dos custos de tratamento, internação, aposentos, combustível, etc., no Instituto de Saúde. Elas não compreendem a magnitude da grande obra da verdade presente e reforma, e muitas apelam para a liberalidade de nosso povo. Não se dão conta de que o número de nossos pobres é muitas vezes maior do que o dos ricos. É possível que não se apercebam da força do terrível fato de que a maioria desses ricos está apegada às suas riquezas, e no rumo direto da perdição. T1 642 1 Essa gente pobre e aflita deve ser ensinada que quando se queixa de seu destino e murmura contra os ricos devido à cobiça, comete um grande pecado à vista do Céu. Devem primeiramente compreender que sua pobreza e doença são infortúnios geralmente oriundos dos próprios pecados, desatinos e erros, e se o Senhor põe no coração e na mente de Seu povo o impulso de ajudá-los, isso deve inspirar-lhes sentimentos de humilde gratidão a Deus e a Seu povo. Devem fazer tudo quanto estiver ao seu alcance para ajudar a si mesmos. Se possuem parentes que podem e querem custear suas despesas no Instituto, devem conceder-lhes esse privilégio. T1 642 2 Em vista do fato de que muitos pobres e aflitos que devem, em maior ou menor grau, ser objetos da caridade do Instituto, também por causa da falta de recursos e da atual necessidade de acomodações, sua permanência no Instituto deve ser curta. Devem internar-se com o propósito de obter, tão rápida e amplamente quanto possível, conhecimento prático do que devem ou não devem fazer para recuperar a saúde e viver de maneira saudável. As palestras que ouvirem enquanto no instituto, e os bons livros que lerem sobre como viver saudavelmente em casa, devem constituir sua principal segurança. Eles podem encontrar algum alívio durante as poucas semanas que permanecerem no Instituto, mas farão muito mais em casa ao praticar os mesmos princípios. Não devem esperar que os médicos os curem dentro de poucas semanas, mas precisam aprender a viver, dando à natureza uma oportunidade de realizar-lhes a cura. O processo de cura pode iniciar-se durante as poucas semanas de permanência no Instituto, e ainda requerer anos para completar a obra pela correta prática de hábitos no lar. T1 643 1 Um homem poderá despender tudo quanto tem neste mundo no Instituto de Saúde e encontrar grande alívio. Ao retornar, porém, à sua casa e a seu velho estilo de vida, dentro de poucas semanas ou meses estará em pior estado de saúde do que antes. Ele nada ganhou; gastou seus limitados meios por nada. O objetivo da reforma de saúde e do Instituto de Saúde não é, como uma dose de analgésico, aliviar as dores do momento. Não, realmente! Seu grande objetivo é ensinar o povo como viver de maneira a dar ao organismo a chance de remover a doença e a ela resistir. T1 643 2 Gostaria de dizer aos doentes dentre nosso povo: Não desanimem. Deus não abandonou Seu povo nem Sua causa. Que esses tornem conhecidos aos médicos seu estado de saúde e suas possibilidades de arcar com as despesas de internação, fazendo contato com o Instituto de Saúde em Battle Creek, Michigan. Se você estiver doente, cansado e debilitado, não deixe a questão até o ponto de seu caso tornar-se sem esperança. Escreva imediatamente. Devo dizer, contudo, aos irmãos pobres: No momento, pouco pode ser feito para ajudá-lo, em virtude do capital levantado estar sendo investido em material e construções. Façam todo o possível por si mesmos e outros haverão de ajudá-los. ------------------------Capítulo 112 -- Resumo de experiências T1 643 3 De 21 de Outubro de 1867 a 1 de Fevereiro de 1868 T1 643 4 Nosso trabalho com a igreja de Battle Creek estava quase concluído e, apesar de estarmos muito exaustos, fomos reconfortados por havermos testemunhado os bons resultados. Assim, animadamente nos juntamos ao irmão J. N. Andrews na longa viagem ao Maine. No caminho, realizamos uma reunião em Roosevelt, Nova Iorque. O Testemunho n 13 estava fazendo a sua obra, e aqueles irmãos que tomaram parte na descontentamento geral contra nós, começavam a ver as coisas em sua verdadeira luz. Esse encontro foi de trabalho árduo, no qual foram apresentados testemunhos diretos. Confissões foram feitas, seguidas de um retorno ao Senhor por parte de membros afastados da igreja e pecadores. T1 644 1 Nossos trabalhos no Maine começaram com a assembléia de Norridgewock, em 1 de Novembro. Foi uma grande reunião. Como usualmente fazíamos, meu marido e eu apresentamos claro e decisivo testemunho em favor da verdade e da disciplina apropriada, e contra as diversas formas de erro, confusão, fanatismo e desordem, decorrentes evidentemente da ausência dessa disciplina. Esse testemunho era especialmente aplicável à situação geral no Maine. Pessoas desordeiras que professavam observar o sábado estavam em rebelião, e trabalhavam para difundir o descontentamento através da assembléia. Satanás as ajudou e elas chegaram a ser relativamente bem-sucedidas. Os pormenores são demasiado penosos e de pouquíssima importância geral para serem aqui registrados. T1 644 2 Seria suficiente dizer que na ocasião, em conseqüência desse espírito de rebelião, de crítica e de uma espécie de ciúme infantil, murmuração e queixas por parte de alguns, nossa obra no Maine, que poderia ter sido feita em quinze dias, exigiu sete semanas das mais difíceis e desagradáveis lutas. Cinco semanas foram perdidas, sim, mais que perdidas, para a causa no Maine. Nosso povo de outras partes da Nova Inglaterra, Nova Iorque e Ohio ficou desprovido de cinco reuniões gerais, devido a nossa permanência no Maine. Mas quando deixamos esse Estado, fomos confortados com o fato de que todos haviam confessado sua rebelião, e que alguns tinham sido levados a buscar o Senhor e a abraçar a verdade. O que vem a seguir, referente a pastores, ordem e organização, tem especial aplicação à situação no Maine. ------------------------Capítulo 113 -- Pastores, ordem e organização T1 645 1 Alguns pastores têm caído no erro de pensar que não têm liberdade para falar, a menos que levantem a voz a um timbre agudo, falando alto e depressa. Eles devem entender que barulho e falar alto e depressa não são evidências da presença do poder de Deus. Não é a potência da voz que causa impressão duradoura. Os pastores devem ser estudantes da Bíblia e munir-se plenamente das razões de nossa fé e esperança. Então, com pleno controle da voz e das emoções, apresentá-las de tal modo que o povo possa calmamente pesar suas evidências e decidir sobre elas. E à medida que os pastores sentirem a força dos argumentos que apresentam em forma de solene e decisiva verdade, mostrarão zelo e fervor relativos ao conhecimento. O Espírito de Deus lhes santificará a alma e as verdades que apresentam a outros, "e o que regar também será regado". Provérbios 11:25. T1 645 2 Vi que alguns de nossos pastores não sabem como preservar suas forças, de forma a poderem realizar grande quantidade de trabalho sem ficarem esgotados. Eles não devem orar tão alto e por tanto tempo a ponto de esgotar as energias. Não é necessário cansar a garganta e os pulmões em oração. Os ouvidos de Deus estão sempre atentos para ouvir as sinceras petições de Seus humildes servos. Ele não exige que cansem seus órgãos da fala ao se dirigirem a Ele. Perfeita confiança, firme segurança, a constante súplica pelas promessas de Deus, a fé singela de "que Ele existe, e que é galardoador dos que diligentemente "O buscam" (Hebreus 11:6) -- eis o que importa para Deus. T1 645 3 Os pastores devem disciplinar-se e aprender como realizar maior volume de trabalho no breve período de que dispõem, e ainda ter considerável reserva de energias para que, se for requerido um esforço extra, tenham como dispor dela sem prejuízo para si mesmos. Por vezes é requerido que apliquem toda as energias que possuem em determinado ponto, e se eles já esgotaram previamente sua reserva de energias, e não têm condições de fazer frente a essa demanda, tudo quanto fizeram é perdido. Às vezes será preciso empregar todas as forças físicas e mentais para sustentar os mais fortes argumentos, para dispor as evidências na mais clara luz e apresentá-las ao povo da maneira mais enfática, dirigindo-lhes os mais fortes apelos. Quando as pessoas estão a ponto de abandonar as fileiras do inimigo e vir para o lado do Senhor, a batalha se torna mais severa e cruel. Satanás e seus anjos não toleram que alguém que tenha servido sob a bandeira das trevas, tome posição sob a bandeira ensangüentada do Príncipe Emanuel. T1 646 1 Foram-me mostrados exércitos opostos que haviam travado penoso combate. A vitória não fora conquistada por nenhum dos lados. Por fim os fiéis reconhecem que sua força e vigor estão-se dissipando e que serão incapazes de silenciar os inimigos, a menos que os ataquem e se apoderem de suas armas de guerra. É então que, com o risco da própria vida, reúnem todas as suas forças, e investem contra o inimigo. É uma batalha terrível, mas a vitória é conquistada e a fortaleza tomada. Se, no momento crítico, o exército estivesse tão exausto que lhe fosse impossível lançar a última carga e conquistar as fortificações inimigas, a batalha que se estendeu por dias, semanas e mesmo meses de lutas estaria perdida, e muitas vidas sacrificadas inutilmente. T1 646 2 Uma obra semelhante está perante nós. Muitos estão convencidos de que temos a verdade e, todavia, permanecem presos como com grilhões de ferro. Não ousam enfrentar as conseqüências de assumir uma posição ao lado da verdade. Muitos estão no vale da decisão, onde precisam ouvir apelos especiais, diretos e enfáticos, para que deponham suas armas de guerra e tomem posição ao lado do Senhor. Justamente nesse período crítico, Satanás os prende com fortíssimos laços. Se os servos de Deus estão todos exaustos porque esgotaram sua reserva física e mental, acham que nada mais pode ser feito e freqüentemente abandonam inteiramente o campo para iniciar atividades em outro lugar. Meios, tempo e trabalho, tudo ou quase tudo foi gasto sem qualquer resultado. Sim, é pior do que se nunca tivessem começado o trabalho naquele lugar, pois após o povo ter sido profundamente convencido pelo Espírito de Deus e levado ao ponto de decisão, e ser deixado a perder o interesse, e tomar decisão contrária às evidências, não pode outra vez tão facilmente ser levado a interessar-se no assunto. Terão, em muitos casos, tomado sua decisão final. T1 647 1 Se os pastores preservarem suas forças para, exatamente no momento em que tudo parecer desenrolar-se da maneira mais difícil, fazerem os mais diligentes esforços, os mais vigorosos apelos, os mais veementes pedidos e, como aguerridos soldados, no momento crítico, investirem contra o inimigo, obterão a vitória. As pessoas serão fortalecidas para romper as algemas de Satanás e fazer suas decisões para a vida eterna. O trabalho bem dirigido e no tempo certo tornará bem-sucedidos os esforços longamente desenvolvidos. Esse trabalho, mesmo se deixado por uns poucos dias, será um completo fracasso em muitos casos. Os pastores precisam dedicar-se ao trabalho como missionários e aprender como dirigir esforços a fim de obter a máxima vantagem. T1 647 2 Alguns pastores, no começo de uma série de reuniões, tornam-se muito zelosos e assumem encargos que Deus não lhes destinou, consomem assim suas forças cantando, orando e falando longamente e em alto volume. Esgotam-se e precisam ir para casa a fim de descansar. O que foi realizado através desse esforço? Literalmente nada. Os obreiros tinham entusiasmo e "zelo..., mas não com entendimento". Romanos 10:2. Não demonstraram sábia estratégia. Andaram sobre a carruagem dos sentimentos, mas não houve nenhuma vitória sobre o inimigo. Não penetraram e conquistaram sua fortaleza. T1 647 3 Foi-me mostrado que os ministros de Cristo devem disciplinar-se para a guerra. Grande sabedoria é requerida no comando da obra de Deus, muito mais do que a que se exige de generais envolvidos em batalhas. Os ministros de Deus estão empenhados numa grande obra. Estão combatendo não meramente contra homens, mas contra Satanás e seus anjos. Requer-se aqui um sábio comando. Devem eles tornar-se estudantes da Bíblia e dedicar-se completamente à obra. Quando iniciarem o trabalho num lugar, devem ser capazes de dar as razões de nossa fé, não de maneira rude nem turbulenta, mas com mansidão e temor. O poder convincente está nos fortes argumentos apresentados na mansidão e temor de Deus. T1 648 1 Talentosos ministros de Cristo são requeridos na obra para estes últimos dias de perigo. Sejam eles poderosos em palavra e doutrina, familiarizados com as Escrituras e sabedores das razões de nossa fé. Minha atenção foi dirigida para estes versículos, cujo significado não tem sido compreendido por alguns pastores: "Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós." 1 Pedro 3:15. "A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um." Colossences 4:6. "E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os que resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade e tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em cuja vontade estão presos." 2 Timóteo 2:24-26. T1 648 2 Requer-se que o homem de Deus, o ministro de Cristo, "seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra." 2 Timóteo 3:17. Um pastor pomposo, cheio de dignidade própria, não é necessário nesta boa obra. É necessário, porém, decoro no púlpito. Um ministro do evangelho não deveria ser descuidado com sua atitude. Se é representante de Cristo, seu comportamento, atitude e gestos devem ser de tal caráter que não firam os espectadores. Devem os pastores possuir refinamento. Devem descartar todas as maneiras, gestos e atitudes descorteses, promovendo a humilde dignidade da posição. Cumpre-lhes vestir-se de modo coerente com a dignidade de sua posição. Sua linguagem deve em todos os sentidos ser solene e bem escolhida. Foi-me mostrado que é errado usar expressões grosseiras e irreverentes, contar anedotas para divertir, ou apresentar ilustrações cômicas para produzir riso. Sarcasmo ou brincadeiras com as palavras de um oponente estão completamente fora do método de Deus. Os pastores não devem achar que não podem melhorar sua voz e maneiras. Muito pode ser feito. A voz pode ser cultivada de tal maneira que o falar longamente não prejudique os órgãos vocais. T1 649 1 Os pastores devem ser amantes da ordem e praticantes da autodisciplina. Então poderão com êxito disciplinar a igreja de Deus e ensiná-la a trabalhar em harmonia, semelhante a uma companhia de soldados bem preparada. Se a disciplina e a ordem são necessárias para uma ação bem-sucedida no campo de batalha, elas são tanto mais requeridas na luta em que estamos empenhados, assim quanto maior é o nosso objetivo a ser alcançado, pois no conflito em que estamos envolvidos, interesses eternos estão em jogo. T1 649 2 Os anjos trabalham harmoniosamente. Perfeita ordem caracteriza todos os seus movimentos. Quanto mais atentamente imitarmos a harmonia e a ordem da multidão angélica, tanto mais bem-sucedidos serão os esforços desses agentes celestiais em nosso favor. Se não virmos necessidade de ação harmoniosa, e formos desordenados, indisciplinados e desorganizados em nosso modo de agir, os anjos, que são totalmente organizados e se movem em perfeita ordem, não conseguem agir com sucesso em nosso favor. Eles se afastam entristecidos, pois não estão autorizados a abençoar confusão, desordem e desorganização. Todos os que desejarem a cooperação dos mensageiros celestiais, devem trabalhar em uníssono com eles. Os que possuem a unção do alto desejarão em todos os seus esforços estimular a ordem, a disciplina, a unidade de ação, e então os anjos de Deus podem cooperar com eles. Mas nunca, nunca esses mensageiros celestiais darão seu endosso à irregularidade, desorganização e desordem. Todos esses males são resultado dos esforços de Satanás para enfraquecer nossas forças, destruir o ânimo e impedir a ação bem-sucedida. T1 650 1 Satanás bem sabe que o sucesso só pode acompanhar a ação ordeira e harmoniosa. Sabe que tudo quanto se acha ligado ao Céu está em perfeita ordem, que sujeição e perfeita disciplina marcam os movimentos da multidão angélica. É seu estudado esforço levar os professos cristãos o mais distante possível dos arranjos feitos pelo Céu. Portanto, ele engana mesmo o professo povo de Deus, e o faz crer que a ordem e a disciplina são inimigas da espiritualidade; que a única segurança para eles é deixar que cada um siga a própria conduta e aja independentemente do corpo de crentes, que está unido e trabalhando para estabelecer disciplina e harmonia de ação. Todos os esforços feitos para estabelecer ordem são considerados perigosos, uma restrição da justa liberdade e, conseqüentemente, devem ser temidos como papismo. Essas pessoas enganadas consideram virtude gabar-se de sua liberdade de pensar e agir independentemente. Não aceitarão nada do que qualquer homem diz. Não se submetem a nenhum homem. Foi-me mostrado que é obra especial de Satanás levar os homens a achar que é o plano de Deus que eles se tornem auto-suficientes e escolham a própria conduta, independentemente de seus irmãos. T1 650 2 Minha atenção foi dirigida para os filhos de Israel. Logo depois de deixarem o Egito, estavam organizados e mais plenamente disciplinados. Deus havia, por Sua especial providência, qualificado Moisés para permanecer à testa dos exércitos de Israel. Ele havia sido um poderoso guerreiro no comando dos exércitos egípcios, jamais sobrepujado por nenhum outro em dom de comando. O Senhor não permitiu que Seu santo tabernáculo fosse transportado descuidadamente por qualquer tribo. Foi tão minucioso em especificar a ordem que deveria ser observada no transporte da arca, quanto em designar uma família específica da tribo dos levitas para carregá-la. Quando era para o bem do povo e para a glória de Deus que erguessem as tendas em determinado lugar, Deus manifestava Sua vontade fazendo com que a coluna de nuvem repousasse diretamente sobre o tabernáculo, onde permanecia até que novamente lhes desse ordem para partir. Em todas as suas jornadas lhes era requerido observar perfeita ordem. Cada tribo conduzia um estandarte com o emblema da casa de seu pai, e cada tribo devia acampar sob a própria bandeira. Quando a arca era movimentada, os exércitos se deslocavam e as diferentes tribos marchavam em ordem sob seus pendões. Os levitas foram designados por Deus como a tribo que deveria levar a arca. Moisés e Arão marchavam logo adiante da arca e os filhos de Arão seguiam próximo a eles, cada um com suas trombetas. Eles recebiam instruções de Moisés, as quais deviam transmitir ao povo através do toque das trombetas. Estes instrumentos produziam sons especiais que o povo compreendia e atendia, movimentando-se de acordo com eles. T1 651 1 Os trombeteiros tocavam um sinal especial para chamar a atenção do povo, então todos ficavam atentos e obedeciam ao som emitido. Não havia confusão de sons no toque das trombetas, portanto não havia desculpas para confusão nos movimentos. O comandante de cada companhia dava instruções definidas sobre os movimentos que deviam fazer, e ninguém que prestasse atenção ignorava o que fazer. Se alguém falhasse no cumprimento das exigências dadas pelo Senhor a Moisés e por Moisés ao povo, era punido com a morte. Ninguém podia alegar ignorância sobre a natureza das ordens, pois isso apenas evidenciaria desconhecimento voluntário e receberia a justa punição pela transgressão. Se alguém desconhecesse a vontade de Deus concernente a si, seria por culpa própria. Tinha as mesmas oportunidades de obter conhecimento como as outras pessoas, portanto, seu pecado de desconhecer, de não entender, era tão grande à vista de Deus como se tivesse ouvido e depois transgredido. T1 652 1 O Senhor designou uma família especial da tribo de Levi para transportar a arca. Outros levitas foram especialmente apontados por Deus para transportar o tabernáculo, seus móveis e utensílios, e também armá-lo e desarmá-lo. E se algum homem, por curiosidade ou falta de ordem, saísse de seu lugar e tocasse qualquer parte do santuário ou sua mobília, ou mesmo se aproximasse de algum trabalhador ali, sofreria a morte. Deus não permitia que Seu santo tabernáculo fosse transportado, montado e desmontado indiscriminadamente por qualquer tribo que escolhesse esse trabalho, mas pessoas eram escolhidas, as quais sabiam apreciar o caráter sagrado da obra na qual estavam empenhadas. Esses homens apontados por Deus eram instruídos a apresentar ao povo a especial santidade da arca e tudo quanto a ela pertencia, para que não olhassem para essas coisas sem compreender-lhes a santidade, e assim fossem apartados de Israel. Todas as coisas pertencentes ao lugar santíssimo tinham de ser olhadas com reverência. T1 652 2 As viagens dos filhos de Israel foram fielmente descritas. O livramento que o Senhor realizou em seu favor, sua perfeita organização e especial ordem, seu pecado de murmuração contra Moisés e desse modo contra Deus, suas transgressões, rebeliões, punições; seus cadáveres espalhados no deserto por causa da má vontade em submeter-se aos sábios desígnios de Deus, todo esse quadro fiel nos é mostrado como advertência, a fim de que não sigamos seu exemplo de desobediência e fracassemos como eles. T1 653 3 "Mas Deus não Se agradou da maior parte deles, pelo que foram prostrados no deserto. E essas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber e levantou-se para folgar. E não nos prostituamos, como alguns deles fizeram e caíram num dia vinte e três mil. E não tentemos a Cristo, como alguns deles também tentaram e pereceram pelas serpentes. E não murmureis, como também alguns deles murmuraram e pereceram pelo destruidor. Ora, tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos. Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia." 1 Coríntios 10:5-12. Deixou o Senhor de ser um Deus de ordem? Não. Ele é o mesmo tanto na presente dispensação como na passada. Diz Paulo: "Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz." 1 Coríntios 14:33. Ele é tão específico hoje como então. Deseja que aprendamos lições de ordem e organização a partir da perfeita ordem instituída nos dias de Moisés para benefício dos filhos de Israel. ------------------------Capítulo 114 -- Trabalhos adicionais T1 653 1 Experiências de 23 de Dezembro de 1867 a 1 de Fevereiro de 1868 T1 653 2 Farei agora um resumo dos incidentes ocorridos, e talvez não possa dar melhor idéia de nossos trabalhos até o tempo do encontro de Vermont, do que referindo aqui o teor de uma carta que escrevi a nosso filho em Battle Creek, em 27 de Dezembro de 1867: T1 653 3 "Meu querido filho Edson: Estou agora assentada à escrivaninha do irmão D. T. Bourdeau, em West Enosburgh, Vermont. Após o encerramento de nosso encontro em Topsham, Maine, estava excessivamente cansada. Enquanto arrumava minha mala, quase desmaiei de cansaço. O último trabalho que realizei ali foi convocar a família do irmão A e ter uma entrevista especial com eles. Falei-lhes palavras de exortação e conforto, e também de correção e conselho a um de seus membros. Tudo que eu disse foi plenamente aceito e seguido de confissão, pranto e grande alívio ao casal A. Essa me é uma obra penosa e muito cansativa. T1 653 4 "Após já estarmos no vagão, deitei e descansei por cerca de uma hora. Tínhamos um compromisso naquela noite, em Westbrook, Maine, para reunirmos com os irmãos de Portland e arredores. Ficamos hospedados no lar da bondosa família do irmão Martin. Eu não estava conseguindo ficar sentada, mas, tendo-me sido solicitado que estivesse na reunião da noite, fui à escola sentindo que não tinha forças para erguer-me e falar ao povo. O prédio estava repleto de ouvintes interessados. O irmão Andrews iniciou a reunião e falou pouco tempo. Seu pai, em seguida, fez algumas observações. Então eu me levantei, e tendo dito umas poucas palavras, senti-me revigorada. Todas as minhas fraquezas pareciam haver-me deixado, e falei durante quase uma hora com perfeita liberdade. Senti inexprimível gratidão por esse auxílio da parte de Deus, justamente no tempo que mais necessitava. Na noite de quarta-feira, falei com desembaraço por quase duas horas sobre as reformas de saúde e do vestuário. Ter minhas forças assim tão inesperadamente renovadas, quando me sentira completamente esgotada antes dessas duas reuniões, foi-me motivo de grande animação. T1 654 1 "Apreciamos estar com a família do irmão Martin e esperamos ver seus queridos filhos entregar o coração a Cristo, e, juntamente com seus pais, combaterem o bom combate cristão e receberem a coroa da imortalidade quando a vitória for alcançada. T1 654 2 "Na quinta-feira fomos novamente a Portland e jantamos com a família do irmão Gowell. Tivemos uma conversa particular com eles e esperamos obter dela bons resultados. Sentimos um profundo interesse pela esposa do irmão Gowell. Este coração de mãe foi ferido ao ver seus filhos sofrerem, morrerem e serem postos na silenciosa sepultura. Tudo vai bem com os que dormem. Que essa mãe também busque a verdade e acumule tesouros no Céu, para que, quando o Doador da vida libertar os cativos da grande prisão da morte, pai, mãe e filhos possam encontrar-se novamente, e os rompidos laços da família possam ser reatados para sempre. T1 654 3 "O irmão Gowell nos levou de carruagem até a estação. Tivemos apenas tempo suficiente de tomar o trem antes que partisse. Viajamos cinco horas e nos encontramos com o irmão A. W. Smith, na estação de Manchester. Ele nos esperava para conduzir-nos até sua casa naquela cidade. Ali pretendíamos descansar por uma noite, mas eis que muita gente estava esperando para nos receber. Tinham vindo de Amherst, cerca de quatorze quilômetros e meio de distância de Manchester, para passar a noite conosco. Tivemos uma reunião agradável, e esperamos, proveitosa para todos. Recolhemo-nos às dez horas. Cedo, na manhã seguinte, deixamos o confortável e hospitaleiro lar do irmão Smith, para prosseguir até Washington. Foi uma viagem lenta e tediosa. Desembarcamos em Hillsborough, onde encontramos uma carruagem esperando para nos levar a Washington, cerca de dezenove quilômetros distante. O irmão Colby tinha um trenó e cobertores, assim viajamos confortavelmente até a poucos quilômetros de nosso destino. A partir daí não havia neve suficiente para o trenó prosseguir. O vento começou a soprar e durante os últimos três quilômetros lançou granizo em nossos rostos e olhos, produzindo dor e quase nos enregelando. Afinal encontramos abrigo no lar aprazível do irmão C. K. Farnsworth. Sua família fez tudo ao seu alcance para nos proporcionar conforto, e tudo foi preparado para que descansássemos o máximo possível. Mas não conseguimos repousar muito. T1 655 1 "No sábado seu pai falou na parte da manhã e, depois de um intervalo de cerca de vinte minutos, eu apresentei um testemunho de reprovação a vários que usavam fumo, e também ao irmão Ball que havia apoiado nossos inimigos, ridicularizando as visões e publicando coisas amargas contra nós no Crisis (Crise), de Boston, e no Hope of Israel (Esperança de Israel), um jornal publicado em Iowa. A reunião da noite seria na casa do irmão Farnsworth. A igreja estava presente e ali seu pai pediu ao irmão Ball que apresentasse suas objeções às visões, e nos desse uma oportunidade para respondê-las. Assim passamos parte da noite. O irmão Ball manifestou muita obstinação e espírito de oposição. Ele admitiu ter ficado satisfeito em alguns pontos, mas manteve-se irredutível. O irmão Andrews e seu pai falaram claramente, explicando assuntos que foram malcompreendidos e condenando a conduta injusta para com os adventistas observadores do sábado. Todos sentimos que havíamos feito o melhor naquele dia para enfraquecer as forças inimigas. Nosso encontro se prolongou até depois das dez da noite. T1 656 1 "Na manhã seguinte assistimos novamente as reuniões na igreja. Seu pai falou na parte da manhã. Mas pouco antes dele falar, o inimigo fez um pobre e fraco irmão achar que tinha grande preocupação pela igreja. Ele andou sobre o banco, falou, gemeu e gritou, possuído por algo terrível que ninguém conseguia compreender. Nós estávamos tentando fazer com que aqueles que professavam a verdade vissem seu estado de terrível escuridão e infidelidade perante Deus, e confessassem humildemente seu extravio, tornando-se ao Senhor em arrependimento para que Ele Se voltasse para eles e curasse suas apostasias. Satanás procurou impedir esse trabalho fazendo com que esse pobre e conturbado homem desgostasse aqueles que desejavam agir com bom senso. Levantei-me e dei um franco testemunho a esse homem. Ele não comera por dois dias e Satanás o enganou, fazendo com que cometesse excessos. T1 656 2 "Em seguida seu pai pregou. Tivemos uns breves momentos de intervalo, e então tentei falar sobre as reformas de saúde e do vestuário, e dei um claro testemunho àqueles que estavam estorvando o caminho dos jovens e dos descrentes. Deus me ajudou a falar claramente ao irmão Ball, e dizer-lhe, no nome do Senhor, o que ele havia feito. Ele ficou muito impressionado. T1 656 3 "Tivemos novamente uma reunião noturna na casa do irmão Farnsworth. O tempo esteve tormentoso durante as reuniões, mas o irmão Ball não faltou a nenhuma delas. O mesmo assunto foi tratado -- o exame da conduta que ele havia seguido. Se alguma vez o Senhor ajudou um homem a falar, certamente Ele inspirou o irmão Andrews naquela noite a pregar sobre o tema do sofrimento por amor a Cristo. Falou sobre Moisés, que 'recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa'. Hebreus 11:24-26. O Pastor Andrews mostrou que este era um dos muitos exemplos em que 'o vitupério de Cristo' foi estimado acima das riquezas e honras mundanas, dos pomposos títulos, da coroa e glória de um reino. O olho da fé fixou-se na glória futura, e a recompensa foi tida como de tal valor que fez as coisas ricas deste mundo parecer como de nenhum valor. Os filhos de Deus 'experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos a fio de espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados' (Hebreus 11:36, 37), mas, sustidos pela fé e esperança, consideraram leves essas aflições; tinham o futuro, a vida eterna, como de valor tão grande que achavam ser pequenos os próprios sofrimentos, em comparação com a futura recompensa. T1 657 1 "O irmão Andrews usou a ilustração de um fiel cristão que estava para ser martirizado por causa de sua fé. Um irmão de fé estivera conversando com ele a respeito do poder da esperança cristã, se esta seria forte o suficiente para sustentá-lo enquanto sua carne estivesse sendo consumida pelo fogo. Esse irmão pediu ao condenado que lhe desse um sinal indicando se a fé e a esperança eram mais fortes do que o fogo consumidor. Como estivesse esperando ser a próxima vítima, achou que isso o fortaleceria para enfrentar a fogueira. O crente que estava prestes a ser executado prometeu dar-lhe um sinal. Ele foi levado ao local da fogueira em meio aos insultos e zombarias da multidão ociosa e curiosa, ali reunida para testemunhar à execução do cristão. A lenha foi trazida e o fogo ateado. O irmão que antes conversara com o condenado fixou os olhos sobre o moribundo mártir, sentindo que dependia muito do sinal. O fogo ardia continuamente. A carne já estava carbonizada, mas o sinal não vinha. Seus olhos não se desviaram, em momento algum, da cena dolorosa. Os braços já estavam queimados. Não havia nenhum sinal de vida. Todos pensavam que o fogo havia feito sua obra e que já não havia mais vida naquele corpo. Mas, eis! Em meio às chamas, seus braços ergueram-se ao Céu. O cristão que observava, cujo coração já se desalentara, vendo o alegre sinal, sentiu uma vibração percorrer-lhe o corpo e renovar-lhe a fé, a esperança e a coragem. Derramou então lágrimas de alegria. T1 658 1 "Enquanto o irmão Andrews falava dos braços carbonizados erguendo-se entre as chamas, ele próprio chorava como criança. Quase toda a congregação foi levada às lágrimas. A reunião encerrou-se quase às dez horas. As nuvens escuras dissiparam-se totalmente. O irmão Hemingway levantou-se e disse que havia estado em completa apostasia, usando fumo, opondo-se às visões e perseguindo a esposa por crer nelas, mas prometeu não mais fazer isso. Pediu perdão à mulher e a todos nós. Sua esposa falou, muito comovida. Sua filha e muitos outros presentes se levantaram para orar. Ele declarou que o testemunho dado pela irmã White parecia ter vindo diretamente do trono divino, e que ele nunca mais ousaria opor-se a ele. T1 658 2 "O irmão Ball então disse que se as coisas eram como nós as víamos, seu caso era muito mau. Confessou que sabia ter estado em apostasia e que fora uma pedra de tropeço para os jovens. Agradecemos a Deus por essa confissão. Queríamos seguir viagem na segunda-feira cedo, a fim de cumprir um compromisso em Braintree, Vermont, reunindo-nos com cerca de trinta observadores do sábado. Mas fazia muito frio e o clima estava tempestuoso para percorrermos quarenta quilômetros, após termos trabalhado tanto. Finalmente decidimos permanecer e continuar o trabalho em Washington, até que o irmão Ball se decidisse pela verdade ou contra ela, e a igreja tivesse esse caso resolvido. T1 658 3 "A reunião iniciou-se às dez horas da manhã de segunda-feira. Os irmãos Rodman e Howard estavam presentes. O irmão Newell Mead, que estava muito doente e tenso, quase igual a seu pai no passado, foi convidado a assistir à reunião. Uma vez mais foi abordada a condição da igreja e foi feita uma severíssima censura àqueles que se interpunham no caminho de sua prosperidade. Com os mais ferventes rogos, suplicamos que se convertessem a Deus e dessem meia-volta. O Senhor nos auxiliou nesse trabalho. O irmão Ball sentiu-se impressionado, mas ficou hesitante. Sua esposa sentiu muito por ele. Nossa reunião encerrou-se às três ou quatro horas da tarde. Todas estas horas, um após o outro, estivemos trabalhando diligentemente pela juventude inconversa. Marcamos nova reunião para a noite, com início às seis horas. T1 659 1 "Justamente antes de entrar para a reunião, foram-me revividas algumas cenas interessantes que me haviam sido mostradas em visão, e falei aos irmãos Andrews, Rodman, Howard, Mead e muitos outros que estavam presentes. Parecia-me que os anjos estavam fazendo uma abertura na nuvem, para deixar passar raios de luz do Céu. O assunto apresentado muito impressivamente foi o caso de Moisés. Exclamei: 'Quem dera tivesse eu a habilidade de um artista para pintar a cena de Moisés sobre o monte!' Sua força estava inalterada. Não 'perdeu o seu vigor', é a expressão da Escritura. 'Seus olhos nunca se escureceram' com a idade, porém, ele subiu ao monte para morrer. Deuteronômio 34:7. Os anjos o sepultaram mas o Filho de Deus logo desceu e o ressuscitou, levando-o para o Céu. Antes, porém, Deus deu-lhe uma visão panorâmica da terra da promessa, com Sua bênção sobre ela. Era como um segundo Éden. Foi-lhe mostrado Cristo em Seu primeiro advento, Sua rejeição pela nação judaica e morte de cruz. Moisés então viu o segundo advento de Cristo e a ressurreição dos justos. Eu também falei do encontro dos dois Adões -- o primeiro Adão e Cristo, o segundo -- quando o Éden florescer novamente na Terra. Os pormenores desses pontos eu pretendo dar no Testemunho n 14. Os irmãos quiseram que eu repetisse o mesmo assunto na reunião da noite. T1 659 2 "Nossa reunião durante o dia foi muito solene. Eu sentia tal fardo sobre mim no domingo à noite, que chorei alto por quase meia hora. Na segunda-feira foram feitos solenes apelos, e o Senhor os enviou para casa. Entrei na reunião de terça à noite um pouco mais aliviada. Falei durante uma hora com muita liberdade sobre temas que contemplara em visão, aos quais eu já fizera referência. Nossa reunião foi bastante espontânea. Os irmãos Howard e Rodman choraram como crianças. O irmão Andrews falou de maneira fervorosa, tocante e com lágrimas. O irmão Ball se levantou e disse que parecia ter dois espíritos sobre ele naquela noite, um dizendo: Você ainda pode duvidar de que esses testemunhos da irmã White procedem do Céu? O outro espírito apresentava à sua mente as objeções que fazia diante dos inimigos de nossa fé. 'Oh! se eu me convencesse', disse ele, 'a respeito de todas essas objeções; se elas pudessem ser removidas, eu perceberia haver feito à irmã White um grande mal. Recentemente mandei um artigo para o jornal Hope of Israel. Se ainda o tivesse em mãos, jamais o enviaria!' Ele se comoveu profundamente e chorou muito. O Espírito do Senhor estava presente na reunião. Anjos de Deus pareciam próximos, afastando os anjos maus. Pastor e povo choravam como crianças. Sentimos estar progredindo e que os poderes das trevas estavam recuando. Nossa reunião terminou bem. T1 660 1 "Marcamos ainda outra reunião para as dez horas da manhã do dia seguinte. Falei sobre a humilhação e glorificação de Cristo. O irmão Ball sentou-se próximo a mim e chorou durante todo o tempo em que eu falava. Preguei por cerca de uma hora, e então começamos nosso trabalho com os jovens. Os pais vieram à reunião trazendo os filhos consigo para serem abençoados. O irmão Ball se levantou e fez humilde confissão, dizendo que não vivera como deveria diante de sua família. Confessou aos filhos e à esposa que estivera em apostasia, e que não fora de nenhum auxílio, antes um estorvo, a eles. As lágrimas fluíam copiosamente. Sua vigorosa estrutura estava abalada e soluços embargavam-lhe a voz. T1 660 2 "O irmão James Farnsworth havia sido influenciado pelo irmão Ball e não estivera em plena união com os adventistas observadores do sábado. Ele fez confissão com lágrimas. Então fizemos um apelo às crianças, e treze delas manifestaram o desejo de tornar-se cristãs. Os filhos do irmão Ball estavam entre elas. Um ou dois haviam deixado a reunião, sendo obrigados a voltar para casa. Um rapaz de aproximadamente vinte anos caminhou cerca de sessenta e três quilômetros para nos ver e ouvir acerca da verdade. Nunca havia professado religião, mas tomou posição ao lado do Senhor antes de ir embora. Esta foi uma das melhores reuniões. No final, o irmão Ball foi até seu pai e confessou em lágrimas que havia procedido mal para com ele e rogava-lhe o perdão. Depois se aproximou de mim e confessou que havia sido muito injusto comigo. 'A senhora pode perdoar-me e pedir a Deus que me perdoe?' Asseguramos que lhe perdoávamos tão cabalmente quanto esperávamos ser perdoados. Despedimo-nos com muitas lágrimas, sentindo a bênção do Céu sobre nós. Não tivemos nenhuma reunião à noite. T1 661 1 "Na quinta-feira, levantamo-nos às quatro da manhã. Chovera à noite e ainda estava chovendo, todavia nos aventuramos a ir até Bellows Falls, situada cerca de quarenta quilômetros de distância. Os primeiros seis quilômetros foram extremamente difíceis, porquanto havíamos escolhido uma trilha isolada que evitava as íngremes colinas. Passamos sobre pedras e áreas cultivadas, e quase fomos lançados para fora do trenó. Por volta do amanhecer o temporal havia passado e pudemos viajar melhor até atingir a estrada pública. O clima estava muito agradável. Nunca tivemos um dia tão bonito para viajar. Quando chegamos a Bellows Falls, descobrimos que estávamos uma hora atrasados para o trem expresso, e urna hora adiantados para o trem-leito. Não pudemos chegar a St. Albans senão às nove da noite. Tomamos nossos assentos num belo vagão, almoçamos e procuramos aproveitar nossa singela viagem. A seguir preparamo-nos para dormir, se pudéssemos. T1 661 2 "Enquanto eu estava dormindo, alguém me sacudiu vigorosamente os ombros. Acordei e vi uma senhora de boa aparência inclinando-se sobre mim. Ela disse: 'Você não me reconhece? Sou a irmã Chase. O trem está em White River. Desça por alguns minutos. Moro aqui perto e tenho vindo todos os dias desta semana e passado por todos os vagões para encontrá-la.' Então me lembrei de haver almoçado em sua casa em Newport. Ela estava muito feliz em nos ver. Ela e sua mãe guardam o sábado sozinhas. Seu marido é chefe de trem. Ela falava rápido. Disse que apreciava muito a Review (revista), porquanto não havia reuniões ali. Queria livros para distribuir a seus vizinhos, mas tinha de conseguir todo o dinheiro que gastava em livros e periódicos. Tivemos uma entrevista proveitosa, embora curta, pois o trem partiu e tivemos de nos separar. T1 662 1 "Em St. Albans encontramo-nos com os irmãos Gould e A. C. Bourdeau. O irmão Bordeau possuía uma bela carruagem coberta e dois cavalos, mas a conduzia de modo tão vagaroso que só chegamos a Enosburgh depois de uma da madrugada. Estávamos exaustos e enregelados. Fomos deitar logo após as duas e dormimos até depois das sete. T1 662 2 "Sábado de manhã. Há um grande afluência de pessoas ali, apesar do mau estado das estradas, que não permite o tráfego de trenós nem de carruagens. Estou indo para a reunião e devo despender algum tempo ali. Seu pai fala esta manhã, e eu à tarde. Que o Senhor nos ajude, é nossa oração. Veja que longa carta eu escrevi. Leia essa carta a quem se interessar, especialmente ao vovô e à vovó White. Como você vê, Edson, temos bastante trabalho a fazer. Espero que não se esqueça de orar por nós. Seu pai tem trabalhado duro, muito duro, até sacrificando sua saúde. Ele algumas vezes percebe a especial bênção de Deus, e isso lhe dá vigor e ânimo para o trabalho. Não temos podido descansar desde que viemos do Leste. Temos empregado todas as nossas forças no trabalho. Que o Senhor abençoe nossos débeis esforços em favor de Seu amado povo. T1 662 3 "Edson, espero que você adorne sua profissão de fé com uma vida bem ordenada e piedosa conversação. Oh, seja fervoroso! Zeloso e perseverante no trabalho. Vigie em oração. Cultive humildade e mansidão. Isto receberá a aprovação de Deus. Esconda-se em Jesus. Que o amor-próprio e o orgulho sejam sacrificados, e você, meu filho, seja suprido de rica experiência cristã, útil para qualquer posição que Deus queira confiar-lhe. Procure fazer uma obra completa, de coração. Uma experiência superficial não passará pela prova do Juízo. Busque uma transformação completa. Que suas mãos não estejam manchadas, o coração maculado, o caráter rebaixado, pelas corrupções do mundo. Mantenha-se diferente. Deus apela: 'Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso.' 2 Coríntios 6:17, 18. 'Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.' 2 Coríntios 7:1. T1 663 1 "Recai sobre nós a obra de obtermos perfeita santidade. Quando Deus vir que estamos fazendo tudo ao nosso alcance, então nos dará ajuda. Os anjos nos auxiliarão e seremos fortes mediante Cristo. Não negligencie a oração secreta. Ore por você mesmo. Cresça na graça. Avance. Não fique onde está nem recue. Para a frente, à vitória! Anime-se no Senhor, meu caro rapaz! Lute contra o grande adversário somente um pouco mais, e então o livramento virá e a armadura será deposta aos pés de nosso amado Redentor. Suplante cada obstáculo. Se o futuro parecer um tanto nebuloso, espere e creia. As nuvens desaparecerão e a luz novamente brilhará. Louve ao Senhor, diz meu coração, louve ao Senhor pelo que Ele tem feito por você, por seu pai e por mim. Inicie corretamente um novo ano." Sua mãe, E. G. W. T1 663 2 A reunião de West Enosburgh, Vermont, foi de profundo interesse. Achei muito bom voltar a encontrar velhos e experientes amigos daquele Estado. Uma grande e boa obra foi realizada em curto espaço de tempo. Esses amigos eram pessoas geralmente pobres, trabalhando por suas necessidades básicas num lugar onde um dólar é ganho com muito mais empenho do que dois no Oeste, todavia, foram liberais conosco. Muitos detalhes dessa reunião foram publicados na Review, e a carência de espaço nestas páginas impede sua repetição. Em nenhum Estado, os irmãos têm sido mais verdadeiros para com a causa do que no velho Vermont. T1 664 1 Em nossa viagem para Enosburgh, paramos para passar a noite com a família do irmão William White. O irmão C. A. White, seu filho, apresentou-nos o assunto da patente de sua máquina dupla de lavar e torcer, e pediu conselho. Como eu havia escrito contra nosso povo envolver-se em direitos de patente, ele quis saber justamente qual era minha opinião sobre essa patente. Falei-lhe francamente sobre o que quis e não quis dizer naquilo que havia escrito, e também o que queria dizer. Não disse que estava errado tudo quanto se relacionasse com direitos de patente, pois isto seria quase impossível, visto que a maioria das coisas com que temos de lidar diariamente são patenteadas. Nem pretendi transmitir a idéia de que era errado registrar patente, fabricar e vender qualquer artigo merecedor de patente. O que eu queria que nosso povo entendesse é que é errado permitir ser enganados e defraudados por homens que vão de um lado a outro do país vendendo direitos de propriedade para esta ou aquela máquina ou produto. Muitos desses artigos não são de nenhum valor nem de real benefício. E aqueles que os vendem são, com poucas exceções, uma classe de enganadores. T1 664 2 Alguns de nossos próprios irmãos se envolveram na venda de produtos patenteados, mesmo crendo que eles não eram aquilo que pareciam ser. É incrível que muitos de nosso povo, alguns dos quais já plenamente advertidos, ainda permitam ser enganados pelas falsas declarações desses vendedores de direitos de patente. Algumas patentes são realmente valiosas e poucos têm obtido proveito delas. É minha opinião, porém, que onde um dólar foi ganho, cem se perderam. Não se deve depositar confiança nessas garantias de direito de patentes. E o fato é que aqueles que se envolvem com elas, com poucas exceções, são inequivocamente enganadores e mentirosos, tornando difícil para um homem honesto que apresenta um produto legítimo, obter o crédito e o patrocínio que merece. T1 665 1 O irmão C. A. White apresentou sua máquina de lavar e torcer ao grupo, incluindo os irmãos Bourdeau, Andrews, meu marido e eu, e não pudemos senão olhar com favor para ela. Ele nos presenteou com uma unidade, a qual o irmão Corliss, do Maine, nosso empregado, montou em poucos instantes e a pôs a funcionar. A irmã Burgess, do Condado de Gratiot, nossa empregada doméstica, ficou muito contente com a máquina. Ela funciona bem e é rápida. Uma mulher débil, que tenha filho ou marido para acionar essa máquina, pode lavar grande quantidade de roupa em poucas horas, enquanto que ela nada mais fará do que supervisionar o trabalho. O irmão C. A. White enviou circulares a um grande número de pessoas, e quem tiver interesse poderá dirigir-se a nós, incluindo a postagem. T1 665 2 Nossa próxima reunião foi em Adams Center, Nova Iorque. Foi um grande encontro. Houve muitas pessoas nesse lugar e adjacências cujos casos me haviam sido mostrados e por quem eu sentia profundo interesse. Eram homens de moral digna. Alguns tinham tal condição de vida que tornava a cruz da verdade presente difícil de suportar, ou pelo menos eles pensavam assim. Outros, de meia-idade, foram educados desde a infância para guardar o sábado, mas não suportaram a cruz de Cristo. Estes se achavam numa posição da qual parecia difícil movê-los. Eles precisam ser sacudidos da confiança em suas boas obras e levados a sentir sua condição de perdidos sem Cristo. Não podíamos abandonar essas pessoas e trabalhamos muito para ajudá-las. Por fim, mudaram de pensamento e desde então tenho-me alegrado em receber boas notícias sobre todos eles. Esperamos que o amor do mundo não lhes exclua o amor de Deus do coração. O Senhor está convertendo homens ricos e trazendo-os para nossas fileiras. Se prosperarem na vida cristã, crescerem na graça e finalmente colherem rica recompensa, haverão de usar suas riquezas para fazer avançar a causa da verdade. T1 666 1 Depois de deixar Adams Center, ficamos alguns dias em Rochester e fomos para Battle Creek, onde permanecemos durante o sábado e o domingo. Dali retornamos para casa, onde passamos o sábado seguinte e o domingo, reunidos com irmãos de diversos lugares. T1 666 2 Meu marido tratou da questão do livro em Battle Creek, e essa igreja deu um nobre exemplo. Na reunião de Fairplains, ele falou sobre a colocação, nas mãos de todos os que não podiam comprar, de obras como Spiritual Gifts (Dons Espirituais), Appeal to Mothers (Apelo às Mães), How to Live (Como Viver), Appeal to Youth (Apelo à Juventude), Sabbath Readings (Leituras Sabáticas) e os diagramas com a Key of Explanation (Chave de Interpretação). O plano recebeu apoio geral. Mas acerca desse importante trabalho, falarei oportunamente. ------------------------Capítulo 115 -- Ana More T1 666 3 No sábado seguinte reunimo-nos na igreja de Orleans, onde meu marido apresentou o caso de nossa saudosa irmã Ana More. Quando o irmão Amadon nos visitou no último verão, disse que a irmã More havia estado em Battle Creek e, não encontrando ali emprego, foi até o Condado de Leelenaw para morar com uma velha amiga, que com ela trabalhara nos campos missionários da África Central. Meu marido e eu sentimos que essa querida serva de Cristo fosse forçada a separar-se do convívio de seus irmãos de fé, e decidimos mandar buscá-la para morar conosco. Escrevemos convidando-a a encontrar-nos em Wright, onde tínhamos compromisso, e vir para casa conosco. Ela não foi a Wright. Eis sua resposta à carta que lhe enviamos, datada de 29 de Agosto de 1867, que recebemos em Battle Creek: T1 666 4 "Irmão White, recebi esta semana sua bondosa correspondência. Como o carteiro só vem aqui uma vez por semana e vai embora amanhã, apresso-me em respondê-la. Estamos aqui em meio à selva, por assim dizer. Um índio traz a correspondência a pé, às sextas-feiras, e volta às terças-feiras. Consultei o irmão Thompson sobre o melhor e mais seguro roteiro para chegar até aí é tomar um barco até Milwaukee, e então para Grand Haven. T1 667 1 "Como gastei todo o meu dinheiro para vir até aqui e fui convidada a ficar com a família do irmão Thompson, tenho ajudado a irmã Thompson nas tarefas domésticas e na costura, a um dólar e meio por semana de cinco dias, porque eles não querem que eu trabalhe para eles no domingo e eu não trabalho no sábado do Senhor, o único dia de repouso que a Bíblia reconhece. Eles não desejam que eu vá embora, apesar de nossa diferença de crenças. Ele diz que posso ficar com eles, com a ressalva de não divulgar minha crença entre seu povo. Convidou-me até para atender seus compromissos enquanto está em viagem de pregação. Assim tenho feito. A irmã Thompson precisa de uma governanta para seus filhos por causa das perigosas influências externas e por serem as escolas muito pervertidas. Ela não está disposta a enviar seus queridos à escola, enquanto não se tornarem cristãos, como diz ela. Seu filho mais velho, hoje com dezesseis anos, é um jovem piedoso e consagrado. Eles adotaram em parte a reforma de saúde e penso que a aceitarão plenamente dentro em breve. O irmão Thompson encomendou o Health Reformer (Reformador da Saúde). Mostrei-lhe alguns exemplares que tinha comigo. T1 667 2 "Tenho esperança de que ele aceite o santo sábado, e oro por isso. Sua esposa já o aceita. Ele é tremendamente inflexível quanto a seus costumes, e acha que está certo. Se eu pudesse ao menos convencê-lo a ler os livros que trouxe, como History of the Sabbath (História do Sábado) e outros. Mas ele os olha e diz que são falsos, e que lhe parecem ter o erro estampado em suas capas. Se, contudo, lesse com cuidado o significado de nossos princípios, creio que os aceitaria como verdades bíblicas e veria sua beleza e coerência. Não tenho dúvida de que a irmã T ficaria feliz em tornar-se já uma adventista do sétimo dia, se seu marido não se opusesse tão severamente a isso. Tive a impressão de que tinha uma obra a fazer antes de vir para cá, mas a verdade se acha presente na família, e se eu não puder levá-la mais adiante, parece que minha obra está concluída, ou quase concluída. Não quero sentir vergonha de Cristo nem dos Seus, em meio a esta "geração perversa". Atos dos Apóstolos 2:40. Prefiro lançar minha sorte com os observadores do sábado e o povo escolhido de Deus. T1 668 1 "Necessito de pelo menos dez dólares para chegar até Greenville. O que, com o pouco que ganhei, poderia ser suficiente. Esperarei que os irmãos me escrevam e façam o que achar melhor em adiantar-me o dinheiro. Na primavera terei o suficiente para ir, e assim farei. Que o Senhor nos guie e abençoe em cada empreendimento, é o ardente desejo de meu coração. Que eu possa assumir a posição que meu Deus me destinou em Sua vinha moral, cumprindo com alegria cada dever, por penoso que possa parecer, de acordo com Seu consentimento, é meu sincero desejo e oração. T1 668 2 "ANA MORE." T1 668 3 Ao receber sua carta, decidimos enviar à irmã More o dinheiro necessário, tão logo tivéssemos tempo. Antes, porém, de nos empenharmos nisso, decidimos ir até o Maine, para retornar em poucas semanas, quando lhe mandaríamos a quantia antes que o período de navegação encerrasse. E quando decidimos permanecer no Maine, New Hampshire, Vermont e Nova Iorque, escrevemos a um irmão desse Condado para falar com os líderes da igreja e consultá-los sobre a possibilidade de mandar buscar a irmã More e conseguir-lhe um lar até nossa volta. O assunto, porém, foi negligenciado até que o período de navegação se encerrou. Quando voltamos descobrimos que ninguém se interessara em ajudar a irmã More a vir para esta região, onde ela poderia ficar conosco assim que chegássemos em casa. Ficamos tristes e aflitos, e na reunião em Orleans, no segundo sábado após nosso retorno, meu marido apresentou o caso dela aos irmãos. Um breve relatório do que foi dito e feito com relação à irmã More, foi apresentado por meu marido na Review de 18 de Fevereiro de 1868, como segue: T1 669 1 "Nessa reunião apresentamos o caso da irmã Ana More, agora residindo temporariamente no Noroeste de Michigan, com amigos que não observam o sábado bíblico. Declaramos que essa serva de Cristo aceitou o sábado enquanto realizava trabalho missionário na África Central. Quando esse fato se tornou conhecido, ela foi dispensada de seus serviços e voltou para a América do Norte, em busca de lar e emprego com aqueles da mesma fé. Entendemos que ela não está contente onde se encontra atualmente. Ninguém em particular pode ser responsabilizado nesse caso. Mas nos parece que há falta de condições adequadas em nosso sistema organizacional para animar e auxiliar tais pessoas, aproveitando-as num campo de trabalho útil. Ou houve negligência no cumprimento do dever por parte desses irmãos e irmãs que tiveram o prazer de conhecer a irmã More. Por voto unânime ela foi convidada a residir com os irmãos desta região, até o tempo da Assembléia da Associação Geral, quando seu caso deve ser apresentado a nosso povo. O irmão Andrews, ali presente, apoiou plenamente a ação dos irmãos." T1 669 2 Pelo que soubemos do frio e indiferente tratamento que a irmã More recebeu em Battle Creek, é evidente que, ao declarar que ninguém em especial era culpado no caso dessa irmã, meu marido assumiu uma postura bastante caridosa sobre o assunto. Quando todos os fatos se tornaram conhecidos, nenhum cristão pode ser responsabilizado, mas todos os membros dessa igreja que conheciam as circunstâncias em que a irmã vivia, e não manifestaram interesse individual por ela. Certamente era dever dos oficiais tomar providências e referi-las à igreja, se outros não se encarregassem do assunto. Mas cada membro dessa ou de qualquer outra igreja não deve achar que está livre de interessar-se em tais pessoas. Depois do que foi dito na Review acerca dessa abnegada serva de Cristo, cada leitor em Battle Creek, ao saber que ela chegara à cidade, teria sido desculpado se lhe fizesse uma visita pessoal e se informasse de suas necessidades. T1 670 1 A irmã Strong, esposa do Pastor P. Strong Jr., esteve em Battle Creek na mesma época que a irmã More. Ambas chegaram à cidade no mesmo dia e partiram na mesma hora. A irmã Strong, que está do meu lado, diz que a irmã More pediu que intercedesse por ela na obtenção de emprego, para que assim pudesse permanecer entre os observadores do sábado. A irmã More disse estar disposta a fazer qualquer coisa, embora preferisse ensinar. Pediu também ao Pastor A. S. Hutchins que apresentasse seu caso aos irmãos dirigentes do Escritório da Review e tentasse arranjar-lhe trabalho numa escola. Isso o irmão Hutchins fez alegremente. Mas nenhum encorajamento lhe foi dado, pois parecia não haver vaga. Ela também disse à irmã Strong que estava sem recursos e que, a menos que obtivesse emprego em Battle Creek, teria que voltar para o Condado de Leelenaw. Ela freqüentemente falava que lamentava o fato de ser obrigada a deixar os irmãos. T1 670 2 Então a irmã More escreveu ao Sr. Thompson dizendo que aceitava a oferta de morar com sua família e ficou esperando pela resposta. A irmã Strong andou, juntamente com ela, procurando um lugar para ficar até receber a resposta do Sr. Thompson. Num certo lugar foi-lhe dito que só podia ficar de quarta até sexta-feira de manhã, pois teriam de sair de casa. Essa irmã contou o caso da irmã More a uma sua irmã carnal que morava nas proximidades e que também guardava o sábado. Ao voltar, disse à irmã More que podia ficar com ela até sexta-feira de manhã, pois sua irmã dissera que não era conveniente hospedá-la. Mas a irmã Strong percebeu que a verdadeira desculpa se devia ao fato de a irmã More ser uma estranha na cidade. Essa irmã podia hospedá-la, mas não quis. T1 670 3 A irmã More pediu conselho à irmã Strong sobre o que fazer. A irmã Strong era quase desconhecida em Battle Creek, mas pensou que podia acomodar Ana na família de um irmão pobre, conhecido seu, que se havia mudado recentemente do Condado de Montcalm. Conseguiu sucesso. A irmã More permaneceu até terça-feira, quando partiu para o Condado de Leelenaw, via Chicago. Ali conseguiu dinheiro emprestado para completar a viagem. Alguns, pelo menos, de Battle Creek, estavam a par de suas necessidades, pois em resultado de tornar-se conhecida ali, não gastou nada em sua breve estada no Instituto. T1 671 1 Logo que voltamos do Leste, meu marido, tomando conhecimento de que nada do que pedíramos em relação à irmã More fora atendido, escreveu-lhe dizendo que viesse ter conosco o mais breve possível. Eis sua resposta: T1 671 2 "Leland, Condado de Leelenaw, Michigan, 20 de Fevereiro de 1868. T1 671 3 "Caro irmão White, recebi sua carta de 3 de Fevereiro. Estou com a saúde abalada por não estar acostumada a esses rigorosos invernos do Norte, com neve de noventa centímetros a um metro e vinte de altura. Nossa correspondência é trazida por um carteiro com sapatos de neve. T1 671 4 "Não me parece ser possível estar com os irmãos até a chegada da primavera. As estradas já são péssimas mesmo sem neve. Dizem que o melhor a fazer é esperar que até as rotas de navegação se abrirem, e então ir até Milwaukee, e daí para Grand Haven, onde devo tomar o trem até o ponto mais próximo da casa de vocês. Eu esperava estar entre nosso amado povo no último outono, mas esse privilégio não me foi permitido. T1 671 5 "As verdades em que acreditamos parecem mais e mais importantes, e nossa obra de preparar um povo para a vinda do Senhor não pode ser retardada. Precisamos não apenas possuir nossas vestes nupciais, mas ser fiéis em recomendar o preparo a outros. Gostaria de poder estar com os irmãos, mas parece impossível, ou pelo menos impraticável, em vista de meu delicado estado de saúde, empreender sozinha tal viagem em pleno inverno. Quando será a Assembléia Geral de que o irmão falou? E onde? Suponho que a Review informará oportunamente. T1 672 1 "Creio que minha saúde ficou abalada desde que passei a guardar o sábado sozinha em meu frio quarto. Creio também que não poderia observá-lo onde todas as formas de trabalho e conversação mundana eram a ordem do dia, como ocorre entre os observadores do domingo. Penso que o sábado é o dia mais laborioso para aqueles que observam o primeiro dia da semana. Realmente, não me parece que os mais leais observadores do domingo guardem qualquer dia adequadamente. Oh! quanto anseio estar novamente com os observadores do sábado! A irmã White gostará de ver-me com o vestuário da reforma. Que ela faça o favor de enviar-me um modelo, o qual lhe pagarei quando aí chegar. Entendo que devo estar vestida adequadamente quando estiver em seu meio. Gosto muito desse vestuário. A irmã Thompson acha que gostaria de adotar o vestuário da reforma. T1 672 2 "Faz mais de uma semana que não consigo dormir devido a dificuldades respiratórias ocasionadas, creio, pela chaminé do fogão que está quebrada e enche meu quarto de fumaça e gás na hora de dormir. Meu sono não é desfrutado num ambiente bem ventilado. Não achei, na ocasião, que a fumaça era tão nociva, nem considerei quão impuras eram as emanações produzidas pela mistura de lenha e carvão. Despertei com uma sensação de sufocamento tão grande que não conseguia respirar deitada, e passei o resto da noite sentada. Nunca antes havia sentido essa terrível sensação de asfixia. Comecei a recear que não pudesse dormir novamente. Portanto, pus-me nas mãos de Deus para viver ou morrer, rogando-Lhe que me poupasse, se ainda tivesse necessidade de mim em Sua vinha. De outro modo, não tinha mais vontade de continuar vivendo. Senti-me inteiramente reconciliada com a mão de Deus sobre mim. Mas também senti que as influências satânicas precisam ser resistidas. Por essa razão, ordenei a Satanás que se afastasse de mim, e disse ao Senhor que não ergueria minha mão para escolher nem a vida nem a morte, mas que O buscaria, pois Ele me conhece completamente. Meu futuro me é desconhecido, e portanto digo que a vontade do Senhor é melhor. A vida não tem importância para mim, assim como seus prazeres. Todas as suas riquezas e honras não são nada quando comparadas com a utilidade. Eu não as desejo. Elas não podem satisfazer ou preencher o doloroso vazio que me deixa o dever não cumprido. Não quero viver na inutilidade para ser uma nódoa ou um espaço em branco na vida. E embora pareça morte de mártir morrer assim, estou conformada se essa for a vontade de Deus. T1 673 1 "Eu havia dito à irmã Thompson no dia anterior: 'Se eu estivesse na casa do irmão White, eles orariam por mim e eu seria curada.' Ela me perguntou se não poderíamos mandar buscar o irmão e o Pastor Andrews, mas isso parecia impraticável, visto que eu não poderia, seguramente, sobreviver até que os irmãos chegassem. Eu sabia que o Senhor, com Seu grande poder e forte braço, poderia curar-me aqui, se isso fosse o melhor. Senti-me segura ao dizer isso a Ele. Sabia que Ele poderia enviar um anjo para resistir 'o que tinha o império da morte, isto é, o diabo' (Hebreus 2:14), e fiquei certa de que o faria, se isso fosse o melhor. Eu também achava que Ele poderia tomar, se fosse necessário, providências para a minha recuperação, e tive a certeza de que o faria. Logo melhorei e fui capaz de dormir um pouco. T1 673 2 "Assim você pode ver que ainda sou um exemplo vivo da misericórdia e fidelidade de Deus para com Seus filhos aflitos. 'Porque não aflige nem entristece de bom grado os filhos dos homens.' Lamentações 3:33. Mas algumas vezes as provas são necessárias como uma disciplina, para nos desapegar da Terra. "'E manda-nos buscar real felicidade. T1 673 3 Além deste mundo passageiro.' T1 673 4 "Agora posso dizer como o poeta: T1 673 5 "'Senhor, não está sob meu domínio, Se hei de viver ou de morrer. Se a vida for longa, serei feliz Para que possa ansiar obedecer; Se curta for, por que ficaria eu infeliz? Pois esse mundo terá de passar. Cristo não me guia por lugares mais escuros Do que Ele antes palmilhou. Quem quer que venha ao Seu reino, Precisa entrar por Sua porta.' T1 674 1 "'Vem, Senhor, quando a graça me fez Teu bendito rosto ver; Pois se Tua obra na Terra é suave, Como será em Tua glória? Alegremente cessarei minhas queixas, E dias cansativos e pecaminosos, Para me unir aos santos triunfantes Que louvor entoam a Jeová! Pouco sei desse porvir, Meu olho da fé turvo está; Mas basta confiar que Cristo tudo sabe, E com Ele haverei de estar. -- Baxter. T1 674 2 "Tive períodos de insônia na última noite e hoje me sinto indisposta. Ore para que seja cumprida a vontade de Deus em mim e através de mim, qualquer que seja ela, quer em minha vida ou através de minha morte. Na esperança da vida eterna, Ana More. T1 674 3 "Se souber de algum modo de poder encontrar-me com você o mais breve possível, por favor informe-me. H. M." T1 674 4 Ela está morta e ainda fala. Suas cartas, as quais tenho em meu poder, serão lidas com profundo interesse por aqueles que tomaram conhecimento de seu obituário, em número recente da Review. Ela poderia ter sido uma bênção a todas as famílias observadoras do sábado que apreciassem seu valor, mas está dormindo. Nossos irmãos de Battle Creek e arredores poderiam ter-lhe dado mais do que boas-vindas a Jesus na pessoa dessa piedosa mulher. Mas a oportunidade se foi. Não era conveniente. Eles não procuraram relacionar-se com essa irmã. Ela era de idade avançada e poderia ter sido um fardo. Sentimentos desse tipo excluíram-na dos lares dos professos amigos de Jesus, que estão esperando por Seu próximo advento, e a afastaram daqueles a quem ela amava, enviando-a àqueles que se opunham à sua fé no Norte de Michigan, durante o inverno mais frio, para morrer congelada. Ela morreu como mártir do egoísmo e da cobiça dos professos guardadores dos mandamentos. T1 674 5 A Providência dirigiu, nesse caso, uma terrível reprovação à conduta daqueles que não acolheram essa estrangeira. Ela não era realmente uma estrangeira. Sua respeitabilidade era do conhecimento de todos, todavia, não foi ela acolhida. Muitos hão de ficar aborrecidos quando se lembrarem da irmã More que esteve em Battle Creek, mendigando um lar entre o povo que ela escolheu. Eles, em imaginação, a seguirão até Chicago, para tomar dinheiro emprestado a fim de custear as despesas de sua viagem até o descanso final. E quando pensarem naquela sepultura, no Condado de Leelenaw, onde repousa essa preciosa exilada, que Deus tenha piedade daqueles que têm culpa em seu caso. T1 675 1 Pobre irmã More! Ela dorme, mas nós fizemos aquilo que nos estava ao alcance. Quando estivemos em Battle Creek, em Agosto passado, recebemos a primeira de suas duas cartas, mas não tínhamos dinheiro para enviar-lhe. Meu marido solicitou recursos a Wisconsin e Iowa e recebeu setenta dólares para cobrir nossas despesas, a fim de assistirmos às assembléias no Oeste realizadas no último mês de Setembro. Esperávamos ter meios para enviar a ela imediatamente, quando retornássemos do Oeste, para custear suas despesas de viagem até nosso novo lar, no Condado de Montcalm. T1 675 2 Os liberais amigos West nos deram os meios necessários, mas quando decidimos acompanhar o irmão Andrews ao Maine, o assunto foi protelado até nosso retorno. Esperávamos permanecer no Leste não mais do que quatro semanas, o que nos daria muito tempo para mandar buscar a irmã More após nossa volta, e recolhê-la em nossa casa antes que as viagens de navio se encerrassem. Quando decidimos ficar no Leste algumas semanas a mais do que havíamos inicialmente pretendido, não perdemos tempo em fazer contato com vários irmãos, recomendando-lhes que mandassem buscar a irmã More e lhe dessem acolhida até nossa volta. Digo que fizemos o que podíamos. T1 675 3 Mas, por que deveríamos nos interessar nessa irmã mais que nos outros? O que pretendíamos com essa cansada missionária? Ela não poderia fazer nosso trabalho doméstico, e tínhamos apenas um filho em casa para ela ensinar. E certamente, não se poderia esperar muito de alguém tão esgotado e que havia atingido sessenta anos de idade. Não teríamos nenhuma utilidade para ela, em particular, a não ser para trazer a bênção de Deus ao nosso lar. Havia inúmeras razões para nossos irmãos demonstrarem no caso da irmã More muito mais interesse do que nós. Nós nunca a havíamos visto antes e não tivemos quaisquer outros meios de conhecer sua história, sua devoção à causa de Cristo e da humanidade, mais do que todos os leitores da Review. Nossos irmãos de Battle Creek haviam conhecido essa nobre mulher, e alguns deles conheciam alguma coisa de suas intenções e necessidades. Nós não tínhamos dinheiro para ajudá-la; eles tinham. Estávamos já sobrecarregados de preocupações e necessitávamos em nosso lar de pessoas que possuíssem a força e vivacidade da juventude. Precisávamos de ajuda, em vez de ajudar outros. Mas a maioria de nossos irmãos estava em tal situação, que a irmã More não lhes teria exigido o mínimo cuidado e nem lhes teria sido um peso. Eles têm tempo, energia e estão relativamente livres de cuidados. T1 676 1 Ninguém, contudo, manifestou interesse em seu caso como nós o fizemos. Eu mesma falei à grande congregação antes de viajarmos para o Leste, no outono, acerca de sua negligência do caso da irmã More. Falei sobre o dever de conferir honra a quem ela é devida. Romanos 13:7. Parecia-me que a sabedoria havia se colocado tão distante dos prudentes, que eles não eram capazes de apreciar a dignidade moral. Disse àquela igreja que havia muitos ali que achariam tempo para reunir-se, cantar e tocar seus instrumentos musicais; que poderiam pagar um artista para fazer seu retrato ou ainda, gastar dinheiro em divertimentos. Mas eles nada tinham para dar a uma cansada missionária, que abraçara de coração a verdade presente e tinha vindo para viver com aqueles que possuíam a mesma fé preciosa. Aconselhei-os a parar e considerar o que deveríamos fazer. Propus que não tocassem seus instrumentos musicais por três meses e tomassem tempo para humilharem-se a si mesmos diante de Deus em exame íntimo, arrependimento e oração, até que tivessem consciência das reivindicações que o Senhor tem sobre Seus professos filhos. Meu coração agitou-se com o pensamento da injustiça que havia sido feita a Jesus na pessoa da irmã More, e falei a muitos sobre isso. T1 677 1 Isso tudo não foi feito às escondidas. E apesar do assunto ser de domínio público, acompanhado por grande e boa obra na igreja de Battle Creek, nenhum esforço foi feito por essa igreja para redimir o passado e trazer a irmã More de volta. E a esposa de um de nossos pastores declarou posteriormente: "Não vejo necessidade do irmão e da irmã White fazer tal espalhafato por causa da irmã More. Penso que eles não entenderam o caso." Em verdade, nós não compreendemos a questão. Ela era pior do que supúnhamos. Se a tivéssemos entendido, nunca teríamos deixado Battle Creek até expor claramente diante da igreja seu pecado de obrigá-la a deixá-los, e até que fossem tomadas medidas para trazê-la de volta. T1 677 2 Um membro dessa igreja, conversando sobre o caso da irmã More, disse certa vez: "Ninguém acha que deve assumir responsabilidades em casos semelhantes. O irmão White sempre se encarregou deles." Sim, é verdade. Ele os levava para sua casa até que cada cadeira e cama estivessem ocupados, e então ia até seus irmãos e pedia-lhes que cuidassem dos necessitados que excedessem à sua capacidade. Se eles necessitassem de recursos, ele os daria e convidaria outros a seguir-lhe o exemplo. Deve haver em Battle Creek homens que façam o que ele tem feito, ou a maldição de Deus cairá sobre essa igreja. Não há apenas um homem, mas pelo menos cinqüenta que podem fazer, ou pouco ou muito, como ele tem feito. Foi-nos dito que precisamos voltar para Battle Creek. Ainda não estamos prontos para isso. Provavelmente esse nunca será nosso dever. Ali suportamos pesadas cargas até não podermos mais. Deus suscitará homens e mulheres fortes para dividir esses cuidados entre si. Aqueles que se mudaram para Battle Creek e que aceitaram posições ali, não estão preparados para fazer esse tipo de trabalho, e seria mil vezes melhor que estivessem em outros lugares. Há aqueles que podem ver, sentir e alegremente fazer o bem a Jesus na pessoa de Seus santos. Que tenham oportunidade de trabalhar. Que aqueles que não podem fazer o mesmo, vão para onde não atrapalhem a obra de Deus. T1 678 1 Isso é especialmente aplicável àqueles que se encontram à testa da obra. Se eles erram, tudo dá errado. Quanto maior a responsabilidade, maior a ruína em caso de infidelidade. Se os irmãos dirigentes não cumprem fielmente seu dever, os liderados também não atenderão aos seus. Os líderes da obra em Battle Creek precisam ser exemplos do rebanho em todos os lugares. Se fizerem isso, terão grande recompensa. Se falharem e ainda permanecerem em seus cargos, terão uma terrível conta a prestar. T1 678 2 Tudo o que nos foi possível fazer, fizemos. Se tivéssemos tido recursos nos últimos verão e outono, a irmã More estaria agora conosco. Quando nos inteiramos de nossa real situação financeira, como registrada no Testemunho n 13, olhamos à questão com alegria e dissemos não querer assumir a responsabilidade dos recursos. Esse foi um erro. Deus desejava que tivéssemos recursos para podermos, como em tempos passados, ajudar onde era necessário. Satanás quer atar-nos as mãos nessa questão e levar outros a serem descuidosos, insensíveis e cobiçosos, para que essa obra impiedosa prossiga, como no caso da irmã More. T1 678 3 Vemos marginalizados, viúvas, órfãos, pobres dignos e pastores em necessidade e muitas oportunidade de usar os recursos para a glória de Deus, a divulgação de Sua causa e o alívio dos santos sofredores, e eu desejo ter meios e usá-los para Deus. A experiência de quase um quarto de século em longas viagens, sentindo a condição daqueles que necessitam de ajuda, qualificam-nos a fazer cuidadoso uso do dinheiro de nosso Senhor. Tenho comprado meu próprio material de escritório, pago minha postagem e despendido muito de minha vida escrevendo para o bem de outros, e tudo o que recebi por esse trabalho, o qual me cansou e me desgastou, não pagaria a décima parte de minhas despesas postais. Quando me oferecem recursos, eu os recuso, ou aceito para fins caritativos como a Sociedade de Publicações. Não mais farei assim. Cumprirei meu dever como sempre o fiz, mas meus receios de receber recursos para usá-los para Senhor se desfizeram. O caso da irmã More despertou-me plenamente para ver a obra de Satanás em desprover-nos de recursos. T1 679 1 Pobre irmã More! Quando ouvimos que estava morta, meu marido sentiu terrivelmente. Ambos sentimos como se ela fosse nossa querida mãe por cuja companhia nosso coração ansiava. Alguns podem dizer: "Se estivéssemos em lugar daqueles que sabiam algo das necessidades e anseios da irmã, não teríamos agido como eles." Espero que vocês nunca sintam o remorso que alguns devem experimentar, os quais estiveram muito interessados nos próprios negócios e eximiram-se de assumir qualquer responsabilidade em seu caso. Que Deus tenha piedade daqueles que estavam tão receosos de ser enganados, que negligenciaram uma digna e abnegada serva de Cristo. A observação que se tornou uma desculpa para essa negligência foi: Temos sido enganados tantas vezes que temos medo de estranhos. Não nos instruíram, nosso Senhor e Seus discípulos, a sermos muito cuidadosos e não recebermos estranhos, a fim de não cometermos erros e sermos enganados, e tendo problemas ao cuidar de uma pessoa indigna? T1 679 2 Paulo exorta os hebreus: "Permaneça a caridade fraternal." Hebreus 13:1. Ninguém ache que haverá tempo em que essa exortação não seja necessária, quando o amor fraternal será extinto. Ele continua: "Não vos esqueçais da hospitalidade, porque, por ela, alguns, não o sabendo, hospedaram anjos." Hebreus 13:2. Por favor, leiam (Mateus 25), do verso 31 em diante. Leiam-no, irmãos, da próxima vez que vocês tomarem sua Bíblia nas devoções familiares da manhã ou da tarde. As boas obras realizadas por aqueles que serão bem-vindos ao reino, foram feitas para Cristo na pessoa de Seu povo sofredor. Aqueles que realizaram essas boas obras não acharam que estavam fazendo algo por Cristo. Achavam que não era mais que seu dever para com a humanidade sofredora. Os que estão à mão esquerda do Senhor não compreendem que haviam insultado a Cristo negligenciando as necessidades de Seu povo. Negligenciaram, porém, fazer algo por Jesus na pessoa de Seus santos, e por esse relaxamento sofrerão punição eterna. Um ponto definido desse desleixo é assim mencionado: "Sendo estrangeiro, não Me recolhestes." Mateus 25:43. T1 680 1 Essas coisas não dizem respeito apenas a Battle Creek. Estou aflita pelo egoísmo existente entre os professos guardadores do sábado em todos os lugares. Cristo foi preparar-nos mansões eternas e ainda Lhe recusamos um lar por poucos dias, na pessoa daqueles Seus santos que estão marginalizados? Ele deixou Seu lar na glória, Sua majestade e alto comando, para salvar o homem perdido. Tornou-Se pobre para que por Sua pobreza nos tornássemos ricos. Submeteu-Se a insultos para que o homem pudesse ser exaltado e proveu um lar incomparável em seus encantos, e duradouro como o trono de Deus. Os que finalmente vencerem e se assentarem com Cristo em Seu trono, seguirão o exemplo de Jesus e espontânea e alegremente se sacrificarão por Ele na pessoa de Seus santos. Aqueles que não fizerem isso de livre vontade, irão para o castigo eterno. ------------------------Capítulo 116 -- Cozinha saudável T1 680 2 Durante os últimos sete meses estivemos em casa apenas quatro semanas. Em nossas viagens nos assentamos à roda de diferentes mesas, desde Iowa até o Maine. Algumas pessoas a quem visitamos seguem a melhor luz que possuem. Outras, que têm as mesmas oportunidades de aprender a viver saudavelmente, dificilmente deram os primeiros passos na reforma. Elas lhe dirão que não sabem como cozinhar dessa nova maneira. Mas estão sem desculpas nessa questão, pois na obra How to Live (Como Viver) estão muitas receitas excelentes e a compra desse livro está ao alcance de todos. Não digo que o método culinário ensinado ali seja perfeito. Poderei brevemente fornecer um pequeno trabalho mais de acordo com o que penso. Mas, How to Live ensina uma arte culinária muito mais avançada do que qualquer pessoa poderia encontrar, mesmo entre alguns adventistas do sétimo dia. T1 681 1 Muitos não consideram esta uma questão de dever, por isso não procuram preparar alimento adequadamente. Este pode ser feito de maneira simples, saudável e fácil, sem usar banha, manteiga ou alimentos cárneos. A habilidade deve estar ligada à simplicidade. Para isso, as mulheres devem ler e, depois, transformar pacientemente em prática o que leram. Muitas estão sofrendo por não quererem dar-se ao incômodo de fazer isso. Digo a estas: É tempo de despertarem as suas energias entorpecidas e pôr-se em dia com a leitura. Aprendam a cozinhar com simplicidade e, não obstante, de maneira a conseguir o mais saboroso e saudável alimento. T1 681 2 Pelo fato de ser errado cozinhar apenas para agradar o paladar ou satisfazer o apetite, ninguém deve nutrir a idéia de que esteja certo um regime alimentar improvisado. Muitos estão debilitados pela doença e carecem de alimentos nutritivos, em abundância e bem cozidos. Temos visto freqüentemente pão integral pesado, azedo e apenas parcialmente assado. Isso é falta de interesse de aprender, e de cuidado em desempenhar-se do importante dever de cozinhar. Às vezes encontramos broas ou biscoitos, secos, não assados, e outras coisas dessa espécie. E depois as cozinheiras lhe dirão que se acham em condições de cozinhar bem no estilo antigo, mas, para dizer a verdade, seus familiares não gostam de pão de farinha integral; que eles morreriam de fome vivendo dessa maneira. T1 681 3 Tenho dito a mim mesma que não me admira isto. É a maneira de prepararem o alimento o que o torna tão sem sabor. Comer tal alimento levaria certamente a pessoa à dispepsia. Essas pobres cozinheiras, e os que têm de comer o seu alimento, dirão solenemente que a reforma de saúde não se lhes adapta. O estômago não tem poder para transformar em bom, o pão pobre, pesado e azedo; ao contrário esse pão pobre transformará em doente o estômago são. Os que usam tal alimento sabem que estão diminuindo o vigor. Não há uma causa? Algumas dessas pessoas se dizem reformadoras, mas não o são. Elas não sabem cozinhar. Preparam bolos, batatas e pão de farinha integral, mas há sempre a mesma rotina, com pouca variação, e o organismo deixa de ser fortalecido. Parece-lhes inútil o tempo empregado em obter uma experiência cabal no preparo de alimento saudável e saboroso. Alguns agem como se aquilo que comem fosse perdido e que tudo o que põem no estômago para enchê-lo faz tão bem quanto o alimento preparado com muito mais esmero. É importante que apreciemos o alimento ingerido. Se não o saboreamos mas comermos mecanicamente, não seremos nutridos como ocorreria se apreciássemos a comida. Somos feitos daquilo que comemos. Para produzir uma boa qualidade de sangue, devemos comer o tipo certo de alimento, preparado de maneira correta. T1 682 1 É dever religioso para os que cozinham aprenderem a preparar alimento saudável em diferentes maneiras, de modo a serem ingeridos com prazer. As mães devem ensinar seus filhos a cozinhar. Que ramo da educação de uma jovem pode ser tão importante como esse? A comida tem que ver com a vida. O alimento escasso, empobrecido, mal preparado, está continuamente empobrecendo o sangue mediante o enfraquecimento dos órgãos que o fazem. É altamente essencial que a arte culinária seja considerada uma das mais importantes matérias na educação. Poucas são as boas cozinheiras. As jovens acham que é descer a uma baixa ocupação tornar-se cozinheira. Não é assim. Elas não encaram a questão do devido ponto de vista. O conhecimento acerca do preparo do alimento saudável, do pão em especial, não é ciência inferior. T1 682 2 Em muitas famílias encontramos dispépticos e a razão freqüente disso é um pão empobrecido. A dona de casa decide que ele não deve ser jogado fora e todos o comem. É essa a maneira de usar um pão malfeito? Vocês o porão no estômago para ser convertido em sangue? Tem o estômago capacidade para transformar um pão ácido em bom artigo? Pesado em leve? Pão mofado em fresco? T1 682 3 As mães negligenciam esse ramo na educação de suas filhas. Assumem uma carga de trabalho e cuidados e logo se cansam, enquanto a filha fica livre para fazer visitas, crochê ou pensar no próprio prazer. Esse é um amor equivocado, bondade desacertada. A mãe está prejudicando a própria filha por toda a sua vida. Numa idade quando ela deveria ser capaz de assumir algumas responsabilidades da vida, acha-se desqualificada. Ela não toma sobre si cuidados e obrigações. Vive livre de cargas, eximindo-se de responsabilidades, enquanto a mãe é pressionada por preocupações e cuidados, como uma carroça debaixo dos feixes. Isso não quer significar que a filha seja insensível, mas que é descuidosa e negligente ou teria notado a face cansada ou a expressão de dor no semblante materno, e procuraria fazer sua parte, buscando levar a parte mais pesada da carga e aliviar a mãe, que deve ficar livre de cuidados, ou jazerá sobre um leito de dor e depois, de morte. T1 683 1 Por que as mães são tão cegas e negligentes na educação de suas filhas? Tenho-me afligido ao visitar diferentes famílias e ver a mãe carregando pesado fardo, enquanto a filha, que mostra espírito alegre e tem um bom grau de saúde e vigor, sente-se livre de cuidados e responsabilidades. Quando há grandes reuniões e as famílias são sobrecarregadas com a vinda de muitas pessoas, tenho observado a mãe assumir as responsabilidades, com todos os cuidados sobre ela, enquanto as filhas estão assentadas tagarelando com seus jovens amigos, como num encontro social. Considero essas coisas tão erradas, que dificilmente consigo me omitir de falar às descuidadas jovens e dizer-lhes que vão trabalhar. Aliviem sua mãe. Conduzam-na a uma poltrona na sala de visitas e peçam que ela descanse e aprecie o convívio com seus amigos. T1 683 2 Mas as filhas não são as únicas culpadas nessa questão. A mãe também está em falta. Ela não ensinou pacientemente às filhas como cozinhar. Ela sabe que elas não têm conhecimento sobre cozinha, e portanto não pode sentir-se aliviada do trabalho. Ela precisa estar atenta a tudo o que requeira cuidado e atenção. As moças devem ser cabalmente instruídas na cozinha. Sejam quais forem suas circunstâncias na vida, aí está um conhecimento que pode ser posto em prática. É o ramo da educação que tem influência mais direta sobre a vida humana, especialmente daqueles que mais queridos nos são. Muita esposa e mãe que não teve a devida educação, e a quem falta habilidade na arte culinária, apresenta diariamente a sua família comida mal preparada, a qual vai firme e seguramente destruindo os órgãos digestivos, preparando deficiente qualidade de sangue, e trazendo com freqüência ataques agudos de doença inflamatória, causando morte prematura. Muitos foram levados à morte por comerem pão pesado e azedo. Foi-me relatado o caso de uma menina empregada que fez uma fornada de pão azedo e pesado. Para ver-se livre dele e ocultar o caso, atirou-os a um casal de grandes porcos. Na manhã seguinte, o dono da casa encontrou os animais mortos e, examinando a gamela, encontrou pedaços daquele pão pesado. Fez verificações, e a jovem confessou o que fizera. Não pensara no efeito que tal pão teria nos porcos. Se pão azedo e pesado mata porcos, que podem devorar cascavéis, e quase tudo quanto é detestável, que efeito terá no delicado órgão que é o estômago humano? T1 684 1 É dever religioso de cada moça e senhora cristã aprender sem tardança a preparar pão bom e de fácil digestão, de farinha de trigo integral. As mães devem fazer-se acompanhar de suas filhas ainda bem jovens, na cozinha, e ensinar-lhes a arte de cozinhar. A mãe não pode esperar que suas filhas compreendam os mistérios da conservação do lar sem instrução. Deve ela instruí-las paciente e carinhosamente, e tornar o trabalho o mais agradável possível por sua fisionomia alegre e encorajadoras palavras de aprovação. Se elas errarem uma vez, duas ou três, não as censurem. O desânimo antecipado está realizando sua obra e tentando-as a dizerem: "Não adianta, não sou capaz de fazer isto." Esse não é o momento para censura. A vontade se está tornando enfraquecida. É necessário o incentivo de palavras encorajadoras, cordiais, esperançosas como: "Não se preocupe com os erros que cometeu. Você é apenas aprendiz, e deve considerar natural cometer erros. Experimente novamente. Ponha a mente no que está fazendo. Seja bem cuidadosa, e com certeza será bem-sucedida." T1 685 1 Muitas mães não consideram a importância dessa espécie de conhecimento e, em lugar de terem a preocupação e o cuidado de ensinar seus filhos e tolerar suas faltas e erros enquanto aprendem, preferem fazer tudo elas mesmas. E, ao cometerem suas filhas alguma falta ao se esforçarem, elas as mandam embora dizendo: "Não adianta, você não sabe fazer isto ou aquilo. Você me deixa perplexa e me atrapalha mais do que ajuda." T1 685 2 Dessa forma, os primeiros esforços das aprendizes são repelidos e, o primeiro erro arrefece de tal forma o seu interesse e ardor em aprender que elas temem fazer outra experiência e estão dispostas a costurar, fazer tricô, limpar a casa, qualquer coisa, menos cozinhar. Aqui a mãe está em grande falta. Ela deve instruí-las pacientemente para poderem, pela prática, obter uma experiência que removeria a ineficácia e remediaria os desajeitados movimentos da ajudante inexperiente. Aqui acrescento alguns trechos do Testemunho n 10, publicado em 1864: T1 685 3 "As crianças que foram mimadas e servidas, esperam sempre isto; e caso sua expectativa não se realize, ficam decepcionadas e perdem o ânimo. Essa mesma disposição se manifestará através de toda a sua vida; serão incapazes, dependendo do auxílio de outros, esperando que outros os favoreçam, e lhes façam concessões. E caso encontrem oposição, mesmo depois de atingirem a idade adulta, julgam-se maltratados; e assim atravessam penosamente o caminho pelo mundo, mal sendo capazes de levar as próprias cargas, murmurando e irritando-se freqüentemente porque tudo não vai à medida de seus desejos. T1 685 4 "Pais imprudentes estão ensinando a seus filhos lições que se lhes demonstrarão nocivas, e plantando ao mesmo tempo espinhos para os próprios pés. Julgam que, mediante o satisfazer aos desejos dos filhos, e deixá-los seguir as próprias inclinações, podem granjear-lhes o amor. Que erro! As crianças assim mimadas crescem sem restrições aos seus desejos, insubmissas na disposição, egoístas, exigentes e autoritárias, um tormento para si mesmas e para os que as cercam. Em grande parte, os pais têm nas mãos a futura felicidade de seus filhos. Repousa sobre eles a importante obra de formar o caráter dos mesmos. Os ensinos ministrados na infância os acompanharão através da vida. Os pais semeiam as sementes que brotarão e darão frutos, seja para bem, seja para mal. Eles podem habilitar seus filhos e filhas para a felicidade ou para a miséria. T1 686 1 "As crianças devem ser ensinadas desde muito cedo a serem úteis, a servirem a si mesmas e aos outros. Muitas filhas nestes tempos, podem sem remorso ver sua mãe labutando, cozinhando, lavando ou passando, enquanto elas se sentam na sala de visitas e lêem histórias, fazem tricô, crochê ou bordados. Têm o coração tão insensível como uma pedra. Mas onde se origina esse mal? Quais são os que têm a principal culpa nesse ponto, em geral? Os pobres e enganados pais. Passam por alto o futuro de seus filhos, e em seu errôneo afeto, deixam-nos sentar-se ociosamente, ou fazer o que é de pouca importância, que não exige exercício mental ou dos músculos, e depois desculpam as indolentes filhas por serem fracas. Que as tornou fracas? Em muitos casos, foi a errônea conduta dos pais. A devida quantidade de exercício em torno da casa, melhoraria tanto a mente como o corpo. Mas os filhos são desprovidos disto devido às falsas idéias, até que ficam avessos ao trabalho. Isto é desagradável, e não se harmoniza com as idéias que eles nutrem sobre a gentileza. Julga-se impróprio de uma dama e mesmo vulgar, lavar louça, passar ou estar a um tanque de lavar roupa. Tal é o ensino da moda que se ministra aos filhos nesta época infeliz. T1 686 2 "O povo de Deus deve ser governado por princípios mais elevados que os mundanos, que procuram pautar toda a sua conduta segundo a moda. Os pais tementes a Deus devem preparar os filhos para uma vida de utilidade. ... Preparem-nos para assumir responsabilidades enquanto jovens. Se seus filhos forem desabituados ao trabalho, cansar-se-ão depressa. Queixar-se-ão de dor no lado, dor nas costas, cansaço dos membros; e vocês correm o risco de, por dó, fazer vocês mesmos o trabalho, do que deixá-los sofrerem um pouco. Que seja a princípio bem leve a responsabilidade a pesar sobre as crianças, e depois, dia a dia, aumentar, até que possam fazer a devida porção de trabalho sem se cansar. A inatividade é a maior causa de dor no lado e dor na costas entre as crianças." T1 687 1 "As mães devem levar consigo as filhas para a cozinha, e ensiná-las pacientemente. Sua constituição ficará melhor por fazer esse trabalho; seus músculos adquirirão vigor e resistência, e serão mais saudáveis suas meditações, e mais elevadas, quando chegar o fim do dia. Talvez se achem fatigadas mas quão doce é o repouso depois de uma justa medida de trabalho! O sono, o suave restaurador da natureza, revigora o corpo fatigado, e prepara-o para os deveres do dia seguinte. Não dêem a entender a seus filhos que não importa se eles trabalham ou não. Ensinem-lhes que seu auxílio é necessário, seu tempo é valioso, e que vocês contam com seus serviços." ------------------------Capítulo 117 -- Livros e folhetos T1 687 2 A circulação adequada e a distribuição de nossas publicações é um dos mais importantes ramos da presente obra. Pouco pode ser feito sem ela. Nossos pastores podem fazer mais em prol dessa obra do que qualquer outra classe de pessoas. É verdade que há poucos anos muitos de nossos pregadores estavam levando o assunto da venda de livros muito além. Alguns deles acrescentavam ao seu estoque de venda não apenas publicações de pouco valor, como também mercadorias inúteis. T1 687 3 Eles agora adotam um ponto de vista contrário do que publiquei no Testemunho n 11, sobre a venda de nossas publicações. Um de nossos pastores no Estado de Nova Iorque, que não tinha sobre si pesada carga de trabalho e havia trabalhado como vendedor, tinha consigo uma boa variedade de publicações. Resolvendo não vender mais nada, escreveu ao Escritório dizendo que as publicações estavam disponíveis. Isso está errado. Eis aqui um trecho extraído do Testemunho n 11: T1 688 1 "A responsabilidade pela venda de nossas publicações não deve repousar sobre os pastores que trabalham pregando e ensinando. Seu tempo e energia precisam ser reservados para que possam empregá-los nas séries de reuniões e não em vender nossos livros, os quais podem ser apropriadamente apresentados ao público por aqueles que não têm a responsabilidade de pregar a Palavra. Ao penetrar novos campos, é necessário que o pastor leve consigo nossas publicações para oferecer ao povo. Pode também ocorrer em certas circunstâncias que seja preciso vender livros e negociar pelo escritório de publicações. Mas tal trabalho deveria ser evitado quando puder ser feito por outros." T1 688 2 A primeira porção desse trecho é qualificada pela última. Para ser um pouco mais definida, meus pontos de vista referem-se a pastores como Andrews, Waggoner, White e Loughborough, que têm sobre si a responsabilidade da supervisão da obra, e, conseqüentemente uma carga extra de trabalho, preocupações e cuidados, especialmente das reuniões campais e as da Associação Geral. O parecer foi dado para corrigir aqueles que, em tais encontros, descem da dignidade de sua obra para distribuir à multidão mercadoria que não tem qualquer ligação com a obra. T1 688 3 Nossos pastores que desfrutam bom estado de saúde podem, com grande propriedade, empenhar-se no devido tempo na venda de nossas importantes publicações. A venda e a circulação dessas obras conforme foi dito recentemente a nosso povo, exigem vigorosos esforços neste tempo. Em quatro semanas, em nossa viagem pelos Condados de Gratiot, Saginaw e Tuscola, meu marido deu aos pobres e também vendeu, livros no valor de quatrocentos dólares. Primeiramente ele expôs diante do povo a importância dessas publicações. Então, dispuseram-se a adquiri-los tão prontamente quanto ele, com o auxílio de outros, podia atendê-los. T1 689 1 Por que nossos irmãos não se comprometem liberalmente com o fundo pró-livros e folhetos? E por que nossos pastores não se empenham intensamente nessa obra? Nosso povo veria que essas publicações são justamente o que se precisa para auxiliar as pessoas em necessidade. Eis a oportunidade de investir recursos de acordo com o bendito plano de liberalidade. Podemos algumas vezes "ler" os homens quase tão claramente quanto lemos livros. Há alguns entre nós que aplicam entre cem e mil dólares ou mais no Instituto de Saúde, e têm investido apenas de cinco a vinte e cinco dólares na grande empreitada da publicação de livros, periódicos e folhetos, os quais apresentam verdades que têm a ver com a vida eterna. Um supunha que o investimento era lucrativo, outro, como pudemos ver da pequenez do compromisso, achava-o pura perda. T1 689 2 Não devemos nos calar sobre esse assunto. Nosso povo se porá à altura dessa obra. Os recursos virão. Dizemos aos que são pobres e querem possuir esses livros: "Mandem seus pedidos com a declaração de sua condição econômica. Nós enviaremos a vocês um pacote de livros contendo os quatro volumes de Spiritual Gifts, mais How to Live, Appeal to Youth, Appeal to Mothers, Sabbath Readings, e dois grandes diagramas com Key of Explanation (Chave de Interpretação). Se vocês já tiverem alguns deles, digam-nos quais e enviaremos outros em seu lugar, ou encomendem somente os livros que não possuem. Mandem cinqüenta centavos para pagar as despesas postais e nós lhes remeteremos um pacote de cinco dólares, e cobraremos quatro dólares do fundo.* T1 689 3 Nessa questão de benevolência em matéria de publicações todos devem agir segundo o grande plano de liberalidade, tal como ocorre com a publicação e venda de Bíblias e folhetos americanos. Em muitos respeitos a política dessas grandes sociedades é digna de imitação. A liberalidade é constatada em testamentos e doações e posta em prática em vendas e doações de Bíblias e folhetos. Os adventistas do sétimo dia devem estar muito à frente delas na questão de publicações e em outras coisas. Que Deus nos ajude. Nossos folhetos devem ser oferecidos às centenas pelo preço de custo, deixando apenas uma pequena margem para as despesas de embalagem e postagem. Pastores e povo devem empenhar-se na circulação de livros, panfletos e folhetos, como nunca antes. Vendam onde o povo tenha condições e esteja disposto a comprar. Onde não for possível, sejam os livros doados. ------------------------Capítulo 118 -- O lema do cristão T1 690 1 Caro irmão B: T1 690 2 Foi-me mostrado que o irmão é movido mais por sentimento do que por firme princípio. Falta-lhe uma profunda e completa experiência nas coisas de Deus. Você necessita converter-se inteiramente à verdade. Quanto o coração do homem está plenamente convertido, tudo o que ele possui é consagrado a Deus. Essa consagração você ainda não experimentou. Você ama a verdade "de palavra", mas não manifesta este amor "por obra" e por seus frutos. 1 João 3:18. As obras, os atos, são evidências da sinceridade de seu amor ou de indiferença perante Deus, Sua causa e os semelhantes. T1 690 3 Como Cristo manifestava Seu amor pelos pobres mortais? Pelo sacrifício de Sua glória, riquezas e mesmo da preciosa vida. Jesus consentiu com uma vida de humilhação e intenso sofrimento. Submeteu-Se às cruéis zombarias da enfurecida e criminosa multidão, e à uma terrível e agonizante morte sobre a cruz. Disse Ele: "O Meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como Eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sereis Meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando." João 15:12-14. Damos evidência de ser amigos de Cristo quando prestamos implícita obediência à Sua vontade. Não é uma questão de falar ou não, mas a evidência consiste em fazer, em obedecer. Quem está obedecendo ao mandamento de amar uns aos outros como Cristo os amou? Irmão B, você necessita ter um amor mais profundo, mais sólido e mais altruísta do que jamais possuiu, se obedecer ao mandamento de Cristo. T1 691 1 Falta-lhe benevolência. O irmão se empenha em livrar-se de cuidados, dificuldades e despesas com a causa de Deus. Você tem investido muito pouco na causa. Aquilo que o homem mais valoriza será visto através de seus investimentos. Se ele tem em mais alta estima as coisas eternas, mostrá-lo-á por suas obras; investirá o mais que puder e ousará o máximo naquilo que ele mais valoriza e que, no final, lhe trará maior proveito. T1 691 2 Os homens que professam a verdade se envolverão em projetos mundanos e investirão muito neles, correndo grandes riscos. Se perderem quase tudo quanto possuem, ficarão profundamente entristecidos, pois se perturbam com as perdas que tiveram. Não sentem, porém, que sua conduta imprudente privou a causa de Deus de meios, e que como Seus mordomos eles precisam dar conta da má administração do dinheiro do Senhor. Se lhes fosse pedido investir na causa de Deus pelo menos vinte e cinco por cento do que perderam com seus investimentos em coisas terrenas, achariam que o Céu custa muito. T1 691 3 As coisas eternas não são apreciadas. Você não é um homem rico, todavia, seu coração se apega tão aferradamente ao pouco que tem, como o rico aos seus tesouros. Pouco, muito pouco será o lucro obtido pelo irmão quando investe em empreendimentos mundanos, ao passo que, se empregar seus recursos na causa de Deus, fará dela uma parte de si e a amará como a si mesmo, estando disposto a sacrificar-se por seu progresso, demonstrando fé em seu triunfo final, e recolherá preciosa colheita se não nesta vida, na futura. Alcançará uma recompensa eterna, que é muito superior aos ganhos terrenos, assim como a imortalidade é bem superior àquilo que é perecível. T1 692 1 Irmão B, você parece ansioso por descobrir o que foi dito sobre sua posição na igreja, e qual era nosso pensamento a seu respeito. Foi justamente sobre isso que escrevi. Temi pelo irmão por causa do que me foi mostrado a respeito de suas peculiaridades. Você age por impulso. Ora apenas quando deseja e fala quanto tem vontade. Vai às reuniões quando está disposto ou fica em casa. Falta-lhe muito do espírito abnegado. O irmão tem consultado o próprio desejo e comodidade e procura agradar a si mesmo em vez sentir que deve agradar a Deus. Dever, dever! Em seu posto o tempo todo! Você alistou-se, porventura, como soldado da cruz de Cristo? Se assim é, seus sentimentos não o eximem do dever. O irmão precisa estar disposto a suportar dureza como um bom soldado. Vá para o campo, suportando o descrédito, pois assim fez o Capitão de sua salvação. As qualificações de um bispo, pastor ou diácono são: ser "irrepreensível como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante, retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes." Tito 1:7-9. T1 692 2 Paulo enumera os preciosos e desejáveis dons e exorta os irmãos: "O que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria. O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor; alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração; comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade." Romanos 12:8-13. "Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas desfrutarmos; que façam o bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente e sejam comunicáveis; que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna." 1 Timóteo 6:17-19. Eis aqui um investimento sábio e totalmente seguro. A prática de boas obras são especificadas e recomendadas para todos. Eis o ganho de real valor. Não haverá perigo de fracasso. Um tesouro pode ser assegurado no Céu, um constante acúmulo que dará ao investidor o título à vida eterna. E quando esta vida chegar ao fim e o tempo de prova terminar, o cristão poderá lançar mão da vida eterna. T1 693 1 Irmão B, você não é amigo da hospitalidade e evita responsabilidades. Acha que é uma sobrecarga alimentar os santos e cuidar de suas necessidades, e que tudo quanto fizer nesse sentido é perdido. Por favor, leia os versos bíblicos acima citados, e que Deus lhe dê compreensão e discernimento. Esta é minha sincera oração. Como família vocês precisam cultivar a liberalidade e ser menos preocupados consigo mesmos. Aprecie convidar o povo de Deus para ir à sua casa e, conforme se oferecer oportunidade, partilhe com eles corajosa e alegremente aquilo de que o Senhor o fez mordomo. Não faça esses pequenos favores de má vontade. Enquanto faz essas coisas aos discípulos de Cristo, a Ele você o faz. Quando nega aos santos a hospitalidade, nega-a a Cristo. T1 693 2 A reforma de saúde é essencial para você e sua esposa. A irmã B desistiu dessa boa obra e levantou-se em oposição contra algo que ela não conhecia. Ela resistiu ao conselho de Deus, lutando contra si mesma. O apetite intemperante trouxe-lhe debilidade e doença, enfraquecendo as aptidões morais e incapacitando-a para apreciar a sagrada verdade, o valor do sacrifício expiatório, que é vital à salvação. A irmã B ama este mundo. Suas afeições não foram retiradas do mundo, nem oferecidas sem reservas a Deus, como Ele requer. O Senhor não aceitará um sacrifício pela metade. Tudo, tudo, tudo pertence a Deus, e de nós se requer que Lhe prestemos serviço perfeito. Diz Paulo: "Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo [não morrendo], santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." Romanos 12:1, 2. Que privilégio nos é assim concedido: provar por nós mesmos, experimentalmente, a mente do Senhor e Sua vontade a nosso respeito! Louvado seja Seu querido nome por esse precioso dom! Foi-me mostrado que o apego da irmã B a este mundo deve ser rompido, antes dela poder possuir o certeza do mundo melhor. T1 694 1 Irmão B, você deve agir com cautela e manter o eu sob domínio. Seja paciente, manso e humilde. "Um espírito manso e quieto... é precioso diante de Deus." 1 Pedro 3:4. O irmão deve estimar aquilo que Deus julga ser de valor. Uma obra deve ser levada a efeito por você e sua esposa antes de poderem atingir o padrão divino. Trabalhem "enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar". João 9:4. Permaneçam sob a clara luz e "assim resplandeça a vossa luz ... para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos Céus". Mateus 5:16. Greenville, Michigan, 23 de Janeiro de 1868. ------------------------Capítulo 119 -- Simpatia no lar T1 694 2 Caros irmão e irmã C: T1 694 3 Seus casos me foram apresentados em visão. Ao contemplar a vida de vocês, pareceu-me ela um terrível equívoco. Irmão C, você não possui um temperamento alegre. E como o irmão não é feliz, não pode tornar os outros felizes. Você não tem cultivado afeição, ternura e amor. Sua esposa tem sofrido durante toda a sua vida conjugal por falta de simpatia. A união de vocês se parece muito com um deserto, apenas com pouquíssimos oásis para serem rememorados com satisfação. Isso não necessitava ser assim. T1 695 1 O amor não pode existir sem revelar-se em atos exteriores, assim como o fogo não poder ser mantido aceso sem combustível. Irmão C, você achou que ofenderia sua dignidade manifestar ternura mediante atos bondosos e aproveitar as oportunidades de externar afeto por sua esposa, mediante palavras de ternura e bondosa consideração. O irmão é mutável em seus sentimentos e muito influenciado pelas circunstâncias que o cercam. Não acha que é errado, desagradável a Deus, permitir que sua mente seja totalmente atraída pelo mundo, e depois trazer suas perplexidades para casa, permitindo assim que o adversário se introduza na família. É muito fácil para você abrir assim a porta, mas será muito difícil fechá-la. Será muito mais difícil expulsar o inimigo depois de tê-lo trazido para dentro do lar. Deixe suas preocupações, perplexidades e contrariedades profissionais quando sair do trabalho. Venha para casa com o rosto alegre, com simpatia, ternura e amor. Isso será melhor do que gastar dinheiro com remédios ou médicos para sua esposa. Será "saúde para o seu corpo" (Provérbios 4:22) e força para o coração. A vida de vocês tem sido muito infeliz. Ambos desempenharam uma parte em torná-la assim. Deus não Se agrada dessa miséria, que, por falta de autocontrole, trouxeram sobre si mesmos. T1 695 2 Você permite que os sentimentos oscilem. Pensa que está abaixo de sua dignidade manifestar amor e falar bondosa e afetuosamente. Você acha que todas essas ternas palavras sugerem frouxidão e fraqueza, e são desnecessárias. Mas em seu lugar profere palavras irritadiças, de discórdia, rivalidade e censura. Acha você que elas são nobres e varonis? Uma demonstração das rígidas virtudes do sexo masculino? Como quer que o irmão as considere, Deus as contempla com desprazer e as registra em Seu livro. Os anjos se afastam da habitação onde são trocadas palavras de discórdia, onde a gratidão é quase estranha ao coração e a censura brota dos lábios como bolas pretas, manchando as vestes e maculando o caráter cristão. T1 696 1 Quando você se casou, sua esposa o amava. Ela era extremamente sensível, todavia, com esforço de sua parte, e fortaleza da parte dela, a saúde dela não precisava ter sido o que é. Mas sua austera frieza fez de você um iceberg, enregelando o conduto de amor e afeição. Suas censuras e críticas têm sido qual desoladora saraivada a uma planta delicada. Tem gelado e quase destruído a vida da planta. Seu amor ao mundo está corroendo os bons traços de seu caráter. Sua esposa é de disposição diferente, e mais generosa. Mas quando ela, mesmo em questões de pouca importância, tem dado expressão aos seus instintos generosos, você tem sentido um recuo em seus sentimentos e a tem censurado. Você condescende com um espírito estreito e murmurador. Fazer a esposa sentir que é um peso, um fardo, e que não tem direito de praticar sua generosidade a expensas do marido. Todas essas coisas são de natureza tão desanimadora que ela se sente sem esperança e indefesa, e não tem a robustez necessária para suportar a carga, e se abate à força da rajada. A enfermidade dela é dor dos nervos. Se fosse agradável sua vida conjugal, ela possuiria bom grau de saúde. Mas através de toda sua vida conjugal o demônio tem sido hóspede de sua família, para alegrar-se com a sua miséria. T1 696 2 As esperanças frustradas têm infelicitado completamente a ambos. Os irmãos não terão nenhuma recompensa por esse sofrimento, pois ele foi produzido por vocês mesmos. As próprias palavras que proferem são como veneno letal sobre os nervos e a mente, os ossos e os músculos. Vocês colhem aquilo que semeiam. Não avaliam os sofrimentos um do outro. Deus Se aborrece com o espírito insensível, duro e mundano que manifestam. Irmão C, o "amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males". 1 Timóteo 6:10. Você tem amado o dinheiro e o mundo. Tem considerado a doença de sua esposa como um severo e terrível tributo, não compreendendo que, em grande medida, é por sua própria culpa que ela está assim. O irmão não possui os elementos de um espírito alegre. Demora-se sobre os próprios infortúnios, sobre necessidades imaginárias e uma suposta pobreza que o atingirá no futuro. Fica aflito, pesaroso e angustiado. Seu cérebro parece estar em chamas e seu espírito deprimido. Você não nutre o amor a Deus nem espírito de gratidão por todas as bênçãos que seu bondoso Pai celestial lhe concede. Você vê somente os desconfortos da vida. Uma insanidade mundana o envolve em pesadas nuvens de densa escuridão. Satanás exulta sobre você porque o irmão preferiu a miséria em lugar da paz e da felicidade que lhe estão ao alcance. T1 697 1 Você ouve um sermão, a verdade o afeta e as mais nobres faculdades da mente despertam para controlar suas ações. Vê quão pouco tem sacrificado para Deus; quão ferrenhamente o eu tem sido acariciado e como se tem inclinado para o que é reto por influência da verdade. Mas quando essa influência sagrada, santificadora e suavizante se dissipa, e porque você não possui a verdade firmada no próprio coração, logo cai no mesmo estado emocional árido e desanimador. Trabalhar, trabalhar, você precisa trabalhar. Cérebro, ossos e músculos são sobrecarregados ao máximo para obter meios que sua imaginação acha que você precisa, ou necessidades e fome serão o resultado. Esse é um engano de Satanás, uma de suas engenhosas armadilhas para levá-lo à perdição. "Basta a cada dia o seu mal." Mateus 6:34. O irmão, porém, antecipa para si mesmo um tempo de dificuldades. T1 697 2 Você não tem fé, amor e confiança em Deus. Se os tivesse, confiaria nEle. O irmão se preocupa distante dos braços de Cristo, temendo que Ele não cuide de você. A saúde é sacrificada. Deus não é glorificado em seu corpo e mente que Lhe pertencem. Não há uma suave e viva influência doméstica para enfrentar e atenuar o mal predominante em sua natureza. As elevadas e nobres faculdades da mente são dominadas pelas paixões inferiores; os maus traços de seu caráter são desenvolvidos. T1 698 1 O irmão é egoísta, severo e dominador. Isto não deve acontecer. Sua salvação depende de você agir por princípio, de servir a Deus por princípio e não por sentimento nem por impulso. Deus o ajudará quando você sentir necessidade de auxílio e empenhar-se no trabalho com resolução, confiando nEle de todo o coração. Freqüentemente o irmão se desanima sem razão plausível. Entrega-se a sentimentos semelhantes ao ódio. Suas preferências e aversões são fortes. Elas precisam ser restringidas. Controle a língua. "Se alguém não tropeça em palavra, esse é homem perfeito e capaz de refrear também todo o corpo." Tiago 3:2. A ajuda procede de Alguém que é poderoso. Ele será sua força e apoio, sua vanguarda e retaguarda. T1 698 2 Que preparo está você fazendo para uma vida melhor? Satanás é quem o faz pensar que todas as suas faculdades devem ser empregadas para ter sucesso neste mundo. Você teme e treme pelo futuro de sua vida, ao mesmo tempo que negligencia o futuro, a vida eterna. Onde está a ansiedade, a determinação, o zelo, a fim de não fracassar e encarar uma imensa perda? Perder um pouco neste mundo parece-lhe uma terrível calamidade que lhe custaria a própria vida. Mas o pensamento de perder o Céu não lhe produz nem metade dos temores manifestados. Empenhando cuidadosos esforços para preservar a vida, você se acha em perigo de perder a vida eterna. Você não pode dar-se ao luxo de perder o Céu, a vida eterna, o "peso eterno de glória". 2 Coríntios 4:17. Não pode permitir-se a perda de todas essas riquezas, dessa inexcedível, preciosa e imensurável felicidade. Por que o irmão não age como um homem sensato, e se torna diligente, zeloso e perseverante em seus esforços pela vida melhor, a coroa imortal, o eterno e imperecível tesouro, assim como faz por essa miserável e pobre vida e seus pobres e perecíveis tesouros terrenos? T1 698 3 Seu coração está apegado aos tesouros terrenos, portanto, não tem disposição para o que é celestial. As coisas que são vistas, as terrenas, eclipsam a glória das celestes. "Onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração." Mateus 6:21. As palavras declaram, as ações demonstram, onde está localizado o seu tesouro. Se estiver neste mundo, no pequeno proveito da Terra, seus anseios serão manifestados nesse rumo. Se você estiver lutando pela herança imortal com diligência, zelo e energia proporcionais ao seu valor, então será um digno candidato à vida eterna, um herdeiro da glória. O irmão necessita converter-se cada dia; morrer cada dia para o próprio eu, mantendo sua língua como que com rédeas, controlando as palavras, cessando as murmurações e queixas, não permitindo que nenhuma palavra de censura escape de seus lábios. Isso requer grande esforço, mas você será grandemente recompensado por assim fazer. T1 699 1 Sua vida é agora infeliz, tomada de maus pressentimentos. Quadros sombrios surgem a sua frente; envolveu-o a escura incredulidade. Falando do lado da incredulidade, você se tornou cada vez mais sombrio; tem satisfação em demorar-se sobre temas desagradáveis. Se outros tentam falar esperançosamente, você esmaga neles todo sentimento esperançoso, falando tanto mais resoluta e severamente. Suas provas e aflições conservam sempre perante sua esposa o angustiante pensamento de que a considera uma carga, por causa da enfermidade dela. Se você ama as trevas e o desespero, fala deles, demora o pensamento neles, e angustia coração conjurando na imaginação tudo que você possa, para levá-lo a murmurar contra a família e contra Deus, e tornar o próprio coração qual campo pelo qual passou o fogo, destruindo toda a vegetação, deixando o solo seco, enegrecido e calcinado. T1 699 2 O irmão tem uma imaginação doentia e merece piedade. Mas ninguém pode ajudá-lo tão bem quanto você mesmo. Se necessita de fé, fale de fé, esperançosa e alegremente. Que Deus o ajude a ver a pecaminosidade de sua conduta. Você precisa da ajuda de sua esposa e filha nessa questão. Se permitir que Satanás lhe controle os pensamentos como ele tem feito, tornar-se-á um instrumento especial para seu uso e arruinará a si mesmo e a felicidade de sua família. Que influência terrível sua filha tem sofrido! A mãe, carecendo de amor e simpatia de sua parte, centraliza suas afeições na filha e a idolatra. Ela tem sido uma criança mimada e quase arruinada por seus caprichos atendidos em virtude de uma afeição imprudente. Sua educação tem sido lamentavelmente negligenciada. Houvesse sido instruída nos afazeres domésticos e ensinada a fazer sua parte nos deveres familiares, estaria agora mais saudável e feliz. É dever de cada mãe ensinar seus filhos a desempenhar sua parte na vida, a partilhar de seus fardos e não tornar-se como máquinas inúteis. T1 700 1 A saúde de sua filha seria bem melhor se ela fosse treinada a fazer trabalhos físicos. Seus músculos e nervos são fracos, débeis e sem vigor. Como poderia ser de outro modo, quando são tão pouco utilizados? Essa criança tem pouca resistência. Uma pequena quantidade de exercício físico já a fadiga e põe em risco sua saúde. Seus músculos e nervos não possuem elasticidade. Suas faculdades físicas têm estado há tanto tempo dormentes que sua vida tem sido de quase nenhuma utilidade. Equivocada mãe, você não sabe que ao conceder à filha tantos privilégios de aprendizado de ciências e não a educando para a utilidade e os trabalhos domésticos, causa-lhe grande prejuízo? Este exercício teria robustecido sua constituição física e lhe melhorado a saúde. Em lugar dessa ternura provar-se uma bênção, será uma terrível maldição. Se os encargos domésticos fossem partilhados com a filha, a mãe não ficaria sobrecarregada e poupar-se-lhe-ia muito sofrimento; a filha também seria beneficiada. Ela não deveria começar a trabalhar imediatamente e assumir responsabilidades como alguém em sua idade normalmente o faria, mas pode educar-se para realizar trabalho físico em maior extensão do que já desenvolveu em toda a sua vida. T1 700 2 A irmã C tem uma imaginação doentia. Ela evita tanto o ar fresco que não pode depois suportá-lo sem inconveniências. O calor de seu quarto é muito prejudicial à saúde. Sua circulação diminui. Ela tem vivido tanto tempo num ambiente aquecido que não pode suportar um passeio ao ar livre sem que haja mudança. Sua debilitada saúde se deve até certo grau à exclusão do ar puro, e ela se tornou tão suscetível que não pode expor-se ao ar livre sem ficar doente. Se ela continuar com sua imaginação doentia, dificilmente será capaz de respirar bem. A irmã C precisa manter abertas as janelas de seu quarto durante todo o dia, para que possa haver circulação de ar. Deus não Se agrada de vê-la suicidando-se. Isso é desnecessário. Ela se tornou assim tão sensível por condescender com sua mente enferma. Ar é o que ela precisa; ar é o que deve ter. Ela está destruindo não apenas a própria vitalidade, mas a de seu marido, a da filha e a de todos os que a visitam. O ar de seu quarto é definitivamente impuro e mortal; ninguém pode ter saúde habituando-se a tal ambiente. Nossa irmã tem condescendido tanto consigo mesma nessa questão, até chegar ao ponto de não poder visitar as casas de seus irmãos sem apanhar resfriados. Para o próprio bem e para o bem daqueles que vivem ao seu redor, ela precisa mudar. Deve habituar-se ao ar puro, permitindo que circule em sua casa um pouco por dia, até que possa aspirar o puro e vitalizante ar sem prejuízo. A superfície da pele está quase morta porque quase não tem ar para respirar. Seus milhões de poros estão fechados pela obstrução produzida pelas impurezas orgânicas e por necessitar de ar. Seria imprudência deixar que uma corrente de ar circulasse livremente pela casa durante o dia todo. Que isso aconteça aos poucos, gradualmente. Numa semana ela pode deixar as janelas abaixadas apenas cinco ou oito centímetros, dia e noite. T1 701 1 Os pulmões e o fígado estão enfermos porque ela se privou do ar vital. O ar é uma bênção gratuita do Céu destinada a fortalecer todo o organismo. Sem ele o corpo estará sujeito a doenças e tornar-se-á entorpecido, abatido e debilitado. Apesar disso, todos vocês têm vivido com uma limitada quantidade de ar puro durante todos esses anos. Assim fazendo, sua esposa leva outros a estar sob a mesma atmosfera venenosa em que ela vive. Nenhum de vocês pode possuir mente clara e tranqüila enquanto respiram um ar viciado. A irmã C teme sair de casa porque sente a mudança ambiental e contrai resfriado. Suas condições de saúde podem melhorar muito se ela tratar-se corretamente. Duas vezes por semana ela deve tomar um banho geral, tão frio quanto possa tolerar e com temperatura cada vez mais reduzida, até que a pele seja tonificada. T1 702 1 Ela não precisa perder mais tempo com sua doença, se você e sua família atenderem às instruções dadas pelo Senhor: "Porque quem quer amar a vida e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano; aparte-se do mal e faça o bem; busque a paz e siga-a. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os Seus ouvidos, atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem males." 1 Pedro 3:10-12. A mente satisfeita, o espírito alegre, é saúde para o corpo e força para o coração. Nada é tão eficaz para causar doenças do que a depressão, a melancolia e a tristeza. A depressão mental é terrível. Todos vocês sofrem dela. A filha é irritável, partilhando do mesmo espírito do pai. O ambiente abafado e opressivo priva o corpo de vitalidade e obscurece a mente sensível. Os pulmões se atrofiam e o fígado torna-se inativo. T1 702 2 Ar, ar, a preciosa dádiva do Céu, que todos podem ter, beneficiar-lhes-á com sua revigorante influência, caso lhe não recusem a entrada. Dêem-lhe as boas-vindas, tenham-lhe afeição e ele se revelará um precioso calmante dos nervos. O ar deve estar em constante circulação para manter-se puro. O efeito do ar puro e fresco é fazer com que o sangue circule de maneira saudável através do organismo. Ele refresca o corpo e tende a comunicar-lhe força e saúde, ao mesmo tempo que sua influência é claramente sentida sobre a mente, comunicando um certo grau de calma e serenidade. Desperta o apetite, torna mais perfeita a digestão dos alimentos e conduz a sono saudável e tranqüilo. T1 702 3 Os efeitos produzidos por permanecer em aposentos fechados e mal ventilados são os seguintes: O organismo torna-se fraco e doentio, a circulação diminui, o sangue corre lentamente através do organismo, porque não é purificado e vitalizado pelo puro, revigorante ar do céu. A mente torna-se deprimida e sombria, enquanto todo o organismo fica debilitado e febres e outras doenças agudas podem aparecer. Sua extremada exclusão do ar exterior e o medo da livre ventilação o deixa respirar o ar corrompido e insalubre exalado pelos pulmões dos que ocupam esses aposentos, o qual é venenoso e impróprio para o sustento da vida. O corpo fica debilitado, a pele se torna empalidecida, a digestão é retardada, e o organismo fica especialmente sensível ao frio. Uma leve exposição produz sérias doenças. Grande cuidado deve ser exercido para evitar permanecer num aposento frio e com correntes de ar, quando cansado ou transpirando. Você deve acostumar-se ao ar cuja temperatura não esteja acima de 18°C. T1 703 1 Vocês podem ser uma família feliz se fizerem o que Deus lhes deu para fazer, incumbindo-se disso como dever. Mas o Senhor não fará por vocês aquilo de que os encarregou. O irmão C merece compaixão. Ele se sente infeliz há tanto tempo, que a vida se lhe tornou um fardo. Não precisava ser assim. Sua imaginação é doentia, e ele tem conservado os olhos no quadro sombrio durante tanto tempo que, quando se depara com adversidade ou decepção, imagina que tudo vai desmoronar, que virá a sofrer necessidade, que tudo é contra ele, que tem uma vida mais difícil do que qualquer outro; e assim se lhe torna miserável a vida. Quanto mais pensa assim, tanto mais miserável ele torna a própria vida e a de todos os que o cercam. Ele não tem razão para sentir-se assim; é tudo obra de Satanás. Não deve permitir que o inimigo assim lhe controle a mente. Deve volver costas ao quadro sombrio e escuro para o do amoroso Salvador, a glória do Céu, e a rica herança preparada para todos os que são humildes e obedientes, e que possuem coração agradecido e permanente fé nas promessas de Deus. Isto lhe custará esforço, luta; mas precisa ser feito. Sua presente felicidade, e sua futura e eterna felicidade dependem de você fixar a mente em coisas aprazíveis, desviando os olhos do quadro escuro, que é imaginário, para os benefícios que Deus espalhou em seu caminho, e para além disso, para o invisível e eterno. T1 704 1 Você pertence a uma família que tem mente não muito equilibrada; sombria e deprimida, afetada pelo ambiente e susceptível a influências. A menos que cultive disposição mental alegre, feliz e agradecida, Satanás afinal o levará cativo de acordo com a vontade dele. Você pode ser um auxílio, uma força para a igreja onde reside, se obedecer às instruções do Senhor e não se deixar dirigir pelo sentimento, mas ser controlado pelo princípio. Nunca permita que uma censura lhe escape dos lábios, pois é qual desoladora saraivada aos que o cercam. Caiam de seus lábios palavras alegres, ternas e amoráveis. T1 704 2 Irmão C, seu organismo não está em condições de favorecer seu progresso espiritual, todavia, a graça de Deus pode fazer muito para corrigir seus defeitos de caráter e fortalecer e desenvolver mais perfeitamente as faculdades da mente que agora se acham debilitadas e precisam ser fortalecidas. Desse modo, você poderá controlar as faculdades inferiores que sobrepujaram as superiores. Você é como um homem cujas sensibilidades ficaram entorpecidas. A verdade precisa tomar conta do irmão e realizar uma completa reforma em sua vida. "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." Romanos 12:2. Isso é o que você necessita, o que precisa experimentar -- a transformação que a santificação pela verdade pode efetuar em você. T1 704 3 Você crê que o fim de todas as coisas está próximo e que as cenas da história terrestre estão rapidamente chegando ao fim? Se assim é, demonstre sua fé pelas suas obras. Tiago 2:18. Um homem mostrará toda a fé que possui. Alguns pensam que possuem apreciável grau de fé, quando, se têm alguma, está morta pois não é sustentada pelas obras correspondentes. "A fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma." Tiago 2:17. Poucos têm aquela fé genuína que age por amor e purifica o coração. Todos, porém, que são tidos por dignos da vida eterna devem possuir aptidão moral para ela. "Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos. E qualquer que nEle tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro." 1 João 3:2, 3. Essa é a obra que está diante do irmão, e você não terá tempo de sobra se empenhar-se nela com todo seu coração. T1 705 1 O irmão necessita experimentar a morte para o próprio eu e viver para Deus. "Se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus." Colossences 3:1. O eu não deve ser consultado. Orgulho, amor-próprio, egoísmo, avareza, cobiça, amor ao mundo, ódio, dúvidas, ciúme, más suspeitas, precisam ser subjugados e sacrificados para sempre. Quando Cristo aparecer, não será para corrigir esses males e conceder habilitação moral. Essa preparação necessita ser feita antes que Ele venha e deve ser assunto de meditação, estudo e sincera pesquisa. Que faremos para ser salvos? Qual deve ser nossa conduta para que possamos apresentar-nos aprovados diante de Deus? T1 705 2 Quando tentado a murmurar, censurar e condescender com a impaciência, ferindo aqueles que o cercam e também a si próprio, permita que uma profunda, sincera e ansiosa indagação proceda do interior de seu ser: Estarei eu sem faltas diante do trono de Deus? Apenas os inculpáveis ali estarão. Ninguém será trasladado ao Céu enquanto seu coração estiver cheio do entulho terreno. Cada defeito de caráter precisa ser eliminado, cada mancha removida pelo sangue purificador de Cristo, e vencidos todos os desagradáveis traços de caráter. T1 705 3 Quanto tempo você está dedicando no preparo para viver na glória, na sociedade dos anjos celestiais? No estado em que você e sua família presentemente se encontram, todo o Céu seria prejudicado se lá estivessem. A obra precisa ser feita aqui. A Terra é o lugar de preparo. Você não tem um minuto a perder. Tudo é harmonia, paz e amor no Céu. Nenhuma discórdia, nenhuma censura ou palavras descaridosas, nenhum semblante carregado nem asperezas se encontram ali. Ninguém que possua qualquer desses elementos destrutivos da paz e felicidade terá entrada ali. Procure ser rico em boas obras, pronto a distribuir, disposto a comunicar, lançando os bons fundamentos para o tempo por vir, para que possa lançar mão da vida eterna. T1 706 1 Pare com suas murmurações com respeito a esta pobre vida. Que a preocupação de seu coração seja sobre como garantir uma vida melhor, um título para as mansões preparadas para aqueles que são verdadeiros e fiéis até o fim. Se você errar aí, tudo estará perdido. Se o irmão dedicar todo o tempo para ajuntar tesouros terrenos e perder os bens eternos, descobrirá que cometeu um terrível erro. O irmão não pode possuir ambos os mundos. "Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma? Ou que daria o homem pelo resgate da sua alma?" Marcos 8:36, 37. Diz o inspirado apóstolo Paulo: "Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente, não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas." 2 Coríntios 4:17, 18. T1 706 2 As provações da vida são obreiras de Deus para remover as impurezas, debilidades e asperezas de nosso caráter, e preparar-nos para a sociedade dos puros anjos celestiais em glória. Contudo, enquanto passamos por essas tribulações, ao arder sobre nós os fogos de aflição, não devemos fixar nosso olhar neles, mas nas coisas que se não vêem: a "herança eterna", a vida imortal, o "peso eterno de glória". Hebreus 9:15; 2 Coríntios 4:17. Enquanto fizermos isso, o fogo não nos consumirá, mas apenas removerá a escória e ficaremos sete vezes purificados, trazendo a impressão do divino. Greenville, Michigan, 7 de Março de 1868. ------------------------Capítulo 120 -- A posição do marido T1 707 1 Prezado irmão e irmã D: T1 707 2 Enquanto falava na reunião de domingo à noite, quase não me pude conter de mencionar seus nomes e relatar algumas coisas que me foram mostradas. Vi que o irmão D não ocupa na família a posição que Deus lhe designou. A irmã D assume o controle. Ela possui uma vontade forte, que não se sujeita aos reclamos divinos. Ele, para agradar à esposa e livrá-la do desânimo, cede as suas vontades. A opinião da esposa sempre o faz vacilar e assim ele não tem sido um homem livre há vários anos. T1 707 3 Quando o irmão D se envolveu no início com a obra de ensinar a verdade, era pequeno aos próprios olhos, e Deus pôde usá-lo como Seu instrumento. Mas vi que, por algum tempo no passado, ele não se humilhou sob a mão de Deus. Ele tem confiado na própria sabedoria e julgamento deficiente. Assim Satanás obteve vantagens sobre ele. Em vez de apoiar-se apenas em Deus e valer-se de Sua força, seu discernimento foi pervertido pela influência da esposa. Ela quer ver, ouvir e entender tudo o que se passa ao seu redor. Se a irmã D possuísse discernimento santificado e sabedoria celestial, veria e ouviria as coisas de modo santificado. Faria uso correto dos olhos e dos ouvidos, mas não acontece assim. "Quem é cego, senão o Meu servo ou surdo como o Meu mensageiro, a quem envio?" Isaías 42:19. Deus não deseja que ouçamos tudo que existe para ser ouvido, nem vejamos tudo que existe para ser visto. É grande bênção fechar os ouvidos para que não ouçamos, e os olhos, para não vermos. Nossa maior ansiedade deve ser a de ter clara visão para discernir as próprias faltas, e ouvido aguçado para captar todas as instruções e repreensões necessárias, para que não as deixemos escapar nem nos tornemos ouvintes esquecidos, não cumpridores da obra, por nossa desatenção e descuido. T1 708 1 Irmão D, faz algum tempo que seus trabalhos não têm sido conduzidos de maneira sábia e bem-sucedida como no passado. Sua conduta não traz a impressão divina. Sua esposa administra seus negócios temporais e assume responsabilidades que lhe são muito pesadas, enquanto você está ausente. Isto desperta a simpatia do irmão e tende a perverter-lhe o discernimento, fazendo-o valorizar exageradamente as qualificações dela, pela capacidade de administrar os negócios. Satanás vigia cada oportunidade de obter toda a vantagem possível da confiança que o irmão deposita na esposa. Ele procura enredá-lo e destruir a ambos. Você tem confiado em grande parte a própria mordomia à sua esposa. Isso está errado. Ela deve fazer tudo quanto pode para desempenhar-se da própria responsabilidade sem assumir as do irmão, pelas quais Deus o considera responsável. T1 708 2 A irmã D tem-se enganado em alguns pontos. Ela tem pensado que Deus a tenha instruído em sentido especial, e ambos têm crido e agido de acordo com isso. O discernimento que ela julgava ter em um sentido especial, é um engano do inimigo. Ela é por natureza rápida para ver, rápida para compreender, rápida para antecipar, e é de natureza extremamente sensível. Satanás tem-se aproveitado desses traços de caráter, levando cativos a ambos. Irmão D, você é um escravo há muito tempo. Muito daquilo que a irmã D tem julgado ser discernimento, é ciúme. Ela se dispôs a tudo considerar com olhos ciumentos, ser suspeitosa, conjecturando o mal, desconfiada de quase tudo. Isto causa infelicidade mental, desalento e dúvida, onde devia existir fé e confiança. Estes infelizes traços de caráter levam-lhe os pensamentos para um conduto sombrio, onde ela condescende com um pressentimento do mal, enquanto o temperamento grandemente sensível a leva a imaginar negligência, menosprezo e ofensa, quando isto não existe. Todas essas coisas impedem o progresso espiritual de ambos e afetam outros até a extensão de sua ligação com a causa e a obra de Deus. Há uma obra que vocês precisam realizar: "Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a seu tempo, vos exalte." 1 Pedro 5:6. Estes infelizes traços de caráter, com uma vontade forte e arraigada, têm de ser corrigidos e reformados, ou do contrário levarão ambos a sofrer o naufrágio da fé. T1 709 1 Irmão D, você tem um dever a cumprir. Assuma a mordomia que você renunciou e no temor de Deus tome seu lugar à testa da família. Deve o irmão livrar-se da influência da esposa e confiar mais plenamente em Deus, obtendo dEle orientação e guia. O Senhor não instruiu especialmente a irmã D ou lhe deu luz para ensinar a outros qual seja o seu dever. Nem o irmão nem sua esposa podem ocupar a posição que Deus lhes destinou, enquanto as coisas permanecerem como estão. Jamais você será confirmado, fortalecido e estabelecido até permitir que sua esposa assuma a posição que lhe é destinada. Quando ela ocupar o lugar que lhe é próprio atenda ao seu julgamento, consulte-a acerca dos planos, mas seja cauteloso para não achar que o juízo dela é como o divino. Consulte-se com seus irmãos a quem Deus achou conveniente confiar as responsabilidades da obra. Se você houvesse procurado aqueles cujo conselho deveria ouvir, não teria cometido erro tão grande, tão lamentável disparate, como no caso de E. A causa de Deus foi prejudicada e envergonhada nesse caso. Sua esposa pensava ter grande luz nessa questão. Mas suas impressões não procediam de Deus e sim do inimigo, porque viu a oportunidade de atingir o irmão. Sua confiança extremada nas opiniões da esposa é contrária aos planos celestiais. Satanás escolheu essa maneira para em grande parte excluí-lo da influência dos coobreiros e irmãos em geral. T1 710 1 Você tem tido aflições que poderiam ter sido evitadas se houvesse considerado a posição que sua esposa assumiu, na qual Deus não a pôs. O irmão tem implícita confiança no julgamento e sabedoria dela. Ela não tem sido uma pessoa consagrada a Deus e portanto seu julgamento também não o é. Ela não é feliz e a desventurada sucessão de idéias que sua mente adotou, produz grande dano à sua saúde física e mental. Satanás quer torná-lo inseguro, para que seus irmãos percam a confiança em sua capacidade de discernimento. O inimigo está procurando destruí-lo. Quando Deus chamar especialmente sua esposa para ensinar a verdade, então você deve apoiar-se em seu conselho e recomendações, e confiar em suas instruções. Deus pode dar a ambos, quando possuírem idêntico interesse e dedicação à obra, a qualificação para desempenhar destacada parte na mais solene obra de salvar pessoas. A grande obra que está diante da irmã D resume-se na diligência de procurar atender ao seu chamado e tornar certa a sua eleição, deixando de vigiar os outros e começando agora a obra de zelar por si mesma. Ela deve procurar abençoar a outros por seu piedoso exemplo, boa disposição, força, coragem, fé, esperança, alegria e perfeita confiança em Deus, que serão o resultado da santificação pela verdade. Ela precisa estar em perfeita conformidade com a vontade de Deus. Cristo lhe diz: "E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas." Mateus 22:37-40. T1 710 2 O texto acima foi escrito em Mount Pleasant, Iowa, em 4 de Outubro de 1867. Não tive tempo para concluir o testemunho e copiá-lo, assim, achei melhor terminá-lo quando voltasse do Leste para Greenville, Michigan, o que ocorreu em 30 de Janeiro de 1868. T1 711 1 Prezados irmão e irmã D: Os irmãos já deveriam ter esta em mãos há muito tempo, mas meus trabalhos têm sido tão intensos que não tive oportunidade de escrever a vocês. Todo lugar que visitávamos trazia-me à mente muito do que vira nos casos individuais, e eu escrevia durante as reuniões, mesmo enquanto meu marido estava pregando. T1 711 2 A visão me fora dada cerca de dois anos atrás. O inimigo impediu-me de todas as maneiras de enviar às pessoas a luz que Deus lhes enviava por meu intermédio. Primeiramente, o caso de meu marido foi tão desorientador, tão angustiante, que não pude escrever. Depois o desânimo que meus irmãos me causaram, deixou-me em tal condição de tristeza e aflição que eu não reunia condições para qualquer tipo de trabalho. Comecei a escrever quando iniciamos a viagem, no último verão, mas viajávamos tão rapidamente de um lugar para o outro, que tudo quanto podíamos fazer era assistir às reuniões. Havia muito trabalho a ser feito. Eu costumo levantar-me às quatro horas da manhã para escrever. Entretanto, o trabalho constante e agitado das reuniões sobrecarrega-me tanto o cérebro que me sentia incapaz de escrever. Minha mente está cansada. T1 711 3 Lastimo não ter podido enviar esta carta antes, mas mesmo assim, que Deus possa torná-la uma bênção a vocês, é minha sincera oração. Que você, meu caro irmão, possa ter percebido e corrigido essas coisas antes da chegada deste testemunho. Espero que assim tenha sido. Você e sua esposa têm nossas simpatias e orações. Temos interesse em ambos. A vida de sua esposa é preciosa. Rogamos-lhe em Cristo, que procure obter aquele espírito manso e quieto que é de grande valor à vista de Deus. Um anjo apontou-me a irmã D e repetiu estas palavras: "Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai." Filipenses 4:8. Eis aqui o saudável rumo de pensamentos para a mente seguir. Quando ela se desviar para outro caminho, traga-a de volta. Controle a mente. Eduque-a a demorar-se nas coisas que promovam paz e amor. T1 712 1 Envio-lhes esta carta esperando e orando para que Deus possa abençoá-los, e que ambos possam ser tidos por dignos de alcançar a vida eterna. ------------------------Apêndice T1 713 1 As notas deste apêndice foram preparadas pelos Depositários dos Escritos de Ellen G. White como material auxiliar para a compreensão das circunstâncias que levaram certos testemunhos a serem dados. T1 713 2 Página 116. "Tempo de Início do Sábado" -- Durante um período de aproximadamente dez anos os adventistas do sétimo dia observaram o sábado a partir das seis horas da tarde da sexta-feira até as seis horas da tarde do sábado. Em seu primeiro panfleto sobre a perpetuidade do sábado do quarto mandamento, publicado em 1846, o Pastor José Bates havia dado razões para o suposto apoio escriturístico para a observância do sábado dessa maneira. Ele citou a parábola dos trabalhadores na vinha, alegando que o último grupo de trabalhadores fora chamado na "hora undécima" do dia e não trabalhara senão por uma hora. O ajuste de contas fora feito em "aproximando-se a noite". Mateus 20:6, 8, 12. Comparando isto com a indagação de Cristo "não há doze horas no dia?", ele argumentava que a "noite" iniciava na hora duodécima, ou às seis horas da tarde, calculando-se pelo horário equatorial ou o início do ano sagrado. O respeito por sua idade, experiência e vida piedosa pode ter sido a principal razão para se aceitar suas conclusões sem maior investigação. T1 713 3 Com o passar do tempo e com a divulgação da mensagem, um número cada vez maior de guardadores do sábado começou a questionar aquela prática e defender o horário do pôr-do-sol como o início do sábado. Minuciosa investigação bíblica acerca deste assunto foi feita pelo Pastor J. N. Andrews, o qual mais tarde escreveu um documento estabelecendo razões bíblicas em favor do horário do pôr-do-sol. Este documento foi apresentado e discutido no sábado, 17 de Novembro de 1855, na assembléia em Battle Creek, Michigan. Como resultado, quase todos os presentes, mas não todos, ficaram convencidos de que a conclusão do Pastor Andrews estava correta. A apresentação deste assunto à irmã White em visão, dois dias mais tarde, respondeu as indagações que pairavam na mente de alguns e efetuou a unidade entre os cristãos. Comentando sobre esta experiência, como que ilustrando o papel das visões para confirmar conclusões baseadas no estudo da Bíblia em vez de introduzir novos ensinos, o Pastor Tiago White mais tarde escreveu: T1 713 4 "A pergunta naturalmente surge: 'Se as visões são dadas para corrigir os que erram, por que ela não viu mais cedo o erro das seis horas da tarde?' Eu sou imensamente agradecido a Deus por haver corrigido o erro no Seu tempo oportuno, não permitindo que uma infeliz divisão existisse entre nós neste ponto. Mas, querido leitor, a obra do Senhor sobre este ponto está em perfeita harmonia com a posição correta acerca dos dons espirituais. Não parece ser desejo do Senhor ensinar Seu povo em questões bíblicas através do dom do Espírito até que Seus servos tenham diligentemente pesquisado a Palavra. Quando isto foi feito com respeito ao assunto do tempo de início do sábado e a maioria estava convencida, contudo alguns estavam em perigo de permanecer em desarmonia com o corpo da igreja neste assunto, então, sim, então, era o tempo certo para Deus demonstrar Sua bondade através da manifestação dos dons do Seu Espírito na realização desta obra." -- The Review and Herald, 25 de Fevereiro de 1868. T1 713 5 Páginas 116, 117, 122 e 123. "O Grupo do Messenger" -- No verão de 1854 apareceu entre os adventistas observadores do sábado a primeira deslealdade ou apostasia. Dois homens que haviam estado a pregar a mensagem foram reprovados através do espírito de profecia por seu espírito cruel e censurador, pela avareza e extravagância no uso de recursos colocados em suas mãos. Tornando-se ressentidos em vez de arrependidos, uniram-se com uns poucos outros numa injusta recriminação contra o Pastor e a irmã White e outros líderes, fazendo falsas acusações contra eles. Embora continuassem a defender a verdade do sábado, começaram a publicar um folheto difamatório ao qual chamaram de Messenger of Truth [Mensageiro da Verdade]. T1 713 6 A eles se uniram os pastores Stephenson e Hall de Wisconsin. Estes homens haviam sido pregadores adventistas do primeiro dia, que professaram aceitar a verdade da mensagem do terceiro anjo, mas continuavam mantendo a doutrina da Era Vindoura. De acordo com esta teoria deve haver, durante o milênio, uma "segunda oportunidade" para salvação. Eles concordaram em pregar a mensagem, sem defender esta questão, desde que a Review não publicasse artigos contra ela. Conforme indica o texto, no entanto, eles não mantiveram sua promessa e logo estavam se opondo à Review e aos que a apoiavam. T1 713 7 O rumo destes "opositores da verdade" foi logo mudado. Ambos, Pastor Stephenson e Pastor Hall, perderam a razão. O Messenger of Truth parou de ser publicado em 1857, e no início de 1858 o Pastor White declarou acerca do grupo: "Nem um dos dezoito mensageiros que eles uma vez alegaram estar a seu favor está agora dando testemunho público, e tanto quanto tenhamos conhecimento não há sequer um lugar de reuniões regulares entre eles." -- The Review and Herald, 14 de Janeiro de 1858. T1 713 8 Página 190. Doação Sistemática -- Nos primeiros dias da mensagem, homens movidos pelo impulso da convicção saíram para pregar as verdades recentemente encontradas. Para o seu sustento eles dependiam do apoio do próprio trabalho ou de ofertas voluntárias dos crentes. Este método incerto era geralmente espasmódico e flutuante. No início de 1859 sentiu-se a necessidade de um plano mais certo e cuidadosa consideração foi dada ao assunto. Desta consideração surgiu o plano chamado Doação Sistemática. Em harmonia com 1 Coríntios 16:2, foi recomendada a doação regular no primeiro dia da semana, e conforme é sugerido em 2 Coríntios 8:12-14, uma distribuição eqüitativa de responsabilidade financeira. O plano pedia que os irmãos colocassem de parte semanalmente entre cinco e vinte cinco centavos; as irmãs, entre dois e dez centavos; e os que possuíam propriedades deviam dar semanalmente entre um e cinco centavos de cada cem dólares do valor de seus bens. T1 713 9 O plano foi de modo geral bem aceito e agora recebera o endosso do espírito de profecia. O maior pecado na igreja foi apontado como sendo a cobiça. (Página 194). A Doação Sistemática não foi apresentada como um plano aperfeiçoado, pois foi também declarado que "Deus está conduzindo Seu povo" neste assunto, e "educando-o". (Página 191.) À medida que os planos para manutenção da obra e do ministério se ampliaram, o espírito de liberalidade foi encorajado mais e mais até que finalmente a luz das Escrituras revelou o sistema de dízimos e ofertas como hoje se conhece na igreja. T1 713 10 Página 210. Organização -- Até o ano 1860 não houve organização legal ou da igreja entre os adventistas observadores do sábado. Eles nem mesmo haviam adotado um nome. Referiam a si mesmos como o "Rebanho Espalhado", o "Pequeno Remanescente", ou alguma outra variação destas expressões. O Pastor White, entretanto, anunciara através da Review que precisava recusar continuar a assumir responsabilidade pessoal por dinheiro emprestado ao escritório da Review and Herald. Mais tarde ele manifestou a esperança de que chegasse logo o tempo em que "este povo estivesse na devida posição para ser capaz de colocar em seguro a propriedade da igreja, manter suas casas de reuniões de maneira adequada, para que as pessoas que fizerem testamentos ou desejarem fazê-lo possam destinar uma parte ao departamento de publicações". Convocou então os irmãos para fazerem sugestões sobre como realizar este desejo para que "nós como um povo" pudéssemos agir para conseguir as vantagens acima mencionadas. T1 713 11 Entre as primeiras respostas ao pedido estava a do irmão B, que é mencionado com respeito a esse assunto, na qual ele expressava a convicção de que de acordo com a lei seria um erro incorporar-se como um corpo religioso. Isto, ele alegava, seria "fazer-nos um nome", como era o propósito dos construtores da torre de Babel, e "consistiria no fundamento de Babilônia". Acerca de colocar em seguro as casas de reuniões, não eram elas propriedade do Senhor? Não poderia Ele cuidar do que era Seu sem o auxílio das companhias de seguro? Além disso, disse ele, aqueles que emprestam dinheiro para o escritório não devem insistir em receber uma promissória assinada por uma corporação legal, pois "emprestaram ao Senhor, e devem para tanto confiar nEle." -- The Review and Herald, 23 de Fevereiro e 22 de Março de 1860. T1 713 12 Depois de muita discussão, foram superadas as desconfianças com respeito à viabilidade de organizar legalmente o escritório de publicações e numa assembléia realizada em Setembro de 1860 foi formada a Sociedade de Publicações Advent Review. Poucos meses mais tarde o nome foi mudado para Sociedade de Publicações Adventista do Sétimo Dia. Mesmo depois deste passo, alguns ainda mantinham certa relutância quanto à organização da igreja e o assunto continuou sendo discutido. Com a maioria a favor da organização, no entanto, o movimento prosseguiu, primeiro organizando as igrejas, depois as associações por estados, e, finalmente em 1863, a Associação Geral. T1 713 13 O testemunho sobre "Organização" (páginas 270-272) fala da oposição manifestada pelo Estado de Nova Iorque contra este movimento e da visão que foi dada concernente ao assunto. T1 713 14 Página 292. Os mágicos na realidade não transformaram suas varas em serpentes; mas através de encantamentos e auxiliados pelo grande enganador, foram capazes de produzir essa aparência. Estava além do poder de Satanás transformar as varas em serpentes vivas. O príncipe do mal, embora possuindo a sabedoria e o poder de um anjo caído, não tem poder para criar ou dar vida; esta é prerrogativa de Deus somente. Tudo, porém, quanto estava em seu poder fazer, ele o fez. Produziu uma contrafação. À vista humana as varas transformaram-se em serpentes. Assim creram Faraó e sua corte. Nada havia em sua aparência que as distinguisse das serpentes produzidas por Moisés e Arão. Assim, o testemunho fala disso na linguagem própria das Escrituras; enquanto que o mesmo Espírito explica que as Escrituras falam do caso como ele pareceu. Ver Testemunhos Para a Igreja 5:501, 502. T1 713 15 Página 355. "A Rebelião" -- Na ocasião em que este testemunho foi escrito, no início de 1863, os adventistas do sétimo dia enfrentavam sério problema. A nação estava em guerra. Embora fossem não-combatentes de coração, a simpatia dos membros da igreja estava, quase que sem exceção, inteiramente a favor do governo em sua oposição à escravidão. À medida que o conflito progredia, mais e mais homens eram convocados para o exército. Em cada convocação todo distrito tinha a obrigação de fornecer um certo número de recrutas e quando o total de voluntários alistados ficava aquém daquele número, alguns nomes eram sorteados para compensar a falta. Durante algum tempo foi possível comprar um substituto mediante pagamento em dinheiro e assim liberar aqueles que havia sido sorteados. Como não havia provisão para designar adventistas do sétimo dia ao serviço como não-combatentes nem se permitia guardar o sábado, os observadores do sábado, quando convocados, geralmente compravam desta maneira sua isenção. Quando o indivíduo era incapaz de ganhar a importância necessária por si mesmo, ele era ajudado por um fundo especial para esse propósito. T1 713 16 Quando, porém, mais e mais homens se fizeram necessários e estava iminente uma lei nacional de recrutamento obrigatório sem os privilégios de isenção, nossos irmãos ficaram perplexos quanto à sua reação a essa convocação, onde talvez seriam compelidos a portar armas ou trabalhar no sábado. T1 713 17 Uns poucos meses antes de aparecer este testemunho, o Pastor White publicou um editorial na Review and Herald intitulado "A Nação", ao qual se faz referência na página 356. Ele cria que o governo era o melhor do mundo e que lutava por justa causa. O melhor conselho que ele pode dar na ocasião foi que no evento da convocação "seria loucura resistir", e acrescentou: T1 713 18 "Aquele que resistir até, na administração das leis militares, ser fuzilado, pensamos que vai longe demais em assumir a responsabilidade pelo suicídio." -- The Review and Herald, 12 de Agosto de 1862. T1 713 19 A natureza de algumas das correspondências que resultaram da publicação deste artigo, conforme a irmã White salienta, foi tal que levou o Pastor White a protestar contra a virtual acusação de "quebra do sábado e homicídio" feita contra ele. Por um lado estes extremistas foram reprovados pela irmã White, e por outro uma nota de advertência foi enviada aos que sentiam-se inclinados a alistar-se. T1 713 20 Em Julho de 1964, a lei nacional de recrutamento foi emendada revogando a cláusula dos 300 dólares de isenção. Imediatamente medidas foram tomadas para garantir aos jovens adventistas do sétimo dia os privilégios concedidos aos membros de denominações religiosas que conscientemente se opunham a portar armas -- de ser designado para serviço como não-combatente em plantões hospitalares e no cuidado de homens livres. Antes de se atingir uma séria crise, estes esforços obtiveram êxito. Em alguns casos jovens adventistas foram convocados para o exército e designados a servir em hospitais ou em outros serviços não-combatentes. Fosse qual fosse sua designação, eles procuravam deixar sua luz brilhar. Durante vários meses uma coluna foi publicada regularmente na Review and Herald listando recebimentos para o Fundo de Folhetos para os Soldados a fim de fornecer literatura para distribuição entre estes homens. T1 713 21 A experiência dos adventistas do sétimo dia com relação à Guerra Civil levou-os a tomar certas medidas que lhes garantiram o reconhecido status de não-combatentes, o que ao mesmo tempo os capacitava a seguir a injunção das Escrituras acerca de seu relacionamento com "as autoridades que há", as quais foram "ordenadas por Deus". T1 713 22 Páginas 421 e 456. Reforma do Vestuário -- Os vestidos geralmente usados pelas mulheres americanas na época em que isto foi escrito (1863 e 1867), eram muito nocivos à saúde. Eram especialmente objetáveis por seu comprimento extremo, o aperto da cintura pelo espartilho e o peso das saias que eram suspensas pelos quadris. Cerca de uma década antes, algumas mulheres de eminência nacional iniciaram um movimento para adotar um novo estilo de vestuário livre destas sérias objeções. O novo modelo de vestuário consistia de algo semelhante ao costume da Turquia que pode ser usado igualmente por homens e por mulheres. O movimento se tornou tão popular que por algum tempo convenções da "reforma do vestuário" foram realizadas anualmente. T1 713 23 "O costume americano", ao qual se refere a irmã White, era uma modificação do estilo anterior patrocinada pela Dra. Harriet Austin, de Dansville, Nova Iorque. Combinava a saia curta, cujo comprimento ia "até a metade da coxa" entre os quadris e os joelhos, com calças de aparência masculina, paletó e colete. Ver descrição na página 465. Este "assim chamado vestuário reformado" foi mostrado à irmã White em 1864 como sendo inadequado para ser adotado pelo povo de Deus. T1 713 24 Em 1865, Ellen White, através do How to Live, No. 6, apelou às nossas irmãs que adotassem um estilo de vestido que fosse modesto e saudável. No ano seguinte o Instituto de Reforma da Saúde recentemente aberto em Battle Creek tomou medidas para desenhar um modelo de vestido que corrigisse os extremos do costume americano curto e dos vestidos super-longos que eram comumente usados. T1 713 25 Em 1867, o Testemunho No. 11 apareceu com seu primeiro artigo, "Reforma do Vestuário". Ver páginas 456-466. Neste artigo a questão do vestido foi amplamente recapitulada e conselho adicional foi dado. Um modelo geral foi recomendado que combinava os princípios revelados à Ellen White e que foi referido como sendo "digno do nome de vestido curto da reforma". Nenhum modelo particular foi-lhe revelado em visão e discutindo esse assunto em data posterior, Ellen White declarou: T1 713 26 "Algumas supõem que o modelo dado era o modelo que todas deviam adotar. Isto não é assim. Mas algo simples como este modelo é o melhor que podemos adotar nestas circunstâncias. Nenhum estilo exato me foi dado como sendo a regra para guiar a todas em seu modo de vestir." -- Carta 19, 1897. Citada no livro The Story of Our Health Message, 145. T1 713 27 Com o passar dos anos, os estilos predominantes de vestuário feminino mudaram para melhor, tornando-se mais sensatos e saudáveis. O antigo vestido da reforma da saúde em seu modelo exato não era mais recomendado, mas Ellen White deu sempre um testemunho uniforme a respeito dos princípios fundamentais que deviam orientar o cristão neste assunto. Por isso em 1897 ela escreveu: T1 713 28 "Estejam nossas irmãs vestidas de maneira simples, como muitas o fazem, usando vestidos de tecido bom e durável, modestos, apropriados para a idade, e não permitam que o assunto do vestido lhes ocupe a mente." -- Idem, 146. T1 713 29 Página 525. Para posterior esclarecimento do assunto do vestuário, o leitor deve ler Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, capítulo "A Simplicidade no Vestuário." T1 713 30 Página 689. Desde a organização da Sociedade de Folhetos em muitos Estados, o fornecimento de livros e folhetos às pessoas realmente pobres ficou a seu cargo. Algumas das obras aqui mencionadas estão atualmente esgotadas. Os Depositários dos Escritos de Ellen G. White.