------------------------Testemunhos para a Igreja, 3 T3 5 1 Breve histórico do volume três T3 9 1 Capítulo 1 -- Portadores de responsabilidades T3 22 1 Capítulo 2 -- Habilidade não santificada T3 32 2 Capítulo 3 -- Mentes desequilibradas T3 39 2 Capítulo 4 -- Amizade íntima com mundanos T3 48 1 Capítulo 5 -- A causa em Nova Iorque T3 67 2 Capítulo 6 -- Experiência não confiável T3 79 2 Capítulo 7 -- Fidelidade nos deveres domésticos T3 81 2 Capítulo 8 -- Orgulho e pensamentos vãos T3 85 1 Capítulo 9 -- A obra em Battle Creek T3 99 1 Capítulo 10 -- Parábolas dos perdidos T3 104 2 Capítulo 11 -- Trabalho entre as igrejas T3 116 2 Capítulo 12 -- A pais ricos T3 131 2 Capítulo 13 -- A educação ideal T3 161 1 Capítulo 14 -- A reforma de saúde T3 165 2 Capítulo 15 -- O instituto de saúde T3 185 1 Capítulo 16 -- O perigo dos elogios T3 186 1 Capítulo 17 -- Trabalho a favor dos que erram T3 188 1 Capítulo 18 -- A Escola Sabatina T3 190 1 Capítulo 19 -- Obreiros no escritório T3 195 1 Capítulo 20 -- Amor e dever T3 197 1 Capítulo 21 -- A igreja de Battle Creek T3 202 1 Capítulo 22 -- Trabalho missionário T3 212 1 Capítulo 23 -- Efeito dos debates T3 221 2 Capítulo 24 -- Perigos e deveres dos jovens T3 227 2 Capítulo 25 -- Pastores que cuidam de si mesmos T3 243 2 Capítulo 26 -- Amor descomedido por lucro T3 252 2 Capítulo 27 -- A igreja de Laodicéia T3 293 2 Capítulo 28 -- Moisés e Arão T3 304 1 Capítulo 29 -- A um jovem pastor e esposa T3 329 3 Capítulo 30 -- Sonhando acordada T3 339 2 Capítulo 31 -- A grande rebelião T3 362 1 Capítulo 32 -- Apelo aos jovens T3 381 1 Capítulo 33 -- Dízimos e ofertas T3 408 5 Capítulo 34 -- Doação sistemática T3 414 1 Capítulo 35 -- Independência individual T3 434 3 Capítulo 36 -- Unidade na igreja T3 459 1 Capítulo 37 -- Verdadeiro refinamento no ministério T3 468 2 Capítulo 38 -- Importância do trabalho T3 471 3 Capítulo 39 -- O estado do mundo T3 474 3 Capítulo 40 -- O estado da igreja T3 477 2 Capítulo 41 -- O amor do mundo T3 482 1 Capítulo 42 -- Presunção T3 485 3 Capítulo 43 -- O poder do apetite T3 492 1 Capítulo 44 -- Liderança T3 510 1 Capítulo 45 -- Apelos para recursos T3 511 1 Capítulo 46 -- Dever para com os desafortunados T3 521 2 Capítulo 47 -- O dever do homem para com seus semelhantes T3 544 2 Capítulo 48 -- O pecado da avareza T3 551 2 Capítulo 49 -- Diligência no ministério T3 560 3 Capítulo 50 -- Pais como reformadores T3 570 1 Capítulo 51 -- "Não poderei descer" ------------------------Breve histórico do volume três T3 5 1 Em 1872, quando o primeiro testemunho do volume 3 foi escrito, toda a atividade denominacional dos adventistas do sétimo dia estava nos Estados Unidos, e em grande parte concentrada nos Estados centrais e do nordeste. Havia oitenta e seis pastores ordenados e licenciados pregando a mensagem e supervisionando a obra. Possuíamos e administrávamos uma casa publicadora e uma pequena instituição médica, ambas em Battle Creek, Michigan. Durante um quarto de século Deus conduziu Seu povo tão rápido quanto eles podiam avançar inteligentemente e em uníssono, primeiro na clara compreensão das doutrinas ensinadas através da palavra, e depois no senso da responsabilidade de publicar a mensagem, de organizar a igreja, e depois quanto a um melhor estilo de vida. Mas novas experiências e grandes oportunidades de progredir foram colocadas diante da igreja. Os conselhos do volume 3 preparam o caminho para isso. T3 5 2 Durante os anteriores vinte e cinco anos críticos, o Pastor Tiago White foi o líder da nova causa. Ele deu início à obra de publicações, labutou incansavelmente pela organização da igreja, desenvolveu a obra médica e encabeçou tanto a área administrativa como a editorial. Ele foi o pioneiro do movimento. Com sua inteligente visão administrativa e sua dedicação total à igreja em desenvolvimento, ele foi reconhecido como o líder. Assim sendo, era muito natural que outros deixassem de perceber que precisavam dar um passo à frente e assumir responsabilidades nos vários empreendimentos da denominação em desenvolvimento. Este volume começa com um debate acerca desse problema e com um apelo aos portadores de responsabilidades para encarregarem-se da obra na sede da organização, aliviando Tiago White, pois ele estava sucumbindo sob o peso das responsabilidades. Vez após outra, através deste volume, é feita referência à obra em expansão, ao aumento das responsabilidades e à necessidade de homens mais novos assumirem e arcarem com as responsabilidades. Os perigos de confiar em um só homem como o grande líder foram claramente expostos. T3 5 3 As experiências desse período são semelhantes às de uma águia ensinando seus filhotes a voar -- primeiro levando a avezinha sobre suas costas e então deixando-a desenvolver a própria força, mas com os pais sempre suficientemente perto para prestar auxílio quando necessário. A saúde debilitada de Tiago White, sua convicção de que outros deveriam aliviar-lhe as responsabilidades, e os freqüentes chamados ao dever em outros lugares, tudo contribuía para separá-lo dos interesses administrativos em Battle Creek. Conquanto o Pastor e a Sra. White mantivessem seu lar a meio caminho entre o hospital e a casa publicadora na cidade que abrigava a sede, freqüentemente os encontramos em lugares distantes. No verão de 1872 e de 1873 eles desfrutaram períodos de descanso nas montanhas do Colorado, e passaram também alguns meses na Califórnia. Um período bem maior foi passado na Costa Ocidental em 1874, quando o Pastor White começou a publicação da revista Signs of the Times. Portanto, outros foram forçados a assumir responsabilidades de liderança na sede, e a obra ganhou força. T3 6 1 Esse período também foi crítico, pois durante o tempo em que a igreja estava encontrando o caminho em matéria de liderança e organização, alguns foram inclinados a indevidamente salientar a independência individual, correndo o risco de repetir a experiência de Coré, Datã e Abirão na rebelião contra as autoridades devidamente constituídas. Espalhados no volume 3 estão conselhos que proporcionam uma influência definitivamente estabilizadora através dessas experiências. Aqui e ali estão enumerados em magníficas declarações importantes princípios de organização e liderança. T3 6 2 O período de três anos abrangido por este volume marcou também o fim da primeira década de ensino e prática da reforma de saúde. Conselhos foram dados no sentido de guardar-se contra extremismo por um lado e indiferença por outro. Repetidas vezes, em artigos gerais e testemunhos pessoais, Ellen White destacou os importantes princípios de temperança e correto estilo de vida, e convocou o povo a progredir em sua nova e proveitosa experiência da reforma de saúde. T3 6 3 Tudo isso estava lançando as pedras do alicerce para uma expansão mais ampla. Foi nesse período que os crentes começaram a ter um vislumbre do mundo inteiro como seu campo de ação. Era uma perspectiva esmagadora que representava um desafio. Eles não compreendiam então o significado da pequena escola da igreja iniciada em Battle Creek por Goodloe H. Bell, um professor experiente que aceitara o adventismo através de contatos como paciente do hospital. Foi no início do verão de 1872 que ele começou essa escola. Um pouco mais tarde naquele ano, começou-se a traçar planos para uma escola mais avançada para educar obreiros. Em Dezembro, quando o Testemunho n 22 chegou às mãos dos membros, eles descobriram que ele iniciava com um apelo para a organização de uma escola assim e com orientações acerca de como essa escola devia ser administrada. "A Educação Ideal" é o título do artigo de trinta páginas que apresenta a grande visão básica sobre a educação de nossos jovens. Como poderíamos circundar o mundo com nossa mensagem a menos que estabelecêssemos um ministério educacional? Como poderia existir um ministério educacional a menos que tivéssemos uma escola? Levantando-se para atender às instruções e enfrentar o desafio tão claramente apresentado nas páginas 131-160 deste volume, nossos antepassados estabeleceram um sistema educacional começando com o Colégio de Battle Creek. Seu prédio principal foi dedicado a 4 de Janeiro de 1875. T3 7 1 Uns poucos meses antes desta grandiosa ocasião, o Pastor John N. Andrews, um dos nossos pastores de maior êxito, foi enviado à Suíça para iniciar a proclamação da mensagem na Europa. Nos conselhos de poucos meses antes, Ellen White havia escrito acerca da necessidade de missionários "irem a outras nações pregar a verdade de maneira cuidadosa e vigilante". -- Pág. 204. Com a viagem do Pastor Andrews no outono de 1874, os adventistas do sétimo dia começaram a voltar sua atenção para outras terras. T3 7 2 É interessante notar como foram oportunas as mensagens de orientação e conselhos que chegaram até nós com o passar dos anos. Desde o ano de 1859, os adventistas do sétimo dia fizeram progresso assumindo suas responsabilidades para com Deus ao discernirem o assunto da mordomia na doação sistemática; mas não compreenderam desde o início a plena responsabilidade do dízimo, a décima parte de seus rendimentos. Mas em dois artigos, no centro do volume 3, a base do cálculo da responsabilidade do dízimo foi esclarecida quando a mensageira do Senhor escreveu acerca da "décima parte" dos "rendimentos" e dos "nove décimos" que restavam. Não foi senão em 1879 que este mais amplo conceito da doação sistemática passou a fazer parte das praxes denominacionais, mas esse passo que tanto contribuiu para garantir a necessária estabilidade da receita para uma obra em crescimento teve suas raízes nos conselhos dos dois capítulos, "Dízimos e Ofertas" e "Doação Sistemática", publicados no início de 1875. O conceito mais amplo da verdadeira mordomia foi discernido ao sermos levados a perceber que o plano de doações fora designado por Deus, não meramente para levantar fundos, mas como um meio de desenvolver e aperfeiçoar o caráter do doador. T3 7 3 Como era de se esperar, um agressivo programa de evangelismo levou a conflito com outros grupos religiosos, os quais freqüentemente nos desafiavam para debate e argumentação. Dez anos antes, Moses Hull, um de nossos pastores, desviou-se do caminho ao colocar-se em terreno inimigo devido a tais discussões. Agora repetidos conselhos apresentavam orientações destacando os perigos e o resultado insignificante de tais esforços contenciosos. O volume 3 tem abundância desses conselhos. T3 7 4 Por isso, os tópicos deste volume variam desde conselhos a ricos fazendeiros e esposas iletradas até instruções para pastores e executivos. Os artigos em geral preenchem a maior parte do volume. Aqui e ali são encontradas mensagens pessoais, publicadas para benefício de todos, porque, como escreveu Ellen G. White, a maioria delas está relacionada com experiências "que em muitos aspectos representam o caso de outros". T3 8 1 Algumas revelações extraordinárias formam a base da maior parte deste volume. Durante esse período, as visões extraordinárias foram menos freqüentes, porém mais abrangentes. Vez após outra são mencionadas as abrangentes visões de 10 de Dezembro de 1871 e de 3 de Janeiro de 1875. A última é descrita por Tiago White no rodapé da página 570. As circunstâncias da primeira serão mais amplamente descritas aqui. Essa visão foi recebida em Bordoville, Vermont. Um relatório da reunião realizada naquele local, a 9 e 10 de Dezembro, foi enviado à Review pelo Pastor A. C. Bordeau, em cuja residência ela ocorreu. Por meio deste, aprendemos que a Sra. White havia labutado "especialmente pela igreja". Em uma das reuniões vespertinas "testemunhos especiais foram apresentados a pessoas que estavam presentes; e à medida que estes eram confirmados [pelas pessoas a quem eram dirigidos], esclarecimento e franqueza tiveram lugar". No domingo à tarde, dois filhos de um dos fiéis e a esposa de um deles foram despedir-se de Ellen White. Eles haviam estado "apostatados". Então o Pastor Bourdeau apresenta um vívido quadro do que aconteceu: T3 8 2 "A essa altura, a irmã White sentiu verdadeira preocupação pelo caso deles, anseio por sua salvação, e deu-lhes valiosas instruções. Ela então se ajoelhou com eles e orou por eles com grande fervor, fé e insistência para que voltassem para o Senhor. Eles admitiram e oraram, prometendo servir a Deus. O Espírito do Senhor Se aproximou mais e mais. A irmã White sentiu-se livre, e logo, de maneira inesperada para todos, foi tomada em visão. Ela permaneceu nessa situação durante quinze minutos. T3 8 3 "As novas se espalharam e dentro de pouco tempo a casa estava repleta. Pecadores tremiam, fiéis choravam e apostatados voltavam para Deus. A obra não estava confinada aos que estavam presentes, como aprendemos desde então. Alguns dos que haviam permanecido em casa estavam absolutamente convencidos. Viam a si mesmos como nunca dantes. O anjo de Deus fazia tremer o lugar. A brevidade do tempo, o pavor e a proximidade dos juízos e do tempo de angústia, a mentalidade mundana da igreja, sua falta de amor fraternal e de prontidão para encontrar o Senhor estavam fortemente gravados na mente de todos." -- The Review and Herald, 26 de Dezembro de 1871. Depositários do Patrimônio Literário White. ------------------------Capítulo 1 -- Portadores de responsabilidades T3 9 1 Prezados Irmãos e Irmãs: T3 9 2 Sinto-me compelida neste momento a cumprir um dever há muito negligenciado. T3 9 3 Antes da enfermidade perigosa e prolongada de meu marido, ele fez durante anos mais trabalho do que dois homens deveriam ter feito no mesmo período. Ele não encontrava tempo para aliviar-se da pressão dos cuidados e obter repouso mental e físico. Através dos testemunhos foi advertido de seu perigo. Foi-me mostrado que ele fazia demasiado trabalho mental. Vou transcrever aqui um testemunho escrito, dado em 26 de Agosto de 1855: T3 9 4 "Quando em Paris, Maine, foi-me mostrado que a saúde de meu marido estava em condição crítica, que sua ansiedade mental tinha sido excessiva para sua força. Quando a verdade presente foi publicada pela primeira vez, ele fez grande esforço e labutou com pouco encorajamento ou auxílio de seus irmãos. Desde o início, assumiu responsabilidades que eram excessivas para sua força física. T3 9 5 "Essas responsabilidades, se fossem igualmente partilhadas, não teriam sido tão exaustivas. Enquanto meu esposo assumia muita responsabilidade, alguns de seus irmãos no ministério não estavam dispostos a assumir nenhuma. E aqueles que evitavam trabalhos e responsabilidades não compreendiam as obrigações dele, e não estavam interessados no progresso da obra e causa de Deus como deviam ter estado. Meu marido sentiu esta falta e tomou sobre os ombros os encargos que eram demasiado pesados e que quase o esmagavam. Como resultado desses esforços extras mais pessoas serão salvas, mas tais esforços prejudicaram sua constituição física e o privaram de energia. Tem-me sido mostrado que ele deve em grande medida pôr de lado sua ansiedade; Deus deseja que ele seja aliviado desse trabalho exaustivo, e que ele gaste mais tempo no estudo das Escrituras e na companhia dos filhos, procurando desenvolver-lhes a mente. T3 10 1 "Vi que não é nosso dever nos afligir com provações individuais. Tal esforço mental suportado pelas faltas de outros deve ser evitado. Meu marido pode continuar a trabalhar com toda sua energia, como tem feito, e como resultado descer à sepultura, e seus trabalhos para a causa de Deus serem perdidos; ou ele pode ser aliviado, enquanto ainda tem alguma força, e viver mais tempo, e seus trabalhos serem mais eficientes." T3 10 2 Vou agora transcrever de um testemunho dado em 1859: "Em minha última visão foi-me mostrado que o Senhor desejava que meu marido se entregasse mais ao estudo das Escrituras, para que ele fosse qualificado a trabalhar mais eficientemente na palavra e doutrina, tanto no falar como no escrever. Vi que no passado tínhamos esgotado nossas energias por causa de muita ansiedade e cuidado para conduzir a igreja a uma posição correta. Esse trabalho cansativo em vários lugares, assumindo as responsabilidades da igreja, não é exigido; porque a igreja devia assumir os próprios encargos. Nosso trabalho é instruí-los na Palavra de Deus, insistir com eles sobre a necessidade de religião prática e definir tão claramente quanto possível a posição correta com respeito à verdade. Deus deseja que ergamos nossa voz na grande congregação sobre pontos da verdade presente que são de importância vital. Estes devem ser apresentados com clareza e decisão, e devem também ser postos por escrito, para que os mensageiros silenciosos os levem ao povo por toda parte. Uma consagração mais completa ao trabalho essencial é requerida de nossa parte; devemos ser sinceros para viver à luz do semblante de Deus. Se nossa mente fosse menos ocupada com problemas da igreja, seria mais livre para ser exercitada em assuntos bíblicos; e uma maior dedicação à verdade bíblica acostumaria a mente a seguir nesta direção, e seríamos assim melhor qualificados para a importante obra a nós confiada. T3 11 1 "Foi-me mostrado que Deus não coloca sobre nós responsabilidades tão pesadas como temos levado no passado. É nosso dever falar à igreja e mostrar aos membros a necessidade de trabalharem por si mesmos. Eles têm sido carregados por tempo demasiado. A razão por que não se deveria exigir de nós assumir pesadas responsabilidades e nos empenhar em atividade embaraçosa é que o Senhor tem trabalho de outra natureza para executarmos. Ele não deseja que esgotemos nossas energias físicas e mentais, mas as mantenhamos em reserva, para que em ocasiões especiais, sempre que ajuda seja realmente necessária, nossa voz possa ser ouvida. T3 11 2 "Vi que mudanças importantes seriam feitas, nas quais nossa influência seria requerida para liderar; que influências surgiriam, e erros seriam ocasionalmente introduzidos na igreja, e então nossa influência seria exigida. Mas se estivéssemos exaustos por trabalhos anteriores, não possuiríamos aquele discernimento calmo, prudência e autocontrole necessários para a ocasião importante na qual Deus desejaria que desempenhássemos parte relevante. T3 11 3 "Satanás tem prejudicado nossos esforços afetando a igreja de modo a exigir de nós trabalho quase dobrado para abrirmos caminho através de escuridão e descrença. Estes esforços para colocar as coisas em ordem nas igrejas têm esgotado nossa força, e resultaram em cansaço e debilidade. Vi que temos um trabalho a fazer, mas o adversário das almas impedirá todos os nossos esforços. O povo pode estar em um estado de apostasia, de modo que Deus não o possa abençoar, e isso será desalentador; mas não devemos ser desencorajados. Precisamos cumprir nosso dever em apresentar a luz, e deixar a responsabilidade com o povo." T3 11 4 Transcreverei aqui um outro testemunho, escrito em 6 de Junho de 1863: "Foi-me mostrado que nosso testemunho é ainda necessário na igreja, que devemos nos esforçar para nos pouparmos de provas e cuidados, e que devemos preservar uma piedosa atitude mental. É dever daqueles no Escritório usar mais seu cérebro, e de meu marido usar menos o seu. Muito tempo é gasto por ele em várias questões que confundem e cansam a mente, e o desqualificam para estudar ou escrever, e assim impede que sua luz brilhe na Review como deve. T3 12 1 "A mente de meu marido não deve ser abarrotada e sobrecarregada. Precisa ter descanso, e ele deve ser deixado livre para escrever e cuidar de assuntos que outros não podem cuidar. Os que trabalham no Escritório poderiam remover dele um grande fardo de cuidados se eles se dedicassem a Deus e sentissem profundo interesse na obra. Não deve haver sentimentos egoístas entre aqueles que trabalham no Escritório. Estão empenhados na obra de Deus, e terão de dar contas a Ele por seus motivos e pela maneira como este ramo da obra é efetuado. Requer-se que disciplinem a mente. Muitos acham que o esquecimento não deve ser condenado. Isso é um grande erro. Esquecimento é pecado. Resulta em muitas confusões, muitos transtornos e muitos erros. Coisas que devem ser feitas não devem ser esquecidas. A mente precisa ser posta à prova; precisa ser disciplinada até que se lembre. T3 12 2 "Meu marido tem tido excessiva preocupação e tem feito muitas coisas que outros deviam ter feito, mas que ele receava dar-lhes a fazer, com medo que em sua desatenção cometessem erros não facilmente remediados, e assim resultar em perdas. Isso tem sido uma fonte de perplexidade à sua mente. Aqueles que trabalham no Escritório devem aprender. Devem estudar, praticar e exercitar o cérebro; pois têm só esse ramo de atividade, enquanto meu marido tem a responsabilidade de muitos departamentos da obra. Se um funcionário comete um erro, deve sentir que cabe a ele indenizar o prejuízo do próprio bolso, e não deve permitir que o Escritório sofra prejuízo por causa de seu descuido. Ele não deve deixar de assumir responsabilidades, mas deve tentar de novo, evitando os erros anteriores. Desse modo, aprenderá a ter o cuidado que a Palavra de Deus sempre requer, e então não fará mais do que seu dever. T3 13 1 "Meu marido deve tomar tempo para agir de acordo com o que seu julgamento lhe diz que preservaria sua saúde. Ele pensa que deve abandonar os fardos e responsabilidades que estavam sobre ele, e deixar o Escritório, ou sua mente seria arruinada. Foi-me mostrado que, quando o Senhor o liberasse de sua posição, Ele lhe daria uma evidência tão clara de sua liberação como lhe deu quando colocou a responsabilidade do trabalho sobre ele. Mas ele tem assumido demasiadas responsabilidades, e os que trabalham com ele no Escritório, e também seus irmãos no ministério, têm estado satisfeitos demais por ele as assumir. Eles têm se esquivado, como regra, de assumir responsabilidades, e têm-se simpatizado com aqueles que estavam murmurando contra ele, e que o tinham deixado só, enquanto era esmagado pela censura, até que Deus vindicou Sua causa. Se eles tivessem assumido uma parte das responsabilidades, meu marido teria sido aliviado. T3 13 2 "Vi que Deus agora requer que tomemos cuidado especial com a saúde que nos deu, porque nosso trabalho ainda não acabou. Nosso testemunho precisa ainda ser dado e terá influência. Devemos preservar nossa força para labutar na causa de Deus quando o nosso trabalho for necessário. Devemos ter o cuidado de não tomar sobre nós mesmos encargos que outros podem e devem levar. Devemos incentivar alegre, esperançosa e tranqüila disposição de espírito; pois nossa saúde depende de fazermos isso. A obra que Deus requer que façamos não impedirá que cuidemos de nossa saúde, para que possamos recuperar-nos do efeito do trabalho exaustivo. Quanto mais perfeita for a nossa saúde, tanto mais perfeito será o nosso trabalho. Quando sobrecarregamos nossas forças e ficamos exaustos, estamos sujeitos a pegar um resfriado, e nessas ocasiões existe o risco de que a doença assuma uma forma perigosa. Não devemos deixar o cuidado de nós mesmos com Deus, quando Ele colocou essa responsabilidade sobre nós." T3 13 3 No dia 25 de Outubro de 1869, em Adams Center, Nova Iorque, foi-me mostrado que alguns pastores entre nós deixam de levar toda a responsabilidade que Deus deseja que levem. Esta falta lança trabalho extra sobre aqueles que são portadores de responsabilidades, especialmente sobre meu marido. Alguns pastores deixam de sair e arriscar algo na causa e obra de Deus. Decisões importantes precisam ser tomadas, mas como o homem mortal não pode ver o fim desde o princípio, alguns se esquivam de aventurar-se e avançar como a providência de Deus conduz. Alguém precisa avançar; alguém precisa aventurar-se no temor de Deus, deixando o resultado com Ele. Esses pastores que evitam essa parte do trabalho estão perdendo muito. Estão deixando de obter a experiência que Deus designou que tivessem para fazê-los homens fortes e eficientes com os quais se pode contar em qualquer emergência. T3 14 1 Irmão A, você se esquiva de correr riscos. Não está disposto a aventurar-se quando não pode ver o caminho perfeitamente claro. Mas alguém precisa fazer esse trabalho; alguém precisa andar pela fé, ou nenhum avanço será feito, e nada será realizado. O receio de que você poderá cometer equívocos e dar passos errados, e então ser culpado, restringe-o. Você se desculpa de não assumir responsabilidade porque cometeu alguns erros no passado. Mas você deve mover-se segundo seu melhor discernimento, deixando o resultado com Deus. Alguém precisa fazê-lo, e é uma posição difícil para qualquer um. Uma pessoa não deve levar toda essa responsabilidade sozinha, mas com muita reflexão e fervorosa oração ela deve ser uniformemente partilhada. T3 14 2 Durante a enfermidade de meu marido, o Senhor testou e provou Seu povo, para revelar o que estava no coração deles; e assim fazendo, mostrou-lhes o que estava oculto neles mesmos que não era de acordo com o Espírito de Deus. As circunstâncias difíceis sob as quais fomos colocados revelou acerca de nossos irmãos aquilo que de outro modo nunca teria sido revelado. O Senhor provou a Seu povo que a sabedoria do homem é loucura e que, a menos que possuam firme apoio e confiança em Deus, seus planos e projetos se provarão um fracasso. Devemos aprender de todas essas coisas. Se erros são cometidos, eles devem ensinar e instruir, mas não levar a esquivar-se de encargos e responsabilidades. Onde muito está em jogo, e onde questões de conseqüência vital devem ser consideradas, e importantes problemas resolvidos, os servos de Deus devem assumir responsabilidade individual. Não podem depor o fardo e ainda fazer a vontade de Deus. Alguns pastores são deficientes nas qualificações necessárias para edificação das igrejas, e não estão dispostos a gastar-se na causa de Deus. Não têm a disposição de dar-se inteiramente ao trabalho, com seu interesse indivisível, seu zelo inquebrantável, sua paciência e perseverança incansáveis. Com estas qualificações em exercício ativo, as igrejas seriam mantidas em ordem, e os trabalhos de meu marido não seriam tão pesados. Nem todos os pastores têm sempre em mente que o trabalho de todos deve sofrer a inspeção do juízo, e que cada um será galardoado "segundo as suas obras". Apocalipse 22:12. T3 15 1 Irmão A, você tem uma responsabilidade a desempenhar em relação ao Instituto de Saúde.* Você deve ponderar, deve refletir. Freqüentemente o tempo que gasta lendo é o melhor tempo para você refletir e estudar o que deve ser feito para pôr as coisas em ordem no Instituto e no Escritório. Meu marido assume essas responsabilidades porque vê que o trabalho a favor destas instituições deve ser feito por alguém. Como outros não tomam a frente, ele preenche a lacuna e supre a deficiência. T3 15 2 Deus tem avisado e advertido meu marido a respeito da conservação de suas forças. Foi-me mostrado que ele foi restaurado pelo Senhor, e que vive como um milagre da graça -- não a fim de assumir de novo os fardos sob os quais já caiu uma vez, mas para que o povo de Deus seja beneficiado por sua experiência em fazer avançar os interesses gerais da causa, e em conexão com o trabalho que o Senhor me deu, e a responsabilidade que Ele colocou sobre mim. T3 15 3 Irmão A, grande cuidado deve ser exercido por você, especialmente em Battle Creek. Ao fazer visitas, sua conversação deve ser sobre os assuntos mais importantes. Seja cuidadoso em apoiar o preceito pelo exemplo. Este é um cargo importante e exigirá trabalho. Enquanto estiver aqui, você deve tomar tempo para pensar nas muitas coisas que precisam ser feitas e que requerem reflexão solene, atenção cuidadosa e oração sincera e fiel. Você deve ter tanto interesse nas coisas relacionadas com a causa, ao trabalhar no Instituto de Saúde e no Escritório de publicações, como meu marido tem; deve sentir que o trabalho é seu. Você não pode fazer o trabalho para o qual Deus habilitou de modo especial meu marido, nem ele pode fazer o trabalho para o qual de modo especial Deus capacitou você a fazer. Mas ambos, unidos em trabalho harmonioso, você em seu escritório e meu marido no dele, podem realizar muito. T3 16 1 A obra na qual temos um interesse comum é grande; e obreiros eficientes, dispostos, responsáveis são verdadeiramente poucos. Deus lhe dará forças, meu irmão, se você avançar e servi-Lo. Ele dará a meu marido e a mim força em nosso trabalho unido, se fizermos tudo para Sua glória, de acordo com nossa habilidade e força para trabalhar. Você deve ser colocado onde teria oportunidade mais favorável de exercer seu dom segundo a habilidade que Deus lhe deu. Você deve apoiar-se inteiramente em Deus e dar-Lhe a oportunidade de ensiná-lo, conduzi-lo e impressioná-lo. Você sente um profundo interesse na obra e causa de Deus, e deve esperar dEle luz e orientação. Ele lhe dará luz. Mas, como embaixador de Cristo, espera-se que você seja fiel, que corrija o mal com mansidão e amor, e seus esforços não serão em vão. T3 16 2 Desde que meu marido se recuperou de sua fraqueza, temos trabalhado diligentemente. Não procuramos nossa comodidade ou prazer. Temos viajado e trabalhado em reuniões campais e sobrecarregado nossas forças, de modo que isso acarretou-nos debilidade, sem as vantagens de descanso. Durante o ano de 1870 assistimos a 12 reuniões campais. Em várias destas reuniões, a responsabilidade do trabalho recaiu quase inteiramente sobre nós. Viajamos de Minnesota ao Maine, e então a Missouri e Kansas. T3 16 3 Meu marido e eu trabalhamos para aperfeiçoar a Health Reformer* e fazer dela uma revista interessante e proveitosa, que fosse apreciada, não só por nosso povo, mas por todas as classes. Essa foi uma carga pesada para ele. Fez também melhorias importantes nas revistas Review e Instructor. Ele realizou o trabalho que devia ter sido partilhado por três homens. E enquanto todo este trabalho recaiu sobre ele no ramo de publicações da obra, o departamento de negócios no Instituto de Saúde e na Sociedade de Publicações exigia o trabalho de dois homens para livrá-los de embaraço financeiro. T3 17 1 Homens infiéis a quem foram confiados trabalhos no Escritório e no Instituto tinham, por causa de egoísmo e falta de consagração, deixado as coisas na pior condição possível. Havia negócios não resolvidos que precisavam de atenção. Meu marido preencheu a lacuna e trabalhou com toda sua energia. Ele estava se extenuando. Percebíamos que estava em perigo; mas não sabíamos como poderia parar, a menos que o trabalho no Escritório cessasse. Quase cada dia surgia uma nova perplexidade, alguma nova dificuldade causada pela infidelidade das pessoas que tinham tomado conta do trabalho. Seu cérebro foi sobrecarregado ao máximo. Mas as piores perplexidades estão agora no passado, e o trabalho avança de modo próspero. T3 17 2 Na Associação Geral meu marido insistiu para ser liberado dos encargos postos sobre ele; mas, não obstante sua insistência, a responsabilidade de editar as revistas Review e Reformer foi colocada sobre ele, com o encorajamento de que pessoas que assumissem fardos e responsabilidades seriam estimuladas a se estabelecer em Battle Creek. Mas até agora nenhuma ajuda veio para tirar dele a responsabilidade do setor financeiro no Escritório. T3 17 3 Meu marido está se esgotando rapidamente. Assistimos às quatro reuniões campais do Oeste e nossos irmãos estão insistindo que assistamos às reuniões do Leste. Mas não ousamos assumir responsabilidades adicionais. Quando voltamos do trabalho das campais do Oeste, em Julho de 1871, encontramos inúmeros trabalhos que haviam se acumulado na ausência de meu marido. Ainda não tivemos oportunidade de descanso. Meu marido precisa ser aliviado das responsabilidades que sobre ele pesam. Há muitos que usam o cérebro dele em vez de usarem o próprio. À vista da luz que Deus Se agradou em nos dar, insistimos com vocês, meus irmãos, a liberar meu marido. Não estou disposta a arriscar as conseqüências de meu marido continuar trabalhando como tem feito. Ele os serviu fiel e desinteressadamente durante anos, e finalmente caiu sob o peso dos encargos colocados sobre ele. Então seus irmãos, em quem ele confiara, abandonaram-no. Eles o deixaram cair em minhas mãos, e o desampararam. Por quase dois anos fui sua enfermeira, sua assistente, sua médica. Não quero passar pela experiência uma segunda vez. Irmãos, vão vocês levantar nossos fardos, e permitir que preservemos nossas forças como Deus gostaria, para que a causa como um todo possa ser beneficiada pelos esforços que poderemos fazer com a força que Ele nos dá? Ou nos permitirão ficar debilitados de modo a nos tornarmos inúteis para a causa? T3 18 1 O trecho anterior deste apelo foi lido na reunião campal de New Hampshire, em Agosto de 1871. T3 18 2 Quando voltamos de Kansas, no outono de 1870, o irmão B estava em casa com febre. A irmã Van Horn, ao mesmo tempo, estava ausente do Escritório em conseqüência da febre que lhe sobreveio pela morte súbita de sua mãe. O irmão Smith estava também ausente do Escritório, em Rochester, Nova Iorque, recuperando-se de uma febre. Havia grande quantidade de trabalho inacabado no Escritório, contudo o irmão B deixou seu posto para satisfazer o próprio prazer. Esse fato em sua experiência é uma amostra do homem que ele é. Deveres sagrados pouco lhe importam. T3 18 3 Prosseguir em tal conduta foi uma grande violação da confiança que sobre ele repousava. Que contraste marcante com isso é a vida de Cristo, nosso Modelo! Ele era o Filho de Jeová, e o Autor de nossa salvação. Trabalhou e sofreu por nós. Negou a Si mesmo, e Sua vida inteira foi uma cena contínua de labuta e privação. Houvesse Ele preferido proceder assim, poderia ter passado Seus dias em um mundo de Sua criação, em comodidade e fartura, e reivindicado todos os prazeres e alegrias que o mundo Lhe podia dar. Ele, porém, não considerou Suas próprias conveniências. Viveu, não para agradar a Si mesmo, mas para fazer o bem e prodigalizar Suas bênçãos aos outros. T3 18 4 O irmão B estava com febre. Seu caso era crítico. Para fazer justiça à causa de Deus, sinto-me compelida a afirmar que sua doença não era o resultado de dedicação incansável aos interesses do Escritório. Contágio imprudente numa viagem a Chicago, para divertimento, foi a causa de sua enfermidade longa e enfadonha. Deus não o protegeu ao deixar o trabalho, quando tantos que ocupavam posições importantes no Escritório estavam ausentes. Exatamente quando ele não devia faltar sequer por uma hora, deixou seu posto de dever e Deus não o protegeu. T3 19 1 Não houve para nós período de descanso, por muito que disso necessitássemos. Deviam ser editadas as revistas Review, Reformer e Instructor. Muitas cartas tinham sido postas de lado até voltarmos para examiná-las. As coisas estavam em um estado lastimável no Escritório. Tudo precisava ser posto em ordem. Meu marido começou seu trabalho, e eu o ajudei tanto quanto podia; mas isso foi pouco. Ele trabalhou incessantemente para acertar questões complicadas de negócio e para melhorar a condição de nossos periódicos. Ele não podia depender do auxílio de nenhum de seus irmãos no ministério. Sua cabeça, coração e mãos estavam repletos. Ele não foi animado pelos irmãos A e C, quando sabiam que ele respondia sozinho pelas responsabilidades em Battle Creek. Eles não lhe apoiaram as mãos. Escreveram de um modo muito desanimador sobre a saúde precária deles, e que estavam tão exaustos que não se podia contar com eles para efetuar qualquer trabalho. Meu marido viu que não se podia esperar nada naquele sentido. Não obstante seu trabalho duplo através do verão, ele não podia repousar. E, sem considerar sua debilidade, ele se aplicou a fazer a obra que outros haviam negligenciado. T3 19 2 A revista Reformer estava praticamente morta. O irmão B insistira nos pontos de vista extremos do Dr. Trall. Isto influenciara o doutor a se externar no Reformer de modo mais radical, quanto a deixar o uso do leite, açúcar e sal. A atitude de dever-se abandonar inteiramente o uso desses artigos pode estar certa, a seu tempo; mas não viera ainda a ocasião de assumir uma atitude geral quanto a esses pontos. E os que assumem tal posição, defendendo o completo abandono do leite, manteiga e açúcar, devem afastar de sua mesa essas coisas. O irmão B, mesmo enquanto se punha ao lado do Dr. Trall no Reformer, quanto ao efeito nocivo do sal, leite e açúcar, não praticava o que ensinava. Esses artigos eram usados diariamente em sua mesa. T3 20 1 Muitos dentre nosso povo haviam perdido o interesse no Reformer, e recebiam-se diariamente cartas com este pedido desanimador: "Queiram cancelar minha assinatura do Reformer." Recebemos cartas do Oeste, onde a região é nova e as frutas são escassas, perguntando: "Como os amigos da reforma de saúde vivem em Battle Creek? Dispensam eles o sal inteiramente? Se for verdade, não podemos no presente adotar a reforma de saúde. Só podemos obter pouca fruta, e abandonamos o uso de carne, chá, café e fumo; mas precisamos ter algo para sustentar a vida." T3 20 2 Tínhamos passado algum tempo no Oeste, e sabíamos da escassez de fruta, e simpatizávamos com nossos irmãos que estavam conscienciosamente procurando estar em harmonia com a corporação de adventistas guardadores do sábado. Eles estavam ficando desanimados, e alguns estavam abandonando a reforma de saúde, receando que em Battle Creek eles eram radicais e fanáticos. Em nenhum lugar do Oeste pudemos despertar interesse no sentido de obter assinaturas do Health Reformer. Vimos que os colaboradores do Reformer se afastavam do povo, deixando-o para trás. Se adotamos opiniões que os cristãos conscienciosos, que são de fato reformadores, não podem adotar, como esperar beneficiar a classe de pessoas que só podemos alcançar na área da saúde? T3 20 3 Não devemos ir mais depressa do que nos possam acompanhar aqueles cuja consciência e intelecto estão convencidos das verdades que defendemos. Devemos ir ao encontro do povo onde ele se acha. Alguns dentre nós levaram muitos anos para chegar à posição em que se encontram agora, na questão da reforma de saúde. É obra lenta efetuar uma reforma no regime alimentar. Temos de enfrentar fortes desejos, pois o mundo é dado à glutonaria. Se concedêssemos ao povo tanto tempo quanto nós levamos para chegar ao atual estado avançado na reforma, seríamos muito pacientes com eles, e permitiríamos que avançassem passo a passo, como fizemos nós, até que seus pés estivessem firmemente estabelecidos na plataforma da reforma de saúde. Devemos, porém, ser muito cautelosos para não avançar muito depressa, para que não sejamos obrigados a voltar atrás. Em matéria de reformas, é melhor ficar um passo aquém da meta do que avançar um passo além. E se houver algum erro, seja do lado mais favorável ao povo. T3 21 1 Acima de tudo, não devemos defender com a pena posições que não pomos à prova prática em nossa própria família, em nossas próprias mesas. Isso é uma dissimulação, uma espécie de hipocrisia. No Michigan podemos passar melhor sem sal, açúcar e leite do que muitos que moram no Extremo Oeste ou no Extremo Leste [dos Estados Unidos], onde há escassez de frutas. Mas há muito poucas famílias em Battle Creek que não põem esses artigos sobre suas mesas. Sabemos que o livre uso desses artigos é positivamente nocivo à saúde, e em muitos casos pensamos que, se não fossem usados absolutamente, desfrutar-se-ia muito melhor estado de saúde. T3 21 2 Mas no presente nossa preocupação não é em relação a essas coisas. O povo está tão atrasado que vemos que tudo que pode suportar agora é que o esclareçamos quanto às condescendências nocivas e os estimulantes narcóticos. Apresentamos positivo testemunho contra o fumo, as bebidas alcoólicas, rapé, chá, café, alimentos cárneos, manteiga, condimentos, bolos requintados, tortas de carne, excesso de sal, e todas as substâncias estimulantes usadas como alimento. T3 21 3 Se, aproximando-nos de pessoas que não foram esclarecidas em relação à reforma de saúde, lhes apresentarmos a princípio as atitudes mais radicais, há perigo de se desanimarem ao verem quanto têm que renunciar, de maneira que não farão esforços para reformar-se. Temos de guiar o povo ao longo do caminho paciente e gradualmente, lembrados da profundeza do abismo de onde fomos alçados. ------------------------Capítulo 2 -- Habilidade não santificada T3 22 1 Foi-me mostrado que o irmão B tem sérios defeitos de caráter, que o desqualificam a estar intimamente ligado com a obra de Deus onde responsabilidades importantes devem ser assumidas. Ele tem suficiente habilidade mental, mas o coração e as afeições não têm sido santificados para Deus; portanto, não se pode confiar nele como qualificado para uma obra tão importante como a publicação da verdade no Escritório em Battle Creek. Um erro ou negligência do dever nesta obra afeta a causa de Deus como um todo. O irmão B não percebeu seus defeitos, por isso não se reforma. T3 22 2 É por pequenas coisas que nosso caráter é formado em hábitos de integridade. Você, meu irmão, tem estado disposto a subestimar a importância dos pequenos incidentes da vida diária. Este é um grande erro. Nada que tenhamos a fazer é realmente insignificante. Toda ação é de algum peso, ou do lado certo ou do lado errado. É somente agindo por princípio nas pequenas transações comuns da vida que somos provados e nosso caráter formado. Nas variadas circunstâncias da vida somos testados e provados, e assim adquirimos poder para resistir às provas maiores e mais importantes que nos toca suportar, e somos qualificados para preencher posições ainda mais importantes. Deve a mente ser exercitada por meio de provas diárias a hábitos de fidelidade, a uma percepção das reivindicações do que é certo e do dever acima da inclinação e do prazer. As mentes assim exercitadas não hesitam entre o certo e o errado, como o junco oscila ao vento; mas tão logo se lhes apresente o assunto, discernem imediatamente que princípio está envolvido, e instintivamente escolhem o certo sem discutir o assunto por muito tempo. São leais porque se exercitaram para hábitos de fidelidade e verdade. Sendo fiéis no mínimo, adquirem força, e torna-se-lhes fácil serem fiéis em grandes coisas. T3 22 3 A educação do irmão B não foi de natureza a fortalecer aquelas qualidades morais que o habilitariam a ficar de pé somente pela força de Deus na defesa da verdade, em meio da mais severa oposição, firme como uma rocha aos princípios, leal ao caráter moral, inabalável a louvor humano, censura ou recompensas, preferindo a morte de preferência a uma consciência violada. Tal integridade é necessária no Escritório de Publicações, de onde verdades solenes e sagradas estão saindo, pelas quais o mundo deve ser provado. T3 23 1 A obra de Deus requer homens de alto poder moral para empenhar-se em sua divulgação. Procuram-se homens cujo coração seja fortalecido com santo fervor, homens de firme propósito que não sejam facilmente abalados, que possam renunciar a todo interesse egoísta e dar tudo pela cruz e a coroa. A causa da verdade presente está precisando de homens que sejam leais à retidão e ao dever, cuja integridade moral seja firme, e cuja energia seja comparável à generosidade da providência de Deus. Qualificações como estas são de maior valor do que riqueza incalculável investida na obra e causa de Deus. Energia, integridade moral e forte propósito pelo que é reto são qualidades que não podem ser supridas com qualquer quantia de ouro. Homens que possuem estas qualidades terão influência em toda parte. A vida deles é mais poderosa do que eloqüência sublime. Deus requer homens de sensibilidade, homens inteligentes, homens de integridade moral, os quais Ele possa fazer depositários de Sua verdade, e que representarão corretamente Seus sagrados princípios na vida diária. T3 23 2 Em certos aspectos o irmão B tem uma habilidade que poucos possuem. Se seu coração fosse consagrado à obra, ele poderia preencher uma posição importante no Escritório com a aprovação de Deus. Ele precisa converter-se e humilhar-se como uma criancinha, e procurar a religião pura do coração, a fim de que sua influência no Escritório, ou na causa de Deus em qualquer parte, seja o que deveria ser. Como tem sido, sua influência tem prejudicado a todos os que estão ligados ao Escritório, mas especialmente os jovens. Sua posição como chefe lhe deu influência. Ele não se conduziu conscienciosamente no temor de Deus. Favoreceu a uns mais do que a outros. Negligenciou aqueles que por sua fidelidade e habilidade mereciam encorajamento especial, e trouxe aflição e perplexidade àqueles pelos quais deveria ter um interesse especial. Os que ligam suas afeições e interesse a um ou dois, e os favorecem em detrimento de outros, não deviam nem por um dia manter sua posição no Escritório. Esse favoritismo não santificado a favor de alguns que agradam a sua fantasia, com negligência de outros que são conscienciosos e tementes a Deus, e a Seus olhos de mais valor, é ofensivo a Deus. Aquilo que Deus valoriza devemos valorizar. O adorno "de um espírito manso e quieto" (1 Pedro 3:4) Ele considera como de mais valor do que beleza externa, adorno exterior, riquezas ou honra mundana. T3 24 1 Os verdadeiros seguidores de Cristo não escolherão amizade íntima com aqueles cujo caráter tem sérios defeitos, e cujo exemplo como um todo não seria seguro seguir, enquanto é seu privilégio associar-se com pessoas que têm consciencioso respeito para com o dever nos negócios e na religião. Aqueles que têm falta de princípio e devoção geralmente exercem uma influência mais forte para moldar a mente de seus amigos íntimos do que é exercida por aqueles que parecem bem equilibrados e capazes de controlar e influenciar os que têm defeito de caráter, aqueles que têm falta de espiritualidade e devoção. T3 24 2 A influência do irmão B, se não for santificada, põe em perigo a salvação daqueles que lhe seguem o exemplo. Sua pronta diplomacia e habilidade são admiradas, e faz com que as pessoas ligadas a ele lhe dêem crédito por qualificações que não possui. No Escritório ele era negligente quanto a seu tempo. Se isso afetasse somente a ele, seria de pouca importância; mas sua posição como chefe deu-lhe influência. Seu exemplo diante das pessoas no Escritório, especialmente os aprendizes, não era prudente e consciencioso. Se, com seu talento engenhoso o irmão B possuísse um senso elevado de obrigação moral, seus serviços seriam inestimáveis para o Escritório. Se seus princípios fossem tais que nada o desviasse da linha reta do dever, se nenhuma sugestão que pudesse ser apresentada tivesse conseguido seu consentimento para a prática de uma ação errada, sua influência teria moldado outros; mas seu amor ao prazer o seduziu a abandonar seu posto de dever. Se ele tivesse estado na força de Deus, inamovível à censura ou lisonja, firme ao princípio, fiel a suas convicções da verdade e da justiça, teria sido um homem superior e teria obtido influência dominante em toda parte. O irmão B precisa de simplicidade e economia. Precisa do tato que o habilitaria a adaptar-se à generosa providência de Deus e a tornar-se o homem do momento. Ele ama o louvor humano. É levado pelas circunstâncias, sujeito à tentação e não se pode confiar em sua integridade. T3 25 1 A experiência religiosa do irmão B não era perfeita. Era movido por impulso, não por princípio. Não tinha o temor de Deus nem buscava Sua glória, e "seu coração não era reto para com Ele". Salmos 78:37. Ele agia de modo muito parecido com um homem empenhado em negócio comum; tinha muito pouco senso da santidade da obra em que estava empenhado. Não praticara abnegação e economia, e portanto não tinha experiência nisso. Por vezes ele trabalhava seriamente e manifestava bom interesse na obra. Então de novo se descuidava com seu tempo e gastava momentos preciosos em conversa sem importância, impedindo que outros cumprissem seu dever, dando-lhes um exemplo de irresponsabilidade e infidelidade. A obra de Deus é sagrada e requer homens de alta integridade. Precisam-se de homens cujo senso de justiça, mesmo nas questões menores, não lhes permita fazer um registro de seu tempo que não seja minucioso e correto; homens que reconheçam que estão lidando com recursos que pertencem a Deus, e que não se apropriem injustamente de um centavo sequer para uso próprio; homens que sejam tão fiéis e exatos, cuidadosos e diligentes no trabalho na ausência do chefe como em sua presença, demonstrando por sua fidelidade que não são meramente bajuladores, servos que precisam ser vigiados, mas obreiros conscienciosos, fiéis e verdadeiros, que fazem o que é correto não para receber louvor humano, mas porque amam e escolhem o correto devido ao elevado senso de sua obrigação para com Deus. T3 25 2 Os pais não são meticulosos na educação dos filhos. Não vêem a necessidade de moldar-lhes a mente pela disciplina. Dão-lhes uma educação superficial, manifestando maior cuidado pelo ornamental do que pela educação sólida que desenvolveria e dirigiria as aptidões de modo a expor as energias interiores, e fazer que as faculdades mentais se expandissem e se fortalecessem pelo exercício. As faculdades mentais precisam ser cultivadas a fim de serem usadas para a glória de Deus. Cuidadosa atenção deve ser dada ao cultivo do intelecto para que os vários órgãos da mente tenham igual força, sendo postos em exercício, cada um na sua função distinta. Se os pais deixarem os filhos seguirem a tendência da própria vontade, de sua inclinação e prazer, com negligência do dever, o caráter deles será formado segundo essa norma, e não terão competência para qualquer posição de responsabilidade na vida. Os desejos e inclinações dos jovens devem ser restringidos, fortalecidos os pontos fracos de caráter, e reprimidas as tendências fortes demais. T3 26 1 Caso se permita uma faculdade permanecer inativa ou ser desviada do próprio rumo, o propósito de Deus não é executado. Todas as faculdades devem ser bem desenvolvidas. A cada uma se deve dispensar cuidado, pois cada uma exerce influência sobre as outras, e todas elas devem ser exercitadas a fim que o espírito seja devidamente equilibrado. Caso um ou dois órgãos sejam cultivados e conservados em uso contínuo devido a terem nossos filhos escolhido pôr a força da mente em uma direção com negligência de outras faculdades mentais, chegarão à maturidade com a mente desequilibrada e o caráter desarmônico. Serão aptos e fortes em um sentido, mas grandemente deficientes em outros sentidos igualmente importantes. Não serão homens e mulheres competentes. Sua deficiência será acentuada e maculará todo o caráter. T3 26 2 O irmão B cultivou uma propensão quase incontrolável para passeios e viagens de entretenimento. Tempo e dinheiro são desperdiçados para satisfazer seu desejo por turismo. Seu amor egoísta pelo entretenimento leva à negligência de deveres sagrados. O irmão B gosta de pregar, mas nunca assumiu este trabalho de modo a sentir pesar quando não pregasse o evangelho. Com freqüência deixava o trabalho que exigia seu cuidado no Escritório para aceitar convites de alguns de seus irmãos em outras igrejas. Se tivesse sentido a solenidade da obra de Deus para esta época, e marchasse fazendo de Deus sua confiança, praticando abnegação e exaltando a cruz de Cristo, teria realizado algum bem. Mas ele freqüentemente tinha tão pouca percepção da santidade da obra, que aproveitava a oportunidade de visitar outras igrejas fazendo da ocasião uma cena de satisfação própria, em suma, uma viagem de entretenimento. Que contraste entre sua conduta e a seguida pelos apóstolos, que saíam levando a palavra de vida, e na demonstração do Espírito pregavam Cristo crucificado! Eles assinalavam o caminho da vida mediante abnegação e a cruz. Tinham comunhão com seu Salvador em Seus sofrimentos, e seu maior desejo era conhecer "Jesus Cristo, e Este crucificado". 1 Coríntios 2:2. Não consideravam a conveniência própria, nem contavam sua vida como preciosa. Viviam não para divertir-se, mas para fazer o bem, e para salvar pecadores pelos quais Cristo morreu. T3 27 1 O irmão B pode apresentar argumentos sobre pontos de doutrina, mas as lições práticas de santificação, abnegação e a cruz, ele mesmo não as experimentou. Pode falar ao ouvido, mas não tendo sentido sobre o coração a influência santificadora destas verdades, nem as tendo praticado em sua vida, ele deixa de inculcar a verdade sobre a consciência com um senso profundo de sua importância e solenidade em vista do juízo, quando cada caso deve ser decidido. O irmão B não educou a mente, e sua conduta fora da reunião não tem sido exemplar. Não parece repousar sobre ele a responsabilidade da obra, mas ele tem sido superficial e infantil, e por seu exemplo tem rebaixado a norma da religião. Coisas sagradas e comuns têm sido postas no mesmo nível. T3 27 2 O irmão B não tem estado disposto a suportar a cruz; nem a seguir a Cristo da manjedoura ao tribunal e ao Calvário. Ele tem acarretado sobre si mesmo penosa aflição buscando o próprio prazer. Precisa ainda aprender que sua força é fraqueza e sua "sabedoria" "é loucura". 1 Coríntios 3:19. Se tivesse sentido que estava empenhado na obra de Deus, e que estava em dívida para com Aquele que lhe deu tempo e talentos, e que requeria que estes fossem usados para Sua glória -- tivesse ele ficado firme no seu posto -- não teria sofrido aquela longa e enfadonha enfermidade. Sua exposição naquela viagem de entretenimento causou-lhe meses de sofrimento, e teria causado sua morte não fosse pela oração sincera e eficaz oferecida em seu favor por aqueles que achavam que ele não estava preparado para morrer. Tivesse ele morrido naquela ocasião e seu caso seria muito pior do que o de um pecador não iluminado. Mas Deus misericordiosamente ouviu a oração de Seu povo e deu-lhe novo período de vida, para que tivesse oportunidade de arrepender-se de sua infidelidade e remir o tempo. Seu exemplo influenciou a muitos em Battle Creek na direção errada. T3 28 1 O irmão B recuperou-se de sua enfermidade, mas quão pouco ele ou sua família se humilharam sob a mão de Deus. A obra do Espírito de Deus e a sabedoria que vem dEle não são manifestas para que possamos estar felizes e satisfeitos conosco mesmos, mas para que nossa mente seja renovada em conhecimento e verdadeira santidade. Quão melhor não teria sido para este irmão se sua enfermidade tivesse motivado um exame fiel do coração, para descobrir as imperfeições de seu caráter, para que as pusesse de lado, e com espírito humilde saísse da fornalha como ouro purificado, refletindo a imagem de Cristo. T3 28 2 A doença que ele acarretou sobre si mesmo, a igreja o ajudou a suportar. Foram-lhe providenciados atendentes e suas despesas foram, em grande medida, custeadas pela igreja; mas nem ele nem sua família apreciaram esta generosidade e ternura da parte da igreja. Sentiram que mereciam tudo que foi feito por eles. Ao irmão B levantar-se de sua enfermidade, sentiu-se ofendido com meu marido porque ele desaprovou sua conduta, que era censurável. Ele uniu-se com outros para prejudicar a influência de meu marido, e desde que deixou o Escritório não tem se sentido bem. Ele mal suportaria o teste de ser provado por Deus. T3 28 3 O irmão B não aprendeu ainda a lição que terá de aprender se houver de ser salvo afinal -- negar a si mesmo e resistir a seu amor aos prazeres. Terá de passar pela experiência outra vez e ser provado ainda mais severamente, porque deixou de suportar as provas do passado. Ele desagradou a Deus ao justificar-se. Tem pouca experiência na comunhão com os sofrimentos de Cristo. Gosta de ostentação e não economiza seus recursos. O Senhor sabe. Ele pesa os sentimentos interiores e as intenções do coração. Ele compreende o ser humano. Prova nossa fidelidade. Requer que O amemos e O sirvamos de todo o "entendimento", de todo o "coração" e de todas as "forças". Marcos 12:30. Os amantes de prazeres podem aparentar uma forma de piedade que envolve até mesmo alguma abnegação, e podem sacrificar tempo e dinheiro, e ainda o eu não ser subjugado, e a vontade levada em sujeição à vontade de Deus. T3 29 1 A influência das jovens D era má em Battle Creek. Não tinham sido educadas. Sua mãe negligenciara seu dever sagrado e não refreara seus filhos. Não os tinha criado no temor e admoestação do Senhor. Foram mimados e dispensados de levar responsabilidades até não terem prazer nos deveres simples da vida doméstica. A mãe ensinara as filhas a pensar muito sobre vestuário, mas o adorno interior não foi exaltado diante delas. Essas jovens eram vaidosas e orgulhosas. Sua mente era impura; a conversa delas corruptora; e não obstante havia uma classe em Battle Creek que se associava com tal tipo de mentalidade, mas não podia associar-se-lhe sem descer a seu nível. Essas jovens não foram tratadas com a severidade que o caso exigia. Gostam da companhia de rapazes, e os rapazes são o tema de sua meditação e conversação. Têm modos corruptos, são teimosas e presunçosas. T3 29 2 A família inteira ama a ostentação. A mãe não é uma mulher prudente e digna. Não está qualificada para criar filhos. Vestir seus filhos para chamar a atenção é de maior significado para ela do que o adorno interior. Ela não tem se disciplinado. Sua vontade não tem sido conformada com a vontade de Deus. Seu coração não está correto para com Deus. T3 30 1 Ela é uma estranha à atuação de Seu Espírito sobre o coração, o que leva os desejos e afeições em conformidade "à obediência de Cristo". II Cor. 10.5. Ela não possui qualidades mentais enobrecedoras e não discerne as coisas sagradas. Permitiu que seus filhos fizessem o que bem entendessem. A experiência terrível que ela teve com dois de seus filhos mais velhos não fez sobre sua mente a impressão profunda que as circunstâncias exigiam. Ela educou os filhos a amarem o vestuário, a vaidade e a extravagância. Não disciplinou suas duas filhas mais novas. A D, sob uma influência apropriada, seria um jovem digno; mas tem muito a aprender. Ele segue a inclinação em vez do dever. Gosta de fazer a própria vontade e satisfazer o prazer, e não tem conhecimento correto dos deveres que recaem sobre um cristão. Alegremente interpretaria como seu dever a satisfação e inclinação próprias. Ele não dominou a satisfação própria. Tem muito a fazer para melhorar sua visão espiritual, para que possa compreender o que seja ser consagrado a Deus e aprender as reivindicações de Deus sobre ele. Os sérios defeitos de sua educação lhe afetaram a vida. T3 30 2 Se, com suas boas qualificações, o irmão B fosse bem equilibrado e um chefe fiel, seu trabalho seria de grande valia para o Escritório, e ele poderia ganhar o dobro do salário. Mas durante os últimos anos, considerando sua deficiência, com sua influência não consagrada, o Escritório faria melhor sem ele, mesmo se seus trabalhos fossem gratuitos. O irmão e a irmã B não aprenderam a lição da economia. A satisfação do apetite e o amor ao prazer e ostentação têm tido uma influência esmagadora sobre eles. Salário pequeno seria mais vantajoso para eles do que grande. Seriam capazes de gastar tudo, por mais que fosse. Esbanjariam e então, ao vir sobre eles a aflição, estariam inteiramente desprevenidos. Gastariam vinte dólares por semana tão facilmente como doze. Tivessem o irmão e a irmã B sido hábeis administradores, privando a si mesmos, teriam já há tempo um lar próprio e ainda recursos de que servir-se em caso de adversidade. Mas eles não querem economizar como outros têm feito, dos quais têm sido algumas vezes dependentes. Se negligenciam aprender essas lições, seu caráter não será encontrado perfeito no dia de Deus. T3 31 1 O irmão B tem sido alvo do grande amor e condescendência de Cristo, e não obstante ele nunca sentiu que poderia imitar o grande Modelo. Ele reivindica, e durante toda sua vida tem buscado, um melhor quinhão nesta vida do que foi dado a nosso Senhor. Nunca sentiu as profundezas da ignorância e pecado das quais Cristo Se propôs erguê-lo e ligá-lo a Sua natureza divina. T3 31 2 É coisa terrível ministrar coisas sagradas quando o coração e as mãos não são santificados. Ser colaborador com Cristo envolve responsabilidades tremendas; estar de pé como Seu representante não é questão de pouca importância. As terríveis realidades do juízo porão à prova o trabalho de cada um. O apóstolo disse: "Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor." "Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo." 2 Coríntios 4:5, 6. A suficiência do apóstolo não estava nele mesmo, mas na influência benevolente do Espírito de Cristo, que lhe enchia a mente e levava "cativo todo o entendimento à obediência de Cristo". 2 Coríntios 10:5. O poder da verdade acompanhando a palavra pregada será um "cheiro de vida para vida" ou "de morte para morte". 2 Coríntios 2:16. Requer-se dos pastores que sejam exemplos vivos da mente e espírito de Cristo, cartas vivas, conhecidas e lidas "por todos os homens". 2 Coríntios 3:2. Tremo quando considero que há alguns pastores, mesmo entre adventistas do sétimo dia, que não são santificados pela verdade que pregam. Nada menos que o vivificante e poderoso Espírito de Deus atuando no coração de Seus mensageiros para "iluminação do conhecimento da glória de Deus" (2 Coríntios 4:6) pode assegurar-lhes a vitória. T3 31 3 A pregação do irmão B não tem sido marcada pela sanção do Espírito de Deus. Ele pode falar fluentemente e esclarecer um ponto, mas tem faltado espiritualidade a sua pregação. Seus apelos não têm tocado o coração com nova ternura. Tem havido uma sucessão de palavras, mas o coração de seus ouvintes não tem sido vivificado e enternecido com a percepção do amor de um Salvador. T3 32 1 Pecadores não têm sido convencidos e atraídos a Cristo pela percepção de que "Jesus, o Nazareno, passava". Lucas 18:37. Os pecadores devem ter clara impressão da proximidade e boa vontade de Cristo em conceder-lhes salvação. O Salvador deve ser apresentado ao povo, enquanto o coração do orador deve ser subjugado pelo Espírito de Deus e ser dEle imbuído. O próprio tom da voz, o olhar, as palavras, devem possuir um poder irresistível para impressionar corações e controlar mentes. Jesus deve estar no coração do pastor. Se Jesus está nas palavras e no tom da voz, se são suaves com Seu terno amor, demonstrar-se-ão uma bênção de maior valor do que todas as riquezas, prazeres e glórias da Terra; pois tais bênçãos não vêm e vão sem efetuar uma obra. Convicções serão aprofundadas, impressões serão feitas e surgirá a pergunta: "Que devo fazer para que seja salvo?" Atos dos Apóstolos 16:30. ------------------------Capítulo 3 -- Mentes desequilibradas T3 32 2 Deus confiou a cada um de nós sagrados depósitos, pelos quais nos considera responsáveis. É desígnio Seu que eduquemos de tal modo a mente que sejamos aptos a exercitar os talentos que Ele nos deu de maneira a efetuar o máximo bem, e refletir a glória do Doador. A Deus somos devedores de todas as faculdades mentais. Essas faculdades podem ser cultivadas, dirigidas e controladas de modo tão sábio que realizem o desígnio para que nos foram concedidas. É dever educar a mente de modo a manifestar as energias da alma, e desenvolver cada faculdade. Quando todas as faculdades se acham em exercício, o intelecto será fortalecido, e o desígnio para que elas foram dadas terá seu cumprimento. T3 32 3 Muitos não fazem a maior soma de bem porque aplicam o intelecto em uma direção, negligenciando dar atenção às coisas para as quais julgam não ser aptos. Algumas faculdades fracas são assim deixadas inativas, porque não é agradável o trabalho que as chamaria à atividade e lhes daria vigor. Todas as energias da mente devem ser exercitadas, todas as faculdades cultivadas. A percepção, o discernimento, a memória e todas as faculdades de raciocínio devem ter igual vigor, a fim de que a mente seja bem equilibrada. T3 33 1 Caso certas faculdades sejam usadas em detrimento de outras, não se cumpre plenamente o objetivo de Deus em nós; pois todas essas faculdades têm que ver umas com as outras, e são em alto grau interdependentes. Uma não pode ser eficientemente usada sem o funcionamento de todas, para que se possa manter cuidadosamente o equilíbrio. Se toda atenção e força forem dadas a uma delas, enquanto as outras jazem inativas, aquela se desenvolverá vigorosamente, e levará a extremos, visto nem todas haverem sido cultivadas. Algumas mentes são atrofiadas, e não devidamente equilibradas. Todas as mentes não são constituídas naturalmente da mesma maneira. Temos mentes de várias espécies; algumas são fortes em certos pontos, e muito fracas em outros. Estas deficiências, tão evidentes, não precisam nem devem existir. Se os que as possuem fortalecessem os pontos fracos de seu caráter mediante cultivo e exercício, eles se tornariam fortes. T3 33 2 É agradável, mas não muito proveitoso, exercitar as faculdades naturalmente mais vigorosas, ao passo que negligenciamos as fracas, mas que necessitam ser cultivadas. As mais débeis devem receber a devida atenção, para que todas as faculdades do intelecto sejam bem equilibradas, fazendo todas sua parte como um maquinismo bem regulado. Dependemos de Deus para a conservação de todas as nossas faculdades. Os cristãos têm para com Ele obrigação de exercitar a mente de maneira que todas as faculdades sejam fortalecidas, e desenvolvidas em maior plenitude. Se negligenciamos isso, elas nunca realizarão o desígnio para que foram destinadas. Não temos o direito de negligenciar nenhuma dessas faculdades a nós dadas por Deus. Vemos por toda parte pessoas obsessivas. São freqüentemente sadias em todos os sentidos menos um. A razão disso é que um órgão da mente foi mais exercitado, enquanto outros foram deixados inativos. Aquele que esteve em uso constante tornou-se gasto, enfermo, e o homem tornou-se uma ruína. Deus não é glorificado com essa atitude. Houvesse tal pessoa cultivado todos os órgãos igualmente, todos teriam saudável desenvolvimento; não haveria sido lançado todo o trabalho sobre um, e portanto nenhum se haveria esgotado. T3 34 1 Os pastores devem guardar-se para não impedir os desígnios de Deus por causa dos próprios planos. Eles se acham em risco de oposição à obra de Deus, de limitarem seus trabalhos a certas localidades, e não cultivarem especial interesse por essa divina obra em todos os seus vários departamentos. Alguns há que concentram a mente sobre um assunto, com exclusão de outros que podem ser de igual importância. São homens de uma única idéia. Todas as energias de seu ser são concentradas no assunto sobre que sua mente é exercitada na ocasião. Todas as outras considerações são perdidas de vista. Esse tema favorito é a preocupação de seus pensamentos e o assunto de sua conversa. Toda prova que tiver relação com esse assunto é ansiosamente agarrada e aplicada, e tanto demoram nisso que as mentes se fatigam em acompanhá-los. T3 34 2 Perde-se freqüentemente tempo em explicar pontos da verdade realmente sem importância, e que poderiam ser considerados corretos sem apresentação de tantas provas, pois se demonstram por si mesmos. Mas aqueles que são reais, vitais, devem-se tornar tão claros e convincentes quanto os puderem fazer a linguagem e as provas. O poder de concentrar a mente em um assunto com exclusão de outros é bom até certo ponto; o constante exercício dessa faculdade, porém, gasta os órgãos chamados a esse trabalho; isto lança grande sobrecarga sobre eles, e o resultado é o fracasso em realizar a máxima quantidade de bem. O desgaste principal fica sobre determinada série de órgãos, enquanto os demais permanecem inativos. A mente não pode assim ser saudavelmente exercitada, e em conseqüência é abreviada a vida. T3 34 3 Todas as faculdades devem executar parte do trabalho colaborando harmoniosamente, equilibrando-se uma à outra. Os que põem toda a energia de seu cérebro em um só assunto são grandemente deficientes em outros pontos, pela razão de que as faculdades não são cultivadas igualmente. O assunto que está perante eles lhes prende a atenção, e são levados sempre avante, e penetram cada vez mais profundamente na questão. Vêem conhecimento e clareza ao se interessarem e absorverem. Poucas, porém, são as mentes que os podem acompanhar, a menos que tenham dado ao assunto a mesma profundeza de pensamento. Há perigo de que esses homens arem e plantem a semente da verdade tão fundo que a tenra e preciosa haste jamais venha à superfície. T3 35 1 Faz-se muitas vezes muito trabalho árduo que não é requerido, e que não será apreciado. Caso os que têm grande poder de concentração cultivem essa faculdade com negligência de outras, não poderão possuir mente bem proporcionada. Assemelham-se às máquinas em que apenas um jogo de rodas funciona em determinado tempo. Enquanto algumas rodas se enferrujam por inatividade, outras se gastam por uso contínuo. Os homens que cultivam uma ou duas faculdades, e não exercitam todas igualmente, não podem realizar metade do bem que Deus designou que fizessem no mundo. São homens unilaterais; apenas metade da capacidade que Deus lhes deu é posta em uso, ao passo que a outra fica enferrujando na inatividade. T3 35 2 Caso essa classe de mentalidade tenha uma obra especial a exigir consideração, não deve exercitar todas as suas energias naquele único ponto, com exclusão de todos os outros interesses. Enquanto tornam o assunto em consideração o objeto principal, outros ramos da obra devem merecer-lhes parte do tempo. Isto seria muito melhor para eles próprios, e para a causa em geral. Um dos ramos da obra não deve receber atenção absoluta, com exclusão de todos os outros. Em seus escritos, alguns precisam guardar-se constantemente quanto a não obscurecerem pontos que são evidentes, com o amontoarem sobre eles muitos argumentos que não têm vivo interesse para o leitor. Se eles se detêm tediosamente sobre certos pontos, dando todo pormenor que lhes ocorre à mente, seu trabalho fica por assim dizer perdido. O interesse do leitor não será suficientemente profundo para seguir o assunto até ao fim. Os pontos mais essenciais da verdade podem ser tornados indistintos com o dar-se atenção a todo pequenino pormenor. Abrange-se muito terreno; mas a obra em que se emprega tanto labor não é calculada a realizar a maior soma de benefício, despertando o interesse geral. T3 36 1 Nesta época em que as fábulas agradáveis andam flutuando no ambiente e atraindo a mente, a verdade apresentada em estilo fácil, confirmada com poucas provas vigorosas, é melhor que buscar e fazer uma série avassaladora de demonstrações; pois então o ponto não fica tão claro em muitas mentes como antes de as objeções e evidências lhes serem apresentadas. Para muitos, as afirmações têm mais eficácia que as longas argumentações. Tomam muita coisa por certa. As provas não ajudam o caso na mente de pessoas assim. Adventistas oponentes T3 36 2 Nossos oponentes mais amargos se acham entre os adventistas do primeiro dia. Eles não se empenham no combate de modo honroso. Seguem qualquer conduta, por mais irrazoável e incoerente, para esconder a verdade e tentar fazer que pareça que a lei de Deus não está em vigor. Lisonjeiam-se de que o fim justifica os meios. Pessoas dentre eles, nas quais não tinham confiança, começarão um ataque contra o sábado do quarto mandamento, e darão publicidade a suas afirmações, ainda que falsas, injustas e mesmo ridículas, se puderem fazê-las pesar contra a verdade que odeiam. T3 36 3 Não devíamos ser movidos ou desconcertados por esta guerra injusta de pessoas irrazoáveis. Aqueles que recebem e se agradam com o que essas pessoas falam e escrevem contra a verdade não são aqueles que seriam convencidos da verdade ou que honrariam a causa de Deus se a aceitassem. Tempo e energia podem ser melhor empregados do que demorar-nos sobre os enganos de nossos oponentes que usam de calúnia e falsas representações. Enquanto tempo precioso é empregado seguindo as distorções e subterfúgios de oponentes desonestos, o povo que está aberto à convicção está perecendo por falta de conhecimento. Uma série de enganos tolos inventados pelo próprio Satanás recebe atenção, enquanto o povo está clamando por alimento, por "sustento em tempo oportuno". Salmos 104:27. T3 37 1 Pessoas que treinaram a mente para guerrear contra a verdade são usadas para manufaturar enganos. E não mostraremos sabedoria tomando-os de suas mãos, e passando-os a milhares que jamais teriam pensado neles não tivéssemos nós os publicado ao mundo. É isso que nossos oponentes querem que façamos; querem ser notados e que publiquemos por eles. Isso é especialmente verdade a respeito de alguns. É seu objetivo principal escrever suas falsidades e representar mal a verdade e o caráter daqueles que amam e defendem a verdade. Eles desaparecerão mais rapidamente se forem ignorados, se deixarmos que seus erros e falsidades sejam tratados com desprezo silencioso. Eles não querem ser ignorados. Oposição é o elemento que amam. Não fosse por isso, teriam pouca influência. T3 37 2 Os adventistas do primeiro dia, como uma classe, são os mais difíceis de serem alcançados. Geralmente rejeitam a verdade como faziam os judeus. Devíamos, tanto quanto possível, prosseguir como se essa gente não existisse. São elementos de confusão, e imoralidades existem entre eles em terrível profusão. Seria a maior calamidade se muitos deles abraçassem a verdade. Teriam de desaprender tudo e aprender de novo, ou nos causariam grande problema. Há ocasiões em que suas deslumbrantes mistificações precisam ser contestadas. Quando esse for o caso, isso deve ser feito logo e em poucas palavras, e depois deveríamos prosseguir com nosso trabalho. O plano do ensino de Cristo deve ser o nosso. Ele era franco e simples, indo diretamente à raiz da questão, e o desejo de todos era satisfeito. T3 37 3 Não é o melhor procedimento ser explícito demais e dizer tudo o que pode ser dito sobre um ponto, quando uns poucos argumentos abrangeriam o assunto e seriam suficientes para todos os propósitos práticos a fim de convencer ou silenciar os oponentes. Vocês podem remover todos os argumentos hoje e fechar a boca de provocadores de modo a não poderem dizer nada, e amanhã eles repetirão os mesmos argumentos. Assim será, vez após vez, porque não amam a luz e não vêm à luz, com receio de que sua escuridão e erro sejam removidos deles. É um plano melhor ter uma reserva de argumentos do que derramar um mundo de conhecimento sobre um assunto que poderia ser aceito sem argumento elaborado. O ministério de Cristo durou apenas três anos, e uma grande obra foi realizada neste curto período. Nestes últimos dias há uma grande obra a ser realizada em pouco tempo. Enquanto muitos estão se aprontando para fazer algo, seres humanos estão perecendo por falta de luz e conhecimento. T3 38 1 Se homens que se empenham em apresentar e defender a verdade da Bíblia empenharem-se em examinar e mostrar o engano e inconsistência de homens que desonestamente mudam a verdade de Deus em mentira, Satanás suscitará oponentes suficientes para manter suas canetas constantemente em uso, enquanto outros ramos da obra serão deixados a sofrer. T3 38 2 Precisamos ter mais do espírito daqueles homens que se empenharam em edificar os muros de Jerusalém. Estamos "fazendo uma grande obra, de modo que não" podemos "descer". Neemias 6:3. Se Satanás percebe que pode manter homens respondendo as objeções de oponentes, e assim manter suas vozes silenciosas, e impedir que façam a obra mais importante para o tempo presente, seu objetivo é alcançado. T3 38 3 O livro Sabbath History tem sido retido do povo por demasiado tempo. As pessoas precisam dessa obra preciosa, mesmo se não a possuírem em toda sua perfeição. Não pode ser jamais preparada de modo a silenciar plenamente oponentes irrazoáveis, que são instáveis e que torcem as Escrituras para a própria perdição. Este é um mundo atarefado. Homens e mulheres empenhados na faina da vida não têm tempo para meditar, ou mesmo ler a Palavra de Deus o suficiente para compreender todas as suas verdades importantes. Argumentos longos e elaborados interessarão a bem poucos, pois o povo precisa ler enquanto corre. Vocês não podem remover as objeções ao mandamento do sábado da mente dos adventistas do primeiro dia mais do que podia o Salvador do mundo, por Seu grande poder e milagres, convencer os judeus de que Ele era o Messias, uma vez que se tinham decidido a rejeitá-Lo. Como os judeus obstinados e incrédulos, eles escolheram trevas em vez de luz, e mesmo se um anjo lhes falasse diretamente da corte celestial, diriam que foi Satanás. T3 39 1 O mundo precisa de trabalho agora. Chamados vêm de todas as direções como o clamor macedônico: "Passa... e ajuda-nos." Atos dos Apóstolos 16:9. Argumentos simples e ao ponto, destacando-se como marcos quilométricos, farão mais para convencer as pessoas em geral do que uma longa série de argumentos que cobrem muito terreno, mas que ninguém exceto mentes pesquisadoras terão interesse de seguir. O livro Sabbath History deve ser dado ao povo. Enquanto uma edição está circulando, e o povo está sendo beneficiado por ela, outras melhorias podem ser feitas até que seja feito tudo o que é possível para torná-lo perfeito. Nosso sucesso estará em alcançar mentes comuns. Aqueles que têm talento e posição estão tão exaltados acima da simplicidade da obra, e tão satisfeitos consigo mesmos, que não sentem necessidade da verdade. Estão exatamente onde os judeus estavam, cheios de justiça própria e auto-suficiência. Estão sãos e "não necessitam de médico". Marcos 2:17. ------------------------Capítulo 4 -- Amizade íntima com mundanos T3 39 2 Em 10 de Dezembro de 1871, foi-me mostrado, irmão E, que você e suas irmãs estavam em uma condição muito perigosa; e o que faz sua posição ainda mais perigosa é que vocês não reconhecem sua verdadeira condição. Vi que estavam envoltos em trevas. Estas trevas não baixaram sobre vocês subitamente. Vocês começaram a entrar na névoa da escuridão gradualmente, e quase imperceptivelmente, até que as trevas eram como luz para vocês, mas a nuvem está ficando mais densa cada dia. De vez em quando, vi um raio de luz dissipando as trevas de vocês; então de novo elas os fechavam, de modo mais firme e mais denso do que antes. T3 39 3 Suas aulas de canto têm sido uma cilada para vocês. Nem você nem suas irmãs têm experiência profunda que os habilitará a entrar em contato com as influências que encontram nas aulas de canto, sem serem afetados. Exigiria mente mais forte, com caráter mais resoluto do que vocês três possuem, para freqüentar a sociedade em que vocês estão e não ser afetado. Ouça as palavras de Cristo: "Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos Céus." Mateus 5:14-16. Tem seu exemplo e influência sido daquele caráter positivo que impressionasse e convencesse seus colegas? Penso que não. Você tem sido prejudicado. Trevas baixaram sobre você e obscureceram sua luz de modo que não ardeu com aquele brilho para dissipar as trevas em volta de outros. Você tem se distanciado mais e mais de Deus. T3 40 1 Meu irmão, você tem idéia muito vaga do que está fazendo. Colocou-se diretamente no caminho do progresso espiritual de suas irmãs. Elas, mais especialmente F, têm se emaranhado nas ciladas enfeitiçantes e satânicas do espiritualismo. Para ela se libertar desse lodo profano de Satanás, que tem pervertido sua concepção das coisas eternas, terá de fazer enorme esforço. O escape será por um triz. Você mesmo tem sido cegado, enganado e fascinado. Você não se vê. Todos vocês são muito fracos, quando podiam ser fortes na verdade preciosa e salvadora, fortalecidos, firmados e estabelecidos sobre a Rocha Cristo Jesus. Sinto profundamente. Tremo por vocês. Vejo tentações de todos os lados, e vocês com tão pouca força para resisti-las. T3 40 2 Irmão E, foi-me mostrado que você é arrogante; está enganado quanto a seus motivos e o propósito real de seu coração. Eu o vi na companhia da filha do irmão G. Ela nunca entregou o coração a Cristo. Foi-me mostrado que ela está impressionada e convicta. Mas sua conduta não era de molde a aprofundar a convicção, ou para dar a ela a impressão que havia uma importância especial ligada a estas questões. Você professa considerar sagrada a salvação do pecador e a verdade presente. Ela não respeita o sábado por questão de princípio. Ela ama a vaidade do mundo e gosta do orgulho e divertimentos da vida. Mas você está se distanciando tão gradualmente de Deus e da luz, que não vê a separação que a verdade necessariamente causa entre os que amam a Deus e os que "são mais amigos dos prazeres que amigos de Deus". 2 Timóteo 3:4. Vi que você era atraído à companhia dela. Reuniões religiosas e deveres sagrados eram de pouca importância, enquanto a presença de uma mera criança que não tem conhecimento da verdade ou de coisas celestiais o fascinava. Você tem negligenciado a abnegação e a cruz, que jazem diretamente no caminho de cada discípulo de Cristo. T3 41 1 Foi-me mostrado que se você estivesse andando na luz teria tomado sua posição decididamente a favor da verdade. Seu exemplo mostraria que você considerava a verdade que professa como tendo tal importância que suas afeições e coração podiam ir apenas para onde a imagem de Cristo fosse perceptível. Cristo agora lhe diz: Quem quer você ter, Eu ou o mundo? Sua decisão deve ser feita aqui. Seguirá você os impulsos de um coração não santificado, desviar-se-á da abnegação por amor de Cristo, e pisará a cruz sem levantá-la? Ou levantará você a cruz, por mais pesada que seja, e fará algum sacrifício por amor da verdade? Que Deus o ajude a ver onde você está, para que avalie corretamente as coisas eternas. Você agora tem tão pouca visão espiritual que as coisas santas e sagradas são postas no mesmo nível que as comuns. Você tem responsabilidades. Sua influência em grande medida afeta suas irmãs. Sua única segurança é a separação do mundo. T3 41 2 Foi-me mostrado você, meu irmão, levando os jovens com você a cenas de divertimento na hora de atividade religiosa, e também se envolvendo em aulas de canto com mundanos que estão todos nas trevas e que têm anjos maus a seu redor. Como sua luz fraca e bruxuleante se afigura em meio desta escuridão e tentação? Os anjos de Deus não o assistem nestas ocasiões. Você é deixado a caminhar na própria força. Satanás bem se agrada com sua posição; porque ele pode fazê-lo mais eficiente em seu serviço do que se você não professasse ser um cristão guardando todos os mandamentos de Deus. A Testemunha Verdadeira Se dirige à igreja de Laodicéia: "Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente. Tomara que foras frio ou quente! Assim, porque és morno e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da Minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta (e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu), aconselho-te que de Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças, e vestes brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso e arrepende-te." Apocalipse 3:15-19. T3 42 1 Você é cego e arrogante. Sentia-se forte quando era a fraqueza em pessoa. Você pode ser forte no Todo-poderoso. Pode ser um instrumento de justiça se estiver disposto a sofrer por amor de Cristo. Você e suas irmãs podem remir o tempo se quiserem, mas custará algum esforço. Sua irmã mais nova está ligada a alguém que não é digno de suas afeições. Há sérios defeitos no caráter dele. Ele não tem reverência por coisas sagradas e santas; seu coração não foi mudado pelo Espírito de Deus. É egoísta, jactancioso e ama mais o prazer do que o dever. Ele não tem experiência em abnegação e humilhação. T3 42 2 Deve ser exercida grande cautela na formação de amizade, para que não seja adquirida intimidade com alguém cujo exemplo não seria seguro seguir; porque o efeito de tal intimidade é de levar para longe de Deus, da devoção e do amor à verdade. É positivamente perigoso para você ter intimidade com amigos que não têm experiência religiosa. Se um de vocês, ou todos os três, seguir as orientações do Espírito de Deus, ou valorizar a salvação da própria alma, não escolherá como seus amigos especiais e íntimos aqueles que não consideram seriamente as coisas religiosas, e que não vivem sob sua influência prática. Você deve considerar os interesses eternos em primeiro lugar. Nada pode ter uma influência mais sutil e positivamente perigosa sobre a mente, e servir mais eficazmente para banir impressões sérias e as convicções do Espírito de Deus, do que associar-se com aqueles que são vãos e descuidados, e cuja conversa é sobre o mundo e a vaidade. Quanto mais atrativas essas pessoas podem ser em outros aspectos, tanto mais perigosa é sua influência como companheiros, porque colocam sobre uma vida sem religião tantas atrações agradáveis. T3 43 1 Deus tem direitos sobre vocês três, os quais não podem levianamente ignorar. Jesus os comprou ao preço de Seu precioso sangue. "Não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus." 1 Coríntios 6:19, 20. Não têm vocês um sacrifício a oferecer a Deus? Grandes responsabilidades confrontam a cada um de vocês no dia-a-dia. Seu relatório é apresentado diariamente a Deus. Grandes perigos jazem escondidos em seu caminho. Se fosse possível, eu os tomaria em meus braços e os carregaria em segurança; mas isso não me é permitido fazer. Vocês estão no período mais crítico de sua vida. Se despertarem as energias mentais e as dirigirem de modo a assegurar coisas de interesse eterno, e se subordinarem tudo a isso, vocês terão sucesso em aperfeiçoar um caráter cristão. Todos vocês podem empenhar-se em guerra espiritual contra os pecados que os rodeiam, e podem, através de Cristo, sair vitoriosos. Mas não será brincadeira de criança. Será uma luta séria, que envolve desprendimento e decisão de carregar a cruz. O risco é vocês não reconhecerem plenamente suas reincidências e sua condição perigosa. A menos que olhem a vida tal qual é, lançando para o lado as brilhantes fantasias da imaginação, e descendo às sóbrias lições da experiência, despertarão quando for tarde demais. Verão então o terrível erro que cometeram. T3 43 2 Sua educação não tem sido da qualidade a formar caráter sólido e consistente, portanto têm de obter agora a educação que deviam ter tido há anos. Sua mãe era excessivamente carinhosa com vocês. A mãe nunca ama demasiadamente os filhos, mas pode amar insensatamente e permitir que sua afeição a cegue aos próprios interesses deles. Vocês tiveram uma mãe condescendente e amorosa. Ela protegeu excessivamente os filhos. A vida dela foi quase esmagada pelas responsabilidades que os filhos deviam ter assumido, e que podiam desempenhar melhor do que ela. T3 44 1 A falta de firmeza e abnegação no caráter é um sério entrave para vocês obterem genuína experiência religiosa que não seja como a areia movediça. Devem ser cultivadas firmeza e integridade de propósito. Estas qualidades são positivamente necessárias à vida cristã vitoriosa. Se vocês tiverem integridade interior, não serão desviados do caminho reto. Nenhum motivo será suficiente para desviá-los da reta linha do dever; vocês serão leais e verdadeiros para com Deus. As solicitações da afeição e do amor, os desejos de amizades, não os levarão a deixar a verdade e o dever; vocês não sacrificarão o dever à inclinação. T3 44 2 Se você, meu irmão, é tentado a unir o interesse de toda a sua vida a uma menina jovem e inexperiente, a quem falta mesmo a educação nos deveres diários, práticos e comuns da vida, comete um erro; mas tal falta é pequena em comparação com a ignorância dela acerca de seu dever para com Deus. Ela não tem ficado sem luz; tem tido privilégios religiosos e, contudo, não sentiu sua miserável pecaminosidade sem Cristo. Se, em sua paixão, você é capaz de fugir repetidamente do culto de oração onde Deus Se encontra com Seu povo, a fim de desfrutar a companhia de uma pessoa que não tem o amor de Deus, e não vê nenhum atrativo na vida religiosa, como pode esperar que o Senhor faça prosperar tal união? Não se apresse. Não se devem encorajar casamentos precoces. Se um jovem ou uma jovem não tem respeito pelos reclamos de Deus, se deixa de atender às reivindicações que o ligam à religião, haverá perigo de que também não tome na devida consideração os direitos do esposo ou da esposa. O hábito de estar freqüentemente na companhia da pessoa eleita, e isto mesmo com sacrifício dos privilégios religiosos e das horas de oração, é perigoso; você não pode permitir esta perda. O hábito de ficar conversando até altas horas da noite é costumeiro, mas não agrada a Deus, mesmo que ambos sejam cristãos. Estas horas impróprias prejudicam a saúde, incapacitam a mente para os deveres do dia seguinte e têm aparência do mal. Meu irmão, espero que terá respeito próprio suficiente para evitar esta forma de namoro. Se você deseja sinceramente a glória de Deus, agirá com decidida cautela. Não tolerará que um doentio sentimentalismo amoroso lhe cegue a visão de tal forma que não possa discernir os sublimes reclamos de Deus sobre você como cristão. T3 45 1 Queridos jovens, eu me dirijo a vocês três. Que seja seu alvo glorificar a Deus e alcançar Sua semelhança moral. Convidem o Espírito de Deus para moldar seu caráter. Agora é sua áurea oportunidade de lavar suas vestes de caráter e branqueá-las "no sangue do Cordeiro". Apocalipse 7:14. Considero isso como o ponto decisivo no destino de cada um de vocês. Qual escolherão, diz Cristo, a Mim ou ao mundo? Deus pede incondicional entrega do coração e das afeições. Se vocês amam os amigos, os irmãos e irmãs, o pai ou a mãe, casas ou terras, mais do que a Mim, diz Ele, não são dignos de Mim. Mateus 10:37. A religião põe a pessoa sob a maior das obrigações, quanto às suas reivindicações, de andar em seus princípios. Como a bússola aponta ao norte, assim apontam as reivindicações da religião à glória de Deus. Por seus votos batismais, vocês se acham obrigados a honrar a seu Criador, e a negar resolutamente a si mesmos e a crucificar suas afeições e concupiscências, levando até os seus pensamentos em obediência à vontade de Cristo. T3 45 2 Evitem cair em tentação. Quando tentações os cercam, e vocês não podem controlar as circunstâncias que os expõem a elas, então podem reivindicar a promessa de Deus e, com confiança e consciente poder, exclamar: "Posso todas as coisas nAquele que me fortalece." Filipenses 4:13. Em Deus existe força para todos vocês. Mas nunca sentirão necessidade dessa força que unicamente pode salvá-los, a não ser que reconheçam sua fraqueza e pecaminosidade. Jesus, seu precioso Salvador, chama-os agora para tomar posição firme sobre a plataforma da verdade eterna. Se sofrerem com Ele, Ele os coroará com glória em Seu reino eterno. Se estiverem dispostos a tudo sacrificar por Ele, então Ele será seu Salvador. Se, porém, preferirem seguir seu próprio caminho, continuarão a andar em trevas até que seja tarde demais para garantir a recompensa eterna. T3 46 1 Que estão dispostos a sofrer por amor à verdade? Vocês têm um tempo muito curto no qual cultivar os traços nobres de seu caráter. Todos vocês, em certa medida, sentem-se insatisfeitos e infelizes. Têm tido muitas queixas a fazer. Têm falado de incredulidade e censurado a outros. Isto é verdade especialmente a respeito de F e H. O coração de vocês está cheio de orgulho, e às vezes até de crueldade. Seu lugar de adoração tem sido negligenciado, e vocês não apreciam o exercício de deveres religiosos. Se tivessem perseverado em seus esforços para crescer em Cristo, sua Cabeça viva, vocês seriam agora fortes e competentes para abençoar a outros com sua influência. Se tivessem cultivado uma energia firme, uniforme e inabalável, seriam agora fortes para resistir à tentação. Mas tais qualidades preciosas só podem ser ganhas por uma entrega do ser às reivindicações da religião. Então os motivos serão elevados, e o intelecto e as afeições recompensados por princípios nobres. Deus trabalhará conosco se tão-somente nos empenharmos em ação sadia. Precisamos sentir a necessidade de unir nossos esforços humanos e ação zelosa com o poder divino. Podemos permanecer firmes em Deus, fortalecidos para vencer. Você, irmão E, tem falhado grandemente em firmeza de propósito para agir e resistir. T3 46 2 Que grande erro é cometido na educação de crianças e dos jovens ao favorecer, transigir e mimá-los! Tornam-se egoístas e deficientes, desprovidos de energia nas pequenas coisas da vida. Não são ensinados a adquirir força de caráter pela realização dos deveres diários, por mais humildes que sejam. Você negligencia fazer de boa vontade e alegremente aquilo que está diretamente à sua frente, e que alguém precisa fazer. Todos nós temos um grande desejo de encontrar uma obra maior e mais exaltada. T3 46 3 Ninguém está habilitado para um grande e importante trabalho, a menos que tenha sido fiel na realização dos pequenos deveres. É por etapas que o caráter é formado e a pessoa treinada a dedicar esforço e energia proporcionais à tarefa a ser executada. Se somos escravos da circunstância, certamente falharemos em aperfeiçoar um caráter cristão. Você precisa dominar as circunstâncias, e não permitir que as circunstâncias o dominem. Você pode achar força na cruz de Cristo. Você pode crescer gradativamente, vencer dificuldades e a força do hábito. Você precisa ser estimulado pela força vivificante de Jesus. Você deve ser atraído a Cristo e revestido de Sua divina beleza e excelência. A filha do irmão G precisa obter uma educação; ela não é mais competente para os deveres e dificuldades da vida como esposa do que uma escolar de dez anos. T3 47 1 A religião deve inspirá-lo e guiá-lo em todas as suas ocupações, e deve ter absoluto controle sobre suas afeições. Se você se entregar sem reservas às mãos de Cristo, fazendo de Seu poder sua força, então sua visão moral será clara para discernir qualidade de caráter e não ser enganado por aparências e cometer grandes erros em sua amizade. Sua força moral deve ser perspicaz e sensível, a fim de suportar provas severas e não ser prejudicado. Sua integridade de espírito deve ser tão firme que vaidade, ostentação ou lisonja não o moverão. T3 47 2 Oh, é excelente coisa ser correto para com Deus, o coração em harmonia com seu Criador, de modo que ao contato com o mau exemplo, o qual por sua aparência enganosa afastaria a alma do dever, anjos possam ser enviados para socorrê-lo! Mas tenha em mente, se você convidar a tentação, não terá o auxílio divino para evitar que seja vencido. Os três heróis suportaram a fornalha ardente porque Jesus andou com eles em meio às chamas. Se tivessem por conta própria andado no fogo, teriam sido consumidos. Assim será com você. Se não entrar deliberadamente em tentação, Deus o sustentará quando a tentação vier. ------------------------Capítulo 5 -- A causa em Nova Iorque T3 48 1 Enquanto estava em Vermont, em 10 de Dezembro de 1871, foram-me mostradas algumas coisas com respeito a Nova Iorque. A causa naquele Estado parecia estar em condição deplorável. Havia poucos obreiros, e estes não eram tão eficientes quanto exigia sua profissão de fé nas sagradas verdades para este tempo. Há pessoas naquele Estado que "trabalham na palavra e na doutrina" (1 Timóteo 5:17) que não são obreiros meticulosos. Embora creiam na teoria da verdade, e tenham estado a pregar durante anos, nunca serão obreiros competentes enquanto não trabalharem em um plano diferente. Eles têm gasto muito tempo entre as igrejas, quando não estão qualificados para beneficiá-las. Eles mesmos não são consagrados a Deus. Necessitam do espírito de perseverança para sofrer pela causa de Cristo, "beber o cálice" e "ser batizados" (Marcos 10:38), antes de estarem preparados para ajudar a outros. Precisa-se de obreiros desinteressados e devotos para elevar os interesses em Nova Iorque à norma da Bíblia. Viajando entre as igrejas, esses homens não têm cumprido seu dever. Se Deus os chamou para Sua obra, é para salvar almas. Eles devem provar a si mesmos indo a novos campos, para saber se Deus lhes confiou a obra de salvar almas. T3 48 2 Tivessem os irmãos Taylor, Saunders, Cottrell, Whitney e o irmão e a irmã Lindsay labutado em novos campos, estariam agora muito além do que estão. Enfrentar a oposição de adversários os teria levado a suas Bíblias em busca de argumentos para sustentar sua posição, e isto aumentaria seu conhecimento das Escrituras e lhes daria consciência de sua habilidade em Deus para enfrentar qualquer tipo de oposição. Aqueles que se contentam de repassar sobre o mesmo terreno vez após vez entre as igrejas serão deficientes na experiência que devem ter. Serão fracos -- não fortes para querer, efetuar e sofrer por amor da verdade. Eles serão obreiros ineficientes. T3 49 1 Aqueles que têm a causa de Deus no coração, e sentem amor pelas preciosas almas pelas quais Cristo morreu, não buscarão a própria comodidade e prazer. Farão como Cristo fez. Sairão para "buscar e salvar o que se havia perdido". Lucas 19:10. Ele disse: "Porque Eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento." Mateus 9:13. T3 49 2 Se os pastores em Nova Iorque desejam ajudar a igreja, nada melhor podem fazer do que sair para novos campos e labutar para trazer pecadores para a verdade. Quando a igreja vir que os pastores estão inflamados com o espírito da obra, que sentem profundamente a força da verdade, e estão procurando trazer outros ao conhecimento da mesma, isso porá neles nova vida e vigor. Seu coração será estimulado para fazer o que puderem para ajudar a obra. Não há uma classe de gente no mundo que está mais desejosa de sacrificar seus recursos para fazer avançar a causa do que os adventistas do sétimo dia. Se os pastores não os desencorajarem por sua indolência e ineficiência, e por sua falta de espiritualidade, eles geralmente responderão a qualquer apelo que seja feito que se recomende a seu julgamento e consciência. Mas querem ver frutos. E é justo que os irmãos em Nova Iorque exijam fruto de seus pastores. Que têm eles feito? Que estão fazendo? T3 49 3 Os pastores em Nova Iorque deviam estar muito mais adiantados do que estão. Mas não se têm empenhado naquela espécie de trabalho que suscita esforço sério e forte oposição. Tivessem eles feito isso teriam sido impelidos a suas Bíblias e à oração a fim de poder responder a seus oponentes, e pelo exercício de seus talentos os teriam duplicado. Há pastores em Nova Iorque que têm estado a pregar durante anos, mas dos quais não se pode depender para fazer uma série de conferências. Estão atrofiados. Não têm exercitado a mente no estudo da Palavra e em enfrentar oposição, de modo a se tornarem fortes em Deus. Tivessem eles saído "fora do acampamento", como fiéis soldados da cruz de Cristo, dependendo de Deus e das próprias energias, em vez de se apoiarem tanto em seus irmãos, teriam obtido experiência e estariam agora qualificados a empenhar-se na obra onde quer que sua ajuda fosse mais necessária. Se os pastores de um modo geral em Nova Iorque tivessem deixado as igrejas trabalhar por si mesmas, e não as tivessem impedido, tanto as igrejas como os pastores estariam agora mais adiantados em espiritualidade e no conhecimento da verdade. T3 50 1 Muitos de nossos irmãos e irmãs em Nova Iorque têm-se mostrado relapsos quanto à reforma de saúde. Há apenas um pequeno número de genuínos reformadores de saúde no Estado. Luz e entendimento espiritual têm sido dados aos irmãos em Nova Iorque. Mas a verdade que alcançou o entendimento, a luz que brilhou sobre o coração, que não tem sido apreciada e afagada, testemunhará contra eles no dia de Deus. A verdade tem sido dada para salvar aqueles que houvessem de crer e obedecer. Sua condenação não é porque não tinham a luz, mas porque tinham a luz e não andaram nela. T3 50 2 Deus tem provido o homem com muitos recursos para satisfazer o apetite natural. Ele tem exposto diante deles, nos produtos da terra, uma variedade abundante de alimento que é agradável ao paladar e nutritivo ao organismo. Destes, nosso benevolente Pai celestial diz que podemos comer "livremente". Gênesis 2:16. Podemos saborear as frutas, os vegetais e os grãos, sem fazer violência às leis de nosso ser. Esses ingredientes, preparados do modo mais simples e natural, nutrirão o corpo e preservarão seu vigor natural sem o uso de alimentos cárneos. T3 50 3 Deus criou o homem "um pouco menor do que os anjos" (Hebreus 2:7) e lhe conferiu os atributos que, convenientemente usados, torná-lo-iam uma bênção ao mundo e o levariam a refletir a glória do Doador. Mas, embora feito à imagem de Deus, violou o homem, através da intemperança, o princípio e a lei de Deus em sua natureza física. A intemperança de qualquer espécie insensibiliza os órgãos da percepção e enfraquece de tal maneira o poder dos nervos cerebrais que as coisas eternas não mais são apreciadas, mas são colocadas no mesmo nível das comuns. As mais elevadas faculdades da mente, que visavam os mais elevados propósitos, são levadas em servidão às paixões mais baixas. Se os nossos hábitos físicos não forem corretos, nossas faculdades mentais e morais não podem ser fortes; pois existe grande afinidade entre o físico e o moral. O apóstolo Pedro compreendia isto e ergueu a voz de advertência aos seus irmãos: "Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma." 1 Pedro 2:11. T3 51 1 Há muito pouco poder moral no professo mundo cristão. Maus hábitos têm sido tolerados e leis físicas e morais têm sido desatendidas, até que o padrão geral de virtude e piedade se tornou excessivamente baixo. Os hábitos que rebaixam a norma de saúde física enfraquecem as forças mentais e morais. A tolerância para com apetites e paixões pervertidos exerce uma influência controladora sobre os nervos e o cérebro. As tendências sensuais são fortalecidas, ao passo que as morais são enfraquecidas. É impossível ao intemperante ser cristão, pois suas faculdades superiores são mantidas em cativeiro pelas paixões. T3 51 2 Os que obtiveram luz sobre os assuntos do comer e vestir-se com simplicidade, em obediência às leis físicas e morais, e que abandonaram a luz que lhes aponta o dever, fugirão do dever em outras coisas. Se eles insensibilizarem a consciência para evitar a cruz que devem tomar para estar em harmonia com a lei natural, também violarão os Dez Mandamentos, a fim de fugir da reprovação. Há decidida relutância da parte de alguns em suportar "a cruz, desprezando a afronta". Hebreus 12:2. Alguns serão ridicularizados por seus princípios. A conformidade com o mundo está conquistando terreno entre o povo de Deus, que professa ser peregrino e estrangeiro, que espera o aparecimento do Senhor. Muitos há, entre os professos guardadores do sábado em Nova Iorque, que estão mais firmemente apegados às modas e ambições mundanas do que a corpo sadio, mente sã ou coração santificado. T3 51 3 Deus está testando e provando indivíduos em Nova Iorque. Ele permitiu que alguns tivessem uma medida de prosperidade para desenvolver o que lhes estava no coração. Orgulho e amor ao mundo os separaram de Deus. Os princípios da verdade são virtualmente sacrificados, enquanto professam amar a verdade. Os cristãos devem despertar e agir. Sua influência recai sobre outros e molda suas opiniões e hábitos. Eles terão de levar a pesada responsabilidade de decidir por sua influência o destino de pecadores. T3 52 1 O Senhor, mediante precisas e específicas verdades para estes últimos dias, está separando um povo do mundo e purificando-o para Si mesmo. O orgulho e as modas prejudiciais à saúde, o amor à ostentação, o amor à aprovação -- tudo deve ser deixado com o mundo, se desejamos ser renovados no conhecimento segundo a imagem dAquele que nos criou. "Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo, o qual Se deu a Si mesmo por nós, para nos remir de toda a iniqüidade e purificar para Si um povo Seu especial, zeloso de boas obras." Tito 2:11-14. T3 52 2 A igreja em _____ precisa ser peneirada. Uma conversão completa é necessária antes que eles possam estar em condições de trabalhar. Egoísmo, orgulho, inveja, malícia, más suspeitas, difamação, tagarelice e mexerico têm sido cultivados entre eles, até que o Espírito de Deus tem pouco a haver com eles. Enquanto alguns que professam conhecer a Deus permanecem em seu estado presente, suas orações são uma abominação à Sua vista. Eles não apóiam sua fé com obras, e teria sido melhor para alguns nunca terem professado a verdade do que ter desonrado sua profissão de fé como o fizeram. Embora professem ser servos de Cristo, são servos do inimigo da justiça; e suas obras testificam que não conhecem a Deus e que seu coração não obedece à vontade de Cristo. Fazem da religião uma brincadeira de criança; agem como crianças birrentas. T3 52 3 Os filhos de Deus, no mundo todo, são uma grande comunidade. Nosso Salvador definiu claramente o espírito e os princípios que devem governar o coração daqueles que se distinguem do mundo por sua vida coerente e santa. Amor de uns pelos outros e supremo amor a seu Pai celestial devem ser exemplificados em sua conversação e obras. A condição presente de muitos dos filhos de Deus é como a de uma família de crianças ingratas e briguentas. T3 53 1 Há perigo de mesmo pastores em Nova Iorque pertencerem àquela classe que está sempre aprendendo e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. Não praticam o que aprendem. São ouvintes, mas não praticantes. Tiago 1:22. Esses pastores precisam de uma experiência na verdade que lhes permitirá compreender o caráter elevado da obra. T3 53 2 Vivemos num importante, soleníssimo tempo da história terrestre. Achamo-nos entre os perigos dos últimos dias. Importantes e tremendos acontecimentos se acham diante de nós. Quão necessário é que todos os que temem a Deus e amam Sua lei se humilhem diante dEle, e se aflijam e pranteiem, e confessem os pecados que têm separado Deus de Seu povo! O que deve suscitar maior preocupação é que não sentimos nem compreendemos nossa condição, nosso baixo estado, e satisfazemo-nos em permanecer como estamos. Devemos refugiar-nos na Palavra de Deus e na oração, buscando individual e fervorosamente ao Senhor, para que O possamos achar. Cumpre-nos fazer disto nossa primeira ocupação. T3 53 3 Os membros da igreja são responsáveis pelos talentos a eles confiados, e é impossível para cristãos cumprirem suas responsabilidades a menos que ocupem aquela posição elevada que está de acordo com as verdades sagradas que professam. A luz que brilha sobre nosso caminho nos torna responsáveis para fazer essa luz brilhar para outros de modo tal que glorifiquem a Deus. Parentes na igreja T3 53 4 O progresso da igreja em _____ nas coisas espirituais não está em proporção à luz que brilhou sobre seu caminho. Deus confiou a cada um talentos que devem ser desenvolvidos ao depositá-los com banqueiros, para que quando o Mestre vier Ele possa receber o Seu "com juros". Mateus 25:27. A igreja em _____ é composta em grande parte de material valioso, mas seus membros deixam de atingir a norma elevada que é seu privilégio atingir. T3 54 1 A parte atuante na igreja se acha sobretudo nas ramificações de três famílias ligadas por casamento. Há mais talento na igreja, e mais material para fazer bons obreiros, do que podem ser empregados de modo vantajoso naquela localidade. A igreja toda não está crescendo em espiritualidade. Não estão estabelecidos favoravelmente de modo a desenvolver vigor ao por em exercício os talentos que Deus lhes tem dado. Não há espaço para todos trabalharem. Um interfere com o outro. Há falta de vigor espiritual. Se esta igreja não fosse uma igreja de família, cada um sentiria responsabilidade individual. T3 54 2 Se o talento e influência de vários de seus membros fossem exercitados em outras igrejas, ou fossem levados a ajudar onde a ajuda é realmente necessária, estariam obtendo uma experiência do mais alto valor em coisas espirituais, e assumindo assim responsabilidades e obrigações na obra de Deus seriam uma bênção para outros. Enquanto empenhados em ajudar a outros, estariam seguindo o exemplo de Cristo. Ele "não veio para ser servido, mas para servir" a outros. Marcos 10:45. Ele não agradou a Si mesmo. "Aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo" (Filipenses 2:7), e gastou Sua vida fazendo o bem. Ele poderia ter gasto Seus dias na Terra em comodidade e abundância, e ter feito Seus os prazeres desta vida. Ele viveu não para satisfazer-Se, mas para fazer o bem e salvar a outros do sofrimento, e devemos seguir Seu exemplo. T3 54 3 Se os irmãos I e J se consagrassem a Deus, poderiam levar maiores responsabilidades do que têm levado. Eles pensavam que estariam dispostos a responder a qualquer apelo que fosse feito para adquirir recursos, e que este seria a responsabilidade principal que teriam de assumir na causa de Deus. Mas Deus requer deles mais do que isso. Se tivessem exercitado a mente em um estudo mais crítico da Palavra de Deus, para que pudessem tornar-se obreiros em Sua causa, e tivessem trabalhado para a salvação de pecadores tão fervorosamente como têm trabalhado para obter as coisas desta vida, teriam desenvolvido vigor e sabedoria para empenhar-se no trabalho de Deus onde obreiros são bastante necessários. T3 55 1 Por permanecerem em uma comunidade de família, esses irmãos estão decrescendo em força mental e espiritual. Não é o melhor plano que filhos de uma, duas ou três famílias ligadas pelo casamento morem a poucos quilômetros uns dos outros. Não é boa a influência sobre as partes. O negócio de um é negócio de todos. As perplexidades e dificuldades pelas quais cada família deve mais ou menos passar, e que tanto quanto possível, devem confinar-se aos limites do círculo familiar, estendem-se aos parentes da família, e exercem influência sobre as reuniões religiosas. Há questões que uma terceira pessoa não deve saber por mais amiga e intimamente ligada que seja. Os indivíduos e as famílias devem guardá-las. Mas a íntima relação de várias famílias postas em constante comunicação tem a tendência de demolir a dignidade que deve ser mantida em cada família. Ao realizar o delicado dever de reprovar e admoestar, haverá o perigo de ofender sentimentos, a menos que isto seja feito com a maior ternura e cuidado. Os melhores modelos de caráter estão sujeitos a erros e enganos, e se deve tomar o maior cuidado para não fazer de coisas pequenas, coisas grandes. T3 55 2 Tal relação familiar ou da igreja como existe em _____ agrada muito aos sentimentos naturais; mas não é a melhor, levando em consideração todas as coisas, para o desenvolvimento de um caráter cristão simétrico. A relação íntima e as associações familiares de uns com os outros, embora unidas no âmbito de igreja, tornam a influência fraca. Aquela dignidade, aquele respeito elevado, confiança e amor que fazem uma igreja próspera não são preservados. Todas as partes seriam muito mais felizes separadas e visitando-se ocasionalmente, e a influência de uns sobre os outros seria dez vezes maior. T3 55 3 Unidas como estão essas famílias pelo casamento e misturando-se como estão na companhia uns dos outros, cada um está a par das faltas e erros dos demais, e sente ser seu dever principal corrigi-los; e porque esses parentes se estimam realmente uns aos outros, ofendem-se com coisinhas que não notariam nos que com eles não estivessem intimamente ligados. Terríveis sofrimentos mentais são suportados por se levantarem em alguns os sentimentos de que não têm sido tratados com imparcialidade, e com toda a consideração que mereciam. Mesquinhos ciúmes às vezes se levantam, e montículos de terra se tornam montanhas. Esses pequenos desentendimentos e insignificantes diferenças causam maior sofrimento de espírito do que as provas que vêm de outras fontes. T3 56 1 Por causa dessas coisas, esses homens e mulheres verdadeiramente conscienciosos e mentalmente nobres se tornam fracos para resistir, e não estão desenvolvendo o caráter que poderiam desenvolver se estivessem estabelecidos em lugares diferentes. Estão atrofiados em seu crescimento mental e espiritual, o que ameaça destruir sua utilidade. Seus trabalhos e interesses estão geralmente confinados em si mesmos. Sua influência é limitada quando deveria estar-se estendendo e tornando-se mais generalizada, para que possam, quando colocados numa variedade de circunstâncias, pôr em exercício as forças que Deus lhes deu, de modo a contribuir mais para Sua glória. Todas as faculdades mentais estão aptas a grande melhoria. As energias da alma precisam ser despertadas e postas em ação para a glória de Deus. Obreiros para Deus T3 56 2 Deus convoca missionários. Há homens de habilidade na igreja em _____ que crescerão em capacidade e vigor ao usarem seus talentos na obra e causa de Deus. Se esses irmãos se educarem e fizerem da causa de Deus seu primeiro interesse, e sacrificarem seu prazer e inclinação por amor da verdade, a bênção de Deus repousará sobre eles. Esses irmãos, que amam a verdade, e que por anos vêm-se regozijando por causa da luz crescente sobre as Escrituras, devem deixar sua luz brilhar para aqueles que estão em trevas. Deus lhes será sabedoria e poder, e Se glorificará trabalhando com e através daqueles que O seguem inteiramente. "E, se alguém Me servir, Meu Pai o honrará." João 12:26. A sabedoria e o poder de Deus serão dados aos dispostos e fiéis. T3 57 1 Os irmãos em _____ têm estado inclinados a dar de seus recursos para os vários empreendimentos, mas têm retido a si mesmos. Eles não disseram: "Eis-me aqui, envia-me a mim." Isaías 6:8. Não é a força dos instrumentos humanos, mas a sabedoria e poder dAquele que os emprega e atua por meio deles que os tornam homens de êxito em fazer a obra que precisa ser feita. Oferecendo nossos bens ao Possuidor do Céu e da Terra enquanto retemos a nós mesmos, não podemos obter Sua aprovação ou assegurar Sua bênção. Deve haver no coração dos irmãos e irmãs em _____ uma disposição de colocar tudo, inclusive eles próprios, sobre o altar de Deus. T3 57 2 Precisa-se de homens em Battle Creek que possam e queiram assumir encargos e responsabilidades. O apelo tem sido feito vez após vez, mas mal tem havido resposta. Alguns teriam respondido ao chamado se seus interesses mundanos fossem promovidos. Mas como não havia a perspectiva de aumentar seus recursos indo para Battle Creek, não podiam reconhecer o dever de ir. "Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar." 1 Samuel 15:22. E sem obediência e amor desinteressado, as ofertas mais ricas são pobres demais para serem apresentadas ao Possuidor de todas as coisas. T3 57 3 Deus apela aos irmãos e irmãs em _____ a levantar-se e vir "em socorro do Senhor, em socorro do Senhor, com os valorosos". Juízes 5:23. A razão por que há tão pouca força entre aqueles que professam a verdade é que não exercem a habilidade que Deus lhes tem dado. Muitos têm embrulhado seu talento em um lenço e o escondido na terra. É pelo uso dos talentos que eles crescem. Deus testará e provará Seu povo. T3 57 4 O irmão e a irmã I têm sido fiéis portadores de responsabilidades na causa de Deus, e agora seus filhos não devem omitir-se e permitir que os fardos pesem tanto sobre eles. É tempo de as faculdades mentais menos gastas dos filhos serem exercitadas e eles trabalharem mais especialmente na vinha do Mestre. T3 57 5 Alguns dos irmãos e irmãs em Nova Iorque têm estado ansiosos de que o irmão e a irmã K, especialmente a irmã K, sejam encorajados a trabalhar entre as igrejas. Mas este é o lugar errado para eles provarem a si mesmos. Se Deus de fato colocou sobre eles a responsabilidade do trabalho, não é para as igrejas; pois estas estão geralmente à frente deles. Há um mundo diante do irmão e da irmã K, um mundo mergulhado na maldade. Seu campo é grande. Eles têm muito espaço para provar seus dons e testar sua vocação sem entrar nos trabalhos de outros e edificar sobre um fundamento que não lançaram. O irmão e a irmã K têm sido muito vagarosos para obter uma experiência em abnegação. Têm sido vagarosos em adotar a reforma de saúde em todas as suas ramificações. As igrejas estão à frente deles na negação do apetite. Portanto, neste sentido eles não podem ser um benefício às igrejas, mas um empecilho. T3 58 1 O irmão K não tem sido uma bênção à igreja em _____, mas um grande fardo. Tem sido um estorvo a seu progresso. Não tem estado em condição de ajudar quando e onde ela mais precisava de ajuda. Ele não tem representado corretamente nossa fé; sua conversa e vida não têm sido em santidade. Tem estado bem para trás, e não estado pronto ou disposto para discernir as diretrizes da providência de Deus. Tem se posto no caminho de pecadores; não em posição tal que sua influência recomendasse nossa fé aos incrédulos. T3 58 2 Seu exemplo tem sido um tropeço à igreja e a seus vizinhos incrédulos. Se o irmão K tivesse sido inteiramente consagrado a Deus, seu esforço teria sido frutífero e resultado em muito bem. Mas aquilo que mais distingue o povo de Deus das comunidades religiosas populares não é só sua profissão de fé, mas seu caráter exemplar e seus princípios de amor desinteressado. A influência poderosa e purificadora do Espírito de Deus sobre o coração, demonstrada nas palavras e obras, separa-os do mundo e os designa como o povo peculiar de Deus. O caráter e disposição dos seguidores de Cristo serão como os do Mestre. Ele é o modelo, o exemplo santo e perfeito dado para os cristãos imitar. Seus seguidores verdadeiros amarão seus irmãos e estarão em harmonia com eles. Eles amarão seus semelhantes como Cristo lhes deu o exemplo e farão qualquer sacrifício se assim agindo puderem persuadir pecadores a abandonar seus pecados e serem convertidos à verdade. T3 59 1 A verdade, profundamente enraizada no coração dos crentes, brotará e produzirá fruto de justiça. Suas palavras e obras são canais através dos quais os puros princípios da verdade e da santidade são transmitidos ao mundo. Há bênçãos e privilégios especiais para aqueles que amam a verdade e andam de acordo com a luz que receberam. Se negligenciam fazer isso, sua luz se torna em trevas. Quando o povo de Deus se torna auto-suficiente, o Senhor os deixa à sua própria sabedoria. Misericórdia e verdade são prometidas aos humildes de coração, aos obedientes e fiéis. T3 59 2 O irmão K tem sido um estorvo a seus filhos. Se ele tivesse sido consagrado a Deus, tendo o coração na obra e vivendo a verdade que professava, teria sentido a importância de "ordenar... sua casa depois dele", como o fez o fiel Abraão. Gênesis 18:19. T3 59 3 A falta de harmonia entre os dois irmãos K é uma vergonha para a causa de Deus. Ambos estão em falta. Ambos têm uma obra a fazer em sujeitar o eu e cultivar as graças cristãs. Deus é desonrado pelas dissensões, e não exagero quando digo que existe ódio entre estes dois irmãos de sangue. O irmão A K está grandemente em falta. Ele tem acariciado sentimentos que não têm estado em harmonia com a vontade de Deus. Conhece as peculiaridades de seu irmão, B K, que ele tem um temperamento irritável e infeliz. Freqüentemente não pode ver o bem que se encontra diretamente em seu caminho. Vê somente o mal e fica desanimado muito facilmente. Satanás transforma um pequeno obstáculo em uma montanha diante dele. Considerando todos os fatos, o irmão B K tem em muitos pontos seguido uma conduta menos censurável do que seu irmão, pois essa tem sido menos prejudicial à causa da verdade presente. T3 59 4 Estes irmãos carnais precisam reconciliar-se plenamente um com o outro antes de poderem remover a desonra que sua desunião tem ocasionado à causa de Deus. "Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: qualquer que não pratica a justiça e não ama a seu irmão não é de Deus." "Aquele que diz que está na luz e aborrece a seu irmão até agora está em trevas." 1 João 3:10, 2:9. Aqueles que labutam para Deus devem ser vasos limpos, santificados para o uso do Mestre. "Purificai-vos, vós que levais os utensílios do Senhor." Isaías 52:11. "Se alguém diz: Eu amo a Deus e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dEle temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também seu irmão." 1 João 4:20, 21. T3 60 1 Os embaixadores de Cristo têm uma obra responsável e sagrada diante deles. São "cheiro de vida para vida", ou "de morte para morte". 2 Coríntios 2:16. Sua influência decide o destino de pecadores pelos quais Cristo morreu. O irmão e a irmã K precisam de experiência. Sua vida não tem sido de santidade. Não têm tido um conhecimento profundo e cabal da vontade divina. Não têm estado a avançar para frente e para o alto na vida religiosa, de modo que sua experiência pudesse ser de valor à igreja. Sua conduta tem pesado, e não pouco, sobre a igreja. T3 60 2 A vida passada da irmã K não tem sido de caráter tal que sua experiência pudesse ser uma bênção para outros. Ela não tem vivido à altura de sua convicção do dever. Sua consciência tem sido violada demasiadas vezes. Ela tem sido amante de prazeres e devotado a vida à vaidade, frivolidade e à moda, apesar da luz que brilhou sobre seu caminho. Conhecia o caminho, mas negligenciou andar nele. O Senhor deu à irmã K um testemunho de advertência e reprovação. Ela creu no testemunho e separou-se da classe dos "mais amigos dos deleites do que amigos de Deus". 2 Timóteo 3:4. Então, ao contemplar sua vida passada, tão cheia de negligências e erros, ela se entregou à incredulidade e a um desalento apático. O desespero estendeu suas asas escuras sobre ela. Seu casamento com o irmão K mudou um pouco a ordem das coisas, mas por vezes ela tem se sentido melancólica e desanimada. T3 60 3 A irmã K tem um bom conhecimento das profecias e pode esboçá-las e falar sobre elas com facilidade. Alguns dos irmãos e irmãs têm estado ansiosos em encorajar ao irmão e à irmã K a saírem como obreiros ativos. Mas há perigo de trabalharem a partir de um ponto de vista errado. As vantagens educacionais da irmã K têm sido superiores às de muitos pelos quais está rodeada. Visto ter trabalhado em público, ela tem dependido de sua força mais do que do Espírito de Deus. Ela tem um espírito de arrogante independência e pensou que estava qualificada para ensinar em vez de ser ensinada. Com sua falta de experiência nas coisas espirituais, ela não está preparada para trabalhar nas igrejas. Não tem discernimento e força espiritual necessários para edificá-las. Se, apesar de tudo, ela e seu marido se empenharem nesse trabalho, devem começar exercendo uma boa influência na igreja em _____. Sua atividade deve ser exercida onde o trabalho mais precisa ser feito. T3 61 1 Há um trabalho a ser feito em novos campos. Pecadores que nunca ouviram a mensagem de advertência precisam ser advertidos. Aqui o irmão e a irmã K têm amplo espaço para trabalhar e comprovar sua vocação. Ninguém deve atrapalhá-los em seus esforços em novos campos. Há pecadores a serem salvos em todas as direções. Alguns pastores, porém, são inclinados a percorrer o mesmo território entre as igrejas, quando seus trabalhos não podem ajudá-las, e seu tempo é desperdiçado. T3 61 2 Desejamos que todos os servos de Deus sejam trabalhadores. O trabalho de advertir almas não deve ser limitado somente aos pastores. Os irmãos que possuem a verdade em seu coração, e que têm exercido uma boa influência no lar, devem sentir que a responsabilidade repousa sobre eles para devotar uma parte de seu tempo para sair entre seus vizinhos e cidades próximas como missionários de Deus. Eles devem levar nossas publicações e iniciar conversação, e, no espírito de Cristo, orar com e por aqueles a quem visitam. Este é o trabalho que despertará um espírito de pesquisa e reforma. T3 61 3 Durante anos tem o Senhor estado a chamar a atenção de Seu povo para a reforma de saúde. Este é um dos grandes ramos da obra de preparação para a vinda do Filho do homem. João Batista surgiu no espírito e poder de Elias para preparar o caminho do Senhor e converter as pessoas "à prudência dos justos". Lucas 1:17. Era ele um representante daqueles que estariam vivendo nos últimos dias, aos quais Deus confiara sagradas verdades para serem apresentadas perante o povo, a fim de preparar o caminho para o segundo aparecimento de Cristo. João era um reformador. O anjo Gabriel, enviado do Céu, instruiu os pais de João sobre a reforma de saúde. Disse-lhes que o menino não deveria beber vinho, nem bebida forte, e que ele seria cheio do Espírito Santo desde o nascimento. T3 62 1 João separou-se dos amigos e das ostentações da vida. A simplicidade de sua vestimenta, uma peça de vestuário tecida de pêlos de camelo, era uma reprovação direta à extravagância e pompa dos sacerdotes judaicos e do povo em geral. Seu regime alimentar, puramente vegetariano, composto de gafanhotos e mel silvestre, era uma censura à condescendência com o apetite e a glutonaria que prevaleciam por toda parte. Declara o profeta Malaquias: "Eis que Eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor; e converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais." Malaquias 4:5, 6. Aqui o profeta descreve o caráter da obra. Os que devem preparar o caminho para a segunda vinda de Cristo são representados pelo fiel Elias, assim como João veio no espírito de Elias para preparar o caminho para o primeiro advento de Cristo. O grande assunto da reforma deve ser debatido, e despertada a mente do público. A temperança em tudo deve ser associada com a mensagem, para converter o povo de Deus de sua idolatria, de sua glutonaria e de sua extravagância no vestir-se e em outras coisas. T3 62 2 A abnegação, a humildade e a temperança requeridas dos justos, aos quais Deus guia e abençoa de modo especial, devem ser apresentadas ao povo em contraste com os hábitos extravagantes e destruidores da saúde daqueles que vivem nesta época degenerada. Deus tem mostrado que a reforma de saúde está tão estreitamente ligada com a mensagem do terceiro anjo como a mão em relação ao corpo. Em parte alguma poderá ser encontrada causa tão grande de degeneração física e moral como a negligência deste importante assunto. Os que transigem com o apetite e as paixões e fecham os olhos à luz por temor de verem as condescendências pecaminosas que estão relutando em abandonar são culpados diante de Deus. Aqueles que repelem a luz em algum ponto endurecem o coração para menosprezar a luz sobre outros assuntos. O que viola as obrigações morais no que se refere ao comer e beber prepara o caminho para violar as reivindicações divinas com respeito a interesses eternos. Nosso corpo não é nossa propriedade. Deus exige que cuidemos da habitação que Ele nos confiou, a fim de que possamos apresentar-Lhe o nosso "corpo em sacrifício vivo, santo e agradável". Romanos 12:1. Nosso corpo pertence Àquele que o fez, e estamos no dever de tornar-nos inteligentes com relação aos melhores meios de preservá-lo da ruína. Se enfraquecermos o corpo pela condescendência própria, pela transigência com o apetite e pelo vestir-nos de acordo com as modas destruidoras da saúde, a fim de estar em harmonia com o mundo, tornamo-nos inimigos de Deus. T3 63 1 O irmão e a irmã K não têm apreciado a luz sobre a reforma de saúde. Não viram um lugar para ela em conexão com a terceira mensagem. A Providência tem estado a guiar o povo de Deus para longe dos hábitos extravagantes do mundo, para longe dos apetites e paixões, a fim de que ocupem o seu lugar na plataforma da abnegação e da temperança em todas as coisas. O povo ao qual Deus está guiando será peculiar. Não se assemelhará ao mundo. Mas, se seguirem a orientação divina, executarão Seus desígnios e submeterão sua vontade à dEle. Cristo habitará no coração. O templo de Deus será santo. Seu corpo, diz o apóstolo, é o templo do Espírito Santo. Deus não pede que Seus filhos se sacrifiquem com prejuízo das energias físicas. Pede-lhes que obedeçam à lei natural, que preservem a saúde física. O caminho da natureza é a senda que Ele aponta, e esta é bastante larga para qualquer cristão. Com mão generosa, tem-nos Deus provido de ricas e variadas bênçãos para nossa manutenção e deleite. Contudo, para que possamos desfrutar do apetite natural, que preservará a saúde e prolongará a vida, restringe Ele o apetite. Diz Ele: Acautelem-se; restrinjam, neguem o apetite pervertido. Se desenvolvermos um apetite desvirtuado, violaremos as leis do nosso ser, e assumiremos a responsabilidade pelo abuso do nosso corpo e por trazermos doenças sobre nós mesmos. T3 64 1 O espírito e poder de Elias tem impelido corações à reforma, direcionando-os "à prudência dos justos". Lucas 1:17. O irmão e a irmã K não foram convertidos à reforma de saúde, apesar da quantidade de evidências que Deus tem dado sobre o assunto. A abnegação é indispensável à religião genuína. Aqueles que não aprenderam a negar a si mesmos estão destituídos de piedade vital e prática. Nada mais podemos esperar a não ser que as reivindicações da religião entrem em contato com as afeições naturais e os interesses mundanos. Há trabalho para todos na vinha do Senhor. Ninguém deve estar ocioso. Os anjos de Deus estão ativos, subindo ao Céu e descendo à Terra com mensagens de misericórdia e advertência. Esses mensageiros celestes estão comovendo mentes e corações. Há homens e mulheres em toda parte cujo coração é susceptível a ser inspirado com a verdade. Se aqueles que possuem um conhecimento da verdade trabalhassem agora em harmonia com o Espírito de Deus, veríamos uma grande obra realizada. T3 64 2 Novos campos estão abertos nos quais todos podem testar sua vocação por um esforço experimental em trazer pecadores das trevas e do erro, e estabelecê-los sobre a plataforma da verdade eterna. Se o irmão e a irmã K sentem que Deus os tem chamado para se empenharem em Sua obra, eles têm bastante a fazer chamando pecadores ao arrependimento; mas a fim de que Deus trabalhe neles e através deles, precisam de uma conversão total. O trabalho de qualificar um povo nestes últimos dias para a vinda de Cristo é um trabalho extremamente sagrado e solene, e requer obreiros devotados e abnegados. Aqueles que têm humildade, fé, energia, perseverança e decisão acharão muito a fazer na vinha do Mestre. Há deveres importantes a serem cumpridos, que exigem seriedade e o emprego de toda sua energia. É o trabalho voluntário que Deus aceita. Se a verdade que professamos é de infinita importância a ponto de decidir o destino de pecadores, quão cuidadosos devíamos ser em sua apresentação. T3 64 3 "A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito." Provérbios 4:18. Irmão e irmã K, tivessem vocês andado na luz ao brilhar ela sobre seu caminho, tivessem vocês se aproximado mais de Deus, crendo firmemente na verdade e andando humildemente diante de Deus na luz que Ele tem dado, vocês agora teriam uma experiência que seria de valor inestimável. Tivessem vocês posto em uso os talentos que Deus lhes emprestou, teriam brilhado como luzes no mundo. Mas a luz se torna em trevas para todos aqueles que não andam nela. A fim de sermos aceitos e abençoados por Deus como foram nossos pais, precisamos, como eles, ser fiéis. Precisamos utilizar nossa luz como os antigos e fiéis profetas utilizaram a sua. Deus requer de nós segundo a graça que Ele nos outorgou, e não aceitará menos do que requer. Todas as Suas justas exigências precisam ser plenamente cumpridas. A fim de desempenhar-nos de nossas responsabilidades, precisamos estar de pé sobre aquele elevado fundamento que a ordem e o avanço da verdade sagrada prepararam para nós. T3 65 1 O irmão L deixa de reconhecer a influência santificadora da verdade de Deus sobre o coração. Não é tão paciente, humilde e tolerante como devia ser. Ele se irrita facilmente; o eu desperta, e ele diz e faz muitas coisas sem a devida reflexão. Não exerce influência salvadora o tempo todo. Se estivesse imbuído do Espírito de Cristo, poderia com uma das mãos apegar-se ao Poderoso, enquanto com a mão da fé e do amor alcançaria o pobre pecador. O irmão L precisa da influência poderosa do amor divino; pois isto renovará e refinará o coração, santificará a vida, elevará e enobrecerá o homem todo. Então suas palavras e obras terão o sabor do Céu e não de seu espírito. T3 65 2 Se as palavras da vida eterna são semeadas no coração, será produzido fruto de justiça e paz. Você precisa vencer o espírito de auto-suficiência e de importância própria, meu caro irmão. Deve cultivar um espírito desejoso de ser instruído e aconselhado. O que quer que outros possam dizer ou fazer, você deve dizer: Que me importa isso? Cristo ordenou que eu O seguisse. Você deve cultivar espírito de mansidão. Precisa de uma experiência em piedade genuína, e a menos que obtenha tal coisa, não pode empenhar-se inteligentemente na obra de Deus. Seu espírito precisa ser abrandado e tornar-se submisso ao ser levado em obediência à vontade de Cristo. Você deve em todo tempo manter a dignidade humilde de um seguidor de Jesus. Nossa conduta, nossas palavras e ações pregam a outros. Somos epístolas vivas, conhecidas e lidas "por todos os homens". 2 Coríntios 3:2. T3 66 1 Você deve cuidar para não pregar a verdade motivado por rivalidade ou contenda, porque se o fizer, com toda certeza batalhará contra si mesmo e será achado promovendo a causa do inimigo e não a verdade de Deus. Toda vez que se empenha em um debate, deve ser pelo senso do dever. Se fizer de Deus Sua força e sujeitar-se, deixando que a verdade obtenha a vitória, as artimanhas de Satanás e seus dardos inflamados cairão sobre ele mesmo, e você será fortalecido, resguardado do erro e livrado de todo caminho falso. Precisa exercer cautela e não apoiar-se na própria força. A obra é importante e sagrada, e você precisa de muita sabedoria. Deve aconselhar-se com seus irmãos que tiveram experiência na obra. Mas, acima de tudo, você deve obter conhecimento cabal da própria fraqueza e perigos, e deve fortalecer os pontos fracos em seu caráter, para que não sofra naufrágio na fé. T3 66 2 Vivemos em meio aos perigos dos últimos dias, e se tivermos um espírito presunçoso e independente estaremos expostos às ciladas de Satanás e seremos derrotados. O sentimento de importância própria deve ser removido, e você deve esconder-se em Deus, dependendo apenas dEle para obter força. As igrejas não precisam de seu trabalho. Se consagrar-se a Deus, pode atuar em novos campos, e Deus trabalhará com você. Pureza de coração e de vida será aceita por Deus. Ele não considerará nada menos do que isso. Precisamos sofrer com Cristo se quisermos reinar com Ele. T3 66 3 O irmão M teria realizado o bem se tivesse, há anos, dado tudo a Cristo. Ele não tem sido santificado pela verdade; seu coração não tem sido reto para com Deus. Ele tem escondido seu talento na terra. Que dirá aquele que fez mau uso de seu talento quando o Mestre pedir que ele dê conta de sua mordomia? O irmão M não tem sido uma honra à causa de Deus. É perigoso contender com a providência de Deus e estar insatisfeito com quase tudo, como se tivesse havido um arranjo especial de circunstâncias para tentar e destruir. A obra de podar e limpar a fim de preparar-nos para o Céu é uma grande obra, e nos custará muito sofrimento e provação, pois nossas vontades não se acham sujeitas à vontade de Cristo. Precisamos passar pela fornalha até que o fogo haja consumido a escória, e estejamos purificados e reflitamos a imagem divina. Os que seguem as próprias inclinações e são regidos pelas aparências não são bons juízes do que Deus está fazendo. Acham-se cheios de descontentamento. Vêem fracasso onde na verdade há triunfo, grande perda onde existe ganho; e, como Jacó, estão prontos a exclamar: "Todas estas coisas me sobrevieram" (Gênesis 42:36), quando as próprias coisas de que se queixam estão todas contribuindo juntamente para o seu bem. Romanos 8:28. T3 67 1 Não havendo cruz, não há coroa. Como pode alguém ser forte no Senhor, sem provações? Para termos forças, precisamos de exercício. Para possuir fé robusta, importa que sejamos colocados em circunstâncias em que nossa fé seja exercitada. Pouco antes de sua morte, o apóstolo Paulo exortou a Timóteo: "Participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus." 2 Timóteo 1:8. Através de muita tribulação é que havemos de entrar no reino de Deus. Nosso Salvador foi provado por todos os modos possíveis, e todavia triunfou continuamente em Deus. É nosso privilégio, na força do Senhor, ser fortes em todas as circunstâncias, e gloriar-nos na cruz de Cristo. ------------------------Capítulo 6 -- Experiência não confiável T3 67 2 Querida irmã N: T3 67 3 Na visão que me foi dada em 10 de Dezembro de 1871, vi que algumas coisas têm sido grandes empecilhos para a recuperação de sua saúde. Seus peculiares traços de caráter a têm impedido de receber o bem que poderia ter recebido, e melhorar de saúde como poderia. Você tem uma rotina especial a cumprir e não se desviará dela. Tem suas idéias, as quais leva a efeito, quando freqüentemente não estão em harmonia com a lei física, mas simplesmente de acordo com sua opinião. T3 68 1 Possui mentalidade forte e vontade fixa, e pensa que compreende a si mesma melhor do que os outros, porque você analisa seus sentimentos. É guiada pelos próprios sentimentos e governada pela própria experiência. Experimentou este e aquele plano para sua total satisfação, e decidiu que seu raciocínio era o melhor a ser seguido em seu caso. Mas qual tem sido seu critério? Resposta: Seus sentimentos. Agora, minha irmã, que têm seus sentimentos que ver com os fatos reais no caso? Bem pouco. Sentimentos são um critério pobre, especialmente quando sob o controle de uma imaginação forte e de uma vontade firme. Você tem mentalidade muito resoluta, e sua conduta lhe é delineada; mas você não vê seu caso de um ponto de vista correto. Sua opinião não pode ser confiável quando se trata do próprio caso. T3 68 2 Foi-me mostrado que você teve alguma melhora, mas não tanta, ou tão depressa, ou tão completa, como poderia, porque toma seu caso nas próprias mãos. Por esta razão, e para que sentisse ser seu dever ser guiada pelo critério dos mais experientes, eu quis que viesse ao Instituto de Saúde. Os médicos no Instituto de Saúde compreendem a enfermidade, suas causas e o tratamento apropriado melhor do que você; e se você de boa vontade submeter suas idéias fixas, e seguir o critério deles, há esperança quanto a sua recuperação. Mas se recusar fazer isto, não vejo esperança de você conseguir o que poderia com tratamento apropriado. T3 68 3 Como afirmei, você, minha irmã, confia na experiência. Sua experiência leva você a seguir certa conduta. Mas aquilo que muitos chamam de experiência não é experiência de modo algum; é simplesmente hábito, ou mera condescendência, seguida cegamente e com freqüência ignorantemente, com uma determinação firme, fixa, e sem consideração inteligente ou pesquisa relativa às leis que atuarão na obtenção do resultado. T3 69 1 Experiência real é uma diversidade de experimentos cuidadosos feitos com a mente despida de preconceito e não controlada por opiniões e hábitos previamente estabelecidos. Os resultados são anotados com cuidadoso esmero e desejo sério de aprender, de melhorar e de reformar todo hábito que não esteja em harmonia com as leis físicas e morais. A idéia de outros questionar o que você aprendeu por experiência lhe parece tolice e mesmo crueldade. Mas há mais erros recebidos e firmemente retidos de falsas idéias de experiência do que de qualquer outra causa, pelo fato de que aquilo que é geralmente chamado experiência não é absolutamente experiência; porque nunca houve uma prova satisfatória por uma real verificação e pesquisa cabal, com um conhecimento do princípio envolvido na ação. T3 69 2 Sua experiência foi-me mostrada como não merecedora de confiança porque se opõe à lei natural. Está em conflito com os imutáveis princípios da natureza. A superstição, minha querida irmã, que vem de uma imaginação doentia, lança-a em conflito com a ciência e os princípios. Qual deverá ser renunciado? Seus fortes preconceitos e idéias muito fixas acerca de qual o melhor procedimento a seguir, a seu próprio respeito, por muito tempo a detiveram do bem. Por anos compreendi seu caso, mas tenho-me sentido incapaz de apresentar o assunto de modo tão claro que você o visse e compreendesse, e pusesse em prática a luz que lhe foi concedida. T3 69 3 Existem hoje muitos doentes que sempre assim permanecerão, porque não se convencem de que seu modo de viver não merece confiança. O cérebro é a capital do corpo, a sede de todas as forças nervosas e da ação mental. Os nervos procedentes do cérebro controlam o corpo. Pelos nervos do cérebro são transmitidas impressões mentais para todos os membros do corpo, como se fossem fios telegráficos, e eles controlam a ação vital de todas as partes do organismo. Todos os órgãos de movimento são governados pelas comunicações que recebem do cérebro. T3 69 4 Se a sua mente está impressionada e convencida de que o banho lhe fará mal, a impressão mental é comunicada a todos os nervos do corpo. Os nervos controlam a circulação do sangue; portanto, o sangue, através da impressão mental, é confinado aos vasos sangüíneos, e perdem-se os bons efeitos do banho. Tudo isto se dá porque o sangue é impedido pela mente e a vontade de fluir prontamente e vir à superfície para estimular, despertar e promover a circulação. Suponhamos que você tenha a impressão de que se tomar banho sentirá frio. O cérebro manda essa informação aos nervos do corpo, e os vasos sangüíneos, em obediência à sua vontade, não podem realizar seu trabalho e promover uma reação após o banho. Não há razão na ciência ou na filosofia para se pensar que um banho ocasional, tomado com esmerado cuidado, não possa senão trazer-lhe benefício. Isso ocorre especialmente nos casos em que há pouco exercício para manter os músculos em atividade e ajudar a circulação do sangue pelo organismo. O banho livra a pele do acúmulo constante de impurezas e mantém a pele úmida e elástica, aumentando e equilibrando assim a circulação. T3 70 1 As pessoas que estão com saúde não devem de maneira alguma negligenciar o banho. Devem fazer o possível para tomar pelo menos dois banhos por semana. As que não estão com saúde têm impurezas no sangue e a pele não está em condição saudável. A multidão de poros, ou pequenos orifícios, através dos quais o corpo respira, tornam-se obstruídos e cheios de matéria residual. A pele precisa ser cuidadosa e perfeitamente limpa, a fim de que os poros desempenhem o seu trabalho de libertar o corpo das impurezas. Por isso, as pessoas fracas e doentes necessitam com certeza das vantagens e bênçãos do banho pelo menos duas vezes por semana, e com freqüência mais ainda do que isto é necessário. Quer a pessoa esteja doente ou com saúde, a respiração torna-se mais livre e fácil se o banho for praticado. Por meio dele, os músculos tornam-se mais flexíveis, a mente e o corpo são igualmente revigorados, o intelecto torna-se mais lúcido e mais vigorosa cada faculdade. O banho é um calmante dos nervos. Promove a transpiração, estimula a circulação, neutraliza as obstruções do organismo e age beneficamente sobre os rins e órgãos urinários. O banho auxilia os intestinos, o estômago e o fígado, comunicando energia e nova vida a cada um. Também estimula a digestão, e, em vez de enfraquecer-se, o organismo é fortalecido. Em vez de aumentar a possibilidade de resfriado, um banho, convenientemente tomado, protege contra ele, pois a circulação é aumentada, e os órgãos uterinos, que estão mais ou menos congestionados, são aliviados; pois o sangue é levado à superfície, e se consegue um fluxo de sangue mais livre e mais regular através de todos os vasos sangüíneos. T3 71 1 É dito que a experiência é a melhor mestra. Experiência genuína é de fato superior ao conhecimento livresco. Mas hábitos e costumes amarram homens e mulheres com cadeias de ferro, e são geralmente justificados pela experiência, segundo o sentido comum do termo. Muitos têm maltratado a experiência preciosa. Têm-se apegado a seus hábitos perniciosos, que estão decididamente enfraquecendo a saúde física, mental e moral; e quando a gente procura instruí-los, eles justificam sua conduta referindo-se à experiência. Mas a verdadeira experiência está em harmonia com a lei natural e a ciência. T3 71 2 É aqui que temos encontrado as maiores dificuldades em questões religiosas. Os fatos mais simples podem ser apresentados, as verdades mais claras sustentadas pela Palavra de Deus podem ser levadas à mente; mas o ouvido e o coração estão fechados, e o argumento todo-convincente é: "Minha experiência." Alguns dirão: "O Senhor me abençoou em crer e agir como eu faço; portanto não posso estar em erro." Apegam-se à "minha experiência", e as verdades mais santificadoras da Bíblia são rejeitadas por causa daquilo que gostam de chamar de experiência. Muitos dos hábitos mais grosseiros são acariciados sob o pretexto de experiência. Muitos deixam de alcançar aquela melhora física, intelectual e moral que é seu privilégio e dever alcançar porque insistem sobre a confiabilidade e segurança de sua experiência, embora esta suposta experiência seja contrária aos mais óbvios fatos revelados. Muitos homens e mulheres, cujos hábitos errôneos destruíram sua constituição e saúde, serão achados recomendando sua experiência como guia seguro para outros, quando é esta mesma experiência que lhes roubou a vitalidade e a saúde. Muitos exemplos podem ser dados para mostrar como homens e mulheres têm sido enganados confiando em sua experiência. T3 72 1 O Senhor, no princípio, fez o homem reto. Foi criado com a mente perfeitamente equilibrada, sendo o tamanho e a força de todos os órgãos perfeitamente desenvolvidos. Adão era um tipo perfeito de homem. Cada uma das qualidades da mente achava-se bem proporcionada, cada qual tendo uma função distinta, e no entanto todas eram interdependentes para seu pleno e apropriado uso. Foi permitido a Adão e Eva comer de todas as árvores do jardim, menos uma. O Senhor disse ao santo par: "Da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás." Gênesis 2:17. Eva foi enganada pela serpente a crer que Deus não faria como tinha dito. "É certo que não morrereis", disse a serpente. Gênesis 3:4. Eva comeu e imaginou que sentira as sensações de uma vida nova e mais elevada. Ela levou o fruto ao marido, e o que teve uma influência irresistível sobre ele foi a experiência dela. A serpente dissera que Eva não morreria, e ela não sentira nenhum mau efeito do fruto, nada que pudesse ser interpretado como morte, mas, justamente como a serpente tinha dito, uma sensação agradável que ela imaginou ser como os anjos sentiam. Sua experiência se pôs contra o mandamento positivo de Jeová, e Adão se deixou seduzir pela experiência da esposa. Assim é com o mundo religioso em geral. Os mandamentos expressos de Deus são transgredidos, e "visto como se não executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para praticar o mal". Eclesiastes 8:11. T3 72 2 Em face dos mais positivos mandamentos de Deus, homens e mulheres seguirão a própria inclinação e então ousam orar sobre o assunto, para persuadir Deus a permitir-lhes ir contra Sua vontade expressa. O Senhor não Se agrada com tais orações. Satanás se coloca ao lado de tais pessoas, como o fez com Eva no jardim, e as impressiona, e elas têm uma agitação mental, e isto interpretam como a experiência mais maravilhosa que o Senhor lhes deu. Uma experiência verdadeira estará em perfeita harmonia com a lei natural e divina. A experiência falsa se alinhará contra a ciência e os princípios de Jeová. O mundo religioso está coberto com um manto de trevas morais. Superstição e fanatismo controlam a mente de homens e mulheres, e lhes cegam o raciocínio de modo que não discernem seu dever para com os semelhantes e seu dever de prestar obediência inquestionável à vontade de Deus. T3 73 1 Balaão consultou a Deus se podia amaldiçoar a Israel, porque assim fazendo tinha a promessa de uma grande recompensa. E Deus disse: "Não irás" (Números 22:12); mas ele foi pressionado pelos mensageiros, e maiores incentivos foram apresentados. A Balaão foi mostrada a vontade do Senhor nesta questão, mas ele estava tão ansioso de receber a recompensa que ousou consultar a Deus pela segunda vez. O Senhor permitiu que Balaão fosse. Então ele teve uma experiência maravilhosa, mas quem teria gostado de ser guiado por tal experiência? Há aqueles que compreenderiam seu dever claramente se estivesse em harmonia com suas inclinações naturais. As circunstâncias e a razão podem claramente indicar seu dever; mas quando são contrárias à sua inclinação natural, estas evidências são freqüentemente postas de lado. Então tais pessoas presumem ir a Deus para saber seu dever. Mas "Deus não Se deixa escarnecer". Gálatas 6:7. Ele permitirá que essas pessoas sigam os desejos de seu coração. "Mas o Meu povo não quis ouvir a Minha voz. ... Pelo que Eu os entreguei aos desejos do seu coração, e andaram segundo os seus próprios conselhos." Salmos 81:11, 12. T3 73 2 Aqueles que querem seguir uma conduta que agrada sua fantasia correm o perigo de serem deixados a seguir as próprias inclinações, supondo que sejam as diretrizes do Espírito de Deus. O dever de alguns é indicado de modo suficientemente claro por circunstâncias e fatos; mas, pelas solicitações de amigos, em harmonia com as próprias inclinações, eles desviam-se do caminho do dever e ignoram as claras evidências no caso; então, com aparente escrúpulo, oram longa e fervorosamente por luz. Têm um sentimento fervoroso a respeito do assunto, e interpretam isso como sendo o Espírito de Deus. Estão, porém, enganados. Essa conduta entristece o Espírito de Deus. Eles tinham luz e pela própria natureza das coisas deviam ter compreendido seu dever; mas uns poucos incentivos agradáveis lhes inclinam a mente no rumo errado, e insistem sobre isto diante do Senhor e argumentam seu caso, e o Senhor permite que sigam o próprio caminho. Têm uma inclinação tão forte de seguir o próprio caminho que Ele permite que o façam e sofram as conseqüências. Tais pessoas imaginam que têm uma experiência maravilhosa. T3 74 1 Minha querida irmã, firmeza é uma influência forte e controladora sobre sua mente. Você adquiriu força para erguer-se e enfrentar a oposição, e executar empreendimentos difíceis e desconcertantes. Você não gosta de contenda. É altamente sensível, sente profundamente. É estritamente conscienciosa, e seu julgamento tem de ser primeiro convencido, antes de ceder a opiniões alheias. Se sua saúde física não tivesse sido enfraquecida, você se teria tornado uma mulher eminentemente útil. Por muito tempo tem estado doente, e isto lhe tem afetado a mente de tal forma que seus pensamentos se têm concentrado em si mesma, e a imaginação afetou o corpo. Em muitos aspectos seus hábitos não têm sido bons. Seu alimento não tem sido correto na qualidade e na quantidade. Você tem comido liberalmente, e alimento de qualidade pobre, o que não tem se convertido em bom sangue. Tem educado o estômago para esse tipo de regime. Isso, segundo seu discernimento, era o melhor, porque imaginava dele provir o mínimo de desconforto. Mas essa não foi uma prática correta. Seu estômago não estava recebendo aquele vigor que devia receber de sua alimentação. Tomado em estado líquido, seu alimento não lhe podia dar saudável vigor ou tono ao organismo. Mas quando mudar esse hábito, e comer mais alimentos sólidos e menos alimentos líquidos, sentirá desconforto no estômago. Não obstante, não deve ceder; deve educar o estômago para suportar regime alimentar mais sólido. Você tem usado roupa em demasia e tem debilitado a pele assim fazendo. Não tem dado a seu corpo a oportunidade de respirar. Os poros da pele, as pequenas aberturas pelas quais o corpo respira, têm-se fechado, e o organismo encheu-se de impurezas. T3 75 1 Seu hábito de passear a cavalo ao ar livre e ao sol tem sido benéfico. Sua vida ao ar livre a tem sustentado de modo a ter o grau de vigor físico que agora desfruta. Mas tem negligenciado outro exercício que era ainda mais essencial do que este. Você tem dependido de sua carruagem para ir mesmo a uma pequena distância. Pensa que se andasse mesmo uma curta distância isso a prejudicaria, e tem se sentido cansada ao fazê-lo. Mas nisso sua experiência não é digna de confiança. T3 75 2 A mesma força de movimento que você exerce entrando e saindo da carruagem, e em subir e descer escadas, poderia ser exercitada igualmente em caminhar e realizar os deveres comuns e necessários da vida. Você tem sido muito negligente em relação aos deveres domésticos. Não sente que poderia cuidar da roupa de seu marido ou de seu alimento. Agora, minha irmã, esta incapacidade existe mais na sua imaginação do que em sua capacidade de fazê-lo. Pensa que fazendo isso ficará cansada ou sobrecarregada; e de fato se cansa. Mas você tem vigor que se fosse posto em uso prático e econômico realizaria muito bem, e a faria muito mais útil e feliz. Você tem tanto pavor de tornar-se inválida que não tem exercido a força com que Deus a abençoou. Em muitas coisas você ajudou seu marido. Ao mesmo tempo você tem abusado de sua paciência e força. Quando ele pensou que você poderia mudar alguns de seus hábitos e melhorar, você se ressentiu de que ele não compreendia seu caso. Suas amigas perceberam que você poderia ser mais útil em seu lar e não ser tão negligente. Isso a entristeceu. Você pensou que elas não compreendiam. Algumas pessoas têm imprudentemente forçado a opinião sobre você quanto a seu caso, e isso também a entristeceu. Você sentiu que Deus, em resposta à oração, a ajudaria, e deste modo tem sido ajudada muitas vezes. Mas não recuperou aquele vigor físico que era seu privilégio desfrutar, porque não tem feito sua parte. Não tem trabalhado em plena união com o Espírito de Deus. T3 76 1 O Senhor lhe deu uma obra a fazer, a qual Ele não Se propõe fazer em seu lugar. Você deve agir movida por princípio, em harmonia com a lei natural, independente dos sentimentos. Deve começar a agir segundo a luz que Deus lhe deu. Talvez não lhe seja possível fazer tudo imediatamente, mas poderá fazer muito se ativar-se aos poucos, com fé, crendo que Deus será seu ajudador, que Ele a fortalecerá. Poderá fazer o exercício de andar, e cumprindo deveres que exijam trabalho leve, no seio da família, e não dependendo tanto dos outros. A consciência de que você pode fazer algo lhe aumentará as forças. Se usasse mais as mãos, e esforçasse menos o cérebro em fazer planos para outros, sua força física e mental aumentaria. Seu cérebro não é ocioso, mas não há um esforço correspondente por parte dos outros órgãos do corpo. O exercício, para lhe ser de positiva vantagem, deve ser sistematizado e levado a influir nos órgãos debilitados, para que se possam fortalecer pelo uso. A cura do movimento [massagem] é grande vantagem a certa classe de pacientes, enfraquecidos demais para o exercício. É, porém, grande erro crer que todos os enfermos possam confiar nela e dela depender, ao mesmo tempo que negligenciem eles mesmos exercitar seus músculos. T3 76 2 Ao nosso redor estão morrendo milhares que poderiam sarar e viver, se o quisessem; mas a imaginação prende-os. Temem que piorem se trabalharem ou fizerem exercício, quando essa é justamente a mudança de que precisam para se recuperar. Sem isso jamais se sentirão melhor. Devem exercer a força de vontade, erguendo-se acima de suas dores e debilidades, empenhar-se em atividade útil e esquecer que têm dores nas costas, nos lados, nos pulmões e na cabeça. Negligenciar exercitar todo o corpo, ou parte dele, causará estados doentios. A inatividade de qualquer dos órgãos do corpo será seguida de uma diminuição no tamanho e na força dos músculos e fará que o sangue flua lento através dos vasos sangüíneos. T3 76 3 Se há deveres a serem feitos em sua vida doméstica, você não considera que lhe é possível fazê-los, mas depende de outros. Por vezes é excessivamente inconveniente obter o auxílio de que precisa. Freqüentemente gasta o dobro da energia exigida para realizar a tarefa, planejando e buscando alguém que faça o trabalho para você. Se tão-somente aplicasse a mente para fazer essas pequenas tarefas e deveres domésticos, você seria abençoada e fortalecida, e sua influência na causa de Deus seria bem maior. Deus criou Adão e Eva no Paraíso, e os cercou de tudo que era útil e atrativo. Plantou para eles um lindo jardim. Não faltava nenhuma erva, nem flor ou árvore que poderia ser de utilidade ou servir de ornamento. O Criador do ser humano sabia que o produto de Suas mãos não poderia ser feliz sem uma ocupação. O Paraíso lhes deleitava o coração, mas isto não era suficiente; precisavam ter um trabalho para exercitar os maravilhosos órgãos do corpo. O Senhor fez os órgãos para serem usados. Se a felicidade consistisse em nada fazer, o ser humano, em seu estado de santa inocência, teria sido deixado sem ocupação. Mas Aquele que formou o ser humano sabia o que seria para sua felicidade perfeita, e logo que o criou lhe designou seu trabalho. A fim de ser feliz, ele devia trabalhar. T3 77 1 Deus nos deu a todos algo a fazer. No desempenho dos vários deveres que nos cabe fazer, que se encontram em nosso caminho, nossa vida se tornará útil, e seremos abençoados. Não somente os órgãos do corpo serão fortalecidos pelo exercício, mas a mente também adquirirá vigor e conhecimento pela ação daqueles órgãos. O exercício de um músculo, enquanto outros são deixados inativos, não fortalecerá os inativos mais do que o exercício contínuo de uma das faculdades da mente desenvolverá e fortalecerá os órgãos não utilizados. Cada faculdade mental e cada músculo têm sua função distinta, e todos precisam ser exercitados a fim de desenvolver-se de modo apropriado e conservar o vigor. Cada órgão e cada músculo têm um trabalho a fazer no organismo vivo. Toda roda do sistema deve ser uma roda viva, ativa e que trabalha. As belas e maravilhosas obras da natureza precisam ser conservadas em movimento ativo a fim de desempenhar o trabalho para o qual foram designadas. Cada faculdade tem uma influência sobre as outras, e todas precisam ser exercitadas para desenvolver-se de modo apropriado. Se um músculo do corpo é mais exercitado do que outro, aquele que foi exercitado ficará muito maior, e destruirá a harmonia e beleza do desenvolvimento do organismo. Uma variedade de exercícios porá em uso todos os músculos do corpo. T3 78 1 Aqueles que são fracos e indolentes não devem ceder à sua tendência de estarem inativos, privando-se assim do ar e da luz solar, mas devem praticar exercício ao ar livre, andando ou trabalhando no jardim. Eles se tornarão muitíssimo fatigados, mas isso não os prejudicará. Você, minha irmã, experimentará fadiga; contudo, isso não a prejudicará. Seu descanso será mais agradável. A inatividade enfraquece os órgãos que não são exercitados. E quando esses órgãos são utilizados, dor e fraqueza são experimentadas, pois os músculos se tornaram fracos. Não é prudente abandonar o uso de certos músculos porque se sente dor quando são exercitados. A dor é, em geral, causada pelo esforço da natureza para transmitir vida e vigor àquelas partes que se tornaram parcialmente sem vida por causa da inatividade. O movimento desses músculos durante muito tempo sem uso causará dor, pois a natureza os está despertando para a vida. T3 78 2 Em todos os casos possíveis, andar é o melhor remédio para os corpos enfermos, pois nesse exercício todos os órgãos do corpo são postos em uso. Muitos que dependem da cura de movimento [massagem] podem fazer mais por si mesmos pelo exercício muscular do que as massagens o podem fazer por eles. Em alguns casos, a falta de exercício faz com que os intestinos e músculos se tornem enfermos e contraídos, e esses órgãos que se tornaram doentios por falta de uso poderão ser fortalecidos pelo exercício. Nenhum exercício pode substituir a caminhada. Ela aumenta grandemente a circulação do sangue. T3 78 3 O uso ativo dos membros será da maior vantagem para você, irmã N. Você tem tido muitas idéias, e tem sido muito confiante, o que lhe é prejudicial. Enquanto você temer confiar-se às mãos dos médicos, e pensar que entende seu caso melhor do que eles, não pode ser beneficiada, mas somente prejudicada, pelo tratamento deles. A menos que os médicos possam obter a confiança de seus pacientes, eles nunca os podem ajudar. Se você se automedica, e pensa que sabe melhor do que os médicos que tratamento deve usar, não pode ser beneficiada. Você precisa renunciar sua vontade e suas idéias, e não armar-se para resistir ao critério e conselho deles em seu caso. T3 79 1 Que o Senhor a ajude, minha irmã, a ter não somente fé, mas as obras correspondentes. ------------------------Capítulo 7 -- Fidelidade nos deveres domésticos T3 79 2 Prezada irmã O: T3 79 3 Penso que você não é feliz. Buscando alguma grande obra a fazer, passa por alto deveres do momento, que lhe estão bem no caminho. Você não é feliz porque olha acima dos pequeninos deveres diários da vida, a qualquer obra mais elevada e maior a realizar. Acha-se inquieta, incomodada e descontente. Gosta mais de mandar do que de executar. Aprecia mais dizer a outros o que fazer do que, com pronta satisfação, assumir e fazer você mesma. T3 79 4 Você podia ter tornado a casa de seu pai mais feliz se houvesse consultado menos suas inclinações, e mais à felicidade dos outros. Quando empenhada nos deveres comuns da vida, deixa de pôr o coração nesse trabalho. Sua mente busca adiante e além uma obra mais aprazível, elevada e honrosa. Alguém precisa fazer justamente essas coisas em que você não encontra prazer, e de que até se desgosta. Esses simples deveres, caso sejam cumpridos com boa vontade e fidelidade, proporcionar-lhe-ão a educação necessária para vir a gostar dos deveres domésticos. Eis uma experiência que lhe é altamente essencial obter, mas que você não aprecia. Queixa-se de sua sorte, tornando assim infelizes os que a rodeiam, e sofrendo por sua vez grande prejuízo. Talvez a irmã nunca venha a ser chamada a fazer um trabalho que a ponha diante do público. Mas todo serviço que fazemos, e que é necessário ser feito, seja lavar louça, pôr a mesa, cuidar de um doente, cozinhar ou lavar, é de importância moral; e enquanto você não puder lançar mão desses deveres satisfeita e feliz, não está apta para deveres maiores e mais elevados. As humildes tarefas que estão diante de nós devem ser executadas por alguém. Os que as fazem devem sentir estarem realizando uma obra necessária e honrosa, e que em sua missão, por humilde que seja, estão fazendo a obra de Deus, tão certo como o estava Gabriel quando enviado aos profetas. Todos, em suas respectivas esferas, estão trabalhando por sua ordem. As mulheres em seu lar, cumprindo os simples deveres da vida que precisam ser feitos, podem e devem manifestar fidelidade, obediência e amor tão sinceros como os anjos em sua esfera. A conformidade com a vontade de Deus torna honrosa qualquer obra que precisa ser feita. T3 80 1 O que você precisa é manifestar amor e afeto. Seu caráter necessita ser moldado. Cumpre pôr de lado sua ansiedade e, em lugar dela, cultivar gentileza e amor. Renuncie o eu. Não fomos criados anjos, mas inferiores aos anjos; todavia, nossa obra é importante. Não estamos no Céu, mas na Terra. Quando lá estivermos, seremos então habilitados a fazer a elevada e enobrecedora obra do Céu. É aqui neste mundo que nos cumpre ser experimentados e provados. Precisamos estar armados para o conflito e o dever. T3 80 2 O mais alto dever que pesa sobre os jovens está no próprio lar, sendo uma bênção ao pai e à mãe, aos irmãos e irmãs, mediante afeição e verdadeiro interesse. Aí podem eles manifestar abnegação e desprendimento de si mesmos no cuidado e serviço por outros. Jamais será a mulher rebaixada por esta obra. É o mais sagrado e elevado cargo que ela pode preencher. Que influência pode uma irmã exercer sobre os irmãos! Se ela for reta, poderá determinar o caráter deles! Suas orações, sua gentileza e afeição muito podem efetuar no ambiente da família. Minha irmã, essas nobres qualidades nunca poderão ser comunicadas a outras pessoas a menos que existam primeiro em você. Aquele contentamento de espírito, aquela disposição de ânimo, gentileza e temperamento radiante que cativarão todos os corações refletirão sobre seu coração aquilo que dispensa aos outros. Se Cristo não reina no coração, haverá descontentamento e deformidade moral. O egoísmo exigirá dos outros aquilo que não estamos dispostos a dar-lhes. Se Cristo não estiver no coração, o caráter será desagradável. T3 81 1 Não é apenas uma grande obra e grandes batalhas que provam a alma e requerem coragem. A vida diária traz suas perplexidades, provações e desânimos. É o trabalho humilde que freqüentemente estimula a paciência e a constância. São necessárias confiança em si mesmo e resolução para enfrentar e vencer as dificuldades. Assegure-se de que o Senhor esteja com você para em toda situação ser seu consolo e conforto. "Um espírito manso e quieto" (1 Pedro 3:4), eis o que você muito necessita, e sem isto não poderá ser feliz. Que Deus a ajude, minha irmã, a buscar a mansidão e a justiça. Você necessita simplesmente do Espírito de Deus. Caso esteja disposta a ser qualquer coisa ou a não ser nada, Deus ajudará, fortalecerá e abençoará você. Mas, se negligenciar os pequenos deveres, nunca lhe serão confiados os maiores. ------------------------Capítulo 8 -- Orgulho e pensamentos vãos T3 81 2 Queridos filhos P e Q: T3 81 3 Vocês estão enganados a respeito de si mesmos. Vocês não são cristãos. Ser cristão verdadeiro é ser semelhante a Cristo. A este respeito vocês estão longe do alvo; mas espero que não sejam enganados até ser tarde demais para formarem caráter para o Céu. T3 81 4 Seu exemplo não tem sido bom. Vocês não chegaram ao ponto de obedecer às palavras de Cristo: "Se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-Me." Mateus 16:24. Aqui há lições que vocês não aprenderam. A negação do eu não tem sido parte de sua educação. Vocês têm negligenciado estudar as palavras da vida: "Examinai as Escrituras", disse o Mestre divino. Ele sabia ser isto necessário para todos a fim de se tornarem verdadeiros seguidores de Cristo. Vocês gostam de ler romances, mas não acham a Palavra de Deus interessante. Devem limitar sua leitura à Palavra de Deus e a livros que são de natureza espiritual e úteis. Agindo assim, vocês fecharão a porta à tentação e serão abençoados. T3 82 1 Tivessem se beneficiado da luz que tem sido dada em Battle Creek, estariam agora muito mais adiantados do que estão na vida religiosa. Vocês dois são frívolos e orgulhosos. Não têm percebido que terão de dar conta de sua mordomia. São responsáveis diante de Deus por todos os seus privilégios e por todos os recursos que passam por suas mãos. Têm buscado o próprio prazer e a satisfação egoísta à custa da consciência e da aprovação de Deus. Não agem como servos de Cristo, que terão de prestar contas ao Salvador que os comprou com Seu sangue precioso. "Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça? Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça." Romanos 6:16-18. T3 82 2 Vocês professam ser servos de Cristo. Prestam-Lhe, então, uma obediência pronta e voluntária? Perguntam seriamente como melhor haverão de agradar Àquele que os chamou para serem soldados da cruz de Cristo? Erguem vocês dois a cruz e nela se gloriam? Respondam estas questões a Deus. Todos os seus atos, por mais secretos que os considerem, acham-se abertos perante seu Pai celestial. Coisa alguma é oculta, coisa alguma se acha encoberta. Todos os seus atos e os motivos que os impulsionaram estão a descoberto aos Seus olhos. Ele tem pleno conhecimento de todas as suas palavras e pensamentos. Cumpre-lhes controlar os pensamentos e as ações. Vocês têm de combater a vã imaginação. Talvez pensem que não pode haver pecado em permitir que os pensamentos sigam seu curso natural, sem restrição. Não é assim, porém. Vocês são responsáveis diante de Deus pela condescendência com os pensamentos vãos; pois das vãs imaginações surge a prática do pecado, o praticar realmente essas coisas em que a mente se tem demorado. Controlem os pensamentos, e ser-lhes-á mais fácil reger as ações. Seus pensamentos precisam ser santificados. Paulo escreve aos coríntios: "Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo." 2 Coríntios 10:5. Ao chegarem a estas condições, a obra de consagração lhes será mais compreensível. Seus pensamentos serão puros, castos e elevados; puras e santas as ações. Conservarão o corpo em santificação e honra, a fim de que o apresentem em "sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional". Romanos 12:1. Requer-se de vocês que neguem a si mesmos nas coisas pequenas, assim como nas maiores. Devem fazer uma completa entrega a Deus; vocês não têm Sua aprovação no estado em que se encontram. T3 83 1 Vocês têm exercido uma influência não santificadora sobre os jovens em _____. Seu amor à ostentação leva a um gasto de recursos que é errado. Não reconhecem os direitos que o Senhor tem sobre vocês. Não se familiarizaram com os agradáveis resultados da abnegação. Seus frutos são sagrados. Servir e satisfazer a si mesmos tem sido o estilo da vida de vocês. Gastar seus recursos para satisfazer o orgulho tem sido sua prática. Oh, quão melhor teria sido para vocês haverem restringido seus desejos e feito algum sacrifício pela verdade de Deus, e assim, negando "a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida" (1 João 2:16), terem tido algo para colocar na tesouraria de Deus! Em vez de comprar coisas fúteis, ponham seu pouco no banco do Céu, para que quando o Mestre vier vocês possam receber tanto o capital como os juros. T3 83 2 Têm vocês dois inquirido quanto poderiam fazer para honrar na Terra seu Redentor? Oh, não! Vocês se contentaram em honrar a si mesmos e a receber honras de outros, mas esforçar-se para apresentar-se aprovados por Deus não tem sido a preocupação de sua vida. "A religião pura e imaculada" (Tiago 1:27), com seus fortes princípios, seria uma âncora para vocês. A fim de corresponder às grandes finalidades da vida, cumpre-lhes evitar o exemplo daqueles que buscam seu próprio prazer e satisfação, e não têm diante de si o temor de Deus. Deus tem tomado amplas providências em seu favor. Tem providenciado para que, se cumprirem as condições estabelecidas em Sua Palavra, e se separarem do mundo, possam receber dEle força para reprimir toda influência degradante, e desenvolver o que é nobre, bom e elevado. Cristo será em vocês "uma fonte de água a jorrar para a vida eterna". João 4:14. A vontade, o intelecto e toda emoção, quando controlados pelo sentimento religioso, têm um poder transformador. T3 84 1 "Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus." 1 Coríntios 10:31. Eis aqui um princípio que constitui o fundamento de todo ato, pensamento e motivo; a consagração de todo o ser, físico e mental, ao domínio do Espírito de Deus. A vontade e as paixões não santificadas precisam ser crucificadas. Isso talvez seja considerado uma obra rigorosa e severa. Mas precisa ser efetuada, senão ouvirão a terrível sentença da boca de Jesus: "Apartai-vos." Mateus 7:23. Vocês podem fazer todas as coisas por meio de Cristo, que os fortalece. Vocês estão na idade em que a vontade, o apetite e as paixões clamam por condescendência. Deus implantou-os em sua natureza com elevadas e santas finalidades. Não é necessário que se lhes tornem uma maldição por serem degradados. Só se tornarão assim quando recusarem submeter-se ao controle da razão e da consciência. Restringir e negar são palavras e obras com as quais não estão familiarizados por experiência pessoal. As tentações os têm abalado. Mentes não santificadas deixam de receber a força e o conforto que Deus proveu para elas. São inquietas e possuem forte desejo de alguma coisa nova, de algo que satisfaça, agrade e estimule a mente; e isso é chamado de prazer. Satanás tem fascinantes atrativos para absorver o interesse e estimular especialmente a imaginação dos jovens, a fim de prendê-los no seu laço. Vocês estão edificando sobre a areia. Precisam clamar fervorosamente: "Ó, Senhor, converte o mais profundo de meu ser." Vocês podem ser uma influência para o bem sobre outros jovens, ou podem ser uma influência para o mal. T3 84 2 "E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo"; em "todo o vosso espírito, e alma, e corpo." 1 Tessalonicenses 5:23. ------------------------Capítulo 9 -- A obra em Battle Creek T3 85 1 Numa visão que tive em Bordoville, Vermont, em 10 de Dezembro de 1871, foi-me mostrado que a posição de meu marido tem sido bem difícil. Uma pressão de responsabilidade e trabalho tem pesado sobre ele. Seus irmãos no ministério não têm tido de levar estas responsabilidades, e não têm apreciado seus esforços. A pressão constante sobre ele o tem sobrecarregado mental e fisicamente. Foi-me mostrado que sua relação com o povo de Deus era semelhante em alguns respeitos à de Moisés com Israel. Havia murmuradores contra Moisés, quando em circunstâncias adversas, e têm havido murmuradores contra ele. T3 85 2 Não tem havido ninguém nas fileiras dos guardadores do sábado que faria o que meu marido tem feito. Ele tem devotado seu interesse quase inteiramente à edificação da causa de Deus, sem consideração por seus interesses pessoais e com o sacrifício do convívio social com sua família. Em sua dedicação à causa, ele tem freqüentemente posto em perigo a saúde e a vida. Tem sido tão pressionado pela responsabilidade desta obra que não tem tido tempo adequado para estudo, meditação e oração. Deus não exigiu que ele estivesse nessa situação, até para o interesse e o progresso da obra de publicação em Battle Creek. Há outros ramos da obra, outros interesses da causa, que têm sido negligenciados por sua dedicação a este. Deus nos tem dado a ambos um testemunho que alcançará os corações. Ele abriu diante de mim muitos condutos de luz, não só para meu benefício, mas para o benefício de Seu povo em geral. Ele também tem dado a meu marido grande luz sobre tópicos bíblicos, não para ele só, mas para outros. Vi que estas coisas devem ser escritas e anunciadas, e que nova luz continuaria a brilhar sobre a Palavra. T3 85 3 Vi que poderíamos realizar dez vezes mais para edificar a obra trabalhando em meio do povo de Deus, levando um testemunho diverso para satisfazer as necessidades dela em diferentes lugares e sob circunstâncias diversas, do que poderíamos fazer ficando em Battle Creek. Nossos dons são necessários no mesmo campo escrevendo e falando. Enquanto meu marido está sobrecarregado, como tem estado, com um acúmulo de cuidados e questões financeiras, sua mente não pode ser tão produtiva na palavra como poderia ser. E ele está sujeito a ser assaltado pelo inimigo; porque está em uma posição na qual há pressão constante, e homens e mulheres serão tentados, como o foram os israelitas, a queixar-se e a murmurar contra aquele que ocupa a posição de maior responsabilidade na causa e obra de Deus. T3 86 1 Enquanto sob o peso dessas responsabilidades que ninguém mais se aventuraria a assumir, meu marido tem por vezes, sob a pressão da preocupação, falado sem a devida consideração e com aparente severidade. Ele tem por vezes censurado pessoas no Escritório porque não eram cuidadosas. E quando erros desnecessários ocorreram, ele pensou que indignação pela causa de Deus era justificável em seu caso. Esta conduta não tem sido sempre acompanhada pelos melhores resultados. Tem por vezes resultado em negligência por parte das pessoas reprovadas para fazerem as coisas que deviam ter feito; porque receavam que não as fariam corretamente, e seriam então culpadas por isso. Justamente como tem acontecido, a responsabilidade tem caído mais pesadamente sobre meu marido. T3 86 2 Teria sido melhor ele estar ausente do Escritório mais do que tem estado, e deixar que outros fizessem o trabalho. E se, depois de uma tentativa paciente e justa, eles se demonstrassem infiéis, ou não capacitados para o trabalho, deviam ser despedidos, e deixados a empenhar-se em ocupações onde seus erros e tolices afetassem seus interesses pessoais e não a causa de Deus. T3 86 3 Havia indivíduos que estavam à frente dos negócios da Sociedade de Publicações que eram, para dizer o mínimo, infiéis. E se as pessoas especialmente associadas a eles como depositários tivessem estado com seus olhos abertos e suas sensibilidades não paralisadas, esses homens teriam sido separados da obra há muito tempo. T3 86 4 Quando meu marido se recuperou de sua longa e grave enfermidade, ele tomou conta do trabalho confuso e embaraçado deixado por homens infiéis. Trabalhou com toda a determinação e força física e mental que possuía para erguer a obra e redimi-la da situação vergonhosa à qual havia sido levada por aqueles que tinham elevados interesses pessoais e não sentiram que era sagrada a obra na qual estavam empenhados. A mão de Deus se estendeu em julgamento sobre estes homens infiéis. Sua conduta e o resultado deviam demonstrar-se uma advertência a outros para não agirem como eles agiram. T3 87 1 A experiência de meu marido durante o período de sua enfermidade foi desastrosa para ele. Ele havia trabalhado nesta causa com interesse e dedicação como ninguém o fizera. Tinha arriscado e tomado posições avançadas como a Providência havia guiado, indiferente a censura ou louvor. Tinha permanecido de pé sozinho e batalhado através de sofrimentos físicos e mentais, não levando em conta os próprios interesses, enquanto aqueles que Deus tinha designado para ficarem a seu lado o abandonaram quando ele mais precisava de ajuda. Não somente foi deixado a batalhar e lutar sem auxílio e simpatia deles, mas freqüentemente teve de enfrentar oposição e murmurações -- murmurações contra alguém que estava fazendo dez vezes mais do que qualquer deles para edificar a causa de Deus. Todas essas coisas têm tido sua influência; elas moldaram a mente que fora outrora isenta de suspeita, confiante e crédula, e fez com que perdesse a confiança em seus irmãos. Aqueles que contribuíram para isso serão, em grande parte, responsáveis pelo resultado. Deus os teria guiado se Lhe tivessem servido de modo fervoroso e devotado. T3 87 2 Foi-me mostrado que meu marido tinha dado a seus irmãos evidências inconfundíveis de seu interesse na obra de Deus e de sua dedicação à mesma. Depois de ter gasto anos de sua vida em privação e labuta constante para estabelecer os interesses da obra de publicação sobre uma base segura, deu ao povo de Deus aquilo que era seu e que poderia muito bem ter guardado, e recebido os lucros se tivesse preferido fazê-lo. Por este ato mostrou ao povo que não estava procurando vantagem própria, mas sim promover a causa de Deus. T3 88 1 Quando a doença acometeu meu marido, muitos agiram da mesma maneira insensível para com ele como os fariseus agiram para com os desafortunados e oprimidos. Os fariseus diriam aos sofredores que sua aflição fora o resultado de seus pecados, e que os juízos de Deus lhes sobrevieram. Assim agindo aumentavam seu fardo de sofrimento. Quando meu marido sucumbiu sob seu fardo de responsabilidades, houve aqueles que foram impiedosos. T3 88 2 Quando começou a recuperar-se, de modo que em sua fraqueza e pobreza passou a fazer algum trabalho, pediu àqueles que estavam à frente dos negócios no Escritório um desconto de quarenta por cento sobre uma encomenda de cem dólares de livros. Ele estava disposto a pagar sessenta dólares pelos livros que sabia custarem à Associação apenas cinqüenta dólares. Ele pediu esse desconto especial em vista de seus trabalhos e sacrifícios do passado a favor do departamento de publicações, mas lhe foi negado este pequeno favor. Disseram-lhe friamente que só podiam dar-lhe vinte e cinco por cento de desconto. Meu marido considerou isso muita ingratidão, mas procurou suportá-la de um modo cristão. Deus no Céu anotou essa decisão injusta, e desde então tomou o caso nas próprias mãos, e devolveu as bênçãos negadas, como fez ao fiel Jó. Desde aquela decisão desumana, Ele tem estado a trabalhar a favor de Seu servo, e lhe concedeu mais saúde física, clareza e força mentais e liberdade de espírito do que antes. Desde então meu marido tem tido o prazer de distribuir gratuitamente com as próprias mãos milhares de dólares de nossas publicações. Deus não abandona totalmente e nem esquece para sempre os que têm sido fiéis, mesmo se algumas vezes eles cometem erros. T3 88 3 Meu marido tem tido zelo por Deus e pela verdade, e por vezes este zelo o tem levado a trabalhar demais com prejuízo do vigor físico e mental. Mas o Senhor não considerou isso pecado tão grande como a negligência e infidelidade de Seus servos em reprovar erros. Aqueles que louvam os infiéis e lisonjeiam os não consagrados são participantes em seu pecado de negligência e infidelidade. T3 89 1 Deus escolheu meu marido e deu-lhe qualificações especiais, habilidade natural e experiência para liderar Seu povo no avanço da obra. Mas tem havido murmuradores entre os adventistas guardadores do sábado como houve em meio do antigo Israel, e estas pessoas invejosas e desconfiadas, por suas sugestões e insinuações, têm dado aos inimigos de nossa fé ocasião de desconfiar da honestidade de meu marido. Estes invejosos, da mesma fé, têm apresentado as coisas diante de incrédulos numa falsa perspectiva, e as impressões feitas impedem que muitos abracem a verdade. Consideram meu marido como um homem ardiloso, egoísta e avarento, e têm medo dele e da verdade que sustentamos como um povo. T3 89 2 Quando o apetite do antigo Israel foi restringido, ou quando alguma exigência estrita lhes foi imposta, culparam Moisés de ser arbitrário, querer governá-los e ser um príncipe soberano sobre eles, quando era apenas um instrumento na mão de Deus para levar Seu povo a uma posição de submissão e obediência à voz de Deus. T3 89 3 O Israel moderno tem murmurado e ficado com inveja de meu marido porque ele tem pleiteado pela causa de Deus. Tem encorajado liberalidade, tem reprovado aqueles que amam o mundo e tem censurado o egoísmo. Tem pleiteado por doações para a causa de Deus e, para encorajar a liberalidade em seus irmãos, tem liderado com doações liberais ele mesmo. Mas mesmo isso tem sido interpretado por muitos murmuradores e invejosos como se ele desejas-se beneficiar-se pessoalmente dos recursos de seus irmãos e tivesse se enriquecido à custa da causa de Deus. O fato é que Deus confiou recursos a suas mãos para erguê-lo acima de penúria, de modo a não ficar dependente da misericórdia de um povo volúvel, murmurador e invejoso. Porque não temos buscado egoistamente nosso próprio interesse, mas temos cuidado da viúva e do órfão, Deus tem na Sua providência trabalhado em nosso favor e nos abençoado com prosperidade e abundância. T3 89 4 Moisés sacrificou um reino em perspectiva, uma vida de honra e luxo mundanos em cortes reais, "escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito". Hebreus 11:25, 26. Se tivéssemos escolhido uma vida de lazer e livre de trabalho e cuidado, poderíamos tê-lo feito. Mas esta não foi nossa escolha. Preferimos trabalho ativo na causa de Deus, uma vida itinerante, com todas as suas dificuldades, privações e riscos, a uma vida de indolência. Não temos vivido para nós mesmos, para nos satisfazer, mas temos tentado viver para Deus, para agradar-Lhe e glorificá-Lo. Não foi nosso objetivo labutar para obter bens; mas Deus tem cumprido Sua promessa dando-nos "cem vezes tanto" nesta vida. Marcos 10:30. Ele pode nos provar removendo-os de nós. Se assim acontecer, oramos por submissão a fim de humildemente suportar a prova. T3 90 1 Embora Ele nos tenha confiado talentos de dinheiro e influência, procuraremos investi-los em Sua causa, para que caso o fogo os consuma e a adversidade os diminua, tenhamos o prazer de saber que parte de nosso tesouro está onde o fogo não pode consumir ou a adversidade atingir. A causa de Deus é um banco seguro que nunca pode falir, e o investimento de nosso tempo, nosso interesse e nossos recursos nele é um tesouro no Céu que não falha. T3 90 2 Foi-me mostrado que meu marido tem tido três vezes mais responsabilidades do que deveria. Ele sentiu-se provado porque os irmãos R e S não o ajudaram a levar as responsabilidades, e sentiu-se angustiado porque não o ajudaram nas questões administrativas em relação ao Instituto e à Sociedade de Publicações. Tem havido progresso contínuo na obra de publicação desde que os infiéis foram dela separados. E ao aumentar o trabalho, deveria haver homens para partilhar as responsabilidades; mas alguns que poderiam tê-lo feito não tinham vontade, porque não aumentaria suas posses tanto quanto um negócio mais lucrativo. T3 90 3 Não há em nosso Escritório aquele talento que deveria haver. A obra requer as melhores e mais escolhidas pessoas para nela se empenharem. Com o presente estado de coisas no Escritório meu marido ainda sentirá a pressão que tem sentido, mas que não devia mais suportar. É somente por um milagre da graça de Deus que ele tem suportado o fardo por tanto tempo. Mas há agora muitas coisas a serem consideradas. Por seu cuidado perseverante e dedicação ao trabalho, ele tem mostrado o que pode ser feito na área de publicações. Homens com interesses altruístas combinados com critério santificado podem fazer do trabalho no Escritório um sucesso. Meu marido tem suportado sozinho o fardo por tanto tempo que isso tem afetado terrivelmente sua força, e há necessidade positiva de mudança. Ele precisa em grande medida ser liberado de responsabilidades, e ainda pode trabalhar na causa de Deus falando e escrevendo. T3 91 1 Quando voltamos de Kansas no outono de 1870, nós dois devíamos ter tido um período de descanso. Semanas de isenção de cuidados eram necessárias para restaurar nossas esgotadas energias. Mas quando encontramos o importante posto em Battle Creek quase abandonado, sentimo-nos obrigados a empenhar-nos no trabalho com energia dobrada, e trabalhamos acima de nossas forças. Foi-me mostrado que meu marido não deveria continuar lá, a menos que houvesse homens que reconhecessem as necessidades da causa e assumissem as responsabilidades da obra, enquanto ele atuaria como conselheiro. Ele precisa depor o fardo, porque Deus tem uma obra importante para ele fazer escrevendo e pregando a verdade. Nossa influência será maior para edificar a causa de Deus ao trabalharmos no vasto campo. Há imenso preconceito em muitas mentes. Afirmações falsas nos têm colocado sob uma luz errada diante do povo, e isto impede que muitos abracem a verdade. Se eles são levados a crer que aqueles que ocupam posições de responsabilidade na obra em Battle Creek são ardilosos e fanáticos, concluem que a obra inteira está errada e que nossas opiniões sobre verdades bíblicas devem ser incorretas, e receiam pesquisar e receber a verdade. Mas não devemos sair para chamar o povo a olhar para nós; não devemos como regra falar de nós mesmos e justificar nosso caráter; mas devemos falar da verdade, exaltar a verdade, falar de Jesus, exaltar a Jesus, e isto, acompanhado do poder de Deus, removerá preconceito e desarmará a oposição. T3 91 2 Os irmãos R e S gostam de escrever; o mesmo acontece com meu marido. E Deus tem permitido que Sua luz brilhe sobre Sua Palavra, e o tem levado a um campo de pensamento rico que seria uma bênção ao povo de Deus em geral. Enquanto ele levou um fardo triplo, alguns de seus irmãos no ministério têm deixado a responsabilidade cair pesadamente sobre ele, consolando-se com o pensamento de que Deus colocou o irmão White à frente da obra e o qualificou para isto, e que Deus não os tinha qualificado para essa posição; por conseguinte, eles não têm assumido a responsabilidade e levado os fardos que poderiam ter levado. T3 92 1 Outras pessoas deveriam sentir o mesmo interesse que meu marido tem sentido. Nunca houve um tempo mais importante na história dos adventistas do sétimo dia do que o presente. Em vez da obra de publicações diminuir, a demanda por nossas publicações está aumentando bastante. Haverá mais a fazer do que menos. Tem-se murmurado tanto contra meu marido, ele tem lutado contra ciúme e falsidade por tanto tempo, e tem visto tão pouca fidelidade nos homens, que suspeita de quase todos, mesmo de seus irmãos no ministério. Os irmãos no ministério têm sentido isto, e receando não agirem prudentemente, em muitos casos não têm feito absolutamente nada. Mas o tempo chegou quando estes homens precisam trabalhar unidos para assumir as responsabilidades. Os irmãos no ministério têm falta de fé e confiança em Deus. Crêem na verdade, e no temor de Deus devem unir seus esforços, e assumir as responsabilidades deste trabalho que Deus colocou sobre eles. T3 92 2 Se depois de alguém, em seu entender, haver feito o máximo ao seu alcance, outro pensar que ele deveria ter feito melhor, deve bondosa e pacientemente dar ao irmão o benefício de seu discernimento, mas não censurá-lo nem pôr em dúvida sua integridade de propósito, como não quereria que outros dele suspeitassem ou injustamente o censurassem. Se o irmão que tem no coração a causa de Deus vê que cometeu um erro, apesar de seus mais zelosos esforços no executá-la, sentirá profundamente o caso; pois tenderá a desconfiar de si próprio, perder a confiança no próprio discernimento. Coisa alguma lhe enfraquecerá tanto o ânimo e a varonilidade a ele conferida por Deus como compreender seus erros na obra que o Senhor lhe designou, obra que ele ama acima da própria vida. Quão injusto é, pois, que seus irmãos, descobrindo-lhe os erros, fiquem a apertar o espinho cada vez mais fundo em seu coração, para fazê-lo sentir mais intensamente, quando, a cada nova aguilhoada, o estão fazendo perder a fé, ânimo e a confiança em si mesmo para trabalhar com êxito na edificação da causa de Deus! T3 93 1 Freqüentemente tem-se de dizer claramente a verdade e os fatos aos que erram, a fim de os levar a verem e sentirem o erro, para que se reformem. Mas isso deve ser feito sempre com piedosa delicadeza, não com aspereza ou severidade; deve-se considerar a própria fraqueza, para que a pessoa não seja ela própria tentada também. Quando a pessoa em falta vê e reconhece seu erro, então, em vez de entristecê-la e fazer com que o sinta mais profundamente, deve-se dar conforto. No Sermão do Monte, Cristo disse: "Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós." Mateus 7:1, 2. Nosso Salvador reprovou o juízo precipitado. "Por que reparas tu no argueiro que está no olho de teu irmão e não vês a trave que está no teu olho?" Mateus 7:3. Freqüentemente acontece de uma pessoa ser pronta a discernir os erros de seus irmãos, enquanto ela mesma se encontra em maior falta e não percebe. T3 93 2 Todos os que somos seguidores de Cristo devemos tratar os outros da mesma maneira que desejamos que o Senhor trate conosco em nossos erros e fraquezas, pois todos erramos e precisamos de Sua compaixão e perdão. Jesus consentiu em tomar a natureza humana, a fim de saber como compadecer-Se e interceder junto de Seu Pai em favor dos pecadores e errantes mortais. Ele Se prontificou a tornar-Se o advogado do ser humano. Humilhou-Se para familiarizar-Se com as tentações pelas quais o homem era assaltado, para que pudesse socorrer os que fossem tentados, e ser um sumo sacerdote compassivo e fiel. T3 93 3 Muitas vezes há necessidade de repreender positivamente o pecado e reprovar o erro. Mas os pastores que trabalham pela salvação de seus semelhantes não devem ser inclementes para com os erros uns dos outros, nem salientar os defeitos existentes em suas organizações. Não devem expor ou reprovar suas fraquezas. Devem verificar se tal procedimento da parte de outro para com eles produziria o efeito desejado. Aumentaria isto seu amor para com aquele que lhes patenteasse as faltas e promoveria sua confiança nele? Especialmente os erros dos pastores empenhados na obra de Deus devem ser conservados dentro do menor círculo possível, pois há muitas pessoas fracas que disso se prevalecerão, caso saibam que aqueles que ministram na palavra e na doutrina têm fraquezas como os outros homens. Coisa mui cruel é serem as faltas de um pastor expostas a descrentes, caso seja ele considerado digno de trabalhar futuramente pela salvação de almas. Bem algum pode vir de assim o expor, mas unicamente mal. O Senhor Se desagrada com essa atitude, pois ela destrói a confiança do povo naqueles que Ele aceita para levarem avante Sua obra. O caráter de todo coobreiro deve ser zelosamente protegido pelos irmãos de ministério. Disse Deus: "Não toqueis nos Meus ungidos e não maltrateis os Meus profetas." Salmos 105:15; 1 Crônicas 16:22. Cumpre nutrir amor e confiança. A falta desse amor e confiança de um pastor para com outro não aumenta a felicidade daquele que é nisso deficiente, mas, ao tornar seu irmão infeliz, fica-o ele próprio também. Há maior poder no amor do que jamais se encontrou na censura. O amor abrirá caminho por entre barreiras, ao passo que a censura fechará toda entrada da alma. T3 94 1 Meu marido precisa mudar. Perdas podem ocorrer no Escritório de publicação por falta de sua longa experiência, mas a perda de dinheiro não se compara com a saúde e vida do servo de Deus. A entrada de recursos pode não ser tão grande por falta de gerentes financeiros; mas se meu marido ficasse de novo doente, isso desencorajaria seus irmãos e enfraqueceria suas mãos. Recursos não podem entrar como compensação. T3 94 2 Há muito que fazer. Missionários devem estar no campo dispostos, se preciso for, a ir a países estrangeiros para apresentar a verdade àqueles que estão em trevas. Mas há pouca disposição entre jovens para se consagrarem a Deus e devotar seus talentos a Seu serviço. Estão muito prontos a evitar responsabilidades e fardos. Não estão obtendo a experiência em levar responsabilidades ou no conhecimento das Escrituras que devem ter para qualificá-los para a obra que Deus aceitaria de suas mãos. É o dever de todos ver quanto podem fazer para o Mestre que morreu por eles. Mas muitos estão procurando fazer o menos possível e acariciam a vaga esperança de finalmente entrar no Céu. É seu privilégio ter estrelas em sua coroa por causa de pecadores salvos por seu intermédio. Mas, ai, indolência e preguiça espiritual prevalecem por toda parte! Egoísmo e orgulho lhes ocupam um grande lugar no coração, e há pouco espaço para coisas celestiais. T3 95 1 Na oração que Cristo ensinou a Seus discípulos havia a petição: "Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores." Mateus 6:12. Não podemos repetir esta oração de coração e atrever-nos a ser implacáveis, porque pedimos ao Senhor que perdoe nossas transgressões contra Ele do mesmo modo que perdoamos àqueles que transgridem contra nós. Mas poucos reconhecem o verdadeiro significado desta oração. Se aqueles que são implacáveis entendessem a profundidade de seu significado não ousariam repeti-la e pedir a Deus que os trate como eles tratam a seus semelhantes. Contudo, esse espírito de dureza e falta de perdão existe em terrível extensão mesmo entre irmãos. Irmão é rigoroso com irmão. Provas peculiares T3 95 2 A posição que meu marido tem ocupado por tanto tempo na causa e obra de Deus tem sido de provações peculiares. Sua aptidão para negócios e sua clara visão têm levado seus irmãos no ministério a deixar cair responsabilidades sobre ele que eles mesmos deviam ter levado. Isso tem tornado suas responsabilidades muito grandes. E enquanto seus irmãos não assumiram sua parte nas responsabilidades, perderam uma valiosa experiência que era seu privilégio obter, caso tivessem exercitado a mente a fim de cuidar, ver e sentir o que precisava ser feito para edificação da causa. T3 96 1 Grandes provas têm sido trazidas sobre meu marido pelo fato de seus irmãos no ministério não terem ficado a seu lado quando mais precisava de ajuda. O desapontamento que ele tem sentido repetidamente quando aqueles dos quais dependia lhe falharam em ocasiões da maior necessidade quase destruiu sua capacidade de confiar na constância de seus irmãos no ministério. Seu espírito foi tão ferido que ele se sentiu justificado em ficar melindrado, e permitiu que sua mente se demorasse sobre desencorajamentos. Deus gostaria que ele fechasse esse conduto de trevas, pois corre perigo de naufragar aqui. Quando sua mente fica deprimida, é natural para ele recordar o passado e demorar-se sobre seus sofrimentos anteriores; e irreconciliabilidade toma posse de seu espírito, porque Deus tem permitido que fosse assediado por provas trazidas sobre ele desnecessariamente. T3 96 2 O Espírito de Deus tem sido entristecido porque ele não entregou sua vida totalmente a Deus nem confiou inteiramente em Sua providência, permitindo que a mente seguisse pelo caminho da dúvida e incredulidade em relação à integridade de seus irmãos. Falando de dúvidas e desalento ele não remediou o mal, mas enfraqueceu a própria força e tem dado a Satanás ocasião de molestá-lo e afligi-lo. Ele tem errado em se desabafar de seu desalento e demorar-se sobre os aspectos desagradáveis de sua experiência. Falando assim, ele espalha trevas e não luz. Por vezes ele tem posto um peso de desalento sobre seus irmãos, o que não lhe trouxe a menor ajuda, mas tão-somente enfraqueceu suas mãos. Ele devia fazer uma regra de não falar de descrença ou desalento, ou de demorar-se sobre seus ressentimentos. Seus irmãos em geral o têm amado e tido dó dele, e o tem desculpado por isto, conhecendo a pressão da responsabilidade que pesava sobre ele e sua devoção à causa de Deus. T3 96 3 Meu esposo trabalhou incansavelmente para elevar o interesse nas publicações ao seu presente estado de prosperidade. Percebi que ele tivera mais simpatia e amor dos irmãos do que pensava ter. Eles ansiosamente examinam o periódico para ver se há algo de sua pena. Se há um tom de ânimo em seus escritos, se ele fala animadoramente, sentem o coração aliviado, e alguns até choram com ternos sentimentos de alegria. Mas se expressa palavras de tristeza e sombras, o semblante dos irmãos e irmãs torna-se triste ao lerem. O espírito que caracteriza seus escritos se reflete neles. T3 97 1 O Senhor está procurando ensinar meu marido a ter um espírito de perdão e de esquecimento das passagens escuras de sua experiência. A lembrança do passado desagradável somente entristece o presente, e ele revive a parte desagradável da história de sua vida. Ao fazê-lo, está se apegando às trevas e apertando o espinho ainda mais fundo em seu espírito. Esta é a fraqueza de meu marido, e é desagradável a Deus. Isso traz escuridão e não luz. Ao expressar seus sentimentos, ele pode sentir um alívio aparente por algum tempo; mas isso somente torna mais agudo o senso de quão grandes seus sofrimentos e provas têm sido, até que o todo se torna ampliado em sua imaginação. Os erros dos irmãos que ajudaram a trazer essas provas sobre ele parecem tão graves que lhe afiguram insuportáveis. T3 97 2 Meu marido tem acariciado essas trevas por tanto tempo, ao reviver o passado infeliz, que tem pouca força para controlar a mente quando se demora sobre essas coisas. Circunstâncias e acontecimentos que antes não o teriam incomodado ampliam-se diante dele como faltas graves da parte de seus irmãos. Ele se tornou tão sensível às faltas sob as quais sofreu que é necessário que fique o menos possível nos arredores de Battle Creek, onde muitas das circunstâncias desagradáveis ocorreram. Deus curará seu espírito ferido, se ele o permitir. Mas ao fazê-lo terá de enterrar o passado. Não deve falar ou escrever a respeito disso. T3 97 3 É positivamente desagradável a Deus que meu marido reconte suas dificuldades e suas mágoas peculiares do passado. Se ele visse essas coisas à luz de que não foram feitas a ele, mas ao Senhor, de quem ele é instrumento, então teria recebido grande recompensa. Mas ele tomou as murmurações de seus irmãos como dirigidas contra ele e tem-se sentido sob a obrigação de fazer que todos compreendam a falta e a maldade de assim se queixarem dele quando não merecia sua censura e ofensa. T3 98 1 Se meu marido houvesse sentido que poderia deixar essa questão com o Senhor, e que murmurações e negligência foram contra o Mestre e não contra o servo a serviço do Mestre, não teria se sentido tão ofendido, nem sido prejudicado. Ele deveria ter deixado isso com o Senhor, de quem é servo, para travar Suas batalhas por ele e vindicar Sua causa. Então teria recebido uma recompensa preciosa por todo seu sofrimento por amor de Cristo. T3 98 2 Vi que meu marido não deveria demorar-se sobre os fatos penosos em nossa experiência. Nem deveria ter escrito sobre suas mágoas, mas distanciar-se delas o máximo possível. Deus curará as feridas do passado se ele desviar a atenção das mesmas. "Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente, não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas." 2 Coríntios 4:17, 18. Quando confissões são feitas por seus irmãos que têm estado em falta, ele deve aceitar as confissões e, generosa e nobremente, procurar encorajar aqueles que foram enganados pelo inimigo. Ele deve cultivar um espírito de perdão e não deve demorar-se sobre as faltas e erros de outros, porque assim fazendo não só enfraquece o próprio coração, mas tortura a mente de seus irmãos que erraram, quando eles podiam ter feito o que fosse possível fazer por confissão, para corrigir os erros passados. Se Deus vir que é necessário que qualquer porção de seu passado lhes deva ser apresentado, para que compreendam como evitar erros no futuro, Ele fará esta obra; mas meu marido não deve atribuir-se o fazê-lo, porque desperta cenas passadas de sofrimento que o Senhor gostaria que ele esquecesse. ------------------------Capítulo 10 -- Parábolas dos perdidos A ovelha perdida T3 99 1 Minha atenção foi chamada para a parábola da ovelha perdida. As noventa e nove ovelhas são deixadas no deserto, e começa a busca daquela que se extraviou. Ao encontrar a ovelha perdida, o pastor suspende-a aos ombros, e volta cheio de regozijo. Não volta murmurando e censurando a pobre ovelha perdida por haver-lhe causado tanta dificuldade; pelo contrário, com júbilo ela é carregada. T3 99 2 E uma demonstração ainda maior de alegria é exigida. Os amigos e vizinhos são convocados para se alegrarem com o que a encontrou, "porque já achei a minha ovelha perdida". Lucas 15:6. O encontro era o motivo de regozijo; não se demorava no fato do extravio; pois a alegria de encontrar a ovelha superava a dor da perda e do cuidado, a perplexidade e o perigo enfrentados na busca da ovelha perdida, e no restituí-la à segurança. "Digo-vos que assim haverá alegria no Céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento." Lucas 15:6, 7. A dracma perdida T3 99 3 A dracma perdida destina-se a representar o pecador errante, extraviado. O cuidado da mulher para achar a moeda perdida destina-se a ensinar aos seguidores de Cristo uma lição quanto a seu dever para com os errantes que andam extraviados do caminho reto. A mulher acendeu a candeia a fim de aumentar a luz, e depois varreu a casa, e procurou diligentemente até encontrá-la. T3 99 4 Aqui se define claramente o dever dos cristãos para com os que necessitam auxílio por se desviarem de Deus. Os que erram não devem ser deixados em trevas e no erro, mas cumpre empregar todos os meios possíveis para trazê-los novamente para a luz. Acende-se a luz; e, com fervorosa oração para que a luz celeste vá ao encontro daqueles que se acham circundados de trevas e incredulidade, examina-se a Palavra de Deus em busca dos claros pontos da verdade, para que os cristãos fiquem por tal modo fortalecidos com argumentos da Sagrada Escritura, com suas reprovações, ameaças e estímulos, que os desviados sejam alcançados. A indiferença ou a negligência atrairá o desagrado de Deus. T3 100 1 Quando a mulher encontrou a moeda, convocou suas amigas e vizinhas, dizendo: "Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida. Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende." Lucas 15:9, 10. Se os anjos de Deus se regozijam pelo errante que vê e confessa suas culpas, e volve à comunhão dos irmãos, quanto mais se devem os seguidores de Cristo, eles próprios faltosos e dia a dia necessitados do perdão de Deus e dos irmãos, alegrar-se com a volta de um irmão ou irmã que foi iludido pelos enganos de Satanás, e seguiu uma direção errada, e sofreu por causa disso! T3 100 2 Em vez de manter os culpados longe, seus irmãos devem ir ao encontro deles onde estão. Em vez de criticá-los por se acharem em trevas, devem acender a própria lâmpada mediante a obtenção de mais graça divina e melhor conhecimento das Escrituras, a fim de dissiparem a escuridão dos que estão em erro pela luz que lhes levem. E quando são bem-sucedidos, e os que erram sentem as próprias culpas e se submetem para seguir a luz, devem ser recebidos com alegria, e não com espírito de murmuração, ou com empenho de impressioná-los com o sentimento de sua grande pecaminosidade, que demandará extraordinário esforço, ansiedade e penoso trabalho. Se os puros anjos de Deus saúdam o acontecimento com alegria, quanto mais o devem fazer seus irmãos, que necessitam, eles próprios, de compaixão, amor e auxílio quando erram e, em trevas, não sabem como ajudar a si mesmos! O filho pródigo T3 100 3 Minha atenção foi chamada para a parábola do filho pródigo. Ele solicitou que o pai lhe desse sua parte da herança. Desejava separar os próprios interesses dos de seu pai, dirigindo o que lhe cabia segundo as suas inclinações. O pai satisfez o pedido, e o filho afastou-se egoistamente, de modo a não ser perturbado com seus conselhos ou reprovações. T3 101 1 O filho achou que seria feliz quando lhe fosse permitido usar sua parte como lhe aprouvesse, sem ser incomodado com advertências ou restrições. Não queria ser perturbado com obrigações mútuas. Caso partilhasse dos bens de seu pai, este teria direitos sobre ele como filho. Ele, porém, não se sentia sob qualquer obrigação para com aquele generoso pai, e fortaleceu seu espírito egoísta e rebelde com o pensamento de que uma parte da propriedade paterna lhe pertencia. Reivindicou sua parte quando, de direito, não podia pedir nada, nem devia receber coisa alguma. T3 101 2 Depois de seu coração egoísta haver recebido o tesouro, que tão pouco merecia, retirou-se para longe de seu pai, a fim de esquecer até que possuía um pai. Menosprezava a restrição, e estava inteiramente determinado a desfrutar por todos os meios e modos que quisesse. Havendo, com seus prazeres pecaminosos, gasto tudo quanto o pai lhe havia dado, a terra foi flagelada por uma fome, e ele veio a sofrer extrema miséria. Começou então a lamentar os pecaminosos caminhos de extravagantes prazeres em que andara; pois se achava desamparado, necessitado dos meios que esbanjara. Viu-se obrigado a descer da vida de pecaminosa satisfação em que vivia à baixa condição de guardador de porcos. T3 101 3 Havendo descido o mais baixo que era possível, pensou na bondade e no amor de seu pai. Sentiu então a necessidade que tinha dele. Trouxera sobre si a situação em que se encontrava, destituído de amigos e de todo recurso. Sua desobediência e pecado resultaram na separação de seu pai. Pensou nos privilégios e na abundância que desfrutavam livremente os servos assalariados da casa paterna, ao passo que ele, que se alienara da mesma, perecia de fome. Humilhado pela adversidade, decidiu volver ao pai com humilde confissão. Era um mendigo, destituído de roupas confortáveis, ou sequer decentes. A falta de recursos o reduzira a um estado miserável, e achava-se pálido por causa da fome. T3 101 4 Ainda a certa distância de casa, o pai avistou o caminhante, e seu primeiro pensamento foi sobre aquele filho rebelde que o abandonara anos antes a fim de seguir uma carreira de desenfreado pecado. O sentimento paternal agitou-se dentro dele. Apesar de todos os sinais de sua degradação, o pai nele divisou a própria imagem. Não esperou que o filho percorresse toda a distância até onde ele estava, mas apressou-se a ir-lhe ao encontro. Não o censurou por haver trazido sobre si tanto sofrimento em conseqüência do próprio caminho de pecado; antes, com a mais terna piedade e compaixão, apressou-se a dar-lhe provas de seu amor e testemunho do perdão que lhe concedia. T3 102 1 Embora o filho estivesse pálido e sua fisionomia indicasse plenamente a vida dissoluta que levara, embora vestisse trapos de mendigo e tivesse os pés nus cobertos pela poeira dos caminhos, despertou-se no pai a mais terna piedade ao vê-lo prostrar-se diante dele em humildade. Não recuou, em sua dignidade; não se mostrou exigente. Não expôs diante do filho seus passados caminhos de erro e de pecados, a fim de fazê-lo ver quão baixo imergira. Ergueu-o e beijou-o. Apertou ao peito o filho rebelde, envolvendo-lhe o corpo quase nu com o próprio e rico manto. Tomou-o ao coração com tal calor e demonstrou tal piedade que, se o filho já duvidara da bondade e do amor de seu pai, não mais poderia fazê-lo. Se, ao decidir volver à casa paterna, experimentava um senso de pecado, muito mais profundo foi o sentimento de sua ingratidão ao ser recebido assim. Seu coração, antes rendido, estava agora quebrantado por haver ofendido o amor daquele pai. T3 102 2 O arrependido e tremente filho, que temera grandemente ser renegado, não se achava preparado para tal recepção. Sabia que a não merecia, e assim reconheceu seu pecado em deixar o pai: "Pequei contra o Céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho." Lucas 15:21. Rogou apenas que fosse considerado como um servo assalariado. O pai, porém, solicitou que os servos lhe dessem provas especiais de respeito e o vestissem como se houvesse sido sempre um filho obediente. T3 102 3 O pai tornou a volta de seu filho uma ocasião de regozijo especial. O filho mais velho, que se achava no campo, nada sabia acerca do regresso do irmão, mas ouviu as demonstrações gerais de alegria, e indagou dos servos o que significava tudo aquilo. Foi-lhe explicado que seu irmão, julgado morto, voltara, e que o pai matara o bezerro cevado por causa dele, pois o recebera como um morto que revive. T3 103 1 Então o irmão se zangou, e não queria entrar para ver e receber ao que chegara. Indignou-se porque esse irresponsável irmão, que abandonara o pai e lançara sobre ele o pesado fardo de cumprir os deveres que deveriam haver sido partilhados por ambos, fosse agora recebido com tantas honras. Esse irmão seguira um procedimento ímpio e dissoluto, desperdiçando os recursos que seu pai lhe dera até ficar reduzido à penúria, enquanto ele cumprira fielmente em casa os deveres de um filho; esse libertino vem para a casa de seu pai e é recebido com respeito e honras superiores a tudo quanto ele próprio já recebera. T3 103 2 O pai rogou que o filho mais velho recebesse seu irmão com alegria, pois ele estava perdido e fora achado; estava morto em pecado e iniqüidade, mas achava-se novamente vivo; volvera ao senso moral, e aborrecia agora o caminho de pecado que seguira. O filho mais velho, porém, alega: "Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou a tua fazenda com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado." Lucas 15:29, 30. T3 103 3 O pai afirmou ao filho que ele estava sempre em sua companhia, e tudo quanto lhe pertencia era do filho, mas que era justo que mostrassem agora essa alegria, pois "este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se". Lucas 15:32. O fato de o perdido ser achado, o morto estar vivo, supera todas as outras considerações por parte do pai. T3 103 4 Esta parábola foi dada por Cristo a fim de representar a maneira em que nosso Pai recebe o errante e arrependido. É contra o pai que se comete o pecado; todavia, ele, na compaixão de seu coração, cheio de piedade e perdão, vai ao encontro do pródigo e manifesta sua grande alegria por seu filho, que ele acreditava morto para todas as afeições filiais, haver-se tornado sensível a seu grande pecado e negligência e voltar para o pai, apreciando-lhe o amor e reconhecendo-lhe os direitos. Sabe que o filho que seguiu a senda do pecado e agora se arrepende necessita de sua piedade e seu amor. Este filho sofreu, sentiu sua necessidade e veio ter com o pai como aquele que unicamente lhe pode suprir essa grande necessidade. T3 104 1 A volta do filho pródigo era causa da maior alegria. Eram naturais as queixas do irmão mais velho, mas não eram justas. Todavia é esta freqüentemente a atitude que irmão adota para com irmão. Há demasiado esforço para fazer os culpados reconhecerem onde erraram, e ficar lembrando-lhes os erros que cometeram. Os que caíram em falta precisam de piedade, precisam de auxílio, de simpatia. Eles sofrem em seus sentimentos e acham-se com freqüência abatidos e acabrunhados. O que eles necessitam acima de tudo o mais é de completo perdão. ------------------------Capítulo 11 -- Trabalho entre as igrejas T3 104 2 No trabalho feito para a igreja de Battle Creek na primavera de 1870, não houve toda aquela dependência de Deus que a importante ocasião exigia. Os irmãos R e S não fizeram de Deus sua confiança, e não agiram em Sua força e com Sua graça, tanto quanto deviam. T3 104 3 Quando o irmão S pensa que alguém está em erro, ele é freqüentemente demasiado severo. Deixa de exercer aquela compaixão e consideração que teria mostrado para consigo mesmo sob circunstâncias idênticas. Também corre grande perigo de julgar mal e errar ao lidar com mentes humanas. Lidar com mentes é a obra mais delicada e difícil dada a mortais. Os que se empenham nessa obra devem ter claro discernimento e boa capacidade de discriminação. A verdadeira independência mental é um elemento inteiramente diverso da precipitação. Essa qualidade de independência que leva a uma opinião cautelosa, piedosa e deliberada não deve ser abandonada facilmente, pelo menos não antes que a evidência seja suficientemente forte para nos dar a certeza de que estamos em erro. Essa independência manterá o espírito calmo e estável, entre os inúmeros erros que prevalecem, e levará os que ocupam posição de responsabilidade a considerar cuidadosamente a evidência, sob todos os ângulos, sem ser arrastados por influência de outros, ou pelo ambiente, a firmar conclusões sem a devida compreensão e completo conhecimento de todas as circunstâncias. T3 105 1 A investigação de casos em Battle Creek assemelhava-se muito à maneira como um advogado critica uma testemunha. Notava-se uma ausência decisiva do Espírito de Deus. Havia uns poucos unidos nesta obra que eram ativos e zelosos. Alguns eram justos aos próprios olhos e auto-suficientes, e apoiavam-se em seus testemunhos, e sua influência controlava o discernimento dos irmãos R e S. Por causa de uma falta insignificante, as irmãs T e U não foram recebidas como membros da igreja. Os irmãos R e S deviam ter tido critério e discernimento para ver que essas objeções não tinham suficiente peso para manter essas irmãs fora da igreja. Ambas tinham permanecido há muito na fé e sido fiéis na observância do sábado por dezoito ou vinte anos. T3 105 2 A irmã V, que levantou essas coisas, deveria ter apresentado contra ela mesma razões mais fortes para não se tornar membro da igreja. Estava ela sem pecado? Foram seus caminhos sempre perfeitos diante de Deus? Fora perfeita em paciência, abnegação, gentileza, tolerância e de temperamento calmo? Se ela estivesse livre das fraquezas comuns entre as mulheres, então poderia lançar a primeira pedra. Aquelas irmãs que foram deixadas fora da igreja eram dignas de um lugar na mesma; eram amadas de Deus. Mas foram tratadas de modo imprudente, sem suficiente razão. Houve outros cujos casos foram tratados sem maior sabedoria celestial e mesmo sem critério sadio. O critério do irmão S e seu poder de discernimento foram pervertidos durante muitos anos pela influência de sua mulher, que tem sido um dos mais eficientes instrumentos de Satanás. Tivesse ele possuído a qualidade genuína de independência, teria tido respeito próprio e, com a devida dignidade, teria edificado a própria casa. Quando assumia uma conduta voltada a impor o respeito de sua família, geralmente levava a questão longe demais, era severo e falava de modo áspero e despótico. Algum tempo depois, tornando-se consciente disso, ia então para o extremo oposto e abria mão de sua autonomia. T3 106 1 Nesse estado mental, recebia informações de sua mulher, abandonava seu discernimento e era facilmente enganado pelas intrigas dela. Algumas vezes ela fingia estar em grande sofrimento e contava que suportara privações e sofrera negligência da parte dos irmãos, na ausência do marido. Suas mentiras e ardis para controlar a mente do marido têm sido grandes. O irmão S não tem recebido plenamente a luz que o Senhor lhe deu no passado com respeito a sua mulher, ou não teria sido enganado por ela como tem acontecido. Ele tem sido escravizado muitas vezes por seu espírito porque o próprio coração e vida não foram consagrados plenamente a Deus. Seus sentimentos se inflamaram contra seus irmãos e ele os oprimiu. O eu não tem sido crucificado. Ele deve procurar seriamente sujeitar todos os seus pensamentos e sentimentos à obediência de Cristo. Fé e abnegação teriam sido para o irmão S fortes ajudadores. Se ele tivesse se revestido de toda armadura de Deus e escolhido como única defesa aquela que o Espírito de Deus e o poder da verdade lhe dão, ele teria sido forte no poder de Deus. T3 106 2 Mas o irmão S é fraco em muitas coisas. Se Deus pedisse que expusesse e condenasse um vizinho, que reprovasse e corrigisse um irmão, ou que resistisse e destruísse seus inimigos, seria para ele um trabalho comparativamente natural e fácil. Mas uma guerra contra o eu, sujeitando os desejos e afeições do próprio coração, e sondando e controlando os motivos secretos do coração, é uma guerra mais difícil. Quão indisposto é ele em ser fiel num tal combate! A guerra contra o eu é a maior batalha jamais travada. Submeter o eu, entregar tudo à vontade de Deus e ser revestido de humildade, possuindo o amor que é puro, pacífico e fácil de ser conciliado, cheio de mansidão e bons frutos, não é uma tarefa fácil. E contudo é seu privilégio e dever ser um perfeito vencedor aqui. O coração precisa submeter-se a Deus antes de poder ser renovado em conhecimento e verdadeira santidade. A vida e o caráter santos de Cristo são um exemplo fiel. A confiança em Seu Pai celestial era ilimitada. Sua obediência e submissão eram sem reservas e perfeitas. Ele "não veio para ser servido, mas para servir" a outros. Mateus 20:28. Não veio para fazer Sua vontade, mas a vontade dAquele que O enviou. Em todas as coisas Ele "entregava-Se Àquele que julga justamente". 1 Pedro 2:23. Dos lábios do Salvador do mundo foram ouvidas estas palavras: "Eu não posso de Mim mesmo fazer coisa alguma." João 5:30. T3 107 1 Ele "Se fez pobre" e "aniquilou-Se a Si mesmo". 2 Coríntios 8:9; Filipenses 2:7. Teve fome e freqüentemente sede, e muitas vezes Se cansou em Sua labuta; mas não tinha "onde reclinar a cabeça". Mateus 8:20. Quando as sombras frias e úmidas da noite O cercavam, a terra era freqüentemente Sua cama. Apesar disto Ele abençoou aqueles que O odiavam. Que vida! Que experiência! Podemos nós, os professos seguidores de Cristo, suportar alegremente privação e sofrimento como fez nosso Senhor, sem murmurar? Podemos tomar o cálice e "ser batizados com o batismo"? Mateus 20:22. Se podemos, poderemos partilhar de Sua glória em Seu reino celestial. Se não, não teremos parte com Ele. T3 107 2 O irmão S precisa obter uma experiência, sem a qual seu trabalho causará verdadeiro dano. Ele é muito afetado por aquilo que outros lhe dizem acerca dos que erram; inclina-se a decidir segundo as impressões feitas sobre sua mente, e age com severidade, quando uma conduta mais gentil seria muito melhor. Não leva em conta a própria fraqueza, e é muito difícil questionar sua conduta, mesmo quando está em erro. Quando decide que um irmão ou irmã está em erro, é propenso a resolver o assunto e impor sua censura, embora assim fazendo prejudique a si próprio e ponha em perigo a salvação de outros. T3 107 3 O irmão S deve evitar julgamentos na igreja e não envolver-se em ajustar dificuldades, se puder evitá-lo. Ele tem um dom precioso, que é necessário na causa de Deus. Mas deve separar-se de influências que lhe afetam as simpatias, confundem-lhe o discernimento e o levam a decisões imprudentes. Não deve nem precisa ser assim. Ele exerce pouca fé em Deus. Demora-se demais sobre suas enfermidades físicas e fortalece a incredulidade cultivando sentimentos negativos. Deus tem força e sabedoria em reserva para aqueles que O buscam fervorosamente, crendo com fé. T3 108 1 Foi-me mostrado que o irmão S é um homem forte em alguns pontos, enquanto que em outros é tão fraco como uma criança. Sua maneira de tratar com os que erram tem tido uma influência divisiva. Ele tem confiança em sua capacidade de esforçar para endireitar coisas que pensa serem necessárias, mas não vê corretamente a questão. Ele mistura em seus trabalhos o próprio espírito, e não discerne, mas freqüentemente age sem ternura. Existe o que se considera exagero em impor a obediência estrita aos indivíduos. "E compadecei-vos de alguns que estão na dúvida; salvai-os, arrebatando-os do fogo; quanto a outros, sede também compassivos em temor, detestando até a roupa contaminada pela carne." Judas 22, 23. T3 108 2 A imposição da obediência estrita tem uma irmã gêmea: a bondade. Se ambas estiverem unidas, ganhar-se-á uma vantagem decisiva; mas se a obediência estiver separada da bondade, se terno amor não é misturado com a obediência, haverá um fracasso, e muito dano será o resultado. Homens e mulheres não querem ser empurrados, mas muitos podem ser ganhos pela bondade e o amor. O irmão S tem erguido o chicote do evangelho, e suas próprias palavras têm sido com freqüência o estalo do chicote. Isto não tem tido uma influência para estimular outros a maior zelo e a motivá-los para boas obras, mas tem despertado sua combatividade para repelir a severidade dele. T3 108 3 Se o irmão S tivesse andado na luz, não teria cometido tantos erros sérios. "Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo. Mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz." João 11:9, 10. O caminho da obediência é o caminho da segurança. "Quem anda em sinceridade, anda seguro." Provérbios 10:9. Ande na luz e, "então, andarás com confiança no teu caminho, e não tropeçará o teu pé." Provérbios 3:23. Aqueles que não andam na luz terão uma religião doentia e atrofiada. O irmão S deve sentir a importância de andar na luz, embora mortificante para ele. É esforço sério, motivado por amor aos pecadores, que fortalece o coração e desenvolve os dons. T3 109 1 Meu irmão, você é independente por natureza e auto-suficiente. Pensa que sua habilidade para agir é muito maior do que ela realmente é. Você ora ao Senhor para humilhá-lo e qualificá-lo para Seu serviço, e quando Ele responde à sua oração e o põe sob a disciplina necessária para a realização do objetivo, você freqüentemente cede a dúvidas e desânimo, e pensa que tem razão para desalento. Quando o irmão W o advertia e o impedia de meter-se em dificuldades na igreja, você freqüentemente achava que ele o estava restringindo. T3 109 2 Foram-me mostrados seus trabalhos em Iowa. Houve uma falta evidente em ajuntar com Cristo. Você distraiu, confundiu e espalhou as pobres ovelhas. Tinha "zelo..., mas não com entendimento". Romanos 10:2. Seu trabalho não foi feito com amor, mas com rigor e severidade. Você era exigente e dominante. Não fortaleceu a fraca nem enfaixou a que mancava. Ezequiel 34:4. Sua aspereza imprudente empurrou algumas para fora do aprisco que jamais poderão ser alcançadas e trazidas de volta. "Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo." Provérbios 25:11. Palavras impróprias são o contrário. Sua influência é como a chuva de pedra que devasta. T3 109 3 Você ficou descontente sob restrição quando o irmão W o advertiu, o admoestou e o reprovou. Pensou que, se pudesse estar livre e agir por conta própria, poderia fazer um trabalho bom e grandioso. Mas a influência de sua esposa tem prejudicado bastante sua utilidade. Você não tem governado bem a própria casa, falhando em ordenar a família segundo seu exemplo. Pensou que entendia como controlar os negócios de seu lar. Mas como tem sido enganado! Tem freqüentemente seguido os impulsos de seu espírito, o que tem resultado em perplexidades e desalento, e estes obscureceram seu discernimento e o enfraqueceram espiritualmente, de modo que seus trabalhos têm sido marcados por grande imperfeição. T3 110 1 Os trabalhos dos irmãos R e S em _____ foram prematuros. Estes irmãos tinham diante de si a própria experiência passada com seus erros, o que devia ter sido suficiente para guardá-los de envolver-se em um trabalho para o qual não estavam qualificados. Havia bastante a ser feito. Era um lugar difícil onde levantar uma igreja. Influências adversas os cercavam. Toda decisão devia ser tomada com a devida cautela e oração. T3 110 2 Estes dois irmãos foram advertidos e censurados repetidas vezes por agirem imprudentemente, e não deviam ter assumido as responsabilidades que assumiram. Oh, quão melhor teria sido para a causa de Deus em _____ tivessem eles labutado em novos campos! O trono de Satanás está em _____, bem como em outras cidades ímpias; e ele é um inimigo ardiloso com quem lutar. Havia elementos desordeiros entre os guardadores do sábado em _____, que eram um impedimento para a causa. Mas há um tempo apropriado para falar e agir, uma oportunidade áurea que dará os melhores resultados ao trabalho efetuado. T3 110 3 Se as coisas tivessem sido deixadas a amadurecer antes de serem tocadas, teria havido uma separação dos desordeiros e não consagrados, e não teria havido um partido contrário. Isso devia ter sido evitado se possível. Seria melhor a igreja ter sofrido muito aborrecimento e exercido mais paciência do que estar com pressa, precipitar as coisas e provocar um espírito combativo. Aqueles que realmente amavam a verdade por amor da verdade deviam ter seguido sua conduta visando à glória de Deus e deixado que a luz da verdade brilhasse diante de todos. T3 110 4 Eles podiam esperar que os elementos de confusão e de insatisfação entre eles lhes causassem aborrecimento. Satanás não ficaria quieto vendo um grupo sendo formado em _____ para defender a verdade e desfazer enganos e erros. Sua ira seria despertada, e declararia guerra contra aqueles "que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus". Apocalipse 12:17. Mas isso não deveria ter tornado impacientes ou desanimados os crentes fiéis. Estas coisas deviam ter tido uma influência para tornar o crente verdadeiro mais cauteloso, vigilante e devoto -- mais terno, compassivo e amando aqueles que estavam cometendo tão grande erro com respeito às coisas eternas. Como Cristo suportou, e continua a suportar nossos erros, nossa ingratidão e nosso débil amor, assim devíamos suportar aqueles que provam nossa paciência. Serão os seguidores de Jesus, que negou a Si mesmo e Se sacrificou, tão diferentes de seu Senhor? Os cristãos devem ter coração bondoso e paciente. O semeador do evangelho T3 111 1 A parábola do semeador do evangelho, que Cristo apresentou a Seus ouvintes, contém uma lição que devemos estudar. Aqueles que pregam a verdade presente e espalham a boa semente obterão os mesmos resultados que o semeador do evangelho. Todas as classes serão afetadas mais ou menos pela apresentação de verdades penetrantes e convincentes. Alguns serão ouvintes de beira do caminho. Serão afetados pelas verdades anunciadas; mas não cultivaram as forças morais, seguiram a inclinação de preferência ao dever, e maus hábitos lhes endureceram o coração até que ficaram como o caminho duro e batido. Esses podem professar crer na verdade; mas não terão um senso justo de seu caráter sagrado e elevado. Não se separam da amizade dos amantes de prazer e da sociedade corrompida; mas se colocam onde são constantemente tentados, e bem podem ser representados pelo campo não cercado. Convidam as tentações do inimigo e finalmente perdem o respeito que pareciam ter pela verdade quando a boa semente foi lançada em seu coração. T3 111 2 Alguns são ouvintes do terreno pedregoso. Prontamente recebem qualquer coisa nova e empolgante. Recebem com alegria a palavra da verdade. Falam com sinceridade, ardor e zelo com relação à sua fé e esperança, e podem até reprovar pessoas de longa experiência por alguma deficiência evidente ou por sua falta de entusiasmo. Mas quando são testados pelo calor da prova e tentação, quando a podadeira de Deus é aplicada, para que produzam fruto com perfeição, seu zelo morre, sua voz silencia. Não mais se orgulham do vigor e poder da verdade. T3 112 1 Essa classe é controlada pela emoção. Não tem profundeza e estabilidade de caráter. O princípio não alcança a profundidade, sob as fontes de ação. Em palavras têm exaltado a verdade, mas não são praticantes da mesma. A semente da verdade não lançou raízes sob a superfície. O coração não foi renovado pela influência transformadora do Espírito de Deus. Mas quando a verdade convoca homens e mulheres praticantes, quando sacrifícios precisam ser feitos por amor da verdade, eles estão em outro lugar; e quando provas e perseguição vêm, escandalizam-se porque não havia profundidade no terreno. A verdade clara, incisiva e conclusiva é aplicada ao coração e revela a deformidade do caráter. Alguns não suportarão essa prova, mas freqüentemente fecham os olhos a suas imperfeições; embora a consciência lhes diga que as palavras faladas pelos mensageiros de Deus, que afetam tão de perto seu caráter cristão, são a verdade, todavia não escutarão a voz. Ofendem-se por causa da palavra e renunciam à verdade em vez de submeter-se a ser santificados por ela. Lisonjeiam-se de que podem chegar ao Céu por um caminho mais fácil. T3 112 2 Uma outra classe é representada na parábola. Homens e mulheres que ouvem a palavra são convencidos da verdade e a aceitam sem ver a pecaminosidade de seu coração. O amor do mundo ocupa um grande lugar em suas afeições. Nos negócios gostam de levar vantagem. Procedem mal e, por engano e fraude, obtêm recursos que se demonstrarão ser-lhes um espinho; isto sobrepujará seus bons propósitos e intenções. A boa semente semeada em seu coração é sufocada. Freqüentemente estão tão cheios de cuidados e ansiedades, temendo não poder manter-se, ou que perderão o que ganharam, que dão o primeiro lugar a seus negócios temporais. Não nutrem a boa semente. Não assistem às reuniões onde o coração pode ser fortalecido por privilégios religiosos. Receiam que sofrerão alguma perda em questões temporais. O engano das riquezas os leva a lisonjear-se que é seu dever labutar e ganhar tudo que puderem, para poderem ajudar a causa de Deus; porém, quanto mais aumentam suas riquezas terrestres, tanto menos o coração se inclina a separar-se de seu tesouro, até que se afastam da verdade que amavam. A boa semente é sufocada por ansiedade e cuidados mundanos desnecessários, sufocada por amor aos prazeres do mundo e honras que as riquezas conferem. O trigo e o joio T3 113 1 Em outra parábola apresentada por Jesus aos discípulos, Ele comparou o reino do Céu a um campo em que um homem semeara boa semente, mas no qual, enquanto ele dormia, o inimigo semeou joio. Foi dirigida ao pai de família a pergunta: "Não semeaste tu no teu campo boa semente? Por que tem então joio? E ele lhes disse: Um inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres pois que vamos arrancá-lo? Porém ele lhes disse: Não; para que ao colher o joio não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas o trigo ajuntai-o no meu celeiro." Mateus 13:27-30. Caso houvesse sido mantida fidelidade e vigilância, se não tivesse havido sono ou negligência por parte de alguém, o inimigo não teria tido tão favorável oportunidade de semear joio entre o trigo. Satanás nunca dorme. Está vigilante, e aproveita toda a oportunidade para fazer seus agentes disseminarem erros que encontram solo propício em muitos corações não santificados. T3 113 2 Os sinceros crentes na verdade são entristecidos, e suas provas e aflições grandemente aumentadas, pelos elementos que entre eles os aborrecem, desalentam e desanimam em seus esforços. Mas o Senhor ensinaria a Seus servos uma lição de grande cuidado em todos os seus passos. "Deixai crescer ambos juntos." Mateus 13:30. Não arranqueis à força o joio para que, ao arrancá-lo, não aconteça que as preciosas hastes venham a soltar-se. Tanto os pastores como os membros da igreja devem ser muito cautelosos, para que não nutram zelo sem entendimento. Há perigo de fazer-se na igreja demasiado para sanar dificuldades que, deixadas em paz, sanar-se-ão muitas vezes por si mesmas. É um mau método tratar em qualquer igreja os assuntos prematuramente. Cumpre-nos exercer o maior cuidado, paciência e domínio sobre nós mesmos, para suportar essas coisas, e não agir por impulso para pô-las em ordem. T3 114 1 A obra realizada em _____ foi prematura, e ocasionou inoportuna separação naquela igrejinha. Se os servos de Deus pudessem ter apreendido a força da lição de nosso Salvador na parábola do trigo e do joio, não haveriam empreendido a obra que fizeram. Antes de se darem passos que forneçam, mesmo aos que são de todo indignos, a mínima ocasião de se queixarem de haver sido separados da igreja, o assunto deve ser sempre tornado objeto do mais cuidadoso estudo e fervorosa oração. Em _____, foram dados passos que criaram um partido de oposição. Alguns eram ouvintes da beira do caminho; outros ouvintes do terreno pedregoso; e ainda outros eram daquela classe que recebia a verdade enquanto o coração tinha uma vegetação de espinhos de molde a sufocar a boa semente; estes nunca teriam caráter cristão aperfeiçoado. Havia, porém, alguns que poderiam haver sido nutridos e fortalecidos, e poderiam ter se firmado e estabilizado na verdade. As atitudes tomadas pelos irmãos R e S, porém, trouxeram uma crise prematura, e depois houve falta de sabedoria e discernimento no lidar com a facção. T3 114 2 Se as pessoas forem tão merecedoras de ser separadas da igreja como Satanás o foi de ser expulso do Céu, terão simpatizantes. Há sempre uma classe que é mais influenciada por indivíduos do que pelo Espírito de Deus e pelos sãos princípios; e, em seu estado não consagrado, essas pessoas estão sempre prontas a tomar o partido do erro, e pôr a compaixão e simpatia juntamente com os que menos a merecem. Esses simpatizantes exercem poderosa influência sobre outros; vêem-se as coisas sob um aspecto errado, ocasiona-se grande mal, e muitas são as pessoas arruinadas. Em sua rebelião, Satanás levou consigo a terça parte dos anjos. Desviaram-se do Pai e de Seu Filho, e uniram-se ao instigador da rebelião. Tendo esses fatos diante de nós, cumpre-nos agir com a maior cautela. Que podemos esperar senão provação e perplexidade em nossas relações com homens e mulheres de mentalidade peculiar? Precisamos suportar isso, e evitar a necessidade de arrancar o joio, não aconteça que o trigo seja extirpado também. T3 115 1 "No mundo tereis aflições" (João 16:33), disse Cristo; mas em Mim vocês terão paz. As provas a que os cristãos são submetidos em aflição, adversidade e ignomínia são os meios indicados por Deus para separar a palha do trigo. Nosso orgulho, egoísmo, ruins paixões e amor dos prazeres mundanos precisam todos ser vencidos; portanto, Deus nos envia aflições para nos experimentar e provar, e mostrar-nos que esses males existem em nosso caráter. Cumpre-nos vencê-los mediante a força e a graça que nos dá, a fim de sermos "participantes da natureza divina, havendo escapado à corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo". 2 Pedro 1:4. "Porque a nossa leve e momentânea tribulação", diz Paulo, "produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se vêem; mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas." 2 Coríntios 4:17, 18. Aflições, cruzes, tentações, adversidades e nossas várias provações são os agentes divinos para nos purificar, santificar e preparar-nos para o celeiro celeste. T3 115 2 Os danos causados à verdade por medidas prematuras jamais podem ser plenamente reparados. A causa de Deus em _____ não tem avançado como poderia, e não será vista pelo povo em tão favorável aspecto como antes de se fazer essa obra. Há freqüentemente entre nós pessoas cuja influência parece ser simplesmente nula. Sua vida parece inútil; tornam-se, porém, rebeldes e combativas, e se fazem zelosas obreiras de Satanás. Essa obra está mais em harmonia com os sentimentos do coração natural. Grande é a necessidade de exame do próprio coração e de oração particular. Deus prometeu sabedoria àqueles que pedirem. O trabalho missionário é muitas vezes realizado por pessoas não preparadas para a obra. Cultiva-se o zelo exterior, ao passo que a oração particular é negligenciada. Assim sendo, causa-se muito mal, pois esses obreiros buscam regular a consciência dos outros pela própria regra. Há necessidade de muito domínio próprio. As palavras precipitadas suscitam contenda. O irmão S acha-se em risco de condescender com um espírito de crítica incisiva. Isto não convém aos pregadores da justiça. T3 116 1 Irmão S, o irmão tem muito a aprender. Tem havido de sua parte a inclinação de responsabilizar o irmão W, por seus fracassos e desânimo; inquirindo-se, porém, intimamente os seus motivos e sua maneira de proceder, verificar-se-ia haver, no próprio irmão, outras causas para esse desânimo. Seguir a inclinação de seu coração natural leva-o à servidão. O espírito severo, torturante, com que o irmão condescende por vezes, destrói-lhe a influência. Meu irmão, você tem uma obra a fazer em benefício próprio, obra que nenhuma outra pessoa pode realizar em seu favor. Cada um tem de dar contas de si mesmo a Deus. Ele nos deu Sua lei como um espelho a que podemos olhar e descobrir os defeitos existentes em nosso caráter. Não devemos olhar a esse espelho com o objetivo de ver os defeitos de nosso semelhante ali refletidos, de ver se ele atinge a norma, mas ver os defeitos que há em nós mesmos, a fim de que os possamos remover. Não precisamos apenas de conhecimento; devemos seguir a luz. Não somos deixados a escolher por nós mesmos, e obedecer ao que nos agrada, e desobedecer quando isto nos for mais conveniente. "Obedecer é melhor do que... sacrificar." 1 Samuel 15:22. ------------------------Capítulo 12 -- A pais ricos T3 116 2 Na reunião campal em Vermont, em 1870, senti-me impelida pelo Espírito de Deus a apresentar um testemunho franco relativo ao dever de pais idosos e ricos quanto à disposição de sua propriedade. Foi-me mostrado que alguns homens espertos, prudentes e atentos na transação de negócios em geral, homens que se destacam por prontidão e meticulosidade, manifestam uma falta de previsão e presteza quanto à disposição adequada de sua propriedade enquanto vivem. Não sabem quão logo seu tempo de graça pode findar; contudo passam de ano a ano com seus negócios não resolvidos, e freqüentemente sua vida finda quando já não fazem uso da razão. Ou podem morrer repentinamente, sem um momento de aviso, e sua propriedade é disposta de um modo que não teriam aprovado. Eles são culpados de negligência; são mordomos infiéis. T3 117 1 Cristãos que crêem na verdade presente devem manifestar sabedoria e previdência. Não devem negligenciar a disposição de seus recursos, esperando uma oportunidade favorável de ajustar seus negócios durante uma longa enfermidade. Devem manter seus negócios de tal forma que, se fossem chamados a qualquer hora para deixá-los e não tivessem voz nos arranjos, pudessem ser solucionados como gostariam que fossem se estivessem vivos. Muitas famílias têm sido defraudadas desonestamente de toda sua propriedade e ficaram sujeitas à pobreza porque o trabalho que podia ter sido bem feito numa hora foi negligenciado. Aqueles que preparam seu testamento não devem poupar esforço ou despesa para obter conselho jurídico e os preparar de modo a resistir à prova. T3 117 2 Vi que aqueles que professam crer na verdade devem mostrar sua fé por suas obras. Devem granjear "amigos com as riquezas da injustiça, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos". Lucas 16:9. Deus fez o homem mordomo de recursos. Colocou em suas mãos o dinheiro com o qual levar adiante a grande obra para a salvação de pecadores pelos quais Cristo deixou Sua morada, Suas riquezas, Sua glória, e tornou-Se pobre para que pudesse, por Sua humilhação e sacrifício, trazer muitos filhos e filhas de Adão a Deus. Em Sua providência o Senhor ordenou que o trabalho em Sua vinha fosse sustentado pelos recursos confiados às mãos de Seus mordomos. Negligência de sua parte em atender aos apelos da causa de Deus para levar adiante Sua obra mostra que são servos infiéis e ociosos. T3 118 1 Foram-me mostradas algumas coisas referentes à causa em Vermont, especialmente em Bordoville e vizinhança. O seguinte é de Testemunho Para a Igreja, n 20: T3 118 2 "Há uma obra a ser feita por muitos que vivem em Bordoville. Vi que o inimigo estava ocupado em seu trabalho para alcançar seu objetivo. Homens a quem Deus confiou talentos de recursos têm transferido a seus filhos a responsabilidade que o Céu lhes apontou de serem mordomos de Deus. Em vez de submeter a Deus as coisas que são Suas, afirmam que tudo o que têm é seu mesmo, como se pelo próprio poder e sabedoria houvessem obtido seus bens." T3 118 3 "Uns colocam seus recursos fora do próprio controle, pondo-os nas mãos dos filhos. Seu motivo secreto é colocarem-se numa posição onde não se sintam responsáveis por doar seus bens para propagar a verdade. Eles amam 'de palavra', mas não 'por obras e em verdade'. 1 João 3:18. Não entendem que é o dinheiro do Senhor que estão administrando, não o seu." T3 118 4 "Devem os pais ter grande temor de confiar aos filhos os talentos de bens que Deus lhes pôs nas mãos, a menos que tenham a absoluta certeza de que seus filhos têm maior interesse, amor e dedicação pela causa de Deus do que eles mesmos, e que esses filhos serão mais fervorosos e zelosos em promover a obra de Deus, e mais benevolentes em fazer prosperar os vários empreendimentos relacionados com ela que necessitam de recursos. Mas muitos colocam seus bens nas mãos dos filhos, transferindo a eles a responsabilidade da própria mordomia, porque Satanás os leva a assim proceder. Assim fazendo, estão efetivamente pondo esses recursos nas fileiras do inimigo. Satanás controla a questão de molde a satisfazer a seus propósitos e afastar da causa de Deus os recursos de que necessita para que seja abundantemente mantida." T3 118 5 "Muitos que têm feito alta profissão de fé são deficientes em boas obras. Se mostrassem sua fé pelas obras, poderiam exercer poderosa influência a favor da verdade. Mas não aplicam os talentos de recursos que lhes foram confiados por Deus. Os que pensam acalmar a consciência transferindo seus bens aos filhos, ou retendo-os da causa de Deus, e deixando-os nas mãos de filhos descrentes e irresponsáveis para que esbanjem ou acumulem e os adorem, prestarão contas a Deus. São mordomos infiéis do dinheiro do Senhor. Eles permitem que Satanás os domine por meio dos filhos, cuja mente está sob seu controle. Os propósitos de Satanás são alcançados de muitas maneiras, enquanto os mordomos de Deus parecem estupefatos e paralisados, pois não compreendem a grande responsabilidade e o ajuste de contas que deve em breve acontecer." T3 119 1 Foi-me mostrado que o tempo de graça para alguns na vizinhança de _____ logo se encerraria, e que era importante que seu trabalho fosse finalizado de modo aceitável a Deus, para que na prestação de contas final pudessem ouvir o "Bem está" do Mestre. Foi-me também mostrada a incoerência daqueles que professam crer na verdade em reter seus bens da causa de Deus, para poderem deixá-los para seus filhos. Muitos pais e mães são pobres em meio à abundância. Diminuem, em certo grau, seu conforto pessoal e freqüentemente se privam daquelas coisas que são necessárias para desfrutar vida e saúde, enquanto possuem recursos abundantes à sua disposição. Sentem-se como se fossem proibidos de apropriar-se de seus recursos para conforto próprio e para fins caritativos. Têm um objetivo diante de si, e este é economizar os bens para deixar para os filhos. A idéia é tão notável, tão ligada com todas as suas ações, que os filhos aprendem a antecipar o dia quando essa propriedade será sua. Dependem disso, e esta perspectiva tem influência importante, mas não favorável, sobre seu caráter. Alguns se tornam esbanjadores, outros se tornam egoístas e avarentos, e ainda outros se tornam indolentes e irresponsáveis. Muitos não cultivam hábitos de economia; não procuram tornar-se independentes. Não têm um alvo, e têm pouca estabilidade de caráter. As impressões recebidas na infância e juventude são entretecidas em seu caráter e se tornam o princípio de ação na vida adulta. T3 120 1 Aqueles que se familiarizaram com os princípios da verdade devem seguir de perto a Palavra de Deus como seu guia. Devem dar a Deus as coisas que são de Deus. Foi-me mostrado que muitos em Vermont estavam cometendo um grande erro quanto a apropriar-se dos recursos que Deus lhes confiara. Estavam passando por alto as reivindicações de Deus sobre tudo que eles têm. Seus olhos eram cegados pelo inimigo da justiça, e estavam seguindo uma conduta que seria desastrosa para eles e para os filhos. T3 120 2 Os filhos estavam influenciando seus pais a deixar sua propriedade em suas mãos para a usarem segundo seu critério. Com a luz da Palavra de Deus, tão simples e clara em relação a dinheiro emprestado a mordomos, e com as advertências e reprovações que Deus tem dado através dos Testemunhos quanto à disposição de seus bens -- se, com toda esta luz diante deles, os filhos direta ou indiretamente influenciam os pais a dividir a propriedade enquanto vivem, ou a passá-la em testamento aos filhos para que a recebam depois da morte de seus pais, eles assumem responsabilidades terríveis. Filhos de pais idosos que professam amar a verdade devem, no temor de Deus, aconselhar e pleitear com seus pais a serem leais à sua profissão de fé, e a tomarem uma decisão, que Deus possa aprovar, quanto a seus bens. Os pais devem depositar para si tesouros no Céu doando seus bens eles mesmos para o avanço da causa de Deus. Não devem privar-se do tesouro celeste deixando um excesso de bens para aqueles que têm suficiente; pois assim fazendo não só se privam do privilégio precioso de depositar no Céu um tesouro que não falha, mas roubam da tesouraria de Deus. T3 120 3 Eu declarei na reunião campal que quando a propriedade é deixada principalmente para os filhos, enquanto nada é doado à causa de Deus, ou apenas uma ninharia que não merece ser mencionada, esta propriedade freqüentemente se demonstraria uma maldição aos que a herdam. Seria uma fonte de tentação e abriria a porta pela qual correriam o risco de cair em concupiscências perigosas e danosas. T3 121 1 Devem os pais exercer o direito que Deus lhes concedeu. Confiou-lhes os talentos que quer que usem para Sua glória. Não devem os filhos tornar-se responsáveis pelos talentos dos pais. Enquanto tiverem mente sã e bom juízo, devem os pais, com piedosa consideração e o auxílio dos devidos conselheiros que tenham experiência na verdade e conhecimento da vontade divina, dispor de suas propriedades. Se tiverem filhos que estejam sendo afligidos ou lutando com a pobreza, e que farão cuidadoso uso dos recursos, devem eles ser tomados em consideração. Mas, se têm filhos descrentes que têm abundância dos bens deste mundo e que estejam servindo ao mundo, cometem um pecado contra o Mestre que os tornou Seus mordomos ao colocarem bens nas mãos deles meramente por serem seus filhos. Os reclamos de Deus não devem ser considerados levianamente. T3 121 2 E deve-se compreender claramente que o fato de os pais já terem feito seu testamento não os impede de dar recursos à causa de Deus enquanto vivem. E isso é o que devem fazer. Devem ter, aqui, a satisfação, e, na vida futura, a recompensa de disporem dos recursos excedentes enquanto viverem. Devem fazer sua parte no avanço da causa de Deus. Devem usar os bens que lhes foram emprestados pelo Mestre para levar avante a obra que deve ser feita em Sua vinha. T3 121 3 O amor ao dinheiro é a raiz de quase todos os crimes cometidos no mundo. 1 Timóteo 6:10. Os pais que de forma egoísta retêm seus recursos para enriquecer os filhos, e que não vêem as necessidades da causa de Deus e não as aliviam, cometem terrível erro. Os filhos a quem pensam abençoar com seus recursos são com isso amaldiçoados. T3 121 4 O dinheiro deixado para os filhos freqüentemente se torna "raiz de amargura". Hebreus 12:15. Freqüentemente brigam por causa da propriedade que lhes foi deixada e, em caso de testamento, raras vezes estão todos satisfeitos com a distribuição feita pelo pai. E em vez de os bens deixados despertarem a gratidão, a reverência a sua memória, cria insatisfação, murmuração, inveja e desrespeito. Irmãos e irmãs que estavam em paz uns com os outros são às vezes postos em desacordo, havendo freqüentemente desavença na família como resultado de bens herdados. As riquezas são apenas desejáveis como um meio de suprir as necessidades presentes, e de fazer bem aos outros. Mas as riquezas herdadas com mais freqüência se tornam uma cilada para quem as possui, em vez de uma bênção. Não devem os pais procurar fazer com que os filhos enfrentem as tentações a que eles os expõem ao lhes deixarem recursos que estes nenhum esforço fizeram para adquirir. T3 122 1 Foi-me mostrado que alguns filhos que professam crer na verdade influenciam, indiretamente, o pai a guardar seus bens para eles em vez de os empregar na causa de Deus enquanto vive. Os que assim têm influenciado o pai a transferir para eles a sua mordomia mal sabem o que estão fazendo. Estão amontoando sobre si mesmos dupla responsabilidade, a de influenciar a mente do pai de tal modo que ele não cumpra o propósito de Deus na distribuição dos recursos que por Ele lhe foram confiados para serem usados para Sua glória, e a responsabilidade adicional de se tornarem mordomos dos recursos que deveriam ter sido dados pelo pai aos banqueiros, para que o Mestre pudesse receber com juros o que Lhe pertencia. T3 122 2 Muitos pais cometem um grande erro ao passarem sua propriedade de suas mãos para as dos filhos, ainda que eles mesmos sejam responsáveis pelo uso ou abuso dos talentos que Deus lhes emprestou. Nem os pais nem os filhos se tornam mais felizes por essa transferência de propriedade. E se os pais viverem uns poucos anos mais, arrepender-se-ão geralmente dessa ação que praticaram. O amor filial, em seus filhos, não é aumentado por essa atitude. Não sentem os filhos maior gratidão e obrigação para com os pais por sua liberalidade. Parece haver uma maldição na raiz dessa questão, cuja colheita é apenas o egoísmo da parte dos filhos, e a infelicidade e terrível sentimento de estrita dependência da parte dos pais. T3 122 3 Se os pais, enquanto vivem, ajudassem os filhos a ajudar a si mesmos, seria melhor do que deixar-lhes uma grande quantia ao morrerem. Os filhos a quem se deixa confiar principalmente nos próprios esforços tornam-se melhores homens e mulheres, e estão melhor habilitados para a vida prática do que os que dependem dos bens do pai. Os filhos que dependem dos próprios recursos geralmente prezam sua capacidade, aproveitam seus privilégios e cultivam e dirigem suas faculdades no sentido de alcançar um propósito na vida. Freqüentemente desenvolvem hábitos de operosidade, economia e valor moral, que são o fundamento do êxito na vida cristã. Os filhos por quem os pais mais fazem freqüentemente são os que menos obrigação sentem para com eles. Os erros dos quais falamos têm existido em _____. Pais têm transferido sua mordomia aos filhos. T3 123 1 Na reunião campal em _____, em 1870, apelei aos que tinham recursos a usarem seus bens na causa de Deus como mordomos fiéis, e não deixar este trabalho para os filhos. É um trabalho que Deus deixou para que fizessem, e quando o Mestre os chamar a prestar contas, eles podem, como mordomos fiéis, devolver-Lhe aquilo que lhes emprestou, tanto o capital como os juros. T3 123 2 Os irmãos X, Y e Z me foram apresentados. Estes homens estavam cometendo um erro em relação à distribuição de seus bens. Alguns de seus filhos os estavam influenciando nessa obra, e assumindo responsabilidades que estavam mal preparados para suportar. Estavam abrindo uma porta e convidando o inimigo a entrar com suas tentações para importuná-los e destruí-los. Os dois filhos mais novos do irmão X se encontravam em grande perigo. Estavam se associando com indivíduos cujo caráter não os elevaria, mas os rebaixaria. O poder sutil dessas associações estava exercendo uma influência imperceptível sobre esses jovens. A conversa e o comportamento de maus companheiros eram de natureza a separá-los da influência de suas irmãs e dos maridos delas. Falando sobre esse assunto na reunião campal, lamentei profundamente. Sabia que vira em visão as pessoas que estavam diante de mim. Insisti com aqueles que me ouviam sobre a necessidade de completa consagração a Deus. Não mencionei nomes, porque não me fora permitido fazê-lo. Devia tratar de princípios, apelar aos corações e consciências, e dar àqueles que professavam amar a Deus e guardar Seus mandamentos uma oportunidade de desenvolver o caráter. Deus lhes enviaria advertências e admoestações, e se realmente desejavam fazer Sua vontade tinham uma oportunidade. A luz foi dada, e então devíamos esperar e ver se eles viriam à luz. T3 124 1 Deixei a reunião campal com um peso de ansiedade sobre a mente em relação às pessoas cujo perigo me fora mostrado. Poucos meses depois nos chegou a notícia da morte do irmão Y. Sua propriedade fora deixada aos filhos. No mês de Dezembro último tínhamos um compromisso para realizar reuniões em Vermont. Meu marido estava indisposto e não pôde ir. A fim de evitar um desapontamento muito grande, concordei em ir a Vermont, na companhia da irmã Hall. Falei ao povo com alguma liberdade, mas as reuniões da associação não foram livres. Sabia que o Espírito do Senhor não podia ter liberdade até que confissões fossem feitas e que houvesse quebrantamento de coração diante de Deus. Não pude guardar silêncio. O Espírito do Senhor estava sobre mim, e relatei brevemente a essência do que tenho escrito. Mencionei os nomes de algumas pessoas presentes que estavam impedindo a obra de Deus. T3 124 2 O resultado de deixar bens aos filhos em testamento e também o fato de transferirem a responsabilidade de sua mordomia para os filhos enquanto os pais estavam vivos tinham ocorrido entre eles. A cobiça tinha levado os filhos do irmão Y a seguirem uma conduta errada. Isto foi especialmente verdade acerca de um de seus filhos. Esforcei-me fielmente, relatando as coisas que tinha visto quanto à igreja, especialmente quanto aos filhos do irmão Y. Um destes irmãos, ele mesmo pai, era corrupto de coração e vida, uma vergonha à preciosa causa da verdade presente; sua baixa norma moral estava corrompendo os jovens. T3 124 3 O Espírito do Senhor esteve nas reuniões, e confissões humildes foram feitas por alguns, acompanhadas de lágrimas. Depois da reunião tive uma entrevista com os filhos mais jovens do irmão X. Pleiteei com eles, e supliquei-lhes por amor de si mesmos a fazerem meia-volta, a desligarem-se da companhia daqueles que os estavam levando à ruína, e buscarem aquilo que contribuiria para sua paz. Enquanto pleiteava por esses jovens, meu coração se compadeceu deles, e eu almejei vê-los submeter-se a Deus. Orei por eles, e insisti que orassem por si mesmos. Estávamos ganhando a vitória; eles estavam cedendo. A voz de cada um foi ouvida em oração humilde e penitente, e senti que de fato a paz de Deus repousava sobre nós Anjos pareciam estar a nosso redor, e fui arrebatada numa visão da glória de Deus. A situação da obra em _____ foi-me de novo mostrada. Vi que alguns tinham se afastado de Deus. Os jovens estavam em estado de apostasia. T3 125 1 Foi-me mostrado que os dois filhos mais novos do irmão X eram de natureza bondosa, jovens conscienciosos, mas que Satanás tinha cegado sua percepção. Seus companheiros não eram todos da classe que fortaleceria e melhoraria sua moralidade ou que aumentaria sua compreensão e amor pela verdade e pelas coisas celestiais. "Um só pecador destrói muitos bens." Eclesiastes 9:18. A conversa ridícula e corrupta desses companheiros tinha exercido seu efeito para desfazer impressões sérias e religiosas. T3 125 2 É um erro associarem-se os cristãos com aqueles cuja moral é frouxa. Um intercâmbio íntimo e diário que ocupe o tempo sem contribuir de alguma forma para o fortalecimento do intelecto ou da moral é um perigo. Se a atmosfera moral que circunda as pessoas não é pura e santificada, mas maculada com a corrupção, os que respiram essa atmosfera verificarão que ela atua quase imperceptivelmente no intelecto e no coração para envenenar e arruinar. É perigoso manter familiaridade com aqueles cuja mente é por natureza de baixo nível. Gradual e imperceptivelmente os que por natureza são conscienciosos e amam a pureza chegarão ao mesmo nível, participarão da imbecilidade e esterilidade moral com que são constantemente postos em contato e passarão a apreciá-las. T3 125 3 Era importante que as amizades desses jovens mudassem. "As más conversações corrompem os bons costumes." 1 Coríntios 15:33. Satanás tinha atuado através de agentes para arruinar esses jovens. Nada consegue com mais eficiência impedir ou banir impressões sérias e bons desejos do que associação com pessoas de mente vã, descuidada e corrupta. Sejam quais forem os atrativos que tais pessoas possam ter por sua sagacidade, sarcasmo ou humor, o fato de que consideram a religião com leviandade e indiferença é razão suficiente para que não se associe com elas. Por mais atraentes que sejam em outros respeitos, mais deve sua influência ser temida como amizade, porque elas cercam a vida irreligiosa com muitas atrações perigosas. T3 126 1 Esses jovens devem escolher como colegas aqueles que amam a pureza da verdade, cuja moralidade é incontaminada, e cujos hábitos são puros. Devem sujeitar-se às condições expostas na Palavra de Deus, se de fato gostariam de ser filhos de Deus, membros da família real, filhos do Rei celeste. "Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei." 2 Coríntios 6:17. Deus ama a esses jovens, e se seguirem a orientação de Seu Espírito, e andarem em Seu conselho, Ele será sua força. T3 126 2 Deus deu ao irmão A Y boas aptidões, percepção viva e uma boa compreensão de Sua Palavra. Se seu coração fosse santificado, ele poderia ter uma influência para o bem sobre seus irmãos, bem como sobre seus vizinhos e aqueles com quem ele se associa. Mas o amor do dinheiro tem-se-lhe apoderado tão firmemente do coração, e tem sido entretecido com todas as transações da vida, que ele se tornou conformado com o mundo em vez de ser transformado pela renovação da mente. Suas faculdades têm sido pervertidas e degradadas pelo amor sórdido de lucro, o que o tem tornado egoísta, mesquinho e arrogante. Tivessem suas qualidades sido postas em uso ativo no serviço de seu Mestre, em vez de serem usadas para servir a seus interesses egoístas, tivessem sido seu objetivo e alvo fazer o bem e glorificar a Deus, as faculdades da mente que Deus lhe outorgou comunicariam a seu caráter energia, humildade e eficiência que não poderiam deixar de impor respeito e lhe dariam uma influência sobre todos com os quais ele se associava. T3 127 1 Foi-me mostrado que a propriedade deixada pelo pai tinha de fato sido uma raiz de amargura para os filhos. Sua paz e felicidade, e sua confiança um no outro, foram grandemente perturbadas. O irmão A Y não precisava da propriedade de seu pai. Ele tinha suficientes talentos que Deus havia confiado à sua administração. Se tivesse feito uma disposição correta do que possuía, ele ao menos seria daquele número que foi fiel no mínimo. O acréscimo da administração da propriedade de seu pai, que tinha sido desejada com cobiça, foi uma responsabilidade mais pesada do que podia administrar bem. Por vários anos o amor ao dinheiro tem estado a desarraigar o amor à humanidade e a Deus. E como os bens de seu pai estavam a seu alcance, ele quis reter em suas mãos tudo que era possível. Seguiu uma conduta egoísta para com seus irmãos porque tinha a primazia e podia fazê-lo. Seus irmãos não tiveram sentimentos corretos. Nutriam ressentimento contra ele. Tirou vantagem nos negócios com prejuízo de outros até que sua conduta desacreditou a causa de Deus. Perdeu o domínio de si mesmo. Seu maior objetivo era o lucro, o lucro egoísta. "O amor do dinheiro" no coração foi a raiz de todo esse mal. 1 Timóteo 6:10. Foi-me mostrado que, se ele tivesse devotado suas forças ao trabalho na vinha do Senhor, teria realizado grande bem, mas essas qualificações uma vez pervertidas podem ocasionar muito dano. T3 127 2 Os irmãos B não tiveram a ajuda que deviam ter tido. A B labutou com muita desvantagem. Ele assumiu muitas responsabilidades, que prejudicaram seu trabalho, de modo que não progrediu em força espiritual e coragem como deveria. A igreja, que tem a luz da verdade, e que devia ser forte em Deus para o querer, o efetuar (Filipenses 2:13) e para sacrificar, se necessário, por amor da verdade, tem sido como criança débil. Ela tem exigido tempo e esforço do irmão A B para resolver dificuldades que nunca deveriam ter existido. E quando essas dificuldades surgiram por causa de egoísmo e corações não santificados, podiam ter sido resolvidas em uma hora, se houvesse humildade e espírito de confissão. T3 127 3 Os irmãos B cometem um erro em permanecer em _____. Deviam ter mudado de local e não visitar este lugar mais do que umas poucas vezes por ano. Teriam maior liberdade em dar seu testemunho. Estes irmãos não têm se sentido livres em confessar a verdade e os fatos como aconteceram. Se tivessem vivido em outro lugar, teriam sido mais isentos de responsabilidades, e seu testemunho teria tido dez vezes mais peso quando visitassem essa igreja. Enquanto o irmão A B tem sido sobrecarregado com insignificantes questões de igreja e sido retido em _____, deveria ter estado a trabalhar no exterior. Ele serviu "às mesas" (Atos dos Apóstolos 6:2) até que sua mente ficou obscurecida, e não compreende a força e o poder da verdade. Ele não tem estado cônscio das necessidades reais da causa de Deus. Perdeu a espiritualidade e a coragem. A obra de manter a doação sistemática tem sido negligenciada. Alguns irmãos, cujo interesse no passado era promover a causa de Deus, têm-se tornado egoístas e avarentos em vez de se tornarem mais abnegados e seu amor e devoção à verdade crescerem. Têm-se tornado menos devotos e mais semelhantes ao mundo. O pai C é um deles. Precisa de uma nova conversão. O irmão C tem sido favorecido com privilégios superiores, e se estes não forem desenvolvidos, condenação e trevas se seguirão na mesma proporção da luz que ele tem tido, por não aumentar os talentos que Deus lhe emprestou para serem desenvolvidos. T3 128 1 Os irmãos em Vermont têm entristecido o Espírito de Deus ao permitirem que seu amor pela verdade e seu interesse na obra de Deus declinassem. T3 128 2 O irmão D B sobrecarregou suas forças na última temporada, enquanto trabalhava em novos campos com a tenda, sem ajuda adequada. Deus não requer que este irmão, ou qualquer um de Seus servos, prejudique sua saúde por causa de exposição ao frio e trabalho exaustivo. Os irmãos em _____ deviam ter demonstrado interesse através de suas obras. Deviam ter obtido ajuda se tivessem estado cônscios do interesse da causa de Deus e sentido o valor das almas. Enquanto o irmão D B teve profunda percepção da obra de Deus e o valor das almas, que requeriam esforço contínuo, uma grande igreja em _____, por dificuldades mesquinhas, impediu que o irmão A B ajudasse seu irmão. Estes irmãos devem apresentar-se com coragem renovada, desvencilhar-se das provas e desalentos que os têm retido em _____ e prejudicado seu testemunho, e devem suplicar forças do Todo-poderoso. Deviam ter dado um testemunho claro e franco aos irmãos X e Y, e insistir sobre a verdade, e fazer o que pudessem para levar esses homens a realizar uma distribuição justa de sua propriedade. O irmão A B, ao assumir tantas responsabilidades, está diminuindo sua energia mental e física. T3 129 1 Se o irmão C tivesse andado na luz durante os últimos anos, ele teria sentido o valor das almas. Tivesse ele cultivado amor pela verdade, podia ter-se qualificado para ensiná-la a outros. Podia ter ajudado o irmão D B em seu trabalho com a tenda. Poderia ao menos ter assumido as responsabilidades da igreja local. Se tivesse tido amor por seus irmãos, e sido santificado pela verdade, poderia ter-se tornado um pacificador em vez de um instigador de briga, a qual, unida com outras dificuldades, afastou o irmão A B de perto de seu irmão num momento muito importante, o que causou ao irmão D B trabalho muito acima de suas forças. Não obstante, depois de o irmão D B ter feito tudo que podia, o trabalho não foi efetuado, o qual poderia ter sido feito se tivesse havido interesse em _____ de suprir ajuda quando era tão necessária. Uma responsabilidade terrível pesa sobre aquela igreja por sua negligência ao dever. T3 129 2 Foi-me mostrado que a atitude do irmão X em dividir sua propriedade entre os filhos lhes transferia a responsabilidade que ele não deveria ter renunciado. Agora vê que o resultado desta conduta não lhe trouxe aumento de afeição da parte de seus filhos. Não se sentiram sob obrigação para com seus pais pelo que eles fizeram por eles. Estes filhos eram jovens e inexperientes. Não estavam qualificados para arcar com a responsabilidade posta sobre eles. O coração deles não era consagrado. Consideravam os verdadeiros amigos como se fossem inimigos mal-intencionados, enquanto aqueles que separariam até amigos eram aceitos. Estes agentes de Satanás estavam sugerindo continuamente idéias falsas à mente desses jovens, e o coração de irmãos e irmãs, pai e mãe, tornou-se hostil. T3 130 1 O pai X cometeu um erro. Tivesse ele confiado mais nos maridos de suas filhas, que amavam a verdade com sinceridade, e tivesse sido mais disposto para ser ajudado pelo conselho de homens de experiência, grandes erros poderiam ter sido evitados. Mas este é o modo pelo qual o inimigo geralmente tem sucesso em controlar as coisas com relação à distribuição de bens. T3 130 2 Os casos mencionados foram designados por Deus para serem desenvolvidos para que todos vissem o efeito enganoso das riquezas sobre o coração. O resultado nesses casos, que é evidente a todos, deve ser uma advertência a pais e mães e a filhos ambiciosos. A Palavra de Deus define a avareza como idolatria. Colossences 3:5. É impossível a homens e mulheres amar a lei de Deus e amar o dinheiro. As afeições do coração devem ser postas em coisas celestiais. Nosso tesouro deve ser depositado no Céu, porque onde está nosso tesouro, aí estará também nosso coração. Mateus 6:21. ------------------------Capítulo 13 -- A educação ideal T3 131 2 A mais bela obra já empreendida por homens e mulheres é lidar com mentes jovens. O máximo cuidado deve ser tomado na educação da juventude, para variar de tal maneira a instrução que desperte as nobres e elevadas faculdades da mente. Pais e mestres acham-se igualmente inaptos para educar devidamente as crianças, se não aprenderam primeiro a lição do domínio próprio, a paciência, a tolerância, a brandura e o amor. Que importante posição para os pais, tutores e professores! Há poucos que compreendem as mais essenciais necessidades do espírito, e a maneira como devem dirigir o intelecto em desenvolvimento, os pensamentos e sentimentos crescentes dos jovens. T3 131 3 Há tempo para instruir as crianças, e tempo para educar os jovens; e é essencial que esses dois aspectos sejam combinados em alto grau na escola. As crianças podem ser preparadas para o serviço do pecado ou para o serviço da justiça. A educação em tenra idade molda-lhes o caráter tanto na vida secular como na religiosa. Diz Salomão: "Instrui ao menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer, não se desviará dele." Provérbios 22:6. Esta linguagem é positiva. O ensino recomendado por Salomão é dirigir, educar e desenvolver. Para que os pais e mestres façam essa obra, devem eles próprios compreender "o caminho" em que a criança deve andar. Isso abrange mais que mero conhecimento de livros. Envolve tudo quanto é bom, virtuoso, justo e santo. Compreende a prática da temperança, da piedade, bondade fraternal, e amor para com Deus e de uns para com os outros. A fim de atingir esse objetivo, é preciso dar atenção à educação física, mental, moral e religiosa da criança. T3 132 1 A educação da criança, em casa ou na escola, não deve ser como o ensino dos mudos animais; pois as crianças têm vontade inteligente, a qual deve ser dirigida de maneira a reger todas as suas faculdades. Os mudos animais devem ser treinados, pois não possuem razão nem inteligência. À mente humana, porém, deve ser ensinado o domínio próprio. Ela deve ser educada a fim de governar o ser humano, ao passo que os animais são governados por um dono, e ensinados a ser-lhe submissos. O dono é mente, juízo e vontade para o animal. Uma criança pode ser ensinada de maneira a não ter vontade própria, assim como o animal. Sua individualidade pode imergir na da pessoa que lhe dirige o ensino; sua vontade, para todos os intentos e desígnios, estar sujeita à vontade de seu mestre. T3 132 2 As crianças assim educadas serão sempre deficientes em força moral e responsabilidade como indivíduos. Não foram ensinadas a agir movidas pela razão e por princípios; sua vontade foi controlada por outros, e a mente não foi desafiada a expandir-se e fortalecer-se pelo exercício. Não foram dirigidas e disciplinadas quanto à sua constituição peculiar e à capacidade mental, de modo a desenvolverem as mais vigorosas faculdades da mente, quando necessário. Os professores não devem parar aí, mas dar atenção especial ao cultivo das faculdades mais fracas, para que todas sejam exercitadas e levadas de um a outro grau de vigor, a fim de que a mente atinja as devidas proporções. T3 132 3 Há muitas famílias com crianças que parecem bem-educadas enquanto se encontram sob a disciplina; porém, quando o sistema que as ligou a certas regras se rompe, parecem incapazes de pensar, agir ou decidir por si mesmas. Essas crianças estiveram por tanto tempo sob uma regra de ferro, sem permissão de pensar e agir por si mesmas naquilo em que era perfeitamente próprio que o fizessem, que não têm confiança em si mesmas, para procederem segundo seu discernimento, tendo opinião própria. E quando saem de sob a tutela dos pais para agirem por si mesmas são facilmente levadas pelo discernimento de outros a direções errôneas. Não têm estabilidade de caráter. Não foram deixadas em situação de usarem o próprio juízo, na medida do possível; portanto, a mente não foi devidamente desenvolvida e fortalecida. Foram por tanto tempo inteiramente controladas pelos pais que dependem totalmente deles; estes são mente e discernimento para elas. T3 133 1 Por outro lado, os jovens não devem ser deixados a pensar e proceder independentemente do juízo de seus pais e mestres. As crianças devem ser ensinadas a respeitar o juízo da experiência, e serem guiadas pelos pais e professores. Devem ser de tal maneira educadas que sua mente se ache unida com a dos pais e professores, e instruídas de modo a poderem ver a conveniência de atender a seus conselhos. Então, ao saírem de sob a mão orientadora deles, seu caráter não será como a cana agitada pelo vento. T3 133 2 A rigorosa educação dos jovens, sem lhes dirigir convenientemente o modo de pensar e proceder por si mesmos na medida que o permitam sua capacidade e as tendências da mente, para que assim eles se desenvolvam no pensar, nos sentimentos de respeito por si próprios e na confiança em sua capacidade de executar, produzirá uma classe fraca em força mental e moral. E quando estiverem no mundo, para agir por si mesmos, revelarão o fato de que foram ensinados, como os animais, e não educados. Em vez de sua vontade ser dirigida, foi forçada à obediência mediante rude disciplina por parte dos pais e mestres. T3 133 3 Os pais e professores que se gabam de ter completo domínio sobre a mente e a vontade das crianças sob seu cuidado deixariam de gabar-se caso pudessem acompanhar a vida futura das crianças que são assim postas em sujeição pela força ou o temor. Essas crianças acham-se quase de todo despreparadas para partilhar das sérias responsabilidades da vida. Quando esses jovens não mais estão sujeitos aos pais e mestres e se vêem forçados a pensar e agir por si mesmos, é quase certo tomarem uma direção errônea e cederem ao poder da tentação. Não tornam esta vida um êxito, e as mesmas deficiências se manifestam em sua vida religiosa. Pudessem os instrutores de crianças e jovens ter traçado diante de si o futuro resultado de sua errada disciplina, mudariam seu plano de educação. Essa espécie de professores que se satisfaz com o manter quase inteiro domínio sobre a vontade dos alunos não é a mais bem-sucedida, embora a aparência no momento seja lisonjeira. T3 134 1 Nunca foi desígnio de Deus que a mente de uma pessoa estivesse sob o completo domínio de outra. E os que se esforçam para fazer com que a individualidade de seus alunos venha a imergir na deles, procurando lhes servir de mente, vontade e consciência, assumem tremendas responsabilidades. Esses alunos podem, em certas ocasiões, parecer soldados bem disciplinados. Uma vez, porém, removida a restrição, ver-se-á a falta de ação independente oriunda de firmes princípios neles existentes. Os que tornam seu objetivo educar os alunos de maneira que vejam e sintam estar neles próprios o poder de formar homens e mulheres de sólidos princípios, habilitados para qualquer posição na vida, são os mestres mais úteis e de êxito permanente. Talvez sua obra não se mostre ao descuidoso observador sob o aspecto mais vantajoso, nem seja tão altamente apreciada como a dos mestres que dominam a mente e a vontade dos discípulos pela autoridade absoluta; porém, a vida futura dos alunos manifestará os frutos do melhor sistema de educação. T3 134 2 Há perigo de os pais e os professores comandarem e ditarem demasiadamente, ao passo que falham em manter adequadamente um relacionamento social com os filhos e alunos. Mantêm-se com freqüência muito reservados, e exercem sua autoridade de maneira fria, destituída de simpatia, que não pode atrair o coração dos educandos. Caso reunissem as crianças bem junto a si, mostrassem que as amam, manifestassem interesse em todos os seus esforços, mesmo em seus esportes, tornando-se por vezes uma criança entre elas, dar-lhes-iam muita satisfação e lhes granjeariam o amor e a confiança. E mais depressa as crianças respeitariam e amariam a autoridade dos pais e mestres. T3 135 1 Os hábitos e princípios de um professor devem ser considerados ainda de maior importância que suas qualificações acadêmicas. Se ele é um cristão sincero, sentirá a necessidade de manter interesse igual na educação física, mental, moral e espiritual de seus discípulos. A fim de exercer a devida influência, o professor deve ter perfeito domínio sobre si mesmo, e seu próprio coração deve estar cheio de amor para com os alunos -- amor que se manifestará em sua expressão, nas palavras e nos atos. Ele precisa ter firmeza de caráter, e então poderá moldar a mente dos alunos, da mesma maneira que os instruir nas ciências. A primeira educação dos pequenos molda-lhes, em geral, o caráter para a vida. Os que lidam com os jovens devem ser muito cuidadosos em despertar as qualidades mentais, a fim de melhor saberem como lhes dirigir as faculdades para serem exercitadas da maneira mais proveitosa. Rigoroso confinamento na escola T3 135 2 O sistema de educação mantido por gerações passadas tem sido destrutivo para a saúde e até para a própria vida. Muitas crianças têm passado cinco horas por dia em salas de aula mal ventiladas, sem suficiente espaço para a saudável acomodação dos alunos. O ar dessas salas logo se torna veneno para os pulmões que o inalam. Crianças pequenas, cujos membros e músculos não são fortes e cujo cérebro ainda não se acha desenvolvido, têm sido mantidas em ambientes fechados, para dano seu. Muitas não têm senão escassa reserva com que começar a vida, e o confinamento na escola dia a dia torna-as nervosas e doentes. Seu corpo é impedido de crescer em virtude da exausta condição de seu sistema nervoso. E se a lâmpada da vida se apaga, os pais e os mestres não consideram haver tido qualquer influência direta em extinguir a centelha de vida. Ao acharem-se junto à sepultura dos filhos, os aflitos pais consideram esse golpe como especial determinação da Providência, quando, por indesculpável ignorância, foi seu procedimento que destruiu a vida dos filhos. Culpar, pois, a Providência por tais mortes é blasfêmia. Deus queria que os pequeninos vivessem e fossem disciplinados, a fim de poderem possuir belo caráter, glorificando-O neste mundo e louvando-O naquele outro melhor. T3 136 1 Pais e professores, ao assumirem a responsabilidade de ensinar essas crianças, não sentem a obrigação diante de Deus de familiarizar-se com o organismo físico, para que possam cuidar do corpo de seus filhos e alunos de maneira a preservar a vida e a saúde. Milhares de crianças morrem em virtude da ignorância de pais e professores. Há mães que gastam horas e horas em trabalho desnecessário com as próprias roupas e as de seus filhos, com o propósito de ostentação, e alegam então que não dispõem de tempo para ler e obter a informação necessária para cuidar da saúde de seus filhos. Acham mais fácil confiar o corpo deles aos cuidados dos médicos. Muitos pais sacrificaram a saúde e a vida dos filhos para estarem de acordo com a moda e os costumes. T3 136 2 Relacionar-se com o maravilhoso organismo humano, os nervos, os músculos, o estômago, o fígado, os intestinos, coração e poros da pele, e compreender a dependência de um órgão para com outro no que respeita ao saudável funcionamento de todos, é assunto em que a maior parte das mães não tem nenhum interesse. Nada sabem da influência do corpo sobre a mente e da mente sobre o corpo. A mente, que liga o finito ao infinito, elas parecem não compreender. Todo órgão do corpo foi feito para ser servo da mente. Esta é a capital do corpo. Permite-se às crianças comer carne, especiarias, manteiga, queijo, porco, ricas massas e condimentos em geral. É-lhes também permitido comer alimentos insalubres a horas irregulares e entre as refeições. Essas coisas fazem sua obra em desarranjar o estômago, estimulando os nervos a uma ação fora do natural, e enfraquecendo o intelecto. Os pais não compreendem que estão lançando a semente que há de produzir doença e morte. T3 137 1 Muitas crianças foram arruinadas para a vida em razão de se exigir demais do intelecto e negligenciar fortalecer o físico. Muitos têm morrido na infância devido ao procedimento seguido por pais e professores imprudentes, que forçaram o intelecto, por lisonja ou temor, quando essas crianças eram demasiado novas para verem o interior de uma escola. Sua mente foi sobrecarregada com lições quando não deviam ser forçadas, antes contidas até que a constituição física estivesse suficientemente forte para suportar esforço mental. As criancinhas devem ser deixadas tão livres como cordeiros a correr ao ar livre, soltas e felizes, dando-se-lhes as melhores oportunidades de lançarem bases para uma constituição sadia. T3 137 2 Os pais devem ser os únicos mestres dos filhos até que eles cheguem à idade de oito ou dez anos. Assim que a mente lhes permita compreendê-lo, cumpre aos pais abrir diante deles o grande livro divino da natureza. A mãe deve ter menos amor pelo artificial em casa e no preparo de vestidos para ostentação, e tomar tempo para cultivar, em si mesma e em seus filhos, o amor dos belos botões e flores a desabrochar. Chamando a atenção dos filhos às diferentes cores e variadas formas, pode relacioná-los com Deus, que fez todas as belas coisas que os atraem e deliciam. Pode elevar-lhes a mente ao Criador e despertar nos tenros corações a afeição para com o Pai celeste, que manifestou por eles tão grande amor. Os pais podem associar Deus com todas as obras de Sua criação. A única sala de aula para as crianças de oito a dez anos deve ser ao ar livre, entre as flores a desabrochar e os belos cenários da natureza. Seu único livro de estudo deveriam ser os tesouros da natureza. Essas lições, gravadas na mente das tenras crianças por entre as agradáveis e atrativas cenas campestres, jamais serão esquecidas. T3 137 3 Para que as crianças e os jovens tenham saúde, alegria, vivacidade e músculos e cérebro bem desenvolvidos, convém que estejam muito ao ar livre e tenham divertimentos e ocupações bem orientados. Crianças e jovens mantidos na escola e presos aos livros não podem possuir sã constituição física. O exercício do cérebro no estudo, sem exercício físico correspondente, tende a atrair o sangue à cabeça, ficando desequilibrada a circulação sangüínea através do organismo. O cérebro fica com muito sangue e os membros com muito pouco. Deve haver regras que limitem o estudo das crianças e jovens a certas horas, sendo depois uma porção do tempo dedicada ao trabalho físico. E se os seus hábitos de comer, vestir e dormir estiverem em harmonia com as leis físicas, poderão educar-se sem sacrificar a saúde física e mental. Decadência física do ser humano T3 138 1 O livro de Gênesis apresenta um relato bem definido da vida social e individual, e, todavia, não temos notícia de alguma criança que nascesse cega, surda, aleijada, deformada ou imbecil. Não é mencionado um só caso de morte natural na infância, meninice ou juventude. Não há relato algum de homens e mulheres vitimados por doenças. Os obituários no livro de Gênesis declaram o seguinte: "E foram todos os dias que Adão viveu novecentos e trinta anos; e morreu." Gênesis 5:5. "E foram todos os dias de Sete novecentos e doze anos; e morreu." Gênesis 5:8. Com referência a outros, diz o relato: "Morreu em boa velhice, velho e farto de dias." Gênesis 25:8. Era tão raro morrer um filho antes de seu pai que tal acontecimento foi considerado digno de menção: "E morreu Harã, estando seu pai Terá ainda vivo." Gênesis 11:28. Harã já era pai ao tempo de sua morte. T3 138 2 Deus dotou o homem de tão grande força vital que ele tem resistido ao acúmulo de doenças lançadas sobre a humanidade em conseqüência de hábitos pervertidos, e tem sobrevivido por seis mil anos. Este fato, por si mesmo, é suficiente para nos mostrar a força e a energia elétrica que Deus conferiu ao ser humano na criação. Foram necessários mais de dois mil anos de delitos e de condescendência com as paixões inferiores para trazer sobre os seres humanos enfermidades físicas em grande escala. Se Adão, ao ser criado, não houvesse sido dotado de vinte vezes maior vitalidade do que os homens possuem agora, a humanidade, com seus atuais métodos de vida que constituem uma violação da lei natural, já estaria extinta. Por ocasião do primeiro advento de Cristo, o ser humano degenerara tão rapidamente que um acúmulo de doenças pesava sobre aquela geração, suscitando uma torrente de aflição e uma carga de sofrimento indescritível. T3 139 1 Tem-me sido apresentada a deplorável condição do mundo no tempo atual. Desde a queda de Adão, a humanidade tem estado degenerando. Foram-me reveladas algumas das razões da lastimável condição atual de homens e mulheres formados à imagem de Deus. E o sentimento de quanto será necessário fazer para deter, mesmo em pequena escala, a decadência física, mental e moral fez com que o meu coração ficasse pesaroso e abatido. Deus não criou o gênero humano em sua presente condição debilitada. Este estado de coisas não é obra da Providência, mas do homem; e tem sido ocasionado por maus hábitos e abusos, pela violação das leis que Deus estabeleceu para governar a existência humana. Cedendo à tentação de satisfazer o apetite, Adão e Eva caíram originalmente de sua condição elevada, santa e feliz. E é por meio da mesma tentação que os homens têm se debilitado. Eles têm permitido que o apetite e a paixão ocupem o trono, mantendo em sujeição a razão e o intelecto. T3 139 2 A violação da lei física e sua conseqüência -- o sofrimento humano -- têm prevalecido por tanto tempo que homens e mulheres consideram o presente estado de doença, sofrimento, debilidade e morte prematura como a sorte destinada aos seres humanos. O homem saiu das mãos do Criador perfeito e belo na forma, e de tal modo dotado de força vital que levou mais de mil anos para que os corruptos apetites e paixões, bem como a geral violação da lei física, fossem sensivelmente notados na humanidade. As gerações mais recentes têm experimentado a pressão da debilidade e da doença mais rápida e rigorosamente a cada geração. As forças vitais têm sido grandemente enfraquecidas pela condescendência com o apetite e as paixões da concupiscência. T3 139 3 Os patriarcas desde Adão até Noé, com poucas exceções, viveram quase mil anos. Depois do tempo de Noé, a duração da vida tem diminuído gradualmente. Os que sofriam de enfermidades eram levados a Cristo de toda cidade, vila e aldeia para serem curados por Ele; pois eram afligidos por toda sorte de doenças. E a doença tem aumentado constantemente através das gerações sucessivas desde aquele período. Em virtude da continuada violação das leis da vida, a mortalidade tem aumentado de modo alarmante. Os anos de vida dos homens têm diminuído a tal ponto que a geração atual desce à sepultura antes mesmo da idade em que as gerações que viveram durante os dois primeiros mil anos, após a criação, se lançavam ao campo de ação. T3 140 1 A doença tem sido transmitida de pais a filhos, de geração a geração. Crianças de berço são severamente afligidas por causa dos pecados de seus pais, que reduziram sua força vital. Seus maus hábitos de comer e vestir, e sua dissipação geral, são transmitidos como herança aos filhos. Muitos nascem dementes, deformados, cegos, surdos, e uma classe muito numerosa é deficiente no intelecto. A estranha ausência de princípios que caracteriza esta geração, e que se manifesta no desprezo mostrado às leis da vida e da saúde, é espantosa. Prevalece a ignorância sobre este assunto, embora a luz esteja brilhando por toda parte ao redor deles. A preocupação da maioria é: Que comerei? Que beberei? e com que me vestirei? Mateus 6:31. A despeito de tudo o que é declarado e escrito acerca do modo como devemos tratar o corpo, o apetite é a grande lei que governa homens e mulheres em geral. T3 140 2 As faculdade morais estão enfraquecidas porque homens e mulheres não querem viver em obediência às leis da saúde nem fazem deste grande assunto um dever pessoal. Os pais transmitem a seus descendentes os próprios hábitos pervertidos, e doenças repulsivas corrompem o sangue e debilitam o cérebro. A maioria dos homens e das mulheres permanece na ignorância das leis de seu ser, condescendendo com o apetite e a paixão, com prejuízo do intelecto e da moral; e parecem dispostos a permanecer na ignorância acerca do resultado de sua violação das leis naturais. Satisfazem o pervertido apetite ao usar venenos lentos, que corrompem o sangue e minam as forças nervosas, trazendo, conseqüentemente, doença e morte sobre si. Seus amigos chamam o resultado dessa conduta de desígnio da Providência. Com isto eles insultam o Céu. Rebelaram-se contra as leis da natureza, e sofreram a punição deste abuso. Sofrimento e mortalidade prevalecem agora em toda a parte, principalmente entre crianças. Quão grande é o contraste entre esta geração e as que viveram durante os dois primeiros mil anos! Importância do ensino no lar T3 141 1 Indaguei se essa torrente de aflição não podia ser evitada e alguma coisa ser feita para salvar os jovens desta geração da ruína que os ameaça. Foi-me mostrado que uma grande causa do deplorável estado de coisas existente é que os pais não se sentem na obrigação de criar os filhos em conformidade com as leis físicas. As mães amam os filhos com amor idólatra, e condescendem com o apetite deles quando sabem que isso é nocivo à saúde, trazendo assim sobre eles doenças e infelicidade. Esta cruel bondade manifesta-se em grande escala na geração atual. Os desejos das crianças são satisfeitos à custa da saúde e da boa disposição, porque é mais fácil para a mãe, no momento, satisfazê-las do que negar aquilo que elas exigem. T3 141 2 Assim semeiam elas próprias a semente que brotará e dará frutos. As crianças não são educadas a renunciar ao apetite e restringir os desejos, e tornam-se egoístas, exigentes, desobedientes, ingratas e profanas. As mães que estão fazendo esta obra colherão com amargura o fruto da semente por elas lançada. Pecaram contra o Céu e contra os próprios filhos, e Deus as considerará responsáveis. T3 141 3 Se, gerações atrás, a educação houvesse sido dirigida por plano inteiramente diverso, a juventude de hoje não seria tão depravada e inútil. Os diretores e professores das escolas teriam sido pessoas que conhecessem fisiologia e tivessem interesse não somente em educar os jovens nas ciências, mas em ensinar-lhes a maneira de conservar a saúde, de modo a empregarem da melhor maneira os conhecimentos adquiridos. Ligados às escolas deve haver estabelecimentos que desenvolvam vários ramos de trabalho, a fim de os estudantes terem ocupação e o necessário exercício fora das horas de estudo. T3 142 1 O trabalho e os entretenimentos dos alunos deviam ter sido ajustados tendo em vista a lei física, sendo adaptados à conservação do tono saudável de todas as faculdades do corpo e da mente. Assim, poderiam obter conhecimentos práticos de ofícios, ao mesmo tempo que vão adquirindo sua instrução literária. Os estudantes devem ser despertados em suas sensibilidades morais quanto a ver e sentir os direitos que a sociedade tem sobre eles. Devem viver em obediência às leis naturais, de modo a poderem, por sua vida e influência, por preceito e exemplo, ser de utilidade e uma bênção para a sociedade. Os jovens devem ser impressionados quanto ao fato de exercerem todos uma influência que se faz sentir constantemente na sociedade, seja para melhorar e elevar, ou para rebaixar e degradar. O primeiro estudo dos jovens deve ser conhecer a si mesmos e conservar o corpo são. T3 142 2 Muitos pais conservam os filhos na escola quase o ano inteiro. Essas crianças seguem automaticamente a rotina do estudo, mas não retêm o que estudam. Muitos desses estudantes contínuos parecem quase destituídos de vida intelectual. A monotonia do estudo contínuo fatiga a mente, e pouco é o interesse que tomam nas lições; e, para muitos, torna-se penosa a aplicação aos livros. Não têm íntimo amor pelo pensar, nem ambição de adquirir conhecimentos. Não estimulam em si mesmos hábitos de reflexão e pesquisa. T3 142 3 As crianças precisam grandemente de educação apropriada, a fim de serem úteis ao mundo. Qualquer esforço, porém, que exalte a cultura intelectual acima da educação moral é mal dirigido. Instruir, cultivar, polir e refinar jovens e crianças deve ser a principal preocupação de pais e mestres. São poucos os que raciocinam de modo concentrado e os que pensam de maneira lógica, em razão de haverem falsas influências atrapalhado o desenvolvimento do intelecto. A suposição de pais e professores de que o estudo contínuo fortaleceria o intelecto tem-se demonstrado errônea, pois em muitos casos o efeito tem sido exatamente contrário. T3 143 1 Na educação inicial das crianças, muitos pais e professores deixam de compreender que a primeira atenção precisa ser dada à constituição física, para garantir-se saúde física e mental. Tem sido costume incentivar crianças a freqüentar a escola quando são simples bebês, necessitando dos cuidados maternos. Numa idade delicada, são freqüentemente colocadas em apinhadas salas de aula sem ventilação, onde se sentam em posição incorreta em bancos mal construídos. Como resultado, as jovens e tenras estruturas de alguns se têm deformado. T3 143 2 A disposição e os hábitos da juventude muito facilmente se manifestam na idade madura. Você pode curvar uma árvore nova em quase qualquer forma que desejar, e se ela permanecer e crescer como a puser, será uma árvore deformada, denunciando sempre o dano e o mau trato recebido de suas mãos. Você pode, depois de anos de crescimento, tentar endireitá-la, mas todos os esforços se demonstrarão infrutíferos. Ela será sempre uma árvore torta. Tal é o caso com a mente infantil. As crianças devem ser cuidadosa e ternamente educadas na infância. Podem ser exercitadas na devida direção ou em direção errada, e em sua vida futura seguirão aquela em que foram dirigidas na juventude. Os hábitos então formados crescerão cada vez mais e cada vez mais se fortalecerão, e geralmente o mesmo ocorrerá na vida posterior, apenas se tornando sempre mais fortes. T3 143 3 Vivemos numa época em que quase tudo é superficial. Há pouca estabilidade e firmeza de caráter, porque o ensino e a educação das crianças são superficiais desde o berço. O caráter delas é formado sobre areia movediça. A abnegação e o domínio próprio não foram entretecidos em seu caráter. Foram mimadas e tratadas complacentemente até ficarem estragadas para a vida prática. O amor ao prazer domina a mente, e as crianças são aduladas e favorecidas para sua ruína. As crianças devem ser de tal modo exercitadas e educadas que possam esperar tentações, e contar com dificuldades e perigos. Devem ser ensinadas a ter domínio próprio e a vencer nobremente as dificuldades. Uma vez que não se precipitem voluntariamente para o perigo, colocando-se sem necessidade no caminho da tentação, e evitem as más influências e as companhias viciosas, quando de maneira inevitável forem compelidas a estar em perigoso convívio, terão suficiente força de caráter para ficar ao lado do direito e manter o princípio, saindo, no poder de Deus, com sua moral incontaminada. Se os jovens que foram devidamente educados puserem em Deus a confiança, sua força moral resistirá à mais severa prova. T3 144 1 Poucos pais compreendem, porém, que seus filhos são o que o seu exemplo e disciplina deles fizeram, e que são responsáveis pelo caráter desenvolvido pelos filhos. Se o coração dos pais cristãos estivesse sujeito à vontade de Cristo, obedeceriam à recomendação do Mestre divino: "Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas." Mateus 6:33. Se os que professam seguir a Cristo tão-somente fizessem isso, dariam, não só a seus filhos, mas ao mundo incrédulo, exemplos que representariam corretamente a religião da Bíblia. T3 144 2 Se os pais cristãos vivessem em obediência aos preceitos do Mestre divino, preservariam a simplicidade no comer e no vestir, e viveriam mais de acordo com a lei natural. Não dedicariam então tanto tempo à vida artificial, inventando para si mesmos preocupações e fardos que Cristo não colocou sobre eles, antes ordenou explicitamente que os evitassem. Se o reino de Deus e a Sua justiça constituíssem a primeira e suprema consideração dos pais, bem pouco tempo precioso seria despendido em desnecessários adornos exteriores, enquanto o intelecto dos filhos é quase inteiramente negligenciado. O precioso tempo que muitos pais empregam para vestir os filhos para ostentação em seus locais de entretenimento seria melhor, muito melhor aplicado no cultivo da própria mente, a fim de se tornarem competentes para instruir devidamente os filhos. Não é essencial para sua salvação ou felicidade que eles usem o precioso tempo de graça que Deus lhes concede em adornar-se, visitar-se e bisbilhotar. T3 145 1 Muitos pais alegam ter tanto o que fazer que não dispõem de tempo para desenvolver o intelecto, educar os filhos para a vida prática ou ensinar-lhes como podem tornar-se cordeiros do rebanho de Cristo. Só por ocasião do juízo final, quando forem decididos os casos de todas as pessoas e os atos de toda a nossa vida expostos à nossa vista em presença de Deus e do Cordeiro e de todos os santos anjos, os pais compreenderão o quase infinito valor do tempo que desperdiçaram. Muitíssimos pais verão então que seu procedimento errôneo determinou o destino de seus filhos. Não só deixaram de assegurar para si mesmos as palavras de louvor do Rei da glória: "Bem está, servo bom e fiel... entra no gozo do teu Senhor" (Mateus 25:21), mas ouvem ser proferida sobre os seus filhos a terrível sentença: "Apartai-vos!" Mateus 25:41. Isso exclui os seus filhos para sempre das alegrias e glórias do Céu e da presença de Cristo. E sobre eles mesmos é lançada a sentença condenatória: Aparta-te, "mau e negligente servo". Mateus 25:26. Jesus jamais dirá "Muito bem" para os que não mereceram essas palavras por sua vida fiel de abnegação e renúncia para fazer o bem a outros e promover a Sua glória. Os que vivem principalmente para agradar a si mesmos, em vez de fazer o bem a outros, sofrerão infinita perda. T3 145 2 Se os pais pudessem ser despertados para o senso da tremenda responsabilidade que pesa sobre eles na obra de educar os filhos, dedicariam mais tempo à oração e menos à ostentação desnecessária. Meditariam, estudariam e orariam fervorosamente a Deus por sabedoria e ajuda divina, para educarem os filhos de tal maneira que desenvolvam caráter aprovado por Deus. Sua preocupação não será como saber educar os filhos para serem louvados e honrados pelo mundo, mas como educá-los para formarem belo caráter que seja aprovado pelo Senhor. T3 146 1 É necessário muito estudo e fervorosa oração por sabedoria celestial para saber como lidar com mentes juvenis; pois muito depende da orientação que os pais conferem à mente e à vontade de seus filhos. Impelir-lhes a mente na direção correta e no tempo certo é uma obra muitíssimo importante; pois o seu destino eterno poderá depender das decisões tomadas num momento crítico. Quão importante, pois, que a mente dos pais, tanto quanto possível, esteja livre de opressivo e fatigante cuidado com as coisas temporais, a fim de poderem pensar e agir com calma consideração, sabedoria e amor, e tornar a salvação de seus filhos sua primeira e mais alta preocupação! O grande objetivo que os pais devem procurar alcançar para seus queridos filhos deve ser o adorno interior. Os pais não podem permitir que visitas e pessoas estranhas reclamem sua atenção e, roubando-lhes o tempo, que é o grande capital da vida, impossibilitem que eles ministrem aos filhos, cada dia, a paciente instrução que precisam receber para dar correta orientação à mente em desenvolvimento. T3 146 2 A vida é muito curta para ser esbanjada em diversões inúteis e frívolas, em conversação sem proveito, em adornos desnecessários para ostentação ou em entretenimentos incitantes. Não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar o tempo que Deus nos dá para beneficiar a outros e ajuntar para nós mesmos um tesouro no Céu. O tempo é escasso para o desempenho dos deveres necessários. Devemos reservar tempo para o cultivo de nosso coração e mente, a fim de habilitar-nos para o trabalho de nossa vida. Negligenciando estes deveres essenciais e conformando-nos com os hábitos e costumes da sociedade mundana e seguidora da moda, causamos grande dano a nós mesmos e a nossos filhos. T3 146 3 As mães que têm que disciplinar mentes juvenis e formar o caráter de seus filhos não devem procurar a agitação do mundo a fim de serem alegres e felizes. Têm um trabalho importante na vida, e nem elas nem os seus devem permitir-se despender tempo de modo inútil. O tempo é um dos valiosos talentos que Deus nos confiou e pelo qual nos faz responsáveis. Desperdiçar o tempo é desperdiçar o intelecto. As faculdades mentais são suscetíveis de elevado desenvolvimento. É dever das mães cultivar a mente e conservar puro o coração. Devem aproveitar todos os meios ao seu alcance para aperfeiçoamento intelectual e moral, a fim de estarem preparadas para desenvolver a mente de seus filhos. As que condescendem com a inclinação de estar em companhia de alguém logo ficarão impacientes se não estiverem fazendo ou recebendo visitas. Tais pessoas não possuem a faculdade de adaptação às circunstâncias. Os indispensáveis e sagrados deveres domésticos parecem comuns e desinteressantes para elas. Não lhes agrada o exame ou a disciplina própria. A mente anseia pelas variadas e empolgantes cenas da vida mundana; os filhos são negligenciados por condescendência com a inclinação; e o anjo relator escreve: "Servas inúteis." Deus não quer que nossa mente seja destituída de um propósito definido, e, sim, que realize o bem nesta vida. T3 147 1 Se os pais percebessem que Deus impõe sobre eles o solene dever de educar os filhos para serem úteis nesta vida; se adornassem o templo interior da mente de seus filhos e filhas para a vida imortal, veríamos uma notável mudança para melhor na sociedade. Então não seria manifestada tão grande indiferença para com a piedade prática, e não seria tão difícil despertar as sensibilidades morais dos filhos para compreenderem as reivindicações de Deus a seu respeito. Os pais tornam-se, porém, cada vez mais descuidados na educação de seus filhos nos ramos de utilidade. Muitos pais consentem que os filhos formem maus hábitos e sigam a própria inclinação, deixando de impressionar-lhes a mente com o perigo de fazerem isso e com a necessidade de serem controlados por princípios. T3 147 2 As crianças freqüentemente iniciam um serviço com entusiasmo, mas, encontrando dificuldade ou cansando-se dele, desejam mudar e empreender alguma coisa nova. E assim vão passando de uma coisa para outra, sem nada completar. Os pais não devem permitir que os filhos sejam dominados pelo amor à variação. Não devem ocupar-se tanto com outras coisas que não tenham tempo para disciplinar pacientemente as mentes em formação. Algumas palavras de animação ou um pouco de ajuda no momento apropriado podem auxiliá-los a transpor a dificuldade e o desalento, e a satisfação resultante de completarem a tarefa que empreenderam os incentivará a serem mais diligentes. T3 148 1 Muitas crianças, por falta de palavras de encorajamento e de um pouco de ajuda em seus esforços, ficam desanimadas e mudam de uma coisa para outra. Este lamentável defeito as acompanha por toda a vida. Deixam de fazer com êxito tudo aquilo em que se empenham, porque não aprenderam a perseverar sob circunstâncias desalentadoras. Assim, a vida inteira de muitos se torna um fracasso, pois não tiveram uma disciplina correta quando eram pequenos. A educação recebida na infância e na juventude afeta toda a sua carreira na vida adulta, e sua experiência religiosa sofre um estigma correspondente. Trabalho físico para estudantes T3 148 2 Com o atual sistema de educação, abre-se a porta da tentação para os jovens. Conquanto, em geral, eles tenham demasiadas horas de estudo, dispõem de muitas horas sem ter o que fazer. Esses períodos de lazer são passados freqüentemente de modo descuidado. O conhecimento de maus hábitos é comunicado de uma pessoa para a outra, e o vício aumenta consideravelmente. Muitíssimos jovens que foram instruídos religiosamente no lar e que partem para as escolas relativamente inocentes e virtuosos são corrompidos pela associação com companheiros depravados. Perdem o respeito próprio e sacrificam nobres princípios. Acham-se então preparados para seguir a trilha descendente; pois abusaram tanto da consciência que o pecado não mais parece tão excessivamente perverso. Tais males existentes nas escolas dirigidas de acordo com o sistema atual poderiam ser corrigidos em grande parte se o estudo fosse combinado com o trabalho. Os mesmos males existem nas escolas superiores, só que em maior grau; pois muitos jovens se educaram no vício, e sua consciência está cauterizada. T3 149 1 Muitos pais exageram a firmeza e as boas qualidades de seus filhos. Não parecem considerar que serão expostos às enganadoras influências de jovens corruptos. Os pais têm os seus receios ao enviá-los à escola, a certa distância de casa, mas alimentam a ilusão de que, tendo recebido bons exemplos e instrução religiosa, eles serão fiéis aos princípios em sua vida estudantil. Muitos pais têm apenas uma vaga idéia da extensão que a licenciosidade assume nessas instituições de ensino. Em muitos casos, os pais labutaram arduamente e sofreram numerosas privações com o acariciado propósito de fazer com que os filhos obtivessem uma educação esmerada. E depois de todos esses esforços, muitos passam pela amarga experiência de receber os filhos de volta de seu curso de estudos com hábitos dissolutos e constituição física arruinada. E com freqüência são desrespeitosos a seus pais, ingratos e profanos. Esses pais maltratados, que são recompensados dessa maneira por filhos ingratos, lamentam haverem-nos enviado para lá, a fim de serem expostos a tentações e voltarem para eles arruinados física, mental e moralmente. Com esperanças frustradas e coração quase dilacerado, vêem os filhos, de quem tanto esperavam, seguindo o caminho do vício e levando uma existência miserável. T3 149 2 Existem, porém, os que possuem princípios firmes, que correspondem às expectativas dos pais e professores. Atravessam o curso de estudos com a consciência limpa, e saem de lá com boa constituição física e moral incontaminada por influências corruptoras. O seu número, porém, é pequeno. T3 149 3 Alguns estudantes dedicam-se inteiramente aos estudos e concentram toda a atenção no objetivo de obter educação. Exercitam o cérebro, mas permitem que as faculdades físicas permaneçam inativas. O cérebro é sobrecarregado e os músculos se debilitam pelo fato de não serem exercitados. Quando tais estudantes se formam, é evidente que adquiriram sua educação à custa da vida. Estudaram dia e noite, ano após ano, mantendo a mente em contínuo estado de tensão, mas não exercitaram suficientemente os músculos. Sacrificaram tudo pelo conhecimento de ciências, e descem à sepultura. T3 150 1 As moças freqüentemente se entregam ao estudo de livros em detrimento de outros ramos de educação mais importantes para a vida prática. E depois de adquirirem sua educação, freqüentemente ficam inválidas por toda a vida. Negligenciam a saúde permanecendo muito tempo em recintos fechados, destituídos do ar puro do céu, e da luz solar dada por Deus. Essas jovens poderiam ter saído com saúde de suas escolas, se houvessem ligado os estudos a trabalhos domésticos e exercícios ao ar livre. T3 150 2 A saúde é um grande tesouro. É o mais valioso bem que os mortais podem possuir. Riqueza, honra ou cultura custam muito caro se forem adquiridas com prejuízo do vigor da saúde. Nenhuma dessas realizações pode assegurar a felicidade, se não houver saúde. É um terrível pecado abusar da saúde que Deus nos deu; pois todo abuso dessa natureza debilita a nossa vida e constitui um prejuízo, mesmo que obtenhamos toda a educação possível. T3 150 3 Em muitos casos, os pais ricos não vêem a importância de dar a seus filhos educação nos deveres práticos da vida como o fazem em relação às ciências. Não sentem a necessidade de, para o bem do intelecto e da moral dos filhos, e para sua futura utilidade, dar-lhes um conhecimento cabal do trabalho útil. É esta uma obrigação que têm para com os filhos, a fim de que, se lhes chegarem reveses, possam manter-se com nobre independência, sabendo como fazer uso das mãos. Se têm um capital de vigor, não podem ser pobres, ainda que não possuam um centavo. Muitos que na juventude se achavam em circunstâncias favoráveis podem ficar despojados de toda sua riqueza, e com pais, irmãos e irmãs para manter. Quão importante é, pois, que a todo jovem se ensine a trabalhar, a fim de que possa estar preparado para qualquer emergência! As riquezas são uma verdadeira maldição, quando os seus possuidores deixam que elas sejam um impedimento para os filhos e filhas obterem o conhecimento de algum trabalho útil que os habilite para a vida prática. T3 150 4 Com freqüência, os que não são compelidos a trabalhar não fazem suficiente exercício ativo para terem saúde física. Jovens, por não ocuparem a mente e as mãos em trabalho ativo, adquirem hábitos de indolência, e obtêm freqüentemente o que é mais espantoso ainda: uma educação de rua, o vício de perambular pelas lojas, fumar, beber e jogar cartas. T3 151 1 Algumas jovens querem ler novelas, esquivando-se de fazer trabalho ativo por terem saúde delicada. Sua debilidade é conseqüência da falta de exercitarem os músculos que Deus lhes deu. Crêem que são demasiado débeis para realizar trabalhos domésticos, mas fazem crochê e rendas, e preservam a delicada palidez das mãos e do rosto, ao passo que suas mães afadigadas trabalham penosamente para lavar e passar seus vestidos. Estas jovens não são cristãs, pois transgridem o quinto mandamento. Não honram a seus pais. A mãe leva, porém, a maior culpa. Satisfez o desejo das filhas e desobrigou-as de partilharem dos deveres domésticos, até o trabalho tornar-se desagradável para elas, e amam e desfrutam uma ociosidade doentia. Comem, dormem, lêem novelas e falam de modas, ao passo que sua vida é inútil. T3 151 2 A pobreza, em muitos casos, é uma bênção; pois evita que os jovens e as crianças sejam arruinados pela inatividade. Tanto as faculdades físicas como as mentais devem ser cultivadas e desenvolvidas devidamente. O primeiro e constante cuidado dos pais deve ser o de ver que os filhos tenham constituição vigorosa, para que possam ser homens e mulheres sadios. É impossível alcançar este objetivo sem exercício físico. Para a própria saúde física e bem moral, as crianças devem ser ensinadas a trabalhar, mesmo que a necessidade não o requeira. Se querem ter caráter puro e virtuoso, devem desfrutar da disciplina de um trabalho bem equilibrado, que ponha em atividade todos os músculos. A satisfação das crianças por serem úteis e praticarem atos de abnegação para ajudar a outros será o prazer mais salutar que já experimentaram. Por que deveriam os ricos privar a si mesmos e a seus queridos filhos desta grande bênção? T3 151 3 Pais, a inatividade é a maior maldição que já caiu sobre os jovens. Vocês não devem permitir que suas filhas permaneçam na cama até tarde, deixando que o sono dissipe as preciosas horas que Deus lhes concedeu para serem dedicadas aos melhores fins, e pelas quais terão de prestar contas a Ele. A mãe causa um grande dano às filhas levando as cargas que deveriam partilhar com ela para seu bem presente e futuro. A conduta seguida por muitos pais ao permitir que os filhos sejam indolentes e satisfaçam seu desejo de ler novelas incapacita-os para a vida real. A leitura de ficção e novelas é o maior mal a que podem entregar-se os jovens. As leitoras de novelas e histórias de amor sempre deixam de ser mães boas e práticas. Elas constroem castelos no ar e vivem num mundo irreal e imaginário. Tornam-se sentimentais e têm concepções doentias. Sua vida artificial tende a arruiná-las para tudo o que é útil. Têm a inteligência diminuída, embora nutram a ilusão de serem superiores em mentalidade e atitudes. Empenhar-se nos afazeres domésticos é o que há de mais vantajoso para as moças. T3 152 1 O trabalho físico não impedirá o cultivo do intelecto. Longe disso. As vantagens obtidas pelo trabalho físico darão equilíbrio à pessoa e impedirão que se sobrecarregue a mente. O trabalho atuará sobre os músculos e aliviará o cérebro cansado. Há muitas jovens apáticas e inúteis que consideram pouco feminino ocuparem-se em trabalho ativo. Mas o seu caráter é por demais transparente para enganar as pessoas sensatas no tocante à sua verdadeira inutilidade. Elas riem sem causa, e tudo nelas é afetação. Parecem não poder pronunciar as palavras claramente e com propriedade, mas deturpam tudo o que dizem com balbucios e risadinhas tolas. São elas mulheres nobres? Não nasceram tolas, mas a educação as tornou assim. Não se requer uma coisa frágil, impotente, adornada com exagero e que ri tolamente para fazer uma mulher nobre. É necessário um corpo são para ter um intelecto são. Saúde física e conhecimento prático de todos os deveres domésticos necessários jamais constituirão um obstáculo para um intelecto bem desenvolvido; ambos são grandemente importantes para uma senhora. T3 152 2 Todas as faculdades da mente devem ser postas em uso e desenvolvidas, a fim de que os homens e as mulheres tenham mente bem equilibrada. O mundo está cheio de homens e mulheres unilaterais, que ficaram assim porque uma parte de suas faculdades foi cultivada, ao passo que outras foram diminuídas pela inatividade. A educação da maioria dos jovens é um fracasso. Estudam em demasia, ao passo que negligenciam o que diz respeito à vida prática. Homens e mulheres tornam-se pais e mães sem considerar suas responsabilidades, e sua descendência desce mais baixo do que eles na escala da deficiência humana. Deste modo a espécie degenera rapidamente. A aplicação constante ao estudo, segundo a maneira em que as escolas são agora dirigidas, está incapacitando a juventude para a vida prática. A mente humana precisa ter atividade. Se não estiver ativa na direção certa, estará ativa na direção errada. A fim de conservá-la em equilíbrio, o trabalho e o estudo devem estar unidos nas escolas. T3 153 1 Deveriam ter sido tomadas providências nas gerações passadas para uma obra educacional em maior escala. Relacionados com as escolas, deveria ter havido estabelecimentos de manufatura e de agricultura, como também professores de trabalhos domésticos. E uma parte do tempo diário deveria ter sido dedicada ao trabalho, de modo que as faculdades físicas e mentais pudessem exercitar-se igualmente. Se as escolas houvessem sido estabelecidas de acordo com o plano que mencionamos, não haveria agora tantas mentes desequilibradas. T3 153 2 Deus preparou um belo jardim para Adão e Eva. Proveu-os de tudo quanto exigiam suas necessidades. Plantou para eles árvores frutíferas de toda a espécie. Com mão liberal circundou-os de Suas bênçãos. As árvores para utilidade e adorno, e as lindas flores, que brotavam espontaneamente e cresciam em rica profusão ao redor deles, deviam ignorar a degeneração. Adão e Eva eram ricos de fato. Possuíam o Éden. Adão era senhor em seu belo domínio. Ninguém pode contestar o fato de que ele foi rico. Deus sabia, porém, que Adão não podia ser feliz sem ocupação. Deu-lhe, portanto, algo para fazer; devia cultivar o jardim. T3 153 3 Se os homens e as mulheres deste século degenerado possuem grande soma de tesouro terrestre, que comparado com o paraíso de beleza e opulência dado à soberania de Adão é insignificante, julgam-se desobrigados do trabalho, e ensinam os filhos a considerá-lo como degradante. Esses pais ricos, por preceito e exemplo, ensinam a seus filhos que o dinheiro é o que faz o homem e a mulher. Mas o nosso conceito do que seja um homem e uma mulher se mede por seu valor intelectual e moral. Deus não avalia pelo vestuário. A exortação do inspirado apóstolo Pedro é: "O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura de vestes, mas o homem encoberto no coração, no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus." 1 Pedro 3:3, 4. Um espírito manso e tranquilo é exaltado acima da honra ou das riquezas do mundo. T3 154 1 O Senhor ilustra Sua avaliação dos ricos segundo o mundo, cujo coração se envaidece por motivo de suas posses terrenas, pelo homem rico que destruiu os seus celeiros e edificou outros maiores, para ter onde guardar os seus bens. Esquecendo a Deus, deixou de reconhecer de onde procediam todas as suas posses. Nenhum agradecimento ascendeu a seu amável Benfeitor. Ele felicitava a si mesmo dizendo: "Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos: descansa, come e bebe, e regala-te." Lucas 12:19. O Mestre, que lhe havia confiado riquezas terrenas para que beneficiasse com elas a seu próximo e glorificasse a seu Criador, irou-Se com justiça pela ingratidão dele, e disse: "Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus." Lucas 12:20, 21. Temos aqui uma ilustração de como o Deus infinito avalia o homem. Imensa fortuna ou qualquer grau de riqueza não assegurará o favor de Deus. Todas essas generosidades e bênçãos procedem dEle, a fim de provar e desenvolver o caráter do homem. T3 154 2 Os homens podem ter riquezas sem limites; contudo, se não são ricos para com Deus, se não têm interesse em obter para si o tesouro celestial e a sabedoria de origem divina, são considerados loucos por seu Criador, e nós os colocamos precisamente onde Deus os coloca. O trabalho é uma bênção. Não é possível desfrutar saúde sem trabalho. É preciso exercitar todas as faculdades para que se desenvolvam devidamente e para que tanto os homens como as mulheres possuam uma mente bem equilibrada. Se os jovens houvessem recebido uma educação cabal nos diversos ramos de trabalho, se lhes tivessem ensinado o trabalho bem como as ciências, sua educação teria sido mais vantajosa para eles. T3 155 1 A constante tensão do cérebro enquanto os músculos se mantêm inativos debilita os nervos, e por isso os estudantes têm um desejo quase irresistível de variação e diversões estimulantes. E quando se vêem livres, depois de um confinamento de diversas horas de estudo diário, parecem quase selvagens. Muitos jamais foram controlados em casa. Permitiu-se-lhes seguir as inclinações, e crêem que a restrição das horas de estudo é uma imposição severa. Não tendo nada que fazer depois dessas horas, Satanás lhes sugere os jogos e as travessuras como variação. Sua influência sobre outros estudantes é desmoralizadora. Os que desfrutaram dos benefícios do ensino religioso no lar e que ignoravam os vícios da sociedade chegam a ser com freqüência os que mais se relacionam com aqueles cuja mente se conformou a um molde inferior e cujas oportunidades de adquirir cultura mental e preparação religiosa foram muito limitadas. Acham-se em perigo de descer ao mesmo nível que seus companheiros, ao unir-se a companhias dessa espécie e respirar uma atmosfera que não é enobrecedora, mas, pelo contrário, tende a rebaixar e degradar a moralidade. O deleite de um grande número de estudantes é divertir-se nas horas livres. E muitíssimos dos que deixam o lar inocentes e puros se tornam corruptos por influência de seus companheiros de escola. T3 155 2 Sou levada a perguntar: Deve-se sacrificar tudo o que é valioso em nossos jovens a fim de dar-lhes uma educação colegial? Se tivesse havido estabelecimentos agrícolas e industriais ligados a nossas escolas, e se houvessem sido empregados professores competentes para educar os jovens nos diversos ramos de estudo e de trabalho, dedicando parte do tempo diário ao aperfeiçoamento mental e outra parte ao trabalho físico, haveria agora uma classe mais elevada de jovens a entrar em cena e a exercer influência na modelação da sociedade. Muitos dos jovens que se graduassem em tais instituições sairiam de lá com estabilidade de caráter. Teriam perseverança, força e coragem para sobrepor-se aos obstáculos, e nobres princípios que não os deixariam ser desviados por más influências, por mais populares que fossem. Deveria ter havido professoras experientes para dar aulas às jovens no departamento culinário. As moças deveriam ter aprendido a confeccionar roupas, a cortar, fazer e consertar artigos de vestuário, instruindo-se assim nos deveres práticos da vida. T3 156 1 Deveria haver estabelecimentos em que os rapazes pudessem aprender diversos ofícios, que pusessem em atividade tanto os músculos como as faculdades mentais. Se os jovens não podem adquirir mais que uma educação unilateral, qual é mais importante: o conhecimento das ciências, com todas as suas desvantagens para a saúde e a vida, ou a aprendizagem do trabalho para a vida prática? Respondemos sem titubear: o último. Se um deles tiver de ser abandonado, que o seja o estudo dos livros. T3 156 2 Há muitas jovens casadas e com filhos que possuem bem pouco conhecimento prático dos deveres pertinentes a uma esposa e mãe. Lêem e sabem tocar um instrumento musical, mas não sabem cozinhar. Não sabem fazer bom pão, tão essencial para a saúde da família. Não sabem cortar e confeccionar vestidos, pois nunca aprenderam a fazê-lo. Consideravam estas coisas como não sendo essenciais e, em sua vida de casadas, são tão dependentes de outros para lhes fazerem essas coisas como são os próprios filhinhos. É esta indesculpável ignorância no tocante aos deveres mais imprescindíveis da vida que torna infelizes a muitíssimas famílias. T3 156 3 O conceito de que o trabalho é degradante para a vida social levou para a sepultura a milhares que poderiam haver vivido. Os que fazem unicamente trabalho manual labutam com freqüência em excesso, sem períodos de descanso, ao passo que a classe intelectual sobrecarrega o cérebro e sofre por falta do saudável vigor proporcionado pelo trabalho físico. Se a classe intelectual quisesse partilhar até certo ponto do fardo da classe operária, fortalecendo assim os músculos, a classe operária poderia fazer menos e dedicar uma parte de seu tempo à cultura mental e moral. Os que se ocupam em atividades sedentárias e literárias devem fazer exercício físico, mesmo que não necessitem trabalhar para viver. A saúde deve ser um incentivo suficiente para induzi-los a unir o trabalho físico ao mental. T3 157 1 A cultura moral, a intelectual e a física devem ser combinadas a fim de produzir homens e mulheres bem desenvolvidos e equilibrados. Alguns estão habilitados a realizar maior esforço intelectual que outros, ao passo que há pessoas inclinadas a amar e desfrutar o trabalho físico. Ambas essas classes devem procurar corrigir suas deficiências, para poderem apresentar a Deus todo o ser, "como sacrifício vivo, santo e agradável" a Ele, que é o seu "culto racional". Romanos 12:1. Os hábitos e costumes da sociedade amiga da moda não devem regular o seu modo de agir. O inspirado apóstolo Paulo acrescenta: "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." Romanos 12:2. T3 157 2 A mente de homens pensantes trabalha arduamente. Com freqüência, eles usam suas faculdades mentais prodigamente, ao passo que há uma outra classe cujo mais elevado alvo na vida é o trabalho físico. Esta última classe não exercita a mente. Seus músculos são exercitados, enquanto o cérebro fica privado da força intelectual. Da mesma maneira a mente dos pensadores é trabalhada, enquanto o corpo lhes fica sem forças nem vigor por negligenciarem o exercício dos músculos. Os que se contentam em devotar a vida ao trabalho físico, e deixam que outros façam por eles a parte mental, enquanto simplesmente levam a cabo o que outros cérebros planejaram, terão força muscular, mas intelecto deficiente. Sua influência para o bem é pequena em comparação com o que poderiam fazer se usassem o cérebro como usam os músculos. Esta classe é vencida mais prontamente se atacada por enfermidade, visto que o organismo é vitalizado pela força elétrica do cérebro para resistir a doenças. T3 158 1 Homens que têm boas faculdades físicas devem educar-se para pensar, bem como para agir, e não ficar na dependência de que outros sejam cérebro para eles. É erro popular por parte de uma grande classe considerar o trabalho coisa degradante. Daí que os jovens se mostram ansiosos por educar-se a fim de se tornarem professores, clérigos, comerciantes, advogados, de modo que possam ocupar praticamente qualquer posição que não requeira esforço físico. Moças consideram o trabalho doméstico como humilhante. E embora o exercício físico requerido na realização de trabalho caseiro, desde que não demasiado severo, destine-se a promover a saúde, preferem buscar a educação que as habilite como professoras ou secretárias, ou aprender alguma profissão que as confine ao trabalho sedentário dentro de uma sala. O colorido da saúde desaparece-lhes da face e tornam-se vítimas da enfermidade, pois têm falta de exercício físico e pervertem os seus hábitos em geral. Tudo isto porque é moda! Apreciam a vida delicada, que debilita e arruína. T3 158 2 Na verdade, existem alguns motivos para que as jovens não decidam empregar-se em trabalhos domésticos, pois os que contratam pessoas para cozinheiras tratam-nas geralmente como servas. Seus patrões, com freqüência, não as respeitam e lidam com elas como se fossem indignas de ser membros de sua família. Não lhes dão os privilégios que concedem à costureira, à datilógrafa e à professora de música. Mas não pode haver melhor ocupação que os trabalhos domésticos. Cozinhar bem, apresentar sobre a mesa alimentos saudáveis, de maneira atraente, requer inteligência e experiência. A pessoa que prepara o alimento a ser introduzido em nosso estômago a fim de converter-se em sangue para nutrir o organismo ocupa uma posição muito importante e elevada. A posição de datilógrafa, costureira ou professora de música não pode igualar-se em importância à da cozinheira. T3 158 3 O que se disse acima é uma afirmação do que poderia ter sido feito mediante um sistema de educação apropriado. O tempo é agora demasiado curto para levar a cabo o que poderia ter sido realizado nas gerações passadas; mas podemos fazer muito, mesmo nestes últimos dias, para corrigir os males existentes na educação da juventude. E visto que o tempo é curto, devemos ser fervorosos e trabalhar zelosamente para dar aos jovens a educação compatível com nossa fé. Somos reformadores. Desejamos que nossos filhos estudem com o maior proveito. A fim de realizar isto é necessário dar-lhes uma ocupação que ponha os músculos em atividade. O trabalho diário e sistemático deve constituir uma parte da educação dos jovens, mesmo nesta época tardia. Pode-se ganhar muito agora associando-se o trabalho com as escolas. Seguindo este plano, os estudantes adquirirão elasticidade de espírito e vigor de pensamento, e serão capazes de executar mais trabalho mental, em determinado tempo, do que o fariam estudando somente. E poderão sair da escola com a constituição física inalterada, e com força e coragem para perseverar em qualquer posição que lhes for designada pela providência divina. T3 159 1 Visto que o tempo é breve, devemos labutar com diligência e redobrada energia. Nossos filhos talvez não ingressem numa escola superior, mas podem obter educação nos ramos essenciais que sejam aplicados depois na vida prática e que darão cultura à mente e exercício a suas faculdades. Muitíssimos jovens que fizeram um curso superior não obtiveram aquela educação verdadeira que pudessem pôr em uso na vida prática. Talvez tenham a fama de possuir educação superior, mas, em realidade, são apenas ignorantes educados. T3 159 2 Há muitos jovens cujos serviços Deus aceitaria caso se consagrassem a Ele sem reservas. Se empregassem no serviço de Deus as faculdades mentais que usam para o seu serviço e para adquirir bens materiais, seriam obreiros fervorosos, perseverantes e de êxito na vinha do Senhor. Muitos de nossos jovens devem voltar a atenção para o estudo das Escrituras, para que Deus possa usá-los em Sua causa. Não se tornam, porém, tão versados no conhecimento espiritual como nas coisas temporais; deixam, portanto, de realizar a obra de Deus que podem fazer de maneira aceitável. Há tão-somente uns poucos para admoestar os pecadores e ganhar almas para Cristo, quando devia haver muitos. Nossos jovens geralmente são sábios em assuntos mundanos, mas não são entendidos no tocante às coisas do reino de Deus. Poderiam concentrar a mente em um conduto celestial, divino, e andar na luz, avançando de um grau de luz e poder a outro, até conseguir trazer pecadores a Cristo e dirigir os incrédulos e desalentados a uma brilhante senda voltada para o Céu. E quando a luta houver terminado, poderão receber as boas-vindas para a alegria de seu Senhor. T3 160 1 Os jovens não devem ocupar-se na obra de explicar as Escrituras e fazer preleções sobre as profecias quando não conhecem a fundo as importantes verdades bíblicas que procuram explicar a outros. Podem ser deficientes nos ramos comuns de educação e deixar, portanto, de realizar o bem que conseguiriam fazer se houvessem desfrutado as vantagens de uma boa escola. A ignorância não aumenta a humildade ou a espiritualidade de qualquer professo seguidor de Cristo. As verdades da Palavra divina podem ser melhor apreciadas pelo cristão intelectual. Cristo pode ser melhor glorificado por aqueles que O servem inteligentemente. O grande objetivo da educação é habilitar-nos a usar as faculdades que Deus nos deu, de maneira a expor melhor a religião da Bíblia e promover a glória de Deus. T3 160 2 Devemos Àquele que nos deu a existência todos os talentos que nos foram confiados; e temos o dever para com nosso Criador de cultivar e aperfeiçoar os talentos que Ele confiou a nosso cuidado. A educação disciplinará a mente, desenvolverá suas faculdades e as dirigirá de modo inteligente, para que sejamos úteis em promover a glória de Deus. Necessitamos de uma escola na qual aqueles que entram no ministério possam pelo menos receber instrução nos ramos comuns de educação, e onde aprendam também com mais perfeição as verdades da Palavra de Deus para este tempo. Em conexão com estas escolas deve haver preleções sobre as profecias. Os que realmente possuem boas aptidões que Deus aceitará para o trabalho em Sua vinha receberiam grande benefício de uma instrução de apenas alguns meses em tais escolas. ------------------------Capítulo 14 -- A reforma de saúde T3 161 1 Em 10 de Dezembro de 1871, foi-me mostrado novamente que a reforma de saúde é um ramo da grande obra que deve preparar um povo para a vinda do Senhor. Ela se acha tão ligada à terceira mensagem angélica, como as mãos o estão ao corpo. A lei dos Dez Mandamentos tem sido levianamente considerada pelo homem; o Senhor, porém, não viria castigar os transgressores daquela lei sem lhes enviar primeiro uma mensagem de advertência. O terceiro anjo proclama essa mensagem. Houvesse o homem sido sempre obediente à lei dos Dez Mandamentos, cumprindo em sua vida os princípios desses preceitos, e não haveria o flagelo de doenças que hoje inundam o mundo. T3 161 2 Homens e mulheres não podem violar a lei natural mediante a satisfação de apetites pervertidos e de concupiscentes paixões, sem que transgridam a lei de Deus. Portanto, Ele permitiu que brilhasse sobre nós a luz da reforma de saúde, para que vejamos nosso pecado em violar as leis por Ele estabelecidas em nosso ser. Todo o nosso bem-estar ou sofrimento pode ser atribuído, em sua origem, à obediência ou transgressão no que respeita à lei natural. Nosso benigno Pai celestial vê a deplorável condição dos homens que estão vivendo em violação das leis por Ele estabelecidas -- alguns com conhecimento, mas muitos ignorantemente. E movido de amor e piedade para com a humanidade, faz com que incida a luz sobre a reforma de saúde. Ele publica Sua lei e a pena que acompanhará a transgressão da mesma, a fim de que todos saibam, e cuidem em viver em harmonia com a lei natural. O Senhor proclama tão distintamente Sua lei, e torna-a tão proeminente, que é como uma cidade edificada sobre um monte. Todos os seres responsáveis a podem compreender, se o quiserem. Os idiotas não são responsáveis. Tornar patente a lei natural e insistir em que se lhe obedeça, eis a obra que acompanha a terceira mensagem angélica, a fim de preparar um povo para a vinda do Senhor. T3 161 3 Adão e Eva caíram por causa de apetite intemperante. Cristo veio e resistiu à mais feroz tentação de Satanás e, a favor da humanidade, venceu o apetite, mostrando que o homem pode vencer. Como Adão caiu pelo apetite e perdeu o Éden feliz, os descendentes de Adão podem, por Cristo, vencer o apetite e pela temperança em todas as coisas recuperar o Éden. T3 162 1 Ignorância não é desculpa agora para a transgressão da lei. A luz brilha claramente, e ninguém precisa ser ignorante, pois o próprio grande Deus é o instrutor do homem. Todos estão ligados a Deus pelas mais sagradas obrigações para dar atenção à sã filosofia e à experiência genuína que Ele lhes está dando agora com referência à reforma de saúde. É Sua intenção que o grande assunto da reforma de saúde seja debatido e a mente do público profundamente estimulada a investigar; porque é impossível a homens e mulheres com todos os seus hábitos pecaminosos, que destroem a saúde e enfraquecem o cérebro, discernir a verdade sagrada, pela qual devem ser santificados, refinados, elevados e qualificados para a sociedade dos anjos celestes no reino da glória. T3 162 2 Os habitantes do mundo de Noé foram destruídos porque se corromperam pela satisfação do apetite pervertido. Sodoma e Gomorra foram destruídas pela satisfação de apetite anormal, que entorpeceu o intelecto de tal modo que não podiam discernir a diferença entre os sagrados direitos de Deus e o clamor do apetite. Este os escravizou, e se tornaram tão ferozes e ousados em suas abominações detestáveis que Deus não os toleraria sobre a Terra. Deus atribui a maldade de Babilônia à sua glutonaria e bebedice. T3 162 3 O apóstolo Paulo exorta a igreja: "Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional." Romanos 12:1. Podem os homens, portanto, tornar impuro o seu corpo, por pecaminosas condescendências. Não santificados, estão inaptos para ser adoradores espirituais, e não são dignos do Céu. Se o homem abraçar a luz que em misericórdia Deus lhe dá com respeito à reforma de saúde, ele pode ser santificado pela verdade, e habilitado para a imortalidade. Mas se despreza essa luz e vive em violação à lei natural, terá de pagar a penalidade. T3 162 4 Deus criou o homem perfeito e santo. Mas o homem caiu de seu estado elevado porque transgrediu a lei de Deus. Desde a queda tem havido um aumento rápido de doença, sofrimento e morte. Não obstante o fato do homem ter insultado seu Criador, o amor de Deus ainda se estende à humanidade; e Ele permite que luz brilhe para que o homem possa ver que a fim de viver uma vida perfeita precisa viver em harmonia com as leis naturais que governam seu ser. Portanto é da maior importância que saiba viver de modo que as faculdades do corpo e da mente sejam exercidas para a glória de Deus. T3 163 1 É impossível ao homem apresentar o corpo como "sacrifício vivo, santo e agradável a Deus" (Romanos 12:1) enquanto, por ser o costume do mundo assim fazer, está condescendendo com hábitos que estão diminuindo o vigor físico, mental e moral. O apóstolo diz mais: "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." Romanos 12:2. Jesus, no Monte das Oliveiras, deu instrução a Seus discípulos quanto aos sinais que devem preceder Sua vinda. Disse: "E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem." Mateus 24:37-39. T3 163 2 Os mesmos pecados que acarretaram a ira de Deus sobre o mundo nos dias de Noé existem em nossos dias. Homens e mulheres hoje levam à glutonaria os seus hábitos de comer e beber. Este predominante pecado, a condescendência com o apetite pervertido, inflamou as paixões dos homens nos dias de Noé, e conduziu à corrupção geral, até que sua violência e crimes chegaram ao Céu, e Deus lavou a Terra de sua poluição moral através de um dilúvio. T3 163 3 Os mesmos pecados de glutonaria e bebedice obliteraram a sensibilidade moral dos habitantes de Sodoma, de maneira que o crime parecia ser o deleite de homens e mulheres dessa cidade ímpia. Cristo assim adverte o mundo: "Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam. Mas, no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre, consumindo a todos. Assim será no dia em que o Filho do homem Se há de manifestar." Lucas 17:28-30. T3 164 1 Cristo nos deixou aqui a mais importante lição. Não encoraja a indolência em Seu ensino. Seu exemplo foi o oposto disto. Cristo era um ardoroso trabalhador. Sua vida foi uma vida de abnegação, diligência, perseverança, atividade e economia. Diante de nós Ele coloca o perigo de levar ao extremo o comer e beber. Revela o resultado de entregar-se à condescendência com o apetite. As faculdades morais são debilitadas, de maneira que o pecado não aparece como tal. Fecham-se os olhos ao crime, e paixões inferiores controlam a mente, até que a corrupção geral desarraigue os bons princípios e impulsos e Deus é blasfemado. Tudo isto é resultado do comer e beber em excesso. Esta é a própria condição das coisas que Ele declara existirão por ocasião de Sua segunda vinda. T3 164 2 Homens e mulheres se advertirão? Aceitarão a luz ou se tornarão escravos do apetite e das paixões inferiores? Cristo nos apresenta algo mais elevado com que nos ocuparmos do que meramente com o que comeremos, o que beberemos ou com que nos vestiremos. Comer, beber e vestir-se são levados a tais excessos que se tornam crime, e estão entre os pecados mais em evidência nos últimos dias e constituem um sinal da breve volta de Cristo. Tempo, dinheiro e força confiados a nós, mas que pertencem ao Senhor, são gastos em superfluidades desnecessárias no vestir e no luxo do apetite pervertido, que reduz a vitalidade e causa sofrimento e decadência. É impossível apresentar a Deus o nosso corpo em sacrifício vivo, quando esse corpo está cheio de corrupção e enfermidade em virtude de pecaminosa condescendência. T3 164 3 Deve-se obter conhecimento quanto ao comer, beber e vestir-se, de maneira que seja preservada a saúde. A enfermidade é motivada pela violação das leis da saúde; é o resultado da transgressão das leis da natureza. Nosso primeiro dever, dever pertinente a Deus, a nós mesmos e ao nosso próximo, é a obediência às leis de Deus, as quais incluem as leis da saúde. Se adoecemos, sobrecarregamos nossos amigos e nos incapacitamos a nós mesmos para o cumprimento de nossos deveres para com a família e o próximo. E quando a morte prematura se segue em resultado da violação da lei natural, acarretamos tristeza e sofrimento aos outros; privamos nossos vizinhos do serviço que lhes devíamos prestar em vida; roubamos nossas famílias do conforto e auxílio que lhes devíamos, e roubamos a Deus do serviço que Ele requer de nós para a exaltação de Sua glória. Não somos, assim, no pior sentido, transgressores da lei de Deus? T3 165 1 Mas Deus é todo piedoso, gracioso e compassivo, e quando a luz chega aos que têm prejudicado a saúde por pecaminosas condescendências, e sentindo-se convencidos de pecado, arrependem-se e buscam perdão, Ele aceita a humilde oferta a Ele devotada, e recebe-os. Oh, que terna compaixão o não recusar Ele o remanescente da desregrada vida do pecador arrependido e sofredor! Em Sua graciosa misericórdia, Ele salva as pessoas como que do fogo. Mas que inferior, que lamentável sacrifício, afinal, a ser oferecido ao puro e santo Deus! Nobres faculdades foram paralisadas por hábitos errôneos de pecaminosa condescendência. Os desejos são pervertidos e corpo e mente desfigurados. ------------------------Capítulo 15 -- O instituto de saúde T3 165 2 A grande obra da reforma deve ir avante. O Instituto de Saúde foi estabelecido em Battle Creek para aliviar os afligidos, disseminar luz, despertar o espírito de indagação e promover a reforma. Esta instituição é estabelecida por princípios diferentes dos de qualquer outra instituição de saúde no país. O dinheiro não é o grande objetivo de seus amigos e administradores. Eles administram de um ponto de vista consciencioso e religioso, visando obedecer aos princípios de saúde da Bíblia. A maioria das instituições congêneres são governadas por princípios diferentes. Conservadora, visam agradar parcialmente a classe popular e moldar sua conduta de modo a receber o maior patrocínio e o máximo de dinheiro. T3 166 1 O Instituto de Saúde em Battle Creek funda-se sobre princípios religiosos firmes. Seus administradores reconhecem a Deus como o verdadeiro proprietário. Médicos e auxiliares esperam dEle orientação, e visam avançar conscienciosamente, em Seu temor. Por esta razão está sobre uma base segura. Quando doentes débeis e sofredores levarem em consideração os princípios dos diretores, superintendente, médicos e auxiliares do Instituto, que são guiados pelo temor de Deus, eles se sentirão mais seguros lá do que nas instituições populares. T3 166 2 Se as pessoas ligadas ao Instituto de Saúde em Battle Creek descessem dos princípios puros e exaltados da verdade bíblica para imitar as teorias e práticas daqueles à frente de outras instituições, onde só são tratadas as enfermidades, e isso somente por dinheiro, os administradores não atuando de acordo com uma perspectiva elevada e religiosa, a bênção especial de Deus não repousaria sobre o Instituto. É desígnio de Deus que esta instituição seja um dos maiores auxílios em preparar um povo para ser perfeito diante de Deus. A fim de atingir essa perfeição, homens e mulheres precisam ter vigor físico e mental para apreciar as verdades elevadas da Palavra de Deus e serem levados a uma posição onde hão de discernir as imperfeições em seu caráter moral. Devem ser fervorosos em reformar, para que possam ser amigos de Deus. A religião de Cristo não deve ser colocada em segundo plano, e seus santos princípios sacrificados para receber a aprovação de qualquer classe, embora popular. Se a norma da verdade e santidade for rebaixada, o propósito de Deus não será atingido nessa instituição. T3 166 3 Nossa fé peculiar, porém, não deve ser discutida com os pacientes. Sua mente não deve ser desnecessariamente instigada com assuntos em que diferem de nós, a não ser que eles próprios o desejem; e então se deve ter muito cuidado para não agitar a mente impondo-lhes nossa crença pessoal. O Instituto de Saúde não deve ser considerado o melhor lugar para entrar-se em debates sobre pontos de nossa fé nos quais diferimos das religiões do mundo em geral. Mantêm-se no Instituto reuniões de oração nas quais todos podem tomar parte se desejarem; há, porém, uma porção de coisas sobre as quais nos demorarmos, com respeito à religião da Bíblia, sem entrar em desaconselháveis pontos de discórdia. A influência silenciosa realizará mais do que o entrar em controvérsia aberta. T3 167 1 Em exortações nas reuniões de oração, alguns guardadores do sábado têm achado que devem apresentar o sábado e a mensagem do terceiro anjo, do contrário não terão liberdade. Isso é característica de mentes limitadas. Os pacientes não relacionados com a nossa fé não sabem o que significa a mensagem do terceiro anjo. A introdução desses termos sem uma explicação clara deles traz apenas prejuízo. Devemos ir ao encontro das pessoas onde elas estão, mas não precisamos sacrificar nenhum princípio da verdade. A reunião de oração se provará uma bênção para os pacientes, os auxiliares e os médicos. Breves e interessantes períodos de oração e testemunho aumentarão a confiança dos pacientes em seus médicos e auxiliares. Os auxiliares não devem ser privados dessas reuniões pelo trabalho, a não ser que seja inteiramente necessário. Eles necessitam delas e devem desfrutá-las. T3 167 2 Ao serem assim mantidas reuniões regulares, os pacientes adquirirão confiança no Instituto e se sentirão mais em casa. E dessa maneira é preparado o caminho para que a semente da verdade lance raízes em alguns corações. Essas reuniões interessam de modo especial a alguns que professam ser cristãos e causam uma impressão favorável sobre aqueles que não o professam. Desenvolve-se a confiança mútua; o preconceito é diminuído e, em muitos casos, completamente erradicado. Em conseqüência, há uma ansiedade para assistir às reuniões de sábado. Lá, na casa de Deus, é o lugar de expressar nossos sentimentos denominacionais. Lá o pastor pode demorar-se em esclarecimentos sobre os pontos essenciais da verdade presente, e, no espírito de Cristo, com amor e ternura, apelar a todos sobre a necessidade de obediência a todas as reivindicações divinas, e deixar que a verdade convença os corações. T3 167 3 Foi-me mostrado que uma obra maior poderia ser efetuada se houvesse médicos cavalheiros de índole mental correta, que tivessem cultura adequada e compreensão cabal de cada parte do trabalho que recai sobre um médico. Os médicos devem ter grande reserva de paciência, tolerância, bondade e compaixão; pois precisam destas qualificações ao lidar com pacientes sofredores, que são doentes físicos, e muitos dos quais estão enfermos tanto física como mentalmente. Não é questão fácil conseguir as pessoas certas, homens e mulheres, aquelas que são aptas para o lugar e que trabalharão harmoniosa, zelosa e desprendidamente para o benefício dos enfermos sofredores. O Instituto precisa de homens que tenham o temor do Senhor diante de si e que possam ministrar a mentes doentias e, de um ponto de vista religioso, manter elevada a reforma de saúde. T3 168 1 Aqueles que se empenham nessa obra devem ser consagrados a Deus e não visar apenas tratar o corpo para curar a doença, assim agindo do ponto de vista do médico popular, mas serem pais espirituais, para ministrar a mentes doentias, e encaminhar o coração contaminado pelo pecado ao remédio que nunca falha, o Salvador que morreu por eles. Aqueles que são afetados pela doença são sofredores em mais de um sentido. Podem suportar dor física muito melhor do que podem suportar sofrimento mental. Muitos são portadores de uma consciência violada e podem ser alcançados apenas pelos princípios da religião bíblica. T3 168 2 Quando o pobre sofredor paralítico foi levado ao Salvador, a urgência do caso parecia não admitir demora, pois a destruição já estava atuando sobre o corpo. Quando as pessoas que o carregaram na cama viram que não podiam ir diretamente à presença de Cristo, imediatamente descobriram o telhado e fizeram descer a cama sobre a qual o paralítico jazia. Nosso Salvador viu e compreendeu perfeitamente sua condição. Também reconheceu que aquele infeliz tinha uma enfermidade de espírito muito mais grave do que o sofrimento físico. Reconheceu que o maior fardo que ele tinha levado durante meses era por causa de pecados. A multidão aguardava em silêncio, quase sem fôlego, para ver como Cristo trataria este caso, aparentemente tão sem esperança, e ficaram surpresos ao ouvir as palavras que Lhe saíram dos lábios: "Filho, tem bom ânimo; perdoados te são os teus pecados." Mateus 9:2. T3 168 3 Estas foram as palavras mais preciosas que podiam cair sobre o ouvido daquele sofredor doente, pois o fardo do pecado tinha pesado tanto sobre ele que não podia achar o menor alívio. Cristo remove o fardo que o oprimia tão pesadamente: "Tem bom ânimo" (Mateus 9:2); Eu, teu Salvador, vim para perdoar pecados. Quão depressa o semblante pálido do sofredor muda! Esperança toma o lugar do desespero sombrio, e paz e alegria o lugar da dúvida aflitiva e do impassível desânimo. Tendo a mente sido restaurada à paz e felicidade, pode agora o corpo sofredor ser alcançado. A seguir vem dos lábios divinos: "Perdoados te são os teus pecados"; "levanta-te e anda." Mateus 9:5. No esforço para obedecer à vontade, aqueles braços sem vida e sem sangue são vivificados; uma corrente de sangue saudável corre pelas veias; a cor de chumbo de sua carne desaparece, e o brilho rosado da saúde toma seu lugar. As pernas que por longos anos recusavam obedecer à vontade são revitalizadas, e o paralítico curado pega sua cama e caminha através da multidão em direção a sua casa, glorificando a Deus. T3 169 1 Esse caso é para nossa instrução. Médicos que queiram ser bem-sucedidos no tratamento de doença devem saber como ministrar à mente enferma. Podem ter uma influência poderosa para o bem se puserem sua confiança em Deus. Alguns doentes precisam ser aliviados da dor antes de a mente poder ser alcançada. Depois do alívio ter vindo ao corpo, o médico pode freqüentemente com maior sucesso apelar à consciência, e o coração será mais susceptível às influências da verdade. Há perigo de que aqueles que estão ligados ao Instituto de Saúde percam de vista o objetivo pelo qual uma tal instituição foi estabelecida pelos adventistas do sétimo dia, e trabalhem de um ponto de vista mundano, assemelhando-se a outras instituições. T3 169 2 O Instituto de Saúde não foi estabelecido com o propósito de fazer dinheiro, embora o dinheiro seja muito necessário para administrar a instituição com êxito. Todos devem exercer economia no gasto de recursos para que o dinheiro não seja usado desnecessariamente. Mas deve haver recursos suficientes para investir-se em todos os equipamentos necessários que tornarão o trabalho de auxiliares, e especialmente de médicos, o mais fácil possível. E os diretores do Instituto devem valer-se de todo recurso que ajudará no tratamento eficaz dos pacientes. T3 170 1 Os pacientes devem ser tratados com a maior simpatia e carinho. Contudo, os médicos devem ser firmes e não permitir, no tratamento dos doentes, serem dirigidos pelos pacientes. É necessária firmeza da parte dos médicos para o bem dos pacientes. Mas a firmeza deve ser misturada com cortesia respeitosa. Nenhum médico ou auxiliar deve discutir com o paciente, ou usar palavras ásperas e irritantes, ou mesmo palavras não muito bondosas, por mais provocante que o paciente seja. T3 170 2 Um dos grandes objetivos de nosso Instituto de Saúde é encaminhar corações contaminados pelo pecado ao Grande Médico, a verdadeira Fonte de cura, e chamar sua atenção para a necessidade de reforma de um ponto de vista religioso, para que não mais violem a lei de Deus por intemperança pecaminosa. Se as sensibilidades morais dos doentes podem ser despertadas e vêem que estão pecando contra seu Criador acarretando doenças sobre si mesmos pela condescendência com o apetite e paixões degradantes, quando deixarem o Instituto de Saúde não renunciarão seus princípios, mas os levarão consigo e serão em casa genuínos reformadores de saúde. Se as sensibilidades morais forem despertadas, os pacientes se determinarão a seguir suas convicções; e se vêem a verdade, vão obedecer. Terão verdadeira e nobre independência para praticar as verdades com as quais concordam. E se a mente estiver em paz com Deus, as condições do corpo serão mais favoráveis. T3 170 3 A maior responsabilidade de viver e andar na luz e de preservar a simplicidade e separação do mundo repousa sobre a igreja de Battle Creek, para que sua influência pese com poder convincente sobre pessoas estranhas à verdade que assistem a nossas reuniões. Se a igreja de Battle Creek é um corpo sem vida, cheio de orgulho, exaltada acima da simplicidade de verdadeira piedade, e inclinando-se para o mundo, sua influência será para afastar de Cristo e de tornar de nenhuma força as verdades mais solenes e essenciais da Bíblia. Os membros desta igreja têm oportunidades de serem beneficiados pelas palestras dos médicos do Instituto de Saúde. Podem obter informação sobre o grande assunto da reforma de saúde se desejarem. Mas a igreja de Battle Creek, que professa observar a verdade, está muito atrás de outras igrejas que não têm sido abençoadas com as vantagens que ela tem tido. A negligência da igreja de viver à altura da luz que têm tido sobre a reforma de saúde é motivo de desânimo para os médicos e para os amigos do Instituto. Se a igreja manifestasse maior interesse nas reformas que Deus mesmo lhes tem trazido para prepará-los para Sua volta, sua influência seria dez vezes maior do que é agora. T3 171 1 Muitos que professam crer nos Testemunhos negligenciam a luz dada. A reforma do vestuário é tratada por alguns com grande indiferença e por outros com desprezo, porque há uma cruz ligada à mesma. Por esta cruz dou graças a Deus. É justamente aquilo que precisamos para distinguir e separar do mundo o povo de Deus que guarda os mandamentos. A reforma do vestuário funciona para nós como o cordão azul para o antigo Israel. Os orgulhosos, e os que não têm amor pela verdade sagrada, que os separará do mundo, demonstrá-lo-ão por suas obras. Deus na Sua providência nos tem dado luz sobre a reforma de saúde, para que possamos compreendê-la em todas as suas implicações, seguir a luz que ela apresenta e, por relacionar-nos corretamente com a vida, ter saúde para que possamos glorificar a Deus e ser uma bênção para outros. T3 171 2 A igreja de Battle Creek geralmente não tem apoiado o Instituto com seu exemplo. Seus membros não têm honrado a luz da reforma de saúde seguindo-a em sua família. A doença que tem visitado muitas famílias em Battle Creek não necessitava sobrevir, houvessem eles seguido a luz que Deus lhes dera. Como o antigo Israel, eles não deram atenção à luz, e não podiam ver mais necessidade de restringir o apetite do que o fez aquele povo. Os filhos de Israel queriam carne, e disseram, como dizem muitos hoje em dia: Sem carne, morreremos. Deus deu carne ao rebelde Israel, mas com ela estava Sua maldição. Milhares deles morreram enquanto a carne que haviam desejado estava entre seus dentes. Temos o exemplo do antigo Israel, e a advertência de não fazermos como eles fizeram. Sua história de incredulidade e rebelião está registrada como especial advertência para que não sigamos o exemplo deles em murmurar contra as reivindicações de Deus. Como podemos prosseguir em nosso caminho assim indiferentemente, escolhendo a própria conduta, seguindo a luz dos próprios olhos, e afastando-nos mais e mais de Deus, como os hebreus outrora? Deus não pode fazer grandes coisas por Seu povo devido a sua dureza de coração e pecaminosa incredulidade. T3 172 1 Deus não faz acepção de pessoas; mas aqueles que, em todas as gerações, temem ao Senhor e praticam a justiça são aceitos por Ele; ao passo que os que estão murmurando, sendo incrédulos e rebeldes, não terão o Seu favor nem as bênçãos prometidas aos que amam a verdade e nela andam. Os que têm a luz e não andam nela, mas desatendem às reivindicações de Deus, verificarão que suas bênçãos serão mudadas em maldições, e suas misericórdias em juízos. Deus quer que aprendamos a humildade e a obediência ao lermos a história do antigo Israel, que era Seu povo escolhido, peculiar, mas que trouxe sobre si destruição por seguir os próprios caminhos. T3 172 2 A religião da Bíblia não é prejudicial à saúde do corpo, ou do espírito. A influência do Espírito de Deus é o melhor remédio que um homem ou mulher possa receber, quando doente. O Céu é todo saúde; e quanto mais profundamente se experimentarem as influências celestes, tanto mais certa será a cura do crente. Em algumas outras instituições de saúde eles promovem divertimentos, jogos e dança para suscitar estímulo, mas receiam quanto ao resultado de interesses religiosos. A teoria do Dr. Jackson a este respeito não somente é errônea mas perigosa. Contudo, ele tem falado disso de tal modo que, se suas instruções fossem seguidas, os pacientes seriam levados a pensar que sua recuperação dependia de terem tão poucos pensamentos acerca de Deus e do Céu quanto fosse possível. É verdade que há pessoas com mente desequilibrada que se consideram muito religiosas e que impõem a si mesmas jejum e oração com prejuízo de sua saúde. Estas pessoas se deixam enganar. Deus não requereu isso delas. Elas possuem justiça farisaica, que brota não de Cristo mas delas mesmas. Confiam em suas boas obras para a salvação e estão procurando comprar o Céu por obras meritórias próprias em vez de, como deve todo pecador, depender somente dos méritos de um Salvador crucificado e ressurreto. Cristo e verdadeira piedade, hoje e sempre, serão saúde para o corpo e força para a alma. T3 173 1 A nuvem que pousava sobre nosso Instituto de Saúde está levantando, e a bênção de Deus tem acompanhado os esforços feitos para colocá-lo sobre uma base justa e para corrigir os erros daqueles que por infidelidade trouxeram grande embaraço sobre ele e desalento sobre seus amigos em toda parte. T3 173 2 Aqueles que designaram para fins caritativos do Instituto os juros ou dividendos de suas ações fizeram uma coisa nobre, que terá sua recompensa. Todos aqueles que não fizeram isso, mas que podem fazê-lo, devem, na primeira oportunidade, designar tudo ou uma parte, como a maioria dos acionistas tem feito. E como o interesse crescente e a utilidade desta instituição o requer, todos, especialmente aqueles que ainda não fizeram, devem continuar a adquirir suas ações. T3 173 3 Vi que havia grande excesso de recursos entre o nosso povo, uma parte dos quais deve ser posta no Instituto de Saúde. Vi também que há muitos pobres dignos entre nosso povo, os quais estão enfermos e sofrendo e que têm estado a olhar para o Instituto à espera de auxílio, mas não estão em condições de pagar os preços regulares para hospedagem, tratamento, etc. O Instituto tem-se debatido arduamente com débitos nos últimos três anos, e não pode tratar pacientes, em nenhuma extensão considerável, sem pagamento integral. Agradaria a Deus que todo o nosso povo que está em condições de fazê-lo comprasse liberalmente ações do Instituto, a fim de poder auxiliar os humildes e dignos pobres de Deus. Relacionado a isto, vi que Cristo Se identifica com a humanidade sofredora, e que o que temos o privilégio de fazer mesmo pelo menor dos Seus filhos, a quem Ele chama Seus irmãos, fazemos ao Filho de Deus. T3 174 1 "Então, dirá o Rei aos que estiverem à Sua direita: Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-Me de comer; tive sede, e destes-Me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-Me; estava nu, e vestistes-Me; adoeci, e visitastes-Me; estive na prisão, e fostes ver-Me. Então, os justos Lhe responderão, dizendo: Senhor, quando Te vimos com fome e Te demos de comer? Ou com sede e Te demos de beber? E, quando Te vimos estrangeiro e Te hospedamos? Ou nu e Te vestimos? E, quando Te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-Te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes. Então, dirá também aos que estiverem à Sua esquerda: Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; porque tive fome, e não Me destes de comer; tive sede, e não Me destes de beber; sendo estrangeiro, não Me recolhestes; estando nu, não Me vestistes; e estando enfermo e na prisão, não Me visitastes. Então, eles também Lhe responderão, dizendo: Senhor, quando Te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão e não Te servimos? Então, lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a Mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna." Mateus 25:34-46. T3 174 2 Erguer o Instituto de Saúde de sua baixa condição no outono de 1869 para seu presente próspero e sua esperançosa condição tem exigido sacrifícios e esforços dos quais seus amigos, que nele se acham internados, pouco sabem. Naquela ocasião tinha ele um débito de trinta mil dólares, e não tinha senão oito pacientes que pagavam. E o que era pior, o procedimento dos administradores precedentes fora de molde a desanimar a tal ponto os seus amigos que eles não tiveram ânimo de fornecer recursos para eliminar o débito, ou recomendar os doentes a serem patrocinadores do Instituto. Foi nesta situação desanimadora que meu esposo tomou a resolução de que a propriedade do Instituto deveria ser vendida para pagar os débitos, e o saldo, após o pagamento das dívidas, seria restituído aos acionistas na proporção ao número de ações que cada um possuía. Certa manhã, porém, ao orar no altar da família, o Espírito de Deus veio sobre ele ao estar suplicando a orientação divina em assuntos relacionados com o Instituto, e ele exclamou, enquanto se achava prostrado de joelhos: "O Senhor cumprirá toda a palavra que Ele pronunciou através de visão, relacionada com o Instituto de Saúde, e ele será erguido de sua baixa condição e prosperará gloriosamente." T3 175 1 Desde essa época tomamos nas mãos a direção da obra com fervor e temos trabalhado lado a lado pelo Instituto, para combater a influência de homens egoístas que a ele trouxeram embaraço. Temos dado de nossos recursos, dando assim um exemplo aos outros. Temos estimulado a economia e a operosidade da parte de todos os relacionados com o Instituto, e temos instado que médicos e auxiliares trabalhem arduamente por pouco salário, até que o Instituto esteja novamente de todo restabelecido na confiança de nosso povo. Temos dado testemunho claro contra a manifestação de egoísmo em qualquer pessoa relacionada com o Instituto, aconselhado e reprovado erros. Sabíamos que o Instituto de Saúde não teria êxito a não ser que as bênçãos do Senhor sobre ele repousassem. Se Suas bênçãos o assistissem, os amigos da causa confiariam em que ele era a obra de Deus e se sentiriam seguros ao empregarem recursos para torná-lo um empreendimento vivo, a fim de que se tornasse capaz de preencher os desígnios de Deus. T3 175 2 Os médicos e alguns dos auxiliares entregaram-se ao trabalho alegremente. Trabalharam com ardor sob grandes dificuldades. Os Drs. Ginley, Chamberlain e Lamson trabalharam com zelo e energia, com pouca remuneração, para erguer esta instituição deficitária. E, graças a Deus, o débito original foi pago e grandes acréscimos para a acomodação de pacientes foram feitos e pagos. A divulgação da Health Reformer, que se acha bem na base do sucesso do Instituto, foi duplicada, e ela se tornou um periódico vivo. A confiança no Instituto foi completamente restabelecida na mente da maioria de nosso povo, e tem havido tantos pacientes no Instituto, quase o ano todo, quantos podiam ser acomodados e devidamente tratados por nossos médicos. T3 176 1 É motivo de profunda tristeza que os primeiros administradores do Instituto seguissem uma conduta que quase o esmagou em dívida e desânimo. Mas as perdas financeiras que os acionistas sentiram e lamentaram foram pequenas em comparação com o trabalho, perplexidade e responsabilidade que meu marido e eu temos suportado sem remuneração, e que médicos e auxiliares tiveram por salários pequenos. Nós compramos ações nominais do Instituto no valor de mil e quinhentos dólares, mas isso significa muito pouco em comparação com o desgaste que sofremos em conseqüência de gerentes irresponsáveis anteriores. Mas visto que o Instituto desfruta agora de melhor reputação e clientela do que nunca antes, e que a propriedade vale mais do que todo o dinheiro que foi investido e os erros anteriores foram corrigidos, aqueles que perderam sua confiança não têm desculpa para acariciar sentimentos preconceituosos. E se ainda manifestam falta de interesse, é porque preferem nutrir preconceito em vez serem guiados pela razão. T3 176 2 Na providência de Deus, o irmão A tem dedicado seu interes-se e energias ao Instituto de Saúde. Tem demonstrado interesse desprendido para promover os interesses do Instituto e não se tem poupado ou favorecido a si mesmo. Se ele depender de Deus e dEle fizer sua força e conselheiro, pode tornar-se uma bênção para médicos, auxiliares e pacientes. Ele uniu seu interesse a tudo que é ligado ao Instituto e tem sido uma bênção a outros ao assumir responsabilidades prazenteiramente, que não eram nem poucas nem leves. Ele tem abençoado a outros, e estas bênçãos recairão de novo sobre ele. T3 176 3 Mas o irmão A corre perigo de assumir responsabilidades que outros podem e devem levar. Não deve se gastar fazendo coisas que outros, cujo tempo é menos precioso, podem fazer. Deve agir como um diretor e superintendente. Deve preservar sua força para que, com seu discernimento experiente, possa dizer a outros o que fazer. Isso é necessário para que ele mantenha uma posição de influência no Instituto. Sua experiência em agir com sabedoria e economia é valiosa. Mas ele corre perigo de afastar demasiadamente seu interesse de sua família, de ficar muito absorto no Instituto, e de assumir muitas responsabilidades, como meu marido fez. O interesse de meu marido pelo Instituto de Saúde, pela Sociedade de Publicações e a causa em geral foi tão grande que ele ficou doente e foi obrigado a retirar-se do trabalho por um tempo, quando, tivesse ele feito menos pelas instituições e dividisse seu interesse com a família, não teria tido uma tensão constante em um aspecto, e teria preservado suas forças para continuar seus trabalhos sem interrupção. O irmão A é o homem para o lugar. Mas ele não deve fazer como meu marido fez, mesmo se as coisas não estiverem em condição tão próspera como quando ele devota toda sua energia a elas. Deus não requer que meu marido ou o irmão A se privem do prazer social com a família, afastando-se do lar e da família, mesmo no interesse dessas instituições importantes. T3 177 1 Durante os últimos três ou quatro anos muitos têm-se interessado pelo Instituto de Saúde e têm-se esforçado para pô-lo em melhor condição. Mas alguns têm falta de discernimento e experiência. Enquanto o irmão A agir desinteressadamente e apegar-se a Deus, Ele será seu ajudador e seu conselheiro. T3 177 2 Os médicos do Instituto de Saúde não devem sentir-se compelidos a fazer o trabalho que os auxiliares podem realizar. Não devem eles ocupar-se das salas de hidroterapia ou mecanoterapia, consumindo sua vitalidade no desempenho daquilo que outros podem fazer. Não deve existir falta alguma de auxiliares para cuidar dos doentes e zelar pelos pacientes fracos que necessitam de atendentes. Devem os médicos poupar as suas energias para o desempenho satisfatório de seus deveres profissionais. Cumpre-lhes dizer aos outros o que devem fazer. Se houver falta daqueles em quem eles possam confiar para fazer essas coisas, devem-se empregar e instruir de maneira apropriada pessoas adequadas, e remunerá-las convenientemente por seus serviços. T3 178 1 Só devem ser empregadas pessoas que desprendidamente trabalharão no interesse do Instituto, e tais pessoas devem ser bem pagas por seus serviços. Deve haver um quadro suficiente, especialmente durante a temporada de enfermidades do verão, de modo que ninguém precise trabalhar demais. O Instituto de Saúde já venceu suas dificuldades, e médicos e auxiliares não devem ser obrigados a trabalhar tanto, e sofrer privações tais, como quando ele estava tão endividado em conseqüência de homens desonestos, que quase o arruinaram. T3 178 2 Foi-me mostrado que os médicos de nosso Instituto devem ser homens e mulheres de fé e espiritualidade. Devem eles fazer de Deus a sua confiança. Muitos há que acorrem ao nosso Instituto que têm, pelas próprias condescendências pecaminosas, trazido sobre si mesmos doenças de quase todos os tipos. Essa classe não merece a simpatia que freqüentemente exige. E é doloroso devotarem os médicos tempo e esforço a essa classe de pessoas degradadas física, mental e moralmente. Há, porém, uma classe que tem, por ignorância, vivido em violação das leis da natureza. Eles têm trabalhado e se alimentado de maneira intemperante, pois era costume assim se fazer. Alguns têm sofrido na mão de muitos médicos, e não têm melhorado, mas decididamente ficado piores. Por fim são arrancados de suas ocupações, da sociedade e de seus familiares; e como último recurso, vêm ao Instituto de Saúde, com uma vaga esperança de poderem encontrar alívio. Essa classe necessita de simpatia. Deve ser tratada com a maior ternura, e deve-se ter o cuidado de tornar claro ao seu entendimento as leis orgânicas, a fim de que possam, ao deixarem de violá-las e governarem a si mesmos, evitar o sofrimento, a doença e a penalidade da violada lei da natureza. T3 178 3 O Dr. B não é a pessoa melhor qualificada para ocupar uma posição como médico no Instituto. Ele vê homens e mulheres de saúde arruinada, que são débeis em força mental e moral, e pensa que é tempo perdido tratar tais casos. Isso pode ser verdade em muitos casos. Mas ele não deve ficar desanimado e aborrecido com doentes e sofredores. Não deve perder sua compaixão, simpatia e paciência, e sentir que sua vida é mal-empregada ao trabalhar a favor daqueles que jamais poderão apreciar o esforço que é feito por eles, e que não usarão suas forças, se as recuperarem, para abençoar a sociedade, mas seguirão o mesma conduta de condescendência própria que resultou na perda da saúde. O Dr. B não deve ficar cansado ou desalentado. Ele deve lembrar-se de Cristo, que entrou em contato direto com a humanidade sofredora. Embora, em muitos casos, tivesse o sofredor trazido sobre si mesmo a enfermidade por sua conduta pecaminosa ao violar a lei natural, compadecia-Se Jesus de suas fraquezas. Ao irem a Ele com as mais repulsivas doenças, não Se punha de longe por temor de contágio; tocava-os e ordenava à enfermidade que saísse. T3 179 1 "E, entrando numa certa aldeia, saíram-Lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe. E levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós. E Ele, vendo-os, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos. E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz. E caiu aos Seus pés, com o rosto em terra, dando-Lhe graças; e este era samaritano. E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te e vai; a tua fé te salvou." Lucas 17:12-19. T3 179 2 Aqui está uma lição para todos nós. Os leprosos estavam tão corrompidos pela doença que foram segregados da sociedade para não contaminar os outros. Seus limites haviam sido prescritos pelas autoridades. Jesus aproximou-Se dos limites de sua visão, e em seu grande sofrimento, clamaram ao único que tinha poder para aliviá-los. Jesus ordena que se apresentem aos sacerdotes. Eles têm fé para iniciar a caminhada, crentes no poder de Cristo para curá-los. Quando vão andando pelo caminho, notam que a terrível doença os deixou. Apenas um, entretanto, tem sentimentos de gratidão; um apenas reconhece a sua penhorada dívida a Cristo por essa grande obra feita em seu favor. Esse volta louvando a Deus, e, na maior das humilhações, prostra-se aos pés de Cristo, reconhecendo agradecido a obra realizada em seu favor. E aquele homem era estrangeiro; os outros nove eram judeus. T3 180 1 Em atenção a este único homem, que haveria de fazer uso correto da bênção da saúde, Jesus curou a todos os dez. Os outros prosseguiram sem reconhecer a obra feita, e sem manifestar nenhum grato reconhecimento a Jesus por haver feito a obra. T3 180 2 Assim os médicos do Instituto de Saúde terão os seus esforços reconhecidos. Mas, se em seu esforço para auxiliar a humanidade sofredora, um em vinte faz uso correto dos benefícios recebidos e aprecia seu empenho em favor dele, devem os médicos sentir-se recompensados e satisfeitos. Se uma em cada dez vidas é salva, e um pecador em uma centena é salvo no reino de Deus, todos os que estão relacionados com o Instituto devem sentir-se grandemente recompensados por todos os seus esforços. Seu cuidado e preocupação não serão de todo em vão. Se o Rei da glória, a Majestade do Céu, trabalhou pela humanidade sofredora, e tão poucos Lhe apreciaram a divina ajuda, devem os médicos e auxiliares do Instituto envergonhar-se de se queixarem se seus fracos esforços não forem apreciados por todos e parecerem inúteis para alguns. T3 180 3 Foi-me mostrado que os nove que não voltaram para dar glória a Deus representam corretamente alguns guardadores do sábado que vêm ao Instituto de Saúde como pacientes. Recebem muita atenção, e deviam reconhecer a ansiedade e o desalento dos médicos, e ser os últimos a lhes causar preocupações e cuidados desnecessários. Mas lamento dizer que freqüentemente os pacientes com os quais é mais difícil lidar no Instituto são os de nossa fé. Sentem-se mais livres em fazer queixas do que qualquer outra classe. Mundanos e cristãos professos de outras denominações apreciam o esforço feito para sua recuperação mais do que muitos observadores do sábado. E alguns dos mais dispostos a questionar e a queixar-se da administração do Instituto são os que têm recebido tratamento a um preço reduzido. T3 181 1 Isso tem sido desanimador para médicos e auxiliares; mas eles devem lembrar-se de Cristo, seu grande Exemplo, e não se cansarem de fazer o bem. Se um dentre grande número de pacientes é agradecido e exerce influência correta, eles devem dar graças a Deus e reanimar-se. Esse pode ser um estrangeiro, e pode surgir a pergunta: Onde estão os nove? Por que nem todos os guardadores do sábado manifestam seu interesse e apoio a favor do Instituto de Saúde? Alguns guardadores do sábado têm tão pouco interesse que, ao serem gratuitamente atendidos no Instituto, falam aos pacientes de modo crítico a respeito dos meios empregados para a recuperação dos doentes. Gostaria que tais pessoas refletissem sobre sua conduta. O Senhor as considera como considerou os nove leprosos que não voltaram para dar-Lhe glória. Estranhos fazem seu dever e apreciam os esforços feitos para sua recuperação, ao passo que estes [os crentes] se alinham contra aqueles que tentaram lhes fazer bem. T3 181 2 O Dr. B precisa cultivar cortesia e bondade para não ofender desnecessariamente os sentimentos dos pacientes. Ele é franco e de coração aberto, consciencioso, sincero e caloroso. Tem uma boa compreensão de enfermidades, mas deve ter conhecimento mais cabal de como tratar os doentes. Juntamente com o conhecimento ele precisa de cultura, boas maneiras e ser mais seletivo nas palavras e ilustrações de suas palestras no salão. T3 181 3 O Dr. B é muito sensível e, por natureza, de um temperamento precipitado e impulsivo. Age com freqüência sob o impulso do momento. Ele tem feito esforço para corrigir seu espírito precipitado e para vencer suas deficiências, mas precisa fazer um esforço ainda maior. Se vê coisas erradas, tem demasiada pressa para dizer aos que erram o que ele pensa, e nem sempre usa as palavras mais apropriadas para a ocasião. Ele às vezes ofende os pacientes de tal modo que eles o odeiam e deixam o Instituto com ressentimentos, com prejuízo tanto para eles como para o Instituto. Falar de modo arrogante a pacientes que estão enfermos física e mentalmente raramente faz algum bem. Poucos, porém, dos que fizeram sociedade com o mundo e que vêem as coisas por um ângulo mundano estão preparados para ouvir uma apresentação de fatos a seu respeito. A verdade exata nem sempre deve ser dita. Há ocasião adequada e oportuna para falar, quando as palavras não ofendem. Os médicos não devem sobrecarregar-se de trabalhos, deixando esgotado seu sistema nervoso, pois esse estado físico não favorece um espírito calmo, nervos estáveis e disposição alegre, feliz. O Dr. B tem estado demasiadamente confinado ao Instituto. Devia ter feito uma mudança. Deve sair de Battle Creek ocasionalmente e repousar e visitar, nem sempre fazendo visitas profissionais, mas visitando onde ele pode estar livre e onde sua mente não estará preocupada com os doentes. T3 182 1 O privilégio de ausentar-se ocasionalmente do Instituto de Saúde deve ser concedido a todos os médicos, principalmente aos que têm encargos e responsabilidades. Se houver tamanha escassez de auxiliares que isto não possa ser feito, devem-se providenciar mais auxiliares. Ter médicos sobrecarregados e, dessa forma, desqualificados para desempenharem os deveres de sua profissão é coisa que se deve temer. Deve-se evitar isso, se possível, pois sua influência é contra os interesses do Instituto. Os médicos devem manter-se em bom estado. Não devem adoecer por excesso de trabalho ou por qualquer imprudência de sua parte. T3 182 2 Foi-me mostrado que o Dr. B é muito facilmente desencorajado. Sempre haverá coisas que surgirão para aborrecer, perturbar e provar a paciência dos médicos e auxiliares. Devem eles estar preparados para isto, não se tornando agitados nem desequilibrados. Devem ser calmos e bondosos, não importa o que possa acontecer. Estão exercendo uma influência que será refletida nos pacientes em outros Estados e que se refletirá de novo sobre o Instituto de Saúde para o bem ou para o mal. Cumpre-lhes levar sempre em consideração que estão lidando com homens e mulheres mentalmente enfermos, os quais vêem muitas vezes as coisas de um ponto de vista desvirtuado, e mesmo assim estão certos de que compreendem perfeitamente o assunto. Devem os médicos entender que "a resposta branda desvia o furor". Provérbios 15:1. É necessário usar de prudência em uma instituição onde os doentes são tratados, a fim de dirigir com sucesso as mentes enfermas e beneficiar o doente. Se os médicos puderem permanecer calmos em meio a uma tempestade de palavras irrefletidas e impetuosas; se puderem governar o próprio sentimento quando provocados e ofendidos, serão eles realmente vencedores. "Melhor é o longânimo do que o valente, e o que governa o seu espírito do que o que toma uma cidade." Provérbios 16:32. Dominar-se e trazer as paixões sob o controle da vontade é a maior vitória que os homens e as mulheres podem alcançar. T3 183 1 O Dr. B não é cego quanto a seu temperamento peculiar. Vê suas fraquezas, e quando sente a pressão sobre si fica predisposto a recuar e virar as costas ao campo de batalha. Mas não lucrará nada seguindo essa conduta. Acha-se onde seu ambiente e a pressão das circunstâncias estão desenvolvendo os pontos fortes de seu caráter, pontos dos quais a aspereza deve ser removida, para tornar-se refinado e culto. O fugir da luta não removerá os defeitos de seu caráter. Se ele deixasse o Instituto, isso não o faria remover ou vencer os defeitos de caráter. Ele tem um trabalho diante de si para vencer estes defeitos se quiser estar entre o número que estará de pé sem mancha diante do trono de Deus, tendo atravessado a grande tribulação, e tendo lavado as vestes do caráter e "as branqueado no sangue do Cordeiro". Apocalipse 7:14. Foi feita a provisão para lavarmos [nossas vestes]. A fonte foi preparada a custo infinito, e a responsabilidade de lavar repousa sobre nós, que somos imperfeitos diante de Deus. O Senhor não pretende remover estas manchas de contaminação sem nada fazermos de nossa parte. Precisamos lavar nossas vestes no sangue do Cordeiro. Podemos nos valer dos méritos do sangue de Cristo pela fé, e mediante Sua graça e poder teremos forças para vencer nossos erros, nossos pecados, nossas imperfeições de caráter, e sair vitoriosos, tendo lavado nossas vestes no sangue do Cordeiro. T3 183 2 O Dr. B deve procurar aumentar diariamente sua bagagem de conhecimentos, e cultivar cortesia e boas maneiras. No salão de palestras ele se torna propenso a baixar um pouco o nível; as pessoas não recebem uma influência enobrecedora. Deve ele ter em mente que se associa com todos os tipos de mentalidade e que as impressões que ele deixa se estenderão a outros Estados e refletirão sobre o Instituto. Tratar com homens e mulheres cuja mente e o corpo se acham enfermos é uma preciosa tarefa. É necessária grande sabedoria por parte dos médicos do Instituto a fim de curarem o corpo através da mente. Poucos, porém, compreendem o poder que exerce a mente sobre o corpo. Grande parte das doenças que afligem a humanidade têm a sua origem na mente, e podem ser curadas apenas pela restauração da mente à saúde. Há um número muito mais elevado do que imaginamos que está sofrendo das faculdades mentais. O coração enfermo torna muitos dispépticos, pois a angústia mental exerce uma paralisante influência sobre os órgãos digestivos. T3 184 1 A fim de alcançar esta classe de pacientes, deve o médico ter discernimento, paciência, bondade e amor. O coração abatido, doente, e a mente desalentada necessitam de meigo cuidado, e é por meio de terna simpatia que tais mentes podem ser curadas. Devem os médicos conquistar-lhes primeiro a confiança, e em seguida levá-los ao Médico todo-poderoso para curar. Se a mente puder ser dirigida para o Portador de Fardos e tiverem fé que Ele demonstrará interesse por eles, certa será a cura de seu corpo e mente enfermos. T3 184 2 Outras instituições de saúde estão olhando com olhos invejosos ao Instituto de Saúde em Battle Creek. Eles atuam do ponto de vista do mundo, enquanto os administradores do Instituto de Saúde atuam de um ponto de vista religioso, reconhecendo a Deus como seu proprietário. Não trabalham egoistamente em troca de dinheiro, mas por amor de Cristo e da humanidade. Procuram beneficiar a humanidade sofredora, para curar a mente doente e o corpo que sofre, encaminhando os enfermos a Cristo, o Amigo dos pecadores. Não deixam a religião fora de consideração, mas fazem de Deus sua confiança e dependência. Os doentes são encaminhados a Jesus. Depois dos médicos fazerem o que podem a favor do doente, eles pedem que Deus coopere com seus esforços e restaure os enfermos sofredores à saúde. Isso Ele tem feito em alguns casos em resposta à oração da fé. E isso Ele continuará a fazer se eles forem fiéis e puserem sua confiança nEle. O Instituto de Saúde será um sucesso, pois Deus o sustém. E se Sua bênção repousar sobre o Instituto, ele prosperará e será o meio de fazer o bem a muitos. Outras instituições estão a par de que uma elevada norma de influência moral e religiosa existe em nosso Instituto. Vêem que seus administradores não são regidos por princípios egoístas e mundanos, e são zelosos em relação a sua influência controladora e orientadora. ------------------------Capítulo 16 -- O perigo dos elogios T3 185 1 Foi-me mostrado que é preciso haver muita cautela, mesmo tratando-se de desembaraçar pessoas de um fardo opressor, para que não ponham sua confiança na própria sabedoria e se esqueçam de que dependem inteiramente de Deus. Não é bom elogiar a pessoa ou exaltar os talentos de um servo de Cristo. No dia de Deus muitos hão de ser pesados na balança e achados em falta por causa de sua exaltação pessoal. O Eu facilmente se eleva, fazendo o indivíduo perder o equilíbrio. Repito a meus irmãos e irmãs: Se desejam ser inocentes do sangue de todos os homens, nunca lisonjeiem nem exaltem os esforços de pobres mortais; porque isso pode ser a ruína deles. Há perigo em exaltar por palavras ou por atos a um irmão ou irmã, por mais aparentemente humilde que seja sua conduta. Se eles são realmente dotados desse espírito manso e humilde que Deus tanto aprecia, ajudem-nos a conservá-lo. Isto não se fará por meio de censuras ou deixando de apreciar devidamente as suas qualidades; mas há poucos que suportam sem prejuízo os efeitos de um elogio. T3 185 2 Alguns pastores de talento, que estão agora pregando a verdade presente, gostam de aprovação. O elogio os estimula como o vinho estimula ao bebedor. Coloquem esses pastores onde haja uma congregação pequena, que se não entusiasma facilmente nem provoca oposições decisivas, e se apagará logo seu interesse e seu zelo, tornando-se eles sonolentos e indolentes como o bêbado a quem se tenha privado do álcool. Estes homens não se tornarão obreiros verdadeiramente práticos antes que tenham aprendido a trabalhar sem a exaltação dos elogios. ------------------------Capítulo 17 -- Trabalho a favor dos que erram T3 186 1 Os irmãos C e D falharam em alguns aspectos em seu controle dos negócios da igreja em Battle Creek. Agiram em demasia no próprio espírito e não dependeram totalmente de Deus. Falharam em cumprir seu dever não encaminhando a igreja a Deus, a Fonte de águas vivas, junto à qual poderiam suprir sua carência e satisfazer a fome de seu coração. A influência renovadora e santificadora do Espírito Santo, que daria paz e esperança à consciência perturbada, e restauraria saúde e felicidade ao pecador, não recebeu a máxima atenção. O bom objetivo que tinham em vista não foi atingido. Estes irmãos excediam no espírito de fria crítica no exame dos indivíduos que se apresentaram para se tornarem membros da igreja. O espírito de chorar "com os que choram" e de alegrar-se "com os que se alegram" (Romanos 12:15) não estava no coração destes pastores como devia ter estado. T3 186 2 Cristo identificou-Se com as necessidades de Seu povo. As necessidades e sofrimentos desse povo eram Seus também. Diz Ele: "Tive fome, e destes-Me de comer; tive sede, e destes-Me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-Me; estava nu, e vestistes-Me; adoeci, e visitastes-Me; estive na prisão, e fostes ver-Me." Mateus 25:35, 36. Os servos de Deus devem ter coração de terna afeição e sincero amor para com os seguidores de Cristo. Devem manifestar aquele profundo interesse que Jesus nos apresenta no cuidado do pastor para com a ovelha perdida; seguir o exemplo dado por Cristo, e exercer a mesma compaixão e benignidade, e o mesmo terno e compassivo amor manifestado por Ele para conosco. T3 187 1 As grandes forças morais do coração são fé, esperança e amor. Se estes não forem exercidos, por mais diligente e zeloso que seja o pastor, seu trabalho não será aceito por Deus e não pode produzir bem para a igreja. Um servo de Cristo que apresenta a solene mensagem de Deus ao povo deve sempre tratar com justiça, amar a misericórdia e andar humildemente diante de Deus. O espírito de Cristo no coração inclinará toda faculdade da mente a nutrir e proteger as ovelhas de Seu pasto, como um verdadeiro e fiel pastor. O amor é o elo dourado que liga os corações crentes uns aos outros em voluntários laços de amizade, ternura e fiel constância -- [elo] que une o coração a Deus. Há decidida falta de amor, compaixão e compassiva ternura entre os irmãos. Os ministros de Cristo são muito frios e sem coração. O coração deles não se acha inflamado de terna compaixão e fervoroso amor. A mais pura e elevada devoção a Deus é aquela que se manifesta nos mais fervorosos desejos e esforços para ganhar almas para Cristo. A razão por que os pastores que anunciam a verdade presente não são mais bem-sucedidos é que eles são grandemente deficientes em fé, esperança e amor. Há para todos nós labutas e conflitos, abnegações e provas íntimas do coração a enfrentar e suportar. Haverá aflição e lágrimas por nossos pecados; haverá lutas constantes e vigílias, mescladas com remorso e vergonha por causa de nossas deficiências. T3 187 2 Que os ministros da cruz de nosso querido Salvador não esqueçam sua experiência nessas coisas; mas lembrem-se sempre de que são apenas homens, sujeitos a errar, e possuindo as mesmas paixões que seus irmãos; e que, se ajudam a seus irmãos, precisam ser perseverantes nos esforços que fazem para os beneficiar, tendo o coração cheio de piedade e amor. Precisam chegar ao coração de seus irmãos e ajudá-los onde eles são fracos e mais necessitam de auxílio. "Os que trabalham na palavra e na doutrina" (1 Timóteo 5:17) devem quebrantar o próprio coração duro, orgulhoso, incrédulo, se querem ver isso nos irmãos. Cristo fez tudo por nós, porque nos viu desamparados; estávamos ligados com cadeias de trevas, pecado e desespero, não podendo portanto fazer coisa alguma por nós mesmos. É mediante o exercício da fé, esperança e amor que chegamos mais e mais perto da norma de perfeita santidade. Nossos irmãos sentem a mesma comovente necessidade de auxílio que temos experimentado. Não os devemos oprimir com censuras desnecessárias, mas deixar que o amor de Cristo nos constranja a ser muito compassivos e brandos, de modo a chorarmos sobre os que erram e os que se desviaram de Deus. O ser humano é de infinito valor. Esse valor só pode ser estimado pelo preço pago a fim de redimi-lo. O Calvário! O Calvário! O Calvário exprimirá o real valor de um ser humano! ------------------------Capítulo 18 -- A Escola Sabatina T3 188 1 Religiosidade vital é um princípio a ser cultivado. O poder de Deus pode efetuar por nós aquilo que todos os métodos do mundo não podem fazer. A perfeição do caráter cristão depende inteiramente da graça e força encontradas somente em Deus. Sem o poder da graça sobre o coração, ajudando nossos esforços e santificando nossos trabalhos, deixaremos de obter nossa própria salvação e a salvação de outros pecadores. Organização e ordem são altamente essenciais, mas ninguém deve ter a impressão de que elas realizarão o trabalho sem a graça e o poder de Deus atuando sobre a mente e o coração. Sem o poder de Deus para inspirar e dar coragem, o coração e a carne falhariam na execução das muitas cerimônias e na realização de nossos planos. T3 188 2 A Escola Sabatina em Battle Creek tornou-se o grande tema de interesse do irmão E. Absorveu a mente dos jovens, enquanto outros deveres religiosos foram negligenciados. Freqüentemente, depois do encerramento da Escola Sabatina, o superintendente, vários professores e um bom número de alunos voltavam para casa para descansar. Sentiam que sua responsabilidade para aquele dia terminara e que não tinham outro dever. Quando o sino anunciava a hora para o culto e o povo saía de suas casas para a igreja, encontravam boa parte dos estudantes indo para casa. E por mais importante que fosse a reunião, o interesse de boa parte da Escola Sabatina não podia ser despertado para ter prazer na instrução dada pelo pastor sobre importantes assuntos bíblicos. Enquanto muitas das crianças não assistiam ao culto, algumas que ficavam não tiravam proveito da palavra falada, pois sentiam que era uma obrigação enfadonha. T3 189 1 Deve haver disciplina e ordem em nossas Escolas Sabatinas. As crianças que assistem a estas classes devem apreciar os privilégios que desfrutam e deve-se requerer que observem os regulamentos da escola. E ainda maior cuidado deve ser tomado pelos pais para certificar-se de que os filhos tenham suas lições bíblicas do que para verificar se suas lições escolares são preparadas. Suas lições bíblicas devem ser aprendidas mais perfeitamente do que suas lições escolares comuns. Se os pais e os filhos não vêem a necessidade deste interesse, então melhor seria que as crianças ficassem em casa; pois a Escola Sabatina deixará de ser uma bênção para elas. Pais e filhos devem trabalhar em harmonia com o superintendente e os professores, dando assim evidência de que apreciam o trabalho despendido por elas. Os pais devem tomar interesse especial na educação religiosa de seus filhos, para que tenham um conhecimento mais completo das Escrituras. T3 189 2 Há muitas crianças que alegam falta de tempo como razão para que suas lições da Escola Sabatina não sejam estudadas, mas há poucos que tendo interesse nelas não achassem tempo para estudá-las. Algumas devotam tempo a divertimentos e passeios; outras ao cuidado desnecessário de suas vestes para ostentação, cultivando assim orgulho e vaidade. As horas preciosas assim gastas prodigamente é tempo que pertence a Deus, pelas quais precisam prestar-Lhe contas. As horas gastas em ornamentação desnecessária ou em divertimentos e conversa ociosa serão, com toda obra, "trazidas a juízo". Eclesiastes 12:14. ------------------------Capítulo 19 -- Obreiros no escritório T3 190 1 As pessoas no Escritório que professam crer na verdade devem demonstrar na vida o poder da verdade e provar que estão trabalhando para frente e para o alto por princípio. Devem estar moldando a vida e o caráter segundo o Modelo perfeito. Se todos pudessem ver com discernimento as realidades tremendas da eternidade, que terrível condenação se apoderaria de alguns no Escritório que agora se conduzem com indiferença, embora separados de cenas eternas por uma distância bem pequena. Muitas advertências têm sido dadas e aplicadas com intensa emoção e orações fervorosas, cada uma das quais é registrada no Céu, para equilibrar a conta de cada um no dia do juízo final. O amor incansável de Cristo tem acompanhado as pessoas empenhadas em Seu trabalho no Escritório. Deus as tem auxiliado com bênçãos e súplicas, todavia odiando os pecados e a infidelidade que se lhes apegam como a lepra. As verdades profundas e solenes as quais as pessoas no Escritório têm tido o privilégio de ouvir devem ter sua aprovação e levá-las a apreciar a luz que Deus lhes tem dado. Se andarem na luz, ela lhes embelezará e enobrecerá a vida com o próprio adorno do Céu: pureza e verdadeira bondade. T3 190 2 Um caminho está aberto diante de qualquer um no Escritório para empenhar-se de coração diretamente na obra de Cristo e na salvação de pecadores. Cristo deixou o Céu e o seio do Pai para vir a um mundo hostil e perdido para salvar os que haviam de ser salvos. Exilou-Se do Pai e trocou o companheirismo puro de anjos pelo de uma humanidade caída, inteiramente poluída pelo pecado. Com tristeza e surpresa, Cristo testemunhou a frieza, a indiferença e negligência com as quais Seus professos seguidores no Escritório tratam a luz e as mensagens de advertência e de amor que lhes deu. Cristo proveu o pão e a água da vida a todos que têm fome e sede. T3 190 3 O Senhor requer de todos no Escritório que trabalhem por motivos elevados. Em Sua vida, Cristo lhes deu exemplo. Todos devem trabalhar com interesse, dedicação e fé para a salvação de pecadores. Se todos no Escritório trabalharem com propósitos desinteressados, discernindo a santidade do trabalho, a bênção de Deus repousará sobre eles. Se todos tivessem assumido suas diferentes responsabilidades prazenteira e alegremente, o desgaste e a perplexidade não teriam caído tão pesadamente sobre meu marido. T3 191 1 Quão poucas orações fervorosas têm sido elevadas a Deus em fé por aqueles que trabalhavam no Escritório que não estavam plenamente na verdade! Quem sentiu o valor de um pecador pelo qual Cristo morreu? Quem tem sido obreiro na vinha do Senhor? Vi que os anjos foram entristecidos pelas frivolidades dos professos seguidores de Cristo que estavam lidando com coisas sagradas no Escritório. Alguns não possuem mais percepção da santidade da obra do que se estivessem empenhados em trabalho comum. Deus agora apela aos infrutíferos ocupantes do terreno para que se consagrem a Ele e concentrem suas afeições e esperanças nEle. T3 191 2 O Senhor gostaria que todos os que estão ligados ao Escritório se tornassem zelosos e assumissem responsabilidades. Se estão em busca de prazeres, se não praticam abnegação, não estão aptos para um lugar no Escritório. Os obreiros do Escritório devem sentir ao entrar que ali é um lugar sagrado, um lugar onde a obra de Deus está sendo feita na publicação da verdade que decidirá o destino das pessoas. Isto não é sentido ou reconhecido como deve ser. Há conversa no departamento de composição que distrai a mente do trabalho. O Escritório não é um lugar para visitas, namoro, divertimento ou egoísmo. Todos devem sentir que estão trabalhando para Deus. Aquele que sonda todos os motivos e lê todos os corações está provando, testando e peneirando Seu povo, especialmente aqueles que têm luz e conhecimento, e que estão empenhados em Sua obra sagrada. Deus "sonda as mentes e os corações" (Apocalipse 2:23), e não aceitará nada menos do que uma inteira dedicação ao trabalho e consagração a Ele. Todos no Escritório devem assumir seus deveres como na presença de Deus. Não devem ficar satisfeitos em fazer apenas o suficiente para passar as horas e receber seu salário; mas todos devem trabalhar em qualquer lugar onde possam ajudar mais. Na ausência do irmão White há alguns fiéis; há outros que só trabalham quando são vistos. Se todos no Escritório que professam ser seguidores de Cristo tivessem sido fiéis no cumprimento do dever, teria havido uma grande mudança para melhor. Rapazes e moças têm ficado muito absorvidos na companhia uns dos outros, falando, gracejando e contando piadas, e os anjos de Deus têm se afastado do Escritório. T3 192 1 Marcus Lichtenstein era um jovem temente a Deus; mas viu tão pouco verdadeiro princípio religioso nas pessoas da igreja e nos que trabalham no Escritório que ficou perplexo, aflito e desgostoso. Tropeçou sobre a falta de seriedade na guarda do sábado manifestada por alguns que ainda professavam ser guardadores dos mandamentos. Marcus tinha respeito elevado pelo trabalho no Escritório; mas a vaidade, a futilidade e a falta de princípio fizeram-no tropeçar. Deus o tinha erguido e em Sua providência o ligou a Seu trabalho no Escritório. Mas muito pouco é sabido sobre a mente e a vontade de Deus por alguns que trabalham no Escritório que consideraram esta grande obra da conversão de Marcus do judaísmo como de pouca importância. Seu valor não foi apreciado. Ele ficava freqüentemente aflito com o comportamento de F e de outros no Escritório; e quando tentou reprová-los, suas palavras foram recebidas com desprezo por ele atrever-se a instruí-los. Sua linguagem imperfeita foi para alguns pretexto de caçoada e divertimento. T3 192 2 Marcus sentiu profundamente a respeito do caso de F, mas não sabia como ajudá-lo. Marcus nunca teria deixado o Escritório se os rapazes tivessem sido leais à sua profissão de fé. Se ele naufragar na fé, seu sangue será certamente achado nas vestes dos jovens que professam a Cristo, mas que, por obras, palavras e comportamento, afirmam claramente que não são de Cristo, mas do mundo. Esse estado deplorável de negligência, indiferença e infidelidade precisa cessar; uma mudança completa e permanente precisa ocorrer no Escritório, ou aqueles que têm tido tanta luz e tão grandes privilégios devem ser despedidos e outros tomarem seus lugares, mesmo que sejam incrédulos. É uma coisa terrível enganar a si mesmo. Disse o anjo, apontando para as pessoas no Escritório: "Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos Céus." Mateus 5:20. Não basta fazer profissão de fé. Precisa haver um trabalho efetuado no coração e demonstrado na vida. T3 193 1 O amor de Cristo atinge as profundezas da miséria e dor terrenas, ou não satisfaria o caso do maior pecador. Também alcança o trono do Eterno, ou o homem não poderia ser erguido de sua condição degradada, e nossas necessidades ou desejos satisfeitos. Cristo tem conduzido no caminho da Terra ao Céu. Ele forma o elo que liga os dois mundos. Ele traz o amor e a condescendência de Deus ao homem, e eleva o homem mediante Seus méritos para receber a reconciliação com Deus. Cristo é "o caminho, e a verdade, e a vida". João 14:6. É difícil seguir, passo a passo, penosa e vagarosamente, para frente e para o alto, no caminho da pureza e santidade. Mas Cristo fez ampla provisão para comunicar novo vigor e força divina a cada passo para frente na vida religiosa. Este é o conhecimento e a experiência que todos os auxiliares do Escritório precisam e devem ter, ou lançam diariamente vergonha sobre a causa de Cristo. T3 193 2 O irmão G está cometendo um erro em sua vida. Ele se valoriza excessivamente. Não começou a edificar corretamente para fazer da vida um sucesso. Está edificando no topo, mas o fundamento não foi lançado corretamente. O fundamento precisa ser posto no subsolo, e então o edifício pode subir. Ele necessita de disciplina e experiência nos deveres da vida diária que as ciências não conferem; toda sua educação não lhe dará adestramento físico para fortalecê-lo para as dificuldades da vida. T3 193 3 Pelo que me foi mostrado, deve haver uma seleção cuidadosa de auxiliares do Escritório. Os que são muito jovens, inexperientes e não consagrados não devem ser colocados aí, porque estão expostos a tentações e não têm caráter estabilizado. Aqueles que formaram o caráter, que têm princípios estáveis, e que têm a verdade de Deus no coração não serão uma fonte constante de cuidado e ansiedade, antes um auxílio e uma bênção. O Escritório de Publicações é bastante capaz de fazer arranjos para obter os melhores auxiliares, aqueles que têm habilidade e princípios. E a igreja, por sua vez, não deve procurar tirar um centavo de vantagem daqueles que vêm ao Escritório para trabalhar e aprender o ofício. Há lugares onde alguns poderiam receber melhor salário do que no Escritório, mas nunca poderão achar um lugar mais importante, mais honroso ou mais exaltado do que o trabalho de Deus no Escritório. Aqueles que trabalham fiel e desprendidamente serão recompensados. Para eles está preparada uma coroa de glória, que comparada com todas as honras e prazeres terrestres são como o pó da balança. Isaías 40:15. De modo especial serão abençoados aqueles que têm sido fiéis a Deus em zelar pelo bem-estar espiritual de outros no Escritório. Interesses financeiros e temporais, em comparação com isso, desaparecem na insignificância. Num prato da balança está ouro em pó; no outro, uma vida humana de tal valor que honra, riquezas e glória foram sacrificadas pelo Filho de Deus para resgatá-la da servidão do pecado e do desespero. O ser humano é de valor infinito e requer a maior atenção. Toda pessoa que teme a Deus naquele Escritório deve pôr de lado coisas pueris e vãs, e, com verdadeira coragem moral, ficar de pé na dignidade de sua varonilidade, evitando familiaridade baixa, antes ligando coração a coração no elo do interesse e amor cristãos. Os corações anelam por simpatia e amor, e são muito refrigerados e revigorados por eles como as flores o são pela chuva e o brilho do sol. T3 194 1 A Bíblia deve ser lida cada dia. Uma vida de religião, de devoção a Deus, é o melhor escudo para os jovens que estão expostos à tentação em seus relacionamentos enquanto freqüentam a escola. A Palavra de Deus fornecerá a norma correta do princípio moral e do que é certo e do que é errado. Um princípio estável de verdade é a única salvaguarda para a juventude. Propósitos fortes e vontade resoluta fecharão muitas portas abertas à tentação e a influências desfavoráveis para a conservação de um caráter cristão. Um espírito fraco e irresoluto acariciado na meninice e juventude causará uma vida de constante trabalho e luta porque faltam decisão e princípio firme. Tais pessoas estarão sempre enredadas ao tentar fazer desta vida um sucesso, e correrão o risco de perder a vida melhor. Será seguro ser zeloso pelo direito. A primeira consideração deve ser honrar a Deus, e a segunda, ser fiel à humanidade, cumprindo os deveres de cada dia e enfrentando suas provas e suportando suas responsabilidades com firmeza e coração resoluto. Esforço sério e incansável, unido com propósito forte e inteira confiança em Deus, ajudará em toda emergência, qualificará para uma vida útil neste mundo e dará aptidão para a vida imortal. ------------------------Capítulo 20 -- Amor e dever T3 195 1 O amor tem um irmão gêmeo, que é o dever. Estes dois andam lado a lado. A prática do amor enquanto o dever é negligenciado fará as crianças obstinadas, voluntariosas, perversas, egoístas e desobedientes. Se o severo dever for deixado só, sem o amor que abranda e atrai, idêntico será o resultado. O dever e o amor devem ser misturados a fim de que as crianças sejam devidamente disciplinadas. T3 195 2 Antigamente, foram dadas aos sacerdotes estas instruções: "E a Meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano e o farão discernir entre o impuro e o puro. E, quando houver pleito, eles assistirão a ele para o julgarem; pelos Meus juízos o julgarão." Ezequiel 44:23, 24. "Se Eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não falares, para desviar o ímpio de seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniqüidade, mas o seu sangue Eu o demandarei da tua mão. Mas, quando tu tiveres falado para desviar o ímpio do seu caminho, para que se converta dele, e ele se não converter do seu caminho, ele morrerá na sua iniqüidade, mas tu livraste a tua alma." Ezequiel 33:8, 9. T3 196 1 Aqui se faz patente o dever dos servos de Deus. Eles não podem ser desobrigados do fiel desempenho de seu dever de reprovar pecados e erros do povo de Deus, embora isso seja uma tarefa desagradável e talvez não seja aceita pela pessoa em falta. Na maioria dos casos, porém, a pessoa reprovada aceitaria a advertência e daria ouvidos à reprovação, se outros não se interpusessem em seu caminho. Eles se interpõem como quem toma as dores do que foi repreendido, e acham dever tomar-lhe a defesa. Não vêem que o Senhor não Se agrada do faltoso, pois Sua causa sofreu agravo e Seu nome foi vituperado. Almas se desviaram da verdade e naufragaram na fé, em conseqüência do procedimento errado da pessoa em falta; mas o servo de Deus cujo discernimento se acha obscurecido, e cujo juízo é movido por errôneas influências, rapidamente se põe do lado do ofensor cuja influência causou tanto mal, como também ao lado do que reprovou a injustiça e o pecado; e, assim fazendo, diz tacitamente ao pecador: "Não se aflija; não fique abatido; afinal você está mais ou menos certo." Essas pessoas dizem ao pecador: "Tudo te irá bem." Salmos 128:2. T3 196 2 Deus requer que Seus servos andem na luz, e não fechem os olhos para que não possam discernir a atuação de Satanás. Devem estar preparados para advertir e reprovar os que estão em perigo em virtude das sutilezas de Satanás. Ele trabalha à direita e à esquerda a fim de obter terreno vantajoso. Não descansa. É perseverante. Vigia e é astuto para se aproveitar de toda circunstância, e para fazer isto reverter em vantagem para si na luta que sustenta contra a verdade e os interesses do reino de Deus. É lamentável que os servos do Senhor não estejam despertos sequer metade do que deviam estar para os ardis do inimigo. E em vez de resistir ao diabo para que fuja deles, muitos se inclinam a condescender com os poderes das trevas. ------------------------Capítulo 21 -- A igreja de Battle Creek T3 197 1 Há objeções sérias à localização da escola em Battle Creek. A igreja é grande e há um bom número de jovens ligados a ela. Se a influência que um membro exerce sobre outro numa igreja tão grande fosse de caráter edificante, levando à pureza e à consagração a Deus, então a juventude que viesse a Battle Creek teria maiores vantagens do que se a escola fosse localizada em algum outro lugar. Mas se as influências em Battle Creek forem no futuro como têm sido nos últimos anos, eu advertiria os pais a manter seus filhos fora de Battle Creek. Há apenas poucos naquela grande igreja que exercem uma influência que solidamente atrairá pecadores a Cristo; enquanto há muitos que, por seu exemplo, desviarão aos jovens de Deus para o amor do mundo. T3 197 2 Muitos na igreja de Battle Creek têm grande falta em assumir sua responsabilidade. Aqueles que têm religião prática manterão sua identidade de caráter sob quaisquer circunstâncias. Não serão como "a cana abalada pelo vento". Lucas 7:24. As pessoas localizadas a certa distância sentem que seriam altamente favorecidas se tivessem o privilégio de morar em Battle Creek, em meio a uma igreja forte, onde seus filhos pudessem ser beneficiados pela Escola Sabatina e reuniões. Alguns de nossos irmãos e irmãs no passado fizeram sacrifícios para que seus filhos vivessem aqui. Mas foram desapontados em quase todos os casos. Havia poucos na igreja que manifestavam abnegado interesse nesses jovens. Os membros da igreja em geral conduziram-se como estranhos farisaicos, alheios àqueles que mais precisavam de sua ajuda. Alguns dos jovens ligados com a igreja, que professavam servir a Deus, mas amando mais o prazer e o mundo, estavam dispostos a fazer amizade com jovens desconhecidos que apareciam em seu meio, e a exercer forte influência sobre eles para levá-los ao mundo em vez de levá-los para mais perto de Deus. Quando estes voltam para casa, estão mais longe da verdade do quando vieram a Battle Creek. T3 198 1 São necessários homens e mulheres no centro da obra que sejam pais e mães afetuosos em Israel, que têm coração que pode receber mais do que meramente a "mim e aos meus". Devem ter coração abrasado com amor pelos queridos jovens, quer sejam membros da própria família ou filhos de seus vizinhos. São membros da grande família de Deus, pelos quais Cristo tinha um tão grande interesse que fez todo sacrifício possível para salvá-los. Deixou Sua glória, Sua majestade, Seu trono real e vestes de realeza, e tornou-Se pobre, para que por Sua pobreza os filhos dos homens enriquecessem. 2 Coríntios 8:9. Finalmente derramou Sua vida na morte para que pudesse salvar a humanidade de uma miséria sem esperança. Este é o exemplo de benevolência desprendida que Cristo nos deu como modelo a seguir. T3 198 2 Na providência especial de Deus muitos jovens e também alguns de idade madura têm sido lançados nos braços da igreja de Battle Creek para que os abençoasse com a grande luz que Deus lhes deu e que, por seus esforços desinteressados, pudessem ter o privilégio precioso de trazê-los a Cristo e à verdade. Cristo ordena a Seus anjos que ministrem a favor daqueles que são trazidos sob a influência da verdade, para abrandar-lhes o coração e fazê-los susceptíveis às influências de Sua verdade. Enquanto Deus e Seus anjos estão fazendo Seu trabalho, aqueles que professam ser seguidores de Cristo parecem ser friamente indiferentes. Não trabalham em harmonia com Cristo e os santos anjos. Embora professem ser servos de Deus estão servindo aos próprios interesses e amando o próprio prazer, e almas estão perecendo a seu redor. Estas almas podem verdadeiramente dizer: "Ninguém se preocupa comigo." A igreja deixou de aproveitar os privilégios e bênçãos a seu alcance, e por sua negligência do dever perdeu oportunidades áureas de ganhar almas para Cristo. T3 198 3 Incrédulos têm vivido entre eles durante meses, e estes não fizeram nenhum esforço especial para salvá-los. Como há o Mestre de considerar tais servos? Os incrédulos teriam respondido aos esforços feitos em seu favor se os irmãos e irmãs tivessem vivido à altura de sua exaltada profissão de fé. Se estivessem procurando uma oportunidade de trabalhar no interesse de seu Mestre, para promover Sua causa, teriam manifestado bondade e amor por eles, procurado oportunidades de orar com e por eles, e sentido uma responsabilidade solene repousando sobre eles de mostrar sua fé por suas obras, por preceito e exemplo. Por seu intermédio essas almas poderiam ter sido salvas para serem como estrelas na sua coroa de regozijo. Mas, em muitos casos, a oportunidade áurea passou para nunca mais voltar. As almas que estavam no vale da decisão tomaram sua posição nas fileiras do inimigo e tornaram-se inimigas de Deus e da verdade. E o registro da infidelidade dos professos seguidores de Jesus subiu ao Céu. T3 199 1 Foi-me mostrado que se os jovens de Battle Creek fossem fiéis à sua profissão de fé, poderiam exercer sobre seus colegas uma influência poderosa para o bem. Mas uma boa parte dos jovens em Battle Creek precisa de uma experiência cristã. Não conhecem a Deus por experiência própria. Não têm individualmente uma experiência pessoal na vida cristã, e perecerão com os incrédulos, a menos que obtenham tal experiência. Os jovens desta classe seguem a inclinação em vez de o dever. Alguns não procuram ser governados por princípio. Não se angustiam para entrar pela porta estreita, tremendo de medo de não serem capazes. São confiantes, jactanciosos, orgulhosos, desobedientes, ingratos e profanos. Exatamente esse tipo de classe leva almas à ruína na estrada larga. Se Cristo não está neles, não podem exemplificá-Lo na vida e no caráter. T3 199 2 A igreja em Battle Creek tem tido grande luz. Como um povo, eles têm sido favorecidos por Deus de modo especial. Não têm sido deixados na ignorância quanto à vontade de Deus a seu respeito. Podiam estar muito mais avançados do que estão agora, se tivessem andado na luz. Não são aquele povo separado, peculiar e santo que sua fé requer, e que Deus reconhece como filhos da luz. Não são tão obedientes e devotos em sua posição exaltada e obrigação sagrada como se requer dos filhos que andam na luz. A mensagem mais solene de misericórdia jamais dada ao mundo lhes foi confiada. O Senhor fez daquela igreja a depositária de Seus mandamentos num sentido em que nenhuma outra igreja o foi. Deus não lhes mostrou Seu favor especial em lhes confiar Sua verdade sagrada para que eles apenas fossem beneficiados pela luz dada, mas para que a luz do Céu refletida sobre eles brilhasse para outros e fosse refletida de novo para Deus pelo fato daqueles que recebem a verdade O glorificarem. Muitos em Battle Creek terão de dar a Deus terrível prestação de contas por esta pecaminosa negligência do dever. T3 200 1 Muitos daqueles em Battle Creek que professam crer na verdade contradizem sua fé por suas obras. São tão incrédulos e estão tão longe de cumprir os requisitos de Deus e de viverem à altura de sua profissão de fé como a igreja judaica nos dias do primeiro advento de Cristo. Se Cristo aparecesse entre eles, reprovando e repreendendo o egoísmo, o orgulho e o amor da amizade do mundo, como Ele fez em Seu primeiro advento, poucos O reconheceriam como o Senhor da glória. O quadro que Ele lhes apresentaria diante de sua negligência do dever, eles não aceitariam e diriam em Seu rosto: "O Senhor está inteiramente enganado; fizemos esta boa e grande coisa, e realizamos esta e aquela obra maravilhosa, e temos o direito de ser grandemente exaltados por nossas boas obras." T3 200 2 Os judeus não entraram nas trevas de uma vez. Foi uma obra gradual, até não poderem discernir a dádiva de Deus em enviar Seu Filho. A igreja em Battle Creek tem tido vantagens superiores, e eles serão julgados pela luz e privilégios que têm tido. Suas deficiências, sua incredulidade, sua dureza de coração e sua negligência em apreciar e seguir a luz não são inferiores às dos judeus favorecidos, que recusaram as bênçãos que poderiam ter aceito e crucificaram o Filho de Deus. Os judeus são agora um espanto e uma vergonha ao mundo. T3 200 3 A igreja em Battle Creek é como Cafarnaum, que Cristo representa como sendo exaltada até ao Céu pela luz e os privilégios que lhe foram dados. Se a luz e os privilégios com que foram abençoados tivessem sido dados a Sodoma e Gomorra, elas poderiam ter permanecido até hoje. Se a luz e o conhecimento que a igreja em Battle Creek recebeu tivessem sido dados às nações que vivem em trevas, podiam estar muito mais adiantadas do que aquela igreja. T3 201 1 A igreja de Laodicéia realmente cria nas bênçãos do evangelho e as apreciava, pensando que era rica no favor de Deus, quando a Testemunha Verdadeira os chamou de pobres, nus, cegos e miseráveis. Este é o caso da igreja em Battle Creek e de uma grande parte daqueles que professam ser o povo guardador dos mandamentos de Deus. "O Senhor não vê como vê o homem." 1 Samuel 17:7. Seus pensamentos e caminhos não são como nossos caminhos. Isaías 55:8. T3 201 2 As palavras e a lei de Deus escritas no coração e manifestadas por uma vida consagrada e santa têm influência poderosa para convencer o mundo. "Avareza, que é idolatria" (Colossences 3:5), inveja e amor do mundo serão desarraigados do coração daqueles que são obedientes a Cristo, e será seu prazer praticar a justiça, amar a misericórdia e andar humildemente com Deus. Oh, quanto isto abrange, andar humildemente com Deus! A lei de Deus, se for escrita no coração, levará "cativo todo entendimento" e vontade "à obediência de Cristo". 2 Coríntios 10:5. T3 201 3 Nossa fé é peculiar. Muitos que professam estar vivendo sob o som da última mensagem de misericórdia não estão separados do mundo em suas afeições. Curvam-se diante da amizade do mundo e sacrificam luz e princípio para garantir seu favor. O apóstolo descreve o povo favorecido de Deus nestas palavras: "Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz." 1 Pedro 2:9. ------------------------Capítulo 22 -- Trabalho missionário T3 202 1 Em 10 de Dezembro de 1871, foi-me mostrado que Deus realizaria uma grande obra através da verdade se homens devotos e abnegados se entregassem sem reservas à obra de apresentá-la aos que estão em trevas. Aqueles que têm conhecimento da verdade preciosa e que são consagrados a Deus deviam valer-se de toda oportunidade onde há uma abertura para apresentar a verdade. Anjos de Deus estão movendo o coração e a consciência do povo de outras nações, e pessoas honestas estão perplexas ao testemunharem os sinais dos tempos na situação instável das nações. A indagação surge no coração deles: Quando será o fim de todas essas coisas? Enquanto Deus e os anjos atuam para impressionar corações, os servos de Deus parecem estar dormindo. Apenas poucos estão trabalhando em uníssono com os mensageiros celestes. Todos os homens e mulheres que são cristãos no sentido pleno da palavra devem ser obreiros na vinha do Senhor. Devem estar bem acordados, labutando zelosamente para a salvação de seus semelhantes, e imitar o exemplo que o Salvador do mundo lhes deu em Sua vida de abnegação, sacrifício e trabalho fiel e fervoroso. T3 202 2 Tem havido pouco espírito missionário entre os adventistas observadores do sábado. Se os pastores e o povo estivessem suficientemente despertos, não se deixariam ficar assim indiferentes, quando Deus os honrou ao torná-los os depositários de Sua lei, imprimindo-a em sua mente e escrevendo-a em seu coração. Estas verdades de importância vital hão de provar o mundo; no entanto, mesmo em nosso país há cidades, vilas e vilarejos que nunca ouviram a mensagem de advertência. Jovens que se sentem tocados pelos apelos que têm sido feitos por ajuda na grande obra de promover a causa de Deus tomam alguma iniciativa, mas não assumem suficientemente a responsabilidade da obra para realizarem o que poderiam. Estão dispostos a fazer pequeno trabalho que não requer esforço especial. Não aprendem, entretanto, a colocar toda sua dependência sobre Deus e com fé viva beber da grande Fonte e Manancial de luz e força a fim de que seus esforços se demonstrem inteiramente bem-sucedidos. T3 203 1 Aqueles que pensam que têm um trabalho a fazer para o Mestre não devem começar seus esforços nas igrejas; devem sair para novos campos e provar seus dons. Desse modo podem testar-se e decidir o assunto a próprio contento, se Deus os tem de fato escolhido para essa obra. Sentirão a necessidade de estudar a Palavra de Deus e de orar fervorosamente por sabedoria celestial e ajuda divina. Ao encontrarem-se com adversários que levantam objeções sobre pontos importantes de nossa fé, obterão uma experiência muito valiosa. Sentirão sua fraqueza e serão induzidos à Palavra de Deus e à oração. No exercício de seus dons estarão aprendendo e se aperfeiçoando, e ganhando confiança, coragem e fé, e terão afinal uma experiência valiosa. T3 203 2 Os irmãos H começaram bem nessa obra. Em seu trabalho não foram entre as igrejas, mas saíram para novos campos. Começaram humildemente. Eram pequenos aos próprios olhos e sentiram a necessidade de total dependência em Deus. Estes irmãos, especialmente A H, correm agora grande perigo de se tornarem auto-suficientes. Quando debateu com oponentes, a verdade obteve a vitória e ele começou a sentir-se forte em si mesmo. Assim que se eleve acima da simplicidade da obra, seus trabalhos não beneficiarão a causa preciosa de Deus. Ele não deve encorajar amor aos debates, mas deve evitá-los sempre que possível. Esses debates com os poderes das trevas raramente dão o melhor resultado para a propagação da verdade presente. T3 203 3 Se jovens que começam a trabalhar nesta causa tivessem o espírito missionário, dariam demonstração de que Deus os tem de fato chamado à obra. Mas quando não saem para novos lugares, mas se contentam de ir de igreja em igreja, dão evidência de que a responsabilidade da obra não pesa sobre eles. As idéias de nossos jovens pregadores não são bastante amplas. Seu zelo é demasiado débil. Estivessem estes jovens despertos e devotados ao Senhor, seriam diligentes a todo momento e procurariam qualificar-se para tornarem-se obreiros no campo missionário em vez de se tornarem combatentes. T3 204 1 Os jovens devem habilitar-se mediante a familiarização com outros idiomas, a fim de que Deus os possa usar como instrumentos para comunicar Sua salvadora verdade aos povos de outras nações. Esses rapazes podem obter conhecimento de outros idiomas mesmo enquanto ocupados em trabalhar pelos pecadores. Se forem econômicos no tempo, poderão aperfeiçoar a mente e habilitar-se para mais ampla utilidade. Se as moças que não têm senão pequena responsabilidade se consagrassem a Deus, poderiam preparar para servir, estudando e se familiarizando com outras línguas. Poderiam dedicar-se à obra de tradução. T3 204 2 Nossas publicações devem ser impressas em outros idiomas, para que nações estrangeiras possam ser alcançadas. Muito pode ser feito por meio da imprensa, mas ainda mais pode ser realizado se a influência dos trabalhos do pregador vivo acompanhar nossas publicações. Necessitam-se missionários para irem a outros países pregar a verdade de um modo discreto e cuidadoso. A causa da verdade presente pode ser grandemente expandida por esforço pessoal. O contato da mente individual com mente individual fará mais para remover preconceito, se o trabalho é discreto, do que nossas publicações sozinhas possam fazer. Aqueles que se empenham nessa obra não devem consultar o conforto ou a inclinação; nem devem ter amor à popularidade e à ostentação. T3 204 3 Quando as igrejas virem jovens que possuem zelo qualificar-se para estender seus trabalhos a cidades, vilas e vilarejos que nunca foram tocados pela verdade, e missionários oferecendo-se voluntariamente para levar a verdade a outros países, as igrejas serão encorajadas e fortalecidas muito mais do que se elas mesmas recebessem os trabalhos de jovens inexperientes. Ao virem o coração de seus pastores ardendo com amor e zelo pela verdade, e com desejo de salvar almas, as igrejas vão se despertar. Estas geralmente têm interiormente os dons e a capacidade para abençoar e fortalecer a si mesmas, e para recolher as ovelhas e cordeiros no aprisco. Elas precisam depender dos próprios recursos, para que todos os dons que jazem dormentes possam ser assim despertados para o serviço ativo. T3 205 1 Ao estabelecerem-se igrejas, deve-se-lhes apresentar o fato de que é dentre elas que hão de sair os homens que devem levar a verdade a outros e levantar novas igrejas. Portanto, todos devem trabalhar, cultivar ao máximo os talentos que Deus lhes deu e exercitar a mente para empenhar-se no serviço de seu Senhor. Se esses mensageiros são puros de coração e vida, se seu exemplo é o que devia ser, seus trabalhos serão bem-sucedidos; pois têm uma verdade muito poderosa, clara e coerente, que tem argumentos convincentes a seu favor. Eles têm Deus a seu lado e os anjos do Céu para cooperar com seus esforços. T3 205 2 A razão por que tão pouco tem sido efetuado por aqueles que pregam a verdade não é totalmente o fato de a verdade que levam ser impopular, mas o fato de os mensageiros não serem santificados pelas verdades que pregam. O Salvador retira Seu sorriso, e a inspiração de Seu Espírito não está sobre eles. A presença e o poder de Deus para convencer o pecador e purificar de toda injustiça não são manifestos. Destruição súbita ameaça o povo, e no entanto não estão terrivelmente alarmados. Pastores não consagrados tornam a obra muito difícil para aqueles que os seguem e que têm a responsabilidade e o espírito da obra sobre eles. T3 205 3 O Senhor tem tocado em pessoas de outras línguas e as tem trazido sob a influência da verdade, para que fossem qualificadas para trabalhar em Sua causa. Ele as trouxe ao alcance do Escritório de Publicações para que os gerentes se valessem de seus serviços, se estivessem despertos para as necessidades da causa. Publicações são necessárias em outras línguas para despertar interesse e o espírito de indagação em outras nações. T3 205 4 De um modo muito notável o Senhor atuou no coração de Marcus Lichtenstein e encaminhou este jovem a Battle Creek, para que lá fosse levado à influência da verdade e se convertesse; que pudesse obter uma experiência e ser ligado ao Escritório de Publicações. Sua educação na religião judaica o teria qualificado para preparar literatura. Seu conhecimento do hebraico teria sido de ajuda ao Escritório na preparação de literatura pela qual poderia haver acesso a uma classe que não seria alcançada de outro modo. Não foi um presente sem valor que Deus deu ao Escritório na pessoa de Marcus. Sua conduta e consciência estavam de acordo com os princípios das verdades maravilhosas que ele começava a ver e apreciar. T3 206 1 Mas a influência de alguns no Escritório magoou e desanimou Marcus. Aqueles jovens que não o estimavam como ele merecia, e cuja vida cristã contradizia sua profissão de fé, foram os instrumentos que Satanás usou para afastar do Escritório o dom que Deus lhe dera. Ele saiu perplexo, magoado e desanimado. Aqueles que tiveram anos de experiência, e que deviam ter tido o amor de Cristo no coração, estavam tão afastados de Deus por egoísmo, orgulho e a própria tolice que não podiam discernir a obra especial de Deus em ligar Marcus ao Escritório. T3 206 2 Se as pessoas ligadas ao Escritório tivessem estado despertas e não paralisadas espiritualmente, o irmão I teria estado há muito ligado ao Escritório e poderia agora estar preparado para fazer uma boa obra que precisa muito ser feita. Ele devia ter estado envolvido em ensinar rapazes e moças, para que fossem agora qualificados a tornar-se obreiros nos campos missionários. T3 206 3 Dois terços daqueles empenhados na obra têm estado mortos por cederem a influências erradas. Elas têm estado onde Deus não podia impressioná-las por Seu Santo Espírito. E, oh!, como me dói o coração quando vejo que tanto tempo passou e a grande obra que podia ter sido feita é deixada por fazer porque aqueles em posições importantes não têm andado na luz! Satanás tem estado preparado para simpatizar-se com as pessoas em função sagrada e dizer-lhes que Deus não requer delas tanto zelo e interesse desprendido e devoto como o irmão White espera; e eles se acomodam descuidadamente na poltrona de Satanás, e o inimigo sempre vigilante e perseverante as amarra em cadeias de trevas enquanto pensam que tudo lhes vai bem. Satanás atua à sua direita, à sua esquerda e a seu redor, e elas não o sabem. Chamam as trevas luz, e luz trevas. T3 207 1 Se as pessoas no Escritório de Publicações estão de fato empenhadas na obra sagrada de dar a última mensagem de advertência ao mundo, quão cuidadosas devem ser para mostrar em sua vida os princípios da verdade com os quais lidam. Devem ter coração puro e mãos limpas. T3 207 2 Nosso pessoal ligado ao Escritório não tem estado desperto para valer-se dos privilégios a seu alcance e adquirir todo o talento e influência que Deus lhe tem provido. Há da parte de quase todos ligados com o Escritório uma grande falta em reconhecer a importância e a santidade da obra. Orgulho e egoísmo existem em alto grau, e anjos de Deus não são atraídos ao Escritório como seriam se os corações ali fossem puros e estivessem em comunhão com Deus. As pessoas que trabalham no Escritório não têm tido um senso vívido de que as verdades com as quais lidavam eram de origem celestial, designadas para realizar uma obra certa e especial, como fez a pregação de Noé antes do dilúvio. Como a pregação de Noé advertiu, testou e provou os habitantes do mundo antes que o dilúvio de água os destruísse da face da Terra, assim a verdade de Deus para estes últimos dias está fazendo uma obra semelhante em advertir, testar e provar o mundo. As publicações que saem do Escritório levam o selo do Eterno. Estão disseminadas pelo país e estão decidindo o destino das pessoas. É necessário agora muitos homens que possam traduzir e preparar nossas publicações em outras línguas, de modo que a mensagem de advertência possa ir a todas as nações e prová-las pela luz da verdade, para que homens e mulheres, ao verem a luz, se voltem da transgressão à obediência da lei de Deus. T3 208 1 Toda oportunidade deve ser aproveitada para levar a verdade a outras nações. Isso envolverá despesa considerável, mas despesa não deve de modo algum impedir a realização desta obra. Recursos são de valor somente ao serem usados para promover o interesse do reino de Deus. O Senhor tem emprestado aos homens recursos para este mesmo propósito, a fim de serem usados para enviar a verdade a seus semelhantes. Há um grande excesso de recursos nas fileiras dos adventistas do sétimo dia. E a recusa egoísta dos mesmos à causa de Deus lhes está cegando os olhos à importância da obra de Deus, tornando-lhes impossível discernir a solenidade dos tempos em que vivemos, ou o valor das riquezas eternas. Não contemplam o Calvário na luz correta, e por isso não podem apreciar o valor da vida pela qual Cristo pagou um preço infinito. T3 208 2 Os homens investirão recursos naquilo que mais valorizam e que pensam lhes trará o maior lucro. Quando correm grandes riscos e investem muito em empreendimentos mundanos, mas não estão dispostos a arriscar ou investir muito na causa de Deus para enviar a verdade a seus semelhantes, dão evidência de que consideram seu tesouro terrestre de muito mais alto valor do que o celestial, como suas obras demonstram. T3 208 3 Se os seres humanos depositassem seu tesouro terrestre sobre o altar de Deus, e trabalhassem tão zelosamente para obter o tesouro celeste como fizeram para ganhar o terrestre, investiriam recursos prazenteira e alegremente onde quer que vissem uma oportunidade de fazer o bem e de ajudar a causa de seu Mestre. Cristo lhes deu evidência inconfundível de Seu amor e fidelidade para com eles, e lhes confiou recursos para testar e provar sua fidelidade para com Ele. Ele deixou o Céu, Suas riquezas e glória, e por amor deles tornou-Se pobre, para que eles por Sua pobreza enriquecessem. 2 Coríntios 8:9. Depois de assim condescender para salvar o ser humano, Cristo não requer menos dele do que o dever de negar a si mesmo e usar os recursos que lhe emprestou para salvar seus semelhantes, e assim fazendo dar evidência de seu amor para com seu Redentor e mostrar que aprecia a salvação que lhe foi trazida por sacrifício tão infinito. T3 209 1 Agora é o tempo de usar os recursos para Deus. Agora é o tempo de ser rico em boas obras, depositando para nós mesmos um bom fundamento para o tempo vindouro, a fim de que obtenhamos a vida eterna. Um pecador salvo no reino de Deus é de maior valor do que todas as riquezas terrestres. Somos responsáveis a Deus pela vida daqueles com os quais entramos em contato, e quanto mais íntima nossa ligação com nossos semelhantes tanto maior nossa responsabilidade. Somos uma grande comunidade, e o bem-estar de nosso próximo deve ser nosso grande interesse. Não temos um momento a perder. Se temos sido descuidados neste assunto, é alto tempo de sermos fervorosos em remir o tempo, para que o sangue de pecadores não se ache em nossas vestes. Como filhos de Deus, nenhum de nós é dispensado de ter uma parte na grande obra de Cristo para a salvação de nossos semelhantes. T3 209 2 Será um trabalho difícil vencer o preconceito e convencer os incrédulos de que nossos esforços para ajudá-los são desprendidos. Mas isso não deve impedir nosso esforço. Não há um preceito na Palavra de Deus que nos diga que façamos o bem somente àqueles que apreciam e respondem a nossos esforços, e de beneficiar somente aqueles que nos agradecerão. Deus nos enviou a trabalhar em Sua vinha. É nosso dever fazer tudo que pudermos. "Pela manhã, semeia a tua semente e, à tarde, não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará; se esta, se aquela." Eclesiastes 11:6. Temos muito pouca fé. Limitamos o Santo de Israel. Devíamos ser gratos que Deus condescende em usar qualquer um de nós como Seus instrumentos. Por toda oração fervorosa feita com fé por qualquer coisa, respostas serão dadas. Podem não vir exatamente como esperávamos; mas virão, não talvez como tínhamos planejado, mas exatamente no próprio momento em que mais precisamos delas. Mas, ó, quão pecaminosa é nossa incredulidade! "Se vós estiverdes em Mim, e as Minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito." João 15:7. T3 209 3 Jovens que estão empenhados nesta obra não devem confiar demais nas próprias habilidades. Carecem de experiência e devem procurar aprender sabedoria daqueles que têm tido longa experiência na obra e que têm tido oportunidades de estudar o caráter. T3 210 1 Em vez de nossos pastores trabalharem entre as igrejas, é desígnio de Deus que nos espalhemos e que nosso trabalho missionário se estenda sobre tanto território quanto possamos ocupar vantajosamente, indo em todas as direções para levantar novos grupos. Devemos sempre deixar na mente dos novos discípulos uma impressão quanto à importância de nossa missão. Quando homens capazes são convertidos à verdade, não devem requerer obreiros para manter viva sua debilitada fé; mas estes homens devem ser impressionados com a necessidade de trabalhar na vinha. Enquanto as igrejas dependerem de obreiros de fora para fortalecer e encorajar-lhes a fé, não ficarão fortes por si mesmas. Devem ser informadas de que sua força aumentará em proporção a seus esforços pessoais. Quanto mais de perto for seguido o plano do Novo Testamento no trabalho missionário, tanto mais bem-sucedidos serão os esforços empregados. Devemos trabalhar como trabalhou nosso divino Mestre, semeando as sementes da verdade com cuidado, ansiedade e abnegação. Precisamos ter a mente de Cristo, se não quisermos cansar-nos de fazer o bem. Sua vida foi de contínuo sacrifício em favor de outros. Temos de seguir o Seu exemplo. Precisamos semear a semente da verdade e confiar que Deus a fará brotar. A semente preciosa pode jazer dormente por algum tempo, período em que a graça de Deus pode convencer o coração e a semente semeada ser despertada para a vida, brotar e produzir fruto para a glória de Deus. Precisa-se de missionários nesta grande obra para labutarem desprendida, fervorosa e perseverantemente como colaboradores de Cristo e dos anjos celestiais na salvação de seus semelhantes. T3 210 2 Especialmente devem nossos pastores precaver-se contra a indolência e o orgulho, que têm a tendência de crescer pela percepção de que possuímos a verdade e argumentos fortes que nossos oponentes não podem refutar. Embora as verdades que manejamos sejam poderosas para derrubar as fortalezas dos poderes das trevas, há perigo de negligência da piedade pessoal, pureza de coração e inteira consagração a Deus. Há perigo de que sintam que são ricos e abastados, enquanto necessitam das qualificações essenciais aos cristãos. Podem ser infelizes, pobres, cegos, miseráveis e nus. Não sentem a necessidade de viver em obediência a Cristo cada dia e cada hora. O orgulho espiritual devora os órgãos vitais da religião. A fim de preservar a humildade, faríamos bem em lembrar como somos aos olhos de um Deus santo, que lê cada segredo do coração, e como devíamos nos apresentar aos olhos de nossos semelhantes se todos nos conhecessem tão bem como Deus nos conhece. Por esta razão, para humilhar-nos, somos aconselhados a confessar nossas faltas e aproveitar a oportunidade de subjugar nosso orgulho. T3 211 1 Pastores não devem negligenciar o exercício físico. Devem procurar ser úteis e prestar ajuda onde dependem da hospitalidade de outros. Não devem permitir que outros os sirvam, mas devem ao contrário aliviar os fardos daqueles que, tendo tão grande respeito pelo ministério evangélico, não medem esforços em fazer por eles aquilo que eles mesmos devem fazer. A saúde precária de alguns de nossos pastores deve-se à negligência do exercício físico e do trabalho útil. T3 211 2 Como a questão resultou, foi-me mostrado que teria sido melhor se os irmãos J tivessem feito o que pudessem na preparação de folhetos para serem espalhados entre os franceses. Ainda que estes folhetos não tivessem sido preparados com toda perfeição, teria sido melhor distribuí-los, para que o povo francês tivesse a oportunidade de examinar as evidências de nossa fé. Há grande riscos na demora. Os franceses deviam ter tido nossos livros que expõem as razões de nossa fé. Os irmãos J não estavam devidamente preparados para apreciar devidamente essas obras, porque precisavam eles mesmos ser mais espirituais e estimulados, ou os livros preparados levariam o timbre da mentalidade deles. Deviam ser corrigidos para que sua pregação e escritos não fossem enfadonhos. Deviam instruir-se para chegar imediatamente ao ponto e fazer com que os aspectos essenciais de nossa fé se destacassem claramente diante do povo. A obra tem sido impedida por Satanás, e muito se perdeu porque estas obras não foram preparadas quando deviam. Esses irmãos podem fazer muito bem se eles se devotarem inteiramente ao trabalho e seguirem a luz que Deus lhes deu. ------------------------Capítulo 23 -- Efeito dos debates T3 212 1 Em 10 de Dezembro de 1871, foram-me mostrados os perigos do irmão K. Sua influência sobre a causa de Deus não é o que deve ou poderia ser. Ele parece estar cego quanto ao resultado de sua conduta; não discerne que espécie de rastro deixa após si. Não trabalha de um modo que Deus possa aceitar. Vi que ele estava em tão grande perigo como estava Moses Hull antes de abandonar a verdade. Ele confiava em si mesmo. Imaginava que era de tão grande valor à causa da verdade que a causa não o podia perder. O irmão K pensa da mesma forma. Confia demasiadamente em sua força e sabedoria. Se pudesse ver sua fraqueza como Deus a vê, ele nunca se lisonjearia nem sentiria a menor razão para vangloriar-se. E a menos que faça de Deus sua dependência e força, naufragará na fé tão certamente como aconteceu com Moses Hull. T3 212 2 Em seu trabalho, ele não busca força de Deus. Ele depende de estímulo para despertar sua ambição. Ao trabalhar com poucos, onde não há entusiasmo especial para estimulá-lo, ele perde a coragem. Quando o trabalho é difícil e ele não é motivado por este estímulo especial, não se apega então mais firmemente a Deus e não se torna mais fervoroso para atravessar a escuridão e ganhar a vitória. Irmão K, você freqüentemente torna-se infantil, fraco e ineficiente na hora que deve ser mais forte. Isso deve demonstrar-lhe que seu zelo e animação nem sempre são da melhor fonte. T3 212 3 Foi-me mostrado que aqui está o perigo de jovens pastores se empenharem em debates. Eles aplicam a mente ao estudo da Palavra para buscar as coisas que ferem, e se tornam sarcásticos; em seu esforço para enfrentar um adversário, muito freqüentemente deixam Deus fora da questão. O estímulo do debate diminui seu interesse em reuniões onde tal estímulo não existe. Aqueles que se empenham em debates não são os obreiros mais bem-sucedidos e bem qualificados para edificar a causa. O debate é cobiçado por alguns, e estes preferem tal espécie de trabalho a qualquer outro. Não estudam a Bíblia com humildade de espírito para que saibam como alcançar o amor de Deus; como Paulo diz: "Para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus." Efésios 3:17-19. T3 213 1 Os jovens pastores devem evitar debates, pois estes não aumentam a espiritualidade, nem a humildade de espírito. Em alguns casos, talvez seja necessário enfrentar um orgulhoso alardeador contra a verdade de Deus, num debate franco; geralmente, porém, esses debates, sejam orais, sejam escritos, resultam em mais dano do que bem. Depois de um debate, repousa sobre o pastor uma responsabilidade maior quanto a manter o interesse. Ele deve achar-se em guarda contra a reação que é suscetível de ocorrer após uma agitação religiosa, e não ceder ao desânimo. T3 213 2 Homens que não admitem as reivindicações da lei de Deus, que são tão claras, geralmente seguirão uma conduta ilegal; mas têm há tanto tempo se aliado ao grande rebelde em guerrear contra a lei de Deus, que é o fundamento de Seu governo no Céu e na Terra, que estão acostumados com este trabalho. Em sua luta não abrirão os olhos nem a consciência à luz. Fecham os olhos, com receio de serem iluminados. Seu caso é tão sem esperança como o foi o dos judeus que não queriam ver a luz que Cristo lhes trouxera. As maravilhosas evidências que Ele lhes dera de Seu caráter messiânico nos milagres que fez, curando os doentes, ressuscitando os mortos e fazendo as obras que nenhum outro homem tinha feito ou podia fazer, em vez de enternecer e subjugar-lhes o coração, e vencer seus preconceitos ímpios, os inspiraram com ódio e fúria satânicos como Satanás possuía ao ser expulso do Céu. Quanto maior luz e evidência tinham, tanto maior era seu ódio. Estavam decididos a extinguir a luz condenando Cristo à morte. T3 213 3 Os que odeiam a lei de Deus, que é o fundamento de Seu governo no Céu e na Terra, ocupam o mesmo terreno que os judeus incrédulos. Seu poder desafiante seguirá aqueles que guardam os mandamentos de Deus, e qualquer luz será rejeitada por eles. Sua consciência tem sido violada há tanto tempo, e o coração se tornou tão duro por preferirem as trevas à luz, que imaginam que é uma virtude deles, a fim de alcançar seu objetivo, dar testemunho falso ou baixar-se a quase qualquer conduta equivocada ou engano, como fizeram os judeus em sua rejeição de Cristo. Raciocinam que o fim justifica os meios. Eles virtualmente crucificam a lei do Pai, como os judeus crucificaram a Cristo. T3 214 1 Devemos abraçar toda oportunidade de apresentar a verdade em sua pureza e simplicidade onde houver qualquer desejo ou interesse para ouvir as razões de nossa fé. Aqueles que têm se demorado mais sobre as profecias e os pontos teóricos de nossa fé devem sem demora tornar-se estudantes da Bíblia sobre assuntos práticos. Devem tomar um gole maior na fonte da verdade divina. Devem estudar cuidadosamente a vida de Cristo e Suas lições de piedade prática, dadas para o benefício de todos e para serem a norma do viver correto para todos os que venham a crer em seu nome. Devem estar imbuídos do espírito de seu grande Modelo e ter uma percepção elevada da vida consagrada de um seguidor de Cristo. T3 214 2 Cristo foi ao encontro de todas as classes nos tópicos e maneira de Seu ensino. Ele comeu e hospedou-Se com os ricos e os pobres, e Se familiarizou com os interesses e ocupações dos homens, a fim de obter-lhes acesso ao coração. Os eruditos e os intelectuais ficavam satisfeitos e encantados com Seus discursos, e contudo eram tão claros e simples para serem compreendidos pelas mentes mais humildes. Cristo valeu-Se de cada oportunidade para instruir o povo sobre as doutrinas e os preceitos celestiais que deviam ser incorporados na sua vida e que os distinguiria de todos os outros religiosos por causa de seu caráter santo e elevado. Estas lições de instrução divina não são aplicadas à consciência dos homens como devem ser. Estes sermões de Cristo fornecem aos pastores que crêem na verdade presente discursos que serão apropriados para quase qualquer ocasião. Aqui está um campo de estudo para o estudante da Bíblia, no qual ele não pode interessar-se sem ter o espírito do Mestre celestial no próprio coração. Aqui estão assuntos que Cristo apresentou a todas as classes. Milhares de pessoas de todo tipo de caráter e todo nível da sociedade eram atraídas e encantadas pelos assuntos que lhes eram apresentados. T3 215 1 Alguns pastores que estão há tempo na obra de pregar a verdade presente têm cometido grandes faltas em seu trabalho. Eles têm-se educado como combatentes. Eles têm estudado assuntos argumentativos com o fim de debate, e gostam de usar esses assuntos que prepararam. A verdade de Deus é simples, clara e conclusiva. É harmoniosa e, em contraste com o erro, brilha com clareza e beleza. Sua consistência a recomenda ao julgamento de todo coração que não está cheio de preconceito. Nossos pregadores apresentam argumentos sobre a verdade, os quais lhes foram preparados, e, se não há impedimentos, a verdade arrebata a vitória. Mas foi-me mostrado que em muitos casos o pobre instrutor toma para si o crédito da vitória ganha, e o povo, que é mais mundano do que espiritual, louva e honra o instrumento, enquanto a verdade de Deus não é enaltecida pela vitória que obteve. T3 215 2 Aqueles que gostam de empenhar-se em debate geralmente perdem sua espiritualidade. Não confiam em Deus como devem. Amam a teoria da verdade preparada para chicotear o oponente. Os sentimentos de seu coração não santificado têm preparado muitas coisas incisivas para usarem como o estalo de seu chicote para irritar e provocar seu adversário. O espírito de Cristo não tem parte nisso. Embora provido de argumentos conclusivos, o debatedor logo pensa que é bastante forte para triunfar sobre seu oponente, e Deus é deixado fora da questão. Alguns de nossos pastores têm feito do debate seu objetivo principal. Quando em meio ao incitamento causado pelo debate, parecem revigorados e se sentem fortes e falam com veemência; e na incitação muitas coisas impressionam o povo como corretas, embora sejam em si decididamente erradas e uma vergonha para a pessoa culpada de pronunciar palavras impróprias para um pastor cristão. T3 216 1 Estas coisas têm tido má influência sobre pastores que estão lidando com verdades sagradas e elevadas, verdades que hão de se mostrar como um "cheiro de vida para vida", ou "cheiro de morte para morte" (2 Coríntios 2:16), para aqueles que as ouvem. Em geral, o efeito dos debates sobre nossos pastores é torná-los presunçosos, orgulhosos em sua auto-estima. Isso não é tudo. Os que gostam de debates não são aptos para servir como pastores do rebanho. Exercitaram a mente para enfrentar adversários, para dizer sarcasmos; e não podem descer até aos corações entristecidos e necessitados de conforto. E se demoraram tanto sobre o argumentativo que negligenciaram os assuntos práticos de que o rebanho de Deus necessita. Têm conhecimento muito limitado dos sermões de Cristo, que penetram na vida diária do cristão, e têm pouca disposição para estudá-los. Quando eram pequenos aos próprios olhos, Deus os ajudava; anjos de Deus ministravam a seu favor e tornavam seus trabalhos bem-sucedidos em convencer homens e mulheres acerca da verdade . Mas, ao treinar a mente para debates, eles freqüentemente se tornam grosseiros e ásperos. Perdem o interesse e a terna simpatia que devem sempre acompanhar os esforços de um pastor de Cristo. T3 216 2 Pastores que debatem são em geral desqualificados para auxiliar o rebanho onde ele mais necessita de ajuda. Tendo negligenciado a religião prática no próprio coração e vida, não podem ensiná-la ao rebanho. A menos que haja incitação, não sabem como trabalhar; parecem privados de sua força. Se tentam falar, parecem não saber como apresentar um assunto próprio para a ocasião. Quando devem apresentar um assunto para alimentar o rebanho de Deus, o qual tocará e abrandará os corações, voltam a alguma matéria velha e estereotipada e apresentam os argumentos arranjados, que são áridos e desinteressantes. Assim, em vez de luz e vida, trazem trevas para o rebanho e para si próprios. T3 217 1 Alguns de nossos pastores deixam de cultivar a espiritualidade, mas encorajam uma demonstração de zelo e de certa atividade que repousa sobre um fundamento incerto. Pastores de uma visão calma, de pensamento e devoção, de consciência e fé combinados com atividade e zelo, são necessários nesta época. As duas qualidades, pensamento e devoção, atividade e zelo, devem ir juntas. T3 217 2 Pastores que debatem são os menos dignos de confiança entre nós, porque não se pode depender deles quando o trabalho se torna difícil. Se forem levados a um lugar onde haja pouco interesse, eles manifestarão falta de coragem, zelo e verdadeiro interesse. Dependem tanto de serem reavivados e revigorados pelo estímulo criado por debate ou oposição como o bêbado por sua bebida. Esses pastores precisam converter-se de novo. Necessitam beber abundantemente dos mananciais incessantes que fluem da Rocha eterna. T3 217 3 O bem-estar eterno dos pecadores regulava a conduta de Jesus. Ele "andou fazendo o bem". Atos dos Apóstolos 10:38. Benevolência era a vida de Seu ser. Não somente fez bem a todos os que iam a Ele solicitando Sua misericórdia, mas os buscava com perseverança. Nunca era estimulado pelo aplauso ou deprimido por censura ou desapontamento. Quando defrontado com a maior oposição e o tratamento mais cruel, permaneceu de bom ânimo. O discurso mais importante que a Inspiração nos deu, Cristo pregou a um só ouvinte. Ao sentar-Se junto do poço para descansar, pois estava cansado, uma mulher samaritana veio para tirar água. Ele viu uma oportunidade para atingir-lhe a mente, e através dela para atingir a mente dos samaritanos, que viviam em grande escuridão e erro. Embora cansado, apresentou as verdades de Seu reino espiritual, que encantaram a mulher pagã e a encheram de admiração por Cristo. Ela partiu anunciando as novas: "Vinde e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; porventura, não é este o Cristo?" João 4:29. O testemunho daquela mulher converteu muitos para uma fé em Cristo. Por seu relato muitos foram ouvi-Lo por si mesmos e creram por causa de Sua palavra. T3 217 4 Por menor que seja o número dos ouvintes interessados, se o coração é atingido e o entendimento convencido, eles podem, como a mulher samaritana, levar um relatório que despertará o interesse de centenas para examinarem por si mesmos. Ao trabalhar em lugares para criar um interesse, haverá muitas razões para desencorajamento; mas se a princípio parece haver pouco interesse, isso não é evidência de que você errou quanto a seu dever ou lugar de trabalho. Se o interesse aumenta firmemente, e as pessoas procedem criteriosamente, não por impulso, mas por princípio, o interesse é muito mais saudável e duradouro do que se fosse um grande entusiasmo, o interesse sendo despertado repentinamente e os sentimentos agitados por ouvir um debate, uma violenta discussão de ambos os lados do assunto, pró e contra a verdade. Oposição violenta é assim criada, assumem-se posições e tomam-se decisões rápidas. O resultado é um estado febril de coisas. Faltam calma, ponderação e discernimento. Caso se deixe passar essa agitação, ou haja reação por meio de procedimento indiscreto, o interesse nunca mais poderá ser despertado. Os sentimentos e simpatias do povo foram estimulados, mas a sua consciência não foi convencida, nem o coração quebrantado e humilhado perante Deus. T3 218 1 Na apresentação de uma verdade impopular, o que envolve pesada cruz, os pregadores devem ter cuidado para que cada palavra seja segundo a vontade de Deus. Suas palavras nunca devem ser mordazes. Devem apresentar a verdade com humildade, com o mais profundo amor pelas almas, e um sincero desejo quanto à salvação delas, deixando que a verdade penetre. Não devem desafiar os pastores de outras denominações, nem procurar provocar debate. Não devem adotar atitude semelhante à que assumiu Golias ao desafiar os exércitos de Israel. Israel não desafiou a Golias, mas este manifestou orgulhosa altivez contra Deus e Seu povo. O desafio, a altivez e o escárnio devem proceder dos oponentes da verdade, que desempenham o papel de Golias. Mas nada desse espírito deve ver-se naqueles a quem Deus enviou para proclamar a última mensagem de advertência a um mundo sentenciado. T3 218 2 Golias confiou em sua armadura. Aterrorizou os exércitos de Israel com sua presunção selvagem, desafiadora, enquanto fazia a maior exibição de sua armadura, que era a sua força. Davi, em sua humildade e zelo por Deus e Seu povo, propôs enfrentar aquele pretensioso. Saul consentiu, e colocou sobre Davi sua armadura real. Mas Davi não concordou em usá-la. Ele tirou a armadura do rei, pois nunca experimentara uma antes. Mas ele havia experimentado a Deus e, confiando nEle, havia ganho vitórias especiais. Colocar a armadura de Saul daria a impressão de que ele era um guerreiro, quando na verdade era apenas o pequeno Davi que pastoreava o rebanho. Ele não desejava que qualquer crédito fosse dado à armadura de Saul, pois confiava no Deus de Israel. Ele escolheu uns seixos do riacho, e com sua funda e cajado, suas únicas armas, saiu em nome do Deus de Israel para enfrentar o guerreiro armado. T3 219 1 Golias desprezou Davi, porque sua aparência era de um mero jovem não treinado na tática de guerra. Golias injuriou a Davi e o amaldiçoou em nome dos seus deuses. Ele sentiu que era um insulto à sua dignidade ter um simples rapazinho, sem sequer uma armadura, para enfrentá-lo. Vangloriou-se do que faria a ele. Davi não se sentiu irritado por ser olhado assim de maneira tão inferior, nem tremeu ante suas terríveis ameaças, mas respondeu: "Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém eu vou a ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado." 1 Samuel 17:45. Davi diz a Golias que em nome do Senhor lhe fará aquilo que ele lhe ameaçara fazer. "E saberá toda esta congregação que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e Ele vos entregará na nossa mão." 1 Samuel 17:47. T3 219 2 Nossos pastores não devem desafiar e provocar debate. Que o desafio venha daqueles que se opõem à verdade de Deus. Foi-me mostrado que o irmão K e outros pastores têm imitado demais a Golias. E então depois de terem sido ousados e provocado debate, confiaram em seus preparados argumentos, como Saul quisera que Davi confiasse em sua armadura. Não confiaram, como o humilde Davi, no Deus de Israel, nem fizeram de Deus sua força. Saíram confiantes e arrogantes, como Golias, engrandecendo-se e não se escondendo atrás de Jesus. Sabiam que a verdade era forte, e por isso não humilharam o coração e não confiaram em Deus com fé para dar a vitória à verdade. Tornaram-se exaltados e perderam o equilíbrio, e freqüentemente os debates não foram bem-sucedidos, e o resultado foi um dano a si próprios e aos outros. T3 220 1 Foi-me mostrado que alguns de nossos jovens pastores estão desenvolvendo uma predileção por debates, e que, a menos que vejam o perigo, isso se demonstrará uma cilada para eles. Foi-me mostrado que o irmão L está em grande perigo. Ele está dirigindo sua mente na direção errada. Está em perigo de passar por alto a simplicidade da obra. Quando ele põe a armadura de Saul, se, como Davi, ele tiver sabedoria de tirá-la porque não a aprovou, pode recobrar-se antes de ir longe demais. Esses jovens pregadores devem estudar os ensinos práticos e teóricos de Cristo, e aprender de Jesus para que tenham Sua graça, mansidão, humildade e singeleza de espírito. Se eles, como Davi, são postos em posição em que a causa de Deus realmente deles exige que enfrentem um desafia-dor de Israel, e se avançam no poder de Deus, nEle plenamente confiantes, Ele os guiará e fará que Sua verdade triunfe gloriosamente. Cristo nos deu um exemplo. "Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda." Judas 9. T3 220 2 Logo que o pregador desce da posição que um pastor deve sempre ocupar, e se rebaixa ao cômico para provocar riso à custa de seu oponente, ou quando é sarcástico e ferino, e o insulta, ele faz aquilo que o Salvador do mundo não ousou fazer; pois ele se coloca no terreno do inimigo. Os pastores que contendem com oponentes da verdade de Deus não têm que enfrentar meros homens, mas Satanás e seus exércitos de anjos maus. Satanás espreita a oportunidade de alcançar vantagem sobre os pastores que defendem a verdade, e ao deixarem eles de pôr a sua inteira confiança em Deus, e não serem suas palavras pronunciadas no espírito e amor de Cristo, os anjos de Deus não os podem fortalecer nem iluminar. São abandonados à própria força e os anjos maus impõem suas trevas; por esta razão, os oponentes da verdade parecem às vezes obter vantagem, e o debate produz mais mal do que verdadeiro bem. T3 221 1 Os servos de Deus devem vir para mais perto dEle. Os irmãos K, L, M e N devem procurar cultivar piedade pessoal, em vez de encorajar amor ao debate. Devem estar procurando tornar-se pastores do rebanho, em vez de se prepararem para criar um estímulo agitando os sentimentos do povo. Estes irmãos correm o risco de depender mais de sua popularidade e seu sucesso entre o povo como debatedores perspicazes do que de serem humildes e fiéis obreiros, e mansos e devotos seguidores de Cristo, colaboradores dEle. ------------------------Capítulo 24 -- Perigos e deveres dos jovens Dirigido a dois rapazes T3 221 2 Em Dezembro último foram-me mostrados os perigos e as tentações dos jovens. Os dois filhos mais novos do Pai O precisam converter-se. Precisam morrer diariamente para o eu. Paulo, o apóstolo fiel, tinha uma nova experiência cada dia. Ele diz: "Cada dia morro." 1 Coríntios 15:31. Esta é exatamente a experiência que esses jovens precisam. Correm o perigo de esquecer o presente dever e de negligenciar a educação que é essencial para a vida prática. Eles consideram a educação livresca como a questão de suprema importância a ser considerada para fazer da vida um sucesso. T3 221 3 Esses jovens têm em casa deveres que passam por alto. Não aprenderam a levar a sério o dever e a assumir as responsabilidades domésticas que lhes cabem. Possuem uma mãe fiel e prática, a qual tem levado muitas cargas que os filhos não deviam haver permitido que ficassem sobre ela. Nisto deixaram de honrar sua mãe. Não partilharam dos encargos do pai como era seu dever, e negligenciaram honrá-lo como deviam. Seguem a inclinação de preferência ao dever. Têm seguido na vida um caminho egoísta ao fugir de encargos e fadigas, e deixaram de obter uma valiosa experiência da qual não podem consentir separar, se querem ter êxito na vida. Não têm sentido a importância de ser fiéis nas pequeninas coisas, nem na obrigação para com seus pais de ser verdadeiros, íntegros e fiéis nos humildes e singelos deveres da vida, que estão exatamente a sua frente. Passam por alto os ramos comuns de conhecimento, tão necessários à vida prática. T3 222 1 Se em alguma parte estes jovens devem ser uma bênção, é no lar. Se eles cedem à inclinação, em vez de ser guiados pelas prudentes decisões da sóbria razão, do são discernimento e da esclarecida consciência, não podem ser uma bênção à sociedade ou à família de seu pai, e estarão em perigo suas perspectivas neste mundo e no mundo melhor. Muitos jovens têm a impressão de que seus primeiros anos de vida não se destinam a ter cuidados, mas a ser dispersivamente divididos em esportes, gracejos e piadas, em tolas satisfações. Enquanto empenhados em vãos divertimentos e satisfações dos sentidos, alguns não pensam em nada senão no momentâneo prazer a isto ligado. Seu desejo de diversões, seu amor pelo convívio social e por bater papo e rir, vai aumentando com a condescendência. Perdem todo o gosto pelas sóbrias realidades da vida, e os deveres domésticos parecem desinteressantes. Não há suficientes variações para lhes satisfazer o espírito, e ficam desassossegados, impertinentes e irritáveis. Esses jovens devem sentir ser seu dever tornar o lar alegre e feliz. Devem trazer a luz do sol para a casa, em vez de sombra por sua lamúria desnecessária e descontentamento infeliz. T3 222 2 Esses jovens devem lembrar-se de que são responsáveis por todos os privilégios que desfrutaram, que precisam prestar contas pelo uso de seu tempo e de suas habilidades. Podem perguntar: Não teremos divertimento ou recreação? Havemos de trabalhar, trabalhar, trabalhar sem variação? Qualquer divertimento em que podem empenhar-se pedindo a bênção de Deus com fé não será perigoso. Qualquer diversão que os desqualifique para a oração secreta, para a devoção junto ao altar de oração, ou para tomar parte na reunião de oração, não é segura, mas sim perigosa. Uma mudança no trabalho físico que severamente esteja sobrecarregando as forças pode ser muito necessária por algum tempo, a fim de que possam de novo empenhar-se no trabalho, aplicando o vigor com maior sucesso. Mas repouso total pode não ser necessário, nem mesmo ser seguido dos melhores resultados no que respeita à força física. Eles não necessitam, mesmo quando esgotados com uma determinada espécie de trabalho, desperdiçar seus preciosos momentos. Devem procurar fazer então alguma coisa não tão cansativa, mas que seja uma bênção a sua mãe e irmãs. Aliviando-lhes os cuidados por tomar sobre si os mais duros encargos que elas têm de levar, podem eles encontrar aquele divertimento que brota do princípio e que lhes proporcionará a verdadeira felicidade. Seu tempo não será despendido em futilidades ou em condescendência egoísta. Seu tempo pode ser sempre empregado com proveito, e eles podem ser refrigerados com a variação, e não obstante estar remindo o tempo, de maneira que cada momento produza bom resultado a alguém. T3 223 1 Vocês julgavam da mais alta importância obter uma educação científica. Não há virtude na ignorância, e não é certo que necessariamente os conhecimentos atrofiem o crescimento cristão; se, porém, vocês os buscarem dirigidos por princípios, tendo em vista o objetivo certo e sentindo sua obrigação para com Deus de usarem suas faculdades para o bem dos outros e para promoverem a Sua glória, os conhecimentos os ajudarão a alcançar esse fim; isso os ajudará a porem em exercício as faculdades que Deus lhes concedeu e empregá-las em Seu serviço. T3 223 2 Mas, rapazes, ainda que vocês obtenham muito conhecimento, se deixarem de pôr em prática esse conhecimento, não alcançarão seu objetivo. Se, ao obterem educação, vocês se tornarem tão absortos em seus estudos que negligenciem a oração e os privilégios religiosos, tornando-se descuidosos e indiferentes quanto ao bem-estar de seu coração, se deixarem de aprender na escola de Cristo, estarão vendendo seus direitos de primogenitura por um guisado de lentilhas. O objetivo pelo qual estão adquirindo educação não deve ser perdido de vista, por um momento sequer. Deve ser: aperfeiçoar e dirigir suas faculdades de modo a se tornarem mais úteis e serem uma bênção a outros, até ao limite de sua capacidade. Se, ao obter conhecimentos, aumentarem seu amor a vocês mesmos e sua tendência a recusar-se assumir responsabilidades, será melhor que desistam de educar-se. Se amarem e idolatrarem os livros, permitindo que se interponham entre vocês e seus deveres, de modo que se sintam relutantes em abandonar seus estudos e suas leituras, para fazer um trabalho essencial, que alguém terá que fazer, devem então restringir seu desejo de estudar, e cultivar o amor ao fazer os trabalhos em que não têm interesse agora. Quem for fiel no pouco será também fiel nas grandes realizações. T3 224 1 Vocês precisam cultivar amor e afeição por seus pais e por seus irmãos e irmãs. "Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor; alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração; comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade." Romanos 12:10-13. Rapazes, vocês não podem sacrificar seus interesses eternos por causa de seus estudos escolares. Seus professores podem estimulá-los com elogios, e vocês podem ser enganados pelas artimanhas de Satanás. Podem ser levados passo a passo a procurar distinguir-se e obter a aprovação de seus professores, mas seu conhecimento da vida religiosa, da religião prática, tornar-se-á cada vez menor. Seus nomes estarão registrados perante o corpo de anjos santos e exaltados e diante do Criador do Universo e de Cristo, a Majestade do Céu, em uma luz desfavorável. Opostos aos nomes estará um registro de pecados, erros, faltas, negligências e tal ignorância de conhecimento espiritual que o Pai, Seu Filho Jesus, nosso Advogado, e os anjos ministradores terão vergonha de reconhecê-los como filhos de Deus. T3 224 2 Freqüentando a escola, vocês estão expostos a várias tentações às quais não estariam expostos na casa paterna, sob a vigilância de pais tementes a Deus. Se em casa vocês oravam a sós duas ou três vezes por dia pedindo graça para escapar "da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo" (2 Pedro 1:4), vocês precisam orar tanto mais fervorosa e constantemente quando na escola, expostos às tentações e às influências contaminadoras que prevalecem nas escolas nesta época degenerada, visto que seu ambiente é mais desfavorável para a formação de um caráter cristão. T3 225 1 Esses rapazes não têm um caráter suficientemente forte; esse é especialmente o caso de A O. Ele não está estabelecido, arraigado e fundado na verdade. Seu apego a Deus tem sido tão fraco que ele não tem estado recebendo força e luz de cima, mas tem colhido trevas para si mesmo. Ele tem ouvido falar tanto de incredulidade e tem manifestado tão pouco interesse prático na verdade que não está preparado para dar a razão de sua esperança. Ele é instável como "uma cana agitada pelo vento". Mateus 11:7. Ele tem bom coração, mas gosta de prazer, ociosidade e a companhia de seus jovens amigos. Tem condescendido com essa inclinação com o sacrifício do interesse de sua salvação. É importante, meu irmão, que evite misturar-se demasiado com jovens irreligiosos. A cultura de sua mente e coração, com relação aos deveres práticos da vida, requer que uma boa parte de seu tempo seja gasta na companhia daqueles cuja conversa e fé aumentarão sua fé e amor pela verdade. T3 225 2 Você tem procurado livrar-se da restrição que a crença na verdade impõe, mas não se atreveu a ser muito ousado em sua incredulidade. Muito freqüentemente as leviandades do mundo e a companhia daqueles em que reflexão e religião são excluídas têm sido sua escolha, e você tem sido, para todos os fins e propósitos, contado com aquela classe que traz desonra à verdade. Você não é bastante forte na fé ou propósito para estar em tal companhia. A fim de matar o tempo, você tem se deleitado com um espírito de frivolidade que lhe tem causado positivo dano, embotando sua consciência. Você gosta de receber aprovação. Se a obtém de modo honroso, não é tão ruim; mas você corre o perigo de enganar a si mesmo e aos outros; precisa ser cauteloso neste ponto e ver se merece toda a aprovação que recebe Se é aprovado por causa de seus princípios sãos e valor moral, isso é seu lucro. Mas se é mimado, cortejado e lisonjeado porque pode fazer belos discursos e observações adequadas, e porque é alegre, vivaz e espirituoso, e não por causa de valor intelectual e moral, você será considerado por homens e mulheres sensatos e piedosos como motivo de dó e não de inveja. Você deve precaver-se contra a lisonja. Quem quer que seja suficientemente tolo para lisonjeá-lo não pode ser seu verdadeiro amigo. Seus verdadeiros amigos vão acautelá-lo, pleitear com você e adverti-lo e reprovar suas faltas. T3 226 1 Você tem aberto sua mente à tenebrosa incredulidade. Feche-a no temor de Deus. Busque as evidências, os pilares de nossa fé e agarre-se a eles com firmeza. Você precisa desta confiança na verdade presente, pois se lhe demonstrará uma âncora. Comunicará a seu caráter energia, eficiência, e nobre dignidade que imporá respeito. Encoraje hábitos de laboriosidade. Você está seriamente em falta a esse respeito. Tanto você como seu irmão têm brilhantes idéias de sucesso, mas lembre-se de que em Deus está sua única esperança. Seus planos podem por vezes parecer lisonjeiros, mas antecipações que o elevam acima dos simples e humildes deveres domésticos e dos deveres religiosos demonstrar-se-ão um fracasso. Vocês, meus jovens amigos, precisam humilhar o coração diante de Deus e obter uma experiência rica e valiosa na vida cristã, continuando a conhecer o Senhor e abençoando a outros pela vida diária de imaculada pureza, integridade nobre e meticulosidade no cumprimento do dever cristão e dos deveres da vida prática. Vocês têm deveres a cumprir em casa; têm responsabilidades a levar as quais não têm assumido ainda. T3 226 2 O que semearem também colherão. Esses rapazes estão agora lançando a semente. Todo ato de sua vida, toda palavra pronunciada, é uma semente para o bem ou para o mal. Como a semente é, assim será a colheita. Se eles condescendem com paixões precoces, sensuais e pervertidas ou se entregam à satisfação do apetite ou à inclinação de seu coração não santificado; se acariciam orgulho ou princípios errôneos e alimentam hábitos de infidelidade ou de dissipação, colherão uma colheita abundante de remorso, vergonha e desespero. T3 227 1 Anjos de Deus estão procurando levar estes jovens a clamarem ao Senhor com sinceridade: "Tu és o guia da minha mocidade." Jeremias 3:4. Anjos estão convidando e procurando tirá-los das ciladas de Satanás. O Céu pode ser deles se procurarem obtê-lo. Uma coroa de glória imortal será sua se derem tudo pelo Céu. ------------------------Capítulo 25 -- Pastores que cuidam de si mesmos T3 227 2 Irmão R, sua influência não tem sido de tal natureza que honre a causa da verdade presente. Tivesse você sido santificado pela verdade que prega a outros, teria sido dez vez mais útil à causa de Deus do que tem sido. Você depende tanto de provocar sensação que sem isso demonstra pouca coragem. Esses grandes incitamentos e interesses sensacionais são sua força, glória e sucesso como obreiro, mas estas coisas não agradam a Deus. Seus esforços neste rumo raramente são o que você imagina que sejam. T3 227 3 Um exame minucioso revela o fato de que há bem poucos feixes a serem colhidos depois destas reuniões particularmente agitadas. Todavia, de toda a experiência do passado, você não aprendeu a mudar seu modo de trabalhar. Tem sido lento em aprender como moldar seus esforços futuros de modo a evitar os erros do passado. A razão disto tem sido que, como o bêbado, você gosta do estímulo dessas reuniões sensacionais; anela por elas como o bêbado por um cálice de bebida alcoólica para despertar suas energias em declínio. Esses debates que criam tal entusiasmo são mal-interpretados como sendo zelo por Deus e amor pela verdade. Você tem estado quase que destituído do Espírito de Deus para atuar com seus esforços. Se tivesse Deus com você em todas as suas ações, sentisse responsabilidade pelas almas e possuísse a sabedoria para dirigir habilmente essas empolgantes temporadas conduzindo almas para o reino de Cristo, você poderia ver frutos de seus esforços e Deus seria glorificado. Seu coração deve estar inflamado com o espírito da verdade que você apresenta a outros. Depois de ter labutado para convencer pecadores das reivindicações que a lei de Deus tem sobre eles, ensinando-os acerca do arrependimento para com Deus e fé em Cristo, então seu trabalho mal começou. Com muita freqüência se esquiva de completar o trabalho e deixa uma pesada responsabilidade para que outros a assumam a fim de terminar o trabalho que você deveria ter feito. Você diz que não está qualificado para terminar o trabalho. Então, quanto mais cedo se qualificar para assumir as responsabilidades de um pastor do rebanho, tanto melhor. T3 228 1 Como verdadeiro pastor, deve disciplinar-se para lidar com as mentes e dar a cada um do rebanho de Deus sua porção de alimento no devido tempo. Você deve ser cuidadoso e planejar ter uma reserva de assuntos práticos que pesquisou, com os quais possa identificar-se e apresentá-los às pessoas de maneira simples e convincente no tempo e lugar certos, de acordo com a necessidade. Você não tem sido "perfeitamente instruído" na palavra inspirada "para toda boa obra". 2 Timóteo 3:17. Quando o rebanho precisava de alimento espiritual, você freqüentemente apresentava algum assunto argumentativo que não era mais apropriado para a ocasião do que um discurso sobre negócios nacionais. Se você se aplicasse e educasse a mente para dominar os assuntos com os quais a Palavra de Deus o tem amplamente suprido, poderia edificar a causa de Deus dando ao rebanho alimento que seria apropriado e que proporcionaria saúde espiritual e força como as necessidades deles requerem. T3 228 2 Você precisa ainda aprender o trabalho de um verdadeiro pastor. Quando compreender isso, a causa e a obra de Deus repousarão sobre você com tal peso que não terá inclinação para gracejar e dizer piadas, e empenhar-se em conversação leviana e frívola. Um ministro de Cristo que sente responsabilidade correta pela obra e um senso elevado do caráter exaltado e da santidade de sua missão não terá inclinação de ser leviano e frívolo para com os cordeiros do rebanho. T3 228 3 Um verdadeiro pastor terá interesse em tudo que se relaciona com o bem-estar do rebanho, alimentando, guiando e o defendendo. Ele se conduzirá com grande sabedoria e manifestará terna consideração para com todos, sendo cortês e compassivo com todos, especialmente para com os que são tentados, afligidos e desanimados. Em vez de manifestar a esta classe a simpatia que seus casos particulares exigiam e que suas enfermidades requeriam, você, meu irmão, tem evitado esta classe, enquanto tem dependido grandemente da simpatia de outros. "Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a Sua vida em resgate de muitos." Mateus 20:28. "Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou." João 13:16. "Mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens." Filipenses 2:7. "Mas nós que somos fortes devemos suportar as fraquezas dos fracos e não agradar a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação. Porque também Cristo não agradou a Si mesmo, mas, como está escrito: Sobre Mim caíram as injúrias dos que Te injuriavam." Romanos 15:1-3. T3 229 1 Não é o trabalho do ministro do evangelho dominar a herança de Deus, mas com mansidão de espírito, com gentileza e longa paciência, exortar, reprovar, repreender com toda "longanimidade e doutrina". 2 Timóteo 4:2. Como se comparam essas passagens das Escrituras com sua vida passada? Tem estado a cultivar uma disposição egoísta quase toda sua vida. Você se casou com uma mulher de vontade forte e firme. A disposição natural dela era supremamente egoísta. Vocês dois eram amantes de si mesmos, e a união de seus interesses não ajudou o caso de nenhum dos dois, mas aumentou o perigo para ambos. Nenhum de vocês era consciencioso, nem tinha no mais alto sentido o temor do Senhor diante de si. Amor a si mesmos, satisfação própria, tem sido o princípio dominante. Ambos têm tido tão pouca consagração a Deus que não podiam beneficiar um ao outro. Cada um insistia no próprio desejo; cada um querendo ser mimado, louvado e servido. T3 229 2 O Senhor viu seus perigos e mais de uma vez lhes enviou advertências através dos Testemunhos de que seus interesses eternos corriam perigo, a menos que vencessem o amor ao eu e conformassem sua vontade à vontade de Deus. Tivessem ouvido as admoestações e advertências do Senhor, tivessem feito meia-volta, fazendo uma mudança completa, sua esposa não estaria agora no laço do inimigo, abandonada por Deus para crer nos fortes enganos de Satanás. Tivesse seguido a luz que Deus tem dado, você seria agora um obreiro forte e eficiente na causa de Deus, qualificado para realizar dez vezes mais do que agora é capaz de fazer. Você se tornou fraco porque deixou de apreciar a luz. Por bem pouco tempo tem sido capaz de discernir a voz do Verdadeiro Pastor da do estranho. Sua negligência de andar na luz trouxe trevas sobre você, e sua consciência, por ter sido freqüentemente violada, tornou-se entorpecida. T3 230 1 Sua esposa não creu e não seguiu a luz que o Senhor em Sua misericórdia lhe enviou. Desprezou a censura, e ela mesma fechou a porta pela qual a voz do Senhor era ouvida, aconselhando-a e advertindo-a. Isso agradou a Satanás, e nada havia que o impedisse de insinuar-se em sua confiança, e, por seus enganos agradáveis e lisonjeiros, levá-la cativa segundo sua vontade. T3 230 2 O Senhor lhe deu um testemunho de que sua esposa era um estorvo para você em seu trabalho e que não devia deixar que ela o acompanhasse, a menos que tivesse a mais positiva evidência de que ela era uma mulher convertida, transformada pela renovação de seu entendimento. Romanos 12:2. Você então achou que tinha uma desculpa para pleitear por uma casa; fez deste testemunho um pretexto e agiu de acordo com ele, embora não tivesse necessidade de uma casa própria. Sua esposa tinha deveres a cumprir para com os pais, os quais negligenciara por toda a vida. Se ela tivesse assumido com um espírito alegre este dever longamente negligenciado, não teria sido agora levada cativa por Satanás para fazer sua vontade e para corromper o coração e mente em seu serviço. T3 230 3 Seu desejo de uma casa era imaginário, como muitos de seus supostos desejos. Você obteve a casa que seu egoísmo desejava, e pôde deixar sua esposa em situação confortável. Mas Deus estava preparando uma prova final para ela. A enfermidade da mãe dela era de natureza a despertar-lhe simpatia no coração não tivesse ele sido inteiramente cauterizado e calejado pelo egoísmo. Mas essa providência de Deus deixou de despertar o amor filial da filha por sua mãe em sofrimento. Ela não tinha cuidados domésticos para impedi-la, nem filhos para partilharem seu amor e cuidado, e sua atenção foi devotada a seu pobre eu. T3 231 1 O fardo de cuidados que o pai dela teve de suportar foi demais para sua idade e força, e ele foi prostrado por sofrimento agudo. Certamente então, se a filha tivesse um ponto sensível no coração, não poderia deixar de sentir e ser despertada para um senso de dever em partilhar os fardos de sua irmã e do cunhado. Mas ela revelou, por sua indiferença e por esquivar-se de todo cuidado e responsabilidade, que seu coração estava quase tão insensível como uma pedra. T3 231 2 O fato de estar tão próxima de seus pais e no entanto ser tão indiferente deporia contra ela. Ela participou a situação ao marido. O irmão R foi tão egoísta como a esposa, e enviou um pedido urgente para que ela fosse ao encontro dele. Como os anjos de Deus, ter-nos, compassivos, amantes e serviçais contemplaram isso? A filha deixou que estranhos fizessem os afazeres delicados os quais devia ter partilhado alegremente com sua atarefada irmã. Anjos contemplaram com espanto e tristeza a cena e se afastaram daquela mulher egoísta. Anjos maus tomaram o lugar daqueles, e ela foi levada cativa por Satanás de acordo com sua vontade. Ela foi um instrumento de Satanás e assim provou ser grande estorvo ao marido; os esforços dele pouco valeram. T3 231 3 A causa de Deus estaria mais forte em _____ se aquele último esforço não tivesse sido feito, pois o trabalho não foi completado. Despertou-se interesse, mas foi deixado esmorecer até o ponto de nunca mais poder ser novamente despertado. Peço-lhe, irmão R, que compare as passagens previamente citadas relativas ao trabalho e ministério de Cristo com sua conduta através de seus trabalhos como ministro do evangelho, mas mais especialmente no caso que mencionei, onde o dever era muito claro para qualquer equívoco, se a consciência e afeições não tivessem ficado paralisadas por uma longa conduta de contínua idolatria do eu. T3 232 1 Pelo fato de você deixar seus pais em seu sofrimento quando precisavam de ajuda, a igreja foi obrigada a assumir esta responsabilidade e a vigiar com os membros sofredores do corpo de Cristo. Com essa negligência cruel você acarretou sobre si o desagrado de Deus. Ele não passa facilmente por alto tais coisas. Elas são registradas pelos anjos. Deus não pode fazer prosperar a quem vai diretamente contra o mais claro dever especificado em Sua Palavra, o dever dos filhos para com seus pais. Filhos que não se sentem sob maior obrigação moral para com seus pais terrestres do que vocês, mas que tão facilmente fogem de suas responsabilidades, não terão o devido respeito por seu Pai celestial; não reverenciarão ou respeitarão os direitos que Deus tem sobre eles. Se desrespeitam e desonram a seus pais terrenos, não respeitarão nem amarão ao seu Criador. Negligenciando seus pais, sua esposa transgrediu o quinto mandamento do Decálogo: "Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá." Êxodo 20:12. Este é "o primeiro mandamento com promessa". Efésios 6:2. Aqueles que desrespeitam e desonram seus pais não precisam esperar que a bênção do Céu os acompanhe. Nossos pais têm direitos sobre nós que não podemos recusar ou considerar levianamente. Mas filhos que não foram educados e controlados na infância, aos quais foi permitido se fazerem objetos de seu cuidado, procurando a própria comodidade de modo egoísta e evitando responsabilidades, tornam-se duros de coração e não respeitam os direitos dos pais, que cuidaram deles na sua infância. T3 232 2 Irmão R, até você tem sido egoísta nessas coisas e muito deficiente no cumprimento do dever. Exigiu atenção e cuidado, mas não os retribuiu. Você tem sido egoísta e exigente, e tem sido freqüentemente irrazoável e dado a sua esposa oportunidade para acusação. Ambos têm sido sem consagração e espantosamente egoístas. Você tem feito pouco sacrifício por amor da verdade. Você e sua esposa têm-se esquivado de responsabilidades, e têm preferido ser servidos a procurar ser o menor peso possível. T3 232 3 Os ministros de Cristo devem sentir ser seu dever obrigatório, caso recebam a hospitalidade de seus irmãos ou amigos, deixarem uma bênção com a família procurando encorajar e fortalecer seus membros. Não devem negligenciar os deveres de um pastor, ao fazerem visitas de casa em casa. Devem familiarizar-se com cada membro da família, para que possam compreender a condição espiritual de todos, e modificar seu modo de trabalhar para atender cada caso. Quando um pastor que apresenta a solene mensagem de advertência ao mundo recebe as hospitaleiras gentilezas de amigos e irmãos, e negligencia os deveres de pastor do rebanho sendo descuidado em seu exemplo e conduta, entretendo com os jovens conversação fútil, gracejos e pilhérias, e relatando anedotas humorísticas para despertar o riso, ele é indigno de ser ministro do evangelho e necessita converter-se antes de lhe ser confiado o cuidado das ovelhas e cordeiros. Os pastores que são negligentes quanto aos deveres que competem a um fiel pastor dão provas de que não estão santificados pelas verdades que apresentam a outros, e não devem ser mantidos como obreiros na vinha do Senhor, enquanto não tiverem elevado sentimento da santidade do trabalho do pastor. T3 233 1 Quando há apenas reuniões noturnas a serem atendidas, há muito tempo que pode ser usado com grande proveito visitando de casa em casa, encontrando as pessoas onde se acham. E se os ministros de Cristo têm as graças do Espírito, se imitam o grande Exemplo, encontrarão acesso aos corações e ganharão almas para Cristo. Alguns pastores que levam a última mensagem de misericórdia são muito indiferentes. Não aproveitam as oportunidades que têm para ganhar a confiança dos incrédulos, por sua conduta exemplar, seu interesse generoso pelo bem de outros, sua bondade, paciência, humildade de espírito e respeitosa cortesia. Estes frutos do Espírito exercerão uma influência muito maior do que a pregação no púlpito sem um interesse pessoal pelas famílias. Mas a pregação de verdades incisivas e diretas ao povo, e os esforços pessoais correspondentes de casa em casa para apoiar o trabalho do púlpito, aumentarão grandemente a influência para o bem, e almas serão convertidas à verdade. T3 234 1 Alguns de nossos pastores assumem responsabilidades muito leves, evitam cuidado individual e encargos; por esta razão não sentem a necessidade de ajuda de Deus que sentiriam se assumissem as responsabilidades que a obra de Deus e nossa fé requerem que assumam. Quando encargos nesta causa têm de ser assumidos, e quando aqueles que os assumem chegam a lugares difíceis, sentirão a necessidade de viver perto de Deus, para que tenham confiança para entregar-Lhe seus caminhos e pela fé reivindicar aquela ajuda que só Ele pode dar. Estarão então obtendo experiência diária na fé e na oração, que é do máximo valor para ministros do evangelho. Sua obra é mais solene e sagrada do que os pastores geralmente reconhecem. Devem levar consigo uma influência santificadora. Deus requer que aqueles que ministram em coisas sagradas sejam homens que sintam zelo por Sua causa. A responsabilidade de seu trabalho deve ser a salvação de almas. Irmão R, você não se sentiu como o profeta Joel descreve: "Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa o Teu povo, ó Senhor, e não entregues a Tua herança ao opróbrio." Joel 2:17. "Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos." Salmos 126:5, 6. T3 234 2 Irmão R, foi-me mostrado em que contraste notável com as exigências da Palavra de Deus tem sido sua conduta no trabalho. Você tem sido descuidado com suas palavras e seu comportamento. As ovelhas tiveram a responsabilidade de cuidar do pastor, de advertir, reprovar, exortar e chorar sobre a conduta negligente de seu pastor, que, por aceitar sua posição, confessa que é um porta-voz de Deus. Todavia, ele se preocupa muito mais consigo mesmo do que cuida das pobres ovelhas. Você não tem sentido responsabilidade pelas almas. Não tem saído para seu trabalho chorando e orando pelas pessoas para que pecadores fossem convertidos. Tivesse feito isso, teria lançado sementes que brotariam depois de muitos dias e produziriam fruto para a glória de Deus. Quando não houver trabalho que você possa fazer junto à lareira em conversa e oração com as famílias, deve então demonstrar diligência e economia de tempo, e habituar-se a levar responsabilidades por meio de ocupação útil. T3 235 1 Você e sua esposa podiam ter-se poupado a muitos dissabores e ser mais alegres e felizes, tivessem procurado menos sua comodidade e combinado trabalho físico com seu estudo. Seus músculos foram feitos para serem usados, não para ficarem inativos. Deus deu a Adão e Eva no jardim tudo que necessitavam; todavia, seu Pai celestial sabia que precisavam de ocupação para conservar sua felicidade. Se você, irmão R, exercitasse seus músculos trabalhando com as mãos um pouco cada dia, combinando o trabalho com o estudo, sua mente seria melhor equilibrada, seus pensamentos de natureza mais pura e mais elevada, e seu sono mais natural e saudável. Sua mente seria menos confusa e entorpecida por causa de um cérebro congestionado. Seus pensamentos sobre a verdade sagrada seriam mais claros, e sua energia moral mais vigorosa. Você não gosta do trabalho; mas é para seu bem ter mais exercício físico diariamente; porque ele acelerará o sangue preguiçoso para uma atividade saudável, e o transportará acima de descontentamento e enfermidades. T3 235 2 Você não deve negligenciar estudo diligente, mas deve orar pela luz de Deus para que Ele abra a seu entendimento os tesouros de Sua Palavra, a fim de ser cabalmente "preparado para toda boa obra". 2 Timóteo 2:21. Você nunca estará em uma posição onde não seja necessário vigiar e orar fervorosamente a fim de vencer as tentações. Deve guardar-se continuamente para manter o eu fora de consideração. Tem encorajado o hábito de fazer-se muito preeminente, demorando-se sobre suas dificuldades de família e sua saúde precária. Em resumo, você mesmo tem sido o tópico de sua conversação e seu eu tem-se interposto entre você e seu Salvador. Deve esquecer-se de si mesmo e esconder-se em Jesus. Que o querido Salvador seja glorificado, mas o eu perdido de vista. Quando vir e sentir sua fraqueza, nada verá em você mesmo digno de nota ou comentário. O povo não só tem ficado cansado, mas desgostoso com seus preâmbulos antes de você apresentar o assunto. Toda vez que você fala ao povo e menciona suas provações de família, você se rebaixa na estima deles e sugere suspeitas que nem tudo vai bem. T3 236 1 Você tem o exemplo de pastores que se exaltaram e que cobiçavam o elogio do povo. Foram mimados e lisonjeados pelos indiscretos até se tornarem exaltados e auto-suficientes, e, confiando na própria sabedoria, fizeram naufragar a fé. Julgavam-se tão populares que podiam seguir quase qualquer conduta e ainda reter sua popularidade. Eis aí sua presunção. Quando o comportamento de um ministro de Cristo dá fatos às línguas bisbilhoteiras como assunto de debate e sua moralidade é seriamente questionada, ele não deve chamar isso ciúme ou calúnia. Você deve ser cuidadoso sobre como encoraja uma seqüência habitual de pensamentos a partir dos quais são formados hábitos que resultarão em sua ruína. Note aqueles cuja conduta você deve aborrecer, e então evite tomar o primeiro passo no caminho que eles trilharam. T3 236 2 Você tem sido auto-suficiente e tão cego e iludido por Satanás que não pode discernir sua fraqueza e muitos erros. "Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra essas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito. Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros." Gálatas 5:22-26. T3 236 3 Foram-me mostrados campos de trabalho. Cidades e vilas em toda parte devem ouvir a mensagem de advertência; porque todos serão testados e provados pela mensagem da verdade presente. Um grande trabalho deve ser feito, mas os obreiros que entram nestes campos devem ser homens de são discernimento, que sabem como lidar com as mentes. Devem ser homens pacientes, bondosos e corteses, que têm o temor de Deus diante deles. T3 236 4 Você freqüentemente ganha a confiança do povo; mas se, por um comportamento descuidado ou algum gesto imprudente, por severidade ou espírito arrogante, perde então a confiança, mais dano resultará para a causa de Deus do que se nenhum trabalho tivesse sido realizado. Grande prejuízo tem sido feito à causa de Deus por pastores que agem por impulso. Alguns são facilmente impressionados e freqüentemente se tornam irritados; e, se provocados, revidam. Isso é exatamente o que Satanás quer que façam. Os inimigos da verdade exultam sobre esta fraqueza num ministro de Cristo, porque é uma vergonha à causa da verdade presente. Aqueles que manifestam esta fraqueza de caráter não representam corretamente a verdade ou os pastores de nossa fé. A indiscrição de um pastor lança uma nuvem de suspeita sobre todos e torna os trabalhos daqueles que vêm depois dele extremamente difíceis. T3 237 1 Irmão R, quando você sai para empenhar-se em trabalho em um novo campo, gosta de demorar-se sobre assuntos argumentativos, porque treinou a mente para esse tipo de trabalho. Mas seus trabalhos não têm tido o décimo do valor que teriam se você tivesse se qualificado por experiência prática para apresentar ao povo sermões sobre assuntos práticos. Você precisa tornar-se aprendiz na escola de Cristo, para que possa experimentar piedade prática. Quando tem o poder salvador da verdade na própria alma, não pode deixar de alimentar o rebanho de Deus com as mesmas verdades práticas que lhe alegraram o coração em Deus. Sermões práticos e doutrinários devem ser combinados a fim de impressionar corações com a importância de se renderem às reivindicações da verdade depois do entendimento ter sido convencido pelo peso da evidência. Os servos de Cristo devem imitar o exemplo do Mestre no modo de trabalhar. Devem constantemente manter diante do povo, da melhor maneira que eles possam compreender, a necessidade de piedade prática, e deve levá-los, como nosso Salvador o fez em Seus ensinos, a ver a necessidade de princípio religioso e de justiça na vida diária. O povo não é alimentado pelos pastores das igrejas populares, e pessoas estão famintas em busca de alimento que nutra e dê vida espiritual. T3 237 2 Sua vida não tem sido marcada com humildade de espírito e mansidão de comportamento. Você ama a Deus de boca, mas não "por obra e em verdade". 1 João 3:18. Sua dignidade é facilmente ofendida. Os pastores devem primeiro sentir a influência santificadora da verdade sobre o próprio coração e vida, e então seu trabalho do púlpito seria reforçado por seu exemplo fora do púlpito. Os pastores devem eles mesmos ser abrandados e santificados antes de Deus poder de maneira especial cooperar com seus esforços. T3 238 1 Você deixou passar despercebida a áurea oportunidade de reunir uma colheita de almas, porque foi impossível para Deus trabalhar com seus esforços, pois seu coração não era reto para com Ele. Seu espírito não era puro diante dAquele que é a personificação da pureza e santidade. "Se" você "atender à iniqüidade no" seu "coração, o Senhor não... ouvirá" a sua oração. Salmos 66:18. Nosso Deus "é um Deus zeloso". Deuteronômio 6:15. Ele conhece os pensamentos, imaginações e propósitos do coração. Você tem seguido o próprio discernimento e lamentavelmente fracassado quando devia ter obtido sucesso. Há demasiado risco nesses esforços para que se faça a obra negligente ou descuidadamente. Almas estão sendo provadas acerca da importante verdade eterna, e aquilo que você pode dizer ou fazer exercerá influência para firmá-las na decisão a favor ou contra a verdade. Quando você devia estar humildemente perante Deus, rogando que Ele cooperasse com seus esforços, sentindo o peso da causa e o valor das almas, escolheu a companhia de moças, a despeito do sagrado trabalho de Deus e de sua função como ministro do evangelho de Cristo. Você estava em pé entre os vivos e os mortos; no entanto, envolvia-se em conversas frívolas, gracejos e piadas. T3 238 2 Como podem anjos ministradores estar a seu redor, derramando luz sobre você e lhe comunicando força? Quando você deve estar procurando achar meios para iluminar a mente dos que estão no erro e em trevas, está se divertindo e é demasiado egoísta para empenhar-se em trabalho para o qual não tem inclinação nem amor. Se nossa posição é criticada por aqueles que estão investigando, você tem pouca paciência com eles. Freqüentemente lhes dá uma resposta curta e severa, como se não fosse assunto deles examinar a fundo, mas aceitar tudo que é apresentado como verdade, sem verificar por eles mesmos. Em seu trabalho ministerial você tem afastado muitas pessoas da verdade por sua maneira de tratá-las. Nem sempre você é impaciente e inacessível; quando quer, toma tempo para responder às perguntas com franqueza; mas freqüentemente você é descortês e exigente, e é impertinente e irritável como uma criança. T3 239 1 Uma barra de ouro escondida e uma capa babilônica perturbaram todo o acampamento de Israel. A desaprovação de Deus pesou sobre todo o povo por causa do pecado de um homem. Milhares foram derrotados no campo de batalha porque Deus não abençoaria e faria prosperar um povo em meio do qual houvesse um só pecador, um que tivesse transgredido Sua palavra. Esse pecador não ocupava ofício sagrado, mas um Deus zeloso não podia sair para batalhar com os exércitos de Israel enquanto esses pecados ocultos estivessem no acampamento. T3 239 2 Não obstante a advertência do apóstolo estar diante de nós para nos abster "de toda a aparência do mal" (1 Tessalonicenses 5:22), alguns persistem em prosseguir em uma conduta imprópria para cristãos. Deus requer que Seu povo seja santo, que se mantenham separados das obras das trevas, que sejam puros de coração e de vida, e sem mancha mundana. Os filhos de Deus, pela fé em Cristo, são Seu povo escolhido, e quando se colocarem sobre o terreno santo da verdade bíblica serão salvos de comunicar-se "com as obras infrutuosas das trevas". Efésios 5:11. T3 239 3 Irmão R, você tem impedido o caminho da obra de Deus e trazido muita escuridão e desânimo sobre a causa. Você tem sido cegado por Satanás; tem trabalhado para obter simpatia e tem conseguido. Tivesse estado na luz e poderia ter discernido o poder de Satanás em ação para enganá-lo e destruí-lo. Os filhos de Deus não comem e bebem para satisfazer o apetite, mas para preservar a vida e o vigor para fazer a vontade de seu Mestre. Vestem-se para ter saúde, não para ostentação ou para acompanhar as modas em mutação. "A concupiscência dos olhos e a soberba da vida" (1 João 2:16) são banidos de seus guarda-roupas e de suas casas, em princípio. Eles agem movidos por uma sinceridade piedosa, e sua conversa é elevada e celestial. T3 239 4 Deus é muito compassivo, pois compreende nossas fraquezas e nossas tentações; quando nos achegamos a Ele com coração quebrantado e espírito contrito, Ele aceita nosso arrependimento e promete que, ao nos apoderarmos de Sua força para fazer paz com Ele, faremos paz com Ele. Isaías 27:5. Oh, que gratidão, que alegria, devemos sentir porque Deus é misericordioso! T3 240 1 Você deixou de confiar na força que vem de Deus. Tem-se demorado muito sobre sua pessoa e feito de si mesmo o tema de pensamento e conversação. Suas provações foram aumentadas para você mesmo e outros, e sua mente tem sido desviada da verdade, do Modelo que devemos copiar, para o fraco irmão R. T3 240 2 Quando fora do púlpito, você devia ter sentido o valor do ser humano e ter procurado oportunidades para apresentar a verdade presente a indivíduos, mas não sentiu a responsabilidade que lhe cabia como ministro do evangelho. Jesus e a justiça não têm sido seus temas, e muitas oportunidades têm sido perdidas, as quais, se aproveitadas, podiam ter levado mais de vinte pessoas a darem tudo por Cristo e pela verdade. Mas o fardo você não queria levar. O trabalho pastoral envolvia uma cruz, e você não queria ocupar-se dela. T3 240 3 Vi anjos de Deus observando as impressões que você deixa e os frutos que produz fora das reuniões, e sua influência geral sobre crentes e descrentes. Vi esses anjos cobrirem o rosto em tristeza, e em pesar afastar-se relutantemente de você. Freqüentemente você tem estado empenhado em assuntos de menor importância. Quando tinha de fazer um esforço que exigia o vigor de toda sua energia, pensamento claro e oração fervorosa, seguia o próprio prazer e inclinação. Confiava na própria força e sabedoria para enfrentar não só homens, mas principados e potestades, Satanás e seus anjos. Isso era fazer a obra do Senhor negligentemente e expor a perigo a verdade e a causa de Deus, arriscando a salvação de almas. T3 240 4 Uma mudança completa precisa ser feita em você antes de poder ser-lhe confiada a obra de Deus. Você deve considerar sua vida uma realidade solene e não um sonho ocioso. Como vigia sobre os muros de Sião, você é responsável pela salvação das pessoas. Você deve firmar-se em Deus. Você age sem a devida consideração, por impulso em vez de por princípio. Não tem sentido a necessidade positiva de educar a mente, nem de crucificar em si mesmo o velho homem com suas afeições e paixões. Precisa ser equilibrado com o peso do Espírito de Deus, e todos seus movimentos controlados por Ele. Você agora é incerto em tudo que empreende. Faz e desfaz; edifica e destrói; desperta um interesse e então, por falta de consagração e de sabedoria divina, o apaga. Você não tem sido fortalecido, estabelecido e firmado. Tem tido pouca fé; não tem vivido uma vida de oração. Precisa urgentemente unir sua vida a Deus, e então não semeará na carne para no fim ceifar corrupção. T3 241 1 Gracejos, piadas e conversas profanas pertencem ao mundo. Os cristãos que possuem a paz de Deus no coração, serão alegres e felizes, sem condescender com leviandade ou frivolidade. Enquanto vigiam em oração, hão de possuir uma serenidade e uma paz que os elevem acima de todas as superfluidades. O mistério da piedade, desvendado ao espírito do ministro de Cristo, erguê-lo-á acima dos divertimentos terrenos e sensuais. Será participante "da natureza divina, havendo escapado à corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo". 2 Pedro 1:4. A comunhão estabelecida entre ele e Deus o tornará frutífero no conhecimento da vontade de Deus. Abrirá diante dele tesouros de assuntos práticos, que pode apresentar ao povo, os quais não despertarão frivolidade, nem a aparência de riso, mas infundirão solenidade aos pensamentos, tocarão o coração e despertarão as sensibilidades morais para os sagrados direitos que Deus tem sobre as afeições e a vida. Os que trabalham na palavra e doutrina devem ser homens de Deus, de coração e vida puros. T3 241 2 Você corre o maior perigo de trazer desonra à causa de Deus. Satanás sabe de sua fraqueza. Seus anjos comunicam seus pontos fracos àqueles que são enganados por suas maravilhas sedutoras, e já contam com você como um de seu número. Satanás exulta em fazê-lo seguir uma conduta imprudente porque você se coloca em seu terreno e lhe dá vantagem sobre você. Ele bem sabe que a indiscrição de homens que defendem a lei de Deus afastará pessoas da verdade. Você não tem assumido a responsabilidade da obra nem trabalhado cuidadosamente e com particular fervor para impressionar mentes a favor da verdade. Você com muita freqüência tem se tornado impaciente, irritável e infantil, e faz inimigos por suas maneiras bruscas. A menos que esteja vigilante, você desperta preconceito contra a verdade. A menos que seja um homem transformado e demonstre em sua vida os princípios das verdades sagradas que apresenta no púlpito, seus esforços pouco valerão. T3 242 1 Um peso de responsabilidade repousa sobre você. É dever do vigia estar sempre em seu posto, cuidando das pessoas como quem "deve dar contas delas". Hebreus 13:17. Se sua mente é desviada da grande obra e se enche de pensamentos profanos; se planos e projetos egoístas roubam-lhe o sono, e em conseqüência a força mental e física é diminuída, você peca contra si mesmo e contra Deus. Seu discernimento é embotado, e coisas sagradas são postas no mesmo nível das comuns. Deus é desonrado, Sua causa envergonhada, e a boa obra que você poderia ter feito se tivesse confiado em Deus é frustrada. Tivesse preservado o vigor de suas faculdades para aplicar sem reserva a força de seu cérebro e o ser todo à importante obra de Deus, teria efetuado um trabalho muito maior, e mais bem feito. T3 242 2 Seus trabalhos têm sido defeituosos. Um chefe empenha seus homens para fazer para ele um trabalho fino e valioso que requer estudo e muito pensamento cuidadoso. Ao concordarem em fazer a obra sabem que, a fim de efetuar bem a tarefa, todas as suas faculdades precisam ser despertadas e estar na melhor condição para aplicarem seus melhores esforços. Mas um homem do grupo é dominado por um apetite perverso. Gosta de bebida forte. Dia após dia satisfaz seu desejo de estimulante, e, enquanto sob a influência deste estimulante, seu cérebro é obscurecido, os nervos são enfraquecidos e suas mãos vacilantes. Ele continua o trabalho dia após dia e quase arruína a obra que lhe foi confiada. Aquele homem perde seu salário e causa um prejuízo quase irreparável a seu empregador. Por sua infidelidade, perde a confiança de seu patrão e de seus colegas de trabalho. A ele fora confiada uma grande responsabilidade, e aceitando aquela confiança ele reconheceu ser competente para fazer o trabalho segundo as instruções dadas por seu empregador. Mas por causa do amor a si mesmo, o apetite foi satisfeito com risco das conseqüências. T3 243 1 Seu caso. irmão R, é semelhante a esse. Mas a responsabilidade de um ministro de Cristo, que deve advertir o mundo sobre o juízo vindouro, é tão mais importante do que a de um operário comum como as coisas eternas são de mais conseqüência que as temporais. Se o ministro do evangelho cede à sua inclinação em vez de ser guiado pelo dever, se satisfaz o eu à custa de poder espiritual, e como resultado age indiscretamente, pecadores se levantarão no juízo para condená-lo por sua infidelidade. O sangue das almas será achado em suas vestes. Pode parecer ao pastor não consagrado uma coisa sem importância ser inconstante, impulsivo e sem consagração: edificar e então demolir; desanimar, afligir e desalentar as pessoas que foram convertidas pela verdade que apresentou. Coisa triste é perder a confiança das pessoas a quem ele estava procurando salvar. Mas o resultado de uma conduta imprudente seguida pelo pastor nunca será totalmente compreendido até que o pastor veja como Deus vê. ------------------------Capítulo 26 -- Amor descomedido por lucro T3 243 2 Irmão S, foi-me mostrado, em 10 de Dezembro de 1871, que há sérios defeitos em seu caráter, os quais, a menos que sejam notados e vencidos, demonstrar-se-ão ser sua ruína; e não somente será pesado nas balanças do santuário e achado em falta, mas sua influência vai determinar o destino de outros. Você está ajuntando com Cristo ou espalhando. Foi-me mostrado que você tem um amor profundamente arraigado pelo mundo. "O amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males." 1 Timóteo 6:10. Você se lisonjeia de estar certo, quando não está. Deus "não vê como vê o homem". Ele "olha para o coração". 1 Samuel 16:7. Seus caminhos não são os nossos caminhos, nem Seus pensamentos os nossos pensamentos. Isaías 55:9. Irmão, sua grande preocupação e ansiedade é adquirir recursos. Esta obsessão tem crescido em você até estar superando seu amor pela verdade. Seu coração está sendo corrompido pelo amor do dinheiro. Seu amor pela verdade e por sua divulgação é muito fraco. Seus tesouros terrestres exigem e retêm suas afeições. T3 244 1 Você tem conhecimento da verdade; não ignora as reivindicações das Escrituras; conhece a vontade de seu Mestre, pois Ele a revelou claramente a você. Mas seu coração não está inclinado a seguir a luz que brilha sobre seu caminho. Você tem uma grande medida de presunção. Seu amor-próprio é maior do que seu amor pela verdade presente. Sua autoconfiança e auto-suficiência certamente demonstrar-se-ão sua ruína, a menos que veja sua fraqueza e erros, e reforme-se. Você é arbitrário. Tem vontade própria fixa; embora a opinião de outros possa ser correta, e seu juízo errado, você não é homem para ceder. Apega-se firmemente a sua opinião anterior, a despeito do juízo de outros. Gostaria que você visse o perigo de prosseguir na conduta que adotou. Se seus olhos pudessem ser iluminados pelo Espírito de Deus, você veria as coisas claramente. T3 244 2 Sua esposa ama a verdade, e ela é uma mulher prática, uma mulher de princípio. Mas você não aprecia seu valor. Ela tem trabalhado arduamente para o bem da família, mas você não lhe tem dado sua confiança. Não se tem aconselhado com ela como era seu dever. Você reserva seus problemas para si mesmo; não gosta de abrir o coração a sua esposa para que ela conheça suas preocupações e sua verdadeira fé e sentimentos. Você é reservado. Sua esposa não ocupa o lugar honroso que merece em sua família e que é capaz de preencher. T3 244 3 Você acha que sua esposa não deve interferir em seus planos e arranjos, e com demasiada freqüência estabelece sua vontade e seus planos de ação em oposição aos dela. Age como se a identidade dela devesse ser imersa na sua. Não se contenta em deixá-la agir como se ela tivesse uma individualidade, uma identidade própria. Deus a considera responsável pela própria individualidade. Você não pode salvá-la, e nem ela a você. Ela tem uma consciência própria pela qual deve ser guiada. Você é muito inclinado a ser consciência para ela, e algumas vezes para seus filhos. Deus tem direitos mais altos sobre sua esposa do que você. Ela precisa formar um caráter por si própria, e dará conta a Deus pelo caráter que desenvolver. T3 245 1 Você também tem um caráter a formar, e é responsável por ele a Deus. Você exerce influência dominadora e possui espírito ditatorial, que não é segundo a vontade de Deus. Precisa deixar de ser tão exigente. Tem-se orgulhado por possuir gosto refinado e ser organizado. Tem boas idéias, mas não tem incorporado esta percepção exata e refinada a seu caráter e a seu comportamento. Tem deixado de aperfeiçoar um caráter simétrico. Tem bons pensamentos sobre ordem e organização, mas todas estas belas qualidades mentais têm sido embotadas por serem pervertidas. Não tem cumprido as condições expostas na Palavra de Deus para tornar-se um filho de Deus. Todas as promessas de Deus são condicionais. "Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso. Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus." 2 Coríntios 6:17-7:1. Você precisa ainda obter essa experiência. Gosta de ficar na companhia de incrédulos e ouvi-los falar, e falar também. Jesus não pode ser glorificado com sua conversação. Se você tivesse o espírito de Jesus, não poderia ter permanecido tanto na companhia daqueles que não tinham amor pela verdade de Deus. T3 246 1 Você percebeu que havia impedimentos para seus filhos se tornarem cristãos, e que outros eram culpados. Mas não se engane quanto a esta questão. Sua influência como pai tem sido suficiente, se não houvesse outro impedimento, para estorvá-los. Seu exemplo e sua conversação têm sido de natureza tal que seus filhos não podiam crer que sua conduta era condizente com sua profissão de fé. Sua conversa com incrédulos tem sido de natureza tão baixa, tão leviana e tão cheia de gracejos e piadas, que sua influência nunca poderia elevá-los. Seus negócios com outros nem sempre têm sido estritamente honestos. Você não tem amado a Deus de todo seu coração, alma e forças, e a seu próximo como a si mesmo. Lucas 10:27. Se estivesse em seu poder, tiraria vantagem de seu vizinho. Todo dólar que lhe vem deste modo levará consigo uma maldição que você experimentará mais cedo ou mais tarde. Deus observa cada ato de injustiça, quer seja feito a crente ou descrente, e Ele não passará por alto. Sua disposição ambiciosa lhe é uma cilada. Seus negócios com seus semelhantes não podem resistir a prova do juízo. T3 246 2 Seu caráter cristão está manchado pela avareza. Estas manchas precisam ser removidas, ou você perderá a vida eterna. Cada um de nós tem um trabalho a fazer para o Mestre; cada um de nós tem talentos a desenvolver. O mais humilde e pobre dos discípulos de Jesus pode ser uma bênção para outros. Podem não reconhecer que estão fazendo algum bem especial, mas, por sua influência inconsciente, iniciam ondas de bênçãos que se alargarão e que se aprofundarão. O resultado feliz de suas palavras e conduta coerente, eles talvez nunca conheçam até a distribuição final de recompensas. Podem não sentir ou saber que estão fazendo algo grande. Não precisam afadigar-se com ansiedades quanto ao sucesso. Precisam apenas prosseguir, não com muitas palavras e vanglória e jactância, mas quieta e fielmente fazendo a obra que a providência divina lhes designou, e não perderão sua recompensa. Assim será no seu caso. O memorial de sua vida será escrito no livro de registro; e, se você for afinal um vencedor, haverá pessoas salvas por seus esforços, por sua abnegação, suas boas palavras e vida cristã coerente. E quando as recompensas forem finalmente distribuídas a todos segundo suas obras, pessoas redimidas vão chamá-lo bendito, e o Mestre dirá: "Bem está, servo bom e fiel; entra no gozo do teu Senhor." Mateus 25:21. T3 247 1 O mundo está de fato cheio de agitação, orgulho, egoísmo, avareza e violência; e pode nos parecer que é um desperdício de tempo e fôlego estar sempre a tempo e fora de tempo, e em todas as ocasiões, prontos para pronunciar palavras gentis, puras, edificantes, inocentes e santas, em face do redemoinho de confusão, alvoroço e contenda. Não obstante, palavras adequadas, vindas de corações e lábios santificados e apoiadas por uma conduta piedosa e solidamente cristã, serão "como maçãs de ouro em salvas de prata". Provérbios 25:11. Você tem sido como um dos faladores vãos, parecendo alguém do mundo. Tem sido por vezes descuidado em suas palavras e afoito em sua conversa e, como cristão, tem se rebaixado na opinião de incrédulos. Por vezes falou acerca da verdade; mas suas palavras não revelavam o interesse sério e ansioso que afetaria o coração. Foram acompanhadas de observações levianas e triviais que levariam as pessoas com quem conversa a decidir que sua fé não é genuína e que você não crê nas verdades que professa. Palavras a favor da verdade, pronunciadas na calma serenidade de um propósito correto e vindas de um coração puro, farão muito para desarmar a oposição e ganhar almas. Mas um espírito áspero, egoísta e condenatório somente afastará ainda mais da verdade e despertará espírito de oposição. T3 247 2 Você não deve esperar por grandes ocasiões, ou aguardar habilidades extraordinárias, antes trabalhar com seriedade para Deus. Não precisa se preocupar com o que o mundo pensa de você. Se seu relacionamento com eles e sua conversação piedosa lhes são um testemunho da pureza e sinceridade de sua fé, e estão convencidos de que você deseja beneficiá-los, suas palavras não serão inteiramente perdidas, mas produzirão algum bem. T3 248 1 Um servo de Cristo, em qualquer setor do serviço cristão, exerce por preceito e exemplo influência salvadora sobre outros. A boa semente semeada pode permanecer por algum tempo num coração frio, mundano e egoísta, sem demonstrar haver lançado raízes; mas freqüentemente o Espírito de Deus atua nesse coração e o rega com o orvalho do Céu, e a semente há tanto tempo ali escondida germina e afinal produz fruto para a glória de Deus. Em nossa atividade não sabemos "qual prosperará; se esta, se aquela". Eclesiastes 11:6. Esses não são assuntos que nós, pobres mortais, devamos resolver. Temos que fazer o nosso trabalho, deixando com Deus os resultados. Se você estivesse em trevas e ignorância, não teria tanta culpa. Mas você tem tido bastante luz, tem ouvido muita verdade; mas não é praticante "da palavra". Tiago 1:22. T3 248 2 A vida de Cristo é o modelo para todos nós. Devemos seguir Seu exemplo de abnegação, sacrifício próprio e desprendida benevolência. Sua vida inteira é uma demonstração infinita de Seu grande amor e condescendência para salvar o pecador. "Que vos ameis uns aos outros; como Eu vos amei", disse Cristo. João 13:34. Como nossa vida de abnegação, sacrifício e benevolência se compara com a vida de Cristo? "Vós sois a luz do mundo", disse Cristo dirigindo-Se a Seus discípulos. Mateus 5:14. "Vós sois o sal da terra." Mateus 5:13. Se este é nosso privilégio e também nosso dever, e somos corpos de trevas e incredulidade, que terrível responsabilidade assumimos! Podemos ser condutos de luz ou de trevas. Se deixamos de aproveitar a luz que Deus nos deu, e deixamos de avançar em conhecimento e verdadeira santidade como a luz indicou o caminho, estamos em culpa e em trevas segundo a luz e verdade que negligenciamos aproveitar. Nestes dias de iniqüidade e perigo, o caráter e as obras de cristãos professos não passarão no teste nem resistirão ao escrutínio quando examinados pela luz que agora brilha sobre eles. Não há "concórdia entre Cristo e Belial"; não há "comunhão entre luz e trevas". 2 Coríntios 6:15, 14. Como, então, podem o espírito de Cristo e o espírito do mundo estar em harmonia? O Senhor nosso Deus "é um Deus zeloso". Deuteronômio 6:15. Ele requer a afeição sincera e a confiança sem reserva daqueles que professam amá-Lo. Diz o salmista: "Se eu atender à iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá." Salmos 66:18. T3 249 1 Você tem sido um empecilho no caminho da salvação de seus filhos. Atribui a indiferença deles pelas coisas religiosas a outras causas que não a verdadeira. Seu exemplo é uma pedra de tropeço para eles. Eles sabem, por seus frutos, por suas palavras e obras, que você não crê na breve vinda de Cristo. Alguns deles não hesitam em caçoar da idéia da próxima vinda de Cristo e da brevidade do tempo. Eles se regozijam quando você faz um bom negócio. Pensam que o pai é vivo no comércio e que ninguém pode tirar vantagem dele, e estão seguindo em suas pisadas. Só a fé, sem obras, "é morta". Tiago 2:26. O dinheiro lhe tem dado poder, e você tem usado tal poder para tirar vantagem das necessidades de outros. Suas especulações na vida comercial não têm sido honestas; você não tem sido correto com seus semelhantes. Por seus negócios tem sacrificado sua reputação como cristão e como homem honesto. Por transações corretas, o dinheiro não lhe vinha às mãos bastante depressa para satisfazer sua sede de lucro, e você freqüentemente tem tornado o fardo do pobre mais pesado, tirando vantagem de sua necessidade para aumentar sua propriedade. Tenha cuidado, irmão S. Você está incorrendo em terríveis perdas por lucro terreno. Está perdendo integridade varonil e virtude celeste, na hora da tentação. É isso ganho ou perda? Está mais rico ou mais pobre por todo este lucro? Para você é uma perda terrível, pois subtrai o mesmo tanto do tesouro que você poderia estar acumulando no Céu. T3 249 2 Cada oportunidade de ajudar a um irmão necessitado, ou de auxiliar a causa de Deus na disseminação da verdade, é uma pérola que você pode de antemão enviar e pôr em depósito no banco celeste, para guardá-la em segurança. Deus o está experimentando e provando. Ele lhe tem outorgado Suas bênçãos com mão pródiga, e agora observa para ver como as está empregando, se você ajuda os necessitados, e se valoriza as pessoas, fazendo o que pode com aquilo que Ele lhe confiou. Toda oportunidade semelhante aproveitada aumenta seu tesouro celeste. Mas o amor ao eu o tem levado a preferir os bens terrestres mesmo com sacrifício dos celestiais. Você escolhe tesouros que a traça e a ferrugem corroem em lugar dos que são duradouros como a eternidade. É seu privilégio exercitar terna compaixão e abençoar outros; mas seus olhos estão tão cegados pelo deus deste mundo que não pode discernir essa preciosidade -- a bênção que pode ser recebida por fazer o bem, por ser rico em boas obras, pronto a distribuir, disposto a comunicar, lançando para si mesmo um bom fundamento para o tempo por vir, para que se aposse da vida eterna. Está pondo em risco sua alma por deixar de valer-se das preciosas oportunidades de garantir o tesouro celestial. Está você realmente mais rico por causa de toda sua avareza, por sua prática desonesta? Deus o está provando, e lhe cabe determinar se você sairá como ouro ou escória sem valor. Se seu tempo de graça se encerrasse hoje à noite, como estaria o registro de sua vida? Nem um dólar do que ganhou poderia você levar consigo. A maldição de todo ato injusto o acompanharia. Sua sagacidade no comércio, quando vista no espelho que Deus lhe apresentará, não merecerá congratulações. "A avareza" "é idolatria". Colossences 3:5. T3 251 1 Sua única esperança é humilhar o coração diante de Deus. "Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma? Ou que daria o homem pelo resgate da sua alma?" Marcos 8:36, 37. Eu lhe suplico: não feche os olhos a seu perigo. Não seja cego aos interesses mais elevados do coração, ao cenário bendito e glorioso de uma vida melhor. Os ansiosos e atarefados que buscam ganho mundano são cegos e loucos. Eles se voltam do tesouro imortal e imperecível para este mundo. O esplendor e o falso brilho deste mundo lhes cativa os sentidos, e as coisas eternas não são apreciadas. Labutam por aquilo que não satisfaz e gastam o dinheiro naquilo que não é pão, quando Jesus lhes oferece paz e esperança e bênçãos infinitas, em troca de uma vida de obediência. Todos os tesouros da Terra não seriam bastante valiosos para adquirir estas dádivas preciosas. Todavia muitos são loucos e dão as costas ao incentivo celeste. Cristo guardará o nome de todos os que não consideram um sacrifício alto demais ser oferecidos a Ele sobre o altar da fé e do amor. Ele tudo sacrificou pela humanidade caída. O nome dos obedientes, dos que se sacrificam e são fiéis será gravado nas palmas das Suas mãos; não será vomitado de Sua boca, mas tomado em Seus lábios, e Ele rogará especialmente em seu favor diante do Pai. Quando os egoístas e os orgulhosos forem esquecidos, eles serão lembrados; seu nome será imortalizado. Para que nós mesmos possamos ser felizes, devemos viver para tornar outros felizes. É bom para nós dar nossas posses, nossos talentos e nossas afeições em grata devoção a Cristo, e dessa forma encontrar alegria aqui e imortal glória no além. T3 251 1 A longa noite de vigília, labuta e dificuldades quase passou. Cristo virá logo. Prepare-se. Os anjos de Deus estão procurando atraí-lo de si mesmo e das coisas terrestres. Que eles não labutem em vão. Fé, fé viva, é o que você precisa; fé que atua por amor e purifica o coração. Lembre-se do Calvário e do sacrifício terrível e infinito ali feito em favor do homem. Jesus agora o convida a ir a Ele exatamente como está a fim de fazer dEle sua força e Amigo eterno. ------------------------Capítulo 27 -- A igreja de Laodicéia T3 252 2 A mensagem à igreja de Laodicéia é uma arrasadora denúncia, e aplica-se ao povo de Deus no tempo presente. T3 252 3 "E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a Testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus. Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente. Tomara que foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da Minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta (e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu)." Apocalipse 3:14-17. T3 252 4 O Senhor nos mostra aqui que a mensagem a ser apresentada a Seu povo pelos pastores a quem Ele chamou para adverti-lo não é uma mensagem de paz e segurança. Não é meramente teórica, mas prática em todo particular. O povo de Deus é representado na mensagem aos laodiceanos como em uma posição de segurança carnal. Sentem-se bem, pois se imaginam em exaltada condição de realizações espirituais. "Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu." T3 252 5 Que maior engano pode sobrevir à mente humana do que a confiança de estar correto, quando se está totalmente errado! A mensagem da Testemunha Verdadeira encontra o povo de Deus em triste engano, todavia sincero nesse engano. Eles não sabem que sua condição é deplorável à vista de Deus. Enquanto aqueles que são abordados se lisonjeiam de achar-se em exaltada condição espiritual, a mensagem da Testemunha Verdadeira destrói sua segurança com a surpreendente denúncia de seu verdadeiro estado espiritual de cegueira, pobreza e miséria. Esse testemunho tão incisivo e severo não pode ser um engano, pois é a Testemunha Verdadeira quem fala, e Seu testemunho tem de ser correto. T3 253 1 Difícil é aos que se acham seguros em suas realizações, e que se acreditam ricos em conhecimento espiritual, receber a mensagem que declara se acharem enganados e necessitados de todas as graças espirituais. O coração não santificado é "enganoso... mais do que todas as coisas, e perverso". Jeremias 17:9. Vi que muitos se estão lisonjeando de ser bons cristãos, os quais não têm um raio de luz de Cristo. Não têm por si mesmos uma viva experiência na vida religiosa. Necessitam de profunda e completa obra de humilhação de si mesmos diante de Deus, antes de experimentarem sua verdadeira necessidade de diligente e perseverante esforço para obter as preciosas graças do Espírito. T3 253 2 Deus guia Seu povo passo a passo avante. A vida cristã é uma contínua batalha, marcha contínua. Não há descanso dessa luta. É por meio de constante, incessante esforço, que mantemos a vitória sobre as tentações de Satanás. Estamos, como um povo, triunfando na clareza e força da verdade. Somos plenamente apoiados em nossos pontos de fé por avassaladora quantidade de claros testemunhos escriturísticos. Carecemos muito, porém, da humildade, paciência, fé, amor e abnegação, vigilância e espírito de sacrifício bíblicos. Precisamos cultivar a santidade da Bíblia. O pecado domina entre o povo de Deus. A positiva mensagem de repreensão aos laodiceanos não é acatada. Muitos se apegam a suas dúvidas e a seus pecados acariciados, enquanto se encontram em tão grande engano que dizem e sentem que não necessitam de nada. Pensam que não é necessário o testemunho do Espírito de Deus em reprovação, ou que não se refere a eles. Esses estão na maior necessidade da graça de Deus e de discernimento espiritual, para que descubram sua deficiência no conhecimento espiritual. Faltam-lhes quase todos os requisitos necessários ao aperfeiçoamento do caráter cristão. Não têm conhecimento prático da verdade bíblica, que leva à humildade de vida e à conformidade de sua vontade com a vontade de Cristo. Não estão vivendo em obediência a todas as reivindicações divinas. T3 254 1 Não basta meramente professar a verdade. Todos os soldados da cruz de Cristo obrigam-se virtualmente a entrar na cruzada contra o adversário das almas, para condenar o erro e sustentar a justiça. A mensagem da Testemunha Verdadeira, porém, revela que terrível engano pesa sobre nosso povo, o que torna necessário dirigir-lhe advertências, para pôr fim à indiferença espiritual e despertá-lo para uma ação decidida. T3 254 2 Em minha última visão, vi que mesmo esta decidida mensagem da Testemunha Verdadeira não cumpriu o desígnio de Deus. O povo continua a manter-se sonolento em seus pecados. Continua a se dizer rico, e que não necessita de nada. Muitos indagam: Por que são feitas tantas reprovações? Por que os Testemunhos nos acusam continuamente de apostasia e de ofensivos pecados? Nós amamos a verdade; estamos prosperando; não temos necessidade desses testemunhos de advertência e reprovação. Examinem, porém, esses queixosos o próprio coração, e comparem sua vida com os ensinos práticos da Bíblia, humilhem o coração diante de Deus, deixem que a graça divina lhes ilumine as trevas, e as escamas lhes cairão dos olhos, e compreenderão sua verdadeira pobreza e miséria espiritual. Sentirão a necessidade de comprar ouro, que é a fé e o amor puros; vestidos brancos, que é um caráter imaculado, purificado pelo sangue de seu querido Redentor; e colírio, a graça de Deus, que lhes dará claro discernimento das coisas espirituais e revelará o pecado. Essas realizações são mais preciosas que o ouro de Ofir. Foi-me mostrado que a maior causa de o povo de Deus se achar agora nesse estado de cegueira espiritual é não aceitarem a correção. Muitos têm desprezado as reprovações e advertências que lhes foram feitas. A Testemunha Verdadeira condena o estado morno do povo de Deus, o qual dá a Satanás grande poder sobre eles, neste tempo de espera e vigilância. Os egoístas, os orgulhosos e os amantes do pecado são sempre assaltados por dúvidas. Satanás tem a habilidade de sugerir dúvidas e inventar objeções ao testemunho que Deus envia, e muitos consideram uma virtude e indício de inteligência o mostrar-se incrédulo, questionar e contrafazer. Os que querem duvidar têm suficiente oportunidade para isso. Deus não Se propõe fazer desaparecer toda ocasião para a incredulidade. Apresenta evidências que precisam ser cuidadosamente investigadas com espírito humilde e suscetível ao ensino; e todos devem julgar pela força dessas mesmas evidências. T3 255 1 A vida eterna é de infinito valor, e custar-nos-á tudo quanto possuímos. Foi-me mostrado que não damos o devido valor às coisas eternas. Tudo quanto vale a pena possuir-se, mesmo neste mundo, tem de ser conseguido com esforço e às vezes com os mais penosos sacrifícios. E tudo isto simplesmente para obter um tesouro perecível. Seremos menos voluntários para resistir às lutas e fadigas, para fazer diligentes esforços e grandes sacrifícios a fim de alcançar um tesouro de imenso valor, uma vida que se prolongará como a do Infinito? Custar-nos-á o Céu demasiado? T3 255 2 A fé e o amor são áureos tesouros, elementos grandemente escassos entre o povo de Deus. Foi-me mostrado que a incredulidade nos testemunhos de advertência, animação e reprovação, está afugentando a luz do povo de Deus. A incredulidade fecha-lhes os olhos, de modo que se acham ignorantes de sua verdadeira condição. A Testemunha Verdadeira assim descreve a cegueira deles: "E não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu." Apocalipse 3:17. T3 255 3 Está desaparecendo a fé na próxima vinda de Cristo. "Meu Senhor tarde virá" (Mateus 24:48), não se diz apenas no coração, mas exprime-se também em palavras e ainda mais decididamente nas obras. A insensatez, neste tempo de espera, está entorpecendo os sentidos do povo de Deus quanto aos sinais dos tempos. A terrível iniqüidade que predomina requer a máxima diligência e o testemunho vivo, a fim de manter o pecado excluído da igreja. A fé tem estado a decrescer assustadoramente, e só mediante o exercício pode ela aumentar. T3 256 1 No surgimento da terceira mensagem angélica, os que se empenhavam na obra de Deus tinham alguma coisa a arriscar; tinham sacrifícios a fazer. Começaram esta obra em pobreza, e sofreram as maiores privações e dificuldades. Enfrentaram decidida oposição, o que os impelia para Deus em sua necessidade, e mantinha viva sua fé. Nosso plano atual de doação sistemática mantém amplamente nossos pastores e não há falta, nem necessidade do exercício da fé quanto à manutenção. Os que hoje iniciam a pregação da verdade nada têm a pôr em perigo. Não correm riscos, não têm sacrifícios especiais a fazer. O sistema da verdade acha-se pronto ao seu dispor, e as publicações lhes são fornecidas para vindicação das verdades que promovem. T3 256 2 Alguns rapazes começam sem ter um senso real do exaltado caráter da obra. Não têm de enfrentar privações, vicissitudes ou árduos conflitos, que exigiriam o exercício da fé. Não cultivam a abnegação, nem nutrem o espírito de sacrifício. Alguns estão se tornando orgulhosos e envaidecidos e não sentem real preocupação pela obra que pesa sobre eles. A Testemunha Verdadeira fala a esses pastores: "Sê, pois, zeloso e arrepende-te." Apocalipse 3:19. Alguns deles se acham tão exaltados pelo orgulho que são positivo estorvo e maldição à preciosa causa de Deus. Não exercem sobre os outros uma influência salvadora. Esses homens precisam converter-se cabalmente a Deus, eles próprios, e ser santificados pelas verdades que apresentam aos outros. Incisivos testemunhos na igreja T3 256 3 Muitos se sentem impacientes e desconfiados por serem freqüentemente perturbados com advertências e reprovações que lhes mantêm sempre diante dos olhos os próprios pecados. Diz a Testemunha Verdadeira: "Conheço as tuas obras." Apocalipse 3:15. Os motivos, os desígnios, a incredulidade, as suspeitas e ciúmes podem ser ocultos dos homens, mas não de Cristo. A Testemunha Verdadeira vem como conselheiro: "Aconselho-te que de Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso e arrepende-te. Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo. Ao que vencer, lhe concederei que se assente comigo no Meu trono, assim como Eu venci e Me assentei com Meu Pai no Seu trono." Apocalipse 3:18-21. T3 257 1 Os que são repreendidos pelo Espírito de Deus não devem insurgir-se contra o humilde instrumento. É Deus, e não um falível mortal, que falou para salvá-los da ruína. Os que desprezam a advertência serão deixados na cegueira, para iludirem a si mesmos. Mas os que lhe dão ouvidos, empenhando-se zelosamente na obra de afastar de si os seus pecados, a fim de terem as graças necessárias, abrirão a porta do coração para que o querido Salvador entre e com eles habite. Essa classe de pessoas, sempre vocês a encontrarão em harmonia perfeita com o testemunho do Espírito de Deus. T3 257 2 Os pastores que pregam a verdade presente não devem negligenciar a solene mensagem dirigida aos laodiceanos. O testemunho da Testemunha Verdadeira não é uma mensagem suave. O Senhor não lhes diz: Você está mais ou menos bem; tem sofrido castigos e reprovações que nunca mereceu; tem ficado desnecessariamente desanimado pela severidade; você não é culpado das injustiças e pecados pelos quais tem sido reprovado. T3 257 3 A Testemunha Verdadeira declara que, quando se julga numa situação realmente boa de prosperidade, você necessita de tudo. Não basta aos pastores apresentarem assuntos teóricos; cumpre-lhes apresentar também os que são práticos. Precisam estudar as lições práticas dadas por Cristo aos discípulos, e fazer íntima aplicação das mesmas ao próprio coração e ao povo. Por Cristo dar este testemunho de reprovação, havemos de supor que Ele seja destituído de terno amor para com Seu povo? Oh, não! Aquele que morreu para redimir o homem da morte ama com um amor divino, e àqueles a quem ama, repreende. "Eu repreendo e castigo a todos quantos amo." Apocalipse 3:19. Muitos, porém, não receberão a mensagem que, em misericórdia, o Céu lhes envia. Não podem suportar que lhes seja apresentada sua negligência do dever, seus erros, seu egoísmo, orgulho e amor do mundo. T3 258 1 Foi-me mostrado que Deus colocou sobre meu marido e sobre mim uma obra especial, apresentar um testemunho claro a Seu povo, e clamar e não poupar, para mostrar ao povo suas transgressões e à casa de Israel seus pecados. Mas há uma classe que não quer receber a mensagem de reprovação, e levantam as mãos para proteger aqueles que Deus gostaria de reprovar e corrigir. Estes são sempre achados em simpatia com aqueles aos quais Deus faria sentir sua verdadeira pobreza. T3 258 2 A palavra do Senhor, pronunciada através de Seus servos, é por muitos recebida com dúvida e temores. E muitos adiam sua obediência às advertências e reprovações dadas, esperando até que toda sombra de incerteza seja removida de seu pensamento. A descrença que exige perfeito conhecimento nunca cederá à evidência que Deus Se agrada em dar. Ele requer de Seu povo uma fé que repouse sobre o peso da evidência, e não sobre perfeito conhecimento. Os seguidores de Cristo que aceitam a luz que Deus lhes envia devem obedecer à voz de Deus a falar-lhes, quando há muitas outras vozes clamando contra ela. Tem de haver discernimento para distinguir a voz de Deus. T3 258 3 Aqueles que não agem quando Deus os chama, mas que esperam por uma evidência mais convincente e uma oportunidade mais favorável andarão nas trevas, porque a luz será retirada. A evidência dada um dia, se rejeitada, pode nunca mais ser repetida. T3 258 4 Muitos são tentados em relação à nossa obra e a questionam. Alguns, ao serem tentados, atribuem as dificuldades e perplexidade do povo de Deus aos testemunhos de reprovação que nós lhes temos dado. Imaginam que o problema é com aqueles que trazem a mensagem de advertência, que indicam os pecados do povo e corrigem seus erros. Muitos são enganados pelo adversário dos homens. Imaginam que os trabalhos do irmão e da irmã White seriam aceitáveis se não estivessem continuamente condenando o erro e reprovando o pecado. Foi-me mostrado que Deus depositou esta obra sobre nós, e quando somos impedidos de nos encontrar com Seu povo e de apresentar nosso testemunho e nos opormos às suposições e ciúmes dos não consagrados, então Satanás introduz fortemente suas tentações. Aqueles que têm estado sempre do lado que questiona e duvida se sentem livres para sugerir suas dúvidas e insinuar sua descrença. Alguns têm dúvidas aparentemente genuínas, que cautelosamente insinuam, mas que têm dez vezes mais poder para endurecer aqueles que estão no erro, e para diminuir nossa influência e enfraquecer a confiança do povo de Deus em nosso trabalho, do que se eles se identificassem mais francamente. Esses pobres seres, vi, eram enganados por Satanás. Lisonjeiam-se de que estão bem, que desfrutam do favor de Deus e que são ricos em discernimento espiritual, quando são pobres, cegos e infelizes. Estão fazendo a obra de Satanás, mas pensam ter zelo por Deus. T3 259 1 Alguns não recebem o testemunho do qual Deus nos encarregou, lisonjeando-se de que podemos estar enganados e que eles têm razão. Pensam que o povo de Deus não precisa de tratamento franco e de reprovação, mas que Deus está com eles. Estas pessoas tentadas, cujo coração tem estado sempre em guerra com a fiel reprovação do pecado, exclamariam: Falem-nos de coisas agradáveis. Como os laodiceanos tratarão a mensagem da Testemunha Fiel? Não pode haver engano aqui. Esta mensagem precisa ser levada pelos servos de Deus a uma igreja morna. Precisa despertar Seu povo de seu senso de segurança e engano perigoso quanto à sua posição real diante de Deus. Este testemunho, se for recebido, despertará para ação e levará à humilhação própria e à confissão de pecados. A Testemunha Verdadeira diz: "Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente." E de novo: "Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso e arrepende-te." Apocalipse 3:15, 19. Então vem a promessa: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo. Ao que vencer, lhe concederei que se assente comigo no Meu trono, assim como Eu venci e Me assentei com Meu Pai no Seu trono." Apocalipse 3:20, 21. T3 260 1 O povo de Deus precisa ver suas faltas e despertar-se em arrependimento zeloso e abandonar aqueles pecados que os arrastaram a uma condição tão deplorável de pobreza, cegueira, miséria e engano terrível. Foi-me mostrado que o testemunho incisivo precisa existir na igreja. Apenas isso corresponderá à mensagem aos laodiceanos. Erros precisam ser reprovados, o pecado precisa ser chamado pecado, e a iniqüidade deve ser enfrentada de modo pronto e decisivo, e afastada de nós como um povo. Combatendo o espírito de Deus T3 260 2 Aqueles que têm um espírito de oposição à obra que por vinte e seis anos o Espírito de Deus nos tem impelido a fazer gostariam de frustrar nosso testemunho. Vi que não estavam combatendo contra nós, mas contra Deus, que nos incumbiu de um trabalho que Ele não deu a outros. Eles questionam e usam de subterfúgios, e pensam que seja uma virtude duvidar e que nos desencorajariam. Os que têm sido o instrumento para tornar nosso trabalho difícil e enfraquecer nossa fé, esperança e coragem têm sido aqueles que suspeitam mal, insinuam acusações duvidosas e que aguardam com desconfiança uma ocasião contra nós. Eles admitem que por termos fraquezas humanas isso é evidência positiva de que estamos errados e que eles têm razão. Se podem achar um resquício de algo que podem usar para prejudicar-nos, eles o fazem com um espírito de triunfo e estão prontos para denunciar nossa obra de reprovar o erro e condenar o pecado como um espírito amargo e ditatorial. T3 260 3 Mas embora não aceitemos sua versão de nosso caso como a razão para nossas aflições e mantenhamos que Deus nos designou para um trabalho mais árduo do que designou outros, reconhecemos com humildade de espírito e com arrependimento que nossa fé e coragem têm sido severamente provadas e que falhamos algumas vezes em confiar inteiramente nAquele que designou nosso trabalho. Quando recobramos de novo a coragem, depois de penosos desapontamentos e provas, profundamente lamentamos ter alguma vez deixado de confiar em Deus, cedido a fraquezas humanas, e permitido que desalento nublasse nossa fé e diminuísse nossa confiança em Deus. Foi-me mostrado que os antigos servos de Deus sofreram desapontamentos e desânimo como nós pobres mortais. Estávamos em boa companhia; não obstante isso não nos desculpou. T3 261 1 Como meu marido tem estado a meu lado para apoiar-me em meu trabalho e tem dado um testemunho claro em harmonia com a obra do Espírito de Deus, muitos sentiram que ele pessoalmente os estivesse prejudicando, quando era o Senhor que tinha colocado sobre ele a responsabilidade. Através de Seu servo, Ele os estava reprovando e procurando levá-los ao ponto em que se arrependeriam de seus erros e teriam o favor de Deus. T3 261 2 Aqueles a quem Deus escolheu para uma obra importante foram sempre recebidos com desconfiança e suspeita. Antigamente, quando Elias foi enviado com uma mensagem de Deus para o povo, eles não atenderam a advertência. Acharam-no desnecessariamente severo. Pensaram mesmo que ele perdera seu bom senso porque denunciava o povo favorecido de Deus como pecadores e seus crimes como tão graves que o juízo de Deus seria suscitado contra eles. Satanás e seus exércitos sempre se alinharam contra aqueles que levam a mensagem de advertência e reprovam o pecado. Os que não são consagrados se unirão também com o adversário dos homens para tornar tão difícil quanto possível o trabalho dos servos fiéis de Deus. T3 261 3 Se meu marido tem sido constrangido além do limite e tornou-se desalentado e desanimado, e se por vezes não temos visto nada de desejável na vida para escolhê-la, isso não é nada estranho ou novo. Elias, um dos grandes e poderosos profetas, quando fugiu para salvar a vida da ira da enfurecida Jezabel, cansado e fatigado da viagem, preferiu morrer a viver. Seu amargo desapontamento em relação à infidelidade de Israel tinha lhe esmagado o espírito, e sentiu que não mais podia pôr confiança no homem. No dia da aflição e escuridade de Jó, ele pronunciou estas palavras: "Pereça o dia em que nasci." Jó 3:3. T3 262 1 Aqueles que não estão acostumados a sentir até às profundezas, que não têm estado sob fardos como um carro debaixo dos feixes e que nunca tiveram seus interesses identificados tão de perto com a causa e obra de Deus que parece ser uma parte de seu ser e que lhes é mais cara que a vida, não podem apreciar os sentimentos de meu marido mais do que Israel podia apreciar os sentimentos de Elias. Lamentamos profundamente ter ficado desanimados, quaisquer que tenham sido as circunstâncias. O caso de Acabe: uma advertência T3 262 2 Sob o governo perverso de Acabe, Israel afastou-se de Deus e corrompeu seus caminhos diante dEle. "E fez Acabe, filho de Onri, o que era mal aos olhos do Senhor, mais do que todos os que foram antes dele. E sucedeu que (como se fora coisa leve andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate), ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e se encurvou diante dele. E levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria. Também Acabe fez um bosque, de maneira que Acabe fez muito mais para irritar ao Senhor, Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele." 1 Reis 16:30-33. T3 262 3 Acabe era fraco em força moral. Não tinha um senso elevado das coisas sagradas; era egoísta e sem princípios. Sua união em casamento com uma mulher de caráter decidido e temperamento positivo, que era devotada à idolatria, fez de ambos agentes especiais de Satanás para levar o povo de Deus à idolatria e terrível apostasia. O espírito resoluto de Jezabel moldou o caráter de Acabe. Sua natureza egoísta era incapaz de apreciar as misericórdias de Deus para com Seu povo e sua obrigação a Deus como guardião e líder de Israel. O temor de Deus diminuía cada dia em Israel. Os símbolos blasfemos de sua idolatria cega eram vistos entre o Israel de Deus. Não havia ninguém que ousasse arriscar sua vida, levantando-se em oposição aberta à idolatria blasfema que prevalecia. Os altares de Baal, e os sacerdotes de Baal que sacrificavam ao Sol, Lua e estrelas, eram visíveis em toda parte. Eles haviam consagrado templos e bosques onde a obra de mãos de homens era colocada para ser adorada. Os benefícios que Deus proporcionara a este povo não evocava de sua parte nenhuma gratidão ao Doador. Todas as bênçãos do Céu -- os riachos que corriam, as correntes de águas vivas, o orvalho suave, a chuva que refrescava a terra e fazia que os campos produzissem com abundância -- eles atribuíam ao favor de seus deuses. T3 263 1 O coração fiel de Elias foi magoado. Sua indignação despertou-se e ele encheu-se de zelo pela glória de Deus. Viu que Israel estava mergulhado em terrível apostasia. E quando recordou as grandes coisas que Deus fizera a seu favor, foi tomado de tristeza e espanto. Mas tudo isso foi esquecido pela maioria do povo. Ele foi diante do Senhor, e, com seu espírito constrangido de ansiedade, pleiteou com Ele para salvar Seu povo mesmo que fosse por juízos. Suplicou a Deus para reter de Seu povo ingrato o orvalho e a chuva, os tesouros do céu, para que o Israel apóstata olhasse em vão a seus deuses, seus ídolos de ouro, madeira e pedra, o Sol, Lua e estrelas, para regar e enriquecer a terra, e fazer que ela produzisse mais abundantemente. O Senhor disse a Elias que tinha ouvido sua oração e reteria o orvalho e a chuva de Seu povo até que se voltasse a Ele em arrependimento. O pecado de Acabe e sua punição T3 263 2 Deus tinha de um modo especial preservado Seu povo de misturar-se com as nações idólatras a seu redor, para que seu coração não fosse enganado pelos bosques e capelas, templos e altares, que eram construídos da maneira mais dispendiosa e atrativa para perverter os sentidos de modo que Deus fosse suplantado na mente do povo. T3 264 1 A cidade de Jericó era dedicada à idolatria mais extravagante. Os habitantes eram muito ricos, mas todas as riquezas que Deus lhes tinha dado consideravam como dádiva de seus deuses. Tinham ouro e prata em abundância; mas, como o povo antes do dilúvio, eram corruptos e blasfemos, e por suas obras más insultavam e provocavam ao Deus do Céu. Os juízos de Deus foram suscitados contra Jericó. Ela era uma fortaleza. Mas o próprio Capitão dos exércitos do Senhor veio do Céu para liderar os exércitos celestiais num ataque contra a cidade. Anjos de Deus se apoderaram das muralhas maciças e as deitaram por terra. Deus tinha dito que a cidade de Jericó seria amaldiçoada e que todos haviam de perecer, exceto Raabe e sua família. Estes deviam ser poupados por causa do favor que Raabe dispensara aos mensageiros do Senhor. A palavra do Senhor ao povo foi: "Tão-somente guardai-vos das coisas condenadas, para que, tendo-as vós condenado, não as tomeis; e assim torneis maldito o arraial de Israel e o confundais." "Naquele tempo, Josué fez o povo jurar e dizer: Maldito diante do Senhor seja o homem que se levantar e reedificar esta cidade de Jericó; com a perda do seu primogênito lhe porá os fundamentos e, à custa do mais novo, as portas." Josué 6:18, 26. T3 264 2 Deus foi bem exigente quanto a Jericó, com receio de que o povo fosse atraído pelas coisas que os habitantes tinham adorado, e que se afastasse dEle. Advertiu Seu povo pelos mandamentos mais positivos; não obstante a ordem solene de Deus pela boca de Josué, Acã arriscou a transgredir. Sua cobiça o levou a se apossar dos tesouros que Deus lhe proibira tocar porque a maldição de Deus estava sobre eles. E por causa do pecado desse homem, o Israel de Deus foi fraco como água diante de seus inimigos. T3 264 3 Josué e os anciãos de Israel estavam em grande aflição. Prostraram-se diante da arca de Deus na maior humildade porque o Senhor estava irado contra Seu povo. Oraram e choraram diante de Deus. "Então, disse o Senhor a Josué: Levanta-te! Por que estás prostrado assim sobre o rosto? Israel pecou, e violaram a Minha aliança, aquilo que Eu lhes ordenara, pois tomaram das coisas condenadas, e furtaram, e dissimularam, e até debaixo da sua bagagem o puseram. Pelo que os filhos de Israel não puderam resistir aos seus inimigos; viraram as costas diante deles, porquanto Israel se fizera condenado; já não serei convosco, se não eliminardes do vosso meio a coisa roubada." Josué 7:10-12. Dever de reprovar o pecado T3 265 1 Foi-me mostrado que Deus aqui ilustra como Ele considera o pecado entre os que professam ser Seu povo observador dos mandamentos. Aqueles a quem Ele tem honrado especialmente com o testemunhar as assinaladas manifestações de Seu poder, como aconteceu com o antigo Israel, e que ousam mesmo então menosprezar Suas expressas orientações, serão sujeitos a Sua ira. Ele quer ensinar a Seu povo que a desobediência e o pecado são excessivamente ofensivos a Seus olhos, e não devem ser considerados levianamente. Ele nos mostra que, quando Seu povo se encontra em pecado, devem-se tomar imediatamente medidas positivas para tirar tal pecado do meio deles, a fim de que Seu desagrado não fique sobre todos. T3 265 2 Se, porém, os pecados do povo são passados por alto por aqueles que se acham em posições de responsabilidade, o desagrado de Deus estará sobre eles, e Seu povo, como um corpo, será responsável por esses pecados. No trato do Senhor com Seu povo no passado, Ele mostra a necessidade de purificar a igreja de erros. Um pecador pode difundir trevas que excluam a luz de Deus de toda a congregação. Ao as pessoas compreenderem que se estão adensando trevas sobre elas, sem que saibam a causa, devem buscar diligentemente a Deus, em grande humildade e abatimento do próprio eu, até que os erros que ofendem o seu Espírito sejam descobertos e afastados. T3 265 3 O preconceito que se levantou contra nós por havermos reprovado as faltas que Deus me mostrara existirem e o clamor de aspereza e severidade que se ergueu são injustos. Deus nos manda falar, e não ficaremos silenciosos. Se há erros claros entre Seu povo, e os servos de Deus continuam em frente indiferentes a isso, estão por assim dizer apoiando e justificando o pecador, e são igualmente culpados, incorrendo tão certo como ele no desagrado de Deus; pois serão tidos como responsáveis pelos pecados do culpado. Foram-me mostrados em visão muitos casos em que o desagrado de Deus foi atraído por negligência da parte de Seus servos quanto a tratar dos erros e pecados existentes entre eles. Os que passaram por alto esses erros têm sido considerados pelo povo muito amáveis e de disposição benigna simplesmente por haverem eles recuado do desempenho de um claro dever escriturístico. Essa tarefa não agradava a seus sentimentos; portanto, eles a evitaram. T3 266 1 O espírito de ódio que tem havido por parte de alguns por terem sido reprovados os erros existentes entre o povo de Deus trouxe cegueira e um terrível engano a sua mente, tornando-lhes impossível discernir entre o que é certo e o que é errado. Apagaram a própria visão espiritual. Podem testemunhar erros, mas não sentem como Josué, não se humilham por sentir o perigo das almas. T3 266 2 O verdadeiro povo de Deus, os que possuem o espírito da obra do Senhor e levam a sério a salvação das pessoas, verá sempre o pecado em seu caráter real, maligno. Estarão sempre a favor de lidar de maneira fiel e positiva com os pecados que facilmente assaltam o povo de Deus. Em especial na obra final da igreja, no tempo do selamento dos cento e quarenta e quatro mil que hão de permanecer irrepreensíveis diante do trono de Deus, sentirão muito profundamente os erros do professo povo de Deus. Isto é fortemente salientado pela ilustração do profeta, da última obra na figura dos homens com armas destruidoras na mão. Um homem entre eles estava vestido de linho, com um tinteiro de escrivão à sua cinta. "E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela." Ezequiel 9:4. T3 267 1 Quem subsiste no conselho de Deus a esse tempo? São aqueles que, por assim dizer, desculpam os erros entre o professo povo de Deus e murmuram em seu coração, se não abertamente, contra os que reprovam o pecado? São os que tomam atitude contra eles e se compadecem dos que cometem erro? Não, absolutamente! A menos que eles se arrependam e deixem a obra de Satanás em oprimir os que têm a responsabilidade da obra e em suster as mãos dos pecadores de Sião, jamais receberão o selo aprovador de Deus. Cairão na destruição final dos ímpios, representada na obra dos cinco homens que tinham as armas destruidoras na mão. Notem cuidadosamente este ponto: os que receberem o puro sinal da verdade, neles gravado pelo poder do Espírito Santo, representado pelo sinal feito pelo homem vestido de linho, são os que "suspiram e gemem por causa de todas as abominações que se cometem" (Ezequiel 9:4) na igreja. Seu amor pela pureza e pela honra e glória de Deus é tal, e têm tão clara visão da excessiva malignidade do pecado, que são representados como em agonia, suspirando e gemendo. Leiam o nono capítulo de Ezequiel. T3 267 2 Porém, o massacre geral de todos os que não vêem assim a vasta diferença entre o pecado e a justiça, e não sentem como os que se acham no conselho de Deus e recebem o sinal, é descrita na ordem dada aos cinco homens que tinham as armas destruidoras: "Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais. Matai velhos, e jovens, e virgens, e meninos, e mulheres, até exterminá-los; mas a todo homem que tiver o sinal não vos chegueis; e começai pelo Meu santuário." Ezequiel 9:5, 6. T3 267 3 No caso do pecado de Acã, Deus disse a Josué: "Já não serei convosco, se não eliminardes do vosso meio a coisa roubada." Josué 7:12. Que comparação há entre este caso e a direção seguida pelos que não levantam a voz contra o pecado e o erro, mas cujas simpatias se encontram sempre do lado dos que perturbam o acampamento de Israel com seus pecados? Disse Deus a Josué: "Aos vossos inimigos não podereis resistir, enquanto não eliminardes do vosso meio as coisas condenadas." Josué 7:13. Ele pronunciou o castigo que se devia seguir à transgressão de Seu concerto. T3 268 1 Josué começou então diligente pesquisa a fim de descobrir o culpado. Tomou Israel por suas tribos, depois pelas famílias, e afinal individualmente; e foi designado Acã como culpado. Para que tudo ficasse claro a todo o Israel, porém, e não tivessem ocasião de murmurar e dizer que o castigo recaíra sobre um inocente, Josué usou de tática. Sabia que era Acã o transgressor e que escondera o pecado, provocando assim a Deus contra Seu povo. Com prudência, Josué induziu Acã a confessar o seu pecado, de modo que a honra e justiça de Deus fossem justificadas diante de Israel. "Então, disse Josué a Acã: Filho meu, dá, peço-te, glória ao Senhor, Deus de Israel, e faze confissão perante Ele; e declara-me agora o que fizeste, não mo ocultes. T3 268 2 "E respondeu Acã a Josué e disse: Verdadeiramente pequei contra o Senhor, Deus de Israel, e fiz assim e assim. Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, duzentos siclos de prata e uma cunha de ouro do peso de cinqüenta siclos, cobicei-os e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata, debaixo dela. Então, Josué enviou mensageiros, que foram correndo à tenda; e eis que tudo estava escondido na sua tenda, e a prata, debaixo dela. Tomaram, pois, aquelas coisas do meio da tenda, e as trouxeram a Josué e a todos os filhos de Israel, e as deitaram perante o Senhor. Então, Josué e todo o Israel com ele tomaram a Acã, filho de Zerá, e a prata, e a capa, e a cunha de ouro, e a seus filhos, e a suas filhas, e a seus bois, e a seus jumentos, e a suas ovelhas, e a sua tenda, e a tudo quanto tinha, e levaram-nos ao vale de Acor. E disse Josué: Por que nos turbaste? O Senhor te turbará a ti este dia. E todo o Israel o apedrejou com pedras, e os queimaram a fogo e os apedrejaram com pedras." Josué 7:19-25. T3 268 3 O Senhor disse a Josué que Acã não somente tirara as coisas que Ele lhes dissera positivamente que não tomassem, para que não fossem amaldiçoados, mas roubara, e também mentira. O Senhor dissera que Jericó e todo o seu despojo deviam ser consumidos, com exceção do ouro e da prata, que deviam ser reservados para o tesouro do Senhor. A vitória obtida na tomada de Jericó não se alcançara por meio de combate ou de haver o povo se exposto [ao perigo]. O Capitão dos exércitos do Senhor conduzira os exércitos celestiais. Do Senhor fora a batalha; Ele é quem havia combatido. Os filhos de Israel não haviam desferido um só golpe. O triunfo e a glória pertenciam ao Senhor, e Seus eram os despojos. Ele ordenara que tudo fosse consumido, exceto o ouro e a prata, que reservara para Seu tesouro. Acã compreendeu bem a reserva feita, e que os tesouros de ouro e de prata que ele cobiçou eram do Senhor. Furtou dos tesouros de Deus para proveito próprio. A cobiça entre o povo de Deus T3 269 1 Vi que muitas pessoas que professam guardar os mandamentos de Deus estão se apropriando dos recursos que o Senhor lhes confiou e que devem ser levados a Seu tesouro. Roubam a Deus "nos dízimos e nas ofertas". Malaquias 3:8. Eles dissimulam e retêm dEle para seu próprio prejuízo. Trarão sobre si escassez e pobreza e sobre a igreja trevas por causa de sua cobiça, sua hipocrisia, e por roubar a Deus nos dízimos e ofertas. T3 269 2 Vi que muitas pessoas afundarão em trevas por causa de sua cobiça. O testemunho claro e direto precisa viver na igreja, ou a maldição de Deus repousará sobre Seu povo tão certamente como repousou sobre o antigo Israel por causa de seus pecados. Deus considera Seu povo, como um corpo, responsável pelos pecados que existem em indivíduos em seu meio. Se os dirigentes da igreja negligenciam buscar com diligência os pecados que trazem o desfavor de Deus sobre a corporação, eles se tornam responsáveis por estes pecados. Tratar com mentes humanas é a mais bela obra em que já se empenharam os homens. Nem todos são habilitados a corrigir os que erram. Não têm sabedoria para tratar com justiça, e ao mesmo tempo amar a misericórdia. Não são inclinados a ver a necessidade de misturar amor e terna compaixão com fiéis reprovações. Alguns são sempre desnecessariamente severos e não sentem a necessidade da ordem do apóstolo: "E apiedai-vos de alguns que estão duvidosos; e salvai alguns, arrebatando-os do fogo; tende deles misericórdia com temor." Judas 22, 23. T3 270 1 Há muitos que não têm a discrição de Josué e que não têm dever especial de expor erros e de agir prontamente com os pecados que existem entre eles. Que tais pessoas não impeçam aqueles que levam sobre si a responsabilidade desta obra; não fiquem no caminho daqueles que têm este dever. Alguns insistem em questionar, duvidar e achar defeito porque outros fazem o trabalho que Deus não colocou sobre eles. Ficam diretamente no caminho para impedir aqueles sobre os quais Deus colocou a responsabilidade de reprovar e corrigir pecados que prevalecem, de modo que Seu desagrado seja afastado de Seu povo. Se houvesse entre nós um caso como o de Acã, há muitos que acusariam aqueles que fazem o papel de Josué em expor o erro de ter um espírito ímpio e crítico. Deus não deve ser escarnecido e Suas advertências desatendidas com impunidade por um povo perverso. T3 270 2 Foi-me mostrado que a maneira da confissão de Acã foi semelhante às confissões que alguns entre nós têm feito e farão. Ocultam seus erros e recusam fazer confissão voluntária até que Deus os sonde, e então reconhecem seus pecados. Uma poucas pessoas prosseguem em uma conduta errada até se endurecerem. Podem até saber que a igreja está em falta, como Acã sabia que Israel se enfraquecera diante de seus inimigos por culpa sua. Mas a consciência deles não os condena. Não querem ajudar a igreja humilhando o coração orgulhoso e rebelde diante de Deus, e eliminando suas faltas. O desagrado de Deus está sobre Seu povo. Ele não manifestará Seu poder em seu meio enquanto existirem pecados entre eles e forem incentivados por pessoas em posições de responsabilidade. T3 270 3 Aqueles que trabalham no temor de Deus para livrar a igreja de empecilhos e corrigir erros graves, a fim de que o povo de Deus possa ver a necessidade de aborrecer o pecado e crescer em pureza, e para que o nome de Deus seja glorificado, sempre enfrentarão resistentes influências da parte dos não consagrados. Sofonias assim descreve o verdadeiro estado desta classe e os juízos terríveis que lhes sobrevirão: T3 271 1 "E há de ser que, naquele tempo, esquadrinharei Jerusalém com lanternas e castigarei os homens que estão assentados sobre as suas fezes, que dizem no seu coração: O Senhor não faz bem nem faz mal." "O grande dia do Senhor está perto, está perto, e se apressa muito a voz do dia do Senhor; amargamente clamará ali o homem poderoso. Aquele dia é um dia de indignação, dia de angústia e de ânsia, dia de alvoroço e de desolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas, dia de trombeta e de alarido contra as cidades fortes e contra as torres altas. E angustiarei os homens, e eles andarão como cegos, porque pecaram contra o Senhor; e o seu sangue se derramará como pó, e a sua carne, como esterco. Nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia do furor do Senhor, mas, pelo fogo do seu zelo, toda esta terra será consumida, porque certamente fará de todos os moradores da terra uma destruição total e apressada." Sofonias 1:12, 14-18. Confissões feitas tarde demais T3 271 2 Quando uma crise finalmente vier, como certamente virá, e Deus falar a favor de Seu povo, aqueles que pecaram, aqueles que têm sido uma nuvem de escuridão e que têm sido um empecilho à atuação de Deus a favor do Seu povo, podem ficar alarmados de ter ido tão longe em murmurar e trazer desalento sobre a causa; e, como Acã, ficando aterrorizados, podem reconhecer que pecaram. Mas suas confissões vêm demasiado tarde e não são da qualidade certa para os beneficiar, embora possam auxiliar a causa de Deus. Tais pessoas não fazem suas confissões por causa da convicção de sua verdadeira condição e um sentimento de quão ofensiva sua conduta tem sido a Deus. Deus pode dar a esta classe outra prova, outro teste, e permitir que mostrem que não estão melhor preparados para estar isentos de toda rebelião e pecado do que antes de terem feito suas confissões. Inclinam-se a estar sempre do lado do erro. E quando o chamado for feito para aqueles que estarão do lado do Senhor fazer um gesto decisivo para defender o direito, manifestarão sua verdadeira posição. Aqueles que têm sido quase toda sua vida controlados por um espírito tão diferente do Espírito de Deus como foi Acã serão muito passivos quando o tempo vier para ação decisiva da parte de todos. Não afirmarão estar de um lado ou do outro. Se não tomam uma decisão determinada do lado errado, não é porque tenham clara percepção do direito, mas porque não têm coragem. T3 272 1 "Deus não Se deixa escarnecer." Gálatas 6:7. É no tempo do conflito que as cores verdadeiras devem ser desfraldadas ao vento. É então que os porta-bandeiras precisam ser firmes e permitir que sua verdadeira posição seja conhecida. É então testada a aptidão de todo verdadeiro soldado para o que é correto. Covardes nunca podem exibir os lauréis da vitória. Aqueles que são verdadeiros e leais não ocultarão o fato, mas porão o coração e as energias na obra, e arriscarão tudo na luta, não importa para que rumo a batalha se volte. Deus é um Deus que odeia o pecado. E aqueles que encorajam o pecador, dizendo "Tudo lhe vai bem", Deus os amaldiçoará. T3 272 2 Confissões de pecado feitas no tempo certo para auxiliar o povo de Deus serão aceitas por Ele. Mas há aqueles entre nós que farão confissões, como Acã, demasiado tarde para se salvarem. Deus pode testá-los e dar-lhes uma outra prova, com o fim de evidenciar a Seu povo que eles não resistirão um teste, uma prova de Deus. Não estão em harmonia com o que é correto. Desprezam o testemunho direto que alcança o coração, e se regozijariam de ver silenciados todos aqueles que os reprovam. Elias reprova Acabe T3 273 1 O povo de Israel tinha gradualmente perdido seu temor e reverência por Deus até o ponto de Sua palavra através de Josué não ter peso para eles. "Em seus dias, Hiel, o betelita, edificou a Jericó; morrendo Abirão, seu primogênito, a fundou; e, morrendo Segube, seu último, pôs as suas portas; conforme a palavra do Senhor, que falara pelo ministério de Josué, filho de Num." 1 Reis 16:34. T3 273 2 Enquanto Israel estava apostatando, Elias permaneceu como um leal e verdadeiro profeta de Deus. Seu coração fiel foi grandemente afligido ao ver que a incredulidade e infidelidade estavam rapidamente separando de Deus os filhos de Israel, e orou para que Ele salvasse Seu povo. Suplicou para que Deus não rejeitasse inteiramente Seu povo pecador, mas que por juízos, se necessário, Ele os estimulasse ao arrependimento e que não permitisse que fossem ainda mais longe no pecado, e assim O provocasse a destruí-los como nação. T3 273 3 A mensagem do Senhor veio a Elias para ir ter com Acabe com anúncios acerca de Seus juízos por causa dos pecados de Israel. Elias viajou dia e noite até chegar ao palácio de Acabe. Não solicitou admissão e não esperou ser formalmente anunciado. De modo inesperado para Acabe, Elias se apresenta diante do espantado rei de Samaria, nas vestes rústicas comumente usadas pelos profetas. Não apresenta desculpa por seu aparecimento brusco, sem convite; mas, levantando as mãos ao céu, ele afirma solenemente pelo Deus vivo, que fez os céus e a Terra, os juízos que viriam sobre Israel: "Nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra." 1 Reis 17:1. T3 273 4 Esse espantoso anúncio acerca dos juízos de Deus por causa dos pecados de Israel caiu como um raio sobre o rei apóstata. Ele parecia paralisado de surpresa e terror; e antes que pudesse recobrar-se de seu espanto, Elias, sem esperar ver o efeito de sua mensagem, desapareceu tão depressa como havia chegado. Sua obra era de pronunciar a palavra de calamidade da parte de Deus, e ele imediatamente se afastou. Sua palavra tinha trancado os tesouros do céu, e sua palavra era a única chave que os podia abrir de novo. T3 274 1 O Senhor sabia que não havia segurança para Seu servo entre os filhos de Israel. Ele não o confiaria ao Israel apóstata, mas mandou que procurasse asilo numa nação pagã. Encaminhou-o a uma viúva que estava em tal pobreza que mal podia manter a vida com a mais escassa porção de alimento. Uma mulher pagã vivendo sob a melhor luz que possuía estava em condição mais aceitável a Deus do que as viúvas de Israel, que tinham sido abençoadas com privilégios especiais e grande luz, e que todavia não viviam segundo a luz que Deus lhes dera. Como os hebreus tinham rejeitado a luz, foram deixados em trevas, e Deus não podia confiar Seu servo a Seu povo, que Lhe provocara a ira. T3 274 2 Agora se apresenta uma oportunidade para o apóstata Acabe e a pagã Jezabel porem à prova o poder de seus deuses e demonstrar ser falsa a palavra de Elias. Os profetas de Jezabel contam-se às centenas. Contra todos eles está Elias, sozinho. Sua palavra trancou o céu. Se Baal pode dar orvalho e chuva, e fazer a vegetação florir; se ele pode fazer que os riachos e ribeiros corram como de costume, independentemente dos tesouros do céu na queda da chuva, então que o rei de Israel o adore e que o povo diga que ele é Deus. T3 274 3 "Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós." Tiago 5:17. Sua missão a Acabe e seu terrível anúncio dos juízos de Deus requeriam coragem e fé. Em seu caminho a Samaria os rios correndo perpetuamente, as colinas cobertas de verdor, as florestas com suas árvores majestosas e florescentes -- tudo sobre o que seus olhos repousavam florescendo em beleza e glória -- naturalmente sugeririam descrença. Como podem todas estas coisas na natureza, florescentes agora, ser queimadas pela seca? Como podem estes ribeiros que regam a terra, e que ao que se saiba nunca deixaram de correr, tornar-se secos? Mas Elias não acariciou descrença. Partiu para sua missão com o perigo de sua vida. Cria plenamente que Deus humilharia Seu povo apostatado e que pela visitação de Seus juízos o levaria à humilhação e arrependimento. Arriscou tudo na missão à sua frente. T3 275 1 Ao Acabe recobrar-se, até certo ponto, de sua grande surpresa ante as palavras de Elias, o profeta tinha desaparecido. Ele indaga diligentemente por ele, mas ninguém o vira nem podia dar qualquer informação a seu respeito. Acabe informa Jezabel da palavra de calamidade que Elias pronunciara em sua presença, e a ira dela contra o profeta é expressa aos profetas de Baal. Eles se unem a ela em denunciar e amaldiçoar o profeta de Jeová. As novas do pronunciamento do profeta espalharam-se pelo país, despertando o temor de alguns e a ira de muitos. T3 275 2 Depois de alguns meses a terra, não refrescada pelo orvalho e a chuva, torna-se seca, e a vegetação murcha. Os ribeiros, que segundo se saiba nunca haviam deixado de correr, diminuem, e os riachos secam. Os profetas de Baal oferecem sacrifícios a seus deuses e os invocam dia e noite para refrescarem a terra com orvalho e chuva. Mas os encantamentos e enganos praticados outrora para enganar o povo não dão resultado agora. Os sacerdotes fizeram tudo para acalmar a ira de seus deuses; com perseverança e zelo dignos de melhor causa, eles se demoram em volta de seus altares pagãos, enquanto as chamas do sacrifício queimam em todos os lugares altos, e os gritos terríveis e súplicas dos sacerdotes de Baal são ouvidos noite após noite através da condenada Samaria. Mas as nuvens não aparecem no céu para encobrir os ardentes raios do sol. A palavra de Elias fica firme, e nada do que os sacerdotes podem fazer a mudará. T3 275 3 Passa-se todo um ano, um outro começa, e ainda não há chuva. A terra está crestada como se o fogo tivesse passado sobre ela. Os campos floridos estão como o deserto ressequido. O ar torna-se seco e sufocante, e os torvelinhos de pó cegam os olhos e quase param a respiração. Os bosques de Baal estão sem folhas, e as árvores da floresta não dão sombra, mas parecem esqueletos. Fome e sede têm seu efeito sobre homens e animais com terrível mortandade. T3 276 1 Toda essa evidência da justiça e do juízo de Deus não desperta Israel ao arrependimento. Jezabel está cheia de loucura insana. Não se curvará diante do Deus do Céu nem cederá. Os profetas de Baal, Acabe, Jezabel e quase todo o Israel atribuem sua calamidade a Elias. Acabe mandou procurar em todo reino e nação o estranho profeta, e exigiu juramento dos reinos e nações de Israel de que nada sabiam a respeito dele. Elias tinha trancado o céu com sua palavra e levara consigo a chave, e ele não podia ser encontrado. T3 276 2 Jezabel então decide que, como não podia fazer Elias sentir seu poder sanguinário, ela se vingaria destruindo os profetas de Deus em Israel. Ninguém que professasse ser profeta de Deus viveria. Essa mulher resoluta e furiosa executa sua obra de loucura matando os profetas do Senhor. Os sacerdotes de Baal e quase todo Israel estão tão iludidos que pensam que, se os profetas de Deus fossem mortos, a calamidade sob a qual estão sofrendo cessaria. T3 276 3 Mas o segundo ano passa, e o céu sem piedade não dá chuva. A seca e a fome estão fazendo sua triste obra, e mesmo assim os israelitas apostatados não humilham o coração altivo e pecador diante de Deus, mas murmuram e se queixam contra o profeta de Deus que trouxera essa situação horrível sobre eles. Pais e mães vêem seus filhos perecer, sem poder aliviá-los. E, no entanto, o povo está em escuridão tão terrível que não pode ver que a justiça de Deus é despertada contra ele por causa de seus pecados e que essa horrível calamidade lhe é enviada misericordiosamente para livrá-lo de negar e de esquecer o Deus de seus pais. T3 276 4 Custou a Israel sofrimento e grande aflição o ser levado àquele arrependimento que era necessário a fim de recobrar sua fé perdida e o claro senso de sua responsabilidade para com Deus. Sua apostasia era mais horrível do que seca ou fome. Elias esperou e orou com fé durante os longos anos de seca e fome para que o coração do povo de Israel, através de sua aflição, se voltasse de sua idolatria à lealdade para com Deus. Mas, apesar de todo seu sofrimento, permaneceram firmes em sua idolatria e consideravam o profeta de Deus como a causa de sua calamidade. E se pudessem ter Elias em seu poder o teriam entregue a Jezabel, para que ela se vingasse tirando-lhe a vida. Porque Elias teve a coragem de pronunciar a palavra de calamidade que Deus lhe ordenara, ele se fez o objeto do ódio deles. Não podiam ver a mão de Deus nos juízos sob os quais estavam sofrendo por causa de seus pecados, mas os atribuíram a Elias. Não aborreceram os pecados que os trouxeram sob a vara do castigo, mas odiaram o profeta fiel, o instrumento de Deus para denunciar seus pecados e a calamidade. T3 277 1 "E sucedeu que, depois de muitos dias, a palavra do Senhor veio a Elias no terceiro ano, dizendo: Vai e mostra-te a Acabe, porque darei chuva sobre a terra." 1 Reis 18:1. Elias não hesitou em iniciar sua viagem perigosa. Por três anos ele tinha sido odiado e perseguido de cidade em cidade a mandado do rei, e toda nação tinha jurado que ele não podia ser achado. E agora, pela palavra de Deus, ele deve apresentar-se a Acabe. T3 277 2 Durante a apostasia de todo o Israel, e enquanto seu senhor é um adorador de Baal, o mordomo da casa de Acabe provou-se fiel a Deus. Ao risco da própria vida, ele preservou os profetas de Deus, escondendo-os em uma caverna, em grupos de cinqüenta, e os alimentando. Enquanto o servo de Acabe está procurando por todo o reino fontes e riachos de água, Elias se apresenta diante dele. Obadias reverenciava o profeta de Deus, mas, ao Elias enviá-lo com uma mensagem para o rei, ele se assusta grandemente. Vê perigo e morte para si mesmo e para Elias. Ele suplica que sua vida não seja sacrificada, mas Elias lhe assegura com juramento que ele veria Acabe naquele dia. O profeta não vai ter com Acabe, mas como um mensageiro de Deus, para impor respeito, ele envia uma mensagem por Obadias: "Eis que aqui está Elias." 1 Reis 18:8. Se Acabe deseja ver Elias, tem agora a oportunidade de vir a ele. Elias não irá a Acabe. T3 278 1 Com espanto misturado com terror, o rei ouve a mensagem de que Elias, a quem ele teme e odeia, veio para encontrá-lo. Há muito que ele procurara o profeta para que pudesse destruí-lo, e sabe que Elias não exporia a vida para vir ter com ele a menos que estivesse protegido, ou com alguma denúncia terrível. Ele se lembra do braço ressequido de Jeroboão e decide que não é seguro levantar a mão contra o mensageiro de Deus. E com temor e tremor, e com grande comitiva e impressionante exibição de armas, ele se apressa para encontrar-se com Elias. E ao encontrar face a face o homem que há tanto procurara, ele não ousa feri-lo. O rei, tão irascível e cheio de tanto ódio contra Elias, parece fraco e desarmado em sua presença. Ao encontrar o profeta, ele não pode evitar de falar a linguagem de seu coração: "És tu o perturbador de Israel?" 1 Reis 18:17. Elias, indignado e cheio de zelo pela honra e glória de Deus, responde à acusação de Acabe com ousadia: "Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai, porque deixastes os mandamentos do Senhor." 1 Reis 18:18. T3 278 2 O profeta, como mensageiro de Deus, tinha reprovado os pecados do povo, invocando sobre eles os juízos de Deus por causa de sua iniqüidade. E agora, de pé sozinho em inocência consciente, firme na sua integridade, cercado por uma comitiva de homens armados, Elias não demonstra timidez, nem demonstra a menor reverência ao rei. O homem com quem Deus tinha conversado, e que tem uma clara percepção de como Deus considera o homem em sua depravação pecaminosa, não tem desculpa a apresentar a Acabe nem homenagem a lhe prestar. Como mensageiro de Deus, Elias agora ordena e Acabe imediatamente obedece como se Elias fosse o rei e ele o súdito. O sacrifício no Monte Carmelo T3 279 1 Elias exige uma convocação no Carmelo de todo o Israel e também de todos os profetas de Baal. A tremenda solenidade no porte do profeta dá-lhe a aparência de alguém de pé na presença do Senhor Deus de Israel. A condição de Israel em sua apostasia requer uma conduta firme, linguagem severa e autoridade imperiosa. Deus prepara a mensagem para adaptar-se ao momento e à ocasião. Por vezes Ele põe Seu Espírito sobre Seus mensageiros para soar um alarme dia e noite, como fez Seu mensageiro João: "Preparai o caminho do Senhor." Mateus 3:3. Então, mais uma vez, são necessários homens de ação que não se desviarão do dever, mas cuja energia despertará e exigirá: Quem está do lado do Senhor? Venha até nós. Êxodo 32:26. Deus terá uma mensagem apropriada para adaptar-se a Seu povo em diferentes condições. T3 279 2 Mensageiros velozes são enviados através do reino com a mensagem de Elias. Das cidades, vilas e famílias são enviados representantes. Todos parecem apressados para responder ao chamado, como se algum milagre maravilhoso estivesse para ser realizado. Segundo a ordem de Elias, Acabe reúne os profetas de Baal no Carmelo. O coração do líder apostatado de Israel está aterrorizado; tremendo, ele cumpre a ordem do severo profeta de Deus. T3 279 3 O povo se reúne sobre o Monte Carmelo, um lugar de beleza quando o orvalho e a chuva caem sobre ele fazendo-o florescer, mas agora a beleza está amortecida sob a maldição de Deus. Sobre essa montanha, que era a excelência de bosques e flores, os profetas de Baal tinham construído altares para seu culto pagão. A montanha era notável; elevava-se acima das terras circunvizinhas e estava à vista de uma grande parte do reino. Como Deus tinha sido notoriamente desonrado pelo culto idólatra que ali se fazia, Elias escolheu esse lugar como o mais visível para a demonstração do poder de Deus e para vindicar Sua honra. T3 279 4 Os profetas de Jezabel, oitocentos e cinqüenta em número, como um regimento de soldados preparados para a batalha, saem como uma corporação com música instrumental e exibição imponente. Mas há tremor no coração ao considerarem que pela palavra desse profeta de Jeová a terra de Israel tinha sido desprovida de orvalho e chuva durante três anos. Sentem que alguma crise terrível se aproxima. Tinham confiado em seus deuses, mas não puderam anular as palavras de Elias e provar sua falsidade. Seus deuses eram indiferentes a seus gritos desesperados, suas orações e sacrifícios. T3 280 1 Elias, cedo de manhã, está de pé sobre o Monte Carmelo, cercado pelo Israel apóstata e os profetas de Baal. Um homem solitário naquela vasta multidão, ele permanece destemido. Ele, a quem todo o reino tinha culpado pelo peso da calamidade, está diante deles, destemido e desacompanhado de exércitos visíveis e ostentação imponente. Ali está, trajado com suas vestes rústicas, com tremenda solenidade no semblante, como se estivesse plenamente cônscio de sua missão sagrada como servo de Deus para executar Suas ordens. Elias fixa os olhos sobre o mais alto cume de montanhas onde tinha estado o altar de Jeová quando a montanha estava coberta de viçosas árvores e flores. A maldição de Deus está agora sobre ela; toda a desolação de Israel está à plena vista do negligenciado e destruído altar de Jeová, e à vista estão os altares de Baal. Acabe está à testa dos sacerdotes de Baal, e todos aguardam em ansiosa e temerosa expectativa as palavras de Elias. T3 280 2 À plena luz do sol, cercado de milhares -- soldados, profetas de Baal e o rei de Israel -- se acha o indefeso homem, Elias, aparentemente sozinho, mas não na realidade. O mais poderoso exército do Céu o cerca. Anjos "magníficos em poder" (Salmos 103:20) vieram do Céu para proteger o fiel e justo profeta. Com voz firme e autoritária, Elias exclama: "Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-O; e, se Baal, segui-o. Porém o povo lhe não respondeu nada." 1 Reis 18:21. Ninguém naquela vasta assembléia ousou pronunciar uma palavra por Deus e mostrar sua lealdade a Jeová. T3 280 3 Que engano surpreendente e terrível cegueira tinham, como uma nuvem escura, coberto Israel! Cegueira e apostasia não os envolveram subitamente; vieram sobre eles gradualmente por não terem atendido à palavra de reprovação e advertência que o Senhor lhes enviara devido ao seu orgulho e aos seus pecados. E agora, nessa crise terrível, na presença dos sacerdotes idólatras e do rei apóstata, permaneceram neutros. Se Deus aborrece um pecado mais do que outro, do qual Seu povo é culpado, é o de nada fazer no caso de uma emergência. Indiferença e neutralidade numa crise religiosa são consideradas por Deus como um crime grave e igual ao pior tipo de hostilidade contra Deus. T3 281 1 Todo Israel está silencioso. De novo a voz de Elias é ouvida lhes dizendo: "Só eu fiquei por profeta do Senhor, e os profetas de Baal são quatrocentos e cinqüenta homens. Dêem-se-nos, pois, dois bezerros, e eles escolham para si um dos bezerros, e o dividam em pedaços, e o ponham sobre a lenha, porém não lhe metam fogo, e eu prepararei o outro bezerro, e o porei sobre a lenha, e não lhe meterei fogo. Então, invocai o nome do vosso deus, e eu invocarei o nome do Senhor; e há de ser que o deus que responder por fogo esse será Deus. E todo o povo respondeu e disse: É boa esta palavra. E disse Elias aos profetas de Baal: Escolhei para vós um dos bezerros, e preparai-o primeiro, porque sois muitos, e invocai o nome do vosso deus, e não lhe metais fogo. E tomaram o bezerro que lhes dera e o prepararam; e invocaram o nome de Baal, desde a manhã até ao meio-dia, dizendo: Ah! Baal, responde-nos! Porém nem havia voz, nem quem respondesse; e saltavam sobre o altar que se tinha feito." 1 Reis 18:22-26. T3 281 2 A proposta de Elias é razoável. O povo não ousa esquivar-se, e acharam coragem para responder: "É boa esta palavra." Os profetas de Baal não ousam discordar ou fugir da questão. Deus dirigiu essa prova e preparou confusão para os autores de idolatria e um triunfo assinalado para Seu nome. Os sacerdotes de Baal não ousam rejeitar as condições. Com terror e culpa no coração, embora exteriormente atrevidos e desafiantes, eles levantam o altar, põem a lenha e a vítima, e então começam seus encantamentos, sua cantilena e berros próprios do culto pagão. Seus gritos agudos ressoam através de florestas e montanhas: "Ah! Baal, responde-nos." Os sacerdotes se reúnem como um exército em volta de seus altares, e saltando, e se contorcendo, e gritando, e sapateando, e com gestos desnaturais, e arrancando o cabelo, e cortando sua carne, manifestam aparente sinceridade. T3 282 1 A manhã passa, e vem a tarde, e todavia não há um movimento de seus deuses compadecendo-se dos sacerdotes de Baal, os iludidos adoradores de ídolos. Nenhuma voz responde a seus gritos frenéticos. Os sacerdotes estão continuamente imaginando como, por meio de engano, hão de conseguir acender um fogo sobre os altares e dar a glória a Baal. Mas o firme olhar de Elias observa todo movimento. Oitocentas vozes tornam-se roucas. Suas vestes ficam cobertas de sangue, e não obstante seu incitamento desesperado não diminui. Suas súplicas são misturadas com maldições a seu deus sol por não enviar fogo para seus altares. Elias está a postos, observando com olhos de águia com receio de que alguma trapaça fosse praticada; porque sabe que se, por qualquer artimanha, pudessem acender o fogo em seu altar, ele seria despedaçado num instante. Ele deseja mostrar ao povo a tolice de duvidar e coxear entre duas opiniões, quando eles têm as maravilhosas obras do poder majestoso de Deus a seu favor e inúmeras evidências de Sua infinita misericórdia e bondade para com eles. T3 282 2 "E sucedeu que, ao meio-dia, Elias zombava deles e dizia: Clamai em altas vozes, porque ele é um deus; pode ser que esteja falando, ou que tenha alguma coisa que fazer, ou que intente alguma viagem; porventura, dorme e despertará. E eles clamavam a grandes vozes e se retalhavam com facas e com lancetas, conforme o seu costume, até derramarem sangue sobre si. E sucedeu que, passado o meio-dia, profetizaram eles, até que a oferta de manjares se oferecesse; porém não houve voz, nem resposta, nem atenção alguma." 1 Reis 18:27-29. T3 282 3 Quão alegremente teria Satanás, que caiu como um raio do céu, vindo para ajudar aqueles a quem tinha enganado, cuja mente ele tinha controlado, e que eram inteiramente devotados a seu serviço. Jubiloso teria ele enviado um relâmpago e acendido o fogo para seus sacrifícios, mas Jeová pôs um limite a Satanás. Restringiu seu poder, e todo seu engenho não pode comunicar uma faísca aos altares de Baal. A noite se aproxima. Os profetas de Baal estão cansados, exaustos e confusos. Um sugere uma coisa e outro outra, até que cessam seus esforços. Seus berros e maldições não mais ressoam sobre o Monte Carmelo. Em fraqueza e desespero, eles se retiram da luta. T3 283 1 O povo assistiu às terríveis demonstrações de sacerdotes irracionais e desesperados. Contemplaram seus saltos sobre o altar como se fossem captar os raios flamejantes do sol para servir a seus altares. Cansaram-se com as exibições de demonismo, de idolatria pagã; e sentem-se convictos e ansiosos para ouvir o que Elias dirá. T3 283 2 Chegou agora a vez de Elias. "Então, Elias disse a todo o povo: Chegai-vos a mim. E todo o povo se chegou a ele; e reparou o altar do Senhor, que estava quebrado. E Elias tomou doze pedras, conforme o número das tribos dos filhos de Jacó, ao qual veio a palavra do Senhor, dizendo: Israel será o teu nome. E com aquelas pedras edificou o altar em nome do Senhor; depois, fez um rego em redor do altar, segundo a largura de duas medidas de semente. Então, armou a lenha, e dividiu o bezerro em pedaços, e o pôs sobre a lenha, e disse: Enchei de água quatro cântaros e derramai-a sobre o holocausto e sobre a lenha. E disse: Fazei-o segunda vez; e o fizeram segunda vez. Disse ainda: Fazei-o terceira vez; e o fizeram terceira vez, de maneira que a água corria ao redor do altar, e ainda até o rego encheu de água. Sucedeu, pois, que, oferecendo-se a oferta de manjares, o profeta Elias se chegou e disse: Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, manifeste-se hoje que Tu és Deus em Israel, e que eu sou Teu servo, e que conforme a Tua palavra fiz todas estas coisas. Responde-me, Senhor, responde-me, para que este povo conheça que Tu, Senhor, és Deus e que Tu fizeste tornar o seu coração para trás. Então, caiu fogo do Senhor, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego. O que vendo todo o povo, caiu sobre os seus rostos e disse: Só o Senhor é Deus! Só o Senhor é Deus!" 1 Reis 18:30-39. T3 284 1 Elias na hora do sacrifício da tarde repara o altar de Deus, o qual a apostasia de Israel tinha permitido que os sacerdotes de Baal derrubassem. Ele não chama alguém do povo para ajudá-lo em sua tarefa laboriosa. Os altares de Baal estão todos preparados; mas ele se volta ao demolido altar de Deus, que é mais sagrado e precioso para ele em seu estado feio de ruína do que todos os altares magníficos de Baal. T3 284 2 Elias respeita o concerto de Deus com Seu povo, embora o povo tenha apostatado. Com calma e solenidade, ele repara o altar de doze pedras, segundo o número das doze tribos de Israel, que fora derrubado. Os sacerdotes de Baal, desapontados, cansados de seus esforços vãos e frenéticos, estão sentados ou jazem prostrados no chão, esperando para ver o que Elias vai fazer. Estão cheios de temor e ódio para com o profeta por ter proposto um teste que expôs sua fraqueza e a ineficiência de seus deuses. T3 284 3 O povo de Israel está fascinado, pálido, ansioso e quase sem fôlego de terror, enquanto Elias invoca Jeová, o Criador dos céus e da Terra. O povo testemunhou o delírio fanático e irracional dos profetas de Baal. Em contraste, tem agora o privilégio de testemunhar a conduta calma e reverente de Elias. Ele lembra ao povo sua degradação, que tinha suscitado a ira de Deus contra eles, e então apela para que humilhem o coração e se voltem ao Deus de seus pais, para que Sua maldição seja removida deles. Acabe e seus sacerdotes idólatras olham com espanto misturado com terror. Aguardam o desfecho em silêncio ansioso e solene. T3 284 4 Depois da vítima ser colocada sobre o altar, ele ordena que o povo inunde com água o sacrifício e o altar, e que encha o rego em volta do altar. Então reverentemente curva-se diante do Deus invisível, levanta as mãos ao céu e oferece uma oração calma e simples, isenta de gestos violentos ou contorções do corpo. Nenhum grito ressoou sobre o alto do Carmelo. Um silêncio solene, que é opressivo aos sacerdotes de Baal, repousa sobre todos. Em sua oração, Elias não faz uso de expressões extravagantes. Ora a Jeová como se Ele estivesse próximo, testemunhando toda a cena e ouvindo sua oração sincera, fervorosa, embora simples. Os sacerdotes de Baal tinham gritado, e espumado, e saltado, e implorado muito tempo -- da manhã até quase à noite. A prece de Elias é muito curta, fervorosa, reverente e sincera. Mal é pronunciada aquela oração quando chamas descem do céu de um modo distinto, como um relâmpago brilhante, acendendo a lenha do sacrifício e consumindo a vítima, lambendo a água no rego e consumindo até as pedras do altar. O brilho da chama ilumina a montanha e é doloroso aos olhos da multidão. O povo do reino de Israel que não se acha sobre a montanha está observando com interesse os que estão ali reunidos. Quando o fogo desce, eles o vêem e ficam espantados com o espetáculo. Parece-se com a coluna de fogo junto ao Mar Vermelho, que de noite separava os filhos de Israel dos exércitos egípcios. T3 285 1 O povo sobre a montanha se prostra com terror e espanto diante do Deus invisível. Não podem olhar para o fogo brilhante e consumidor enviado do Céu. Temem que serão consumidos em sua apostasia e pecados, e clamam a uma voz, que ressoa sobre as montanhas e ecoa com clareza terrível para a planície abaixo: "Só o Senhor é Deus! Só o Senhor é Deus!" 1 Reis 18:39. Israel é afinal despertado e seus olhos são abertos. Vêem seu pecado e quanto haviam desonrado a Deus. Sua ira é despertada contra os profetas de Baal. Com terror, Acabe e os sacerdotes de Baal testemunham a maravilhosa exibição do poder de Jeová. De novo, a voz de Elias é ouvida em palavras surpreendentes de ordem ao povo: "Lançai mão dos profetas de Baal, que nenhum deles escape." 1 Reis 18:40. O povo está pronto para obedecer a sua palavra. Eles prendem os profetas falsos que os iludiram, e os trazem ao ribeiro de Quisom, e aí, com a própria mão, Elias mata estes sacerdotes idólatras. T3 286 1 Tendo sido executados os juízos de Deus sobre os sacerdotes falsos, o povo confessado seus pecados e reconhecido o Deus de seus pais, a maldição desoladora de Deus vai agora ser removida, e Ele vai renovar Suas bênçãos ao Seu povo, e de novo refrescar a terra com orvalho e chuva. T3 286 2 Elias se dirige a Acabe, dizendo: "Sobe, come e bebe, porque ruído há de uma abundante chuva." 1 Reis 18:41. Enquanto Acabe subiu para festejar, Elias subiu do extraordinário sacrifício ao cume do Carmelo para orar. A obra de matar os sacerdotes pagãos não o desqualificara para o exercício solene da oração. Ele tinha cumprido a vontade de Deus. Depois de ter feito, como instrumento de Deus, o que podia para remover a causa da apostasia de Israel matando os sacerdotes idólatras, não podia fazer mais. Intercede então em favor de Israel, que pecara e apostatara. Na posição mais penosa, o rosto entre os joelhos, suplica fervorosamente a Deus para enviar chuva. Seis vezes seguidas envia seu servo para ver se há algum sinal visível de que Deus lhe ouvira a oração. Ele não se torna impaciente e sem fé porque o Senhor não deu imediatamente um sinal de que sua oração fora ouvida. Continua em oração fervorosa, enviando seu servo sete vezes para ver se Deus tinha concedido qualquer sinal. Seu servo volta pela sexta vez de sua observação do mar com o relato desanimador de que não há sinal de nuvens se formando no céu de bronze. Na sétima vez ele informa Elias de que há uma pequena nuvem à vista do tamanho da mão de um homem. Isso era o bastante para satisfazer a fé de Elias. Não espera até que o céu se escureça, para ter certeza. Naquela pequena nuvem ascendente, ouve pela fé o som de abundante chuva. Suas obras são segundo a sua fé. Envia uma mensagem a Acabe por seu servo: "Aparelha o teu carro e desce, para que a chuva te não apanhe." 1 Reis 18:44. A humildade de Elias T3 287 1 Aqui Elias arriscou algo baseado em sua fé. Não esperou para ver. "E sucedeu que, entretanto, os céus se enegreceram com nuvens e vento, e veio uma grande chuva; e Acabe subiu ao carro e foi para Jezreel. E a mão do Senhor estava sobre Elias, o qual cingiu os lombos, e veio correndo perante Acabe, até à entrada de Jezreel." 1 Reis 18:45, 46. T3 287 2 Elias tinha passado por grande agitação e esforço durante o dia; mas o Espírito do Senhor veio sobre ele porque fora obediente e fizera Sua vontade executando os sacerdotes idólatras. Alguns estarão prontos a dizer: Que homem duro e cruel deve ter sido Elias! E qualquer um que defenda a honra de Deus a qualquer risco suscitará, de uma grande classe, censura e condenação sobre si mesmo. T3 287 3 Começou a chover. Era noite, e a chuva que cegava impedia que Acabe visse o caminho. Elias, fortalecido pelo Espírito e poder de Deus, cingiu-se de seu manto rústico e correu adiante do carro de Acabe, guiando-o até a entrada da cidade. O profeta de Deus humilhara Acabe diante do povo. Matara seus sacerdotes idólatras, e agora desejava mostrar a Israel que reconhecia Acabe como seu rei. Como um ato de homenagem especial ele guiou a carruagem, correndo diante dela até a entrada do portão da cidade. T3 287 4 Aqui há uma lição para rapazes que professam ser servos de Deus, levando Sua mensagem, e se exaltam em estima própria. Não podem apontar para nada de notável em sua experiência, como podia Elias, mas se sentem acima do cumprimento de deveres que lhes parecem servis. Não descem de sua dignidade ministerial para fazer serviço necessário, receando que vão fazer o trabalho de um servo. Tais pessoas devem aprender do exemplo de Elias. Sua palavra impediu que os tesouros do céu -- o orvalho e a chuva -- caíssem sobre a terra por três anos. Somente sua palavra era a chave para abrir o céu e trazer chuva. Ele foi honrado por Deus ao oferecer sua simples oração na presença do rei e dos milhares de Israel, em resposta à qual chamas faiscaram do céu e acenderam o fogo sobre o altar de sacrifício. Sua mão executou o juízo de Deus ao matar oitocentos e cinqüenta sacerdotes de Baal; e não obstante, depois da tarefa exaustiva e do mais assinalado triunfo do dia, aquele que podia trazer nuvens, chuva e fogo do céu está disposto a fazer o serviço de um criado e correr adiante da carruagem de Acabe na escuridão, no vento e na chuva para servir ao soberano a quem não tinha receado reprovar abertamente por causa de seus pecados e crimes. O rei passou pelos portões. Elias embrulhou-se em seu manto e deitou-se na terra desnuda. O desânimo de Elias T3 288 1 Depois de Elias mostrar coragem tão destemida em uma luta entre vida e morte, depois de ter triunfado sobre o rei, os sacerdotes e o povo, haveríamos naturalmente de supor que ele nunca cederia ao desânimo ou sucumbiria à timidez. T3 288 2 Após Elias comparecer diante de Acabe pela primeira vez, pronunciando sobre ele os juízos de Deus por causa de sua apostasia e a de Israel, Deus dirigiu seu caminho longe do poder de Jezabel a um lugar de segurança nas montanhas, junto ao ribeiro de Querite. Ali honrou a Elias, enviando-lhe alimento de manhã e à tarde por um anjo do Céu. Então, quando o riacho se secou, enviou-o à viúva de Sarepta, e realizou diariamente um milagre para alimentar a família da viúva e Elias. Depois de ter sido abençoado com evidências de tal amor e cuidado da parte de Deus, haveríamos de supor que Elias nunca perderia sua confiança nEle. Mas o apóstolo nos diz que ele "era homem sujeito às mesmas paixões que nós" (Tiago 5:17), e como nós, sujeito às tentações. T3 288 3 Acabe narrou à sua mulher os acontecimentos maravilhosos do dia e as demonstrações extraordinárias do poder de Deus mostrando que Jeová, o Criador dos céus e da Terra, é Deus; também que Elias tinha matado os profetas de Baal. Com isso, Jezabel, que era endurecida no pecado, ficou furiosa. Ousada, desafiante e resoluta em sua idolatria, declarou a Acabe que Elias não havia de viver. T3 289 1 Naquela noite um mensageiro acordou o profeta exausto e comunicou-lhe a palavra de Jezabel, dada em nome de seus deuses pagãos, que ela faria, na presença de Israel, a Elias como ele fizera aos profetas de Baal. Elias devia ter enfrentado esta ameaça e juramento de Jezabel com um apelo à proteção do Deus do Céu, que o encarregara de fazer o trabalho que ele fizera. Devia ter dito ao mensageiro que o Deus em quem confiava seria seu protetor em face do ódio e das ameaças de Jezabel. Mas a fé e a coragem de Elias parecem abandoná-lo. Levanta-se confuso de seu sono. A chuva está jorrando do céu, e há escuridão de todo lado. Perde a Deus de vista e foge para salvar a vida, como se o vingador de sangue estivesse a seu encalço. Deixa seu servo para trás, e pela manhã se encontra longe de habitação humana, sozinho em um deserto desolado. T3 289 2 "O que vendo ele, se levantou, e, para escapar com vida, se foi, e veio a Berseba, que é de Judá, e deixou ali o seu moço. E ele se foi ao deserto, caminho de um dia, e veio, e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu em seu ânimo a morte e disse: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais. E deitou-se e dormiu debaixo de um zimbro; e eis que, então, um anjo o tocou e lhe disse: Levanta-te e come. E olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brasas e uma botija de água; e comeu, e bebeu, e tornou a deitar-se. E o anjo do Senhor tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque mui comprido te será o caminho. Levantou-se, pois, e comeu, e bebeu, e, com a força daquela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus. E ali entrou numa caverna e passou ali a noite; e eis que a palavra do Senhor veio a ele e lhe disse: Que fazes aqui, Elias?" 1 Reis 19:3-9. T3 290 1 Elias devia ter confiado em Deus, que o tinha advertido quando fugir e onde encontrar abrigo longe do ódio de Jezabel, a salvo da busca diligente de Acabe. O Senhor dessa vez não o advertira a fugir. Ele não esperou que o Senhor lhe falasse. Ele agiu precipitadamente. Tivesse ele esperado com fé e paciência, Deus teria protegido Seu servo e lhe teria dado outra marcante vitória em Israel, enviando Seus juízos sobre Jezabel. T3 290 2 Cansado e prostrado, Elias senta-se para descansar. Está desanimado e sente como quem quer murmurar. Diz: "Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais." 1 Reis 19:4. Sente que a vida não é mais desejável. Esperava que, depois da manifestação notável do poder de Deus na presença de Israel, eles seriam leais e fiéis a Deus. Esperava que Jezabel não mais tivesse influência sobre a mente de Acabe e que haveria uma revolução geral no reino de Israel. E quando a mensagem ameaçadora de Jezabel lhe foi comunicada, esqueceu que Deus era o mesmo Deus todo-poderoso e compassivo de quando orou por fogo do Céu, e veio, e por chuva, e choveu. Deus atendera todos os pedidos; todavia, Elias é um fugitivo longe de habitação humana, e deseja nunca mais ver um ser humano. T3 290 3 Como considerou Deus Seu servo sofredor? Abandonou-o porque desânimo e desespero o tinham acometido? Oh, não! Elias estava abatido pelo desânimo. O dia todo tinha lutado sem alimento. Quando guiou a carruagem de Acabe, correndo diante dela até ao portão da cidade, estava cheio de coragem. Tinha esperanças elevadas de que Israel como nação voltaria à sua lealdade para com Deus e que seria restabelecida a Seu favor. Mas a reação que freqüentemente segue uma exaltação de fé e um sucesso marcante e glorioso pesava sobre Elias. Ele fora exaltado ao topo de Pisga, para ser humilhado ao vale mais profundo em fé e sentimento. Mas os olhos de Deus estavam ainda sobre Seu servo. Não o amava menos ao estar ele com o coração quebrantado e sentir-se abandonado por Deus e pelos homens do que quando, em resposta à sua oração, fogo flamejou do céu iluminando o Carmelo. T3 291 1 Aqueles que não arcaram com responsabilidades pesadas, ou que não estão acostumados a sentir profundamente, não podem entender os sentimentos de Elias e não estão preparados a tratá-lo com a terna simpatia que ele merece. Deus sabe e pode ler a angústia do coração ferido sob tentação e conflito doloroso. T3 291 2 Ao dormir Elias sob o zimbro, um toque leve e uma voz agradável o despertaram. Ele salta imediatamente em terror, como se quisesse fugir, como se o inimigo que estava ao encalço de sua vida o tivesse de fato achado. Porém, no semblante compassivo de amor que se curva sobre ele, vê não a face de um inimigo, e sim a de um amigo. Um anjo tinha sido enviado com alimento do Céu para suster o fiel servo de Deus. Sua voz diz a Elias: "Levanta-te e come." 1 Reis 19:5. Depois de Elias ter participado da refeição preparada para ele, dorme de novo. Uma segunda vez o anjo de Deus ministra às necessidades de Elias. Ele toca o homem cansado e exausto, e com compassiva ternura lhe diz: "Levanta-te e come, porque mui comprido te será o caminho." 1 Reis 19:7. Elias foi fortalecido e prosseguiu sua viagem até ao Horebe. Ele estava em um deserto. À noite alojou-se numa caverna para proteger-se de animais ferozes. T3 291 3 Aqui Deus, mediante um de Seus anjos, encontra-Se com Elias, e indaga: "Que fazes aqui, Elias?" 1 Reis 19:9. Eu o enviei ao ribeiro de Querite, Eu o enviei à viúva de Sarepta, Eu o enviei a Samaria com uma mensagem para Acabe, mas quem o enviou nesta longa viagem ao deserto? E que propósito tem você aqui? Elias lamenta a amargura de seu coração ao Senhor. "E ele disse: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram o Teu concerto, derribaram os Teus altares e mataram os Teus profetas à espada; e eu fiquei só, e buscam a minha vida para ma tirarem. E Ele lhe disse: Sai para fora e põe-te neste monte perante a face do Senhor. E eis que passava o Senhor, como também um grande e forte vento, que fendia os montes e quebrava as penhas diante da face do Senhor; porém o Senhor não estava no vento; e, depois do vento, um terremoto; também o Senhor não estava no terremoto; e, depois do terremoto, um fogo; porém também o Senhor não estava no fogo; e, depois do fogo, uma voz mansa e delicada. E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto na sua capa, e saiu para fora, e pôs-se à entrada da caverna; e eis que veio a ele uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias? E ele disse: Eu tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram o Teu concerto, derribaram os Teus altares e mataram os Teus profetas à espada; e eu fiquei só, e buscam a minha vida para ma tirarem." 1 Reis 19:10-14. T3 292 1 Então o Senhor Se manifesta a Elias, mostrando-lhe que confiança tranqüila em Deus e firme dependência dEle sempre serão um auxílio presente em tempo de necessidade. T3 292 2 Foi-me mostrado que meu marido errou cedendo ao desânimo e desconfiança de Deus. Repetidas vezes Deus tem Se revelado a ele por meio de evidências notáveis de Seu cuidado, amor e poder. Mas, quando viu que seu interesse e zelo por Deus e Sua causa não foram compreendidos ou apreciados, por vezes tem dado lugar a desânimo e desespero. Deus deu a meu marido e a mim uma obra especial e importante para realizar em Sua causa, a fim de reprovar e aconselhar Seu povo. Quando vemos nossas reprovações menosprezadas e somos retribuídos com ódio em vez de simpatia, então freqüentemente temos perdido nossa fé e confiança no Deus de Israel; e, como Elias, temos nos entregado ao desânimo e desespero. Isso tem sido o grande erro na vida de meu marido -- o fato dele ficar desanimado porque seus irmãos lhe têm trazido provações em vez de ajudá-lo. E, quando seus irmãos vêem na tristeza e desânimo de meu marido o efeito de sua descrença e falta de simpatia, alguns estão preparados para triunfar sobre ele e aproveitar-se de seu desalento, e sentir que, depois de tudo, Deus não pode estar com o irmão White ou ele não manifestaria fraqueza nesse sentido. Chamo a atenção de tais pessoas à obra de Elias e a seu desânimo e desalento. Elias, embora um profeta de Deus, era "homem sujeito às mesmas paixões que nós". Tiago 5:17. Temos a fragilidade de sensibilidades mortais com as quais lutar. Porém, se confiarmos em Deus, Ele nunca nos deixa ou abandona. Sob todas as circunstâncias podemos ter firme confiança em Deus que Ele nunca nos deixará ou abandonará enquanto preservarmos nossa integridade. T3 293 1 Meu marido pode obter coragem em sua aflição por ter um Pai celestial compassivo que lê os motivos e compreende os propósitos do coração. Aqueles que estão à frente do conflito e que são constrangidos pelo Espírito de Deus para fazer um trabalho especial para Ele sentirão freqüentemente uma reação quando a pressão é removida, e o desânimo pode por vezes oprimi-los duramente e abalar a fé mais heróica e enfraquecer as mentes mais constantes. Deus compreende todas as nossas fraquezas. Ele pode compadecer e amar quando o coração de homens pode ser duro como uma rocha. Esperar pacientemente em Deus e nEle confiar quando tudo parece escuro é a lição que meu marido precisa aprender mais plenamente. Deus não o decepcionará em sua integridade. ------------------------Capítulo 28 -- Moisés e Arão T3 293 2 Sobre o Monte Hor morreu Arão e foi sepultado. Moisés, irmão de Arão, e Eleazar, seu filho, acompanharam-no ao monte. Coube a Moisés o dever penoso de remover de seu irmão Arão as vestes sacerdotais e colocá-las sobre Eleazar, porque Deus tinha dito que ele deveria suceder a Arão no sacerdócio. Moisés e Eleazar testemunharam a morte de Arão, e Moisés o sepultou na montanha. Esta cena sobre o Monte Hor transporta nossa mente a alguns dos acontecimentos mais marcantes na vida de Arão. T3 293 3 Arão era um homem de amável disposição, a quem Deus escolheu para estar ao lado de Moisés e para falar por ele; em resumo, ser o porta-voz de Moisés. Deus podia ter escolhido Arão como líder; mas Aquele que conhece os corações, que compreende o caráter, sabia que Arão era inseguro e lhe faltava coragem moral para persistir na defesa do direito sob quaisquer circunstâncias, fossem quais fossem as conseqüências. O desejo de Arão de ganhar a boa vontade do povo algumas vezes o levou a cometer graves erros. Com demasiada freqüência ele cedia a suas súplicas, e assim fazendo desonrava a Deus. Em sua família, a mesma falta de firmeza pelo que é correto resultou na morte de dois de seus filhos. Arão era excelente em piedade e utilidade, mas negligenciou disciplinar sua família. Em vez de cumprir a tarefa de exigir respeito e reverência de seus filhos, permitiu que seguissem suas inclinações. Não os educou acerca da abnegação, mas cedeu a seus desejos. Não foram ensinados a respeitar e reverenciar a autoridade paterna. O pai era o dirigente legítimo da própria família enquanto vivesse. Sua autoridade não devia cessar, mesmo depois de os filhos terem crescido e terem as próprias famílias. O próprio Deus era o Rei da nação, e reivindicava obediência e honra do povo. T3 294 1 A ordem e a prosperidade do reino dependiam da boa ordem da igreja. E a prosperidade, harmonia e ordem da igreja dependiam da boa ordem e perfeita disciplina das famílias. Deus pune a infidelidade dos pais, aos quais confiou o dever de manter os princípios do governo paterno, que se encontram no fundamento da disciplina da igreja e da prosperidade da nação. Uma criança indisciplinada tem freqüentemente prejudicado a paz e a harmonia de uma igreja, e incitado uma nação à murmuração e rebelião. Do modo mais solene, o Senhor ordenou aos filhos o dever de afetuosamente respeitar e honrar seus pais. Por outro lado, Ele requer dos pais que eduquem os filhos e com diligência incessante os instruam quanto às reivindicações de Sua lei e os ensinem no conhecimento e temor de Deus. Estes preceitos que Deus impôs aos judeus com tanta solenidade repousam com igual peso sobre os pais cristãos. Aqueles que negligenciam a luz e a instrução que Deus deu em Sua Palavra quanto a educar os filhos e ordenar suas casas após eles terão terrível acerto de contas. A negligência criminosa de Arão para impor respeito e reverência a seus filhos resultou na morte deles. T3 295 1 Deus honrou a Arão escolhendo ele e sua posteridade masculina para o sacerdócio. Seus filhos ministravam no cargo sagrado. Nadabe e Abiú deixaram de reverenciar a ordem de Deus de oferecer diante dEle fogo sagrado sobre seus incensários com incenso. Deus os tinha proibido, sob pena de morte, de apresentar diante dEle o fogo comum com o incenso. T3 295 2 Aqui se vê o resultado de uma disciplina frouxa. Como os filhos de Arão não tivessem sido educados para respeitar e reverenciar as ordens do pai, pois desrespeitavam a autoridade paterna, não compreendiam a necessidade de seguir de maneira explícita as determinações de Deus. Quando condescendiam com seu apetite por vinho e ficavam sob seu estímulo excitante, sua razão tornava-se anuviada e não podiam discernir a diferença entre o sagrado e o comum. Contrariando as indicações expressas de Deus, eles O desonraram oferecendo fogo comum em lugar de fogo santo. Deus os visitou com Sua ira; saiu fogo de Sua presença e os destruiu. T3 295 3 Arão suportou sua severa aflição com paciência e humilde submissão. Pesar e profunda agonia lhe amarguraram o coração. Ele foi convencido de haver negligenciado o dever. Era sacerdote do Altíssimo, a fim de fazer expiação pelos pecados do povo. Era sacerdote de sua casa, e contudo tinha sido inclinado a deixar passar por alto a insensatez de seus filhos. Havia negligenciado o dever de dirigi-los e educá-los na obediência, abnegação e reverência para com a autoridade paterna. Mediante sentimentos de condescendência mal aplicada, deixou de moldar-lhes o caráter com elevada reverência pelas coisas eternas. Arão não viu -- não mais do que vêem muitos pais cristãos agora -- que seu amor mal aplicado e sua condescendência para com os seus filhos naquilo que estava errado preparavam-nos para o desagrado certo de Deus e Sua ira a irromper sobre eles para sua destruição. Enquanto Arão negligenciava exercer sua autoridade, a justiça de Deus se despertava contra eles. Arão precisava aprender que suas gentis advertências, sem o firme exercício da correção paterna, e sua imprudente ternura para com os filhos eram extrema crueldade. Deus fez justiça com as próprias mãos e destruiu os filhos de Arão. T3 296 1 Quando Deus chamou Moisés para que subisse a montanha, passaram-se seis dias antes de ser recebido na nuvem, na presença imediata de Deus. O cume da montanha estava incandescente com a glória de Deus. Contudo, enquanto os filhos de Israel contemplavam essa glória, a descrença lhes era tão natural que descontentes começaram a murmurar porque Moisés estava ausente. Enquanto a glória de Deus indicava Sua presença sagrada sobre a montanha e seu líder estava em conversa íntima com Deus, eles deviam estar-se santificando através de um exame profundo do coração, humilhação e fervoroso temor. Deus tinha deixado Arão e Hur no lugar de Moisés. Em sua ausência, o povo devia consultar e aconselhar-se com estes homens designados por Deus. T3 296 2 Aqui se vê a deficiência de Arão como líder ou governador de Israel. O povo suplicou-lhe que fizesse deuses para irem adiante deles ao Egito. Aqui estava uma oportunidade para Arão mostrar sua fé e confiança inabaláveis em Deus, e com firmeza e decisão enfrentar a proposta do povo. Mas seu desejo natural de agradar e concordar com o povo o levou a sacrificar a honra de Deus. Pediu que lhe trouxessem seus ornamentos, fabricou para eles um bezerro de ouro e proclamou diante do povo: "Estes são teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egito." Êxodo 32:4. E a esse deus insensível ele fez um altar e proclamou para o dia seguinte uma festa para o Senhor. Toda restrição parecia removida do povo. Ofereceram ofertas queimadas ao bezerro de ouro, e um espírito de leviandade tomou posse deles. Eles condescenderam com orgia vergonhosa e bebedeira; comeram, beberam e "levantaram-se a folgar". Êxodo 32:6. T3 296 3 Apenas poucas semanas haviam se passado desde que fizeram um concerto solene com Deus para obedecer Sua voz. Tinham ouvido as palavras da lei de Deus pronunciadas em grandiosidade terrível do Monte Sinai, em meio a trovões e relâmpagos e tremor de terra. Tinham ouvido a declaração dos lábios do próprio Deus: "Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de Mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque Eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que Me aborrecem e faço misericórdia em milhares aos que Me amam e guardam os Meus mandamentos." Êxodo 20:2-6. T3 297 1 Arão e seus filhos tinham sido honrados ao serem chamados ao monte para ali testemunhar a glória de Deus. "E viram o Deus de Israel, e debaixo de Seus pés havia como uma obra de pedra de safira e como o parecer do Céu na Sua claridade." Êxodo 24:10. T3 297 2 Deus tinha designado Nadabe e Abiú para uma obra santíssima; portanto, Ele os honrou de um modo maravilhoso. Deu-lhes uma visão de Sua excelente glória, para que as cenas que vissem no monte ficassem com eles e os qualificassem melhor para ministrar em Seu serviço e para render-Lhe aquela honra exaltada e reverência diante do povo que lhes dessem concepções mais claras de Seu caráter e despertassem neles a obediência e a reverência devidas a todos os Seus preceitos. T3 297 3 Antes de Moisés deixar seu povo para ir ao monte, leu para eles as palavras do concerto que Deus tinha feito com eles, e eles a uma voz responderam: "Tudo o que o Senhor falou faremos." Êxodo 19:8. Quão grande deve ter sido o pecado de Arão, quão grave aos olhos de Deus! T3 297 4 Enquanto Moisés recebia a lei de Deus no monte, o Senhor o informou sobre o pecado do Israel rebelde e pediu-lhe que os abandonasse, para que Ele os destruísse. Mas Moisés intercedeu com Deus pelo povo. Ele era o homem mais manso que jamais viveu; todavia, quando os interesses do povo sobre o qual Deus o havia designado como líder estavam em jogo, ele perdeu sua timidez natural e com persistência singular e maravilhosa ousadia pleiteou com Deus a favor de Israel. Não consentiria que Deus destruísse Seu povo, embora Deus prometesse que na sua destruição Ele exaltaria a Moisés e levantaria um povo melhor do que Israel. T3 298 1 Moisés prevaleceu. Deus concedeu sua petição sincera de não destruir Seu povo. Moisés tomou as tábuas do concerto, a lei dos Dez Mandamentos, e desceu do monte. A orgia e a confusão da bebedeira dos filhos de Israel alcançaram seus ouvidos muito antes de chegar ao acampamento. Quando viu sua idolatria, e que tinham quebrado do modo mais marcante as palavras do concerto, foi tomado de tristeza e indignação por causa de sua vil idolatria. Confusão e vergonha tomaram posse dele, e jogou ali as tábuas e as quebrou. Como tinham quebrado seu concerto com Deus, Moisés, quebrando as tábuas, indicou-lhes que Deus também tinha quebrado Seu concerto com eles. As tábuas sobre as quais fora escrita a lei de Deus foram quebradas. T3 298 2 Arão, com sua disposição amável, tão mansa e agradável, procurou apaziguar Moisés, como se nenhum pecado muito grande tivesse sido cometido pelo povo acerca do qual devesse sentir tanto. Moisés replicou irado: "Que te tem feito este povo, que sobre ele trouxeste tamanho pecado? Então, disse Arão: Não se acenda a ira do meu senhor; tu sabes que este povo é inclinado ao mal; e eles me disseram: Faze-nos deuses que vão adiante de nós; porque não sabemos que sucedeu a este Moisés, a este homem que nos tirou da terra do Egito. Então, eu lhes disse: Quem tem ouro, arranque-o; e deram-mo, e lancei-o no fogo, e saiu este bezerro." Êxodo 32:21-24. Arão quis que Moisés pensasse que algum milagre maravilhoso tinha transformado seus ornamentos de ouro na forma de um bezerro. Não contou a Moisés que ele, com outros artífices, tinham feito aquela imagem. T3 298 3 Arão pensara que Moisés tinha sido muito intransigente com os desejos do povo. Pensou que se Moisés tivesse sido menos firme, menos resoluto às vezes, e que se tivesse feito um compromisso com o povo e condescendido com seus desejos, ele teria tido menos problema, e havido mais paz e harmonia no acampamento de Israel. Ele, portanto, tinha adotado essa nova política. Dera expressão a seu temperamento natural, cedendo aos desejos do povo, para poupar insatisfação e preservar sua boa vontade, e desse modo evitar uma rebelião, que pensava certamente ocorreria se não cedesse a seus desejos. Mas se Arão tivesse permanecido inabalável a Deus; se tivesse enfrentado a exigência do povo para que lhes fizesse deuses que fossem adiante deles ao Egito com a justa indignação e horror que a proposta deles merecia; se lhes tivesse mencionado os terrores do Sinai, onde Deus tinha pronunciado Sua lei em tal glória e majestade; se lhes tivesse lembrado de seu concerto solene com Deus de obedecer a tudo que Ele mandasse; enfim, se tivesse lhes dito que não cederia a suas súplicas, mesmo com o sacrifício da própria vida, teria tido influência sobre o povo para prevenir uma terrível apostasia. Mas quando, na ausência de Moisés, sua influência foi requerida para ser usada na direção certa, quando devia ter ficado firme e intransigente como Moisés, para impedir que o povo seguisse uma conduta pecaminosa, sua influência foi exercida na direção errada. Foi fraco em fazer sua influência ser sentida em defesa da honra de Deus pela guarda de Sua santa lei. Mas do lado errado ele exerceu uma forte influência. Ele ordenou, e o povo obedeceu. T3 299 1 Quando Arão deu o primeiro passo no caminho errado, ele foi imbuído do espírito que tinha atuado sobre o povo, e tomou a dianteira e comandou como um general, e o povo foi obediente de modo singular. Aqui Arão sancionou de modo decisivo os pecados mais graves, porque era menos difícil do que ficar firme em defesa do direito. Quando se desviou de sua integridade consentindo com o povo em seus pecados, parecia inspirado por decisão, fervor e zelo novos para ele. Sua timidez pareceu subitamente dissipar-se. Com um zelo que nunca tinha manifestado na defesa da honra de Deus contra o erro, tomou os instrumentos para transformar o ouro na imagem de um bezerro. Ordenou que um altar fosse construído, e, com convicção digna de melhor causa, proclamou ao povo que no dia seguinte haveria "festa ao Senhor". Êxodo 32:5. Os trombeteiros tomaram as palavras dos lábios de Arão e ressoaram a proclamação de companhia em companhia dos exércitos de Israel. T3 300 1 A calma segurança de Arão em uma conduta errada deu-lhe maior influência com o povo do que Moisés poderia ter tido em conduzi-los a uma conduta certa e em subjugar sua rebelião. Que cegueira espiritual terrível deve ter sobrevindo a Arão para que trocasse luz por trevas e trevas por luz! Que presunção de sua parte de proclamar uma festa ao Senhor ligada com o culto idólatra da imagem de ouro! Aqui se vê o poder que Satanás tem sobre mentes que não são inteiramente controladas pelo Espírito de Deus. Satanás tinha erguido seu estandarte no meio de Israel, e este foi enaltecido como o estandarte de Deus. T3 300 2 "Estes", disse Arão sem hesitação ou vergonha, "são teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egito." Êxodo 32:4. Arão influenciou os filhos de Israel a ir mais longe na idolatria do que tinham intenção. Não mais se preocuparam se a glória ardente como fogo flamejante sobre o monte tivesse consumido seu líder. Pensaram que tinham um general que os satisfazia, e estavam prontos a fazer o que quer que ele sugerisse. Sacrificaram a seu deus de ouro; ofereceram ofertas pacíficas, e se entregaram ao prazer, orgia e bebedeira. Imaginaram então que não fora por culpa deles que tinham tido tanta aflição no deserto; mas a dificuldade, afinal, estava com seu líder. Não era o homem certo. Era intransigente e mantinha seus pecados continuamente diante deles, advertindo, reprovando e os ameaçando com o desfavor de Deus. Uma nova ordem de coisas tinha vindo, e estavam satisfeitos com Arão e satisfeitos consigo mesmos. Pensaram: Se Moisés tivesse sido tão amável e manso como Arão, que paz e harmonia teriam prevalecido no acampamento de Israel! Não mais se preocupavam se Moisés descesse ou não do monte. T3 300 3 Quando Moisés viu a idolatria de Israel e sua indignação foi assim despertada por seu vergonhoso esquecimento de Deus, ele lançou por terra as tábuas de pedra e as quebrou. Arão permaneceu mansamente ao lado, suportando a censura de Moisés com louvável paciência. O povo estava encantado com o espírito amável de Arão e estava desgostoso com a severidade de Moisés. Mas Deus "não vê como vê o homem". 1 Samuel 16:7. Ele não condenou o ardor e a indignação de Moisés em vista da vil apostasia de Israel. T3 301 1 O verdadeiro general toma então sua posição por Deus. Viera diretamente da presença do Senhor, onde tinha pleiteado com Ele para desviar Sua ira de Seu errante povo. Agora tem outra obra a fazer, como ministro de Deus, para defender Sua honra perante o povo, e fazer que vissem que pecado é pecado, e retidão é retidão. Ele tem uma obra a fazer para anular a influência terrível de Arão. "Pôs-se em pé Moisés na porta do arraial e disse: Quem é do Senhor, venha a mim. Então, se ajuntaram a ele todos os filhos de Levi. E disse-lhes: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Cada um ponha a sua espada sobre a sua coxa; e passai e tornai pelo arraial de porta em porta, e mate cada um a seu irmão, e cada um a seu amigo, e cada um a seu próximo. E os filhos de Levi fizeram conforme a palavra de Moisés; e caíram do povo, aquele dia, uns três mil homens. Porquanto Moisés tinha dito: Consagrai hoje as vossas mãos ao Senhor; porquanto cada um será contra o seu filho e contra o seu irmão; e isto para Ele vos dar hoje bênção." Êxodo 32:26-29. T3 301 2 Aqui Moisés define consagração genuína como obediência a Deus, erguer-se em defesa do direito e demonstrar prontidão para executar o propósito de Deus nos deveres mais desagradáveis, mostrando que as reivindicações de Deus são mais elevadas do que as reivindicações de amigos ou a vida dos parentes mais próximos. Os filhos de Levi se consagraram a Deus para executar Sua justiça contra o crime e o pecado. T3 301 3 Arão e Moisés ambos pecaram em não dar glória e honra a Deus junto às águas de Meribá. Estavam ambos cansados e irritados pelas queixas contínuas de Israel, e, em uma ocasião quando Deus estava para demonstrar Sua glória ao povo, para abrandar e subjugar-lhes o coração e levá-los ao arrependimento, Moisés e Arão reivindicaram para si o poder de fender a rocha para eles. "Ouvi agora, rebeldes: porventura, tiraremos água desta rocha para vós?" Números 20:10. Aqui estava uma oportunidade áurea para santificarem o Senhor no meio deles, para mostrarem-lhes a longanimidade de Deus e Sua terna compaixão por eles. Tinham murmurado contra Moisés e Arão porque não podiam encontrar água. Moisés e Arão tomaram estas murmurações como uma grande provação e desonra para si mesmos, esquecendo-se de que era Deus a quem estavam entristecendo. Era a Deus que estavam desonrando e contra Ele pecando, não contra aqueles que tinham sido designados por Deus para executar Seu propósito. Estavam insultando seu melhor Amigo atribuindo suas calamidades a Moisés e Arão; estavam murmurando contra a providência de Deus. T3 302 1 O pecado desses nobres dirigentes foi enorme. A vida deles podia ter sido notável até o fim. Tinham sido grandemente exaltados e honrados; não obstante, Deus não desculpa o pecado dos que estão em posições elevadas mais do que desculpa o daqueles que estão em posição mais humilde. Muitos cristãos professos consideram homens que não reprovam nem condenam o pecado como homens de piedade e cristãos de verdade, ao passo que pensam que aqueles que se levantam ousadamente na defesa do direito e que não cedem sua integridade a influências não consagradas precisem de piedade e espírito cristão. T3 302 2 Aqueles que se levantam na defesa da honra de Deus e mantêm a pureza da verdade a todo custo terão muitas provações, como teve nosso Salvador no deserto da tentação. Aqueles que têm um temperamento complacente, que não têm coragem de condenar o erro, mas que guardam silêncio quando sua influência é necessária para levantar-se em defesa do direito contra qualquer pressão, podem evitar muitas dores de coração e escapar a muita perplexidade; todavia, também perderão um rico galardão, se não a própria alma. Aqueles que estão em harmonia com Deus, e que pela fé nEle recebem força para resistir ao erro e estar de pé na defesa do direito, sempre terão conflitos severos e freqüentemente terão de manter-se de pé quase que sozinhos. Mas preciosas vitórias serão suas enquanto eles fizerem de Deus sua dependência. A graça divina será sua força. A sensibilidade moral deles será aguda e clara, e sua força moral será capaz de resistir às más influências. Sua integridade, como a de Moisés, será da natureza mais pura. T3 303 1 O espírito manso e complacente de Arão e seu desejo de agradar ao povo cegaram-lhe os olhos aos pecados deles e à enormidade do crime que ele estava sancionando. Sua conduta em favorecer o erro e o pecado em Israel custou a vida de três mil homens. Que contraste com esta foi a conduta de Moisés! Depois de ter comprovado ao povo que não podiam brincar impunemente com Deus; depois de lhes mostrar o justo desagrado de Deus por causa de seus pecados, dando o terrível decreto de matar amigos e parentes que persistiam em sua apostasia; depois da obra de justiça para desviar a ira de Deus, a despeito de seus sentimentos de simpatia por estimados amigos e parentes que continuavam obstinados em sua rebeldia -- depois disto, Moisés estava preparado para outra obra. Ele provara quem era o verdadeiro amigo de Deus e quem o amigo do povo. T3 303 2 "E aconteceu que, no dia seguinte, Moisés disse ao povo: Vós pecastes grande pecado; agora, porém, subirei ao Senhor; porventura, farei propiciação por vosso pecado. Assim, tornou Moisés ao Senhor e disse: Ora, este povo pecou pecado grande, fazendo para si deuses de ouro. Agora, pois, perdoa o seu pecado; se não, risca-me, peço-Te, do Teu livro, que tens escrito. Então, disse o Senhor a Moisés: Aquele que pecar contra mim, a este riscarei Eu do Meu livro. Vai, pois, agora, conduze este povo para onde te tenho dito; eis que o Meu Anjo irá adiante de ti; porém, no dia da Minha visitação, visitarei, neles, o seu pecado. Assim, feriu o Senhor o povo, porquanto fizeram o bezerro que Arão tinha feito." Êxodo 32:30-35. T3 303 3 Moisés suplicou a Deus em favor do pecador Israel. Ele não procurou diminuir o pecado deles diante de Deus; não os desculpou em seu pecado. Reconheceu com franqueza que tinham cometido grande pecado e feito para si deuses de ouro. Ele então perde sua timidez, e o interesse de Israel está tão intimamente entrelaçado com sua vida que ousadamente vem a Deus e pede que Ele perdoe Seu povo. Se o pecado deles, ele pleiteia, é tão grande que Deus não os pode perdoar, se seus nomes precisam ser riscados de Seu livro, pede que o Senhor também apague seu nome. Quando o Senhor renovou Sua promessa a Moisés, de que Seu anjo iria diante dele conduzindo o povo à Terra Prometida, Moisés sabia que sua petição fora concedida. Mas o Senhor assegurou a Moisés que, se Ele fosse provocado a visitar o povo pelas transgressões deles, certamente também os puniria por esse pecado grave. Porém, se fossem obedientes daí em diante, Ele apagaria de Seu livro esse enorme pecado. ------------------------Capítulo 29 -- A um jovem pastor e esposa T3 304 1 Prezados irmão e irmã A: T3 304 2 Por alguns meses tenho sentido que era tempo de lhes escrever algumas coisas que o Senhor Se agradou mostrar-me acerca de vocês vários anos atrás. Seus casos me foram mostrados em relação com os de outros que tinham um trabalho a fazer por si mesmos a fim de serem qualificados para a obra de apresentar a verdade. Foi-me mostrado que ambos eram deficientes em qualificações essenciais e que, se estas não forem alcançadas, sua utilidade e a sua salvação correm perigo. Vocês têm algumas falhas de caráter e é muito importante que as corrijam. Se negligenciarem dar-se ao trabalho resoluta e seriamente, estas falhas aumentarão e lhes prejudicarão grandemente a influência na causa e obra de Deus, e resultarão afinal em serem separados da obra de pregar a verdade, que vocês tanto amam. T3 304 3 Na visão que me foi dada para B, foi-me mostrado que ele possuía um traço de caráter muito lamentável. Não tinha sido disciplinado, e seu temperamento não fora subjugado. Foi-lhe permitido ter opinião própria e fazer como bem entendesse. Era grandemente deficiente em reverência para com Deus e o homem. Tinha espírito forte e insubmisso e idéia muito fraca acerca da devida gratidão àqueles que estavam fazendo o máximo por ele. Ele era extremamente egoísta. T3 305 1 Foi-me mostrado que independência, vontade firme, fixa, inflexível, falta de consideração e de respeito devido a outros, egoísmo e demasiada confiança em si mesma marcam o caráter da irmã A. Se ela não prestar atenção e não vencer esses defeitos de caráter, certamente deixará de assentar-se com Cristo em Seu trono. T3 305 2 Quanto a você, irmão A, foi-me mostrado que muitas das coisas mencionadas no testemunho para B se aplicavam a você. Foi-me mostrada sua vida passada. Vi que desde criança tem sido autoconfiante, teimoso e obstinado e tem seguido a própria vontade. Tem espírito independente, e tem lhe sido muito difícil ceder a qualquer um. Quando era seu dever submeter seu caminho e seus desejos a outros, você fazia as coisas à sua maneira precipitada. Tem-se sentido plenamente capaz de pensar e agir independentemente. Você aceitou a verdade de Deus e a amou, e ela fez muito por você, mas não realizou toda a transformação necessária para o aperfeiçoamento de um caráter cristão. Quando começou a trabalhar na causa de Deus, você era mais humilde, disposto a ser aconselhado e instruído. Porém, quando começou a ter sucesso em certa medida, sua autoconfiança aumentou, e você se tornou menos humilde e mais independente. T3 305 3 Ao considerar a obra do irmão e da irmã White, você pensava poder ver onde poderia fazer melhor do que eles. Sentimentos contra eles foram acariciados em seu coração. Você era naturalmente céptico, descrente em seus sentimentos. Ao ver seu trabalho e ouvir as reprovações dadas àqueles que estavam em falta, você questionou como suportaria testemunho tão franco. Decidiu que não poderia recebê-lo e começou a armar-se contra a maneira como eles trabalhavam, e assim abriu uma porta em seu coração para suspeita, dúvida e inveja acerca deles e de seu trabalho. T3 306 1 Houve preconceito em seus sentimentos contra o trabalho deles. Você ouviu e reuniu tudo que pôde, e conjeturou muito. Porque Deus lhe concedera certo sucesso, você começou a colocar sua curta experiência e trabalhos no mesmo nível dos trabalhos do irmão White. Lisonjeava-se de que, se você estivesse no lugar dele, poderia fazer muito melhor do que ele. Começou a engrandecer-se aos próprios olhos. Você imaginava seu conhecimento muito mais extenso e valioso do que era. Tivesse tido a centésima parte da experiência em genuíno trabalho, cuidado, perplexidade e em assumir responsabilidades nesta causa que o irmão White teve, você poderia melhor compreender seu trabalho e estar mais preparado para simpatizar-se com ele em seus trabalhos, em vez de murmurar e de nutrir suspeita e inveja acerca dele. T3 306 2 Quanto a seu posto de trabalho, deve ser muito cuidadoso consigo mesmo para não fazer seu trabalho de modo inaceitável a Deus. Você deve, em humildade de coração, examinar: "E, para estas coisas, quem é idôneo?" 2 Coríntios 2:16. A razão por que vocês dois estão tão prontos para questionar e conjeturar quanto ao trabalho do irmão White é porque sabem tão pouco a seu respeito. Tão poucos fardos reais pesaram sobre vocês, tão pouca ansiedade genuína pela causa de Deus lhes tem tocado o coração, tão pouca perplexidade e verdadeira aflição têm vocês suportado por outros, que não estão mais preparados para apreciar seu trabalho do que um menino de dez anos pode apreciar o cuidado, ansiedade e labuta de seu sobrecarregado pai. O menino pode ostentar um espírito alegre porque não tem a experiência do aflito e sobrecarregado pai. Ele pode ponderar sobre os temores e ansiedades do pai, que lhe parecem desnecessários. Porém, quando anos de experiência forem acrescentados à sua vida, quando ele aceitar e assumir suas reais responsabilidades, então pode reconsiderar a vida do pai e compreender o que lhe era misterioso em sua infância; porque a amarga experiência lhe deu conhecimento. Foi-me mostrado que você está em perigo de erguer-se acima da simplicidade da obra e colocar-se sobre o pináculo. Você sente que não necessita de reprovação e conselho, e a linguagem de seu coração é: "Sou capaz de julgar, discernir e determinar entre o certo e o errado. Não quero que meus direitos sejam infringidos. Ninguém me dará ordens. Sou capaz de organizar meus próprios planos de ação. Sou tão bom como qualquer um. Deus está comigo e me dá êxito em meus esforços. Quem tem autoridade para intrometer-se comigo?" Ouvi você pronunciar estas palavras, ao seu caso passar perante mim em visão, não a ninguém, mas como se estivesse conversando consigo mesmo. Meu anjo acompanhante repetiu estas palavras, ao apontar para vocês dois: "Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos Céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos Céus." Mateus 18:3, 4. T3 307 1 Vi que o poder dos filhos de Deus está na sua humildade. Quando são pequenos aos próprios olhos, Jesus lhes será sua força e sua justiça, e Deus prosperará seus trabalhos. Foi-me mostrado que Deus provaria o irmão A. Dar-lhe-ia uma medida de prosperidade; e se ele passar no teste, se fizer bom uso das bênçãos de Deus, não tomando honra para si e não ficando enaltecido, egoísta e autoconfiante, o Senhor continuaria a conceder Suas bênçãos por amor de Sua causa e para Sua glória. T3 307 2 Vi, irmão A, que você corria o maior perigo de exaltar-se, encher-se de justiça própria, auto-suficiência, e de sentir que é rico e de nada tem falta. A menos que se cuide nesses pontos, o Senhor permitirá que você prossiga até que sua fraqueza fique patente a todos. Será levado a posições nas quais será duramente provado se outros não o considerarem numa luz tão exaltada como você avalia a si mesmo e a sua habilidade. Foi-me mostrado que você está mal preparado para suportar muita prosperidade e muito êxito. Somente uma conversão cabal fará o trabalho que precisa ser feito em seu caso. T3 308 1 Foi-me mostrado que vocês dois são egoístas por natureza. A menos que tomem cuidado, estão em perigo constante de pensar e agir em benefício próprio. Fazem seus planos segundo conveniência própria, sem levar em conta quanta inconveniência trarão a outros. Estão inclinados a executar suas idéias e planos sem considerar os planos e respeitar as opiniões e sentimentos de outros. Vocês dois devem cultivar consideração e respeito pelos outros. T3 308 2 Irmão A, você imaginou que sua obra era demasiado importante para rebaixar-se e ocupar-se de deveres domésticos. Você não tem prazer nessas obrigações. Negligenciou-as quando era mais jovem. Mas esses pequenos deveres que você negligencia são essenciais para a formação de um caráter bem desenvolvido. T3 308 3 Foi-me mostrado que nossos pastores são geralmente deficientes em se mostrarem úteis às famílias com as quais se hospedam. Alguns devotam a mente ao estudo porque gostam disso. Não sentem que é um dever que Deus coloca sobre eles o se tornarem uma bênção às famílias que visitam, mas muitos se dedicam a livros e se isolam e não conversam com elas sobre os assuntos da verdade. Os interesses religiosos da família mal são mencionados. Tal coisa é inteiramente errada. Pastores que não assumem a responsabilidade e o cuidado das publicações, e que não arcam com perplexidades e numerosos cuidados de todas as igrejas, não devem sentir que seu trabalho é excessivamente pesado. Devem ter o mais profundo interesse pelas famílias que visitam; não devem sentir que podem ser mimados e servidos enquanto nada dão em troca. Há uma obrigação que pesa sobre famílias cristãs de hospedar os ministros de Cristo, e há também um dever que pesa sobre pastores que recebem a hospitalidade de amigos cristãos de ter obrigação mútua de assumir o próprio fardo tanto quanto possível e não ser um peso para seus amigos. Muitos pastores entretêm a idéia de que devem ser favorecidos e servidos de modo especial, e são freqüentemente prejudicados e sua utilidade diminuída quando muito mimados. T3 309 1 Irmão e irmã A, enquanto em meio a seus irmãos, vocês freqüentemente se têm habituado a fazer arranjos convenientes para vocês mesmos e a conduzir-se de modo a atrair atenção para si mesmos, sem considerar a conveniência ou a inconveniência de outros. Vocês correm o risco de colocar-se no centro. Têm recebido a atenção e a consideração de outros, quando, para o próprio bem e o benefício deles, deviam ter devotado mais atenção àqueles que visitam. Tal conduta lhes teria dado uma influência muito maior, e vocês seriam abençoados em ganhar mais pessoas para a verdade. T3 309 2 Irmão A, você tem a habilidade de apresentar a verdade a outros. Tem mentalidade inquiridora; mas há sérios defeitos em seu caráter, que mencionei e que precisam ser vencidos. Você negligencia muitas das pequenas cortesias da vida, porque pensa tanto em si mesmo que não reconhece que essas pequenas atenções lhe sejam requeridas. Deus não quer que você seja um fardo para outros, enquanto negligencia ver e fazer as coisas que alguém precisa fazer. Não diminui a dignidade de um ministro do evangelho buscar lenha e água quando necessárias ou exercitar-se fazendo o trabalho necessário na casa onde é hospedado. Não enxergando esses pequenos e importantes deveres e aproveitando a oportunidade de fazê-los, ele se priva de bênçãos reais e também priva a outros do bem que é privilégio deles receberem. T3 309 3 Alguns de nossos pastores não fazem exercício físico proporcional ao esforço mental. Como resultado, sofrem fraqueza. Não há uma boa razão para que haja declínio na saúde de pastores que têm de efetuar somente os deveres comuns que a eles cabem. Sua mente não está constantemente sobrecarregada de cuidados aflitivos e responsabilidades pesadas em relação a nossas importantes instituições. Vi que não há razão verdadeira para fracassarem neste período importante da causa e da obra, se derem a devida atenção à luz que Deus lhes deu sobre como trabalhar e como exercitar-se, e derem atenção adequada a seu regime alimentar. T3 310 1 Alguns de nossos pastores comem demais, e depois não se exercitam suficientemente para eliminar os resíduos que acumulam no organismo. Comem e depois passam a maior parte do tempo sentados, lendo, estudando ou escrevendo, quando uma porção de seu tempo deve ser devotada a esforço físico sistemático. Nossos pregadores com certeza perderão a saúde a menos que sejam cuidadosos para não sobrecarregar o estômago com quantidade excessiva de alimento, ainda que saudável. Vi que vocês, irmão e irmã A, estavam ambos em perigo nesse ponto. O excesso no comer impede a livre corrente de pensamentos e palavras, e aquela intensidade de sentimento que é tão necessária a fim de gravar a verdade no coração do ouvinte. A condescendência com o apetite obscurece e trava a mente, e embota as emoções santas do coração. As faculdades mentais e morais de alguns de nossos pregadores são enfraquecidas pelo comer incorreto e a falta de exercício físico. Aqueles que têm desejo de grandes quantidades de alimento não devem satisfazer o apetite, mas devem praticar domínio próprio e reter as bênçãos de músculos ativos e cérebro não sobrecarregado. O excesso no comer entorpece o ser todo, desviando as energias de outros órgãos para fazer o trabalho do estômago. T3 310 2 A falta de alguns pastores nossos quanto a exercitar todos os órgãos do corpo proporcionalmente faz com que alguns desses órgãos fiquem desgastados, enquanto outros se acham fracos por inatividade. Se permitir-se o uso apenas de um órgão ou conjunto de músculos, esses ficarão esgotados e grandemente debilitados. Cada faculdade da mente e cada músculo tem sua função distinta, e todos devem ser igualmente exercitados, a fim de se desenvolverem devidamente e conservarem saudável vigor. Cada órgão tem sua obra a fazer no organismo vivo. Cada roda do maquinismo tem de ser uma roda viva, ativa, trabalhadora. Todas as faculdades dependem umas das outras, e todas precisam de exercício para desenvolver-se devidamente. T3 310 3 Irmão e irmã A, nenhum de vocês aprecia trabalho físico, doméstico. Ambos precisam cultivar amor pelos deveres práticos da vida. Esta educação é necessária para sua saúde e lhes aumentará a utilidade. Vocês pensam muito sobre o que comem. Não devem tocar aquelas coisas que darão má qualidade de sangue; ambos têm escrofulose. T3 311 1 Irmão A, seu amor à leitura e seu desprazer pelo esforço físico, enquanto continua falando e exercitando a garganta, tornam-no sujeito à doença da garganta e dos pulmões. Você deve ser cuidadoso e não deve falar apressadamente, recitando o que tem a dizer como se tivesse uma lição a repetir. Não deve permitir que o esforço afete a parte superior dos órgãos vocais, porque isto vai desgastá-los e irritá-los, e lançará base para a enfermidade. A ação deve cair sobre os músculos abdominais. Os pulmões e a garganta devem ser o canal, mas não devem fazer todo o esforço. T3 311 2 Foi-me mostrado que a maneira de você e sua esposa comerem trará enfermidade, a qual, uma vez contraída, não será facilmente superada. Vocês dois podem suportar bem por anos sem dar sinais de doença, mas a causa será seguida de seguros resultados. Deus não realizará um milagre para nenhum de vocês a fim de preservar-lhes a saúde e a vida. Vocês precisam comer, estudar e trabalhar com inteligência, obedecendo a uma consciência iluminada. Todos os nossos pregadores devem ser sinceros e genuínos reformadores de saúde, não meramente adotando as reformas porque outros o fazem, mas por princípio, em obediência à Palavra de Deus. Deus nos tem dado uma grande luz sobre a reforma de saúde, que Ele requer que todos respeitem. Ele não envia luz para ser rejeitada ou desconsiderada por Seu povo sem que este sofra as conseqüências. Pioneiros na causa T3 311 3 Foi-me mostrado que nenhum de vocês realmente conhece a si mesmo. Se Deus deixasse o inimigo livre quanto a vocês, como fez com Seu servo Jó, ele não encontraria em vocês aquele espírito de integridade constante que achou em Jó, mas um espírito de murmuração e descrença. Estivessem vocês em Battle Creek durante a enfermidade de meu marido, no tempo da provação de nossos irmãos e irmãs ali, quando Satanás teve poder especial sobre eles, vocês dois se teriam embebido de seu espírito de ciúme e crítica. Tão zelosos como os demais, teriam estado entre aqueles capazes de transformar um homem enfermo, angustiado e deficiente físico em um transgressor por causa de uma palavra. T3 312 1 Vocês estão inclinados a compensar suas deficiências, aumentando e se demorando nas faltas que supõem existir no irmão e na irmã White. Se tivessem uma oportunidade, como tiveram aqueles em Battle Creek, arriscariam a ir ainda mais longe do que alguns deles em sua cruzada ímpia contra nós; porque vocês têm menos fé e menos respeito do que alguns deles, e estariam menos inclinados a respeitar nosso trabalho e nossa vocação. T3 312 2 Foi-me mostrado que, apesar de ter diante de si a triste experiência e o exemplo de outros que se tornaram descontentes e que murmuraram e acharam falta contra nós e sentiram inveja, vocês deixariam de ser advertidos pelo exemplo deles. Deus provaria sua fidelidade e revelaria os segredos do coração de vocês. Sua desconfiança, suspeitas e inveja seriam reveladas, e suas fraquezas expostas, para que as vissem e compreendessem a si mesmos, se quisessem. T3 312 3 Eu os vi ouvindo a conversa de homens e mulheres, e vi que vocês estavam bem contentes de colher suas opiniões e impressões que eram prejudiciais a nosso trabalho. Uns acharam falha em uma coisa, e outros em outra, como fizeram os murmuradores entre os filhos de Israel quando Moisés era seu líder. Alguns estavam censurando nossa conduta, dizendo que não éramos tão conservadores como devíamos ser; nós não procurávamos agradar as pessoas como podíamos; falávamos muito francamente; reprovávamos muito severamente. Alguns estavam falando sobre o vestido da irmã White, realçando minúcias. Outros estavam expressando insatisfação com a conduta do irmão White, e observações passavam de um para outro, questionando sua conduta e achando defeito. Um anjo estava diante dessas pessoas, invisível para elas, escrevendo suas palavras no livro que será aberto à vista de Deus e dos anjos. T3 312 4 Alguns estão ansiosamente vigiando para condenar alguma coisa no irmão e na irmã White, que se encaneceram em seu serviço na causa de Deus. Alguns expressam sua opinião que o testemunho da irmã White não é digno de confiança. Isso é tudo o que algumas pessoas não consagradas desejam. Os testemunhos de reprovação têm frustrado sua vaidade e orgulho; mas, se elas se atrevessem, iriam ao limite na moda e no orgulho. Deus dará a todos esses uma oportunidade de se revelarem e de desenvolver seu verdadeiro caráter. T3 313 1 Há alguns anos vi que teríamos de enfrentar o mesmo espírito que surgiu em Paris, Maine, e que nunca foi completamente reprimido. Tem dormitado, mas não está morto. De tempos em tempos, esse espírito de persistente murmuração e rebelião tem manifestado em diferentes indivíduos que em algum momento foram contaminados com tal mau espírito que nos tem acompanhado durante anos. Irmã A, esse espírito tem sido acariciado por você até certo ponto, e tem tido uma influência em moldar suas opiniões e sentimentos. Uma falsa piedade tem gradualmente crescido na mente de C, e não é fácil agora, mesmo para ela, livrar-se disso. O mesmo espírito persistente que manteve D e outros no Maine em engano fanático por tanto tempo, contra toda influência para levá-los à verdade, tem tido poderosa influência enganadora sobre a mente de E em _____, e a mesma influência a afetou. Você era daquele temperamento calmo, persistente e inflexível que o inimigo podia afetar, e os mesmos resultados que acompanharam a influência da irmã E, somente em maior grau, acompanharão sua influência, se for errada. T3 313 2 Sentimentos de suspeita, inveja e descrença vêm durante anos ganhando terreno em sua mente. Você odeia a reprovação. É muito sensível e suas simpatias se despertam imediatamente por qualquer um que é reprovado. Esse não é um sentimento santificado e nem promovido pelo Espírito de Deus. Irmão e irmã A, foi-me mostrado que quando esse espírito de crítica e murmuração se desenvolvesse em vocês, quando se manifestasse e o fermento de insatisfação, inveja e descrença que tem amaldiçoado a vida de E e de seu marido aparecesse, teríamos uma obra a fazer para enfrentá-lo de modo decidido e não dar abrigo àquele espírito; e que, até que isso se desenvolvesse, eu devia guardar silêncio, pois havia "tempo de falar" e "tempo de estar calado". Eclesiastes 3:7. Vi que, se evidente prosperidade acompanhasse os trabalhos do irmão A, a menos que ele fosse um homem inteiramente convertido, correria o perigo de perder a salvação. Ele não mantém respeito apropriado pela posição e os trabalhos de outros; não se considera inferior a ninguém. T3 314 1 Foi-me mostrado que tentações continuarão a crescer com respeito aos trabalhos do irmão e da irmã White. Nosso trabalho é um trabalho peculiar; é de natureza diferente do de quaisquer outros que labutam no campo. Deus não chama pastores que só tenham de trabalhar em palavra e doutrina para fazer nosso trabalho, nem nos chama para fazer somente o trabalho deles. Cada um de nós tem, em alguns respeitos, um trabalho distinto. Deus julgou conveniente revelar-me os segredos da vida íntima e os pecados ocultos de Seu povo. Fui encarregada do desagradável dever de reprovar erros e revelar pecados encobertos. Quando sou compelida pelo Espírito de Deus a reprovar pecados cuja existência outros ignoravam, despertam-se os sentimentos naturais no coração dos não santificados. Enquanto alguns têm humilhado o coração diante de Deus, e com arrependimento e confissão têm abandonado seus pecados, outros têm sentido um espírito de ódio surgir-lhes no coração. Seu orgulho foi ofendido quando sua conduta foi reprovada. Eles entretêm o pensamento de que é a irmã White que os está ofendendo, em vez de se sentirem gratos a Deus porque Ele em misericórdia lhes falou através de Seu humilde instrumento, para lhes mostrar seus perigos e pecados, a fim de que os abandonem antes que seja tarde demais para endireitar os erros. T3 314 2 Alguns são propensos a perguntar: "Quem contou tais coisas para a irmã White?" Eles até me têm lançado a pergunta: "Alguém lhe disse essas coisas?" Pude responder-lhes: "Sim; sim, o anjo de Deus me falou." Mas o que eles querem dizer é: "Estão os irmãos e as irmãs expondo suas faltas?" No futuro, não depreciarei os testemunhos que Deus me deu, fazendo explanações para tentar satisfazer essas mentes estreitas, mas considerarei todas essas perguntas como um insulto ao Espírito de Deus. O Senhor achou conveniente impelir-me a posições em que não colocou a nenhuma outra pessoa em nossas fileiras. Ele pôs sobre mim responsabilidades de repreensão que não tem dado a nenhum outro indivíduo. Meu marido tem estado a meu lado para apoiar os testemunhos e para expressar-se em harmonia com o testemunho de reprovação. Ele foi obrigado a assumir posição resoluta para repelir a descrença e a rebelião, que têm sido ousadas e desafiadoras e que anulariam qualquer testemunho que eu desse, porque as pessoas reprovadas foram atingidas e sentiram profundamente a reprovação dada. Isto é exatamente o que Deus planejara. Era Sua intenção que eles sentissem. Era necessário que sentissem antes que seu coração orgulhoso renunciasse a seus pecados e que purificassem de toda iniqüidade seu coração e vida. T3 315 1 Em todo o progresso que Deus nos tem levado a fazer, em todo passo conquistado pelo povo de Deus, tem havido entre nós instrumentos de Satanás prontos a deixar-se ficar atrás e sugerir dúvidas e incredulidade, e a pôr obstáculos em nosso caminho, para nos enfraquecer a fé e o ânimo. Temos tido de portar-nos como guerreiros, dispostos a avançar e lutar disputando o caminho através da oposição suscitada. Isto tem tornado nosso trabalho dez vezes mais difícil do que do contrário teria sido. Temos tido de ficar firmes e inflexíveis como uma rocha. Esta firmeza tem sido interpretada como sendo dureza de coração e teimosia. Nunca foi desígnio de Deus que devêssemos vacilar, ora para a direita ora para a esquerda, para agradar a mente de irmãos não consagrados. Foi Seu desígnio que nosso método fosse direto. Um e outro têm vindo a nós pretendendo ter grande convicção para irmos nesse rumo ou naquele, contrariamente à luz que Deus nos tem dado. Que seria se tivéssemos seguido essas falsas luzes e impressões fanáticas? Certamente nosso povo não deveria então ter confiança em nós. Temos tido de pôr o rosto "como um seixo" (Isaías 50:7) pelo direito, e então prosseguir rumo ao trabalho e ao dever. T3 315 2 Alguns dentre nós estão sempre dispostos a levar as coisas ao extremo, a ultrapassar a meta. Parecem não possuir uma âncora. Esses têm prejudicado grandemente a causa da verdade. Outros há que parecem nunca ter uma posição em que estejam firmes e seguros, prontos a lutar, se necessário for, quando Deus chama os soldados fiéis a que se encontrem no posto do dever. Há aqueles que não farão um ataque contra o inimigo quando Deus requer que se faça. Nada fazem até que outros tenham travado a batalha e obtido a vitória para eles, e então estão prontos a partilhar os despojos. Até que ponto pode Deus contar com tais soldados? São contados como covardes em Sua causa. T3 316 1 Esta classe, vi, não obteve nenhuma experiência para si quanto à guerra contra o pecado e Satanás. Estavam mais inclinados a lutar contra os soldados fiéis de Cristo do que contra Satanás e seu exército. Tivessem eles cingido a armadura e entrado na batalha, teriam ganho uma experiência preciosa que era seu privilégio obter. Mas não tinham coragem de combater pelo direito, arriscar algo no combate e aprender como atacar Satanás e tomar suas fortalezas. Alguns não têm nenhuma idéia de correr qualquer risco ou aventurar-se eles mesmos. Mas alguém precisa se aventurar; alguém precisa correr riscos nesta causa. Aqueles que não querem aventurar-se e expor-se à censura estarão preparados para vigiar aqueles que assumem responsabilidades, e estarão prontos, se houver chance, a achar defeito neles e a prejudicá-los. Esta tem sido a experiência do irmão e da irmã White em seus trabalhos. Satanás, seus exércitos e outras pessoas têm estado alinhados contra eles. Quando aqueles que deviam ter estado a seu lado no combate os têm visto sobrecarregados e oprimidos além da medida, estavam preparados para unir-se com Satanás em seu trabalho para os desencorajar e enfraquecer, e, se possível, expulsá-los do campo. T3 316 2 Irmão e irmã A, foi-me mostrado que, ao viajarem, vocês têm sido respeitados e tidos em alta estima, sendo tratados com maior respeito e deferência do que era para seu bem. Não lhes é natural tratar com respeito aqueles que têm desempenhado as responsabilidades que Deus colocou sobre eles em Sua causa e obra. Ambos gostam de comodidade. Vocês não estão inclinados a ser desviados de sua conduta ou a se sujeitar à inconveniência. Desejam que as coisas se acomodem à sua conveniência. Vocês têm elevada auto-estima e opiniões exaltadas acerca de suas realizações. Não têm tido de suportar cuidados e responsabilidades desconcertantes, e as decisões importantes a serem feitas que envolvem os interesses da causa de Deus, as quais recaíram sobre meu marido. Deus fez dele um conselheiro para Seu povo, para advertir jovens como vocês mesmos, como crianças na verdade. Quando assumirem aquela posição humilde que uma concepção correta de seu verdadeiro estado os levará a assumir, estarão dispostos a serem aconselhados. É por causa das poucas responsabilidades que têm assumido que não entendem por que o irmão White devesse sentir mais profundamente que vocês. Há apenas esta diferença entre vocês e ele nessa questão. Ele investiu trinta dos melhores anos de sua vida na causa de Deus, ao passo que vocês têm apenas poucos anos de experiência e, em comparação, não têm tido de enfrentar nada das dificuldades que ele enfrentou. T3 317 1 Aqueles que lideraram esta obra labutaram arduamente para preparar a verdade e levar o trabalho pronto a vocês. Aí vocês o abraçam e saem a trabalhar, apresentando os argumentos preciosos que outros, com ansiedade inexprimível, pesquisaram para vocês. Enquanto vocês estão bem providos em relação a recursos, seu salário semanal garantido, não lhes deixando razão para cuidado ou ansiedade nesse sentido, esses pioneiros da causa sofreram privações de toda espécie. Não tinham garantia de nada. Dependiam de Deus e de poucas pessoas de coração benévolo que eram objeto de seus trabalhos. Ao passo que vocês têm irmãos simpatizantes para sustentá-los e plenamente apreciar seus esforços, os primeiros obreiros nesta obra tinham muito poucos para apoiá-los. Todos eles poderiam ser contados em poucos minutos. Sabíamos o que era passar fome por falta de alimento e sofrer frio por falta de roupa adequada. Viajávamos a noite toda em carruagem particular para visitar irmãos, porque não tínhamos recursos para pagar as despesas de hotel. Viajamos quilômetros a pé, mais de uma vez, porque não tínhamos dinheiro para alugar uma carruagem. Oh, quão preciosa para nós era a verdade! Quão valiosas as almas compradas pelo sangue de Cristo! T3 318 1 Não temos queixas a fazer de nossos sofrimentos naqueles dias de muita privação e perplexidade, o que tornava necessário o exercício da fé. Foram os dias mais felizes de nossa vida. Ali aprendemos a simplicidade da fé. Ali, quando em aflição, testamos e provamos ao Senhor. Ele era nossa consolação. Era para nós como a sombra de um grande rochedo numa terra desolada. É pena, meu irmão, que você e nossos jovens pastores em geral não tiveram uma experiência semelhante de privação, de prova e de necessidades; porque tal experiência seria de maior valor do que casas ou terras, ouro ou prata. T3 318 2 Quando nos referimos à nossa experiência passada de trabalho excessivo e privações, e de labutar com nossas mãos para nos sustentar e publicar a verdade bem no começo da obra, alguns de nossos jovens pregadores com apenas poucos anos de experiência na obra parecem ficar aborrecidos e nos culpam de nos gabar de nossas próprias obras. A razão disso é que a vida deles tem sido tão isenta de cuidado desgastante, privações e sacrifício próprio que não sabem como simpatizar-se conosco, e o contraste não está em harmonia com seus sentimentos. Apresentar diante deles a experiência de outros que está em tão amplo contraste com a própria conduta deles não faz seus trabalhos aparecerem numa luz favorável como gostariam. T3 318 3 Quando começamos este trabalho, estávamos ambos com saúde precária. Meu marido era dispéptico; contudo, três vezes ao dia, pela fé, fazíamos nossas súplicas a Deus por forças. Meu marido foi ao campo de feno com sua foice e, na força que Deus lhe dera em resposta a nossas orações sinceras, ele ali ceifando ganhou recursos com os quais comprar-nos roupa boa, mas simples, e para pagar a passagem para um Estado distante a fim de apresentar a verdade a nossos irmãos. T3 318 4 Temos o direito de nos referir ao passado, como fez o apóstolo Paulo. "E, quando estava presente convosco e tinha necessidade, a ninguém fui pesado. Porque os irmãos que vieram da Macedônia supriram a minha necessidade; e em tudo me guardei de vos ser pesado e ainda me guardarei. Como a verdade de Cristo está em mim, esta glória não me será impedida nas regiões da Acaia." 2 Coríntios 11:8-10. Referindo a nossa experiência passada, estamos obedecendo à exortação do apóstolo aos hebreus: "Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que, depois de serdes iluminados, suportastes grande combate de aflições. Em parte, fostes feitos espetáculo com vitupérios e tribulações e, em parte, fostes participantes com os que assim foram tratados." Hebreus 10:32, 33. T3 319 1 Nossa vida está entremeada com a causa de Deus. Não temos outro interesse fora dessa obra. E quando vemos o progresso que a causa fez de um começo muito pequeno, crescendo lenta mas seguramente para força e prosperidade; ao vermos o êxito da causa na qual temos labutado, e sofrido, e quase que sacrificado nossa vida, quem impedirá ou proibirá nosso orgulho em Deus? Nossa experiência nesta causa nos é valiosa. Temos investido tudo nela. T3 319 2 Moisés foi o homem mais manso que já viveu; contudo, por causa da murmuração dos filhos de Israel, ele foi repetidamente obrigado a recordar sua conduta pecaminosa desde que deixaram o Egito e justificar a própria conduta como seu líder. Justamente antes de deixar Israel, quando estava para morrer, recordou-lhes a conduta deles de rebelião e murmuração desde que tinham deixado o Egito, e como seu interesse e amor por eles o tinham levado a interceder junto a Deus em seu favor. Relatou-lhes como tinha pleiteado fervorosamente com o Senhor para deixá-lo atravessar o Jordão para entrar na Terra Prometida; porque "o Senhor indignou-Se muito contra mim, por causa de vós, e não me ouviu". Deuteronômio 3:26. Moisés apresentou-lhes seus pecados, e lhes disse: "Rebeldes fostes contra o Senhor, desde o dia em que vos conheci." Deuteronômio 9:24. Relatou-lhes quantas vezes ele tinha pleiteado com Deus e humilhado o coração em angústia por causa de seus pecados. T3 320 1 Era o desígnio de Deus que Moisés devesse freqüentemente lembrar a Israel de suas transgressões e rebelião, para que humilhassem o coração diante de Deus por causa de seus pecados. O Senhor não queria que esquecessem os erros e pecados que tinham provocado Sua ira contra eles. A recapitulação de suas transgressões e das misericórdias e bondade de Deus para com eles, as quais não tinham apreciado, não era agradável a seus sentimentos. Não obstante, Deus instruiu que isso fosse feito. T3 320 2 Foi-me mostrado que jovens como você, que tinham tido apenas alguns anos de experiência imperfeita na causa da verdade presente, não são as pessoas às quais Deus confiará que assumam pesadas responsabilidades e que liderem nesta obra. Tais pessoas manifestariam debilidade em tomar posições que entrariam em conflito com o julgamento e as opiniões das pessoas de experiência madura, cuja vida tem sido entremeada com a causa de Deus quase tantos anos quantos você já viveu e que desempenharam parte ativa nesta obra desde seu pequeno começo. Deus não escolherá homens de pouca experiência e considerável autoconfiança para liderar esta obra sagrada e importante. Há muito em jogo. Homens que tiveram apenas pequena experiência em sofrimentos, provas, oposição e em suportar privações para levar a obra à sua atual condição de prosperidade devem ter uma opinião modesta de si mesmos. T3 320 3 Jovens que agora se empenham na obra de pregar a verdade devem cultivar modéstia e humildade. Cumpre-lhes cuidar de não se exaltarem, para que não sejam vencidos. Serão responsáveis pela clara luz da verdade que sobre eles brilha. Vi que Deus Se desagrada da disposição de algumas pessoas para murmurar contra aqueles que travaram os mais árduos combates por elas, e que suportaram tanto no começo da mensagem, quando a obra era árdua. Deus considera os obreiros experientes, que trabalharam muito sob o peso de opressivas responsabilidades, quando não havia senão poucos para ajudar a fazer face às mesmas. Ele tem um zeloso cuidado por aqueles que se têm demonstrado fiéis. Desagradam-Lhe os que estão prontos a criticar e a reprovar os servos de Deus que encaneceram na edificação da causa da verdade presente. Suas censuras e murmurações, jovens, hão de por certo erguer-se contra vocês no dia de Deus. Enquanto Deus não houver colocado sobre vocês sérias responsabilidades, não saiam de seu lugar, apoiando-se em seu próprio e independente raciocínio, e assumindo responsabilidades para as quais não se acham habilitados. T3 321 1 Prezados irmãos, vocês necessitam cultivar a vigilância e a humildade, e ser diligentes na oração. Quanto mais perto viverem de Deus, tanto mais discernirão suas fraquezas e perigos. Uma visão prática da lei de Deus e uma clara compreensão da expiação de Cristo lhes darão o conhecimento de si mesmos e lhes mostrarão onde falham no aperfeiçoar caráter cristão. Em poucas palavras, ambos carecem de uma experiência quanto à vontade de Deus para vocês. Quando virem sua grande carência espiritual, reconhecerão o fato de que a depravação humana, especificada na Palavra de Deus, é real em sua experiência. Ambos são farisaicos e correm o perigo de permanecer, voluntária e temerosamente, na escuridão quanto a seus perigos e sua verdadeira posição diante de Deus. T3 321 2 Ambos precisam aprender os deveres que lhes cabem nas várias circunstâncias e relações da vida. Vocês têm negligenciado seus deveres tanto para com Deus como para com o homem. Precisam conhecer muito a si mesmos. A ignorância do próprio coração os leva a esquecer a necessidade de uma experiência diária e viva na vida religiosa. Negligenciam, até certo ponto, a necessidade de ter sempre sobre vocês uma influência divina. Isto é positivamente necessário ao fazer o serviço de Deus. Se o negligenciam e vão adiante, confiando em si mesmos, sendo auto-suficientes, serão abandonados a cometer enormes erros. Precisam constantemente nutrir humildade de espírito e sentimento de dependência. Aquele que sente a própria fraqueza olhará para mais alto e experimentará a necessidade de constante força de cima. A graça de Deus o levará a alimentar um espírito de contínua gratidão. Aquele que melhor conhece a própria fraqueza saberá que unicamente a incomparável graça de Deus triunfará sobre a rebelião do coração. T3 322 1 Vocês precisam familiarizar-se tanto com os pontos fracos de seu caráter como com os fortes, a fim de que estejam sempre em guarda para não se meterem em empreendimentos e assumirem responsabilidades para as quais Deus nunca lhes designou. Nunca devem comparar suas ações e medir sua vida por qualquer norma humana, mas segundo a regra de dever revelada na Bíblia. Vocês têm um trabalho a fazer por si mesmos, irmão e irmã A, que não imaginaram ser necessário. Por anos têm acariciado tentações e inveja com relação a nós e nosso trabalho. Isto não é agradável a Deus. Podem pensar que crêem nos testemunhos que Deus tem dado, mas incredulidade quanto a serem eles de Deus está ganhando terreno em vocês. T3 322 2 Seus trabalhos na conversão de pessoas à verdade, irmão A, seriam mais eficazes se você se demorasse tanto sobre o prático como sobre o teórico, tendo os elementos vivos e práticos no próprio coração e manifestando-os na própria vida. Você precisa ter uma influência mais firme de cima. Depende demasiado de seu ambiente. Se tem uma grande congregação, envaidece-se e deseja falar-lhe. Mas algumas vezes seu auditório diminui, seu espírito se abate, e pouco é o ânimo que lhe resta para trabalhar. Certamente falta alguma coisa. Sua segurança em Deus não é firme o bastante. Algumas das verdades mais importantes nos ensinos de Cristo foram pregadas por Ele a uma mulher de Samaria que foi tirar água quando Ele, estando cansado, sentou-Se junto ao poço para descansar. A fonte de águas vivas estava dentro dEle. A fonte de águas vivas precisa estar em nós, jorrando para refrescar aqueles que são trazidos sob nossa influência. T3 322 3 Cristo buscou os homens onde quer que os pudesse encontrar -- nas vias públicas, em casas particulares, nas sinagogas, à beira-mar. Lidava o dia inteiro, pregando às multidões e curando os doentes que Lhe eram trazidos; e freqüentemente, ao despedir o povo para que voltasse para casa a fim de repousar e dormir, passava Ele a noite inteira em oração, para sair e continuar os trabalhos pela manhã. Ó irmão e irmã, vocês nada sabem realmente de abnegação e sacrifício próprio por Cristo e por amor à verdade. Precisam depender mais plenamente de Deus e menos das próprias habilidades. Precisam ocultar-se em Deus. T3 323 1 Você, irmão A, está inclinado a ser severo ao reprovar e a tirar as próprias conclusões quanto a indivíduos, especialmente se o caminho deles cruzou o seu; e, de acordo com suas opiniões sobre o caso, às vezes os trata de um modo cruel. Não tem sido gentil, compassivo e cortês como foi seu Modelo. Você precisa abrandar seu espírito, para ser mais cortês e bondoso, e possuir benevolência mais desinteressada. Necessita pôr o coração em mais íntima comunhão com Deus, mediante fervorosa oração misturada com fé viva. Toda oração feita com fé eleva o suplicante acima das dúvidas desanimadoras e das paixões humanas. A oração dá força para renovar a luta contra os poderes das trevas, sofrer pacientemente as provações e suportar dureza como bons soldados de Cristo. T3 323 2 Enquanto se aconselha com suas dúvidas e temores, ou tenta solver todas as coisas que não pode ver claramente enquanto não tem fé, sua perplexidade só há de crescer e aprofundar-se. Se chegar a Deus, sentindo-se indefeso e dependente, como realmente é, e em humilde e confiante oração tornar as suas necessidades conhecidas Àquele cujo saber é infinito, que vê tudo na criação e que governa tudo por Sua vontade e palavra, Ele pode e há de atender a seu clamor, e fará com que a luz brilhe em seu coração e em torno de você; pois mediante sincera prece seu coração é posto em comunicação com a mente do Infinito. Talvez não tenha na ocasião nenhuma prova notável de que a face de seu Redentor se inclina sobre você em compaixão e amor, mas assim é realmente. Talvez não sinta de maneira palpável o Seu toque, mas Sua mão se acha sobre você com amor e piedosa ternura. T3 323 3 Deus os ama a ambos e deseja salvá-los com abundante salvação. Mas não pode ser do seu modo, e sim do modo apontado por Deus. Vocês precisam cumprir as condições expostas nas Escrituras da verdade, e Deus cumprirá Sua parte tão certamente como Seu trono é seguro. Porque as admoestações que Deus envia a Seu povo são humilhantes à natureza humana, você não deve, meu irmão, levantar-se contra estas reprovações e advertências. Você precisa morrer cada dia, experimentar uma crucifixão diária do eu. T3 324 1 De acordo com a luz que Deus me deu em visão, maldade e engano estão aumentando entre o povo de Deus que professa guardar Seus mandamentos. Discernimento espiritual para ver o pecado como ele existe, e então expulsá-lo do acampamento, está diminuindo entre o povo de Deus; e cegueira espiritual está rapidamente vindo sobre eles. O testemunho franco precisa ser reavivado, e ele vai separar de Israel aqueles que já estiveram em guerra com os meios que Deus ordenou para manter a corrupção fora da igreja. Erros precisam ser chamados erros. Pecados graves precisam ser chamados por seu nome exato. Todo o povo de Deus deve achegar-se mais perto dEle e lavar suas vestes de caráter no sangue do Cordeiro. Então verão o pecado na luz verdadeira e reconhecerão quão ofensivo ele é à vista de Deus. T3 324 2 Pareceu de pouca importância a nossos primeiros pais, quando tentados, transgredir o mandamento de Deus num pequeno ato, e comer da árvore que era "agradável aos olhos" e "boa para se comer". Gênesis 3:6. Aos transgressores era isto apenas um pequeno ato, mas que destruiu sua lealdade para com Deus e abriu um dilúvio de dor e culpa que inundou o mundo. Quem pode prever, no momento da tentação, as terríveis conseqüências que resultarão de um passo errado e apressado! Nossa única segurança é abrigarmo-nos na graça de Deus cada momento, não confiando em nossa própria visão espiritual, para que não chamemos ao mal bem, e ao bem chamemos mal. Sem hesitação ou debate, precisamos cerrar e guardar as entradas da alma contra o mal. T3 324 3 Custar-nos-á esforço conseguir a vida eterna. Será somente por meio de longo e perseverante esforço, severa disciplina e árduo conflito que sairemos vitoriosos. Mas, se nós, paciente e decididamente, no nome do Vitorioso que venceu em nosso benefício no deserto da tentação, vencermos assim como Ele o fez, alcançaremos a recompensa eterna. Nossos esforços, nossa abnegação e perseverança devem ser proporcionais ao infinito valor do objetivo que perseguimos. T3 325 1 Não devem permitir que suas simpatias por si mesmos conservem vocês e outros no erro porque vocês não vêem nada na aparência exterior para condenar. Deus vê; Ele pode ler os motivos e propósitos do coração. Eu lhes suplico em nome de nosso Mestre, que nos chamou e nos designou para nosso trabalho, para que não nos toquem e nos deixem fazer o trabalho do qual Deus nos encarregou. Guardem suas palavras de simpatia e piedade para aqueles que realmente precisam delas, que são compelidos pelo Espírito de Deus para mostrar a Seu povo suas transgressões e à casa de Israel seus pecados. Erro e pecado são abraçados nestes últimos dias mais prontamente do que a verdade e a justiça. Requer-se agora dos soldados da cruz de Cristo que ponham a armadura cristã e afastem a escuridão moral que está inundando o mundo. T3 325 2 Deus dará a ambos preciosas vitórias se vocês se entregarem inteiramente a Ele e permitirem que Sua graça lhes subjugue o coração orgulhoso. Sua justiça própria de nada valerá para com Deus. Nada deve ser feito esporadicamente ou num espírito de precipitação. Erros não podem ser endireitados, nem reformas de caráter feitas, por uns poucos esforços fracos e intermitentes. A santificação não é obra de um dia ou de um ano, mas de uma vida toda. Sem esforços contínuos e atividade constante, não pode haver progresso na vida religiosa, nem a aquisição da coroa do vencedor. Estamos empenhados em obra para o juízo, e não é seguro trabalhar em nossa própria sabedoria e confiar em nosso próprio discernimento. Com o espírito de confiança em si mesmos que agora possuem, nenhum de vocês poderia ser feliz no Céu; porque todos ali, mesmo os anjos mais exaltados, são subordinados. Vocês dois precisam ser transformados pela graça de Deus. T3 325 3 Irmã A, vi que deve ser cuidadosa para não abrir uma porta de tentação para seu marido a qual você não pode fechar quando quiser. É mais fácil convidar o inimigo ao coração de vocês do que despedi-lo depois dele ocupar o terreno. Seu orgulho é facilmente ofendido, e você precisa achegar-se mais perto de Deus, e buscar com fervor graça, graça divina, para suportar dificuldades como bom soldado de Cristo Jesus. Deus será seu ajudador se você O escolher como sua força. Vocês dois devem encorajar maior devoção a Deus. A única maneira de vigiar humildemente é vigiar orando. Não pensem por um momento que podem assentar-se e deleitar-se, e buscar o próprio prazer e conveniência. A vida de Cristo é nosso exemplo. Ele foi "homem de dores, experimentado nos trabalhos"; Ele "foi ferido, ... e oprimido". Isaías 53:3, 4. Vocês estão satisfeitos demais com sua posição. Necessitam de contínua vigilância para que Satanás não os iluda por suas sutilezas, corrompa-lhes a mente e os induza a incoerências e densas trevas. A vigilância de vocês deve-se caracterizar por um espírito de humilde dependência de Deus. Ela não deve ser exercida com espírito orgulhoso e confiante em si mesmo, mas com um sentimento profundo de sua própria fraqueza, e uma confiança infantil nas promessas de Deus. T3 326 1 Agora é fácil e aprazível tarefa pregar a verdade da mensagem do terceiro anjo, em comparação com o tempo quando a pregação começou e o número de membros era pequeno, e éramos considerados fanáticos. Os que tinham a responsabilidade da obra nos primeiros tempos do progresso da mensagem souberam o que era conflito, aflição e angústia de alma. Dia e noite sobre eles repousava pesadamente o fardo. Não pensavam em descanso ou comodidade mesmo quando premidos por sofrimento e doença. A brevidade do tempo exigia atividade, e os obreiros eram poucos. T3 326 2 Freqüentemente, quando levados a pontos difíceis, passavam a noite inteira em oração fervorosa, angustiante, com lágrimas em busca do auxílio de Deus e de luz que esclarecesse Sua Palavra. Quando essa luz vinha, e as nuvens se dissipavam, que alegria e grata felicidade repousavam sobre os ansiosos e diligentes pesquisadores! Nosso reconhecimento para com Deus era tão completo quanto havia sido nosso fervoroso e sedento clamor em busca de luz. Algumas noites não podíamos dormir, porque tínhamos o coração a transbordar de amor e gratidão para com Deus. T3 327 1 Os que agora saem a pregar a verdade têm tudo facilitado, ao alcance da mão. Não podem experimentar as privações que os obreiros da verdade presente suportaram antes deles. A verdade foi descoberta elo após elo, até formar uma clara e bem sistemática cadeia. Para trazer à luz a verdade com tanta clareza e harmonia, foi necessário cuidadoso estudo. A mais cruel e decidida oposição levou os servos de Deus a buscar o Senhor e a Bíblia. A luz que provinha de Deus lhes era realmente preciosa. T3 327 2 Foi-me mostrado que a razão por que alguns não podem discernir o que é certo é porque têm por tanto tempo agradado o inimigo que tem trabalhado lado a lado com eles, enquanto não discerniram seu poder. Por vezes parece difícil esperar pacientemente até que chegue o tempo apontado por Deus para defender o que é certo. Mas foi-me mostrado que, se ficamos impacientes, perdemos um rico galardão. Como obreiros fiéis no grande campo de Deus, precisamos semear com lágrimas e ser pacientes e esperançosos. Precisamos enfrentar problemas e tristezas. Tentações e penosa labuta afligirão o coração, mas precisamos pacientemente esperar com fé para colher com alegria. Na vitória final, Deus não terá lugar para as pessoas que não podem ser encontradas em parte alguma em tempo do perigo, quando as energias, a coragem e a influência de todos são necessárias para atacar o inimigo. Os que se colocam como soldados fiéis, para batalhar contra o erro e defender o que é certo, lutando "contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais" (Efésios 6:12), receberão, cada um, o louvor do Mestre: "Bem está, bom e fiel servo. ... Entra no gozo do teu Senhor." Mateus 25:23. T3 327 3 Nunca houve maior necessidade de fiéis advertências, reprovações e um tratamento íntimo e direto do que neste tempo. Satanás desceu com grande poder, "sabendo que... tem pouco tempo". Apocalipse 12:12. Ele está inundando o mundo com fábulas agradáveis, e o povo de Deus gosta que se lhes fale coisas lisonjeiras. O pecado e a iniqüidade não são detestados. Foi-me mostrado que o povo de Deus precisa fazer esforços mais firmes e resolutos para repelir a escuridão que está tomando conta. O trabalho rigoroso do Espírito de Deus é necessário agora como nunca antes. A estupidez precisa ser extirpada. Precisamos despertar da indiferença que se demonstrará nossa destruição se não lhe resistirmos. Satanás tem uma influência poderosa e controladora sobre as mentes. Pregadores e povo estão em perigo de serem achados ao lado das forças das trevas. Não há agora posição neutra. Somos todos decididamente pelo correto ou decididamente pelo erro. Disse Cristo: "Quem não é comigo é contra Mim; e quem comigo não ajunta espalha." Mateus 12:30. T3 328 1 Sempre haverá pessoas que se simpatizam com aqueles que estão em falta. Satanás teve simpatizantes no Céu e levou com ele um grande número de anjos. Deus, Cristo e os anjos celestes estavam de um lado, e Satanás do outro. Não obstante o poder e a majestade infinitos de Deus e de Cristo, anjos se rebelaram. As insinuações de Satanás surtiram efeito, e eles realmente chegaram a crer que o Pai e o Filho eram seus inimigos e que Satanás era seu benfeitor. Satanás tem o mesmo poder e o mesmo controle sobre as mentes agora, somente que esse poder aumentou cem vezes pelo exercício e a experiência. Homens e mulheres hoje são enganados, cegados por suas insinuações e artimanhas, e não o sabem. Dando lugar a dúvidas e descrença com relação à obra de Deus, e acariciando sentimentos de desconfiança e cruel inveja, estão se preparando para uma decepção total. Levantam-se com sentimentos amargos contra aqueles que ousam falar de seus erros e reprovar-lhes os pecados. T3 328 2 Aqueles que no temor de Deus se aventuraram a fielmente enfrentar o erro e o pecado, chamando o pecado pelo seu nome exato, têm-se desempenhado de um dever desagradável com muito sofrimento para si mesmos; eles recebem a aprovação de bem poucos e sofrem o desprezo de muitos. Os que simpatizam com o erro executam os propósitos de Satanás para derrotar o desígnio de Deus. T3 329 1 Censuras sempre feriram a natureza humana. Muitos são os que têm sido destruídos pela imprudente simpatia de seus irmãos; pois, como os irmãos se simpatizaram com eles, pensaram que de fato tinham sido maltratados e que o reprovador estava totalmente errado e tinha um mau espírito. A única esperança para pecadores em Sião é plenamente ver e confessar seus erros, e abandoná-los. Aqueles que se intrometem para embotar o gume afiado da censura que Deus envia, dizendo que o reprovador estava em parte errado e que a reprovação não era justa, agradam ao inimigo. Tudo que Satanás pode inventar para tornar as censuras sem efeito cumprirá seu desígnio. Alguns culparão aquele a quem Deus enviou com uma mensagem de advertência, dizendo: "Ele é severo demais." Assim fazendo, tornam-se responsáveis pelo pecador a quem Deus desejava salvar, e a quem, porque o amava, Ele enviou correção, para que pudesse humilhar seu espírito diante de Deus e abandonar seus pecados. Estes falsos simpatizantes, por sua obra de morte, logo terão uma conta a acertar com o Mestre. T3 329 2 Há muitos que professam crer na verdade que estão cegos ao próprio perigo. Cultivam a iniqüidade no coração e a praticam na vida. Seus amigos não lhes podem ler o coração, e freqüentemente pensam que tais pessoas estão muito bem. Black Hawk, Colorado, 12 de Agosto de 1873. ------------------------Capítulo 30 -- Sonhando acordada T3 329 3 Prezada irmã E: T3 329 4 Foi-me mostrado que você necessita de uma conversão completa. Você aceitou a verdade, mas não recebeu as bênçãos que a verdade traz, porque não experimentou seu poder transformador. Você corre o risco de perder os dois mundos, a menos que tenha uma atuação mais completa da graça em seu coração e que sua vontade se harmonize com a mente e a vontade de Cristo. T3 329 5 Você não está agora no trilho certo para obter aquela paz e felicidade que o crente verdadeiro, humilde e portador da cruz certamente obterá. Você tem os traços de caráter de seu pai. Tem uma disposição egoísta; você não reconhece isso, mas é verdade. Seus pensamentos principais são para você mesma, para satisfazer-se, para fazer o que lhe é mais agradável, sem considerar a felicidade das pessoas a seu redor. Você está cometendo um erro em procurar felicidade. Se a achar, será no cumprimento do dever e no esquecimento do eu. Enquanto seus pensamentos se concentram tanto em si mesma, você não pode ser feliz. T3 330 1 Negligencia empenhar-se alegremente no trabalho que Deus lhe designou. Esquece os deveres comuns e simples que jazem diretamente em seu caminho, e sua mente devaneia em algum trabalho maior, que imagina será mais de acordo com seu gosto, e que suprirá o vazio em sua vida, a esterilidade de sua alma. Você certamente será desapontada nisso. O trabalho que Deus lhe deixou para fazer é assumir os deveres comuns de cada dia que estão a seu redor e fazer alegremente as tarefas simples e modestas da vida, não mecanicamente, mas tendo o coração no que faz, efetuando de boa vontade e com as mãos os deveres simples que estão à sua frente. T3 330 2 Você não procura fazer outros felizes; seus olhos não estão abertos, procurando discernir que pequenas coisas você pode fazer, que pequenas atenções nas cortesias diárias da vida pode demonstrar para com seus pais e os membros da família. Tem achado excessivamente ser uma virtude isolar-se da família e ruminar sobre seus pensamentos desditosos e experiência infeliz, colhendo espinhos e tendo prazer em ferir-se com eles. Compraz-se em um hábito sonhador, que deve ser quebrado. Você deixa deveres por fazer. Pelo prazer de satisfazer sua fantasia infeliz, negligencia trabalho que deveria fazer para aliviar a outros. Não conhece a si mesma. Levante-se para o dever! Desperte-se e assuma seu dever negligenciado. Redima o passado pela fidelidade futura. Assuma o trabalho à sua frente, e, no cumprimento fiel do dever, você esquecerá de si mesma e não terá tempo para fantasiar e tornar-se melancólica, e sentir-se mal-humorada e infeliz. T3 331 1 Você tem quase tudo a aprender na experiência cristã. Não está progredindo tão depressa como poderia e precisa, se deseja obter a vida eterna. Está agora formando um caráter para o Céu ou um que a impedirá de entrar ali. Tem tido a mente e os pensamentos tão absortos em si mesma que não reconheceu o que precisa fazer para tornar-se uma verdadeira seguidora do manso e humilde Jesus. Você tem negligenciado seus deveres domésticos. Tem sido uma nuvem e uma sombra na família, quando era seu privilégio derramar luz e ser uma bênção aos queridos a seu redor. Tem sido impertinente, ansiosa e infeliz, quando nada havia realmente para fazê-la assim. Não tem se mostrado alerta para ver o que podia fazer para aliviar os fardos de sua mãe e abençoar seus pais de toda forma possível. Tem esperado de seus pais e irmãs ajuda para ser feliz e para servi-la, para agirem por você, enquanto seus pensamentos se concentram em você mesma. Não tem tido a graça de Deus em seu coração, ao passo que se enganou pensando que tinha feito bom progresso no conhecimento da vontade divina. T3 331 2 Tem estado disposta a travar conversa com pessoas que não são de nossa fé, quando lhe era impossível apresentar-lhes uma razão inteligente de nossa fé. Nisto você não representa bem a verdade e faz muito mais mal do que bem à causa da verdade. Se você falasse menos na defesa de nossa fé e estudasse mais sua Bíblia, e deixasse seu comportamento ser de natureza a testificar que a influência da verdade foi boa sobre seu coração e vida, faria muito mais bem do que por mero falar, quando precisa de fidelidade em tantas coisas. T3 331 3 Se você for cuidadosa em seguir o exemplo de nosso abnegado Redentor que Se sacrificava, que sempre procurava fazer o bem e abençoar a outros, mas não para achar comodidade, prazer e alegria para Si mesmo, então sua influência será uma bênção a outros. Em nosso convívio na sociedade, em família, ou em quaisquer relacionamentos da vida em que sejamos colocados, limitados ou extensos que sejam, há muitas maneiras pelas quais podemos confessar a nosso Senhor, e muitos modos pelos quais podemos negá-Lo. Podemos negá-Lo por nossas palavras, falando mal de outros, por conversas levianas, gracejos e zombarias, por palavras ociosas ou cruéis, ou por prevaricar, falando contrariamente à verdade. Por nossas palavras podemos confessar que Cristo não está em nós. Por nosso caráter, podemos negá-Lo pelo amor da comodidade, esquivando-nos aos deveres e responsabilidades da vida que devem recair sobre outros, se nós não os assumirmos, e amando os prazeres pecaminosos. Podemos também negar a Cristo pelo orgulho no vestuário e conformidade com o mundo, ou por uma conduta descortês. Podemos negá-Lo pelo amor a nossas próprias opiniões, buscando sustentar e justificar o próprio eu. Também podemos negá-Lo, permitindo a mente girar em torno do sentimentalismo amoroso, e demorando os pensamentos sobre nossa suposta dura sorte, nossas provações. T3 332 1 Pessoa alguma pode na verdade confessar a Cristo perante o mundo, a menos que nela habitem a mente e o espírito de Cristo. Impossível é comunicarmos aquilo que não possuímos. A conversação e a conduta devem ser real e visível expressão da graça e verdade interiores. Caso o coração seja santificado, submisso e humilde, os frutos serão vistos exteriormente e serão a mais eficaz confissão de Cristo. Palavras e profissão de fé não são suficientes. Você, minha irmã, deve ter mais que isto. Está a enganar a si mesma. Seu espírito, caráter e ações não mostram um espírito manso, abnegado e caridoso. As palavras e a profissão de fé poderão exprimir muita humildade e amor; porém, se a conduta não for diariamente regulada pela graça de Deus, você não é participante do dom celestial, não abandonou tudo por Cristo, não entregou sua vontade e prazer a fim de tornar-se discípula Sua. T3 332 2 Comete pecado e nega seu Salvador ao pensar em coisas sombrias, arranjando para você mesma provações, tomando aflições emprestadas. Ao inventar provações, você atrai para hoje as aflições do dia de amanhã, amargura o próprio coração e traz preocupações e nuvens sobre os que a rodeiam. Quanto ao precioso tempo de graça que lhe é concedido por Deus, em que deve fazer bem e enriquecer-se em boas obras, você é bastante imprudente para empregá-lo em pensar em coisas desagradáveis e em construir castelos no ar. Permite que sua imaginação gire em assuntos que nenhum alívio ou felicidade lhe trarão. Suas fantasias a atrapalham na obtenção de uma experiência sadia e inteligente nas coisas de Deus, e de aptidão moral para a vida melhor. T3 333 1 A verdade de Deus, recebida no coração, é capaz de fazê-la sábia "para a salvação". 2 Timóteo 3:15. Crendo nela e obedecendo-lhe, receberá graça suficiente para os deveres e provas de cada dia. Você não necessita de graça para o dia de amanhã. Cumpre-lhe considerar que você só tem que ver com o dia de hoje. Vença por hoje; negue-se por hoje; vigie e ore por hoje; em Deus obtenha vitória por hoje. Nossas circunstâncias e ambiente, as mudanças que diariamente surgem ao nosso redor e a Palavra Escrita de Deus que discerne e prova tudo -- estas coisas são suficientes para nos ensinar o dever, e o que nos cumpre fazer dia a dia. Em vez de deixar que sua mente vagueie numa linha de pensamentos de que não tirará nenhum benefício, você deve examinar diariamente as Escrituras, e cumprir aqueles deveres da vida diária que presentemente lhe são enfadonhos, mas que devem ser cumpridos por alguém. T3 333 2 As belezas naturais possuem uma língua que nos fala incessantemente aos sentidos. O coração aberto pode ser impressionado com o amor e a glória de Deus, segundo se revelam nas obras de Suas mãos. O ouvido atento pode ouvir e compreender as comunicações de Deus através das obras da natureza. Há uma lição na luz solar e nos vários elementos da natureza apresentados por Deus ao nosso olhar. Os campos verdejantes, as árvores altaneiras, os botões e as flores, a nuvem que passa, a chuva que cai, as fontes rumorejantes, o Sol, a Lua e as estrelas no céu, tudo convida nossa atenção e incentiva a meditar, pedindo-nos que nos familiarizemos com Deus, que tudo isso criou. As lições a serem aprendidas dos vários elementos do mundo natural são estas: eles são obedientes à vontade de seu Criador; não negam nunca a Deus, nunca recusam obediência a qualquer manifestação de Sua vontade. Unicamente os seres caídos se negam a prestar inteira obediência Àquele que os fez. Suas palavras e obras se acham em desarmonia com Deus e em oposição aos princípios de Seu governo. T3 334 1 Seus pensamentos não são elevados. Há coisas suficientes no mundo natural para levá-la a amar e adorar seu Criador. Há alimento para a mente sem precisar isolar-se para nutrir-se de esperanças desapontadoras e imaginações perversas. Não se apresse a falar com descrentes e não entre em argumentos com aqueles que se opõem à verdade, porque você não está munida do conhecimento das Escrituras para fazer isso. Tem negligenciado o estudo da Bíblia. Você pode recomendar melhor a verdade pela mansidão de sua vida e o desempenho fiel de seus deveres diários. Se for conscienciosamente estrita em fazer sua parte, e for fiel e sincera para ver o que pode e deve fazer por aqueles pelos quais você trabalha, então representará melhor a verdade. O melhor modo de você recomendar a verdade não é por argumento nem por conversa, mas vivendo-a cada dia através de uma vida coerente, modesta e humilde como discípula de Cristo. T3 334 2 É triste estar descontente com nosso ambiente ou com as circunstâncias que nos colocaram onde nossos deveres parecem humildes e sem importância. Deveres particulares e humildes não são do seu gosto; você é inquieta, impaciente e insatisfeita. Tudo isto é resultado do egoísmo. Pensa mais de si mesma do que outros pensam de você. Tem mais amor a si mesma do que a seus pais, irmãs e irmão, e mais do que a Deus. Você deseja um trabalho mais agradável, para o qual pensa estar melhor qualificada. Não está disposta a trabalhar e esperar na esfera de ação humilde onde Deus a colocou, até que Ele a prove e teste, e você demonstre sua habilidade e capacidade para uma posição mais elevada. "Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra." Mateus 5:5. O espírito de mansidão não é um espírito de descontentamento, mas é exatamente o oposto. T3 334 3 Os professos cristãos que estão sempre a murmurar e se queixar, e que parecem pensar que a felicidade e um semblante alegre são pecado, não têm a genuína espécie de religião. Os que olham para o belo cenário da natureza como o fariam a um quadro inanimado, que preferem olhar às folhas mortas a juntarem as flores vivas e belas, que encontram prazer doentio em tudo quanto é melancólico na linguagem que lhes fala o mundo natural, que não vêem beleza alguma nos vales revestidos de verdejante relva e nas altaneiras montanhas cobertas de vegetação, que cerram os sentidos à jubilosa voz que lhes fala da natureza, a qual é doce e musical ao ouvido atento -- esses tais não estão em Cristo. Não estão andando na luz, mas adensam para si mesmos sombras e trevas, quando poderiam igualmente possuir claridade e a bênção do Sol da Justiça a raiar em seu coração, trazendo salvação em Seus raios. T3 335 1 Minha jovem irmã, você está vivendo uma vida imaginária. Não pode descobrir ou reconhecer uma bênção em nada. Imagina problemas e provações que não existem; você exagera pequenos aborrecimentos, transformando-os em graves provações. Esta não é a mansidão que Cristo abençoou. É um descontentamento não santificado, rebelde, impróprio de uma filha. A mansidão é uma graça preciosa, disposta a sofrer em silêncio, disposta a suportar provações. A mansidão é paciente, e esforça-se para ser feliz sob todas as circunstâncias. A mansidão é sempre agradecida, e entoa os próprios cânticos de felicidade, tornando melodioso o coração para com Deus. A mansidão suportará desapontamento e injustiça, e não se vingará. A mansidão não deve ser taciturna nem irritadiça. O temperamento irritadiço é o oposto da mansidão; pois só fere os outros e lhes causa desgosto, e não satisfaz a si próprio. T3 335 2 Você mal entrou na escola de Cristo. Tem quase tudo para aprender. Não mais se veste extravagantemente, mas se orgulha de sua aparência. Deseja vestir-se com menos simplicidade. Pensa muito mais sobre vestuário do que deveria. Cristo a convida: "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo é leve." Mateus 11:28-30. Submeta seu pescoço ao jugo que Cristo impõe e encontrará nesta submissão aquela felicidade que você tem tentado obter a seu modo seguindo o próprio caminho. T3 336 1 Você pode sentir-se alegre, se puser até mesmo os pensamentos em sujeição à vontade de Cristo. Não deve demorar, mas examinar rigorosamente o próprio coração e morrer diariamente para o eu. Poderá indagar: Como posso dominar meus atos e controlar minhas emoções interiores? Muitos que não professam o amor de Deus controlam o espírito em considerável medida, sem o auxílio da graça especial de Deus. Eles cultivam domínio próprio. Isto representa na verdade uma acusação aos que sabem que podem obter força e graça de Deus, e todavia não exibem as graças do Espírito. Cristo é nosso Modelo. Ele era manso e humilde. Aprenda dEle e imite-Lhe o exemplo. O Filho de Deus era sem defeito. Nós devemos ter como alvo essa perfeição, e vencer como Ele venceu, se é que queremos ter assento à Sua mão direita. T3 336 2 Você possui peculiaridades de caráter que necessitam ser rigorosamente disciplinadas e resolutamente controladas antes que possa com segurança casar-se. Portanto, o casamento deve sair de sua cogitação até que tenha vencido os defeitos de seu caráter, pois não será uma esposa feliz. Você tem negligenciado educar-se para o trabalho doméstico sistemático. Não tem julgado necessário adquirir hábitos de laboriosidade. O hábito de encontrar prazer em trabalho útil, uma vez formado, jamais será perdido. Estará então em condições de ser levada a qualquer situação na vida, e apta para a posição. Aprenderá a amar a atividade. Se encontrar prazer no trabalho útil, sua mente se ocupará com sua atividade, e não encontrará tempo para acariciar sonhos fantasiosos. T3 336 3 O conhecimento de trabalho proveitoso propiciará a seu espírito insatisfeito e inquieto energia mental, eficiência e uma dignidade modesta e apropriada que imporá respeito. Você pouco conhece a si mesma; não conhece os enganos do próprio coração. "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso." Jeremias 17:9. Sonde seu coração cuidadosamente e tome tempo para meditação e oração. A menos que veja os defeitos em seu caráter e com sinceridade genuína corrija suas faltas, você não pode ser uma discípula de Cristo. T3 337 1 Você gosta de pensar e falar sobre rapazes. Interpreta as cortesias deles como consideração especial por você. Lisonjeia-se de que é mais estimada do que realmente é. Sua conversa deve ser sobre assuntos proveitosos, que refinam e elevam. Você não está, minha querida filha, cultivando hábitos de franqueza e sinceridade. Seu coração não é correto. Sua influência sobre os jovens não é boa, porque você não tem a mente de Cristo; contudo se lisonjeia que tem feito grande progresso na vida cristã. T3 337 2 Uma reforma precisa começar na família de seu pai. Você tem traços do caráter de seu pai. Deve esforçar-se para evitar os erros e extremos dele. Se você for verdadeiramente uma discípula de Cristo, verá trabalho importante a ser feito em sua casa. Cada família pode ser uma escola perpétua. As irmãs mais velhas podem exercer forte influência sobre os membros mais jovens da família. Os mais novos, testemunhando o exemplo dos mais velhos, serão levados mais pelo princípio de imitação do que por preceitos inúmeras vezes repetidos. A filha mais velha deve sentir sempre ser um dever cristão sobre ela deposto o ajudar a mãe a levar seus inúmeros e trabalhosos encargos. Horas gastas na cama são piores que perdidas em sono ou em reflexões sombrias, enquanto os ombros de alguns na família são curvados sob uma carga pesada e árdua. T3 337 3 As filhas mais velhas podem ajudar na educação dos membros mais novos da família. Aqui está uma excelente oportunidade de, bondosa e diligentemente, tendo o temor do Senhor diante de si, ensinar os menos adiantados que você. Pode ganhar a afeição daqueles que você tenta ajudar. Pode ter aqui uma das melhores escolas na qual exercitar as graças cristãs. Você não gosta de crianças. Com efeito, não gosta de nada que requer esforço constante, sério e perseverante. Não gosta de obrigação constante. Gosta de mudança e variedade, e está sempre procurando algo que a satisfaça e lhe proporcione felicidade. Precisa educar a si mesma, e pode obter isto agora melhor do que em qualquer tempo futuro. Você tem de mudar quase tudo em sua vida, e que Deus a ajude a assumir o trabalho sem demora. Somente os puros, os bons e os santos habitarão com Cristo quando Ele vier em Seu reino. T3 338 1 Você não pode alcançar o Céu sem esforço sério e perseverante. À vista da luz do Céu, sua vida tem sido até agora uma vida sem objetivo e quase inútil. Você tem agora oportunidade de remir o tempo e de lavar a veste de seu caráter no sangue do Cordeiro. Deus a ajudará se você sentir necessidade de Sua ajuda. Sua justiça é sem valor diante de Deus. É somente pelos méritos de Cristo que você será vitoriosa no final. E se você estiver entre aqueles que serão salvos com eterna salvação, o Céu terá custado bem pouco. ------------------------Capítulo 31 -- A grande rebelião T3 339 2 Coré, Datã e Abirão rebelaram-se contra Moisés e Arão, e deste modo contra o Senhor. O Senhor tinha colocado responsabilidades especiais sobre Moisés e Arão, escolhendo-os para o sacerdócio e lhes conferindo a dignidade e a autoridade de dirigir a congregação de Israel. Moisés era afligido pela contínua rebelião dos hebreus. Como líder visível apontado por Deus, ele estivera ligado aos israelitas através de períodos de perigo, e tinha suportado seu descontentamento, sua inveja e suas murmurações, sem revidar e sem procurar ser liberado de sua difícil posição. T3 339 3 Quando os hebreus foram trazidos a cenas de perigo, ou onde seu apetite era restringido, em vez de confiar no Senhor, que tinha feito coisas maravilhosas por eles, murmuravam contra Moisés. O Filho de Deus, embora invisível à congregação, era o dirigente dos israelitas. Sua presença ia adiante deles e dirigia todo o seu viajar, ao passo que Moisés, que era seu dirigente visível, recebia suas instruções do Anjo, que era Cristo. Idolatria vil T3 339 4 Na ausência de Moisés, a congregação pediu que Arão lhes fizesse deuses que fossem adiante deles e os levassem de volta ao Egito. Isto era um insulto a seu líder, o Filho do Deus infinito. Apenas poucas semanas antes, eles tinham tremido de espanto e terror diante da montanha, ouvindo as palavras do Senhor: "Não terás outros deuses diante de Mim." Êxodo 20:3. A glória que santificou a montanha quando a voz foi ouvida, a qual sacudiu a montanha até sua base, ainda pairava sobre ela à vista da congregação; mas os hebreus desviaram os olhos e pediram outros deuses. Moisés, seu líder visível, estava conversando com Deus no monte. Eles esqueceram a promessa e a advertência de Deus: "Eis que Eu envio um Anjo diante de ti, para que te guarde neste caminho e te leve ao lugar que te tenho aparelhado. Guarda-te diante dEle, e ouve a Sua voz, e não O provoques à ira; porque não perdoará a vossa rebelião; porque o Meu nome está nEle." Êxodo 23:20, 21. T3 340 1 Os hebreus foram cruelmente descrentes e vilmente ingratos em sua petição ímpia: "Faze-nos deuses que vão adiante de nós." Êxodo 32:1. Se Moisés estava ausente, a presença do Senhor permanecia; não estavam abandonados. O maná continuava a cair, e eram alimentados pela mão divina de manhã e à tarde. A coluna de nuvem de dia e de fogo à noite indicava a presença de Deus, que era um memorial vivo diante deles. A presença divina não era dependente da presença de Moisés. Mas, no próprio momento em que ele estava pleiteando com o Senhor a seu favor na montanha, eles estavam se precipitando em erros vergonhosos, em transgressão da lei que tão recentemente lhes fora dada em majestade. T3 340 2 Aqui vemos a fraqueza de Arão. Tivesse ele ficado firme com verdadeira coragem moral e em ousadia reprovado os dirigentes nessa petição vergonhosa, suas palavras oportunas teriam evitado aquela terrível apostasia. Mas seu desejo de ser popular entre a congregação e seu receio de incorrer em seu desfavor o levaram a sacrificar covardemente a lealdade dos hebreus nesse momento decisivo. Levantou um altar, fez uma imagem de escultura e proclamou um dia no qual consagrar aquela imagem como objeto de adoração e anunciar diante de todo Israel: "Estes são teus deuses... que te tiraram da terra do Egito." Êxodo 32:4. Enquanto o topo do monte estava ainda iluminado com a glória de Deus, ele calmamente testemunha o divertimento e a dança diante daquela imagem insensível; e Moisés é enviado pelo Senhor para reprovar Seu povo. Mas Moisés não consentiria em deixar a montanha até que suas súplicas a favor de Israel fossem ouvidas e seu pedido para que Deus os perdoasse fosse atendido. As tábuas da lei quebradas T3 341 1 Moisés desceu do monte com o registro precioso em suas mãos, um penhor de Deus ao homem sob a condição de obediência. Moisés era o homem mais manso sobre a Terra; mas, quando contemplou a apostasia de Israel, ficou irado e zeloso pela glória de Deus. Em sua indignação, lançou por terra o penhor precioso de Deus, que lhe era mais valioso do que a vida. Ele viu a lei quebrada pelos hebreus, e em seu zelo por Deus, para destruir o ídolo que estavam adorando, ele sacrificou as tábuas de pedra. Arão estava a seu lado, calma e pacientemente suportando a censura severa de Moisés. Tudo isto podia ter sido evitado por uma palavra de Arão no tempo certo. Decisão verdadeira e nobre pelo direito na hora de perigo para Israel teria estabilizado a mente deles na direção correta. T3 341 2 Condena Deus a Moisés? Não, não; a grande bondade de Deus perdoa a precipitação e zelo de Moisés, porque tudo foi inteiramente por causa de sua fidelidade e seu desapontamento e tristeza à vista da evidência da apostasia de Israel. O homem que poderia ter salvo os hebreus na hora do perigo está calmo. Ele não mostra indignação por causa dos pecados do povo, nem se condena e manifesta remorso ao sentir suas faltas; mas procura justificar sua conduta em vista de um pecado grave. Responsabiliza o povo por sua fraqueza em ceder à sua petição. Ele não estava disposto a suportar a murmuração de Israel e a ficar firme sob a pressão de seus clamores e desejos irracionais como Moisés. Entrou no espírito e sentimentos do povo sem protesto, e então procurou responsabilizá-lo. T3 341 3 A congregação de Israel considerava Arão um líder muito mais agradável do que Moisés. Não era tão inflexível. Pensavam que Moisés manifestava um espírito muito mau, e simpatizavam-se com Arão, a quem Moisés censurara tão severamente. Mas Deus perdoou a imprudência de um zelo honesto em Moisés, ao passo que responsabilizou Arão por sua fraqueza pecaminosa e falta de integridade sob a pressão das circunstâncias. A fim de salvar-se, Arão sacrificou milhares de israelitas. Os hebreus sentiram o castigo de Deus por esse ato de apostasia, mas em pouco tempo estavam de novo cheios de descontentamento e rebelião. O povo murmura T3 342 1 Quando os exércitos de Israel prosperavam, tomavam toda a glória para si; mas, quando eram testados e provados por fome ou guerra, atribuíam todas as suas aflições a Moisés. O poder de Deus, que se tinha manifestado de modo notável em sua libertação do Egito e sido visto de tempos em tempos através de suas jornadas, devia tê-los inspirado com fé e lhes fechado a boca para sempre a qualquer expressão de ingratidão. Mas o menor receio de necessidade, o menor temor de perigo de qualquer origem, contrabalançava os benefícios a seu favor e fazia com que esquecessem as bênçãos recebidas nas ocasiões de maior perigo. A experiência pela qual passaram na questão de adorarem o bezerro de ouro devia ter-lhes causado impressão tão profunda sobre a mente que jamais se apagasse. Mas, embora as marcas do desfavor de Deus fossem recentes em suas fileiras dizimadas e muitos os ausentes por causa de suas ofensas repetidas contra o Anjo que os guiava, não levaram a sério essas lições nem por obediência fiel redimiram seu fracasso passado; e de novo foram vencidos pelas tentações de Satanás. T3 342 2 Os melhores esforços do homem mais manso sobre a Terra não podiam pôr fim à sua insubordinação. O interesse desprendido de Moisés foi recompensado com inveja, suspeita e calúnia. Sua humilde vida de pastor fora muito mais tranqüila e feliz do que sua posição presente como pastor dessa vasta congregação de espíritos turbulentos. Sua inveja irracional era mais difícil de controlar do que os lobos ferozes do deserto. Mas Moisés não ousou escolher o próprio caminho e fazer o que mais lhe aprouvesse. Ele tinha deixado o cajado de pastor por ordem de Deus e em seu lugar tinha recebido uma vara de poder. Ele não ousou depor o cetro e resignar à sua posição até que Deus o dispensasse. T3 343 1 É obra de Satanás tentar mentes. Ele insinuará suas sugestões astutas e suscitará dúvida, questionamentos, descrença e desconfiança de palavras e atos de alguém que está sob responsabilidades e que está procurando levar a efeito o pensamento de Deus em seus trabalhos. É o propósito especial de Satanás despejar sobre e em volta dos servos escolhidos por Deus problemas, dificuldades e oposição, de modo que sejam impedidos em seu trabalho e, se possível, desencorajados. Inveja, contenda e ruins suspeitas vão frustrar, em grande medida, os melhores esforços que os servos de Deus designados para uma obra especial possam ser capazes de exercer. T3 343 2 O plano de Satanás é tirá-los de seu posto de dever atuando através de seus agentes. A todos que ele pode instigar à desconfiança e suspeita, ele usará como seus instrumentos. A posição de Moisés em levar os fardos que suportou para o Israel de Deus não foi apreciada. Há na natureza humana, quando não está sob a influência direta do Espírito de Deus, uma disposição para inveja, ciúmes e desconfiança cruel, a qual, se não for subjugada, levará ao desejo de destruir e estraçalhar a outros, enquanto espíritos egoístas procurarão edificar-se sobre as ruínas deles. Coré, Datã e Abirão T3 343 3 Por desígnio de Deus tinham sido confiadas honras especiais a esses homens. Tinham sido do número daqueles que, com os setenta anciãos, subiram com Moisés ao monte e contemplaram a glória de Deus. Viram a luz gloriosa que cobria a forma divina de Cristo. A base dessa nuvem era na aparência "como uma obra de pedra de safira e como o parecer do céu na sua claridade". Êxodo 24:10. Esses homens estiveram na presença da glória do Senhor e comeram e beberam sem serem destruídos pela pureza e glória insuperável que se refletia sobre eles. Mas uma mudança tinha surgido. Uma tentação, leve a princípio, tinha sido acolhida; e, ao ser encorajada, tinha-se fortalecido até que a imaginação foi controlada pelo poder de Satanás. Esses homens, sob o pretexto mais frívolo, se aventuraram em sua obra de discórdia. A princípio sugeriram e expressaram dúvidas, que foram tão prontamente aceitas por muitas mentes que se aventuraram a ir mais longe. E sendo fortalecidos mais e mais em suas suspeitas por palavras de um e de outro, cada um expressando o que pensava de certas coisas que tinham notado, essas pessoas iludidas realmente chegaram a crer que tinham zelo pelo Senhor na questão e que não seriam desculpáveis a menos que levassem até o fim seu propósito de fazer Moisés ver e sentir a posição absurda que ele ocupava para com Israel. Um pouco de fermento de desconfiança e dissensão, inveja e ciúmes estava levedando o acampamento de Israel. T3 344 1 Coré, Datã e Abirão começaram sua obra cruel sobre os homens a quem Deus tinha confiado responsabilidades sagradas. Tiveram êxito em alienar duzentos e cinqüenta príncipes que eram famosos na congregação, homens de renome. Com estes homens fortes e influentes do seu lado, sentiram-se seguros para efetuar uma mudança radical na ordem das coisas. Pensaram que podiam transformar o governo de Israel e melhorá-lo bastante em relação à administração atual. T3 344 2 Coré não estava satisfeito com sua posição. Ele era ligado com o serviço do tabernáculo, mas queria ser elevado ao sacerdócio. Deus tinha estabelecido a Moisés como o governador principal, e o sacerdócio foi dado a Arão e seus filhos. Coré resolveu obrigar Moisés a mudar a ordem das coisas, para que ele pudesse ser elevado à dignidade do sacerdócio. Para ter mais certeza de efetuar seu propósito, ele atraiu Datã e Abirão, descendentes de Rúben, à sua rebelião. Estes raciocinaram que, sendo descendentes do filho mais velho de Jacó, a autoridade principal, a qual Moisés usurpara, lhes pertencia; e, com Coré, resolveram obter o cargo do sacerdócio. Estes três se tornaram muito zelosos numa obra má e influenciaram a duzentos e cinqüenta homens de renome, que também estavam resolvidos a ter parte no sacerdócio e no governo, a se unirem a eles. T3 345 1 Deus tinha honrado os levitas para fazer o serviço do tabernáculo porque eles não tinham tomado parte em fazer e adorar o bezerro de ouro e por causa de sua fidelidade em cumprir a ordem de Deus sobre os idólatras. Aos levitas foi também designada a missão de construir o tabernáculo e acampar-se a seu redor, ao passo que os exércitos de Israel armavam suas tendas a certa distância dele. E quando jornadeavam, os levitas desmontavam o tabernáculo e o carregavam, bem como a arca e todos os artigos sagrados do mobiliário. Porque Deus tinha assim honrado os levitas, tornaram-se ainda mais ambiciosos de um cargo mais alto, para granjearem maior influência sobre a congregação. "E se congregaram contra Moisés e contra Arão e lhes disseram: Demais é já; pois que toda a congregação é santa, todos eles são santos, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos elevais sobre a congregação do Senhor?" Números 16:3. Lisonja e falsa compaixão T3 345 2 Não há nada que agradará mais ao povo do que ser louvado e lisonjeado quando está em trevas e no erro, e merece reprovação. Coré ganhou a atenção do povo, e depois sua simpatia, retratando Moisés como líder despótico. Disse que ele era demasiado severo, demasiado exigente e ditatorial, e que ele reprovava o povo como se fossem pecadores quando eram um povo santo, consagrado ao Senhor, e que o Senhor estava entre eles. Coré recapitulou os incidentes da experiência deles em suas viagens através do deserto, onde foram levados a lugares difíceis, e onde muitos deles tinham morrido por causa de murmuração e desobediência. Com seus sentimentos pervertidos, pensavam que viam muito claramente que toda sua aflição podia ter sido poupada se Moisés tivesse seguido uma conduta diferente. Ele era muito intransigente, exigente demais, e determinaram que todos os seus infortúnios no deserto eram atribuíveis a ele. Coré, o líder, professava grande sabedoria em discernir a razão verdadeira de suas provas e aflições. T3 346 1 Nessa obra de deslealdade havia maior harmonia e união de opiniões e sentimentos entre esses elementos discordantes do que jamais se soubera haver existido. O êxito de Coré em ganhar a maior parte da congregação de Israel para seu lado levou-o a sentir-se confiante que era sábio e correto em julgamento e que Moisés estava de fato usurpando autoridade que ameaçava a prosperidade e a salvação de Israel. Ele pretendia que Deus lhe tinha feito compreender o assunto e colocara sobre ele a responsabilidade de mudar o governo de Israel antes que fosse tarde demais. Afirmou que a falta não estava com a congregação, pois eram justos; que o clamor de que a murmuração da congregação estava trazendo sobre eles a ira de Deus era inteiramente errado; e que o povo queria apenas seus direitos; queriam independência individual. T3 346 2 À medida que a percepção da paciência abnegada de Moisés forçasse entrada à mente deles, e seus esforços desinteressados em favor deles enquanto estavam sob o jugo da escravidão se lhes fossem apresentados, a consciência deles ficaria um tanto perturbada. Alguns não estavam inteiramente com Coré em sua opinião sobre Moisés e procuraram falar a seu favor. Coré, Datã e Abirão deviam dar alguma razão diante do povo por que Moisés desde o começo tinha demonstrado tão grande interesse pela congregação de Israel. A mente egoísta deles, que tinha sido corrompida como instrumento de Satanás, sugeriu que afinal tinham achado a causa do aparente interesse de Moisés. Ele planejara mantê-los vagueando no deserto até que todos, ou quase todos, perecessem e ele entrasse na posse de seus bens. T3 346 3 Coré, Datã, Abirão e os duzentos e cinqüenta príncipes que se tinham unido a eles primeiro se tornaram ciumentos, depois invejosos e finalmente rebeldes. Tinham falado a respeito da posição de Moisés como governante do povo até que imaginaram que era uma posição muito invejável, que qualquer um deles podia preencher tão bem como ele. E se entregaram ao descontentamento até que realmente enganaram a si mesmos e pensaram que Moisés e Arão haviam se colocado na posição que ocupavam em Israel. Disseram que Moisés e Arão se exaltaram sobre a congregação do Senhor ao se apoderarem do sacerdócio e do governo, e que este cargo não devia ser conferido somente à casa deles. Disseram que lhes bastava se estivessem no mesmo nível que seus irmãos; pois não eram mais santos do que o povo, o qual era igualmente favorecido com a presença e proteção especiais de Deus. Caráter provado T3 347 1 Ao Moisés ouvir as palavras de Coré, ele se encheu de angústia e caiu sobre sua face diante do povo. "E falou a Coré e a toda a sua congregação, dizendo: Amanhã pela manhã o Senhor fará saber quem é Seu e quem o santo que Ele fará chegar a Si; e aquele a quem escolher fará chegar a Si. Fazei isto: Tomai vós incensários, Coré e toda a sua congregação; e, pondo fogo neles amanhã, sobre eles deitai incenso perante o Senhor; e será que o homem a quem o Senhor escolher, este será o santo; baste-vos, filhos de Levi. Disse mais Moisés a Coré: Ouvi, agora, filhos de Levi: Porventura, pouco para vós é que o Deus de Israel vos separou da congregação de Israel para vos fazer chegar a Si, a administrar o ministério do tabernáculo do Senhor e estar perante a congregação para ministrar-Lhe; e te fez chegar e todos os teus irmãos, os filhos de Levi, contigo; ainda também procurais o sacerdócio? Pelo que tu e toda a tua congregação congregados estais contra o Senhor; e Arão, que é ele, que murmurais contra ele?" Números 16:5-11. Moisés lhes disse que Arão não assumira o cargo por conta própria, que Deus o tinha posto no cargo sagrado. T3 347 2 Datã e Abirão disseram: "Porventura, pouco é que nos fizeste subir de uma terra que mana leite e mel, para nos matares neste deserto, senão que também totalmente te assenhoreias de nós? Nem tão pouco nos trouxeste a uma terra que mana leite e mel, nem nos deste campos e vinhas em herança; porventura, arrancarás os olhos a estes homens? Não subiremos." Números 16:13, 14. T3 348 1 Eles acusaram Moisés de ser a causa de não entrarem na Terra Prometida. Disseram que Deus não os tinha tratado assim, e que Ele não dissera que haveriam de morrer no deserto, e que eles nunca creriam que Ele tivesse falado assim; fora Moisés quem dissera isso, não o Senhor; e tudo fora arranjado por Moisés para nunca levá-los à terra de Canaã. Falaram acerca dele os tirar de uma terra que manava leite e mel. Em sua rebelião cega esqueceram-se de seus sofrimentos no Egito e das pragas desoladoras que caíram sobre o país. E agora acusam Moisés de tirá-los de uma boa terra e de matá-los no deserto, para que se enriquecesse com suas posses. Indagam de Moisés, de modo insolente, se pensava que ninguém em todo o povo de Israel era sábio o bastante para compreender seus motivos e descobrir sua impostura, ou se ele pensava que todos se submeteriam para que ele os dirigisse como cegos como bem lhe aprouvesse, às vezes rumo a Canaã, e então de novo rumo ao Mar Vermelho e ao Egito. Pronunciaram essas palavras perante a congregação, e recusaram absolutamente continuar a reconhecer a autoridade de Moisés e Arão. T3 348 2 Moisés ficou grandemente perturbado com essas acusações injustas. Apelou a Deus perante o povo se ele alguma vez agira arbitrariamente, e implorou que Ele fosse seu juiz. O povo em geral estava descontente e influenciado pelas difamações de Coré. "Disse mais Moisés a Coré: Tu e toda a tua congregação, ponde-vos perante o Senhor, tu, e eles, e Arão, amanhã. E tomai cada um o seu incensário e neles ponde incenso; e trazei cada um o seu incensário perante o Senhor, duzentos e cinqüenta incensários; também tu e Arão, cada qual o seu incensário. Tomaram, pois, cada qual o seu incensário, e neles puseram fogo, e neles deitaram incenso, e se puseram perante a porta da tenda da congregação com Moisés e Arão." Números 16:16-18. T3 349 1 Coré e seu grupo, que na sua confiança própria aspiravam ao sacerdócio, tomaram os incensários e se puseram à porta do tabernáculo com Moisés. Coré tinha alimentado sua inveja e rebelião até ter enganado a si mesmo, e ele realmente pensava que a congregação era um povo muito justo e que Moisés era um dirigente tirânico, continuamente insistindo sobre a necessidade da congregação ser santa, quando não havia necessidade disso, pois eram santos. T3 349 2 Esses rebeldes tinham lisonjeado o povo a crer que eram justos e que todas as suas tribulações partiam de Moisés, seu dirigente, que continuamente lhes lembrava os seus pecados. O povo pensava que se Coré pudesse dirigi-los e encorajá-los insistindo sobre sua justiça, em vez de lembrar-lhes suas faltas, eles teriam uma viagem muito tranqüila e próspera, e que ele os levaria sem dúvida não para trás e para diante no deserto, mas para a Terra Prometida. Disseram que fora Moisés quem lhes falara que não podiam entrar na terra e que o Senhor não o tinha dito. Os rebeldes perecem T3 349 3 Coré, em sua elevada confiança própria, reuniu toda a congregação de Israel contra Moisés e Arão "à porta da tenda da congregação; então, a glória do Senhor apareceu a toda a congregação. E falou o Senhor a Moisés e a Arão, dizendo: Apartai-vos do meio desta congregação, e os consumirei como num momento. Mas eles se prostraram sobre os seus rostos, e disseram: Ó Deus, Deus dos espíritos de toda carne, pecará um só homem, e indignar-Te-ás Tu tanto contra toda esta congregação? E falou o Senhor a Moisés, dizendo: Fala a toda esta congregação, dizendo: Levantai-vos do redor da habitação de Coré, Datã e Abirão. Então, Moisés levantou-se e foi a Datã e a Abirão; e após ele foram os anciãos de Israel. E falou à congregação, dizendo: Desviai-vos, peço-vos, das tendas destes ímpios homens e não toqueis nada do que é seu, para que, porventura, não pereçais em todos os seus pecados. Levantaram-se, pois, do redor da habitação de Coré, Datã e Abirão. E Datã e Abirão saíram e se puseram à porta das suas tendas, juntamente com as suas mulheres, e seus filhos, e suas crianças. Então, disse Moisés: Nisto conhecereis que o Senhor me enviou a fazer todos estes feitos, que de meu coração não procedem. Se estes morrerem como morrem todos os homens e se forem visitados como se visitam todos os homens, então, o Senhor me não enviou. Mas, se o Senhor criar alguma coisa nova, e a terra abrir a sua boca e os tragar com tudo o que é seu, e vivos descerem ao sepulcro, então, conhecereis que estes homens irritaram ao Senhor." Números 16:19-30. Quando Moisés acabou de falar, a terra se abriu, e suas tendas e tudo que lhes pertencia foram tragados. Desceram vivos ao sepulcro, a terra fechou-se sobre eles, e pereceram no meio da congregação. T3 350 1 Ao ouvirem os israelitas o grito dos moribundos, fugiram a uma grande distância deles. Sabiam que em certa medida eram culpados, porque tinham apoiado a acusação contra Moisés e Arão, e temeram que haveriam de perecer com eles. Mas o julgamento de Deus não estava ainda encerrado. Um fogo veio da nuvem de glória e consumiu os duzentos e cinqüenta homens que ofereciam incenso. Estes eram príncipes; isto é, homens geralmente de bom discernimento e de influência na congregação, homens de renome. Eram altamente estimados, e sua opinião tinha sido com freqüência procurada em assuntos difíceis. Mas foram afetados por uma influência errada e tornaram-se invejosos, ciumentos e rebeldes. Não pereceram com Coré, Datã e Abirão porque não foram os primeiros na rebelião. Foram os primeiros a ver o fim dos líderes na rebelião, e a ter oportunidade de arrepender-se de seu crime. Mas não estavam conformados com a destruição daqueles ímpios, e a ira de Deus veio sobre eles e os destruiu também. T3 350 2 "E falou o Senhor a Moisés, dizendo: Dize a Eleazar, filho de Arão, o sacerdote, que tome os incensários do meio do incêndio e espalhe o fogo longe, porque santos são; quanto aos incensários daqueles que pecaram contra a sua alma, deles se façam folhas estendidas para cobertura do altar; porquanto os trouxeram perante o Senhor; pelo que santos são e serão por sinal aos filhos de Israel." Números 16:36-38. A rebelião não curada T3 351 1 Depois dessa exibição terrível do juízo de Deus, o povo voltou a suas tendas. Estavam aterrorizados, mas não humilhados. Tinham sido profundamente influenciados pelo espírito de rebelião e tinham sido lisonjeados por Coré e seu grupo a crer que eram um povo muito bom e que tinham sido maltratados e injuriados por Moisés. Sua mente estava tão inteiramente imbuída com o espírito daqueles que pereceram que lhes era difícil libertar-se de seu preconceito cego. Se admitissem que Coré e seu grupo eram todos ímpios e Moisés justo, então seriam obrigados a receber como palavra de Deus aquilo que não queriam crer, que certamente haveriam todos de morrer no deserto. Não estavam dispostos a submeter-se a isso e procuraram crer que tudo não passava de uma impostura, que Moisés os tinha enganado. Os homens que pereceram lhes tinham falado palavras agradáveis e tinham manifestado interesse especial e amor por eles, e imaginaram que Moisés fora ardiloso. Decidiram que não podiam estar em erro; que, afinal, aqueles homens que pereceram eram pessoas boas, e que Moisés de algum modo tinha sido a causa de sua destruição. T3 351 2 Satanás pode em grande medida enganar pessoas. Pode perverter-lhes o discernimento, a visão e o ouvido. Assim foi no caso dos israelitas. "Mas, no dia seguinte, toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Arão, dizendo: Vós matastes o povo do Senhor." Números 16:41. O povo estava desapontado com o resultado da questão, como o foi, a favor de Moisés e Arão. A apresentação de Coré e seu grupo, todos exercendo impiamente o ofício de sacerdotes com seus incensários, encheu o povo de admiração. Não viram que aqueles homens estavam oferecendo uma afronta atrevida à Majestade divina. Quando foram destruídos, o povo ficou aterrorizado; mas depois de pouco tempo todos vieram de modo tumultuoso a Moisés e Arão, e os culparam do sangue daqueles que haviam perecido pela mão de Deus. T3 352 1 "E aconteceu que, ajuntando-se a congregação contra Moisés e Arão e virando-se para a tenda da congregação, eis que a nuvem a cobriu, e a glória do Senhor apareceu. Vieram, pois, Moisés e Arão perante a tenda da congregação. Então, falou o Senhor a Moisés, dizendo: Levantai-vos do meio desta congregação, e a consumirei como num momento; então, se prostraram sobre o seu rosto." Números 16:42-45. Não obstante a rebelião de Israel e seu tratamento cruel a ele, Moisés manifestou por eles o mesmo interesse que antes. Caindo sobre seu rosto diante do Senhor, implorou-Lhe que poupasse Seu povo. Enquanto assim orava para que Deus perdoasse o pecado de Seu povo, Moisés pediu a Arão que fizesse expiação pelo pecado do povo enquanto ele permanecia diante do Senhor, para que suas orações pudessem ascender com o incenso e ser aceitáveis a Deus, e que toda a congregação não perecesse em sua rebelião. T3 352 2 "E disse Moisés a Arão: Toma o teu incensário, e põe nele fogo do altar, e deita incenso sobre ele, e vai depressa à congregação, e faze expiação por eles; porque grande indignação saiu de diante do Senhor; já começou a praga. E tomou-o Arão, como Moisés tinha falado, e correu ao meio da congregação; e eis que já a praga havia começado entre o povo; e deitou incenso nele e fez expiação pelo povo. E estava em pé entre os mortos e os vivos; e cessou a praga. E os que morreram daquela praga foram catorze mil e setecentos, fora os que morreram por causa de Coré. E voltou Arão a Moisés à porta da tenda da congregação; e cessou a praga." Números 16:46-50. Uma lição para nosso tempo T3 353 1 No caso de Coré, Datã e Abirão temos uma lição de advertência para que não sigamos seu exemplo: "E não tentemos a Cristo, como alguns deles também tentaram e pereceram pelas serpentes. E não murmureis, como também alguns deles murmuraram e pereceram pelo destruidor. Ora, tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos." 1 Coríntios 10:9-11. T3 353 2 Temos evidência na Palavra de Deus de que Seu povo está sujeito a ser grandemente enganado. Há muitos casos onde aquilo que parece ser zelo sincero pela honra de Deus tem sua origem em deixar o coração desprevenido para o inimigo tentar e impressionar a mente com um senso pervertido do estado real das coisas. E podemos esperar exatamente essas coisas nestes últimos dias, pois Satanás está tão ocupado agora como estava na congregação de Israel. A crueldade e a força do preconceito não são compreendidas. Depois da congregação ter tido a evidência diante de seus olhos da destruição de seus líderes em rebelião, o poder da suspeita e desconfiança que tinha sido admitido em sua mente não foi removido. Viram a terra abrir-se e os líderes da rebelião descer ao seio da terra. Essa demonstração terrível certamente devia tê-los curado e os levado ao mais profundo arrependimento por sua ofensa a Moisés. T3 353 3 Aqui Deus deu a todo Israel a oportunidade de ver e sentir a pecaminosidade de sua conduta, a qual os devia ter levado ao arrependimento e confissão. Ele deu aos que foram enganados uma evidência esmagadora de que eram pecadores e de que Seu servo Moisés tinha razão. Tiveram a oportunidade de passar uma noite em reflexão sobre o terrível castigo do Céu que tinham testemunhado. Mas a razão foi pervertida. Coré tinha instigado a rebelião, e duzentos e cinqüenta príncipes se tinham ajuntado a ele para espalhar o descontentamento. Toda a congregação foi, em grau maior ou menor, afetada por ciúme, suspeita e ódio contra Moisés que ainda prevaleciam, os quais tinham trazido o desfavor de Deus de modo terrivelmente marcante. Contudo, nosso Deus cheio de graça Se mostra como um Deus de justiça e misericórdia. Ele fez distinção entre os instigadores, os líderes na rebelião, e aqueles que tinham sido enganados ou levados por eles. Ele condoeu-Se da ignorância e loucura daqueles que tinham sido enganados. T3 354 1 Deus falou a Moisés que mandasse a congregação abandonar as tendas dos homens a quem tinham escolhido no lugar de Moisés. Os próprios homens cuja destruição eles tinham premeditado foram os instrumentos nas mãos de Deus para salvar-lhes a vida naquela ocasião. Disse Moisés: "Levantai-vos do redor da habitação de Coré." Números 16:24. Eles também estavam em perigo alarmante de serem destruídos em seus pecados pela ira de Deus, pois eram participantes nos crimes dos homens a quem tinham dado sua simpatia e com quem se tinham associado. T3 354 2 Se, enquanto Moisés estava expondo a prova perante a congregação de Israel, aqueles que iniciaram a rebelião tivessem se arrependido e buscado o perdão de Deus e de Seu servo injuriado, então a vingança de Deus teria sido suspensa. Mas lá em suas tendas estavam ousadamente Coré, o instigador da rebelião, e seus simpatizantes, como que em desafio à ira Deus, como se Deus nunca tivesse agido através de Seu servo Moisés. Além de tudo, esses rebeldes agiam como se não tivessem sido recentemente honrados por Deus por terem sido levados com Moisés quase que diretamente à Sua presença, contemplando Sua glória insuperável. Esses homens viram Moisés descer da montanha depois de ter recebido as segundas tábuas de pedra e enquanto sua face estava tão resplendente com a glória de Deus que o povo não podia se aproximar dele, mas fugiam dele. Ele os chamou, mas pareciam aterrorizados. Ele apresentou as tábuas de pedra e disse: Supliquei a seu favor e desviei a ira de Deus de vocês. Insisti que, se Deus precisasse abandonar e destruir Sua congregação, que meu nome fosse também apagado de Seu livro. Eis que Ele me respondeu, e estas tábuas de pedra que seguro em minhas mãos são o penhor que me foi dado de Sua reconciliação com Seu povo. T3 354 3 O povo percebe que é a voz de Moisés; que embora transformado e glorificado, ele ainda é Moisés. Dizem-lhe que não podem fitar seu rosto, porque a luz radiante em seu semblante lhes é demasiado dolorosa. Seu rosto é como o sol; não podem fitá-lo. Quando Moisés descobre a dificuldade, ele cobre o rosto com um véu. Ele não argumenta que a luz e a glória sobre seu rosto são o reflexo da glória de Deus posta sobre ele, e que o povo deve suportá-la; mas cobre sua glória. A pecaminosidade do povo torna doloroso contemplar-lhe a face glorificada. Assim será quando os santos de Deus forem glorificados justamente antes da segunda vinda de nosso Senhor. Os ímpios vão se retirar e esconder-se do espetáculo, porque a glória dos semblantes dos santos lhes será penosa. Mas toda essa glória sobre Moisés, toda a aparência divina vista sobre o servo humilde de Deus, é esquecida. Misericórdia menosprezada T3 355 1 Os hebreus tiveram oportunidade de refletir sobre a cena que tinham testemunhado na manifestação da ira de Deus sobre as pessoas mais preeminentes nessa grande rebelião. A bondade e a misericórdia de Deus foram demonstradas em não exterminar completamente esse povo ingrato quando Sua ira foi acendida contra os mais responsáveis. Ele deu à congregação que se permitira ser enganada lugar para arrependimento. O fato de que o Senhor, seu Líder invisível, mostrou tanta longanimidade e misericórdia nesta ocasião é distintamente registrado como evidência de Sua disposição de perdoar os transgressores mais revoltantes quando têm percepção de seu pecado e se voltam a Ele com arrependimento e humildade. A congregação foi detida em sua conduta presunçosa pela demonstração da vingança do Senhor; mas não estavam convencidos de que eram grandes pecadores contra Ele, merecendo Sua ira por sua conduta rebelde. T3 355 2 É quase impossível às pessoas oferecer maior insulto a Deus do que desprezando e rejeitando os instrumentos que Ele designou para dirigi-los. Não só tinham feito isso, mas tinham planejado matar tanto Moisés como Arão. Esses homens fugiram das tendas de Coré, Datã e Abirão por medo de destruição, mas sua rebelião não fora curada. Não experimentaram tristeza e desespero por causa de sua culpa. Não sentiram o efeito de uma consciência despertada e convicta por terem desprezado seus privilégios mais preciosos e terem pecado contra a luz e o conhecimento. Podemos aqui aprender lições preciosas da longanimidade de Jesus, o Anjo que foi adiante dos hebreus no deserto. T3 356 1 Seu Líder invisível os salvaria de uma destruição miserável. Perdão espera por eles. É possível para eles achar perdão caso se arrependam mesmo agora. A vingança de Deus chegou perto deles e apelou para que se arrependessem. Uma interferência especial irresistível do Céu deteve sua rebelião presunçosa. Se agora responderem à intervenção da providência de Deus, poderão ser salvos. Mas a contrição e o arrependimento da congregação precisam ser proporcionais à sua transgressão. A revelação do poder marcante de Deus os colocou fora de incerteza. Podem ter conhecimento da verdadeira posição e vocação santa de Moisés e Arão se quiserem aceitá-la. Mas sua negligência em considerar as evidências que Deus lhes dera foi fatal. Não reconheceram a importância de ação imediata de sua parte para buscar perdão de Deus para seus graves pecados. T3 356 2 Aquela noite de provação para os hebreus não foi gasta em confissão e arrependimento de seus pecados, mas em imaginar algum modo de resistir às evidências que lhes mostravam serem os maiores pecadores. Ainda entretinham seu ódio ciumento pelos homens que Deus designara e se fortaleceram em sua louca conduta de resistir à autoridade de Moisés e Arão. Satanás estava pronto para perverter o discernimento e levá-los de olhos vendados para a destruição. Seu pensamento tinha sido inteiramente envenenado com descontentamento, e tinham encerrado a questão em sua mente de que Moisés e Arão eram homens ímpios, e de que eram responsáveis pela morte de Coré, Datã e Abirão, pessoas que, segundo pensavam, teriam sido os salvadores dos hebreus introduzindo uma melhor ordem de coisas, onde louvor tomaria o lugar de reprovação, e paz o lugar de ansiedade e conflito. T3 357 1 No dia anterior, todo Israel tinha fugido alarmado com o grito dos pecadores condenados que desceram ao sepulcro; porque disseram: "Para que, porventura, também nos não trague a terra a nós." "Mas, no dia seguinte, toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Arão, dizendo: Vós matastes o povo do Senhor." Números 16:43, 41. Em sua indignação estavam prontos a usar de violência contra os homens designados por Deus, os quais, criam eles, tinham cometido grande erro matando aqueles que eram bons e santos. T3 357 2 Mas a presença do Senhor Se manifesta em Sua glória sobre o tabernáculo, e o Israel rebelde é detido em sua conduta louca e presunçosa. Do meio de Sua glória terrível, a voz de Deus fala agora a Moisés e Arão com a mesmas palavras com as quais no dia anterior tinham sido ordenados a dirigir-se à congregação de Israel: "Levantai-vos do meio desta congregação, e a consumirei como num momento." Números 16:45. T3 357 3 Aqui encontramos uma demonstração notável da cegueira que envolverá a mente humana que se desvia da luz e da evidência. Aqui vemos a força de uma rebelião deliberada, e quão difícil é subjugá-la. Certamente os hebreus tinham tido a evidência mais convincente na destruição dos homens que os tinham enganado; mas eles ainda se mostravam ousados e desafiantes, e acusavam Moisés e Arão de matar homens bons e santos. "Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniqüidade e idolatria." 1 Samuel 15:23. T3 357 4 Moisés não sentiu a culpa do pecado e não se afastou depressa à palavra do Senhor e não deixou a congregação perecer, como os hebreus tinham fugido das tendas de Coré, Datã e Abirão no dia anterior. Moisés demorou-se; porque não podia consentir em abandonar toda aquela congregação à morte, embora soubesse que mereciam a vingança de Deus por sua rebelião persistente. Prostrou-se diante do Senhor porque o povo não sentia a necessidade de humilhar-se; serviu-lhes de mediador porque não sentiam a necessidade de interceder em seu próprio favor. T3 358 1 Moisés aqui tipifica a Cristo. Nesse momento crítico, Moisés manifestou o interesse do Verdadeiro Pastor pelo rebanho a seu cuidado. Suplicou que a ira de um Deus ofendido não destruísse inteiramente o povo de Sua escolha. Por sua intercessão, ele reteve o braço da vingança, de modo que o Israel rebelde e desobediente não fosse inteiramente consumido. Indicou a Arão que conduta adotar naquela crise terrível quando a ira de Deus se manifestara e a praga tinha começado. Arão se levantou com seu incensário, agitando-o diante do Senhor, enquanto as intercessões de Moisés ascendiam com a fumaça do incenso. Moisés não ousou cessar suas súplicas. Apoderou-se da força do Anjo, como fez Jacó em sua luta, e como Jacó ele prevaleceu. Arão estava de pé entre os vivos e os mortos quando a benévola resposta veio: Ouvi sua oração, não consumirei completamente. Os próprios homens a quem a congregação desprezou e teria executado foram os que pleitearam a seu favor para que a espada vingadora de Deus fosse embainhada e o Israel pecador fosse poupado. Os que desprezam a repreensão T3 358 2 O apóstolo Paulo declara positivamente que a experiência dos israelitas em suas viagens foi registrada para benefício dos que vivem nesta época da história do mundo, aqueles "para quem são chegados os fins dos séculos". 1 Coríntios 10:11. Não consideramos que nossos perigos são menores do que os dos hebreus, antes maiores. Haverá tentações para ciúmes e murmurações, e haverá franca rebelião, tais como se acham registrados acerca do antigo Israel. Sempre haverá o espírito de insurgir-se contra a reprovação de pecados e ofensas. Silenciará, porém, a voz da repreensão por causa disto? Se assim for, não nos encontramos em melhores condições do que as várias denominações de nossa nação, as quais temem tocar nos erros e nos pecados dominantes entre o povo. T3 358 3 Aqueles que Deus separou como pregadores da justiça têm sobre si solenes responsabilidades quanto a reprovar os pecados do povo. Paulo ordenou a Tito: "Fala disto, e exorta e repreende com toda a autoridade. Ninguém te despreze." Tito 2:15. Sempre há pessoas que desprezam aquele que ousa reprovar o pecado; ocasiões há, porém, em que é preciso repreender. Paulo instrui Tito a repreender incisivamente certa classe, "para que sejam sãos na fé". Tito 1:13. Homens e mulheres, com diferentes temperamentos, reunidos como igreja têm peculiaridades e defeitos. Quando estes se desenvolvem, exigem reprovação. Se os que ocupam posições importantes nunca reprovassem, nunca repreendessem, manifestar-se-ia em breve uma condição pervertida que desonraria grandemente a Deus. Como, porém, se fará a reprovação? Responda o apóstolo: "Com toda a longanimidade e doutrina." 2 Timóteo 4:2. Os princípios devem ser, de maneira impressiva, apresentados àquele que necessita da repreensão; mas nunca se devem passar por alto, indiferentemente, os erros do povo de Deus. T3 359 1 Haverá homens e mulheres que desprezam a repreensão, e cujos sentimentos sempre se insurgirão contra ela. Não é agradável que alguém nos mostre nossos erros. Em quase todo caso em que se faz necessária a reprovação, haverá alguns que deixarão de considerar que o Espírito do Senhor foi ofendido e Sua causa injuriada. Eles se condoerão dos que mereceram a censura, por terem sido magoados sentimentos pessoais. Toda essa não santificada compaixão torna os que a manifestam participantes da culpa da pessoa reprovada. Em nove casos de dez, se o que sofreu a repreensão fosse deixado sob o senso de suas culpas, haveria sido ajudado a vê-las, sendo assim reformado. Mas os que de forma intrometida e profana se condoem dão significado totalmente errôneo aos motivos do reprovador, bem como à natureza da repreensão, e assim se condoendo pelo que foi repreendido o levam a achar que foi realmente maltratado; e seus sentimentos se insurgem em rebelião contra uma pessoa que simplesmente cumpriu seu dever. Os que com fidelidade se desempenham de seus penosos deveres, sob o senso da responsabilidade para com Deus, hão de receber-Lhe a bênção. Deus requer que Seus servos sejam sempre zelosos em fazer Sua vontade. Na recomendação do apóstolo a Timóteo, ele o exorta: "Pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina." 2 Timóteo 4:2. T3 360 1 Os hebreus não estavam dispostos a submeter-se às orientações e restrições do Senhor. Queriam simplesmente seguir os próprios caminhos, seguir a orientação do seu entendimento, e ser controlados pelo próprio juízo. Pudessem eles ter sido deixados na liberdade de assim fazer, não teria havido queixas contra Moisés; mas ficavam desassossegados sob restrição. T3 360 2 Deus queria que Seu povo fosse disciplinado e levado à harmonia de ação, de maneira a terem o mesmo ponto de vista e serem de um mesmo espírito, julgando da mesma forma. A fim de produzir esse estado de coisas, muito há a fazer. O coração natural deve ser submetido e transformado. É desígnio de Deus que haja sempre um vivo testemunho na igreja. Será necessário reprovar e exortar, e alguns precisarão ser incisivamente repreendidos, segundo o caso o exigir. Ouvimos a alegação: "Oh, eu sou tão sensível! Não posso suportar a mínima repreensão." Exprimissem essas pessoas devidamente o caso, diriam: "Sou tão voluntarioso, tão presunçoso, de espírito tão orgulhoso, que ninguém me ditará o que devo fazer; ninguém me censurará. Exijo o direito do julgamento individual; tenho o direito de crer e falar como me aprouver." Não é vontade do Senhor que abdiquemos de nossa individualidade. Mas que homem é juiz competente sobre o limite até onde deva ser levada essa independência individual? T3 360 3 Pedro exorta seus irmãos: "Semelhantemente vós, mancebos, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros, e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes." 1 Pedro 5:5. Também o apóstolo Paulo exorta os irmãos filipenses à unidade e humildade: "Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões, completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa. Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus." Filipenses 2:1-5. E outra vez Paulo exorta os irmãos: "O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros." Romanos 12:9, 10. Escrevendo aos efésios, diz ele: "Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus." Efésios 5:21. T3 361 1 A história dos israelitas apresenta-nos o grande perigo do engano. Muitos não têm o senso da pecaminosidade da própria natureza, nem da graça do perdão. Acham-se nas trevas da natureza, sujeitos às tentações e a grande engano. Estão longe de Deus; têm, no entanto, grande satisfação em sua vida, quando a conduta que seguem é aborrecível ao Senhor. Esta classe estará sempre em guerra com a orientação do Espírito do Senhor, especialmente com a repreensão. Não querem ser perturbados. Sentem, acidentalmente, temores egoístas e bons propósitos, e por vezes pensamentos e convicções ansiosos; mas não têm profundidade de experiência, porque não se acham firmados na Rocha Eterna. Esta classe nunca vê a necessidade do testemunho positivo. O pecado não lhes parece tão excessivamente pecaminoso, pela própria razão de não estarem andando na luz como Cristo na luz está. T3 361 2 Existe ainda outra classe que tem tido grande luz e convicções especiais, e uma genuína experiência na atuação do Espírito de Deus; mas as múltiplas tentações de Satanás os têm vencido. Não apreciam a luz que Deus lhes tem dado. Não dão ouvidos às advertências e reprovações do Espírito de Deus. Acham-se sob condenação. Esses estarão sempre em desarmonia com o testemunho direto, porque o mesmo os condena. T3 361 3 É desígnio de Deus que Seu povo seja um; que tenham a mesma visão, o mesmo espírito e o mesmo parecer. Isto não se pode realizar sem que haja na igreja um testemunho claro, definido e vivo. A oração de Cristo foi para que Seus discípulos fossem um, assim como Ele era um com o Pai. "E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em Mim; para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu em Ti; que também eles sejam um em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste. E Eu dei-lhes a glória que a Mim Me deste, para que sejam um, como Nós somos um. Eu neles, e Tu em Mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que Tu Me enviaste a Mim, e que os tens amado a eles como Me tens amado a Mim." João 17:20-23. ------------------------Capítulo 32 -- Apelo aos jovens T3 362 1 Queridos Jovens: T3 362 2 De tempos a tempos, o Senhor me tem dado testemunhos de advertência para vocês. Ele lhes tem dado animação, quando vocês Lhe entregam as melhores e mais santas afeições do coração. Ao serem essas advertências distintamente reavivadas diante de mim, percebo o perigo que correm e, bem sei, vocês mesmos não percebem. A escola situada em Battle Creek reúne muitos jovens de constituições mentais diversas. Se esses jovens não forem consagrados a Deus e obedientes à Sua vontade, e não andarem humildemente no caminho de Seus mandamentos, a localização de uma escola em Battle Creek demonstrar-se-á motivo de grande desânimo para a igreja. Esta escola poderá ser uma bênção ou uma maldição. Rogo a vocês, que ostentam o nome de Cristo, que se apartem de toda iniqüidade e desenvolvam caráter que mereça a aprovação de Deus. T3 362 3 Pergunto-lhes: Crêem vocês que os testemunhos de reprovação que lhes têm sido dirigidos são de Deus? Se realmente acreditam que a voz de Deus lhes tem falado, indicando os perigos que os ameaçam, ouvem vocês os conselhos dados? Conservam frescas na memória essas advertências, lendo-as freqüentemente com espírito de oração? Crianças e jovens, o Senhor lhes tem falado repetidas vezes; vocês, porém, têm sido tardios em atender às advertências dadas. Embora não tenham endurecido rebeldemente o coração contra as descrições que Deus lhes tem dado de seu caráter e perigos, nem contra a rota traçada para seguirem, alguns de vocês todavia têm sido desatentos quanto às coisas exigidas de vocês a fim de obterem força espiritual e serem uma bênção na escola, na igreja e para todos com quem se associam. T3 363 1 Rapazes e moças, vocês são responsáveis para com Deus pela luz que Ele lhes tem dado. Esta luz e essas advertências, caso desatendidas, erguer-se-ão contra vocês no juízo. Seus perigos têm sido claramente expostos; vocês têm sido advertidos e guardados de todos os lados, cercados de advertências. Na casa de Deus, têm ouvido as mais solenes e inquiridoras verdades apresentadas pelos servos de Deus em demonstração do Espírito. Que peso têm esses solenes apelos sobre seu coração? Que influência exercem sobre seu caráter? Vocês serão responsáveis por todos esses apelos e advertências. Eles se erguerão no juízo para condenar os que prosseguem em uma vida de vaidade, leviandade e orgulho. T3 363 2 Queridos jovens amigos, aquilo que semearem, isso hão de colher. Agora é o tempo de semeadura para vocês. Qual será a colheita? Que estão semeando? Cada palavra que proferem, cada ato que praticam, é uma semente que produzirá bom ou mau fruto e que redundará em alegria ou tristeza para o semeador. Qual a semente lançada, tal a colheita. Deus lhes tem dado grande luz e muitos privilégios. Depois de comunicada a luz, depois de lhes haverem sido claramente expostos os riscos que correm, fica sobre vocês a responsabilidade. A maneira como tratam a luz que Deus lhes envia fará pender a balança para a felicidade ou o infortúnio. Vocês mesmos estão moldando o próprio destino. T3 363 3 Todos vocês têm uma influência para bem ou para mal sobre a mente e o caráter de outros. E justamente a influência que exercerem será escrita nos livros do Céu. Um anjo está observando vocês e registrando suas palavras e ações. Ao se levantarem pela manhã, acaso experimentam o senso de sua incapacidade, sua necessidade de forças vindas de Deus? E humilde e sinceramente expõem suas necessidades ao Pai celestial? Se assim for, os anjos anotam-lhes as orações, e se as mesmas não partiram de lábios fingidos, quando estiverem em risco de errar inconscientemente, de exercer uma influência que leve outros a errar, seu anjo da guarda estará ao seu lado, impulsionando-os a seguir melhor direção, escolhendo as palavras para proferirem e influenciando-lhes as ações. T3 364 1 Se não se sentem em perigo, e se não fazem nenhuma prece em busca de auxílio e força para resistir às tentações, é certo se extraviarem; sua negligência do dever será registrada nos livros de Deus no Céu, e serão achados em falta no dia da provação. Há ao seu redor alguns que foram cuidadosamente instruídos, e outros que foram tratados com condescendência, mimados, lisonjeados, elogiados, até que ficaram positivamente arruinados para a vida prática. Falo a respeito de pessoas que conheço. Seu caráter acha-se tão distorcido pela condescendência, lisonja e indolência, que são inúteis para esta vida. E se são inúteis no que respeita a esta vida, que esperaremos quanto àquela outra em que tudo é pureza e santidade, e onde todos têm caráter harmônico? Tenho orado por essas pessoas; tenho-me dirigido pessoalmente a elas. Podia ver a influência que elas exerciam sobre outras mentes, levando-as à vaidade, ao amor do vestuário e ao descuido para com seus interesses eternos. A única esperança para essa classe de pessoas é que atentem para seus caminhos, humilhem perante Deus o coração orgulhoso e frívolo, façam confissão de seus pecados e se convertam. T3 364 2 A vaidade no vestuário bem como o amor ao divertimento são grandes tentações para os jovens. Deus tem sagradas reivindicações sobre todos nós. Ele pede todo o coração, toda a mente, toda a afeição. A resposta dada por vezes a esta declaração é: "Oh, eu não professo ser cristão!" E se não professa? De vocês não requer Deus o mesmo que requer daqueles que professam ser Seus filhos? Por serem ousados em sua descuidosa desconsideração para com as coisas sagradas, será seu pecado de negligência e rebelião passado por alto pelo Senhor? Cada dia que vocês desprezam as reivindicações de Deus, cada oportunidade de misericórdia oferecida que menosprezam é posta à sua conta, engrossando a lista de pecados contra vocês no dia em que os registros de todas as pessoas serão investigados. Dirijo-me a vocês, rapazes e moças, professos ou não. Deus pede suas afeições, sua prazerosa obediência e devoção para com Ele. Vocês têm agora um breve tempo de graça, e podem aproveitar esta oportunidade para fazer incondicional entrega a Deus. T3 365 1 A obediência e a submissão às reivindicações de Deus são as condições apresentadas pelo inspirado apóstolo para nos tornarmos filhos de Deus, membros da família real. Toda criança e jovem, todo homem e mulher foi por Jesus, mediante Seu próprio sangue, salvo do abismo da ruína a que Satanás os impelia. Pelo fato de os pecadores não aceitarem a salvação que lhes é oferecida, ficam eles livres de sua obrigação? O fato de preferirem permanecer no pecado e ousada transgressão não lhes diminui a culpa. Jesus pagou o preço por eles, e eles Lhe pertencem. São propriedade dEle; e se não prestarem obediência Àquele que por eles deu a vida, mas consagrarem seu tempo, suas forças e talentos ao serviço de Satanás, estão recebendo seu salário, que é a morte. Glória imortal e vida eterna são a recompensa oferecida por nosso Redentor aos que Lhe forem obedientes. Ele lhes tornou possível aperfeiçoarem caráter cristão mediante o Seu nome, e vencer por si mesmos como Ele venceu em benefício deles. Ele lhes deu o exemplo na própria vida, mostrando-lhes como podem vencer. "O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor." Romanos 6:23. T3 365 2 As reivindicações de Deus são igualmente obrigatórias a todos. Os que preferem negligenciar a grande salvação que lhes é oferecida gratuitamente, que preferem servir a si mesmos e permanecer inimigos de Deus, inimigos do abnegado Redentor, estão ganhando o seu salário. Semeiam na carne, e da carne hão de ceifar a corrupção. Gálatas 6:8. T3 365 3 Aqueles que se revestiram de Cristo pelo batismo, mostrando por esse passo sua separação do mundo, e que prometeram andar em novidade de vida, não devem erguer ídolos no coração. Os que uma vez se regozijaram na evidência dos pecados perdoados, que experimentaram o amor do Salvador, e que depois persistem em unir-se aos inimigos de Cristo, rejeitando a perfeita justiça que Jesus lhes oferece, escolhendo os caminhos condenados por Ele, serão mais severamente julgados do que os pagãos que nunca tiveram a luz e nunca conheceram a Deus e a Sua lei. Os que recusam seguir a luz que Deus lhes deu, preferindo os divertimentos, vaidade e loucuras do mundo, recusando-se a conformar sua vida com as justas e santas reivindicações da lei de Deus, são à vista de Deus culpados dos mais ofensivos pecados. Sua culpa e seu salário serão proporcionais à luz e privilégios que tiveram. T3 366 1 Vemos o mundo absorvido em seus divertimentos. O primeiro e supremo pensamento da maior parte, especialmente das mulheres, é a exibição. O amor do vestuário e do prazer está arruinando a felicidade de milhares. E alguns dos que professam amar e observar os mandamentos de Deus imitam essa classe até o ponto em que ainda possam conservar o nome de cristãos. Alguns jovens são tão ansiosos por exibição que estão até dispostos a desistir desse nome de cristãos, se tão-somente puderem seguir sua inclinação pela vaidade no vestuário e o amor dos prazeres. A abnegação no vestir faz parte de nosso dever cristão. Trajar-se com simplicidade e abster-se de ostentação de jóias e ornamentos de toda espécie está em harmonia com nossa fé. Pertencemos nós ao número dos que vêem a loucura dos mundanos em condescender com a extravagância do vestuário o amor às diversões? Se assim é, cumpre-nos ser daquela classe que foge a tudo quanto sanciona esse espírito que se apodera da mente e coração dos que vivem apenas para este mundo e não pensam no vindouro nem se importam com ele. T3 366 2 Jovens cristãos, tenho visto em alguns de vocês amor pelo vestuário e exibição que me tem entristecido. Em alguns que têm sido bem instruídos, que têm desfrutado os privilégios religiosos desde o berço, e que se têm revestido de Cristo mediante o batismo, professando assim estar mortos para o mundo, tenho visto vaidade no vestuário e leviandade na conduta que têm ofendido ao querido Salvador, sendo ao mesmo tempo uma vergonha para a causa de Deus. Tenho observado com dor o declínio religioso de vocês, e sua inclinação a enfeitar e adornar seu vestuário. Alguns têm sido bastante infelizes para chegar a possuir correntes ou alfinetes de ouro, ou ambas as coisas, e têm mostrado o mau gosto de exibi-los, fazendo-os notórios a fim de atrair a atenção. Não posso deixar de relacionar essas pessoas ao vaidoso pavão, que exibe suas suntuosas penas à admiração dos outros. É tudo quanto essa pobre ave possui para atrair a atenção; pois sua forma e sua voz nada têm de atrativas. T3 367 1 Os jovens podem esforçar-se por sobressair na procura do ornamento "de um espírito manso e quieto" (1 Pedro 3:4), jóia de inestimável valor que pode ser usada com graça celeste. Este adorno atrairá a muitos neste mundo, e será altamente valorizado pelos anjos celestiais e, acima de tudo, por nosso Pai do Céu; também habilitará os que o usam a serem hóspedes bem-vindos às cortes celestes. T3 367 2 Os jovens possuem faculdades que, com o devido cultivo, qualificá-los-iam para praticamente qualquer posição de confiança. Se tivessem tornado seu objetivo obter uma educação para exercitar e desenvolver as faculdades que Deus lhes concedeu para que fossem úteis e se demonstrassem uma bênção aos demais, sua mente não teria sido rebaixada a um padrão inferior. Manifestariam profundidade de pensamento e firmeza de princípios, impondo o respeito e exercendo influência. Teriam elevadora influência sobre outros, o que levaria pessoas a verem e reconhecerem o poder de uma vida cristã esclarecida. Os que põem maior cuidado em ornamentar-se para exibição do que em educar a mente e exercitar suas faculdades para a máxima utilidade, a fim de glorificarem a Deus, não reconhecem sua responsabilidade para com Ele. Inclinar-se-ão a ser superficiais em tudo quanto empreendem, e limitarão a própria utilidade e atrofiarão o intelecto. T3 367 3 Sinto profunda mágoa pelos pais e mães desses jovens, bem como pelos filhos. Houve uma falha na educação desses filhos, o que deixa em algum ponto uma pesada responsabilidade. Os pais que mimaram os filhos e com eles foram condescendentes em vez de os restringir criteriosamente por princípios podem ver o caráter que formaram. Conforme a educação que lhes foi dada, assim se inclina o caráter. O fiel Abraão T3 368 1 Meus pensamentos se volvem ao fiel Abraão, que, em obediência à ordem divina a ele dada em uma visão noturna, em Berseba, segue seu caminho com Isaque ao lado. Vê diante de si o monte que, Deus lhe dissera, havia de indicar como aquele sobre o qual ele devia oferecer o sacrifício. Tira a lenha das costas do servo e coloca-a sobre Isaque, aquele que devia ser oferecido. Cinge-se de firmeza e angustiosa severidade, pronto para a obra que Deus dele exige. Coração quebrantado e mão desfalecida, toma o fogo, enquanto Isaque indaga: Pai, aqui está o fogo e a lenha; mas onde está a oferta? Gênesis 22:7. Mas, oh, Abraão não lhe pode dizer agora! Pai e filho constroem o altar, e chega para Abraão o terrível momento de dar a conhecer a Isaque o que lhe tem causado angústia de alma através de toda aquela longa jornada -- que o próprio Isaque é a vítima. O filho não é mais um rapazinho; é um jovem plenamente desenvolvido. Poder-se-ia haver recusado submeter-se ao desígnio paterno, se assim quisesse. Ele não acusa o pai de loucura, nem sequer lhe procura mudar o propósito. Submete-se. Crê no amor de seu pai, e que ele não faria esse terrível sacrifício de seu filho único, não houvesse Deus assim solicitado. Isaque é amarrado pelas mãos trementes e amorosas do compassivo pai, porque assim o dissera Deus. O filho submete-se ao sacrifício, porque acredita na integridade de seu pai. Quando tudo está pronto, porém, quando a fé do pai e a submissão do filho são plenamente provadas, o anjo de Deus detém a mão suspensa de Abraão, prestes a matar seu filho, e diz-lhe que basta. "Agora sei que temes a Deus e não Me negaste o teu filho, o teu único." Gênesis 22:12. T3 368 2 Este ato de fé da parte de Abraão é registrado para nosso benefício. Ensina-nos a grande lição de confiança nas reivindicações de Deus, por mais rigorosas e pungentes que sejam; e isto ensina aos filhos perfeita submissão a seus pais e a Deus. Pela obediência de Abraão é-nos ensinado que coisa alguma é demasiado preciosa para darmos a Deus. T3 369 1 Isaque era um símbolo do Filho de Deus, oferecido em sacrifício pelos pecados do mundo. Deus queria gravar em [na mente de] Abraão o evangelho da salvação para o ser humano. A fim de fazê-lo, e tornar essa verdade real para ele, bem como provar-lhe a fé, pediu que matasse seu querido Isaque. Toda a dor e angústia suportadas por Abraão através daquela sombria e tremenda viagem tiveram o propósito de gravar-lhe profundamente no entendimento o plano da redenção para o homem caído. Foi-lhe feito compreender, pela própria experiência, quão inexprimível era a abnegação do infinito Deus em dar o próprio Filho para morrer a fim de redimir o ser humano da total perdição. Nenhuma tortura mental poderia ser para Abraão igual àquela que sofrera ao obedecer à ordem divina de sacrificar seu filho. T3 369 2 Deus entregou Seu Filho a uma vida de humilhação, renúncia, pobreza, fadiga, injúria, e à angustiosa morte de cruz. Ali não houve, porém, nenhum anjo a levar a feliz mensagem: "Basta; não é preciso que morras, Meu bem-amado Filho." Havia legiões de anjos em dolorosa expectativa, na esperança de que, como no caso de Isaque, no derradeiro momento, Deus impediria essa vergonhosa morte. Aos anjos, no entanto, não foi permitido levar uma mensagem assim ao querido Filho de Deus. Prosseguiu a humilhação no tribunal e no caminho do Calvário. Foi escarnecido, ridicularizado e cuspiram nEle. Suportou as zombarias, os insultos e os ultrajes dos que O aborreciam, até pender a cabeça sobre a cruz e expirar. T3 369 3 Poderia Deus dar-nos prova maior de Seu amor do que em assim entregar Seu Filho para passar por tal cena de sofrimento? E como o dom de Deus ao ser humano foi gratuito e Seu amor sem fim, assim também Suas reivindicações sobre nossa confiança, nossa obediência, todo o nosso coração e a riqueza de nossas afeições são correspondentemente infinitos. Ele requer tudo quanto é possível ao homem dar. A submissão de nossa parte deve ser proporcional ao dom de Deus; importa que seja completa, sem faltar em coisa alguma. Somos todos devedores a Deus. Ele tem sobre nós reivindicações que não podemos satisfazer, a não ser nos entregando em sacrifício total e voluntário. Ele pede pronta e voluntária obediência, e nada menos do que isto será aceito. Temos agora oportunidade de assegurar-nos a afeição e o favor de Deus. Este ano talvez seja o último na vida de alguns que lêem isto. Haverá entre os jovens que lêem este apelo alguém que prefira os prazeres do mundo à paz dada por Cristo ao sincero indagador e alegre praticante de Sua vontade? T3 370 1 Deus está pesando nosso caráter, nossa conduta e nossos motivos na balança do santuário. Terrível coisa será ser declarado em falta em amor e obediência por nosso Redentor, que morreu na cruz a fim de atrair a Si nosso coração. Grandes e preciosos dons nos tem Deus concedido. Tem-nos dado luz e conhecimento de Sua vontade, de modo que não necessitamos errar ou andar em trevas. Ser pesado na balança e achado em falta no dia do ajuste final e das recompensas será coisa tremenda, erro terrível que jamais se poderá corrigir. Queridos jovens, será o livro de Deus pesquisado em vão quanto aos seus nomes? T3 370 2 Deus lhes designou uma obra a fazer para Ele, a qual os tornará colaboradores Seus. Por toda parte ao seu redor há pessoas por salvar. Há pessoas a quem vocês podem animar e beneficiar mediante seus sinceros esforços. Vocês podem desviar pessoas do pecado para a justiça. Quando experimentarem o senso de sua responsabilidade para com Deus, sentirão a necessidade de ser mais fiéis em oração e mais fiéis em vigiar contra as tentações de Satanás. Se vocês são realmente cristãos, hão de sentir-se mais inclinados a entristecer-se por causa das trevas morais que há no mundo do que a condescender com a leviandade e o orgulho no vestuário. Achar-se-ão entre os que choram e gemem por causa das abominações que se cometem na nação. Resistirão às tentações de Satanás para condescender com a vaidade, os enfeites e adornos para ostentação. Torna-se estreita a mente e atrofiado o intelecto que pode achar satisfação nessas coisas frívolas em detrimento às altas responsabilidades. T3 370 3 Os jovens de nossos dias podem ser colaboradores de Cristo, se assim o quiserem; e no trabalho sua fé se fortalecerá e aumentará seu conhecimento da vontade divina. Todo verdadeiro propósito e todo proceder justo serão registrados no livro da vida. Eu desejaria poder despertar os jovens para verem e sentirem a pecaminosidade de viverem para agradarem a si mesmos, rebaixando o intelecto ao nível das coisas mesquinhas e vãs desta vida. Caso eles elevassem o pensamento e as palavras acima das frívolas atrações do mundo, tomando como objetivo glorificar a Deus, Sua paz, "que excede todo o entendimento" (Filipenses 4:7), seria por eles desfrutada. Humilhação de Cristo T3 371 1 Não trilhou nosso Modelo um caminho duro, de abnegação, sacrifício próprio e humildade por nossa causa e para nos salvar? Ele enfrentou dificuldades, experimentou desapontamentos e sofreu desonra e aflição em Sua obra de salvar-nos. E recusaremos seguir para onde o Rei da glória nos conduzir? Havemos de nos queixar de dificuldades e provas na obra de vencer por nossa conta, quando nos lembramos dos sofrimentos de nosso Redentor no deserto da tentação, no Jardim do Getsêmani e no Calvário? Tudo isso foi suportado para nos mostrar o caminho e para nos trazer o auxílio divino que precisamos ter, ou perecemos. Se os jovens querem obter a vida eterna, não devem esperar que podem seguir as próprias inclinações. O prêmio lhes custará algo, sim, tudo. Podem agora ter Jesus ou o mundo. Quantos de nossos queridos jovens sofrerão privação, cansaço, labuta e ansiedade a fim de servir a si mesmos e alcançar um objetivo nesta vida! Não pensam em queixar-se da dureza e dificuldades que encontram a fim de servir ao próprio interesse. Por que, então, devem esquivar-se de conflito, abnegação ou qualquer sacrifício a fim de obter a vida eterna? T3 371 2 Cristo veio das cortes da glória a este mundo poluído pelo pecado e humilhou-Se assumindo a humanidade. Identificou-Se com nossas fraquezas e, "como nós, em tudo foi tentado". Hebreus 4:15. Cristo aperfeiçoou um caráter reto aqui na Terra, não para Seu benefício, pois Seu caráter era puro e sem mancha, mas a favor do homem caído. Ele oferece Seu caráter ao homem se este quiser aceitá-lo. O pecador, mediante arrependimento de seu pecado, fé em Cristo e obediência à perfeita lei de Deus, tem a justiça de Cristo que lhe é creditada; esta se torna sua justiça, e seu nome é registrado no livro da vida do Cordeiro. Ele se torna um filho de Deus, um membro da família real. T3 372 1 Jesus pagou um preço infinito para redimir o mundo, e a raça foi entregue em Suas mãos; tornaram-se Sua propriedade. Ele sacrificou Sua honra, Suas riquezas e Seu lar glorioso nas cortes reais e tornou-Se o filho de José e Maria. José era um dos operários mais humildes. Jesus também trabalhou; viveu uma vida de dificuldades e labuta. Quando Seu ministério começou, depois de Seu batismo, Ele suportou um jejum angustiante de quase seis semanas. Não era apenas a torturante dor da fome que tornou Seus sofrimentos inexprimivelmente severos, mas foi a culpa dos pecados do mundo que O oprimiam tão pesadamente. "Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós." 2 Coríntios 5:21. Com este terrível peso de culpa sobre Ele por causa de nossos pecados, resistiu à prova terrível do apetite, do amor ao mundo e à honra, e do orgulho da ostentação que leva à presunção. Cristo suportou estas três grandes tentações e venceu a favor do ser humano, desenvolvendo para ele um caráter reto, porque sabia que o homem não podia fazer isto por si mesmo. Ele sabia que sobre esses três pontos Satanás havia de assaltar a humanidade. Ele tinha vencido Adão, e planejou levar adiante sua obra até completar a ruína do homem. Cristo entrou na luta em favor do ser humano para vencer a Satanás em seu lugar porque viu que o homem não podia vencer por si mesmo. Cristo preparou o caminho para o resgate do ser humano por Sua vida de sofrimento, abnegação e sacrifício próprio, e por Sua humilhação e morte final. Ele trouxe auxílio ao homem para que ele pudesse, seguindo o exemplo de Cristo, vencer por si mesmo, como Cristo venceu por ele. T3 372 2 "Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus." 1 Coríntios 6:19, 20. "Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo." 1 Coríntios 3:16, 17. "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo. Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso." 2 Coríntios 6:14-18. T3 373 1 Quão benigna e ternamente trata o Pai celeste a Seus filhos! Guarda-os de mil perigos que lhes são ocultos, preserva-os das artes sutis de Satanás, para que não sejam destruídos. Como o protetor cuidado de Seus anjos não é manifesto à nossa imperfeita visão, não procuramos considerar e apreciar o sempre vigilante interesse nutrido por nosso bondoso e benévolo Criador para com a obra de Suas mãos; e não somos gratos pela multidão de Suas misericórdias a nós concedidas dia a dia. T3 373 2 Os jovens ignoram os muitos perigos a que se acham diariamente expostos. Jamais os poderão conhecer a todos; se são vigilantes, porém, se oram sempre, Deus lhes conservará sensível a consciência e a percepção clara para poderem discernir a atuação do inimigo, e serem fortalecidos contra seus ataques. Muitos dos jovens, todavia, têm por tanto tempo seguido as próprias inclinações que dever é para eles palavra sem significado. Não compreendem os elevados e santos deveres que possam ter a desempenhar para benefício de outros e para glória de Deus; e negligenciam por completo desempenhá-los. T3 373 3 Caso os jovens tão-somente despertassem para sentir profundamente sua necessidade de forças vindas de Deus para resistirem às tentações de Satanás, obteriam preciosas vitórias, bem como valiosa experiência na luta cristã. Quão poucos jovens pensam na exortação do inspirado apóstolo Pedro: "Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar. Ao qual resisti firmes na fé." 1 Pedro 5:8, 9. João viu na visão a ele dada o poder de Satanás sobre os homens, e exclamou: "Ai dos que habitam na Terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo." Apocalipse 12:12. T3 374 1 A única segurança para os jovens é incessante vigilância e humilde oração. Não devem lisonjear-se de que podem ser cristãos sem isso. Satanás oculta suas tentações e seus ardis sob uma cobertura de luz, como quando se aproximou de Cristo no deserto. Então, era aparentemente como um anjo celeste. O adversário de nossas almas aproximar-se-á de nós como um hóspede celeste; e o apóstolo recomenda sobriedade e vigilância como nossa única salvaguarda. Os jovens que condescendem com uma atitude descuidosa e leviana, e negligenciam os deveres cristãos, estão continuamente caindo sob as tentações do inimigo, em vez de vencerem como Cristo venceu. T3 374 2 O serviço de Cristo não é penosa labuta para a pessoa completamente consagrada. A obediência a nosso Salvador não prejudica nossa felicidade e o verdadeiro prazer nesta vida, mas possui uma força refinadora sobre o caráter, elevando-o. O estudo diário das preciosas palavras de vida encontradas nas Escrituras revigora o intelecto, promovendo o conhecimento das grandes e gloriosas obras de Deus na natureza. Mediante o estudo da Bíblia aprendemos a viver de maneira a fruir a maior soma de pura felicidade. O estudioso da Bíblia acha-se também provido de argumentos escriturísticos de modo a poder enfrentar as dúvidas dos incrédulos, removendo-as pela brilhante luz da verdade. Os que pesquisam as Escrituras podem estar sempre fortalecidos contra as tentações de Satanás; é-lhes possível estar cabalmente "preparados para toda boa obra" (Tito 3:1), e apercebidos para dar a quem quer que lhes "pedir a razão da esperança" que há neles. 1 Pedro 3:15. T3 374 3 A impressão deixada com demasiada freqüência sobre as mentes é que a religião é degradante e que é uma condescendência para pecadores aceitar a norma da Bíblia como sua regra de vida. Pensam que seus preceitos são grosseiros, e que, aceitando-os, precisam renunciar todo seu gosto por aquilo que é belo, e em vez disso precisam aceitar humilhação e degradação. Satanás nunca aplicou um maior engano sobre as mentes do que este. A religião pura de Jesus requer de seus seguidores a simplicidade da beleza natural e a polidez do refinamento natural e da pureza elevada, em vez do artificial e falso. T3 375 1 Enquanto a religião pura é vista como rigorosa em suas exigências e, entre os jovens especialmente, é contrastada desfavoravelmente com o falso esplendor e brilho do mundo, os preceitos da Bíblia são considerados como provas que requerem humildade e abnegação, que privam a todos da alegria da vida. Mas a religião da Bíblia sempre tem tendência de elevar e refinar. E tivessem os professos seguidores de Cristo exemplificado na vida os princípios da religião pura, a religião de Cristo seria aceitável a maior número de mentes refinadas. A religião da Bíblia nada tem em si que choque os sentimentos mais delicados. Ela é, em todos seus preceitos e exigências, tão pura como o caráter de Deus e tão elevada quanto Seu trono. T3 375 2 O Redentor do mundo nos advertiu contra o orgulho da vida, mas não contra sua graça e beleza natural. Ele apontou a toda beleza cintilante das flores do prado e ao lírio repousando em sua beleza imaculada sobre o seio do lago e disse: "Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E Eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles." Mateus 6:28, 29. Aqui Ele mostra que, apesar das pessoas terem grande preocupação e labutarem com fadiga para se fazerem objetos de admiração por seus enfeites exteriores, todos seus adornos artificiais, que valorizam tanto, não podem ser comparados com as simples flores do campo em beleza natural. Mesmo estas flores simples, com o adorno de Deus, superariam em beleza as vestes suntuosas de Salomão. "Nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles." Mateus 6:29. T3 376 1 Eis uma lição importante para todo seguidor de Cristo. O Redentor do mundo fala aos jovens. Ouvirão vocês Suas palavras de instrução divina? Ele lhes apresenta temas para meditação que enobrecem, elevam, refinam e purificam, mas que nunca degradam nem atrofiam o intelecto. Sua voz lhes está falando: "Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte." "Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus." Mateus 5:14, 16. Se a luz de Deus estiver em vocês, ela brilhará para outros. Nunca pode ser escondida. T3 376 2 Queridos jovens, sua disposição para vestir-se conforme a moda, usando, para satisfazer a vaidade, rendas, ouro e coisas artificiais, não recomendará aos outros a religião nem a verdade que vocês professam. As pessoas discretas considerarão seu desejo de se enfeitarem como prova de que possuem mente débil e coração vaidoso. O vestuário simples e despretensioso será uma recomendação para minhas jovens irmãs. Diante de outros, não pode sua luz brilhar de maneira melhor do que pela simplicidade do vestuário e da conduta. Vocês podem mostrar a todos que, em comparação com as coisas eternas, têm dado o devido valor às coisas desta vida. T3 376 3 Agora é sua oportunidade áurea de formar caráter puro e santo para o Céu. Vocês não podem devotar estes momentos preciosos para enfeitar, ondular e embelezar o exterior negligenciando o adorno interior. "O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura de vestes, mas o homem encoberto no coração, no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus." 1 Pedro 3:3, 4. T3 376 4 Deus, que criou tudo que é formoso e lindo sobre que repousa o olhar, ama o que é belo. Ele lhes mostra como aprecia a genuína beleza. O ornamento "de um espírito manso e quieto que é precioso" à Sua vista. Não procuraremos diligentemente obter aquilo que o Céu considera mais valioso do que o vestuário dispendioso, pérolas ou ouro? O adorno interior, a virtude da mansidão e um espírito em harmonia com os anjos celestiais não diminuirão a verdadeira dignidade do caráter nem nos tornarão menos atraentes neste mundo. T3 377 1 "A religião pura e imaculada" (Tiago 1:27) enobrece o seu possuidor. Vocês sempre encontrarão no verdadeiro cristão acentuado contentamento, santa e alegre confiança em Deus, submissão a Suas providências, que refrigeram a alma. O amor e a bondade de Deus podem ser vistos pelo cristão em toda dádiva que ele recebe. As belezas na natureza são um assunto para meditação. Ao estudar as belezas naturais que nos circundam, a mente é conduzida através da natureza para o autor de tudo o que é belo. Todas as obras de Deus falam aos nossos sentidos, engrandecendo o Seu poder, exaltando Sua sabedoria. Tudo que foi criado contém atrativos que interessam ao filho de Deus e aprimoram-lhe o gosto para considerar essas preciosas evidências do amor de Deus acima da obra de feitura humana. T3 377 2 O profeta, em palavras de ardente fervor, magnifica a Deus em Suas obras criadas: "Quando vejo os Teus céus, obra dos Teus dedos, a Lua e as estrelas que preparaste; que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites?" "Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o Teu nome sobre toda a Terra! Eu Te louvarei, Senhor, de todo o meu coração; contarei todas as Tuas maravilhas." Salmos 8:3, 4, 9; 9:1. T3 377 3 É a ausência de religião que torna sombrio o caminho de tantos que professam religião. Há muitos que podem passar como cristãos mas que são indignos do nome. Não possuem caráter cristão. Quando seu cristianismo é posto à prova, sua falsidade é demasiado evidente. Verdadeira religião é vista na conduta diária. A vida do cristão é caracterizada por atividade sincera e desprendida para fazer o bem a outros e para glorificar a Deus. Seu caminho não é escuro e sombrio. Um escritor inspirado disse: "Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem conhecem aquilo em que tropeçam." Provérbios 4:18, 19. T3 377 4 E viverão os jovens vida vã e insensata, de modas e frivolidade, atrofiando seu intelecto com o assunto de vestuário e consumindo seu tempo em prazer sensual? Quando estão inteiramente despreparados, Deus pode dizer-lhes: "Esta noite findará sua loucura." Ele pode permitir que enfermidade fatal venha sobre aqueles que não produziram fruto para Sua glória. Ao confrontarem as realidades da eternidade, podem começar a reconhecer o valor do tempo e da vida que perderam. Poderão então ter uma idéia do valor da salvação. Vêem que sua vida não glorificou a Deus iluminando o trilho de outros para o Céu. Viveram para glorificar a si mesmos. E, quando atormentados com dores e com angústia de coração, não podem ter concepção clara das coisas eternas. Podem recapitular sua vida passada, e no seu remorso exclamar: "Nada fiz por Jesus, que tudo fez por mim. Minha vida foi um fracasso terrível." T3 378 1 Ao orarem, queridos jovens, para que não sejam induzidos à tentação, lembrem-se de que sua parte não se limita a orar. Cumpre-lhes então responder a própria oração tanto quanto possível, resistindo à tentação e deixando que Jesus faça por vocês o que não lhes é possível fazer por si mesmos. Vocês devem ser extremamente cuidadosos em suas palavras e comportamento, para que não convidem o inimigo a tentá-los. Muitos de nossos jovens, devido à sua descuidosa desconsideração para com as advertências e reprovações que lhes são feitas, abrem completamente a porta a Satanás. Tendo a Palavra de Deus como nosso guia e Jesus como nosso Mestre divino, não precisamos ignorar-Lhe as reivindicações nem os ardis do inimigo e ser vencidos por suas tentações. Não será desagradável a tarefa de obedecer à vontade de Deus, quando nos entregamos inteiramente à orientação de Seu Espírito. T3 378 2 Agora é o tempo de trabalhar. Se somos filhos de Deus, enquanto vivermos no mundo, Ele nos dará nosso trabalho. Jamais podemos dizer que nada temos para fazer enquanto restar uma tarefa inacabada. Gostaria que todos os jovens vissem, como eu tenho visto, o trabalho que podem fazer e que Deus os considerará responsáveis ao negligenciar. A maior obra já realizada no mundo foi feita por Aquele que foi um "homem de dores, experimentado nos trabalhos". Isaías 53:3. Uma pessoa frívola jamais realizará bem algum. T3 379 1 A fraqueza espiritual de muitos rapazes e moças nesta época é deplorável porque podiam ser poderosos agentes do bem se fossem consagrados a Deus. Lamento grandemente a falta de estabilidade dos jovens. Isto devíamos todos deplorar. Parece haver uma falta de poder para agir corretamente, uma falta de esforço sério para obedecer aos chamados do dever em vez dos da inclinação. Parece haver em alguns pouca força para resistir à tentação. A razão por que são anões na vida espiritual é porque não se tornam espiritualmente fortes através do exercício. Estão parados quando devem avançar. Cada passo na vida da fé e do dever é um passo para o Céu. Desejo muito ouvir de uma reforma em muitos aspectos tal como os jovens nunca realizaram até aqui. Todo incentivo que Satanás pode inventar lhes é oferecido para fazê-los indiferentes e descuidados quanto às coisas eternas. Sugiro que esforços especiais sejam feitos pelos jovens para se ajudarem uns aos outros a viver de modo fiel a seus votos batismais e que se comprometam solenemente diante de Deus a retirar suas afeições do vestuário e da ostentação. T3 379 2 Lembraria aos jovens que se enfeitam e usam plumas nos chapéus que, por causa de seus pecados, a cabeça do Salvador foi coroada com vergonhosa coroa de espinhos. Quando vocês empregam seu precioso tempo em adornar os trajes, lembrem-se de que o Rei da glória usou um manto simples sem costura. Vocês que se cansam procurando enfeitar-se, por favor tenham presente que Jesus muitas vezes Se cansou em incessante trabalho, em abnegação e sacrifício para abençoar os sofredores e os necessitados. Ele passava noites inteiras em oração nas solitárias montanhas, não por causa de Suas fraquezas e Suas necessidades, mas porque via e sentia as fraquezas da natureza de vocês para resistir às tentações do inimigo exatamente naqueles pontos em que são agora vencidos. Ele sabia que vocês seriam indiferentes quanto ao perigo e não sentiriam necessidade de oração. Foi por nossa causa que Ele derramou Suas orações ao Pai com forte clamor e lágrimas. Foi para salvar-nos do próprio orgulho e amor da vaidade e dos prazeres em que estamos agora envolvidos e que excluem o amor de Jesus que aquelas lágrimas foram derramadas e o semblante do Salvador Se alterou com tristeza e angústia, mais que o de qualquer dos filhos dos homens. T3 380 1 Vocês, jovens amigos, levantar-se-ão e desprender-se-ão desta indiferença e estupor assustadores que os harmonizam com o mundo? Ouvirão a voz de advertência que lhes diz que a destruição jaz no caminho daqueles que estão à vontade nesta hora de perigo? A paciência de Deus não esperará para sempre por vocês, pobres seres frívolos. Aquele que tem em Suas mãos nosso destino não Se deixará zombar para sempre. Jesus declara que há um pecado maior do que o que causou a destruição de Sodoma e Gomorra. É o pecado daqueles que têm a grande luz da verdade nestes dias e que não são levados ao arrependimento. É o pecado de rejeitar a luz da mensagem mais solene de misericórdia ao mundo. É o pecado daqueles que vêem a Jesus no deserto da tentação, curvado como se estives-se em agonia mortal por causa dos pecados do mundo, e que assim mesmo não são levados a um arrependimento cabal. Ele jejuou quase seis semanas para vencer, em favor dos homens, a condescendência com o apetite, a vaidade e o desejo de ostentação e honra mundana. Ele lhes mostrou como podem vencer para o próprio benefício como Ele venceu; mas não é agradável à sua natureza suportar conflito e injúria, escárnio e vergonha por amor dEle. Não é agradável negar o eu e estar sempre procurando fazer o bem a outros. Não é agradável vencer como Cristo venceu, assim eles se voltam do exemplo que lhes é claramente dado para copiar e recusam imitar o exemplo que o Salvador lhes deixou ao vir das cortes celestes. T3 380 2 "Menos rigor haverá para Sodoma e Gomorra, no dia do juízo, do que para" (Mateus 10:15) aqueles que têm tido os privilégios e a grande luz que brilha em nossos dias, mas que negligenciaram seguir a luz e dar o coração inteiramente a Deus. ------------------------Capítulo 33 -- Dízimos e ofertas T3 381 1 A missão da igreja de Cristo é salvar os pecadores que estão a perecer. É divulgar o amor de Deus aos homens, conquistando-os para Cristo pela eficácia daquele amor. A verdade para este tempo deve ser levada aos tenebrosos recantos da Terra, e esta obra pode começar em casa. Os seguidores de Cristo não devem viver egoistamente; antes, imbuídos do Espírito de Cristo, trabalhar em harmonia com Ele. T3 381 2 Há motivos para a frieza e incredulidade atuais. O amor do mundo e os cuidados da vida separam o coração de Deus. A água da vida precisa estar em nós, de nós fluindo, jorrando para a vida eterna. Cumpre-nos realizar exteriormente aquilo que Deus realiza no interior. Caso o cristão queira fruir a luz da vida, precisa aumentar seus esforços para levar outros ao conhecimento da verdade. Sua vida deve caracterizar-se pelo esforço e sacrifício para beneficiar a outros; então não haverá queixa de falta de satisfação. T3 381 3 Os anjos acham-se sempre empenhados em trabalhar pela felicidade dos outros. É este o seu prazer. Aquilo que seria considerado serviço humilhante por parte de corações egoístas -- servir aos que são indignos e considerados inferiores em caráter e posição -- é a obra dos puros e inocentes anjos nas reais cortes celestes. O espírito de abnegado amor de Cristo é o que domina no Céu, constituindo a própria essência de sua bem-aventurança. T3 381 4 Os que não experimentam nenhum prazer especial em buscar ser uma bênção aos outros, em trabalhar, mesmo com sacrifício, para lhes fazer bem, não podem ter o espírito de Cristo ou do Céu; pois não têm união com a obra dos santos anjos, nem podem participar da bem-aventurança que lhes comunica elevada alegria. Disse Cristo: "Digo-vos que assim haverá alegria no Céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento." Lucas 15:7. Se a alegria dos anjos é ver os pecadores se arrependerem, não será o regozijo dos pecadores, salvos pelo sangue de Jesus, ver outros se arrependerem e voltarem para Cristo por intermédio deles? Em trabalhar em harmonia com Cristo e os santos anjos experimentaremos uma alegria que não pode ser sentida senão nessa obra. T3 382 1 Os princípios da cruz de Cristo levam todos quantos crêem à rigorosa obrigação de negarem a si mesmos, comunicarem luz aos outros e darem de seus recursos para difundir a luz. Se eles se acharem em comunhão com o Céu, empenhar-se-ão na obra em harmonia com os anjos. T3 382 2 O princípio dos mundanos é tirar o máximo que lhes for possível das perecíveis coisas desta vida. O amor do lucro egoísta, eis o princípio dominante de sua vida. A mais pura alegria, porém, não se encontra em riquezas, nem na cobiça que sempre deseja ansiosamente mais, mas onde reina contentamento e onde o abnegado amor é o princípio dominante. Há milhares de criaturas que passam a vida na satisfação de suas inclinações, mas cujo coração vive cheio de pesar. São vítimas do egoísmo e do descontentamento, no vão esforço de satisfazer o espírito pela condescendência com o próprio eu. Em sua fisionomia, no entanto, acha-se estampada a infelicidade, e atrás delas se encontra um deserto pela ausência de boas obras em sua vida. T3 382 3 À medida que o amor de Cristo nos enche o coração e nos rege a vida, a cobiça, o egoísmo e o amor da comodidade serão vencidos, e nosso prazer consistirá em fazer a vontade de Cristo, de quem professamos ser servos. Nossa felicidade será então proporcional a nossas obras abnegadas, inspiradas pelo amor de Jesus. T3 382 4 No plano da salvação, a sabedoria divina designou a lei da ação e reação, tornando a obra de beneficência em todos os seus ramos duplamente bendita. O que dá aos necessitados beneficia a outros, e é ele próprio beneficiado em grau ainda maior. Deus poderia haver conseguido Seu objetivo na salvação dos pecadores sem o auxílio do homem; sabia, porém, que o homem não podia ser feliz sem desempenhar uma parte na grande obra em que cultivaria a abnegação e a beneficência. T3 382 5 Para que o homem não perdesse os benditos resultados da beneficência, nosso Redentor elaborou o plano de alistá-lo como Seu cooperador. Mediante uma cadeia de circunstâncias que lhe despertaria a caridade, concede ao homem os melhores meios de cultivar a beneficência e conserva-o dando habitualmente para ajudar os pobres e promover Sua causa. Envia Seus pobres como representantes dEle. Através das necessidades deles, o mundo arruinado está a extrair de nós talentos em forma de recursos e influência a fim de apresentar-lhes a verdade, por falta da qual estão a perecer. E ao atendermos a esses pedidos por meio de trabalho e de atos de beneficência, somos transformados à imagem dAquele que por amor de nós Se tornou pobre. Dando, beneficiamos a outros, acumulando assim verdadeiras riquezas. T3 383 1 Tem havido grande falta de beneficência cristã na igreja. Aqueles que mais habilitados se achavam a promover a propagação da causa de Deus não fizeram senão um pouco. Misericordiosamente, tem o Senhor trazido ao conhecimento da verdade uma classe de pessoas a fim de que lhe apreciassem o incalculável valor, em comparação com os tesouros terrestres. Jesus disse a essas pessoas: "Sigam-Me." Lucas 5:27. Ele as está provando com um convite para a ceia que tem preparado. Está observando para ver que caráter elas desenvolverão, se os próprios interesses egoístas serão considerados de maior valor do que as riquezas eternas. Muitos desses queridos irmãos estão agora, mediante suas ações, formulando as desculpas mencionadas na seguinte parábola: T3 383 2 "Porém Ele lhe disse: Um certo homem fez uma grande ceia, e convidou a muitos. E, à hora da ceia, mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que já tudo está preparado. E todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo e preciso ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-los; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Casei, e portanto, não posso ir. E, voltando aquele servo, anunciou estas coisas ao seu senhor. Então, o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade e traze aqui os pobres, e os aleijados, e os mancos, e os cegos." Lucas 14:16-21. T3 383 3 Essa parábola representa apropriadamente a condição de muitos que professam crer na verdade presente. O Senhor lhes mandou um convite para a ceia que lhes preparou com grande custo; os interesses mundanos, porém, assemelham-se-lhes de maior importância que o tesouro celeste. São convidados a tomar parte em coisas de valor eterno; mas sua fazenda, o gado e os interesses domésticos lhes parecem de tão maior importância do que o atender ao convite celestial, que sobrepujam a toda atração divina, e essas coisas terrestres são apresentadas como desculpas por sua desobediência à ordem celeste: "Vinde, que já tudo está preparado." Lucas 14:17. Esses irmãos estão cegamente seguindo o exemplo das pessoas apresentadas na parábola. Olham suas posses terrenas, e dizem: "Não, Senhor, não Te posso seguir; 'rogo-Te que me hajas por escusado'." Lucas 14:18. T3 384 1 As próprias bênçãos dadas por Deus a esses homens para prová-los, para ver se eles dão "a Deus o que é de Deus" (Mateus 22:21), empregam eles como desculpa para não obedecerem às reivindicações da verdade. Abraçaram seu tesouro terrestre, e dizem: "Preciso cuidar destas coisas; não posso negligenciar as coisas desta vida; estas coisas são minhas." Assim o coração desses homens se tem tornado tão insensível à impressão como o solo batido das estradas. Eles fecham a porta do coração ao mensageiro celeste, que diz: "Vinde, que já tudo está preparado", e a abrem bem, convidando à entrada as preocupações e cuidados de negócios deste mundo; em vão bate Jesus para ser admitido. T3 384 2 O coração dessas pessoas está tão coberto de espinhos e cheio dos cuidados desta vida, que as coisas celestes não podem aí encontrar lugar. Jesus convida os cansados e oprimidos, prometendo-lhes descanso se forem ter com Ele. Convida-os a permutar o mortificante jugo do egoísmo e da cobiça, que os torna escravos de Mamom, por Seu jugo, que afirma ser suave, e por Seu fardo, que é leve. Diz Ele: "Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma." Mateus 11:29. Ele quer que ponham de lado os pesados fardos do cuidado e perplexidade mundanos, e tomem Seu jugo que é abnegação e sacrifício pelos outros. Este fardo demonstrar-se-á leve. Os que se recusam a aceitar o alívio que Cristo lhes oferece e continuam a levar o mortificante jugo do egoísmo, sobrecarregando sua mente em extremo com projetos a fim de acumular dinheiro para satisfações egoístas, não experimentaram a paz e o descanso que se encontram em levar o jugo de Cristo e em carregar os fardos da abnegação e da desinteressada beneficência levados por Cristo em seu favor. T3 385 1 Quando o amor do mundo toma posse do coração e se torna paixão dominante, não fica margem para a adoração a Deus; pois as mais elevadas faculdades da mente se subordinam à servidão de Mamom, e não podem reter os pensamentos acerca de Deus e do Céu. A mente perde a lembrança do Senhor, estreitando-se e atrofiando-se na acumulação de dinheiro. T3 385 2 Em virtude do egoísmo e amor do mundo, esses homens têm vivido cada vez com menos percepção da magnitude da obra para estes últimos dias. Não educaram a mente de modo a fazer do servir a Deus sua ocupação. Não têm experiência nesse sentido. Suas posses lhes absorvem as afeições e eclipsam a magnitude do plano da salvação. Enquanto prosperam e ampliam seus empreendimentos mundanos, não vêem nenhuma necessidade de expansão e progresso da obra de Deus. Empregam os recursos de que dispõem em coisas temporais e não nas eternas. O coração ambiciona mais recursos. Deus os tornou depositários de Sua lei, de modo que deixem brilhar para os outros a luz que tão generosamente lhes foi concedida. Mas têm por tal forma acrescentado os próprios cuidados e ansiedades que não têm tempo de beneficiar a outros com sua influência, de conversar com os vizinhos, de orar com eles e por eles, e procurar trazê-los ao conhecimento da verdade. T3 385 3 Esses homens são responsáveis pelo bem que poderiam fazer, mas se desculpam por causa de cuidados e encargos mundanos que lhes obscurecem a mente e absorvem as afeições. Pessoas por quem Cristo morreu poderiam ser salvas por seus esforços pessoais e um piedoso exemplo. Almas preciosas estão a perecer por falta da luz que Deus deu aos homens para que se refletisse no caminho dos outros. A preciosa luz, no entanto, é oculta sob o alqueire, e não ilumina os que estão na casa. T3 385 4 Todo homem é um mordomo de Deus. A cada um confiou o Mestre Seus recursos; mas os homens pretendem que esses recursos são propriedade sua. Diz Cristo: "Negociai até que Eu venha." Lucas 19:13. Vem o tempo em que Cristo exigirá o Seu com os juros. Mateus 25:27. Dirá a cada um de Seus mordomos: "Presta contas da tua mordomia." Lucas 16:2. Os que esconderam o dinheiro de seu Senhor em um lenço na terra, em vez de dá-lo aos banqueiros, e os que esbanjaram o dinheiro de seu Senhor ao gastá-lo em coisas desnecessárias, em vez de pô-lo a juros ao empregá-lo em Sua causa, não receberão a aprovação do Mestre, mas decisiva condenação. O servo inútil da parábola levou de volta o único talento a Deus, e disse: "Senhor, eu conhecia-Te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemorizado, escondi na terra o Teu talento; aqui tens o que é Teu." O Senhor pega-lhe nas palavras: "Mau e negligente servo; sabes que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei; devias então ter dado o Meu dinheiro aos banqueiros, e, quando Eu viesse, receberia o que é Meu com os juros." Mateus 25:24-27. T3 386 1 Este servo inútil não ignorava os planos de Deus, mas decidiu firmemente impedir-Lhe o desígnio, acusando-O de injustiça em exigir lucro dos talentos a ele confiados. Esta mesma queixa e murmuração é feita por vasta classe de ricos que professam crer na verdade. Como o servo infiel, temem que o aumento do talento a eles emprestado por Deus seja requerido para promover a propagação da verdade; atam-no, portanto, empregando-o em tesouros terrenos, e enterrando-o no mundo, pondo-o assim tão seguro que não tenham nada, ou quase nada para investir na causa de Deus. Enterraram-no, temendo que o Senhor peça parte do capital ou dos juros. Quando, a pedido de seu Senhor, trazem a quantia que lhes foi entregue, vêm com ingratas desculpas por não haverem posto os recursos a eles emprestados por Deus nas mãos dos banqueiros, empregando-os em Sua causa para levar-Lhe a obra avante. T3 387 1 Aquele que sonega os bens do Senhor não somente perde o talento que lhe foi emprestado por Deus, mas perde a própria vida eterna. Diz-se a seu respeito: "Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores." Mateus 25:30. O servo fiel que investe seu dinheiro na causa de Deus para salvar almas emprega os recursos de que dispõe para glória do Senhor, e receberá o louvor do Mestre: "Muito bem, servo bom e fiel... entra no gozo do teu Senhor." Mateus 25:21. Qual será esse gozo de nosso Senhor? É a alegria de ver pessoas salvas no reino da glória. "O qual pelo gozo que Lhe estava proposto suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-Se à destra do trono de Deus." Hebreus 12:2. T3 387 2 A idéia de mordomia devia ter influência prática sobre todo o povo de Deus. A parábola dos talentos, devidamente compreendida, excluirá a cobiça, que Deus chama de idolatria. A beneficência prática dará vida espiritual a milhares de professos nominais da verdade que ora lamentam as próprias trevas. Ela os transformará de egoístas e cobiçosos adoradores de Mamom em zelosos e fiéis colaboradores de Cristo na salvação dos pecadores. T3 387 3 O plano da salvação fundamentou-se no sacrifício. Jesus deixou as cortes reais, e fez-Se pobre, para que por Sua pobreza nos pudéssemos enriquecer. 2 Coríntios 8:9. Todos quantos participam desta salvação, comprada para eles com tão infinito sacrifício pelo Filho de Deus, seguirão o exemplo do Modelo verdadeiro. Cristo foi a principal Pedra de Esquina, e cumpre-nos edificar sobre esse Fundamento. Todos devem ter espírito de abnegação e sacrifício. A vida de Cristo na Terra foi de altruísmo; assinalou-se por humilhação e sacrifício. E hão de os homens, participantes da grande salvação que Jesus veio do Céu trazer-lhes, recusar-se a seguir a seu Senhor e partilhar de Sua abnegação e sacrifício? Diz Cristo: "Eu sou a videira, vós as varas." João 15:5. "Todo ramo que, estando em Mim, não der fruto, Ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda." João 15:2. O próprio princípio vital, a seiva que corre através da videira, nutre os ramos, a fim de florescerem e darem fruto. "É o servo maior do que o seu Senhor"? João 15:20. Há de o Redentor do mundo praticar abnegação e sacrifício em nosso favor, e os membros do corpo de Cristo entregarem-se à complacência consigo mesmos? A abnegação é condição essencial do discipulado. T3 388 1 "Então, disse Jesus aos Seus discípulos: Se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-Me." Mateus 16:24. Eu tomo a dianteira no caminho da abnegação. Não exijo de vocês, Meus seguidores, coisa alguma senão aquilo de que Eu, seu Senhor, dou-lhes o exemplo em Minha vida. T3 388 2 O Salvador do mundo venceu Satanás no deserto da tentação. Venceu para mostrar ao homem como ele pode vencer. Ele anunciou na sinagoga de Nazaré: "O Espírito do Senhor é sobre Mim, pois que Me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-Me a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor." Lucas 4:18, 19. T3 388 3 A grande obra que Jesus anunciou que viera fazer foi confiada a Seus seguidores na Terra. Cristo, como nossa cabeça, serve de guia na grande obra de salvação, e pede-nos que Lhe sigamos o exemplo. Deu-nos uma mensagem mundial. Esta verdade deve estender-se a todas as nações, línguas e povos. O poder de Satanás devia ser contestado, e ele vencido por Cristo e também por Seus seguidores. Ampla guerra devia ser mantida contra os poderes das trevas. E a fim de fazer essa obra com êxito, eram necessários recursos. Deus não Se propõe a mandar recursos diretamente do Céu, mas põe nas mãos de Seus seguidores talentos de recursos para serem usados com o propósito definido de manter esta luta. T3 388 4 Ele deu a Seu povo um plano para levantamento de fundos suficientes para empreendimento de manutenção própria. O plano divino do sistema do dízimo é belo em sua simplicidade e eqüidade. Todos podem dele lançar mão com fé e ânimo, pois é divino em sua origem. Nele se aliam a simplicidade e a utilidade, e não exige profundidade de saber para compreendê-lo e executá-lo. Todos podem sentir que lhes é possível ter parte em promover a preciosa obra de salvação. Todo homem, mulher e jovem podem tornar-se tesoureiros do Senhor, e agentes em atender às exigências sobre o tesouro. Diz o apóstolo: "Cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade." 1 Coríntios 16:2. T3 389 1 Grandes objetivos se conseguem com este sistema. Se todos o aceitassem, cada um se tornaria vigilante e fiel tesoureiro de Deus; e não haveria falta de recursos com que levar avante a grande obra de anunciar a última mensagem de advertência ao mundo. O tesouro estará provido se todos adotarem esse sistema, e os contribuintes não ficarão mais pobres. A cada depósito feito, tornar-se-ão mais ligados à causa da verdade presente. Eles estarão entesourando "para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna". 1 Timóteo 6:19. T3 389 2 À medida que os obreiros perseverantes, sistemáticos, virem que a tendência de seus beneficentes esforços é nutrir o amor para com Deus e seus semelhantes, e que seus esforços pessoais estão a estender-lhes a esfera de utilidade, compreenderão que é grande bênção ser cooperadores de Cristo. A igreja cristã, de modo geral, está se negando às reivindicações de Deus quanto a darem ofertas do que possuem para sustentar a luta contra as trevas morais que vão inundando o mundo. A obra de Deus nunca poderá progredir como deve enquanto os seguidores de Cristo não se tornarem obreiros ativos e zelosos. T3 389 3 Todo indivíduo na igreja deve sentir que a verdade que ele professa é uma realidade, e todos devem ser obreiros desinteressados. Alguns ricos se acham inclinados a murmurar por estar a obra de Deus se ampliando e haver pedidos de dinheiro. Dizem que não há fim a esses pedidos. Surge continuamente um objetivo após outro, demandando auxílio. A esses, gostaríamos de dizer que esperamos que a causa de Deus se estenda por tal forma que haja maior ocasião, e mais freqüentes e urgentes apelos quanto às provisões do tesouro para prosseguir com a obra. T3 389 4 Se o plano da doação sistemática fosse adotado por todo indivíduo, sendo plenamente levado avante, haveria constante suprimento no tesouro. A renda fluiria para ele qual constante corrente, sem cessar, provida pelas fontes transbordantes da beneficência. O dar ofertas faz parte da religião evangélica. Não nos impõe a consideração do infinito preço pago por nossa redenção obrigações solenes, do ponto de vista financeiro, da mesma maneira que reivindica de nós a dedicação de todas as nossas energias à obra do Mestre? T3 390 1 Teremos contas a ajustar afinal com o Mestre, quando Ele disser: "Presta contas da tua mordomia." Lucas 16:2. Se os homens preferirem pôr de lado as reivindicações de Deus, e apegarem-se a tudo quanto Ele lhes dá, retendo-o egoistamente, Ele Se calará por agora, e continuará a prová-los freqüentemente mediante o acréscimo de Suas liberalidades, deixando fluírem Suas bênçãos, e esses homens poderão continuar a receber honras de seus semelhantes, e não ser censurados na igreja; mas finalmente Ele dirá: "Presta contas da tua mordomia." Lucas 16:2. Diz Cristo: "Quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a Mim." Mateus 25:45. "Não sois de vós mesmos", "porque fostes comprados por bom preço" (1 Coríntios 6:19, 20), e vocês estão na obrigação de glorificar a Deus com os seus recursos bem como com o seu corpo e espírito, que são Seus. "Fostes comprados por bom preço", "não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro", "mas com o precioso sangue de Cristo". 1 Pedro 1:18, 19. Ele pede uma devolução dos dons que nos confiou, para ajudar na salvação de almas. Ele deu Seu sangue; pede nosso dinheiro. É mediante Sua pobreza que nos tornamos ricos; e nos recusaremos a devolver-Lhe Suas dádivas? T3 390 2 Deus não depende dos homens para a manutenção de Sua causa. Poderia haver mandado recursos diretamente do Céu para suprir Seu tesouro, caso assim houvesse Sua providência achado melhor para o homem. Poderia ter idealizado meios pelos quais houvessem sido enviados anjos para anunciar a verdade ao mundo sem o agente humano. Poderia haver escrito a verdade nos céus, e deixar que isso declarasse ao mundo os mandamentos em caracteres vivos. Deus não depende da prata ou ouro de homem algum. Diz Ele: "Meu é todo o animal da selva e as alimárias sobre milhares de montanhas." "Se Eu tivesse fome, não to diria, pois Meu é o mundo e a sua plenitude." Salmos 50:10, 12. Seja qual for a necessidade de nossa participação no progresso da causa de Deus, isso foi propositadamente arranjado por Ele para nosso bem. Honrou-nos tornando-nos coobreiros Seus. Determinou que houvesse necessidade da cooperação dos homens, para que sua liberalidade seja mantida em exercício. T3 391 1 Em Sua sábia providência, Deus pôs os pobres sempre ao nosso lado, para que, ao vermos todas as formas de sofrimento e miséria no mundo, fôssemos provados e colocados em situações de desenvolver caráter cristão. Pôs os pobres entre nós para despertar-nos simpatia e amor cristãos. T3 391 2 Pecadores, que estão perecendo por falta de conhecimento, são deixados em ignorância e trevas a menos que haja homens que lhes levem a luz da verdade. Deus não mandará anjos do Céu para fazer a obra que Ele deixou para o homem fazer. A todos Ele deu um trabalho a fazer para que pudesse prová-los, e que eles pudessem revelar seu verdadeiro caráter. Cristo coloca em nosso meio os pobres como Seus representantes. "Tive fome", diz Ele, "e não Me destes de comer; tive sede, e não Me destes de beber." Mateus 25:42. Cristo Se identifica com a sofredora humanidade, na pessoa dos aflitos filhos dos homens. Torna Suas as necessidades deles, sentindo as suas desventuras. T3 391 3 As trevas morais de um mundo arruinado pleiteiam com os cristãos, homens e mulheres, para exercerem esforços pessoais, darem de seus recursos e de sua influência, de modo a serem assemelhados à imagem dAquele que, embora possuísse infinitas riquezas, todavia "Se fez pobre por amor de" nós. 2 Coríntios 8:9. O Espírito de Deus não pode permanecer com aqueles a quem Ele mandou a mensagem de Sua verdade, mas que precisam ser insistentemente solicitados para poderem ter qualquer percepção do dever que lhes cabe de tornarem-se coobreiros de Cristo. O apóstolo acentua o dever de dar impulsionado por motivos mais elevados do que a simples simpatia humana devida à emoção. Insiste no princípio de que devemos trabalhar desinteressadamente, visando unicamente a glória de Deus. T3 391 4 As Escrituras exigem que os cristãos adotem um plano de beneficência ativa, que mantenha em constante exercício o interesse pela salvação de seus semelhantes. A lei moral ordenava a observância do sábado, que não era um fardo senão quando aquela lei era transgredida e eles incorriam nas penas trazidas pela transgressão. O sistema do dízimo não era uma carga para os que não se apartavam desse plano. O sistema ordenado aos hebreus não foi rejeitado ou afrouxado por Aquele que lhe deu origem. Em vez de haver perdido agora seu vigor, deve ser mais plenamente cumprido e expandido, pois a salvação em Cristo unicamente deve ser apresentada em maior plenitude na era cristã. T3 392 1 Jesus declarou ao doutor da lei que a condição para ele obter a vida eterna era cumprir em sua vida as reivindicações especiais da lei, que consistiam em amar a Deus "de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças, e... o próximo como a si mesmo". Marcos 12:33. Quando os sacrifícios simbólicos cessaram, por ocasião da morte de Cristo, a lei original, escrita em tábuas de pedra, permaneceu imutável, conservando sua vigência sobre os homens de todos os séculos. E na era cristã o dever do homem não foi limitado, antes mais especialmente definido e expresso com mais simplicidade. T3 392 2 O evangelho, estendendo-se e ampliando-se, exigia maiores providências para manter a luta depois da morte de Cristo, o que tornou a lei de dar ofertas necessidade mais urgente do que sob o governo hebraico. Agora Deus requer não menores, mas maiores, dádivas do que em qualquer outro período da história do mundo. O princípio estabelecido por Cristo é que as dádivas e ofertas sejam proporcionais à luz e às bênçãos fruídas. Ele disse: "A qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá." Lucas 12:48. T3 392 3 Os primeiros discípulos corresponderam às bênçãos da era cristã em obras de caridade e beneficência. O derramamento do Espírito de Deus, depois que Cristo deixou os discípulos e ascendeu ao Céu, levou à abnegação e ao sacrifício pela salvação de outros. Quando os santos pobres de Jerusalém se viram em dificuldade, Paulo escreveu aos gentios cristãos relativamente às obras de beneficência, e disse: "Portanto, assim como em tudo sois abundantes na fé, e na palavra, e na ciência, e em toda diligência e em vossa caridade para conosco, assim também abundeis nessa graça." 2 Coríntios 8:7. A beneficência aqui é colocada ao lado da fé, do amor e da diligência cristã. Os que pensam poderem ser bons cristãos e cerrarem os ouvidos e o coração aos pedidos de Deus para que sejam liberais acham-se terrivelmente enganados. Pessoas há que são pródigas em profissão de grande amor à verdade e, no que respeita às palavras, interessam-se muito em ver o progresso da verdade, mas nada fazem por esse progresso. A fé dessas pessoas é morta, não sendo aperfeiçoada pelas obras. O Senhor jamais cometeu tal erro de converter uma pessoa e mantê-la sob o domínio da cobiça. T3 393 1 O sistema do dízimo remonta a um tempo além dos dias de Moisés. Requeria-se que os homens oferecessem dádivas a Deus com intuitos religiosos antes mesmo que um sistema definido fosse dado a Moisés -- já desde os dias de Adão. Cumprindo o que Deus deles requeria, deviam manifestar em ofertas a apreciação das misericórdias e bênçãos a eles concedidas. Isto continuou através de sucessivas gerações, e foi observado por Abraão, que deu dízimos a Melquisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo. O mesmo princípio existia nos dias de Jó. Jacó, quando errante e exilado, destituído de bens, deitou-se à noite em Betel, solitário e tendo por travesseiro uma pedra, e prometeu ao Senhor: "De tudo quanto me deres, certamente Te darei o dízimo." Gênesis 28:22. Deus não obriga os homens a dar. Tudo quanto derem deve ser voluntário. Não quer ter o Seu tesouro cheio de ofertas dadas de má vontade. T3 393 2 O Senhor visava pôr o homem em íntima relação com Ele e em simpatia e amor com seus semelhantes, quando sobre ele colocou responsabilidades em atos que haviam de neutralizar o egoísmo e fortalecer-lhe o amor para com Deus e o ser humano. O plano de haver método na beneficência foi designado por Deus para o bem do homem, inclinado a ser egoísta, a cerrar o coração a atos generosos. O Senhor requer que se dêem dádivas em tempos determinados, de tal modo que o dar se torne um hábito, e sinta-se que a beneficência é um dever cristão. O coração, aberto por um ato de beneficência, não deve ter tempo de tornar-se egoísta, frio e fechar-se antes do próximo ato. A corrente deve estar continuamente fluindo, mantendo assim aberto o canal por atos de beneficência. T3 394 1 Quanto à importância exigida, Deus especificou um décimo da renda. Isto fica com a consciência e boa vontade dos homens, cujo discernimento nesse sistema de dízimo deve ser livre. Embora isto dependa da consciência, foi estabelecido um plano bastante definido para todos. Não deve haver compulsão. T3 394 2 Na dispensação mosaica, Deus chamou homens que dessem a décima parte de toda a sua renda. Ele lhes confiou em depósito as coisas desta vida, talentos a serem desenvolvidos e devolvidos a Ele. Exigia um décimo, e isto Ele requer como o mínimo que os seres humanos Lhe devem devolver. Diz: Dou-lhes nove décimos, ao passo que exijo um décimo; este é Meu. Quando os homens o retêm, estão roubando a Deus. As ofertas pelo pecado, as ofertas pacíficas e as de gratidão também eram requeridas além do dízimo das rendas. T3 394 3 Tudo quanto é retido daquilo que Deus requer, a décima parte do rendimento, é registrado como roubo nos livros do Céu contra os que o retêm. Essas pessoas defraudam seu Criador; e ao ser-lhes apontado esse pecado de negligência, não basta que mudem de rumo e comecem a seguir daí em diante o reto princípio. Isto não alterará os algarismos registrados no Céu pela sonegação dos bens que lhes foram confiados para serem devolvidos Àquele que os emprestou. Exige-se arrependimento pelo trato infiel e a ingratidão para com Deus. T3 394 4 "Roubará o homem a Deus? Todavia, vós Me roubais e dizeis: Em que Te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a Mim Me roubais, vós, a nação toda. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na Minha casa, e depois fazei prova de Mim, diz o Senhor dos Exércitos, se Eu não vos abrir as janelas do Céu e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança." Malaquias 3:8-10. Dá-se aí uma promessa -- que se todos os dízimos forem levados à casa do tesouro, derramar-se-á sobre o obediente uma bênção de Deus. T3 395 1 "E, por causa de vós, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; e a vide no campo vos não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos. E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos Exércitos." Malaquias 3:11, 12. Se todos quantos professam crer na verdade satisfizerem às reivindicações de Deus ao dar o dízimo, que o Senhor declara ser Seu, o tesouro estará abundantemente provido de recursos para levar avante a grande obra pela salvação dos homens. T3 395 2 Deus dá ao homem nove décimos, ao passo que reivindica apenas um décimo para fins sagrados, da mesma maneira que deu ao homem seis dias para seu trabalho, e reservou e pôs à parte o sétimo dia para Si. Pois, como o sábado, um décimo da renda é sagrado; Deus o reservou para Si. Ele levará avante Sua obra na Terra com a renda dos recursos que confiou ao homem. T3 395 3 Deus exigia de Seu antigo povo três reuniões anuais. "Três vezes no ano, todo o varão entre ti aparecerá perante o Senhor, teu Deus, no lugar que escolher, na Festa dos Pães Asmos, e na Festa das Semanas, e na Festa dos Tabernáculos; porém não aparecerá de mãos vazias perante o Senhor; cada um oferecerá na proporção em que possa dar, segundo a bênção que o Senhor, seu Deus, lhe houver concedido." Deuteronômio 16:16, 17. Nada menos que um terço de seus rendimentos era consagrado a fins sagrados e religiosos. T3 395 4 Sempre que o povo de Deus, em qualquer período do mundo, seguiu voluntária e alegremente o plano dEle quanto à doação sistemática e às dádivas e ofertas, verificaram Sua permanente promessa de que todos os seus trabalhos seriam seguidos de prosperidade proporcional à obediência que dispensavam ao que deles requeria. Quando reconheciam os direitos de Deus e Lhe satisfaziam às reivindicações, honrando-O com seus recursos, seus celeiros enchiam-se com abundância. Mas, quando roubavam a Deus em dízimos e ofertas, era-lhes feito compreender que não O estavam roubando a Ele simplesmente, mas a si mesmos; pois Ele lhes limitava as bênçãos exatamente em proporção ao que eles limitavam as ofertas que Lhe faziam. T3 396 1 Alguns classificarão isso como uma das rigorosas leis a que os hebreus estavam obrigados. Não era um fardo, porém, para o coração voluntário que amava a Deus. Unicamente quando sua natureza egoísta era fortalecida pelo reter é que os homens perdiam de vista as considerações eternas, estimando seus bens terrenos acima das pessoas. Há nestes últimos dias necessidades ainda mais urgentes sobre o Israel de Deus do que sobre o antigo Israel. Há uma grande e importante obra a ser realizada em muito pouco tempo. Nunca foi desígnio do Senhor que a lei do sistema de dízimo deixasse de ser considerada entre Seu povo; em vez disso, porém, pretendia que o espírito de sacrifício se ampliasse e se tornasse mais profundo para a finalização da obra. T3 396 2 A doação sistemática não se deveria tornar compulsão sistemática. É a oferta voluntária que é aceitável a Deus. A verdadeira beneficência cristã brota do princípio do amor agradecido. Não pode existir amor a Cristo sem amor correspondente para com aqueles por cuja redenção Ele veio ao mundo. O amor a Cristo deve ser o princípio dominante do ser, regendo todas as emoções e dirigindo todas as energias. O amor redentor deve despertar todas as ternas afeições e abnegada dedicação que possam existir no coração do homem. Assim sendo, não se precisam fazer apelos comovedores para lhes vencer o egoísmo e despertar os inativos sentimentos de compassividade a fim de atrair ofertas voluntárias para a preciosa causa da verdade. T3 396 3 Com sacrifício infinito nos comprou Jesus. Todas as nossas aptidões e influência pertencem de fato a nosso Salvador, devendo ser consagradas a Seu serviço. Assim fazendo, manifestamos nossa gratidão por termos sido libertados da servidão do pecado pelo precioso sangue de Cristo. Nosso Salvador está continuamente trabalhando por nós. Subiu ao alto e intercede pelos que foram adquiridos por Seu sangue. Ele alega diante de Seu Pai as agonias da crucifixão. Ergue as mãos feridas e intercede por Sua igreja, para que sejam livrados de cair em tentação. T3 396 4 Se nossa percepção fosse avivada para compreender esta maravilhosa obra de nosso Salvador por nossa redenção, nosso coração seria abrasado de profundo e ardente amor. Sentir-nos-íamos alarmados por nossa apatia e fria indiferença. Inteira devoção e espírito de benevolência, inspirados por um amor agradecido, comunicarão à mínima oferta, ao sacrifício voluntário, fragrância divina, emprestando à dádiva incalculável valor. Depois, porém, de ofertar voluntariamente tudo quanto nos seja possível a nosso Redentor, por mais valioso que seja para nós, se considerarmos nossa dívida de gratidão para com Deus tal como em verdade é, tudo quanto possamos ter oferecido se nos parecerá demasiado insuficiente e pequenino. Mas os anjos tomam essas ofertas, que nos parecem pobres, apresentam-nas como fragrantes dádivas diante do trono, e são aceitas. T3 397 1 Não compreendemos, como seguidores de Cristo, nossa verdadeira posição. Não temos correta visão de nossas responsabilidades como servos assalariados de Cristo. Ele nos adiantou a recompensa, em Sua vida de sofrimento e no sangue derramado, a fim de a Ele nos ligar em voluntária servidão. Tudo quanto de bom possuímos é um empréstimo a nós feito por nosso Salvador. Ele nos fez mordomos. Nossas menores ofertas, os mais humildes serviços que prestamos, apresentados com fé e amor, podem ser dádivas consagradas para granjear pessoas para o serviço do Mestre e promover-Lhe a glória. O interesse e a prosperidade do reino de Cristo deveriam estar acima de todas as outras considerações. Os que tornam seu prazer e interesse egoísta os principais objetivos de sua vida não são mordomos fiéis. T3 397 2 Os que se negam a si mesmos a fim de beneficiar a outros, e se consagram com tudo quanto têm ao serviço de Cristo, experimentarão a felicidade que o egoísta procura em vão. Disse nosso Salvador: "Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser Meu discípulo." Lucas 14:33. A caridade "não busca os seus interesses". 1 Coríntios 13:5. Isto é o fruto daquele amor e beneficência desinteressados que caracterizavam a vida de Cristo. A lei de Deus em nosso coração subordinará os próprios interesses às considerações elevadas e eternas. Cristo nos ordena buscar "primeiro o reino de Deus e Sua justiça". Mateus 6:33. É este nosso primeiro e mais alto dever. Nosso Mestre advertiu expressamente Seus servos a não acumularem tesouros na Terra; pois assim fazendo, o coração lhes ficaria nas coisas terrenas em vez de nas celestes. Eis onde muito pobre ser humano tem naufragado na fé. Têm ido diretamente em contrário à expressa ordem de nosso Senhor e permitido que o amor do dinheiro se torne em sua vida a paixão dominante. São intemperantes em seus esforços para adquirir recursos. Acham-se tão intoxicados pelo desejo insano de riquezas como o embriagado com as bebidas. T3 398 1 Os cristãos se esquecem de que são servos do Mestre; de que eles próprios, o tempo e tudo quanto lhes pertence são dEle. Muitos são tentados, e a maioria vencida, pelas ilusórias seduções que Satanás apresenta para empregarem seu dinheiro naquilo que maior lucro lhes proporcionar. Poucos são os que consideram os sagrados direitos que Deus tem sobre eles quanto a darem o primeiro lugar às necessidades de Sua causa, atendendo por último aos próprios desejos. Poucos apenas investem na causa de Deus proporcionalmente a seus recursos. Muitos empregaram o dinheiro em propriedades que precisariam vender antes de poder empregá-lo na causa do Senhor, pondo-o assim em uso prático. Fazem disso uma desculpa para não fazer senão pouca coisa na causa de seu Redentor. Esconderam tão verdadeiramente o dinheiro na terra como o fez o homem da parábola. Roubam a Deus do dízimo que Ele reivindica como Seu e, roubando-O assim, roubam a si mesmos do tesouro celeste. T3 398 2 O plano da doação sistemática não pesa muito sobre ninguém. "Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam as coletas quando eu chegar." 1 Coríntios 16:1, 2. Os pobres não são excluídos do privilégio de dar. Da mesma maneira que os ricos, eles podem ter uma parte nessa obra. A lição dada por Cristo quanto às duas moedinhas da viúva mostra-nos que as menores ofertas voluntárias do pobre, se dadas de coração, com amor, são tão aceitáveis como os maiores donativos feitos pelos ricos. T3 398 3 Nas balanças do santuário, as dádivas dos pobres, impulsionadas pelo amor a Cristo, não são avaliadas segundo a importância doada, mas de acordo com o amor que inspira o sacrifício. As promessas de Jesus serão comprovadas pelo pobre liberal, que pouco tem para dar mas oferece esse pouco de boa vontade, tão certamente como o serão pelo rico que dá de sua abundância. O pobre faz de seu pouco um sacrifício que lhe custa realmente. Renuncia a algumas coisas de que na verdade necessita para o próprio conforto, ao passo que o abastado oferece de sua abundância, e não sente falta; não renuncia a nada de que realmente necessite. Há, portanto, na oferta do pobre uma santidade que não se encontra na do rico; pois este dá de sua fartura. A providência de Deus delineou todo o plano da doação sistemática para benefício do ser humano. Sua providência não cessa nunca. Caso os servos de Deus sigam as oportunidades de Sua providência, serão todos obreiros ativos. T3 399 1 Os que retêm do tesouro de Deus, e acumulam os recursos para seus filhos, põem em risco o interesse espiritual dos mesmos. Colocam suas propriedades, que são pedra de tropeço para eles, no caminho dos filhos, de modo a que nela tropecem para perdição. Muitos estão cometendo grande erro com relação às coisas desta vida. Economizam, privando a si e aos outros do bem que poderiam desfrutar do devido uso dos recursos que Deus lhes emprestou, e tornam-se egoístas e avarentos. Negligenciam os interesses espirituais, e tornam-se anões no desenvolvimento religioso, tudo por amor de acumular riqueza que não podem usar. Deixam aos filhos esses bens e, nove vezes em dez, isso se torna ainda maior maldição aos herdeiros do que foi a eles próprios. Os filhos, confiados na propriedade dos pais, deixam freqüentemente de ser bem-sucedidos na vida presente, fracassando por completo no que respeita à vindoura. O melhor legado que os pais podem deixar aos filhos é o conhecimento do trabalho útil e o exemplo de uma vida caracterizada pela desinteressada beneficência. Por uma vida assim, mostram eles o verdadeiro valor do dinheiro, que só deve ser apreciado pelo bem que pode realizar no suprir as próprias necessidades e as dos outros, e no promover o progresso da causa de Deus. T3 400 1 Alguns estão prontos a dar segundo o que têm, e acham que Deus não tem mais a exigir deles, posto que não possuem muitos recursos. Não têm rendimentos que possam dispensar das necessidades da família. Muitos desses, porém, poder-se-iam perguntar: Estou eu dando segundo poderia ter possuído? O desígnio de Deus era que suas faculdades físicas e mentais fossem empregadas. Alguns não têm aproveitado da melhor maneira as aptidões que Deus lhes concedeu. O homem foi premiado com o trabalho. Este foi ligado à maldição, pois o pecado o tornou necessário. O bem-estar físico, mental e moral do homem torna necessária uma vida de trabalho útil. "Não sejais vagarosos no cuidado" é a recomendação do inspirado apóstolo Paulo. Romanos 12:11. T3 400 2 Pessoa alguma, seja rica seja pobre, pode glorificar a Deus por uma vida de indolência. Todo o capital possuído pelos pobres é o tempo e a força física, e muitas vezes isto é gasto no amor da comodidade e em descuidosa indolência, de modo que nada têm para levar a seu Senhor em dízimos e ofertas. Se a homens cristãos falta sabedoria para trabalhar da maneira mais proveitosa e fazer criterioso emprego de suas faculdades físicas e mentais, deveriam ter humildade e mansidão de espírito para receber conselhos de seus irmãos, de modo que o melhor discernimento deles lhes possa suprir as deficiências. Muitos pobres agora satisfeitos com não fazer coisa alguma em benefício de seus semelhantes e para o progresso da causa de Deus muito poderiam fazer, caso o quisessem. São tão responsáveis diante de Deus por seu capital de forças físicas como é o rico pelo capital em dinheiro. T3 400 3 Alguns que deviam pôr dinheiro nos tesouros de Deus serão receptores do mesmo. Pessoas há que agora são pobres as quais poderiam melhorar suas condições mediante criterioso emprego do tempo, evitando os direitos de patentes e restringindo a própria inclinação para se empenharem em especulações a fim de obterem recursos por meios mais fáceis do que por meio de paciente e perseverante trabalho. Se aqueles que não têm tido êxito na vida estivessem dispostos a receber instruções, exercitar-se-iam em hábitos de abnegação e estrita economia, tendo assim a satisfação de serem distribuidores e não recebedores de caridade. Há muito servo negligente. Caso fizessem o que está em seu poder, experimentariam tão grande bênção em ajudar os outros que compreenderiam na verdade que "mais bem-aventurada coisa é dar do que receber". Atos dos Apóstolos 20:35. T3 401 1 Devidamente orientada, a beneficência exercita as energias mentais e morais do homem, estimulando-as a uma ação muito sadia no beneficiar os necessitados e promover a causa de Deus. Caso os que têm recursos compreendessem que são responsáveis diante de Deus por todo dinheiro que gastam, suas supostas necessidades seriam muito menos. Se a consciência estivesse viva, testificaria de desnecessárias apropriações para satisfação do apetite, do orgulho, da vaidade e do amor dos entretenimentos, e mostraria o desperdício do dinheiro do Senhor, que devia ter sido dedicado à Sua causa. Os que desperdiçam os bens do Senhor hão de afinal dar contas de seu procedimento ao Mestre. T3 401 2 Se os professos cristãos empregassem menos de seus bens em adornar o corpo e em embelezar a própria morada e gastassem menos em luxos extravagantes e destruidores da saúde em sua mesa, muito maiores seriam as somas que poderiam colocar no tesouro de Deus. Imitariam assim a seu Redentor, que deixou o Céu, Suas riquezas, Sua glória, e por amor de nós tornou-Se pobre, a fim de podermos possuir as riquezas eternas. Se somos demasiado pobres para devolver fielmente a Deus os dízimos e ofertas requeridos por Ele, somos por certo pobres demais para trajar-nos dispendiosamente e comermos com luxo; pois desperdiçamos assim o dinheiro de nosso Senhor em condescendências nocivas, para agradar e glorificar a nós mesmos. Cumpre examinar-nos diligentemente: Que tesouro asseguramos nós no reino de Deus? Somos ricos para com Deus? T3 401 3 Jesus deu a Seus discípulos uma lição sobre a cobiça. "E propôs-lhes uma parábola, dizendo: A herdade de um homem rico tinha produzido com abundância; e arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: derribarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; e direi à minha alma: alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus." Lucas 12:16-21. T3 402 1 A extensão e a felicidade da vida não consistem na quantidade de bens terrestres. Esse rico insensato, em seu supremo egoísmo, depositara para si tesouros que não podia usar. Vivera só para si. Aproveitara-se de outros nos negócios, fizera contratos astutos e não exercera misericórdia ou o amor de Deus. Roubara o órfão e a viúva, e defraudara seus semelhantes a fim de ajuntar a seu crescente depósito de bens terrenos. Ele poderia ter depositado seu tesouro no Céu, em bolsas que não envelhecem; mas devido à sua cobiça perdeu ambos os mundos. Aqueles que, humildemente, usam para glória de Deus os recursos que lhes são confiados receberão afinal seu tesouro da mão do Mestre, com a bênção: "Bem está, bom e fiel servo... entra no gozo do teu Senhor." Mateus 25:23. T3 402 2 Quando consideramos o infinito sacrifício feito pela salvação dos homens, ficamos abismados. Quando o egoísmo clama pela vitória no coração dos homens, e eles são tentados a reter do que poderiam fazer em qualquer boa obra, cumpre-lhes fortalecer os princípios do direito ao pensamento de que Aquele que era rico dos tesouros incalculáveis do Céu deixou tudo isso, fazendo-Se pobre. Não tinha onde reclinar a cabeça. E todo esse sacrifício foi feito em nosso favor, para que tivéssemos riquezas eternas. T3 402 3 Cristo palmilhou a estrada da abnegação e do sacrifício que todos os Seus discípulos têm de trilhar, se quiserem afinal ser exaltados com Ele. Abriu o coração às dores que o homem tem de sofrer. A mente dos mundanos fica muitas vezes embotada. Só podem ver as coisas terrenas, as quais eclipsam a glória e o valor das celestiais. Os homens atravessarão terra e mar pelo ganho deste mundo, e suportarão privações e sofrimentos no intuito de conseguirem seu objetivo; todavia, afastar-se-ão das atrações celestes, e não apreciarão as riquezas eternas. Os relativamente pobres são os que normalmente fazem o máximo para sustentar a causa de Deus. São generosos com o pouco que têm. Fortaleceram os impulsos generosos com as contínuas liberalidades. Quando seus gastos se aproximavam muito dos rendimentos, sua paixão pelas riquezas terrestres não tinha lugar nem oportunidade de se fortalecer. T3 403 1 Muitos, porém, ao começarem a ajuntar riquezas terrenas, põem-se a calcular quando estarão de posse de determinada quantia. Na ansiedade de acumular fortunas para si, deixam de enriquecer-se para com Deus. A Sua beneficência não se mantém a par com o que acumulam. À medida que lhes cresce a paixão pelas riquezas, as afeições se vão após o seu tesouro. O aumento dos bens lhes robustece o ansioso desejo de mais, até que alguns consideram exigente e injusta a contribuição de um décimo para o Senhor. Diz a Inspiração: "Se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração." Salmos 62:10. Muitos têm dito: "Se eu fosse tão rico como Fulano, multiplicaria minhas ofertas ao tesouro de Deus. Não faria com minha riqueza senão promover a causa do Senhor." Deus tem provado alguns destes dando-lhes riquezas; com elas, porém, a tentação se tornou mais forte, e a beneficência tornou-se-lhes incomparavelmente menor que nos dias de sua pobreza. A mente e o coração foram tomados do empolgante desejo de possuir maiores fortunas, e fizeram-se idólatras. T3 403 2 Aquele que apresenta aos homens riquezas infinitas, e uma vida eterna de bem-aventurança em Seu reino como recompensa da obediência fiel, não aceitará um coração dividido. Vivemos entre os perigos dos últimos dias, quando tudo é de molde a desviar a mente e atrair as afeições, afastando-as de Deus. Nosso dever só será discernido e apreciado quando visto à luz que irradia da vida de Cristo. Como o Sol se ergue no oriente e se move para o ocidente, enchendo de luz o mundo, assim o verdadeiro seguidor de Cristo será uma luz para o mundo. Sairá como brilhante luz na Terra, para que os que se encontram em trevas sejam iluminados e aquecidos pelos raios que dele procedem. Diz Cristo acerca de Seus seguidores: "Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte." Mateus 5:14. T3 404 1 Nosso grande Exemplo era abnegado, e terão Seus professos seguidores uma orientação tão marcantemente contrária à Sua? O Salvador deu tudo pelo mundo agonizante, não poupando sequer a Si mesmo. A igreja de Deus está adormecida. Acham-se enfraquecidos pela inatividade. De todas as partes do mundo nos chegam clamores: "Passa... e ajuda-nos" (Atos dos Apóstolos 16:9); não há, porém, movimento responsivo. Faz-se aqui e ali débil esforço; uns poucos há que se mostram dispostos a cooperar com seu Mestre; esses são, no entanto, deixados a labutar quase sozinhos. Não há senão um missionário nosso em todo o vasto campo dos países estrangeiros. T3 404 2 A verdade é poderosa, mas não é posta em prática. Não basta pôr simplesmente o dinheiro sobre o altar. Deus requer homens, voluntários, que levem a verdade a outras nações, e "língua e povo". Apocalipse 14:16. Não é nosso número nem nossas riquezas que nos darão assinalada vitória; é antes a dedicação à obra, coragem moral, amor ardente pelas almas e infatigável e incessante zelo. T3 404 3 Muitos têm considerado a nação judaica como um povo digno de dó por terem sido sempre solicitados a contribuir para sustento de sua religião; mas Deus, que criou os seres humanos e lhes proporcionou todos os benefícios de que desfrutam, sabia o que lhes seria melhor. E mediante Sua bênção, tornava os nove décimos mais proveitosos para eles do que os dez sem essa bênção. Se alguém, por egoísmo, roubava a Deus ou Lhe levava uma oferta imperfeita, seguia-se com certeza prejuízo ou ruína. Deus conhece os motivos do coração. Está familiarizado com os desígnios dos homens, e retribuir-lhes-á a seu tempo segundo aquilo a que fizeram jus. T3 404 4 O sistema especial de dízimos baseia-se em um princípio tão duradouro como a lei de Deus. Esse sistema foi uma bênção ao povo judeu, do contrário o Senhor não lho haveria dado. Assim será igualmente uma bênção aos que o observarem até ao fim do tempo. Nosso Pai celeste não instituiu o plano da doação sistemática com o intuito de enriquecer-Se, mas para que o mesmo fosse uma grande bênção ao ser humano. Viu que o referido sistema era exatamente o que o homem necessitava. T3 405 1 As igrejas mais sistemáticas e liberais em sustentar a causa de Deus são espiritualmente as mais prósperas. A verdadeira liberalidade no seguidor de Cristo identifica-lhe os interesses com os de seu Mestre. No trato de Deus com os judeus e com Seu povo até ao fim dos tempos, Ele requer doação sistemática proporcional aos rendimentos. O plano da salvação foi estabelecido pelo infinito sacrifício do Filho de Deus. A luz do evangelho que irradia da cruz de Cristo repreende o egoísmo e anima a liberalidade e a beneficência. Não é para lamentar o haver crescentes pedidos. Em Sua providência, Deus está chamando Seu povo a sair da limitada esfera de ação em que vivem, a fim de entrarem em maiores empreendimentos. Ilimitado é o esforço requerido nesta época em que as trevas morais estão cobrindo o mundo. O mundanismo e a cobiça estão destruindo a vitalidade do povo de Deus. Cumpre-lhes compreender que é a misericórdia dEle que faz com que se multipliquem as solicitações de recursos. O anjo de Deus coloca os atos de beneficência ao lado da oração. Disse ele a Cornélio: "As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus." Atos dos Apóstolos 10:4. T3 405 2 Em Seus ensinos, disse Cristo: "Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?" Lucas 16:11. A saúde espiritual e a prosperidade da igreja dependem, em alto grau, de sua doação sistemática. É como o sangue vital que deve fluir por todo o ser, dando vida a cada membro do corpo. Ela acrescenta o amor à vida de nossos semelhantes; pois, por meio da abnegação e do sacrifício, somos postos em mais íntima relação com Cristo, que Se fez pobre por amor de nós. Quanto mais empregamos na causa de Deus para ajudar na salvação de almas, tanto mais achegadas nos serão elas ao coração. Fosse nosso número metade do que é, e fôssemos todos obreiros consagrados, teríamos um poder que faria tremer o mundo. Aos ativos obreiros dirige Cristo estas palavras: "Eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos." Mateus 28:20. T3 406 1 Havemos de encontrar oposição que se levanta por motivos egoístas e por causa de fanatismo e preconceitos; todavia, com intrépida coragem e viva fé, devemos semear sobre todas as águas. Poderosos são os agentes de Satanás; havemos de enfrentá-los e precisamos combatê-los. Nossos trabalhos não se devem limitar ao próprio país. "O campo é o mundo"; "a seara... está madura". Mateus 13:38; Apocalipse 14:15. A ordem dada por Cristo aos discípulos justamente antes de ascender ao Céu foi: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura." Marcos 16:15. T3 406 2 Sentimo-nos imensamente penalizados ao ver alguns de nossos pastores agitando-se em torno das igrejas, fazendo ao que parece algum esforço, mas não tendo afinal senão quase nada para apresentar como fruto de seu trabalho. O campo é o mundo. Saiam eles para o mundo incrédulo, e trabalhem para converter almas à verdade. Chamamos a atenção de nossos irmãos e irmãs para o exemplo de Abraão subindo o Monte Moriá a fim de oferecer seu único filho, segundo a ordem de Deus. Ali havia obediência e sacrifício. Moisés encontrava-se em uma corte real, com a perspectiva de uma coroa. Desviou-se, porém, do engano tentador, e "recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito". Hebreus 11:24-26. T3 406 3 Os apóstolos não consideraram preciosa a própria vida, regozijando-se em ser considerados dignos de sofrer pelo nome de Cristo. Paulo e Silas perderam tudo. Suportaram açoites, e foram atirados, não com brandura, sobre o chão frio de uma prisão, em posição por demais penosa, com os pés erguidos e presos a um tronco. Chegaram então aos ouvidos do carcereiro queixas e murmurações? Oh, não! Da prisão interior irromperam vozes quebrando o silêncio da meia-noite com hinos de alegria e louvor a Deus. Esses discípulos eram animados por profundo e fervoroso amor pela causa de seu Redentor, pela qual sofriam. T3 406 4 À medida que a verdade de Deus nos enche o coração, absorve-nos as afeições e nos rege a vida, também nós consideraremos alegria sofrer por amor da verdade. Nenhuma parede de prisão, nenhuma estaca de martírio, nos pode intimidar ou impedir na realização da grande obra. T3 407 1 "Vem, ó minha alma, ao Calvário!" T3 407 2 Observem a vida humilde do Filho de Deus. Foi um "homem de dores, experimentado nos trabalhos". Isaías 53:3. Contemplem-Lhe a ignomínia, a agonia do Getsêmani, e aprendam o que seja abnegação. Sofremos nós privações? Sofreu-as Cristo, a majestade do Céu. Essa pobreza, porém, foi por amor de nós que Ele suportou. Achamo-nos classificados entre os ricos? O mesmo se deu com Ele. Consentiu, no entanto, por amor de nós, em fazer-Se pobre, para que por meio dessa pobreza nos tornássemos ricos. Temos exemplificada em Cristo a abnegação. Seu sacrifício não consistiu apenas em deixar as reais cortes celestes, em ser julgado por homens ímpios como criminoso e declarado culpado, e ser entregue à morte do malfeitor, mas em suportar o peso dos pecados do mundo. Sua vida nos reprova a indiferença e frieza. Achamo-nos próximo ao fim do tempo quando o diabo desce a nós "e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo". Apocalipse 12:12. Ele está manobrando com "todo o engano da injustiça para os que perecem". 2 Tessalonicenses 2:10. O conflito foi deixado em nossas mãos por nosso grande Líder para que o levemos avante com vigor. Não estamos fazendo a vigésima parte do que poderíamos fazer se estivéssemos alerta. A obra é retardada pelo amor da comodidade e falta do espírito de abnegação de que nosso Salvador nos deu exemplo em Sua vida. T3 407 3 Precisamos de cooperadores de Cristo, de homens que sintam a necessidade de mais extensos esforços. A obra de nossos prelos não deve diminuir, mas duplicar. Devem-se estabelecer escolas em vários lugares a fim de educar nossos jovens em preparo para seu trabalho na divulgação da verdade. T3 407 4 Desperdiçamos já grande parte do tempo, e os anjos levam ao Céu o relatório de nossas negligências. Nosso estado de sonolência e falta de consagração nos tem feito perder preciosas oportunidades enviadas por Deus na pessoa dos que se achavam habilitados a ajudar-nos na necessidade que enfrentamos. Oh, quanto necessitamos de nossa Ana More para ajudar-nos agora a chegar a outras nações! Seu vasto conhecimento de campos missionários dar-nos-ia acesso a outras línguas das quais não nos é possível agora aproximar. Deus trouxe essa dádiva para o meio de nós a fim de satisfazer a emergência em que nos achamos; mas não a apreciamos, e Ele a tirou de nós. Ela descansa de seus trabalhos, mas suas obras de abnegação a seguem. É de deplorar que nossa obra missionária fosse retardada por falta do conhecimento da maneira de encontrar acesso às diferentes nações e localidades no grande campo da seara. T3 408 1 Angustiamo-nos em espírito por se haverem perdido para nós alguns dons que agora poderíamos possuir, se tão-somente houvéssemos estado alerta. Tem-se deixado de enviar obreiros aos brancos campos da seara. Cumpre ao povo de Deus humilhar o coração diante dEle, e na mais profunda humilhação rogar que o Senhor nos perdoe a apatia e a condescendência egoísta, e apague o vergonhoso registro de deveres negligenciados e privilégios não aproveitados. Ao contemplar a cruz do Calvário, o verdadeiro cristão abandonará a idéia de restringir suas ofertas àquilo que nada lhe custe, e ouvirá um sonido de trombeta: T3 408 2 "Vai trabalhar em Minha vinha; descanso por fim haverá." T3 408 3 Quando Jesus estava prestes a ascender ao alto, apontou aos campos da colheita, e disse a Seus seguidores: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho." Marcos 16:15. "De graça recebestes, de graça dai." Mateus 10:8. Negaremos o próprio eu de modo que a seara a desperdiçar-se possa ser ceifada? T3 408 4 Deus pede talentos de influência e de recursos. Recusar-nos-emos a obedecer? Nosso Pai celestial concede dons e solicita parte de volta, a fim de provar se somos dignos de possuir o dom da vida eterna. ------------------------Capítulo 34 -- Doação sistemática T3 408 5 Se todos que Deus tem abençoado com as riquezas da Terra tivessem obedecido Seu plano dando fielmente um décimo de todo seu rendimento, e se eles não retivessem suas ofertas de pecado e suas ofertas de gratidão, a tesouraria estaria constantemente abastecida. A simplicidade do plano de doação sistemática não diminui seus méritos, mas exalta a sabedoria de Deus em seu arranjo. Tudo que leva o timbre divino une simplicidade e utilidade. Se a doação sistemática fosse adaptada universalmente segundo o plano de Deus, e o sistema de dízimo obedecido fielmente pelos ricos como é pelas classes mais pobres, não haveria necessidade de apelos repetidos e urgentes por recursos em nossas grandes reuniões religiosas. Tem havido uma negligência nas igrejas em manter o plano de doação sistemática, e o resultado tem sido um empobrecimento da tesouraria e uma igreja apostatada. T3 409 1 "Roubará o homem a Deus? Todavia, vós Me roubais e dizeis: Em que Te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a Mim Me roubais, vós, a nação toda. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na Minha casa, e depois fazei prova de Mim, diz o Senhor dos Exércitos, se Eu não vos abrir as janelas do Céu e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança. E, por causa de vós, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; e a vide no campo não vos será estéril, diz o Senhor dos Exércitos. E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos Exércitos." Malaquias 3:8-12. T3 409 2 Deus tem sido roubado nos dízimos e nas ofertas. É uma coisa terrível ser culpado de reter da tesouraria ou de roubar a Deus. Pastores que pregam a Palavra em nossas grandes reuniões sentem a pecaminosidade de negligenciar devolver a Deus as coisas que Lhe pertencem. Sabem que Deus não abençoará Seu povo enquanto estiverem desconsiderando Seu plano de doação. Procuram despertar o povo para seu dever por sermões práticos e ao ponto, mostrando o perigo e a pecaminosidade do egoísmo e da cobiça. A convicção apodera-se das mentes, e o gelo do egoísmo é quebrado. E quando o apelo é feito por doações para a causa de Deus, alguns, sob a influência comovedora das reuniões, são despertados a dar; de outro modo, nada fariam. No tocante a esta classe, bons resultados têm sido obtidos. Mas sob apelos prementes muitos são profundamente movidos, os quais não tiveram o coração congelado pelo egoísmo. Eles têm conscienciosamente mantido seus recursos fluindo para promover a causa de Deus. Todo seu ser é comovido pelos fervorosos apelos, e justamente aqueles que podem ter dado tudo que suas condições de vida justifiquem são os que respondem. T3 410 1 Mas esses crentes liberais e sinceros, movidos por zeloso amor pela causa e desejo de agir prontamente, julgam-se capazes de fazer mais do que Deus requer deles, visto sua utilidade estar prejudicada em outros sentidos. Estes voluntários às vezes prometem levantar dinheiro quando não sabem de que fonte ele virá, e alguns são colocados em circunstâncias aflitivas para cumprir suas promessas. Alguns são obrigados a vender sua colheita com grande prejuízo, e alguns têm com efeito sofrido pela falta de conforto e coisas indispensáveis à vida a fim de saldar seus compromissos. T3 410 2 Houve tempo no começo de nossa obra quando tal sacrifício teria sido justificado, quando Deus teria abençoado todos que se aventuraram assim fazer a favor de Sua causa. Os amigos da verdade eram poucos e seus recursos muito limitados. Mas a obra tem-se ampliado e fortalecido até ao ponto de haver suficientes recursos nas mãos dos crentes para amplamente sustentar a obra em todos os seus departamentos sem embaraçar ninguém, se todos assumissem sua parte proporcional. A causa de Deus não precisa ser prejudicada no menor grau. A preciosa verdade tem sido tornada tão simples que muitos a têm adotado, pessoas que têm em mãos recursos que Deus lhes confiou para usarem em promover os interesses da verdade. Se as pessoas de recursos cumprirem seu dever, não é preciso pressionar os irmãos mais pobres. T3 410 3 Estamos em um mundo de abundância. Se as dádivas e ofertas fossem proporcionais aos recursos que cada um recebeu de Deus, não haveria necessidade de apelos urgentes por recursos em nossas grandes reuniões. Estou plenamente convencida que não é o melhor plano fazer pressão sobre o assunto de dinheiro em nossas reuniões campais. Homens e mulheres que amam tanto a causa de Deus como sua vida farão promessas nessas ocasiões, quando suas famílias precisam sofrer por falta dos recursos que prometeram dar para promover a causa. Nosso Deus não é um capataz e não requer que o pobre dê à causa recursos que pertencem à sua família e que devem ser usados para mantê-los em situação confortável e acima de penúria. T3 411 1 Os apelos por recursos em nossas grandes reuniões campais têm sido respondidos com resultados aparentemente bons no que toca aos ricos. Mas tememos o resultado de um esforço contínuo para reabastecer a tesouraria desse modo. Receamos que venha uma reação. Um esforço maior deve ser exercido por homens responsáveis nas diferentes igrejas para que todas sigam o plano que Deus idealizou. Se a doação sistemática for observada, não serão necessários nas reuniões campais os apelos urgentes por dinheiro para os vários empreendimentos. T3 411 2 Deus traçou um plano pelo qual todos podem dar segundo Ele os tenha feito prosperar, e farão disso um hábito sem esperar por apelos especiais. Aqueles que podem fazer isso, mas que não fazem por causa de seu egoísmo, estão roubando seu Criador, que lhes outorgou recursos para investir em Sua causa e promover seus interesses. Enquanto todos não observarem o plano de doação sistemática, deixarão de atingir a regra apostólica. Aqueles que ministram em palavra e doutrina devem ser pessoas de discernimento. Quando fazem apelos gerais, devem familiarizar-se com a condição daqueles que respondem a seus apelos, e não permitir que os pobres assumam grandes compromissos. Depois que alguém consagrou uma certa soma ao Senhor, ele sente que ela é sagrada e dedicada a uso santo. Isso é verdade, e portanto nossos pregadores devem estar bem informados sobre as pessoas de quem aceitam compromissos de doação. T3 411 3 Cada membro das diferentes famílias em nossas igrejas que crê na verdade pode ter uma parte em promovê-la adotando prazenteiramente a doação sistemática. "Cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar [em casa], ... para que se não façam as coletas quando eu chegar." 1 Coríntios 16:2. A responsabilidade de insistir e pressionar os indivíduos a dar de seus recursos não foi designada para ser a obra dos ministros de Deus. A responsabilidade deve repousar sobre cada indivíduo que desfruta a crença na verdade. "Cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade." 1 Coríntios 16:2. Cada membro da família, do mais velho ao mais jovem, pode tomar parte nesta obra de beneficência. T3 412 1 As ofertas das crianças podem ser aceitáveis e aprazíveis a Deus. Segundo o espírito que anima as dádivas, será o valor das mesmas. Os pobres, seguindo a orientação do apóstolo e pondo de parte semanalmente uma pequena soma, ajudam a encher o tesouro, e suas ofertas são inteiramente aceitáveis a Deus; pois eles fazem tão grandes sacrifícios e até maiores que seus irmãos mais ricos. O plano da doação sistemática demonstrar-se-á uma salvaguarda para toda família contra a tentação de gastar dinheiro em coisas desnecessárias; e demonstrar-se-á uma bênção especialmente aos ricos, preservando-os de condescender com extravagâncias. T3 412 2 Cada semana as reivindicações de Deus a cada família são levadas à mente por todos os membros que executam totalmente o plano; e ao negarem a si mesmos alguma superfluidade a fim de ter recursos que levar ao tesouro, sobre o coração foram impressas lições de valor em abnegação para glória de Deus. Uma vez por semana cada um é posto face a face com os fatos da semana passada -- o rendimento que ele poderia ter tido se tivesse sido econômico, e os recursos que não possui em virtude da condescendência. Sua consciência é desperta, por assim dizer, diante de Deus, e o acusa ou o louva. Ele aprende que, se quiser possuir paz mental e o favor de Deus, deve comer, beber e vestir para Sua glória. T3 412 3 Contribuição sistemática e liberal de acordo com o plano mantém o canal do coração aberto. Nós nos colocamos em ligação com Deus, para que Ele nos use como condutos pelos quais Suas dádivas possam fluir para outros. Os pobres não se queixarão da doação sistemática, porque os afeta levemente. Não são negligenciados e passados por alto, mas são favorecidos em ter parte sendo coobreiros com Cristo, e receberão as bênçãos de Deus tanto quanto os ricos. No próprio processo de pôr de lado o pouco que podem poupar estão se negando e cultivando liberalidade de coração. Estão se educando para fazer boas obras e efetivamente satisfazendo o desígnio de Deus no plano da doação sistemática como os mais ricos que dão de sua abundância. T3 413 1 Nos dias dos apóstolos, as pessoas iam por toda parte pregando a Palavra. Novas igrejas foram levantadas. Seu amor e zelo por Cristo os levavam a atos de grande renúncia e sacrifício. Muitas dessas igrejas gentílicas eram muito pobres, mas o apóstolo declara que sua profunda pobreza abundou para a riqueza de sua liberalidade. Suas dádivas se estenderam além de sua capacidade de dar. Pessoas arriscaram a vida e sofreram a perda de todas as coisas por amor da verdade. T3 413 2 O apóstolo sugere o primeiro dia da semana como um tempo apropriado para rever a direção da Providência e a prosperidade experimentada, e no temor de Deus, com verdadeira gratidão de coração pelas bênçãos que Ele outorgou, decidir quanto, de acordo com Seu plano, Lhe será devolvido. T3 413 3 É o desígnio de Deus que o exercício da doação seja inteiramente voluntário, não se recorrendo nem mesmo a apelos eloqüentes para despertar simpatia. "Deus ama ao que dá com alegria." 2 Coríntios 9:7. Ele não Se agrada de ter Sua tesouraria reabastecida com suprimentos forçados. O coração leal de Seu povo, regozijando-se na verdade salvadora para este tempo, por amor e gratidão para com Ele por esta luz preciosa, será fervoroso e ansioso por ajudar com seus recursos para enviar a verdade a outros. A melhor maneira de dar expressão a nosso amor por nosso Redentor é dando ofertas para levar almas ao conhecimento da verdade. O plano da redenção foi inteiramente voluntário da parte de nosso Redentor, e é o propósito de Cristo que toda nossa doação seja voluntária. ------------------------Capítulo 35 -- Independência individual T3 414 1 Prezado irmão A: T3 414 2 Minha mente está aflita em relação a seu caso. Eu lhe escrevi algumas coisas que me foram mostradas quanto a sua conduta passada, presente e futura. Sinto-me ansiosa pelo irmão porque vi seus perigos. Sua experiência anterior no espiritismo o expõe a tentações e conflitos severos. Quando a mente foi uma vez rendida ao controle direto do inimigo através de anjos maus, essa pessoa deve desconfiar bastante das impressões e sentimentos que a levariam a um caminho independente, para longe da igreja de Cristo. O primeiro passo que tal pessoa tomasse independentemente da igreja devia ser considerado como uma artimanha do inimigo para enganar e destruir. Deus fez de Sua igreja um conduto de luz, e através dela comunica Seus propósitos e Sua vontade. Ele não dá a ninguém uma experiência independente da igreja. Não dá a ninguém um conhecimento de Sua vontade para a igreja inteira, enquanto a igreja, o corpo de Cristo, é deixada na escuridão. T3 414 3 Irmão A, você precisa vigiar com o maior cuidado como edifica. Uma tempestade está por vir que provará sua esperança ao máximo. Você deve cavar fundo e fazer seguro seu fundamento. "Todo aquele, pois, que escuta estas Minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha." Mateus 7:24, 25. Gradualmente o construtor põe uma pedra sobre a outra até que a estrutura se ergue pedra sobre pedra. O construtor do evangelho freqüentemente executa seu trabalho com lágrimas e em meio a provações, tempestades de perseguições, oposição amarga e censura injusta; mas ele se sente profundamente zeloso, porque está edificando para a eternidade. Cuide, irmão A, para que seu fundamento seja rocha sólida, que você esteja cravado nela, Cristo sendo a Rocha. T3 414 4 Você tem uma vontade forte e fixa, um espírito muito independente que sente dever preservar a todo custo. E tem manifestado o mesmo espírito em sua experiência e vida religiosas. Você nem sempre tem estado em harmonia com a obra de Deus como executada por seus irmãos americanos. Não tem visto como eles vêem nem estado de acordo com seu modo de proceder. Você tem tido muito pouca familiaridade com a obra em seus vários segmentos. Não se tem sentido ansioso de familiarizar-se com os vários ramos da obra. Tem considerado a obra com suspeita e desconfiança, bem como os líderes escolhidos por Deus para levá-la adiante. Tem sido mais pronto a questionar, suspeitar e ter inveja daqueles sobre os quais Deus colocou as pesadas responsabilidades de Sua obra do que para pesquisar e para ligar-se à causa de Deus de modo a familiarizar-se com sua atuação e progresso. T3 415 1 Deus viu que você não era qualificado para ser pastor, um ministro de justiça para proclamar as verdades a outros, até você se tornar um homem inteiramente transformado. Ele permitiu que você passasse por provas reais e sentisse privação e necessidade, para que soubesse como manifestar piedade e simpatia e terno amor para com os desafortunados e oprimidos, e por aqueles que são esmagados por necessidade e que passam por provas e aflição. T3 415 2 Quando em sua aflição você orou por paz em Cristo, uma nuvem de escuridão parecia enegrecer-lhe a mente. O descanso e paz não vieram como você esperava. Por vezes sua fé parecia ser provada ao máximo. Ao rever sua vida passada, viu tristeza e desapontamento; ao contemplar o futuro, tudo parecia incerto. A Mão divina o conduziu maravilhosamente para levá-lo à cruz e para ensinar-lhe que Deus é de fato "galardoador dos que O buscam" diligentemente. Hebreus 11:16. "Qualquer que pede" corretamente, "recebe". "Quem busca" com fé, "acha". Lucas 11:10. A experiência obtida na fornalha da provação e aflição vale mais do que toda a inconveniência e penosa situação que ela causa. T3 415 3 Deus respondeu, nem sempre de acordo com sua expectativa, mas para seu bem, às orações que você fez em sua solidão, fadiga e provação. Você não tinha opiniões claras e corretas de seus irmãos, nem se via numa luz correta. Mas, na providência de Deus, Ele atuava para responder às orações que você fez em sua aflição, de modo a salvá-lo e glorificar o nome dEle. Em sua ignorância de si mesmo, pediu coisas que não eram as melhores para você. Deus ouviu-lhe as orações sinceras, mas a bênção concedida foi muito diferente de suas expectativas. Deus quis, em Sua providência, colocá-lo mais diretamente em ligação com Sua igreja, para que sua confiança fosse menos em si mesmo e maior em outros a quem Ele está dirigindo para promover Sua obra. T3 416 1 Deus ouve toda oração sincera. Ele o poria em ligação com Sua obra a fim de poder levá-lo mais diretamente à luz. A menos que cerrasse sua vista contra a evidência e a luz, você se persuadiria de que, se fosse mais desconfiado de si mesmo e menos desconfiado de seus irmãos, seria mais próspero em Deus. É Deus quem o levou a situações difíceis. Ele tinha um propósito nisso, "sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança". Romanos 5:3, 4. Permitiu que provas lhe sobreviessem a fim de por elas você poder experimentar os frutos pacíficos da justiça. T3 416 2 Pedro negou o Homem de Dores ao Se familiarizar Ele com a dor na hora de Sua humilhação. Mas depois se arrependeu e foi convertido de novo. Ele teve verdadeira contrição de espírito e se rendeu de novo a seu Salvador. Com lágrimas que o cegavam, abre caminho para a solidão do Jardim de Getsêmani e lá se prostra onde vira seu Salvador prostrado quando o suor de sangue vertia de Seus poros por causa de Sua grande agonia. Pedro se lembra com remorso que ele dormia quando Jesus orava durante aquelas horas horríveis. Seu coração orgulhoso parte-se, e lágrimas penitenciais molham o solo recentemente manchado com as gotas de suor sangrento do querido Filho de Deus. Um homem convertido deixou o jardim. Estava pronto então para condoer-se dos que são tentados. Ele foi humilhado e podia simpatizar-se com os fracos e com os que erram. Podia prevenir e advertir os presunçosos, e estava perfeitamente qualificado para fortalecer seus irmãos. T3 416 3 Deus levou você através de aflição e provações para que pudesse ter confiança mais perfeita nEle, e para que pensasse menos no próprio discernimento. Você pode suportar adversidade melhor do que prosperidade. Os olhos de Jeová que tudo vêem perceberam em você muita escória que você considerava ser ouro e demasiado valioso para ser jogado fora. O poder do inimigo sobre você tem sido por vezes direto e muito forte. Os enganos do espiritualismo lhe tinham obscurecido a fé, pervertido o discernimento e lhe confundido a experiência. Deus em Sua providência o provaria, para purificá-lo, como os filhos de Levi, para que você pudesse oferecer-Lhe uma oferta em justiça. T3 417 1 O eu está misturado em demasia com todos os seus esforços. Sua vontade precisa ser moldada pela vontade de Deus, ou você cairá em graves tentações. Vi que quando você esforçar-se em Deus, pondo o eu fora de vista, receberá dEle força que lhe dará acesso aos corações. Anjos de Deus cooperarão com seus esforços quando você for humilde e pequeno aos próprios olhos. Mas quando pensa que sabe mais do que aqueles que Deus tem guiado durante anos, e a quem Ele tem estado a instruir na verdade e a qualificar para expandir Sua obra, você se eleva e cairá em tentações. T3 417 2 Você precisa cultivar bondade e ternura. Precisa ser compassivo e cortês. Seus trabalhos têm vestígios de severidade e de um espírito exigente, ditatorial e dominante. Você nem sempre leva em consideração os sentimentos dos outros, e desnecessariamente cria dificuldades e descontentamentos. Mais amor em seu trabalho e mais bondosa simpatia dar-lhe-iam acesso aos corações e ganhariam pessoas para Cristo e a verdade. T3 417 3 Você está constantemente inclinado à independência individual. Não reconhece que independência é algo pobre quando o leva a ter excessiva confiança em si mesmo e a confiar no próprio discernimento em vez de respeitar o conselho e valorizar altamente o discernimento de seus irmãos, especialmente daqueles nos escritórios, os quais Deus designou para a salvação do Seu povo. Deus investiu Sua igreja com especial autoridade e poder, por cuja desconsideração e desprezo ninguém se pode justificar, pois aquele que assim procede despreza a voz de Deus. T3 418 1 Não lhe é seguro confiar em impressões e sentimentos. Tem sido seu infortúnio cair sob o poder daquele engano satânico, o espiritualismo. Este manto de morte o cobriu, e sua imaginação e nervos têm estado sob o controle de demônios; e quando se torna autoconfiante e não se apega a Deus com inabalável confiança, você está positivamente em perigo. Você pode, e freqüentemente o faz, deixar cair as defesas e convidar o inimigo a entrar, e ele lhe controla os pensamentos e ações, enquanto está realmente enganado e se gaba de desfrutar do favor de Deus. T3 418 2 Satanás tem tentado impedi-lo de confiar em seus irmãos americanos. Você os tem considerado e a suas ações e experiência com suspeita, quando eles são exatamente as pessoas que poderiam ajudá-lo e que lhe seriam uma bênção. Será o esforço calculado de Satanás separá-lo daqueles que são condutos de luz, através dos quais Deus comunicou Sua vontade e através dos quais tem Ele atuado em edificar e estender Sua obra. Suas opiniões, sentimentos e experiência são demasiado limitados, e seus trabalhos são do mesmo caráter. T3 418 3 A fim de ser uma bênção para sua gente, você precisa melhorar em muitos pontos. Deve cultivar cortesia e nutrir terna simpatia por todos. Deve ter a graça coroadora de Deus, que é o amor. Você critica demais e não é tão paciente como precisa ser se quiser ganhar almas. Podia exercer muito mais influência se fosse menos formal e rígido, e fosse mais influenciado pelo Espírito Santo. Seu receio de ser dirigido por homens é demasiado grande. Deus usa homens como Seus instrumentos e os usará enquanto o mundo existir. T3 418 4 Os anjos que caíram ansiavam tornar-se independentes de Deus. Eram muito belos, muito gloriosos, mas sua felicidade, luz e inteligência que desfrutavam dependiam de Deus. Caíram de seu estado elevado por insubordinação. Cristo e Sua igreja são inseparáveis. Negligenciar ou desprezar aqueles a quem Deus designou para dirigir e levar responsabilidades relacionadas com Sua obra e com o avanço e disseminação da verdade é rejeitar os meios que Deus ordenou para ajuda, encorajamento e força de Seu povo. Deixar a estes de lado e pensar que sua luz não deve vir por nenhum outro conduto do que diretamente de Deus o coloca em uma posição onde você está sujeito ao engano e a ser derrubado. T3 419 1 Deus o colocou em contato com Seus designados ajudadores em Sua igreja para que você fosse auxiliado por eles. Sua ligação anterior com o espiritualismo torna seu perigo maior do que seria de outro modo, pois seu julgamento, sabedoria e discernimento têm sido pervertidos. Você nem sempre pode por si mesmo reconhecer ou discernir os espíritos; porque Satanás é muito astuto. Deus o colocou em contato com Sua igreja para que seus membros o ajudassem. T3 419 2 Algumas vezes você é demasiado formal, frio e antipático. Precisa encontrar o povo onde ele está, e não se colocar muito acima nem exigir demais dele. Precisa ser abrandado e subjugado pelo Espírito de Deus quando prega ao povo. Deve educar-se quanto à melhor maneira de labutar para obter o fim desejado. Seu trabalho deve ser caracterizado pelo amor de Jesus enchendo-lhe o coração, suavizando-lhe as palavras, moldando-lhe o temperamento e enobrecendo-lhe o espírito. T3 419 3 Você freqüentemente fala durante muito tempo quando não tem a influência vitalizadora do Espírito do Céu. Você cansa aqueles que o ouvem. Muitos cometem erro ao pregar não parando enquanto o interesse é alto. Continuam sua palestra até que o interesse que surgiu na mente do ouvinte morre e o povo está realmente fatigado com palavras sem peso ou interesse especiais. Pare antes de lá chegar. Pare quando não tiver nada de especial a dizer. Não continue com palavras maçantes que somente despertam o preconceito e não abrandam o coração. Precisa de tal modo estar unido com Cristo que suas palavras derreterão e abrirão o caminho ao coração. Mera multiplicação de palavras é insuficiente para este tempo. Argumentos são bons, mas pode haver argumentação excessiva e muito pouco do espírito e vida de Deus. T3 419 4 Sem o poder especial de Deus para atuar com seus esforços, seu espírito subjugado e humilhado em Deus, seu coração abrandado, suas palavras provindo de um coração de amor, seus trabalhos serão cansativos para você mesmo e desprovidos de resultados abençoados. Há um ponto ao qual o ministro de Deus chega, além do qual conhecimento humano e perícia são ineficazes. Estamos lutando com erros gigantescos, e com males que somos incapazes de remediar ou despertar o povo para ver e compreender, porque não podemos mudar o coração. Não podemos vivificar o coração para discernir a perversidade do pecado e sentir a necessidade de um Salvador. Mas se nossos trabalhos levarem o timbre do Espírito de Deus, se um poder mais elevado, divino, acompanhar nossos esforços para semear a semente do evangelho, veremos frutos de nosso esforço para a glória de Deus. Ele somente pode regar a semente semeada. T3 420 1 Assim é com você, irmão A. Não deve ser tão apressado e esperar demais de mentes obscurecidas. Deve acalentar a esperança humilde de que Deus graciosamente comunicará a influência misteriosa e vivificadora de Seu Espírito, mediante o qual somente seus trabalhos não serão em vão no Senhor. Precisa apegar-se a Deus com fé viva, reconhecendo a todo momento seus perigos e sua fraqueza, e constantemente procurando aquela força e poder que somente Deus pode dar. Por mais que se esforce, por si mesmo nada pode fazer. T3 420 2 Você precisa educar-se a fim de ter sabedoria para lidar com as mentes. Com alguns você precisa ter compaixão, fazendo uma diferença, enquanto outros você pode salvar com temor, arrebatando-os do fogo. Nosso Pai celestial freqüentemente nos deixa na incerteza quanto a nossos esforços. Devemos semear sobre todas as águas, não sabendo qual vai prosperar, se esta ou aquela. Eclesiastes 11:6. Podemos estimular nossa fé e energia com a Fonte de nossa força, e apoiar-nos com plena e inteira dependência sobre Ele. T3 420 3 Irmão A, você necessita trabalhar com a máxima diligência para controlar o eu e desenvolver um caráter em harmonia com os princípios da Palavra de Deus. Você precisa educar-se e treinar-se a fim de tornar-se um pastor bem-sucedido. Precisa cultivar bom temperamento -- traços de caráter bondosos, alegres, animadores, generosos, compassivos, corteses e piedosos. Deve vencer seu espírito mal-humorado, fanático, estreito, crítico e dominante. Se está ligado com a obra de Deus precisa batalhar consigo mesmo vigorosamente e formar o caráter segundo o Modelo divino. T3 421 1 Sem esforço constante de sua parte e sob a influência de uma mente corrupta, algum desenvolvimento aparecerá e bloqueará seu caminho, impedimento este que você estará inclinado a atribuir a alguma causa que não a verdadeira. Você precisa de disciplina própria. Nossa piedade não deve parecer azeda, fria e mal-humorada; mas amável e dócil. Um espírito crítico vai impedir seu caminho e fechará corações contra você. Se não for humildemente dependente de Deus, com freqüência bloqueará o próprio caminho com obstáculos e os atribuirá à conduta de outros. T3 421 2 Precisa vigiar-se, para não ensinar a verdade nem cumprir seus deveres com espírito fanático que despertará preconceito. Necessita esforçar-se para apresentar-se "a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar". 2 Timóteo 2:15. Pergunte a si mesmo qual é sua disposição natural, que caráter desenvolveu. Deve ser seu empenho, como de todo ministro de Cristo, exercer a maior vigilância para não cultivar hábitos de conduta, ou tendências mentais e morais, que não gostaria de ver aparecer entre aqueles que você leva à verdade. T3 421 3 Ordena-se aos ministros de Cristo que sejam exemplos ao rebanho de Deus. A influência de um pastor pode fazer muito para moldar o caráter de sua congregação. Se o pastor é indolente, se não é puro de coração e vida, e se é mordaz, crítico e censurador, egoísta, independente e destituído de domínio próprio, terá de confrontar os mesmos elementos desagradáveis em elevado grau e lidar com eles entre sua congregação, e é um trabalho difícil endireitar as coisas onde más influências fizeram confusão. O que eles vêem em seu pastor fará grande diferença quanto ao desenvolvimento de virtudes cristãs no povo. Se sua vida é uma combinação de excelências, aqueles que ele leva ao conhecimento da verdade por seu trabalho, se realmente amam a Deus, refletirão em elevado grau seu exemplo e influência, pois ele é um representante de Cristo. Assim o pastor deve sentir sua responsabilidade em enriquecer a doutrina de Deus nosso Salvador em todas as coisas. T3 422 1 O mais elevado esforço do ministro do evangelho deve ser devotar todos os seus talentos ao trabalho de salvar pessoas; então ele será bem-sucedido. Disciplina prudente e vigilante é necessária para todos os que se chamam pelo nome de Cristo; mas em um sentido muito mais elevado é essencial ao ministro do evangelho, que é um representante de Cristo. Nosso Salvador enchia de admiração as pessoas por Sua pureza e moralidade elevada, enquanto Seu amor e gentil benignidade os inspirava com entusiasmo. Os mais pobres e mais humildes não receavam achegar-se a Ele; mesmo criancinhas eram atraídas a Ele. Elas gostavam de subir em Seu colo e beijar aquele rosto pensativo, cheio de amor. Esta amável ternura é o que você precisa. Você deve cultivar o amor. Expressões de simpatia e atos de cortesia e respeito pelos outros não diminuiriam o mínimo de sua dignidade, mas lhe abririam muitos corações que agora estão fechados contra você. T3 422 2 Cada pastor deve esforçar-se para ser semelhante a Cristo. Devíamos aprender a imitar Seu caráter e combinar estrita justiça, pureza, integridade, amor e nobre generosidade. Um semblante agradável o qual reflete amor, com maneiras bondosas e corteses, fará mais, fora dos esforços do púlpito, do que trabalho junto a uma escrivaninha pode fazer sem os mesmos. É apropriado cultivarmos consideração para com a opinião de outros, quando, em medida maior ou menor, somos absolutamente dependentes deles. Devíamos cultivar verdadeira cortesia cristã e terna simpatia, mesmo para com os casos mais grosseiros e difíceis da humanidade. Jesus veio das cortes puras do Céu para salvar justamente tais pessoas. Você fecha o coração muito facilmente para muitos que aparentemente não têm interesse na mensagem que apresenta, mas que ainda são dependentes da graça e preciosos aos olhos do Senhor. "O que ganha almas sábio é." Provérbios 11:30. Paulo fez-se "tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns". 1 Coríntios 9:22. Você precisa estar em condição semelhante. Precisa livrar-se de sua independência. Precisa de humildade de espírito. Necessita da influência enternecedora da graça de Deus sobre o coração, para que não irrite mas abra caminho ao coração das pessoas, embora tais corações possam ser afetados por preconceito. T3 423 1 A causa de Deus necessita muito de homens fervorosos, homens ricos em zelo, esperança, fé e coragem. Não são homens obstinados que podem enfrentar as exigências desta época, mas homens fervorosos. Temos muitos pastores suscetíveis que são fracos em experiência, deficientes nas graças cristãs, destituídos de consagração e que são facilmente desencorajados; que estão prontos para satisfazer a própria vontade e que são perseverantes em seus esforços para realizar seus propósitos egoístas. Tais homens não preencherão as exigências desta época. Necessitamos de homens, nestes últimos dias, que estejam sempre alerta. Precisamos de homens do momento que sejam sinceros em seu amor pela verdade e dispostos a trabalhar com sacrifício para promover a causa de Deus e salvar almas preciosas. Precisa-se de homens nesta obra que não murmurem nem se queixem por causa de dificuldades ou provações, sabendo que isso é parte do legado que Jesus lhes deixou. Devem estar dispostos a sair do acampamento e sofrer afronta e carregar fardos como bons soldados de Cristo. Carregarão a cruz de Cristo sem queixas, sem murmuração ou mau humor e serão "pacientes na tribulação". Romanos 12:12. T3 423 2 A verdade solene e incisiva para estes últimos dias nos é confiada, e devíamos fazer dela uma realidade. Irmão A, você deve evitar fazer de si mesmo um critério. Evite, eu lhe peço, apelar para a autocomiseração. Tudo que podemos sofrer e formos chamados a sofrer por amor da verdade parecerá demasiado pequeno para ser comparado com o que nosso Salvador suportou por nós pecadores. Você não espere ser sempre corretamente avaliado nem corretamente representado. Cristo disse que no mundo teríamos aflições, mas nEle teremos paz. T3 423 3 Você tem cultivado um espírito combativo. Quando seu caminho é cruzado, imediatamente se lança numa posição defensiva; e, embora possa estar entre seus irmãos que amam a verdade e que deram a vida à causa de Deus, você se justifica, enquanto os critica e torna-se ciumento de suas palavras e desconfiado de seus motivos, e assim perde grandes bênçãos que é seu privilégio obter mediante a experiência de seus irmãos. Debates devem ser evitados T3 424 1 Você tem apreciado debater pela verdade e gostado de discussões; mas essas competições têm sido desfavoráveis para você formar caráter cristão harmonioso, porque nisto há uma oportunidade favorável para a exibição dos próprios traços de caráter que você precisa vencer se algum dia pensa entrar no Céu. Debates nem sempre podem ser evitados. Em alguns casos as circunstâncias são tais que entre dois males se deve escolher o menor, que é o debate. Mas onde quer que possam ser evitados, devem ser, porque o resultado raramente traz honra a Deus. T3 424 2 As pessoas que gostam de ver adversários em combate talvez clamem por discussões. Outros que têm o desejo de ouvir as provas de ambos os lados podem incitar debates com os mais sinceros motivos; mas sempre que eles forem evitáveis, evitem-se. Geralmente, eles fortalecem a combatividade e enfraquecem aquele amor puro e aquela sagrada simpatia que sempre se devem achar no coração dos cristãos, muito embora divirjam de opinião. T3 424 3 Nesta época em que vivemos, o solicitarem-se debates não é prova real de sincero desejo da parte do povo de conhecer a verdade, mas provém do amor da novidade e da agitação que em geral acompanha os debates. Raramente Deus é glorificado ou a verdade impulsionada nesses debates. A verdade é demasiado solene, demasiado importante em seus resultados, para que seja coisa de pouca importância, o ser ela recebida ou rejeitada. Discutir a verdade para mostrar aos adversários a habilidade dos combatentes é sempre lamentável método; pois tal coisa bem pouco realiza quanto à divulgação da verdade. T3 424 4 Os oponentes da verdade mostrarão habilidade em apresentar falsamente a posição dos defensores da mesma. Em regra, eles escarnecem da verdade sagrada, apresentando-a ao público em tão falso aspecto que espíritos obscurecidos pelo erro e poluídos pelo pecado não discernem os motivos e propósitos desses maquinadores em assim encobrir e falsificar importantes verdades. Em virtude dos homens que neles se empenham, poucos são os debates que se podem realizar sobre base sã. Dão-se freqüentemente agudos golpes, permitem-se ataques pessoais, e muitas vezes ambas as partes descem ao sarcasmo e ao humorismo. O amor às pessoas perde-se em face de um desejo maior -- o da supremacia. Profundo e amargo preconceito, eis tantas vezes o resultado. T3 425 1 Contemplei anjos entristecidos quando as mais preciosas jóias da verdade têm sido apresentadas a pessoas totalmente incapazes de apreciar as evidências a favor da verdade. Todo seu ser estava em guerra contra os princípios da verdade; a natureza destes lhes era adversa. Seu objetivo no debate não era para que pudessem eles mesmos apreender as evidências a favor da verdade e nem que o povo pudesse ter uma compreensão justa de nossa verdadeira posição, mas para que pudessem confundir o entendimento colocando a verdade em uma luz pervertida diante do povo. Há homens que se educaram como combatentes. É sua prática citar erradamente um oponente e encobrir argumentos claros com enganos desonestos. Devotaram as faculdades que Deus lhes deu a esta obra desonesta, porque nada há em seu coração em harmonia com os princípios puros da verdade. Apoderam-se de qualquer argumento que podem obter com os quais arrasar os defensores da verdade, quando eles mesmos não crêem nas coisas que alegam contra eles. Eles se escoram em sua posição escolhida, sem consideração pela justiça ou verdade. Não consideram que adiante deles vem o juízo, e que então seu triunfo obtido desonestamente, com todos os seus resultados desastrosos, vai aparecer em seu verdadeiro caráter. O erro, com toda a sua política enganosa, suas torcidas e seus malabarismos para transformar a verdade em mentira, aparecerá então em toda sua deformidade. Nenhuma vitória resistirá no dia de Deus; somente aquela que a verdade, verdade pura, elevada e sagrada, ganhará para a glória de Deus. T3 425 2 Os anjos choram ao ver a verdade preciosa de origem celeste lançada aos porcos, para ser apanhada por eles e pisada na lama e na sujeira. "Nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; para que não as pisem e, voltando-se, vos despedacem." Mateus 7:6. Estas são as palavras do Redentor do mundo. T3 426 1 Os ministros de Deus não devem considerar um grande privilégio a oportunidade de se empenharem em debate. Nem todos os pontos de nossa fé devem ser expostos em público e apresentados às multidões que nutrem preconceitos. Jesus falou aos fariseus e saduceus em parábolas, escondendo a clareza da verdade sob símbolos e figuras porque fariam mau uso das verdades que Ele lhes apresentava; mas a Seus discípulos Ele falou claramente. Devíamos aprender do método de ensino de Cristo, e cuidar de não ofender os ouvidos das pessoas apresentando verdades as quais, não sendo explicadas no todo, não estão de modo algum preparadas para receber. T3 426 2 As verdades que nos são comuns devem ser consideradas em primeiro lugar, e alcançada a confiança dos ouvintes; então, à medida que o povo compreenda, podemos avançar vagarosamente com a matéria apresentada. Necessita-se de grande sabedoria para apresentar a verdade impopular a um povo preconceituoso, da maneira mais cautelosa, para que se ganhe acesso a seu coração. Debates colocam diante do povo, que não está esclarecido quanto à nossa posição e que é ignorante acerca da verdade bíblica, uma série de argumentos habilmente compostos e cuidadosamente arranjados para abranger os claros pontos da verdade. Algumas pessoas se especializaram em encobrir declarações simples de fatos da Palavra de Deus com suas teorias enganosas, que elas tornam plausíveis àqueles que não pesquisaram por si mesmos. T3 426 3 É difícil enfrentar esses agentes de Satanás, e é difícil ter paciência com eles. Mas calma, paciência e domínio próprio são elementos que cada ministro de Cristo deve cultivar. Os oponentes da verdade se educaram para uma batalha intelectual. Estão preparados para apresentar à primeira vista enganos e argumentos como sendo a Palavra de Deus. Confundem mentes crédulas e colocam a verdade na obscuridade, ao mesmo tempo que fábulas agradáveis são apresentadas ao povo em lugar da pura verdade bíblica. T3 426 4 Muitos procuram as trevas em lugar da luz, porque suas ações são más. Muitos há, porém, que se a verdade lhes houvesse sido apresentada de maneira diversa, sob outras circunstâncias, dando-lhes uma favorável oportunidade de pesar os argumentos por si mesmos, e comparar texto com texto, teriam ficado encantados com sua clareza e se apegado a ela. T3 427 1 Tem sido muito imprudente da parte de nossos pastores publicar ao mundo os astutos enganos do erro, arranjados por homens mal-intencionados para encobrir e anular os efeitos da solene e santa verdade de Jeová. Esses homens astutos, que armam ciladas para enganar os descuidados, dedicam suas energias intelectuais a perverter a Palavra de Deus. Os inexperientes e descuidados são iludidos, para ruína sua. Tem sido um grande erro publicar todos os argumentos com que os oponentes combatem a verdade de Deus; pois assim fazendo, espíritos de todas as classes são providos de argumentos em que muitos deles nunca haviam pensado. Alguém terá de prestar contas por essa orientação desprovida de sabedoria. T3 427 2 Os argumentos contra a sagrada verdade, sutis em sua influência, afetam mentes que não estão bem informadas quanto à força da mesma. A sensibilidade moral da coletividade em geral acha-se embotada pela familiaridade com o pecado. O egoísmo, a desonestidade e os vários pecados que predominam nesta época degenerada têm embotado os sentidos para as coisas eternas, de maneira que a verdade de Deus não é discernida. Ao dar publicidade aos errôneos argumentos de nossos adversários, a verdade e o erro são postos ao mesmo nível, na mente do povo, ao passo que, se pudessem ter diante de si a verdade em sua clareza, com tempo suficiente para verem e avaliarem sua santidade e importância, ficariam convencidos dos fortes argumentos em seu favor e estariam então preparados para enfrentar os argumentos sobre que seus oponentes insistem. T3 427 3 Os que estão buscando conhecer a verdade e compreender a vontade de Deus, que são fiéis à luz e zelosos no cumprimento de seus deveres diários, hão de certamente conhecer a doutrina; pois serão guiados em toda a verdade. Deus não promete, pelos atos magistrais de Sua providência, trazer de modo irresistível pessoas ao conhecimento da verdade, quando elas não procuram a verdade e não têm desejo de conhecê-la. As pessoas têm o poder de extinguir o Espírito de Deus; o poder de escolha é deixado com elas. Deus lhes permite liberdade de ação. Elas podem ser obedientes mediante o nome e a graça de nosso Redentor, ou podem ser desobedientes e sofrer as conseqüências. O homem é responsável por receber ou rejeitar a verdade sagrada e eterna. O Espírito de Deus está continuamente convencendo, e pessoas estão decidindo a favor ou contra a verdade. O comportamento, as palavras e as ações do ministro de Cristo podem influenciar uma pessoa a favor ou contra a verdade. Quão importante é que cada ato da vida seja tal que não haja necessidade de arrepender-se dele. Isso é especialmente importante para os embaixadores de Cristo, que estão atuando no lugar de Cristo. A autoridade da igreja T3 428 1 O Redentor do mundo conferiu grande poder à Sua igreja. Ele declara as regras a serem aplicadas em casos de demanda entre seus membros. Depois de dar orientações explícitas quanto à direção a seguir, diz: "Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na Terra será ligado no Céu, e tudo [em matéria de disciplina da igreja] o que desligardes na Terra será desligado no Céu." Mateus 18:18. Assim até a autoridade celestial ratifica a disciplina da igreja com relação a seus membros, uma vez que tenha sido seguida a regra bíblica. T3 428 2 A Palavra de Deus não dá licença a que um homem ponha seu julgamento em oposição ao da igreja, nem lhe é permitido insistir em suas opiniões contrariamente às dela. Caso não houvesse disciplina e governo eclesiásticos, a igreja se esfacelaria; não poderia manter-se unida como um corpo. Sempre tem havido indivíduos de espírito independente, pretendendo estar certos e que Deus os havia ensinado, impressionado e guiado especialmente. Cada um tem uma teoria sua particular, idéias peculiarmente suas, e cada um pretende que essas idéias se acham em harmonia com a Palavra de Deus. Cada um tem diferente teoria e fé, e não obstante pretende cada um possuir luz especial de Deus. Essas pessoas separam-se da corporação, e constituem por si mesmas uma igreja à parte. Não podem estar todas certas, todavia pretendem todas ser guiadas pelo Senhor. A palavra da Inspiração não pode ser sim e não, mas sim e amém em Cristo Jesus. T3 429 1 Nosso Salvador acompanha Suas lições com a promessa de que, se dois ou três se unirem em pedir alguma coisa a Deus, isso lhes será feito. Cristo mostra aqui que deve haver união com outros, mesmo em nossos desejos por determinado objetivo. Grande importância é atribuída à oração feita em comum, à união de desígnios. Deus atende às orações dos indivíduos; nessa ocasião, porém, Jesus estava dando lições especiais e importantes, que deviam ser de particular influência na igreja que acabava de organizar na Terra. Deve haver acordo acerca das coisas que desejam, e pelas quais oram. Não simplesmente os pensamentos e esforços de uma só pessoa, sujeita a enganos; mas as petições devem constituir o veemente desejo de várias mentes concentradas em um ponto. T3 429 2 Na maravilhosa conversão de Paulo, vemos o miraculoso poder de Deus. Um clarão mais forte que o resplendor do Sol ao meio-dia o envolveu. Jesus, cujo nome ele aborrecia e desprezava acima de todos os outros, revelou-Se a Paulo a fim de deter-lhe a louca, se bem que sincera carreira, de modo que pudesse tornar esse instrumento nada promissor em um vaso escolhido para levar o evangelho aos gentios. Ele fizera conscienciosamente muitas coisas contrárias ao nome de Jesus de Nazaré. Em seu zelo, fora perseverante e ardoroso perseguidor da igreja de Cristo. Profundas e vigorosas eram suas convicções do dever de exterminar essa alarmante doutrina a predominar por toda parte de que Jesus era o Príncipe da Vida. T3 429 3 Paulo cria que a fé em Jesus tornava de nenhum efeito a lei de Deus, as ofertas sacrificais e o rito da circuncisão, que em todas as eras passadas recebera inteira sanção de Deus. A miraculosa revelação de Cristo, porém, faz-lhe penetrar a luz nos entenebrecidos recessos da mente. Jesus de Nazaré, contra quem ele está disposto, é verdadeiramente o Redentor do mundo. T3 429 4 Paulo vê seu errado zelo e exclama: "Senhor, que queres que faça?" Atos dos Apóstolos 9:6. Jesus não lhe disse então e ali como poderia ter feito a obra que lhe destinara. Paulo devia receber instruções na fé cristã e agir com entendimento. Jesus o envia aos próprios discípulos a quem ele estivera perseguindo tão severamente, para que deles aprenda. A luz da iluminação celeste privara Paulo da vista, mas Jesus, o grande médico dos cegos, não lhe restaurou a vista. À pergunta de Paulo, responde da seguinte maneira: "Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer." Atos dos Apóstolos 9:6. Jesus podia não somente haver curado Paulo da cegueira, mas haver-lhe perdoado os pecados e dito qual o seu dever, traçando-lhe o futuro caminho. De Cristo deviam fluir todas as misericórdias e todo o poder; no entanto, Ele não deu a Paulo, em sua conversão à verdade, uma experiência independente da igreja por Ele recentemente organizada na Terra. T3 430 1 A maravilhosa luz dada a Paulo naquela ocasião deixou-o pasmo e confuso. Rendeu-se inteiramente. Esta parte da obra não podia o homem fazer por Paulo; havia, no entanto, outra obra ainda a ser executada, a qual os servos de Cristo podiam efetuar. Jesus o encaminha a Seus instrumentos na igreja, em busca de mais esclarecimentos acerca de seu dever. Assim dá Ele autoridade e sanção à igreja organizada. Cristo fizera a obra de revelação e convicção, e agora Paulo se achava em condições de aprender daqueles a quem Deus ordenara que ensinassem a verdade. Cristo dirige Paulo aos servos que escolhera, pondo-o assim em contato com Sua igreja. T3 430 2 Os próprios homens a quem Paulo se estava propondo destruir deviam ser seus instrutores na própria religião que ele desprezara e perseguira. Paulo passou três dias sem alimentar-se e sem ver, preparando-se para se aproximar dos homens a quem, em seu zelo cego, propusera-se a destruir. Então Cristo põe Paulo em contato com Seus representantes na Terra. O Senhor dá a Ananias uma visão em que lhe manda ir a determinada casa em Damasco e perguntar por Saulo de Tarso; "pois eis que ele está orando". Atos dos Apóstolos 9:11. T3 430 3 Sendo Saulo enviado a Damasco, para lá foi guiado pelos homens que o acompanhavam no intuito de ajudá-lo a levar prisioneiros os discípulos para Jerusalém, a fim de ali serem julgados e mortos. Saulo hospedou-se na casa de Judas em Damasco, dedicando o tempo a jejum e oração. Ali foi provada a fé de Saulo. Por três dias se encontrou em trevas quanto ao que dele era requerido, e por três dias se viu privado da visão. Recebera ordem de ir para Damasco, pois ali lhe seria dito o que lhe cumpria fazer. Encontra-se em incerteza, e clama fervorosamente a Deus. Foi enviado um anjo a Ananias, instruindo-o a ir a determinada casa onde se achava Saulo em oração para que lhe fosse mostrado o que devia fazer. Desaparecera o orgulho de Saulo. Pouco antes, ele confiava em si mesmo, julgando achar-se empenhado em boa obra, pela qual deveria ser recompensado; agora, porém, tudo mudou. Está curvado e humilhado até ao pó, envergonhado e penitente, rogando fervorosamente o perdão. O Senhor por meio de Seu anjo disse a Ananias: "Eis que ele está orando." Atos dos Apóstolos 9:11. O anjo informou ao servo de Deus que havia revelado a Saulo em visão que um homem chamado Ananias entraria e poria sobre ele a mão, a fim de que tornasse a ver. Mal pode Ananias crer nas palavras do anjo; e repete o que ouvira acerca da cruel perseguição que Saulo fazia aos santos em Jerusalém. Imperativa, porém, é a ordem dada a Ananias: "Vai, porque este é para Mim um vaso escolhido para levar o Meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel." Atos dos Apóstolos 9:15. T3 431 1 Ananias foi obediente às indicações do anjo. Pôs a mão sobre o homem que havia ainda tão pouco estava possuído do mais profundo ódio, respirando ameaças contra todos os que acreditavam no nome de Cristo. Ananias disse a Saulo: "Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo. E logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado." Atos dos Apóstolos 9:17, 18. T3 431 2 Jesus poderia haver feito diretamente tudo isso por Paulo, mas não quis assim. Paulo tinha alguma coisa a fazer no sentido da confissão aos homens cuja destruição premeditara, e Deus tinha uma obra de responsabilidade para ser feita pelos homens a quem ordenara para agirem em Seu lugar. Paulo devia dar os passos necessários na conversão. Era-lhe exigido que se unisse ao próprio povo que perseguira por causa da religião que professavam. Cristo dá aqui a todo o Seu povo um exemplo de Sua maneira de agir para salvação dos homens. O Filho de Deus identificou-Se com a função e a autoridade de Sua igreja organizada. Suas bênçãos deviam vir por meio dos instrumentos que ordenara, ligando assim os homens com os condutos que as deviam transmitir. O fato de Paulo ser estritamente consciencioso em sua obra de perseguir os santos não o inocenta quando o Espírito de Deus o impressiona com o conhecimento da cruel obra que fizera. Tem de tornar-se aluno dos discípulos. T3 432 1 Reconhece que Jesus, a quem em sua cegueira considerara impostor, é na verdade o autor e o fundamento de toda a religião do povo escolhido de Deus desde os dias de Adão, e o consumador da fé, agora tão clara à sua iluminada visão. Viu a Cristo como reivindicador da verdade, cumpridor de todas as profecias. Cristo fora considerado como anulando a lei de Deus; mas, quando sua visão espiritual foi tocada pelo dedo divino, aprendeu dos discípulos que Cristo era o originador e o fundamento de todo o sistema judaico de sacrifícios, que na morte de Cristo o tipo encontrara o antítipo, e que Cristo viera ao mundo com o expresso desígnio de reivindicar a lei de Seu Pai. T3 432 2 Em face da lei, Paulo se reconhece pecador. Aquela própria lei que ele julgara estar guardando tão zelosamente, verifica ter estado a transgredir. Arrepende-se e morre para o pecado, torna-se obediente às reivindicações da lei de Deus e tem fé em Cristo como seu Salvador; é batizado e prega a Jesus tão sincera e zelosamente como outrora O condenara. São apresentados, na conversão de Paulo, importantes princípios que devemos conservar sempre em mente. O Redentor do mundo não aprova, em assuntos religiosos, idéias e práticas independentes por parte de Sua igreja organizada e reconhecida, onde Ele tem uma igreja. T3 433 1 Muitos nutrem a idéia de que só a Cristo são responsáveis no que respeita à luz e à própria experiência, independentemente de Seus reconhecidos seguidores no mundo. Isto, porém, é condenado por Ele nos ensinos que nos dá, bem como nos exemplos e nos fatos que nos tem dado para nossa instrução. Aí estava Paulo, pessoa a quem Cristo devia preparar para importantíssima obra, que Lhe devia ser vaso escolhido, levado diretamente à presença de Cristo; todavia, Ele não lhe ensina as lições da verdade. Detém-lhe a carreira e infunde-lhe convicção; e quando ele pergunta: "Que queres que eu faça?" (Atos dos Apóstolos 9:6), o Salvador não lhe diz diretamente, mas põe-no em contato com Sua igreja. Eles lhe dirão o que lhe cumpre fazer. Jesus é o amigo dos pecadores, tem o coração sempre aberto, sempre sensível aos sofrimentos da humanidade; tem todo o poder, tanto no Céu como na Terra; respeita, no entanto, o meio que ordenou para esclarecimento e salvação dos homens. Encaminha Saulo à igreja, reconhecendo assim o poder de que a investiu como veículo de luz para o mundo. É o corpo organizado de Cristo na Terra, e importa que se Lhe respeitem as ordenanças. No caso de Saulo, Ananias representa Cristo, ao mesmo tempo que representa os pastores de Cristo na Terra, os quais são designados para agir em Seu lugar. T3 433 2 Saulo era um mestre instruído em Israel; mas enquanto ele ainda estava sob a influência do erro cego e do preconceito, Cristo revelou-Se a ele, e então o pôs em comunicação com Sua igreja, que é a luz do mundo. Eles devem instruir este orador educado e popular na religião cristã. No lugar de Cristo, Ananias toca seus olhos para que recebesse visão; em lugar de Cristo impõe-lhe as mãos, ora em nome de Cristo, e Saulo recebe o Espírito Santo. Tudo é feito em nome e na autoridade de Cristo. Cristo é a fonte. A igreja é o canal de comunicação. Aqueles que se gabam de independência pessoal precisam ser trazidos a uma relação mais íntima com Cristo mediante ligação com Sua igreja sobre a Terra. T3 434 1 Irmão A, Deus o ama e deseja salvá-lo e pô-lo em condição de trabalhar. Se você for humilde e dócil, e for moldado por Seu Espírito, Ele será sua força, sua justiça e seu galardão supremo. Poderá realizar muito por seus irmãos se você se esconder em Deus e deixar que Seu Espírito abrande seu espírito. Você tem de enfrentar uma classe difícil. Estão cheios de preconceito amargo, mas não mais do que Saulo. Deus pode atuar poderosamente por seus irmãos, caso você não se intrometa e feche o próprio caminho. Permita que amor, compaixão e ternura habitem seu coração enquanto trabalha. Pode quebrar as paredes de ferro do preconceito se tão-somente se apegar a Cristo e estiver disposto a ser aconselhado por seus irmãos de mais experiência. T3 434 2 Você não deve, como servo de Deus, desanimar-se facilmente pelas dificuldades ou pela mais feroz oposição. Saia não em seu nome, mas no poder e força do Deus de Israel. Suporte aflições como bom soldado da cruz de Cristo. Jesus suportou a contradição dos pecadores contra Si mesmo. Considere a vida de Cristo e tome coragem, e avance pela fé, coragem e esperança. ------------------------Capítulo 36 -- Unidade na igreja T3 434 3 Em minha última visão foram-me mostrados a introdução da verdade e o progresso da causa de Deus na Costa do Pacífico. Vi que um bom trabalho tinha sido feito por muitos na Califórnia, mas que havia muitos que professavam a verdade os quais não estavam dispostos a assumir a obra de Deus no tempo certo e a avançar à medida que a providência de Deus indicar seu dever. Uma grande obra pode ser feita nesta região levando almas ao conhecimento da verdade se houver ação unida. T3 434 4 Se todos que têm influência sentissem a necessidade de cooperação e procurassem atender à oração de Cristo, para que eles sejam um como Ele é um com o Pai, a causa da verdade presente seria uma potência nesta região. Mas o povo de Deus está entorpecido, e não vê as necessidades da causa para este tempo. Não percebem a importância de ação concentrada. Satanás está sempre procurando dividir a fé e o coração do povo de Deus. Bem sabe que a união é sua força, e divisão sua fraqueza. É importante e essencial que todos os seguidores de Cristo compreendam as artimanhas de Satanás e com uma frente unida confrontem seus ataques e o vençam. Precisam fazer esforços contínuos para se unirem mesmo que seja com algum sacrifício próprio. T3 435 1 O povo de Deus, com estruturas e temperamentos diversos, é unido na qualidade de igreja. A verdade de Deus, recebida no coração, fará sua obra de refinar, elevar e santificar a vida e de vencer as peculiares opiniões preconceituosas de cada um. Todos devem lutar para achegar-se tão perto uns aos outros quanto possível. Todos que amam a Deus e guardam Seus mandamentos em verdade terão influência sobre os incrédulos e ganharão almas para Cristo, para avolumar os alegres cantos de triunfo e vitória diante do grande trono branco. O egoísmo será vencido e amor transbordante por Cristo será manifesto na responsabilidade que sentem de salvar almas pelas quais Ele morreu. T3 435 2 Vi muitas famílias que não estavam vivendo como Jesus gostaria; elas têm um trabalho a fazer no lar antes de poderem fazer progresso na vida espiritual. Foi-me mostrado o caso do irmão B, e minha atenção foi chamada para o tempo quando ele primeiro aceitou a verdade. Ela então tinha um poder transformador sobre sua vida. O eu foi em parte perdido no interesse que sentia pela verdade. Ele procurava mostrar sua fé por suas obras, e seus interesses pessoais tomavam o segundo lugar. Ele amava a obra do Senhor e alegremente procurava promover o interesse de Sua causa; o Senhor aceitava seus esforços de servi-Lo, e a mão do Senhor o fazia prosperar. T3 435 3 Foi-me mostrado que o irmão B desagradou a Deus e acarretou grande escuridão sobre si mesmo quando estabeleceu o próprio discernimento em oposição ao de seus irmãos quanto à maneira verdadeira de guardar o sábado. O interesse do irmão B estava em jogo, e ele recusou ver o significado correto da questão considerada. Ele nunca teria seguido a conduta que seguiu quando voltou do Leste se tivesse estado na luz. Fui então levada a outro ponto em sua história e o vi viajando. Quando entre incrédulos, ele não permitia que sua luz brilhasse diante dos homens de tal maneira que vendo suas boas obras glorificassem nosso "Pai que está no Céu". Mateus 5:16. Ele se esqueceu de Deus e de seu dever de representar corretamente seu Salvador em todos os lugares e em todas as ocasiões. T3 436 1 O irmão B é especialmente fraco em alguns pontos; gosta de elogio e lisonja; gosta de prazer e distinção. Exaltou a si mesmo e falou muito e orou pouco, e Deus o entregou à própria fraqueza; pois ele não produziu fruto para a glória de Deus. Naquela viagem, ele teve oportunidade de fazer grande quantidade de bem, mas não reconheceu que precisava prestar contas a Deus por seus talentos e que como mordomo de Deus seria chamado a prestar contas quer tivesse usado sua habilidade para satisfazer a si mesmo, quer para glorificar a Deus. Se o irmão B tivesse sentido o poder do amor de Cristo no próprio coração, teria tido interesse na salvação daqueles com os quais entrou em contato, de sorte que lhes falasse palavras que os fariam refletir quanto a seu interesse eterno. T3 436 2 Ele teve a oportunidade de semear a semente da verdade, mas não a cultivou como devia. Devia ter levado sua religião consigo enquanto estivesse entre seus parentes. Sua profissão sagrada e a verdade de Deus deviam ter-se combinado com todos os seus pensamentos, sentimentos, palavras e ações. Cristo ordena a Seus seguidores a andarem na luz. Andar significa ir para a frente, esforçando-nos, exercitando nossas habilidades, estando ativamente empenhados. A menos que nos exercitemos na boa obra à qual nosso Salvador nos chamou, e sintamos a importância de esforço pessoal nesta obra, teremos uma religião doentia e mirrada. Ganhamos novas vitórias por nossa experiência no trabalho. Ganhamos atividade e força andando na luz, para que possamos ter energia para correr no caminho dos mandamentos de Deus. Podemos obter um aumento de força a cada passo que avançamos rumo ao Céu. Deus abençoará Seu povo somente quando ele procurar ser uma bênção aos outros. Nossas virtudes são amadurecidas e desenvolvidas pelo exercício. T3 437 1 Foi-me mostrado que, quando o irmão B esteve em Battle Creek, ele foi fraco em poder moral. Não estava procurando apegar-se a Deus e preservar sua alma em pureza de pensamento e ação, e foi deixado seguir a própria mente e receber impressões que eram prejudiciais a seu interesse espiritual. Ele encontrou-se com aqueles que pervertiam a verdade e foi levado por eles a crer em coisas que eram falsas; e como tinha aberto a porta ao inimigo e o recebeu como um anjo de luz, foi facilmente vencido pela tentação. T3 437 2 Ele se encheu impiamente de preconceito e de suspeitas contra aqueles mesmos em quem Deus queria que ele tivesse confiança. Viu as coisas numa luz pervertida, e as reuniões, as quais deviam ter sido para ele uma grande fonte de força, foram um prejuízo. Foi como Satanás queria que fosse, que o irmão B perdesse a confiança nos homens que Deus tinha designado para dirigir esta obra. Ele discordou deles e da direção da obra. Ele era como um barco sem âncora ou leme no mar. Se ele não pudesse ter confiança nas pessoas à testa da obra, não teria confiança em ninguém. T3 437 3 O irmão B tem pouca reverência ou respeito por seus irmãos; ele pensa que seu discernimento, conhecimento e habilidades são superiores aos deles; portanto, não aceitará nada deles, nem confiará em seu julgamento, nem vai procurar aconselhar-se com eles, a menos que possa dirigi-los e ensiná-los. Ele agirá segundo o próprio discernimento, independentemente dos sentimentos de seus irmãos, suas mágoas ou súplicas. Quando ele retirou sua confiança da direção da obra, Satanás sabia que, a menos que esta confiança pudesse ser restaurada, ele o tinha nas mãos. O interesse eterno do irmão B depende dele aceitar e respeitar os auxiliares e dirigentes que aprouve a Deus colocar na igreja. Se seguir uma conduta de sua escolha, ele por fim descobrirá que tem estado inteiramente num trilho errado e que se enganou para ruína própria. Ele dará uma volta, depois outra, e afinal apesar de tudo perderá a único caminho verdadeiro que leva ao Céu. T3 438 1 Há milhares que estão percorrendo a estrada da escuridão e do erro, a estrada larga que leva à morte, que se lisonjeiam estar no caminho da felicidade e do Céu; mas nunca encontrarão um nem atingirão o outro. O irmão B precisa dos auxílios que Deus colocou na igreja, pois não pode constituir uma igreja de si mesmo, e contudo sua conduta mostra que ele estaria satisfeito de ser uma igreja completa, a ninguém sujeito. O irmão B há muito perdeu sua consagração a Deus; não guardou as avenidas de sua alma contra as sugestões de Satanás. Vi que os anjos de Deus estavam escrevendo suas palavras e ações. Ele estava se afastando mais e mais da luz do Céu. Quando a graça de Deus não o controla de modo especial, irmão B, você é um homem difícil de se lidar. Você tem grande autoconfiança e firmeza, que são sentidas em sua família e na igreja. Tem muito pouca consideração e respeito por qualquer um. Você não possui a graça da humildade. T3 438 2 O irmão B voltou para esta costa [do Pacífico] em grande escuridão; ele perdeu seu amor pela verdade e seu amor a Deus. Seus sentimentos naturais o controlavam, e era orgulhoso. Ele amava a si mesmo e ao dinheiro mais do que à verdade e a seu Redentor. Foi-me mostrado que sua conduta depois que voltou à região era uma desonra ao nome de Cristo. Eu o vi associando-se aos levianos amantes do prazer. Ele magoou seus irmãos e feriu seu Salvador e O expôs à ignomínia perante descrentes. Vi que desde aquele tempo ele não mais tomava prazer no serviço de Deus ou na propagação da verdade. Parecia possuir zelo para sondar as Escrituras e diferentes autores, não para que se firmasse sobre pontos importantes da verdade presente, a qual a providência de Deus lhe tinha dado mediante homens de Sua escolha, mas para encontrar uma nova posição e para promover novas opiniões em oposição à firme fé da corporação. Suas pesquisas não foram feitas para a glória de Deus, mas para promover o eu. T3 438 3 Quando o irmão B assume uma posição do lado errado, não é segundo sua natureza ver seu erro e confessar seu engano, mas combater até ao fim, quaisquer que sejam as conseqüências. Este espírito é prejudicial à igreja e à sua família. Ele precisa abrandar o coração e deixar entrar ternura, humildade e amor. Ele precisa de benevolência e nobre generosidade. Em resumo, ele precisa ser inteiramente convertido, ser um novo homem em Cristo Jesus. Então sua influência na igreja será correta e ele será justamente a ajuda de que necessitam. Terá o respeito e o amor de sua família e ordenará sua casa após si. Dever e amor, como irmãos gêmeos, lhe servirão de ajuda no controle de seus filhos. T3 439 1 Vi que a irmã B tinha muito de que se queixar sobre a conduta que seu marido havia assumido para com ela; que sua vida tinha sido muito triste, quando ele era capaz de fazê-la feliz. Ela parecia estar desanimada e sentir profundamente que estava sendo negligenciada e não amada por seu marido. Em sua ausência, ela quase ficou perturbada e se tornou ciumenta, perdendo a confiança nele. Satanás estava presente com suas tentações, e ela via algumas coisas numa luz exagerada. Tudo isso poderia ter sido evitado se o irmão B tivesse preservado sua consagração a Deus. Fui levada ainda mais longe e vi que ele andava em descrença e trevas, enquanto se lisonjeava de que somente ele possuía a luz verdadeira. Quanto mais se separava de Deus, menos amor tinha por seus irmãos e pela verdade. T3 439 2 Foi-me mostrado o irmão B questionando um após outro os pontos de nossa fé que nos tiraram do mundo e fizeram de nós um povo separado e distinto, "aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus". Tito 2:13. Sua descrença e escuridão não moveram os pilares principais de nossa fé. A verdade de Deus não se tornou ineficaz por causa dele. Ainda permanece a verdade, mas ele tem tido alguma influência sobre a mente de seus irmãos. Os boatos de lábios mentirosos quanto a meu marido e a mim, que ele trouxe do Leste, tiveram influência para criar suspeitas e dúvidas na mente de outros. Aqueles que não nos conheciam não podiam nos defender. A igreja em _____, vi, podia possuir três vezes mais membros do que agora possui, e podia ter tido uma força dez vezes maior, se o irmão B não tivesse se entregado nas mãos do inimigo. Em sua descrença cega, ele fez tudo que pôde para desanimar os crentes na verdade e espalhá-los. Em sua cegueira não reconheceu que sua conduta era ofensiva aos olhos de Deus. O desencorajamento e a escuridão que ele causou tornaram os trabalhos do irmão C duplamente difíceis, pois sua influência foi sentida não somente pela igreja em _____, mas por outras igrejas. T3 440 1 O irmão B tem fortalecido a descrença e uma influência adversa que o irmão C teve de enfrentar. Vi que havíamos de enfrentar a mesma influência e que levaria tempo para desarraigar a velha raiz de amargura pela qual muitos foram contaminados; que há "tempo de falar" e "tempo de estar calado" (Eclesiastes 3:7); que quando Deus colocasse sobre nós a responsabilidade de falar não devíamos hesitar, quer as pessoas ouvissem quer não; e que devíamos levar o assunto a termo, mesmo se deixasse alguns fora da igreja e fora da verdade. Deus tem uma grande e importante obra para alguém fazer em _____, e no tempo certo será feita, e a verdade triunfará. T3 440 2 Aqueles de nossos irmãos que não obtiveram uma experiência por si mesmos na verdade presente não podiam responder aos argumentos do irmão B. Embora não pudessem receber as opiniões defendidas por ele, eram mais ou menos afetados por sua conversa e raciocínio. Alguns não sentiram um espírito de liberdade quando se encontraram para o culto. No sábado estavam receosos de expressar seus sentimentos reais e sua fé, pensando que ele criticaria o que eles dissessem. As reuniões têm sido mortas e tem havido pouca liberdade. T3 440 3 O irmão B deseja que os outros o considerem como um homem que pode explicar as Escrituras, mas foi-me mostrado que ele está enganado e não as entende. Ele começou num trilho errado ao procurar constituir uma nova fé, uma teoria original de fé. Ele arrancaria e colocaria de modo errado os marcos que nos mostram nossa posição correta, que estamos perto do fim da história da Terra. Ele pode se gabar que está sendo dirigido pelo Senhor, mas é certamente por um outro espírito. A menos que ele mude inteiramente sua conduta, e esteja disposto a ser guiado e a aprender, será deixado a seguir o próprio caminho e naufragará completamente na fé. T3 441 1 Alguns têm sido tão cegados pela própria descrença que não podem discernir o espírito do irmão B. Eles poderiam ter tido sua ajuda se ele tivesse permanecido no conselho de Deus. Podia tê-los levado para a luz em vez de aumentar-lhes a confusão na fé e sua perplexidade. Mas ele tem sido uma pedra de tropeço, um guia cego de cegos. Tivesse feito "caminhos retos" (Salmos 119:1) para seus pés, o coxo não teria sido desviado do caminho, mas teria sido curado. Ele recusou andar na luz da verdade que Deus deu a Seu povo, e impediu aqueles que gostariam de andar na luz. T3 441 2 Ele sente que é uma honra sugerir dúvidas e descrença com relação à firme fé do povo de Deus que guarda os mandamentos. A verdade na qual antes se regozijava agora é escuridão para ele, e, a menos que mude seu caminho, cairá de volta numa mistura de opiniões das várias denominações, mas não concordará inteiramente com nenhuma delas; será uma igreja distinta por si mesmo, mas não sob o controle do grande Líder da igreja. Mantendo suas opiniões em oposição à fé da corporação, ele está desanimando e desencorajando a igreja. Vê que, se a corporação dos guardadores do sábado tem a verdade, ele está em trevas, e isto ele não pode admitir. A verdade o condena, e em vez de procurar levar o coração à harmonia com a mesma, rendendo-se a suas reivindicações e morrendo para o eu, ele está procurando uma posição na qual não estará sob condenação. T3 441 3 Foi-me mostrado que se ele continuar em sua atual conduta, cego à sua verdadeira condição, sentir-se-á alegre muito em breve por achar algum pretexto para abandonar o sábado. Satanás certamente o está guiando, como guiou a muitos outros, para longe da corporação em uma conduta de engano e erro. Quão mais seguro seria para o irmão B colocar seu coração em harmonia com a verdade do que interpretar mal as Escrituras para harmonizá-las com suas idéias e ações. Se harmonizasse suas ações com os princípios da lei de Deus, ele teria uma tarefa nas mãos da qual mal sonhou. O coração carnal "está em inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar". Romanos 8:7. T3 442 1 As insinuações e os discursos francos daqueles que são nossos inimigos em Battle Creek foram recebidos pelo irmão B durante sua viagem ao Leste, e ele voltou com sentimentos amargos e ímpios em seu coração contra aqueles que estão na direção da obra e especialmente contra mim e meu trabalho. Ele não tinha nenhuma boa razão para os sentimentos que acalentava e as opiniões que expressava quanto a meu trabalho e os testemunhos. A descrença e o preconceito que tinham corrompido sua mente ele procurou instilar na mente de outros. Ele fez isto com considerável resultado. A princípio, muitos foram influenciados por seus enganos e escuridão, porque pode fazer afirmativas e inferências como se estivesse lidando com fatos positivos. Ele sabe como forçar o assunto e sua conversa é fluente. Suas palavras influenciavam alguns que não eram consagrados e que desejavam que as coisas fossem justamente como ele dizia com relação à nossa obra e nossa vocação. Ele tinha influência e despertava preconceito na mente daqueles que nós poderíamos ter ajudado, não tivesse embargado nosso caminho de modo a não podermos obter acesso a eles. A esta classe pertenciam o irmão e a irmã D. T3 442 2 Nisto o irmão B pode ver os frutos de sua conduta, e há outros que foram influenciados do mesmo modo, com os mesmos resultados, no que respeita à sua fé e confiança na verdade. Logo que o irmão B ou quaisquer outros decidam que as pessoas que tiveram a máxima atuação em levar a causa da verdade presente à sua condição atual não são guiadas por Deus, mas são pessoas maquinadoras e astutas, que enganam o povo, então a conduta que devem seguir para serem coerentes é renunciar a obra toda como um engano, uma fraude. A fim de serem coerentes, precisam descartar tudo. É o que o irmão B vem fazendo quase sem perceber, e outros têm feito o mesmo. Em algum tempo futuro, senão agora, ele reverá sua obra com sentimentos diferentes dos que possui agora. Verá a obra que ele vem fazendo durante os últimos poucos anos como Deus a vê, e não a verá com a satisfação que agora sente. Quando ele vir a obra miserável na qual tem estado empenhado durante os últimos anos, sua arrogância de possuir sabedoria e conhecimento superiores terá um fim, e se arrependerá em amargura de coração, porque o sangue de almas está em suas vestes. T3 443 1 Se o irmão B quisesse ver as coisas corretamente e tivesse sentido a possibilidade de estar enganado, ele teria vindo ao irmão e à irmã White com os boatos injuriosos quanto à reputação deles e lhes teria dado a oportunidade de falarem por si mesmos. Os boatos que ele espalhou através das planícies da costa do Pacífico testificam de urna mentira, quebrando assim a lei de Deus. Ele um dia confrontará os duros discursos, bem como os enganos instigados por Satanás, que instilou na mente das pessoas para prejudicar minha influência e a de meu marido. Esta questão não é entre o irmão B e eu, mas entre ele e Deus. T3 443 2 Deus nos deu nosso trabalho, e se Ele nos deu uma mensagem para apresentar a Seu povo, aqueles que nos impeçam no trabalho e enfraqueçam a fé do povo em sua verdade e veracidade não estão lutando contra o instrumento, mas contra Deus, e precisam responder-Lhe pelo resultado de suas palavras e ações. Todos que têm discernimento espiritual podem julgar a árvore por seus frutos. O irmão B se apresenta como uma pessoa iluminada por Deus para esclarecer o povo quanto à nossa obra e missão. Todos podem ver, se quiserem, o fruto que cresce nesta árvore. Irmão B, é ele para a vida eterna, ou para morte? T3 443 3 Depois do irmão B ter recebido de Battle Creek este conhecimento especial, que o levou a se empenhar em diminuir nossa obra e missão, sentiu-se livre em unir-se com os incrédulos na dissipação do prazer, e por sua conduta leviana acarretou vergonha à causa de Cristo e grande sofrimento à sua esposa. Estava ele tão cego que não tinha convicção de que estava procurando destruir aquilo que Deus estava edificando? Não teve ele idéia de que poderia estar combatendo contra Deus? Anjos têm registrado no Céu o trabalho que ele vem fazendo, e terá de responder por ele quando toda obra for levada a juízo para sofrer a inspeção do Deus infinito. Em sua cegueira, o irmão B tem levantado seu braço insignificante para lutar contra Deus e ao mesmo tempo alimentado o coração enganado com a esperança de que estava prestando serviço a Deus. A obra de toda pessoa será provada pelo fogo do último dia, e somente ouro, prata e pedras preciosas resistirão à prova. T3 444 1 Deus não Se deixa escarnecer. Ele pode tolerar os homens por longo tempo, mas Ele visitará suas transgressões e dará a cada um segundo as suas obras. Embora os homens possam falar arrogantemente e se orgulhem de sua sabedoria, um sopro dos lábios de Deus pode deitar por terra sua honra e glória. Foi-me mostrado que o irmão B estará sem desculpa no dia de Deus, quando cada caso será pesado nas balanças do santuário. Ele sabe que o que tem feito não é correto. Ele tem tido evidência suficiente para determinar o caráter da obra que Deus nos confiou. Os frutos desta obra estão diante dele, os quais ele pode ver e entender se quiser. T3 444 2 A autoconfiança do irmão B é de pasmar, e é uma cilada terrível para ele. Se ele não vencer este traço perigoso de seu caráter, isto demonstrar-se-á sua ruína. Ele está em seu elemento natural quando está combatendo e contradizendo pontos de doutrina; ele questionará e enganará, e estará em desacordo com seus irmãos até que Satanás controle sua mente de tal modo que realmente pense que tem a verdade e que seus irmãos estão enganados. Ele não se firma na luz e não tem a bênção de Deus, pois é parte de sua religião opor-se aos pontos estabelecidos do povo de Deus que guarda os mandamentos. Estão todos estes enganados? É o irmão B o único a quem Deus tem dado a verdade correta? Não está Deus tão disposto a dar a Seus servos devotos e abnegados uma compreensão correta das Escrituras como a concedê-la ao irmão B para transmitir-lhes? T3 444 3 Tem o irmão B provado sua conduta por este teste simples: "Esta luz e conhecimento que achei, e que me colocam em desacordo com meus irmãos, levam-me para mais perto de Cristo? Isso torna meu Salvador mais precioso para mim e faz que meu caráter se assemelhe mais ao Seu?" É um traço natural, mas não agradável, de nosso caráter sermos perspicazes em nossas percepções, e persistentes em lembrar das faltas e fracassos de outros. T3 445 1 O irmão B não procura estar em união com seus irmãos; sua autoconfiança o tem levado a não sentir nenhuma necessidade de união. Sente que a mente deles foi formada em um molde inferior ao seu e que receber suas opiniões e conselhos como dignos de atenção seria uma grande condescendência. Esta autoconfiança o tem excluído do amor e simpatia de seus irmãos e de união com eles. Ele sente que é muito sábio e experiente para precisar das precauções que são indispensáveis para muitos. Ele tem opinião tão elevada das próprias habilidades e tal confiança em suas realizações que acredita estar preparado para qualquer emergência. Disseram os anjos celestes, apontando para o irmão B: "Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia." 1 Coríntios 10:12. Confiança própria leva à negligência de vigilância e de oração humilde e penitente. Há tentações exteriores a serem evitadas e inimigos internos e perplexidade para vencer, pois Satanás adapta suas tentações ao caráter e temperamento das diferentes pessoas. T3 445 2 A igreja de Cristo está em perigo constante. Satanás está procurando destruir o povo de Deus, e a mente de um só homem, seu discernimento, não é suficiente para se confiar. Cristo gostaria que Seus seguidores fossem unidos na qualidade de igreja, observando ordem, tendo regras e disciplina, e todos sujeitos uns aos outros, considerando "os outros superiores a si" mesmos. Filipenses 2:3. União e confiança são essenciais para a prosperidade da igreja. Se cada membro da igreja se sente livre para agir independentemente dos outros, assumindo sua conduta peculiar, como pode a igreja estar segura na hora de perigo e risco? A prosperidade e a própria existência de uma igreja dependem da ação pronta e unida, e da confiança mútua de seus membros. Quando, em um momento crítico, alguém soa o alarme de perigo, há necessidade de ação pronta e decisiva, sem parar para questionar e examinar de ponta a ponta todo o assunto, permitindo assim que o inimigo leve toda vantagem pela demora, quando ação unida poderia salvar muitas almas da perdição. T3 446 1 Deus quer que Seu povo seja unido pelos laços mais íntimos da fraternidade cristã; confiança em nossos irmãos é essencial para a prosperidade da igreja; unidade de ação é importante numa crise religiosa. Um passo imprudente, uma ação descuidada, pode lançar a igreja em dificuldades e provas das quais pode não recuperar-se em anos. Um membro da igreja cheio de descrença pode dar uma vantagem ao grande inimigo que afetará a prosperidade de toda a igreja, e muitas almas podem ser perdidas como resultado. Cristo gostaria que Seus seguidores fossem sujeitos uns aos outros; então Deus pode usá-los como instrumentos para salvarem uns aos outros; porque uma pessoa pode não discernir os perigos que os olhos de outra percebem de relance; mas, se os que não discernem confiantemente obedecerem à advertência, podem poupar a si mesmos grandes perplexidades e provações. T3 446 2 Quando Jesus estava para deixar Seus discípulos, orou por eles da maneira mais tocante e solene para que eles todos fossem um "como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu, em Ti; que também eles sejam um em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste. E Eu dei-lhes a glória que a Mim Me deste, para que sejam um, como Nós somos um. Eu neles, e Tu em Mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que Tu Me enviaste a Mim e que tens amado a eles como Me tens amado a Mim." João 17:21-23. O apóstolo Paulo em sua primeira carta aos coríntios exorta-os à unidade: "Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa e que não haja entre vós dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentido e em um mesmo parecer." 1 Coríntios 1:10. T3 446 3 Deus está guiando um povo do mundo para a exaltada plataforma da verdade eterna -- os mandamentos de Deus e a fé de Jesus. Disciplinará e habilitará Seu povo. Eles não estarão em divergência, um crendo uma coisa e outro tendo fé e opiniões inteiramente opostas, e agindo cada qual independentemente do conjunto. Pela diversidade dos dons e governos que Ele pôs em Sua igreja, todos alcançarão a unidade da fé. Se alguém forma o próprio conceito no tocante à verdade bíblica, sem atender à opinião de seus irmãos, e justifica seu procedimento alegando que tem o direito de pensar livremente, impondo suas idéias então aos outros, como poderá ser cumprida a oração de Cristo? E se outro e outro ainda se levantam, cada qual afirmando seu direito de crer e falar o que lhe aprouver, sem atentar para a fé comum, onde estará aquela harmonia que existia entre Cristo e Seu Pai, e para cuja existência, entre Seus irmãos, Cristo orou? T3 447 1 Deus está guiando um povo e o estabelecendo sobre a grande plataforma da fé, os mandamentos de Deus e o testemunho de Jesus. Ele deu a Seu povo uma cadeia reta de verdade bíblica, clara e coerente. Esta verdade é de origem celestial e tem sido procurada como um tesouro escondido. Foi extraída mediante pesquisa cuidadosa das Escrituras e mediante muita oração. T3 447 2 O irmão B está duvidando de um ponto após outro de nossa fé. Se ele tiver razão com suas novas teorias, a corporação de guardadores do sábado está errada. Deverá a fé estabelecida sobre os pontos fortes de nossa posição, que nos tirou do mundo e nos uniu como um povo distinto e peculiar, ser abandonada como errônea? Vamos receber a fé deste único homem, com as evidências que ele nos dá dos frutos de seu caráter religioso? Ou cederá o irmão B seu julgamento e opiniões e voltará à corporação? Se ele não tivesse cegado seu coração aceitando o preconceito e cultivando uma oposição ímpia à obra de Deus, não teria sido deixado em tal escuridão e engano. T3 447 3 Ele é de boa conversa e insistirá continuamente sobre suas opiniões e não cederá ao peso de evidência contra ele. Prejudicar a prosperidade da igreja como ele tem feito é algo cruel. O mundo é grande; ele tem todos os privilégios a seu gosto para ir aos incrédulos e convertê-los a suas teorias; e quando ele puder apresentar uma corporação bem organizada da qual ele foi o instrumento para converter do pecado para a justiça, então, e não antes, devia ele forçar suas opiniões peculiares sobre a igreja de Deus, que está magoada e desalentada com sua escuridão e erro. Ele não tem o direito de edificar sobre o fundamento de outro sua madeira, feno e palha para serem consumidos pelo fogo do último dia. T3 448 1 Foi-me mostrado que a única posição segura para o irmão B é sentar-se aos pés de Jesus e aprender mais perfeitamente o caminho da vida. Sua doutrina gotejará como a chuva e Seu discurso destilará como o orvalho sobre o coração do humilde e dócil. O irmão B precisa adquirir uma disposição dócil. Não deve sentar-se como um juiz, antes como um que aprende; não para criticar, mas para crer; não para questionar e achar defeito e opor-se, mas para ouvir. O orgulho precisa ceder lugar à humildade, e preconceito deve ser trocado por sinceridade, ou para ele as bondosas palavras de Cristo serão em vão. Meu irmão, você pode raciocinar com seu discernimento cego e sua mente não santificada até ao dia de Deus e não avançar um passo rumo ao Céu; você pode debater e examinar e pesquisar autores eruditos, e mesmo as Escrituras, e ainda assim ficar mais e mais enganado, e ficar em maior escuridão, como os judeus em relação a Cristo. Qual era a falta deles? Rejeitaram a luz que Deus já lhes dera e estavam à procura de alguma luz nova pela qual pudessem interpretar as Escrituras de modo a sustentar suas ações. T3 448 2 Você está fazendo o mesmo; negligencia a luz que Deus achou por bem dar-lhe nas publicações sobre a verdade presente e na Sua Palavra, e está buscando doutrinas próprias, teorias que não podem ser sustentadas pela Palavra de Deus. Quando se tornar como criança, disposto a ser guiado, e quando seu entendimento for santificado e sua vontade e preconceitos rendidos, uma luz tal brilhará em seu coração a qual iluminará as Escrituras e mostrar-lhe-á a verdade presente em sua bela harmonia. Aparecerá como uma corrente dourada, elo ligado a elo num todo perfeito. "Se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no Reino dos Céus." Mateus 18:3. "Aprendei de Mim", disse Cristo; "que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma." Mateus 11:29. T3 448 3 Se entrou de fato na escola de Cristo, Ele espera que você manifeste em seu caráter e comportamento a mansidão que é tão maravilhosamente exemplificada em Seu caráter. Cristo não Se incumbirá de ensinar quem é justo a seus próprios olhos, quem é convencido e voluntarioso. Se tais pessoas vêm a Ele com a pergunta "Que é a verdade?", Ele não lhes dá resposta. É somente aos mansos que Ele guiará em discernimento; "aos mansos ensinará o Seu caminho". Salmos 25:9. Salomão era por natureza dotado de bom discernimento e grande poder de raciocínio, mas ele se confessou diante de Deus como uma criança. Com humildade buscou sabedoria de Deus, e não buscou em vão. Se você realmente busca a verdade com motivo correto, virá à corporação, pois ela têm a verdade. Se você está buscando as Escrituras e diferentes autores com o fim de achar doutrina que coincida com suas opiniões preconcebidas, e se você já firmou sua fé, então você se tornará jactancioso, autoconfiante e inflexível. Confiança própria: uma cilada T3 449 1 Irmão B, com seu atual espírito voluntarioso e teimoso, você se afastará cada vez mais da verdade; e a menos que se converta se mostrará um grande empecilho à causa de Deus em qualquer lugar onde você tem alguma influência. Você é persistente em defender sua posição. Seu espírito cheio de confiança própria precisa ser subjugado antes de poder ver qualquer coisa claramente. Levou sua mulher a pensar que você conhecia a verdade melhor do que qualquer de nossos pastores; você tomou a chave do conhecimento nas próprias mãos, no que respeita a ela, e a tem conservado em trevas. Deus tem dado à Sua igreja homens de discernimento, experiência e fé. Eles conhecem o caminho da verdade e da salvação, pois a pesquisaram em agonia de espírito por causa da oposição que tinham de enfrentar da parte de homens que converteram a verdade de Deus em mentira; e o benefício do esforço destes fiéis servos de Deus é dado ao mundo. T3 449 2 Há bem poucos que reconhecem a natureza exaltada da obra de Deus em comparação com os cuidados temporais da vida. Jesus, o Mestre celestial, deu-nos instruções através de Seus discípulos. Quando enviou os doze, Ele os instruiu que em qualquer cidade que entrassem deviam perguntar quem era digno de sua atenção e visitas. Se um lugar apropriado fosse encontrado onde o povo apreciasse a bênção que lhes era enviada -- o privilégio de hospedar os mensageiros de Cristo -- aí deviam ficar e aí deixar repousar sua paz até deixarem aquela cidade. Não foram instruídos a visitar toda e qualquer casa indiscriminadamente, forçando sua presença sobre as pessoas quer fossem bem-vindos ou não; mas se não eram bem-vindos, se sua paz não podia repousar na casa, deviam deixá-la e procurar uma casa onde os habitantes fossem dignos e onde pudessem descansar. T3 450 1 Quando os mensageiros de Cristo que saem para ensinar a verdade a outros são rejeitados e suas palavras não acham lugar no coração, Cristo é rejeitado e Sua palavra desprezada nos mensageiros da verdade a quem Ele escolheu e enviou. Isto tem uma aplicação tão plena nesta época do mundo como quando Cristo deu a instrução a Seus mensageiros escolhidos. T3 450 2 Quando Cristo esteve na Terra, houve pessoas que não tinham respeito ou estima pelos mensageiros de Deus nem mais consideração por sua admoestação do que pelo próprio discernimento; também nesta época do mundo há aqueles que não respeitam o testemunho dos servos escolhidos de Deus de modo tão elevado como as próprias opiniões. Tais pessoas não podem ser beneficiadas pelo trabalho dos servos de Deus, e tempo não devia ser desperdiçado em degradar a obra de Deus para satisfazer tais mentes. Cristo disse aos servos quando os enviou: "Quem vos ouve a vós a Mim Me ouve; e quem vos rejeita a vós a Mim Me rejeita; e quem a Mim Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou." Lucas 10:16. T3 450 3 Cristo dá poder à voz da igreja. "Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na Terra será ligado no Céu, e tudo o que desligardes na Terra será desligado no Céu." Mateus 18:18. Não há apoio para um homem levantar-se por iniciativa própria e defender as idéias que bem entender, sem considerar a posição da igreja. Deus concedeu o mais alto poder, abaixo do Céu, à Sua igreja. É a voz de Deus em Seu povo unido na qualidade de igreja que deve ser respeitada. T3 451 1 Deus tem dado à Sua igreja homens de experiência, pessoas que têm jejuado, chorado e orado até a noite inteira para que Deus lhes abra as Escrituras ao entendimento. Com humildade têm esses homens dado ao mundo o benefício de sua amadurecida experiência. É essa luz do Céu, ou dos homens? É ela de algum valor, ou nada vale? O irmão B está fazendo um trabalho em disseminar opiniões errôneas acerca da verdade bíblica que ele quererá um dia desfazer; mas será em vão. Ele pode arrepender-se, pode mesmo ser salvo como que pelo fogo; mas, ó, quanto tempo precioso terá sido perdido que não poderá ser remido! Quanta semente ele semeou que só produzirá espinhos e abrolhos! Quantas pessoas foram perdidas que poderiam ter sido salvas se ele tivesse tentado tão diligentemente deixar a luz verdadeira brilhar como ele fez para espalhar sua escuridão! Quanto poderia ele ter feito se tivesse sido consagrado, santificado pela verdade! O irmão B se sente demasiado auto-suficiente, demasiado rico e próspero, para ver sua necessidade de alguma coisa. A Testemunha Verdadeira apontou para ele e disse: "Se não se converter e se fizer como criança, de modo algum entrará no Reino dos Céus." Ver Mateus 18:3. A luz da verdade tão cuidadosamente apresentada em livros e folhetos ele não respeita; mas exalta o próprio julgamento acima da luz mais preciosa, e esta luz se levantará no juízo para condená-lo. T3 451 2 Vi que ele duvidaria dos homens sobre os quais aprouve a Deus colocar a responsabilidade de Sua obra. Ele exaltaria as próprias opiniões e pontos de vista acima da luz que Deus dera através deles, e se gabaria de seu conhecimento; e seria acusador de seus irmãos, não excetuando os embaixadores de Cristo. Toda esta influência arrogante para menosprezar o discernimento dos servos de Deus e para acusá-los de fraquezas e erros, exaltando as próprias opiniões acima das deles, se ele não se arrepender, será encontrada escrita contra ele nos livros que ele verá envergonhado no dia de Deus. T3 452 1 Deus sustentará Seus servos, preservará Seus favorecidos; mas ai daquele que tornar sem efeito as palavras dos embaixadores de Cristo, que recebem a palavra da boca de Deus para transmiti-la ao povo e dizer ao povo que a espada está por vir e para adverti-los a se preparar para o grande dia de Deus. O irmão B descobrirá que não é uma obra trivial ou leviana essa na qual ele tem estado empenhado; é uma obra que rolará sobre sua alma com peso esmagador. Ele tem se levantado em oposição a Deus. Tem um árduo trabalho diante de si. Disse Cristo: "É mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!" Mateus 18:7. T3 452 2 Irmão B, a conduta que você tem seguido foi-me mostrada há três anos. Vi que estava errado em quase toda ação, e não obstante procurava avaliar a verdade por suas ações em vez de avaliá-las pela verdade. Você não era uma luz para o povo de Deus, mas um fardo terrível. Não levanta quando é necessário levantar, e desanima outros de se unirem à ação. Está sempre achando defeito e falando de seus irmãos. Enquanto tem estado a questionar a conduta de outros, um crescimento luxuriante de ervas venenosas brotou e aprofundou raízes em seu coração. Estas raízes de amargura brotando contaminaram a muitos e contaminarão a muitos mais a menos que você as veja e as arranque. T3 452 3 Vi que um espírito severo e farisaico se desenvolveria no irmão B e o controlaria a menos que ele visse os terríveis defeitos em seu caráter e obtivesse graça de Deus para corrigir o mal. Antes dele abraçar a verdade, sua mão parecia ser contra todos; seu espírito combativo se fortalecia a qualquer provocação, e sua auto-estima era ofendida; ele era um homem duro envolvendo-se em dificuldades e as provocando. A verdade de Deus realizou uma reforma nele. Deus o aceitou, e Sua mão o susteve. Mas, desde que o irmão B perdeu o espírito de consagração, seu velho espírito turbulento, em desacordo com outros, tem-se fortalecido e procurado ganhar o controle. Quando ele morrer para o eu e humilhar seu coração orgulhoso diante de Deus, descobrirá quão fraca é sua força; sentirá a necessidade de socorro celestial e exclamará: "Imundo, imundo diante de Ti, ó Deus." Toda sua arrogância terá um fim. T3 453 1 A vida neste mundo tempestuoso, onde a escuridão moral triunfa sobre a verdade e a virtude, será para o cristão um conflito constante. Descobrirá que precisa manter-se armado, porque terá de lutar contra forças que jamais se cansam e inimigos que nunca dormem. Nós nos veremos cercados de inúmeras tentações, e precisamos achar força em Cristo para vencê-las ou para ser vencidos e perder nossa salvação. Temos uma grande e solene obra a realizar, e quão terrível será nossa perda se fracassarmos. Se o trabalho que o Mestre nos deu for achado inacabado, não podemos ter uma segunda oportunidade. Permanecerá inacabado para sempre. T3 453 2 Foi-me mostrada a vida do irmão B em sua família. Anjos choraram quando viram sua conduta no lar, ao verem a mulher não amada, que não é respeitada por ele cujo dever é amá-la e cuidar dela como do próprio corpo, assim como Cristo amou a igreja e cuidou dela. Ele se esforça para tornar os defeitos dela evidentes e para exaltar a sabedoria e discernimento próprios, fazendo-a sentir sua inferioridade tanto em público como a sós. Apesar de ser analfabeta, seu espírito é muito mais aceitável a Deus do que o espírito de seu marido. Deus contempla a irmã B com sentimentos da mais profunda piedade. Ela vive os princípios da verdade, segundo a luz que tem, muito melhor que seu marido. Ela não será responsável pela luz e conhecimento que seu marido recebeu, mas que ela não recebeu. Ele podia ser uma luz, conforto e bênção para ela, mas sua influência é usada de modo errado. Ele lê para ela o que lhe agrada, aquilo que fortalece suas opiniões e suas idéias, enquanto retém luz essencial que não quer que ela ouça. T3 453 3 Ele não respeita sua mulher, e permite que seus filhos a desrespeitem. Como os filhos de Eli, estas crianças são deixadas à vontade. Não são disciplinadas, e toda esta negligência vai finalmente voltar contra ele mesmo. Aquilo que o irmão B está agora semeando ele certamente colherá. A irmã B, em muitos respeitos, está mais próxima do reino do Céu do que seu marido. Estas crianças indisciplinadas e desobedientes, que não foram ensinadas a ter domínio próprio, plantarão espinhos no coração de seus pais sem que possam impedir; e depois no juízo Deus chamará os pais a prestar contas por trazerem filhos ao mundo e permitir que cresçam sem a devida educação, não amados e desamoráveis. Estes filhos não podem ser salvos no reino do Céu sem uma grande mudança em seu caráter. T3 454 1 O irmão B procura fazer sua mulher crer como ele crê, e gostaria que ela pensasse que tudo que ele faz é correto e que sabe mais do que qualquer dos pastores e é mais sábio que todos os homens. Foi-me mostrado que, em sua sabedoria jactanciosa, ele está lidando com o corpo de seus filhos como ele lida com os sentimentos de sua mulher. Ele está seguindo uma conduta segundo a própria sabedoria, que está arruinando a saúde de sua filha. Ele se ufana que o veneno que ele introduziu em seu organismo a mantém em vida. Que erro! Ele devia raciocinar quão melhor ela estaria se a tivesse deixado só e não tivesse abusado da natureza. A criança nunca poderá ter constituição saudável, porque seus ossos e o sangue em suas veias têm sido envenenados. A constituição arruinada de seus filhos e suas dores e sofrimentos aflitivos clamarão contra a sabedoria de que se gaba, a qual é loucura. T3 454 2 Mas o mais deplorável de tudo é que ele tem, por assim dizer, deixado a porta da perdição escancarada para seus filhos entrarem e se perderem. A natureza de seus filhos terá de ser mudada, o caráter deles transformado e renovado, ou não haverá esperança para eles. Podem anjos cuidar amorosamente de sua família, irmão B? Podem eles se deleitar em habitar em sua casa? A casa em si é boa, mas ela não promove a felicidade. Aqueles que habitam dentro das paredes fazem dela um céu ou um inferno. Você não respeita a mãe de seus filhos. Você permite que eles sejam desobedientes e desrespeitosos. T3 454 3 Você pode dizer: "Por que a irmã White vem a mim com isso? Não tenho fé nas visões." Eu sabia disto antes de tentar escrever, mas sinto que o tempo chegou para eu expor-lhe estas coisas. Preciso dizer-lhe a verdade, pois espero defrontar no juízo o que escrevi aqui imperfeitamente. Aguardei, esperando poder dizer algo que tocasse seu coração e o abrandasse pelas próprias palavras que escrevi. Mas perdi toda a esperança neste sentido, porque você está fortalecido com uma armadura tão impenetrável como o aço. Você não aceita nada que não agrada a sua mente. Foi-me mostrado que teria sido melhor para a causa da verdade presente se você nunca tivesse abraçado o sábado. Sua consciência não é muito sensível; o inimigo o cegou. T3 455 1 Abandonei toda esperança de fazer algo pela igreja em _____ enquanto você for uma pedra de tropeço para eles. Você outrora amava a verdade. Se tivesse prosseguido no caminho da verdade e santidade, você agora seria um embaixador de Cristo. Terá uma terrível prestação de contas no grande dia de Deus por seus talentos que não têm sido cultivados. Você tinha boas habilidades. Deus lhe emprestou estes talentos para que fizesse bom uso deles, mas você abusou destes dons. Se tivesse usado corretamente a habilidade que Deus lhe deu, teria feito muito em ganhar pessoas para Cristo, e veria no reino do Céu pessoas salvas por seu intermédio. Mas você tem espalhado em vez de ajuntar com Cristo. Seus irmãos têm sido desencorajados de tentar erguer-se e avançar, porque você, como um corpo contrário, desfaz o bem que eles fariam. T3 455 2 O coração de Deus jamais anelou por Seus filhos terrestres com amor mais profundo e misericordiosa ternura do que agora. Nunca houve um tempo em que Deus estivesse pronto e esperando fazer mais por Seu povo do que agora. E Ele vai instruir e salvar todos aqueles que escolhem ser salvos do modo que Ele designou. Aqueles que são espirituais podem discernir as coisas espirituais e ver sinais da presença e obra de Deus em toda parte. Satanás, por sua estratégia hábil e ímpia, levou nossos primeiros pais do Jardim do Éden -- de sua inocência e pureza ao pecado e miséria indizível. Ele não cessou de destruir; todas as forças à sua disposição são diligentemente empregadas por ele nestes últimos dias para causar a ruína de almas. Ele se aproveita de todo artifício que pode usar para enganar, perturbar e confundir o povo de Deus. T3 456 1 Ele o tem usado como seu agente para espalhar trevas e confusão, e ele acha que você trabalha admiravelmente em suas mãos. Você é exatamente o instrumento que ele pode manejar com eficiência para ferir, desencorajar e destruir. Você não é zeloso para pôr seu ombro sob o fardo com o povo de Deus; mas quando eles estão prontos para avançar, você se atira como um peso adicional para impedir que façam o que poderiam fazer avançando no rumo certo. Satanás trabalha com "aqueles que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus". Apocalipse 14:12. Em seu íntimo existe o mais amargo ódio contra aqueles que são leais a Deus e obedecem a Seus mandamentos. Ele não dorme; não diminui sua vigilância por um momento. Oxalá os professos seguidores de Deus tivessem a metade da sabedoria, diligência e perseverança na obra de Deus que Satanás tem na sua. Se você, irmão B, tivesse prosseguido como quando primeiro lançou sua mão ao arado, e não tivesse olhado para trás, seria agora um mensageiro de luz para levar a verdade aos que estão em trevas. Mas Deus não podia usá-lo para Sua glória até que você aprendesse a aconselhar-se com seus irmãos e que não pensasse saber tudo que valia a pena saber. Satanás teve sucesso em impedi-lo de fazer o bem. Você correu bem por um tempo, mas as tentações de Satanás o venceram. Gostava de ser o primeiro e de ser lisonjeado. Você gostava do poder que o dinheiro confere. Satanás compreende as fraquezas dos homens. Ele tem o conhecimento que acumulou através dos séculos e é perito em seu trabalho. Sua astúcia e seus expedientes estão bem amadurecidos, e com muita freqüência alcança êxito porque os filhos de Deus não são "prudentes como as serpentes". Mateus 10:16. T3 456 2 Satanás freqüentemente aparece como um anjo de luz, vestido com as vestes do Céu; assume ares amigáveis, manifestando grande santidade de caráter e alta consideração por suas vítimas, as pessoas que ele pretende enganar e destruir. Perigos jazem no caminho onde ele convida as pessoas a viajar, mas ele consegue escondê-los e apresenta apenas as atrações. O grande Capitão da nossa salvação venceu em nosso favor, para que por Ele pudéssemos vencer, se quiséssemos, em nosso próprio benefício. Mas Cristo não salva ninguém contra sua vontade; Ele não obriga ninguém a obedecer. Ele fez o sacrifício infinito para que todos pudessem vencer em Seu nome e que Sua justiça lhes fosse creditada. T3 457 1 Mas a fim de ser salvo você precisa aceitar o jugo de Cristo e depor o jugo que confeccionou para o próprio pescoço. A vitória que Cristo ganhou no deserto lhe é um penhor da vitória que em nome dEle você pode ganhar. Sua única esperança de salvação é vencer como Cristo venceu. Paira agora sobre você a ira de Deus. Você ama as atrações do mundo acima do tesouro celeste. "A concupiscência dos olhos e a soberba da vida" o separaram de Deus. 1 João 2:16. Sua confiança no próprio eu pobre, fraco e falho deve ser quebrada. Você precisa sentir sua fraqueza antes de cair, com seu fardo, nas mãos de Deus. O coração que confia plena e inteiramente em Deus nunca será confundido. T3 457 2 Deus não quer que consultemos nossa própria conveniência ao obedecer-Lhe. Cristo não agradou a Si mesmo quando era homem entre homens. "Era homem de dores e que sabe o que é padecer." Isaías 53:3. A Majestade do Céu não tinha onde repousar a cabeça, nenhum lugar que podia chamar Seu. "Por amor de" nós "Se fez pobre, para que, pela Sua pobreza", verdadeiramente enriquecêssemos. 2 Coríntios 8:9. Não falemos de sacrifício, porque não sabemos o que é sacrificar pela verdade. Até agora mal levantamos a cruz por amor de Cristo. Não procuremos um caminho que é mais fácil do que aquele que nosso Redentor percorreu antes de nós. Quão incompetente é você, com toda sua sabedoria de que se jacta, para guiar a si mesmo! Como está propenso a seguir os ditames de uma consciência enganada, para correr no caminho do erro, e arrastar outros consigo! T3 457 3 Seu temperamento natural é tal que submissão e obediência ao que Deus requer são muito difíceis. Sua autoconfiança ilimitada, seus preconceitos e seus sentimentos facilmente o levam a escolher um caminho errado. Cristo será para você um Guia infalível se você O escolher em vez de seu discernimento cego. Em seus negócios você não visa a glória de Deus. Teve de enfrentar muitas perplexidades e muitas dificuldades. Se tivesse confiado no Verdadeiro Conselheiro em vez de confiar no próprio discernimento, teria sido libertado de suas perplexidades em suas transações comerciais. T3 458 1 Tem um trabalho importante pela frente que nunca poderá fazer sem o auxílio especial de Deus. Você está apto a obter o companheirismo dos anjos e ser um herdeiro de Deus, um co-herdeiro com Jesus Cristo; e esforçar-se para limitar o objetivo da esperança e desejo dentro do âmbito estreito de sua conveniência própria seria um erro para a vida toda. É um erro terrível viver só para este mundo. Você olha para trás e sente a condenação da própria conduta errônea, e procura se justificar achando defeito nos outros. Qualquer que seja a conduta que outros sigam, ou por mais errados que estejam, os erros deles nunca cobrirão uma de suas faltas; e no dia final da prestação de contas você não ousará alegar isto diante de Deus como paliativo para sua negligência do dever. T3 458 2 Deus Se propõe a aceitá-lo como Seu filho e fazer de você um membro da família real, um filho do Rei celestial, sob a condição de sair do mundo e se separar e não tocar coisa imunda. O Rei do Céu gostaria que você possuísse e desfrutasse tudo que possa enobrecer, expandir e exaltar seu ser e fazê-lo apto para morar com Ele para sempre, sua existência comparável à vida de Deus. Que expectativa é a vida por vir! Que encantos possui! Quão amplo, profundo e imensurável é o amor de Deus manifestado pelo homem! Palavras não podem descrever este amor; ele ultrapassa todo pensamento e imaginação, mas é uma realidade que você pode aprender por experiência; pode nele regozijar-se com alegria inefável e cheia de glória. T3 458 3 Com tal perspectiva diante de você, como pode confinar sua mente ao âmbito de pensamentos mundanos e ao objetivo de ocupações mundanas, buscando ganho e cedendo um ponto após outro da verdade presente? Verdade, princípio e consciência são coisas desejáveis que você deve reter. O favor de Deus é melhor do que casas de prata ou de ouro. A alegria mais profunda do coração vem da humilhação mais profunda. Confiança e submissão a Deus produzem força e nobreza de caráter. Lágrimas nem sempre são evidência de fraqueza. A fim de edificar um caráter que seja simétrico à vista de um Deus puro e santo, você precisa começar pelo fundamento. O coração precisa ser quebrantado diante de Deus, e verdadeiro arrependimento pelo pecado precisa ser demonstrado, até você satisfazer as reivindicações da verdade e do dever. Então terá verdadeiro respeito por si mesmo e real confiança em Deus. Você terá sentimentos mais ternos. Todo aquele espírito de arrogância desaparecerá. Em lugar de aspereza haverá grande ternura combinada com firmeza de propósito para ficar firme pela verdade em todas as circunstâncias. Verá então muito no mundo e no próprio coração para fazê-lo chorar. ------------------------Capítulo 37 -- Verdadeiro refinamento no ministério T3 459 1 Irmão E: T3 459 2 Eu tinha planejado escrever-lhe há algum tempo, mas não achei oportunidade de fazê-lo senão agora. Ao falar ao povo no último sábado, senti-me tão claramente impressionada com seu caso que com dificuldade pude refrear-me de mencionar seu nome em público. Vou agora descarregar minha mente escrevendo-lhe. Em minha última visão foram-me mostradas as deficiências daqueles que professam trabalhar na palavra e na doutrina. Vi que você não estava aperfeiçoando suas habilidades, mas estava se tornando cada vez menos eficiente para ensinar a verdade. Você precisa de uma conversão completa. Possui uma vontade forte e inflexível ao ponto de teimosia. Podia agora ter sido qualificado para a obra solene de levar a mensagem da verdade a outros se tivesse sido menos autoconfiante e mais humilde e manso de espírito. T3 459 3 Você não aprecia trabalho intenso nem a pressão de esforço contínuo. Não tem sido perseverante no estudo da Palavra de Deus, nem obreiro zeloso na causa de Deus. Sua vida tem estado longe de representar a vida de Cristo. Você não é criterioso, nem obreiro sábio e prudente. Não procura ganhar almas para Cristo, como todo ministro de Cristo deve. Você tem um objetivo fixo, uma norma própria, à qual você deseja transmitir às pessoas; mas deixa de consegui-lo porque elas não aceitam sua norma. Você é fanático e freqüentemente leva as coisas a extremos e deste modo prejudica seriamente a causa de Deus e desvia as almas da verdade em vez de ganhá-las. T3 460 1 Foi-me mostrado que você perdeu diversas oportunidades boas por causa de sua maneira imprudente de trabalhar, e que lhe direi sobre esta questão? Muitos têm se perdido por sua falta de sabedoria em apresentar a verdade e sua falha em adornar sua vocação como um ministro do evangelho por meio de cortesia, bondade e longanimidade. Verdadeira cortesia cristã deve caracterizar todas as ações do ministro de Cristo. Ó, quão mal tem você representado nosso Redentor piedoso e compassivo, cuja vida foi a encarnação da bondade e verdadeira pureza. Você tem desviado almas da verdade por causa de um espírito ríspido, crítico e arrogante. Suas palavras não têm sido proferidas com a brandura de Cristo, mas com o espírito de E. Seu temperamento é por natureza grosseiro e não refinado, e porque nunca sentiu a necessidade de refinamento verdadeiro e de cortesia cristã, sua vida não tem sido tão elevada quanto poderia ser. T3 460 2 Você permaneceu na rotina do hábito. Sua educação e treinamento não têm sido corretos, e por conseguinte seus esforços para melhorar, reformar e fazer mudanças decididas e completas deviam ser mais sérios. A menos que experimente uma conversão decidida e radical em quase todos os aspectos, estará inteiramente desqualificado para pregar a verdade, e a menos que aperfeiçoe o caráter, suas maneiras e seu modo de falar em público, fará mais mal do que bem. Você não tem feito muito para promover a verdade, porque tem-se demorado demais nas igrejas, quando não lhes podia fazer bem algum, mas só mal. Seus modos e maneiras precisam ser refinados e santificados. Não deve por mais tempo prejudicar a obra de Deus por suas deficiências, sendo que não manifestou nenhuma melhora decidida em tornar-se um obreiro na causa de Deus. T3 461 1 É impossível levar outros a um padrão mais elevado do que aquele que você mesmo atinge. Se você não avançar, como pode levar a igreja de Deus a um padrão mais elevado de piedade e santidade? Todos os pastores como você têm sido por muitos anos maior maldição do que bênção para a causa de Deus; quanto menos tivermos desses, tanto mais próspera será a causa da verdade presente. T3 461 2 Você não é elevado em suas idéias nem ambicioso em seus esforços. Contenta-se em ser vulgar e atuar como um pastor comum. Não deseja aperfeiçoar caráter cristão nem almeja aquele nível na obra que Cristo requer que todos os Seus pastores escolhidos atinjam. Ninguém que professa levar a verdade a outros é apto para esta obra de responsabilidade a menos que esteja avançando em conhecimento e em consagração ao trabalho, e esteja melhorando suas maneiras e temperamento, e crescendo diariamente na verdadeira sabedoria. Toda pessoa necessita de comunhão íntima com Deus para guiar almas à verdade. Aqueles que assumem a responsabilidade de conduzir almas das trevas da natureza para a maravilhosa luz precisam sempre ter em mente que eles mesmos devem estar avançando na luz; de outro modo, como poderiam estar guiando a outros? Se eles mesmos estão andando nas trevas, assumem a mais tremenda responsabilidade ao pretender ensinar o caminho a outros. T3 461 3 Você se empenhou em trabalho em lugares onde não tinha competência para dignificar o mesmo. Você não se esforçou criteriosamente. Procurou compensar sua falta de verdadeiro conhecimento censurando outras denominações, rebaixando outras pessoas e fazendo críticas duras e amargas sobre sua conduta e condição. Se seu coração tivesse estado iluminado com o espírito da verdade, tivesse você sido santificado a Deus e andado na luz como Cristo é a luz, teria agido com sabedoria e tido modos e recursos suficientes à sua disposição para manter um interesse sem sair de seu caminho e fora de seu trabalho específico para insultar aqueles que professam ser cristãos. Descrentes têm ficado aborrecidos; eles pensam que os adventistas do sétimo dia têm sido distintamente representados por você, e decidem que já basta, não querem mais tais doutrinas. Nossa fé é impopular e está em grande contraste com a fé e as práticas de outras denominações. A fim de alcançar aqueles que estão nas trevas do erro e de teorias falsas, precisamos abordá-los com a máxima cautela e com a maior sabedoria, concordando com eles em todo ponto que pudermos fazer conscienciosamente. T3 462 1 Toda consideração deve ser mostrada para com aqueles que estão no erro e todo crédito justo deve ser-lhes dado com honestidade. Devemos nos aproximar do povo tanto quanto possível, e então a luz e a verdade que temos poderão beneficiá-los. Mas o irmão E, como muitos de nossos pastores, logo começa uma guerra contra os erros que os outros acariciam; ele assim desperta a combatividade e a firme vontade deles, e isto os mantém fechados numa armadura de preconceito egoísta que nenhuma evidência pode remover. T3 462 2 Quem, a não ser você, será responsável pelas pessoas que foram desviadas da verdade por seu esforço não santificado? Quem pode quebrar os muros de preconceito que seu trabalho imprudente criou? Não conheço pecado maior contra Deus do que homens entrarem no ministério e trabalharem por si e não em Cristo. São considerados representantes de Cristo, quando não representam Seu espírito em nenhum de seus trabalhos. Não vêem ou reconhecem os perigos que acompanham os esforços feitos por homens não consagrados e não convertidos. Eles agem como cegos, deficientes em quase tudo e não obstante cheios de autoconfiança e de suficiência própria, eles mesmos andando em escuridão e tropeçando a cada passo. São corpos de trevas. T3 462 3 Irmão E, você tem idéias acanhadas, e seu trabalho tem uma tendência de rebaixar em vez de elevar a verdade. Isto não é porque não tem habilidade. Poderia ter sido um bom obreiro, mas você é demasiado indolente para fazer o esforço necessário para atingir a meta. Preferiria revidar de um modo grosseiro e arrogante àqueles que diferem de você a se dar ao trabalho de elevar o tom de seu trabalho. Você assume posições, e então, ao serem elas questionadas, não é bastante humilde para abandonar suas opiniões, embora se demonstrem erradas; mas se coloca em sua independência e se apega firmemente a suas idéias quando concessão de sua parte é essencial e é requerida como seu dever. De um modo teimoso e inflexível se tem apegado ao próprio critério e a suas opiniões com o sacrifício de almas. T3 463 1 Irmão E, suas posições irredutíveis e sua vontade forte e decidida para promover seus pontos de vista a todo custo foram sentidas e deploradas por sua esposa, e conseqüentemente a saúde dela sofreu. Você não foi gentil e terno para com esta filha sensível de Deus; seu espírito forte reprimiu nela a disposição mais gentil. Ela magoou-se com muitas coisas. Você poderia ter feito a vida dela mais feliz se tivesse tentado; mas procurou fazê-la ver as coisas como você as via, e, em vez de tentar assimilar-se ao temperamento mais refinado dela, tentou moldá-la à sua natureza mais grosseira e a suas idéias extremas. Ela foi tolhida em sua natureza e não podia agir por si mesma. Ela murchou como uma planta transplantada para um solo desfavorável. T3 463 2 Você não deve procurar moldar a mente e o caráter de outros conforme seu padrão, mas deve deixar seu próprio caráter ser moldado segundo o Modelo divino. Se este mundo fosse composto de homens como você em caráter e temperamento, ai dele! Como onde quer que você fosse os semelhantes se atrairiam, você ficaria desgostoso com seus associados, a réplica exata de você mesmo, e desejaria sair do mundo. T3 463 3 Você se gaba e se gloria de si mesmo. Mas, ó, quão impróprio é isto para qualquer pessoa, mesmo que ela tenha as mais finas qualidades mentais e a mais extensa influência! Pessoas de finas qualidades exercem maior influência porque não reconhecem o próprio valor e quanto bem realizam no mundo. Mas é inteiramente fora de lugar para pessoas de seu tipo de caráter ser altivo e arrogante. T3 464 1 Você freqüentemente começa bem seus esforços; desperta interesse, e convicção se apodera da mente das pessoas de que os argumentos usados não podem ser controvertidos; mas justamente no momento quando os pecadores estão se inclinando a favor da verdade, o eu aparece tão claramente, é tão proeminente, que tudo que podia ser ganho, tivesse Jesus transparecido em suas palavras e conduta, é perdido. T3 464 2 Você não tem qualidades que são essenciais para ganhar almas para Cristo e a verdade. Você pode argumentar bem; mas não tem conhecimento experimental da vontade divina, e por falta de experiência religiosa de sua parte é incapaz de levar outros à Fonte de águas vivas. Seu coração não está em comunhão com Deus, mas está em trevas; e nada pode suprir a deficiência reconhecida por pecadores tateando seu caminho na escuridão, exceto a luz da verdade. A menos que seja inteiramente convertido, seria melhor que seus esforços para converter outros cessassem agora do que você continuar trabalhando, torcendo e pervertendo a norma religiosa por suas idéias estreitas e fanáticas. Você não tem conhecimento experimental da vontade divina; sua justiça própria parece-lhe ser de valor, quando não vale nada. Você necessita ser transformado antes de poder ser útil na causa de Deus. Quando se converter, seu trabalho poderá então ser aceito. T3 464 3 Você não possui a religião de Cristo. Precisa abrandar o coração e morrer para o eu, e Cristo precisa viver em você; então andará na luz como Ele está na luz, e deixará um rastro luminoso rumo ao Céu para iluminar o caminho para outros. Tem-se sentido muito satisfeito consigo mesmo. Deve educar-se e vencer seu espírito fanático e crítico. Você precisa subjugar o corpo e levá-lo à sujeição, para que, depois de ter "pregado a outros, não venha... a ser desqualificado". 1 Coríntios 9:27. T3 464 4 Você tem opiniões acanhadas das coisas, preocupa-se com ninharias, acha defeitos e questiona a conduta de outros, quando faria muito melhor vencendo os defeitos do próprio caráter e vida, trabalhando de um ponto de vista cristão, buscando luz de Deus e preparando-se para unir-se com os anjos puros no reino do Céu. Como você é, mancharia o Céu inteiro. Você é inculto, grosseiro e não santificado. Não há lugar no Céu para um caráter como o que você possui agora. T3 465 1 Se assumir o trabalho seriamente e, sem dar qualquer desculpa para o pecado, condenar o pecado na carne e com fé e esperança buscar graça divina e discernimento correto, pode vencer aquelas deficiências em seu caráter que o desqualificam para trabalhar na causa de Deus. Durante muitos anos você não tem progredido nem melhorado. Hoje está mais longe da norma da perfeição cristã, de possuir as qualificações que devem ser achadas no ministro do evangelho, do que estava uns poucos meses depois de ter recebido a verdade. T3 465 2 Deus Se desagrada com aqueles que não são inteligentes em relação à religião cristã e ainda tentam guiar a outros. Você é corretamente representado pelo homem que procurou tirar o argueiro do olho do seu irmão quando uma trave estava em seu olho. Primeiro ponha seu coração em ordem, e reforme o próprio caráter; mantenha ligação com Deus, e obtenha experiência cristã diária; então poderá assumir responsabilidade por pecadores que estão sem Cristo. T3 465 3 Bem poucos de nossos irmãos tomaram mais tempo para ler autores diferentes do que você, e não obstante você é muito deficiente nas qualificações necessárias para um pastor que ensina a verdade. Você não cita, ou mesmo lê as Escrituras corretamente. Isto não pode acontecer. Não tem progredido em cultura mental e não tem assegurado crescimento em graça interior que transpareceria em suas palavras e conduta. Não tem sentido a necessidade de buscar realizações mais elevadas e mais santas. T3 465 4 Ler livros superficialmente sobrecarrega a mente e faz com que você se torne um dispéptico mental. Você não pode assimilar e usar a metade do que lê. Se lesse com o objetivo em vista de aperfeiçoar a mente, e lesse apenas aquilo que a mente pode compreender e assimilar, e perseverasse pacientemente neste estilo de leitura, bons resultados poderiam ser obtidos. Você, bem como outros pastores, precisa freqüentar escola e começar como uma criança a dominar os primeiros ramos do conhecimento. Você não é capaz de ler, soletrar e pronunciar corretamente, e contudo poucos há que tenham menos encargos e menos fardos de responsabilidade do que você. T3 466 1 A posição de nossos pastores requer saúde do corpo e disciplina da mente. Bom senso, nervos fortes e temperamento alegre recomendarão o ministro do evangelho em qualquer parte. Estas qualidades devem ser procuradas e cultivadas com perseverança. T3 466 2 Sua vida até aqui tem sido inútil. Você tem algumas idéias muito boas, mas o Espírito de Deus não habita em seu coração. Não é vivificado por Seu poder, e não tem fé, esperança e amor genuínos. O Espírito de Deus habitando em você o capacitará a tomar as coisas de Deus e revelá-las a outros. Você não pode ser de benefício algum à causa de Deus até que a obra de um fiel ministro de Cristo seja mais elevada em sua mente. Você necessita de um propósito em sua vida para fazer o bem como Jesus. A abnegação e o amor que você manifesta neste trabalho influenciarão a vida e o caráter de outros. T3 466 3 Deve livrar-se, logo que possível, de sua formalidade fria e gélida. Precisa cultivar sentimentos de ternura e amizade em sua vida diária. Deve demonstrar verdadeira cortesia e polidez cristã. O coração que realmente ama a Jesus ama aqueles por quem Ele morreu. Tão certo como a agulha aponta para o pólo, assim o verdadeiro seguidor de Cristo, com espírito de esforço fervoroso, procurará salvar pecadores pelos quais Cristo deu Sua vida. Trabalhando para a salvação de pecadores, manterá cálido o amor de Cristo no coração e dará àquele amor um crescimento e desenvolvimento apropriados. Sem conhecimento correto da vontade divina, haverá falta de desenvolvimento harmonioso no caráter cristão. T3 466 4 Suplico-lhe, meu irmão, que se familiarize com Deus. "Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor." Salmos 37:23. Anjos ministradores marcam cada passo de nosso progresso. Mas sua vontade, meu irmão, não é submetida a Deus; seus pensamentos não são santos. Você prossegue tropeçando nas trevas, não sabendo onde pôr o pé. O Senhor revela a Sua vontade àqueles que são sinceros e que anseiam ser guiados. A razão de sua ineficiência é que você desistiu da idéia de conhecer e fazer a vontade de Deus; portanto, não conhece positivamente coisa alguma. Embora cego, tenta guiar os cegos. T3 467 1 Ó, em que posição você e muitos outros pastores se acham! Tendo abandonado a Deus, o "Manancial de águas vivas", você e eles têm cavado para si "cisternas rotas, que não retêm as águas". Jeremias 2:13. Suplico-lhe que desperte e se volte ao Senhor com aquele arrependimento profundo e sincero que lhe assegurará Seu perdão e o poder duradouro de Sua força, para que você seja realmente cheio "de toda a plenitude de Deus". Efésios 3:19. Ele desaprova sua conduta, porque você tem sido uma pedra de tropeço para as pessoas. Você tem dependido de obras e justiça próprias para obter sucesso, e não tem conhecimento da vontade divina. T3 467 2 Que o Senhor lhe revele seu verdadeiro caráter e permita que veja suas deficiências reais. Quando você for iluminado pelo Espírito de Deus para compreender isto, terá tal percepção de sua negligência pecaminosa e de uma vida não aproveitada que infundirá terror a seu coração e causar-lhe-á tristeza que levará a arrependimento do qual não precisa arrepender-se. ------------------------Capítulo 38 -- Importância do trabalho T3 468 2 Em 3 de Janeiro de 1875 foram-me mostradas muitas coisas relativas aos grandes e importantes interesses em Battle Creek na obra da Sociedade de Publicações, da escola e do Instituto de Saúde. Se estas instituições fossem corretamente dirigidas, elas promoveriam bastante a causa de Deus na disseminação da verdade e na salvação de almas. Estamos vivendo em meio aos perigos dos últimos dias. Somente consagração a Deus pode capacitar qualquer um de nós para ter uma parte na solene e importante obra final para este tempo. Há bem poucos homens totalmente desprendidos para preencher posições de responsabilidade, poucos que se entregaram sem reservas a Deus para ouvir Sua voz e buscar Sua glória. Há bem poucos que dariam, se preciso, sua vida para promover a causa de Deus. No entanto, é justamente dedicação como esta que Deus pede. T3 468 3 As pessoas se enganam pensando que estão servindo a Deus quando estão servindo a si mesmas e fazendo dos interesses da causa e obra de Deus uma questão secundária. Seu coração não é consagrado. O Senhor não Se compraz nos serviços desta classe. De tempos em tempos, à medida que a causa tem progredido, Ele tem na Sua providência designado homens para preencher posições em Battle Creek. Estes homens poderiam ter assumido cargos importantes se tivessem se consagrado a Deus e devotado suas energias à Sua obra. Tais homens escolhidos por Deus precisam exatamente da disciplina que a dedicação à Sua obra lhes daria. Ele os honraria unindo-os a Si mesmo e dando-lhes Seu Espírito Santo para qualificá-los para as responsabilidades que foram chamados a desempenhar. Eles não podiam obter aquela amplitude de experiência e conhecimento da vontade divina a menos que estivessem em posição de assumir obrigações e responsabilidades. T3 469 1 Ninguém deve se enganar pensando que, ao ligar-se à obra de Deus em Battle Creek, terá menos cuidados, trabalho menos árduo e menos provações. Satanás está mais ativo onde mais se faz para promover a verdade e salvar almas. Ele compreende a natureza humana, e não deixará estes homens sozinhos se há qualquer possibilidade deles se tornarem mais semelhantes a Cristo e obreiros mais úteis na causa de Deus. Satanás faz seus planos para forçar suas tentações sobre os homens a quem Deus indicou que aceitaria que participassem de Sua obra. É a intenção de Satanás saber como melhor fazer guerra contra os propósitos de Deus e derrotá-los. Ele está a par tanto dos pontos fracos como dos fortes no caráter dos homens. E de modo sutil ele atua com "todo engano da injustiça" (2 Tessalonicenses 2:10) para frustrar os propósitos de Deus, atacando os pontos fracos de seu caráter; e quando isto é feito, o caminho está preparado para que ele ataque e vença os pontos fortes. Ele obtém o controle da mente e cega o entendimento. Leva homens que estão confusos e derrotados por suas artimanhas a terem confiança em si mesmos e auto-suficiência no exato momento em que estão mais fracos em força moral. Eles enganam a si mesmos e pensam que estão em boa condição espiritual. T3 469 2 O inimigo lançará mão de tudo que puder usar a seu favor para destruir almas. Testemunhos têm sido apresentados a favor de indivíduos que ocupam posições importantes. Eles começam bem a desempenhar responsabilidades e a fazer sua parte na obra de Deus. Mas Satanás os persegue com suas tentações, e eles são afinal vencidos. Quando outros contemplam sua conduta errada, Satanás sugere à mente deles que deve haver um erro nos testemunhos dados a tais pessoas, de outro modo estes homens não se teriam demonstrado indignos de ter uma parte na obra de Deus. T3 469 3 Isto é justamente o que Satanás planejou que fosse. Ele lançaria dúvida quanto à luz que Deus tinha dado. Estes homens poderiam ter resistido às tentações de Satanás se tivessem sido vigilantes e cautelosos, sentindo sua insuficiência própria e confiando no nome e no poder de Jesus para permanecerem fiéis ao dever. Mas deveria se ter em mente que estas condições estiveram sempre ligadas com o encorajamento dado a estes homens, de que se eles mantivessem um espírito desinteressado, se sentissem sua fraqueza e dependessem de Deus, não confiando em sua sabedoria e em seu discernimento, mas fazendo dEle sua força, eles poderiam ser uma grande bênção em Sua causa e obra. Mas Satanás intrometeu-se com suas tentações e triunfou quase todas as vezes. Ele arranjou as circunstâncias de tal maneira para atacar os pontos fracos no caráter destes homens, e eles foram vencidos. Quão vergonhosamente prejudicaram eles a causa de Deus! Quão completamente se separaram dEle seguindo o próprio coração corrupto, sua própria alma pode responder! Mas o dia de Deus mostrará a verdadeira causa de todos os nossos desapontamentos com os homens. A falta não está em Deus. Ele lhes deu promessas animadoras sob condições, mas eles não cumpriram as condições. Confiaram na própria força e caíram em tentação. T3 470 1 O que pode ser dito das pessoas sob certas circunstâncias não se poderá dizer em outras. Os homens são fracos em poder moral e tão supremamente egoístas, tão auto-suficientes e tão facilmente inchados de presunção, que Deus não pode trabalhar com eles, e são deixados a se mover como cegos e a manifestar tão grande fraqueza e loucura que muitos se admiram que tais indivíduos tivessem jamais sido aceitos e reconhecidos como dignos de ter qualquer ligação com a obra de Deus. Isto é justamente o que Satanás planejara. Este foi seu objetivo desde o tempo em que a princípio os seduziu a censurar a causa de Deus e a lançar dúvidas sobre os Testemunhos. Tivessem eles ficado onde sua influência não fosse especialmente sentida sobre a causa de Deus, Satanás não os teria assediado tão ferozmente; pois não poderia ter realizado seu propósito, usando-os como seus instrumentos para fazer uma obra especial. T3 471 1 No progresso da obra de Deus, aquilo que pode ser dito verazmente de indivíduos em certa ocasião pode não ser dito corretamente a seu respeito em outra ocasião. A razão disto é que em determinado mês eles podem ter-se conduzido inocentemente, vivendo à altura da luz que tinham, ao passo que o mês seguinte foi longo o suficiente para que eles fossem derrotados pelas artimanhas de Satanás e, mediante autoconfiança, caíssem em pecados graves e se tornassem desqualificados para a obra de Deus. T3 471 2 A mente humana está tão sujeita à mudança pelas tentações sutis de Satanás que não é a melhor coisa para meu marido ou eu mesma tomar a responsabilidade de expressar nossas opiniões sobre as qualificações de pessoas para preencher diferentes posições, porque ficamos responsáveis pela conduta que tais indivíduos sigam. Não obstante, se tivessem mantido a humildade e a firme confiança em Deus que possuíam quando foram recomendados para assumir responsabilidades, poderiam ter sido as pessoas adequadas para o lugar. Tais pessoas mudam, mas não percebem a mudança em si mesmas. Caem sob tentação, são desviadas de sua constância e cortam sua ligação com Deus. São então controladas pelo inimigo e fazem e dizem coisas que desonram a Deus e desacreditam Sua causa. Então Satanás exulta em ver nossos irmãos e irmãs olhando para nós com dúvida porque demos a estas pessoas encorajamento e influência. ------------------------Capítulo 39 -- O estado do mundo T3 471 3 Foi-me mostrado o estado do mundo, que ele estava enchendo rapidamente a taça de sua iniqüidade. Violência e crime de toda sorte estão enchendo o nosso mundo, e Satanás está empregando todo meio para tornar populares o crime e o vício aviltante. Os jovens que andam pelas ruas se acham rodeados de propagandas e de noticiários de crimes e pecado, apresentados em novela, ou a serem representados em algum teatro. Assim, sua mente é educada na familiaridade com o pecado. O caminho seguido pelas pessoas baixas e vis são-lhes constantemente apresentados nos jornais diários, e tudo quanto possa despertar curiosidade e paixões sensuais lhes é apresentado em histórias emocionantes e próprias para incitar. T3 472 1 A literatura que procede de cérebros corrompidos envenena a mente de milhares em nosso mundo. O pecado não parece excessivamente maligno. Ouvem e lêem tanto acerca de degradantes crimes e violências que a consciência outrora sensível, que disso recuaria horrorizada, torna-se tão cauterizada que, com ávido interesse, se pode demorar no que é baixo e vil em palavras e atos humanos. T3 472 2 "Como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem." Lucas 17:26. Deus terá um povo "zeloso de boas obras" (Tito 2:14), que permanecerá firme entre as corrupções desta época degenerada. Haverá um povo que se apegará tão firmemente à força divina que estará à prova de toda tentação. As más sugestões das provocantes propagandas talvez lhes procurem falar aos sentidos e corromper a mente; todavia, achar-se-ão tão unidos a Deus e aos anjos que serão como os que não vêem e não ouvem. Têm a fazer uma obra que ninguém poderá fazer por eles, a qual é combater o bom combate da fé e lançar mão da vida eterna. Não confiarão em si mesmos nem serão presunçosos. Conhecendo a própria fraqueza, unirão sua ignorância à sabedoria de Cristo, sua fraqueza ao Seu poder. T3 472 3 Os jovens possuirão tão firmes princípios, que as mais fortes tentações de Satanás não os afastarão de sua fidelidade. Samuel era uma criança rodeada das influências mais corruptoras. Via e ouvia coisas que lhe entristeciam o coração. Os filhos de Eli, que ministravam nas cerimônias sagradas, eram regidos por Satanás. Esses homens contaminavam toda a atmosfera que os cercava. Dia a dia homens e mulheres eram fascinados pelo pecado e a injustiça; no entanto, Samuel vivia incontaminado. Imaculadas eram suas vestes de caráter. Não tomava parte nem sentia o menor prazer nos pecados que enchiam todo o Israel com terríveis rumores. Samuel amava a Deus; mantinha o coração em tão íntima comunhão com o Céu que um anjo foi enviado para falar com ele a respeito dos pecados dos filhos de Eli, os quais estavam corrompendo Israel. T3 473 1 O apetite e as paixões estão vencendo milhares de professos seguidores de Cristo. Ficam-lhes os sentidos tão embotados em razão da familiaridade com o pecado, que não o aborrecem, mas o consideram atrativo. Acha-se às portas o fim de todas as coisas. Deus não suportará mais por muito tempo os crimes e a desprezível iniqüidade dos filhos dos homens. Seus crimes chegaram na verdade até aos Céus, e serão em breve retribuídos por terríveis pragas de Deus sobre a Terra. Eles beberão o cálice da ira de Deus, não misturado com misericórdia. T3 473 2 Tenho visto haver perigo de que os próprios que professam ser filhos de Deus se corrompam. A licenciosidade está acorrentando homens e mulheres em cativeiro. Parecem estar cheios de si e fracos para resistir e vencer o apetite e a paixão. Em Deus há poder; nEle há força. Caso lancem mão disso, o poder vivificante de Jesus estimulará todos aqueles que professam o nome de Cristo. Achamo-nos circundados de perigos; e só estamos seguros quando sentimos a própria fraqueza e nos apegamos a nosso poderoso Libertador com a mão da fé. Vivemos em um tempo tremendo. Não podemos deixar de vigiar e orar nem por um momento. Nosso desamparado ser precisa apoiar-se em Jesus, nosso compassivo Redentor. T3 473 3 Foi-me mostrada a grandeza e importância da obra que está diante de nós. Poucos, no entanto, compreendem o verdadeiro estado das coisas. Todos quantos se acham adormecidos e não podem perceber qualquer necessidade de estar vigilantes e alertas serão vencidos. Estão surgindo jovens para empenhar-se na obra de Deus, alguns dos quais mal têm qualquer percepção da santidade e responsabilidade dessa obra. Pouca experiência têm no exercício da fé, na sincera fome de alma pelo Espírito de Deus, o que sempre produz retorno. Alguns homens de boas aptidões, os quais poderiam ocupar posições importantes, não sabem de que espírito são. Vão vivendo de maneira jovial, tão naturalmente como as águas correm morro abaixo. Falam tolices, brincam com as moças, ao mesmo tempo que estão ouvindo quase diariamente as verdades mais solenes e comoventes. Esses homens têm uma religião mental, mas o coração não está santificado pelas verdades que ouvem. Esses nunca podem conduzir outros ao Manancial de águas vivas, enquanto delas não beberem eles próprios. T3 474 1 Não é tempo agora para leviandade, vaidade ou frivolidade. Logo encerrar-se-ão as cenas da história terrestre. As mentes abandonadas ao sabor dos pensamentos precisam ser mudadas. Diz o apóstolo Pedro: "Cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo, como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância; mas, como é santo Aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; porquanto escrito está: Sede santos, porque Eu sou santo." 1 Pedro 1:13-16. T3 474 2 Os pensamentos vagos precisam ser agrupados e concentrados em Deus. Os próprios pensamentos devem estar em sujeição à vontade de Deus. Não se devem fazer nem esperar elogios; pois isto tem a tendência de fomentar a confiança própria em vez de promover a humildade; de corromper em lugar de purificar. Os homens realmente habilitados, e que sentem ter uma parte a desempenhar em relação com a obra de Deus, sentirão o peso da santidade da obra, tal como uma carroça cheia de molhos. Agora, eis o tempo de fazer os mais fervorosos esforços para vencer os sentimentos naturais do coração carnal. ------------------------Capítulo 40 -- O estado da igreja T3 474 3 Há entre o povo de Deus grande necessidade de reforma. O atual estado da igreja nos leva à pergunta: É isto uma fiel representação dAquele que deu a vida por nós? São estes os seguidores de Cristo, e os irmãos dos que não reputaram sua vida por preciosa? Os que atingem a norma bíblica, a descrição bíblica dos seguidores de Cristo, serão na verdade bem poucos. Havendo abandonado a Deus, o Manancial de águas vivas, cavaram para si mesmos cisternas, "cisternas rotas, que não retém as águas". Jeremias 2:13. Disse o anjo: "Falta de amor e de fé, eis os grandes pecados de que o povo de Deus se acha agora culpado." A falta de fé conduz à negligência, ao amor-próprio e do mundo. Os que se apartam de Deus e caem em tentação condescendem com vícios grosseiros; pois o coração carnal leva a grande impiedade. E este estado de coisas se encontra entre muitos dentre o professo povo de Deus. Enquanto pela profissão O servem, estão em todos os intentos e desígnios corrompendo seus caminhos diante dEle. Muitos satisfazem o apetite e a paixão, não obstante a clara luz da verdade apontar o perigo, e erguer a voz de advertência: Acautelem-se, refreiem-se, renunciem. "O salário do pecado é a morte." Romanos 6:23. Embora o exemplo dos que naufragaram na fé se erga como farol advertindo os outros para não prosseguirem no mesmo rumo, muitos ainda se precipitam loucamente para diante. Satanás domina-lhes a mente, e parece controlar-lhes o corpo. T3 475 1 Oh, quantos se lisonjeiam de bondade e justiça, quando a verdadeira luz de Deus revela que toda a sua vida eles têm vivido unicamente para agradarem a si mesmos! Toda a sua conduta é aborrecível a Deus. Quantos estão vivos sem a lei! Nas espessas trevas em que se encontram, olham-se complacentemente; revele-se-lhes, porém, a lei de Deus à consciência, como aconteceu com Paulo, e verão estar vendidos sob o pecado, e ter de morrer para a mente carnal. O próprio eu precisa ser morto. T3 475 2 Quão tristes e terríveis os erros que muitos estão cometendo! Estão edificando sobre a areia, mas lisonjeiam-se de que se acham bem firmados na Rocha eterna. Muitos que professam piedade vão se precipitando para a frente tão descuidosamente, e tão imprudentes para com o perigo, como se não houvesse juízo futuro. Aguarda-os terrível retribuição, e todavia são dominados pelo impulso e a paixão grosseira; estão preenchendo um negro registro de vida para o juízo. Ergo a voz em advertência a todo aquele que professa o nome de Cristo, para que se aparte de toda iniqüidade. Purifiquem a "alma na obediência à verdade." 1 Pedro 1:22. "Purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus." 2 Coríntios 7:1. Vocês, a quem isto se aplica, sabem o que quero dizer. Mesmo vocês, que corromperam seus caminhos diante do Senhor, partilhando da iniqüidade que abundantemente existe, e escureceram o coração com o pecado, Jesus os convida ainda a se desviarem de seu rumo, a lançar mão de Sua força, e nEle encontrar aquela paz, aquele poder e graça que os farão mais do que vencedores em Seu nome. T3 476 1 As corrupções deste século degenerado têm manchado muitos corações que professamente estão servindo a Deus. Mesmo agora, no entanto, ainda não é demasiado tarde para se endireitarem os erros, para o sangue de um Salvador crucificado e ressurreto fazer expiação por vocês, caso se arrependam e sintam a necessidade que têm de perdão. Precisamos agora vigiar e orar como nunca antes, para não cairmos sob o poder da tentação e deixarmos o exemplo de uma vida que seja uma lamentável ruína. Como um povo, precisamos não nos tornar descuidosos e olhar o pecado em indiferença. Importa que o acampamento seja purificado. Todos quantos professam o nome de Cristo necessitam vigiar e orar, e guardar as entradas do coração; pois Satanás está em atividade para corromper e destruir, uma vez que lhe seja dada a mínima vantagem. T3 476 2 Meus irmãos, Deus os convida, como seguidores Seus, a que andem na luz. Importa que estejam alertas. Há pecado entre nós, e não é considerado excessivamente pecaminoso. Os sentidos de muitos se acham entorpecidos pela condescendência com o apetite e pela familiaridade com o pecado. Precisamos avançar para mais perto do Céu. Podemos crescer na graça e no conhecimento da verdade. Andar na luz, seguir no caminho dos mandamentos de Deus, não dá a idéia de podermos ficar parados e nada fazer. Precisamos avançar. T3 476 3 Há grande fraqueza no amor-próprio, na própria exaltação e no orgulho; na humildade, porém, há grande força. Não mantemos nossa verdadeira dignidade quando pensamos mais em nós mesmos, mas quando Deus Se encontra em todos os nossos pensamentos, e temos o coração ardendo em amor por nosso Redentor e nosso semelhante. A simplicidade de caráter e a humildade de coração produzirão felicidade, ao passo que a presunção ocasionará descontentamento, murmuração e contínuas decepções. É aprender a pensar menos em nós e mais em tornar outros felizes que nos trará força divina. T3 477 1 Em nossa separação de Deus, nosso orgulho, nossas trevas, procuramos constantemente elevar-nos, e esquecemos de que a humildade de espírito é poder. O poder de nosso Salvador não residia em uma vigorosa seqüência de palavras incisivas, que penetrassem no próprio coração; era Sua brandura e as maneiras simples e despretensiosas que O tornavam um conquistador de corações. O orgulho e a pretensão, quando comparados com a mansidão e a humildade, na verdade não passam de fraqueza. Somos convidados a aprender dAquele que é "manso e humilde de coração" (Mateus 11:29); assim, experimentaremos aquele descanso e paz tão desejados. ------------------------Capítulo 41 -- O amor do mundo T3 477 2 A tentação apresentada por Satanás a nosso Salvador no cimo da elevada montanha é uma das mais poderosas que a humanidade tem de enfrentar. A Cristo foram oferecidos por Satanás os reinos deste mundo com sua glória, sob a condição de que lhe desse a honra devida a um superior. Nosso Salvador sentiu a força dessa tentação; enfrentou-a, porém, em nosso favor, e saiu vitorioso. Ele não teria sido testado nesse ponto se o ser humano não tivesse de ser provado pela mesma tentação. Em Sua resistência, deu-nos o exemplo do caminho que devemos seguir quando o inimigo nos ataca individualmente, a fim de desviar-nos da integridade. T3 477 3 Homem algum pode ser seguidor de Cristo e pôr ainda nas coisas deste mundo as afeições. Em sua primeira epístola, João escreve: "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele." 1 João 2:15. Nosso Redentor, que enfrentou esta tentação de Satanás em toda a sua força, conhece o perigo em que está o homem de ceder à tentação de amar o mundo. T3 477 4 Cristo identificou-Se com a humanidade suportando a prova nesse ponto, e vencendo em favor do homem. Com advertências protegeu Ele os próprios pontos em que o inimigo seria mais bem-sucedido ao tentar a criatura. Sabia que Satanás obteria a vitória sobre o homem, a menos que este se guardasse especialmente no sentido do apetite e do amor às riquezas e honras mundanas. Diz Ele: "Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração." "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom." Mateus 6:19-21, 24. T3 478 1 Cristo nos apresenta aí dois senhores, Deus e o mundo, e mostra claramente que nos é simplesmente impossível servir a ambos. Se nosso interesse e amor pelo mundo predominam, não apreciamos as coisas que, acima de todas as outras, são dignas de nossa atenção. O amor do mundo excluirá o amor de Deus, fazendo com que nossos mais altos interesses sejam subordinados às considerações mundanas. Assim o Senhor não ocupa em nossa afeição e devoção o exaltado lugar tomado pelas coisas do mundo. T3 478 2 Nossas obras manifestarão a extensão exata ocupada pelos tesouros terrestres em nossas afeições. Devota-se o máximo cuidado, ansiedade e esforço aos interesses mundanos, ao passo que as considerações eternas têm lugar secundário. Nisto Satanás recebe dos homens aquela homenagem que reivindicou de Cristo, sem o conseguir. É o amor egoísta do mundo que corrompe a fé dos professos seguidores de Cristo, tornando-os fracos em força moral. Quanto mais amam suas riquezas terrenas, tanto mais longe se afastam de Deus, e tanto menos participam de Sua natureza divina, a qual lhes comunicaria a percepção das corruptoras influências do mundo e dos perigos a que se acham expostos. T3 479 3 Com suas tentações, Satanás tem o intuito de tornar o mundo muito atrativo. Por meio do amor às riquezas e honras mundanas, exerce um fascinante poder para atrair as afeições até do professo mundo cristão. Grande parte dos cristãos professos farão todo sacrifício para adquirir riquezas; e quanto mais bem-sucedidos forem nesse objetivo, menos será o amor que consagram à preciosa verdade, e menor o interesse por seu progresso. Perdem o amor a Deus, e procedem como loucos. Quanto mais prosperarem na aquisição das riquezas, tanto mais pobres se sentirão por não terem mais, e menos empregarão na causa de Deus. T3 479 1 As obras desses homens possuídos de insano amor às riquezas mostram que não lhes é possível servir a dois senhores, Deus e Mamom. O dinheiro, eis seu deus. Ao poder do mesmo rendem eles homenagem. Para todos os efeitos, servem o mundo. Sua honra, que lhes é o direito de primogenitura, é sacrificada pelo ganho deste mundo. Esse poder dominante lhes controla a mente, e transgredirão a lei de Deus a fim de servir aos interesses pessoais e aumentar o tesouro terrestre. T3 479 2 Muitos podem professar a religião de Cristo, sem amar nem dar ouvidos à letra ou aos princípios de Seus ensinos. Dão o melhor de suas energias aos empreendimentos mundanos, curvando-se diante de Mamom. É alarmante ver tantos iludidos por Satanás, tendo a imaginação estimulada por suas brilhantes perspectivas de lucro mundano. São absorvidos pela perspectiva de felicidade perfeita se conseguirem seu objetivo de adquirirem honras e fortuna neste mundo. Satanás os tenta com o fascinante engano: "Tudo isto te darei" (Mateus 4:9), todo esse poder, toda essa riqueza, com a qual podes fazer grande soma de bem. Uma vez alcançado seu objetivo, no entanto, não têm comunhão com o abnegado Redentor que os tornaria participantes da natureza divina. Apegam-se a seus tesouros terrestres, e desprezam a abnegação e o sacrifício exigidos por Cristo. Não têm nenhum desejo de separar-se dos queridos tesouros terrestres em que puseram o coração. Mudaram de senhor; aceitaram Mamom em lugar de Cristo. Mamom é seu deus, e a Mamom servem. T3 479 3 Satanás conseguiu para si a adoração desses corações iludidos por meio do amor das riquezas. Tão imperceptível foi a mudança, e tão enganoso é o poder satânico, tão astuto, que se acham conformados com o mundo e não percebem haverem-se separado de Cristo, não sendo mais servos Seus exceto no nome. T3 480 1 Satanás trata com os homens mais cautelosamente do que o fez com Cristo no deserto da tentação, pois está apercebido por haver ali perdido a causa. É um inimigo vencido. Não vem ao homem diretamente, exigindo homenagem mediante um culto exterior. Pede-lhes simplesmente que se afeiçoem às boas coisas do mundo. Se for bem sucedido em atrair-lhes assim mente e afeições, as atrações celestes ficam eclipsadas. Tudo quanto ele quer dos homens é que lhe caiam sob o enganoso poder das tentações, para amarem o mundo, amarem a dignidade e a posição, amarem o dinheiro e afeiçoarem-se aos tesouros deste mundo. Isto feito, consegue tudo quanto pretendera de Cristo. T3 480 2 O exemplo de Cristo nos mostra que nossa única esperança de vitória se acha na contínua resistência aos ataques de Satanás. Aquele que triunfou sobre o adversário das almas no conflito contra a tentação compreende o poder de Satanás sobre a humanidade, e derrotou-o em nosso favor. Como vencedor, deu-nos o benefício de Sua vitória, para que em nossos esforços para resistir às tentações de Satanás unamos nossa fraqueza à Sua força, nossa indignidade a Seus méritos. E, amparados em meio da forte tentação por Sua infalível força, é-nos dado resistir em Seu todo-poderoso nome e vencer como Ele venceu. T3 480 3 Foi mediante inexprimível sofrimento que nosso Redentor nos pôs ao alcance a redenção. Neste mundo Ele foi ignorado e desonrado, para que, por meio de Sua maravilhosa condescendência e humilhação, pudesse exaltar o homem para receber as honras celestiais e as alegrias eternas em Seu reino. Murmurará o homem caído porque o Céu só pode ser alcançado por meio de conflito, humilhação e fadiga? T3 480 4 A indagação de muito coração orgulhoso é: Por que preciso andar em humilhação e penitência antes de poder ter a certeza de minha aceitação por Deus, e alcançar a recompensa eterna? Por que não é mais fácil o caminho para o Céu, mais agradável e atrativo? Remetemos todos esses duvidosos e murmuradores a nosso grande Exemplo, a sofrer sob o fardo da culpa do homem, e padecendo as mais vivas angústias da fome. Era inocente e, mais que isto, era o Príncipe do Céu; mas em favor do homem fez-Se pecado por ele. "Foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e, pelas Suas pisaduras, fomos sarados." Isaías 53:5. T3 481 1 Cristo sacrificou tudo pelo homem, a fim de tornar-lhe possível conseguir o Céu. Cabe agora ao homem caído mostrar o que sacrificará de sua parte por amor de Cristo, de modo a ganhar a glória imortal. Os que têm um justo senso da magnitude da salvação e de seu custo jamais murmurarão por terem de semear em lágrimas, e que abnegação e lutas são a sorte do cristão nesta vida. As condições de salvação para o ser humano são ordenadas por Deus. A humilhação do próprio eu e o levar a cruz, eis as providências tomadas para que o pecador arrependido venha a encontrar conforto e paz. O pensamento de que Jesus Se submeteu a humilhação e sacrifício que o homem jamais será chamado a sofrer deve silenciar toda murmuração. A mais doce alegria sobrevém ao ser humano mediante sincero arrependimento para com Deus pela transgressão de Sua lei e fé em Cristo como Redentor e Advogado do pecador. T3 481 2 Com grande custo trabalham os homens a fim de garantir os tesouros desta vida. Sofrem labuta e suportam dificuldades e privações para obterem alguma vantagem mundana. Por que seria o pecador menos voluntário para sofrer, resistir e sacrificar no intuito de adquirir um tesouro imperecível, uma vida que se prolonga ao lado da existência de Deus, uma coroa de glória perene, imperecível? Os infinitos tesouros do Céu, a herança que ultrapassa em valor a toda avaliação e é um eterno peso de glória, precisam ser alcançados por nós custe o que custar. Não nos devemos queixar por ser preciso abnegação; pois o Senhor da vida e da glória a exerceu primeiro. Não evitemos os sofrimentos, pois a Majestade do Céu os aceitou em benefício dos pecadores. O sacrifício da comodidade e da conveniência não deve suscitar pensamento de murmuração, uma vez que o Redentor do mundo tudo isso aceitou em nosso favor. Fazendo a mais elevada estimativa de toda nossa abnegação, privações e sacrifícios, isto nos custa, em todos os sentidos, incomparavelmente menos do que custou ao Príncipe da vida. Qualquer sacrifício que possamos fazer perde o significado quando comparado com o que Cristo fez por nós. ------------------------Capítulo 42 -- Presunção T3 482 1 Alguns há que têm espírito irrequieto, que eles classificam de coragem e bravura. Colocam-se desnecessariamente em cenas de perigo, expondo-se assim a tentações que seria preciso um milagre de Deus para delas saírem a salvo e incontaminados. A tentação de Satanás ao Salvador do mundo para que Se lançasse do pináculo do templo foi firmemente enfrentada e resistida. Satanás citou uma promessa de Deus como garantia de que Cristo poderia fazer isso a salvo, no poder daquela promessa. Cristo enfrentou essa tentação com a própria Escritura: "Está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus." Mateus 4:7. O único meio seguro para os cristãos é repelir o inimigo com a Palavra de Deus. Satanás instiga os homens a irem a lugares aonde Deus não requer que vão, e apresenta as Escrituras para justificar as próprias sugestões. T3 482 2 As preciosas promessas de Deus não são dadas para apoiar os seres humanos em uma conduta presunçosa, ou para que eles nelas confiem quando desnecessariamente se precipitam no perigo. O Senhor exige que procedamos com humilde confiança em Sua providência. "Não é... do homem que caminha, o dirigir os seus passos." Jeremias 10:23. Em Deus está nossa prosperidade e nossa vida. Coisa alguma se pode fazer prosperamente sem a permissão e a bênção de Deus. Ele pode pôr a mão para prosperar e abençoar, ou voltá-la contra nós. "Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nEle, e Ele tudo fará." Salmos 37:5. Exige-se de nós, como filhos de Deus, que mantenhamos coerente caráter cristão. Cumpre-nos exercer prudência, cautela e humildade, e agir cautelosamente para com os que estão de fora. Todavia, não devemos, em caso algum, transigir com princípios. T3 482 3 Nossa única segurança é não dar lugar ao diabo; pois suas sugestões e intuitos são sempre para nos prejudicar e impedir-nos de nos firmar em Deus. Transforma-se em anjo de pureza a fim de poder, por meio de enganadoras tentações, introduzir por tal maneira seus artifícios que os não percebamos. Quanto mais cedermos, tanto mais fortes serão seus enganos sobre nós. Não é seguro entrar em debate ou negociar com ele. Pois se lhe dermos qualquer vantagem, exigirá mais. Nossa única segurança é repelir firmemente sua primeira tentativa para nos levar à presunção. Mediante os méritos de Cristo, o Senhor nos deu suficiente graça para resistir a Satanás, e ser mais que vencedores. Resistência é êxito. "Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós." Tiago 4:7. A resistência deve ser firme e resoluta. Perdemos tudo quanto ganhamos se resistimos hoje e cedemos amanhã. T3 483 1 O pecado deste século é a desconsideração para com as expressas ordens de Deus. Muito grande é o poder de influência na direção errada. Eva tinha tudo quanto lhe era necessário. Coisa alguma faltava para torná-la feliz; o apetite intemperante, porém, desejou o fruto da única árvore proibida por Deus. Ela não tinha necessidade alguma do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, mas permitiu que o apetite e a curiosidade lhe dominassem a razão. Estava perfeitamente feliz no Éden, ao lado do esposo; como as desassossegadas Evas modernas, no entanto, lisonjeou-se de haver uma esfera mais elevada do que a que o Senhor lhe designara. Tentando alçar-se acima de sua posição original, caiu muito abaixo dela. Isto será seguramente o resultado quanto às Evas de nossos dias, caso deixem de empreender satisfeitas os deveres de sua vida diária segundo o plano de Deus. T3 483 2 Há para a mulher uma obra mais importante ainda e mais enobrecedora que os deveres do rei em seu trono. Cabe-lhes moldar o espírito de seus filhos e afeiçoar-lhes o caráter, de modo que venham a ser úteis neste mundo e a tornarem-se filhos e filhas de Deus. Seu tempo deve ser considerado demasiado precioso para ser gasto na sala de baile ou em desnecessária ocupação. Há suficiente trabalho necessário e importante neste mundo cheio de carência e sofrimentos, sem que se gastem preciosos momentos para ornamentação ou ostentações. As filhas do celeste Rei, os membros da família real, sentirão o peso da responsabilidade quanto a atingirem vida mais elevada, para que sejam postas em mais íntima comunhão com o Céu e trabalhem em uníssono com o Redentor do mundo. Os que se acham empenhados nessa obra não se satisfarão com as modas e tolices que absorvem a mente e as afeições das mulheres nestes últimos dias. Caso sejam realmente filhas de Deus, serão participantes da natureza divina. Serão movidas pela mais profunda piedade, como o foi seu divino Redentor, ao contemplarem as corruptoras influências existentes na sociedade. Compartilharão dos sentimentos de Cristo e, em sua esfera, segundo as aptidões e oportunidades de que dispuserem, trabalharão para salvar as almas que perecem, da mesma maneira que Cristo, em Sua elevada esfera, trabalhou em benefício do homem. T3 484 1 A negligência por parte da mulher em seguir o plano de Deus ao criá-la, o esforço de alcançar importantes posições para as quais não se habilitou, deixa vago o lugar que ela podia preencher de maneira aceitável. Saindo de sua esfera, perde a verdadeira dignidade e nobreza feminis. Ao criar Eva, Deus pretendia que ela não fosse nem inferior nem superior ao homem, mas em todas as coisas lhe fosse igual. O santo par não devia ter nenhum interesse independente um do outro; e não obstante cada um possuía individualidade de pensamento e de ação. Depois do pecado de Eva, porém, como ela houvesse sido a primeira na transgressão, o Senhor lhe disse que Adão teria domínio sobre ela. Devia ser sujeita a seu marido, o que constituía parte da maldição. Em muitos casos, essa maldição tem tornado a sorte da mulher demasiado dolorosa, fazendo de sua vida um fardo. O homem tem abusado em muitos aspectos da superioridade que Deus lhe deu, exercendo poder arbitrário. A sabedoria infinita idealizou o plano da redenção, pelo qual a humanidade tem segundo tempo de graça mediante outra prova. T3 484 2 Satanás se serve dos homens como instrumentos para levar à presunção aqueles que amam a Deus; isto se verifica especialmente quanto aos que são iludidos pelo espiritualismo. Os espiritualistas, em geral, não aceitam Cristo como o Filho de Deus, e por sua infidelidade induzem muitas pessoas a pecados de presunção. Pretendem mesmo superioridade sobre Cristo, como fez Satanás ao contender com o Príncipe da vida. Espiritualistas cujo coração se acha entenebrecido por pecados de caráter revoltante e cuja consciência está cauterizada ousam tomar nos lábios poluídos o imaculado nome do Filho de Deus, e unem de maneira blasfema Seu tão excelso nome com a vileza que lhes assinala a própria natureza corrompida. T3 485 1 Homens que introduzem essas detestáveis heresias desafiarão aqueles que ensinam a Palavra de Deus a entrarem em debate com eles, e alguns dos que ensinam a verdade não têm tido coragem de resistir a um desafio dessa classe constituída por elementos mencionados na Palavra de Deus. Alguns de nossos pastores não têm tido a coragem moral de dizer a esses homens: Deus nos advertiu em Sua Palavra a seu respeito. Deu-nos fiel descrição de seu caráter e das heresias que defendem. Alguns de nossos pastores, para não dar a essa classe ocasião de triunfar ou de acusá-los de covardia, enfrentaram-nos em franco debate. Ao discutir com espiritualistas, porém, não se defrontam meramente com seres humanos, mas com Satanás e seus anjos. Põem-se em comunicação com os poderes das trevas, e animam os anjos maus que os rodeiam. T3 485 2 Os espiritualistas desejam dar publicidade a suas heresias; e os pastores que defendem a verdade bíblica os ajudam a fazer isso quando consentem em empenhar-se em debate com eles. Estes aproveitam as oportunidades para expor suas heresias diante do povo e, em cada debate com eles, alguns serão enganados. O melhor caminho a seguirmos a seu respeito é evitá-los. ------------------------Capítulo 43 -- O poder do apetite T3 485 3 Uma das mais vigorosas tentações que o homem tem de enfrentar é quanto ao apetite. Existe entre a mente e o corpo misteriosa e admirável relação. Um reage sobre o outro. Conservar o corpo em condição saudável a fim de desenvolver-lhe a resistência, para que cada parte do organismo funcione harmoniosamente, eis o que deve constituir o primeiro estudo em nossa vida. Negligenciar o corpo é negligenciar a mente. Não pode ser para glória de Deus terem Seus filhos corpo enfermo ou mente atrofiada. Condescender com o paladar à custa da saúde é ímpio abuso dos sentidos. Os que cometem qualquer espécie de intemperança, seja no comer ou no beber, desperdiçam as energias físicas e enfraquecem a força moral. Esses experimentarão a retribuição que acompanha a transgressão da lei física. T3 486 1 O Redentor do mundo sabia que a condescendência com o apetite traria debilidade física, enfraquecendo órgãos perceptivos de maneira que as coisas sagradas e eternas não fossem discernidas. Cristo sabia que o mundo estava entregue à glutonaria, e que isto perverteria as faculdades morais. Se a condescendência com o apetite era tão forte sobre a humanidade que, para quebrar-lhe o poder, foi exigido do divino Filho de Deus que jejuasse por cerca de seis semanas, em favor do homem, que obra se acha diante do cristão a fim de ele poder vencer da maneira como Cristo venceu! A força da tentação para satisfazer o apetite pervertido só pode ser avaliada em face da inexprimível agonia de Cristo naquele prolongado jejum no deserto. T3 486 2 Cristo sabia que, para com êxito levar avante o plano da salvação, precisava começar a obra redentora do homem exatamente onde começara a ruína. Adão caiu pela condescendência com o apetite. Para que no homem ficassem gravadas suas obrigações quanto a obedecer à lei de Deus, Cristo começou Sua obra de redenção reformando os hábitos físicos do próprio homem. O declínio da virtude e a degeneração do ser humano são principalmente atribuíveis à satisfação do apetite pervertido. T3 486 3 Pesa sobre todos, em especial sobre os pastores que ensinam a verdade, solene responsabilidade de vencerem o apetite. Muito maior seria sua utilidade caso controlassem os apetites e paixões; e mais vigorosas seriam suas faculdades mentais e morais se aliassem o trabalho físico ao exercício mental. Tendo hábitos estritamente temperantes, e com a combinação do trabalho muscular e da mente, poderiam realizar soma incomparavelmente maior de trabalho e preservar a clareza mental. Seguissem eles esse caminho, seus pensamentos e palavras fluiriam mais livremente, haveria mais energia em seus exercícios religiosos, e mais assinaladas seriam as impressões causadas por eles em seus ouvintes. T3 487 1 A intemperança no comer, mesmo da comida saudável, exercerá debilitante influência sobre o organismo, embotando as mais vivas e santas emoções. É essencial a estrita temperança em comer e beber, tanto para a conservação da saúde como para o vigoroso funcionamento de todo o organismo. Hábitos de estrita temperança aliados com o exercício muscular e mental preservarão o vigor físico e mental, e comunicarão poder de resistência aos que se empenham no ministério, aos redatores e a todos cujos hábitos são sedentários. Com toda a nossa profissão de reforma de saúde, nós, como povo, comemos muito. A condescendência com o apetite é a maior causa de debilidade física e mental, e está na base da fraqueza que se nota por toda parte. T3 487 2 A intemperança começa à nossa mesa, no uso de alimentos inadequados. Depois de algum tempo, devido à continuada condescendência com o apetite, os órgãos digestivos se enfraquecem, e o alimento ingerido não satisfaz. Estabelece-se um estado doentio, experimentando-se intenso desejo de ingerir comida mais estimulante. O chá, o café e os alimentos cárneos produzem efeito imediato. Sob a influência desses venenos, o sistema nervoso fica agitado e, em certos casos, momentaneamente, o intelecto parece revigorado e a imaginação mais viva. Como esses estimulantes produzem no momento resultados tão agradáveis, muitos chegam à conclusão de que realmente deles necessitam, e continuam a usá-los. Há sempre, porém, uma reação. O sistema nervoso, havendo sido indevidamente estimulado, tomou emprestado para o uso presente energias reservadas para o futuro. Todo esse temporário fortalecimento do organismo é seguido de depressão. Proporcional a esse passageiro aumento de forças do organismo será a depressão dos órgãos assim estimulados, após haver cessado seu efeito. O apetite é educado a desejar intensamente algo mais forte, que tenda a manter e acrescentar a aprazível excitação, até que a condescendência se torne um hábito, havendo contínuo e intenso desejo de mais forte estímulo, como o fumo, vinhos e outras bebidas alcoólicas. Quanto mais se satisfizer ao apetite, tanto mais freqüente será sua exigência, e mais difícil de o controlar. Quanto mais enfraquecido se tornar o organismo, e menos capaz se tornar de passar sem estimulantes artificiais, tanto mais aumenta a paixão por eles, até que a vontade é levada de vencida, e parece impossível a resistência ao desejo anormal desses estimulantes. T3 488 1 O único caminho seguro é não tocar, não provar e não manusear o chá, o café, vinhos, o fumo, o ópio e as bebidas alcoólicas. A necessidade de os homens desta geração chamarem em seu auxílio a força de vontade fortalecida pela graça de Deus, a fim de resistir às tentações de Satanás, e vencer a mínima condescendência com o apetite pervertido, é duas vezes maior que a de algumas gerações passadas. Mas a geração atual tem menos poder de domínio próprio do que os que viviam então. Os que têm condescendido com o apetite quanto a esses estimulantes transmitiram aos filhos os depravados apetites e paixões, e maior força moral é exigida desses filhos para resistir a toda sorte de intemperança. O único procedimento perfeitamente seguro é ficar firme ao lado da temperança, e não se arriscar no caminho do perigo. T3 488 2 O grande objetivo por que Cristo suportou aquele longo jejum no deserto foi ensinar-nos a necessidade da abnegação e da temperança. Essa obra deve começar à nossa mesa, e ser estritamente efetuada em todos os aspectos da vida. O Redentor do mundo veio do Céu para ajudar o ser humano em sua fraqueza para que, no poder que Jesus lhe veio trazer, ele se torne forte para vencer o apetite e a paixão, fazendo-se vitorioso em todos os pontos. T3 488 3 Muitos pais educam o paladar de seus filhos e lhes desenvolvem os apetites. Servem-lhes carnes, chá e café. Os alimentos cárneos muito condimentados e o chá e o café que algumas mães animam os filhos a ingerirem preparam o caminho para eles ansiarem por estimulantes mais fortes como o fumo. O uso do fumo incita o desejo das bebidas alcoólicas; e o uso de ambos diminui invariavelmente a força nervosa. T3 489 1 Caso as sensibilidades morais dos cristãos se despertassem no sentido da temperança em todas as coisas, eles poderiam por seu exemplo começar à mesa a ajudar os que são fracos no domínio de si mesmos, quase impotentes para resistirem aos anseios do apetite. Se pudéssemos compreender que os hábitos que formamos nesta vida afetarão nossos interesses eternos, que nosso destino perpétuo depende de hábitos de estrita temperança, esforçar-nos-íamos no sentido de formá-los no comer e no beber. Por nosso exemplo e esforço pessoal, podemos servir de instrumentos para salvar muitas almas da degradação da intemperança, do crime e da morte. Nossas irmãs podem fazer muito na grande obra da salvação de outros com o apresentar mesas providas só de alimentos saudáveis e nutritivos. Podem empregar o precioso tempo de que dispõem em educar o gosto e o apetite de seus filhos, formando neles hábitos de temperança em todas as coisas, incentivando ao mesmo tempo a abnegação e a beneficência em favor de outros. T3 489 2 Não obstante o exemplo que Cristo nos deu no deserto da tentação, refreando o apetite e vencendo-lhe o poder, muitas mães cristãs existem que, por seu exemplo e pela educação que dão aos filhos, elas os estão preparando para serem comilões e bebedores de vinho. Permite-se freqüentemente que as crianças comam o que lhes apetece e quando lhes apetece, sem atenção para com a saúde. Muitos filhos são educados como glutões desde a primeira infância. Em resultado disso tornam-se dispépticos bem cedo na vida. A condescendência e a intemperança no comer crescem com eles, e fortalecem-se à medida que eles se fortalecem. Pela condescendência dos pais, o vigor físico e o mental são sacrificados. Formam-se gostos para com certos alimentos que não lhes são benéficos, antes prejudiciais; e ficando o organismo sobrecarregado, a constituição se debilita. T3 489 3 Os pastores, professores e alunos não reconhecem como devem a necessidade de exercício físico ao ar livre. Negligenciam esse dever por demais essencial para a conservação da saúde. Aplicam-se profundamente aos livros, e comem a quantidade própria para um trabalhador. Com tais hábitos, alguns se tornam corpulentos, porque o organismo está sobrecarregado. Outros, ao contrário, emagrecem, ficam fracos, pois suas energias vitais se esgotam no esforço de eliminar o excesso do que é ingerido; o fígado fica sobrecarregado e incapaz de eliminar as impurezas do sangue, vindo em resultado a doença. Caso o exercício físico fosse combinado com o esforço mental, o sangue seria estimulado na circulação, mais perfeito seria o trabalho do coração e eliminadas as toxinas, experimentando-se nova vida e vigor em cada parte do corpo. T3 490 1 Quando a mente dos pastores, professores e alunos é continuamente estimulada pelo estudo, deixando-se o corpo entorpecido, sobrecarregam-se os nervos emotivos, ao passo que os dos movimentos ficam em inatividade. Ficando toda a atividade sobre os órgãos mentais, estes são exercitados em excesso e debilitam-se, ao passo que os músculos perdem o vigor por falta de uso. Não há inclinação para exercitar os músculos mediante o esforço físico, pois este parece enfadonho. T3 490 2 Ministros de Cristo, que professam ser representantes Seus, devem seguir-Lhe o exemplo e, acima de todos os outros, formar hábitos de estrita temperança. Cumpre-lhes manter a vida e o exemplo de Cristo diante do povo por meio de sua vida de abnegação, sacrifício e ativa beneficência. Cristo venceu o apetite em favor do homem; e em lugar dEle devem os pastores por sua vez apresentar aos outros um exemplo digno de imitação. Os que não sentem a necessidade de empenhar-se na obra de vencer o apetite deixarão de alcançar preciosas vitórias que poderiam obter, e se tornarão escravos do apetite e da concupiscência, os quais estão enchendo o cálice de iniqüidade dos que habitam na Terra. T3 490 3 Os homens empenhados em anunciar a última mensagem de advertência ao mundo, mensagem que deve decidir o destino das pessoas, devem aplicar na própria vida as verdades que pregam aos outros. Devem constituir um exemplo para o povo no comer e beber, em sua conversação e conduta puras. A glutonaria, a condescendência com as paixões inferiores e ofensivos pecados são ocultos por muitos professos representantes de Cristo no mundo sob as vestes da santidade. Há homens de excelentes aptidões naturais que não realizam em seu trabalho metade do que poderiam, caso fossem temperantes em todas as coisas. A condescendência com o apetite e a paixão obscurece a mente, diminui a resistência física e enfraquece a força moral. Não são claros os pensamentos dos que assim procedem. Suas palavras não são proferidas com poder, falta-lhes a vitalidade do Espírito de Deus para alcançarem o coração dos ouvintes. T3 491 1 Como nossos primeiros pais perderam o Éden em conseqüência do apetite, nossa única esperança de o reconquistar é por meio da firme negação do apetite e da paixão. A abstinência no regime alimentar e o controle de todas as paixões preservarão o intelecto e darão vigor mental e moral, habilitando o homem a sujeitar todas as suas inclinações ao domínio das faculdades mais elevadas, e a discernir entre o certo e o errado, o sagrado e o comum. Todos quantos têm a verdadeira percepção do sacrifício feito por Cristo em deixar Seu lar no Céu para vir a este mundo a fim de, pela Sua vida, mostrar ao homem como resistir à tentação alegremente renunciarão ao próprio eu, preferindo ser participantes dos sofrimentos de Cristo. T3 491 2 "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria." Provérbios 9:10. Os que vencem como Cristo venceu precisam guardar-se continuamente contra as tentações de Satanás. O apetite e as paixões devem ser restringidos e postos em sujeição ao domínio de uma consciência esclarecida, para que o intelecto seja equilibrado, claras as faculdades de percepção, de maneira que as manobras do inimigo e seus ardis não sejam considerados como a providência de Deus. Muitos desejam a recompensa final e a vitória concedidas aos vencedores, mas não estão dispostos a suportar fadiga, privação e renúncia do próprio eu, como fez o Redentor. É unicamente por meio da obediência e de contínuo esforço que havemos de vencer como Cristo venceu. T3 491 3 A força dominante do apetite demonstrar-se-á a ruína de milhares, quando, se houvessem triunfado nesse ponto, teriam tido força moral para ganhar a vitória sobre qualquer outra tentação de Satanás. Os que são escravos do apetite, no entanto, deixarão de aperfeiçoar caráter cristão. A incessante transgressão do homem através de seis mil anos tem trazido em resultado doença, dor e morte. E, à medida que nos aproximamos do fim do tempo, a tentação do inimigo para ceder ao apetite será mais poderosa e difícil de vencer. ------------------------Capítulo 44 -- Liderança T3 492 1 Irmão A, sua experiência com referência à liderança há dois anos foi para seu benefício e lhe foi altamente essencial. Você tinha opiniões muito definidas e decisivas com relação à independência individual e ao direito de julgamento particular. Estas opiniões você leva ao extremo. Raciocina que precisa ter luz e evidência para si mesmo com referência a seu dever. T3 492 2 Foi-me mostrado que o julgamento de nenhum homem devia render-se ao julgamento de outro. Mas quando o julgamento da Associação Geral, que é a mais elevada autoridade que Deus tem sobre a Terra, é exercido, independência e julgamento particulares não devem ser mantidos, mas renunciados. Seu erro foi em manter persistentemente o julgamento individual de seu dever contra a voz da mais alta autoridade que o Senhor tem sobre a Terra. Depois de ter-se demorado, e depois da obra ter sido bastante prejudicada por sua demora, você veio a Battle Creek em resposta aos chamados repetidos e urgentes da Associação Geral. Você manteve firmemente que tinha feito bem em seguir a própria convicção do dever. Considerou uma virtude sua manter persistentemente sua posição de independência. Você não parecia ter percepção verdadeira do poder que Deus tinha dado à Sua igreja na voz da Associação Geral. Pensou que, ao responder ao chamado que a Associação Geral lhe fizera, estava se submetendo ao julgamento e à mente de um homem. Por conseguinte, manifestou independência, um espírito inflexível e voluntarioso, que era inteiramente errado. T3 493 1 Deus lhe deu uma experiência preciosa então, que lhe foi de valor e que grandemente aumentou seu êxito como ministro de Cristo. Sua vontade altiva e inflexível foi abrandada. Você experimentou uma conversão genuína. Isto levou à reflexão e à sua opinião sobre liderança. Seus princípios com relação à liderança são corretos, mas você não faz aplicação correta dos mesmos. Se deixasse que o poder na igreja, a voz e o julgamento da Associação Geral, tomasse o lugar que você deu a meu marido, nenhuma falta poderia então ser achada em sua posição. Mas você erra grandemente em dar à mente e ao julgamento de um homem a autoridade e a influência que Deus investiu em Sua igreja no julgamento e voz da Associação Geral. T3 493 2 Quando este poder que Deus colocou na igreja é atribuído a um homem, e ele é investido com a autoridade de ser julgamento para outras mentes, então a verdadeira ordem bíblica é alterada. Os esforços de Satanás sobre a mente de um tal homem será muito sutil e às vezes irresistível, porque através desta mente ele pensa que pode afetar muitos outros. Sua opinião sobre liderança está correta, se você der à mais alta autoridade organizada na igreja o que você deu a um homem. Nunca foi a intenção de Deus que Sua obra levasse o timbre da mente e do julgamento de um homem. T3 493 3 A grande razão por que os irmãos B e C são presentemente deficientes na experiência que deviam agora ter é o fato de que não têm tido confiança em si mesmos. Eles evitaram responsabilidades porque, assumindo-as, suas deficiências seriam trazidas à luz. Estavam bem dispostos em deixar meu marido liderar e levar responsabilidades, e permitiram que ele fosse mente e julgamento para eles. Estes irmãos são fracos quando deviam ser fortes. Não ousaram seguir seu julgamento próprio e independente, com receio de cometer erros e serem censurados por isto, ao passo que estavam dispostos a serem tentados e fazer meu marido responsável se pensassem que pudessem ver erros em sua conduta. Não levaram os fardos com ele. Eles têm se referido continuamente a meu marido, fazendo-o assumir responsabilidades que deviam ter partilhado com ele, até ficarem fracos naquelas qualificações em que deviam ser fortes. São fracos em força moral quando podiam ser gigantes, qualificados para serem colunas na causa de Deus. T3 494 1 Estes irmãos não têm confiança própria, ou confiança de que Deus de fato os guiará se seguirem a luz que Deus lhes deu. Nunca foi a intenção de Deus que homens fortes, independentes, de intelecto superior, se apegassem a outros em busca de apoio como a hera se apega ao carvalho. Todas as dificuldades, os reveses, os problemas e os desapontamentos que os servos de Deus enfrentarem no trabalho ativo somente os fortalecerão na formação de caráter correto. Fazendo uso das próprias forças mentais, os obstáculos que encontrarem demonstrar-se-ão bênçãos positivas. Ganharão músculos mentais e espirituais para serem usados em ocasiões importantes com os melhores resultados. Aprenderão autoconfiança e ganharão segurança em sua experiência de que Deus os está realmente guiando. Ao encontrarem perigos e terem verdadeira angústia de espírito, serão obrigados a meditar e sentir a necessidade de oração em seu esforço de avançar inteligentemente e trabalhar com êxito na causa de Deus; descobrirão que conflito e perplexidade evocam o exercício de fé e confiança em Deus, e aquela firmeza que desenvolve poder. Está constantemente surgindo a necessidade de novos métodos e recursos para enfrentar emergências. São postas em uso faculdades que jazeriam inativas não fossem estas necessidades prementes na obra de Deus. Isto provê uma experiência variada, de modo que não haverá emprego para homens de uma só idéia, nem para aqueles que não são totalmente desenvolvidos. T3 494 2 Homens de força e poder nesta causa que Deus usará para Sua glória são aqueles que foram contestados, contrariados e frustrados em seus planos. Os irmãos B e C podiam ter convertido seus fracassos em importantes vitórias; mas, em vez disto, eles se esquivaram das responsabilidades que os tornariam sujeitos a erros. Estes preciosos irmãos deixaram de obter aquela educação que é fortalecida pela experiência e que leitura, estudo e todas as vantagens obtidas de outras formas nunca proporcionarão. T3 495 1 Você, irmão A, tem tido força para levar algumas responsabilidades. Deus tem aceito seus trabalhos diligentes e abençoado seus esforços. Você tem cometido alguns erros, mas por causa de alguns fracassos não deve de modo algum julgar mal suas aptidões nem duvidar da força que pode achar em Deus. Não tem estado disposto e pronto a assumir responsabilidades. Você por natureza se inclina a evitá-las e a escolher uma atividade mais fácil, como escrever e exercitar a mente onde nenhum interesse especial e vital está envolvido. Comete um erro ao depender de meu marido para lhe dizer o que fazer. Este não é o trabalho que Deus deu a meu marido. Você deve procurar o que há para fazer e assumir as responsabilidades desagradáveis por si mesmo. Deus o abençoará se assim agir. Precisa desempenhar responsabilidades relacionadas com a obra de Deus segundo seu melhor critério. Mas deve ser cauteloso, para que seu critério não seja influenciado pelas opiniões de outros. Se é evidente que você cometeu erros, é seu privilégio transformar estes fracassos em vitórias evitando os mesmos no futuro. Recebendo instruções sobre o que fazer, você nunca obterá a experiência necessária para qualquer posição importante. T3 495 2 O mesmo é aplicável a todos os que ocupam as diferentes posições de confiança nos vários escritórios de Battle Creek. Eles não devem ser persuadidos, mimados e ajudados a todo momento, pois isto não capacitará homens para posições importantes. São obstáculos que fazem homens fortes. Não é ajuda, mas dificuldades, conflitos e reveses que fazem homens de fibra moral. Excesso de facilidade e o evitar responsabilidades têm feito covardes e anões daqueles que devem ser responsáveis homens de força moral e forte musculatura espiritual. Os homens que devem, em todas as emergências, ser fiéis como a agulha em indicar o pólo têm se tornado ineficientes por seus esforços para proteger-se da censura e por esquivar-se de responsabilidades, por temor de fracasso. Homens de gigantesco intelecto são bebês na disciplina, porque são covardes quanto a tomar sobre si e levar avante os encargos que devem assumir. Estão negligenciando o tornar-se eficientes. Confiaram por demasiado tempo em um homem que planejasse por eles e raciocinasse da maneira como eles mesmos são perfeitamente capazes de fazer, no interesse da causa de Deus. Deficiências mentais vêm ao nosso encontro por toda parte. T3 496 1 Homens que se satisfazem em deixar outros planejarem e raciocinarem em seu lugar não se acham plenamente amadurecidos. Se fossem deixados a planejar por si mesmos, mostrar-se-iam criteriosos, perspicazes. Mas quando se põem em contato com a causa de Deus, isto para eles é coisa completamente diversa; perdem essa faculdade quase por completo. Contentam-se com permanecer incompetentes e ineficientes, como se outros tivessem de fazer por eles o planejamento e boa parte do raciocínio. Há homens que se mostram completamente incapazes de abrir caminho para si mesmos. Terão de sempre apoiar-se em outros para que façam seu planejamento e seus estudos, como que lhes sendo a mente e o discernimento? Deus Se envergonha de semelhantes soldados. Ele não Se sente honrado com terem eles uma parte a desempenhar em Sua causa enquanto forem meras máquinas. T3 496 2 São necessários homens independentes, fervorosamente esforçados, não homens maleáveis como argila. Os que querem seu trabalho ao alcance das mãos, que pretendem determinada quantidade de serviço e salário fixo, e desejam experimentar um trabalho adequado sem o incômodo da adaptação ou treino, não são os homens que Deus chama para trabalhar em Sua causa. O homem que não saiba adaptar suas aptidões a quase qualquer lugar, se a necessidade exigir, não é homem para o tempo atual. Os homens que Deus deseja ligar a Sua causa não são vacilantes e sem fibra, sem músculos ou força moral de caráter. É só mediante continuado e perseverante esforço que os homens podem ser disciplinados para assumir uma parte na causa de Deus. Não devem esses homens desanimar se as circunstâncias e o ambiente forem os mais desfavoráveis. Não devem desistir de seu propósito como sendo completo fracasso, antes de se convencer, além de qualquer dúvida, de que não podem fazer muito para honra de Deus e benefício das almas. T3 496 3 Homens há que se lisonjeiam de que poderiam fazer algo de grande e bom se tão-somente as circunstâncias fossem outras, ao passo que não fazem uso das faculdades que já têm, trabalhando nos encargos que a providência lhes proveu. O homem pode criar suas circunstâncias, mas as circunstâncias nunca devem criar o homem. O homem deve aproveitar as circunstâncias como instrumentos seus para seu trabalho. Deve ele dominar as circunstâncias, mas jamais permitir que as circunstâncias o dominem. A independência individual e o poder individual são as qualidades agora necessárias. O caráter individual não precisa ser sacrificado, mas deve ser ajustado, cultivado, enobrecido. T3 497 1 Foi-me mostrado que é o dever de meu marido desfazer-se das responsabilidades que outros bem gostariam que ele levasse porque isto os livraria de muitas dificuldades. O raciocínio rápido e o claro discernimento de meu marido, obtidos mediante treino e exercício, o têm levado a assumir muitas responsabilidades que outros deviam ter assumido. T3 497 2 Irmão A, você é vagaroso demais. Deve cultivar qualidades opostas. A causa de Deus requer homens de golpe de vista, capazes de agir pronta e energicamente no momento oportuno. Se você espera para avaliar cada dificuldade e pesar cada perplexidade que encontrar, bem pouco haverá de realizar. Encontrará dificuldades e obstáculos a cada passo, e deve, com propósito firme, decidir vencê-los, ou do contrário será por eles vencido. T3 497 3 Vezes há em que vários meios e propósitos, métodos diversos de atuação quanto à obra de Deus, equilibram-se uniformemente na mente; é exatamente então que se faz mister o melhor critério. E se alguma coisa é feita para esse fim, deve ser feita no momento oportuno. A mais leve inclinação do peso na balança deve ser notada, decidindo imediatamente a questão. Muita demora fatiga os anjos. Ocasionalmente é até mais desculpável tomar uma decisão errada do que ficar sempre a vacilar, hesitando ora para uma direção, ora para outra. Maior perplexidade e desgraça resultam de hesitar e duvidar assim do que de agir às vezes muito apressadamente. T3 497 4 Tem-me sido mostrado que as mais assinaladas vitórias e as mais terríveis derrotas se têm decidido em minutos. Deus requer pronta ação. Demoras, dúvidas, hesitações e indecisão freqüentemente dão toda vantagem ao inimigo. Meu irmão, você precisa reformar-se. O fazer as coisas em tempo pode ser bom argumento em favor da verdade. Perdem-se freqüentemente vitórias devido a tardanças. Haverá crises nesta causa. A ação pronta e decisiva no momento oportuno conquistará gloriosos triunfos, ao passo que tardança e negligência resultarão em grandes fracassos e positiva desonra para Deus. Movimentos rápidos no momento crítico freqüentemente desarmam o inimigo, o qual fica decepcionado e vencido, pois esperava dispor de tempo para delinear planos e atuar mediante artifícios. T3 498 1 Deus deseja homens ligados à Sua obra em Battle Creek cujo discernimento seja pronto, cuja mente, quando necessário, atue como o relâmpago. Maior prontidão é positivamente necessária na hora do perigo. Cada plano pode estar bem delineado para dar resultados certos, e todavia uma demora bem pequena é capaz de fazer com que as coisas assumam aspecto inteiramente diverso, e os grandes objetivos que poderiam ter sido alcançados se perdem por falta de rápida previsão e de pronta decisão. T3 498 2 Muito se pode fazer no sentido de exercitar a mente para vencer a indolência. Há ocasiões em que se tornam necessárias cautela e grande deliberação; a precipitação seria loucura. Mas, mesmo nesses casos, muito se tem perdido por demasiada hesitação. Exige-se, até certo ponto, cautela; mas a hesitação e a prudência em determinadas ocasiões têm sido mais desastrosas do que teria sido um fracasso devido à precipitação. T3 498 3 Meu irmão, você precisa cultivar prontidão. Fora com sua maneira hesitante. Você é vagaroso e negligencia assumir o trabalho e realizá-lo. Você precisa deixar essa maneira acanhada de trabalhar, pois isso é errado. Quando a descrença toma conta de seu coração, seu trabalho é de qualidade tão hesitante, irresoluta e instável que você nada realiza e impede que outros o façam. Seu interesse limita-se a ver dificuldades e despertar dúvidas, mas você não tem interesse nem coragem para vencer as dificuldades ou dissipar as dúvidas. Em tais ocasiões você precisa entregar-se a Deus. Precisa de força de caráter e menos teimosia e obstinação. Esta morosidade, esta lerdeza de ação, é um dos maiores defeitos em seu caráter e prejudica sua utilidade. T3 499 1 Sua lentidão em decidir-se em relação à causa e obra de Deus é por vezes lamentável. Não é de modo algum necessária. Ação pronta e decidida pode obter grandes resultados. Você está geralmente disposto a trabalhar quando se sente inclinado, pronto para agir quando pode ver claramente o que há para ser feito; mas deixa de ser aquele benefício à causa que poderia ser se fosse pronto e resoluto no momento crítico, e vencesse o hábito de hesitação e demora que tem marcado seu caráter e grandemente retardado a obra de Deus. Este defeito, a menos que seja vencido, se demonstrará, em ocasiões de grandes crises, desastroso para a causa e fatal para a própria alma. Pontualidade e ação decidida no momento certo precisam ser adquiridas, pois você não possui estas qualidades. Nas guerras e batalhas das nações com freqüência se vence mais por boa tática em ação pronta do que em um encontro sério e mortal com o inimigo. T3 500 2 A habilidade de fazer negócios com rapidez, e ainda fazê-los bem é uma grande aquisição. Meu irmão, você tem realmente sentido que sua conduta cautelosa e hesitante era louvável, mais uma virtude do que uma falta. Mas, segundo aquilo que o Senhor me mostrou neste assunto, estes movimentos lerdos de sua parte têm grandemente impedido a obra de Deus e resultado em muitas coisas por fazer, as quais realmente deviam ter sido feitas com prontidão. Ser-lhe-á difícil agora fazer em seu caráter as modificações que Deus requer que você faça, porque lhe foi difícil ser pontual e rápido na ação na juventude. Quando o caráter está formado, os hábitos fixos, e as faculdades mentais e morais se tiverem firmado, é muito difícil desaprender hábitos errôneos, ser rápido na ação. Você deve reconhecer o valor do tempo. Não pode ser desculpado por deixar o importantíssimo, embora desagradável trabalho, com a esperança de livrar-se dele completamente, ou pensando que se tornará menos desagradável, enquanto você ocupa o tempo com trabalhos agradáveis, que não exigem muito esforço. Você deve fazer primeiro o trabalho que tem de ser feito e que envolve os interesses vitais da causa, e assumir as atividades menos importantes depois de acabadas as mais necessárias. Pontualidade e decisão na obra e causa de Deus são muito necessárias. Atrasos são virtualmente derrotas. Os minutos são áureos e devem ser aproveitados da melhor maneira possível. Relações terrenas e interesses pessoais devem sempre ser secundários. Nunca deve a causa de Deus ser levada a sofrer em qualquer particularidade por causa de nosso amigos terrestres ou os mais queridos parentes. T3 500 1 "E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá enterrar meu pai. Mas Jesus lhe observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu, vai e anuncia o Reino de Deus. Disse também outro: Senhor, eu Te seguirei, mas deixa-me despedir primeiro dos que estão em minha casa. E Jesus lhe disse: Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus." Lucas 9:59-62. T3 500 2 Nenhum laço terreno, nenhuma consideração terrena, devia pesar um só momento na balança contra o dever à causa e obra de Deus. Jesus cortou Sua ligação com todas as coisas para salvar um mundo perdido, e Ele requer de nós consagração plena e total. Há sacrifícios a serem feitos pelos interesses da causa de Deus. O sacrifício do sentimento é o mais incisivo que é requerido de nós; mas afinal é um sacrifício pequeno. Você tem muitos amigos, e se os sentimentos são santificados, não precisa sentir que está fazendo um sacrifício muito grande. Você não deixa sua mulher entre pagãos. Não é chamado a palmilhar o deserto ardente da África, nem a enfrentar prisões e deparar-se com provas a cada passo. Seja cuidadoso ao apelar à sua compaixão e a permitir que sentimentos humanos e considerações pessoais se misturem com seus esforços e trabalhos pela causa de Deus. Ele requer serviço desinteressado e voluntário. Você deve prestar tal serviço e ainda cumprir com seus deveres para com sua família; mas considere isso uma questão secundária. T3 500 3 Meu marido e eu temos cometido erros ao consentir assumir responsabilidades que outros devem levar. No começo desta obra era necessário um homem para propor, executar com determinação e liderar, batalhando com o erro e superando obstáculos. Meu marido carregou o fardo mais pesado e enfrentou a oposição mais resoluta. Mas quando nos tornamos uma corporação plenamente organizada, e diversas pessoas foram escolhidas para atuar em posições de responsabilidade, então era tempo apropriado para meu marido deixar de atuar como um homem para suportar as responsabilidades e levar os fardos pesados. Este esforço cabia a mais de um. Nesse sentido é que seus irmãos erraram em insistir com ele, e ele mesmo errou em concordar, em suportar os fardos e responsabilidades que tinha levado sozinho durante anos. Ele devia ter deposto estes fardos há anos, os quais deviam ter sido divididos com outros homens escolhidos para atuar em lugar do povo. Agradaria a Satanás que a mente e o discernimento de um homem controlassem a mente e o discernimento daqueles que crêem na verdade presente. T3 501 1 Meu marido tem sido deixado freqüentemente quase que só para ver e sentir as necessidades da causa de Deus e para atuar prontamente. Seus irmãos dirigentes não eram deficientes em intelecto, mas necessitavam de uma mente disposta a ficar na posição que meu marido tinha ocupado. De modo incoerente, eles permitiram que um deficiente físico levasse os fardos e responsabilidades desta obra, os quais nenhum deles sozinho podia suportar com seus nervos fortes e músculos firmes. Por vezes, ele tem usado de evidente severidade e tem falado de modo a ofender. Quando viu outros que podiam partilhar seus fardos evitando responsabilidades, isto o magoou, e ele falou impulsivamente. Ele não foi posto nesta posição irrazoável pelo Senhor, mas por seus irmãos. Sua vida tem sido pouco melhor do que uma espécie de escravidão. As provas constantes, o cuidado exasperante e o trabalho mental exaustivo não foram apreciados por seus irmãos. Ele tem levado uma vida sem alegria, e aumentou sua infelicidade queixando-se de seus irmãos no ministério que negligenciaram fazer o que podiam ter feito. A natureza tem sido abusada repetidas vezes. Embora seus irmãos o culpassem de fazer tanto, eles não se ofereceram para assumir sua cota da responsabilidade, mas têm estado bem dispostos a fazê-lo responsável por tudo. Você se ofereceu nobremente para assumir responsabilidades quando não havia outros para assumi-las. Se seus irmãos no ministério tivessem cultivado disposição para erguer fardos que deviam ter levado, meu marido não teria visto e feito tanto trabalho que precisava ser feito e que ele pensava não dever ser negligenciado. T3 502 1 Deus não permitiu que a vida de meu marido terminasse ingloriamente. Ele o tem sustentado. Mas o homem que executa trabalho dobrado, que comprime o trabalho de dois anos em um, está queimando sua vela nas duas pontas. Há ainda um trabalho para meu marido fazer que ele devia ter feito há anos. Ele agora deve ter menos da luta, perplexidade e responsabilidade da vida e estar amadurecendo, suavizando e se elevando para sua última oportunidade. Deve agora poupar sua força. Não deve permitir que as responsabilidades da causa pesem tanto sobre ele, mas deve estar livre, onde os preconceitos e suspeitas de seus irmãos não perturbem sua paz. T3 502 2 Deus permitiu que a preciosa luz da verdade brilhasse sobre Sua Palavra e iluminasse a mente de meu marido. Ele pode refletir os raios de luz da presença de Jesus sobre outros, pregando e escrevendo. Mas enquanto servindo às mesas, cuidando de negócios com relação à causa, ele tem sido impedido, em grande medida, do privilégio de usar sua pena e de pregar ao povo. T3 502 3 Ele tem sentido que foi chamado por Deus para colocar-se na defesa da verdade, e para reprovar, às vezes severamente, aqueles que não estavam fazendo justiça à obra. A pressão dos cuidados e a aflição da enfermidade o têm lançado freqüentemente em desalento, e ele por vezes tem visto as coisas sob uma luz exagerada. Seus irmãos aproveitaram-se de suas palavras, e de sua maneira pronta, que tem estado em contraste marcante com o esforço tardio e acanhados planos de atuação deles. Eles têm atribuído a meu marido motivos e sentimentos que não lhe cabiam. O grande contraste entre eles e ele parecia um golfo; mas este podia ter sido facilmente transposto, se esses homens de intelecto pusessem seus interesses não divididos e o coração todo na obra de edificar e promover a preciosa causa de Deus. T3 503 1 Poderíamos exercer uma influência constante neste lugar, na direção da obra, que promoveria a prosperidade de nossas instituições. Mas a conduta de outros que não fazem o que poderiam, que estão sujeitos à tentação e que, se seu caminho é cruzado, censurariam nossos esforços mais sinceros para a prosperidade da causa de Deus, nos obriga a procurar um refúgio em outra parte onde poderemos trabalhar mais vantajosamente com menos perigo de sermos esmagados sob responsabilidades. T3 503 2 Deus nos tem dado bastante liberdade e poder com Seu povo em Battle Creek. Quando viemos a este lugar no verão passado, nosso trabalho começou seriamente, e continuou desde então. Perplexidades e dificuldades seguiram-se umas após outras, requerendo esforço exaustivo para endireitar as coisas. T3 503 3 Quando o Senhor mostrou que o irmão D poderia ser o homem para o lugar, se ele continuasse humilde e se apoiasse sobre Sua força, Ele não cometeu um erro grosseiro e escolheu o homem errado. Por algum tempo o irmão D tinha verdadeiro interesse e agia como um pai no Instituto de Saúde. Mas ele se exaltou e se tornou auto-suficiente. Seguiu uma conduta errada. Cedeu à tentação. As desculpas que os diretores deram para sua negligência do dever são inteiramente erradas. O fato de transferirem responsabilidades ao irmão e à irmã White está registrado contra eles. Eles simplesmente negligenciaram seu dever porque era desagradável. T3 503 4 Vi que ajuda era necessária na Costa do Pacífico. Mas não era a vontade de Deus que assumíssemos as responsabilidades e suportássemos as perplexidades que pertencem a outros. Podemos agir como conselheiros e ajudá-los com nossa influência e nosso discernimento. Podemos fazer muito se não formos induzidos a assumir o fardo e a suportar o peso que outros deviam levar, e que é importante que levem a fim de obter a experiência necessária. Temos assunto importante para escrever, do qual o povo grandemente necessita. Temos luz preciosa sobre verdades bíblicas que devíamos apresentar ao povo. T3 503 5 Foi-me mostrado que não era a intenção de Deus que meu marido assumisse as responsabilidades que tem levado durante os últimos cinco meses. Permitiu-se que o trabalho relacionado com a causa recaísse sobre ele. Isto tem causado perplexidade, fadiga e debilidade nervosa, que resultaram em desalento e depressão. Desde o começo da causa tem havido falta de ação harmoniosa da parte de seus irmãos. Seus irmãos no ministério apreciam a liberdade. Não têm assumido as responsabilidades que deviam, e deixaram de obter a experiência que podiam ter tido para capacitá-los a ocupar as posições de maior responsabilidade relativa aos interesses vitais da causa de Deus no tempo presente. Eles desculparam sua negligência em assumir responsabilidades com o pretexto de que poderiam ser censurados depois. T3 504 1 A religião que professamos é colorida por nossa disposição e temperamento naturais; por conseguinte é da mais alta importância que os pontos fracos em nosso caráter sejam fortalecidos pelo exercício e que os pontos fortes, mas desfavoráveis, sejam enfraquecidos ao trabalhar na direção contrária e fortalecer qualidades opostas. Mas alguns irmãos não fizeram o que podiam e deviam ter feito, o que poderia ter dado a meu marido encorajamento suficiente para ajudá-lo a continuar assumindo algumas responsabilidades à frente da obra. Seus colaboradores não atuaram independentemente, esperando de Deus luz e dever para si mesmos; não se valeram das aberturas de Sua providência nem se consultaram sobre planos de atuação e nem se uniram em seus planos e maneira de trabalho. T3 504 2 Desde que viemos para Michigan no último verão, o Senhor tem abençoado os trabalhos de meu marido. Ele tem sido sustentado de modo extraordinário para fazer um trabalho que necessitava ser feito. Se as pessoas associadas com ele tivessem estado atentas para ver e compreender as necessidades da causa de Deus na última reunião campal em Michigan, as muitas coisas inacabadas poderiam ter sido feitas. Houve falha em não enfrentar as necessidades da ocasião. Se o irmão A tivesse estado animado em Deus, andando na luz, pronto para ver o que havia a fazer, e executando o trabalho com rapidez, estaríamos agora meses mais adiantados em nossa obra, e há muito teríamos estado a trabalhar para estabelecer uma editora na Costa do Pacífico. Deus não pode ser glorificado quando caímos em desalento singular e então ficamos em estado lastimoso. A luz continua a brilhar, embora não reconheçamos sua bênção; mas se formos diligentes para nos aproximar da luz, e se avançarmos como se a luz brilhasse, logo sairemos da escuridão e descobriremos luz em toda nossa volta. T3 505 1 Em nossa última reunião campal, os anjos de Deus vieram de um modo especial com seu poder para iluminar, curar e abençoar tanto meu marido como o irmão Waggoner. Uma vitória preciosa foi aí ganha, a qual jamais devia perder sua influência. Foi-me mostrado que Deus, da maneira mais marcante, tinha dado a meu marido provas de Seu amor e cuidado, e também de Sua graça mantenedora. Ele contemplou seu zelo e devoção à Sua causa e obra. Isto devia sempre produzir humildade e gratidão da parte de meu marido. T3 505 2 Deus deseja homens de ação. Quer homens que, quando decisões importantes precisam ser tomadas, sejam fiéis como a agulha o é ao pólo; homens cujos interesses especiais e pessoais são concentrados, como o foram os do Salvador, no grande interesse geral pela salvação de almas. Satanás atua sobre a mente humana sempre que uma oportunidade lhe é dada para assim fazer; e se aproveita do tempo e do lugar mais apropriados onde pode fazer o máximo de serviço no seu interesse e o maior dano à causa de Deus. Negligenciar fazer o que podemos, e que Deus requer que façamos em Sua causa, é um pecado que não pode ser atenuado com desculpas de circunstâncias ou condições, pois Jesus fez provisão para todos em qualquer emergência. T3 505 3 Meu irmão, ao fazer o trabalho de Deus você será colocado numa variedade de circunstâncias que requererão presença de espírito e domínio próprio, mas que o qualificarão a adaptar-se às circunstâncias e peculiaridades da situação. Então pode agir desembaraçadamente. Você não deve subestimar sua habilidade de fazer sua parte nas várias exigências da vida prática. Onde está consciente de deficiências, trabalhe imediatamente para remediar estes defeitos. Não espere que outros vão suprir suas deficiências, enquanto você prossegue indiferentemente, como se fosse natural que sua disposição peculiar precisasse ficar sempre assim. Aplique-se seriamente para sanar estes defeitos, para que seja perfeito em Cristo Jesus, "sem faltar em coisa alguma". Tiago 1:4. T3 506 1 Se formar acerca de si mesmo uma opinião demasiado elevada, concluirá que seus trabalhos são de maior importância do que na verdade são, e pleiteará uma independência individual que chega aos limites da arrogância. Se for ao outro extremo e formar de si mesmo uma opinião demasiado baixa, sentir-se-á inferior e deixará uma impressão de inferioridade que muito limitará a influência que poderia exercer para o bem. Você deve evitar qualquer dos extremos. Não se deixe controlar pelo sentimento; nem devem as circunstâncias afetá-lo. Você pode formar um conceito correto de si mesmo -- conceito que se demonstrará uma salvaguarda contra ambos os extremos. Pode ter atitude dignificada sem vã autoconfiança; pode condescender e contemporizar sem sacrificar o respeito próprio ou a independência pessoal, e sua vida pode ser de grande influência junto aos de classe alta como os de condição social humilde. T3 506 2 Irmão A, seu perigo agora é de ser afetado por boatos. Seus trabalhos são decididamente práticos, rigorosos e incisivos. Você submete o povo a muito severas provas e exigências. Isto é necessário às vezes, mas seus esforços estão excessivamente assimilando esta característica, e perderão sua força a menos que sejam mais associados à doce e animadora graça do Espírito de Deus. Você permite que as palavras de seus parentes e de amigos especiais influenciem suas propostas e afetem suas decisões. Você lhes dá crédito muito facilmente e incorpora as opiniões deles a suas idéias e é muito freqüentemente levado ao erro. Você precisa se precaver. As famílias em _____ que têm um grau de parentesco muito próximo têm tido certa influência. Seu discernimento, seus sentimentos e suas opiniões os influenciam e, por sua vez, eles o influenciam; e uma forte corrente começará a fluir na direção errada a menos que você seja bastante humilde e inteiramente consagrado a Deus. Todos os elementos destes relacionamentos familiares são naturalmente independentes e conscienciosos e, a menos que sejam equilibrados e controlados pelo Espírito de Deus, se inclinam para extremos. Nunca, nunca seja influenciado por boatos. Nunca permita que sua conduta seja influenciada por seus parentes mais queridos. O tempo chegou quando a maior prudência precisa ser exercida em referência à causa e obra de Deus. É necessário discernimento para saber quando falar e quando guardar silêncio. Desejo de simpatia freqüentemente leva à grave imprudência de revelar os sentimentos a outros. Sua presença freqüentemente evoca simpatia quando seria melhor para você se não a recebesse. É importante que todos se familiarizem com a tendência da própria conduta diária, e com os motivos que inspiram suas ações. Precisam conhecer os motivos particulares que inspiraram ações específicas. Cada ato da vida deles é julgado não pela aparência exterior, mas pelo motivo que ditou a ação. T3 507 1 Todos devem vigiar os sentidos, do contrário Satanás alcançará vitória sobre eles; pois essas são as avenidas da alma. Podemos ser tão severos como quisermos em nos disciplinar, mas precisamos ser muito cautelosos para não empurrar almas ao desespero. Muitos sentem que o irmão White é severo demais ao falar de maneira decidida a indivíduos, reprovando o que julga estar errado com eles. Ele corre perigo de não ser tão cuidadoso em sua maneira de reprovar de modo a não dar oportunidade à reflexão; mas alguns dos que se queixam de sua maneira de reprovar usam a linguagem mais mordaz, ditatorial e condenatória, indiscriminada demais para ser usada para uma congregação, e sentem que aliviaram o ânimo e fizeram um bom trabalho. Mas os anjos de Deus nem sempre aprovam tal ação. Se o irmão White faz um indivíduo sentir que ele não está agindo corretamente, e que é muito severo para com esta pessoa e precisa ser ensinado a modificar suas maneiras, a abrandar seu espírito, quanto mais necessário para seus irmãos no ministério sentirem a incoerência de fazer uma grande congregação sofrer por causa de reprovações incisivas e denúncias fortes, quando os que são realmente inocentes precisam sofrer com os culpados. T3 507 2 É pior, muito pior, exprimir os sentimentos em uma grande reunião, desferindo dardos a torto e a direito, do que dirigir-se aos indivíduos que possam ter errado e reprová-los pessoalmente. A ofensa dessa fala severa, ultrajante, denunciadora, em uma grande assembléia, é de um caráter tanto mais grave aos olhos de Deus quanto maior é o número e mais geral a reprovação do que fazer uma censura pessoal, individual. É sempre mais fácil dar expressão aos sentimentos diante da congregação, por haver muitas pessoas presentes, do que ir aos culpados e frente a frente declarar-lhes franca, aberta e positivamente seu caminho errado. Introduzir na casa de Deus sentimentos violentos contra indivíduos, e fazer com que os inocentes sofram da mesma maneira que os culpados, é um modo de trabalhar que Deus não aprova e que prejudica em vez de beneficiar. Tem acontecido com muita freqüência que discursos críticos e denunciatórios têm sido dados a uma congregação. Estes não encorajam um espírito de amor nos irmãos. Não tendem a fazê-los espirituais e levá-los à santidade e ao Céu, mas um espírito de amargura é despertado nos corações. Estes sermões muito fortes que cortam uma pessoa em pedaços são às vezes positivamente necessários para despertar, alarmar e convencer. Mas a menos que tragam as marcas especiais de serem ditados pelo Espírito de Deus fazem muito mais dano do que bem. T3 508 1 Foi-me mostrado que a conduta de meu marido não tem sido perfeita. Ele errou algumas vezes em murmurar e em ministrar censura demasiado severa. Mas, pelo que tenho visto, ele não tem incorrido tão gravemente em falta a este respeito como muitos têm suposto e que eu às vezes receei. Jó não foi compreendido por seus amigos. Ele lhes remete suas censuras. Mostra-lhes que, se estão defendendo a Deus confessando sua fé nEle e sua percepção do pecado, ele tem um conhecimento mais profundo e cabal do pecado do que eles jamais tiveram. "Todos vós sois consoladores molestos", é a resposta que ele dá a suas críticas e censuras. "Falaria eu", disse Jó, "também como vós falais, se a vossa alma estivesse em lugar da minha alma? Ou amontoaria palavras contra vós e menearia contra vós a minha cabeça?" Mas ele declara que não o faria. Eu, diz ele, "vos fortaleceria com a minha boca, e a consolação dos meus lábios abrandaria a vossa dor". Jó 16:2, 4, 5. T3 509 1 Irmãos e irmãs que são bem intencionados, mas que têm concepções acanhadas e vêem somente o exterior, podem tentar ajudar em assuntos dos quais não possuem conhecimento real. Sua experiência limitada não pode sondar os sentimentos de uma pessoa que tem sido estimulada pelo Espírito de Deus, que sentiu até o mais profundo aquele amor e interesse sincero e inexprimível pela causa de Deus e pelas almas que eles nunca experimentaram, e que tem levado fardos na causa de Deus que eles nunca ergueram. T3 509 2 Alguns amigos míopes e de curta experiência não podem, com sua visão limitada, apreciar os sentimentos de alguém que tem estado em harmonia íntima com a alma de Cristo com relação à salvação de outros. Seus motivos são mal compreendidos e suas ações mal interpretadas por aqueles que seriam seus amigos, até que, como Jó, ele pronuncia a oração sincera: Salva-me de meus amigos. Deus assume o caso de Jó pessoalmente. Sua paciência tem sido severamente provada; mas, quando Deus fala, todos seus sentimentos banais são mudados. A justificação própria que ele julgou ser necessária para resistir à condenação de seus amigos não é necessária para com Deus. Ele nunca julga mal; Ele nunca erra. Diz o Senhor a Jó: "Agora cinge os teus lombos como homem." Jó 38:3. E Jó, logo que ouve a voz de Deus, seu coração se curva com o senso de sua pecaminosidade, e diz diante de Deus: "Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza." Jó 42:6. T3 509 3 Quando Deus falou, meu marido ouviu Sua voz; mas sofrer a condenação e observação de seus amigos que parecem não discernir tem sido uma grande prova. Quando seus irmãos tiverem estado sob as mesmas circunstâncias, e tiverem assumido as responsabilidades que ele assumiu com tão pouco encorajamento e ajuda que teve, então poderão compreender como sustentar, confortar e abençoar, sem torturar seus sentimentos por observações e censuras que ele não merece de forma alguma. ------------------------Capítulo 45 -- Apelos para recursos T3 510 1 Foi-me mostrado que tem havido resultados infelizes de fazer apelos urgentes para recursos em nossas reuniões campais. Esta questão tem sido levada longe demais. Muitas pessoas de recursos não teriam feito nada se seu coração não tivesse sido abrandado e enternecido sob a influência de testemunhos a elas dirigidos. Mas os pobres têm sido afetados profundamente e, na sinceridade de seu coração, prometeram recursos com coração voluntário, mas que eram incapazes de pagar. Na maior parte dos casos, apelos urgentes para recursos têm deixado uma impressão errada sobre algumas mentes. Alguns têm pensado que dinheiro era a preocupação de nossa mensagem. Muitos voltaram para seus lares abençoados porque tinham doado para a causa de Deus. Mas há melhores métodos de levantar fundos, por ofertas voluntárias, do que por apelos urgentes em nossas grandes reuniões. Se todos aceitarem o plano da doação sistemática, e se nossos obreiros no departamento missionário e de folhetos forem fiéis em sua área de atuação, a tesouraria estará bem suprida sem estes apelos urgentes em nossas grandes reuniões. T3 510 2 Mas tem havido grande negligência do dever. Muitos têm retido recursos que Deus reivindica como Seus, e assim fazendo têm cometido roubo contra Deus. Seu coração egoísta não deu o dízimo de todo seu lucro, o qual Deus reivindica. Nem têm eles vindo às reuniões anuais com suas ofertas voluntárias, suas ofertas de gratidão e suas ofertas pelo pecado. Muitos têm-se apresentado perante o Senhor de mãos vazias. "Roubará o homem a Deus? Todavia, vós Me roubais e dizeis: Em que Te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas. Com maldição sois amaldiçoados, porque Me roubais a Mim, vós, toda a nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na Minha casa, e depois fazei prova de Mim, diz o Senhor dos Exércitos, se Eu não vos abrir as janelas do Céu e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança." Malaquias 3:8-10. T3 510 3 O pecado pesará sobre nós como um povo se não fizermos os esforços mais sérios para descobrir aqueles que doaram para os vários projetos, mas que são pobres demais para dar alguma coisa. Tudo que eles, na liberalidade de seu coração, deram deve lhes ser devolvido com uma dádiva adicional para aliviar suas necessidades. O levantamento de dinheiro tem sido levado a extremos. Tem deixado má impressão em muitas mentes. Fazer apelos urgentes não é o melhor plano para levantar recursos. Tem havido indiferença para analisar os casos dos pobres e lhes fazer devolução, para que não sofram por causa de necessidades vitais. A negligência de nosso dever nesta questão, de nos familiarizar com as necessidades dos pobres e aliviar sua carência urgente devolvendo recursos que foram dados para promover a causa de Deus, seria uma negligência de nossa parte a nosso Salvador na pessoa de Seus santos. ------------------------Capítulo 46 -- Dever para com os desafortunados T3 511 1 Foram-me mostradas algumas coisas com referência a nosso dever para com os desafortunados, que sinto ser meu dever escrever agora. T3 511 2 Vi que é pela providência de Deus que viúvas e órfãos, cegos, surdos, coxos e pessoas atribuladas por diversos modos foram postos em íntima relação cristã com Sua igreja; é para provar Seu povo e desenvolver seu verdadeiro caráter. Os anjos de Deus estão observando para ver como tratamos essas pessoas necessitadas de nossa simpatia, amor e desinteressada generosidade. Esta é a maneira de Deus provar nosso caráter. Se possuímos a verdadeira religião da Bíblia, havemos de ver que temos para com Cristo um débito de amor, bondade e interesse, em favor de Seus irmãos. Não podemos fazer outra coisa senão manifestar nossa gratidão por Seu incomensurável amor para conosco enquanto éramos pecadores indignos de Sua graça, mantendo um profundo interesse e desprendido amor para com aqueles que são nossos irmãos, e menos afortunados que nós. T3 511 3 Os dois grandes princípios da lei de Deus são o supremo amor a Deus e amor altruísta ao próximo. Os primeiros quatro mandamentos e os últimos seis dependem desses dois princípios, ou deles provêm. Cristo explicou ao doutor da lei que seu próximo se encontrava na ilustração do homem que viajava de Jerusalém para Jericó e caiu entre ladrões, sendo roubado, espancado e deixado meio morto. O sacerdote e o levita viram o homem sofrendo, mas seu coração não correspondeu a suas necessidades. Evitaram-no, passando de largo. O samaritano passou por aquele caminho e, quando viu a necessidade de auxílio em que se achava o estranho, não perguntou se era parente, conterrâneo ou da mesma fé; mas pôs-se a trabalhar a fim de ajudar o sofredor, pois havia algo que devia ser feito. Aliviou-o da melhor maneira que pôde, pô-lo sobre a própria cavalgadura e levou-o a uma hospedaria, tomando providências para suas necessidades, por conta própria. Esse samaritano, disse Cristo, era o próximo daquele que caiu entre ladrões. O levita e o sacerdote representam, na igreja, uma classe que manifesta indiferença até para com os que precisam de sua simpatia e auxílio. Esta classe, malgrado sua posição na igreja, é transgressoras dos mandamentos. O samaritano representa uma classe de fiéis auxiliadores de Cristo, que Lhe imitam o exemplo em fazer o bem. T3 512 1 Os que têm pena dos desafortunados, dos cegos, aleijados, enfermos, viúvas, órfãos e necessitados, Cristo os representa como observadores dos mandamentos, que hão de ter vida eterna. Há em _____ uma grande falta de religião pessoal e de um senso de obrigação individual para sentir as misérias de outros e para trabalhar com bondade desinteressada pelo bem-estar dos desafortunados e aflitos. Alguns não têm experiência nestes deveres. Eles têm sido toda sua vida como o levita e o sacerdote, que passaram do outro lado. Há um trabalho para a igreja fazer, o qual, se for negligenciado, trará trevas sobre eles. A igreja como um todo e individualmente deve examinar fielmente seus motivos e comparar sua vida com a vida e ensinos do único Modelo correto. Cristo considera todos os atos de misericórdia, beneficência e atenciosa consideração para com os desafortunados, os cegos, os aleijados, os doentes, as viúvas e os órfãos como feitos a Ele mesmo; e essas obras são mantidas nos registros celestes e serão recompensadas. Por outro lado, será escrito no livro um registro contra os que manifestam a indiferença do sacerdote e do levita para com os desafortunados, e os que se prevalecem do infortúnio dos outros, aumentando-lhes o sofrimento a fim de egoistamente desfrutarem vantagens. Deus certamente retribuirá todo ato de injustiça e toda manifestação de descuidosa indiferença e negligência para com os sofredores de nosso meio. Todos serão finalmente recompensados de acordo com suas obras. T3 513 1 Foi-me mostrado com respeito ao irmão E que ele não foi tratado com justiça por seus irmãos. Os irmãos F, G e outros se conduziram para com ele de modo a desagradar a Deus. O irmão F não teve interesse especial no irmão E, a menos que julgasse que poderia tirar vantagem à custa dele. Foi-me mostrado que alguns consideravam o irmão E como sendo avarento e desonesto. Deus Se desagrada com tal julgamento. O irmão E não teria tido problema e teria tido recursos suficientes para se manter não fosse a conduta egoísta de seus irmãos que tinham vista e propriedades, e que trabalharam contra ele procurando converter suas habilidades para obter vantagem própria. Aqueles que tiram vantagem do esforço duro de um cego e procuram beneficiar-se com suas invenções cometem roubo e são virtualmente transgressores dos mandamentos. T3 513 2 Há alguns na igreja que professam estar guardando a lei de Jeová, mas que são transgressores daquela lei. Há pessoas que não discernem os próprios defeitos. Elas têm um espírito egoísta e mesquinho e fecham os olhos a seu pecado de cobiça, que a Bíblia define como idolatria. Pessoas desta espécie podem ter sido estimadas por seus irmãos como cristãos exemplares; mas os olhos de Deus lêem o coração e discernem os motivos. Ele vê aquilo que o homem não pode ver nos pensamentos e no caráter. Em Sua providência, Ele traz estas pessoas a posições que revelarão eventualmente os defeitos de seu caráter, para que se quiserem vê-los e corrigi-los possam fazê-lo. Há alguns que em toda sua vida têm procurado os próprios interesses, ficado absortos com os próprios planos egoístas e ansiosos para tirar vantagem sem refletir muito se outros estariam em dificuldades ou perplexidade por quaisquer planos ou ações de sua parte. O Senhor às vezes permite que as pessoas desta classe prossigam em sua conduta egoísta em cegueira espiritual até que seus defeitos sejam evidentes a todos que têm discernimento espiritual, e elas manifestem por suas obras que não são cristãs genuínas. T3 514 1 Os que possuem propriedades e relativa saúde, e que desfrutam a bênção inestimável da vista, têm toda vantagem sobre um cego. Muitos caminhos lhes estão abertos em sua carreira de negócios que estão fechados para um homem que perdeu a vista. Pessoas que desfrutam o uso de todas as suas faculdades não devem cuidar do próprio interesse egoísta e privar a um irmão cego de uma partícula de sua oportunidade de ganhar a vida. O irmão E é um homem pobre. É um homem fraco; também é cego. Ele tem desejado seriamente ajudar a si mesmo, e, embora vivendo sob um fardo de enfermidades desalentadoras, sua aflição não secou os impulsos generosos de seu coração. Em suas circunstâncias limitadas, ele tem tido ânimo para trabalhar e tem feito mais aos olhos de Deus para aqueles que necessitam de auxílio do que muitos irmãos que desfrutam da vista e que possuem uma boa propriedade. O irmão E possui um capital em sua experiência comercial e sua faculdade inventiva. Ele tem trabalhado seriamente com esperanças elevadas de inventar uma atividade pela qual poderia se manter e não depender de seus irmãos. T3 514 2 Eu gostaria que todos nós víssemos as coisas como Deus as vê. Gostaria que pudéssemos compreender como Deus considera esses homens que professam ser seguidores de Cristo, que possuem a bênção da visão e a vantagem de recursos em seu favor, e no entanto invejam a pequena prosperidade desfrutada por um pobre cego, e gostariam de beneficiar-se com o aumento de sua soma de recursos à custa de seu afligido irmão. Isto é considerado por Deus como o mais criminoso egoísmo e como roubo, sendo um grave pecado que Ele sem dúvida punirá. Deus nunca esquece. Ele não vê essas coisas com olhos humanos e com o frio e insensível discernimento do homem. Ele vê as coisas não do ponto de vista do mundo, mas do ponto de vista da misericórdia, da piedade e do infinito amor. T3 515 1 O irmão H tentou ajudar o irmão E, mas não com motivos desinteressados. De início sua piedade foi despertada. Viu que o irmão E precisava de ajuda. Mas logo perdeu seu interesse, e sentimentos egoístas ganharam força, até que a conduta de seus irmãos resultou em prejuízo e não em beneficio para o irmão E. Estas coisas grandemente desencorajaram o irmão E e têm tido a tendência de enfraquecer sua confiança em seus irmãos. Resultaram em envolvê-lo em dívidas que não podia pagar. Ao reconhecer os sentimentos egoístas manifestados para com ele por alguns de seus irmãos, isto o tem magoado e algumas vezes irritado. Seus sentimentos por vezes têm sido quase incontroláveis ao reconhecer sua condição desamparada, sem vista, sem recursos, sem saúde e com alguns de seus irmãos trabalhando contra ele. Isto tem agravado suas aflições e pesado terrivelmente sobre sua saúde. T3 515 2 Foi-me mostrado que o irmão E tem algumas boas qualidades mentais que seriam melhor apreciadas se ele tivesse maior poder de domínio próprio e não se tornasse agitado. Toda exibição de impaciência e de mau humor pesa contra ele, e é exagerada por alguns que são culpados de pecados muito mais graves à vista de Deus. Os princípios do irmão E são bons. Ele tem integridade. Não é um homem desonesto. Não defraudaria a ninguém deliberadamente. Mas ele tem faltas e pecados que precisam ser vencidos. Ele, bem como outras pessoas, tem de lidar com a natureza humana. Com demasiada freqüência ele é impaciente e é às vezes arrogante. Deve nutrir espírito mais bondoso e cortês e cultivar cordial gratidão para com aqueles que sentem interesse pelo seu caso. Por natureza possui temperamento impetuoso quando subitamente incitado ou provocado irrazoavelmente. Mas, não obstante, ele quer fazer o que é correto, e sente arrependimento sincero para com Deus quando reflete sobre seus erros. T3 515 3 Se vir seus irmãos inclinados a lhe fazer justiça, ele será generoso para perdoar e bastante humilde para desejar paz, mesmo que tenha de fazer grandes sacrifícios para obtê-la. Mas ele é facilmente incitado; é de um temperamento nervoso. Ele tem necessidade da suavizante influência do Espírito de Deus. Se aqueles que estão prontos para censurá-lo considerassem as próprias faltas e bondosamente fechassem os olhos para suas faltas tão generosamente como devem, manifestariam o espírito de Cristo. O irmão E tem um trabalho a fazer para ser vencedor. Suas palavras e relacionamento com outros devem ser gentis, bondosos e agradáveis. Deve guardar-se estritamente de tudo que sugira espírito ditatorial, maneiras e palavras arrogantes. T3 516 1 Embora Deus seja amigo dos cegos e desafortunados, Ele não desculpa seus pecados. Ele requer que vençam e que aperfeiçoem caráter cristão em nome de Jesus, que venceu em seu favor. Mas Jesus Se condói de nossa fraqueza, e Ele está pronto para dar força a fim de suportarmos a prova e resistirmos às tentações de Satanás se lançarmos nosso fardo sobre Ele. Anjos são enviados para ministrar aos filhos de Deus que são fisicamente cegos. Anjos protegem seus passos e os livra de mil perigos, os quais, sem que o saibam, assediam seu caminho. Mas Seu Espírito não os assistirá a menos que cultivem espírito de bondade e procurem seriamente controlar sua natureza e submeter a Deus suas paixões e todas as faculdades. Precisam cultivar um espírito de amor e controlar suas palavras e ações. T3 516 2 Foi-me mostrado que Deus requer que Seu povo seja muito mais piedoso e compassivo para com os desafortunados do que o tem sido. "A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo." Tiago 1:27. Aqui é definida a religião genuína. Deus requer que a mesma consideração que deve ser dada à viúva e aos órfãos seja dada aos cegos e aos que sofrem sob a aflição de outras enfermidades físicas. A beneficência desinteressada é muito rara nesta época do mundo. T3 516 3 Foi-me mostrado, no caso do irmão E, que aqueles que o tratarem de um modo injusto e o desanimarem em seus esforços para se ajudar, ou que, cobiçando a prosperidade do pobre cego, se beneficiarem à sua custa, trarão sobre si mesmos a maldição de Deus, que é amigo dos cegos. Instruções especiais foram dadas aos filhos de Israel com referência aos cegos: "Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até pela manhã. Não amaldiçoarás ao surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor. Não fareis injustiça no juízo, nem favorecendo o pobre, nem comprazendo ao grande; com justiça julgarás o teu próximo." Levítico 19:13-15. "Maldito aquele que arrancar o termo do seu próximo! E todo o povo dirá: Amém! Maldito aquele que fizer que o cego erre do caminho! E todo o povo dirá: Amém! Maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva! E todo o povo dirá: Amém!" Deuteronômio 27:17-19. T3 517 1 É estranho que professos cristãos não estimem os ensinamentos claros e positivos da Palavra de Deus e não sintam compunções de consciência. Deus coloca sobre eles a responsabilidade de cuidar dos desafortunados, cegos, coxos, das viúvas e dos órfãos; porém, muitos não fazem nenhum esforço em relação a isto. A fim de salvar tais pessoas, Deus muitas vezes as coloca sob a vara da aflição, e as põe em posição semelhante à que ocupavam os que tiveram necessidade de sua ajuda e simpatia e nada receberam de suas mãos. T3 517 2 Deus fará a igreja de _____ responsável, como corporação, pela conduta errônea de seus membros. Se um espírito egoísta e contrário à simpatia se permite existir em qualquer de seus membros para com os desafortunados, as viúvas, os órfãos, os cegos, os coxos ou os que são enfermos no corpo e na mente, Ele esconderá Sua face de Seu povo até que cumpram o seu dever e removam o erro de seu meio. Se alguém que professa o nome de Cristo representar mal o seu Salvador a ponto de descuidar de seu dever para com os aflitos, ou se de qualquer maneira procurar tirar vantagem para si mesmo do mal dos desafortunados, e assim subtrair-lhes recursos, o Senhor torna a igreja responsável pelo pecado de seus membros até que tenham feito tudo que puderem para remediar o mal existente. Ele não atentará para a oração de Seu povo enquanto os órfãos, os desprotegidos, os coxos, os cegos e os enfermos forem negligenciados entre eles. T3 518 1 Há maior significado em "estar do lado do Senhor" do que simplesmente dizê-lo numa reunião. O lado do Senhor é sempre o lado da misericórdia, compaixão e simpatia pelo sofredor, como será visto pelo exemplo dado na vida de Jesus. Requer-se que imitemos Seu exemplo. Mas há alguns que não estão do lado do Senhor em relação a estas coisas; estão do lado do inimigo. Dando a Seus ouvintes uma ilustração deste assunto, Jesus disse: T3 518 2 "E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes. Então, dirá também aos que estiverem à Sua esquerda: Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; porque tive fome, e não Me destes de comer; tive sede, e não Me destes de beber; sendo estrangeiro, não Me recolhestes; estando nu, não Me vestistes; e estando enfermo e na prisão, não Me visitastes. Então, eles também Lhe responderão, dizendo: Senhor, quando Te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão e não Te servimos? Então, lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a Mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna." Mateus 25:40-46. T3 518 3 Aqui em Seu sermão Cristo Se identifica com a humanidade sofredora e deixa claro a todos nós que indiferença ou injustiça feita ao menor de Seus santos é feita a Ele. Aqui está o lado do Senhor, e quem quiser estar do lado do Senhor, que venha conosco. O querido Salvador é ferido quando ferimos um de Seus humildes santos. T3 518 4 O justo Jó geme por causa de suas aflições e pleiteia em defesa própria quando acusado injustamente por um de seus consoladores. Ele diz: "Eu era o olho do cego e os pés do coxo; dos necessitados era pai e as causas de que não tinha conhecimento inquiria com diligência; e quebrava os queixais do perverso e dos seus dentes tirava a presa." Jó 29:15-17. T3 519 1 O pecado de um só homem derrotou o exército todo de Israel. Uma conduta errada seguida por uma pessoa para com seu irmão desviará a luz de Deus de Seu povo até que o erro seja descoberto e a causa do oprimido seja vindicada. Deus requer que Seu povo seja gentil em seus sentimentos e discriminações, e ao mesmo tempo seu coração deve se alargar, seus sentimentos serem amplos e profundos, não estreitos, egoístas e avarentos. Nobre compaixão, grandeza de alma e benevolência desinteressada são necessárias. Então poderá a igreja triunfar em Deus. Mas enquanto a igreja permitir que o egoísmo drene a bondosa compaixão, o terno e solícito amor e o interesse por seus irmãos, toda virtude será corroída. O jejum de Isaías deve ser estudado e um rigoroso exame próprio feito com disposição para discernir se há neles os princípios que Deus requer de Seu povo a fim de que possam receber as ricas bênçãos prometidas. T3 519 2 Deus requer de Seu povo que não permita que o pobre e o aflito sejam oprimidos. Se quebrarem todo jugo e libertarem o oprimido, e forem desprendidos e possuídos de terna consideração pelos necessitados, então as bênçãos prometidas serão suas. Se existem na igreja os que querem fazer os cegos tropeçarem, devem ser chamados à justiça; pois Deus nos fez guardas dos cegos, dos sofredores, das viúvas e dos órfãos. O tropeço ao qual se refere a Palavra de Deus não quer dizer um bloco de madeira colocado ante os pés do cego (Levítico 19:14) para fazê-lo tropeçar; mas quer dizer muito mais do que isso. Quer dizer qualquer procedimento seguido para prejudicar a influência de um irmão cego, trabalhar contra seus interesses, ou atrapalhar sua prosperidade. T3 519 3 Um irmão cego, pobre, enfermo e que tudo esteja fazendo a fim de não vir a ser dependente deve de toda maneira possível ser encorajado por seus irmãos. Mas os que professam ser seus irmãos, que têm o uso de todas as suas faculdades, que não são dependentes, mas que esquecem o seu dever para com os cegos a tal ponto que confundem, afligem e impedem seu caminho, estão fazendo um trabalho que requererá arrependimento e restauração antes que Deus aceite as suas orações. E a igreja de Deus, que tem permitido que seus infortunados irmãos sejam injustiçados, será culpada de pecado até que faça tudo que estiver em seu poder para reparar a injustiça. T3 520 1 Todos, sem dúvida, conhecem o caso de Acã. É registrado na história sagrada para todas as gerações, mas mais especialmente para aqueles sobre os quais o fim do mundo tem chegado. Josué estava gemendo sobre seu rosto diante de Deus porque o povo foi obrigado a fazer uma retirada vergonhosa diante de seus inimigos. O Senhor ordenou a Josué que se levantasse: "Levanta-te! Por que estás prostrado assim sobre o teu rosto?" Humilhei-te sem causa removendo Minha presença de ti? Não; Ele diz a Josué que há um trabalho para ele fazer antes que sua oração pudesse ser respondida. "Israel pecou, e até transgrediram o Meu concerto que lhes tinha ordenado, e até tomaram do anátema, e também furtaram, e também mentiram, e até debaixo da sua bagagem o puseram." Ele declara: "Não serei mais convosco, se não desarraigardes o anátema do meio de vós." Josué 7:10-12. T3 520 2 Aqui neste exemplo temos alguma idéia da responsabilidade da igreja e do trabalho que Deus requer que façam a fim de ter Sua presença. É um pecado em qualquer igreja não examinar a causa de suas trevas e das aflições que têm estado em seu meio. A igreja em _____ não pode ser uma igreja viva e próspera até [seus membros] estarem mais cônscios das faltas em seu meio, que impedem que a bênção de Deus venha sobre eles. A igreja não deve tolerar que irmãos em aflição sejam prejudicados. Estes são exatamente aqueles que devem despertar a simpatia de todos os corações e evocar o exercício de sentimentos nobres e benevolentes de todos os seguidores de Cristo. Os verdadeiros discípulos de Cristo trabalharão em harmonia com Ele e, seguindo Seu exemplo, ajudarão aqueles que precisam de ajuda. A cegueira do irmão E é uma aflição terrível, e todos devem procurar ser olhos para o cego e assim fazer com que ele sinta sua perda o menos possível. Há alguns que fazem uso de seus olhos espreitando oportunidades de trabalhar em proveito próprio para ganharem algo, mas Deus pode trazer confusão sobre eles de um modo que não esperam. T3 521 1 Se Deus em Sua misericórdia deu ao cego faculdades inventivas as quais ele pode usar para o próprio bem, não permita Deus que alguém lhe negue este privilégio e o roube dos benefícios que ele poderia obter do dom que Deus lhe deu. O cego, pela perda da vista, enfrenta desvantagens de todos os lados. O coração no qual não se suscitem piedade e simpatia ao ver um cego andando às apalpadelas num mundo para ele vestido em trevas é de fato duro, e tem de ser abrandado pela graça de Deus. O cego não pode contemplar uma face e nela ler bondosa simpatia e verdadeira benevolência. Não pode contemplar as belezas da natureza e reconhecer o dedo de Deus em Suas obras criadas. Seu júbilo confortante não lhe fala para consolá-lo e abençoá-lo quando desalento paira sobre ele. Quão rapidamente ele trocaria sua cegueira e toda bênção temporal pela bênção da vista. Mas ele está encerrado em um mundo de trevas, e os direitos que Deus lhe deu têm sido espezinhados para que outros lucrem. ------------------------Capítulo 47 -- O dever do homem para com seus semelhantes T3 521 2 Foram-me mostradas algumas coisas com relação à família do irmão I que me impressionaram tão fortemente desde que vim para este lugar que eu me aventuro a expô-las. Foi-me mostrado, irmão I, que existe em sua família um elemento de egoísmo que se apega a você como a lepra. Este egoísmo deve ser visto e vencido, pois é um pecado grave à vista de Deus. Como família vocês têm há tanto tempo consultado os próprios desejos, prazer e conveniência, que não percebem que outros têm direitos sobre vocês. Seus pensamentos, planos e esforços são para si mesmos. Vivem para si; não cultivam benevolência desinteressada, a qual, se fosse exercida, cresceria e se fortaleceria até ser um deleite viver para o bem de outros. Sentiriam que têm um objetivo na vida, um propósito que lhes traria recompensa de maior valor do que dinheiro. Vocês necessitam ter interesse mais específico pelos seres humanos, e assim fazendo levariam o coração a um relacionamento mais íntimo com Cristo e estariam imbuídos do Seu Espírito e se apegariam a Ele com uma tenacidade tão firme que nada os separaria de Seu amor. T3 522 1 Cristo é a Videira viva; e se vocês são ramos dessa Videira, o alimento vital que flui através dela os nutrirá, de modo que não serão estéreis ou infrutíferos. Vocês têm, como família e como indivíduos, se ligado professamente com o serviço de Cristo; e contudo são pesados nas balanças do santuário e achados em falta. Todos vocês precisam passar por uma transformação completa antes de poderem fazer aquilo que cristãos desprendidos e devotos devem fazer. Nada a não ser conversão cabal pode lhes dar uma percepção correta de seus defeitos de caráter. Todos vocês têm em grande medida o espírito e amor do mundo. Diz o apóstolo João: "Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele." 1 João 2:15. Seu espírito egoísta lhes confina e atrofia a mente para os próprios interesses. Vocês precisam "da religião pura e imaculada". Tiago 1:27. A simplicidade da verdade os levará a sentir compaixão pelas misérias dos outros. Há pessoas que precisam de sua simpatia e amor. Exercitar estes traços de caráter é uma parte do trabalho que Cristo nos deu a todos para fazer. T3 522 2 Deus não os desculpará de não tomar a cruz e praticar abnegação fazendo o bem a outros com motivos desinteressados. Se vocês se derem ao trabalho de exercer a abnegação requerida dos cristãos, podem, pela graça de Deus, ser qualificados a ganhar almas para Cristo. Deus tem reivindicações sobre vocês as quais nunca atenderam. Há muitos ao nosso redor que têm fome de simpatia e amor. Mas, como muitos outros, vocês têm sido quase destituídos daquele amor humilde que naturalmente flui em compaixão e simpatia para com os pobres, os sofredores e os necessitados. O próprio semblante humano é um espelho da mente, lido por outros, e tem influência marcante sobre eles para o bem ou para o mal. Deus não ordena a nenhum de nós vigiar nossos irmãos e nos arrepender de seus pecados. Ele nos deixou um trabalho, e nos ordena fazê-lo resolutamente, no Seu temor, tendo somente Sua glória em vista. T3 523 1 Cada um, quer seja fiel ou não, precisará prestar contas a Deus por si mesmo, não pelos outros. Ver faltas em outros crentes e condenar sua conduta não desculpará ou compensará um de nossos erros. Não devíamos fazer de outros nosso critério nem desculpar algo em nossa conduta porque outros cometeram erro. Deus nos deu consciência para nós mesmos. Grandes princípios são prescritos em Sua Palavra, que são suficientes para nos conduzir em nossa caminhada cristã e comportamento geral. Vocês, meus queridos amigos, como uma família não têm mantido os princípios da lei de Deus. Nunca sentiram a responsabilidade do dever que recai sobre o ser humano para com seus semelhantes. T3 523 2 "E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-O e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E Ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso e viverás. Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo? E, respondendo Jesus, disse: T3 523 3 "Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E, de igual modo, também um levita, chegando àquele lugar e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão. E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele; e, partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei, quando voltar. Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai e faze da mesma maneira." Lucas 10:25-37. T3 524 1 As condições de herança da vida eterna são claramente afirmadas por nosso Salvador da maneira mais simples. O homem que fora ferido e roubado representa aqueles que dependem de nosso interesse, simpatia e caridade. Se negligenciarmos a causa dos necessitados e desafortunados que nos vem ao conhecimento, não importa quem sejam eles, não temos a garantia de vida eterna, pois não estaremos correspondendo aos deveres que Deus sobre nós impõe. Não nos compadecemos ou nos apiedamos da humanidade porque podem não ser de nossa parentela. Vocês têm sido achados transgressores do segundo grande mandamento, do qual dependem os últimos seis. Qualquer que transgredir "em um só ponto, se torna culpado de todos". Tiago 2:10. Aqueles que não abrem o coração às necessidades e sofrimentos da humanidade também não abrirão o coração às reivindicações de Deus declaradas nos primeiros quatro preceitos do decálogo. Os ídolos pedem o coração e as afeições, e Deus não é honrado e não reina supremo. T3 524 2 Vocês, como família, têm fracassado lamentavelmente. Não são, no mais estrito sentido, guardadores dos mandamentos. Podem ser bem exatos em algumas coisas, e contudo negligenciar as coisas de mais peso -- juízo, misericórdia e o amor a Deus. Embora os costumes do mundo não sejam um critério para nós, contudo me tem sido mostrado que a simpatia compassiva e a benevolência do mundo pelos desafortunados em muitos casos envergonham os professos seguidores de Cristo. Muitos manifestam indiferença para com aqueles que Deus colocou entre eles com o fim de testá-los e prová-los e de revelar o que está em seu coração. Deus lê. Ele nota cada ato de egoísmo, todo ato de indiferença para com os aflitos, as viúvas e os órfãos; e Ele escreve ao lado de seus nomes: "Culpados, faltosos, transgressores da lei." Seremos galardoados segundo nossas obras. Toda negligência do dever para com os necessitados e para com os aflitos é uma negligência do dever para com Cristo na pessoa de seus santos. T3 525 1 Quando, perante Deus, o caso de todos for passado em revista, não será feita a pergunta: Que professavam eles? Mas: Que fizeram? Foram praticantes da Palavra? Viveram para si próprios, ou praticaram obra de beneficência, mediante atos de bondade e amor, preferindo os demais a si próprios, e negando a si mesmos a fim de poderem abençoar outros? Se o relatório mostra haver sido essa a sua vida, e que seu caráter foi assinalado pela ternura, abnegação e beneficência, receberão a bendita certeza, e a bênção de Cristo: "Bem está." "Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo." Mateus 25:23, 34. Cristo foi maltratado e ferido pelo seu assinalado amor egoísta, e sua indiferença para com os sofrimentos e necessidades dos outros. T3 525 2 Muitas vezes nossos esforços por outros podem ser desconsiderados e aparentemente perdidos. Mas isto não deve constituir-se motivo para nos mostrarmos cansados de fazer o bem. Quantas vezes não tem vindo Jesus procurar frutos nas plantas do Seu cuidado, e não tem encontrado senão folhas! Podemos ficar desapontados quanto aos resultados dos nossos melhores esforços, mas isto não nos deve levar ao indiferentismo para com os ais alheios e a nada fazer. "Amaldiçoai a Meroz, diz o Anjo do Senhor; acre-mente amaldiçoai os seus moradores, porquanto não vieram em socorro do Senhor, em socorro do Senhor, com os valorosos." Juízes 5:23. Quantas vezes Cristo é desapontado naqueles que professam ser Seus filhos! Ele lhes deu evidências inconfundíveis de Seu amor. Tornou-Se pobre, para que por Sua pobreza nos tornássemos ricos. 2 Coríntios 8:9. Morreu por nós, para que não perecêssemos, mas tivéssemos a vida eterna. João 3:16. Que tal se Cristo tivesse Se recusado a levar nossa iniqüidade porque foi rejeitado por muitos e porque tão poucos apreciaram Seu amor e as bênçãos infinitas que Ele veio trazer-lhes? Necessitamos encorajar esforços pacientes e penosos. Precisa-se agora coragem, não desânimo ocioso e mal-humorada murmuração. Estamos neste mundo para trabalhar para nosso Mestre e não para cuidar de nossa inclinação ou prazer, para servir e glorificar a nós mesmos. Por que, então, devíamos estar inativos e desanimados por não vermos os resultados imediatos que desejamos? T3 526 1 Nosso trabalho é labutar na vinha do Senhor, não meramente para nós mesmos, mas para o bem de outros. Nossa influência é uma bênção ou uma maldição para outros. Estamos aqui para formar caráter perfeito para o Céu. Temos algo a fazer além de nos queixar e murmurar das providências de Deus, e de escrever coisas amargas contra nós mesmos. Nosso adversário não nos permitirá descansar. Se somos de fato filhos de Deus seremos atormentados e assediados severamente, e não devemos esperar que Satanás ou aqueles sob sua influência nos tratarão com bondade. Mas há anjos que excedem em poder que estarão conosco em todos os nossos conflitos se tão-somente formos fiéis. Cristo venceu a Satanás por nós no deserto da tentação. Ele é mais poderoso do que Satanás, e Ele em breve o esmagará sob nossos pés. T3 526 2 Vocês, como uma família e como indivíduos, têm-se desculpado de serviço sério e ativo na causa de seu Mestre. Vocês têm sido indolentes demais e têm deixado que outros levem muitos dos mais pesados fardos que vocês podiam e deviam ter levado. Sua força e bênção espirituais serão proporcionais ao trabalho de amor e às boas obras que vocês efetuam. A instrução do apóstolo Paulo é: "Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo." Gálatas 6:2. Guardar os mandamentos de Deus requer de nós boas obras, abnegação, sacrifício próprio e dedicação para o bem de outros; não que nossas boas obras por si possam nos salvar, mas porque certamente não podemos ser salvos sem boas obras. Depois de fazermos tudo que somos capazes de fazer, devemos então dizer: Não fizemos mais do que nosso dever, e na melhor das hipóteses somos servos inúteis, indignos do menor favor de Deus. Cristo deve ser nossa justiça e a coroa de nosso regozijo. T3 526 3 Justiça própria e segurança carnal os têm cercado como uma muralha. Como família, vocês possuem um espírito de independência e orgulho. Este elemento os separa de Deus. É uma falta, um defeito que precisa ser visto e vencido. É quase impossível para vocês verem seus erros e faltas. Vocês têm uma opinião demasiado boa de si mesmos, e lhes é difícil ver e remover por confissão os erros em sua vida. Inclinam-se a justificar e defender sua conduta em quase tudo, quer seja certa ou errada. Enquanto não for demasiado tarde para corrigir os erros, entreguem o coração a Jesus através de humilhação e súplica, e procurem conhecer a si mesmos. Vão se perder a menos que despertem e trabalhem com Cristo. Vocês se encerram numa armadura fria, sem sentimento e sem compaixão. Há pouca vida e calor em seu relacionamento com outros. Vivem para si e não para Cristo. São descuidados e indiferentes às necessidades e condições de outros menos afortunados do que vocês. A todo seu redor há pessoas desoladas que anelam por amor expresso em palavras e ações. Amigável simpatia e sentimentos verdadeiros de terno interesse pelos outros trariam a seu coração bênçãos que vocês nunca experimentaram e os levariam a um íntimo relacionamento com nosso Redentor, cuja vinda ao mundo foi com o fim de fazer o bem e cuja vida devemos imitar. Que estão vocês fazendo por Cristo? "Porfiai por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão." Lucas 13:24. Amor e simpatia no lar T3 527 1 Existem muitos em nosso mundo que anseiam pelo amor e simpatia que lhes devem ser prodigalizados. Muitos homens amam a sua esposa, mas são egoístas demais para manifestá-lo. Estão possuídos de dignidade e orgulho falsos, e não mostrarão por palavras e atos o amor que têm. Existem muitos homens que nunca sabem como o coração de sua esposa anseia por palavras de terno apreço e afeto. Sepultam os seus queridos, afastando-os de sua vista e queixam-se da providência de Deus que os separou dos seus companheiros, ao passo que, se lhes fosse possível observar a vida íntima desses companheiros, veriam que seu procedimento foi a causa da morte prematura deles. A religião de Cristo nos levará a ser bondosos e corteses, e não tão obstinados em nossas opiniões. Devemos morrer para o eu, e considerar os outros melhores que nós mesmos. T3 528 1 A Palavra de Deus é nossa norma, mas quão longe Seu povo professo afastou-se da mesma! Nossa fé religiosa deve ser não somente teórica, mas prática. Religião pura e imaculada não nos permitirá espezinhar os direitos da menor das criaturas de Deus, muito menos dos membros de Seu corpo e os membros de nossa própria família. Deus é amor, e quem nEle habita, habita em amor. A influência do egoísmo mundano, que é carregada por muitos como uma nuvem, que esfria a própria atmosfera que outros respiram, causa enfermidade da alma e freqüentemente calafrios de morte. T3 528 2 Será uma grande cruz para vocês cultivarem amor puro e desprendido e desinteressada benevolência. Ceder suas opiniões e idéias, renunciar ao julgamento próprio e seguir os conselhos de outros será uma grande cruz para vocês. Os vários membros de sua família têm agora as próprias famílias. Mas o mesmo espírito que existia em maior ou menor grau no lar paterno é levado para os próprios lares e é sentido por pessoas fora dos círculos familiares. Têm falta de uma meiga simplicidade, ternura como a de Cristo e amor desinteressado. Eles têm um trabalho a fazer para vencer estes traços egoístas de caráter a fim de serem ramos frutíferos da Vinha Verdadeira. Disse Cristo: "Nisto é glorificado Meu Pai: que deis muito fruto." João 15:8. Vocês precisam trazer Cristo para perto de vocês e tê-Lo em seu lar e em seu coração. Devem não só ter conhecimento do que é certo, mas devem praticá-lo por motivos corretos, tendo em vista unicamente a glória de Deus. Vocês podem ser de ajuda, se cumprirem as condições dadas na Palavra de Deus. T3 528 3 A religião de Cristo é algo mais do que conversa. A justiça de Cristo consiste em ações corretas e boas obras a partir de motivos puros e desinteressados. Justiça exterior, enquanto o adorno interior faltar, não será de nenhum valor. "E esta é a mensagem que dEle ouvimos e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nEle treva nenhuma. Se dissermos que temos comunhão com Ele e andarmos em trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado." 1 João 1:5-7. Se não tivermos a luz e o amor de Deus, não somos Seus filhos. Se não ajuntamos com Cristo, espalhamos. Todos temos uma influência, e esta influência pesa sobre o destino de outros para seu bem presente e futuro ou para sua perda eterna. T3 529 1 J e K ambos têm falta de simpatia e amor para com os de fora de suas famílias. Eles correm o perigo de espreitar defeitos em outros enquanto males maiores existem despercebidos neles mesmos. Para que estas queridas pessoas entrem no Céu, precisam morrer para o eu e obter experiência em fazer o bem. Elas têm lições a aprender na escola de Cristo a fim de aperfeiçoarem caráter cristão e ter união com Cristo. Disse Cristo a Seus discípulos: "Se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no Reino dos Céus." Mateus 18:3. Ele lhes explicou o significado. Ele não desejava que eles se tornassem como crianças no entendimento, mas como crianças no tocante à malícia. Criancinhas não manifestam sentimentos de superioridade e aristocracia. São simples e naturais em sua aparência. Cristo gostaria que Seus seguidores cultivassem maneiras não afetadas, que todo seu porte fosse humilde e cristão. Ele determinou ser nosso dever viver para o bem de outros. Ele veio das cortes reais do Céu a este mundo para mostrar quão grande era Seu interesse pelo homem, e o preço infinito pago para a redenção do ser humano mostra que ele é de tão grande valor que Cristo podia sacrificar Suas riquezas e honra nas cortes reais para erguê-lo da degradação do pecado. T3 529 2 Se a Majestade do Céu podia fazer tanto para mostrar Seu amor pelos seres humanos, que não deveriam eles estar dispostos a fazer para ajudar uns aos outros a saírem do abismo de trevas e sofrimento! Disse Cristo: "Que vos ameis uns aos outros; como Eu vos amei" (João 13:34); não com um amor maior; pois "ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos". João 15:13. Nosso amor é freqüentemente egoísta, porque nós o confinamos a limites prescritos. Quando entrarmos em união e comunhão íntimas com Cristo, nosso amor, simpatia e nossas obras de benevolência se aprofundarão, expandirão e fortalecerão com o exercício. O amor e o interesse dos seguidores de Cristo devem ser tão extensos como o mundo. Aqueles que vivem meramente para "mim e o que é meu" não entrarão no Céu. Deus os convida como família a cultivar amor, a serem menos sensíveis quanto a si mesmos e mais sensíveis às tristezas e provações de outros. Este espírito egoísta que vocês têm cultivado a vida inteira é corretamente representado pelo sacerdote e o levita que passaram de largo pelo desafortunado. Viram que ele necessitava de ajuda, mas o evitaram de propósito. T3 530 1 Todos vocês precisam despertar e dar meia-volta para sair da monótona rotina de egoísmo. Aproveitem o breve tempo de graça que lhes é dado, trabalhando com vigor para remir os fracassos de sua vida passada. Deus os colocou em um mundo de sofrimento para prová-los, para ver se serão achados dignos da dádiva da vida eterna. T3 530 2 Por toda a parte ao seu redor há os que experimentam aflições, que necessitam palavras de simpatia, amor e bondade, bem como de nossas orações humildes e piedosas. Alguns sofrem sob a férrea mão da pobreza, outros sob enfermidades, mágoas, desalento, perturbações. Como Jó, vocês devem ser olhos para os cegos, pés para os coxos, e devem interrogar sobre as causas que desconhecem e analisar com o objetivo em vista de aliviar as necessidades e ajudar exatamente onde o auxílio se fizer mais necessário. T3 530 3 L precisa cultivar amor à esposa, amor que encontre expressão em palavras e atos. Deve cultivar terna afeição. A esposa tem natureza sensível, insegura e precisa ser tratada com carinho. Cada palavra de ternura, cada expressão de apreço e afetuosa animação serão por ela lembrados e refluirão em bênçãos ao marido. Sua natureza insensível precisa ser levada a íntimo contato com Cristo, a fim de que essa dureza e fria reserva sejam subjugadas e abrandadas pelo amor divino. Não constitui fraqueza ou renúncia da varonilidade e da dignidade ter para com a esposa expressões de ternura e simpatia, em palavras e atos; e não se restrinja isso ao círculo familiar, mas estenda-se aos de fora da família. L tem uma obra a fazer por si mesmo que nenhum outro pode fazer por ele. Ele pode tornar-se forte no Senhor, assumindo encargos em Sua causa. Sua afeição e amor devem centrar-se em Cristo e nas coisas celestiais, e deve ele formar caráter para a vida eterna. T3 531 1 A estimada K tem idéias muito limitadas sobre o que constitui ser uma cristã. Ela se tem libertado de fardos que Cristo carregou por ela. Não está disposta a levar Sua cruz e não tem exercitado da melhor maneira a habilidade, os talentos que Deus lhe deu. Não se tornou forte em força moral e coragem, nem sentiu o peso da responsabilidade individual. Ela não gosta de sofrer repreensão por amor de Cristo, considerando a promessa: "Se, pelo nome de Cristo, sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória de Deus." 1 Pedro 4:14. "Se sofrermos, também com Ele reinaremos." 2 Timóteo 2:12. O Mestre tem uma obra para cada um fazer. Ninguém pode ficar ocioso, ninguém pode ser descuidado e egoísta, e ainda aperfeiçoar um caráter cristão. Ele quer que toda sua família abra o coração à influência benigna de Seu amor e graça, para que sua compaixão pelos outros possa transbordar os limites do eu e das paredes do recinto familiar, como o samaritano fez ao pobre estrangeiro sofredor que foi negligenciado pelo sacerdote e pelo levita e deixado a perecer. Foi-me mostrado que há muitos que necessitam de nossa simpatia e conselho; e quando consideramos que podemos passar por este mundo só uma vez, que nunca podemos voltar para reparar os erros e faltas que cometemos, quão importante que passemos por ele como devíamos! T3 531 2 Tempos atrás foi-me mostrado o caso de J. Seus erros e faltas foram fielmente retratados diante dela; mas na última oportunidade que me foi dada vi que os erros ainda existiam, que ela é fria e desamorável para com os filhos de seu marido. Correção e reprovação não são feitas por ela apenas por ofensas graves, mas também por questões triviais que deviam passar despercebidas. Buscar faltas constantemente é um erro, e o Espírito de Cristo não pode habitar em um coração onde isto exista. Ela está disposta a passar por alto o bem em suas crianças sem uma palavra de louvor, mas está sempre pronta a abrir-se em censuras se qualquer erro é visto. Isto sempre desencoraja as crianças e as leva a hábitos de negligência. Anima o mal no coração e o leva a lançar de si lodo e lama. Nas crianças que são habitualmente censuradas nascerá o espírito de "não me importa", e as más paixões freqüentemente se manifestarão, sem se preocupar com as conseqüências. T3 532 1 Sempre que a mãe possa dizer uma palavra de elogio aos filhos por motivo de sua boa conduta, deve ela dizê-la. Deve encorajá-los por palavras de aprovação e olhares expressivos de amor. Essas serão ao coração de uma criança como a luz do Sol, e levarão ao cultivo do respeito próprio e ao brio de caráter. A irmã J deve cultivar amor e simpatia. Deve manifestar terna afeição pelas crianças sem mãe que estão sob seu cuidado. Isto seria para essas crianças uma bênção do amor de Deus e haveria de refluir para ela em afeição e amor. T3 532 2 As crianças têm natureza amorável e sensível. Facilmente se sentem contentes e facilmente se sentem infelizes. Mediante disciplina gentil em palavras e atos de amor pode a mãe unir os filhos ao seu coração. É grande erro mostrar severidade e ser muito exigente com as crianças. Firmeza uniforme e controle tranqüilo são necessários na disciplina de toda a família. Diga calmamente o que pretende, aja com consideração e sem desvios ponha em prática o que diz. T3 532 3 Compensará manifestar afeto no convívio com seus filhos. Não os repulse por falta de simpatia em suas brincadeiras infantis, alegrias e desgostos. Nunca apresente um semblante severo nem deixe que uma palavra áspera lhe escape dos lábios. Deus escreve todas essas palavras em Seu livro de memórias. As palavras ásperas azedam o temperamento e ferem o coração das crianças e, em alguns casos, essas feridas são difíceis de curar. As crianças são sensíveis à mínima injustiça, e algumas ficam desanimadas ao sofrê-la, e nem darão ouvidos à alta e zangada voz de comando, nem se importarão com ameaças de castigo. Muitas vezes se instala nos corações infantis a rebelião, devido a uma errônea disciplina por parte dos pais, quando, houvesse sido seguida a devida orientação, elas teriam formado caráter harmônico e bom. Uma mãe que não tem perfeito domínio de si mesma não é apta para governar os filhos. T3 533 1 O irmão M é moldado pelo temperamento positivo de sua mulher. Ele se tornou em certo grau egoísta como a esposa. Sua mente é quase inteiramente ocupada com "mim" e "meu", com exclusão de outras coisas de importância infinitamente maior. Ele não toma em sua família a posição de pai de seu rebanho; nem, sem preconceito e sem ser influenciado, segue uma conduta uniforme com seus filhos. Sua mulher não é, e sem uma transformação nunca será, uma verdadeira mãe para aqueles filhos sem mãe. O irmão M, como pai, não tem ocupado a posição que Deus gostaria que ocupasse. Essas crianças sem mãe são os pequeninos de Deus, preciosos a Seus olhos. Por natureza o irmão M tem um temperamento terno, refinado, amável, generoso e sensível, enquanto sua mulher é exatamente o oposto. Em vez dele moldar e abrandar o caráter de sua mulher, ela o está transformando. T3 533 2 Ele pensa que para ter paz deve deixar passarem as coisas que o preocupam. Ele aprendeu a não esperar submissão e renúncia das opiniões dela. Ela dominará; ela seguirá suas idéias a qualquer custo. A menos que ambos estejam firmes em seus esforços de reformar-se, não obterão a vida eterna. Eles tiveram luz, mas negligenciaram segui-la. O amor egoísta do mundo cegou sua percepção e lhes endureceu o coração. J precisa ver que a menos que abandone seu egoísmo, e vença sua vontade e temperamento, ela não pode ter o Céu. Ela prejudicaria o Céu inteiro com estes traços de caráter. Eu exorto a irmã J a se arrepender. Apelo a ela em nome de meu Mestre para despertar-se depressa de sua excessiva indiferença, a atender o conselho da Testemunha Verdadeira, e a sinceramente arrepender-se; pois ela põe em perigo a própria alma. T3 533 3 Deus é misericordioso. Ele aceitará agora a oferta de um coração quebrantado e de um espírito contrito. A irmã J se desculpará como o levita e o sacerdote de não ver e de não sentir as aflições de outros e passar de largo? Deus a considera responsável pela negligência do dever em não exercer simpatia e ternura para com os desafortunados. Ela não guarda os mandamentos de Deus que claramente mostram seu dever para com seu próximo. Disse Cristo ao doutor da lei: "Faze isso e viverás." Lucas 10:28. Assim, a negligência do dever para com nosso próximo resultará em nossa perda da vida eterna. Exclusivismo de família T3 534 1 K, pobre filha, como muitas outras, tem um trabalho a fazer do qual nunca sonhou. Ela apostatou de Deus. Seus pensamentos se concentram demasiado nela mesma, e procura agradar o mundo, não por amor desinteressado pela salvação de outros nem por procurar conduzi-los a Cristo, mas por sua falta de espiritualidade e por sua conformidade com o mundo em espírito e em obras. Ela deve morrer para o eu e obter experiência na prática do bem. Ela é fria e sem compaixão. Precisa ter esse espírito gélido e inacessível subjugado, derretido pelo brilho do sol do amor de Cristo. Ela se fecha muito em si mesma. Deus viu que ela era uma pobre planta atrofiada, não produzindo fruto algum, nada senão folhas. Seus pensamentos eram ocupados quase exclusivamente com "mim" e "meu". Em misericórdia, Ele tem estado a podar esta planta que Ele ama, cortando os galhos, para que as raízes se aprofundassem mais. Ele tem procurado atrair esta filha a Si mesmo. Sua vida religiosa tem sido quase inteiramente sem fruto. Ela é responsável pelo talento que Deus lhe deu. Ela pode ser útil; ela pode ser uma colaboradora com Cristo se derrubar a parede de egoísmo que a tem excluído da luz e do amor de Deus. T3 534 2 Há muitos que precisam de nossa simpatia e conselho, mas não aquele conselho que implica superioridade no doador e inferioridade no que recebe. K precisa em seu coração do suavizante e enternecedor amor de Deus. A aparência e o tom da voz devem ser modulados por atenciosa consideração e amor terno e respeitoso. Toda aparência e todo tom de voz que sugerem "Eu sou superior" esfriam a atmosfera de sua presença e é mais como um gelo do que um raio de luz que dá calor. Minha irmã, sua influência é positiva. Você molda aqueles com quem se associa, ou do contrário não pode concordar com eles. Não tem a menor idéia de ser moldada pela melhor influência de outros e de lhes submeter seu julgamento e suas opiniões. Você argumentará para justificar seu caminho, suas idéias e sua conduta. Se você convence os outros, volta-se repetidamente ao mesmo ponto. Este traço em seu caráter será valioso se dedicado a Deus e controlado por Seu Santo Espírito; mas, se não, provar-se-á uma maldição para você e outros. Afirmações e conselho que têm o sabor de um espírito ditatorial não são um bom fruto. Você precisa em seu coração do amor suavizante e enternecedor de Cristo, que será refletido em todos os seus atos para com sua família e para com todos que são influenciados por você. T3 535 1 Receio, receio muito, que J não entrará no Céu. Ela ama tanto o mundo e as coisas do mundo que não lhe sobra amor para Jesus. Está tão revestida de egoísmo que a luz do Céu não pode penetrar as paredes escuras e frias do amor próprio e da estima própria que ela tem estado a edificar durante a vida. O amor é a chave que abre os corações, mas a preciosa planta do amor não tem sido cultivada. J cegou seus olhos há tanto tempo ao próprio egoísmo que não pode agora percebê-lo. Tem tão pouca religião prática que de coração ela pertence ao mundo, e receio que este mundo seja todo o Céu que ela jamais verá. Sua influência sobre seu marido não é boa. Ele é influenciado por ela e não vê a necessidade de fortificar-se pela graça de Deus com verdadeira coragem moral para estar firme pelo direito. Não só ela deixa de reconhecer e de fazer a obra que Deus requer dela, mas exerce influência dominante para segurar seu marido e amarrar suas mãos. E ela tem tido bastante êxito. Ele foi cegado. T3 535 2 O irmão M deve considerar que Deus tem direitos sobre ele que estão acima de relacionamentos terrestres. Ele precisa do colírio, das vestes brancas e do ouro para ter um caráter simétrico e uma grandiosa entrada no reino de Deus. Nada menos que uma conversão total poderá jamais abrir o coração de sua mulher para ver seus erros e confessar suas faltas. Ela precisa fazer grandes mudanças, que não fez porque não reconheceu sua verdadeira condição e não podia ver a necessidade de reforma. Longe de querer aprender do Mestre celestial, que é manso e humilde de coração, ela considera mansidão servilidade; e modéstia, humildade de espírito para estimar a outros como melhores do que ela, considera degradante e humilhante. T3 536 1 J tem espírito positivo, imperioso, altivo e voluntarioso. Ela não vê nada particularmente desejável num espírito manso e tranqüilo para que o ambicionasse. Este ornamento valioso tem tão pouco valor para ela que não consente em usá-lo. Tem, com demasiada freqüência, um espírito de ressentimento que é oposto ao Espírito de Deus como o leste em relação ao oeste. Verdadeira gentileza é uma jóia de grande valor à vista de Deus. Um espírito manso e tranqüilo não estará sempre à busca de felicidade para si mesmo, mas buscará esquecimento de si mesmo e achará doce contentamento e verdadeira satisfação em fazer outros felizes. T3 536 2 Na providência de Deus, a irmã N foi separada da família de seu pai. Embora com outros, ela partilha as características da associação de família, suportando sérias responsabilidades que a têm levado a esquecer de si mesma e lhe têm concedido interesse nas aflições de outros. Ela tem, em certa medida, aberto o coração em simpatia e amor pela família de Deus, mostrando interesse pelos outros. A obra e a causa de Deus têm atraído sua atenção. Ela tem sentido, em certo grau, que pobres caídos mortais formam uma grande confraternidade. Ela precisou educar-se para pensar em outros, servir a outros e esquecer o eu; e não obstante não tem cultivado tão completamente como deve o interesse, a simpatia e a afeição por outros que são necessários aos seguidores de Cristo. Ela precisa ter maior simpatia e menos justiça tensa e rígida. Dando seu interesse e tempo ao grande assunto da reforma de saúde, ela se expandiu além de si mesma. Fazendo isto ela tem sido abençoada. Quanto mais ela faz para o bem de outros, tanto mais vê para fazer e tanto mais se sente inclinada a fazer. T3 537 1 Seu trabalho a favor de outros freqüentemente a leva onde o exercício de fé é necessário para ajudá-la a atravessar situações difíceis e penosas. Mas respostas a orações sinceras são obtidas, e fé, amor e confiança em Deus são fortalecidos. É obtida experiência através de perplexidades e provações freqüentemente repetidas. Deus está moldando seu coração em algo mais parecido com Ele, e não obstante o eu clama constantemente por vitória. A irmã N precisa cultivar mais ternura e atencioso cuidado em seu relacionamento diário com outros. Ela precisa se esforçar para subjugar o eu. Se de fato é uma cristã, sentirá que precisa devotar a melhor parte, e se necessário o todo, de sua vida à labuta desprendida e paciente e assim demonstrar seu amor pelo Mestre. Sem tal experiência, ela deixaria de alcançar a perfeição de um caráter cristão. T3 537 2 A irmã N deu alguns passos adiante. Os familiares sentem que ela os deixou, e isto é doloroso para eles. Eles sentem que ela agora não tem o mesmo interesse, afeições e objetivos na vida como eles. Sentem que não mais podem desfrutar, como antes, a companhia da irmã. Pensam que é culpa dela, que ela mudou e não tem mais afinidade com eles. A razão para esta falta de afinidade é que os sentimentos de compaixão da irmã N pelos sofrimentos alheios têm aumentado, ao passo que eles têm sido servos ociosos, não fazendo a obra que Deus lhes deu a fazer na Terra. Conseqüentemente, eles têm regredido. A família confinou seu interesse e afeição em si mesmos e no amor do mundo. T3 537 3 N tem sido obreira em uma boa causa. A reforma de saúde tem sido para ela um assunto de grande importância, pois a própria experiência lhe mostrou a necessidade da reforma. A família de seu pai não viu a necessidade da reforma de saúde. Não viram a parte que ela desempenha na obra final destes últimos dias, porque não estavam inclinados a ver. Caíram na rotina do costume, e se torna difícil o esforço exigido para sair dela. Prefeririam não ser incomodados. É uma coisa terrível enferrujar-se por inatividade. Mas esta família certamente será pesada na balança e achada em falta a menos que comecem a fazer algo. "Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dEle." Romanos 8:9. Esta é uma linguagem incisiva. Quem pode resistir a prova? A Palavra de Deus é para nós uma fotografia da mente de Deus e de Cristo, também do homem caído, e do homem renovado segundo a imagem de Cristo, possuindo a mente divina. Podemos comparar nossos pensamentos, sentimentos e intenções com a imagem de Cristo. Não temos comunhão com Ele a não ser que estejamos dispostos a fazer as obras de Cristo. T3 538 1 Cristo veio para fazer a vontade de Seu Pai. Estamos seguindo em Seus passos? Todos que têm professado o nome de Cristo devem constantemente procurar familiaridade mais íntima com Ele, a fim de andarem como Ele andou, e fazer as obras de Cristo. Devemos nos apropriar das lições de Sua vida para nossa vida. Cristo "Se deu a Si mesmo por nós, para nos remir de toda iniqüidade e purificar para Si um povo Seu especial, zeloso de boas obras". Tito 2:14. "Conhecemos a caridade nisto: que Ele deu a Sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos." 1 João 3:16. Eis a obra de abnegação na qual devemos ingressar com alegria, imitando o exemplo de nosso Redentor. A vida do cristão precisa ser uma vida de conflito e sacrifício. O caminho do dever deve ser seguido, não o caminho da inclinação e escolha. T3 538 2 Quando a família do irmão I vir a obra à sua frente, e fizerem a obra que Deus lhes deixou para fazer, não estarão tão separados do irmão e irmã O e da irmã N, e daqueles que estão trabalhando em união com o Mestre. Pode levar tempo para alcançar perfeita submissão à vontade de Deus, mas nunca podemos parar aquém e sermos aptos para o Céu. A verdadeira religião levará seu possuidor à perfeição. Seus pensamentos, palavras e ações, bem como seus apetites e paixões, precisam ser submetidos à vontade de Deus. Vocês precisam produzir frutos em santidade. Então serão levados a defender os pobres, os órfãos e aflitos. Farão justiça às viúvas e socorrerão os necessitados. Vocês praticarão a justiça, amarão a beneficência e andarão humildemente com Deus. T3 539 1 Devemos deixar Cristo entrar em nosso coração e em nosso lar se queremos andar na luz. O lar deve ser tudo quanto está implícito nessa palavra. Deve ser um pequeno Céu na Terra, um lugar onde se cultivem as afeições em vez de serem estudadamente reprimidas. Nossa felicidade depende do cultivo do amor, da simpatia e da verdadeira cortesia de uns para com outros. A razão por que há em nosso mundo tantos homens e mulheres de coração empedernido é que a verdadeira afeição tem sido considerada como fraqueza, sendo conseqüentemente desencorajada e reprimida. A melhor parte da natureza das pessoas desta classe foi pervertida e amesquinhada na infância; e a menos que os raios da luz divina derretam sua frieza e endurecido egoísmo, sua felicidade estará enterrada para sempre. Se queremos ter coração terno, como o tinha Jesus quando esteve na Terra, e santificada simpatia, como a têm os anjos pelos pecadores mortais, precisamos cultivar as simpatias da infância, que são a simplicidade em si. Então seremos refinados, elevados e dirigidos por princípios celestiais. T3 539 2 O intelecto cultivado é grande tesouro; sem, porém, a suavizante influência da compaixão e do amor santificado, não é ele de grande valor. Devemos ter palavras e atos de terna consideração para com os outros. Podemos manifestar mil e uma pequenas atenções em palavras amigas, e olhares aprazíveis, que voltarão de novo para nós. Cristãos irrefletidos, por sua negligência para com outros, manifestam não estar em união com Cristo. É impossível estar unido a Cristo e todavia ser desamorável para com outros, e esquecido de seus direitos. Muitos há que anseiam intensamente por amorosa compaixão. Deus deu a cada um de nós uma identidade particular, nossa própria, que não se pode dissolver na de outro; mas nossas características individuais serão muito menos preeminentes se na verdade pertencemos a Cristo e Sua vontade for a nossa. Nossa vida deve ser consagrada ao bem e à felicidade dos outros, como foi a de nosso Salvador. Devemos esquecer-nos a nós mesmos, sempre à espreita de oportunidades -- mesmo em coisas pequeninas -- para mostrar gratidão pelos favores recebidos de outros, e estar atentos para observar oportunidades para animar outros, confortando-os em suas tristezas e aliviando-lhes as cargas por mostras de terna bondade e pequenos atos de amor. Essas atenciosas cortesias, que iniciando-se em nossa família estendem-se até fora do círculo familiar, ajudam a tornar a soma da vida feliz; e a negligência desses pequeninos atos perfaz a soma das tristezas e amarguras da vida. T3 540 1 É a obra que fazemos ou deixamos de fazer que fala com tremendo poder sobre nossa vida e destino. Deus requer de nós que aproveitemos toda oportunidade que nos é oferecida para sermos úteis. Negligenciar isto é perigoso para nosso crescimento espiritual. Temos uma grande obra a fazer. Não passemos em ociosidade as horas preciosas que Deus nos deu a fim de aperfeiçoarmos o caráter para o Céu. Não precisamos ficar inativos ou ociosos nesta obra, pois não temos um só momento para gastar sem um propósito ou objetivo. Deus nos ajudará a vencer nossos erros se a Ele orarmos e nEle crermos. Podemos ser mais do que vencedores por Aquele que nos amou. Quando a breve vida neste mundo terminar, e vermos como somos vistos e conhecermos como somos conhecidos, quão breves em duração e quão pequenas as coisas deste mundo vão parecer para nós em comparação com a glória do mundo melhor! Cristo nunca teria deixado as cortes reais e assumido a humanidade, e Se tornado pecado a favor do ser humano, se não tivesse visto que o homem poderia, com Sua ajuda, tornar-se infinitamente feliz e obter riquezas duráveis e uma vida que correria paralela com a vida de Deus. Ele sabia que sem Sua ajuda o homem pecador não poderia obter estas coisas. T3 540 2 Devemos ter um espírito de progresso. Precisamos nos acautelar continuamente para não ficarmos fixos em nossas opiniões, sentimentos e ações. A obra de Deus é para frente. Reformas precisam ser executadas, e precisamos considerar e ajudar a mover o carro da reforma. Energia, temperada com paciência e ambição, e equilibrada com sabedoria, é agora necessária para cada cristão. A obra de salvar almas é ainda deixada para nós, os discípulos de Cristo. Nenhum de nós é desculpado. Muitos têm-se tornado anões e atrofiados em sua vida cristã por causa de inatividade. Devemos diligentemente empregar nosso tempo enquanto estamos neste mundo. Quão seriamente devemos aproveitar toda oportunidade de fazer o bem, de trazer outros ao conhecimento da verdade! Nosso lema deve sempre ser: "Para frente e para o alto", certa e constantemente para frente para o dever e a vitória. T3 541 1 Foi-me mostrado em relação aos indivíduos mencionados que Deus os ama e os salvaria se eles quisessem ser salvos do modo que Ele designou. "E assentar-Se-á, afinando e purificando a prata; e purificará os filhos de Levi, e os afinará como ouro e como prata; então ao Senhor trarão ofertas em justiça. E a oferta de Judá e de Jerusalém será suave ao Senhor, como nos dias antigos e como nos primeiros anos." Malaquias 3:3, 4. Eis o processo, o processo de afinar e purificar, a ser feito pelo Senhor dos exércitos. Esse processo é demasiado difícil para o ser humano, mas é unicamente por meio dele que se podem remover as escórias e contaminadoras impurezas. Nossas provações são todas necessárias para levar-nos mais perto de nosso Pai celeste, em obediência à Sua vontade, de modo a Lhe oferecermos uma oferta em justiça. T3 541 2 A cada uma das pessoas aqui mencionadas, deu o Senhor aptidões, talentos a desenvolver. Cada um de vocês necessita de nova e viva experiência na vida religiosa, a fim de fazer a vontade de Deus. Qualquer que seja a experiência passada, isto não basta para o presente, nem nos fortalece para vencer as dificuldades que encontramos no caminho. Precisamos diariamente nova graça e renovada resistência se queremos ser vitoriosos. T3 541 3 Raramente somos, a todos os respeitos, colocados duas vezes nas mesmas circunstâncias. Abraão, Moisés, Elias, Daniel e muitos outros foram todos severamente provados, mas não da mesma maneira. Cada um tem suas provas individuais no drama da vida, mas justamente a mesma provação raramente sobrevém duas vezes. Cada um tem experiência própria e peculiar, no caráter e nas circunstâncias, a fim de realizar determinada obra. Deus tem uma obra, um desígnio na vida de cada um de nós. Todo ato, por pequeno que seja, tem seu lugar na experiência de nossa vida. Cumpre-nos possuir contínua luz e experiência que provêm de Deus. Todos necessitamos delas, e o Senhor está mais que disposto a dar, se as quisermos receber. Não cerrou as janelas do Céu a suas orações, mas vocês têm se contentado com passar sem o auxílio divino de que tanto necessitam. T3 542 1 Quão pouco sabem acerca da influência de seus atos diários sobre a vida de outros. Talvez suponham que o que digam ou façam não tem muita influência, quando importantíssimos são os resultados de nossas palavras e ações para o bem ou para o mal. Atos e expressões considerados diminutos e insignificantes são elos na longa cadeia dos acontecimentos humanos. Vocês não têm experimentado a necessidade de Deus manifestar-nos Sua vontade em todos os atos da vida diária. Quanto a nossos primeiros pais, o desejo de uma única satisfação do apetite abriu as comportas da miséria e do pecado sobre o mundo. Prezadas irmãs, oxalá vocês sentissem que todo passo que dão talvez tenha permanente e controladora influência sobre a própria vida e o caráter de outros. Oh, quão necessário é então termos comunhão com Deus! Que necessidade da graça divina para dirigir cada passo e mostrar-nos como aperfeiçoar caráter cristão! T3 542 2 Os cristãos terão novas situações e provas a enfrentar, nas quais a experiência passada não pode ser guia suficiente. Agora, mais que em qualquer outro período de nossa vida, precisamos aprender do divino Mestre. E quanto mais experiência alcançarmos, quanto mais nos aproximarmos da pura luz celeste, tanto mais discerniremos em nós a necessidade de reforma. Podemos todos realizar boa obra em benefício dos outros, uma vez que busquemos conselho de Deus, e o sigamos em obediência e fé. O caminho do justo é progressivo, de força em força, de graça em graça, e de glória em glória. A iluminação divina aumenta mais e mais, correspondendo a nosso movimento de avanço, habilitando-nos a fazer face às responsabilidades e emergências que se nos deparam. T3 542 3 Quando vocês são pressionados pelas provas, quando os pensamentos são dominados por desânimo e sombria incredulidade, quando o egoísmo lhes molda as ações, vocês não vêem a necessidade que têm do Senhor e de conhecimento profundo e completo de Sua vontade. Não conhecem a vontade de Deus, tampouco a podem conhecer enquanto vivem para o próprio eu. Confiam em suas boas intenções e resoluções, e a maior parte da vida compõe-se de resoluções tomadas e não cumpridas. O que todos necessitam é morrer para o eu, deixar de a ele se apegar, e entregar-se a Deus. T3 543 1 De boa vontade os confortaria, caso pudesse. De bom grado lhes louvaria os bons traços, os propósitos bons e as boas ações; mas Deus não quis mostrá-los a mim. Apresentou-me os impedimentos à formação de caráter nobre, elevado, de santidade, que precisam ter a fim de não perder o descanso celeste e a glória imortal que Ele quer que alcancem. Desviem os olhos de si mesmos para Jesus. Ele "é tudo em todos". Colossences 3:11. Os merecimentos do sangue de um Salvador crucificado e ressurgido serão suficientes para purificar do menor como do maior dos pecados. Com fé confiante, entreguem a guarda de sua alma a Deus como a um fiel Criador. Não estejam em constante temor e apreensão de que Deus os abandone. Jamais o fará, a menos que dEle se apartem. Cristo virá e habitará em vocês, caso Lhe abram a porta do coração. Pode haver perfeita harmonia entre vocês e o Pai e o Filho, uma vez que morram para o próprio eu e vivam para Deus. T3 543 2 Quão poucos se apercebem de ter ídolos queridos, de ter pecados acariciados! Deus vê esses pecados a que talvez estejam cegos, e emprega Sua faca de podar, cortando fundo a fim de separar de vocês esses pecados acariciados. Todos vocês devem escolher por si mesmos o processo de purificação. Como lhes é difícil submeter-se à crucifixão do próprio eu! Mas, quando toda a obra é entregue nas mãos de Deus, Ele que conhece nossas fraquezas e nossa pecaminosidade segue o melhor caminho para produzir o desejado fim. T3 543 3 Foi por entre constante conflito e com singeleza de fé que Enoque andou com Deus. Todos vocês podem fazer o mesmo. Podem converter-se e transformar-se inteiramente, tornando-se em verdade filhos de Deus, que fruem não somente o conhecimento de Sua vontade, mas que, por seu exemplo, conduzem outros ao mesmo caminho de humilde obediência e consagração. A verdadeira piedade difunde-se e é comunicativa. Diz o salmista: "Não escondi a Tua justiça dentro do meu coração; apregoei a Tua fidelidade e a Tua salvação; não escondi da grande congregação a Tua benignidade e a Tua verdade." Salmos 40:10. Onde quer que se encontre o amor de Deus, há sempre um desejo de exprimi-lo. T3 544 1 Que Deus ajude todos a fazer diligentes esforços para ganhar a vida eterna, e para conduzir outros ao caminho da santidade. ------------------------Capítulo 48 -- O pecado da avareza T3 544 2 Prezado irmão P: T3 544 3 Farei mais um esforço para adverti-lo a ser diligente em ganhar o reino. Advertência sobre advertência lhe foram dadas, às quais você não deu atenção. Mas, ó, se mesmo agora você se arrepender de sua conduta errônea do passado e se voltar ao Senhor, pode não ser tarde demais para endireitar coisas erradas. Todas suas faculdades mentais têm sido devotadas a ganhar dinheiro. Você tem adorado o dinheiro. Ele tem sido seu deus. A vara de Deus paira sobre você. Seus juízos podem alcançá-lo a qualquer momento, e você desce à sepultura despreparado, suas vestes maculadas e manchadas com as corrupções do mundo. Qual é seu registro no Céu? Cada dólar que você tem acumulado tem sido como um elo extra na corrente que o prende a este mundo infeliz. Sua paixão por ganhar dinheiro tem-se fortalecido continuamente. Sua preocupação tem sido como obter mais recursos. Você teve uma experiência terrível, que deve ser uma advertência àqueles que permitem que o amor do mundo tome posse do coração. Você tem-se tornado um escravo de Mamom. Que dirá quando o Mestre lhe pedir contas de sua mordomia? Você tem permitido que o amor de ganhar dinheiro fosse a paixão dominante de sua vida. Está tão intoxicado com o amor do dinheiro como o bêbado com sua bebida alcoólica. T3 544 4 Jesus pleiteou para que a árvore infrutífera fosse poupada um pouco mais; e eu lhe faço mais um apelo para que você exerça não um esforço débil, mas um muito sério, pelo reino. Salve-se da cilada de Satanás antes que as palavras "Ele está entregue aos ídolos; deixa-o" (Oséias 4:17) sejam ditas a seu respeito no Céu. Todos os amantes de dinheiro um dia exclamarão em amarga angústia: "Ó, o engano das riquezas! Vendi minha salvação por dinheiro." Sua única esperança agora é de fazer não um esforço débil, mas de dar meia-volta. Resolutamente chame para ajudá-lo a força de vontade que você há tanto tempo tem exercido no rumo errado, e agora trabalhe na direção oposta. Esta é a única maneira de você vencer a avareza. T3 545 1 Deus tem aberto maneiras pelas quais a avareza pode ser vencida -- fazendo obras beneficentes. Por sua vida você está dizendo que aprecia os tesouros do mundo mais do que as riquezas imortais. Está dizendo: "Adeus, Céu; adeus, vida imortal; escolhi o mundo." Está trocando a pérola de grande preço por lucro presente. Embora advertido por Deus, embora em Sua providência Ele, por assim dizer, já colocou seus pés no rio escuro, irá você, ousará cultivar suas propensões ao amor do dinheiro? Haverá, como o último ato de uma vida mal-empregada, exceder-se e reter aquilo que pertence a outro? Vai se convencer que está fazendo justiça a seu irmão? Vai acrescentar outro ato de intriga e fraude àqueles já inscritos contra você nos registros do alto? Haverá de o golpe do juízo retribuidor de Deus cair sobre você e ser chamado sem aviso a passar pelas águas escuras? T3 545 2 Nosso Salvador freqüente e seriamente reprovou o pecado da avareza. "Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui. E propôs-lhes uma parábola, dizendo: a herdade de um homem rico tinha produzido com abundância. E arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: derribarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; e direi à minha alma: alma, tens em depósito muitos bens, para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus." Lucas 12:15-21. T3 546 1 Deus fez uma lei para Seu povo para que um décimo de todo o rendimento seja Seu. Diz Deus: Eu lhes dei nove décimos; Eu peço um décimo de todo rendimento. Aquele décimo o rico reteve de Deus. Se não tivesse feito isto, se tivesse amado a Deus supremamente em vez de amar e servir a si mesmo, não teria acumulado tesouros tão grandes que haveria falta de espaço para armazená-lo. Tivesse ele empregado seus bens para suprir as necessidades de seus irmãos pobres, não teria havido necessidade de derrubar e construir celeiros maiores. Mas ele tinha desrespeitado os princípios da lei de Deus. Não tinha amado ao Senhor de todo o coração e seu próximo como a si mesmo. Tivesse ele usado sua riqueza como uma doação que Deus lhe emprestara com a qual fazer o bem, teria depositado tesouro no Céu e sido rico em boas obras. T3 546 2 O comprimento e a utilidade da vida não consistem no montante de nossos bens terrestres. Aqueles que usam sua riqueza fazendo o bem não verão necessidade de grandes acumulações neste mundo; porque o tesouro que é usado para promover a causa de Deus e que é dado em nome de Cristo aos necessitados é dado a Cristo, e Ele o deposita para nós no banco do Céu em bolsas que não envelhecem. Aquele que faz isto é rico para com Deus, e o coração estará onde seus tesouros estarão seguros. Aquele que humildemente usa aquilo que Deus deu para honra do Doador, dando de graça como recebeu, pode sentir a paz e segurança em todos os seus negócios de que a mão de Deus está sobre ele para o bem, e ele mesmo ostentará o selo de Deus, tendo o sorriso do Pai. T3 546 3 Muitos se têm compadecido da sorte do Israel de Deus em ser compelido a dar sistematicamente, além de dar ofertas liberais anualmente. Um Deus onisciente sabia melhor qual sistema de doação estaria em harmonia com a Sua providência, e deu instruções a Seu povo com respeito ao mesmo. E ele sempre provou que nove décimos lhes são de maior valor do que dez décimos. Os que têm pensado em aumentar seus ganhos retendo o que é de Deus ou Lhe trazendo uma oferta inferior -- aleijada, cega ou doente -- têm infalivelmente sofrido prejuízos. T3 547 1 A Providência, embora invisível, está sempre em ação nos negócios humanos. A mão de Deus pode fazer prosperar ou reter, e Ele freqüentemente retém de um enquanto parece fazer outro prosperar. Tudo isto é para testar e provar o homem a fim de revelar o coração. Ele permite que sobrevenham revezes sobre um irmão enquanto faz prosperar a outro, a fim de ver se aqueles a quem Ele favorece têm o Seu temor diante dos olhos, e se cumprirão o dever que lhes foi designado em Sua Palavra, de amarem ao seu próximo como a si mesmos e ajudarem seu irmão mais pobre, motivados pelo amor à prática do bem. Atos de generosidade e bondade foram designados por Deus para manter brandos e compassivos os corações dos filhos dos homens, e incentivá-los a demonstrar interesse e afeto uns pelos outros, a exemplo do Mestre, que por nossa causa Se fez pobre, para que através de Sua pobreza pudéssemos nos tornar ricos. A lei do dízimo foi estabelecida sobre um princípio duradouro, e se destinava a ser uma bênção para o homem. T3 547 2 O sistema de doação foi ordenado a fim de evitar o grande mal: a avareza. Cristo viu que, no desempenho dos negócios, o amor às riquezas seria a maior causa de erradicar a verdadeira piedade do coração. Ele viu que o amor ao dinheiro se congelaria profunda e solidamente na alma do ser humano, fazendo parar o fluxo de generosos impulsos e bloqueando seus sentimentos às necessidades dos sofredores e aflitos. "Acautelai-vos" era Sua repetida advertência "e guardai-vos da avareza." Lucas 12:15. "Não podeis servir a Deus e a Mamom." Mateus 6:24. As impressionantes advertências freqüentemente repetidas de nosso Redentor estão em marcante contraste com as ações de Seus professos seguidores que manifestam em sua vida tanto desejo de se enriquecer e que mostram que as palavras de Cristo não surtem efeito sobre eles. Avareza é um dos pecados mais comuns e populares dos últimos dias, e tem influência paralisante sobre o coração. T3 547 3 Irmão P, o desejo de riqueza tem sido seu pensamento principal. Esta obsessão de ganhar dinheiro tem amortecido toda consideração elevada e nobre, e o tem tornado indiferente às necessidades e interesses de outros. Você se fez quase tão difícil de ser impressionado como um pedaço de ferro. Seu ouro e sua prata estão enferrujados, e têm se tornado um câncer devorador da alma. Tivesse sua benevolência crescido com suas riquezas, você teria considerado o dinheiro como um meio de fazer o bem. Nosso Redentor, que sabia do perigo do homem quanto à avareza, proveu uma salvaguarda contra este mal terrível. Ele arranjou o plano da salvação de modo que ele começa e termina em beneficência. Cristo ofereceu a Si mesmo, um sacrifício infinito. Isto, em e por si mesmo, pesa diretamente contra a avareza e exalta a beneficência. T3 548 1 Beneficência constante e abnegada é o remédio que Deus propõe para os ulcerosos pecados do egoísmo e da avareza. Deus dispôs o plano de doação sistemática para o sustento de Sua causa e para aliviar as necessidades dos pobres e dos sofredores. Ele ordenou que o dar deve tornar-se um hábito, para que possa contrapor-se ao perigoso e enganador pecado da avareza. O dar continuamente faz com que a avareza morra de inanição. A doação sistemática destina-se no plano de Deus a arrancar tesouros dos avarentos tão depressa são ganhos, e a consagrá-los ao Senhor a quem pertencem. T3 548 2 Este sistema é organizado de tal modo que as pessoas podem separar algo de seu salário cada dia e pôr de lado para seu Senhor uma parte dos lucros de todo investimento. A constante prática do plano divino de doação sistemática enfraquece a avareza e estimula a liberalidade. Se as riquezas aumentam, os homens, mesmo os que professam piedade, põem nelas o coração; e quanto mais têm, menos dão para o tesouro do Senhor. Assim a riqueza torna egoístas os homens, e o entesouramento estimula a avareza; e esses males se fortalecem pelo exercício ativo. Deus conhece o perigo que nos rodeia, e nos protegeu com meios para evitar nossa ruína. Ele requer o constante exercício da beneficência, a fim de que a força do hábito em boas obras quebre a força do hábito no sentido contrário. T3 548 3 Deus requer uma reserva de recursos para fins beneficentes toda semana, para que no exercício constante desta boa qualidade o coração possa ser mantido aberto como uma corrente a fluir, a qual não se permite que seque. Pelo exercício, a liberalidade se amplia e se fortalece constantemente, até se tornar um princípio e reinar no coração. É altamente perigoso para a espiritualidade permitir ao egoísmo e à avareza o menor espaço no coração. T3 549 1 A Palavra de Deus tem muito a dizer sobre sacrifício. As riquezas vêm do Senhor e Lhe pertencem. "Riquezas e glória vêm de diante de Ti." 1 Crônicas 29:12. "Minha é a prata, e Meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos." Ageu 2:8. "Porque Meu é todo animal da selva e as alimárias sobre milhares de montanhas." Salmos 50:10. "Do Senhor é a Terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam." Salmos 24:1. É o Senhor seu Deus que lhe dá forças para obter riquezas. T3 549 2 As riquezas são em si mesmas efêmeras e insatisfatórias. Somos advertidos a não confiar em riquezas incertas. "Certamente, a riqueza fará para si asas" e voará. Provérbios 23:5. "Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam." Mateus 6:19. T3 549 3 Na maior aflição do homem, as riquezas não lhe trazem alívio. "As riquezas de nada aproveitam no dia da ira." Provérbios 11:4. "Nem sua prata nem seu ouro os poderá livrar no dia do furor do Senhor." Sofonias 1:18. "Guarda-te de que, porventura, não sejas levado pela tua suficiência, nem te desvie a grandeza do resgate." Jó 36:18. Esta advertência, meu irmão, é apropriada em seu caso. T3 549 4 Que provisão, irmão P, fez você para a vida eterna? Tem você um bom fundamento para o futuro, que lhe assegurará alegrias eternas? Ó, que Deus o desperte! Possa você, meu caro irmão, agora, exatamente agora, começar a trabalhar seriamente para depositar parte de seu ganho e de suas riquezas no tesouro de Deus. Nem um dólar dele é seu. Tudo é de Deus, e você tem reivindicado para si aquilo que Deus lhe emprestou para devotar a boas obras. Seu tempo é muito curto. Trabalhe com toda sua força. Pelo arrependimento você pode agora achar perdão. Precisa largar seu apego a bens terrestres e afirmar suas afeições em Deus. Você precisa ser um homem convertido. Angustie-se em Deus. Não se contente em perecer para sempre, mas faça um esforço para a salvação antes que seja eternamente tarde demais. T3 549 5 Não é ainda tarde demais para endireitar os erros. Mostre seu arrependimento por erros passados remindo o tempo. Onde você prejudicou alguém, faça restituição ao lembrar-se disso. Esta é sua única esperança do amor perdoador de Deus. Será como arrancar o olho direito ou amputar o braço direito, mas não há outra saída para você. Você tem feito esforços repetidas vezes, mas fracassou porque amava o dinheiro, parte do qual não foi ganho honestamente. Não tentaria remir o passado fazendo restituição. Quando começar a fazer isto, haverá esperança para você. Se durante os poucos dias restantes de sua vida escolher continuar como tem feito, seu caso será sem esperança; você perderá os dois mundos; verá os santos de Deus glorificados na cidade celestial e você lançado fora; não terá parte naquela vida preciosa que foi comprada para você a um custo infinito, mas pela qual deu tão pouco valor a ponto de vendê-la por riquezas terrestres. T3 550 1 Agora lhe resta pouco tempo. Agirá você? Arrepender-se-á? Ou morrerá despreparado, adorando o dinheiro, gloriando-se em suas riquezas, e esquecendo a Deus e o Céu? Luta desanimada ou esforços débeis não vão afastar suas afeições do mundo. Jesus o ajudará. Em todo esforço sério que você fizer, Ele estará perto de você e abençoará seus esforços. Você precisa fazer esforços sérios ou se perderá. Admoesto-o a não perder um momento, mas começar agora mesmo. Há muito tem desonrado o nome de cristão por sua avareza e transações escusas. Agora você pode honrá-lo trabalhando na direção oposta e permitindo que todos vejam que há poder na verdade de Deus para transformar a natureza humana. Você pode, na força de Deus, obter a salvação se quiser. T3 550 2 Você tem uma obra a fazer que deve ser iniciada imediatamente. Satanás estará a seu lado, como esteve ao lado de Cristo no deserto da tentação, para vencê-lo com argumentos, para perverter-lhe o discernimento e paralisar sua percepção do direito e da justiça. Se você fizer justiça num caso, não deve esperar que Satanás subjugue seus bons impulsos por seus argumentos. Você tem sido dominado há tanto tempo por egoísmo e avareza que não pode confiar em si mesmo. Não quero que você perca o Céu. Foram-me mostrados os atos egoístas de sua vida, sua maquinação e cálculos, sua barganha, e a vantagem que tirou de seus irmãos e de seus semelhantes. Deus tem escrito no livro cada caso. Orará a Ele para que lhe ilumine a mente para ver onde defraudou, e então se arrependerá e remirá o passado? T3 551 1 Irmão P, que Deus o ajude antes que seja tarde demais. ------------------------Capítulo 49 -- Diligência no ministério T3 551 2 Foi-me mostrado que há perigo de nossos jovens pastores entrarem no campo e se empenharem na obra de ensinar a verdade a outros quando não estão qualificados para a obra sagrada de Deus. Não têm concepção correta da santidade da obra para este tempo. Sentem desejo de se ligarem com a obra, mas deixam de assumir as responsabilidades que jazem diretamente no caminho do dever. Fazem aquilo que lhes custa pouco esforço e inconveniência, e negligenciam devotar todo seu ser ao trabalho. T3 551 3 Alguns são muito indolentes para ser bem-sucedidos financeiramente e são deficientes na experiência necessária para fazer deles bons cristãos em uma esfera pessoal; contudo se sentem competentes para se empenhar na obra que é de todas a mais difícil, a de lidar com mentes e procurar converter almas do erro à verdade. O coração de alguns destes pastores não é santificado pela verdade. Tais pessoas são apenas pedras de tropeço para pecadores e ficam no caminho dos verdadeiros obreiros. Exigirá esforço mais sério para educá-los em idéias corretas, para que não prejudiquem a causa de Deus, do que fazer o trabalho. Deus não pode ser glorificado ou Sua causa promovida por obreiros não consagrados que são inteiramente deficientes nas qualificações necessárias a um ministro do evangelho. Alguns jovens pastores que saem para trabalhar por outros precisam eles mesmos ser inteiramente convertidos à religião genuína da Bíblia. T3 552 1 Foi-me mostrado o caso do irmão R de _____, o qual em muitos respeitos representa os casos de outros. Foi-me mostrado que o irmão R não é de verdadeiro proveito para a causa de Deus e nunca será, a menos que verdadeiramente se converta. Ele tem muitos defeitos em seu caráter que precisa reconhecer antes de poder ser aceito por Deus como obreiro em Sua vinha. A obra de Deus é sagrada. Em primeiro lugar, o irmão R não tem experimentado aquela mudança de coração que transforma o homem e que se chama conversão. Ele tem uma religião intelectual, mas precisa a atuação da graça de Deus sobre o coração para manifestá-la na vida, antes dele poder com inteligência indicar a outros "o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo". João 1:29. A obra para este tempo é demasiado solene e demasiado importante para ser manuseada por mãos contaminadas e corações impuros. T3 552 2 O irmão R tem um temperamento muito infeliz. Isto causa problema para ele e para seus melhores amigos. É por natureza ciumento, desconfiado e crítico. As pessoas mais achegadas a ele sentirão isto mais profundamente. Ele tem muito amor próprio e grande auto-estima; se não é considerado de modo especial e feito um objeto de atenção, culpa a alguém. A falta está com ele mesmo. Ele gosta de ter sua vaidade lisonjeada. Ele suspeita dos motivos de outros e mostra nesses sentimentos mente muito estreita e egoísta. Pensa que vê muita coisa para questionar, para achar defeito e para censurar no plano dos trabalhos de outros, ao passo que o verdadeiro mal está em seu coração não humilhado e não consagrado. Seu eu precisa morrer, e ele precisa aprender de Jesus, que é manso e humilde de coração, ou deixará de aperfeiçoar caráter cristão e de ganhar o Céu no final. T3 552 3 O irmão R tem fracassado em seu modo de procurar ensinar a verdade a outros. Seu espírito não é cativante. O eu está misturado com todos os seus esforços. Ele é muito escrupuloso quanto ao exterior, no que toca a seu vestuário, como se isto o qualificasse como ministro de Cristo; mas negligenciou o adorno interior do coração. Ele não tem sentido a necessidade de buscar um caráter belo e harmonioso, semelhante ao caráter de Cristo, o modelo correto. A mansidão e humildade que caracterizaram a vida de Jesus conquistariam corações e lhe dariam acesso aos pecadores; mas, quando o irmão R fala no próprio espírito, o povo vê tanta exibição do eu, e tão pouco do espírito de humildade, que o coração não lhes é tocado, mas se torna duro e frio com sua pregação, porque lhe falta a unção divina. T3 553 1 O espírito cheio de autoconfiança e de exaltação própria do irmão R precisa ser posto de lado, e ele precisa ver que é pecador e necessita da graça e do poder contínuos de Deus para abrir caminho através da escuridão moral desta época degenerada e alcançar pecadores que precisam ser salvos. Ele se reveste no exterior da dignidade de um ministro do evangelho, ao passo que não tem percebido que uma experiência real no mistério da piedade e conhecimento da vontade divina eram essenciais para ter sucesso na apresentação da verdade. T3 553 2 O irmão R é muito frio e sem simpatia. Ele não atinge diretamente os corações pela simplicidade cristã, ternura e amor que caracterizaram a vida de Cristo. Neste sentido é essencial que todo homem que se empenha na salvação de almas imite o modelo que lhe é dado na vida de Cristo. Se os homens deixam de se educar para se tornarem obreiros na vinha do Senhor, é melhor que sejam dispensados. Seria uma praxe lamentável sustentar através da tesouraria de Deus aqueles que realmente danificam e prejudicam Sua obra, e que estão constantemente rebaixando a norma do cristianismo. T3 553 3 É essencial algo mais do que conhecimento livresco para alguém tornar-se pastor bem-sucedido. O que trabalha pelas almas precisa de integridade, inteligência, diligência, energia e tato. Todas estas qualidades são altamente essenciais para o êxito de um ministro de Cristo. Ninguém com estas qualificações pode ser inferior, mas terá uma influência que se impõe. A menos que o obreiro na causa de Deus possa ganhar a confiança daqueles por quem trabalha, pode fazer pouco bem. O obreiro na vinha do Senhor precisa adquirir diariamente força de cima para resistir o erro e manter retidão através das várias provações da vida, e seu coração precisa ser posto em harmonia com seu Redentor. Ele pode ser um colaborador com Jesus, trabalhando como Ele trabalhou, amando como Ele amou, e possuindo, como Ele, força moral para resistir às mais fortes provas de caráter. T3 554 1 O irmão R deve cultivar simplicidade. Deve pôr de lado sua falsa dignidade e deixar que o Espírito de Deus entre e santifique, eleve, purifique e enobreça sua vida. Poderá então sentir o amor pelas almas que o verdadeiro ministro do evangelho deve ter ao apresentar a mensagem de advertência solene às almas em perigo, que perecerão em suas trevas a menos que aceitem a luz da verdade. Esta dignidade emprestada de seu Redentor adornará com graça divina, porque por ela é levado a uma comunhão íntima com Jesus Cristo. T3 554 2 Fui levada adiante na vida do irmão R, e depois retrocedi para rever os resultados de seus trabalhos enquanto tentava ensinar a outros a verdade. Vi que uns poucos ouviam, e, no que concerne à cabeça, podiam ser convencidos; mas o irmão R não tem conhecimento experimental, diário e vivo da graça de Deus, e de Seu poder de salvar, e não pode comunicar a outros aquilo que ele mesmo não possui. Não tem a experiência de um homem verdadeiramente convertido. Como, então, pode Deus fazer dele uma bênção aos pecadores? Ele mesmo é cego, enquanto tenta conduzir os cegos. T3 554 3 Foi-me mostrado que seu trabalho estragou bons campos para outros. Alguns homens que eram verdadeiramente consagrados a Deus e que sentiam a responsabilidade do trabalho poderiam ter feito bem e ter trazido pecadores à verdade em lugares onde ele fez tentativas sem sucesso, mas depois de seu trabalho superficial a oportunidade áurea se foi. As mentes que poderiam ter sido convencidas e os corações que poderiam ter sido abrandados foram endurecidos e prejudicados como resultado de seus esforços. T3 554 4 Olhei para ver que pessoas de valor estavam firmes na verdade como resultado de seus trabalhos. Observei de perto para ver que cuidado vigilante ele teve pelas pessoas, para fortalecê-las e encorajá-las, um esforço que deve sempre acompanhar o ministério da palavra. Não pude ver uma só pessoa que não estaria em muito melhor condição se não tivesse recebido dele as primeiras impressões da verdade. É praticamente impossível um rio subir mais alto do que sua fonte. O homem que leva a verdade a pecadores se acha em uma posição de tremenda responsabilidade. Ou ele converterá pecadores para Cristo ou seus esforços os inclinarão na direção errada. T3 555 1 Foi-me mostrado que o irmão R é um homem indolente. Gosta de seu prazer e de sua comodidade. Não gosta de trabalho físico, e também não gosta de aplicação mental atenta ao estudo da Palavra. Ele quer considerar as coisas indolentemente. Vai a um lugar e tenta aí apresentar a verdade, quando seu coração não está nisso. Não sente o peso da obra, nem verdadeira responsabilidade pelas almas. Não tem amor pelos pecadores em seu coração. Permite que sua inclinação o desvie do trabalho, deixa que seus sentimentos o controlem, abandona o trabalho e volta à sua família. Não tem experiência em abnegação, em sacrificar sua comodidade e suas inclinações. Esforça-se muito pelo salário. Não se dedica inteiramente a seu trabalho, mas apenas toca nele aqui e acolá sem perseverança e seriedade, e assim não tem êxito em nada. Deus Se desagrada de tais obreiros professos. São infiéis em tudo. Sua consciência não é sensível e terna. T3 555 2 Grande erro é apresentar a verdade em um lugar e depois não ter ânimo, energia e tato para levar avante o trabalho, pois este é deixado sem aquele esforço completo e perseverante que é absolutamente necessário nesse lugar. Se existir dificuldade e surgir oposição, há uma retirada covarde, em vez de recorrer a Deus com jejum, oração e pranto, e pela fé apegar-se à fonte de luz, capacidade e fortaleza até que as nuvens se desfaçam e se disperse a escuridão. A fé é fortalecida por entrar em conflito com dúvidas e influências opostas. A experiência alcançada nessas provas é de maior valor do que as jóias mais preciosas. T3 555 3 O resultado de seu trabalho, irmão R, deve envergonhá-lo. Deus não pode aceitá-lo. Seria melhor para a causa de Deus se você parasse de pregar e assumisse um trabalho que envolve menos responsabilidade. Seria melhor que fosse trabalhar com as próprias mãos. Humilhe seu coração diante de Deus; seja fiel em assuntos temporais; e quando mostrar que é fiel nas responsabilidades menores, Deus pode lhe confiar tarefas mais elevadas. "Quem é fiel no mínimo também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo também é injusto no muito." Lucas 16:10. Você precisa de uma experiência mais profunda nas coisas religiosas. Aconselho-o a ir trabalhar com as próprias mãos e suplicar fervorosamente a Deus por uma experiência pessoal. Apegue-se a Jesus e nunca, nunca ouse assumir as responsabilidades de um ministro do evangelho enquanto não for um homem convertido e tiver um espírito manso e pacífico. Você deve manter-se longe da obra de Deus até ser dotado com poder do alto. Ninguém pode ter êxito em salvar almas a menos que Cristo trabalhe com seus esforços e o eu seja excluído. T3 556 1 Um ministro de Cristo deve estar "perfeitamente habilitado para toda boa obra". 2 Timóteo 3:17. Você tem fracassado miseravelmente. Precisa mostrar em sua família consideração bondosa, ternura, amor, gentileza, nobre paciência e verdadeira cortesia apropriados a um líder de família, antes de ter êxito em ganhar almas para Cristo. Se você não tem sabedoria para governar o pequeno grupo com o qual está intimamente unido, como pode ter êxito em governar um grupo maior, que não está interessado em você de modo especial? Sua esposa precisa ser verdadeira e inteiramente convertida a Deus. Nenhum de vocês está em condição de representar corretamente nossa fé. Ambos necessitam de total conversão. T3 556 2 No momento, retirar-se da obra de Deus é o melhor para você. Irmão R, você não tem perseverança nem fibra moral. É muito deficiente naqueles traços de caráter necessários para a obra de Deus no tempo atual. Não recebeu aquele treino na vida prática que lhe é necessário a fim de ter êxito como um útil ministro de Cristo. Sua educação tem sido deficiente em muitos aspectos. Seus pais não observaram seu caráter, nem o educaram para vencer seus defeitos, a fim de que você desenvolvesse caráter simétrico e possuísse firmeza, abnegação, domínio próprio, humildade e força moral. Você conhece muito pouco da vida prática ou de perseverança sob dificuldades. Tem desejo forte de contestar as idéias de outros e de insistir nas suas. Isto é o resultado de seus sentimentos de auto-suficiência e de seguir as próprias inclinações na juventude. T3 557 1 Você não vê a si mesmo nem a seus erros. Não está disposto a aprender, mas tem grande desejo de ensinar. Forma opiniões próprias e se apega a suas idéias particulares com uma persistência que é cansativa. Tem ansiedade de provar seus pontos, e a seus olhos suas idéias são de maior importância do que o discernimento experiente de homens de dignidade moral que têm sido provados nesta causa. Você tem sido lisonjeado com a idéia de que tinha habilidade que seria apreciada e que faria de você um homem valioso; mas estas qualidades não têm sido testadas nem comprovadas. Você tem educação unilateral. Não tem inclinação ou amor pelos deveres humildes e diários da vida. Sua indolência seria suficiente para desqualificá-lo para a obra do ministério se não houvesse outras razões por que você não devesse nela entrar. A causa não precisa tanto de pregadores como de obreiros. De todas as vocações da vida, não há nenhuma que requeira obreiros tão sérios, fiéis, perseverantes e abnegados como a causa de Deus nestes últimos dias. T3 557 2 O empreendimento de obter a vida eterna está acima de toda outra consideração. Deus não quer preguiçosos em Sua causa. A obra de advertir pecadores a fugirem da ira vindoura requer homens sérios que sintam amor pelas almas e que não sejam rápidos a se valer de toda desculpa para evitar responsabilidades e deixar o trabalho. Pequenos contratempos, como mau tempo ou enfermidades imaginárias, parecem suficientes ao irmão R para desculpá-lo de fazer qualquer esforço. Apelará até à própria comiseração; e quando deveres surgem que ele não se sente inclinado a cumprir, quando sua indolência pede condescendência, freqüentemente dá desculpa de que está doente, quando não há razão por que devia estar doente, a menos que por hábitos indolentes e condescendência do apetite seu organismo todo esteja paralisado pela inatividade. Ele pode desfrutar de boa saúde se observar estritamente as leis da vida e da saúde, e obedecer à luz da reforma de saúde em todos os seus hábitos. T3 558 1 O irmão R não é homem para a obra nestes últimos dias a menos que ele se reforme inteiramente. Deus não chama pastores que são demasiado indolentes para se empenhar em trabalho físico, para levar a mensagem de advertência ao mundo. Ele quer obreiros em Sua causa. Obreiros verdadeiros, fervorosos, abnegados realizarão alguma coisa. T3 558 2 Irmão R, o fato de você ensinar a verdade a outros tem sido completo equívoco. Se Deus chama um homem, Ele não cometerá erro tão grande como de escolher um de tão pouca experiência na vida prática e nas coisas espirituais como você tem sido. Você tem habilidade para falar, não há dúvida quanto a isso, mas a causa de Deus requer homens de consagração e energia. Estes traços você pode cultivar; pode obtê-los se quiser. Cultivando com perseverança os traços opostos àqueles nos quais você agora falha, pode aprender a superar essas deficiências em seu caráter as quais têm aumentado desde a juventude. Meramente sair e falar ao povo de vez em quando não é trabalhar para Deus. Nisto não há trabalho verdadeiro. T3 558 3 Os que trabalham para Deus ao apresentarem um sermão no púlpito mal começaram o trabalho. Depois disto vem o verdadeiro trabalho, o visitar de casa em casa, conversar com os membros das famílias, orar com eles e aproximar-se com simpatia daqueles a quem se deseja beneficiar. Não diminuirá a dignidade do ministro de Cristo estar alerta para ver e reconhecer os fardos transitórios e os cuidados das famílias que ele visita, e ser útil, procurando aliviá-los onde puder ao empenhar-se em trabalho físico. Deste modo pode exercer uma influência poderosa para desarmar a oposição e quebrar o preconceito, a qual deixaria de exercer se fosse em todos os outros aspectos plenamente eficiente como ministro de Cristo. T3 558 4 Nossos jovens pastores não têm a responsabilidade de escrever que os mais velhos e mais experientes têm. Não têm uma multiplicidade de responsabilidades que sobrecarregam a mente e desgastam a pessoa. Mas é justamente este fardo de cuidados que aperfeiçoa a experiência cristã, dá força moral e faz homens fortes e eficientes daqueles que estão empenhados na obra de Deus. O evitar fardos e responsabilidades desagradáveis nunca fará de nossos pastores homens fortes dos quais se pode depender numa crise religiosa. Muitos de nossos jovens pastores são tão fracos como bebês na obra de Deus. E alguns que têm estado durante anos empenhados na obra de ensinar a verdade não são ainda obreiros capazes, que não precisam se envergonhar. Não se tornaram fortes em experiência por serem convocados por influências opostas. Eles têm se esquivado daquele exercício que fortaleceria os músculos morais, dando poder espiritual. Mas é justamente desta experiência que precisam a fim de atingir a plena estatura de homens em Cristo Jesus. Não adquirem poder espiritual esquivando-se de deveres e responsabilidades, e se entregando à indolência e ao amor egoísta à comodidade e ao prazer. T3 559 1 O irmão R não tem falta de habilidade para revestir suas idéias de palavras, mas precisa de espiritualidade e verdadeira santidade de coração. Não bebeu ele mesmo do manancial da verdade. Tivesse ele aproveitado seus momentos dourados estudando a Palavra de Deus, poderia agora ser um obreiro capaz, mas é muito indolente para aplicar com seriedade a mente e para aprender para si mesmo as razões de nossa esperança. Ele se contenta em pegar material que outras mentes e outras penas se esforçaram para produzir, e usa os pensamentos deles, que lhe estão à mão, sem esforço ou exercício mental, sem cuidadosa reflexão nem devota meditação. T3 559 2 O irmão R também não gosta de aplicar-se seriamente ao estudo das Escrituras ou ao trabalho físico. Prefere um caminho mais fácil, e ainda não tem um conhecimento experimental das responsabilidades da obra de Deus. É-lhe mais fácil repetir os pensamentos de outros do que pesquisar diligentemente a verdade por si mesmo. É somente por esforço pessoal, intensa aplicação mental e inteira dedicação ao trabalho que as pessoas se tornam competentes para o ministério. T3 559 3 Diz Cristo: "Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar?" Mateus 5:13. O sabor do sal é a graça divina. Todos os esforços para promover a verdade são de pouco valor a menos que o Espírito de Deus os acompanhe. Você fez do ensinar a verdade uma brincadeira de criança. Sua mente tem repousado na própria comodidade e prazer, seguindo sua inclinação. Você e sua esposa não têm verdadeira percepção da santidade da obra de Deus. Ambos pensam mais em agradar sua fantasia e imaginar como satisfazer seus desejos de comodidade e prazer do que em empenhar-se nos deveres sérios da vida, especialmente nas responsabilidades relacionadas à obra de advertir o mundo do juízo vindouro. T3 560 1 Você tem visto o irmão S sobrecarregado com as responsabilidades e fatigado com o trabalho físico; mas você tem tido tanto amor à comodidade pessoal e tal desejo de manter importância própria que se manteve alheio, esquivando-se dos deveres que alguém foi obrigado a desempenhar. Você tem passado dias em complacente indolência sem beneficiar a ninguém, e então sua consciência lhe permitia sem remorso relatar o tempo gasto na maioria das vezes em indolência e receber pagamento da tesouraria de Deus. T3 560 2 Você mostrou por sua conduta que não tinha elevada percepção das coisas sagradas. Tem roubado a Deus, e deve agora procurar fazer uma obra cabal de arrependimento. Não tente ensinar a outros. Quando você se converter, então poderá ser capaz de fortalecer seus irmãos; mas Deus não usa homens com esses traços de caráter em Sua vinha. Quando abandonar esses traços, e receber o selo divino, então poderá trabalhar na causa de Deus. Você precisa aprender quase tudo e tem apenas pouco tempo no qual aprender essas lições. Que Deus o ajude a trabalhar seriamente e ao ponto. Escrevi muito mais sobre princípios gerais, mas no momento não tenho tempo de passá-los a você. ------------------------Capítulo 50 -- Pais como reformadores T3 560 3 Em três de Janeiro de 1875, foi-me mostrado que nenhum de nós reconhece os perigos que nos espreitam a cada passo. Temos um inimigo vigilante, e não obstante não estamos alertas e sérios em nossos esforços para resistir às tentações de Satanás e vencer seus ardis. T3 561 1 Deus permitiu que a luz da reforma de saúde brilhasse sobre nós nestes últimos dias, para que andando na luz escapemos dos muitos perigos aos quais estaremos expostos. As tentações de Satanás são poderosas sobre os seres humanos para levá-los a condescender com o apetite, satisfazer a inclinação e viver uma vida de loucura insensata. Ele apresenta atrações em uma vida de satisfação pessoal, e em procurar satisfazer o instinto sensual. Licenciosidade prevalece em extensão alarmante e está arruinando a constituição física para o resto da vida; e não somente isto, mas as faculdades morais são sacrificadas. Condescendências intemperantes estão diminuindo as energias vitais tanto do corpo como da mente. Colocam aquele que é vencido no terreno do inimigo, onde Satanás pode tentar, irritar e finalmente controlar a vontade de acordo com seu desejo. T3 561 2 Aqueles que têm sido vencidos no ponto do apetite e que estão usando livremente fumo estão rebaixando suas forças mentais e morais e as escravizando à sensualidade. Satisfazendo a sede de bebida alcoólica, o homem leva voluntariamente aos lábios aquela bebida que vai colocar abaixo do nível dos animais aquele que foi feito à imagem de Deus. A razão fica paralisada, o intelecto é obscurecido, despertadas as paixões sensuais, e então seguem-se crimes do caráter mais degradante. Se as pessoas se tornassem temperantes em todas as coisas, se não tocassem, não provassem, não manuseassem bebidas alcoólicas e narcóticos, a razão seguraria as rédeas de governo em suas mãos e controlaria os apetites e paixões sensuais. Nesta época agitada, quanto menos estimulante o alimento, melhor. A temperança em todas as coisas e a firme negação do apetite é o único caminho seguro. T3 561 3 Satanás chega-se ao homem, como se chegou a Cristo, com suas esmagadoras tentações para condescender com o apetite. Ele bem conhece seu poder para vencer o homem neste ponto. Na questão do apetite venceu a Adão e Eva, no Éden, e perderam seu lar feliz. Que quantidade de miséria e crime tem enchido nosso mundo em conseqüência da queda de Adão! Cidades inteiras foram apagadas da face da Terra por causa dos degradantes crimes e da revoltante iniqüidade que as tornaram uma nódoa no Universo. A condescendência com o apetite foi a base de todos os seus pecados. Por meio do apetite Satanás dominou a mente e o ser. Milhares de pessoas que poderiam haver vivido passaram prematuramente à sepultura, física, mental e moralmente arruinadas. Possuíam boas faculdades, mas sacrificaram tudo à condescendência com o apetite, o que as levou a soltar as rédeas da concupiscência. Nosso mundo é um vasto hospital. Os hábitos viciosos estão aumentando. T3 562 1 É desagradável, se não perigoso, ficar num vagão de estrada de ferro ou numa sala apinhada que não é bem ventilada, onde a atmosfera está impregnada com as propriedades do álcool e do fumo. Os que ocupam o aposento dão evidência pelo hálito e emanações do corpo de que o organismo está cheio do veneno do álcool e do fumo. O uso do fumo é um hábito que afeta freqüentemente o sistema nervoso de maneira mais poderosa que o uso do álcool. Ele prende a vítima em mais fortes cadeias de servidão do que o faz o copo intoxicante; o hábito é mais difícil de vencer. O físico e a mente são, em muitos casos, mais completamente intoxicados com o uso do fumo do que com as bebidas alcoólicas; portanto, é um veneno mais sutil. T3 562 2 A intemperança está aumentando em toda parte, apesar dos mais veementes esforços feitos no ano passado* para impedir seu progresso. Foi-me mostrado que o poder gigantesco da intemperança não pode ser controlado por esforços dessa natureza. A obra de temperança deve começar em nossa família, à nossa mesa. As mães têm importante obra a fazer a fim de darem ao mundo, mediante a verdadeira disciplina e educação, filhos capazes de ocupar qualquer posição, por assim dizer, e que também possam honrar e fruir os deveres da vida doméstica. T3 562 3 Muito importante e sagrada é a obra da mãe. Cumpre-lhe ensinar aos filhos, desde o berço, a praticar atos de domínio próprio e de abnegação. Caso o tempo da mãe seja ocupado principalmente com as extravagâncias deste século degenerado, se o vestuário e as reuniões sociais lhe tomam o precioso tempo, seus filhos deixam de receber aquela educação que lhes é essencial possuir a fim de formarem caráter digno. A ansiedade da mãe cristã não deve ser meramente no sentido das coisas exteriores, mas de que seus filhos possuam constituição saudável e boa moral. T3 563 1 Muitas mães que deploram a intemperança que existe por toda parte não aprofundam a visão o bastante para ver a causa. Preparam diariamente uma variedade de pratos e alimentos muito condimentados, que tentam o apetite e incitam a comer em excesso. A mesa de nosso povo americano é geralmente provida de modo a formar bêbados. Para vasta classe, o apetite é a regra dominante. Quem quer que condescenda com o apetite comendo demasiado freqüentemente, e comida que não seja saudável, está enfraquecendo sua força para resistir às reivindicações desse apetite e da paixão em outros sentidos, e isso proporcionalmente ao vigor que permitiu tornarem os hábitos incorretos no comer. As mães precisam ser devidamente impressionadas quanto à obrigação que têm para com Deus e o mundo de prover à sociedade filhos de caráter bem formado. Homens e mulheres que venham ao campo de ação com princípios firmes estarão aptos a permanecer incontaminados entre a poluição moral deste século corrupto. T3 563 2 É o dever das mães aproveitar-se de suas áureas oportunidades para educar corretamente seus filhos para utilidade e dever. Seu tempo pertence a seus filhos num sentido especial. Tempo precioso não deve ser devotado a trabalho inútil com vestes para ostentação, mas deve ser gasto em instruir pacientemente e ensinar cuidadosamente a seus filhos a necessidade de abnegação e domínio próprio. T3 563 3 A mesa de muitas mulheres que professam cristianismo é diariamente posta com uma variedade de pratos que irritam o estômago e produzem um estado febril no organismo. Alimentos cárneos constituem o principal artigo de alimentação na mesa de algumas famílias, até que seu sangue fica cheio de humores cancerosos e escrofulosos. Seu corpo compõe-se daquilo que eles ingerem. Mas ao sobrevir-lhes sofrimento e doença, isto é considerado aflição vinda da Providência. T3 563 4 Repetimos, a intemperança começa em nossas mesas. Condescende-se com o apetite até que a condescendência com ele se torna a segunda natureza. Pelo uso do chá e café predispõe-se o apetite para o uso do fumo, e este estimula o desejo de bebidas alcoólicas. T3 564 1 Para evitarem o trabalho de educar pacientemente seus filhos a seguirem hábitos de renúncia, e ensinar-lhes como fazer uso correto de todas as bênçãos de Deus, muitos pais permitem que eles comam e bebam sempre que desejem. A menos que sejam terminantemente restringidos, o apetite e a condescendência egoístas crescem cada vez mais e cada vez mais se fortalecem. Ao iniciarem seus filhos a vida por si mesmos e tomarem seu lugar na sociedade, tornam-se impotentes para resistir à tentação. Impureza moral e iniqüidade gritante crescem por toda a parte. A tentação para condescender com o apetite e satisfazer a inclinação não diminuiu com o passar dos anos, e em geral os jovens são governados pelo impulso e se tornam escravos do apetite. Vemos no glutão, no viciado em fumar e no beberrão de vinho e no alcoólatra os maus resultados da educação defeituosa. T3 564 2 Ao ouvirmos as tristes lamentações de homens e mulheres cristãos sobre os terríveis males da intemperança, sem demora surgem na mente as perguntas: Quem educou os jovens e lhes deu essa espécie de caráter? Quem promoveu neles o apetite que adquiriram? Quem tem negligenciado a responsabilidade mais solene de moldar a mente deles e formar seu caráter para utilidade nesta vida, e para a companhia dos anjos celestes na vida por vir? Uma grande classe de seres humanos que encontramos em toda parte é uma viva maldição ao mundo. Vivem para nenhum outro propósito senão satisfazer o apetite e a paixão, e para corromper mente e corpo por hábitos dissolutos. Esta é uma reprimenda terrível para as mães que são devotas da moda, que têm vivido para vestuário e ostentação, que negligenciaram embelezar a própria mente e formar o próprio caráter segundo o Modelo divino, e que também negligenciaram o dever sagrado que lhes foi confiado de educar os filhos "na doutrina e admoestação do Senhor". Efésios 6:4. T3 565 3 Vi que, por meio de suas tentações, está Satanás instituindo modas que estão sempre mudando, e atrativas reuniões sociais e diversões, para que as mães possam ser levadas a dedicar o tempo de graça que lhes foi dado por Deus a assuntos frívolos, para que elas não disponham senão de pouca oportunidade de educar e preparar seus filhos de maneira conveniente. Nossos jovens necessitam de mães que lhes ensinem desde o berço a controlar as paixões, a renunciar ao apetite e a subjugar o egoísmo. Precisam de "mandamento sobre mandamento... regra sobre regra..., um pouco aqui, um pouco ali". Isaías 28:10. T3 565 1 Foi concedida aos hebreus orientação sobre a maneira em que deviam educar os seus filhos a evitar a idolatria e a iniqüidade das nações pagãs: "Ponde, pois, estas Minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por testeiras entre os vossos olhos; e ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te." Deuteronômio 11:18, 19. T3 565 2 Temos um desejo sincero que a mulher ocupe a posição que Deus originalmente designou, como a igual de seu marido. Precisamos tanto de mães que sejam mães não só de nome, mas no verdadeiro sentido da palavra. Podemos dizer com segurança que a dignidade e importância da missão e deveres específicos da mulher são de caráter mais santo e mais sublime que os deveres do homem. T3 565 3 Há especulações sobre os direitos e deveres das mulheres com respeito a votar. Muitas não estão de modo algum educadas para compreender a implicação de questões importantes. Viveram vida de satisfação presente porque era a moda. Mulheres que poderiam desenvolver bom intelecto e ter verdadeira dignidade moral são agora meras escravas da moda. Não possuem amplidão de pensamento ou intelecto culto. Podem falar inteligentemente da última moda, dos estilos de vestidos, desta ou daquela festa ou do baile deleitável. Estas mulheres não estão preparadas para assumir inteligentemente uma posição proeminente em questões políticas. São meras criaturas da moda e das circunstâncias. Que esta ordem de coisas seja mudada. Que a mulher compreenda a santidade de sua obra e, na força e temor de Deus, assuma a missão de sua vida. Eduque seus filhos a fim de que sejam úteis neste mundo e estejam aptos para o mundo melhor. T3 565 4 Dirigimo-nos a mães cristãs. Apelamos a que sintam sua responsabilidade como mães e vivam não para satisfazer a si mesmas, mas para glória de Deus. Cristo não agradou a Si mesmo, mas tomou sobre Si a forma de servo. Deixou as cortes reais e concordou em revestir Sua divindade com humanidade, para que pela Sua condescendência e Seu exemplo de sacrifício próprio pudesse nos ensinar como podemos ser elevados à posição de filhos e filhas da família real, filhos do Rei celestial. Mas quais são as condições dessas bênçãos sagradas e exaltadas? "Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso." 2 Coríntios 6:17, 18. T3 566 1 Cristo humilhou-Se da mais alta autoridade, da posição de um igual a Deus, ao lugar mais baixo, o de um servo. Seu lar era em Nazaré, que era proverbial por sua impiedade. Seus pais estavam entre os pobres humildes. Seu ofício era o de um carpinteiro, e trabalhou com as mãos para fazer Sua parte em sustentar a família. Por trinta anos foi sujeito a Seus pais. Aqui a vida de Cristo nos mostra nosso dever de sermos diligentes no trabalho e suprir e educar os fracos e ignorantes. Em Suas lições de instrução a Seus discípulos Jesus lhes ensinou que Seu reino não era um reino mundano, onde todos estavam lutando pela mais elevada posição. T3 566 2 A mulher deve ocupar uma posição mais sagrada e elevada na família do que o rei em seu trono. Sua grande obra é tornar sua vida um exemplo vivo que ela deseje que seus filhos imitem. Tanto por preceito como por exemplo, deve ela suprir-lhes a mente com conhecimentos úteis e levá-los a trabalhar sacrificando-se pelo bem de outros. O maior estímulo para a cansada e sobrecarregada mãe deve ser que cada filho seja educado de maneira correta e que possua o adorno interior, o ornamento "de um espírito manso e quieto" (1 Pedro 3:4), obtenha aptidão para o Céu e resplandeça nas cortes do Senhor. T3 566 3 Quão poucos vêem qualquer atrativo na humildade de Cristo! Sua humildade não consistia em uma valorização inferior de Seu caráter e qualificações, mas em humilhar-Se ao nível da humanidade caída a fim de levantá-la com Ele para uma vida mais elevada. Pessoas do mundo tentam exaltar-se à posição daquelas que estão acima delas ou tornar-se superiores às mesmas. Mas Jesus, o Filho de Deus, humilhou a Si mesmo para elevar o homem; e o verdadeiro seguidor de Cristo procurará encontrar os homens onde estão a fim de elevá-los. T3 567 1 Não hão de as mães desta geração sentir a santidade de sua missão e, em vez de competir com seus vizinhos ricos, em suas ostentações, procurar excedê-los na fiel realização da tarefa de instruir os filhos para a vida melhor? Se as crianças e os jovens fossem treinados e educados em hábitos de abnegação e domínio próprio, se lhes fosse ensinado que comem para viver em vez de viver para comer, haveria então menos doenças e menos corrupção moral. Pouca necessidade haveria de campanhas de temperança, que pouca importância têm, se nos jovens, que formam e moldam a sociedade, pudessem ser implantados princípios retos com respeito à temperança. Possuiriam então valor e integridade morais para resistir, na força de Jesus, às corrupções destes últimos dias. T3 567 2 É questão muito difícil desaprender os hábitos que têm sido acariciados durante toda a vida e têm educado o apetite. O demônio da intemperança não é facilmente vencido. Tem força gigantesca e é difícil de dominar. Iniciem os pais uma cruzada contra a intemperança ao lado da própria lareira, na própria família, nos princípios que ensinam aos filhos para seguirem desde sua infância, e podem esperar êxito. Compensará, mães, usar as preciosas horas que Deus lhes dá na formação, desenvolvimento e treino do caráter de seus filhos e em lhes ensinar a se apegarem estritamente aos princípios de temperança no comer e no beber. T3 567 3 Os pais podem ter transmitido aos filhos tendências para o apetite e paixão, o que torna mais difícil o trabalho de educá-los e treiná-los para serem estritamente temperantes e terem hábitos puros e virtuosos. Se o apetite por alimento nada saudável, estimulantes e narcóticos lhes tem sido transmitido como legado dos pais, que responsabilidade terrivelmente solene repousa sobre estes, de anular as más tendências que eles passaram aos filhos! Quão fervorosa e diligentemente devem os pais trabalhar para, com fé e esperança, cumprir seu dever para com seus desventurados filhos! T3 568 1 Os pais devem tornar sua primeira preocupação compreender as leis da vida e da saúde, para que nada por eles seja feito no preparo do alimento, ou por meio de quaisquer outros hábitos, que desenvolva nos filhos más tendências. Com quanto cuidado devem as mães estudar como preparar a mesa com o alimento mais simples e saudável, para que os órgãos digestivos não sejam enfraquecidos, desequilibradas as energias nervosas e a instrução que derem aos filhos não seja anulada pelo alimento que lhes é dado! Esse alimento enfraquece ou fortalece os tecidos do estômago e muito tem a ver com o controle da saúde física e moral dos filhos, que são a propriedade de Deus comprada com sangue. Que sagrado depósito é confiado aos pais, o de proteger a constituição física e moral dos filhos, para que o sistema nervoso seja bem equilibrado e a alma não seja posta em perigo! Os que condescendem com o apetite dos filhos, e não lhes controlam as paixões, reconhecerão o terrível erro que cometeram, nos escravos do fumo e da bebida, cujos sentidos se acham embotados e cujos lábios proferem palavras falsas e profanas. T3 568 2 Quando pais e filhos se encontrarem no final ajuste de contas, que cena se apresentará! Milhares de filhos que têm sido escravos do apetite e de vícios humilhantes, cujas vidas são destroços morais, estarão face a face diante dos pais que deles fizeram o que são. Quem, além dos pais, deve assumir tão terrível responsabilidade? Fez o Senhor corruptos esses jovens? Oh, não! Fê-los à Sua imagem, "um pouco menor do que os anjos". Hebreus 2:7. Quem, então, fez a temível obra de formar o caráter da vida? Quem lhes transformou o caráter, de modo que não tivessem o selo de Deus e devessem para sempre estar separados de Sua presença, por serem impuros demais para terem qualquer parte com os anjos puros num Céu santo? Foram os pecados dos pais transmitidos aos filhos em apetites e paixões pervertidos? E foi completada a obra pela mãe amante de prazeres ao negligenciar ensiná-los devidamente de acordo com o padrão que lhe foi dado? Tão certo como existem, todas essas mães passarão em revista diante de Deus. Satanás está pronto para fazer sua obra e apresentar tentações que eles não têm força de vontade nem força moral para resistir. T3 569 1 Nosso povo está constantemente retrocedendo quanto à reforma de saúde. Satanás vê que não pode exercer poder mais controlador sobre eles do que lhe seria possível se condescendessem com o apetite. Sob a influência de alimentos impróprios para a saúde, a consciência torna-se entorpecida, a mente obscura e sua sensibilidade às impressões se embota. Mas embora a consciência violada esteja entorpecida e se torne insensível, nem por isso a culpa do transgressor é diminuída. T3 569 2 Satanás está corrompendo as mentes e destruindo as pessoas por meio de suas sutis tentações. Não verá nem sentirá nosso povo o pecado de condescender com o apetite pervertido? Não abandonará o chá, café, alimentos cárneos e toda alimentação estimulante, devotando à expansão da verdade os recursos expendidos com esses hábitos nocivos? Esses estimulantes só trazem prejuízo, e contudo vemos que um grande número dos que professam ser cristãos está usando fumo. Esses mesmos homens deplorarão o mal da intemperança, e ao mesmo tempo que falam contra o uso de bebidas alcoólicas estão cuspindo suco de fumo. Visto que o estado saudável da mente depende da condição normal das forças vitais, que cuidado precisa ser exercido para não se usarem narcóticos nem estimulantes! T3 569 3 O fumo é um veneno lento, perigoso, e seus efeitos são mais difíceis de desaparecer do organismo do que os do álcool. Que resistência tem o adepto do fumo para deter o progresso da intemperança? Deve haver em nosso mundo uma revolução acerca do fumo antes que o machado seja posto à raiz da árvore. Enfatizamos ainda mais o assunto: O chá e o café estão fomentando o desejo que se desenvolve quanto a estimulantes mais fortes, como o fumo e as bebidas alcoólicas. E chegamos ainda mais perto de nosso lar, às refeições diárias, às mesas postas em lares cristãos: É porventura a temperança praticada em tudo? São as reformas essenciais à saúde e à felicidade aí postas em prática? Todo verdadeiro cristão controlará o apetite e as paixões. A menos que ele esteja livre da servidão do apetite, não pode ser um genuíno e obediente servo de Cristo. É a condescendência com o apetite e as paixões que tornam a verdade sem efeito para o coração. Impossível é ao espírito e ao poder da verdade santificarem o homem -- alma, corpo e espírito -- quando ele é dominado pelo apetite e a paixão. ------------------------Capítulo 51 -- "Não poderei descer" T3 570 1 "Estou fazendo uma grande obra", diz Neemias, "de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?" Neemias 6:3. T3 570 2 Foi-me mostrado, em 3 de Janeiro de 1875,* que o povo de Deus não devia afrouxar por um momento sua vigilância. Satanás acha-se em nosso encalço. Está decidido a vencer com suas tentações o povo que observa os mandamentos de Deus. Se não lhe dermos lugar, antes resistirmos a seus ardis, firmes na fé, teremos força para apartar-nos de toda iniqüidade. Os que observam os mandamentos de Deus serão uma força na Terra, caso vivam segundo seus privilégios e a luz que têm. Serão modelos de piedade, de coração e conversação santos. Não teremos folga, para que possamos deixar de vigiar e orar. À medida que se aproxima o tempo de Cristo manifestar-Se nas nuvens do céu, as tentações de Satanás far-se-ão sentir com mais poder sobre os que guardam os mandamentos de Deus; pois ele sabe que seu tempo é curto. T3 571 1 A obra de Satanás será levada avante por meio de instrumentos. Pastores que aborrecem a lei de Deus empregarão qualquer meio para desviar pessoas de sua lealdade para com o Senhor. Nossos mais acérrimos inimigos achar-se-ão entre os adventistas do primeiro dia. Têm o coração inteiramente decidido a fazer guerra contra os que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus. Essa classe julga ser virtude falar, escrever e agir movidos pelo mais intenso ódio contra nós. Não precisamos esperar um trato eqüitativo nem justiça de suas mãos. A muitos deles é inspirado por Satanás um furor insano contra os observadores dos mandamentos divinos. Usarão conosco de malignidade e nos desfigurarão; todos os nossos motivos e ações serão mal interpretados e nosso caráter será alvo de seus ataques. Assim se manifestará a ira do dragão. Vi, porém, que não devemos ficar nem um pouco desanimados. Nossa força está em Jesus, que nos advoga a causa. Se confiamos humildemente em Deus, apegando-nos firmemente às Suas promessas, Ele nos dará graça e sabedoria do alto para resistir a todos os ardis de Satanás, e sair vitoriosos. T3 571 2 Em minha recente visão foi-me mostrado que não nos aumentará a influência nem nos trará o favor de Deus o desforrar-nos ou descer de nossa grande obra ao nível deles, enfrentando-lhes as calúnias. Pessoas há que recorrerão a toda espécie de engano e falsidade a fim de atingir seu objetivo de iludir e lançar infâmia sobre a lei de Deus e sobre os que a amam e lhe obedecem. Repetirão as mentiras mais incoerentes e baixas, várias vezes, até que eles próprios chegam a crer que isso é a verdade. Essas falsidades são os mais fortes argumentos que têm a empregar contra o sábado do quarto mandamento. Não devemos deixar que os sentimentos nos dominem e nos desviem da obra de advertir o mundo. T3 571 3 Foi-me apresentado o caso de Neemias. Ele se achava empenhado na construção dos muros de Jerusalém, e os inimigos de Deus estavam decididos a não permitir que os mesmos fossem construídos. "Sucedeu que, ouvindo Sambalate e Tobias, e os arábios, e os amonitas, e os asdoditas que tanto ia crescendo a reparação dos muros de Jerusalém, que já as roturas se começavam a tapar, iraram-se sobremodo. E ligaram-se entre si todos, para virem atacar Jerusalém, e para os desviarem do seu intento." Neemias 4:7, 8. T3 572 1 Nesse caso o espírito de ódio e oposição contra os hebreus formou o traço de união, criando mútua simpatia entre diversas corporações de homens que, de outro modo, poderiam guerrear uns aos outros. Isto ilustra bem o que freqüentemente testemunhamos em nossos dias na união existente entre homens de diferentes denominações para se oporem à verdade presente -- homens cuja ligação única parece ser aquilo que é de natureza satânica, manifestando amargura e ódio contra os remanescentes que guardam os mandamentos de Deus. Isto se verifica especialmente nos adventistas do primeiro dia, de nenhum dia e de todos os-dias-iguais, os quais parecem famosos por se aborrecerem e caluniarem uns aos outros, quando lhes sobra algum tempo dos esforços que empregam para apresentar falsamente, caluniar e maltratar por todos os modos os adventistas do sétimo dia. T3 572 2 "Porém nós oramos ao nosso Deus e pusemos uma guarda contra eles, de dia e de noite, por causa deles." Neemias 4:9. Corremos contínuo risco de tornar-nos presunçosos, confiando em nossa própria sabedoria, deixando de fazer de Deus a nossa força. Coisa alguma perturba tanto a Satanás como o lhe conhecermos os ardis. Se sentimos o próprio perigo, sentiremos também a necessidade que temos de oração, como aconteceu com Neemias, e, à sua semelhança, obteremos aquela firme defesa que nos dará segurança no perigo. Caso sejamos descuidosos e indiferentes, certamente seremos vencidos pelos enganos de Satanás. Cumpre-nos ser vigilantes. Ao passo que, como Neemias, recorremos à oração, levando todas as nossas perplexidades e fardos ao Senhor, não devemos sentir que nada mais temos a fazer. Precisamos vigiar da mesma maneira que orar. Devemos vigiar a obra de nossos adversários, para que não obtenham vantagem, iludindo as pessoas. Cumpre-nos, na sabedoria de Cristo, esforçar-nos para derrotar-lhes os desígnios, ao mesmo tempo em que não permitimos que nos desviem da grande obra em que nos encontramos empenhados. A verdade é mais forte do que o erro. A justiça prevalecerá sobre a iniqüidade. T3 573 1 O povo do Senhor está buscando restaurar a brecha feita na lei de Deus. "E os que de ti procederem edificarão os lugares antigamente assolados; e levantarás os fundamentos de geração em geração, e chamar-te-ão reparador das roturas e restaurador de veredas para morar. Se desviares o teu pé do sábado, de fazer a tua vontade no Meu santo dia, e se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor digno de honra, e se o honrares, não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falar as tuas próprias palavras, então, te deleitarás no Senhor, e te farei cavalgar sobre as alturas da Terra e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai; porque a boca do Senhor o disse." Isaías 58:12-14. T3 573 2 Isso perturba os inimigos de nossa fé, e são empregados todos os meios a fim de impedir-nos em nossa obra. Todavia as paredes derrubadas vão sendo firmemente reconstruídas. O mundo está sendo advertido, e muitos se estão desviando de pisar o sábado de Jeová. O Senhor está nesta obra, e o homem não a pode deter. Anjos de Deus estão colaborando com os esforços de Seus fiéis servos, e a obra vai em decidido progresso. Encontraremos oposição de toda espécie, como aconteceu com os construtores dos muros de Jerusalém; se, porém, vigiarmos, orarmos e trabalharmos como eles fizeram, o Senhor combaterá nossos combates por nós e nos dará vitórias preciosas. T3 573 3 Neemias "se chegou ao Senhor, não se apartou de após Ele e guardou os mandamentos que o Senhor tinha dado a Moisés. Assim, foi o Senhor com ele". 2 Reis 18:6, 7. Repetidamente foram enviados mensageiros solicitando uma conferência com Neemias, mas ele se recusou a ir encontrar-se com eles. Fizeram-se ousadas ameaças do que eles pretendiam fazer, e enviaram emissários para desviar a atenção do povo que estava empenhado na obra de construção. Estes apresentaram lisonjeiros incentivos, e prometeram aos construtores isenção de restrições, e admiráveis privilégios, caso unissem os próprios interesses aos seus, e parassem a obra de construção. T3 573 4 Mas o povo tinha ordem de não meter-se em contenda com seus inimigos, e não responder-lhes nem uma palavra, para que não lhes fosse dada nenhuma vantagem de palavras. Recorreram a ameaças e ridículo. Diziam: "Ainda que edifiquem, vindo uma raposa, derrubará facilmente o seu muro de pedra." Sambalate "ardeu em ira, e se indignou muito, e escarneceu dos judeus". Neemias orou: "Ouve, ó nosso Deus, que somos tão desprezados, e caia o seu opróbrio sobre a sua cabeça." Neemias 4:3, 1, 4. T3 574 1 "E enviei-lhes mensageiros a dizer: Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco? E da mesma maneira enviaram a mim quatro vezes; e da mesma maneira lhes respondi. Então, Sambalate, da mesma maneira, pela quinta vez me enviou o seu moço com uma carta aberta na sua mão." Neemias 6:3-5. T3 574 2 Sofreremos a mais árdua oposição da parte dos adventistas que se opõem à lei de Deus. Mas, como os edificadores dos muros de Jerusalém, não nos devemos distrair nem deter em nossa obra por causa do que os outros dizem, por mensageiros que desejem debate ou polêmica, ou por ameaças intimidantes, divulgação de falsidades, ou qualquer ardil sugerido por Satanás. Nossa resposta deve ser: Estamos empenhados em uma grande obra, e não podemos descer. Ficaremos por vezes perplexos ante qual caminho tomar a fim de manter a honra da causa de Deus, e vindicar-Lhe a verdade. T3 574 3 A atitude de Neemias deve ter poderosa influência em nosso espírito quanto à maneira de enfrentar essa espécie de oponentes. Cumpre-nos levar tudo isso ao Senhor em oração, como Neemias fez suas súplicas a Deus com humilhação de espírito. Chegou-se a Deus com inabalável fé. Esse é o procedimento que devemos seguir. O tempo é demasiado precioso para que os servos de Deus o devotem a reivindicar o próprio caráter, atingido pelos que aborrecem o sábado do Senhor. Cumpre-nos ir avante com firme confiança, crendo que Deus dará à Sua verdade grandes e preciosas vitórias. Descansando humilde e mansamente em Jesus, e com pureza de vida, devemos ter conosco um convincente poder de que possuímos a verdade. T3 574 4 Não compreendemos, como é nosso privilégio, a fé e confiança que podemos ter em Deus, e as grandes bênçãos que a fé nos dará. Acha-se diante de nós importante obra. Temos de adquirir aptidão moral para o Céu. Nossas palavras e exemplo devem falar ao mundo. Anjos de Deus se acham ativamente empenhados em servir a Seus filhos. Estão escritas preciosas promessas, sob condição de obedecermos aos mandamentos de Deus. O Céu está pleno das mais ricas bênçãos à espera de nos serem comunicadas. Caso sintamos nossa necessidade e sinceramente nos acheguemos a Deus, com fervente fé, seremos postos em íntimo contato com o Céu, e nos tornaremos condutos de luz para o mundo. T3 575 1 Importa que se faça soar muitas vezes a advertência: "Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar." 1 Pedro 5:8.