------------------------Testemunhos para a Igreja, 4 T4 5 1 O Breve Histórico do Volume Quatro T4 9 2 Capítulo 1 -- Biografias Bíblicas T4 16 1 Capítulo 2 -- Unidade da Igreja T4 20 5 Capítulo 3 -- Avançar T4 28 1 Capítulo 4 -- Condescendência com o Apetite T4 43 3 Capítulo 5 -- Escolhendo Tesouro Terrestre T4 55 1 Capítulo 6 -- Verdadeira benevolência T4 67 1 Capítulo 7 -- Coobreiros de Cristo T4 83 3 Capítulo 8 -- O Processo de Prova T4 94 1 Capítulo 9 -- Trabalho que promove saúde T4 104 2 Capítulo 10 -- Influência do ambiente social T4 118 2 Capítulo 11 -- Interesse dividido T4 125 3 Capítulo 12 -- Exaltação Própria T4 134 1 Capítulo 13 -- Missionários no Lar T4 144 2 Capítulo 14 -- Pronta Obediência T4 148 2 Capítulo 15 -- Os Doze Espias T4 156 2 Capítulo 16 -- A Tomada de Jericó T4 164 2 Capítulo 17 -- Jeremias Reprova Israel T4 186 1 Capítulo 18 -- Necessárias Fiéis Reprovações T4 213 1 Capítulo 19 -- Inteira Consagração T4 221 2 Capítulo 20 -- Necessidade de Harmonia T4 227 2 Capítulo 21 -- Oposição a Fiéis Advertências T4 247 1 Capítulo 22 -- Santidade dos Mandamentos de Deus T4 255 1 Capítulo 23 -- O Egoísmo na Igreja e na Família T4 260 1 Capítulo 24 -- Apelo aos Pastores T4 271 2 Capítulo 25 -- Experiência e Trabalhos T4 306 1 Capítulo 26 -- Preparo para a Volta de Cristo T4 313 3 Capítulo 27 -- Mensagem aos Pastores T4 321 1 Capítulo 28 -- Simpatia Pelos que Erram T4 330 3 Capítulo 29 -- A Causa no Texas T4 341 1 Capítulo 30 -- Pastores que Cuidam de si Mesmos T4 350 1 Capítulo 31 -- Honestidade nos negócios T4 360 1 Capítulo 32 -- A Religião na Vida Diária T4 371 1 Capítulo 33 -- Pastores consagrados T4 384 2 Capítulo 34 -- O juízo T4 388 1 Capítulo 35 -- Nossas publicações T4 393 1 Capítulo 36 -- Embaixadores de Cristo T4 407 4 Capítulo 37 -- Ministros do Evangelho T4 418 1 Capítulo 38 -- Nosso Colégio T4 430 1 Capítulo 39 -- A Causa em Iowa T4 449 3 Capítulo 40 -- Nossas Casas publicadoras T4 462 2 Capítulo 41 -- A Santidade dos Votos T4 476 2 Capítulo 42 -- Testamentos e legados T4 485 2 Capítulo 43 -- Relacionamento entre os membros da igreja T4 489 2 Capítulo 44 -- Desonestidade na igreja T4 495 2 Capítulo 45 -- A importância de domínio próprio T4 503 3 Capítulo 46 -- Casamentos não-bíblicos T4 508 2 Capítulo 47 -- Os pobres do Senhor T4 511 3 Capítulo 48 -- A causa em Battle Creek T4 519 1 Capítulo 49 -- Aperfeiçoar talentos T4 523 2 Capítulo 50 -- Os servos de Deus T4 537 3 Capítulo 51 -- Advertências e admoestações T4 545 1 Capítulo 52 -- Cultura moral e intelectual T4 550 1 Capítulo 53 -- Dever para com os pobres T4 552 2 Capítulo 54 -- Saúde e religião T4 554 1 Capítulo 55 -- Obreiros fiéis T4 565 1 Capítulo 56 -- Influência cristã T4 571 1 Capítulo 57 -- Economia e abnegação T4 575 3 Capítulo 58 -- Posição e obra do hospital T4 587 1 Capítulo 59 -- A influência dos companheiros T4 591 2 Capítulo 60 -- Sociedades de publicações T4 609 2 Capítulo 61 -- O amor ao mundo T4 628 1 Capítulo 62 -- Simplicidade no vestuário T4 648 2 Capítulo 63 -- A devida educação T4 654 1 Capítulo 64 -- Responsabilidade para com Deus ------------------------Breve histórico do volume quatro T4 5 1 Um período de sete anos, de 1875-1881 foi abrangido pelos cinco folhetos que agora formam o volume 4 de Testemunhos Para a Igreja. Estes foram os últimos sete anos da vida de Tiago White. A obra denominacional adentrou um período de rápida expansão. O Pastor e a Sra. White viajaram muito e trabalharam incansavelmente no ministério público, em entrevistas particulares e escrevendo. Estavam lutando com problemas de uma obra institucional em expansão. T4 5 2 A missão na Europa fazia pouco progresso e outros obreiros foram enviados para se unir ao Pastor Andrews em 1876. A abrangente visão de 3 de Janeiro de 1875, recebida em Battle Creek, que formou a base da maioria da primeira metade do volume 4, conduziu à melhor compreensão da natureza mundial da nossa obra. T4 5 3 Na Costa do Pacífico a obra denominacional estava se desenvolvendo rapidamente. A [revista] recentemente lançada Signs of the Times se tornou publicação permanente, e em 1875 foi aberta em Oakland a Pacific Press, nossa segunda casa publicadora adventista do sétimo dia. Esta logo se tornou o maior e mais bem equipado estabelecimento de publicações mantido na Costa do Pacífico. Em 1878, perto de St. Helena, ao norte da Califórnia, o segundo hospital denominacional abriu suas portas para serviço. T4 5 4 Com a ampliação das instalações de publicação, vimos crescer rapidamente nossa literatura, a qual, ao tempo da conclusão do período abrangido pelo volume 4, incluía: Thoughts on Daniel and the Revelation, de Uriah Smith, History of the Sabbath, de J. N. Andrews, e inúmeras outras obras de menor importância tratando de saúde, tópicos religiosos, temperança e temas de interesse para crianças. Planos para distribuição mais sistemática foram inaugurados com colportores regularmente empregados saindo de casa em casa para vender nossos livros contendo a verdade. Um grande movimento de distribuição gratuita de literatura por nossos membros leigos estava também se desenvolvendo bem, com o Pastor S. N. Haskell liderando a organização das sociedades de tratados [folhetos] e de missionários. T4 5 5 O volume 4 abrange uma época de grandes reuniões campais dos adventistas do sétimo dia. Com o primeiro de tais encontros realizado em 1868, o plano havia sido seguido com crescente entusiasmo. Durante o período de uma década fora raro uma associação estadual que não realizasse anualmente suas reuniões de verão. Os locais eram bem escolhidos e boa publicidade foi feita. Foi nessas grandes reuniões campais que se combinou iniciar um esforço de apresentar nas revistas relatórios da obra dos adventistas do sétimo dia. Grandes dificuldades foram enfrentadas para tornar as campais significativas, prover bom alimento e apresentar uma mensagem impressionante. As reuniões com duração de cinco, seis ou sete dias, que nos dias de semana eram freqüentadas por umas poucas centenas de adventistas, nos fins de semana atraíam vários milhares de ouvintes não adventistas interessados. O ponto alto de tal interesse foi registrado em 1876, quando em Groveland, Massachusetts, um subúrbio de Boston, vinte mil pessoas lotaram o local das campais no domingo, 27 de Agosto. A Sra. White falou a quinze mil atentos ouvintes naquela tarde. T4 6 1 A obra de temperança também se sobressaiu notavelmente nos anos abrangidos pelo volume 4. Os adventistas do sétimo dia, com a Sra. White entre seus principais oradores, ficou muito à frente, freqüentemente junto com organizações de temperança já estabelecidas. A maneira prática pela qual trabalharam para enfrentar a maré da intemperança é exposta pela Sra. White no capítulo intitulado "Experiências e Trabalhos", encontrado no centro do livro. T4 6 2 Na sede da denominação em Battle Creek havia grande atividade durante os últimos anos da década de 1870. O novo tabernáculo tomou o lugar da casa de cultos que já era pequena demais. Esse novo templo, construído para acomodar as assembléias da Associação Geral, tornou-se conhecido como Dime Tabernacle, porque foi solicitado que cada membro da igreja ao redor do país contribuísse com pelo menos dez centavos [ou um dime americano] para sua construção. Foi edificado entre o prédio da Review and Herald e o hospital, em frente a um lindo parque. Novos prédios muito maiores foram erigidos e colocados em uso no hospital. Por volta da mesma época, o trabalho médico se tornou firmemente estabelecido à medida que médicos preparados especialmente nesse ramo de serviço retornaram das melhores escolas do país para liderar essa importante obra em Battle Creek. A revista denominacional de saúde, Good Health, estava tendo "maior circulação do que qualquer revista de saúde na América". A Review and Herald se tornou a "maior e mais bem equipada oficina gráfica do Estado" de Michigan. O trabalho do recém-inaugurado Battle Creek College fez constante progresso, e no ano de 1881 alcançou um total de quase quinhentos alunos matriculados. T4 7 1 Embora, durante esses anos, o Pastor e a Sra. White houvessem estabelecido seu lar em Michigan ou na Califórnia, vamos encontrá-los por alguns meses no Texas. Mais tarde a Sra. White fez uma longa viagem à Costa Noroeste do Pacífico. Estavam novamente de volta a Battle Creek, Michigan, por ocasião da morte do pastor White em 1881. T4 7 2 Esses são alguns dos acontecimentos do período abrangido pelo volume 4. Através do livro inteiro há mensagens de conselho e instrução que têm um propósito em todos esses ramos de empreendimento que rapidamente se desenvolvem. Mas a ênfase da instrução nesse volume de 657 páginas está na experiência pessoal dos obreiros e membros da igreja. De fato, a obra em expansão de uma denominação que crescia rapidamente com freqüência precisava e recebia orientações e advertências. Os negócios da administração, porém, eram secundários em relação à experiência pessoal dos líderes e membros da igreja. Se a experiência espiritual dos adventistas do sétimo dia deteriorava ao nível do mero formalismo, a direção dos empreendimentos da igreja significava apenas o funcionamento da maquinaria. A igreja precisa manter-se pura, manter seus padrões elevados, seus membros ativos no serviço e cultivando diariamente uma experiência pessoal com Deus. T4 8 1 Não é de admirar, portanto, que grande parte do volume 4 trata de assuntos práticos como: "Apetite", "Disciplina Familiar', "Domínio Próprio", "Honestidade nos Negócios", "Santidade dos Votos", "Casamentos Não-Bíblicos", "Simplicidade no Vestuário", "Amor ao Mundo", "Preparo Para a Volta de Cristo", e dezenas de outros assuntos importantes. Essas foram algumas das mensagens que serviram para reformar, corrigir e purificar a igreja naqueles primeiros anos. Sendo que os adventistas do sétimo dia devem contender com o mesmo tentador e enfrentar os mesmos problemas e experiências hoje, esses artigos inspirados devem ser lidos e relidos seriamente, e seus conselhos e advertências atendidos, para que se cumpra o propósito de Deus ao enviar essa instrução para incentivar e encorajar a igreja. Depositários do Patrimônio Literário White. ------------------------Capítulo 1 -- Biografias bíblicas T4 9 2 As vidas relatadas na Bíblia são histórias autênticas de pessoas reais. Desde Adão, passando pelas sucessivas gerações, até ao tempo dos apóstolos, temos uma narração clara, ao natural, do que realmente ocorreu, e a genuína experiência de personagens verídicos. É caso de admiração para muitos que a história inspirada relatasse fatos na vida de homens bons que lhes maculam o caráter moral. Os infiéis utilizam-se desses pecados com grande prazer, e expõem ao ridículo os que os cometeram. Os escritores inspirados não testificam de falsidades, para impedir que as páginas da história sagrada sejam obscurecidas pelo registro das fragilidades e faltas humanas. Os escribas de Deus escreveram segundo lhes foi ditado pelo Espírito Santo, não tendo eles próprios controle sobre o trabalho. Registraram a verdade literal, e fatos severos, repugnantes, são revelados por motivos que nossa mente finita não pode compreender plenamente. T4 9 3 É uma das melhores provas da autenticidade das Escrituras o não ser a verdade apresentada com paliativos, nem os pecados de seus principais personagens suprimidos. Muitos alegarão ser fácil relatar o que ocorre em uma existência comum. É, porém, fato provado ser uma impossibilidade humana o narrar imparcialmente a história de um contemporâneo; e o é quase igualmente narrar sem desvios da exata verdade a vida de qualquer pessoa ou povo com cuja vida nos achamos relacionados. O espírito humano é tão sujeito ao preconceito, que lhe é quase impossível tratar o assunto imparcialmente. Ou os defeitos da pessoa em questão são excessivamente realçados, ou suas virtudes demasiado enaltecidas, dependendo do ponto de vista preconcebido do autor. Por mais imparcial que o historiador se proponha a ser, todos os críticos concordarão que esta é uma tarefa muito difícil. T4 10 1 A unção divina, porém, erguida acima das fraquezas humanas, conta a verdade simples, nua. Quantas biografias se têm escrito de corretos cristãos, que, em sua vida comum no lar, em suas relações com a igreja brilharam como exemplos de imaculada piedade! Defeito algum manchou a beleza da santidade deles, falta alguma é registrada de modo a lembrar-nos de que eram argila comum, e sujeitos às naturais tentações da humanidade. Todavia, houvesse-lhes a pena da Inspiração escrito a história, e quão diversos pareceriam eles! Ter-se-iam revelado fraquezas humanas, lutas com o egoísmo, hipocrisia e orgulho, talvez pecados ocultos, e a luta contínua entre o espírito e a carne. T4 10 2 Os próprios diários íntimos não revelam em suas páginas os pecaminosos atos do autor. Por vezes registram-se os conflitos com o mal, mas normalmente apenas quando o bem triunfou. Mas podem conter fiel registro de atos dignos de louvor e de nobres esforços; isto, também, quando o escritor pretende sinceramente manter um diário fiel de sua vida. É quase uma impossibilidade humana expor nossas faltas à possível inspeção de nossos amigos. T4 10 3 Houvesse nossa boa Bíblia sido escrita por pessoas não inspiradas, e apresentaria bem diverso aspecto, e seria um estudo desalentador para os errantes mortais, os quais estão a contender com as fragilidades naturais e as tentações de um inimigo astuto. Tal como é, no entanto, temos relatório fiel das experiências religiosas de notáveis personagens da história bíblica. Os homens favorecidos por Deus, e a quem confiou grandes responsabilidades, foram por vezes vencidos pela tentação e cometeram pecados, mesmo como nós da época presente lutamos, vacilamos e caímos freqüentemente em erro. É, porém, animador para nosso coração desfalecido saber que, mediante a graça de Deus, eles puderam obter novo vigor para se erguer outra vez acima de sua má natureza; e, lembrando-nos disso estamos, por nossa vez, prontos a recomeçar o conflito. T4 11 1 As murmurações do antigo Israel, e seu rebelde descontentamento, bem como os poderosos milagres realizados em seu favor, e os castigos de sua idolatria e ingratidão, acham-se escritos para nosso benefício. O exemplo do antigo Israel é apresentado como advertência ao povo de Deus, a fim de evitarem a incredulidade e escaparem a Sua ira. Houvessem as iniqüidades dos hebreus sido omitidas do Registro Sagrado, sendo contadas apenas suas virtudes, sua história deixaria de ensinar-nos a lição que ensina. T4 11 2 Os infiéis e amantes do pecado desculpam seus crimes citando a maldade de homens a quem Deus deu autoridade, nos tempos antigos. Alegam que, se esses santos homens cederam à tentação e cometeram pecados, não é de admirar que eles também sejam culpados de proceder mal; e dão a entender que não são tão maus afinal de contas, uma vez que têm tão ilustres exemplos de iniqüidade diante deles. Os princípios de justiça exigiam uma fiel narração dos fatos para benefício de todos quantos houvessem de ler os Sagrados Registros. Aí divisamos as provas da sabedoria divina. É-nos exigido obedecer à lei de Deus, e não somente somos instruídos quanto à pena da desobediência, como nos é contada, para benefício nosso e advertência, a história de Adão e Eva no Paraíso, e os tristes resultados de sua desobediência aos mandamentos de Deus. O relatório é pleno e explícito. A lei dada ao homem no Éden está registrada, juntamente com o castigo resultante no caso de sua desobediência. Segue-se a história da tentação e queda, e o castigo infligido a nossos pais em seu erro. Seu exemplo nos é dado como advertência contra o desobedecer, de modo a estarmos certos de que "o salário do pecado é a morte" (Romanos 6:23), que a justiça retributiva de Deus não falha, e que Ele exige de Suas criaturas estrita consideração para com Seus mandamentos. Quando a lei foi proclamada no Sinai, como foi definida a penalidade anexa, e quão certo o castigo que seguiria à transgressão da lei, e quão positivos são os casos registrados em testemunho disso! T4 12 1 A pena da Inspiração, fiel a sua tarefa, conta-nos os pecados em que caíram Noé, Ló, Moisés, Abraão, Davi e Salomão, e que mesmo o forte espírito de Elias sucumbiu ante a tentação durante sua terrível prova. A desobediência de Jonas e a idolatria de Israel são fielmente relatadas. A negação de Cristo por parte de Pedro, a viva contenda entre Paulo e Barnabé, as falhas e fraquezas dos profetas e dos apóstolos, todas são expostas pelo Espírito Santo, que descerra o véu do coração humano. Ali se acha diante de nós a vida dos crentes, com todas as suas faltas e loucuras, que servem como uma lição a todas as gerações que os seguissem. Houvessem eles sido isentos de fraquezas, teriam sido mais que humanos, e nossa natureza pecaminosa desesperaria de nunca atingir a tal grau de excelência. Vendo, porém, onde eles lutaram e caíram, onde se animaram outra vez e venceram mediante a graça de Deus, somos animados e induzidos a avançar e passar por cima dos obstáculos que a natureza degenerada nos coloca no caminho. T4 12 2 Deus tem sido sempre fiel em castigar o crime. Envia Seus profetas para advertir os culpados, denuncia-lhes os pecados, e declara o juízo a vir sobre eles. Os que perguntam por que a Palavra de Deus revela os pecados de Seu povo de maneira tão clara para os zombadores escarnecerem e os santos deplorarem, devem considerar que tudo isso foi escrito para ensino deles, para que evitem os males assim registrados, e imitem apenas a justiça dos que serviram ao Senhor. T4 12 3 Precisamos exatamente dessas lições que a Bíblia nos dá, pois com a revelação do pecado, está registrada a retribuição que se lhe segue. A dor e o arrependimento do culpado, as lamentações da alma enferma de pecado, chegam até nós, vindas dos tempos idos, mostrando-nos que então, como agora, o homem necessitava da perdoadora misericórdia de Deus. Isto nos ensina que, ao passo que Ele é o punidor do crime, compadece-Se e perdoa o pecador arrependido. T4 12 4 Em Sua providência, tem o Senhor achado por bem ensinar e advertir Seu povo de várias maneiras. Por ordens diretas, pelos sagrados escritos e pelo Espírito de Profecia, tem-lhes Ele dado a conhecer Sua vontade. Minha obra tem sido falar claramente das faltas e erros do povo de Deus. O fato de os pecados de certos indivíduos terem sido trazidos à luz, não quer dizer que eles sejam piores aos olhos de Deus do que muitos cujas faltas não são relatadas. Foi-me, no entanto, mostrado que não me pertence escolher meu trabalho, mas obedecer humildemente à vontade de Deus. Os erros e maus procedimentos existentes na vida de professos cristãos são registrados para instrução dos que estão sujeitos a cair nas mesmas tentações. A experiência de um serve como farol para advertir outros a se desviarem dos perigosos recifes. T4 13 1 Assim se revelam os laços e ardis de Satanás, a importância de aperfeiçoar um caráter cristão, e os meios por que se pode obter esse resultado. Dessa maneira Deus indica o que é necessário fazer para conseguir-Lhe a bênção. Há, por parte de muitos, a tendência de deixar que se levantem sentimentos rebeldes, caso lhes sejam reprovados os erros. O espírito desta geração, é: "Dizei-nos coisas aprazíveis." Isaías 30:10. Mas o Espírito de Profecia só diz a verdade. Espalha-se a iniqüidade, e esfria o amor de muitos que professam seguir a Cristo. Estão cegos à iniqüidade do próprio coração, e não sentem a condição fraca e desamparada em que se encontram. Em misericórdia, Deus ergue o véu, e mostra-lhes que, por trás do cenário, há um olho que lhes distingue a invisível culpa e os motivos de suas ações. T4 13 2 Os pecados das igrejas populares acham-se caiados. Muitos dos membros andam em grosseiros vícios, e acham-se embebidos em iniqüidades. Caída é Babilônia e tornou-se habitação de toda ave imunda e aborrecível! Os mais revoltantes pecados da época se abrigam sob a capa do cristianismo. Muitos proclamam a abolição da lei de Deus, e certamente sua vida se acha em harmonia com essa fé. Se não há lei, então não há transgressão, e portanto não há pecado; pois o pecado é a transgressão da lei. T4 13 3 A mente carnal é inimizade contra Deus, e rebela-se contra a vontade dEle. Arremesse ela uma vez o jugo da obediência, e desliza inconscientemente para a ilegalidade do crime. Abundante é a iniqüidade entre os que falam majestosamente da pura e perfeita liberdade religiosa. Sua conduta é aborrecível ao Senhor; eles são coobreiros do adversário das almas. A luz da verdade revelada desvia-se de seus olhos, e as belezas da santidade não passam de sombras para eles. T4 14 1 É surpreendente ver sobre que frágeis fundamentos muitos constroem suas esperanças do Céu! Injuriam a lei do Infinito, como se O quisessem desafiar, e anular-Lhe a palavra. O próprio Satanás, com o conhecimento que tem da lei divina, não ousaria fazer os discursos que alguns pastores aborrecedores da lei fazem do púlpito; todavia, exulta com a blasfêmia deles. Foi-me mostrado que o homem está sem conhecimento da vontade de Deus. Crimes e iniqüidades enchem-lhe a medida da existência. Quando, porém, o Espírito de Deus lhe revela todo o significado da lei, que mudança se lhe ocorre no coração! Qual Belsazar, lê com entendimento a escritura do Altíssimo, e apodera-se-lhe da alma a convicção. Os trovões da Palavra de Deus o despertam da letargia e clama por misericórdia em nome de Jesus. E Deus sempre atende a essa humilde petição com ouvidos cheios de boa vontade. Jamais manda embora sem conforto um penitente. T4 14 2 O Senhor achou por bem dar-me uma visão das necessidades e erros de Seu povo. Por penoso que me haja sido, tenho exposto fielmente aos ofensores suas faltas e o meio de remediá-las, segundo os ditames do Espírito de Deus. Isto, em muitos casos, tem despertado a língua da calúnia, envenenando contra mim aqueles por quem tenho trabalhado e sofrido. Não me tenho, todavia, desviado de minha direção por causa disto. Deus me deu o trabalho e, apoiada por Sua força mantenedora, tenho cumprido os penosos deveres que tem posto diante de mim. Assim tem o Espírito de Deus pronunciado advertências e juízos, sem recusar, contudo, a doce promessa da misericórdia. T4 14 3 Caso o povo de Deus reconhecesse Sua maneira de lidar com eles, e Lhe aceitassem os ensinos, encontrariam caminho reto para seus pés, e uma luz para guiá-los por entre as trevas e o desânimo. Davi aprendeu sabedoria do trato de Deus para com ele, e curvou-se humildemente sob o castigo do Altíssimo. O quadro fiel de sua verdadeira condição, feito pelo profeta Natã, deu a Davi o conhecimento dos próprios pecados, e ajudou-o a afastá-los de si. Aceitou humildemente o conselho, e humilhou-se diante de Deus. "A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma", exclama ele. Salmos 19:7. T4 15 1 Os pecadores arrependidos não têm motivo de desesperar-se por lhes serem lembradas suas transgressões e serem advertidos do perigo em que se encontram. Esses próprios esforços em seu favor, indicam quanto Deus os ama e deseja salvá-los. Só têm de seguir-Lhe os conselhos e fazer Sua vontade, para herdarem a vida eterna. Deus põe os pecados diante de Seu povo errante, a fim de que os vejam em toda a sua enormidade à luz da verdade divina. É seu dever então a eles renunciar para sempre. T4 15 2 Deus é tão poderoso hoje para salvar do pecado, como o era nos tempos patriarcais, de Davi e dos profetas e apóstolos. A multidão de casos registrados na história sagrada em que o Senhor livrou Seu povo das iniqüidades deles, deve tornar os cristãos de hoje ansiosos de receberem as instruções divinas, e zelosos de aperfeiçoarem um caráter que suporte a íntima inspeção do juízo. T4 15 3 A história bíblica sustém o coração desfalecido com a esperança da misericórdia de Deus. Não precisamos desesperar quando vemos que outros têm lutado através de desânimos semelhantes aos nossos, e caíram em tentações da mesma maneira que nós, e não obstante reconquistaram o terreno e foram abençoados por Deus. As palavras da Inspiração confortam e animam a alma errante. Se bem que os patriarcas e os apóstolos fossem sujeitos às fragilidades humanas, obtiveram, pela fé, boa reputação, combateram seus combates na força do Senhor, e venceram gloriosamente. Assim, podemos confiar na virtude do sacrifício expiatório, e ser vencedores no nome de Jesus. A humanidade é a humanidade em todo o mundo, desde os tempos de Adão, até à geração atual; e o amor de Deus é, através de todos os séculos, um amor incomparável. ------------------------Capítulo 2 -- Unidade da igreja T4 16 1 Prezados irmãos: T4 16 2 Como todos os membros do organismo humano -- diversos entre si -- se unem para formar o corpo, e cada um desempenha suas funções em obediência ao poder que governa o todo, assim os membros da igreja de Cristo devem estar unidos em um corpo simétrico, sujeito ao santificado entendimento do todo. T4 16 3 O progresso da igreja é retardado pela errônea conduta de seus membros. O unir-se à igreja, conquanto seja um ato importante e necessário, não faz de uma pessoa um cristão, nem lhe assegura a salvação. Não nos é possível garantir-nos um título ao Céu pelo fato de termos o nome inscrito no livro da igreja, quando o coração se acha alienado de Cristo. Devemos ser fiéis representantes Seus na Terra, trabalhando em concerto com Ele. "Amados, agora somos filhos de Deus." 1 João 3:2. Devemos conservar em mente esta santa relação, não fazendo nada que traga desonra à causa de nosso Pai. T4 16 4 Exaltada é nossa profissão de fé. Como adventistas observadores do sábado, professamos obedecer a todos os mandamentos de Deus, e aguardar a vinda de nosso Redentor. Soleníssima mensagem de advertência foi confiada aos poucos fiéis de Deus. Por nossas palavras e atos devemos mostrar que reconhecemos a grande responsabilidade que foi posta sobre nós. Tão brilhante deve resplandecer nossa luz, que outros possam ver que glorificamos ao Pai em nossa vida diária; que estamos ligados com o Céu, e somos co-herdeiros de Jesus Cristo, para que ao aparecer Ele em poder e grande glória sejamos semelhantes a Ele. T4 16 5 Devemos todos sentir nossa responsabilidade individual como membros da igreja visível e obreiros na vinha do Senhor. Não devemos esperar que nossos irmãos, tão frágeis como nós mesmos, nos ajudem pelo caminho; pois nosso precioso Salvador convidou-nos a juntar-nos a Ele, e unir nossa fraqueza a Sua força, nossa ignorância a Sua sabedoria, nossa indignidade a Seus méritos. Nenhum de nós pode ocupar uma posição neutra; nossa influência se exercerá pró ou contra. Somos agentes ativos de Cristo, ou do inimigo. Ou ajuntamos com Cristo, ou espalhamos. A verdadeira conversão é uma mudança radical. A própria inclinação da mente ou a tendência do coração deve ser desviada, tornando-se a vida nova outra vez em Cristo. T4 17 1 Deus está conduzindo um povo para ficar em perfeita unidade sobre a plataforma da verdade eterna. Cristo Se deu ao mundo a fim de poder "purificar para Si um povo Seu especial, zeloso de boas obras". Tito 2:14. Esse processo de purificação destina-se a purgar a igreja de toda injustiça e do espírito de discórdia e contenda, de modo que eles possam edificar em vez de derribar, e concentrarem as energias na grande obra que está diante deles. É o desígnio de Deus que Seu povo chegue todo à unidade da fé. A oração de Cristo pouco antes de Sua crucifixão foi que Seus discípulos fossem um, assim como Ele era um com o Pai, para que o mundo cresse que o Pai O enviara. Essa tocante e maravilhosa oração vem através dos séculos, até nossos dias; pois Suas palavras foram: "E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em Mim." João 17:20. T4 17 2 Com que diligência devem os professos seguidores de Cristo buscar responder em sua vida esta oração! Muitos há que não avaliam a santidade da relação da igreja, e são contrários a submeter-se à disciplina e restrição. A conduta que seguem mostra que exaltam o próprio juízo acima do da igreja unida; e não cuidam de guardar-se para que não estimulem um espírito de oposição à voz da mesma. Os que ocupam posição de responsabilidade na igreja podem ter faltas semelhantes às de outras pessoas, e podem errar em suas decisões; não obstante, a igreja de Cristo na Terra investiu-os de uma autoridade que não pode ser levemente avaliada. Após Sua ressurreição, Cristo delegou poder a Sua igreja, dizendo: "Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos." João 20:23. T4 17 3 A relação para com a igreja não é para ser levianamente cancelada; todavia, quando o caminho de alguns professos seguidores de Cristo é barrado, ou quando sua voz não tem a influência dominante que eles julgam merecer, ameaçam deixar a igreja. Na verdade, separando-se da igreja seriam eles próprios os principais prejudicados; pois afastando-se para além do âmbito de sua influência, sujeitam-se a todas as tentações do mundo. T4 18 1 Todo crente deve ter o coração inteiro em sua ligação com a igreja. A prosperidade desta deve constituir-lhe o primeiro interesse e, a menos que se sinta sob sagradas obrigações de tornar sua ligação com a igreja mais um benefício para ela do que para si mesmo, ela passará muito melhor sem ele. Está ao alcance de todos fazer alguma coisa pela causa de Deus. Pessoas há que despendem grandes quantias para luxos desnecessários; satisfazem os próprios apetites, mas consideram grande carga contribuir com recursos para a manutenção da igreja. Estão dispostos a receber todo o benefício de seus privilégios, mas preferem deixar aos outros que lhe paguem as contas. Os que na verdade sentem profundo interesse no avanço da causa, não hesitarão em investir dinheiro no empreendimento sempre e onde quer que se faça mister. Devem considerar também solene dever revelar em seu caráter os ensinos de Cristo, estando em paz uns com os outros, e agindo em perfeita harmonia como um todo indivisível. Devem também sujeitar seu juízo individual ao do corpo da igreja. Muitos vivem só para si. Consideram a própria vida com grande complacência, lisonjeando-se de serem irrepreensíveis, quando de fato não estão fazendo nada para Deus, e vivem em absoluta oposição a Sua Palavra expressa. A observância de formas externas jamais satisfará a grande carência da alma. O professar seguir a Cristo não basta para habilitar uma pessoa a suportar a prova do dia do juízo. Importa que haja perfeita confiança em Deus, infantil confiança em Suas promessas, e inteira consagração a Sua vontade. T4 18 2 Deus sempre tem provado Seu povo na fornalha da aflição, a fim de verificar se são firmes e leais, e purificá-los de toda injustiça. Depois de Abraão e seu filho haverem sofrido a mais rigorosa prova que era possível impor-lhes, Deus disse por meio do anjo a Abraão: "Agora sei que temes a Deus e não Me negaste o teu filho, o teu único." Gênesis 22:12. Esse grande ato de fé faz com que o caráter de Abraão resplandeça com notável brilho. Exemplifica eloqüentemente sua perfeita confiança no Senhor, do qual nada reteve, nem mesmo o filho da promessa. T4 19 1 Coisa alguma há demasiado preciosa para darmos a Jesus. Se Lhe devolvermos os talentos de recursos que nos confiou à guarda, mais porá Ele em nossas mãos. Todo esforço que fizermos por Cristo será por Ele recompensado; e todo dever que cumprimos em Seu nome contribuirá para nossa própria felicidade. Deus entregou Seu bem-amado Filho às agonias da crucifixão, para que todo aquele que nEle crê se tornasse um por meio do nome de Jesus. Se Cristo fez tão grande sacrifício a fim de salvar os homens e levá-los à unidade uns com os outros, da mesma maneira que Ele Se achava unido a Seu Pai, que sacrifício é demasiado grande para Seus seguidores fazerem de modo a conservarem essa unidade? T4 19 2 Se o mundo vê harmonia perfeita na igreja de Deus, isto será poderosa demonstração aos seus olhos em favor da religião cristã. Dissensões, lamentáveis diferenças e insignificantes provações na igreja desonram nosso Redentor. Tudo isso se pode evitar mediante a entrega do próprio eu ao Senhor, e se os seguidores de Cristo obedecerem à voz da igreja. A incredulidade sugere que a independência individual nos aumenta a importância, que é fraqueza subordinar nossas idéias do que é direito e conveniente ao veredicto da igreja; ceder a esses sentimentos e pontos de vista, porém, não é seguro, levando-nos à anarquia e confusão. Cristo viu que a unidade e a comunhão cristã eram necessárias à causa de Deus, e portanto a recomendou aos discípulos. E a história do cristianismo de então para cá demonstra de modo conclusivo que unicamente na união está a força. Subordine-se o juízo individual à autoridade da igreja. T4 19 3 Os apóstolos sentiram a necessidade de unidade estrita, e para esse fim trabalharam zelosamente. Paulo exortou nas seguintes palavras a seus irmãos: "Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo sentido e em um mesmo parecer." 1 Coríntios 1:10. T4 20 1 Ele escreveu também aos irmãos filipenses: "Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no espírito, se alguns profundos afetos e compaixões, completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa. Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus." Filipenses 2:1-5. T4 20 2 Aos romanos, escreveu ele: "Ora o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus. Para que concordes, a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu para a glória de Deus." Romanos 15:5-7. "Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos." Romanos 12:16. T4 20 3 Pedro escreveu às igrejas dispersas: "E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis. Não tornando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados, para que por herança alcanceis a bênção." 1 Pedro 3:8, 9. T4 20 4 E em sua epístola aos Coríntios, Paulo diz: "Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos; sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco." 2 Coríntios 13:11. ------------------------Capítulo 3 -- Avançar! T4 20 5 Os vastos exércitos de Israel marcharam em alegre triunfo do Egito, cenário de sua longa e cruel servidão. Os egípcios não desejavam consentir com a libertação deles até serem advertidos com os sinais dos juízos de Deus. O anjo vingador havia visitado cada casa entre os egípcios e ferido com morte o primogênito de cada família. Ninguém escapara, desde o herdeiro do Faraó até o filho mais velho do cativo em seu cárcere. O primogênito dentre o gado também foi morto segundo o mandado do Senhor. Mas o anjo da morte passou por sobre os lares dos filhos de Israel, e ali não entrou. T4 21 1 Faraó, aterrorizado diante das pragas que desabaram sobre o seu povo, chamou a Moisés e Arão perante si à noite, e ordenou-lhes a partida do Egito. Estava ansioso para que saíssem sem demora; pois ele e seu povo temiam que a menos que a maldição divina fosse removida de sobre eles, a terra se tornaria um vasto cemitério. T4 21 2 Os filhos de Israel ficaram felizes ao receber as novas de sua libertação, e apressaram-se em deixar o cenário de sua escravidão. Mas o caminho era penoso, e com o tempo a coragem deles falhou. O seu jornadear conduziu-os por sobre colinas estéreis e planícies desoladas. Na terceira noite acharam-se cercados de cada lado por cadeias montanhosas, enquanto o Mar Vermelho se lhes apresentava adiante. Ficaram perplexos e deploraram grandemente a sua situação. Culparam Moisés por conduzi-los àquele lugar, pois criam que haviam tomado um roteiro errado. "Este certamente não é o caminho para o Sinai, nem para a terra de Canaã prometida a nossos pais. Não podemos prosseguir; mas só avançar para as águas do Mar Vermelho, ou retornar ao Egito." T4 21 3 Então, como que para completar-lhes a miséria, eis que o exército egípcio está em seu encalço! O imponente exército é dirigido pelo próprio Faraó, que se arrependera de ter libertado os hebreus e teme havê-los enviado para fora do país para se tornarem uma grande nação a ele hostil. Que noite de perplexidade e angústia foi aquela para Israel! Que contraste com a gloriosa manhã em que deixaram a servidão do Egito, e com feliz regozijo assumiram o comando de marcha rumo ao deserto! Quão indefesos se sentiam diante do poderoso inimigo! O clamor de mulheres e crianças aterrorizadas, misturado com o mugido do gado assustado e o balido das ovelhas, aumentava a desanimadora confusão do momento. T4 22 1 Mas havia Deus perdido todo o interesse por Seu povo a ponto de deixá-lo à destruição? Não o advertiria de seu perigo, e o libertaria de seus inimigos? Deus não Se compraz na aflição de Seu povo. Fora Ele próprio quem instruíra Moisés a acampar-se junto ao Mar Vermelho, e adicionalmente o informara: "Então, Faraó dirá dos filhos de Israel: Estão embaraçados na terra, o deserto os encerrou. E Eu endurecerei o coração de Faraó, para que os persiga, e serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército; e saberão os egípcios que Eu sou o Senhor." Êxodo 14:3, 4. T4 22 2 Jesus estava diante daquele vasto exército. A coluna de nuvem durante o dia e a coluna de fogo à noite representavam o seu divino Líder. Mas os hebreus não suportaram pacientemente a prova do Senhor. Suas vozes se ergueram em reprovação e acusações contra Moisés, seu líder visível, por trazê-los àquele grande perigo. Não confiavam no poder protetor de Deus, nem reconheciam a Sua mão detendo os males que os rodeavam. Em seu frenético terror, haviam-se esquecido da vara com a qual Moisés transformara a água do Nilo em sangue, e as calamidades com que Deus visitara os egípcios pela perseguição a Seu povo escolhido. Haviam-se esquecido de todas as maravilhosas intervenções divinas em seu favor. T4 22 3 "Ah", clamaram eles, "quem nos dera ter permanecido no cativeiro! É melhor viver como escravos do que morrer de fome e fadiga no deserto, ou ser mortos na guerra contra nossos inimigos." Voltaram-se contra Moisés com amarga censura por não tê-los deixado onde estavam, em vez de tirá-los para perecer no deserto. T4 22 4 Moisés ficou grandemente preocupado por seu povo ter tanta falta de fé, especialmente após repetidamente testemunhar as manifestações do poder de Deus em seu favor. Sentiu-se magoado por o acusarem pelos perigos e dificuldades de sua situação, quando ele havia simplesmente seguido as expressas ordens de Deus. Mas mantinha firme fé de que o Senhor os conduziria à segurança; e defrontou e aquietou as reprovações e temores de seu povo, mesmo antes de poder discernir por si mesmo o plano de seu livramento. T4 23 1 Eles estavam, na verdade, em um lugar onde não havia possibilidade de saída, a menos que o próprio Deus Se interpusesse para salvá-los; mas haviam sido colocados naquela dificuldade por obedecerem às ordens divinas, e Moisés não sentia temor das conseqüências. "Disse ao povo: Não temais; estai quietos e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais vereis para sempre. O Senhor pelejará por vós, e vos calareis." Êxodo 14:13, 14. T4 23 2 Não foi fácil manter os exércitos de Israel na espera pelo Senhor. Estavam com os ânimos agitados e cheios de terror. Faltava-lhes disciplina e domínio próprio. Impressionados com os horrores de sua condição, tornaram-se violentos e irrazoáveis. Esperavam que bem depressa cairiam nas mãos de seus opressores, e suas lamúrias e recriminações eram elevadas e profundas. A maravilhosa coluna de nuvem os acompanhara em suas peregrinações, e servira para protegê-los dos escaldantes raios do sol. O dia inteiro a coluna se movia majestosamente adiante deles e não ficavam sujeitos à luz do sol, nem a tempestades; e à noite se tornava em uma coluna de fogo para iluminar-lhes o caminho. Eles a tinham seguido como um sinal de Deus para irem adiante; agora questionavam entre si se não seria, antes, a sombra de alguma terrível calamidade prestes a sobrevir-lhes, pois ela não os conduzira para o lado errado da montanha, a um caminho intransponível? Assim, o anjo de Deus parecia a suas mentes iludidas o anunciador de calamidade. T4 23 3 Agora, porém, à medida que o exército egípcio deles se aproxima, esperando torná-los fácil presa, a coluna de nuvem eleva-se majestosamente ao céu, passa por sobre os israelitas e desce entre eles e os exércitos do Egito. Uma muralha de trevas interpõe-se entre perseguidos e perseguidores. Os egípcios não mais podem distinguir o acampamento dos hebreus, e são forçados a deter-se. Mas assim como as trevas da noite se aprofundam, a muralha de nuvem se torna uma grande luz para os hebreus, iluminando o acampamento inteiro com o resplendor do dia. T4 24 1 Então a esperança de que pudessem ser livrados brota no coração dos filhos de Israel. E Moisés levanta a voz ao Senhor. "Então, disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a Mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco." Êxodo 14:15, 16. T4 24 2 Então Moisés, obedecendo à ordem divina, estende sua vara, e as águas se repartem, acumulando-se numa muralha a cada lado, deixando um vasto caminho através do leito do mar para os filhos de Israel. A luz da coluna de fogo brilhou sobre as ondas espumejantes, iluminando o caminho que se formara como um imenso caminho através das águas do Mar Vermelho até perder-se na escuridão da praia distante. T4 24 3 A noite inteira soou o ruído dos passos dos exércitos de Israel atravessando o Mar Vermelho; mas a nuvem os ocultou da vista de seus inimigos. Os egípcios, cansados de sua apressada marcha, acamparam-se na praia para passar a noite. Viam os hebreus apenas a curta distância à frente, e como não parecia restar-lhes possibilidade de escape, decidiram descansar à noite e realizar uma fácil captura ao amanhecer. A noite foi intensamente escura, as nuvens pareciam cercá-los como alguma substância palpável. Profundo sono caiu sobre o acampamento; até as sentinelas dormiram em seus postos. T4 24 4 Por fim, um som penetrante desperta o exército! A nuvem está passando adiante! Os hebreus estão em marcha! Vozes e sons de marcha vêm da direção do mar. Está ainda tão escuro que não podem discernir o povo que lhes escapa, mas a ordem é dada para se prepararem para a perseguição. O tilintar das armas e o ruído das carruagens, a tomada de posição dos capitães e o relinchar dos cavalos podem ser ouvidos. Logo o comando de marcha é formado e avança em meio à escuridão, no encalço da multidão fugitiva. T4 24 5 Nas trevas e confusão, avançam rápidos em sua perseguição sem perceberem que invadiam o leito do mar, ladeados por ameaçadoras muralhas de água. Anseiam que o nevoeiro e escuridão se dissipem para ver os hebreus e sua clara localização. As rodas das carruagens afundam na areia mole e os cavalos se embaraçam e se desgovernam. Prevalece a confusão, contudo seguem adiante, julgando-se seguros da vitória. T4 25 1 Finalmente, a misteriosa nuvem transforma-se em uma coluna de fogo diante de seus olhos atônitos. Ribombam os trovões e lampejam os relâmpagos, as ondas desabam ao seu redor e o temor lhes toma conta do coração. Em meio ao terror e confusão, a lúgubre luminosidade revela aos pasmados egípcios as águas terrivelmente amontoadas à direita e esquerda deles. Discernem o amplo caminho que o Senhor preparara para o Seu povo em meio às rutilantes areias do mar, e contemplam o triunfante Israel seguro na praia da outra extremidade. T4 25 2 Confusão e desespero os dominam. Em meio ao furor dos elementos, em que ouviam a voz de um Deus irado, esforçam-se por refazer os passos e fugir para a margem de onde haviam saído. Mas Moisés estende sua vara, e as águas amontoadas, sibilantes, rugidoras e ansiosas por sua presa, desabam sobre os exércitos egípcios. O orgulhoso Faraó e suas legiões, carruagens douradas e armaduras resplandecentes, cavalos e cavaleiros são tragados por um mar tempestuoso. O poderoso Deus de Israel havia libertado o Seu povo, e seus cânticos de gratidão ascendem aos Céus por Deus ter atuado tão maravilhosamente em seu benefício. T4 25 3 A história dos filhos de Israel foi escrita para ensino e admoestações de todos os cristãos. Quando os israelitas eram surpreendidos por perigos e dificuldades, e seu caminho parecia impedido, abandonava-os a fé, e murmuravam contra o líder que Deus lhes designara. Censuravam-no por levá-los ao perigo, quando ele apenas obedecera à voz de Deus. T4 25 4 A ordem divina, foi: "Avançar!" Não deviam esperar até que o caminho se aplainasse, e pudessem compreender inteiramente o plano para seu livramento. A causa de Deus é progressiva, e Ele abrirá um caminho diante de Seu povo. Hesitar e queixar-se é manifestar desconfiança no Santo de Israel. Em Sua providência, Deus conduziu os hebreus à fortaleza das montanhas, tendo o Mar Vermelho em frente, a fim de efetuar seu livramento e libertá-los para sempre de seus inimigos. Poderia havê-los salvo por qualquer outra maneira, mas escolheu esse meio a fim de provar-lhes a fé, e fortalecer-lhes a confiança nEle. T4 26 1 Não podemos acusar Moisés de falta pelo fato de o povo murmurar contra sua conduta. Era o próprio coração rebelde, insubmisso que havia neles, que os levava a censurar o homem a quem Deus escolhera para conduzir Seu povo. Enquanto Moisés agia no temor de Deus, e segundo Suas instruções, com inteira fé em Suas promessas, aqueles que o deviam apoiar ficavam desanimados, nada podendo ver diante deles senão derrota, ruína e morte. T4 26 2 O Senhor está agora a lidar com o Seu povo, o povo que crê na verdade presente. É Seu desígnio levar a importantes resultados e, enquanto em Sua providência, age nesse sentido, diz ao povo: "Avançar!" Certamente o caminho ainda não está aberto; ao marcharem, porém, na força da fé e da coragem, o Senhor mostrará o caminho claro aos seus olhos. Sempre haverá pessoas que murmurem, como fez o antigo Israel, e ponham a culpa das dificuldades em que se acham sobre os que Deus suscitou com o fim especial de promover o avançamento de Sua causa. Deixam de ver que Ele os está provando com o levá-los a situações críticas, das quais não há livramento possível senão pelo Seu braço. T4 26 3 Tempos há em que a vida cristã parece cercada de perigos, e difícil se afigura o cumprimento do dever. A imaginação pinta ruína pela frente, escravidão e morte por trás. Todavia a voz de Deus fala claramente acima de todos os desânimos: "Avançar!" Devemos obedecer a esta ordem, seja qual for o resultado, mesmo que nossos olhos não consigam penetrar as trevas, e sintamos frias ondas envolverem-nos os pés. T4 26 4 Os hebreus estavam cansados e possuídos de terror; não obstante, houvessem eles ficado para trás quando Moisés lhes ordenou que marchassem, houvessem se recusado a aproximar-se mais do Mar Vermelho, nunca haveria o Senhor aberto um caminho para eles. Marchando até à própria água, mostraram ter fé na palavra divina proferida por Moisés. Fizeram tudo o que lhes estava ao alcance, e então o Poderoso de Israel fez Sua parte, e dividiu as águas para lhes oferecer aos pés um caminho. T4 27 1 As nuvens que se adensam em torno de nosso caminho nunca hão de desaparecer diante de um espírito vacilante, duvidoso. Diz a incredulidade: "Nunca poderemos transpor esses obstáculos; esperemos até que sejam removidos, e vejamos claramente o caminho." A fé, no entanto, insiste corajosamente num avanço, esperando tudo, em tudo crendo. A obediência a Deus traz certamente a vitória. É unicamente pela fé que podemos alcançar o Céu. T4 27 2 Grande é a semelhança entre nossa história e a dos filhos de Israel. Deus conduziu Seu povo do Egito ao deserto, onde podiam guardar-Lhe a lei e obedecer-Lhe à voz. Os egípcios que não tinham nenhuma consideração pelo Senhor achavam-se acampados perto deles; todavia, o que para os israelitas era uma abundância de luz, iluminando todo o acampamento e lançando claridade sobre o caminho que lhes estava à frente, para os exércitos de Faraó constituía uma muralha de nuvens, tornando mais negra a escuridão da noite. T4 27 3 Há presentemente, da mesma maneira, um povo a quem Deus fez depositários de Sua lei. Para os que Lhe obedecem, os mandamentos do Senhor são qual coluna de fogo, aclarando e indicando o caminho para a salvação eterna. Para os que os desprezam, porém, são como sombras da noite. "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria." Salmos 111:10. Melhor que qualquer outro conhecimento é a compreensão da Palavra de Deus. Grande galardão há em guardar-Lhe os mandamentos, e engodo algum da Terra deve levar o cristão a vacilar por um momento em sua lealdade. Riquezas, honras e pompas mundanas, não passam de escória que perecerá diante do fogo da ira de Deus. T4 27 4 A voz do Senhor ordenando a Seus fiéis, "avante", prova-lhes freqüentemente a fé ao máximo. Caso, porém, eles adiassem a obediência até que se desvanecesse de sua compreensão toda sombra de incerteza, e não restasse risco de fracasso ou derrota, jamais eles avançariam. Os que julgam ser-lhes impossível submeter-se à vontade de Deus e confiar-Lhe nas promessas até que tudo se aclare e aplaine diante deles, nunca se submeterão, absolutamente. Fé não é certeza de conhecimento; é "o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem". Hebreus 11:1. Obedecer aos mandamentos de Deus, eis a única maneira de obter-Lhe o favor. "Avançar!" deve ser a divisa do cristão. ------------------------Capítulo 4 -- Condescendência com o apetite T4 28 1 Queridos irmãos e irmãs: T4 28 2 Foram-me mostradas algumas coisas com referência à igreja de _____. Casos individuais foram-me apresentados, os quais, em muitos respeitos, representam o de muitos outros. Entre eles estava o da irmã A e seu esposo. O Senhor o convenceu da verdade. Ele ficou encantado com a harmonia e espírito da verdade, e foi abençoado em confessá-la. Mas Satanás veio-lhe com suas tentações na questão do apetite. T4 28 3 O irmão A por muito tempo havia satisfeito seu apetite com estimulantes, que exerceram influência em anuviar-lhe a mente, enfraquecer-lhe o intelecto e reduzir-lhe as faculdades morais. Razão e discernimento foram postos sob a sujeição do apetite depravado e antinatural, e seu direito de primogenitura, sua hombridade dada por Deus, sacrificados a hábitos intemperantes. Tivesse o irmão A tornado a Palavra de Deus o seu estudo e guia, tivesse confiado em Deus e orado por graça para vencer, haveria reunido forças no nome de Jesus para confundir o tentador. T4 28 4 Mas o irmão A nunca sentiu as elevadas reivindicações que Deus lhe apresentava. Suas faculdades morais se debilitaram por seus hábitos de comer e beber, e por sua dissipação. Quando abraçou a verdade, ele tinha um caráter a formar para o Céu. Deus o poria à prova. Ele tinha uma obra a empreender por si mesmo que ninguém poderia cumprir em seu lugar. Por seu estilo de vida, perdeu muitos anos de precioso tempo de graça, quando poderia ter estado obtendo experiência em questões de religião, e um conhecimento da vida de Cristo, e do infinito sacrifício feito em favor do homem para livrá-lo das amarras com que Satanás lhe havia prendido, habilitando-o para glorificar o Seu nome. T4 29 1 Cristo pagou um elevado preço pela redenção do homem. No deserto da tentação Ele sofreu as mais severas agonias da fome; e enquanto estava enfraquecido pelo jejum, Satanás ficou por perto com suas múltiplas tentações para atacar o Filho de Deus e tirar vantagem de Sua fraqueza e vencê-Lo, assim impedindo o plano da salvação. Mas Cristo manteve-Se firme. Ele venceu em favor do ser humano, para que pudesse resgatar a todos da degradação da queda. A experiência de Cristo é para o nosso benefício. Seu exemplo em derrotar o apetite assinala o caminho para aqueles que desejam ser Seus seguidores e finalmente assentar-se com Ele em Seu trono. T4 29 2 Cristo sofreu fome no sentido mais pleno. A humanidade geralmente tem tudo quanto é necessário para suster a vida. Todavia, a exemplo de nossos primeiros pais, os homens desejam aquilo que Deus retém por não lhes ser o melhor. Cristo sofreu fome de alimento necessário, e resistiu à tentação de Satanás quanto ao apetite. A condescendência com o apetite intemperante gera no homem caído desejos antinaturais pelas coisas que no final se provarão sua ruína. T4 29 3 O homem saiu das mãos de Deus mental e fisicamente perfeito; em perfeita sanidade, portanto, em perfeita saúde. Foram necessários mais de dois mil anos de condescendência com apetite e paixões lascivas para criar tal estado de coisas no organismo humano que reduziria as forças vitais. Através de sucessivas gerações a tendência foi seguir mais rapidamente no rumo descendente. A condescendência com apetite e paixão combinados conduziu a excesso e violência; devassidão e abominações de toda espécie debilitaram as forças, e trouxeram sobre a humanidade doenças de todo tipo, até que o vigor e a glória das primeiras gerações se desfizeram, e, na terceira geração a partir de Adão, o homem começou a revelar sinais de decadência. Gerações sucessivas após o dilúvio degeneraram ainda mais rapidamente. T4 30 1 Todo esse peso de dor e sofrimento acumulados pode ser atribuído à condescendência com o apetite e a paixão. Vida de dissipação e o uso de vinho corrompem o sangue, inflamam as paixões e produzem enfermidades de toda espécie. Mas os males não terminam aqui. Os pais deixam enfermidades como legado a seus filhos. Como regra, cada intemperante que gera filhos transmite à descendência suas inclinações e más tendências; outorga-lhes enfermidades de seu próprio sangue corrupto e inflamado. Licenciosidade, doenças e imbecilidade são transmitidas como uma herança de ais dos pais aos filhos e de geração a geração, e isto traz angústia e sofrimento ao mundo e não é menos que uma repetição da queda do homem. T4 30 2 A contínua transgressão das leis da natureza é uma contínua transgressão da lei de Deus. O atual peso de sofrimento e a angústia que vemos por toda a parte, a atual deformidade, decrepitude, doenças e imbecilidade que agora inundam o mundo, tornam-no, em comparação com o que poderia ser e Deus designou que fosse, um hospital; e a geração atual é débil quanto ao poder mental, moral e físico. Toda esta miséria tem-se acumulado geração após geração, porque o homem caído transgride a lei de Deus. Pecados da maior magnitude são cometidos pela condescendência com o apetite pervertido. T4 30 3 O gosto criado pelo desprezível e imundo veneno do fumo conduz ao desejo por estimulantes mais fortes, como a bebida alcoólica, que é tomada sob um pretexto ou outro, para alguma enfermidade imaginária, ou para prevenir alguma possível doença. Assim, um apetite antinatural é criado por esses estimulantes danosos e excitantes; e esse apetite tem-se fortalecido até que o aumento da intemperança nesta geração se tornou alarmante. Homens amantes das bebidas alcoólicas podem ser vistos por toda a parte. Seu intelecto é enfraquecido, suas faculdades morais debilitadas, sua sensibilidade entorpecida, e as reivindicações de Deus e do Céu deixam de ser percebidas e as coisas eternas não apreciadas. A Bíblia declara que os "bêbados" não "herdarão o reino de Deus". 1 Coríntios 6:10. T4 30 4 O fumo e o álcool entorpecem e contaminam o usuário. Mas o malefício não pára aí. Ele transmite temperamentos irritadiços, sangue poluído, intelectos debilitados e moral enfraquecida aos filhos, e torna-se responsável por todos os maus resultados que seu estilo de vida errado e dissipador acarretam sobre sua família e comunidade. A humanidade geme sob o peso de acumuladas desgraças, por causa dos pecados de gerações anteriores. E, no entanto, com que descuido ou indiferença homens e mulheres da presente geração se entregam à intemperança no comer e beber, deixando assim como legado às gerações futuras, enfermidades, intelecto debilitado, moral poluída. T4 31 1 A intemperança de qualquer tipo é a pior forma de egoísmo. Os que verdadeiramente temem a Deus e guardam os Seus mandamentos consideram essas coisas à luz da razão e da religião. Como pode algum homem ou mulher observar a lei de Deus, que requer que o homem ame a seu semelhante como a si mesmo, e dissipar-se em apetite intemperante que entorpece o cérebro, enfraquece o intelecto e enche o corpo de enfermidade? A intemperança inflama as paixões e dá rédeas soltas à lascívia. E a razão e a consciência são cegadas pelas paixões inferiores. T4 31 2 Indagamos, que fará o esposo da irmã A? Venderá ele, como Esaú, o seu direito de primogenitura por um guisado de lentilhas? Venderá sua varonilidade de semelhança divina, para satisfazer um apetite pervertido que somente traz infelicidade e degradação? "O salário do pecado é a morte." Romanos 6:23. Não tem esse irmão a coragem moral para negar o apetite? Seus hábitos não têm estado em harmonia com a verdade, e com os Testemunhos de reprovação que Deus tem julgado apropriado dar ao Seu povo. Sua consciência não estava inteiramente morta. Ele sabia que não poderia servir a Deus e satisfazer seu apetite; portanto, cedeu à tentação de Satanás que foi forte demais para que resistisse pelas próprias forças. Ele foi vencido. Atribuiu seu desejo de interesse pela verdade a outras causas que não a verdadeira, a fim de acobertar o próprio débil propósito e a causa real de seu afastamento de Deus, que foi o apetite descontrolado. T4 31 3 É aí que muitos tropeçam; hesitam entre a negação do apetite e sua condescendência, e finalmente são derrotados pelo inimigo e deixam de lado a verdade. Muitos que apostataram da verdade atribuem como razão para o seu modo de agir o não terem fé nos Testemunhos. A investigação revela o fato de que mantinham alguns hábitos pecaminosos que Deus tem condenado mediante os Testemunhos. A questão agora é, renunciarão eles a seu ídolo que Deus condena, ou continuarão em seu errôneo caminho de condescendência, e rejeitarão a luz que Deus lhes tem dado, reprovando as próprias coisas em que se deleitam? A questão a ser estabelecida com eles é, negarei a mim mesmo e receberei como de Deus os Testemunhos que reprovam meus pecados, ou rejeitarei os Testemunhos porque eles reprovam meus pecados? T4 32 1 Em muitos casos os Testemunhos são plenamente recebidos, o pecado e a condescendência eliminados, e a reforma imediatamente começa em harmonia com a luz que Deus concedeu. Noutros casos, as condescendências pecaminosas são acariciadas, os Testemunhos rejeitados, apresentando-se aos outros muitas falsas desculpas para justificar a recusa. O verdadeiro motivo não é revelado. É uma falta de coragem moral, de uma vontade fortalecida e dirigida pelo Espírito de Deus, para renunciar hábitos perniciosos. T4 32 2 Não é fácil vencer um gosto estabelecido por narcóticos e estimulantes. Somente em nome de Cristo pode essa grande vitória ser conquistada. Ele venceu em favor do homem no longo jejum de quase seis semanas no deserto da tentação. Ele simpatiza com a fraqueza do ser humano. Seu amor pelo homem caído foi tão grande que fez um sacrifício infinito para que pudesse alcançá-lo em sua degradação, e mediante o Seu divino poder finalmente elevá-lo ao Seu trono. Mas depende do homem se Cristo realizará por ele aquilo que é plenamente capaz de fazer. T4 32 3 Apoderar-se-á o homem do poder divino e, com decisão e perseverança resistirá a Satanás, como Cristo lhe deu o exemplo em Seu conflito com o inimigo no deserto da tentação? Deus não pode, contra a vontade do homem, salvá-lo do poder das artimanhas de Satanás. O homem deve agir com sua força, ajudado pelo poder de Cristo, de modo a resistir e vencer seja qual for o custo para si mesmo. Em suma, o homem deve vencer como Cristo venceu. E então, pela vitória que é seu privilégio obter pelo todo-poderoso nome de Jesus, pode-se tornar herdeiro de Deus e co-herdeiro de Jesus Cristo. Tal não seria o caso, se Cristo sozinho alcançasse a vitória. O homem deve fazer sua parte; ele deve ser vencedor por si mesmo, mediante a força e a graça que lhe são dadas por Cristo. O homem precisa ser cooperador de Cristo na obra de vencer, e então será co-participante de Cristo em Sua glória. T4 33 1 É uma obra sagrada esta em que estamos empenhados. O apóstolo Paulo exorta seus irmãos: "Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus." 2 Coríntios 7:1. Conservar o espírito puro, como um templo para o Espírito Santo é um sagrado dever que temos para com Deus. Se o coração e mente são dedicados ao serviço de Deus, obedecendo a todos os Seus mandamentos, amando-O de todo o coração, alma, entendimento e força, e a nosso semelhante como a nós mesmos, seremos achados fiéis e verdadeiros aos requisitos do Céu. T4 33 2 Novamente, diz o apóstolo: "Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências." Romanos 6:12. Ele também incentiva seus irmãos à zelosa diligência e firme perseverança em seus esforços para a pureza e santidade de vida, nestas palavras: "E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível." 1 Coríntios 9:25. A luta cristã T4 33 3 Paulo apresenta diante de nós a luta espiritual e sua recompensa, em contraste com os vários jogos instituídos entre os pagãos em honra a seus deuses. Os jovens que eram treinados para esses jogos praticavam dedicada abnegação e a mais severa disciplina. Toda condescendência que representasse uma tendência de debilitar a força física era proibida. Os que se submetiam ao processo de treinamento físico não tinham permissão de consumir vinho ou alimentos requintados; pois estes enfraqueceriam, em vez de aumentar o vigor pessoal, a atividade salutar, a força moral e a firmeza. Muitos espectadores, reis e nobres, estavam presentes nessas ocasiões. Era considerada a mais elevada honra ganhar uma simples coroa que em poucas horas secaria. Mas depois de os competidores pela coroa perecível terem exercido severa abstenção e se submetido a rígida disciplina para obterem vigor pessoal e atividade na esperança de ser vitoriosos, mesmo assim não estavam seguros do prêmio. O troféu somente seria atribuído a um. Alguns poderiam empenhar-se tão duramente quanto outros, e dedicar o máximo de seus esforços para obter a coroa de honra; mas ao estenderem a mão para segurar o prêmio, outro, num instante de antecipação, poderia arrebatar o cobiçado tesouro. T4 34 1 Não é esse o caso na luta cristã. Todos podem participar desta corrida, e ser assegurados da vitória e da honra imortal caso se submetam às condições. Declara Paulo: "Correi de tal maneira que o alcanceis." 1 Coríntios 9:24. Ele, então, explica as condições necessárias a observar a fim de terem êxito: "E todo aquele que luta de tudo se abstém." 1 Coríntios 9:25. T4 34 2 Se os homens pagãos, que não eram controlados por consciência esclarecida, que não tinham o temor de Deus diante de si, podiam submeter-se à privação e à disciplina do treinamento, negando a si mesmos toda debilitante condescendência meramente por uma coroa de substância perecível e os aplausos da multidão, muito mais aqueles que estão empenhados na corrida cristã na esperança da imortalidade e da aprovação do Alto, devem estar dispostos a negar a si mesmos estimulantes e condescendências insalubres, que degradam a moral, debilitam o intelecto e levam as faculdades mais elevadas à sujeição de apetites e paixões sensuais. T4 34 3 Multidões pelo mundo estão testemunhando esta partida da vida, a luta cristã. E isto não é tudo. O Rei do Universo e as miríades de anjos celestiais são espectadores dessa corrida; estão ansiosamente observando para ver quem serão os vitoriosos a obter a coroa de glória que não murcha. Com intenso interesse, Deus e os anjos celestiais anotam os esforços abnegados, sacrificados e penosos dos que se empenham na corrida cristã. A recompensa dada a cada homem será de acordo com a perseverante energia e fiel zelo com que cumpre sua parte na grande competição. T4 35 1 Nos jogos mencionados, somente um estava seguro do prêmio. Na peleja cristã, declara o apóstolo: "Pois eu assim corro, não como a coisa incerta." 1 Coríntios 9:26. Não devemos ficar desapontados no final da corrida. A todos que concordam plenamente com as condições da Palavra de Deus e têm a percepção de sua responsabilidade em preservar o vigor físico e as atividades do corpo, de modo que tenham mente bem equilibrada e moral saudável, a corrida não é incerta. Eles podem ganhar o prêmio, e conquistar e usar a coroa de glória imortal que não desvanece. T4 35 2 O apóstolo Paulo nos diz que "somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens". 1 Coríntios 4:9. Uma nuvem de testemunhas está observando nossa conduta cristã. "Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que Lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-Se à destra do trono de Deus." Hebreus 12:1, 2. T4 35 3 O mundo não deve ser critério para nós. É moda condescender com o apetite em alimentos finos e estimulantes antinaturais, fortalecendo assim as propensões sensuais e impedindo o crescimento e desenvolvimento das faculdades morais. Nenhum encorajamento é dado a qualquer dos filhos ou filhas de Adão de que podem tornar-se mais que vencedores na luta cristã a menos que decidam praticar a temperança em todas as coisas. Se fizerem isto não combaterão como quem combate no ar. T4 35 4 Se os cristãos mantiverem o corpo em sujeição e levarem todos os seus apetites e paixões sob o controle de uma consciência esclarecida, sentindo como uma obrigação devida a Deus e ao próximo o obedecer às leis que governam a saúde e a vida, terão a bênção do vigor físico e mental. T4 36 1 Terão força moral para empenhar-se na guerra contra Satanás; e em nome dAquele que no benefício deles venceu o apetite, serão mais do que vencedores em seu próprio proveito. Esta luta está aberta a todos os que nela se empenham. T4 36 2 Foi-me mostrado o caso do irmão B, a quem uma nuvem de trevas rodeava. A luz do Céu não se acha em sua habitação. Conquanto professe crer na verdade, ele não exemplifica na vida diária sua santificadora influência sobre o coração. Não possui naturalmente disposição benevolente, bondosa, afetuosa e cortês. Seu temperamento é-lhe muito desfavorável, bem como a sua família e à igreja onde sua influência é sentida. Ele tem uma obra a empreender por si mesmo que ninguém pode por ele fazer. Tem necessidade da influência transformadora do Espírito de Deus. Temos, por nossa profissão como seguidores de Cristo, que provar nossos caminhos e ações, comparando-os com o exemplo de nosso Redentor. Nosso espírito e conduta devem corresponder à cópia que nosso Salvador nos deu. T4 36 3 O irmão B não possui temperamento que leve alegria a sua família. Aqui está um bom lugar para ele começar a trabalhar. Ele é mais como uma nuvem do que como um raio de luz. É por demais egoísta para dizer palavras de aprovação aos membros de sua família, especialmente àquela que deve ter seu amor e afetuoso respeito. É mal-humorado, despótico, ditatorial; suas palavras freqüentemente são cortantes, e deixam uma ferida que ele não procura curar suavizando o espírito, reconhecendo suas faltas e confessando o erro praticado. Ele não se esforça em vir para a luz. Não há nele um exame de coração, de motivos, temperamento, fala e conduta, para ver se a sua vida é semelhante ao exemplo. Ele não aplica a lei de Deus a sua vida e caráter como sua norma de ação. O Senhor deseja um povo honesto e reto diante de Si. T4 36 4 A irmã B tem muitas provações, e as fraquezas da própria natureza com que lutar, e sua tarefa não deve ser tornada ainda mais penosa do que seja definitivamente necessário. O irmão B precisa abrandar-se; deve cultivar refinamento e cortesia. Deve ser muito terno e amável para com a esposa, que é igual a ele em todos os respeitos; não deve proferir palavras que lancem sombra sobre o coração dela. Ele deve começar a obra de reforma no lar; deve cultivar a afeição e vencer os traços rudes e ásperos, insensíveis e egoístas de seu temperamento, pois tais coisas estão ganhando terreno sobre ele. Se nós, pobres mortais, alcançarmos o Céu, devemos vencer como Cristo venceu. Devemos assemelharmos à Sua imagem; nosso caráter deve ser imaculado. T4 37 1 Foi-me mostrado que o irmão B não tem elevado senso da perfeição de caráter necessário a um cristão. Ele não tem uma percepção apropriada de seu dever para com os semelhantes. Corre o perigo de buscar os próprios interesses, se uma oportunidade se apresentar, sem levar em conta a vantagem ou perda de seu semelhante. Considera a própria prosperidade como extremamente importante, mas não revela interesse na prosperidade ou infortúnio do próximo, como deve revelar um seguidor de Cristo. Por uma mínima vantagem para si, Satanás pode desviá-lo de sua integridade. Isso lhe obscurece a própria alma, e traz escuridão sobre a igreja. "Tudo isso", declara Satanás, "será seu, se desviar-se da estrita integridade. Tudo isso lhe darei se me agradar nisto, ou se fizer e disser aquilo." E com muita freqüência o irmão B tem sido enganado pelo adversário para dano próprio e para obscurecer outras mentes. T4 37 2 Há alguns outros na igreja que precisam ver as coisas de um ponto de vista mais elevado antes de poderem estar propensos a coisas espirituais, e em uma posição em que possam discernir a mente e vontade de Deus, e lançar luz, em lugar de sombra. O irmão B precisa ter os olhos ungidos, para que possa discernir claramente as coisas espirituais, e também os ardis de Satanás. O padrão cristão é elevado e exaltado. Mas, que lástima, os professos seguidores de Cristo O rebaixam até ao pó! T4 37 3 Irmão B, você necessita de constante vigilância para não ser vencido pelas tentações de Satanás de viver por si mesmo, ser ciumento e invejoso, desconfiado e censurador. Se prosseguir queixando-se, não progredirá um só passo na estrada rumo ao Céu. Se parar um instante em seus zelosos esforços e empenhos acompanhados de oração para restringir e controlar a si mesmo, estará em perigo de ser derrotado por alguma forte tentação; poderá dar passos imprudentes; poderá manifestar um espírito iníquo, que não só acarretará amargura para a própria alma, mas tristeza ao coração de outros. Poderá trazer sobre eles um peso de perplexidade e tristeza que porá em perigo a salvação deles, e será responsável por essa influência danosa. Irmão B, se desejar escapar da poluição da sensualidade que há no mundo, deve adornar a profissão cristã em todos os aspectos. T4 38 1 Você poderá dizer: Essa é uma dura obra; o caminho é demasiado estreito, não posso trilhá-lo. É o caminho exposto nesta carta mais estreito do que o caminho que você encontra claramente delineado na Palavra de Deus? O Céu vale uma vida inteira de esforço perseverante, incansável. Se agora recuar e se tornar desanimado, certamente perderá o Céu -- perderá a vida imortal e a coroa de glória que não se extingue. Os que têm assento ao lado do Salvador em Seu trono são somente os daquela classe que tem vencido como Ele venceu. O amor pela verdade pura e santificadora, amor pelo querido Redentor, abrandará o esforço da vitória. Sua força será alegremente assegurada a todos quantos estão realmente desejosos dela. Ele coroará com graça e paz todo esforço perseverante feito em Seu nome. T4 38 2 Se o seu esforço diário for glorificar a Deus e subjugar o eu, Ele aperfeiçoará Sua força em sua fraqueza, e você poderá viver de modo que sua consciência não o condenará. Poderá ter uma boa reputação diante daqueles que estão fora. Uma vida ponderada não só trará grande proveito à própria alma, mas será uma forte luz a brilhar sobre o caminho de outros, e lhes mostrará o caminho para o Céu. T4 38 3 Irmão B, como tem governado o próprio temperamento? Tem buscado vencer seu espírito precipitado? Com a disposição e sentimento que agora possui, perderá o Céu tão certamente quanto ele existe. Pelo benefício da própria alma, e por causa de Cristo, que lhe concedeu inegáveis evidências de Seu infinito amor, venha para mais perto dEle a fim de que possa ser imbuído de Seu Espírito. Cultive espírito de vigilância e oração para que possa corretamente representar a sagrada fé que professa como seguidor de seu querido Redentor, que deixou um exemplo na própria vida. Imite o nosso Salvador. Aprenda de Cristo. Suporte a adversidade como bom soldado de Jesus Cristo, vença as tentações de Satanás como Ele venceu, e prevaleça como vitorioso sobre todos os seus defeitos de caráter. T4 39 1 Cristo foi um perfeito vencedor; e devemos ser perfeitos e íntegros, nada deixando a desejar, sem mácula ou defeito. A redenção que Cristo realizou pelo homem foi a um preço infinito para Si. A vitória a obter sobre nosso mau coração e sobre as tentações de Satanás nos demandará vigoroso esforço, constante vigilância, e perseverante oração; e então colheremos não só a recompensa, que é o dom da vida eterna, mas aumentaremos nossa felicidade sobre a Terra pela consciência do dever cumprido, e pelo maior respeito e amor àqueles que nos rodeiam. T4 39 2 Foi-me mostrado haver uma geral falta de devoção e de esforço sincero e dedicado na igreja. Há muitos que precisam ser convertidos. O irmão C não é um esteio e força para a igreja. Ele não progride na vida religiosa ao avançar em idade. Tem professado a verdade por muitos anos, contudo tem sido vagaroso em aprender e viver seus princípios; portanto, não tem sido santificado mediante a verdade. Ele se coloca em posição de ser tentado por Satanás. É ainda uma criança em experiência. Está a observar outros e apontar suas faltas, quando devia estar diligentemente sondando o próprio coração. Essa prontidão em questionar, e ver faltas em seus irmãos, e falar deles a outros, é reprovada pelas palavras de Cristo a quem, Ele viu, estava mais interessado na conduta de seus irmãos do que cuidadosamente em vigiar e orar para que Satanás não o vencesse. Disse Cristo a Seus discípulos: "Que te importa a ti? Segue-Me tu." João 21:22. T4 39 3 Tudo que o irmão C pode fazer, na debilidade de sua natureza, é guardar a própria alma e fechar toda avenida pela qual Satanás possa obter acesso ou insinuar dúvidas sobre outros. Ele se acha em grande perigo de perder sua salvação por deixar de aperfeiçoar o caráter cristão durante seu tempo de graça. Ele é vagaroso em seguir a Cristo. Seus sentidos parecem anuviados e quase paralisados, de modo que não avalia adequadamente as coisas sagradas. Pode mesmo agora corrigir seus erros e vencer os seus defeitos, se agir na força de Deus. T4 40 1 Há vários na igreja de _____, cujos nomes não posso mencionar, que têm vitórias a conquistar sobre seus apetites e paixões. Alguns falam em demasia; tomam a seguinte postura: "Denunciai, e o denunciaremos!" Jeremias 20:10. Essa é, realmente, uma postura deplorável! Se todos esses mexeriqueiros tivessem em mente que um anjo os está seguindo, registrando suas palavras, haveria menos conversa e muito mais oração. T4 40 2 Há filhos de observadores do sábado que desde a juventude têm sido ensinados a observar o sábado. Alguns deles são filhos muito bons, fiéis ao dever, no que se refere às questões temporais, mas não sentem profunda convicção do pecado, nem a necessidade de se arrependerem dele. Estes estão em condição perigosa. Estão observando o comportamento e os esforços de professos cristãos. Vêem alguns que fazem elevada profissão de fé, mas que não são cristãos conscienciosos, e comparam os próprios pontos de vista e ações com essas pedras de tropeço. E como não há pecados salientes em sua vida, gabam-se de estarem quase corretos. T4 40 3 A estes jovens estou autorizada a dizer: "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados." Atos dos Apóstolos 3:19. Não há tempo a perder. O Céu e a vida imortal são tesouros valiosos que não podem ser obtidos sem um esforço de sua parte. Não importa quão impecável tenha sido a sua vida, como pecadores têm providências a tomar. É-lhes requerido arrepender-se, crer e ser batizados. Cristo era inteiramente justo; contudo Ele, o Salvador do mundo, deu ao homem um exemplo, dando Ele mesmo os passos que exige que o pecador dê para tornar-se filho de Deus e herdeiro do Céu. T4 40 4 Se Cristo, imaculado e puro Redentor do homem, consentiu em dar os passos que o pecador necessariamente tem de dar para a conversão, como se admite que alguém, com a luz da verdade brilhando em seu caminho, hesite em submeter o coração a Deus e, com humildade confesse que é pecador e mostre sua fé na expiação de Cristo por palavras e ações, identificando-se com os que professam ser Seus seguidores? Sempre haverá alguns que não viverão segundo sua profissão de fé, cujo viver diário demonstra que são tudo, menos cristãos; mas seria isso razão suficiente para alguém recusar revestir-se de Cristo pelo batismo, na fé de Sua morte e ressurreição? T4 41 1 Mesmo quando o próprio Jesus esteve na Terra, e caminhava com Seus discípulos e os ensinava, havia um entre os doze que era um demônio. Judas traiu o seu Senhor. Cristo tinha perfeito conhecimento da vida de Judas. Sabia da cobiça que ele não havia dominado; e em Seus sermões aos outros dava-lhe muitas lições sobre esse assunto. Por meio da condescendência, Judas permitiu que esse traço de seu caráter tomasse vulto e adquirisse raiz tão profunda que chegou a suplantar a boa semente da verdade semeada em seu coração; o mal predominou, até que, por amor ao dinheiro, pôde vender o seu Senhor por umas poucas moedas de prata. T4 41 2 O fato de que Judas não tinha coração reto, que estava tão corrompido pelo egoísmo e amor ao dinheiro que foi levado a cometer um grande crime, não é evidência de que não houvesse verdadeiros cristãos, genuínos discípulos de Cristo, que amavam o seu Salvador e tentavam imitar Sua vida e exemplo e obedecer a Seus ensinamentos. T4 41 3 Foi-me mostrado que o fato de Judas ter sido contado entre os doze, com todas as suas faltas e defeitos de caráter, é uma lição instrutiva de cujo estudo os cristãos podem tirar proveito. Quando Judas foi escolhido pelo Senhor, seu caso não era sem esperança. Ele possuía algumas boas qualidades. Em sua associação com Cristo no trabalho, ouvindo os Seus discursos, teve oportunidade favorável de ver os seus erros, familiarizar-se com os seus defeitos de caráter, se realmente desejasse ser um verdadeiro discípulo. Foi até mesmo colocado por nosso Senhor em uma posição na qual poderia ter a escolha de desenvolver sua disposição cobiçosa ou vê-la e corrigi-la. Ele levava consigo os parcos recursos coletados para os pobres e para as despesas necessárias de Cristo e os discípulos em seu trabalho de pregação. T4 42 1 Aquele pequeno montante era para Judas uma contínua tentação e, de tempos em tempos, quando realizava um pequeno serviço para Cristo, ou dedicava um pouco de tempo para propósitos religiosos, pagava a si mesmo usando os limitados fundos coletados para fazer avançar a luz do evangelho. Finalmente tornou-se tão mesquinho que expressou amarga queixa por ser caro o perfume derramado sobre a cabeça de Jesus. Ficava repetidamente calculando e imaginando o dinheiro que poderia ter sido colocado em suas mãos para gastar, caso o perfume tivesse sido vendido. Seu egoísmo foi crescendo até que sentiu que o tesouro havia de fato sofrido grande perda por não receber o valor do perfume em dinheiro. Finalmente apresentou uma queixa aberta da extravagância daquela dispendiosa oferta a Cristo. Nosso Salvador repreendeu-o por sua mesquinhez. Isso ficou pesando no coração de Judas até que, por uma pequena soma de dinheiro, consentiu em trair a seu Senhor. Haverá entre os observadores do sábado aqueles que não são mais verdadeiros de coração do que Judas; mas os casos de tais não deve ser desculpa para impedir outros de seguir a Cristo. T4 42 2 Deus ama os filhos do irmão D, mas eles estão em tremendo perigo de se sentirem sãos, não tendo necessidade de médicos. Confiar na própria justiça jamais os salvará. Eles precisam sentir a necessidade de um Salvador. Cristo veio para salvar pecadores. Disse Jesus: "Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores, ao arrependimento." Lucas 5:32. Os fariseus, que se julgavam justos e confiavam nas próprias obras, não sentiam necessidade de um Salvador. Imaginavam que estavam suficientemente bem sem Cristo. T4 42 3 Os queridos filhos do irmão D devem pleitear com Jesus para revelar-lhes sua pecaminosidade, e então pedir-Lhe para revelar-Se como o seu Salvador que perdoa o pecado. Esses preciosos filhos não precisam ser enganados e perder a vida eterna. A não ser que se convertam, não poderão entrar no reino do Céu. Eles precisam lavar suas vestimentas de caráter no sangue do Cordeiro. Jesus os convida a darem os passos que os pecadores devem dar a fim de se tornarem Seus filhos. Ele lhes deu um exemplo em vida ao submeter-Se à ordenança do batismo. É nosso exemplo em todas as coisas. T4 43 1 Deus requer que esses filhos Lhe ofereçam as melhores e mais santas afeições de seu coração. Ele os comprou com o próprio sangue. Reivindica o serviço deles. Não pertencem a si mesmos. Jesus realizou um sacrifício infinito por eles. Um Salvador piedoso e amorável os receberá se forem a Ele tal como são e dependerem de Sua justiça, e não dos próprios méritos. T4 43 2 Deus tem piedade e ama os jovens de _____, e deseja que nEle encontrem felicidade. Ele morreu para redimi-los e os abençoará, se forem a Ele com mansidão e sinceridade. Será neles achado, se O buscarem de todo o coração. ------------------------Capítulo 5 -- Escolhendo tesouro terrestre T4 43 3 Foi-me mostrada a condição do povo de Deus. Estão entorpecidos pelo espírito do mundo. Negam sua fé por suas obras. Foi-me apontado o antigo Israel. Tiveram grande luz e exaltados privilégios; contudo, não viveram à altura da luz, nem apreciaram suas vantagens, e sua luz se lhes tornou em trevas. Caminhavam na luz dos próprios olhos, em vez de seguirem a guia de Deus. A história dos filhos de Israel foi escrita para o benefício daqueles que vivem nos últimos dias, a fim de que possam evitar seguir seu exemplo de descrença. T4 43 4 Irmão E, foi-me mostrado você envolvido em trevas. O amor ao mundo havia tomado inteiro controle de seu ser. Os seus melhores dias estão no passado. Sua vitalidade e poder de resistência, no que tange ao trabalho físico, estão debilitados; e agora, quando deveria ser capaz de recordar uma vida de nobres esforços em abençoar outros e glorificar a Deus, pode apenas lamentar e reconhecer a falta de felicidade e paz. O irmão não está vivendo de modo a alcançar a aprovação de Deus. Seus interesses espirituais, eternos, são postos em segundo lugar. O cérebro, ossos e músculos foram sobrecarregados ao máximo. Por que todo esse desperdício de vigor? Por que esse acúmulo de cuidados e responsabilidades para sua família suportar? Qual é a sua recompensa? A satisfação de acumular para si um tesouro na Terra, o que Cristo proibiu, e que se revelará uma armadilha para a sua alma. T4 44 1 No Sermão do Monte, Cristo diz: "Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no Céu." Mateus 6:19, 20. Se você acumular tesouros no Céu, fará isto para si próprio e estará trabalhando no próprio interesse. O seu tesouro, meu prezado irmão, é depositado na Terra, e o seu interesse e afeições estão no seu tesouro. O irmão cultivou amor ao dinheiro, casas e terras, até que isso absorveu suas forças mentais e físicas, e o amor por posses terrenas tem sido maior do que seu amor por seu Criador, e pelas almas pelas quais Cristo morreu. O deus deste mundo lhe cegou os olhos de modo que as coisas eternas não lhe são de valor. T4 44 2 No deserto da tentação, Cristo defrontou as grandes tentações principais que assaltariam os homens. Ali enfrentou, sozinho, o inimigo astuto e sutil, vencendo-o. A primeira grande tentação teve que ver com o apetite; a segunda, com a presunção; a terceira, com o amor ao mundo. Satanás tem vencido seus milhões, tentando-os a condescender com o apetite. Mediante a satisfação do paladar, o sistema nervoso torna-se irritado e debilita-se o poder do cérebro, tornando impossível pensar calma e racionalmente. Desequilibra-se a mente. Suas mais nobres e elevadas faculdades são pervertidas, servindo à concupiscência carnal, e desprezam-se os interesses eternos e sagrados. Alcançado este objetivo, Satanás pode vir com suas outras duas tentações principais e encontrar pronto acesso. Suas múltiplas tentações provêm destes três grandes pontos principais. T4 44 3 A presunção é uma tentação comum, e ao Satanás assaltar os homens com isto, é bem-sucedido nove vezes em dez. Os que professam ser seguidores de Cristo e pretendem, por sua fé, estar empenhados na luta contra todo mal que há em sua própria natureza, entram freqüentemente de maneira irrefletida em tentações das quais exigiria um milagre o fazê-los escapar imaculados. A meditação e a oração os haveriam guardado, levando-os a evitar a posição crítica e perigosa em que se colocaram quando concederam a Satanás vantagem sobre eles. As promessas de Deus não são para serem temerariamente reclamadas quando, de maneira descuidosa, nos precipitamos para o perigo, violando as leis da natureza e desatendendo à prudência e ao juízo com que Deus nos dotou. Isto é a mais flagrante presunção. T4 45 1 Os tronos e reinos do mundo e a glória deles foram oferecidos a Cristo se apenas Se prostrasse diante de Satanás. O homem nunca será provado com tentações tão fortes como as que assaltaram a Cristo. Satanás veio com honra mundana, riquezas e os prazeres da vida, e apresentou-os sob o aspecto mais atraente para seduzir e enganar. "Tudo isto", disse ele a Cristo, "Te darei se, prostrado, me adorares." Mateus 4:9. Cristo repeliu o astuto inimigo e saiu vitorioso. T4 45 2 Satanás tem maior sucesso em sua aproximação do homem. Todo esse dinheiro, esse ganho, essa terra, esse poder, essas honras e riquezas lhe darei -- em troca de quê? Suas condições em geral são que a integridade seja deixada de parte, a consciência seja brutalizada e o egoísmo alimentado. Através da dedicação a interesses mundanos, Satanás recebe toda homenagem que busca. A porta é deixada aberta para que entre como queira, com seu maligno cortejo de impaciência, amor ao eu, orgulho, avareza, fraude e seu inteiro catálogo de maus espíritos. O homem é enfeitiçado e traiçoeiramente seduzido à ruína. Se nos submetemos de coração e vida ao mundanismo, Satanás fica satisfeito. T4 45 3 O exemplo de Cristo está diante de nós. Ele venceu a Satanás, mostrando-nos como também podemos vencer. Cristo resistiu a Satanás com as Escrituras. Poderia haver recorrido a Seu poder divino e usado as próprias palavras, mas disse: "Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus." Mateus 4:4. Diante da segunda tentação, Ele disse: "Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus." Mateus 4:7. O exemplo de Cristo está diante de nós. Se as Escrituras Sagradas fossem estudadas e seguidas, o cristão seria fortalecido para enfrentar o astuto inimigo; mas a Palavra de Deus é negligenciada, e seguem-se calamidade e derrota. T4 46 1 Prezado irmão, você tem negligenciado dar atenção aos testemunhos de advertência que lhe foram dados anos atrás, mostrando que o inimigo estava ao seu encalço, para apresentar-lhe os encantos deste mundo, insistindo para você escolher o tesouro terreno e sacrificar a recompensa celestial. Irmão E, você não pode permitir isto; há muito em jogo. "Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?" Mateus 16:26. Você está vendendo sua alma em um mercado barato. Não pode permitir-se esse grande sacrifício. Deus confiou talentos a sua guarda. Eles são seus recursos e sua influência. Deus deseja submetê-lo a uma prova. Você não devia ter perdido tempo, e, sim, começado imediatamente a aumentar o depósito de seu Mestre. Tivesse agido assim, seu êxito teria sido igual a sua operosidade, perseverança e zelo em investir o capital colocado em suas mãos; os seus talentos de influência -- pondo de parte os recursos a que poderia ter recorrido para seu auxílio -- teria atraído muitas almas do erro para a verdade e justiça. Essas almas teriam trabalhado por outros, e assim a influência e recursos teriam aumentado constantemente e se multiplicado na causa do Mestre; e para a fiel melhoria de seus talentos teria ouvido do Mestre as mais bondosas palavras que poderiam ouvir: "Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor." Mateus 25:21. T4 46 2 Irmão E, tivesse direcionado as faculdades de seu intelecto a condutos corretos, servindo a seu Pai celestial, você teria se fortalecido cada vez mais na verdade, fortalecido em espírito e poder, e agora seria uma coluna da igreja de _____ e, por seu exemplo, bem como por apresentar as razões de nossa fé com base nas Escrituras, teria sido um bem-sucedido ensinador da verdade. Se as faculdades mentais que empregou para obter propriedades tivessem sido utilizadas para trazer almas das trevas para a luz, haveria de conhecer a aprovação de Deus e ser altamente bem-sucedido. T4 47 1 Os que somente têm limitadas habilidades, santificadas pelo amor de Deus, podem realizar o bem para o Mestre; mas os que têm mente arguta, de bom discernimento, podem empregá-la em sua exaltada obra com excelentes resultados. Embrulhar em um lenço os talentos que Deus lhes confiou, e escondê-los no solo, assim privando-O de seu rendimento, é um grave erro. Estamos sob prova. O Mestre virá para investigar nossa conduta, e indagará que uso fizemos dos talentos que nos foram emprestados. T4 47 2 Irmão E, que uso está fazendo dos talentos que Deus confiou ao seu cuidado? Fez o que podia para iluminar a mente dos homens a respeito da verdade, ou não achou tempo em suas atividades de negócios e perplexidades para dedicar a este trabalho? É um crime valer-se da generosidade divina como tem feito, para diminuir sua força física e separar de Deus suas afeições. "Não podeis servir a Deus e a Mamom." Lucas 16:13. Não podemos amar este mundo e amar a verdade de Deus. "Não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus." Tiago 4:4. "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele." 1 João 2:15. Você não é um homem feliz. Sua família não é uma família feliz. Os anjos de Deus não vêm fazer habitação com vocês. Quando a religião de Cristo rege o coração, a consciência aprova, e reinam paz e felicidade; perplexidade e aflição podem rondar, mas há luz na alma. T4 47 3 Submissão, amor e gratidão a Deus conservam o brilho do sol no coração, embora o dia possa ser bem nublado. Abnegação e a cruz de Cristo estão diante do irmão. Erguerá você a cruz? Seus filhos têm sido abençoados pelas orações da mãe. Eles têm amado a religião. Têm tentado resistir à tentação, e manter vida de oração. Às vezes têm tentado muito arduamente; mas seu exemplo diante deles, seu amor e devoção ao mundo, e sua dedicação excessiva aos negócios têm removido a mente deles das coisas espirituais e a desviado novamente para a Terra. Satanás tem estado em seu encalço para conduzi-los a amar o mundo e as coisas mundanas. Eles têm gradualmente perdido sua confiança em Deus, negligenciado a oração particular e os deveres religiosos, e têm perdido seu interesse pelas coisas sagradas. T4 48 1 Prezado irmão E, você cometeu grande erro ao dedicar a este mundo a sua ambição. Você é exigente e às vezes impaciente; algumas vezes requer demasiado de seu filho. Ele ficou desanimado. Em sua casa tem sido trabalho, trabalho, trabalho, desde o amanhecer até à noite. Sua grande fazenda tem acarretado cuidados extras e responsabilidades para a sua casa. Você tem falado sobre negócios; pois os negócios são a prioridade em sua mente, e "a boca fala do que está cheio o coração". Lucas 6:45. Seu exemplo na família tem exaltado a Cristo e Sua salvação acima de seus interesses agrícolas e seu desejo de ganho? Se os seus filhos perderem a vida eterna, o sangue da alma deles certamente será achado nas vestes do pai. T4 48 2 A mãe cumpriu fielmente o seu dever. Ela ouvirá o "bem está", ao levantar-se na manhã da ressurreição. Sua primeira indagação será quanto a seus filhos, que foram objeto de suas orações durante a parte final de sua vida. Você poderá apresentá-los com belo caráter que os qualifiquem moralmente para a sociedade dos anjos, ou estarão contaminados e maculados pelas corrupções deste mundo? Serão achados "participantes da natureza divina", livres "da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo"? 2 Pedro 1:4. Serão colunas polidas à semelhança de um palácio; ou haverão de ser achados amantes do mundo, amaldiçoados com o espírito de avareza, e suas brilhantes e nobres qualidades sepultadas no esquecimento? Sua conduta muito fará para determinar o destino futuro de seus filhos. Se você continuar a exaurir suas faculdades mentais em preocupações e planejamentos mundanos, permanecerá para eles como uma pedra de tropeço. Eles vêem que, conquanto professando cristianismo, você não obteve qualquer progresso espiritual, mas está moralmente atrofiado. Isto é verdade. Sua mente tem-se concentrado nas coisas terrenas; e, como resultado, desenvolveu grande força nessa direção. Decididamente, você é um negociante mundano, mas Deus planejou que você usasse sua habilidade e influência em uma ocupação mais elevada. T4 49 1 Você está fascinado e cegado pelo deus deste mundo. Oh, que terrível insensatez o domina! Você poderá reunir tesouros terrenos, mas serão destruídos na grande conflagração. Se retornar agora ao Senhor, empregar seus talentos de recursos e influência para a Sua glória e enviar antecipadamente seu tesouro para o Céu, não defrontará uma perda total. T4 49 2 As grandes conflagrações e calamidades por terra e mar que têm assolado nosso país [Estados Unidos] foram providências especiais de Deus, uma advertência do que está para sobrevir ao mundo. Deus quis mostrar ao homem que Ele pode acender sobre seus ídolos um fogo que a água não pode apagar. A grande conflagração geral está pouco à frente, quando todo esse trabalho desperdiçado na vida será eliminado do dia para a noite. O tesouro depositado no Céu estará seguro. Nenhum ladrão pode aproximar-se dele, nem traça corroê-lo. T4 49 3 Um jovem veio a Cristo e perguntou: "Bom Mestre, que bem farei, para conseguir a vida eterna?" Mateus 19:16. Jesus ordenou-lhe guardar os mandamentos. Ele retrucou: Senhor, "tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?" Mateus 19:20. Jesus encarou com amor aquele jovem, e fielmente apontou-lhe sua deficiência na observância dos mandamentos. Ele não amava o seu semelhante como a si mesmo. Cristo mostrou-lhe o seu verdadeiro caráter. Seu amor mesquinho pelas riquezas era um defeito que, se não removido, o excluiria do Céu. "Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no Céu; e vem e segue-me." Mateus 19:21. Cristo desejava que entendesse que nada exigia dele além do que Ele próprio havia experimentado. Tudo o que pediu foi que Lhe seguisse o exemplo. T4 49 4 Cristo deixou Suas riquezas e glória, e tornou-Se pobre, para que o homem mediante a Sua pobreza se tornasse rico. Requer agora que ele, por causa dessas riquezas, renuncie às coisas terrenas e assegure o Céu. Cristo sabia que enquanto as afeições estivessem sobre o tesouro mundano, elas estariam afastadas de Deus; portanto, disse ao doutor da lei: "Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no Céu; e vem e segue-Me." Mateus 19:21. Como recebeu ele as palavras de Cristo? Regozijou-se por poder assegurar o tesouro celestial? Ele ficou muito "triste, porque possuía muitas propriedades". Mateus 19:22. Para ele as riquezas representavam honra e poder. O grande valor de seu tesouro fazia com que desfazer-se dele parecesse uma impossibilidade. T4 50 1 Aqui está o perigo das riquezas para um homem avarento. Quanto mais ganha, mais difícil lhe é ser generoso. Diminuir sua riqueza é como acabar com a vida. Em vez disso, prefere desviar-se das atrações da recompensa imortal, a fim de reter e aumentar seus bens terrenos. Ele ajunta e acumula. Tivesse ele observado os mandamentos, e seus bens mundanos não seriam tão grandes. Como podia, enquanto planejando e lutando pelo eu, amar a Deus de todo o coração, e de toda a alma, e toda a sua força, e ao próximo como a si mesmo? Lucas 10:27. Houvesse ele provido às necessidades dos pobres e abençoado os seus semelhantes com uma porção de seus recursos segundo requeriam suas necessidades, teria sido muito mais feliz e obteria maior tesouro celestial, e menos na Terra sobre que colocar as afeições. T4 50 2 Cristo assegurou ao jovem que veio a Seu encontro que, se obedecesse aos Seus requisitos, teria um tesouro no Céu. Esse homem amante do mundo ficou muito triste. Queria o Céu, mas desejava reter sua riqueza. Renunciou à vida imortal pelo amor do dinheiro e poder. Oh, que troca infeliz! Todavia, muitos que professam observar todos os mandamentos de Deus estão fazendo isso. Você, meu prezado irmão, está em perigo de fazer o mesmo, mas não o percebe. Não se ofenda por eu deixar-lhe bem clara esta questão. Deus o ama. Quão pobremente tem você retribuído o Seu amor! T4 50 3 Foi-me mostrado que em sua experiência inicial seu coração estava inflamado com a verdade; sua mente absorvida no estudo das Escrituras; via nova beleza em cada linha. Depois, a boa semente lançada em seu coração foi crescendo e produzindo frutos para a glória de Deus. Mas, depois de um tempo, os cuidados desta vida e os enganos das riquezas sufocaram a boa semente da Palavra de Deus semeada em seu coração, e você deixou de produzir frutos. A verdade lutava por supremacia em sua mente, mas os cuidados desta vida e o amor de outras coisas obtiveram a vitória. Satanás buscava, mediante as atrações deste mundo, prendê-lo e paralisar suas faculdades morais de modo que não tivesse percepção das reivindicações que Deus tinha sobre você, e ele quase teve êxito. T4 51 1 Agora, prezado irmão, você deve empreender o mais fervoroso e perseverante esforço para desalojar o inimigo e assegurar sua liberdade; pois ele fez de você um escravo deste mundo até que o seu amor pelo ganho se tornou uma paixão dominante. Seu exemplo a outros tem sido mau; interesses mesquinhos têm tido a preeminência. Por sua profissão de fé você diz ao mundo: Minha cidadania não é daqui, mas de cima; enquanto as suas obras decididamente declaram que você é um habitante da Terra. Como um laço virá o dia do juízo sobre todos quantos habitam sobre a face da Terra. Sua profissão de fé é somente um empecilho para as almas. Você não tem obras correspondentes. "Conheço as tuas obras" (não tua profissão), diz a Testemunha Verdadeira. Apocalipse 3:1. Deus está agora peneirando o Seu povo, provando os seus propósitos e motivos. Muitos não serão mais do que palha -- nenhum trigo, nenhum valor neles. T4 51 2 Cristo confiou a sua guarda talentos de recursos e de influência, e disse-lhe: Cultive-os "até que Eu venha". Lucas 19:13. Quando o Mestre vier e acertar contas com Seus servos, e todos forem chamados ao mais estrito acerto sobre como empregaram os talentos que lhes foram confiados, como enfrentará você, meu prezado irmão, a investigação? Estará preparado para devolver ao Mestre os Seus talentos em dobro, depondo perante Ele tanto o capital quanto os juros, e mostrando que tem sido um obreiro criterioso, fiel e perseverante a Seu serviço? Irmão E, se seguir a conduta que adotou por anos, o seu caso será corretamente representado pelo servo que embrulhou o seu talento em um lenço e o enterrou no solo, ou seja, escondeu-o no mundo. Aqueles aos quais os talentos foram confiados, receberam recompensa pelo esforço feito em proporção exata à fidelidade, perseverança e zelosa dedicação em negociar com os bens de seu Senhor. T4 52 1 Deus o tem como Seu devedor, e também como um devedor a seus semelhantes que não têm a luz e a verdade. Deus lhe concedeu luz, não para ocultar debaixo de um alqueire, mas para colocá-la no velador a fim de que todos na casa possam beneficiar-se. Sua luz deve brilhar para outros a fim de iluminar almas pelas quais Cristo morreu. A graça de Deus reinando em seu coração, e levando a mente e pensamentos em sujeição a Jesus, o tornaria um homem poderoso ao lado de Cristo e da verdade. T4 52 2 Declarou Paulo: "Eu sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes." Romanos 1:14. Deus havia revelado a Paulo Sua verdade, e ao fazê-lo tornou-o devedor aos que estavam em trevas, para iluminá-los. Você não teve a devida percepção de sua responsabilidade diante de Deus. Está manuseando os talentos do seu Senhor. Conta com faculdades mentais que, se empregadas na direção certa, o tornariam um coobreiro com Cristo e Seus anjos. Se sua mente tivesse sido voltada na direção de fazer o bem, de apresentar a verdade perante outros, estaria agora qualificado a tornar-se um obreiro de sucesso para Deus, e como sua recompensa veria muitas almas salvas que seriam como estrelas na coroa de seu regozijo. T4 52 3 Como pode o valor de suas casas e terras ser comparado ao valor de almas preciosas pelas quais Cristo morreu? Essas almas podem ser salvas para o reino da glória, por seu intermédio; mas você não pode levar consigo a mínima parcela de seu tesouro terrestre. Adquira seja o que for, preserve-o com todo o zeloso cuidado que for capaz de exercer e, ainda assim, a ordem do Senhor pode ser dada, e em poucas horas um fogo que nenhuma perícia é capaz de apagar pode destruir os acúmulos de toda a sua vida, deixando-os como um amontoado de ruínas escaldantes. Esse foi o caso de Chicago. A Palavra de Deus havia sido proferida para que essa cidade fosse deixada em ruínas. Esta não é a única cidade a perceber as marcas visíveis do desagrado de Deus. Ele realizou um começo, mas não um fim. A espada de Sua ira está estendida sobre as pessoas que, por seu orgulho e impiedade, provocaram o desagrado de um Deus justo. Tempestades, terremotos, furacões, incêndios e espada espalharão desolação por toda a parte, até que o coração dos homens desmaie "de terror e pela expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo". Lucas 21:26. Você não sabe quão pequeno é o espaço entre você e a eternidade. Não sabe quão brevemente findará o seu tempo de graça. T4 53 1 Apronte-se, meu irmão, pois o Mestre exigirá seus talentos, tanto o capital quanto os juros! Salvar almas deve ser a obra vitalícia de todo aquele que professa seguir a Cristo. Somos devedores ao mundo pela graça que nos foi dada por Deus, pela luz que brilhou sobre nós e pela beleza e poder que descobrimos na verdade. Poderá dedicar toda a sua existência a reunir tesouros na Terra, mas que vantagem haverá nisso quando a sua vida aqui findar, ou quando Cristo aparecer? Não poderá levar consigo um só centavo. Tão alto como suas riquezas e honras terrenas o exaltaram aqui com negligência de sua vida espiritual, assim você afundará em valor moral perante o grande tribunal do Juízo de Deus. T4 53 2 Como essa riqueza pela qual trocou sua alma será apropriada, caso seja repentinamente chamado a dar por encerrado o seu tempo de graça e sua voz não mais controlá-la? "Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?" Mateus 16:26. Seus recursos não são de maior valor do que a areia, exceto se forem empregados unicamente para as necessidades da vida diária e para abençoar outros e fazer avançar a causa de Deus. Ele lhe concedeu testemunhos de advertência e encorajamento, mas você se desviou deles. Duvidou dos Testemunhos. Quando você retornar e reunir os raios de luz, e tomar a posição de que os Testemunhos procedem de Deus, então se firmará em sua crença e não vacilará em trevas e fraqueza. T4 53 3 Você pode ser uma bênção para a igreja de _____. Pode ser uma coluna ali mesmo agora, se vier para a luz e caminhar nela. Deus o chama novamente. Ele busca alcançá-lo, conquanto cingido com egoísmo como se acha, e envolvido com os cuidados desta vida. Ele o convida a retirar suas afeições do mundo e a colocá-las sobre coisas celestiais. A fim de conhecer a vontade de Deus, você deve estudá-la ao invés de seguir as próprias inclinações e a tendência natural da sua mente. "Que queres que te faça?" (Lucas 18:41) deve ser a ardente e ansiosa indagação de seu coração. T4 54 1 O peso da ira de Deus descerá sobre aqueles que desperdiçaram o seu tempo e serviram a Mamom, em vez de seu Criador. Se viver para Deus e para o Céu, apontando o caminho da vida para outros, avançará para a frente e para cima rumo a mais elevados e santas alegrias. Será recompensado com o "bem está, servo bom e fiel. ... Entra no gozo do teu Senhor". Mateus 25:21. A alegria de Cristo foi a de ver almas redimidas e salvas em Seu reino glorioso. "O qual, em troca da alegria que Lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus." Hebreus 12:2. T4 54 2 Ganhar os tesouros deste mundo, e empregá-los como você tem feito para separar suas afeições de Deus, ser-lhe-á no final uma terrível maldição. Você não tira tempo para ler, meditar ou orar. Não tem dedicado tempo para instruir seus filhos, mantendo diante deles seus mais elevados interesses. Deus ama os seus filhos; mas eles têm tido pouco incentivo para viver uma vida religiosa. Se você destruir a fé deles nos Testemunhos, não poderá alcançá-los. A mente de pobres e falíveis mortais deve ser disciplinada e educada em coisas espirituais. Quando a instrução for toda concernente ao mundo, e em obter êxito na aquisição de propriedade, como pode o crescimento espiritual ser atingido? É uma impossibilidade. Você, meu irmão, e sua família poderiam ter crescido à plena estatura de homens e mulheres em Cristo Jesus se, para aperfeiçoar um caráter cristão e servir ao Senhor, tivessem demonstrado metade do interesse que tiveram em servir ao mundo. T4 54 3 Deus não está contente de que Seus servos ignorem Sua divina vontade, sejam aprendizes em entendimento espiritual mas sábios em sabedoria e conhecimento mundanos. Seu interesse terreno não tem comparação com seu bem-estar eterno. Deus tem uma obra mais elevada para você fazer, do que a de adquirir propriedade. É necessário que seja realizada uma obra profunda e completa em seu favor. Sua família inteira precisa dela, e que Deus possa ajudar a todos a atingir a perfeição do caráter cristão. Os seus filhos podem e devem ser uma bênção para os jovens de sua comunidade. Pelo exemplo deles, por suas palavras e ações, podem glorificar a seu Pai celestial e adornar a causa da religião. ------------------------Capítulo 6 -- Verdadeira benevolência T4 55 1 Prezados irmão e irmã F: T4 55 2 Tentarei agora escrever o que me foi apresentado com relação a vocês; pois sinto ser tempo para esta igreja pôr em ordem o coração, e realizar uma diligente obra para a eternidade. Vocês dois amam a verdade e desejam obedecer-lhe; mas falta-lhes experiência. Foi-me revelado que seriam colocados sob circunstâncias em que seriam provados e testados, e que seriam revelados traços de caráter que não estavam cientes de possuir. T4 55 3 Muitos que nunca foram colocados em posições de prova parecem ser excelentes cristãos, sua vida parece impecável; mas Deus vê que eles têm traços de caráter que precisam ser-lhes revelados antes que os possam perceber e corrigir. Simeão profetizou sob inspiração do Espírito Santo e declarou a Maria com respeito a Jesus: "Eis que Este é posto para queda e elevação de muitos em Israel e para sinal que é contraditado (e uma espada traspassará também a tua própria alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos corações." Lucas 2:34, 35. Na providência de Deus, somos colocados em diferentes posições para exercitar qualidades mentais destinadas a desenvolver o caráter sob uma variedade de circunstâncias. "Porque qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em um só ponto tornou-se culpado de todos." Tiago 2:10. Cristãos professos podem viver de maneira normal no que respeita à aparência exterior; mas quando uma mudança de circunstâncias os lança em posições inteiramente diferentes, fortes traços de caráter são descobertos, os quais teriam permanecido ocultos caso o seu meio ambiente continuasse o mesmo. T4 56 1 Foi-me mostrado que vocês possuem traços contra os quais devem guardar-se estritamente. Estarão em perigo de considerar a sua prosperidade e a sua conveniência sem levar em conta a prosperidade de outros. Vocês não possuem espírito de abnegação que se assemelhe ao grande Exemplo. Devem cultivar a benevolência, que os levará a maior harmonia com o Espírito de Cristo em Sua desinteressada benevolência. Precisam ter mais simpatia humana. Esta é uma qualidade de nossa natureza que Deus concedeu para nos tornar caridosos e bondosos àqueles com quem somos postos em contato. Nós a encontramos em homens e mulheres cujo coração não se acha em sintonia com Cristo, e é triste ver que Seus professos seguidores têm falta desse grande elemento essencial do cristianismo. Não copiam o Modelo, e é impossível que reflitam a imagem de Jesus em sua vida e conduta. T4 56 2 Quando a simpatia humana está misturada com amor e com benevolência, e santificada pelo Espírito de Jesus, torna-se um elemento capaz de produzir grande bem. Os que cultivam a beneficência não estão apenas fazendo uma boa obra em favor de outros, e abençoando os que recebem a boa ação, mas estão beneficiando a si mesmos ao abrirem o coração à benéfica influência da verdadeira beneficência. Cada raio de luz lançado sobre outros será refletido sobre nosso próprio coração. Cada palavra de bondade e simpatia proferida aos tristes, cada ação que vise aliviar os oprimidos, e cada doação para suprir as necessidades de nossos semelhantes, dados ou feitos para glorificar a Deus, resultarão em bênçãos para o doador. Os que assim trabalham, estão obedecendo a uma lei do Céu e receberão a aprovação de Deus. O prazer de fazer o bem aos outros comunica aos sentimentos calor que atravessa os nervos, aviva a circulação do sangue e promove saúde mental e física. T4 56 3 Jesus conhecia a influência da beneficência sobre o coração e a vida do benfeitor e procurou imprimir na mente de Seus discípulos os benefícios a serem motivados pelo exercício desta virtude. Ele disse: "Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber." Atos dos Apóstolos 20:35. Ele ilustra o espírito de alegre beneficência que deve ser exercido no interesse dos amigos, vizinhos e estrangeiros através da parábola do homem que ia de Jerusalém para Jericó e caiu entre ladrões, "os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto". Lucas 10:30. T4 57 1 Não obstante a exaltada profissão de religiosidade feita pelo sacerdote e o levita, o coração deles não estava movido de piedosa compaixão pelo sofredor. Um samaritano que não reivindicava tão elevadas pretensões de justiça passou por aquele caminho; e quando viu a necessidade do estranho, não o considerou com mera curiosidade apática, mas viu um ser humano em angústia, e sua compaixão foi despertada. Imediatamente "aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele". E na manhã seguinte deixou-o por conta do hospedeiro, afirmando que pagaria todas as despesas quando voltasse. Cristo pergunta: "Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai e faze da mesma maneira." Lucas 10:34, 36, 37. T4 57 2 Neste ponto Jesus desejava ensinar aos discípulos as obrigações morais existentes entre o homem e seu semelhante. Quem quer que negligencie praticar os princípios ilustrados por esta lição não é um observador dos mandamentos, mas, à semelhança do levita, quebra a lei de Deus que pretende reverenciar. Há alguns que, como o samaritano, não fazem pretensão de exaltada religiosidade, contudo conservam elevada percepção de suas obrigações para com os semelhantes, e demonstram muito mais caridade e bondade do que muitos que professam grande amor a Deus, mas deixam de praticar boas obras para com as Suas criaturas. T4 58 3 Os que verdadeiramente amam ao próximo como a si mesmos, reconhecem sua responsabilidade e as reivindicações que a humanidade sofredora lhes impõe, e levam a cabo os princípios da lei de Deus em seu viver diário. "E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E Ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso e viverás." Lucas 10:25-28. Cristo aqui mostra ao doutor da lei que amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a nós mesmos é o verdadeiro fruto da piedade. "Faze isto", disse Ele, não meramente crer, mas fazer, "e viverás". O que torna alguém cristão não é a mera crença professada nas reivindicações obrigatórias da lei de Deus, mas também o cumprimento dessa lei. T4 58 1 Na parábola, Cristo exalta o samaritano acima do sacerdote e do levita, que eram grandes defensores da letra da lei dos Dez Mandamentos. Um obedecia ao espírito desses mandamentos, enquanto os outros contentavam-se em professar e exaltar a fé neles; mas o que é a fé sem as obras? Quando os defensores da lei de Deus plantam os pés firmemente sobre os seus princípios, revelando que não são apenas leais de nome, mas leais de coração, cumprindo em seu viver diário o espírito dos mandamentos de Deus e exercendo verdadeira benevolência ao homem, então terão poder moral para mover o mundo. É impossível aos que professam fidelidade à lei de Deus representar corretamente os princípios desse sagrado decálogo enquanto menosprezam esses santos preceitos de amar a seu próximo como a si mesmos. T4 58 2 O mais eloqüente sermão que pode ser pregado a respeito da lei dos Dez Mandamentos é praticá-los. A obediência deve ser tornada um dever pessoal. A negligência desse dever é flagrante pecado. Deus nos coloca sob obrigações não só de assegurar o Céu para nós mesmos, mas sentir como um dever mostrar a outros o caminho, e, através de nosso cuidado e amor desinteressado, conduzir a Cristo aqueles que entram na esfera de nossa influência. A ausência singular de princípio que caracteriza a vida de muitos professos cristãos é alarmante. O seu desrespeito pela lei de Deus desanima os que reconhecem suas sagradas reivindicações, e tende a desviar da verdade os que de outro modo a aceitariam. T4 59 1 A fim de obter um conhecimento apropriado de nós mesmos, é necessário olhar no espelho, e ali descobrir nossos próprios defeitos, valer-nos do sangue de Cristo, a fonte aberta para o pecado e a impureza, em que podemos lavar nossas vestes de caráter e remover as manchas do pecado. Mas muitos recusam ver seus erros e corrigi-los; não desejam ter verdadeiro conhecimento de si mesmos. T4 59 2 Se desejarmos alcançar elevadas metas em excelência moral e espiritual, devemos viver em função disso. Estamos sob obrigação pessoal para com a sociedade de fazer isso, a fim de continuamente exercer influência em favor da lei de Deus. Devemos deixar nossa luz brilhar de tal modo que todos possam ver que o sagrado evangelho está tendo influência sobre nosso coração e vida, de que andamos em obediência a seus mandamentos e não violamos nenhum de seus princípios. Somos em grande medida responsáveis perante o mundo pela salvação dos que nos rodeiam. Nossas palavras e atos estão constantemente falando em favor ou contra Cristo e aquela lei que Ele veio à Terra vindicar. Seja visto pelo mundo que nós não somos egoistamente restritos a nós mesmos em nossos exclusivos interesses e prazeres religiosos, mas liberais, e desejamos partilhar nossas bênçãos e privilégios através da santificação da verdade. Seja visto por eles que a religião que professamos não fecha as avenidas da alma nem as congela, tornando-nos incompassivos e exigentes. Que todos os que professam possuir a Cristo ministrem como Ele o fazia, para benefício do homem, nutrindo um espírito de sábia benevolência. Veremos então muitas pessoas seguindo a luz que provém de nosso preceito e exemplo. T4 59 3 Devemos todos cultivar disposição amável, sujeitando-nos ao controle da consciência. O espírito da verdade transforma em melhores homens e mulheres aqueles que o recebem no coração. Ele atua qual fermento, até que o ser todo seja posto em conformidade com os seus princípios. Abre o coração que foi congelado pela avareza; abre a mão que sempre se manteve cerrada ao sofrimento humano; e caridade e bondade são vistos como seus frutos. T4 59 4 Deus requer que todos nós sejamos obreiros abnegados. Toda parte da verdade tem uma aplicação prática para nosso viver diário. Benditos são os que ouvem a Palavra de Deus e a observam. Ouvir não é suficiente; devemos agir, devemos fazer. "Em... guardar" os mandamentos "há grande recompensa". Salmos 19:11. Os que dão demonstração prática de beneficência por seus atos de simpatia e compaixão para com os pobres, os sofredores e desafortunados, não só aliviam os sofredores mas contribuem grandemente para a própria felicidade, e estão no caminho que assegura a saúde da alma e do corpo. Isaías assim descreveu claramente a obra que Deus aceitará e pela qual abençoará o Seu povo: T4 60 1 "Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo, e que deixes livres os quebrantados, e que despedaces todo o jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto e recolhas em casa os pobres desterrados? E, vendo o nu, o cubras e não te escondas daquele que é da tua carne? Então, romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante da tua face, e a glória do Senhor será a tua retaguarda. Então, clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e Ele dirá: Eis-me aqui; acontecerá isso se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo e o falar vaidade; e, se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares secos, e fortificará teus ossos; e serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas nunca faltam." Isaías 58:6-11. T4 60 2 A afinidade que existe entre a mente e o corpo é muito grande. Se um é afetado, o outro se ressente. O estado mental tem muito que ver com a saúde física. Se a mente está despreocupada e contente, sob a consciência do dever cumprido e com certo senso de satisfação por proporcionar felicidade a outros, isto criará uma alegria que reagirá sobre todo o organismo, produzindo mais perfeita circulação do sangue e o fortalecimento de todo o corpo. A bênção de Deus é um remédio; e os que são generosos em beneficiar a outros, experimentarão essa maravilhosa bênção no próprio coração e vida. T4 61 1 Se os seus pensamentos, prezados irmã e irmão, fossem direcionados mais no rumo de cuidar de outros, sua alma receberia maiores bênçãos. Vocês dois revelam muito pouco interesse humanitário. Não direcionam seus sentimentos às necessidades alheias. Mantêm-se demasiado rígidos e incompassivos. Tornaram-se severos, exigentes e dominadores. Estão em perigo de se tornarem consciência para outros. Vocês têm idéias próprias acerca de decência e deveres cristãos, e se põem a avaliar outros por essas idéias; isso está ultrapassando os limites do que é correto. T4 61 2 Outras pessoas têm opiniões e assinalados traços de caráter que não podem ser assimilados por seus pontos de vista peculiares. Vocês têm defeitos e faltas tanto quanto os seus irmãos e irmãs, e é bom recordar isso quando surge uma diferença. Os erros que vocês cometem são tão opressivos para eles quanto lhes são os deles, e devem ser mais tolerantes para com eles como desejam que sejam para com vocês. Ambos precisam ter maior amor e simpatia por outros -- amor e simpatia semelhantes à ternura de Jesus. No próprio lar vocês devem exercer bondade, falando delicadamente com seu filho, tratando-o afetuosamente, e evitando reprová-lo por todo pequeno erro, a fim de que não se torne endurecido por contínuas censuras. T4 61 3 Devem cultivar a caridade e a longanimidade de Cristo. Por um espírito vigilante e desconfiado com respeito aos motivos e conduta de outros, vocês freqüentemente anulam o bem que realizaram. Estão abrigando um sentimento que é deprimente em sua influência, que causa repulsa, mas não atrai nem conquista. Devem propor-se ser tão submissos e tolerantes em sua disposição quanto desejam que os outros sejam. O amor egoísta de seus métodos e opiniões destruirá, em grande medida, o poder que vocês têm de fazer o bem que desejam. T4 61 4 Irmã F, você tem um desejo muito forte de dominar. A irmã é muito sensível; se sua vontade for contrariada, sente-se muito ofendida; o eu se exalta pronto a defender-se, pois você não tem espírito manso, capaz de aprender. Você precisa vigiar cuidadosamente neste ponto; em resumo, precisa de uma total conversão antes que sua influência possa ser o que deve. O espírito que você manifesta a tornará infeliz se continuar a acariciá-lo. Verá os erros dos outros e se revelará tão ansiosa em corrigi-los que passará por alto as próprias faltas, e terá muito trabalho em remover o argueiro no olho do seu irmão enquanto há uma trave obstruindo sua visão. Deus não deseja que você faça de sua consciência um critério para os outros. Tem um dever a cumprir, isto é, tornar-se alegre e cultivar a abnegação em seus sentimentos, até que seja seu maior prazer tornar felizes a todos os que a rodeiam. T4 62 1 Vocês dois precisam suavizar o coração e ser imbuídos do Espírito de Cristo a fim de que possam, enquanto vivem em uma atmosfera de contentamento e benevolência, ajudar aqueles ao seu redor a serem saudáveis e felizes também. Têm imaginado que o contentamento não se harmoniza com a religião de Cristo. Isso é um erro. Podemos ter verdadeira dignidade cristã e ao mesmo tempo ser alegres e amáveis em nosso comportamento. Alegria sem leviandade é uma das graças cristãs. Devem guardar-se contra a adoção de uma visão estreita sobre religião, ou limitarão a sua influência e se tornarão infiéis mordomos de Deus. T4 62 2 Deixem de repreender e censurar. Vocês não estão aptos a reprovar. Suas palavras apenas ferem e entristecem; não curam nem reformam. Devem vencer o hábito de criticar pequenas coisas que julgam erradas. Sejam tolerantes, generosos e caridosos no julgamento de pessoas e coisas. Abram o coração à luz. Lembrem-se de que o Dever tem um irmão gêmeo -- o Amor; unidos, ambos podem realizar quase tudo; mas, separados, nenhum é capaz de fazer o bem. T4 62 3 É certo desejarem ambos cultivar a integridade e serem verdadeiros a sua percepção do direito. O caminho reto do dever deve ser o de sua escolha. O amor pelos bens, o amor dos prazeres e amizades, nunca deve influenciá-los a sacrificar um princípio do direito. Vocês devem ser firmes em seguir os ditames de uma consciência esclarecida e suas convicções do dever; mas também guardar-se contra a intolerância e o preconceito. Não adotem um espírito farisaico. T4 63 1 Vocês agora estão lançando sementes no grande campo da vida; um dia colherão aquilo que agora semearem. Cada pensamento de sua mente, cada emoção de sua alma, cada palavra de sua língua, cada ação que praticarem é semente que produzirá frutos para o bem ou para o mal. O tempo da colheita não está muito distante. Todas as nossas obras estão sendo passadas em revista perante Deus. Todas as nossas ações e motivos que as inspiraram devem ser abertos à inspeção dos anjos e de Deus. T4 63 2 Vocês devem, tanto quanto possível, pôr-se em harmonia com seus irmãos e irmãs. Devem render-se a Deus, e deixar de manifestar severidade e disposição de criticar. Devem sujeitar o próprio espírito, revestindo-se do espírito do querido Salvador. Esforcem-se por agarrar-Lhe a mão, a fim de que esse contato os eletrize, carregando-os das suaves propriedades de Seu incomparável caráter. Vocês podem abrir o coração ao Seu amor, e deixar que Seu poder os transforme e Sua graça seja sua força. Então, exercerão poderosa influência para o bem. Sua força moral estará à altura da mais severa prova de caráter. Pura e santificada será a sua integridade. "Então, romperá a tua luz como a alva." Isaías 58:8. T4 63 3 Ambos precisam aproximar-se em maior simpatia de outras mentes. Cristo é o nosso exemplo; Ele identificou-Se com a humanidade sofredora; considerava as necessidades dos outros como Suas. Quando Seus irmãos sofriam, Ele sofria com eles. Qualquer falha ou negligência de Seus discípulos é o mesmo que fosse feita ao próprio Cristo. Assim, Ele diz: "Porque tive fome, e não Me destes de comer; tive sede, e não Me destes de beber." Mateus 25:42. T4 63 4 Prezados irmão e irmã, vocês devem buscar obter caráter mais harmonioso. A ausência de uma qualificação essencial pode tornar as restantes quase ineficazes. Os princípios que professam devem ser levados a todo pensamento, palavra e ato. O eu deve ser crucificado e o ser inteiro subordinado ao Senhor. T4 63 5 A igreja é grandemente deficiente em amor e compaixão. Alguns mantêm uma fria, indiferente reserva, uma dignidade férrea, que repele os que são trazidos para o círculo de sua influência. Esse espírito é contagioso; cria uma atmosfera que é destruidora dos bons impulsos e boas resoluções; sufoca a corrente natural de simpatia humana, a cordialidade e o amor; e sob sua influência o povo se torna constrangido, e seus atributos sociais e generosos são destruídos por falta de exercício. Não só é afetada a saúde espiritual, mas a saúde física sofre por essa depressão antinatural. A tristeza e frieza dessa atmosfera anti-social são refletidas no semblante. O rosto dos que são benévolos e compassivos brilhará com o fulgor da verdadeira bondade, ao passo que os que não acalentam pensamentos bondosos e motivos altruístas expressam no rosto os sentimentos abrigados no coração. T4 64 1 Irmã F, os seus sentimentos para com sua irmã não são exatamente como Deus gostaria que fossem. Ela precisava de afeição fraternal de sua parte, e menos censuras e exigências. Sua conduta para com ela tem causado depressão de espírito e ansiedade mental prejudiciais a sua saúde. Seja cuidadosa para não oprimir e desencorajar sua própria irmã. Você não pode suportar nada que dela proceda; ressente-se de qualquer coisa que ela diz que pareça contrariá-la. T4 64 2 Sua irmã tem um temperamento positivo. Tem uma obra a cumprir por si mesma nesse aspecto. Ela deve ser mais submissa; mas você não deve esperar exercer influência benéfica sobre ela enquanto for tão exigente e tão deficiente em amor e simpatia para com alguém que mantém com você um relacionamento tão próximo quanto o de uma irmã, e lhe é também unida pela fé. Ambas erraram. Ambas deram margem ao inimigo, e o eu tem tido muito a ver com os sentimentos e ações de uma para com a outra. T4 64 3 Irmã F, você tem inclinação para dar ordens ao seu marido, a sua irmã e a todos ao seu redor. Sua irmã tem sofrido muito mentalmente. Ela poderia ter suportado isso caso tivesse se submetido a Deus e nEle confiado; mas Deus está desgostoso com a sua atitude para com ela. É uma atitude antinatural e inteiramente errônea. Ela não é mais inflexível em sua disposição do que você na sua. Quando dois temperamentos assim positivos entram em contato, isso é muito prejudicial para ambos. Cada uma deve converter-se novamente e ser transformada à semelhança divina. Se errarem, que o seja do lado da misericórdia e da longanimidade, e não da intolerância. T4 65 1 As censuras brandas, as respostas suaves e as palavras agradáveis são muito mais apropriadas para reformar e salvar do que a severidade e aspereza. Um pouco mais de falta de bondade poderá colocar as pessoas além de seu alcance, ao passo que um espírito conciliatório seria o meio de as prender a você, sendo-lhe então possível confirmá-las no bom caminho. Você deve também ser movida por um espírito perdoador, e dar o devido valor a todo bom desígnio e ação dos que a rodeiam. Profira palavras de elogio a seu marido, seu filho, sua irmã e a todos com quem se associa. A contínua censura arruína e entenebrece a vida de qualquer um. T4 65 2 Não traga desonra à religião cristã por ciúmes e intolerância para com outros. Isso apenas lhes transmitirá um pobre conceito de suas crenças. Ninguém jamais foi resgatado de uma posição errada por censura e reprovação; mas muitos foram assim desviados da verdade, e têm endurecido o coração contra a convicção. Um espírito terno, uma atitude gentil e conquistadora, pode salvar o errante e cobrir "uma multidão de pecados". Tiago 5:20. Deus requer que tenhamos aquele amor que "é paciente, é benigno". 1 Coríntios 13:4. T4 65 3 A religião de Cristo não exige que renunciemos a nossa identidade de caráter, mas simplesmente que nos adaptemos, até certo ponto, aos sentimentos e maneiras dos outros. Podem-se juntar em uma unidade de fé religiosa muitas pessoas cujas opiniões, hábitos e gostos em coisas temporais não se acham em harmonia; se, porém, o amor de Cristo lhes arde no peito, e elas esperam o mesmo Céu como lar eterno, podem fruir a mais aprazível e inteligente comunhão e a mais admirável das uniões. Dificilmente há duas pessoas cuja vida seja semelhante em todos os pormenores. As provas de uma talvez não sejam as da outra, e nosso coração deve sempre se abrir em bondosa simpatia e inflamar-se com o amor que Jesus teve por todos os Seus irmãos. T4 66 1 Vençam sua disposição de ser exigentes com o filho, para que o freqüente reprovar não lhe torne sua presença desagradável, e aborrecíveis seus conselhos. Unam-no ao coração, não por meio de imprudente condescendência, mas pelos suaves laços do amor. Vocês podem ser firmes e ao mesmo tempo bondosos. Cristo deve ser seu ajudador. O amor será o meio de atrair outros corações ao seu, e sua influência os poderá estabelecer no caminho bom e reto. T4 66 2 Eu os tenho advertido contra o espírito de censura, e novamente desejo adverti-los acerca dessa falta. Por vezes Cristo reprovava com severidade, e em alguns casos talvez seja necessário que nós o façamos; devemos considerar, no entanto que, ao passo que Cristo conhecia a condição exata das pessoas repreendidas, e a soma de reprovação que elas podiam suportar e o que era necessário para lhes corrigir a conduta errônea, sabia também exatamente a maneira de Se compadecer dos errantes, confortar os desafortunados e animar os fracos. Sabia perfeitamente como preservar as pessoas do desalento e inspirar-lhes esperança, porquanto estava relacionado com os motivos exatos e as provações peculiares de todas as mentes. Ele não Se enganava. T4 66 3 Mas nós podemos julgar erradamente os motivos; podemos enganar-nos com as aparências; podemos pensar que estamos agindo corretamente ao reprovar o erro, e seguir em frente, censurar com muita severidade, e ferir onde gostaríamos de curar; ou podemos exercer simpatia insensatamente, e contrariar, em nossa ignorância, a reprovação que é merecida e oportuna. Nosso julgamento pode estar errado; mas Jesus era sábio demais para errar. Ele reprovava com misericórdia e amava com amor divino aqueles a quem repreendia. T4 66 4 O Senhor requer de nós sermos submissos a Sua vontade, subjugados pelo Seu Espírito e santificados para o Seu serviço. O egoísmo deve ser descartado e devemos vencer todo defeito em nosso caráter, tal como Cristo venceu. A fim de realizar esta obra, devemos morrer diariamente para o eu. Declarou Paulo: "Cada dia morro." 1 Coríntios 15:31. Ele experimentava uma nova conversão cada dia e dava um passo adiante rumo ao Céu. Obter vitórias diárias na vida religiosa é a única conduta que Deus aprova. O Senhor é gracioso, de terna piedade e pleno de misericórdia. Ele conhece nossas necessidades e fraquezas, e nos ajudará em nossas enfermidades se apenas nEle confiarmos e crermos que nos abençoará e fará grandes coisas por nós. ------------------------Capítulo 7 -- Coobreiros de Cristo T4 67 1 O tempo decorrido durante e depois da reunião de tenda de 1874 foi de importância para _____. Caso houvesse cômoda e espaçosa casa de culto ali, mais do dobro das pessoas reunidas haveriam tomado decisão em favor da verdade. Deus atua com os nossos esforços. Por nossa negligência e egoísmo podemos fechar o caminho aos pecadores. Devia ter havido grande diligência em buscar salvar os que ainda estavam em erro, mas que se interessaram na verdade. Necessita-se no serviço de Cristo tão sábia liderança como nos batalhões de um exército que protege a vida e a liberdade do povo. Não é qualquer um que pode trabalhar criteriosamente pela salvação de almas. É preciso pensar muito rigorosamente. Importa que não entremos na obra do Senhor a esmo e esperemos sucesso. O Senhor necessita de homens de entendimento, homens que pensem. Jesus chama coobreiros, não desatinados. Deus quer homens de reto pensar e inteligentes para fazer a grande obra necessária para a salvação de almas. T4 67 2 Os mecânicos, advogados, comerciantes, homens de toda espécie de profissões e negócios se preparam a fim de se assenhorearem de seu trabalho. Enquanto professamente empenhados no serviço de Cristo, devem Seus seguidores ser menos inteligentes e ignorantes acerca dos métodos e recursos a serem empregados? O empreendimento de alcançar a vida eterna está acima de qualquer consideração terrena. Para conduzir almas a Jesus é preciso ter certo conhecimento da natureza humana e estudar a mente dos homens. Importa dedicarmos muita reflexão e fervorosa oração a fim de saber a melhor maneira de aproximar-nos de homens e mulheres no que respeita ao grande tema da verdade. T4 68 1 Algumas almas precipitadas, impulsivas, se bem que sinceras, depois de ouvirem incisivas pregações, abordarão os que não pertencem à nossa fé de maneira demasiado abrupta, tornando assim a verdade que desejamos vê-los aceitar repulsiva aos olhos deles. "Os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz." Lucas 16:8. Os homens de negócios e os políticos estudam cortesia. Faz parte de seu método tornarem-se tão atraentes quanto possível. Estudam a fim de tornarem seus discursos e maneiras tais que lhes proporcionem a máxima influência sobre a mente dos que os rodeiam. Para alcançar esse objetivo, empregam o mais habilmente possível seus conhecimentos e aptidões. T4 68 2 Grande é a quantidade de lixo acumulada por professos crentes em Cristo, o qual bloqueia o caminho para a cruz. Apesar de tudo isso, alguns há que ficam tão profundamente convictos, que superarão tudo o que desanime, transporão todo obstáculo a fim de chegar à verdade. Houvessem, porém, os crentes nessa verdade purificado a mente pela obediência à mesma, houvessem compreendido a importância do conhecimento e das boas maneiras na obra de Cristo, poder-se-iam haver salvo vinte almas onde se salvou apenas uma. T4 68 3 Além disso, depois de as pessoas terem se convertido à verdade, é necessário que sejam cuidadas. Parece que o zelo de muitos pastores esmorece assim que alcançam certa medida de êxito em seus esforços. Não compreendem que os novos conversos necessitam ser atendidos -- vigilante atenção, auxílio e animação. Não devem ser deixados a si mesmos, presa das mais fortes tentações de Satanás; eles precisam ser instruídos com relação a seus deveres, ser bondosamente tratados, conduzidos e visitados, orando-se com eles. Essas almas necessitam do alimento dado a seu tempo a cada ser humano. T4 68 4 Não admira que alguns desanimem, retardem-se pelo caminho e sejam deixados por presa aos lobos. Satanás se acha no encalço de todos. Ele envia seus agentes para levarem de volta a suas fileiras as almas que perdeu. Deve haver mais pais e mães para tomarem ao coração esses bebês na verdade, e animá-los e orar por eles para que sua fé não seja confundida. T4 69 1 Pregar é uma pequena parte da obra a ser feita pela salvação de almas. O Espírito de Deus convence os pecadores acerca da verdade, e os coloca nos braços da igreja. Os pastores podem fazer sua parte, mas nunca poderão efetuar a obra que deve ser feita pela igreja. Deus requer que a igreja cuide dos que são novos na fé e na experiência, que vá ter com eles, não no intuito de tagarelar com eles, mas de orar, de dirigir-lhes palavras que sejam "como maçãs de ouro em salvas de prata". Provérbios 25:11. T4 69 2 Todos nós necessitamos estudar o caráter e as maneiras, a fim de sabermos lidar adequadamente com as diferentes pessoas e usar os melhores esforços para ajudá-las a ter correta compreensão da Palavra de Deus, e chegar a uma genuína vida cristã. Devemos ler a Bíblia com elas, desviando-lhes a mente das coisas temporais para seus interesses eternos. É dever dos filhos de Deus serem-Lhe missionários, familiarizarem-se com os que precisam de auxílio. Se alguém está coxeando sob a tentação, seu caso deve ser considerado cuidadosamente e tratado com sabedoria; pois se acha em jogo seu interesse eterno, e as palavras e atos dos que estão trabalhando por ele podem ser um "cheiro de vida para vida", ou "de morte para morte". 2 Coríntios 2:16. T4 69 3 Apresenta-se por vezes um caso que deve ser tornado objeto de estudo apoiado por oração. É preciso mostrar-se à pessoa seu verdadeiro caráter, que ela compreenda as peculiaridades de disposição e temperamento que tem, e veja suas fraquezas. É mister lidar com ela criteriosamente. Caso seja acessível, se o coração se lhe comove por esse trabalho sábio e paciente, poderá ser ligada a Cristo por fortes laços, e levada a confiar em Deus. Oh! quando se faz uma obra assim, toda a corte celeste a contempla e se regozija; pois uma alma preciosa foi liberta dos laços do inimigo e salva da morte! Não valerá a pena trabalhar inteligentemente pela salvação de almas? Cristo pagou por elas o preço da própria vida, e hão de Seus seguidores perguntar: "Sou eu guardador do meu irmão?" Gênesis 4:9. Não trabalharemos em harmonia com o Mestre? Não apreciaremos o valor de almas por quem nosso Salvador morreu? T4 69 4 Têm-se feito alguns esforços para interessar as crianças na causa, mas não suficientemente. Nossas Escolas Sabatinas devem ser mais atrativas. As escolas públicas, nos últimos anos, aperfeiçoaram grandemente seus métodos de ensino. Lições práticas, gravuras e quadros-negros estão sendo usados a fim de esclarecer à mente das crianças as lições difíceis. Da mesma forma a verdade presente pode ser simplificada e tornada intensamente interessante à mente ativa das crianças. T4 70 1 Pais que de outro modo não seriam alcançados, são-no com freqüência por meio de seus filhos. Os professores da Escola Sabatina podem instruir as crianças na verdade, e essas, por sua vez, a levarão ao círculo doméstico. Poucos professores, no entanto, parecem compreender a importância desse ramo da obra. Os métodos de ensino com tanto êxito adotados nas escolas públicas podem ser empregados com idênticos resultados nas Escolas Sabatinas, sendo o meio de levar crianças a Jesus e educá-las na verdade bíblica. Isto fará incomparavelmente maior bem do que a promoção religiosa de caráter emocional, que passa tão prontamente como vem. T4 70 2 Importa nutrir o amor de Cristo. É preciso mais fé na obra que acreditamos deva ser feita antes da vinda de Jesus. Deve haver mais abnegação, mais esforço feito com sacrifício na devida direção. Importa também que haja atento estudo apoiado por oração quanto à maneira de trabalhar para obter os melhores resultados. Planos cuidadosos devem ser amadurecidos. Há entre nós mentes capazes de inventar e executar, se tão-somente forem exercitadas. Grandes seriam os resultados de esforços bem dirigidos e inteligentes. T4 70 3 As reuniões de oração devem ser as mais interessantes a serem realizadas; são muitas vezes, porém, fracamente dirigidas. Muitos assistem ao culto de pregação, mas negligenciam as reuniões de oração. Nisso também se exige reflexão. Precisamos buscar sabedoria de Deus, e fazer planos para dirigir essas reuniões de maneira a torná-las interessantes e atrativas. O povo tem fome do pão da vida. Se o encontrarem na reunião de oração, ali irão para recebê-lo. T4 70 4 Longas e fastidiosas palestras e orações são inadequadas em qualquer parte, e especialmente na reunião de oração. Os que são desinibidos e sempre prontos a falar, tomam a liberdade de sacrificar o testemunho dos tímidos e retraídos. Os mais superficiais têm, geralmente, mais a dizer. Longas e mecânicas são suas orações. Fatigam os anjos e as pessoas que os escutam. Nossas orações devem ser breves e diretas. Que as longas e enfadonhas petições fiquem para nosso aposento particular, caso alguém queira fazer alguma dessa espécie. Deixem que o Espírito de Deus lhes entre no coração, e Ele expelirá dali toda árida formalidade. T4 71 1 A música pode ser uma grande força para o bem; não aproveitamos, entretanto, ao máximo esse aspecto da adoração. O canto é feito em geral por impulso ou para atender a casos especiais, e outras vezes é permitido que os cantores continuem errando, e a música perde o devido efeito na mente dos presentes. A música deve ter beleza, suavidade e poder. Ergam-se as vozes em hinos de louvor e devoção. Utilizem em seu auxílio, se possível, a música instrumental, e deixem ascender a Deus a gloriosa harmonia, em oferta aceitável. T4 71 2 Mas, por vezes, é mais difícil disciplinar os cantores e mantê-los na devida ordem do que aperfeiçoar os hábitos de oração e exortação. Muitos querem fazer as coisas a seu próprio modo; fazem objeções aos conselhos e impacientam-se sob liderança. No serviço de Deus necessitam-se planos bem amadurecidos. O bom senso, eis uma coisa excelente na adoração ao Senhor. Devem-se consagrar a Cristo as faculdades do pensamento, idealizando-se métodos e recursos para servi-Lo melhor. A igreja de Deus, que está procurando fazer o bem vivendo a verdade e buscando salvar almas, pode ser uma força no mundo, caso seus membros sejam disciplinados pelo Espírito do Senhor. Não devem achar que podem trabalhar negligentemente para a eternidade. T4 71 3 Perdemos muito, como povo, por falta de simpatia e sociabilidade uns com os outros. O que fala de independência e se fecha em si mesmo não está preenchendo o lugar que lhe foi designado por Deus. Somos filhos de Deus, dependendo mutuamente uns dos outros quanto à felicidade. Impendem sobre nós os reclamos de Deus e da humanidade. Todos nós precisamos desempenhar nossa parte nesta vida. É o devido cultivo dos elementos sociais de nossa natureza que nos põe em simpatia com nossos irmãos e nos proporciona felicidade em nossos esforços por beneficiar os outros. A felicidade do Céu consistirá na pura comunhão de seres santos -- a harmoniosa vida social com os benditos anjos e com os remidos que lavaram seus vestidos e os branquearam no sangue do Cordeiro. Não nos podemos sentir felizes enquanto nos encerramos em nossos próprios interesses. Devemos viver neste mundo para ganhar almas para o Salvador. Se ofendemos os outros, prejudicamos a nós mesmos. Se os beneficiamos, somos nós mesmos beneficiados; pois a influência de toda boa ação se reflete em nosso próprio coração. T4 72 1 Estamos no dever de ajudar-nos uns aos outros. Nem sempre nos pomos em contato com cristãos sociáveis, que sejam amáveis e moderados. Muitos não receberam a devida educação; seu caráter é pervertido, cruel e áspero, e parece ser falso em todos os sentidos. Ao passo que ajudamos essas pessoas a reconhecerem seus defeitos, é preciso termos cautela para não nos impacientar e irritar com as faltas de nossos semelhantes. Há pessoas desagradáveis que professam a Cristo; a beleza da graça cristã, no entanto, transformá-las-á, caso se empenhem diligentemente na obra de obter a mansidão e a gentileza dAquele a quem seguem, lembrando-se de que "nenhum de nós vive para si". Romanos 14:7. Coobreiros de Cristo! Que exaltada posição! Onde se encontrarão os missionários abnegados nessas grandes cidades? O Senhor necessita de obreiros em Sua vinha. Devemos temer privá-Lo do tempo que Ele de nós reclama; temer gastá-lo ociosamente ou em adorno do corpo, aplicando a extravagantes desígnios as horas preciosas que nos são dadas por Deus a fim de as consagrarmos à oração, a nos familiarizarmos com a Bíblia e a trabalhar pelo bem de nossos semelhantes, assim habilitando a nós e a eles para a grande obra que sobre nós está. T4 72 2 As mães dão-se a trabalho desnecessário com roupas para embelezarem a si próprias e a seus filhos. É nosso dever trajar-nos de maneira simples, e vestir os filhos com asseio, sem ornamentos desnecessários, bordados ou exibições, cuidando em não fomentar neles o amor do vestuário que se lhes demonstrará uma ruína, antes buscando cultivar as virtudes cristãs. Nenhum de nós pode ser isento de suas responsabilidades, e de maneira alguma podemos estar sem culpa diante do trono de Deus, a menos que realizemos a obra que o Senhor nos deixou para fazer. T4 73 1 Precisam-se missionários para Deus, homens e mulheres fiéis que não se eximam às responsabilidades. O trabalho feito criteriosamente dará bons resultados. Há verdadeiro trabalho a ser feito. A verdade deve ser levada de forma cuidadosa perante o povo por aqueles que aliam a mansidão à sabedoria. Não nos devemos manter afastados de nossos semelhantes, antes aproximar-nos bem deles; pois sua alma é tão preciosa quanto a nossa. É-nos possível levar-lhes a luz aos lares, pleitear com eles num espírito manso e submisso a Deus para que se elevem ao exaltado privilégio que lhes é oferecido, orar com eles quando parecer oportuno e mostrar-lhes que podem atingir as mais altas realizações, falando-lhes então prudentemente das sagradas verdades para estes últimos dias. T4 73 2 Há entre nosso povo mais reuniões para cantar do que para orar; mas mesmo essas reuniões podem ser dirigidas de maneira tão reverente e todavia tão animada, que possam exercer benéfica influência. Há, porém, demasiado gracejar, conversas ociosas e tagarelice para que esses períodos se tornem salutares, elevando os pensamentos e aperfeiçoando as maneiras. Reavivamentos sensacionalistas T4 73 3 Os interesses em _____ têm estado muito divididos. Ao surgir uma novidade, alguns exercem sua influência em sentido errôneo. Todo homem e toda mulher devem estar alertas quando se espalham enganos destinados a desviar da verdade. Há pessoas sempre prontas a ver e ouvir qualquer coisa nova e estranha; e o inimigo das almas tem nessas grandes cidades muita coisa com que inflamar a curiosidade e manter a mente distraída das grandes e santificadoras verdades para estes últimos dias. T4 73 4 Se todo fervor religioso que paira no ar leva alguns a negligenciarem prestar inteiro apoio, seja pela sua presença, seja pela influência exercida, à minoria que crê na verdade impopular, haverá na igreja muita fraqueza, onde deve haver força. Satanás emprega vários meios para conseguir seus fins; e, se sob o disfarce de religião popular, ele puder desviar pessoas vacilantes e incautas da senda da verdade, muito haverá conseguido quanto a dividir a força do povo de Deus. Esse instável entusiasmo de reavivamento, que vem e vai como a maré, apresenta um exterior ilusório que engana muitas pessoas sinceras, levando-as a crer que seja o verdadeiro Espírito do Senhor. Isso multiplica os conversos. Os de natureza agitada, os fracos e fáceis de ser levados, ajuntam-se em torno de sua bandeira; ao retroceder a onda, no entanto, encontram-se como náufragos na praia. Não sejam eles iludidos por falsos mestres, nem levados por palavras vãs. O inimigo das almas por certo terá suficientes iguarias de fábulas aprazíveis adequadas ao paladar de todos. T4 74 1 Sempre surgirão meteoros flamejantes; mas a esteira luminosa que deixam imediatamente se dissipa, ficando após uma escuridão que parece mais densa que a anterior. Essas manifestações religiosas sensacionais criadas pela narração de anedotas e exibições de excentricidades e singularidades são todas obras superficiais. Os de nossa fé que estão encantados e fascinados por esses lampejos nunca edificarão a causa de Deus. Estão prontos a retirar sua influência ao mais leve motivo, e a induzir outros a assistirem àquelas reuniões onde ouvem o que enfraquece a alma e traz confusão à mente. É o retirar assim o interesse da obra que faz com que a causa de Deus enfraqueça. Precisamos estar firmes na fé; ser inabaláveis. Temos diante de nós a obra que nos cabe realizar -- fazer com que a luz da verdade, tal como se revela na lei de Deus, brilhe sobre outros para desviá-los das trevas. Essa obra requer decidida e perseverante energia e um firme propósito de vencer. T4 74 2 Alguns há na igreja que precisam firmar-se às colunas de nossa fé, aprofundar-se e encontrar um fundamento sólido, em vez de vacilar na superfície da agitação, agindo por impulsos. Há na igreja dispépticos espirituais. Fazem de si mesmos inválidos; sua debilidade espiritual é resultado da própria conduta instável. São atirados daqui para lá, pelos mutáveis ventos de doutrina, ficando freqüentemente confusos e lançados na incerteza por serem inteiramente movidos pelo sentimento. São cristãos sensacionalistas, sempre sedentos de alguma coisa nova e diferente; doutrinas estranhas confundem sua fé e eles são inúteis à causa da verdade. T4 75 1 Deus pede homens e mulheres estáveis, de propósitos firmes, nos quais se possa confiar em tempos de perigo e provação, tão firmemente arraigados e fundados na verdade como as colinas eternas, que não sejam movidos para a direita nem para a esquerda, mas que marchem sempre avante e se encontrem sempre no lado certo. Alguns há que em tempos de perigo religioso quase sempre podem ser procurados nas fileiras do inimigo; se alguma influência exercem, é do lado errado. Não se sentem sob a obrigação moral de dar toda a força à verdade que professam. Esses serão recompensados segundo suas obras. T4 75 2 Os que pouco fazem pelo Salvador para a salvação de almas e em se manterem retos diante de Deus não adquirem muita fibra espiritual. Precisamos empregar continuamente a força que possuímos a fim de que esta se desenvolva e aumente. Como a doença é o resultado da violação das leis naturais, assim é o declínio espiritual resultante de contínua transgressão da lei de Deus. E todavia os próprios transgressores podem professar guardar todos os mandamentos divinos. T4 75 3 Precisamos, para conservar-nos espiritualmente sãos, aproximar-nos mais de Deus, pôr-nos em mais íntima ligação com o Céu e seguir os princípios da lei nas mínimas ações de nossa vida diária. Deus deu a Seus servos aptidões, talentos a serem usados para Sua glória, e não para jazerem inativos ou serem desperdiçados. Ele lhes deu luz e conhecimento de Sua vontade para que fossem comunicados a outros; e assim fazendo, tornamo-nos vivos condutos de luz. Uma vez que não exercitemos nossa força espiritual, tornamo-nos fracos, da mesma maneira que os membros do corpo se debilitam quando o enfermo é forçado a permanecer por longo tempo inativo. É a atividade que vitaliza. T4 75 4 Coisa alguma dará maior resistência espiritual e mais acréscimo de fervor e profundidade de sentir do que visitar e servir os doentes e desanimados, ajudando-os a verem a luz e a firmarem em Jesus a sua fé. Há deveres desagradáveis a serem cumpridos por alguém, do contrário almas serão deixadas a perecer. Os cristãos encontrarão bênçãos em cumprir esses deveres, por desagradáveis que sejam. Cristo empreendeu a penosa tarefa de vir da morada da pureza e glória para viver, como homem entre os homens, em um mundo cauterizado e enegrecido por crime, violência e iniqüidade. E fez isto para salvar almas; hão de os objetos de tão surpreendente amor e incomparável condescendência justificar sua vida de comodidade egoísta? Buscarão o próprio prazer, seguirão suas inclinações e deixarão as almas perecerem nas trevas pelo fato de terem de enfrentar decepções e contrariedades se trabalharem para salvá-las? Cristo pagou preço infinito pela redenção do homem, e há de este dizer: "Meu Senhor, não quero trabalhar em Tua vinha; 'rogo-Te que me hajas por escusado'"? Lucas 14:18. T4 76 1 Deus chama os que estão ociosos em Sião a que se levantem e atuem. Não darão eles ouvidos à voz do Mestre? Ele quer obreiros de oração, fiéis, que semeiem "junto a todas as águas". Isaías 32:20. Os que assim trabalham ficarão surpresos ao verificar que as provas, suportadas resolutamente em nome e na força de Jesus, darão firmeza à fé e renovarão o ânimo. No caminho da obediência humilde, encontram-se segurança e poder, conforto e esperança; a recompensa, porém, será finalmente perdida pelos que nada fazem por Jesus. As mãos fracas serão incapazes de agarrar-se ao Poderoso, os joelhos débeis deixarão de servir de sustentáculos no dia da adversidade. Os obreiros bíblicos e obreiros cristãos receberão a gloriosa recompensa e ouvirão o: "Bem está, servo bom e fiel. ... Entra no gozo do teu Senhor." Mateus 25:21. Retenção de recursos T4 76 2 A bênção de Deus repousará sobre os que em _____ têm a causa de Cristo no coração. As ofertas voluntárias de nossos irmãos e irmãs, feitas com fé e amor para com o Redentor crucificado, lhes trarão bênçãos em troca; pois Deus observa e Se lembra de todo ato de liberalidade por parte de Seus santos. Ao preparar uma casa de adoração, importa haver grande exercício de fé e confiança em Deus. Nas transações comerciais, os que não arriscam nada, pouco progresso fazem; por que não ter fé também em um empreendimento para Deus e investir em Sua causa? T4 77 1 Quando pobres, alguns são generosos com o pouco que possuem; ao adquirirem propriedades, porém, tornam-se mesquinhos. O motivo de terem tão pouca fé é não se manterem avançando à medida que prosperam, e darem à causa de Deus ainda que seja com sacrifício. T4 77 2 No sistema judaico exigia-se mostrar beneficência para com o Senhor em primeiro lugar. Na colheita e na vindima, os primeiros frutos do campo -- o grão, o vinho e o azeite -- deviam ser consagrados em oferta ao Senhor. As respigas e os cantos dos campos eram reservados para os pobres. Nosso benévolo Pai celeste não negligenciou as necessidades do pobre. Os primeiros frutos da lã, ao serem tosquiadas as ovelhas, e dos cereais, quando o trigo era trilhado, deviam ser oferecidos ao Senhor; e fora ordenado que os pobres, as viúvas, os órfãos e os estrangeiros fossem convidados para seus banquetes. Ao fim de cada ano, exigia-se de todos que fizessem solene juramento quanto a haverem ou não agido segundo o mandamento de Deus. T4 77 3 Essa medida foi tomada pelo Senhor a fim de gravar no povo a idéia de que, em tudo, Ele devia ser o primeiro. Mediante esse sistema de beneficência deviam ter em mente que seu benévolo Senhor era o verdadeiro proprietário dos campos, rebanhos e gados que tinham em seu poder; que o Deus do Céu lhes enviava o sol e a chuva para a sementeira e a sega, e que tudo quanto possuíam era de Sua criação. Tudo era do Senhor, e Ele os fizera mordomos de Seus bens. T4 77 4 A liberalidade dos judeus na construção do tabernáculo e na construção do templo mostra um espírito de beneficência não igualado pelos cristãos de qualquer época posterior. Eles acabavam de ser libertados de sua longa servidão no Egito, e andavam errantes no deserto; todavia, mal foram livrados dos exércitos egípcios que os perseguiam em sua precipitada viagem, veio a Moisés a palavra do Senhor, dizendo: "Fala aos filhos de Israel que Me tragam uma oferta alçada; de todo o homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a Minha oferta alçada." Êxodo 25:2. T4 78 1 Seu povo possuía poucos bens, e não eram lisonjeiras as perspectivas de aumentá-los; tinham, porém, um objetivo diante de si -- construir um tabernáculo para Deus. O Senhor falara, e deviam obedecer-Lhe à voz. Não retiveram nada. Todos deram com espírito voluntário, não determinada porção de suas posses, mas grande quantidade do que tinham. Devotaram-no voluntária e alegremente ao Senhor, e foram-Lhe agradáveis assim fazendo. Não Lhe pertencia tudo? Não lhes havia Ele dado tudo quanto tinham? Se Ele o pedia, não era seu dever devolver-Lhe o que era Seu? T4 78 2 Não foi preciso insistência. O povo levou ainda mais do que foi solicitado, sendo-lhes dito que parassem, pois já havia mais do que podiam empregar. Outra vez, ao construírem o templo, o pedido de recursos encontrou corações voluntários em corresponder. Não deram com relutância. Regozijavam-se na perspectiva da construção de um edifício para adoração a Deus, e deram mais do que o necessário para esse desígnio. Davi bendisse o Senhor diante de toda a congregação, e disse: "Porque, quem sou eu, e quem é o meu povo, que tivéssemos poder para tão voluntariamente dar semelhantes coisas? Porque tudo vem de Ti, e da Tua mão To damos." 1 Crônicas 29:14. Noutra parte de sua oração, Davi deu graças nestas palavras: "Senhor, Deus nosso, toda esta abundância que preparamos, para Te edificar uma casa ao Teu santo nome, vem da Tua mão, e é toda Tua." 1 Crônicas 29:16. T4 78 3 Davi compreendia bem de onde lhe vinha toda a abundância. Quem dera que o povo de hoje, que se regozija no amor do Salvador, compreendesse que a prata e o ouro que possuem são do Senhor e devem ser usados de modo a glorificá-Lo, e não retendo-os de má vontade, para enriquecerem e satisfazerem a si mesmos! Ele tem inquestionável direito a tudo quanto emprestou a Suas criaturas. Tudo quanto possuem é dEle. T4 78 4 Há elevados e santos objetivos que exigem recursos; e o dinheiro assim empregado proporcionará ao doador mais elevada e permanente alegria do que se fosse usado em satisfação pessoal ou amontoado egoistamente por ganância de lucro. Quando Deus pede nosso tesouro, seja qual for a importância, a resposta voluntária torna a dádiva uma oferta consagrada a Ele, e deposita no Céu, para o doador, um tesouro que nem a traça nem o fogo consomem, nem os ladrões minam e roubam. É um depósito seguro. O dinheiro é colocado em bolsas que não se rompem; está em segurança. T4 79 1 Podem os cristãos, que se gabam de ter mais luz que os hebreus, dar menos do que eles? Podem os cristãos que vivem próximo ao fim do tempo ficar satisfeitos com suas ofertas, quando não são a metade do que eram as dos judeus? A liberalidade deles devia beneficiar a própria nação; a obra nestes últimos dias abrange o mundo inteiro. A mensagem da verdade deve ir a todas as nações, línguas e povos; suas publicações, impressas em muitas línguas, devem ser espalhadas por toda a parte, como as folhas do outono. T4 79 2 Está escrito: "Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento." 1 Pedro 4:1. E noutro lugar: "Aquele que diz que está nEle também deve andar como Ele andou." 1 João 2:6. Indaguemos: Que faria nosso Salvador em nossas circunstâncias? Quais seriam Seus esforços pela salvação de almas? Esta pergunta é respondida pelo exemplo de Cristo. Ele deixou Sua realeza, pôs de lado a glória que O circundava, sacrificou as riquezas que possuía e revestiu Sua divindade da humanidade a fim de alcançar o homem onde ele se achava. Seu exemplo nos mostra que Ele deu a vida pelos pecadores. T4 79 3 Satanás disse a Eva que um elevado estado de felicidade poderia ser alcançado mediante a satisfação do apetite desenfreado; a promessa de Deus ao homem, entretanto, é mediante a negação do próprio eu. Quando sobre a vergonhosa cruz, Cristo, em agonia, sofria pela redenção do homem, foi exaltada a natureza humana. Unicamente pela cruz pode a família humana ser elevada à ligação com o Céu. A abnegação e cruzes se nos deparam a cada passo em nossa jornada rumo ao Céu. T4 80 1 O espírito de liberalidade é o espírito do Céu; o espírito de egoísmo, o de Satanás. O amor abnegado de Cristo revela-se na cruz. Ele deu tudo quanto tinha, e depois deu a Si mesmo, para que o homem fosse salvo. A cruz de Cristo é um apelo à beneficência de todo discípulo do bendito Salvador. O princípio aí exemplificado é dar, dar. Isto, realizado em verdadeira beneficência e boas obras, é o legítimo fruto da vida cristã. O princípio dos mundanos é adquirir, adquirir, e assim esperam assegurar a felicidade; levado a efeito em todos os sentidos, porém, o fruto desse princípio é miséria e morte. T4 80 2 Levar a verdade a todos os habitantes da Terra, salvá-los da culpa e da indiferença, eis a missão dos seguidores de Cristo. Os homens precisam possuir a verdade, a fim de por ela serem santificados, e nós somos os condutos da luz de Deus. Nossos talentos, recursos e conhecimento não se destinam apenas para nosso benefício; devem ser empregados para a salvação de almas, a fim de erguer o homem de sua vida de pecado e, mediante Cristo, levá-lo ao infinito Deus. T4 80 3 Devemos ser obreiros zelosos nesta causa, buscando levar os pecadores contritos e crentes ao divino Redentor, impressionando-os com exaltado senso do amor de Deus para com o homem. "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:16. Que incomparável amor! Assunto para a mais profunda meditação! O surpreendente amor de Deus por um mundo que não O amou! Esse pensamento exerce poder subjugante sobre a alma, e leva a mente cativa à vontade de Deus. Homens loucos por ganho, decepcionados e infelizes em sua perseguição do mundo, necessitam dessa verdade a fim de acalmarem a inquietante fome e sede de sua alma. T4 80 4 Precisam-se, em sua grande cidade, missionários para Deus, a fim de levarem a luz aos que se acham "assentados na... sombra da morte". Mateus 4:16. Necessita-se de mãos experientes que, na mansidão da sabedoria e na força da fé, ergam as almas cansadas ao peito do compassivo Redentor. Oh! o egoísmo! Que maldição! Ele nos impede de empenhar-nos no serviço de Deus. Impede-nos de perceber os reclamos do dever, os quais nos devem inflamar o coração de fervoroso zelo. Todas as nossas energias devem ser voltadas para a obediência a Cristo. Dividir nosso interesse com os dirigentes do erro é ajudar o lado errado e dar vantagem a nossos inimigos. A verdade divina desconhece a transigência com o pecado, a ligação com a astúcia, a aliança com a transgressão. São necessários soldados que sempre respondam à chamada e estejam prontos para ação imediata; não os que, quando deles se necessita, encontram-se auxiliando o inimigo. T4 81 1 Grande é nossa obra. Há, todavia, muitos que professam crer nessas verdades sagradas que se acham paralisados pelos enganos de Satanás, e não estão fazendo nada em favor, antes em prejuízo da causa de Deus. Quando procederão eles como os que esperam pelo Senhor? Quando mostrarão zelo em harmonia com sua fé? Muitas pessoas retêm egoistamente os recursos de que dispõem e acalmam a consciência com a idéia de fazerem alguma coisa pela causa do Senhor depois de sua morte. Fazem testamento doando grande importância à igreja e aos vários ramos de atividade da mesma, e depois sossegam com o pensamento de que fizeram tudo quanto deles é exigido. Onde negaram o próprio eu por esse ato? Ao contrário, manifestaram a verdadeira essência do egoísmo. Quando não mais podem usar o dinheiro, propõem-se a dá-lo a Deus. Retê-lo-ão, porém, enquanto puderem, até que sejam compelidos a abandoná-lo por meio de um mensageiro a quem não podem deter. T4 81 2 Tal testamento é prova de verdadeira cobiça. Deus nos fez a todos mordomos Seus, e em caso algum nos autorizou a negligenciar o dever, ou deixar a outros seu cumprimento. O pedido de recursos para levar avante a causa da verdade jamais será mais urgente que agora. Nosso dinheiro nunca há de fazer maior soma de bem do que no tempo atual. Cada dia de demora em aplicá-lo devidamente limita o período em que ele será útil em salvar almas. Se delegamos a outros fazer aquilo que Deus pretendia que fizéssemos, prejudicamos a nós e Àquele que nos deu tudo quanto possuímos. Como podem outros fazer nossa obra de beneficência melhor do que a podemos fazer nós mesmos? Deus gostaria que todo homem fosse, durante sua existência, o executor do próprio testamento a esse respeito. A adversidade, um acidente, intrigas, poderão impedir para sempre premeditados atos de beneficência, quando o que acumulou a fortuna já não ali está para a proteger. É de lamentar que tantas pessoas negligenciem a áurea oportunidade presente para fazerem o bem, e esperem ser destituídas de sua mordomia antes de devolver ao Senhor os recursos que lhes emprestou para Sua glória. T4 82 1 Um dos notáveis aspectos dos ensinos de Cristo é a freqüência e veemência com que Ele repreendia o pecado da avareza e indicava o perigo das aquisições deste mundo e do excessivo amor ao ganho. Nas mansões dos ricos, no templo e nas ruas, Ele advertia aqueles que indagavam acerca da salvação: "Acautelai-vos e guardai-vos da avareza." Lucas 12:15. "Não podeis servir a Deus e a Mamom." Mateus 6:24; Lucas 16:13. T4 82 2 É essa crescente dedicação a ganhar dinheiro -- o egoísmo que o desejo de ganho produz -- que remove da igreja o favor de Deus, e lhe amortece a espiritualidade. Quando a cabeça e as mãos se ocupam continuamente em planejar e labutar para acúmulo de riquezas, esquecem-se os reclamos de Deus e da humanidade. Caso Deus nos haja abençoado com prosperidade, não é justo que nosso tempo e atenção sejam desviados dEle e empregados naquilo que Ele nos emprestou. O doador é maior que a dádiva. Não somos de nós mesmos; fomos "comprados por preço". 1 Coríntios 6:20. Acaso esquecemos esse preço infinito pago por nossa redenção? Morreu acaso no coração o reconhecimento? A cruz de Cristo não torna vergonhosa a vida de comodidade e satisfação egoístas? T4 82 3 Que seria se Jesus, cansado da ingratidão e dos maus-tratos que se Lhe deparavam de todo lado, houvesse renunciado a Sua obra! Que seria, se Ele nunca houvesse chegado ao ponto em que pudesse dizer: "Está consumado!" João 19:30. E se houvesse voltado ao Céu, desanimado pela recepção que Lhe fizeram! Que seria, se Ele nunca houvesse passado por aquela angústia de alma no jardim do Getsêmani, angústia que Lhe forçou através dos poros aquelas grandes gotas de sangue! T4 82 4 Em Seu serviço pela redenção da humanidade, Cristo foi influenciado por um amor sem igual, e pela consagração à vontade de Seu Pai. Labutou pelo bem do homem até à própria hora de Sua humilhação. Passou a vida na pobreza e abnegação em favor do degradado pecador. Não teve, no mundo que era Seu, um lugar em que repousar a cansada cabeça. Estamos a colher os frutos desse infinito sacrifício; todavia, ao haver trabalho para fazer, ao ser necessário nosso dinheiro para ajudar a obra do Redentor na salvação de almas, recuamos do dever e pedimos que sejamos desculpados. Vil negligência, indiferença descuidosa e ímpio egoísmo nos cerram os sentidos aos reclamos de Deus. T4 83 1 Oh! importa que Cristo, a Majestade do Céu, o Rei da glória, carregue a pesada cruz, use a coroa de espinhos e beba o cálice de amargura, enquanto nós nos reclinamos comodamente, glorificando a nós mesmos e esquecendo as almas por cuja redenção Ele morreu, vertendo o precioso sangue? Não; demos enquanto podemos fazê-lo. Façamos enquanto temos forças. Trabalhemos enquanto é dia. Consagremos tempo e dinheiro ao serviço de Deus, para que Lhe tenhamos a aprovação e recebamos a recompensa. ------------------------Capítulo 8 -- O processo de prova T4 83 3 Prezado irmão G: T4 83 4 Sinto-me bastante ansiosa de que aceite a luz e saia das trevas. Você tem sido grandemente tentado por Satanás; ele o tem utilizado como seu instrumento para atrapalhar a obra de Deus. Até aqui ele tem tido êxito com você; mas isto não significa que você deva continuar no caminho do erro. Tenho examinado o seu caso com grande temor. Sei que Deus lhe concedeu grande luz. Em sua enfermidade, no último outono, a providência de Deus estava trabalhando com você para que produzisse frutos para a Sua glória. T4 83 5 A descrença estava se apossando de sua alma, e o Senhor o afligiu para que obtivesse a experiência que necessitava. Ele nos abençoou ao orarmos por você, e o abençoou em resposta às nossas orações. O Senhor planejou unir nossos corações em amor e confiança. O Espírito Santo deu testemunho ao seu espírito. O poder de Deus em resposta à oração lhe sobreveio; mas Satanás veio com tentações, e você não lhe fechou a porta. Ele entrou e tem-se mantido bem ocupado. É plano do maligno trabalhar primeiro sobre a mente da pessoa e então, através dela, sobre outras. Ele tem assim buscado bloquear nosso caminho e impedido nossos esforços exatamente onde exerceríamos maior influência em favor da prosperidade da causa. T4 84 1 O Senhor o levou a ligar-se a Sua obra em _____ para um sábio propósito; Ele planejou que você descobrisse seus defeitos de caráter e os vencesse. Sabe quão rapidamente o seu espírito se agita quando as coisas não saem segundo idealizou. Gostaria que entendesse como toda essa impaciência e irritabilidade devem ser vencidas, ou sua vida se provará um completo fracasso, perderá o Céu, e seria melhor que nunca tivesse nascido. T4 84 2 Nosso caso acha-se pendente no tribunal celeste. Aí estamos prestando nossas contas dia a dia. Cada um será recompensado segundo suas obras. As ofertas queimadas e os sacrifícios não eram aceitáveis a Deus, na antigüidade, a menos que fosse reto o espírito com que eram oferecidos. Disse Samuel: "Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça a palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros." 1 Samuel 15:22. Todo o dinheiro da Terra não pode comprar a bênção de Deus, nem assegurar-lhe uma única vitória. T4 84 3 Muitos fariam todo e qualquer sacrifício, menos exatamente aquele que devem fazer, que é entregarem-se, submeterem sua vontade à vontade de Deus. Disse Cristo a Seus discípulos: "Se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos Céus." Mateus 18:3. Aí está uma lição de humildade. Devemos todos tornar-nos humildes como crianças a fim de herdar o reino. T4 84 4 Nosso Pai celeste vê o coração dos homens, e conhece melhor seu caráter do que eles próprios. Vê que alguns possuem aptidões e faculdades que, devidamente dirigidas, poderiam ser empregadas para Sua glória, para ajudar a promover Sua obra. Ele submete à prova essas pessoas, e em Sua sábia providência as leva a posições diversas e variadas circunstâncias, provando-as de maneira a revelarem o que lhes está no coração e os pontos fracos em seu caráter, pontos até então ocultos a elas próprias. Dá-lhes oportunidade para corrigirem essas fraquezas, polirem todas as arestas de sua natureza, e habilitarem-se para Seu serviço, para que, quando as chamar à ação, estejam preparadas, e para que os anjos celestes possam unir seu esforço ao esforço humano na obra que precisa ser feita na Terra. T4 85 1 Aos homens a quem Deus pretende que ocupem posições de responsabilidade, Ele revela, misericordiosamente, os ocultos defeitos que têm, a fim de se olharem interiormente e examinarem com olhos críticos as complicadas emoções e atitudes do próprio coração, verificando o que está errado. Poderão assim modificar sua disposição e aperfeiçoar suas maneiras. Em Sua providência o Senhor leva os homens a situações em que lhes possa provar a força moral e revelar os motivos de suas ações, de maneira que desenvolvam o que é correto em si mesmos, e afastem de si o que é errado. É vontade de Deus que Seus servos se familiarizem com o mecanismo moral do próprio coração. Para fazer isso, permite freqüentemente que o fogo da aflição os assalte, a fim de que sejam purificados. "Mas quem suportará o dia da Sua vinda? E quem subsistirá, quando Ele aparecer? Porque Ele será como o fogo do ourives e como o sabão dos lavandeiros. E assentar-Se-á, afinando e purificando a prata; e purificará os filhos de Levi e os afinará como ouro e como prata; então, ao Senhor trarão ofertas em justiça." Malaquias 3:2, 3. T4 85 2 A purificação do povo de Deus não pode ser efetuada sem que eles sofram. Deus permite que o fogo da aflição lhes consuma a escória, para separar o imprestável do que é valioso, a fim de que o metal puro possa brilhar. Passa-nos de uma a outra fornalha, provando nosso verdadeiro valor. Se não podemos suportar essas provas, que faremos no tempo de angústia? Se a prosperidade ou a adversidade descobre falsidade, orgulho ou egoísmo em nosso coração, que faremos nós quando Deus provar a obra de todo homem como pelo fogo e puser a descoberto os segredos de todos os corações? T4 86 1 A graça genuína está disposta a ser provada; se relutamos em ser esquadrinhados pelo Senhor, nossa condição é realmente séria. Deus é o refinador e purificador de almas; no calor da fornalha separa-se para sempre a escória da prata e do ouro verdadeiros do caráter cristão. Jesus observa a prova. Sabe o que é preciso para purificar o precioso metal a fim de que Lhe reflita a glória do divino amor. T4 86 2 Deus leva Seu povo para perto de Si através de dolorosas experiências, mostrando-lhes suas próprias fraquezas e incapacidade, e ensinando-lhes a confiar nEle como seu único auxílio e salvaguarda. Então se cumpre Seu desígnio. São preparados para ser usados em qualquer emergência, para ocupar importantes posições de confiança e realizar os grandes desígnios para que lhes foram dadas as suas faculdades. Deus aceita os homens depois de prová-los; prova-os à direita e à esquerda, e assim são educados, exercitados e disciplinados. Jesus, nosso Redentor, representante e cabeça do homem, suportou esse difícil processo. Sofreu mais do que podemos ser chamados a suportar. Levou sobre Si nossas enfermidades e foi em tudo tentado, como nós o somos. Não sofreu isso por Sua própria causa, mas por nossos pecados; e agora, confiantes nos méritos de nosso Vencedor, podemos tornar-nos vitoriosos em Seu nome. T4 86 3 A divina obra de refinar e purificar precisa ir avante até que Seus servos estejam tão humilhados, tão mortos para o próprio eu que, ao serem chamados para serviço ativo, tenham em vista unicamente a glória de Deus. Então Ele lhes aceitará os esforços; eles não agirão imprudentemente, por impulso; não se precipitarão, pondo em risco a causa do Senhor, sendo escravos de tentações e paixões, seguindo a própria mente carnal incendiada por Satanás. Oh! quão terrível é ser a causa de Deus manchada pela vontade perversa do homem e seu temperamento não subjugado! Quanto sofrimento traz ele sobre si por seguir as obstinadas paixões que o dominam! Deus muitas vezes abate o homem até ao pó, aumentando a pressão até que a perfeita humildade e a transformação do caráter o ponham em harmonia com Cristo e o espírito do Céu, e tenha a vitória sobre si mesmo. T4 86 4 Deus tem chamado homens de diferentes Estados e os tem experimentado e provado para ver que caráter desenvolveriam, se lhes poderia confiar a defesa da causa em _____, se eles poderiam ou não suprir as deficiências dos homens que ali já estavam e, vendo os erros cometidos por esses, deixariam de seguir o exemplo dos que não se acham aptos para a santíssima obra de Deus. Ele tem acompanhado os homens de _____ com advertências, reprovações e conselhos contínuos. Tem derramado grande luz sobre os que oficiam em Sua causa ali, de maneira que o caminho lhes seja claro. Caso, porém, prefiram seguir a própria sabedoria, desdenhando a luz, como fez Saul, extraviar-se-ão por certo, e envolverão a causa em perplexidade. Diante deles foram postas a luz e as trevas, mas demasiadas vezes têm preferido as trevas. T4 87 1 A mensagem laodiceana aplica-se ao povo de Deus que professa crer na verdade presente. A maior parte deles são professos mornos, tendo nome, mas não zelo. Deus deu a conhecer que queria que os homens localizados no grande coração da obra corrigissem o estado de coisas ali existente, e se mantivessem como fiéis sentinelas em seu posto de dever. Deu-lhes luz acerca de todos os pontos, para instruir, animar e confirmar esses homens segundo o caso o exigisse. Mas, apesar de tudo isso, os que deviam ser fiéis e verdadeiros, fervorosos no zelo cristão, de temperamento benévolo, conhecendo e amando sinceramente a Jesus, encontram-se a ajudar o inimigo a enfraquecer e desanimar aqueles a quem Deus está usando para edificar a obra. Aplica-se a esta classe o termo "morno". Professam amar a verdade, todavia são deficientes no fervor e no devotamento cristãos. Não ousam desistir inteiramente e correr o risco dos incrédulos; não se acham, no entanto, dispostos a morrer para o próprio eu e seguir exatamente os princípios de sua fé. T4 87 2 A única esperança para os laodiceanos é uma clara visão de sua condição diante de Deus, o conhecimento da natureza de sua enfermidade. Nem são frios nem quentes; ocupam uma posição neutra e, ao mesmo tempo, lisonjeiam-se de não necessitar de coisa alguma. A Testemunha Verdadeira aborrece essa mornidão. Causa-Lhe desgosto a indiferença dessa classe de pessoas. Diz Ele: "Quem dera fosses frio ou quente!" Apocalipse 3:15. Como água morna, são nauseantes a Seu paladar. Nem são desinteressados nem egoistamente obstinados. Não se empenham inteiramente e de coração na obra de Deus, identificando-se com seus interesses; mas se mantêm afastados e estão prontos a deixar seus postos quando os mundanos interesses pessoais o exijam. Precisam da obra interior da graça no coração; acerca desses se diz: "Pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu." Apocalipse 3:17. T4 88 1 A fé e o amor são as verdadeiras riquezas, o ouro puro que a Testemunha Verdadeira aconselha os mornos a comprar. Por mais ricos que sejamos em tesouros terrestres, toda a nossa riqueza não nos habilitará a comprar os preciosos remédios que curam a doença da alma chamada mornidão. A inteligência e as riquezas da Terra eram impotentes para remover os defeitos da igreja de Laodicéia, ou remediar-lhes a deplorável condição. Eram cegos, não obstante achavam que estavam bem. O Espírito de Deus não lhes iluminava a mente, e não percebiam sua pecaminosidade; não sentiam, portanto, necessidade de auxílio. T4 88 2 Estar sem as graças do Espírito de Deus é realmente triste; mais terrível condição, porém, é estar assim destituído de espiritualidade e de Cristo, e ainda buscar justificar-nos dizendo aos que se sobressaltam por nós que não necessitamos de seus temores nem piedade. Temível é o poder do engano próprio na mente humana! Que cegueira! tomar a luz por trevas e as trevas por luz! A Testemunha Verdadeira aconselha-nos a comprar dEle ouro provado no fogo, vestidos brancos e colírio. T4 88 3 O ouro aqui recomendado como tendo sido provado no fogo é fé e amor. Ele enriquece o coração, pois foi limpo até tornar-se puro; e quanto mais é provado, mais intenso é seu brilho. A vestidura branca é a pureza de caráter, a justiça de Cristo comunicada ao pecador. Esta é, na verdade, uma vestimenta de textura celeste, que somente pode ser comprada de Cristo por uma vida de voluntária obediência. O colírio é aquela sabedoria e graça que nos habilitam a discernir entre o mal e o bem e a detectar o pecado sob qualquer disfarce. Deus deu a Sua igreja olhos aos quais requer dos crentes que unjam com sabedoria, para que vejam claramente; muitos, porém, se pudessem, tirariam os olhos da igreja; pois não quereriam que suas ações viessem à luz, para não serem reprovados. O colírio divino comunicará clareza ao entendimento. Cristo é o depositário de todas as graças. Ele diz: "Aconselho-te que de Mim compres." Apocalipse 3:18. T4 89 1 Talvez alguns digam que esperar favor de Deus por meio de nossas obras é exaltar os próprios méritos. Certamente não podemos comprar uma vitória sequer com nossas boas obras; todavia, nos é impossível ser vitoriosos sem elas. A compra que Cristo nos recomenda é simplesmente cumprir as condições que Ele nos propõe. A verdadeira graça, que é de inestimável valor e que resistirá à experiência da provação e da adversidade, só se obtém pela fé, e pela humilde obediência apoiada pela oração. As graças que resistem às provas da aflição e da perseguição, e demonstram sua pureza e sinceridade, são o ouro que é provado no fogo e achado genuíno. Cristo oferece vender este precioso tesouro ao homem: "Aconselho-te que de Mim compres ouro provado no fogo." Apocalipse 3:18. O morto, frio cumprimento do dever não nos faz cristãos. Devemos sair do estado de mornidão e experimentar conversão real, ou perderemos o Céu. T4 89 2 Minha atenção foi encaminhada para a providência de Deus entre Seu povo, e foi-me mostrado que toda prova feita pelo processo de refinamento e purificação sobre os professos cristãos demonstra que alguns são escória. Nem sempre aparece o fino ouro. Em toda crise religiosa alguns caem sob a tentação. O peneiramento de Deus lança fora multidões como folhas secas. A prosperidade multiplica a massa dos que professam. A adversidade os leva para fora da igreja. Como uma classe, não têm o espírito firme em Deus. Saem de nós, porque não são dos nossos; pois quando surge tribulação ou perseguição por causa da palavra, muitos se escandalizam. T4 89 3 Olhem essas pessoas alguns meses atrás, quando elas consideravam o caso de outras que se achavam em condições idênticas àquela que elas hoje ocupam. Recordem cuidadosamente o que pensavam quanto aos tentados. Houvesse alguém lhes dito então que, apesar de seu zelo e trabalho para endireitar a outros, seriam afinal achados em semelhantes condições de trevas, e haveriam dito como disse Hazael ao profeta: "Pois quê? é teu servo um cão, para fazer esta tão grande coisa?" 2 Reis 8:13 (TT). T4 90 1 Estão iludidos consigo mesmos. Na calma, que firmeza manifestam! Que corajosos navegantes são! Mas quando as furiosas tempestades da prova e tentação sobrevêm, ai! sua alma naufraga. Os homens podem ter excelentes dons, boas aptidões, qualidades esplêndidas; um defeito, porém, um pecado secreto nutrido, demonstrar-se-á para o caráter o que a prancha carcomida pelo verme é para o navio -- completo desastre e ruína! T4 90 2 Prezado irmão, Deus em Sua providência trouxe-o de sua fazenda para _____, a fim de suportar os testes e provas que não poderiam ter onde se achava. Ele lhe concedeu alguns testemunhos de reprovação, que professamente aceitou; mas o seu espírito estava continuamente agitado sob a repreensão. Você se assemelha àqueles que não mais caminharam com Jesus após Ele lhes indicar objetivamente verdades práticas. Não se firmou na fé para corrigir os defeitos assinalados em seu caráter. Não humilhou o orgulhoso espírito perante Deus. Manteve-se em guerra contra o Espírito de Deus como revelado na reprovação. Seu coração carnal e insubmisso não se sujeita a controle. Você não se disciplinou. Vez após vez o seu temperamento indomável, o seu espírito de insubordinação, tem obtido completo domínio sobre você. Como pode uma alma tão impulsiva e insubmissa viver entre anjos puros? Não pode ser admitida no Céu, como você mesmo sabe. Se assim for, nunca será cedo demais para começar a corrigir a maldade de sua natureza. Converta-se e torne-se como uma criancinha. T4 90 3 Irmão, você tem espírito altivo, pensando e tendo elevadas idéias a seu próprio respeito. Tudo isso precisa ser deixado de lado. Os seus parentes têm aprendido a temer essas explosões de temperamento. Sua mãe, terna e temente a Deus, tem feito o seu melhor para acalmá-lo e agradá-lo, e tem tentado remover todo motivo que possa produzir essa rebeldia, essa incontrolável disposição no filho. Mas bajular, implorar e procurar apaziguá-lo tem levado você a pensar que esse temperamento impulsivo é incurável, e que é dever de seus amigos suportá-lo. Todos esses agrados e desculpas não têm remediado o mal; ao contrário, têm dado a ele liberdade. T4 91 1 Você não tem lutado contra esse espírito iníquo e o derrotado. Quando o seu caminho é atravessado, você tem sentido a provocação em escala suficiente para esquecer-se de sua hombridade, e que foi criado à imagem de Deus, segundo a Sua semelhança. Você tem lamentavelmente deturpado e arruinado essa imagem. Não tem tido domínio próprio nem poder sobre a sua vontade. Tem sido teimoso e se submetido ao poder de Satanás. Toda vez que você se entrega à ira e ao critério próprio, e deixa seus sentimentos desviarem-se do bom senso, isso tem fortalecido essa vontade obstinada e incontrolável. O Senhor viu que você não se conhecia, e que a menos que visse a si mesmo e a pecaminosidade de sua conduta sob verdadeira luz, a menos que visse quão agravantes à vista de Deus eram essas explosões de temperamento que se fortaleciam a cada exibição, certamente você fracassaria em obter um lugar ao lado do Homem sofredor do Calvário. T4 91 2 Deus apela a você, irmão G, a que se arrependa e se converta, e se torne como uma criancinha. A menos que a verdade tenha uma influência santificadora sobre a sua vida para moldar-lhe o caráter, você deixará de ter herança no reino de Deus. O Senhor, em Sua providência, o escolheu para estar mais diretamente ligado a Sua causa e obra. Ele o tomou como um soldado indisciplinado, novo no exército, conduziu-o sob regras, regulamentos e responsabilidades, e através do processo de treinamento. A princípio você agiu nobremente e tentou ser fiel ao seu dever. Suportou a prova melhor do que jamais o fizera na vida. Mas Satanás veio-lhe com suas ilusórias tentações, e você caiu como presa delas. O Senhor teve piedade de você e estendeu Sua mão para o salvar. Ele lhe concedeu uma rica experiência da qual você não tirou proveito, como devia. Como os filhos de Israel, você logo se esqueceu do procedimento de Deus e Suas grandes misericórdias. Irmão G, você foi levantado em resposta à oração, e Deus lhe deu um tempo adicional de vida; mas você permitiu que o ciúme e a inveja lhe penetrassem a alma, e muito O desagradou. Ele planejou levá-lo aonde poderia desenvolver o caráter, e onde veria e corrigiria os seus defeitos. T4 92 1 Houve uma evidente falha em sua educação e disciplina durante a infância e juventude. Agora tem que aprender as grandes lições de domínio próprio que deveriam ter sido dominadas em tempos anteriores. Deus o levou aonde o seu meio ambiente seria alterado, e onde poderia ser disciplinado por Seu Espírito Santo, para que pudesse adquirir poder moral e domínio próprio a fim de fazer de você um vencedor. Será requerido o mais forte empenho, a mais perseverante e inabalável determinação e a mais vigorosa energia para controlar o eu. Seu espírito tem por muito tempo se irritado sob restrição, e quando sua vontade é contrariada, seu temperamento se desequilibra como um leão enjaulado. A disciplina que os seus pais deveriam ter-lhe ajudado a adquirir precisa agora ser obtida inteiramente por você mesmo. Quando tenro e pequeno, o ramo devia ter sido facilmente vergado; mas agora, após ter crescido torcido, torto e forte, quão difícil é a tarefa! Seus pais permitiram que você fosse assim deformado; e agora somente pela graça de Deus, unida aos próprios esforços persistentes, poderá tornar-se vencedor sobre sua vontade. Através dos méritos de Cristo, você poderá livrar-se daquilo que deixa escaras e deformações na alma, e que desenvolve um caráter deformado. Você precisa abandonar o velho homem com seus erros, e assumir o novo homem, Cristo Jesus. Adote Sua vida como seu guia, e então seus talentos e intelecto serão dedicados ao serviço de Deus. T4 92 2 Oh, se tão-somente as mães trabalhassem com sabedoria, com calma e determinação para educar e subjugar o temperamento carnal dos filhos, que quantidade de pecado seria podada ao germinar, e que grande número de provações na igreja seria evitado! Quantas famílias que agora são infelizes seriam felizes! Muitas almas estarão eternamente perdidas devido à negligência dos pais quanto a disciplinar devidamente os filhos e lhes ensinar na juventude submissão à autoridade. Desculpar as faltas e apaziguar as explosões de ira não é pôr o machado à raiz do mal, mas confirma a ruína de milhares de almas. Oh, como responderão os pais a Deus por essa terrível negligência de seu dever! T4 93 1 Irmão G, você está desejoso de estar à frente e dar ordens aos demais; mas não se deixará ser mandado. O seu orgulho se inflama num instante diante da tentativa. O amor-próprio e espírito altivo são elementos indomáveis em seu caráter, impedindo-lhe o progresso espiritual. Os que têm tal temperamento devem assumir o trabalho zelosamente e morrer para o eu, ou perderão o Céu. Deus não Se compromete com tal indivíduo, como o fazem pais condescendentes e enganados. T4 93 2 Em minha última visão foi-me mostrado que se você recusar a reprovação e correção, preferir o próprio caminho e não desejar ser disciplinado, Deus não o utilizará mais em relação a Sua santa obra. Se tivesse começado a obra de pôr sua alma em harmonia com o Senhor, teria visto um trabalho tão grandioso a ser realizado por você que não teria despendido tanto tempo com os supostos erros do irmão H, demorando-se neles às escondidas. O trabalho dos últimos trinta anos deve inspirar confiança na integridade do irmão H. "A quem honra, honra." Romanos 13:7. T4 93 3 Os homens que ocupam posições de responsabilidade devem melhorar continuamente. Não devem se ancorar numa antiga experiência e achar que não precisam tornar-se obreiros capazes. O homem, embora a mais indefesa criatura de Deus ao vir ao mundo, e de natureza mais perversa, é não obstante capaz de constante progresso. Pode ser esclarecido pela ciência, enobrecido pela virtude e progredir em dignidade mental e moral até que chegue à perfeição da inteligência e a uma pureza de caráter apenas um pouco inferiores às dos anjos. Com a luz da verdade a brilhar na mente humana, e o amor de Deus derramado em seu coração, é inimaginável o que se podem tornar, e que grande obra podem fazer. T4 93 4 Sei que o coração humano é cego a sua verdadeira condição; não posso deixá-lo, porém, sem fazer um esforço em seu auxílio. Nós o amamos, e queremos vê-lo apressando-se para a vitória. Jesus o ama. Morreu por você; e quer que se salve. Não temos nenhuma disposição para segurá-lo em _____; queremos, porém, que faça obra completa quanto à própria alma, que endireite ali todo erro, e faça todo esforço para dominar o próprio eu, para que não perca o Céu. Isto você não pode permitir-se. Por amor de Cristo, "resisti ao diabo, e ele fugirá de vós". Tiago 4:7. ------------------------Capítulo 9 -- Trabalho que promove saúde T4 94 1 Prezados irmão e irmã I: T4 94 2 Foi me mostrado que erraram no controle de seus filhos. Vocês receberam idéias em _____ do Dr. J, sobre as quais falaram perante seus filhos e perante os pacientes. Essas idéias não devem ser levadas adiante. Do ponto de vista do Dr. J, elas podem não parecer tão objetáveis; mas do ponto de vista de um cristão são absolutamente perigosas. As instruções que o Dr. J tem dado com respeito a evitar a atividade física têm-se demonstrado um grande prejuízo para muitos. O sistema de nada fazer é perigoso. A necessidade de divertimentos, como ele ensina e recomenda a seus pacientes, é um engano. A fim de ocupar o tempo e dar atividade à mente, eles se tornam um substituto para exercício útil e saudável e trabalho físico. Os divertimentos, como o Dr. J recomenda, excitam o cérebro mais do que a ocupação útil. T4 94 3 O exercício e o trabalho físicos combinados exercem uma agradável influência sobre a mente, fortalecem os músculos, aumentam a circulação e dão ao doente a satisfação de conhecer o próprio poder de resistência; ao passo que, se o exercício saudável e o trabalho físico lhe são restringidos, sua atenção é atraída para si mesmo. Acha-se ele em constante perigo de imaginar-se pior do que realmente está e de criar uma imaginação doentia que o leve a temer constantemente que esteja sobrecarregando sua capacidade de resistência. De modo geral, se tomar parte em alguma atividade bem orientada, usando sua energia sem dela abusar, notará que o exercício físico se provará um agente mais poderoso e eficaz em sua recuperação do que mesmo o tratamento por água que está recebendo. T4 95 1 A inatividade das faculdades físicas e mentais, no que diz respeito ao trabalho útil, é o que mantém muitos doentes em um estado de fraqueza que eles se sentem incapazes de superar. Dá-lhes também maior oportunidade de condescender com pensamentos impuros -- condescendência que tem levado muitos deles a seu estado atual de fraqueza. É-lhes dito que eles gastaram muita energia em trabalho árduo, quando, em nove de cada dez casos, o trabalho que eles realizaram foi a única coisa compensadora em sua vida e foi o meio de salvá-los da completa ruína. Enquanto sua mente estava assim ocupada, não tinham oportunidade tão favorável para aviltar o corpo e completar a obra de destruir a si mesmos. Permitir que todas essas pessoas cessem de trabalhar com o cérebro e os músculos é oferecer-lhes ampla oportunidade de serem levadas cativas pelas tentações de Satanás. T4 95 2 O Dr. J recomendou que pessoas de ambos os sexos se misturem; ele tem ensinado que a saúde física e mental requer um relacionamento mais próximo de uns com os outros. Tais ensinos causaram e estão causando grande prejuízo aos jovens e crianças inexperientes, e é uma grande satisfação para homens e mulheres de caráter questionável, cujas paixões nunca foram controladas, e que por esta razão estão sofrendo de várias desordens debilitantes. Essas pessoas são instruídas, de um ponto de vista da saúde, a estarem mais em companhia do sexo oposto. Assim, uma porta de tentação é aberta perante elas, a paixão se desperta como um leão dentro do coração delas, e toda consideração é suprimida, e tudo quanto é elevado e nobre é sacrificado à concupiscência. Esta é uma época em que o mundo está fervendo de corrupção. Estivessem a mente e o corpo de homens e mulheres numa condição salutar, fossem as paixões sensuais sujeitas às mais elevadas faculdades intelectuais, poderia ser comparativamente seguro ensinar que meninos e meninas, e mesmo jovens de mais idade, se beneficiariam por misturar-se em sociedade uns com os outros. T4 95 3 Se a mente dos jovens dessa idade fosse pura e incorruptível, as garotas poderiam ter uma influência suavizante sobre a mente e as maneiras dos meninos, e os meninos, de natureza mais forte e vigorosa, poderiam ter tendência a enobrecer e fortalecer o caráter das garotas. É, porém, um fato penoso que não há uma garota em cem que tenha mente pura, e não há um menino em cem cuja moralidade seja incontaminada. Muitos que são mais velhos foram a tal grau de libertinagem que têm alma e corpo poluídos; e a corrupção tem dominado uma vasta classe que se apresenta entre homens e mulheres como cavalheiros corteses e belas damas. Não é tempo de recomendar, como benéfico à saúde, a mistura de pessoas de ambos os sexos -- estarem o máximo possível em associação. A maldição desta época corrupta é a ausência de verdadeira virtude e modéstia. T4 96 1 Dr. I, você tem propagado publicamente essas idéias. Os jovens o ouviram, e os comentários que você fez têm tido tão grande influência sobre seus próprios filhos quanto sobre outros. Teria sido melhor ter deixado essas idéias em _____. Rigorosa dedicação ao trabalho duro é prejudicial ao crescimento estrutural do jovem; mas onde centenas têm prejudicado sua constituição unicamente por trabalhar demais, a inatividade, o comer demasiado e a débil indolência têm disseminado as sementes de enfermidades no organismo de milhares que estão indo rápida e seguramente para o declínio. T4 96 2 A razão por que os jovens têm tão pouca força cerebral e muscular é fazerem tão pouco na área do trabalho útil. "Eis que esta foi a maldade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e abundância de ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca esforçou a mão do pobre e do necessitado. E se ensoberbeceram e fizeram abominação diante de Mim; pelo que as tirei dali, vendo Eu isso." Ezequiel 16:49, 50. T4 96 3 Há apenas poucos jovens desta época degenerada que podem suportar o estudo necessário para obter uma educação comum. Por que acontece isso? Por que as crianças se queixam de tontura, dor de cabeça, sangramento do nariz, palpitação e uma sensação de fadiga e fraqueza geral? Deve isto ser atribuído principalmente a seu intenso estudo? Os pais afetuosos e condescendentes condoem-se dos filhos porque imaginam que suas lições são uma tarefa grande demais, e que sua intensa aplicação ao estudo lhes está arruinando a saúde. De fato, não é recomendável sobrecarregar a mente dos jovens com estudos em demasia e por demais difíceis. Mas, pais, vocês não estão meramente aceitando a idéia sugerida por seus filhos em vez de considerarem com maior profundidade esse assunto? Vocês não têm dado crédito depressa demais às razões aparentes da indisposição deles? Convém aos pais e tutores olhar sob a superfície em busca da causa deste mal. T4 97 1 De noventa e nove casos em cem, a causa pesquisada e revelada a vocês, abriria sua compreensão para ver que não foi o excesso de estudo somente que estava realizando a obra de prejudicar seus filhos, mas hábitos errôneos estavam consumindo a energia vital do cérebro e do corpo inteiro. O sistema nervoso ficou danificado por estar sendo freqüentemente excitado, e assim tem sido lançado o alicerce da decadência prematura e certa. O vício secreto [masturbação] está matando milhares e dezenas de milhares. T4 97 2 As crianças devem ter o tempo ocupado. O devido trabalho mental e o exercício físico ao ar livre não abaterão a constituição física de seus meninos. O trabalho útil e a familiarização com os mistérios da lida doméstica serão benéficos para as suas meninas. E alguma ocupação ao ar livre é absolutamente necessária à sua constituição física e saúde. As crianças devem ser ensinadas a trabalhar. Operosidade é a maior bênção que homens, mulheres e crianças podem desfrutar. T4 97 3 Vocês têm errado na educação de seus filhos. Têm sido condescendentes demais. Vocês os têm favorecido e dispensado do trabalho até que, para alguns deles, parece algo absolutamente desagradável. Inatividade, a falta de ocupação regular, tem prejudicado grandemente seus filhos. As tentações estão por toda parte, prontas para arruinar os jovens para este mundo e o vindouro. O caminho da obediência é o único caminho seguro. T4 97 4 Vocês têm sido cegos ao poder que o inimigo teve sobre seus filhos. Trabalhos caseiros, mesmo a ponto de se cansarem, não lhes teria feito a quinta parte do mal que os hábitos indolentes têm causado. Eles teriam escapado a muitos perigos se tivessem sido mais cedo instruídos a ocupar o tempo com trabalho útil. Não teriam contraído disposição tão agitada, esse desejo de mudança e de participar da sociedade. Teriam escapado a muitas tentações quanto à vaidade e à participação em diversões inúteis, leitura barata, conversas ociosas e tolices. Seu tempo teria sido passado mais de molde a satisfazê-los, e sem tão grande tentação de buscar a companhia do sexo oposto e desculpar-se maliciosamente. Vaidade e afetação, inutilidade e explícito pecado, têm resultado dessa indolência. Os pais, especialmente você, o pai, os têm bajulado e mimado para grande dano deles. Presunção e egoísmo T4 98 1 Prezado irmão, você tem cometido lamentável erro ao ficar diante dos pacientes na sala de estar, como tem feito freqüentemente, exaltando a si mesmo e à esposa. Seus próprios filhos têm tirado lições desses comentários, as quais lhes têm moldado o caráter. Você perceberá que agora não será fácil corrigir as impressões produzidas. Eles têm sido orgulhosos e presunçosos. Têm pensado que, como filhos seus, são superiores às demais crianças em geral. Você tem se mostrado inquieto, com medo de que o povo não lhe preste o respeito devido à sua posição de médico do Instituto de Saúde. Isso tem evidenciado seu ponto fraco, o qual tem prejudicado seu progresso espiritual. Tem também lhe levado a sentir ciúmes de outros, temendo que eles o rebaixem, ou não avaliem corretamente sua posição e valor. Você tem também exaltado sua esposa, colocando-a diante dos pacientes como um ser superior. Tem agido como um cego; tem atribuído à sua esposa qualidades que ela não possui. T4 98 2 Deve lembrar-se de que seu valor moral é avaliado por suas palavras, atos e procedimento. Estes nunca podem ser escondidos, mas o colocarão no devido lugar diante dos pacientes. Se demonstrar interesse por eles, se lhes dedicar atenção, eles o perceberão e você terá a confiança e amor deles. Mas conversa nunca os fará acreditar que seu árduo trabalho por eles o tem sobrecarregado e consumido sua vitalidade, quando sabem que não têm recebido sua especial atenção e cuidado. Os pacientes terão confiança e amarão aqueles que manifestam especial interesse por eles e que se empenham em sua recuperação. Se você fizer essa obra, que não pode ser deixada inacabada e pela qual os pacientes têm pago bom dinheiro, não precisará então procurar conquistar estima e respeito por meio de conversas; com certeza os desfrutará à medida que faz o trabalho. T4 99 1 Você não tem estado livre de egoísmo, e por isso não tem recebido as bênçãos que Deus concede aos obreiros abnegados. Seu interesse tem estado dividido. Tem tido tanto cuidado especial por si mesmo e pelos seus, que o Senhor não tem tido por que trabalhar e cuidar de você de modo especial. Sua conduta a esse respeito o desqualificou para sua posição. Um ano atrás percebi que você se achava competente para administrar o Instituto sozinho. Se este lhe pertencesse e você fosse quem se beneficiasse ou se prejudicasse com seus lucros ou perdas, sentiria ser seu dever tomar especial cuidado para que não ocorressem perdas, e que os pacientes que ali estivessem por caridade não exaurissem os recursos do Instituto. Investigaria a situação e não permitiria que ficassem ali uma semana mais do que era realmente necessário. Procuraria muitas maneiras pelas quais reduzir as despesas e conservar a propriedade do Instituto. Mas você é meramente funcionário, e o zelo, interesse e habilidade que pensa que possui para administrar semelhante instituição não aparecem. Os pacientes não recebem a atenção pela qual pagaram -- a qual têm direito de esperar. T4 99 2 Foi-me mostrado que você freqüentemente se afastava dos enfermos que estavam necessitando de seu conselho e parecer. Você me foi apresentado como obviamente indiferente, parecendo antes impaciente enquanto raramente ouvia o que eles estavam dizendo e que para eles era de grande importância. Demonstrava estar com muita pressa, adiando o atendimento a eles para algum tempo no futuro, quando umas poucas palavras apropriadas de simpatia e encorajamento teriam tranquilizado milhares de temores e levado paz e segurança em lugar de inquietação e angústia. Parecia que você tinha pavor de falar com os pacientes. Não procurava assimilar seus sentimentos, mas se mantinha alheio, quando devia manifestar mais familiaridade. Estava muito distante e inacessível. Eles olham para você como uma criança para seus pais, e têm direito de esperar e receber sua atenção, mas não a obtêm. As expressões "mim" e "meu" se colocam entre você e o trabalho que a sua função requer que faça. Os auxiliares e pacientes freqüentemente precisam de seu conselho; mas relutam em dirigir-se a você, e não têm liberdade de falar-lhe. T4 100 1 Você tem buscado manter uma dignidade indevida. Nesse empenho não tem alcançado o objetivo, mas perdido a confiança e o amor que poderia ter conseguido se fosse despretensioso e possuísse mansidão e mente humilde. A verdadeira dedicação e consagração a Deus acharão lugar para você no coração de todos, e o revestirão com uma dignidade sem presunção, mas genuína. Você tem sido exaltado por palavras de aprovação que tem recebido. A vida de Cristo deve ser o seu padrão, ensinando-o a fazer o bem em todo lugar que ocupar. Enquanto cuidando de outros, Deus cuidará de você. A Majestade do Céu [Jesus] não evitou o cansaço. Ele viajou a pé de lugar a lugar para beneficiar os sofredores e necessitados. Conquanto você possua algum conhecimento, possa ter alguma compreensão do organismo humano e reconheça a causa de doenças -- conquanto possa falar a língua dos homens e dos anjos -- há ainda qualificações necessárias, ou todos os seus dons não serão de nenhum valor especial. Você precisa ter poder de Deus que somente pode ser obtido por aqueles que fazem dEle a sua confiança, e que se consagram ao trabalho que Ele lhes tem dado a cumprir. Cristo deve constituir uma parte de seu conhecimento. A sabedoria dEle deve ser considerada em vez da sua. Então entenderá como ser uma luz nos quartos dos doentes. Falta-lhe liberdade de espírito, poder e fé. Sua fé é fraca por falta de exercício; ela não pode ser vigorosa e saudável. Seus esforços por aqueles que estão doentes emocional e fisicamente não serão tão bem-sucedidos quanto poderiam, os pacientes não se beneficiarão em vigor físico e espiritual como deveriam, se você não levar a Jesus consigo em suas visitas. As palavras e obras dEle devem acompanhá-lo. Então você sentirá que aqueles aos quais suas orações e palavras de simpatia têm abençoado, em retribuição, o abençoarão. T4 101 1 Sem a especial sabedoria e graça de Deus, você não tem sentido sua inteira dependência dEle nem sua ineficiência e fraqueza. Preocupa-se, teme e duvida porque tem trabalhado demais na própria força. Em Deus você poderá prosperar. Em humildade e santidade mental achará grande paz e força. Têm maior brilho os que mais sentem a própria fraqueza e escuridão, pois fazem de Cristo a sua justiça. Sua força deve proceder da própria união com Ele. Não se canse em fazer o bem. T4 101 2 A Majestade do Céu tem convidado os cansados: "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma." Mateus 11:28, 29. A razão por que a carga às vezes parece tão pesada e o jugo tão penoso é que você se colocou acima da mansidão e humildade possuídas por nosso divino Senhor. Deixe de tentar satisfazer e exaltar o eu; ao contrário, permita que o eu seja oculto em Jesus, e aprenda com Aquele que o convidou e lhe prometeu descanso. T4 101 3 Vi que o Instituto de Saúde nunca poderá prosperar enquanto aqueles que mantêm posições de responsabilidade com ele relacionadas revelarem mais interesse por si próprios do que pela Instituição. Deus deseja homens e mulheres altruístas como obreiros em Sua causa; e os que tomam conta do Instituto de Saúde devem supervisionar cada departamento ali, praticando economia, cuidando de pequenos detalhes, vigiando contra perdas. Em resumo, devem ser tão cuidadosos e criteriosos em sua administração como se fossem os verdadeiros proprietários. T4 101 4 Você tem-se preocupado com o sentimento de que isto ou aquilo não é da sua conta. Tudo que está ligado com o Instituto é da sua conta. Se certas coisas chegam à sua observação às quais você não pode atender adequadamente, por ser chamado em outra direção, peça o auxílio de alguém que dedique imediata atenção a essas questões. Se essa tarefa for árdua demais para você, deve assumi-la alguém que possa realizar plenamente todos os deveres que recaem sobre aquele que mantiver tal posição de responsabilidade. T4 102 1 Em suas palestras na sala de estar você tem freqüentemente acusado os pacientes e auxiliares de acarretar-lhe responsabilidades e cuidados desnecessários, enquanto, ao mesmo tempo, vi que você não estava realizando metade dos deveres que lhe diziam respeito como médico. Não estava atendendo apropriadamente os casos de doentes sob o seu cuidado. Os pacientes não são cegos; eles percebem que você os negligencia. Estão distantes de seus lares e têm gastado para obter o cuidado e tratamento que não poderiam receber em casa. Todas essas repreensões na sala de estar são prejudiciais à Instituição e desagradam a Deus. T4 102 2 É verdade que você tem tido pesadas responsabilidades a assumir; mas em muitos casos culpou os pacientes e auxiliares quando o problema estava em sua família. Esta requer sua constante ajuda, mas não retribui a ajuda; não há ninguém em sua casa para sustentar suas mãos ou lhe dar encorajamento. Não tivesse você essa carga fora do Instituto, poderia sair-se muito melhor, e não perder força e vigor. É seu dever cuidar da família, mas não é absolutamente necessário que sejam tão dependentes como são, e um peso tão grande para você. Eles poderiam auxiliá-lo se quisessem. T4 102 3 É seu dever também preservar a própria saúde; e se os cuidados de sua família são tão grandes que a obra em que está empenhado lhe sobrecarrega, e é incapaz de dedicar tempo e atenção aos pacientes e ao Instituto, os quais na verdade são direitos deles, então você deve renunciar a sua posição e buscar obter um lugar onde possa fazer justiça a sua família, a si mesmo e às responsabilidades que assume. A posição que agora ocupa é muito importante. Isto requer intelecto claro, mente, nervos e músculos fortes. Zelosa dedicação ao trabalho é necessária para o seu êxito, e nada menos do que isto tornará a Instituição próspera. Para ser algo vivo, ela deve ter obreiros vivos e altruístas no seu comando. T4 103 1 Irmã I, você não tem sido uma ajuda a seu marido como devia ser. Sua atenção tem estado mais dedicada a si mesma. Não percebeu a necessidade de despertar suas energias adormecidas para encorajar e fortalecer seu marido em seus esforços, ou abençoar seus filhos com uma influência correta. Caso houvesse se colocado diligentemente a desempenhar os deveres que Deus lhe confiou, se tivesse ajudado a suportar as responsabilidades de seu companheiro e se unido a ele em disciplinar apropriadamente os filhos, a ordem de coisas em sua família seria mudada. T4 103 2 Sucumbiu, todavia, a sentimentos de pesar e tristeza e isso tem acarretado à sua casa uma nuvem em vez de luz solar. Não incentivou esperança e contentamento, e sua influência tem sido deprimente sobre aqueles que deveria ter ajudado por palavras e atos bondosos. Tudo isso é resultado do egoísmo. Exigiu a atenção e simpatia de seu marido e filhos; contudo, não sentiu ser seu dever desviar a mente de si mesma e trabalhar pela felicidade e bem-estar deles. Deu lugar à impaciência, e tem repreendido grosseiramente os filhos. Isso apenas os tem confirmado em seus maus caminhos, e rompido os laços de afeição que devem unir o coração de pais e filhos. T4 103 3 Tem-lhe faltado domínio próprio, e tem censurado seu marido na presença dos filhos; isso tem diminuído a autoridade dele e também a sua sobre eles. Você tem sido muito fraca; quando seus filhos vêm até você com queixas de outros, imediatamente tem decidido em seu favor, e insensatamente censurado e condenado aqueles de quem se queixam. Isso tem transmitido à mente de seus filhos uma disposição para murmurar contra os que não lhes devotam a consideração que imaginam merecer. Você tem indiretamente incentivado tal espírito ao invés de silenciá-lo. Não tem tratado com seus filhos tão firme e imparcialmente como deveria ter feito. T4 104 1 Você tem enfrentado provas e estado deprimida. Tem estado desanimada; todavia, atribui essa infelicidade a outros. A principal causa deve ser achada em você mesma. Tem deixado de fazer de seu lar o que deveria ser e o que poderia ter sido. Está ainda em seu poder corrigir as faltas nesse sentido. Saia dessa fria e dura reserva. Ofereça mais amor em vez de exigi-lo; cultive o contentamento; deixe que o sol brilhe em seu coração e ele brilhará sobre os que estão ao seu redor; seja mais sociável em suas maneiras; busque obter a confiança de seus filhos para que possam aproximar-se de você em busca de conselho e orientação. Incentive-os à humildade e altruísmo, e apresente-lhes o exemplo correto. Despertem, estimados irmão e irmã, para as necessidades de sua família. Não sejam cegos, mas assumam a tarefa de forma unida, calma, com oração e fé. Ponham a sua casa em ordem, e Deus lhes abençoará os esforços. ------------------------Capítulo 10 -- Influência do ambiente social T4 104 2 Foi me mostrado em 10 de Dezembro de 1872 o estado da família do irmão K. Ele tem sido um verdadeiro crente e ama a verdade, mas tem-se abeberado do espírito do mundo. Disse Cristo: "Onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração." Mateus 6:21. Irmão K, o seu tesouro terrestre reclama-lhe o interesse e atenção de tal modo que você não pode dedicar tempo para servir a Deus; contudo, sua esposa está insatisfeita por você dedicar a Deus tão escassa ninharia. Uma insanidade mundana tem tomado posse de seu coração. Nenhum de vocês toma tempo suficiente para meditação e oração. Deus é roubado de Seu serviço diário e vocês próprios estão enfrentando maior perda do que a de todo tesouro terrestre. T4 104 3 Irmã K, você está ainda mais longe de Deus do que o seu marido. A sua conformidade com o mundo tem banido do seu coração o Salvador; não há lugar para Ele em suas afeições. Possui apenas pequena inclinação para a oração e o exame de coração. Está se submetendo à obediência do príncipe dos poderes das trevas. "A quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça." Romanos 6:16. T4 105 1 Irmã K, você não sabe o que está fazendo; não percebe que está guerreando contra seu Criador ao atrair o seu marido para longe da verdade. Sua atenção está nas vantagens que o mundo propicia. Não cultivou amor pela devoção, mas prefere comprazer-se com a agitação e movimentação de trabalhar para adquirir riqueza. Você está absorvida no desejo de assemelhar-se ao mundo, para que possa desfrutar a felicidade que este oferece. Suas ambições e interesses terrenos são maiores do que o seu desejo por justiça e por uma parte no reino de Deus. T4 105 2 Seu precioso tempo de graça é gasto em trabalhar por seu bem-estar temporal, em vestir, comer e beber conforme a maneira do mundo. Oh, quão insatisfatória, quão pobre é a recompensa obtida! Em seus desejos e realizações mundanas está carregando um fardo maior do que o seu Salvador propôs colocar sobre você. O seu Redentor a convida: "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo é leve." Mateus 11:28-30. Minha irmã, Cristo deseja que deponha seu pesado fardo aos Seus pés, e submeta o seu teimoso pescoço ao Seu jugo suave. Que seria se o seu tempo de graça terminasse agora? Como suportaria a investigação do Mestre? Como empregou os talentos de recursos e influência que lhe foram emprestados por Deus para o sábio crescimento, visando à Sua glória? Deus lhe deu vida e Suas bênçãos, não para serem meramente dedicadas ao seu próprio prazer e satisfação egoísta, mas para que possa beneficiar outros e fazer o bem. O Mestre lhe confiou talentos para que pudesse colocá-los com os cambistas, para que quando forem novamente requeridos Ele possa receber o que é Seu com os juros. Sua influência e recursos lhe foram dados para prová-la, para revelar o que está em seu coração; você deve usá-los para ganhar almas para Cristo, e assim fazer avançar a causa de seu Redentor. Se deixar de fazer isso, está cometendo um terrível engano. Cada dia que dedicar a servir a si mesma e a agradar seus amigos, submetendo-se à influência deles no amor ao mundo e na negligência de seu melhor Amigo, que morreu para lhe dar vida, está perdendo muito. T4 106 1 Irmã K, você tem pensado que não lhe ficava bem ser diferente dos que a cercam. Está em uma comunidade que tem sido testada sobre a verdade e a tem rejeitado; e você tem ligado seus interesses e afeições aos deles, até que se torne em todos os aspectos um deles. Gosta da companhia deles; contudo não é feliz, embora se gabe de que o seja. Você disse em seu coração: "Inútil é servir a Deus; que nos aproveitou termos cuidado em guardar os Seus preceitos e em andar de luto diante do Senhor dos Exércitos?" Malaquias 3:14. T4 106 2 Não é questão de pequena importância para uma família o manter a posição de representantes de Jesus, guardando a lei de Deus em uma comunidade de descrentes. Requer-se de nós que sejamos cartas vivas, conhecidas e lidas "por todos os homens". 2 Coríntios 3:2. Esta posição envolve terríveis responsabilidades. Para viver na luz, é mister vir para onde ela brilha. Custe o que custar, o irmão K deve sentir-se sob a mais solene obrigação de assistir, com sua família, pelo menos às reuniões anuais daqueles que amam a verdade. Isso haveria de fortalecer a ele e aos seus, preparando-os para provações e deveres. Não é bom para eles perderem o privilégio de associar-se com pessoas da mesma fé; pois na mente deles a verdade perde sua importância, seu coração deixa de ser iluminado e vivificado por sua santificadora influência, e perdem a espiritualidade. Não são fortalecidos pelas palavras do pregador vivo. Pensamento e empreendimentos mundanos ocupam de contínuo sua mente, com exclusão dos assuntos espirituais. T4 106 3 Muitos cristãos vacilarão na fé, caso negligenciem constantemente encontrar-se para reunião e oração. Caso lhes fosse impossível fruir esses privilégios religiosos, então Deus enviaria luz diretamente do Céu por meio de Seus anjos, a fim de animar, alegrar e abençoar Seu povo disperso. Ele, porém, não Se propõe realizar um milagre para sustentar a fé de Seus santos. Exige-se deles que amem a verdade o suficiente para se darem a alguns pequenos incômodos para obter os privilégios e bênçãos a eles oferecidos por Deus. O mínimo que eles podem fazer é consagrar alguns dias por ano a um esforço unido para levar avante a causa de Cristo e trocarem amistosos conselhos e compassivo interesse. T4 107 1 Muitos dedicam quase todo o seu tempo aos próprios interesses e prazeres temporais, e lamentam os poucos dias gastos e as despesas envolvidas em percorrer uma distância de seus lares para encontrar com o grupo reunido em nome do Senhor. A Palavra do Senhor define cobiça como idolatria; então, quantos idólatras deve haver, mesmo entre aqueles que professam ser seguidores de Cristo! T4 107 2 É requerido que nos reunamos e demos testemunho da verdade. O anjo de Deus disse: "Então, aqueles que temem ao Senhor falam cada um com o seu companheiro; e o Senhor atenta e ouve; e há um memorial escrito diante dEle, para os que temem ao Senhor e para os que se lembram do Seu nome. E eles serão Meus, diz o Senhor dos Exércitos, naquele dia que farei, serão para Mim particular tesouro; poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve." Malaquias 3:16, 17. T4 107 3 Vale a pena, pois, melhorar os privilégios ao seu alcance e, mesmo com algum sacrifício, reunir-se com os que temem a Deus e falam por Ele; pois Ele é representado como ouvindo aqueles testemunhos enquanto os anjos os escrevem em um livro. Deus Se lembrará dos que se têm reunido e pensado em Seu nome, e Ele os poupará da grande conflagração. Serão à Sua vista como jóias preciosas; mas Sua ira cairá sobre a cabeça desamparada do pecador. Servir a Deus não é coisa vã. Há uma inestimável recompensa para aqueles que devotam a existência a Seu serviço. Prezados irmão e irmã, vocês gradualmente têm entrado em trevas, até que, quase imperceptivelmente, estas têm-se desenvolvido a ponto de lhes parecerem luz. Ocasionalmente um fraco lampejo penetra as trevas e desperta a mente; mas influências circundantes eliminam o raio de luz, e as trevas parecem mais densas do que antes. T4 108 1 Teria sido melhor para o seu bem-estar espiritual se tivessem mudado o seu local de residência alguns anos atrás. A luz da verdade testou a comunidade em que vivem. Uns poucos receberam a mensagem de misericórdia e advertência, enquanto ela foi rejeitada por muitos. Outra classe ainda não a aceitou, porque havia uma cruz a levar. Assumiram uma posição neutra, e julgaram que se não combatessem a verdade estariam fazendo muito bem; mas a luz que negligenciaram receber e acariciar desapareceu em trevas. Eles se empenharam em aquietar a consciência dizendo ao Espírito de Deus: "Por agora, vai-Te, e, em tendo oportunidade, Te chamarei." Atos dos Apóstolos 24:25. Esse tempo favorável nunca chegou. Negligenciaram a oportunidade dourada que nunca lhes retornou; pois o mundo lançou fora a luz que haviam recusado. Os interesses desta vida e a atração de prazeres excitantes lhes absorvem a mente e o coração, enquanto o seu melhor Amigo, o bendito Salvador, é rejeitado e esquecido. T4 108 2 A irmã K, embora possuindo excelentes qualidades naturais, está sendo atraída para longe de Deus por seus amigos e parentes incrédulos que não amam a verdade e não concordam com o sacrifício e abnegação que devem ser exercidos por amor da verdade. A irmã K não tem sentido a importância da separação do mundo, como ordena o mandamento de Deus. A visão dos seus olhos e o ouvir dos seus ouvidos lhe perverteram o coração. T4 108 3 João Batista era homem cheio do Espírito Santo desde seu nascimento, e se existiu alguém capaz de permanecer indiferente às influências corruptoras da época em que viveu, por certo foi ele. Todavia, não se aventurou a confiar nas próprias forças; separou-se dos amigos e parentes a fim de que suas afeições naturais não se lhe demonstrassem um laço. Não se colocava desnecessariamente no caminho da tentação, nem onde os luxos ou mesmo os confortos da vida o levassem a condescender com o ócio ou a satisfazer o apetite, diminuindo-lhe assim a força física e mental. Por tal conduta, a importante missão para qual ele viera não teria sido cumprida. T4 109 1 Sujeitou-se à privação e solidão do deserto, onde lhe era dado conservar a sagrada percepção da majestade de Deus, através do estudo de Seu grande livro da natureza e ali familiarizar-se com o caráter divino revelado em Suas maravilhosas obras. Era um ambiente planejado para aperfeiçoar a cultura moral e manter o temor do Senhor continuamente diante de si. João, o precursor de Cristo, não se expunha à má conversação e à corruptora influência do mundo. Temia o efeito que tivessem sobre sua consciência -- que o pecado deixasse de lhe parecer tão pecaminoso. Preferiu ter seu lar no deserto, onde o ambiente não lhe perverteria os sentidos. Não deveríamos nós aprender alguma coisa desse exemplo de alguém a quem Cristo honrou e do qual disse: "Entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João"? Lucas 7:28. T4 109 2 Os primeiros trinta anos da vida de Cristo foram passados em isolamento. Anjos ministradores cuidavam do Senhor da vida, à medida que caminhava lado a lado com os camponeses e trabalhadores pelas colinas de Nazaré, desconhecido e sem honras. Esses nobres exemplos devem ensinar-nos a evitar as más influências e afastar-nos da companhia dos que não vivem corretamente. Não devemos nos gabar de sermos bastante fortes para que tais influências nos afetem, mas devemos, em humildade, guardar-nos do perigo. T4 109 3 O antigo Israel foi especialmente dirigido por Deus para ser e permanecer um povo separado de todas as nações. Não deviam submeter-se a testemunhar a idolatria daqueles que os rodeavam, para que seu coração não se corrompesse e a familiaridade com práticas pecaminosas não os fizesse parecer menos ímpios aos seus olhos. Poucos reconhecem as próprias fraquezas, e que a pecaminosidade natural do coração humano muito freqüentemente paralisa seus mais nobres esforços. T4 109 4 A influência maligna do pecado envenena a vida da alma. Nossa única segurança está na separação daqueles que vivem em suas trevas. O Senhor nos ordena a sair do meio deles e estar separados, e não tocar coisa imunda, e Ele nos receberá, e ser-nos-á por Pai, e nós Lhe seremos filhos e filhas. 2 Coríntios 6:17, 18. Se desejarmos ser adotados na família de Deus, tornar-nos filhos do celeste Rei, devemos sujeitar-nos às Suas condições; devemos sair do mundo, e posicionar-nos como um povo peculiar perante o Senhor, obedecendo a Seus preceitos e servindo-O. T4 110 1 Ló escolheu Sodoma para sua morada porque viu que, do ponto de vista mundano, oferecia vantagens. Mas depois de ali se estabelecer, e enriquecer em tesouros terrestres, convenceu-se de que cometera um erro em não tomar em consideração o estado moral da comunidade em meio da qual ia fundar seu lar. T4 110 2 Os habitantes de Sodoma eram corruptos; conversação vil saudava-lhe os ouvidos diariamente, e sua alma justa afligia-se com a violência e o crime que ele era incapaz de impedir. Seus filhos iam-se tornando tais quais aquela gente ímpia, pois a associação com eles pervertera-lhes a moral. Tomando em conta tudo isso, as riquezas mundanas que juntara pareciam-lhe pequeninas, não valendo o preço que por elas pagara. Amplas eram suas relações de família, pois seus filhos haviam se casado com sodomitas. T4 110 3 Finalmente a indignação do Senhor se acendeu contra os ímpios habitantes da cidade, e anjos de Deus visitaram Sodoma para retirar Ló, a fim de que não perecesse ao ser destruída a cidade. Eles ordenaram a Ló para reunir sua família, sua esposa, e os filhos e filhas que se haviam casado na ímpia Sodoma, e lhe dissessem para fugir do lugar. "Pois", declararam os anjos, "nós vamos destruir este lugar, porque o seu clamor tem engrossado diante da face do Senhor, e o Senhor nos enviou a destruí-lo." Gênesis 19:13. T4 110 4 Ló saiu e deu ordens aos filhos, repetindo as palavras do anjo: "Então, saiu Ló, e falou a seus genros, aos que haviam de tomar as suas filhas, e disse: Levantai-vos; saí deste lugar, porque o Senhor há de destruir a cidade." Gênesis 19:14. Ele, porém, pareceu aos seus genros como alguém que gracejava, pois eles haviam morado tanto tempo em Sodoma que se tornaram participantes dos pecados do povo. E as filhas foram influenciadas por seus maridos a crer que o pai delas estava louco. Estavam muito bem onde se encontravam. Eram ricos e tinham grandes bens; e não podiam crer na possibilidade de que a bela Sodoma, uma região rica e fértil, fosse destruída pela ira de um Deus vingativo. T4 111 1 Ló retornou tristemente aos anjos e repetiu a história de seu fracasso. Então os anjos lhe ordenaram erguer-se, tomar a esposa e as duas filhas que ainda estavam em casa, e deixar a cidade. Mas Ló estava triste; o pensamento de deixar seus filhos e sua esposa, pois ela recusava ir sem eles, quase lhe partiu o coração. Teriam todos perecido na terrível ruína de Sodoma, não tivesse o Senhor, em Sua grande misericórdia, enviado Seus anjos para resgatá-los. T4 111 2 Ló estava paralisado pela grande calamidade que estava para ocorrer, pasmado com a dor e o pensamento de deixar tudo que prezava sobre a Terra. Mas, à medida que se demorava, os anjos de Deus o tomaram pela mão e pela mão da esposa e das duas filhas e os levaram para fora da cidade, ordenando-lhes fugir para salvarem a vida, sem olhar para trás, nem permanecer na planície, mas escaparem para as montanhas. T4 111 3 Quão relutante foi Ló em obedecer ao anjo, e sair para o mais distante possível da corrupta Sodoma, destinada a completa destruição! Ele desconfiou de Deus e apelou para ficar. Morar na ímpia cidade havia enfraquecido sua fé e confiança na justiça do Senhor. Apelou para não ter que fazer o que lhe era requerido, para que algum mal não lhe sobreviesse e morresse. Anjos foram enviados em uma missão especial para salvar a vida de Ló e de sua família; mas Ló por tanto tempo tinha se cercado de influências corruptoras, que suas sensibilidades estavam entorpecidas, e não podia discernir as obras e propósitos de Deus; ele não se confiava às Suas mãos para cumprir-Lhe a ordem. Estava continuamente apelando por si mesmo, e essa descrença lhe custou a vida da esposa. Ela olhou para trás na direção de Sodoma, e, murmurando contra as atitudes de Deus, foi transformada em uma estátua de sal, a fim de que permanecesse como advertência a todos quantos desconsideram as especiais misericórdias e providências do Céu. Após essa terrível retribuição, Ló não mais ousou demorar-se pelo caminho, mas fugiu para as montanhas, segundo as instruções dos anjos. A conduta pecaminosa de suas filhas depois de saírem de Sodoma foi o resultado das ímpias amizades, enquanto ali viveram. A percepção do que é correto e do que é errado se confundia na mente delas, e o pecado não lhes parecia como tal. T4 112 1 O caso de Ló deve ser uma advertência a todos os que desejam viver piedosamente, para separar-se de todas as influências projetadas a conduzi-los para longe da luz de Deus. Ló permaneceu por tanto tempo entre os ímpios que foi capaz de salvar apenas a si mesmo e as duas filhas, e mesmo elas estavam corrompidas moralmente por sua permanência em Sodoma. T4 112 2 Deus é decisivo no que diz e não pode ser tratado com leviandade. Oh! quantos pecadores mortais de curta visão pleiteiam com Deus para induzi-Lo a aceitar os seus termos, ao passo que se eles se entregassem sem reservas às Suas mãos, Deus lhes asseguraria a salvação e lhes daria vitórias preciosas! T4 112 3 Irmã K, você está em perigo de tomar decisões que lhe serão muito prejudiciais. Deus tem um trabalho para você fazer que ninguém pode fazer em seu lugar, e sem fazê-lo não poderá ser salva. Deus a ama e não deseja que você pereça na destruição final. Ele a convida a deixar aquelas coisas que impedem o seu progresso espiritual, e a encontrar nEle força e conforto de que precisa. Você tem cuidados e fardos a suportar em sua família, que muitas vezes a preocupam; mas se fizer somente as coisas necessárias para o seu conforto e felicidade temporais, encontrará tempo para ler a sua Bíblia com interesse acompanhado de oração, e para aperfeiçoar um caráter cristão. T4 112 4 Irmão K, você tem estado muito desanimado, mas necessita ser fervoroso, firme e decidido em cumprir seu dever em família, levando-a consigo, se possível. Você não deve poupar esforços para convencê-la a acompanhá-lo na jornada para o Céu. Mas se a mãe e os filhos não escolherem acompanhá-lo, mas procurarem desviá-lo de seus deveres e privilégios religiosos, você deve prosseguir, ainda que tenha de ir só. Precisa viver no temor de Deus. Você precisa aproveitar suas oportunidades de assistir às reuniões e adquirir toda força espiritual que puder, pois dela necessitará nos dias futuros. A propriedade de Ló foi toda ela consumida. Se você tiver de suportar a perda, não deve desanimar; e se puder salvar unicamente uma parte de sua família, será muito melhor que perdê-la toda. T4 113 1 Prezados irmão e irmã, como pais, vocês são em grande medida responsáveis pela salvação de seus filhos. Trouxeram-nos à existência; e devem, por preceito e exemplo, conduzi-los ao Senhor e às cortes do Céu. Devem impressioná-los com o pensamento de que os interesses temporais são de pouca importância quando comparados com o seu bem-estar eterno. Esses queridos filhos estão vivendo entre pessoas mundanas, e estão assimilando amor pelas vaidades da vida. O seu filho L é um rapaz de bom coração e animado; mas precisa do cuidado atencioso de uma mãe cuja experiência diária na vida cristã a habilite a aconselhá-lo e instruí-lo. Ele está exatamente naquela idade em que uma mãe terna e criteriosa pode moldá-lo por sua influência; mas temo, irmã K, que você busque antes moldar os seus filhos segundo os caminhos deste mundo, e negligencie ensiná-los de que a importante obra da vida é formar caráter que assegure a imortalidade. T4 113 2 Se L negligencia tornar-se familiarizado com os temas religiosos e o cristianismo prático, sua vida será um erro. Ele deve ver que precisa de educação nas coisas espirituais, que pode usar suas habilidades plenamente para Deus. O Senhor chama jovens para trabalharem em Sua vinha. Os jovens não devem negligenciar os ramos essenciais da educação. Contudo, se volvem toda a atenção ao estudo secular, negligenciam tornar-se conhecedores do grande tema da religião e não adquirem experiência cristã, estão se desqualificando para o trabalho de Deus. Não importa quão favorável seja a vantagem educacional, algo além do conhecimento de livros é necessário para salvar a alma e conduzir outros ao arrependimento. Dedicar um período de anos apenas à aquisição de conhecimento científico não é preparar-se para ser um obreiro eficiente no serviço de Deus. T4 114 1 Os jovens devem dedicar muito tempo ao estudo; mas devem também unir a atividade física a seus esforços mentais e pôr em prática o conhecimento que obtiveram, a fim de que pelo exercício útil todas as faculdades mentais e físicas possam ser igualmente desenvolvidas. Não devem negligenciar as coisas necessárias para a salvação, nem considerá-las secundárias a coisa alguma nesta vida. T4 114 2 Prezados irmão e irmã, Deus ama a sua família e deseja derramar as Suas bênçãos especiais sobre vocês, a fim de que possam tornar-se instrumentos de justiça em conduzir outros para o Céu. Se inteiramente consagrado a Deus, o irmão K poderia realizar grande soma de bem em uma comunidade onde o seu conselho e influência seriam melhor recebidos e apreciados. Temos grande esperança de que ambos corrigirão o que está errado em sua vida, e renovarão sua fé e obediência a Deus, recebendo nova força dAquele que prometeu ajudar os que clamarem pelo Seu nome. T4 114 3 Jovem irmão L, você cometeu um erro em sua vida. Ao seguir zelosamente os seus estudos, você negligenciou o desenvolvimento de todas as suas faculdades. O crescimento moral nunca deve ser atrofiado no esforço de adquirir uma educação, mas, sim, ser cultivado em grau mais elevado do que geralmente se julga necessário. Meu querido e jovem irmão, você tem sido ambicioso em conseguir conhecimento. Essa missão é digna de louvor; porém, a fim de satisfazê-la, negligenciou os seus interesses eternos e tornou-os secundários aos seus estudos. Deus e o Céu têm ocupado uma posição secundária em suas afeições. As reivindicações da santa lei de Deus não têm sido sagradamente observadas em seu viver diário. Você tem desrespeitado o sábado, estudando nesse tempo sagrado que não deve ser ocupado para seus próprios objetivos. Deus declarou: Nele "não farás nenhuma obra". Êxodo 20:10. T4 114 4 "Se desviares o teu pé do sábado, de fazer a tua vontade no Meu santo dia, e se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor digno de honra, e se o honrares, não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falar as tuas próprias palavras, então, te deleitarás no Senhor, e te farei cavalgar sobre as alturas da terra e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai; porque a boca do Senhor o disse." Isaías 58:13, 14. Você se submeteu à inclinação, de preferência ao dever, e tornou os seus estudos superiores à expressa ordem do Altíssimo. T4 115 1 Nossas reuniões campais são preparadas e levadas a efeito à custa de grandes despesas. Os pastores, defensores de uma verdade impopular, trabalham excessivamente nessas grandes reuniões para apresentar a mensagem de misericórdia do Redentor crucificado a pobres pecadores caídos. Negligenciar essa mensagem, ou tratá-la com indiferença, é menosprezar a misericórdia de Deus e Sua voz de advertência e súplica. Sua ausência nessas reuniões tem sido muito prejudicial ao seu bem-estar espiritual. Você tem perdido o vigor que poderia haver adquirido ali ouvindo as pregações da Palavra de Deus, e pelo convívio com os adeptos da verdade. Sua mente tem sido levada a uma apatia fatal com respeito ao bem-estar de sua alma. Você exaltou sua educação secular acima do conhecimento a ser obtido na escola de Cristo. Experiência na verdadeira vida religiosa é necessária a fim de formar um caráter aceitável a Deus, e assegurar as puras virtudes que difundirão a luz do Céu. T4 115 2 Que ansiedade você tem manifestado em disciplinar a mente pelo estudo, tornar-se apropriadamente familiarizado com seus livros e textos, para que possa ter bom crédito no exame diante de seus instrutores, amigos e espectadores interessados! Quão ambicioso tem sido em demonstrar que foi um aluno dedicado e que empregou fielmente o seu tempo em armazenar na mente o conhecimento útil! Você tem estado tão sinceramente ansioso em progredir em seus estudos como em assegurar o elogio de seus amigos e professores. Tem com justiça merecido as honras que recebeu por erudição. Todavia, como você tem disciplinado a mente em religião? Não tem, sem mesmo pensar, colocado o reino de Deus e a Sua justiça abaixo de seus progressos nas ciências? Na verdade, algumas das faculdades humanas foram dadas mais especialmente com o propósito de nos empenharmos em questões seculares, mas as faculdades mentais mais elevadas devem ser inteiramente consagradas a Deus. Elas controlam a pessoa e formam sua vida e caráter. Embora não deva negligenciar os seus estudos seculares, não tem o direito de dedicar-lhes toda a atenção; mas deve dedicar-se especialmente aos requisitos morais e espirituais de seu Pai celestial. T4 116 1 Quão pouca ansiedade tem manifestado em aproveitar as vantagens religiosas a seu alcance para obter conhecimento mais completo das leis de Deus, e determinação de viver em conformidade com elas! Você tem feito pouco esforço para tornar-se um cristão fiel e inteligente. Como, pois, estará preparado a passar pelo grande exame, quando todos os seus atos, palavras e os pensamentos mais íntimos de seu coração forem patenteados perante o grande Juiz e a assembléia dos santos e dos anjos? Você tem tido pouca ambição em obter aptidão espiritual para suportar esse exame rigoroso na presença daquela exaltada multidão. Qual, então, será a decisão final quanto às suas realizações morais e religiosas, aquela decisão da qual não há apelação? Quais serão as honras a serem reconhecidas por causa de sua fidelidade em preservar a requerida harmonia entre a religião e as atividades científicas? Ficará firme como quem possui coragem moral inabalável, em quem é revelada excelência de conhecimento humano unido ao santo zelo por Deus e obediência a Sua lei? T4 116 2 Meu irmão, você deve considerar a sabedoria de Deus como completa. A religião deve ir de mãos dadas com a ciência, a fim de tornar a sua educação um meio santificado de fazer o bem e levar outros à verdade. Quanto mais aprendemos na escola de Cristo mais ansiosos estaremos em progredir nesse conhecimento. Todas as nossas aquisições são de pequeno valor, a menos que o caráter seja enobrecido pela religião. Deus tem deveres especiais para cada indivíduo realizar, e uma decisão será tomada sobre cada caso quanto à fidelidade com que esses deveres têm sido realizados. T4 116 3 O Senhor freqüentemente nos coloca em posições difíceis para estimular-nos a maior aplicação. Em Sua providência, às vezes ocorrem contrariedades especiais para testar nossa paciência e fé. Deus nos dá lições de confiança. Ele deseja ensinar-nos onde buscar auxílio e forças em tempo de necessidade. Assim obtemos conhecimento prático de Sua divina vontade, de que muito carecemos em nossa experiência de vida. A fé se fortalece através do sério conflito com a dúvida e o temor. T4 117 1 Irmão, você poderá ser um vencedor se cuidar devidamente da sua conduta. Deve dedicar a sua jovem vida à causa de Deus e orar por êxito. Não deve fechar os olhos ao seu perigo, mas resolutamente preparar-se para toda dificuldade em seu progresso como cristão. Tome tempo para reflexão e para oração humilde e fervorosa. Os seus talentos são evidentes e você está confiante com respeito a seu futuro êxito; mas ficará desapontado, a menos que compreenda a fraqueza de seu coração natural. T4 117 2 Você está apenas começando a vida; chegou a uma idade de assumir responsabilidades por si próprio. Este é um período crítico em sua existência. Agora, enquanto é jovem, você está semeando no campo da vida. Aquilo que semear também ceifará; tal como foi a semeadura, assim será a colheita. Se for negligente e indiferente a respeito das coisas eternas, sofrerá uma grande perda, e, por sua influência impedirá que outros cumpram suas obrigações para com Deus. T4 117 3 Ambos os mundos estão perante você. Qual escolherá? Seja sábio e apodere-se da vida eterna. Não se desvie de sua integridade, por mais desagradáveis que possam parecer os seus deveres na presente situação. Pode parecer que esteja para fazer grandes sacrifícios a fim de preservar sua pureza de alma, mas não hesite; avance no temor de Deus e Ele abençoará seus esforços e o recompensará mil vezes mais. Não renuncie às seus direitos e privilégios religiosos a fim de satisfazer os desejos de seus amigos e parentes não consagrados. Você é chamado a tomar sua posição pela verdade, mesmo que esteja indo em direta oposição àqueles que estão intimamente relacionados a você. Não permita Deus que esta última prova lhe venha para testar sua integridade pelo direito. T4 117 4 Lance o fundamento de seu caráter cristão sobre a eterna rocha da salvação e permita que a estrutura seja firme e confiável. T4 118 1 Esperamos que sua mãe o ajude, bem como a seus irmãos e irmãs, em seus esforços de aperfeiçoar verdadeiro caráter, segundo o modelo de Cristo, para que possam ter aptidão moral para a sociedade dos santos anjos no reino de glória. ------------------------Capítulo 11 -- Interesse dividido T4 118 2 Prezados irmãos M: T4 118 3 Na visão que me foi dada em Janeiro passado, me foram mostradas algumas coisas com referência a ambos. Foi-me mostrado que não estão crescendo em espiritualidade como é seu dever e privilégio fazer. A grandeza da obra e as providências que se abrem da parte de Deus devem lhes impressionar o coração. Cristo designou que Seus filhos crentes sejam a luz do mundo, o sal da terra. A vida santa, o exemplo cristão, de um bom homem numa comunidade lança uma luz que é refletida sobre outros. Quão grande, pois, deveria ser a influência de um grupo de crentes, todos andando em harmonia com os mandamentos de Deus. T4 118 4 A pregação da Palavra é ordenada por Deus para despertar e convencer pecadores. E quando o pregador vivo exemplifica na própria vida a abnegação e sacrifícios de Cristo, quando a sua conversação e atos estão em harmonia como o divino Modelo, então sua influência será poderosa sobre aqueles que lhe ouvem a voz. Mas todos não podem ser mestres da palavra no púlpito. Os deveres de diferentes pessoas variam e há obra para todos fazerem. Todos podem ajudar a causa, dando dedicadamente de seus recursos para ajudar os vários ramos do trabalho, fornecendo recursos para a publicação de folhetos e periódicos a fim de serem espalhados entre o povo e disseminarem a verdade. Os que dão dinheiro para promover a causa estão assumindo uma parte da responsabilidade do trabalho; eles são coobreiros com Cristo, pois Deus lhes concedeu recursos em custódia para serem usados para propósitos santos e sábios. Eles são os agentes que o Céu tem ordenado para fazer o bem, e as pessoas devem entregar esses talentos aos banqueiros. T4 119 1 Queridos irmãos, sempre tenham em mente que vocês são mordomos de Deus e que Ele os tem por responsáveis pelos talentos temporais que lhes emprestou para empregarem sabiamente para a Sua glória. Não examinarão criteriosamente o coração e investigarão os motivos que os levam à ação? Foi-me mostrado que o seu perigo está em amar os seus bens. Seus ouvidos não estão prontos para ouvir o chamado do Mestre na pessoa de Seus santos e nas necessidades de Sua causa. Vocês não investem o seu tesouro alegremente no empreendimento do cristianismo. Se desejam um tesouro no Céu, devem garanti-lo enquanto têm oportunidade. Se vocês se sentem mais seguros em aplicar os seus recursos em maior acúmulo de riquezas terrestres e em investir limitadamente na causa de Deus, então devem sentir-se satisfeitos em receber o tesouro celestial de acordo com o seu investimento em ações celestiais. T4 119 2 Vocês desejam ver a causa de Deus prosperar; contudo, empenham pouco esforço pessoal para tal fim. Se vocês e outros que professam nossa fé santificada pudessem ver a sua verdadeira posição e perceber a responsabilidade que têm diante de Deus, se tornariam colaboradores mais zelosos com Jesus. "Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento." Lucas 10:27. Não pode haver interesse dividido nisso, pois o coração, alma e forças compreendem o ser inteiro. T4 119 3 Declara o apóstolo: "Não sois de vós mesmos... fostes comprados por bom preço." 1 Coríntios 6:19, 20. Quando o pobre e condenado pecador jazia sob a maldição da lei do Pai, Jesus tanto o amou que deu a Si mesmo pelo transgressor. Ele o redimiu pelos méritos do Seu sangue. Não podemos avaliar o precioso resgate pago pela redenção do homem caído. O melhor do coração e as mais santas afeições devem ser dadas em retribuição a um amor tão maravilhoso. Os dons temporais que desfrutam lhes são meramente emprestados para ajudá-los no avanço do reino de Deus. T4 119 4 Falo do sistema do dízimo; contudo, como me parece mesquinho à mente! Quão pequeno o preço! Como é vão o esforço de medir com regras matemáticas o tempo, dinheiro e amor em face de um amor e sacrifício incomensuráveis e que não se podem avaliar. Dízimos para Cristo! Oh, mesquinha esmola, vergonhosa recompensa daquilo que tanto custou. Da cruz do Calvário, Cristo pede uma entrega incondicional. Ele prometeu ao jovem príncipe que se ele vendesse tudo que tinha e desse aos pobres, tomasse a sua cruz e O seguisse, obteria um tesouro no Céu. Tudo quanto possuímos deve ser consagrado a Deus. A Majestade do Céu veio ao mundo para morrer em sacrifício pelos pecados do homem. E quão frio e egoísta é o coração humano, que pode rejeitar tão incomparável amor e aplicar-se às coisas vãs deste mundo. T4 120 1 Quando o egoísmo estiver lutando pela vitória sobre vocês, tenham em mente Aquele que deixou as cortes gloriosas do Céu, e pôs de lado as vestes da realeza em seu favor, tornando-Se pobre para que mediante a Sua pobreza vocês se tornassem ricos. Desconsiderarão, pois, esse grande amor e misericórdia ilimitados, recusando enfrentar inconveniências e negar a si mesmos por Sua querida causa? Apegar-se-ão aos tesouros desta vida e negligenciarão ajudar a levar adiante a grande obra da verdade? T4 120 2 Ordenou-se outrora aos filhos de Israel que toda a congregação trouxesse uma oferta, a fim de purificá-la da contaminação cerimonial. Esse sacrifício era uma novilha vermelha e representava o perfeito sacrifício que deveria remir da poluição do pecado. Era esse um sacrifício ocasional para purificação de todos os que, por necessidade ou acidentalmente, haviam tocado em cadáver. Todos os que entravam em contato com a morte eram de qualquer modo considerados cerimonialmente impuros. Destinava-se isso a impressionar profundamente a mente dos hebreus com o fato de que a morte veio em conseqüência do pecado, sendo, portanto, representação do pecado. Uma novilha, uma arca e uma serpente ardente apontam com insistência para uma grande oferta -- o sacrifício de Cristo. T4 120 3 Essa novilha devia ser vermelha, o que era símbolo de sangue. Tinha de ser sem mancha nem defeito e nunca ter estado sob jugo. Cristo novamente é aqui representado. O Filho de Deus veio voluntariamente para realizar a obra da expiação. Não havia sobre Ele jugo obrigatório; pois era independente e acima de toda a lei. Os anjos, como inteligentes mensageiros divinos, achavam-se sob o jugo da obrigação; nenhum sacrifício pessoal deles poderia expiar a culpa do homem caído. Somente Cristo estava livre dos reclamos da lei para empreender a redenção da raça pecadora. Tinha Ele poder para depor a vida e para retomá-la. "Pois Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus." Filipenses 2:6. T4 121 1 No entanto, esse Ser glorioso amou o pobre pecador e tomou sobre Si a forma de servo para que pudesse sofrer e morrer em lugar do homem. Jesus poderia ter ficado à destra do Pai, usando a coroa e as vestes reais. Mas preferiu trocar as riquezas, honra e glória do Céu pela pobreza da humanidade, e Sua posição de alto comando pelos horrores do Getsêmani e a humilhação e agonia do Calvário. Tornou-Se um Varão de dores e experimentado nos trabalhos, a fim de que por Seu batismo no sofrimento e sangue pudesse purificar e redimir um mundo culpado. "Eis aqui venho", foi o prazenteiro assentimento, para "fazer a Tua vontade, ó Deus Meu." Salmos 40:7, 8. T4 121 2 A novilha sacrifical era conduzida para fora do arraial e morta da maneira mais impressionante. Assim Cristo sofreu fora das portas de Jerusalém, pois o Calvário se achava fora dos muros da cidade. Isto se destinava a mostrar que Cristo não morreu pelos hebreus somente, mas por toda a humanidade. Ele proclama ao mundo caído que veio a fim de ser seu Redentor, e insta com os homens a que aceitem a salvação que lhes oferece. Morta a novilha do modo mais solene, o sacerdote, trajando vestes puramente brancas, tomava nas mãos o sangue quando jorrava do corpo da vítima, e lançava-o em direção do templo sete vezes. "E tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa." Hebreus 10:21, 22. T4 121 3 O corpo da novilha era queimado e reduzido a cinzas, o que significava um sacrifício amplo e completo. As cinzas eram então reunidas por pessoa não contaminada pelo contato com morto, e colocadas num vaso que continha água provinda de uma corrente. Essa pessoa limpa e pura tomava então uma vara de cedro com estofo carmesim e um ramo de hissopo, e aspergia o conteúdo do vaso sobre a tenda e sobre o povo reunido. Esta cerimônia era repetida várias vezes, a fim de ser completa, e fazia-se como purificação do pecado. T4 122 1 Assim Cristo, em Sua própria justiça imaculada, depois de derramar Seu sangue precioso, penetra no lugar santo para purificar o santuário. E ali a corrente carmesim é empregada no serviço de reconciliar Deus com o homem. Poderá haver quem considere esse sacrificar da novilha como cerimônia destituída de significado; mas era celebrada por ordem de Deus, e tem profundo significado, que não perdeu sua aplicação ao tempo presente. T4 122 2 O sacerdote usava cedro e hissopo, mergulhando-os na água purificadora e aspergindo o imundo. Isto simbolizava o sangue de Cristo derramado para nos purificar das impurezas morais. A aspersão repetida ilustra o caráter completo da obra que tinha de ser realizada em favor do pecador arrependido. Tudo que ele possui tem de ser consagrado. Não só deve sua própria alma ser lavada de modo a ficar limpa e pura, mas deve ele empenhar-se em que a família, a administração doméstica, a propriedade e todos os seus pertences -- tudo seja consagrado a Deus. T4 122 3 Depois que a tenda fora aspergida com hissopo, acima da porta dos purificados era escrito: Não sou meu; Senhor, sou Teu. Assim deve ser com os que professam ser purificados pelo sangue de Cristo. Deus não é menos estrito hoje do que era nos tempos antigos. O salmista, em sua oração, refere-se a essa cerimônia simbólica quando diz: "Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve." "Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto." "Torna a dar-me a alegria da Tua salvação e sustém-me com um espírito voluntário." Salmos 51:7, 10, 12. T4 122 4 O sangue de Cristo é eficaz, mas precisa ser aplicado continuamente. Deus não só quer que Seus servos usem os recursos que lhes confiou para Sua glória, mas deseja que consagrem a si mesmos à Sua causa. Se vocês, meus irmãos, se tornam egoístas e estão retendo do Senhor aquilo que devem alegremente dar ao Seu serviço, necessitam então de que se lhes aplique completamente o sangue da aspersão,consagrando-os a Deus com todas as suas posses. T4 123 1 Meus mui respeitados irmãos, vocês não têm aquela devoção altruísta pelo trabalho de Deus como Ele lhes requer. Dedicaram sua atenção a questões temporais. Treinaram a mente para os negócios a fim de com isso serem beneficiados. Todavia, Deus os chama para mais íntima comunhão com Ele, a fim de que possa moldá-los e prepará-los para o Seu trabalho. Uma solene declaração foi feita ao antigo Israel de que o homem que permanecesse impuro e recusasse purificar-se, devia ser eliminado da congregação. Isto tem um significado especial para nós. Se naquele tempo era necessário que o impuro se purificasse pelo sangue da aspersão, quão imprescindível é para os que vivem nos perigos dos últimos dias, expostos às tentações de Satanás, terem diariamente o sangue de Cristo aplicado ao seu coração! "Porque, se o sangue dos touros e bodes e a cinza de uma novilha, esparzida sobre os imundos, os santificam, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, Se ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?" Hebreus 9:13, 14. T4 123 2 Ambos devem realizar muito mais do que têm feito em assumir as responsabilidades da obra do Senhor. Admoesto-os a despertarem de sua letargia, deixar a vã idolatria das coisas mundanas, e zelosamente assegurarem um título da herança imortal. Trabalhem enquanto é dia. Não ponham em perigo sua alma, deixando escapar oportunidades presentes. Não atribuam importância secundária a seus interesses eternos. Não coloquem o mundo à frente da religião, empenhando-se dia após dia em adquirir suas riquezas, enquanto o perigo da bancarrota eterna os ameaça. Cada dia os está levando para mais perto da final prestação de contas. Estejam prontos para entregar os talentos que lhes foram dados por empréstimo, com o aumento obtido por seu sábio emprego. T4 123 3 Vocês não podem aceitar sacrificar o Céu, ou pôr em risco a sua segurança. Não permitam que a sedução das riquezas os levem a negligenciar o tesouro imortal. Satanás é um inimigo astuto, e está sempre em seu encalço, lutando para enredá-los e efetuar a sua ruína. Estamos no tempo de espera; que os seus lombos estejam cingidos e sua luz brilhando, a fim de que possam esperar pelo Senhor quando retornar das bodas, de modo que quando Ele vier e bater, possam abrir-Lhe imediatamente. T4 124 1 Observem, irmãos, a primeira redução de sua luz, a primeira negligência da oração, o primeiro sintoma de cochilo espiritual. "Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo." Mateus 24:13. É pelo constante exercício de fé e amor que os crentes brilham como luzes no mundo. Vocês não estão se preparando devidamente para a vinda do Mestre se estiverem servindo a Mamom enquanto professam servir a Deus. Quando Ele aparecer, devem então apresentar-Lhe os talentos que sepultaram na terra, talentos negligenciados, abusados, mal-empregados -- um amor dividido. T4 124 2 Ambos têm professado ser servos de Cristo. Quão necessário é que obedeçam às instruções do Mestre e sejam fiéis a seus deveres. "Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus." 1 João 3:1. Esse amor é sem paralelo, dando aos homens a condição de filhos de Deus. Portanto, o Pai espera obediência da parte de Seus filhos; assim, Ele requer uma distribuição correta da propriedade que lhes depositou nas mãos. Não pertence a eles para ser usada para satisfação pessoal; mas é capital do Senhor, pelo qual eles Lhe são responsáveis. T4 124 3 Filhos do Senhor, quão preciosa é a promessa! Quão completa a expiação do Salvador por nossa culpa! O Redentor, com coração de inalterável amor, ainda pleiteia o Seu sagrado sangue em favor do pecador. As mãos feridas, o lado traspassado, os pés cravejados pleiteiam eloqüentemente em favor do homem caído, cuja redenção foi comprada por tão infinito preço. Oh, condescendência sem igual! Nem o tempo nem os acontecimentos podem diminuir a eficácia do sacrifício expiatório. Tal como a fragrante nuvem de incenso elevou aos Céus de modo aceitável, e Arão aspergiu o sangue sobre o propiciatório do antigo Israel e purificou o povo da culpa, assim os méritos do Cordeiro que foi morto são aceitos por Deus hoje como purificadores da contaminação do pecado. T4 124 4 "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação." Mateus 26:41. Há duras batalhas a enfrentar. Vocês devem revestir-se de toda a armadura da justiça, e provar-se fortes e verdadeiros no serviço do seu Redentor. Deus não deseja preguiçosos em Seu campo, mas colaboradores com Cristo, sentinelas vigilantes em seus postos, corajosos soldados da cruz, prontos para fazerem e ousarem todas as coisas pela causa em que estão alistados. T4 125 1 Não é riqueza nem intelecto que traz a felicidade; é o verdadeiro valor moral e o senso do dever cumprido. Vocês podem ter a recompensa do vencedor e permanecer perante o trono de Cristo para cantar Seus louvores no dia em que Ele reunir os Seus santos; mas as suas vestes precisam estar purificadas no sangue do Cordeiro, e a caridade deve lhes cobrir como uma vestimenta, e serem achados incontaminados e sem manchas. T4 125 2 João declara: "Depois destas coisas, olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; e clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro." Apocalipse 7:9, 10. "E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor, Tu sabes. E Ele disse-me: Estes são os que vieram de grande tribulação, lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus e O servem de dia e de noite no Seu templo; e Aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a Sua sombra. Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles, porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda lágrima." Apocalipse 7:13-17. ------------------------Capítulo 12 -- Exaltação própria T4 125 3 Prezado irmão N: T4 125 4 Em minha última visão o seu caso foi apresentado perante mim. Foi-me mostrado que há defeitos em seu caráter cristão que precisam ser vencidos antes que possa aperfeiçoar santidade no temor do Senhor. Você ama a verdade, mas precisa ser santificado por ela. Você não é egoísta nem mesquinho em hospitalidade ou em sustentar a causa da verdade; mas há um tipo de egoísmo que reside em seu coração. Está apegado à própria opinião e exalta o próprio julgamento sobre o de outros. Está em perigo de exaltar-se acima de seus irmãos. Você é exigente e inclinado a levar adiante as próprias idéias, independentemente de seus irmãos, porque considera sua inteligência e experiência superiores às deles. Nisto deixa de acatar a recomendação do apóstolo: "Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo." Filipenses 2:3. Você tem suas noções, seus propósitos e planos, e imagina que nunca podem estar incorretos. T4 126 1 Em seu lar você tem sempre assumido exageradamente a direção das coisas. Tem se sentido aborrecido e ferido quando suas opiniões ou planos são contrariados, em vez de fazer concessões ou aceitar a posição daqueles que se lhe opõem, considerando que eles, como você mesmo, têm direito a julgamento independente. Não podia suportar que sua família questionasse seus planos, ou oferecesse sugestões que difiram de suas opiniões. Em conseqüência desse desagradável estado de coisas, sua família geralmente tem renunciado os próprios desejos em favor dos seus, e permitido que você faça as coisas a seu modo, a fim de preservar a harmonia no lar. Portanto, em sua família tem prevalecido muita tolerância e paciente condescendência para com seus caprichos. Isso lhe parece somente um adequado reconhecimento de sua legítima autoridade; você considera isso como administração correta e sensata de sua parte. T4 126 2 Toda vez que sua determinação de exercer a todo custo o próprio julgamento tem levado seus amigos ao extremo oposto e a sentirem desprezo pelo seu espírito arbitrário, você tem sentido e sugerido que toda essa oposição foi instigada pelas tentações do inimigo. Isso o tem tornado mais persistente em pôr em prática as próprias idéias, sem levar em conta os desejos de outros. T4 126 3 Você está em perigo de ter problemas pela sua indisposição de conceder liberdade de julgamento e opinião àqueles que estão relacionados com você. Convém que se lembre que as opiniões e métodos deles podem ser-lhes tão caros quanto lhe são os seus. Corremos o risco de perder de vista este fato quando censuramos outros por não concordarem conosco. Você controla os membros de sua família com muita rigidez. É muito meticuloso ao estabelecer-lhes "regra sobre regra" e "preceito sobre preceito"; e se alguém aventurar-se em divergir de você, isso somente o torna mais determinado a agir segundo a própria opinião, e mostrar que você é o mestre em sua própria casa, e que não devem interferir. T4 127 1 Parece considerar ser-lhe suficiente dizer que algo deve ser feito para que isso seja executado exatamente como indicou. Desse modo arbitrário, muitas vezes você coloca sua opinião e julgamento entre a sua família e o bom senso dela sobre o que é certo e apropriado naquelas circunstâncias. Você cometeu um triste erro em suplantar a vontade e julgamento de sua esposa, e requerer dela inquestionável submissão a sua sabedoria superior ou trazer discórdia ao seu lar. T4 127 2 Não deve procurar reger as ações de sua esposa, ou tratá-la como uma dependente servil. Nunca se eleve acima dela, desculpando-se por pensar: "Ela é inexperiente e inferior a mim." Nunca busque sem razão dobrar a vontade dela à sua, pois ela tem uma individualidade que nunca pode ser imersa na sua. Tenho visto muitas famílias fracassarem por causa do autoritarismo do líder, quando por consulta e acordo tudo podia ter caminhado harmoniosamente e bem. T4 127 3 Meu irmão, você é muito presunçoso. Saiu de seu próprio território para exercer autoridade. Imagina que entende a melhor forma de realizar o trabalho na cozinha. Você tem suas idéias peculiares de como tudo deve ser feito em assunto de trabalho, e espera que todos se adaptem como máquinas a suas idéias, e observem a ordem particular que lhe agrada. T4 127 4 Esses esforços para colocar os seus amigos numa posição em que pacificamente cedam todo desejo e inclinação à sua vontade são vãos e fúteis. Nem todas as mentes são moldadas de forma semelhante -- e é bom que assim seja -- pois se fossem exatamente iguais, haveria menos harmonia e adaptabilidade natural de uns para com os outros do que agora. Mas todos nós somos representados como sendo membros do corpo, unidos em Cristo. Nesse corpo há vários membros, e um dos membros não pode preencher exatamente a mesma função de outro. Os olhos são feitos para ver, e em caso algum podem realizar o trabalho dos ouvidos, que o de ouvir; nem podem os ouvidos tomar o lugar da boca, nem a boca realizar a função do nariz. No entanto, todos esses órgãos são necessários ao todo perfeito, e atuam em bela harmonia mútua. As mãos têm a sua função, e os pés têm a deles. Não deve um dizer ao outro: "Você é inferior a mim"; as mãos não podem dizer aos pés: "Não precisamos de vocês"; todos são unidos ao corpo para realizarem seu trabalho específico e devem ser igualmente respeitados, pois conduzem ao conforto e utilidade do todo perfeito. T4 128 1 Não é possível termos todos as mesmas opiniões nem podemos nutrir as mesmas idéias, mas deve uma pessoa ser um benefício e bênção a outra, de modo que o que falta a um, outro possa suprir. Você tem certas deficiências de caráter e tendências naturais que fazem com que lhe seja de proveito entrar em contato com mentes de constituição diferente, a fim de equilibrar a sua. Em vez de ficar superintendendo tão exclusivamente, você deve consultar a esposa para chegarem a decisões conjuntas. Você não estimula o esforço independente por parte de sua família; mas se não são seguidas escrupulosamente suas decisões específicas, demasiadas vezes você critica os faltosos. T4 128 2 Fossem sua esposa e outros membros de sua família sem tato ou habilidade, você seria mais desculpável por tomar as rédeas totalmente nas próprias mãos; mas não sendo este o caso, sua conduta é inteiramente injustificável. Após você ter-lhes informado bondosamente a respeito de seus pontos de vista quanto ao cozinhar e a administração de assuntos domésticos, e exposto quais são os seus desejos a esse respeito, não prossiga, mas deixe-os empregarem suas sugestões como decidirem. Há muito mais probabilidade de serem influenciados a contentá-lo do que se você recorresse a medidas autoritárias. E mesmo que não se adaptem a suas opiniões, não persista em determinar que tudo seja feito a seu modo. Deve lembrar-se que a independência natural de outros deve ser respeitada. Se sua esposa realiza o seu trabalho do modo que lhe é conveniente, você não tem o direito de interferir nos seus assuntos, e atormentá-la e sobrecarregá-la com suas muitas sugestões e críticas quanto à administração dela. T4 129 1 Você tem muitos traços de caráter positivos e generosos. Para com os de fora de sua própria família, em geral, você é um homem cortês e amável. Talvez isso se atribua, em alguma medida, ao fato de que não ousa revelar sua disposição natural a ninguém, exceto àqueles a quem considera grandemente seus inferiores. Se sua superioridade não for suficientemente reconhecida na sociedade, decide que o será em casa, onde julga que ninguém se atreverá a questionar suas reivindicações. T4 129 2 Você deve empenhar-se diligentemente em efetuar uma mudança em si mesmo. Se estiver disposto a sacrificar o seu egoísmo, sua disposição autoritária, suas idéias e noções favoritas, pode ter um lar pacífico e feliz sobre o qual os anjos se deleitarão em vigiar. É mais agradável fazer prevalecer a sua vontade do que ver uma apropriada liberdade de ação e de pensamento em seu lar? A sua casa nem sempre é o que devia ser; mas você é a principal causa de discórdia ali. Se você é representante de Cristo na Terra, não represente mal, eu lhe apelo, ao seu bendito Redentor, que foi manso e bondoso, gentil e perdoador. T4 129 3 É algo digno de sua consideração o fato de que é coisa difícil para aqueles que possuem mente e idéias saudáveis atuarem precisamente no esquema que outra pessoa lhes traçou. Portanto, você não tem direito moral de perturbar sua esposa e família com seus caprichos e noções petulantes com respeito às atividades deles. Ser-lhe-á difícil mudar de imediato o seu modo de agir; mas tome firme resolução de que não entrará em sua cozinha a menos que seja para encorajar os esforços e elogiar a administração daqueles que estão trabalhando ali. Que o elogio tome o lugar da censura. T4 130 1 Cultive traços de caráter opostos àqueles que são aqui reprovados. Busque desenvolver bondade, paciência, amor e todas as virtudes que terão influência transformadora em seu lar e que iluminarão a vida de seus familiares e amigos. Confesse que agiu mal, e então dê meia-volta e se esforce por ser justo e correto. Não se empenhe em tornar sua esposa uma escrava de sua vontade, mas pela bondade e desejo altruísta de propiciar-lhe conforto e felicidade, atraia-a em íntima simpatia com você. Dê-lhe uma oportunidade de exercer as próprias faculdades, e não tente distorcer-lhe a mente e moldar seu discernimento até que ela perca sua identidade mental. T4 130 2 Ela é filha de Deus e mulher de fina capacidade e bom gosto, que tem modesta opinião a seu próprio respeito. Mas você tem por tanto tempo lhe ditado o que fazer e desencorajado o seu pensamento independente que isso teve influência para fazer com que ela se fechasse em si mesma e deixasse de desenvolver a nobre feminilidade que lhe pertence por direito. Ao considerar com sua esposa questões que lhe afetam os próprios interesses, bem como os seus, você sabe que se ela expressa opinião contrária à sua, um sentimento de contrariedade é suscitado no seu coração, e o eu toma posse de você e exclui aquele sentimento de respeito que deve nutrir naturalmente em relação à companheira de sua vida. T4 130 3 O mesmo espírito que você exerce em casa será manifesto mais ou menos em seu relacionamento na igreja. Sua vontade determinada, suas firmes opiniões serão estimuladas e transformadas em poder dominante tanto quanto possível. Isso nunca funcionará; você deve sentir a necessidade de ocasionalmente submeter seu critério ao de outros, e não persistir em sua posição num grau que freqüentemente se aproxima da obstinação. Se você deseja obter a bênção diária de Deus, deve ajustar seu temperamento dominador, e fazê-lo corresponder ao Modelo divino. T4 130 4 Com freqüência inconscientemente indispõe sua esposa contra você mesmo porque não reveste suas palavras e atos com aquela ternura que devia. Assim diminui o amor dela por você, e promove uma frieza que está penetrando sorrateiramente em seu lar. Se pensar menos em si mesmo e mais nos tesouros de seu lar, dando a devida consideração aos membros de sua família, permitindo-lhes apropriado exercício de opinião individual, atrairá uma bênção sobre si mesmo e sobre eles, e aumentará o respeito que eles têm por você. T4 131 1 Tem-se inclinado a considerar com certo desprezo os seus irmãos que erraram, e que, devido ao temperamento natural deles, acharam difícil vencer os males que os assediavam. Mas Jesus deles Se compadece; Ele os ama e suporta as fraquezas deles, tanto quanto as suas. Comete um erro em exaltar-se acima dos que não são tão fortes como você. Erra em encerrar-se num espírito de justiça própria, agradecendo a Deus por não ser como os demais homens, pois sua fé e zelo excedem à daqueles pobres e fracos que lutam por fazer o que é certo sob desânimo e escuridão. T4 131 2 Anjos de um Céu puro e santo vêm a este mundo poluído para compadecer-se dos fracos, dos mais desamparados e necessitados, enquanto o próprio Cristo desceu de Seu trono para ajudar exatamente esses. Você não tem o direito de manter-se afastado desses vacilantes, nem insistir em sua marcante superioridade sobre eles. Esteja mais em harmonia com Cristo, compadecendo-se dos errantes, erguendo as mãos frouxas, fortalecendo os joelhos trementes, e animando os corações temerosos para que sejam fortes. Compadeça-se e ajude-os, tal como Cristo teve misericórdia de você. T4 131 3 Você tem desejado trabalhar para o Mestre. Aqui há trabalho a fazer que Lhe será aceitável -- trabalho que os próprios anjos estão empenhados em levar adiante. Você poderá ser um colaborador com eles. Mas nunca será chamado a pregar a palavra ao povo. Você pode, de maneira geral, ter conhecimento correto de nossa fé, mas faltam-lhe as qualificações de um professor. Não tem habilidade de adaptar-se às necessidades e forma de agir de outros. Não tem volume suficiente de voz. Mesmo em reuniões de comissão, você fala baixo demais para ser ouvido pelos que estão reunidos. Também, meu prezado irmão, freqüentemente corre o risco de ser tedioso. Mesmo em pequenas reuniões, seus comentários são por demais longos. Cada palavra do que diz pode ser verdadeira, mas a fim de encontrar acesso à alma, deve ser acompanhada de poder espiritual fervoroso. O que dizemos deve estar na medida exata e não ser tão longo que canse os ouvintes, do contrário o assunto não encontrará guarida no coração deles. T4 132 1 Há abundância de trabalho para todos. Você, meu prezado irmão, pode com toda a segurança prestar bons serviços para o Senhor, auxiliando os que precisam de ajuda. Poderá sentir que seu trabalho nesta direção não é corretamente apreciado; mas lembre-se de que a obra de nosso Salvador foi também subestimada por aqueles a quem Ele beneficiava. Ele veio para salvar os que se haviam perdido; mas os mesmos a quem Ele buscou salvar, recusaram a Sua ajuda e finalmente O levaram à morte. T4 132 2 Se você fracassar noventa e nove vezes em cada cem, mas for bem-sucedido em salvar da ruína uma única alma, realizou um nobre trabalho pela causa do Mestre. Mas para ser cooperador de Jesus, você necessita de toda a paciência com aqueles por quem trabalha, não desdenhando a simplicidade da obra, mas olhando aos benditos resultados. Quando aqueles em benefício de quem trabalha não correspondem exatamente a sua expectativa, você freqüentemente diz no coração: "Deixe-os ir; não são dignos da salvação." Que seria se Cristo houvesse assim tratado os pobres desamparados? Ele morreu para salvar os miseráveis pecadores, e se você trabalha com o mesmo espírito e do mesmo modo indicado pelo exemplo dAquele a quem segue, deixando com Deus os resultados, não poderá absolutamente avaliar nesta vida a soma de benefícios que realizou. T4 132 3 Você tem a tendência de procurar trabalho mais elevado do que os que naturalmente se lhe apresentam. Busca influenciar somente os intelectuais e ilustres entre os homens. Mas esta classe certamente desapontará as suas expectativas. Se continuarem por muito tempo em transgressão, raramente sentirão plenamente sua condição perdida e sem esperança. Você deve trabalhar, como fez Cristo, com toda a humildade, e não perderá a sua recompensa. É tão nobre trabalhar entre os pequenos e humildes, conduzindo-os ao Salvador, como entre os ricos e poderosos. Acima de tudo, não assuma responsabilidades que não é capaz de desempenhar. T4 133 1 Deve ser feito todo o possível para tornar interessantes as reuniões de nosso povo. Você pode ser de grande auxílio nisso se seguir o roteiro apropriado. Especialmente devem nossas reuniões sociais ser apropriadamente dirigidas. Umas poucas palavras apropriadas com relação ao seu progresso na vida religiosa, ditas em voz clara, audível, de modo fervoroso, sem qualquer esforço de retórica, seriam edificantes a outros e uma bênção à própria alma. T4 133 2 Você precisa da influência enternecedora e subjugadora do Espírito de Deus sobre seu coração. Ninguém deve acolher a idéia de que apenas o conhecimento correto da verdade preencherá os requisitos de Deus. Amor e boa vontade que existem somente quando nossos caminhos são reconhecidos como corretos por nossos amigos não têm valor real, pois isto é natural ao coração não regenerado. Aqueles que professam ser filhos de Deus e caminham na luz não devem sentir-se aborrecidos ou irados quando o seu caminho é contrariado. T4 133 3 Você ama a verdade e está ansioso pelo seu progresso. Será colocado em várias circunstâncias a fim de que seja provado. Poderá desenvolver um verdadeiro caráter cristão se submeter-se à disciplina. Seus interesses vitais estão em jogo. O que mais precisa é de verdadeira santidade e um espírito de sacrifício próprio. Poderemos obter conhecimento da verdade e ler seus mistérios mais ocultos, e até mesmo dar nosso corpo para ser queimado por sua causa; contudo, se não tivermos amor e caridade, seremos "como o bronze que soa ou como o címbalo que retine". 1 Coríntios 13:1. T4 133 4 Cultive a disposição de considerar "os outros superiores a si mesmo". Filipenses 2:3. Seja menos auto-suficiente, menos confiante; cultive a paciência, a longanimidade e o amor fraternal. Esteja pronto a ajudar os que erram e tenha piedade e terna simpatia pelos que são fracos. Não precisa deixar o seu negócio a fim de glorificar o Senhor; mas pode, dia após dia, em cada ato e palavra, enquanto seguindo suas atividades costumeiras, honrar Aquele a quem serve, desse modo influenciando para o bem todos com quem entra em contato. T4 133 5 Seja cortês, bondoso e perdoador para com os outros. Que o eu mergulhe no amor de Jesus, para que você possa honrar o Seu Redentor e realizar a obra que Ele lhe designou. Quão pouco você sabe das aflições das pobres almas que têm estado presas nas cadeias das trevas e que têm falta de determinação e poder moral. Empenhe-se para entender a fraqueza dos outros. Ajude os necessitados, crucifique o eu e permita que Jesus tome posse de sua alma a fim de que tenha condições de pôr em prática os princípios da verdade em seu viver diário. Então você será, como nunca antes, uma bênção para a igreja e para todos aqueles com quem entra em contato. ------------------------Capítulo 13 -- Missionários no lar T4 134 1 Querida irmã: T4 134 2 Foi-me mostrado que você tem certas faltas e deve sentir a importância de corrigi-las a fim de que desfrute a bênção de Deus. Muitas das provas que lhe sobrevieram foram provocadas por sua liberdade de falar. Você julga ser uma virtude falar abertamente e dizer às pessoas claramente o que pensa delas e de seus atos. Chama a isto de franqueza; mas é absoluta descortesia, e suscita a combatividade daqueles com quem você entra em contato. Se os outros a tratassem da mesma forma, seria mais do que pode suportar. Os que estão acostumados a falar aberta e severamente aos outros não se agradam em receber o mesmo tratamento. T4 134 3 Causou a si mesma muitos aborrecimentos que poderiam ter sidos evitados caso possuísse um espírito manso e quieto. Você provoca contenda; pois, quando sua vontade é contrariada, seu espírito se desperta para luta. Sua tendência para dominar é uma fonte constante de problemas para você mesma. Sua natureza tem se tornado ciumenta e desconfiada. Você é impaciente e desperta contenda ao apontar faltas e ao condenar precipitadamente. Por tanto tempo tem cultivado um espírito de vingança, que está continuamente necessitando da graça de Deus para suavizar e subjugar a sua natureza. O querido Salvador declarou: "Bendizei os que vos maldizem e orai pelos que vos caluniam." Lucas 6:28. T4 135 1 Querida irmã, foi-me mostrado que você acarreta escuridão sobre a própria alma por demorar-se nos erros e imperfeições alheios. Nunca terá de responder pelos pecados das pessoas; mas você tem uma obra a fazer pela própria alma e pela família que ninguém mais pode fazer em seu lugar. Precisa crucificar o eu e controlar a disposição de exagerar as faltas de seus semelhantes e de falar impensadamente. Há assuntos sobre os quais poderá conversar com os melhores resultados. É sempre seguro falar de Jesus, da esperança do cristão e das belezas de nossa fé. Permita que sua língua seja santificada para Deus, que sua fala possa ser sempre temperada com graça. "Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai." Filipenses 4:8. T4 135 2 A exortação do apóstolo deve ser explicitamente seguida. Há freqüentemente uma grande tentação de falar de coisas que não são de proveito ao que fala nem ao que ouve, mas que causam dano e rudeza a ambos. Nosso tempo de graça é muito curto para ser gasto em demorar-se sobre as faltas dos outros. Temos uma obra perante nós que requer a mais dedicada diligência e a mais estrita vigilância aliadas a oração incessante, ou seremos incapazes de vencer os defeitos de nosso caráter e imitar o Modelo divino. Devemos todos procurar imitar a vida de Cristo. Então exerceremos influência santificadora sobre aqueles com quem nos associamos. É coisa maravilhosa ser cristão -- verdadeiramente semelhante a Cristo, pacífico, puro e incontaminado. Querida irmã, Deus precisa estar conosco em todos os nossos esforços, ou eles de nada valerão. Nossas boas obras terminarão em justiça própria. T4 135 3 Na sua família há muito para ser corrigido. Você deixou de dar a seus filhos a atenção e animação de que precisam. Não os ligou ao coração pelas ternas cordas do amor. Seu trabalho é grande sobrecarga para seu tempo e energias, levando-a a negligenciar deveres domésticos. Mas você se tornou tão habituada a essa responsabilidade, que pareceria grande sacrifício abrir mão dela; todavia, se quiser fazer, seria em benefício de seu interesse espiritual, e para felicidade e bem moral de seus filhos. Far-lhe-ia bem pôr de lado seus complicados cuidados, e buscar um retiro no campo, onde não haja tão forte influência para corromper a moral dos jovens. T4 136 1 Na verdade, você não ficaria, no campo, inteiramente livre dos aborrecimentos e complicados cuidados; mas evitaria ali muitos males e fecharia a porta ao dilúvio de tentações que ameaçam dominar a mente de seus filhos. Eles precisam de ocupação e variedade. A monotonia de seu lar torna-os desassossegados e impertinentes, e contraíram o hábito de misturar-se com os rapazes viciados da cidade, obtendo assim uma educação de rua. T4 136 2 Você dedicou demasiado tempo a trabalho missionário não relacionado com nossa fé, e tem sido tão pressionada com os cuidados e responsabilidades que não acompanhou o andamento da obra de Deus para este tempo, e tem tido pouco tempo livre para tornar os limitados recintos de sua casa atraentes para seus filhos. Não considerou suas necessidades, nem entendeu sua ativa mente em desenvolvimento; portanto, reteve deles alegrias simples que sem dano os satisfariam. Não lhe custaria nada dar aos seus filhos mais atenção, e para eles isso teria o maior valor. T4 136 3 Viver no campo lhes será benéfico; vida ativa ao ar livre desenvolve a saúde tanto da mente como do corpo. Eles devem ter um jardim para cultivar, onde possam encontrar ocupação agradável e útil. O estudo de plantas e flores tende a melhorar o gosto e o discernimento, enquanto que a familiaridade com a bela e útil criação de Deus tem uma influência enobrecedora e refinadora sobre a mente, levando-a ao Criador e Senhor de todos. T4 136 4 O pai de seus filhos era rude, impiedoso, insensível, frio e severo no relacionamento com eles, rígido em sua disciplina e injusto em suas exigências. Era homem de temperamento peculiar, envolvido consigo mesmo, que pensava somente no próprio prazer e procurava meios de satisfazer a si mesmo e assegurar a estima de outros. Sua indolência e seus hábitos perniciosos, juntamente com sua falta de simpatia e amor por você e os filhos, em pouco tempo afastaram dele suas afeições. Sua vida foi cheia de provas difíceis e peculiares, enquanto ele era totalmente indiferente às suas preocupações e responsabilidades. T4 137 1 Essas coisas deixaram sua impressão sobre você e seus filhos. Elas especialmente tendiam a distorcer o seu caráter. Você desenvolveu quase inconscientemente um espírito independente. Percebendo que não podia depender de seu marido, tomou a atitude que julgou melhor sem consultá-lo. Como não foram apreciados os seus melhores esforços, mentalmente dispôs-se a seguir adiante segundo o seu melhor discernimento, independentemente de censura ou aprovação. Consciente de ser desprezada e mal interpretada por seu marido, você alimentou um sentimento de amargura contra ele, e quando censurada revidava àqueles que lhe questionavam a atitude. T4 137 2 Mas conquanto tenha reconhecido plenamente as faltas de seu marido, deixou de reconhecer as suas. Tem errado em falar das falhas dele aos outros, cultivando assim o gosto por demorar-se sobre tópicos desagradáveis, e mantém os seus desapontamentos e aflições constantemente diante de si. Assim, desenvolveu o hábito de salientar ao máximo seus sofrimentos e dificuldades, muitos dos quais você ocasiona por exagero e por falar aos outros. T4 137 3 Se desviar a sua atenção de aborrecimentos exteriores e centralizá-los sobre sua família, será mais feliz e se tornará um instrumento para fazer o bem. O próprio fato de seus filhos não terem tido o apropriado conselho e exemplo de um pai torna forçoso que você seja mãe terna e dedicada. O seu dever está mais em seu lar e com a sua família. Há ali um verdadeiro trabalho missionário a cumprir. Essa responsabilidade não pode ser transferida a outro; é a obra vitalícia que Deus lhe designou. T4 138 1 Ao dedicar-se totalmente a detalhes dos negócios, está roubando de si mesma tempo para meditação e oração, e sonegando de seus filhos o paciente cuidado e atenção que eles têm o direito de reivindicar de sua mãe. Julga que pode apressar-se com as muitas tarefas, mais fácil e mais rápido do que pode pacientemente ensinar os filhos a executá-las para você; contudo, seria muito melhor pôr certas responsabilidades sobre eles e instruí-los a serem úteis. Isso os encorajaria e os ocuparia, bem como a aliviaria em parte. T4 138 2 Dedica tempo considerável àqueles que não têm nenhuma reivindicação especial sobre você, e ao fazê-lo negligencia os sagrados deveres de mãe. Deus não lhe designou muitas das responsabilidades que você tem assumido. Tem visitado e auxiliado os que não precisam da metade do tempo e cuidado que seus filhos exigem, os quais estão agora formando caráter para o Céu ou para a perdição. Deus não a sustentará ao ministrar a muitos que realmente estão sofrendo sob a maldição de Deus em resultado de sua vida dissoluta e ímpia. T4 138 3 A primeira e grande ocupação de sua vida é ser uma missionária no lar. Revista-se de humildade, paciência, tolerância e amor, realizando o trabalho que Deus lhe ordenou, e que ninguém mais pode fazer por você. É um trabalho pelo qual será responsabilizada no dia da retribuição. A bênção de Deus não pode repousar sobre um lar mal disciplinado. A bondade e a paciência devem reinar no lar para torná-lo feliz. T4 138 4 Do ponto de vista do mundo, o dinheiro é poder; mas do ponto de vista cristão, o amor é poder. Há força intelectual e espiritual envolvida neste princípio. O amor puro tem especial eficácia para o bem, e não pode fazer senão o bem. Ele previne a discórdia e o sofrimento e leva à verdadeira felicidade. A riqueza freqüentemente é uma influência corruptora e destruidora; a força é forte para ferir; mas a verdade e a bondade são características do amor puro. T4 138 5 Minha irmã, se pudesse ver a si mesma como Deus a vê, ficaria claro em sua mente que sem uma completa conversão você não poderá entrar no reino de Deus. Se tivesse em mente que com a medida com que medir outros será também medida, seria mais cautelosa em sua conversa e mais moderada e perdoadora em sua disposição. Cristo veio ao mundo para sujeitar toda resistência e autoridade a Si, mas Ele não reivindica obediência pela força do argumento ou pela voz de comando; Ele andou fazendo o bem, e ensinou a Seus seguidores as coisas que pertencem à sua paz. Não despertou contenda, não Se ressentiu de ataques pessoais, mas enfrentou com mansa submissão os insultos, as falsas acusações e os cruéis açoites daqueles que O odiavam e O condenaram à morte. Cristo é o nosso exemplo. Sua vida é uma ilustração prática de Seus ensinos divinos. Seu caráter é uma manifestação viva da maneira de fazer o bem e vencer o mal. T4 139 1 Você tem abrigado ressentimento contra o seu marido e outros que a ofenderam, todavia tem deixado de perceber onde errou e tornou as coisas piores pela própria atitude errada. Seu espírito tem sido amargo contra aqueles que lhe fizeram injustiça, e seus sentimentos têm se extravasado em reprovação e censura. Isso lhe deu alívio momentâneo a seu sobrecarregado coração, mas deixou uma cicatriz duradoura sobre sua alma. A língua é um pequeno membro, mas você cultivou seu uso impróprio até que isso se transformou num fogo consumidor. T4 139 2 Todas essas coisas têm contribuído para impedir seu progresso espiritual. Mas Deus vê quão difícil para você é ser paciente e perdoadora, e Ele sabe como Se compadecer e ajudar. Ele requer que você reforme a vida e corrija seus defeitos. Deseja que seu espírito resoluto e inflexível seja subjugado por Sua graça. Você deve buscar a ajuda de Deus, pois precisa de paz e quietude em vez de agitação e discórdia. A religião de Cristo ordena-lhe agir menos por impulso, e mais por prudência santificada e sereno discernimento. T4 139 3 Você permite que as circunstâncias lhe afetem em demasia. Deixe que vigilância e oração diárias sejam sua salvaguarda. Então os anjos de Deus estarão ao seu redor para lançar luz clara e preciosa sobre sua mente e sustê-la com força celestial. Sua influência sobre os filhos e sua atitude para com eles devem ser de molde a atrair esses santos visitantes a sua habitação para que possam ajudá-la em seus esforços de tornar a sua família e o seu lar aquilo que Deus gostaria que fossem. Quando você experimenta lutar independentemente na própria força, os anjos celestiais são repelidos e se retiram pesarosos de sua presença, deixando-a lutar sozinha. T4 140 1 Seus filhos têm o timbre de caráter que seus pais lhes transmitiram. Quão cuidadoso, portanto, deve ser seu tratamento para com eles; quão ternamente você deve repreender e corrigir-lhes as faltas. Você é muito rigorosa e exigente, e tem freqüentemente lidado com eles quando agitada e irada. Isso tem quase desfeito o áureo laço de amor que une o coração deles ao seu. Você deve impressionar sempre seus filhos com o fato de que os ama, que está trabalhando no seu interesse, que a felicidade deles lhe é muito cara, que pretende fazer apenas o que for para o bem deles. T4 140 2 Deve satisfazer seus pequenos desejos sempre que for razoável fazê-lo. Sua residência atual permite apenas pouca variedade de recreação à irrequieta mente juvenil de seus filhos; e cada ano a dificuldade aumenta. No temor de Deus, sua primeira consideração deve ser para com seus filhos. Como mãe cristã, suas obrigações para com eles não são simples nem pequenas; e a fim de atendê-los apropriadamente, você deve pôr de lado algumas de suas outras responsabilidades e dedicar tempo e energia a essa tarefa. O lar de seus filhos deve ser para eles o lugar mais desejável e feliz do mundo, e a presença da mãe deve ser a maior atração. T4 140 3 O poder de Satanás sobre os jovens desta época é terrível. A menos que a mente deles esteja firmemente equilibrada por princípios religiosos, sua moralidade será corrompida pelas crianças de maus costumes com as quais entram em contato. Você julga que entende tais coisas, mas deixa de compreender plenamente o poder sedutor do mal sobre a mente dos jovens. O maior perigo deles é a falta de apropriada instrução e disciplina. Pais condescendentes não ensinam aos filhos a abnegação. O próprio alimento que colocam diante dos filhos é de molde a irritar o delicado revestimento do estômago. Essa excitação é comunicada ao cérebro através dos nervos, e o resultado é que as paixões sensuais são despertadas e controlam as faculdades morais. A razão é assim tornada serva das qualidades inferiores da mente. Tudo que for levado para o estômago e convertido em sangue, torna-se uma parte do ser. As crianças não devem ter permissão de comer alimentos prejudiciais, tais como carne de porco, salsichas, condimentos, bolos e pastelarias requintados; pois, ao assim fazerem, o seu sangue se torna febril e o sistema nervoso indevidamente excitado, e os princípios morais ficam em perigo de ser afetados. É impossível que alguém viva intemperantemente com respeito ao regime alimentar e ainda retenha boa medida de paciência. Nosso Pai celestial enviou a luz da reforma de saúde para proteger contra os males resultantes de um apetite depravado, a fim de que os que amam a pureza e a santidade possam usar com prudência as boas coisas que Ele lhes têm propiciado e, ao exercer a temperança em seu viver diário, sejam santificados através da verdade. T4 141 1 Você não é coerente no tratamento para com os filhos. Às vezes lhes satisfaz os desejos para dano deles, enquanto outras vezes recusa algumas inocentes alegrias que os tornam muito felizes. Volve-se deles com impaciência e zomba de seus pedidos simples, esquecendo-se de que eles podem desfrutar alegrias que a você parecem tolas e infantis. Você não rebaixa a dignidade de sua condição e idade ao compreender e atender aos desejos de seus filhos. Nisso você deixa de imitar Jesus. Cristo Se identificou com os humildes, os necessitados e os aflitos. Tomou as criancinhas em Seus braços e desceu ao nível dos jovens. Seu grande coração de amor podia compreender as provas e necessidades, e desfrutou da felicidade deles. Seu espírito, cansado da agitação e confusão das multidões da cidade e farto da associação com homens astutos e hipócritas, encontrou repouso e paz na associação com inocentes crianças. Sua presença jamais as repeliu. A Majestade do Céu condescendeu em responder a suas perguntas e simplificou Suas importantes lições para adaptá-las a seu entendimento infantil. Ele plantou em sua mente jovem e em expansão as sementes da verdade que haveriam de brotar e produzir fruto abundante na maturidade. T4 142 1 Nas crianças que Lhe foram trazidas para que pudesse abençoar, Ele viu futuros homens e mulheres que deviam ser herdeiros de Sua graça e súditos de Seu reino, alguns dos quais se tornariam mártires por causa de Seu nome. Certos discípulos intolerantes ordenaram que as crianças fossem retiradas para que não perturbassem o Mestre; mas, ao estarem sendo afastadas em tristeza, Cristo repreendeu os discípulos dizendo: "Deixai os pequeninos e não os estorveis de vir a Mim, porque dos tais é o reino dos Céus." Mateus 19:14. T4 142 2 Ele sabia que essas crianças aceitariam Seus conselhos e O receberiam como seu Redentor, ao passo que os que eram sábios segundo o mundo e de coração endurecido estariam menos dispostos a segui-Lo e encontrar um lugar no reino de Deus. Esses pequenos, vindo a Cristo e recebendo Seu conselho e bênção, tiveram Sua imagem e Suas graciosas palavras estampadas na mente maleável, para jamais serem apagadas. Devemos aprender uma lição deste ato de Cristo, de que o coração dos jovens é mais suscetível aos ensinos do cristianismo, mais fácil de ser influenciado para a piedade e a virtude e mais forte para reter as impressões recebidas. Mas esses jovens em tenra idade devem ser abordados com bondade e ensinados com amor e paciência. T4 142 3 Minha irmã, ligue seus filhos ao coração pelo afeto. Dedique-lhes o devido cuidado e atenção em todas as coisas. Dê-lhes roupas apropriadas para que não sejam humilhados por sua aparência, pois isso seria prejudicial ao respeito próprio deles. Você tem visto que o mundo se dedica ao vestuário e à moda, negligenciando o ornamento pessoal da mente e da moral; mas, ao evitar esse mal, você pende para o outro extremo e não dá a devida atenção ao próprio vestuário e ao de seus filhos. É sempre correto estar asseada e bem vestida, de maneira adequada a sua idade e posição social. T4 142 4 Ordem e limpeza é a lei do Céu; e para estar em harmonia com o plano divino, é nosso dever ser asseados e ter bom gosto. Suas idéias sobre esse assunto são pervertidas. Enquanto condena a extravagância e a vaidade do mundo, cai no erro de levar a economia ao ponto da mesquinhez. Nega-se aquilo que é correto e apropriado ter, e que Deus tem lhe concedido recursos para obter. Você não se veste adequadamente nem a seus filhos. Nossa aparência exterior não deve desonrar Aquele que professamos seguir, mas deve glorificar a Sua causa. T4 143 1 O apóstolo diz: "Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; que façam o bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente e sejam comunicáveis." 1 Timóteo 6:17, 18. Os seus recursos lhe são concedidos para empregar onde necessário, não para serem entesourados para destruição na grande conflagração. Você é aconselhada a desfrutar as boas dádivas do Senhor, e deve usá-las para o próprio conforto, para propósitos caritativos e para boas obras que façam avançar a Sua causa, assim ajuntando para si mesma tesouros no Céu. T4 143 2 Muitas de suas aflições lhe têm sobrevindo, na sabedoria de Deus, para conduzi-la para mais perto do trono da graça. Ele abranda e reprime Seus filhos através de sofrimentos e provas. Este mundo é Sua oficina de trabalho, onde nos modela para as cortes celestiais. Ele usa a plaina em nosso agitado coração até que as arestas e irregularidades sejam removidas e estejamos aptos para ocupar nosso lugar no edifício celestial. Através da tribulação e aflição, o cristão se torna purificado e fortalecido, desenvolvendo caráter segundo o modelo que Cristo deu. A influência de uma vida verdadeira e piedosa não pode ser medida. Alcança além do círculo imediato do lar e amigos, irradiando luz que ganha almas para Jesus. ------------------------Capítulo 14 -- Pronta obediência T4 144 2 Abraão era um homem idoso quando recebeu de Deus a impressionante ordem de oferecer seu filho Isaque como oferta queimada. Abraão, mesmo em sua geração, era considerado idoso. Desvanecera-se-lhe o ardor da juventude. Já não lhe era fácil suportar dificuldades e enfrentar perigos. No vigor da mocidade, o homem enfrenta a tempestade com altiva consciência de força, e ergue-se acima de desencorajamentos que em sua vida posterior lhe fariam o coração desfalecer, quando os seus passos vacilam rumo à sepultura. T4 144 3 Mas em Sua providência Deus reservou para Abraão sua última e mais aflitiva prova até o peso dos anos o oprimir e ele almejar por descanso da ansiedade e labuta. O Senhor lhe falou, dizendo: "Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas", "e oferece-o ali em holocausto." Gênesis 22:2. O coração do ancião paralisou-se de terror. A perda desse filho por doença teria sido um golpe duro àquele pai amoroso; ter-lhe-ia curvado de tristeza a fronte embranquecida. Mas agora eis que lhe é ordenado derramar com as próprias mãos o precioso sangue daquele filho. Parecia-lhe terrível impossibilidade. T4 144 4 Entretanto, Deus falara, e Sua palavra tinha de ser obedecida. Abraão era avançado em anos, mas isto não o desculpou de cumprir o dever. Agarrou o bordão da fé, e em muda agonia tomou pela mão o filho, belo na rosada saúde da juventude, e saiu para obedecer à palavra de Deus. O nobre e idoso patriarca era humano; suas paixões e laços afetivos eram como os nossos, e ele amava o rapaz, que era o consolo de sua velhice, e a quem fora dada a promessa do Senhor. T4 145 1 Mas Abraão não se deteve a duvidar de como as promessas de Deus poderiam cumprir-se, uma vez morto Isaque. Não parou para arrazoar com o sofrido coração, mas executou a ordem divina ao pé da letra, até que, exatamente quando o cutelo estava para ser mergulhado nas trêmulas carnes do filho, veio a ordem: "Não estendas a tua mão sobre o moço", "porquanto agora sei que temes a Deus e não Me negaste o teu filho, o teu único." Gênesis 22:12. T4 145 2 Esse grande ato de fé acha-se traçado nas páginas da história sagrada para brilhar no mundo como nobre exemplo até ao fim do tempo. Abraão não argumentou que sua idade avançada devia eximi-lo de obedecer a Deus. Não disse: "Tenho os cabelos brancos, foi-se-me o vigor da varonilidade; quem me consolará no final da minha vida, quando Isaque não mais existir? Como pode um pai idoso derramar o sangue de um filho único?" Não; Deus falara, e o homem devia obedecer sem questionar, nem murmurar, ou desfalecer pelo caminho. T4 145 3 Precisamos da fé de Abraão em nossas igrejas hoje, a fim de iluminar as trevas que ao redor delas se acumulam, excluindo a suave luz do amor divino e atrofiando o crescimento espiritual. A idade jamais nos desculpará de obedecermos a Deus. Deve nossa fé ser prolífera de boas obras; pois "a fé sem obras é morta". Tiago 2:26. Todo dever cumprido, todo sacrifício feito em nome de Jesus, traz uma excelente recompensa. No próprio ato de cumprir o dever, Deus fala e dá Sua bênção. Mas Ele requer de nós uma inteira consagração de nossas faculdades. O espírito e o coração, o ser todo, precisam ser dados a Ele, ou do contrário não atingiremos a norma de cristãos verdadeiros. T4 145 4 Deus não reteve do homem coisa alguma que lhe pudesse assegurar as riquezas eternas. Revestiu de beleza a Terra e adornou-a para uso e conforto do homem durante sua vida temporal. Deu Seu Filho a fim de que morresse para redenção de um mundo que caíra pelo pecado e loucura. Tão incomparável amor, sacrifício tão infinito, reclama nossa mais estrita obediência, nosso amor mais santificado e nossa ilimitada fé. Entretanto, todas estas virtudes, exercidas até o limite máximo, jamais se poderão comparar com o grande sacrifício feito por nós. T4 146 1 Deus requer pronta e implícita obediência à Sua lei. Mas os homens estão adormecidos ou paralisados pelos enganos de Satanás, que sugere desculpas e subterfúgios, e lhes vence os escrúpulos, dizendo, como dissera a Eva no Jardim: "Certamente não morrereis." Gênesis 3:4. A desobediência não só endurece o coração e a consciência do culpado, mas tende também a corromper a fé dos outros. Aquilo que a princípio se lhes afigurava muito errado, gradualmente perde este aspecto por estar constantemente perante a pessoa, até que finalmente esta duvida de que seja de fato pecado, e cai inconscientemente no mesmo erro. T4 146 2 Por meio de Samuel, Deus ordenou a Saul que ferisse os amalequitas, destruindo-lhes totalmente as posses. Mas Saul obedeceu apenas parcialmente à ordem; destruiu o gado inferior, mas reservou o melhor, e poupou o ímpio rei. No dia seguinte encontrou-se com o profeta Samuel, e gabando a si mesmo, disse: "Bendito sejas tu do Senhor; executei a palavra do Senhor." Mas o profeta respondeu imediatamente: "Que balido, pois, de ovelhas é este nos meus ouvidos, e o mugido de vacas que ouço?" 1 Samuel 15:13, 14. T4 146 3 Saul ficou confuso e procurou fugir à responsabilidade, respondendo: "De Amaleque [eles] as trouxeram; porque o povo perdoou ao melhor das ovelhas e das vacas, para as oferecer ao Senhor, teu Deus; o resto, porém, temos destruído totalmente." 1 Samuel 15:15. Samuel reprovou então o rei, lembrando-lhe a explícita ordem de Deus, mandando-lhe destruir tudo que pertencesse a Amaleque. Mostrou-lhe a transgressão e declarou que ele desobedecera ao Senhor. Mas Saul recusou-se a reconhecer que procedera mal; de novo desculpou seu pecado, alegando que reservara o melhor do gado para sacrificar ao Senhor. T4 146 4 Samuel ficou com o coração oprimido ante a persistência com que o rei se recusara a ver e confessar seu pecado. Disse tristemente: "Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor é do que a gordura de carneiros. Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniqüidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, Ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei." 1 Samuel 15:22, 23. T4 147 1 Não devemos olhar ao dever e adiar o seu cumprimento. Esse adiamento dá tempo para as dúvidas; insinua-se a incredulidade, é pervertido o juízo e obscurecido o entendimento. Por fim, as repreensões do Espírito de Deus não alcançam mais o coração da pessoa iludida, que se tornou tão cega que pensa não serem elas possivelmente planejadas para ele nem se aplicarem ao seu caso. T4 147 2 Vai passando o precioso tempo da graça e poucos reconhecem que este lhes é dado com o fim de se prepararem para a eternidade. As áureas horas são esbanjadas em atividades profanas, em prazeres, em absoluto pecado. É menosprezada e esquecida a lei de Deus; entretanto, não é menos obrigatório cada um de seus estatutos. Toda transgressão trará seu castigo. O amor do ganho mundano leva à profanação do sábado; entretanto, as reivindicações daquele santo dia não se acham atenuadas nem anuladas. O mandamento de Deus é claro e indiscutível nesse ponto; Ele nos proíbe absolutamente trabalhar no sétimo dia. Ele o pôs à parte como dia santificado a Ele. T4 147 3 Muitos são os empecilhos que atravessam o caminho dos que querem andar na obediência aos mandamentos de Deus. Há influências fortes e sutis que os ligam aos caminhos do mundo; mas o poder do Senhor pode romper essas cadeias. Ele removerá de diante dos pés dos fiéis todos os obstáculos, ou lhes dará força e ânimo para vencer todas as dificuldades, se Lhe buscarem fervorosamente o auxílio. Todos os obstáculos desaparecerão ante o sincero desejo e persistente esforço para fazer a vontade de Deus, seja qual for o preço para o próprio eu, mesmo que a própria vida seja sacrificada. A luz do Céu iluminará as trevas dos que, em aflição e perplexidade, forem para a frente, olhando para Jesus como autor e consumador de sua fé. T4 148 1 Nos tempos antigos, Deus falou aos homens pela boca de profetas e apóstolos. Nestes dias, Ele lhes fala por meio dos testemunhos do Seu Espírito. Nunca houve um tempo no qual Deus instruísse Seu povo mais intensamente do que os instrui agora a respeito de Sua vontade e da conduta que deseja que sigam. Mas aproveitarão eles os Seus ensinos? Receberão as Suas repreensões e acatarão as Suas advertências? Deus não aceitará obediência parcial; não aprovará nenhuma transigência com o próprio eu. ------------------------Capítulo 15 -- Os doze espias T4 148 2 O Senhor ordenou que Moisés enviasse homens a fim de espiarem a terra de Canaã, que Ele daria aos filhos de Israel. Um líder de cada tribo devia ser selecionado para esse propósito. Eles foram; e após quarenta dias retornaram de sua busca e se apresentaram perante Moisés, Arão e toda a congregação de Israel, mostrando-lhes os frutos da terra. Todos concordaram que era uma boa terra, e exibiram os ricos frutos que haviam trazido como evidência. Um cacho de uvas era tão grande que dois homens o carregavam sobre uma vara. Também trouxeram figos e romãs, que cresciam ali em abundância. Depois de haverem eles falado da fertilidade da terra, todos, com exceção de dois, mostraram-se desencorajados quanto a sua possibilidade de possuí-la. Disseram que os habitantes do lugar eram muito fortes; e que as cidades eram cercadas por grandes e elevados muros, e mais do que tudo, viram os filhos do gigante Anaque ali. Então descreveram como as pessoas se situavam ao redor de Canaã, e expressaram temor de que seria impossível um dia possuírem aquela terra. Quando o povo ouviu tal relatório, deu expansão ao seu desapontamento em amargas recriminações e queixas. Não se detiveram para refletir e raciocinar que Deus, que os havia conduzido até ali, certamente lhes daria a terra. Deixaram a Deus fora de questão. Agiram como se para tomar a cidade de Jericó, a porta para a terra de Canaã, devessem depender somente do poder das armas. Deus havia declarado que lhes daria a terra, e deviam ter plena confiança que Ele cumpriria Sua palavra. Mas seu coração insubmisso não estava em harmonia com Seus planos. Não refletiram sobre quão maravilhosamente Ele havia atuado em seu favor, trazendo-os para fora da escravidão egípcia, abrindo-lhes um caminho através das águas do mar e destruindo os exércitos perseguidores de Faraó. Em sua descrença estavam limitando a obra de Deus e desconfiando da mão que até ali os guiara com segurança. Neste caso, repetiram seu erro anterior de murmurar contra Moisés e Arão. "Este, pois, é o fim de todas as nossas elevadas esperanças", diziam. "Esta é a terra para cuja posse viajamos todo o caminho desde o Egito." Condenaram seus líderes por trazerem problemas sobre Israel e novamente os acusaram de enganar o povo e levá-lo a se perder. T4 149 1 Moisés e Arão lançaram-se prostrados perante Deus, com o rosto em terra. Calebe e Josué, os dois que, dentre todos os doze espias, confiaram na palavra de Deus, rasgaram as vestes em angústia quando perceberam que esses relatórios desfavoráveis haviam desencorajado todo o acampamento. Empenharam-se em argumentar com eles; mas a congregação estava cheia de loucura e desapontamento, e se recusaram a ouvir esses dois homens. Finalmente Calebe abriu caminho entre eles, e sua voz clara, sonora, foi ouvida acima do clamor de toda a multidão. Ele se opôs à opinião covarde de seus companheiros de espionagem, que haviam enfraquecido a fé e a coragem de todo o Israel. Pediu a atenção do povo, e eles contiveram suas queixas por um momento para ouvi-lo. Ele falou da terra que havia visitado. Disse ele: "Subamos animosamente e possuamo-la em herança; porque, certamente, prevaleceremos contra ela." Números 13:30. Mas, enquanto ele falava, os espias infiéis interromperam-no, clamando: "Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós." Números 13:31. T4 149 2 Esses homens, havendo começado em um caminho errado, endureceram o coração contra Deus, contra Moisés e Arão, e contra Calebe e Josué. Cada passo que avançavam nesta direção errada fazia-os mais firmes em seu desígnio de desanimar toda tentativa de possuir a terra de Canaã. Distorceram a verdade a fim de levar avante o seu malévolo propósito. Descreveram o clima como sendo insalubre, e todo o povo como sendo de gigantesca estatura. T4 150 1 Disseram eles: "Também vimos ali gigantes, filhos de Anaque, descendentes dos gigantes; e éramos aos nossos olhos como gafanhotos e assim também éramos aos seus olhos." Números 13:33. T4 150 2 Isto não foi apenas um mau relatório, mas também uma mentira. Era uma contradição; pois se a terra era insalubre e tinha prejudicado os seus habitantes, como tinham podido alcançar tal estatura como a que descreviam? Quando homens em posição de responsabilidade entregam o coração à incredulidade, não há limites ao progresso que farão no mal. Poucos reconhecem, quando começam nessa perigosa atitude, a extensão em que Satanás os conduzirá. T4 150 3 O mau relatório teve um terrível efeito sobre o povo. Eles acusavam cruelmente a Moisés e Arão. Alguns gemiam e choravam dizendo: "Ah! Se morrêramos na terra do Egito! Ou, ah! Se morrêramos neste deserto!" Números 14:2. Depois seus sentimentos se levantaram contra o Senhor; e choravam e lamentavam dizendo: "E por que nos traz o Senhor a esta terra, para cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos ao Egito? E diziam uns aos outros: Levantemos um capitão e voltemos ao Egito." Números 14:3, 4. T4 150 4 Assim manifestaram seu desrespeito por Deus e pelos líderes que Ele havia designado para conduzi-los. Não perguntaram ao Senhor o que deviam fazer, mas disseram: "Levantemos um capitão." Tomaram o assunto nas próprias mãos, julgando-se competentes para conduzir os negócios sem o auxílio divino. Não apenas acusaram Moisés de engano, mas também a Deus, ao prometer-lhes uma terra que não eram capazes de possuir. Na verdade, foram tão longe a ponto de designar alguém de seu grupo como capitão, para conduzi-los de volta à terra de seu sofrimento e escravidão, da qual Deus os havia livrado com Seu forte braço de onipotência. T4 151 1 Moisés e Arão ainda permaneceram prostrados perante Deus na presença de toda a assembléia, silenciosamente implorando a divina misericórdia para o rebelde Israel. Sua angústia era muito profunda para palavras. Novamente, Calebe e Josué adiantaram-se à frente, e a voz de Calebe novamente se ergueu em zelosa tristeza acima das queixas da congregação: "A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra muito boa. Se o Senhor Se agradar de nós, então, nos porá nesta terra e no-la dará, terra que mana leite e mel. Tão-somente não sejais rebeldes contra o Senhor e não temais o povo desta terra, porquanto são eles nosso pão; retirou-se deles o seu amparo, e o Senhor é conosco; não os temais." Números 14:7-9. T4 151 2 Os cananeus tinha enchido a medida de sua iniqüidade, e o Senhor não mais os toleraria. Sendo removida deles a Sua defesa, cairiam como fácil presa dos hebreus. Não estavam preparados para a batalha, pois sentiam-se tão fortes que se enganavam com a idéia de que nenhum exército era tão extraordinário para prevalecer contra eles. T4 151 3 Calebe lembrou ao povo de que pelo concerto de Deus a terra estava assegurada a Israel; mas o coração deles estava cheio de loucura, e não queriam mais ouvir. Se tão-somente dois tivessem apresentado um mau relatório, e todos os dez os tivessem encorajado a possuir a terra em nome do Senhor, ainda teriam tomado em conta o conselho dos dois de preferência aos dos dez, por causa de sua ímpia incredulidade. Mas havia apenas dois defendendo o direito, enquanto dez estavam em aberta rebelião contra seus líderes e contra Deus. T4 151 4 A maior agitação então assola o povo; suas piores paixões são despertadas, recusando dar ouvidos à razão. Os dez espias infiéis se unem a eles contra Calebe e Josué, e ergue-se o clamor para apedrejá-los. A multidão insana apanha pedras com as quais matariam aqueles homens fiéis. Avançam depressa com gritos loucos, quando eis que as pedras lhes caem das mãos, um silêncio lhes sobrevém e ficam trêmulos de terror. Deus Se havia interposto para impedir seu ímpio desígnio. A glória de Sua presença, como chama de luz, ilumina o tabernáculo, e toda a congregação contempla o sinal do Senhor. Alguém mais poderoso do que eles havia Se revelado, e ninguém ousa continuar em sua resistência. Todos os murmuradores silenciam e os espias que trouxeram o mau relatório se curvam dominados pelo terror, com respiração suspensa. T4 152 1 Moisés ergue-se de sua posição de humilhação e entra no tabernáculo para comungar com Deus. Então o Senhor propõe destruir imediatamente esse povo rebelde. Deseja fazer de Moisés uma nação maior do que Israel; mas o manso líder de Seu povo não consente com essa proposta. "E disse Moisés ao Senhor: Assim, os egípcios o ouvirão; porquanto com a Tua força fizeste subir este povo do meio deles. E o dirão aos moradores desta terra, que ouviram que Tu, ó Senhor, estás no meio deste povo, que face a face, ó Senhor, lhes apareces, que Tua nuvem está sobre eles e que vais adiante deles numa coluna de nuvem de dia e numa coluna de fogo de noite. E, se matares este povo como a um só homem, as nações, pois, que ouviram a Tua fama, falarão, dizendo: Porquanto o Senhor não podia pôr este povo na terra que lhes tinha jurado; por isso, os matou no deserto." Números 14:13-16. T4 152 2 Moisés novamente recusa que Israel seja destruído e ele próprio tornado uma nação mais poderosa do que eles. Este favorecido servo de Deus manifesta seu amor por Israel e demonstra seu zelo pela glória de seu Mestre e honra de Seu povo. Tu tens perdoado este povo desde o Egito até agora; Tu tens sido paciente e misericordioso até aqui para com essa nação ingrata. Embora seja indigna, Tua misericórdia é a mesma. Ele apela: Não os pouparás, portanto, ainda esta vez, acrescentando mais este pedido por divina paciência aos muitos que já concedeste? T4 152 3 Moisés prevaleceu com Deus para poupar o povo; mas por causa de sua arrogância e incredulidade, o Senhor não podia ir com eles para atuar de maneira miraculosa em seu benefício. Portanto, em Sua divina misericórdia ordenou-lhes que adotassem o roteiro mais seguro, e voltassem para o deserto na direção do Mar Vermelho. Decretou também que, como punição por sua rebelião, todos os adultos que deixaram o Egito, com exceção de Calebe e Josué, seriam para sempre excluídos de Canaã. Haviam falhado inteiramente em cumprir sua promessa de obediência a Deus, e isso O liberou da aliança que haviam tão repetidamente violado. Ele prometeu que seus filhos possuiriam a boa terra, mas declarou que seus corpos seriam sepultados no deserto. E os dez espias infiéis, cujo mau relatório havia induzido Israel a murmurar e se rebelar, foram destruídos pelo poder de Deus diante dos olhos do povo. T4 153 1 Quando Moisés tornou conhecida a Israel a vontade de Deus com respeito a eles, pareceram sinceramente arrependidos de sua conduta pecaminosa. O Senhor, porém, sabia que estavam sofrendo em resultado de sua má conduta, e não por estarem dominados pelo profundo senso de sua ingratidão e desobediência. O arrependimento deles, contudo, veio demasiado tarde; a justa ira de Deus foi despertada e sua sentença pronunciada, a qual não seria suspensa. Quando descobriram que o Senhor não voltaria atrás em Seu decreto, novamente manifestou-se a sua vontade própria, e declararam que não retornariam ao deserto. T4 153 2 Ao ordenar que se retirassem da terra de seus inimigos, Deus provou a aparente submissão deles e percebeu que ela não era real. Eles sabiam que tinham pecado profundamente ao permitir que seus sentimentos impetuosos os controlassem, e ao tentar matar os espias que haviam insistido com eles que obedecessem a Deus; mas estavam aterrorizados unicamente por descobrir que cometeram um erro terrível, cujas conseqüências lhes seriam desastrosas. O coração deles permaneceu inalterado, e precisavam apenas de uma desculpa para ocasionar uma rebeldia semelhante. Isto se apresentou quando Moisés, pela autoridade de Deus, ordenou-lhes que voltassem para o deserto. T4 153 3 Haviam-se rebelado contra as ordens de Deus quando Ele lhes ordenara que seguissem e tomassem a terra que lhes havia prometido, e agora, quando os instruiu a se afastarem dela, rebelaram-se igualmente insubordinados, e declararam que iriam à batalha contra seus inimigos. Cingiram-se com vestes e armaduras de guerreiros, e apresentaram-se perante Moisés, em sua própria opinião preparados para o conflito, mas lamentavelmente deficientes à vista de Deus e de Seu pesaroso servo. Recusaram ouvir as solenes advertências de seus líderes de que calamidade e morte seriam a conseqüência de sua arrogância. T4 154 1 Quando Deus lhes ordenou avançarem e tomarem Jericó, Ele prometeu que iria com eles. A arca contendo Sua lei devia ser um símbolo dEle. Moisés e Arão, os líderes designados de Deus, deviam conduzir a expedição sob Sua atenta direção. Com tal supervisão, nenhum mal lhes sobreviria. Mas agora, contrariamente à ordem de Deus e a solene proibição de seus líderes, sem a arca de Deus e sem Moisés, marchavam ao encontro dos exércitos inimigos. T4 154 2 Durante o tempo gasto pelos israelitas em sua ímpia insubordinação, os amalequitas e cananeus haviam-se preparado para a batalha. Os israelitas presunçosamente desafiaram o adversário que não ousara atacá-los; mas tão logo entraram no território inimigo, os amalequitas e cananeus os defrontaram com vigor, e os expulsaram decididamente, repelindo-os com grande perda. O campo da carnificina estava vermelho de sangue e os cadáveres espalhados pelo terreno. Foram inteiramente cercados e derrotados. Destruição e morte foram o resultado de sua experiência rebelde. Mas a fé de Calebe e Josué foi ricamente recompensada. De acordo com Sua palavra, Deus trouxe esses fiéis à terra que lhes havia prometido. Os covardes e rebeldes pereceram no deserto, mas os espias justos comeram das uvas de Escol. T4 154 3 A história do relatório dos doze espias tem aplicação para nós como povo. As cenas de covarde queixa e recuo do combate quando há riscos a serem defrontados são reproduzidos entre nós hoje. A mesma indisposição é manifestada em atender a relatórios fiéis e a verdadeiro conselho como nos dias de Calebe e Josué. Os servos de Deus que assumem a responsabilidade de Sua causa, praticando estrita abnegação, e sofrendo privação para ajudar Seu povo, são raramente mais apreciados agora do que o foram então. T4 155 1 O antigo Israel foi repetidamente provado e achado em falta. Poucos recebem as fiéis advertências que lhes são dadas por Deus. Trevas e incredulidade não diminuem ao nos aproximarmos do tempo do segundo advento de Cristo. A verdade se torna cada vez menos agradável à mente carnal; o coração deles é vagaroso para crer e tardio para arrepender-se. Os servos de Deus bem poderiam tornar-se desanimados, não fosse pelas contínuas evidências que seu Mestre lhes dá de Sua sabedoria e ajuda. Por muito tempo tem o Senhor suportado o Seu povo. Ele tem perdoado seus desvios e esperado que Lhe dêem lugar no coração; mas falsas idéias, ciúmes e desconfiança Lhe têm impedido a entrada. T4 155 2 Poucos que professam ser de Israel, e cuja mente tem sido iluminada pelas revelações da sabedoria divina, ousam avançar corajosamente, como fez Calebe, e permanecem firmemente ao lado de Deus e do que é correto. Como aqueles que o Senhor tem escolhido para conduzir Sua obra não se desviam da conduta da integridade para satisfazer os egoístas e não consagrados, tornam-se alvo do ódio e da falsidade maliciosa. Satanás está bem desperto e trabalha agressivamente nestes últimos dias, e Deus apela aos homens de vigor espiritual e perseverança a resistirem aos seus artifícios. T4 155 3 A conversão plena é necessária entre aqueles que professam crer na verdade, a fim de que sigam a Jesus e obedeçam à vontade de Deus -- não uma submissão nascida de circunstâncias, como foi a dos aterrorizados israelitas quando o poder do Infinito lhes foi revelado, mas um profundo arrependimento e renúncia do pecado. Aqueles que são apenas meio convertidos, assemelham-se a uma árvore cujos galhos se estendem do lado da verdade, mas cujas raízes, firmemente fixadas na terra, avançam sobre o terreno estéril do mundo. Jesus procura em vão por frutos em seus galhos; Ele nada encontra senão folhas. T4 155 4 Milhares aceitariam a verdade, se pudessem fazê-lo sem negar o eu; mas essa classe nunca edificaria a causa de Deus. Nunca marcharia avante valentemente contra o inimigo -- o mundo, o amor a si mesmo, e as concupiscências da carne -- confiando em seu divino Líder para lhes dar a vitória. A igreja necessita de fiéis Calebes e Josués, que estejam prontos para aceitar a vida eterna sob a simples condição divina de obediência. Nossas igrejas estão sofrendo falta de obreiros. O mundo é o nosso campo. Missionários são necessários em cidades e vilas que certamente estão mais presas à idolatria do que os pagãos do Oriente que nunca viram a luz da verdade. O verdadeiro espírito missionário desertou das igrejas que fazem tão alta profissão de fé; os corações já não se acham abrasados com o amor pelas almas e o desejo de levá-las ao redil de Cristo. Faltam-nos obreiros fervorosos. Não haverá ninguém que responda ao clamor que vem de todas as partes: "Passa... e ajuda-nos"? Atos dos Apóstolos 16:9. T4 156 1 Podem aqueles que professam ser depositários da lei de Deus, e que aguardam a breve vinda de Jesus nas nuvens do céu, permanecer inocentados do sangue das almas, se fizerem ouvidos moucos às gritantes necessidades das pessoas que caminham na escuridão? Há livros para serem preparados e distribuídos, há lições a serem dadas, há deveres altruístas a serem cumpridos! Quem virá em socorro! Quem pela causa de Cristo negará o eu e estenderá a luz àqueles que se assentam nas trevas? ------------------------Capítulo 16 -- A tomada de Jericó T4 156 2 Após a morte de Moisés, Josué foi designado líder de Israel, para conduzi-los à Terra Prometida. Ele era bem qualificado para essa importante missão. Havia sido o primeiro-ministro de Moisés durante a maior parte do tempo em que os israelitas vaguearam pelo deserto. Ele vira as obras maravilhosas de Deus executadas por Moisés, e compreendia bem a disposição do povo. Fora um dos doze espias enviados para examinar a Terra Prometida, e um dos dois que deram um relatório fiel de suas riquezas, e que animaram o povo a prosseguir e a possuí-la na força de Deus. T4 156 3 O Senhor prometeu a Josué que estaria com ele como estivera com Moisés, e tornaria Canaã uma fácil conquista para ele, desde que fosse fiel em observar todos os Seus mandamentos. Josué estivera preocupado acerca da execução de seu encargo de conduzir o povo à terra de Canaã; mas essa promessa removeu os seus temores. Ele ordenou que os filhos de Israel se aprontassem para uma jornada de três dias, e todos os homens de guerra se preparassem para a batalha. "Então, responderam a Josué, dizendo: Tudo quanto nos ordenaste faremos e aonde quer que nos enviares iremos. Como em tudo ouvimos a Moisés, assim te ouviremos a ti; tão-somente que o Senhor, teu Deus, seja contigo, como foi com Moisés. Todo homem que for rebelde à tua boca e não ouvir as tuas palavras em tudo quanto lhe mandares morrerá; tão-somente esforça-te e tem bom ânimo. Josué 1:16-18. T4 157 1 Deus desejava que a passagem dos israelitas pelo Jordão fosse miraculosa. Josué ordenou que o povo se santificasse, pois pela manhã o Senhor iria efetuar maravilhas entre eles. No tempo designado, ordenou que os sacerdotes tomassem a arca contendo a lei de Deus, e a segurassem diante do povo. "E o Senhor disse a Josué: Este dia começarei a engrandecer-te perante os olhos de todo o Israel, para que saibam que assim como fui com Moisés assim serei contigo." Josué 3:7. T4 157 2 Os sacerdotes obedeceram às ordens de seu líder e foram perante o povo transportando a arca do concerto. O exército dos hebreus assumiu o comando de marcha e seguiu este símbolo da presença divina. A ampla coluna alinhou-se ao longo da margem do Jordão, e, à medida que os pés dos sacerdotes mergulharam na beira do rio, a água foi interrompida a partir de cima, e o volume abaixo continuou a correr, deixando seco o leito do rio. Os sacerdotes atravessaram, transportando a arca de Deus, e Israel seguia após eles. Na metade do caminho sobre o Jordão, os sacerdotes receberam ordem de permanecer parados no leito do rio até que toda a multidão hebraica houvesse atravessado. Isso devia imprimir-lhes com maior eficácia na mente o fato de que o poder que detinha as águas do Jordão era o mesmo que capacitou seus pais a cruzarem o Mar Vermelho quarenta anos antes. T4 158 1 Muitos que passaram através do Mar Vermelho como crianças, agora, por um milagre semelhante, cruzavam o Jordão, homens de guerra, equipados para a batalha. Após todo o exército de Israel ter atravessado, Josué ordenou que os sacerdotes saíssem do rio. Quando eles, transportando a arca da aliança, puseram-se a salvo na margem do outro lado, Deus removeu a Sua poderosa mão, e as águas acumuladas desabaram numa tremenda torrente no leito natural do curso da água. O Jordão correu, um dilúvio irresistível, alagando todas as suas margens. T4 158 2 Mas antes que os sacerdotes saíssem do leito do rio, a fim de que esse maravilhoso milagre jamais fosse esquecido, o Senhor ordenou que Josué selecionasse homens de destaque de cada tribo para tomar pedras do leito do rio onde os sacerdotes haviam permanecido em pé e as transportassem sobre os ombros até Gilgal, e lá erigissem um monumento em lembrança do fato de que Deus havia feito Israel atravessar o Jordão sobre terra seca. Esse seria um contínuo memorial do milagre que o Senhor havia realizado por eles. Ao se passarem os anos, seus filhos indagariam a respeito do monumento, e vez após vez eles lhes relatariam essa maravilhosa história, até que ficasse indelevelmente gravada na mente deles para a posteridade. T4 158 3 Quando todos os reis dos amorreus e os reis dos cananeus ouviram que o Senhor havia detido as águas do Jordão diante dos filhos de Israel, o coração deles derreteu de temor. Os israelitas haviam matado dois dos reis de Moabe, e sua miraculosa travessia sobre as águas impetuosas do Jordão encheu as pessoas de grande terror. Josué então circuncidou todo o povo que havia nascido no deserto. Após essa cerimônia, observaram a Páscoa na planície de Jericó. "Disse mais o Senhor a Josué: Hoje, revolvi de sobre vós o opróbrio do Egito." Josué 5:9. T4 158 4 Nações pagãs haviam insultado ao Senhor e Seu povo porque os hebreus fracassaram em possuir a terra de Canaã, que esperavam herdar logo após deixar o Egito. Seus inimigos tinham triunfado porque Israel vagueara por tanto tempo no deserto, e orgulhosamente se erguiam contra Deus, declarando que Ele não era capaz de conduzi-los para a terra de Canaã. O Senhor agora havia significativamente manifestado o Seu poder e favor ao conduzir o Seu povo pelo Jordão em terra seca, e seus inimigos não mais podiam deles zombar. O maná que continuara até esse tempo, agora cessou; pois ao estarem os israelitas a ponto de possuir Canaã e comer dos frutos daquela boa terra, não mais havia necessidade dele. T4 159 1 Ao Josué retirar-se dos exércitos de Israel para meditar e orar para que a presença especial de Deus o acompanhasse, viu um homem de elevada estatura, trajado com roupas de combate, com uma espada erguida na mão. Josué não reconheceu nele um dos guerreiros de Israel, contudo ele não tinha a aparência de um inimigo. Em seu zelo aproximou-se dele, dizendo-lhe: "És tu dos nossos ou dos nossos inimigos? E disse Ele: Não, mas venho agora como Príncipe do exército do Senhor. Então, Josué se prostrou sobre o seu rosto na terra, e O adorou, e disse-Lhe: Que diz meu Senhor ao Seu servo? Então, disse o Príncipe do exército do Senhor a Josué: Descalça os sapatos de teus pés, porque o lugar em que estás é santo. E fez Josué assim." Josué 5:13-15. T4 159 2 A glória de Deus santificava o santuário, e por essa razão os sacerdotes nunca entravam no lugar santificado pela presença de Deus com os sapatos nos pés. Partículas de poeira podiam apegar-se-lhes, o que profanaria o lugar santo; portanto, era requerido que os sacerdotes deixassem os sapatos no pátio antes de entrarem no santuário. No pátio, ao lado da porta do tabernáculo, havia uma bacia de bronze onde os sacerdotes lavavam as mãos e os pés antes de entrar no tabernáculo, para que toda a impureza pudesse ser removida. De todos os que oficiavam no santuário Deus requeria que fizessem preparativos especiais antes de entrar no lugar onde a Sua glória era revelada. T4 159 3 Foi o Filho de Deus que Se apresentou como um guerreiro armado perante o líder de Israel. Era Aquele que havia conduzido os hebreus através do deserto, envolvido em uma coluna de nuvem durante o dia e em uma coluna de fogo durante a noite. A fim de impressionar a mente de Josué de que Ele não era outro senão Cristo, o Excelso, disse: "Descalça os sapatos de teus pés." Josué 5:15. Ele então instruiu Josué sobre que caminho seguir para apossar-se de Jericó. Todos os homens de guerra deviam receber ordens de rodear a cidade uma vez cada dia durante seis dias, e no sétimo dia deviam marchar ao redor de Jericó sete vezes. T4 160 1 Assim, Josué deu ordens aos sacerdotes e ao povo conforme o Senhor o instruíra. Ele dispôs os exércitos de Israel em perfeita ordem. Em primeiro lugar estava um seleto corpo de homens armados, vestidos com suas roupas de combate; agora não para exercer suas habilidades nas armas, mas apenas para crer e obedecer às instruções que lhes seriam dadas. A seguir vinham sete sacerdotes com trombetas. Depois vinha a arca de Deus, de ouro reluzente, tendo um halo de glória pairando sobre ela, transportada pelos sacerdotes nas ricas vestes peculiares que denotavam seu sagrado ofício. O vasto exército de Israel ia em perfeita ordem, cada tribo sob o seu respectivo estandarte. Assim rodearam a cidade com a arca de Deus. Nenhum som se ouvia senão os passos daquele poderoso exército e o solene toque das trombetas, ecoando entre as colinas e ressoando através das ruas de Jericó. T4 160 2 Surpresos e alarmados os vigias da condenada cidade observavam cada movimento, e tudo relatavam aos superiores. Não podiam imaginar o que significava toda essa demonstração. Jericó havia desafiado os exércitos de Israel e o Deus do Céu; mas quando contemplaram aquele poderoso exército marchando em torno de sua cidade uma vez por dia com toda a pompa e majestade de guerra, além da grandiosidade da arca sagrada e dos sacerdotes acompanhantes, o impressionante mistério da cena encheu de terror o coração tanto de príncipes quanto do povo. Então, novamente, verificaram suas fortes defesas, julgando-se certos de que podiam com êxito resistir ao mais poderoso ataque. Muitos ridicularizavam a idéia de que qualquer mal lhes pudesse sobrevir através dessas singulares demonstrações da parte de seus inimigos; mas outros ficavam espantados ao contemplarem a majestade e o esplendor da procissão que cada dia portentosamente lhes rodeava a cidade. Lembravam-se de que quarenta anos antes o Mar Vermelho havia se dividido diante desse povo e que uma passagem tinha sido recentemente aberta através do rio Jordão. Não sabiam que outras maravilhas Deus poderia efetuar por eles; contudo, mantiveram seus portões cuidadosamente fechados e os guardaram com poderosos guerreiros. T4 161 1 Durante seis dias o exército de Israel realizou o seu circuito ao redor da cidade. Chegou o sétimo dia, e, com a primeira luz da aurora, Josué colocou em ordem os exércitos do Senhor. Agora foram orientados a marchar sete vezes ao redor de Jericó, e, a um forte sonido de trombetas, gritar em alta voz, pois Deus lhes havia entregado a cidade. O imponente exército marchou solenemente ao redor dos condenados muros. A arca resplandecente de Deus refletia os primeiros alvores da manhã. Os sacerdotes com seus peitorais cintilantes e éfodes cravejados de jóias, e os guerreiros com suas armaduras reluzentes, apresentavam um espetáculo magnífico. Estavam silenciosos como mortos, a não ser pela cadência marcada de muitos pés e o toque ocasional da trombeta, quebrando o silêncio da madrugada. Os maciços muros de pedra sólida como que olhavam carrancudos para baixo, desafiando o cerco dos homens. T4 161 2 Subitamente, o vasto exército se detém. As trombetas ressoam estrondosamente fazendo a própria terra tremer. Em uníssono as vozes de todo o Israel cortam os ares com um poderoso brado. Os muros de pedra sólida com suas torres maciças e palácios vacilam e se erguem de seus fundamentos, e, com uma explosão como a de milhares de trovões, desabam em ruína disforme sobre a terra. Os habitantes e o exército do inimigo, paralisados de terror e surpresa, não oferecem resistência, e Israel marcha em frente e torna cativa a poderosa cidade de Jericó. T4 161 3 Quão facilmente os exércitos do Céu puseram abaixo os muros que pareciam tão temíveis aos espias que apresentaram o falso relatório! A palavra de Deus foi a única arma usada. O Poderoso de Israel havia dito: "Tenho dado na tua mão a Jericó." Josué 6:2. Se um único combatente tivesse aplicado a sua força contra os muros, a glória de Deus seria diminuída e Sua vontade frustrada. Mas a obra foi deixada com o Todo-poderoso; e se os fundamentos dos palácios tivessem sido fixados no centro da terra, e seus cumes alcançassem a abóbada celeste, o resultado teria sido o mesmo ao Capitão do exército do Senhor conduzir suas legiões de anjos ao ataque. T4 162 1 Por muito tempo havia Deus designado dar a cidade de Jericó a Seu povo escolhido, e glorificar o Seu nome entre as nações da Terra. Quarenta anos antes quando havia conduzido Israel para fora da escravidão, Ele havia proposto dar-lhes a terra de Canaã. Mas pelas suas vis murmurações e ciúmes eles haviam provocado a Sua ira, e Ele os fizera andar por fatigantes anos no deserto, até que todos que O haviam afrontado com sua descrença não mais existissem. Na captura de Jericó, Deus declarou aos hebreus que seus pais poderiam ter possuído a cidade quarenta anos antes, caso tivessem confiado nEle como fizeram seus filhos. T4 162 2 A história do antigo Israel é escrita para nosso benefício. Paulo declara: "Mas Deus não Se agradou da maior parte deles, pelo que foram prostrados no deserto. E essas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram." "Ora, tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos. Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia." 1 Coríntios 10:5, 6, 11, 12. T4 162 3 Muitos que, a exemplo do antigo Israel, professam observar os mandamentos de Deus, têm coração incrédulo enquanto exteriormente observam os estatutos divinos. Conquanto favorecidos com grande luz e preciosos privilégios, não obstante perderão a Canaã celestial, tal como os rebeldes israelitas deixaram de entrar na Canaã terrestre que Deus lhes havia prometido como recompensa por sua obediência. T4 162 4 Como um povo, falta-nos fé. Poucos, nestes dias, seguiriam as orientações dadas através dos servos escolhidos de Deus tão obedientemente quanto os exércitos de Israel na tomada de Jericó. O Capitão do exército do Senhor não Se revelou a toda a congregação. Comunicou-Se somente com Josué, o qual relatou esta entrevista aos hebreus. Restava-lhes crer ou duvidar das palavras de Josué, seguir as ordens dadas por ele em nome do Capitão do exército do Senhor, ou rebelar-se contra Suas ordens e negar a Sua autoridade. Eles não podiam ver o exército de anjos, reunido pelo Filho de Deus, que conduzia a Sua caravana; e poderiam ter raciocinado: "Que movimentos mais sem sentido são estes e que ridícula atividade de marchar diariamente ao redor dos muros da cidade, tocando trombetas de chifres de carneiro! Isso não pode ter qualquer efeito sobre essas sólidas fortificações." T4 163 1 Mas o próprio plano de continuar essa cerimônia durante tanto tempo antes da derrocada final dos muros, concedeu oportunidade para aumentar a fé entre os israelitas. Eles deviam ficar inteiramente impressionados com a idéia de que sua força não estava na sabedoria do homem nem em seu poderio, mas somente no Deus de sua salvação. Assim se acostumariam a colocar-se fora de questão, e descansar plenamente em seu divino Líder. T4 163 2 Aqueles que hoje professam ser povo de Deus se conduziriam dessa maneira sobre circunstâncias semelhantes? Sem dúvida muitos prefeririam seguir os próprios planos, e sugeririam outros caminhos e meios de realizar o desejado fim. Seriam vagarosos em submeter-se a um arranjo tão simples, um plano que não refletia sobre eles nenhuma glória a não ser o mérito da obediência. Questionariam a possibilidade de uma poderosa cidade ser conquistada dessa maneira. Mas a lei do dever é suprema. Deve dominar a razão humana. A fé é o poder vivo que avança sobre toda barreira, supera todos os obstáculos e planta a sua bandeira no coração do acampamento inimigo. T4 163 3 Deus fará coisas maravilhosas por aqueles que confiam nEle. É porque Seu professo povo confia tanto na própria sabedoria, e não dá ao Senhor oportunidade de revelar Seu poder em benefício dele, que não tem mais força. Em toda emergência Ele ajudará os Seus filhos crentes, se eles depositarem sua inteira confiança nEle e Lhe obedecerem implicitamente. T4 163 4 Há profundos mistérios na Palavra de Deus; há mistérios inexplicáveis em suas providências; há mistérios no plano da salvação que o homem não pode compreender. Mas a mente finita, forte em Seu desejo de satisfazer sua curiosidade e resolver os problemas do infinito, negligencia seguir o claro roteiro indicado pela vontade revelada de Deus, e espreita os segredos ocultos desde a fundação do mundo. O homem formula as suas teorias, perde a simplicidade da verdadeira fé, torna-se demasiado importante em seu próprio conceito para crer nas declarações do Senhor, e se envolve nas próprias pretensões. T4 164 1 Muitos que professam nossa fé estão nessa posição. São fracos e impotentes porque confiam na própria força. Deus atua poderosamente por um povo fiel, que obedece a Sua palavra sem questionar ou duvidar. A Majestade do Céu, com Seu exército de anjos, arrasou os muros de Jericó sem ajuda humana. Os guerreiros armados de Israel não tiveram motivo de gloriar-se em suas realizações. Tudo foi feito mediante o poder de Deus. Que o povo renuncie ao eu e ao desejo de agir segundo os próprios planos, que se submeta humildemente à vontade divina, e Deus renovará sua força e dará liberdade e vitória a Seus filhos. ------------------------Capítulo 17 -- Jeremias reprova Israel T4 164 2 O Senhor deu a Jeremias uma mensagem de reprovação para levar a seu povo, acusando-o pela contínua rejeição do conselho de Deus: "E vos enviei todos os Meus servos, os profetas, madrugando, e enviando, e dizendo: Convertei-vos, agora, cada um do seu mau caminho, e fazei boas as vossas ações, e não sigais a outros deuses para servi-los; e assim ficareis na terra que vos dei a vós e a vossos pais." Jeremias 35:15. T4 164 3 Deus pleiteou com eles para não provocar-Lhe a ira com a obra de suas mãos e com seu coração, "mas não inclinastes os ouvidos". Jeremias 35:15. Jeremias então predisse o cativeiro dos judeus, como sua punição por não darem ouvidos à Palavra do Senhor. Os caldeus deveriam ser usados como o instrumento pelo qual Deus castigaria o Seu povo desobediente. A punição deles deveria ser proporcional à sua inteligência e às advertências que haviam desprezado. Por muito tempo havia Deus retardado os Seus juízos por Sua indisposição em humilhar o Seu povo escolhido; mas agora derramaria o Seu desprazer sobre eles, como um último esforço de detê-los em seu caminho de iniqüidade. T4 165 1 Em nossos dias Ele não instituiu qualquer plano para preservar a pureza de Seu povo. Como no passado, apela aos errantes que professam Seu nome para se arrependerem e se volverem de seus maus caminhos. Agora, como então, pela boca de Seus servos escolhidos Ele prediz os perigos diante deles. Soa a nota de advertência, e reprova o pecado tão fielmente como nos dias de Jeremias. Mas o Israel de nosso tempo tem as mesmas tentações de zombar da reprovação e odiar o conselho como fazia o antigo Israel. Freqüentemente fazem ouvidos moucos às palavras que Deus tem dado aos Seus servos para benefício daqueles que professam a verdade. Conquanto o Senhor em misericórdia retenha por um tempo a retribuição de seus pecados, como nos dias de Jeremias, Ele não deterá para sempre a Sua mão, mas visitará a iniqüidade com justo juízo. T4 165 2 O Senhor deu ordens a Jeremias de postar-se no pátio da casa do Senhor e falar ao povo de Judá, que ali vinha adorar, as coisas que Ele queria que falasse, sem poupar uma palavra, para que pudessem ouvir e volver-se de seus maus caminhos. Então Deus Se arrependeria da punição que havia Se proposto infligir sobre eles por causa de sua impiedade. T4 165 3 A indisposição do Senhor em castigar o Seu errante povo é aqui vividamente manifestada. Ele detém os Seus juízos; apela a eles para retornarem à lealdade. Trouxe-os para fora da escravidão para que pudessem fielmente servi-Lo, o único Deus vivo e verdadeiro; mas eles se perderam em idolatria, trataram levianamente as advertências dadas por Seus profetas. Contudo, Ele retarda o Seu castigo para dar-lhes mais uma oportunidade de arrependimento e evitar a retribuição por seu pecado. Através de Seu profeta escolhido, Ele agora lhes envia uma clara e categórica advertência, e coloca perante eles a única maneira pela qual podem escapar da punição que merecem. Esta é total arrependimento por seu pecado, e voltar-se da impiedade de seus caminhos. T4 166 1 O Senhor ordenou que Jeremias dissesse ao povo: "Assim diz o Senhor: Se não Me derdes ouvidos para andardes na Minha lei que pus diante de vós, para que ouvísseis as palavras dos Meus servos, os profetas, que Eu vos envio, madrugando e enviando, mas não ouvistes. Então, farei que esta casa seja como Siló e farei desta cidade uma maldição para todas as nações da Terra." Jeremias 26:4-6. Eles compreenderam que isto era uma referência a Siló e o tempo em que os filisteus venceram Israel e a arca do Senhor foi tomada. T4 166 2 O pecado de Eli foi de passar por alto a iniqüidade de seus filhos, que ocupavam ofícios sagrados. A negligência do pai em reprovar e restringir seus filhos trouxe sobre Israel uma terrível calamidade. Os filhos de Eli foram mortos, e o próprio Eli perdeu a vida, a arca de Deus foi tomada dos israelitas e trinta mil dentre o povo foram mortos. Tudo isto se deu porque o pecado foi considerado levianamente e permitido permanecer entre eles. Que lição para os homens que ocupam posições de responsabilidade na igreja de Deus! Desafia-os a fielmente removerem todos os erros que desonram a causa da verdade. T4 166 3 Nos dias de Samuel, Israel julgou que a presença da arca contendo os mandamentos de Deus lhes daria vitória sobre os filisteus, arrependessem-se eles ou não de suas obras iníquas. Exatamente assim, no tempo de Jeremias, os judeus criam que a estrita observância dos serviços divinamente designados do Templo os preservaria da justa punição por seus maus caminhos. T4 166 4 O mesmo perigo existe hoje entre o povo que professa ser depositário da lei de Deus. São demasiado prontos em lisonjear-se com o pensamento de que a consideração que têm pelos mandamentos os preservará do poder da justiça divina. Não aceitam a reprovação do mal e acusam os servos de Deus de serem por demais zelosos em afastar do acampamento o pecado. Um Deus que aborrece o pecado concita os que professam guardar Sua lei a afastar-se de toda iniqüidade. A negligência em arrepender-se e obedecer à Sua palavra, trará hoje tão sérias conseqüências para o povo de Deus como fez o mesmo pecado em relação ao Israel antigo. Há um limite para além do qual Ele não retardará por mais tempo os Seus juízos. A desolação de Jerusalém permanece como uma solene advertência perante os olhos do moderno Israel, de que as reprovações dadas através de Seus instrumentos escolhidos não podem ser desconsideradas impunemente. T4 167 1 Quando os sacerdotes e o povo ouviram a mensagem que Jeremias lhes apresentou no nome do Senhor, ficaram irados e declararam que ele devia morrer. Turbulentamente o denunciaram, clamando: "Por que profetizaste no nome do Senhor, dizendo: Será como Siló esta casa, e esta cidade será assolada, de sorte que fique sem moradores? E ajuntou-se todo o povo contra Jeremias, na Casa do Senhor." Jeremias 26:9. Assim foi a mensagem de Deus desprezada, e o servo a quem Ele a confiou, ameaçado de morte. Os sacerdotes, os profetas infiéis e todo o povo se voltaram com ira contra aquele que não lhes falaria coisas suaves nem profetizaria o engano. T4 167 2 Os inabaláveis servos de Deus têm geralmente sofrido a mais amarga perseguição de falsos mestres de religião. Mas os verdadeiros profetas sempre preferirão reprovação e mesmo a morte a serem infiéis a Deus. Olhos infinitos estão sobre os instrumentos da reprovação divina, e estes carregam uma pesada responsabilidade. Mas Deus considera a injúria que lhes é causada pela falsa representação, falsidade ou abuso como se fossem feitos a Si mesmo, e punirá adequadamente. T4 167 3 Os príncipes de Judá haviam ouvido a respeito das palavras de Jeremias, e vieram da casa do rei e sentaram-se à entrada da casa do Senhor. "Então, falaram os sacerdotes e os profetas aos príncipes e a todo o povo, dizendo: Este homem é réu de morte, porque profetizou contra esta cidade, como ouvistes com os vossos ouvidos." Jeremias 26:11. Mas Jeremias permaneceu ousadamente perante os príncipes e o povo, declarando: "O Senhor me enviou a profetizar contra esta casa e contra esta cidade todas as palavras que ouvistes. Agora, pois, melhorai os vossos caminhos e as vossas ações e ouvi a voz do Senhor, vosso Deus, e arrepender-se-á o Senhor do mal que falou contra vós. Quanto a mim, eis que estou nas vossas mãos; fazei de mim conforme o que for bom e reto aos vossos olhos. Sabei, porém, com certeza, que, se me matardes a mim, trareis sangue inocente sobre vós, e sobre esta cidade, e sobre os seus habitantes, porque, na verdade, o Senhor me enviou a vós para dizer aos vossos ouvidos todas estas palavras." Jeremias 26:12-15. T4 168 1 Se o profeta tivesse sido intimidado pelas ameaças daqueles em elevada posição de autoridade, e pelo clamor da multidão, sua mensagem ficaria sem efeito, e ele teria perdido a vida. Mas a coragem com que se desincumbiu de seu penoso dever atraiu o respeito do povo e ganhou os príncipes de Israel ao seu favor. Assim o Senhor suscitou defensores para o Seu servo. Eles raciocinaram com os sacerdotes e os falsos profetas, mostrando-lhes quão insensatas seriam as medidas extremas que defendiam. T4 168 2 A influência dessas pessoas poderosas produziu uma reação na mente do povo. Então os anciãos se uniram em protesto contra a decisão dos sacerdotes a respeito da sorte de Jeremias. Citaram o caso de Miquéias, que profetizou juízos sobre Jerusalém, declarando: "Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de pedras, e o monte desta casa, como os altos de um bosque." Jeremias 26:18. Apresentaram-lhes a pergunta: "Mataram-no, porventura, Ezequias, rei de Judá, e todo o Judá? Antes, não temeu este ao Senhor e não implorou o favor do Senhor? E o Senhor Se arrependeu do mal que falara contra eles. E nós não fazemos um grande mal contra a nossa alma?" Jeremias 26:19. T4 168 3 Assim, através do apelo de Aicã e outros, a vida do profeta Jeremias foi poupada; contudo, muitos dos sacerdotes e falsos profetas teriam ficado satisfeitos se ele tivesse sido morto sob pretexto de insubordinação; pois não podiam suportar as verdades que proferia, expondo a sua impiedade. T4 168 4 Israel, porém, permaneceu inflexível, e o Senhor viu que precisavam ser punidos por seus pecados; assim instruiu Jeremias a fazer jugos e algemas e colocá-los sobre o pescoço, e enviá-los aos reis de Edom, de Moabe, dos amonitas e de Tiro e Sidom, ordenando que os mensageiros declarassem que Deus havia dado todas aquelas terras a Nabucodonosor, o rei de Babilônia, e que todas essas nações deveriam servi-lhe e aos seus descendentes por um certo tempo, até que Deus os livrasse. Deviam declarar que se essas nações recusassem servir ao rei de Babilônia, seriam punidas com fome, com espada e pestilência, até que fossem consumidas. Disse o Senhor: "E não deis ouvidos aos vossos profetas, e aos vossos adivinhos, e aos vossos sonhos, e aos vossos agoureiros, e aos vossos encantadores, que vos falam, dizendo: Não servireis ao rei da Babilônia. Porque mentiras vos profetizam, para vos mandarem para longe da vossa terra, e para que Eu vos lance dela, e vós pereçais. Mas a nação que meter o pescoço sob o jugo do rei da Babilônia e o servir, Eu a deixarei na sua terra, diz o Senhor, e lavrá-la-á e habitará nela." Jeremias 27:9-11. T4 169 1 Jeremias declarou que deviam levar o jugo de servidão por setenta anos; e os cativos que já estavam nas mãos do rei de Babilônia e os vasos da casa do Senhor que haviam sido tomados deveriam permanecer em Babilônia até que esse tempo houvesse transcorrido. Mas, ao final dos setenta anos, Deus os libertaria de seu cativeiro e puniria seus opressores, pondo em sujeição o orgulhoso rei de Babilônia. T4 169 2 Embaixadores vieram das várias nações mencionadas para consultar o rei de Judá a respeito da questão de empenharem-se em batalha contra o rei de Babilônia. Mas o profeta de Deus, portando os símbolos de sujeição, apresentou a mensagem do Senhor a essas nações, ordenando-lhes levá-la a seus vários reis. Esta era a punição mais leve que um Deus misericordioso poderia infligir sobre um povo tão rebelde; mas se guerreassem contra esse decreto de servidão, deveriam sentir o pleno rigor de Seu castigo. Foram fielmente advertidos a não darem ouvidos a seus falsos mestres, que profetizavam mentiras. T4 170 1 A surpresa do conselho de nações reunidas não conheceu limites quando Jeremias, portando o jugo de sujeição sobre o pescoço, tornou-lhes conhecida a vontade de Deus. Mas Hananias, um dos falsos profetas contra os quais Deus havia advertido o Seu povo através de Jeremias, ergueu a voz em oposição à profecia declarada. Desejando obter o favor do rei e de sua corte, ele afirmou que Deus lhe havia dado palavras de encorajamento para os judeus. Disse ele: "Depois de passados dois anos completos, eu tornarei a trazer a este lugar todos os utensílios da Casa do Senhor que deste lugar tomou Nabucodonosor, rei da Babilônia, levando-os para a Babilônia. Também a Jeconias, filho de Jeoaquim, rei de Judá, e a todos os do cativeiro de Judá que entraram na Babilônia Eu tornarei a trazer a este lugar, diz o Senhor, porque quebrarei o jugo do rei da Babilônia." Jeremias 28:3, 4. T4 170 2 Jeremias, na presença de todos os sacerdotes e povo, disse que era o ardente desejo de seu coração que Deus assim favorecesse o Seu povo de modo que os vasos da casa do Senhor pudessem ser devolvidos e os cativos trazidos de volta de Babilônia; mas isto somente poderia acontecer sob a condição de que o povo se arrependesse e se volvesse de seus maus caminhos para a obediência à lei de Deus. Jeremias amava o seu país, e desejava ardentemente que a desolação predita fosse evitada pela humilhação do povo; mas sabia que o seu desejo era em vão. Esperava que a punição de Israel fosse a mais leve possível; portanto, sinceramente apelou-lhes para se submeterem ao rei de Babilônia pelo tempo que o Senhor especificara. T4 170 3 Ele apelou que ouvissem as palavras que proferira. Citou-lhes as profecias de Oséias, Habacuque, Sofonias e outros cujas mensagens de reprovação e advertência tinham sido semelhantes às suas. Referiu-lhes os acontecimentos que haviam transparecido na sua história em cumprimento das profecias de retribuição por pecados não renunciados. Às vezes, como neste caso, os homens têm-se levantado em oposição à mensagem de Deus e predito paz e prosperidade para aquietar os temores do povo, e obter o favor daqueles em altas posições. Mas em todo o fato passado, o juízo de Deus havia visitado Israel como os verdadeiros profetas tinham indicado. Disse ele: "O profeta que profetizar paz, somente quando se cumprir a palavra desse profeta é que será conhecido como aquele a quem o Senhor, na verdade, enviou." Jeremias 28:9. Se Israel escolhesse correr o risco, os acontecimentos futuros efetivamente decidiriam quem era o falso profeta. T4 171 1 Mas Hananias, enraivecido com isto, apanhou o jugo do pescoço de Jeremias e o quebrou. "E falou Hananias aos olhos de todo o povo, dizendo: Assim diz o Senhor: Assim quebrarei o jugo de Nabucodonosor, rei da Babilônia, depois de passados dois anos completos, de sobre o pescoço de todas as nações. E Jeremias, o profeta, se foi, tomando o seu caminho." Jeremias 28:11. Ele havia feito a sua obra; advertira o povo de seu perigo, mostrara-lhes o único caminho pelo qual poderiam reconquistar o favor de Deus. Mas, conquanto seu único crime tivesse sido o de transmitir fielmente a mensagem de Deus a um povo incrédulo, eles zombaram de suas palavras; e os homens em posições de responsabilidade o denunciaram, e tentaram suscitar o povo para levá-lo à morte. T4 171 2 Outra mensagem, porém, foi dada a Jeremias. "Vai e fala a Hananias, dizendo: Assim diz o Senhor: Jugos de madeira quebraste. Mas, em vez deles, farei jugos de ferro. Porque assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Jugo de ferro pus sobre o pescoço de todas estas nações, para servirem a Nabucodonosor, rei da Babilônia; e servi-lo-ão, e até os animais do campo lhe dei. E disse Jeremias, o profeta, a Hananias, o profeta: Ouve, agora, Hananias: não te enviou o Senhor, mas tu fizeste que este povo confiasse em mentiras. Pelo que assim diz o Senhor: Eis que te lançarei de sobre a face da terra; este ano, morrerás, porque falaste em rebeldia contra o Senhor. E morreu Hananias, o profeta, no mesmo ano, no sétimo mês." Jeremias 28:13-17. T4 171 3 Este falso profeta havia fortalecido a incredulidade do povo em Jeremias e sua mensagem. Impiamente se declarara mensageiro do Senhor, e sofreu a morte em conseqüência de seu terrível crime. No quinto mês Jeremias profetizou a morte de Hananias, e no sétimo mês sua morte provou que as palavras do profeta eram verdadeiras. T4 172 1 Deus havia dito que Seu povo seria salvo, que o jugo que colocaria sobre ele seria leve, se sem murmurações se submetesse ao Seu plano. A servidão deles foi representada por um jugo de madeira, que era facilmente carregado; mas a resistência seria enfrentada com correspondente severidade, representada pelo jugo de ferro. Deus determinou manter o rei de Babilônia sob controle, para que não houvesse perda de vida nem amarga opressão; porém, por desprezarem a Sua advertência e ordens, acarretaram sobre si mesmos o rigor máximo da escravidão. Era muito mais agradável ao povo receber a mensagem do falso profeta, que previa prosperidade; portanto, ela foi recebida. Feria-lhes o orgulho ter seus pecados trazidos continuamente perante os olhos; eles prefeririam afastá-los da vista. Estavam em tal escuridão moral que não perceberam a enormidade de sua culpa, nem apreciaram as mensagens de reprovação e advertência que lhes foram dadas por Deus. Se tivessem tido apropriada percepção de sua desobediência, teriam reconhecido a justiça da atitude do Senhor, e aceitado a autoridade de Seu profeta. Deus lhes apelou a se arrependerem para que pudesse poupá-los da humilhação, e para que um povo chamado pelo Seu nome não se tornasse tributário de uma nação pagã; mas escarneceram de Seu conselho e foram atrás dos falsos profetas. T4 172 2 O Senhor então ordenou a Jeremias escrever cartas aos capitães, anciãos, sacerdotes, profetas e a todas as pessoas que haviam sido levadas cativas para Babilônia, solicitando-lhes a não se iludirem com a crença de que a sua libertação estava próxima, mas a se submeterem tranqüilamente a seus opressores, prosseguirem em suas atividades e procurarem viver pacificamente entre seus conquistadores. O Senhor lhes ordenou a não permitirem que seus profetas ou adivinhadores os enganassem com falsas expectativas; mas assegurou-lhes pelas palavras de Jeremias de que após setenta anos de escravidão seriam libertados e retornariam a Jerusalém. E Ele ouviria as suas orações e lhes daria o Seu favor quando se voltassem a Ele de todo o coração. "E serei achado de vós, diz o Senhor, e farei voltar os vossos cativos, e congregar-vos-ei de todas as nações e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos ao lugar de onde vos transportei." Jeremias 29:14. T4 173 1 Com que terna compaixão Deus informou o Seu povo cativo com respeito a Seus planos para Israel. Ele sabia que sofrimento e infortúnios eles experimentariam caso fossem levados a crer que seriam rapidamente livrados da escravidão e trazidos de volta a Jerusalém, segundo a previsão dos falsos profetas. Sabia que essa crença tornaria sua posição bastante difícil. Qualquer demonstração de insurreição da parte deles despertaria a vigilância e a severidade do rei, e em conseqüência sua liberdade seria restringida. Ele desejava que tranqüilamente se submetessem a sua sorte, e tornassem a sua servidão a mais agradável possível. T4 173 2 Havia dois outros falsos profetas, Acabe e Zedequias, que profetizaram mentiras no nome do Senhor. Esses homens professavam ser instrutores consagrados; mas a vida deles era corrupta, e eram escravos dos prazeres do pecado. O profeta de Deus havia condenado o mau comportamento desses homens, e os advertira do perigo; mas em vez de se arrependerem e se reformarem, ficaram irados com o fiel reprovador de seus pecados, e buscaram impedir-lhe a obra, suscitando o povo a descrer de suas palavras e a agirem contrariamente ao conselho de Deus, na questão da submissão ao rei de Babilônia. O Senhor testificou mediante Jeremias que esses falsos profetas deviam ser entregues nas mãos do rei de Babilônia e mortos diante de seus olhos, e no devido tempo esta predição foi cumprida. T4 173 3 Outros falsos profetas se levantaram para semear confusão entre o povo, desviando-os de obedecerem aos mandados divinos transmitidos através de Jeremias; mas o juízo de Deus foi pronunciado contra eles em conseqüência de seu grave pecado de levar a rebelião contra Ele. T4 173 4 Homens semelhantes se levantam em nossos dias, e criam confusão e rebelião entre o povo que professa obedecer à lei de Deus. Tão certamente, porém, como os juízos divinos recaíram sobre os falsos profetas, igualmente esses obreiros iníquos receberão a plena medida da retribuição; pois o Senhor não mudou. Aqueles que profetizam mentiras, encorajam os homens a verem o pecado como questão de menor importância. Quando os terríveis resultados de seus crimes são manifestos, eles buscam, se possível, tornar aquele que fez fiéis advertências responsável por suas dificuldades, tal como os judeus acusaram Jeremias por seus infortúnios. T4 174 1 Aqueles que seguem uma atitude de rebelião contra o Senhor podem sempre encontrar falsos profetas que os justificarão em seus atos e os lisonjearão para sua destruição. Palavras mentirosas geralmente fazem muitos amigos, como no caso de Acabe e Zedequias. Em seu pretenso zelo por Deus, esses falsos profetas encontravam muito mais pessoas que criam neles e os seguiam, do que o verdadeiro profeta que apresentava a mensagem simples do Senhor. Uma lição dos recabitas T4 174 2 Deus ordenou a Jeremias que reunisse os recabitas na casa do Senhor, numa de suas câmaras, e lhes apresentasse vinho e os convidasse a beber. Jeremias fez como o Senhor lhe ordenara. "Mas eles disseram: Não beberemos vinho, porque Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, nos mandou, dizendo: Nunca bebereis vinho, nem vós nem vossos filhos." Jeremias 35:6. T4 174 3 "Então, veio a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Vai e dize aos homens de Judá e aos moradores de Jerusalém: Porventura, nunca aceitareis instrução, para ouvirdes as Minhas palavras? -- diz o Senhor. As palavras de Jonadabe, filho de Recabe, que ordenou a seus filhos que não bebessem vinho, foram guardadas, pois não beberam até este dia; antes, ouviram o mandamento de seu pai." Jeremias 35:12-14. T4 174 4 Aqui Deus contrasta a obediência dos recabitas com a desobediência de Seu povo que não recebia Suas palavras de reprovação e advertência. Os recabitas obedeceram à ordem de seu pai, e recusaram ser seduzidos à transgressão de seus requisitos. Mas Israel recusou-se a ouvir ao Senhor. Ele diz: "A Mim, porém, que vos tenho falado a vós, madrugando e falando, vós não Me ouvistes. E vos enviei todos os Meus servos, os profetas, madrugando, e enviando, e dizendo: Convertei-vos, agora, cada um do seu mau caminho, e fazei boas as vossas ações, e não sigais a outros deuses para servi-los; e assim ficareis na terra que vos dei a vós e a vossos pais; mas não inclinastes os ouvidos, nem Me obedecestes a Mim. Visto que os filhos de Jonadabe, filho de Recabe, guardaram o mandamento de seu pai, que ele lhes ordenou, mas este povo não Me obedeceu, assim diz o Senhor, o Deus dos Exércitos, o Deus de Israel: Eis que trarei sobre Judá e sobre todos os moradores de Jerusalém todo o mal que falei contra eles; pois lhes tenho falado, e não ouviram; e clamei a eles, e não responderam. T4 175 1 "E à casa dos recabitas disse Jeremias: Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Visto que obedecestes ao mandamento de Jonadabe, vosso pai, e guardastes todos os seus mandamentos, e fizestes conforme tudo quanto vos ordenou, assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Nunca faltará varão a Jonadabe, filho de Recabe, que assista perante a Minha face todos os dias." Jeremias 35:14-19. T4 175 2 Os recabitas foram elogiados por sua pronta e voluntária obediência, ao passo que o povo de Deus não aceitava as reprovações dadas por seus profetas. Sendo que Deus lhes falara e eles não ouviram, que os chamara e não responderam, Ele pronunciou juízo contra eles. Jeremias repetiu as palavras de elogio do Senhor aos recabitas fiéis e pronunciou bênçãos sobre eles em Seu nome. Assim Deus ensinou ao Seu povo que a fidelidade e obediência aos Seus requisitos se refletiriam em bênçãos, tal como os recabitas foram abençoados por sua obediência à ordem de seu pai. T4 175 3 Se as instruções de um pai bom e sábio, que usou os melhores e mais eficazes meios para proteger sua posteridade contra o mal da intemperança, devessem ser tão estritamente obedecidas, a autoridade de Deus deveria ser mantida em muito maior respeito como Ele é mais santo do que o homem. Ele é o nosso Criador e comandante, infinito em poder e terrível em juízo. Em misericórdia Ele emprega uma variedade de meios para levar os homens a verem os seus pecados e deles se arrependerem. Se continuarem a desconsiderar as reprovações por Ele enviadas, e agirem contrariamente a Sua vontade declarada, a ruína se seguirá; pois o povo de Deus é mantido em prosperidade somente por Sua misericórdia, mediante o cuidado de Seus mensageiros celestiais. Ele não susterá nem protegerá um povo que desconsidera o Seu conselho e despreza as Suas reprovações. As advertências de Deus rejeitadas T4 176 1 Jeremias já estava privado de sua liberdade porque obedeceria a Deus e daria ao rei e a outros que ocupavam posições de responsabilidade em Israel as palavras de advertência que havia recebido da boca de Deus. Os israelitas não aceitariam essas repreensões, nem permitiriam que sua atitude fosse questionada. Haviam manifestado grande ira e desprezo às palavras de repreensão e aos juízos que foram preditos que viriam sobre eles se continuassem em rebelião contra o Senhor. Embora Israel não ouvisse a palavra do divino conselho, isto não tornou essa palavra de menos efeito, nem Deus deixou de reprovar e ameaçar com o Seu desprazer e Seus juízos àqueles que recusaram obedecer aos Seus requisitos. T4 176 2 O Senhor instruiu Jeremias dizendo: "Toma o rolo de um livro e escreve nele todas as palavras que te tenho falado sobre Israel, é sobre Judá, e sobre todas as nações, desde o dia em que Eu te falei a ti, desde os dias de Josias até hoje. Ouvirão, talvez, os da casa de Judá todo o mal que Eu intento fazer-lhes, para que cada qual se converta do seu mau caminho, e Eu perdoe a sua maldade e o seu pecado." Jeremias 36:2, 3. T4 176 3 Aqui é mostrada a relutância de Deus em desistir de Seu povo pecador. Para que Israel não mais negligenciasse Suas reprovações e advertências a ponto de esquecê-las, Ele retarda Seu juízo sobre eles e lhes dá uma recapitulação completa de sua desobediência e pecados agravantes, desde os dias de Josias até seus próprios dias, e dos juízos que havia pronunciado em conseqüência de suas transgressões. Assim tiveram outra oportunidade de ver sua iniqüidade e de se arrependerem. Nisto vemos que Deus não Se deleita em afligir Seu povo; mas, com cuidado que ultrapassa o de um pai piedoso por um filho desobediente, apela ao Seu povo errante para retornar à Sua lealdade. T4 177 1 Em obediência às ordens de Deus, o profeta Jeremias ditou as palavras que recebera do Senhor a Baruque, seu escriba, que as escreveu sobre um rolo. Ver Jeremias 36:4. Essa mensagem era uma reprovação dos muitos pecados de Israel, e uma advertência das conseqüências que sobreviriam pela continuação de sua má conduta. Era um fervoroso apelo para que renunciasse a seus pecados. Após ter sido escrito, Jeremias, que era prisioneiro, enviou seu escriba para que lesse o rolo a todo o povo que se havia reunido "na Casa do Senhor, no dia de jejum". Jeremias 36:6. Disse o profeta: "Pode ser que caia a sua súplica diante do Senhor, e se converta cada um do seu mau caminho, porque grande é a ira e o furor que o Senhor tem manifestado contra este povo." Jeremias 36:7. T4 177 2 O escriba obedeceu ao profeta e o rolo foi lido perante todo o povo de Judá. Entretanto, isso não foi tudo; ele foi convocado a lê-lo perante os príncipes. Eles ouviram com grande interesse, e o temor lhes estava estampado sobre a face ao perguntarem a Baruque com respeito à misteriosa escrita. Prometeram dizer ao rei tudo que haviam ouvido a respeito dele e de seu povo, mas aconselharam o escriba a se esconder, pois temiam que o rei rejeitasse o testemunho que Deus havia dado por meio Jeremias, e buscasse matar não somente o profeta mas o seu escriba. T4 177 3 Quando o rei foi notificado pelos príncipes do que Baruque havia lido, imediatamente ordenou que o rolo fosse trazido e lido para ele. Mas em lugar de acatar as suas advertências, e temendo o perigo que pairava sobre ele e o seu povo, num ímpeto de ira atirou-o no fogo, não obstante alguns que ocupavam elevados postos de sua confiança lhe terem apelado a não queimá-lo. Então a ira desse ímpio monarca levantou-se contra Jeremias e seu escriba, e em seguida ordenou que fossem apanhados; "mas o Senhor tinha-os escondido". Jeremias 36:26. Após o rei ter queimado o rolo sagrado, veio a palavra de Deus a Jeremias, dizendo: "Toma ainda outro rolo e escreve nele todas as palavras que estavam no primeiro volume, o qual Jeoaquim, rei de Judá, queimou. E a Jeoaquim, rei de Judá, dirás: Assim diz o Senhor: Tu queimaste este rolo, dizendo: Por que escreveste nele anunciando: Certamente, virá o rei da Babilônia, e destruirá esta terra, e fará cessar nela homens e animais?" Jeremias 36:28, 29. T4 178 1 Um Deus misericordioso havia graciosamente advertido o povo para o seu bem. "Ouvirão, talvez", disse o compassivo Criador, "os da casa de Judá todo o mal que Eu intento fazer-lhes, para que cada qual se converta do seu mau caminho, e Eu perdoe a sua maldade e o seu pecado." Jeremias 36:3. Deus Se compadece da cegueira e da perversidade do homem; Ele envia luz a seu entenebrecido entendimento através de reprovações e ameaças que se destinam a fazer os mais exaltados sentirem sua ignorância e lamentarem seus erros. Ele leva os condescendentes consigo mesmos a se sentirem insatisfeitos com as suas realizações e buscarem maiores bênçãos por uma aproximação maior com o Céu. T4 178 2 O plano de Deus não é de enviar mensageiros que agradem e lisonjeiem os pecadores; Ele não apresenta mensagem de paz para embalar os não santificados em segurança carnal. Antes, coloca pesados fardos sobre a consciência dos praticantes do mal, e penetra a sua alma com agudas setas de convicção. Os anjos ministradores apresentam-lhes os temíveis juízos de Deus para aprofundar a percepção de sua grande necessidade e levá-los ao angustiante clamor: "Que farei para herdar a vida eterna?" Marcos 10:17. A própria mão que humilha ao pó, reprova o pecado, transforma o orgulho e a ambição em vergonha, eleva o penitente, o ferido, e indaga com a mais profunda simpatia: "Que queres que te faça?" Marcos 10:51. T4 178 3 Quando alguém peca contra um santo e misericordioso Deus, não pode seguir conduta mais nobre do que arrepender-se sinceramente e confessar seus erros em lágrimas e angústia de alma. Isso é o que Deus requer dele; não aceitará nada menos do que um coração quebrantado e um espírito contrito. Mas o rei e seus nobres, em sua arrogância e orgulho, recusaram o convite de Deus para retornar; não acatariam a Sua advertência nem se arrependeriam. Esta foi sua última oportunidade de graça. Deus havia declarado que se eles se recusassem a ouvir Sua voz, lhes infligiria uma terrível retribuição. Recusaram-se a ouvir, e Ele pronunciou o Seu juízo sobre Israel; visitou com ira especial o homem que havia orgulhosamente se levantado contra o Todo-poderoso. T4 179 1 "Portanto, assim diz o Senhor acerca de Jeoaquim, rei de Judá: Não terá quem se assente sobre o trono de Davi, e será lançado o seu cadáver ao calor de dia e à geada de noite. E visitarei sobre ele, e sobre a sua semente, e sobre os seus servos a sua iniqüidade; e trarei sobre ele, e sobre os moradores de Jerusalém, e sobre os homens de Judá todo aquele mal que lhes tenho falado sem que Me ouvissem." Jeremias 36:30, 31. T4 179 2 A queima do rolo não foi o fim da questão. As palavras escritas foram mais facilmente descartadas do que a reprovação e advertência que continham, e o pronto castigo que Deus havia pronunciado contra o rebelde Israel. Mas mesmo o rolo escrito foi reproduzido sob a ordem do Senhor. As palavras do Infinito não deviam ser destruídas. "Tomou, pois, Jeremias outro rolo e o deu a Baruque, filho de Nerias, o escrivão, o qual escreveu nele, da boca de Jeremias, todas as palavras do livro que Jeoaquim, rei de Judá, tinha queimado; e ainda se acrescentaram a elas muitas palavras semelhantes." Jeremias 36:32. T4 179 3 Deus não envia juízos sobre o Seu povo sem primeiro adverti-lo ao arrependimento. Ele emprega todos os meios para levá-lo de volta à obediência, e não pune a sua iniqüidade com juízos até que lhe tenha dado ampla oportunidade para arrepender-se. A ira do homem buscou impedir os esforços do profeta de Deus, privando-o de sua liberdade; mas Deus pode falar aos homens através dos muros da prisão, e mesmo aumentar a utilidade de Seus servos através dos próprios meios pelos quais os seus perseguidores tentam limitar a sua influência. T4 180 1 Muitos atualmente desprezam a fiel reprovação que Deus lhes envia pelos testemunhos. Foi-me mostrado que alguns chegaram mesmo ao ponto de queimar as palavras escritas de reprovação e advertência, como fez o ímpio rei de Judá. Mas a oposição às ameaças de Deus não impede que elas se cumpram. Desprezar as palavras do Senhor, transmitidas por Seus instrumentos escolhidos, só Lhe provocará a ira, causando finalmente a ruína certa aos ofensores. A indignação freqüentemente se acende no coração dos pecadores contra o agente que Deus escolheu para transmitir Suas reprovações. Isto em todo o tempo foi assim, e existe hoje o mesmo espírito que perseguiu e encarcerou Jeremias por obedecer à Palavra do Senhor. T4 180 2 Conquanto homens não dêem atenção a repetidas advertências, comprazem-se com falsos ensinadores que lisonjeiam a sua vaidade e fortalecem a sua iniqüidade, mas que deixarão de ajudá-los no dia da angústia. Os servos escolhidos de Deus devem enfrentar com coragem e paciência quaisquer provas e sofrimentos que lhes sobrevenham através de censura, negligência ou difamação por fielmente cumprirem o dever que Deus lhes têm dado. Devem lembrar-se de que os profetas do passado e o Salvador do mundo também suportaram maus-tratos e perseguição por causa da Palavra. Devem esperar enfrentar exatamente essa oposição como manifestada pela queima do rolo que foi escrito por ordem de Deus. T4 180 3 O Senhor está preparando um povo para o Céu. Os defeitos de caráter, a vontade insubordinada, a idolatria do eu, a condescendência com crítica, ódio e contenda provocam a ira de Deus, devendo ser postos de lado por Seu povo observador dos mandamentos. Os que vivem nesses pecados são enganados e cegados pelos ardis de Satanás. Julgam que estão na luz quando se acham tateando nas trevas. Há murmuradores entre nós agora, tal como houve murmuradores entre o antigo Israel. Aqueles que por insensata simpatia encorajam os homens em rebelião quando seu amor-próprio está sendo ferido sob merecida reprovação, não são amigos de Deus, o grande Reprovador. Deus mandará reprovação e advertência ao Seu povo enquanto continuarem na Terra. T4 181 1 Aqueles que valorosamente assumem sua posição do lado certo, que incentivam a submissão à vontade revelada de Deus, e fortalecem outros em seus esforços para pôr de lado os seus erros, são os verdadeiros amigos do Senhor, que em amor estão tentando corrigir os erros de Seu povo, para que Ele os possa lavá-los e, ao purificá-los de toda contaminação, prepará-los para o Seu reino santo. T4 181 2 Zedequias sucedeu a Jeoaquim no reinado em Jerusalém. Mas nem o novo rei nem sua corte, nem o povo da terra, ouviu as palavras do Senhor proferidas por Jeremias. Os caldeus começaram o cerco contra Jerusalém, mas foram desviados por algum tempo para voltar suas armas contra os egípcios. Zedequias enviou um mensageiro a Jeremias, pedindo-lhe para orar ao Deus de Israel em seu favor; mas a resposta terrível do profeta foi de que o exército caldeu retornaria e destruiria a cidade. Assim o Senhor lhes revelou quão impossível é para o homem evitar o juízo divino. "Assim diz o Senhor: Não enganeis a vossa alma, dizendo: Sem dúvida, se irão os caldeus de nós; porque não se irão. Porque, ainda que ferísseis a todo o exército dos caldeus que peleja contra vós, e ficassem deles apenas homens traspassados, cada um se levantaria na sua tenda e queimaria a fogo esta cidade." Jeremias 37:9, 10. T4 181 3 Jeremias considerou a sua obra terminada e tentou deixar a cidade; mas foi impedido pelo filho de um dos falsos profetas, que relatou que ele estava para unir-se ao inimigo. Jeremias negou a falsa acusação, não obstante foi levado de volta. Os príncipes estavam prontos para crer no filho do falso profeta, porque odiavam Jeremias. Pareciam pensar que ele lhes trouxera a calamidade que havia predito. Em sua ira o feriram e o aprisionaram. T4 181 4 Após ter permanecido no calabouço muitos dias, o rei Zedequias mandou buscá-lo, e secretamente indagou-lhe se havia qualquer palavra do Senhor. Jeremias novamente repetiu sua advertência de que a nação seria entregue nas mãos do rei de Babilônia. T4 182 1 "Disse mais Jeremias ao rei Zedequias: Em que tenho pecado contra ti, e contra os teus servos, e contra este povo, para que me pusésseis na prisão? Onde estão, agora, os vossos profetas que vos profetizavam, dizendo: O rei da Babilônia não virá contra vós nem contra esta terra? Agora, pois, ó rei, meu senhor, caia a minha súplica diante de ti: não me deixes tornar à casa de Jônatas, o escriba, para que não venha a morrer ali. Então, ordenou o rei Zedequias que pusessem Jeremias no átrio da guarda; e deram-lhe um bolo de pão cada dia, da rua dos padeiros, até que se acabou todo o pão da cidade. Assim, ficou Jeremias no átrio da guarda." Jeremias 37:18-21. T4 182 2 O ímpio rei não ousou abertamente manifestar qualquer fé em Jeremias; mas seu temor o induziu a buscar dele informações. Contudo, era demasiado fraco para enfrentar a desaprovação de seus nobres e do povo ao submeter-se à vontade de Deus como declarada pelo profeta. Finalmente, homens de autoridade, que estavam irados porque Jeremias persistia em profetizar o mal, foram até o rei e lhe disseram que enquanto o profeta vivesse não cessaria de predizer calamidade. Insistiam em que ele era inimigo da nação, e que suas palavras haviam enfraquecido as mãos do povo e acarretado infortúnio sobre eles; e desejavam levá-lo à morte. T4 182 3 O covarde rei sabia que aquelas acusações eram falsas; mas para agradar aqueles que ocupavam posições elevadas e influentes na nação, fingiu crer em suas falsidades, e entregou Jeremias em suas mãos para que fizessem com ele o que desejassem. Assim, tomaram o profeta "e o lançaram no calabouço de Malquias, filho do rei, que estava no átrio da guarda; e desceram Jeremias com cordas; mas, no calabouço, não havia água, senão lama; e atolou-se Jeremias na lama." Jeremias 38:6. Deus, porém, suscitou amigos para ele, que apelaram ao rei em seu favor, e fizeram com que fosse novamente transferido para o pátio da prisão. T4 183 1 Uma vez mais o rei buscou secretamente a Jeremias e pediu-lhe que relatasse fielmente o propósito de Deus para com Jerusalém. "Disse Jeremias a Zedequias: Se eu ta declarar, com certeza, não me matarás? E, aconselhando-te eu, ouvir-me-ás? Então, jurou o rei Zedequias a Jeremias, em segredo, dizendo: Vive o Senhor, que nos fez esta alma, que não te matarei, nem te entregarei nas mãos destes homens que procuram a tua morte." Jeremias 38:15, 16. Então Jeremias novamente fez soar a nota de advertência divina aos ouvidos do rei. Disse ele: "Assim diz o Senhor, Deus dos Exércitos, Deus de Israel: Se, voluntariamente, saíres, aos príncipes do rei da Babilônia, então, viverá a tua alma, e esta cidade não será queimada, e viverás tu e a tua casa. Mas, se não saíres aos príncipes do rei da Babilônia, então, será entregue esta cidade nas mãos dos caldeus, e eles a queimarão, e tu não escaparás das mãos deles. Então, disse o rei Zedequias a Jeremias: Receio-me dos judeus que se passaram para os caldeus; que me entreguem nas suas mãos e escarneçam de mim. Disse Jeremias: Não te entregarão; ouve, te peço, a voz do Senhor, conforme a qual eu te falo; e bem te irá, e viverá a tua alma." Jeremias 38:17-20. T4 183 2 Aqui foi demonstrada a longanimidade e a misericórdia de Deus. Mesmo na última hora, se houvesse submissão a Seus requisitos, a vida do povo seria poupada e a cidade salva da conflagração. Mas o rei julgou que havia ido longe demais para retratar-se. Temia os judeus, temia tornar-se objeto de zombaria, temia pela própria vida. Era por demais humilhante, naquele momento avançado, dizer ao povo: "Eu aceito a palavra do Senhor como ditas por Seu profeta Jeremias. Não ouso aventurar-me a guerrear contra o inimigo em face de todas essas advertências." T4 183 3 Com lágrimas, Jeremias apelou ao rei para salvar a si mesmo e ao seu povo. Com angústia de espírito lhe assegurou que não poderia escapar com vida, e que todas as suas posses cairiam nas mãos do rei de Babilônia. Ele poderia salvar a cidade se quisesse. Todavia, tinha começado pelo caminho errado, e não queria voltar atrás. Decidiu seguir o conselho dos falsos profetas e dos homens a quem realmente desprezava, e que ridicularizavam a sua fraqueza de caráter em ceder tão prontamente aos desejos deles. Ele renunciou à nobre liberdade de sua honradez para tornar-se um escravo abjeto da opinião pública. Conquanto não tivesse um propósito maligno definido, também não teve firmeza para postar-se ousadamente pelo direito. Embora estivesse convencido da verdade como exposta por Jeremias, não possuía força moral para obedecer a seu conselho, mas avançou firmemente na direção errada. T4 184 1 Ele era mesmo fraco demais para concordar que seus cortesãos e povo soubessem que ele havia conversado com o profeta, tal era o temor de ser humano que se apossara de sua alma. Se esse governante covarde tivesse permanecido corajosamente diante de seu povo e declarado que cria nas palavras do profeta, já em parte cumpridas, que desolação poderia ter evitado! Deveria ter dito: "Eu obedecerei ao Senhor e salvarei a cidade de completa ruína. Não ousarei desconsiderar as ordens de Deus por temor ou favor de homens. Eu amo a verdade, odeio o pecado e seguirei o conselho do Poderoso de Israel." Então o povo teria respeitado seu espírito corajoso, e os vacilantes entre a fé e a incredulidade teriam tomado uma firme posição pelo que é correto. O próprio destemor e justiça de sua atitude teriam inspirado os súditos com admiração e lealdade. Ele teria obtido amplo apoio; e Israel, sido poupado de indescritível aflição de incêndios, carnificina e fome. T4 184 2 Mas a fraqueza de Zedequias foi um crime pelo qual pagou uma penalidade terrível. O inimigo avançou como uma avalanche irresistível e devastou a cidade. Os exércitos hebreus em confusão foram derrotados. A nação foi conquistada. Zedequias foi levado prisioneiro, e seus filhos mortos diante de seus olhos. Então ele foi conduzido para fora de Jerusalém como cativo, ouvindo o clamor de seu desventurado povo e o estrépito das chamas que devoravam suas casas. Seus olhos foram arrancados, e quando chegou em Babilônia, pereceu miseravelmente. Essa foi a punição da incredulidade e de seguir o conselho dos ímpios. T4 185 1 Há muitos falsos profetas em nossos dias, aos quais o pecado não parece especialmente repulsivo. Eles se queixam de que a paz do povo é desnecessariamente perturbada pelas reprovações e advertências dos mensageiros de Deus. Quanto a eles, embalam a alma dos pecadores em uma passividade fatal com seus ensinos suaves e enganosos. O antigo Israel foi assim seduzido pelas mensagens lisonjeiras dos sacerdotes corruptos. A predição de prosperidade deles era mais agradável do que a mensagem do verdadeiro profeta, que recomendava arrependimento e submissão. T4 185 2 Os servos de Deus devem manifestar espírito terno e compassivo e mostrar a todos que não são movidos por quaisquer motivos pessoais em seu trato com o povo, não se deleitando em dar mensagens de ira em nome do Senhor. Não obstante, nunca devem vacilar em assinalar os pecados que estão corrompendo o professo povo de Deus, nem cessar de lutar para influenciá-lo a volver-se de seus erros e obedecer ao Senhor. T4 185 3 Os que buscam acobertar o pecado, fazendo-o parecer menos agravante à mente do ofensor, estão realizando a obra dos falsos profetas e podem esperar que a ira retributiva de Deus seguirá tal atitude. O Senhor nunca conciliará os Seus caminhos aos desejos de homens corruptos. O falso profeta condenou Jeremias por afligir o povo com suas severas ameaças; e buscou reanimá-los por prometer-lhes prosperidade, pensando que o pobre povo não deveria ser continuamente lembrado de seus pecados e ameaçado de punição. Essa atitude fortaleceu o povo em resistir ao conselho do verdadeiro profeta e intensificou sua inimizade para com ele. T4 185 4 Deus não tem afinidade com o malfeitor. Ele não dá a ninguém a liberdade de encobrir os pecados de Seu povo, nem declarar: "Paz! paz!" quando Ele declarou que não haverá paz para o ímpio. Aqueles que suscitam a rebelião contra os servos a quem Deus envia para apresentar Suas mensagens estão se rebelando contra a palavra do Senhor. ------------------------Capítulo 18 -- Necessárias fiéis reprovações T4 186 1 O seguinte testemunho, recebido em minha visão de 5 de Janeiro de 1875, escrevi em minha tenda entre os cultos da campal de Agosto de 1875, em Vermont. Apresenta a condição de coisas em _____, em Janeiro de 1875. Acontecimentos durante o verão seguinte justificaram plenamente a evidente severidade do testemunho. Em Setembro, li partes dele àquela igreja, e uma grande obra foi iniciada pelos nossos esforços; contudo, para benefício daquela igreja e de outras, apresento o testemunho nesta humilde obra. T4 186 2 As trevas estão assumindo o controle onde somente o Espírito de Deus deve reinar. Mas poucos que se empenham na obra percebem a necessidade de esforço pessoal e responsabilidade individual em qualquer ministério que assumem. Poucos sentem o caráter sagrado da obra em que estão empenhados. Consideram-na no mesmo nível de empreendimentos comuns. T4 186 3 O egoísmo predomina em muitos que devem saber que uma vida de amor altruísta é uma vida de paz e liberdade. Aqueles que buscam a felicidade, satisfazendo a si mesmos e procurando principalmente os próprios interesses, estão no caminho errado para alcançar felicidade mesmo na Terra. Quem é infiel no menor de seus deveres é infiel em deveres maiores. Se negligencia realizar fielmente as pequenas tarefas que lhe são confiadas, prova-se incapaz de assumir responsabilidades mais elevadas; indica que não tem o coração inteiramente no trabalho, e que não tem os olhos voltados para a glória de Deus. T4 186 4 Alguns estão prontos para definir deveres que pertencem aos outros, e percebem a importância plena da responsabilidade deles, mas deixam de perceber prontamente o próprio dever. A fidelidade pessoal e a responsabilidade individual são necessárias especialmente no Health Institute [agora Sanatório], no escritório, na igreja e na escola. Se todos aqueles que estão ligados a essas instituições estivessem ouvindo zelosamente o que Jesus lhes ordenou fazer, em vez de buscarem saber o que este ou aquele homem fará, testemunharíamos uma grande mudança em cada ramo da obra. Se a linguagem de cada coração fosse: "Devo ouvir os ensinos de Cristo e obedecer a Sua voz; ninguém pode fazer meu trabalho em meu lugar; a atenção de outros nunca pode compensar minha negligência", então poderíamos ver a causa de Deus avançando como nunca antes. T4 187 1 É essa passividade, ou esperar que os outros façam, que traz fraqueza espiritual. Poupar as energias de alguém é um seguro caminho para diminuí-las. Jesus requer obediência implícita e submissa disposição da parte de todos os Seus servos. Não deve haver demora ou condescendência própria no serviço de Cristo. Não há harmonia entre Cristo e Belial. Que falta de devoção para com a obra de Deus, que ausência de cuidados, tem havido em _____! T4 187 2 O coração de A não tem sido dedicado a Deus. Ele tem habilidades e talentos pelos quais prestará contas ao grande Doador de tudo. Seu coração não tem sido consagrado, e sua vida é indigna de sua profissão de fé; contudo, tem estado intimamente ligado com a sagrada obra de Deus por mais de vinte anos. Que luz teve ele, que privilégios! Tem desfrutado as mais raras oportunidades de desenvolver um sólido caráter cristão. As palavras de Cristo quando chorou sobre Jerusalém são-lhe aplicáveis: "Se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas, agora, isso está encoberto aos teus olhos." Lucas 19:42. Irmão A, a retribuição de Deus paira sobre você, "pois que não conheceste o tempo da tua visitação". Lucas 19:44. T4 187 3 B tem a mesma mentalidade, mas não tão inteiramente egoísta. Ambos são "mais amigos dos prazeres que amigos de Deus". 1 Timóteo 3:4. A atitude deles é inteiramente incoerente com a vida cristã. Faltam-lhes estabilidade, sobriedade e devoção a Deus. Com B a obra da graça é por demais superficial. Ele deseja ser um cristão, mas não luta para manter a vitória sobre o eu e agir segundo as suas convicções do que é certo ou errado. Ações, não palavras vãs e intenções vazias, são aceitáveis a Deus. T4 187 4 A, você tem ouvido a palavra de Deus em reprovações, em conselhos, em advertências, bem como em apelos de amor. Mas ouvir não é suficiente. "Sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos." Tiago 1:22. É fácil ser levado pelos outros e clamar com a multidão: Hosana! Mas na serenidade da vida diária, quando não há emoção ou exaltação especial, então é que vem o teste do verdadeiro cristianismo. É então que seu coração se torna frio, seu zelo se abate, e as atividades religiosas se tornam desagradáveis T4 188 1 Afirmativamente, vocês negligenciam cumprir a vontade de Deus. Cristo declara: "Vós sois Meus amigos, se fazeis o que Eu vos mando." João 15:14. Esta é a condição imposta; esta é a prova que mostra o caráter dos homens. Os sentimentos muitas vezes enganam, as emoções não são salvaguarda segura; pois são variáveis e sujeitos a circunstâncias externas. Muitos são enganados por confiarem em impressões sensacionais. A prova é: Que você está fazendo por Cristo? Que sacrifícios faz? Que vitórias está alcançando? Um espírito egoísta vencido, resistida uma tentação de negligenciar o dever, uma paixão subjugada e a voluntária e prazerosa obediência prestada à vontade de Cristo são muito maiores provas de que você é um filho de Deus, do que piedade esporádica e religião emocional. T4 188 2 Ambos têm sido avessos à reprovação; ela sempre tem despertado a deslealdade e murmuração no coração de vocês contra o seu melhor Amigo, que sempre buscou fazer o bem por vocês e a quem têm todo motivo para respeitar. Separaram-se dEle e têm irritado o Espírito de Deus ao levantar-se contra as palavras que Ele tem dado aos Seus servos para falar a respeito da conduta de vocês. Não têm dado ouvido a estas admoestações, e assim têm rejeitado o Espírito de Deus, afastando-O do coração, e se tornando descuidados e indiferentes em seu comportamento. T4 188 3 Irmão A, você devia ter obtido valiosa experiência durante os muitos anos nos quais foi abençoado com a grande luz que Deus permitiu brilhar sobre seu caminho. Ouvi uma voz declarando com referência a você: "É uma árvore infrutífera; por que seus galhos sem frutos devem ocupar o espaço que uma árvore frutífera poderia ocupar? Cortem-na, pois por que ocupa o terreno?" Então ouvi os apelos da doce voz da misericórdia declarando: "Poupem-na um pouco mais. Vou escavar ao redor de suas raízes; vou podá-la. Dêem-me mais uma oportunidade; se não der fruto então, poderão cortá-la." Assim mais um pouco de tempo de graça é concedido à árvore improdutiva, um pouco mais de tempo para que a vida estéril floresça e produza fruto. A oportunidade concedida será bem aproveitada? Irão as advertências do Espírito de Deus ser atendidas? As palavras de Jesus com respeito a Jerusalém após ter desprezado a salvação graciosamente oferecida por seu Redentor, são também, em suma, ditas a você: "Jerusalém, Jerusalém, ... quantas vezes quis Eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!" Mateus 23:37. Cristo pleiteou, convidou; mas o Seu amor não foi correspondido pelo povo ao qual veio salvar. Você não tem feito melhor em seus dias do que os pobres, enganados e cegados judeus nos deles. Poderia ter-se aproveitado de seus benditos privilégios e oportunidades, e aperfeiçoado um caráter cristão; mas o seu coração tem sido rebelde e "não" se humilhou para verdadeiramente converter-se e viver em obediência aos requisitos de Deus. T4 189 1 Os sentimentos e murmurações não harmonizados, que têm sido expressos por alguns, também têm contaminado a sua alma, embora você não tenha ousado falar claramente neste sentido. Teria sido melhor para o escritório e para todos os interessados que você tivesse se desligado disso anos atrás. Quanto mais luz tem tido, mais privilégios desfrutado, menos sinceridade e justiça você tem manifestado. Seu coração tem sido carnal, e você tem negligenciado a expressa palavra de Deus. Conquanto tenha sido protegido com advertências e conselhos, e tenha tido a mais forte evidência de que Deus estava nesta obra, e que Sua voz lhe estava falando, tratou, porém, levianamente e rejeitou as solenes reprovações, seguindo o próprio caminho de egoísmo e obstinação. T4 189 2 Às vezes os seus temores têm sido despertados; contudo, você nunca percebeu sua terrível condição espiritual e absoluto perigo. Tem repetidamente caído de volta ao mesmo estado de indiferença e egoísmo. Seu arrependimento nunca tem sido suficientemente profundo para aperfeiçoar uma reforma completa. Tem realizado uma obra superficial, mas não a inteira transformação necessária a fim de levá-lo à aceitação de Deus. "Quem Me segue", disse Cristo, "não andará em trevas." João 8:12. Mas na maior parte de sua professa vida cristã você tem caminhado em trevas, porque deixou de estar ligado ao Céu, e de receber a pura luz do Espírito de Deus. T4 190 1 Se estivesse em diária comunhão com o Senhor, e cultivado amor pelas almas, teria crescido acima do eu e se tornado obreiro fervoroso na vinha do Senhor. Perceberia como a fiel realização dos deveres da vida o preservaria do amor-próprio e da satisfação própria. Você não tem sido diligente, buscando diariamente obter experiência progressiva. Devia a esta altura ser um homem confiável em qualquer posição de responsabilidade, mas tudo que se dispõe a empreender é assinalado pelo egoísmo. No próprio conceito você tem sido sábio, mas deixado de obter sabedoria da experiência de muitos anos. T4 190 2 B tem sido vaidoso. Ele poderia ter avançado firmemente para a frente, crescendo em graça, mas a aparência exterior tem-lhe parecido mais importante do que o adorno interior, "o incorruptível trajo de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus". 1 Pedro 3:4. Os descrentes empregados no escritório, que não tiveram a luz da verdade presente como vocês tiveram, têm sido muito mais fiéis e conscienciosos do que qualquer de vocês a quem me dirijo. Se vocês estivessem estado diligentemente unidos a Cristo, alguns desses agora estariam conosco na verdade. Mas a vida de vocês foi para eles uma pedra de tropeço. Deus olha para esses descrentes com maior piedade e favor do que para os que crêem na verdade, mas O negam por suas obras. Esta crença que é posta de lado quando conveniente, e colocada ou tirada como uma peça de vestuário, não é a religião de Cristo, mas um artigo espúrio que não suportará nem mesmo as provas deste mundo. T4 190 3 A verdadeira religião é sempre vista distintamente em nossas palavras e comportamento, e em cada ato da vida. Com os seguidores de Cristo, a religião nunca deve estar divorciada dos negócios. Devem ir de mãos dadas, e os mandamentos de Deus devem ser estritamente considerados em todos os detalhes das questões mundanas. O conhecimento de que somos filhos de Deus deve dar um elevado cunho mesmo aos deveres da vida diária, não nos tornando vagarosos nos negócios, mas "fervorosos no espírito". Romanos 12:11. Religião como esta suporta com grandiosa consciência de integridade o escrutínio de um mundo crítico. T4 191 1 Todo obreiro no escritório deve considerar-se mordomo de Deus, realizando o seu trabalho com exatidão e fiel vigilância. A constante indagação deve ser: "Está isso de acordo com a vontade de Deus? Agradará isto ao meu Redentor?" A religião bíblica eleva o raciocínio até que Cristo é harmonizado com todos os pensamentos. Toda ação, toda palavra e todo momento de nossa vida devem manifestar a estampa de nossa fé santificada. O fim de todas as coisas está próximo e não temos tempo para estar ociosos ou viver em prazer, em contradição com Deus. T4 191 2 O Senhor não será tratado levianamente. Aqueles que negligenciam Suas misericórdias e bênçãos neste tempo de oportunidades trarão sobre si impenetráveis trevas, e serão candidatos à ira de Deus. Sodoma e Gomorra foram visitadas com a maldição do Todo-poderoso por seus pecados e iniqüidade. Há aqueles em nossos dias que têm igualmente abusado das misericórdias de Deus e tratado levianamente Suas advertências. Será mais tolerável para Sodoma e Gomorra no dia do juízo, do que para aqueles que levam o nome de Cristo, contudo O desonram por sua vida não consagrada. Essa classe está acumulando para si uma retribuição terrível, quando Deus em Sua ira os visitar com Seus juízos. T4 191 3 Os pecadores que não tiveram a luz e os privilégios que os adventistas do sétimo dia têm desfrutado, irão, em sua ignorância, estar numa posição mais favorável perante Deus do que aqueles que foram infiéis enquanto em íntima ligação com Sua obra, professando amá-Lo e servi-Lo. As lágrimas de Cristo sobre o monte vieram de um coração angustiado e partido, por causa de Seu amor não correspondido e da ingratidão de Seu povo escolhido. Ele Se empenhara incansavelmente por salvá-los do destino que pareciam determinados a trazer sobre si mesmos; mas recusaram Sua misericórdia e não conheceram o tempo de sua visitação. O seu dia de privilégio estava terminando; contudo, estavam tão cegados pelo pecado que não o souberam. T4 192 1 Jesus contemplou a seqüência dos séculos até o fim do tempo, e considerando os casos daqueles que haviam retribuído o Seu amor e admoestações com egoísmo e negligência, e todos que assim O recompensaram, dirigiu-lhes as solenes palavras, declarando que não conheceram o tempo de sua visitação. Os judeus estavam reunindo ao seu redor nuvens escuras de retribuição; e muitos hoje, de igual maneira, estão atraindo sobre si a ira de Deus, por causa das oportunidades não aproveitadas, dos conselhos e amor de Cristo desdenhados e de Seus servos desprezados e odiados por falarem a verdade. T4 192 2 Não há lugar sobre a face da Terra onde tão grande luz haja sido concedida como em _____. Até mesmo a antiga Jerusalém não foi mais altamente favorecida com os raios da luz celestial brilhando sobre o caminho que seu povo deveria trilhar. Não obstante, deixaram de caminhar, por fiel obediência, no pleno esplendor da luz, servindo a Deus noite e dia. Uma religião doentia e subdesenvolvida é o resultado de negligenciar seguir a luz revelada pelo Espírito do Senhor. O vigor e amor aumentam ao serem exercitados, e as graças cristãs podem ser desenvolvidas unicamente por meio de cuidadoso cultivo. Necessidade de disciplina familiar T4 192 3 O estado de muitos em _____ é verdadeiramente alarmante; especialmente entre a maioria dos jovens. Famílias têm se mudado para o local, entendendo que não deviam ser um peso para a igreja, mas uma ajuda. Com um número considerável, o resultado tem sido exatamente o contrário. A negligência dos pais em disciplinar apropriadamente seus filhos tem sido uma fonte geradora de males em muitas famílias. Os jovens não têm sido restringidos como deviam. Os pais negligenciaram seguir as orientações da Palavra de Deus nessa questão, e os filhos assumiram as rédeas do governo nas próprias mãos. A conseqüência tem sido que geralmente tiveram êxito em governar seus pais, em vez de estarem sob a autoridade deles. T4 193 1 Os pais são cegos à verdadeira condição de seus filhos, os quais tiveram êxito em enganá-los inteiramente. Mas aqueles que perderam o controle dos filhos não se agradam quando outros buscam controlá-los ou apontar-lhes os defeitos com o propósito de corrigi-los. A causa de Deus tem sido retardada pelos pais que trouxeram seus filhos indisciplinados e incontroláveis a esta grande igreja. Muitos estão vivendo em constante negligência de seu dever em criar os filhos na educação e admoestação do Senhor; contudo, eles próprios têm muito a dizer com respeito à perversidade dos jovens em _____, quando é o exemplo errado e a má influência dos próprios filhos que têm desmoralizado os jovens com os quais se associam. T4 193 2 Tais famílias têm trazido sobre esta igreja a sua mais pesada carga. Vêm com falsas idéias. Parecem esperar que a igreja seja infalível e que tome a responsabilidade de tornar cristãos esses próprios filhos a quem eles, como pais, são incapazes de controlar ou manter dentro de limites. Lançam-se como um terrível e esmagador peso sobre a igreja. Poderiam ser um auxílio, se renunciassem ao seu egoísmo, e se empenhassem em honrar a Deus, e reparar os erros que têm cometido na vida. Mas não fazem tal coisa; mantêm-se alheios, prontos para criticar a falta de espiritualidade na igreja, cuja maior calamidade é que há entre seus membros muitos iguais a eles -- pesos mortos, pessoas cujo coração e vida não são consagrados, e cuja conduta é totalmente errada. As instituições localizadas em _____ têm se sobrecarregado com um número excessivo de pessoas doentes e desanimadas, em prejuízo de sua prosperidade e vitalidade espiritual. Crítica aos líderes T4 193 3 A igreja sofre por falta de obreiros cristãos altruístas. Se todos os que são, em regra, incapazes de resistir à tentação, e são demasiado fracos para ficar sozinhos, se conservassem afastados de _____, haveria naquele lugar uma atmosfera espiritual muito mais pura. Os que vivem se alimentando das cascas dos fracassos e deficiências dos outros, e que juntam para si mesmos a podridão das negligências e faltas do próximo, tornando-se por assim dizer os catadores de lixo da igreja, não representam vantagem para a sociedade a que pertencem, mas sim verdadeiro fardo às comunidades nas quais se infiltram. T4 194 1 A igreja precisa, não de fardos, mas de fervorosos obreiros; não de críticos, mas de construtores em Sião. Necessitam-se realmente missionários no grande centro da obra -- homens que defendam a fortaleza, que sejam fiéis como o aço para preservar a honra dos que Deus colocou à frente de Sua obra, e que farão o máximo possível para suster a causa em todos os seus ramos, mesmo com sacrifício dos próprios interesses e da vida, se necessário for. Mas foi-me mostrado que há poucos que têm a verdade entretecida na própria alma e podem subsistir ante a severa prova de Deus. Muitos há que se apegaram à verdade, mas a verdade não se apoderou deles, para lhes transformar o coração e purificá-los de todo o egoísmo. Há os que vêm a _____ para ajudar na obra, assim como há muitos membros antigos que têm terrível conta a prestar a Deus, por terem sido um empecilho ao trabalho, pelo seu amor-próprio e sua vida sem consagração. T4 194 2 A religião não tem virtude salvadora se o caráter dos que a professam não corresponde ao que professam. Deus deu graciosamente grande luz ao Seu povo em _____; mas Satanás tem uma obra a realizar, e faz sentir seu poder em maior medida no grande centro da obra. Ele toma homens e mulheres egoístas e não consagrados e os torna sentinelas para que vigiem os fiéis servos de Deus, pondo em dúvida suas palavras, suas ações e motivos, e criticando e murmurando em vista de suas repreensões e advertências. Por meio deles cria ele suspeita e ciúmes, procurando enfraquecer o ânimo dos fiéis, agradando aos não santificados e neutralizando os esforços dos servos de Deus. T4 194 3 Satanás tem tido grande poder sobre o espírito dos pais, por meio de seus filhos indisciplinados. O pecado da negligência dos pais clama contra muitos pais observadores do sábado. O espírito de tagarelice e maledicência é um dos instrumentos especiais de Satanás para semear discórdia e luta, para separar amigos e solapar a fé de muitos na veracidade de nossas crenças. Os irmãos e as irmãs estão demasiado prontos para falar das faltas e erros que julgam existir em outros, e especialmente nos que têm apresentado firmemente as mensagens de repreensão e advertência que o Senhor lhes confiou. T4 195 1 Os filhos desses queixosos escutam de ouvidos abertos e recebem o veneno da desafeição. Os pais fecham assim, cegamente, os meios pelos quais poderia ser alcançado o coração dos filhos. Quantas famílias temperam suas refeições diárias com dúvidas e críticas! Dissecam o caráter de seus amigos e o servem como delicada sobremesa. Um precioso bocado de maledicência é passado ao redor da mesa, para ser comentado, não só por adultos, mas também por crianças. Nisso Deus é desonrado. Disse Jesus: "Quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes." Mateus 25:40. Portanto, Cristo é menosprezado e profanado pelos que difamam Seus servos. T4 195 2 Os nomes dos escolhidos servos de Deus têm sido usados com desrespeito e, em alguns casos, com absoluto desdém, por certas pessoas cujo dever é apoiá-los. As crianças não têm deixado de ouvir as observações desrespeitosas dos pais com referência às solenes repreensões e advertências dos servos de Deus. Têm compreendido os escarnecedores gracejos e palavras depreciativas que de tempos em tempos lhes têm chegado aos ouvidos, e a tendência tem sido nivelar, em sua mente, os interesses sagrados e eternos, com os negócios comuns do mundo. Que obra realizam esses pais, fazendo de seus filhos uns incrédulos, já na infância! Desta maneira é que as crianças são ensinadas a serem irreverentes e a se rebelarem contra as repreensões do pecado, enviadas pelo Céu. Onde existem semelhantes males, só pode prevalecer o declínio espiritual. Esses mesmos pais e mães, cegados pelo inimigo, admiram-se de que os filhos sejam tão inclinados à incredulidade e a duvidarem da verdade da Bíblia. Admiram-se de que seja tão difícil alcançá-los por influências morais e religiosas. Se eles tivessem visão espiritual, descobririam imediatamente que esse deplorável estado de coisas é resultado de sua própria influência doméstica, produto de seus ciúmes e desconfiança. Assim, muitos incrédulos são criados nos círculos familiares de professos cristãos. T4 196 1 Muitos há que encontram prazer especial em falar demoradamente nos defeitos, reais ou imaginários, dos que carregam pesadas responsabilidades em relação com as instituições da causa de Deus. Passam por alto o bem que tem sido realizado, os benéficos resultados do árduo esforço e persistente dedicação à causa, e prendem a atenção em alguns aparentes erros, coisas que, depois de cometidas e ao seguirem-se as conseqüências, imaginam eles que poderiam ter sido executadas de modo melhor, com resultados mais lisonjeiros. No entanto, a verdade é que, se eles tivessem sido encarregados do trabalho, ou se haveriam recusado a agir em vista das circunstâncias desencorajadoras do caso, ou teriam agido mais indiscretamente do que os que efetuaram a obra, seguindo o caminho aberto pela providência de Deus. T4 196 2 Mas esses incontroláveis faladores apegam-se ferrenhamente aos aspectos mais desagradáveis da obra, tal como os líquens se agarram às asperezas da rocha. Essas pessoas atrofiam-se espiritualmente por se demorarem continuamente sobre os fracassos e faltas dos outros. São moralmente incapazes de discernir as ações boas e nobres, os esforços altruístas, o verdadeiro heroísmo e o sacrifício próprio. Não vão se tornando mais nobres e elevados em sua vida e esperanças, nem mais generosos e amplos em suas idéias e planos. Não cultivam aquela caridade que deve caracterizar a vida do cristão. Degeneram dia a dia, tornando-se mais estreitos em seus preconceitos e opiniões. A pequenez é seu elemento, e a atmosfera que os rodeia é peçonhenta para a paz e a felicidade. T4 196 3 O grande pecado de _____ é a negligência de acariciar a luz que Deus lhes tem dado mediante os Seus servos. Disse Cristo a Seus apóstolos: "Se alguém receber o que Eu enviar, Me recebe a Mim, e quem Me recebe a Mim recebe Aquele que Me enviou." João 13:20. Aqui é tornado claro que aqueles que rejeitam as mensagens dos servos de Deus, não somente rejeitam ao Filho, mas também ao Pai. T4 197 1 Novamente Ele diz: "Mas, em qualquer cidade em que entrardes e vos não receberem, saindo por suas ruas, dizei: Até o pó que da vossa cidade se nos pegou sacudimos sobre vós. Sabei, contudo, isto: já o reino de Deus é chegado a vós. E digo-vos que mais tolerância haverá naquele dia para Sodoma do que para aquela cidade. Ai de ti, Corazim, ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se fizessem as maravilhas que em vós foram feitas, já há muito, assentadas em saco de pano grosseiro e cinza, se teriam arrependido. Portanto, para Tiro e Sidom haverá menos rigor no Dia do Juízo do que para vós. E tu, Cafarnaum, serás levantada até ao céu? Até ao inferno serás abatida. Quem vos ouve a vós a Mim Me ouve; e quem vos rejeita a vós a Mim Me rejeita; e quem a Mim me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou." Lucas 10:10-16. T4 197 2 Quão tremendamente solene são estas palavras! Quão importante é que não sejamos achados rejeitando as advertências e admoestações que Deus apresenta através de Seus humildes instrumentos; pois ao desdenhar a luz trazida por Seus mensageiros, desconsideramos o Salvador do mundo, o Rei da glória. Muitos estão correndo este tremendo risco, trazendo assim sobre si mesmos a condenação de Deus. O Todo-poderoso não será tratado levianamente, nem permitirá que Sua voz seja desconsiderada com impunidade. Os males da disciplina frouxa T4 197 3 Os irmãos C e D não trouxeram aquele alívio à causa em _____ como deviam ter trazido. Se ambos tivessem se mantido humildemente no temor de Deus, e perseverado em fazer o bem tanto na igreja quanto no escritório, teriam sido uma grande bênção para a obra de Deus. Se tivessem sentido sua responsabilidade para com Deus para instruir e disciplinar seus filhos, teriam sido dignos de exemplo a outros. Esses filhos não só precisavam da educação adquirida na escola, mas também de instrução doméstica, a fim de que suas faculdades mentais e morais pudessem ser desenvolvidas na devida proporção, tendo cada uma o exercício requerido. As aptidões físicas, mentais e espirituais devem ser desenvolvidas de modo a formar um caráter adequadamente equilibrado. T4 198 1 As crianças devem ser observadas, cuidadas e disciplinadas para que se tenha êxito em alcançar este objetivo. É preciso habilidade e paciente esforço para moldar os jovens da maneira correta. Algumas más tendências devem ser cuidadosamente contidas e mansamente repreendidas; a mente deve ser estimulada em favor do que é correto. As crianças devem ser incentivadas a procurarem governar a si próprias, e tudo isto deve ser feito criteriosamente, ou o propósito desejado será frustrado. T4 198 2 Os pais podem muito bem perguntar: "E, para essas coisas, quem é idôneo?" 2 Coríntios 2:16. Sua suficiência está unicamente em Deus, e se eles O deixarem de lado, não buscando Sua ajuda e conselho, sua tarefa será verdadeiramente sem esperança. Mas com oração, estudo da Bíblia e fervoroso zelo de sua parte, poderão ter êxito magnífico neste importante dever, sendo recompensados centuplicadamente por todo o seu tempo e cuidado. Mas os mexericos e ansiedade com respeito à aparência exterior têm tomado o precioso tempo que deveria ter sido dedicado à oração por sabedoria e força de Deus para cumprir seu mais sagrado depósito. Os pais que são sábios para a salvação ordenarão seu meio ambiente, de tal maneira que será favorável à formação de caráter correto dos seus filhos. Isso está quase sempre a seu alcance. Aberta está a fonte da sabedoria, da qual podem extrair todo o conhecimento necessário nesse sentido. T4 198 3 A Bíblia, volume rico em instrução, deve ser o seu compêndio. Se educarem os filhos de acordo com os seus preceitos, não somente lhes colocarão os jovens pés no caminho certo, mas se educarão eles mesmos em seus mais santos deveres. As impressões causadas na mente dos jovens são difíceis de apagar. Quão importante é, portanto, que tais impressões sejam do tipo certo, dirigindo as flexíveis faculdades dos jovens na direção certa. T4 198 4 Certos pais têm vindo a _____ com seus filhos, levando-os à igreja, como se daí em diante renunciassem a toda responsabilidade por sua instrução moral e religiosa. O irmão e a irmã C e o irmão e a irmã D falharam decididamente em disciplinar seus filhos, bem como em dar-lhes regras apropriadas. Seus filhos têm-se gloriado de sua liberdade de agir como desejam. Têm sido liberados de responsabilidades domésticas e desprezado a restrição. Uma vida de utilidade parece-lhes algo muito penoso. A administração frouxa no lar os desqualificou para qualquer posição, e, como conseqüência natural, rebelaram-se contra a disciplina escolar. Suas queixas têm sido recebidas e aceitas por seus pais, que, simpatizando com seus problemas imaginários, têm incentivado os filhos na prática do mal. Esses pais têm, em muitos casos, crido em inverdades evidentes que lhes têm sido apresentadas por seus filhos enganadores. Uns poucos casos semelhantes de crianças indisciplinadas e perturbadoras muito contribuiriam para quebrar toda a autoridade na escola e desmoralizar os jovens de nossa igreja. T4 199 1 No Céu há perfeita ordem, perfeita paz e harmonia. Se os pais assim negligenciam manter os filhos sob a devida autoridade aqui, como podem esperar que estes possam ser considerados aptos companheiros para os santos anjos num mundo de paz e harmonia? Pais condescendentes, que justificam os filhos em sua má conduta, estão assim criando um elemento que trará discórdia à sociedade e subverterá a autoridade tanto da escola quanto da igreja. T4 199 2 Como nunca dantes os filhos necessitam de vigilante cuidado e orientação, pois Satanás se está esforçando por conseguir o controle de sua mente e coração e expulsar o Espírito de Deus. O terrível estado dos jovens desta época constitui um dos mais fortes sinais de que estamos vivendo nos últimos dias, mas a ruína de muitos pode ser atribuída diretamente à administração errônea dos pais. O espírito de murmurar contra a reprovação vem criando raízes e está produzindo seu fruto de insubordinação. Embora os pais não estejam satisfeitos com o caráter que os filhos estão formando, deixam de ver os erros que os fazem o que são. T4 199 3 Eli repreendia os seus filhos, mas não agia prontamente para controlá-los. O pai despreocupado, afetuoso, foi advertido por Deus de que a retribuição se seguiria a sua negligência; mas mesmo assim não sentiu a importância de expulsar imediatamente de Israel essa repulsiva maldade. Ele devia ter tomado medidas imediatas; mas em vez disto declarou com notável submissão: "É o Senhor; faça o que bem parecer aos Seus olhos." 1 Samuel 3:18. Se ele tivesse sido despertado à plena culpa de sua negligência, Israel teria sido salvo da humilhação da derrota, e a arca de Deus não teria caído nas mãos do inimigo. T4 200 1 Deus condena a negligência que compactua com o pecado e o crime, e a insensibilidade que tarda em descobrir sua nefasta presença nas famílias de professos cristãos. Ele considera os pais responsáveis em grande medida pelas faltas e loucuras de seus filhos. Deus visitou com maldição não apenas os filhos de Eli, mas o próprio Eli, e seu deplorável exemplo deve ser uma advertência aos pais de hoje. T4 200 2 Ao considerar a perigosa situação de nossos jovens, e ter-me sido revelado quão indiferentes os pais são com o seu bem-estar, meu coração se afligiu e desmaiou; anjos ficaram preocupados e choraram angustiados. Os jovens estão passando para o mundo e para as mãos de Satanás. Estão se tornando menos susceptíveis às doces influências da graça de Deus, mais ousados e desafiadores, e manifestam crescente desconsideração para com os interesses eternos. Vi Satanás plantando sua bandeira nos lares dos que professam ser os escolhidos de Deus; mas os que andam na luz devem ser capazes de discernir a diferença entre a negra bandeira do adversário e a ensangüentada bandeira de Cristo. T4 200 3 As crianças devem ser ensinadas por preceito e exemplo. Os pais devem assumir suas sérias responsabilidades com temor e tremor. Devem ser feitas orações fervorosas em busca de força e orientação divinas para essa tarefa. Em muitas famílias as sementes da vaidade e do egoísmo são semeadas no coração dos filhos quase desde o berço. Suas palavrinhas e ações engraçadas são comentadas e aplaudidas na presença deles, e repetidas a outros com exagero. Os pequeninos notam isto e ficam inflamados de importância própria; atrevem-se a interromper as conversas e se tornam atrevidos e insolentes. A lisonja e a condescendência alimentam-lhes a vaidade e a obstinação, até que o mais novo, com não pouca freqüência, governa toda a família, inclusive o pai e a mãe. T4 201 1 A disposição formada por esse tipo de ensino não pode ser posta de lado ao alcançar a criança discernimento mais maduro. Cresce com seu crescimento, e o que poderia ter parecido esperteza no bebê, torna-se desprezível e pernicioso no homem ou mulher. Procuram governar sobre seus companheiros; e se qualquer deles recusa ceder à sua vontade, consideram-se ofendidos ou insultados. Isso se dá porque, para seu prejuízo, mostrou-se condescendência para com eles, na juventude, em vez de lhes ser ensinada a abnegação necessária para suportar as dificuldades e lutas da vida. T4 201 2 Freqüentemente os pais mimam seus filhos pequenos, e são para com eles condescendentes porque parece mais fácil lidar com eles dessa maneira. É trabalho mais suave deixá-los seguir seu próprio caminho do que barrar as inclinações desgovernadas que se levantam tão fortemente em seu coração. No entanto, essa atitude é covarde. É uma impiedade fugir assim à responsabilidade; pois virá o tempo em que esses filhos, cujas inclinações não refreadas se transformaram em vícios absolutos, trarão vergonha e desgraça sobre si mesmos e à sua família. Saem para a vida ativa sem o preparo para suas tentações, não sendo suficientemente fortes para suportar perplexidades e dificuldades. Arrebatados, altivos, indisciplinados, procuram submeter outros à sua vontade, e, fracassando nisso, consideram-se maltratados pelo mundo e se voltam contra ele. T4 201 3 Quer boas, quer más, as lições da infância não são aprendidas em vão. O caráter se desenvolve na juventude, para o bem ou para o mal. Em casa pode haver louvor e falsa adulação; no mundo cada um depende de seus próprios méritos. Os pequenos mimados, a quem toda a autoridade da casa cedia, são agora sujeitos diariamente à mortificação por serem obrigados a ceder aos outros. Por essas lições práticas da vida é ensinado a muitos, mesmo então, qual é seu verdadeiro lugar. Pela repulsa, desapontamentos e linguagem clara de seus superiores, freqüentemente encontram seu verdadeiro nível e são humilhados para compreender e aceitar o seu devido lugar. Mas é essa uma prova severa e desnecessária que poderia ter sido evitada pelo devido ensino na juventude. T4 202 1 A maioria dessas criaturas mal disciplinadas atravessam a vida sempre em oposição ao mundo, fracassando onde deveria ter alcançado êxito. Chegam a pensar que o mundo tem má vontade porque não as lisonjeia nem acaricia, e se vingam tendo má vontade para com o mundo e lhe lançando um desafio. As circunstâncias algumas vezes os obrigam a aparentar uma humildade que não têm; mas isso não lhes supre com graça natural, e mais cedo ou mais tarde seu verdadeiro caráter será certamente exposto. T4 202 2 Se tais pessoas têm famílias próprias, tornam-se governantes arbitrários da casa, e revelam ali a disposição egoísta e irracional que são forçadas a esconder parcialmente do mundo exterior. Seus dependentes sentem na plenitude todas as faltas de sua instrução inicial. Por que educarão os pais aos filhos de tal maneira que estejam em guerra com os que com eles entram em contato? T4 202 3 Sua experiência religiosa é moldada pela educação recebida na infância. As tristes provas que se demonstram tão perigosas para a prosperidade da igreja, e que fazem com que o descrente tropece e se desvie com dúvidas e insatisfação, geralmente provêm de um espírito não insubmisso e rebelde, fruto da condescendência paterna na distante juventude. Quantas vidas têm sido arruinadas, quantos crimes são cometidos sob a influência de um acesso repentino que bem poderia ter sido cortado na infância, quando a mente era suscetível, quando o coração era facilmente influenciado pelo direito e estava sujeito à vontade de uma mãe amorosa! O preparo deficiente da criança é o fundamento de uma vasta soma de miséria moral. T4 202 4 Crianças a quem se permite seguir o próprio rumo não são felizes. O coração insubmisso não tem em si os elementos de sossego e contentamento. A mente e o coração têm de ser disciplinados e postos sob a devida restrição, a fim de que o caráter se harmonize com as sábias leis que governam nosso ser. Desassossego e descontentamento são os frutos da condescendência e do egoísmo. O solo do coração, como o de um jardim, produzirá joio e espinheiros, a menos que sementes de preciosas flores sejam ali plantadas e recebam cultivo e cuidado. Como na natureza visível, assim se dá com a alma humana. T4 203 1 Os jovens de _____ estão numa condição assustadora. Enquanto alguns na igreja se preocupam com aqueles que ocupam posições de responsabilidade, e têm criticado e murmurado contra a reprovação, insinuando suas dúvidas e fazendo mexericos dos assuntos alheios, sua própria alma tem sido envolvida em trevas, e seus filhos têm sido contaminados com o espírito que tem atuado nos pais. Essa disposição é designada a desfazer toda restrição e autoridade. Deus considera esses pais responsáveis pela maldade e rebelião dos jovens sob seu cuidado. T4 203 2 Satanás tem sido espantosamente bem-sucedido em seus planos. Homens de experiência, pais de família, que manifestam oposição obstinada quando são contrariados, mostram claramente que não podem controlar a si próprios ou não o fazem. Então como podem ter êxito em controlar os filhos, que seguem os seus passos e se rebelam contra a autoridade deles e qualquer outra restrição, tal como eles se rebelam contra a autoridade da igreja e das instituições com que estão relacionados? Alguns desses professos cristãos se entregaram nas mãos de Satanás e se tornaram seus instrumentos. Eles influenciam almas contra a verdade ao expressarem sua insubordinação e impaciente descontentamento. Embora professando justiça, estão afrontando o Todo-poderoso; e antes de estarem cientes da enormidade de seu pecado, cumpriram os objetivos do adversário. A impressão foi deixada, a sombra das trevas foi lançada, as setas de Satanás encontraram o seu alvo. Verdadeiramente, um pouco de fermento levedou toda a massa. A descrença se insinua e prende com suas garras as mentes que teriam aceito plenamente a verdade. T4 203 3 Entretanto, esses obreiros intermitentes de Satanás consideram inocentemente aqueles que se desviaram para o ceticismo, que permanecem inamovíveis sob reprovação ou apelos. Enquanto aquelas pessoas assim influenciadas foram mais longe na incredulidade do que eles próprios se aventuraram, gabam-se de que em comparação com elas, eles são virtuosos e justos. Deixam de entender que estes tristes casos são o resultado de suas próprias línguas desenfreadas e ímpia rebelião, que esses tentados caíram por sua má influência. Eles começaram a dificuldade; semearam as sementes de confusão e incredulidade. T4 204 1 Nenhuma família é justificada em levar para _____ filhos que não estejam sob o controle dos pais. Se seus pais desconsideraram a Palavra de Deus na questão da instrução e ensino de seus filhos, _____ não é lugar para eles. Serão apenas condutos para desmoralizar os jovens desse lugar, e acarretar discórdia onde devem reinar paz e prosperidade . Que tais pais assumam o trabalho negligenciado de restringir e disciplinar os filhos antes que os imponham à igreja de _____. T4 204 2 Muitos são tão culpados de negligência para com seus filhos como Eli o foi, e a punição de Deus repousará tão certamente sobre eles como repousou sobre Eli. O caso do irmão E ganhou destaque. A mão de Deus estendeu-se na ira de Sua retribuição, não somente sobre os seus filhos, mas sobre ele também. A Palavra de Deus foi clara, mas Suas admoestações foram pisadas a pés; advertências tinham-lhe sido dadas, reprovações administradas, mas todas ficaram desatendidas, e a maldição recaiu sobre ele. É uma coisa terrível negligenciar a educação dos filhos. Não somente eles se perderão em conseqüência, mas os próprios pais, que até então se desviaram de Deus a ponto de perderem toda a percepção de sua sagrada responsabilidade ficam numa posição muito perigosa com respeito à vida eterna. T4 204 3 Pais amoráveis e condescendentes, permitam-me apresentar para sua instrução as orientações dadas na Bíblia para tratar com um filho rebelde: "Quando alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedecer à voz de seu pai e à voz de sua mãe, e, castigando-o eles, lhes não der ouvidos, então, seu pai e sua mãe pegarão nele, e o levarão aos anciãos da sua cidade e à porta do seu lugar, e dirão aos anciãos da cidade: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz, é um comilão e beberrão. Então, todos os homens da sua cidade o apedrejarão com pedras, até que morra; e tirarás o mal do meio de ti, para que todo o Israel o ouça e tema." Deuteronômio 21:18-21. T4 205 1 Tanto os jovens como os velhos que estão ligados com o escritório devem ser cuidadosamente observados para que sua influência não seja de molde a atuar diretamente contra o objetivo designado pelo escritório. Se alguém ali empregado tem uma influência que seja tendente a desviar de Deus e da verdade, não deve haver um momento de dúvida quanto a desfazer-se de tais casos. Devem ser separados do escritório imediatamente; pois estão afastando de Cristo em vez de ajuntar com Ele. São eles virtualmente servos de Satanás. T4 205 2 Se houver jovens ligados ao escritório que não respeitam a autoridade dos pais, são indisciplinados no lar, desprezando o conselho e a restrição, a maldição de Deus recairá sobre eles; e não apenas repousará sobre eles, mas sobre o escritório caso o seus serviços sejam mantidos, e eles obtenham oportunidade adicional para perverter os jovens com os quais são levados em contato. Os que ocupam posições de responsabilidade no escritório são responsáveis pela influência que ali prevalece; e se forem indiferentes à atitude de seus empregados insubordinados e impenitentes, tornam-se participantes de seus pecados. Tem-se acobertado a iniqüidade em _____. Deus requer uma ordem diferente de coisas. Devem-se selecionar jovens relacionados com a Sua obra que serão aperfeiçoados, refinados e enobrecidos por se associarem com a causa de Deus. Fiéis homens de ação são necessários em cada posto do dever, especialmente no grande centro da obra. Como sentinelas que não dormitam, os que professam a verdade devem proteger os interesses da causa no escritório; devem proteger sagradamente a si mesmos e uns aos outros da contaminação espiritual. T4 205 3 Aqueles que estão embebidos com o espírito de independência e vêm a _____ como estudantes em nossa escola, julgando fazer como queiram em todos os assuntos, devem ser rapidamente esclarecidos e postos sob apropriada disciplina. Mas especialmente devem os jovens que residem em _____ ser trazidos sob as mais estritas regras para guardarem sua integridade e moralidade. Se recusarem submeter-se a esses regulamentos, devem ser expulsos da escola, e eliminados da associação com aqueles a quem estão desmoralizando pelo seu exemplo errado. T4 206 1 Os pais que vivem distantes enviam seus filhos a _____ para serem educados, sentindo perfeita confiança de que ali receberão a apropriada instrução moral, não sendo expostos a influências negativas. É direito desses patrocinadores de nossa escola que a atmosfera moral ali seja purificada. Falta de decoro e desrespeito pela estrita virtude têm-se desenvolvido entre uma certa classe de moços e moças em _____. Alguns deles estão lá embaixo na escala de moralidade, influenciando os jovens estudantes que têm sido enviados de longe e não contam com as vantagens de conselho e proteção paternos. Isso deve ser imediatamente considerado; pois é uma questão de grande importância. T4 206 2 A influência de alguns jovens em _____ é desmoralizadora. Parecem pensar ser digno de louvor dar demonstrações de independência e desrespeito à autoridade de seus pais. Paulo oferece uma descrição fiel dessa classe de jovens nessas palavras: "Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos; porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus." 2 Timóteo 3:1-5. T4 206 3 A influência dessa classe sobre os jovens de _____ está causando muito dano. Sua conversação e exemplo são desprezivelmente baixos. Os jovens cuja formação moral está estabelecida, e cuja mente é de elevado caráter, não se sentirão atraídos a associar-se com eles, e, portanto, estariam fora do alcance de sua influência. Mas há rapazes e moças que se comprazem na companhia de tais pessoas. Satanás tem assinalado êxito em anuviar as sensibilidades espirituais de certas pessoas que têm crido na verdade, e em obscurecer-lhes a mente com falsas idéias até que sejam incapazes de discernir entre o certo e o errado. Então são feitas sugestões para solapar a sua confiança nos servos escolhidos de Deus, e eles são induzidos à absoluta incredulidade. T4 207 1 Se os jovens escolhessem a companhia daqueles cuja vida é uma honra a sua profissão de fé, escapariam de muitos perigos sérios. Satanás está constantemente procurando a ruína daqueles que são ignorantes com respeito a seus ardis, contudo não sentem necessidade especial das orações e conselhos de amigos experientes e piedosos. Muitos desses jovens que vêm a _____ com boas resoluções de viverem vida cristã, terminam ficando entre uma classe de jovens que os tomam pela mão e, sob o disfarce de amizade, os conduzem diretamente às armadilhas de Satanás. O inimigo nem sempre surge como um leão rugindo; ele freqüentemente aparece como um anjo de luz, assumindo ares amistosos, apresentando tentações peculiares, as quais são difíceis para o inexperiente suportar. Às vezes ele consegue seu propósito de seduzir os descuidosos, incitando a piedade de sua natureza compassiva, apresentando-se perante eles como um ser justo que foi perseguido sem motivo. T4 207 2 Satanás encontra agentes voluntários para executar sua obra. Ele exercita uma habilidade nessa direção que tem sido aperfeiçoada por anos de experiência. Emprega o conhecimento acumulado de séculos em executar seus desígnios maldosos. Jovens ignorantes caem fácil presa nas mãos de Satanás para que os usem como agentes em conduzir almas à ruína. Aqueles que se submetem ao poder de Satanás não obtêm felicidade nisso. Nunca estão contentes ou descansam. São insatisfeitos, queixosos e irritáveis, ingratos e rebeldes. De tal molde é o jovem agora sob consideração. Mas Deus terá misericórdia dele, se sinceramente se arrepender e se converter. Os seus pecados podem ser lavados pelo sangue expiatório de Jesus. T4 207 3 O Salvador do mundo oferece aos que erram o dom da vida eterna. Ele espera pela resposta a Sua oferta de amor e perdão com uma compaixão mais terna do que a que move o coração de um pai terrestre a perdoar um filho desviado, arrependido e sofredor. Ele clama ao errante: "Tornai-vos para Mim, e Eu Me tornarei para vós." Malaquias 3:7. Se o pecador ainda recusa dar atenção à voz de misericórdia que o chama com amor terno e misericordioso, sua alma será deixada em trevas. Se ele negligencia a oportunidade que lhe é apresentada e prossegue em sua má conduta, a ira de Deus, num momento inesperado, desabará sobre ele. "O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz será quebrantado de repente sem que haja cura." Provérbios 29:1. Este jovem desdenhou da autoridade de seu pai, e desprezou a restrição. "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria." Provérbios 9:10. Jaz no próprio fundamento de uma educação apropriada. Aqueles que, tendo oportunidade favorável, deixaram de aprender esta primeira grande lição, não só estão desqualificados para o serviço na causa de Deus, mas são uma declarada desonra à comunidade em que vivem. T4 208 1 Salomão exorta a juventude: "Filho Meu, ouve a instrução de teu pai e não deixes a doutrina de tua mãe. Porque diadema de graça serão para a tua cabeça e colares para o teu pescoço. Filho meu, se os pecadores querem seduzir-te, não o consintas. ... Grita na rua a Sabedoria, nas praças, levanta a voz; do alto dos muros clama, à entrada das portas e nas cidades profere as suas palavras: Até quando, ó néscios, amareis a necedade? E vós, escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós, loucos, aborrecereis o conhecimento? Convertei-vos pela Minha repreensão; eis que abundantemente derramarei sobre vós Meu espírito e vos farei saber as Minhas palavras. T4 208 2 "Mas, porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a Minha mão, e não houve quem desse atenção; antes, rejeitastes todo o Meu conselho e não quisestes a Minha repreensão; também Eu Me rirei na vossa perdição e zombarei, vindo o vosso temor, vindo com assolação o vosso temor e vindo a vossa perdição como tormenta, sobrevindo-vos aperto e angústia. Então, a Mim clamarão, mas Eu não responderei; de madrugada Me buscarão, mas não Me acharão. Porquanto aborreceram o conhecimento e não preferiram o temor do Senhor; não quiseram o Meu conselho e desprezaram toda a Minha repreensão. Portanto, comerão do fruto do seu caminho e fartar-se-ão dos seus próprios conselhos. Porque o desvio dos simples os matará, e a prosperidade dos loucos os destruirá. Mas o que Me der ouvidos habitará seguramente e estará descansado do temor do mal." Provérbios 1:8-10, 20-33. T4 209 1 A ordem deve ser mantida em nossas diferentes instituições em _____. A insubordinação deve ser dominada. Não deve ser mantido no escritório ninguém que, tendo sido instruído por pais observadores do sábado e sido privilegiado em ouvir a verdade, se rebele contra seus ensinos. Nenhuma pessoa deve estar ligada à sagrada obra de Deus se fala levianamente dela ou trata com desrespeito nossa sagrada fé. Aqueles que têm estado ligados com o escritório durante um bom período, tendo tido ampla oportunidade de se familiarizarem com nossa fé, contudo manifestam oposição à verdade, não devem mais ser mantidos no escritório. A influência deles é contra a verdade, se continuarem a negligenciar a luz e menosprezar a salvação. Essa indiferença tem influência deprimente sobre a fé de outros e os afasta de Deus. Esses impenitentes insensíveis não devem ocupar posições que poderiam ser preenchidas por pessoas que respeitarão a verdade e se submeterão à influência do Espírito de Deus, estando intimamente ligados com essa obra sagrada. T4 209 2 A influência de nossos jovens no escritório não é como deve ser. A e B têm virtualmente trabalhado contra a causa. A influência de sua conversação e comportamento têm sido de molde a causar aversão aos incrédulos e afastá-los de nossa fé e de Cristo. Os jovens que não atendem às advertências da Palavra de Deus, e menosprezam os Testemunhos de Seu Espírito, podem ser somente uma viva maldição ao escritório e devem ser separados dele. T4 209 3 Os jovens cuja influência é desmoralizadora não devem ter ligação com nosso colégio. Aqueles que são possuídos por sentimentalismo doentio, e fazem de sua freqüência à escola uma oportunidade para namorar e trocar atenções impróprias devem ser postos sob as mais severas restrições. A autoridade precisa ser mantida. Justiça e Misericórdia são irmãs gêmeas, permanecendo lado a lado. T4 210 1 Se nenhum esforço for feito para corrigir o estado de coisas que prevalece em _____, em breve ela será um lugar para incentivo à imoralidade e devassidão. Irão os pais e aqueles em responsabilidade por nossas instituições dormir enquanto Satanás toma posse da mente dos filhos? Deus aborrece os pecados que são encorajados e ocultados pela igreja, acariciados no escritório e protegidos sob o teto paternal. Que os pais, e aqueles em autoridade, zelosamente lancem mão do trabalho e eliminem esse mal dentre eles. T4 210 2 Estamos vivendo nos últimos dias. João exclama: "Ai dos que habitam na terra e no mar! Porque o diabo desceu a vós e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo." Apocalipse 12:12. Cristo é o único refúgio nesses tempos perigosos. Satanás está trabalhando de modo secreto e nas trevas. Com astúcia afasta da cruz os seguidores de Cristo e os leva à condescendência própria e à impiedade. T4 210 3 Interesses vitais estão localizados em _____, e Satanás opõe-se a tudo que fortaleça a causa de Cristo e enfraqueça o seu próprio poder. Ele está diligentemente traçando planos para prejudicar a obra de Deus. Nunca descansa por um só momento quando vê que o que é correto está ganhando ascendência. Tem legiões de anjos maus que envia a cada ponto onde a luz do Céu está brilhando sobre o povo. Ali coloca seus grupos de comandados para apanhar todo homem, mulher e criança desatentos e os pressiona a realizar seu serviço. T4 210 4 O grande coração da obra está em _____ e, tal como o coração humano lança sua corrente de sangue vivo a todas as partes do corpo, assim a administração deste lugar, a sede de nossa igreja, afeta a corporação inteira de crentes. Se o coração físico estiver saudável, o sangue que é enviado dele para o organismo também será saudável; mas se a fonte for impura, o organismo inteiro se torna doente por causa do veneno do fluido vital. Assim se dá conosco. Se o coração da obra se torna corrupto, a igreja inteira, em seus vários ramos e interesses espalhados por toda a face da Terra, sofre em conseqüência. T4 210 5 O trabalho principal de Satanás está na sede de nossa obra. Ele não poupa esforços para corromper homens em posições de responsabilidade e persuadi-los a serem infiéis a seus vários deveres. Ele insinua suas suspeitas e ciúmes na mente daqueles cujo negócio é realizar fielmente a obra de Deus. Enquanto Deus está testando e provando esses auxiliares e preparando-os para os seus postos, Satanás está fazendo o máximo para enganá-los e seduzi-los, a fim de que não só sejam destruídos, mas influenciem outros a cometer erros e prejudicar a grande obra. Ele busca por todos os meios ao seu alcance abalar a confiança do povo de Deus na voz de advertência e reprovação através da qual Deus planeja purificar a igreja e prosperar a Sua causa. T4 211 1 É plano de Satanás enfraquecer a fé do povo de Deus nos Testemunhos. Em seguida vem o ceticismo no tocante aos pontos vitais de nossa fé, as colunas de nossa posição, depois as dúvidas acerca das Escrituras Sagradas, e então a caminhada descendente para a perdição. Quando os Testemunhos, nos quais se acreditava anteriormente, são postos em dúvida e rejeitados, Satanás sabe que as pessoas enganadas não pararão aí; e ele redobra seus esforços até lançá-las em rebelião aberta, a qual se torna irremediável e termina em destruição. T4 211 2 Satanás tem obtido assinalada vantagem em _____ porque o povo de Deus não tem guardado os postos avançados. Os próprios homens, cujos esforços Deus tem demonstrado que aceitaria se eles fossem inteiramente consagrados, têm sido os que foram enganados, falharam em seus deveres e provaram-se um terrível fardo e desânimo, em vez de auxílio e bênção como poderiam ter sido. Esses homens aos quais foi confiada a defesa do forte quase o traíram, entregando-o nas mãos do inimigo. Eles abriram as portas para o inimigo astuto que tem buscado destruí-los. T4 211 3 Homens de experiência têm visto mãos sutis destravando as trancas para que Satanás possa entrar; contudo, se mantiveram tranqüilos em evidente indiferença quanto aos resultados. Alguns têm se alegrado em ver isso, pois parecia uma justificativa de sua negligência passada, a qual ocasionou a necessidade de apelar a outros para preencher os postos de responsabilidade que eles haviam desonrado ou negligenciado. Essa falta de vigilância da parte desses novos encarregados parecia desculpar os anteriores por sua própria falta de fidelidade, ao mostrar que outros eram também inteiramente falhos no cumprimento do dever. Essas pessoas não percebem que Deus os tem por responsáveis por toda vantagem obtida pelo inimigo que é admitido no forte. A desolação e ruína que se seguem jazem à porta das sentinelas infiéis, que, por sua negligência, tornam-se agentes nas mãos do adversário para ganhar almas para a destruição. Homens em posições de responsabilidades devem buscar sabedoria e orientação de Deus, e não confiar no próprio critério e conhecimento. À semelhança de Salomão, devem orar fervorosamente por fé e luz, e Deus lhes dará livremente de Seu abundante suprimento. T4 212 1 Deus deseja que Seu trabalho seja feito inteligentemente, não de maneira casual. Ele gostaria que fosse realizado com fé e cuidadosa precisão, para que possa colocar o sinal de Sua aprovação sobre ele. Aqueles que O amam e caminham com temor e humildade perante Ele, serão por Ele abençoados, conduzidos e ligados com o Céu. Se os obreiros depositarem confiança nEle, dar-lhes-á sabedoria e curará suas enfermidades, de modo que serão capazes de realizar com perfeição a obra do Senhor. T4 212 2 Precisamos revestir-nos da armadura e estar preparados para resistir com êxito todos os ataques de Satanás. Sua malignidade e poder cruel não são devidamente avaliados. Quando ele se acha acuado num ponto, consegue novo terreno e diferentes táticas, e tenta novamente, realizando maravilhas a fim de enganar e destruir os filhos dos homens. Os jovens devem ser cuidadosamente advertidos contra o seu poder e pacientemente instruídos com oração sobre como enfrentar as provas que seguramente lhes sobrevirão nesta vida. Devem ser levados a apegar-se à Palavra de Deus, atendendo ao conselho e instrução. T4 212 3 A fé viva nos méritos de um Redentor crucificado os conduzirá através das fornalhas ardentes de aflição e prova. A forma do quarto Homem estará com eles no calor da fornalha, que não deixará nem mesmo cheiro de fogo em suas vestes. Os filhos devem ser incentivados a se tornarem estudantes da Bíblia e terem firmes princípios religiosos que suportem a prova dos perigos que certamente serão experimentados por todos os que viverem na Terra durante os últimos dias, no final da história do mundo. ------------------------Capítulo 19 -- Inteira consagração T4 213 1 O seguinte testemunho foi escrito em Janeiro de 1875, e sua veracidade foi reconhecida pelo irmão C, que disse que este lhe concedeu luz e esperança. T4 213 2 Irmão C, você está afastado de Deus. Seus pontos de vista acerca dos requisitos de Deus nunca foram bem definidos nem muito estritos. O fato da atitude de tantos professos cristãos estar errada não é desculpa para você se tornar desatento ao dever nem menos vigilante. Você não tem se consagrado a Deus, não tem sentido sua dependência dEle para guardá-lo, e, portanto, foi vencido e levado à escravidão da dúvida; a escravidão da incredulidade tem prendido sua alma. Você não glorifica a Deus em sua vida. Nossa religião às vezes lhe parece muito questionável. A razão disso está em você mesmo. No mundo, verdade e falsidade estão tão misturadas que nem sempre são claramente discernidas uma da outra. Mas por que alguém que professa a verdade tem tão pouca força? Porque não entende sua própria ignorância e fraqueza. Se soubesse disto, se desconfiasse de si mesmo, reconheceria a importância da ajuda divina para preservá-lo dos ardis do inimigo. Precisamos ser cristãos ativos, atuantes, altruístas no coração e na vida, visando unicamente a glória de Deus. Oh, quanta ruína encontramos por toda a parte! Que lábios silentes e vidas infrutíferas! "Isto", disse o anjo, "é por caírem em tentação. Nada danifica a paz da alma como a pecaminosa incredulidade." T4 213 3 Você não deve se entregar ao desespero, julgando que deve viver e morrer na escravidão da dúvida e da incredulidade. No Senhor temos justiça e força. Apóie-se nEle, e por meio de Seu poder poderá apagar todos os dardos do adversário e ser mais do que vencedor. Você pode ainda tornar-se santificado mediante a verdade; ou pode, se preferir, caminhar nas trevas da incredulidade, perder o Céu e perder tudo. Por caminhar na luz e agir segundo a vontade de Deus, poderá vencer sua natureza egoísta. T4 214 1 Você tem estado pronto para dar de seus recursos, mas reteve a si próprio. Não se sentiu chamado a fazer sacrifícios que envolveriam cuidados; não tem tido disposição para realizar qualquer trabalho para Cristo, por mais humilde que seja. Deus o levará ao pó vez após vez, até que com coração humilde e mente submissa você suporte a prova que Ele inflige, e seja totalmente santificado ao Seu serviço e obra. Então poderá obter a vida imortal. Você pode ser um homem plenamente desenvolvido em Cristo Jesus, ou pode ser um anão espiritual, sem obter vitórias. Meu irmão, qual escolherá? Viverá uma vida de abnegação e sacrifício próprio, realizando seu trabalho com alegria e prazer, aprimorando o caráter cristão e avançando para a recompensa imortal? Ou viverá para si mesmo e perderá o Céu? "De Deus não se zomba" (Gálatas 6:7); Cristo não aceita serviço dividido. Ele pede tudo. De nada servirá reter alguma coisa. Ele o adquiriu por um preço infinito e requer que tudo quanto você tem Lhe seja submetido como oferta voluntária. Se estiver plenamente consagrado a Ele de coração e vida, a fé tomará o lugar das dúvidas, e a confiança, o lugar da desconfiança e incredulidade. T4 214 2 Meu irmão, você está em real perigo por negligenciar levar adiante a reforma de saúde mais estritamente na própria vida e em sua família. O seu sangue é impuro, e você ainda o está corrompendo e inflamando pela satisfação do apetite. Nunca seja traído à condescendência no uso de estimulantes; isto resultará não somente em reação e perda de força física, mas num intelecto obscurecido. Hábitos estritamente temperantes no comer e beber, com uma firme confiança em Deus, melhorarão sua saúde física, mental e moral. Você possui temperamento altamente irritável. Tem bem pouco domínio próprio, e com freqüência, sob agitação, diz e faz coisas das quais depois se arrepende. Você deve recorrer a uma vontade determinada em seu auxílio na guerra contra as próprias inclinações e propensões. Precisa manter as avenidas da alma abertas à recepção da luz e da verdade. Mas quando algo acontece para testá-lo e prová-lo, o preconceito freqüentemente surge, e você se ergue imediatamente contra o que julga ser uma restrição de sua liberdade ou uma interferência sobre seus direitos. T4 215 1 A Palavra de Deus claramente apresenta perante nós esta verdade, de que nossa natureza física guerreará contra a espiritual. O apóstolo nos incentiva a abster-nos das paixões sensuais, que guerreiam contra a alma. Todo apetite pervertido se torna uma concupiscência hostil. O apetite satisfeito com prejuízo da força física causa doença à alma. A concupiscência mencionada pelo apóstolo não se limita à violação do sétimo mandamento, mas toda condescendência do apetite que diminui o vigor físico é uma concupiscência hostil. O apóstolo declara que aquele que deseja obter vitórias especiais e conseguir as mais elevadas realizações em justiça, "em tudo se domina". 1 Coríntios 9:25. Temperança em nossas mesas no comer e beber, bem como o exercício de temperança em todos os outros aspectos, é essencial se desejarmos vencer como Cristo venceu. Deus nos deu luz, não para ser tratada indiferentemente, mas para ser nosso guia e auxílio. T4 215 2 Você precisa cultivar domínio próprio. A lição que deveria ter aprendido em sua juventude devia ser agora dominada. Discipline-se a morrer para o eu, sujeitar sua vontade à vontade de Cristo. Profunda e completa conversão é essencial, ou você, meu prezado irmão, não alcançará a vida eterna. O seu serviço na causa de Deus deve ser mais dedicado, pleno e meticuloso. Não pode aperfeiçoar um caráter cristão servindo a Deus quando se sente inclinado a fazê-lo, e negligenciando-o quando lhe apraz. Decidida mudança precisa tomar lugar em sua vida e você deve obter uma experiência diferente de todas que já teve, ou seu serviço não será aceito por Deus. T4 215 3 Nosso Pai celestial lhe tem sido muito bondoso. Ele o tem tratado com ternura. A enfermidade e doença lhe sobrevieram quando você não estava preparado para morrer, pois não havia aperfeiçoado um caráter cristão e não tinha aptidão moral para o Céu. Satanás postou-se do seu lado para afligi-lo e destruí-lo, a fim de que pudesse ser contado com os transgressores. Oração fervorosa e eficaz prevaleceu em seu benefício. Anjos foram enviados para atendê-lo e vigiá-lo, guardá-lo e protegê-lo do poder de Satanás e preservar-lhe a vida. Deus, em Seu incomparável amor, lhe concedeu outra prova. Não por causa de qualquer bondade ou virtude em você, mas por causa de Sua misericórdia, Ele atendeu às orações de fé. O seu tempo de graça foi prolongado para que tenha uma oportunidade de redimir o passado, vencer os defeitos de caráter e revelar em sua vida a dedicação a Deus, que Ele reivindica. Você tem tido sentimentos de gratidão, contudo não tem experimentado aquela gratidão de coração e atitude humilde que deviam ter sido despertadas por Seu insuperável amor. T4 216 1 Você não tem reconhecido devidamente suas obrigações para com Deus por poupar-lhe a vida. Por razões mesquinhas tem escapado repetidas vezes aos deveres religiosos que recaem sobre nós em todas as ocasiões e sob todas as circunstâncias. Sentimentos de desânimo não são desculpas diante de Deus pela negligência de um único dever. "Não sois de vós mesmos"; "fostes comprados" pelo sangue de Cristo. 1 Coríntios 6:19, 20. Ele reivindica tudo quanto você é capaz de fazer; seu tempo e forças não lhe pertencem. T4 216 2 Deus indicou que você poderia ser educado para atuar em Sua causa; mas foi necessário que sua mente fosse treinada e disciplinada para agir em harmonia com o plano de Deus. Poderia obter a experiência requerida se desejasse; teve o privilégio diante de você de rejeitar sua inclinação, porque Seu Salvador lhe dera exemplo em Sua vida. Você, porém, não se colocou numa posição de aprender tudo quanto podia e tudo quanto lhe fosse importante aprender a fim de se tornar um obreiro responsável na causa de Deus. Havia algumas coisas a reformar em você mesmo antes que o Senhor pudesse usá-lo eficazmente como Seu instrumento. T4 216 3 Irmão C, foi um sacrifício deixar a sua fazenda; você apreciava a vida ali. Não veio a _____ por escolha. Não tinha conhecimento da obra relacionada aos interesses de publicações. Mas estava determinado a realizar o melhor que podia, e em muitos aspectos tem feito bem. Muitas coisas, no entanto, surgiram como pedras de tropeço em seu caminho. A conduta do irmão F estava errada em muitos aspectos; mas você não manteve sua consagração a Deus; uniu-se a ele em espírito e não ficou livre, desagradou a Deus em muitas coisas e separou sua alma dEle. Satanás estava obtendo grande poder sobre você; os seus passos tinham quase escorregado, e você quase se entregou à incredulidade quando a doença interrompeu seu caminho. Foi em grande misericórdia que Deus o poupou e lhe deu mais algum tempo de vida. Você, entretanto, não se submeteu inteiramente a Ele; sua obstinação não tem sido subjugada e abrandada; você precisa de uma nova conversão. Tem se irritado e aborrecido facilmente; concentrou-se em resistir a tudo que julgou recair sobre você; seus sentimentos surgem como um raio quando qualquer coisa toca o seu orgulho. Bem, meu prezado irmão, tudo isso é errado. Nesse aspecto você precisa vencer, ou o inimigo o derrotará. T4 217 1 Você tem se sentido infeliz porque não apreciou o trabalho em _____. Tem olhado para trás e pensado em _____; pois seu coração ali está, e o corpo deveria estar onde está o coração. Deus o tem testado e provado; como você tem suportado a prova? Você precisa ser aplainado e polido, ter os pontos ásperos e irregulares de seu caráter removidos, para que possa se tornar purificado para o reino do Céu. Quão duro é para a natureza humana não ceder à inclinação; quão difícil para os homens deixar as lisonjeadoras seduções mundanas, e, através do amor a seu Salvador e a seus semelhantes, negar o próprio prazer a fim de empenhar-se mais diretamente no serviço de Deus. T4 217 2 Irmão C, você não se empenha de coração e alma na obra. Nunca a tornou um interesse pessoal direto, e ela não lhe é agradável. Se você quisesse, poderia ter treinado a mente para melhor compreender a obra; mas tem, em certa medida, se mantido indiferente a ela; não se tem ligado intimamente à obra, nem tentado familiarizar-se com os seus vários ramos. T4 218 1 Você não é tão social e cortês como devia ser, e sua maneira fria e inacessível não agrada a Deus. Permite que seus sentimentos sejam facilmente incitados. Nenhum homem pode apropriadamente ocupar posição em ligação com a obra de Deus, sendo controlado por sentimentos e movido por impulso. Seu coração deve estar em mais íntima ligação com Deus, precisando em simpatia e interesse estar mais intimamente identificado com aqueles que estão empenhados em Sua obra, ou não poderá ser de qualquer utilidade no avanço da causa em _____. Você é muito independente e inacessível; precisa abrandar e adaptar sua disposição à mente e sentimentos de outros. Pode, como homem de negócios e cristão, realizar muito serviço valioso para a causa de Deus, se tão-somente sujeitar Sua vontade e seus caminhos ao Senhor. Precisa ser santificado pela verdade, tendo mente elevada acima de toda consideração pessoal e todo interesse egoísta. T4 218 2 Aponto-lhe a vida de Jesus como um modelo perfeito. Sua vida foi caracterizada por benevolência desinteressada. Precioso Salvador! Que sacrifícios Ele fez por nós para que não perecêssemos, mas tivéssemos vida eterna! O Céu será muito barato ainda que renunciemos a todo interesse egoísta para obtê-lo. Poderemos dar-nos ao luxo de impor nossa própria maneira, e retirar-nos das mãos de Deus, por ser mais agradável ao coração natural? Deus requer perfeita submissão e perfeita obediência. A vida eterna vale tudo para nós. Você pode manter ligação íntima com Deus se se esforçar ferrenhamente por entrar pela porta estreita. T4 218 3 Você nunca poderia ser advertido de suas deficiências a menos que fosse levado para onde essas deficiências se revelassem pelas circunstâncias. Você não tem se sentido como deveria desde que veio para _____. Não se empenhou voluntariamente e de coração na obra, nem a tornou o seu interesse principal. Tem cultivado uma independência que não podia ser mantida se percebesse sua verdadeira posição -- de que é um principiante, aprendendo como trabalhar da melhor maneira para a prosperidade da causa de Deus; que você é um estudante, buscando obter conhecimento com respeito àquilo com que não está familiarizado. Podia ter feito muito maior progresso, caso tivesse tentado zelosamente servir a Deus como obreiro eficiente. T4 219 1 Você tem sido muito reservado. Não tem entrado em íntima relação com homens empenhados nos diferentes setores da obra; não tem trocado idéias com eles tão familiarmente como devia para agir com entendimento. Se tivesse feito isso, poderia ter sido um auxiliar mais eficiente. Agiu grandemente de acordo com seu próprio critério, levando adiante as próprias idéias e planos. Tem havido falta de relacionamento harmonioso entre os obreiros. Aqueles que poderiam tê-lo ajudado, têm relutado em compartilhar o seu conhecimento com você por causa dessa sua falta de amabilidade, e também porque você age muito por impulso, percebendo que eles temem aproximar-se de você. T4 219 2 O Salvador do mundo foi adorado pelos anjos, foi um príncipe nas cortes reais do Céu; mas deixou de lado Sua glória, e revestiu Sua divindade com humanidade. Tornou-Se o manso e humilde Jesus. Deixou Suas riquezas e glória no Céu, e Se tornou pobre para que por Sua pobreza nos tornássemos ricos. Durante três anos Ele jornadeou de um lugar para outro como um errante sem lar. Mas homens egoístas se queixarão e murmurarão se forem chamados a deixar seu pequeno tesouro terrestre pela causa de Cristo, ou empenhar-se na obra de salvar almas pelas quais Ele deu Sua preciosa vida. Oh, que ingratidão! Ninguém pode apreciar as bênçãos da redenção a menos que sinta que pode alegremente fazer todo e qualquer sacrifício por amor de Cristo. Todo sacrifício feito por Cristo enriquece o doador, e todo sofrimento e privação suportado por Sua querida causa aumenta a alegria final do vencedor no Céu. T4 219 3 Você conhece apenas um pouco do real sacrifício e genuína negação do eu. Tem apenas pouca experiência em opressões e sobrecarga de suas energias. Seu fardo tem sido leve, enquanto outros têm estado vergados sob sérias responsabilidades. O jovem que perguntou a Jesus o que devia fazer para ter vida eterna, recebeu a resposta: "Guarda os mandamentos." Mateus 19:17. Confiante e orgulhosamente, ele respondeu: "Tudo isso guardei desde a minha mocidade; que me falta ainda?" Mateus 19:20. Jesus olhou compassivamente para o jovem; Ele o amava e sabia que as palavras que diria separariam dEle para sempre o jovem. Não obstante, Jesus tocou o ponto sensível de sua alma. Disse-lhe: "Vai, vende tudo quanto tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no Céu; então, vem e segue-Me." Marcos 10:21. O jovem desejava o Céu, mas não o suficiente para afastar suas afeições do seu tesouro terrestre. Recusou submeter-se às condições requeridas por Deus a fim de herdar a vida. Ficou muito triste; pois possuía grandes riquezas, que julgou serem valiosas demais para trocar pelas recompensas eternas. Indagou o que precisava fazer para ser salvo, e a resposta tinha sido dada; o seu coração mundano, porém, não pôde sacrificar sua riqueza para tornar-se discípulo de Cristo. Sua decisão foi a de renunciar ao Céu e apegar-se ao tesouro terrestre. Quantos estão agora tomando a mesma decisão que determinou o destino daquele jovem! T4 220 1 Se qualquer um de nós tiver a oportunidade de fazer algo por Cristo, quão zelosamente devemos aproveitá-la e com a maior dedicação fazer tudo que pudermos para ser coobreiros com Ele. As próprias privações que testam mais severamente nossa fé, e fazem parecer que Deus Se esqueceu de nós, destinam-se a conduzir-nos para mais perto de Cristo, a fim de que possamos lançar todos os nossos fardos aos Seus pés, e experimentar a paz que Ele nos dará em troca. Você precisa de uma nova conversão; precisa ser santificado pela verdade, e em espírito tornar-se manso e humilde como uma criancinha, confiando inteiramente em Cristo como seu Redentor. Seu orgulho e independência lhe estão fechando o coração às benditas influências do Espírito de Deus, e tornando-o tão insensível como o solo batido de uma estrada. Tem ainda a aprender a grande lição da fé. Quando se submeter inteiramente a Deus, quando cair quebrantado sobre Jesus, você será recompensado por uma vitória cuja alegria jamais experimentou. Ao rever com clareza seu passado, verá que exatamente quando a vida lhe parecia somente perplexidade e um fardo, o próprio Jesus estava perto de você, buscando conduzi-lo à luz. Seu Pai lhe estava ao lado, inclinando-Se sobre você com amor indescritível, afligindo-o para o seu bem, como o refinador purifica o precioso metal. Quando você se julgava desamparado, Ele estava perto para confortá-lo e sustê-lo. Raramente vemos a Jesus como Ele é, e nunca estamos prontos para receber Sua ajuda como Ele deseja. T4 221 1 Que vitória alcançará quando aprender a seguir as acessíveis providências de Deus, de coração agradecido e resolvido a viver visando unicamente Sua glória, na doença ou na saúde, em abundância ou necessidade! O próprio eu está vivo e estremecendo a todo toque. O próprio eu tem de ser crucificado antes de você poder vencer em nome de Jesus e receber o galardão dos fiéis. ------------------------Capítulo 20 -- Necessidade de harmonia T4 221 2 O Espírito de Deus não habitará onde há desunião e contenda entre os que crêem na verdade. Mesmo que esses sentimentos não sejam expressos, eles tomam posse do coração e expulsam a paz e o amor que deviam caracterizar a igreja cristã. Eles são resultados do egoísmo no sentido mais pleno. Esse mal pode tomar a forma de auto-estima desordenada, ou de um anseio indevido pela aprovação de outros, mesmo que essa aprovação seja obtida imerecidamente. A exaltação própria deve ser renunciada por aqueles que professam amar a Deus e guardar Seus mandamentos, ou não deverão esperar ser abençoados por Seu divino favor. T4 221 3 A influência moral e religiosa no Instituto de Saúde deve ser elevada a fim de obter a aprovação do Céu. A condescendência com o egoísmo certamente expulsará o Espírito de Deus do local. Os médicos, superintendentes e auxiliares devem trabalhar harmoniosamente no Espírito de Cristo, cada um considerando "os outros superiores a si mesmos". Filipenses 2:3. T4 221 4 O apóstolo Judas declara: "E apiedai-vos de alguns" (Judas 22), fazendo distinção. Essa distinção não deve ser feita num espírito de favoritismo. Nenhum apoio deve ser dado a um indivíduo que deixa implícito: "Se você me favorecer, eu lhe favorecerei." Esta é uma política mundana, não santificada, que desagrada a Deus. É pagar favores e apreciação por amor ao ganho. É revelar parcialidade para com certas pessoas, esperando assegurar vantagens através delas. É buscar sua boa vontade pela condescendência, para que possamos ser tidos em maior estima do que outros totalmente merecedores como nós mesmos. É algo difícil ver os próprios erros; mas cada um deve perceber quão cruel é o espírito de inveja, rivalidade, desconfiança, crítica e dissensão. T4 222 1 Chamamos a Deus nosso Pai; reivindicamos ser filhos de uma família, e quando há uma disposição de diminuir o respeito e influência de outro para edificar-nos a nós mesmos, agradamos o inimigo e ofendemos Aquele a quem professamos seguir. A ternura e misericórdia que Jesus revelou em Sua vida preciosa deve ser-nos um exemplo de como devemos tratar nossos semelhantes, especialmente aqueles que são nossos irmãos em Cristo. T4 222 2 Deus está continuamente nos beneficiando, mas somos muito indiferentes a Seus favores. Temos sido amados com infinita ternura, e contudo muitos de nós temos pouco amor uns pelos outros. Somos demasiados severos para com aqueles que supomos estar em erro, e muito sensíveis à menor culpa ou questionamento a respeito de nossa conduta. T4 222 3 São lançadas insinuações, e duras críticas de uns contra outros; mas ao mesmo tempo aqueles que lançam essas insinuações e críticas estão cegados às próprias faltas. Outros podem ver os erros deles, mas eles não podem ver as próprias falhas. Somos recebedores diários das generosidades do Céu, e devemos ter amorável gratidão brotando de nosso coração para Deus, a qual deve levar-nos a simpatizar com nossos semelhantes e fazer de seus interesses os nossos. Pensamentos e meditação acerca da bondade de Deus para conosco fechariam as avenidas da alma para as insinuações de Satanás. T4 222 4 O amor de Deus por nós é comprovado diariamente; entretanto, somos insensíveis aos Seus favores, indiferentes aos Seus apelos. Ele busca impressionar-nos com o Seu Espírito de ternura, Seu amor e paciência; mas raramente reconhecemos os sinais de Sua bondade e temos pouca consciência da lição de amor que Ele nos deseja ensinar. Alguns, à semelhança de Hamã, se esquecem de todos os favores de Deus, porque Mardoqueu está perante eles e não é desfavorecido; porque o coração deles está cheio de inimizade e ódio, em vez de amor -- o Espírito de nosso querido Redentor, que deu Sua preciosa vida por Seus inimigos. Professamos ter o mesmo Pai, estar nos dirigindo ao mesmo lar imortal, desfrutar a mesma fé solene e crer na mesma mensagem decisiva; não obstante, muitos estão lutando uns com os outros como crianças briguentas. Alguns que estão empenhados no mesmo ramo de trabalho disputam uns com os outros e assim se acham em desacordo com o Espírito de Cristo. T4 223 1 O amor ao louvor tem corrompido muitos corações. Aqueles que têm estado ligados ao Instituto de Saúde têm às vezes manifestado espírito de crítica aos planos feitos; e Satanás lhes tem dado influência sobre a mente de outros ali, que têm aceitado essas pessoas como inculpáveis, enquanto pessoas inocentes são acusadas de erro. É um orgulho ímpio que se deleita na vaidade das próprias obras, que se ensoberbece das excelentes qualidades de alguém, buscando fazer com que outros pareçam inferiores a fim de exaltarem o eu, reivindicando mais glória do que o frio coração está disposto a dar a Deus. Os discípulos de Cristo atentarão à instrução do Mestre. Ele nos tem ordenado amar-nos uns aos outros assim como nos amou. A religião é fundamentada sobre o amor a Deus, que também nos leva a amar uns aos outros. Ela é cheia de gratidão, humildade e longanimidade. É abnegada, paciente, misericordiosa e perdoadora. Santifica a vida inteira e estende a sua influência sobre outros. T4 223 2 Os que amam a Deus não podem abrigar ódio ou inveja. Quando o celeste princípio do eterno amor encher o coração, ele fluirá para outros, não meramente por que favores são recebidos deles, mas porque o amor é o princípio da ação e modifica o caráter, governa os impulsos, controla as paixões, subjuga inimizades, eleva e enobrece as afeições. Esse amor não é adquirido meramente para incluir "eu e meu", mas é amplo como o mundo e alto como o céu, e está em harmonia com o amor dos obreiros angelicais. Esse amor acariciado na alma torna agradável a vida inteira e projeta sua enobrecedora influência sobre todos ao redor. Possuindo-o, não podemos deixar de ser felizes, quer a sorte sorria, quer desagrade. Se amamos a Deus de todo o coração, temos de amar também Seus filhos. Esse amor é o Espírito de Deus. É o adorno celestial que concede verdadeira nobreza e dignidade à alma e assemelha nossa vida à vida do Senhor. Não importa quantas boas qualidades possamos ter, por mais dignos de honra e mais cultos que nos possamos considerar, se a alma não é batizada com a graça celestial do amor a Deus e de uns aos outros, somos deficientes na verdadeira bondade e inaptos para o Céu, onde tudo é amor e unidade. T4 224 1 Alguns que anteriormente amaram a Deus e viveram desfrutando diariamente Seu favor estão agora em contínua inquietação. Caminham nas trevas e na escuridão desesperadora, porque estão alimentando o eu. Estão buscando tão duramente se favorecerem que todas as outras considerações são absorvidas nisso. É desejo de Deus, em Sua providência, que ninguém alcance felicidade vivendo unicamente para si mesmo. A alegria de nosso Senhor consistia em suportar fadiga e vergonha por outros para que eles pudessem ser beneficiados dessa forma. Somos capazes de ser felizes seguindo Seu exemplo e vivendo para abençoar nossos semelhantes. T4 224 2 Somos convidados por nosso Senhor a tomar o Seu jugo e suportar o Seu fardo. Fazendo isso, podemos ser felizes. Ao suportarmos o nosso jugo por imposição própria e levar nossos fardos, não encontramos repouso; mas ao suportarmos o jugo de Cristo há descanso para a alma. Aqueles que desejam fazer uma grande obra pelo Mestre podem encontrá-la somente onde estão, fazendo o bem e sendo abnegados, sacrificando a si mesmos, lembrando-se de outros e levando alegria aonde quer que forem. T4 224 3 Há uma grande necessidade daquela ternura piedosa de Cristo ser manifesta em todos os tempos e em todos os lugares, não aquela simpatia cega que passa por alto o pecado e permite que a causa de Deus seja reprovada pela má conduta, mas aquele amor que é um princípio controlador da vida, que flui naturalmente a outros em boas obras, lembrando-se de que Cristo disse: "Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes." Mateus 25:40. T4 225 1 Aqueles que atuam no Instituto de Saúde se empenham em uma grande obra. Durante a vida de Cristo os enfermos e aflitos eram objeto de Seu especial cuidado. Quando Ele enviou Seus discípulos, comissionou-os a curar os enfermos, bem como pregar o evangelho. Quando enviou os setenta, ordenou-lhes curar os doentes e a seguir pregar-lhes que o reino de Deus estava próximo deles. A saúde física deles devia ser primeiro atendida, a fim de que pudessem estar preparados para que a mente deles fosse alcançada por aquelas verdades que os apóstolos deviam pregar. T4 225 2 O Salvador do mundo devotou mais tempo e trabalho a curar os aflitos de suas enfermidades, do que a pregar. Sua última recomendação aos apóstolos, Seus representantes na Terra, foi que pusessem as mãos sobre os enfermos para que sarassem. Quando o Mestre vier, há de louvar aqueles que visitaram os doentes e aliviaram as necessidades dos sofredores. T4 225 3 Somos vagarosos em compreender as poderosas influências de mesquinharias e sua importância sobre a salvação de almas. No Instituto de Saúde aqueles que desejam ser missionários têm um grande campo em que trabalhar. Deus não tenciona que qualquer um de nós constitua uns poucos privilegiados, que serão considerados com maior deferência enquanto outros são negligenciados. Jesus foi a Majestade do Céu; contudo, Ele desceu para ministrar aos mais humildes, não levando em conta pessoas ou condições. T4 225 4 Aqueles que têm o coração totalmente na obra acharão no Instituto de Saúde o suficiente para fazer pelo Mestre ao aliviar o sofrimento daqueles que são colocados sob seu cuidado. Nosso Senhor, após realizar o trabalho mais humilhante por Seus discípulos, recomendou-lhes seguirem o Seu exemplo a fim de manter constantemente diante deles o pensamento de que não deviam sentir-se superiores ao mais humilde santo. T4 225 5 Os que professam nossa exaltada fé, que estão observando os mandamentos de Deus e esperando a breve vinda de nosso Senhor, devem ser distintos e separados do mundo ao seu redor, um povo peculiar, "zeloso de boas obras". Tito 2:14. Entre as peculiaridades que devem distinguir do mundo o povo de Deus nestes últimos dias, está a sua humildade e mansidão. "Aprendei de Mim", diz Jesus, "que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma." Mateus 11:29. Aqui está o repouso que tantos buscam, e em vão gastam tempo e dinheiro para obter. Em vez de cultivarmos a ambição de ser iguais uns aos outros em honra e posição, ou talvez até mais elevados, devemos buscar ser os humildes e fiéis servos de Cristo. Esse espírito de engrandecimento próprio provocou disputa entre os apóstolos, mesmo quando Cristo estava com eles. Debatiam quem devia ser o maior entre eles. Jesus "assentando-Se, chamou os doze e disse-lhes: Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos". Marcos 9:35. T4 226 1 Quando a mãe fez um pedido para que seus filhos fossem especialmente favorecidos, um se sentando à direita e outro à esquerda em Seu reino, Jesus os impressionou com o fato de que a honra e a glória de Seu reino seriam o contrário da honra e glória deste mundo. Quem quer que fosse o maior devia ser um humilde servidor a outros, e quem quer que desejasse ser chefe devia ser um servo, tal como o Filho de Deus foi um servidor e servo dos filhos dos homens. T4 226 2 Nosso Salvador novamente ensinou Seus discípulos a não estarem ansiosos por posição e nome. "Não queirais ser chamados Rabi. ... Nem vos chameis mestres. ... Porém o maior dentre vós será vosso servo. E o que a si mesmo se exaltar será humilhado." Mateus 23:8, 10-12. Jesus citou ao doutor da lei o código da santa lei dado no Sinai: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento." "Amarás o teu próximo como a ti mesmo." Mateus 22:37, 39. Ele lhe disse que se fizesse assim, entraria na vida. T4 226 3 "Teu próximo como a ti mesmo." A questão é suscitada: "Quem é o meu próximo?" Sua resposta é a parábola do Bom Samaritano, que nos ensina que qualquer ser humano que necessite de nossa simpatia e de nossos préstimos é nosso próximo. Os sofredores e desvalidos de toda classe são nosso próximo; e quando suas necessidades são trazidas ao nosso conhecimento, é nosso dever aliviá-los tanto quanto nos seja possível. Nessa parábola é salientado um princípio que os seguidores de Cristo fariam bem em adotar. Deve-se primeiramente satisfazer as necessidades temporais dos pobres e aliviar suas privações e sofrimentos físicos, e depois se encontrará acesso ao coração, onde se pode plantar as boas sementes da virtude e da religião. T4 227 1 Para sermos felizes, precisamos procurar alcançar um caráter como o que Cristo manifestou. Uma notável peculiaridade de Cristo foi Sua abnegação e benevolência. Ele veio não para buscar o que Lhe era próprio. Andou fazendo o bem, e isto era Sua comida e bebida. Nós podemos, seguindo o exemplo do Salvador, estar em santa comunhão com Ele; e ao buscar diariamente imitar o Seu caráter e seguir o Seu exemplo seremos uma bênção ao mundo e garantiremos nosso contentamento aqui e uma eterna recompensa no futuro. ------------------------Capítulo 21 -- Oposição a fiéis advertências T4 227 2 No dia 3 de Janeiro de 1875, foi-me mostrado que há um grande trabalho a ser feito na Califórnia por aqueles que professam crer na verdade, antes que Deus possa atuar em seu favor. Muitos estão se lisonjeando de que estão bem com Deus, quando não têm os princípios da verdade em seu coração. Essas pessoas podem ser bem-sucedidas somente se procurarem com diligente e perseverante zelo atender ao conselho da Testemunha Verdadeira. Estão numa condição fria, formal e apostatada. A Testemunha Verdadeira a estes Se dirige dizendo: "Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da Minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Aconselho-te que de Mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas, para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te." Apocalipse 3:15-19. T4 228 1 Irmão G, Deus tem reivindicações sobre você às quais você não corresponde. Sua força espiritual e seu crescimento na graça serão proporcionais ao trabalho de amor e boas obras que fizer alegremente por seu Salvador, o qual nada reteve, nem mesmo a vida, para que você fosse salvo. Você tem a recomendação do apóstolo: "Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo." Gálatas 6:2. Não é suficiente meramente professar fé nos mandamentos de Deus; você precisa ser praticante. Você é um transgressor de Sua lei. Não ama a Deus de todo o coração, poder, mente e força; não vive em obediência aos últimos seis mandamentos nem ama ao semelhante como a si mesmo. Você ama a si mesmo mais do que ama a Deus ou a seu semelhante. Observar os mandamentos de Deus requer mais de nós do que você está disposto a cumprir. Deus requer de você boas obras, abnegação, sacrifício próprio e dedicação ao bem dos outros, para que por seu intermédio almas possam ser trazidas à verdade. T4 228 2 Somente nossas boas obras não salvarão qualquer um de nós, mas não podemos ser salvos sem elas. E depois de havermos feito tudo que podemos fazer, no nome e na força de Jesus Cristo devemos dizer: "Somos servos inúteis." Lucas 17:10. Não devemos pensar que temos feito grandes sacrifícios e que devemos receber grande recompensa por nossos débeis serviços. T4 228 3 Justiça própria e segurança carnal o têm atado como se fora com cadeias de ferro. Você precisa ser zeloso e arrepender-se. Tem sido infeliz em simpatizar-se com os descontentes, cuja atitude tem estado em oposição à obra que o Senhor, através de Seus servos, estava realizando nessa região costeira. Os homens errados têm obtido a sua simpatia. Sendo que o seu coração não estava em sintonia com Deus, você não recebeu a luz que Ele lhe enviou. Dispôs a sua teimosa vontade para resistir à reprovação que o Senhor lhe deu em amor. Sabia que estas coisas eram verdadeiras, mas tentou fechar os olhos à verdadeira condição de seu caso. Se tivesse atendido ou não à voz de reprovação e advertência que Deus lhe enviou; se tivesse corrigido ou retido seus defeitos de caráter, um dia você reconheceria o que perdeu por colocar-se numa posição desafiadora, guerreando em espírito contra os servos de Deus. Seu sentimento de amargura para com o Pastor H é assustador. Ele tem sofrido, trabalhado arduamente e se sacrificado nessa região costeira para empreender a obra de Deus. Mas, em sua cegueira, com vida e coração não consagrados, você se aventurou, em associação com I e J, a tratar o servo de Deus de maneira cruel. "Não toqueis nos Meus ungidos", diz o Senhor, "nem maltrateis os Meus profetas." 1 Crônicas 16:22. Não é uma questão de pouca importância colocar-se, como você tem feito, contra homens a quem Deus enviou com luz e verdade para o povo. Acautele-se de como a sua influência desvia almas da verdade que Deus enviou Seus servos a declarar, pois um pesado ai paira sobre você. T4 229 1 Satanás tem estado usando você como seu agente para despertar dúvidas e reiterar insinuações e falsas representações que se têm originado de um coração não santificado, o qual Deus teria purificado de sua poluição. Você, porém, recusou ser instruído, desprezou a correção, rejeitou a reprovação e seguiu o próprio caminho e vontade. Almas estão contaminadas por essa raiz de amargura e, através destes que questionam e murmuram, são colocadas onde o testemunho de reprovação que Deus envia não as alcançará. O sangue dessas almas será requerido de você e daqueles com os quais você está em harmonia. T4 229 2 Deus nos tem dado, como servos Seus, o nosso trabalho. Ele nos tem dado uma mensagem para levar ao Seu povo. Por trinta anos temos estado recebendo as palavras de Deus e transmitindo-as ao Seu povo. Trememos ante a responsabilidade que aceitamos com muita oração e meditação. Permanecemos como embaixadores de Deus, no lugar de Cristo apelando às almas para se reconciliarem com Deus. Advertimos conforme Deus nos tem apresentado os perigos de Seu povo. Nossa obra tem sido dada por Deus. Qual, pois, será a condição daqueles que se recusam a ouvir as palavras que Deus lhes tem enviado, por atravessarem seu caminho ou reprovarem seus erros? Se está inteiramente convencido de que Deus não tem falado por nosso intermédio, por que não agir de acordo com a sua fé e nada ter mais a ver com um povo que está sob tão grande engano como esse? Se você tem agido de acordo com os ditames do Espírito de Deus, você está certo e nós errados. Ou Deus está ensinando Sua igreja, reprovando seus erros e fortalecendo a sua fé, ou não está. Esta obra é de Deus ou não é. Deus nada faz em parceria com Satanás. Meu trabalho, ao longo dos últimos trinta anos, traz o selo de Deus ou o do inimigo. Não há meio termo nesta questão. Os Testemunhos são do Espírito de Deus ou do diabo. Ao postar-se contra os servos de Deus, você está realizando uma obra para Deus ou para o diabo. "Por seus frutos os conhecereis." Mateus 7:16. Que selo a sua obra traz? Vale a pena considerar criticamente o resultado de sua conduta. T4 230 1 Não é algo novo para o homem ser enganado pelo arquiinimigo, e postar-se contra Deus. Considere a sua atitude criticamente antes de aventurar-se a avançar mais no caminho que está trilhando. Os judeus enganaram a si mesmos. Rejeitaram os ensinos de Cristo, porque Ele expunha os segredos do coração deles e lhes reprovava os pecados. Não desejavam vir para a luz, temendo que seus atos fossem reprovados. Escolheram as trevas em vez da luz. "A condenação é esta", disse Cristo, "que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más." João 3:19. Os judeus seguiram sua conduta na rejeição de Cristo, até que em sua condição de iludidos e equivocados julgaram que ao crucificá-Lo estavam fazendo um favor a Deus. Esse foi o resultado de recusarem a luz. Você está em perigo de engano semelhante. Será proveitoso para a sua alma, irmão G, considerar onde o caminho em que agora segue terminará. Deus pode passar sem você, mas você não pode ficar sem Deus. Ele não obriga homem algum a crer. Ele coloca luz diante dos homens, e Satanás apresenta as suas trevas. Enquanto o enganador está constantemente clamando: "A luz está aqui; a verdade está aqui", Jesus está declarando: "Eu sou a verdade; Eu tenho as palavras de vida eterna. 'Quem Me segue não andará em trevas.'" João 8:12. Deus concede a todos nós suficiente evidência para fazer nossa fé equilibrar-se ao lado da verdade. Se nos submetermos a Deus, escolheremos a luz e rejeitaremos as trevas. Se desejarmos manter a independência do coração natural e recusarmos a reprovação de Deus, como os judeus, iremos teimosamente levar avante nossos propósitos e nossas idéias em face da mais clara evidência e estaremos em perigo de um grande engano tal como lhes sobreveio. Em nossa cega paixão podemos ir ao ponto extremo em que foram, e, contudo, lisonjear-nos de que estamos realizando um trabalho para Deus. T4 231 1 Irmão G, você não permanecerá por muito tempo na posição em que se acha. O caminho que começou a seguir se desvia da rota verdadeira e o separa do povo a quem Deus está provando a fim de purificá-lo para a vitória final. Você estará em união com esse grupo e trabalhará zelosamente para responder à oração de Cristo, ou se tornará cada vez mais descrente. Questionará ponto após ponto da fé estabelecida da corporação, tornar-se-á mais obstinado em sua opinião e se entenebrecerá mais e mais com respeito à obra de Deus para esse tempo, até que coloque a luz em lugar de trevas e tome trevas pela luz. T4 231 2 Satanás tem grande poder em enredar as almas e confundir a mente daqueles que não abrigam a luz e os privilégios que a Providência lhes envia. As mentes que se submetem ao controle de Satanás são continuamente desviadas da luz da verdade para o erro e trevas. Se você der a Satanás a mínima vantagem, ele reivindicará cada vez mais e observará sua vigilância a fim de conseguir o máximo de qualquer circunstância que beneficie a causa dele e arruíne a sua alma. T4 231 3 Irmão e irmã G, nenhum de vocês se acha numa posição segura. Desprezam a reprovação. Se palavras suaves lhes fossem proferidas em vez de palavras de reprovação, se vocês tivessem sido louvados e lisonjeados, agora ocupariam uma posição muito diferente a respeito de sua crença nos Testemunhos. Há alguns nesses últimos dias que clamarão: "Dizei-nos coisas aprazíveis, profetizai-nos ilusões." Isaías 30:10. Este, porém, não é o meu trabalho. Deus me colocou como reprovadora de Seu povo; e tão seguramente como me colocou essa pesada carga, tornará aqueles a quem essa mensagem é dada responsáveis pela maneira com que a tratam. "Deus não Se deixa escarnecer" (Gálatas 6:7), e aqueles que desprezam a Sua obra receberão de acordo com os seus atos. Não escolhi este trabalho desagradável por mim mesma. Não é um trabalho que me proporcione o favor ou o louvor dos homens. É um trabalho que apenas poucos apreciarão. Mas os que buscam tornar o meu trabalho duplamente difícil por suas falsas declarações, invejosas suspeitas e incredulidade, assim criando preconceito na mente de outros contra os Testemunhos que Deus me tem dado, e limitado meu trabalho, têm que acertar esta questão com Deus, enquanto eu avançarei segundo a Providência e meus irmãos abram o caminho perante mim. No nome e na força de meu Redentor eu farei o que posso. Advertirei, aconselharei, reprovarei e encorajarei, segundo o Espírito de Deus ordena, quer os homens ouçam ou deixem de ouvir. Meu dever não é satisfazer-me, mas realizar a vontade de meu Pai celestial, que me tem dado este trabalho. T4 232 1 Cristo advertiu os seus discípulos: "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis." Mateus 7:15-20. Aqui está um teste, e você, irmão G, pode aplicá-lo se desejar. Não precisa prosseguir em incerteza e dúvida. Satanás está disponível para sugerir uma variedade de dúvidas; mas se abrir os seus olhos com fé, encontrará evidências suficientes para crer. Deus nunca removerá de qualquer homem toda a causa para dúvida. Aqueles que gostam de demorar-se na atmosfera de dúvida e questionadora descrença podem ter este não invejável privilégio. Deus oferece suficiente evidência para a mente sincera crer; mas aquele que se desvia do peso da evidência porque há umas poucas coisas que não pode tornar claras à sua compreensão finita será deixado na atmosfera fria e insensível da descrença e das dúvidas questionadoras e naufragará na fé. Você parecia considerar uma virtude estar do lado dos que duvidam, e não dos que crêem. Jesus nunca elogiou descrença; nunca aprovou dúvidas. Ele ofereceu a Sua nação evidências de sua messianidade nos milagres que realizou; mas havia alguns que consideravam uma virtude duvidar, e que examinariam essas evidências e achariam em toda a boa obra algo para questionar e censurar. T4 233 1 O centurião que desejou que Cristo viesse e curasse o seu servo se sentiu indigno de ter a Jesus sob o seu teto; sua fé era tão forte no poder de Cristo que ele Lhe suplicou falar apenas uma palavra e a obra seria realizada. "E maravilhou-se Jesus, ouvindo isso, e disse aos que O seguiam: Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé. Mas Eu vos digo que muitos virão do Oriente e do Ocidente e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos Céus; e os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes. Então, disse Jesus ao centurião: Vai, e como creste te seja feito. E, naquela mesma hora, o seu criado sarou." Mateus 8:10-13. T4 233 2 Aqui Jesus exaltou a fé em contraste com a dúvida. Ele revelou que os filhos de Israel tropeçariam por causa de sua incredulidade, que os levaria à rejeição da grande luz, e resultaria em sua condenação e derrota. Tomé declarou que não creria a menos que pusesse o dedo nas marcas dos pregos e a mão no lado do seu Senhor. Cristo lhe deu a evidência que desejava, e depois reprovou a sua incredulidade. "Porque Me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram!" João 20:29. T4 233 3 Nesta época de escuridão e erro, os homens que professam ser os seguidores de Cristo parecem pensar que têm a liberdade de receber e rejeitar os servos do Senhor a seu bel-prazer, e que não serão chamados a prestar contas por agir assim. Incredulidade e trevas os conduziram a isso. Suas sensibilidades estão cegadas por sua incredulidade. Violam a consciência e se tornam desleais às próprias convicções e se enfraquecem em poder moral. Eles vêem outros sob a mesma luz. T4 234 1 Quando Cristo enviou os doze, ordenou-lhes: "E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno e hospedai-vos aí até que vos retireis. E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; e, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz. E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés. Em verdade vos digo que, no Dia do Juízo, haverá menos rigor para o país de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade." Mateus 10:11-15. Foram advertidos a tomarem cuidado com os homens; pois poderiam ser entregues aos conselhos e castigados nas sinagogas. T4 234 2 O coração dos homens não é mais brando hoje do que quando Cristo esteve na Terra. Eles farão tudo em seu poder para ajudar o grande adversário a tornar as coisas o mais difícil possível para os servos de Cristo, tal como o povo fez com Cristo quando Ele esteve na Terra. Eles açoitarão com a língua da calúnia e falsidade. Criticarão e voltarão contra os servos de Deus os próprios esforços que Ele os está levando a fazer. Irão, com suas más suspeitas, ver fraude e desonestidade onde tudo está correto, e onde existe perfeita integridade. Atribuem motivos egoístas à conta dos servos de Deus, quando Ele próprio os está dirigindo, e quando eles dariam a própria vida se Deus requeresse, se assim fazendo pudessem fazer progredir a Sua causa. Aqueles que têm feito o mínimo e realizado o menor investimento na causa da verdade são os mais ousados em expressar falta de fé na integridade dos servos de Deus que são colocados numa posição de levar as responsabilidades financeiras na grande obra. Os que têm confiança na obra de Deus estão dispostos a aventurar algo para o seu progresso; e sua prosperidade espiritual será em proporção às suas obras de fé. A Palavra de Deus é o nosso padrão, mas quão poucos a seguem! Nossa religião será de pouco valor aos nossos semelhantes, se é somente teórica, e não prática. A influência do mundo e do egoísmo é transmitida por muitos que professam ser seguidores da Bíblia. São como uma nuvem, resfriando a atmosfera em que outros se movimentam. Obstinação, não independência T4 235 1 Irmão G, será um trabalho penoso para você cultivar amor puro e altruísta e beneficência desinteressada. Não tem muita experiência em sujeitar suas opiniões e idéias, e às vezes renunciar ao próprio julgamento e ser guiado pelo conselho de outros. Irmão e irmã G, ambos precisam ter menos do eu e mais da graça de Deus. Ambos necessitam adquirir hábito de domínio próprio, para que os seus pensamentos possam ser levados em sujeição ao Espírito de Cristo. É da graça de Deus que precisam a fim de que os seus pensamentos possam ser disciplinados para fluírem no canal correto, de modo que as palavras que profiram possam ser palavras corretas, e suas paixões e apetites sujeitos ao controle da razão, e a língua refreada contra leviandade e não santificada censura e crítica. "Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo." Tiago 3:2. O maior triunfo que nos é dado pela religião de Cristo é o controle de nós mesmos. Nossas propensões naturais devem ser controladas, ou nunca poderemos vencer como Cristo venceu. T4 235 2 Há alguns entre os professos seguidores de Cristo que são dispépticos espirituais. São feitos inválidos por si mesmos, e sua debilidade espiritual é resultado direto das próprias falhas. Não obedecem às leis de Deus nem executam os princípios de Seus mandamentos. São indolentes em Sua causa e obra, nada realizando por si mesmos; mas quando julgam que vêem algo em que podem achar falta, então são ativos e zelosos. Um cristão que não trabalha não pode ser saudável. A doença espiritual é o resultado do dever negligenciado. Para que a fé de um homem seja forte, ele precisa muito de estar com Deus em oração particular. Como pode a benevolência de um homem ser-lhe uma bênção, se ele nunca a exercita? Como podemos pedir que Deus nos ajude na conversão de almas, a menos que estejamos fazendo tudo em nosso poder para levá-las ao conhecimento da verdade? Você acarretou sobre si uma debilidade que o tem tornado inútil para si mesmo e para a igreja; e o remédio é arrependimento, confissão e reforma. Você precisa de poder moral e o verdadeiro nutrimento da graça de Deus. Coisa alguma proporcionará tanto vigor a sua piedade como trabalhar para promover a causa que professa amar, em vez de estorvá-la. Não há senão um remédio verdadeiro para a indolência espiritual, e esse é trabalhar -- trabalhar pelas almas que necessitam de seu auxílio. Em vez de fortalecer as almas, você tem estado desencorajando e enfraquecendo o coração e as mãos daqueles que desejam ver a causa de Deus avançar. T4 236 1 Deus lhe tem dado habilidades que podem ser usadas para uma boa causa, ou desperdiçá-las para seu próprio prejuízo e prejuízo de outros. Não percebeu as reivindicações que Deus tem sobre você. Devemos sempre ter em mente que estamos vivendo neste mundo para formar caráter para o vindouro. Todo relacionamento com nossos semelhantes mortais deve visar seu interesse eterno, bem como o nosso; mas se nossos encontros com eles são dedicados somente ao prazer e à própria satisfação egoísta, se somos levianos e frívolos, se nos comprometemos com atos errados, não somos coobreiros com Deus, mas estamos decididamente trabalhando contra Ele. A preciosa vida que Deus nos tem dado não deve ser moldada por parentes descrentes, de maneira a agradar a mente carnal, mas ser vivida de modo que Deus possa aprovar. T4 236 2 Se o irmão J possuísse o amor de Deus, seria um conduto de luz. Ele tem muito pouco poder moral, com forte tendência à incredulidade. Anjos celestiais se compadecem dele, pois ele está rodeado de trevas. Seus ouvidos ouvem palavras de incredulidade e escuridão quase continuamente. Ele tem dúvidas e questionamentos constantemente diante de si. A língua é um mundo de iniqüidade. "Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal." Tiago 3:8. Se o irmão J se apegasse a Deus mais firmemente e sentisse que preservaria a sua integridade diante de Deus mesmo ao custo de sua vida, receberia força do Alto. Se permitir que sua fé seja afetada pelas trevas e incredulidade que o rodeiam -- dúvidas, questionamentos e muita conversa -- logo será só trevas, dúvida e incredulidade, e não terá luz ou força na verdade. T4 237 1 Ele não deve pensar que por buscar comprometer-se com seus amigos, que são endurecidos contra a nossa fé, tornará as coisas mais fáceis para si. Se permanecer com o único propósito de obedecer a Deus a qualquer custo, terá auxílio e força. Deus ama e Se compadece do irmão J. Conhece toda perplexidade, todo desânimo, toda palavra de amargura. Ele está familiarizado com tudo isso. Se o irmão J deixar de lado sua incredulidade e permanecer firme em Deus, sua fé será fortalecida pelo exercício. "Mas o justo viverá da fé; e, se ele recuar, a Minha alma não tem prazer nele." Hebreus 10:38. T4 237 2 Vi os irmãos J e G em grande perigo de perder a vida eterna. Eles não viram que permaneciam diretamente no caminho do progresso da obra de Deus em _____. Quando a reunião campal foi realizada ali na primeira vez que estivemos nessa região costeira, centenas foram convencidos da verdade; mas Deus conhecia o material de que aquela igreja era composta. Se as almas viessem para a verdade, não havia ninguém para alimentá-las, acolhê-las e conduzi-las a uma vida elevada. O irmão I tinha um espírito invejoso e crítico. A menos que pudesse ser o primeiro, não faria nada. Ele se considerava muito acima do que Deus o considerava. Um homem de seu temperamento não irá, por muito tempo, estar em harmonia com qualquer um; pois é da sua natureza contender e postar-se em oposição a qualquer coisa que não se ajuste a suas idéias. O Senhor o deixou seguir sua conduta e manifestar que espírito possuía. O mesmo espírito que manifestava em sua família ele levou para a igreja, e procurou exercê-lo ali. Sua amargura e suas cruéis intrigas contra os servos de Deus estão escritas no livro. Ele novamente as enfrentará. Saiu dentre nós porque não era dos nossos. De modo algum deve a igreja encorajá-lo a unir-se a ela novamente; pois, com o espírito que tem agora, brigaria até com os anjos de Deus. Ele desejaria administrar e ditar a obra dos anjos. Tal espírito não pode entrar no Céu. T4 238 1 I e J, a quem Deus vê com desagrado, ousaram resistir aos servos de Deus, caluniá-los e imputar-lhes motivos maus. Tentaram destruir a confiança dos irmãos nesses obreiros, bem como nos Testemunhos. Se, todavia, a obra é de Deus, eles não podem derrotá-la. Seus esforços serão em vão. Irmão G, você estava em tão densas trevas que julgou que esses homens estavam certos. Repetiu suas palavras, e falou do "poder de um só homem". Oh, quão pouco você sabia do que estava falando! T4 238 2 Alguns têm estado prontos para dizer algo, proferir qualquer acusação contra os servos de Deus e ser ciumentos e críticos. E se podem encontrar qualquer oportunidade em que, em seu zelo pela causa de Deus, julgam que os pastores falaram decididamente, e talvez severamente, têm estado dispostos a exagerar suas palavras, e sentem-se em liberdade de cultivar o espírito mais amargo e perverso, acusando os servos do Senhor de motivos errados. Que esses críticos perguntem o que teriam feito sob circunstâncias semelhantes, levando fardos semelhantes. Que olhem, pesquisem e condenem seu comportamento errado e exagerado, e a própria impaciência e impertinência; e quando estiverem sem pecado, então lancem a primeira pedra de censura sobre os irmãos que estão tentando colocá-los no rumo certo. Um Deus santo não conduzirá almas à verdade para estarem sob uma influência como tem existido na igreja. Nosso Pai celestial é sábio demais para conduzir almas à verdade a fim de serem moldadas pela influência desses homens cujo coração e vida não são consagrados. Esses homens não estão em harmonia com a verdade. Eles não estão em união com a corporação, mas afastando-se da igreja. Estão trabalhando com propósitos contrários aos daqueles a quem Deus está usando para conduzir almas à verdade. T4 238 3 Quem alimentaria aqueles que decidiriam obedecer a todos os mandamentos de Deus? Quem agiria como pais e mães que nutririam aqueles que precisam de auxílio e força? Esses irmãos sabem o que estão fazendo? Estão se postando diretamente no caminho dos pecadores. Estão bloqueando o caminho por sua conduta errada. O sangue das almas estará sobre suas vestes a menos que se arrependam e mudem inteiramente sua atitude. Esses descontentes pensam que estão certos, e a corporação de observadores do sábado enganada? "Por seus frutos os conhecereis." Mateus 7:16. A quem Deus está abençoando? A quem Ele está dirigindo? Quem está trabalhando para Ele? Quem está fazendo o bem em trabalhar para levar a verdade a outras mentes? Acaso esses homens pensam que a corporação irá a eles, e renunciará a sua experiência e pontos de vista para seguir o discernimento desses homens não consagrados? ou virão a estar em harmonia com a corporação? T4 239 1 O irmão G se vangloria de sua independência de opinião e discernimento, enquanto bloqueia o caminho dos pecadores por sua vida não consagrada e sua oposição à obra guerreando cegamente contra Cristo na pessoa de Seus servos; mas está enganado quanto à qualidade da verdadeira independência. A independência não é obstinação, conquanto a obstinação seja freqüentemente confundida com independência. Quando o irmão G forma uma opinião e a expressa em sua família ou na igreja com considerável confiança e alguma publicidade, ele é então inclinado a fazer com que pareça que está certo por todo o argumento que pode apresentar. Ele está em perigo, grande perigo, de fechar os olhos e violar a consciência por sua persistência, pois a tentação do inimigo é forte sobre ele. Seu orgulho de opinião é difícil de ser renunciado, mesmo em face de luz e evidência suficientes para convencê-lo se ele se deixar convencer. Pensa que se admitisse estar errado, isso seria uma censura a seu juízo e discernimento. T4 239 2 Irmão G, você está em grande perigo de perder a sua alma. Deseja ter preeminência. Às vezes se ressente profundamente se imagina estar sendo desprezado. Você não é um homem feliz. Não será feliz se deixar o povo de Deus, ofendendo-se por palavras e fatos claros, como fizeram muitos dos seguidores de Cristo, porque a verdade falada lhes era muito severa. Não será um homem feliz, pois levará o próprio eu consigo. Não age corretamente; cria problemas para si mesmo. Seu temperamento é seu inimigo; e aonde quer que for, levará consigo esse fardo de infelicidade. É uma honra confessar um erro tão logo seja discernido. T4 240 1 Há muitas questões relacionadas à obra de Deus nas quais você acha defeito, porque lhe é natural assim fazer. E uma vez que volveu o rosto contra a luz que Deus lhe revelou com respeito a si mesmo, está rapidamente perdendo o seu discernimento e mais do que nunca pronto a criticar tudo. Dá a sua opinião com confiança ditatorial e considera as indagações de outros com respeito a sua opinião como uma ofensa pessoal. A verdadeira independência refinada nunca recusa buscar conselho dos experientes e sábios, e trata o conselho de outros com respeito. Religião na família T4 240 2 Irmão G, você precisa ser um homem convertido, ou perderá a vida eterna. Não pode ser um homem feliz até que obtenha a mansidão da sabedoria. Você e sua esposa há muito têm trabalhado com propósitos opostos. Você precisa deixar de lado suas críticas, suspeitas, ciúmes e ruinosas murmurações. O espírito que se desenvolveu em sua família é transmitido a sua experiência religiosa. Seja cuidadoso em como fala das faltas um do outro na presença dos filhos; e cuidadoso para não deixar seu espírito dominá-lo. Você vê somente o que é mau e negativo em seu filho mais velho; não lhe dá crédito pelas boas qualidades que, se ele morresse, você subitamente se convenceria de que ele possuía. Nenhum de vocês segue uma conduta coerente para com o filho. Demoram-se em suas faltas na presença de outros e mostram que não têm confiança em seus bons traços de caráter. T4 240 3 Vocês têm a tendência de ver as faltas um do outro, e de todos os demais; mas são cegos às próprias faltas e muitos erros. Ambos são nervosos, facilmente agitados e irritados. Vocês precisam da mansidão da sabedoria. Vocês se apegam tenazmente às próprias fraquezas, paixões e preconceitos, como se sem eles não mais tivesse felicidade na vida, quando na realidade eles são espinhos penetrantes que ferem. Jesus os convida a desvencilhar-se do jugo que têm carregado, e que tem ferido o seu pescoço, e tomar o Seu jugo que é suave e o Seu fardo que é leve. Quão cansativo é o fardo do amor-próprio, cobiça, orgulho, paixão, ciúme e más suspeitas. Contudo, quão freqüentemente os homens se agarram a essas maldições, e quão vagarosos são em renunciar a elas. Cristo entende quão penosos são esses fardos impostos a si mesmos, e os convida a depô-los. Ele convida as almas cansadas e oprimidas a irem a Ele para tomar o Seu fardo, que é leve, em troca dos fardos que eles amarram sobre si mesmos. Diz Ele: "Encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve." Mateus 11:29, 30. Os requisitos de nosso Salvador são todos coerentes e harmoniosos e, se cumpridos alegremente, trarão paz e descanso à alma. T4 241 1 Quando o irmão G toma posição do lado errado, não é fácil confessar que errou; mas se puder deixar sua atitude errada sair-lhe da mente e da lembrança de outros, e puder realizar algumas mudanças para melhor sem reconhecimento público de seu erro, ele o fará. Mas todos esses erros e pecados não confessados permanecem registrados no Céu e não serão apagados até que ele obedeça às instruções dadas na Palavra de Deus: "Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos." Tiago 5:16. Se o irmão G encontrou outro plano além do que nos é dado pelo Senhor, não é o caminho seguro, e se provará finalmente a sua ruína. Este outro caminho é ruinoso para a igreja, e destrutivo à prosperidade e felicidade de sua família. Ele precisa abrandar o coração, e deixar que a ternura, humildade e amor lhe penetrem a alma. Ele precisa cultivar qualidades altruístas. Irmão e irmã G, vocês devem cultivar qualidades mentais que os tornem puros, esquecendo-se do eu, e mais interessados naqueles com os quais entram em contato. Há uma veia de amor-próprio e cuidado pelo eu que não aumenta a sua felicidade, mas acarreta-lhes sofrimento e dor. Vocês têm um conflito consigo mesmos no qual somente vocês podem atuar. Ambos devem controlar a língua, e reter muitas coisas que trazem à tona. O primeiro mal está em pensar mal; então vêm as palavras que são erradas. Mas vocês deixam por fazer a obra de cultivar amor, deferência e respeito um pelo outro. Considerem bondosamente os sentimentos um do outro, e busquem sagradamente manter a felicidade de cada um. Podem somente agir assim na força e nome de Jesus. T4 242 1 A irmã G tem feito grandes esforços para obter vitórias, mas não tem tido muito encorajamento da parte do marido. Em vez de buscarem a Deus em fervorosa oração por força para vencer os defeitos de seu caráter, têm estado observando a atitude um do outro e enfraquecendo-se por criticar a conduta de outros. O jardim do coração não tem recebido atenção. T4 242 2 Se o irmão G tivesse recebido a luz que o Senhor lhe enviou meses atrás, e tivesse conversado francamente com a esposa, se ambos tivessem quebrantado o duro coração perante o Senhor, quão diferente teria sido sua presente condição. Ambos menosprezaram as palavras de reprovação e apelo do Espírito de Deus, e não reformaram a vida. Mas o fechar os olhos à luz que Deus lhes enviou não tornou suas faltas menos graves à vista de Deus, nem diminuiu sua responsabilidade. Eles odiaram a reprovação que o Senhor em piedosa ternura lhes mandou. O irmão G tem coração naturalmente bondoso e terno, mas ele está revestido de amor-próprio, vaidade e vãs suspeitas. Seu coração não é empedernido, mas falta-lhe poder moral. Ele se acovarda tão logo a necessidade de abnegação e sacrifício próprio lhe é apresentada, pois ama a si mesmo. Controlar o eu, vigiar suas palavras, reconhecer que tem agido mal ou falado mal é uma cruz que julga ser demasiado humilhante carregar; contudo, se quiser alguma vez ser salvo, essa cruz precisa ser levada. T4 242 3 Irmão e irmã G, ambos precisam vigiar suas palavras; pois tão certo como não há uma sentinela colocada sobre seus pensamentos e ações, vocês desencorajarão um ao outro e farão com que nenhum seja salvo. Ambos precisam guardar-se contra o espírito apressado, que promove palavras e ações precipitadas. O ressentimento, que é tolerado porque acham que têm sido maltratados, é o espírito de Satanás e conduz a grandes males morais. Quando são controlados por um espírito precipitado, vocês privam a sua razão, nesse momento, do poder de controlar suas palavras e sua conduta, enquanto tornam-se responsáveis por todas as más conseqüências. O que é feito com precipitação e ira é indesculpável. A ação é má. Vocês podem, por uma simples palavra pronunciada com precipitação e ira, deixar uma ferida no coração dos amigos, que nunca será esquecida. A menos que exercitem o domínio próprio, vocês serão um casal muito infeliz. Cada um atribui sua vida infeliz às faltas do outro; mas não façam mais assim. Tornem uma regra nunca falarem uma palavra de censura um ao outro, mas elogiem e expressem reconhecimento sempre que puderem. T4 243 1 Alguns pensam que é uma virtude ser impetuosos, e elogiam o hábito extrovertido de falar coisas desagradáveis que estão no coração. Permitem que o espírito irado se esgote numa torrente de reprovação e crítica. Quanto mais falam, mais agitados se tornam, e Satanás fica de plantão para contribuir com a obra, pois esta a ele convém. As palavras irritam aqueles a quem são proferidas, e estes reagirão, dando margem a palavras ainda mais duras, até que um pequeno assunto se transforma num grande incêndio. Ambos acham que enfrentam todas as provas que são capazes de suportar, e que sua vida é muito infeliz. Iniciem resolutamente a obra de controlar os pensamentos, palavras e ações. Quando um de vocês sentir que surge ressentimento, torne uma regra sair sozinho e humildemente orar a Deus, que ouvirá a oração de lábios não fingidos. T4 243 2 Toda a ira deve estar sob o controle de uma consciência esclarecida. "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de caridade, que é o vínculo da perfeição. E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos." Colossences 3:12-15. T4 244 1 Se viverem no plano da adição, somando graça a graça, Deus lhes multiplicará a Sua graça. Enquanto somam, Deus multiplica. Se acariciarem uma impressão habitual de que Deus vê e ouve tudo quanto fazem e dizem, e conserva um registro fiel de todas as suas palavras e ações, e de que precisam defrontá-las, então em tudo quanto fizerem e falarem buscarão seguir os ditames de uma consciência esclarecida e alerta. A língua de vocês será usada para a glória de Deus e será uma fonte de bênçãos para si mesmos e outros. Contudo, se vocês se afastarem de Deus, como têm feito, cuidem para que sua língua não se demonstre um mundo de iniqüidade, e lhes acarretem terrível condenação, pois almas serão perdidas por seu intermédio. O dever do domínio próprio T4 244 2 Os apetites de nossa natureza carnal devem ser mantidos em rígida submissão. Esses apetites nos foram dados para importantes propósitos para o bem, e não para tornar-se ministros de morte sendo pervertidos e transformando-se em concupiscências conflitantes. O gosto pelo fumo, que você, irmão G, fortalece pela condescendência, está se tornando uma concupiscência em guerra contra a sua alma. Um homem intemperante não pode ser um homem paciente. A condescendência quase imperceptível do gosto criará um apetite por estimulantes mais fortes. Se os pensamentos, paixões e apetites são mantidos na devida sujeição, a língua será controlada. Chame em seu auxílio poder moral, e abandone o uso do fumo para sempre. Você tem tentado ocultar de outros o fato de que usa fumo; mas não ocultou de Deus a questão. "Chegai-vos a Deus, e Ele Se chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração. Senti as vossas misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo, em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e Ele vos exaltará." Tiago 4:8-10. Recomendo estas palavras em nome de Jesus, de quem recebi minha incumbência. Não as rejeite. T4 245 1 Você jamais teria rejeitado os Testemunhos, como faz, caso a sua má conduta não fosse reprovada. Imaginou que seria mais fácil sacrificar os Testemunhos e fechar os olhos à luz que Deus lhe tem dado do que renunciar ao seu fumo e abandonar sua vida de leviandade e de zombaria com descrentes. O processo de purificação envolve negação e restrição de que você não tem poder moral para suportar; por isso você pensa desculpar os seus pecados por sua desconfiança da luz que Deus lhe tem dado. Lembre-se, você deve defrontar todas essas coisas novamente, pois elas estão escritas no livro, com todas as advertências e reprovações que Deus me comissionou a dar-lhe. T4 245 2 O irmão J é digno de piedade, pois tem uma estrutura naturalmente imperfeita. Sua esperança é pequena. Sua incredulidade e dúvidas controlam seu discernimento. É-lhe natural duvidar e questionar. A única maneira de vencer esse grande mal é cultivando traços de caráter opostos a esses. Ele deve reprimir a incredulidade, e não cultivá-la. Não deve expressar suas dúvidas. Não tem direito de lançar os defeitos de seu caráter perante outros, causando-lhes tristeza e desânimo. Se deve ser afetado com este triste mal, não precisa amargar a felicidade de outros introduzindo sua incredulidade para esfriar a fé de seus irmãos. Ele é inclinado a ignorar quase tudo de todo sermão e exortação dos quais poderia extrair conforto e encorajamento, e a assimilar alguma coisa que julga representar uma desculpa para o seu questionamento e crítica. As avenidas de sua alma são escancaradas e deixadas desprotegidas para Satanás entrar e moldar-lhe a mente conforme seus propósitos. T4 245 3 Foi-me mostrado que suas reuniões estão perdendo interesse, porque o Espírito de Deus não as assiste. Os irmãos e irmãs estão em completa escravidão por causa desses dois homens. Eles não ousam exercitar a sua liberdade e falar abertamente de sua fé na simplicidade de sua alma, pois ali está o irmão J, com seu olhar frio, severo e crítico, observando e pronto para apanhar qualquer palavra que lhe dê uma chance de usar as faculdades de sua mente incrédula. Em meio a esses dois homens, o Espírito de Deus é ofendido e Se retira das reuniões. Quando os irmãos manifestam o espírito do dragão para fazer guerra contra os que crêem que Deus lhes comunicou luz e conforto através dos Testemunhos, é tempo de os irmãos e irmãs assegurarem sua liberdade e aperfeiçoar a liberdade de consciência. Deus lhes têm dado luz e é seu privilégio acolher a luz e falar dela para fortalecer e encorajar um ao outro. O irmão J confundiria a mente buscando fazer parecer que a luz que Deus tem dado através dos Testemunhos é um acréscimo à Palavra de Deus; mas nisso apresenta o assunto sob uma falsa luz. Deus tem julgado adequado trazer desse modo à mente de Seu povo a Sua Palavra para lhe dar mais clara compreensão dela. T4 246 1 A igreja de _____ está se tornando gradualmente mais fraca por causa da influência que tem sido exercida sobre ela -- não uma influência para ajudá-la a progredir, mas para bloquear as rodas. É privilégio do irmão J pôr de lado a sua incredulidade e prosseguir com a luz se desejar. Se ele recusar fazer isto, a causa de Deus avançará da mesma maneira sem o seu auxílio. Deus, todavia, designa que uma mudança seja feita na igreja de _____. Eles avançarão ou recuarão. Deus pode fazer mais com seis almas que estejam unidas e que têm uma mesma opinião e julgamento, do que com dezenas de homens que agem como os irmãos J e G têm agido. Trouxeram com eles para as reuniões, não anjos de luz, mas anjos de trevas. As reuniões têm sido sem proveito, e às vezes uma declarada ofensa. Deus apela a esses homens a passarem para o lado do Senhor, e ser unidos com a corporação, ou deixarem de prejudicar aqueles que desejariam estar sintonizados com o Senhor. T4 246 2 A grande razão por que tantos professos discípulos de Cristo caem em forte tentação e têm dificuldade para se arrepender é que são deficientes no conhecimento de si mesmos. Aqui é onde Pedro foi tão completamente peneirado pelo inimigo. É aqui onde milhares naufragarão na fé. Vocês não assumem esses erros e faltas, nem afligem o coração a respeito delas. Eu apelo que purifiquem a alma pela obediência à verdade. Liguem-se ao Céu. E que o Senhor os salve do engano próprio. ------------------------Capítulo 22 -- Santidade dos mandamentos de Deus T4 247 1 Mui respeitado irmão K: T4 247 2 Em Janeiro de 1875 foi-me mostrado haver um empecilho no caminho da prosperidade espiritual da igreja. O Espírito de Deus está ofendido porque muitos não têm a vida e o coração retos; sua professa fé não se harmoniza com suas obras. O sagrado dia de repouso de Jeová não é observado como deve ser. Cada semana Deus é roubado por alguma transgressão dos limites de Seu santo tempo; e as horas que devem ser dedicadas à oração e meditação, dedicam-se a atividades mundanas. T4 247 3 Deus nos deu Seus mandamentos, não só para neles crermos, mas também para lhes obedecermos. O grande Jeová, depois de haver posto os fundamentos da Terra, de revestir todo o mundo com trajes de beleza, enchê-lo de coisas úteis ao homem -- havendo criado todas as maravilhas de terra e mar -- instituiu então o dia do sábado e santificou-o. Deus abençoou e santificou o sétimo dia, porque nele repousou de toda a Sua maravilhosa obra da criação. O sábado foi feito para o homem, e Deus deseja que nesse dia ele deixe o trabalho, como Ele próprio descansou, após os seis dias de trabalho da criação. T4 247 4 Os que reverenciam os mandamentos de Jeová hão de, depois que tenham recebido luz com referência ao quarto preceito do Decálogo, obedecer-lhes sem questionar a viabilidade ou conveniência de semelhante obediência. Deus fez o homem à Sua própria imagem, e deu-lhe a seguir um exemplo da observância do sétimo dia, que Ele santificou e tornou santo. Era Seu desígnio que nesse dia o homem O adorasse, não se empenhando em ocupações seculares. Ninguém que desrespeite o quarto mandamento, depois de haver compreendido as reivindicações do sábado, pode ser tido como inocente à vista de Deus. T4 247 5 Irmão K, você reconhece as reivindicações de Deus quanto à observância do sábado, mas suas obras não se harmonizam com sua profissão de fé. Você põe sua influência do lado dos descrentes, visto como transgride a lei de Deus. Quando julga que suas circunstâncias temporais requerem atenção, você transgride sem preocupação o quarto mandamento. Você torna a guarda da lei de Deus uma questão de conveniência, obedecendo ou desobedecendo, segundo o indicam suas ocupações ou inclinações. Isto não é honrar o sábado como uma instituição sagrada. Você ofende o Espírito de Deus e desonra seu Redentor, seguindo esse procedimento descuidado. T4 248 1 Não é aceitável ao Senhor uma parcial observância da lei do sábado, e isso tem sobre o espírito dos pecadores pior efeito do que se o irmão não fizesse profissão de ser observador do sábado. Eles percebem que sua vida contradiz sua crença, e perdem a fé no cristianismo. O Senhor leva a sério o que diz, e não é impunemente que o homem põe de parte Seus mandamentos. O exemplo de Adão e Eva no jardim deveria servir-nos de advertência suficiente contra qualquer desobediência da lei divina. O pecado de nossos primeiros pais, dando ouvido às enganosas tentações do inimigo, trouxe sobre o mundo culpa e tristeza, levando o Filho de Deus a deixar as cortes celestiais e tomar um lugar humilde na Terra. Foi sujeito a insultos, à rejeição e crucifixão por aqueles mesmos a quem viera abençoar. Que custo infinito foi resultado da desobediência no jardim do Éden! A Majestade do Céu foi sacrificada para salvar o homem da penalidade de seu crime. T4 248 2 Deus não passará por alto qualquer transgressão de Sua lei, tanto hoje como no dia em que pronunciou juízo contra Adão. O Salvador do mundo ergue a voz em protesto contra os que consideram os mandamentos divinos leviana e descuidadamente. Disse Ele: "Qualquer pois que violar um destes mais pequenos mandamentos, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos Céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos Céus." Mateus 5:19. O ensinamento que nossa vida revela é inteiramente em favor da verdade ou contra ela. Se suas obras parecem justificar o transgressor em seu pecado, se sua influência dá a impressão de considerarem levianamente a transgressão dos mandamentos de Deus, então não só você mesmo é culpado, mas é também, até certo ponto, responsável pelos conseqüentes erros de outros. T4 249 1 Mesmo no princípio do quarto preceito, disse Deus: "Lembra-te", sabendo que o homem, na multidão de seus cuidados e perplexidades, seria tentado a eximir-se de satisfazer a todas as reivindicações da lei, ou, na pressão dos negócios seculares, se esqueceria de sua sagrada importância. "Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra" (Êxodo 20:9), as comuns ocupações da vida, para o ganho secular ou o prazer. Estas palavras são muito explícitas; não pode haver erro. Irmão K, como ousa transgredir mandamento tão solene e importante? Porventura o Senhor fez uma exceção pela qual o irmão seja absolvido da lei que Ele deu ao mundo? Serão suas transgressões omitidas do livro de registro? Concordou Ele em desculpar sua desobediência quando as nações se apresentarem ante Ele para serem julgadas? Não se engane, por um momento que seja, com o pensamento de que seu pecado não lhe trará o castigo merecido. Suas transgressões serão castigadas com vara, porque o irmão tinha a luz, e no entanto tem andado em sentido exatamente contrário. "O servo que soube a vontade do seu senhor e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites." Lucas 12:47. T4 249 2 Deus deu ao homem seis dias para fazer a sua obra e levar avante os negócios comuns da vida; mas Ele reclama um dia, que Ele pôs de parte e santificou. Ele o dá ao homem como um dia em que possa repousar do trabalho e dedicar-se à adoração e ao desenvolvimento de sua condição espiritual. Que flagrante afronta é roubar o homem o único dia santificado de Jeová, e dele se apropriar para seus próprios fins egoístas! T4 249 3 É a mais grosseira presunção aventurar-se o homem mortal a negociar com o Todo-poderoso, a fim de assegurar seus insignificantes interesses seculares. É tão cruel violação da lei servir-se ocasionalmente do sábado para negócios seculares, como seria rejeitá-lo completamente; pois isso é fazer dos mandamentos do Senhor uma questão de conveniência. "Eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso" (Êxodo 20:5), vem-nos, forte, a voz do Sinai! Obediência parcial e interesse dividido não são aceitos por Aquele que declara que as iniqüidades dos pais serão visitadas nos filhos até à terceira e quarta geração dos que O aborrecem, e que Ele mostrará misericórdia, em milhares, aos que O amam e guardam os Seus mandamentos. Não é coisa de pouca importância roubar um vizinho, e grande é o estigma sofrido por aquele que é encontrado culpado de semelhante ato; entretanto, o que não se rebaixaria a defraudar seu semelhante, não tem vergonha de roubar a seu Pai celestial o tempo que Ele abençoou e pôs de parte para um fim especial. T4 250 1 Meu caro irmão, suas obras estão em desacordo com a fé que professa, e sua única desculpa é a pobre alegação de que isso lhe é conveniente. No passado, os servos de Deus foram convidados a depor a vida em defesa de sua fé. O seu procedimento, meu irmão, bem pouco se harmoniza com o dos mártires cristãos, que sofriam fome e sede, tortura e morte, de preferência a renunciar a sua religião, ou os princípios da verdade. T4 250 2 Está escrito: "Que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo?" Tiago 2:14. Toda vez que o irmão se põe a trabalhar no dia de sábado, nega virtualmente sua fé. As Sagradas Escrituras nos ensinam que a fé sem obras é morta, e que o testemunho de nossa vida proclama ao mundo se somos ou não fiéis à fé que professamos. A conduta do irmão diminui a lei de Deus no conceito de seus amigos seculares. Ela lhes diz: "Vocês podem obedecer ou deixar de obedecer aos mandamentos. Eu creio que a lei de Deus é, de algum modo, obrigatória para o homem; mas, afinal, o Senhor não é muito específico quanto à estrita observância dos preceitos da mesma, e de Sua parte uma transgressão ocasional não é castigada com severidade." T4 250 3 Muitos se desculpam de violarem o sábado, referindo-se ao seu exemplo. Argumentam que, se um homem tão bom, que crê ser o sétimo dia o sábado, pode nesse dia empenhar-se em empreendimentos seculares quando as circunstâncias assim o parecem exigir, certamente eles poderão fazer o mesmo, sem condenação. O irmão se defrontará com muitas almas no juízo, as quais farão de sua influência uma desculpa para desobedecerem à lei de Deus. Embora isto não sirva de desculpa para o pecado deles, será um terrível depoimento contra você. T4 251 1 Deus falou, e Ele espera que o homem obedeça. Não indaga Ele se lhe é conveniente proceder assim. O Senhor da vida e da glória não consultou Sua conveniência ou prazer quando deixou Sua alta posição para Se tornar um varão de dores e experimentado em trabalhos, aceitando a ignomínia e morte para livrar o homem do resultado da desobediência. Jesus morreu, não para salvar o homem em seus pecados, mas de seus pecados. Deve o homem abandonar o erro de seus caminhos, para seguir o exemplo de Cristo, tomando a Sua cruz e seguindo-O, negando a si mesmo e obedecendo a Deus custe o que custar. T4 251 2 Disse Jesus: "Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom." Mateus 6:24. Se somos verdadeiros servos de Deus, não deve haver em nossa mente nenhuma dúvida quanto a devermos obedecer aos Seus mandamentos, ou consultar nossos próprios interesses temporais. Se os crentes na verdade não forem sustidos por sua fé nestes dias relativamente pacíficos, que os preservará quando vier a grande prova, e sair o decreto contra todos os que não adorarem a imagem da besta nem receberem na testa ou nas mãos o sinal? Não está longe esse tempo solene. Em vez de se tornar fraco e irresoluto, o povo de Deus deve estar reunindo forças e ânimo para o tempo de angústia. T4 251 3 Jesus, nosso grande Exemplo, em Sua vida e morte ensinou a mais estrita obediência. Ele morreu, o justo pelos injustos, o inocente pelos culpados, para que se preservasse a honra da lei de Deus, e ao mesmo tempo não tivesse o homem de perecer completamente. O pecado é a transgressão da lei. Se o pecado de Adão trouxe tão inexprimível miséria, exigindo o sacrifício do amado Filho de Deus, qual não será a punição dos que vendo a luz da verdade anulam o quarto mandamento do Senhor? T4 251 4 As circunstâncias não justificam a quem quer que seja para trabalhar no sábado por amor de ganho secular. Se Deus desculpasse um homem, poderia desculpar a todos. Por que não deveria o irmão L, que é pobre, trabalhar no sábado para ganhar o pão de cada dia, quando ele poderia, assim fazendo, estar em melhores condições de manter a família? Por que não deveriam outros irmãos, ou todos nós, guardarem o sábado só quando fosse conveniente fazê-lo? Responde a voz do Sinai: "Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus." Êxodo 20:9, 10. T4 252 1 Os erros cometidos por crentes na verdade trazem sobre a igreja grande fraqueza. São pedras de tropeço no caminho dos pecadores, e os impedem de vir para a luz. Irmão, Deus o chama para se colocar inteiramente ao Seu lado, e deixar suas obras revelarem que você respeita Seus preceitos e mantém inviolado o sábado. Ele lhe ordena que desperte e reconheça o seu dever e seja leal às responsabilidades que lhe cabem. Estas solenes palavras lhe são dirigidas: "Se desviares o teu pé do sábado, e de fazer a tua vontade no Meu santo dia, e se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor digno de honra, e se o honrares, não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falar as tuas próprias palavras, então, te deleitarás no Senhor, e te farei cavalgar sobre as alturas da Terra e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai; porque a boca do Senhor o disse." Isaías 58:13, 14. T4 252 2 Como muitos de nossos irmãos, você está se emaranhando com os transgressores da lei de Deus, adotando seus pontos de vista e caindo nos seus erros. Deus visitará com os Seus juízos os que professam servi-Lo, mas na realidade servem a Mamom. Os que por causa de vantagens pessoais desrespeitam a expressa ordem do Senhor, acumulam sobre si desgraça futura. A igreja de _____ deve verificar cuidadosamente se, como os judeus, não fizeram do templo de Deus lugar de venda. Disse Cristo: "Está escrito: A Minha casa será chamada casa de oração. Mas vós a tendes convertido em covil de ladrões." Mateus 21:13. T4 252 3 Não estão muitos de nosso povo caindo no pecado de sacrificar sua religião por amor do ganho mundano, mantendo uma forma de piedade, enquanto se dedicam inteiramente a ocupações temporais? À lei de Deus tem de ser conferido o primeiro lugar de todos, devendo ser obedecida no espírito e na letra. Se a Palavra de Deus, pronunciada com majestosa solenidade do monte santo, é considerada levianamente, como serão acolhidos os Testemunhos de Seu Espírito? Mentes tão entenebrecidas que não reconheçam a autoridade dos mandamentos do Senhor, dados diretamente ao homem, pouco benefício poderão receber de um instrumento débil, por Ele escolhido para instruir Seu povo. T4 253 1 Sua idade não o dispensa de obedecer aos mandamentos divinos. Abraão foi duramente provado em sua velhice. As palavras do Senhor se afiguravam terríveis e indesejadas àquele ancião combalido; todavia, ele nunca pôs em dúvida sua justiça nem hesitou na obediência. Poderia ter alegado que era velho e débil, não podendo sacrificar o filho que era a alegria de sua vida. Poderia ter lembrado ao Senhor que aquela ordem estava em desarmonia com as promessas que lhe haviam sido dadas a respeito de seu filho. Mas a obediência de Abraão, prestava-a ele sem murmurar nem acusar. Era implícita sua confiança em Deus. T4 253 2 A fé manifestada por Abraão deve ser nosso exemplo; entretanto, quão poucos suportam pacientemente uma simples prova de repreensão pelos pecados que lhes ameaçam o bem-estar eterno! Quão poucos acolhem com humildade a repreensão, e a aproveitam. A reivindicação de Deus em relação a nossa fé, nossos serviços, nossas afeições deve encontrar resposta animosa de nossa parte. Somos infinitos devedores ao Senhor, e devemos sem hesitar satisfazer mesmo ao menor dos Seus reclamos. Para ser um violador dos mandamentos, não é necessário que pisemos a pés todo o código moral. Se desrespeitamos um só preceito, somos transgressores da lei sagrada. Mas se queremos ser verdadeiros observadores dos mandamentos, devemos observar estritamente cada preceito que Deus nos ordenou guardar. T4 253 3 Deus permitiu que Seu próprio Filho fosse morto para cumprir a penalidade da transgressão da lei; como tratará Ele então com os que, em face de todas as evidências, ousam aventurar-se na vereda da desobediência, depois de terem recebido a luz da verdade? O homem não tem o direito de alegar sua conveniência ou necessidade nesta questão. Deus proverá; Ele, que alimentou Elias junto ao ribeiro, tornando um corvo Seu mensageiro, não deixará que a Seus fiéis falte o alimento. T4 254 1 O Salvador perguntou aos discípulos, premidos pela pobreza, por que andavam ansiosos e perturbados com respeito ao que deviam comer e com que se deviam vestir. Disse Ele: "Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?" Mateus 6:26. Apontou Ele para as lindas flores, formadas e coloridas por mão divina, dizendo: "E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam; e Eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pequena fé?" Mateus 6:28-30. T4 254 2 Onde está a fé do povo de Deus? Por que são tão descrentes e desconfiados dAquele que lhes provê as necessidades, e os sustém por Sua força? O Senhor provará a fé do Seu povo; enviará repreensões, que serão seguidas de aflições se essas advertências não forem acatadas. Interromperá a fatal letargia do pecado, a qualquer custo para os que se desviaram de sua fidelidade a Ele, e despertá-los-á de modo a reaverem o senso do dever. T4 254 3 Meu irmão, sua alma tem de ser despertada e sua fé ampliada. Por tanto tempo o irmão se desculpou em sua desobediência alegando isto ou aquilo, que sua consciência, assim minada, adormeceu, deixando de lembrar-lhe os seus erros. Por tanto tempo seguiu suas próprias conveniências a respeito da observância do sábado, que sua mente se tornou inapta para receber impressões quanto ao seu procedimento de desobediência; entretanto, nem por isso é menos responsável, pois você mesmo se pôs nessas condições. Comece desde já a obedecer aos mandamentos divinos e confie em Deus. Não Lhe provoque a ira, para que não o visite com terrível castigo. Volte a Ele antes que seja tarde, e busque o perdão de suas transgressões. Ele é rico e abundante em misericórdias; Ele lhe dará Sua paz e aprovação, se chegar a Ele em humilde fé. ------------------------Capítulo 23 -- O egoísmo na igreja e na família T4 255 1 Prezado irmão M: T4 255 2 Foi-me mostrado em visão que você tem defeitos de caráter que precisam ser remediados. Não está correto em seus pontos de vista e sentimentos a respeito de sua esposa. Você não a aprecia. Ela não tem recebido de você as palavras de simpatia e amor que devia receber. Não diminuiria a dignidade de sua masculinidade elogiá-la pelo cuidado que tem e pelas responsabilidades que assume na família. T4 255 3 Você é egoísta e exigente. Observa pequenas coisas e fala de pequenos erros em sua esposa e filhos. Em resumo, busca medir a consciência deles pela sua; tenta servir de consciência para eles. Sua esposa tem uma identidade própria, que nunca pode ser fundida na do marido. Ela tem uma individualidade que deve preservar; pois é responsável por si mesma perante Deus. Você não pode, irmão M, ser responsável perante Deus pelo caráter que sua esposa forma. Somente ela terá essa responsabilidade. Deus está tão disposto a impressionar a consciência de sua esposa temente a Deus como está em impressionar a sua consciência para com ela. T4 255 4 Você espera demasiado de sua esposa e filhos. Censura demais. Se encorajasse em si mesmo um temperamento alegre e feliz e lhes falasse terna e bondosamente, levaria para seu lar luz em vez de sombras, tristezas e infelicidade. Preocupa-se demasiado com a própria opinião; toma posições extremas, e não tem permitido que sua esposa tenha no seio de sua família o peso que deveria ter. Não tem encorajado respeito por sua esposa nem educado os filhos para que respeitem o julgamento dela. Não a tem feito sua igual, antes tem tomado em suas mãos as rédeas do governo e controle, e as tem mantido firmemente. Você não possui temperamento afetuoso e compassivo. Necessita cultivar esses traços de caráter se quer ser um vencedor e se deseja as bênçãos de Deus em sua família. T4 256 1 Você é muito firme e inflexível em sua opinião, o que torna as coisas mais difíceis para sua família. Precisa ter o coração suavizado pela graça de Deus. Precisa de amor no coração como o que caracterizou as obras de Cristo. O amor procede de Deus. É uma planta de cultivo celestial, e não pode viver e florescer no coração natural. Onde ele existe, há verdade, vida e poder. Mas não pode viver sem ação, e quando quer que seja exercitado aumenta e se amplia. Não observará pequenos erros, nem se precipitará em assinalar pequenas faltas. Prevalecerá quando argumento, qualquer montante de palavras, se prove vão e inútil. A melhor maneira de reformar o caráter e regular a conduta de sua família é através do princípio do amor. Ele é verdadeiramente uma força, e realizará aquilo que nem o dinheiro nem o poder jamais podem fazer. T4 256 2 Meu irmão, suas palavras que são severas e impiedosas cortam e ferem. É muito fácil para você censurar e criticar, mas isto apenas produz infelicidade. Rapidamente se ressentiria das palavras que dirige aos outros, fossem elas dirigidas a você. Tem considerado como fraqueza o ser bondoso, terno e compassivo, pensando rebaixar sua dignidade falar terna, gentil e amavelmente a sua esposa. Aqui você erra no conceito do que sejam a verdadeira varonilidade e dignidade. A disposição de negligenciar a prática de atos de bondade é uma fraqueza evidente e defeito de seu caráter. Aquilo que olha como fraqueza, Deus considera verdadeira cortesia cristã, que deve ser praticada por todo cristão; pois foi esse o espírito manifestado por Cristo. T4 256 3 Você possui disposição muito egoísta e tem a respeito de si mesmo opinião mais elevada do que deveria. Freqüentemente você assume posições extremamente singulares e fantasiosas a respeito das Escrituras, e muitas vezes se apega a estas tão zelosamente como os judeus faziam com suas tradições. Não possuindo espírito receptivo ao ensino, estará em constante perigo de causar confusão na igreja, a menos que se determine a corrigir esses erros na força do poderoso Conquistador. O que torna o seu caso mais alarmante é que você julga que conhece essas coisas melhor do que seus irmãos, e é muito difícil de ser abordado. Tem espírito farisaico de justiça própria, que diria: "Retira-te, e não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu." Isaías 65:5. T4 257 1 Você não tem enxergado a corrupção do próprio coração, e isso tornou a sua vida quase um fracasso. Suas opiniões não podem nem devem ser regra na igreja de Deus. Você precisa estar cultivando todas as graças cristãs, mas especialmente a caridade, que é bondosa e paciente, "não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." 1 Coríntios 13:4-7. "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de caridade, que é o vínculo da perfeição. E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos." Colossences 3:12-15. T4 257 2 Você anota pequenos desvios do que julga ser correto, e severamente busca corrigi-los. Enquanto é assim dominante e ditatorial, rápido em observar as faltas de um irmão, não examina intimamente o próprio coração para ver os males que existem em sua vida. Revela grande fraqueza moral na condescendência de seu apetite e paixões. A escravidão do apetite pelo fumo tem tal controle sobre você que conquanto decida e reitere a resolução de vencer o hábito, não o cumpre. Este hábito errado tem pervertido os seus sentidos. Meu irmão, onde está seu domínio próprio? Onde está o poder moral para vencer? Cristo venceu o poder do apetite no deserto da tentação em seu favor, tornando possível que você vença em seu próprio favor. Agora a batalha é sua. Em nome do Vencedor você tem oportunidade de negar o apetite, e obter a vitória por si mesmo. Você exige muito dos outros; que está desejando fazer para obter vitória sobre uma condescendência repugnante, destruidora da saúde e poluidora da alma? A batalha é sua. Ninguém pode combatê-la por você. Outros podem orar em seu favor, mas a obra deve ser inteiramente por sua conta. T4 258 1 Deus apela a você para não mais brincar com o tentador, mas purificar-se de toda a "imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus". 2 Coríntios 7:1. Você precisa trabalhar rapidamente para remover seus defeitos de caráter. Está na oficina de Deus. Se se submeter ao processo de talhar, cortar e aplainar, as arestas rústicas podem ser removidas, os nós e superfícies desiguais suavizados e amoldados pela lâmina aplainadora de Deus, será ajustado por Sua graça à edificação celestial. Mas se se apegar ao próprio eu e não se dispuser a suportar o penoso processo de ajuste para a edificação celestial, não terá lugar naquela estrutura que será erguida sem o som de machado ou martelo. Se sua natureza não for transformada, se não for refinada e elevada pela verdade santificadora para estes últimos dias, será achado indigno de um lugar entre os anjos puros e santos. T4 258 2 Pode apegar-se a seus hábitos contaminadores, e finalmente ser achado entre os descrentes e não santificados? Pode correr qualquer risco nessa questão? Há muito em jogo para aventurar-se a continuar o caminho da condescendência própria que tem seguido. Tem sido ousado em falar a verdade a descrentes numa forma muito explícita e objetável, o que tem exercido muito má influência sobre a mente deles. Quando há um incoerente defensor da verdade, Satanás o usa para tirar vantagem especial para desapontar aqueles que, sob a devida influência, seriam favoravelmente impressionados. Você deve suavizar suas maneiras e, quando defender a verdade, faça-o com espírito de mansidão. T4 258 3 "Estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós." 1 Pedro 3:15. O temor aqui mencionado não significa desconfiança ou indecisão, mas devida cautela, cuidando de cada ponto, para que nenhuma palavra insensata seja proferida, ou a excitação de sentimentos obtenha vantagens, e assim deixe impressões desfavoráveis sobre as mentes, e as leve à direção errada. Piedoso temor, humildade e mansidão são grandemente necessários a todos a fim de representar corretamente a verdade de Deus. T4 259 1 Um de seus maiores perigos é o espírito de confiança própria e orgulho. Sua grande infelicidade e a de sua família é resultado imediato da atuação do orgulho. A utilidade de um homem que possui tal orgulho deve ser grandemente limitada, pois seu orgulho e amor-próprio o mantêm numa esfera restrita. Você não tem espírito generoso. Seus esforços não são amplos, mas acanhados. Se existir tal orgulho, ele será descoberto através de sua conversação e comportamento. T4 259 2 Prezado irmão, a influência sobre a qual o seu caráter tem sido formado tem lhe dado um espírito altivo e dominador. Esse espírito, você manifesta em sua família, entre os seus vizinhos e todos aqueles com quem se associa. A fim de vencer esses hábitos errados, você deve vigiar em oração. Deve agora ser cuidadoso, pois tem pouco tempo para trabalhar. Não julgue ser apto em sua própria força. Somente em nome do poderoso Vencedor conseguirá obter a vitória. Em conversação com outros, demore-se sobre a misericórdia, bondade e amor de Deus em vez de demorar-se em Seu estrito juízo e justiça. Apegue-se às Suas promessas. Você nada pode fazer em sua própria força; mas na força de Jesus pode realizar todas as coisas. Se estiver em Cristo, e Cristo em você, será transformado, renovado e santificado. "Se vós estiverdes em Mim, e as Minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito." João 15:7. Certifique-se de que Cristo está em você, de que o seu coração está quebrantado, submisso e humilde. Deus aceitará somente o humilde e contrito. O Céu é digno de uma vida inteira de perseverante esforço; sim, tudo vale a pena. Deus o ajudará em seus esforços se lutar somente nEle. Há uma obra a ser feita em sua família, que Deus o ajudará a realizar se se apegar devidamente a ela. Apelo para que coloque o coração em ordem e então procure pacientemente trabalhar pela salvação de sua família, de modo que os anjos de Deus venham a seu lar e habitem com vocês. ------------------------Capítulo 24 -- Apelo aos pastores T4 260 1 Estamos vivendo em tempo muito solene. Todos têm uma obra a fazer que requer diligência. Isso é verdade principalmente em relação ao pastor, que deve cuidar do rebanho de Deus e alimentá-lo. Aquele cuja obra especial é conduzir o povo no caminho da verdade deve ser um competente expositor da Palavra, capaz de adaptar os seus ensinos às necessidades do povo. Ele deve estar intimamente ligado com o Céu e tornar-se um conduto vivo de luz, um porta-voz de Deus. T4 260 2 Um pastor deve ter correto entendimento da Palavra e também do caráter humano. Nossa fé é impopular. As pessoas não estão dispostas a ser convencidas de que se acham tão profundamente em erro; uma grande obra deve ser feita e presentemente há poucos para fazê-la. Geralmente um homem faz o trabalho que devia ser feito por dois, pois a tarefa de evangelista se combina necessariamente com a do pastor, acarretando uma dupla responsabilidade ao obreiro no campo. T4 260 3 O ministro de Cristo deve ser um estudante da Bíblia, para que sua mente seja repleta de evidência bíblica; pois o pastor é forte somente quando fortalecido com a verdade da Escritura. O argumento tem o seu lugar, mas muito mais pode ser alcançado pelas simples explicações da Palavra de Deus. As lições de Cristo eram ilustradas tão claramente que as pessoas mais simples e humildes podiam prontamente compreendê-las. Jesus não empregou palavras longas e difíceis em Seus discursos, mas utilizou linguagem simples, adaptada à mente do povo comum. Ele não Se aprofundava no assunto que estava expondo a menos que os ouvintes fossem capazes de acompanhar. T4 260 4 Há muitos homens de bom intelecto que são inteligentes com respeito às Escrituras, e cuja utilidade é grandemente prejudicada por seu método defeituoso de trabalhar. Alguns pastores que se empenham na obra de salvar almas deixam de obter os melhores resultados, porque não se empenham totalmente à obra que começaram com tanto entusiasmo. Outros não são aceitáveis porque se apegam tenazmente a noções preconcebidas, tornando estas proeminentes, deixando assim de adaptar seus ensinos às reais necessidades do povo. Muitos não têm idéia da necessidade de adaptar-se às circunstâncias, e encontrar o povo onde se acha. Não se identificam com aqueles a quem desejam ajudar e elevar ao verdadeiro padrão bíblico de cristianismo. T4 261 1 A fim de que o pastor seja verdadeiramente bem-sucedido, deve consagrar-se inteiramente à obra de salvar almas. É absolutamente essencial que esteja intimamente unido a Cristo, buscando dEle contínuo conselho e dependendo de Seu auxílio. Alguns deixam de ter êxito porque confiam somente na força do argumento, e não clamam ardentemente a Deus por Sua sabedoria para dirigi-los e Sua graça para santificar seus esforços. Longos sermões e orações cansativas são verdadeiramente prejudiciais ao interesse religioso e falham em levar convicção à consciência do povo. Essa propensão para fazer sermões freqüentemente abafa o interesse religioso que poderia ter produzido grandes resultados. T4 261 2 O verdadeiro embaixador de Cristo está em perfeita união com Aquele a quem representa, e seu abrangente objetivo é a salvação de almas. As riquezas da Terra reduzem-se a uma insignificância quando comparadas com o valor de uma simples alma por quem nosso Senhor e Mestre morreu. Aquele que pesa os montes e as montanhas em balanças considera a alma humana como de valor infinito. T4 261 3 Na obra do ministério há batalhas a enfrentar e vitórias a ganhar. "Não cuideis que vim trazer a paz à Terra", disse Cristo, "não vim trazer paz, mas espada." Mateus 10:34. Os trabalhos iniciais da igreja cristã foram acompanhados de dificuldades e amargas dores, e os sucessores dos apóstolos primitivos descobrem que precisam enfrentar provas semelhantes às deles; encontram privações, calúnia e toda espécie de oposição em seus trabalhos. Precisam ser homens de grande coragem moral e vigor espiritual. T4 262 1 Prevalecem grandes trevas morais, e somente o poder da verdade pode espantar as sombras da mente de alguém. Estamos batalhando com erros gigantescos e os mais fortes preconceitos e, sem a ajuda especial de Deus, nossos esforços falharão seja na conversão de almas ou na elevação de nossa própria natureza moral. A habilidade humana e as melhores capacidades naturais e aquisições são ineficazes para despertar a alma a fim de discernir a enormidade do pecado e bani-lo do coração. T4 262 2 Os pastores devem ser cuidadosos para não esperar demais das pessoas que ainda andam às apalpadelas nas trevas do erro. Devem realizar bem o seu trabalho, confiando em Deus para transmitir às almas inquiridoras a influência misteriosa e despertadora de Seu Santo Espírito, sabendo que sem isto seus esforços serão malsucedidos. Devem ser pacientes e sábios ao tratar com mentes humanas, lembrando-se de quão múltiplas são as circunstâncias responsáveis por tão diversas características pessoais. Devem também guardar-se estritamente para que o eu não obtenha supremacia e Jesus seja deixado fora de questão. T4 262 3 Alguns pastores não alcançam sucesso porque deixam de dedicar total interesse à obra quando muito disso depende de esforço persistente e bem dirigido. Muitos não são dedicados; não prosseguem seu trabalho fora do púlpito. Esquivam-se do dever de ir de casa em casa e trabalhar sabiamente no círculo familiar. Precisam cultivar essa rara cortesia cristã que os tornaria bondosos e atenciosos para com as almas sob seu cuidado, trabalhando por elas com verdadeiro zelo e fé, ensinando-lhes o caminho da vida. T4 262 4 Os pastores podem fazer muito a fim de moldar o caráter daqueles com quem estão associados. Se forem severos, críticos e exigentes certamente encontrarão esses infelizes elementos entre o povo sobre quem sua influência é mais forte; embora o resultado talvez não seja da natureza que desejam, é, no entanto, o resultado de seu próprio exemplo. T4 263 1 Não se pode esperar que o povo desfrutará paz e harmonia, a menos que seus mestres religiosos, cujos passos seguem, tenham esses princípios amplamente desenvolvidos e os manifestem em sua vida. O ministro de Cristo tem grandes responsabilidades a levar, se quiser tornar-se um exemplo para seu povo e um expoente correto da doutrina de seu Mestre. Os homens ficavam impressionados pela pureza e dignidade moral de nosso Salvador, enquanto o Seu amor altruísta e benignidade gentil lhes conquistavam o coração. Ele era a encarnação da perfeição. Se Seus representantes quiserem ver, acompanhando seu trabalho, frutos semelhantes àqueles que coroavam o ministério de Cristo, devem fervorosamente lutar para imitar Suas virtudes e cultivar aqueles traços de caráter que os tomariam semelhantes a Ele. T4 263 2 É necessária muita prudência e sabedoria de Deus para trabalhar com êxito pela salvação dos pecadores. Se a alma dos obreiros for cheia da graça de Deus, seu ensino não irritará seus ouvintes, mas abrirá caminho para seu coração e o tornará acessível à recepção da verdade. T4 263 3 Os obreiros no campo não devem permitir-se serem desencorajados; mas qualquer que seja seu meio ambiente devem exercer esperança e fé. A obra do pastor apenas começou quando ele apresenta a verdade do púlpito. Deve então familiarizar-se com seus ouvintes. Muitos falham grandemente em não demonstrar íntima simpatia para com aqueles que mais precisam de seu auxílio. Com a Bíblia na mão, devem buscar de maneira cortês saber as dúvidas que existem na mente daqueles que estão começando a indagar: "O que é a verdade?" T4 263 4 Eles devem ser cuidadosa e ternamente conduzidos e educados como alunos na escola. Muitos têm que desaprender teorias que se entranharam em sua vida. Ao se tornarem convencidos de que estiveram em erro com respeito a temas bíblicos, são lançados em perplexidade e dúvida. Precisam da mais terna simpatia e o mais criterioso auxílio; devem ser cuidadosamente instruídos; deve-se orar por eles e com eles, vigiá-los e guardá-los com a mais bondosa solicitude. Aqueles que caíram em tentação e apostataram de Deus precisam de ajuda. Nas lições de Cristo, essa classe é representada pela ovelha perdida. O pastor deixou as noventa e nove no deserto e foi à procura da ovelha perdida até que a encontrou; então retornou com regozijo, trazendo-a sobre os ombros. Também pela ilustração da mulher que procurou a moeda de prata perdida até que a achou, e convocou as vizinhas para regozijar-se com ela por ter encontrado o que estava perdido. A ligação dos anjos celestiais com a obra do cristão é aqui trazida claramente à luz. Há mais alegria na presença dos anjos no Céu pelo pecador que se arrepende do que por noventa e nove pessoas justas que não precisam de arrependimento. Há alegria da parte do Pai e de Cristo. Todo o Céu está interessado na salvação do homem. Aquele que é instrumento para salvar uma alma está em liberdade para regozijar-se, pois os anjos de Deus testemunharam seus esforços com o mais intenso interesse e se regozijam com ele em seu sucesso. T4 264 1 Quão completo, pois, deve ser o trabalho, e quão profunda a simpatia do ser humano por seu semelhante. É um grande privilégio ser coobreiro com Jesus Cristo na salvação de almas. Ele, com esforços pacientes e altruístas, buscou alcançar o homem em sua condição caída e resgatá-lo das conseqüências do pecado; portanto, Seus discípulos, que são os mestres de Sua Palavra, devem imitar rigorosamente o grande Exemplo. T4 264 2 Para dedicar-se a esta grande e árdua tarefa é necessário que os ministros de Cristo possuam saúde física. Para alcançar isso, devem eles tornar-se metódicos em seus hábitos e adotar um estilo de vida saudável. Muitos estão constantemente se queixando e sofrendo de várias indisposições. Dá-se isto, quase sempre, porque não trabalham inteligentemente nem observam as leis de saúde. Em geral permanecem muito tempo dentro de casa, ocupando salas aquecidas cheias de ar impuro. Aí se dedicam firmemente a estudar ou a escrever, fazendo pouco exercício físico e tendo pouca mudança de atividade. Como resultado, o sangue circula mal e as forças mentais são enfraquecidas. T4 264 3 O organismo inteiro necessita da revigoradora influência do exercício ao ar livre. Umas poucas horas de trabalho braçal cada dia ajudariam a renovar o vigor físico e fazer repousar e relaxar a mente. Por este meio, a saúde em geral poderá ser promovida e maior soma de trabalho pastoral realizada. O constante ler e escrever de muitos pastores os incapacita para o trabalho pastoral. Gastam valioso tempo em estudo abstrato, o qual poderia ser aplicado em auxiliar os necessitados no momento preciso. T4 265 1 Alguns pastores se dedicaram ao trabalho de escrever durante um período de decidido interesse religioso, e tem freqüentemente se dado o caso de que seus escritos não têm tido especial ligação com a obra em vista. Esse é um grave erro; pois em tais ocasiões é dever do pastor empregar seu vigor total em fazer avançar a causa de Deus. Sua mente deve ser clara e estar centralizada no único objetivo de salvar almas. Se seus pensamentos estiverem concentrados em outros assuntos, muitos que poderiam ser salvos por meio de instrução oportuna podem perder-se. Alguns pastores desviam-se facilmente do seu trabalho. Tornam-se desanimados, ou são atraídos ao próprio lar, e deixam um crescente interesse morrer por falta de atenção. O prejuízo assim acarretado à causa mal pode ser avaliado. Quando um esforço para promover a verdade é iniciado, o pastor encarregado deve sentir-se responsável por executá-lo cabalmente com êxito. Se seus esforços parecerem sem resultado, deve com oração fervorosa procurar descobrir se está fazendo aquilo que devia. Deve humilhar sua alma perante Deus em exame próprio, e pela fé apegar-se às promessas divinas, continuando humildemente seus esforços até que esteja certo de ter fielmente cumprido seu dever, e ter realizado tudo ao seu alcance para obter o resultado desejado. T4 265 2 Os pastores com freqüência relatam terem deixado o melhor interesse em determinado lugar para iniciar um novo campo. Isto está errado; eles devem completar a obra que iniciaram; pois ao deixá-la incompleta, causam mais mal do que bem, estragando o campo para o próximo obreiro. Nenhum campo parecerá tão sem perspectivas quanto aquele que foi cultivado somente o suficiente para dar às ervas daninhas um crescimento mais exuberante. T4 266 1 Muita oração e sábio esforço são necessários em novos campos. Homens de Deus são necessários; não meramente homens que possam falar, mas aqueles que têm conhecimento experimental do mistério da piedade, e que possam satisfazer as urgentes necessidades do povo; aqueles que solenemente percebem a importância de sua posição como servos de Jesus, e alegremente tomam a cruz que Ele lhes ensinou como carregar. T4 266 2 Quando a tentação surge para eles se isolarem e se dedicarem a ler e a escrever num tempo em que outros deveres reclamam sua imediata atenção, devem ser suficientemente fortes para negar a si mesmos, e dedicar-se à obra que se encontra diretamente diante deles. Este é indubitavelmente um dos mais difíceis testes que a mente estudiosa é chamada a defrontar. T4 266 3 Os deveres de um pastor são com freqüência vergonhosamente negligenciados porque ele não tem força para sacrificar suas inclinações pessoais de isolamento e estudo. O pastor deve visitar de casa em casa o seu rebanho, ensinando, conversando e orando com cada família e procurando o bem-estar delas. Aqueles que manifestaram desejo de tornar-se familiarizados com os princípios de nossa fé não devem ser negligenciados, mas plenamente instruídos na verdade. Nenhuma oportunidade para fazer o bem deve ser perdida pelo vigilante e zeloso ministro de Deus. T4 266 4 Certos pastores, que têm sido convidados por chefes de família a visitarem sua casa, têm passado as poucas horas de sua visita isolados num aposento desocupado, satisfazendo sua inclinação de ler e escrever. A família que os hospedava não tirou nenhum benefício de sua estada ali. Os pastores aceitaram-lhes a hospitalidade oferecida, sem lhes dar o equivalente no trabalho de que tanto necessitavam. T4 266 5 O povo é facilmente atingido por meio do círculo social. Mas muitos pastores têm aversão à tarefa de fazer visitas; não cultivaram qualidades sociais, não adquiriram aquele espírito comunicativo que encontra acesso ao coração do povo. É altamente importante que o pastor se misture com seu povo, para se tornar familiarizado com as diferentes fases da natureza humana, prontamente entender o funcionamento da mente, adaptar seus ensinos ao intelecto de seu povo e aprender aquela grande caridade possuída somente por aqueles que estudam rigorosamente a natureza e as necessidades dos homens. T4 267 1 Os que se excluem do povo não podem, de modo nenhum, auxiliá-los. Um hábil médico precisa compreender a natureza das várias doenças, e deve possuir conhecimento perfeito do organismo humano. Deve ser pronto a atender os doentes. Sabe que as demoras são perigosas. Quando sua mão experiente segura o pulso do paciente, e ele observa cuidadosamente as particulares indicações da doença, seus conhecimentos prévios o habilitam a determinar a natureza da mesma, e o tratamento necessário para lhe deter o avanço. T4 267 2 Como o médico trata de doenças físicas, assim o pastor ministra à alma doente do pecado. E sua obra é tanto mais importante do que a do médico, quanto a vida eterna é de maior valor que a existência temporal. O pastor depara com infinita variedade de temperamentos, e é dever seu ficar conhecendo os membros das famílias que ouvem seus ensinos, a fim de determinar que meios melhor os influenciarão no rumo certo. T4 267 3 Em vista dessas pesadas responsabilidades, a pergunta será suscitada: "Para essas coisas, quem é idôneo?" 2 Coríntios 2:16. O coração do obreiro quase desmaiará ao considerar os vários e árduos deveres que lhe competem; mas as palavras de Cristo fortalecem a alma com a segurança confortadora: "Eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos." Mateus 28:20. As dificuldades e perigos que ameaçam a segurança daqueles que ele ama, devem torná-lo cuidadoso e circunspecto em sua maneira de lidar com eles, e atento a respeito deles como alguém que deve prestar contas. Deve criteriosamente empregar sua influência em ganhar almas para Cristo e imprimir a verdade sobre as mentes inquiridoras. Deve cuidar para que o mundo, por meio de suas atrações sedutoras, não os desvie de Deus e lhes endureça o coração à influência de Sua graça. T4 268 1 O pastor não deve governar imperiosamente o rebanho a ele confiado, mas ser o seu exemplo e mostrar-lhe o caminho do Céu. Seguindo o exemplo de Cristo, deve interceder com Deus pelo povo sob seu cuidado até que perceba que suas orações são respondidas. Jesus exerceu simpatia humana e divina para com o homem. Ele é nosso exemplo em todas as coisas. Deus é nosso Pai e Governante, e o pastor cristão é o representante de Seu Filho na Terra. Os princípios que regem o Céu devem reger a Terra; o mesmo amor que anima os anjos, a mesma pureza e santidade que reinam no Céu devem, o quanto possível, ser reproduzidos na Terra. Deus considera o pastor como responsável pelo poder que exerce, mas não justifica Seus servos ao perverterem esse poder em arbitrariedade sobre o rebanho ao seu cuidado. T4 268 2 Deus deu aos Seus servos precioso conhecimento de Sua verdade, e deseja que estejam intimamente ligados a Jesus, e mediante simpatia se aproximem de seus irmãos, para que possam fazer-lhes todo o bem que está ao seu alcance. O Redentor do mundo não consultou o próprio prazer, mas andou fazendo o bem. Ele Se ligou intimamente com o Pai para que pudesse levar Sua força unida a exercer influência sobre a alma do ser humano para salvá-lo da ruína eterna. De maneira semelhante devem Seus servos cultivar a espiritualidade se esperam ter êxito em sua obra. T4 268 3 Jesus tanto Se compadeceu dos pobres pecadores que deixou as cortes do Céu e pôs de parte as vestes da realeza, humilhando-Se à condição do ser humano, para que pudesse familiarizar-Se com as necessidades do homem e ajudá-lo a erguer-se acima da degradação da queda. Quando Ele tem oferecido ao homem tão inquestionável evidência de Seu amor e mais terna simpatia, quão importante é que Seus representantes imitem Seu exemplo em aproximar-se dos semelhantes, e ajudá-los a formar um verdadeiro caráter cristão. Mas alguns têm estado demasiado prontos a se ocupar em julgamentos da igreja, e têm trazido testemunho severo e implacável contra os que erram. Ao assim agir, têm cedido a uma propensão natural que devia ter sido firmemente subjugada. Essa não é a serena justiça do cristão ativo, mas a crítica áspera de um temperamento precipitado. T4 269 1 As igrejas precisam de educação mais do que de censura. Em vez de acusá-las com excesso de severidade por sua falta de espiritualidade e negligência do dever, o pastor deve, por preceito e exemplo, ensinar-lhes a crescer em graça e conhecimento da verdade. "Da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a Palavra de Deus: o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos Seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória; a quem anunciamos, admoestando a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo homem perfeito em Jesus Cristo; e para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente." Colossences 1:25-29. T4 269 2 Nossos pastores que atingiram a idade de quarenta ou cinqüenta anos não devem achar que seu trabalho é menos eficiente do que em tempos passados. Os homens de idade e experiência são justamente os que devem exercer vigorosos e bem dirigidos esforços. De modo especial são eles necessários neste tempo; as igrejas não podem dispensá-los. Não devem os tais falar de fraqueza física e mental, nem achar que o seu tempo de utilidade passou. T4 269 3 Muitos deles têm sofrido por árduo esforço mental, não aliviado por exercício físico. O resultado é a deterioração de suas energias e a tendência para eximir-se a responsabilidades. O que eles necessitam é mais trabalho ativo. Isto não se restringe apenas àqueles cuja cabeça está embranquecida pela neve do tempo, mas homens jovens em idade têm caído no mesmo estado e se têm tornado mentalmente enfraquecidos. Eles têm uma lista de sermões prontos; mas, se forem além dos limites destes, perdem o seu controle. T4 269 4 O pastor dos velhos tempos, que viajava em lombo de burro e passava muito tempo visitando o seu rebanho, possuía muito melhor saúde, a despeito de suas privações e de estar exposto, do que nossos pastores de hoje, que evitam todo exercício físico possível e se limitam a seus livros. T4 270 1 Os pastores idosos e experientes devem sentir que é seu dever, como servos assalariados de Deus, avançar, progredindo dia a dia, tornando-se continuamente mais eficientes em seu trabalho, e arranjando constantemente assuntos novos para apresentar ao povo. Cada esforço para expor o evangelho deve ser melhor que o precedente. Cada ano devem desenvolver piedade mais profunda, espírito mais compassivo, maior espiritualidade e conhecimento mais completo da verdade bíblica. Quanto maior sua idade e experiência, mais próximos devem eles ser capazes de chegar do coração das pessoas, possuindo um mais perfeito conhecimento delas. T4 270 2 Necessitam-se homens para este tempo que não temam erguer a voz pelo direito, seja quem for que se lhes oponha. Devem ser de firme integridade e coragem comprovada. A igreja apela a esses, e Deus procurará com os esforços deles manter todos os ramos do ministério evangélico. ------------------------Capítulo 25 -- Experiência e trabalhos T4 271 2 Minha razão para enviar outro Testemunho para os meus queridos irmãos e irmãs neste tempo é que o Senhor graciosamente Se manifestou a mim, e novamente revelou questões de grande importância àqueles que professam ser observadores dos mandamentos de Deus e esperam a vinda do Filho do homem. Mais de três anos se passaram entre a visão que me foi dada em 3 de Janeiro de 1875, e a recente manifestação do amor e poder de Deus. Antes, porém, de relatar as visões que me foram recentemente reveladas, apresentarei um breve esboço de minha experiência por um ou dois anos passados. T4 271 3 Em 11 de Maio de 1877, saímos de Oakland, Califórnia, para Battle Creek, Michigan. Fui afligida com dor no coração e dificuldade respiratória em minha viagem através da planície. A dificuldade não me deixou quando chegamos a Michigan. Outros ocupavam nossa casa em Battle Creek, e não tínhamos parentes ali para cuidar de nós, e os nossos filhos estavam todos na Califórnia. Contudo, amigos bondosos fizeram o que puderam por mim; mas não me senti no direito de sobrecarregá-los quando já tinham tantos cuidados com suas próprias famílias. T4 271 4 Um telegrama havia sido enviado ao meu marido, solicitando sua presença em Battle Creek para dar atenção a um importante assunto relativo à causa, e mais especialmente para assumir a supervisão do planejamento da construção do grande hospital. Em resposta a esta convocação, ele veio, e empenhou-se zelosamente em pregação, redação, e reuniões de mesa no escritório da Review, no colégio e no hospital, quase sempre trabalhando à noite. Isso o desgastou terrivelmente. Ele sentia a importância dessas instituições, mas principalmente da construção do hospital, em que mais de cinqüenta mil dólares estavam sendo investidos. Sua constante ansiedade mental estava preparando o terreno para um súbito colapso. Ambos sentimos o perigo, e decidimos ir ao Colorado para desfrutar férias e descanso. Enquanto planejando a viagem, uma voz parecia dizer-me: "Revistam-se da armadura. Tenho trabalho para vocês em Battle Creek." A voz parecia tão clara que involuntariamente me voltei para ver quem estava falando. Não vi ninguém; e ante a percepção da presença de Deus, meu coração se desfez em ternura perante Ele. Quando meu marido entrou na sala, narrei-lhe o que passara por minha mente. Nós choramos e oramos juntos. Nossos planos haviam sido feitos para partir em três dias; mas agora todos os planos foram alterados. T4 272 1 Em 30 de maio, os pacientes e o corpo docente do hospital planejaram passar o dia a quase três quilômetros de distância de Battle Creek num belo bosque que margeia o Lago Goguac, e fui instada a estar presente e falar aos pacientes. Se eu tivesse consultado os meus sentimentos, não teria assim me aventurado; mas julguei que talvez isso poderia ser uma parte da obra que eu devia realizar em Battle Creek. Na hora costumeira, mesas foram espalhadas com alimento saudável, que foi partilhado com grande prazer. Às três horas os serviços religiosos foram abertos com oração e cânticos. Eu tinha grande liberdade em falar ao povo. Todos ouviam com o mais profundo interesse. Após terminar de falar, o juiz Graham de Wisconsin, um paciente do hospital, levantou-se e propôs que a palestra fosse impressa e circulasse entre os pacientes e outros para seu benefício moral e físico, para que as palavras faladas naquele dia nunca fossem esquecidas ou desconsideradas. A proposta foi aprovada por voto unânime, e a palestra foi publicada em um pequeno panfleto intitulado: "Os Pacientes do Hospital no Lago Goguac." T4 272 2 O encerramento do ano letivo no colégio de Battle Creek agora estava próximo. Sentia-me muito ansiosa pelos estudantes, muitos dos quais não eram convertidos ou se haviam afastado de Deus. Desejava falar-lhes e empreender esforços por sua salvação antes que voltassem aos seus lares; mas havia estado tão fraca para empenhar-me em trabalho por eles. Após a experiência que relatei, tive toda a evidência de que podia pedir a Deus para suster-me ao trabalhar pela salvação dos estudantes. T4 273 1 Reuniões foram programadas em nossa casa de culto para o benefício dos estudantes. Passei uma semana trabalhando por eles, realizando reuniões todas as noites, inclusive no sábado e primeiro dia da semana. Meu coração foi tocado ao ver a casa de culto quase cheia com os estudantes de nossa escola. Tentei impressionar-lhes com o fato de que uma vida de pureza e oração não lhes seria um obstáculo na obtenção do pleno conhecimento das ciências, mas que removeria muitas barreiras ao seu progresso no conhecimento. Ao se relacionarem com o Salvador eles são levados à escola de Cristo; e se forem estudantes dedicados nesta escola, vício e imoralidade serão eliminados do meio deles. Sendo essas coisas eliminadas, o resultado será aumento de conhecimento. Todos os que se tornam aprendizes na escola de Cristo se distinguem tanto na qualidade como na extensão de sua educação. Apresentei-lhes Cristo como o grande Mestre, a fonte de toda a sabedoria, o maior educador que o mundo já conheceu. T4 273 2 "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria." Salmos 111:10. O conhecimento de Deus e Seus requisitos abrirão o entendimento do aluno para perceber suas responsabilidades para com Deus e o mundo. Para conseguir isso, ele perceberá que seus talentos precisam ser desenvolvidos de modo a produzirem os melhores resultados. Isso não pode ser conseguido a menos que todos os preceitos e princípios da religião estejam ligados à sua educação escolar. Em caso algum deve separar Deus de seus estudos. Na busca de conhecimento, ele está procurando a verdade; e toda a verdade deriva de Deus, a fonte da verdade. Os estudantes que são virtuosos e imbuídos do Espírito de Cristo, assimilarão conhecimento através de todas as suas faculdades. T4 274 1 O colégio de Battle Creek foi estabelecido com a finalidade de ensinar as ciências e ao mesmo tempo levar os estudantes ao Salvador, de quem provém todo o conhecimento verdadeiro. A educação adquirida sem a religião bíblica é despojada de seu verdadeiro brilho e glória. Procurei impressionar os alunos com o fato de que nossa escola deve assumir uma posição mais elevada do ponto de vista educacional do que qualquer outra instituição de ensino, abrindo diante dos jovens mais nobres perspectivas, alvos e objetivos na vida, e educando-os no sentido de ter conhecimento correto do dever humano e dos interesses eternos. O grande objetivo no estabelecimento de nosso colégio era apresentar perspectivas corretas, mostrando a harmonia existente entre a ciência e a religião bíblica. T4 274 2 O Senhor me fortaleceu e abençoou nossos esforços. Um grande número veio à frente para oração. Alguns deles, por falta de vigilância e oração, haviam perdido a fé e a evidência de seu relacionamento com Deus. Muitos testemunharam que ao darem esse passo receberam a bênção de Deus. Como resultado das reuniões, um bom número se apresentou para o batismo. T4 274 3 Sendo que a programação de encerramento do ano escolar seria no Lago Goguac, foi decidido que o batismo seria ali realizado. Os cultos da ocasião foram de profundo interesse à grande congregação reunida, e conduzidos com a devida solenidade, sendo apropriadamente encerrados com esta sagrada cerimônia. Falei no início e no encerramento das reuniões. Meu marido levou quatorze preciosos jovens às águas do belo lago, e os sepultou com o seu Senhor no batismo. Vários dos que se apresentaram como candidatos ao batismo escolheram participar desta cerimônia em seus lares. Assim terminaram as memoráveis atividades desse ano escolar de nossa querida escola. Reuniões de temperança T4 274 4 Mas meu trabalho ainda não estava concluído em Battle Creek. Imediatamente ao retornarmos do lago, fomos fervorosamente solicitados a tomar parte em uma reunião de temperança em massa, esforço muito digno de louvor em andamento entre a melhor parte dos cidadãos de Battle Creek. Esse movimento abrangia o Clube de Reforma de Battle Creek, seiscentos homens, e a União de Temperança das Mulheres Cristãs, duzentas e sessenta. Deus, Cristo, o Espírito Santo e a Bíblia eram palavras familiares entre esses zelosos obreiros. Grande bem já havia sido realizado, e a atividade dos obreiros, o sistema por que trabalhavam e o espírito de suas reuniões prometiam maior bem no futuro. T4 275 1 Foi por ocasião da visita do grande circo Barnum a esta cidade, em 28 de Junho [1877], que as senhoras da União de Temperança das Mulheres Cristãs realizaram algo impressionante em favor da temperança e da reforma. Organizaram um enorme restaurante de temperança para acomodar multidões que se aglomeravam, vindas dos campos, para visitar o circo, evitando assim que visitassem bares e botequins onde estariam expostas a tentações. A enorme tenda, capaz de abrigar cinco mil pessoas, usada pela Associação de Michigan para reuniões campais, foi utilizada na ocasião. Sob o imenso templo de lona foram preparadas quinze ou vinte mesas para a acomodação dos visitantes. T4 275 2 Por convite, o hospital preparou uma vasta mesa bem no centro do grande pavilhão, prodigamente suprida com deliciosos frutos, cereais e vegetais. Essa mesa formava a principal atração e foi mais procurada que qualquer outra. Embora tivesse mais de nove metros de comprimento, ela ficou tão apinhada que foi necessário juntar-lhe outra com uns dois terços do seu tamanho, que também ficou lotada. T4 275 3 Por convite da Comissão Organizadora, o Prefeito Austin, W. H. Skinner, caixa do Primeiro Banco Nacional, e C. C. Peavey, falei na tenda enorme no domingo, 1 de Julho, sobre temperança cristã. Deus me ajudou nessa noite; e se bem que eu falasse noventa minutos, a multidão de cinco mil pessoas escutou em perfeito silêncio. Visita a Indiana T4 276 1 De 9 a 14 de Agosto, assisti à campal em Indiana, acompanhada de minha filha, Mary K. White. Meu marido achava que seria impossível sair de Battle Creek. Nessa reunião o Senhor me fortaleceu para trabalhar mais dedicadamente. Ele me concedeu esclarecimento e poder para apelar ao povo. Ao contemplar os homens e mulheres ali reunidos, nobres em aparência e de influência dominante, e compará-los com o pequeno grupo reunido seis anos antes, composto de pessoas sobretudo pobres e sem instrução, não pude senão exclamar: "Que coisas Deus tem feito!" Números 23:23. T4 276 2 Na segunda-feira eu sofria muito com meus pulmões, tendo contraído um severo resfriado; mas pleiteei com o Senhor para me fortalecer a fim de empreender mais um esforço pela salvação de almas. Fui levantada de minha enfermidade, e abençoada com grande liberdade e poder. Apelei às pessoas para entregarem o coração a Deus. Cerca de cinqüenta vieram à frente para oração. O mais profundo interesse foi manifesto. Quinze pessoas foram sepultadas com Cristo no batismo como resultado da reunião. T4 276 3 Tínhamos planejado assistir às campais de Ohio e do Leste; mas como nossos amigos julgaram que em meu atual estado de saúde seria presunção, decidimos permanecer em Battle Creek. Minha garganta e pulmões me doíam muito, e meu coração ainda estava afetado. Estando a maior parte do tempo em grande sofrimento, coloquei-me sob tratamento no hospital de Battle Creek. Efeitos do excesso de trabalho T4 276 4 Meu marido trabalhou incessantemente para fazer avançar os interesses da causa de Deus nos vários departamentos da obra sediada em Battle Creek. Seus amigos ficaram assustados com a quantidade de trabalho que ele realizou. No sábado de manhã, 18 de Agosto, ele falou em nossa casa de culto. À tarde sua mente foi exercitada severa e criticamente por quatro horas consecutivas, enquanto ouvia a leitura do manuscrito do Spirit of Prophecy, volume 3. A questão era muito interessante e visava despertar profundamente a alma, sendo um relato do julgamento, crucifixão, ressurreição e ascensão de Cristo. Antes de nos conscientizarmos, ele estava muito cansado. Começara a trabalhar no domingo às cinco horas da manhã e continuou trabalhando até à meia-noite. Na manhã seguinte, por volta das seis e meia, foi acometido de tontura e ameaçado de paralisia. Tememos grandemente essa doença terrível; mas o Senhor foi misericordioso e poupou-nos da aflição. Contudo, seu mal-estar foi seguido de grande prostração física e mental; e agora, na verdade, parecia impossível que assistíssemos às campais do Leste, ou que eu a elas assistisse e deixasse meu marido, deprimido em espírito e com saúde debilitada. T4 277 1 Quando meu marido estava assim prostrado, eu disse: "Esta é obra do inimigo. Não devemos submeter-nos ao seu poder. Deus trabalhará em nosso favor." Na quarta-feira tivemos uma sessão especial de oração para que a bênção de Deus repousasse sobre ele e lhe restaurasse a saúde. Também pedimos sabedoria para que pudéssemos conhecer nosso dever com respeito a assistir às campais. O Senhor havia muitas vezes fortalecido nossa fé para irmos adiante e trabalharmos por Ele sob desânimo e enfermidades; e em tais tempos Ele havia maravilhosamente nos preservado e sustentado. Mas nossos amigos insistiram que devíamos descansar, e que parecia incoerente e irrazoável que tentássemos tal viagem, incorrendo em fadiga e exposição à vida nas campais. Nós mesmos tentamos pensar que a causa de Deus haveria de ir adiante da mesma maneira se fôssemos deixados de lado e não participássemos dela. Deus suscitaria outros para realizar Sua obra. T4 277 2 Eu não podia, contudo, encontrar descanso e liberdade com o pensamento de permanecer longe do campo do trabalho. Parecia-me que Satanás estava lutando para restringir meu caminho, impedindo-me de dar meu testemunho e realizar a obra que Deus me dera a cumprir. Estava quase decidida a ir sozinha e fazer a minha parte, confiando em Deus para me dar a necessária força, quando recebemos uma carta do irmão Haskell, em que expressava gratidão a Deus de que o irmão e a irmã White assistiriam à campal da Nova Inglaterra. O Pastor Canright havia escrito que não estaria presente, pois seria incapaz de deixar os seus trabalhos em Danvers, e também que ninguém do grupo poderia ser dispensado da tenda. O Pastor Haskell declarou em sua carta que todos os preparativos haviam sidos feitos para uma grande reunião em Groveland; e que decidira realizar a reunião com a ajuda de Deus, mesmo que tivesse de levá-la avante sozinho. T4 278 1 Novamente levamos a questão ao Senhor em oração. Sabíamos que o poderoso Médico poderia restaurar a saúde tanto ao meu marido quanto a mim, se fosse para a Sua glória fazê-lo. Parecia difícil mover-me, fraca, doente e desanimada, mas às vezes sentia que Deus tornaria a viagem uma bênção para nós dois se fôssemos confiando nEle. Com freqüência surgia em minha mente o pensamento: "Onde está a sua fé? Deus prometeu, 'a tua força será como os teus dias'." Deuteronômio 33:25. T4 278 2 Busquei animar meu marido; ele achou que se eu me sentisse capaz de superar a fadiga e trabalho das campais, seria melhor que eu fosse; mas ele não podia suportar o pensamento de acompanhar-me em sua condição de fraqueza, incapaz de trabalhar, sua mente obscurecida pelo desânimo, e ele mesmo sendo objeto da piedade de seus irmãos. Ele fora capaz de sentar-se bem pouco desde sua súbita crise, e não parecia estar mais forte. Buscou o Senhor vez após vez esperando que haveria uma abertura na nuvem; mas nenhuma luz especial veio. Enquanto a carruagem estava esperando para levar-nos à estação, novamente nos dirigimos ao Senhor em oração, e Lhe rogamos que nos sustivesse em nossa viagem. Ambos decidimos caminhar pela fé, e aventurar tudo segundo as promessas divinas. Essa decisão de nossa parte exigiu considerável fé; mas ao tomarmos nossos assentos no trem, sentimos estar no caminho do dever. Descansamos na viagem e dormimos bem à noite. Reuniões campais T4 278 3 Por volta das oito horas na noite de sexta-feira, chegamos a Boston. Na manhã seguinte tomamos o primeiro trem para Groveland. Chovia torrencialmente quando chegamos ao local das campais. O Pastor Haskell havia trabalhado incessantemente até aquele momento, e excelentes reuniões foram realizadas. Havia quarenta e sete tendas sobre um terreno, além das três grandes tendas, medindo a da congregação 24 por 38 m. As reuniões do sábado foram do mais profundo interesse. A igreja foi reavivada e fortalecida, enquanto os pecadores e apóstatas foram despertados à percepção de seu perigo. T4 279 1 No domingo de manhã o tempo estava ainda nublado; mas antes de chegar a hora do povo se reunir, o sol brilhou. Barcos e trens despejavam no local seus passageiros aos milhares. O Pastor Smith falou na parte da manhã sobre a Questão do Leste. O assunto era de especial interesse, e as pessoas ouviram com a mais profunda atenção. À tarde me foi difícil caminhar até a plataforma em meio à multidão em pé. Ao chegar ali pude ver um mar de cabeças diante de mim. A enorme tenda estava repleta, e milhares ficaram em pé do lado de fora, formando uma parede viva com vários metros de espessura. Meus pulmões e garganta doíam-me muito; mas confiei que Deus me ajudaria nessa importante ocasião. Enquanto falava, meu cansaço e dor foram esquecidos ao perceber que estava falando a um povo que não considerava minhas palavras como delírio. A palestra durou mais de uma hora, e a máxima atenção foi dada durante todo o período. Ao ser cantado o hino final, os oficiais do Clube de Reforma de Temperança de Haverhill me solicitaram, como no ano anterior, que falasse ao seu grupo na noite de segunda-feira. Tendo um compromisso de falar em Danvers, fui obrigada a declinar do convite. T4 279 2 Segunda de manhã tivemos um período de oração em nossa tenda em favor de meu marido. Apresentamos o seu caso ao Grande Médico. Foi um período precioso; a paz do Céu repousou sobre nós. De súbito estas palavras vieram à minha mente: "Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé." 1 João 5:4. Todos sentimos a bênção de Deus repousando sobre nós. Então nos reunimos na grande tenda; meu marido nos encontrou e falou por um breve tempo, proferindo palavras preciosas de um coração suavizado e ardendo com profundo senso da misericórdia e bondade de Deus. Ele se esforçou para fazer com que os que criam na verdade percebessem ser seu privilégio receber a certeza da graça de Deus em seu coração, e que as grandes verdades que cremos devem santificar a vida, enobrecer o caráter, e ter uma influência salvadora sobre o mundo. Os olhos cheios de lágrimas do povo revelavam que seu coração fora tocado e comovido pelo comentário. T4 280 1 Então assumimos o trabalho onde o havíamos deixado no sábado, e a manhã foi gasta em trabalho especial pelos pecadores e apóstatas, dos quais aproximadamente duzentos vieram à frente para oração, desde crianças de dez anos a homens e mulheres de cabelos grisalhos. Mais de vinte destes estavam colocando os pés no caminho da vida pela primeira vez. À tarde, trinta e oito pessoas foram batizadas; e várias outras adiaram seu batismo até retornarem ao seu lar. T4 280 2 Na segunda à noite, em companhia do Pastor Canright e vários outros, tomei o trem para Danvers. Meu marido não foi capaz de me acompanhar. Quando fiquei livre da pressão imediata da campal, percebi que estava doente, e tinha bem pouca força; contudo, o trem estava rapidamente nos transportando para meu compromisso em Danvers. Ali devia erguer-me perante pessoas totalmente estranhas, cuja mente havia sido prejudicada por falsos testemunhos e calúnias perversas. Pensei que se tivesse força pulmonar, clareza de voz e estivesse livre da dor no coração, seria muito grata a Deus. Esses pensamentos e sentimentos guardei comigo mesma, e em grande angústia apelei silenciosamente a Deus. Eu estava muito cansada para organizar meus pensamentos em palavras coerentes; mas julguei que devia conseguir ajuda, e a pedi de todo o coração. Precisava ter força física e mental se é que falaria naquela noite. Disse repetidamente em minha oração silenciosa: "Coloco minha alma indefesa sobre ti, ó Deus, meu libertador. Não me abandones nesta hora de minha necessidade." T4 280 3 Ao aproximar-se o momento da reunião, meu espírito lutava em angustiosa oração por força e poder de Deus. Enquanto o último hino estava sendo cantado, dirigi-me ao púlpito. Levantei-me em grande fraqueza, sabendo que se qualquer grau de êxito acompanhasse meus esforços, seria através da força do Todo-poderoso. O Espírito do Senhor repousou sobre mim ao tentar falar. Senti-O como um choque de eletricidade sobre meu coração, e toda dor foi instantaneamente removida. Eu havia sofrido grande dor nos centros nervosos do cérebro; isso também foi inteiramente removido. Minha garganta irritada e pulmões feridos foram aliviados. Meu braço e mãos esquerdos tinham se tornado quase sem utilidade em conseqüência da dor no coração; mas o sentimento natural agora estava restaurado. Minha mente estava clara; minha alma cheia da luz e amor de Deus. Anjos de Deus pareciam estar de todos os lados, como uma muralha de fogo. T4 281 1 A tenda estava cheia, e cerca de duzentas pessoas permaneciam em pé fora da cobertura, incapazes de encontrar lugar dentro. Falei sobre as palavras de Cristo em resposta à pergunta do doutor da lei acerca de qual era o grande mandamento da lei: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento." Mateus 22:37. A bênção de Deus repousou sobre mim, e minha dor e fraqueza me deixaram. Perante mim estava um grupo de pessoas às quais eu poderia não encontrar novamente até o juízo; e o desejo por sua salvação levou-me a falar ardentemente e no temor de Deus, para que eu pudesse ser livre do sangue delas. Grande liberdade acompanhou meu esforço, que ocupou uma hora e dez minutos. Jesus foi o meu ajudador, e Seu nome receberá toda a glória. O auditório estava muito atento. T4 281 2 Retornamos a Groveland na terça-feira para encontrar o acampamento sendo desmontado, tendas sendo baixadas, nossos irmãos se despedindo, prontos para embarcar no trem e retornar a seus lares. Esta foi uma das melhores campais a que eu já assisti. Antes de deixar o local, os Pastores Canright e Haskell, meu marido, a irmã Ings e eu buscamos um lugar retirado no bosque e nos unimos em oração para que a bênção da saúde e a graça de Deus repousasse mais abundantemente sobre meu marido. Todos sentimos profundamente a necessidade da ajuda de meu marido, quando tantos chamados urgentes para pregação vinham de todos os lados. Esse período de oração foi muito precioso; e a doce paz e alegria que nos sobrevieram foram nossa segurança de que Deus ouvira nossas petições. À tarde, o Pastor Haskell nos levou em sua carruagem, e partimos para South Lancaster para repousar em sua casa por algum tempo. Preferimos esta forma de viajar, julgando que seria benéfica para nossa saúde. T4 282 1 Tínhamos conflitos diários com os poderes das trevas; mas não renunciamos a nossa fé nem nos tornamos desanimados. Meu marido, por causa da doença, estava deprimido, e as tentações de Satanás pareciam perturbar-lhe a mente em grande medida. Mas não tínhamos pensamentos de ser vencidos pelo inimigo. Pelo menos três vezes ao dia apresentamos o seu caso ao Grande Médico, que pode curar tanto a alma quanto o corpo. Cada período de oração nos era muito precioso; em todas as ocasiões tivemos manifestações especiais da luz e amor de Deus. Certa noite, na casa do irmão Haskell, enquanto pleiteávamos com Deus em favor de meu marido, o Senhor parecia estar entre nós naquele exato momento. Foi uma ocasião que nunca será esquecida. A sala parecia estar iluminada com a presença de anjos. Louvamos ao Senhor de todo o coração e com nossas vozes. Uma irmã cega presente disse: "É isto uma visão? É este o Céu?" Nosso coração estava em tão íntima comunhão com Deus que sentimos que o momento era demasiado sagrado para ser esquecido durante as horas de sono. Fomos descansar; mas quase passamos a noite inteira falando e meditando sobre a bondade e amor de Deus, e glorificando-O com regozijo. T4 282 2 Decidimos viajar por transporte particular uma parte do caminho para a campal de Vermont, por acharmos que seria benéfico ao meu marido. Ao meio-dia paramos à beira da estrada, acendemos um fogo, preparamos o nosso almoço e tivemos um período de oração. Essas horas preciosas passadas em companhia do irmão e irmã Haskell, irmãs Ings e Huntley nunca serão esquecidas. Nossas orações ascenderam a Deus por todo o caminho desde South Lancaster até Vermont. Após viajar por três dias, tomamos o trem e assim completamos nossa viagem. T4 282 3 Essa reunião foi de benefício especial à causa em Vermont. O Senhor me deu força para falar ao povo uma vez por dia. Apresento o seguinte relato do Pastor Urias Smith acerca da reunião, publicado na Review and Herald. T4 283 1 "O irmão e irmã White e o irmão Haskell estavam nessa reunião, para grande alegria dos irmãos. No sábado, 8 de Setembro, o dia designado para jejum, com referência especial ao estado de saúde do irmão White, foi observado na campal. Foi um bom dia. Havia liberdade para orar, e bons sinais de que essas orações não foram em vão. A bênção do Senhor estava em grande medida com Seu povo. No sábado à tarde, a irmã White falou com grande facilidade e desempenho. Cerca de cem pessoas vieram à frente para as orações, manifestando profundo sentimento e ardente propósito de buscar ao Senhor." T4 283 2 Fomos diretamente de Vermont para a campal de Nova Iorque. O Senhor me deu grande facilidade para falar ao povo. Alguns, porém, não estavam preparados para ser beneficiados pela reunião. Deixaram de perceber sua condição, e não buscaram ao Senhor zelosamente, confessando sua apostasia e abandonando seus pecados. Um dos grandes objetivos das campais é fazer com que nossos irmãos sintam o perigo de estar sobrecarregados pelos cuidados desta vida. Uma grande perda é acarretada quando esses privilégios não são aproveitados. T4 283 3 Retornamos a Michigan, e dentro de poucos dias fomos para Lansing para assistir à campal de lá, que prosseguiu por duas semanas. Ali trabalhei muito zelosamente, e fui sustentada pelo Espírito do Senhor. Fui grandemente abençoada ao falar aos estudantes e trabalhar por sua salvação. Essa foi uma reunião notável. O Espírito de Deus estava presente desde o início até o fim. Como resultado da reunião, cento e trinta pessoas foram batizadas. Grande parte delas se constituía de estudantes de nosso colégio. Regozijamo-nos em ver a salvação de Deus nessa reunião. Após passar algumas semanas em Battle Creek, decidimos cruzar a planície para a Califórnia. Trabalhos na Califórnia T4 283 4 Meu marido trabalhou bem pouco na Califórnia. Sua recuperação parecia demorada. Nossas orações ascendiam ao Céu de três a cinco vezes ao dia; e a paz de Deus freqüentemente repousava sobre nós. Eu não estava desanimada nem um pouco. Não conseguindo dormir muito à noite, grande parte do tempo era gasta em oração e grato louvor a Deus por Suas misericórdias. Senti a paz de Deus dominando constantemente meu coração, e pude dizer verdadeiramente que tinha "paz como um rio". Isaías 48:18. Provações imprevisíveis e inesperadas me sobrevieram, as quais, além da doença de meu marido, quase me esgotaram. Mas minha confiança e apego a Deus estavam inamovíveis. Ele era realmente uma ajuda presente em todo tempo de necessidade. T4 284 1 Visitamos Healdsburg, St. Helena, Vacaville e Pacheco. Meu marido me acompanhava quando o tempo era favorável. O inverno nos foi particularmente difícil. Como meu marido havia melhorado de saúde e o clima de Michigan tinha se tornado ameno, retornamos para ser tratados no hospital. Ali ele recebeu grande benefício, e voltou a escrever para nossos periódicos com sua clareza e força costumeiras. T4 284 2 Não ousei acompanhar meu marido através da planície; pois constante cuidado e ansiedade e a impossibilidade de dormir tinham acarretado a meu coração problemas alarmantes. Sentimos profundamente a hora da separação aproximar-se. Foi impossível dominar nossas lágrimas; pois não sabíamos se poderíamos nos encontrar novamente neste mundo. Meu marido estava retornando para Michigan, e tínhamos decidido que era aconselhável que eu visitasse Oregon, e levasse o meu testemunho àqueles que nunca me haviam ouvido. T4 284 3 Deixei Healdsburg rumo a Oakland em 7 de Junho, e encontrei os membros das igrejas de Oakland e São Francisco na grande tenda em São Francisco, onde o irmão Healey tinha estado trabalhando. Senti a responsabilidade do testemunho e a grande necessidade de perseverante esforço pessoal da parte dessas igrejas para levar a outros o conhecimento da verdade. Foi-me mostrado que São Francisco e Oakland eram e sempre seriam campos missionários. Seu aumento de número seria vagaroso; mas se todos nessas igrejas fossem membros ativos e fizessem o que pudessem para levar a luz a outros, muitos mais seriam trazido às fileiras e obedeceriam à verdade. Os atuais crentes na verdade não estavam interessados como deviam na salvação de outros. Sua inatividade e indolência na causa de Deus os levariam a afastar-se de Deus, e por seu exemplo prejudicariam outros a seguir avante. O esforço altruísta, perseverante e ativo propiciaria os melhores resultados. Tentei impressioná-los com aquilo que o Senhor me havia apresentado. Ele desejava que a verdade fosse apresentada a outros por obreiros zelosos e ativos, não por aqueles que meramente professavam nela crer. Não deviam apresentar a verdade meramente em palavras, mas por uma vida circunspecta, sendo vivos representantes da verdade. T4 285 1 Foi-me mostrado que aqueles que compunham essas igrejas deviam ser estudantes da Bíblia, analisando a vontade de Deus com muito zelo a fim de que pudessem aprender a ser obreiros na causa de Deus. Deviam semear as sementes da verdade onde quer que estivessem, em casa, na oficina, no mercado, bem como na casa de reuniões. Para que se tornassem familiarizados com a Bíblia, deviam lê-la cuidadosamente e com oração. A fim de se lançarem, bem como as suas cargas, sobre Cristo, deviam começar imediatamente a estudar para perceber o valor da cruz de Cristo e aprender a carregá-la. Se era para viverem vida santa, deviam agora ter o temor de Deus diante deles. T4 285 2 É a provação que nos leva a ver o que somos. É o período da tentação que nos dá um lampejo do verdadeiro caráter de alguém, e mostra a necessidade de cultivar bons traços. Confiando na bênção de Deus, o cristão está seguro em qualquer parte. Na cidade ele não será corrompido. Na sala do tribunal será destacado por seus hábitos de estrita integridade. Na oficina mecânica todo seu trabalho será feito com fidelidade, visando unicamente a glória de Deus. Quando essa conduta for seguida individualmente por seus membros, a igreja terá êxito. A prosperidade nunca acompanhará essas igrejas a menos que os membros individuais estejam intimamente ligados com Deus, tendo interesse altruísta na salvação de seus semelhantes. Os pastores podem pregar sermões aprazíveis e convincentes, e fazer muito esforço para edificar a igreja e fazê-la prosperar; mas a menos que seus membros façam individualmente sua parte como servos de Jesus Cristo, a igreja estará sempre em trevas e sem forças. Endurecido e tenebroso como se acha o mundo, a influência de um exemplo verdadeiramente coerente será uma força para o bem. T4 286 1 Tanto poderia uma pessoa esperar ser salva na indolência, quanto poderia esperar colher onde nunca semeou ou obter conhecimento que nunca buscou. Um preguiçoso e passivo nunca terá êxito em se desfazer do orgulho e vencer o poder da tentação às condescendências pecaminosas que o separam de seu Salvador. A luz da verdade ao santificar a vida revelará ao recebedor as paixões pecaminosas de seu coração que estão lutando por domínio, tornando-lhe necessário esforçar cada nervo e utilizar todas as suas forças para resistir a Satanás, a fim de que possa vencer através dos méritos de Cristo. Quando rodeado por influências destinadas a conduzi-lo para longe de Deus, suas petições por ajuda e força de Jesus devem ser incansáveis a fim de que você possa vencer os ardis de Satanás. T4 286 2 Alguns nessas igrejas estão em constante perigo por causa dos cuidados desta vida, e pensamentos mundanos tanto ocupam sua mente que não podem pensar em Deus ou no Céu, nem nas necessidades da própria alma. Eles despertam de seu estupor de vez em quando, mas voltam a cair em profundo sono. A menos que se despertem plenamente de seus cochilos, Deus retirará a luz e bênçãos que lhes têm concedido. Em Sua ira removerá o castiçal de seu lugar. Ele fez essas igrejas depositárias de Sua lei. Se rejeitarem o pecado, e por fidelidade ativa e zelosa, mostrarem estabilidade e submissão aos preceitos da Palavra de Deus, e forem fiéis no cumprimento do dever religioso, ajudarão a firmar o castiçal em seu lugar, e terão a evidência de que o Senhor dos Exércitos está com eles, e o Deus de Jacó é o seu refúgio. Visita a Oregon T4 286 3 Domingo, 10 de Junho, o dia em que devíamos partir para Oregon, eu estava prostrada com problemas no coração. Meus amigos acharam que seria quase um atrevimento eu tomar o navio; mas pensei que poderia descansar uma vez que chegasse a bordo. Planejei escrever muito durante a viagem. T4 287 1 Em companhia de uma amiga e do Pastor J. N. Loughborough, deixei São Francisco na tarde do dia 10, no vapor Oregon. O Capitão Conner, que tinha o encargo desse esplêndido navio, foi muito atencioso para com seus passageiros. Ao passarmos pelo Golden Gate entrando em mar aberto, as águas estavam muito agitadas. O vento era contra nós e o navio era açoitado assustadoramente, enquanto o oceano se tornava furioso por causa do vento. Observei o céu nublado, as ondas ruidosas subindo como montanhas elevadas e as gotículas de água refletindo as cores do arco-íris. A visão era tremendamente grandiosa, e enchi-me de reverência enquanto contemplava os mistérios do mar. Ele é terrível em sua ira. Há uma tremenda beleza no elevar de suas orgulhosas e ruidosas ondas, e então o desabar em soluços queixosos. Pude ver a manifestação do poder de Deus nos movimentos das águas agitadas, frementes sob a ação dos ventos implacáveis, que lançavam as ondas em grande altitude como se em convulsões de agonia. T4 287 2 Estávamos num lindo navio, arrojado à mercê das ondas continuamente agitadas, contudo um poder invisível mantinha firme mão sobre as águas. Deus somente tem poder para mantê-las dentro de seus designados limites. Ele pode suster as águas como na palma de Sua mão. O mar obedecerá à voz de seu Criador: "Até aqui virás e não mais adiante, e aqui se quebrará o orgulho das tuas ondas." Jó 38:11. Que assunto para reflexão era o vasto e grandioso Oceano Pacífico! Em aparência era o próprio oposto de pacífico; era loucura e fúria. Ao examinarmos superficialmente a água, nada parece tão tremendamente incontrolável, tão inteiramente sem lei ou ordem, como o grande mar. Mas a lei de Deus é obedecida pelo oceano. Ele equilibra as águas, e assinala o seu leito. Ao contemplar os céus acima e as águas abaixo, indaguei: "Onde estou? Para onde estou indo? Nada mais do que águas ilimitadas me rodeiam. Quantos assim embarcaram sobre as águas e nunca mais viram os verdes campos nem seu lar feliz! Caíram nas profundezas como um grão de areia, e assim findaram a existência." T4 288 1 Ao contemplar os estrondosos vagalhões espumejantes, lembrei-me daquela cena na vida de Cristo, quando os discípulos em obediência à ordem de seu Mestre entraram nos barcos para passar à outra extremidade do mar. Uma terrível tempestade desabou sobre eles. O barco deles não lhes obedecia à vontade, e foram levados de um lado para outro, até que em desespero depuseram os remos. Esperavam perecer ali; mas enquanto a tempestade e as ondas falavam de morte, Cristo, a quem haviam deixado do outro lado, apareceu-lhes, caminhando calmamente sobre as encapeladas ondas espumejantes. Eles haviam ficado desorientados por seus esforços inúteis e pela evidente desesperança de seu caso, dando tudo por perdido. Quando viram Jesus perante eles sobre a água, o seu temor aumentou; interpretaram aquilo como algum seguro precursor de sua morte imediata. Gritaram com grande medo. Mas em lugar de Sua aparência prenunciar a presença da morte, Ele veio como mensageiro da vida. Sua voz foi ouvida acima do rugir dos elementos: "Sou Eu; não temais." Mateus 14:27. Quão rapidamente a cena agora mudou do horror de desespero para a alegria da fé e esperança na presença do amado Mestre! Os discípulos não sentiram mais ansiedade nem pavor da morte, pois Cristo estava com eles. T4 288 2 Recusaremos obediência à Fonte de todo poder, cuja ordem até o mar e as ondas obedecem? Temerei confiar-me à proteção dAquele que disse que nenhum pardal cai ao chão sem ser notado por nosso Pai celestial? T4 288 3 Quando quase todos haviam voltado para os seus camarotes, continuei no convés. O capitão providenciara para mim uma cadeira de vime para reclinar, e cobertores para servir-me como proteção contra o ar frio. Eu sabia que se fosse para o camarote, me sentiria mal. A noite caiu, as trevas cobriram o mar e as ondas arremessavam nosso navio de um lado para outro assustadoramente. Esse grande barco era apenas uma pequena lasca sobre as águas impiedosas; mas a embarcação era guardada e protegida em seu percurso por anjos celestiais, comissionados por Deus para cumprir Suas ordens. Não fosse por isso, poderíamos ter sido engolidos num instante, sem deixar qualquer indício daquele suntuoso navio. Mas o Deus que alimenta os corvos, que conta os cabelos de nossa cabeça, não nos esquecerá. T4 289 1 O capitão achou que estava demasiado frio para eu permanecer no convés. Eu lhe disse que no que dizia respeito a minha segurança, eu preferia permanecer ali toda a noite a ir para meu camarote, onde duas mulheres estavam com enjôo, e onde eu seria privada de ar puro. Ele disse: "A senhora não precisará voltar para seu camarote. Eu lhe providenciarei um bom lugar para dormir." Ajudada pela camareira, fui levada a um salão superior, e um colchão de crina foi colocado sobre o assoalho. Embora isso fosse realizado no tempo mais rápido possível, fiquei muito doente. Deitei em meu colchão, e não me levantei dele até na manhã da quinta-feira seguinte. Durante esse tempo comi somente uma vez, umas poucas colheradas de caldo de carne e bolachas. T4 289 2 Durante aquela viagem de quatro dias, um ou outro ocasionalmente se aventurava a sair de seus quartos, pálidos, fracos, cambaleantes e seguiam para o convés. A infeliz condição estava registrada em cada semblante. A própria vida não parecia desejável. Todos ansiávamos pelo descanso que não podíamos encontrar, e ver algo que permanecesse no lugar. A importância pessoal não era então levada muito em conta. Aqui podemos aprender uma lição sobre a pequenez do ser humano. T4 289 3 Nossa viagem prosseguiu muito penosamente até que passamos a barra, e entramos no rio Columbia, que estava muito tranqüilo. Recebi ajuda para ir até o convés. Era uma linda manhã, e os passageiros apareceram no convés como um enxame de abelhas. A princípio era um grupo de aparência muito triste; mas o ar revigorante e o alegre brilho do sol, após o vento e a tempestade, logo despertaram alegria e contentamento. T4 289 4 A última noite em que estivemos no barco me senti muito grata a meu Pai celestial. Ali aprendi uma lição que nunca esquecerei. Deus havia falado ao meu coração através da tempestade, das ondas e da calmaria que se seguiu. E não O adoraremos? Colocará o homem a própria vontade contra a vontade de Deus? Seremos desobedientes aos mandamentos de um Soberano tão poderoso? Contenderemos com o Altíssimo, que é a fonte de todo o poder, e de cujo coração procedem infinito amor e bênçãos às criaturas sob Seu cuidado? T4 290 1 Minha visita a Oregon foi de especial interesse. Ali encontrei, após uma separação de quatro anos, meus queridos amigos, irmão e irmã Van Horn, que consideramos como nossos filhos. O irmão Van Horn não forneceu relatórios tão completos e favoráveis de seu trabalho como, por justa razão, devia ter feito. Fiquei um tanto surpresa e muito contente por encontrar a causa de Deus em condição tão próspera em Oregon. Por intermédio dos incansáveis esforços desses missionários fiéis, uma Associação de Adventistas do Sétimo Dia foi organizada, e também vários pastores enviados para trabalhar naquele amplo campo. T4 290 2 Terça-feira à noite, em 18 de Junho, encontrei um bom número de observadores do sábado nesse Estado. Meu coração foi suavizado pelo Espírito de Deus. Apresentei meu testemunho por Jesus, e expressei minha gratidão pelo grande privilégio que temos de confiar em Seu amor e reivindicar Seu poder para unir aos nossos esforços de salvar almas da perdição. Se quisermos ver a obra de Deus prosperar, devemos ter Cristo habitando em nós; em resumo, devemos praticar as obras de Cristo. Onde quer que olhemos, o campo está branco para a ceifa; mas os obreiros são tão poucos. Senti meu coração cheio da paz de Deus, e atraído em amor àquele querido povo com quem adorei pela primeira vez. T4 290 3 Domingo, 23 de Junho [1873], falei na igreja metodista de Salém [Oregon] sobre temperança. A assistência foi extraordinariamente boa, e senti-me à vontade ao apresentar este meu assunto favorito. Fui solicitada a falar outra vez no mesmo lugar no domingo após a reunião campal, mas fui impedida por encontrar-me rouca. Mas na noite da terça-feira seguinte, falei novamente nessa igreja. Recebi muitos convites para falar sobre temperança em várias cidades e vilas de Oregon, mas meu estado de saúde me impediu de atender a essas solicitações. O constante falar e a mudança de clima haviam me causado uma temporária mas severa rouquidão. T4 291 1 Começamos a campal com sentimentos de profundo interesse. O Senhor me deu força e graça enquanto me erguia perante o povo. Ao contemplar o inteligente auditório, meu coração foi quebrantado perante Deus. Essa era a primeira campal realizada por nosso povo nesse Estado. Tentei falar, mas minhas palavras foram interrompidas pelo choro. Estava me sentindo muito ansiosa a respeito de meu marido, por causa de sua precária saúde. Enquanto eu falava, uma reunião na igreja de Battle Creek surgiu de modo vívido em minha mente, e meu marido estava no centro, com a suave luz do Senhor repousando sobre ele e o circundando. Seu semblante apresentava sinais de saúde, e ele estava aparentemente muito feliz. T4 291 2 Tentei apresentar perante o povo a gratidão que devemos sentir pela terna compaixão e grande amor de Deus. Sua bondade e glória me impressionaram a mente de modo notável. Fui dominada pela percepção de Suas incomparáveis misericórdias, e da obra que Ele estava realizando, não somente em Oregon, Califórnia e Michigan, onde nossas importantes instituições estão localizadas, mas também em países estrangeiros. Não consigo reproduzir a outros a cena que me impressionou a mente de modo tão vívido naquela ocasião. Por um momento, a extensão da obra passou perante mim, e perdi de vista o que me circundava. A ocasião e o povo ao qual eu me estava dirigindo desapareceram da minha mente. A luz, a preciosa luz do Céu, estava brilhando em grande esplendor sobre aquelas instituições que estão empenhadas na solene e elevada obra de refletir os raios de luz que o Céu tem feito brilhar sobre elas. T4 291 3 Durante todo esse acampamento, o Senhor parecia muito próximo de mim. Quando ele terminou, eu estava excessivamente cansada, mas livre no Senhor. Foi uma ocasião de proveitoso esforço, e fortaleceu a igreja para prosseguir em sua luta pela verdade. Pouco antes da campal começar, no período noturno, muitas coisas me foram apresentadas em visão, mas me foi recomendado silêncio; eu não devia mencionar o assunto a ninguém naquela ocasião. Depois da reunião, no período da noite, tive outra notável manifestação do poder de Deus. T4 292 1 No domingo que se seguiu à campal, falei à tarde em praça pública. O amor de Deus estava em meu coração, e demorei-me sobre a simplicidade da religião evangélica. Meu próprio coração foi comovido e transbordava com o amor de Jesus, e ansiei apresentá-Lo de modo que todos pudessem se encantar com a beleza de Seu caráter. T4 292 2 Durante minha permanência em Oregon, visitei a prisão em Salém, em companhia do irmão e irmã Carter e da irmã Jordan. Quando chegou o momento para o culto, fomos conduzidos à capela, que se tornara alegre pela abundância de luz e ar fresco e puro. A um toque do sino, dois homens abriram os grandes portões de ferro, e os presos afluíram em grande número. As portas foram fechadas com segurança atrás deles, e pela primeira vez em minha vida me vi encerrada entre as paredes de uma prisão. T4 292 3 Esperava ver um grupo de homens de aparência repulsiva, mas me desapontei; muitos deles pareciam inteligentes, e alguns habilidosos. Estavam vestidos em uniformes rústicos mas limpos, o cabelo aparado e as botas escovadas. Ao contemplar as variadas fisionomias perante mim, pensei: "A cada um desses homens foram atribuídos talentos ou dons peculiares para serem empregados para a glória de Deus e o benefício do mundo; mas eles desprezaram esses dons do Céu, e abusaram deles e os aplicaram mal." Ao contemplar jovens de dezoito a vinte ou trinta anos de idade, pensei em suas infelizes mães, e na dor e remorso que eram a sua amarga sorte. O coração de muitas dessas mães havia sido quebrantado pela ímpia conduta de seus filhos. Mas haviam elas cumprido o seu dever para com esses filhos? Não teriam elas permitido que seguissem as próprias inclinações e desejos, negligenciando ensinar-lhes os estatutos de Deus e Suas reivindicações sobre eles? T4 292 4 Quando todo o grupo estava reunido, o irmão Carter ensinou um hino. Todos tinham coletâneas e se uniram alegremente em cântico. Um deles, que era músico competente, tocou o órgão. Então iniciei a reunião com oração, e novamente todos se uniram em cântico. Falei acerca das palavras de João: "Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não O conheceu a Ele mesmo. Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque haveremos de vê-Lo como Ele é." 1 João 3:1, 2. T4 293 1 Exaltei perante eles o infinito sacrifício feito pelo Pai ao dar Seu amorável Filho pelos homens caídos, a fim de que pudessem, através da obediência, ser transformados, tornando-se reconhecidos filhos de Deus. A igreja e o mundo são chamados a contemplar e admirar um amor que, assim expresso, está além da compreensão humana, e que causa admiração aos próprios anjos do Céu. Esse amor é tão profundo, tão amplo, tão elevado, que o inspirado apóstolo, não podendo achar linguagem para descrevê-lo, apela à igreja e ao mundo para contemplá-lo -- torná-lo terna de contemplação e admiração. T4 293 2 Apresentei perante os meus ouvintes o pecado de Adão na transgressão das expressas ordens do Pai. Deus fez o homem reto, perfeitamente santo e feliz; mas ele perdeu o favor divino e destruiu sua própria felicidade pela desobediência à lei do Pai. O pecado de Adão mergulhou o ser humano em miséria e desespero sem medida. Deus, porém, em Seu amor maravilhoso e piedoso, não deixou os homens a perecer sem esperança em sua condição caída. Ele ofereceu Seu amado Filho para a salvação deles. Cristo entrou no mundo, com Sua divindade revestida em humanidade; passou pela situação em que Adão caiu; suportou a prova que Adão deixou de suportar; venceu cada tentação de Satanás, e assim redimiu a vergonhosa falha e queda de Adão. T4 293 3 Referi-me, então, ao longo jejum de Cristo no deserto. O pecado de condescendência com o apetite e seu poder sobre a natureza humana nunca podem ser plenamente percebidos, exceto quando aquele longo jejum de Cristo, ao contender sozinho com o príncipe dos poderes das trevas, é estudado e entendido. A salvação do homem estava em jogo. Quem sairia vitorioso, Satanás ou o Redentor do mundo? É-nos impossível conceber com que intenso interesse os anjos de Deus assistiam à prova de seu amado Comandante. T4 294 1 Jesus foi tentado em todos os pontos em que nós o somos, para que soubesse como socorrer os que são tentados. Sua vida é nosso exemplo. Ele mostra, por Sua voluntária obediência, que o homem pode guardar a lei de Deus, e que é a transgressão da lei, não a obediência a ela, que leva à escravidão. O Salvador era pleno de compaixão e amor; Ele nunca desprezou aquele que é verdadeiramente penitente, embora grande seja a sua culpa; mas condenou severamente toda sorte de hipocrisia. Ele está familiarizado com os pecados dos homens, conhece todos os seus atos e lê seus motivos secretos; entretanto, não Se desvia deles em sua iniqüidade. Pleiteia e arrazoa com o pecador, e num sentido -- o de ter Ele mesmo levado as fraquezas da humanidade -- Se coloca no mesmo nível dele. "Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã." Isaías 1:18. T4 294 2 O homem, que desfigurou a imagem de Deus em sua alma por uma vida corrupta, não pode mediante simples esforço efetuar radical mudança em si mesmo. Ele precisa aceitar as provisões do evangelho; tem de reconciliar-se com Deus através da obediência à Sua lei e fé em Jesus Cristo. Sua vida daí em diante precisa ser governada por um novo princípio. Mediante o arrependimento, fé e as boas obras, ele pode aperfeiçoar um caráter justo e reivindicar pelos méritos de Cristo os privilégios dos filhos de Deus. Os princípios da verdade divina, recebidos e acolhidos no coração, levar-nos-ão a uma altura de excelência moral que não imaginamos ser possível alcançar. "Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos. E qualquer que nEle tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro." 1 João 3:2, 3. T4 294 3 Aqui está uma obra que o homem deve fazer. Ele precisa olhar-se no espelho, a lei de Deus, discernir os defeitos do seu caráter moral, e abandonar seus pecados, lavando a vestidura do caráter no sangue do Cordeiro. Inveja, orgulho, malícia, dolo, conflitos e crimes serão excluídos do coração que é um recipiente do amor de Cristo e que acalenta a esperança de ser como Ele, quando O veremos tal qual é. A religião de Cristo refina e dignifica o seu possuidor, não importa quais sejam suas associações ou estágio de vida. Homens que se tornam cristãos iluminados se erguem acima do nível de seu caráter anterior, passando a ter maior força moral e mental. Os caídos e degradados pelo pecado e o crime podem, mediante os méritos do Salvador, ser exaltados a uma posição apenas um pouco abaixo da dos anjos. T4 295 1 Mas a influência de uma esperança evangélica não levará o pecador a considerar a salvação de Cristo como questão de livre graça, enquanto ele continua a viver em transgressão da lei de Deus. Quando a luz da verdade raiar em sua mente, e ele compreender plenamente os reclamos de Deus e a extensão de sua transgressão, reformará os seus caminhos, tornar-se-á leal a Deus graças à força obtida de seu Salvador, e passará a levar uma vida nova e mais pura. T4 295 2 Enquanto em Salém, travei conhecimento com o irmão e a irmã Donaldson, os quais desejavam que sua filha retornasse a Battle Creek conosco, e freqüentasse o Colégio. A saúde dela era fraca, e foi difícil para eles a separação dela, a única filha; mas as vantagens espirituais que receberia os induziam a fazer o sacrifício. E estamos felizes em aqui declarar que, na recente campal em Battle Creek, essa querida filha foi sepultada com Cristo através do batismo. Aqui está outra prova da importância de os adventistas do sétimo dia enviarem seus filhos para nossas escolas, onde podem estar diretamente sob uma influência salvadora. T4 295 3 Nossa viagem saindo de Oregon foi penosa; porém, eu não estava tão doente como em minha viagem anterior. Esse barco, o "Idaho", não era arremessado, mas inclinava-se de um lado para o outro. Fomos tratados muito bondosamente no navio. Fizemos muitas agradáveis amizades, e distribuímos nossas publicações a diferentes pessoas, o que conduzia a conversação proveitosa. Quando chegamos em Oakland, soubemos que a tenda estava armada ali, e que um bom número de pessoas havia abraçado a verdade sob os esforços do irmão Healey. Falamos várias vezes na tenda. No sábado e no domingo as igrejas de São Francisco e Oakland se uniram, e tivemos reuniões interessantes e proveitosas. T4 296 1 Eu estava muito ansiosa para assistir à campal na Califórnia; mas havia chamados urgentes para que eu assistisse às campais da região Leste. Como a condição das coisas no Leste me haviam sido apresentadas, sabia que tinha um testemunho a apresentar especialmente a nossos irmãos na Associação da Nova Inglaterra; e não podia me sentir na liberdade de demorar-me mais tempo na Califórnia. Rumo ao leste T4 296 2 Em 28 de Julho, acompanhado por nossa filha, Sra. Emma White, e Edith Donaldson, partimos de Oakland para o Leste. Chegamos em Sacramento no mesmo dia, e ali fomos recebidas pelo irmão e irmã Wilkinson, que nos acolheram alegremente e nos levaram para o seu lar, onde fomos tratados bondosamente durante a nossa estada ali. De acordo com o compromisso, falei no domingo. A casa estava bem cheia com uma congregação atenta, e o Senhor me deu facilidade para falar-lhes de Sua Palavra. Segunda-feira novamente tomamos o trem, parando em Reno, Nevada, onde tínhamos compromisso de falar na terça-feira à noite na tenda em que o Pastor Loughborough estava apresentando uma série de conferências. Falei com facilidade para cerca de quatrocentos ouvintes atentos, sobre as palavras de João: "Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus." 1 João 3:1. T4 296 3 Ao atravessarmos o grande deserto americano em meio ao calor e à poeira alcalina, ficamos muito cansados do cenário sem vida, embora estivéssemos providos de todo o conforto e, puxados pela locomotiva, suavemente deslizássemos sobre os trilhos. Lembrei-me dos antigos hebreus, que viajaram sobre rochas e desertos áridos por quarenta anos. O calor, a poeira e a rudeza do caminho provocavam queixas e suspiros de fadiga de muitos que trilhavam aquele cansativo trajeto. Pensei que se fôssemos obrigados a viajar a pé através do árido deserto, freqüentemente sofrendo sede, calor e fadiga, muitos de nós murmuraríamos até mais do que fizeram os israelitas. T4 296 4 Os aspectos peculiares do cenário montanhoso no roteiro foram muitas vezes esboçados por pena e lápis. Todos quantos se deleitam com a grandiosidade e beleza da natureza, devem sentir uma emoção de alegria ao contemplar essas velhas e grandiosas montanhas, as lindas colinas e os desfiladeiros rochosos e selvagens. Isso é especialmente verdade para o cristão. Ele vê nas rochas graníticas e nos regatos cantantes a obra da mão do todo-poderoso Deus. Anseia galgar as elevadas colinas; pois parece que então se aproximaria do Céu, conquanto saiba que Deus ouve as orações de Seus filhos nos vales profundos tanto quanto no alto da montanha. Colorado T4 297 1 No caminho de Denver para Walling's Mills, o retiro montanhoso onde meu marido estava passando os meses de verão, paramos em Boulder City e contemplamos com prazer nossa tenda de reuniões, onde o Pastor Cornell estava realizando uma série de conferências. Encontramos um retiro calmo no confortável lar da irmã Dartt. A tenda fora tomada emprestada para reuniões de temperança e, por especial convite, falei a um recinto repleto de atentos ouvintes. Se bem que fatigada pela viagem, o Senhor me ajudou a apresentar com êxito perante o povo a necessidade de observar estrita temperança em tudo. T4 297 2 Segunda-feira, 8 de Agosto, encontrei o meu marido, e percebi que tinha melhorado bastante de saúde, estando alegre e ativo, pelo que me senti grata a Deus. O Pastor Canright, que havia passado algum tempo com o meu marido nas montanhas, por essa época foi chamado para casa para atender a sua aflita esposa; e, no domingo, meu marido e eu o acompanhamos a Boulder City para ele tomar o trem. À noite falei na tenda, e na manhã seguinte retornamos ao nosso lar temporário em Walling's Mills. No sábado seguinte, novamente falei àqueles que se reuniram na tenda. Após meus comentários, tivemos uma reunião da Associação. Alguns excelentes testemunhos foram apresentados. Vários estavam observando o seu primeiro sábado. Falei ao povo no sábado à noite e também no domingo pela manhã. T4 297 3 Toda nossa família estava presente nas montanhas, menos o nosso filho Edson. Meu marido e meus filhos acharam que, estando eu muito cansada, tendo trabalhado quase constantemente desde a campal de Oregon, seria meu privilégio descansar; mas minha mente estava impressionada a assistir às campais do Leste, especialmente a de Massachusetts. Minha oração era de que se fosse da vontade de Deus que eu assistisse a essas reuniões, meu marido consentisse que eu fosse. T4 298 1 Quando retornamos de Boulder City, encontrei uma carta do irmão Haskell insistindo que ambos assistíssemos à campal; mas se meu marido não pudesse ir, ele desejava que, se possível, eu fosse. Li a carta ao meu marido, e esperei para ver o que diria. Após uns poucos momentos de silêncio ele disse: "Ellen, você terá que assistir à campal da Nova Inglaterra." No dia seguinte, nossas malas foram arrumadas. Às duas horas da manhã, ainda sob a luz do luar, saímos para tomar o trem, e às seis e meia embarcamos. A viagem não foi nada agradável, pois o calor era intenso, e eu estava muito esgotada. Reuniões no leste T4 298 2 Ao chegar em Battle Creek, soubemos que havia um compromisso para que eu falasse na noite de domingo na enorme tenda armada no campus do Colégio. A tenda estava superlotada, e meu coração foi derramado em ardentes apelos ao povo. T4 298 3 Permaneci em casa por pouco tempo, e depois, acompanhada pela irmã Mary Smith Abbey e pelo irmão Farnsworth, parti novamente rumo ao Leste. Quando cheguei em Boston, estava muito exausta. Os irmãos Wood e Haskell nos encontraram na estação e nos acompanharam a Ballard Vale, o local da reunião. Fomos recepcionados pelos nossos velhos amigos com amabilidade que, no momento, pareceu trazer-me descanso. O tempo estava excessivamente quente, e a mudança do clima moderado do Colorado para o calor opressivo de Massachusetts tornavam este último clima quase insuportável. Tentei falar ao povo, não obstante meu grande cansaço, e fui fortalecida ao apresentar meu testemunho. As palavras pareciam dirigir-se diretamente ao coração. Muito trabalho foi requerido nessa reunião. Novas igrejas haviam sido organizadas desde nossa última campal. Almas preciosas haviam aceitado a verdade e essas precisavam ser encaminhadas para um conhecimento mais profundo e completo da santidade prática. O Senhor me deu desembaraço ao apresentar meu testemunho. T4 299 1 Certa vez durante essa reunião, fiz alguns pronunciamentos sobre a necessidade de economia no vestuário e no gasto de recursos. Há perigo de tornar-nos descuidados e relapsos no uso do dinheiro do Senhor. Jovens que se empenham no trabalho de tendas devem ser cuidadosos em não deixar-se levar por gastos desnecessários. Ao estarem as tendas penetrando novos campos e o trabalho missionário expandindo, as necessidades da causa são muitas, e a mais rígida economia deve ser empregada nessa questão, mas sem mesquinhez. É mais fácil contrair uma dívida do que liquidá-la. Há muitas coisas que seriam convenientes e agradáveis, contudo não são úteis, e isso pode ser dispensado sem real prejuízo. É muito fácil multiplicar contas de hotéis e passagens ferroviárias, despesas que poderiam ser evitadas, ou grandemente diminuídas. Atravessamos a estrada indo para a Califórnia e de lá voltando doze vezes, e não temos gasto um dólar para refeições nos restaurantes ou no vagão-restaurante. Tomamos nossas refeições de nosso cesto de lanches. Estando três dias fora, o alimento se estraga, mas um pouco de leite ou mingau quente supre a nossa necessidade. T4 299 2 Noutra ocasião falei com referência à genuína santificação, que não é nada mais do que um morrer diário para o eu e diária conformidade à vontade de Deus. Enquanto em Oregon, foi-me mostrado que algumas das novas igrejas da Associação da Nova Inglaterra estavam em perigo de influência ruinosa do que é chamado de santificação. Alguns se deixariam enganar por essa doutrina, enquanto outros, conhecendo a sua influência enganosa, perceberiam o seu perigo e delas se desviariam. A santificação de Paulo era um constante conflito com o eu. Disse ele: "Cada dia morro." 1 Coríntios 15:31. Sua vontade e seus desejos todo o dia conflitavam com o dever e a vontade de Deus. Em vez de seguir a inclinação, ele cumpria a vontade de Deus, embora desagradável e torturante à sua natureza. T4 300 1 Apelamos àqueles que desejavam ser batizados, e àqueles que estavam observando o sábado pela primeira vez, para virem à frente. Vinte e cinco responderam. Estes davam excelentes testemunhos; e, antes do fim da campal, vinte e dois receberam o batismo. T4 300 2 Ficamos felizes em encontrar aqui nossos velhos amigos da causa, a quem havíamos conhecido trinta anos atrás. Nosso muito estimado irmão Hastings está tão profundamente interessado na verdade hoje como estava então. Alegramo-nos em encontrar a irmã Temple, e a irmã Collins de Dartsmouth, Massachusetts, e o irmão e irmã Wilkinson, em cuja casa fomos hospedados mais de trinta anos atrás. A peregrinação de alguns desses queridos pode findar-se antes de muito tempo; mas, se forem fiéis até ao fim, receberão a coroa da vida. T4 300 3 Estávamos interessados no irmão Kimbal, que é mudo, e tem sido um missionário entre os mudos. Mediante seus perseverantes esforços, um pequeno grupo aceitou a verdade. Encontramos esse fiel irmão em nossas campais todo ano, rodeado por vários de seus conversos mudos. Alguém que pode ouvir escreve tanto quanto possível do sermão, e ele se assenta rodeado por seus amigos mudos, lendo e ativamente pregando-lhes com as mãos. Ele tem usado livremente os seus recursos para fazer avançar a obra missionária, assim honrando a Deus com seus bens. T4 300 4 Deixamos Ballard Vale na terça-feira de manhã, dia 3 de Setembro, para assistir à campal do Maine. Desfrutamos um descanso sereno no lar do jovem irmão Morton, perto de Portland. Ele e sua bondosa esposa fizeram com que a nossa permanência com eles fosse muito agradável. Chegamos à campal do Maine antes do sábado, e ficamos felizes em encontrar ali alguns dos amigos experientes na causa. Há alguns que estão sempre em seu posto do dever, faça sol ou venha tempestade. Há também uma classe de cristãos de temperamento instável. Quando tudo vai bem e é agradável a seus sentimentos, eles são fervorosos e zelosos; mas quando há nuvens e coisas desagradáveis a defrontar, nada têm a dizer ou fazer. A bênção de Deus repousou sobre os obreiros ativos, enquanto aqueles que nada fizeram não foram beneficiados pela reunião como poderiam ter sido. O Senhor estava com os Seus ministros, que trabalhavam fielmente na apresentação tanto de assuntos doutrinários como práticos. Desejávamos ver muitos beneficiados por esta reunião que não deram evidências de terem sido abençoados por Deus. Desejo ver esse querido povo assumindo os seus elevados privilégios. T4 301 1 Deixamos o terreno da campal na segunda-feira, sentindo grande esgotamento. Planejamos assistir às campais de Iowa e Kansas. Meu marido havia escrito que ele me encontraria em Iowa. Sendo incapaz de assistir à reunião de Vermont, fomos diretamente do Maine e South Lancaster. Tinha muita dificuldade de respirar, e meu coração me doía continuamente. Descansei na tranqüila casa da irmã Harris, que fez tudo ao seu alcance para me ajudar. Quinta-feira à noite nos aventuramos a reiniciar nossa viagem para Battle Creek. Eu não ousei viajar de trem durante longo tempo por causa de meu estado de saúde; assim paramos em Rome, Nova Iorque, e falei ao povo no sábado. Houve boa assistência. T4 301 2 Na segunda de manhã, visitei o irmão e a irmã Ira Abbey em Brookfield. Tivemos uma proveitosa conversa com essa família. Sentimo-nos interessados, e ansiosos de que eles finalmente fossem vitoriosos no combate cristão, e obtivessem a vida eterna. Sentimo-nos profundamente ansiosos de que o irmão Abbey superasse seu desânimo, se lançasse sem reservas sobre os méritos de Cristo, tivesse êxito em vencer e finalmente recebesse a coroa da vitória. T4 301 3 Na terça-feira, tomamos o trem para Battle Creek, e no dia seguinte chegamos em casa. Fiquei contente em poder descansar outra vez e fazer tratamento no hospital. Senti que era verdadeiramente favorecida em ter as vantagens dessa instituição. Os auxiliares eram bondosos e atenciosos, e prontos a fazer o máximo para aliviar-me de minhas enfermidades a qualquer hora do dia ou da noite. Em Battle Creek T4 301 4 A campal nacional foi realizada em Battle Creek de 2 a 14 de Outubro. Essa foi a maior reunião de adventistas do sétimo dia já realizada. Mais de quarenta pastores estavam presentes. Estávamos todos felizes de ali encontrar os Pastores Andrews e Bourdeau, vindos da Europa, e o Pastor Loughborough, da Califórnia. Nessa reunião estava representada a causa na Europa, Califórnia, Texas, Alabama, Virgínia, Dakota, Colorado e em todos os Estados do norte do Maine a Nebraska. T4 302 1 Ali fiquei feliz em unir-me ao meu marido no trabalho. Embora muito cansada, e sofrendo com problemas cardíacos, o Senhor me deu força para falar ao povo quase todos os dias, e freqüentemente duas vezes ao dia. Meu marido trabalhou intensamente. Ele esteve presente a quase todas as reuniões de negócios, e pregou quase todos os dias com o seu estilo claro e direto. Não achei que eu tivesse força para falar mais de duas ou três vezes durante a assembléia; mas ao prosseguirem as reuniões, minha força aumentava. Em várias ocasiões permaneci em pé por quatro horas, convidando o povo a ir à frente para oração. Nunca sentira a ajuda especial de Deus mais sensivelmente do que nessa reunião. Apesar desses esforços, minha força aumentava constantemente. E, para o louvor de Deus, aqui registro o fato de que estava muito melhor de saúde ao final dessa reunião do que estivera durante os últimos seis meses. T4 302 2 Na quarta-feira da segunda semana da assembléia, alguns de nós nos unimos em oração por uma irmã que estava afligida pelo desânimo. Enquanto orávamos, fui grandemente abençoada. O Senhor parecia estar bem perto. Fui tomada numa visão da glória de Deus, e muitas coisas me foram mostradas. Então fui para a reunião, e com um solene senso da condição de nosso povo, fiz breves declarações das coisas que me haviam sido reveladas. Desde então escrevi algumas delas em testemunhos a indivíduos, apelos a pastores e em vários outros artigos relatados neste livro. T4 302 3 Aquelas foram reuniões de solene poder e do mais profundo interesse. Várias pessoas ligadas ao nosso escritório de publicações foram convencidas e convertidas à verdade e deram testemunhos claros e inteligentes. Incrédulos foram convencidos e tomaram posição sob a bandeira do Príncipe Emanuel. Essa reunião foi uma decidida vitória. Antes de seu encerramento, cento e doze pessoas foram batizadas. T4 303 1 Na semana que se seguiu à campal meus esforços em falar, orar e escrever testemunhos foram mais cansativos do que durante a reunião. Duas ou três reuniões foram realizadas cada dia em favor de nossos pastores. Foram elas de intenso interesse e de grande importância. Aqueles que levam esta mensagem ao mundo devem ter uma experiência diária nas coisas de Deus, e ser em todo o sentido homens convertidos, santificados através da verdade que apresentam aos outros, representando em sua vida a Jesus Cristo. Então, e só então, terão êxito em seu trabalho. Os mais zelosos esforços foram feitos para se aproximarem de Deus por confissão, humilhação e oração. Muitos diziam que viram e sentiram a importância de seu trabalho como ministros de Cristo, como nunca tinham visto e sentido. Alguns sentiram profundamente a magnitude da obra e sua responsabilidade perante Deus; mas ansiávamos ver uma manifestação maior do Espírito de Deus. Eu sabia que quando o caminho fosse aberto, o Espírito de Deus Se manifestaria, como no dia de Pentecostes. Havia, porém, muitos tão distantes de Deus que não pareciam saber como exercer fé. T4 303 2 Os apelos aos pastores, encontrados em outra parte deste volume, expressam mais completamente o que Deus me revelou com respeito à triste condição deles e aos seus elevados privilégios. Campais de Kansas T4 303 3 Acompanhados de nossa filha Emma, saímos de Battle Creek no dia 23 de Outubro, para a campal de Kansas. Em Topeka, Kansas, deixamos o trem e viajamos em condução particular mais de dezenove quilômetros até Richland, o lugar da reunião. Encontramos as tendas armadas em um bosque. Sendo já o fim da estação própria para campais, todos os preparativos possíveis foram feitos para o tempo frio. Havia dezessete tendas armadas, além da grande tenda, que acomodava várias famílias; e cada tenda tinha uma estufa. T4 303 4 Na manhã de sábado começou a nevar; mas nenhuma reunião foi suspensa. Quase uma polegada de neve caiu, e o frio era cortante. Mulheres com criancinhas se agruparam em torno das estufas. Era impressionante ver cento e cinqüenta pessoas reunidas para uma assembléia convocada sob tais circunstâncias. Algumas delas viajaram mais de trezentos e vinte quilômetros em condução particular. Todos pareciam famintos pelo pão da vida e sedentos pela água da salvação. T4 304 1 O Pastor Haskell falou na tarde de sexta-feira e à noite. No sábado de manhã, senti-me chamada a falar palavras encorajadoras àqueles que tinham feito tão grande esforço para assistir à reunião. No domingo à tarde houve grande assistência de fora, embora a reunião fosse realizada distante das vias públicas. Na segunda de manhã, falei aos irmãos com base no terceiro capítulo de Malaquias. Então apelamos que viessem à frente aqueles que desejavam ser cristãos e que não tinham a evidência de serem aceitos por Deus. Cerca de trinta pessoas atenderam. Algumas estavam buscando o Senhor pela primeira vez, e outras que eram membros de outras igrejas estavam tomando sua posição quanto ao sábado. Demos a todos oportunidade para falar; e o Espírito do Senhor atuava livremente em nossa reunião. Após a oração pelos que tinham vindo à frente, os candidatos ao batismo foram examinados. Seis foram batizados. T4 304 2 Fiquei contente de ouvir o Pastor Haskell apresentar perante o povo a necessidade de colocar material de leitura nos lares, especialmente os três volumes do Spirit of Prophecy e os quatro volumes dos Testemunhos. Estes poderiam ser lidos em voz alta durante as longas noites de inverno por alguns membros da família, de modo que todos pudessem ser instruídos. Então falei da necessidade de os pais educarem e disciplinarem apropriadamente os seus filhos. A maior prova do poder do cristianismo que se pode apresentar ao mundo, é uma família bem-ordenada, bem disciplinada. Isso recomendará a verdade como nenhuma outra coisa o poderá fazer; pois é um testemunho vivo de seu poder prático sobre o coração. T4 304 3 Na terça-feira de manhã, a reunião se encerrou, e com minha filha Emma, o Pastor Haskell e o irmão Stover fomos para Topeka, e tomamos o trem para Sherman, Kansas, onde outra campal havia sido convocada. Essa reunião foi interessante e proveitosa. Parecia pequena quando comparada com nossas campais em outros Estados, pois havia somente cem irmãos e irmãs presentes. Foi planejada para uma reunião geral dos que estavam espalhados. Alguns estavam presentes vindos do sul do Kansas, Arkansas, Kentucky, Missouri, Nebraska e Tennessee. Nessa reunião meu marido se uniu a mim, e dali, com o Pastor Haskell e nossa filha, fomos para Dallas, Texas. Visita ao Texas T4 305 1 Na quinta-feira, fomos à casa do irmão McDearman, em Grand Prairie. Ali nossa filha encontrou seus pais, irmão e irmã, que haviam todos estado à beira da morte, afetados pela febre que prevaleceu no Estado durante a última estação. Tivemos grande prazer em atender às necessidades dessa família afligida, que durante anos no passado tinha liberalmente nos assistido em nossa aflição. T4 305 2 Eles melhoraram um pouco, e nós os deixamos e fomos para a campal de Plano. Essa reunião foi realizada de 12 a 19 de Novembro. O tempo estava bom no início; mas logo começou a chover, e isto, com fortes ventos, impediu a frequência geral da região vizinha. Ficamos felizes em encontrar nossos velhos amigos, Pastor R. M. Kilgore e esposa. E nos regozijamos bastante em encontrar um grupo grande e inteligente de irmãos no local. Se quaisquer preconceitos hajam existido ali contra o povo do Norte, nada semelhante parecia prevalecer entre aqueles queridos irmãos e irmãs. T4 305 3 Meu testemunho nunca foi recebido mais prontamente e de coração do que por esse povo. Interessei-me profundamente pelo trabalho no grande Estado do Texas. Sempre tem sido o objetivo de Satanás perturbar todo campo importante; e provavelmente ele nunca esteve mais ativamente ocupado durante a apresentação da verdade em qualquer Estado do que no Texas. Esta é a melhor evidência à minha mente de que há uma grande obra a fazer ali. ------------------------Capítulo 26 -- Preparo para a volta de Cristo T4 306 1 Na última visão que me foi dada em Battle Creek, por ocasião de nossa reunião campal geral, foi-me mostrado nosso perigo como um povo, de nos assemelharmos ao mundo, e não à imagem de Cristo. Achamo-nos agora nas próprias fronteiras do mundo eterno; mas é desígnio do adversário de nossa alma levar-nos a adiar para longe o fim do tempo. Satanás assaltará de todas as maneiras possíveis os que professam ser observadores dos mandamentos de Deus, e estar aguardando a segunda vinda de nosso Salvador nas nuvens do céu com poder e grande glória. Ele levará o maior número possível a adiar o dia mau e se tornar, no procedimento, semelhante ao mundo, imitando-lhe os costumes. Senti-me alarmada quando vi que o espírito do mundo controlava o coração e a mente de muitos que fazem alta profissão da verdade. Abrigam o egoísmo e a condescendência consigo mesmos; mas não cultivam a verdadeira piedade e a genuína integridade. T4 306 2 O anjo do Senhor apontou aos que professam a verdade e repetiu com voz solene estas palavras: "E olhai por vós, para que não aconteça que o vosso coração se carregue de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia. Porque virá como um laço sobre todos os que habitam na face de toda a Terra. Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer e de estar em pé diante do Filho do homem." Lucas 21:34-36. T4 306 3 Considerando a brevidade do tempo, nós como povo devemos vigiar e orar, e em caso algum permitir que sejamos desviados da solene obra de preparo para o grande acontecimento à nossa frente. Como o tempo aparentemente se estende, muitos se tornam descuidados e indiferentes em relação a suas palavras e ações. Não reconhecem o perigo em que se acham, e não vêem nem compreendem a misericórdia de nosso Deus em lhes ampliar o tempo de graça, a fim de que tenham oportunidade para formar o caráter para a vida futura, imortal. Cada momento é do mais alto valor. O tempo lhes é concedido, não para ser empregado em seguir sua própria comodidade e se tornarem habitantes da Terra, mas para ser empregado na obra de vencer cada defeito de seu caráter e em ajudar os outros, pelo exemplo e pelo esforço pessoal, a verem a beleza da santidade. Deus tem sobre a Terra um povo que, com fé e santa esperança, está acompanhando o rápido desenrolar da profecia e buscando purificar a alma na obediência à verdade, a fim de que não sejam encontrados sem as vestes nupciais quando Cristo aparecer. T4 307 1 Muitos que se chamam pelo nome de adventistas têm marcado tempo. Vez após outra tem sido marcada uma data para a vinda de Cristo, mas resultaram em repetidos fracassos. O tempo exato da vinda de nosso Senhor, diz a Bíblia, acha-se além do conhecimento dos mortais. Mesmo os anjos, que ministram aos que hão de ser herdeiros da salvação, não sabem o dia nem a hora. "Porém daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos Céus, nem o Filho, mas unicamente Meu Pai." Mateus 24:36. Como passou repetidas vezes a data marcada, o mundo está hoje em mais profundo estado de incredulidade do que antes, com respeito ao iminente advento de Cristo. Consideram com aborrecimento os fracassos dos que marcaram tempo; e por que os homens têm sido assim enganados, desviam-se da verdade comprovada pela Palavra de Deus, de estar às portas o fim de todas as coisas. T4 307 2 Os que tão presunçosamente pregam um tempo definido, assim fazendo agradam ao adversário das almas; pois promovem a incredulidade, e não o cristianismo. Citam passagens da Escritura, e mediante falsa interpretação mostram uma cadeia de argumentos que aparentemente lhes apóiam a posição. Mas seus fracassos mostram que são falsos profetas, que não interpretam devidamente a linguagem da inspiração. A Palavra de Deus é verdade e certeza; mas os homens têm pervertido seu significado. Esses erros têm trazido má fama à verdade de Deus para estes últimos dias. Os adventistas são expostos a ridículo por pastores de todas as denominações; no entanto, os servos de Deus não se devem calar. Os sinais preditos na profecia estão-se cumprindo rapidamente em volta de nós. Isto deve despertar todo verdadeiro seguidor de Cristo, levando-o a zelosa ação. Os que julgam que devem pregar um tempo definido a fim de impressionar o povo, não agem segundo o correto ponto de vista. Podem os sentimentos do povo ser agitados, e despertados os seus temores; mas não agem segundo princípios. Cria-se uma agitação; mas passado o tempo, como tantas vezes tem acontecido, os que se deixaram levar pela teoria do tempo voltam a cair na frieza, nas trevas e no pecado, e é quase impossível despertar-lhes a consciência sem alguma grande agitação. T4 308 1 Nos dias de Noé os habitantes do velho mundo riam-se, escarnecendo daquilo a que os supersticiosos chamavam de temores e pressentimentos do pregador da justiça. Foi ele denunciado como visionário, fanático, alarmista. "Como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem." Lucas 17:26. Os homens rejeitarão a solene mensagem de advertência para os nossos dias, como fizeram no tempo de Noé. Referir-se-ão aos falsos mestres que predisseram o acontecimento e estabeleceram um tempo definido, e dirão que não têm mais fé em nossa advertência do que na daqueles. Esta é a atitude do mundo hoje. A incredulidade acha-se muito propagada, e a pregação da vinda de Cristo é escarnecida e exposta a ridículo. Isto torna tanto mais necessário que os que crêem na verdade presente mostrem, pelas obras, a sua fé. Devem ser santificados pela verdade que professam crer; pois são um cheiro de vida para vida ou de morte para morte. T4 308 2 Noé pregou ao povo de seu tempo que Deus lhes daria cento e vinte anos para se arrependerem de seus pecados e se refugiarem na arca; mas não atenderam ao gracioso convite. Foi-lhes dado abundante tempo para se volverem de seus pecados, vencerem seus maus hábitos e desenvolverem caráter justo. Mas a inclinação para o pecado, embora a princípio fraca em muitos, fortaleceu-se pela condescendência repetida, precipitando-os na ruína inevitável. A misericordiosa advertência de Deus foi rejeitada com desdém, escárnio e zombaria; e foram deixados em trevas, para seguirem o rumo que seu pecaminoso coração escolhera. Mas sua incredulidade não impediu o acontecimento predito. Ele veio, e grande foi a ira de Deus revelada na ruína geral. T4 309 1 Essas palavras de Cristo deveriam calar no coração de todos os que crêem na verdade presente: "E olhai por vós, para que não aconteça que o vosso coração se carregue de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados desta vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia." Lucas 21:34. Nosso perigo é-nos apresentado pelo próprio Cristo. Ele conhecia os perigos que haveríamos de deparar nestes últimos dias, e queria que nos preparássemos para eles. "Como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem." Mateus 24:37. Comiam e bebiam, plantavam e edificavam, casavam-se e davam-se em casamento, e não o conheceram, até que veio o dilúvio e levou-os a todos. O dia do Senhor encontrará os homens, da mesma forma, absorvidos nos negócios e prazeres do mundo, em banquetes e glutonaria, condescendendo com o apetite pervertido no degradante uso de bebidas alcoólicas e no narcótico fumo. Esta já é a condição do nosso mundo, e essas condescendências encontram-se mesmo entre o professo povo de Deus, alguns dos quais seguem os costumes do mundo e participam de seus pecados. Advogados, artífices, lavradores, comerciantes e mesmo pastores, do púlpito clamam: "Paz e segurança!", quando a destruição está na iminência de desabar sobre eles. T4 309 2 A crença na iminente vinda do Filho do homem nas nuvens do céu não levará o verdadeiro cristão a tornar-se negligente e descuidado nas atividades comuns da vida. Os expectantes, que aguardam o breve aparecimento de Cristo, não ficarão ociosos, mas serão diligentes nas atividades. Seu trabalho não será feito descuidada e desonestamente, mas com fidelidade, prontidão e perfeição. Os que se lisonjeiam com o pensamento de que a descuidada desatenção às coisas desta vida seja evidência de sua espiritualidade e sua separação do mundo, acham-se sob grande engano. Sua veracidade, fidelidade e integridade são provadas nas coisas temporais. Se forem fiéis no mínimo, sê-lo-ão no muito. T4 309 3 Foi-me mostrado que aqui é onde muitos deixarão de suportar a prova. Desenvolvem seu verdadeiro caráter na administração das coisas temporais. Manifestam infidelidade, projetos dolosos e desonestidade no trato com os semelhantes. Não consideram que o alcançar a imortal vida futura depende de como procedem nos negócios desta vida e que, para a formação de um caráter justo, é indispensável a mais estrita integridade. Por toda a parte, em nossas fileiras, é praticada a desonestidade, e essa é a causa da mornidão por parte de muitos que professam crer na verdade. Não se acham ligados a Cristo, e iludem sua própria alma. Entristece-me o coração, fazer a declaração de que existe uma alarmante falta de honestidade mesmo entre observadores do sábado. T4 310 1 Foi-me chamada a atenção para o sermão da montanha. Aí temos a ordem do Grande Mestre: "Tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas." Mateus 7:12. Essa ordem de Cristo é da mais alta importância, e deve ser obedecida estritamente. É como "maçãs de ouro em salvas de prata". Provérbios 25:11. Quantos praticam na vida o princípio aí ordenado por Cristo, e tratam os outros exatamente como desejariam ser tratados, sob circunstâncias semelhantes? Leitor, por favor responda. T4 310 2 Homem honesto, à maneira de Cristo julgar, é o que manifesta inflexível integridade. Pesos enganosos e balanças falsas, com os quais muitos buscam aumentar seus ganhos no mundo, são abominação à vista de Deus. Não obstante, muitos dos que professam guardar os mandamentos de Deus fazem uso de balanças e pesos falsos. Quando um homem se acha realmente ligado a Deus, e observando Sua lei em verdade, sua vida revelará este fato; pois todas as suas ações se encontrarão em harmonia com os ensinos de Cristo. Não venderá sua honra por lucro. Seus princípios são edificados sobre o firme fundamento, e sua conduta em assuntos temporais é um transcrito de seus princípios. A firme integridade brilha como o ouro entre o cascalho e o lixo do mundo. Engano, falsidade e infidelidade podem ser dissimulados e ocultos dos olhos humanos, mas não dos olhos de Deus. Os anjos de Deus, que observam o desenvolvimento do caráter e pesam o valor moral, registram nos livros do Céu essas pequeninas transações reveladoras do caráter. Se um trabalhador for infiel nas ocupações diárias da vida, e negligenciar sua obra, o mundo não julgará incorretamente se avaliar a norma religiosa desse trabalhador segundo a que mantém nos negócios. T4 311 1 "Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito." Lucas 16:10. Não é a magnitude da questão que a torna justa ou injusta. Como o homem se conduz para com o semelhante, assim se conduzirá com Deus. Aquele que é infiel na riqueza da injustiça, nunca merecerá confiança com a verdadeira riqueza. Os filhos de Deus nunca devem deixar de lembrar que, em todas as suas transações comerciais, estão sendo provados e pesados nas balanças do santuário. T4 311 2 Disse Cristo: "Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons." "Portanto, pelos seus frutos os conhecereis." Mateus 7:18, 20. Os atos da vida do homem são os frutos que produz. Se for infiel e desonesto em questões temporais, está produzindo cardos e espinhos; será infiel na vida religiosa e roubará a Deus em dízimos e ofertas. T4 311 3 A Bíblia condena nos mais fortes termos toda falsidade, fraude e desonestidade. O justo e o errado são discriminados claramente. Mas foi-me mostrado que o povo de Deus se colocou em terreno do inimigo; cedeu a suas tentações e seguiu-lhe os artifícios, até se tornarem perigosamente embotadas as suas sensibilidades. Um leve desvio da verdade, uma pequenina variação das reivindicações de Deus, não é, afinal, considerado muito pecaminoso, quando se acham envolvidos ganho ou perda de dinheiro. Mas pecado é pecado, seja cometido pelo milionário ou pelo que pede esmolas nas ruas. Os que adquirem bens mediante engano, trazem sobre si a condenação. Tudo quanto for adquirido por meio de engano e fraude só trará maldição a quem o receber. T4 311 4 Adão e Eva sofreram as terríveis conseqüências de desobedecerem ao expresso mandamento de Deus. Podem ter arrazoado: Este é um pecado muito pequenino, e jamais será levado em conta. Mas Deus tratou o caso como um terrível mal; e a desgraça trazida por sua transgressão será sentida através de todos os tempos. Nos dias em que vivemos, pecados de muito maior magnitude são muitas vezes cometidos pelos que professam ser filhos de Deus. Nas transações comerciais, são pelo professo povo de Deus pronunciadas e praticadas falsidades que trazem sobre eles a desaprovação de Deus, e vergonha sobre Sua causa. O menor desvio da veracidade e retidão constitui transgressão da lei de Deus. A contínua condescendência com o pecado acostuma a pessoa ao hábito de proceder mal, mas não diminui o grave caráter do pecado. Deus estabeleceu princípios imutáveis, que Ele não pode mudar sem uma revisão de toda a Sua natureza. Se a Palavra de Deus fosse estudada fielmente por todos os que professam crer na verdade, eles não seriam pigmeus nas coisas espirituais. Os que desrespeitam nesta vida as reivindicações de Deus, não Lhe respeitariam a autoridade se estivessem no Céu. T4 312 1 Todas as espécies de imoralidade são claramente delineadas na Palavra de Deus, e seus resultados nos são apresentados. A condescendência com as paixões baixas é-nos apresentada em seu caráter mais revoltante. Ninguém, por obscuro que seja o seu entendimento, precisa errar. Mas foi-me mostrado que este pecado é acariciado por muitos que professam andar em todos os mandamentos de Deus. Por Sua Palavra, Deus julgará todos os homens. T4 312 2 Disse Cristo: "Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de Mim testificam." João 5:39. A Bíblia é guia infalível. Requer perfeita pureza na palavra, no pensamento e na ação. Unicamente os de caráter virtuoso e imaculado terão permissão para entrar na presença de um Deus puro e santo. A Palavra de Deus, estudada e obedecida, guiaria os filhos dos homens, como os israelitas foram guiados por uma coluna de fogo à noite e uma coluna de nuvem de dia. A Bíblia é a vontade de Deus expressa ao homem. É o único perfeito padrão de caráter, e assinala o dever do homem em todas as circunstâncias da vida. Muitas são as responsabilidades que sobre nós repousam nesta vida, e sua negligência não só causará sofrimento a nós mesmos, mas em conseqüência outros também sofrerão perda. T4 313 1 Homens e mulheres que professam reverenciar a Bíblia e seguir-lhe os ensinos, deixam de praticar o que ela requer em muitos aspectos. Na educação dos filhos, seguem sua própria natureza perversa, em vez da revelada vontade de Deus. Essa negligência do dever implica a perda de milhares de vidas. A Bíblia expõe regras para a correta disciplina dos filhos. Fossem esses preceitos de Deus acatados pelos pais, e veríamos hoje diferente classe de jovens apresentar-se na arena de ação. Mas pais que professam ser leitores e seguidores da Bíblia procedem diretamente em contrário aos seus ensinamentos. Ouvimos o grito de tristeza e angústia de pais e mães que choram a conduta de seus filhos, mal reconhecendo que estão trazendo sobre si essa tristeza e angústia, e arruinando os filhos, por sua errada afeição. Não reconhecem as responsabilidades que Deus lhes deu, de educarem os filhos de modo a adquirirem hábitos corretos desde a infância. T4 313 2 Pais, vocês são em grande parte responsáveis pela alma de seus filhos. Muitos negligenciam seu dever nos primeiros anos da vida de seus filhos, julgando que quando estes tiverem mais idade, terão então muito cuidado em reprimir neles o mal e educá-los no bem. Mas o tempo oportuno para isso é quando os filhos são bebês, em seus braços. Não é correto que os pais mimem os filhos e lhes façam as vontades; tampouco é direito que os maltratem. O procedimento firme, decidido e reto produzirá os melhores resultados. ------------------------Capítulo 27 -- Mensagem aos pastores T4 313 3 Uma grande e solene verdade nos foi confiada, pela qual somos responsáveis. Com demasiada freqüência essa verdade é apresentada como fria teoria. Sermão após sermão sobre pontos doutrinários é apresentado às pessoas que vêm e vão, algumas das quais jamais terão outra oportunidade tão favorável para serem convencidas e convertidas a Cristo. Áureas oportunidades são perdidas pela apresentação de sermões elaborados, que exibem o eu, mas não exaltam a Cristo. Uma teoria da verdade sem santidade vital não pode remover a escuridão moral que envolve a alma. T4 314 1 Gemas muito preciosas de verdade são freqüentemente tornadas sem poder pela sabedoria de palavras de que são revestidas, enquanto o poder do Espírito de Deus está ausente. Cristo apresentou a verdade em sua simplicidade; e Ele não alcançava somente os mais elevados, mas os homens mais humildes da Terra. O pastor, que é embaixador de Deus e representante de Cristo na Terra, que se humilha para que Deus possa ser exaltado, possuirá a qualidade genuína da eloqüência. A verdadeira piedade, íntima comunhão com Deus e viva experiência diária no conhecimento de Cristo tornarão eloqüente mesmo a língua do gago. T4 314 2 Ao ver as necessidades das novas igrejas, ver e compreender sua grande necessidade de santidade vital e sua deficiência em verdadeira experiência religiosa, meu coração se entristece. Sei que aqueles que levam a elas a mensagem da verdade não as instruem apropriadamente em todos os pontos essenciais à perfeição de um caráter simétrico em Cristo Jesus. Essas coisas podem ser por demasiado tempo negligenciadas pelos instrutores da verdade. Falando do evangelho, Paulo declara: "Da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a palavra de Deus: o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos Seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória; a quem anunciamos, admoestando a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo homem perfeito em Jesus Cristo; e para isto também trabalho, combatendo segundo a Sua eficácia, que opera em mim poderosamente." Colossences 1:25-29. T4 314 3 Aqui os ministros de Cristo têm sua obra, suas qualificações e o poder da graça de Deus atuando neles, claramente definidos. Deus tem-Se comprazido recentemente em mostrar-me uma grande deficiência em muitos que professam ser representantes de Cristo. Em resumo, se eles são deficientes na fé e no conhecimento da piedade vital, não estão somente enganando a própria alma, mas cometendo uma falha no trabalho de apresentar todo homem perfeito em Cristo. Muitos que eles trazem para a verdade são destituídos de verdadeira piedade. Podem ter uma teoria da verdade, mas não são plenamente convertidos. Seu coração é carnal; eles não permanecem em Cristo nem Ele neles. É dever do pastor apresentar a teoria da verdade; mas não deve descansar havendo meramente feito isto. Deve adotar a linguagem de Paulo: "Para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente." Colossences 1:29. T4 315 1 União vital com o Sumo Pastor fará do subpastor um representante vivo de Cristo, na verdade uma luz para o mundo. Uma compreensão de todos os pontos de nossa fé é de fato essencial, mas é mais importante que o pastor seja santificado pela verdade que apresenta com o propósito de iluminar a consciência de seus ouvintes. Numa série de reuniões nenhum sermão deve ser dado consistindo somente de teoria, nem devem ser feitas longas e tediosas orações. Deus não ouve tais orações. Tenho ouvido muitas tediosas orações como se fossem sermões, que eram inconvenientes e fora de lugar. Uma oração com metade do número de palavras, feita com fervor e fé, teria abrandado o coração dos ouvintes; mas em vez disso, eu os tenho visto esperando impacientemente, como se desejando que cada palavra concluísse a oração. Se o pastor tivesse lutado com Deus em seu aposento até sentir que a sua fé podia apegar-se à promessa eterna, "pedi e recebereis", ele teria chegado ao ponto imediatamente, pedindo com fervor e fé pelo que precisava. T4 315 2 Necessitamos de um ministério convertido; de outro modo as igrejas levantadas mediante os seus esforços, não tendo raiz em si mesmas, não serão capazes de se manter sozinhas. O fiel ministro de Cristo assumirá a carga sobre a própria alma. Ele não ansiará por popularidade. O pastor cristão nunca deve assumir o púlpito sem primeiro ter particularmente buscado a Deus, mantido íntima comunhão com Ele. Com humildade, pode elevar sua sedenta alma para Deus, e ser refrigerado com o orvalho da graça antes de falar ao povo. Com a unção do Espírito Santo sobre ele, incutindo-lhe preocupação pelas almas, ele não despedirá a congregação sem apresentar-lhe a Jesus Cristo, único refúgio do pecador, fazendo ardorosos apelos que alcancem os corações. Ele deve sentir que pode nunca mais encontrar esses ouvintes até o grande dia de Deus. T4 316 1 O Mestre que o escolheu, e que conhece o coração de todos os homens, lhe dará voz e elocução para que possa falar com poder e no tempo certo as palavras que deve apresentar. E aqueles que se tornam verdadeiramente convencidos do pecado, e encantados com o Caminho, a Verdade, e a Vida, acharão o suficiente para fazer, sem elogiar e exaltar a habilidade do pastor. Cristo e Seu amor serão enaltecidos acima de qualquer instrumento humano. O homem será perdido de vista, porque Cristo é magnificado e é o tema de reflexão. Muitos são convertidos ao pastor e não realmente convertidos a Cristo. Estranhamos a apatia que entorpece as percepções espirituais. Há uma falta de poder vital. Orações sem vida são feitas e apresentados testemunhos que deixam de edificar ou fortalecer os ouvintes. Faz-se mister que cada pastor investigue a causa disso. T4 316 2 Paulo escreve aos seus irmãos colossenses: "Como aprendestes de Epafras, nosso amado conservo, que para vós é um fiel ministro de Cristo, o qual nos declarou também a vossa caridade no Espírito. Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual; para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-Lhe em tudo, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus; corroborados em toda a fortaleza, segundo a força da Sua glória, em toda a paciência e longanimidade, com gozo, dando graças ao Pai, que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz." Colossences 1:7-12. T4 317 1 Os pastores que trabalham em cidades e vilas para apresentar a verdade não devem sentir-se contentes, nem achar que sua obra findou enquanto os que aceitaram a teoria da verdade não compreenderem de fato o efeito de seu poder santificador, e estiverem verdadeiramente convertidos a Deus. Ele Se agradaria mais de ter seis pessoas realmente convertidas à verdade como resultado do trabalho deles, do que sessenta que fazem profissão de fé nominal, mas não se converteram inteiramente. Esses pastores devem dedicar menos tempo a pregar sermões, e reservarem parte de suas energias para visitar e orar com os que estão interessados, dando-lhes piedosa instrução, a fim de poderem apresentar "todo o homem perfeito em Cristo Jesus". Colossences 1:28. T4 317 2 O amor de Deus deve viver no coração do ensinador da verdade. Seu coração deve estar possuído daquele profundo e fervente amor que havia em Cristo; então ele fluirá para os outros. Os pastores devem ensinar que todos os que aceitam a verdade devem produzir frutos para glória de Deus. Precisam ensinar que o sacrifício deve ser praticado diariamente; que muitas coisas que foram acariciadas devem ser abandonadas; e que muitos deveres, por desagradáveis que pareçam, precisam ser cumpridos. Interesses comerciais, afeições sociais, comodidade, honra, reputação, em suma, tudo, deve ser posto em sujeição às superiores e sempre supremas reivindicações de Cristo. Pastores que não são homens de piedade vital, que suscitam um interesse entre o povo, mas largam a obra inacabada, deixam um campo dificílimo para outros penetrarem e concluírem o trabalho que eles deixaram de completar. Esses homens serão provados; e se não fizerem sua obra mais fielmente, hão de, após prova adicional, serem postos à margem como inúteis ocupantes do terreno, vigias infiéis. T4 317 3 Deus não deseja que homens saiam como instrutores sem ter aprendido dedicadamente suas lições e continuado o estudo a fim de poder apresentar cada ponto da presente verdade de modo inteligente e aceitável. Tendo um conhecimento da teoria, eles devem continuamente obter mais completo conhecimento de Jesus Cristo. Normas e estudos são necessários; mas com esses o pastor deve combinar oração fervorosa a fim de que possa ser fiel, não edificando sobre fundamento de madeira, palha ou restolho que serão consumidos pelo fogo do último dia. Oração e estudo devem ir de mãos dadas. O fato de que o pastor é aplaudido e elogiado não evidencia que falou sob a influência do Espírito. T4 318 1 Com demasiada freqüência, a menos que se cuide, os jovens convertidos se afeiçoarão mais a seu pastor do que a seu Redentor. Consideram que foram grandemente beneficiados pelos esforços de seu pastor. Imaginam que ele possui os mais elevados dons e virtudes, e que nenhum outro possa fazer tão bem quanto ele; portanto, atribuem importância indevida ao homem e seus trabalhos. Essa é uma confiança que os inclina a idolatrar o homem, e a considerá-lo mais do que Deus; e ao fazerem isso não agradam a Deus nem crescem em graça. Causam um grande prejuízo ao pastor, especialmente se ele é jovem e está se desenvolvendo como promissor obreiro evangélico. T4 318 2 Se esses instrutores são realmente homens de Deus, recebem dEle suas palavras. Sua maneira de falar pode ser falha e necessitar de muito aperfeiçoamento; contudo, se Deus lhes transmite palavras inspiradas, o poder não é do homem, mas de Deus. O Doador deve receber a glória e as afeições do coração, enquanto o pastor deve ser estimado, amado e respeitado por causa de seu trabalho, pois ele é servo de Deus para levar a mensagem de misericórdia aos pecadores. O Filho de Deus é freqüentemente eclipsado pelo homem que se coloca entre Ele e o povo. O homem é louvado, lisonjeado e exaltado, e o povo raramente tem um vislumbre de Jesus, o qual deve eclipsar tudo o mais ao redor mediante preciosos raios de luz dEle refletidos. T4 318 3 O ministro de Cristo, que é imbuído do Espírito e amor de seu Mestre, trabalhará de tal modo que o caráter de Deus e de Seu querido Filho possam ser manifestados da maneira mais plena e clara. Ele se empenhará por fazer seus ouvintes se tornarem inteligentes em suas concepções do caráter de Deus, para que a Sua glória possa ser reconhecida na Terra. Um homem não é convertido antes de nascer em seu coração o desejo de tornar conhecido a outros que precioso Amigo encontrou em Jesus; a verdade santificadora e salvadora não pode ser encerrada em seu coração. O Espírito de Cristo iluminando a alma é representado pela luz que dispersa toda a escuridão; é comparada ao sal por causa de suas qualidades preservadoras; e ao fermento, que secretamente exerce o seu poder transformador. T4 319 1 Aqueles a quem Cristo ligou a Si mesmo irão, tanto quanto puderem, trabalhar diligente e perseverantemente, como Ele trabalhou, para salvar almas que estão perecendo ao seu redor. Alcançarão as pessoas por meio de sincera e fervorosa oração e esforço pessoal. É impossível àqueles que sejam plenamente convertidos a Deus e desfrutam comunhão com Ele, ser negligentes aos interesses vitais dos que estão perecendo longe de Cristo. T4 319 2 O pastor não deve realizar todo o trabalho sozinho, mas deve unir a si aqueles que se apegaram à verdade. Assim ele preparará outros para trabalharem quando ele sair. Uma igreja atuante será sempre uma igreja em crescimento. Sempre encontrará estímulo e uma tônica em tentar ajudar outros, e ao fazê-lo será fortalecida e encorajada. T4 319 3 Li acerca de um homem que, viajando num dia de inverno através de profunda neve acumulada, ficou entorpecido pelo frio, que quase imperceptivelmente lhe roubava as forças. E quando estava quase morto de frio, prestes a desistir da luta pela vida, ouviu os gemidos de um companheiro de viagem, prestes, como ele, a perecer de frio. Despertou-se-lhe a compaixão, no desejo de salvá-lo. Friccionou os membros gelados do infeliz e, depois de considerável esforço, conseguiu pô-lo de pé; mas como não pudesse manter-se em pé, levou-o em braços compassivos através daqueles mesmos montes de neve que ele julgara jamais poder atravessar sozinho. E depois de haver levado seu companheiro de jornada a um lugar de segurança, descobriu que, salvando seu próximo, salvara também a si mesmo. Seus intensos esforços por salvar outro lhe ativaram o sangue que estava a enregelar-se em suas veias, produzindo-lhe às extremidades do corpo um saudável calor. T4 320 1 Estas lições devem ser expostas impressiva e continuamente aos crentes jovens, não só por preceito, mas pelo exemplo, a fim de que em sua experiência cristã possam alcançar resultados semelhantes. Que os desanimados, aqueles inclinados a pensar que o caminho da vida é muito penoso e difícil, saiam ao trabalho e procurem ajudar a outros. Em tais esforços, combinados com oração por luz divina, o próprio coração palpitará com a influência despertadora da graça de Deus; as próprias afeições resplandecerão com mais fervor divino, e toda a sua vida cristã será mais real, mais zelosa e plena de oração. T4 320 2 O ministro de Cristo deve ser um homem de oração, um homem piedoso; alegre, mas nunca rude e ríspido, zombeteiro ou frívolo. Um espírito de frivolidade pode adaptar-se à profissão de palhaços e atores teatrais; mas está totalmente abaixo da dignidade de um homem escolhido para permanecer entre os vivos e os mortos, e ser porta-voz de Deus. T4 320 3 Os trabalhos de cada dia são fielmente registrados nos livros de Deus. Como homens que reivindicam iluminação espiritual, vocês darão um tom moral ao caráter de todos com quem estejam relacionados. Como ministros fiéis do evangelho, vocês devem utilizar todas as energias mentais e todas as oportunidades de sua vida para realizar sua obra com completo êxito, e apresentar cada homem perfeito em Cristo Jesus. A fim de fazê-lo, vocês devem orar fervorosamente. Os ministros do evangelho devem estar de posse desse poder que realizou tais maravilhas em favor dos humildes pescadores da Galiléia. T4 320 4 Faculdades morais e intelectuais são necessárias a fim de que vocês cumpram com fidelidade os importantes deveres que lhes compete; embora possuindo essas qualidades, pode ainda haver uma grande falta de santidade. A concessão do Espírito Santo é indispensavelmente essencial ao êxito em seu grande trabalho. Disse Cristo: "Sem Mim nada podeis fazer." João 15:5. Mas sendo fortalecidos por Cristo, vocês podem realizar todas as coisas. ------------------------Capítulo 28 -- Simpatia pelos que erram T4 321 1 Estimado irmão A: T4 321 2 Levantei-me cedo para escrever-lhe. Luz adicional me foi dada ultimamente, pela qual sou responsável. Duas vezes enquanto nesse Estado o Senhor Se revelou a mim. Enquanto pleiteava com Ele à noite, foram-me mostradas em visão muitas coisas relacionadas à causa de Deus. Foi-me apresentado o estado de coisas na igreja, no colégio, no hospital e nas casas publicadoras localizadas em Battle Creek, e a obra de Deus na Europa, na Inglaterra, em Oregon e Texas, e em outros novos campos. Há premente necessidade de que o trabalho em novos campos comece da maneira correta e traga o cunho divino. Muitos nesses novos campos estarão em perigo de aceitar a verdade ou com ela concordar, que não têm uma genuína conversão de coração. Quando provados pela tormenta e tempestade, descobrir-se-á que sua casa não foi edificada sobre a rocha, mas sobre areia movediça. O pastor deve possuir religião prática e desenvolvê-la em sua vida diária e caráter. Seus sermões não devem ser exclusivamente teóricos. T4 321 3 Foram-me mostradas algumas coisas desfavoráveis à prosperidade da causa da verdade no Texas. O irmão B e seus familiares ainda não têm sido uma bênção ou ajuda para a causa de Deus em lugar algum. Foi-me mostrado anteriormente que a influência deles não tem sido um aroma suave. Não podem edificar a causa de Deus, por que não possuem em si os elementos que os tornem capazes de exercer uma influência salutar do lado de Deus e da verdade. Se vocês tivessem tido a mente de Deus, não teriam sido tão destituídos de discernimento, especialmente após terem sido fielmente advertidos por aqueles em quem deviam ter tido confiança. Palavras suaves e discursos bonitos os enganaram. Esses irmãos não são todos iguais, mas todos têm caráter imperfeito. Pela constante vigilância sobre si mesmos, e zelosa oração a Deus em fé, podem ter êxito em manter o eu em seu lugar correto. Através de Jesus Cristo podem ser transformados em caráter, e obter aptidão moral para encontrar o Senhor quando vier; mas Deus não colocará qualquer responsabilidade importante sobre eles, pois assim as almas estariam expostas ao perigo. Esses homens não estão aptos a conduzir o rebanho de Deus. Exatamente quando suas palavras deviam ser poucas e bem escolhidas, modestas e despretensiosas, seus traços naturais de caráter são entremeados em tudo quanto fazem e dizem, e a obra de Deus é maculada. T4 322 1 Você e o irmão C não têm tido verdadeiro discernimento. Tiveram demasiada confiança na habilidade desses homens. Um navio pode parecer ótimo em quase todo aspecto; mas se há um defeito -- um pedaço de madeira carcomida por vermes -- a vida de todos a bordo estará em perigo. Quase todos os elos de uma corrente podem ser bons; mas um elo defeituoso destruirá o seu valor. Indivíduos que possuem excelentes qualidades podem ter assinalados traços de caráter que os desqualificam para ser encarregados da solene e sagrada obra de Deus. Mas esses homens são deficientes em quase tudo que se refere ao caráter cristão. Seu exemplo não é digno de imitação. T4 322 2 Você precisa que muito seja feito em seu favor, meu irmão, antes que seus esforços sejam o que deveriam e poderiam ser. Seu entendimento tem sido obscurecido. Simpatia e união com aqueles cujo caráter foi lançado num molde inferior, não o elevarão nem o enobrecerão, mas enferrujarão e corroerão a sua mente e prejudicarão a sua utilidade e o afastarão de Deus. Você é de natureza impulsiva. Encargos da vida doméstica e da causa não recaem pesadamente sobre você; e a menos que esteja constantemente sobre a influência refinadora do Espírito de Deus, estará em perigo de tornar-se rude em suas maneiras. A fim de corretamente representar o caráter de Cristo na grande obra em que está empenhado, você precisa ser mais espiritual e manter mais íntima comunhão com Deus. Os seus próprios pensamentos devem ser elevados, seu coração santificado, a fim de que sejam coobreiro com Jesus Cristo. "Purificai-vos, vós que levais os utensílios do Senhor." Isaías 52:11. T4 323 1 A obra de Deus no Texas estaria em mais elevada posição hoje se os irmãos B não tivessem ligação com ela. Eu poderia citar razões mais particulares por que isto se dá, mas não o farei nesta ocasião. É suficiente dizer que esses homens não são corretos para com Deus. Sentindo-se auto-suficientes e competentes para quase qualquer chamado, eles não empreenderam esforços para corrigir os traços objetáveis de caráter que lhes foram transmitidos como herança, mas que por meio de educação, cultura e treinamento, poderiam ter sido vencidos. Fizeram algumas melhorias nesse sentido; mas se forem pesados na balança, seriam ainda achados em falta. T4 323 2 A Palavra de Deus tem abundância de princípios gerais para a formação de corretos hábitos de vida, e os testemunhos, gerais e pessoais, têm sido planejados para chamar sua atenção de modo mais especial para esses princípios; tudo isso, porém, não tem causado impressão suficiente sobre seu coração e mente para levá-los a perceber a necessidade de decidida reforma. Se tivessem corretas opiniões a respeito de si mesmos em contraste com o Modelo perfeito, cultivariam aquela fé que atua por amor e purifica a alma. Esses irmãos, exceto AB, são naturalmente arbitrários, ditatoriais e auto-suficientes. Não consideram os outros melhores do que eles próprios. São invejosos e ciumentos de qualquer membro da igreja, que, julgam, será mais estimado do que eles. Professam ser conscienciosos; mas coam um mosquito e engolem um camelo em seu trato com seus irmãos, que, temem, serão considerados superiores a eles. Apegam-se a coisas pequenas e falam sobre particularidades, dando sua própria interpretação a palavras e atos. Isto é particularmente verdade acerca de dois desses irmãos. T4 323 3 Esses homens, especialmente AB, são oradores desembaraçados e fluentes. Sua maneira suave de relatar as coisas tem tal aparência de honestidade e genuíno interesse pela causa de Deus, que tendem a enganar e obscurecer a mente de quem os ouve. Meu coração dói de tristeza enquanto escrevo, porque sei da influência dessa família onde quer que seja sentida. Não planejei falar com respeito a essas pessoas novamente; mas a solene exposição desses assuntos perante mim me compele a escrever uma vez mais. Se os ministros da Palavra que professam estar relacionados com Deus não podem discernir a influência de tais homens, são desqualificados para se apresentarem como instrutores da verdade de Deus. Se essas pessoas somente mantivessem sua apropriada posição, e nunca tentassem ensinar ou liderar, eu ficaria em silêncio; mas quando vejo que a causa de Deus está em perigo de sofrer, não posso mais ficar quieta. T4 324 1 Não deve ser permitido que esses irmãos se fixem todos num lugar e formem a liderança na igreja. Eles têm falta de afeição natural. Não manifestam simpatia, amor e sentimento refinado uns para com os outros, mas se envolvem em inveja, ciúmes, queixas e contendas entre si. Sua consciência não é sensível. O amor, gentileza e mansidão de Cristo não ajudam a compor a experiência deles. Não permita Deus que tal elemento exista na igreja. A menos que essas pessoas sejam convertidas, não podem ver o reino do Céu. É muito mais compatível ao seus sentimentos estarem destruindo, apanhando faltas e procurando falhas e defeitos em outros, do que em lavar as próprias vestes de caráter da contaminação do pecado, tornando-as brancas no sangue do Cordeiro. T4 324 2 Chego agora à parte mais penosa desta história, a que se refere ao irmão D. O Senhor levou-me a analisar uma investigação em que você e o irmão C participavam em grande medida. Deus foi ofendido por ambos. Vi e ouvi o que me causou grande dor e desapontamento. Tal conduta irracional e ímpia como foi seguida nessa investigação era exatamente o que se poderia esperar do irmão B; mas minha maior surpresa e dor foi que homens tais como o irmão C e você tivessem parte ativa nessa vergonhosa investigação unilateral. T4 324 3 Ao irmão C, que atuou como advogado para questionar e trazer à mais forte luz as minúcias, eu diria: Eu não aceitaria tal trabalho como minha responsabilidade nem por toda a riqueza do mundo. Você foi simplesmente enganado e iludido por um estranho espírito que não devia ter qualquer valor, nem receber respeito algum. Inveja, ciúmes, vãs suspeitas e disputas duvidosas fizeram um carnaval nessa ocasião. T4 325 1 Você pode me julgar demasiado severa, mas não posso ser mais severa do que o caso merece. Pensaram todos vocês, quando condenaram os inocentes, que Deus estava inteiramente de acordo com isso? A condição posterior do irmão D foi o resultado da posição tomada por você naquela ocasião. Se você tivesse revelado justiça e simpatia, ele estaria hoje onde sua influência se identificaria ao lado da verdade sob o poder que um espírito manso e tranqüilo exerce. O irmão D não era um orador fluente, e as palavras suaves e discursos bonitos de AB, proferidos com aparente vivacidade e pureza, exerceram efeito. O pobre homem sem visão devia ter sido considerado com piedade e ternura; mas, em vez disso, foi colocado sob a pior luz possível. Deus viu, e não considerará nenhum de vocês inocente por terem parte na injusta investigação. Irmão A, não lhe parecerá então tão divertido como quando esteve sentado em julgamento contra um irmão cego. Você deve aprender uma lição dessa experiência; ou seja, fechar os ouvidos àqueles que o convenceram contra aqueles a quem Deus gostaria que você apoiasse e fortalecesse, e de quem se compadecesse. T4 325 2 Você e o irmão C não puderam ver os defeitos do irmão B, nem discernir os traços opostos de caráter do irmão D. Mas a sua influência, santificada pelo Espírito de Deus falaria sobre a causa de Deus com poder dez vezes maior do que o do irmão B. Você, irmão D, causou muito prejuízo; e aconselho que se arrependa de seu erro tão prontamente quanto o cometeu. Em nome do Mestre, apelo-lhe a que se desvincule de influências humanas e feche os ouvidos a boatos e astuciosos. Que nenhuma pessoa coloque um testemunho em sua boca; mas permita que Deus, em vez de seres humanos não consagrados no lar e fora dele, lhe dê uma responsabilidade em Sua causa. T4 325 3 O irmão C precisa do suavizante e refinador Espírito de Deus no coração. Precisa exercitá-lo em seu lar. "O amor seja não fingido." Romanos 12:9. Que o espírito arbitrário, ditatorial e censurador, juntamente com toda a maldade, sejam removidos de seu lar. O mesmo espírito arrogante, censurador, será transferido à igreja. Se seus sentimentos forem um pouco suavizados no presente momento, ele atuará de maneira mais bondosa; mas se ocorrer o oposto, agirá de acordo com isso. Ele não tem exercido domínio próprio e autodisciplina. Onde o irmão D tem um defeito, seus juízes e aqueles que o condenaram têm dez. T4 326 1 Irmão A, por que não tomou plenamente o partido do oprimido? Por que você não resolveu essa questão? Por que não ergueu sua voz, como fez seu Salvador e disse: "Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra." João 8:7. Você cometeu um terrível erro, que pode resultar na perda de algumas almas, não obstante tê-lo feito ignorantemente. Se uma palavra de ternura e genuína piedade tivesse sido expressa por você ao irmão D, ela teria sido registrada em sua conta no Céu. Você não teve, porém, mais percepção da obra que estava fazendo para o tempo e a eternidade do que aqueles que condenaram a Cristo; e você julgou e condenou o seu Salvador na pessoa de Seu santo. "Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes." Mateus 25:40. A hipocrisia sempre encontrou a mais severa reprovação de Jesus; ao passo que os verdadeiros pecadores que vieram a Ele em sincero arrependimento foram recebidos, perdoados e confortados. T4 326 2 Você pensou que o irmão D poderia ser levado a crer que o errado era certo e o certo era errado, simplesmente porque seus irmãos queriam que ele assim cresse? Ele estava doente e nervoso. Tudo lhe parecia escuro e incerto. Sua confiança em você e no irmão C tinha desaparecido, e com quem ele devia contar? Ele foi censurado por uma coisa e depois por outra, até que se tornou confuso, distraído e desesperado. Aqueles que o levaram a essa condição cometeram o maior pecado. T4 326 3 Onde estava a compaixão, mesmo sobre o pretexto de solidariedade humana? Os mundanos, via de regra, não teriam sido tão descuidosos, tão isentos de misericórdia e cortesia; eles teriam exercido mais compaixão para com um homem levando em conta sua própria enfermidade, considerando-o merecedor da mais terna atenção e amor fraternal. Ali, entretanto, estava um homem cego, um irmão em Cristo, e vários de seus irmãos estavam sentados como juízes acerca do caso dele. T4 327 1 Mais de uma vez no decorrer do julgamento, enquanto um irmão estava sendo caçado como um coelho para morte, você irrompia em gargalhada. Ali estava sentado o irmão C, naturalmente tão bondoso e compassivo que censurou seus irmãos por sua crueldade em matar a presa para benefício próprio; no entanto, ali estava um pobre cego de valor tão superior às aves, como o homem formado à imagem de Deus o é em relação às criaturas irracionais sob Seu cuidado. "Coais um mosquito e engolis um camelo" (Mateus 23:24) teria sido o veredicto dAquele que falou como jamais alguém falou, tivesse Sua voz sido ouvida na assembléia de vocês. T4 327 2 Aquele que teve tão terna compaixão pelos pássaros, poderia ter exercido uma compaixão digna de louvor e amor por Cristo na pessoa de Seu afligido santo. Vocês, porém, agiram como homens de olhos vendados. O irmão B habilmente apresentou um agradável discurso. O irmão D não era um orador tão fluente. Seus pensamentos não podiam ser revestidos em linguagem que formulasse um argumento, e estava por demais surpreso para tirar melhor proveito da situação. Seus irmãos, críticos e rudes, tornaram-se advogados e colocaram o homem cego em grande desvantagem. Deus viu e assinalou as transações daquele dia. Esses homens, peritos em obscurecer as coisas e obter vantagem, aparentemente triunfaram, enquanto o irmão cego, mal interpretado e prejudicado, sentia que tudo estava se afundando sob seus pés. Sua confiança naqueles em quem havia acreditado serem representantes de Cristo foi terrivelmente abalada. O choque moral que recebeu quase resultou em sua ruína, tanto espiritual como física. Todos que haviam se empenhado nesse trabalho deviam sentir o mais profundo remorso e arrependimento diante de Deus. T4 327 3 O irmão D cometeu um erro em submergir sob essa carga de reprovação e crítica desmerecida, que deveria ter caído sobre outras cabeças. Ele amou a causa de Deus com integridade de alma. Deus demonstrou o Seu cuidado pelo cego, dando-lhe prosperidade; mas mesmo isso foi usado contra ele por seus invejosos irmãos. Deus tem colocado no coração dos descrentes o serem bondosos e misericordiosos para com ele por ser um homem cego. O irmão D tem sido um cavalheiro cristão, e tem feito até os seus inimigos mundanos viverem em paz com ele. Deus tem sido para ele um Pai bondoso, e tem suavizado o seu caminho. Ele devia ter sido veraz ao seu conhecimento da verdade, e servido a Deus com singeleza de coração, a despeito de censura, inveja e falsas acusações. Foi a posição que você tomou, irmão A, que foi o golpe de misericórdia no irmão D. Mas ele não devia deixar de manter-se apegado a Deus, conquanto os pastores e o povo assumissem uma conduta em que ele não podia ver justiça. Se estivesse firmado na Rocha Eterna, ele teria permanecido firme ao princípio, e a todo custo defendido sua fé e a verdade. Oh, que necessidade há de o irmão D apegar-se mais intimamente ao Braço que é poderoso para salvar! T4 328 1 Todo valor e grandeza desta vida se relaciona com o Céu e a vida futura, imortal. O eterno braço de Deus envolve a alma que se volta para Ele em busca de ajuda, por mais fraca que seja essa alma. As coisas preciosas das colinas perecerão; mas a alma que vive para Deus, insensível à censura, não pervertida pelo aplauso, habitará para sempre com Ele. A cidade de Deus abrirá os seus portões dourados para receber aquele que aprendeu enquanto viveu na Terra a depender de Deus para receber orientação e sabedoria, conforto e esperança em meio à perda e aflição. Os cânticos dos anjos o recepcionarão ali, e para ele a árvore da vida produzirá os seus frutos. T4 328 2 O irmão D falhou onde deveria ter sido vitorioso. Mas o piedoso olhar de Deus está sobre ele. Conquanto a compaixão do homem possa falhar, ainda assim Deus ama e Se compadece e estende Sua mão ajudadora. Se ele for submisso, manso, de coração humilde, ainda erguerá a cabeça e firmará os pés firmemente sobre a Rocha dos Séculos. "As montanhas se desviarão e os outeiros tremerão; mas a Minha benignidade não se desviará de ti, e o concerto da Minha paz não mudará, diz o Senhor, que Se compadece de ti." Isaías 54:10. T4 328 3 Nenhum de nós tem desculpa sobre qualquer forma de julgamento, por deixar o nosso apego a Deus desfazer-se. Ele é a nossa fonte de força, nossa fortaleza em toda prova. Quando clamarmos a Ele por ajuda, Sua mão será estendida poderosamente para salvar. O irmão D devia ter sentido que, tendo a Deus por seu pai, podia esperar e regozijar-se, embora todo amigo humano dele se esquecesse. Apelo-lhe para não roubar a Deus de seu serviço porque o homem frágil o tem julgado errado, mas apressar-se e consagrar-se a Deus e servi-Lo com todas as faculdades de seu ser. Deus o ama, e ele ama a Deus; e suas obras devem estar em harmonia com a sua fé, seja qual for a conduta que os homens possam ter para com ele. Os seus inimigos podem apontar a sua posição presente como evidência de que estavam certos no julgamento que fizeram dele. A conduta do irmão D foi apressada e sem a devida consideração. Sua alma tem-se angustiado, e julga que a ferida foi muito profunda para ser restaurada. Aqueles que o perseguiram tão incansavelmente têm estado na vida e no caráter longe de serem inocentes. Se Deus tivesse tratado os seus caminhos tortuosos e caráter imperfeito como eles trataram com o irmão D, teriam perecido há muito tempo. Mas um Deus compassivo os tem suportado, e Ele não os trata de acordo com os seus pecados. T4 329 1 Deus tem sido verdadeiro para o irmão D, e ele devia corresponder a Seus tratos misericordiosos, não obstante o homem ter revelado tão pouca ternura e sentimentos de solidariedade humana. É privilégio do irmão D ocultar-se em Cristo da contenda das palavras e sentir que fontes inexauríveis de gratidão, contentamento e paz lhe estão abertas e acessíveis a todo o momento. Se ele tivesse ilimitados tesouros terrestres, não seria tão rico como pode agora ser no privilégio de estar do lado do certo e de beber plenamente das fontes de salvação. T4 329 2 O que Deus não tem feito pelo irmão D ao dar-lhe Seu Filho para morrer por ele? E com Ele não dará livremente todas as coisas? Por que deve ser infiel a Deus em razão de os homens terem sido infiéis a ele? O amor que liga o coração da mãe ao seu aflito filho é mais forte do que a morte, contudo Deus declara que ainda que uma mãe possa esquecer-se de seu filho, "Eu, todavia, Me não esquecerei de ti". Isaías 49:15. Não; nenhuma única alma que coloca sua confiança nEle será esquecida. Deus pensa em Seus filhos com a mais terna solicitude, e mantém um memorial escrito diante dEle, para que jamais possa esquecer-Se dos filhos sob Seus cuidados. T4 330 1 Rompem-se às vezes vínculos humanos, Entre amigos se vê deslealdade, A mãe, por vezes, não anima os seus, Céu e terra hão de passar; Porém mudança alguma, Ocorre no infinito amor de Deus. T4 330 2 O irmão e a irmã D poderiam ter sido de preciosa ajuda à igreja em levá-la a uma posição de melhor entendimento, se a igreja tivesse aceitado os seus esforços. Mas inveja, vãs suspeitas e ciúme os afastaram da igreja. Se tivessem deixado as cenas de seu julgamento mais cedo do que o fizeram, teria sido melhor para eles. Salem, Oregon, 8 de Julho de 1878. ------------------------Capítulo 29 -- A causa no Texas T4 330 3 Deus me mostrou muito com respeito à obra de Satanás no Texas, e a conduta ímpia de alguns que se mudaram de Michigan para lá. Foi-me mostrado que os irmãos B não aceitaram de coração o testemunho que lhes foi dado. Eles têm mais confiança em si mesmos do que no Espírito de Profecia. Sentiram que a luz dada não era do Céu, mas que se originou de relatos que me foram feitos com respeito a eles. Isto não é correto. Contudo, permita-me perguntar, não havia fundamento para os relatos? A própria história da vida deles não condena a sua conduta? T4 330 4 Nenhuma pessoa dessa família teve uma experiência religiosa que a qualificaria a tomar qualquer posição de liderança num ensino da verdade para outros. "Purificai-vos, vós que levais os utensílios do Senhor" (Isaías 52:11) foram as palavras proferidas pelo anjo de Deus. "Eles não são vasos escolhidos por Deus para realizar qualquer parte de Seu trabalho tão sagrado. Maculam e corroem, mas não purificam e abençoam." Vocês têm, irmãos B, sempre mantido um baixo padrão de cristianismo. Por um tempo, onde não são plenamente conhecidos, têm tido influência. Uma vez obtido influência, tornam-se menos cuidadosos, e agem segundo as propensões naturais do coração, até que aqueles que amam a verdade percebam que vocês são um grande empecilho ao avanço da obra de Deus. Isto não é vã suspeita, mas fatos reais do caso. T4 331 1 Se vocês sempre manifestassem bondade, respeito, amor nobre e generosidade, mesmo para com homens ímpios, poderiam prestar serviço eficiente a Cristo. Se o Espírito de Cristo habitasse em vocês, Ele seria representado em suas palavras, atos, e mesmo na expressão de seu semblante. Sua conversação expressaria mansidão, não orgulho e jactância. Não buscariam exaltar-se e glorificar-se. A humildade é uma graça cristã com a qual vocês não estão familiarizados. Têm aspirado a supremacia, e tentado fazer com que o seu poder e superioridade sejam sentidos ao controlar e dar ordens a outros. Especialmente tem sido este o caso com A B. Ele e sua esposa, pela própria influência, não podem melhorar a reputação moral e espiritual da causa de Deus. Quanto mais limitada a sua esfera em relação à causa de Deus, melhor será para ela. Suas palavras e ações em questões de negócios não são confiáveis. Este geralmente é o caso de A B e seus irmãos. O mundo e a igreja têm direito de dizer que a religião deles é vã. São mundanos e calculistas, e procuram oportunidade para conseguir um negócio favorável. São rudes e severos para com aqueles que se relacionam com eles. São invejosos, ciumentos, pretensiosos. T4 331 2 Os que assim representam a verdade, criam uma tremenda barreira para a salvação de outros. A menos que sejam transformados, seria melhor que nunca tivessem abraçado a verdade. Sua mente é controlada mais por Satanás do que pelo Espírito de Deus. A esposa do irmão A B possui por natureza um coração bondoso, mas tem sido moldada por seu marido. Ela é uma faladora descuidada. Sua língua é freqüentemente incendiada com as chamas do inferno; é incontrolável. "Na multidão de palavras", diz Salomão, "não falta transgressão." Provérbios 10:19. Isso certamente é verdade em seu caso. Ela exagera, e dá falso testemunho, e está assim constantemente transgredindo o mandamento de Deus, embora professe observar os mandamentos. Ela não pretende agir mal; mas o seu coração não é santificado pela verdade. T4 332 1 Enquanto vocês, irmãos B, têm-se precipitado no envolvimento em controvérsia com outros sobre pontos de nossa fé, sem exceção têm estado adormecidos no que se refere àquelas coisas que pertencem ao cristianismo. Não estão nem mesmo sonhando quanto à posição perigosa que ocupam. Essa apatia se estende sobre a igreja e sobre cada um que, professando a Cristo, como vocês têm feito, nega-O por suas obras. Estão levando outros ao mesmo caminho de descuido em que estão trilhando. A Palavra de Deus declara que sem santificação "ninguém verá o Senhor". Hebreus 12:14. Jesus morreu "para nos remir de toda iniqüidade e purificar para Si um povo Seu especial, zeloso de boas obras". Tito 2:14. T4 332 2 "A graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente." Tito 2:11, 12. Cristo diz: "Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos Céus." Mateus 5:48. Para que servem suas orações enquanto atendem "a iniqüidade no coração"? Salmos 66:18. A menos que façam uma mudança completa, não demorará muito, tornar-se-ão cansados de reprovação, como se deu com os filhos de Israel; e, à semelhança deles, apostatarão de Deus. Alguns de vocês, em palavras, reconhecem a reprovação; mas não a aceitam de coração. Continuam como antes, somente sendo menos suscetíveis à influência do Espírito de Deus, tornando-se cada vez mais cegos, tendo menos sabedoria, menos domínio próprio, menos poder moral, e menos zelo e entusiasmo pelas atividades religiosas; e a menos que sejam convertidos, deixarão afinal de apegar-se inteiramente a Deus. Não realizaram mudanças decisivas na vida quando veio a reprovação, porque não viram nem perceberam os seus defeitos de caráter e o grande contraste entre a sua vida e a vida de Cristo. Tem sido a sua política colocar-se numa posição onde não perderiam totalmente a confiança de seus irmãos. T4 332 3 Foi me mostrado que a condição da igreja de _____ é deplorável. A sua influência, irmão A B, e a de sua esposa, têm resultado, como o irmão e todos podem ver, em discórdia e contenda, e se revelarão a ruína final da igreja, a menos que mudem de local ou se convertam. Você corrói e enferruja aqueles que se relacionam com você. Você tem simpatizantes, porque nem todos o vêem como Deus o vê. A percepção deles é pervertida por sua multiplicidade de palavras e palestras agradáveis. Essa é uma triste e desanimadora situação. T4 333 1 Foi-me mostrado que no que se refere a palestras, A B está qualificado a dirigir as reuniões; mas quando a aptidão moral é pesada, ele é achado em falta. O seu coração não é correto para com Deus. Quando outros são colocados numa posição de liderança têm de confrontar com o espírito de oposição dele e de sua esposa. Esse espírito não santificado não é manifesto abertamente, mas atua secretamente para prejudicar, desencorajar e deixar perplexos os que estão tentando realizar o melhor que podem. Deus a tudo vê, e no devido tempo isso receberá sua justa recompensa. Dirigir ou arruinar é a política desse irmão, e sua esposa não está agora em melhor condição. Os seus sentidos estão pervertidos. Ela não é correta para com Deus. T4 333 2 Irmão A B, um registro da triste história que está formando é mantido no Céu. Seu coração está em guerra com os testemunhos de reprovação. A família E tem sido, e ainda está sendo enganada por você. Outros estão mais ou menos perplexos, porque você pode falar bem sobre a verdade presente. A harmonia e unidade não existem na igreja de _____. Você não recebeu nem agiu segundo a luz que lhe foi dada. Se tivesse acatado as palavras de Salomão, não seria hoje encontrado em um caminho tão escorregadio. Ele diz: "Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento." Provérbios 3:5. Inteira submissão à vontade e caminhos de Deus, unida à profunda desconfiança de sua própria sabedoria, teriam-no conduzido para uma vereda mais segura. T4 333 3 Sua autoconfiança tem sido muito grande. Tão logo seja sugerido que um irmão dirija as reuniões ou assuma uma posição de confiança em seu lugar, você decide que tanto quanto depender de você, ele não deve ter sucesso, e com o poder de sua vontade pervertida, tem colocado em ação o seu espírito de oposição. T4 333 4 Sua atitude para com o irmão D foi abusiva. O coração dele foi estimulado com a mais profunda simpatia por você. Ele tinha sido seu amigo; mas o fato de ter-se desligado de você foi suficiente para criar em você um espírito de ciúmes que foi tão cruel quanto a sepultura. E esse espírito foi exercido contra um homem cego -- alguém que deveria ter sido objeto do mais bondoso cuidado e da mais profunda simpatia da parte de todos. Foi seu espírito perverso e enganador que levou outros a simpatizar-se com você em vez dele. Quando ele viu que a clara luz do caso não podia ser levada perante os irmãos, e estava plenamente convencido de que o erro estava triunfando sobre o que é certo, seu espírito ficou tão magoado que ele se viu desesperado. Foi então que deixou o seu apego a Deus. Um ataque parcial de paralisia lhe sobreveio. Ele quase ficou prejudicado, mental e fisicamente. Nas reuniões da igreja, questões de somenos importância foram tratadas, discutidas e destacadas ao máximo; e erro, impressões cruelmente equivocadas foram colocadas sobre a mente dos que estavam presentes. T4 334 1 Buscar assim prejudicar um homem que está em plena posse de todas as suas faculdades é um grande pecado; mas tal conduta para com um homem que é cego, e que devia ser tratado de tal maneira que sua perda de visão fosse sentida o mínimo possível, é um pecado de muito maior magnitude. Se você tivesse sido homem sensível, um cristão como professa ser, não o teria prejudicado como fez. Contudo, o irmão D tem um Amigo no Céu que pleiteou sua causa, e o fortaleceu para apegar-se novamente às promessas de Deus. Quando o irmão D ficou desequilibrado por causa de sua grande angústia e o tratamento que recebeu, agiu como um homem insano. Isso foi usado contra ele como evidência de que tinha um espírito mau. Mas o Juiz que tudo vê pesa os motivos, e recompensará segundo as obras feitas. T4 334 2 Você, irmão A B, tem-se ensoberbecido com vã presunção e se julga competente para qualquer tarefa. Renunciou aos Testemunhos do Espírito de Deus; e se pudesse fazer as coisas ao seu modo, lançaria tudo em um novo molde. Quão difícil para você é ver as coisas numa luz apropriada, quando o dever conduz numa direção e a inclinação noutra. Suas idéias do caráter de Cristo e da necessária preparação para a vida futura são estreitas e pervertidas. T4 335 1 Foi-me mostrado que os irmãos B e seus familiares estão decaindo cada vez mais. "São nuvens sem água, levadas pelos ventos de uma para outra parte; são como árvores murchas, infrutíferas"; e se continuarem na mesma conduta, finalmente serão "duas vezes mortas, desarraigadas." Judas 12. Ao se inclinarem a próprio entendimento, desceram ao ponto onde não têm religiosidade prática, nem Céu, nem Deus. T4 335 2 Se todo o povo de Deus estivesse a Ele unido, discerniria as habilidades limitadas desses homens, seus preconceitos, inveja, ciúme e autoconfiança. As objeções que seu ímpio coração pode levantar contra os Testemunhos do Espírito de Deus não serão, na providência divina, removidos. Eles podem tropeçar e cair sobre questões originadas com eles mesmos. Mas o povo de Deus deve ver que seu orgulhoso coração nunca se humilhou e seus altivos olhares nunca foram baixados. A Bíblia é clara sobre todos os pontos que se relacionam com o dever cristão. Todos quantos fazem a vontade de Deus conhecerão a doutrina. Mas essas pessoas estão buscando luz de seus próprios candeeiros e não do Sol da Justiça. T4 335 3 Nenhum homem que não expressa o real sentimento do coração pode ser chamado um homem veraz. A falsidade praticamente consiste em uma intenção de enganar; e isso pode ser mostrado por um olhar ou por uma palavra. Mesmo os fatos podem ser arranjados e expostos de tal forma que se tornem falsidades. Alguns são peritos nesses negócios e buscarão justificar-se por desviarem da estrita veracidade. Há alguns que, a fim de destruírem ou prejudicarem a reputação de outros, por pura malícia, inventarão falsidades a respeito deles. Mentiras de interesse próprio são proferidas na compra e venda de bens, gado, ou qualquer tipo de mercadoria. Mentiras de vaidade são proferidas por homens que gostam de parecer o que não são. Uma história não pode passar pela mão deles sem acréscimo. Oh, quanto é feito no mundo que os praticantes um dia gostariam de desfazer! Mas o registro de palavras e atos nos livros do Céu contarão a triste história de falsidades proferidas e praticadas. T4 336 1 Falsidade e engano de todo o tipo é pecado contra o Deus da verdade e veracidade. A Palavra de Deus é clara sobre estes pontos: "Não... mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo." Levítico 19:11. "Mas, quanto... a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte." Apocalipse 21:8. Deus é um Deus de sinceridade e verdade. A Palavra de Deus é um livro de verdade. Jesus é uma testemunha fiel e verdadeira. A igreja é a testemunha e território da verdade. Todos os preceitos do Altíssimo são verdadeiros e totalmente justos. Como, então, devem a prevaricação e qualquer exagero ou engano afigurar-se a Sua vista? Pela falsidade que pronunciou por cobiçar os presentes que o profeta recusou, o servo de Eliseu foi acometido de lepra, que terminou somente com a morte. T4 336 2 Até a própria vida não deve ser comprada pelo preço da falsidade. Por uma simples palavra ou um aceno, os mártires poderiam ter negado a verdade e salvado a própria vida. Consentindo em lançar um simples grão de incenso sobre o altar idólatra poderiam ter se salvado da tortura, do cadafalso ou da cruz. Mas eles recusaram usar de falsidade tanto por palavras como por atos, apesar da vida ser a graça que poderiam receber em troca. Eles consideravam bem-vindas prisão, tortura e morte, com consciência limpa, em vez de libertação através de engano, falsidade e apostasia. Por fidelidade e fé em Cristo eles obtiveram vestes imaculadas e coroas adornadas. Sua vida foi enobrecida e elevada à vista de Deus, porque permaneceram firmes ao lado da verdade sob as mais adversas circunstâncias. T4 336 3 Os homens são mortais. Podem ser sinceramente religiosos, e contudo ter muitos erros de conhecimento e muitos defeitos de caráter; mas não podem ser seguidores de Cristo, e ainda estar associados com Ele, aqueles que amam e praticam a mentira. Apocalipse 22:15. Tal vida é uma fraude, uma perpétua falsidade, um engano fatal. É um teste rigoroso de coragem para homens e mulheres serem levados a enfrentar os próprios pecados e com franqueza reconhecê-los. Dizer: "Este erro deve ser lançado à minha conta" requer uma força de princípio interior que o mundo possui apenas em grau limitado. Aquele, porém, que tem a coragem de dizer isto com sinceridade, ganha uma decidida vitória sobre o eu, e efetivamente fecha a porta contra o inimigo. T4 337 1 Uma adesão aos mais estritos princípios da verdade freqüentemente provocarão inconveniência no presente, e pode mesmo envolver perda temporal; mas aumentará a recompensa na vida futura. A religião não consiste meramente num sistema de doutrinas secas, mas em fé prática, que santifica a vida e corrige a conduta no círculo familiar e na igreja. Muitos podem dizimar o cominho e a hortelã, mas negligenciar questões de maior peso -- a misericórdia e o amor de Deus. Andar humildemente com Deus é essencial para a perfeição do caráter cristão. Deus requer princípio firme nos mínimos detalhes das transações da vida. Disse Cristo: "Quem é fiel no mínimo também é fiel no muito." Lucas 16:10. T4 337 2 Não é a magnitude nem a aparente insignificância de uma transação comercial que a torna justa ou injusta, honesta ou desonesta. Pelo mínimo desvio da retidão nos colocamos no terreno do inimigo, e podemos seguir, passo a passo, a qualquer grau de injustiça. Uma vasta proporção do mundo cristão divorcia a religião de seus negócios. Milhares de pequenos truques e desonestidade são praticados no trato com seus semelhantes, o que revela o verdadeiro estado do coração, mostrando a sua corrupção. T4 337 3 Você, irmão A B, não honra a causa da verdade. A fonte precisa ser purificada, para que as águas possam ser puras. Sua esposa se empenha demais em procurar máculas e manchas no caráter de seus irmãos e irmãs. Enquanto busca tirar as ervas daninhas nos jardins de seus vizinhos, negligencia o seu próprio. Ela precisa fazer esforços mais diligentes a fim de desenvolver um caráter imaculado. É muitíssimo perigoso ela falhar aqui. Se perder o Céu, perde tudo. Ambos devem purificar o templo da alma, que se tornou terrivelmente poluído. A mente de vocês se tornou tristemente pervertida. "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria." Salmos 111:10. Seja muito zeloso e desconfiado do eu, mas nunca deixe que sua língua seja usada para expressar o zelo de seu coração a respeito de outros. Resta uma grande obra para ambos realizarem, humilhar-se de tal modo perante Deus que Ele aceite o arrependimento de vocês. Até aqui vocês têm sido ouvintes, mas não perseverantes praticantes da Palavra. Admitiram repetidas vezes estarem errados; mas a mente carnal permaneceu inalterada. Fizeram uma pequena mudança sob a influência da emoção; mas não tem havido uma reforma de princípio. Vi que chegou o tempo em que é preciso agir quanto ao caso de vocês, a menos que uma mudança total seja efetuada em sua vida. A igreja de Deus não pode transigir com seus modos rudes e baixo padrão de cristianismo. T4 338 1 Um de vocês, irmãos, é suficiente num lugar. Estão continuamente em contenda e guerra entre si, rancorosos e odiando um ao outro. Conquanto sejam um provérbio para os do mundo com quem se associam, vocês estão tão distantes de Deus que não podem ver outra coisa senão que estão certos. Cada um de vocês precisa de uma visão mais íntima do caráter de Cristo, a fim de poder discernir mais claramente o que significa ser semelhante a Ele. A menos que vocês todos mudem de conduta, e vençam inteiramente seu modo pomposo, ditatorial, descortês de proceder, desonrarão a causa aonde quer que forem; e seria melhor que nunca tivessem nascido. O tempo é chegado para volverem-se para a direita ou para a esquerda. "Se o Senhor é Deus, segui-O; e, se Baal, segui-o." 1 Reis 18:21. O deformado caráter desenvolvido em vocês é uma desgraça para o nome de cristão. Nenhuma igreja prosperará sob a liderança ou guia de vocês; pois não estão ligados a Deus. Vocês são jactanciosos, orgulhosos, presunçosos, e moldariam outros segundo o mesmo padrão de vocês. T4 338 2 A igreja de Deus por muito tempo tem sido sobrecarregada com suas ações e comportamento não cristãos. Que Deus os ajude a ver e sentir que os seus interesses eternos requerem total transformação. Pelo seu exemplo, outros são levados a se desviar do puro e elevado caminho da santidade. Na verdade, grandes homens são invariavelmente modestos. A humildade é uma graça que se ajusta naturalmente a eles como uma veste. Aqueles que têm preenchido a mente com conhecimento útil, e que possuem realizações e refinamento genuínos, são os que mais se disporão a admitir a fraqueza do próprio entendimento. Não são autoconfiantes nem jactanciosos; mas em vista de realizações mais elevadas a que poderiam erguer-se em poder intelectual, parecem a si mesmos ter apenas começado a ascensão. É o pensador leviano, com conhecimento básico ou superficial, que se julga sábio e assume desprezíveis ares de importância. T4 339 1 Vocês poderiam ser hoje homens de honra e confiança; mas têm estado tão satisfeitos consigo mesmos que não têm melhorado a luz e privilégios que lhes foram graciosamente concedidos. A mente de vocês não foi desenvolvida pelas graças cristãs, nem suas afeições santificadas pela comunhão com o Doador da vida. Há uma pequenez, um mundanismo, que assinala o caráter exterior, e revela o indubitável fato de que têm estado andando segundo o próprio coração e à própria vista, e que estão cheios da própria astúcia. T4 339 2 Quando ligado a Deus, e sinceramente buscando a Sua aprovação, o homem se torna elevado, enobrecido e santificado. A obra de elevar-se precisa ser realizada pelo próprio homem através de Jesus Cristo. O Céu pode dar-lhe toda a vantagem no que tange às coisas temporais e espirituais, mas será tudo em vão, a menos que se disponha a apropriar-se dessas bênçãos e ajudar-se. Suas próprias faculdades devem ser colocadas em uso, ou ele finalmente será pesado na balança e achado em falta; será um fracasso no que se refere a esta vida, e perderá a vida futura. T4 339 3 Todo aquele que com determinado esforço busca auxílio do alto e subjuga e crucifica o eu, pode ser bem-sucedido neste mundo e obter a futura vida imortal. Este mundo é o campo de trabalho humano. Sua preparação para o mundo futuro depende da maneira como desempenha seus deveres neste mundo. Deus designou que fosse uma bênção para a sociedade, e ele não pode, se quiser, viver e morrer para si mesmo. Deus nos uniu como membros de uma família, e este relacionamento todos são obrigados a manter. Há trabalhos que devemos a outros e que não podemos ignorar e ao mesmo tempo guardar os mandamentos. Viver, pensar e agir só em benefício próprio é tornar-se inútil como servo de Deus. Títulos ilustres e grandes talentos não são essenciais para sermos bons cidadãos ou cristãos exemplares. T4 340 1 Temos em nossas fileiras demasiadas pessoas que são impacientes, faladoras, louvam a si mesmas e tomam a liberdade de exaltar-se, não respeitando idade, experiência ou posição. Atualmente a igreja tem falta da ajuda de um caráter oposto -- homens modestos, calmos, tementes a Deus, que suportarão responsabilidades desagradáveis impostas sobre eles, não pelo nome, mas para prestar serviço a seu Mestre, Aquele que por eles morreu. Pessoas com tal caráter não acham que erguer-se diante dos idosos e tratar os cabelos grisalhos com respeito rebaixa sua dignidade. Nossa igreja precisa eliminar as ervas daninhas. Existe demasiada exaltação própria e auto-suficiência entre os membros. T4 340 2 Deus Se deleita em honrar os que O temem e O reverenciam. O ser humano pode ser tão elevado que forme o elo que liga o Céu à Terra. Ele saiu das mãos do Criador com caráter simétrico, dotado com tal capacidade para desenvolver-se que, combinando a influência divina com esforço humano, pudesse elevar-se quase ao nível dos anjos. Contudo, quando assim elevado, não teria noção de sua bondade e grandeza. T4 340 3 Deus tem dado ao homem aptidão intelectual capaz do mais elevado cultivo. Se os irmãos B tivessem visto a natural grosseria e rudeza de seu caráter, e com permanente cuidado cultivassem e treinassem a mente, fortalecendo os pontos fracos do caráter e vencendo seus defeitos evidentes, alguns deles teriam sidos aceitos como mensageiros de Cristo. Como são agora, porém, Deus não pode aceitar qualquer deles como Seu representante. Não têm percebido suficientemente a necessidade de aperfeiçoamento para buscá-lo. Sua mente não tem sido treinada pelo estudo, observação, reflexão e constante esforço para disciplinar-se plenamente para os deveres da vida. Os recursos para aperfeiçoamento estão ao alcance de todos. Ninguém é tão pobre ou tão ocupado que, com a ajuda de Cristo, não possa aperfeiçoar-se na vida e no caráter. ------------------------Capítulo 30 -- Pastores que cuidam de si mesmos T4 341 1 Irmão e irmã F: T4 341 2 Foi-me mostrada a grande misericórdia e infinito amor de Deus em dar-lhes outra prova. Há uma positiva necessidade de que se apeguem fortemente ao poderoso Médico para que possam ter força física e espiritual. Vocês têm saúde frágil, mas estão em perigo de pensar que estão em condição pior do que realmente se acham. Não têm tido poder de resistência, porque não têm acariciado espírito paciente, cheio de esperança e coragem. Sucumbem às enfermidades, em vez de superá-las. As tentações os assaltarão à direita e à esquerda; mas pela paciente perseverança em fazer o bem, vocês podem vencer os defeitos de caráter. Foi-me mostrado que os seus pés tinham verdadeiramente se firmado na perdição, mas Deus não desamparou inteiramente a nenhum de vocês. Sua incomparável misericórdia em dar-lhes outra oportunidade para provar sua lealdade a Ele lhes apela para andarem com grande humildade e se guardarem do egoísmo. Vocês têm condescendido consigo mesmos a tal ponto que agora precisam agir em direção oposta. T4 341 3 Você, irmão F, tem sido muito egoísta, e isto tem sido desprezível à vista de Deus. Você e sua esposa têm tropeçado repetidas vezes neste mal. Suas forças têm sido grandemente atrofiadas pela satisfação e condescendência próprias. Nenhum de vocês é deficiente em raciocínio e discernimento; mas têm seguido a inclinação em lugar do caminho do dever, e têm falhado em reprimir os traços errados de caráter e fortalecido as faculdades morais enfraquecidas. T4 341 4 Irmão F, você é por natureza um homem impaciente, irrequieto e exigente em casa; e após breve familiaridade demonstra isso em novos lugares. Com freqüência fala de maneira impaciente e dominadora. Deve-se arrepender disso tudo. Pode agora recomeçar. Deus, em Sua ilimitada misericórdia, tem-lhe dado outra oportunidade. Sua esposa tem muito em si mesma contra que lutar, e você deve estar alerta para não lançá-la no terreno de Satanás. O queixar-se, criticar e fazer afirmações enérgicas devem ser renunciados. Quanto tempo você tem dedicado para obter vitória sobre sua vontade perversa e seus defeitos de caráter? Com o progresso que agora faz, seu tempo de graça pode-se fechar antes de realizar determinados esforços essenciais para lhe dar a vitória sobre o eu. Na providência de Deus, você será colocado em posições onde as suas peculiaridades, se existirem, serão provadas e reveladas. Você não vê nem reconhece o efeito de suas palavras impensadas, impacientes, queixosas, lamuriosas. T4 342 1 Você e sua esposa têm outra áurea oportunidade para sofrerem pela causa de Cristo. Se fizerem isso lamentosamente, não terão recompensa; se voluntária e alegremente, tendo o mesmo espírito que Pedro possuía após a sua apostasia, vocês serão vitoriosos. Pedro sentiu profundamente a sua covarde negação de Cristo durante a vida inteira; e quando chamado a sofrer o martírio por sua fé, este fato humilhante sempre esteve diante dele, e pediu para não ser crucificado do modo exato em que seu Senhor sofreu, temendo que isso seria uma honra muito elevada após a sua apostasia. Seu pedido foi que o crucificassem de cabeça para baixo. Que compreensão Pedro teve de seu pecado em negar a seu Senhor! Que conversão experimentou! Sua vida após isso foi uma existência de arrependimento e humilhação. T4 342 2 Você pode ter razão para tremer quando vê a Deus através de Sua lei. Quando Moisés viu a Majestade de Deus, exclamou: "Sinto-me aterrado e trêmulo!" Hebreus 12:21. A lei pronunciava morte sobre o transgressor; então o sacrifício expiatório foi apresentado perante Moisés. O sangue purificador de Cristo foi revelado para purificar o pecador, e seus temores foram eliminados assim como o orvalho da manhã desaparece diante dos raios do sol nascente. Desse modo ele viu que isso aconteceria com o pecador. Através do arrependimento para com Deus e fé em nosso Senhor Jesus Cristo, perdão é comunicado, e o Sol da Justiça espalha Seus raios brilhantes e curativos sobre ele, desfazendo a dúvida e o temor que obscureciam a alma. Moisés desceu do monte onde havia estado conversando com Deus; seu rosto resplandecia com um brilho celestial que se refletiu sobre o povo. Ele lhes pareceu um anjo vindo direto da glória. Aquele divino esplendor era penoso aos pecadores; assim fugiram de Moisés e rogaram que a glória brilhante fosse ocultada de sua vista, para que não fossem mortos caso se aproximassem dele. T4 343 1 Moisés fora estudante. Era bem versado em toda a cultura dos egípcios, mas não era essa a única habilitação de que precisava para preparar-se para a sua obra. Devia ele, na providência de Deus, aprender a ser paciente a refrear suas paixões. Numa escola de renúncia e obstáculos devia obter uma educação que lhe seria de suma importância. Essas provas o preparariam para exercer um paternal cuidado sobre todos os que careciam de seu auxílio. Nenhum conhecimento, estudo algum, nenhuma eloqüência poderia ser substituto dessa experiência em provas, para uma pessoa que teria de vigiar pelas almas como os que delas têm de dar contas. Fazendo a obra de um humilde pastor, esquecido de si mesmo e interessado no rebanho entregue aos seus cuidados, devia ele tornar-se habilitado para a mais exaltada obra já confiada a mortais -- a de pastor das ovelhas das pastagens do Senhor. Os que no mundo temem ao Senhor, têm de ter comunhão com Ele. Cristo é o mais perfeito educador que o mundo já conheceu. Receber dEle sabedoria e conhecimentos era para Moisés de mais valor do que toda a cultura dos egípcios. T4 343 2 Irmão e irmã F, apelo-lhes a serem zelosos e virem a Deus através de Jesus Cristo. "Não erreis: Deus não Se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará." Gálatas 6:7. Aquele que gasta os seus talentos e seus recursos na condescendência própria, na satisfação das paixões inferiores, colherá corrupção. Sua colheita é segura. Sua mente perderá a susceptibilidade e poder. Seu intelecto será esmagado e sua vida encurtada. Deus requer que façam os mais dedicados esforços para subjugar e controlar o eu. Foi-me mostrado que Deus e os anjos estão prontos e esperando para o ajudar nesta importante obra. Se vocês retardarem, se forem mesmo vagarosos, poderá ser demasiado tarde. Seu tempo de graça foi prolongado, o caráter de vocês está agora em formação, e em breve, meus queridos irmão e irmã, ele se tornará inalterado para sempre. Uma obra parcial não os fará avançar um passo sequer rumo ao Céu. A indecisão logo se torna decisão no rumo errado. Muitos decidem servir a si mesmos e a Satanás por não empreenderem esforços resolutos para vencer os seus defeitos de caráter. Enquanto muitos estão acalentando propensões pecaminosas, esperando algum dia ser vencedores, estão se decidindo para a perdição. Irmão e irmã F, em nome de Jesus Cristo vocês podem ser vitoriosos mesmo agora "neste teu dia". Lucas 19:42. Não planejem nem busquem para si mesmos. Vocês não podem ser inteiramente do Senhor enquanto encorajam qualquer grau de egoísmo. Tão grande amor como o do Redentor a nós revelado, deve ser recebido com grande humildade e contínuo regozijo. A fim de serem felizes, vocês devem controlar os pensamentos e palavras. Grandioso esforço de sua parte será requerido, mas isso deve ser feito se quiserem ser reconhecidos como filhos de Deus. Não se cansem em seus esforços. Satanás está batalhando pela alma de vocês, e ele precisa ser desapontado. T4 344 1 Quando você, irmão F, inicia o trabalho em um lugar, geralmente tem a confiança do povo; mas após maior familiarização, os seus defeitos de caráter se tornam tão evidentes que muitos perdem a confiança em sua religiosidade. Isso repercute sobre todos os pastores da denominação. Uma breve permanência em um lugar não prejudicaria sua reputação. Enquanto empenhado em zeloso esforço, pressionado por influências opositoras, sua mente é absorvida no trabalho em que está empenhado e não tem tempo nem oportunidade de pensar e refletir sobre si mesmo. Mas quando a obra está concluída e você começa a pensar em si mesmo, como é natural que faça, satisfaz-se, torna-se como criança, violento e rude em temperamento, e assim prejudica grandemente a obra de Deus. Manifesta o mesmo espírito na igreja, e, assim, a sua influência é grandemente prejudicial à comunidade -- em alguns casos acima do limite. Tem freqüentemente revelado uma disposição infantil, mesmo enquanto trabalhando para converter almas à verdade; e as impressões feitas têm sido terríveis sobre aqueles que testemunharam. Agora, uma de duas coisas deve ser feita: você precisa ser um homem dedicado ao seu lar e à sua família, e na igreja, sempre gentil e paciente, ou não deve estabelecer-se numa igreja; pois os seus defeitos se tornaram evidentes, e o Redentor que professa amar e servir será desonrado. T4 345 1 A fé que Moisés possuía o levava a contemplar as coisas invisíveis, as coisas eternas. Deixou as esplêndidas atrações da vida da corte porque o pecado ali prevalecia. Renunciou a um aparente bem presente, que só o lisonjeava para arruinar e destruir. As atrações reais, eternas, é que lhe eram de valor. Os sacrifícios feitos por Moisés não eram sacrifícios reais. Para ele tratava-se de permutar um aparente bem presente, que o lisonjeava, por um bem seguro, elevado e imortal. T4 345 2 Moisés suportou o opróbrio de Cristo, considerando esse "opróbrio... por maiores riquezas do que os tesouros do Egito". Hebreus 11:26. Cria ele no que Deus dissera e não foi influenciado a desviar-se de sua integridade por nenhuma das censuras do mundo. Andava na Terra como livre homem de Deus. Ele possuía o amor de Cristo em sua alma, que não só o tornava digno, mas acrescentava o esplendor das verdadeiras virtudes cristãs à dignidade do homem. Moisés trilhou o rude e perigoso caminho, mas contemplava as coisas invisíveis e não vacilava. O galardão da recompensa era-lhe atraente, assim como pode ser também para nós. Tinha familiaridade com Deus. T4 345 3 Acha-se diante de vocês a obra de aproveitar o restante de sua vida para reformar e elevar o caráter. Uma nova vida começa na alma renovada. Cristo é o Salvador que habita no coração. Aquilo que talvez seja considerado difícil de abandonar tem de ser renunciado. A palavra prepotente e ditatorial precisa ficar sem ser proferida; então será obtida preciosa vitória. T4 345 4 Verdadeira felicidade será o resultado de todo desprendimento, de toda crucifixão do próprio eu. Ao ser ganha uma vitória, a próxima será mais fácil de alcançar. Se Moisés tivesse negligenciado as oportunidades e os privilégios que lhe foram concedidos por Deus, teria desprezado a luz celestial, tornando-se um homem decepcionado e infeliz. O pecado é de baixo; e quando se condescende com ele, Satanás é acolhido na alma, para aí atear os próprios fogos do inferno. Deus não deu Sua lei para impedir a salvação de almas, mas Ele quer que todos sejam salvos. O homem tem luz e oportunidades, e se as aproveitar, poderá ser vitorioso. Você pode mostrar por sua vida o poder da graça de Deus em vencer. Satanás está procurando estabelecer o seu trono no templo da alma. Quando ele reina, faz-se ouvir e sentir no gênio irascível, em palavras de amargura que ofendem e magoam; como, porém, não há comunhão da luz com as trevas, nem harmonia entre Cristo e Belial, o homem deve ser inteiramente a favor de um ou do outro. Rendendo-se à condescendência pessoal, avareza, engano, fraude ou qualquer outra espécie de pecado, a pessoa favorece os princípios de Satanás em sua alma e fecha a porta do Céu a si mesma. Devido ao pecado, Satanás foi expulso do Céu; e ninguém que condescenda com o pecado e o acaricie poderá ir para o Céu, pois nesse caso Satanás outra vez conseguiria firmar-se ali. T4 346 1 Quando alguém, dia a dia, se acha diligentemente empenhado em vencer os defeitos em seu caráter, está acalentando a Cristo no templo da alma; a luz de Cristo encontra-se nessa pessoa. Sob os brilhantes raios da luz do semblante de Cristo, todo o seu ser é elevado e enobrecido. Ele tem a paz do Céu na alma. Muitos dão rédeas soltas à paixão, avareza, egoísmo e engano, e o tempo todo se justificam, lançando a culpa nas circunstâncias que trouxeram provas sobre si mesmos. Esse tem sido o seu caso. Deus permitiu que tais circunstâncias existissem para desenvolver o caráter. Entretanto, você poderia ter determinado suas circunstâncias; pois por resistir ou suportar à tentação, as circunstâncias são controladas pela força da vontade em nome de Jesus. Isto é vencer como Cristo venceu. "Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé." 1 João 5:4. T4 346 2 Irmão F, Deus é misericordioso para com você. Sua vida tem sido um equívoco, nada semelhante ao que poderia e deveria ter sido. Não tem havido em você genuína hombridade, verdadeira grandeza e pureza de sentimento. Você não possui o devido respeito próprio, e, portanto, não tem o devido respeito pelos outros. Não tem exaltado a Cristo e o poder de Sua graça. Você tem necessitado de guardiães por todo o caminho ao longo de sua vida. A mesma frivolidade e leviandade, a mesma falta de consideração e de domínio próprio, o mesmo egoísmo e impaciência que eram vistos em sua conduta em um período anterior, estão desenvolvidos de maneira assinalada agora que você já passou o meridiano da vida. Isso não precisava ter sido assim, caso você pusesse de lado sentimentos e temperamento infantis, e se revestisse da firmeza do homem. Tem-se favorecido em grande medida para prejuízo próprio. As suas dores e enfermidades têm sido ampliadas. Você as considera e fala queixosamente sobre elas, mas não recorre a Jesus. Pense em quão pouco sofre, quão pouco suporta, em comparação com os sofrimentos de Cristo; e Ele era sem pecado -- o justo sofrendo pelo injusto. T4 347 1 Uma árvore boa não produzirá frutos estragados. A boa conversação acompanhará uma boa consciência, tão certamente como o bom fruto será produzido por uma árvore boa. Se um homem é descortês e rude com sua família e com outros a ele relacionados, ninguém precisa perguntar como se comportará na igreja. Exibirá a mesma disposição altiva, petulante, que demonstra no lar. Nenhum homem pode ter o espírito e a mente de Cristo sem ser tornado melhor por Ele em todas as relações e deveres da vida. Murmurações, queixas e paixões irritadiças não são o fruto de bons princípios. Você precisará ser perseverante em oração, pois não fortaleceu os elevados e nobres traços de caráter moral. Você deve fazer isso agora. O trabalho será difícil, mas é absolutamente essencial. T4 347 2 Enquanto esteve no Texas, você possuía esperança, sentindo-se desamparado por Deus e pelos homens; mas agora que teve um novo começo, permita que a obra de reforma seja completa, seu arrependimento de molde a dele não arrepender-se. Os melhores de seus dias, no que se refere à saúde e vigor, estão no passado; mas com hábitos apropriados, mente alegre, e consciência limpa com respeito a sua conduta atual, você pode tornar sua derrota em vitória. Você não tem tempo a perder, sua esposa pode ajudá-lo em todos os seus esforços no campo de colheita. Se ela for santificada pela verdade, pode ser uma bênção para você e para a causa de Deus, conversando com outros e sendo sociável. T4 348 1 Muitos falham e caem por causa da condescendência com um temperamento perverso. Alexandre e César descobriram ser mais fácil subjugar um reino do que governar o próprio espírito. Após conquistar nações, os assim chamados grandes do mundo caíram, um deles por causa da condescendência com o apetite, vítima da intemperança, e o outro pela presunção e pela insensata ambição. Deus apela a você que subjugue o orgulho e a teimosia, e deixe que Sua paz reine em seu coração. Um espírito manso e tranqüilo deve ser acariciado. Leve a mansidão de Cristo consigo em todos os seus esforços. Temperamento agitado e censura mordaz não impressionarão as pessoas nem conquistarão sua simpatia. Se temos a verdade, podemos dar-nos ao luxo de ser calmos e serenos. Nossa linguagem deve ser modesta e elevada. O espírito que você acaricia interiormente tem deixado sua impressão sobre o semblante. Cristo entronizado no templo da alma apagará essa aparência infeliz, queixosa e impertinente; e na medida em que uma nuvem de testemunhas veja um homem refletindo a imagem de Cristo, perceberá que ele está circundado por uma atmosfera agradável. O mundo verá que em meio às tempestades de maus-tratos ele permanece inamovível, como o altaneiro cedro. Tal homem é um dos heróis de Deus. Venceu a si mesmo. T4 348 2 A maior parte dos problemas da vida, com seus desgastantes cuidados diários, dores de cabeça e irritação, é resultado de um temperamento descontrolado. A harmonia do círculo doméstico é muitas vezes quebrada em virtude de palavras precipitadas ou linguagem abusiva. Quão melhor seria não tivessem sido ditas! Um sorriso de satisfação e uma palavra apaziguadora de aprovação dita no espírito de mansidão seriam um poder para suavizar, confortar e abençoar. O governo do eu é o melhor governo do mundo. Ao demonstrar o ornamento de um espírito manso e quieto, noventa e nove por cento dos problemas que tão terrivelmente amargam a vida seriam evitados. Muitos desculpam suas palavras precipitadas e temperamento impetuoso, dizendo: "Sou muito sensível; tenho temperamento impetuoso." Isso não cura nunca feridas feitas por palavras ásperas, impetuosas. Alguns, na verdade, são naturalmente mais impetuosos do que outros; mas esse espírito jamais pode se harmonizar com o Espírito de Deus. O homem natural precisa morrer, e o novo homem, Jesus Cristo, tomar posse da alma, de modo que o seguidor de Jesus possa dizer em verdade: "Vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim." Gálatas 2:20. T4 349 1 O eu é difícil de ser dominado. A depravação humana em diferentes formas não é facilmente levada em sujeição ao Espírito de Cristo. Mas todos devem ser impressionados com o fato de que, a menos que esta vitória seja ganha por meio de Cristo, não há esperança para eles. A vitória pode ser alcançada, pois com Deus nada é impossível. Pela Sua graça ajudadora, todo temperamento mau e toda depravação humana podem ser vencidos. Todo cristão deve aprender de Cristo, "o qual, quando O injuriavam, não injuriava". 1 Pedro 2:23. T4 349 2 O trabalho que está diante de vocês não é fácil, não é brincadeira de criança. Vocês falharam em prosseguir rumo à perfeição; mas agora podem recomeçar. Precisam mostrar por sua vida o que o poder e a graça de Deus são capazes de fazer ao transformar o homem natural num homem espiritual em Jesus Cristo. Vocês podem ser vencedores se desejarem assumir decididamente a tarefa em nome de Cristo. T4 349 3 Há uma solene declaração que desejo que escrevam no coração: quando as pessoas se submeteram aos ardis de Satanás, e assim se colocaram no terreno dele, se desejarem recuperar-se de seus ardis através da misericórdia de Deus, precisam manter mais íntima comunhão com Ele, crucificar diariamente o eu e serem inteiramente transformadas, a fim de obter a vitória e ganhar a vida eterna. Ambos se desviaram muito de Deus. Trouxeram grande vergonha à Sua causa. Agora devem, com máximo zelo e dedicação, vencer cada defeito de caráter e levar uma vida de humilhação e de oração confiante e perseverante; em fé peçam a Deus por amor de Cristo para cancelar o passado, de modo que as sementes do mal que vocês semearam não se multipliquem e sejam entesouradas para o dia da ira. T4 349 4 Agora se prosseguirem no mesmo caminho, rebeldes em espírito, agradando a si mesmos, falando infantilmente de suas enfermidades, demorando-se sobre seus sentimentos e detendo-se sobre o lado escuro, isso os tornará fracos e desanimados. Foram essas coisas que os tornaram fáceis súditos dos enganos de Satanás. Se adotarem a mesma conduta que estavam seguindo quando seus pés começaram a escorregar, o caso de vocês será sem esperança. Se romperem com seus pecados pelo arrependimento, evitarem as conseqüências temíveis ao obter refúgio na intercessão de um Salvador, pleiteando com Deus zelosamente por Seu Espírito para que possam ser conduzidos, ensinados e despertados, vocês podem obter vida eterna. Não deixem de lançar em fé, de modo harmonioso e humilde, a alma indefesa sobre os méritos de Cristo. ------------------------Capítulo 31 -- Honestidade nos negócios T4 350 1 Irmão G: T4 350 2 Em minha última visão seu caso me foi mostrado. Vi que você ama a verdade que professa, mas não é santificado por ela. As suas afeições têm sido divididas entre o serviço de Deus e o de Mamom. Essa divisão de afeições permanece como uma barreira no seu caminho para atrapalhá-lo de ser um missionário para Deus. Enquanto professamente serve à causa de Deus, o interesse próprio tem arruinado seu trabalho e grandemente prejudicado a sua influência. Deus não pôde atuar com você, porque seu coração não estava correto para com Ele. T4 350 3 No que se refere a palavras, você tem estado profundamente interessado na verdade; mas quando deve mostrar sua fé pelas obras, tem havido uma grande falta. Não tem representado corretamente nossa fé. Prejudicou a causa de Deus por seu manifestado amor ao lucro; e seu apego aos negócios e hábito de contender não têm sido para o seu bem, nem para a saúde espiritual daqueles com quem você entra em contato. É um homem esperto nos negócios, e muitas vezes se excede. Tem tato peculiar para conseguir o melhor preço, atento aos próprios interesses em vez dos de outros. Se um homem se enganasse, e você levasse a vantagem, você deixaria as coisas assim. Isso não é seguir a regra áurea, que é fazer aos outros como desejaria que lhe fizessem. T4 350 4 Enquanto empenhado em trabalho missionário, você tem ao mesmo tempo manifestado sua intrigante propensão para comprar e vender. Isso se constitui má combinação. Você deve ser uma coisa ou outra. "Se o Senhor é Deus, segui-O; e, se Baal, segui-o." 1 Reis 18:21. "Escolhei hoje a quem sirvais." Josué 24:15. Deus não aceitará os seus esforços no trabalho missionário e de folhetos enquanto você estiver maquinando tirar vantagem. Está em perigo de considerar o ganho como religiosidade. O tentador lhe apresentará seduções lisonjeiras, para fasciná-lo e induzi-lo a manifestar um espírito de intriga que destruirá sua religiosidade. T4 351 1 O mundo, os anjos e os homens o vêem como um homem astuto que procura o próprio interesse e assegura vantagens para si mesmo sem considerar cuidadosa e conscienciosamente os interesses daqueles com quem trata. Em sua vida de negócios há uma inclinação para desonestidade que macula a alma e atrofia a experiência religiosa e o crescimento em graça. Você está espreitando com aguda visão de negócios, pela melhor chance de assegurar uma transação vantajosa. Essa propensão maquinadora se tornou sua segunda natureza; e você não vê nem compreende o mal de incentivar isso. T4 351 2 Os negócios em que se empenha justa e honestamente, beneficiando a outros bem como a si mesmo, estariam corretos no que se referem a negociar de maneira honrosa; o Senhor, porém, aceitaria seu serviço e usaria suas faculdades, suas agudas percepções, em assegurar a salvação de almas, caso você tivesse sido santificado pela verdade. A cobiça dos olhos no amor ao lucro tem guerreado contra o Espírito. Os hábitos e cultura de anos deixaram a sua impressão deformadora sobre seu caráter, e o têm desqualificado para a obra de Deus. Você tem um constante e ansioso desejo de negociar. Se santificado para o serviço de Deus, isso o tornaria um obreiro zeloso e perseverante para o Mestre; mas mal usado como tem sido, coloca em perigo a sua própria alma, e outros também estão em perigo de se perderem através de sua influência. T4 351 3 Às vezes a razão e a consciência protestam, e você se sente repreendido por causa de sua conduta; sua alma anseia a santidade e a segurança do Céu; a agitação do mundo lhe parece repulsiva, você a coloca de parte e acaricia o Espírito de Deus. Mas depois, suas propensões mundanas novamente se introduzem e dominam tudo. Você certamente tem que confrontar os assaltos de Satanás; e deve preparar-se para eles, resistindo firmemente a sua inclinação. T4 352 1 Enquanto o apóstolo Paulo estava cercado pelos muros da prisão, impregnados pela umidade, ele próprio sofrendo enfermidades, desejou muito ver Timóteo, seu filho no evangelho, e deixar-lhe sua última exortação antes da morte. Não tinha esperança de ser solto de seu cativeiro, até que sua vida se extinguisse. O ímpio coração de Nero era totalmente satânico, e com uma palavra ou aceno dele, a vida do apóstolo poderia ser eliminada. Paulo solicitou a presença imediata de Timóteo, embora temesse que ele não viesse suficientemente cedo para receber o último testemunho de seus lábios. Ele, portanto, repetiu as palavras que falaria a Timóteo a um de seus colaboradores, que teve permissão de ser o seu companheiro nas algemas. Esse fiel assistente escreveu a última exortação de Paulo, uma pequena porção da qual citamos aqui: T4 352 2 "Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas e segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão. Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas." 1 Timóteo 6:9-12. "Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; que façam o bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente e sejam comunicáveis; que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna." 1 Timóteo 6:17-19. "E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros. Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém que milita se embaraça com negócio desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. E, se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente." 2 Timóteo 2:2-5. Um homem pode ser avarento e ainda desculpar-se dizendo que está trabalhando pela causa de Deus; mas não obtém recompensa, pois Deus não deseja dinheiro obtido por manipulação ou qualquer semelhança de desonestidade. T4 353 1 Paulo ainda solicita a Timóteo: "Procura vir ter comigo depressa. Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica." 2 Timóteo 4:9, 10. Essas palavras ditadas por Paulo pouco antes de sua morte, foram registradas por Lucas para nosso proveito e advertência. T4 353 2 Ensinando a Seus discípulos, Cristo disse: "Eu sou a videira verdadeira, e Meu Pai é o lavrador. Toda vara em Mim, que não dá fruto, a tira; e limpa [poda] toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto." João 15:1, 2. Aquele que está unido a Cristo, participando da seiva e nutrição da videira, fará as obras de Cristo. O amor de Cristo precisa estar nele, do contrário não pode estar na Videira. Amor supremo para com Deus, e amor ao semelhante como a si mesmo, eis a base da religião verdadeira. T4 353 3 De todo aquele que Lhe professa o nome, Cristo indaga: "Amas-Me?" João 21:15. Se você ama a Jesus, amará as almas por quem Ele morreu. Talvez um homem não apresente o exterior mais agradável, talvez seja deficiente em muitos respeitos; se, porém, sua reputação é a de uma pessoa reta e honesta, granjeará a confiança dos outros. O amor da verdade, a dependência e confiança que os homens podem nele depositar, removerão ou subjugarão os traços indesejáveis de seu caráter. A fidedignidade em sua posição e vocação, a boa vontade de negar-se com a fidelidade de levar benefício a outros, trará paz de espírito e o favor de Deus. T4 354 1 Os que andarem estritamente nas pegadas de seu abnegado Redentor, refletirão em sua mente a mente de Cristo. A pureza e o amor de Jesus irradiar-lhes-ão da vida diária e do caráter, ao mesmo tempo que seus caminhos serão guiados pela mansidão e a verdade. Toda a vara frutífera é podada, para que produza mais fruto. Mesmo varas frutíferas podem exibir demasiada folhagem, e parecer o que realmente não são. Talvez os discípulos de Cristo estejam efetuando alguma obra para o Mestre, não fazendo todavia metade do que poderiam produzir. Ele os poda, então, porque o mundanismo, a condescendência consigo mesmos e o orgulho estão brotando em sua vida. O lavrador corta o excesso de gavinhas das videiras, pois estão a pegar o lixo da terra, e as torna assim mais frutíferas. Essas causas de embaraço precisam ser removidas, e os brotos defeituosos cortados, a fim de dar espaço aos saudáveis raios do Sol da Justiça. T4 354 2 Por meio de Cristo, designou Deus que o homem caído passasse por outra prova. Muitos compreendem mal o objetivo para que foram criados. Foi para beneficiarem a humanidade e glorificarem a Deus, de preferência a exaltarem e glorificarem a si mesmos. O Senhor está continuamente podando a Seu povo, cortando os ramos profusos e espalhados, para que eles dêem fruto para Sua glória, em vez de produzirem unicamente folhas. Ele nos poda por meio de tristezas, desapontamentos e aflições, para que os rebentos dos fortes e perversos traços de caráter enfraqueçam, e os traços bons tenham ocasião de se desenvolver. Os ídolos precisam ser abandonados, a consciência tornada mais sensível, mais espirituais as meditações do coração, e todo o caráter tornado simétrico. Os que desejam realmente glorificar a Deus, serão gratos pela revelação de todo ídolo e todo pecado, de modo que vejam esses males e os afastem de si; o coração dividido, porém, pleiteará por condescendência em vez de renúncia. T4 354 3 O ramo aparentemente seco, ligando-se à videira viva, torna-se parte dela. Fibra por fibra e veia por veia adere ele à videira até que tire sua vida e nutrição do tronco. O enxerto brota, floresce e dá fruto. A alma, morta em ofensas e pecados, precisa experimentar idêntico processo a fim de reconciliar-se com Deus, e tornar-se participante da vida e alegria de Cristo. Como o enxerto recebe vida quando ligado à videira, assim o pecador participa da natureza divina quando em união com Cristo. O homem finito é ligado com o infinito Deus. Quando unidos assim, as palavras de Cristo permanecem em nós, e não somos atuados por sentimentos intermitentes, mas por um princípio vivo e permanente. As palavras de Cristo precisam ser meditadas, nutridas e entesouradas no coração. Não devem ser repetidas como papagaio, sem que encontrem lugar na memória, nem exerçam influência sobre o coração e a vida. T4 355 1 Como a vara precisa permanecer na videira para receber a seiva vital que a faz florescer, assim os que amam a Deus e guardam Suas palavras precisam permanecer em Seu amor. Sem Cristo, não nos é possível vencer um só pecado, ou resistir à menor tentação. Muitos necessitam do Espírito de Cristo e de Seu poder para iluminar-lhes o entendimento, da mesma maneira que o cego Bartimeu precisava de sua vista natural. "Como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em Mim." João 15:4. Todos quantos estiverem realmente em Cristo experimentarão os benefícios dessa união. O Pai os aceita no Amado, e eles se tornam objeto de Sua solicitude e terno e amoroso cuidado. Essa ligação com Cristo resultará na purificação do coração, e em uma vida prudente e um caráter irrepreensível. O fruto dado pela árvore cristã é "amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio". Gálatas 5:22, 23. T4 355 2 Meu irmão, você precisa de íntima comunhão com Deus. Você tem traços de caráter pelos quais é responsável. Suas forças têm sido usadas de maneira errada. Deus não pode aprovar sua conduta. O seu padrão é o dos mundanos, não aquele que Cristo nos deu em Sua vida. Você tem olhado através dos olhos do mundo, e discernido com o não santificado entendimento deles. Sua alma precisa ser purificada da poluidora influência do mundo. Repetidamente você tem se desviado da integridade estrita para aquela da qual se convenceu era ganho, mas que na realidade foi perda. Todo o ato de manipulação nos negócios reduzirá sua recompensa no Céu, caso alcance esse lar. Todo homem receberá a recompensa segundo suas obras. T4 356 1 Você não tem tempo a perder, mas deve fazer esforços diligentes para vencer os marcantes traços de caráter, que, se tolerados, lhe fecharão as portas da glória. Você não pode perder o Céu. Deve agora fazer decidida mudança em palavras e atos, para vencer seu espírito avarento, e fazer volver seus pensamentos ao conduto da santificada verdade. Em resumo, você precisa ser transformado. Então Deus aceitará os seus trabalhos em Sua causa. Deve ser um homem de firme veracidade que o amor ao ganho não seduzirá, e nenhuma tentação o dominará. O Senhor requer de todos os que professam o Seu nome uma estrita adesão à verdade. Isso será como o sal que não perdeu o seu sabor, como uma luz em meio às trevas morais e enganos do mundo. T4 356 2 "Vós sois a luz do mundo" (Mateus 5:14), diz Cristo. Aqueles que estão verdadeiramente unidos com Deus, por refletir a luz do Céu, exercerão um poder salvador na igreja e também no mundo; pois o perfume de boas obras e atos verdadeiros os tornaram de boa reputação mesmo entre os que não são de nossa fé. Os que temem a Deus respeitarão e honrarão tal caráter; e mesmo os inimigos de nossa fé, ao verem o espírito e vida de Cristo revelados em sua obras diárias, glorificarão a Deus, a fonte de sua força e honra. T4 356 3 Você, meu irmão, devia ter-se convertido sinceramente à verdade anos atrás e se dedicado inteiramente à obra de Deus. Anos preciosos, que podiam ter sido ricos em experiência nas coisas de Deus e em trabalhos práticos em Sua causa, foram perdidos. Conquanto agora deva ser capaz de ensinar a outros, falhou em alcançar o pleno conhecimento da verdade por si mesmo. Deve ter agora um conhecimento experimental da verdade, e estar qualificado para levar a mensagem de advertência ao mundo. Os seus serviços quase se perderam para a causa de Deus porque a sua mente tem estado dividida; esteve planejando e maquinando, comprando e vendendo, servindo às mesas. T4 357 1 O bolor do mundo tem obscurecido sua percepção e pervertido seu intelecto, de modo que os seus fracos esforços não têm sido ofertas aceitáveis a Deus. Caso tivesse se separado de suas propensões especulativas e trabalhado na direção oposta, seria agora enriquecido com o conhecimento divino, e um ganhador em coisas espirituais de modo geral, enquanto tem estado perdendo poder espiritual e atrofiando sua experiência religiosa. T4 357 2 Ter associação com o Pai e Seu filho Jesus Cristo é ser enobrecido e elevado, e participar de alegrias indizíveis e plenas de glória. O alimento, o vestuário, a posição social e as riquezas, tudo pode ter o seu valor; mas ter ligação com Deus e ser participante de Sua natureza divina é de inestimável valor. Nossa vida deve estar escondida com Cristo em Deus; embora ainda não se tenha manifestado "o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos". 1 João 3:2. A principesca dignidade do caráter cristão brilhará como o Sol e os raios de luz da face de Cristo se refletirão nos que se têm purificado a si mesmos como Ele é puro. O privilégio de tornar-se filhos de Deus é adquirido por baixo preço, mesmo que este preço fosse o sacrifício de tudo que possuímos, mesmo a própria vida. T4 357 3 Meu prezado irmão, você deve decidir ser um homem segundo o coração de Deus. O que outros podem aventurar-se a fazer ou dizer que não esteja estritamente de acordo com o padrão cristão, não lhe deve servir de desculpas. Você deve apresentar-se perante o Juiz de toda a Terra, não para responder por outro, mas por si mesmo. Temos uma responsabilidade individual, e nenhum defeito de caráter do ser humano será o menor pretexto para nossa culpa; pois Cristo nos tem dado em Seu caráter um exemplo perfeito, uma vida imaculada. T4 357 4 Os ataques mais persistentes do inimigo das almas são empreendidos contra a verdade que professamos; e qualquer desvio do direito reflete desonra sobre ela. Nosso principal perigo é ter a mente desviada de Cristo. O nome de Jesus tem poder para afastar as tentações de Satanás e erguer para nós um baluarte contra ele. À medida que a alma repousa com confiança inabalável na virtude e poder da expiação, permanecerá firme como uma rocha ao princípio, e todos os poderes de Satanás e seus anjos não podem desviá-la de sua integridade. A verdade como é em Jesus se constitui uma muralha de fogo ao redor da alma que a Ele se apega. As tentações serão despejadas sobre nós; pois por elas devemos ser provados durante nosso tempo de graça na Terra. Esta é a prova de Deus, uma revelação de nosso próprio coração. Não há pecado em ser tentado; mas o pecado ocorre quando se cai em tentação. T4 358 1 Se suas habilidades e talentos tivessem sido exercitados em salvar almas e em semear a verdade àqueles que estão em trevas na mesma proporção que têm sido para obter ganho e aumentar seus bens terrestres, você teria muitas estrelas na coroa para seu regozijo no reino de glória. Há somente poucos que são tão fiéis no serviço de Deus quanto são em servir aos próprios interesses temporais. Um propósito resoluto seguramente alcançará o fim desejado. Muitos não acham que é essencial serem tão criteriosos, aptos e íntegros na obra de Deus quanto nos próprios negócios temporais. A mente e o coração daqueles que professam crer na verdade devem ser elevados, refinados, enobrecidos e espirituais. A obra de educar a mente para esta grande e importante questão é terrivelmente negligenciada. A obra de Deus é realizada negligente e indolentemente e de forma muito relapsa, porque muitas vezes é deixada ao capricho do sentimento em vez de princípio e propósito santos. T4 358 2 Há a maior necessidade de que homens e mulheres que têm conhecimento da vontade de Deus aprendam a se tornar obreiros bem-sucedidos em Sua causa. Devem ser pessoas corteses, de entendimento, não com o verniz exterior e o afetado sorriso dos mundanos, mas com aquele refinamento e genuína cortesia que caracterizam o Céu, e que todo cristão possuirá se for participante da natureza divina. A falta de verdadeira dignidade e refinamento cristãos nas fileiras dos observadores do sábado depõe contra nós como um povo, tornando sem sabor a verdade que professamos. A obra de educar o espírito e as maneiras pode ser levada à perfeição. Se os que professam a verdade não aproveitam agora seus privilégios e oportunidades para crescer até à plena estatura de homens e mulheres em Cristo Jesus, não honrarão a causa da verdade, nem a Cristo. T4 359 1 Se você, meu irmão, tivesse estudado as Santas Escrituras tão fielmente como tem procurado obter ganho, seria agora um homem hábil na Palavra de Deus, e apto para ensinar outros. Por sua própria culpa você não está qualificado para ensinar a verdade a outros. Não tem estado cultivando aquele conjunto de faculdades que o tornarão um obreiro espiritual, inteligente e bem-sucedido para seu Mestre. Tais traços de caráter como avidez e perspicácia em negócios mundanos têm sido tão exercitados que sua mente se desenvolveu amplamente no sentido de comprar e vender, e obter maior vantagem nas transações. Em vez de granjear a confiança de seus irmãos, irmãs e amigos como um homem que possui verdadeira nobreza de caráter, elevando-se acima de toda pequenez e avareza, você faz com que o temam. Sua fé religiosa tem sido usada para garantir a confiança de seus irmãos a fim de que possa fazer seus astutos negócios e obter lucro. Isso tem sido realizado tão freqüentemente pelo irmão, que se tornou uma segunda natureza e você não percebe como sua conduta se apresenta a outros. A verdadeira santidade deve caracterizar toda a sua vida e conduta, se deseja neutralizar a influência que tem exercido para afastar de Cristo e da verdade. T4 359 2 Seu relacionamento com seus semelhantes e com Deus requer uma mudança em sua vida. No sermão da montanha, a ordem do Redentor do mundo foi: "Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas." Mateus 7:12. Essas palavras nos são do mais elevado valor, uma regra áurea que nos foi dada pela qual medir nossa conduta. Essa é a verdadeira regra de honestidade. Essas palavras abrangem muito. Requerem que tratemos nossos semelhantes como gostaríamos que nos tratassem, caso estivéssemos nas circunstâncias deles. Plano, Texas, 24 de Novembro de 1878. ------------------------Capítulo 32 -- A religião na vida diária T4 360 1 Irmão H: T4 360 2 Foi-me mostrado que você realmente ama a verdade, mas não foi por ela santificado. Você tem uma grande obra diante de si. "E qualquer que nEle tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro." 1 João 3:3. Você tem esta obra a realizar, e não há tempo a perder. Foi-me mostrado que sua vida tem sido tempestuosa. Você não tem sido correto; mas tem estado profundamente equivocado, e seus motivos têm sido mal interpretados. Mas seus desapontamentos e perdas financeiras têm, na providência de Deus, prevalecido para o seu bem. T4 360 3 Tem-lhe sido difícil sentir que seu Pai celestial é ainda seu bondoso benfeitor. Seus problemas e perplexidades têm tido a tendência de desencorajar, e você sente que seria preferível morrer do que viver. Contudo, em certa ocasião, se seus olhos pudessem ter sidos abertos, teria visto anjos de Deus buscando salvá-lo de si mesmo. Os anjos de Deus o conduziram para onde pudesse receber a verdade e firmar seus pés sobre um fundamento que seria mais firme do que os montes eternos. Aqui você viu luz, e a acolheu. Nova fé e nova vida surgiram em seu caminho. Deus, em Sua providência, ligou-o com a Sua obra no escritório da Pacific Press. Ele tem trabalhado por você, e você deve ver a Sua mão guiadora. O sofrimento tem sido sua porção; mas você tem trazido muito dele sobre si mesmo, porque não tem exercido domínio próprio. Às vezes tem sido muito severo. Tem um temperamento impaciente, que precisa ser dominado. Em sua vida tem estado em perigo, seja de submeter-se à autoconfiança, ou, por outro lado, isolar-se e ficar desanimado. Uma contínua dependência da Palavra e da providência de Deus o qualificará para empregar suas faculdades inteiramente pelo seu Redentor que o tem chamado, dizendo: "Segue-Me." Deve cultivar um espírito de inteira submissão à vontade de Deus, zelosa e humildemente procurando conhecer os Seus caminhos e seguir a direção de Seu Espírito. "Não te estribes em teu próprio entendimento." Provérbios 3:5. Deve desconfiar profundamente da própria sabedoria e suposta prudência. Sua condição requer essas precauções. Não é seguro que o homem confie no próprio discernimento. Ele tem capacidade limitada na melhor das hipóteses, e muitos têm recebido como hereditariedade traços de caráter tanto fortes como fracos, que são defeitos explícitos. Essas peculiaridades caracterizam a vida inteira. T4 361 1 A sabedoria que Deus dá conduzirá os homens ao exame próprio. A verdade os convencerá de seus erros e equívocos existentes. O coração deve estar aberto para ver, perceber e reconhecer esses erros, e então, através da ajuda de Jesus, cada um deve empenhar-se zelosamente na obra de vencê-los. O conhecimento obtido pelos sábios do mundo, por mais diligentes que sejam em adquiri-lo, é, afinal, limitado e comparativamente inferior. Poucos, porém, compreendem os caminhos e obras de Deus nos mistérios de Sua providência. Avançam uns poucos passos, mas não chegam a lugar algum. É o pensador superficial que se julga sábio. Homens de grande valor e elevadas realizações são os mais prontos a admitir a fraqueza do próprio entendimento. Deus deseja que cada um que reivindica ser Seu discípulo seja um aprendiz, mais inclinado a aprender do que a ensinar. T4 361 2 Quantos homens nesta época do mundo deixam de aprofundar-se o suficiente! Mal tocam a superfície. Não pensam de modo suficientemente detalhado para ver dificuldades e lutar contra elas, e não examinarão todo assunto importante que lhes aparece, com estudo acompanhado de oração e meditação, e suficiente precaução e interesse em ver o real ponto da questão. Falam de assuntos que não têm avaliado inteira e cuidadosamente. Muitas vezes pessoas intelectuais e francas têm opiniões próprias que precisam ser firmemente resistidas, ou aqueles de menor força mental estarão em perigo de ser desviados. Através do preconceito mental, hábitos são formados, e costumes, sentimentos e desejos têm maior ou menor influência. Às vezes uma conduta é seguida todos os dias, com persistência, por ser um hábito, e não porque o discernimento aprova. Nesses casos, o sentimento, em vez do dever, tem predominado. T4 362 1 Se pudéssemos entender as próprias fraquezas e ver maus traços em nosso caráter que precisam ser reprimidos, veríamos tanto a ser feito por nós mesmos que humilharíamos nosso coração sob a poderosa mão de Deus. Apoiando nossa alma indefesa sobre Cristo, devíamos suplementar nossa ignorância com a Sua sabedoria, nossa fraqueza com a Sua força, nossa fragilidade com o Seu poder duradouro, e, unidos com Deus, devíamos verdadeiramente ser luzes no mundo. T4 362 2 Prezado irmão, Deus o ama e é muito paciente para com você, apesar de seus muitos erros e faltas. Em vista do terno e piedoso amor de Deus exercido em seu benefício, você não devia ser mais bondoso, perdoador, paciente e tolerante com seus filhos? Sua rispidez e severidade está afastando de você o coração deles. Não pode dar-lhes lições de paciência, tolerância, benignidade e gentileza, quando você é dominador e manifesta mau humor no trato com eles. Eles possuem o cunho de caráter que seus pais lhes deram; e se você deseja aconselhá-los, orientá-los e fazê-los deixar de seguir qualquer conduta errada, o objetivo não pode ser obtido por rispidez e o que lhes pareça tirania. Quando no temor de Deus você pode aconselhá-los e instruí-los com toda solicitude e terno amor que um pai deve manifestar para com o filho errante, então lhes terá demonstrado que há poder na verdade para transformar aqueles que a recebem. Quando os seus filhos não agem de acordo com as suas idéias, em vez de manifestar tristeza por seus erros e pleitear insistentemente com eles e orar por eles, fica irado e segue uma conduta que não lhes fará nenhum bem, apenas os afastarão de suas afeições, e finalmente os separarão de você. T4 362 3 Seu filho mais novo é perverso; ele não faz o que é correto. Seu coração se rebela contra Deus e a verdade. É afetado por influências que somente o tornam ríspido, grosseiro e descortês. Ele lhe é uma provação, e, a menos que se converta, fará você perder a paciência. Mas rispidez e severidade exagerada não o reformarão. Você deve buscar fazer o que pode por ele no Espírito de Cristo, não no próprio espírito, nem sob influência da ira. Deve controlar-se ao conduzir seus filhos. Deve lembrar-se de que a Justiça tem uma irmã gêmea, a Misericórdia. Quando quiser exercer justiça, revele misericórdia, ternura e amor, e não se esforçará em vão. T4 363 1 Seu filho tem uma inclinação perversa, e precisa da mais ponderada disciplina. Considere como tem sido o ambiente de seus filhos, quão desfavorável para a formação de um bom caráter. Eles precisam de compaixão e amor. O mais jovem está agora no período mais crítico de sua vida. O intelecto está agora tomando forma; as afeições estão recebendo a sua impressão. A carreira futura inteira desse jovem está sendo determinada pela conduta que agora adota. Ele está entrando em um caminho que pode conduzir à virtude, ou ao vício. Apelo ao jovem para encher a mente com imagens de verdade e pureza. Não lhe será nenhuma vantagem cair em pecado. Ele pode gabar-se de que é muito agradável pecar e seguir o próprio caminho; mas, afinal, é um caminho terrível. Se ele ama a companhia daqueles que amam o pecado e gostam de praticar o mal, seus pensamentos seguirão por um baixo conduto, e nada verá de atraente na pureza e na santidade. Mas se pudesse ver o fim do transgressor, de que "o salário do pecado é a morte" (Romanos 6:23), seria dominado pelo temor, e clamaria: "Pai meu, Tu és o guia da minha mocidade." Jeremias 3:4. T4 363 2 O êxito dele nesta vida depende muito da conduta que agora adota. Ele deve assumir as responsabilidades da vida. Não tem sido um jovem promissor. É impaciente e não tem domínio próprio. Esta é a semente que o pai dele está semeando, e que produzirá uma colheita para o semeador ceifar. "Tudo o que o homem semear, isso também ceifará." Gálatas 6:7. Com que cuidado devemos lançar a semente, sabendo que devemos colher tal como semeamos. Jesus ainda ama esse jovem. Morreu por ele, e o convida a vir para Seus braços, e encontrar nEle paz e felicidade, calma e descanso. Esse jovem está formando amizades que lhe moldarão a vida inteira. Ele deve ligar-se a Deus e sem demora dedicar-Lhe todas as afeições. Não deve hesitar. Satanás dirigirá seus mais aterradores ataques contra ele; mas ele não deve permitir ser vencido pela tentação. T4 364 1 Foram-me mostrados os perigos dos jovens. O coração deles está cheio de elevadas expectativas, e vêem o caminho descendente repleto de prazeres tentadores que parecem muito convidativos; mas a morte ali está. O caminho estreito para a vida pode parecer-lhes destituído de atrações, um caminho de espinhos e cardos; contudo, não é assim. É o caminho que requer renúncia de prazeres pecaminosos; é um caminho estreito, preparado para os redimidos do Senhor nele caminhar. Ninguém pode andar por esse caminho, e levar consigo suas cargas de orgulho, desejo próprio, engano, falsidade, desonestidade, ira e prazeres carnais. O caminho é tão estreito que essas coisas terão que ser deixadas para trás por aqueles que nele trilham; mas o caminho largo é suficientemente amplo para os pecadores viajarem nele com todas as suas propensões pecaminosas. T4 364 2 Jovem, se rejeitar a Satanás com todas as suas tentações, você pode caminhar nas pegadas de seu Redentor e ter a paz do Céu, as alegrias de Cristo. Não pode ser feliz condescendo com o pecado. Pode gabar-se de ser feliz, mas não pode conhecer a verdadeira felicidade. O caráter está se tornando deformado pela condescendência com o pecado. O perigo se encontra a cada passo descendente, e aqueles que podiam ajudar o jovem não o percebem nem o compreendem. O interesse terno e bondoso que devia ser tomado em favor dos jovens não é manifestado. Muitos poderiam ser guardados de influências pecaminosas se fossem rodeados de boa companhia e lhes fossem dirigidas palavras de bondade e amor. T4 364 3 Meu prezado irmão, espero que não se desanime porque seus sentimentos tão freqüentemente o dominam quando seus métodos e sua vontade são contrariados. Nunca desanime. Fuja para a Fortaleza. Vigie, ore e tente novamente. "Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e Ele Se chegará a vós." Tiago 4:7, 8. T4 364 4 Observe outro ponto. Às vezes você não é tão cauteloso como devia para abster-se da própria aparência do mal. Está em perigo de tornar-se por demais familiarizado com as irmãs, de falar com elas de maneira leviana e imprudente. Isso prejudicará sua influência. Guarde-se cuidadosamente em todos esses pontos; vigie contra a primeira aproximação do tentador. Você é extremamente nervoso e irritadiço. O chá tem a influência de agitar os nervos, e o café entorpece o cérebro; ambos são altamente prejudiciais. Você deve ser cuidadoso em seu regime alimentar. Coma o alimento mais saudável e nutritivo, e mantenha-se em estado mental sereno, para que não se torne tão agitado e se deixe levar pela ira. T4 365 1 Você poderá ser de grande utilidade no escritório, pois pode ocupar posição de importância, se for transformado; mas como agora está, certamente falhará em fazer o que devia. Tem-me sido mostrado que você é rude e ríspido em suas emoções. Elas precisam ser abrandadas, refinadas, elevadas. Em todo seu modo de agir, você deve disciplinar-se para desenvolver hábitos de domínio próprio. Com o temperamento que agora possui, jamais poderá entrar no Céu. T4 365 2 "Amados, agora somos filhos de Deus." 1 João 3:2. Pode acaso qualquer honra humana igualar-se a isto? Que mais elevada posição podemos ocupar do que sermos chamados filhos do infinito Deus? Estaria pronto para realizar algo importante para o Mestre; mas as próprias coisas que mais O agradariam, você não pratica. Será fiel em vencer o eu, para que possa ter a paz de Cristo e o Salvador no coração? T4 365 3 Seu aflito filho precisa ser tratado com calma e ternura; ele precisa de sua compaixão. Ele não deve ser exposto a seu temperamento insano e exigências exageradas. Você precisa reformar-se no que se refere ao temperamento que manifesta. A ira desgovernada não será subjugada no momento; mas seu trabalho vitalício é eliminar do jardim do coração as ervas venenosas da impaciência, crítica e disposição dominadora. "Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança." Gálatas 5:22. Aqueles que são de Cristo, crucificaram a carne, com suas afeições e concupiscência; mas a parte brutal de sua natureza assume as rédeas e controla a parte espiritual. Isso é inversão da ordem de Deus. T4 366 1 A sua fidelidade no trabalho é digna de louvor. Outros no escritório fariam bem em imitar o seu exemplo de fidelidade, diligência e integridade. Faltam-lhe, entretanto, as virtudes do Espírito de Deus. Você é um homem inteligente, mas as suas faculdades têm sido mal-empregadas. Jesus lhe apresenta a Sua graça, paciência e amor. Você aceitará a dádiva? Seja cuidadoso com suas palavras e atos. Diariamente você está semeando sementes. Todo pensamento, toda palavra proferida e toda ação realizada são sementes lançadas no solo, que germinarão e produzirão frutos para a vida eterna ou para miséria e corrupção. Pense, meu irmão, como os anjos de Deus consideram seu triste estado quando permite que a ira o controle. E então isso é escrito nos livros do Céu. A colheita será tal como a semente semeada. Você colherá forçosamente aquilo que semeou. T4 366 2 Você deve controlar o apetite, e em nome de Jesus ser um vencedor neste ponto. Através de hábitos corretos, sua saúde pode melhorar. Seu sistema nervoso está muito abalado; mas o grande Médico pode curar seu corpo bem como sua alma. Faça do Seu poder a sua dependência, da Sua graça sua força, e suas faculdades físicas, morais e espirituais melhorarão grandemente. Você tem mais para vencer do que alguns outros, e, portanto, terá conflitos mais severos; mas Jesus considerará seus sinceros esforços; Ele sabe exatamente quão arduamente você tem de trabalhar para manter o eu sob o controle de Seu Espírito. Coloque-se nas mãos de Jesus. O desenvolvimento próprio deve ser sua preocupação, com o objetivo de ser uma bênção aos seus filhos e a todos aqueles com quem se associa. O Céu considerará com satisfação cada vitória que você obtiver no esforço de vencer. Se puser de lado a ira e a paixão, e olhar a Jesus, autor e consumador da sua fé, poderá, através de Seus méritos, desenvolver caráter cristão. Faça imediatamente uma mudança decidida e tome a resolução de usar dignamente o intelecto que Deus lhe concedeu. T4 366 3 Quando me foi mostrada a presente condição das faculdades física, mental e moral do homem, e o que ele poderia tornar-se mediante os méritos de Cristo, fiquei surpresa de que ele preservasse um nível tão baixo. O ser humano pode crescer à estatura de Cristo, sua cabeça viva. Não é obra de um momento, mas da vida inteira. Por crescer diariamente na vida espiritual, ele não alcançará a plena estatura de um homem perfeito em Cristo senão quando terminar seu tempo de graça. O crescimento é uma obra contínua. Homens de fortes paixões têm um constante conflito consigo mesmos; mas quanto mais árdua for a batalha, mais gloriosa será a vitória e a recompensa eterna. T4 367 1 Você está ligado ao escritório de publicações. Nessa posição seus traços peculiares de caráter serão desenvolvidos. As pequenas cortesias da vida devem ser cultivadas. Um temperamento agradável e cordial, combinado com firme princípio de justiça e honestidade, fará de você um homem de influência. Agora é o momento de obter aptidão moral para o Céu. A igreja a que você pertence deve ter a graça refinadora e enobrecedora de Cristo. Deus requer que Seus seguidores sejam homens de boa reputação, bem como puros, dignos e honestos; bondosos, bem como fiéis. É essencial ser correto nas questões de maior peso; mas isto não é desculpa para negligenciar coisas aparentemente de menor importância. Os princípios da lei de Deus devem ser desenvolvidos na vida e no caráter. Um temperamento cordial, combinado com firme integridade e fidelidade, constituirá em aptidão moral para qualquer posição. O apóstolo Pedro exorta: "Sede... afáveis." 1 Pedro 3:8. T4 367 2 Devemos ser aprendizes na escola de Cristo. Não podemos imitar Seu exemplo a menos que tenhamos disposição agradável e comportamento brando. A verdadeira polidez cristã deve ser cultivada. Ninguém pode diminuir nossa influência a não ser nós mesmos pela condescendência com um temperamento incontrolável. O homem mal-humorado por natureza não conhece a verdadeira felicidade, e raramente está satisfeito. Está sempre com a esperança de alcançar uma posição mais favorável ou modificar o ambiente de modo que tenha paz e tranqüilidade mental. Sua vida parece carregada de pesadas cruzes e provações, quando, se ele tivesse controlado o temperamento e refreado a língua, muitos desses aborrecimentos poderiam ter sido evitados. É a "resposta branda" que "desvia o furor". Provérbios 15:1. A vingança nunca venceu um inimigo. Temperamento bem equilibrado exerce boa influência sobre todos ao redor; mas "como cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não tem domínio próprio". Provérbios 25:28. T4 368 1 Considere a vida de Moisés. A mansidão em meio à murmuração, censura e provocação constituíam os traços mais brilhantes de seu caráter. Daniel foi humilde de espírito. Conquanto estivesse cercado de desconfiança e suspeita, e seus inimigos preparassem um ardil para sua vida, ele, contudo, nunca se desviou do princípio. Manteve alegre e serena confiança em Deus. Acima de tudo, permita que a vida de Cristo lhe ensine. "Quando O injuriavam, não injuriava e, quando padecia, não ameaçava." 1 Pedro 2:23. Você deve aprender essa lição, ou jamais entrará no Céu. Cristo deve tornar-Se sua força. Em Seu nome você será mais que vencedor. Nenhum encantamento contra Jacó, nenhum presságio contra Israel, prevalecerá. Se sua alma estiver arraigada à Rocha eterna, você estará seguro. Venha alegria ou sofrimento, nada o desviará do que é correto. T4 368 2 Você tem estado a flutuar no mundo, mas a verdade eterna se lhe demonstrará uma âncora. Você precisa guardar a fé. Não proceda por impulso nem entretenha teorias vagas. Fé experimental em Cristo e submissão à lei de Deus são da mais alta importância para você. Esteja disposto a aceitar a advertência e conselho dos que têm experiência. Não adie a obra de tornar-se vencedor. Seja sincero a si mesmo, a seus filhos e a Deus. Seu aflito filho precisa ser tratado com ternura. Como pai, você deve lembrar-se de que os nervos que podem estremecer de alegria podem também estremecer sob a mais intensa dor. O Senhor identifica Seu interesse com o da sofredora humanidade. T4 368 3 Muitos pais se esquecem de sua responsabilidade para com Deus de educar filhos para utilidade e dever de tal forma que sejam uma bênção para si mesmos e a outros. Freqüentemente, as crianças são mimadas desde a meninice, e maus hábitos se tornam fixos. Os pais têm estado curvando o rebento. Pela sua maneira de educar, o caráter ou se desenvolve com deformidades ou com simetria e beleza. Mas enquanto muitos erram do lado da condescendência, outros vão ao extremo oposto e governamos filhos com vara de ferro. Nenhum deles segue a direção bíblica, mas ambos estão fazendo uma obra temível. Estão moldando a mente dos filhos e devem prestar contas, no dia de Deus, pela maneira como o têm feito. A eternidade revelará o resultado da obra feita nesta vida. "Para onde o galho se curva, a árvore se inclina." T4 369 1 Sua maneira de orientar está errada, decididamente errada. Você não é um pai carinhoso e compassivo. Que exemplo dá aos filhos com suas explosões insanas de ira! Que contas terá de prestar a Deus por sua perversa disciplina! Se deseja ter o amor e respeito de seus filhos, você precisa manifestar-lhes afeição. A condescendência com a ira nunca é desculpável; é sempre cega e perversa. T4 369 2 Deus requer que você mude de conduta. Pode ser um homem útil e eficiente no escritório se empreender esforços determinados para vencer. Não estabeleça como critério as opiniões próprias. O Senhor o ligou ao Seu povo para que você pudesse aprender na escola de Cristo. Suas idéias têm sido pervertidas; "não te estribes no teu próprio entendimento". Provérbios 3:5. Você não pode ser salvo a menos que sua mentalidade seja mudada. Não obstante o fato de Moisés ter sido o mais manso de todos os homens que já viveram na Terra, houve uma ocasião em que ele trouxe sobre si o desagrado de Deus. Ele foi grandemente importunado pela murmuração dos filhos de Israel por falta de água. As injustas acusações do povo contra ele o levaram por um momento a esquecer que as queixas não eram contra ele, mas contra Deus; e em vez de mostrar-se magoado porque o Espírito de Deus recebia insulto, ele se mostrou irritado, ofendido, e de maneira voluntariosa, impaciente, feriu a rocha duas vezes dizendo: "Ouvi agora, rebeldes: porventura, tiraremos água desta rocha para vós?" Números 20:10. Moisés e Arão puseram-se à frente no lugar de Deus, como se o milagre tivesse sido realizado por eles. Não exaltaram a Deus, mas a si mesmos perante o povo. Muitos no final não alcançarão a vida eterna porque se deixam levar por conduta semelhante. T4 369 3 Moisés mostrou grande fraqueza perante o povo. Revelou grande falta de domínio próprio, um espírito igual ao que possuíam os murmuradores. Ele devia ter sido um exemplo de paciência e tolerância diante daquela multidão que estava agora pronta a desculpar suas faltas, desafeições e murmurações irrazoáveis por causa dessa manifestação de erro de sua parte. O maior pecado constituiu em assumir ele o lugar de Deus. A posição de honra que Moisés havia ocupado até aí não lhe diminuía a culpa, mas ao contrário a aumentava. Aqui estava um homem até então irrepreensível, agora caído. Muitos em posição semelhante haveriam de arrazoar que seu pecado deveria ser desculpado em virtude de sua longa vida de invariável fidelidade. Mas não; era mais grave um homem que tinha sido honrado por Deus mostrar fraqueza de caráter na demonstração de ira do que se ele ocupasse posição de menor responsabilidade. Moisés era um representante de Cristo, mas quão tristemente foi o simbolismo maculado! Moisés havia pecado, e sua fidelidade passada não podia expiar o pecado presente. Todo o grupo de Israel estava fazendo história para futuras gerações. Essa história a pena da inspiração que não erra deve traçar com exata fidelidade. Homens de todo o tempo futuro devem ver o Deus do Céu como um governante firme que em caso algum justifica o pecado. Moisés e Arão teriam de morrer sem entrar em Canaã, ficando sujeitos à mesma punição que caiu sobre os que estavam em posição de menor importância. Eles se curvaram em submissão, embora sua angústia de coração fosse inexprimível; mas seu amor por Deus e sua confiança nEle ficaram inalterados. O exemplo deles é uma lição que muitos passam por alto sem aprender dela como deviam. O pecado não parece iníquo. A exaltação do eu não lhes parece grave. T4 370 1 Poucos, todavia, percebem a malignidade do pecado; gabam-se de que Deus é muito bom para punir o ofensor. Os casos de Moisés e Arão, Davi e numerosos outros, mostram que não é seguro pecar por palavra, por pensamento ou ação. Deus é um ser de amor e compaixão infinitos. No discurso de despedida que Moisés apresentou aos filhos de Israel, ele disse: "Porque o nosso Deus é um fogo consumidor" (Hebreus 12:29), um Deus zeloso. O apelo tocante feito por Moisés de que poderia ser privilegiado a entrar em Canaã foi firmemente recusado. A transgressão em Cades havia sido pública e marcante; e quanto mais elevada a posição do ofensor, quanto mais distinto o homem, mais firme era o decreto e mais certa a punição. Prezado irmão, fique alerta. Seja fiel à luz que brilha em seu caminho. Declarou Paulo: "Subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado." 1 Coríntios 9:27. ------------------------Capítulo 33 -- Pastores consagrados T4 371 1 Três anos atrás, o Senhor me deu uma visão das coisas passadas, presentes e futuras. Vi jovens pregando a verdade, alguns dos quais, naquele tempo, ainda não a tinham recebido. Eles têm desde então se apegado à verdade, e tentam conduzir outros a ela. Foi-me mostrado o seu caso, irmão I. No passado sua vida não foi de modo a levá-lo a esquecer o eu. Você é por natureza egoísta e auto-suficiente, depositando total confiança em sua força. Isso o impedirá de adquirir a experiência necessária para torná-lo um humilde e eficiente ministro de Cristo. T4 371 2 Há muitos no campo que estão numa condição semelhante. Podem apresentar a teoria da verdade, mas têm falta da verdadeira piedade. Se os pastores agora trabalhando no campo do evangelho, incluindo você, sentissem diariamente a necessidade do exame próprio e comunhão com Deus, então estariam em condição de receber as palavras de Deus para dá-las ao povo. Suas palavras e viver diário serão "cheiro de vida para a vida" ou "de morte para a morte". 2 Coríntios 2:16. T4 371 3 Você pode inteligentemente crer na verdade; mas a obra está ainda diante de você para colocar todo o ato de sua vida e toda a emoção de seu coração em harmonia com sua fé. A oração de Cristo por Seus discípulos pouco antes de Sua crucifixão foi: "Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade." João 17:17. A influência da verdade não deve afetar meramente o entendimento, mas o coração e a vida. A religião genuína, prática, levará o seu possuidor a controlar suas emoções. Sua conduta exterior deve ser santificada através da verdade. Asseguro-lhe perante Deus de que você é seriamente deficiente em religiosidade prática. Os pastores não devem assumir a responsabilidade de professores do povo, imitando a Cristo, o Grande Exemplo, a menos que sejam santificados para a grande obra, a fim de poderem ser exemplos para o rebanho de Deus. Um pastor não santificado pode causar incalculável mal. Conquanto professando ser embaixador de Cristo, seu exemplo será copiado por outros; e se lhe faltam as verdadeiras características de um cristão, suas faltas e deficiências serão reproduzidas neles. T4 372 1 Homens podem ser capazes de repetir com fluência as grandes verdades expressas com integridade e perfeição em suas publicações; podem falar fervorosa e inteligentemente do declínio da religião nas igrejas; podem apresentar o padrão do evangelho perante o povo de um modo muito capaz, enquanto os deveres do dia-a-dia da vida cristã, que requerem ação, bem como sentimento, são considerados por eles como não estando entre as questões de maior peso. Este é seu perigo. A religião prática reivindica sua ação igualmente sobre o coração, a mente e a vida diária. Nossa sagrada fé não consiste em sentimento nem meramente em ação, mas esses dois aspectos precisam ser combinados na vida cristã. A religião prática não existe independentemente da atuação do Espírito Santo. Você precisa deste agente, meu irmão, e assim também todos quantos entram na obra de esforçar-se para convencer transgressores de sua condição perdida. Este instrumento do Espírito de Deus não nos isenta da necessidade de exercitarmos nossas faculdades e talentos, mas nos ensina a usar toda capacidade para a glória de Deus. As faculdades humanas, quando sob a direção especial da graça de Deus, são suscetíveis de ser usadas para o melhor propósito na Terra, e serão exercidas na futura vida imortal. T4 372 2 Meu irmão, foi-me mostrado que você poderia tornar-se um professor de muito êxito se se consagrasse totalmente ao trabalho, mas seria um obreiro muito fraco caso não o fizesse. Não aceita, como o Redentor do mundo aceitou, a posição de servo, a difícil parte do dever do pregador do evangelho; e neste particular há muitos tão deficientes quanto você. Aceitam seus salários praticamente sem considerar se fizeram o máximo para servir à causa ou a si mesmos, se dedicaram o seu tempo e talentos inteiramente à obra de Deus ou se apenas falaram no púlpito e devotaram o restante de seu tempo aos próprios interesses, inclinações ou prazer. T4 373 1 Cristo, a Majestade do Céu, pôs de lado as Suas vestes de realeza, e veio a este mundo todo endurecido e arruinado pela maldição, para ensinar os homens como viver uma vida de abnegação e sacrifício próprio, e como pôr em prática a religião na vida diária. Ele veio para dar o exemplo correto de um ministro do evangelho. Esforçava-Se constantemente por um objetivo; todas as Suas forças eram empregadas para a salvação do ser humano, e todo o ato de Sua vida visava este fim. Viajava a pé, ensinando Seus seguidores à medida que prosseguia. Suas vestes eram empoeiradas e manchadas pela viagem, e Sua aparência era pouco convidativa. Contudo, as verdades simples e objetivas que saíam de Seus divinos lábios logo faziam com que os ouvintes se esquecessem de Sua aparência, e ficassem encantados, não com o homem, mas com a doutrina que Ele ensinava. Após ensinar durante todo o dia, freqüentemente dedicava a noite à oração. Fazia Suas súplicas a Seu Pai com forte clamor e lágrimas. Orava, não por Si mesmo, mas por aqueles a quem veio redimir. T4 373 2 Poucos pastores oram a noite inteira, como fez nosso Salvador, ou dedicam horas do dia para orar a fim de se tornarem aptos ministros do evangelho, e eficientes em levar homens a ver as belezas da verdade e serem salvos através dos méritos de Cristo. Daniel orava três vezes ao dia; mas muitos que fazem a mais exaltada profissão de fé não humilham nenhuma vez ao dia sua alma perante Deus em oração. Jesus, o querido Salvador, a todos deu notáveis lições de humildade, mas em especial ao ministro do evangelho. Em Sua humilhação, ao achar-se quase concluída Sua obra na Terra e Ele prestes a voltar para o trono do Pai, de onde viera, tendo nas mãos todo o poder e na fronte toda a glória, entre Suas últimas lições aos discípulos houve uma sobre a importância da humildade. Enquanto eles contendiam a respeito de quem seria o primeiro no reino prometido, cingiu-Se Ele como um servo, e lavou os pés daqueles que O chamavam Senhor e Mestre. T4 374 1 Seu ministério estava quase terminado; poucas lições mais tinha a ensinar. E para que jamais esquecessem a humildade do puro e impecável Cordeiro de Deus, o grande, o eficaz Sacrifício pelo homem humilhou-Se a lavar os pés dos discípulos. Ser-lhe-á benéfico, bem como aos pastores em geral, o recapitular freqüentemente as cenas finais da vida de nosso Redentor. Ali, rodeado como estava de tentações, podemos todos aprender lições da mais alta importância para nós. T4 374 2 Bom seria passar cada dia uma hora de reflexão, recapitulando a vida de Jesus da manjedoura ao Calvário. Devemos tomá-la, ponto por ponto, deixando que a imaginação se apodere vividamente de cada cena, em particular das cenas finais de Sua vida terrestre. Contemplando assim Seus ensinos e sofrimentos, e o infinito sacrifício por Ele feito para redenção da raça humana, podemos revigorar nossa fé, vivificar nosso amor e imbuir-nos mais profundamente do espírito que sustinha nosso Salvador. T4 374 3 Caso queiramos afinal ser salvos, todos nós devemos aprender, junto à cruz, a lição de penitência e de fé. Cristo sofreu humilhação a fim de salvar-nos da vergonha eterna. Consentiu em receber escárnio, zombaria e maus-tratos para que nos pudesse proteger. Foi nossa transgressão que Lhe adensou em torno da divina alma o véu da escuridão, e arrancou-Lhe um brado como de pessoa ferida e abandonada por Deus. "Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre Si" (Isaías 53:4), por causa de nossos pecados. Fez-Se oferta pelo pecado a fim de que, por meio dEle, pudéssemos ser justificados perante Deus. Tudo quanto é nobre e generoso no homem será suscetível à contemplação de Cristo crucificado. T4 375 1 Anseio ver nossos pastores se demorarem mais na cruz de Cristo, o coração enternecido e subjugado pelo incomparável amor do Salvador, amor que inspirou o sacrifício imenso. Se a par da teoria da verdade, nossos obreiros se demorassem mais sobre a piedade prática, falando inspirados por um coração possuído do espírito da verdade, veríamos muito mais almas se arrebanharem em torno do estandarte da verdade; o coração ser-lhes-ia tocado ante os apelos da cruz de Cristo, da infinita generosidade e piedade de Jesus em sofrer pelo homem. Esses assuntos vitais, aliados aos pontos doutrinários de nossa fé, efetuariam grande bem entre o povo. O coração do mestre, porém, precisa achar-se possuído do conhecimento experimental do amor de Cristo. T4 375 2 O poderoso argumento da cruz convencerá do pecado. O divino amor de Deus pelos pecadores, expresso no dom de Seu Filho para sofrer vergonha e morte de modo a que eles fossem enobrecidos e dotados de vida eterna, constitui estudo para toda a existência. Peço-lhes que estudem de novo a cruz de Cristo. Se todos os orgulhosos e vangloriosos cujo coração anseia aplauso dos homens e distinção acima de seus companheiros pudessem calcular devidamente o valor da mais exaltada glória terrena em comparação com o valor do Filho de Deus -- rejeitado, desprezado, cuspido por aqueles mesmos a quem viera salvar -- quão insignificantes pareceriam todas as honras que o homem mortal pudesse conferir! T4 375 3 Prezado irmão, você sente, em suas realizações imperfeitas, que é qualificado para quase qualquer posição. Mas ainda não foi achado capaz de controlar a si mesmo. Sente-se competente para dar ordens aos homens de experiência, quando deveria estar disposto a ser conduzido e colocar-se na posição de um aprendiz. Quanto menos meditar em Cristo e em Seu incomparável amor, e quanto menos se assemelhar a Sua imagem, tanto melhor parecerá ser aos próprios olhos e tanto maior será sua autoconfiança e satisfação própria. O correto conhecimento de Cristo, a constante contemplação do Autor e Consumador de nossa fé, lhe darão tal visão do caráter de um cristão genuíno, que você não poderá deixar de fazer correta avaliação de sua própria vida e caráter, em contraste com os do grande Exemplo. Verá então sua própria fraqueza, sua ignorância, seu amor ao conforto e sua indisposição para negar o eu. T4 376 1 Você apenas começou a estudar a Santa Palavra de Deus. Apanhou algumas gemas da verdade, que, com muita luta e muitas orações, foram cavadas por outros; mas a Bíblia está cheia delas; faça desse Livro o objeto de seu zeloso estudo e a regra de sua vida. Seu perigo será sempre de desprezar o conselho, e atribuir-se um valor mais elevado do que Deus lhe atribui. Há muitos que estão sempre prontos a lisonjear e louvar o pastor que sabe falar. Para seu próprio prejuízo um jovem pastor está sempre em perigo de ser mimado e aplaudido, enquanto ao mesmo tempo pode ser deficiente nas coisas essenciais que Deus requer daquele que professa ser um porta-voz Seu. Você tem meramente entrado na escola de Cristo. A adaptação para a sua obra é uma tarefa vital, uma luta diária, penosa e renhida com hábitos estabelecidos, inclinações e tendências hereditárias. Guardar e controlar o próprio eu, para manter Jesus preeminente e o eu fora de vista, requer constante, diligente e vigilante esforço. T4 376 2 É necessário que você cuide dos pontos fracos de seu caráter, para conter más tendências e para fortalecer e desenvolver nobres faculdades que não têm sido devidamente exercidas. O mundo nunca conhecerá a obra que prossegue secretamente entre a alma e Deus, nem a amargura de espírito, a aversão ao próprio eu e os constantes esforços para dominá-lo; mas muitos do mundo serão capazes de apreciar o resultado desses esforços. Eles verão a Cristo revelado em sua vida diária. Você será carta viva, "conhecida e lida por todos os homens" (2 Coríntios 3:2), e possuirá caráter simétrico, nobremente desenvolvido. T4 376 3 "Aprendei de Mim", disse Cristo, "que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma." Mateus 11:29. Ele instruirá os que se dirigem a Ele em busca de conhecimento. Há multidões de falsos mestres no mundo. O apóstolo declara que, nos últimos dias, homens "cercar-se-ão de mestres... como que sentindo coceira nos ouvidos" (2 Timóteo 4:3), porque desejam ouvir coisas agradáveis. Cristo nos preveniu contra eles: "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis." Mateus 7:15 e16. A classe de mestres religiosos aí descrita professa ser cristã. Eles têm forma de piedade, e parecem estar trabalhando para o bem das almas, enquanto no íntimo são avarentos, egoístas, amantes da comodidade, seguindo as inclinações do próprio coração não consagrado. Estão em conflito com Cristo e Seus ensinos, e se acham destituídos de Seu espírito manso e humilde. T4 377 1 O pregador que transmite a sagrada verdade para estes últimos dias deve ser o oposto de tudo isso, e por sua vida de santidade prática, claramente marca a diferença que existe entre o falso e o verdadeiro pastor. O Bom Pastor veio buscar e salvar o perdido. Ele manifestou em Suas obras o Seu amor por Suas ovelhas. Todos os pastores que trabalham sob a direção do Supremo Pastor possuirão Suas características; eles serão mansos e humildes de coração. Fé semelhante à de uma criança traz descanso à alma, e também atua pelo amor e sempre se interessa pelos outros. Se o Espírito de Cristo habita neles, serão semelhantes a Cristo e farão as obras de Cristo. Muitos que professam ser ministros de Cristo têm se equivocado quanto a seu mestre. Alegam estar servindo a Cristo, e não estão cientes de que é sob a bandeira de Satanás que estão se posicionando. Podem ser sábios segundo o mundo, e ansiosos por disputa e vanglória, exibindo-se com a realização de um grande trabalho; mas eles não são de utilidade para Deus. Os motivos que promovem a ação caracterizam o trabalho. Conquanto os homens não possam discernir a deficiência, Deus a observa. T4 377 2 A letra da verdade pode convencer algumas almas que se apegarão firmemente à fé e finalmente serão salvas; mas o pregador egoísta que lhes apresentou a verdade não terá crédito para com Deus pelas conversões. Será julgado por sua infidelidade enquanto professa ser um vigia sobre os muros de Sião. O orgulho de coração é um terrível traço de caráter. "A soberba precede a ruína." Provérbios 16:18. Isso é verdade na família, na igreja e na nação. Como quando Ele esteve na Terra, o Salvador do mundo está escolhendo homens simples e sem instrução, ensinando-os a levarem a Sua verdade, bela em sua simplicidade, ao mundo, especialmente aos pobres. O Sumo Pastor ligará o subpastor a Si mesmo. Ele não determina que esses homens incultos permaneçam ignorantes ao realizarem a sua tarefa, mas que dEle recebam o conhecimento, a fonte de todo o conhecimento, luz e poder. T4 378 1 É a ausência do Espírito Santo e da graça de Deus que torna o ministro do evangelho tão destituído de poder para convencer e converter. Após a ascensão de Jesus, doutores, advogados, sacerdotes, maiorais, escribas e fariseus ouviram com admiração as palavras de sabedoria e poder de homens indoutos e humildes. Esses sábios se maravilharam do sucesso dos modestos discípulos, e finalmente o atribuíram, para sua própria satisfação, ao fato de haverem estado com Jesus e aprendido dEle. Seu caráter e a simplicidade de seus ensinos eram semelhantes ao caráter e aos ensinos de Cristo. O apóstolo o descreve nestas palavras: "Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes. E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante Ele." 1 Coríntios 1:27-29. T4 378 2 Os que hoje ensinam verdades impopulares precisam ter poder do alto para juntá-lo a sua doutrina, do contrário seus esforços serão de pouco valor. A preciosa virtude da humildade faz muita falta no ministério e na igreja. Homens que pregam a verdade têm um conceito exagerado de suas próprias capacidades. A verdadeira humildade levará o homem a exaltar a Cristo e a verdade, e a reconhecer sua total dependência do Deus da verdade. É penoso aprender lições de humildade; contudo, nada é mais benéfico no fim. A dor que acompanha o aprendizado de lições de humildade é a conseqüência de nos ensoberbecermos por uma falsa avaliação de nós mesmos, sendo, portanto, incapazes de ver nossa grande necessidade. A vaidade e o orgulho enchem o coração dos homens. Só a graça de Deus pode efetuar uma reforma. T4 378 3 Sua tarefa, meu irmão, é humilhar-se e não esperar que Deus o humilhe. A mão de Deus às vezes pesa intensamente sobre os homens, para humilhá-los e conduzi-los à correta posição diante dEle; quão melhor, porém, é manter diariamente o coração bem humilde diante de Deus! Podemos humilhar-nos, ou podemos encher-nos de orgulho e esperar até que Deus nos humilhe. Atualmente, os ministros do evangelho sofrem pouco pela causa da verdade. Se fossem perseguidos, como foram os apóstolos de Cristo, e como foram homens santos de Deus em tempos posteriores, haveria pressa em estarem mais perto de Cristo, e essa ligação mais íntima com o Salvador tornaria suas palavras um poder na Terra. Cristo "foi homem de dores e que sabe o que é padecer". Isaías 53:3. Suportou as perseguições e contradições dos pecadores; foi pobre e sofreu fome e fadiga; foi tentado pelo diabo, e Suas obras e ensinos despertaram o mais amargo ódio. Que negamos a nós mesmos hoje por amor de Cristo? Onde está nossa devoção à verdade? Evitamos as coisas que não nos agradam, e fugimos de cuidados e responsabilidades. Podemos esperar o poder de Deus atuando com nossos esforços quando temos tão pouca consagração à obra? T4 379 1 Meu irmão, foi-me mostrado que seu nível de religiosidade não é elevado. Você precisa ter senso mais profundo de sua responsabilidade para com Deus e a sociedade. Então não se sentirá satisfeito consigo mesmo, nem tentará desculpar-se apontando as deficiências de outros. Você não tem tão completo conhecimento da verdade para que possa diminuir seus esforços em qualificar-se para instruir a outros. Precisa ter nova conversão a fim de tornar-se capaz e dedicado ministro do evangelho, um homem de piedade e santidade. Se você devesse dedicar todas as suas energias à causa de Deus, não estaria fazendo nada demais. Isso é, no máximo, uma oferta defeituosa que qualquer um de nós pode oferecer. Se estiver continuamente buscando a Deus, e procurando consagrar-se mais profundamente a Ele, estará reunindo novas idéias ao pesquisar as Escrituras por si mesmo. T4 379 2 Para compreender a verdade, você deve disciplinar e educar a mente, e procurar constantemente possuir as virtudes de genuína piedade. Agora você mal sabe o que é isso. Quando Cristo estiver em você, terá algo mais do que uma teoria da verdade. Não somente repetirá as lições que Cristo deu quando esteve na Terra, mas educará a outros por sua vida de abnegação e dedicação à causa de Deus. Sua vida será um sermão vivo, e possuirá mais poder do que qualquer sermão proferido do púlpito. T4 380 1 Precisa cultivar em si mesmo aquele espírito altruísta, aquela bondade abnegada e genuína devoção que deseja ver outros praticarem. A fim de ampliar continuamente a inteligência espiritual, e tornar-se cada vez mais eficiente, você precisa cultivar hábitos de utilidade nos pequenos deveres em seu caminho. Você não deve esperar por oportunidades para realizar uma grande obra, mas aproveitar a primeira ocasião propícia para demonstrar que é fiel no mínimo, e assim poderá ser elevado de uma posição de confiança para outra. Estará apto a pensar que não é deficiente em conhecimento, e inclinado a negligenciar a oração secreta, a vigilância e um cuidadoso estudo das Escrituras, e conseqüentemente ser vencido pelo inimigo. Sua maneira de ser pode parecer perfeita a seus próprios olhos, enquanto, na realidade, pode ser muito deficiente. Não deve ter tempo para discutir com o adversário das almas. Agora é tempo para tomar a sua posição e desapontar o inimigo. Deve criticar a si mesmo íntima e zelosamente. Estará inclinado a colocar a sua opinião como padrão, sem levar em conta as opiniões e julgamento de homens de experiência, a quem Deus tem usado para fazer avançar a Sua causa. Homens jovens no ministério agora conhecem somente pouco das dificuldades; e muitos deixarão de se tornar tão úteis quanto poderiam pela própria razão de que as coisas são-lhes tornadas muito fáceis. T4 380 2 Você tem responsabilidades em sua família que julga que entende; mas sabe menos sobre elas do que deveria saber. Tem muitas coisas para desaprender das quais se orgulhava em saber. Foi-me mostrado que você reuniu muitas idéias que entende ser verdade, mas que estão diretamente em oposição à Bíblia. Paulo teve que defrontar e contender acerca dessas coisas com jovens pastores de seus dias. Você tem sido muito pronto a aceitar como luz as declarações e posições dos homens; mas seja cuidadoso em como apresenta as suas idéias como verdade bíblica. Seja cuidadoso em seus passos. Eu esperava que uma tal reforma tivesse tido lugar em sua vida de modo que eu jamais precisasse ser chamada para escrever-lhe estas palavras. T4 381 1 Você tem um dever a cumprir no lar, ao qual não pode fugir, e ainda ser leal a Deus e ao encargo que Ele lhe confiou. O que agora menciono não me foi mostrado definidamente em seu caso, porém em centenas de casos semelhantes; portanto, quando vejo que você está a cair no mesmo erro em que muitos pais nesta época do mundo estão caindo, não posso desculpar a sua negligência do dever. Você tem uma criança, uma alma confiada a sua guarda. Mas quando você mostra tão manifesta fraqueza e falta de sabedoria em instruir essa criança, seguindo as próprias idéias em vez de a regra bíblica, como pode merecer confiança para ensinar e conduzir questões onde os interesses eternos de muitos estão envolvidos? T4 381 2 Dirijo-me a você e a sua esposa. Minha posição na causa e obra de Deus requer que eu me expresse em questões de disciplina. Seu exemplo nos próprios afazeres domésticos causarão um grande prejuízo à causa de Deus. O campo do evangelho é o mundo. Vocês desejam semear o campo com a verdade evangélica, esperando que Deus regue a semente semeada para que dê fruto. Confiaram a si mesmos uma pequena área; mas seu próprio jardim é deixado a crescer com sarças e espinhos, enquanto estão empenhados em capinar jardins alheios. Esta não é uma pequena obra, mas uma tarefa momentosa. Estão pregando o evangelho a outros; pratiquem-no vocês mesmos no lar. Estão condescendendo com os caprichos e paixões de uma criança perversa, e por fazê-lo cultivam traços de caráter que Deus odeia, e que torna a criança infeliz. Satanás tira vantagem de sua negligência e controla a mente. Você tem uma obra a realizar para mostrar que compreende os deveres que pesam sobre um pai cristão em moldar o caráter de seu filho segundo o Modelo Divino. Se tivesse começado esta obra em sua infância, seria fácil agora, e a criança seria muito mais feliz. Mas, sob a sua disciplina, a vontade e a perversidade da criança têm por todo tempo sido fortalecidas. Agora requererá maior severidade, e mais constante, perseverante esforço para desfazer o que esteve fazendo. Se não pode controlar uma criancinha que é o seu especial dever controlar, será deficiente em sabedoria ao dirigir os interesses espirituais da igreja de Cristo. T4 382 1 Há erros que jazem no próprio alicerce de sua experiência e que precisam ser desarraigados, e você precisa tornar-se um aprendiz na escola de Cristo. Abra os olhos para discernir onde está a dificuldade, e então apresse-se em se arrepender dessas coisas e começar a atuar de um ponto de vista correto. Não se esforce no eu, mas em Deus. Deixe de lado o orgulho, a exaltação própria, a vaidade, e aprenda de Cristo as suaves lições da cruz. Você precisa dedicar-se sem reservas à obra. Seja um sacrifício vivo sobre o altar de Deus. T4 382 2 Se o filho de um pastor manifesta ira, e é favorecido em quase todos os seus desejos, isso tem a influência de desfazer os testemunhos que Deus tem me dado aos pais com respeito ao próprio cuidado de seus filhos. Você está indo diretamente contra a luz que Deus tem Se comprazido em dar, e escolhendo uma teoria específica por si próprio. Mas essa experiência, tão diretamente em oposição às instruções da Palavra de Deus, não deve ser levada avante para prejuízo daqueles a quem Deus nos quis instruir com referência à educação de seus filhos. T4 382 3 Seu interesse não deve ser absorvido na própria família com exclusão de outros. Se você desfruta a hospitalidade de seus irmãos, podem eles com razão esperar alguma coisa em retribuição. Identifique seus interesses com os dos pais e filhos, e procure instruir e abençoar. Santifique-se para a obra de Deus, e seja uma bênção para os que o hospedam, conversando com os pais, e de maneira nenhuma passando por alto os filhos. Não pense que sua própria filha é mais preciosa à vista de Deus que outras crianças. Você corre o risco de negligenciar a outros enquanto agrada e satisfaz a sua criança; e ela mesma dá evidência de sua orientação deficiente. Ela é culpada de atos de desobediência e ira tantas vezes em um dia quanto sua vontade seja contrariada. Que influência está isto trazendo sobre as famílias a quem Deus está buscando instruir e corrigir acerca de idéias frouxas com respeito à disciplina! T4 383 1 Em seu apego tolo e cego, ambos têm-se submetido a sua criança. Tem-na permitido manter as rédeas em suas pequenas mãos, e ela dominou a ambos antes que fosse capaz de caminhar. O que pode ser esperado do futuro em vista do passado? Não permita que o exemplo dessa criança favorecida e mimada acarrete repreensões que testifiquem contra vocês e que no Juízo mostrem ter resultado na perda de inúmeras crianças. Se os homens e mulheres o aceitarem como mestre da parte de Deus, não estarão inclinados a seguir seu pernicioso exemplo ao submeterem-se aos seus filhos? Não será o pecado de Eli o seu? E não recairá sobre você a retribuição que recaiu sobre ele? Sua criança, com os seus atuais hábitos e temperamento, nunca verá o reino de Deus. E vocês, seus pais, serão aqueles que fecharam os portões do Céu diante dela. Como, então, permanecerão com respeito à própria salvação? Lembrem-se de que colherão aquilo que semearam. ------------------------Capítulo 34 -- O juízo T4 384 2 Na manhã de 23 de Outubro de 1879, por volta das duas horas, o Espírito do Senhor repousou sobre mim, e vi cenas do juízo vindouro. Faltam-me palavras para descrever devidamente as coisas que passaram diante de mim, e o efeito que tiveram sobre meu espírito. T4 384 3 Parecia haver chegado o grande dia da execução do juízo de Deus. Milhões achavam-se reunidos diante de um grande trono, sobre o qual estava sentada uma pessoa de aparência majestosa. Vários livros achavam-se diante dEle, e na capa de cada um estava escrito em letras de ouro, que pareciam como chama ardente: "Livros de Registro do Céu." Foi então aberto um desses livros, contendo os nomes dos que professam crer na verdade. Perdi imediatamente de vista os inúmeros milhões que se achavam em redor do trono, e unicamente os que eram professos filhos da luz e da verdade me prenderam a atenção. Ao serem nomeadas essas pessoas, uma a uma, e mencionadas suas boas ações, sua fisionomia iluminava-se de santa alegria que se refletia em todas as direções. Isto, porém, não pareceu fixar-se em meu espírito com a maior intensidade. T4 384 4 Abriu-se outro livro, no qual se achavam registrados os pecados dos que professam a verdade. Sob o cabeçalho geral de egoísmo, vinha uma legião de pecados. Havia também cabeçalhos sobre cada coluna e, embaixo destes, ao lado de cada nome, achavam-se registrados, em suas respectivas colunas, os pecados menores. T4 385 1 Sob a cobiça vinha a falsidade, o furto, o roubo, a fraude e a avareza; sob a ambição vinha o orgulho e a prodigalidade; o ciúme encabeçava a maldade, a inveja e o ódio; e a intemperança servia de cabeçalho a uma longa lista de terríveis crimes, como a lascívia, o adultério, a condescendência com as paixões sensuais etc. Ao contemplar isto, enchi-me de inexprimível angústia, e exclamei: "Quem poderá salvar-se? quem subsistirá justificado diante de Deus? quem terá os vestidos sem mancha? quem é impecável aos olhos de um Deus puro e santo?" T4 385 2 À medida que o Santo que estava sobre o trono ia virando lentamente as folhas do livro de registro e Seus olhos pousavam momentaneamente sobre os indivíduos, esse olhar parecia queimar-lhes até ao íntimo da alma, e no mesmo instante cada palavra e ação de sua vida passava-lhe diante da mente, clara como se fosse traçada ante seus olhos com letras de fogo. Apoderava-se deles o temor, e os rostos empalideciam. Seu primeiro aspecto quando se achavam diante do trono era de descuidosa indiferença. Mas como se lhes mudara agora esse aspecto! Desaparecera o sentimento de segurança, substituindo-o insuportável terror. Toda alma está aterrada, não seja ela achada entre os que estão em falta. Todos os olhos se acham voltados para a face dAquele que está sobre o trono; e enquanto Seu olhar solene e esquadrinhador passa por aquele grupo, há tremor de coração, pois sentem por si mesmos condenados, sem que fosse pronunciada uma palavra. Em angústia de alma, cada um declara a própria culpa e de maneira terrivelmente vívida vê que, pecando, atirou fora a preciosa dádiva da vida eterna. T4 385 3 Uma classe estava registrada como empecilhos do terreno. Ao cair sobre esses o penetrante olhar do Juiz, foram distintamente revelados seus pecados de negligência. Com lábios pálidos e trêmulos reconheceram haver sido traidores do santo depósito que lhes fora confiado. Haviam tido advertências e privilégios, mas não os haviam atendido e aproveitado. Podiam ver agora que haviam se prevalecido demais da misericórdia de Deus. Em verdade, não tinham a fazer confissões como as dos vis e baixamente corrompidos; mas, como a figueira, eram amaldiçoados por não produzirem frutos, por não haverem usado os talentos a eles confiados. T4 386 1 Essa classe dera ao próprio eu o supremo lugar, trabalhando apenas pelo interesse egoísta. Não eram ricos para com Deus, não havendo correspondido a Suas reivindicações sobre eles. Conquanto professassem ser servos de Cristo, não Lhe trouxeram almas. Houvesse a causa de Deus dependido de seus esforços, e haveria definhado; pois eles, não somente retiveram os recursos que lhes foram emprestados por Deus, mas a si mesmos se retiveram. Estes, porém, podiam ver agora e sentir que, assumindo para com a obra e a causa de Deus uma posição de irresponsabilidade, haviam-se colocado do lado esquerdo. Haviam tido oportunidade, mas não fizeram a obra que podiam e deviam ter feito. T4 386 2 Foram mencionados os nomes de todos quantos professam a verdade. Alguns foram reprovados por sua incredulidade, outros por terem sido servos negligentes. Deixaram que outros fizessem a obra na vinha do Mestre e levassem as mais pesadas responsabilidades, enquanto eles estavam servindo egoistamente seus próprios interesses temporais. Houvessem eles cultivado as aptidões que o Senhor lhes dera, teriam sido dignos de confiança como portadores de responsabilidades, trabalhando pelos interesses do Mestre. Disse o Juiz: "Todos serão justificados por sua fé, e julgados por suas obras." Quão vividamente aparecia então sua negligência, e quão sábia a medida de Deus de dar a cada homem uma obra a fazer a fim de promover a causa e salvar seus semelhantes! Cada um devia demonstrar na família e na vizinhança uma fé viva, mediante a bondade manifestada ao pobre, a compaixão para com o aflito, o empenhar-se em obra missionária, e o ajudar a causa de Deus com seus recursos. Mas, como aconteceu em Meroz, a maldição de Deus repousou sobre eles pelo que não fizeram. Amaram a obra que traria mais proveito nesta vida; e ao lado de seus nomes no Livro consagrado às boas obras havia um lamentável vazio. T4 386 3 As palavras dirigidas a esses foram soleníssimas: "Vocês foram pesados na balança, e achados em falta. Negligenciaram as responsabilidades espirituais devido à atarefada atividade nos assuntos temporais, ao passo que sua própria posição de confiança tornava necessário possuírem sabedoria mais que humana e discernimento acima do finito. Precisavam disto a fim de realizarem mesmo a parte mecânica de seu trabalho; e quando desligaram Deus e Sua glória de sua ocupação, desviaram-se de Sua bênção." T4 387 1 Foi então feita a pergunta: "Por que não lavaram suas vestes de caráter, e as branquearam no sangue do Cordeiro? 'Deus enviou o Seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele.' João 3:17. Meu amor por vocês foi mais abnegado do que o de mãe. Foi para poder apagar seu sombrio registro de iniqüidade, e pôr-lhes nos lábios o cálice da salvação, que sofri a morte de cruz, suportando o peso e a maldição de sua culpa. As agonias da morte, e os horrores das trevas do sepulcro, Eu suportei, a fim de vencer aquele que tinha o império da morte, descerrar a prisão e abrir-lhes os portais da vida. Submeti-Me à vergonha e à angústia porque os amava com infinito amor, e queria trazer de volta Minhas ovelhas desgarradas e errantes ao paraíso de Deus, à árvore da vida. Essa vida de bênção que para vocês comprei a tal preço, vocês a desprezaram. Vergonha, injúria e ignomínia como as que por vocês sofreu seu Mestre, vocês têm evitado. Não apreciaram os privilégios pelos quais Ele deu a Sua vida para pô-los ao seu alcance. Não quiseram ser participantes de Seus sofrimentos, e agora não podem partilhar com Ele de Sua glória." T4 387 2 Foram então proferidas estas solenes palavras: "Quem é injusto faça injustiça ainda; e quem está sujo suje-se ainda; e quem é justo faça justiça ainda; e quem é santo seja santificado ainda." Apocalipse 22:11. Fechou-se então o livro, e caiu o manto da pessoa que estava no trono, revelando a terrível glória do Filho de Deus. T4 387 3 A cena dissipou-se, e encontrei-me ainda na Terra, inexprimivelmente grata porque o dia de Deus ainda não chegara, e o precioso tempo da graça ainda nos fosse concedido, de modo a nos prepararmos para a eternidade. ------------------------Capítulo 35 -- Nossas publicações T4 388 1 Algumas coisas de séria importância não têm recebido a devida atenção em nossas casas publicadoras. Homens que estão em posições de responsabilidade deveriam ter executado planos pelos quais fazer circular nossos livros, em vez de ficarem nas prateleiras, como peso morto depois de sair do prelo. Nosso povo está atrasado e não está seguindo a providência de Deus, que lhe abre o caminho. T4 388 2 Muitas de nossas publicações têm sido lançadas no mercado por preço tão baixo, que os lucros não são suficientes para manter a instituição e conservar um bom fundo para uso contínuo. E aqueles dentre nosso povo que não têm especial preocupação pelos vários ramos da obra em Battle Creek e Oakland não se tornam informados com respeito às necessidades da causa e o capital requerido para conservar em movimento o negócio. Não compreendem a possibilidade de perdas e as despesas que diariamente ocorrem a tais instituições. Parece pensarem que tudo prossiga sem muito cuidado ou dispêndio de recursos, e por isso insistirão na necessidade de preços mais baixos para nossas publicações, não deixando assim quase nenhuma margem de lucro. E depois de terem os preços sido reduzidos aos mais danosos algarismos, manifestam simplesmente um débil interesse no aumento das vendas dos próprios livros para os quais pediram tão baixos preços. Alcançado o objetivo, cessa sua preocupação, quando deviam ter um ardente interesse e um verdadeiro cuidado para impulsionar a venda de nossas publicações, assim semeando as sementes da verdade e trazendo recursos às casas [editoras] para serem empregados em outras publicações. T4 388 3 Tem havido muito grande negligência do dever da parte de pastores em não despertarem o interesse das igrejas nas localidades em que trabalham, a respeito deste assunto. Uma vez reduzidos os preços dos livros, é questão bem difícil levá-los de novo a uma base compensadora, visto como homens de visão estreita haverão de clamar: especulação!, não discernindo que nenhum homem é beneficiado e que os instrumentos de Deus não devem ser impedidos por falta de capital. Livros que deviam circular largamente, jazem inúteis em nossas casas publicadoras porque não é manifestado suficiente interesse para fazê-los circular. T4 389 1 A imprensa é um poder; mas se seus produtos deixam de sair por falta de homens que executem os planos para os fazer circular amplamente, seu poder é perdido. Conquanto tenha havido uma pronta previsão para discernir a necessidade de despender recursos em instalações para multiplicar livros e folhetos, têm sido negligenciados planos para recuperar os recursos empregados, a fim de produzir outras publicações. O poder da imprensa, com todas as suas vantagens, está em suas mãos; e podem usá-lo para o melhor de todos os fins, ou podem estar sonolentos e, por meio da inatividade, perder as vantagens que poderiam ganhar. Mediante cuidadosos cálculos, podem fazer a luz estender-se na venda de livros e folhetos. Podem mandá-los a milhares de famílias que ora se acham nas trevas do erro. T4 389 2 Outros publicadores têm sistemas regulares de introduzir no mercado livros de nenhum interesse vital. "Os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz." Lucas 16:8. Áureas oportunidades ocorrem quase que diariamente onde os silenciosos mensageiros da verdade poderiam ser introduzidos entre famílias e indivíduos; mas nenhum proveito é tirado destas oportunidades pelos indolentes e irrefletidos. Os pregadores vivos são poucos. Há só um onde deveria haver uma centena. Muitos estão cometendo um grande erro em não pôr seus talentos em uso, procurando salvar a alma de seus semelhantes. Centenas de homens deveriam estar empenhados em levar a luz a todas as nossas cidades, vilas e povoados. O espírito do povo precisa ser agitado. Deus diz: Seja a luz levada a todas as partes do campo. Ele deseja que os homens sejam condutos de luz, levando-a aos que estão em trevas. T4 389 3 Necessitam-se missionários em toda a parte. Em todas as partes do campo devem-se escolher colportores, não do elemento inconstante da sociedade, não dentre homens e mulheres que para nada mais prestam e em nada têm tido êxito, mas dentre os que têm boa apresentação, tato, fina percepção e habilidade. Tais pessoas são necessárias para ter êxito como colportores e diretores. Homens adaptados a esta obra empreendem-na; mas algum pastor imprudente haverá de lisonjeá-los, dizendo que seu talento deveria ser empregado no púlpito, em vez de simplesmente na obra do colportor. Assim esta obra é diminuída. Eles são influenciados a buscar licença para pregar; e justamente aqueles que poderiam ter sido preparados para se tornarem bons missionários, a fim de visitar as famílias em seus lares, falar e orar com elas, são levados a se tornarem pastores deficientes; e o ramo em que é preciso tanto trabalho e onde tanto bem poderia ser efetuado pela causa é negligenciado. O colportor eficiente, do mesmo modo que o pastor, deve ter suficiente remuneração por seu serviço, se seu trabalho é feito fielmente. T4 390 1 Se há um trabalho mais importante do que outro, é o de colocar nossas publicações perante o público, levando-o assim a examinar as Escrituras. A obra missionária -- introduzir nossas publicações nas famílias, conversar e orar com e por elas -- é uma boa obra, e que educará homens e mulheres para fazerem trabalho pastoral. T4 390 2 Nem todos se adaptam a esta obra. Os que possuem o melhor talento e habilidade, que lançarão mão da obra inteligente e sistematicamente, e a levarão avante com perseverante energia, são os que devem ser escolhidos. Deve haver um plano mais completamente organizado, e este deve ser fielmente executado. As igrejas em toda a parte devem sentir o mais profundo interesse pela obra missionária e de folhetos. T4 390 3 Os volumes de Spirit of Prophecy, e também os Testemunhos, devem ser introduzidos em cada lar de observadores do sábado, e os irmãos devem saber o seu valor e serem estimulados a lê-los. Não foi o plano mais sábio colocar esses livros a preço baixo e ter somente uma coleção numa igreja. Eles devem estar na biblioteca de cada família, e serem lidos vez após vez. Que sejam mantidos onde possam ser lidos por muitos, e ser desgastados pela leitura por todos os vizinhos. T4 390 4 Deve haver leituras noturnas, em que alguém leia em voz alta aos que se reúnem junto à lareira. Há pouco interesse manifesto em fazer o máximo da luz que Deus concedeu. Muita dessa luz se refere a deveres familiares, e instrução é dada para atender a quase cada caso e circunstância. Dinheiro será gasto para chá, café, laços, enfeites e acessórios, e muito tempo e esforço gastos no preparo de vestuário, enquanto a obra interior do coração é negligenciada. Deus fez com que luz preciosa fosse transmitida em publicações, e essas devem ser adquiridas e lidas por todas as famílias. Pais, seus filhos estão em perigo de irem contra a luz dada pelo Céu, e tanto vocês como eles devem adquirir e ler os livros, pois serão uma bênção para ambos. Devem emprestar Spirit of Prophecy aos seus vizinhos, e instar com eles para que adquiram exemplares para si mesmos. Vocês devem ser missionários para Deus, obreiros zelosos, ativos e vigorosos. T4 391 1 Muitos estão indo diretamente contra a luz que Deus tem dado ao Seu povo, porque não lêem os livros que contêm a luz e o conhecimento em advertências, reprovações e admoestações. Os cuidados do mundo, o amor da moda e a falta de religião têm desviado a atenção da luz que Deus tão graciosamente deu enquanto livros e periódicos contendo erros estão percorrendo todo o país. O ceticismo e a infidelidade estão aumentando por toda a parte. Luz tão preciosa, procedente do trono de Deus, é escondida sob o alqueire. Deus fará o Seu povo responsável por essa negligência. Um relatório deve ser prestado a Ele por todo raio de luz que tem feito brilhar sobre nosso caminho, quer seja utilizado para o nosso progresso nas coisas divinas, ou rejeitado porque é mais agradável seguir a inclinação. T4 391 2 Temos agora grandes facilidades para espalhar a verdade; mas nosso povo não está à altura dos privilégios que lhe são concedidos. Nem todas as igrejas vêem e sentem a necessidade de usar suas habilidades em salvar almas. Não reconhecem seu dever de angariar assinantes para nossos periódicos, inclusive o que trata sobre saúde, e de apresentar ao público nossos livros e folhetos. Devem estar na obra homens que estejam dispostos a ser ensinados quanto à melhor maneira de se aproximarem de indivíduos e famílias. Seu vestuário deve ser correto, mas não ostentoso, e suas maneiras, tais que não desagradem ao povo. Existe entre nós, como um povo, grande necessidade da verdadeira polidez. Ela deve ser cultivada por todos os que lançam mão da obra missionária. T4 392 1 Nossas casas publicadoras devem mostrar notável prosperidade. Nosso povo pode sustentá-las se mostrar um decidido interesse em colocar nossas publicações no mercado. Mas caso se manifeste tão pouco interesse no ano vindouro como demonstrado no ano passado, haverá bem pouca margem sobre a qual trabalhar. Quanto maior a circulação de nossas publicações, tanto maior será a procura de livros que esclarecem a verdade das Escrituras. Muitos estão descontentes com as incoerências, os erros e a apostasia das igrejas e com as festas, as quermesses, as rifas e numerosas invenções para extorquir dinheiro para fins da igreja. Há muitos que estão buscando luz nas trevas. Se revistas, folhetos e livros, exprimindo a verdade em clara linguagem bíblica, fossem amplamente circulados, muitos haveriam de reconhecer que esses são exatamente o que desejam. Mas muitos de nossos irmãos agem como se o povo devesse vir a eles ou pedir publicações de nossas casas, quando milhares não sabem que estas existem. T4 392 2 Deus requer que Seu povo trabalhe como homens vivos, e não indolentes, preguiçosos e indiferentes. Precisamos levar as publicações ao povo e insistir para que as aceitem, mostrando-lhes que receberão muito mais do que vale seu dinheiro. Exaltem o valor dos livros que oferecem. Isto nunca será demais. T4 392 3 Minha alma estava angustiada ao ver a indiferença de nosso povo que faz tão elevada profissão de fé. Foi-me mostrado que o sangue das almas estará sobre as vestes de muitos que agora se sentem confortáveis e não responsáveis pelas almas que estão perecendo ao seu redor por falta de luz e conhecimento. Tiveram contato com eles, porém nunca os advertiram, nunca oraram com eles ou por eles, nem fizeram esforços dedicados para apresentar-lhes a verdade. Foi-me mostrado que tem havido uma impressionante negligência sobre esse ponto. Pastores não estão cumprindo metade do que deveriam para educar o povo pelo qual trabalham sobre todos os pontos da verdade e do dever; e, em conseqüência, o povo está desanimado e inativo. A estaca e o cadafalso não estão designados para, neste tempo, testar o povo de Deus, e por essa mesma razão o amor de muitos esfriou. Quando surgem provas, graça é proporcionada para a emergência. Precisamos individualmente consagrar-nos no próprio lugar onde Deus disse que nos encontraria. ------------------------Capítulo 36 -- Embaixadores de Cristo T4 393 1 Os embaixadores de Cristo têm importante e solene obra a realizar, a qual alguns assumem muito levianamente. Ao mesmo tempo que Cristo é oficiante no santuário celeste, é também, por intermédio dos Seus delegados, o Líder de Sua igreja na Terra. Fala ao povo mediante homens, e, por meio deles, leva avante a obra do mesmo modo que o fazia nos dias de Sua humilhação, quando andava visivelmente aqui no mundo. Apesar de decorridos séculos, o lapso de tempo não mudou a promessa por Ele deixada aos discípulos: "Eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos." Mateus 28:20. Desde a ascensão de Cristo até hoje, homens ordenados por Deus, homens que dEle derivam sua autoridade, têm-se tornado mestres da fé. Cristo, o Pastor verdadeiro, superintende Sua obra por intermédio desses subpastores. Assim a função dos que trabalham na palavra e na doutrina se torna muito importante. Rogam ao povo, da parte de Cristo, que se reconciliem com Deus. T4 393 2 O povo não deve considerar seus pastores como simples oradores públicos, mas como embaixadores de Cristo, os quais recebem sabedoria e poder do grande Chefe da igreja. Menosprezar e desatender a palavra falada pelo representante do Senhor é, não somente um desrespeito para com o homem, mas também para com o Mestre que o enviou. Ele está em lugar de Cristo; e deve-se ouvir a voz do Salvador em Seu representante. T4 393 3 Muitos de nossos pastores têm cometido grande erro com o proferir discursos que eram inteiramente argumentativos. Almas há que escutam a teoria da verdade e ficam impressionadas com as provas apresentadas; então, se uma parte do sermão põe em foco a Cristo como Salvador do mundo, a semente lançada poderá brotar e dar fruto para a glória de Deus. Em muitas pregações, porém, não é apresentada ao povo a cruz de Cristo. Talvez alguns estejam escutando o último sermão que lhes é dado ouvir, e outros não terão nunca mais a oportunidade de ouvir uma exposição da cadeia da verdade, com uma aplicação prática da mesma a seu próprio coração. Perdida essa áurea oportunidade, fica perdida para sempre. Houvesse Cristo, com Seu amor redentor, sido exaltado em ligação com a teoria da verdade, e isso os poderia haver feito pender para o lado dEle. T4 394 1 Existem mais almas anelando compreender como poderão chegar a Cristo do que nós imaginamos. Muitas pessoas ouvem sermões proferidos do púlpito e depois não ficam sabendo mais do que sabiam antes acerca de encontrarem a Jesus e a paz e descanso ansiados por sua alma. Os pastores que pregam a última mensagem de misericórdia ao mundo devem ter em mente que Cristo deve ser exaltado como o refúgio do pecador. Muitos deles acham que não é necessário pregar arrependimento e fé, com o coração totalmente subjugado pelo amor de Deus; tomam por certo que seus ouvintes se acham perfeitamente familiarizados com o evangelho, e que, para lhes prender a atenção, é preciso apresentar-lhes assuntos de natureza diversa. Caso seus ouvintes mostrem interesse, tomam-no como prova de êxito. O povo é mais ignorante acerca do plano da salvação, e necessita mais instruções sobre esse importante assunto, do que a respeito de qualquer outro tema. T4 394 2 Os que se reúnem para ouvir a verdade devem esperar tirar proveito, como fez Cornélio com seus amigos: "Agora, pois, estamos todos presentes diante de Deus, para ouvir tudo quanto por Deus te é mandado." Atos dos Apóstolos 10:33. T4 394 3 São essenciais os sermões teóricos, para que todos conheçam a forma de doutrina, e vejam a cadeia da verdade, elo por elo, unidos em um todo perfeito. Sermão algum deve ser feito, no entanto, sem apresentar a Cristo, e Cristo crucificado, como o fundamento do evangelho, fazendo aplicação prática das verdades apresentadas, e gravando no povo a idéia de que a doutrina de Cristo não é sim e não, mas sim e amém em Cristo Jesus. T4 395 1 Depois de a teoria da verdade haver sido apresentada, vem a parte laboriosa da obra. O povo não deve ser deixado sem instrução no que respeita às verdades práticas relacionadas com sua vida diária. Devem ver e sentir que são pecadores, e precisam converter-se a Deus. O que Cristo disse, o que fez e ensinou, tem de ser posto diante deles da maneira mais impressiva possível. T4 395 2 A obra do pastor está simplesmente começada quando se expõe a verdade ao entendimento do povo. Cristo é nosso mediador e oficiante sumo sacerdote diante do Pai. A João foi Ele mostrado como um Cordeiro que fora morto, mesmo no ato de derramar Seu sangue em benefício do pecador. Quando a lei de Deus é posta diante do pecador, mostrando-lhe a profundidade de seus pecados, ele deve ser encaminhado ao Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Tem-se de ensinar-lhe arrependimento para com Deus, e fé para com nosso Senhor Jesus Cristo. Assim estará o trabalho do representante de Cristo em harmonia com Sua obra no santuário celeste. T4 395 3 Os pastores alcançariam muito mais corações, caso insistissem mais na piedade prática. Freqüentemente, quando se fazem esforços para introduzir a verdade em novos campos, o trabalho é quase inteiramente teórico. O povo está em condição instável. Vêem a força da verdade, e ficam ansiosos por obter um firme fundamento. Ao serem seus sentimentos abrandados, é o tempo por excelência para insistir na religião de Cristo, fazendo-a penetrar na consciência; demasiadas vezes, porém, tem-se permitido que termine o período das conferências sem haver sido feito em favor do povo aquela obra de que eles necessitam. Esse esforço assemelha-se muito à oferta de Caim; não contém o sangue sacrifical que o torna aceitável a Deus. Caim tinha razão em fazer uma oferta, mas deixou fora tudo quanto lhe dava valor -- o sangue da expiação. T4 395 4 É triste que o motivo por que muitos acentuam tanto a teoria e tão pouco a piedade prática é não terem Cristo no coração. Não possuem viva ligação com Deus. Muitas almas decidem em favor da verdade levadas pela força das provas, sem estarem convertidas. Não foram feitas pregações práticas juntamente com as doutrinas, de modo que, ao verem os ouvintes a bela cadeia de verdades, fossem possuídos de amor para com o Autor das mesmas e santificados por meio da obediência. O trabalho do pastor não se acha consumado enquanto ele não impressionar os ouvintes com a necessidade de uma mudança de caráter em harmonia com os puros princípios da verdade que receberam. T4 396 1 É de temer uma religião formal; pois nela não há Salvador. Jesus fazia sermões simples, concisos, esquadrinhadores e práticos. Seus embaixadores devem seguir-Lhe o exemplo em todo discurso. Cristo e o Pai eram um; Cristo concordava de boa vontade com todas as reivindicações do Pai. Ele tinha a mente de Deus. O Redentor era o Modelo perfeito. NEle Se manifestava Jeová. O Céu estava envolto na humanidade, e a humanidade abrigava-se no seio do Infinito Amor. Caso os pastores se assentem humildemente aos pés de Jesus, alcançarão em breve visões do caráter de Deus, sendo também habilitados a ensinar a outros. Alguns entram para o ministério sem profundo amor para com Deus ou os semelhantes. Na vida desses, manifestar-se-ão egoísmo e condescendência consigo mesmos; e ao passo que esses vigias não consagrados e infiéis servem a si mesmos em vez de alimentar o rebanho e atender a seus deveres pastorais, o povo perece por falta da devida instrução. T4 396 2 Em todo sermão, deve-se fazer um fervoroso apelo ao povo, para que deixem seus pecados e se voltem para Cristo. Devem-se condenar os pecados comuns e as condescendências de nossos dias, salientando-se a piedade prática. O próprio pastor deve falar com profunda sinceridade, sentindo de coração as palavras proferidas, e estando como incapaz de conter o próprio interesse pela alma dos homens e mulheres por quem Cristo morreu. Foi dito a respeito do Mestre: "O zelo da Tua casa Me devorou." Salmos 69:9. O mesmo zelo deve ser experimentado por Seus representantes. T4 396 3 Infinito foi o sacrifício feito em prol do homem, e feito em vão para toda alma que não aceitar a salvação. Quão importante, pois, que aquele que apresenta a verdade o faça plenamente sob o senso da responsabilidade que sobre ele pesa! Quão benigno, piedoso e cortês deve ser todo o seu proceder no trato com a alma dos homens, quando o Redentor do mundo mostrou que Ele os tem em tão alto apreço! Cristo indaga: "Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o Senhor constituiu sobre a Sua casa?" Mateus 24:45. Jesus pergunta: "Quem", e cada ministro do evangelho deve repetir a mesma pergunta ao próprio coração. Ao considerar as solenes verdades, e contemplar mentalmente o quadro do fiel e prudente mordomo, sua alma deve comover-se até às profundezas. T4 397 1 A todo homem é dada sua obra; ninguém é dispensado. Cada um tem uma parte a desempenhar, segundo sua capacidade; e cabe àquele que apresenta a verdade, com cuidado e oração, descobrir as aptidões de todos quantos aceitam essa verdade, e depois instruí-los e guiá-los, passo a passo, deixando que eles avaliem o peso da responsabilidade que sobre eles repousa de realizar a obra que Deus lhes designa. Deve insistir em mostrar-lhes que ninguém poderá resistir à tentação, corresponder ao desígnio de Deus e viver a vida cristã, a menos que lance mão de sua obra, seja ela grande ou pequena, executando-a com conscienciosa fidelidade. Há para todos uma tarefa além de ir à igreja e escutar a Palavra de Deus. É preciso que pratiquem a verdade ouvida, introduzindo-lhe os princípios na vida diária. Importa que façam constantemente obra para Cristo, não por motivos egoístas, mas visando unicamente a glória dAquele que fez todo sacrifício a fim de salvá-los da ruína. T4 397 2 Os pastores devem fazer com que os que aceitam a verdade sejam impressionados com o fato de que precisam ter Jesus no lar; de que necessitam de Sua graça e sabedoria para guiar e governar seus filhos. É uma parte do trabalho que Deus lhes deixou a fazer -- educar e disciplinar esses filhos, levando-os à sujeição. Que a bondade e cortesia do pastor se manifeste no trato para com as crianças. Convém que tenha sempre em mente que as mesmas são homens e mulheres em miniatura, membros mais novos da família do Senhor, os quais podem estar bem achegados e ser muito preciosos ao Mestre e, caso sejam devidamente instruídos e disciplinados, ser-Lhe-ão de utilidade, mesmo em seus tenros anos. Cristo Se ofende com toda palavra áspera, severa e precipitada dirigida às crianças. Seus direitos nem sempre são respeitados, e são muitas vezes tratadas como se não possuíssem um caráter individual que necessita ser devidamente desenvolvido a fim de não ficar prejudicado e o desígnio de Deus em sua vida vir a falhar. T4 398 1 Desde a infância, Timóteo conhecia as Escrituras; e esse conhecimento lhe foi uma salvaguarda contra as más influências que o rodeavam e a tentação de preferir o prazer e a satisfação própria ao dever. Todos os nossos filhos necessitam dessa salvaguarda; e deve constituir parte da obra dos pais e dos embaixadores de Cristo, o ver que as crianças sejam convenientemente instruídas na Palavra de Deus. T4 398 2 Caso o pastor queira receber a aprovação do seu Senhor, tem de trabalhar com fidelidade para apresentar todo homem perfeito em Cristo. Em sua maneira de trabalhar, ele não deve dar a impressão de ser de pouca importância se os homens aceitam ou não aceitam a verdade e exercitam a verdadeira piedade; a fidelidade e a abnegação manifestadas em sua vida, porém, devem ser de molde a convencer o pecador de que se acham em jogo interesses eternos, e que sua alma se acha em perigo a menos que ele corresponda aos diligentes esforços feitos em seu favor. Os que têm sido trazidos do erro e das trevas para a verdade e a luz têm grandes mudanças a fazer, e a menos que a necessidade de completa reforma lhes seja insistentemente mostrada à consciência, serão como o homem que contemplou o rosto ao espelho -- a lei de Deus -- e descobriu os defeitos de seu caráter moral, mas foi embora e esqueceu como era. A mente deve ser conservada alerta quanto ao senso de responsabilidade, do contrário volve a um estado de ainda mais descuidosa atenção do que antes de ser despertada. T4 398 3 A obra dos embaixadores de Cristo é muito maior e de mais responsabilidade do que muitos sonham. Eles não devem absolutamente ficar satisfeitos com o próprio êxito enquanto não puderem, por seus zelosos esforços e a bênção de Deus, apresentar-Lhe cristãos prestimosos, possuídos de um verdadeiro senso de sua responsabilidade, e que realizem a obra que lhes foi designada. O devido esforço e instrução levarão às fileiras do trabalho homens e mulheres de caráter vigoroso e de tão firmes convicções, que coisa alguma de natureza egoísta consiga estorvá-los em sua obra, diminuir-lhes a fé ou detê-los no cumprimento do dever. T4 399 1 Caso o pastor tenha instruído devidamente os que se lhe acham sob o cuidado, a obra deixada quando ele parte para outro campo não se desmorona; pois está firmemente construída. A menos que os que recebem a verdade se achem inteiramente convertidos, e haja mudança radical em sua vida e caráter, a alma não está firmada à Rocha eterna; e depois de cessar o trabalho do pastor e de desaparecer a novidade, logo se dissipa a impressão, a verdade perde seu poder e encanto, e não exercem nenhuma influência santificadora nem são melhores por professarem a verdade. T4 399 2 Fico surpresa de que, com os exemplos que temos diante de nós do que o homem pode ser, e do que lhe é possível realizar, não sejamos estimulados a maiores esforços para imitar as boas obras dos justos. Nem todos poderão ocupar posição de destaque; todavia, todos são capazes de preencher cargos de utilidade e confiança e, por sua perseverante fidelidade, fazer muito maior bem do que supõem poder realizar. Os que abraçam a verdade devem buscar uma clara compreensão das Escrituras, e um conhecimento experimental do Salvador vivo. O intelecto precisa ser cultivado, a memória exercitada. Toda preguiça intelectual é pecado, e a letargia espiritual é morte. T4 399 3 Quem me dera manejar a língua com suficiente vigor para produzir em meus coobreiros no evangelho a impressão que desejaria! Meus irmãos, vocês estão lidando com as palavras da vida; estão tratando com mentes susceptíveis do máximo desenvolvimento, uma vez que sejam orientadas na devida direção. Há, porém, demasiada exibição do próprio eu nas pregações. Cristo crucificado, Cristo assunto ao Céu, Cristo prestes a voltar, deve por tal forma abrandar, alegrar e encher a mente do ministro do evangelho, que ele apresente essas verdades ao povo com amor e ardor profundo. Perder-se-á então de vista o pastor, e Jesus será magnificado. O povo ficará tão impressionado com esses assuntos todo-absorventes, que falarão neles e os louvarão em lugar de elogiar o pastor, mero instrumento. Mas se, enquanto o povo elogia o pastor, tem pouco interesse na palavra pregada, ele pode saber que a verdade não lhe está santificando a própria alma. Ele não fala a seus ouvintes de tal maneira que Jesus seja honrado, e exaltado o Seu amor. T4 400 1 Cristo disse: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos Céus." Mateus 5:16. Façam brilhar de tal maneira a sua luz, que a glória redunde em favor de Deus em vez de recair sobre vocês mesmos. Caso sejam vocês os louvados, bem podem tremer e envergonhar-se, pois perdeu-se o grande objetivo; não é Deus, mas o servo que é exaltado. Assim resplandeça a sua luz; cuidem, ministros de Cristo, com a maneira por que sua luz resplandece. Caso ela irradie para o alto, revelando a excelência de Cristo, brilha como convém. Se ela se volta para vocês, se exibem o próprio eu, e atraem o povo a admirá-los, melhor seria que se calassem de todo; pois sua luz resplandece de maneira errônea. T4 400 2 Ministros de Cristo, vocês podem estar ligados a Deus, caso vigiem e orem. Sejam suas palavras temperadas com sal, e façam com que suas maneiras sejam impregnadas de cortesia cristã e verdadeira elevação. Se a paz de Deus reinar no interior, seu poder não somente fortalecerá, mas lhe abrandará o coração, e serão representantes vivos de Cristo. O povo que professa a verdade está-se desviando de Deus. Jesus está prestes a vir, e eles não se acham preparados. O pastor deve, ele próprio, atingir elevada norma, ter uma fé assinalada por maior firmeza, uma viva e brilhante experiência, não aquela enfadonha e comum dos professos nominais. A Palavra de Deus apresenta-lhes elevado padrão. Haverão vocês de, mediante um esforço apoiado por jejum e oração, atingir a integridade e coerência do caráter cristão? Vocês devem fazer "caminhos retos para os pés, para que não se extravie o que é manco". Hebreus 12:13. Uma íntima ligação com Deus lhes trará, em seu esforço, aquele poder vital que desperta a consciência, e convence o pecador do pecado, levando-o a clamar: "Que devo fazer para que seja salvo?" Atos dos Apóstolos 16:30. T4 401 1 A comissão dada por Cristo aos discípulos exatamente antes de ascender ao Céu, foi: "Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado; e eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos." Mateus 28:19, 20. "Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua palavra, hão de crer em Mim." João 17:20. A comissão atinge aos que por intermédio dos discípulos, hão de crer em Sua Palavra. E todos quantos por Deus são chamados para servirem como embaixadores Seus, devem tomar as lições de piedade prática a eles dadas por Cristo em Sua Palavra, e ensiná-las ao povo. T4 401 2 Cristo abriu as Escrituras diante de Seus discípulos, começando com Moisés e os profetas, e instruiu-os em todas as coisas que Lhe diziam respeito, e explicou-lhes também as profecias. Em suas pregações, os apóstolos volviam ao tempo de Adão, e traziam os ouvintes através da história profética, terminando com Cristo e Ele crucificado, chamando os pecadores ao arrependimento, e a que se volvessem de seus pecados para Deus. Os representantes de Cristo em nossos dias devem-lhes seguir o exemplo, exaltando a Cristo em todos os seus sermões, como o Excelso, como tudo em todos. T4 401 3 A formalidade não está tomando posse apenas das igrejas nominais, mas aumenta em proporções alarmantes entre os que professam ser observadores dos mandamentos de Deus e aguardar o breve aparecimento de Cristo nas nuvens do céu. Não devemos ser estreitos em nossos pontos de vista e limitar nossas oportunidades de fazer o bem; todavia, ao mesmo tempo que estendemos nossa influência e ampliamos os planos à medida que a Providência abre o caminho, devemos ser mais zelosos em evitar a idolatria do mundo. Enquanto fazemos maiores esforços para aumentar nossa utilidade, precisamos fazer esforços correspondentes para alcançar a sabedoria de Deus de modo a levar avante todos os ramos da obra segundo Sua determinação, e não conforme o ponto de vista mundano. Não devemos seguir o exemplo do mundo nos costumes, mas tirar o máximo das oportunidades colocadas por Deus ao nosso alcance para pôr a verdade diante do povo. T4 402 1 Quando, como um povo, nossas obras corresponderem à nossa profissão de fé, veremos realizado muito mais do que testemunhamos agora. Quando tivermos homens consagrados como Elias, e possuídos da fé que o animou, veremos que Deus Se nos revelará como o fez aos homens santos de outrora. Quando tivermos homens que, ao passo que reconhecem as próprias deficiências, como Jacó pleiteiam com Deus em fervente fé, havemos de ver idênticos resultados. Em resposta à oração da fé, virá poder ao homem da parte de Deus. Bem pouca é a fé que existe no mundo. Poucos são os que vivem perto de Deus. E como poderemos esperar mais poder, e que Deus Se revele aos homens, quando Sua Palavra é negligentemente manuseada, e os corações não são santificados pela verdade? Homens que não são nem metade convertidos, cheios de confiança em si mesmos e de caráter presunçoso, pregam a verdade a outros. Deus, porém, não trabalha com eles, visto faltar-lhes santidade de coração e vida. Não andam humildemente com Deus. Precisamos de um ministério convertido, e então veremos a luz de Deus, e Seu poder a cooperar com todos os nossos esforços. T4 402 2 Os vigias que eram antigamente colocados nos muros de Jerusalém e outras cidades, ocupavam uma posição de grande responsabilidade. De sua fidelidade dependia a segurança de todos os que se encontravam nessas cidades. Ao perceberem qualquer perigo, não deviam calar-se, quer de dia quer de noite. De momento a momento cumpria-lhes chamarem-se uns aos outros, a ver se todos estavam alerta e não lhes acontecera mal algum. Punham-se sentinelas em elevações que dominavam postos importantes a serem guardados, e dali ressoavam os gritos de advertência ou de animação. Estes eram levados de uns para outros, repetindo cada um as palavras, até passarem por toda a cidade. T4 402 3 Esses vigias representam o ministério, de cuja fidelidade depende a salvação de almas. Os despenseiros dos mistérios de Deus devem postar-se como vigias sobre os muros de Sião; e se eles vêem vir a espada, precisam fazer soar o toque de advertência. Caso sejam sentinelas sonolentas, se suas percepções espirituais se encontram tão entorpecidas que não vêem nem compreendem o perigo, e o povo perece, Deus requererá o sangue dele das mãos do vigia. T4 403 1 "A ti, pois, ó filho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de Israel; tu, pois, ouvirás a palavra da Minha boca, e lha anunciarás da Minha parte." Ezequiel 33:7. Os atalaias necessitam viver bem achegados a Deus, para ouvir-Lhe a palavra e serem impressionados por Seu Espírito, de modo que o povo não espere neles em vão. "Se Eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não falares, para desviar o ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniqüidade, mas o seu sangue Eu o demandarei da tua mão. Mas, quando tu tiveres falado para desviar o ímpio do seu caminho, para que se converta dele, e ele se não converter do seu caminho, ele morrerá na sua iniqüidade, mas tu livraste a tua alma." Ezequiel 33:8, 9. Os embaixadores de Cristo devem cuidar que não venham, pela sua infidelidade, a perder a própria alma e a dos que os ouvem. T4 403 2 Foram-me mostradas as igrejas de vários Estados que professam guardar os mandamentos de Deus e aguardar a segunda vinda de Cristo. Alarmante é a quantidade de indiferença, orgulho, amor ao mundo e fria formalidade existente entre elas. E essas são as pessoas que se vão rapidamente assemelhando ao antigo Israel, no que respeita à falta de piedade. Muitos fazem uma elevada profissão de piedade, e todavia são destituídos de domínio próprio. O apetite e a paixão têm as rédeas; o eu, a preeminência. Muitos são arbitrários, ditatoriais, despóticos, jactanciosos, orgulhosos e destituídos de consagração. Todavia alguns desses são pastores, a lidar com sagradas verdades. A menos que se arrependam, seu castiçal será removido do lugar que ocupa. A maldição do Salvador sobre a figueira estéril é um sermão a todos os que têm uma religião formal, aos jactanciosos hipócritas que se apresentam ao mundo com pretensiosa folhagem, mas se acham destituídos de frutos. Que repreensão aos que têm uma forma de piedade ao passo que na falta de cristianismo de sua vida negam a eficácia dela! Aquele que tratou brandamente ao próprio cabeça dos pecadores, Aquele que jamais menosprezou a verdadeira mansidão e arrependimento, por maior que fosse a culpa, caiu com esmagadoras denúncias sobre os que faziam elevada profissão de piedade, mas nas obras negavam a própria fé. Maneira de falar T4 404 1 Alguns de nossos mais talentosos pastores estão causando grande dano a si mesmos por sua maneira defeituosa de falar. Ao passo que ensinam ao povo seu dever de obedecer à lei moral de Deus, não devem ser achados a violar as leis do Senhor com respeito à saúde e à vida. Os pastores devem manter-se eretos, falar devagar, com firmeza e distintamente, inspirando profundamente o ar a cada sentença, e emitindo as palavras com o auxílio dos músculos abdominais. Se observarem esta regra simples, atendendo às leis da saúde em outros sentidos, poderão conservar a vida e a utilidade por muito mais tempo que os homens em qualquer outra profissão. T4 404 2 O tórax tornar-se-á mais amplo, e ao educar a voz, o orador raramente fica rouco, mesmo falando continuamente. Em vez de ficarem enfraquecidos, os pastores podem, mediante cuidado, vencer qualquer tendência para o definhamento. Devo dizer a meus irmãos de ministério: A menos que vocês se eduquem, de maneira a falarem em harmonia com a lei física, hão de sacrificar a vida, e muitos lamentarão a perda desses "mártires da causa da verdade"; quando o caso é que, condescendendo com hábitos errôneos, eles prejudicaram a si próprios e à verdade que representavam, e roubaram a Deus e ao mundo do serviço que poderiam haver prestado. Seria do agrado de Deus que vivessem, mas eles se suicidaram pouco a pouco. T4 404 3 A maneira em que a verdade é apresentada tem freqüentemente muito que ver com o ser ela aceita ou rejeitada. Todos os que trabalham na grande causa da reforma devem estudar a fim de se tornarem obreiros eficientes, para que possam realizar a maior soma possível de bem, e não subtrair da força da verdade por suas deficiências. T4 405 1 Os pastores e professores devem disciplinar-se para ter pronúncia clara e distinta, fazendo soar perfeitamente cada palavra. Os que falam rapidamente pela garganta, misturando as palavras entre si, e elevando a voz a um timbre agudo fora do normal, dentro em pouco enrouquecem, e as palavras proferidas perdem metade da força que teriam se proferidas devagar, com clareza, e não tão alto. A simpatia dos ouvintes se desperta em favor do orador; pois sentem que ele está se prejudicando, e receiam que a qualquer momento fique impossibilitado de prosseguir. Não é nenhuma demonstração de que um homem possui zelo de Deus o subir ele a um delírio de agitação e gestos. "O exercício corporal", diz o apóstolo, "para pouco aproveita." 1 Timóteo 4:8. T4 405 2 O Salvador do mundo quer que Seus colaboradores O representem; e quanto mais de perto um homem andar com Deus, tanto mais impecável será sua maneira de dirigir-se a outros, sua conduta, atitude e gestos. Maneiras vulgares, sem polidez, nunca se viram em nosso modelo, Jesus Cristo. Ele era um representante do Céu, e Seus seguidores devem ser como Ele. T4 405 3 Alguns raciocinam que o Senhor há de habilitar a pessoa, mediante Seu Santo Espírito, para falar segundo a Sua vontade; Ele, porém, não Se propõe fazer a obra que deu aos homens. Deu-nos capacidade de raciocínio e oportunidades para educar a mente e as maneiras. E depois de havermos feito tudo que nos seja possível por nós mesmos, empregando da melhor maneira as vantagens que se acham ao nosso alcance, então podemos volver-nos para Deus em fervorosa oração, para que faça por meio de Seu Espírito aquilo que nós mesmos não podemos conseguir. Qualificações para o ministério T4 405 4 Grande prejuízo é freqüentemente causado aos jovens por permitir-lhes começarem a pregar quando não têm conhecimento suficiente das Escrituras para apresentar nossa fé de maneira inteligente. Alguns que entram no campo são meros principiantes nas Escrituras. Em outras coisas eles também são incompetentes e ineficientes. Não podem ler as Escrituras sem titubear, errando palavras, e misturando-as de tal modo que a Palavra de Deus é mal-empregada. Aqueles que não estão qualificados para apresentar a verdade de maneira apropriada não precisam ficar perplexos com respeito ao seu dever. O lugar deles é o de aprendizes, não de professores. Os jovens que desejam preparar-se para o ministério são grandemente beneficiados por freqüentar o nosso Colégio; mas, para que possam qualificar-se como oradores aceitáveis é necessário algo mais. Um professor deve ser empregado para instruir os jovens a falar sem desgastar os órgãos vocais. Os modos também devem receber atenção. T4 406 1 Alguns jovens que entram no campo não têm êxito em ensinar a verdade a outros, porque não educaram a si próprios. Aqueles que não podem ler corretamente devem aprender, e devem tornar-se aptos a ensinar antes de tentarem se levantar perante o público. Os professores de nossas escolas são obrigados a aplicar-se dedicadamente ao estudo, para que possam ser preparados para instruir outros. Esses professores não são aceitos até que tenham passado por um exame criterioso, e sua capacidade de ensinar tenha sido testada por juízes competentes. Não menor cuidado deve ser empregado no exame dos pastores; aqueles que estão para entrar na sagrada obra de ensinar a Bíblia. Aqueles que estão prontos a ingressar na obra sagrada de ensinar a verdade bíblica ao mundo devem ser cuidadosamente examinados por pessoas fiéis e experientes. Depois de terem alguma experiência, há ainda outro trabalho a ser feito quanto a eles: devem ser apresentados ao Senhor em fervorosa oração, a fim de que Ele indique, por Seu Santo Espírito, se são aceitáveis a Seus olhos. Diz o apóstolo: "A ninguém imponhas precipitadamente as mãos." 1 Timóteo 5:22. Nos dias dos apóstolos, os ministros de Deus não ousavam confiar em seu próprio juízo quanto à escolha ou aceitação de homens para tomar a solene e sagrada posição de porta-vozes de Deus. Eles escolhiam os homens de acordo com o seu juízo, e depois os punham perante o Senhor, a ver se Ele os aceitaria como representantes Seus. Nada menos do que isso se deve fazer agora. T4 406 2 Encontramos em muitos lugares homens que foram postos à pressa em cargos de responsabilidade como anciãos de igrejas, quando não se achavam habilitados para ocupar tal posição. Não têm o devido domínio de si mesmos. Não exercem boa influência. As igrejas se acham continuamente perturbadas em conseqüência do caráter defeituoso dos dirigentes. As mãos foram muito precipitadamente impostas sobre esses homens. T4 407 1 Os ministros de Deus devem ser homens de boa reputação, capazes de dirigir com prudência o interesse por eles despertado. Achamo-nos em grande necessidade de homens competentes, que tragam honra e não ignomínia à causa que representam. T4 407 2 Os pastores devem ser examinados especialmente a ver se possuem clara compreensão da verdade para este tempo, de modo a poderem apresentar um bem organizado discurso sobre as profecias ou sobre assuntos práticos. Se eles não podem apresentar com clareza assuntos bíblicos, precisam ouvir e aprender ainda. A fim de serem mestres da verdade bíblica, devem examinar as Escrituras com zelo e oração, familiarizando-se com elas. Tudo isso deve ser considerado cuidadosamente e com oração, antes de se mandarem homens para o campo de trabalho. T4 407 3 O plano que foi adotado, para que o irmão Smith dirija institutos bíblicos em diferentes Estados, é aprovado por Deus. Grande bem tem sido obtido por esses institutos; mas todo o tempo não é dedicado a esse trabalho que seria proveitoso para nossos jovens pastores e para a causa de Deus. Os frutos dos esforços que já têm sido feitos jamais podem ser plenamente percebidos nesta vida, mas serão vistos na eternidade. ------------------------Capítulo 37 -- Ministros do evangelho T4 407 4 Irmão A: T4 407 5 Foi-me mostrado que você não está preparado para trabalhar com êxito no ministério. Por algum tempo o sucesso acompanhou seus esforços; mas embora isso devesse tê-lo inspirado a maior zelo e dedicação, o efeito foi o oposto. A percepção da bondade de Deus devia tê-lo levado a continuar a trabalhar com humildade, e desconfiar do eu. Mas especialmente após a sua ordenação, você começou a sentir que era um pastor amadurecido, capaz de apresentar a verdade em grandes locais; e tornou-se indolente, não sentindo responsabilidade pelas almas, e seu trabalho desde então tem sido de pouco valor para a causa de Deus. Possuindo força física, você não percebe que é responsável pelo uso que faz dela como o homem de recursos é pelo uso do seu dinheiro. Você não aprecia trabalho manual; contudo, tem uma constituição que requer esforço físico severo para a preservação da saúde, bem como para agilizar as faculdades mentais. No que se refere à saúde, o exercício físico seria do maior valor para todos os nossos pastores; e quando quer que possam ser liberados do serviço ativo no ministério, deviam sentir-se no dever de empenhar-se em esforço físico para o sustento de sua família. T4 408 1 Irmão A, você tem dissipado tempo no sono, que, em vez de ser essencial a sua saúde, tem sido prejudicial. As preciosas horas que tem perdido, não realizando nenhum bem a si mesmo nem a outros, permanecem contra você no Registro do Céu. Seu nome foi-me mostrado sob o título "servos preguiçosos". Seu trabalho não suportará o teste do juízo. Você gastou muito tempo precioso em dormir a ponto de suas faculdades parecerem paralisadas. Pode-se obter a saúde por hábitos corretos de vida, e pode ela ser levada a render e a capitalizar juros. Este capital, porém, mais precioso do que qualquer depósito bancário, pode ser sacrificado pela intemperança no comer e beber, ou permitindo que os órgãos se enferrujem pela inação. Condescendências acariciadas devem ser abandonadas; deve-se vencer a preguiça. T4 408 2 A razão pela qual muitos de nossos pastores se queixam de doença é deixarem de fazer exercício suficiente e condescenderem em comer demais. Não compreendem que tal conduta põe em perigo o organismo mais resistente. Os que, como você, são de temperamento moroso devem comer muito moderadamente e não evitar sobrecargas físicas. Muitos de nossos pastores estão cavando suas sepulturas com os dentes. Em se responsabilizando pelo fardo colocado sobre os órgãos digestivos, o físico sofre, e é imposto ao cérebro um pesado ônus. Pois toda ofensa cometida contra as leis da saúde, requer do transgressor o pagamento da penalidade em seu próprio corpo. T4 409 1 Quando não empenhado ativamente em pregar, o apóstolo Paulo trabalhava em seu ofício como fabricante de tendas. Ele foi obrigado a fazer isto pelo fato de ter aceitado uma verdade impopular. Antes de aceitar o cristianismo, havia ocupado uma posição elevada, e não dependia de seu trabalho para se manter. Era costume entre os judeus ensinar-se aos filhos algum ofício, por mais elevada que fosse a posição que esperassem ocupar, para que circunstâncias adversas não viessem deixá-los incapacitados de manterem a si mesmos. De conformidade com este costume, tornou-se Paulo fabricante de tendas; e ao serem seus recursos empregados para o avanço da causa de Cristo e em benefício de seu próprio sustento, recorreu ele a sua profissão a fim de conseguir um meio de vida. T4 409 2 Jamais alguém viveu que fosse mais zeloso, enérgico e altruísta discípulo de Cristo do que Paulo. Ele foi um dos maiores mestres do mundo. Cruzou os mares, e viajou para perto e longe, até que uma vasta porção do mundo ouvisse de seus lábios a história da cruz de Cristo. Ele possuía desejo ardente de levar homens prestes a perecer ao conhecimento da verdade através do amor do Salvador. Sua alma estava envolvida na obra do ministério, e foi com sentimentos de dor que se afastou do trabalho por causa das próprias necessidades físicas; mas estabeleceu-se na lida de artesão para não ser um peso às igrejas que estavam afligidas pela pobreza. Embora tivesse implantado muitas igrejas, recusou ser por elas sustentado, temendo que sua utilidade e êxito como ministro do evangelho pudesse sofrer interferência pela desconfiança de sua motivação. Ele desejava remover todo motivo para que seus inimigos não o interpretassem mal, e assim diminuísse a força de sua mensagem. T4 409 3 Paulo apela aos irmãos coríntios para entenderem que, como um obreiro do evangelho, ele poderia reivindicar o apoio deles, em vez de sustentar-se; mas ele abria mão desse direito, temendo que a aceitação de recursos para o seu sustento pudesse possivelmente colocar-se no caminho de sua utilidade. Embora de saúde frágil, ele trabalhava durante o dia no serviço da causa de Cristo, e então boa parte da noite ele labutava, e às vezes a noite inteira, para que pudesse fazer provisão para as próprias necessidades e as de outros. O apóstolo queria também dar um exemplo aos seus irmãos, assim dignificando e honrando a laboriosidade. Quando nossos pastores sentem que estão sofrendo dificuldades e privações na causa de Cristo, que visitem com a imaginação a oficina do apóstolo Paulo, tendo em mente que enquanto esse escolhido homem de Deus estava fabricando tendas, trabalhava pelo pão que merecidamente ganhara por seus esforços como apóstolo de Jesus Cristo. Ao chamado do dever, este grande apóstolo poria de parte o seu negócio para enfrentar os mais violentos oponentes e deter sua altiva jactância, e depois reassumir o seu humilde ofício. Sua laboriosidade religiosa é uma repreensão à indolência de alguns de nossos pastores. Quando têm a oportunidade de trabalhar para ajudar a sustentar a si mesmos, devem fazê-lo com alegria. T4 410 1 Deus nunca planejou que o homem vivesse em apatia. Quando Adão estava no Éden, meios foram criados para a sua ocupação. Embora nem sempre a corrida seja do mais ágil nem a batalha do forte, contudo aquele "que trabalha com mão enganosa empobrece". Provérbios 10:4. Os que são diligentes em negócios nem sempre prosperarão; mas a preguiça e a indolência certamente ofenderão o Espírito de Deus e destruirão a verdadeira religiosidade. Uma poça de água estagnada é prejudicial, mas um riacho puro e corrente espalha saúde e alegria sobre a terra. O homem de perseverante laboriosidade será uma bênção em qualquer parte. O exercício das faculdades físicas e mentais do homem é necessário para o seu desenvolvimento pleno e apropriado. T4 410 2 Os jovens pastores devem procurar meios de se tornarem úteis onde quer que estejam. Quando convidados a visitar pessoas em seus lares, não devem sentar-se passivamente, sem fazer esforço para ajudar aqueles cuja hospitalidade compartilham. As obrigações são mútuas; se o pastor compartilha a hospitalidade de seus amigos, é seu dever corresponder à sua bondade por sua conduta, sendo atencioso e mostrando consideração para com eles. Aqueles que o acolhem podem ser pessoas preocupadas que trabalham arduamente. Por manifestar disposição, não somente esperar para si mesmo, mas prestar ajuda oportuna, o pastor pode muitas vezes encontrar acesso ao coração e abrir o caminho para o recebimento da verdade. T4 411 1 Deus não emprega homens preguiçosos em Sua causa; Ele quer obreiros atenciosos, bondosos, afetuosos e diligentes. O esforço ativo fará bem a nossos pregadores. A indolência é prova de perversão. Cada faculdade da mente, cada osso do corpo, cada músculo dos membros, mostra que Deus designou nossas faculdades para serem usadas, e não para permanecerem inativas. O irmão A é indolente demais para gastar suas energias na obra e envolver-se em perseverante esforço. Homens que, desnecessariamente, empregam as horas do dia para dormir, não têm o senso do valor dos preciosos e áureos momentos. Tais homens se provarão somente uma maldição para a causa de Deus. O irmão A é muito presunçoso. Não é um dedicado estudante da Bíblia. Não é o que devia ser, nem o que pode tornar-se pela dedicação zelosa. Ele ocasionalmente se anima a fazer alguma coisa; mas a sua preguiça, o seu amor natural pelo conforto, levam-no a voltar ao mesmo conduto da morosidade. As pessoas que não adquiriram hábitos de estrita operosidade e economia de tempo devem ter regras estabelecidas para as estimular à regularidade e à presteza. T4 411 2 Washington, o estadista americano, foi habilitado a realizar grande quantidade de negócios, porque era exato em conservar a ordem e a regularidade. Cada papel tinha sua data e seu lugar, e tempo algum era perdido em procurar o que não estava no lugar designado. Os homens de Deus precisam ser diligentes no estudo, zelosos na aquisição de conhecimentos, nunca desperdiçando uma hora. Mediante esforços perseverantes, podem atingir quase qualquer grau de eminência como cristãos, como homens de poder e influência. Muitos, porém, nunca alcançarão distinção superior no púlpito ou nos negócios devido à sua instabilidade de propósito e à frouxidão dos hábitos contraídos na juventude. Em tudo que empreendam, ver-se-á descuidosa desatenção. Um súbito esforço aqui e ali não é suficiente para efetuar uma transformação nesses amantes da comodidade e indolência; isso é obra que exige paciente perseverança em fazer o que é correto. Homens de negócios só podem ter verdadeiro êxito, se tiverem horas regulares para levantar-se, orar, comer e deitar-se. Se a ordem e a regularidade são essenciais nas atividades mundanas, quanto mais na obra de Deus! T4 412 1 As brilhantes horas da manhã são por muitos desperdiçadas na cama. Estas preciosas horas, uma vez perdidas, passam para nunca mais voltar; são perdidas para o tempo e a eternidade. Uma hora apenas perdida cada dia, e que desperdício de tempo durante um ano! Pense nisso o dorminhoco, e detenha-se a considerar como há de dar a Deus conta das oportunidades perdidas. T4 412 2 Os pastores devem dedicar tempo à leitura, ao estudo, a meditar e orar. Devem enriquecer o espírito com conhecimentos úteis, aprendendo de cor porções das Escrituras, traçando o cumprimento das profecias, e aprendendo as lições que Cristo deu a Seus discípulos. Levem um livro consigo para ler enquanto viajam de trem, ou esperam na estação da estrada de ferro. Empreguem todo momento vago em fazer alguma coisa. Assim se fechará, a milhares de tentações, uma porta eficaz. Se o rei Davi tivesse se empenhado em algum trabalho útil não seria culpado de assassinar Urias. Satanás está sempre pronto para ocupar aquele que não se ocupa. A mente que está continuamente lutando para elevar-se às alturas da grandeza intelectual não encontrará tempo para pensamentos desprezíveis e frívolos, que são a fonte de más ações. Há homens de boa habilidade entre nós, que, com apropriado cultivo, poderiam tornar-se eminentemente úteis; contudo, não apreciam o esforço físico, e deixando de ver o crime de negligenciar pôr no melhor uso as faculdades com que foram dotados pelo Criador, acomodam-se em seu conforto, permanecendo com a mente inculta. Muito poucos, porém, estão travando conhecimento com a mente de Deus. Dos servos negligentes Deus inquirirá: "Que fizeste com os talentos que te dei?" Muitos naquele dia serão encontrados, que havendo recebido um talento, embrulharam-no num lenço, e o esconderam no solo. Esses servos inúteis serão lançados nas trevas exteriores; enquanto os que colocaram seus talentos com os cambistas e os duplicaram receberão o elogio: "Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor." Mateus 25:23. T4 413 1 Ao se terem de confiar responsabilidades a um indivíduo, não se indague se ele é eloqüente ou rico, mas se é honesto, fiel e trabalhador; pois sejam quais forem suas realizações, sem estas qualidades ele se acha inteiramente inabilitado para qualquer cargo de confiança. Muitos que começaram a vida com boas perspectivas deixam de alcançar êxito por lhes faltar a operosidade. Jovens que habitualmente se misturam com pequenos grupos que se juntam nos armazéns ou nas ruas, sempre envolvidos em argumentações ou mexericos, jamais se desenvolverão à simetria de homens de entendimento. Incessante diligência efetuará pelo homem o que nada mais pode efetuar. Os que nunca se contentam se não tiverem a percepção de que estão crescendo cada dia, realmente tornarão a vida um sucesso. T4 413 2 Muitos têm fracassado, fracassado de maneira significativa, onde poderiam haver tido sucesso. Não sentiram a responsabilidade da obra; têm levado as coisas tão comodamente, como se tivessem um milênio em que trabalhar pela salvação das almas. Por causa dessa falta de dedicação e zelo, poucos teriam a impressão de que realmente falavam sério. A causa de Deus não tem tanta necessidade de pregadores, como de obreiros diligentes e perseverantes, para o Mestre. Só Deus pode medir a capacidade da mente humana. Não era Seu desígnio que o homem permanecesse na ignorância, mas que se aproveitasse de todas as vantagens de um intelecto esclarecido e culto. Todos devem sentir que sobre si repousa a obrigação de atingir as alturas da grandeza intelectual. Conquanto ninguém deva ficar ensoberbecido pelos conhecimentos que haja adquirido, é privilégio de todos desfrutar a satisfação de saber que, com cada passo adiante, tornam-se mais capazes de honrar e glorificar a Deus. Eles podem beber de uma fonte inesgotável, a Fonte de toda sabedoria e conhecimento. T4 413 3 Havendo entrado na escola de Cristo, o estudante está preparado a se empenhar na perseguição do saber, sem experimentar a vertigem das alturas que está galgando. Ao prosseguir de verdade em verdade, obtendo uma visão mais clara e luminosa das maravilhosas leis da ciência e da natureza, enleva-se ante as surpreendentes manifestações do amor de Deus para com o homem. Vê, com olhar inteligente, a perfeição, o conhecimento e a sabedoria de Deus estendendo-se para além, até ao infinito. À medida que sua mente se amplia e expande, puras correntes de luz se lhe projetam na alma. Quanto mais bebe da fonte do conhecimento, tanto mais pura e feliz sua contemplação da infinitude de Deus, e maior seu anseio de sabedoria suficiente para compreender as coisas profundas do Senhor. T4 414 1 Cultura mental é o que, como povo, precisamos, e temos de ter para satisfazer as exigências do tempo. Pobreza, origem humilde e ambiente desfavorável não precisam impedir o cultivo da mente. As faculdades mentais têm de ser mantidas sob o controle da vontade, não se permitindo que a mente vagueie ou fique distraída por uma variedade de assuntos ao mesmo tempo, sem se aprofundar em nenhum. Dificuldades são encontradas em todos os estudos; nunca, porém, parem por causa de desânimo. Examinem, estudem e orem; enfrentem varonil e vigorosamente cada dificuldade; chamem em socorro o poder da vontade e a graça da paciência, e então cavem mais diligentemente, até que a gema da verdade se mostre a sua frente, límpida e linda, tanto mais preciosa por causa das dificuldades envolvidas em sua busca. Não fiquem, então, a demorar-se sempre nesse único ponto, nele concentrando todas as energias da mente, para ele chamando insistentemente a atenção dos outros, mas tomem outro assunto, examinando-o atentamente. Assim, mistério após mistério se desdobrará a sua compreensão. Por esse procedimento, duas valiosas vitórias serão ganhas. Não só terão assegurado úteis conhecimentos, mas o exercício da mente aumentou a força e poder mentais. A chave encontrada para descobrir um mistério pode desenvolver outras preciosas gemas de conhecimento ainda escondidas. T4 414 2 Muitos de nossos pastores só podem apresentar ao povo alguns sermões doutrinários. O mesmo esforço e aplicação que os familiarizou com esses pontos os habilitaria a adquirir conhecimento de outros. As profecias e outros assuntos doutrinários devem ser plenamente compreendidos por todos os pastores. Mas alguns que têm estado a pregar durante anos, ficam satisfeitos de se limitar a uns poucos assuntos, sendo demasiadamente indolentes para estudar as Escrituras com diligência e oração, a fim de se tornarem gigantes na compreensão das doutrinas bíblicas e das lições práticas de Cristo. A mente de todos deve ser enriquecida com o conhecimento das verdades da Palavra de Deus, a fim de que possam achar-se preparados, em qualquer momento que lhes seja requerido, a apresentar do tesouro coisas novas e velhas. Há mentes que têm sido prejudicadas e atrofiadas por falta de zelo e de esforço diligente e árduo. Chegou o tempo em que Deus diz: Avancem e cultivem as aptidões que lhes dei. T4 415 1 No mundo multiplicam-se erros e fábulas. Novidades em forma de dramas sensacionais estão continuamente surgindo para absorver a mente, e há abundância de teorias absurdas que destroem o progresso moral e espiritual. A causa de Deus necessita de homens de intelecto, homens que pensem, homens bem versados nas Escrituras, para enfrentar a avolumante onda de oposição. Não devemos sancionar a arrogância, a estreiteza de espírito e as incoerências, embora se lançam sobre elas as vestes de professa piedade. Os que possuem no coração o poder santificador da verdade hão de exercer uma influência persuasiva. Sabendo que os defensores do erro não podem criar nem destruir a verdade, eles se podem manter calmos e ponderados. T4 415 2 Não é suficiente que nossos pastores tenham conhecimento superficial da verdade. Assuntos tratados por homens que perverteram suas faculdades concedidas por Deus para lançarem por terra a verdade estão constantemente surgindo para investigação. A intolerância deve ser deixada de lado. Os enganos satânicos desta época precisam ser clara e inteligentemente enfrentados com a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus. A mesma Mão invisível que guia os planetas em suas órbitas e sustém os mundos por Seu Poder, tomou providências para que o homem formado à Sua imagem possa ser um pouco menos do que os anjos de Deus no desempenho de seus deveres na Terra. Os propósitos de Deus não têm sido atendidos por homens a quem foi confiada a mais solene verdade que já foi dada ao homem. Ele quer que subamos cada vez mais alto em direção a um estado de perfeição, vendo e percebendo a cada passo o poder e a glória de Deus. O homem não conhece a si mesmo. Nossas responsabilidades são exatamente proporcionais a nossa luz, oportunidades e privilégios. Somos responsáveis pelo bem que poderíamos ter feito, mas deixamos de fazer por termos sido muito indolentes em empregar os meios para o progresso que foram colocados a nosso alcance. T4 416 1 O precioso Livro de Deus contém regras de vida para homens de todas as classes e vocações. Nele se encontram exemplos que seria bom que todos estudassem e imitassem. "O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir." Mateus 20:28. A verdadeira honra e glória do servo de Cristo não consiste no número de sermões pregados, nem na quantidade de seus escritos, mas na obra de atender fielmente às necessidades das pessoas. Se ele negligencia esta parte do trabalho, não tem direito ao nome de pastor. T4 416 2 Necessitam-se em nossos dias, homens capazes de compreender as necessidades do povo, e a elas ministrar. O fiel ministro de Cristo vigia em todos os postos avançados, para advertir, reprovar, aconselhar, suplicar e animar seus semelhantes, cooperando com o Espírito de Deus, que nele atua poderosamente, a fim de que possa apresentar todo homem perfeito em Cristo. Um homem assim é reconhecido no Céu como pastor, trilhando as pegadas de seu grande Exemplo. T4 416 3 Nossos pregadores não são suficientemente minuciosos em relação a seus hábitos de alimentação. Tomam o alimento em quantidades demasiado grandes, e vasta variedade numa só refeição. Alguns são reformadores apenas no nome. Não têm regras pelas quais nortear seu regime, mas condescendem em comer frutas ou nozes entre as refeições, e assim impõem cargas sobremodo pesadas aos órgãos digestivos. Alguns ingerem três refeições ao dia, quando duas seriam mais condizentes com a saúde física e espiritual. Se as leis que Deus fez para governar o organismo físico são violadas, a penalidade há de seguir-se fatalmente. T4 417 1 Por causa da imprudência no comer, os sentidos de alguns parecem meio paralisados, e eles são apáticos e sonolentos. Esses pastores de rosto pálido que estão sofrendo em conseqüência de egoística tolerância para com o apetite, não recomendam a reforma de saúde. Quando sofrendo em virtude de sobrecarga de trabalho, muito melhor seria dispensar ocasionalmente uma refeição, dando assim oportunidade à natureza para refazer-se. Nossos obreiros fariam pela reforma de saúde mais pelo exemplo do que pregando-a. Quando amigos bem-intencionados fazem para eles alimentos muito elaborados, eles ficam fortemente tentados a desrespeitar o princípio; mas recusando os pratos requintados, os ricos condimentos, chá e café, podem demonstrar assim que são praticantes reformadores da saúde. Alguns estão sofrendo agora em conseqüência da transgressão das leis da vida, deixando assim um estigma sobre a causa da reforma de saúde. T4 417 2 A exagerada condescendência no comer, beber, dormir ou ver é pecado. A ação harmoniosa, saudável, de todas as faculdades do corpo e da mente resulta em felicidade; e quanto mais elevadas e refinadas as faculdades, mais pura e perfeita a felicidade. As faculdades da mente devem exercitar-se em temas relacionados com nossos interesses eternos. Isso será conducente à saúde do corpo e mente. Há muitos, mesmo entre nossos pregadores, que desejam elevar-se no mundo sem esforço. São ambiciosos em realizar grande obra de utilidade, enquanto desconsideram os pequenos deveres do dia-a-dia que os tornariam úteis, e os fariam pastores segundo a ordem de Cristo. Desejam realizar a obra que outros estão empreendendo, mas não têm entusiasmo pela disciplina necessária para a ela se adaptar. Esse desejo ardente tanto de homens quanto de mulheres de fazerem algo bem acima de sua atual capacidade, simplesmente os está levando a cometerem evidentes erros logo de início. Eles indignadamente recusam galgar a escada, desejando elevar-se por um processo menos trabalhoso. ------------------------Capítulo 38 -- Nosso colégio T4 418 1 A educação e preparo da juventude é uma obra importante e solene. O grande objetivo a alcançar deve ser o adequado desenvolvimento do caráter, de modo que o indivíduo esteja corretamente habilitado para desempenhar os deveres da vida presente e entrar afinal na imortal vida futura. A eternidade revelará a maneira em que a obra tem sido feita. Se pastores e professores tivessem plena consciência de sua responsabilidade, veríamos um diferente estado de coisas no mundo hoje. Mas eles são demasiado estreitos em seus pontos de vista e propósitos. Não compreendem a importância do seu trabalho ou os seus resultados. T4 418 2 Deus não poderia fazer pelo homem mais do que fez ao dar o Seu amado Filho, nem poderia fazer menos e ainda assim garantir a redenção do homem e manter a dignidade da lei divina. Ele derramou em nosso benefício todo o tesouro do Céu, pois ao dar o Seu Filho abriu para nós os portões dourados do Céu, fazendo um infinito dom àqueles que aceitarem o sacrifício e voltarem à obediência a Deus. Cristo veio ao nosso mundo com amor em Seu coração, tão amplo quanto a eternidade, propondo-Se fazer do homem o herdeiro de todas as Suas riquezas e glória. Neste ato Ele desvelou ao homem o caráter de Seu Pai, mostrando a cada ser humano que Deus pode "ser justo" e ainda assim "justificador daquele que tem fé em Jesus". Romanos 3:26. T4 418 3 A Majestade do Céu não agradou a Si mesma. Fosse o que fosse que fizesse era em consideração à salvação do homem. O egoísmo em todas as suas formas via-se repreendido em Sua presença. Ele assumiu nossa natureza para poder sofrer em nosso lugar, fazendo de Sua alma uma oferta pelo pecado. Foi ferido de Deus e afligido para salvar o homem do golpe que ele merecia em virtude da transgressão da lei de Deus. Pela luz que da cruz refulge, Cristo Se propôs atrair todos os homens a Si. Seu humano coração afligia-Se pela humanidade. Seus braços estavam abertos para recebê-los; e convidou a todos para que a Ele viessem. Sua vida na Terra foi um ato contínuo de abnegação e condescendência. T4 419 1 Visto como o homem custou tanto ao Céu, isto é, o preço do amado Filho de Deus, quão cuidadosos devem os pastores, professores e pais ser no trato das almas que foram levadas sob sua influência! É uma bela obra tratar com mentes, e deve-se cumpri-la com temor e tremor. Os educadores da juventude devem manter perfeito domínio próprio. Destruir a influência de alguém sobre uma alma humana, pela impaciência ou para manter indevida dignidade e supremacia, é um terrível erro, pois pode ser o meio de perder para Cristo essa alma. As mentes juvenis podem tornar-se tão deformadas por uma orientação imprudente, que o dano causado pode nunca mais ser vencido completamente. A religião de Cristo deve ter uma influência controladora sobre a educação e preparo dos jovens. O exemplo do Salvador, de abnegação, bondade universal e longânimo amor, é uma repreensão aos pastores e professores impacientes. Ele pergunta a esses instrutores impetuosos: "É esta a maneira como tratam as almas pelas quais dei Minha vida? Não têm em maior estima o infinito preço que paguei por sua redenção?" T4 419 2 Todos os que estiverem ligados a nosso colégio devem ser homens e mulheres que tenham diante de si o temor de Deus e Seu amor no coração. Devem tornar sua religião atraente aos jovens que estiverem dentro de sua esfera de influência. Os professores devem constantemente sentir sua dependência de Deus. Sua obra está neste mundo, mas sua Fonte de sabedoria e conhecimento, da qual precisam tirar de contínuo, está no alto. O eu não deve predominar. O Espírito de Deus precisa controlar. Devem andar humildemente com Deus e sentir sua responsabilidade, que não é menor que a do pastor. A influência que os professores exercem sobre a juventude em nosso colégio será conduzida aonde quer que esses jovens forem. Uma sagrada influência deve partir deste colégio para fazer face às trevas morais presentes por toda a parte. Quando me foi mostrado pelo anjo de Deus que uma instituição devia ser estabelecida para educação de nossos jovens, vi que este seria um dos maiores meios ordenados por Deus para a salvação de almas. T4 420 1 Os que esperam ter sucesso na educação dos jovens devem aceitá-los como são, não como deviam ser nem como serão quando saírem de sob sua instrução. Estarão sob prova com estudantes lentos, e precisam suportar com paciência sua ignorância. Precisam tratar terna e bondosamente com estudantes sensíveis, nervosos, lembrando que terão no futuro de enfrentar os seus estudantes diante do tribunal de Cristo. O senso de suas próprias imperfeições deve levar constantemente o educador a abrigar sentimentos de terna simpatia e perdão em relação àqueles que estão lutando com as mesmas dificuldades. Eles podem ajudar os seus estudantes, não por relevar-lhes os defeitos, mas por fielmente corrigir ao que erra, de tal modo que o reprovado se ligue ainda mais ao coração do professor. T4 420 2 Deus uniu velhos e jovens pela lei da mútua dependência. Os educadores da juventude devem mostrar nobre interesse pelos cordeiros do rebanho, conforme o exemplo que Cristo deu em Sua vida. Há muito pouca terna piedade, e demasiado da irredutível dignidade do juiz severo. Justiça exata e imparcial deve ser distribuída a todos, pois a religião de Jesus requer isto; mas deve-se lembrar sempre que a firmeza e a justiça têm uma irmã, que é a misericórdia. Manter-se à distância dos estudantes, tratá-los com indiferença, mostrar-se inacessível, ríspido, censurador, é contrário ao espírito de Cristo. T4 420 3 Precisamos individualmente abrir o coração ao amor de Deus, vencer o egoísmo e a aspereza, e deixar que Jesus tome posse da alma. O educador dos jovens fará bem em lembrar que com todas as vantagens de sua idade, educação e experiência, ainda não é um perfeito vencedor; ele mesmo erra e comete muitas faltas. Do modo como Cristo trata com ele, deve ele procurar tratar com os jovens sob seus cuidados, os quais tiveram menores vantagens e ambiente menos favorável do que ele, o professor, desfrutou. Cristo tem tolerado o que erra, em toda a sua manifesta perversidade e rebelião. O Seu amor pelo pecador não esfriou, os Seus esforços não cessaram, e Ele não o abandonou aos açoites de Satanás. Permanece com os braços abertos para receber de novo o errante, o rebelde e até mesmo o apóstata. Por preceito e exemplo, devem os professores representar a Cristo na educação e preparo dos jovens; e no dia do juízo não serão sujeitados a vergonha ao enfrentar os seus estudantes e o relato do modo como os tratou. T4 421 1 Mais de uma vez tem o educador dos jovens levado para dentro da sala de aula a sombra das trevas que se acumularam sobre sua alma. Tem sido sobrecarregado e está nervoso, ou a dispepsia tem dado a tudo um sombrio matiz. Ele entra na sala com os nervos tensos e o estômago irritado. Nada parece ser feito para agradar-lhe; acha que os alunos estão propensos a mostrar-lhe desrespeito, e ele distribui críticas ferinas e censuras a torto e a direito. T4 421 2 Talvez um ou mais tenham cometido erros ou sejam insubmissos. O caso é exagerado em sua mente, e ele se torna injusto e se mostra severo e mordaz na repreensão, chegando mesmo a insultar aquele que ele considera culpado. Esta mesma injustiça o impede de admitir mais tarde que não agiu do modo adequado. Para manter a dignidade de sua posição, ele perdeu uma preciosa, uma áurea oportunidade de manifestar o espírito de Cristo, talvez até de ganhar uma alma para o Céu. T4 421 3 Homens e mulheres de experiência devem compreender que este é um tempo de especial perigo para os jovens. As tentações os cercam por todos os lados; e ao passo que é fácil esforçar-se a favor da corrente, o maior empenho é necessário para opor-se à maré do mal. É estudado esforço de Satanás manter os jovens no pecado, pois assim está mais seguro em relação ao homem. O inimigo das almas está cheio de intenso ódio contra todo esforço para influenciar a juventude na direção certa. Ele odeia tudo que permita uma correta visão de Deus e de nosso Salvador, e seus esforços são especialmente dirigidos contra todos que estão colocados em posição favorável para receber a luz do Céu. Ele sabe que qualquer movimento da parte deles para entrar em contato com Deus dar-lhes-á poder para resistir a seus enganos. Os que se sentem à vontade em seus pecados estão a salvo sob sua bandeira. Mas tão logo se fazem esforços para quebrar o seu poder, sua ira é despertada, e ele começa com ardor sua obra de impedir, se possível, o propósito de Deus. T4 422 1 Se a influência de nosso colégio for o que deve ser, os jovens que aí são educados serão hábeis em discernir a Deus e glorificá-Lo em todas as Suas obras; e enquanto empenhados em cultivar as faculdades que Deus lhes deu, estarão a preparar-se para prestar-Lhe mais eficiente serviço. O intelecto santificado abrirá os tesouros da Palavra de Deus e reunirá suas preciosas gemas para apresentar a outras mentes e levá-las também a buscar as coisas profundas de Deus. O conhecimento das riquezas de Sua graça enobrecerá e elevará a alma humana, e mediante a associação com Cristo tornar-se-á participante da natureza divina e obterá poder para resistir às investidas de Satanás. T4 422 2 Os alunos devem ser impressionados com o fato de que o conhecimento sozinho pode ser, nas mãos do inimigo de todo bem, um poder para destruí-los. Foi um ser muito intelectual, aquele que ocupava alta posição entre o exército de anjos, que finalmente se tornou um rebelde; e muitas mentes com excelente conhecimento intelectual estão agora sendo levadas cativas por seu poder. O conhecimento santificado que Deus provê tem a qualidade apropriada e contribuirá para Sua glória. T4 422 3 A tarefa dos professores em nosso colégio será difícil. Entre os que freqüentam a escola haverá alguns que são nada menos que instrumentos de Satanás. Não respeitam as regras da escola, e desmoralizam a todos que com eles se associam. Depois de haverem os professores feito tudo que podem para reformar esses alunos; depois de terem, mediante esforço pessoal, por rogos e oração, procurado alcançá-los, e haverem eles recusado todo esforço feito em seu favor e continuarem sua conduta pecaminosa, será então necessário desligá-los da escola, a fim de que outros não sejam contaminados por sua má influência. T4 422 4 A fim de manter a devida disciplina e, contudo, exercer piedoso amor e ternura pelas almas dos que estão sob seus cuidados, o professor necessita de constante suprimento da sabedoria e graça de Deus. A ordem precisa ser mantida. Mas os que amam as almas, a aquisição do sangue de Cristo, devem fazer o máximo para salvar os que erram. Esses pobres seres pecadores são mui freqüentemente deixados nas trevas e no engano a seguirem o seu próprio caminho, e os que deviam ajudá-los os deixam prosseguir desamparados para a ruína. Muitos desculpam sua negligência desses seres descuidados e perdidos, citando os privilégios religiosos de Battle Creek. Dizem que se estes não os chamarem para o arrependimento, nada o fará. As oportunidades de assistir à Escola Sabatina e ouvir os sermões do púlpito são, sem dúvida, preciosos privilégios; mas poderão passar inteiramente sem ser notados, ao passo que se alguém com verdadeiro interesse se aproximasse dessas almas com simpatia e amor, poderia ter êxito em alcançá-las. Tem-se-me mostrado que o esforço pessoal, cuidadosamente empregado, terá marcante influência sobre esses casos considerados tão difíceis. Nem todos podem ser tão duros de coração como parecem. Nosso povo em Battle Creek deve sentir profundo interesse pelos jovens a quem a providência de Deus colocou sob sua influência. Temos visto boa obra feita para a salvação de muitos que vieram para o nosso colégio, mas muito mais pode ser alcançado mediante esforço pessoal. T4 423 1 O amor egoísta do "mim e meu" impede a muitos de fazer por outros o que devem. Acham que toda obra que tiverem de fazer será para si mesmos e para seus filhos? "Sempre", disse Jesus, "que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a Mim o deixastes de fazer." Mateus 25:45. São seus filhos de mais valor à vista de Deus do que os filhos de seus vizinhos? Deus não faz acepção de pessoas. Devemos fazer tudo que pudermos para a salvação das almas. Ninguém deve ser passado por alto porque não tenha a cultura e o preparo religioso de filhos mais favorecidos. Se essas pessoas corrompidas, negligenciadas, tivessem desfrutado as mesmas vantagens do lar, e poderiam mostrar muito mais nobreza de caráter e maiores talentos para o que fosse útil do que muitos que têm sido assistidos dia e noite com o mais terno cuidado e exuberante amor. Os anjos têm piedade desses cordeiros extraviados; choram, enquanto os olhos humanos estão secos e o humano coração fechado para eles. Não me houvesse Deus entregue outra obra, e eu faria o negócio de minha vida cuidar daqueles a quem outros não desejem dar-se ao incômodo de salvar. No dia de Deus alguém será responsabilizado pela perda dessas queridas pessoas. T4 424 1 Pais que têm negligenciado as responsabilidades que Deus lhes deu terão de enfrentar essa negligência no juízo. O Senhor inquirirá: "Onde estão os filhos que lhes entreguei para os educarem para Mim? Por que não estão à Minha mão direita?" Muitos pais verão então que o amor irrazoável lhes cegou os olhos para as faltas de seus filhos e deixou que estes adquirissem caráter deformado, inadequado para o Céu. Outros verão que não deram a seus filhos tempo e atenção, amor e bondade; sua própria negligência do dever fez dos seus filhos o que são. Os professores verão onde poderiam ter trabalhado para o Mestre, procurando salvar os jovens aparentemente incorrigíveis, que foram por eles rejeitados. E os membros da igreja verão que podiam ter feito bom serviço para o Mestre procurando ajudar os que mais necessitavam de auxílio. Enquanto o seu amor e interesse eram prodigamente dispensados a suas próprias famílias, havia muito jovem inexperiente que podia ter sido atraído a seu coração e lar, e cuja alma preciosa poderia ter sido salva mediante interesse e bondoso cuidado. T4 424 2 Devem os educadores entender como conservar a saúde de seus alunos. Devem impedi-los de sobrecarregar a mente com demasiado estudo. Se deixam o colégio com o conhecimento das ciências, mas com a constituição física enfraquecida, melhor teria sido se nem mesmo tivessem entrado para a escola. Alguns pais sentem que seus filhos estão sendo educados a um preço considerável, e os obrigam em seus estudos. Os estudantes desejam tomar muitas matérias a fim de completar sua educação no tempo mais curto possível. Os professores têm permitido que alguns avancem demasiado rápido. Enquanto uns precisam ser encorajados, outros necessitam ser contidos. Os estudantes devem ser sempre diligentes, mas não devem tumultuar a mente a ponto de se tornarem intelectuais dispépticos. Não devem ser tão pressionados nos estudos que negligenciem a cultura de boas maneiras; e, acima de tudo, não devem permitir que coisa alguma interfira com os seus períodos de oração, que os põem em comunhão com Jesus Cristo, o melhor Mestre que o mundo já conheceu. Em nenhum caso devem afastar-se dos privilégios religiosos. Muitos estudantes têm feito de seus estudos o primeiro e maior objetivo, negligenciando a oração e ausentando-se da Escola Sabatina e das reuniões de culto, e pela negligência dos deveres religiosos voltam ao lar apostatados de Deus. Uma parte muito importante de sua educação foi negligenciada. O que está no fundamento de todo conhecimento verdadeiro não deve ser considerado como secundário. "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria." Provérbios 9:10. "Buscai primeiro o reino de Deus, e a Sua justiça." Mateus 6:33. Isto não deve ser feito por último, mas primeiro. Os alunos precisam ter oportunidade de relacionar-se com sua Bíblia. Necessitam tempo para isto. O estudante que faz de Deus sua força, que está se tornando entendido no conhecimento de Deus como revelado em Sua Palavra, está lançando o fundamento de uma educação completa. T4 425 1 Pertence ao desígnio de Deus que o colégio de Battle Creek alcance mais elevada norma de cultura intelectual e moral do que qualquer outra instituição da espécie em nosso país. Aos jovens deve ensinar-se a importância do cultivo de suas faculdades físicas, mentais e morais, de modo que não somente alcancem as maiores alturas na ciência, mas, mediante o conhecimento de Deus, sejam educados para glorificá-Lo; que possam desenvolver caráter simétrico, e estar assim plenamente preparados para serem úteis neste mundo e alcançar condições morais para a vida imortal. T4 425 2 Eu desejaria encontrar linguagem para expressar a importância de nosso colégio. Todos devem sentir que ele é um dos instrumentos divinos para tornar Deus conhecido ao homem. Os professores podem realizar uma obra maior do que a que têm considerado possível até aqui. As mentes devem ser moldadas e o caráter desenvolvido pelo interesse experimental. No temor de Deus, todo esforço para desenvolver as faculdades superiores, mesmo que marcado por grande imperfeição, deve ser encorajado e fortalecido. A mente de muitos dentre os jovens é rica em talentos que não são postos em uso algum porque lhes têm faltado a oportunidade de desenvolvê-los. Suas faculdades físicas são fortalecidas pelo exercício, mas as faculdades da mente permanecem escondidas, porque o discernimento do educador e o tato que lhe foi dado por Deus não têm sido exercitados. Aos jovens devem dar-se recursos para o desenvolvimento próprio. Eles devem ser atraídos, estimulados, encorajados e impelidos à ação. T4 426 1 No mundo todo necessita-se de obreiros. A verdade de Deus deve ser levada a terras estrangeiras, de modo que os que estão em trevas possam ser iluminados por ela. Deus requer que se mostre zelo infinitamente maior nesta direção do que o que até aqui se tem demonstrado. Como um povo, estamos quase paralisados. Não estamos fazendo a vigésima parte do bem que podíamos fazer, porque o egoísmo prevalece entre nós em grande medida. Intelectos cultos são agora necessários na causa de Deus, pois principiantes não podem fazer o trabalho de modo aceitável. Deus planejou nosso colégio como um instrumento para o desenvolvimento de obreiros de quem Ele não Se envergonhará. A altura que o homem pode alcançar mediante a cultura adequada não foi ainda compreendida. Temos entre nós alta porcentagem de homens de habilidade. Se seus talentos fossem postos em uso, poderíamos ter vinte obreiros onde agora só temos um. T4 426 2 Os professores não devem achar que o seu dever está cumprido quando os seus alunos foram instruídos em ciências. Mas devem compreender que dispõem do mais importante campo missionário do mundo. Se a capacidade de todos que se empenham como instrutores for usada como Deus deseja, eles serão os mais bem-sucedidos missionários. Deve lembrar-se que a juventude está formando hábitos que, em nove de dez casos, decidirão o seu futuro. A influência das companhias que mantiverem, das associações que formarem, e dos princípios que adotarem, será levada com eles no decurso de toda a sua vida. T4 426 3 É um fato terrível, desses que deviam fazer tremer o coração dos pais, que os colégios para os quais são enviados os jovens de nossos dias para o cultivo da mente, põem em perigo sua moral. Assim como um inocente jovem, quando deixado com endurecidos criminosos, aprende lições de crime com que jamais havia sonhado, jovens de mente pura, mediante associação com companheiros de hábitos corruptos no colégio, perdem sua pureza de caráter e se tornam viciados e maus. Devem os pais despertar para suas responsabilidades e compreender o que estão fazendo ao enviar os seus filhos do lar para colégios dos quais nada podem esperar senão que se tornem destituídos de moral. O colégio de Battle Creek deve permanecer mais alto em tono moral do que qualquer outro colégio da região, de modo que a segurança dos filhos confiados a sua guarda não possa ser posta em perigo. Se os professores fizerem a sua obra no temor de Deus, trabalhando com o espírito de Cristo para a salvação dos alunos, Deus lhes coroará os esforços com êxito. Pais tementes a Deus estarão mais preocupados com o caráter que seus filhos trarão do colégio para o lar do que em relação ao sucesso e progresso feito nos estudos. T4 427 1 Foi-me mostrado que nosso colégio foi designado por Deus para realizar a grande obra de salvar almas. É somente quando postos sob o pleno controle do Espírito de Deus que os talentos de uma pessoa são considerados utilizáveis ao máximo. Os preceitos e princípios da religião são os primeiros passos na aquisição do conhecimento, e jazem no próprio fundamento da verdadeira educação. O conhecimento e a ciência precisam ser vitalizados pelo Espírito de Deus para servirem aos mais nobres propósitos. Só o cristão pode fazer o correto uso do conhecimento. A ciência, para ser plenamente apreciada, tem de ser considerada do ponto de vista religioso. O coração enobrecido pela graça de Deus pode compreender melhor o verdadeiro valor da educação. Os atributos de Deus, como vistos em Suas obras criadas, só podem ser apreciados quando temos conhecimento do Criador. Para conduzir a juventude à fonte da verdade, ao Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, o professor precisa não somente estar familiarizado com a teoria da verdade, mas ter também o conhecimento prático do caminho da santidade. Conhecimento é poder quando unido com a verdadeira piedade. Dever dos pais para com o colégio T4 428 1 Nossos irmãos e irmãs de outras partes devem sentir o dever de manter esta instituição idealizada por Deus. Alguns dos alunos voltam para casa murmurando e queixando-se, e os pais e os membros da igreja dão ouvidos às declarações exageradas, unilaterais. Bem fariam em considerar que a história tem dois lados; no entanto, permitem que essas informações truncadas criem uma barreira entre eles e o colégio. Começam então a manifestar temores, dúvidas e suspeitas quanto à maneira por que o colégio está sendo dirigido. Tal influência produz grande dano. As palavras de descontentamento propagam-se como uma doença contagiosa, e a impressão causada sobre o espírito de outros dificilmente se apagará. A história avoluma-se a cada repetição, chegando a gigantescas proporções, quando uma investigação revelaria o fato de que não houve falta da parte dos professores ou mestres. Estes cumpriram apenas seu dever em fazer vigorar os regulamentos da escola, o que se deve fazer, do contrário a escola ficará desmoralizada. T4 428 2 Nem sempre os pais agem com prudência. Muitos são demasiado exigentes no desejar levar outros a participarem de suas idéias, e tornam-se impacientes e arrogantes se não o conseguem; quando, porém, é exigido de seus filhos que observem as regras e regulamentos da escola, e eles se zangam diante da necessária restrição, com freqüência os pais, que professam amar e temer a Deus, unem-se aos filhos em vez de reprová-los e corrigir-lhes as faltas. Isto se demonstra muitas vezes o ponto decisivo no caráter desses filhos. Ordens e regras são quebradas, a disciplina é pisada a pés. Os filhos desprezam a restrição, sendo-lhes permitido falar com desrespeito das instituições de Battle Creek. Se tão-somente os pais refletissem, veriam os maus resultados da orientação que estão seguindo. Seria na verdade coisa maravilhosa se, numa escola de quatrocentos alunos, dirigida por homens e mulheres sujeitos às fraquezas da humanidade, tudo fosse tão perfeito, tão exato, que desafiasse a crítica. T4 429 1 Caso os pais se colocassem na posição dos professores, e vissem quão difícil é administrar e disciplinar uma escola de centenas de alunos de todas as séries e de todas as tendências mentais, talvez com reflexão, vissem os fatos de modo diferente. Devem considerar que alguns filhos nunca receberam disciplina em casa. Tendo sido sempre tratados complacentemente, sem nunca serem treinados na obediência, ser-lhes-ia grandemente proveitoso serem afastados dos pais excessivamente liberais e colocados sob regulamentos e exercícios tão rigorosos como os que regem os soldados num exército. A menos que se faça algo por esses filhos tão negligenciados por pais infiéis, eles jamais poderão ser aceitos por Jesus; a menos que sejam controlados por algum poder, virão a ser de nenhum préstimo nesta vida, e não terão parte na futura. T4 429 2 É perfeita a ordem no Céu, assim como a obediência, a paz e a harmonia. Os que não têm tido nenhum respeito pela ordem e a disciplina nesta vida, não respeitarão a ordem observada no Céu. Não poderão ser ali admitidos; pois todos quantos houverem de ter entrada no Céu amarão a ordem e respeitarão a disciplina. O caráter formado nesta vida determinará o destino futuro. Quando Cristo vier, não mudará o caráter de ninguém. O precioso tempo da graça é concedido a fim de ser aproveitado em lavar nossas vestes de caráter e branqueá-las no sangue do Cordeiro. O remover as manchas do pecado requer a obra de toda uma existência. Necessitam-se dia a dia novos esforços no refrear e negar o próprio eu. A cada dia há novas batalhas a combater, e vitórias novas a serem obtidas. Diariamente deve a alma dilatar-se, pleiteando fervorosamente com Deus pelas poderosas vitórias da cruz. Os pais não devem negligenciar de sua parte nenhum dever para beneficiar seus filhos. Devem educá-los de tal maneira, que venham a ser uma bênção para a sociedade aqui, e possam colher a recompensa da vida eterna no futuro. ------------------------Capítulo 39 -- A causa em Iowa T4 430 1 Tem-se-me mostrado que a causa em Iowa está em deplorável condição. Em diferentes ramos da obra têm sido colocados jovens que não estão em condição espiritual de beneficiar o povo. Razoável número de homens inexperientes e ineficientes tem estado a trabalhar na causa, homens que precisam de que por eles se faça uma grande obra. Estudantes do colégio T4 430 2 A influência do irmão B não tem sido de modo algum a que devia ser. Enquanto esteve no colégio de Battle Creek, ele foi em muitos sentidos um jovem exemplar; mas, juntamente com outros rapazes e moças, furtivamente fez uma excursão a _____. Isto não foi nobre, franco e justo. Sabiam que era uma quebra dos regulamentos, mas aventuraram-se no caminho da transgressão. Esses jovens, por este ato e sua atitude posterior em relação a sua errônea conduta, têm propiciado observações muito injustas sobre o colégio. T4 430 3 Quando os irmãos em Iowa aceitaram os trabalhos do irmão B, sob tais circunstâncias, cometeram um erro. Se mostrarem comportamento similar em outros casos, desagradarão grandemente a Deus. O fato de ter sido ele um jovem de excelente comportamento deu-lhe maior influência sobre outros, e seu exemplo em se pôr em desafio às regras e autoridade que sustentam e controlam a escola levou outros a fazerem o que ele havia feito. Leis e regulamentos não terão nenhuma força na condução da escola se tais coisas são sancionadas a esmo por nossos irmãos. Desmoralizante influência é facilmente introduzida numa escola. Muitos participarão prontamente do espírito de rebelião e desafio, a menos que se façam continuamente imediatos e vigilantes esforços na manutenção das normas da escola mediante regras estritas aplicáveis à conduta dos estudantes. T4 430 4 Os esforços do irmão B não serão aceitáveis a Deus até que ele veja e reconheça inteiramente o seu erro em violar as regras do colégio e procure desfazer a influência que exerceu em prejuízo da reputação da escola. Muitos estudantes mais teriam vindo de Iowa não fora esta infeliz circunstância. Pudesse você, irmão B, ver e compreender a influência deste passo errado, e os sentimentos de paixão, de ciúmes, e do quase ódio que lhe encheram o coração porque o seu comportamento foi questionado pelo Prof. Brownsberger, e tremeria à vista do seu próprio estado e do triunfo por parte dos que não podem suportar restrições e travam guerra contra regras e regulamentos que os impedem de seguir sua conduta pessoal. Como professo discípulo que é do manso e humilde Jesus, sua influência e responsabilidade são grandemente aumentadas. T4 431 1 Irmão B, eu espero que o irmão proceda com cuidado e considere sua primeira tentação de afastar-se das normas do colégio. Analise criticamente o caráter do governo de nossa escola. As regras que foram estabelecidas não são de modo algum demasiado estritas. Mas a ira foi acalentada; no momento a razão foi destronada e o coração tornou-se presa de incontrolável paixão. Antes que se desse conta, você deu um passo que poucas horas antes não teria dado sob qualquer pressão da tentação. O impulso havia subjugado a razão, e você não pensou no dano feito a si mesmo e nem a uma instituição de Deus. Nossa única segurança sob qualquer circunstância é ser sempre senhores de nós mesmos na força de Jesus nosso Redentor. T4 431 2 Nosso colégio não dispõe daquela influência da opinião popular que os outros colégios possuem ao exercer o governo e impor suas regras. Num sentido, ele é uma escola denominacional; mas, a menos que resguardado, ser-lhe-ão dados caráter e influência seculares. Estudantes que guardam o sábado precisam possuir mais coragem moral do que a que até aqui tem sido mostrada, de modo a preservar a influência moral e religiosa da escola, ou diferirá apenas no nome, dos colégios de outras denominações. Deus planejou e estabeleceu este colégio, desejando que fosse moldado por alto interesse religioso, e que cada ano estudantes não convertidos que são enviados a Battle Creek retornassem a seus lares como soldados da cruz de Cristo. T4 432 1 Professores e instrutores devem refletir sobre os melhores meios de manter o caráter peculiar de nosso colégio; todos devem apreciar muitíssimo os privilégios que desfrutamos em ter tal escola, devendo sustentá-la fielmente e guardá-la de qualquer sombra de acusação. O egoísmo pode debilitar as energias dos estudantes, ganhando o elemento secular o predomínio sobre toda a escola. Isto atrairia sobre esta instituição o desagrado de Deus. T4 432 2 Os alunos que professam amar a Deus e obedecer à verdade devem possuir tal grau de domínio próprio e resistência de princípios religiosos que sejam habilitados a permanecer inabaláveis em meio das tentações, e a defender a Cristo no colégio, nas casas que se acham hospedados, ou onde quer que estejam. A religião não é para ser usada meramente como uma capa, na casa de Deus; antes, os princípios religiosos devem caracterizar toda a vida. Os que bebem da fonte da vida não manifestarão, à semelhança dos mundanos, ansioso desejo de variações e de prazer. Em sua conduta e caráter ver-se-ão o sossego, a paz e a felicidade que encontraram em Jesus mediante o depositar-Lhe aos pés, dia-a-dia, suas perplexidades e preocupações. Mostrarão que há contentamento e mesmo alegria no caminho da obediência e do dever. Esses exercerão sobre os colegas uma influência que se fará sentir na escola inteira. Os que compõem esse fiel exército serão um refrigério e fortalecimento para os professores e dirigentes em seus esforços, contrariando toda espécie de infidelidade, de discórdia e negligência no que concerne a cooperar com os regulamentos. Sua influência será salvadora, e no grande dia de Deus suas obras não perecerão, mas segui-los-ão no mundo por vir; e a influência de sua vida aqui falará através dos séculos sem fim da eternidade. Um jovem sincero, consciencioso, fiel na escola, é inestimável tesouro. Os anjos do Céu o contemplam com amor. O precioso Salvador o ama, e no livro do Céu serão registrados toda obra de justiça, cada tentação resistida, todo mal subjugado. Ele estará assim depositando um bom fundamento contra o tempo que há de vir, de modo a lançar mão da vida eterna. T4 433 1 O comportamento do irmão C no colégio, ao procurar a companhia de moças, estava errado. Não foi para isto que ele fora enviado a Battle Creek. Os estudantes não são enviados para ali para formar associações, para se entregarem a flertes ou namoro, mas para adquirir educação. Fosse-lhes permitido seguir suas próprias inclinações neste ponto, o colégio ficaria logo desmoralizado. Muitos têm usado seus preciosos dias escolares em dissimulado flerte e namoro, não obstante a vigilância de professores e instrutores. Quando um professor de qualquer dos ramos tira vantagem de sua posição para ganhar a afeição de suas alunas tendo em vista o casamento, sua conduta é merecedora da mais severa censura. T4 433 2 A influência dos filhos do irmão D e de vários outros de Iowa, como também do Sr. E, de Illinois, não tem sido benéfica para nossa escola. Os parentes e amigos desses estudantes os têm apoiado em fazer comentários sobre o colégio. Os filhos do irmão D têm habilidades e aptidões que são uma fonte de satisfação para os pais; mas quando as habilidades desses jovens são exercidas no sentido de quebrar as regras e regulamentos do colégio, não é algo que deva despertar prazer no coração de ninguém. O trabalho escrito contendo essa mordaz e ferina crítica a alguém que ensina no colégio não será lido com igual satisfação no dia em que a obra de cada um será passada em revista diante de Deus. Então o irmão e a irmã D enfrentarão o registro da obra que fizeram em dar a seu filho mal disfarçada justificativa nesta questão. Terão então de responder pela influência que exerceram em prejuízo da escola, um dos instrumentos de Deus, e por fazerem tendenciosas afirmações que impediram os jovens de ir ao colégio, onde poderiam ter sido guardados sob a influência da verdade. Alguns indivíduos se perderão em conseqüência dessa má influência. O grande dia do juízo de Deus revelará a influência de palavras proferidas e atitudes assumidas. O irmão e a irmã D têm deveres no lar aos quais negligenciaram. Têm-se embriagado com os cuidados desta vida. Trabalho, correria e movimentação têm sido a ordem do dia, e seu intenso mundanismo tem exercido modeladora influência sobre os filhos, a igreja e o mundo. É o exemplo dos que sustentam a verdade em justiça que condenará o mundo. T4 434 1 Da juventude cristã depende em grande medida a preservação e perpetuidade das instituições que Deus delineou como meio de fazer prosperar Sua obra. Esta solene responsabilidade repousa sobre a juventude de hoje que está entrando no palco da ação. Jamais houve um período em que tão importantes resultados dependessem de uma geração de homens; quão importante, pois, que a juventude esteja qualificada para a grande obra, de modo que Deus possa usá-la como instrumentos Seus. O Criador tem sobre eles reclamos que transcendem todos os outros. T4 434 2 Foi Deus quem lhes deu vida e cada uma das faculdades físicas e mentais que possuem. Concedeu-lhes habilidades para sábio aproveitamento, de modo que lhes pudesse confiar uma obra que seria tão duradoura quanto a eternidade. Em retribuição pelos Seus grandes dons Ele requer o devido cultivo e exercício das faculdades intelectuais e morais. Ele não lhes concedeu essas faculdades para mero entretenimento ou para serem abusivamente utilizadas contra Sua vontade e Seu propósito, mas para que pudessem usá-las no progresso do conhecimento da verdade e da santidade no mundo. Ele reclama sua gratidão, veneração e amor, em virtude de Sua continuada bondade e infinita misericórdia. Com razão Ele requer obediência a Suas leis e a todos os sábios regulamentos que protegem e guardam a juventude dos enganos de Satanás, e conduz os jovens no caminho da paz. Se os jovens pudessem ver que na concordância com as leis e regulamentos de nossas instituições estão apenas fazendo aquilo que lhes melhorará a posição na sociedade, lhes elevará o caráter, enobrecerá a mente e lhes aumentará a felicidade, não se rebelariam contra regras justas e saudáveis regulamentos, nem se empenhariam em criar suspeita e preconceito contra essas instituições. Nossos jovens devem ter um espírito de energia e fidelidade para fazer face ao que deles se requer, e isto será uma garantia de sucesso. O caráter incontrolado e indiferente de muitos jovens nesta idade do mundo é assustador. Muito da culpa cabe a seus pais no lar. Sem o temor de Deus ninguém pode ser verdadeiramente feliz. T4 435 1 Esses estudantes que se têm mostrado desgostosos sob autoridade, e voltam aos seus lares para lançar acusação sobre o colégio, terão de reconhecer o seu pecado e desfazer a influência que exerceram, antes que possam ter a aprovação de Deus. Os crentes em Iowa têm desgostado a Deus pela simplicidade ao aceitar o relatório que lhes tem sido trazido. Deviam ser encontrados sempre ao lado da ordem e da disciplina, em vez de encorajar uma administração frouxa. T4 435 2 Um jovem é enviado de um Estado distante para partilhar dos benefícios do colégio de Battle Creek. Deixa o lar com a bênção dos pais sobre si. Ouviu diariamente as ferventes orações feitas junto ao altar da família, e está realmente bem firmado numa vida de nobres resoluções e pureza. Suas convicções e propósitos quando deixa o lar são corretos. Em Battle Creek irá encontrar-se com companheiros de todas as classes. Torna-se bem familiarizado com alguns cujo exemplo é uma bênção para todos que estão dentro de sua esfera de influência. E eis que se encontra também com outros que são naturalmente bondosos e interessantes, e cuja inteligência o fascina; mas estes possuem uma baixa norma de moralidade e nenhuma fé religiosa. Por algum tempo ele resiste a toda insinuação de render-se à tentação; mas como observa que outros que professam ser cristãos parecem encontrar prazer na companhia deste grupo irreligioso, os seus propósitos e altas resoluções começam a vacilar. Ele desfruta da vivacidade e espírito jovial destes jovens, e quase imperceptivelmente se envolve cada vez mais com eles. Sua firmeza parece estar cedendo; seu coração até então resoluto está se debilitando. Ele é convidado a acompanhá-los numa saída, e o conduzem a um bar. Alimentos inconvenientes são solicitados, e ele se sente acanhado em voltar atrás e recusar a gentileza. Uma vez transposto o limite, ele o faz outras vezes. Um copo de cerveja passa a ser inofensivo, e ele o aceita; mas ainda assim sua consciência é aguilhoada. Ele não toma posição aberta ao lado de Deus, da verdade e da justiça. A companhia da classe dissimulada e enganadora com que está associado agrada-lhe, e ele é levado um passo além. Seus tentadores insistem que não há certamente mal algum em jogar cartas, e assistir aos jogadores numa disputa de sinuca, e ele cai repetidamente em tentação. T4 436 1 Há jovens freqüentando o nosso colégio que, sem que os pais ou responsáveis suspeitem, rondam os bares, bebem cerveja, jogam cartas e participam de outros jogos de salão. Isto os estudantes procuram manter em profundo segredo entre si, e os professores e auxiliares são conservados na ignorância da obra satânica em marcha. Quando este jovem é induzido a seguir algum caminho mau, que tem de ser mantido em segredo, há uma batalha em sua consciência; mas a inclinação triunfa. Ele tencionava ser cristão quando veio para Battle Creek, mas é firme e seguramente conduzido para a ruína. Maus e sedutores companheiros encontrados entre jovens de pais guardadores do sábado, alguns deles vivendo em Battle Creek, descobrem que ele pode ser tentado, e secretamente exultam com o seu poder e com o fato de que ele é fraco e prontamente se renderá a sua sedutora influência. Verificam que ele pode ser envergonhado e confundido pelos que tiveram a luz e endureceram o coração no pecado. Influências justamente como estas serão encontradas onde quer que os jovens se associem. T4 436 2 Virá o tempo em que esse jovem que deixou a casa do pai, puro e fiel, com nobres propósitos, estará arruinado. Ele aprendeu a amar o mal e a rejeitar o bem. Não compreendeu o perigo, e não se armou de vigilância e oração. Não se pôs imediatamente sob a guia e cuidado da igreja. Foi levado a crer que era varonil ser independente, não aceitando que sua liberdade fosse restringida. Foi ensinado que ignorar as regras e desafiar as leis era desfrutar a verdadeira liberdade; que era escravidão estar sempre temendo e tremendo com medo de errar. Ele se entregou à influência de pessoas ímpias que, enquanto exibindo um cativante exterior, praticavam o engano, a violência e a iniqüidade; e ele foi desprezado e escarnecido por ser tão facilmente ludibriado. Foi aonde não podia encontrar o que era puro e bom. Aprendeu modos de vida e hábitos no falar que não eram elevados e enobrecedores. Muitos estão em perigo de ser assim desviados imperceptivelmente até se tornarem degradados a seus próprios olhos. Para ganhar o aplauso de perversos e ímpios, estão em perigo de abrir mão da pureza e nobreza da varonilidade, tornando-se escravos de Satanás. Jovens pastores T4 437 1 Foi-me mostrado que Iowa será deixado muito atrás de outros Estados no padrão da religiosidade pura, se for permitido aos jovens exercerem influência em sua Associação enquanto é evidente que não estão unidos a Deus. Sinto ser meu mais solene dever dizer que Iowa estaria em melhor condição hoje se os irmão F e G tivessem permanecido em silêncio. Não tendo eles próprios religião prática, como podem conduzir pessoas à Fonte com a qual não estão familiarizados? T4 437 2 Um predominante ceticismo está continuamente aumentando com referência aos Testemunhos do Espírito de Deus; e esses jovens encorajam questionamentos e dúvidas em vez de removê-los, porque ignoram o espírito, poder e força dos Testemunhos. Enquanto com o coração assim não santificado, seus esforços não podem realizar nenhum bem para o povo. Podem aparentemente convencer as almas de que temos a verdade; mas onde está o Espírito e poder de Deus para impressionar o coração e despertar a convicção do pecado? Onde está o poder para conduzir ao conhecimento prático da piedade vital os que foram convencidos? Eles mesmos não têm conhecimento disso; então como podem representar a religião de Cristo? Se os jovens desejam penetrar o campo, não sejam de modo algum desencorajados; mas primeiro devem aprender o ofício. T4 437 3 O irmão G poderia ter unido os seus esforços com os dos médicos do hospital, mas não pôde harmonizar-se com eles. Era muito auto-suficiente para ser um aprendiz. Era presunçoso e egoísta. Tinha uma tão boa perspectiva como outros jovens; mas enquanto estes estavam dispostos a receber instrução, e ocupar qualquer posição onde pudessem ser de maior utilidade, ele não se adaptou à situação. Julgava que sabia demasiado para ocupar uma posição secundária. Não se recomendou aos pacientes. Era tão exigente e ditatorial que sua influência não pôde ser tolerada no hospital. Não lhe faltava habilidade e, se estivesse disposto a ser ensinado, poderia ter obtido conhecimento prático do trabalho de um médico; se tivesse preservado seu espírito em mansidão e humildade, poderia ter tido êxito. Mas os defeitos naturais de caráter não foram percebidos e vencidos. Tem havido uma disposição de sua parte em enganar, mentir. Isso destruirá a utilidade da vida de qualquer um, e certamente lhe fechará as portas do ministério. A veracidade mais estrita deve ser cultivada, e todo engano evitado como se evita a lepra. Ele tem se sentido desconcertado por causa de sua pequena estatura. Isso não pode ser remediado; mas está a seu alcance remediar as deficiências de caráter, se ele quiser. Mente e caráter podem, com cuidado, ser moldados segundo o Modelo divino. T4 438 1 É a verdadeira elevação da mente, não uma afetação de superioridade, que faz o homem. O cultivo apropriado das faculdades mentais faz do homem tudo que ele é. Essas enobrecedoras faculdades são concedidas para ajudar a formação do caráter para a vida futura, imortal. O homem foi criado para um mais alto, mais santo estado de desfruto do que este mundo pode oferecer. Ele foi criado à imagem de Deus, para altos e nobres propósitos que cativam a atenção dos anjos. T4 438 2 Os jovens de hoje em geral não pensam profundamente nem agem de maneira sábia. Se eles estivessem cientes dos perigos que rodeiam todos os seus passos, agiriam mais cautelosamente e escapariam de muitos ardis que Satanás tem preparado para seus pés. Seja cuidadoso, meu irmão, para não parecer o que não é. A imitação dourada será prontamente distinguida do metal puro. Examine com o maior cuidado não somente a si próprio, mas a posição que cada um de sua família ocupa. Analise a história de cada um, e medite sobre o resultado da conduta seguida. Considere por que algumas pessoas são amadas e respeitadas pelos verdadeiramente bons, enquanto outros são desprezados e evitados. Considere essas coisas à luz da eternidade, e onde descobrir que outros falharam, evite cuidadosamente a conduta que eles seguiram. Será bom lembrar-se de que as tendências de caráter são transmitidas de pais para filhos. Medite seriamente sobre essas coisas, e então no temor de Deus se revista da armadura para uma vida de conflito com tendências hereditárias, imitando nenhum outro, senão o divino Modelo. Deve trabalhar com perseverança, constância e zelo se desejar ter êxito. Terá que vencer o eu, o que será a mais árdua batalha. Decidida oposição aos próprios caminhos e hábitos errôneos lhe assegurará preciosas e duradouras vitórias. Mas enquanto seus fortes traços de caráter são acariciados, enquanto deseja liderar, em vez de estar disposto a seguir, não obterá êxito. Seus sentimentos são intensos, e a menos que esteja alerta, sucumbirá ao mau temperamento. Responsabilidades e o desempenho de importantes deveres devem repousar sobre os jovens; está você se qualificando para fazer a sua parte no temor de Deus? T4 439 1 O irmão F não está apto para o seu trabalho. Tem quase tudo para aprender. Seu caráter é defeituoso. Ele não foi educado desde a infância para ser uma pessoa zelosa, trabalhadora, alguém que assuma responsabilidades. Ele não percebeu nem sentiu o trabalho a ser feito em favor de si mesmo, por isso não está preparado para apreciar o trabalho a ser feito em favor de outros. Ele é auto-suficiente. Pretende saber mais do que realmente sabe. Quando se tornar inteiramente consagrado pelo Espírito de Deus, e perceber plenamente a solenidade e responsabilidade da obra de um ministro de Cristo, sentir-se-á inteiramente insuficiente para a tarefa. Ele é deficiente em muitos aspectos; e suas deficiências serão reproduzidas em outros, dando ao mundo uma impressão desfavorável do caráter de nossa obra e dos pastores que estão nela empenhados. Ele deve tornar-se familiarizado com as responsabilidades e deveres da vida prática antes que possa estar apto a empenhar-se na obra de maior responsabilidade já dada ao homem mortal. Todos os jovens pastores precisam ser aprendizes antes de se tornarem mestres. Conquanto eu deseje encorajar os jovens a entrarem no ministério, diria que estou autorizada por Deus a recomendar e instar com eles a se qualificarem para o trabalho em que devam empenhar-se. T4 440 1 Os irmãos F não estão inclinados a ser zelosos e assumir responsabilidades. Negligência e imperfeição são vistos em todos os seus empreendimentos. Eles são descuidados em sua conversação e conduta. A influência solene, elevadora e enobrecedora que deve caracterizar todo ministro do evangelho não pode ser manifestada na vida deles até que tenham sido transformados e moldados segundo a imagem divina. Existe egoísmo em maior ou menor grau em cada um deles, embora em muito maior medida em uns do que em outros. Há um espírito de auto-suficiência e importância própria nesses jovens que os desqualifica para a obra de Deus. Eles precisam seriamente disciplinar-se antes de serem aceitos como obreiros de Deus em Sua causa. Há uma preguiça natural que precisa ser vencida. Eles devem exercitar-se fielmente nas atividades temporais da vida. Precisam ser aprendizes; e quando mostrarem notável êxito em suas responsabilidades menores, então estarão aptos para as maiores. As diferentes Associações estarão em melhor condição sem tais obreiros ineficientes. O peso das almas não pode repousar sobre homens em seu estado de falta de consagração assim como não pode repousar sobre bebês. Eles ignoram a religiosidade vital, e precisam da mais completa conversão antes mesmo de poderem ser cristãos. T4 440 2 O irmão A F precisa de um treinamento completo em nosso Colégio. Sua linguagem é defeituosa. Há grosseria e falta de refinamento em sua conduta; além disso, ele é auto-suficiente e está completamente equivocado com respeito a sua habilidade. Não tem fé verdadeira nos Testemunhos do Espírito de Deus. Não os estudou cuidadosamente, nem praticou as verdades que lhes foram apresentadas. Conquanto tenha tão pequena espiritualidade, não entenderá o valor dos Testemunhos nem o seu real objetivo. Esses jovens lêem a Bíblia, mas têm tido pouca experiência em pesquisar as Escrituras com oração, zelo e humildade para que possam ser totalmente instruídos para toda boa obra. T4 441 1 Há grande perigo em animar a entrar no campo uma classe de homens que não tem genuína responsabilidade pelas almas. Eles podem ser capazes de interessar as pessoas e envolver-se em controvérsia, embora de modo algum sejam homens de propósito que aperfeiçoarão sua capacidade e ampliarão suas habilidades. Temos um ministério atrofiado e defeituoso. A menos que Cristo habite nos homens que pregam a verdade, eles rebaixarão o padrão moral e religioso onde quer que sejam tolerados. Um exemplo lhes é dado, o do próprio Cristo: "Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra." 2 Timóteo 3:16, 17. Temos na Bíblia o infalível conselho de Deus. Seus ensinos, postos em prática, habilitarão os homens para qualquer posição de dever. É a voz de Deus falando cada dia à alma. Quão cuidadosamente devem os jovens estudar a Palavra de Deus e entesourar seus pontos de vista no coração, para que seus preceitos lhes governem toda a conduta. Nossos jovens pastores, e os que por vezes têm pregado, demonstram notável deficiência na compreensão das Escrituras. A obra do Espírito Santo é iluminar o obscurecido entendimento, abrandar o coração egoísta, empedernido, conquistar o rebelde transgressor, e salvá-lo das influências corruptoras do mundo. A oração de Cristo por Seus discípulos foi: "Santifica-os na verdade; a Tua Palavra é a verdade." João 17:17. A espada do Espírito, que é a Palavra de Deus, penetra o coração do pecador, cortando-o em pedaços. Quando a teoria da verdade é repetida sem que sua sagrada influência seja sentida na alma do que fala, não tem nenhuma força sobre os ouvintes, mas é rejeitada como erro, tornando-se o próprio orador responsável pela perda de almas. Precisamos estar seguros de que nossos pastores sejam homens convertidos, modestos, mansos, e humildes de coração. T4 442 1 Deve haver uma decidida mudança no ministério. Um exame mais criterioso é necessário com respeito às qualificações de um pastor. Moisés foi dirigido por Deus para obter experiência em zelar, considerar e demonstrar terna solicitude por seu rebanho para que pudesse, como um fiel pastor, estar pronto quando Deus o chamasse a liderar Seu povo. Experiência semelhante é essencial para aqueles que se empenham na grande obra de pregação da verdade. A fim de conduzir almas à fonte vivificante, o próprio pregador deve primeiro beber da fonte. Ele precisa compreender o infinito sacrifício feito pelo Filho de Deus para salvar os homens caídos, e sua própria alma deve estar imbuída com o espírito do infinito amor. Se Deus nos determina que realizemos um árduo trabalho, precisamos fazê-lo sem murmurar. Se o caminho é difícil e perigoso, é plano de Deus fazer com que sigamos em humildade, e clamemos a Ele por força. Uma lição deve ser aprendida da experiência de alguns de nossos pastores que comparativamente nada souberam de dificuldades e provações, contudo sempre se julgam mártires. Eles ainda têm que aprender a aceitar com gratidão o caminho da escolha de Deus, lembrando-se do Autor de nossa salvação. A obra do pastor deve ser realizada com muito mais energia, zelo e dedicação do que manifesta nas transações comerciais, pois o trabalho é muito mais sagrado e os resultados mais significativos. O trabalho de cada dia deve constar nos registros eternos com um "bem está", de modo que se nenhum outro dia fosse concedido no qual trabalhar, a obra estaria inteiramente concluída. Nossos pastores, jovens especialmente, devem perceber a preparação necessária para qualificá-los para seu solene trabalho, e prepará-los para a sociedade dos imaculados anjos. A fim de estar no lar do Céu, precisamos aqui entesourá-lo em nosso coração. Se esse não for o nosso caso, será melhor não termos parte na obra de Deus. T4 442 2 O ministério é corrompido por pastores não santificados. A menos que haja um padrão inteiramente mais elevado e mais espiritual para o ministério, a verdade do evangelho se tornará mais e mais impotente. A mente humana é representada pelo solo rico de um jardim. A menos que receba cultivo apropriado, ficará cheio de ervas daninhas e espinheiros de ignorância. A mente e o coração precisam diariamente de cultura, e a negligência causará prejuízo. Quanto mais habilidade natural Deus conceder a um indivíduo, maior aperfeiçoamento lhe será requerido, e maior a sua responsabilidade de usar seu tempo e talentos para a glória de Deus. A mente não deve permanecer inativa. Se não for exercitada na aquisição de conhecimento, submergirá em ignorância, superstição e fantasia. Se as faculdades intelectuais não forem cultivadas como devem ser para glorificar a Deus, tornar-se-ão fortes e poderosos condutos para levar à perdição. T4 443 1 Conquanto os jovens devam guardar-se contra serem pretensiosos e independentes, devem estar continuamente obtendo assinalado progresso. Devem aceitar cada oportunidade para cultivar os traços mais nobres e generosos de caráter. Se os jovens sentirem sua dependência de Deus a cada momento, e cultivarem um espírito de oração, um respirar da alma a Deus em todo o tempo e em todos os lugares, poderão melhor conhecer a vontade de Deus. Mas foi-me mostrado que os irmãos F e G desconhecem quase totalmente a atuação do Espírito de Deus. Têm estado trabalhando em sua própria força, e se envolvido tão plenamente consigo mesmos que não têm visto e percebido sua grande deficiência. Conversam petulantemente acerca dos Testemunhos dados por Deus em benefício de Seu povo, exercem juízo sobre eles, dando a sua opinião acerca deles e criticando isto e aquilo, quando fariam melhor em pôr a mão sobre a boca e prostrar-se no pó, visto não conhecerem mais do espírito dos Testemunhos do que conhecem do Espírito de Deus. T4 443 2 Eles são principiantes na verdade, e anões em experiência religiosa. As maiores vitórias para a causa não são obtidas através de argumentos, amplas instalações, abundância de influência e de recursos; mas são aquelas vitórias obtidas na câmara de audiência com Deus, quando a fé zelosa e angustiante lança mão do poderoso braço do poder. Quando Jacó se achou inteiramente prostrado em condição de desamparo, derramou sua alma a Deus em fervorosa angústia. O anjo de Deus pleiteou para ser libertado; mas Jacó não o deixava desvencilhar-se. O homem ferido, sofrendo dor física, apresentou sua fervorosa súplica com a ousadia concedida pela fé viva. "Não Te deixarei ir", disse ele, "se me não abençoares." Gênesis 32:26. T4 444 1 Há profundos mistérios na Palavra de Deus, que nunca serão descobertos pela mente não auxiliada pelo Espírito de Deus. Há também mistérios insondáveis no plano da redenção, que as mentes finitas jamais podem compreender. Os jovens inexperientes devem esforçar mais a mente e exercitar melhor as habilidades para obter compreensão das questões que são reveladas; pois a menos que possuam mais iluminação espiritual do que agora têm, levariam a vida toda para conhecer a vontade revelada de Deus. Quando têm acariciado a luz que já receberam, e feito uso prático dela, serão capazes de dar um passo à frente. A providência de Deus é uma escola contínua que está sempre levando os homens a perceberem as verdadeiras metas da vida. Ninguém é demasiado jovem ou demasiado velho para aprender nessa escola, ao prestar diligente atenção às lições ensinadas pelo divino Mestre. Ele é o verdadeiro Pastor e chama Suas ovelhas pelo nome. Sua voz é ouvida pelos errantes, dizendo: "Este é o caminho; andai nele." Isaías 30:21. T4 444 2 Jovens que nunca tiveram êxito nos deveres temporais da vida estarão igualmente despreparados para empenhar-se em deveres mais elevados. Uma experiência religiosa é obtida somente mediante conflito, através de desapontamento, severa disciplina do eu e fervorosa oração. A fé viva precisa apegar-se inabalavelmente às promessas, e então muitos podem sair de uma íntima comunhão com Deus com rosto radiante, dizendo como Jacó: "Vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva." Gênesis 32:30. T4 444 3 Os passos rumo ao Céu devem ser dados um de cada vez; cada passo para a frente fortalece-nos para o seguinte. O poder transformador da graça de Deus sobre o coração humano é obra que somente poucos compreendem, porque são demasiado indolentes para fazer o necessário esforço. As lições que os jovens pastores aprendem ao saírem em suas visitas quando não têm qualificação para a obra, têm influência desmoralizante sobre eles. Não conhecem o seu lugar nem o mantêm. Não são equilibrados por firmes princípios. Falam eruditamente de coisas sobre as quais nada sabem, e daí aqueles que os aceitam como mestres são desviados. Uma tal pessoa inspirará mais ceticismo na mente dos outros do que várias serão capazes de desfazer, por melhor que façam! A mente limitada dos homens se deleita em ninharias, em criticar, buscar algo para questionar, pensando eles ser isso um sinal de esperteza; no entanto, mostram que a mente tem falta de refinamento e dignidade. Quão melhor seria empenhar-se em buscar educar a si mesmos, enobrecer e elevar a mente. Tal como a flor que se volta para o sol a fim de que os brilhantes raios possam ajudá-la a aperfeiçoar sua beleza e simetria, assim devem os jovens volver-se para o Sol da Justiça, para que a luz do Céu possa brilhar sobre eles, aperfeiçoando-lhes o caráter e dando-lhes uma profunda e permanente experiência nas coisas de Deus. Então podem refletir os divinos raios de luz sobre outros. Aqueles que escolhem reunir dúvidas, incredulidade e ceticismo não experimentarão crescimento na graça ou espiritualidade, e serão desqualificados para a solene responsabilidade de levar a verdade a outros. T4 445 1 O mundo deve ser advertido de sua destruição vindoura. A apatia daqueles que estão no pecado e no erro é tão profunda, tão semelhante à morte, que a voz de Deus através de um pastor bem alerta é necessária para despertá-los. A menos que os pastores sejam convertidos, o povo não o será. O frio formalismo que está agora prevalecendo entre nós deve dar lugar ao vivo vigor da religião prática. Não há falha na teoria da verdade; ela é perfeitamente clara e harmoniosa. Todavia, os jovens pastores podem falar a verdade fluentemente, contudo não ter verdadeira percepção das palavras que proferem. Eles não apreciam o valor da verdade que apresentam, e pouco percebem o que isso custou àqueles que com orações e lágrimas, através de provações e oposição, por ela buscaram como por tesouros ocultos. Todo novo elo na cadeia da verdade lhes foi tão precioso quanto ouro provado. Esses elos agora estão unidos em um todo perfeito. As verdades têm sido cavadas do lixo da superstição e erro, através de oração fervorosa por luz e conhecimento, e apresentadas ao povo como preciosas pérolas de infinito valor. T4 446 1 O evangelho é uma revelação dos raios de luz e esperança do mundo eterno ao homem. Toda luz não brilha sobre nós de uma vez, mas vem segundo possamos suportá-la. Mentes inquiridoras que têm fome de um conhecimento da vontade de Deus nunca estão satisfeitas; quanto mais profundamente buscam, mais percebem sua ignorância e deploram a sua cegueira. Está além do poder do homem conceber as elevadas e nobres realizações que estão ao seu alcance, se ele combinar o esforço humano com a graça de Deus, que é a Fonte de toda a sabedoria e poder. E há no futuro um eterno peso de glória. "As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que O amam." 1 Coríntios 2:9. T4 446 2 Temos a mais solene mensagem da verdade já apresentada ao mundo. Essa verdade é mais e mais respeitada pelos descrentes, porque não pode ser contestada. Em vista deste fato, nossos jovens se tornam autoconfiantes e arrogantes. Tomam as verdades que foram apresentadas por outros, e sem estudar ou orar fervorosamente enfrentam oponentes e se envolvem em debates, submetendo-se a mordazes discussões e sagacidade, gabando-se de que isso é fazer a obra de um ministro do evangelho. A fim de estarem aptos para o trabalho de Deus, esses homens precisam de uma completa conversão tal como Paulo experimentou. Os pastores devem ser representantes vivos da verdade que pregam. Devem ter vida mais espiritual, caracterizada por maior simplicidade. As palavras devem ser recebidas de Deus e transmitidas ao povo. Deve-se prender a atenção do povo. Nossa mensagem é um "cheiro de vida para a vida" ou "de morte para morte". 2 Coríntios 2:16. O destino das almas está na balança. "Multidões" estão "no vale da decisão". Joel 3:14. Uma voz deve ser ouvida clamando: "Se o Senhor é Deus, segui-O; e, se Baal, segui-o." 1 Reis 18:21. T4 447 1 Ação pronta, enérgica e dedicada pode salvar uma alma indecisa. Ninguém pode dizer quanto é perdido por tentar pregar sem a unção do Espírito Santo. Há em toda congregação almas hesitantes, quase persuadidas a se dedicarem inteiramente a Deus. A decisão está sendo feita para o tempo e para a eternidade; mas com demasiada freqüência acontece que o pastor não possui no próprio coração o espírito e o poder da mensagem da verdade, pelo que não faz apelos diretos às almas que tremem na balança. O resultado é que as impressões não se aprofundam no coração dos convictos; e saem da reunião sentindo-se menos inclinados a aceitar o serviço de Cristo, do que quando chegaram. Decidem esperar oportunidade mais favorável, mas esta nunca chega. Esse discurso profano, semelhante à oferta de Caim, estava destituído do Salvador. A oportunidade áurea é perdida, e os casos dessas almas são decididos. Não é arriscado demais pregar de forma indiferente, e sem sentir o peso das almas? T4 447 2 Nesta época de trevas morais é requerido mais do que árida teoria para impressionar as pessoas. Os pastores devem ter um relacionamento vivo com Deus. Devem pregar como quem crê no que diz. Verdades vivas, procedendo de lábios do homem de Deus, farão com que pecadores tremam, e os convictos exclamem: "Jeová é Deus; estou resolvido a ficar inteiramente do lado do Senhor." Nunca deve o mensageiro de Deus cessar seu empenho por maior luz e poder procedentes do Alto. Ele deve batalhar, orar, esperar, em meio a desânimo e trevas, determinado a obter conhecimento pleno das Escrituras, e não ficar aquém em nenhum dom. Enquanto houver uma alma a ser beneficiada, ele deve avançar com nova coragem em cada esforço. Há trabalho, trabalho intenso, a ser realizado. Almas pelas quais Cristo morreu estão em perigo. Enquanto Jesus disser, "nunca te deixarei nem te abandonarei", enquanto a coroa da justiça for oferecida ao vencedor, enquanto nosso Advogado pleitear em favor do pecador, os ministros de Cristo devem trabalhar com esperança, energia incansável e perseverante fé. T4 448 1 Mas enquanto a verdade de Deus é levada avante por homens jovens e inexperientes, cujo coração mal é tocado pela graça de Deus, a causa enfraquecerá. Os irmãos F e G estão mais prontos a argumentar do que a orar; mais prontos a contender do que a persuadir ou esforçar-se por impressionar as pessoas com o solene caráter da obra para este tempo. Homens que ousam assumir a responsabilidade de receber a palavra da boca de Deus e transmiti-la ao povo tornam-se responsáveis pela verdade que apresentam e a influência que exercem. Se são verdadeiramente homens de Deus, sua esperança não está em si mesmos, mas naquilo que Ele fará por eles e através deles. Eles não avançam cheios de si, chamando a atenção das pessoas para sua habilidade e esperteza; sentem sua responsabilidade e trabalham com vigor espiritual, trilhando o caminho da abnegação que o Mestre trilhou. O sacrifício próprio é visto a cada passo, e lamentam sua falta de habilidade em realizar mais na causa de Deus. Seu caminho é de provas e conflitos; mas está assinalado pelas pegadas de seu Redentor, o Capitão de sua salvação, que Se tornou perfeito através do sofrimento. T4 448 2 Em seu trabalho, os subpastores devem seguir cuidadosamente as instruções e manifestar o espírito do Sumo Pastor. Ceticismo e apostasia são encontrados por toda a parte. Deus deseja que trabalhem em Sua causa, homens cujo coração seja tão verdadeiro quanto o aço, e que permaneçam firmes na integridade, inamovíveis pelas circunstâncias. Em meio a provação e tristeza eles são exatamente o que eram quando suas perspectivas estavam iluminadas pela esperança, e quando seu ambiente exterior era exatamente o que desejavam. Daniel na cova dos leões era o mesmo Daniel que permanecera perante o rei, envolvido pela luz de Deus. Paulo no calabouço escuro, esperando pela sentença que sabia viria do cruel Nero, era o mesmo Paulo que se dirigira aos ouvintes no Areópago. Um homem cujo coração estava firmado em Deus na hora das provas mais aflitivas e as mais desanimadoras circunstâncias, era exatamente o que fora na prosperidade, quando a luz e favor de Deus pareciam estar sobre ele. A fé alcança o invisível e se apega às coisas eternas. T4 449 1 Há muitos em Iowa que estão destruindo, em lugar de edificar, lançando descrença e trevas em vez de luz; e a causa de Deus está se enfraquecendo, quando devia estar prosperando. Os pastores devem ousar ser verdadeiros. Paulo escreveu a Timóteo: "Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza." 1 Timóteo 4:12. "Medita estas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem." 1 Timóteo 4:15, 16. T4 449 2 A palavra e a vontade de Deus são expressas nas Escrituras por autores inspirados. Devemos atá-las como testeiras entre os olhos e caminhar segundo os seus preceitos; então marcharemos em segurança. Todo capítulo e todo versículo é uma comunicação de Deus ao homem. Ao estudar a Palavra, a alma que tem fome e sede de justiça será impressionada pelas declarações divinas. O ceticismo não pode ter poder sobre uma alma que pesquisa com humildade as Escrituras. ------------------------Capítulo 40 -- Nossas casas publicadoras T4 449 3 Deus deseja que todos que estão ligados a suas instituições revelem aptidão, discernimento e prudência. Deseja que se tornem homens e mulheres de intelecto culto, não ficando em falta nenhuma qualificação; e ao sentirem individualmente a necessidade disso e trabalharem na medida certa, Jesus os ajudará em seus esforços. Ao trabalharem no plano da adição em assegurar as graças do Espírito, Deus atuará em seu favor no plano da multiplicação. O relacionamento com Deus dará expansão à alma, a exaltará, transformará e a tornará sensível aos próprios potenciais, e dará uma percepção mais clara da responsabilidade que repousa sobre cada indivíduo de fazer sábio uso das faculdades que Deus lhe tem concedido. T4 450 1 Todos devem observar estrita economia no dispêndio de recursos; e devem exercer ainda maior fidelidade ao lidar com aquilo que pertence a outros do que ao administrar seus próprios negócios. Mas raramente isso é feito. Nenhum indivíduo é pessoalmente beneficiado com os lucros de nossos escritórios ou levado a sofrer por causa das perdas experimentadas; todavia, a propriedade pertence ao Senhor, e Sua causa é materialmente afetada pela maneira em que o trabalho é realizado. Quando os recursos da causa de Deus são limitados, é negligenciado importante trabalho que pode e deve ser feito. T4 450 2 Embora se deva sempre exercer economia, ela nunca deve degenerar-se em mesquinhez. Todos quantos trabalham em nossos escritórios devem sentir que estão lidando com a propriedade de Deus, que são responsáveis pelo aumento do capital investido, e que serão responsáveis no dia de Deus, se mediante falta de diligência e cuidadosa consideração ele diminui em suas mãos. Todos são chamados a evitar desperdício de tempo e recursos. A fidelidade ou infidelidade dos obreiros a sua presente responsabilidade determinará sua aptidão para lhes serem confiadas riquezas eternas. Deus requer que todos executem com integridade e presteza o trabalho que lhes foi designado. O exemplo de cada um deve servir para despertar diligência e atenção da parte de outros. Por meio de zelosa e conscienciosa fidelidade em tudo, a Terra pode ser levada para mais perto do Céu, e preciosos frutos podem ser produzidos para ambos os mundos. T4 450 3 As mãos empregadas nos vários departamentos de nossos escritórios de publicação não realizam o montante de trabalho que seria exigido em qualquer outro escritório desse ramo. Muito tempo é gasto em conversa desnecessária, com perda de preciosas horas, enquanto o trabalho sofre atraso. Em vários dos departamentos, perda é ocasionada ao escritório por causa de pessoas que se empenham no trabalho sem exercer cuidado e economia. Se essas pessoas estivessem empenhadas em trabalhar para si mesmas, algumas realizariam diariamente um terço a mais do que agora. Outros não fariam mais do que estão fazendo agora. T4 451 1 As horas de trabalho devem ser fielmente empregadas. Ser desperdiçador de tempo ou material é desonestidade perante Deus. Uns poucos momentos são dissipados aqui e outros ali, o que no decurso de uma semana representa quase um dia, às vezes até passando disso. "Tempo é dinheiro", e desperdício de tempo é desperdício de dinheiro para a causa de Deus. Quando aqueles que professam a fé são vagarosos e descuidados com o tempo, mostrando que não têm interesse na prosperidade da obra, os descrentes que são empregados seguirão o seu exemplo. Se todos empregassem o tempo da melhor maneira, muitos recursos seriam economizados para a causa da verdade. Quando o coração está no trabalho, ele será realizado com zelo, energia e prontidão. Todos devem estar atentos para ver o que precisa ser feito, aptos e rápidos para executar, trabalhando como se estivessem sob a supervisão direta do Grande Mestre, Jesus Cristo. T4 451 2 Por outro lado, perdas ocorrem por falta de cuidado consciencioso no uso de material e maquinaria. Há uma falha em cuidar de todas as questões maiores e menores, de modo que nada seja desperdiçado ou prejudicado pela negligência. Um pouco de desperdício aqui e ali representa uma elevada soma no decorrer de um ano. Alguns nunca aprenderam a exercer suas faculdades para economizar as sobras, não obstante a ordem de Cristo: "Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca." João 6:12. Material não deve ser cortado para se obter um pequeno pedaço. Um pouco de cuidado consciencioso levaria a recolher e a empregar os pequenos pedaços que agora são postos de lado e desperdiçados. Deve ser dada atenção para economizar mesmo em algo tão insignificante como sobras de papel, pois podem ser transformadas em dinheiro. T4 451 3 Por falta de interesse pessoal muitas coisas que vão para o lixo seriam economizadas mediante poucos momentos de atenção cuidadosa no tempo certo. "Eu me esqueci" causa muita perda aos nossos escritórios. E alguns não sentem interesse em trabalho algum nem coisa alguma que não esteja relacionada à sua área específica de trabalho. Tudo isso está errado. O egoísmo sugeriria o pensamento: "não me compete cuidar disso"; mas a fidelidade e dever motivariam todos a cuidar de tudo que está sob sua observação. T4 452 1 O exemplo dos obreiros chefes da encadernação é seguido pelos funcionários; todos se tornam descuidados e negligentes; e um valor igual aos seus salários é desperdiçado. Uma pessoa conscienciosa e cuidadosa na chefia do trabalho economizaria centenas de dólares para o escritório em um departamento apenas. T4 452 2 O princípio de economizar deve prevalecer em todo o escritório. A fim de economizar os dólares, os centavos e as moedinhas devem ser cuidadosamente entesourados. Homens que têm tido êxito em negócios sempre têm sido econômicos, perseverantes e ativos. Que todos quantos estão relacionados com a obra de Deus comecem agora a disciplinar-se cabalmente para ser zelosos. Mesmo que o seu trabalho não possa ser apreciado na Terra, jamais devem rebaixar-se aos próprios olhos pela infidelidade em qualquer coisa que assumir. Leva tempo para uma pessoa tornar-se tão acostumada com um determinado estilo de vida como para ser feliz em persegui-lo. Seremos, individualmente, para o tempo e a eternidade, o que nossos hábitos fizerem de nós. A vida dos que formam bons hábitos, e são fiéis no cumprimento de todo dever, será como luz brilhante, lançando raios vivos no caminho dos outros; caso, porém, haja condescendência com hábitos de infidelidade, se se permitem fortalecer os hábitos frouxos, indolentes e descuidados, repousará sobre as perspectivas dessa vida uma nuvem mais sombria que a meia-noite, a qual excluirá para sempre a vida futura. T4 452 3 Um pensamento egoísta tolerado, um dever negligenciado, prepara o caminho para outro. O que nos aventuramos a fazer uma vez, somos mais inclinados a repetir. Os hábitos de sobriedade, domínio próprio, economia, minuciosa atenção, conversa sadia e sensata, paciência e verdadeira cortesia não são formados sem diligente e estrita vigilância sobre o eu. É muito mais fácil tornar-se corrompido e depravado do que vencer os defeitos, conservando o eu sob controle e cultivando as verdadeiras virtudes. Exigir-se-ão perseverantes esforços se as graças cristãs algum dia forem aperfeiçoadas em nossa vida. T4 452 4 Importantes mudanças devem ser realizadas em nossos escritórios. Retardar a obra que precisa de imediata atenção até um tempo mais conveniente é um erro, e resulta em perda. A obra de consertar às vezes custa o dobro do que deveria caso tivesse recebido atenção no tempo certo. Muitas perdas terríveis e acidentes fatais têm ocorrido por se retardar questões que deviam ter recebido imediata atenção. O tempo para ação é gasto em indecisão, julgando-se que ela poderá ser adiada para o dia seguinte; mas freqüentemente se descobre que o dia seguinte foi tarde demais. Nossos escritórios sofrem financeiramente todo dia por causa da indecisão, perda de tempo, descuido, indolência e, da parte de alguns, pura desonestidade. Alguns que trabalham nesses escritórios se comportam tão indiferentemente como se Deus não lhes tivesse dado faculdades mentais para serem utilizadas com diligência. Eles não são qualificados para qualquer posto de dever; nunca podem merecer confiança. Homens e mulheres que evitam deveres nos quais envolvem dificuldades permanecerão fracos e ineficientes. T4 453 1 Aqueles que se educam para realizar o seu trabalho com prontidão, bem como com economia, dirigirão seus negócios em vez de permitir que eles os conduzam. Não estarão constantemente apressados e atribulados por seu trabalho estar em confusão. Diligência e zelosa fidelidade são indispensáveis para o êxito. O trabalho de cada hora é passada em revista diante de Deus e é registrado para fidelidade ou infidelidade. O registro dos momentos desperdiçados e oportunidades não aproveitadas terá de ser enfrentado quando se assentar o juízo, e os livros forem abertos e cada um for julgado segundo as coisas escritas nos livros. Egoísmo, inveja, orgulho, ciúmes, preguiça, ou qualquer outro pecado nutrido no coração, excluirão uma pessoa da bem-aventurança do Céu. "A quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis." Romanos 6:16. T4 453 2 Nossos escritórios estão sofrendo pela falta de homens de estabilidade e firmeza. Ao ser-me mostrado sala após sala, vi que o trabalho era conduzido com indiferença. Ocorriam perdas em todos os postos de confiança. A falta de perfeição é evidente. Enquanto alguns levam o peso de cuidados e responsabilidades, outros, em vez de compartilharem esses fardos, têm adotado uma conduta que aumenta a ansiedade e o cuidado. Aqueles que não aprenderam a lição de economia, nem adquiriram o hábito de aproveitar ao máximo seu tempo na infância e juventude, não serão prudentes e econômicos em qualquer negócio em que se empenhem. É pecado negligenciar o aperfeiçoamento de nossas habilidades de modo a que ser usadas para a glória de Deus. Todos têm responsabilidades a assumir; ninguém pode ser dispensado. T4 454 1 Há uma variedade de intelectos, e todos precisam de cultivo e treinamento em menor ou maior grau. Todo movimento relacionado à causa de Deus deve ser caracterizado por cautela e determinação. Sem determinação, a pessoa é volúvel e instável como a água, e nunca pode ser verdadeiramente bem-sucedida. Todos que professam cristianismo devem ser trabalhadores. Não há zangãos na família da fé. Cada membro da família tem alguma tarefa que lhe é designada, alguma porção da vinha do Senhor em que trabalhar. A única maneira de atender a ordem de Deus é estar constantemente perseverando em nossos esforços para maior utilidade. Por melhor que façamos, é pouco o que podemos realizar; mas o esforço de cada dia aumentará nossa habilidade de trabalhar eficientemente e de produzir frutos para a glória de Deus. T4 454 2 Alguns não exercem controle sobre seu apetite, mas satisfazem o gosto às expensas da saúde. Como resultado, o cérebro é obscurecido, os pensamentos ficam lentos, e eles deixam de realizar o que poderiam se houvessem exercido domínio próprio e abstinência. Essas pessoas privam a Deus de suas forças físicas e mentais que podiam ser devotadas ao Seu serviço se tivessem observado temperança em todas as coisas. T4 454 3 Paulo foi um reformador de saúde. Disse ele: "Subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado." 1 Coríntios 9:27. Ele compreendia que sobre si repousava a responsabilidade de preservar toda a plenitude de suas forças para que pudesse usá-las para glória de Deus. Se Paulo corria o perigo de intemperança, nós corremos perigo ainda maior, porque não sentimos e compreendemos como ele a necessidade de glorificar a Deus em nosso corpo e em nosso espírito, os quais Lhe pertencem. Comer demais é o pecado deste século. T4 454 4 A Palavra de Deus coloca o pecado de glutonaria na mesma categoria que a embriaguez. Tão ofensivo era este pecado à vista de Deus que Ele deu indicações a Moisés de que um filho que não pudesse ser restringido quanto ao apetite, mas que se empanturrasse com tudo que desejasse o seu paladar, devia ser levado pelos pais aos juízes de Israel, para que fosse apedrejado e morto. A condição de um glutão era considerada sem esperança. De nenhuma utilidade seria ele para outros, sendo uma maldição para si mesmo. Em coisa alguma se poderia depender dele. Sua influência estaria sempre contaminando a outros, e o mundo seria melhor sem essa espécie de caráter; pois seus terríveis defeitos poderiam perpetuar-se. Ninguém que possua o senso de sua responsabilidade diante de Deus permitirá que as propensões sensuais controlem a razão. Os que isto fazem não são cristãos, não importa quem sejam ou quão exaltada seja sua profissão de fé. A injunção de Cristo é: "Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos Céus." Mateus 5:48. Aqui Ele nos mostra que podemos ser tão perfeitos em nossa esfera quanto Deus o é na Sua. T4 455 1 Aqueles que trabalham em nossas casas publicadoras não estão progredindo como o Senhor gostaria que fizessem. Há falta de interesse zeloso e abnegado na obra em que estão empenhados. Deus requer que esses trabalhadores em Sua causa progridam diariamente em conhecimento. Deviam realizar uma melhoria de suas faculdades dadas por Deus, para que possam tornar-se obreiros eficientes, aplicados, e realizar o seu trabalho sem perda para o escritório. T4 455 2 O mais sábio dos homens pode aprender lições úteis dos métodos e hábitos de pequenas criaturas da Terra. A operosa abelha dá aos homens inteligentes um exemplo que bem fariam em imitar. Esses insetos observam perfeita ordem e não admitem nenhum ocioso em sua colmeia. Executam o trabalho que lhes foi designado com uma inteligência e atividade além da nossa compreensão. As formigas, que consideramos apenas praga para serem esmagadas sob nossos pés, são em muitos aspectos superiores ao homem; pois ele não aperfeiçoa tão sabiamente os dons de Deus. O sábio chama nossa atenção para as pequenas coisas da Terra: "Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos e sê sábio. A qual, não tendo superior, nem oficial, nem dominador, prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento." Provérbios 6:6-8. "As formigas são um povo impotente; todavia, no verão preparam a sua comida." Provérbios 30:25. Destes pequeninos professores podemos aprender uma lição de fidelidade. Caso melhorássemos com a mesma diligência as faculdades que um Criador todo-sabedoria nos tem concedido, quão grandemente aumentaria a nossa aptidão para utilidade. Os olhos de Deus estão sobre a menor de Suas criaturas; não considera Ele então o homem formado à Sua imagem, e dele requer correspondente retorno por todas as vantagens que lhe tem concedido? T4 456 1 Os escritórios de publicação devem ser postos em ordem. Aqueles que trabalham nessas instituições devem ter elevadas metas e uma profunda e rica experiência no conhecimento da vontade de Deus. Devem permanecer ao lado do que é correto e exercer uma influência salvadora. Toda alma que leva o nome de Cristo deve fazer o máximo com os privilégios desfrutados e fielmente realizar os deveres que lhe são determinados, sem murmuração ou queixa. A conversação de cada um deve ser de caráter elevado, visando conduzir outras mentes na direção correta. A pequena menção que se faz da bondade divina e do amor de Deus mostra a assinalada ingratidão, e que Cristo não está entronizado no coração. T4 456 2 Os escritórios nunca prosperarão a menos que haja mais obreiros desinteressados e altruístas, que sejam homens e mulheres verdadeiramente tementes a Deus, abnegados e conscienciosamente independentes para Deus e o que é correto. O editor local da Review and Herald terá ocasião de falar com seriedade e firmeza. Ele deve colocar-se em defesa do direito, exercendo toda a influência que sua posição lhe concede. O Pastor Waggoner foi colocado numa posição não invejável, mas não foi deixado só. Deus o tem ajudado, e dadas as circunstâncias ele tem agido nobremente. O Senhor não o liberou de sua posição; ele precisa ainda trabalhar em Oakland e São Francisco. T4 456 3 Daqueles a quem Deus muito confiou, muito Ele requer; enquanto daqueles que têm pouco, é requerido conforme o que têm. Todos, porém, podem dar a si mesmos e, através de suas ações, mostrar fidelidade à preciosa causa de Cristo. Muitos podem reduzir suas despesas e assim aumentar sua liberalidade a Cristo. A abnegação por amor a Cristo é a batalha que está diante de nós. T4 457 1 "O amor de Cristo", disse Paulo, "nos constrange." 2 Coríntios 5:14. Esse foi o princípio atuante de sua conduta, seu poder motivador. Se por um momento seu ardor no caminho do dever arrefecesse, um relance à cruz e ao impressionante amor de Cristo revelado em Seu incomparável sacrifício era suficiente para levá-lo a novamente controlar seu pensamento e avançar no caminho da abnegação. Em seus trabalhos por seus irmãos, ele confiava muito na manifestação do infinito amor na maravilhosa condescendência de Cristo, com todo o seu poder subjugador e motivador. T4 457 2 Quão zeloso, quão tocante o seu apelo. "Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós Se fez pobre, para que, pela Sua pobreza, enriquecêsseis." 2 Coríntios 8:9. Vocês sabem da altura da qual Ele desceu; estão familiarizados com a profundidade da humilhação a que Ele Se submeteu. Os Seus pés entraram no caminho da abnegação e sacrifício próprio, e não se desviaram até que deu a Sua vida. Não houve descanso para Ele entre o trono no Céu e a cruz. O Seu amor pelo homem O levou a acolher bem toda a indignidade e sofrer todos os maus-tratos. "E por eles Me santifico a Mim mesmo." João 17:19. Eu Me aproprio de toda a Minha glória, de tudo o que sou, para trabalhar para a redenção do homem. Quão pouco são os homens agora movidos a santificarem-se para o trabalho de Deus a fim de que almas possam ser salvas através deles. T4 457 3 Paulo nos admoesta. "Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros." Filipenses 2:4. Ele nos insta a imitar a vida do grande Exemplo e nos exorta a possuir o "sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-Se a Si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz." Filipenses 2:5-8. O apóstolo se demora em ponto após ponto para que nossa mente possa compreender plenamente a maravilhosa condescendência do Salvador em favor dos pecadores. Ele apresenta Cristo perante nós como Ele foi quando era igual a Deus, recebendo a adoração dos anjos, e então acompanha Sua descida até alcançar a mais profunda humilhação, para que com Seu braço humano pudesse alcançar o homem caído, e erguê-lo de sua degradação para a esperança, a alegria e o Céu. T4 458 1 Paulo estava profundamente ansioso de que a humilhação de Cristo fosse vista e percebida. Estava convencido de que se a mente das pessoas pudesse ser levada a compreender o maravilhoso sacrifício feito pela Majestade do Céu, todo egoísmo seria banido de seu coração. Ele dirige a mente primeiro à posição que Cristo ocupou no Céu, no seio do Pai; revela-O posteriormente como Se despojando de Sua glória, voluntariamente Se submetendo a todas as condições humilhantes da natureza humana, assumindo as responsabilidades de um servo, e Se tornando obediente até à morte, sendo essa morte a mais ignominiosa e revoltante, a mais vergonhosa, a mais angustiante -- a morte de cruz. Podem os cristãos contemplar essa extraordinária manifestação do amor de Deus ao homem sem um sentimento de amor e percepção profunda do fato de que não somos de nós mesmos? Tal Mestre não deve ser servido por motivos egoístas, ambiciosos, e de má vontade. T4 458 2 "Sabendo", diz Pedro, "que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados." 1 Pedro 1:18. Oh, tivessem sido essas coisas suficientes para comprar a salvação do homem, e quão facilmente isso teria sido realizado por Aquele que diz: "Minha é a prata, e Meu é o ouro." Ageu 2:8. Mas o transgressor da lei de Deus só poderia ser redimido pelo precioso sangue do Filho de Deus. Aqueles que deixando de apreciar o maravilhoso sacrifício feito em seu favor, retêm do serviço de Cristo os seus recursos e suas faculdades físicas, mentais e morais, perecerão em seu egoísmo. T4 458 3 "Mas aquele que não tem [colocado ao melhor uso sua habilidade e seus recursos] até aquilo que tem lhe será tirado." Mateus 13:12. Os que são demasiado indolentes para cumprir as responsabilidades e exercitar suas faculdades, deixarão de receber a bênção de Deus, e a capacidade que tinham ser-lhes-á tirada e dada aos obreiros ativos, zelosos, que pelo uso aumentam constantemente seus talentos. "Viste um homem diligente na sua obra? Perante reis será posto; não será posto perante os de baixa sorte." Provérbios 22:29. Uma pessoa que diligentemente trabalha sob a direção do Espírito de Deus possuirá poder e influência; pois todos podem ver nela um espírito de devoção incansável à causa de Deus em qualquer departamento a que o dever a chame. T4 459 1 Todas as mãos em nossos escritórios devem colocar-se na mais favorável condição para a formação de hábitos bons e corretos. Várias vezes, cada dia, preciosos e áureos momentos devem ser dedicados à oração e ao estudo das Escrituras, nem que seja para guardar na memória um texto só, a fim de que a vida espiritual seja estimulada. Os variados interesses da causa fornecem-nos alimento para reflexão, e uma inspiração para nossas orações. A comunhão com Deus é altamente essencial para a saúde espiritual; e somente através dela pode ser obtida aquela sabedoria e correto discernimento tão necessários à realização de todo dever. T4 459 2 A força adquirida na oração a Deus, unida com o esforço individual em educar a mente para responsabilidade e vigilante cuidado, prepara a pessoa para os deveres diários e conserva em paz o espírito em todas as circunstâncias, por difíceis que sejam. As tentações a que estamos diariamente expostos tornam a oração uma necessidade. Para que possamos ser guardados pelo poder de Deus mediante a fé, os desejos da mente devem estar de contínuo subindo em silenciosa oração suplicando auxílio, luz, força e conhecimento. Mas reflexão e oração não podem tomar o lugar do intenso e fiel aproveitamento do tempo. Oração e trabalho são ambos requeridos no aperfeiçoamento do caráter cristão. T4 459 3 Precisamos viver uma vida dupla -- vida de pensamento e de ação, de oração silenciosa e diligente trabalho. Todos quantos receberam a luz da verdade devem reconhecer como dever seu, espargir raios de luz na senda dos impenitentes. Devem ser testemunhas de Cristo em nossos escritórios, da mesma maneira que na igreja. Deus requer que sejamos cartas vivas, conhecidas e lidas por todos os homens. A alma que, mediante diária e fervorosa oração, se volve a Deus em busca de forças, apoio, poder, terá aspirações nobres, claras percepções da verdade e do dever, elevados desígnios de ação, e constante fome e sede de justiça. Mantendo ligação com Deus, seremos habilitados a difundir entre outros, por nossa associação com eles, a luz, a paz, a serenidade que reinam em nosso coração, e a dar-lhes um exemplo da inabalável fidelidade aos interesses da obra em que nos achamos empenhados. T4 460 1 Em muitos que estão trabalhando em nossos escritórios há quase total ausência do amor e temor de Deus. O eu reina e controla, e Deus e o Céu raramente penetram a mente. Se essas pessoas pudessem ver que estão no limiar do mundo eterno, e que os seus interesses futuros serão determinados por sua atividade presente, haveria assinalada mudança em cada mão empregada nesses escritórios. T4 460 2 Muitos, porém, que estão empenhados na sagrada obra de Deus estão paralisados pelos enganos de Satanás. Estão adormecidos em terreno encantado. Dias e meses estão passando, enquanto eles continuam descuidados e despreocupados, como se não houvesse Deus, nem futuro, nem Céu, nem punição pela negligência do dever ou por fugirem à responsabilidade. Mas o dia logo se aproxima quando o caso de cada um será decidido segundo as suas obras. Muitos têm um registro terrivelmente manchado no livro do Céu. T4 460 3 Quando esses obreiros se despertarem para a sua responsabilidade, quando colocarem sua alma poluída tal como é perante Deus, e seu ardente clamor apoderar-se de Sua força, então saberão que Deus ouve e responde à oração. E quando despertarem, verão o que perderam por sua indiferença e infidelidade. Então descobrirão que alcançaram apenas um baixo padrão, quando, tivessem a mente e as faculdades sido cultivadas e melhoradas por Deus, poderiam ter tido uma rica experiência e sido instrumentos em salvar os seus semelhantes. E ainda que sejam salvos, perceberão por toda a eternidade a perda de oportunidades desperdiçadas no tempo de graça. T4 461 1 Os privilégios religiosos têm sido negligenciados demais pelos que trabalham nos escritórios. Ninguém que trate esses privilégios com indiferença deve empenhar-se no trabalho de Deus; pois todos eles se associam a anjos malignos e são uma nuvem de trevas, um empecilho para outros. A fim de tornar a obra bem-sucedida, todos os departamentos dos escritórios devem ter a presença de anjos celestiais. Quando o Espírito de Deus atuar no coração, purificando o templo da alma de sua contaminação de mundanismo e busca de prazeres, todos serão vistos na reunião de oração, fiéis a seu dever, e zelosos e ansiosos para colher todos os benefícios que possam obter. O obreiro fiel para com o Mestre valer-se-á de cada oportunidade para colocar-se diretamente sob os raios de luz do trono de Deus; e esta luz será refletida sobre outros. T4 461 2 Não somente deve a reunião de oração ser fielmente freqüentada, mas realizar-se pelo menos uma vez por semana. Nela devem ser enfatizadas a bondade e as múltiplas misericórdias de Deus. Fôssemos tão livres para dar expressão à nossa gratidão pelas misericórdias recebidas como somos para falar de mágoas, dúvidas e incredulidade, poderíamos levar alegria ao coração de outros, em vez de lançar desânimo e trevas sobre eles. Os murmuradores e queixosos, que estão sempre vendo desânimo pelo caminho, e falando de provas e dificuldades, devem contemplar o infinito sacrifício que Cristo fez em seu benefício. Então poderiam avaliar todas as suas bênçãos à luz da cruz. Enquanto contemplamos a Jesus, o Autor e Consumador de nossa fé, a quem nossos pecados traspassaram e nossas dores sobrecarregaram, teremos motivo para gratidão e louvor, e nossos pensamentos e desejos serão levados em sujeição à vontade de Cristo. T4 461 3 Nas graciosas bênçãos que nosso Pai celeste nos tem concedido discernimos inúmeras provas de um amor que é infinito, e uma terna piedade que supera a anelante compaixão de uma mãe para com seu filho extraviado. Quando estudamos o caráter divino à luz da cruz, vemos misericórdia, ternura e perdão unidos a eqüidade e justiça. Na linguagem de João exclamamos: "Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus." 1 João 3:1. Vemos no trono Aquele que traz nas mãos e pés e no lado as marcas do sofrimento suportado para reconciliar o homem com Deus e Deus com o homem. Incomparável misericórdia revela-nos um Pai infinito, que habita em luz inacessível, contudo nos recebendo para Si mesmo através dos méritos de Seu Filho. A nuvem de vingança, que ameaçava somente miséria e desespero, revela na luz refletida da cruz a escrita de Deus: Vivam pecadores, vivam! Almas penitentes e crentes, vivam! Eu paguei o resgate. T4 462 1 Temos de reunir-nos em torno da cruz. Cristo, e Ele crucificado, deve ser o tema de contemplação, de conversa e de nossas mais jubilosas emoções. Devemos ter essas entrevistas especiais a fim de conservar vivo em nossos pensamentos tudo que recebemos de Deus, e de exprimir nossa gratidão por Seu grande amor, e nossa boa vontade de confiar tudo às mãos que por nós foram pregadas à cruz. Devemos aqui aprender a falar a língua de Canaã, a cantar os hinos de Sião. Pelo mistério e glória da cruz podemos calcular o valor do ser humano, e então veremos e sentiremos a importância de trabalhar pelos nossos semelhantes, a fim de que sejamos exaltados ao trono de Deus. ------------------------Capítulo 41 -- A santidade dos votos T4 462 2 A breve mas terrível história de Ananias e Safira foi traçada pela pena da inspiração para benefício de todos quantos professam ser seguidores de Cristo. Essa importante lição não tem penetrado suficientemente no espírito de nosso povo. Seria proveitoso para todos considerarem refletidamente a natureza da séria ofensa pela qual esses culpados foram postos como exemplo. Essa assinalada demonstração da justiça retribuidora de Deus é terrível; repetir pecados que trouxeram tal punição deve levar todos a temerem e tremerem. Egoísmo foi o grande pecado que deformou o caráter desse culpado casal. T4 463 1 Juntamente com outros, Ananias e sua esposa Safira haviam tido o privilégio de ouvir o evangelho pregado pelos apóstolos. O poder de Deus apoiava a palavra falada, apoderando-se de todos os presentes profunda convicção. A enternecedora influência da graça de Deus tivera sobre o coração deles o efeito de libertá-los do seu apego egoísta às posses terrenas. Enquanto se achavam sob a direta influência do Espírito de Deus, fizeram o voto de dar ao Senhor certas terras; ao dissipar-se, porém, essa influência celeste, a impressão era menos forte, e eles começaram a duvidar e a recuar do cumprimento do voto que haviam feito. Pensaram que haviam sido muito precipitados, e queriam reconsiderar o assunto. Abriu-se assim uma porta pela qual Satanás entrou imediatamente, tomando-lhes posse da mente. T4 463 2 Esse caso deve ser uma advertência a todos para que se guardem da primeira aproximação de Satanás. Primeiro, foi nutrida a cobiça; depois, envergonhados de que os irmãos soubessem que sua alma egoísta tinha má vontade de dar aquilo que haviam solenemente consagrado e prometido a Deus, foi praticado o engano. Consideraram o assunto juntos, e decidiram deliberadamente reter parte do preço da herdade. Quando convictos de sua falsidade, o castigo deles foi morte instantânea. Sabiam que o Senhor, a quem haviam defraudado, havia-os achado; pois Pedro disse: "Por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus." Atos dos Apóstolos 5:3, 4. T4 463 3 Era necessário um exemplo especial a fim de guardar a jovem igreja de ficar desmoralizada, pois seu número crescia rapidamente. Era assim dada a todos os que professavam a Cristo naquele tempo, e a todos os que houvessem de professar-Lhe o nome posteriormente, a advertência de que Deus exige fidelidade no cumprimento dos votos. Não obstante esse assinalado castigo do engano e da mentira, os mesmos pecados têm sido muitas vezes repetidos na igreja cristã, e se acham largamente disseminados em nossos dias. Foi-me mostrado que Deus deu esse exemplo como advertência a todos os que fossem tentados a proceder semelhantemente. O egoísmo e a fraude são diariamente praticados na igreja no reter de Deus aquilo que Ele reivindica, roubando-O assim, e entravando Suas disposições para difundir a luz e o conhecimento da verdade pela extensão e largura da Terra. T4 464 1 Em Seus sábios planos, Deus fez com que o progresso de Sua obra fosse dependente dos esforços pessoais de Seu povo e de suas ofertas voluntárias. Aceitando a cooperação do homem no grande plano da salvação, Ele conferiu-lhe notável honra. O pastor não pode pregar a menos que seja enviado. A obra de comunicar a luz não depende unicamente do pastor. Toda pessoa, ao tornar-se membro da igreja, compromete-se a ser representante de Cristo mediante o viver a verdade que professa. Os seguidores de Cristo devem levar avante a obra que Ele lhes deixou a fazer quando ascendeu ao Céu. T4 464 2 Importa que se apóiem as instituições que são instrumentos de Deus no promover Sua obra na Terra. Devem-se construir igrejas, estabelecer escolas, e aparelhar as casas publicadoras com os recursos necessários à realização de uma grande obra na publicação da verdade a ser propagada por todas as partes do mundo. Essas instituições são ordenadas por Deus, e devem ser mantidas com dízimos e ofertas liberais. À medida que a obra se expande, necessitar-se-ão de recursos para que ela avance em todos os seus ramos. Os que se converteram à verdade e se fizeram participantes de Sua graça, podem tornar-se coobreiros de Cristo mediante sacrifícios e ofertas a Ele feitos voluntariamente. E quando os membros da igreja desejam, em seu coração, que não haja mais pedidos de recursos, estão na realidade dizendo que ficam satisfeitos com a falta de progresso da causa de Deus. T4 464 3 "E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer e vestes para vestir, e eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor será o meu Deus; e esta pedra, que tenho posto por coluna, será casa de Deus; e, de tudo quanto me deres, certamente Te darei o dízimo." Gênesis 28:20-22. As circunstâncias que moveram Jacó a fazer este voto ao Senhor eram idênticas às que levam homens e mulheres a fazerem votos a Deus em nossos dias. Por meio de uma ação pecaminosa obtivera a bênção que, ele sabia, lhe fora prometida pela firme palavra de Deus. Assim fazendo, manifestara grande falta de fé no poder de Deus para realizar Seus desígnios, por mais desanimadoras que fossem as aparências no momento. Em vez de colocar-se na posição que ambicionara, viu-se obrigado a fugir para salvar a vida da ira de Esaú. Levando consigo apenas um cajado, devia atravessar centenas de quilômetros por uma região deserta. Desfaleceu-lhe o ânimo, e sentiu-se tomado de remorsos e timidez, buscando evitar os homens, para que seu irmão irado não o rastreasse. Não possuía a paz de Deus a confortá-lo; pois o atormentava a idéia de haver perdido a proteção divina. T4 465 1 Vai declinando o segundo dia de sua jornada. Jacó sente-se fatigado, com fome, sem lar, e julga-se desamparado por Deus. Sabe haver trazido isso sobre si mesmo em conseqüência de seu errado procedimento. Envolvem-no as sombras do desespero, e sente-se como um rejeitado. O coração é-lhe invadido de indizível terror, e mal ousa fazer sua oração. Está, porém, tão solitário, que sente, como nunca dantes, a necessidade da proteção divina. Chora e confessa diante de Deus o seu pecado, e pede uma prova de que Ele não o tenha desamparado por completo. O coração opresso, no entanto, não encontra alívio. Perdera toda a confiança em si mesmo, e teme que o Deus de seus pais o tenha rejeitado. Mas Deus, o misericordioso Deus, Se compadece daquele homem desolado, tomado de dor, que faz das pedras seu travesseiro, e não tem por cobertura senão a abóbada celeste. T4 465 2 Numa visão da noite, viu ele uma escada mística, cuja base descansava na Terra e cujo topo tocava o Céu, para além das estrelas. Anjos mensageiros subiam e desciam por essa escada de brilho refulgente, indicando-lhe o meio de comunicação entre a Terra e o Céu. E aos seus ouvidos chega uma voz que lhe renova a promessa de misericórdia e proteção e de bênçãos futuras. Quando Jacó despertou desse sonho, disse: "Na verdade o Senhor está neste lugar; e eu não o sabia." Gênesis 28:16. Olhou em volta de si como se esperasse ver os mensageiros celestes; mas seu olhar ansioso, errante, não divisou senão o indeciso contorno dos objetos terrestres, e em cima o céu repleto de estrelas cintilantes. A escada e os luminosos mensageiros haviam desaparecido, e só com a imaginação podia ele ver a gloriosa Majestade do alto. T4 466 1 Jacó ficou tomado de respeito diante do profundo silêncio da noite, e sentiu a vívida impressão de que se achava na presença imediata de Deus. O coração encheu-se-lhe de gratidão por não haver sido destruído. Não pôde mais conciliar o sono aquela noite; um profundo e fervoroso reconhecimento, impregnado de santa alegria, invadiu-lhe a alma. "Então, levantou-se Jacó pela manhã, de madrugada, e tomou a pedra que tinha posto por sua cabeceira, e a pôs por coluna, e derramou azeite em cima dela." Gênesis 28:18. E ali fez ele seu voto solene a Deus. T4 466 2 Jacó fez seu voto enquanto se achava refrigerado pelos orvalhos da graça, e revigorado pela presença e promessa de Deus. Após haver-se dissipado a glória divina, teve tentações, como os homens de nossos tempos; foi, no entanto, fiel ao voto que fizera, e não abrigou pensamentos quanto à possibilidade de ser libertado do que prometera. Poderia haver raciocinado em grande parte como o fazem hoje os homens, que aquela revelação fora apenas um sonho, que ele estava indevidamente emocionado quando fizera o voto, e que, portanto, não era necessário cumpri-lo; mas assim não fez. T4 466 3 Longos foram os anos transcorridos até que Jacó ousasse voltar a seu país; ao fazê-lo, porém, quitou fielmente sua dívida para com o Senhor. Tornara-se rico, e grande soma de seus bens passou ao tesouro de Deus. T4 466 4 Muitos falham hoje no ponto em que Jacó teve êxito. Aqueles a quem Deus tem dado mais, têm mais forte inclinação de reter o que possuem, visto deverem dar importância proporcional a seus bens. Jacó deu o dízimo de tudo quanto possuía, e depois calculou o dízimo que usara, e deu ao Senhor o benefício daquilo que estivera usando para o próprio proveito durante o tempo em que estivera em terra pagã, e não pudera pagar seu voto. Isto representava uma grande soma; no entanto, ele não hesitou; o que votara ao Senhor, não considerava como seu, mas do Senhor. T4 467 1 Segundo a importância concedida, será a soma requerida. Quanto maior o capital confiado, tanto maior a dádiva que Deus requer Lhe seja devolvida. Caso um cristão possua dez ou vinte mil dólares, os direitos de Deus sobre ele são imperativos no sentido de dar, não somente a proporção relativa ao sistema dizimal, mas de apresentar-Lhe as ofertas pelo pecado e as ofertas de gratidão. A dispensação levítica se caracterizava notadamente pela santificação da propriedade. Quando falamos do dízimo como a norma de contribuição dos judeus para fins religiosos, não falamos com compreensão. O Senhor colocava Seus direitos como prioridade, e quase todos os artigos faziam as pessoas se lembrarem do Doador por ser-lhes requerido fazer-Lhe devoluções. Exigia-se-lhes que pagassem o resgate dos primogênitos, das primícias dos rebanhos e das colheitas. Cumpria-lhes deixar os cantos de suas searas para os desamparados. Qualquer coisa que lhes caísse das mãos ao fazerem a colheita era deixada para os pobres, e a cada sete anos, as terras deviam ser deixadas livres, ficando para os necessitados o que elas produzissem espontaneamente. Além disso havia as ofertas sacrificais, ofertas por ofensas, ofertas pelo pecado, e a remissão, a cada sete anos, de todas as dívidas. Havia também numerosas despesas com hospitalidade e dádivas aos pobres, e havia impostos sobre suas propriedades. T4 467 2 A determinados períodos, a fim de conservar a integridade da lei, o povo era entrevistado quanto a sua fidelidade no cumprimento dos votos que haviam feito. Uma conscienciosa minoria devolvia a Deus cerca de um terço de toda a sua renda para benefício dos interesses religiosos e dos pobres. Essas exigências não se limitavam a uma classe particular do povo, tocavam a todos, sendo proporcionais às posses da pessoa. Além de todos esses donativos sistemáticos e regulares, havia objetivos especiais que pediam ofertas voluntárias, como o tabernáculo construído no deserto, e o templo erigido em Jerusalém. Esses pedidos vinham de Deus até o povo, e tanto serviam para a manutenção de Seu serviço quanto para o próprio bem deles. T4 468 1 Importa que haja entre nós, como um povo, um despertamento nessa questão. Poucos são os homens que sentem doer a consciência se negligenciarem o dever quanto à beneficência. Poucos, apenas, são possuídos de remorso por roubarem diariamente a Deus. Caso um cristão deliberada ou acidentalmente pague menos do que é devido a seu próximo, ou se recuse a liqüidar uma dívida honesta, sua consciência, a menos que se ache cauterizada, há de perturbá-lo; ele não pode sossegar, ainda que ninguém seja sabedor do fato senão ele próprio. Há muitos votos negligenciados e promessas por pagar, e no entanto quão poucos sentem a consciência turbada por causa disso! Quão poucos experimentam o sentimento de culpa por essa violação do dever! Precisamos sentir novas e mais profundas convicções a esse respeito. A consciência precisa ser despertada, e examinar-se o assunto com diligente atenção; pois no último dia ter-se-á de prestar contas a Deus, e Seus direitos serão apurados. T4 468 2 As responsabilidades do comerciante cristão, seja grande ou pequeno seu capital, estarão em exata proporção aos dons por ele recebidos de Deus. O engano das riquezas tem arruinado a milhares e dezenas de milhares. Esses ricos se esquecem de que são mordomos, e que se aproxima rapidamente o dia em que lhes será dito: "Dá contas da tua mordomia." Lucas 16:2. Como nos é mostrado pela parábola dos talentos, todo homem é responsável pelo sábio emprego dos dons que lhe foram concedidos. O pobre homem da parábola, por ter o dom menor, sentiu ser menor a responsabilidade e não pôs em uso o talento que lhe fora confiado; portanto, foi lançado nas trevas exteriores. T4 468 3 Disse Cristo: "Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!" Marcos 10:23. E os discípulos se admiraram de Sua doutrina. Quando um pastor que tem trabalhado com êxito no ganhar almas para Jesus Cristo abandona sua sagrada obra a fim de adquirir lucro temporal é chamado apóstata, e será responsável diante de Deus pelos talentos que aplicou mal. Quando homens de negócios, fazendeiros, mecânicos, comerciantes, advogados etc. tornam-se membros da igreja, passam a ser servos de Cristo; e embora seus talentos sejam inteiramente diversos, a responsabilidade que lhes cabe de promover a obra de Deus mediante o esforço pessoal e com seus recursos não é inferior à do pastor. O ai que cairá sobre o pastor caso ele não pregue o evangelho, cairá sobre o comerciante tão seguramente como sobre o pastor, se ele, com seus diversos talentos, não for um coobreiro de Cristo em produzir os mesmos resultados. Ao ser isto compreendido, alguns dirão: "Duro é esse discurso"; no entanto é verdadeiro, se bem que de contínuo contrariado pela prática de pessoas que professam ser seguidoras de Cristo. T4 469 1 Deus proveu pão para Seu povo no deserto mediante um milagre de misericórdia, e poderia haver provido tudo quanto era necessário para a cerimônia religiosa; não o fez, porém, porque em Sua infinita sabedoria, viu que a disciplina moral de Seu povo dependia de eles cooperarem com Ele, cada um fazendo alguma coisa. Enquanto a verdade for progressiva, vigoram sobre os homens as reivindicações de Deus, no que respeita a dar daquilo que Ele lhes concedeu para esse fim. Deus, o Criador do homem, instituindo o plano da doação sistemática, fez com que a obra pesasse igualmente sobre todos, segundo as diversas aptidões que possuem. Cada um tem de decidir suas próprias contribuições, sendo deixado na liberdade de dar segundo se propôs em seu coração. Existem, porém, pessoas culpadas do mesmo pecado de Ananias e Safira, pensando que, se eles retêm uma parte daquilo que Deus lhes requer no sistema do dízimo, os irmãos nunca o saberão. Isso pensou o culpado casal cujo exemplo nos é dado como advertência. Nesse caso, Deus prova que Ele sonda o coração. Os motivos e desígnios do homem não se Lhe podem encobrir. Ele deixou perpétua advertência aos cristãos de todas as épocas a fim de estarem alerta contra o pecado a que o coração humano está sempre inclinado. T4 469 2 Embora não sejam notadas hoje as demonstrações do desagrado de Deus às repetições do pecado de Ananias e Safira, o mesmo pecado é tão odioso aos olhos de Deus como então, e será com a mesma certeza cobrado do transgressor no dia do juízo; e muitos sentirão a maldição de Deus mesmo nesta vida. Quando se faz uma promessa à causa, isso é um voto feito a Deus, e deve ser mantido como sagrado. À vista de Deus não é nada menos que sacrilégio aproveitar-nos, para o próprio uso, daquilo que foi uma vez votado para promover Sua sagrada obra. T4 470 1 Quando um compromisso verbal ou escrito foi tomado em presença de nossos irmãos, de dar determinada importância, eles são as testemunhas visíveis de um contrato feito entre nós e Deus. A promessa não foi feita ao homem, mas a Deus, e é como uma nota escrita dada a um semelhante. Nenhuma promissória legal é mais obrigatória para um cristão quanto ao pagamento do dinheiro, do que uma promessa feita ao Senhor. T4 470 2 As pessoas que assim se comprometem com seus semelhantes, geralmente não pensam em pedir liberação dos compromissos. Um voto feito a Deus, doador de todas as dádivas, é ainda de maior importância; então, por que havemos nós de buscar ser dispensados de nossos votos a Deus? Considerará o homem seu voto menos obrigatório pelo fato de ser feito ao Senhor? Porque esse voto não será levado a juízo nos tribunais de justiça, é ele menos válido? Há de um homem que professa estar salvo pelo sangue do infinito sacrifício de Jesus Cristo "roubar a Deus"? Não são seus votos e suas ações pesados nas balanças da justiça nas cortes celestes? T4 470 3 Cada um de nós tem um caso pendente no tribunal do Céu. Há de nossa conduta contrabalançar as provas que nos são contrárias? O caso de Ananias e Safira foi do mais agravante caráter. Guardando parte do preço, mentiram ao Espírito Santo. Da mesma maneira, pesam culpas sobre todo indivíduo, proporcionalmente às ofensas dessa natureza. Quando o coração dos homens é abrandado pela presença do Espírito de Deus, eles são mais susceptíveis às impressões do Espírito Santo, e tomam resoluções no sentido de negar ao próprio eu e sacrificar-se pela causa de Deus. É quando a luz divina ilumina o mais íntimo da mente com clareza e poder incomuns, que os sentimentos do homem natural são vencidos, que o egoísmo perde sua força sobre o coração, e despertam-se desejos de imitar o Modelo, Jesus Cristo, no exercer beneficência e abnegação. A disposição do homem naturalmente egoísta, torna-se assim bondosa e compassiva para com os pecadores perdidos, e ele faz um voto solene a Deus, como fizeram Abraão e Jacó. Nessas ocasiões acham-se presentes anjos celestes. O amor para com Deus e as almas triunfa sobre o egoísmo e sobre o amor ao mundo. Isso, especialmente, quando o pregador, no Espírito e poder de Deus, apresenta o plano da redenção, estabelecido pela Majestade do Céu no sacrifício da cruz. Podemos ver, pelos textos seguintes, como o Senhor considera a questão dos votos: T4 471 1 "E falou Moisés aos cabeças das tribos dos filhos de Israel, dizendo: Esta é a palavra que o Senhor tem ordenado: Quando um homem fizer voto ao Senhor ou fizer juramento, ligando a sua alma com obrigação, não violará a sua palavra; segundo tudo o que saiu da sua boca, fará." Números 30:1, 2. "Não consintas que a tua boca faça pecar a tua carne, nem digas diante do anjo que foi erro; por que razão Se iraria Deus contra a tua voz, de sorte que destruísse a obra das tuas mãos?" Eclesiastes 5:6. "Entrarei em Tua casa com holocaustos; pagar-Te-ei os meus votos, que haviam pronunciado os meus lábios, e dissera a minha boca, quando eu estava na angústia." Salmos 66:13, 14. "Laço é para o homem dizer precipitadamente: É santo; e, feitos os votos, então inquirir." Provérbios 20:25. "Quando votares algum voto ao Senhor, teu Deus, não tardarás em pagá-lo; porque o Senhor, teu Deus, certamente o requererá de ti, e em ti haverá pecado. Porém, abstendo-te de votar, não haverá pecado em ti. O que saiu da tua boca guardarás e o farás, mesmo a oferta voluntária, assim como votaste ao Senhor, teu Deus, e o declaraste pela tua boca." Deuteronômio 23:21-23. T4 471 2 "Fazei votos e pagai ao Senhor, vosso Deus; tragam presentes, os que estão em redor dEle, Àquele que é tremendo." Salmos 76:11. "Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa do Senhor é impura, e o seu produto, a sua comida, é desprezível. E dizeis: Eis aqui, que canseira! e o lançastes ao desprezo, diz o Senhor dos Exércitos; vós ofereceis o roubado, e o coxo e o enfermo; assim fazeis a oferta; ser-Me-á aceito isto de vossa mão? diz o Senhor. Pois maldito seja o enganador que, tendo animal no seu rebanho, promete e oferece ao Senhor uma coisa vil; porque Eu sou grande Rei, diz o Senhor dos Exércitos, o Meu nome será tremendo entre as nações." Malaquias 1:12-14. T4 472 1 "Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não Se agrada de tolos; o que votares, paga-o. Melhor é que não votes do que votes e não pagues." Eclesiastes 5:4, 5. T4 472 2 Deus deu ao homem uma parte em efetuar a salvação de seus semelhantes. Ele pode trabalhar em ligação com Cristo, mediante o praticar atos de misericórdia e beneficência. Mas não os pode redimir, pois não é apto a satisfazer os reclamos da justiça ofendida. Isto, unicamente o Filho de Deus pode fazer, pondo de parte Sua honra e glória, revestindo Sua divindade com humanidade, e vindo à Terra para humilhar a Si mesmo, e derramar o próprio sangue em favor da raça humana. T4 472 3 Ao comissionar os discípulos a irem "por todo o mundo" e pregarem "o evangelho a toda a criatura" (Marcos 16:15), Cristo designou aos homens a obra de propagarem o evangelho. Enquanto, porém, alguns vão a pregar, Ele pede a outros que Lhe atendam às reivindicações quanto aos dízimos e ofertas com que se possa sustentar o ministério e disseminar a verdade impressa pela Terra inteira. Esse é o meio pelo qual Deus quer exaltar o homem. É justamente a obra de que ele necessita; pois moverá as mais profundas simpatias de seu coração, chamando à ação as mais elevadas faculdades mentais. T4 472 4 Tudo quanto na Terra existe de bom, foi aqui colocado pela generosa mão de Deus, como expressão de Seu amor ao homem. Os pobres são Seus, e Sua é a causa da religião. Ele pôs recursos nas mãos dos homens, para que Seus divinos dons fluam por intermédio de condutos humanos no realizar a obra a nós designada em salvar nossos semelhantes. Cada um tem uma tarefa designada no grande campo; e todavia ninguém deve conceber a idéia de que o Senhor depende do homem. Ele poderia proferir a palavra, e todo filho da pobreza ser enriquecido. Num momento poderia Ele curar a raça humana de todas as suas doenças. Poderia dispensar todos os pastores, e tornar os anjos embaixadores de Sua verdade. Poderia haver escrito a verdade no firmamento, ou impresso nas folhas das árvores e nas flores do campo; ou poderia, com voz audível, havê-la proclamado do Céu. O onisciente Deus, no entanto, não escolheu nenhum desses meios. Sabia que o homem precisava de ter algo a fazer de modo que a vida lhe fosse uma bênção. O ouro e a prata pertencem ao Senhor, e ser-Lhe-ia possível fazer chover os mesmos do Céu, se assim quisesse; em lugar disso, no entanto, Ele fez o homem Seu mordomo, confiando-lhe recursos, não para serem amontoados, mas empregados em beneficio dos outros. Assim torna Ele o homem o instrumento pelo qual distribui Suas bênçãos na Terra. Deus planejou o sistema de beneficência a fim de que o homem se tornasse como seu Criador, benevolente e de caráter altruísta, vindo a ser afinal participante com Ele da recompensa eterna e gloriosa. T4 473 1 Deus atua por meio de instrumentos humanos; e quem quer que desperte a consciência dos homens, induzindo-os às boas obras e ao real interesse no avançamento da causa da verdade, não o faz por si mesmo, mas pelo Espírito de Deus a atuar nele. As promessas feitas em tais circunstâncias são de caráter sagrado, sendo fruto da atuação do Espírito do Senhor. Ao serem esses compromissos satisfeitos, o Céu aceita a oferta, e esses obreiros liberais são creditados pela importância investida no banco celeste. Os que assim procedem estão pondo um bom fundamento contra o tempo por vir, de modo a lançarem mão da vida eterna. T4 473 2 Quando, porém, a imediata presença do Espírito de Deus não é tão vividamente sentida, e a mente fica presa aos interesses temporais da vida, eles são tentados a duvidar da validade da obrigação que voluntariamente assumiram; e, cedendo às sugestões de Satanás, raciocinam que houve sobre eles indevida pressão, e que agiram sob a emoção do momento; que as necessidades de recursos para uso da causa de Deus foram exageradas; e que foram induzidos a comprometer-se movidos por falsos motivos, sem compreenderem bem o assunto, e, portanto, desejam ser dispensados. Têm os pastores poder para aceitar suas desculpas, e dizer: "O irmão não ficará preso a sua promessa; está livre de seu voto"? Caso ousem fazer isso, tornam-se participantes do pecado daquele que retém o que prometeu. T4 474 1 Devemos fazer ao Senhor a primeira doação de todas as nossas receitas. No sistema de beneficência ordenado aos judeus, ou deles se exigia que levassem ao Senhor as primícias de todas as Suas dádivas, fosse aumento de seus rebanhos e manadas ou no produto dos campos, pomares ou vinhedos, ou deveriam eles redimi-las, dando em substituição o equivalente. Quão diversa é a ordem de coisas nos nossos dias! As reivindicações e exigências do Senhor são deixadas para o fim, se é que recebem alguma atenção. No entanto, nosso trabalho necessita dez vezes mais recursos agora do que necessitavam os judeus. A grande comissão dada aos apóstolos foi a de irem a todo o mundo pregar o evangelho. Mostra isso a extensão da obra, e a crescente responsabilidade que repousa sobre os seguidores de Cristo, nos nossos dias. Se a lei exigia dízimos e ofertas milhares de anos atrás, quão mais necessários são eles agora! Se ricos e pobres deviam dar uma importância proporcional a sua prosperidade, na economia judaica, isso agora é duplamente indispensável. T4 474 2 A maioria dos professos cristãos dispõe de seus recursos com grande relutância. Muitos deles não dão a vigésima parte de sua renda a Deus, e muitos dão menos ainda do que isso; enquanto há uma grande classe que rouba a Deus do pequeno dízimo, outros há que darão somente o dízimo. Se todos os dízimos de nosso povo fluíssem para o tesouro do Senhor como deviam, seriam recebidas bênçãos tais que as dádivas e ofertas para propósitos sagrados seriam multiplicadas dez vezes, e assim a ligação entre Deus e o homem seria mantida aberta. Os seguidores de Cristo não devem esperar por apelos missionários emocionantes para despertá-los à ação. Se espiritualmente despertos, ouviriam na renda de cada semana, seja muito ou pouca, a voz de Deus e da consciência com autoridade exigindo os dízimos e ofertas devidas ao Senhor. T4 475 1 As dádivas e esforços dos seguidores de Cristo são não só desejáveis, mas em certo sentido indispensáveis. O Céu inteiro está interessado na salvação dos seres humanos, e esperando que eles se tornem interessados em sua própria salvação, e na de seus semelhantes. Todas as coisas estão prontas, mas a igreja está aparentemente sobre terreno encantado. Quando despertarem e apresentarem suas orações, sua riqueza e todas as suas energias e recursos aos pés de Jesus, a causa da verdade triunfará. Anjos se surpreendem de que os cristãos façam tão pouco, em face de um tal exemplo como dado por Jesus que não poupou a Si mesmo da morte -- uma morte vergonhosa. Eles ficam admirados de que, quando professos cristãos têm contato com o egoísmo do mundo, cedem à sua visão estreita e motivos egoístas. T4 475 2 Um dos maiores pecados no mundo cristão de hoje é a dissimulação e a avareza no trato com Deus. Há da parte de muitos um crescente descuido em relação ao satisfazer os compromissos com as várias instituições e empreendimentos religiosos. Muitos consideram o ato de comprometer-se como se não impusesse nenhuma obrigação de pagar. Se pensam que seu dinheiro lhes trará considerável lucro sendo investido em ações bancárias ou em mercadorias, ou se há pessoas ligadas à instituição a quem prometeram ajudar e para quem fazem exceções, sentem-se perfeitamente à vontade para usar seus recursos segundo lhes apraz. Esta falta de integridade prevalece em considerável proporção entre os que professam guardar os mandamentos de Deus e aguardar o breve aparecimento do seu Senhor e Salvador. T4 475 3 O plano da benevolência sistemática foi do próprio arranjo de Deus; mas o fiel pagamento das reivindicações de Deus é muitas vezes recusado ou retardado, como se promessas solenes nada significassem. É porque membros da igreja negligenciam devolver seus dízimos e cumprir seus votos que nossas instituições não estão livres de dificuldades. Se todos, tanto ricos quanto pobres, trouxessem seus dízimos à casa do tesouro, haveria suprimento suficiente de recursos para livrar a causa de dificuldades financeiras, e nobremente levar avante o trabalho missionário em seus vários departamentos. Deus chama aqueles que crêem na verdade para submeterem a Ele as coisas que são dEle. Os que julgam que reter de Deus é ganho, finalmente experimentarão a maldição divina como resultado de roubar ao Senhor. Nada senão completa incapacidade de pagar pode justificar alguém de negligenciar atender prontamente às suas obrigações para com o Senhor. A indiferença nessa questão mostra que estão em cegueira e engano, e são indignos do nome de cristão. T4 476 1 A igreja é responsável pelos compromissos de seus membros individuais. Uma vez que vejam que um irmão está negligenciando cumprir seus votos, devem trabalhar bondosa e claramente com ele. Caso o irmão não esteja em condições de pagar seu voto, e seja um membro digno e de coração voluntário, ajude-o então a igreja compassivamente. Assim poderão transpor a dificuldade, e receber eles próprios uma bênção. Deus quer que os membros de Sua igreja considerem seus compromissos para com Ele tão obrigatórios como as dívidas que tenham no comércio. Que todos passem em revista sua vida passada, e vejam se não há quaisquer compromissos por pagar e redimir, os quais foram negligenciados, fazendo então especiais esforços para pagar até "ao último ceitil" (Mateus 5:26); pois havemos todos de enfrentar e suportar a decisão final de um tribunal a cuja prova só poderão resistir a integridade e a veracidade. ------------------------Capítulo 42 -- Testamentos e legados T4 476 2 "Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam." Mateus 6:19, 20. O egoísmo é um pecado que destrói a alma. A esta classe pertence a cobiça, que é idolatria. Todas as coisas pertencem a Deus. Toda a prosperidade de que desfrutamos é o resultado da beneficência divina. Deus é o grande e generoso Doador. Se Ele, pois, requer uma parte qualquer do que nos tem dado em abundância, não é para com isso Se enriquecer com as nossas dádivas, pois nada necessita de nossas mãos. Seu objetivo é dar-nos oportunidade de exercer abnegação, amor e simpatia para com os nossos semelhantes, e sermos desse modo grandemente elevados. Em cada dispensação, desde os dias de Adão até hoje, Deus tem reivindicado o ser humano como propriedade Sua, dizendo: Eu sou o legítimo dono do Universo; por isso peço que Me consagrem suas primícias, tragam um tributo de lealdade, entreguem a Mim o que é Meu, reconhecendo assim a Minha soberania, então serão livres para preservar e desfrutar Minha generosidade, e Minha bênção estará com vocês. "Honra ao Senhor com a tua fazenda e com as primícias de toda a tua renda." Provérbios 3:9. T4 477 1 As reivindicações de Deus têm a primazia. Não fazemos Sua vontade quando Lhe consagramos aquilo que resta depois de suprir nossas supostas necessidades. Antes de gastarmos uma só parcela de nossos rendimentos devemos separar e oferecer a Deus a parte que de nós requer. Na antiga dispensação uma oferta em ações de graças era conservada sempre queimando sobre o altar, evidenciando assim a eterna obrigação em que estamos para com Deus. Se somos prósperos em nossos negócios seculares, é porque Deus nos abençoa. Uma parte de nossa renda deve ser consagrada aos pobres e uma grande parte à causa de Deus. Se dermos a Deus o que Ele pede, o restante será santificado e abençoado em proveito nosso. Porém, se alguém rouba a Deus retendo a parte que Ele requer, a maldição recai sobre tudo que possui. T4 477 2 Deus constitui os seres humanos como condutos através dos quais devem fluir os recursos para custear a obra que pretende realizar no mundo. Conferiu-lhes bens que deverão saber usar sabiamente, não os acumulando egoistamente ou empregando-os extravagantemente no luxo e em satisfazer a si próprios, quer no vestuário quer no adorno de sua casa. Confiou-lhes recursos para com eles suprir as necessidades de Seus servos que trabalham como missionários e pregadores, e para manter as instituições que Ele estabeleceu entre nós. Os que se regozijam na preciosa luz da verdade devem experimentar um desejo ardente de enviá-la a toda parte. Temos alguns fiéis porta-bandeiras que nunca se esquivam a seus deveres nem evitam responsabilidades. Seu coração e bolsa estão sempre abertos a todo pedido de recursos para promover a causa de Deus. Com efeito, alguns parecem até exceder a justa medida de sua obrigação, como que receando perder a oportunidade de depositar sua parte no banco do Céu. Há outros que fazem o mínimo possível. Esses, se não acumulam seus bens, os dissipam, só contribuindo relutantemente com uma pequena parte para a obra de Deus. Quando fazem uma promessa ou voto a Deus, arrependem-se mais tarde, e protelam o pagamento tanto quanto podem, ou não pagam. Calculam o dízimo o mais escassamente possível, como se considerassem perdido o que restituem a Deus. Podem as nossas várias instituições sentir-se embaraçadas por falta de recursos, mas eles continuam se portando como se não lhes importasse a sua subsistência. E, contudo, são instrumentos pelos quais Deus Se propõe iluminar o mundo! T4 478 1 Essas instituições não recebem, como outras do mesmo ramo, doações ou legados. E, contudo, Deus as tem abençoado e feito prosperar grandemente, servindo-Se delas para a realização de grande bem. Há pessoas de idade entre nós que estão se aproximando do término de seu tempo de graça, mas por falta de homens inteligentes que saibam assegurar as propriedades dessas pessoas para a obra de Deus, elas passam para as mãos dos que servem a Satanás. Esses recursos lhes foram apenas emprestados por Deus para Lhe serem devolvidos, mas em nove casos dentre dez esses irmãos, ao cessarem seu período de atividade, dispõem da propriedade de Deus de um modo que não O glorifica, pois nem um centavo da mesma jamais irá para a tesouraria do Senhor. Nalguns casos esses irmãos aparentemente bons tiveram conselheiros não consagrados, que os aconselharam segundo seu ponto de vista e não de acordo com o pensamento de Deus. Muitas vezes os bens são legados a filhos ou netos apenas para seu próprio prejuízo. Eles não têm amor por Deus ou pela verdade, e por isso todos esses bens que pertencem a Deus, passam para as fileiras de Satanás para serem controlados por ele. Satanás é muito mais vigilante, perspicaz e hábil para conseguir recursos para si do que são os nossos irmãos para assegurar a propriedade de Deus para Sua obra. Muitos testamentos foram feitos de modo tão vago que não tiveram validade perante a lei, e deste modo grandes somas para a causa foram perdidas. Nossos irmãos devem reconhecer que sobre eles, como fiéis servos na causa de Deus, pesa a responsabilidade de agir prudentemente nesses casos, a fim de assegurar para o Senhor o que Lhe pertence. T4 479 1 Muitos manifestam nesse aspecto uma delicadeza descabida. Procedem como se estivessem pisando terreno proibido quando apresentam a pessoas de idade avançada ou inválidos o assunto de seus bens, a fim de saber como pretendem dispor deles. Entretanto, é este um dever tão sagrado como pregar o evangelho para a salvação de almas. Consideremos uma pessoa que tem dinheiro e propriedades de Deus em suas mãos. Ela está prestes a transferir sua mordomia. Colocará ela os recursos, que de Deus recebeu emprestados para serem usados em Sua obra, nas mãos de ímpios, simplesmente por serem estes seus parentes? Não devem homens cristãos tomar o devido interesse e experimentar ansiedade, tanto pelo bem-estar futuro dessa pessoa como pelos interesses da causa de Deus, a fim de que disponha retamente dos bens de seu Senhor -- os talentos que lhe foram confiados para sábio uso? Quererão seus irmãos que a assistem, vê-la deixar esta vida, ao mesmo tempo privando de recursos a tesouraria de Deus? Isto significaria uma perda tremenda para ela e para a causa; porque, abandonando seus talentos nas mãos de indivíduos que não têm nenhuma consideração pela verdade divina, de caso pensado coloca os talentos em um lenço e os esconde na terra. T4 479 2 Deus deseja que Seus seguidores disponham pessoalmente de seus bens, enquanto isso lhes seja possível. Dirá alguém: "Temos porventura de renunciar a tudo que consideramos nossa propriedade?" Pode isto não nos ser exigido ainda, mas devemos estar prontos a fazê-lo por amor de Cristo. Devemos reconhecer que nossas propriedades são totalmente Suas, e usá-las liberalmente quando o progresso da obra o exigir. Muitos fecham os ouvidos aos pedidos de dinheiro para enviar missionários ao estrangeiro, e para a difusão da verdade por meio de impressos que devem ser espalhados por todo o mundo como folhas de outono. Essas pessoas justificam sua avareza, alegando que tomaram disposições que deverão revelar sua caridade por ocasião da morte. Na disposição de sua última vontade, contemplaram a obra de Deus. Por isso conduzem uma vida de avareza, roubam a Deus nos dízimos e ofertas, e pelo seu testamento Lhe restituem apenas pequena parte do que lhes confiou, enquanto a parte maior reverte para os parentes, que não tomam nenhum interesse pela verdade. Constitui esta uma das piores formas de roubo. Roubam a Deus daquilo que Lhe devem, e isto não só durante a vida mas também na morte. T4 480 1 É completa loucura deixar até quase à hora da morte a preparação para a vida futura. É também um erro grave protelar a resposta aos apelos de liberalidade para a obra de Deus, até o tempo de transferir a outros a mordomia. Aqueles a quem confiarem os talentos que de Deus receberam podem não administrá-los assim como vocês o têm feito. Como poderão pessoas abastadas arriscar-se a tanto? Os que esperam até à hora da morte para dispor sobre seus bens, parece que o fazem mais por causa da morte do que por amor a Deus. Assim procedendo, muitos estão agindo em oposição direta ao plano que Deus estabeleceu em Sua Palavra. Se quiserem fazer bem, devem aproveitar os preciosos momentos do presente, e empenhar todos os esforços, como que temendo perder a oportunidade favorável para o fazer. T4 480 2 Os que negligenciam deveres de que estão perfeitamente inteirados, deixando de corresponder às reivindicações que Deus lhes faz nesta vida, e procurando acalmar a consciência com o propósito de por ocasião de sua morte estabelecer um legado, não receberão da parte do Mestre palavras de aprovação nem recompensa. Eles não praticaram abnegação, mas retiveram egoistamente seus recursos enquanto puderam, renunciando-os só quando a morte os levou. Se fossem cristãos verdadeiros, praticariam em vida, estando ainda sãos e fortes, o que transferem até estarem prestes a morrer. Dedicariam a Deus o próprio ser e o que possuem, e conquanto agindo como Seus mordomos, teriam a satisfação de estar cumprindo seu dever. Como executores de seus próprios testamentos poderiam por si mesmos satisfazer às reivindicações divinas, em vez de deixar a responsabilidade disso a outros. Devemos considerar-nos despenseiros da propriedade do Senhor, e a Deus como Proprietário absoluto, a quem devemos entregar o que é Seu, quando Ele o requer. Quando Ele vier para receber com juros o que Lhe pertence, os cobiçosos se persuadirão de que, em vez de ter multiplicado seus talentos, acarretaram sobre si mesmos a condenação pronunciada contra o servo mau e infiel. T4 481 1 O Senhor deseja que a morte de Seus servos seja sentida como uma perda por causa da boa influência que exerceram e das muitas ofertas voluntárias que entregaram para abastecer o tesouro de Deus. Legados deixados ao morrer são uma miserável compensação da beneficência que se deveria praticar em vida. Os servos de Deus devem fazer seus legados todos os dias por meio de boas obras e ofertas liberais ao Senhor. Não devem contentar-se com dar a Deus uma porção desproporcionadamente pequena, em comparação ao que gastam consigo mesmos. Ao fazer seus legados cada dia, lembrarão dos objetivos e amigos que maior lugar ocupam em suas afeições. Seu melhor amigo é Cristo. Ele não lhes negou a própria vida, e por amor deles Se fez pobre para que por Ele enriquecessem. Merece, portanto, todo o nosso coração, nossos bens, tudo quanto temos e somos. Mas muitos supostos cristãos protelam em vida as reivindicações de Jesus e O insultam na morte, dando-Lhe uma parte mesquinha de seus bens. Lembrem-se todos que estiverem nessa classe de que essa maneira de roubar a Deus não é um ato impulsivo, mas um plano premeditado que eles prefaciam dizendo: "Estando em pleno uso de suas faculdades mentais." Depois de haverem defraudado a obra de Deus durante a vida, perpetuam essa fraude após a morte e com pleno apoio de todas as faculdades mentais. Tal testamento muitos consideram um suave travesseiro em que reclinar a cabeça na hora da morte. Representa uma espécie de preparação para a morte, e é arranjado de modo que seus bens não os perturbem ao exalarem o último alento. Poderão essas pessoas descansar tranqüilamente a respeito das contas que lhes hão de ser pedidas de sua mordomia? T4 481 2 Devemos ser todos ricos em boas obras se queremos garantir-nos a vida futura e imortal. Quando o juízo se instituir e os livros forem abertos, cada qual será julgado e recompensado segundo as suas obras. Muitos nomes que estão inscritos nos livros da igreja, estão arrolados no livro de registro do Céu como "defraudadores". E a menos que essas pessoas se arrependam, e trabalhem para o Mestre com desinteressada benevolência, hão de compartilhar a sorte do mordomo infiel. T4 482 1 Sucede muitas vezes que um ativo homem de negócios é arrebatado pela morte sem prévio aviso, e acharem-se seus negócios em condição embaraçosa. No empenho de pô-los em ordem, uma grande parte dos bens dessa pessoa, senão tudo, é consumida em honorários aos advogados, ficando a família e a causa de Cristo defraudadas daquilo que lhes seria devido. Os que são fiéis mordomos dos recursos do Senhor saberão exatamente como andam seus negócios e, como homens sensatos, estarão preparados para qualquer emergência. Se porventura seu tempo de graça terminar inesperadamente, não acarretarão tão grandes perplexidades aos que forem incumbidos de acertar seu espólio. T4 482 2 Muitos não estão informados acerca da questão de fazer o testamento quando se acham ainda aparentemente com saúde. Essa precaução deve, entretanto, ser tomada por nossos irmãos. Devem saber qual sua situação financeira, e não permitir que seus negócios se embaracem. Devem arranjar sua propriedade de tal maneira que a possam deixar a qualquer tempo. T4 482 3 Os testamentos devem ser feitos de acordo com as prescrições legais. Depois de feitos, eles podem ser conservados durante anos e não causarão prejuízo se continuarem contribuindo para a obra conforme suas necessidades. A morte, meus irmãos, não se antecipará um dia sequer por terem feito seu testamento. Ao dispor de seus bens por testamento a favor de seus parentes não se esqueçam da obra de Deus. Vocês são Seus instrumentos, incumbidos de zelar por Sua propriedade; e Suas reivindicações devem merecer sua principal consideração. A esposa e os filhos, naturalmente, não devem ficar ao abandono; provisões devem ser feitas para eles caso necessitem. Vocês não devem, porém, simplesmente por ser costume, contemplar em seu testamento uma longa lista de parentes que não estão em necessidade. T4 482 4 Devem lembrar-se sempre de que o atual sistema egoísta de dispor dos bens não é conforme o plano de Deus, mas simplesmente invenção humana. Os cristãos devem ser reformadores e romper com esse sistema, dando uma feição inteiramente nova à maneira de fazer testamentos. Tenham sempre presente que é da propriedade de Deus que vão dispor. A vontade divina deve ser lei neste particular. Suponham que alguém lhes houvesse instituído executor de seu testamento, acaso não fariam diligência em inteirar-se da vontade do testador, a fim de que a menor quantia tivesse sua aplicação justa? Seu Amigo celestial lhes confiou propriedades, manifestando-lhes Sua vontade quanto ao modo por que devem ser usadas. Se essa Sua vontade for acatada com coração altruísta, aquilo que pertence a Deus não será mal aplicado. A causa do Senhor tem sido vergonhosamente negligenciada, ao passo que Ele deu aos homens recursos suficientes com que fazer face a todas as emergências, se apenas fossem dotados de coração grato e obediente. T4 483 1 Os que fazem seu testamento não devem imaginar que acabam aqui suas obrigações, mas sim desenvolver constante atividade, usando seus talentos para o engrandecimento da causa de Deus. Deus delineou planos segundo os quais todos podem cooperar diligentemente na distribuição de seus recursos. Deus não Se propõe sustentar Sua obra por meio de milagres. Ele tem alguns poucos mordomos fiéis, que estão economizando e usando seus recursos para promover Sua obra. A abnegação e a beneficência, longe de constituírem a exceção, devem ser a regra. As crescentes necessidades da obra de Deus requerem recursos. Chegam-nos constantemente pedidos do país e do estrangeiro, solicitando missionários que lhes ensinem a luz da verdade. Isto significa aumento de obreiros e acréscimo de despesas para sua manutenção. T4 483 2 Apenas uma pequena soma entra para os tesouros do Senhor, a fim de ser aplicada no trabalho de salvar almas, e é a muito custo que até mesmo essa soma é obtida. Se pudessem ser abertos os olhos de todos, de modo a poderem verificar como a cobiça tem impedido o progresso da obra de Deus, e quanto mais poderia ser realizado se todos agissem de conformidade com o plano divino dos dízimos e ofertas, uma reforma decisiva se notaria da parte de muitos; pois não ousariam impedir o avanço da causa de Deus como até aqui o têm feito. A igreja tem os olhos fechados ao trabalho que poderia fazer, se renunciasse a tudo por amor de Cristo. O verdadeiro espírito de sacrifício seria uma prova da realidade e do poder do evangelho, que o mundo não poderia interpretar mal nem negar, e abundantes bênçãos adviriam daí para a igreja. T4 484 1 Eu exorto meus irmãos a não mais defraudarem a Deus. A situação de alguns é tal que precisam fazer testamento. Ao fazê-lo, precisam cuidar para que não seja legado aos filhos o que deve entrar para o tesouro de Deus. Esses testamentos não raro se tornam um ponto de discórdia e dissensões. Em honra do antigo povo de Deus foi relatado que Ele não Se envergonhou de ser chamado seu Deus; e a razão alegada era que, em vez de buscarem seus próprios interesses e cobiçarem bens terrestres, devotavam a si mesmos e tudo quanto possuíam ao Senhor. Viviam tão-somente para Sua glória, declarando expressamente que buscavam outra pátria melhor, isto é, a celestial. De tal povo Deus não Se envergonhou. Não O desonravam aos olhos do mundo. A Majestade suprema não desdenhou chamá-los irmãos. T4 484 2 Há muitos que alegam não poder fazer mais a favor da causa do que estão presentemente fazendo; entretanto, não contribuem de acordo com suas posses. O Senhor muitas vezes lhes abre os olhos, cegados pelo egoísmo, reduzindo-lhes as rendas àquilo que estão dispostos a dar. O gado lhes morre no campo ou no estábulo, a casa ou celeiro é destruído pelo fogo, ou lhes falha a colheita. Em muitos casos Deus prova o homem com bênçãos e, em se manifestando a infidelidade quanto aos dízimos e ofertas, essas bênçãos são retiradas. "O que semeia pouco, pouco também ceifará." 2 Coríntios 9:6. Pela graça de Cristo e pela abundância de Suas misericórdias, e honra da verdade e da religião, nós os exortamos a dedicar de novo a Deus seu ser e a propriedade. Que cada qual, em vista do amor e da compaixão manifestados por Cristo em deixar a corte celeste a fim de sofrer renúncias, humilhação e morte, se proponha esta pergunta: "Quanto devo ao meu Senhor?", permitindo que suas ofertas de gratidão correspondam ao apreço em que têm o dom do Céu, na dádiva do Filho unigênito de Deus. T4 485 1 Ao determinar a proporção da oferta a dar para a causa de Deus, deve-se de preferência exceder às exigências do dever a não cumpri-las. Considerem a quem a oferta é destinada. Essa reflexão banirá a cobiça. Pensem somente no grande amor com que Cristo nos amou, e a mais preciosa oferta parecerá indigna de Sua aceitação. Se Cristo for o objeto de nossas afeições, os que recebemos a graça do Seu perdão não nos demoraremos a avaliar o preço do vaso de alabastro que contém o precioso ungüento. O cobiçoso Judas foi capaz de tanto, mas o que partilhou a graça da salvação somente lamentará que sua oferta não tenha perfume mais fino e de maior valor. Os cristãos devem considerar-se como simples condutos através dos quais as misericórdias e bênçãos divinas devem transmitir-se da Fonte de toda bondade aos semelhantes, por cuja conversão ondas de glória deveriam reverter ao Céu em louvor e ações de graças pelos que com eles se tornaram participantes do dom celestial. ------------------------Capítulo 43 -- Relacionamento entre os membros da igreja T4 485 2 Todo indivíduo que se propõe vencer terá de lutar primeiramente contra as próprias fraquezas; e como é muito mais fácil descobrir erros em outros do que em si mesmo, importa haver muito mais cuidado e mais rigor no julgamento dos próprios atos do que nos alheios. T4 485 3 Todos os membros da igreja, se são filhos e filhas de Deus, terão de se submeter a um processo de disciplina, antes que possam constituir-se luzes neste mundo. Deus não fará condutos de luzes a pessoas que, estando em trevas, se contentam de nelas permanecer, sem fazer nenhum esforço especial para pôr-se em comunicação com a fonte da luz. Os que sentem as suas necessidades e se despertam para nelas meditar profundamente, oram e agem séria e perseverantemente, obterão auxílio de Deus. Há muito a desaprender no que respeita à própria pessoa, como também há muito a aprender. Velhos hábitos e costumes precisam ser renunciados e é somente mediante um esforço sério e persistente para corrigir esses erros, e a prática dos princípios da verdade, que, pela graça divina, a vitória pode ser obtida. T4 486 1 Desejaria encontrar expressões adequadas para incutir na mente de todos o fato de que nossa única esperança como indivíduos está na comunhão com Deus. Importa conseguirmos pureza de alma; e há ainda muito exame introspectivo a ser feito e muito amor-próprio e obstinação a serem vencidos, o que requererá constante e fervorosa oração. T4 486 2 Pessoas severas e propensas a censurar, desculpam-se às vezes ou procuram justificar a sua falta de cortesia cristã porque muitos reformadores manifestaram esse mesmo espírito, e alegam que a obra do presente tempo exige espírito idêntico; mas tal não é o caso. Um espírito manso e sob perfeito controle ajusta-se melhor a qualquer meio, mesmo na companhia dos mais rudes. Zelo imprudente não beneficia a ninguém. Deus não escolheu os reformadores porque fossem homens impetuosos e ávidos dominadores. Aceitou-os tal qual eram, a despeito desses traços de caráter; ter-lhes-ia, porém, imposto responsabilidades dez vezes maiores, se tivessem sido humildes e subordinado sempre o espírito ao controle da razão. Embora os ministros de Cristo devam denunciar o pecado e a impiedade, a impureza e hipocrisia, embora algumas vezes sejam chamados a condenar o pecado entre os mais elevados bem como entre os humildes, expondo-lhes que a indignação de Deus cairá sobre os transgressores de Sua lei, por outro lado não lhes compete ser dominadores ou tirânicos; devem antes manifestar bondade e amor, uma disposição para salvar e não para destruir. T4 486 3 A longanimidade de Deus ensina aos pastores e membros da igreja, que aspiram ser cooperadores de Cristo, lições positivas de paciência e amor. Cristo associou Judas e o impulsivo Pedro a Si, não porque Judas fosse cobiçoso e Pedro impetuoso, mas para que dEle, seu grande Mestre, aprendessem a ser semelhantes a Ele: desinteressados, mansos e humildes de coração. Jesus descobriu traços bons nesses homens. Judas possuía talento financeiro e podia ter sido de grande utilidade à igreja, se tivesse aceitado a lição que dava Cristo, repreendendo todo egoísmo, fraude e avareza, mesmo nos negócios de pouca importância. Essas lições foram muitas vezes repetidas: "Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito." Lucas 16:10. T4 487 1 Nosso Salvador procurou deste modo convencer os ouvintes de que, se alguém tirasse proveito em defraudar o próximo nas coisas mínimas, também faria o mesmo em negócios mais importantes, se tivesse oportunidade. O menor deslize da estrita retidão destrói os obstáculos de ordem moral e predispõe o coração para injustiças maiores. Cristo nos ensinou, por preceito e exemplo, que nosso procedimento para com nossos semelhantes se deve caracterizar pela mais perfeita integridade. "Tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós." Mateus 7:12. Cristo constantemente destacava e reprovava a conduta errônea dos fariseus. Eles professavam guardar a lei de Deus, contudo os seus atos diários denunciavam a sua iniqüidade. Muitas viúvas e órfãos foram despojados do pouco que possuíam, a fim de satisfazer-lhes a avareza. Judas poderia ter aprendido essas lições, se no seu coração houvesse o desejo de ser reto; mas a avareza venceu e o amor ao dinheiro tornou-se poder dominante. Carregava a bolsa que continha os recursos a serem usados para levar avante a obra de Cristo e da qual, de vez em quando, retirava pequenas quantias para as empregar em proveito próprio. Seu coração egoísta se enfadou com a oferta de Maria, ao trazer esta um vaso de alabastro cheio de nardo puro para com ele ungir a Jesus, a ponto de repreendê-la por sua imprudência. Em vez de manifestar atitude de discípulo, considerou-se como mestre, propondo-se persuadir a Jesus da inconveniência daquele ato. T4 487 2 Esses dois homens desfrutaram igualmente das oportunidades e do privilégio que ofereciam as lições e o exemplo de Jesus, para se corrigirem dos seus defeitos de caráter. Enquanto ouviam Suas severas reprovações e denúncias contra a hipocrisia e a corrupção, percebiam que aqueles tão terrivelmente reprovados eram objeto de solícito e incansável esforço por sua regeneração. O Salvador chorou por causa de sua ignorância e dos seus erros. Movido de infinita compaixão e amor para com eles, exclamou para Jerusalém: "Quantas vezes quis Eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste!" Lucas 13:34. T4 488 1 Pedro era ativo e zeloso, firme e intransigente, e Cristo viu nele um elemento útil para a Sua igreja. Por isso ligou Pedro a Si, buscando cultivar nele o que tivesse de bom e valioso, e atenuar pelo Seu ensino e exemplo o que tinha de ríspido em seu temperamento, amenizando-lhe as asperezas de conduta. Se o coração estivesse verdadeiramente transformado pela graça divina, uma transformação exterior seria vista através de sincera bondade, simpatia e cortesia. Jesus nunca Se mostrou frio e inacessível. Os aflitos muitas vezes iam buscá-Lo no Seu retiro, quando Ele precisava descansar e restaurar-Se; contudo, Ele tinha um olhar bondoso e palavras encorajadoras para todos. Jesus foi o modelo da verdadeira cortesia. Pedro negou seu Senhor; mas depois arrependeu-se e foi profundamente humilhado por causa de seu grande pecado. Cristo, entretanto, mostrou que perdoara ao discípulo a falta cometida, fazendo menção especial de seu nome depois da ressurreição. T4 488 2 Judas cedeu às tentações de Satanás e traiu seu melhor Amigo. Pedro aprendia e aproveitava as lições de Cristo, e assim levou adiante a obra de reforma que foi deixada aos discípulos quando seu Senhor foi para o Céu. Esses dois homens representam as duas classes de pessoas que Cristo associa a Si, dando-lhes as oportunidades de Suas lições e o exemplo de Sua vida altruísta e compassiva, para que dEle possam aprender. T4 488 3 Quanto mais o homem contemplar seu Salvador e familiarizar-se com Ele, tanto mais assimilará Sua imagem e fará as Suas obras. A época em que vivemos está reclamando uma ação reformadora. A luz da verdade que brilha sobre nós requer homens de determinação e verdadeiro valor moral, a fim de diligente e perseverantemente atuarem em prol da salvação de todos os que atenderão ao convite do Espírito de Deus. T4 488 4 O amor que deve reinar entre os membros da igreja freqüentemente cede lugar à crítica e censura, que aparecem até mesmo nas atividades religiosas através de observações e severos ataques pessoais. Essas coisas não devem ser admitidas pelos pastores, anciãos ou pelo povo. As reuniões da igreja devem ser celebradas em honra exclusiva de Deus. Quando pessoas de disposições peculiares se reúnem no recinto da igreja, a menos que a verdade de Deus suavize e subjugue os rudes traços de caráter, a igreja será prejudicada e sua paz e harmonia sacrificadas pela condescendência com esses traços egoístas e não santificados. Muitos, movidos pelo zelo de descobrir as faltas dos irmãos, negligenciam o exame do próprio coração e a purificação da própria vida. Isso provoca o desagrado de Deus. Os membros devem zelar, individualmente, pela própria alma, vigiar com cuidado as próprias ações, a fim de não agirem movidos por motivos egoístas e se tornarem pedra de tropeço para os fracos. T4 489 1 Deus aceita os homens tais quais são, com seus naturais traços de caráter, e os prepara para o Seu serviço, contanto que estejam dispostos a deixar-se educar e a aprender dEle. As raízes de amargura, inveja, desconfiança, suspeita e mesmo ódio que existem no coração de alguns membros da igreja são obra de Satanás. Esses elementos têm influência deletéria sobre a igreja. "Um pouco de fermento faz levedar toda a massa." 1 Coríntios 5:6. O zelo religioso que se manifesta em ataques aos irmãos é sem entendimento. Cristo nada tem que ver com esses testemunhos. ------------------------Capítulo 44 -- Desonestidade na igreja T4 489 2 "O amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males." 1 Timóteo 6:10. Alguns que professam a verdade não suportam a tentação neste ponto. Entre mundanos nesta geração, os maiores crimes são perpetrados devido ao amor ao dinheiro. Se a riqueza não pode ser assegurada por meio de trabalho honesto, os homens recorrerão à fraude, ao engano e ao crime a fim de obtê-lo. A taça da iniqüidade está quase cheia e a justiça retributiva de Deus está para descer sobre os culpados. Viúvas são roubadas em seus escassos recursos por advogados e professos amigos interessados, e pobres são levados a sofrer pela falta de coisas indispensáveis à vida, por causa da desonestidade que é praticada a fim de satisfazer a extravagância. O terrível registro de crime em nosso mundo é suficiente para gelar o sangue e encher a alma de pavor; mas o fato de que mesmo entre aqueles que professam crer na verdade os mesmos males estão penetrando, os mesmos pecados praticados em maior ou menor grau, apela a uma profunda humilhação de alma. T4 490 1 O homem que sinceramente teme a Deus preferiria trabalhar noite e dia, sofrer privação e comer o pão da pobreza do que condescender com a obsessão pelo ganho que oprimiria a viúva e o órfão ou destituiria o estranho de seu direito. Os crimes que são cometidos por causa do amor à exibição e ao dinheiro transformam este mundo num covil de ladrões e salteadores e fazem os anjos chorarem. Mas os cristãos são peregrinos na Terra; estão em terra estranha, parando, por assim dizer, por apenas uma noite. Nosso lar está nas mansões que Jesus foi preparar-nos. Esta vida é apenas um vapor que se desfaz. T4 490 2 A aquisição de propriedade torna-se uma mania para alguns. Toda vez que a regra áurea é violada, Cristo é maltratado na pessoa de Seus santos. Toda vantagem tirada dos semelhantes, sejam eles santos ou pecadores, permanecerá como fraude no livro de registro do Céu. Deus planejou que nossa vida representasse a vida de nosso grande Modelo ao fazer o bem aos outros e ao cumprir uma parte santa na elevação do ser humano. Sobre esse trabalho paira verdadeira dignidade, e uma glória que nunca pode ser vista e percebida nesta vida, mas que será plenamente apreciada na vida futura. O registro de atos bondosos e ações generosas alcançará a eternidade. Exatamente na medida que o homem se beneficia à custa de seu semelhante, seu coração se tornará endurecido à influência do Espírito de Deus. O ganho assim obtido é uma perda terrível. T4 490 3 Tem havido homens em lugares importantes que não têm sido guardiães dos interesses dos outros. Eles têm estado inteiramente absorvidos em seus próprios interesses e negligenciado preservar a reputação da igreja. Têm sido egoístas e avarentos, não agindo com o objetivo único de glorificar a Deus. A igreja como um todo é, em certa medida, responsável pelos erros de cada um de seus membros, porque eles toleram o mal não levantando a voz contra ele. O favor de Deus não é desfrutado por várias razões. Seu Espírito é ofendido pelo orgulho, extravagância, desonestidade e fraude aos quais se entregam alguns que professam santidade. Todas essas coisas trazem o desagrado de Deus sobre o Seu povo. T4 491 1 A incredulidade e os pecados do antigo Israel foram apresentados perante mim, e vi que erros e iniqüidade semelhantes existem entre o moderno Israel. A pena da inspiração registrou os seus crimes para o benefício daqueles que vivem nestes últimos dias, para que possam evitar seu mal exemplo. Acã cobiçou e escondeu uma barra de ouro e uma boa veste babilônica, que foram tomados como espólio do inimigo. Mas o Senhor havia declarado a cidade de Jericó amaldiçoada e ordenado que as pessoas não tomassem despojos de seus inimigos para seu próprio uso. "Tão-somente guardai-vos das coisas condenadas, para que, tendo-as vós condenado, não as tomeis; e assim torneis maldito o arraial de Israel e o confundais. Porém toda prata, e ouro, e utensílios de bronze e de ferro são consagrados ao Senhor; irão para o tesouro." Josué 6:18, 19. T4 491 2 Mas Acã, da tribo de Judá, tomou o objeto amaldiçoado, e a ira do Senhor acendeu-se contra os filhos de Israel. Quando os exércitos de Israel saíram para combater o inimigo foram repelidos e tiveram de recuar e alguns deles foram mortos. Isto trouxe grande desânimo sobre o povo. Josué, o seu líder, ficou perplexo e confuso. Na maior humilhação, ele caiu sobre seu rosto e orou: "Ah! Senhor Jeová! Por que, com efeito, fizeste passar a este povo o Jordão, para nos dares nas mãos dos amorreus, para nos fazerem perecer? Tomara nos contentáramos com ficarmos dalém do Jordão. Ah! Senhor! Que direi, pois Israel virou as costas diante dos seus inimigos? Ouvindo isso, os cananeus e todos os moradores da terra nos cercarão e desarraigarão o nosso nome da terra; e, então, que farás ao Teu grande nome?" Josué 7:7-9. T4 492 1 A resposta do Senhor a Josué foi: "Levanta-te! Por que estás prostrado assim sobre o teu rosto? Israel pecou, e até transgrediram o Meu concerto que lhes tinha ordenado, e até tomaram do anátema, e também furtaram, e também mentiram, e até debaixo da sua bagagem o puseram." Josué 7:10, 11. Acã havia roubado aquilo que era reservado por Deus e colocado em Seu tesouro; e também dissimulou, porque quando viu o acampamento de Israel perturbado, não confessou a sua culpa; pois sabia que Josué havia repetido as palavras do Senhor ao povo, que se o povo se apoderasse daquilo que Deus havia separado, o acampamento de Israel seria perturbado. T4 492 2 Enquanto se regozijava em seu ganho adquirido impiamente, sua segurança foi despedaçada; ele fica sabendo que uma investigação deve ser feita. Isso o torna inquieto. Repete vez após vez para si mesmo -- o que eles têm a ver com isso? Eu sou responsável por meus atos. Ele, aparentemente, assume um semblante corajoso e da maneira mais convincente condena o culpado. Se tivesse confessado, teria sido salvo; mas o pecado endurece o coração, e ele continua a afirmar sua inocência. Em meio a tão grande multidão, pensa que escapará da investigação. Sortes são lançadas para descobrir o ofensor; a sorte cai sobre a tribo de Judá. O coração de Acã agora começa a pulsar com temor de culpa, pois ele é dessa tribo; mas ainda se vangloria de poder escapar. A sorte é lançada novamente e a família à qual pertence é apontada. Agora Josué pode ver estampada a culpa no pálido semblante. A sorte novamente é lançada e identifica o homem infeliz. Ali está ele em pé, apontado pelo dedo de Deus como o culpado que causou toda aquela perturbação. T4 492 3 Se quando Acã se deixou levar pela tentação tivesse sido indagado se desejava provocar tal derrota e morte no acampamento de Israel, ele teria respondido: "Não, não! É teu servo um cão para fazer tão grande maldade?" Mas ele se deteve na tentação para satisfazer a própria cobiça, e quando a oportunidade se apresentou, ele foi além daquilo que havia proposto em seu coração. É exatamente dessa maneira que membros individuais da igreja são imperceptivelmente levados a ofender o Espírito de Deus, a defraudar seus semelhantes e acarretar o desagrado de Deus sobre a igreja. Nenhum homem vive para si mesmo. Vergonha, derrota e morte foram levadas sobre Israel pelo pecado de um só homem. Aquela proteção que lhes havia abrigado a cabeça no dia da batalha foi retirada. Vários pecados que são praticados e acariciados por professos cristãos acarretam o desagrado de Deus sobre a igreja. No dia em que o livro de registro do Céu for aberto, o Juiz não expressará em palavras ao homem a sua culpa, mas lançará um olhar penetrante e convincente e todo ato e toda transação da vida estarão vividamente gravados sobre a memória do malfeitor. A pessoa não precisará, como no tempo de Josué, ser procurado de tribo a família, mas os próprios lábios confessarão sua vergonha, egoísmo, cobiça, desonestidade, dissimulação e fraude. Seus pecados, ocultos do conhecimento do homem, serão então proclamados, por assim dizer, do alto dos telhados. T4 493 1 A influência mais temida pela igreja não é a dos francos opositores, dos infiéis e blasfemos, mas a dos incoerentes professos seguidores de Cristo. Há aqueles que afastam de Israel as bênçãos de Deus e trazem fraqueza à igreja, reprovação que não é facilmente eliminada. Enquanto Josué permanecia com o rosto em terra, derramando sua alma a Deus em agonia de espírito e com lágrimas, a ordem de Deus foi uma reprovação: "Levanta-te! Por que estás prostrado assim sobre o teu rosto?" Josué 7:10. T4 493 2 As igrejas populares estão cheias de homens, que, embora apresentando uma pretensão de servir a Deus, são ladrões, assassinos, adúlteros e fornicadores; aqueles, porém, que professam nossa humilde fé reivindicam um padrão mais elevado. Eles devem ser cristãos bíblicos; devem ser diligentes no estudo do Decálogo da vida. De maneira cuidadosa e com oração devem examinar os motivos que os levam à ação. Aqueles que desejam colocar sua confiança em Cristo devem começar a estudar as belezas da cruz agora. Se desejam ser cristãos vivos, devem começar a temer e obedecer agora. Se quiserem, podem livrar sua alma da ruína e ter êxito em obter a vida eterna. T4 494 1 O costume de enganar nos negócios, que existe no mundo, não é exemplo para os cristãos. Eles não devem desviar-se da perfeita integridade, mesmo nas mínimas questões. Vender um artigo por preço maior do que seu valor, tirando vantagem da ignorância dos compradores, é fraude. Ganhos ilegais, pequenos truques em negócios, exagero, competição, oferecer uma quantia inferior a um irmão que está procurando fazer um negócio honesto -- essas coisas estão corrompendo a pureza da igreja e são prejudiciais à sua espiritualidade. T4 494 2 O mundo dos negócios não está fora dos limites do governo de Deus. O cristianismo não deve ser meramente mostrado no sábado e exibido no santuário; é para todos os dias da semana e todos os lugares. Seus reclamos devem ser reconhecidos e obedecidos na oficina de trabalho, no lar, nas transações comerciais com os irmãos e com o mundo. Para muitos, o mundanismo absorvente eclipsa o verdadeiro sentido da obrigação cristã. A religião de Cristo terá uma influência sobre o coração que controlará a vida. Homens possuindo o genuíno artigo da verdadeira religião, revelarão em todas as suas transações comerciais tão clara percepção do direito como quando oferecem suas súplicas diante do trono da graça. A vida, com todo o seu potencial, pertence a Deus e deve ser usada para promover a Sua glória, em vez de ser pervertida ao serviço de Satanás no defraudar nossos semelhantes. T4 494 3 Satanás tem sido o conselheiro de alguns. Ele lhes diz que se desejam prosperar devem atender a seu conselho: "Não sejam excessivamente conscienciosos a respeito de honra e honestidade; procurem dedicadamente o seu próprio interesse e não sejam levados pela piedade, suavidade e generosidade. Não precisam cuidar da viúva e do órfão. Não os encorajem a procurá-los e a depender de vocês; que eles cuidem de si mesmos. Não perguntem se têm alimento ou se vocês podem beneficiá-los com atenção bondosa e conscienciosa. Cuidem de si mesmos. Agarrem tudo quanto puderem. Roubem a viúva e o órfão e despeçam o estrangeiro de seu direito, e terão recursos para suprir suas várias necessidades." Alguns têm acatado este conselho e desprezado Aquele que disse: "A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo." Tiago 1:27. T4 495 1 Satanás oferece aos homens os reinos do mundo se lhe concederem a supremacia. Muitos fazem isso e perdem o Céu. Antes morrer do que pecar; é melhor passar necessidade do que defraudar; melhor passar fome do que mentir. Todos os que são tentados enfrentem Satanás com as palavras: "Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos Seus caminhos! Pois comerás do trabalho de tuas mãos, feliz serás, e te irá bem." Salmos 128:1, 2. Aqui está uma condição e uma promessa que serão inegavelmente cumpridas. Felicidade e prosperidade serão o resultado de servir ao Senhor. ------------------------Capítulo 45 -- Importância de domínio próprio T4 495 2 Irmã H: T4 495 3 Sei muito pouco de sua vida antes de você ter professado a Cristo; mas desde esse tempo não tem sido uma mulher verdadeiramente convertida; não tem representado corretamente a Cristo, o seu Mestre. Aceitou a teoria da verdade, mas tem deixado de ser santificada por ela. Não tem praticado domínio próprio, mas satisfeito seus desejos e caprichos em detrimento da saúde e da religião. Você se irrita com facilidade, e em vez de guardar rigorosamente suas palavras e ações, tem dado rédea solta às inclinações. A mente é controlada por Satanás ou por Jesus; e quando você não pratica domínio próprio, Satanás reina e a leva a fazer e dizer coisas que são inteiramente satânicas. Isso tem sido repetido tantas vezes que se tornou habitual. T4 495 4 Desde que tem estado a viver com seu atual marido, tem-se permitido tornar-se exasperada em questões muito insignificantes; e nessas ocasiões parece ter frenética obsessão, enquanto Satanás observa e ri com a miséria que você está acarretando a si mesma e àqueles a quem é seu dever tornar felizes. Seus filhos herdaram seus traços de caráter; e, além disso, estão diariamente copiando o seu exemplo de cega e exagerada obsessão, impaciência e irritação. T4 496 1 No coração humano há egoísmo e corrupção naturais, que somente podem ser vencidos pela mais completa disciplina e severa restrição; e mesmo então requererá anos de paciente esforço e zelosa resistência. Deus nos permite experimentar os males da pobreza e nos coloca em posições difíceis para que os defeitos de nosso caráter possam ser revelados e suas asperezas suavizadas. Todavia, após privilégios e oportunidades terem sidos concedidos por Deus, após luz e verdade terem sido trazidas ao entendimento, se as pessoas ainda buscam desculpas para sua deformidade de caráter e continuam em seu egoísmo e ciúmes, seu coração se torna como granito, tornando impossível ser reformado, exceto pelo cinzel, o martelo e o polimento do Espírito de Deus. T4 496 2 Foram-me mostradas sua vida e experiência quando pela primeira vez veio a _____. Sua conduta não era coerente; suas associações não eram corretas. Seu costume de visitar as cervejarias com os filhos não causou boa impressão sobre outros no que se refere a sua conduta moral. Esses são capítulos tristes em sua experiência. Tinha luz e conhecimento; mas suas inclinações e loucuras a separaram de Deus. T4 496 3 Muitos incidentes que ocorreram enquanto você estava morando em _____ me foram mostrados. Sua vontade forte e perversa desonrou a verdade que professava. Sua conduta perante o mundo não era justificável. A punição que sua filha recebeu na escola por desobediência voluntária foi exagerada em sua mente até que se tornou uma ofensa tão terrível que a levou a buscar a proteção da lei. O engano que ali praticou, seu exagero da verdade, foi uma lição muito perigosa à moral. Essas coisas permanecem registradas contra você nos livros do Céu. Você possui disposição obstinada e não humilhará seu coração para confessar um erro, mas justificará sua conduta perante os homens, sem levar em conta como isso se apresenta à vista de Deus. Pode admirar-se de que sob orientação tão enganosa, sua filha tenha se tornado o que é? Que influência podia tal orientação ter sobre a mente jovem, a não ser fazê-la sentir que ninguém tinha o direito de controlar sua perversa vontade? A semente semeada por sua própria mão brotou e produziu frutos que são muito amargos. T4 497 1 É movida de amor para com sua alma que me acho compelida a escrever-lhe no momento. Sinto-me opressa sob o peso da responsabilidade que tomo agora sobre mim, de escrever-lhe estas coisas. Está, pela sua conduta, fechando as portas do Céu diante de você mesma e de seus filhos; pois nem você nem eles ali entrarão com o caráter defeituoso que têm atualmente. Você está, minha irmã, jogando uma partida triste na vida, sem perspectivas de ganhá-la. Santos anjos a contemplam com tristeza, ao passo que anjos maus olham triunfantes ao verem como você está perdendo rapidamente as graças que adornam o caráter cristão, enquanto em lugar delas vai Satanás gravando seus próprios traços maus. T4 497 2 Você tem se entregado à leitura de romances e novelas a ponto de viver em um mundo imaginário. A influência dessa leitura é prejudicial tanto à mente como ao corpo; enfraquece o intelecto e ocasiona terrível sobrecarga às forças físicas. Ocasiões há em que sua mente possui sanidade precária, devido à imaginação ter sido superagitada e levada a um estado doentio pela leitura de ficção. A mente deve ser disciplinada por tal forma, que todas as suas faculdades sejam harmonicamente desenvolvidas. Determinado exercício poderá revigorar algumas dessas faculdades, deixando ao mesmo tempo outras sem desenvolvimento, de modo que sua utilidade ficará prejudicada. A memória sofre grande detrimento com as leituras mal escolhidas, as quais tendem a desequilibrar as faculdades de raciocínio, criam um estado de nervosismo, fadiga mental e prostração de todo o organismo. Caso a imaginação seja constantemente superalimentada e estimulada com literatura de ficção, torna-se em breve um tirano, controlando todas as outras faculdades da mente, fazendo com que o gosto se torne caprichoso e pervertendo as tendências. T4 498 3 Você é uma dispéptica mental. Sua mente tem-se abarrotado de conhecimentos de toda espécie -- política, história, teologia, anedotas -- dos quais apenas uma parte pode ser retida pela maltratada memória. Muito menos conhecimentos, em uma mente bem disciplinada, seria de proveito incomparavelmente maior. Você tem negligenciado exercitar a mente à ação enérgica; assim, a vontade e a inclinação a têm dominado e se assenhoreado de você, em vez de serem servas. E o resultado é perda de energia física e mental. T4 498 1 Por anos sua mente tem sido como uma fonte rumorejante, quase cheia de seixos e ervas daninhas, por onde a água corre em desperdício. Fossem suas faculdades regidas por desígnios elevados, e não seria a inválida que agora é. Imagina que deve ser satisfeita em seu caprichoso apetite e na leitura excessiva. Vi a lâmpada ardendo à meia-noite em seu quarto, enquanto tinha os olhos pregados em alguma história fascinante, estimulando dessa maneira o já superexcitado cérebro. Essa atitude lhe tem diminuído a resistência física e a enfraquecido mental e moralmente. A irregularidade tem criado desordem no lar e, caso assim continue, levará sua mente a imergir na imbecilidade. O período de graça que lhe é dado por Deus tem sido mal-empregado, desperdiçado o tempo que Ele lhe tem concedido. T4 498 2 Deus nos concede talentos a fim de serem usados sabiamente e não para serem mal-empregados. A educação não é senão um preparo das faculdades físicas, intelectuais e morais para o melhor desempenho de todos os deveres da vida. A leitura imprópria proporciona uma educação falsa. O poder de resistência e a força e a atividade do cérebro poderão ser diminuídos ou aumentados conforme são utilizados. Você tem uma obra a fazer para abandonar sua leitura leviana. Afaste-a de sua casa. Não tenha a tentação diante de si para perverter-lhe a imaginação, desequilibrar-lhe o sistema nervoso e arruinar seus filhos. Com o muito ler, você está se incapacitando para os deveres de esposa e mãe e, na realidade, desqualificando-se para fazer o bem em qualquer lugar. T4 498 3 A Bíblia não é estudada como devia; portanto, você não se torna sábia nas Escrituras, nem está perfeitamente preparada para toda boa obra. A leitura leviana fascina a mente e torna desinteressante a leitura da Palavra de Deus. Você busca fazer com que os outros creiam que é versada nas Escrituras; isto, porém, não pode ser, porquanto tem a mente entulhada de lixo. A Bíblia requer pesquisa atenta, apoiada por oração. Não basta deslizar sobre a superfície. Ao passo que algumas passagens são tão claras que não podem ser mal compreendidas, outras há que são mais complicadas, exigindo cuidadoso e paciente estudo. Qual precioso metal oculto nos montes e montanhas, suas gemas de verdade precisam ser procuradas e entesouradas na mente para uso futuro. Quem dera que todos exercitassem tão constantemente o espírito em buscar o ouro celeste como na procura do ouro que perece! T4 499 1 Quando pesquisar as Escrituras com fervoroso desejo de aprender a verdade, Deus lhe comunicará Seu Espírito ao coração e lhe impressionará a mente com a luz de Sua Palavra. A Bíblia é seu próprio intérprete, uma passagem explicando a outra. Mediante a comparação de textos referentes aos mesmos assuntos, você verá beleza e harmonia com que nunca sonhou. Não há nenhum outro livro cujo manuseio fortaleça e amplie, eleve e enobreça tanto o espírito, como o Livro dos livros. Seu estudo comunica novo vigor à mente, que é assim posta em contato com assuntos que exigem séria reflexão, sendo levada a Deus em oração em busca de poder para compreender as verdades reveladas. Uma vez que a mente seja deixada a lidar com matérias comuns, em vez de se aplicar a problemas profundos e difíceis, estreitar-se-á e baixará ao nível dos assuntos que contempla, perdendo finalmente seu poder de expansão. T4 499 2 O que deve ser mais deplorado com respeito a sua conduta é que seus erros e enganos estão sendo reproduzidos em seus filhos. I está se tornando absorvida em leitura; as faculdades mentais dela estão sendo prejudicadas permanentemente por seguir o seu exemplo. Ela não terá gosto nem aptidão para o estudo. Na infância a mente é impressionável. Que a boa semente seja lançada sobre bom terreno, e produzirá frutos para a vida eterna. T4 499 3 Os hábitos formados na juventude, conquanto possam na vida posterior ser um pouco modificados, na essência são raramente mudados. Sua vida inteira tem sido moldada pelo legado de caráter que lhe foi transmitido no nascimento. O temperamento perverso de seu pai é visto nos filhos dele. A graça de Deus pode vencer essas tendências más; mas que batalha precisa ser empreendida! Assim é com os seus filhos. Você condescende com eles como condescende consigo mesma. Não tem força para negar ao apetite o que você deseja e coloca terrível carga sobre seus órgãos digestivos. Nenhuma mulher pode ter boa saúde e entregar-se a seu capricho como faz. T4 500 1 O mesmo é verdade quanto a seus filhos. A disciplina errada da mãe quando tem sido capaz de cuidar deles e por serem deixados tanto tempo sem os cuidados dela, quase os arruinou. Contudo, mesmo agora uma conduta firme e sem desvios produzirá grande melhoria neles; eles não estão fora de controle, embora seja bastante difícil fazer deles o que poderiam ter sido, caso os pais agissem corretamente. Se desejar, a mãe pode ver o resultado da conduta que seguiu ou pode corrigir-se e tentar desfazer o erro. O caminho no qual seus filhos estão agora entrando pode conduzi-los à virtude ou ao vício, à honra ou à infâmia, ao Céu ou ao inferno. A influência de uma mãe de oração e temente a Deus perdurará pela eternidade. Ela pode morrer, mas sua obra permanecerá. T4 500 2 Irmão e irmã H, nenhum de vocês percebe a triste condição de seus filhos. O irmão H tem negligenciado tomar uma posição decidida para controlá-los. O garotinho, em grande medida, governa a casa. Seus dois filhos mais velhos foram orientados de maneira totalmente errada. Embora às vezes o irmão H fosse demasiado severo e exigente, requerendo deles aquilo que não exigiria de seus próprios filhos, a sua conduta, irmã H, foi ainda pior. Tomou o partido dos filhos na presença deles e acendeu-lhes no coração o sentimento de vingança. Deu-lhes lições de insubordinação e falou desrespeitosamente de seu marido perante eles. Tal conduta os levou a desprezar a restrição. Uma impressão indelével foi assim colocada sobre a mente deles. T4 500 3 Agora você está começando a ver em seu filho mais velho os resultados dessa educação; contudo, está realizando a mesma obra, em grande extensão, com os filhos que Deus desde então confiou ao seu cuidado. Seu espírito incoerente e incontrolável é como um veneno insidioso introduzido no organismo; seus amargos resultados aparecerão mais cedo ou mais tarde. Sua marca está sendo feita, não sobre areia, mas sobre rocha; e nos anos posteriores testificará de sua obra. T4 501 1 Minha irmã, você não tem consciência sensível. Deve considerar cuidadosamente que hábitos está formando e orar fervorosamente para que seu caráter pervertido possa ser lavado de sua contaminação, no sangue do Cordeiro. A consciência precisa ser iluminada, as paixões restringidas e o amor da verdade acariciado na alma, antes que você possa ver o reino de Deus. T4 501 2 Durante toda sua vida você tem necessitado de princípios firmes e resolutos. Satanás está ainda ao seu encalço. Sua única esperança agora está em total conversão a Deus. Não seja enganada, pois "Deus não Se deixa escarnecer". Gálatas 6:7. Se o seu tempo de graça se encerrasse hoje, eu não teria esperança de que você fosse salva. Sua própria saúde física, mental e moral depende de um apropriado controle de seu temperamento. Sem dúvida, você enfrentará coisas que irão exacerbar o seu espírito e testá-la severamente; mas o domínio próprio pode ser seu na força de Jesus. Salomão coloca aquele que se controla como vencedor na batalha. "Melhor é o longânimo do que o herói da guerra, e o que domina o seu espírito, do que o que toma uma cidade." Provérbios 16:32. T4 501 3 Por permitir-se ficar indevidamente irritada, você estabeleceu uma condição de coisas em seu organismo que irá, a menos que seja mudado, custar-lhe a vida. Você maltrata seu marido; diz-lhe coisas que nenhuma esposa deveria ser culpada de dizer. Tem procedido mal vez após outra, indo a ponto de ser culpada de deliberadas falsidades para alcançar os seus fins. Determinação de fazer a própria vontade a todo o custo é uma característica dominante de sua família. T4 501 4 O procedimento do irmão H não tem sido o que deveria. Seus gostos e aversões são muito fortes e ele não tem conservado os próprios sentimentos sob controle da razão. Irmão H, sua saúde está grandemente prejudicada por comer em excesso e em horas impróprias. Isto causa um afluxo de sangue para o cérebro. A mente torna-se confusa, e você não tem o devido controle sobre si mesmo. Dá a impressão de um homem cuja mente esteja desequilibrada. Tem gestos violentos, irrita-se facilmente e vê as coisas sob uma luz exagerada e pervertida. Bastante exercício ao ar livre e um regime abstêmio são essenciais à sua saúde. Você não deve tomar mais de duas refeições ao dia. Se sente que deve comer à noite, tome um pouco de água fria, e de manhã se sentirá muito melhor por não haver comido. T4 502 1 Não deve permitir a seus filhos que comam doces, frutas, nozes ou qualquer outro alimento entre as refeições. Duas refeições ao dia será para eles melhor do que três. Se os pais derem o exemplo e agirem dirigidos pelo princípio, os filhos logo os acompanharão. Irregularidades no comer destroem a condição sadia dos órgãos digestivos e, quando seus filhos vêm à mesa, não lhes apetece o alimento saudável; seu apetite anseia por aquilo que lhes é mais prejudicial. Muitas vezes eles têm sofrido febre e calafrios devidos ao comer de modo impróprio, sendo os pais os culpados de sua doença. É dever dos pais cuidar que os filhos formem hábitos conducentes à saúde, poupando-se assim muito aborrecimento. T4 502 2 O irmão H está em perigo de sofrer apoplexia e, se continuar a desobedecer às leis de saúde, sua vida será subitamente encurtada. Como família, vocês podem ser felizes ou infelizes. Fica ao seu encargo. Seu próprio procedimento determinará o futuro. Ambos precisam abrandar as agudas arestas de seu caráter e só proferir palavras das quais não terão que se envergonhar no dia de Deus. Tornem uma regra em sua vida seguir diretamente no caminho do dever. Em desafio às numerosas tentações que os assaltam, sejam verdadeiros a uma boa consciência e a Deus, e o seu caminho será tornado plano para os seus pés. Podem discordar acerca de coisas pequeninas que não merecem discussão e o resultado será aborrecimento. A vereda do justo é vereda de paz. É tão clara que o homem humilde, temente a Deus nela pode andar sem tropeçar e sem fazer trilhos tortuosos. É vereda estreita; mas homens de temperamentos vários podem andar lado a lado, contanto que sigam o Capitão de sua salvação. Aqueles que desejam carregar consigo todos os seus maus traços de caráter e hábitos egoístas não podem caminhar nesse caminho, pois ele é muito estreito e apertado. T4 503 1 Que esforços o grande Pastor faz para chamar as Suas ovelhas pelo nome e convidá-las a seguir os Seus passos. Ele busca os errantes. Ele acende a luz de Sua Palavra para mostrar-lhes o seu perigo. Fala-lhes do Céu através de advertências, repreensões e em convites para retornarem ao caminho certo. Busca ajudar os errantes por Sua presença e erguê-los quando caem. Mas muitos têm seguido o caminho do pecado por tanto tempo que não ouvirão a voz de Jesus. Deixam tudo que lhes pode dar descanso e segurança; submetem-se a um falso guia e presunçosamente se apressam em cega autoconfiança, desviando-se para mais e mais longe da luz e da paz, da felicidade e descanso. T4 503 2 Imploro-lhe que atente para a luz que Deus tem dado, e se corrija. A cruz de Cristo é nossa única esperança. Ela nos revela a grandeza do amor de nosso Pai e o fato de que a Majestade do Céu Se submeteu a insulto, zombaria, humilhação e sofrimento pela alegria de ver almas que estavam prestes a perecer salvas em Seu reino. Se você amar seus filhos, faça com que seu principal estudo seja prepará-los para a vida futura e imortal. Com as infelizes inclinações que agora possuem, eles nunca verão o paraíso de Deus. Trabalhe enquanto é dia; redima o tempo e ganhe a coroa de glória imortal. Salve a si mesma e à sua família, pois a salvação da alma é preciosa. ------------------------Capítulo 46 -- Casamentos não-bíblicos T4 503 3 Vivemos nos últimos dias, quando a mania do assunto matrimonial constitui um dos sinais da breve vinda de Cristo. Deus não é consultado nessas questões. A religião, o dever e os princípios são sacrificados a fim de satisfazer aos impulsos do coração não consagrado. Não deve haver grande ostentação e regozijo sobre a união dos nubentes. Não há um casamento em cem que resulte em felicidade, tenha a aprovação de Deus e coloque os cônjuges em condições de melhor O glorificarem. Inúmeras são as más conseqüências de maus casamentos. São contraídos por impulso. Mal se pensa em obter uma visão sincera do assunto, e a consulta com as pessoas de experiência é considerada coisa antiquada. T4 504 1 Impulso e paixão profana, eis o que ocupa o lugar do amor puro. Muitos põem em risco a própria alma, e trazem sobre si a maldição de Deus por entrarem nas relações conjugais unicamente para satisfazer à fantasia. Foram-me mostrados casos de pessoas que professam a verdade, e cometeram grande erro casando-se com incrédulos. Foi por eles nutrida a esperança de que a parte não crente havia de abraçar a verdade; mas uma vez que essa parte conseguiu seu objetivo, a pessoa fica mais afastada da verdade que antes. Começam então as sutis atuações, os contínuos esforços do inimigo para desviar o crente da fé. T4 504 2 Muitos há que estão perdendo o interesse e a confiança na verdade por terem entrado em íntimo contato com incrédulos. Respiram uma atmosfera de dúvida, desconfiança e infidelidade. Têm a incredulidade diante dos olhos e dos ouvidos, e afinal a acalentam. Alguns talvez resistam a essas influências; em muitos casos, porém, sua fé fica imperceptivelmente minada, destruída afinal. Satanás foi então bem-sucedido em seus planos. Atuou tão sorrateiramente por meio de seus instrumentos, que as barreiras da fé e da verdade foram derribadas antes de os crentes terem qualquer idéia da situação em que se encontravam. T4 504 3 Coisa perigosa é formar uma aliança mundana. Bem sabe Satanás que o momento que testemunha o casamento de muitos rapazes e moças, põe um ponto final em sua história religiosa, em sua utilidade nesse sentido. Acham-se perdidos para Cristo. Poderão, por algum tempo, fazer um esforço para viver a vida cristã; todos esses esforços, no entanto, são feitos contra decidida corrente em sentido contrário. Outrora era para eles um privilégio e prazer falar acerca de sua fé e esperança; chegam, porém, a relutar para mencionar tal assunto, sabendo que aquele com quem uniram o destino não tem nenhum interesse no mesmo. Em conseqüência, perece no coração a fé na preciosa verdade, e Satanás tece traiçoeiramente em torno deles uma rede de ceticismo. T4 505 1 Ao se levar a excessos aquilo que é permitido, comete-se um grave pecado. Os que professam a verdade espezinham a vontade de Deus ao desposar incrédulos; perdem-Lhe o favor e tornam difícil a obra do arrependimento. O incrédulo poderá ser dotado de excelente caráter moral; o fato, porém, de que ele ou ela não atendeu às reivindicações de Deus, e negligenciou tão grande salvação, é razão suficiente para que se não consume tal união. O caráter do incrédulo talvez seja semelhante ao do jovem a quem Jesus dirigiu as palavras: "Uma coisa te falta" (Lucas 18:22); essa era a coisa necessária. T4 505 2 Alega-se por vezes que o incrédulo é favorável à religião, e é tudo quanto se poderia desejar para um companheiro, a não ser uma coisa: não ser cristão. Se bem que o melhor discernimento do crente lhe sugira ser inconveniente unir-se para toda a vida com uma pessoa que não partilha da fé, todavia, em nove casos de cada dez triunfa a inclinação. O declínio espiritual começa no momento em que se proferem os votos no altar; o fervor religioso é arrefecido e vão sendo derribadas uma após outra as fortalezas, até que se encontram ambos unidos sob a negra bandeira de Satanás. Mesmo nos festejos do casamento, o espírito mundano triunfa sobre a consciência, a fé e a verdade. No novo lar não é respeitada a hora da oração. A noiva e o noivo preferiram-se um ao outro e despediram a Jesus. T4 505 3 A princípio talvez o incrédulo não manifeste oposição; quando, porém, é apresentado à sua atenção o assunto da verdade bíblica, para que o considere, ergue-se imediatamente o sentimento: "Você casou comigo sabendo que eu era o que sou; não quero ser incomodado. Daqui em diante fique entendido que são proibidas as conversas sobre seus peculiares pontos de vista." Caso o crente manifestasse qualquer zelo especial com relação a sua fé, pareceria descortês para com aquele que não toma nenhum interesse na vida cristã. T4 506 1 O crente raciocina que em seu novo relacionamento tem de conceder alguma coisa ao companheiro de sua escolha. São patrocinados entretenimentos sociais, mundanos. A princípio com grande relutância de sentimentos por parte do crente ao fazer isto, mas depois o interesse na verdade vai se tornando cada vez menor, e a fé se transforma em dúvida e incredulidade. Ninguém haveria suspeitado que aquele outrora firme e consciencioso crente e consagrado seguidor de Cristo se pudesse tornar um dia duvidoso e vacilante. Oh! que mudança ocorrida por aquele casamento imprudente! T4 506 2 Que deve fazer todo cristão quando levado à difícil situação que prova a solidez dos princípios religiosos? Com firmeza digna de imitação, deve ele dizer francamente: "Sou cristão consciencioso. Creio que o sétimo dia da semana é o sábado bíblico. Nossa fé e princípios são tais, que levam a direções opostas. Não nos é possível ser felizes juntos, pois se prossigo em adquirir mais perfeito conhecimento da vontade de Deus, tornar-me-ei mais e mais diferente do mundo e mais me assemelharei a Cristo. Se você continua a não ver beleza em Jesus, nenhuma atração na verdade, amará o mundo, que eu não posso amar, ao passo que eu me deleitarei nas coisas de Deus que você não pode apreciar. As coisas espirituais "se discernem espiritualmente". 1 Coríntios 2:14. Sem discernimento espiritual, você será incapaz de ver os direitos que Deus tem sobre mim, ou de avaliar minhas obrigações para com o Mestre a quem sirvo; então você achará que negligencio você por causa de meus deveres religiosos. Você não se sentirá feliz; terá ciúmes da afeição que consagro a Deus; e sentir-me-ei só em minha crença religiosa. Quando seus pontos de vista mudarem, quando seu coração atender aos reclamos de Deus e você aprender a amar a meu Salvador, então poderemos reatar nosso relacionamento." T4 506 3 O crente faz então por Cristo um sacrifício que sua consciência aprovará, e que mostra que ele valoriza a vida eterna demasiado alto para correr o risco de perdê-la. Sente que é melhor permanecer solteiro do que ligar seus interesses por toda a vida com uma pessoa que prefere o mundo a Jesus, e que o levaria para longe da cruz de Cristo. Mas o perigo de dedicar afeto aos incrédulos não é avaliado. Na mente juvenil, o casamento se acha revestido de romance e difícil é despojá-lo desse aspecto com que a imaginação o envolve, e impressionar a mente com o senso das pesadas responsabilidades compreendidas nos votos matrimoniais. Esses votos ligam os destinos de duas pessoas com laços que coisa alguma, senão a mão da morte, deve desatar. T4 507 1 Há de uma pessoa que está em busca da glória, honra, imortalidade e vida eterna formar união com outra que se recusa a entrar na fileira com os soldados da cruz de Cristo? Haverá você, que professa escolher a Cristo como seu mestre e ser-Lhe obediente em tudo, unir seus interesses com uma pessoa que é controlada pelo príncipe dos poderes das trevas? "Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?" Amós 3:3. "Se dois de vós concordarem na Terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por Meu Pai, que está nos Céus." Mateus 18:19. Quão estranho, porém, o que se nos depara! Enquanto um daqueles que se acham tão estreitamente unidos está empenhado em devoção, o outro vive indiferente e descuidoso; ao passo que um busca o caminho da vida eterna, o outro segue a estrada larga que conduz à morte. T4 507 2 Centenas de pessoas têm sacrificado a Cristo e ao Céu em conseqüência de haverem desposado um inconverso. Acaso pode ser que o amor e o companheirismo com Cristo seja de tão pouco valor para eles, que prefiram a companhia de pobres mortais? É o Céu tão pouco estimado que estejam dispostos a arriscar esse prêmio por alguém que não sente amor algum para com o precioso Salvador? T4 507 3 A felicidade e o êxito da vida de casados depende da união dos cônjuges. Como pode a mente carnal se harmonizar com a mente semelhante à de Cristo? Um semeia na carne, pensando e agindo em harmonia com os impulsos do próprio coração; o outro semeia no Espírito, reprimindo o egoísmo, vencendo as inclinações e vivendo em obediência ao Mestre, a quem professa servir. Existe, portanto, eterna diferença de gostos, inclinações e desígnios. A menos que o crente, mediante sua firme adesão aos princípios, conquiste o impenitente, há de, como é o mais comum, ficar desanimado e vender seus princípios religiosos pela desvaliosa companhia de alguém que não tem ligação com o Céu. T4 508 1 Deus proibiu rigorosamente o intercâmbio matrimonial de Seu povo com outras nações. Alega-se agora que essa proibição foi feita a fim de impedir os hebreus de casarem com idólatras e formarem ligações com famílias pagãs. Os pagãos, no entanto, achavam-se em condições mais favoráveis do que os impenitentes desta geração, os quais, tendo a luz da verdade, ainda se recusam persistentemente a aceitá-la. O pecador de hoje é incomparavelmente mais culpado que os gentios, pois a luz do evangelho brilha claramente ao seu redor. Ele viola a consciência e é inimigo deliberado do Senhor. O motivo indicado por Deus para proibir esses casamentos, foi: "Pois... fariam desviar teus filhos de Mim." Deuteronômio 7:4. Aqueles, dentre o antigo Israel, que se arriscaram a desprezar a proibição divina, fizeram-no com sacrifício dos princípios religiosos. Tomem o caso de Salomão como exemplo. Suas mulheres lhe desviaram de Deus o coração. ------------------------Capítulo 47 -- Os pobres do Senhor T4 508 2 Foi-me mostrado que o nosso povo que vive em Battle Creek não aprecia os cuidados e responsabilidades que repousam sobre aqueles que estão no centro da obra. Permitem que os membros de sua igreja que não são capazes de se sustentar venham para Battle Creek, julgando que podem obter trabalho em nossas instituições. Não escrevem primeiro para assegurar-se de que há vaga para eles; mas aglomeram-se na igreja, e descobrem, após o pedido, que já há um excesso de pessoas empregadas, muitas das quais são tão necessitadas quanto eles próprios. Foram admitidos por misericórdia, e ainda são mantidos, não porque sejam de grande préstimo à instituição, mas porque necessitam tanto. T4 509 1 Há famílias residentes em Battle Creek que viram essas instituições crescendo, que necessitam e são dignas de emprego nelas, mas que não conseguem obtê-lo porque muitos de longe sofrerão se não forem empregados. Isso traz sobre a igreja e essas instituições responsabilidades de perplexidade em saber como tratar todos esses casos com sabedoria, sem ofender ninguém e mostrar misericórdia para com todos. Nossas instituições têm sofrido perda por buscar ajudar esses casos; pois freqüentemente os solicitantes não gozam de boa saúde, e, portanto, não podem depender deles. Caso seus lugares fossem ocupados por obreiros capazes e eficientes, economizariam uma boa soma para a causa de Deus. T4 509 2 É o dever de toda a igreja sentir interesse por seus próprios pobres. Todavia, muitos egoístas ficaram satisfeitos por terem os seus membros pobres se mudado para Battle Creek; pois então não lhes seria exigido ajudar a sustentá-los. A igreja de Battle Creek gasta a cada ano de cem a quinhentos dólares para o sustento dos pobres e doentes, cujas famílias devem sofrer a menos que sejam sustentadas pela caridade. Deus não ficaria satisfeito em ter esta igreja permitido que os pobres entre eles sofram pelas necessidades da vida; portanto, há uma contínua pressão sobre os fundos daqueles que estão no coração da obra. T4 509 3 Nossos irmãos precisam conservar seus pobres no lugar onde vivem, e livrar a igreja de Battle Creek do encargo daqueles que já estão ali. Eles poderiam realizar muito mais do que agora fazem pelos pobres ao fornecer-lhes trabalho, e assim os auxiliando a ajudar a si mesmos. Seria muito melhor empregar essas pessoas em seus negócios temporais do que enviá-las ao grande coração da obra, e permitir que a causa de Deus seja sobrecarregada por essa ineficiente classe de obreiros. Somente homens e mulheres de cultura e de força mental e física, zelosos, que se acostumaram a usar o próprio cérebro em vez do cérebro de outros são necessários em Battle Creek. Julgariam aconselhável, meus irmãos, preencher as posições de responsabilidade com pessoas que são incompetentes para obter o sustento nos negócios comuns da vida? T4 509 4 Há jovens, homens e mulheres, que precisam ser ensinados a empregar sua habilidade exatamente onde estão. Este não é um dever agradável; mas todas as igrejas são responsáveis por seus membros individualmente e não devem permitir que uma classe, que não pode obter o sustento onde estão no campo, mude-se para Battle Creek. Irmãos no campo possuem propriedades e podem cultivar os próprios suprimentos. É, portanto, muito menos dispendioso para os pobres serem sustentados no campo, onde as provisões são baratas, do que fazê-los mudar para Battle Creek, onde, em vez de ajudarem a igreja e nossas instituições, os recursos devem ser continuamente tirados do tesouro para ajudá-los. Aqueles que vivem na cidade têm que comprar quase todas as suas provisões, e custa alguma coisa cuidar dos pobres. T4 510 1 Irmãos em igrejas menores, se Deus deixou uma obra para cumprirem no cuidado de seus pobres, no conforto aos desanimados, na visita aos doentes, na atenção aos necessitados, não sejam tão liberais para querer que a igreja de Battle Creek receba todas as bênçãos dessa obra. Vocês serão justificados em cobiçar as bênçãos que Deus tem prometido àqueles que cuidam dos pobres e simpatizam com o sofrimento. T4 510 2 Deve haver um fundo de caridade levantado para atender às necessidades dos pobres que têm permissão de ir para Battle Creek. Cada ano o hospital despende milhares de dólares com pacientes da assistência social; mas quem aprecia esse grande desgaste sobre a instituição? Ninguém cujo nome está no livro da igreja deveria ser deixado a sofrer ano após ano de doença, quando uns poucos meses no hospital lhe daria alívio e uma valiosa experiência de como cuidar de si mesmo e de outros quando estiverem doentes. Todas as igrejas devem sentir como dever bíblico que recai sobre elas cuidar de seus pobres e doentes merecedores. T4 510 3 Quando um digno filho de Deus precisa do benefício do hospital e pode pagar apenas uma pequena quantia de suas despesas, que a igreja faça sua nobre parte e assuma a conta. Alguns podem não ser capazes de pagar nada, mas não se deve permitir que continuem a sofrer por causa do egoísmo. Vocês devem enviá-los ao hospital, e também assumir o compromisso e enviar o dinheiro com eles para pagarem as despesas. Ao fazer isso, vocês obterão preciosa bênção. Custa dinheiro manter tal instituição, e não deve ser exigido que os doentes sejam tratados de graça. Se a soma que esta instituição tem gasto com pacientes de assistência social fosse reembolsada, a instituição poderia fazer muito mais para ser aliviada das dificuldades atuais. T4 511 1 Irmãos, não deixem a responsabilidade de seus pobres sobre as pessoas e instituições de Battle Creek, mas assumam nobremente a obra e realizem o seu dever. Renunciem algumas coisas em suas casas ou em seu vestuário, e coloquem de lado em algum lugar seguro uma importância para os pobres necessitados. Que os seus dízimos e ofertas de gratidão a Deus não sejam de menos, mas em excesso. Deus não propõe prodigalizar recursos do Céu com os quais sustentar os pobres, mas tem colocado os Seus bens nas mãos de agentes. Eles devem reconhecer a Cristo na pessoa de Seus santos. E o que fazem para Seus filhos sofredores, fazem para Ele; pois Ele identifica Seus interesses com os da humanidade sofredora. T4 511 2 Deus convida os jovens a renunciarem a ornamentos e artigos de vestuário desnecessários, mesmo quando quase nada custem, e a depositarem esta quantia na caixa de caridade. Ele apela também a pessoas de mais idade a que se detenham quando estão examinando um relógio ou corrente de ouro ou algum artigo caro de mobiliário, e façam a si mesmos a pergunta: Seria correto gastar tão grande soma em algo de que não necessitamos, ou quando um artigo mais barato serve igualmente para o mesmo fim? Negando a si mesmos e exaltando a cruz de Jesus, que por amor de vocês Se fez pobre, podem fazer muito para aliviar os sofrimentos dos pobres dentre nós; e por assim imitar o exemplo de seu Senhor e Mestre, receberão Sua aprovação e bênção. ------------------------Capítulo 48 -- A causa em Battle Creek T4 511 3 Muitos que vieram a Battle Creek não vieram com o propósito de assumir responsabilidades. Não vieram porque sentem qualquer ansiedade especial pela prosperidade da causa ali, mas pelos próprios interesses, porque desejam obter vantagens. Esperam assegurar os benefícios provindos das instituições ali localizadas, sem assumirem quaisquer responsabilidades. T4 512 1 Alguns que se fixaram em Battle Creek a fim de terem oportunidade mais favorável de se beneficiar, são culpados de egoísmo, e mesmo de fraude, no trato com nossos irmãos que vieram de longe. Se houver quaisquer vantagens a serem obtidas, nossas instituições deviam recebê-las, e não esses indivíduos que nada fizeram para levantá-las, e que somente têm por elas um interesse egoísta. Muitos que vêm a Battle Creek não são nenhuma força, do ponto de vista religioso, à causa. No coração se assemelham a Coré, Datã, Abirão; e se uma oportunidade favorável se apresentar, seguirão o exemplo daqueles homens ímpios. É verdade que suas transações fraudulentas podem ser ocultas dos olhos de seus irmãos em geral, mas Deus assinala a sua conduta, e finalmente os recompensará segundo as suas obras. T4 512 2 Alguns que há muito têm estado em Battle Creek, e que deviam ser homens responsáveis, estão ocupando posições de confiança apenas nominalmente. Têm se tornado guardiães de nossas instituições; contudo, sua conduta revela que não têm interesse especial nelas nem com elas se preocupam. Seus pensamentos centralizam-se em si mesmos. Se devêssemos julgá-los por suas obras, decidiríamos que consideram as próprias energias por demais preciosas para serem exercidas em favor desses instrumentos de Deus, a menos que possam assegurar vantagens temporais para si mesmos. Esses estão negligenciando guardar o forte, não porque não podem fazê-lo, mas porque são condescendentes e estão satisfeitos em embalar-se para dormir no berço da segurança carnal. T4 512 3 Homens que tornam o seu alvo e objetivo na vida agradar-se e beneficiar-se não devem permanecer neste importante posto. Não têm direito de ali estar; pois colocam-se diretamente no caminho da obra de Deus. Aqueles que negligenciam os pobres do Senhor, que não sentem responsabilidade pelas viúvas e órfãos, não tornam esses casos de especial interesse e trabalho para ver a justiça e eqüidade entre o homem e seu semelhante, são culpados de negligenciar a Cristo na pessoa de Seus santos, porque não investigam a respeito da causa que desconhecem. Eles não têm responsabilidades e não fazem esforço para sustentar o direito. Se a mais dedicada vigilância não for manifesta no grande coração da obra para proteger os interesses da causa, a igreja se tornará tão corrupta quanto as igrejas de outras denominações. T4 513 1 Todos que vivem em Battle Creek terão terrível contas a prestar a Deus se tolerarem o pecado em um irmão. É fato alarmante que a indiferença, a sonolência e a apatia tenham caracterizado homens em posições de responsabilidade, e haja crescente aumento de orgulho e alarmante desconsideração às advertências do Espírito de Deus. As barreiras que a Palavra de Deus coloca em torno de Seu povo estão sendo despedaçadas. Homens que estão familiarizados com a forma em que Deus conduziu o Seu povo no passado, em vez de indagar sobre os antigos caminhos e defenderem nossa posição como povo peculiar, têm unido mãos com o mundo. O aspecto mais alarmante no caso é que as vozes de advertência não têm sido ouvidas em protestos, apelos e advertências. Os olhos do povo de Deus parecem estar cegados, enquanto a igreja rapidamente se afasta para o conduto de mundanismo. T4 513 2 Deus não deseja homens débeis protegendo os interesses de Suas instituições e da igreja, mas homens ativos e atuantes -- homens que tenham habilidades e percepção rápida -- homens que tenham olhos e os usem para poderem ver, e coração suscetível às influências de Seu Espírito. Ele requer dos homens uma estrita prestação de contas na guarda dos interesses de Sua causa em Battle Creek. T4 513 3 Há alguns em Battle Creek que nunca se submeteram plenamente à reprovação. Eles tomaram um rumo de sua própria escolha. Têm sempre em maior ou menor grau exercido influência contra aqueles que se levantam para defender o direito e reprovar o erro. A influência dessas pessoas sobre indivíduos que aqui vêm, e que são postos em contato com eles como hospedeiros, é muito má. Eles enchem a mente desses recém-chegados com questionamentos e dúvidas a respeito dos testemunhos do Espírito de Deus. Dão falsas interpretações aos Testemunhos; e em vez de levar pessoas a se tornarem consagradas a Deus e ouvirem a voz da igreja, eles as ensinam a serem independentes e não se preocuparem com as opiniões e julgamento dos outros. A influência dessa classe tem estado secretamente em atuação. Alguns são inconscientes do prejuízo que estão causando; mas, sendo sem consagração, orgulhosos e rebeldes, conduzem outros no caminho errado. Uma atmosfera venenosa é respirada por esses indivíduos não consagrados. O sangue das almas está nas vestes desses, e Cristo lhes dirá no dia do acerto final: "Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniqüidade." Mateus 7:23. Eles ficarão espantados; mas sua professa vida cristã foi um engano, uma fraude. T4 514 1 Se todos em Battle Creek fossem fiéis à luz que Deus lhes tem dado, leais aos interesses da igreja, reconhecendo o valor das almas pelas quais Cristo morreu, uma influência diferente seria exercida. Vemos, porém, sendo repetida aqui em grande escala a experiência dos filhos de Israel. Ao estar o povo perante o Monte Sinai, ouvindo a voz de Deus, ficou tão grandemente impressionado com Sua sagrada presença que recuou em terror, e clamou a Moisés: "Fala tu conosco, e ouviremos; e não fale Deus conosco, para que não morramos." Êxodo 20:19. Ali diante do monte fizeram votos solenes de fidelidade a Deus; mas mal haviam os trovões, a trombeta e a voz do Senhor cessado, estavam curvados sobre os joelhos diante de um ídolo. O seu líder havia sido chamado para longe de seus olhos e envolvido numa densa nuvem, em conversação com Deus. T4 514 2 O companheiro de atividades de Moisés, que foi deixado com a solene incumbência do povo em sua ausência, ouviu as pessoas expressando queixa de que Moisés as havia deixado, e expressando o desejo de retornarem ao Egito; contudo, com medo de ofender as pessoas, ele ficou em silêncio. Não se levantou ousadamente por Deus, mas para agradar as pessoas preparou um bezerro de ouro. Ele parecia estar adormecido à evidência do mal. Quando as primeiras palavras rebeldes foram proferidas, Arão poderia tê-las impedido; estava, porém, tão temeroso de ofender o povo que aparentemente se uniu a eles e foi finalmente persuadido a fazer um bezerro de ouro para que adorassem. T4 515 1 Pastores devem ser vigias fiéis, vendo os males e advertindo o povo. Os perigos do povo devem ser-lhes continuamente apresentados com insistência. A exortação dada a Timóteo foi: "Redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina." 2 Timóteo 4:2. T4 515 2 Tem havido relações matrimoniais formadas em Battle Creek com as quais Deus nada tem a ver. Casamentos têm sido mal escolhidos em alguns casos, e imaturos em outros. Cristo nos tem advertido que esse estado de coisas existiria antes de Seu segundo aparecimento. Constitui um dos sinais dos últimos dias. Uma condição semelhante de coisas existiu antes do dilúvio. A mente do povo foi enfeitiçada na questão do casamento. Quando há tanta incerteza, tanto perigo, não há razão por que devemos fazer uma grande exibição, mesmo se as partes estiverem perfeitamente ajustadas uma à outra; mas isso precisa ser comprovado. T4 515 3 Quando aqueles que professam ser reformadores, os de vida humilde, imitam os costumes e modas dos ricos mundanos, é uma desonra à nossa fé. Há alguns a quem Deus deu palavras de advertência; mas isso os deteve? Não; eles não temeram a Deus, pois o poder enfeitiçante de Satanás estava sobre eles. E alguns em Battle Creek têm influenciado a esses pobres apaixonados a seguirem o seu próprio discernimento, e, por fazê-lo, tornaram-se inúteis e incorreram no desprazer de Deus. T4 515 4 Deus deseja que os homens cultivem a força de caráter. Os que são meramente oportunistas não são os que receberão uma rica recompensa futura. Deus deseja que os que trabalham em Sua causa sejam homens de fina sensibilidade e aguda percepção. Devem ser temperantes no comer; alimentos ricos e condimentados não devem ter lugar em suas mesas; e quando o cérebro é constantemente sobrecarregado, e há falta de exercício físico, devem comer com moderação, mesmo em se tratando de alimentos simples. A clareza mental e a firmeza de propósito de Daniel e sua força de intelecto na aquisição de conhecimento eram devidas em grande parte à simplicidade de seu regime alimentar, associado à sua vida de oração. T4 516 1 Eli era um homem bom, puro quanto à moral; mas era demasiado condescendente. Ele incorreu no desagrado de Deus porque não fortaleceu os pontos fracos de seu caráter. Não queria ferir os sentimentos de ninguém e não teve a coragem moral necessária para repreender e reprovar o pecado. Seus filhos eram homens perversos; contudo, ele não os removeu de seu cargo de confiança. Esses filhos profanaram a casa de Deus. Ele sabia disso e sentia tristeza pelas conseqüências, pois amava a pureza e a justiça, mas lhe faltava força moral suficiente para suprimir o mal. Ele amava a paz e a harmonia, e tornou-se cada vez mais insensível quanto à impureza e ao crime. Mas o grande Deus assume a questão em Suas próprias mãos. Quando a repreensão cai sobre ele, através da intervenção de uma criança, ele a aceita, sentindo ser o que ele merece. Não mostra qualquer ressentimento para com Samuel, o mensageiro de Deus; ele o ama como antes, mas condena a si mesmo. T4 516 2 Os culpados filhos de Eli foram mortos em batalha. Ele pôde suportar ouvir que seus filhos haviam sido mortos, mas não pôde suportar as notícias de que a arca de Deus tinha sido tomada. Sabia que seu pecado de negligência em deixar de defender o que era correto e restringir o erro tinha finalmente privado Israel de sua força e glória. A palidez da morte recobriu-lhe a face; ele caiu para trás e morreu. T4 516 3 Que lição temos aqui para os pais, os guardiães dos jovens e aqueles que ministram no serviço de Deus. Quando males existentes não são enfrentados e detidos, porque os homens têm pouquíssima coragem de reprovar o erro, ou porque têm pouquíssimo interesse ou são por demais indolentes para exercerem suas faculdades em despender esforços dedicados para purificar a família ou a igreja de Deus, eles são responsáveis pelo mal que possa resultar em conseqüência da negligência de seu dever. Somos tão responsáveis por males que poderíamos haver reprimido em outros pela reprovação, pela advertência, pelo exercício da autoridade paterna ou pastoral, como se fôssemos nós mesmos culpados desses atos. T4 517 1 Eli devia ter primeiro tentado restringir o mal com medidas suaves; mas se isso não adiantasse, devia ter subjugado o erro por medidas severas. A honra de Deus deve ser sagradamente preservada, mesmo que nos separe do parente mais próximo. Um defeito em um homem doutro modo talentoso pode destruir sua utilidade nesta vida e levá-lo a ouvir no dia de Deus as palavras terríveis. "Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade." Mateus 7:23. T4 517 2 Eli era gentil, amável e bondoso, e tinha verdadeiro interesse no serviço de Deus e na prosperidade de Sua causa. Era um homem que tinha poder na oração. Jamais se levantou em rebelião contra as palavras de Deus. Mas era um homem carente; não tinha o caráter necessário para reprovar o pecado e executar a justiça contra o pecador a ponto de que Deus pudesse depender dele para conservar puro a Israel. Eli não acrescentou a sua fé a coragem e o poder para dizer "Não" no momento certo e no lugar certo. Pecado é pecado; justiça é justiça. A nota de advertência da trombeta deve ser soada. Estamos vivendo numa época terrivelmente ímpia. A adoração de Deus se tornará corrompida a menos que haja homens bem despertos em todo o posto de dever. Agora não é tempo para qualquer pessoa estar absorvida em comodidade egoísta. Nenhuma das palavras que Deus falou deve ser deixada cair por terra. T4 517 3 Enquanto alguns em Battle Creek professam acreditar nos Testemunhos, eles os têm estado espezinhado. Poucos, todavia, os leram com interesse; poucos os têm acatado. A condescendência com o eu, o orgulho, a moda e a ostentação estão misturados com a adoração a Deus. Ele deseja homens corajosos para a ação, que não considerarão a instituição de ídolos e a introdução de abominações sem levantar a voz como trombeta, anunciando ao "povo a sua transgressão e à casa de Jacó, os seus pecados". Isaías 58:1. T4 517 4 Tão logo Samuel começou a julgar Israel, ainda em sua juventude, convocou uma assembléia do povo para jejum e oração, e profunda humilhação diante de Deus. Ele deu o seu solene testemunho vindo da boca de Deus. O povo então começou a aprender onde estava a sua força. Eles apelaram a Samuel para não cessar de clamar a Deus por eles. Os seus inimigos foram despertados a enfrentá-los em batalha; mas Deus ouviu a oração intercessória. Atuou em favor deles, e a vitória foi de Israel. T4 518 1 Há uma grande obra a ser feita em Battle Creek. Deveres têm sido negligenciados, importantes tarefas têm sido retardadas. Homens têm vindo aqui, os quais nada acrescentaram ao vigor da causa, mas que estão constantemente em ação para reunir os poucos recursos de outros nas próprias mãos, roubando assim o tesouro de Deus. O egoísmo natural do coração deles é revelado onde quer que uma oportunidade favorável se apresente para beneficiar a si mesmos em detrimento de outros. Têm feito isso até que o padrão de mundanismo seja satisfeito e haja apenas pouca diferença entre sua maneira de ser e a do mundo. T4 518 2 Nosso povo em Battle Creek tem tido maiores responsabilidades a levar do que em qualquer outro lugar. Todos que escolheram morar aqui, devem aceitar o fato, não meramente para sua própria conveniência e benefício, mas visando unicamente a glória de Deus. Devem estar plenamente preparados para aliviar os fardos onde e quando necessitem ser aliviados; e com abnegada devoção sustentar as instituições que Deus colocou entre eles. Aqueles que não estão dispostos a seguir essa conduta devem ir para onde não haja responsabilidades tão pesadas a serem assumidas. Neste importante posto, onde tantos dependem de esforço pessoal, todos devem cumprir sem hesitação a sua parte; devem estar bem despertos, para que a causa de seu Mestre não sofra a perda de uma alma. Muitos falham em assumir o padrão do evangelho; têm consideração egoísta por seus próprios interesses e negligenciam ver o que podem fazer para ser uma bênção a seus semelhantes. Cristo não deseja preguiçosos em Sua vinha. Ele requer que cada um trabalhe para o tempo e para a eternidade. ------------------------Capítulo 49 -- Aperfeiçoar talentos T4 519 1 Deus quer que o aperfeiçoamento seja a obra vitalícia de todos os Seus seguidores, e que seja dirigido e controlado pela experiência correta. O verdadeiro homem é aquele que está disposto a sacrificar o próprio interesse para o bem de outros e que se ocupa em sanar os quebrantados de coração. O verdadeiro objetivo da vida apenas começou a ser compreendido por muitos; e o que é real e substancial em sua vida é sacrificado por causa de erros acariciados. T4 519 2 Nero e César foram reconhecidos pelo mundo como grandes homens; mas acaso Deus assim os considerou? Não; não estavam ligados por fé viva ao grande Coração da humanidade. Estavam no mundo; e comeram, beberam e dormiram como homens do mundo; mas eram satânicos em sua crueldade. Onde quer que esses monstros da humanidade iam, o sangue derramado e a destruição assinalavam seu trajeto. Foram louvados pelo mundo enquanto viviam; quando, porém, foram sepultados, o mundo se regozijou. Em contraste com a vida desses homens está a vida de Lutero. Ele não nasceu como príncipe. Não ostentou uma coroa real. Da cela do mosteiro sua voz foi ouvida e sua influência sentida. Ele possuía disposição humanitária, que foi exercida para o bem dos homens. Defendeu corajosamente a verdade e o direito e enfrentou a oposição do mundo a fim de beneficiar os seus semelhantes. T4 519 3 De acordo com o padrão divino, apenas o intelecto não faz o homem. Há poder no intelecto se for santificado e controlado pelo Espírito de Deus. Ele é superior às riquezas e à força física, mas precisa ser cultivado para fazer o homem. O direito que a pessoa tem a reivindicar para ser homem é determinado pelo uso feito de seu intelecto. Byron tinha concepção intelectual e profundeza de pensamento; mas não foi um homem segundo o padrão divino. Foi um agente de Satanás. Suas paixões eram impetuosas e incontroláveis. Durante a vida semeou as sementes que frutificaram numa safra de corrupção. A obra de sua vida rebaixou os padrões da virtude. Esse homem foi um dos homens mais ilustres do mundo; contudo, o Senhor não o reconheceria como um homem, mas somente como alguém que abusou de seus talentos dados por Deus. Gibbon o cético, e muitos outros a quem Deus concedeu mentes gigantescas, e a quem o mundo chamou de grandes homens, colocou-se sob a bandeira de Satanás e empregou os dons de Deus para a perversão da verdade e a destruição de almas. Um grande intelecto, quando transformado em servo do vício, é uma maldição ao possuidor e a todos que estejam no círculo de sua influência. T4 520 1 A vida espiritual é o que será uma bênção para a humanidade. Se o homem estiver em harmonia com Deus, dependerá continuamente dEle para obter força. "Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos Céus." Mateus 5:48. Nossa obra vitalícia é estar prosseguindo para a perfeição do caráter cristão, procurando continuamente viver em conformidade com a vontade de Deus. Os esforços começados na Terra continuarão na eternidade. O padrão de Deus para o homem é elevado ao mais alto significado da palavra, e se agir de acordo com a varonilidade que lhe foi dada por Deus, ele promoverá a felicidade nesta vida, a qual conduzirá à glória e à recompensa eterna na vida por vir. T4 520 2 Os membros da família humana só fazem jus ao nome de homens e mulheres quando empregam os seus talentos, de todo modo possível, para o bem de outros. A vida de Cristo está diante de nós como um modelo, e é quando atende, como anjos da misericórdia, às necessidades de outras pessoas, que o ser humano é intimamente ligado a Deus. A natureza do cristianismo é tornar famílias felizes e feliz a sociedade. A discórdia, o egoísmo e a contenda serão eliminados de todo homem e mulher que possuem o verdadeiro espírito de Cristo. T4 520 3 Os que são participantes do amor de Cristo não têm o direito de pensar que há um limite para sua influência e obra em procurar beneficiar a humanidade. Cristo ficou cansado em Seus esforços para salvar o homem decaído? Nossa obra deve ser contínua e perseverante. Encontraremos uma obra a ser feita até que o Mestre nos ordene depor nossa armadura a Seus pés. Deus é um governante moral, e precisamos esperar, submissos a Sua vontade, prontos e dispostos a lançar-nos ao nosso dever sempre que haja uma obra a ser feita. T4 521 1 Anjos estão empenhados noite e dia no serviço de Deus para elevar o homem de acordo com o plano da salvação. Ao homem é requerido amar supremamente a Deus, ou seja, de todo o seu coração, entendimento e força, e ao seu próximo como a si mesmo. Isso possivelmente não pode ocorrer a menos que você negue a si mesmo. Disse Cristo: "Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-Me." Mateus 16:24. T4 521 2 Negar a si mesmo significa governar o espírito quando a paixão está buscando o domínio; resistir à tentação de censurar e falar palavras de crítica; ter paciência com a criança que é insensível e cuja conduta é perturbadora e difícil; permanecer no posto do dever quando outros falham; assumir responsabilidades onde quer e quando quer que possa, não para ser aplaudido, não por política, mas pela causa do Mestre, que lhe deu uma obra a ser feita com fidelidade inabalável; quando desejar louvar a si mesmo, manter-se em silêncio e deixar que outros lábios o louvem. Abnegação é fazer o bem aos outros onde a inclinação o levaria a servir e agradar a si mesmo. Conquanto seus semelhantes nunca possam apreciar os seus esforços ou lhe dar crédito por eles, contudo você deve continuar se esforçando. T4 521 3 Busquem cuidadosamente e vejam onde a verdade que aceitaram se lhes tornou um firme princípio. Levam a Cristo consigo quando deixam a câmara de oração? A sua religião monta guarda à porta de seus lábios? Seu coração é atraído em simpatia e amor por outros fora de sua própria família? Vocês estão diligentemente buscando uma compreensão mais clara da verdade escriturística, para que possam permitir que a sua luz brilhe para os outros? Vocês podem responder intimamente a essas perguntas. Permitam que a sua fala seja temperada com graça e o seu comportamento revele nobreza cristã. T4 521 4 Um novo ano começou. Qual foi o registro de sua vida cristã no ano passado? Como se apresenta o seu registro no Céu? Apelo-lhes que façam uma entrega sem reservas a Deus. O coração de vocês está dividido? Entreguem-no inteiramente ao Senhor agora. Façam no ano vindouro uma história de vida diferente da história passada. Humilhem sua alma perante Deus. "Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que O amam." Tiago 1:12. Ponham de parte toda a pretensão e afetação. Ajam de maneira simples e natural. Sejam verazes em todo pensamento, palavra e ação e, em humildade "cada um considere os outros superiores a si mesmo". Filipenses 2:3. Lembrem-se sempre que a natureza moral precisa ser reforçada com constante vigilância e oração. Enquanto contemplarem a Cristo, estarão seguros; mas no momento em que pensarem em seus sacrifícios e dificuldades e começarem a simpatizar e se preocupar consigo mesmos, perderão a confiança em Deus e estarão em grande perigo. T4 522 1 Muitos limitam a Providência divina, e separam de Seu caráter a misericórdia e o amor. Instam para que a grandeza e a majestade de Deus impeçam de se interessarem pelas preocupações das mais fracas de suas criaturas. "Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? E nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai." Mateus 10:29. T4 522 2 É difícil para os seres humanos darem atenção às questões menores da vida enquanto a mente está envolvida em negócios de grande importância. Mas não deve existir essa união? O ser humano formado à imagem de seu Criador deve unir as responsabilidades maiores com as menores. Pode estar empenhado em ocupações de tremenda importância, porém negligenciar a instrução de que seus filhos carecem. Esses deveres podem ser vistos como os menores deveres da vida, quando na realidade estão no próprio fundamento da sociedade. A felicidade de famílias e igrejas depende das influências domésticas. Os interesses eternos dependem do devido desempenho dos deveres desta vida. O mundo não necessita tanto de grandes mentalidades como de homens bons, que serão uma bênção em seu lar. ------------------------Capítulo 50 -- Os servos de Deus T4 523 2 Deus escolheu Abraão como Seu mensageiro através do qual comunicaria luz ao mundo. A palavra de Deus veio a ele, não com o oferecimento de perspectivas lisonjeiras nesta vida, de elevado salário, ou de grande reconhecimento e honras mundanas. "Sai da tua terra e dentre a tua parentela e dirige-te à terra que Eu te mostrar" (Atos dos Apóstolos 7:3) foi a mensagem divina a Abraão. O patriarca obedeceu, "e saiu, sem saber para onde ia" (Hebreus 11:8), como portador da luz divina, a fim de manter o Seu nome lembrado na Terra. Ele abandonou seu país, sua casa, seus parentes e todas as relações amistosas ligadas a sua vida anterior, a fim de tornar-se peregrino e estrangeiro. T4 523 3 É freqüentemente mais essencial do que muitos percebem, que as associações anteriores devam ser interrompidas, a fim de que aqueles que falam "no lugar de Cristo" possam permanecer numa posição onde Deus possa educá-los e qualificá-los para Sua grande obra. Parentes e amigos muitas vezes têm uma influência que Deus vê que interferirá grandemente com as instruções que Ele determinou dar aos Seus servos. Sugestões serão feitas por aqueles que não estão em íntima ligação com o Céu que, se acatadas, afastarão de Sua santa obra aqueles que devem ser portadores de luz ao mundo. T4 523 4 Antes que Deus pudesse usá-lo, Abraão teve de separar-se de seus companheiros anteriores, para não ser controlado por influências humanas ou confiar no auxílio humano. Agora, que ele havia se ligado a Deus, devia habitar entre estranhos. Seu caráter precisava ser especial, diferente de todos os demais no mundo. Ele não podia sequer explicar seu modo de proceder, de maneira a ser compreendido por seus amigos, pois eles eram idólatras. As coisas espirituais precisam ser discernidas espiritualmente; conseqüentemente, seus motivos e ações estavam além da compreensão de seus parentes e amigos. T4 524 1 A obediência incondicional de Abraão foi um dos mais notáveis exemplos de fé e confiança em Deus encontrados no Registro Sagrado. Tendo apenas a simples promessa de que os seus descendentes possuiriam a terra de Canaã, sem a menor evidência externa, ele seguiu para onde Deus o conduziria, cumprindo sincera e integralmente as condições que lhe competiam, e confiando em que o Senhor fielmente cumpriria a Sua palavra. O patriarca foi para onde quer que Deus indicasse ser seu dever; atravessou o deserto sem temor; penetrou em nações idólatras com o único pensamento: "Deus falou; estou obedecendo à Sua voz; Ele me guiará e protegerá." T4 524 2 Os mensageiros de Deus necessitam hoje exatamente da mesma fé e confiança que Abraão teve. Mas muitos que poderiam ser usados por Deus não avançam, ouvindo e obedecendo à Voz que é superior a todas as outras. A ligação com parentes e amigos, os hábitos e associações anteriores, muitas vezes têm tão grande influência sobre os servos de Deus, que Ele pode dar-lhes apenas pouca instrução, pode comunicar-lhes apenas pouco conhecimento sobre Seus propósitos; e freqüentemente após certo tempo os deixa de lado e chama outros em seu lugar, a quem prova e testa da mesma maneira. O Senhor faria muito mais por Seus servos se eles fossem totalmente consagrados a Ele, valorizando Seu serviço acima dos laços de parentesco e de todos os demais relacionamentos terrenos. T4 524 3 Os ministros do evangelho têm um trabalho sagrado. Têm uma mensagem solene de advertência para levar ao mundo -- uma mensagem que será "cheiro de vida para a vida" ou de "morte para morte". 2 Coríntios 2:16. São mensageiros de Deus ao ser humano; e nunca devem perder de vista a sua missão ou suas responsabilidades. Não são como os mundanos; não podem ser semelhantes a eles. Se desejarem ser fiéis a Deus, devem manter caráter santo, distinto. Se deixarem de relacionar-se com o Céu, estão em maior perigo do que outros e podem exercer uma influência mais forte na direção errada; pois Satanás tem o seu olhar constantemente sobre eles, esperando pelo desenvolvimento de alguma fraqueza, com a qual possa realizar um ataque bem-sucedido. E como ele exulta quando tem êxito; pois, quando alguém que é embaixador de Cristo não está vigiando, o grande adversário pode assegurar muitas almas para si mesmo através dessa pessoa. T4 525 1 Os que estão intimamente ligados a Deus talvez não sejam prósperos nas coisas desta vida; muitas vezes poderão ser severamente provados e afligidos. José foi difamado e perseguido porque preservou sua virtude e integridade. Davi, esse mensageiro escolhido por Deus, foi caçado como um animal de rapina por seus perversos inimigos. Daniel foi lançado numa cova de leões porque era sincero e inflexível em sua lealdade a Deus. Jó foi privado de suas posses terrenas, e tão afligido no corpo que sofreu a repulsa de seus parentes e amigos, mas preservou a integridade e a fidelidade a Deus. Jeremias falou as palavras que Deus pôs em sua boca, e o seu claro testemunho enfureceu de tal modo o rei e os príncipes, que foi lançado num poço asqueroso. Estêvão foi apedrejado por pregar a Cristo, e Este crucificado. Paulo foi preso, surrado com varas, apedrejado e finalmente condenado à morte porque era um mensageiro fiel para levar o evangelho aos gentios. O amado João foi banido para a ilha de Patmos por causa "da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo". Apocalipse 1:2. T4 525 2 Esses exemplos de firmeza humana, na força do poder divino, são para o mundo um testemunho da fidelidade das promessas de Deus -- de Sua permanente presença e graça mantenedora. Ao considerar esses homens humildes, o mundo não consegue discernir o seu valor moral para Deus. É uma obra de fé descansar calmamente em Deus na hora mais escura -- embora severamente provados, e açoitados pelo vento, sentir que nosso Pai está no leme. Só o olhar da fé pode enxergar além das coisas do tempo e dos sentidos, para apreciar o valor das riquezas eternas. T4 526 1 O grande comandante militar conquista nações e abala os exércitos da metade do mundo, mas morre de desapontamento e no exílio. O filósofo que vagueia através do Universo, seguindo por toda a parte as manifestações do poder de Deus e deleitando-se em sua harmonia, muitas vezes deixa de contemplar nessas maravilhas a Mão que formou todas elas. "O homem que está em honra, e não tem entendimento, é semelhante aos animais, que perecem." Salmos 49:20. T4 526 2 Nenhuma esperança de gloriosa imortalidade ilumina o futuro dos inimigos de Deus. Mas aqueles heróis da fé têm a promessa de uma herança de maior valor do que quaisquer riquezas terrenas -- uma herança que satisfará os anseios da alma. Eles podem ser desconhecidos ao mundo e não reconhecidos por ele; são, porém, inscritos como cidadãos nos livros de registro do Céu. Excelsa grandeza, duradouro e eterno peso de glória será a recompensa final daqueles a quem Deus tornou herdeiro de todas as coisas. T4 526 3 Ministros do evangelho devem tornar a verdade de Deus o tema de estudo, meditação e conversação. A mente que se demora muito na revelada vontade de Deus ao homem tornar-se-á forte na verdade. Os que lêem e estudam com sincero anseio pela luz divina, quer sejam pastores quer não, logo descobrirão nas Escrituras a beleza e a harmonia que lhes cativarão a atenção, elevarão os pensamentos e lhes darão inspiração e vigor de raciocínio que serão poderosos para persuadir e converter almas. T4 526 4 Há perigo de que os pastores que professam crer na verdade presente se satisfaçam em apresentar a teoria somente, enquanto a própria alma não sente o seu poder santificador. Alguns não têm o amor de Deus no coração suavizando, moldando e enobrecendo a existência. O salmista declara o seguinte sobre o homem bom: "Tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite." Salmos 1:2. Ele se refere a sua própria experiência, e exclama: "Oh! Quanto amo a Tua lei! É a minha meditação em todo o dia!" Salmos 119:97. "Os meus olhos anteciparam-me às vigílias da noite, para meditar na Tua palavra." Salmos 119:148. T4 526 5 Nenhum homem está qualificado a permanecer no púlpito sagrado, a menos que sinta a influência transformadora da verdade de Deus sobre a própria alma. Então, e só então, pode por preceito e exemplo representar corretamente a vida de Cristo. Muitos, porém, em seus esforços, exaltam a si mesmos em vez de ao Mestre; e as pessoas são convertidas ao pastor, em vez de sê-lo a Cristo. T4 527 1 Estou triste por saber que alguns que atualmente pregam a verdade presente são na realidade homens não convertidos. Não estão ligados a Deus. Têm uma religião racional, mas não têm coração convertido; e esses são os mesmos que têm mais confiança em si mesmos e suficiência própria; e esta auto-suficiência se colocará no caminho de obterem aquela experiência que é essencial para torná-los eficientes obreiros na vinha do Senhor. Gostaria de poder despertar aqueles que alegam serem atalaias sobre os muros de Sião, para perceberem sua responsabilidade. Devem despertar e assumir posição mais elevada por Deus; pois as almas estão perecendo por causa de sua negligência. Devem ter aquela sincera devoção a Deus que os levará a ver como Deus vê, aceitar Suas palavras de advertência e dar o aviso àqueles que estão em perigo. O Senhor não ocultará da fiel sentinela a Sua verdade. Aqueles que cumprem a vontade de Deus conhecerão Sua doutrina. "Os sábios entenderão"; mas "os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá." Daniel 12:10. T4 527 2 Disse Jesus a Seus discípulos: "Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração." Mateus 11:29. Insto com os que aceitaram a posição de instrutores para que primeiro se tornem humildes discípulos e sempre continuem sendo alunos na escola de Cristo, a fim de receber do Mestre lições de mansidão e humildade de coração. Humildade de espírito, combinada com diligente atividade, resultará na salvação de pessoas tão ternamente adquiridas pelo sangue de Cristo. O pastor pode entender e acreditar na teoria da verdade, e ser capaz de apresentá-la a outros; mas isto não é tudo o que dele se requer. "A fé sem obras é morta." Tiago 2:20. Ele necessita da fé que atua pelo amor e purifica a alma. A viva fé em Cristo porá toda ação da vida e toda emoção da alma em harmonia com a verdade e a justiça de Deus. T4 528 1 A irritabilidade, a exaltação de si mesmo, o orgulho, a paixão e qualquer outro traço de caráter dessemelhante de nosso santo Modelo precisam ser vencidos; e então a humildade, a mansidão e a sincera gratidão a Jesus por Sua grande salvação fluirão continuamente da fonte pura do coração. A voz de Jesus deve ser ouvida na mensagem que provém dos lábios de Seu embaixador. T4 528 2 Devemos ter um ministério convertido. A eficiência e poder que acompanham o ministério verdadeiramente convertido fariam os hipócritas de Sião tremer e os pecadores temer. O padrão da verdade e santidade está se arrastando no pó. Se aqueles que dão os solenes avisos de advertência para este tempo compreendessem sua responsabilidade para com Deus, veriam a necessidade de fervorosa oração. Quando as cidades se aquietavam no sono da meia-noite, quando todos os homens tinham ido para a própria casa, Cristo, nosso Exemplo, dirigia-se ao Monte da Oliveiras, e ali, entre as árvores protetoras, passava a noite inteira em oração. Aquele que estava, Ele mesmo, sem mancha de pecado -- um reservatório de bênção; cuja voz fora ouvida na quarta vigília da noite pelos atemorizados discípulos no mar tempestuoso, em bênção celestial; e cuja palavra podia chamar os mortos para fora de suas sepulturas -- era O que fazia súplicas com fortes clamores e lágrimas. Ele orava, não por Si mesmo, mas por aqueles a quem viera salvar. Ao tornar-Se um suplicante, buscando da mão de Seu Pai suprimentos novos de força, e saindo refrigerado e revigorado como substituto do homem, Ele Se identifica com a humanidade sofredora, e lhe dá um exemplo da necessidade de oração. T4 528 3 Sua natureza estava sem mancha de pecado. Como Filho do homem, Ele orava ao Pai, mostrando que a natureza humana requer todo o apoio divino que o homem possa obter para ser fortalecido para o dever e preparado para a prova. Como o Príncipe da Vida, Ele tinha poder com Deus, e prevaleceu para o bem de Seu povo. O Salvador, que orou pelos que não sentiam necessidade de oração, e que chorou pelos que não sentiam necessidade de lágrimas, agora está diante do trono, para receber e apresentar a Seu Pai as petições daqueles por quem Ele orou na Terra. O exemplo de Cristo é para ser seguido por nós. A oração é uma necessidade em nosso trabalho pela salvação de almas. Só Deus pode promover o crescimento da semente que semeamos. T4 529 1 Falhamos muitas vezes porque não compreendemos que Cristo está conosco, por Seu Espírito, tão verdadeiramente como quando, nos dias de Sua humilhação, andou visivelmente na Terra. O passar do tempo não efetuou nenhuma modificação em Sua promessa de despedida aos apóstolos, ao retirar-Se deles e ser elevado para o Céu: "Eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos." Mateus 28:20. Ele ordenou que houvesse uma sucessão de homens cuja autoridade proviesse dos primeiros mestres da fé para a contínua pregação de Cristo e Este crucificado. O grande Mestre delegou poder a Seus servos, que têm "este tesouro em vasos de barro". 2 Coríntios 4:7. Cristo dirigirá a obra de Seus embaixadores se eles aguardarem Sua instrução e orientação. T4 529 2 Os pastores que são verdadeiramente representantes de Cristo serão homens de oração. Com ardor e fé que não serão negados, eles pleitearão com Deus para que sejam fortalecidos e encorajados para o dever e a provação, e para que seus lábios sejam santificados pelo toque da brasa viva tirada do altar a fim de falarem as palavras de Cristo ao povo. "O Senhor Jeová me deu uma língua erudita, para que eu saiba dizer, a seu tempo, uma boa palavra ao que está cansado. Ele desperta-me todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que ouça como aqueles que aprendem." Isaías 50:4. T4 529 3 Cristo disse a Pedro: "Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo. Mas Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça." Lucas 22:31, 32. Quem pode avaliar o resultado das orações do Redentor do mundo? Quando Cristo vir o fruto do penoso trabalho de Sua alma e ficar satisfeito, então será visto e compreendido o valor de Suas fervorosas orações enquanto Sua divindade foi revestida com humanidade. T4 529 4 Jesus rogou, não apenas por um só, mas por todos os Seus discípulos: "Pai, aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver, também eles estejam comigo." João 17:24. Seu olhar atravessou o escuro véu do futuro e leu a história da vida de cada filho e filha de Adão. Ele sentiu os fardos e as tristezas de toda alma açoitada pela tempestade, e aquela fervorosa oração, além de Seus discípulos vivos, incluiu todos os Seus seguidores até o fim do tempo. "Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua palavra, hão de crer em Mim." João 17:20. Sim; essa oração de Cristo nos abrange. Devíamos ser confortados pelo pensamento de que temos um grande intercessor no Céu, apresentando nossas petições a Deus. "Se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo." 1 João 2:1. Na hora da maior necessidade, quando o desânimo subjugaria a alma, é então que o olhar vigilante de Jesus vê que precisamos de Seu auxílio. A hora da necessidade do homem é o momento da oportunidade de Deus. Quando falha todo o apoio humano, Jesus vem em nosso auxílio, e Sua presença dissipa as trevas e dispersa a nuvem de tristeza. T4 530 1 Em seu pequeno barco sobre o Mar da Galiléia, em meio à tempestade e à escuridão, os discípulos lutavam duramente para alcançar a praia, mas viram que os seus esforços não tinham êxito. Ao serem dominados pelo desespero, Jesus foi visto caminhando sobre as águas espumejantes. Mesmo a presença de Cristo não foi inicialmente discernida, e o seu terror aumentou, até que a voz dEle dizendo "Sou Eu, não temais", desfez os seus temores, e lhes deu esperança e alegria. Então, quão voluntariamente os pobres e aterrorizados discípulos cessaram os seus esforços, e confiaram tudo ao Mestre. T4 530 2 Este impressionante incidente ilustra a experiência dos seguidores de Cristo. Quão freqüentemente nós nos agarramos aos remos como se nossa força e sabedoria fossem suficientes, até que descobrimos serem inúteis os nossos esforços. Então, com mãos trementes e as forças enfraquecidas, submetemos a obra a Jesus, e confessamos que somos incapazes de realizá-la. Nosso misericordioso Redentor Se compadece de nossa fraqueza; e quando, em resposta ao clamor de fé, assume a obra que lhe pedimos que cumpra, quão facilmente Ele realiza aquilo que nos parecia tão difícil. T4 530 3 A história do antigo povo de Deus nos fornece muitos exemplos encorajadores de oração eficaz. Quando os amalequitas vieram para atacar o acampamento de Israel no deserto, Moisés sabia que o seu povo não estava preparado para o confronto. Ele enviou Josué com um grupo de soldados ao encontro do inimigo, enquanto ele próprio, com Arão e Hur, tomaram posição sobre uma colina de onde podiam ver o campo de batalha. Ali o homem de Deus apresentou o caso ao Único que era capaz de lhes dar a vitória. Com mãos erguidas para o céu, Moisés orou fervorosamente pelo êxito dos exércitos de Israel. Observou-se que enquanto suas mãos estavam erguidas, Israel prevalecia contra o inimigo; mas quando pela fadiga ele permitia que descessem, Amaleque prevalecia. Arão e Hur sustentaram as mãos de Moisés, até que a vitória, plena e completa, se volveu para o lado de Israel, e seus inimigos foram expulsos do campo. T4 531 1 Este exemplo deve ser uma lição para todo o Israel até o fim do tempo, de que Deus é a força de Seu povo. Quando Israel triunfou, Moisés estava estendendo suas mãos para o céu, intercedendo em seu favor; assim, quando todo o Israel de Deus prevalece, é por causa do Todo-poderoso ter assumido o seu caso e lutado as suas batalhas por eles. Moisés não pediu nem acreditou que Deus derrotaria seus inimigos enquanto Israel permanecesse inativo. Ele dispõe todas as suas forças e as envia tão bem preparadas quanto suas condições o permitiam, e então leva toda a questão a Deus em oração. Moisés sobre a montanha está pleiteando com Deus, enquanto Josué com os seus corajosos seguidores está embaixo, fazendo o seu melhor para enfrentarem e expulsarem os inimigos de Israel e de Deus. T4 531 2 A oração que procede de um coração confiante e fervoroso é a oração eficaz que "pode muito em seus efeitos". Tiago 5:16. Deus nem sempre responde às nossas orações como esperamos, pois podemos não pedir o que seria para o nosso mais elevado bem; mas no Seu infinito amor e sabedoria Ele nos dará as coisas que mais necessitamos. Feliz o pastor que tem um fiel Arão e Hur para fortalecer suas mãos quando se tornam cansadas, e sustentá-las por meio de fé e oração. Tal apoio é uma ajuda poderosa aos servos de Cristo em Sua obra, e freqüentemente fará a causa da verdade triunfar gloriosamente. T4 532 1 Depois da transgressão de Israel por fazer o bezerro de ouro, Moisés de novo pleiteia com Deus em favor de seu povo. Ele tem algum conhecimento a respeito daqueles que foram colocados sobre seu cuidado; conhece a perversidade do coração humano e compreende as dificuldades com as quais deve contender. Mas aprendeu por experiência que para ter influência sobre o povo precisa antes ter poder com Deus. O Senhor lê a sinceridade e o propósito altruísta do coração de Seu servo e condescende em conversar com esse frágil mortal, face a face, como um homem fala com seu amigo. Moisés lançou a si mesmo e todo o seu fardo sobre Deus e livremente derramou sua alma perante Ele. O Senhor não reprova o Seu servo, mas Se curva para ouvir suas súplicas. T4 532 2 Moisés tem um profundo senso de sua indignidade e sua desqualificação para a grande obra à qual Deus o chamara. Ele pleiteia com intenso fervor para que o Senhor vá com ele. A resposta vem: "Irá a Minha presença contigo para te fazer descansar." Êxodo 33:14. Mas Moisés não sente que deve parar aqui. Ele já recebera muito, mas anseia aproximar-se ainda mais de Deus, a fim de obter maior segurança de Sua permanente presença. Ele conduzira o fardo de Israel; levara o esmagador peso de responsabilidade; quando o povo pecou, ele sofreu mortificante pesar, como se ele próprio fosse culpado; e agora pesa sobre sua alma o senso dos terríveis resultados se Deus deixar Israel em sua dureza de coração e impenitência. Eles não hesitariam em matar Moisés, e pela própria imprudência e perversidade logo cairiam presas de seus inimigos, desonrando assim o nome de Deus diante dos pagãos. Moisés faz sua petição com tal fervor que a resposta vem: "Farei também isto, que tens dito; porquanto achaste graça aos Meus olhos; e te conheço por nome." Êxodo 33:17. T4 532 3 Agora, naturalmente, poderíamos esperar que o profeta cessasse de suplicar; mas não. Animado pelo sucesso, ele se aventura a ir ainda para mais perto de Deus, com santa familiaridade que vai além de nossa compreensão. Agora ele faz um pedido que nenhum ser humano fizera antes: "Rogo-Te que me mostres a Tua glória." Êxodo 33:18. Que petição de um homem finito, mortal! Mas ele é repelido? Reprova-o Deus por sua presunção? Não; ouvimos as graciosas palavras: "Eu farei passar toda a Minha bondade por diante de ti." Êxodo 33:19. T4 533 1 A glória não velada de Deus nenhum homem podia contemplar e viver; mas a Moisés é assegurado que contemplará o máximo da glória divina que possa suportar nessa presente condição mortal. Aquela mão que fez o mundo, que sustenta as montanhas nos seus lugares, toma este homem do pó -- esse homem de poderosa fé -- e misericordiosamente o cobre numa fenda da rocha, enquanto a glória de Deus e toda a Sua bondade passam perante ele. Podemos maravilhar-nos de que a "magnífica glória" refletida da Onipotência brilhou na face de Moisés com tal esplendor que as pessoas não podiam contemplá-la? O aspecto de Deus estava sobre ele, fazendo-o parecer como um dos anjos resplandecentes do trono. T4 533 2 Essa experiência, acima de tudo a segurança de que Deus ouviria a sua oração, e que a presença divina o acompanharia, foi de maior valor para Moisés como líder do que o aprendizado no Egito ou todas as suas conquistas na ciência militar. Nenhum poder terreno, habilidade ou instrução pode superar o lugar da presença imediata de Deus. Na história de Moisés podemos ver quão íntima comunhão com Deus é privilégio do homem usufruir. Para o transgressor é coisa terrível cair nas mãos do Deus vivo. Mas Moisés não temia estar sozinho com o Autor daquela lei que fora proferida com tão tremenda grandeza no Monte Sinai; pois a sua alma estava em harmonia com a vontade de seu Criador. T4 533 3 A oração é o abrir do coração a Deus como a um amigo. Os olhos da fé discernirão a Deus muito próximo, e o suplicante pode obter preciosa evidência do amor e cuidado divinos por ele. Mas por que será que tantas orações nunca são atendidas? Declara Davi: "A Ele clamei com a minha boca, e Ele foi exaltado pela minha língua. Se eu atender à iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá." Salmos 66:17, 18. O Senhor nos dá a promessa: "E buscar-Me-eis e Me achareis quando Me buscardes de todo o vosso coração." Jeremias 29:13. Refere-Se Ele, ainda, a alguns que "não clamaram a Mim com seu coração". Oséias 7:14. Tais petições são orações formais, tão-somente culto de lábios, que o Senhor não aceita. T4 534 1 A oração que Natanael ofereceu enquanto estava debaixo da figueira, veio-lhe de um coração sincero, e foi ouvida e respondida pelo Mestre. Cristo lhe disse: "Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo." João 1:47. O Senhor lê o coração de todos e entende os seus motivos e propósitos. "A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos." Tiago 5:16. Ele não será vagaroso em ouvir aqueles que Lhe abrem o coração, não se exaltam, mas sinceramente sentem a sua grande fraqueza e indignidade. T4 534 2 Há necessidade de oração -- oração totalmente sincera, fervorosa, angustiante -- oração como a que Davi fez quando exclamou: "Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por Ti, ó Deus!" Salmos 42:1. "Eis que tenho desejado os Teus preceitos." Salmos 119:40. "Tenho desejado a Tua salvação." Salmos 119:174. "A minha alma está anelante e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo." Salmos 84:2. "A minha alma está quebrantada de desejar os Teus juízos em todo o tempo." Salmos 119:20. Este é o espírito da oração perseverante, espírito possuído pelo rei salmista. T4 534 3 Daniel orou a Deus, não exaltando a si mesmo ou reivindicando qualquer mérito; "ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e opera sem tardar; por amor de Ti mesmo, ó Deus meu". Daniel 9:19. Isso é o que Tiago chama oração eficaz e fervorosa. De Cristo é dito: "E, posto em agonia, orava mais intensamente." Lucas 22:44. Em que contraste com esta intercessão feita pela Majestade do Céu se acham as orações fracas, insensíveis, que são feitas a Deus! Muitos se satisfazem com o culto de lábios, e bem poucos têm sincero, fervoroso e afetuoso anelo de Deus. T4 534 4 A comunhão com Deus comunica à alma um íntimo conhecimento de Sua vontade. Mas muitos que professam a fé não sabem o que é verdadeira conversão. Não têm experiência e comunhão com o Pai através de Jesus Cristo, e nunca sentiram o poder da graça divina para santificar o coração. Orar e pecar, pecar e orar, a vida deles está cheia de maldade, engano, inveja, ciúmes e amor-próprio. As orações desse grupo são uma abominação a Deus. A oração verdadeira ocupa as energias da alma e afeta a vida. Aquele que assim desabafa suas necessidades perante Deus, sente o vazio de tudo o mais, debaixo do céu. "Senhor, diante de Ti está todo o meu desejo, e o meu gemido não Te é oculto", disse Davi. Salmos 38:9. "A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus." Salmos 42:2. "Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma." Salmos 42:4. T4 535 1 Ao crescer os nossos números, planos mais amplos devem ser estabelecidos para atender à crescente demanda dos tempos; mas não vemos aumento especial de piedade fervorosa, de simplicidade cristã e sincera devoção. A igreja parece contente em apenas dar os primeiros passos na conversão. Está mais pronta para o trabalho ativo do que para humilde devoção -- mais pronta para empenhar-se em serviço religioso exterior do que para a obra interior do coração. A meditação e a oração são negligenciadas pelo burburinho e exibição. A religião deve começar com o esvaziar do coração e sua purificação, e deve ser nutrida pela oração diária. T4 535 2 O firme progresso de nossa obra e nossas crescentes instalações estão enchendo de satisfação e orgulho o coração e a mente de muitos de nosso povo, que tememos tomarão o lugar do amor de Deus na alma. A atividade intensa na parte mecânica, mesmo na obra de Deus, pode ocupar a mente de tal maneira que a oração seja negligenciada, e a importância própria e a auto-suficiência, tão prontas para impor os seus meios, tomarão o lugar da verdadeira virtude, mansidão e humildade de coração. O zeloso clamor pode ser ouvido: "Templo do Senhor, templo do Senhor é este." Jeremias 7:4. "Vai comigo e verás o meu zelo para com o Senhor." 2 Reis 10:16. Mas onde estão os que assumem responsabilidades? Onde estão os pais e mães em Israel? Onde estão aqueles que têm no coração preocupação pelas almas, e que têm cuidadosa simpatia pelos semelhantes, prontos para colocar-se em qualquer posição a fim de salvá-los da ruína eterna? T4 535 3 "Não por força, nem por violência, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos." Zacarias 4:6. "Vós sois", diz Cristo, "a luz do mundo." Mateus 5:14. Que responsabilidade! Há necessidade de jejum, humilhação e oração com respeito a nosso decadente zelo e enfraquecida espiritualidade. O amor de muitos está se esfriando. Os esforços de muitos de nossos pregadores não são como deviam ser. Quando alguns que têm falta do Espírito e poder de Deus entram em um novo campo, começam a denunciar outras denominações, pensando que podem convencer as pessoas acerca da verdade por apresentar as incoerências das igrejas populares. Pode parecer necessário em algumas ocasiões falar dessas coisas, mas em geral somente cria preconceito contra a nossa obra e fecha os ouvidos de muitos que poderiam de outra maneira ouvir a verdade. Se esses instrutores estivessem intimamente ligados a Cristo, teriam a sabedoria divina para saber como aproximar-se do povo. Não se esqueceriam tão cedo das trevas e do erro, da ira e do preconceito, que os mantêm longe da verdade. T4 536 1 Se esses instrutores trabalhassem com o espírito do Mestre, resultados muito diferentes se seguiriam. Com mansidão e paciência, bondade e amor, mas com decidido fervor, buscariam conduzir aquelas almas errantes a um Salvador crucificado e ressurreto. Quando isto for feito, veremos a Deus impressionando o coração dos seres humanos. Diz o grande apóstolo: "Porque nós somos cooperadores de Deus." 1 Coríntios 3:9. Que trabalho para os pobres mortais! Somos providos de armas espirituais para combater "o bom combate da fé" (1 Timóteo 6:12); mas alguns parecem ter tirado da armadura do Céu somente os trovões. Por quanto tempo devem existir tais defeitos? T4 536 2 Enquanto em meio ao interesse religioso, alguns negligenciam a parte mais importante da obra. Deixam de visitar e de familiarizar-se com aqueles que mostraram interesse em apresentar-se noite após noite para ouvirem a explicação das Escrituras. Conversação sobre assuntos religiosos e fervorosa oração com tais pessoas no momento apropriado, podem fazer muitas almas tomarem a direção certa. Os pastores que negligenciam o seu dever nesse aspecto não são verdadeiros pastores do rebanho. Exatamente quando devem estar mais ativos em visitar, conversar e orar com esses interessados, alguns estarão ocupados escrevendo desnecessariamente longas cartas a pessoas distantes. Oh, que estamos fazendo pelo Mestre! Quando terminar o tempo de graça, quantos verão as oportunidades que negligenciaram em prestar serviço ao seu querido Senhor que por eles morreu! E mesmo aqueles que foram considerados mais fiéis verão quanto mais poderiam ter feito, não tivesse sua mente sido desviada pelo ambiente mundano. T4 537 1 Apelamos aos arautos do evangelho de Cristo a que nunca desanimem no trabalho, nunca considerem como além do alcance da graça de Deus os pecadores mais endurecidos. Eles podem aceitar a verdade por amor a ela, e se tornar o sal da Terra. Aquele que move o coração dos seres humanos assim como a água dos rios é movida, pode levar o coração mais egoísta e endurecido pelo pecado a entregar-se a Cristo. É alguma coisa difícil demais para Deus? "A palavra que sair da Minha boca", diz Ele, "não voltará para Mim vazia, mas fará o que Me apraz e prosperará naquilo para que a designei." Isaías 55:11. T4 537 2 Deus não colocará Sua bênção sobre aqueles que são negligentes, egoístas e amantes da comodidade -- que não assumirão responsabilidades em Sua causa. O "bem está" será pronunciado somente sobre aqueles que fizerem o bem. Todos os seres humanos deverão ser recompensados "segundo as suas obras". Desejamos um ministério ativo -- homens de oração, que lutarão com Deus como Jacó, dizendo: "Não Te deixarei ir, se me não abençoares." Gênesis 32:26. Para obter a coroa do vencedor, devemos retesar todos os nervos e exercitar todas as faculdades. Nunca poderemos ser salvos na inatividade. Ser um preguiçoso na vinha do Senhor é renunciar a todo título de recompensa dos justos. ------------------------Capítulo 51 -- Advertências e admoestações T4 537 3 Em 23 de Novembro de 1879, algumas coisas foram-me mostradas com referência às instituições entre nós, e os deveres e perigos daqueles que ocupam posições de liderança em relação a elas. Vi que esses homens foram suscitados para realizar um trabalho especial como instrumentos de Deus, para serem conduzidos, guiados e controlados por Seu Espírito. Devem responder às reivindicações de Deus, e nunca sentir que pertencem a si mesmos e que podem empregar as suas forças como julgarem que lhes seja mais conveniente. Embora tenham o propósito de ser corretos e fazer o que é correto, certamente errarão, a menos que sejam constantes discípulos na escola de Cristo. Sua única segurança é caminharem humildemente com Deus. T4 538 1 Os perigos assediam todos os caminhos, e aquele que sair vitorioso terá na verdade um cântico de triunfo a entoar na cidade de Deus. Alguns possuem fortes traços de caráter que precisarão ser constantemente reprimidos. Uma vez mantidos sob o domínio do Espírito de Deus, esses traços serão uma bênção; do contrário, demonstrar-se-ão uma maldição. Se os que cavalgam agora a onda da popularidade não se tornarem inconstantes, será um milagre de misericórdia. Se eles se apoiarem na própria sabedoria, como têm feito muitos em idênticas situações, sua sabedoria se mostrará insensata. Mas enquanto estiverem se entregando desinteressadamente à obra de Deus, nunca se desviando no mínimo do princípio, o Senhor lhes envolverá com braços eternos e Se demonstrará poderoso ajudador. "Aos que Me honram honrarei." 1 Samuel 2:30. T4 538 2 Para qualquer homem que tenha talentos que possam ser de valor na obra de Deus a época em que vivemos é perigosa, pois Satanás está continuamente forçando suas tentações sobre tal pessoa, procurando sempre enchê-la de orgulho e ambição. Quando Deus a quer usar, dá-se muitas vezes ela se tornar independente e presunçosa, sentindo-se capaz de manter-se sozinha. Esse será o seu perigo, irmãos, a menos que vivam uma vida de constante fé e oração. Vocês podem ter um senso profundo e perdurável das coisas eternas e aquele amor pelo ser humano que Cristo revelou em Sua vida. Um íntimo relacionamento com o Céu dará o tom certo a sua fidelidade e será a base de seu sucesso. Os seus sentimentos e dependência os conduzirão à oração, e o seu senso de dever lhes imporá o esforço. A oração e o esforço, o esforço e a oração, eis a ocupação de sua vida. Vocês devem orar como se a eficiência e o louvor fossem todos devidos a Deus, e trabalhar como se o dever fosse todo seu. Se querem poder, vocês o terão; ele está esperando que o saquem. Tão-somente creiam em Deus, tomem-nO pela palavra, ajam pela fé, e as bênçãos hão de vir. T4 539 1 Nessa questão, habilidade, lógica e eloqüência de nada valerão. Deus aceita os que têm coração humilde, confiante e contrito, e ouve suas orações. Quando Deus ajuda, todos os obstáculos serão vencidos. Quantos homens de grande aptidão natural e elevada cultura têm falhado quando colocados em posições de responsabilidade, enquanto os de intelecto mais limitado, com ambiente menos favorável, têm tido maravilhoso êxito. O segredo estava em que os primeiros confiaram em si mesmos, enquanto os últimos se uniram Àquele que "é maravilhoso em conselho e grande em obra" (Isaías 28:29) para realizar o que deseja. T4 539 2 O trabalho deles sendo sempre urgente, torna difícil para alguns conseguir tempo para meditação e oração; mas isso não deveriam deixar de fazer. As bênçãos do Céu, obtidas por súplicas diárias, serão como o pão da vida para a alma e farão com que ela aumente em força moral e espiritual, "como árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem". Salmos 1:3. T4 539 3 Alguns têm cometido sério erro em negligenciar assistir ao culto público de Deus. Os privilégios do culto divino lhes serão tão benéficos quanto aos outros, e plenamente essenciais. Eles podem ser incapazes de se valer desses privilégios tão freqüentemente quanto muitos outros o fazem. Médicos muitas vezes serão chamados no sábado para visitar doentes, e podem ser obrigados a fazer dele um dia de trabalho exaustivo. Tal trabalho para aliviar o sofrimento foi pronunciado por nosso Salvador como obra de misericórdia, e não uma violação do sábado. Mas aqueles que regularmente dedicam seus sábados a escrever ou trabalhar, não realizando qualquer mudança especial, prejudicam a própria alma, dão aos outros um exemplo que não é digno de imitação e não honram a Deus. T4 539 4 Alguns têm deixado de ver a verdadeira importância, não somente de assistir às reuniões religiosas, mas também de testemunhar em favor de Cristo e da verdade. Se esses irmãos não obtêm força espiritual pela fiel realização de todo dever cristão, chegando assim a um relacionamento mais íntimo e mais sagrado com seu Redentor, eles se tornarão fracos em poder ou em força moral. Certamente definharão espiritualmente, a menos que mudem de atitude a esse respeito. T4 540 1 Os homens que têm sido encarregados de nossas instituições ocupam posições importantes e de responsabilidade. Não podem ser dispensados de seu posto de dever, contudo não devem sentir-se indispensáveis. Deus poderia passar sem eles, mas eles não podem passar sem Deus. Esses homens devem empenhar-se em trabalhar em harmonia. Se ocupam sua posição honradamente, cada um deve zelar pelos interesses financeiros da instituição confiada a seus cuidados. Contudo, esses homens devem ser extremamente cautelosos para que não cuidem apenas de sua área de trabalho, esforçando-se pelo seu departamento em detrimento de outras áreas de igual importância. T4 540 2 Irmãos, vocês estão em perigo de cometer graves erros em suas transações comerciais. Deus os adverte a estarem alerta para não sobrecarregarem uns aos outros. Sejam cuidadosos para não cultivarem a habilidade do trapaceiro; pois isto não suportará o teste do dia de Deus. Perspicácia e cálculos precisos são necessários, pois vocês lidam com todas as classes de pessoas; vocês devem proteger os interesses de nossas instituições, ou milhares de dólares irão para as mãos de homens desonestos. Que esses aspectos, porém, não se tornem um poder dominante. Sob o devido controle, são elementos essenciais ao caráter; se vocês conservarem diante de si o temor de Deus, e Seu amor no coração, estarão seguros. T4 540 3 É muito melhor renunciar a certas vantagens que poderiam ser obtidas, do que cultivar um espírito de avareza, e assim torná-lo uma lei da natureza. A astúcia mesquinha é indigna de um cristão. Fomos separados do mundo pela grande talhadeira da verdade. Nossos maus traços de caráter nem sempre são visíveis a nós mesmos, embora sejam muito evidentes a outros. Mas o tempo e as circunstâncias certamente nos provarão, e trarão à luz o ouro do caráter ou descobrirão o metal inferior. Nenhum de nós é conhecido ou lido "por todos os homens" (2 Coríntios 3:2), até o que crisol de Deus nos teste. Todo pensamento baixo e toda ação errada revelam algum defeito no caráter. Esses traços rudes devem ser levados sob o cinzel e o martelo na grande oficina de Deus, e a graça de Deus deve suavizar e polir, antes que possamos ser preparados para um lugar no glorioso templo. T4 541 1 Deus pode tornar esses irmãos mais preciosos "do que o ouro puro e mais" raros "do que o ouro fino de Ofir" (Isaías 13:12) se eles se submeterem à Sua mão transformadora. Eles devem estar determinados a empreender o mais nobre uso de todas as faculdades e oportunidades. A Palavra de Deus deve ser o seu estudo e guia ao decidirem o que é mais elevado e melhor em todas as situações. O caráter sem mácula, o perfeito Modelo demonstrado a eles no evangelho, deve ser estudado com o mais profundo interesse. A lição mais essencial para aprenderem é que apenas a bondade proporciona verdadeira grandeza. Que Deus nos livre da filosofia de homens sábios no que respeita à vida mundana. A sua única esperança está em se tornarem tolos, para que sejam verdadeiramente sábios. T4 541 2 Os mais fracos seguidores de Cristo entraram em aliança com o poder infinito. Em muitos casos, Deus pode fazer pouco com os homens de erudição, porque não sentem necessidade de apoiar-se nAquele que é a fonte de toda a sabedoria; por isso, após uma prova, Ele os põe de lado por homens de talento inferior que aprenderam a confiar nEle, cuja alma é fortalecida pela bondade, verdade e inabalável fidelidade, as quais não se rebaixarão a nada que deixe qualquer mácula na consciência. T4 541 3 Irmãos, se unirem sua alma a Deus pela fé viva, Ele os tornará homens de poder. Se confiarem na própria força e sabedoria, certamente fracassarão. Não é agradável a Deus que tomem tão pouco interesse nos serviços religiosos. Vocês são representantes, e como tais, exercem uma influência mais ampla do que as pessoas em posições de menor proeminência. Devem sempre buscar "primeiro o reino de Deus e a Sua justiça". Mateus 6:33. Devem ser ativos, obreiros interessados na igreja, cultivando as suas faculdades religiosas e conservando a própria alma no amor de Deus. Nessa questão o Senhor tem reivindicações sobre vocês que não podem desconsiderar; vocês devem crescer em graça ou ser atrofiados e incapacitados nas coisas espirituais. Não é apenas seu privilégio, mas seu dever testemunharem por Cristo quando e, onde puderem; e ao exercitarem a mente dessa maneira, cultivarão amor pelas coisas sagradas. T4 542 1 Estamos em perigo de considerar os ministros de Cristo simplesmente como homens, não os reconhecendo como Seus representantes. Todas as considerações pessoais devem ser postas de parte; devemos ouvir a Palavra de Deus através de Seus embaixadores. Cristo está sempre enviando mensagens àqueles que ouvem a Sua voz. Na noite da agonia do Salvador no Jardim do Getsêmani, os discípulos adormecidos não ouviam a voz de Jesus; eles possuíam uma fraca percepção da presença dos anjos, mas perderam o poder e a glória da cena pela sonolência e desânimo, e assim deixaram de perceber a evidência que teria fortalecido sua alma para as terríveis cenas que se seguiriam. Assim, os próprios homens que mais precisam da instrução divina freqüentemente deixam de recebê-la, porque não se colocam em comunhão com o Céu. Satanás está sempre buscando impressionar e controlar a mente, e nenhum de nós está em segurança, exceto ao estarmos em constante ligação com Deus. Devemos a todo momento receber suprimentos do Céu; e se quisermos ser conservados pelo poder de Deus, devemos ser obedientes a todas as Suas ordens. T4 542 2 A condição para produzirem frutos é que permaneçam na Videira viva. "Estai em Mim, e Eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em Mim. Eu sou a videira, vós, as varas; quem está em Mim, e Eu nele, este dá muito fruto, porque sem Mim nada podereis fazer. Se alguém não estiver em Mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem." João 15:4-6. T4 542 3 Todos os seus bons propósitos e boas intenções não os capacitarão a suportar o teste da tentação. Vocês devem ser homens de oração. Suas petições não devem ser fracas, ocasionais e vacilantes, mas sinceras, perseverantes e constantes. Não é necessário estar sozinho nem dobrar os joelhos para orar; mas em meio aos trabalhos, sua alma pode ser freqüentemente elevada a Deus, apossando-se de Sua força; então vocês serão homens de propósito elevado e santo, de nobre integridade, que não serão de forma alguma desviados da verdade, do direito e da justiça. T4 543 1 Vocês são pressionados por cuidados, responsabilidades e deveres urgentes; mas quanto maior lhes for a pressão, e mais pesadas as responsabilidades que têm de assumir, maior é sua necessidade de ajuda divina. Jesus será o seu ajudador. Vocês precisam constantemente da luz da vida para iluminar o seu caminho, e então seus divinos raios incidirão sobre outros. A obra de Deus é perfeita em todas as suas partes. É a atenção conscienciosa ao que o mundo chama coisas pequenas, que faz a grande beleza e o êxito da vida. Pequenos atos de caridade, palavrinhas de bondade, pequenos atos de abnegação, o sábio emprego de pequenas oportunidades, diligente cultivo dos talentos pequeninos, fazem grandes os homens à vista de Deus. Se essas pequenas coisas forem fielmente acatadas, se essas graças estiverem abundantemente em vocês, elas os aperfeiçoarão "em toda a boa obra". Hebreus 13:21. T4 543 2 Não é suficiente estar disposto a dar liberalmente de seus recursos para a causa de Deus. Ele apela a uma consagração sem reservas de todas as suas faculdades. Reterem a si mesmos tem sido o erro de sua vida. Podem pensar ser muito difícil em sua posição manterem íntima ligação com Deus; mas seu trabalho será dez vezes mais difícil se deixarem de fazê-lo. Satanás bloqueará seu caminho com tentações, e é somente através de Cristo que poderão obter a vitória. A mesma vontade indomável que concede êxito em empreendimentos intelectuais é essencial na conduta cristã. Vocês devem ser representantes de Jesus Cristo. Sua energia e perseverança em aperfeiçoar um caráter cristão devem ser muito maiores do que as manifestadas em qualquer outra atividade, uma vez que as coisas da eternidade são de maior importância do que os assuntos temporais. T4 543 3 Se vocês querem alcançar êxito na vida cristã, precisam decidir que serão homens segundo o coração de Deus. O Senhor deseja que a sua influência seja exercida na igreja e no mundo para elevar o padrão do cristianismo. O verdadeiro caráter cristão deve ser assinalado por uma firmeza de propósito, uma determinação irrefreável que não pode ser moldada ou subjugada pela Terra nem pelo inferno. Aquele que não é cego à atração das honras mundanas, não é indiferente às ameaças nem impassível às seduções, será enredado pelos ardis de Satanás de maneira inesperada. T4 544 1 Deus pede completa e total consagração; e não aceitará nada menos do que isso. Quanto mais difícil sua condição, mais você necessita de Jesus. O amor e temor de Deus conservaram José puro e imaculado na corte do rei. Ele foi exaltado a grandes riquezas, à elevada honra de ser o primeiro depois do rei; e essa ascensão foi tão súbita quanto grandiosa. É impossível permanecer sem perigo numa posição elevada. A tempestade deixa ilesa a modesta flor do vale, enquanto luta com a altaneira árvore que se acha sobre o topo da montanha. Há muitos homens a quem Deus poderia ter usado com maravilhoso sucesso quando pressionados pela pobreza -- Ele poderia tê-los feito úteis aqui, coroando-os com glória no futuro -- mas a prosperidade os arruinou; foram arrastados para o abismo, porque se esqueceram de ser humildes, esqueceram-se de que Deus era sua força, e se tornaram independentes e auto-suficientes. T4 544 2 José suportou a prova de caráter na adversidade, e o ouro não perdeu o seu brilho na prosperidade. Ele demonstrou para com a vontade de Deus, quando estava junto ao trono, a mesma elevada consideração que revelou quando na cela de prisioneiro. José levava a sua religião para onde quer que fosse, e este foi o segredo de sua inabalável fidelidade. Como homens representativos, vocês devem possuir o poder todo penetrante da verdadeira piedade. Afirmo-lhes, no temor de Deus, que seu caminho está cercado de perigos que não vêem nem imaginam. Vocês devem abrigar-se em Jesus. Estão sem segurança a menos que segurem a mão de Cristo. Devem guardar-se contra tudo o que se assemelha a presunção, e cultivar aquele espírito que prefere sofrer do que pecar. Nenhuma vitória que possam obter será tão preciosa quanto a conquistada sobre o eu. ------------------------Capítulo 52 -- Cultura moral e intelectual T4 545 1 Na visão que me foi dada em 9 de Outubro de 1878, foi-me mostrada a posição que nosso hospital de Battle Creek deve ocupar, e o caráter e influência que devem ser mantidos por todos os que com ele se relacionam. Essa importante instituição foi estabelecida pela providência de Deus, e Sua bênção é-lhe indispensável ao êxito. Os médicos não são charlatões nem infiéis, mas homens que entendem do corpo humano e dos melhores métodos de tratamento das doenças, homens que temem a Deus e que têm zeloso interesse pelo bem-estar moral e espiritual dos pacientes. Este interesse tanto pelo bem espiritual como físico não devem os administradores da instituição fazer esforço algum para ocultá-lo. Por uma vida de verdadeira integridade cristã podem eles dar ao mundo um exemplo digno de imitação; e não devem hesitar que se veja que além de sua habilidade no tratamento das doenças, estão constantemente adquirindo sabedoria e conhecimento de Cristo, o maior Professor que o mundo já conheceu. Devem eles manter-se em contato com a Fonte de toda a sabedoria, para tornarem o seu trabalho mais bem-sucedido. T4 545 2 A verdade tem poder para elevar o que a recebe. Se a verdade bíblica exercer a sua santificadora influência sobre o coração e o caráter, tornará os crentes mais inteligentes. O cristão compreenderá a sua responsabilidade para com Deus e para com os seus semelhantes, se estiver verdadeiramente relacionado com o Cordeiro de Deus, que deu a vida pelo mundo. Somente por meio de contínuo desenvolvimento das faculdades intelectuais e morais podemos esperar corresponder ao propósito de nosso Criador. T4 545 3 Deus Se desagrada com os que são demasiado indolentes e descuidados para se tornarem obreiros eficientes, bem informados. O cristão deve possuir mais inteligência e fina percepção que os mundanos. O estudo da Palavra de Deus dilata continuamente o espírito e fortalece o intelecto. Coisa alguma refinará e elevará mais o caráter, e dará tanto vigor a toda faculdade, como o constante exercício da mente para compreender e apreender sérias e importantes verdades. T4 546 1 A mente humana fica raquítica e debilitada quando se ocupa apenas de assuntos triviais, não se elevando nunca acima do nível das coisas temporais e lógicas, para apreender os mistérios do invisível. O entendimento é gradualmente levado ao nível dos assuntos com que constantemente se familiariza. A mente restringirá suas faculdades e perderá as aptidões de que é dotada, uma vez que não se exercite para adquirir mais conhecimentos, e se dilate para compreender as revelações do poder divino na natureza e na Palavra Sagrada. T4 546 2 Mas o conhecimento de fatos e teorias, embora possa ser importante em si mesmo, será de pouco valor real, a menos que se ponha em prática. Há perigo de que aqueles que obtiveram a sua educação principalmente de livros deixem de reconhecer que são principiantes no que se refere ao conhecimento prático. Isto é especialmente verdadeiro quanto aos que estão relacionados com o hospital. Essa instituição necessita de homens de raciocínio e habilidade. Os médicos, superintendentes, enfermeira-chefe e auxiliares devem ser pessoas de cultura e experiência. Mas alguns deixam de compreender o que é necessário em tal estabelecimento, e se arrastam, ano após ano, sem alcançar desenvolvimento significativo. Parecem estar estereotipados; cada dia que se sucede não é senão uma repetição do anterior. T4 546 3 A mente e o coração desses obreiros rotineiros estão empobrecidos. As oportunidades estão diante deles; se fossem estudiosos, poderiam obter uma educação do mais alto valor, mas não valorizam seus privilégios. Ninguém deve estar satisfeito com sua educação atual. Todos podem estar diariamente se qualificando para desempenhar alguma função de confiança. T4 546 4 É de suma importância que aquele que é escolhido para cuidar dos interesses espirituais dos pacientes e auxiliares seja um homem de bom senso e firme aos princípios, um homem que exerça influência moral, que saiba lidar com as mentes. Deve ser pessoa sábia e culta, afetuosa, bem como inteligente. Pode a princípio não ser inteiramente eficiente em todos os sentidos; deve, porém, mediante intensas reflexões e o exercício de suas habilidades, qualificar-se para essa importante obra. É necessário muita sabedoria e bondade para servir convenientemente nesta posição, não obstante com inflexível integridade, pois devem ser enfrentados preconceito, fanatismo e erro de toda forma e espécie. T4 547 1 Esse lugar não deve ser ocupado por um homem de temperamento irritável, de combatividade violenta. Deve-se ter cuidado para que a religião de Cristo não se torne repulsiva em virtude de severidade ou impaciência. Os servos de Deus devem procurar, por meio da mansidão, da bondade e do amor representar corretamente nossa fé sagrada. Conquanto a cruz jamais deva ser ocultada, deve ele apresentar também o inigualável amor do Salvador. O obreiro deve estar imbuído do espírito de Jesus, e então os tesouros da alma devem ser apresentados em palavras que encontrem o seu caminho para o coração dos ouvintes. A religião de Cristo, exemplificada na vida diária de Seus seguidores, exercerá uma influência dez vezes maior do que os mais eloqüentes sermões. T4 547 2 Obreiros inteligentes, tementes a Deus, podem realizar grande quantidade de bem no sentido de reformar os que chegam como enfermos para serem tratados no hospital. Essas pessoas estão doentes, não só fisicamente, mas mental e moralmente. A educação, os hábitos e a vida inteira de muitos têm sido errôneos. Não podem em poucos dias realizar as grandes mudanças necessárias para a adoção de hábitos corretos. Precisam de tempo para considerar a questão e aprender o caminho certo. Se todos os que estão relacionados ao hospital forem bons representantes das verdades da reforma de saúde e de nossa fé sagrada, estarão exercendo uma influência que tende a moldar o pensamento de seus pacientes. O contraste entre os hábitos errôneos e os que estão em harmonia com a verdade de Deus exerce um poder convincente. T4 547 3 O homem não é o que podia ser, nem o que é a vontade de Deus que ele seja. O grande poder de Satanás sobre a humanidade os mantém em baixo nível; mas isto não precisa ser assim, do contrário Enoque não poderia ter-se tornado tão elevado e enobrecido para andar com Deus. Os homens não precisam cessar de crescer intelectual e espiritualmente durante o seu tempo de vida. Todavia, a mente de muitos está tão ocupada com eles mesmos e seus interesses egoístas que não deixa espaço para pensamentos mais elevados e nobres. E o padrão de consecuções intelectuais, bem como espirituais, é baixo demais. Para muitos, quanto maior a responsabilidade da posição que ocupam, tanto mais satisfeitos se revelam consigo mesmos; e abrigam a idéia de que a posição caracteriza o homem. Poucos percebem que têm um trabalho constante diante deles para desenvolver paciência, simpatia, caridade, consciência e fidelidade -- traços de caráter indispensáveis àqueles que ocupam posições de responsabilidade. Todos os que estão ligados ao hospital devem ter sagrada consideração pelos direitos dos outros, o que é na realidade obedecer aos princípios da lei de Deus. T4 548 1 Alguns nessa instituição são tristemente deficientes nas qualidades tão essenciais à felicidade de todos os que com eles se relacionam. Os médicos, e os auxiliares nos vários setores do trabalho, devem guardar-se cuidadosamente contra a frieza egoísta, o distanciamento e a disposição anti-social; pois isso desvia a afeição e confiança dos pacientes. Muitos dos que vêm ao hospital são pessoas educadas, sensíveis, de fino trato e agudo discernimento. Essas pessoas descobrem tais defeitos imediatamente, e comentam a respeito deles. Os seres humanos não podem amar a Deus supremamente e ao próximo com a si mesmos, e ser tão frios como os icebergs. Não somente roubam a Deus do amor a Ele devido, mas também roubam ao seu semelhante. O amor é uma planta de origem celeste, e precisa ser cultivada e nutrida. Corações afetivos, palavras verdadeiras e amáveis farão famílias felizes e exercerão elevada influência sobre todos quantos entram na esfera dessa influência. T4 548 2 Aqueles que se aproveitam ao máximo de seus privilégios e oportunidades serão, no sentido bíblico, homens talentosos e educados; não meramente eruditos, mas educados em sua disposição, maneiras e conduta. Serão refinados, ternos, piedosos e afetuosos. Foi-me mostrado que isso é o que o Deus do Céu requer das instituições de Battle Creek. Deus nos tem dado faculdades para serem utilizadas, desenvolvidas e fortalecidas pela educação. Devemos raciocinar e refletir, observando cuidadosamente a relação entre causa e efeito. Quando isso for praticado, haverá, da parte de muitos, maior atenção e cuidado com respeito a suas palavras e atos, para que possam corresponder plenamente ao propósito de Deus ao criá-los. T4 549 1 Devemos sempre ter em mente que não somos apenas aprendizes, mas professores neste mundo, preparando a nós mesmos e a outros para mais elevada esfera de ação na vida futura. A medida da utilidade do homem está em conhecer a vontade de Deus e praticá-la. Está em nosso poder aperfeiçoar nossa disposição e maneiras de modo que Deus não Se envergonhe de nós. Deve haver um elevado padrão no hospital. Se há homens de cultura, de poder intelectual e moral em nossas fileiras, eles devem ser chamados à linha de frente para ocupar posições de liderança em nossas instituições. T4 549 2 Os médicos não devem ser deficientes em aspecto algum. Um amplo campo de utilidade está aberto diante deles, e se não se tornarem hábeis em sua profissão, eles serão os únicos culpados. Devem ser estudantes diligentes; e por cuidadosa aplicação e fiel atenção a detalhes, podem tornar-se pessoas de responsabilidade. Não deve ser necessário que alguém as acompanhe, para ver se o trabalho é feito corretamente. T4 549 3 Aqueles que ocupam posições de responsabilidade devem educar e disciplinar a si mesmos de modo que todos dentro da esfera de sua influência possam ver o que o ser humano pode ser e o que pode fazer, quando unido ao Deus de sabedoria e poder. E por que um homem assim privilegiado não deve tornar-se intelectualmente forte? Vez após vez os mundanos têm ironicamente afirmado que aqueles que crêem na verdade presente são pessoas mentalmente fracas, deficientes em educação, sem posição ou influência. Sabemos que isso não é verdade; mas não haveria alguma razão para essas afirmações? Muitos têm considerado o ser ignorante e sem cultura como um sinal de humildade. Tais pessoas estão enganadas quanto ao que constitui verdadeira humildade e mansidão cristã. ------------------------Capítulo 53 -- Dever para com os pobres T4 550 1 Os gerentes dos hospitais não devem reger-se pelos princípios que controlam outras instituições dessa espécie, nas quais os dirigentes, agindo com astúcia, muitas vezes são atenciosos para com os ricos, enquanto os pobres são negligenciados. Estes geralmente estão em grande necessidade de simpatia e conselho, que eles nem sempre recebem, embora em valor moral possam estar bem mais elevados na estima de Deus do que os mais ricos. O apóstolo Tiago deu instruções definidas com respeito à maneira pela qual devemos tratar os ricos e os pobres: T4 550 2 "Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com vestes preciosas, e entrar também algum pobre com sórdida vestimenta, e atentardes para o que traz a veste preciosa, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui, num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado, porventura não fizestes distinção dentro de vós mesmos e não vos fizestes juízes de maus pensamentos? Ouvi, meus amados irmãos. Porventura, não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que O amam?" Tiago 2:2-5. T4 550 3 Embora Cristo fosse rico nas cortes celestiais, não obstante Se tornou pobre para que por intermédio de Sua pobreza pudéssemos tornar-nos ricos. Jesus honrou os pobres ao participar de sua humilde condição. Por meio da história de Sua vida devemos aprender como tratar os pobres. Alguns levam o dever da beneficência a extremos, e na realidade prejudicam os necessitados fazendo demais em favor deles. Os pobres nem sempre se esforçam como deviam. Conquanto eles não devam ser negligenciados e deixados a sofrer, devem ser ensinados a ajudar a si próprios. T4 550 4 A causa de Deus não deve ser passada por alto para que os pobres possam receber nossa principal atenção. Certa vez Cristo deu aos Seus discípulos uma lição muito importante neste particular. Quando Maria derramou o ungüento sobre a cabeça de Jesus, o ambicioso Judas fez um apelo em benefício dos pobres, murmurando contra aquilo que ele considerava um desperdício de dinheiro. Jesus, porém, defendeu o ato, dizendo: "Por que a molestais? Ela praticou boa ação para comigo." "Onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua." Marcos 14:6, 9. Por meio disso somos ensinados que Cristo deve ser honrado com a consagração do melhor de nossas posses. Se toda a nossa atenção for concentrada em atender as necessidades dos pobres, a causa de Deus será negligenciada. Ninguém sofrerá, se Seus mordomos cumprirem o seu dever; mas a causa de Cristo deve estar em primeiro lugar. T4 551 1 Os pobres devem ser tratados com tanto interesse e atenção quanto os ricos. O costume de honrar os ricos e desprezar e negligenciar os pobres é crime aos olhos de Deus. Os que estão cercados de todo conforto na vida, ou que são acariciados e mimados pelo mundo porque são ricos, não sentem a necessidade de simpatia e terna consideração como acontece com as pessoas cuja vida tem sido uma longa luta contra a pobreza. Estes não têm senão pouca coisa nesta vida para torná-los felizes e alegres, e apreciarão simpatia e amor. Médicos e auxiliares não devem em hipótese alguma negligenciar essa classe, pois se assim o fizerem poderão negligenciar a Cristo na pessoa de Seus santos. T4 551 2 Nossa clínica foi construída para beneficiar a humanidade sofredora, ricos e pobres, de todo o mundo. Muitas de nossas igrejas não têm senão pequeno interesse nessa instituição, apesar de terem suficiente evidência de que ela é um dos instrumentos de Deus, designado a levar homens e mulheres à influência da verdade e salvar muitas almas. As igrejas, que têm pobres entre elas, não devem negligenciar a sua mordomia e lançar a carga dos pobres e enfermos sobre o hospital. Todos os membros das várias igrejas são responsáveis perante Deus por seus doentes. Devem eles carregar os próprios fardos. Se tiverem pessoas doentes entre eles, as quais desejam que sejam beneficiadas por tratamento, devem eles, se puderem, enviá-las ao hospital. Ao fazerem isso, não só estarão favorecendo a instituição que Deus estabeleceu, mas estarão auxiliando aqueles que necessitam de ajuda, cuidando dos pobres como Deus deseja que o façamos. T4 552 1 Não é plano de Deus que a pobreza desapareça do mundo. As classes sociais jamais deveriam ser igualadas; pois a diversidade de condições que caracteriza os seres humanos é um dos meios pelos quais Deus tem pretendido provar e desenvolver o caráter. Muitos têm insistido com grande entusiasmo que todos os homens devem ter parte igual nas bênçãos temporais de Deus; mas este não era o propósito do Criador. Cristo afirmou que sempre teremos conosco os pobres. Os pobres, bem como os ricos, são comprados por Seu sangue; e, entre os Seus professos seguidores, na maioria dos casos, os primeiros O servem com singeleza de propósito, enquanto os últimos estão constantemente colocando as suas afeições nos tesouros terrenos, e Cristo é esquecido. Os cuidados desta vida e a ambição das riquezas eclipsam a glória do mundo eterno. Seria a maior desgraça que já sobreveio à humanidade se todos devessem ser colocados em posição de igualdade em possessões terrenas. ------------------------Capítulo 54 -- Saúde e religião T4 552 2 O temor do Senhor fará mais pelos clientes do hospital do que qualquer outro meio que possa ser empregado para a restauração da saúde. A religião em caso algum deve ser mantida em segundo plano, como se prejudicial àqueles que vêm para ser tratados. Pelo contrário, deve ser sempre tornado notório que as leis de Deus, tanto na natureza quanto na revelação, são "vida para os que as acham e saúde, para o seu corpo". Provérbios 4:22. T4 552 3 O orgulho e a moda mantêm homens e mulheres na mais verdadeira escravidão aos costumes que são fatais à saúde, e mesmo à própria vida. Os apetites e paixões, que clamam por tolerância, espezinham a razão e a consciência. Esta é a cruel obra de Satanás, e ele está constantemente dedicando os mais determinados esforços para fortalecer as cadeias que retêm suas vítimas. Os que durante toda a vida têm estado a condescender com hábitos errôneos nem sempre compreendem a necessidade de mudança. E muitos persistirão em satisfazer a todo o custo os seus desejos pelo prazer pecaminoso. Desperte-se a consciência, e muito será ganho. Nada senão a graça de Deus pode convencer e converter o coração; somente aqui podem os escravos dos costumes obter poder para quebrar as algemas que os mantêm presos. A condescendência própria pode ser levada a ver e sentir que grande renovação moral é necessária se quiserem fazer face aos reclamos da lei divina; o templo da alma foi desonrado, e Deus pede que despertem e lutem com todas as forças a fim de reconquistar a varonilidade que Deus lhes deu e que fora sacrificada por pecaminosa condescendência. T4 553 1 A verdade divina pode causar pouca impressão sobre o intelecto enquanto os costumes e atos são opostos a seu princípio. Aqueles que estão dispostos a informar-se acerca do efeito da condescendência pecaminosa sobre a saúde, e que começam a efetuar a reforma, mesmo que seja por motivos egoístas, colocam-se onde a verdade de Deus pode encontrar acesso ao coração. E, por outro lado, aqueles que são alcançados pela apresentação da verdade escriturística, colocam-se numa posição onde sua consciência será despertada ao tema da saúde. Vêem e sentem a necessidade de afastar-se dos hábitos e apetites tirânicos que os têm dominado por tanto tempo. Há muitos que receberiam as verdades da Palavra de Deus, houvessem sido convencidos pela mais clara evidência; mas os desejos carnais, reivindicando satisfação, controlam o intelecto, e eles rejeitam a verdade como se fosse falsidade, porque entra em choque com suas afeições concupiscentes. T4 553 2 "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria." Salmos 111:10. Quando homens de hábitos errôneos e práticas pecaminosas se rendem ao poder da verdade divina, a entrada da Palavra de Deus "dá luz e dá entendimento aos símplices". Salmos 119:130. Há aplicação da verdade ao coração; e revive o poder moral, que parecia ter sido paralisado. O que a recebe é possuído de mais forte e claro entendimento do que antes. Firmou a alma na Rocha eterna. A saúde melhora, no mesmo sentido de sua segurança em Cristo. Assim, a religião e as leis de saúde andam de mãos dadas. ------------------------Capítulo 55 -- Obreiros fiéis T4 554 1 A administração de uma instituição tão grande e importante como o hospital envolve forçosamente grande responsabilidade, tanto em questões temporais como espirituais. É de especial importância que este refúgio para os que estão doentes do corpo e da mente seja tal que Jesus, o Médico Poderoso, possa presidir entre eles, e tudo o que for feito esteja sob o controle de Seu Espírito. Todos os que se acham relacionados com esta instituição devem qualificar-se para o fiel desempenho das responsabilidades que lhes foram confiadas por Deus. Devem dedicar-se a cada pequenino dever com a mesma fidelidade dispensada às questões de grande importância. Todos devem estudar com oração a forma em que podem tornar-se mais úteis e fazer deste refúgio para os doentes um grande sucesso. T4 554 2 Não imaginamos com que ansiedade os pacientes com as suas várias enfermidades chegam ao hospital, todos à espera de auxílio, mas alguns duvidosos e desconfiados, enquanto outros estão mais confiantes de que serão aliviados. Os que não visitaram a instituição estão vigiando com interesse toda indicação dos princípios defendidos por seus administradores. T4 554 3 Todos os que professam ser filhos de Deus devem ter sempre em mente que, em suas atividades, são missionários colocados em contato com os mais variados tipos de pessoas. Há corteses e rudes, humildes e orgulhosas, religiosas e céticas, confiantes e desconfiadas, liberais e avarentas, puras e corruptas, educadas e ignorantes, ricas e pobres; na verdade, quase toda a espécie de caráter e condição será encontrada entre os pacientes que estão no hospital. Os que se dirigem a este refúgio vêm porque necessitam de auxílio; e dessa forma, a despeito de sua situação ou condição, reconhecem eles que não são capazes de auxiliar a si mesmos. Essas diferentes pessoas não podem ser tratadas de igual maneira; não obstante, quer sejam ricas quer pobres, altas ou baixas, dependentes ou independentes, precisam de bondade, simpatia e amor. Pelo mútuo contato, deve a nossa mente tornar-se delicada e refinada. Dependemos uns dos outros, e estamos intimamente unidos pelos laços da fraternidade humana. T4 555 1 Fazendo-os depender da mútua ajuda, Os servos, os amigos e os senhores, Querem os Céus que um ao outro acuda. Té que em vigor se tornem seus langores. T4 555 2 É pelas relações sociais que o cristianismo entra em contato com o mundo. Todo homem ou mulher que provou o amor de Cristo e recebeu no coração a iluminação divina, é instado por Deus a fazer brilhar a luz na senda escura dos que desconhecem um caminho melhor. Todo obreiro deste hospital deve tornar-se uma testemunha de Jesus. O poder social, santificado pelo Espírito de Cristo, deve ser desenvolvido para conquistar almas para o Salvador. T4 555 3 Aquele que tem de lidar com pessoas que diferem tão grandemente em caráter, disposição e temperamento terá dificuldades, perplexidades e atritos, mesmo quando fizer o melhor possível. Poderá ressentir-se com a ignorância, o orgulho e a independência que encontrará; isto, porém, não deve desanimá-lo. Deve permanecer onde ele controlará mais do que será controlado. Firme ao princípio como uma rocha, com uma fé inteligente, deve ele permanecer incontaminado pelas influências que o cercam. O povo de Deus não deve ser transformado pelas várias influências às quais deve forçosamente expor-se; deve antes permanecer firme por Jesus, e mediante o auxílio de Seu Espírito exercer um poder transformador nas mentes deformadas pelos falsos hábitos e contaminadas pelo pecado. T4 555 4 Cristo não deve ser escondido no coração e encerrado como um tesouro oculto, sagrado e atraente, para ser desfrutado apenas pelo possuidor. Devemos ter a Cristo no coração como uma fonte de água que salta para a vida eterna, refrigerando a todos os que entram em contato conosco. Devemos confessar a Cristo aberta e destemidamente, exibindo em nosso caráter a Sua mansidão, humildade e amor, até que os homens sejam fascinados pela beleza da santidade. A melhor maneira de preservarmos a nossa religião não é como fazemos com os perfumes, engarrafando-os para que a fragrância não se exale. T4 556 1 Os muitos conflitos e obstáculos com que nos deparamos devem tornar-nos mais fortes e dar estabilidade à nossa fé. Não devemos ser como uma cana agitada pelo vento, por qualquer influência passageira. Aquecidas e revigoradas pelas verdades do evangelho, e refrigeradas pela graça divina, deve a nossa alma descerrar, expandir e espalhar a sua fragrância sobre os outros. Vestidos de toda a armadura de justiça, podemos fazer face a qualquer influência, permanecendo nossa pureza imaculada. T4 556 2 Devem todos considerar que as reivindicações de Deus para com eles têm a primazia sobre todas as demais. Deus confiou a cada pessoa habilidades para serem desenvolvidas, a fim de que possa ela refletir a glória de seu Doador. Todos os dias se deve fazer algum progresso. Se os obreiros deixam o hospital da mesma forma como nele entraram, sem fazerem progresso definido, crescendo em conhecimento e força espiritual, sofreram uma perda. Deus deseja que os cristãos cresçam continuamente -- cresçam até à plena estatura de homens e mulheres em Cristo. Todos os que não se tornam mais fortes e mais firmemente enraizados e fundamentados na verdade, estão retrocedendo constantemente. T4 556 3 Deve-se fazer esforço especial para conseguir os serviços de obreiros conscienciosos e cristãos. É desígnio de Deus que uma instituição de saúde seja organizada e dirigida exclusivamente pelos adventistas do sétimo dia; e ao serem introduzidos descrentes para ocuparem posições de responsabilidade, reina ali tal influência que falará com grande peso contra o hospital. Deus não tenciona que esta instituição seja dirigida segundo o método de qualquer outra instituição de saúde da Terra, mas que ela seja em Suas mãos um dos mais eficazes agentes para comunicar a luz ao mundo. Deve ela permanecer com habilidade científica, com poder moral e espiritual, e como uma fiel sentinela da reforma em todos os seus aspectos; e todos os que desempenham nela uma parte, devem ser reformadores, demonstrando respeito para com suas normas, e atentando para a luz da reforma de saúde que agora brilha sobre nós como um povo. T4 556 4 Todos podem ser uma bênção para outros, caso se coloquem onde representarão corretamente a religião de Jesus Cristo. Mas tem havido mais preocupação em tornar a aparência exterior de toda maneira atraente, para que ela possa ir ao encontro das opiniões dos pacientes mundanos, do que em manter vivo relacionamento com o Céu, vigiar e orar, a fim de que este instrumento de Deus possa ser inteiramente bem-sucedido em fazer o bem ao corpo, bem como à alma dos homens. T4 557 1 Que se pode dizer, e que se pode fazer, para despertar convicção no coração de todos os que se acham relacionados com esta importante instituição? Como podem eles ser levados a ver e sentir o perigo de darem passos errados, a não ser que tenham uma experiência viva nas coisas de Deus? Os médicos encontram-se em posição na qual, exercessem uma influência condizente com sua fé, teriam um poder modelador sobre todos os que estão ligados à instituição. Este é um dos melhores campos missionários do mundo, e todos os que se encontram em posição de responsabilidade devem familiarizar-se com Deus e estar sempre recebendo luz do Céu. Nunca houve um período tão importante na história do hospital como no presente, nunca um tempo em que tanto esteve em jogo. Somos cercados de perigos dos últimos dias. Satanás tem vindo com grande poder, atuando "com todo o engano da injustiça para os que perecem" (2 Tessalonicenses 2:10); "sabendo que tem pouco tempo". Apocalipse 12:12. A luz deve agora brilhar em nossas palavras e conduta com crescente fulgor sobre o caminho daqueles que estão em trevas. T4 557 2 Alguns há que não são o que o Senhor desejaria que fossem. São impulsivos e rudes, e necessitam da suavizante e subjugadora influência do Espírito de Deus. Nunca é fácil tomar a cruz e seguir no caminho da abnegação; todavia, isto deve ser feito. Deus deseja que todos tenham Sua graça e Seu Espírito para que tornem fragrante sua vida. Alguns são demasiadamente independentes e auto-suficientes, não se aconselhando com os outros como devem. T4 557 3 Meus irmãos, estamos vivendo num tempo solene. Uma importante obra deve ser feita pela nossa alma e pela de outros, ou defrontaremos uma perda infinita. Precisamos ser transformados pela graça de Deus ou perderemos o Céu; e através de nossa influência, outros fracassarão conosco. Permitam-me assegurar-lhes que as lutas e conflitos que precisam ser suportados no desempenho do dever, a abnegação e os sacrifícios que devem ser feitos quando somos fiéis a Cristo não são criados por Ele. Não são impostos por ordens arbitrárias ou desnecessárias; não vêm da severidade da vida que Ele requer que assumamos em Seu serviço. Provas existiriam em maior poder e número se recusássemos obedecer a Cristo e nos tornássemos servos de Satanás e escravos do pecado. T4 558 1 Jesus nos convida a ir ter com Ele e tirará de nossos cansados ombros a carga, colocando sobre nós o Seu jugo, que é suave; e o Seu fardo, que é leve. O trilho pelo qual Ele nos convida a andar nunca nos teria custado um tormento se sempre tivéssemos nele andado. É quando nos extraviamos do caminho do dever que este se torna difícil e espinhoso. Os sacrifícios que temos que fazer ao seguir a Cristo são apenas outros tantos passos para retornar ao caminho da luz, da paz e felicidade. As dúvidas crescem ao contemporizarmos com elas, e quanto mais contemporizarmos, tanto mais difícil é vencê-las. É seguro largar todo suporte terrestre e tomar a mão dAquele que levantou e salvou o discípulo que se afogava no mar tempestuoso. T4 558 2 Deus apela a que combinem a simplicidade de uma criança com a força e maturidade de um homem. Ele deseja que vocês desenvolvam o verdadeiro ouro do caráter; e pelos méritos de Cristo podem fazê-lo. Minha alma está apreensiva por aqueles que não sentem sua necessidade de constante ligação com o Céu a fim de realizar a obra que lhes é requerida como fiéis sentinelas de Deus. T4 558 3 Religião é o que se faz necessário. Devemos comer do pão da vida e beber da água da salvação. Devemos cultivar o amor, não aquele que é falsamente assim denominado caridade, que nos leva a amar o pecado e apreciar os pecadores, mas o amor bíblico e a sabedoria bíblica, que é "primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos". Tiago 3:17. T4 558 4 Deve haver, em todos os que têm qualquer influência no hospital, conformação à vontade de Deus, humilhação do eu, o abrir do coração à preciosa influência do Espírito de Cristo. O ouro provado no fogo representa o amor e a fé. Muitos se acham quase destituídos de amor. A auto-suficiência lhes cega os olhos à sua grande necessidade. Existe verdadeira necessidade de conversão diária a Deus -- nova, profunda e diária experiência na vida religiosa. T4 559 1 Deve ser despertado no coração dos médicos, em especial, o mais ardente desejo de obter aquela sabedoria que só Deus pode comunicar; pois tão logo se tornam confiantes em si mesmos, são entregues à própria sorte para seguirem os impulsos do coração não santificado. Quando vejo o que estes médicos podem tornar-se, ligados a Cristo, e o que deixarão de ser se a Ele não se unirem diariamente, sinto-me cheia de apreensão pelo fato de estarem eles satisfeitos em alcançar uma norma mundana e não possuírem nenhum desejo ardente, nenhuma fome e sede das belezas da santidade, o ornamento "de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus". 1 Pedro 3:4. T4 559 2 A paz de Cristo, a paz de Cristo -- o dinheiro não a pode comprar; o brilhante talento não pode dela assenhorear-se; o intelecto não pode consegui-la; ela é um dom de Deus. A religião de Cristo -- como hei de fazer todos compreenderem a grande perda que sofrerão se deixarem de pôr em prática seus santos princípios na vida diária? A mansidão e a humildade de Cristo, eis a força do cristão. Isto é na verdade mais precioso que todas as coisas que a habilidade possa criar, ou possam ser adquiridas com a riqueza. De todas as coisas que se buscam, acariciam e cultivam, coisa alguma há, tão valiosa aos olhos de Deus, como um coração puro, uma disposição impregnada de gratidão e paz. T4 559 3 Caso exista no coração a divina harmonia da verdade e do amor, ela resplandecerá em palavras e ações. O mais cuidadoso cultivo das boas maneiras e cortesias da vida não possui suficiente poder para excluir toda a impaciência, juízo precipitado e linguagem imprópria. O espírito de genuína bondade deve habitar no coração. O amor concede graça, boas maneiras e modéstia àquele que o possui. O amor ilumina o semblante e suaviza a voz, e enobrece e eleva todo o ser. Põe-no em harmonia com Deus; pois é um atributo celeste. T4 560 1 Muitos se acham em risco de pensar que, nos cuidados do trabalho, escrevendo e trabalhando como médicos, ou cumprindo seus deveres nos vários departamentos, são desculpáveis se deixam de orar, se negligenciam o sábado e os cultos. As coisas sagradas são assim rebaixadas a fim de favorecer-lhes as conveniências, ao passo que os deveres, as renúncias e as cruzes são deixados de lado. Nem os médicos nem os auxiliares devem tentar fazer seu trabalho sem consagrar tempo à oração. Deus seria o ajudador de todos quantos O professam amar, caso com Ele fossem ter com fé e, sentindo a própria fraqueza, ansiassem Seu poder. Quando eles se separam de Deus, sua sabedoria demonstrar-se-á insensatez. Quando se acham pequenos aos próprios olhos, e se apóiam com todo o peso em seu Deus, então Ele lhes é o braço de seu poder, e os esforços que fizerem serão seguidos de êxito; ao permitirem, porém, que a mente se desvie do Senhor, Satanás nela penetra, controla os pensamentos e perverte o juízo. T4 560 2 Pessoa alguma se acha em maior perigo do que aquela que crê estar segura a sua montanha. É então que o pé lhe começa a deslizar. Sobrevirão tentações, uma após outra, e será tão imperceptível a influência das mesmas sobre a vida e o caráter que, a menos que seja guardada pelo poder divino, ela será corrompida pelo espírito do mundo, e deixará de realizar o desígnio de Deus. Tudo quanto o homem possui, foi-lhe dado pelo Senhor, e aquele que desenvolve suas aptidões para glória de Deus será um instrumento para o bem; mas, da mesma forma que não nos é possível ser fisicamente fortes sem tomar alimento temporal, não podemos viver a vida religiosa sem constante oração e o cumprimento dos deveres espirituais. Precisamos sentar-nos diariamente à mesa de Deus. Importa que recebamos forças da Videira Viva, caso nos devamos nutrir. T4 560 3 A direção seguida por alguns, de empregarem métodos mundanos a fim de conseguirem seus desígnios, não se encontra em harmonia com a vontade divina. Vêem erros que necessitam ser corrigidos, mas não querem trazer a reprovação sobre si mesmos, e em vez de, animosamente, enfrentarem essas coisas, lançam a responsabilidade sobre outros, e os deixam fazer face às dificuldades a que se eximiram; e, em muitos casos, o que fala claramente é considerado o grande culpado. T4 561 1 Irmãos, rogo-lhes que procedam tendo unicamente em vista a glória de Deus. Seja Seu poder a sua confiança, Sua graça a sua força. Por meio de estudo das Escrituras e de fervorosa oração, busquem obter percepções claras de seu dever, e depois o cumpram fielmente. É essencial cultivarem fidelidade nas pequeninas coisas e, assim fazendo, formarão hábitos de integridade nas responsabilidades maiores. Os pequenos incidentes da vida diária passam muitas vezes sem os notarmos; são, no entanto, essas coisas que moldam o caráter. Todo acontecimento da vida é de grande importância para bem ou para mal. A mente precisa ser exercitada pelas provas diárias, a fim de adquirir vigor para resistir em qualquer situação difícil. Nos dias de prova e de perigo, vocês necessitarão estar fortalecidos para ficar firmes ao lado do direito, a despeito de toda influência contrária. T4 561 2 Deus está disposto a fazer muito por vocês, uma vez que tão-somente sintam sua dependência dEle. Jesus os ama. Procurem andar sempre à luz da sabedoria divina; e em meio a todas as mutáveis circunstâncias da vida, não descansem a menos que saibam que sua vontade se acha em harmonia com a vontade de seu Criador. Mediante fé nEle, vocês podem conseguir força para resistir a toda tentação de Satanás, crescendo assim em energia moral a cada prova enviada por Deus. T4 561 3 Poderão tornar-se homens de responsabilidade e influência se, pelo poder de sua vontade unido à força divina, empenharem-se fervorosamente no trabalho. Exercitem as faculdades mentais, e em caso algum negligenciem as físicas. Não deixem que a preguiça intelectual feche sua trajetória para maior conhecimento. Aprendam a refletir, assim como a estudar, a fim de que sua mente se expanda, fortaleça e desenvolva. Nunca pensem que já aprenderam bastante e que podem agora afrouxar seus esforços. A mente culta é a medida do homem. Sua educação deve continuar por toda a vida; cada dia devem estar aprendendo e pondo em prática o conhecimento adquirido. T4 562 1 Vocês crescem em verdadeira dignidade e valor moral ao praticarem a virtude e abrigarem a retidão no coração e na vida. Não permitam seja seu caráter atingido pela mácula da lepra do egoísmo. Uma alma nobre, em parceria com um intelecto culto, fará de vocês homens a quem Deus usará em posições de sagrada confiança. T4 562 2 Deve constituir obra prioritária de todos os que se acham relacionados com esta instituição serem eles próprios retos diante de Deus, e depois, no poder de Cristo, permanecerem inatingidos pelas influências errôneas às quais estarão expostos. Se fizerem dos amplos princípios da Palavra de Deus o fundamento do caráter, poderão eles estar rodeados por quaisquer influências deletérias, onde quer que o Senhor em Sua providência os chame, e contudo não se desviarão do caminho da retidão. T4 562 3 Muitos falham onde deviam ter êxito, porque não percebem quão grande é a influência de suas palavras e atos. São afetados pelas circunstâncias, e parecem pensar que a vida lhes pertence, e que podem seguir a conduta que lhes parecer mais agradável, sem levar em conta os outros. Tais pessoas serão consideradas auto-suficientes e indignas de confiança. Não consideram com oração sua posição e responsabilidades, e deixam de perceber que somente por um desempenho fiel dos deveres da vida presente podem aspirar ganhar a futura vida imortal. T4 562 4 Se essas pessoas fizessem da Palavra de Deus seu estudo e guia, veriam que, nenhum homem "vive para si mesmo". Romanos 14:7. Aprenderiam no Registro Inspirado que Deus atribuiu elevado valor à família humana. As obras de Sua criação em cada dia sucessivo foram chamadas boas, mas o homem, formado à imagem de seu Criador, foi pronunciado muito bom. Nenhuma criatura que Deus fez tem atraído tal demonstração de Seu amor. E quando tudo foi perdido pelo pecado, Deus deu o Seu querido Filho para redimir a humanidade caída. Foi Sua vontade que o ser humano não perecesse em seus pecados, mas vivesse para empregar as suas faculdades em abençoar o mundo e honrar ao seu Criador. Professos cristãos que não vivem para beneficiar os outros, seguem sua própria vontade perversa em lugar da vontade de Deus, e serão chamados a prestar contas ao Mestre por seu abuso das bênçãos que Ele lhes concedeu. T4 563 1 Jesus, o grande Comandante do Céu, deixou as cortes reais para vir ao mundo endurecido e arruinado pela maldição. Ele tomou sobre Si a nossa natureza, para que com o Seu braço humano pudesse envolver a humanidade, enquanto com Seu braço divino Se apegava à Onipotência, ligando assim o homem finito ao Deus infinito. Nosso Redentor veio ao mundo para mostrar como o homem deve viver a fim de garantir a vida imortal. Nosso Pai celestial fez um sacrifício infinito ao dar o Seu Filho para morrer pelo homem caído. O preço pago por nossa redenção deve dar-nos uma exaltada compreensão do que nos podemos tornar por meio de Cristo. T4 563 2 Ao João considerar a altura, profundidade e largura do amor do Pai para com a humanidade a perecer, enche-se de admiração e reverência. Ele não pode achar linguagem mais adequada para expressar esse amor, mas convoca o mundo para contemplá-lo: "Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus." 1 João 3:1. Que valor isso coloca sobre o homem! Pela transgressão, os filhos dos homens se tornaram súditos de Satanás. Através do sacrifício infinito de Cristo, e a fé em Seu nome, os filhos de Adão se tornam filhos de Deus. Por assumir a natureza humana, Cristo eleva a humanidade. Aos homens caídos é concedida outra prova, e são colocados onde, mediante ligação com Cristo, podem educar, aperfeiçoar e elevar a si mesmos, para que possam na verdade se tornar dignos do nome de "filhos de Deus". T4 563 3 Tal amor não tem paralelo. Jesus requer que aqueles que foram comprados pelo preço de Sua própria vida façam o melhor uso dos talentos que Ele lhes tem dado. Devem crescer no conhecimento da vontade divina e constantemente melhorar intelectual e moralmente, até que possam atingir a perfeição de caráter, pouco menor do que a dos anjos. T4 563 4 Se aqueles que professam crer na verdade presente fossem verdadeiros representantes da verdade, vivendo à altura de toda a luz que brilha sobre o seu caminho, estariam constantemente exercendo sobre outros uma influência para o bem, assim deixando uma trilha luminosa em direção ao Céu para todos os que são colocados em contato com eles. Mas a falta de fidelidade e integridade entre seus professos amigos é um sério obstáculo à prosperidade da causa de Deus. Satanás trabalha através de homens que estão sob seu controle. O hospital, a igreja e outras instituições em Battle Creek têm menos a temer dos infiéis e blasfemadores diretos do que dos incoerentes professos seguidores de Cristo. Esses são os Acãs no acampamento, que trazem vergonha e derrota. São os que retêm a bênção de Deus, e desencorajam os obreiros zelosos e abnegados da causa de Cristo. T4 564 1 Em sua conduta para com os pacientes, devem todos ser movidos por motivos mais elevados do que por interesses egoístas. Todos devem compenetrar-se de que esta instituição é um dos instrumentos divinos para aliviar as enfermidades do corpo e apontar à alma enferma pelo pecado Aquele que pode curar tanto a alma como o corpo. Juntamente com o cumprimento dos deveres especiais que lhes foram designados, devem todos ter interesse no bem-estar dos outros. O egoísmo é contrário ao espírito de cristianismo. É totalmente satânico em sua natureza e desenvolvimento. T4 564 2 Numa de Suas preciosas lições aos discípulos, nosso Salvador descreveu o cuidado de Deus por Suas criaturas nestas palavras: "Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? E nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados." Mateus 10:29. Aquele que Se curva para observar até os pequenos pássaros, tem especial cuidado por todos os ramos de Sua obra. Todos os que são empregados em nossas instituições estão sob o olhar do Deus infinito. Ele vê se seus deveres são realizados com estrita integridade ou de maneira descuidosa e desonesta. Os anjos estão caminhando invisivelmente através de cada sala dessas instituições. Seja com tristeza ou com alegria os anjos estão constantemente ascendendo ao Céu, levando os registros. Cada ato de fidelidade é registrado; cada ato de desonestidade também é registrado; e toda a pessoa é finalmente recompensada segundo suas obras. ------------------------Capítulo 56 -- Influência cristã T4 565 1 No relacionamento com outros, todos no hospital que são seguidores de Cristo devem procurar elevar o padrão de cristianismo. Tenho hesitado em mencionar isso, porque alguns que estão sempre prontos para ir a extremos concluirão ser necessário discutir com os pacientes sobre pontos de doutrina e falar durante as reuniões religiosas mantidas no hospital como se fosse aos irmãos em nossa própria casa de culto. Alguns não manifestam sabedoria ao dar o seu testemunho nessas pequenas reuniões que visam especialmente beneficiar os pacientes, mas em seu zelo se apressam e falam da terceira mensagem angélica, ou de outros pontos peculiares de nossa fé, enquanto esses doentes não entendem do que estão falando mais do que se lhes falassem em grego. T4 565 2 Pode ser adequado introduzir esses assuntos em reuniões de oração dos fiéis; todavia, não onde o objetivo é beneficiar aqueles que nada sabem de nossa fé. Devemos adaptar nossas orações e testemunhos à ocasião e ao grupo presente. Aqueles que não podem fazer isso não devem ir a tais reuniões. Há temas que os cristãos podem em qualquer tempo se demorar com proveito, tais como a experiência cristã, o amor de Cristo e a simplicidade da fé; e se o próprio coração estiver imbuído do amor de Jesus, permitirão que a luz brilhe em toda oração e exortação. Permitam que os frutos da verdade santificadora sejam vistos na vida, no exemplo de santidade, e isso causará uma impressão que nenhuma influência oposta pode contradizer. T4 565 3 É uma vergonha ao nome de cristão, que tão pouca estabilidade e verdadeira religiosidade sejam vistas na vida de muitos que professam a Cristo. Quando trazidos em contado com as influências mundanas, ficam com o coração dividido. Inclinam-se para o mundo, em vez de para Cristo. A menos que haja poderoso entusiasmo para agitar os sentimentos, as pessoas jamais pensariam, pela sua conduta, que eles amavam a verdade ou eram cristãos. T4 565 4 Alguns reconhecerão a veracidade do que escrevi, mas não farão nenhuma mudança radical; não podem discernir a atuação enganosa do coração carnal, e por causa de sua cegueira espiritual serão seduzidos pelas influências que corrompem e arruínam a alma. O encanto da tentação manterá sob sua fascinação aqueles que não vêem nem sentem seu perigo. Em toda a oportunidade favorável o adversário das almas os empregará como seus agentes, e agitará todo o elemento de depravação que existe em sua natureza não santificada. Manifestarão uma contínua tendência para o que é errado. O apetite e a paixão reivindicarão a condescendência. Os hábitos de anos serão revelados sob o forte poder das tentações satânicas. Se tais pessoas estivessem a muitos quilômetros de qualquer de nossas instituições em Battle Creek, a causa de Deus seria muito mais próspera. T4 566 1 Tais pessoas poderiam reformar-se, se tivessem qualquer senso de sua condição e da perniciosa influência que exercem, e fariam esforços decididos para corrigir os seus erros. Mas elas não meditam, não oram nem lêem as Escrituras como devem. São frívolas e volúveis. Não estão ancoradas em nada. Aqueles que querem ser fiéis e exercer uma influência salvadora sobre outros, encontram nesse grupo uma pedra de tropeço em seu caminho, e sua obra é dez vezes mais difícil do que de outro modo seria. T4 566 2 Foi-me mostrado que os médicos devem entrar em uma relação mais íntima com Deus, e erguer-se e trabalhar ardorosamente em Sua força. Eles têm uma parte de responsabilidade a desempenhar. Não só a vida dos pacientes, mas a salvação deles está em jogo. Muitos que são beneficiados fisicamente podem, ao mesmo tempo, ser grandemente auxiliados no sentido espiritual. Tanto a saúde do corpo como a salvação da alma dependem em grande parte do procedimento dos médicos. É da máxima importância que eles sejam corretos, que não tenham apenas o conhecimento científico, mas o conhecimento da vontade e dos caminhos de Deus. Grandes responsabilidades repousam sobre eles. T4 566 3 Meus irmãos, vocês devem ver e sentir sua responsabilidade, e, em face dela, humilhar a alma diante de Deus e implorar-Lhe sabedoria. Vocês não têm compreendido quanto a salvação das almas, daqueles cujo corpo estão procurando aliviar do sofrimento, depende de suas palavras, atos e comportamento. Estão realizando obra que deve suportar a prova do juízo. Devem proteger a própria alma contra os pecados do egoísmo, da auto-suficiência e da confiança própria. T4 567 1 Vocês devem preservar a verdadeira dignidade cristã, mas evitar toda presunção. Sejam estritamente honestos de coração e vida. Permitam que a fé, à semelhança da palmeira, estenda as suas penetrantes raízes por baixo das coisas que aparecem, e obtenha o refrigério espiritual das fontes vivas da graça e da misericórdia de Deus. Há "uma fonte de água a jorrar para a vida eterna". João 4:14. Vocês devem receber vida dessa fonte oculta. Se vocês se despirem do egoísmo e fortalecerem sua alma pela constante comunhão com Deus, poderão promover a felicidade de todos com quem entrarem em contato. Notarão os negligenciados, informarão os ignorantes, encorajarão os oprimidos e desanimados, e, na medida do possível, aliviarão os sofredores. E não só indicarão o caminho para o Céu, mas vocês mesmos andarão nele. T4 567 2 Não se contentem com conhecimento superficial. Não exultem por causa de lisonjas, nem se oprimam por motivo de censuras. Satanás os tentará a proceder de tal maneira que sejam admirados e lisonjeados; mas devem desviar-se de seus ardis. Vocês são servos do Deus vivo. T4 567 3 Seu trato com os enfermos é um procedimento exaustivo, e consumiriam gradualmente as fontes da vida caso não houvesse nenhuma mudança, nenhuma oportunidade para recreação, e se anjos de Deus não os guardassem e protegessem. Se vocês pudessem ver os muitos perigos através dos quais são guiados a salvo cada dia por esses mensageiros do Céu, a gratidão brotaria de seu coração e encontraria expressão em seus lábios. Se fizerem de Deus a sua força, poderão, sob as circunstâncias mais desanimadoras, atingir uma altura e uma amplitude de perfeição cristã que dificilmente pensariam ser possível alcançar. Seus pensamentos podem ser tão elevados, vocês podem ter tão nobres aspirações, percepções claras da verdade e propósitos de ação que serão elevados acima de todos os motivos sórdidos. T4 568 1 Serão necessárias tanto reflexão como ação, se desejarem alcançar perfeição de caráter. Conquanto postos em contato com o mundo, devem estar em guarda a fim de que não procurem com tanto empenho o aplauso dos homens e vivam de acordo com sua opinião. Andem com cuidado, se desejam prosseguir com segurança; desenvolvam a graça da humildade e confiem a Cristo a sua alma indefesa. Vocês podem ser, em muitos sentidos, homens de Deus. Em meio da confusão e tentação das multidões profanas, podem manter, com perfeita suavidade, a independência da alma. T4 568 2 Se mantiverem comunhão diária com Deus, aprenderão a avaliar os homens como Ele os avalia, e as obrigações de abençoar a humanidade sofredora, que sobre vocês repousam, encontrarão uma resposta voluntária. Não são de vocês mesmos; seu Senhor possui sagradas reivindicações sobre suas supremas afeições e sobre as mais elevadas realizações de sua vida. Ele tem o direito de utilizar o seu corpo e o seu espírito, ao mais pleno grau de suas faculdades, para Sua própria honra e glória. Sejam quais forem as cruzes que lhes seja exigido levar, os esforços ou sofrimentos a vocês impostos por Sua mão, vocês devem aceitar sem murmuração. T4 568 3 Aqueles para quem vocês trabalham são seus irmãos na dor, sofrendo perturbações físicas e a lepra espiritual do pecado. Se vocês são em algum sentido melhores do que eles, isto deve ser creditado à cruz de Cristo. Muitos estão sem Deus e sem esperança no mundo. Eles são culpados, corruptos e degradados, escravizados pelos ardis de Satanás. Todavia, são essas as pessoas a quem Cristo veio do Céu para redimir. Eles são objeto da mais terna compaixão, simpatia e incansável esforço, pois estão à beira da ruína. Sofrem de desejos insatisfeitos, paixões desordenadas e pela condenação de sua própria consciência; são infelizes em todo o sentido da palavra, pois estão perdendo a posse desta vida e não possuem perspectiva alguma da vida futura. T4 568 4 Vocês têm um importante campo de trabalho, e devem ser ativos e vigilantes, prestando obediência alegre e irrestrita aos reclamos do Mestre. Tenham sempre em mente que seus esforços para reformar outros devem ser feitos no espírito de invariável bondade. Nada jamais conseguirá mantê-los afastados daqueles aos quais vocês querem auxiliar. Vocês devem conservar na lembrança dos pacientes o fato de que, ao sugerirem a reforma de seus hábitos e costumes, lhes estão apresentando não o que é para arruiná-los, mas para salvá-los; que, enquanto deixam o que estimaram e amaram até aqui, devem edificar sobre um fundamento mais firme. Ao mesmo tempo que a reforma deve ser defendida com firmeza e resolução, toda aparência de fanatismo ou espírito autoritário deve ser cuidadosamente evitada. Cristo nos deu preciosas lições de paciência, tolerância e amor. Rudeza não é força; nem a prepotência, heroísmo. O Filho de Deus era persuasivo. Ele Se manifestou para atrair a Si todos os homens. Seus seguidores devem estudar-Lhe mais atentamente a vida e andar na luz de Seu exemplo, seja qual for o sacrifício próprio. Deve-se manter a reforma, contínua reforma, perante o povo, e seu exemplo deve fortalecer os seus ensinamentos. T4 569 1 O caso de Daniel foi-me apresentado. Conquanto fosse um homem de paixões semelhantes às nossas, a pena da inspiração o apresenta como de um caráter imaculado. Sua vida nos é dada como brilhante exemplo do que um homem pode tornar-se, mesmo nesta vida, se fizer de Deus a sua força e sabiamente aproveitar as oportunidades e privilégios ao seu alcance. Daniel foi um gigante intelectual; contudo, estava continuamente buscando maior conhecimento, mais elevadas realizações. Outros jovens tinham as mesmas vantagens, mas eles não dedicaram, como ele, todas as energias em busca da sabedoria -- o conhecimento de Deus como revelado em Sua Palavra e Suas obras. Embora Daniel fosse um dos maiores homens do mundo, não era orgulhoso nem auto-suficiente. Sentia a necessidade de refrigerar sua alma com oração, e cada dia era encontrado em fervorosa súplica perante Deus. Ele não se privava desse privilégio, mesmo quando uma cova de leões estava aberta para recebê-lo se continuasse a orar. T4 569 2 Daniel amava, temia e obedecia a Deus. Todavia não fugiu para longe do mundo para evitar sua corruptora influência. Na providência de Deus ele devia estar no mundo, todavia não ser do mundo. Com todas as tentações e fascinações da vida da corte em torno de si, ele permaneceu na integridade de sua alma, firme como uma rocha em sua aderência aos princípios. Ele fez de Deus sua força e não foi por Ele abandonado no tempo de sua maior necessidade. T4 570 1 Daniel era verdadeiro, nobre e generoso. Conquanto estivesse ansioso para estar em paz com todos os homens, não permitiria que qualquer poder o apartasse do caminho do dever. Estava disposto a obedecer àqueles que tinham poder sobre ele, enquanto pudesse fazê-lo em harmonia com a verdade e a justiça; mas reis e decretos não podiam fazê-lo desviar-se de sua aliança com o Rei dos reis. Daniel tinha apenas dezoito anos quando foi levado a uma corte pagã a serviço do rei de Babilônia; e por ser jovem, sua nobre resistência ao erro e sua firme adesão ao direito são os pontos em que mais é admirado. Seu nobre exemplo deve comunicar força aos provados e tentados, mesmo no tempo presente. T4 570 2 Uma estrita aceitação dos requisitos bíblicos será uma bênção, não somente para a alma, mas para o corpo. O fruto do espírito não é somente amor, alegria e paz, mas também domínio próprio. Somos instados a não contaminar o nosso corpo, pois ele é templo do Espírito Santo. O caso de Daniel nos mostra, que, através de princípio religioso, os jovens podem triunfar sobre a concupiscência da carne, e permanecer firmes aos requisitos de Deus mesmo que custe grande sacrifício. Que seria se ele tivesse se comprometido com aqueles oficiais pagãos, e cedido à pressão, da ocasião, comendo e bebendo como era costume entre os babilônios. Esse passo errado provavelmente conduziria a outros, até que sua ligação com o Céu seria interrompida, e ele teria sido dominado pela tentação. Mas enquanto ele se apegou a Deus com confiança inabalável, o espírito de poder profético veio sobre ele. Embora tenha sido instruído pelos homens nos deveres da vida da corte, foi ensinado por Deus a ler os mistérios dos tempos futuros. ------------------------Capítulo 57 -- Economia e abnegação T4 571 1 A economia no gasto de recursos é um excelente aspecto da sabedoria cristã. Esse assunto não é suficientemente considerado pelos que ocupam posição de responsabilidade em nossas instituições. O dinheiro é um excelente dom de Deus. Nas mãos de Seus filhos é ele alimento para o faminto, bebida para o sedento e vestido para o nu; é defesa ao oprimido e um meio de saúde para o enfermo. Os recursos não devem ser gastos desnecessária e prodigamente para satisfação do orgulho e da ambição. T4 571 2 A fim de satisfazermos as reais necessidades do povo, os austeros motivos dos princípios religiosos devem ser um poder controlador. Quando cristãos e incrédulos são mantidos juntos, o elemento cristão não deve assimilar o não santificado. Deve-se manter o contraste distinto e positivo entre ambos. Eles são servos de senhores diferentes. Uma classe se esforça para manter-se no caminho humilde da obediência aos mandamentos de Deus -- o caminho da simplicidade, da mansidão e da humildade -- imitando o Modelo, Cristo Jesus. A outra classe é em todos os sentidos o oposto da primeira. Eles são servos do mundo, ávidos e ambiciosos para seguir as suas modas no vestir-se com extravagância e em satisfazer o apetite. Esse é o campo onde Cristo deu aos que se relacionam com o hospital sua obra específica. Não devemos encurtar a distância que nos separa das pessoas do mundo seguindo suas normas, descendo do elevado caminho aberto para que os redimidos do Senhor nele andem. Mas a beleza demonstrada na vida do cristão -- os princípios mantidos em nosso trabalho diário, ao submetermos o apetite ao controle da razão, o mantermos a simplicidade no vestir-nos e entregar-nos à conversação santa -- será uma luz a brilhar continuamente no caminho daqueles cujos hábitos são errôneos. T4 571 3 Há aqueles que são fracos e vãos e que não têm profundidade mental ou poder de princípio, que são suficientemente néscios para serem influenciados e afastados da simplicidade do evangelho pelos adeptos da moda. Se virem que os que professam ser reformadores, de acordo com suas circunstâncias, estão se submetendo ao apetite e vestindo-se segundo os costumes do mundo, os escravos da condescendência própria se confirmarão em seus hábitos perversos. Concluem que afinal não estão tão desviados do caminho assim, e que nenhuma grande mudança precisa ser feita por eles. O povo de Deus deve sustentar firmemente o padrão do que é correto e exercer uma influência para corrigir os hábitos errados daqueles que têm estado adorando diante do templo da moda, e quebrar o fascínio que Satanás tem sobre essas pobres almas. Os mundanos devem ver um assinalado contraste entre sua própria extravagância e a simplicidade dos reformadores que são seguidores de Cristo. T4 572 1 O segredo do êxito na vida está na atenção cuidadosa e consciente às pequenas coisas. Deus faz a simples folha, a delicada flor, a haste de grama, com tanto cuidado quanto cria um mundo. A estrutura simétrica de um caráter forte e belo é desenvolvida por atos individuais de obediência. Todos devem aprender a ser fiéis tanto no menor dever, quanto no maior. Sua obra não pode suportar a inspeção de Deus, a menos que inclua atenção fiel, diligente e prudente pelas coisas pequenas. T4 572 2 Todos os que se acham relacionados com as nossas instituições devem ter zeloso cuidado para que nada seja desperdiçado, mesmo que a questão não se prenda justamente à parte da obra a eles designada. Todos podem fazer alguma coisa no sentido da economia. Todos devem realizar o seu trabalho, não para receber a aprovação dos homens, mas de tal maneira que esta possa resistir ao escrutínio de Deus. T4 572 3 Certa vez Cristo deu ao Seus discípulos uma lição sobre economia, a qual é digna de cuidadosa atenção. Ele realizou um milagre a fim de alimentar os milhares de famintos que estiveram escutando os Seus ensinamentos; todavia, após todos se haverem alimentado e estarem satisfeitos, não permitiu que as sobras fossem desperdiçadas. Aquele que pôde alimentar a grande multidão, em sua necessidade, pelo Seu divino poder, mandou que os discípulos ajuntassem as sobras, a fim de que nada se perdesse. Esta lição foi dada para o nosso benefício tanto quanto para o das pessoas que viviam nos dias de Cristo. O Filho de Deus cuida das necessidades temporais da vida. Não desprezou Ele as sobras após a refeição, embora pudesse fazer tal milagre todas as vezes que achasse por bem. Os obreiros de nossas instituições fariam bem em atentar para esta lição: "Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca." João 6:12. Este é o dever de todos, e os que ocupam posição de liderança devem dar o exemplo. T4 573 1 Aqueles cujas mãos estão abertas para responder aos apelos em prol de recursos para manter a causa de Deus e aliviar os sofredores e necessitados, não são os descuidados, negligentes e vagarosos em dirigir os seus negócios. Eles são sempre cuidadosos em manter suas despesas dentro de suas receitas. São econômicos por princípio; sentem que é seu dever economizar, para que possam ter alguma coisa para dar. T4 573 2 Alguns dos obreiros, à semelhança dos filhos de Israel, permitem que apetites pervertidos e velhos hábitos de condescendência clamem pela vitória. Anseiam, como fez o antigo Israel, pelos "porros" e "cebolas" do Egito. Números 11:5. Todos os que estão ligados com essas instituições devem aderir estritamente às leis da vida e da saúde, e assim não dar margem, por seu exemplo, aos hábitos errados de outros. T4 573 3 O que primeiro leva a alma para longe de Deus é a transgressão nas pequenas coisas. Por seu pecado em partilhar do fruto proibido, Adão e Eva abriram as comportas da dor sobre o mundo. Alguns podem considerar a transgressão como coisa muito pequena; mas vemos que suas conseqüências não foram nada pequenas. Os anjos no Céu têm uma esfera mais elevada e ampla de ação do que nós; mas o que é certo para eles também é certo para nós. T4 573 4 Não é o espírito avarento e mesquinho que levaria os devidos oficiais a reprovar erros existentes e requerer de todos os obreiros justiça, economia e abnegação. Não é descer da dignidade própria zelar pelos interesses de nossas instituições nesses assuntos. Aqueles que são fiéis, naturalmente esperam fidelidade em outros. Estrita integridade deve governar o trato dos administradores e deve ser imposta a todos os que trabalham sob sua direção. T4 573 5 Homens de princípio não precisam da restrição de chaves e fechaduras; não necessitam ser vigiados nem guardados. Lidarão de maneira veraz e honrosa em todos os momentos, tanto sozinhos, sem nenhum olhar sobre eles, como em público. Não trarão mácula sobre sua alma por nenhuma soma de ganho ou vantagem egoísta. Eles desprezam atos mesquinhos. Conquanto ninguém mais possa sabê-lo, saberiam por si mesmos, e isso destruiria o seu respeito próprio. Aqueles que não são conscienciosos e fiéis nas coisas pequenas não se reformarão, caso houvesse leis, restrições e penalidades sobre a questão. T4 574 1 Poucos são os que têm força moral para resistir à tentação, especialmente quanto ao apetite, e para praticar abnegação. Para alguns é demasiado forte resistir à tentação de ver outros tomarem a terceira refeição; e imaginam estar com fome, quando essa sensação não é um pedido do estômago para se alimentar, mas um desejo da mente que não foi fortalecida através de princípio firme, e disciplinada quanto à abnegação. Os muros do domínio próprio e da restrição própria em nenhum caso devem ser enfraquecidos e derribados. Paulo, o apóstolo aos gentios, diz: "Subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado." 1 Coríntios 9:27. T4 574 2 Os que não vencem em coisas pequeninas, não terão poder moral para resistir a tentações maiores. Todos os que buscam fazer da honestidade o princípio governante nos negócios diários da vida, precisarão estar em guarda para que não cobice de ninguém "a prata, nem o ouro, nem a veste". Atos dos Apóstolos 20:33. Enquanto se contentam com roupa e comida conveniente, será fácil proteger o coração e as mãos da contaminação da cobiça e desonestidade. T4 574 3 Os hábitos formados na infância e juventude têm mais influência do que qualquer dote natural em tornar os homens e mulheres intelectualmente grandes ou atrofiados e enfraquecidos; pois os melhores talentos podem, mediante hábitos errados, tornar-se desvirtuados e debilitados. Em grande extensão, o caráter é determinado nos primeiros anos. Hábitos corretos e virtuosos formados na juventude, geralmente assinalarão a conduta do indivíduo ao longo da vida. Na maioria dos casos, aqueles que reverenciam a Deus e honram o direito, serão vistos como tendo aprendido essa lição antes que o mundo pudesse estampar a sua imagem de pecado na alma. Homens e mulheres de idade madura são geralmente tão insensíveis às novas impressões, como é a rocha endurecida; mas a juventude é impressionável, e o caráter correto pode então ser facilmente formado. T4 575 1 Aqueles que estão empregados em nossas instituições têm, em muitos respeitos, as melhores vantagens para a formação de hábitos corretos. Ninguém será colocado além do alcance da tentação; pois em todo o caráter há pontos fracos que estão em perigo quando atacados. Aqueles que professam o nome de Cristo, como o fariseu cheio de justiça própria, não devem ter grande prazer em relembrar os seus bons atos, mas todos devem sentir a necessidade de manter a natureza moral protegida por constante vigilância. Como fiéis sentinelas, devem guardar a cidadela da alma, nunca achando que podem relaxar a sua vigilância por um momento. Sua única segurança está em oração fervorosa e em fé viva. T4 575 2 Aqueles que começam a ser descuidados em seus passos, descobrirão que antes de estarem cientes disso, seus pés estão embaraçados numa rede da qual é impossível desvencilhar-se. Ser fiéis e honestos deve ser um princípio estabelecido com todos. Sejam ricos ou pobres, quer tenham amigos ou não, venha o que vier, devem resolver na força de Deus que nenhuma influência os levará a cometer o menor ato errado. Todos devem perceber que deles, individualmente, depende em certa medida a prosperidade das instituições que Deus estabeleceu entre nós. ------------------------Capítulo 58 -- Posição e obra do hospital T4 575 3 Enquanto viajando pelo Estado do Maine, não muito tempo atrás, conhecemos a irmã A, uma mulher que aceitou a verdade enquanto estava no hospital. O seu marido havia sido um rico industrial; mas vieram reveses, e ele foi reduzido à pobreza. A irmã A perdeu a saúde e foi para o nosso hospital para tratamento. Ali recebeu a verdade presente que é adornada por sua coerente vida cristã. Ela tem quatro distintos e inteligentes filhos, que são perfeitos reformadores da saúde, e podem nos dizer por que agem assim. Tal família pode fazer muito bem numa comunidade. Exerce forte influência na direção certa. T4 576 1 Muitos que vêm ao hospital para tratamento são levados ao conhecimento da verdade, e assim não só são curados fisicamente, mas as câmaras escuras da mente são iluminadas pela luz do querido amor do Salvador. Quanto maior bem poderia ser realizado se todos os que estão relacionados com essa instituição primeiro estivessem ligados ao Deus da sabedoria, e assim se tornassem condutos de luz para outros. Os hábitos e costumes do mundo, o orgulho da aparência, o egoísmo e a exaltação própria freqüentemente se intrometem, e esses pecados de seus professos seguidores são tão ofensivos a Deus que Ele não pode atuar com poder por eles ou através deles. T4 576 2 Aqueles que são infiéis nas questões temporais serão igualmente infiéis nas espirituais. Por outro lado, negligência das reivindicações de Deus leva à negligência das reivindicações humanas. A infidelidade prevalece nesta época degenerada; ela está aumentando em nossas igrejas e nossas instituições. Sua pegada escorregadia é vista por toda a parte. Este é um dos pecados condenadores desta época, e levará milhares e dezenas de milhares à perdição. Se aqueles que professam a verdade em nossas instituições de Battle Creek fossem representantes vivos de Cristo, partiria deles um poder que seria sentido por toda a parte. Satanás bem sabe disso, e trabalha "com todo o engano da injustiça para os que perecem" (2 Tessalonicenses 2:10) a fim de que o nome de Cristo não seja magnificado naqueles que professam ser Seus seguidores. Meu coração dói quando vejo como Jesus é desonrado pela vida indigna e caráter defeituoso daqueles que poderiam ser um ornamento e uma honra a Sua causa. T4 576 3 As tentações com as quais Cristo foi assediado no deserto -- apetite, amor ao mundo e presunção -- são os três atrativos principais pelos quais os homens são mais freqüentemente derrotados. Os administradores do hospital serão freqüentemente tentados a afastar-se dos princípios que devem orientar uma instituição como essa. Eles, porém, não devem desviar-se do caminho certo para satisfazer as inclinações ou servir o apetite depravado de pacientes ricos ou de amigos. A influência de tal procedimento é simplesmente danosa. O afastamento dos ensinos ministrados em conferências ou através da imprensa exerce um efeito muito desfavorável sobre a influência e a moral da instituição e, em grande parte, anulará todos os esforços para instruir e reformar as vítimas de apetite e paixões depravados e para levá-las a Cristo, o único refúgio seguro. T4 577 1 O mal não terminará aqui. A influência atinge não só os pacientes, mas também os obreiros. Uma vez derribadas as barreiras, um passo após outro é dado na direção errada. Satanás apresenta lisonjeiras propostas mundanas aos que se afastarem dos princípios e sacrificarem a integridade e honra cristãs para obter a aprovação dos ímpios. Seus esforços são muitas vezes bem-sucedidos. Ele obtém a vitória onde deveria encontrar rejeição e derrota. T4 577 2 Cristo resistiu a Satanás em nosso benefício. Temos o exemplo de nosso Salvador para fortalecer os nossos fracos propósitos e resoluções; apesar disto, porém, alguns cairão pelas tentações de Satanás, e não cairão sozinhos. Toda alma que deixa de obter a vitória faz outros caírem por meio de sua influência. Os que deixam de associar-se com Deus e de receber sabedoria e graça para aprimorarem e sublimarem a sua própria vida serão julgados pelo bem que poderiam ter feito, mas que deixaram de realizar por estarem satisfeitos com o mundanismo e a amizade com os não santificados. T4 577 3 Todo o Céu está interessado na salvação do ser humano, e está pronto para derramar sobre ele seus generosos dons, se ele preencher as condições estipuladas por Cristo: "Saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo." 2 Coríntios 6:17. T4 577 4 Os que têm a responsabilidade no hospital devem ser sobremodo cuidadosos de que as diversões não sejam de molde a rebaixar o padrão de cristianismo, colocando esta instituição em pé de igualdade com outras e debilitando o poder da verdadeira religiosidade na mente daqueles que com ela estão relacionados. Os entretenimentos mundanos ou teatrais não são necessários à prosperidade do hospital ou à saúde dos pacientes. Quanto mais lhes for apresentado este tipo de diversões tanto menos eles se sentirão satisfeitos, a não ser que alguma coisa dessa espécie lhes seja oferecida continuamente. A mente está sempre na expectativa de alguma coisa nova e provocante, exatamente aquilo que ela não deve receber. E se esses entretenimentos são permitidos uma vez, são aguardados novamente, e os pacientes perdem o seu gosto por qualquer arranjo simples para ocupar o tempo. Mas repouso, mais do que agitação, é o de que necessitam os pacientes. T4 578 1 Assim que essas diversões são introduzidas, as objeções para não ir a casas de espetáculos são removidas de muitas mentes, e a alegação de que cenas morais de alto padrão vão ser representadas no teatro faz ruir a última barreira. Os que desejariam permitir essa espécie de divertimentos no hospital fariam melhor se buscassem de Deus sabedoria para guiar estas pobres, famintas e sedentas almas à Fonte da alegria, paz e felicidade. T4 578 2 Depois que houve um afastamento do caminho reto, é difícil voltar. As barreiras foram removidas e derribadas as salvaguardas. Um passo em direção errada prepara o caminho para outro. Um único copo de vinho pode abrir a porta da tentação que levará a hábitos de embriaguez. A condescendência com um único sentimento de vingança pode abrir o caminho para um cortejo de sentimentos que terminarão em assassínio. O menor desvio do direito e dos princípios levará à separação de Deus, e poderá terminar em apostasia. O que fazemos uma vez, fazemos outra vez mais pronta e naturalmente; e prosseguir em determinado caminho, seja ele certo ou errado, é mais fácil do que começar. Exige menos tempo e trabalho corromper os nossos caminhos diante de Deus do que implantar no caráter hábitos de justiça e verdade. Tudo aquilo a que um homem se acostuma, seja sua influência boa ou má, ele acha difícil abandonar. T4 578 3 Os administradores dos hospitais podem igualmente concluir, desde logo, que jamais serão capazes de satisfazer essa espécie de mentalidade que só pode encontrar felicidade em alguma coisa nova e atrativa. Para muitas pessoas este tem sido o seu regime dietético intelectual durante toda a sua vida; há dispépticos tanto mentais como físicos. Muitos estão sofrendo muito mais de males da alma do que de enfermidades do corpo, e não encontrarão alívio enquanto não forem a Cristo, a fonte da vida. Os queixumes de fadiga, solidão e descontentamento cessarão então. As alegrias que satisfazem comunicarão vigor à mente, e saúde e energia vital ao físico. T4 579 1 Se os médicos e obreiros se lisonjearem com o pensamento de que devem encontrar uma panacéia para os diversos males de seus pacientes, suprindo-os com uma série de entretenimentos semelhantes aos que têm constituído a maldição de sua vida, eles serão desapontados. Não permitam que estes divertimentos sejam colocados no lugar que a Fonte da vida deve ocupar. A alma faminta e sedenta continuará a ter fome e sede enquanto participar destes prazeres que não satisfazem. Mas aqueles que bebem da água da vida não mais terão sede de entretenimentos frívolos, sensuais e estimulantes. Os princípios enobrecedores da religião fortalecerão as energias mentais e destruirão o gosto por estas satisfações. T4 579 2 O fardo do pecado, com seu desassossego e desejos não satisfeitos, jaz mesmo à base de grande parte das doenças sofridas pelos pecadores. Cristo é o poderoso comunicador de cura à alma enferma de pecado. Esses pobres sofredores precisam ter conhecimento mais claro dAquele a quem conhecer devidamente é vida eterna. Eles precisam ser paciente e bondosa mas diligentemente ensinados quanto à maneira de abrir de par em par as janelas da alma, deixando entrar o Sol do amor de Deus para iluminar os obscurecidos recantos da mente. As mais exaltadas verdades espirituais podem ser levadas ao coração pelas coisas da natureza. Os pássaros do ar, as flores do campo, com suas belas cores vivas, o cereal germinando, a videira com seus ramos cheios de frutos, as árvores soltando os seus tenros renovos, o glorioso pôr-do-sol, as nuvens carmesim a anunciarem uma bela manhã, a sucessão das estações -- tudo isto pode ensinar-nos preciosas lições de confiança e fé. A imaginação tem aqui um campo fértil no qual estender-se. A mente inteligente pode contemplar com a maior satisfação estas lições da verdade divina, as quais o Redentor do mundo associou às coisas da natureza. T4 580 1 Cristo reprovou severamente os homens de Seu tempo por não terem eles aprendido da natureza as lições espirituais que poderiam ter aprendido. Todas as coisas, animadas e inanimadas, expõem ao homem o conhecimento de Deus. A mesma mente divina que está atuando nas coisas da natureza, está a falar à mente e ao coração dos homens e a produzir um inexprimível anseio por alguma coisa que eles não possuem. As coisas do mundo não podem satisfazer-lhes os anelos. Àquelas almas sedentas é dirigida a mensagem divina: "E o Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve diga: Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água da vida." Apocalipse 22:17. T4 580 2 O Espírito de Deus está continuamente impressionando a mente dos homens para buscar aquelas coisas que somente concederão paz e descanso -- as alegrias mais elevadas e santas do Céu. Cristo, o Senhor da vida e da glória, deu a Sua vida para redimir o homem do poder de Satanás. O nosso Salvador está constantemente em ação, através de influências visíveis e invisíveis, para atrair a mente dos homens dos prazeres insatisfatórios desta vida ao tesouro de valor incalculável que lhes pode pertencer no futuro imortal. T4 580 3 Deus gostaria que o Seu povo, em palavras e conduta, declarasse ao mundo que nenhuma atração terrena ou posses mundanas são de valor suficiente para compensar a perda da herança celestial. Aqueles que são verdadeiros filhos da luz e do dia não serão vãos nem frívolos na conversação, no vestuário ou na conduta, mas sóbrios, meditativos, constantemente exercendo uma influência para atrair almas ao Redentor. O amor de Cristo, refletido da cruz, pleiteia em favor do pecador, atraindo-o pelas cordas do infinito amor à paz e felicidade encontradas em nosso Salvador. Deus requer de todos os Seus seguidores que dêem um testemunho vivo em linguagem inconfundível pela conduta, vestuário, conversação e em todas as atividades da vida, de modo que o poder da verdadeira piedade seja proveitoso a todos nesta vida e na que há de vir; possa isso unicamente satisfazer a alma do recebedor. T4 581 1 A glória de Deus se revela nas obras de Suas mãos. Eis aqui mistérios cujo exame fortalecerá a mente. As mentes que têm sido distraídas e abusadas pela leitura de ficção poderão ter na natureza um livro aberto e ler a verdade nas obras de Deus, que as rodeiam. Todos poderão achar temas para estudo na simples folha da árvore da floresta. A haste da grama que cobre a terra com seu verde tapete de veludo, as plantas e flores, as majestosas árvores da floresta, as montanhas altaneiras, as rochas de granito, o oceano revolto, as preciosas gemas de luz que enfeitam os céus para embelezar a noite, as inesgotáveis riquezas da luz solar, as solenes glórias da lua, o frio hibernal, o calor do verão, as estações que mudam e se repetem em perfeita ordem e harmonia, controladas pelo poder infinito; eis assuntos que exigem profunda meditação para desenvolver a imaginação. T4 581 2 Se o frívolo e amante dos prazeres permitir que a mente se demore sobre o que é real e verdadeiro, o coração não poderá deixar de se encher de reverência e adorará ao Deus da natureza. A contemplação e o estudo do caráter de Deus, conforme é revelado nas obras por Ele criadas, abrirá um campo de meditação que afastará a mente dos divertimentos vulgares, degradantes e debilitantes. O conhecimento das obras e caminhos de Deus, só podemos começar a obter neste mundo; o estudo será continuado por toda a eternidade. Deus tem provido para o homem assuntos para meditação que porão em atividade cada faculdade mental. Podemos ler o caráter do Criador nos céus em cima e na terra embaixo, enchendo o coração de gratidão e ações de graças. Todo nervo e sentido atenderão à expressão do amor de Deus em Suas maravilhosas obras. Satanás inventa atrações terrenas para que a mente carnal seja colocada naquelas coisas que não podem elevar, refinar e enobrecer; suas faculdades são assim atrofiadas e enfraquecidas, e os homens e mulheres que poderiam atingir a perfeição de caráter se tornam mesquinhos, fracos e defeituosos. T4 582 1 Deus designou que o hospital que Ele estabeleceu devia permanecer como um farol de luz, advertência e reprovação. Ele provaria ao mundo que uma instituição conduzida por princípios religiosos como um refúgio para doentes poderia ser mantida sem sacrificar a sua natureza peculiar e santa; que poderia ser mantida livre dos aspectos objetáveis que são achados em outras instituições do gênero. Devia ser um instrumento em Suas mãos para efetuar grandes reformas. Atos errados de vida devem ser corrigidos, a moral elevada, os gostos mudados, o vestuário reformado. T4 582 2 Doenças de todo tipo são acarretadas ao corpo por estilos de vestuário insalubres da moda; e deve ser tornado notório o fato de que uma reforma precisa ter lugar antes que o tratamento proporcione cura. O apetite pervertido tem sido satisfeito, até que a doença seja produzida como resultado certo. As faculdades e órgãos enfraquecidos e atrofiados não podem ser fortalecidos e revigorados sem decididas reformas. E se aqueles que estão ligados ao hospital não são em todo aspecto representantes corretos das verdades da reforma de saúde, uma reforma decisiva precisa fazer deles o que devem ser, ou precisam ser separados da instituição. T4 582 3 A mente de muitos assume tão baixo nível que Deus não pode trabalhar por eles ou com eles. A corrente do pensamento tem de ser mudada, as sensibilidades morais têm de ser alertadas, de modo a perceber os direitos de Deus. A suma essência da verdadeira religião é possuir e reconhecer continuamente -- por palavras, pelo vestuário, pelo comportamento -- nosso relacionamento com Deus. A humildade deve tomar o lugar do orgulho; a sobriedade, da leviandade; e a devoção, da irreligiosidade e descuidosa indiferença. T4 582 4 Aqueles que têm tido muitos anos de experiência na causa de Deus, devem, acima de todos os outros, colocar os seus talentos no mais elevado uso que lhes foi confiado pelo Mestre. Contudo, o exemplo de alguns tem estado por demais do lado da conformidade com o mundo, em vez de manter o caráter distinto e separado do povo peculiar de Deus. Eles têm tido a tendência de condescender em vez de negar o apetite e a inclinação de vestir-se segundo o padrão mundano. Tudo isso está em oposição à obra que Deus e os anjos estão buscando realizar por nós como um povo, para trazer-nos fora, separar-nos e distinguir-nos do mundo. Devemos santificar-nos como um povo, e buscar força com Deus para defrontar as demandas deste tempo. Quando a iniqüidade prevalece no mundo, o povo de Deus deve buscar estar mais intimamente ligado ao Céu. A maré de imoralidade vem sobre nós com tal poder que perderemos nosso equilíbrio e seremos engolidos pela correnteza, a menos que nossos pés permaneçam firmemente sobre a Rocha, Cristo Jesus. T4 583 1 A prosperidade do hospital não depende só da inteligência e conhecimento de seus médicos, mas do favor de Deus. Se for conduzido de modo que Deus possa abençoar, terá elevado êxito, e permanecerá adiante de qualquer outra instituição similar no mundo. Grande luz, grande conhecimento e privilégios superiores têm sido dados. E segundo a luz que tem sido recebida, mas não tem sido aproveitada, e portanto não é uma luz que brilha sobre outros, será a condenação. T4 583 2 A mente de alguns está sendo desviada para o conduto da incredulidade. Essas pessoas pensam que vêem razão para duvidar da Palavra e da obra de Deus, porque a conduta de alguns professos cristãos lhes parece questionável. Mas acaso isso modifica o alicerce? Não devemos tornar a conduta de outros a base de nossa fé. Devemos imitar a Cristo, o exemplo perfeito. Se alguém permite que o domínio dEle sobre si seja enfraquecido porque os homens erram, porque os defeitos são vistos no caráter daqueles que professam a verdade, estarão sempre sobre areia movediça. Seus olhos devem ser dirigidos ao "Autor e Consumador da fé" (Hebreus 12:2); devem fortalecer sua alma com a segurança do grande apóstolo: "Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus." 2 Timóteo 2:19. Deus não pode ser enganado. Ele lê o caráter corretamente. Ele pesa os motivos. Nada escapa a Seus olhos que tudo vêem; os pensamentos, as intenções e propósitos do coração -- tudo é discernido por Ele. T4 583 3 Não há desculpa para a dúvida ou ceticismo. Deus tomou amplas medidas para estabelecer a fé de todos os homens, caso eles estejam dispostos a tomar sua decisão em face da força das evidências. Se, porém, esperam que sejam removidas todas as aparentes objeções, para então crerem, nunca virão a ficar estabelecidos, arraigados e firmados na verdade. Deus nunca afastará todas as aparentes dificuldades de nosso caminho. Os que desejam duvidar, encontrarão oportunidade para isso; os que desejam crer, acharão abundância de provas em que basearem a fé. T4 584 1 É inexplicável a atitude de alguns -- inexplicável mesmo para eles. Esses andam flutuando sem uma âncora, jogados daqui para ali na cerração da incerteza. Bem depressa Satanás se apodera do leme, e dirige-lhes o frágil barquinho de acordo com sua vontade. Eles ficam sujeitos a sua vontade. Não houvessem essas mentes dado ouvidos a Satanás, e não teriam sido iludidas pelos seus enganos; houvessem permanecido firmes do lado de Deus, e não teriam ficado confundidas e perplexas. T4 584 2 Deus e os anjos observam com intenso interesse o desenvolvimento do caráter, e estão pesando o valor moral. Os que resistirem aos ardis do inimigo sairão como ouro provado no fogo. Os que são derribados de sua posição pelas ondas das tentações, imaginam, como Eva, que estão ficando admiravelmente sábios, saindo da ignorância e estrita conscienciosidade; à semelhança dela, porém, achar-se-ão lamentavelmente iludidos. Andaram em perseguição de sombras, trocando a sabedoria celeste pelo frágil juízo humano. Um pouquinho de conhecimento os tornou presunçosos. Um conhecimento mais profundo e completo acerca de Deus e deles próprios, tê-los-ia tornado novamente homens sãos e sensatos, firmando-os do lado da verdade, dos anjos e de Deus. T4 584 3 A palavra divina julgar-nos-á, a cada um de nós, no grande dia final. Os rapazes falam acerca de ciência, e sua sabedoria está acima do que está escrito; buscam explicar os caminhos e obras de Deus de modo a satisfazer a própria compreensão finita; tudo isso, porém, é deplorável fracasso. A verdadeira ciência e a Inspiração se acham em perfeita harmonia. A falsa ciência é um tanto independente da divindade. Não passa de pretensiosa ignorância. Esse enganoso poder tem cativado e escravizado a mente de muitos, os quais preferiram as trevas à luz. Colocaram-se ao lado da incredulidade, como se duvidar fora virtude, indício de elevação de espírito -- quando, ao contrário, é sinal de espírito demasiado fraco e estreito para perceber a Deus em Suas obras criadas. Não poderiam sondar o mistério de Sua providência, ainda que, com todas as suas forças, o estudassem por toda vida. E porque as obras divinas não podem ser explicadas por mentes finitas, Satanás traz sobre eles seus enganos, e enreda-os nas malhas da incredulidade. Caso esses duvidosos se ponham em íntimo contato com Deus, Ele tornará claros Seus desígnios à compreensão deles. T4 585 1 As coisas espirituais "se discernem espiritualmente". 1 Coríntios 2:14. A mente carnal não é capaz de compreender esses mistérios. Continuem os questionadores e duvidosos a seguir o grande enganador, e as impressões e convicções do Espírito de Deus hão de tornar-se mais e mais fracas, mais freqüentes as sugestões do inimigo, até que a mente se submeterá de todo ao seu domínio. Então o que a essas mentes confundidas se afigura como sendo loucura, será o poder de Deus, e o que Ele considera como loucura ser-lhes-á sabedoria e força. T4 585 2 Um dos grandes males que tem acompanhado a pesquisa do conhecimento, as descobertas da ciência, é que os que se têm empenhado nesses estudos, perdem demasiadas vezes de vista o caráter divino da religião pura e incontaminada. Os sábios, segundo o mundo, têm procurado explicar, baseados em princípios científicos, a influência do Espírito de Deus sobre o coração. O menor passo nessa direção introduzirá a alma no labirinto do ceticismo. A religião da Bíblia é simplesmente o mistério da piedade; nenhuma mente humana o pode plenamente entender, e é de todo incompreensível ao coração não regenerado. T4 585 3 O Filho de Deus comparou as atuações do Espírito Santo com o vento, que "assopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai". João 3:8. Lemos ainda, no Sagrado Registro, que o Redentor do mundo regozijou-Se em espírito, e disse: "Graças Te dou, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos, e as revelaste aos pequeninos." Mateus 11:25. O Salvador regozijou-Se porque o plano da salvação é de tal natureza que aqueles que são sábios aos próprios olhos, que se acham inchados pelos ensinos da vã filosofia, não podem ver a beleza, o poder e o oculto mistério do evangelho. Mas a todos quantos são humildes de coração, que possuem um desejo dócil, sincero, infantil, de conhecer e fazer a vontade de seu Pai celeste, Sua Palavra é revelada como o poder de Deus para salvação. A atuação do Espírito de Deus é loucura para o homem não renovado. O apóstolo Paulo diz: "Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus." 2 Coríntios 4:3, 4. T4 586 1 O sucesso do hospital depende de sua permanência na singeleza da piedade e abstinência das loucuras do mundo no comer, beber, vestir-se e divertir-se. Deve ele ser reformatório em todos os seus princípios. Coisa alguma deve ser inventada para satisfazer as necessidades da alma e ocupar o lugar e o tempo que Cristo e Seu serviço demandam, pois isso destruirá o poder da instituição como agente de Deus para converter as pobres almas enfermas pelo pecado, que, ignorantes acerca do caminho de vida e paz, têm buscado a felicidade no orgulho e na loucura vã. T4 586 2 "Estabelecido para um propósito verdadeiro" deve ser a posição de tudo o que se relaciona com o hospital. Conquanto não devamos insistir junto aos pacientes para que aceitem a nossa fé, nem entrar em discussão religiosa com eles, nossas publicações, cuidadosamente selecionadas, devem estar à vista em quase todos os lugares. O elemento religioso deve predominar. Este tem sido e deverá ser ainda o poder dessa instituição. Não seja nossa instituição de saúde pervertida a serviço da profanação e da moda. Há muitas instituições de saúde em nossa terra que mais se parecem com um hotel do que com um lugar onde os enfermos e sofredores podem obter alívio de suas enfermidades físicas, e onde a alma enferma pelo pecado pode encontrar aquela paz e repouso em Jesus, não encontrada em nenhum outro lugar. Sejam os princípios religiosos evidenciados e assim mantidos; sejam a ostentação e a popularidade abandonadas; sejam a simplicidade e a modéstia, a bondade e a fidelidade visíveis por toda a parte; então o hospital será justamente o que Deus desejava que fosse; então o Senhor o aprovará. ------------------------Capítulo 59 -- A influência dos companheiros T4 587 1 Em nossas instituições, onde muitos trabalham juntos, bem grande é a influência dos companheiros. É natural buscar companheirismo. Todos encontrarão companheiros ou os farão. E exatamente na medida da força da amizade, será o grau de influência exercida pelos amigos uns nos outros, para bem ou para mal. Todos terão amigos, e influenciarão e serão influenciados. T4 587 2 Misterioso é o laço que liga entre si os corações humanos, de modo que os gostos, os sentimentos e os princípios das duas pessoas ficam intimamente associados. Um apanha o espírito e copia as maneiras e as ações do outro. Como a cera toma a forma do sinete, assim a mente recebe a impressão produzida pelo intercâmbio e o convívio. Talvez a influência seja inconsciente, todavia não será menos poderosa. T4 587 3 Fosse a juventude persuadida a associar-se com os puros, os sensatos e amáveis, muito salutar seria o efeito. Caso se escolham companheiros que temam ao Senhor, a influência induzirá à verdade, ao dever, à santidade. Uma vida verdadeiramente cristã é uma força para o bem. Por outro lado, porém, os que se associam com homens e mulheres de moral duvidosa, ou de maus costumes e princípios, dentro em breve estarão andando nos mesmos caminhos. As tendências do coração natural são descendentes. Os que convivem com os céticos tornar-se-ão em breve céticos também; os que preferem a companhia dos vis, com certeza tornar-se-ão vis por sua vez. Andar no "conselho dos ímpios" é o primeiro passo para deter-se "no caminho dos pecadores" e sentar-se "na roda dos escarnecedores". Salmos 1:1. T4 588 1 Ora, todos os que quiserem formar um caráter reto, escolham companheiros de uma séria e refletida disposição de espírito, e que tenham inclinação religiosa. Os que fizeram as contas, e desejam construir para a eternidade, devem pôr bom material nessa construção. Se aceitam vigas apodrecidas, se se contentam com as deficiências do caráter, o edifício está condenado à ruína. Cuidem todos na maneira por que edificam. A tempestade da tentação se abaterá sobre a casa e, a menos que ela esteja firme e fielmente construída, não resistirá à prova. T4 588 2 O bom nome é mais precioso do que o ouro. Há da parte dos jovens a tendência de se associarem com outros de espírito e moral inferiores. Que satisfação real pode uma pessoa jovem esperar da voluntária ligação com outras de baixa norma nas idéias, nos sentimentos e na conduta? Alguns têm gostos corrompidos e hábitos depravados, e todos quantos buscam tais companheiros seguir-lhes-ão o exemplo. Vivemos em tempos de perigos de molde a fazer temer o coração de todos. Vemos a mente de muitos vagueando pelo labirinto do ceticismo. As causas são ignorância, orgulho e um caráter defeituoso. É difícil para o coração do homem caído aprender a lição da humildade. Há alguma coisa no coração humano que se insurge contra a verdade revelada quanto aos assuntos relacionados com Deus e os pecadores, a transgressão da lei divina e o perdão através de Cristo. T4 588 3 Irmãos e irmãs, idosos e jovens, quando tiverem uma hora de lazer, abram a Bíblia e entesourem na mente suas preciosas verdades. Quando empenhados no trabalho, guardem a mente, conservem-na firme em Deus, falem menos e meditem mais. Lembrem-se de que "de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo". Mateus 12:36. Escolham as palavras; isto fechará uma porta ao adversário de sua alma. Que o dia comece com oração; trabalhem como diante de Deus. Seus anjos se acham sempre ao seu lado, anotando suas palavras, seu comportamento e a maneira como fazem o trabalho. Caso se desviem do bom conselho, e prefiram associar-se com os que vocês têm razão de suspeitar que não se inclinam para a religião, embora professem cristianismo, vocês se tornarão em breve semelhantes a eles. Vocês se colocam no caminho da tentação, no campo de batalha de Satanás e, a menos que estejam continuamente em guarda, serão vencidos por seus ardis. Pessoas há que por algum tempo professaram ser religiosas, e que estão, para todos os intentos e propósitos, sem Deus e sem uma consciência sensível. São vãs e frívolas; sua conversa é de baixo teor. O namoro e o casamento lhes ocupam a mente, com exclusão dos pensamentos mais elevados e nobres. T4 589 1 As companhias escolhidas pelos obreiros estão-lhes decidindo o destino para este mundo e o outro. Alguns que dantes eram conscienciosos e fiéis têm mudado lamentavelmente; desligaram-se de Deus, e Satanás os tem seduzido para o seu lado. São agora irreligiosos e irreverentes, e exercem influência sobre outros facilmente moldáveis. As más companhias estão deteriorando o caráter; os princípios estão sendo minados. "Quem anda com os sábios será sábio; mas o companheiro dos insensatos se tornará mau." Provérbios 13:20. T4 589 2 Os jovens se acham em perigo; são, porém, cegos para discernir as tendências e resultado da direção que seguem. Muitos deles se empenham em flertes. Parecem absorvidos. Nada há de nobre, digno ou sagrado nessas amizades; como são suscitadas por Satanás, a influência delas é de molde a agradar-lhe. As advertências dadas a essas pessoas caem em ouvidos moucos. Elas são obstinadas, voluntariosas, desafiadoras. Acham que a advertência, o conselho, ou a reprovação, não se aplicam a elas. Não se preocupam absolutamente com o rumo que estão seguindo. Estão continuamente se separando da luz e do amor de Deus. Perdem todo o discernimento das coisas sagradas e eternas; e conquanto observem uma árida forma de deveres cristãos, não põem o coração nesses exercícios religiosos. Essas almas iludidas compreenderão tarde demais que "estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem". Mateus 7:14. T4 589 3 Acham-se registradas as palavras, as ações, os motivos; quão pouco, porém, compreendem essas cabeças leves, superficiais, e esses corações duros, que um anjo de Deus está escrevendo a maneira em que são empregados seus preciosos momentos! Deus trará à luz toda palavra e toda ação. Ele está em toda a parte. Embora invisíveis, Seus mensageiros visitam-nos na sala de trabalho, no quarto de dormir. As obras ocultas das trevas serão trazidas à luz. Revelados serão os pensamentos, os intentos e desígnios do coração. "Todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos dAquele com quem temos de tratar." Hebreus 4:13. T4 590 1 Os obreiros devem levar Jesus consigo para todo departamento de trabalho. Seja o que for que seja feito, deve ser executado com uma exatidão e esmero que resista à inspeção. O coração deve estar na obra. A fidelidade é tão essencial nos deveres comuns da vida, como naqueles que envolvem maior responsabilidade. Talvez alguns concebam a idéia de que seu trabalho não é enobrecedor; ele, porém, será justamente aquilo que o quiserem tornar. Unicamente eles podem rebaixar ou elevar sua ocupação. Quiséramos que todo zangão fosse compelido a labutar para ganhar o pão de cada dia; pois o trabalho é uma bênção, não uma maldição. O trabalho diligente guardar-nos-á de muito laço de Satanás, que "ainda encontra alguma maldade para as mãos ociosas". T4 590 2 Nenhum de nós deve envergonhar-se do trabalho, por menor e mais servil que pareça. O trabalho é enobrecedor. Todos quantos labutam com a cabeça ou com as mãos são homens e mulheres de trabalho. E todos estão cumprindo seu dever e honrando sua religião tanto quando lidam no tanque de lavar roupa ou na pia dos pratos, como quando vão às reuniões. Enquanto as mãos se encontram ocupadas nos serviços mais comuns, a mente pode ser elevada e enobrecida por pensamentos santos e puros. Quando qualquer dos obreiros manifestar falta de respeito pelas coisas religiosas, deve ser desligado da obra. Ninguém pense que a instituição depende deles. T4 590 3 Os que têm estado por muito tempo trabalhando em nossas instituições deviam ser agora obreiros de responsabilidade, de confiança em todo lugar, tão fiéis ao dever como a bússola ao pólo. Houvessem eles empregado devidamente suas oportunidades, e teriam agora caráter harmônico e uma profunda e viva experiência nas coisas religiosas. Mas alguns deles se separaram de Deus. A religião é posta de lado. Não é um princípio arraigado, cuidadosamente nutrido aonde quer que vão, seja qual for a sociedade a que sejam lançados, e que se demonstra uma âncora para a alma. Quero que todos os obreiros considerem atentamente que o êxito nesta vida, bem como em alcançar a vida futura, depende em alto grau da fidelidade nas coisas pequeninas. Os que anseiam maiores responsabilidades devem-se mostrar fiéis no cumprimento dos deveres que têm justamente onde Deus os colocou. T4 591 1 A perfeição da obra de Deus é tão claramente vista nos mais pequenos insetos, como no rei dos pássaros. A alma da criancinha que crê em Cristo é tão preciosa à Sua vista, como o são os anjos que Lhe rodeiam o trono. "Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos Céus." Mateus 5:48. Como Deus é perfeito em Sua esfera, assim pode o homem ser na sua. Tudo quanto as mãos acharem para fazer deve ser executado com exatidão e rapidez. A fidelidade e a integridade nas coisas pequenas, o cumprimento dos pequenos deveres e a prática de diminutos atos de bondade, animarão e darão alegria no caminho da vida; e quando findar nossa obra na Terra, todos os deverezinhos cumpridos com fidelidade serão apreciados diante de Deus quais jóias preciosas. ------------------------Capítulo 60 -- Sociedades de publicações T4 591 2 Em minha última visão voltei ao início e progresso da causa da verdade presente. Quando nossa casa publicadora em Battle Creek foi originalmente estabelecida, os amigos da causa eram poucos, e nosso povo geralmente pobre. Quando, porém, apelos para ajuda eram feitos, muitos vinham nobremente à frente, e ajudavam a causa adquirindo ações da obra de publicações. O Senhor Se alegrava com o espírito de sacrifício manifestado. T4 591 3 Vinte e seis anos se passaram desde aquele tempo, e na providência de Deus a luz da verdade tem brilhado por toda a parte. O início foi pequeno e os primeiros amigos da causa tiveram que fazer grandes sacrifícios. A cada passo, grandes obstáculos tiveram que ser enfrentados e vencidos. Nossos irmãos que investiram seus recursos no escritório da Review estavam realizando a própria obra que o Senhor desejava que fizessem. Ele lhes havia dado recursos para serem usados com o propósito de fazer progredir a Sua causa. T4 592 1 O passar do tempo tem trazido muitas mudanças. A luz tem aumentado e se espalhado. Enquanto o povo que estava ansioso pela verdade tem clamado, "guarda, a que horas estamos da noite?" (Isaías 21:11), a resposta tem sido dada inteligentemente: "Vem a manhã, e também a noite." Isaías 21:12. Pela investigação meticulosa das profecias entendemos onde estamos na história do mundo; sabemos com certeza que a segunda vinda de Cristo está próxima. O resultado dessas investigações devem ser trazido perante o mundo através da imprensa. E à medida que a obra tem se expandido e aumentado, maiores instalações têm sido requeridas ano após ano; têm havido melhorias ininterruptamente. Tem sido motivo de admiração para o mundo que com essa verdade impopular tal prosperidade pudesse acompanhar a obra. Contudo, com a luz aumentada, a verdade confirmada e maiores vantagens de todos os lados para o avanço da causa, nossos trabalhos não correspondem a nossa fé. T4 592 2 Se fosse certo os irmãos adquirirem ações de nossa casa publicadora quando o nosso trabalho era pequeno e nossa influência limitada, não é de maior importância hoje, quando um trabalho muito mais amplo está indo avante, e um correspondente aumento de recursos se faz necessário? As evidências de nossa posição têm aumentado ano após ano. Temos recebido novas garantias de que possuímos a verdade como revelada na Palavra de Deus, que ao aceitar a mensagem do terceiro anjo não temos dado atenção a fábulas, mas à firme palavra dos profetas. 2 Pedro 1:19. Estamos vivendo à plena luz da verdade bíblica. T4 592 3 O Senhor apela ao Seu povo para despertar, e mostrar a sua fé por suas obras. Em tempos passados, quando nosso número era pequeno, quando aqueles que eram aptos sentiam ser seu dever adquirir ações de nossa casa publicadora, suas orações e ofertas, o fruto da perseverança e o esforço abnegado se apresentavam diante de Deus como cheiro suave. Nossos irmãos e irmãs que têm recebido o precioso pão da vida, a eles oferecido em nossas publicações, devem estar ainda mais dispostos a dar de seus recursos para sustentar a causa do que aqueles que amavam a verdade em anos anteriores. T4 593 1 Irmãos, Deus os abençoará ao demonstrarem seu interesse por nossas casas publicadoras fazendo delas sua propriedade. Aqueles que não possuem ações nessas instituições têm o privilégio de investir os seus recursos nessa boa obra. Precisamos de sua simpatia, orações e recursos. Precisamos de sua generosa cooperação. Esperamos que todos aqueles cujo coração o Senhor despertar, levantem-se com os seus recursos para investir nessas instituições. É de fato verdade que temos a última mensagem de misericórdia a ser dada ao mundo? É verdade que nossa obra logo findará? Assim diz a Palavra de Deus. O fim de todas as coisas está próximo. Então a advertência deve ser enviada a todas as partes da Terra. T4 593 2 Nossas casas publicadoras se tornaram um poder no mundo. Uma grande mudança teve lugar. Com nossas instalações aumentadas para fazer a clara luz brilhar àqueles que estão nas trevas, não é agora tão difícil como foi outrora ver e aceitar a verdade. Aqueles que primeiro conduziram a obra foram objeto dos ataques combinados de homens malignos e anjos maus. A inimizade de Satanás, atuando através de homens como seus instrumentos, foi impressionantemente desenvolvida. Por outro lado os crentes, conquanto poucos em número, eram zelosos e dedicados a vindicar a honra de Deus por exaltar a Sua lei que havia sido tornada sem valor, e desfazer as obras de Satanás reveladas em toda forma de erro destrutivo. T4 593 3 Desde o início, Satanás tem se levantado contra esta obra. Ele tem estado determinado a trazer todo o seu poder para impor silêncio e varrer da Terra aqueles que estão trabalhando para o avanço da luz e da verdade. Ele sempre tem tido certo êxito. Calúnia e cruel oposição têm sido trazidos para esmagar a preciosa verdade pelo desencorajamento de seus defensores. O grande adversário tem empregado seus enganos infernais de várias maneiras, e cada esforço feito tem levado para o seu lado um ou mais dos professos seguidores de Cristo. Aqueles cujo coração é carnal, que estão mais em harmonia com o arquienganador do que com Cristo, após um tempo desenvolveram o seu verdadeiro caráter e seguiram para o seu próprio grupo. T4 594 1 Satanás mantém sob seu controle não poucos que se passaram como amigos da verdade, e através deles trabalha contra o seu progresso. Ele os emprega para semear joio entre o povo de Deus. Assim, quando o perigo não foi suspeitado, grandes males existiram entre nós. Mas enquanto Satanás estava atuando "com todo o engano da injustiça" nos "que perecem" (2 Tessalonicenses 2:10), firmes defensores da verdade têm feito frente à maré de oposição e mantido a palavra incorrupta em meio a um dilúvio de heresias. Embora a igreja às vezes tenha sido enfraquecida por múltiplos desencorajamentos e pelo elemento rebelde que tem enfrentado, ainda a verdade brilha mais forte após cada conflito. As energias do povo de Deus não foram esgotadas. O poder de Sua graça tem despertado, renovado e enobrecido os firmes e os verdadeiros. T4 594 2 Vez após vez o antigo Israel fora afligido por murmuradores rebeldes. Estes nem sempre foram pessoas de pouca influência. Em muitos casos, homens de renome, governantes de Israel, voltaram-se contra a liderança providencial de Deus, e dispuseram-se ferozmente a destruir aquilo que haviam antes zelosamente edificado. Temos visto algo assim repetido muitas vezes em nossa experiência. É inseguro para qualquer igreja apoiar-se sobre alguns pastores favoritos, confiar num braço de carne. Somente o braço de Deus é capaz de suster todos aqueles que nEle se apóiam. T4 594 3 Até que Cristo apareça nas nuvens do céu, com poder e grande glória, os homens se perverterão no espírito, e se desviarão da verdade para as fábulas. A igreja verá ainda dias trabalhosos. Profetizará vestida de saco. Mas se bem que tenha de enfrentar heresias e perseguições, embora tenha de combater contra infiéis e apóstatas, pelo auxílio de Deus, ela ainda está esmagando a cabeça de Satanás. O Senhor terá um povo tão verdadeiro como o aço, de fé tão firme como o granito. Eles devem ser-Lhe testemunhas no mundo, instrumentos Seus para realizar uma obra especial, gloriosa, no tempo designado por Ele. T4 595 1 A mensagem evangélica não ganha uma alma para Cristo, nem abre caminho para um só coração, sem ferir a cabeça de Satanás. Sempre que um cativo lhe é arrancado das garras, libertado de sua opressão, o tirano é derrotado. As casas publicadoras, os prelos, são instrumentos nas mãos de Deus para enviar a toda língua e nação a preciosa luz da verdade. Essa luz está atingindo mesmo as terras pagãs, e faz constantes incursões contra a superstição e todo erro concebível. T4 595 2 Pastores que pregam a verdade com todo zelo e fervor podem apostatar, e unir-se às fileiras dos inimigos; tornará isso, porém, a verdade divina em mentira? "Todavia", diz o apóstolo, "o fundamento de Deus fica firme." 2 Timóteo 2:19. A fé e os sentimentos dos homens podem mudar; mas a verdade de Deus, nunca. A terceira mensagem angélica está soando; é infalível. T4 595 3 Homem algum pode servir a Deus sem atrair contra si mesmo os homens e anjos maus. Espíritos maus serão lançados no encalço de toda alma que busca unir-se às fileiras de Cristo; pois Satanás deseja reaver a presa que lhe foi arrebatada. Homens maus se submeterão a crer em fortes enganos, para sua perdição. Esses homens se revestirão das roupagens da sinceridade "para enganar, se possível, os próprios eleitos". Marcos 13:22. T4 595 4 É tão certo possuirmos a verdade, como o é que Deus vive; e Satanás, com todas as suas artimanhas e poder infernal, não pode mudar a verdade de Deus em mentira. Enquanto o grande adversário faz tudo quanto lhe é possível para tornar sem efeito a Palavra de Deus, a verdade tem de avançar como uma lâmpada resplandecente. T4 595 5 O Senhor nos destacou, e tornou-nos objetos de Sua admirável misericórdia. Havemos nós de encantar-nos com os palavreados do apóstata? Preferiremos tomar posição ao lado de Satanás e seus exércitos? Unir-nos-emos aos transgressores da lei de Deus? Antes seja nossa oração: "Senhor, põe inimizade entre mim e a serpente." Se não estivermos em inimizade com suas obras tenebrosas, seremos rodeados por seus poderosos laços, e seu aguilhão está pronto a ser cravado em nosso coração. Devemos considerá-lo um inimigo mortal. Precisamos nos opor a ele em nome de Cristo. Nossa obra ainda prossegue avante. Temos de lutar por toda polegada de terreno. Que todos quantos tomam nos lábios o nome de Cristo se revistam da armadura da justiça. T4 596 1 Irmãos e irmãs, em nome de nossas casas publicadoras nós apelamos para que invistam nessas instituições. Nada tenham a temer; invistam os seus recursos onde renderão; espalhem raios de luz às partes entenebrecidas do mundo. Não há tal coisa como fracasso nessa obra. É seu privilégio e dever fazer agora como os seus irmãos fizeram quando havia bem poucos amigos da causa da verdade. Invistam em nossas casas publicadoras, para que possam sentir que têm interesse nelas. Muitos investem o seu dinheiro em especulações mundanas, e ao fazer isso, são roubados em cada dólar. Pedimos que mostrem sua liberalidade fazendo investimentos em nossa obra de publicações. Far-lhes-á bem. O seu dinheiro não será perdido, mas colocado a juros, para aumentar o seu capital no Céu. Cristo deu tudo por vocês; o que darão por Ele? Ele pede o seu coração; a Ele o entreguem, pois Lhe pertence. Cristo pede o seu intelecto; a Ele o entreguem, pois Lhe pertence; pede o seu dinheiro; a Ele o entreguem, pois Lhe pertence. "Não sois de vós mesmos." "Porque fostes comprados por preço." 1 Coríntios 6:19, 20. Deus deseja vocês e os seus. Que as palavras do salmista real expressem o sentimento de seu coração. "Tudo vem de Ti, e da Tua mão To damos." 1 Crônicas 29:14. T4 596 2 Chegou o tempo em que devemos saber por nós mesmos por que cremos da maneira como o fazemos. Devemos defender a Deus e a verdade, contra uma geração descuidada e incrédula. O homem que uma vez conheceu o caminho da vida, e volveu-se das convicções de seu próprio coração ao sofisma de Satanás, será mais inacessível e mais indiferente do que aquele que nunca provou o amor de Cristo. Ele será sábio para fazer o mal. Ligou-se a Satanás, mesmo contra a luz e o conhecimento. Eu digo aos meus irmãos: Sua única esperança está em Deus. Precisamos ser revestidos da justiça de Cristo se queremos resistir à impiedade predominante. Devemos revelar a nossa fé por nossas obras. Lancemos para nós mesmos um sólido fundamento para o futuro, a fim de que possamos apoderar-nos da vida eterna. Devemos trabalhar, não em nossa própria força, mas na força de nosso Senhor ressuscitado. O que faremos e ousaremos por Jesus? T4 597 1 Nossas casas publicadoras são propriedades de todo o nosso povo, e todos devem trabalhar até elevá-las acima de dificuldades financeiras. Para circular nossas publicações, elas foram oferecidas a um preço tão baixo que pouco lucro chegava ao escritório para reeditar os mesmos trabalhos. Isso tem sido feito com os melhores motivos, mas não com critério experiente e de longo alcance. T4 597 2 Com o baixo preço das publicações, o escritório não podia preservar um capital sobre o qual operar. Isso não foi plenamente visto e criteriosamente investigado. Esses preços baixos levaram o povo a subestimar as obras, e não foi totalmente discernido que uma vez que essas publicações fossem colocadas a preço baixo, seria muito difícil aumentá-lo até o devido valor. T4 597 3 Nossos pastores não tiveram encorajamento adequado. Eles precisam ter recursos a fim de viver. Tem havido uma triste falta de previsão ao colocar nossas publicações a preço baixo, e ainda outra em fazer com que os lucros fossem dedicados às sociedades de publicações. Essas questões têm sido levadas a extremos e haverá uma reação. Para que as sociedades de publicações prosperem, os instrumentos para fazer e imprimir livros precisam prosperar. Se esses instrumentos forem prejudicados e as casas publicadoras sobrecarregadas de débito, as associações de publicações não se demonstrarão um êxito. T4 597 4 Tem havido gerenciamento errado, não proposital, mas com zelo e ardor para levar avante a obra missionária. Na distribuição e ampla circulação de periódicos, folhetos e panfletos, os instrumentos para produzir essas publicações foram prejudicados e embaraçados. Sempre há perigo de levar qualquer bom trabalho ao extremo. Homens responsáveis estão em perigo de se tornarem homens de uma única opinião, de concentrar os seus pensamentos sobre um ramo da obra em detrimento de outras partes do grande campo. T4 598 1 Como um povo precisamos resguardar-nos em todo aspecto. Não há a menor segurança para alguém, a menos que diariamente busque sabedoria de Deus, e não ouse agir em sua própria força. O perigo sempre nos circunda, e devemos ter grande precaução para que nenhum ramo da obra seja tornado uma exclusividade, enquanto outros interesses são deixados a sofrer. T4 598 2 Erros têm sido cometidos em reduzir o preço das publicações para atender certas dificuldades. Esses esforços precisam mudar. Aqueles que tomaram essas medidas eram sinceros. Imaginaram que a sua liberalidade levaria pastores e povo a trabalharem para aumentar grandemente a demanda pelas publicações. T4 598 3 Pastores e povo devem agir nobre e liberalmente no trato com nossas casas publicadoras. Em vez de estudarem e imaginarem como podem obter periódicos, folhetos e livros, com o mais baixo preço, devem procurar levar a mente do povo a perceber o verdadeiro valor das publicações. Todos esses centavos obtidos de milhares de publicações têm causado uma perda de milhares de dólares aos nossos escritórios, quando uns poucos centavos a mais de cada indivíduo dificilmente seriam sentidos. T4 598 4 Review and Herald e Signs of the Times são periódicos baratos em seu preço total. A Review é um periódico valioso; contém assuntos de grande interesse para a igreja, e deve ser colocado em toda a família de fiéis. Se alguém é por demais pobre para obtê-lo, a igreja deve por subscrição, arrecadar o montante do preço total do periódico, e supri-lo às famílias necessitadas. Quão melhor seria esse plano do que colocar esses pobres à mercê da casa publicadora ou da sociedade de publicações. T4 598 5 A mesma atitude deve ser seguida com respeito ao Signs. Com pequenas variações, esse periódico tem aumentado em interesse e em valor moral como uma publicação pioneira desde o seu estabelecimento. Esses periódicos são unânimes em interesse. São dois instrumentos no grande campo para realizar seu trabalho específico em difundir a luz neste tempo designado por Deus. Todos devem empenhar-se tão zelosamente para fortalecer tanto um quanto o outro. T4 598 6 "Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os Seus ouvidos, atentos às suas orações." 1 Pedro 3:12. Cristo socorrerá aqueles que recorrem a Ele em busca de sabedoria e força. Se enfrentarem o dever e a prova com humildade de alma, dependendo de Jesus, Seu poderoso anjo estará por perto, e Aquele em quem confiaram Se provará um ajudador todo-suficiente em toda emergência. Aqueles que ocupam posições de responsabilidade devem diariamente tornar-se mais intimamente familiarizados com a excelência, a fidelidade e o amor de Cristo. Devem ser capazes de exclamar com segurança: "Eu sei em quem tenho crido." 2 Timóteo 1:12. Esses homens devem trabalhar como irmãos, sem qualquer sentimento de contenda. Cada um deve praticar o seu dever, sabendo que o olho de Deus está perscrutando os motivos e propósitos, e lendo os sentimentos mais íntimos da alma. A obra é uma. E se os homens de liderança não permitirem que a própria mente e os próprios sentimentos e idéias sejam introduzidos para governar e mudar o desígnio do Senhor, haverá a mais perfeita harmonia entre esses dois ramos da mesma obra. T4 599 1 Nosso povo deve fazer maiores esforços para ampliar a circulação da Review. Se nossos irmãos e irmãs tão-somente manifestassem maior zelo e dedicassem mais perseverantes esforços para realizá-lo, isso seria feito. Cada família deve ter esse periódico. E caso negassem a si mesmos seus pequenos luxos, chá e café, muitos que agora não têm suas visitas semanais poderiam pagar para que o mensageiro de luz alcançasse os seus lares. Quase toda família tem uma ou mais revistas seculares, e essas freqüentemente contêm histórias de amor e relatos excitantes de vilania e assassinato que prejudicam a mente daqueles que os lêem. Os que consentem em passar sem a Review and Herald perdem muito. Através de suas páginas, Cristo pode falar-lhes em advertências, reprovação e conselho, que mudariam a corrente de seus pensamentos e para eles seria como o pão da vida. T4 599 2 Nossas revistas não devem estar cheias de longas discussões ou longos argumentos doutrinários, que cansariam o leitor; mas conter artigos doutrinários interessantes e práticos. O preço de nossas revistas não deve ser tão baixo que nenhuma margem de lucro seja deixada para continuar o trabalho. O mesmo interesse que tem sido manifesto em circular Signs of the Times deve ser demonstrado em ampliar a circulação da Review. Se isso for feito, o êxito acompanhará o esforço. T4 600 1 Estamos sobre terreno encantado, e Satanás está continuamente trabalhando para embalar nosso povo no berço da segurança carnal. Há uma indiferença, uma falta de zelo, que paralisa todos os nossos esforços. Jesus foi um obreiro zeloso; e quando Seus seguidores nEle se apoiarem, e trabalharem como Ele trabalhou, verão e perceberão os resultados correspondentes. Um esforço deve ser feito para atribuir um preço apropriado às nossas publicações, e levá-las de volta gradualmente a um patamar adequado. Não devemos ser afetados pelo clamor de especulação, de fazer dinheiro! Devemos avançar firmemente, indiferentes à censura, não corrompidos pelo aplauso. Voltar a um patamar adequado será uma tarefa mais difícil do que muitos supõem; mas deve ser feita a fim de salvar nossas instituições de dificuldades financeiras. T4 600 2 Nossos irmãos devem ser precavidos, para que não se tornem estereotipados em seus planos e esforços. Podem gastar tempo e dinheiro elaborando um plano correto para que o trabalho seja feito desse modo, caso contrário, ele não será realizado corretamente. Há perigo de ser por demais específico. Deve haver maior cuidado em evitar despesa no transporte de livros e pessoas. A influência é má sobre a causa de Deus. Irmãos, vocês devem agir cautelosa, econômica e criteriosamente. Uma grande obra deve ser feita, e nossos escritórios estão em dificuldades financeiras. Há homens que trabalham fielmente no escritório de Battle Creek que não recebem o equivalente por seus esforços. Justiça não é feita para com esses homens. Em outro trabalho eles poderiam ganhar o dobro da quantia que recebem aqui; mas conscienciosamente continuam trabalhando, porque sentem que a causa de Deus precisa de sua ajuda. T4 600 3 Há uma grande obra a ser feita no tempo designado por Deus, em planejar e executar projetos para o avanço de Sua causa. Nossas publicações devem ter uma ampla circulação; pois estão realizando um grande trabalho. Há muita obra missionária a ser feita. Mas tem-me sido mostrado que há perigo de tornar esta obra mecânica demais, tão confusa e complicada que muito menos será realizado do que se fosse mais simples, direta, clara e decidida. Não temos tempo nem dinheiro para manter todas as partes dessa maquinaria em ação harmoniosa. T4 601 1 Nossos irmãos que têm responsabilidades em estabelecer planos para levar avante essa parte da obra, devem ter em mente que embora sejam essenciais educação e treinamento a fim de trabalhar inteligentemente, há perigo de fazer disso uma questão exagerada. Ao obter a mais completa educação em todos os detalhes, e deixar princípios vitais fora de cogitação, tornamo-nos obreiros áridos e formais. Os corações que Deus tem tornado dispostos pela atuação de Sua graça são capacitados para a obra. T4 601 2 Deus deseja trabalho dedicado. Propósito altruísta, princípio puro e elevado, motivação nobre e santa, Ele aceitará. Sua graça e poder atuarão nesses esforços. Todos que percebem que é obra de Deus preparar um povo para a Sua vinda, encontrarão em seus esforços desinteressados oportunidades onde possam realizar trabalho missionário e com folhetos. Todavia, pode haver demasiados recursos gastos e muito tempo ocupado em tornar as coisas tão exatas e minuciosas que a dedicação é negligenciada e preservada a aridez. T4 601 3 Digo-lhes francamente que Jesus e o poder de Sua graça são deixados fora de consideração. Os resultados mostrarão que o trabalho mecânico tomou o lugar da piedade, humildade e santidade de coração e vida. Os obreiros mais espirituais, dedicados e humildes não encontram lugar onde possam firmar-se; então se afastam. Os jovens e os sem experiência aprendem o método e realizam seu trabalho mecanicamente; mas o verdadeiro amor -- a preocupação pelas almas -- não é sentido. Demorar-se menos em métodos estabelecidos e no que é mecânico, e possuir mais do poder da santidade são coisas essenciais neste solene e terrível tempo de responsabilidades. T4 601 4 Há ordem no Céu; e deve haver método e ordem na Terra para que a obra possa avançar sem confusão e fanatismo. Nossos irmãos têm estado trabalhando com este objetivo; mas enquanto alguns de nossos pastores continuamente assumem responsabilidade pelas almas, e sempre buscam elevar as pessoas em suas realizações espirituais, aqueles que não são tão conscienciosos e que não têm levado a cruz de Cristo nem sentem o valor das almas como refletido no Calvário, ao ensinar e educar outros no trabalho mecânico, se tornarão formais e sem forças e não levarão o Salvador às pessoas. T4 602 1 Satanás está sempre atuando para fazer com que o serviço de Deus se degenere em formalidade estéril e se torne fraco para salvar almas. Embora a energia, o zelo e a eficiência dos obreiros se tornem amortecidos pelos esforços em manter trabalho tão sistemático, o esforço exaustivo que deve ser feito pelos nossos pastores para manter essa complicada maquinaria em funcionamento absorve tanto tempo que o trabalho espiritual é negligenciado. E com tantas coisas por fazer, esse trabalho requer tão grande soma de recursos que outros ramos da obra definharão e morrerão por falta de devida atenção. T4 602 2 Embora os mensageiros silenciosos da verdade devam ser espalhados como folhas de outono, nossos pastores não devem fazer desse trabalho uma formalidade e deixar fora de questão a devoção e a verdadeira piedade. Dez obreiros verdadeiramente convertidos, dispostos e abnegados podem efetuar mais no campo missionário do que uma centena dos que limitem seus esforços a formalidades estabelecidas e se prendam a regulamentos mecânicos, trabalhando sem profundo amor pelas almas. T4 602 3 Em caso algum a vigilante obra missionária deve ser negligenciada. Ela muito tem feito para a salvação de almas. O sucesso da obra de Deus depende muito disso; contudo, aqueles que realizam esse trabalho devem ser os que são espirituais, cujas cartas manifestem a luz e o amor de Jesus, e que sintam a responsabilidade da obra. Devem ser homens e mulheres que orem e tenham íntima ligação com Deus. Mente pronta, vontade santificada e sólido discernimento são necessários. Eles terão aprendido do Mestre celestial a maneira bem-sucedida de apelar às almas e aprendido suas lições na escola de Cristo. Realizarão seu trabalho visando unicamente a glória de Deus. T4 602 4 Sem esse preparo, todos os ensinos recebidos de seus instrutores a respeito de formalidades e regulamentos, embora possam ser lições completas, deixarão vocês continuamente como principiantes no trabalho. Vocês precisam aprender de Cristo. Devem negar o eu em favor de Cristo e colocar o pescoço sobre Seu jugo. Devem levar o fardo de Cristo e sentir que não pertencem a si mesmos, mas são servos de Cristo, realizando um trabalho que Ele lhes designou, não para qualquer louvor, honra ou glória que possam receber, mas por amor a Ele. Em todo o seu trabalho devem entrelaçar a graça, o amor, a devoção, o zelo, a perseverança incansável e a energia indomável de Cristo, o que contará para o tempo e para a eternidade. T4 603 1 A obra de publicações é um bom trabalho. É obra de Deus. De maneira alguma deve ser subestimada; mas há contínuo perigo de pervertê-la de seu verdadeiro objetivo. Colportores são necessários para trabalhar no campo missionário. Pessoas de maneiras grosseiras não estão qualificadas para essa obra. Homens e mulheres que possuem tato, boa conversa, aguda percepção e mente perspicaz são os que podem ser bem-sucedidos. T4 603 2 A obra do colportor é elevada e se provará um êxito se ele for honesto, zeloso e paciente, realizando com perseverança a obra a que se propôs. O seu coração deve estar no trabalho. Deve levantar cedo e trabalhar diligentemente, utilizando de maneira correta as faculdades que Deus lhe concedeu. As dificuldades precisam ser enfrentadas. Se confrontadas com perseverança incessante, elas serão vencidas. Muito é ganho através da cortesia. O obreiro pode estar continuamente formando um caráter simétrico. Um grande caráter é formado por pequenos atos e esforços. T4 603 3 Há perigo de não darmos suficiente encorajamento a nossos pastores. Foram-me mostrados alguns homens a quem Deus estava chamando para a obra do ministério, entrando no campo como colportores. Este é um excelente preparo, se o seu objetivo é disseminar a luz e levar a verdade revelada na Palavra de Deus diretamente ao círculo familiar. Através de conversação, o caminho pode ser freqüentemente aberto para falar da religião da Bíblia. Se a obra é assumida como devia ser, famílias serão visitadas, os obreiros manifestarão ternura e amor pelas almas, e exalarão, em palavra e conduta, a fragrância da graça de Cristo, e grande bem disso resultará. Seria uma excelente experiência para qualquer que tenha em vista o ministério. T4 604 1 Muitos, porém, são atraídos para o campo da colportagem para vender livros e quadros que não expressam nossa fé e não proporcionam luz ao comprador. São induzidos a fazê-lo por causa das perspectivas financeiras mais atraentes do que as que lhes são oferecidas como licenciados. Essas pessoas não estão obtendo nenhum preparo especial para o ministério evangélico. Não estão obtendo aquela experiência que as tornaria qualificadas para o trabalho. Estão perdendo tempo e oportunidades por esse tipo de esforço. Não estão aprendendo a sentir responsabilidade pelas almas e a obter diariamente conhecimento do método para ser bem-sucedido na conquista de almas para a verdade. Esses homens são freqüentemente desviados das convicções do Espírito de Deus, e recebem um cunho mundano de caráter, esquecendo-se de quanto devem ao Senhor que deu a Sua vida por eles. Empregam suas faculdades para seus próprios interesses egoístas, e recusam trabalhar na vinha do Senhor. T4 604 2 Fiquei alarmada ao ver as várias redes que Satanás tece em torno de homens a quem Deus usaria, desviando-os da obra do ministério. Certamente haverá escassez de obreiros, a menos que haja mais encorajamento dado aos homens para melhorar a sua habilidade com o propósito de se tornarem ministros de Cristo. Satanás está constante e perseverantemente apresentando ganho financeiro e vantagens mundanas para atrair a mente e faculdades dos homens, e impedi-los de realizar os deveres essenciais que lhes proporcionem uma experiência nas coisas de Deus. E quando ele vê que esses homens avançarão, dando-se ao trabalho de ensinar a verdade àqueles que estão em trevas, fará o máximo para levá-los ao extremo em alguma coisa para que tenha sua influência enfraquecida e sejam levados a perder a vantagem que obteriam, caso fossem equilibrados pelo Espírito de Deus. T4 604 3 Foi-me mostrado que nossos pastores estão causando grande prejuízo a si mesmos pelo descuido no uso dos órgãos vocais. Chamamos-lhes a atenção para este importante assunto e demos, por intermédio do Espírito de Deus, advertências e instruções. Era dever deles aprender a maneira mais sábia de usar esses órgãos. A voz, este dom do Céu, é uma poderosa faculdade para o bem e, caso não seja pervertida, glorificará a Deus. Tudo o que era essencial era estudar e seguir conscienciosamente algumas regras simples. Mas em vez de se educarem, como deviam ter feito, usando um pouco de bom senso, contrataram um professor de elocução. T4 605 1 Em resultado disso, muitos que sentiam que Deus tinha uma obra para fazer em ensinar a verdade a outros, tornaram-se obcecados e enlouquecidos pela elocução. Tudo que alguns precisavam era ter essa tentação apresentada a eles. O seu interesse foi atraído pela novidade, e jovens e alguns pastores foram dominados por essa empolgação. Deixaram os seus campos de trabalho -- tudo na vinha do Senhor foi negligenciado -- e despenderam seu dinheiro e dedicaram seu precioso tempo para freqüentar uma escola de elocução. Quando terminaram esse treinamento, a devoção e a religião haviam-se afastado deles, e a responsabilidade pelas almas foi deixada de lado, como se deixa de lado uma vestimenta. Haviam aceitado as sugestões de Satanás, e ele os conduziu para onde bem quis. T4 605 2 Alguns se põem como professores de elocução, não tendo prudência nem habilidade, e se tornam repulsivos ao público, pois não empregam apropriadamente o conhecimento que têm obtido. Seu desempenho era isento de dignidade ou bom senso; e essas façanhas de sua parte têm fechado a porta, tanto quanto se saiba, a qualquer influência que possam ter no futuro como homens para levar avante a mensagem da verdade ao mundo. Esse foi um artifício de Satanás. Era correto procurar aperfeiçoar a arte de falar; mas dedicar tempo e dinheiro a esse ramo, e absorver a mente com isso, foi ir a extremos e mostrar grande fraqueza. T4 605 3 Jovens que se chamam de observadores do sábado atribuem o título de professores a seus nomes, e abusam da comunidade com aquilo que não entendem. Muitos assim pervertem a luz que Deus tem julgado adequado lhes dar. Não possuem mente bem equilibrada. A elocução tornou-se um provérbio. Tem levado homens a se empenharem no trabalho que não podem sabiamente exercer, e os estragado para realizar um trabalho, que tivessem sido humildes e modestamente buscado realizá-lo no temor de Deus, teria sido um grande sucesso. Esses jovens poderiam estar se qualificando para ser úteis no campo missionário como colportores, ou como licenciados, provando-se para o trabalho ministerial, realizando obra para o tempo e para a eternidade. Mas eles têm se enlouquecido com o pensamento de se tornarem professores de elocução, e Satanás observa e ri por tê-los apanhado na rede que armou para eles. T4 606 1 Os servos de Deus sempre devem ser unidos. Devem reprimir e controlar os fortes traços de caráter, e dia após dia cuidadosamente refletir sobre a natureza da estrutura da vida que estão formando. São cavalheiros cristãos na vida diária? São vistos em sua vida atos nobres e retos, que farão com que a sua edificação de caráter permaneça em pé como um belo templo de Deus? Assim como uma tábua defeituosa afundará o navio, e uma falha tornará uma corrente sem valor, igualmente um desmoralizador traço de caráter revelado em palavras e ações deixará sua influência para o mal; e se não for vencido destruirá toda virtude. T4 606 2 Cada faculdade do homem é um operário a construir para o tempo e a eternidade. Dia a dia a estrutura vai subindo, embora o possuidor não se aperceba disso. É uma construção que tem de figurar como farol de advertência por causa de sua deformidade ou como estrutura que Deus e os anjos admirarão, por sua harmonia com o Modelo divino. As faculdades mentais e morais que Deus nos concedeu não constituem o caráter. Elas são talentos que devemos aperfeiçoar e que, quando devidamente aperfeiçoados, formarão um caráter reto. Pode um homem ter na mão sementes preciosas, mas essas sementes não são um pomar. A semente tem de ser plantada antes de se tornar árvore. A mente é o terreno; o caráter é o fruto. Deus nos deu as faculdades para as cultivarmos e aperfeiçoarmos. Nosso próprio procedimento determina nosso caráter. No educar essas faculdades de modo que se harmonizem e formem um caráter de valor, temos uma obra que ninguém senão nós mesmos podemos efetuar. T4 606 3 Aqueles que têm traços de caráter mordazes e rudes são culpados perante Deus se, por treinamento, não reprimirem e desarraigarem toda a amargura de sua natureza. O homem que cede à impaciência está servindo a Satanás. "Daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a quem obedeceis sois servos." Romanos 6:16. Um bom caráter é mais precioso à vista de Deus do que o ouro de Ofir. O Senhor deseja que os homens atuem para o tempo e para a eternidade. Recebemos o bem e o mal como legado; e pelo cultivo podemos fazer o ruim pior ou o bom melhor. O mal, como aconteceu com Judas, terá ascendência ou será expurgado de nossa alma, predominando o bem? T4 607 1 Os princípios, a justiça e a honestidade sempre devem ser acalentados. A honestidade não permanecerá onde se abriga a astúcia. Elas jamais estarão de acordo; uma é de Baal, a outra é de Deus. O Mestre requer que Seus servos sejam nobres nos intuitos e ações. Toda cobiça e avareza precisam ser vencidas. Os que escolhem a honestidade como sua companheira, introduzi-la-ão em todos os seus atos. Para uma grande classe, tais homens não são agradáveis, mas para Deus eles são belos. T4 607 2 Satanás trabalha para inserir-se em toda a parte. Ele quer separar verdadeiros amigos. Há homens que sempre estão falando, bisbilhotando e dando falso testemunho, lançando as sementes da discórdia e causando disputas. O Céu considera esta classe como os mais eficientes servos de Satanás. Mas o homem que é difamado se encontra numa posição muito menos perigosa do que quando é adulado e elogiado por alguns de seus esforços que parecem ser bem-sucedidos. O louvor de pretensos amigos é mais perigoso do que a censura. T4 607 3 Todo homem que enaltece a si mesmo remove o brilho de seus melhores esforços. Um caráter verdadeiramente nobre não condescenderá em ressentir-se das falsas acusações dos inimigos; toda palavra proferida se torna inofensiva, pois ela fortalece o que não pode destruir. O Senhor quer que Seu povo esteja firmemente unido com Ele, o Deus de paciência e amor. Todos devem manifestar em sua vida o amor de Cristo. Que ninguém se aventure a depreciar a reputação ou a posição de outrem; isto é egoísmo. Está dizendo: "Eu sou muito melhor e mais capaz do que você, que Deus me dá a preferência. Você não é muito apreciado." T4 607 4 Nossos pastores que ocupam cargos de responsabilidade são homens aceitos por Deus. Sua origem, sua posição anterior, se andaram atrás do arado, se usaram os instrumentos de carpinteiro ou desfrutaram as vantagens de um colégio, não importa; se Deus os aceitou, acautelem-se todos quanto a lançar sobre eles a mais leve crítica. Não falem nunca desdenhosamente de algum homem; pois ele pode ser grande aos olhos do Senhor, ao passo que aqueles que se sentem grandes talvez sejam pouco estimados por Deus devido à perversidade de seu coração. Nossa única segurança está em prostrar-nos junto à cruz, ser pequenos aos nossos próprios olhos e confiar em Deus; pois só Ele tem poder para tornar-nos grandes. T4 608 1 Nossos pastores estão em perigo de tomar para si mesmos o crédito do trabalho que realizam. Julgam que Deus os está favorecendo e se tornam independentes e auto-suficientes; então o Senhor os entrega aos golpes de Satanás. A fim de realizar o trabalho de Deus com aceitação, devemos ter o espírito de mansidão, mente humilde, cada um considerando os outros melhores do que si mesmo. Há muito em jogo. O juízo e a habilidade de todos agora são necessários. A obra de cada homem é de suficiente importância para requerer que seja realizada com cuidado e fidelidade. Um homem não pode realizar o trabalho de todos. Cada um tem seu respectivo lugar e seu trabalho especial. E cada um deveria compreender que a maneira como é realizado o seu trabalho precisa resistir à prova do Juízo. T4 608 2 O trabalho perante nós é importante e extenso. O dia de Deus se apressa, e todos os obreiros no grande campo do Senhor devem ser homens que estão se empenhando para se tornarem perfeitos, em nada falhando, não ficando atrás em nenhum dom, esperando pelo aparecimento do Filho do homem nas nuvens do céu. Nem um momento de nosso precioso tempo deve ser dedicado a fazer com que outros se conformem com nossas idéias e opiniões pessoais. Deus quer educar os homens empenhados em colaborar nesta grande obra, no mais alto exercício da fé, e no desenvolvimento de um caráter harmônico. T4 608 3 Os homens têm diversos dons, e uns são mais aptos para um ramo da obra do que para outro. Aquilo que um pode ser incapaz de realizar, seu colega de ministério pode estar apto a fazer. A obra de cada um é importante, em sua posição. A cabeça de um homem não deve reger a de outro. Se alguém se ergue, julgando que não deve ser influenciado por ninguém, que possui discernimento e capacidade para compreender todo ramo da obra, esse homem decairá da graça de Deus. T4 609 1 Meu marido tem experiência e qualidades que são valiosas, se puderem ser santificadas pela graça de Cristo. Deus fará os seus esforços inteiramente aceitáveis, se ele imitar o Modelo. Deus desejaria que os Pastores Haskell, Butler, Whitney e White se aproximassem dEle. Esses homens podem ter preciosas qualidades, mas a menos que Cristo seja revelado no caráter, eles não serão mais aceitos do que a oferta de Caim. Sua oferta foi boa em si mesma, mas nela não havia Salvador. ------------------------Capítulo 61 -- O amor ao mundo T4 609 2 Queridos irmãos e irmãs de _____: T4 609 3 Vocês estão num rico e belo país onde as bênçãos da providência de Deus têm sido espalhadas com mão liberal, mas a menos que sejam aproveitadas sabiamente, essas mesmas bênçãos se revelarão uma maldição. Alguns de vocês estão empanturrados com os cuidados desta vida, e alguns estão se tornando embriagados com o espírito do mundo. A posição de vocês é perigosa. Este é principalmente o caso com os jovens entre vocês. Os pais não têm se relacionado intimamente com Deus, de modo que possam trabalhar inteligentemente, em Seu Espírito e poder, pela conversão de seus filhos. O contínuo falar não os converterá. A reprovação e a restrição são freqüentemente necessárias; mas essas coisas com freqüência são levadas a excesso, especialmente quando a santidade vital não é exemplificada na vida daqueles que aplicam a reprovação. T4 609 4 Nossas palavras e atos constituem o fruto que produzimos. Uma vida consagrada é um vivo sermão diário. Todavia, a piedade interior e a verdadeira devoção estão rapidamente dando lugar a formas exteriores. A religião pura e incontaminada é a grande necessidade da igreja em _____. O aproximar-se de Deus deve tornar-se uma obra individual. Ninguém pode ser salvo por procuração; mas todo homem e mulher deve operar sua própria "salvação com temor e tremor". Filipenses 2:12. Satanás tem muito mais poder sobre alguns que professam a verdade do que muitos percebem. O eu reina no coração, em vez de Cristo. Vontade e interesse próprios, inveja e orgulho excluem a presença de Deus. T4 610 1 O amor de Deus deve impregnar a alma, ou os frutos da justiça não aparecerão. Não é seguro condescender com vaidade e orgulho, amor do poder ou ganho. Queixar-se, censurar e reclamar simplesmente por poder fazê-lo e porque aqueles a quem assim ofendem não podem impedir-lhes é a pior fase do egoísmo. É o egoísmo que causa diferenças no círculo familiar e na igreja. Corações não-cristãos pensarão que podem discernir grandes erros em outros onde não existe nenhum, e se demorarão sobre questões pequenas até que pareçam grandemente aumentadas. O trabalho de ajustar essas pequenas questões, que parecem tão grandes para alguns, Deus tem deixado para os Seus seguidores realizarem. Não deixem que essas infelizes diferenças permaneçam até que se tornem uma raiz de amargura na igreja, pela qual muitos serão contaminados. Quando Cristo está no coração ele será tão suavizado e subjugado pelo amor a Deus e ao homem, que as queixas, críticas e dissensão não existirão ali. A religião de Cristo no coração obterá para o seu possuidor uma completa vitória sobre essas paixões que estão buscando o domínio. T4 610 2 Disse Cristo: "Buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas [necessárias] vos serão acrescentadas." Mateus 6:33. Essa promessa jamais falhará. Não podemos desfrutar o favor de Deus a menos que cumpramos as condições sob as quais esse favor é concedido. Assim fazendo, nos virá aquela paz, contentamento e sabedoria que o mundo não pode dar nem tirar. Se, como igreja, desejarem assegurar a rica bênção de Deus, devem individualmente torná-Lo o primeiro, o último e o melhor em todo pensamento, plano e obra. Obediência a Deus é o primeiro dever do cristão. O espírito humilde e o coração agradecido nos elevará acima das pequeninas provas, assim como das reais dificuldades. Quanto menos fervorosos, ativos e vigilantes formos no serviço do Mestre, mais a mente se demorará no próprio eu, fazendo de um pequeno monte, montanhas de dificuldades. Sentiremos que fomos maltratados, quando nenhum desrespeito foi sequer intencionado. T4 611 1 A responsabilidade da causa de Deus posta sobre Moisés tornou-o um homem de poder. Enquanto apascentava, por tantos anos, os rebanhos de Jetro, obteve uma experiência que lhe ensinou a verdadeira humildade. Mas o chamado de Deus encontrou Moisés, como nos encontrará, ineficiente, hesitante e desconfiado de si mesmo. A ordem de libertar Israel parecia avassaladora; mas, no temor de Deus. Moisés aceitou a incumbência. Eis o resultado: Ele não rebaixou a obra ao nível de sua deficiência; mas, no poder de Deus, envidou os mais sinceros esforços por elevar-se e santificar-se para sua sagrada missão. T4 611 2 Moisés jamais se teria preparado para sua posição de confiança se esperasse que Deus fizesse a obra em seu lugar. Virá luz do Céu aos que sentem necessidade dela, e que a buscam como a tesouros escondidos. Mas se nos encolhemos num estado de inatividade, dispostos a ser controlados pelo poder de Satanás, Deus não nos enviará Sua inspiração. A menos que exerçamos ao máximo os poderes que nos conferiu, permaneceremos para sempre fracos e ineficientes. Muita oração e o mais vigoroso exercício mental são necessários, se quisermos estar preparados para fazer a obra que Deus nos quer confiar. Muitos jamais alcançam a posição que bem poderiam ocupar, porque esperam que Deus faça por eles aquilo que eles mesmos teriam força, dada por Deus, para fazer. Todos os que se preparam para a utilidade nesta vida tem de ser educados pela mais severa disciplina, mental e moral, e então Deus os ajudará, combinando com o esforço humano o poder divino. T4 611 3 Muitos em _____ falharão porque não se mantêm à altura do avanço da obra, e não revelam em seu viver diário a santificação da verdade. Não buscavam colocar a vida à altura do exaltado padrão, como Moisés colocava. Se tivessem agido assim, muitos mais seriam agora acrescentados a seus números, regozijando-se na verdade. É algo terrível afastar almas de Cristo por nossa vida não santificada. Nossa religião dever ser algo mais do que uma religião mental. Precisa afetar o coração, e então terá uma influência corretiva sobre a vida. Maus hábitos não são vencidos por um simples esforço. O próprio eu é dominado unicamente através de longa e severa luta. Esse treinamento próprio deve ser assumido pelos membros individuais da igreja, e o entulho que tem sido acumulado ao redor da porta do coração dever ser removido, antes que possam servir a Deus com singeleza de propósito, adornando a sua religião com uma vida bem-ordenada e uma conversação santificada. Então, e só então, podem ensinar a verdade a pecadores e ganhar almas para Cristo. T4 612 1 Há homens nesta igreja que sentem que devem ensinar a verdade a outros, enquanto são impacientes, mal-humorados e críticos em sua própria família. Esses precisam que alguém lhes ensine, até que se tornem pacientes, homens tementes a Deus no lar. Precisam aprender os primeiros princípios da verdadeira religião. Devem buscar a Deus com fervor de alma; pois têm sido uma maldição em suas famílias, e uma desoladora saraiva para deprimir e destruir os seus irmãos. Esses homens não merecem o nome de maridos, "house band" [laço de união do lar]; pois eles não unem a família com o amor cristão, simpatia e a verdadeira dignidade de uma vida piedosa e um caráter semelhante ao de Cristo. T4 612 2 A solene, sagrada verdade -- a probante mensagem dada por Deus a nós para comunicar ao mundo -- coloca-nos sob a mais forte obrigação de assim transformar nossa vida diária e caráter de modo a que o poder da verdade possa ser bem representado. Devemos ter um contínuo senso da brevidade do tempo e dos terríveis eventos que a profecia declarou que devem rapidamente ter lugar. É por causa dessas verdades não serem tornadas uma realidade que a vida é tão incoerente com a fé que professamos. Muitos escondem na terra os talentos que deveriam ser investidos onde estarão tendo crescimento para serem devolvidos a Deus quando Ele disser: "Presta contas da tua mordomia." Lucas 16:2. Moisés tornou-se grande porque empregou os seus talentos para realizar a obra de Deus, e um aumento dos talentos lhe foi então concedido. Ele se tornou eloqüente, paciente, autoconfiante e competente para a maior obra já confiada ao homem mortal. Esse é o efeito sobre o caráter sempre que os homens se entreguem a Deus com plenitude de alma e ouçam os Seus mandamentos para que possam obedecer-lhes. A voluntária obediência aos requisitos de Deus concede energia vital e poder à alma. Uma obra duradoura como a luz solar é realizada pelo obreiro, bem como por aqueles por quem ele trabalha. Conquanto limitada a capacidade daquele que se empenha nesse trabalho, o empenho por ele assumido em sua humilde esfera será aceitável a Deus. T4 613 1 "Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos Céus. Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome? E, em Teu nome, não expulsamos demônios? E, em Teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniqüidade. Todo aquele, pois, que escuta estas Minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas Minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda." Mateus 7:21-27. T4 613 2 A razão pela qual nosso povo não tem mais poder é porque professa a verdade, mas não a pratica. Tem pequena fé e pouca confiança em Deus. Há somente poucos que assumem as responsabilidades relacionadas à Sua obra. O Senhor reivindica a força da mente, dos ossos e dos músculos; mas ela é freqüentemente retida dEle e dada ao mundo. O serviço de Deus é tornado uma questão secundária, enquanto os interesses mundanos recebem pronta atenção. Assim, as coisas de menor conseqüência são tornadas importantes, enquanto os requisitos de Deus, coisas espirituais e eternas, são tratados de modo indiferente, como algo que pode ser recebido à vontade, ou deixado segundo se deseja. Se a mente permanecesse em Deus, e a verdade exercesse uma influência santificadora sobre o coração, o eu seria oculto em Cristo. Se considerássemos a importância da verdade que professamos crer, sentiríamos que temos uma missão sagrada a cumprir -- uma responsabilidade envolvendo resultados eternos. Todos os interesses temporais seriam submetidos a isto. T4 614 1 Irmãos em _____, vocês não percebem sua obrigação para com Deus e o trabalho individual que Ele lhes tem dado para realizar para Ele. Vocês possuem a teoria da verdade, mas não sentem o seu poder na alma. A figueira estéril exibia seus galhos pretensiosos rumo ao céu; todavia, quando o Redentor foi em busca de frutos, nada tinha senão folhas. A menos que haja uma obra completa efetuada por vocês como indivíduos e como igreja, a maldição de Deus certamente recairá sobre vocês como recaiu sobre aquela árvore infrutífera. T4 614 2 Os membros da igreja de _____ possuem talentos que seriam valiosos se colocados em correto uso. Homens fracos podem tornar-se fortes, os tímidos podem transformar-se em corajosos e os irresolutos e indecisos podem se tornar homens de firme e pronta decisão, quando sentem que Deus os considera de suficiente importância para aceitar os seus esforços. T4 614 3 Homens nesta igreja devem sentir que Deus deseja que se tornem obreiros em Sua causa em qualquer função. A menos que mudem de conduta, alguns se acharão numa posição semelhante à dos fariseus quando Cristo a eles Se dirigiu: "Os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus." Mateus 21:31. Muitos se sentem seguros porque professam a verdade, enquanto não sentem a sua influência santificadora sobre o coração, e não progridem na vida religiosa. T4 614 4 Irmãos, enquanto como um povo vocês professam ter luz bem mais avançada do que outras denominações, os seus trabalhos não correspondem a sua profissão de fé. Muitos que têm estado nas trevas do erro, alegremente aceitam a verdade quando lhes é aberta ao entendimento. Embora tenham passado a vida em pecado, quando vêm para Deus em penitência e com o senso de sua pecaminosidade, são aceitos por Ele. Tais pessoas estão numa posição mais favorável para a perfeição do caráter cristão do que os que têm tido grande luz e deixaram de aproveitá-la. O que deixa homens e mulheres nas trevas é sua negligência de aproveitar a luz e as oportunidades que lhes são concedidas. Cristo odeia a vã pretensão. Quando na Terra, Ele sempre tratou com ternura o penitente, embora este fosse o pior dos pecadores; mas suas denúncias caíam pesadamente sobre toda a hipocrisia. T4 615 1 Deus tem dado a cada homem o seu trabalho e ninguém mais pode fazer essa obra por ele. Oh, que individualmente apliquem o colírio, para que possam ver os seus defeitos de caráter, e percebam como Deus considera o seu amor ao mundo, que está expulsando o amor divino. Nada pode dar tal poder, tal autoconfiança e nobreza de alma, como a percepção da dignidade de Sua obra -- segurança de que são coobreiros com Deus em realizar a obra de salvar almas. T4 615 2 O Filho de Deus veio a este mundo para deixar um exemplo de uma vida perfeita. Ele Se sacrificou "pelo gozo que Lhe estava proposto" (Hebreus 12:2) -- a alegria de ver almas resgatadas do poder de Satanás, e salvas no reino de Deus. "Segue-Me", foi a ordem de Cristo. Aqueles que seguem o Seu exemplo compartilharão da obra divina de fazer o bem, e finalmente entrarão "no gozo" de seu Senhor. Mateus 25:21. T4 615 3 Há atualmente muitos homens em posições humildes, a quem o Senhor poderia denominar como fez com Abraão, "o amigo de Deus". Tiago 2:23. Tais homens aprovam aquilo que Deus aprova, e condenam o que Ele condena. Em presença deles, até o pecador tem um senso de respeito e se sente constrangido; pois Deus está com eles, e eles são cartas vivas, conhecidas e lidas por todos os homens. 2 Coríntios 3:2. Há ternura suavizante, dignidade e retidão divina em sua conduta, que lhes dão poder sobre o coração de seus semelhantes. T4 615 4 Em seguir a Cristo, e olhar para Aquele que é Autor e Consumador de nossa fé, vocês sentirão que estão trabalhando sob o Seu olhar, que são influenciados por Sua presença e que Ele conhece os seus motivos. A cada passo indagarão humildemente: Agradará isto a Jesus? Glorificará a Deus? De manhã e à noite as suas orações fervorosas ascenderão a Deus em busca de Sua bênção e guia. A verdadeira oração apega-se à Onipotência e nos dá a vitória. Sobre os joelhos o cristão obtém forças para resistir à tentação. T4 616 1 O pai "que é o laço de união da família" unirá seus filhos ao trono de Deus pela fé viva. Desconfiando de sua própria força, achegará sua alma indefesa a Jesus, apossando-se da força do Altíssimo. Irmãos, orem no lar, em família, de noite e de manhã; orem fervorosamente em seu aposento; e enquanto empenhados em seu trabalho diário, elevem a alma a Deus em oração. Foi assim que Enoque andou com Deus. A oração silenciosa e fervorosa da alma elevar-se-á como incenso ao trono da graça e será aceitável a Deus como se oferecida no santuário. A todos que assim O buscam, Cristo Se tornará "socorro bem presente nas tribulações". Salmos 46:1. Serão fortes no dia da adversidade. T4 616 2 A Palavra de Deus é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho. "Guardo no coração as Tuas palavras, para não pecar contra Ti." Salmos 119:11. O coração previamente ocupado com a Palavra de Deus é fortalecido contra Satanás. Os que fazem de Cristo seu companheiro diário e amigo familiar, sentirão que os envolvem os poderes de um mundo invisível, e olhando para Jesus se tornarão semelhantes a Sua imagem. Contemplando, tornam-se transformados, segundo o modelo divino; o caráter deles se torna brando, puro e enobrecido para o reino celestial. T4 616 3 Irmãos da igreja de _____, quando em seu caráter e obras é manifestado verdadeiro e intenso zelo, os descrentes verão por sua conduta, e sentirão em sua presença, que vocês têm uma paz da qual eles não têm conhecimento -- uma serenidade que lhes é estranha. Eles crerão que vocês estão trabalhando para Deus; pois as suas obras serão realizadas nEle. Foi-me mostrado que esta é a característica de um cristão. Satanás tem destruído muitas almas levando-as a se colocarem no caminho da tentação. Ele vem a elas como veio a Cristo, tentando-as com o amor ao mundo. Diz-lhes que podem investir com vantagem neste ou naquele empreendimento, e em boa fé elas seguem as suas instruções. Em breve são tentadas a se desviarem de sua integridade a fim de fazerem tantos bons negócios para si mesmas quanto possível. Sua conduta pode ser perfeitamente legal segundo o padrão mundano do que é correto, e, todavia, não suportar o teste da lei de Deus. Seus motivos são questionados por seus irmãos, e eles são suspeitos de fraude para beneficiar a si mesmos, e assim é sacrificada aquela preciosa influência que teria sido sagradamente preservada para o benefício da causa de Deus. Aquele negócio que poderia ser um êxito financeiro nas mãos de um especulador que venderia a sua integridade por ganho mundano, seria inteiramente inadequado para um seguidor de Cristo. T4 617 1 Todas essas especulações são acompanhadas de provas e dificuldades imprevistas, e são uma tremenda provação para aqueles que nelas se empenham. Muitas vezes ocorrem incidentes que naturalmente fazem com que suspeitas sejam lançadas sobre os motivos desses irmãos; mas conquanto algumas coisas possam parecer decididamente erradas, essas coisas não devem ser sempre consideradas um verdadeiro teste de caráter. Contudo, muitas vezes provam ser o ponto decisivo na experiência e destino de alguém. O caráter é transformado pela força das circunstâncias sob as quais o indivíduo se colocou. T4 617 2 Foi-me mostrado ser perigosa experiência para nosso povo envolver-se em especulação. Desse modo, colocam-se no terreno do inimigo, tornando-se sujeitos a grandes tentações, desapontamentos, provas e perdas. Então vem uma febril inquietação, o veemente desejo de obter recursos com maior rapidez do que as circunstâncias atuais permitiriam. Mudam, portanto, o seu ambiente, na esperança de fazer mais dinheiro. Mas, freqüentemente, suas expectativas não se realizam, e eles desanimam e vão para trás, em vez de para a frente. É esse o caso de alguns em _____. Estão se extraviando de Deus. Fizesse o Senhor prosperar alguns de nossos queridos irmãos em suas especulações, ter-se-ia isso demonstrado sua eterna ruína. Deus ama Seu povo, e ama os desafortunados. Se aprenderem as lições que Ele pretende lhes ensinar, sua derrota se demonstrará, afinal, uma preciosa vitória. O amor ao mundo tem afastado o amor de Cristo. Sempre que o entulho é retirado da porta do coração, e esse se abre de par em par, em resposta ao convite de Cristo, Ele entra e toma posse do templo da alma. Tivessem essas palavras do apóstolo sido mais cuidadosamente consideradas, muita prova teria sido poupada: T4 618 1 "Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque Ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei." Hebreus 13:5. "Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas e segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão. Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas." 1 Timóteo 6:6-12. T4 618 2 O presente é o nosso dia de confiança. A toda pessoa é atribuído algum dom ou talento peculiar que deve ser usado para avançar o reino do Redentor. Todos os agentes responsáveis de Deus, do mais humilde e mais obscuro àqueles em elevadas posições na igreja, são responsabilizados pelos bens do Senhor. Não é só o pastor que pode trabalhar pela salvação de almas. Aqueles que têm os menores dons não são dispensados de empregar os melhores dons que têm; e fazendo assim seus talentos serão aumentados. Não é seguro ser leviano com responsabilidades morais, nem desprezar "o dia das coisas pequenas". Zacarias 4:10. A providência de Deus proporciona Seus dons segundo as variadas habilidades do povo. Ninguém deve lamentar por não poder glorificar a Deus com talentos que nunca possuiu, e pelos quais não é responsável. T4 618 3 Uma grande causa de fraqueza na igreja de _____ tem sido a de que, em vez de aumentar os seus talentos para a glória de Deus, embrulharam-nos num lenço e os enterraram no mundo. Conquanto alguns possam estar limitados a um talento, se exercitarem este único, ele aumentará. Deus valoriza o serviço segundo "o que qualquer tem e não segundo o que não tem". 2 Coríntios 8:12. Se nós realizarmos os nossos deveres diários com fidelidade e amor, receberemos a aprovação do Mestre como se tivéssemos realizado uma grande obra. Devemos deixar de ansiar fazer grande serviço e negociar grandes talentos, enquanto temos sido responsabilizados somente por pequenos talentos e a realização de deveres humildes. Ao passar por alto os pequenos deveres diários e buscar responsabilidades mais elevadas, falhamos inteiramente em realizar a própria obra que Deus nos atribuiu. T4 619 1 Oh, se eu pudesse convencer esta igreja sobre o fato de que Cristo tem reivindicações sobre o seu serviço! Meus irmãos e irmãs, vocês se tornaram servos de Cristo? Então, se dedicarem a maior parte de seu tempo em servir a si mesmos, que resposta darão ao Mestre quando Ele lhes ordenar prestar contas de sua mordomia? Os talentos confiados a nós não são nossos, sejam eles talentos de propriedade, de força ou de habilidade mental. Se abusarmos de qualquer desses ou de todos, seremos com justiça condenados por nossa indigna mordomia. Quão grandes são as obrigações que sobre nós repousam em devolver a Deus as coisas que são dEle. T4 619 2 A menos que esta igreja desperte de sua letargia, e se livre do espírito do mundo, lamentará quando, muito tarde, descobrir que suas oportunidades e privilégios são perdidos para sempre. O Senhor às vezes prova o Seu povo com prosperidade em coisas temporais. Ele, porém, tenciona que façam uso correto de Seus dons. Sua propriedade, seu tempo, seu vigor e suas oportunidades são todas de Deus. Por todas essas bênçãos devem prestar contas ao Doador. Enquanto escassez e pobreza são vistas entre nossos irmãos, e deles retemos o socorro quando nossas próprias necessidades são supridas, negligenciamos um claro dever revelado na Palavra de Deus. Ele nos dá liberalmente para que possamos dar a outros. É a beneficência que vence o egoísmo e enobrece e purifica a alma. Alguns empregam mal os talentos que lhes são dados por Deus; fecham os olhos para não verem as necessidades de Sua causa, e afastam os ouvidos para não ouvirem a Sua voz mostrando-lhes o seu dever de alimentar os famintos e vestir os nus. Alguns que professam ser filhos de Deus parecem ansiosos em investir os seus recursos no mundo, para que não retornem ao Doador em dons e ofertas. Esquecem-se de sua divina missão, e se continuarem a seguir os ditames de seu coração egoísta e gastar tempo e recursos preciosos para satisfazer seu orgulho, Deus lhes enviará reveses, e sentirão aguda necessidade por causa de sua ingratidão. Ele confiará os Seus talentos a outros mordomos fiéis, que reconhecerão as Suas reivindicações sobre eles. T4 620 1 A riqueza é um poder com o qual fazer o bem ou o mal. Se for usada corretamente, torna-se uma fonte de contínua gratidão, porque os dons de Deus são apreciados e o Doador reconhecido pelo emprego deles como Deus tencionou. Aqueles que roubam a Deus retendo de Sua causa e dos pobres sofredores, enfrentarão o Seu juízo retributivo. Nosso Pai celestial, que nos tem dado em confiança toda boa dádiva, Se compadece de nossa ignorância, nossa fragilidade e nossa condição desesperadora. A fim de salvar-nos da morte, Ele livremente nos deu Seu amado Filho. Ele reivindica de nós tudo o que reivindicamos como nosso. Negligenciar Seus pobres sofredores é negligenciar a Cristo, pois Ele nos disse que os pobres são os Seus representantes na Terra. Compaixão e benevolência a eles demonstradas são aceitas por Cristo como se demonstradas a Ele. T4 620 2 Quando os pobres do Senhor são negligenciados e esquecidos, recebidos com indiferença e com palavras cruéis, deve o culpado ter em mente que está negligenciando a Cristo na pessoa dos Seus santos. Nosso Salvador identifica os Seus interesses com os da humanidade sofredora. Como o coração dos pais é piedoso e se sensibiliza com os sofrimentos de um dos membros do seu pequeno rebanho, assim o coração do nosso Redentor simpatiza com os mais pobres e mais humildes dos Seus filhos terrestres. Ele os colocou entre nós a fim de despertar em nosso coração aquele amor que Ele sente pelos sofredores e oprimidos, e os Seus juízos cairão sobre qualquer que os injustice, menospreze ou os prejudique. T4 620 3 Consideremos que Jesus assumiu as dores e pesares -- pobreza e sofrimento -- do homem em Seu próprio coração, e os tornou parte de Sua própria experiência. Embora fosse o Príncipe da vida, Ele não tomou a Sua posição com os grandes e honrados, mas com os humildes, os oprimidos e os sofredores. Ele foi o desprezado Nazareno. Ele não tinha onde reclinar a cabeça. Tornou-Se pobre por nossa causa, para que pela Sua pobreza pudéssemos enriquecer. Ele é agora o Rei da glória, e se viesse a ser coroado com majestade, milhões Lhe prestariam homenagem. Todos competiriam entre si em prestar-Lhe honras; todos pleiteariam ser achados em Sua presença. Uma oportunidade nos é agora concedida de receber a Cristo na pessoa de Seus santos. Deus deseja que vocês apreciem os Seus dons e os usem para a Sua glória. Apelo-lhes a abrirem o coração à verdade e à beneficência desinteressada. T4 621 1 Queridos irmãos, como igreja vocês têm lamentavelmente negligenciado seu dever para com as crianças e jovens. Conquanto regras e restrições sejam postas sobre eles, deve tomar-se grande cuidado para mostrar-lhes o lado cristão de seu caráter, e não o satânico. As crianças necessitam constante vigilância e terno amor. Liguem-nas ao coração, mantendo diante delas tanto o amor como o temor de Deus. Pais e mães não controlam o próprio espírito e, portanto, não estão em condições de governar a outros. Restringir e advertir seus filhos não é tudo o que se requer. Vocês têm de aprender a praticar a justiça, a amar a beneficência e andar humildemente com seu Deus. Miquéias 6:8. Tudo deixa sua impressão na mente juvenil. A fisionomia é estudada, a voz tem sua influência, o comportamento é por eles imitado bem de perto. Pais e mães irritadiços e impertinentes estão dando aos filhos lições que, algum dia em sua vida, eles dariam o próprio mundo, se este lhes pertencesse, para desaprenderem. Os filhos precisam ver na vida dos pais aquela coerência que está em harmonia com sua fé. Por revelar uma vida coerente e exercer domínio próprio, os pais podem modelar o caráter dos filhos. T4 621 2 Cuidados e responsabilidades em demasia estão sendo colocados sobre nossas famílias, e muito pouco da natural simplicidade, paz e felicidade é acariciado. Devia haver menos preocupação pelo que o mundo exterior dirá e mais profunda atenção para com os membros do círculo familiar. Deve haver menos ostentação e afetação de polidez mundana, e mais ternura e amor, alegria e cortesia cristã entre os membros da família. Muitos precisam aprender como tornar o lar atrativo, um lugar de alegria. Corações agradecidos e bondoso olhar são mais valiosos que riqueza e luxo; e o contentamento com as coisas simples tornará o lar feliz se nele existir o amor. T4 622 1 Jesus, nosso Redentor, andou na Terra com a dignidade de um rei; era, contudo, manso e humilde de coração. Era uma luz e bênção em todo lar, porque levava alegria, esperança e coragem consigo. Oh, que possamos ficar satisfeitos com menos anseios do coração, menos apego por coisas difíceis de serem obtidas para embelezar nossos lares, enquanto o que Deus avalia acima de jóias -- um espírito manso e quieto -- não é acariciado. A graça da simplicidade, mansidão e verdadeira afeição faria um paraíso do mais humilde lar. É melhor suportar alegremente cada inconveniência do que perder a paz e o contentamento. T4 622 2 Vocês precisam grandemente humilhar o coração perante Deus e ver a triste condição de seus filhos -- sem Deus e sem esperança no mundo. Eles não apreciam e não reverenciam as coisas sagradas, porque os negócios comuns e mundanos foram situados ao mesmo nível dos interesses eternos. Há jovens entre vocês cujo serviço Deus aceitará se submeterem o coração a Ele, e se unirem a Ele como fez Daniel e os seus companheiros. Poucos, porém, têm a verdadeira idéia do perigo que rodeia a juventude de hoje. Para alcançar a nobre condição de virilidade requer-se grande soma de coragem moral e constante resistência à tentação. É raro um caráter incontaminado diante de Deus. Muitos que não têm o temor de Deus, e cujos pés estão na estrada larga da morte, estão esperando para ser companheiros de seus filhos. Quisera poder fazer com que a juventude visse e sentisse seu perigo, especialmente o de fazerem casamentos infelizes. T4 622 3 Um pouco de tempo passado a semear joio, queridos amigos jovens, produzirá uma colheita que fará amarga a vida inteira de vocês; uma hora de irreflexão -- o ceder uma vez à tentação - pode-lhes desviar todo o curso da vida para uma direção errada. Vocês não podem ser jovens senão uma vez; tornem útil essa juventude. Uma vez que tenham passado por esse caminho, não poderão retroceder para retificar os erros cometidos. Aquele que se recusa a unir-se a Deus, colocando-se no caminho da tentação, há de infalivelmente cair. Deus está provando cada jovem. Muitos têm desculpado sua falta de cuidado e reverência com os maus exemplos a eles dados por professos crentes de mais experiência. Isto, porém, não deveria impedir pessoa alguma de proceder bem. No dia do final ajuste, não alegarão tais desculpas como agora fazem. Serão com justiça condenados, porque sabiam o caminho, mas não decidiram andar nele. T4 623 1 Satanás, esse arquienganador, transforma-se em anjo de luz, achega-se aos jovens com suas enganosas tentações e é bem-sucedido em desviá-los, passo a passo, do caminho do dever. Ele é descrito como um acusador, enganador, mentiroso, atormentador e homicida. "Quem comete o pecado é do diabo." 1 João 3:8. Toda desobediência leva o ser humano à condenação, provocando o desagrado divino. Os pensamentos do coração são discernidos por Deus. Quando os pensamentos impuros são acariciados, não necessitam ser expressos em palavras ou atos para consumar o pecado e trazer condenação à alma. Sua pureza é manchada, e o tentador triunfou. T4 623 2 Todo homem é tentado quando atraído e engodado por suas próprias concupiscências. É desviado do caminho da virtude e do verdadeiro bem por seguir as próprias inclinações. Se a juventude possuísse integridade moral, as mais poderosas tentações inutilmente lhe seriam apresentadas. É a ação de Satanás tentar vocês; é sua a de ceder-lhe. Não se acha no poder de todo o exército satânico o forçar o tentado a transgredir. Não há desculpa para o pecado. T4 623 3 Enquanto alguns dos jovens estão desperdiçando suas energias em vaidade e extravagância, outros estão disciplinando a mente, acumulando conhecimentos, revestindo-se da armadura para empenhar-se na batalha da vida, decididos a torná-la um sucesso. Não poderão, no entanto, ter êxito na vida, por mais alto que tentem galgar, a menos que concentrem em Deus as suas afeições. Se se voltarem para o Senhor de todo o coração, rejeitando as lisonjas dos que desejam, no mínimo grau, enfraquecer-lhes o propósito de proceder retamente, terão força e confiança em Deus. T4 624 1 Os que amam a vida social, freqüentemente condescendem com esse traço até que ele se torna paixão dominante. Vestir, ir a lugares de entretenimento, rir e tagarelar sobre assuntos de modo geral mais levianos que a própria vaidade -- eis o objetivo de sua vida. Não podem suportar ler a Bíblia e meditar nas coisas celestiais. Sentem-se infelizes, a menos que haja qualquer coisa fantasiosa. Não possuem em si mesmos o poder de ser felizes; mas dependem para isso da companhia dos outros jovens tão irrefletidos e irrequietos como eles mesmos. As energias que poderiam ser encaminhadas para nobres fins, eles as entregam à loucura. T4 624 2 O jovem que encontra prazer e felicidade em ler a Palavra de Deus e na oração, é constantemente refrigerado pela Fonte da vida. Atingirá excelência moral e amplitude de pensamentos que outros não podem ter idéia. A comunhão com Deus encoraja bons pensamentos, nobres aspirações, claras percepções da verdade e altos propósitos de ação. Os que assim ligam a própria alma a Deus, são por Ele reconhecidos como filhos e filhas. Estão de contínuo ascendendo mais alto, obtendo mais clara visão de Deus e da eternidade, até que Ele os torna condutos de luz e sabedoria para o mundo. T4 624 3 Alguns dos jovens em _____ estão numa condição endurecida pelo pecado; são grosseiros, descorteses, rudes e rebeldes. Tiveram grande luz e a rejeitaram. Se agora escolherem o caminho da paz, devem fazê-lo por princípio, em vez de fazê-lo por sentimento. O pecado e a santidade não podem comprometer-se. A Bíblia não sanciona a impiedade, nem contém palavras suaves de tolerância e caridade para com o impenitente. Jesus veio para atrair a Si todos os homens, e os Seus seguidores devem caminhar à luz do Seu glorioso exemplo, com sacrifício da comodidade ou fama e risco dos bens ou da vida. Somente dessa maneira podem combater o bom combate da fé. T4 625 1 Uma pérola de grande preço é oferecida aos jovens. Eles podem vender tudo e comprar esta pérola, ou podem recusá-la, para sua infinita perda. O Céu pode ser alcançado por todos que se submeterem às condições estabelecidas na Palavra de Deus. Nosso Redentor foi obediente até a morte; entregou-Se em oferta pelo pecado. Somos redimidos "com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado". 1 Pedro 1:19. "O sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado." 1 João 1:7. Jovens amigos, vocês podem assumir determinado propósito em sua própria força, podem gabar-se de poder seguir uma conduta reta sem submeter o coração à influência controladora do Espírito de Deus; mas dessa maneira não serão felizes. Seu espírito irrequieto precisa de mudança. Ele tem sede de prazer nas diversões, alegria e sociedade de seus jovens companheiros. Vocês estão cavando para si "cisternas rotas que não retêm as águas". Jeremias 2:13. Um poder enganoso lhes controla a mente e as ações. A felicidade será encontrada unicamente no arrependimento para com Deus e fé em nosso Senhor Jesus Cristo; pois o coração de vocês está cheio de rebelião; isso se percebe em suas palavras. Suas orações egoístas e formalidades religiosas podem acalmar a consciência, mas somente aumentam o seu perigo. Sua natureza não foi renovada. T4 625 2 O precioso sangue de Jesus é a fonte preparada para purificar a alma da contaminação do pecado. Quando determinarem torná-Lo seu amigo, uma nova e perdurável luz brilhará da cruz de Cristo. Um verdadeiro senso do sacrifício e intercessão do querido Salvador quebrantará o coração que se tornou endurecido pelo pecado; e amor, gratidão e humildade encherão a alma. A entrega do coração a Jesus reduz o rebelde em penitente e então a linguagem da alma obediente será: "As coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." 2 Coríntios 5:17. Essa é a verdadeira religião da Bíblia. Tudo que seja menos do que isso é um engano. T4 625 3 A juventude não percebeu que a liberdade e a luz podem ser mantidas somente através da abnegação, constante vigilância e oração, e contínua dependência dos méritos do sangue de Cristo. Quando o Espírito Santo é soprado sobre a alma, a vontade e as faculdades do ser humano devem responder a Sua influência. Os que permanecem em Jesus serão felizes, bem-humorados e alegres em Deus. Uma suave afabilidade lhes distinguirá a voz, as ações exprimirão reverência pelas coisas espirituais e eternas, e haverá música, jubilosa música em seus lábios -- música irradiada do trono de Deus. Este é o mistério da piedade, não facilmente explicado, mas nem por isso menos experimentado e fruído. Um coração obstinado e rebelde pode fechar as portas a todas as doces influências da graça de Deus, e a toda alegria no Espírito Santo; mas os caminhos da sabedoria são caminhos aprazíveis, "e todas as suas veredas, paz". Provérbios 3:17. Quanto mais intimamente nos acharmos ligados a Cristo, tanto mais nossas palavras e ações revelarão o poder enternecedor e transformador de Sua graça. T4 626 1 Apelo aos jovens em _____ a considerarem os seus caminhos e a mudarem a sua conduta antes que seja tarde demais. Alguns de vocês se orgulham de suas habilidades; mas quanto mais valiosos os talentos que lhes forem confiados, maior será a sua condenação se empregarem esses dons do Céu no serviço de Satanás. Deus pode passar sem vocês, mais vocês não podem passar sem Deus. São vocês que sofrerão sem Jesus. Os mandamentos de Deus são como espinhos e cardos para alguns dos jovens em _____. O seu conhecimento da verdade torna-lhes difícil condescenderem com os prazeres pecaminosos; pois não podem de modo radical remover da mente as reivindicações de Deus sobre eles. Há um sentimento de impaciência diante da restrição assim imposta. Eles tentam contornar a voz de advertência; mas se encontram golpeando contra os aguilhões, ferindo-se com muitos sofrimentos. Oh, que viessem à Fonte da água viva antes de ofenderem o Espírito de Deus pela última vez! T4 626 2 Umas poucas palavras mais para os membros da igreja. Disse Cristo: "Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-Me." Lucas 9:23. Não devemos fazer cruzes para nós mesmos, vestir pano de saco nem flagelar nosso corpo ou negar-nos inteiramente alimento nutritivo. Não devemos fechar-nos em mosteiros, longe do mundo, e não fazer bem para os nossos semelhantes, pensando ser esta a cruz de Cristo; nem nos é requerido expor a saúde e a vida desnecessariamente, nem lamentar enquanto ascendendo a colina da vida cristã, sentindo ser um pecado ser alegres, contentes, felizes e jubilosos. Essas são cruzes feitas pelo homem, mas não a cruz de Cristo. T4 627 1 Levar a cruz de Cristo é controlar nossas paixões pecaminosas, praticar cortesia cristã mesmo quando é inconveniente fazê-lo, ver as necessidades dos carentes e angustiados, privando-nos a fim de aliviá-los; e abrir nosso coração e portas aos órfãos sem lar, embora fazer isso possa enfraquecer nossos recursos e nossa paciência. Tais filhos são os membros mais jovens da família de Deus e devem receber amor e cuidado, e serem criados "na doutrina e admoestação do Senhor". Efésios 6:4. Esta é uma cruz, que se for levantada e alegremente carregada por amor a Cristo, se provará um diadema de glória no reino de Deus. T4 627 2 Irmãos, pelo amor de Cristo encham a vida de boas obras, mesmo que o mundo não aprecie os seus esforços, e não lhes dê crédito. Isso é abnegação. O egoísmo é o jugo mais cruel que os membros da igreja já colocaram sobre o pescoço; mas muito disso é acalentado por aqueles que professam ser seguidores de Cristo. Tudo que possuem pertence a Deus. Sejam cuidadosos, para que não acumulem egoistamente as bênçãos que Ele lhes entregou para as viúvas e os órfãos. Cristo deixou a Sua glória, Sua honra, Seu elevado comando, e por nossa causa Se tornou pobre para que através de Sua pobreza enriquecêssemos. Agora a pergunta que surge é: Que farei individualmente por Jesus que deu a vida por um mundo arruinado? ------------------------Capítulo 62 -- Simplicidade no vestuário T4 628 1 No Sermão do Montanha, Cristo exorta Seus seguidores a não permitirem que sua mente se absorva com as coisas terrenas. Diz Ele claramente: "Não podeis servir a Deus e a Mamom. Por isso, vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir: Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que a vestimenta?" "E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem: não trabalham nem fiam; e Eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles." Mateus 6:24, 25, 28, 29. T4 628 2 Palavras cheias de significado são essas. Eram aplicáveis aos dias de Jesus, assim como são para os nossos dias. Jesus contrasta aqui a natural simplicidade das flores do campo com o adorno artificial do vestuário. Declara que a glória de Salomão não era para se comparar com uma flor em sua beleza natural. Aqui se encontra uma lição para todos quantos desejam conhecer e cumprir a vontade de Deus. Jesus observou o cuidado e a atenção dados às vestimentas, e advertiu, ou melhor, ordenou-nos a não lhes dar demasiada atenção. É importante que consideremos cuidadosamente Suas palavras. Salomão absorveu-se tanto com a ostentação exterior, que se esqueceu de elevar o espírito pela constante ligação com o Deus da sabedoria. A perfeição e a beleza de caráter foram passadas por alto em sua tentativa de alcançar a beleza exterior. Vendeu a honra e a integridade do caráter na busca da glorificação própria diante do mundo, e tornou-se afinal um déspota, mantendo sua extravagância por meio de opressivos impostos sobre o povo. Primeiro, corrompeu-se no coração, depois apostatou de Deus e se tornou por fim adorador de ídolos. T4 628 3 Quando vemos nossas irmãs se desviando da simplicidade no vestuário, e cultivando o amor pelas modas do mundo, sentimo-nos perturbados. Adiantando-se passo a passo nessa direção, vão-se separando de Deus, e negligenciando o adorno interior. Elas não devem sentir-se na liberdade de gastar o tempo que lhes é dado por Deus com a desnecessária ornamentação de seu vestuário. Quão melhor seria ele empregado em examinar as Escrituras, obtendo assim um conhecimento cabal das profecias e das lições práticas de Cristo! T4 629 1 Como cristãos, não devemos empenhar-nos em nenhum empreendimento sobre o qual não possamos pedir conscienciosamente a bênção do Senhor. Vocês sentem, minhas irmãs, a consciência limpa, no desnecessário esforço que dedicam ao vestuário? Podem, enquanto tornam perplexa a mente a respeito de franzidos, laços e fitas, estar elevando a alma a Deus em oração para que Ele lhes abençoe os esforços? O tempo gasto dessa maneira poderia ser dedicado a fazer o bem aos outros e a cultivar a própria mente. T4 629 2 Muitas de nossas irmãs são pessoas de boa habilidade, e se seus talentos fossem usados para a glória de Deus, seriam elas bem-sucedidas na conquista de almas para Cristo. Não serão elas responsáveis pelas almas que poderiam ter salvado se a extravagância do vestuário e os cuidados deste mundo não tivessem prejudicado e reduzido as faculdades que Deus lhes deu, de modo que não sentissem responsabilidade pelo trabalho? Satanás inventou as modas a fim de manter a mente das mulheres tão obcecada com o tema do vestuário a ponto de não poderem pensar em mais nada. T4 629 3 Os deveres que recaem sobre as mães de criarem seus filhos "na doutrina e admoestação do Senhor" (Efésios 6:4) não podem ser cumpridos enquanto elas continuarem em sua atual maneira de vestir-se. Não têm tempo de orar nem de pesquisar as Escrituras para que possam entender a verdade e ensiná-la a seus filhos. Não é apenas privilégio, mas dever de todos, crescer diariamente no conhecimento de Deus e da verdade. Todavia, o objetivo de Satanás é conseguido se ele puder inventar qualquer coisa que atraia de tal modo a mente que isso não venha a acontecer. A razão por que tantas não estão desejosas de assistir às reuniões de oração e empenhar-se em exercícios religiosos é que a sua mente está concentrada em outras coisas. Estão se conformando com o mundo na questão do vestuário; e enquanto fazem assim, almas que elas poderiam ter ajudado ao deixar sua luz brilhar por meio de boas obras, são fortalecidas em sua incredulidade pela conduta incoerente dessas professas cristãs. T4 630 1 Deus Se agradaria de ver nossas irmãs trajadas com roupas simples e de bom gosto, e diligentemente empenhadas na obra do Senhor. Não lhes falta habilidade, e caso empregassem na devida maneira os talentos que já possuem, sua eficiência seria grandemente aumentada. Se o tempo que agora empregam em trabalho desnecessário fosse dedicado a pesquisar a Palavra de Deus e a explicá-la aos outros, sua mente seria enriquecida com as gemas da verdade, e seriam fortalecidas e enobrecidas pelo esforço feito para compreenderem as razões de nossa fé. Fossem nossas irmãs conscienciosas cristãs bíblicas, buscando aproveitar toda oportunidade para esclarecer a outros, e veríamos dezenas e dezenas de almas abraçando a verdade, unicamente mediante seus abnegados esforços. Irmãs, no dia em que forem ajustadas as contas de todos, experimentarão vocês alegria ao ser passada em revista sua vida, ou sentirão que a beleza do homem exterior é que foi buscada, enquanto a beleza interior da alma ficou quase de todo negligenciada? T4 630 2 Não terão nossas irmãs suficiente zelo e força moral para se colocarem, sem desculpas, sobre a plataforma bíblica? O apóstolo deu orientações muito explícitas sobre esse ponto: "Quero, pois, que... as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras." 1 Timóteo 2:8-10. Aqui o Senhor, por meio de Seu apóstolo, fala expressamente contra o uso de ouro. Que as que têm tido experiência cuidem em não fazer com que outros se desviem nesse ponto por causa de seu exemplo. Aquele anel que cerca seu dedo, talvez seja muito simples, mas é inútil, e seu uso exerce errônea influência sobre outros. T4 630 3 Especialmente as esposas de nossos pastores devem ser cuidadosas em não se afastarem dos claros ensinos da Bíblia em questão do vestuário. Muitos consideram essas recomendações como demasiado antiquadas para merecerem atenção; Aquele, porém, que as deu a Seus discípulos, compreendia os perigos do amor ao vestuário em nossos tempos, e mandou-nos essa advertência. Dar-lhe-emos ouvidos e seremos sábios? A extravagância no vestuário está em constante progresso. Ainda não é o fim. A moda muda sempre, e nossas irmãs seguem-lhe os rastos, a despeito do tempo ou das despesas. Grande é a quantia despendida com o vestuário, quando devia voltar a Deus, o doador. T4 631 1 O vestuário simples e de bom gosto da classe mais pobre aparece muitas vezes em marcante contraste com a vestimenta de suas irmãs mais ricas, e esta diferença produz freqüentemente certo constrangimento da parte dos pobres. Algumas procuram imitar suas irmãs mais ricas, enfeitam, franzem e adornam fazendas de qualidade inferior, de maneira que se aproximam delas o máximo possível no vestir-se. Moças pobres, que não recebem mais do que dois dólares por semana pelo seu trabalho, gastarão cada centavo para se vestirem como as outras que não são obrigadas a ganhar a própria manutenção. Essas jovens não possuem coisa alguma para colocar na tesouraria de Deus. E seu tempo é tão completamente absorvido em tornar seus vestidos tão na moda como os de suas irmãs, que elas não dispõem de nenhum tempo para o aperfeiçoamento da mente, o estudo da Palavra de Deus, a oração particular ou para a reunião de oração. A mente é inteiramente absorvida em planejar como aparecer tão bem como suas irmãs. Para alcançar este objetivo, a saúde física, mental e moral é sacrificada. A felicidade e a aprovação de Deus são colocadas sobre o altar da moda. T4 631 2 Muitas deixarão de assistir ao culto no sábado, porque seu vestuário pareceria diferente em estilo e adorno, do de suas irmãs cristãs. Considerarão as minhas irmãs estas coisas como são, e perceberão completamente o peso de sua influência sobre os outros? Ao andarem elas próprias num caminho proibido, levam outros pelo mesmo trajeto de desobediência e apostasia. A simplicidade cristã é sacrificada pela exibição exterior. Minhas irmãs, de que maneira mudaremos tudo isso? Como nos libertaremos da cilada de Satanás e despedaçaremos as cadeias que nos têm conservado escravas da moda? Como recuperaremos nossas oportunidades perdidas? Como conservaremos nossas energias em ação sadia e vigorosa? Existe um modo apenas, este é tornar a Bíblia nossa norma de vida. Todos devem trabalhar zelosamente para fazer o bem aos outros, vigiar em oração, tomar a cruz há tanto negligenciada, e atender às advertências e ordens dAquele que disse: "Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-Me." Lucas 9:23. T4 632 1 Minhas irmãs cristãs, defrontem o espelho, a lei de Deus, e testem a sua conduta pelos primeiros quatro mandamentos. Eles explicitamente definem o nosso dever para com Deus. Ele reivindica as afeições não divididas; e qualquer coisa que tenda a absorver a mente e desviá-la de Deus assume a forma de um ídolo. O Deus vivo e verdadeiro é eliminado dos pensamentos e corações, e o templo da alma é contaminado pela adoração de outros deuses diante do Senhor. "Não terás outros deuses diante de Mim" (Êxodo 20:3), diz o mandamento. Pesquisemos o coração, comparemos a vida e caráter com os estatutos e preceitos de Jeová, e então busquemos diligentemente corrigir os nossos erros. T4 632 2 Os últimos seis mandamentos especificam os deveres do homem para com seus semelhantes. Aqui é trazido à tona as solenes obrigações que são espezinhadas todo dia pelos professos observadores dos mandamentos. Aqueles que têm sido iluminados pela graça de Deus, que foram adotados na família real, não deviam ser sempre crianças na obra do Senhor. Se sabiamente se apropriarem das graças dadas, sua capacidade aumentará, e seu conhecimento se tornará mais extenso, e se lhes confiará uma maior medida do poder divino. Ao empreender esforços zelosos, empenho bem direcionado para levar os seus semelhantes ao conhecimento da verdade, tornar-se-ão fortes no Senhor; e ao fazerem justiça na Terra, receberão a recompensa da vida eterna no reino do Céu. Este é o privilégio de nossas irmãs. E quando as vemos empregando tempo e o dinheiro de Deus na desnecessária exibição de vestuário, não podemos senão adverti-las de que estão transgredindo não só os primeiros quatro, mas os últimos seis mandamentos. Não tornam a Deus o supremo objeto de sua adoração, nem amam os seus semelhantes como a si mesmas. T4 632 3 Cristo é o nosso exemplo. Devemos conservar o Modelo continuamente diante de nós, e contemplar o sacrifício infinito que foi feito para redimir-nos da servidão do pecado. Se nos acharmos condenados ao contemplarmos o espelho, não nos aventuremos mais longe na transgressão, mas demos meia-volta, e lavemos nossas vestes de caráter no sangue do Cordeiro para que possam ser sem mancha. Clamemos, como Davi: "Desvenda os meus olhos, para que veja as maravilhas da Tua lei." Salmos 119:18. Aqueles a quem Deus confiou tempo e recursos para que pudessem ser uma bênção à humanidade, mas que desperdiçaram esses talentos desnecessariamente consigo mesmos e com seus filhos, terão terríveis contas a prestar à barra do tribunal de Deus. T4 633 1 "Porque eis que aquele dia vem ardendo como forno; todos os soberbos e todos os que cometem impiedade serão como palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo." Malaquias 4:1. O mundo descrente logo terá algo em que pensar além de seu vestuário e aparência; e ao ser sua mente desviada dessas coisas pela angústia e perplexidade, nada têm a que recorrer. São prisioneiros de esperança (Zacarias 9:12), e, portanto, não se volvem à Fortaleza. Seu coração lhes definhará com lamentos e temor. Não fizeram de Deus o seu refúgio e Ele não será o seu Consolador. Ele rirá de sua calamidade, e zombará quando lhes sobrevier temor. T4 633 2 Aqueles entre os observadores do sábado que sucumbiram à influência do mundo devem ser provados. Os perigos dos últimos dias estão sobre nós. E uma prova, que muitos não anteciparam, está diante do professo povo de Deus. A genuinidade de sua fé será provada. Muitos se uniram aos mundanos em orgulho, vaidade e busca de prazer, lisonjeando-se de que podiam assim agir e ainda ser cristãos. Mas tais condescendências os separam de Deus e os tornam filhos do mundo. Cristo não nos deixou tal exemplo. Somente aqueles que negarem a si mesmos e viverem uma vida de sobriedade, humildade e santidade são verdadeiros seguidores de Jesus; e esses não podem desfrutar a companhia dos amantes do mundo. T4 633 3 Muitos se vestem semelhante ao mundo, a fim de exercer influência sobre os descrentes; eles, porém, cometem aqui um erro lamentável. Se quiserem ter verdadeira e salvadora influência, vivam de acordo com a sua profissão de fé, mostrem sua fé pelas suas obras de justiça, e façam clara distinção entre o cristão e o mundano. As palavras, o vestuário e as ações devem testemunhar de Deus. Então uma santa influência se espalhará sobre todos os que lhes estão ao redor, e até os descrentes tomarão conhecimento de que eles têm estado com Jesus. Caso alguém deseje que sua influência fale em favor da verdade, que viva de acordo com a sua profissão de fé e dessa forma imitem o humilde Modelo. T4 634 1 O orgulho, a ignorância e a loucura são companheiros inseparáveis. O Senhor está descontente com o orgulho manifestado entre o Seu povo professo. Ele é desonrado por sua conformidade com as modas prejudiciais, imodestas e dispendiosas dessa era degenerada. T4 634 2 A moda governa o mundo; e ela é uma senhora tirânica, muitas vezes obrigando os seus devotos a se submeterem às maiores inconveniências e desconforto. A moda domina sem razão e exige sem misericórdia. Ela tem um poder fascinante, e está pronta a criticar e ridicularizar os pobres se não a seguirem a qualquer custo, mesmo com o sacrifício da própria vida. Satanás exulta de que seus ardis tenham tanto êxito, e a Morte ri da loucura insalubre e zelo cego dos adoradores do altar da moda. T4 634 3 Para proteger o povo de Deus da corruptora influência do mundo, bem como para promover a saúde física e moral, foi a reforma do vestuário introduzida entre nós. Não foi ela planejada para ser um jugo de escravidão, mas uma bênção; não para aumentar o trabalho, senão para poupar trabalho; para poupar gastos, e não para acrescentar gasto com vestuário. Faria distinção entre o povo de Deus e o mundo, e dessa forma serviria de barreira contra suas modas e loucuras. Aquele que conhece o fim desde o princípio, que compreende nossa natureza e nossas necessidades -- nosso compassivo Redentor -- viu nossos perigos e dificuldades, e condescendeu em dar-nos oportuna advertência e instrução atinentes a nossos hábitos de vida, até mesmo na escolha apropriada da alimentação e do vestuário. T4 634 4 Satanás está inventando constantemente novo estilo de vestuário que se provará uma maldição para a saúde física e moral; exulta quando vê professos cristãos aceitarem avidamente as modas por ele inventadas. Não se pode calcular a quantidade de sofrimento físico originado pelo vestuário anormal e prejudicial à saúde. Muitos se têm tornado eternos doentes por causa de sua condescendência com os preceitos da moda. Deslocamentos e deformidades, câncer e outras doenças terríveis estão entre os males resultantes do vestuário da moda. T4 635 1 Muitos estilos de vestuário que são impróprios e mesmo ridículos têm sido geralmente adotados por estarem na moda. Entre essas modas perniciosas estavam as grandes saias-balão, que freqüentemente causavam indecente exposição da pessoa. Em contraste com estas foi apresentada uma vestimenta simples, modesta e decente, a qual deveria dispensar as saias-balão e os vestidos de cauda, e proveria a devida proteção aos membros. Mas a reforma do vestuário compreendia mais do que encurtar o vestido e proteger os membros. Incluía toda peça de vestuário que está sobre a pessoa. Aliviava o peso de sobre os quadris, fazendo penderem as saias dos ombros. Removia os apertados espartilhos, que comprimem os pulmões, o estômago e outros órgãos internos, e induz à curvatura da espinha e a quase uma incontável série de enfermidades. A devida reforma do vestuário provia a proteção e o desenvolvimento de cada parte do corpo. T4 635 2 Para aqueles que coerentemente adotaram o vestido da reforma, apreciando suas vantagens, e alegremente colocando-se em oposição ao orgulho e à moda, ele se provou uma bênção. Quando apropriadamente feito, é um vestuário coerente e adequado, e recomenda-se às pessoas mentalmente sinceras, mesmo entre aqueles que não são de nossa fé. T4 635 3 Pode ser feita a pergunta: "Por que esse vestido foi deixado de lado? E por que razão a reforma do vestuário deixou de ser defendida?" Em poucas palavras declararei a razão para essa mudança. Embora muitas de nossas irmãs aceitassem essa reforma por princípio, outras se opuseram ao estilo simples e saudável de vestuário que ela defendia. Requeria muito esforço introduzir essa reforma entre o nosso povo. Não foi suficiente apresentar perante nossas irmãs as vantagens de tal vestido, e convencê-las de que obteriam a aprovação de Deus. A moda tinha tão forte domínio sobre elas, que foram vagarosas em desligar-se de seu controle, até mesmo de obedecer aos ditames da razão e da consciência. E muitas que professavam aceitar a reforma não fizeram mudança em seus hábitos errôneos de vestuário, exceto em encurtar as saias e cobrir os membros. T4 636 1 Isso não foi tudo. Algumas que adotaram a reforma não estavam contentes em mostrar pelo exemplo as vantagens do vestuário, dando, quando indagadas, suas razões por adotá-lo, e deixando que a questão aí parasse. Buscavam controlar a consciência de outros por sua própria. Se o adotavam, outros deveriam adotá-lo. Esqueceram-se de que ninguém era obrigado a usar o vestido da reforma. T4 636 2 Não era meu dever impor o assunto às minhas irmãs. Após apresentá-lo a elas, como me fora mostrado, deixei-o a seu critério. O ato de reformar é sempre acompanhado de sacrifício. Requer que o amor ao conforto, o interesse egoísta e a concupiscência da ambição sejam mantidos em sujeição aos princípios do que é correto. Quem quer que tenha a coragem de reformar encontrará obstáculos. O conservadorismo daqueles cujos negócios ou prazer lhes colocam em contato com os defensores da moda e que perderão sua posição social pela mudança, opor-se-á a tal pessoa. T4 636 3 Muito sentimento infeliz foi suscitado por aqueles que estavam constantemente impondo a reforma do vestuário sobre suas irmãs. Com os extremistas, essa reforma parecia constituir a síntese e a substância de sua religião. Era o tema de conversação e a preocupação de seu coração; e a mente deles era assim desviada de Deus e da verdade. Deixaram de abrigar o espírito de Cristo e manifestaram uma grande falta de verdadeira cortesia. Em vez de apreciar o traje por suas reais vantagens, pareciam orgulhar-se de sua singularidade. Talvez nenhuma questão tenha jamais surgido entre nós que ocasionasse tal desenvolvimento de caráter como a reforma do vestuário. T4 636 4 Enquanto muitas das jovens adotaram esse traje, algumas se empenharam em evitar a cruz condescendendo com adornos extras, tornando-o assim uma maldição em vez de bênção. Àquelas que o adotaram relutantemente, por um senso de dever, tornou-se ele um jugo pesado. Outras ainda, que eram aparentemente as reformadoras mais zelosas, manifestaram uma triste falta de ordem e capricho em seu traje. Ele não fora feito segundo o modelo aprovado. Algumas tinham um traje variado -- vestido de um tecido, casaco de outro e calças de outro ainda. Outras usavam saia longa demais, de modo que apenas uma polegada da calça podia ser vista, tornando-se assim um traje desproporcional e de mau gosto. Esses trajes grotescos e desleixados desgostaram muito as que se agradariam com a apropriada reforma do vestuário. T4 637 1 Algumas ficaram grandemente perturbadas por eu não ter tornado o vestuário uma questão de prova, e outras ainda porque eu recomendei àquelas que tinham maridos ou filhos descrentes a não adotarem o traje da reforma, pois poderia acarretar infelicidade que neutralizaria todo o bem a ser derivado de seu uso. Por anos assumi a responsabilidade dessa obra e esforço para estabelecer a uniformidade do vestuário entre nossas irmãs. T4 637 2 Numa visão que me foi dada em Battle Creek, em 3 de Janeiro de 1875, foi-me mostrado o estado de coisas que aqui tenho apresentado, e que a ampla diversidade em vestuário era um dano à causa da verdade. Aquilo que poderia ter-se provado uma bênção, se uniformemente adotado e apropriadamente usado, havia se tornado uma vergonha, e, em alguns casos, mesmo uma desgraça. T4 637 3 Algumas que adotaram o traje suspiravam a respeito dele como se fosse um pesado fardo. A linguagem de seu coração era: "Qualquer coisa menos isto! Se nos sentíssemos livres para deixar de lado este estilo peculiar, nós voluntariamente adotaríamos um vestido simples, sem adornos, de comprimento comum. Os membros poderiam ser protegidos como antes, e poderíamos garantir todos os benefícios físicos com menos esforço. Requer muito trabalho preparar o traje da reforma da maneira apropriada." Murmuração e queixas estavam rapidamente destruindo a religiosidade vital. T4 637 4 Não tive peso de testemunho sobre o assunto do traje. Não fiz referência a ele de maneira alguma, seja para defender ou condenar. Era propósito do Senhor provar o Seu professo povo e revelar os motivos de Seu coração. Em campais raramente tive algo a dizer sobre o assunto. Evitei todas as perguntas e não respondi nenhuma carta. T4 637 5 Um ano atrás o assunto do traje foi novamente apresentado perante mim. Vi que nossas irmãs estavam se afastando da simplicidade do evangelho. As próprias irmãs que sentiam que a reforma do vestuário requeria trabalho desnecessário, que reivindicavam que não seriam influenciadas pelo espírito do mundo, agora adotaram as modas que antes condenavam. Seus vestidos foram arranjados com todos os adornos desnecessários dos mundanos, de maneira inadequada aos cristãos, e inteiramente em contradição com nossa fé. T4 638 1 Assim se tem desenvolvido o orgulho de coração a que se submete um povo que professa ter saído do mundo, e ser separado. A Inspiração declara que a amizade do mundo é inimizade contra Deus; contudo, o Seu professo povo gastou o seu tempo e recursos concedidos por Deus sobre o altar da moda. T4 638 2 Nosso povo tem estado firmemente recuando na obra da reforma. Sabedoria e discernimento parecem paralisados. O egoísmo e o amor à exibição têm corrompido o coração e deteriorado o caráter. Há uma crescente disposição de sacrificar a saúde e o favor de Deus sobre o altar da moda sempre mutante e nunca satisfatória. T4 638 3 Não há estilo de vestido mais apropriado para ser usado no hospital do que o traje da reforma. A idéia acolhida por alguns, de que ele diminuiria a dignidade ou utilidade daquela instituição, é um erro. É exatamente esse traje que se esperaria ser ali encontrado, e não devia ser descartado. Com tal traje, as auxiliares poderiam realizar o seu trabalho com muito menos esforço do que é agora requerido. Tal vestimenta pregaria o seu próprio sermão aos devotos da moda. O contraste entre suas vestes insalubres, com cauda e babados, e o vestuário da reforma, apropriadamente apresentado, sugerindo conveniência e conforto no uso dos membros, teria sido instrutivo ao máximo. Muitas das pacientes teriam obtido maior nível de recuperação se tivessem aceitado o traje da reforma. T4 638 4 Lamentamos que qualquer influência tenha sido exercida contra esse traje modesto, saudável e de bom gosto. O coração natural está sempre pleiteando em favor de costumes mundanos, e qualquer influência fala com poder dez vezes maior quando exercido na direção errada. T4 639 1 Embora ninguém fosse compelido a adotar o traje da reforma, nosso povo podia e devia ter apreciado suas vantagens, e tê-lo aceitado como uma bênção. Os maus resultados de uma conduta oposta podem ser agora vistos. No hospital, médicos e auxiliares se desviaram grandemente das instruções do Senhor a respeito do vestuário. A simplicidade agora é rara. Em vez de um traje de bom gosto e sem adornos, que a pena da Inspiração tem prescrito, quase todo estilo de vestimenta da moda pode ser visto. Aqui, como em outras partes, as mesmas pessoas que se queixam do trabalho requerido para preparar o traje da reforma, agora têm ido a grandes extremos em adornos desnecessários. Tudo isso envolve tanto tempo e trabalho que muitas são obrigadas a contratar os que lhes fazem o trabalho, a um custo duas vezes maior do que se as vestes tivessem sido feitas com simplicidade, como seria adequado a mulheres que professam religiosidade. A confecção desses trajes da moda freqüentemente custa mais do que o próprio traje. E o dobro do valor do tecido é muitas vezes gasto para os adornos. Aqui o orgulho e a vaidade são exibidos, e uma grande falta de verdadeiro princípio é percebida. Se estivessem contentes com o vestuário simples e sem ostentação, muitas que agora dependem de seus ganhos semanais podiam tirar o máximo do próprio trabalho de costurar. Isso, porém, é agora impossível e a conta da costureira requer de seus baixos salários uma soma considerável. T4 639 2 Deus designou o traje da reforma como uma barreira para impedir que o coração de nossas irmãs se afastasse dEle por seguirem a moda do mundo. Aqueles que removeram essa barreira não tomaram sobre si a responsabilidade para impedir os perigos que devem seguir-se. Algumas pessoas em posições de responsabilidade têm exercido influência em favor de práticas mundanas, e estão totalmente em desacordo com o padrão bíblico. Elas tiveram parte em acarretar a presente condição de mundanismo e apostasia. T4 639 3 Deus tem provado o Seu povo. Ele permitiu que o testemunho concernente ao vestuário fosse silenciado para que nossas irmãs pudessem seguir a própria inclinação, e assim mostrar o verdadeiro orgulho existente em seu coração. Foi para impedir o presente estado de mundanismo que o traje da reforma foi recomendado. Muitas zombaram da idéia de que esse traje fosse necessário para salvaguardá-las de seguir as modas; mas o Senhor permitiu-lhes demonstrar que o orgulho fora acariciado em seu coração e que isso era exatamente o que fariam. É agora revelado que precisavam da restrição que o traje da reforma impunha. T4 640 1 Se todas as nossas irmãs adotassem um vestido simples e sem adornos, de comprimento modesto, a uniformidade assim estabelecida seria muito mais agradável a Deus e exerceria influência mais salutar sobre o mundo do que a diversidade apresentada quatro anos atrás. Sendo que nossas irmãs geralmente não aceitavam o traje da reforma como devia ser usado, outro estilo menos objetável é agora apresentado. Ele é desprovido de enfeites desnecessários e de sobre-saias com ilhoses, amarradas atrás. Consiste de uma túnica simples ou blusa de ajuste livre e saia, a última curta o suficiente para evitar a lama e sujeira das ruas. O tecido devia ser isento de xadrezes e estampas grandes, e de uma só cor. A mesma atenção devia ser dada à proteção dos membros como no vestido curto. T4 640 2 Aceitarão minhas irmãs esse estilo de vestuário e recusarão imitar as modas que são planejadas por Satanás, e que mudam constantemente? Ninguém pode dizer que moda extravagante surgirá a seguir. Os mundanos cuja única preocupação é "que havemos de comer e que havemos de vestir?" não devem ser o nosso critério. T4 640 3 Algumas têm dito: "Depois de eu usar esse vestido, farei o próximo mais simples." Se a conformidade com as modas do mundo é correta e agradável a Deus, que necessidade há de fazer então uma mudança? Contudo, se for errada, seria melhor continuar no erro por mais tempo do que fazer a mudança positivamente necessária? Exatamente agora eu lhes lembraria do zelo, fervor, habilidade e perseverança que manifestaram em preparar seu traje segundo a moda. Não seria digno de louvor manifestar pelo menos igual zelo e fazê-lo conforme o padrão bíblico? Tempo e recursos preciosos dados por Deus foram empregados para adaptar essas vestes à moda; e agora o que se dispõem a sacrificar para corrigir o mau exemplo que vêm dando a outros? T4 641 1 É uma vergonha para nossas irmãs, esquecerem tanto seu santo caráter e o dever que têm para com Deus, que imitem as modas do mundo. Não há desculpas para nós, senão na perversidade de nosso coração. Não ampliamos nossa influência com tal maneira de proceder. É tão incoerente com a fé que professamos, que nos torna ridículas aos olhos dos mundanos. T4 641 2 Muitas almas convencidas da verdade têm sido levadas a decidir-se contra ela por causa do orgulho e do amor ao mundo manifestado por nossas irmãs. A doutrina pregada parecia clara e harmônica e os ouvintes sentiam deverem levantar uma pesada cruz, com a aceitação da verdade. Quando essas pessoas viram nossas irmãs fazendo tanta ostentação no vestuário, disseram: "Esse povo veste-se mesmo como nós. Não podem realmente crer o que professam; afinal, devem estar enganados. Se na verdade pensassem que Cristo havia de vir em breve, e o caso de cada alma devia ser decidido para a vida eterna ou morte eterna, não podiam dedicar tempo e dinheiro para se vestirem de acordo com as modas existentes." Mal sabiam aquelas professas irmãs crentes o sermão que seu vestuário estava pregando! T4 641 3 Nossas palavras, ações e vestidos são diariamente pregadores vivos, juntando com Cristo, ou espalhando. Isto não é coisa insignificante para ser passada por alto com um gracejo. A questão do vestuário exige séria reflexão e muita oração. Muitos incrédulos sentiram que não estavam procedendo bem em se permitirem ser escravos da moda; mas quando vêem alguns que fazem elevada profissão de piedade vestindo-se da mesma maneira que os mundanos, fruindo a sociedade dos frívolos, entendem que não pode haver mal em tais coisas. T4 641 4 "Somos", disse o inspirado apóstolo, "feitos espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens." 1 Coríntios 4:9. Todo o Céu está notando a influência diária que os professos seguidores de Cristo exercem sobre o mundo. Minhas irmãs, seu vestuário está falando ou em favor de Cristo e da sagrada verdade, ou em favor do mundo. De qual deles? Lembrem-se de que havemos todos de responder a Deus pela influência que exercemos. T4 641 5 Não quereríamos, de maneira alguma, incentivar a negligência no vestuário. Que as roupas sejam adequadas e decentes. Ainda que seja apenas um tecido de pouco preço, deve estar limpo e bem assentado. Caso não haja babados, a dona de casa não somente poderá economizar alguma coisa fazendo-o ela própria, como também economizará lavando-o e passando-o ela mesma. Famílias há que tomam sobre si pesados fardos vestindo as crianças de acordo com a moda. Que perda de tempo! As pequenas haviam de parecer muito atrativas com um vestido livre de babados e adornos, mas limpinho e bem-arranjado. É tão fácil lavar e passar um vestido assim, que esse trabalho não parecerá uma carga. T4 642 1 Por que hão de nossas irmãs roubar a Deus do serviço que Lhe é devido, e a Seu tesouro do dinheiro que cumpria dar-Lhe à causa, para servir às modas deste século? Os primeiros e os melhores pensamentos são dados ao vestuário; desperdiça-se tempo e gasta-se dinheiro. Negligencia-se a cultura do espírito e do coração. O caráter é considerado de menos importância que o vestido. É de infinito valor o ornamento "de um espírito manso e quieto". 1 Pedro 3:4. A pior das loucuras é gastar em frívolos empreendimentos nossas oportunidades de adquirir esse precioso ornamento da alma. T4 642 2 Irmãs, podemos realizar uma nobre obra para Deus, se o quisermos. As mulheres não conhecem o poder que possuem. Deus não pretende que suas aptidões sejam todas absorvidas em indagar: Que comerei? que beberei? e com que me vestirei? Há para a mulher um mais elevado desígnio, mais grandioso destino. Ela deve cultivar e desenvolver as próprias faculdades, pois Deus as pode empregar na grande obra de salvar almas da ruína eterna. T4 642 3 No domingo, as igrejas populares parecem mais um teatro do que um lugar de adoração a Deus. Todo o estilo de veste da moda é ali exibido. Os pobres não têm coragem de entrar nessas casas de culto. Os seguintes comentários chegaram aos meus ouvidos quando assistia a uma dessas igrejas da moda: "Isso me permite uma tão ótima oportunidade para estudar as modas. Posso ver o efeito de diferentes estilos de vestuário; e, sabe de uma coisa? Obtenho grande benefício em meu negócio, observando o efeito dos vários vestidos sobre diferentes formas e diferentes compleições. Notou aquela grande cauda e aquele maravilhoso chapéu? Sei exatamente como foram feitos. Tenho estado tomando lições o dia todo, que depois colocarei em prática." T4 643 1 Nenhuma palavra foi dita de Cristo ou do sermão pregado. Como, pensei eu, pode Jesus considerar esse grupo, com sua ostentação de ornamentos e vestuário extravagante? Que desonra é revelada à casa de Deus! Estivesse Cristo na Terra, e visitasse tais igrejas, não expulsaria os profanadores da casa de Seu Pai? T4 643 2 Mas o mal maior é a influência que se exerce sobre as crianças e os jovens. Ao virem ao mundo, por assim dizer, já se acham sujeitos às exigências da moda. As criancinhas ouvem mais de vestuário do que da salvação. Vêem as mães mais diligentes em consultar os figurinos do que a Bíblia. Fazem-se mais visitas à loja e à modista do que à igreja. A exibição do vestuário se torna de mais importância do que o adorno do caráter. Há rigorosas repreensões por sujar os finos trajes, e o espírito se torna impertinente, irritável sob as contínuas restrições. T4 643 3 Um caráter deformado não preocupa tanto a mãe como um vestido sujo. A criança ouve mais acerca de roupas do que da virtude, pois a mãe se acha mais familiarizada com a moda do que com seu Salvador. O exemplo dela muitas vezes circunda os jovens com uma atmosfera envenenada. O vício, disfarçado sob as roupagens da moda, introduz-se entre os filhos. T4 643 4 O vestuário simples fará com que uma mulher sensata se apresente sob o melhor aspecto. Julgamos o caráter de uma pessoa pelo estilo do seu traje. O vestuário pomposo indica um espírito fraco e vaidoso. A mulher modesta e piedosa se trajará modestamente. Fino gosto e espírito culto se revelarão na escolha de traje simples e apropriado. T4 643 5 Existe um ornamento imperecível, o qual promoverá a felicidade das pessoas que convivem conosco, e manterá seu brilho no futuro. É o adorno de um espírito manso e humilde. Deus nos manda usar na alma o mais precioso vestido. A cada olhar ao espelho, devem os adoradores da moda lembrar-se da negligência da alma. Toda hora desperdiçada em frente ao espelho, deve reprová-los por deixarem ao abandono o intelecto. Então poderia haver uma reforma que elevasse e enobrecesse todos os objetivos e desígnios da vida. Em lugar de buscar ornamentos de ouro para o exterior, cumpria fazer-se diligente esforço para obter aquela sabedoria que é mais valiosa que o fino ouro, sim, mais preciosa que os rubis. T4 644 1 Os adoradores do altar da moda são dotados de pequena resistência de caráter e pouca energia física. Não vivem para qualquer objetivo elevado, e sua existência não preenche nenhuma finalidade digna. Encontramos em toda a parte mulheres cuja mente e coração se acham inteiramente absorvidos com o amor ao vestuário e à ostentação. A alma feminina torna-se atrofiada e amesquinhada, e seus pensamentos se centralizam no pobre e desprezível eu. Ao passar na rua uma jovem trajada na moda, observada por vários homens, um deles fez algumas perguntas a seu respeito. E a resposta foi: "Ela é um bonito adorno em casa de seu pai, mas não tem nenhuma utilidade." É deplorável que pessoas que professam ser discípulas de Cristo julguem coisa desejável imitar o vestuário e as maneiras desses ornamentos inúteis. T4 644 2 Pedro dá valiosas instruções quanto ao vestuário das mulheres cristãs: "O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura de vestes; mas o homem encoberto no coração, no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus. Porque assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus." 1 Pedro 3:3-5. Tudo quanto insistentemente lhes recomendamos, é o cumprimento das determinações da Palavra de Deus. Somos nós leitores da Bíblia, e seguidores de seus ensinos? Obedeceremos a Deus, ou nos conformaremos com os costumes do mundo? Serviremos a Deus ou a Mamom? Podemos nós esperar fruir paz de espírito e a aprovação de Deus, ao passo que andamos diretamente em contradição aos ensinos de Sua Palavra? T4 645 1 O apóstolo Paulo exorta os cristãos a não se conformarem com o mundo, mas se transformarem pela renovação do entendimento "para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus". Romanos 12:2. Alguns que professam ser filhos de Deus, no entanto, não sentem escrúpulos de se adaptarem aos costumes do mundo no uso de ouro, pérolas e vestes dispendiosas. Os que são demasiado conscienciosos e não usam essas coisas são considerados como espíritos estreitos, supersticiosos, e mesmo fanáticos. É Deus, porém, que condescende em dar-nos essas instruções; elas são declarações da infinita Sabedoria; e os que as desconsideram o fazem com perigo e perda para si mesmos. Os que se apegam aos adornos proibidos na Palavra de Deus, nutrem orgulho e vaidade no coração. Desejam atrair a atenção. Seu vestuário diz: Olhem para mim; admirem-me. Assim cresce decididamente a vaidade inerente ao coração humano, devido à condescendência. Quando a mente está firme na idéia de apenas agradar a Deus, desaparecem todos os desnecessários embelezamentos pessoais. T4 645 2 O apóstolo coloca o adorno exterior em positivo contraste com um espírito manso e quieto, e dá então testemunho em favor do valor relativo deste -- "que é precioso diante de Deus". 1 Pedro 3:4. Há um claro contraste entre o amor aos adornos exteriores e a graça da mansidão, do espírito quieto. Unicamente quando buscamos em tudo conformar-nos à vontade de Deus, é que reinarão na alma essa paz e alegria. T4 645 3 O amor ao vestuário põe em perigo a moral e faz com que a mulher seja o contrário do que é uma senhora cristã, que se caracteriza pela modéstia e sobriedade. O vestuário extravagante muitas vezes incute concupiscência no coração da que o usa, despertando baixas paixões no que o contempla. Deus vê que a ruína do caráter é freqüentemente precedida pela condescendência com o orgulho e a vaidade no vestir, que os caros enfeites sufocam o desejo de fazer o bem. T4 645 4 Quanto mais as pessoas gastam em roupas, menos podem ter para alimentar os famintos e vestir os nus; e os fluxos de beneficência que deviam estar constantemente jorrando se tornam secos. Cada centavo poupado mediante o negar-se o uso inútil de ornamentos pode ser dado aos necessitados ou posto no tesouro do Senhor para sustentar o evangelho, enviar missionários aos países estrangeiros ou multiplicar publicações que levem raios de luz às almas que estão nas trevas do erro. Cada centavo usado desnecessariamente priva o seu possuidor de uma preciosa oportunidade de fazer o bem. T4 646 1 Minha irmã, quanto tempo você tem gasto em adornos desnecessários -- tempo pelo qual deve prestar contas a Deus? Quanto dinheiro gastou para agradar a sua fantasia, e obter admiração de corações tão vãos quanto o seu? Era dinheiro de Deus. Quanto maior bem poderia ter feito com ele! E que perda você sofreu nesta vida e na futura vida imortal, por não fazer isso! Toda alma será julgada de acordo com as obras feitas no corpo. Deus lê os propósitos e motivos. Todo trabalho e toda coisa secreta está aberta aos Seus olhos que tudo vêem. Nenhum pensamento, palavra ou ação escapam de Sua observação. Ele sabe se nós O amamos e O glorificamos ou agradamos e exaltamos a nós mesmos. Ele sabe se colocamos nossas afeições nas coisas de cima, onde Cristo Se assenta à direita de Deus, ou nas coisas terrenas, sensuais e diabólicas. T4 646 2 Ao você colocar uma peça de vestuário inútil ou extravagante, está retendo o que pertence aos desnudos. Ao pôr em sua mesa uma variedade desnecessária de alimentos caros, está negligenciando alimentar os famintos. Como se acha o seu registro, professa cristã? Não gaste, peço-lhe, com condescendências tolas e prejudiciais aquilo que Deus requer em Sua tesouraria, e a parte que deve ser dada aos pobres. Que não nos vistamos com roupas dispendiosas, mas, como mulheres que professam piedade, com boas obras. Não permitamos que o clamor da viúva e do órfão cheguem até o Céu contra nós. Não permitamos que o sangue das almas seja encontrado em nossas vestes. Que o precioso tempo de graça não seja esbanjado em nutrir orgulho no coração. Não há nenhum pobre para ser visitado? Olhos cegos aos quais possa ler a Palavra de Deus? Alguma pessoa desapontada e desanimada que necessite de suas palavras de conforto e de suas orações? T4 646 3 Na medida em que Deus a fez prosperar, a condescendência do orgulho e vaidade não têm estado continuamente crescendo? Enquanto está dedicando precioso tempo ao estudo do vestuário, o adorno interior é negligenciado; não há crescimento na graça. Em vez de tornar a mente mais voltada ao Céu, está se tornando cada vez mais voltada às coisas terrenas. A insensata e prejudicial concupiscência e os apetites vorazes anuviam sua percepção das coisas sagradas. Por que todos que professam amar a Jesus não fogem dessas condescendências destruidoras da alma? O mundo está obcecado por exibição, moda e prazer. A licenciosidade está firme e terrivelmente aumentando. Por que os cristãos não serão leais a sua elevada profissão de fé? T4 647 1 Cristo Se envergonha de Seus professos seguidores. Em que apresentamos qualquer semelhança com Ele? Em que nossa maneira de vestir se harmoniza com as exigências bíblicas? Não quero que recaiam sobre mim os pecados do povo, e darei à trombeta um sonido certo. Tenho por anos dado um testemunho claro e decidido acerca desse assunto, seja pela imprensa, seja do púlpito. Não tenho me esquivado a declarar todo o conselho de Deus. Preciso estar limpa do sangue de todos. O mundanismo e o orgulho que dominam por toda a parte não servem de desculpa para um cristão fazer o que os outros fazem. Disse Deus: "Não seguirás a multidão para fazeres o mal." Êxodo 23:2. T4 647 2 Não brinquem, minhas irmãs, por mais tempo com sua própria alma e com Deus. Foi-me mostrado que a principal causa de sua apostasia é o amor que têm ao vestuário. Isto leva à negligência de sérias responsabilidades, e mal se acham possuidoras de uma centelha do amor de Deus no coração. Renunciem, sem demora, à causa de seu desvio, pois é pecado contra sua própria alma e contra Deus. Não se endureçam pelo engano do pecado. A moda está deteriorando o intelecto e carcomendo a espiritualidade de nosso povo. A obediência à moda está penetrando em nossas igrejas adventistas do sétimo dia, e fazendo mais que qualquer outro poder para separar de Deus nosso povo. Foi-me mostrado que as regras de nossa igreja são muito deficientes. Todas as manifestações de orgulho no vestuário, proibidas na Palavra de Deus, devem ser motivo suficiente para disciplina na igreja. Caso haja continuação em face de advertências, apelos e ameaças, perseverando a pessoa em seguir sua vontade perversa, isto poderá ser considerado como prova de que o coração não foi absolutamente levado à semelhança com Cristo. O eu, e unicamente o eu, é objeto de adoração, e um professo cristão assim induzirá muitos a se afastarem de Deus. T4 648 1 Há sobre nós, como um povo, um terrível pecado -- termos permitido que os membros de nossa igreja se vistam de maneira incoerente com sua fé. Precisamos erguer-nos imediatamente, e fechar a porta contra as seduções da moda. A menos que façamos isso, nossas igrejas se tornarão desmoralizadas. ------------------------Capítulo 63 -- A devida educação T4 648 2 A educação compreende mais que conhecimentos de livros. A devida educação inclui, não somente a disciplina mental, mas aquele cultivo que garante a sã moral e o correto comportamento. Temos receado muito que os que recebem os estudantes em suas casas não compreendam sua responsabilidade e deixem de exercer uma boa influência sobre esses jovens. Assim deixarão os estudantes de receber todos os benefícios que poderiam receber no colégio. Com freqüência faz-se a pergunta: "'Sou eu guardador do meu irmão?' Gênesis 4:9. Que cuidados, que fardo ou responsabilidade, devo sentir pelos estudantes que ocupam aposentos em minha casa?" Eu respondo: O mesmo interesse que têm por seus filhos. T4 648 3 Cristo diz: "[Amai-vos] uns aos outros, assim como Eu vos amei." João 15:12. A alma dos jovens que são colocados sob seu teto é tão preciosa aos olhos do Senhor como a alma de seus próprios queridos filhos. Quando rapazes e moças são separados das brandas e subjugantes influências do círculo do lar, é dever dos que os têm sob os seus cuidados criar para eles influências de família. Estariam assim suprindo uma grande falta e fazendo para Deus uma obra igual a do pastor em seu púlpito. Circundar esses estudantes com uma influência que os preservaria das tentações para a imoralidade, e conduzi-los a Jesus, é um trabalho que o Céu aprovaria. Graves responsabilidades recaem sobre os que residem nos grandes centros da obra, onde há importantes interesses a serem sustentados. Os que preferem residir em Battle Creek devem ser homens e mulheres de fé, de sabedoria e de oração. T4 649 1 Centenas de jovens de várias disposições e educação diversa se associam na escola, e requer grande cuidado e muita paciência equilibrar na devida direção espíritos torcidos por uma educação errônea. Alguns nunca foram disciplinados, outros sofreram demasiado as rédeas, sentindo, quando longe das mãos vigilantes que as dirigiam, talvez as apertando demais, que se achavam livres para fazer o que lhes aprouvesse. Desprezam até o próprio pensamento de restrição. Esses vários elementos postos ao lado uns dos outros em nosso colégio, inspiram cuidado, provocam preocupações e pesada responsabilidade, não só aos professores, mas à igreja inteira. T4 649 2 Os alunos de nosso colégio acham-se expostos a múltiplas tentações. Serão postos em contato com pessoas de quase todo tipo de espírito e moral. Os que possuem qualquer experiência religiosa são passíveis de censura se não tomam posição de resistência a toda má influência. Muitos, porém, preferem seguir a própria inclinação. Não consideram que precisam construir ou arruinar a própria felicidade. Está em suas mãos aproveitar por tal forma o tempo e as oportunidades, que desenvolvam caráter capaz de torná-los felizes e úteis. T4 649 3 Os jovens que residem em Battle Creek estão em constante perigo, porque não se unem com o Céu. Se fossem fiéis a sua profissão de fé, poderiam ser ativos missionários para Deus. Por revelar interesse, simpatia e amor cristãos, poderiam beneficiar muito os jovens que de outros lugares vêm para Battle Creek. Fervorosos esforços devem ser feitos para evitar que esses principiantes escolham companheiros superficiais, frívolos, amantes de prazeres. Essa classe exerce desmoralizante influência sobre o colégio, sobre o hospital e sobre o setor de publicações. Nossos números estão constantemente aumentando, e a vigilância e o zelo para conservar nossa posição estão diminuindo constantemente. Se quiserem abrir os olhos, todos poderão ver para onde as coisas se encaminham. T4 650 1 Muitos que se mudam para Battle Creek a fim de dar a seus filhos as vantagens do colégio, não sentem ao mesmo tempo suas próprias responsabilidades ao fazerem essa mudança. Não compreendem que algo mais do que o seu próprio interesse egoísta deve ser levado em conta; que eles podem vir a ser um estorvo em vez de uma bênção, a menos que venham com o pleno propósito de fazer o bem tanto quanto de obter o bem. Ninguém, entretanto, precisa perder sua espiritualidade ao vir para Battle Creek; se quisermos seguir a Cristo, não está no poder de ninguém desviar-nos do caminho aberto para que nele andem os remidos do Senhor. Ninguém é obrigado a copiar os erros de professos cristãos. Se ele vê os erros e faltas dos outros, será responsável diante de Deus e diante de seu próximo se não der melhor exemplo. Mas alguns fazem das faltas dos outros uma desculpa para os próprios defeitos de caráter, e até copiam os próprios traços objetáveis que condenam. Tais pessoas fortalecem aqueles de quem se queixam estarem seguindo uma conduta não cristã. De olhos abertos eles caem no laço do inimigo. Não são poucos os que em Battle Creek adotam este procedimento. Alguns têm ido a lugares onde estão localizadas nossas instituições, com o motivo egoísta de ganhar dinheiro. Isso não beneficia os jovens nem por preceito nem por exemplo. T4 650 2 São grandemente aumentados os perigos da juventude ao serem os jovens lançados na companhia de grande número dos de sua idade, diferentes em caráter e hábitos de vida. Sob tais circunstâncias, muitos pais se inclinam mais a afrouxar do que a redobrar seus esforços para proteger e controlar os filhos. Lançam assim tremenda carga sobre os que sentem a responsabilidade. Ao verem esses pais que os filhos estão ficando desmoralizados, dispõem-se a lançar a culpa sobre os que estão à testa da obra em Battle Creek, quando os males foram causados pela própria conduta dos pais. T4 650 3 Em vez de se unirem aos que assumem as responsabilidades, para erguer as normas morais e, trabalhando com a mente e o coração no temor de Deus, corrigirem o mal nos próprios filhos, muitos pais tranqüilizam a consciência dizendo: "Meus filhos não são piores do que outros." Procuram esconder os manifestos malfeitos que Deus aborrece, para que os filhos não se ofendam e tomem qualquer atitude desesperada. Se o espírito de rebelião lhes está no interior, muito melhor é dominá-lo agora, do que permitir que ele cresça e se fortaleça pela condescendência. Se os pais cumprissem seu dever, veríamos diferente estado de coisas. Muitos desses pais se desviaram de Deus. Não têm Sua sabedoria para perceber as artimanhas de Satanás e resisti-las. T4 651 1 Nesta fase do mundo, os filhos devem ser estritamente vigiados. Devem ser aconselhados e controlados. Eli foi amaldiçoado por Deus porque não restringiu a seus ímpios filhos pronta e decididamente. Há pais em Battle Creek que não estão fazendo melhor do que Eli. Temem controlar os filhos. Vêem-nos servindo a Satanás com arrogância, e passam-no por alto como uma desagradável necessidade que tem de ser suportada porque não pode ser remediada. T4 651 2 Todo filho e filha deve ser chamado a prestar contas quando se ausenta de casa à noite. Os pais devem saber em que companhia andam os filhos, e em que casa passam eles as primeiras horas da noite. Alguns filhos enganam os pais com mentiras, a fim de ocultar seu procedimento errado. Uns há que buscam a sociedade de companheiros corrompidos, visitando às ocultas bares e outros lugares proibidos de diversão na cidade. Há alunos que freqüentam as salas de bilhar, e metem-se em jogo de cartas, lisonjeando-se de que não há perigo. Uma vez que seu objetivo é meramente divertir-se, sentem-se em perfeita segurança. Não são apenas os de classe mais baixa que fazem isto. Alguns cuidadosamente criados e educados a olharem estas coisas com aversão, estão-se arriscando a penetrar em terreno proibido. T4 651 3 Os jovens devem ser regidos por princípios firmes, a fim de poderem desenvolver devidamente as faculdades com que Deus os dotou. Mas seguem tanto e tão cegamente aos impulsos, sem consideração para com o princípio, que se acham constantemente em perigo. Uma vez que lhes não é dado ter sempre a guia e proteção dos pais e tutores, precisam ser exercitados na dependência de si mesmos, e no domínio próprio. Devem ser ensinados a pensar e agir por consciencioso princípio. T4 652 1 Aqueles que se acham empenhados em estudo necessitam relaxar-se. A mente não deve estar constantemente entregue a meditação profunda, pois o delicado mecanismo mental se desgasta. O corpo bem como a mente devem fazer exercício. Há, porém, grande necessidade de temperança nos divertimentos, da mesma forma que em todas as outras atividades. E a natureza dessas diversões deve ser cuidadosa e inteiramente considerada. Cada jovem deve perguntar a si mesmo: "Que influência exercerão essas diversões sobre a saúde física, mental e moral? Deverá minha mente tornar-se tão obcecada que se esqueça de Deus? Deixaria eu de ter Sua glória diante de mim?" T4 652 2 Deve-se proibir o jogo de cartas. As companhias e tendências são perigosas. O príncipe dos poderes das trevas preside nos salões de diversões e onde quer que haja jogo de cartas. Os anjos maus são hóspedes familiares nesses lugares. Nada existe de benefício à alma ou ao corpo nesses divertimentos. Coisa alguma para fortalecer o intelecto, nada para provê-lo de idéias valiosas para uso futuro. A conversa gira em torno de assuntos triviais e degradantes. Ouve-se aí gracejo indecente, palavreado baixo e vil, que diminui e destrói a verdadeira dignidade varonil. Essas diversões são as mais néscias, inúteis, prejudiciais e perigosas atividades que os jovens podem praticar. Aqueles que se dão ao jogo de cartas se tornam grandemente agitados e logo perdem todo o gosto pelas ocupações úteis e elevadas. A perícia no manuseio das cartas conduzirá logo ao desejo de empregar esse conhecimento e tato em proveito próprio. É apostada uma pequena soma e, em seguida, uma maior, até que se adquire uma sede de jogar que leva a ruína certa. A quantos não têm essa diversão perniciosa levado a toda sorte de práticas pecaminosas, à miséria, à prisão, ao assassínio e à morte! E muitos pais ainda não vêem o terrível abismo de ruína que está aberto aos nossos jovens. T4 653 1 Entre as casas de diversões, a mais perigosa é o teatro. Em lugar de ser uma escola de moralidade e virtude, como costuma ser chamada, é ele justamente o viveiro da imoralidade. Hábitos viciosos e tendências pecaminosas são fortalecidos e confirmados por esses entretenimentos. As cantigas baixas, os gestos, expressões e atitudes indecentes corrompem a imaginação e rebaixam a moral. Todo jovem que assiste habitualmente a tais exibições será corrompido em princípio. Não existe em nosso país influência mais poderosa para corromper a imaginação, destruir as impressões religiosas e enfraquecer o gosto pelos prazeres tranqüilos e as sóbrias realidades da vida, do que as diversões teatrais. O gosto por estas cenas aumenta com cada transigência, assim como o desejo para com as bebidas intoxicantes se fortalece com seu uso. O único caminho seguro é evitar o teatro, o circo e todos os outros lugares de diversões duvidosos. T4 653 2 Há modalidades de recreação grandemente benéficas tanto para a mente como para o corpo. A mente esclarecida e perspicaz encontrará abundantes meios de entretenimentos e diversão nas fontes não só inocentes, mas instrutivas. A recreação ao ar livre e a contemplação das obras de Deus na natureza serão do mais elevado benefício. T4 653 3 O grande Deus, cuja glória brilha desde o Céu, e cuja divina mão sustenta milhões de mundos, é nosso Pai. Basta-nos somente amá-Lo, confiar nEle em fé e segurança como crianças, e Ele nos aceitará como Seus filhos e filhas, e seremos herdeiros de toda a inexprimível glória do mundo eterno. A todos os mansos Ele guiará em juízo, ensinar-lhes-á o Seu caminho. Se andarmos em obediência a Sua vontade, alegre e diligentemente aprendermos as lições de Sua providência, dentro em breve Ele dirá: Filho, entre para as mansões celestiais que lhe preparei. ------------------------Capítulo 64 -- Responsabilidade para com Deus T4 654 1 Somos responsáveis diante de Deus pelo sábio aproveitamento de toda faculdade mental e todo vigor físico. Quem pode medir a sua responsabilidade? Devemos prestar contas da influência que exercemos. Aquilo que nos parece um pequeno defeito em nosso caráter será reproduzido em outros em maior medida, e assim a influência que temos exercido para o mal será aumentada e perpetuada. T4 654 2 Que ninguém se aventure a falar levianamente das advertências dadas por aqueles cujo dever é zelar pelo seu bem-estar moral e espiritual. As palavras podem parecer de pouca importância, produzindo somente uma impressão momentânea sobre a mente dos ouvintes. Mas isso não é tudo. Em muitos casos essas palavras encontram resposta no coração não santificado dos jovens que nunca se submeteram à advertência ou restrição. A influência de uma palavra impensada pode afetar o destino eterno de uma alma. Toda pessoa está exercendo influência sobre a vida de outros. Devemos ser uma luz para iluminar e alegrar o caminho, ou uma tempestade desoladora para destruir. Estamos conduzindo os nossos companheiros rumo ao alto, à felicidade e vida imortal, ou para baixo, para o sofrimento e ruína eterna. Nenhum homem perecerá sozinho em sua iniqüidade. Embora nossa esfera de influência possa ser limitada, a influência é exercida para o bem ou para o mal. Um homem em seu leito de morte exclamou: "Reúnam minha influência e a sepultem comigo." Podia isso ser feito? Não, não; como a semente do espinheiro, ela havia sido levada para toda a parte e adquirido raiz, para produzir uma colheita abundante. T4 654 3 Há poucos que deliberadamente formam maus hábitos. Pela repetição freqüente de atos errados, hábitos são inconscientemente formados, e se tornam tão firmemente estabelecidos que o mais persistente esforço é requerido para efetuar uma mudança. Nunca devíamos ser vagarosos em quebrar um hábito pecaminoso. A menos que hábitos malignos sejam dominados, eles nos dominarão e destruirão nossa felicidade. Há muitas pobres criaturas, agora miseráveis, desapontadas e degradadas, uma maldição a todos ao seu redor, que poderiam ter sido seres humanos úteis e felizes, tivessem eles se aproveitado de suas oportunidades. Muitos jovens desperdiçam as preciosas horas da vida com fantasias inúteis. Tais pessoas não têm muita força de caráter nem de princípio. Muitos se deixam levar por toda mudança de circunstância. Estão sempre procurando outros em busca de simpatia, dependendo futilmente de outros para a felicidade. Todos os que assim procedem, naufragarão suas esperanças para esta vida e para a vida futura. T4 655 1 Os jovens que são colocados noutro convívio, podem fazer dele uma bênção ou maldição. Podem edificar, abençoar e fortalecer uns aos outros, melhorando em conduta, disposição e conhecimento; ou ao permitir se tornarem descuidosos e infiéis, poderão apenas exercer influência desmoralizadora. T4 655 2 Jesus será o ajudador de todos os que depositam a sua confiança nEle. Aqueles que estão ligados a Cristo têm felicidade à sua disposição. Seguem o caminho onde o seu Salvador conduz, por Sua causa crucificam o eu, com as afeições e concupiscências. Essas pessoas edificaram suas esperanças em Cristo, e as tempestades da Terra são impotentes para arrebatá-las do fundamento seguro. T4 655 3 Depende de vocês, moços e moças, se tornarem pessoas de confiança, integridade e verdadeira utilidade. Devem estar prontos e resolutos para assumirem posição pelo que é correto, sob todas as circunstâncias. Não podemos levar nossos hábitos errados conosco para o Céu e, a menos que os vençamos aqui, eles nos fecharão a habitação dos justos. Os hábitos maus, quando encontram oposição, oferecem a mais vigorosa resistência; mas se a luta é mantida com energia e perseverança, eles podem ser vencidos. T4 655 4 A fim de formar hábitos corretos, devemos buscar a companhia de pessoas de moral íntegra e influência religiosa. Devemos constantemente ter em mente que podemos estar nos qualificando para habitar as cortes celestiais. As preciosas horas de graça nos são concedidas para que possamos remover todo defeito de caráter; e devemos buscar fazê-lo, não só para que obtenhamos a vida futura, mas para que possamos ser de utilidade aqui. Moços e moças devem considerar um bom caráter como um capital de maior valor do que ouro, prata ou ações. Não serão afetados por pânico e fracassos, e produzirão ricos dividendos quando as posses terrenas forem arrebatadas. Os jovens precisam de uma visão mais elevada e nobre do valor do caráter cristão. O pecado cega os olhos e contamina o coração. A integridade, a firmeza e a perseverança são qualidades que todos devem zelosamente cultivar; pois elas revestem seu possuidor de um poder irresistível -- um poder que o torna forte para fazer o bem, forte para resistir ao mal, forte para suportar a adversidade. É aí que a verdadeira excelência de caráter resplandece com maior brilho. T4 656 1 A fortaleza de caráter consiste em duas coisas -- força de vontade e domínio de si mesmo. Muito jovem confunde paixão forte, desenfreada, com força de caráter; o fato, porém, é que aquele que é dominado pelas paixões é um homem fraco. A genuína grandeza e nobreza do homem medem-se pela força dos sentimentos que ele subjuga, não pela dos que o dominam. O homem mais forte é aquele que, embora sensível aos maus-tratos, ainda refreia a paixão e perdoa aos inimigos. Tais homens são verdadeiros heróis. T4 656 2 Muitos têm tão imperfeita idéia quanto ao que se podem tornar, que permanecerão sempre raquíticos e mesquinhos quando, se aproveitassem as faculdades que Deus lhes concedeu, poderiam desenvolver caráter nobre e exercer influência de molde a ganhar almas para Cristo. Conhecimento é poder; a capacidade intelectual, porém, sem bondade de coração, é uma força para o mal. T4 656 3 Deus nos deu as faculdades intelectuais e morais que possuímos; mas toda pessoa é, em grande medida, o arquiteto do próprio caráter. Dia a dia a estrutura aumenta. A Palavra de Deus adverte-nos a cuidar em como construímos, para ver que nosso edifício se ache fundado sobre a Rocha Eterna. Aproxima-se o tempo em que a obra que fazemos se revelará tal qual é. Agora é o tempo de todos cultivarem as faculdades que Deus lhes deu, a fim de formarem caráter que seja útil aqui, e tenham uma vida mais elevada no porvir. T4 657 1 Todo ato da vida, por mais insignificante, tem sua influência na formação do caráter. Um caráter bem formado é mais precioso que as posses mundanas; e moldá-lo é a obra mais nobre em que os homens possam se empenhar. T4 657 2 O caráter formado segundo as circunstâncias é mutável e discordante -- uma massa de contradições. Seus possuidores não têm nenhum objetivo elevado ou propósito na vida. Não exercem nenhuma influência enobrecedora no caráter dos outros. São destituídos de finalidade e de poder. T4 657 3 O pequeno prazo de vida que nos é designado aqui deve ser sabiamente aproveitado. Deus quer que Sua igreja seja viva, consagrada e ativa. Nosso povo, porém, como corporação, acha-se longe disso agora. Deus pede almas fortes, valorosas, cristãos vivos e laboriosos, que sigam o verdadeiro Modelo e exerçam decidida influência em favor de Deus e do que é correto. Qual sagrado depósito, concedeu-nos o Senhor as mais importantes e solenes verdades, e devemos mostrar a influência delas sobre nossa vida e caráter.